Relatório: Análise de Impacto Regulatório

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RELATÓRIO

ANÁLISE DE IMPACTO
REGULATÓRIO

NORMA REGULAMENTADORA
Nº 10 - Segurança no Trabalho
em Instalações e Serviços em
Eletricidade
MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
Secretaria de Trabalho
Subsecretaria de Inspeção do Trabalho

Brasília/DF, 2021

1
2

EXPEDIENTE

MINITÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA
Onyx Lorenzoni
Diogo Costa
SECRETARIA EXECUTIVA
Bruno Silva Dalcolmo DIRETORIA DE ALTOS ESTUDOS
Diana Coutinho
SECRETARIA DE TRABALHO
Luís Felipe Batista de Oliveira COORDENAÇÃO GERAL DE PESQUISAS
Claudio Djissey Shikida
SUBSECRETARIA DE INSPEÇÃO DO
TRABALHO EQUIPE TÉCNICA – ASSESSORES
Romulo Machado e Silva Guilherme Mansur
Larissa Fonseca
Coordenação-Geral de Segurança e Tamille Dias
Saúde no Trabalho
Marcelo Naegele

Coordenação de Normatização e INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,


Registros QUALIDADE E TECNOLOGIA
Joelson Guedes da Silva Marcos Heleno G. de Oliveira Junior
Coordenação-Geral de Integração Fiscal DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DA
José Carlos Scharmach CONFORMIDADE
Lenilton Duran Pinto Correa
Coordenação de Gestão da Informação
Flávia Carla Forner da Silveira Divisão de Qualidade Regulatória
Raimisson Rodrigues Ferreira Costa
EQUIPE TÉCNICA – EXECUÇÃO
Rodrigo Vieira Vaz
EQUIPE TÉCNICA – FACILITADORES
Marcio Rui Cantos
Naldenis Martins da Silva Raimisson Rodrigues Ferreira Costa
Sarah de Araújo Carvalho Roberta de Freitas Chamusca
3

Prefácio
4

O presente documento, elaborado pela Subsecretaria de Inspeção

do Trabalho (SIT), integra o projeto piloto “AIR na Economia Já” do

Ministério da Economia desenvolvido em parceria com a Escola Nacional de

Administração Pública (ENAP). Esse projeto visa fomentar o desenvolvimento

de Análise de Impacto Regulatório (AIR) nos órgãos do Poder Executivo,

tendo como fim último o aprimoramento da qualidade regulatória no Brasil,

por meio de um processo sistemático de análise baseada em evidências.

Dessa forma, quando a SIT foi instada a participar do projeto piloto, o

Subsecretário de Inspeção do Trabalho, Rômulo Machado e Silva, manifestou

vontade para que a Subsecretaria integrasse esse importante projeto, com

objetivo de desenvolver habilidades técnicas internas para o

desenvolvimento de AIR de qualidade, tendo sido então formada uma equipe

técnica e escolhido o tema a ser trabalhado.

O projeto piloto foi iniciado no final de novembro de 2020 com a

assessoria da ENAP, conduzida por facilitadores do Instituto Nacional de

Metrologia, Qualidade e Tecnologia Nacional (INMETRO) com ampla

experiência no desenvolvimento de AIR. Foram realizadas diversas oficinas e

encontros entre facilitadores e a equipe técnica da SIT para o pleno

desenvolvimento desta AIR.

Esse acompanhamento por assessoria de alta qualidade foi

fundamental para o desenvolvimento dos trabalhos pela equipe técnica da

SIT, permitindo a incorporação de conceitos, metodologias e uma

compreensão mais profunda da natureza da AIR. Durante esse processo, foi

exigido um grande esforço cognitivo da equipe técnica, especialmente para

a real compreensão da sistemática de elaboração da AIR, atividade recente

para SIT, nos termos do Decreto n° 10.411, de 2020.


5

No que tange ao tema, a partir de plano de trabalho apresentado

à Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) em novembro de

2017 e aprovado em março de 2018, foi implementado um processo de

revisão das Normas Regulamentadoras (NR) de Segurança e Saúde no

Trabalho (SST), tendo como pilar a publicação da Portaria SIT nº 787, de 27

de novembro de 2018, que dispõe sobre as regras de aplicação,

interpretação e estruturação das NR.

Em 2019, a partir das diretrizes de harmonização, desburocratização e

simplificação, foi apresentada durante a 97ª Reunião Ordinária da CTPP,

realizada em 04 e 05 de junho de 2019, uma agenda regulatória para revisão

das NR. Nessa ocasião, a proposta de revisão e o respectivo calendário de

implementação de 2019 foram aprovados pelas bancadas de trabalhadores

e empregadores, incluindo a disponibilização dos textos de algumas normas

para consulta pública.

No início desse processo concatenado de revisão de normas, além da

publicação da Portaria SIT nº 787, de 2018, houve a revisão da Norma

Regulamentadora nº 01 (NR 01), publicada pela Portaria SEPRT n° 6.730, de

09 de março de 2020, que lhe conferiu nova redação de forma a atualizar

conceitos, positivar os requisitos quanto à capacitação e treinamento em

segurança e saúde no trabalho e, especialmente, inserir os parâmetros para

o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais pelo empregador.

Ademais, destacam-se ainda as revisões da Norma Regulamentadora

nº 07 (NR 07) e da parte principal da Norma Regulamentadora nº 09 (NR 09),

cujas redações foram alteradas, respectivamente, pelas Portarias SEPRT

nº 6.734, de 09 de março de 2020, e nº 6.735, de 10 de março de 2020.


6

Em razão dessas publicações, tornou-se necessário harmonizar e

atualizar a Norma Regulamentadora nº 10 (NR 10) face à estruturação

prevista na Portaria SIT n° 787, de 2018, e aos novos conteúdos dessas

normas, caracterizadas como normas gerais e estruturantes para a

aplicabilidade de todas as demais.

O processo desta AIR vem contribuir para que a revisão do texto

normativo da NR 10 atenda aos procedimentos para a elaboração e revisão

de normas regulamentadoras relacionadas à segurança e saúde no trabalho

e às condições gerais de trabalho, descritas na metodologia de

regulamentação adotada pela Portaria SEPRT n.º 6.399, de 31 de maio de

2021, e pelo Decreto n° 10.411, de 30 de junho de 2020.

Este documento, portanto, representa passo relevante da SIT nesse

processo de elaboração de AIR, em observância aos parâmetros exigidos

pelo Decreto n° 10.411, de 2020, bem como pela Portaria SEPRT n° 6.399, de

2021.
7

SUMÁRIO

PREFÁCIO.................................................................................................... 3

SUMÁRIO EXECUTIVO..................................................................................... 17

CAPÍTULO 1 – PROBLEMA REGULATÓRIO .................................................... 23

Introdução ............................................................................................................................24

Problema Regulatório: Contexto, Descrição e Natureza .................................................28

Consequências do Problema Regulatório .........................................................................35

Acidentes de trabalho................................................................................................................. 36

Acidentes Registrados por meio da Comunicação de Acidentes de Trabalho - CAT ..... 38

Magnitude, tendência e projeção futura dos acidentes de trabalho relacionados com a


exposição à energia elétrica .................................................................................................. 38

Gravidade dos acidentes........................................................................................................ 42

Distribuição regional e setorial dos acidentes de trabalho ocasionados pela exposição à


energia elétrica ........................................................................................................................ 45

Benefícios Acidentários .............................................................................................................. 54

Incidentes de Trabalho ............................................................................................................... 57

Custos dos Acidentes de Trabalho ........................................................................................... 60

Causas do Problema Regulatório .......................................................................................65

Desarmonia normativa .............................................................................................................. 65

Lacuna de requisitos ................................................................................................................... 74

Descumprimento da norma e falhas na interpretação ......................................................... 79

Conclusão e Discussão do Problema Regulatório ............................................................84


8

CAPÍTULO 2 – AGENTES AFETADOS ........................................................ 92

Introdução ....................................................................................................................93

Empregadores típicos do setor elétrico ............................................................................93

Trabalhadores típicos do setor elétrico ..........................................................................103

CAPÍTULO 3 - FUNDAMENTAÇÃO LEGAL .................................................... 115

CAPÍTULO 4 - DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS ................................................. 121

CAPÍTULO 5 - DESCRIÇÃO DAS ALTERNATIVAS .......................................... 126

CAPÍTULO 6 - IMPACTO DAS ALTERNATIVAS .............................................. 132

CAPÍTULO 7 - PARTICIPAÇÃO SOCIAL ......................................................... 144

CAPÍTULO 8 - EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL ............................................ 146

Introdução ..........................................................................................................................147

Organização Internacional do Trabalho (OIT) ................................................................148

Normas e padrões internacionais ...................................................................................152

Legislações Internacionais ...............................................................................................155

Conclusão ...........................................................................................................................169

CAPÍTULO 9 - EFEITOS E RISCOS .................................................................. 170

Introdução ..........................................................................................................................171

Conceitos e processos da gestão de riscos .....................................................................172

Aplicação da gestão dos riscos .........................................................................................175


9

CAPÍTULO 10 - COMPARAÇÃO DE ALTERNATIVAS .............................. 179

Introdução ..................................................................................................................180

Estruturação da metodologia AHP ..................................................................................181

Critérios ..............................................................................................................................182

Avaliação das alternativas e critério ...............................................................................185

Conclusão ...........................................................................................................................190

CAPÍTULO 11 - ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO .................................. 192

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 201

ANEXO A ........................................................................................................ 201


10

Lista de Figuras
Figura 1-Árvore do Problema ..................................................................................... 24

Figura 2- Principais informações sobre acidentes de trabalho por exposição à

energia elétrica, entre 2011 e 2020, registrados por meio de CAT ....................... 40

Figura 3- Principais informações sobre acidentes de trabalho por exposição à

energia elétrica, entre 2011 e 2020, registrados por meio de CAT ....................... 41

Figura 4 - Quantidade de mortes por exposição a riscos elétricos, registradas por

meio de CAT, entre 2011 e 2020, e componente Tendência Séries Temporais ... 42

Figura 5 - Informações sobre mortes por exposição à energia elétrica, entre 2011

e 2020, registradas por meio de CAT ......................................................................... 43

Figura 6 - Taxa de letalidade por ano e tendência................................................... 44

Figura 7 - Distribuição de acidentes de trabalho por exposição à energia elétrica,

por UF ............................................................................................................................ 45

Figura 8 - Distribuição da quantidade de óbitos por exposição à energia elétrica,

por UF ............................................................................................................................ 47

Figura 9 (acima) - Taxa de letalidade por exposição à energia elétrica, por UF .. 50

Figura 10- Quantidade de acidentes por exposição à energia elétrica, por Seção

do CNAE ......................................................................................................................... 50

Figura 11 - Quantidade de mortes de trabalhadores por exposição à energia

elétrica, por Seção de CNAE ........................................................................................ 51

Figura 12 - Taxa de letalidade dos acidentes de trabalho por exposição à energia

elétrica, para cada Seção do CNAE ............................................................................ 52


11

Figura 13- Quantidade de Benefícios Acidentários por causas externas, por

Ano, inclusive aqueles relacionados à exposição à energia elétrica ............. 55

Figura 14 - Componente Tendência Séries Temporais dos Benefícios por causas

externas, inclusive por exposição à energia elétrica .............................................. 55

Figura 15 - Principais informações sobre dados dos benefícios acidentários por

causas externas ............................................................................................................ 56

Figura 16 - Estimativa da quantidade de incidentes, entre janeiro de 2011 e

dezembro de 2020........................................................................................................ 58

Figura 17 - Gráfico com a quantidade de incidentes por ano e Componente

Tendência Séries Temporais ....................................................................................... 59

Figura 18- Painel com informações principais sobre incidente por exposição à

energia elétrica............................................................................................................. 60

Figura 19 - Macroprocessos x Documentos do GRO ............................................... 68

Figura 20 - GRO x Demais NR...................................................................................... 69

Figura 21 - Conceito de Perigo da NR 01 ................................................................... 70

Figura 22 - Conceito de Risco Ocupacional da NR 01 .............................................. 71

Figura 23- Conceito de Prevenção da NR 01 ............................................................. 73

Figura 24 - Hierarquia de Proteção ............................................................................ 78

Figura 25- Quantidade de Autos de Infração por descumprimento da NR 10 .... 82

Figura 26 - Distribuição de empresas por região - empregadores típicos do setor

elétrico - dados RAIS 2019 ........................................................................................... 96

Figura 27-Gráfico com a quantidade de empresas típicas do setor elétrico por ano

e Componente Tendência Séries Temporais ............................................................ 98


12

Figura 28 - Quantidade de empresas típicas do setor elétrico, por UF, no ano

de 2019 ................................................................................................................... 99

Figura 29 - Quantidade de acidentes por exposição à energia elétrica nas

empresas típicas do setor elétrico, por ano, e tendência séries temporais ...... 100

Figura 30 - Quantidade de mortes de trabalhadores por exposição à energia

elétrica nas empresas típicas do setor elétrico, por ano, e tendência séries

temporais .................................................................................................................... 102

Figura 31- Árvore dos Objetivos ............................................................................... 125

Figura 32 - Objetivos e impactos desejados ........................................................... 134

Figura 33 - Nível de impacto ..................................................................................... 135

Figura 34 - Resultados: alternativa não normativa ............................................... 136

Figura 35 - Níveis de impacto associados à alternativa não normativa ............. 136

Figura 36 - Resultados: alternativa normativa ....................................................... 137

Figura 37 - Níveis de impacto associados à alternativa normativa..................... 138

Figura 38 - Resultados: alternativa normativa + alternativa não normativa ..... 139

Figura 39 - Níveis de impacto associados à combinação de alternativas normativa

+ não normativa ......................................................................................................... 139


13

Lista de Tabelas
Tabela 1 - Número de fiscalizações em segurança e saúde no trabalho ............. 80

Tabela 2 - Número de ações fiscais da NR 10 ........................................................... 80

Tabela 3 - Ações fiscais e itens da NR 10 regularizados e notificados .................. 81

Tabela 4 - Quantidade de ações fiscais e itens com interdição/embargo ............ 82

Tabela 5 - Resumo do Problema Regulatório, suas causas e consequências ...... 88

Tabela 6 - CNAE típicos do setor elétrico .................................................................. 94

Tabela 7 - Distribuição dos empregadores típicos do setor elétrico por categorias

de quantidade de trabalhadores - dados RAIS 2019 ............................................... 95

Tabela 8 - Distribuição de empresas por natureza jurídica - empresas típicas do

setor elétrico - dados RAIS 2019 ................................................................................. 97

Tabela 9 - Porte de empresas típicas do setor elétrico ........................................... 97

Tabela 10 - Quantidade de empresas típicas do setor elétrico por ano e UF ...... 99

Tabela 11 - Quantidade de mortes, acidentes e taxa de letalidade ocasionada por

exposição à energia elétrica nos empregadores típicos do setor elétrico......... 103

Tabela 12 - Ocupações associadas com exposição à energia elétrica ................ 104

Tabela 13 - Perfil sociodemográfico dos trabalhadores com ocupação associada à

energia elétrica........................................................................................................... 107

Tabela 14 - Quantidade de trabalhadores por CBO .............................................. 108

Tabela 15 - Natureza jurídica dos empregadores de CBO típicos de exposição à

energia elétrica........................................................................................................... 109


14

Tabela 16 - Principais CNAE que empregam CBO típicos com exposição à

energia elétrica ................................................................................................... 109

Tabela 17 - Quantitativos de acidentes e mortes e taxa de letalidade por CBO

típicos com exposição à energia elétrica ................................................................ 111

Tabela 18 - Descrição de impactos .......................................................................... 134

Tabela 19 - Descrição de impactos por atores envolvidos ................................... 140

Tabela 20 - Classificação dos níveis de impacto .................................................... 143

Tabela 21 - Nível de contribuição das alternativas ............................................... 143

Tabela 22 - Padrões elétricos e códigos de prática aprovados pelo HSE ............ 161

Tabela 23 - Critérios para probabilidade ................................................................ 173

Tabela 24 - Critérios para impacto........................................................................... 173

Tabela 25 - Matriz para classificação de riscos: Probabilidade X Impacto ......... 174

Tabela 26 - Orientações Gerais para as ações de controle .................................. 174

Tabela 27 - Fontes de risco e eventos associados ................................................. 175

Tabela 28 - Níveis de risco associados às fontes de risco levantadas ................ 177

Tabela 29 - Medidas de controle indicadas para as fontes de risco levantadas 177

Tabela 30 - Escala de Comparação........................................................................... 182

Tabela 31 - Comparação de critérios ....................................................................... 183

Tabela 32 - Matriz comparativa de critérios ........................................................... 183

Tabela 33 - Pesos de cada um dos critérios ............................................................ 184


15

Tabela 34 - Alternativas ..................................................................................... 185

Tabela 35 - Comparação: Alternativas x Proteção à saúde e à vida ............ 185

Tabela 36 - Matriz comparativa de alternativas com o critério: proteção à saúde

e à vida......................................................................................................................... 186

Tabela 37 - Pesos de cada uma das alternativas para o critério Proteção à Saúde

e à Vida ........................................................................................................................ 186

Tabela 38 - Comparação: Alternativas x Custos ..................................................... 187

Tabela 39 - Matriz Comparativa de alternativas com o critério custos .............. 187

Tabela 40 - Pesos das alternativas em relação ao critério custos ....................... 188

Tabela 41 - Comparação Alternativas x Segurança jurídica ................................. 188

Tabela 42 - Matriz Comparativa de Alternativas com o critério segurança jurídica

...................................................................................................................................... 189

Tabela 43 - Pesos de cada uma das alternativas em relação ao critério Segurança

Jurídica ......................................................................................................................... 189

Tabela 44 - Resultado das alternativas considerando os critérios analisados .. 190

Tabela 45 - Prioridade Global ................................................................................... 190

Tabela 46 - Ações para estratégia de implementação da alternativa sugerida 194

Tabela 47 - Indicador: Taxa de Incidência de Acidentes do Trabalho ................. 196

Tabela 48 - Indicador: Taxa de Incidência Específica para Acidentes do Trabalho

Típicos .......................................................................................................................... 197

Tabela 49 - Indicador: Taxa de Mortalidade Acidentária ...................................... 198

Tabela 50 - Indicador: Taxa de Letalidade Acidentária ......................................... 198


16

Tabela 51 - Indicador: Índice de Gravidade Acidentária ............................... 199

Tabela 52 - Indicador: Índice de Frequência Acidentária .............................. 200


17

SUMÁRIO EXECUTIVO
18

Sumário executivo
(inciso I do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Os quadros abaixo apresentam o resumo dos principais elementos da

análise: definição do problema, objetivos, alternativas regulatórias

consideradas e alternativa sugerida.

Qual o problema regulatório se pretende solucionar?

O problema regulatório que se pretende solucionar é a exposição


aos perigos decorrentes do emprego da energia elétrica sem a devida
proteção e garantia da segurança e saúde dos trabalhadores. O
referido problema se insere no contexto dos direitos fundamentais,
especialmente os relacionados à proteção à saúde e à vida, bens jurídicos
tutelados constitucionalmente pelo Estado Brasileiro, e deve ser analisado
sob o prisma das políticas públicas necessárias para sua efetivação e para
a mitigação de riscos inaceitáveis.

Em relação à extensão e abrangência, os dados evidenciam que o


problema regulatório possui efeitos difusos e transversais, abrangendo
todas as Unidades da Federação e setores econômicos, assim como
diversas ocupações.

O problema regulatório tem caráter multifacetado, possuindo


múltiplas causas e consequências. As principais consequências do
problema regulatório são os acidentes, incidentes e custos. Nos últimos 10
anos, foram registrados mais de 60 mil acidentes de trabalho ocasionados
pela exposição à energia elétrica, os quais resultaram em 1.454 óbitos. A
tendência estatística é de aumento do número de acidentes de trabalho
relacionados com o problema regulatório, com projeção de 56 a 105 mil
acidentes para os próximos 10 anos, mantendo-se a situação atual. Em
relação aos óbitos, os dados evidenciam que há uma discreta tendência de
redução com projeção de 550 a 1.300 mil mortes para os próximos 10 anos,
caso ações não sejam adotadas. A taxa de letalidade dos acidentes
ocasionados pela exposição à energia elétrica é elevada, sendo que a cada
mil trabalhadores acidentados, 24 vão a óbito. No mesmo período, foram
concedidos, aproximadamente, 8.722 benefícios acidentários por causas
19

externas. A análise estatística revela tendência de aumento do quantitativo


desses benefícios, com projeção entre 14 a 17 mil benefícios acidentários
por causas externas até 2031, mantendo-se a situação atual. Estima-se que
ocorreram mais de 4,36 milhões de incidentes, com tendência estatística
de redução, prevendo-se a ocorrência de 1,6 milhão a 3,7 milhões de
incidentes relacionados com a exposição à energia elétrica nos próximos
10 anos, mantendo-se a situação atual.

O custo estimado do problema regulatório para a sociedade foi de


R$ 1,9 bilhão a R$ 4,4 bilhões, entre 2011 e 2020. Para o governo, o custo
total dos benefícios relacionados a acidentes ou doenças do trabalho foi
de R$ 13,2 bilhões em 2017, enquanto o custo de atendimentos no Sistema
Único de Saúde (SUS) relacionados diretamente ao problema regulatório
foi de R$650 mil apenas em 2020. O problema regulatório gera ainda
custos para as empresas relacionados à perda de produtividade, gastos
com tratamentos de saúde e reabilitação e despesas administrativas e
jurídicas.

Em relação às causas relacionadas ao problema regulatório,


destacam-se: desarmonia normativa; lacunas de requisitos; e
descumprimento da norma.

Quais objetivos se pretende alcançar?

Com base no problema regulatório e no escopo regulatório da


Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, o objetivo fundamental consiste
em reduzir a exposição de trabalhadores, sem a devida proteção, aos
perigos decorrentes da energia elétrica.

Os objetivos específicos que se pretende alcançar em relação ao


problema regulatório detectado são:

• reduzir as lacunas de requisitos de segurança e saúde no


trabalho decorrentes do emprego da energia elétrica;
20

• ampliar o cumprimento dos requisitos de segurança e saúde


no trabalho decorrentes do emprego da energia elétrica; e

• melhorar a compreensão pelos agentes afetados dos


requisitos de segurança e saúde no trabalho decorrentes do
emprego da energia elétrica.

Espera-se alcançar os seguintes resultados: 1) redução dos


acidentes de trabalho; 2) redução dos incidentes; 3) redução dos custos
decorrentes dos acidentes e incidentes para a sociedade, governo e
empresas.

Quais alternativas foram consideradas para a solução do problema


regulatório?

Além da “não ação”, que deve ser obrigatoriamente considerada,


foram consideradas mais três alternativas: soluções normativas, soluções
não normativas e solução combinada das ações normativas e não
normativas.

Na alternativa não normativa, ou seja, aquela que busca resolver o


problema regulatório utilizando mecanismos de incentivo que não
envolvam a edição pelo Estado de ato normativo, as ações levantadas
foram: potencializar a ação direta do Governo Federal, por meio da
Inspeção do Trabalho, com foco na atual – NR 10; elaborar um plano de
comunicação para ampliar a conscientização acerca da atual NR 10;
ampliar o conhecimento acerca da atual NR 10 por meio da divulgação do
manual de interpretação existente ou de um guia de orientações sobre a
aplicabilidade; e aumentar a compreensão das exigências normativas, da
percepção dos riscos e das consequências pelo não cumprimento da NR
10.
21

Já a alternativa normativa propõe revisar a NR 10 com a eliminação


de lacunas, harmonização e atualização normativa. A proposta combinada
prevê a adoção das ações da estratégia normativa e não normativa.

As alternativas não consideradas foram a autorregulação das


empresas e o aumento do valor das sanções administrativas de SST
emitidas pela Inspeção do Trabalho.

Qual a melhor alternativa apontada para resolver o problema e por


quê?

Para escolha técnica da melhor alternativa, utilizou-se a metodologia


de Análise Multicritério (AMC). Para avaliação e comparação das
alternativas, adotou-se a técnica de Hierarquia Analítica (Analytic
Hierarchy Process - AHP). Os critérios selecionados para comparação, par
a par, de cada uma das alternativas foram: proteção à saúde e à vida,
custos e segurança jurídica. O método de vetor de Eigen foi utilizado para
a definição dos pesos para cada um dos critérios, resultando nos seguintes
valores: proteção à saúde e à vida - 75%; segurança jurídica - 13%; e custos
- 12%. A taxa de consistência foi de 0,011, portanto, menor que 0,10,
indicando uma boa taxa de consistência.

O resultado da AHP apresentou os seguintes pesos de prioridade


global: alternativa normativa combinada com a alternativa não normativa
– peso igual a 52,8%; alternativa normativa - 24,1%; alternativa não
normativa - 11, 7%; não ação - 11,2%.

Dessa forma, levando-se em conta a análise realizada e


considerados os impactos e riscos das alternativas, a alternativa
recomendada é a combinação da alternativa normativa com a alternativa
não normativa, composta pelas seguintes ações: 1) revisão da NR 10 com
a eliminação de lacunas, harmonização e atualização normativa; 2)
potencialização da ação direta do Governo Federal, por meio da Inspeção
22

do Trabalho com foco no novo texto da NR 10; 3) elaboração de um plano


de comunicação para conscientização sobre novo texto da NR 10; 4)
ampliação do conhecimento acerca da nova NR 10, por meio da atualização
do manual de interpretação ou da elaboração de um guia de orientações
sobre a aplicabilidade do novo texto normativo.
23

Capítulo 1 – Problema
Regulatório
24

Identificação do problema regulatório


(inciso II do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Introdução

Este capítulo objetiva apresentar o problema regulatório que se

pretende solucionar, suas causas e sua extensão. A definição do problema

regulatório é etapa essencial e ponto de partida para uma AIR de qualidade.

A definição do problema regulatório, suas causas e consequências

foram discutidas e definidas nas oficinas com assessoria da ENAP, com

participação dos facilitadores do INMETRO, e especialistas da SIT e da

Secretaria de Trabalho (STRAB) do Ministério do Trabalho e Previdência -

MTP, com extensos debates entre os partícipes do processo.

Esse processo de construção coletiva possibilitou a definição do

problema regulatório, suas causas e consequências, favorecendo a robustez

das decisões e mitigando a assimetria de informações e opiniões,

enriquecendo e legitimando todo o processo de construção desta AIR.

Nessas oficinas foram utilizadas diversas técnicas de modelagem de

projetos e de ferramentas de planejamento visual e colaborativo, resultando

na elaboração do diagrama (árvore do problema), conforme Figura 1.

Figura 1-Árvore do Problema


25
26

O diagrama apresenta o problema central, suas causas e

consequências. No centro encontra-se o problema regulatório,

exposição aos perigos decorrentes do emprego da energia elétrica sem

a devida proteção e garantia da segurança e saúde dos trabalhadores,

já na parte superior foram apresentadas as consequências decorrentes

deste problema, enquanto na parte inferior suas causas.

O problema regulatório abordado nesta AIR tem caráter

multifacetado, altamente complexo, com múltiplas causas e consequências,

o que é evidenciado pelo diagrama de problemas.

Portanto, para facilitar a explanação e compreensão do tema, este

capítulo foi dividido em partes.

Inicialmente, apresenta-se a descrição, o contexto e a natureza do

problema regulatório.

Na seção seguinte, discorre-se sobre as consequências do problema,

abordando a magnitude, extensão, ocorrência, tendência estatística e

projeção futura caso nenhuma intervenção ocorra. Nesse tópico, também

são apresentados dados de acidentes de trabalho relacionados à

problemática em estudo, sua distribuição geográfica e por setor econômico,

possibilitando, com isso, a compreensão se o problema ocorre de forma

concentrada ou distribuída pelo território do Estado Brasileiro e em quais

atividades econômicas.

Na última seção, são apresentadas as causas dos problemas.

Salienta-se que este capítulo buscou responder todos os pontos

norteadores do documento “Guia para Elaboração de Análise de Impacto

Regulatório”, da Secretaria de Advocacia da Concorrência e


27

Competitividade, do Ministério da Economia, sendo apresentado um

quadro resumo, ao final deste capítulo, facilitando a compreensão e

leitura sintética dos principais pontos abordados neste capítulo.

Por fim, cabe esclarecer que este documento não esgota o estudo e a

análise do problema regulatório que se pretende solucionar, mas busca

concentrar evidências e elementos para subsidiar a tomada de decisão sobre

o enfrentamento do problema regulatório, fortalecendo, deste modo, a

política de qualidade regulatória, assegurando o bem-estar social,

crescimento econômico e eficiência de mercado.


28

Problema Regulatório: Contexto, Descrição e Natureza

O problema regulatório que se pretende resolver é a exposição aos

perigos decorrentes do emprego da energia elétrica sem a devida proteção

e garantia da segurança e saúde dos trabalhadores.

A descoberta e o uso da eletricidade proporcionaram importantes

avanços para a humanidade.

A sociedade atual depende fortemente do uso da eletricidade. Essa

forma de energia é primordial para o desenvolvimento e o funcionamento

da indústria, do comércio, das residências, dos hospitais, dentre outros.

Ela está presente em todos os setores e atividades econômicas, bem

como na vida cotidiana da população. Portanto, a energia tem um caráter

transversal, já que está presente em múltiplos ambientes e abrange diversos

atores.

Pesquisas sobre a análise de demanda e uso de energia nas últimas

décadas apontam um aumento considerável da demanda e uso de energia

elétrica. Segundo estudo realizado pela Universidade de Oxford, dados

apontam que a geração anual de energia elétrica terawatts-hora (TWh)

passou de 329 TWh, em 2001, para 626 TWh, em 2019, um crescimento de

90%, sendo que as usinas hidrelétricas responderam por 64% do total, as

termoelétricas por 9,4% (4,1% a partir do carvão, 2,6% nuclear, 1,3% óleo) e

o restante foi oriundo de outros processos. Por fim, destaca-se a participação

das fontes renováveis – hidrelétrica, eólica, solar e outras (no caso brasileiro,
29

majoritariamente biomassa) - sendo essas fontes, no mesmo ano,

responsáveis por 83% da energia elétrica gerada1.

