TCC Elane Oliveira
TCC Elane Oliveira
TCC Elane Oliveira
TERESINA
2011
ELANE FRANCISCA DE OLIVEIRA BEZERRA
TERESINA
2011
ELANE FRANCISCA DE OLIVEIRA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Prof. Ms. Antonio Francisco Lopes Dias - UESPI
Presidente
_______________________________________________________________
Prof. Dra. Maria Do Socorro Baptista Barbosa - UESPI
Examinadora
_______________________________________________________________
Prof. Esp. Denise Laiana - UESPI
Examinadora
Os filósofos limitaram-se a interpretar o
mundo de diversas maneiras; o que importa é
modificá-lo. (Karl Marx)
DEDICATÓRIA
Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me amar e ajudar em todos os instantes, pelos
ensinamentos através de sua Palavra e pelo conforto dos Seus braços nos momentos mais
difíceis dessa jornada. E também por colocar em meu caminho pessoa especiais
Agradeço ao meu pai, Francisco Alves, que desde o inicio sempre se preocupou e fez
muitos sacrifícios para me proporcionar a melhor educação possível. À minha mãe, Violeta
Glaucia, pelo cuidado e carinho sem medidas que trazem mais paz ao meu coração, por me
agüentar até mesmo nos dias de mau humor, e por tudo aquilo que sinto por ela que as
palavras não conseguem expressar.
Agradeço à minha tia, Claudia Verbena, pelos ensinamentos, os quais levarei comigo
por toda a vida. Por me ajudar nos trabalhos acadêmicos e nos desafios profissionais e
pessoais que me apareceram nessa empreitada. Sou eternamente grata por ser uma mãe para
mim.
Agradeço aos meus familiares pelo apoio e compreensão.
Aos meus mestres, sem os quais não estaria onde estou hoje. Em especial a Professora
Socorro Baptista, pela sua dedicação, amizade, compreensão e ajuda na solução dos
problemas que apareceram durante o curso.
Agradeço ao meu orientador, professor Antonio Dias
Um agradecimento especial aos amigos que fiz durante o curso. Agradeço por me
ajudarem nos trabalhos acadêmicos e por todas as vezes que me ajudaram a levantar quando
eu caí. Vivemos, amamos, choramos, brigamos, aprendemos e nos divertimos juntos. Nossas
lembranças serão eternas.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar o conceito de ideologia presente da obra
Animal Farm de George Orwell. Vida e obra do autor são relacionadas. Abordam-se os
aspectos literários da obra. O fio condutor da pesquisa é os estudos que relacionam
linguagem, discurso e ideologia. Considera-se o contexto em que o texto foi escrito e sua
relevância histórica. Os traços ideológicos impressos no discurso de Animal Farm é estudado
de modo a focar em como a linguagem é o lugar de manifestação da ideologia e como isso
acontece na narrativa. Mostra-se com o agente do discurso faz uso de linguagem de maneira
específica de modo a manipular seus subordinados. As estratégias ideológicas dos
personagens são explicadas por meios da análise de trechos escolhidos da obra. Sem esgotar o
leque de possibilidades de abordagens, nosso trabalho busca realizar uma reflexão sobre a
relação linguagem e ideologia no processo de dominação de um grupo sobre outro.
This research aims to analyze the concept of ideology present in George Orwell's
Animal Farm. Life and work of the author are related. The literary aspects of the work are
presented. The main point of this research is to study of the relationship among language,
discourse and ideology. the context in which the text was written and its historical relevance
are considered. The ideological traces printed on the discourse of Animal Farm are studied in
order to focus on how language is the place of the manifestation of the ideology and how it
happens in the narrative. It is shown how the agent of the discourse makes use of language in
a specific way in order to manipulate their subordinates. The ideological strategies of the
characters are explained by the analysis of chosen passages of the work. Without exhausting
the range of possible approaches, our work seeks to accomplish a reflection upon the
relationship between language and ideology in the process of domination of one group over
another.
Entender o que é ideologia não é tarefa fácil. Ao longo da história vimos muitos
estudiosos de humanidades se aventurarem nessa empreitada e enfrentarem as mais diversas
dificuldades metodológicas e conceituais. A primeira parte deste trabalho visa a uma tentativa
de explanação a respeito desse conceito tão estudado e tão incompreendido. Partindo-se de
uma abordagem histórica do termo, expor-se-á as diversas transformações no significado do
que se entende por ideologia, tendo como base teórica os estudos de Marilena Chauí, Terry
Eagleton, Leandro Konder e Michael Löwy.
O termo ideologia apareceu pela primeira vez (ou, pode-se dizer, foi literalmente
inventado) em 1801 no livro Eléments d’ideologie, de um filósofo francês chamado Destutt
De Tracy. Este filósofo era pouco conhecido e fazia parte da geração de discípulos dos
enciclopedistas.
