Quadro de Gestão Ambiental e Social - 2
Quadro de Gestão Ambiental e Social - 2
Quadro de Gestão Ambiental e Social - 2
República de Moçambique
MINISTÉRIO DO GÉNERO, CRIANÇA E ACÇÃO SOCIAL
INSTINSTITUTO NACIONAL DE ACÇÃO SOCIAL, IP
Public Disclosure Authorized
(P174783)
Public Disclosure Authorized
VERSÃO DRAFT
Public Disclosure Authorized
Dezembro, 2020
ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
AA Avaliação Ambiental
EAS Estudo Ambiental Simplificado
AIAS Avaliação do Impacto Ambiental e Social
ANE Administração Nacional de Estradas
ARA Administração Nacional de Águas
BM Banco Mundial
DEP Departamento de Estradas e Pontes
DGA Departamento de Gestão Ambiental
DIA Departamento de Inspecção Ambiental
DMPUA Direcção Ambiental de Planeamento Urbano Ambiental
DNARH Direcção Nacional de Águas e Recursos Hídricos
DNAIA Direcção Nacional de Avaliação de Impacto Ambiental
DINAB Direcção Nacional do Ambiente
DINAPOT Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial
DNOTR Direcção Nacional de Ordenamento Territorial e Reassentamento
DPA Direção Provincial de Agricultura
DPCA Direcção Ambiental de Coordenação Ambiental
DPTADER Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
DPOPH Direcção Provincial de Obras Públicas e Habitação
DPU Departamento de Planeamento Urbano
EA Environmental Assessment
ENSSB Estratégia Nacional de Segurança Social Básica
EPDA Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito
2
EIA Environmental Impact Assessment
ESMP Environmental and Social Management Plan
ESMF Environmental and Social Management Framework
FA1 Financiamento Adicional Um
FA2 Financiamento Adicional Dois
FI Financiamento Inicial
FIAP Ficha de Informação Ambiental Preliminar
GM Governo de Moçambique
INAS Instituto Nacional de Acção Social
MTA Ministério da Terra e Ambiente
MGCAS Ministério do Género, Criança e Acção Social
MOPHRH Ministério de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos
PAR Plano de Acção de Reassentamento
PGAS Plano de Gestão Ambiental e Social
QGAS Quadro de Gestão Ambiental e Social
QPR Quadro de Política de Reassentamento
SDAE Serviço Distrital de Actividades Económicas
SDPI Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas
SEA Simplified Environmental Assesment
SPA Serviços Provinciais Agrários
SPER Serviços Provinciais de Extensão Rural
TDR Termos de Referência
UASMA Unidade de Assuntos Sociais e de Meio Ambiente
USD United States Dollar – Dolar dos Estados Unidos
3
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Áreas territoriais abrangidas pelas Fases 1 e 2 do FA 3 ....................................7
Figura 2 - Número de eventos climáticos entre 1950 e 2010 (MITADER, 2013) ...............27
Figura 3 - Desastres naturais por região, entre 1956 e 2008 (adaptado de INGC, 2009) ..27
Figura 4 – Distribuição do Índice de Pobreza Muldimensional ...........................................28
Figura 5 - Processo de queixas e reclamações..................................................................50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Áreas territoriais abrangidas pelo FA3 ...............................................................6
Tabela 2 - Políticas de Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial ...................8
Tabela 3 - Tipo de EPI recomendado ...................................................................................9
Tabela 4 - Políticas de salvaguardas aplicáveis ao Projecto..............................................13
Tabela 5 - Comparação entre Legislação Moçambicana relevante e do Banco Mundial ...23
Tabela 6 - Síntese de Potenciais Impactos e Riscos e Medidas de Mitigação ..................37
Tabela 7 – Plano de Acção para prevenção e controle de Covid-19 .................................40
Tabela 8 – Plano de Acção para Violência Baseada no Género........................................41
Tabela 9 – Plano de Envolvimento de Partes Interessadas ...............................................45
Tabela 10 - Orçamento estimadopara implementação do QGAS do FA3..........................54
2
SUMÁRIO EXECUTIVO
1. Introdução
O Governo de Moçambique (GoM), através do Ministério do Género, Criança e Acção Social
(MGCAS) vem implementando, desde 2013, o Projeto de Proteção Social (P129524) tendo
como objectivo fornecer apoio temporário ao rendimento das famílias extremamente pobres
e para apoiar o desenvolvimento de um sistema de rede de segurança social. O projecto
inicial focou-se em trabalhos públicos com uso intensivo de mão-de-obra, tendo sido
complementado por financiamentos adicionais, que passaram também a incluir
Transferências Directas para apoio a famílias mais vulneráveis, designadamente para
prestação de assistência social pós emergência na Província de Gaza, após a seca
derivada do El Nino em 2016 (Financiamento Adicional 1 - P161351), e para o apoio na
Resposta aos Ciclones Idai e Kenneth, nas províncias de Sofala, Manica e Cabo Delgado
em 2019 (Financiamento Adicional 2 - P170327). O projecto está a ser implementado pelo
Ministério do Género, Criança e Acção Social (MGCAS), através do Instituto Nacional de
Acção Social (INAS), sendo actualmente considerado satisfatório o nível de concretização
dos objectivos de desenvolvimento do projecto (ODP).