Essas duas constatações, caráter transversal e a tendência de

aumento da demanda, fortalecem a percepção sobre a importância e o

caráter duradouro da eletricidade em nossa sociedade, refletindo, portanto,

a natureza perene do problema regulatório abordado.

A eletricidade é gerada por um conjunto de processos e etapas. Na

primeira delas, a partir da usina, para ser transportada, a energia passa por

subestações, onde é elevada a níveis de tensão como 69.000, 88.000,

138.000, 240.000, 440.000 volts. O transporte é realizado por redes de cabos

elétricos até as subestações rebaixadoras, delimitando, assim, a denominada

fase de transmissão.

Já na fase de distribuição de energia elétrica (11,9 / 13,8 / 23 kV), nas

proximidades dos centros de consumo, a energia elétrica é tratada nas

subestações com seu nível de tensão rebaixado e sua qualidade controlada,

sendo transportada por redes elétricas aéreas ou subterrâneas, constituídas

por estruturas (postes, torres, dutos subterrâneos e seus acessórios), cabos

elétricos e transformadores, para novos rebaixamentos (110 / 127 / 220 / 380

V), e, finalmente, é entregue aos clientes industriais, comerciais, de serviços

e residenciais em níveis de tensão variáveis, de acordo com a capacidade de

consumo instalada de cada cliente.

Todas essas etapas, da geração de energia elétrica até a entrega ao

consumidor, constituem o setor elétrico, comumente denominado como

Sistema Elétrico de Potência (SEP), que é definido como o conjunto de todas

1
Our World in Data, 2021. Disponível em https://ourworldindata.org/grapher/electricity-
production-by-source?tab=table – acesso em 15/09/2021.
30

as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e

distribuição de energia elétrica até o ponto de medição.

Dentre as diversas modalidades de consumo permitidas nas

resoluções normativas da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o

consumidor final da energia elétrica pode ser uma pessoa física ou jurídica

que assume as obrigações decorrentes deste atendimento à(s) sua(s)

unidade(s) consumidora(s). Estes consumidores constituem o Sistema

Elétrico de Consumo (SEC), que abrange todos os tipos e classes possíveis de

consumidores da energia elétrica.

É importante destacar que muitas unidades consumidoras utilizam a

cogeração ou fontes renováveis de energia. A cogeração é um processo

operado numa instalação específica para fins da produção combinada das

utilidades calor e energia mecânica. Esta geralmente é convertida total ou

parcialmente em energia elétrica. Já as fontes renováveis de energia são

fontes provenientes de recursos naturais e continuamente reabastecidos

que podem ser aproveitados para geração de energia elétrica, tais como

solar, eólica, hidráulica, marés, geotérmica e biomassa.

A existência da energia elétrica não é um problema em si, mas a

exposição sem proteção adequada pode ocasionar danos à saúde humana.

Portanto, é necessária a adoção de medidas de proteção para evitar os

efeitos adversos à saúde.

A literatura médica aponta que a exposição à energia elétrica sem a

devida proteção pode ocasionar diversos agravos, com danos à saúde com

diferentes gravidades, desde danos mais superficiais a gravíssimos,

ocasionando, inclusive a morte.


31

Esses agravos decorrem, primordialmente, de dois tipos de

efeitos:

• Efeito do choque elétrico: Decorrente da passagem de uma


corrente elétrica através do corpo humano.
• Efeito do arco elétrico: Decorrente da passagem de corrente
elétrica através do ar ionizado.

O efeito do choque elétrico pode ocasionar uma série de agravos, tais

como morte, queimaduras em diferentes graus (danos superficiais ou

profundos, atingindo nervos e vasos – na Classificação Internacional de

Doenças (CID), existem códigos específicos para choque elétrico, quais

sejam, CID W85, W86 e W87, T754) e parada cardiorrespiratória (PCR), que

pode ocorrer por fibrilação ventricular, causada pela corrente alternada, ou

assistolia, em razão da passagem de corrente contínua.

O arco elétrico produz enorme energia térmica ocasionando

queimaduras das mais diversas intensidades e em vários locais do corpo

humano. A severidade do trauma depende do nível de corrente, magnitude

da energia incidente, resistência do corpo humano, duração do contato e

caminho percorrido pela eletricidade.

Pelo caráter transversal e universal da energia elétrica, a exposição de

maneira inadequada pode atingir diversos atores (cidadãos comuns,

trabalhadores, consumidores e empresas) nos mais variados tipos de

ambientes, tais como residências, áreas públicas e ambientes laborais.

O impacto dos riscos elétricos2 na sociedade pode ser verificado por

meio de diversas fontes, sendo inclusive observado em notícias recorrentes

2
Os efeitos da exposição inadequada aos riscos elétricos serão tratados no próximo
tópico, abordando-se sua magnitude, tendência e abrangência.
32

na mídia, revelando a magnitude e extensão do problema (ABRACOPEL,

2020) (UOL, acessado em 15/03/2021).

Porém, esta AIR não pretende avaliar todos esses ambientes e atores,

já que a atribuição constitucional da SIT é a proteção ao meio ambiente de

trabalho.

Portanto, o contexto desta análise abrange, primordialmente, o

ambiente laboral, empresas e trabalhadores, tendo sido definida como

problema regulatório a exposição aos perigos decorrentes do emprego da

energia elétrica sem a devida proteção.

A existência do problema regulatório pode ser facilmente observada

pela elevada ocorrência de acidentes, incidentes e custos relacionados aos

agravos associados à exposição à energia elétrica.

É importante destacar que no campo da SST os riscos devem ser

controlados, seguindo uma hierarquia de proteção, iniciando, portanto, com

a eliminação do risco e em seguida o seu controle.

O direito ao controle de riscos decorre do princípio da proteção,

expresso por meio de um conjunto normativo, dentre eles as denominadas

Normas Regulamentadoras que dão executoriedade a esse princípio

fundamental. O direito à proteção visa tutelar a saúde, direito fundamental,

já que riscos à saúde humana são riscos classificados como inaceitáveis,

tanto que são expressamente protegidos pela Constituição Federal de 1988.

Portanto, as Normas Regulamentadoras têm caráter técnico, sendo de

observância obrigatória em todos os locais de trabalho e têm como objetivo

estabelecer obrigações quanto à adoção de medidas que garantam trabalho

seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes de trabalho.


33

Em relação aos riscos elétricos, em 06 de junho de 1983, o

Secretário de Segurança e Medicina no Trabalho, do antigo Ministério do

Trabalho, alterou diversas NR, considerando a necessidade de adequação

das redações então vigentes à evolução dos métodos e ao avanço da

tecnologia à época. Assim, atualizou a NR 10 - Instalações e serviços em

eletricidade, por meio da Portaria n.º 12, de 06 de junho de 1983 (DOU de

14/06/83 – Seção 1 – págs. 10.288 a 10.299).

Em 07 de dezembro de 2004, o extinto Ministério do Trabalho e

Emprego – seguindo compromissos internacionais assumidos pelo país,

entre eles, destaca-se a ratificação das Convenções nº 144 - Consultas

Tripartites (Normas Internacionais do Trabalho) e nº 155 - Segurança e Saúde

dos Trabalhadores, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – alterou,

uma vez mais, a NR 10, que trata de Instalações e Serviços em Eletricidade.

Assim, por meio da Portaria MTE nº 598, de 2004, foi publicado, no Diário

Oficial da União de 08 de dezembro de 2004, o texto normativo vigente

atualmente.

Essa última versão da NR 10 foi construída por meio de processo

normatizado pelo órgão, devidamente embasado na consulta às

organizações representativas de empregadores e trabalhadores, a qual é

realizada mediante a Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), de

acordo com o disposto na Portaria MTE n.º 1.127, de 02 de outubro de 2003,

vigente à época, que estabelecia procedimentos para elaboração de normas

regulamentares relacionadas à segurança, saúde e condições gerais de

trabalho. A referida Portaria veio a ser substituída pela Portaria MTb n° 1.224,

de 28 de dezembro de 2018, e mais recentemente pela Portaria SEPRT nº

6.399, de 2021.
34

Até os dias atuais, ocorreram mais duas alterações pontuais no

texto vigente da NR 10, quais sejam, as atualizações promovidas pela

Portaria MTPS n.º 508, de 29 de abril de 2016, e pela Portaria SEPRT n.º 915,

de 30 de julho de 2019.

Apesar de haver uma NR específica sobre os riscos elétricos, ainda se

observam diversos indícios da existência da exposição aos perigos

decorrentes do emprego da energia elétrica sem a devida proteção e

garantia da segurança e saúde dos trabalhadores.


35

Consequências do Problema Regulatório

A exposição inadequada aos riscos elétricos ocasiona diversas

consequências, produzindo efeitos no campo dos Direitos Fundamentais

(saúde e vida), bem como efeitos no campo econômico, conforme

apresentado na Figura 1 deste relatório.

No campo do Direito Fundamental, as consequências principais são os

acidentes de trabalho e os incidentes.

Os acidentes de trabalho são eventos que ocorrem pelo exercício do

trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a

morte, a perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para

o trabalho. Já os incidentes são eventos que tem o potencial de ocasionar um

acidente de trabalho, também denominados como “quase acidentes”.

Já no campo econômico, o problema regulatório ocasiona elevados

custos para a sociedade, governo e empresas.

Diante do exposto, este tópico objetiva apresentar a magnitude dessas

consequências, discorrendo sobre sua extensão, sua distribuição regional e

setorial, bem como a evolução esperada, mantendo-se a situação atual. Ao

longo da presente análise, reuniram-se evidências técnicas dos dados

apresentados, almejando-se atingir o potencial máximo frente às limitações

de dados e de tempo.
36

Acidentes de trabalho

A Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, estabelece que acidente de

trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de

empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a

morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade

para o trabalho.

Também são considerados acidentes a doença profissional (produzida

ou desencadeada pelo exercício do trabalho) e a doença do trabalho

(desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é

realizado).

Portanto, os acidentes de trabalho ocasionam danos à integridade

física humana, isto é, à saúde e à vida, direitos humanos fundamentais.

A magnitude dos acidentes de trabalho pode ser investigada,

principalmente, pela análise de bases administrativas, em especial os dados

da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) e os dados sobre os

Benefícios Previdenciários acidentários.

A CAT é uma obrigação legal, por meio da qual a empresa deve

comunicar à Previdência Social todos os acidentes do trabalho ocorridos com

seus empregados, independente se houve ou não afastamento.

Os Benefícios Acidentários são aqueles garantidos ao segurado, pela

Previdência Social, distribuídos, atualmente, em quatro espécies principais:

• Auxílio-Doença por Acidente de Trabalho (B91);

• Aposentadoria por Invalidez de Acidente de Trabalho (B92);

• Pensão por Morte de Acidente de Trabalho (B93); e


37

• Auxílio-Acidente (B94).

Dessa forma, os dados da CAT e dos benefícios acidentários

representam as principais fontes administrativas para análise dos acidentes

de trabalho, cabendo, no entanto, mencionar algumas limitações referentes

a esses dados.

Os dados de acidente de trabalho abrangem apenas os empregados

com carteira assinada, já que a definição legal de acidente de trabalho se

restringe às ocorrências que envolvem os segurados do Regime Geral de

Previdência Social (RGPS).

Além dessa limitação, outro problema é a subnotificação dos acidentes

de trabalho. Estudos evidenciam que o percentual de subnotificação é

próximo a 80%, significando que, a cada dez acidentes, apenas dois são

registrados.

Outra limitação vincula-se diretamente aos acidentes relacionados à

exposição à energia elétrica. Muitos desses acidentes, apesar de registrados

como oriundos de queda ou queimaduras, têm como causa primária a

exposição à energia elétrica, situação frequentemente observada no

cotidiano do Auditor-Fiscal do Trabalho.

Dessa forma, é importante salientar que os números apresentados

não representam todo o universo de acidentes, mas apenas uma pequena

parcela. Portanto, os números reais são maiores do que aqui apresentados.

Apesar dessas limitações, os dados ainda evidenciam elevada

ocorrência de acidentes relacionados à exposição à energia elétrica,

conforme observado por meio da análise da CAT e benefícios acidentários.


38

Acidentes Registrados por meio da Comunicação de Acidentes


de Trabalho - CAT

Conforme mencionado, a base de dados da CAT representa uma das

principais fontes de informação sobre os acidentes laborais.

No entanto, a análise dos seus dados deve ser acompanhada do

reconhecimento de sua limitação, sobretudo a elevada subnotificação e os

erros de preenchimentos, como, por exemplo, a inserção errônea de

situação geradora.

Neste módulo, apresentam-se:

• A magnitude dos acidentes de trabalho ocasionados pela exposição à

energia elétrica, incluindo análise de mortes e taxa de letalidade;

• A tendência estatística dos acidentes de trabalho ocasionados pela

exposição à energia elétrica, incluindo análise de mortes e taxa de

letalidade;

• A projeção estatística, para os próximos 10 anos, dos acidentes de

trabalho ocasionados pela exposição à energia elétrica, incluindo

análise de mortes e taxa de letalidade; e

• A análise da distribuição regional e setorial dos acidentes de trabalho

ocasionados pela exposição à energia elétrica.

Magnitude, tendência e projeção futura dos acidentes de trabalho


relacionados com a exposição à energia elétrica
39

Entre janeiro de 2011 e dezembro de 2020, foram registrados,

aproximadamente, 61 mil acidentes ocasionados pela exposição à

energia elétrica, com 1.454 óbitos registrados nesse período.

A mediana foi de 6.128 acidentes por ano, média de 6.088 acidentes e

desvio padrão de 784. Em média foram registrados 17 acidentes por dia

relacionados à exposição à energia elétrica.

Conforme já apontado, esses números representam o limiar inferior,

portanto, o número mínimo de acidentes efetivamente ocorridos. Essa

afirmação decorre da subnotificação dos acidentes laborais.

Além da análise do número absoluto, é necessário conhecer a

evolução esperada dos acidentes de trabalho por meio da análise de séries

temporais, possibilitando conhecer a tendência e projeção futura dos

acidentes relacionados à energia elétrica. Para isso foram aplicadas técnicas

estatísticas específicas.

Ao se avaliar o componente tendência da análise de série, observa-se

uma discreta tendência de redução até 2016, com tendência de aumento

após esse período.

O gráfico exibido na Figura 2 apresenta o número de acidentes por

ano, bem como a tendência estatística ao longo dos anos.


40

Figura 2- Principais informações sobre acidentes de trabalho por exposição


à energia elétrica, entre 2011 e 2020, registrados por meio de CAT

Ao se analisar a projeção futura por meio de testes estatísticos

específicos, a estimativa é que, até 2031, ocorram entre 56.751 a 105.394

acidentes3 ocasionados pela exposição à energia elétrica, caso ações não

sejam adotadas.

O painel da Figura 3 apresenta de forma sintética as principais

informações sobre os acidentes de trabalho por exposição à energia elétrica,

registrados por meio da CAT, entre janeiro de 2011 e dezembro de 2020,

incluindo a tendência e a projeção desses acidentes até 2031.

3
Considerando-se os parâmetros atuais constantes.
41

Figura 3- Principais informações sobre acidentes de trabalho por exposição


à energia elétrica, entre 2011 e 2020, registrados por meio de CAT

Esses dados evidenciam a magnitude dos efeitos relacionados à

existência do problema regulatório, revelando, inclusive, que os acidentes

permanecerão ocorrendo caso ações mais efetivas não sejam adotadas para

o controle da exposição a riscos elétricos, conforme a tendência estatística

de aumento nos últimos anos.


42

Gravidade dos acidentes

Além da avaliação da magnitude do evento, é importante avaliar

também a gravidade dos acidentes de trabalho, sendo a morte sua maior

gravidade. Desse modo, analisou-se também a magnitude dos óbitos, bem

como sua tendência e projeção temporal.

Entre janeiro de 2011 e dezembro de 2020 foram registrados 1.454

óbitos ocasionados pela exposição aos riscos elétricos, segundo dados da

CAT, com mediana de 141 óbitos por ano, média de 145 óbitos com desvio

padrão de 26. Em média, ocorre uma morte de trabalhador a cada dois dias

em razão da exposição à energia elétrica.

Ao se avaliar o componente tendência da análise de série temporal,

observa-se uma discreta tendência de redução de óbitos registrados por CAT

ocasionados por exposição à energia elétrica.

O gráfico da Figura 4 apresenta o número de mortes por ano, bem

como a tendência estatística ao longo dos anos.

Figura 4 - Quantidade de mortes por exposição a riscos elétricos, registradas


por meio de CAT, entre 2011 e 2020, e componente Tendência Séries Temporais
43

O painel exibido na Figura 5 apresenta informações relacionadas

a mortes de trabalhadores ocasionadas por exposição à energia elétrica,

registradas por meio da CAT, entre janeiro de 2014 e junho de 2020, incluindo

a tendência e a projeção desses acidentes até 2031.

Figura 5 - Informações sobre mortes por exposição à energia elétrica, entre


2011 e 2020, registradas por meio de CAT

550 a 1.300
1.454 141 1 morte Mortes
Mortes a cada 2 dias previstas para
Mortes os próximos 10
registradas registradas por
ANO anos

Esses dados permitem concluir que a exposição sem proteção aos

riscos elétricos ocasionou um número significativo de mortes. A análise de

tendência revela uma discreta tendência de queda do número de mortes

registradas, sendo previstas, para os próximos 10 anos, entre 550 a 1.300

mortes, mantendo-se a situação atual de elevada mortes.


44

Outra importante medida a ser analisada é a taxa de letalidade,

que representa o percentual de mortes entre os acidentados,

representando, portanto, um importante indicador da gravidade dos

acidentes.

A análise de letalidade indicou um valor elevado, tendo sido obtida a

média de 24, significando que, a cada mil trabalhadores acidentados, 24

morrem.

O gráfico da Figura 6 apresenta a taxa de letalidade por ano, bem

como a análise de tendência desse indicador.

Figura 6 - Taxa de letalidade por ano e tendência

Ao se avaliar a letalidade, indicador essencial de acidentes, os achados

indicam uma taxa de letalidade elevada quando comparada a outros setores,

revelando que os acidentes ocasionados por causas elétricas são graves, já

que 24, em cada mil acidentados, vão a óbito.


45

Distribuição regional e setorial dos acidentes de trabalho


ocasionados pela exposição à energia elétrica

Além da análise da magnitude e tendência dos acidentes de trabalho,

faz-se necessário compreender a sua abrangência e extensão, objetivando-

se entender se o problema ocorre de forma localizada ou não.

Portanto, os dados da CAT foram também analisados geograficamente

e por setor econômico.

Em relação à ocorrência dos acidentes por Unidade da Federação (UF),

é possível observar que foram registrados acidentes por exposição à energia

elétrica em todas as unidades da federação.

As regiões Sul e Sudeste em conjunto concentram, aproximadamente,

70% dos acidentes registrados nesse período. O estado de São Paulo sozinho

é responsável por 35% dos acidentes notificados.

Esses dados permitem inferir que os acidentes por exposição à

energia elétrica ocorrem em todo o território nacional, porém, com maior

concentração nas Regiões Sul e Sudeste.

O gráfico da Figura 7 apresenta a quantidade de acidentes por

exposição à energia elétrica entre janeiro de 2011 e dezembro de 2020.

Figura 7 - Distribuição de acidentes de trabalho por exposição à energia elétrica,


por UF
46
47

Conforme mencionado no tópico referente à análise dos acidentes

de trabalho, também é necessário avaliar a gravidade dos acidentes.

Dessa forma, também foi analisada a quantidade de mortes e a taxa de

letalidade por Unidade Federativa.

Em relação ao número de mortes, São Paulo permanece em primeiro

lugar, seguido do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná,

conforme Figura 8.

Em relação à letalidade, proporção de mortos entre acidentados, os

dados exibidos na Figura 9 apresentam achados interessantes, segundo os

quais é possível notar que, em alguns estados, a taxa de letalidade é 5 vezes

superior à taxa nacional, como, por exemplo, o estado de Piauí, no qual tem-

se 148 mortes a cada mil acidentados, e Tocantins, no qual há 134 mortes a

cada mil acidentados.

Essa análise permite concluir que os acidentes de trabalho

ocasionados por exposição à energia elétrica possuem abrangência nacional,

já que em todos os estados há registros de mortes de trabalhadores por

exposição inadequada à energia elétrica.

Em relação à proporção de mortes entre acidentados, é possível

observar que alguns estados apresentam elevada taxa de letalidade,

superior à média nacional para este tipo de acidente, com destaque para os

estados do Piauí, Tocantins e Maranhão.

Figura 8 - Distribuição da quantidade de óbitos por exposição à energia elétrica,


por UF
48
49
50

Figura 9 (acima) - Taxa de letalidade por exposição à energia elétrica, por UF

Além da distribuição regional dos acidentes de trabalho relacionados

à exposição aos riscos elétricos, acima explicitada, também é importante

compreender a distribuição da ocorrência dos acidentes laborais por

exposição aos choques elétricos por atividade econômica.

A Figura 10 apresenta a frequência absoluta por Seção da Classificação

Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), mantida pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), que é um instrumento de padronização e

classificação de atividades econômicas para uso generalizado pelos

produtores de informações econômicas do país. É possível notar que em

todas as seções de atividades econômicas há ao menos um registro de

acidente por exposição à energia elétrica.

Esse achado evidencia que o problema regulatório está presente em

variados ambientes laborais e em diversas atividades econômicas, sendo

mais frequentes em alguns setores, como, por exemplo, na Indústria da

Transformação, Construção e Comércio e Reparação de veículos

automotores.

Figura 10- Quantidade de acidentes por exposição à energia elétrica, por Seção
do CNAE
51

Conforme mencionado no tópico referente à análise de acidentes de

trabalho, é importante avaliar a quantidade de óbitos e a taxa de letalidade,

pois ambos são indicadores de gravidade.

Os resultados indicam que, aproximadamente, 90% das Seções de

CNAE registraram ao menos um óbito de trabalhadores por exposição aos

riscos elétricos. Os setores com mais óbitos foram: Construção (Seção F),

Indústria da Transformação (Seção C), seguida de Agricultura, Pecuária,

Produção Florestal, Pesca e Aquicultura (Seção A), Comércio; reparação de

veículos automotores e motocicletas (Seção G), conforme se observa na

Figura 11.

Figura 11 - Quantidade de mortes de trabalhadores por exposição à energia


elétrica, por Seção de CNAE
52

Na análise de letalidade, ou seja, a proporção de mortes entre

acidentados, os dados evidenciam que os setores que apresentaram as

maiores taxas de letalidade foram Agricultura, Pecuária, Produção Florestal,

Pesca e Aquicultura (Seção A), Indústria da Transformação (Seção C),

Construção (Seção F), respectivamente, com 86, 50 e 50 mortes entre 1000

acidentados. A Figura 12 apresenta esses resultados.

Figura 12 - Taxa de letalidade dos acidentes de trabalho por exposição à energia


elétrica, para cada Seção do CNAE
53

A análise desses achados permite concluir que os efeitos relacionados

ao problema regulatório que se pretende resolver estão presentes em

diversas atividades e setores, demonstrando se tratar de problema com

elevada extensão e abrangência, com caráter transversal.

É possível observar também que a gravidade dos acidentes está

concentrada em alguns setores, o que pode ser melhor explorado e

analisado, em especial após a decisão da alternativa a ser adotada e

respectivas estratégias de implementação.


54

Benefícios Acidentários

Os benefícios acidentários pagos pela Previdência Social

representam importante fonte de informação na avaliação dos efeitos do

problema regulatório desta AIR, revelando tanto os custos “humanos”,

quanto os “custos econômicos”.

Entre 2008 e 2018, foram concedidos, aproximadamente, 8.722

benefícios acidentários por causas externas, dentre eles aqueles

ocasionados por exposição à energia elétrica.

A mediana foi de 891 benefícios por ano, média de 793 e desvio padrão

de 227. Em média, foram registrados 2,4 benefícios por dia relacionados a

causas externas, dentre elas aquelas relacionadas à exposição à energia

elétrica.

O gráfico da Figura 13 apresenta a quantidade de benefícios

acidentários por causas externas concedidos por ano.


55

Figura 13- Quantidade de Benefícios Acidentários por causas externas, por


Ano, inclusive aqueles relacionados à exposição à energia elétrica

Com objetivo de compreender a tendência estatística dos benefícios

por causas externas, foi realizada a análise de série temporal utilizando-se

filtro de Hodrick-Prescott. O resultado dessa análise indica tendência de

aumento da quantidade de benefícios por causas externas, conforme

apresentado na Figura 14.

Figura 14 - Componente Tendência Séries Temporais dos Benefícios por causas


externas, inclusive por exposição à energia elétrica
56

Em relação à projeção futura dos benefícios acidentários por

causas externas, inclusive provenientes de exposição aos riscos elétricos,

até 2031 estão previstos entre 14 mil a 17 mil benefícios, mantendo-se a

situação atual de elevada concessão de benefícios.

O painel da Figura 15 apresenta o resumo dos principais dados dos

benefícios acidentários por causas externas.

Figura 15 - Principais informações sobre dados dos benefícios acidentários por


causas externas

8.722 891 2,4 14 a 17 mil


Benefícios Benefícios
Benefícios Benefícios
acidentários previstos para os
acidentários por concedidos por próximos 10 anos
concedidos por
causas externas ano dia
57

Incidentes de Trabalho

Conforme apresentado na árvore de problemas constante da

Figura 1 desta análise, os incidentes de trabalho também são uma

consequência da exposição inadequada aos riscos elétricos.

Os incidentes podem ser definidos como um evento que não causou

riscos à saúde do trabalhador, porém poderia vir a causar. Tanto os acidentes

como os incidentes decorrem de falhas na eliminação e controle de riscos

laborais. Por isso, os incidentes também representam uma importante

consequência na análise do problema regulatório investigado.

Ao contrário dos acidentes de trabalho, não existem bases de dados

administrativas que evidenciem a magnitude dos incidentes.

Contudo, ao longo da história e evolução da área de SST, os incidentes

de trabalho foram analisados e pesquisados. Esses estudos se basearam em

análises observacionais de grandes amostras de ambientes de trabalho,

buscando definir a proporção entre incidentes e acidentes, além de

investigar os desvios no controle de riscos.

O primeiro estudo sistemático foi desenvolvido por Heinrich na

década de 30, criando a primeira proposta de pirâmides de acidentes,

denominada de Pirâmide de Desvios de Heinrich. Já em 1960, Frank Bird

desenvolveu um novo estudo, culminando na criação da Pirâmide de Bird.

Posteriormente, em 1990, DuPont, baseado no princípio de prevenção dos

riscos laborais, desenvolveu a Pirâmide de Desvios de Dupont.

Para mensuração da estimativa de magnitude dos incidentes

relacionados à exposição aos riscos elétricos, optou-se, tecnicamente, pelo


58

uso da pirâmide de Dupont, já que é a estimativa mais recente e baseada

nos princípios mais modernos na área de prevenção de riscos

ocupacionais.

O estudo de Dupont conclui que, para cada acidente fatal, há 30.000

(trinta mil) desvios, 3.000 (três mil) incidentes, 300 (trezentos) acidentes sem

afastamento e 30 (trinta) com afastamento.

Como as mortes são de mais difícil ocultação e por isso o efeito da

subnotificação é ligeiramente menor, utilizaram-se os dados de mortes

registrados pela CAT como parâmetro de cálculo para mensuração da

magnitude dos incidentes. A pirâmide exibida na Figura 16 apresenta a

estimativa de incidentes.

Figura 16 - Estimativa da quantidade de incidentes, entre janeiro de 2011 e


dezembro de 2020

1.454 mil
acidentes
fatais

43.620
acidentes com
afastamento

436.200 mil acidentes sem


afastamento

4 milhões e 362 mil mil incidentes

43 milhões e 620 mil desvios

Considerando os dados dos 1.454 óbitos registrados por meio da CAT

relacionadas à exposição à energia elétrica e considerando a proporção de

incidentes de Dupont, a estimativa de incidentes por exposição à energia


59

elétrica é de 4.362.000 (quatro milhões, trezentos e sessenta e dois mil)

incidentes, entre janeiro de 2011 e dezembro de 2020.

Para manter a simetria de informações entre as consequências do

problema regulatório, também foi realizada a análise de tendência estatística

por meio do uso da técnica de séries temporais com filtro de Hodrick, bem

como a projeção temporal para os próximos 10 anos por meio da análise

exponencial tripla utilizando o software Stata®.

O gráfico da Figura 17 apresenta na análise de séries temporais o

componente tendência e a estimativa dos incidentes por ano.

Figura 17 - Gráfico com a quantidade de incidentes por ano e Componente


Tendência Séries Temporais

É possível observar uma discreta tendência de redução de incidentes,

fato inclusive dedutivo já que o parâmetro usado foram os óbitos registrados

por CAT por exposição à energia elétrica.


60

Em relação à projeção futura dos incidentes até 2031, preveem-se

entre 1.600.000 (um milhão e seiscentos mil) e 3.700.000 (três milhões e

setecentos mil) incidentes relacionados à exposição à energia elétrica.

O painel da Figura 18 apresenta o resumo dos principais dados dos

incidentes.

Figura 18- Painel com informações principais sobre incidente por exposição à
energia elétrica

1,6 milhão a 3,7


436.200 milhões
4,36 milhões 1.212
Incidentes por Incidentes
Incidentes Incidentes por dia previstos para os
anos
próximos 10 anos

Custos dos Acidentes de Trabalho

Conforme já mencionado nesta análise, os efeitos do problema

regulatório alcançam duas áreas principais: Direitos Humanos e Economia.


61

Neste tópico, demonstrar-se-ão evidências, até o momento, de

dois efeitos, os acidentes e os incidentes, apresentando-se sua

magnitude, tendência, extensão e abrangência (regional e setorial). Esses

dados evidenciaram os elevados custos “humanos” como efeito do problema

regulatório desta AIR.

No entanto, o problema regulatório também tem efeitos no campo

econômico, gerando custos financeiros diretos e indiretos. Esses custos

atingem três atores: sociedade, governo e empresas.