Para De Tracy, a ideologia seria uma ciência natural, uma ramificação da zoologia. Ele
pretendia elaborar uma ciência da gênese das idéias, estas vistas como fenômenos naturais
resultantes da relação entre o corpo humano e o meio ambiente. Trata da questão dos sentidos,
da percepção sensorial através da qual se chegaria às idéias. O filósofo francês tece uma teoria
a respeito das faculdades sensíveis responsáveis pela formação de todas as nossas idéias:
querer (vontade), julgar (razão), sentir (percepção) e recordar (memória).
No trecho de Eléments d’ideologie destinado ao estudo da vontade, De Tracy afirma
que os efeitos de nossas ações voluntárias concernem à nossa aptidão para prover nossas
necessidades materiais. Ele procurar, então, entender como o trabalho, a família e as
corporações, por exemplo, atuam sobre o indivíduo. Escreve, então, sobre economia.
Outro a seguir a empreitada de relacionar as idéias com o mundo físico foi o médico,
filósofo e fisiologista Pierre-Jean-Georges Cabanis autor de Influências do moral sobre o
físico. Cabanis procura determinar quais as influências do cérebro sobre o resto do organismo.
Depois dessa primeira noção de ideologia uma mudança ocorreu no significado do
termo. Essa mudança decorre do seguinte fato: os ideólogos franceses eram partidários de
Napoleão e apoiaram o golpe de 18 Brumário; eles o consideravam um liberal, todavia, logo
viram nele um restaurador do Antigo Regime. O sentido pejorativo do termo ideologia veio de
uma declaração de Napoleão. Este declarou ao Conselho de Estado que “todas as desgraças
que afligem nossa bela França devem ser atribuídas à ideologia, essa tenebrosa metafísica
que, buscando com sutilezas as causas primeiras, quer fundar sobre suas bases a legislação
dos povos, em vez de adaptar as leis ao conhecimento do coração humano e às lições da
história” (CHAUÍ, 1985, p. 24).
Os ideólogos que se consideravam materialistas, realistas e antimetafísicos eram agora
vistos como metafísicos, como aqueles que invertem a realidade. A declaração de Bonaparte
era infundada com relação aos ideólogos franceses mas não seria infundada se fosse dirigida
aos ideólogos alemães, como veremos um pouco mais adiante ao analisarmos a concepção de
ideologia de Marx.
O próximo estudioso a se debruçar sobre o termo ideologia foi Augusto Comte em seu
Cours de Philosophie Positive. Ideologia passa agora a ter dois significados: continua
relacionada à formação das idéias a partir da relação do homem com o meio e também
significa o conjunto de idéias de uma época, tanto como opinião geral como elaboração
teórica dos pensadores de uma época. Para Comte a ideologia é o conjunto de idéias usado
para explicar a totalidade dos acontecimentos naturais e humanos.
Dessa forma ideologia é teoria, ou seja, é organização sistemática de todos os
conhecimentos científicos. A ideologia passa, portanto, a ter um papel de comando na
sociedade, visto que é o conhecimento da formação das idéias, o conhecimento científico e o
corretivo das idéias comuns; os homens devem se submeter à teoria antes de agir.
Existem três consequências dessa concepção positivista de ideologia: a teoria se reduz
à organização sistemática de idéias; prática e teoria vivem em uma relação autoritária, onde a
teoria manda; e a prática é vista como simples instrumento. Assim, ações humanas que
contradizem as idéias passam a ser vistas como desordem. O que implica em dizer que o
poder pertence a quem possui o saber.
O termo ideologia aparece novamente em As Regras do Método Sociológico de Émile
Durkheim. O sociólogo visa a elaborar uma ciência exata da Sociedade, um conhecimento
científico do social. Ele trata os fatos sociais como coisas e afirma que a regra fundamental da
objetividade científica está no distanciamento entre sujeito e objeto do conhecimento. Dessa
forma, Durkheim chama de ideologia todo conhecimento da sociedade que não está de acordo
com tal regra.
O que Marx quer dizer é que ao desenvolverem sua produção e relações materiais os
homens transformam também o seu pensar e os produtos desse pensar a partir da sua
realidade. Karl Marx concebe a ideologia como consciência falsa, proveniente da divisão
social do trabalho, da divisão entre campo e cidade, proveniente da divisão entre trabalho
manual e intelectual. Nesse ponto, em que a divisão do trabalho se encontra completa, as
relações sociais passam a ser entendidas como coisas existentes por si mesmas, e não como
conseqüências das ações humanas. Enquanto trabalho manual e intelectual estiverem
separados, a ideologia existirá.
A sociedade é, então, luta de classes. A idéia de que a sociedade civil é um individuo
coletivo é uma das grandes idéias da ideologia burguesa para ocultar a realidade da luta de
classes. O sujeito da história é, portanto, as classes sociais. A contradição entre as classes fica
dissimulada pelas idéias que representam os interesses particulares da classe dominante como
se fossem interesses de toda a sociedade. Conclui-se que a ideologia é instrumento de
dominação de uma classe da sociedade sobra todas as outras.