Desde Fevereiro de 2020, Moçambique tem sido afectado pela pandemia COVID-19, que
levou a que o GoM estabelecesse medidas de confinamento para contenção da propagação
do vírus, com graves implicações na actividade económica, reduzindo a capacidade de
compra e afectando seriamente as famílias das áreas urbanas e peri-urbanas cujos
rendimentos se baseiam no sector informal. Em resposta à crise da COVID-19, o Governo
desenvolveu um Plano de Resposta de Protecção Social COVID-19 para mitigar o impacto
nos pobres e vulneráveis.
O proposto Financiamento Adicional 3 (FA 3) do Projecto de Protecção Social tem como
objectivo apoiar o GoM na implementação do seu Plano de Resposta de Protecção Social
COVID-19, mais precisamente no reforço de transferências directas a famílias vulneráveis,
afectadas pelos impactos económicos do COVID-19.
O Projecto de Protecção Social está a ser desenvolvido ao abrigo das Políticas de
Salvaguarda do Grupo Banco Mundial, tendo sido accionadas a Política Operacional OP/BP
4.01 relativa à Avaliação Ambiental e a Política Operacional OP/BP 4.12 relativa ao
Reassentamento Involuntário. Ao abrigo da OP4.01 o projecto foi classificado com a
categoria B, o que levou à preparação de um Quadro de Gestão Ambiental e Social (QGAS),
actualizado em 2017 e 2019, aquando da aprovação do financiamento adicional 2. Foi
também elaborado e actualizado um Quadro de Política de Reassentamento (QPR). Em
ambos os casos os documentos passaram por processos de consulta pública envolvendo
representantes do actual Ministério de Terras e Ambiente (MTA), dos municípios de Maputo
e Chicualacuala e organização e não-governamentais (ONGs), designadamente Programa
Mundial de Alimentos e a Habitafrica, para além de visitas e entrevistas em locias de
implementação de actividades do projecto.
Uma vez que não haverá alteração na área territorial de implantação, nem nas actividades,
que estarão limitadas a apoio através de Transferências Directas, o FA 3, continuará a se
reger pelas Políticas Operacionais de Salvaguarda do Banco Mundial, em vez do novo
Quadro Ambiental e Social, aprovado em 2018, pelo Grupo Banco
3
O presente documento constitui uma Versão Draft da actualização do QGAS para o FA 3,
que tem em consideração lições aprendidas durante as fases anteriores de implementação
e integra novos riscos relacionados com o COVID-19, bem como outros identificados. Este
QGAS incorpora os contributos da Avaliação Social Rápida realizada para o FA3. A
actualização do QPR para o FA 3 constitui um documente autónomo.
O QGAS visa assegurar o cumprimento dos requisitos ambientais e sociais nacionais, bem
como o cumprimento das salvaguardas sociais e ambientais do Banco Mundial e as suas
Directrizes Gerais e Específicas para o Ambiente, Saúde e Segurança. Inclui uma
identificação preliminar de possíveis impactos ambientais e sociais, define procedimentos
para avaliação ambiental e social e gestão de potenciais riscos e impactos, definindo
arranjos institucionais necessários, capacitação e orçamento para implementação.