Ao longo do texto, serão apresentados os valores estimados dos

custos associados ao problema regulatório. Contudo, devido à limitação de

bases de dados, alguns custos, sabidamente existentes, não puderam ser

mensurados de forma quantitativa.

Custos para a sociedade

Os custos financeiros para a sociedade são comumente calculados por

indicadores, utilizando o Valor Estatístico da Vida (VEV). O VEV é uma

estimativa do valor “gasto” pela sociedade no desenvolvimento de um

cidadão ao longo de sua vida.

Essa métrica foi criada na década de 70, pelo economista Richard

Thaler, prêmio Nobel de Economia. Ao longo dos anos, diversos países e

pesquisadores desenvolveram métricas para mensuração desse valor, sendo

inclusive utilizada por diversas agências reguladoras do EUA e Europa como

subsídio na tomada de decisão na avaliação de políticas públicas, inclusive

de AIR.

Nesta AIR essa estimativa foi realizada por duas equipes técnicas

diferentes e utilizando-se duas bases. A primeira delas foi realizada pela


62

equipe técnica da SIT a partir de microdados da CAT, portanto, com

dados específicos de acidentes de trabalho.

A segunda foi realizada pela assessoria da ENAP, denominada

Evidência Express (EVEX), com dados do Sistema de Internações Hospitalares

(SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS). Ressalta-se que o estudo do EVEX

encontra-se, na íntegra, no Anexo A deste relatório.

Para manter a consistência interna entre esses dois estudos, utilizou-

se o mesmo valor como parâmetro do VEV, baseado no estudo de Pereira et

al (2020), que propõe um valor estatístico para a população brasileira, com

correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).

Considerando as mortes registradas por meio da CAT, ou seja, 1.454

mortes por acidentes relacionados à exposição à energia elétrica, os custos

financeiros dessas mortes, no período de 2011 a 2020, variaram de R$ 1,9

bilhão a R$ 4,4 bilhões gastos pela sociedade (vide detalhes Anexo A).

O estudo do EVEX, que analisou o ano de 2020 e utilizou a base do SIH

(que é inespecífica para acidentes de trabalho), também mensurou um valor

elevado de R$ 2,7 milhões e R$ 8,4 milhões de custos para a sociedade com

as mortes de trabalhadores por exposição à energia elétrica.

Esses dois levantamentos permitem concluir que os acidentes

ocasionados pela exposição à energia elétrica repercutem em elevados

custos para a sociedade, sendo evidenciados inclusive por bases de dados

diferentes.

Custos para o governo


63

Dentre os custos para o poder público, destacam-se os gastos

previdenciários e os gastos com atendimento em saúde decorrentes dos

acidentes ocasionados pela exposição inadequada aos riscos elétricos.

Como a SIT não possui os microdados disponíveis sobre os benefícios

acidentários ou mesmo do Sistema de Informação Hospitalar do SUS, não foi

possível a mensuração de sua magnitude. Dessa forma, foi solicitado ao

EVEX o cálculo dos gastos previdenciários e de atendimento em saúde

utilizando-se dados abertos.

Levantamentos realizados pelo EVEX evidenciam que, em 2017, foram

concedidos 227.975 benefícios relacionados a acidentes de trabalho (ou

doenças relacionadas ao trabalho) a um custo total de R$ 13,2 bilhões (vide

anexo A).

Já em relação aos custos financeiros incorridos pelo SUS, o EVEX

apurou que, em 2020, o SIH registrou 32.065 hospitalizações relacionadas a

acidentes de trabalho, fatais e não fatais, com um custo total de R$ 46,8

milhões, dos quais 204 hospitalizações estavam relacionadas às CID ligadas

à exposição à energia elétrica, com um custo de, aproximadamente, R$ 650

mil.

Dentre os custos para o governo, também é importante mencionar os

custos administrativos dos acidentes na esfera dos três poderes. No Poder

Executivo, por exemplo, os acidentes de trabalho geram: fiscalizações pela

Inspeção do Trabalho, que realiza a análise dos fatores relacionados aos

acidentes; atuação em alguns casos de órgão de polícia, para verificação das

circunstâncias do ocorrido; da AGU, para ingresso com ações regressivas,

dentre outros. No âmbito do Judiciário, a título de exemplo, têm-se os custos


64

judiciais envolvidos com eventual lide trabalhista por acidentes, ações

regressivas, dentre outras.

Custos para as empresas

Os acidentes de trabalho também representam custos para os

empregadores, desde custos relacionados à produtividade, custos de

reabilitação e saúde e custos administrativos e jurídicos.

Em relação ao custo de produtividade, os acidentes de trabalho

repercutem em afastamentos de trabalhadores ou lesões que mitigam a sua

capacidade laboral, gerando, portanto, uma redução da produtividade

potencial da empresa ou a necessidade de contratação de novos

trabalhadores para a manutenção da produtividade potencial, gerando

custos de contratação, gestão e supervisão dos novos trabalhadores.

Em relação aos custos de reabilitação e saúde, os afastamentos por

acidentes de trabalho com até 15 dias são custeados pela empresa, portanto,

a empresa possui custos para manter esse trabalhador, por até 15 dias,

mesmo sem gerar produtividade, já que ele está afastado para

restabelecimento de sua saúde.

Já os custos administrativos e jurídicos são aqueles em que os

empregadores incorrem para lidar com pagamentos, reclamações,

processos e lides judiciais relacionados aos acidentes de trabalho, a exemplo

de custo para análise das causas do acidente de trabalho, custo de multas

pagas por violação a regulamentos de segurança e saúde, além de ações

regressivas. Pode-se destacar também a majoração do Fator Acidentário de

Prevenção (FAP) no Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT), pela ocorrência

de acidentes e doenças do trabalho no estabelecimento do empregador.


65

Causas do Problema Regulatório

A seção anterior abordou as repercussões do problema regulatório,

tendo sido evidenciados efeitos nos campos de Direitos Humanos e de

acidentes e incidentes, assim como efeitos no campo econômico, relatando-

se custos para a sociedade, governo e empresas. Nesta seção, serão

apresentadas as causas do problema regulatório.

Na Figura 1 deste relatório, pode-se observar que o problema

regulatório detectado é ocasionado por múltiplas causas, com origens

diversas, abrangendo desde falhas de harmonização normativa, lacunas de

requisitos normativos e descumprimento da norma e falhas de

interpretação.

A seguir, apresenta-se cada uma dessas causas.

Desarmonia normativa

As Normas Regulamentadoras (NR) estabelecem requisitos mínimos

que devem ser adotados pelo empregador com objetivo de garantir um meio

ambiente laboral seguro, prevenindo acidentes e doenças e promovendo a

saúde do trabalhador. Portanto, as NR dão executoriedade aos Direitos

Fundamentais, proteção à saúde e à vida.

Por se tratar de instrumento jurídico que estabelece deveres, as

normas devem buscar a harmonia e coerência normativa, com

eliminação de discordâncias, promovendo, dessa forma, segurança

jurídica ao administrado. Portanto, as NR devem ser harmônicas e coerentes.


66

É importante esclarecer que a aplicação e a interpretação das NR

devem observar o disposto na Portaria SIT n° 787, de 2018. Esse

normativo classifica as NR em três grandes grupos:

• Normas Gerais: normas que regulamentam aspectos

decorrentes da relação jurídica prevista na lei sem estarem

condicionadas a outros requisitos, como atividades, instalações,

equipamentos ou setores e atividades econômicos específicos.

• Normas Especiais: normas que regulamentam a execução do

trabalho considerando as atividades, instalações ou

equipamentos empregados, sem estarem condicionados a

setores específicos.

• Normas Setoriais: normas que regulamentam a execução do

trabalho em setores ou atividades econômicos específicos.

O art. 6º da referida portaria estabelece que as disposições previstas

em normas setoriais se complementam com as disposições previstas

em normas especiais, e estas com as normas gerais, evidenciando,

portanto, o princípio de harmonia e integração entre as normas.

A NR 10, que trata da segurança e saúde em instalações e serviços em

eletricidade, é classificada como norma especial, já que regulamenta

atividades, instalações ou equipamentos empregados, não se restringindo a

setores específicos, fato, inclusive, evidenciado tanto pelas ocorrências de


67

efeitos do problema regulatório (acidentes) quanto pela análise dos

agentes afetados4.

Analisando-se a redação da NR 10 com as outras normas

regulamentadoras, observa-se que a NR 10 precisa ser harmonizada com o

novo texto da NR 01, promulgada pela Portaria SEPRT n.º 6.730, de 2020, cuja

vigência se inicia em 3 de janeiro de 2022 (Portaria SEPRT nº 8.873, de 23 de

julho de 2021). Destaca-se que a NR 01 é classificada como norma geral,

segundo a Portaria SIT nº 787, de 2018, e como tal suas disposições

complementam as normas especiais.

A gestão de riscos ocupacionais, que foi inserida na última revisão da

NR 01, possibilita um inegável avanço na segurança e saúde no trabalho no

Brasil.

O avanço se dá não só pela abrangência da norma, que alcança todos

os perigos e riscos, mas também pela previsão de uma sistematização do

processo de identificação de perigos, avaliação dos riscos e estabelecimento

de medidas de controle, sistematização esta que, articulada com ações de

saúde, de análise de acidentes e de preparação para emergências,

representa uma abordagem integradora do processo alinhada às melhores

práticas mundiais.

Aplicadas as etapas da gestão de riscos, o GRO é consolidado no

documento denominado de Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR),

que possui dois documentos, o Inventário de Riscos Ocupacionais e o Plano

4
Para maiores detalhes, ler os dados de acidentes por setor econômico no Capítulo 1 e
os dados dos agentes afetados no Capítulo 2 deste relatório.
68

de Ação, servindo não só como ferramentas de gestão, mas como forma

de demonstração do atendimento aos requisitos normativos.

De maneira resumida, os fluxos de processos do GRO encontram-se

ilustrados na Figura 19.

Figura 19 - Macroprocessos x Documentos do GRO

Destaca-se que a NR 01 foi atualizada no sentido de complementar

todo o amplo processo de gerenciamento de riscos ocupacionais num

programa único, qual seja, o PGR, cabendo à organização assegurar a

integração das ações do GRO, de forma coordenada, contínua e

sistematizada, a todos os seus processos de negócios. Essa estruturação

normativa segue a abordagem adotada pelo PDCA (Plan, Do, Check and Act),

largamente utilizada nos sistemas de gestão compulsórios ou voluntários.

Não só a abrangência do GRO, que alcança todos os perigos e riscos,

mas sua correlata interação com todas as demais NR, que necessitam de

harmonizações e adequações ao novel processo de gerenciamento de riscos


69

ocupacionais, demonstram que o Brasil introduziu e aplicou conceitos de

gestão de riscos, por meio de uma norma moderna e adequada aos

princípios de proteção à segurança e saúde dos trabalhadores.

Se fosse possível transformar esse processo em uma imagem, o GRO

seria a norma central de gerenciamento de riscos e as demais NR integrariam

essa normatização, conforme exposto na Figura 20.

Figura 20 - GRO x Demais NR

NR
10

NR NR
33 12
GRO

NR NR
23 18

Como todo avanço, o instrumento normativo revisado traz um grande

desafio, que se traduz na divulgação e implementação da nova metodologia.

Ademais, ao aportar novos conceitos e nova sistematização para o

gerenciamento de riscos ocupacionais pelos empregadores, a atualização da

NR 01 instaura a necessidade de atualização das demais NR, para fins de

alinhamento de suas redações aos novos conceitos positivados pela norma

geral revisada, em atendimento ao princípio de harmonia e integração entre

as normas regulamentadoras, já referido nesta seção.

De um modo geral, orientando-se pelos macroprocessos do GRO,

diversas são as circunstâncias para se considerar o problema da falta de


70

harmonização da NR 10, iniciando-se pela correta identificação dos

perigos decorrentes do emprego da energia elétrica até o detalhamento

de quais são as medidas de prevenção para os trabalhadores expostos a

esses perigos.

Nesse sentido, com o objetivo de melhor ilustrar a desarmonia da NR

10 em face da nova redação da NR 01, passam-se a identificar, de forma clara

e objetiva, os principais fatores causais (indutores) correlatos.

1) Conceitos: perigos x riscos ocupacionais

Um dos fatores causais do problema é a falta de alinhamento da

redação atual da NR 10 face aos conceitos de perigo e risco ocupacional

estabelecidos e consolidados na NR 01, em seu Anexo I – Termos e

definições.

Portanto, faz-se necessária a correta adaptação e o entendimento dos

conceitos de:

PERIGO OCUPACIONAL

RISCO OCUPACIONAL

A NR 01 consolidou o seguinte conceito de perigo:

Perigo ou fator de risco ocupacional / Perigo ou fonte de


risco ocupacional: Fonte com o potencial de causar lesões
ou agravos à saúde. Elemento que isoladamente ou em
combinação com outros tem o potencial intrínseco de dar
origem a lesões ou agravos à saúde.

Figura 21 - Conceito de Perigo da NR 01


71

Fonte com o potencial de causar lesões ou agravos


à saúde.

Elemento que isoladamente


Assim, o conceito então adotado pela NR 01 harmonizou PERIGO /

FATOR DE RISCO / FONTE DE RISCO em um termo único, facilitando as

diferentes formas de abordagens existentes na literatura e normas

internacionais.

Contudo, a redação vigente da NR 10 ainda traz em seu Glossário

conceito desatualizado de perigo:

18. Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade


de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por
ausência de medidas de controle.

Quanto à definição de risco, a NR 01 consolidou o seguinte conceito:


Risco ocupacional: Combinação da probabilidade de ocorrer
lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso,
exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de
trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde.

Figura 22 - Conceito de Risco Ocupacional da NR 01


72

GLOSSÁRIO - Evento perigoso: Ocorrência ou acontecimento com


o potencial de causar lesões ou agravos à saúde.

Já a NR 10 traz em seu Glossário o conceito desatualizado de risco

ocupacional:

22. Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para


causar lesões ou danos à saúde das pessoas.

Ademais, a NR 10 complementa uma modalidade de risco

denominado “risco adicional”, sem previsão correspondente na nova

redação da NR 01:

23. Riscos Adicionais: todos os demais grupos ou fatores de


risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou
processos de trabalho que, direta ou indiretamente, possam
afetar a segurança e a saúde no trabalho.

Conclui-se, portanto, pela inadequação da NR 10 quanto às definições

de “perigo” e “risco” consolidadas na norma NR 01 revisada.

2) Identificação de perigos
73

Outro fator causal do problema é a inadequação da redação atual

da NR 10 ao processo de identificação de perigos estabelecido na NR 01,

mais especificamente aos requisitos previstos nos itens 1.5.4.2 Levantamento

preliminar de perigos e 1.5.4.3 Identificação de perigos dessa norma.

Analisando-se a redação atual da NR 10, fica evidente a necessidade

de que essa norma defina uma etapa inicial, em alinhamento com a nova NR

01, tendo como objetivo principal eliminar o perigo. Para tanto, a NR 10

necessitará explicitar o elemento que deverá ser adotado na eliminação do

perigo decorrente do emprego da energia elétrica, já que, atualmente, a

norma não faz menção clara e efetiva sobre a forma de evitar ou eliminar

esse perigo.

3) Medidas de prevenção

Ressalta-se o conceito de prevenção estabelecido no Anexo I da NR 01:

PREVENÇÃO: o conjunto das disposições ou medidas


tomadas ou previstas em todas as fases da atividade da
organização, visando evitar, eliminar, minimizar ou controlar
os riscos ocupacionais.

Figura 23- Conceito de Prevenção da NR 01

PREVENÇÃO

CONTROLAR EVITAR

MINIMIZAR ELIMINAR
74

Apesar de o texto atual da NR 10 possuir item específico que

aborda as questões de segurança no projeto de instalações elétricas,

qual seja, 10.3 - Segurança em projetos, seu conteúdo não acompanha as

diversas inovações tecnológicas do setor, constituindo-se em mais um ponto

de desarmonia com a NR 01. Portanto, há necessidade de definição de um

conteúdo mínimo para o projeto elétrico das instalações, vinculando-o ao

atendimento das normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos

competentes, de maneira a garantir que seja um elemento que assegure que

as instalações elétricas, antes do início do funcionamento do

estabelecimento, ou novas instalações, ou nas mudanças e introdução de

novos processos ou atividades de trabalho, sejam seguras.

Lacuna de requisitos

Além da desarmonia da NR 10 em relação a outras NR, a existência de

lacunas de requisitos também integra o conjunto de causas relacionadas ao

problema regulatório que se pretende resolver, conforme ilustrado na Figura

1 deste relatório.

Analisando-se a redação vigente da NR 10, observa-se que o texto da

norma não abrange todas as medidas de controle e sistemas

preventivos para o perigo da energia elétrica.

Nesse aspecto, o texto atual da NR 10 é insuficiente em definir

claramente quais as possíveis lesões ou agravos à saúde decorrentes do

emprego da energia elétrica. Nesse sentido, não há menção aos dois

principais efeitos da energia elétrica:


75

Choque elétrico: Efeito patofisiológico que resulta da

passagem de uma corrente elétrica através de um corpo

humano ou de um animal; e

Arco elétrico: Fenômeno gerado pela ionização de gás

originado de uma conexão de condução elétrica não intencional

ou decomposição entre partes energizadas ou uma parte

energizada e o percurso aterrado de uma instalação elétrica ou

um dispositivo elétrico.

Além disso, o texto atual da NR 10 é insuficiente em definir

especificamente quais as possíveis fontes ou circunstâncias do emprego da

energia elétrica. Nesse sentido, não há menção às duas principais fontes de

choque elétrico:

Partes vivas perigosas acessíveis; e

Massas ou partes condutivas acessíveis que ofereceram perigo

elétrico, seja em condições normais, seja, em particular, em

caso de alguma falha que as tornem acidentalmente vivas.

Além das fontes do perigo acima descritas, existe ainda a necessidade

de se definir, na NR 10, as circunstâncias de exposição ao perigo:

Contato direto: contato elétrico de pessoas ou animais com

partes vivas da instalação; e

Contato indireto: contato elétrico de pessoas ou animais com

partes condutoras expostas que se tornaram vivas em

condições de falha.
76

Ademais, outra lacuna subsiste no texto vigente da NR 10 no que

diz respeito à ao processo de avaliação e controle dos riscos

ocupacionais, etapa prevista no gerenciamento de riscos ocupacionais da

nova NR 01. Assim, há a necessidade de se definir o rol de medidas de

proteção coletiva, as medidas administrativas e de organização, bem como

as medidas de proteção individual que devem contribuir para o atendimento

à NR 01.

Destaca-se que a NR 01 estabeleceu, para a gradação da probabilidade

na avaliação de riscos ocupacionais, a vinculação ao atendimento dos

requisitos estabelecidos nas NR específicas. Reforça-se que as NR são os

requisitos legais que determinam as medidas de prevenção e controle

necessárias para cada um dos perigos, portanto, quanto maior o

atendimento às disposições das NR, menor será a probabilidade de lesões

ou agravos à saúde.

Nesse sentido, quando, nos termos da NR 01, for identificado um perigo

relacionado com o emprego da energia elétrica, o GRO deve avaliar o risco e

definir o controle do risco ocupacional, utilizando-se das medidas estipuladas

na NR 10, que deve ser a referência normativa para efetuar a gestão desse

perigo.

Sendo assim, a redação da NR 10 deve atender ao mecanismo de

gerenciamento de riscos estipulado na NR 01, apresentando as medidas de

proteção contra contato direto ou indireto das partes vivas perigosas, contra

choque elétrico e os diversos meios de proteção contra arcos elétricos, entre

eles, dispositivos mecânicos, elétricos, eletrônicos, dentre outros.


77

Porém, atualmente, a NR 10 detalha apenas questões de

desenergização elétrica e aterramento, mas não detalha as condições

para o provimento de proteção do trabalhador, nem os mecanismos de

proteção:

Proteção adicional: Meio destinado a garantir a proteção

contra choques elétricos em situações de maior risco de perda

ou anulação das medidas normalmente aplicáveis, de

dificuldade no atendimento pleno das condições de segurança

associadas a determinada medida de proteção e/ou, ainda, em

situações ou locais em que os perigos do choque elétrico são

particularmente graves.

Proteção básica: Meio destinado a impedir contato com partes

vivas perigosas em condições normais.

Proteção supletiva: Meio destinado a suprir a proteção contra

choques elétricos quando massas ou partes condutivas

acessíveis tornam-se acidentalmente vivas.

Assim, há necessidade de que as medidas de proteção contra choques

elétricos e contra arcos elétricos sejam bem detalhadas, estabelecendo-se

também medidas contra explosão, sobretensões e descargas atmosféricas,

bem como as medidas de proteção contra explosão em instalações elétricas

de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou

explosões.

As medidas de prevenção a serem estipuladas na NR 10 precisam

seguir a hierarquia de proteção estabelecida no item 1.4, alínea “g” da NR 01,


78

que estabelece, para a implementação das medidas de prevenção, uma

ordem de prioridade, na seguinte sequência:

1. Eliminação do fator de risco;

2. Minimização e controle dos fatores de risco, com a

adoção de medidas de proteção coletiva;

3. Minimização e controle dos fatores de risco, com a

adoção de medidas administrativas ou de

organização do trabalho;

4. Adoção de medidas de proteção individual.

Figura 24 - Hierarquia de Proteção

MAIS EFETIVA

ELIMINAÇÃO

SUBSTITUIÇÃO

PROTEÇÃO
COLETIVA
ADMINISTRATIVAS OU
DE ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO

EPI

MENOS EFETIVA
79

Descumprimento da norma e falhas na interpretação

Dentre as diversas fontes que contribuem para a identificação do

problema regulatório, destaca-se como especialmente importante as não

conformidades encontradas pela Inspeção do Trabalho, as quais

representam uma importante fonte qualificada de identificação e indícios

para reconhecimento do problema regulatório.

Cabe enfatizar que a Auditoria-Fiscal do Trabalho, função típica de

Estado, tendo por base legal a Constituição Federal (art. 21, XXIV), o Título VII

da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Convenção n° 81 da OIT, a Lei

n° 10.593, de 06 de dezembro de 2002, e o Decreto n° 4.552, de 27 de

dezembro de 2002, é a autoridade trabalhista responsável pela verificação

do ordenamento justrabalhista no ambiente laboral.

Portanto, a Inspeção do Trabalho, por meio de mecanismos

institucionais e do poder de polícia, age em nome da sociedade para fazer

cumprir as normas trabalhistas cogentes, buscando a melhoria das

condições ambientais (segurança e saúde) e das relações de trabalho.

Cumpre esclarecer que o Planejamento Estratégico e Operacional da

Inspeção do Trabalho baseia-se no uso de dados da realidade, incluindo

informações de empresas e empregados, dados epidemiológicos de

acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Estes conjuntos de

informações subsidiam a definição das diretrizes estratégicas, setores e

atividades prioritárias que deverão ser executados pelas unidades

descentralizadas, que, por sua vez, também utilizam dados para ajustes à

realidade e necessidades locais.


80

Este conjunto de decisões gerenciais baseadas em evidências

culmina na emissão de Ordem de Serviços (OS) aos Auditores-Fiscais do

Trabalho. Portanto, a autoridade trabalhista não é alocada de forma

aleatória ou de ofício, excetuando-se casos previstos em lei.

Os atos administrativos emanados pelo Auditor-Fiscal do Trabalho

são registrados por meio de um sistema denominado Sistema Federal de

Inspeção do Trabalho (SFIT), no qual são registrados todos os dados das

ações fiscais, tais como itens normativos auditados, situação encontrada,

bem como as medidas adotadas pela autoridade trabalhista.

Partindo da premissa que as desconformidades encontradas pela

Auditoria-Fiscal do Trabalho representam uma importante fonte qualificada

de identificação de indícios para reconhecimento do problema regulatório,

será feita análise sobre os dados das ações fiscais relacionadas com a NR 10.

No período de 2017 a 2020, foram registradas no SFIT mais de 255.000

fiscalizações com foco em segurança e saúde no trabalho em todo o Brasil,

conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Número de fiscalizações em segurança e saúde no trabalho

2017 2018 2019 2020 Total


Total de
fiscalizações em
62.825 67.082 67.550 57.734 255.191
Segurança e Saúde
do Trabalho

Em relação especificamente à NR 10, foram realizadas, entre 2017 e

2020, 25.267 auditorias fiscais do trabalho com ao menos um item da NR 10

fiscalizado, conforme Tabela 2.

Tabela 2 - Número de ações fiscais da NR 10


81

2017 2018 2019 2020 Total


Total de fiscalizações
com verificação da 6.868 8.433 7.582 2.384 25.267
NR-10

A partir dos dados apresentados, pode-se averiguar o cumprimento

ou não, pelas empresas, das disposições dos itens da NR 10.

O primeiro aspecto a ser avaliado são os resultados da fiscalização

registrados como “Notificado” e “Regularizado”. Ambos os resultados

representam que havia um não atendimento ao requisito legal e, durante o

procedimento fiscal, ocorreu a notificação e/ou regularização da ementa da

NR 10. A Tabela 3 permite observar que, em mais da metade das fiscalizações

realizadas, foram encontradas irregularidades relacionadas à NR 10.

Tabela 3 - Ações fiscais e itens da NR 10 regularizados e notificados

2017 2018 2019 2020 Total


Total de ações
fiscais com itens da
913 1.352 1.135 218 3.618
NR 10
REGULARIZADO
Total de ações
fiscais com itens da 1.318 1.190 1.188 576 4.272
NR NOTIFICADO

O segundo aspecto a ser avaliado nesses dados são os resultados da

fiscalização lançados como “Embargo e Interdição”. Ambos os resultados

representam que havia uma situação de grave e iminente risco à saúde ou à

integridade física do trabalhador e o AFT realizou a interdição de

estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou o embargo

de obra, total ou parcial, para os casos relacionados à NR 10.


82

Entre 2017 e 2020, foram registradas 456 ações fiscais

relacionadas à NR 10 com embargo/interdição registrado,

representando auditorias em que foram detectados graves e iminentes

riscos à saúde e segurança dos trabalhadores, conforme demonstra a Tabela

4.

Tabela 4 - Quantidade de ações fiscais e itens com interdição/embargo

2017 2018 2019 2020 Total


Total de ações da
NR 10 com 59 53 30 0 142
EMBARGO
Total de ações da
NR 10 com 107 122 66 19 314
INTERDIÇÃO

Por fim, cabe avaliar os resultados das fiscalizações que resultaram na

lavratura de autos de infrações, que é a etapa inicial para a imposição de

sanções administrativas, em virtude do descumprimento das disposições

legais da NR 10.

Entre 2017 e 2020, foram lavrados 7.651 autos de infração por

descumprimento da NR 10, conforme demonstrado na Figura 25.

Figura 25- Quantidade de Autos de Infração por descumprimento da NR 10


83

Os dados apresentados neste tópico evidenciam que os

trabalhadores vêm sendo expostos à energia elétrica em suas atividades

profissionais sem a devida proteção e garantia de saúde e integridade física.


84

Conclusão e Discussão do Problema Regulatório

Por todo o exposto, o problema regulatório a ser resolvido foi definido

como a exposição aos perigos decorrentes do emprego da energia elétrica

sem a devida proteção e garantia da segurança e saúde dos trabalhadores,

possuindo caráter transversal, já que é encontrado em múltiplos ambiente

laborais.

Este problema tem natureza de Garantia de Direitos Fundamentais,

de Políticas públicas e de Riscos inaceitáveis, relacionando-se com a

proteção à saúde e à vida, bens jurídicos tutelados constitucionalmente pelo

Estado Brasileiro.

O problema regulatório possui múltiplas causas e consequências,

portanto, tem caráter multifacetado. As principais consequências do

problema regulatório são os acidentes, incidentes e custos.

O levantamento da magnitude e extensão dos acidentes de trabalho

foi realizado utilizando duas fontes de dados: Comunicados de Acidentes de

Trabalho (CAT) e Benefícios Acidentários.

Os dados da CAT revelam que, nos últimos 10 anos, foram registrados

mais de 60 mil acidentes ocasionados pela exposição à energia elétrica, com

1.454 óbitos. A análise de tendência estatística demonstra um aumento no

registro desse tipo de acidentes a partir de 2017, com projeção de 56 a 105

mil acidentes, para os próximos 10 anos, mantendo-se a situação atual de

elevado índices. Analisando-se os óbitos ocorridos, os dados evidenciam que

há uma discreta tendência de redução dos registros da CAT ao longo dos

anos, com projeção de ocorrência de 550 a 1.300 mortes, para os próximos

10 anos, caso ações não sejam adotadas. A taxa de letalidade é bem elevada,
85

24 trabalhadores a cada mil acidentados vão a óbito, quantitativo bem

superior quando comparado a outros setores, significando que os

acidentes com essa exposição têm elevada gravidade.

Quanto a esses achados é necessário levar em consideração que a

magnitude apresentada neste relatório representa o limite inferior, portanto,

configurando o número mínimo dos acidentes. Tal fato se baseia na elevada

subnotificação da CAT, bem como nos erros sistemáticos de preenchimento,

tais como preenchimento errôneo de situações geradoras, a exemplo de

quedas ou queimaduras que frequentemente ocasionadas pela exposição à

energia elétrica não são reportadas como tal. Portanto, o quantitativo

representa o patamar inferior da real ocorrência dos acidentes laborais por

exposição inadequada à energia elétrica.

Para mensuração da extensão e da abrangência dos acidentes de

trabalho, analisou-se a distribuição geográfica e a vinculação por setor

econômico.

A análise da extensão e abrangência geográfica revelou que em todas

as Unidades Federativas foram registrados acidentes laborais e mortes por

exposição à energia elétrica. Essa análise também apontou que alguns

estados apresentam taxas de letalidade 5 (cinco) vezes maiores do que a

média nacional, demonstrando se tratar de um problema difuso e

transversal no território brasileiro, mas com gravidades distintas, com

destaques para alguns estados, fato que deve considerado para definição e

delineamento das estratégias de implementação da solução do problema

regulatório analisado.

