Enia Gonsalves Direito Penal Especial
Enia Gonsalves Direito Penal Especial
Enia Gonsalves Direito Penal Especial
Trabalho de Campo de Direito Penal Especial do Curso de Direito Faculdade de Direito, como
Requisito para obtenção do Grau Académico em licenciatura em Direito
O Estudante A Tutora
Énia Gonsalves Dr. Atija A. T. Feliciano
CAPITULO I: INTRODUÇÃO
1.1.Contextualização
Nos dias actuais a busca e a conquista do conhecimento têm sido uma grande ferramenta para
o desenvolvimento económico e científico duma nação.
Os crimes contra patrimônio são aqueles que atentam contra o patrimônio moveis e imóveis de
uma pessoa ou organização. Desde a antiguidade é de conhecimento os crimes contra o
patrimônio.
De todos os Títulos constantes da Parte Especial do Código Penal, é um dos que mais se destaca
nas estatísticas judiciárias e policiais, visto que os crimes contra o patrimônio figuram na lista
das infrações penais mais praticadas em nossa sociedade (GRECO, 2014).
1.2.Objectivos
Para Carvalho (2009, p.45), objectivos “ são linhas de prospectiva a desenvolver que
proporcione valor acrescentado à situação de partida”.
1.2 Metodologia
Os crimes contra patrimônio são aqueles que atentam contra o patrimônio moveis e imóveis de
uma pessoa ou organização. Desde a antiguidade é de conhecimento os crimes contra o
patrimônio (Gumaraes, 2018).
O Direito Civil entende patrimônio como sendo atividade econômica de um indivíduo, sob a
ótica jurídica ou física. Para o Código Civil patrimônio é a universalidade de direitos. O
patrimônio de toda e qualquer pessoa física ou jurídica compreende seus direitos, obrigações e
seus bens. Na definição de Clóvis Beviláqua (1917) apud. Gonçalves (1938) o patrimônio é "o
complexo das relações jurídicas de uma pessoa, que tiverem valor econômico". Já para o
Direito Penal o reconhecimento do patrimônio é mais amplo, não se restringindo apenas ao
valor econômico em dinheiro pois irá compreender bens de valor afetivo.
Nesse mesmo sentido Antolisei (1954) afirma que “o patrimônio não compreende apenas as
relações jurídicas economicamente apreciáveis – isto é, os direitos que são avaliáveis em
dinheiro – senão também os que versem sobre coisas que têm valor de afeição
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(Recordações de família, objetos que nos são caros por motivos especiais, etc)"(ANTOLISEI,
1954 apud. BITENCOURT, 2007, p.79).
No âmbito dos crimes patrimoniais os mais habituais são o furto, roubo e extorsão. De acordo
com Código Penal, furto é se apropriar de objeto alheio para si sem que haja violência física
ou psicológica contra a vítima. Tal infração pode ser configurada em furto qualificado, caso
haja quebra de alguma barreira para furtar o objeto, abuso de confiança ou mediante fraude,
com emprego de chave falsa e ação feita por dois indivíduos ou mais. E o furto de coisa comum
que é subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente
a detém, coisa comum. Já roubo se trata também de apropriação de objeto alheio para si, porém
nesse caso há emprego de violência ou grave ameaça contra a vítima. Já na extorsão além da
violência contra o dono do bem, o criminoso coage a vítima de forma a constranger a mesma,
a fim de obter vantagem econômica. Além desses crimes, existem outras infrações de caráter
patrimonial que são a usurpação, o dano, a apropriação indébita e o estelionato (Gumaraes,
2018).
Seja por actos concludentes – assim com actos pelos quais se depreende que alguém é o gerente
da proprietária do prédio e que consequentemente tem poderes para o vender, criam a
convicção de que o pode fazer.
Promitentes compradores que adiam sucessivamente a celebração a escritura, por falta de meios
financeiros para proceder ao pagamento, mediante a invocação de razões falsas com vista a
criar a convicção junto do promitente vendedor de têm essa capacidade colocar acs da
licenciatura (Gumaraes, 2018).
Não há enriquecimento ilegítimo quando o credor coage o devedor a cumprir a sua obrigação.
2.3 Furto
De acordo com o Código Penal, o furto consiste em “subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel”. Este é um crime onde ocorre uma subtração patrimonial não violenta.