O QGAS é um instrumento dinâmico que deve ser revisto periodicamente para ser
actualizado e incluir lições aprendidas. O QGAS é um instrumento dinâmico que deve ser
revisto periodicamente para ser actualizado e incluir lições aprendidas. Esta Versão Draft
do QGAS será divulgada publicamente em Moçambique, no website do INAS e no website
do Banco Mundial
2. Descrição do Projecto
O Governo de Moçambique, através do Ministério do Género, Criança e Acção Social
(MGCAS) desde 2013, tem vindo a o Projeto de Proteção Social (P129524) financiado pelo
Banco Mundial, tendo como objectivo fornecer apoio temporário ao rendimento das famílias
extremamente pobres e para apoiar o desenvolvimento de um sistema de rede de
segurança social.
O projecto inicial focou-se no reforço institucional e capacitação para apoiar a consolidação
da Estratégia Nacional de Segurança Social Básica, bem como em apoio às famílias mais
vulneráveis através de um programa de trabalhos públicos com uso intensivo de mão-de-
obra (PASP). Na sequência da emergência da seca provocada pelo do El Nino em 2016,
na província de Gaza, este programa teve uma Financiamento Adicional (FA1) para apoiar
a famílias afectadas, que passou também a incluir transferências directas para as famílias
mais vulneráveis. Em 2019, para fazer face à pós-emergência dos ciclones Idai e Kenetth
que fustigaram as províncias de Sofala, Manica e Cabo Delgado foi aprovado um novo
Financiamento Adicional (FA2), apoio às famílias mais vulneráveis afectadas.
O Projecto de Protecção Social, juntamente com os financiamentos adicionais (FA1 e FA2)
compreende assim, as seguintes três componentes:
Componente 1: Fortalecimento institucional e criação de capacidades para apoiar a
consolidação da Estratégia Nacional de Segurança Social Básica. O objectivo desta
componente é duplo: (i) apoiar o Governo de Moçambique (GoM) a criar e melhorar a
cadeia de fornecimento do sistema e os instrumentos fundamentais para a
implementação da Estratégia Nacional de Protecção Social (ENSSB); e (ii) desenvolver
as capacidades do INAS a nível central e local para implementar e monitorizar
programas de protecção social.
Componente 2: Trabalhos Públicos com uso intensivo de mão-de-obra. Esta
componente visa fornecer apoio ao rendimento sazonal aos agregados familiares
pobres através da sua participação em obras públicas.
Componente 3. Transferências Directas de dinheiro. Esta componente fornece apoio
ao rendimento aos agregados familiares afectados por choques naturais ou provocados
4
pelo homem através de Transferências Diretas de Dinheiro (ECT) para pós
emergência, e a outros agregados familiares vulneráveis com base em critérios de
elegibilidade previamente definidos.
O projecto está a ser implementado pelo Ministério de Género, Criança e Acção Social
através do Instituto Nacional de Acção Social (INAS) e é actualmente considerado
satisfatório o nível de concretização dos objectivos de desenvolvimento do projecto (ODP).
Desde Fevereiro 2020 Moçambique foi afectado pela pandemia Covid-19, que levou ao
estabelecimento de Estado de Emergência em 30 de Março de 2020, com implicações na
actividade económica, reduzindo a capacidade de compra e afectando seriamente as
famílias das áreas urbanas e peri-urbanas cujos rendimentos se baseiam no sector
informal. A 7 de Setembro, Moçambique passou de um Estado de Emergência para um
Estado de Calamidade Pública que preserva muitas das medidas de prevenção do Estado
de Emergência, embora com o gradual reinício das actividades sociais e económicas, em
coordenação com as autoridades sanitárias. Contudo, a população continua a ser
convidada a continuar a respeitar as medidas preventivas.
Em resposta à crise da COVID-19, o Governo desenvolveu um Plano de Resposta de
Protecção Social COVID-19 para mitigar o impacto nos pobres e vulneráveis. O plano tem
dois pilares:
Pilar 1 Transferências monetárias incondicionais adicionais aos beneficiários que vêm
sendo assistidos nos programas de protecção social básica do INAS. Este cobre mais
de 592.000 beneficiários existentes nos programas, a maioria deles em áreas rurais e
com uma maior incidência de pobreza. Este pilar tem um custo estimado de 27,1
milhões de dólares e será suportado pelo Projecto de Recuperação a Emergência do
Idai e Kenneth (P171040) e complementado pelo FA3.