A análise da extensão e abrangência por setor econômico revelou que

os acidentes de trabalho também têm caráter difuso e transversal no campo


86

setorial, abrangendo diversas atividades econômicas e múltiplos

ambientes laborais. Em todas as seções do CNAE houve registros de

acidentes de trabalho por exposição a causas elétricas, sendo que em 90%

das seções dos CNAE houve registros de mortes relacionados a essa causa.

Essa análise também evidenciou que alguns setores econômicos possuem

um número superior de mortes e taxas de letalidade superior aos demais.

Este achado deverá ser considerado nas estratégias de implementação da

solução do problema regulatório analisado

Em relação aos benefícios acidentários, foram concedidos,

aproximadamente, 8.722 benefícios acidentários por causas externas, dentre

eles os relacionados com exposição à energia elétrica. A análise estatística

revelou tendência de aumento desses benefícios, com projeção entre 14 mil

a 17 mil benefícios acidentários por causas externas, inclusive aqueles

provenientes de exposição aos riscos elétricos, até 2031, mantendo-se a

situação atual de elevados índices.

Já em relação aos incidentes, utilizou-se a pirâmide de desvio de

Dupont para mensuração de sua magnitude, tendo sido estimada a

ocorrência de mais de 4 milhões e 362 mil incidentes, entre janeiro de 2011

e dezembro de 2020, com tendência estatística de redução. Em relação à

projeção futura dos incidentes até 2031, prevê-se a ocorrência entre 1 milhão

e 600 mil a 3 milhões e 700 mil incidentes relacionados à exposição à energia

elétrica, caso ações não sejam adotadas.

Os custos econômicos também integram um dos efeitos perceptíveis

do problema regulatório, atingindo, essencialmente, três atores: sociedade,

governo e empresas. Em relação aos custos do problema regulatório para a

sociedade, utilizando-se os dados da CAT e o Valor Estatístico da Vida (VEV),


87

estima-se que os acidentes por exposição inadequada aos riscos

elétricos ocasionaram gastos entre R$ 1,9 bilhão a R$ 4,4 bilhões para

a sociedade entre 2011 a 2020.

Já quanto aos custos para o governo, o estudo Evidência Express

(EVEX) demonstrou que foram concedidos, em 2017, 227.975 benefícios

relacionados a acidentes de trabalho (ou doenças relacionadas ao trabalho),

a um custo total de R$13,2 bilhões. Também foram evidenciados os elevados

custos financeiros incorridos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2020,

quando o Sistema de Internações Hospitalares (SIH) registrou 32.065

hospitalizações relacionadas a acidentes de trabalho, fatais e não fatais, com

um custo total de R$46,8 milhões, sendo 204 hospitalizações relacionadas a

CID ligadas à exposição à energia elétrica, com um custo de,

aproximadamente, 650 mil.

No que tange às empresas, observam-se custos de produtividade,

custos de reabilitação e saúde e custos administrativos e jurídicos

relacionados aos acidentes de trabalho.

Em relação às causas relacionadas ao problema regulatório,

destacam-se desarmonia normativa, lacunas de requisitos e

descumprimento da norma.

Em relação à desarmonia normativa, verifica-se necessária a

harmonização da NR 10 com a proposta de gestão de riscos ocupacionais,

por meio de um processo sistemático de identificação, avaliação e definição

de medidas de controle, inserida na última revisão da NR 01 – Disposições

Gerais e Gerenciamento de Risco Ocupacional (GRO). Nesse sentido, também

se destaca a necessidade de adaptação da NR 10 aos novos conceitos de

perigo ocupacional e risco ocupacional, bem como a implantação das


88

medidas de prevenção de acordo com a ordem de prioridade prevista na

NR 01.

Já a causa lacuna de requisitos é percebida pelo fato de o atual texto

normativo da NR 10 não abranger todas as medidas de controle e sistemas

preventivos para o perigo da energia elétrica, sendo insuficiente para a

efetiva proteção da saúde e vida do trabalhador

Embora a NR 10 exista há mais de 30 anos, ainda é possível observar

o descumprimento da norma, conforme se verifica pela análise de dados das

ações fiscais realizadas acerca das disposições da norma.

A Tabela 5 apresenta o resumo sistemático deste capítulo.

Tabela 5 - Resumo do Problema Regulatório, suas causas e consequências

Descrição do A eletricidade pode ocasionar riscos à saúde


humana, exigindo, portanto, a adoção de
Problema
medidas para controle da exposição.

Embora os riscos da exposição à energia elétrica


Contexto no qual o sejam um problema comum, atingindo todos
problema se insere seus usuários, o foco desta análise abrange os
riscos em ambiente laboral, abarcando empresas
e trabalhadores.
- Garantia de Direitos Fundamentais
Natureza do
- Políticas públicas
problema -Riscos inaceitáveis

- 60 mil acidentes
registrados;

- 1.454 mortes registradas;


Consequências ACIDENTES
- Elevada taxa de letalidade
(24 trabalhadores a cada mil
acidentados vão a óbito);
89

- Tendência estatística de
aumento do número de
acidentes;

- Tendência estatística de
redução do número de
mortes;

- Projeção estatística de 56 a
105 mil acidentes para os
próximos 10 anos, caso ações
não sejam tomadas;

- Projeção estatística de 550 a


1.300 mortes para os
próximos 10 anos, caso ações
não sejam tomadas;

- Abrangência e Extensão
transversal e difusa, tanto
setorialmente quanto
geograficamente;

- 8.722 benefícios
acidentários concedidos;

- Tendência estatística de
aumento do número de
benefícios concedidos;
- Projeção estatística entre 14
a 17 mil benefícios para os
próximos 10 anos,
mantendo-se a situação
atual.

- 4 milhões e 362 mil


incidentes estimados;
INCIDENTES
- Tendência estatística de
redução;
90

- Projeção estatística entre 1


milhão e 600 mil a 3 milhões
e 700 mil para os próximos 10
anos, mantendo-se a
situação atual.

Sociedade

- R$ 1,9 bilhão a R$ 4,4 bilhões


de custos para a sociedade,
entre 2011 a 2020, por
mortes de trabalhadores por
exposição à energia elétrica;

Governo

- R$ 13,2 bilhões de custo pela


concessão de benefícios
acidentários em 2017;

CUSTOS
- R$ 46,8 milhões de gastos
ECONÔMICOS com atendimentos
hospitalares relacionados a
acidentes de trabalho em
2020, dos quais R$ 650 mil
relacionados diretamente
com a CID por exposição à
energia elétrica;

Empresas

- Custos de produtividade;
- Custos de reabilitação e
saúde;
- Custos administrativos e
jurídicos.
91

- Adequação à nova proposta


de gestão de riscos
ocupacionais, por meio de
processo sistemático de
identificação, avaliação e
medidas de controle inserido
na NR 01;
Desarmonia
normativa - Adequação aos novos
conceitos de perigo
ocupacional e risco
ocupacional da NR 01;

- Adequação da implantação
das medidas de prevenção de
Causas acordo com uma ordem de
prioridade;
- O atual texto normativo não
abrange todas as medidas de
controle e sistemas
Lacuna de preventivos para o perigo da
requisitos energia elétrica, sendo
insuficiente para a efetiva
proteção da saúde e vida do
trabalhador.
Descumprimento - Os resultados de ações
da norma fiscais realizadas revelam
descumprimento das
disposições da NR 10.
92

Capítulo 2 – Agentes
Afetados

Identificação dos agentes afetados


93

(inciso III do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Introdução

No capítulo anterior, abordou-se a etapa de identificação do problema

regulatório abrangendo suas causas e consequências, tendo sido possível

observar que o problema regulatório é transversal e difuso, atingindo vários

setores econômicos. Os dados apresentados apontaram, inclusive, que

todas as seções do CNAE tiveram registros de acidentes e mortes por

exposição à energia elétrica.

Já neste capítulo, serão abordados os atores afetados pelo problema

regulatório, quais sejam, empregadores e trabalhadores, e, mais

especificamente:

empregadores típicos do setor elétrico; e

trabalhadores com ocupações típicas da energia elétrica.

Dessa forma, serão descritos os atores afetados, como são afetados

pelo problema regulatório, apresentando-se a tendência e a projeção futura

dos efeitos para esses atores, caso ações não sejam adotadas.

Empregadores típicos do setor elétrico

Com o intuito de identificar de modo claro os principais atores ou

grupos afetados pelo problema regulatório em análise, será utilizada a

Classificação Nacional de Atividades Econômica (CNAE) dos empregadores

típicos do setor elétrico, que são aquelas empresas com atividade econômica

principal ligada à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, nas


94

atividades de construção, operação, comercialização, manutenção,

controle e medição de consumo de energia elétrica.

São empregadores que executam atividade econômica principal

diretamente ligada com o problema regulatório em estudo, portanto,

empregam de forma mais constante a energia elétrica, e necessitam de uma

abordagem mais detalhada. Incluem-se nesse rol as empresas que possuem

ampla ligação com o trabalho em proximidade com o SEP.

Ressalta-se que a CNAE é um instrumento de padronização e

classificação de atividades econômicas para uso generalizado pelos

produtores de informações econômicas do país. Ela estabelece códigos

aplicados a todos os agentes econômicos produtores de bens e serviços,

compreendendo desde estabelecimentos privados e públicos, até

estabelecimentos agrícolas, instituições sem fins lucrativos e agentes

autônomos (pessoa física). A CNAE está estruturada em cinco níveis

hierárquicos: seção, divisão, grupo, classe e subclasse.

Para a presente análise, foram utilizadas as subclasses de CNAE típicas

do setor elétrico, conforme indicado na Tabela 6.

Tabela 6 - CNAE típicos do setor elétrico

Subclasse Descrição da CNAE


3511501 Geração de energia elétrica
3511502 Atividades de coordenação e controle da operação da geração e transmissão de
energia elétrica
3512300 Transmissão de energia elétrica
3513100 Comércio atacadista de energia elétrica
3514000 Distribuição de energia elétrica
4221901 Construção de barragens e represas para geração de energia elétrica
4221902 Construção de estações e redes de distribuição de energia elétrica
4221903 Manutenção de redes de distribuição de energia elétrica
4221904 Construção de estações e redes de telecomunicações
4221905 Manutenção de estações e redes de telecomunicações
95

8299701 Medição de consumo de energia elétrica, gás e água

A partir das subclasses de CNAE selecionadas, foi realizada extração

da base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que é um

relatório de informações socioeconômicas prestadas, anualmente, por força

de lei, por pessoas jurídicas e outros empregadores. Neste diagnóstico,

foram utilizadas as informações da RAIS de 2014 a 2019.

Segundo dados mais atualizados da RAIS 2019, existiam, em todo o

Brasil, 13.766 empresas típicas do setor elétrico, sendo que, em dezembro

de 2019, apenas pouco menos da metade, isto é, 6.113 dessas empresas

possuíam empregados registrados, configurando-se, portanto, como

empregadores típicos do setor elétrico.

A Tabela 7 apresenta o resultado da categorização dos empregadores

típicos do setor elétrico por quantitativo de empregados registrados.

Tabela 7 - Distribuição dos empregadores típicos do setor elétrico por


categorias de quantidade de trabalhadores - dados RAIS 2019

Categorias quantidade de Quantidade % %


trabalhadores empresas Acumulada
Até 10 empregados 3.581 58,5 58,58
8
entre 10 e 50 empregados 1.611 26,3 84,93
5
entre 50 e 100 empregados 413 6,76 91,69
entre 101 e 250 empregados 290 4,74 96,43
entre 251 e 500 empregados 114 1,86 98,30
entre 501 e 1000 empregados 66 1,08 99,38
entre 1001 e 2000 empregados 29 0,47 99,85
entre 2001 e 3500 empregados 2 0,03 99,89
96

entre 3501 e 5000 empregados 3 0,05 99,93


acima de 5000 empregados 4 0,07 100,00
TOTAL 6.113 100 100

Pode-se observar que aproximadamente 59% dos empregadores

típicos desse setor possuem até 10 empregados e, se consideradas as

empresas com até 100 empregados, tem-se 91% dos empregadores do

setor.

Consideradas as regiões do Brasil, a Figura 26 apresenta a distribuição

geográfica dos empregadores típicos do setor elétrico. Observa-se que as

regiões Sudeste e Sul abrigam mais de 66% dessas empresas.

Figura 26 - Distribuição de empresas por região - empregadores típicos do setor


elétrico - dados RAIS 2019

A Tabela 8 apresenta o mapeamento da natureza jurídica das

empresas do setor elétrico. A natureza jurídica de uma empresa é o regime

jurídico que define exatamente quais exigências e normas os sócios terão

que obedecer, sendo uma forma de atribuir a cada negócio uma

classificação. Essa classificação ajuda a identificar as empresas de acordo


97

com sua estruturação e a enquadrá-las em diferentes programas,

fiscalizações, direitos e deveres.

Tabela 8 - Distribuição de empresas por natureza jurídica - empresas típicas do


setor elétrico - dados RAIS 2019

Natureza Jurídica Quantidade


Sociedade Empresária Limitada 5.902
Sociedade Anônima Fechada 3.054
Sociedade Anônima Aberta 1.498
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (de 1.038
Natureza Empresária)
Empresário (Individual) 1.034
Sociedade de Economia Mista 649
Consórcio de Sociedades 267
Cooperativa 166
Sociedade Simples Limitada 101
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (de 17
Natureza Simples)
Associação Privada 7
Contribuinte individual 6
Empresa Binacional 5
Autarquia Municipal 4
Empresa Pública 3

Dentre o total de empresas típicas do setor elétrico cadastradas, pode-

se também fazer um recorte em relação ao porte. Nesse sentido, a Tabela 9

evidencia a distribuição dessas empresas em três tipos: 1 - Microempresa

(ME), não é constituída por sócios e pode faturar até R$ 360 mil por ano; 2 -

Empresa de Pequeno Porte (EPP), pode ser constituída por sócios e seu

faturamento anual deve ficar entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões; e 3 – Demais

tipos de empresa.

Tabela 9 - Porte de empresas típicas do setor elétrico

TIPOS DE EMPRESA QTDE


ME 3.356
EPP 1.180
98

Demais empresas 9.240


Total geral 13.776

Cabe registrar que as empresas do tipo ME e EPP, segundo o disposto

no §3º do art. 55 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006,

por sua natureza, são sujeitas à fiscalização prioritariamente orientadora,

aplicando-se o benefício da dupla visita prevista no art. 627 da CLT, exceto

nas situações elencadas na Portaria SEPRT nº 396, de 11 de janeiro de 2021.

A Figura 27 apresenta o quantitativo de empresas típicas do setor

elétrico, por ano, bem como o componente tendência da série temporal,

demonstrando uma discreta tendência estatística de aumento do número de

empresas desse setor.

Figura 27-Gráfico com a quantidade de empresas típicas do setor elétrico por


ano e Componente Tendência Séries Temporais

A Figura 28 apresenta a quantidade de empresas típicas do setor

elétrico em 2019, por UF, reforçando a evidência que essas empresas estão

concentradas em Estados da Região Sul e Sudeste.


99

Figura 28 - Quantidade de empresas típicas do setor elétrico, por UF, no ano


de 2019

A Tabela 10 detalha, por UF, a distribuição temporal, entre os anos de

2014 a 2019, do número de empresas típicas do setor elétrico.

Tabela 10 - Quantidade de empresas típicas do setor elétrico por ano e UF

UF 2014 2015 2016 2017 2018 2019


AC 38 56 59 64 67 28
AL 115 122 128 66 124 72
AM 182 189 187 179 218 181
AP 47 56 43 47 37 37
BA 699 807 831 902 934 743
CE 1.093 1160 743 1127 1.130 482
DF 137 155 158 178 178 194
ES 332 300 337 365 357 305
GO 540 745 703 564 510 480
MA 272 285 283 284 361 313
MG 1.281 1403 1.448 1520 1.591 1570
MS 262 309 299 343 336 278
MT 367 441 415 433 434 385
100

PA 436 481 443 469 478 443


PB 117 130 138 136 148 120
PE 372 411 421 434 469 397
PI 155 184 193 195 275 182
PR 712 807 810 834 851 847
RJ 1.254 1340 1.138 1424 1.497 1031
RN 333 389 428 425 425 331
RO 146 171 155 154 148 145
RR 29 32 32 37 41 43
RS 1.303 1359 1.268 1286 1.329 1230
SC 781 901 950 991 1.076 1011
SE 55 59 52 60 53 45
SP 2.496 2625 2.596 2834 2.819 2652
TO 410 400 394 382 371 231

Discorreu-se até aqui sobre as empresas típicas do setor elétrico,

apresentando sua magnitude, sua tendência estatística, porte, natureza

jurídica e distribuição geográfica. Passa-se agora a discorrer sobre como os

efeitos do problema regulatório afetam esses atores, inclusive com análise

do cenário, mantendo-se a situação atual.

Conforme apresentado no capítulo anterior, os principais efeitos do

problema regulatório são os acidentes, incidentes e os custos.

Em relação aos acidentes de trabalho, entre 2011 a 2020, foram

registrados, nas empresas típicas do setor elétrico, 3.703 acidentes por

exposição à energia elétrica, resultando em 210 mortes. A Figura 29

apresenta a quantidade de acidentes por ano e a tendência estatística de

acidentes desse setor.

Figura 29 - Quantidade de acidentes por exposição à energia elétrica nas


empresas típicas do setor elétrico, por ano, e tendência séries temporais
101

Em relação à projeção estatística de acidentes por exposição à energia

elétrica nas empesas típicas do setor elétrico, estão previstos entre 1.325 a

2.293 acidentes para os próximos 10 anos, caso ações não sejam adotadas.

Em relação às 210 mortes de trabalhadores por exposição à energia

elétrica nos empregadores típicos do setor elétrico, a Figura 30 apresenta a

quantidade de mortes por ano e a respectiva tendência estatística.


102

Figura 30 - Quantidade de mortes de trabalhadores por exposição à energia


elétrica nas empresas típicas do setor elétrico, por ano, e tendência séries
temporais

A projeção estatística de mortes por exposição à energia elétrica nas

empesas típicas do setor elétrico prevê entre 45 a 159 óbitos para os

próximos 10 anos, mantendo-se a situação atual. A taxa de letalidade,

considerando o conjunto de empregadores típicos do setor elétrico, é de 56

mortes a cada mil trabalhadores acidentados.

Em relação aos incidentes, outro efeito do problema regulatório,

estima-se que, entre 2011 a 2020, tenham ocorrido 630 mil incidentes por

exposição à energia elétrica em empregadores típicos do setor elétrico.

A estimativa dos custos para a sociedade gerados por empregadores,

considerando o Valor Estatístico da Vida (VEV), varia entre R$ 285 milhões a

R$ 745 milhões.

Dentre os empregadores típicos do setor elétrico, os dados

evidenciam que alguns CNAE apresentam maior incidência de acidentes, de

mortes e de taxa de letalidade, conforme Tabela 11. Recomenda-se que esta


103

análise seja aprofundada, em especial na implementação da estratégia a

ser adotada, auxiliando no planejamento estratégico e operacional do

órgão.

Tabela 11 - Quantidade de mortes, acidentes e taxa de letalidade ocasionada


por exposição à energia elétrica nos empregadores típicos do setor elétrico

Subclasse Descrição da CNAE Qtde Qtde Taxa de


Mortes Acidentes letalida
de
3511501 Geração de energia elétrica 10 267 37
3511502 Atividades de coordenação e controle 0 7 0
da operação da geração e transmissão
de energia elétrica
3512300 Transmissão de energia elétrica 6 117 51
3513100 Comércio atacadista de energia elétrica 0 0 0
3514000 Distribuição de energia elétrica 47 891 53
4221901 Construção de barragens e represas 2 97 21
para geração de energia elétrica
4221902 Construção de estações e redes de 95 1067 89
distribuição de energia elétrica
4221903 Manutenção de redes de distribuição 21 256 82
de energia elétrica
4221904 Construção de estações e redes de 20 578 35
telecomunicações
4221905 Manutenção de estações e redes de 5 327 15
telecomunicações
8299701 Medição de consumo de energia 4 96 42
elétrica, gás e água

Trabalhadores típicos do setor elétrico

Para a identificação dos trabalhadores que estão sendo afetados pelo

problema regulatório em análise, é importante ressaltar que a exposição

ocupacional aos perigos decorrentes do emprego da energia elétrica pode

afetar várias ocupações, no exercício das atividades a elas inerentes.


104

Nesse sentido, há que se considerar características do contexto de

trabalho, como área de conhecimento, função, atividade econômica,

processo produtivo, equipamentos, bens produzidos, que identifiquem o

tipo de profissão ou ocupação ligado diretamente à exposição ocupacional

aos perigos decorrentes do emprego da energia elétrica. Para tanto, serão

utilizadas as informações constantes na Classificação Brasileira de

Ocupações (CBO) para selecionar as ocupações que representam essa

peculiaridade.

Cumpre destacar que a CBO é referência obrigatória dos registros

administrativos que informam os diversos programas da política de trabalho

do país, com base legal nas Portarias nº 3.654, de 24 de novembro de 1977,

nº 1.334, de 21 de dezembro de 1994, e nº 397, 09 de outubro de 2002. É

ferramenta fundamental para as estatísticas de emprego-desemprego, para

o estudo das taxas de natalidade e mortalidade das ocupações, para o

planejamento das reconversões e requalificações ocupacionais, na

elaboração de currículos, no planejamento da educação profissional, no

rastreamento de vagas, nos serviços de intermediação de mão de obra.

Para a presente avaliação, foram detectadas 86 nomenclaturas ou

estruturas da CBO que possuem competências ou níveis de competência,

amplitude e responsabilidade das atividades relacionadas ao problema

regulatório sob análise, conforme elencado na Tabela 12.

Tabela 12 - Ocupações associadas com exposição à energia elétrica

CÓDIGO DESCRIÇÃO DA OCUPAÇÃO


214305 Engenheiro eletricista
214310 Engenheiro eletrônico
214315 Engenheiro eletricista de manutenção
214320 Engenheiro eletricista de projetos
214325 Engenheiro eletrônico de manutenção
105

214330 Engenheiro eletrônico de projetos


214335 Engenheiro de manutenção de telecomunicações
214340 Engenheiro de telecomunicações
214345 Engenheiro projetista de telecomunicações
214350 Engenheiro de redes de comunicação
214360 Tecnólogo em eletricidade
214365 Tecnólogo em eletrônica
214370 Tecnólogo em telecomunicações
300105 Técnico em mecatrônica - automação da manufatura
300110 Técnico em mecatrônica - robótica
300305 Técnico em eletromecânica
313105 Eletrotécnico
313110 Eletrotécnico (produção de energia)
313115 Eletrotécnico na fabricação, montagem e instalação de máquinas
e equipamentos
313120 Técnico de manutenção elétrica
313125 Técnico de manutenção elétrica de máquina
313130 Técnico eletricista
313205 Técnico de manutenção eletrônica
313210 Técnico de manutenção eletrônica (circuitos de máquinas com
comando numérico)
313215 Técnico eletrônico
313220 Técnico em manutenção de equipamentos de informática
313305 Técnico de comunicação de dados
313310 Técnico de rede (telecomunicações)
313315 Técnico de telecomunicações (telefonia)
313320 Técnico de transmissão (telecomunicações)
318705 Desenhista projetista de eletricidade
318710 Desenhista projetista eletrônico
715605 Eletricista de instalações (cenários)
715610 Eletricista de instalações (edifícios)
715615 Eletricista de instalações
724325 Soldador elétrico
730105 Supervisor de montagem e instalação eletroeletrônica
731105 Montador de equipamentos eletrônicos (aparelhos médicos)
731110 Montador de equipamentos eletrônicos (computadores e
equipamentos auxiliares)
731115 Montador de equipamentos elétricos (instrumentos de medição)
731120 Montador de equipamentos elétricos (aparelhos
eletrodomésticos)
731125 Montador de equipamentos elétricos (centrais elétricas)
731130 Montador de equipamentos elétricos (motores e dínamos)
731135 Montador de equipamentos elétricos
106

731140 Montador de equipamentos eletrônicos (instalações de


sinalização)
731145 Montador de equipamentos eletrônicos (máquinas industriais)
731150 Montador de equipamentos eletrônicos
731155 Montador de equipamentos elétricos (elevadores e equipamentos
similares)
731160 Montador de equipamentos elétricos (transformadores)
731165 Bobinador eletricista, à mão
731170 Bobinador eletricista, à máquina
731175 Operador de linha de montagem (aparelhos elétricos)
731180 Operador de linha de montagem (aparelhos eletrônicos)
731205 Montador de equipamentos eletrônicos (estação de rádio, tv e
equipamentos de radar)
731305 Instalador-reparador de equipamentos de comutação em
telefonia
731310 Instalador-reparador de equipamentos de energia em telefonia
731315 Instalador-reparador de equipamentos de transmissão em
telefonia
731320 Instalador-reparador de linhas e aparelhos de telecomunicações
731325 Instalador-reparador de redes e cabos telefônicos
731330 Reparador de aparelhos de telecomunicações em laboratório
732105 Eletricista de manutenção de linhas elétricas, telefônicas e de
comunicação de dados
732110 Emendador de cabos elétricos e telefônicos (aéreos e
subterrâneos)
732115 Examinador de cabos, linhas elétricas e telefônicas
732120 Instalador de linhas elétricas de alta e baixa - tensão (rede aérea e
subterrânea)
732125 Instalador eletricista (tração de veículos)
732130 Instalador-reparador de redes telefônicas e de comunicação de
dados
732135 Ligador de linhas telefônicas
732140 Instalador de sistemas fotovoltaicos
950105 Supervisor de manutenção elétrica de alta tensão industrial
950110 Supervisor de manutenção eletromecânica industrial, comercial e
predial
950205 Encarregado de manutenção elétrica de veículos
950305 Supervisor de manutenção eletromecânica
951105 Eletricista de manutenção eletroeletrônica
951305 Instalador de sistemas eletroeletrônicos de segurança
951310 Mantenedor de sistemas eletroeletrônicos de segurança
951315 Monitor de sistemas eletrônicos de segurança interno
951320 Monitor de sistemas eletrônicos de segurança externo
953105 Eletricista de instalações (aeronaves)
107

953110 Eletricista de instalações (embarcações)


953115 Eletricista de instalações (veículos automotores e máquinas
operatrizes, exceto aeronaves e embarcações)
954105 Eletromecânico de manutenção de elevadores
954110 Eletromecânico de manutenção de escadas rolantes
954115 Eletromecânico de manutenção de portas automáticas
954120 Mecânico de manutenção de instalações mecânicas de edifícios
954125 Operador eletromecânico
954205 Reparador de aparelhos eletrodomésticos (exceto imagem e som)

Segundo dados da RAIS 2019, essas ocupações abrangem 1.268.429

trabalhadores registrados. A partir desse amplo universo, passa-se a

detalhar o perfil sociodemográfico desses trabalhadores.

Tabela 13 - Perfil sociodemográfico dos trabalhadores com ocupação associada


à energia elétrica

SEXO
GRAU DE INSTRUÇÃO MASCULINO FEMININO Total
Geral
Analfabeto, inclusive o que, embora tenha
1.289 126 1.415
recebido instrução, não se alfabetizou.
Até o 5º ano incompleto do Ensino
Fundamental (antiga 4ª série) que se tenha
13.125 367 13.492
alfabetizado sem ter frequentado escola
regular.
5º ano completo do Ensino Fundamental. 12.819 434 13.253
Do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental
35.613 1.458 37.071
incompleto (antiga 5ª à 8ª série).
Ensino Fundamental completo. 78.293 3.924 82.217
Ensino médio incompleto 65.342 5.661 71.003
Ensino médio completo 802.634 74.130 876.764
Educação Superior incompleta. 49.531 4.677 54.208
Educação Superior completa. 104.559 11.780 116.339
Mestrado completo. 1.934 258 2.192
Doutorado Completo. 414 61 475
TOTAL 1.165.553 102.876 1.268.429

A partir dos dados apresentados na Tabela 13, pode-se identificar um

elevado índice de trabalhadores apenas com Ensino Fundamental, seja

completo ou incompleto, somando 217.036 trabalhadores (17,11% dos


108

trabalhadores considerados). Observa-se também que ainda há 1.415

trabalhadores analfabetos (0,11%). A grande maioria dos trabalhadores

considerados possui apenas o ensino médio, completo ou incompleto,

totalizando 930.972 trabalhadores (73,40%).

A Tabela 14 apresenta a quantidade de empregados por CBO,

selecionadas as ocupações com mais de 20.000 trabalhadores.

Tabela 14 - Quantidade de trabalhadores por CBO

CÓDIGO DESCRIÇÃO DA OCUPAÇÃO Total Geral


715615 Eletricista de instalações 144.075
951105 Eletricista de manutenção eletroeletrônica 135.457
313220 Técnico em manutenção de equipamentos de informática 63.678
313215 Técnico eletrônico 62.838
732120 Instalador de linhas elétricas de alta e baixa - tensão (rede aérea e 53.085
subterrânea)
732105 Eletricista de manutenção de linhas elétricas, telefônicas e de 40.895
comunicação de dados
732130 Instalador-reparador de redes telefônicas e de comunicação de 40.581
dados
953115 Eletricista de instalações (veículos automotores e máquinas 37.611
operatrizes, exceto aeronaves e embarcações)
313105 Eletrotécnico 34.781
731320 Instalador-reparador de linhas e aparelhos de telecomunicações 33.847
313205 Técnico de manutenção eletrônica 33.149
313315 Técnico de telecomunicações (telefonia) 31.532
715610 Eletricista de instalações (edifícios) 29.913
313115 Eletrotécnico na fabricação, montagem e instalação de máquinas e 28.192
equipamentos
313310 Técnico de rede (telecomunicações) 26.954
731180 Operador de linha de montagem (aparelhos eletrônicos) 26.668
313120 Técnico de manutenção elétrica 26.538
313130 Técnico eletricista 24.230
731135 Montador de equipamentos elétricos 22.882

Em relação à natureza jurídica dos empregadores que contratam

esses empregados, identifica-se que a maioria se refere a empresas do

gênero “sociedade”. Aparece também um importante volume de empresas


109

cadastradas como “Empresário Individual”, conforme Tabela 15, que lista

as quinze principais naturezas jurídicas.