O mencionado tipo penal é composto por vários elementos, a saber: o núcleo subtrair; o
especial fim de agir caracterizado pela expressão para si ou para outrem; bem como pelo objeto
da subtração, ou seja, a coisa alheia móvel.
O verbo subtrair é empregado no sentido de retirar, tomar, sacar do poder de alguém coisa
alheia móvel. Já a finalidade de ter a coisa alheia móvel para si ou para outrem é que caracteriza
o chamado animus furandi, que é a intenção de furtar, no delito de furto.
Para o Direito Penal, coisa móvel é tudo aquilo passível de remoção, ou seja, tudo que puder
ser removido, retirado, mobilizado.
Além de móvel, a coisa obrigatoriamente, deverá ser considerada alheia, ou seja, pertencente
a alguém que não aquele que a subtrai. Dessa forma, não se configurará no delito de furto a
subtração de: res nullius (coisa de ninguém, que jamais teve dono); res derelicta (coisa
abandonada) e res commune omnium (coisa de uso de todos).
Assim, aquele que, percebendo que em uma lata de lixo deixada do lado de fora de uma
residência se encontrava um rádio, o retira daquele lugar, levando-o consigo, não pratica o
crime de furto, uma vez que se trata de coisa abandonada pelo dono, não se adequando ao
conceito de coisa alheia, elemento indispensável à configuração típica do crime de furto
(Gumaraes, 2018).
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O crime de furto caracteriza-se como sendo um crime comum, que não exige qualidade especial
tanto em relação ao sujeito ativo (quem pratica a ação), quanto do sujeito passivo (quem sofre
a ação). Assim, esse tipo de crime pode ser praticado por qualquer pessoa contra qualquer
pessoa.
É um crime doloso, em que o agente prevê o resultado lesivo de sua conduta e, mesmo assim,
leva-a adiante, produzindo o resultado. É material, onde a lei descreve uma ação e um resultado,
exigindo a ocorrência deste para que o delito se consume.
É comissivo, pois exige que o crime seja praticado por um comportamento ativo e é cometido
intencionalmente e em situação de perfeito juízo. É de dano também, visto que pressupõe a
efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
É de forma livre, podendo ser executado por qualquer forma ou meio. É um crime instantâneo,
pois ele se consuma de imediato, sem produzir um resultado que se prolongue no tempo,
embora a ação possa perdurar.
É monossubjetivo, pois pode ser praticado por apenas um sujeito, mesmo admitindo-se, em
alguns casos, a co-autoria e a participação. É plurissubsistente porque é constituído de vários
actos, que fazem parte de uma única conduta. E é não transeunte, pois deixa vestígios e pode
realizar-se o exame pericial (Gumaraes, 2018).
Para a maioria dos doutrinadores e estudiosos do Direito, mesmo que o crime de furto esteja
inserido no Título correspondente aos crimes contra o patrimônio, estes entendem ser a posse
o bem jurídico que deve ser protegido pelo tipo penal, além da propriedade, e também a mera
detenção sobre a coisa alheia móvel.
Já o objeto material do delito de furto é a coisa alheia móvel contra a qual é dirigida a conduta
praticada pelo agente.
Entretanto, vale ressaltar que, embora a lei penal proteja o patrimônio (entendendo-se aqui,
como sendo também a posse), nem todo e qualquer patrimônio interessa ao Direito Penal, visto
que a palavra valor possui dois significados importantes.
De um lado, tem-se o valor de troca, o qual atribui-se um valor econômico a uma cadeira, um
celular, um carro. De outro, existem bens que trazem em si um valor de uso, de natureza
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sentimental, não economicamente apreciável, como quem guarda o primeiro dente de leite de
um filho, a primeira fralda, entre outros.
Essa distinção se faz importante, pois, em regra, pode-se aplicar o Princípio da Insignificância
(ou Crime de Bagatela) quando os bens tiverem valor de troca, sendo impossibilitado esse
raciocínio, em regra, quando os bens tiverem valor de uso, ou seja, um valor afetivo,
sentimental (Gumaraes, 2018).
Qualquer pessoa pode ser sujeito activo do delito de furto, desde que não seja o proprietário ou
mesmo o possuidor da coisa.
Os sujeitos passivos são o proprietário e o possuidor da coisa alheia móvel, podendo, nesse
caso, ser tanto uma pessoa física como uma pessoa jurídica (Gumaraes, 2018).