Pilar 2 Aumenta a cobertura das Transferências Diretas em Dinheiro para resposta de
emergência a pouco mais de 1100.000 agregados familiares em situação de pobreza
e vulnerabilidade em áreas urbanas e periurbanas que não faziam parte de nenhum
programa do INAS. Destes, 291.000 agregados familiares já foram inscritos no
programa PASD-PE e serão suportados pelo Projecto de Recuperação a Emergência
do Idai e Kenneth (P171040) e pelo FA3, com um custo estimado de 52,6 milhões de
dólares. A selecção dos beneficiários baseou-se num mapa multidimensional da
pobreza a nível do bairro realizado pelo Ministério da Economia e Finanças, e nos
critérios de elegibilidade e priorização do INAS utilizados em operações de emergência
anteriores, dendo se dado prioridade às famílias chefiadas por mulheres, com crianças
menores de cinco anos, idosos, entre outros critérios. O custo da total suportados pelo
Banco Mundial nos dois pilares do plano de resposta da protecção social à Covid-19 é
de 79,7 milhões de dólares.
O INAS já iniciou a implementação da resposta com o apoio do Banco Mundial. O Governo
de Moçambique solicitou a activação do CERC no Projecto de Recuperação e Resiliência
de Emergência (P171040), alocando 53,5 milhões de dólares americanos para financiar a
Resposta da Protecção Social COVID. Os fundos do CERC permitiram ao INAS lançar a
implementação da Resposta COVID-19 em ambos os pilares, incluindo os registos dos
beneficiários e a entrega de benefícios.
O Financiamento Adicional 3 (FA3) do Projeto de Proteção Social irá reforçar o o apoio do
Banco Mundial ao Governo de Moçambique, na implementação do Plano de Resposta de
Protecção Social COVID-19.
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Objectivo e Componentes do FA3
O FA3 mantém o objectivo de desenvolvimento (ODP) inicial do Projecto de Protecção
Social, que consiste em “oferecer apoio temporário de rendimentos a agregados familiares
extremamente pobres e pôr em prática os elementos constitutivos de um sistema de
segurança social básica”.
As três componentes do projecto e as disposições de implementação existentes serão
mantidas. As actividades do projecto serão, contudo, modificadas para reflectir a expansão
dos programas através dos pagamentos adicionais (Pilar Um) ou através de uma cobertura
alargada (Pilar Dois).
Componente 1. Esta componente não será modificada e suportará os custos operacionais
associados à entrega de programas de assistência social.
Componente 2. Esta componente de trabalhos públicos com mão-de-obra intensiva
suspendeu a implementação de projectos, em resposta à pandemia Covid-19. Os
beneficiários passaram a receber subsídios adicionais.
Componente 3. Esta componente irá aumentar a cobertura das Transferências Diretas de
Dinheiro para as duas subpopulações e em áreas cobertas pelo projeto atual:
Passará a entregar Pagamentos Adicionais (Pilar 1) aos beneficiários do Programa
Transferências Diretas de em Dinheiro para 592.000 famílias vulneráveis existentes
nos programas, que é implementado no âmbito do actual Projecto de Protecção
Social.
Alargará a cobertura das Transferências Diretas de Dinheiro para resposta de
emergência (PASD-PE) a 291.000 famílias urbanas e peri-urbanas do Pilar 2 que
não faziam parte dos programas do INAS (sendo 60% mulheres). O registo das
291.000 famílias já foi concluído com o apoio do Projecto de Protecção Social e do
financiamento do Projecto de Resposta e Resiliência de Emergência. Esta expansão
terá lugar em unidades administrativas (delegações) abrangidas pelo actual
projecto. Os pagamentos serão efectuados principalmente por empresas móveis e
outras instituições financeiras para explorar a conectividade e as redes de agências
de pagamento. O INAS tem protocolos claros de encriptação e partilha de dados
com as empresas móveis que permitem minimizar a utilização inadequada da
informação dos beneficiários.
6
nas áreas de implementação para acelerar a prestação de serviços. A implementação de
transferências monetárias em zonas urbanas e peri-urbanas irá maximizar a utilização de
transferências electrónicas.