Tabela 15 - Natureza jurídica dos empregadores de CBO típicos de exposição à


energia elétrica

SEXO
Natureza Jurídica dos Empregadores MASCULINO FEMININO Total Geral

Sociedade Empresária Limitada 640.217 62.833 703.050


Sociedade Anônima Fechada 182.937 17.374 200.311
Empresa Individual de Responsabilidade 110.899 7.423 118.322
Limitada (de Natureza Empresária)
Sociedade Anônima Aberta 69.781 6.394 76.175
Empresário (Individual) 73.088 2.545 75.633
Sociedade de Economia Mista 17.292 1.114 18.406
Associação Privada 12.850 1.216 14.066
Órgão Público do Poder Executivo 11.266 814 12.080
Municipal
Empresa Pública 6.283 404 6.687
Consórcio de Sociedades 6.427 134 6.561
Sociedade Simples Limitada 6.179 310 6.489
Cooperativa 6.330 144 6.474
Condomínio Edilício 4.771 205 4.976
Fundação Privada 3.172 971 4.143
Autarquia Federal 2.029 160 2.189

A Tabela 16 detalha ainda a quantidade de empregados com

exposição à energia elétrica por CNAE de empresas com mais de 15.000

trabalhadores registrados.

Tabela 16 - Principais CNAE que empregam CBO típicos com exposição à energia
elétrica

SEXO
CÓDIGO DESCRIÇÃO DA CNAE MASCULINO FEMININO Total
Geral
4321500 Instalação e manutenção elétrica 100635 1609 102244
4221902 Construção de estações e redes de 43959 512 44471
distribuição de energia elétrica
3514000 Distribuição de energia elétrica 40655 1854 42509
110

4221905 Manutenção de estações e redes de 37397 1016 38413


telecomunicações
4120400 Construção de edifícios 37042 526 37568
7112000 Serviços de engenharia 35825 1525 37350
6110803 Serviços de comunicação multimídia 31646 516 32162
– SCM
4221904 Construção de estações e redes de 25554 798 26352
telecomunicações
6190601 Provedores de acesso às redes de 23188 349 23537
comunicações
4751201 Comércio varejista especializado de 18962 863 19825
equipamentos e suprimentos de
informática
4530703 Comércio a varejo de peças e 16428 168 16596
acessórios novos para veículos
automotores
8411600 Administração pública em geral 14855 1168 16023
9511800 Reparação e manutenção de 13948 1105 15053
computadores e de equipamentos
periféricos
4221903 Manutenção de redes de distribuição 14871 173 15044
de energia elétrica

Apresentou-se até aqui a magnitude dos CBO típicos de exposição à

energia elétrica, o perfil sociodemográfico dos trabalhadores e as

características dos principais empregadores dessas ocupações.

Passa-se agora, por fim, a apresentar os efeitos do problema

regulatório para os trabalhadores desse grupo de ocupações considerado

nesta análise.

Em relação aos acidentes, a análise dos dados da CAT, de janeiro de

2014 a setembro de 2020, revela que foram registrados 7.880 acidentes com

os CBO típicos de exposição à energia elétrica, resultando em 254 mortes

e com taxa de letalidade 32, ou seja, a cada mil trabalhadores desses CBO

que se acidentam, 32 morrem.


111

Ao realizar a análise por CBO, é possível observar que algumas

ocupações apresentam maior ocorrência de acidentes, mortes e taxa de

letalidade. Assim, os CBO relativos à eletricista de manutenção e eletricista de

instalações são os mais afetados pelo problema regulatório, dentre as

funções típicas, seguidos da ocupação de instalador de linhas elétrica de alta

e baixa tensão e instalador-reparador de redes telefônicas e de comunicações de

dados.

A Tabela 17 apresenta a quantidade de acidentes, mortes e taxa de

letalidade das ocupações típicas.

Tabela 17 - Quantitativos de acidentes e mortes e taxa de letalidade por CBO


típicos com exposição à energia elétrica
CBO Descrição CBO Qtde Qtde de Letalida
acidentes Mortes de
715615 Eletricista de instalações 1507 74 49
732105 Eletricista de manutenção de linhas
elétricas, telefônicas e de 684 43 63
comunicação de dados
951105 Eletricista de manutenção
1575 32 20
eletroeletrônica
732120 Instalador de linhas elétricas de alta
e baixa - tensão (rede aérea e 568 27 48
subterrânea)
732130 Instalador-reparador de redes
telefônicas e de comunicação de 173 6 35
dados
715610 Eletricista de instalações (edifícios) 235 5 21
313105 Eletrotécnico 234 5 21
731320 Instalador-reparador de linhas e
212 5 24
aparelhos de telecomunicações
731135 Montador de equipamentos elétricos 101 5 50
313130 Técnico eletricista 128 4 31
313120 Técnico de manutenção elétrica 242 3 12
313215 Técnico eletrônico 212 3 14
732110 Emendador de cabos elétricos e
124 3 24
telefônicos (aéreos e subterrâneos)
313115 Eletrotécnico na fabricação,
montagem e instalação de máquinas 83 3 36
e equipamentos
112

313220 Técnico em manutenção de


83 3 36
equipamentos de informática
731125 Montador de equipamentos elétricos
60 3 50
(centrais elétricas)
731325 Instalador-reparador de redes e
49 3 61
cabos telefônicos
313125 Técnico de manutenção elétrica de
25 3 120
máquina
731205 Montador de equipamentos
eletrônicos (estação de rádio, tv e 24 3 125
equipamentos de radar)
313205 Técnico de manutenção eletrônica 99 2 20
954125 Operador eletromecânico 92 2 22
950105 Supervisor de manutenção elétrica
55 2 36
de alta tensão industrial
951305 Instalador de sistemas
39 2 51
eletroeletrônicos de segurança
313305 Técnico de comunicação de dados 13 2 154
953115 Eletricista de instalações (veículos
automotores e máquinas operatrizes, 162 1 6
exceto aeronaves e embarcações)
313315 Técnico de telecomunicações
145 1 7
(telefonia)
313310 Técnico de rede (telecomunicações) 101 1 10
731160 Montador de equipamentos elétricos
55 1 18
(transformadores)
731305 Instalador-reparador de
equipamentos de comutação em 38 1 26
telefonia
313110 Eletrotécnico (produção de energia) 31 1 32
313210 Técnico de manutenção eletrônica
(circuitos de máquinas com comando 30 1 33
numérico)
731170 Bobinador eletricista, à máquina 17 1 59
731315 Instalador-reparador de
equipamentos de transmissão em 13 1 77
telefonia
715605 Eletricista de instalações (cenários) 7 1 143
731310 Instalador-reparador de
equipamentos de energia em 7 1 143
telefonia
300305 Técnico em eletromecânica 98 0 0
731150 Montador de equipamentos
63 0 0
eletrônicos
724325 Soldador elétrico 52 0 0
113

731180 Operador de linha de montagem


52 0 0
(aparelhos eletrônicos)
950110 Supervisor de manutenção
eletromecânica industrial, comercial 36 0 0
e predial
214305 Engenheiro eletricista 35 0 0
731110 Montador de equipamentos
eletrônicos (computadores e 27 0 0
equipamentos auxiliares)
730105 Supervisor de montagem e instalação
26 0 0
eletroeletrônica
954120 Mecânico de manutenção de
24 0 0
instalações mecânicas de edifícios
731175 Operador de linha de montagem
21 0 0
(aparelhos elétricos)
950305 Supervisor de manutenção
19 0 0
eletromecânica
300105 Técnico em mecatrônica - automação
17 0 0
da manufatura
313320 Técnico de transmissão
17 0 0
(telecomunicações)
731115 Montador de equipamentos elétricos
15 0 0
(instrumentos de medição)
731165 Bobinador eletricista, à mão 13 0 0
731120 Montador de equipamentos elétricos
12 0 0
(aparelhos eletrodomésticos)
954205 Reparador de aparelhos
eletrodomésticos (exceto imagem e 10 0 0
som)
214315 Engenheiro eletricista de
9 0 0
manutenção
731145 Montador de equipamentos
8 0 0
eletrônicos (máquinas industriais)
731155 Montador de equipamentos elétricos
(elevadores e equipamentos 8 0 0
similares)
731130 Montador de equipamentos elétricos
7 0 0
(motores e dínamos)
732115 Examinador de cabos, linhas elétricas
7 0 0
e telefônicas
953110 Eletricista de instalações
7 0 0
(embarcações)
214310 Engenheiro eletrônico 6 0 0
214365 Tecnólogo em eletrônica 6 0 0
950205 Encarregado de manutenção elétrica
6 0 0
de veículos
114

951310 Mantenedor de sistemas


6 0 0
eletroeletrônicos de segurança
954105 Eletromecânico de manutenção de
6 0 0
elevadores
214360 Tecnólogo em eletricidade 5 0 0
318705 Desenhista projetista de eletricidade 5 0 0
731105 Montador de equipamentos
4 0 0
eletrônicos (aparelhos médicos)
732135 Ligador de linhas telefônicas 4 0 0
214325 Engenheiro eletrônico de
3 0 0
manutenção
214335 Engenheiro de manutenção de
3 0 0
telecomunicações
300110 Técnico em mecatrônica - robótica 3 0 0
731140 Montador de equipamentos
eletrônicos (instalações de 3 0 0
sinalização)
731330 Reparador de aparelhos de
3 0 0
telecomunicações em laboratório
953105 Eletricista de instalações (aeronaves) 3 0 0
954115 Eletromecânico de manutenção de
2 0 0
portas automáticas
214320 Engenheiro eletricista de projetos 1 0 0
214330 Engenheiro eletrônico de projetos 1 0 0
214340 Engenheiro de telecomunicações 1 0 0
214370 Tecnólogo em telecomunicações 1 0 0
732125 Instalador eletricista (tração de
1 0 0
veículos)
951315 Monitor de sistemas eletrônicos de
1 0 0
segurança interno
214345 Engenheiro projetista de
0 0 0
telecomunicações
214350 Engenheiro de redes de comunicação 0 0 0
318710 Desenhista projetista eletrônico 0 0 0
732140 Instalador de sistemas fotovoltaicos 0 0 0
951320 Monitor de sistemas eletrônicos de
0 0 0
segurança externo
954110 Eletromecânico de manutenção de
0 0 0
escadas rolantes
115

Capítulo 3 -
Fundamentação Legal
116

Fundamentação legal
(inciso IV do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), de 10 de

outubro de 1988, em seu art. 7º, inc. XXII, estabeleceu que são direitos dos

trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua

condição social, a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de

normas de saúde, higiene e segurança.

A CLT, instituída pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, com

modificação de redação dada pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977,

define no Título II, Capítulo V - Da Segurança e da Medicina Do Trabalho – em

seu art. 155, inc. I, que incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em

matéria de segurança e medicina do trabalho estabelecer, nos limites de sua

competência, normas sobre a aplicação dos preceitos desse Capítulo,

especialmente os referidos no art. 200.

Em decorrência dessa previsão, em 08 de junho de 1978, o extinto

Ministério do Trabalho aprovou 28 Normas Regulamentadoras (NR), por

meio da publicação da Portaria MTb nº 3.214, de maneira a regulamentar as

disposições do Capítulo V, Título II, da CLT, relativas à segurança e medicina

do trabalho.

Dentre as normas então publicadas, encontra-se a NR 10,

regulamentando as disposições do art. 179, da seção IX - das Instalações

Elétricas da CLT, que define que o então Ministério do Trabalho disporá sobre

as condições de segurança e as medidas especiais a serem observadas

relativamente a instalações elétricas, em qualquer das fases de produção,

transmissão, distribuição ou consumo de energia.


117

Ademais, o Decreto n.º 7.602, de 07 de novembro de 2011, que

dispõe sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho

(PNSST), também reitera a competência normativa em matéria de segurança

e saúde no trabalho do órgão trabalhista.

Todos esses dispositivos legais estabelecem expressamente a

competência do extinto Ministério do Trabalho (MTb), atualmente MTP, por

meio da STRAB, para elaborar e revisar as NR de segurança e saúde no

trabalho.

As NR são regulamentos técnicos de observância obrigatória em todos

os locais de trabalho e têm por objetivo estabelecer obrigações quanto à

adoção de medidas que garantam trabalho seguro e sadio, prevenindo a

ocorrência de doenças e acidentes de trabalho.

A construção desses regulamentos é realizada pelo MTP, adotando os

procedimentos preconizados pela OIT, que recomenda o uso do Sistema

Tripartite Paritário (governo, trabalhadores e empregadores) para discussão

e elaboração de normas na área de segurança e saúde no trabalho.

No que tange aos compromissos internacionais assumidos pelo país,

que tenham interface com a regulamentação em SST, destaca-se a ratificação

da Convenção nº 155 - Segurança e Saúde dos Trabalhadores, da OIT, cujo

texto consolidado consta no Decreto nº 10.088, de 5 de novembro de 2019.

Cumpre destacar o disposto na Convenção nº 155 da OIT a qual

determina que o país deve instituir uma política nacional em matéria de

segurança e saúde dos trabalhadores e o meio ambiente de trabalho. Há três

exigências para essa política: primeiramente, há de ser coerente; em

segundo lugar, deve ser colocada em prática e finalmente deve ser


118

reexaminada periodicamente. Assim, os artigos 4 e 8 da Convenção nº

155 dispõem que (grifos nossos):

Artigo 4

1. Todo Membro deverá, em consulta às organizações


mais representativas de empregadores e de
trabalhadores, e levando em conta as condições e a prática
nacionais, formular, pôr em prática e reexaminar
periodicamente uma política nacional coerente em matéria
de segurança e saúde dos trabalhadores e o meio ambiente
de trabalho.
2. Essa política terá como objetivo prevenir os acidentes e
os danos à saúde que forem consequência do trabalho,
tenham relação com a atividade de trabalho, ou se
apresentarem durante o trabalho, reduzindo ao mínimo, na
medida que for razoável e possível, as causas dos riscos
inerentes ao meio ambiente de trabalho.

.................

Artigo 8

Todo Membro deverá adotar, por via legislativa ou


regulamentar ou por qualquer outro método de
acordo com as condições e a prática nacionais, e em
consulta às organizações representativas de
empregadores e de trabalhadores interessadas, as
medidas necessárias para tornar efetivo o artigo 4 da
presente Convenção.

Nesse contexto, considerando as competências atribuídas pelo

legislador para regulamentação das questões de SST, bem como os

compromissos internacionais assumidos, foi instituída, por meio da Portaria

SSST nº 2, de 10 de abril de 1996, pelo então Ministério do Trabalho, a


119

Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), instância responsável

pela discussão das Normas Regulamentadoras de saúde e segurança no

trabalho.

Desde então, todas as NR passaram a ser construídas a partir do

diálogo entre representantes de governo, de trabalhadores e empregadores,

o que possibilitou acompanhamento dinâmico da evolução das relações e

processos de trabalho.

Em 2019, com a publicação do Decreto nº 9.759, de 11 de abril, que

extinguiu e estabeleceu diretrizes, regras e limitações para colegiados da

administração pública federal, a CTPP foi formalmente extinta em 28 de

junho de 2019. Entretanto, tal Comissão foi reestruturada por meio do

Decreto nº 9.944, de 30 de julho de 2019, sendo, desde então, coordenada

pela Secretaria de Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência.

Desta forma, conclui-se que o Ministério do Trabalho e Previdência,

por meio da Secretaria de Trabalho, possui competência legal para elaborar

e revisar as NR de segurança e saúde no trabalho. Destarte, fica claro,

conforme Convenção n° 155 da OIT, que o processo normativo

operacionalizado por este órgão é devidamente embasado nas consultas às

organizações representantes de empregadores e trabalhadores, realizadas

mediante CTPP, resultando nas Portarias que criem ou alterem normas de

segurança e saúde dos trabalhadores.

Além da competência na seara trabalhista acima exposta, outros

órgãos, agências ou entidades também possuem competência sobre o tema

energia elétrica, destacando-se a Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL), autarquia em regime especial vinculada ao Ministério de Minas e

Energia, que foi criada para regular o setor elétrico brasileiro, por meio da Lei
120

nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e do Decreto nº 2.335, de 06 de

outubro de 1997.

No que tange à competência regulatória da ANEEL, destacam-se três

modalidades de regulação que são praticadas pela Agência:

• regulação técnica de padrões de serviço (geração, transmissão,

distribuição e comercialização);

• regulação econômica (tarifas e mercado); e

• regulação dos projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e

eficiência energética.

A partir disso, cabe esclarecer que a ANEEL não tem competência

complementar ou mesmo concorrente quanto ao problema regulatório ora

tratado.

Ainda assim, a ANEEL cita em suas resoluções a necessidade de

atendimento às normas regulamentadoras aplicáveis ao caso regulado,

fortalecendo assim a aplicabilidade da NR 10 junto a seus regulados. Cita-se,

como exemplo, a Resolução Normativa nº 797, de 12 de dezembro de 2017,

da ANEEL, que estabelece os procedimentos para o compartilhamento de

infraestrutura de Concessionárias, Permissionárias de Energia Elétrica com

agentes do mesmo setor, com agentes dos setores de Telecomunicações,

Petróleo, Gás, com a Administração Pública direta ou indireta e com demais

interessados. O art. 5º desse regulamento informa que no compartilhamento

devem ser observadas as normas regulamentadoras aplicáveis.


121

Capítulo 4 - Definição
dos Objetivos
122

Definição dos objetivos a serem alcançados


(inciso V do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Neste capítulo, serão descritos os objetivos (fundamental e

específicos) e os resultados esperados, apresentando-se ao final a árvore de

objetivos.

Primeiramente, cabe destacar que o objetivo fundamental, com base

na atuação que se deseja sobre o problema principal, é reduzir a exposição

de trabalhadores, sem a devida proteção, aos perigos decorrentes da

energia elétrica.

O objetivo fundamental apresentado está alinhado à programação da

Secretaria de Trabalho estabelecida no Plano Plurianual (PPA) 2020-2023. O

PPA em questão foi instituído pela Lei nº 13.971, de 27 de dezembro de 2019,

refletindo as políticas públicas, orientando a atuação governamental e

definindo diretrizes, objetivos, metas e programas. Cumpre destacar, que o

PPA é instrumento de planejamento governamental de médio prazo, que

define diretrizes, objetivos e metas, com propósito de viabilizar a

implementação dos programas.

A atuação da Secretaria de Trabalho prevista nesse PPA compreende

dois Programas Finalísticos (2213 – Modernização Trabalhista e Trabalho

Digno e 2214 – Nova Previdência), com seus respectivos objetivos e metas,

sendo que as Secretarias de Trabalho e de Previdência são as unidades

responsáveis pela coordenação das ações previstas para alcance das metas

definidas no Plano.
123

Dentro do Programa Finalístico da Modernização Trabalhista e

Trabalho Digno (2213), cuja diretriz é dar ênfase na geração de

oportunidades e estímulos à inserção no mercado de trabalho, foi traçado o

Objetivo nº 1218, descrito como “modernizar as relações trabalhistas para

promover competitividade e proteção ao trabalhador”.

Vários são os resultados esperados com o atendimento desse objetivo

do PPA, cabendo destacar aqueles ligados diretamente ao objetivo

fundamental desta análise:

Atualização da legislação trabalhista;

Modernização das instituições públicas encarregadas da

regulação do trabalho; e

Melhoria nas condições de segurança e saúde no trabalho;

A partir do objetivo fundamental delineado, podem-se elencar os

objetivos específicos que se pretende alcançar em relação ao problema

regulatório identificado nesta análise:

Reduzir as lacunas de requisitos de segurança e saúde no

trabalho decorrentes do emprego da energia elétrica;

Ampliar o cumprimento dos requisitos de segurança e saúde no

trabalho decorrentes do emprego da energia elétrica; e

Melhorar a compreensão pelos agentes afetados dos requisitos

de segurança e saúde no trabalho decorrentes do emprego da

energia elétrica.
124

Percebe-se que os objetivos específicos de intervenção acima

traçados estão alinhados com as causas raízes identificadas para o

problema regulatório, sendo que o alcance desses objetivos permitirá

reduzir os acidentes de trabalho decorrentes do problema regulatório.

Os resultados esperados estão associados às consequências

perceptíveis do problema regulatório, consistindo na:

Redução dos acidentes de trabalho;

Redução dos incidentes; e

Redução dos custos decorrentes dos acidentes e incidentes

para a sociedade, governo e empresas.

A Figura 31 apresenta a árvore de objetivos do problema regulatório

que se pretende resolver.


125

Figura 31- Árvore dos Objetivos


126

Capítulo 5 - Descrição das


Alternativas
127

Descrição das alternativas possíveis ao


enfrentamento do problema regulatório
identificado
(inciso VI do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

A partir das diversas situações apresentadas nos capítulos anteriores,

buscando o enfrentamento do problema regulatório e o alcance dos

objetivos desejados, foi realizada uma ampla identificação das diferentes

possibilidades de se tratar o problema. As alternativas ora apresentadas

para consideração são categorizadas em não ação, normativa e não

normativas, além da combinação de alternativa normativa e não normativas.

NÃO AÇÃO

A alternativa de “não ação” é obrigatória em todas as AIR e constitui a

linha de base da avaliação das demais alternativas.

Dentro desse contexto, não se realiza qualquer alteração normativa

ou ação não normativa, ou seja, mantêm-se o status quo e o texto normativo

vigente da Norma Regulamentadora n.º 10, publicado pela Portaria MTE nº

598, de 2004, e alterações posteriores.

ALTERNATIVAS NÃO NORMATIVAS

As alternativas não normativas constituem opções de intervenção que

buscam resolver problemas regulatórios por meio de mecanismos de

incentivo que não envolva a edição, pelo Estado, de ato normativo.

Considerando que já existe uma regulação em vigor para o problema

em análise, a alternativa não normativa envolve uma ampla intervenção no


128

sentido da melhoria de seu desempenho, de sua implementação, de seu

monitoramento ou dos mecanismos de fiscalização.

De maneira sintética, propõe-se, como alternativa não normativa,

aumentar a compreensão das exigências normativas, da percepção dos

riscos e das consequências pelo não cumprimento da NR 10.

Com o intuito de detalhar melhor essa proposta, a alternativa não

normativa será dividida em três linhas de intervenção:

Potencializar a ação direta do Governo Federal, por meio da

inspeção do trabalho com foco na atual NR 10;

Elaborar um plano de comunicação para ampliar a

conscientização da atual NR 10; e

Ampliar o conhecimento da atual NR 10, por meio da divulgação

do atual manual de interpretação ou da elaboração de um guia

de orientações sobre sua aplicabilidade.

A opção de aumentar as ações da inspeção do trabalho face o atual

texto da NR 10 se baseia no estabelecimento de um planejamento fiscal

específico para os empregadores que são afetados diretamente pelo

problema regulatório em análise.

Tal planejamento deve buscar: a integração das ações de segurança e

saúde e de legislação trabalhista em busca de uma atuação mais eficaz e de

maior qualidade nos setores e atividades econômicas envolvidos; um diálogo

permanente com outros atores sociais; e a intervenção focalizada na

promoção de uma melhoria sustentável das condições e ambientes de


129

trabalho, em busca da redução na incidência e gravidade dos acidentes

de trabalho.

A intervenção por meio do plano de comunicação para ampliar a

conscientização da atual NR 10 foca na necessidade de se utilizar a

criatividade e a inovação como estratégias para a Inspeção do Trabalho,

buscando a realização de seminários, palestras, reuniões técnicas, eventos,

campanhas publicitárias, encontros e cursos para os envolvidos e para as

representações das partes interessadas.

Dentro desse mesmo aspecto, a opção de ampliar o conhecimento da

atual NR 10, por meio da divulgação do atual manual de interpretação ou da

elaboração de um guia de orientações sobre a aplicabilidade da norma, se

dá pela elaboração de material de divulgação, como guias, manuais,

cartilhas, cartazes, folders, vídeos, webinários, dentre outros.

ALTERNATIVA NORMATIVA

A alternativa normativa, consiste na revisão geral do texto da NR 10,

atualizando-o ao atual contexto do mundo do trabalho, com a eliminação de

lacunas de requisitos, harmonização e atualização normativa.

Busca-se com essa alternativa normativa uma evolução dos métodos,

dos processos de trabalho e o avanço da tecnologia diante do problema

regulatório, além de manter uma segurança jurídica e coerência com o novo

marco regulatório estabelecido pela NR 01.

ALTERNATIVA NORMATIVA + NÃO NORMATIVA

Essa alternativa conjuga os objetivos da alternativa normativa e da

alternativa não normativa, como meio para que se alcance a prevenção de

acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e redução das irregularidades


130

em SST. Assim, neste caso, a atuação se concretiza em diferentes níveis

de estratificação, a saber:

Revisar o texto geral da NR 10, de maneira a promover a

atualização e harmonização com outras normas de SST;

Potencializar a ação direta do Governo Federal, por meio da

inspeção do trabalho com foco no novo texto da NR 10;

Elaborar um plano de comunicação para conscientização do

novo texto da NR 10; e

Ampliar o conhecimento da nova NR 10, por meio da atualização

do atual manual de interpretação ou da elaboração de um guia

de orientações sobre a aplicabilidade do novo texto normativo.

ALTERNATIVAS NÃO CONSIDERADAS

Em relação à alternativa de autorregulação pelas empresas, que é uma

opção não normativa, destaca-se que uma pequena parte do setor produtivo

tem desenvolvido e implementado, de forma voluntária, modelos

diferenciados para resolver o problema ora tratado. Contudo, a prática da

Auditoria-Fiscal do Trabalho demonstra que essas abordagens se restringem

a poucas empresas, ou seja, não obtém uma abrangência uniforme das

organizações, fato este que leva à desconsideração dessa alternativa.

Outra alternativa descartada diz respeito ao aumento do valor das

sanções administrativas de SST emitidas pela Inspeção do Trabalho. Em

situações de descumprimento de normas de SST, com impacto importante

para a segurança e saúde dos trabalhadores, a empresa é sancionada com

multas de valor pecuniário (previstas na Norma Regulamentadora nº 28),


131

variando de R$ 402,22 a R$ 6.708,08, por infração cometida, de acordo

com a gravidade da situação encontrada, existência de reincidência e

porte da empresa (número de empregados). Ocorre que, essa alternativa

normativa requer a atualização de legislação específica, de competência do

Poder Legislativo e, portanto, foge das atribuições legais da Inspeção do

Trabalho.

Uma última alternativa ainda analisada diz respeito à concessão de

linhas de crédito para o financiamento específico das instalações elétricas

das empresas, vez que, não raro, se alega a falta de recursos financeiros para

fins de adequação das instalações elétricas às disposições da NR 10 com a

consequente resolução do problema regulatório. Ocorre que essa alternativa

não normativa requer atuação por meio de financiamento a investimentos e

concessão de recursos que é competência de instituições bancárias e,

portanto, foge das atribuições legais da Inspeção do Trabalho.


132

Capítulo 6 - Impacto das


Alternativas
133

Exposição dos possíveis impactos das


alternativas identificadas
(inciso VII do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Com a finalidade de melhor expor os possíveis impactos positivos e

negativos das alternativas, adotou-se um método qualitativo, sem a

monetização dos impactos, tendo em vista a disponibilidade e a qualidade

dos dados, não só para a coleta, mas também para sua

validação. Cumpre destacar que, independentemente do método a ser

aplicado, sempre existem vantagens e desvantagens que o regulador precisa

avaliar antes de decidir sobre a melhor alternativa.

Cabe destacar que a alternativa de não ação não é referida neste

capítulo, pois não se faz necessário avaliar o impacto em relação à

manutenção das condições da atual situação problema, que já é analisada

detalhadamente nesta AIR, notadamente no Capítulo 1.

O processo de mensuração dos impactos apresenta, de forma geral,

os seguintes passos:

Identificar o resultado a ser alcançado pela alternativa;

Identificar os resultados intermediários;

Identificar os impactos mais relevantes;

Identificar os atores afetados para a análise das alternativas de

ação; e
134

Analisar e definir o nível de impacto qualitativo de cada

alternativa.

Primeiramente, realizou-se análise aprofundada com foco nos

impactos (resultados) desejados, que estão diretamente relacionados aos

objetivos almejados, conforme representado na Figura 32.

Figura 32 - Objetivos e impactos desejados

A Tabela 18 identifica a relação dos impactos mais relevantes acerca

das alternativas consideradas.

Tabela 18 - Descrição de impactos

DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS


Aumento de custos estatais relacionados à fiscalização e
implementação
Custos de conformidade
Aumento da eficiência de mercado
Economia decorrente da adequação (sanções estatais)

Redução da rotatividade e absenteísmo de trabalhadores


135

Redução dos custos previdenciários, sociais e Sistema Único de


saúde (SUS)
Redução severidade/gravidade do dano
Redução de ocorrência de interrupção de produção e custos
relacionados
Redução de ocorrência de interrupção de fornecimento de
energia e custos relacionados
Redução de Riscos Ambientais do Trabalho (RAT) e de Fator
Acidentário de Prevenção (FAP)
Redução das ações regressivas acidentárias

IDENTIFICAÇÃO DE RESULTADOS E IMPACTOS

A partir desse levantamento, passa-se a identificar os resultados de

cada alternativa considerada, bem como os impactos associados, avaliando-

se estes segundo a gradação apresentada na Figura 33.

Figura 33 - Nível de impacto

NÍVEL DE
IMPACTO

NEGATIVO

POSITIVO
136

1. ALTERNATIVA NÃO NORMATIVA

A alternativa não normativa apresenta os resultados identificados na

Figura 34.

Figura 34 - Resultados: alternativa não normativa

A Figura 35 apresenta a relação de impactos associados à alternativa

não normativa e os respectivos níveis estabelecidos.

Figura 35 - Níveis de impacto associados à alternativa não normativa


137

2. ALTERNATIVA NORMATIVA

A alternativa normativa apresenta os resultados identificados na

Figura 36.

Figura 36 - Resultados: alternativa normativa

A Figura 37 apresenta a relação de impactos associados à alternativa

normativa e os respectivos níveis estabelecidos.