O crime de furto somente pode ser praticado dolosamente, não havendo previsão legal para a
modalidade culposa. Não há a modalidade culposa para crimes de furto.
2.4 Roubo
Define-se roubo como o ato de “subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência”.
A figura típica do roubo é composta pela subtração, característica do crime de furto, conjugada
com o emprego de grave ameaça ou violência à pessoa. Assim, o roubo poderia ser visualizado
como um furto acrescido de alguns dados que o tornam especial.
O que torna o roubo especial em relação ao crime de furto é justamente o emprego da violência
à pessoa ou grave ameaça, com a finalidade de subtrair a coisa alheia móvel para si próprio ou
para outro.
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Além da violência, o crime de roubo também se caracteriza, quando, para fins de subtração da
coisa alheia móvel, o agente utiliza-se de grave ameaça (vis compulsiva). Esta é capaz de
infundir temor à vítima, permitindo que seja subjugada pelo agente que, subtrai-lhe, assim, seus
bens (REPÚBLICA, Quarta-feira, 23 de Agosto de 2006).
O crime de roubo caracteriza-se como sendo um crime comum, que não exige qualidade
especial tanto em relação ao sujeito activo (quem pratica a ação), quanto do sujeito passivo
(quem sofre a ação). Assim, esse tipo de crime pode ser praticado por qualquer pessoa contra
qualquer pessoa.
É um crime doloso, em que o agente prevê o resultado lesivo de sua conduta e, mesmo assim,
leva-a adiante, produzindo o resultado. Com isso, não há previsão para a modalidade culposa.
É material, onde a lei descreve uma ação e um resultado, exigindo a ocorrência deste para que
o delito se consume.
É comissivo, pois exige que o crime seja praticado por um comportamento ativo e é cometido
intencionalmente e em situação de perfeito juízo. Neste, o crime pode ser praticado
omissivamente, caso o agente goze do status de garantidor.
É de dano também, visto que pressupõe a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
É um crime instantâneo, pois ele se consuma de imediato, sem produzir um resultado que se
prolongue no tempo, embora a ação possa perdurar. Neste tipo de delito, em alguns casos, pode
ser considerado como instantâneo de efeito permanente, caso haja destruição da res furtiva.
É monos subjetivo, podendo ser praticado por apenas um sujeito, mesmo admitindo-se, em
alguns casos, a co-autoria e a participação.
É plurissubsistente porque é constituído de vários atos, que fazem parte de uma única conduta
e, em algumas situações, pode-se fracionar o iter criminis, razão pela qual é possível a
modalidade de tentativa (Gumaraes, 2018).
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Este tipo penal, estabelecido pelo Título II do Código Penal, goza do status de crime complexo,
visto que nele configuram-se duas ou mais figuras típicas, já que, no roubo, existe a subtração,
característica do crime de furto.
Além dela, nele se encontram presentes a violência à pessoa e a grave ameaça, cujos tipos
penais protegem, respectivamente, a integridade corporal ou a saúde e a liberdade individual.
Deve-se levar em consideração também, o crime de latrocínio, o qual conjuga a subtração com
o resultado morte, característico do delito de homicídio (Gumaraes, 2018).
O sujeito activo no crime de roubo pode ser qualquer pessoa, à exceção do proprietário, uma
vez que o tipo penal exige que a coisa móvel seja alheia.
No caso do sujeito passivo, qualquer pessoa pode ser considerada neste delito, inclusive o
mero detentor da coisa, isso porque a natureza deste tipo penal há a proteção a mais de um bem
jurídico.
Desta forma, quando alguém detém em seu poder coisa alheia, que lhe é subtraída
violentamente pelo agente, não se pode deixar de considera-lo sujeito passivo de roubo
(Gumaraes, 2018).
No delito tipificado pelo Código Penal, existem 2 (dois) tipos de roubo: o roubo próprio e o
roubo impróprio.
Neste tipo penal, ressalta-se que a violência contra a pessoa ou a grave ameaça pode ocorrer
antes, durante e após a subtração da coisa.