“A ideologia é o processo pelo qual as idéias da classe dominante se tornam idéias de
todas as classes sociais, se tornam idéias dominantes” (CHAUÍ, 1985, p. 92). E as idéias
dominantes refletem as relações materiais dominantes concebidas como idéias. A classe que
está no poder nas relações materiais também está no poder no pano das idéias.
Para que os membros da sociedade possam identificar pensamentos comuns a toda a
sociedade nas idéias dominantes é preciso que estas expressem idéias comuns. Assim a classe
dominante tem que produzir e distribuir seus pensamentos através da educação, da religião,
dos costumes e dos meios e comunicação. Ideologia cria universais abstratos, isto é,
transforma idéias particulares em universais.
A ideologia é produzida, segundo Marilena Chauí, em três momentos. Num primeiro
ela aparece como um conjunto sistemático de idéias que os pensadores de uma classe em
ascensão produzem. Nessa fase a ideologia produz a universalidade de suas idéias para
legitimar a luta da nova classe pelo poder. Logo após esse momento, a ideologia se populariza
e torna-se um conjunto de valores coerentes, e esses valores são interiorizados pela
consciência de todos os membros não dominantes da sociedade. O terceiro momento é
quando, uma vez interiorizada como senso comum, a ideologia se matem, mesmo depois de
emergir como classe dominante.
Em suma, ideologia é um sistema lógico de representações que prescreve como a
sociedade deve pensar e agir. Ela tem, portanto, um caráter prescritivo, regulador. Fornece um
sentimento de identidade social. Ela surge da luta de classes e serve justamente para ocultar
tal luta. É uma percepção invertida da realidade e um instrumento de dominação de uma
classe sobre as outras.
2 A REVOLUÇÃO E OS BICHOS
Obra e autor se entrelaçam na medida em que muitos dos trabalhos de Orwell tem
como inspiração os acontecimentos de sua vida e, claro, as aspirações teóricas que defendeu.
George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, algo que poucas pessoas sabiam, nasceu em
25 de junho de 1903 em Motihari, Índia, que no momento pertencia ao domínio britânico.
Desde a mais tenra idade, Eric demonstrava uma predileção para estórias e, ainda muito novo,
ditava poemas para sua mãe. Com sua grande habilidade com as letras carregava fatos com
sentidos e emoções.
Aos quatro anos de idade Eric vai para a Inglaterra com a família. De 1917 a 1921,
graças a uma bolsa de estudos, frequentou a Academia de Eaton, uma das mais caras escolas
da Inglaterra. No entanto, não foi para a universidade. Aos dezoito anos, não aceitando uma
bolsa para a universidade, largou os estudos e, em 1922, voltou à Índia (Birmânia) para servir
a Policia Imperial Indiana.
Esse período de sua vida fez crescer em Eric Blair um sentimento de inconformidade
com o totalitarismo, o que o levou a criticar a política imperialista britânica. Eric desertou em
1927 e afirmou: “Servi na polícia das Índias durante cinco anos, ao longo dos quais passei a
odiar o imperialismo, que eu próprio servia, com uma força que ainda hoje eu não sei
explicar” Em 1934 publica Burmese Days, traduzida para o português como Dias na
Birmânia, obra na qual relata suas vivências na Polícia Imperial Indiana.
Seu pai era funcionário da administração do Império Britânico. Eric era, portanto, de
uma família de classe média. Porém, regressando à Inglaterra, depois de desertar da polícia,
estava decidido a não mais colaborar com a política totalitária e imperialista da qual
discordava ferrenhamente. Adotou, então, o pseudônimo de George Orwell. Nome este
inspirado de rio Orwell que corta a East Anglia, no leste da Inglaterra. “George” vem do santo
padroeiro da Inglaterra.
Nesse momento Orwell decidiu se tornar escritor. Passou por momentos difíceis,
juntou-se aos pobres e exilados da Europa, mendigou e trabalhou como lavador de pratos em
restaurantes e hotéis em Paris. Vivendo na pobreza pelas capitais da Inglaterra e da França e
suas experiências nessa fase difícil de sua vida foram imortalizadas em Down and out in
Paris and London (Na pior em Paris e Londres), 1933. Nessa obra Orwell relata a pobreza, a
falta de liberdade e a gritante desigualdade social nos lugares por onde viveu entre 1928 e
1930. Do período em que morou na Inglaterra escreveu A Clergyman´s Daughter (A Filha do
Reverendo, publicado em 1935) e The Road to Wigan Pier (O Caminho para Wigan Pier,
1937). Nesse período foi onde sentiu, pela primeira vez na carne, o gosto amargo da opressão,
da desigualdade (TEIXEIRA, 2004). Felizmente, a partir de 1934 passou a viver com o
dinheiro que ganhava dos seus escritos. Na Inglaterra, escreveu na imprensa socialista e
trabalhou como livreiro, foi professor e também jornalista.