138

Figura 37 - Níveis de impacto associados à alternativa normativa

3. ALTERNATIVA NORMATIVA + NÃO NORMATIVA

Por fim, cabe ainda avaliar o impacto da combinação da alternativa

não normativa com a alternativa normativa. Essa combinação conduz a um

somatório de resultados conforme identificado na Figura 38.


139

Figura 38 - Resultados: alternativa normativa + alternativa não normativa

A Figura 39 apresenta a relação de impactos associados à combinação

de alternativa normativa e alternativa não normativa.

Figura 39 - Níveis de impacto associados à combinação de alternativas


normativa + não normativa
140

IDENTIFICAÇÃO DE ATORES IMPACTADOS

Foram considerados os seguintes atores impactados direta ou

indiretamente:

Empregadores;

Trabalhadores;

Auditoria-Fiscal do Trabalho;

Outros setores governamentais (Saúde e Previdência);

Consumidor do produto ou do serviço prestado; e

Sociedade.

A Tabela 19 apresenta a síntese dos impactos mais relevantes em

relação a cada ator envolvido.

Tabela 19 - Descrição de impactos por atores envolvidos

ATOR IMPACTADO IMPACTOS POSITIVOS IMPACTOS NEGATIVOS


- Redução da rotatividade
e absenteísmo de
trabalhadores;
- Redução
severidade/gravidade do
dano;
- Economia decorrente da
- Custos de
Empregadores adequação (sanções
conformidade.
estatais);
- Redução da rotatividade
e absenteísmo de
trabalhadores;
- Redução
severidade/gravidade do
dano;
141

- Redução de ocorrência
de interrupção de
produção e custos
relacionados;
- Redução de ocorrência
de interrupção de
fornecimento de energia
e custos relacionados;
- Redução de Riscos
Ambientais do Trabalho
(RAT) e de Fator
Acidentário de Prevenção
(FAP); e
- Redução das ações
regressivas acidentárias.
- Redução
severidade/gravidade do
dano;
Trabalhadores -
- Redução da rotatividade
e absenteísmo de
trabalhadores.
- Redução - Aumento de custos
Auditoria-Fiscal do severidade/gravidade do estatais relacionados à
Trabalho dano. fiscalização e
implementação.
- Redução
severidade/gravidade do
dano;
- Redução dos custos
previdenciários, sociais e
Outros setores
Sistema Único de saúde
governamentais (Saúde -
(SUS);
e Previdência)
- Redução de Riscos
Ambientais do Trabalho
(RAT) e de Fator
Acidentário de Prevenção
(FAP).
- Aumento da eficiência
Consumidor do de mercado;
produto ou do serviço - Redução de ocorrência -
prestado de interrupção de
142

produção e custos
relacionados;
- Redução de ocorrência
de interrupção de
fornecimento de energia
e custos relacionados.
- Aumento da eficiência
de mercado;
- Redução dos custos
previdenciários, sociais e
Sistema Único de saúde
(SUS);
- Redução de ocorrência
Sociedade -
de interrupção de
produção e custos
relacionados;
- Redução de ocorrência
de interrupção de
fornecimento de energia
e custos relacionados.

ANÁLISE DO NÍVEL DE CONTRIBUIÇÃO DE CADA ALTERNATIVA

A partir dessa análise dos impactos positivos e negativos, é possível

avaliar o nível de contribuição de cada alternativa para o atingimento dos

objetivos propostos. Para tanto, utilizou-se uma classificação que

compreende 7 (sete) níveis de impacto, sendo que os sinais expressam tanto

as consequências quanto a probabilidade.


143

Tabela 20 - Classificação dos níveis de impacto

Níveis de impacto Símbolo


Alto Positivo +++
Médio Positivo ++
Pequeno Positivo +
Neutro 0
Pequeno Negativo -
Médio Negativo --
Alto Negativo ---

A Tabela 21 apresenta as alternativas e o respectivo nível de

contribuição, de acordo com a avaliação qualitativa realizada.

Tabela 21 - Nível de contribuição das alternativas

Alternativas Nível de Contribuição


Normativa + Não Normativa

Normativa

Não Normativa

Não Ação
144

Capítulo 7 -
Participação Social
145

Considerações referentes às informações e


às manifestações recebidas para a AIR em
eventuais processos de participação social
(inciso VIII do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Quanto ao processo de participação social, não houve coleta de

informações ou sugestões a respeito de parte desta AIR ou sobre o relatório

de AIR como um todo.

Cabe relatar que a participação social referente à AIR é facultativa nos

termos do Decreto n° 10.411, de 2020, em que o próprio inciso VIII do art. 6º

menciona “eventuais” processos de participação social. Já o art. 8º não deixa

dúvidas ao mencionar que “o relatório de AIR poderá ser objeto de

participação social específica (...)”.

A realização de consulta pública é obrigatória somente para as

agências reguladoras, nos termos do art. 9º da Lei nº 13.848, de 25 de junho

de 2019.

Destaque-se, como já informado no Capítulo 3 deste relatório, que, em

relação às normas de SST, o processo de consulta às partes interessadas, no

Brasil, ocorre por meio da CTPP, comissão que conta com a participação da

representação de trabalhadores, empregadores e governo, nos termos do

Decreto nº 9.944, de 2019.


146

Capítulo 8 - Experiência
Internacional
147

Mapeamento da experiência internacional


quanto às medidas adotadas para a
resolução do problema regulatório identificado
(inciso IX do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Introdução

Neste capítulo, será apresentado o mapeamento da experiência

internacional e o tratamento normativo aplicado em outros países ao

problema regulatório da exposição ocupacional aos perigos decorrentes do

emprego da energia elétrica sem a devida proteção e garantia da segurança

e saúde dos trabalhadores.

Não foi realizado um levantamento exaustivo, mas buscou-se destacar

a experiência de países que já haviam sido considerados para o escopo da

revisão da NR 10 em 2004, assim como de outros países e instituições

considerados relevantes para o escopo da análise realizada.

Ademais, é importante esclarecer que existem dois tipos de

documentos que auxiliam a mapear a experiência internacional: legislações

e normativos técnicos sobre o tema em estudo. Em alguns países,

normativos técnicos ou normas técnicas possuem o mesmo nível hierárquico

e obrigatório de uma lei. Em outros, as normas técnicas são acordos

documentados opcionais, servindo para que os produtos e serviços sejam

apropriados, comparáveis e compatíveis com a finalidade prevista.


148

Organização Internacional do Trabalho (OIT)

Fundada em 1919 para promover a justiça social, a Organização

Internacional do Trabalho (OIT) é a única agência das Nações Unidas que tem

estrutura tripartite, na qual representantes de governos, de organizações de

empregadores e de trabalhadores de 187 Estados-membros participam em

situação de igualdade das diversas instâncias da Organização.

A missão da OIT é promover oportunidades para que homens e

mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em

condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. Busca promover

uma evolução harmônica das normas de proteção aos trabalhadores e

desempenha papel fundamental na difusão e padronização de normas e

condutas na área do trabalho.

A OIT realiza o seu trabalho por meio de três organismos principais,

sendo que, na Conferência Internacional do Trabalho, realizada todos os

anos em Genebra na Suíça, se definem as normas internacionais do trabalho

(convenções e recomendações) e as políticas gerais da OIT.

As convenções são tratados internacionais que definem padrões e

pisos mínimos sobre temas trabalhistas, a serem observados e cumpridos

por todos os países que os ratificam. A ratificação de uma convenção é um

ato soberano e implica sua incorporação total ao sistema jurídico, legislativo,

executivo e administrativo do país em questão, tendo, portanto, um caráter

vinculante.

As recomendações, por sua vez, não têm caráter vinculante em

termos legais e jurídicos. Uma recomendação frequentemente complementa

uma convenção, propondo princípios reitores mais definidos sobre a forma


149

como esta poderia ser aplicada e estabelecendo orientações para a

política e a ação dos Estados-membros no atendimento das convenções.

As recomendações devem ser apreciadas, num prazo de 18 meses, pelos

órgãos legislativos dos países, que podem ou não ratificá-las.

Essas normas internacionais do trabalho são apoiadas por um sistema

de controle da OIT que é único no nível internacional e que ajuda a assegurar

que os países implementem as convenções que ratificam. A OIT examina

regularmente a aplicação de normas nos Estados-membros e aponta as

áreas onde elas poderiam ser aplicadas. Se houver algum problema na

aplicação das normas, a OIT procura ajudar os países por meio do diálogo

social e da assistência técnica.

Embora não exista uma convenção ou recomendação específica para

o problema regulatório tratado nesta AIR, cabe destacar as Convenções nº

81 e nº 155.

A Convenção nº 81 trata da Inspeção do Trabalho na Indústria e no

Comércio, que foi aprovada na 30ª reunião da Conferência Internacional do

Trabalho (Genebra — 1947) e entrou em vigor no plano internacional em

07/04/1950. Institui que deverá ser mantido um sistema de inspeção do

trabalho nos estabelecimentos, sendo que esse sistema de inspeção de

trabalho se aplicará a todos os estabelecimentos para os quais os inspetores

de trabalho estão encarregados de assegurar a aplicação das disposições

legais relativas às condições de trabalho e à proteção dos trabalhadores no

exercício da profissão. A partir da Convenção nº 81, vários países-membros

instituíram um Sistema de Inspeção do Trabalho, que assegurou a aplicação

das disposições legais relativas às condições de trabalho e à proteção dos

trabalhadores no exercício de suas profissões.


150

A Convenção nº 155 trata da Segurança e Saúde Ocupacional e o

Meio Ambiente de Trabalho, que foi aprovada na 67ª reunião da

Conferência Internacional do Trabalho (Genebra — 1981) e entrou em vigor

no plano internacional em 11/08/1983. Aplica-se a todas as áreas de

atividade econômica e entre outros aspectos determina a instituição de uma

política nacional de segurança e saúde dos trabalhadores e do meio

ambiente de trabalho, com o objetivo de prevenir acidentes e danos à saúde,

reduzindo ao mínimo possível as causas dos riscos inerentes a esse meio.

Estabelece ainda que os acidentes do trabalho e doenças profissionais sejam

comunicados ao poder público, bem como sejam efetuadas análises dos

mesmos com a finalidade de verificar a existência de uma situação grave,

exigindo também adoção de dispositivos de segurança nos equipamentos

utilizados nos locais de trabalho, sendo isso responsabilidade dos

empregadores. Outro ponto importante é que faculta ao trabalhador

interromper a atividade laboral onde haja risco significativo para sua vida e

saúde, sem que seja punido por isso, além de reforçar o direito à informação,

por parte dos trabalhadores e seus representantes, dos riscos porventura

existentes nos locais de trabalho.

A OIT mantém a publicação da Enciclopédia da OIT, atualizada em 20

de fevereiro de 2012, que pode ser obtida no endereço eletrônico

https://www.ilo.org/global/topics/safety-and-health-at-work/resources-

library/publications/WCMS_162039/lang--es/index.htm. Trata-se de uma

plataforma de conhecimento global para o intercâmbio de informações e

boas práticas em SST. Esse trabalho multidisciplinar de informação e

conhecimento online apresenta ao usuário em geral uma visão panorâmica

de diversos assuntos. Seu conteúdo foi escrito e compilado por

pesquisadores e especialistas do mundo inteiro, constituindo-se na fonte de


151

referência mais completa sobre o assunto e uma das publicações mais

importantes e respeitadas da OIT.

No Volume II dessa Enciclopédia, encontra-se a descrição dos riscos

gerais (Parte VI). O capítulo 40 trata dos riscos gerais da eletricidade, numa

abordagem em três seções:

1. Efeitos fisiológicos da eletricidade;

2. Eletricidade estática;

3. Prevenção e normas.

Nesse capítulo, destacam-se os diversos efeitos fisiológicos da

eletricidade, apresentando o choque elétrico e suas consequências ao ser

humano, além de demonstrar a teia de regras e regulamentos internacionais

que fazem parte da composição dos diferentes órgãos, refletindo o

desenvolvimento da padronização de cada órgão e país, com definição de

padrões próprios.

Um exemplo dado é o do Comitê Europeu de Normalização

Eletrotécnica (CENELEC), em comparação com a Comissão Eletrotécnica

Internacional (IEC). O CENELEC é obrigatório na União Europeia e mais de

90% dos padrões do CENELEC foram derivados dos padrões do IEC, sendo

que mais de 70% deles são idênticos. A influência de CENELEC também atraiu

o interesse dos países de Europa Oriental.


152

Normas e padrões internacionais

Quanto ao tema de eletricidade, existem no mundo diversas

organizações ou associações de referência, dentre as quais destacam-se as

seguintes:

• IEC, organização internacional de padronização de tecnologias

elétricas, eletrônicas e relacionadas, sendo que alguns dos seus

padrões são desenvolvidos juntamente com a Organização

Internacional para Padronização (ISO);

• CENELEC, comitê que prepara as normas relativas à eletricidade

e à eletrônica para os países que pertencem à União Europeia,

sendo composta por membros dos organismos nacionais de

normalização eletrotécnica da maioria dos países europeus. Os

países que compõem o CENELEC com o estatuto de membros

são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca,

Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França,

Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia,

Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Noruega, Polônia, Portugal,

Reino Unido, República Checa, Romênia, Suécia e Suíça. E com o

estatuto de afiliado do CENELEC: Albânia, Bósnia-Herzegovina,

Croácia, Macedônia do Norte, Sérvia, Tunísia, Turquia e Ucrânia;

• National Electrical Manufacturers Association (NEMA), associação

baseada nos Estados Unidos, criada em 1º de setembro de 1926,

pela fusão da Associated Manufacturers of Electrical Supplies e do

Electric Power Club. Essa associação define muitos padrões

usados em produtos elétricos por seus mais de 400 membros;


153

• Deutsches Institut für Normung (DIN) (em português: Instituto

Alemão para Normatização), com sede em Berlim, é a

organização nacional na Alemanha para padronização,

representante da ISO no país, e possui muitos padrões criados

que se espalharam para todo o mundo, a exemplo do Trilho

DIN, muito utilizado na montagem de painéis elétricos, para

fixação de contatores, disjuntores etc. Há atualmente cerca de

trinta mil padrões DIN, cobrindo todos os campos tecnológicos.

Existem também normas elaboradas por associações ou entidades

reconhecidas pela sociedade e que servem de base para atividades técnicas

específicas, como exemplo:

• Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE) ou Instituto de

Engenheiros Eletrotécnicos e Eletrónicos, organização

profissional sem fins lucrativos, fundada nos Estados Unidos;

• American Society for Testing and Materials (ASTM), órgão

estadunidense de normalização, que desenvolve e publica

normas técnicas para uma ampla gama de materiais, produtos,

sistemas e serviços;

• National Fire Protection Association (NFPA), organização

internacional sem fins lucrativos, dedicada a eliminar mortes,

ferimentos, propriedades e perdas econômicas devido a

incêndios, eletricidade e riscos relacionados;

• Association Française de Normalization (AFNOR), associação

composta por cerca de 2.500 empresas associadas, tendo como


154

objetivo liderar e coordenar o processo de desenvolvimento de

padrões e promover a aplicação desses padrões;

• Japanese Standards Association (JIS), que estabelece padrões

industriais japoneses usados para atividades industriais no

Japão, coordenados pelo Comitê de Padrões Industriais do

Japão e publicados pela Associação Japonesa de Padrões.

Dentre as diversas normativas e padrões internacionais das

instituições acima descritas, destacam-se algumas normas que estão

relacionadas ao problema identificado.

No que tange aos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) contra os

efeitos da eletricidade, a exemplo de vestimentas para proteção do tronco

contra riscos de origem térmica (calor) e chamas, arco elétrico e/ou fogo

repentino, bem como para a determinação dos respectivos Arc Thermal

Performance Value (ATPV), têm-se as seguintes normas internacionais:

ASTM F 2621 - 06

ASTM F 1506 - 08

ASTM 2178-08

ASTM F 1959/F 1959M- 06ª

ASTM F 1930 - 08

ASTM D 6413 - 08

IEC 61482-1-1: 2009

IEC 61482-1-2: 2007

IEC 61482-1-1, método A

IEC 61482-1-1, método B

IEEE Std 1584-2018

IEEE 3007.2-2010
155

ISO 11612: 2008

ISO 13506: 2008

ISO 15025: 2000

NFPA 70E

NFPA 2112 – 07

Em relação ao trabalho em proximidade, mais especificamente a Zona

Livre (ZL) e o Limite de Aproximação Segura (LAS) são tratados nas seguintes

normas internacionais:

NFPA 70E

BS / EN 50110-1: 2013 - Parte 1

OSHA / CFR 1910

IEEE Std 1584 - 2018

OSHA 1910.269 – 2015

NESC 2001

Ademais, existem diversas normas internacionais que se aplicam à

segurança das instalações elétricas, a fim de garantir a segurança de pessoas,

o funcionamento adequado da instalação, a conservação dos bens e

qualquer operação e trabalho em ou próximo a instalações elétricas. Essas

instalações elétricas ou sistemas elétricos operam em diversos níveis de

voltagem.

Legislações Internacionais

No cenário internacional, os países pesquisados possuem organismos

ou agências federais de pesquisas e produção de recomendações para a

prevenção de lesões e doenças relacionadas com o trabalho, bem como

órgãos de Inspeção do Trabalho que tratam do problema ora analisado.


156

ESTADOS UNIDOS

A Occupational Safety and Health Administration (OSHA) é uma

agência do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, criada pelo

Congresso dos Estados Unidos sob o Ato de Segurança e Saúde Ocupacional,

assinado pelo Presidente Richard M. Nixon, em 29 de dezembro de 1970. A

Lei de Segurança e Saúde Ocupacional de 1970 estabeleceu o National

Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) como a agência federal

dos EUA responsável pela realização de pesquisas e produção de

recomendações para a prevenção de lesões e doenças relacionadas com o

trabalho. O NIOSH faz parte dos Centros de Controle e Prevenção de

Doenças (Centers for Disease Control and Prevention – CDC) no Departamento

de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.

A OSHA possui padrões na área elétrica tratados em normas

específicas para a indústria geral e marítima, destacando-se vários padrões

e documentos OSHA relacionados a riscos elétricos, entre eles: Indústria

Geral (29 CFR 1910) e Marítimo (29 CFR 1915, 1917 e 1918).

Nos EUA, existem ainda 28 Planos Estaduais aprovados pela OSHA,

operando programas estaduais de segurança e saúde ocupacional. Os

Planos Estaduais devem ter padrões e programas de aplicação que sejam

pelo menos tão eficazes quanto os da OSHA e podem ter requisitos

diferentes ou mais rigorosos.

A OSHA orienta ainda o uso de normativos de outras organizações

relacionadas à proteção do trabalhador, tidas como padrões de consenso

nacional, a exemplo da NFPA 70 - Código Elétrico Nacional e da NFPA 70E-

Padrão para Segurança Elétrica no Local de Trabalho.


157

O NIOSH possui uma página específica para o tema de segurança

elétrica (https://www.cdc.gov/niosh/topics/electrical/). Nessa página, o

instituto destaca que a corrente elétrica expõe os trabalhadores a riscos

graves e generalizados no local de trabalho e reforça os quatro tipos

principais de lesões elétricas: eletrocussão (fatal); choque elétrico;

queimaduras e quedas causadas como resultado do contato com energia

elétrica.

O NIOSH disponibiliza uma série de informações por meio de

publicações específicas quanto ao tema de segurança elétrica, bem como

alertas sobre doenças ocupacionais, lesões e mortes, dentre as quais

destacam-se:

• Controle de riscos elétricos. Publicação OSHA 3075, (2002). Fornece

uma visão geral básica da segurança elétrica no trabalho, incluindo

informações sobre como a eletricidade funciona, como se proteger

contra eletricidade e como a OSHA pode ajudar.

https://www.osha.gov/sites/default/files/publications/osha3075.pdf

• Programa de treinamento interativo Lockout-Tagout. OSHA. Fornece

uma ferramenta interativa de tomada de decisão projetada para

expandir o conhecimento do usuário sobre bloqueio/sinalização.

https://www.osha.gov/dts/osta/lototraining/index.html

• Segurança elétrica: Segurança e saúde para o setor elétrico - Manual

do aluno - Publicação do NIOSH nº 2009-113 (março de 2009) -

https://www.cdc.gov/niosh/docs/2009-113/

• Mortes de trabalhadores por eletrocussão: um resumo das

descobertas de vigilância e relatórios de casos investigativos -


158

Publicação do NIOSH nº 98-131 (maio de 1998) -

https://www.cdc.gov/niosh/docs/98-131/

• Alerta NIOSH: Solicitação de Assistência na Prevenção de

Fatalidades de Trabalhadores que Contatam Energia Elétrica -

Publicação NIOSH nº 87-103 (dezembro de 1986) -

https://www.cdc.gov/niosh/docs/87-103/

• Alerta NIOSH: Trabalhar com segurança perto de linhas elétricas

aéreas. Alerta OSHA. Publicação 3979 (2019).

https://www.osha.gov/sites/default/files/publications/OSHA3979.p

df

O NIOSH também orienta a consulta de outros recursos de segurança

elétrica, como por exemplo: The American Association of Safety Engineers; The

American National Standards Institute; O Centro de Pesquisa em Construção;

Instituto de Pesquisa de Energia Elétrica; Electrical Safety Foundation

International, dentre outros.

UNIÃO EUROPEIA

Na União Europeia, a regulamentação relativa à segurança e saúde no

trabalho foi estabelecida pela Diretiva 89/391/CEE, adotada em 1989,

garantindo preceitos mínimos de saúde e segurança em toda a Europa,

embora os Estados-membros tenham a opção de manter ou estabelecer

medidas mais exigentes. A diretiva é aplicável a todos os setores de atividade,

privados ou públicos (atividades industriais, agrícolas, comerciais,

administrativas, de serviços, educativas, culturais, entre outras).


159

Segundo a Diretiva 89/391/CEE, existe a obrigação legal de os

empregadores realizarem o gerenciamento de todos os riscos, inclusive

os relacionados a perigos de eletricidade, ainda que não sejam tratados

especificamente na diretiva. Conforme a Diretiva-Quadro 89/391/CEE, é

dever do empregador (grifos nossos):

Artigo 60 -
Obrigações gerais das entidades patronais
1. No âmbito das suas responsabilidades, a entidade patronal
tomará as medidas necessárias à defesa da segurança e da
saúde dos trabalhadores, incluindo as atividades de
prevenção dos riscos profissionais, de informação e de
formação, bem como à criação de um sistema organizado e
de meios necessários
A entidade patronal deve zelar pela adaptação destas
medidas, a fim de atender a alterações das circunstâncias e
tentar melhorar as situações existentes.
2. A entidade patronal aplicará as medidas previstas no
primeiro parágrafo do número anterior com base nos
seguintes princípios gerais de prevenção:
a ) Evitar os riscos;
b ) Avaliar os riscos que não possam ser evitados ;
c) Combater os riscos na origem;
(...)

Na União Europeia, existe a European Union Information Agency for

Occupational Safety and Health (EU-OSHA), que é a agência de informação da

União Europeia em matéria de segurança e saúde no trabalho. Para

aplicação da diretiva, a EU-OSHA estabelece diferentes tipos de orientações

europeias para as melhores práticas da prevenção de riscos,

No cenário europeu, tem-se uma forma inovadora de harmonização

técnica, com a divisão de responsabilidades entre o legislador europeu e os

organismos europeus de normalização.

As diretivas europeias definem os «requisitos essenciais» para

assegurar um elevado nível de proteção da saúde e da segurança dos


160

consumidores, ou de proteção do ambiente. As diretivas adotadas ao

abrigo da nova abordagem baseiam-se no artigo 114 do Tratado sobre o

Funcionamento da União Europeia, que permite a adoção de medidas

destinadas a melhorar a livre circulação de bens.

Adicionalmente, têm-se as «normas harmonizadas» adotadas por um

dos organismos europeus de normalização, em conformidade com os

requisitos essenciais dos produtos estabelecidos pelas diretivas.

As normas europeias harmonizadas relativas à eletricidade são

exaradas pelo CENELEC e pelo Instituto Europeu de Normalização das

Telecomunicações (ETSI).

Como já abordado anteriormente, o CENELEC possui diversas normas

relativas à eletricidade com finalidade de garantir a segurança e saúde

ocupacional.

Destacam-se algumas diretivas e regulamentos europeus com

impacto no tema segurança na exposição à eletricidade:

• Diretiva 2014/34/UE - Equipamentos e sistemas de proteção


destinados ao uso em atmosferas potencialmente explosivas.
https://osha.europa.eu/en/legislation/directive/directive-201434eu-
equipment-and-protective-systems-intended-use-potentially-0
• Directiva 89/656/CEE - Utilização de equipamento de proteção
individual, de 30 de Novembro de 1989, relativa aos requisitos
mínimos de saúde e segurança para a utilização pelos trabalhadores
de equipamento de protecção individual no local de trabalho.
https://osha.europa.eu/en/legislation/directives/4
• Regulamento (UE) 2016/425 - Equipamento de proteção individual, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de março de 2016, sobre
equipamento de proteção individual e que revoga a Diretiva
89/686/CEE do Conselho (com efeitos a partir de 21 de abril de 2018).
161

https://osha.europa.eu/en/legislation/directive/regulation-eu-
2016425-personal-protective-equipment

REINO UNIDO

No Reino Unido, a responsabilidade sobre a normatização e

fiscalização cabe ao Health and Safety Executive (HSE). A previsão encontra-se

no Health and Safety at Work Act, de 1974, que visa “garantir a saúde, a

segurança e o bem-estar das pessoas no trabalho”.

Conforme informado no site da própria instituição, “A HSE possui uma

quantidade significativa de legislação primária e secundária. A legislação

primária compreende os Atos do Parlamento, incluindo a Lei de Saúde e

Segurança no Trabalho de 1974. A legislação secundária é composta por

Instrumentos Estatutários (SIs), muitas vezes chamados de ‘regulamentos’.”

Dentre esses regulamentos, na área de eletricidade, tem-se o The

Electricity at Work Regulations 1989, publicado em 7 de abril de 1989. Os

Regulamentos de Eletricidade no Trabalho, de 1989, são aplicáveis ao

empregador e ao trabalhador, na medida em que dizem respeito a questões

que estejam sob seu controle.

A Tabela 22 lista alguns padrões elétricos comumente usados e

códigos de prática aprovados pelo HSE, sendo esses padrões e códigos de

prática adicionais geralmente necessários para satisfazer uma aplicação

específica.

Tabela 22 - Padrões elétricos e códigos de prática aprovados pelo HSE

PADRÃO ANO DESCRIÇÃO


162

BS 6423 1983 Código de prática para manutenção de aparelhagem


elétrica e mecanismo de controle para tensões de até e
incluindo 1 kV
BS 6626 2010 Código de prática para manutenção de quadro elétrico e
mecanismo de controle para tensões acima de l kV e até
e incluindo 36 kV
BS EN 62305, 4 2006- Código de prática para proteção de estruturas contra
partes 2011 raios
BS 7375 2010 Código de prática para distribuição de eletricidade em
construção e canteiros de obras
BS 7430 1998 Código de prática para aterramento
BS 7671 2008 – Requisitos para instalações elétricas. Regulamentações
2011 de fiação IEE. Décima sétima edição
BS 7909 2008 – Código de prática para sistemas elétricos temporários
2011 para entretenimento e propósitos relacionados.
BS EN 50110 2004 – Operação de instalações elétricas
Partes 1 e 2 2010
IEC 60479 Partes 1- 1994- Guia para efeitos da corrente nos seres humanos e no
4, também PD6519 2005 gado.
BS EN 60529 1992 Especificação para graus de proteção fornecidos por
gabinetes (código IP)
BS EN 61000-6-3,4 2007 – Compatibilidade eletromagnética. Padrão de emissão
2011 genérico.
BS EN 61000-6-1,2 2005 – Compatibilidade eletromagnética. Padrão de imunidade
2007 genérico.
BS EN 1127, partes 2007 - Atmosferas explosivas. Prevenção e proteção contra
1,2 2008 explosões.
PD CLC / TR 50404: 2003 Código de prática para evitar perigos devido à
eletricidade estática.
BS 7535 1992 Guia para o uso de aparelhos elétricos em conformidade
com BS 5501 ou BS 6941 na presença de poeiras
combustíveis
BS EN 60079-22-2 2007 Atmosferas explosivas. Detecção de gás. Seleção,
instalação, uso e manutenção de detectores de gases
inflamáveis ou oxigênio
Código de modelo 2010 Código de Segurança Elétrica
de prática segura
do Energy
Institute, parte 1
(IP1)
163

Código de modelo 2002 Diretrizes para o controle de riscos decorrentes da


de prática segura eletricidade estática
do Instituto de
Energia, Parte 21
(IP21)
BS EN 1037 1996 - Segurança de máquinas. Prevenção de inicialização
2008 inesperada
BS EN ISO 12100 2010 Segurança de máquinas. Princípios gerais de
design. Avaliação e redução de riscos.
BS EN 1088 2008 Segurança de máquinas. Dispositivos de intertravamento
associados aos protetores. Princípios de design e
seleção.
PD 5304 2005 Uso seguro de máquinas
BS EN 60204 Segurança de máquinas. Equipamento elétrico de
muitas partes máquinas.

Além dos padrões e códigos de prática aprovados, a HSE emitiu

orientações sobre segurança elétrica, que são adequadas para uma ampla

gama de indústrias e competências técnicas. A maior parte das informações

produzidas pela HSE está disponível no site

https://www.hse.gov.uk/electricity/information/index.htm

Dentre as várias orientações em segurança elétrica, destacam-se as


seguintes: Eletricidade no trabalho: Práticas de trabalho seguras
(HSG85)

Memorando de orientação sobre os Regulamentos de Eletricidade no


Trabalho de 1989 (HSR25)

Controlando os riscos no local de trabalho (INDG163)

Segurança elétrica e você: um breve guia (INDG231)

Um breve guia para o gerenciamento de amianto nas instalações


(INDG223)

Exame de visão de cores - um guia para empregadores

Guia de seleção e HSE sobre procedimentos de isolamento seguro


164

A publicação HSG 85 (Eletricidade no trabalho: Práticas de trabalho

seguras) é uma orientação para pessoas, inclusive autônomos, que

realizam trabalhos em ou próximo a equipamentos elétricos, incluindo

conselhos sobre práticas de trabalho seguras para gerentes e supervisores

que controlam ou influenciam o projeto, especificação, seleção, instalação,

comissionamento, manutenção ou operação elétrica do equipamento.