Desta forma, quanto ao roubo próprio, há no agente a intenção, o dolo de praticar, desde o
início, a subtração violenta, sendo que, neste caso, a violência contra a pessoa ou a grave
ameaça como meio para a prática do roubo. Ao contrário, no roubo impróprio, a finalidade
proposta pelo agente é a de levar a efeito uma subtração patrimonial não violenta (furto), que
se transformou em violenta por algum motivo durante a execução do crime (Gumaraes, 2018).
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Tratando-se de crime material, admite-se a tentativa no caso de roubo próprio, quando o agente
não conseguir, mesmo que por curto espaço de tempo, a posse tranquila da coisa roubada.
O crime de roubo somente pode ser praticado dolosamente, não havendo previsão legal para a
modalidade culposa.
Com isso, o roubo somente será configurado como crime quando a subtração for praticada
dolosamente pelo agente, que atua com a finalidade especial de ter a coisa para si ou para
outrem.
2.5 Latrocínio
Esse crime encontra-se, e estabelece que “se da violência resulta lesão corporal grave, a pena
é de reclusão, além da multa; se resulta morte, a reclusão, sem prejuízo da multa.
De acordo com a doutrina majoritária, o 3° trata de um crime qualificado pelo resultado (lesão
corporal grave ou morte) que poderá ser imputado ao agente a título de dolo ou culpa. Durante
a prática do roubo, o agente pode ter querido causar, efetivamente, lesões graves na vítima, ou
mesmo a sua morte, com objetivo de subtrair seus bens, ou tais resultados podem ter ocorrido
durante a ação criminosa sem que o agente tivesse a intenção de produzi-los, causando-os
culposamente.
O latrocínio advém da morte, que qualifica o roubo, embora o Código Penal não utilize essa
nomenclatura. Assim, se durante a prática de roubo, advier a morte, em virtude da violência
empregada pelo agente, dolosa ou mesmo culposa, caracteriza-se o crime de latrocínio
(Gumaraes, 2018).
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Pela definição o latrocínio, por ser uma modalidade qualificada do crime de roubo, também é
um crime complexo, visto que se consuma o crime quando o agente preenche o tipo penal
levando a efeito as condutas que, unidas, formam a unidade complexa.
2.6 Extorsão
Segundo extorsão é “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com intuito
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar de fazer alguma coisa”.
O núcleo do tipo é o verbo constranger, que tem o significado de obrigar, coagir alguém a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. Esse constrangimento deve ser exercido
com o emprego de violência ou grave ameaça.
Além disso, o agente deve atuar com uma finalidade especial, que ultrapassa o seu dolo, que
é o especial fim de agir, ou também chamado intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica.
Com isso, dois são os elementos que integram o delito de extorsão, são: constrangimento, feito
pela violência física (vis corporalis) ou grave ameaça (vis compulsiva), obrigando a vítima a
fazer, tolerar que se faça ou a deixar de fazer alguma coisa e o especial fim de agir,
caracterizado pela finalidade do agente em obter indevida vantagem econômica, para si ou para
outrem (Gumaraes, 2018).
A melhor distinção entre roubo e extorsão reside no fato de que, nesta há necessidade de
colaboração da vítima, conjugada com um espaço de tempo, mesmo que não muito longo, para
que esta anua ao constrangimento e entregue a vantagem indevida ao agente.
No roubo, o mal é imediato. Neste, mesmo que sem a colaboração da vítima, o agente não
pudesse obter a vantagem indevida (neste caso, o patrimônio alheio), o fato de não ter um
tempo para refletir sobre a exigência que lhe é feita mediante violência ou grave ameaça faz
com que o crime seja de roubo.
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1.3 Conclusão
Com a informação analisada e interpretada da pesquisa científica que tem como tema
Habilitação Notarial De Herdeiro, cheguei à conclusão que:
o Para que se faça uma boa interpretação desta temática e evite-se cair no erro de
uma má interpretação e necessário conhecer os principais conceitos
fundamentas dos crimes conta o patrimônio;
o Dar a conhecer os objectivos dos crimes contra o patrimônio e muito
importância, pois está nos traz a par dos princípios de funcionamento destas e
dos seus principais objectivos;
o A descrição das normas de aplicação da habilitação de herdeiros ajuda a uma
boa interpretação desta problemática e dos códigos e uma boa capacidade de
resolução de problemas do gênero;
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Bibliografia
BECKER, Gary S. Crime and punishment: An economic approach. In: The economic
Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1: parte geral. 2.ed. rev. atual. São
Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2003