Até este ponte de sua vida, George Orwell não se descrevia como um socialista:
“Tornei-me pró-socialista mais por desgosto com a maneira como os setores mais pobres dos
trabalhadores industriais eram oprimidos e negligenciados do que devido a qualquer
admiração teórica por uma sociedade planificada”, relatou Orwell anos depois (Orwell, 2007,
p. 142). Mas em 1936, ano de publicação de Keep the Aspidistra Flying (O Vil Metal ou
Mantenha o Sistema), irrompeu a Guerra Civil Espanhola. Então, agora já confesso socialista,
mudou-se com a mulher, Eileen, para a Espanha para participar da Guerra, por acreditar que
aquele era o momento e o “palco onde a historia aconteceria” (TEIXEIRA, 2004).
Ali, Orwell foi tenente e lutou contra Francisco Franco, líder da conta-revolução,
defendendo, então, o governo de esquerda da Frente Popular. Franco era apoiado pela Igreja
Católica, setores da classe média, exército, além de seus aliados externos como Mussolini e
Hitler. Orwell fez parte de um agrupamento de tendência trotskista e foi membro das milícias
do PROUM (Partido Obrero de Unificación Marxista). Desse período ele relata: “Muitos de
nossos amigos foram fuzilados, outros passaram longo tempo na cadeia ou simplesmente
desapareceram” (Orwell, 2007, p. 143).
Orwell foi atingido no peito durante a guerra. Uma bala prejudicou suas cordas vocais
e saiu pelas costas. Teve, desde o ocorrido, sua voz alterada. Ao retornar á Inglaterra publicou
Homage to Catalonia (Uma Homenagem à Catalunha ou Lutando na Espanha, 1938) onde
são relatadas suas experiências na guerra cível Espanhola. Agora George Orwell tem suas
convicções socialistas firmadas e se consolida como um anti-stalinista convicto (TEIXEIRA,
2004).
Algum tempo depois, Orwell é acometido por tuberculose e viaja para o Marrocos. Lá
ele escreve Coming up for air, (Um Pouco de Ar, Por Favor!) obra publicada em 1939. Esse
ano foi o ano de início da II Guerra Mundial. Orwell não foi aceito para o serviço militar e
começou, então, a trabalhar como correspondente de guerra para um canal indiano da BBC
(The British Broadcasting Company). Em 1946 abandona tal cargo e torna-se editor do
Labour Weekly Tribune, onde se mostrou um excelente jornalista com muitos trabalhos.
Seu trabalho como escritor tem seu ponto alto com Animal Farm, publicada em 1945 e
Nineteen Eity-four, publicada em 1949, considerada ficção científica onde Orwell satiriza a
tirania política ambientada num tempo futuro voltando sua atenção para as implicações
humanas e sociais de tempo-lugar futuro.
Podemos notar que a vida e a obra de George Orwell estão intrinsecamente ligadas.
Seus livros tem fortes ligações com suas vivências. Sua vida motivou e influenciou seus
trabalhos. Sua visão política foi moldada a partir do que o autor vivenciou a cerca do
Socialismo, Totalitarismo e Imperialismo. Sua escrita é marcada por descrições concisas de
eventos e condições sociais e o desprezo por todo tipo de autoridade. Falando sobre seus
escritos, George Orwell relatara:
“Quando me sento para escrever um livro, não digo para mim ‘vou produzir uma
obra de arte’. Escrevo porque existe alguma mentira para ser denunciada, algum fato
para o qual quero chamar a atenção, e penso sempre que vou encontrar quem me
ouça” (FARIA,2008)
Em 1946, no ensaio Why I Write (Porque Eu Escrevo) Orwell relata que: “Cada linha
presente nas obras que tenho escrito desde 1936, tem sido escrita, direta ou indiretamente
contra o Totalitarismo e para o Socialismo Democrático, tal como eu o entendo”
(WILLIANS, 1997).
Em 1950, George Orwell é vencido pela tuberculose e falece, na miséria, em 21 de
janeiro de 1950 aos 46 anos em um hospital em Londres. Infelizmente ele não pôde assistir ao
impacto de sua vasta obra. Obra esta que mostra a visão peculiar de Orwell acerca de
socialismo. Sem contar sua aversão à intelectualidade de esquerda, aos marxistas ortodoxos e
a literatura destes, qualificada por ele como “enfadonha, sem graça e ruim”(ORWELL, 1986).
A narrativa de Animal Farm se passa numa fazenda, chamada Manor Farm (Granja do
Solar) no interior da Inglaterra. Lá animais e a família do fazendeiro, Mr. Jones, vivem sua
rotina. Um dia Old Major (Velho Major, na tradução de Heitor Aquino Ferreira), um porco
moribundo que já havia conquistado muitos prêmios e era muito respeitado entre os outros
animais, convoca todos os bichos no celeiro para uma reunião. Nessa reunião Old Major
relata o sonho que tivera; algo surpreendente de que todos deviam tomar conhecimento.