Outras legislações também podem ser aplicadas ao trabalho elétrico e

algumas organizações já possuem regras específicas do setor ou orientações

para as práticas de trabalho seguras.

ESPANHA

Na Espanha, a origem da segurança e saúde no trabalho está marcada

pelo “Plano Nacional de Higiene e Segurança no Trabalho”, regulamentado

pela Ordem de 7 de abril de 1970. A Direção-Geral da Segurança Social é

responsável pela formulação e implementação do Plano, criado no âmbito

da Lei Geral de Segurança Social, de 1966. A Portaria de 9 de março de 1971,

que aprova a Portaria Geral de Segurança e Saúde no Trabalho, define o

regime jurídico no qual o Plano cumprirá as suas funções.

Posteriormente, o Real Decreto-Lei 36/1978, de 16 de novembro, no

domínio da gestão institucional da Segurança Social, Saúde e Emprego, cria

o Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo (INSST), como órgão

autônomo de natureza administrativa vinculado ao Ministério do Trabalho

espanhol. Quatro anos depois, o Real Decreto 577/1982, de 17 de março,

regulamenta a estrutura e atribuições do INSST.


165

Em 8 de novembro 1995, é promulgada a Lei 31, que trata da

prevenção de Riscos Profissionais, cujo objetivo é determinar o corpo

básico de garantias e responsabilidades necessárias para estabelecer um

nível adequado de proteção da saúde dos trabalhadores contra os riscos

derivados das condições de trabalho.

As operações e trabalhos realizados com risco elétrico requerem a

aplicação de determinadas técnicas e procedimentos de trabalho e formação

específica por parte dos trabalhadores, dada a gravidade dos danos que

podem ser causados pelo contato com a eletricidade (asfixia, queimaduras,

fibrilação ventricular e até morte). Nesse sentido, foram estabelecidas leis

específicas, como, por exemplo:

DECRETO REAL 614/2001, de 8 de junho, sobre disposições


mínimas para a proteção da saúde e segurança dos
trabalhadores contra os riscos elétricos.

DECRETO REAL 1890/2008, de 14 de novembro, que aprova o


Regulamento de eficiência energética em instalações de
iluminação externa e suas instruções técnicas complementares
EA-01 a EA-07.

DECRETO REAL 715/2009, de 24 de abril, que revoga o Real


Decreto 65/1994, de 21 de janeiro, relativo aos requisitos de
segurança de aparelhos elétricos de uso em medicina e
veterinária.

ORDEM ETU / 995/2017, de 6 de outubro, aprovando instruções


técnicas adicionais do capítulo IX “Eletricidade” do Regulamento
Geral de Normas Básicas de Segurança Mineira.

Além da regulamentação nacional de segurança no trabalho, o INSST

publica Notas Técnicas de Prevenção (NTP) relativas ao trabalho com risco

elétrico. As NTP são guias de boas práticas, sendo que suas indicações não
166

são obrigatórias, a menos que estejam incluídas em alguma disposição

regulamentar em vigor.

A seguir, elencam-se algumas NTP ligadas ao trabalho com risco

elétrico:

NTP 071: Sistemas de proteção contra contatos elétricos indiretos -

Ano 1983

NTP 072: Trabalho com elementos de altura na presença de linhas

elétricas aéreas - Ano 1983

NTP 097: Baterias de arranque. Riscos de acidentes durante o

manuseio - Ano 1984

NTP 225: Eletricidade estática na transferência de líquidos

inflamáveis - Ano 1988

NTP 369: Atmosferas potencialmente explosivas: instalações

elétricas - Ano 1995

NTP 370: Atmosferas potencialmente explosivas: Classificação de

local de Classe I - Ano 1995

NTP 374: Eletricidade estática: carga e descarga de caminhões-

tanque (I) - Ano 1995

NTP 375: Eletricidade estática: carga e descarga de caminhões-

tanque (II) - Ano 1995

NTP 494: Soldagem a arco elétrico: regulamentos de segurança - Ano

1998

NTP 567: Proteção contra cargas eletrostáticas - Ano 2000

NTP 763: Distâncias para linhas de energia de baixa tensão - Ano

2007

NTP 827: Eletricidade estática em pós combustíveis (I):

características das descargas eletrostáticas - Ano de 2009


167

NTP 828: Eletricidade estática em pós combustíveis (II): medidas de

segurança - Ano de 2009

NTP 904: Arco elétrico: estimativa do incidente de energia térmica

em um trabalhador - Ano 2011

NTP 957: Arco elétrico: caso prático de estimar o incidente de

energia térmica em um trabalhador - ano de 2012

NTP 1022: Turbinas eólicas (I): operação e marco regulatório para a

prevenção de riscos ocupacionais - Ano 2014

NTP 1023: Turbinas eólicas (II): Riscos ocupacionais em operações de

manutenção - Ano 2014

NTP 1024: Turbinas eólicas (III): Medidas de prevenção e proteção

durante a manutenção - Ano 2014

NTP 1057: Infraestruturas ferroviárias: instalações de eletrificação,

sinalização e comunicações. Segurança

NTP 1058: Setor de gás: riscos ocupacionais em instalações de

armazenamento, transporte e distribuição de gás

Existem também regras gerais e aspectos principais a serem

considerados ao trabalhar na presença de risco elétrico, conforme a seguinte

legislação:

DECRETO REAL 39/1997, de 17 de janeiro, que aprova o Regulamento

dos Serviços de Prevenção. Artigo 22bis.8.f) Anexo Il

Além da legislação, são emitidos guias e diretrizes técnicas específicas

para o risco elétrico, como por exemplo:

FDN 20 - Luvas e luvas isolantes para trabalhos elétricos - Ano


2009FDN 20 - Luvas e luvas isolantes para trabalhos elétricos - Ano
2009
168

Guia técnico para avaliação e prevenção de riscos relacionados à


proteção contra risco elétrico

É importante destacar o guia técnico para avaliação e prevenção de

risco elétrico, atualizado em 08/10/2020, que serviu de referência técnica

para a atualização da NR 10, disponível no endereço eletrônico

https://www.insst.es/documents/94886/96076/g_electr.pdf/46679419-d4cc-

461e-8da1-4b2e65df9146.

Esse guia está estruturado, em linhas gerais, em duas partes distintas.

Uma primeira, de natureza jurídica, que inclui os artigos e as disposições

transitórias, revogatórias e finais. A segunda parte, de natureza técnica, na

qual se desenvolvem as seções constantes dos anexos do Decreto Real

614/2001.

Além de documentação, o INSST publica: coleções técnicas, materiais

didáticos, materiais informativos, textos para treinamento, guias de ensino,

fichas práticas, casos práticos, dentre outros documentos que colaboram na

SST com o risco elétrico.

MARCOS REGULATÓRIOS NO MUNDO

A OIT mantém uma base de dados sobre a legislação de SST de países-

membros da organização, denominada LEGOSH, disponível para consulta no

sítio eletrônico https://www.ilo.org/.

Conforme as informações da própria OIT:


O Banco de Dados Global da OIT sobre Segurança e Saúde
Ocupacional (LEGOSH) fornece uma imagem do marco
regulatório dos principais elementos da legislação da OSH,
incluindo gestão e administração da OSH, deveres e
obrigações patronais, direitos e deveres dos trabalhadores,
inspeção e fiscalização da OSH, entre outros. A estrutura de
169

classificação da LEGOSH baseia-se em um conjunto


abrangente de 11 temas que seguem e capturam a parte
principal das principais normas da OIT, como a Convenção nº
155 da OIT sobre Segurança e Saúde Ocupacional (1981) e a
Recomendação n°164, Convenção nº 187 sobre o quadro
promocional para segurança e saúde ocupacional (2006), a
Convenção de Inspeção do Trabalho C081 e outras
Convenções Técnicas como referência.

Tal ferramenta foi utilizada para realizar algumas comparações

básicas sobre o tema da eletricidade em relação aos países com informações

no LEGOSH. Na consulta, utilizou-se o item do levantamento do LEGOSH

identificado como “SEGURANÇA E ELETRICIDADE”, buscando na base de

dados da OIT qualquer informação sobre esse aspecto. A consulta retornou

uma listagem de 132 países.

Conclusão

Observa-se, pela legislação e experiência dos países consultados, que

há uma variedade de soluções possíveis a ser implementada para reduzir ou

eliminar a exposição ao risco elétrico. Porém, todas as soluções encontradas

envolvem a legislação nacional ou regional de um grupo de países em

matéria de segurança e saúde no trabalho com eletricidade combinada com

diversos outros instrumentos, como por exemplo: normas técnicas, guias,

orientações, guias de boas práticas, coleções técnicas, materiais didáticos,

materiais informativos, textos para treinamento, guias de ensino, fichas

práticas, casos práticos, dentre outros documentos que colaboram na SST

com o risco elétrico.


170

Capítulo 9 - Efeitos e
riscos
171

Identificação e definição dos efeitos e riscos


decorrentes da edição, da alteração ou da
revogação do ato normativo
(inciso X do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Introdução

Neste capítulo, serão identificados os principais efeitos e riscos

decorrentes da revisão da NR 10, por se tratar de alternativa que visa à

alteração de ato normativo.

Cumpre destacar que este estudo aponta duas alternativas que

envolvem a atuação normativa, a saber:

• ALTERNATIVA NORMATIVA

• ALTERNATIVA NORMATIVA + NÃO NORMATIVA

A primeira alternativa é uma ação unicamente normativa, tratando-

se do processo de alteração da NR 10. A segunda alternativa é composta

pela primeira somada das seguintes ações não normativas: potencialização

da ação direta do Governo Federal pela inspeção com foco na NR 10;

elaboração de plano de comunicação sobre a NR 10; e ampliação do

conhecimento sobre a NR 10.

Considerando que a segunda alternativa contempla a primeira, serão

analisados os efeitos e riscos da segunda alternativa por se tratar de opção

mais completa.

Será utilizada como referência técnica a ABNT NBR ISO 31000:2018 –

Gestão de Riscos, que estabelece diretrizes para gerenciar riscos enfrentados


172

pelas organizações, acrescida da referência técnica de avaliação de riscos

da ABNT NBR IEC 31010:2021 – Gestão de Riscos – Técnicas para o

processo de avaliação de riscos, que fornece orientações sobre a seleção e

aplicação de técnicas sistemáticas para o processo de avaliação de riscos.

Conceitos e processos da gestão de riscos

Os conceitos utilizados neste capítulo foram adaptados da ABNT NBR

ISO 31000 e podem ser resumidos por:

✓ Risco é um efeito da incerteza nos objetivos, sendo que o efeito é um


desvio em relação ao esperado, podendo ser positivo ou negativo ou
ambos, e pode abordar, criar ou resultar em oportunidades ou
ameaças. Também pode ser definido como a combinação da
probabilidade e do impacto, por estar exposto a uma fonte de risco.
✓ Fonte de Risco é um elemento que, individualmente ou combinado,
tem o potencial para dar origem ao risco, podendo ser um objeto,
uma ação ou uma atividade, sendo também denominado de perigo.
✓ Evento é uma ocorrência ou mudança em um conjunto específico de
circunstâncias, é caracterizado por uma fonte de risco.
✓ Probabilidade é a chance de algo ocorrer, refere-se à possibilidade,
à frequência de que o risco se materialize.
✓ Impacto é uma consequência ou um resultado de um evento que
afeta os objetivos.
✓ Controle é uma medida de mantém e/ou modifica o risco.

O efeito do risco é caracterizado por um nível de risco, ou seja, a

magnitude do risco que se calcula multiplicando a probabilidade do risco

pelo impacto do seu efeito. O resultado reflete o custo social do risco,

considerando a probabilidade de que ele possa acontecer.

Entre as 31 possíveis técnicas de avaliação de riscos referenciadas na

ABNT NBR IEC 31010:2021, será utilizada a matriz de probabilidade e


173

consequências (anexo B29 da NBR), pois essa técnica utiliza um método

Fortemente Aplicável (FA) para toda a etapa de análise de risco e

Aplicável (A) para avaliação de riscos.

Para a entrada de probabilidade do processo, serão utilizados os

critérios estabelecidos na Tabela 23.

Tabela 23 - Critérios para probabilidade

CRITÉRIO
Muito RARA - Uma consequência não é esperada, não é
Baixa comum sua ocorrência, extraordinária.
REMOTA - Uma consequência é pouco provável
Baixa
que aconteça quase improvável.
POSSÍVEL - Pode acontecer - Uma consequência
Média talvez aconteça, com possibilidade de que se
Probabilidade
efetive, ou seja, concebível.
PROVÁVEL - Uma consequência é esperada, com
Alta grande probabilidade de que aconteça ou se
realize.
Muito
ACONTECE - Fato certo, raro não acontecer.
Alta

Para a entrada de impacto do processo, serão utilizados os critérios

indicados na Tabela 24.

Tabela 24 - Critérios para impacto

CRITÉRIO
Muito Não traz prejuízo significativo / Não ameaça o
Baixa alcance do objetivo
Traz prejuízo aceitável / Baixa ameaça ao alcance do
Impacto Baixa
objetivo
Traz prejuízo reparável / Ameaça o alcance do
Média
objetivo
174

Traz prejuízo significativo / Compromete o alcance


Alta
do objetivo
Muito
Traz prejuízo irreparável / Não alcance do objetivo
Alta

A partir das entradas de probabilidade e do impacto, uma matriz de

risco é apresentada na Tabela 25, estando a probabilidade configurada nas

linhas e os impactos, nas colunas. A partir do cruzamento da probabilidade

e do impacto, estabelece-se, na célula correspondente a essa combinação, o

nível de risco atribuído ao caso em análise.

Tabela 25 - Matriz para classificação de riscos: Probabilidade X Impacto

Impacto
Matriz para classificação
Muito Muito
de riscos Baixo Médio Alto
Baixo Alto
Risco
Muito Risco Risco Risco Risco
Muito
Baixa Baixo Baixo Médio Médio
Baixo
Risco Risco Risco Risco
Baixa Risco Alto
Baixo Baixo Médio Médio
Probabilidade Risco Risco Risco Risco
Média Risco Alto
Baixo Médio Médio Alto
Risco Risco Risco Risco
Alta Risco Alto
Médio Médio Alto Alto
Muito Risco Risco Risco Risco Risco
Alta Médio Alto Alto Alto EXTREMO

Os níveis de risco apresentados na Tabela 25 estão associados a regras

decisórias para a elaboração de medidas de controle. A Tabela 26 apresenta

as orientações gerais para as ações de controle dos riscos.

Tabela 26 - Orientações Gerais para as ações de controle


175

Risco
A alternativa não deve ser iniciada.
EXTREMO

Antes da implementação da alternativa, deve se adotar,


obrigatoriamente, medidas de controle e monitoramento,
Risco Alto
especificadas por meio de estudos complementares
prévios.
Realizar o monitoramento e recomendável a adoção de
Risco Médio medida de controle. Porém deve ser avaliada a efetividade
dos esforços empreendidos.
Nenhum controle adicional é necessário, porém deve ser
Risco Baixo
realizado o monitoramento.
Risco Muito
Nenhuma ação é requerida
Baixo

Aplicação da gestão dos riscos

Para ser iniciar o processo de aplicação da gestão dos riscos, foi

necessário realizar um estudo das fontes de risco e dos eventos a elas

relacionados. A Tabela 27 apresenta as fontes de risco estimadas nesse

estudo.

Tabela 27 - Fontes de risco e eventos associados

FONTES DE RISCO DESCRIÇÃO DOS EVENTOS


- Não obtenção de consenso;
- Limitações de: conhecimento técnico e
Dificuldade no Diálogo
recursos humanos para a realização do diálogo;
Social
e
- Deixar de realizar as reuniões tripartites.
- Baixa adesão dos atores nas ações de
Dificuldade de comunicação;
Comunicação Externa - Limitações de: conhecimento técnico, recursos
humanos; tempo e logística para a elaboração
176

de material de comunicação; e
- Deixar de realizar eventos em todos os
Estados.

- Falta de capacitação do corpo fiscal;


Restrições - Redução do quadro da Inspeção do Trabalho;
Relacionadas à - Ausência de diretrizes nacionais;
Capacidade / Alcance de - Ausência de planejamento e execução local; e
Auditoria - Inadequação de indicadores de medição de
efetividade, eficiência e eficácia da ação fiscal.
- Desconhecimento do normativo;
Baixo Nível de
- Desarmonia com o processo de
Conformidade/
gerenciamento de risco ocupacional (GRO);
“Compliance” na
- Limitações de recursos e de tempo para a
Aplicação da Nova
adequação ao normativo; e
Norma
- Ausência da Inspeção do Trabalho.
- Corte orçamentário para ajuste à Lei
Orçamentária Anual;
Restrições
- Limitações de logística da auditoria (diárias,
Orçamentárias /
passagens, veículos); e
Financeiras do Estado
- Limitações de capacitação: recursos humanos,
divulgação e material de comunicação.
- Problemas macroeconômicos;
Eventos com - Calamidades públicas (pandemia, desastre -
Emergências do Estado natural ou não); e
- Crises internacionais.
- Alterações no foco e na meta da gestão
Redirecionamento do pública;
Governo - Alteração nas diretrizes; e
- Alteração de programa de gestão.
- Alterações de competências dos órgãos; e
Revisões Legislativas de
- Alteração no arcabouço trabalhista e
CF, Leis e Decretos
previdenciário.

A partir da definição das fontes de risco, aplica-se a matriz de risco

estabelecida anteriormente. Para tanto, estabelece-se, qualitativamente,

uma entrada de probabilidade e outra entrada de impacto para cada uma


177

das fontes. Assim, encontram-se os níveis de risco associados às fontes

de risco levantadas, conforme exposto na Tabela 28.

Tabela 28 - Níveis de risco associados às fontes de risco levantadas

NÍVEL DE
RISCO PROBABILIDADE IMPACTO
RISCO
Dificuldade no Diálogo
Média Alta Risco Alto
Social
Dificuldade de
Alta Alta Risco Alto
Comunicação Externa
Restrições Relacionadas
à Capacidade / Alcance Alta Alta Risco Alto
de Auditoria
Baixo Nível de
Conformidade/
“Compliance” na Alta Alta Risco Alto
Aplicação da Nova
Norma
Restrições
Orçamentárias / Alta Média Risco Alto
Financeiras do Estado
Eventos com Risco
Muito Baixa Muito Alta
Emergências do Estado Médio
Redirecionamento do Risco
Baixa Alta
Governo Médio
Revisões Legislativas de Risco
Baixa Alta
CF, Leis e Decretos Médio

Seguindo as orientações gerais para as ações de controle dos riscos

identificados, propõem-se, conforme Tabela 29, as medidas de controle, que

podem tratar, mitigar, evitar ou aceitar os eventos das fontes de risco.

Tabela 29 - Medidas de controle indicadas para as fontes de risco levantadas

FONTES DE RISCO POSSÍVEIS MEDIDAS DE CONTROLE


178

Aprofundamento do diálogo social, por meio da realização


de reuniões bipartites e tripartites;
Estímulo à busca do consenso no processo de participação
Dificuldade no Diálogo Social
tripartite; e
Realizar orientações técnicas gerais aos componentes das
bancadas.
Estabelecimento de um plano de comunicação;
Produção de materiais e eventos de divulgação;
Aumento do diálogo social com os agentes diretamente
Dificuldade de Comunicação afetados: empregadores e trabalhadores; e
Externa Realização de seminários, palestras, reuniões técnicas,
eventos, campanhas publicitárias, encontros e cursos para
os envolvidos e para as representações das partes
interessadas da atuação regulatória.
Capacitação dos Auditores-Fiscais do Trabalho;
Foco no planejamento estratégico da ação fiscal;
Restrições Relacionadas à
Busca por uma atuação integrada com outros órgãos
Capacidade / Alcance de
federais, estaduais, distritais e municipais; e
Auditoria
Definição de índices de gravidades e frequência de
acidentes do trabalho.
Busca pela efetividade na aplicação da norma por meio da
atuação da Inspeção do Trabalho;
Baixo Nível de Conformidade/
Orientação sobre a integração com o Gerenciamento de
“Compliance” na Aplicação da
Riscos Ocupacionais; e
Nova Norma
Propositura de procedimentos especiais de fiscalização e de
diálogo social com os atores envolvidos.
Acompanhamento das Leis de Diretrizes Orçamentárias
anuais;
Realização de reunião técnica de acompanhamento com os
Restrições Orçamentárias /
setores responsáveis pela definição do orçamento; e
Financeiras do Estado
Busca pelos meios necessários para a descentralização
orçamentária necessária ao desenvolvimento das ações da
Inspeção do Trabalho.
Eventos com Emergências do Monitoramento e previsão de planos de contingências,
Estado quando for o caso.

Monitoramento e previsão de planos de contingências,


Redirecionamento do Governo
quando for o caso.

Revisões Legislativas de CF, Leis Monitoramento e previsão de planos de contingências,


e Decretos quando for o caso.
179

Capítulo 10 -
Comparação de
Alternativas
180

Comparação das alternativas consideradas


para a resolução do problema regulatório
identificado
(inciso XI do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Introdução

A partir das diversas situações apresentadas nos capítulos anteriores,

buscando o enfrentamento do problema regulatório e o alcance dos

objetivos desejados, foi realizada uma ampla identificação das diferentes

possibilidades de se tratar o problema.

Conforme demonstrado no Capítulo 5 deste relatório, as alternativas

levantadas foram:

• NÃO AÇÃO

• ALTERNATIVA NÃO NORMATIVA

• ALTERNATIVA NORMATIVA

• ALTERNATIVA NORMATIVA + NÃO NORMATIVA

A comparação entre alternativas pode ser realizada por diversos

métodos, sendo que cada um deles possui suas vantagens e desvantagens.

Sendo assim, não existe um único método correto, que possa ser mais bem

aplicado em todas as situações, e sim métodos mais adequados conforme as

especificidades de cada caso, a disponibilidade de dados e de tempo e a

necessidade de se realizar uma análise proporcional.

Na elaboração desta análise, tecnicamente, optou-se por adotar a

Análise Multicritério (AMC), metodologia específica para aferição da

razoabilidade do impacto econômico. A AMC é considerada uma técnica


181

quali-quatitativa, que agrega características de técnicas qualitativas,

como a utilização de grupos de discussão e técnicas de brainstorming, e

de técnicas quantitativas, como a utilização de escalas e pesos para os

diferentes indicadores do modelo.

Entre as diversas técnicas de AMC que podem ser utilizadas para

identificação da melhor opção regulatória, adotou-se para esse fim a

metodologia de Processo de Hierarquia Analítica (Analytic Hierarchy Process -

AHP) para mapear os impactos de sua atuação regulatória.

Cumpre destacar que o AHP é uma técnica para a comparação dos

impactos das opções regulatórias que auxilia o tomador de decisão a lidar

com problemas complexos em um contexto com muitas incertezas, sendo

uma alternativa viável aos métodos quali-quatitativos de AIR, uma vez que

permite uma aproximação sistemática para a aplicação de critérios,

subjetivos ou qualitativos, para a tomada de decisão, em um ambiente com

uma grande quantidade de informações complexas.

Estruturação da metodologia AHP

A ideia central da teoria da análise hierárquica introduzida pelo

método AHP é a redução do estudo de sistemas a uma sequência de

comparações aos pares de critérios. Nesta etapa do processo, as alternativas

são comparadas, par a par, em relação a cada critério. Para tanto, utiliza-se

a Tabela 30, que mostra a escala de comparação empregada no método, a

qual determina qual critério ou alternativa é melhor e quão melhor é com

relação ao par.
182

Tabela 30 - Escala de Comparação

Escala Avaliação
Extremamente mais importante 9
Muito mais importante 7
Mais importante 5
Moderadamente mais importante 3
Igualmente importante 1
Moderadamente menos importante 1/3
Menos importante 1/5
Muito menos importante 1/7
Extremamente menos importante 1/9

FONTE: Adaptação da Escala fundamental de Saaty [SAATY 1980] - SAATY, T. L (1980), The Analytic Hierarchy
Process. New York: McGraw-Hill International.

Critérios

A utilização do AHP começa pela decomposição do problema em uma

relação de critérios definidos e que tenham relevância com o estudo.

No contexto desta AIR, foram estabelecidos os seguintes critérios:

Critérios
• PROTEÇÃO À SAÚDE E À VIDA

• CUSTOS

• SEGURANÇA JURÍDICA

Destaca-se que a proteção à saúde e à vida está relacionada ao

problema principal foco deste estudo, mais especificamente, à exposição

ocupacional aos perigos decorrentes do emprego da energia elétrica sem a

devida proteção e garantia da segurança e saúde dos trabalhadores.

Já os custos são avaliados em função do conjunto de ações a fim de

cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentares, não se


183

tratando dos benefícios diretos e indiretos deste atendimento legal, nem

tão pouco dos custos da administração pública e dos acidentes do

trabalho e suas repercussões.

Por fim, a segurança jurídica consiste no conjunto de condições que

tornam possível às pessoas o conhecimento antecipado e reflexivo das

consequências diretas de seus atos e de seus fatos à luz da liberdade

reconhecida, ou seja, a estabilidade das relações jurídicas, e o aspecto da

proteção à confiança ou confiança legítima. Uma importante condição da

segurança jurídica está na relativa certeza que os indivíduos têm de que as

relações realizadas sob a aplicação da norma deverão perdurar ainda

quando tal norma seja substituída.

A partir do momento em que os critérios estão construídos, passa-se

a avaliá-los por meio da comparação, dois a dois, dentro da escala de

comparação, conforme detalhado nas Tabelas 31 e 32.

Tabela 31 - Comparação de critérios

Comparação entre critérios


Proteção à saúde e à vida Muito mais importante Custos
Proteção à saúde e à vida Mais importante Segurança jurídica
Custos Igualmente importante Segurança jurídica

Tabela 32 - Matriz comparativa de critérios

Proteção à
Segurança
Objetivo saúde e à Custos Prioridade
jurídica
vida
Proteção à saúde e à
1,000 7,000 5,000 0,746
vida
Custos 0,143 1,000 1,000 0,120
Segurança jurídica 0,200 1,000 1,000 0,134
184

A determinação da contribuição de cada critério na avaliação

global é calculada a partir do vetor de Prioridade ou vetor de Eigen. O

vetor de Prioridade apresenta os pesos relativos entre os critérios e é obtido

pela média aritmética dos valores de cada um dos critérios, conforme

apresentado na última coluna da Tabela 32.

Assim, obtêm-se os pesos relativos entre os critérios, conforme Tabela

33, restando evidente que o critério de proteção à saúde e à vida é o critério

principal com maior peso em comparação com os outros critérios, de acordo

com os objetivos que se pretendem alcançar.

Tabela 33 - Pesos de cada um dos critérios

Critérios Pesos
Proteção à saúde e à vida 75%
Custos 12%
Segurança jurídica 13%

Destaca-se que foi realizada a verificação da consistência dos dados,

por meio da análise da Taxa de Consistência (CR), que é determinada pela

razão entre o valor do Índice de Consistência (CI) e o Índice de Consistência

aleatória (RI), sendo que RI é estabelecido pelo valor de 0,58 (valor de RI

obtido para matrizes com dimensão da matriz n = 3).

É desejável que a taxa de consistência (CR) de qualquer matriz de

comparação seja menor ou igual a 0,10 (10%), o que seria considerada

consistente. Quanto maior o resultado de CR, mais inconsistente é a matriz.

Dessa forma, uma vez encontrado valores maiores que 0,10, deve-se revisar

a matriz de critérios.
185

Para o caso da Matriz Comparativa de Critérios em análise, obteve-

se uma taxa de consistência (CR) igual a 0,011, portanto, menor que 0,10,

constituindo-se numa boa taxa de consistência.

Avaliação das alternativas e critério

Com os critérios estruturados e as prioridades dos critérios

estabelecidas, pode-se determinar como cada uma das alternativas se

comporta em relação aos critérios. Da mesma forma que foi realizada para

a priorização dos critérios, as alternativas serão confrontadas, duas a duas,

dentro de cada um dos critérios estabelecidos.

Nesse sentido, apresentam-se as alternativas resumidas na Tabela 34.

Tabela 34 - Alternativas

Alternativas
ALTERNATIVA 1 Normativa + Não Normativa
ALTERNATIVA 2 Normativa
ALTERNATIVA 3 Não Normativa
ALTERNATIVA 4 Não Ação

COMPARAÇÃO DE ALTERNATIVAS COM O CRITÉRIO: PROTEÇÃO À SAÚDE E À VIDA

A seguir, passa-se a determinar como cada uma das alternativas se

comporta em relação ao critério de proteção à saúde e à vida.

Primeiramente, como demonstrado nas Tabelas 35 e 36, cabe realizar a

ordenação das alternativas por meio da comparação, de duas a duas, dentro

da escala de comparação.

Tabela 35 - Comparação: Alternativas x Proteção à saúde e à vida

Comparação entre alternativas


186

Proteção à saúde e à vida


Normativa + Não
Normativa Mais importante Normativa
Normativa + Não
Normativa Muito mais importante Não Normativa
Normativa + Não
Normativa Extremamente mais importante Não Ação
Moderadamente mais
Normativa importante Não Normativa
Normativa Muito mais importante Não Ação
Moderadamente mais
Não Normativa importante Não Ação

Tabela 36 - Matriz comparativa de alternativas com o critério: proteção à saúde


e à vida

Alternativa Alternativa Alternativa Alternativa


Prioridade
1 2 3 4
Alternativa
1 5 7 9 0,632
1
Alternativa
1/5 1 3 7 0,227
2
Alternativa
1/7 1/3 1 3 0,097
3
Alternativa
1/9 1/7 1/3 1 0,044
4

Apresentam-se na Tabela 37, para o critério estudado, os pesos de

cada uma das alternativas.