O FA3 irá abranger distritos já anteriormente abrangidos pelo Projecto de Protecção Social
e seus anteriores financiamentos adicionais. A selecção das áreas urbanas e peri-urbanas
que serão cobertas no âmbito do Pilar 2 foi efectuada com base num mapa multidimensional
da pobreza preparado pelo Ministério da Economia e Finanças, apoiado pelo projecto de
Estatísticas Nacionais e Dados para o Desenvolvimento financiado pelo Banco Mundial
(P162621), que identifica os distritos prioritários. A selecção de bairros específicos (bairros)
baseou-se nos indicadores do recente censo populacional e incluiu áreas com grandes
populações vulneráveis ou com elevada exposição à COVID-19, tal como distritos em
fronteiras com grandes fluxos populacionais. A selecção dos beneficiários dentro de bairros
seleccionados baseia-se nos critérios de vulnerabilidade do INAS utilizados em operações
de emergência anteriores, dando prioridade às famílias chefiadas por mulheres, com
crianças menores de cinco anos, idosos, entre outros.
Banco Mundial possui dez Políticas de Salvaguarda do, criadas para apoiar o processo de
tomada de decisão, assegurando que os projectos financiados pelo Banco são
ambientalmente e socialmente sustentáveis. Estas Políticas Operacionais (PO) incluem:
Avaliação Ambiental (PO 4.01), Habitats Naturais (PO 4.04), Floresta (OP 4.36), Gestão
Integrada de Pragas (PO 4.09), Património Cultural (PO 4.11), Povos Indígenas (PO 4.10),
Reassentamento Involuntário (PO 4.12), Segurança de Barragens (PO 4.37), Projectos em
Águas Internacionais (PO 7.50) e Projectos em Áreas Controversas (PO 7.60). O Banco
Mundial considerou que o Financiamento Adicional do Projecto de Protecção Social acciona
as políticas de Avaliação Ambiental e de Reassentamento Involuntário.
De acordo com a política de Avaliação Ambiental, o Projecto foi classificado com a
Categoria B, tendo sido requerida a preparação de um Quadro de Gestão Ambiental e um
Quadro de Política de Reassentamento, que foram actualizados para os financiamentos
adicionais 1 e 2.
7
Regulamento Geral de Higiene e Segurança do Trabalho (Diploma legislativo n.º
48/73 de 5 de Julho)
Embora tenha haja uma relativa harmonização entre a legislação ambiental e social
moçambicana e as Políticas de Salvaguardas do Banco Mundial, ainda há diferenças em
alguns aspectos. No âmbito deste projecto, sempre que existir um conflito entre a legislação
nacional e as políticas de salvaguardas do Banco Mundial, esta última prevalece.
1
A pobreza multidimensional refere-se a outras dimensões de privação, para além do consumo, que influenciam o bem-estar
das famílias, sendo calculado através do acesso a um conjunto de seis elementos mais estáveis: 1) pelo menos um membro
do agregado familiar ter finalizado a escola primária completa; 2) Acesso a fonte de água segura; 3) Acesso a saneamento
melhorado; 4) Casa com cobertura com materiais convencionais; 5) Acesso a saneamento melhorado; 6) Posse de bens
duráveis. É considerado pobre o agregado familiar privado de pelo menos quatro destes seis indicadores.
8
parceiro íntimo. as mulheres nas zonas urbanas estão mais expostas à violência sexual do
que as mulheres nas zonas rurais. Há elevados níveis de violência contra raparigas na
escola. Entre as diferentes províncias, a maior prevalência de violência sexual contra as
mulheres foi registada em Sofala, seguida de Manica e Gaza. Os dados mais baixos foram
observados em Cabo Delgado e Tete.
Moçambique é um dos países mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, dada a sua
localização na zona de convergência inter-tropical, a jusante de diversas bacias
hidrográficas partilhadas e com uma longa costa, com áreas adjacentes de altitude abaixo
do actual nível das águas do mar. O facto de grande parte da população residir na faixa
costeira, de haver níveis elevados de pobreza, fragilidades nas infraestruturas e
equipamentos sociais (com destaque para saúde e saneamento) e baixa capacidade
financeira por parte do Governo para implementar medidas de adaptação contribui para a
elevada vulnerabilidade (MICOA, 2012).
Em 2015 foi aprovada a Estratégia Nacional de Segurança Social Básica (ENSSB) para o
período de 2016 a 2024, que estabelece quatro objectivos fundamentais a alcançar:
1) Reforçar o nível de consumo e a resiliência das camadas da população vivendo em
situação de pobreza e vulnerabilidade;
2) Contribuir para o desenvolvimento do capital humano, através da melhoria de
nutrição, do acesso aos serviços básicos de saúde e educação da população
vivendo em situação de pobreza e vulnerabilidade;
3) Prevenir e mitigar os riscos de violência, abuso, exploração, discriminação e
exclusão socia, através de serviços de acção social;
4) Desenvolver a capacidade institucional para a implementação e coordenação do
subsistema de segurança social básica.