A princípio, Major teceu considerações sobre a realidade dos animais da Inglaterra,
sobre como eles estavam sendo explorados e vivendo na miséria. Eram os animais que
realizavam todo o trabalho da fazenda e, no entanto, todos os seus esforços eram convertidos
em algo para proveito dos humanos, e eles, os animais eram relegados a uma vida miserável.
O Homem era, dessa forma, o único que consumia sem produzir. Sendo assim, ele, o Homem
que só os explorava, é o verdadeiro inimigo dos animais. “Retire-se da cena o Homem e a
causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre” disse Major.
(ORWELL, 2007, p. 12)
Em seguida, Major passa a descrever o sonho que tivera, no qual o homem
desaparecera e todos os bichos estavam livres da exploração. Passou então argumentar sobre
sua situação e propôs uma rebelião, a revolução dos animais, como forma de se livrar dos
maus tratos. Major afirma que andava sobre quatro patas os tinha asas eram amigos; o que
andava sobre duas pernas era inimigo. Falou, então, de uma canção, Bichos da Inglaterra, que
se tornaria um hino de motivação e uma mensagem de luta contra os humanos.
Contudo, Velho Major morreu antes de ver tornada real a revolução sonhada. Depois
de sua morte, outros três porcos passaram a sistematizar suas idéias. Eram eles: Napoleon
(Napoleão), um porco de aparência imponente e ameaçadora com reputação de ter grande
força de vontade; Snowball (Bola-de-Neve), que discursava muito bem e mostrava-se mais
ativo que Napoleão, mas não gozava de mesma reputação de solidez de caráter que este; e
Squealer (Garganta), o qual tinha um grande poder de persuasão. Eles três deram o nome de
Animalismo (Animalism) para o pensamento organizado do Velho Major. A idéia central no
animalismo era que os bichos não trabalhariam mais pra os humanos, e sim para si mesmo,
deixando de ser explorados. Partiram, então, para a revolução.
Um dia o dono a fazenda, Mr. Jones, estava embriagado, como de costume, e os
animais, já muito infelizes e famintos, invadiram e depósito de alimentos. Depois de tomar
conta do incidente, o Sr. Jones passou a chicotear e agredir os animais. Porém, os bichos do
celeiro conseguiram expulsar o Sr. Jones e sua mulher da fazenda. Como primeira
providência, os animais trocaram o nome da fazenda para “Fazenda dos Bichos” (Animal
Farm). Como símbolo eles fizeram uma bandeira verde com um chifre e um casco brancos ao
centro.
Os princípios do animalismo foram resumidos a sete mandamentos que foram inscritos
na parede do celeiro, são eles:
Animal Farm é um daqueles textos literários que está intrinsecamente ligado ao seu
contexto histórico. Inicialmente publicado em 1945, Animal Farm, segundo Bloom,
estabelece equivalências com a história da ação política na Rússia desde os duros tempos de
1917 até a Segunda Grande Guerra.
Esse período pós-guerra foi marcado por crises econômicas, como a de 1929, e as
revoluções russas: Menchevique e Bolchevique. Estas culminaram com a queda do czarismo
na Rússia e a instalação de um novo modelo, “o Socialismo”, através do governo de Lênin.
Instituiu-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Leon Trotski, chefe do exército, e Josef Stalin, secretário geral do Partido Comunista
passaram a disputar o poderio soviético após a morte de Lênin em 1924. Stalin saiu vitorioso,
e nos anos seguintes marginalizou Trotski e seus seguidores até eliminá-los. Após esses
acontecimentos, a URSS mergulhou numa situação política, social e econômica bastante dura,
talvez mais crítica àquela anterior a da revolução.
Muitos dos ideais revolucionários desse tempo eram embasados nos escritos de Karl Marx
(1818 – 1883), já mencionado neste trabalho no primeiro capítulo. Para Marx, a divisão da
sociedade entre proprietários e trabalhadores resultava na desigualdade e opressão da classe
trabalhadora. Marx acreditava que a revolução era um meio para se chegar a uma sociedade
sem classes onde o trabalho e o fruto do trabalho eram divididos entre todos.
Animal Farm situa-se no contexto histórico da Guerra Fria entre EUA e URSS, a qual se
iniciou após a II Guerra Mundial. O mundo vivia amedrontado com a possibilidade de
batalhas nucleares globais que aniquilariam a humanidade a qualquer momento. URSS
influenciava um lado do globo, aquele ocupado pelas forças do Exército Vermelho e pelas
forças armadas comunistas. Os EUA exerciam predominância sobre o restante do mundo que
se tornava capitalista. A Guerra Fria baseava-se suposição ocidental surgida após a segunda
Guerra Mundial de que a era da catástrofe não chegara ao seu final; de que o futuro do
capitalismo mundial e da sociedade liberal não estava assegurado.