Tabela 37 - Pesos de cada uma das alternativas para o critério Proteção à Saúde
e à Vida

Proteção à saúde e à vida


Alternativas Pesos
Normativa + Não Normativa 63%
Normativa 23%
Não Normativa 10%
187

Não Ação 4%
CR 0,08

Destaca-se que a taxa de consistência (CR) obtida para a Matriz

Comparativa acima foi (CR) igual a 0,077, portanto, menor que 0,10,

constituindo-se numa boa taxa de consistência.

COMPARAÇÃO DE ALTERNATIVAS COM O CRITÉRIO: CUSTOS

Passa-se a determinar agora como cada uma das alternativas

comporta-se em relação ao critério de custos. Primeiramente, conforme

demonstrado nas Tabelas 38 e 39, cabe realizar a ordenação das alternativas

por meio da comparação, de duas a duas, dentro da escala de comparação.

Tabela 38 - Comparação: Alternativas x Custos

Comparação entre alternativas


Custos
Normativa + Não
Normativa Moderadamente menos importante Normativa
Normativa + Não
Normativa Muito menos importante Não Normativa
Normativa + Não
Normativa Extremamente menos importante Não Ação
Normativa Menos importante Não Normativa
Normativa Muito menos importante Não Ação
Não Normativa Moderadamente menos importante Não Ação

Tabela 39 - Matriz Comparativa de alternativas com o critério custos

Alternativa Alternativa
1 2 Alternativa 3 Alternativa 4 Prioridade
Alternativa 1 1 1/3 1/7 1/9 0,044
Alternativa 2 3 1 1/5 1/7 0,090
Alternativa 3 7 5 1 1/3 0,291
Alternativa 4 9 7 3 1 0,574
188

Apresentam-se na Tabela 40, para o critério estudado, os pesos de

cada uma das alternativas.

Tabela 40 - Pesos das alternativas em relação ao critério custos

Custos
Alternativas Pesos
Normativa + Não Normativa 4%
Normativa 9%
Não Normativa 29%
Não Ação 57%
CR 0,06

Destaca-se que a taxa de consistência (CR) obtida para a Matriz

Comparativa acima foi (CR) igual a 0,062, portanto, menor que 0,10,

enquadrando-se como uma boa taxa de consistência.

COMPARAÇÃO DE ALTERNATIVAS COM O CRITÉRIO: SEGURANÇA JURÍDICA

Por fim, passa-se a determinar como cada uma das alternativas

comporta-se em relação ao critério de segurança jurídica. Primeiramente,

como demonstrado nas Tabelas 41 e 42, cabe realizar a ordenação das

alternativas por meio da comparação, de duas a duas, dentro da escala de

comparação.

Tabela 41 - Comparação Alternativas x Segurança jurídica

Comparação entre alternativas


Segurança jurídica
Normativa + Não
Normativa Igualmente importante Normativa
Normativa + Não
Normativa Mais importante Não Normativa
Normativa + Não
Normativa Mais importante Não Ação
Normativa Muito mais importante Não Normativa
189

Normativa Muito mais importante Não Ação


Não Normativa Igualmente importante Não Ação

Tabela 42 - Matriz Comparativa de Alternativas com o critério segurança jurídica

Alternativa Alternativa Alternativa


1 2 3 Alternativa 4 Prioridade
Alternativa
1 1 5 5
1 0,383
Alternativa
1 1 7 7
2 0,452
Alternativa
1/5 1/7 1 1
3 0,074
Alternativa
1/5 1/7 1 1
4 0,074

Apresentam-se na Tabela 43, para o critério estudado, os pesos de

cada uma das alternativas.

Tabela 43 - Pesos de cada uma das alternativas em relação ao critério


Segurança Jurídica

Segurança jurídica
Alternativas Pesos
Normativa + Não Normativa 38%
Normativa 45%
Não Normativa 7%
Não Ação 7%
CR 0,01

Destaca-se que a taxa de consistência (CR) obtida para a Matriz

Comparativa acima foi (CR) igual a 0,006, portanto, menor que 0,10, com uma

boa taxa de consistência.


190

Conclusão

O cruzamento de todas as alternativas com todos os critérios

determina a prioridade final de cada uma das alternativas em relação ao

problema regulatório e o alcance dos objetivos desejados.

O mecanismo de cálculo da prioridade final pode ser determinado

pelo somatório dos produtos entre o peso de prioridade da alternativa e o

peso do critério, conforme Tabela 44.

Tabela 44 - Resultado das alternativas considerando os critérios analisados

PROTEÇÃO À
SEGURANÇA
SAÚDE E À CUSTOS
JURÍDICA
  VIDA
PRIORIDADE
Pesos 0,746 0,120 0,134 FINAL
Normativa + Não
0,632 0,044 0,383 52,8%
Normativa
Normativa 0,227 0,090 0,452 24,1%
Não Normativa 0,097 0,291 0,074 11,7%
Não Ação 0,044 0,574 0,074 11,2%

Após a realização da Análise Multicritério (AMC), por meio da

metodologia de Processo de Hierarquia Analítica (Analytic Hierarchy Process -

AHP), foi possível realizar a Prioridade Global das Alternativas e mapear os

impactos de sua atuação regulatória, conforme resumido na Tabela 45.

Tabela 45 - Prioridade Global

Prioridade Global
Alternativas Pesos
Normativa + Não Normativa 52,8%
Normativa 24,1%
Não Normativa 11,7%
Não Ação 11,2%
191

Nesse sentido, para o enfrentamento do problema regulatório

identificado com relação ao risco de exposição à energia elétrica, a

alternativa recomendada é uma combinação das alternativas normativa e

não normativa, que é composta pelas seguintes ações:

• Revisar a NR 10, com a eliminação de lacunas, harmonização e

atualização normativa;

• Potencializar a ação direta do Governo Federal, por meio da

inspeção do trabalho com foco no novo texto da NR 10;

• Elaborar um plano de comunicação para conscientização sobre

o novo texto da NR 10; e

• Ampliar o conhecimento da nova NR 10, por meio da

atualização do manual de interpretação ou da elaboração de

um guia de orientações sobre a aplicabilidade do novo texto

normativo.
192

Capítulo 11 - Estratégias
de Implementação
193

Descrição da estratégia para implementação


da alternativa sugerida
(inciso XII do art. 6º do Decreto n° 10.411, de 2020)

Este capítulo do Relatório de AIR é destinado à divulgação da estratégia

de implantação da alternativa sugerida: a revisão da NR 10 combinada com

as ações não normativas, a saber: fiscalização com foco no novo texto da NR

10, do plano de comunicação sobre a NR 10 e da atualização do manual de

aplicação da NR 10.

Inicialmente, para a implantação da alternativa normativa para

enfrentamento do problema regulatório, devem-se aplicar os procedimentos

para a elaboração e revisão de normas regulamentadoras relacionadas à

segurança e saúde no trabalho e às condições gerais de trabalho, conforme

metodologia de regulamentação adotada pela Portaria SEPRT/ME n.º 6.399,

de 2021.

As estratégias para a implementação devem ser realizadas com uma

atuação diferenciada da Inspeção do Trabalho, precipuamente de forma

preventiva e coletiva, para a prevenção de acidentes de trabalho, doenças

ocupacionais e irregularidades trabalhistas, devendo envolver

representantes da categoria laboral e patronal, podendo contar com a

participação de outros órgãos públicos envolvidos no tema, associações

setoriais e profissionais, e, até mesmo, empresas com grande

representatividade no segmento e representantes dos empregados a elas

vinculados.

Compõem a presente estratégia diversas ações para a implementação

de todas as medidas presentes na alternativa sugerida, tendo sido somadas

as possíveis medidas de mitigação dos riscos avaliadas no Capítulo 9 deste


194

relatório, que trata da identificação e definição dos efeitos e riscos. Nesse

sentido, propõem-se medidas de controle que visam tratar, mitigar ou

evitar os eventos das fontes de risco detectados.

A Tabela 46 apresenta a estratégia de implementação, enumerando as

várias ações necessárias. Cumpre ressaltar que não é objeto desta estratégia

a definição de cronograma com prazos de execução, o que deverá ser

realizado de acordo com as diretrizes da Coordenação-Geral de Segurança e

Saúde no Trabalho da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho.

Tabela 46 - Ações para estratégia de implementação da alternativa sugerida

ITEM DESCRIÇÃO DA AÇÃO DE IMPLEMENTAÇÃO


Fazer a revisão da NR 10, seguindo o procedimento para revisão das
Normas Regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho:
I - elaboração de texto técnico final, por grupo de trabalho tripartite,
coordenado pela Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no
Trabalho da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho;
II - apreciação do texto técnico final pela CTPP, acompanhado de
cronograma de implementação;
III - elaboração de nota técnica pela Subsecretaria de Inspeção do
Trabalho, com a motivação para a publicação da NR, e da proposta de
regulamentação, devendo ser anexadas ao processo administrativo
1
que contenha o relatório de conclusão da AIR ou a nota técnica que
fundamente sua dispensa;
IV - análise da proposta de NR pela Secretaria de Trabalho;
V - encaminhamento da minuta de NR ao órgão jurídico consultivo do
Ministério do Trabalho e Previdência;
VI - encaminhamento do processo administrativo, contendo o registro
dos atos praticados, inclusive o relatório da AIR e a minuta de NR, para
análise e deliberação final do Ministério do Trabalho e Previdência; e
IX - publicação da norma no Diário Oficial da União pelo Ministério do
Trabalho e Previdência.
Ações a serem inseridas durante o procedimento de revisão da NR para
2
mitigar o risco: “Dificuldade no Diálogo Social”
Realizar apresentação inicial para divulgação do texto técnico de forma
2.1
adequada.
Ajustar os números de reuniões bipartites ou tripartites, de acordo com
2.2
a evolução da discussão.
195

Realizar orientações técnicas específicas aos componentes das


bancadas, por meio de especialistas indicados pelas bancadas de
2.3
governo, trabalhadores e empregadores da CTPP, para auxiliar no
processo de revisão de NR.
Ações a serem inseridas durante o procedimento de revisão da NR para
3
mitigar o risco: “Dificuldade de Comunicação Externa”
Elaborar amplo plano de comunicação, buscando a comunicação
3.1
interna e externa sobre a NR.
Elaborar de material de divulgação como, por exemplo: Guias, Manuais,
3.2 Cartilhas, Cartazes, Folders, Vídeos, dentre outros, orientando inclusive
sobre a integração com o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais.
Realizar seminários, webinários, palestras, reuniões técnicas, eventos,
3.3 campanhas publicitárias, encontros e cursos para os envolvidos e para
as representações das partes interessadas da atuação regulatória.
Realizar as ações de comunicação da Campanha Nacional de Prevenção
3.4 de Acidentes do Trabalho - CANPAT e de conteúdos de SST para a
sociedade.
Ações a serem inseridas durante o procedimento de revisão da NR para
mitigar os riscos: “Restrições Relacionadas à Capacidade / Alcance
4
de Auditoria” e “Baixo Nível de Conformidade/ “Compliance” na
Aplicação da Nova Norma”
Capacitar os Auditores-Fiscais do Trabalho que atuam ou que
pretendem atuar na atividade de fiscalização com foco na NR 10,
4.1
elaborando um Projeto Técnico-Pedagógico junto a Escola Nacional da
Inspeção do Trabalho (ENIT).
Elaborar planejamento de fiscalização que traga o melhor resultado
possível e por meio do qual se atinjam os melhores níveis de
cumprimento, contendo, no mínimo: reunião prévia com a equipe de
Auditores-Fiscais do Trabalho para alinhamento e estabelecimento de
4.2 diretrizes mínimas na ação, como procedimentos, estratégias de
abordagem; lavraturas de Notificação e/ou Termos de Compromisso;
realização das fiscalizações diretas ou indiretas para a verificação do
atendimento da Notificação e/ou Termo de Compromisso; dentre
outros.
Buscar uma atuação integrada com outros órgãos federais, estaduais,
distritais e municipais para compartilhamento de informações e
4.3
atuação conjunta na busca de soluções para os problemas afetos à
atuação da Inspeção do Trabalho relativa à NR 10.
Desenvolver uma metodologia de notificação coletiva ou de ação
4.6
especial setorial para a efetividade da inspeção do trabalho.
Ações a serem inseridas durante o procedimento de revisão da NR para
5
mitigar o risco: “Restrições Orçamentárias / Financeiras do Estado”
196

5.1 Acompanhar o andamento da Lei de Diretrizes Orçamentárias anual.


Realizar reunião técnica de acompanhamento com os setores
5.2
responsáveis pela definição do orçamento da União.
Ações a serem inseridas durante o procedimento de revisão da NR para
mitigar os riscos: “Eventos com Emergências do Estado”;
6
“Redirecionamento do Governo” e “Revisões Legislativas de CF 88,
Leis e Decretos”
6.1 Monitorar e prever planos de contingências, quando for o caso.

Complementarmente, apresentam-se nas Tabelas 47 a 52 os

indicadores relevantes para a verificação, de modo quantitativo, do

desempenho das ações implementadas. Cumpre destacar os indicadores

propostos não impõem custos desproporcionais para acompanhamento,

mas sim utilizam dados ou informações já existentes.

Tabela 47 - Indicador: Taxa de Incidência de Acidentes do Trabalho

INDICADOR: Taxa de Incidência de Acidentes do Trabalho


Elemento a ser mensurado A taxa de incidência é um indicador da intensidade com que
acontecem os acidentes do trabalho. Expressa a relação entre as
condições de trabalho e o quantitativo médio de trabalhadores
expostos àquelas condições. Esta relação constitui a expressão
mais geral e simplificada do risco. Seu coeficiente é definido como
a razão entre o número de novos acidentes do trabalho a cada
ano e a população exposta ao risco de sofrer algum tipo de
acidente.
Indicador A taxa de incidência pode ser calculada pela seguinte fórmula:
(número de novos casos de acidentes do trabalho registrados e
não registrados / número médio anual de vínculos) x 1.000.
Parâmetro do cenário inicial A medição do cenário inicial, que servirá de referência para
comparação com o indicador, será definida após a vigência da
norma estabelecida em portaria publicada no Diário Oficial da
União.
Área responsável Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho.
Fontes de dados Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT INFOLOGO),
que é acessado a partir do endereço
https://www.gov.br/previdencia/pt-
197

br/assuntos/previdencia-social/saude-e-seguranca-do-
trabalhador/dados-de-acidentes-do-trabalho.
Frequência de coleta de
Anualmente.
dados
Frequência de cálculo do
Anualmente.
indicador
Meta relacionada ao
A ser atribuída pelo gestor público.
indicador
Data alvo para atingimento
A ser atribuída pelo gestor público.
da meta

Tabela 48 - Indicador: Taxa de Incidência Específica para Acidentes do Trabalho


Típicos

INDICADOR: Taxa de Incidência Específica para Acidentes do Trabalho Típicos


Elemento a ser mensurado A taxa de incidência específica para acidentes do trabalho típicos
considera em seu numerador somente os acidentes típicos, ou
seja, aqueles decorrentes das características da atividade
profissional desempenhada pelo acidentado. Dada a sua
natureza, é calculada tendo em vista somente os acidentes com
CAT registrada, para os quais é possível identificar o motivo do
acidente.
Indicador Essa taxa é calculada segundo a seguinte fórmula:
(número de novos casos de acidentes do trabalho típicos /
número médio anual de vínculos) x 1.000.
Parâmetro do cenário inicial A medição do cenário inicial, que servirá de referência para
comparação com o indicador, será definida após a vigência da
norma estabelecida em portaria publicada no Diário Oficial da
União.
Área responsável Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho.
Fontes de dados Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT INFOLOGO),
que é acessado a partir do endereço
https://www.gov.br/previdencia/pt-
br/assuntos/previdencia-social/saude-e-seguranca-do-
trabalhador/dados-de-acidentes-do-trabalho.
Frequência de coleta de
Anualmente.
dados
Frequência de cálculo do
Anualmente.
indicador
198

Meta relacionada ao
A ser atribuída pelo gestor público.
indicador
Data alvo para atingimento
A ser atribuída pelo gestor público.
da meta

Tabela 49 - Indicador: Taxa de Mortalidade Acidentária

INDICADOR: Taxa de Mortalidade Acidentária


Elemento a ser mensurado A taxa de mortalidade acidentária mede a relação entre o número
total de óbitos decorrentes dos acidentes do trabalho verificados
no ano e a população exposta ao risco de se acidentar.
Indicador A taxa de mortalidade acidentária pode ser calculada pela
seguinte fórmula:
(número de óbitos decorrentes de acidentes do trabalho /
número médio anual de vínculos) x 100.000.
Parâmetro do cenário inicial A medição do cenário inicial, que servirá de referência para
comparação com o indicador, será definida após a vigência da
norma estabelecida em portaria publicada no Diário Oficial da
União.
Área responsável Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho.
Fontes de dados Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT INFOLOGO),
que é acessado a partir do endereço
https://www.gov.br/previdencia/pt-
br/assuntos/previdencia-social/saude-e-seguranca-do-
trabalhador/dados-de-acidentes-do-trabalho.
Frequência de coleta de
Anualmente.
dados
Frequência de cálculo do
Anualmente.
indicador
Meta relacionada ao
A ser atribuído pelo gestor público.
indicador
Data alvo para atingimento
A ser atribuído pelo gestor público.
da meta

Tabela 50 - Indicador: Taxa de Letalidade Acidentária

INDICADOR: Taxa de Letalidade Acidentária


Elemento a ser mensurado A taxa de letalidade acidentária pode ser entendida como a maior
ou menor possibilidade de o acidente ter como consequência a
morte do trabalhador acidentado. É um bom indicador para
medir a gravidade do acidente.
199

Indicador A taxa de letalidade acidentária pode ser calculada pela seguinte


fórmula:
(número de óbitos decorrentes de acidentes do trabalho /
número de acidentes do trabalho registrados e não registrados) x
1.000.
Parâmetro do cenário inicial A medição do cenário inicial, que servirá de referência para
comparação com o indicador, será definida após a vigência da
norma estabelecida em portaria publicada no Diário Oficial da
União.
Área responsável Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho.
Fontes de dados Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT INFOLOGO),
que é acessado a partir do endereço
https://www.gov.br/previdencia/pt-
br/assuntos/previdencia-social/saude-e-seguranca-do-
trabalhador/dados-de-acidentes-do-trabalho.
Frequência de coleta de
Anualmente.
dados
Frequência de cálculo do
Anualmente.
indicador
Meta relacionada ao
A ser atribuído pelo gestor público.
indicador
Data alvo para atingimento
A ser atribuído pelo gestor público.
da meta

Tabela 51 - Indicador: Índice de Gravidade Acidentária

INDICADOR: Índice de Gravidade Acidentária


Elemento a ser mensurado O índice de gravidade indica as ocorrências acidentarias
(acidentes e doenças do trabalho) quanto aos dias perdidos e dias
debitados decorrentes de acidentes e doenças do trabalho.
Indicador O índice de gravidade pode ser calculado pela seguinte fórmula:
IG = (tempo computado / número médio de vínculos) x 1.000, em
que “tempo computado” corresponde à soma dos dias perdidos
e dos dias debitados decorrentes de acidentes e doenças do
trabalho.
Parâmetro do cenário inicial A medição do cenário inicial, que servirá de referência para
comparação com o indicador, será definida após a vigência da
200

norma estabelecida em portaria publicada no Diário Oficial da


União.
Área responsável Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho.
Fontes de dados Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT INFOLOGO),
que é acessado a partir do endereço
https://www.gov.br/previdencia/pt-
br/assuntos/previdencia-social/saude-e-seguranca-do-
trabalhador/dados-de-acidentes-do-trabalho.
Frequência de coleta de
Anualmente.
dados
Frequência de cálculo do
Anualmente.
indicador
Meta relacionada ao
A ser atribuído pelo gestor público.
indicador
Data alvo para atingimento
A ser atribuído pelo gestor público.
da meta

Tabela 52 - Indicador: Índice de Frequência Acidentária

INDICADOR: Índice de Frequência Acidentária


Elemento a ser mensurado O índice de frequência indica frequência em virtude dos
afastamentos decorrentes de acidentes e doenças do trabalho.
Indicador O índice de frequência pode ser calculado pela seguinte fórmula:
IF = (acidentes típicos e doenças registradas com afastamentos /
número médio de vínculos) x 1.000.
Parâmetro do cenário inicial A medição do cenário inicial, que servirá de referência para
comparação com o indicador, será definida após a vigência da
norma estabelecida em portaria publicada no Diário Oficial da
União.
Área responsável Coordenação-Geral de Segurança e Saúde no Trabalho.
Fontes de dados Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT INFOLOGO),
que é acessado a partir do endereço
https://www.gov.br/previdencia/pt-
br/assuntos/previdencia-social/saude-e-seguranca-do-
trabalhador/dados-de-acidentes-do-trabalho.
Frequência de coleta de
Anualmente.
dados
Frequência de cálculo do
Anualmente.
indicador
201

Meta relacionada ao
A ser atribuído pelo gestor público.
indicador
Data alvo para atingimento
A ser atribuído pelo gestor público.
da meta
202

REFERÊNCIAS
203

Referências

BRASIL. Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade - SEAE.

Guia para Elaboração de Análise de Impacto Regulatório. Brasília, 2021.

BRASIL. Sistema Federal de Inspeção do Trabalho SFIT.

CORDEIRO, Ricardo et al. Subnotificação de acidentes do trabalho não

fatais em Botucatu, SP, 2002. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 2, p.

254-260, Apr. 2005.

FERREIRA, Marcelo et al. Vigilância dos acidentes de trabalho em

unidades sentinela em saúde do trabalhador no município de Fortaleza,

nordeste do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, São Paulo, v. 22, n. 10, p. 3393

–3400, Out 2017.

FILGUEIRAS V.A; CARVALHO, S.A. A ocultação do adoecimento laboral no

Brasil. Saúde e segurança do trabalho no Brasil. Brasília: Gráfica

Movimento, 2017.

IBGE. Geração energia elétrica: Our World in Data, mantido na Universidade

de Oxford. https://ourworldindata.org/grapher/electricity-production-by-

source. Acesso: 06/02/2021)

MELLO JORGE, M.H; LATORRE, M.R. Acidentes de trânsito no Brasil: dados

e tendências. Cad. Saúde Pública [online]. 1994, vol.10, suppl.1, pp.S19-S44.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (MPT); ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL

DO TRABALHO (OIT). Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho.

Disponível em: https://smartlabbr.org/sst. Acesso em 28 de maio de 2019.


204

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). A prevenção das

doenças profissionais. Disponível em:

https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/ed_protect/protrav/safework/do

cuments/publication/wcms_221920.pdf. Acesso em 28 de maio de 2019.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. ILO Global Database on

Occupational Safety and Health Legislation (LEGOSH). ILO, Geneva.

Disponível em http://www.ilo.org/dyn/legosh/en/f?p=14100:1:::NO. Acesso

em 15/09/2021.

PINTO, Jeronymo Marcondes. Tendência na incidência de acidentes e

doenças de trabalho no Brasil: aplicação do filtro Hodrick-Prescott. Rev.

bras. saúde ocup., São Paulo, v. 42, e. 10, 2017.

RODRIGUES, O. K; FLEISCHMANN, R. U.; SANTOS, A.A.F. Subnotificação de

Acidentes de Trabalho com morte no Estado do Rio Grande do Sul em 2016:

discrepância das estatísticas previdenciárias. Rev. Esc. Jud TRT4, Porto Alegre,

v.1, n.1, p. 70-100, jan/jun 2019.

SANTANA, V.S; ARAUJO, FILHO, J.B; ALBUQUERQUE OLIVEIRA, P.R. and

BARBOSA-BRANCO, A. Acidentes de trabalho: custos previdenciários e dias

de trabalho perdidos.

Rev. Saúde Pública [online]. 2006, vol.40, n.6, pp.1004-1012


205

ANEXO A
Estudo da Evidência Express (EVEX), assessoria da ENAP, a partir dos dados do
Sistema de Internações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde (SUS). Ressalta-
se que o documento foi digitalizado e inserido na íntegra neste relatório.
206
207
208
209
210
211
212
213
214
215
216
217
218

E R R A T A : onde se lê: “.....não ocorreu uma mudança de nível na série de acidentes por
eletricidade para o período imediatamente após a NR 04...”, leia-se: “NR não ocorreu uma mudança
de nível na série de acidentes por eletricidade para o período imediatamente após a NR 10”.
219
220
221
222
MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
Secretaria de Trabalho

DESPACHO Nº 577/2021/STRAB/SEPRT- ME

Processo nº 19966.101724/2021- 22

1. Trata-se de Análise de Impacto Regulatório - AIR ( 18811562), elaborada pela


Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, para compor o processo de revisão da Norma Regulamentadora
nº 10 (NR 10) - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
2. Nos termos da Portaria SEPRT/ME nº 6.399, de 31 de maio de 2021, que dispõe sobre os
procedimentos para elaboração e revisão das Normas Regulamentadoras de segurança e saúde no
trabalho:
Art. 6º A AIR deve observar as disposições contidas no Decreto nº 10.4 11, de 2020.
§ 1º O disposto no caput não se aplica aos atos normativos previstos § 2º do art. 3º
do Decreto nº 10.4 11, de 2020, bem como pode ser dispensada pela Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho, em decisão fundamentada, nas hipóteses do art.
4 º do referido Decreto.
§ 2º A AIR será concluída por meio de relatório aprovado pela Secretaria de
Trabalho, observado o disposto no art. 6º do Decreto nº 10.4 11, de 2020.
(...)
Art. 7º O relatório de AIR previsto no § 2º do art. 6º será submetido ao Secretário
Especial de Previdência e Trabalho que decidirá, nos termos do § 2º do art. 15 do
Decreto nº 10.4 11, de 2020:
I - pela adoção de alternativa ou de combinação de alternativas sugerida no relatório
da AIR;
II - pela necessidade de complementação da AIR; ou
III - pela adoção de alternativa diversa daquela sugerida no relatório, inclusive quanto
às opções de inação ou soluções não normativas.
§ 1º O relatório de AIR ou a nota técnica que fundamente a dispensa de AIR será
publicado em sítio específico no portal gov.br, ressalvadas as informações com
restrição de acesso, nos termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
§ 2º Na hipótese de ser decidido pela elaboração ou revisão de NR, seguem-se os
procedimentos previstos nesta Portaria.

3. Nesse sentido, a Nota Técnica SEI nº 44737/2021/ME (18796274) apresenta os


fundamentos da revisão normativa pretendida e concluiu que "a revisão normativa como a melhor
alternativa para o enfretamento do problema regulatório detectado ."
4. Para tanto, apresenta o Relatório de AIR (18811562), com uma avaliação acerca dos
impactos do processo de revisão da Norma Regulamentadora nº 10 - Segurança em Instalações e
Serviços em Eletricidade, definindo o problema regulatório detectado, suas causas, sua extensão e a
necessidade de melhoria contínua, levando em consideração:
a) revisão normativa como a melhor alternativa para a resolução de conflito normativo; e
b) harmonização com outras normas gerais e para o preenchimento de lacunas
regulamentares existentes.

5. Nesses termos, conforme estabelece o § 2º do art. 6º da Portaria nº 6.399, de 2021,


Despacho Numerado 577 (18840882) SEI 19966.101724/2021-22 / pg. 1
aprovo a presente Análise de Impacto Regulatório, submetendo aos autos ao Senhor Secretário
Executivo para que, se de acordo, decida pela adoção de combinação de alternativas sugeridas no
relatório, a saber:

Revisar o texto g eral da NR 10, de maneira a promover a atualização e harmonização com outras
normas de SST;
Potencializar a ação direta do Governo Federal, por meio da inspeção do trabalho com foco no
novo texto da NR 10;
Elaborar um plano de comunicação para conscientização do novo texto da NR 10; e
Ampliar o conhecimento da nova NR 10, por meio da atualização do atual manual de interpretação
ou da elaboração de um g uia de orientações sobre a aplicabilidade do novo texto normativo.

Documento assinado eletronicamente


LUIS FELIPE BATISTA DE OLIVEIRA
Secretário de Trabalho

Documento assinado eletronicamente por Luis Felipe Batista Oliveira,


Secretário(a), em 23/09/2021, às 17:49, conforme horário oficial de Brasília,
com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro
de 2020.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


https://sei.economia.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código
verificador 18840882 e o código CRC DE228DEC.

Referência: Pro cesso nº 19966.101724/2021-22. SEI nº 18840882

Despacho Numerado 577 (18840882) SEI 19966.101724/2021-22 / pg. 2


MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
Gabinete do Ministro

DESPACHO DECISÓRIO Nº 56/2021/MTP

Processo nº 19966.101724/2021-22

1. Trat a-se de Análise de Impact o Regulat ório - AIR ( 18811562),


elaborada pela Subsecret aria de Inspeção do Trabalho, para compor o processo
de revisão da Norma Regulament adora nº 10 (NR 10), que dispões
sobre Segurança em Inst alações e Serviços em Elet ricidade.
2. Nos t ermos do Despacho da Secret aria Execut iva
(19287722), decido pela adoção da combinação de alt ernat ivas sugerida na
Análise de Impact o Regulat ório – AIR (18811562), nos t ermos do inciso I do art .
7° da Port aria SEPRT/M E nº 6.399, de 31 de maio de 2021, desde que
enquadradas nas at uais previsões cont rat uais e disponibilidades orçament árias e
financeiras vigent es.

Brasília, 08 de out ubro de 2021.

Document o assinado elet ronicament e


ONYX DORNELLES LORENZONI
M inist ro de Est ado do Trabalho e Previdência

Documento assinado eletronicamente por Onyx Dornelles Lorenzoni,


Ministro(a) de Estado do T rabalho e Previdência, em 08/10/2021, às
17:53, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º
do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


https://sei.economia.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código
verificador 19331136 e o código CRC 623C8E18.

Referência: Processo nº 19966.101724/2021-22. SEI nº 19331136

Despacho Decisório 56 (19331136) SEI 19966.101724/2021-22 / pg. 3

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