Actualmente Moçambique encontra-se num momento fraco da sua história económica, em
que procura recuperar de grandes choques: a crise da dívida oculta e os efeitos
devastadores dos ciclones Idai e Kenneth em 2019. A crise da dívida surge em 2016,
quando são identificados grandes empréstimos externos anteriormente não revelados, que
abalaram a confiança no país, reduzindo o apoio externo, com consequente aumentou nos
níveis da dívida e redução do crescimento económico. Em 2019, a situação é agravada na
sequência dos ciclones Idai e Kenneth, que vieram causaram graves danos às
infraestruturas e meios de subsistência, das populações das províncias de Sofala, Manica
e Cabo Delgado diminuindo ainda mais o crescimento económico e o bem estar da
população.
Desde o início da pandemia, um número total de casos confirmados aumentou para 15.037
(a partir de 23 de Novembro de 2020). Em 30 de Março, foi declarado o Estado de
Emergência, impondo limitações aos movimentos no interior do país e às entradas na
fronteira, entre outras medidas. A 7 de Setembro, Moçambique passou de um Estado de
Emergência para um Estado de Calamidade Pública que preserva muitas das medidas de
prevenção do Estado de Emergência, embora com o gradual reinício das actividades
sociais e económicas, em coordenação com as autoridades sanitárias. Contudo, a
população continua a ser convidada a continuar a respeitar as medidas preventivas.
Dada a profundidade da crise da COVID-19, espera-se que a já difícil situação de pobreza
de Moçambique se agrave ainda mais. É provável que os meios de subsistência, a
segurança alimentar e a nutrição se agravem à medida que os rendimentos são afectados
pelo abrandamento da actividade económica. Espera-se que os impactos negativos nos
rendimentos sejam sentidos relativamente mais nas zonas urbanas e periurbanas onde as
9
medidas de distanciamento social e o encerramento de empresas estão a ter mais efeito.
Espera-se, pois, que a pandemia afecte predominantemente as populações em situação de
pobreza nestas áreas, afectando as suas fontes de rendimento provenientes do trabalho
informal e do trabalho por conta própria. Estima-se que a taxa de pobreza urbana de
Moçambique empurre mais 300.000 pessoas urbanas para a pobreza, devido ao
desemprego e à perda de rendimentos, ao aumento dos preços e a uma deterioração dos
serviços públicos.
As simulações dos efeitos da COVID-19 mostram um aumento da pobreza urbana de 32
para 42,9% num cenário com uma redução de 25% do consumo. Está também previsto um
aumento considerável da pobreza nas zonas rurais, com maior vulnerabilidade devido ao
menor acesso a serviços de saúde e saneamento, e a taxas mais elevadas de subnutrição
e pobreza extrema. A situação de insurgência na Província de Cabo Delgado tem
agudizado a situação humanitária na região, sendo também de referir problemas de
instabilidade e segurança na região Centro.
Espera-se também que as mulheres sejam afectadas ainda mais severamente pelos
diversos impactos sociais e económicos da crise. Devido os elevados níveis de
desigualdade de género no país e as normas sociais patriarcais, é de esperar um aumento
significativo do peso das mulheres e raparigas como cuidadoras, especialmente entre os
agregados familiares chefiados por mulheres. Além disso, com as dificuldades económicas,
uma perda esperada nas receitas do Governo pode levar a uma queda no financiamento
de serviços sociais fundamentais, tais como a educação e a saúde. A COVID-19 pode
também ter custos educacionais para as raparigas e consequências relacionadas com as
condições económicas, uma vez que as suas múltiplas responsabilidades de cuidados
podem levar a um encargo significativo no seu tempo, levando ao abandono escolar.
Nas zonas rurais, as mulheres e crianças podem estar em maior risco de contágio,
designadamente por se reunirem nos fontanários comunitários, que podem constituir um
centro de contágio. Por outro lado, as taxas mais elevadas de analfabetismo (56 contra 23%
em ambientes urbanos) podem também torná-las particularmente vulneráveis se os
protocolos de saúde pública não forem devidamente divulgados e permitirem a sua
compreensão dos riscos e medidas.