Segundo Bloom (1991) a alegoria à Revolução Russa e aos eventos subseqüentes
presentes em Animal Farm é melhor entendida por aqueles leitores que conhecem os eventos
acima relatados brevemente. E ainda segundo Bloom, Animal Farm não é apenas uma
alegoria da Rússia no século XX, mas sim uma representação da estrutura de todas as
revoluções políticas onde os fracos tomam o poder são, posteriormente, corrompidos por tal
poder.
O romance de Orwell escrito em língua inglesa Animal Farm: A Fairy Story, publicado
em 1945, é uma obra fabulesca quanto ao seu gênero. Através de tal fábula encontramos sátira
e alegoria política ao apresentar a revolta dos animais contra os maus tratos que sofriam e sua
posterior revolução. Os elementos do gênero literário ao qual pertence encontram-se
espalhados pelo texto. Convém uma breve explicitação do que vem a ser uma fábula.
Em artigo publicado no E-Dicionário de Termos Literários (2011), Nelly Novaes
Coelho afirma que o gênero literário fábula é uma narrativa de intenção moralizante, que
ressalta as falhas dos homens sobre os homens. Segundo Marcos Bagno, em Fábulas
Fabulosas, “a fábula é uma pequena narrativa que serve para ilustrar algum vicio ou alguma
virtude, e termina invariavelmente, com uma lição de moral” (BAGNO, 2005).
A palavra latina fábula deriva do verbo “fabulare”, “conversar, narrar”. Isso mostra
que a fábula teve sua origem na tradição oral. Da palavra latina fábula derivam o substantivo
português “fala” e o verbo “falar”. Bagno ainda acrescenta que a grande maioria das fábulas
tem como personagens animais ou criaturas imaginárias (criaturas fabulosas), que
representam, de forma alegórica, os traços de caráter (negativos e positivos) dos seres
humanos.
Essa discussão sobre o gênero fábula nos permite a caracterização da obra Animal
Farm como circunscrita na categoria fábula, visto que tal narrativa apresenta personagens que
são animais personificados. A estes animais são atribuídos características humanas, como a
fala e o raciocínio. São essas qualidades humanas que fazem com que nos interessemos pelas
fábulas: emocionamo-nos, por assim dizer, não com os animais em si, mas com o fato de eles
representarem traços humanos.
Animal Farm possui a peculiaridade da ausência de uma moralidade explícita: o livro
não termina com “moral da historia...”. O livro traz a possibilidade de o próprio leitor refletir
sobre a trama e tirar suas conclusões. Cusatis (2008), com relação a essa possibilidade de
alguns textos literários, diferencia “texto aberto” de “texto fechado”. Para ele, um texto que
apresenta múltiplas possibilidades de interpretação ao leitor é considerado um “texto aberto” .
Tais interpretações dependem da inferências de quem lê o texto literário. Levando tal ponto de
vista em consideração, Animal Farm é considerado um texto aberto.
A obra de George Orwell, devido a varias interpretações que lhe podem ser atribuídas,
faz parte de cânones literários. Segundo Bloom, Animal Farm é acima de tudo uma fábula, e,
como tal, é dotada de sentido imaginativo. Tal característica foi o que possibilitou sua
repercussão e diversas abordagens interpretativas.
A estória de Animal Farm é contada a partir do ponto de vista dos animais comuns da
fazenda, embora na narrativa estes mesmo personagens sejam referidos na terceira pessoa do
plural “eles”. O narrador é notável por não apresentar preconceitos pessoais ou pontos de vista
particulares. O tom do romance é objetivo durante toda a narrativa. À medida que a estória vai
se encaminhando para um desfecho ultrajante, esse tom é mantido, o que causa uma ironia
sempre crescente.
Como é o caso da maioria das fabulas, Animal Farm é situada em um período de
tempo indeterminando, numa estória livre de referências históricas que permitam ao leitor
situá-la em um determinado período. No entanto, é justo supor que a obra de Orwell é
contemporânea ao objeto de sua sátira, a Revolução Russa (1917-1945). Quanto ao lugar,
sabe-se que se passa numa fazenda no interior da Inglaterra.
O site Sparknotes Literature Study Guide faz discorre a respeito do fato do não há
clara referência a um personagem principal. Contudo, Napoleon, o porco ditador, é o
personagem que une e dirige a maior parte da ação. Há vários conflitos no livro. A constar: os
animais contra o Mr. Jones, Napoleon contra Snowball, os outros animais contra os porcos, os
animais contra os vizinhos humanos. Todos esses conflitos são expressões da tensão
subjacente entre as classes exploradoras e as classes exploradas e entre os nobres ideais o
socialismo e sua dura realidade.
A ação é crescente quando os animais derrotam seus opressores humanos e
estabelecem um estado socialista chamado animalismo. Então a os porcos, sendo os mais
inteligentes, assumem a direção da granja. Até que Napoleon e Snowball se envolvem em
disputas ideológicas. O clímax é justamente o momento em que Napoleon expulsa seu rival
com a ajuda dos cães que ele havia secretamente criado para atender às suas vontades. A ação
começa a cair quando Napoleon consolida seu poder, Squealer justifica as ações do porco
ditador e a situação dos animais começa a piorar.
Os temas do livro são a corrupção dos ideais socialistas; a tendência a estratificação
social; o perigo de uma classe trabalhadora ingênua; e o abuso da linguagem como
instrumento para o abuso de poder. Tudo isso se apresenta através de estrutura de discurso e
artifícios literários; as músicas e os rituais, por exemplo. Além de símbolos, como o celeiro, o
moinho e no nome da fazenda, os quais são representações de idéias e conceitos abstratos.
Depois da morte de Major, suas idéias foram sintetizadas pelo animalismo. O processo
revolucionário da Granja do Solar é embasado por tal sistema de idéias. As palavras de Major
tinham dado uma perspectiva de vida inteiramente nova aos animais da granja. A partir de
todos esses fatos, percebe-se a semelhança no discurso dessas figuras de Marx, Lênin e Major.
Todos eles estavam contrários às formas de poder (governo) vigentes e acreditavam que só
uma revolução e ruptura total com esse poder os levariam há um mundo de igualdade e
justiça.
Major, Marx e Lênin relatam a situação de suas respectivas sociedades, como de se dá
a exploração, de quem é a culpa e como acabar com tal situação. Marx tem o capitalismo
como a origem dos problemas do proletariado e Major tem os humanos como a causa de todo
o sofrimento dos animais. Ambos pregavam a tomada do poder pelos oprimidos. A solução
estaria em ter, em cada caso, o proletariado e os animais no poder. Assim como os
movimentos das classes dominadas se identificaram e se basearam no marxismo e criaram um
caminho anticapitalista, Major com seu discurso levou os animais a um movimento que
permitisse sua libertação. A libertação na Rússia veio através de Lênin e da revolução
bolchevique. Seguindo o mesmo raciocínio, Major fala da vida sem a presença dos humanos,
Todas as idéias estavam aflorando e culminaram na tomada do poder, na Revolução.
Na Rússia de 1917 após a derrubada do czar Nicolau II, os delegados do Congresso
dos Sovietes iniciaram a instalação de um novo governo. Temos então a realização do que
proferiu Marx sobre a Revolução em O Manifesto do Partido Comunista:
Os homens A burguesia
Os animais O proletariado
Snowball Trotsky
Os cachorros A polícia
Squealer A propaganda
De forma bastante incisiva, Major questiona a ordem natural das coisas. Além disso,
ele traz à tona o discurso da insatisfação do trabalhador, do operariado que requer melhores
condições de existência. A palavra “camaradas” faz referência ao sindicalismo. Conservam-se
assim as condições de patrão e de empregado. São posições de sujeito que enunciam o lugar
que ocupam. A luta pela liberdade é expressa da única forma possível: pela rebelião, ou da
forma que Marx definiu por lutas de classes.
Percebemos, então, os personagens e a teoria, segundo o marxismo e segundo as suas
representações na Revolução Russa: os animais, como o proletariado dominado e os homens
na condição de burguesia dominante. Com a rebelião estabelecida, necessitava-se normatizar
seus princípios/ideologia, ou seja, um dos pontos principais acordados foi à definição de quem
era o seu verdadeiro inimigo ou amigo. A presença do discurso ideológico não tem um
começo pontual, visto que ela está presente em toda a obra, porém, aqui os pilares da
revolução se estabelecem sem dúvida para os animais. Mais à frente veremos os sete
mandamentos, que são o resultado da normatização dos princípios/ideologia.
O Homem é a única criatura que consome sem produzir. [...] O Homem não busca
interesses que não os dele próprio. Que haja entre nós, animais, uma perfeita
unidade, uma perfeita camaradagem da luta. Todos os homens são inimigos, todos
os animais são camaradas. (p. 12-14)
6. Graças à liderança do Camarada Napoleão, que gosto bom tem esta água! (p. 77)
Os trechos acima (11 ao16) são mostras de como os princípios ideológicos, que
outrora levaram os animais a revolução e pregavam uma sociedade justa e igualitária, onde os
animais seriam livres de verdade, foram modificados. Isso se aplica a governos totalitários
que apareceram ao longo da historia da humanidade. Percebemos o tom satírico do narrador
ao contar que os animais gradualmente esqueciam o que lhe foi prometido.
Temos nos trechos citados alguns dos sete mandamentos modificados pelos líderes da
fazenda, agora os porcos. Quando os animais liam as alterações das regras que regiam suas
vidas, não se davam conta das modificações dos ideais, que, em algum lugar da memória,
haviam perdido. Fica claro como as estratégias ideológicas modificaram a imagem da
realidade.