As disparidades de género pré-existentes podem vir a agravar a desvantagem das
mulheres e o seu empobrecimento durante e após a pandemia, podendo também haver
agravamento da violência baseada no género.
Assim, a implantação de redes de segurança social para proteger os indivíduos em situação
de pobreza e vulnerabilidade é crucial para mitigar os efeitos socioeconómicos negativos
da COVID-19.
10
atenção, requerendo a implementação de medidas de mitigação para melhorar a
sustentabilidade ambiental e social do Projecto.
Os potenciais riscos e impactos ambientais e socias identificados estão relacionados
essencialmente com questões sociais associadas à elegibilidade para a assistência,
potenciais riscos relacionados com violência baseada em género, riscos de propagação do
COVID-19 na comunidade e no meio laboral e impactos relacionados com a gestão de
resíduos de materiais potencialmente contaminados com COVID-19.
Na tabela seguinte apresenta-se a síntese dos potenciais impactos e riscos ambientais e
sociais , as medidas de potenciação / mitigação propostas e os instrumentos de gestão em
que devem estar inseridas.
11
Componente Potenciais riscos Medidas de potenciação / mitigação Plano
Maior protecção social para Comunicação efectiva e abrangente sobre o PEPI
enfrentar o choque provocado Projecto e elegibilidade
pela pandemia COVID-19 e
maior resiliência a choques por
Protecção outras emergências
Social
Desenvolvimento o sentimento Campanhas de sensibilização sobre o carácter PEPI
de dependência temporário da assistência
Divulgação de programas de inclusão PEPI
económica
Critérios de elegibilidade não Envolvimento de partes interessadas na PEPI
priorizam todas as categorias definição dos critérios de elegibilidade, que
de indivíduos grupos mais assegurem a integração dos indivíduos/grupos
vulneráveis mais vulneráveis
Indivíduos/grupos mais Comunicação efectiva e abrangente sobre o PEPI
vulneráveis não beneficiam do Projecto e elegibilidade, com foco nos grupos
Projecto mais vulneráveis
Envolvimento de partes interessadas que PEPI
Abrangência possam efectivamente apoiar na identificação
de Grupos dos mais vulneráveis
Vulneráveis Assistência na apresentação de queixa MQR
relativas a não elegibilidade
Definição de formas de pagamento que
assegurem a abrangência de pessoas com
falta de acessibilidade aos pontos de
levantamento das transferências
Campanhas de sensibilização sobre o carácter PEPI
temporário da assistência
Divulgação de programas de inclusão PEPI
económica
Riscos de tensões entre Divulgação de mensagens claras e PEPI
beneficiários e não transparentes sobre os critérios de
Coesão e
beneficiários da mesma elegibilidade
Tensão Social
comunidade e consequentes
críticas ao programa Acesso a MQR, que analisa e responde de MQR
forma clara e transparente, num curto espaço
de tempo
Risco de abuso e exploração Promoção de acções de sensibilização e PA-VBG
sexual (AES) por parte de capacitação de todos os funcionários
funcionários, sobre candidatos envolvidos, sobre VBG / AES e sobre a não
ou beneficiários tolerância de maus comportamentos
Violência Divulgação na comunidade da não tolerância a PA-VBG
Baseada no VBG / AES e sobre a possibilidade de
Género apresentação de queixa através do MQR e do
seu princípio de confidencialidade,
centralidade de sobrevivência, e segurança de
sobrevivência
Definição de canais apropriados para recepção MQR-VBG
de queixas de VBG / AES,
12
Definição de formas de tratamento da queixa e MQR-VBG
penalizações dos infractores
Risco de violência doméstica Divulgação na comunidade da possibilidade de PA-VBG
baseada em género apresentação de queixa através do MQR e do
seu princípio de confidencialidade,
centralidade de sobrevivência, e segurança de
sobrevivência
Campanha de sensibilização contra violência PA-VBG
doméstica baseada em género, em
colaboração com outras organizações
13
Gestão de disposição adequada dos sólidos (incluindo papel e máscaras) em
Resíduos resíduos sólidos gerados caixotes do lixo
Sólidos durante a implementação do
Projecto Disposição dos resíduos gerados em locais PGRS
adequados, definidos, pelo especialista
ambiental do Projecto conjuntamente com as
autoridades locais
PA-COVID19 - Protocolo de Controle de Infecção por COVID-19 e Prevenção