17. Doze vozes gritavam, cheias de ódio, e eram todas iguais. Não havia dúvida,
agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora
olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco
para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem
era porco. (p. 111-112)
Porcos e homens ocupavam nesse momento a mesma posição, uma vez que seu
discurso ideológico era o mesmo. Depois dos ideais da revolução terem sido modificados,
deu-se lugar a uma nova realidade de opressão, com a diferença de que agora eram os
próprios porcos que subjugavam seus semelhantes. O ideal de igualdade entre os bichos fora
redirecionado para uma situação de desigualdade entre eles.
Os porcos torvaram-se iguais àquilo que tanto criticavam – os homens. Realizavam a
mesma dominação e mal que antes eram atribuídos ao homem. A relação entre classe
dominante e classe dominada se mantém presente. O meio social torna-se um local de
exclusão e inclusão onde as classes menos favorecidas são ludibriadas pela ideologia
dominante da classe privilegiada.
Percebemos, nesse ponto do nosso trabalho, que Animal Farm reflete os meios pelos
quais a ideologia se sustenta nas relações sociais e como ela se fixa entre as personagens. Os
animais não percebam que a estão progressivamente sendo “envolvidos” em suas tramas
ideológicas. Tal ideologia se estabelece através do discurso como meio de manipulação e
controle dos dominantes sobre os dominados. Os animais da fazenda se encontram em
aprisionados em construções lingüísticas, por assim dizer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra Animal Farm, como vimos, pode ser tratada como uma alegoria da Revolução
Russa e uma crítica a todo tipo de totalitarismo. Nos dois casos temos discursos que
apontavam para a transformação para o surgimento de uma sociedade alicerçada na igualdade
e liberdade. Porém, em ambos os casos, encontramos uma distorção desse ideal para dar lugar
ao medo e a atrocidades.
Orwell era envolvido nos acontecimentos políticos de seu tempo; lutou em guerras e
foi partidário do comunismo. Dessa forma, percebemos claramente elementos políticos e
ideológicos em sua obra. Esses elementos nos convidaram para uma análise mais profunda
dos discursos e lutas ideológicas presentes em Animal Farm. Pelo discurso ficcional, a obra
de Orwell retrata a realidade na qual está inserida, e percebemos que ela vai além da ligação
com o contexto histórico.
Procuramos mostrar os principais pontos onde a ideologia se faz presente no livro.
Através da tremenda habilidade com que Squealer faz uso da linguagem e da ingenuidade dos
outros animais, vemos que a realidade vai sendo moldada sem que os animais percebam. A
ingenuidade dos animais se reflete na falta de consciência destes a respeito da compreensão
dos fatos, no entendimento das palavras e no reconhecimento das ambições dos líderes da
fazenda, por exemplo.
Em vários pontos de Animal Farm é possível encontrar elementos ideológicos: nas
lutas de classe, nas relações de poder, nas resistências e na alienação, por exemplo. Mesmo
que de maneira breve e não abarcando a totalidade dos elementos discursivos do texto, com
base nos estudos da análise do discurso, apresentamos o maior número de informações
possíveis sobre a ideologia presente no texto literário.
Desde o início da obra co o discurso do porco Major e passando pelos sete
mandamentos e pela propaganda pró-Napoleon e dos discursos de Squealer, a questão do
poder e da dominação perpassa a linguagem. A revolução e a vitória de Napoleon não teriam
acontecido sem o controle exercido através da trama discursiva dos personagens que estavam
no comando. Animal Farm nos mostra os meios pelos quais a ideologia sustenta as relações
sociais.
A ideologia se manifesta nos discursos e se estabelece como um recurso para a
manipulação dos personagens subordinados. Podemos dizer que estes são controlados por
armadilhas da linguagem. Os animais foram incapazes de identificar as estratégias ideológicas
nas entrelinhas. A linguagem pode ser considerada um dos mais sutis elementos de coerção
social.
Acreditamos ter realizado um relevante trabalho, à medida que procuramos analisar as
nuances ideológicas contidas nos discursos do texto como meio de se alcançar o poder e
assegura-lo. Tudo isso se dá através da linguagem, a qual está diretamente relacionada ao
desenvolvimento humano.
O conhecimento teórico apresentado nesse trabalho nos possibilitou afirmar que o
discurso é o meio pelo qual a transmissão ideológica acontece. E, além disso, vimos que o
discurso é parte constituinte do indivíduo. Vimos, portanto, como isso se deu em Animal
Farm. Os discursos dos porcos influenciaram os outros animais e estabeleceu uma ditadura.
Esperamos termos encontrado, mesmo que de forma incipiente, uma resposta satisfatória à
nossa questão de pesquisa. Esperamos, também, termos construído um entendimento de
leitura por parte dos nossos leitores.
REFERÊNCIAS
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