PA-VBG – Plano de Acção para Violência Baseada em Género
PEPI – Plano de Envolvimento de Partes Interessadas
MQR – Mecanismo de Queixas e Reclamações
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1 INTRODUÇÃO
O Governo de Moçambique (GoM), através do Ministério do Género, Criança e Acção Social
(MGCAS) vem implementando, desde 2013, o Projeto de Proteção Social (P129524) tendo
como objectivo fornecer apoio temporário ao rendimento das famílias extremamente pobres
e para apoiar o desenvolvimento de um sistema de rede de segurança social. O projecto
inicial focou-se em trabalhos públicos com uso intensivo de mão-de-obra, tendo sido
complementado por financiamentos adicionais, que passaram também a incluir
Transferências Directas para apoio a famílias mais vulneráveis, designadamente para
prestação de assistência social pós emergência na Província de Gaza, após a seca
derivada do El Nino em 2016 (Financiamento Adicional 1 - P161351), e para o apoio na
Resposta aos Ciclones Idai e Kenneth, nas províncias de Sofala, Manica e Cabo Delgado
em 2019 (Financiamento Adicional 2 - P170327). O projecto está a ser implementado pelo
Ministério do Género, Criança e Acção Social (MGCAS), através do Instituto Nacional de
Acção Social (INAS), sendo actualmente considerado satisfatório o nível de concretização
dos objectivos de desenvolvimento do projecto (ODP).
Desde Fevereiro de 2020, Moçambique tem sido afectado pela pandemia COVID-19, que
levou a que o GoM estabelecesse medidas de confinamento para contenção da propagação
do vírus, com graves implicações na actividade económica, reduzindo a capacidade de
compra e afectando seriamente as famílias das áreas urbanas e peri-urbanas cujos
rendimentos se baseiam no sector informal. Em resposta à crise da COVID-19, o Governo
desenvolveu um Plano de Resposta de Protecção Social COVID-19 para mitigar o impacto
nos pobres e vulneráveis.
O proposto Financiamento Adicional 3 (FA 3) do Projecto de Protecção Social tem como
objectivo apoiar o GoM na implementação do seu Plano de Resposta de Protecção Social
COVID-19, mais precisamente no reforço de transferências directas a famílias vulneráveis,
afectadas pelos impactos económicos do COVID-19.
O Projecto de Protecção Social está a ser desenvolvido ao abrigo das Políticas de
Salvaguarda do Grupo Banco Mundial, tendo sido accionadas a Política Operacional OP/BP
4.01 relativa à Avaliação Ambiental e a Política Operacional OP/BP 4.12 relativa ao
Reassentamento Involuntário. Ao abrigo da OP4.01 o projecto foi classificado com a
categoria B, o que levou à preparação de um Quadro de Gestão Ambiental e Social (QGAS),
actualizado em 2017 e 2019, aquando da aprovação do financiamento adicional 2. Foi
também elaborado e actualizado um Quadro de Política de Reassentamento (QPR). Em
ambos os casos os documentos passaram por processos de consulta pública envolvendo
representantes do actual Ministério de Terras e Ambiente (MTA), dos municípios de Maputo
e Chicualacuala e organização e não governamentais (ONGs), designadamente Programa
Mundial de Alimentos e a Habitafrica, para além de visitas e entrevistas em locias de
implementação de actividades do projecto.
Uma vez que não haverá alteração na área territorial de implantação, nem nas actividades,
que estarão limitadas a apoio através de Transferências Directas, o FA 3, continuará a se
reger pelas Políticas Operacionais de Salvaguarda do Banco Mundial, em vez do novo
Quadro Ambiental e Social, aprovado em 2018, pelo Grupo Banco
O presente documento constitui uma Versão Draft da actualização do QGAS para o FA 3,
que tem em consideração lições aprendidas durante as fases anteriores de implementação
e integra novos riscos relacionados com o COVID-19, bem como outros identificados. Este
1
QGAS incorpora os contributos da Avaliação Social Rápida realizada para o FA3. A
actualização do QPR para o FA 3 constitui um documente autónomo.
O QGAS visa assegurar o cumprimento dos requisitos ambientais e sociais nacionais, bem
como o cumprimento das salvaguardas sociais e ambientais do Banco Mundial e as suas
Directrizes Gerais e Específicas para o Ambiente, Saúde e Segurança. Inclui uma
identificação preliminar de possíveis impactos ambientais e sociais, define procedimentos
para avaliação ambiental e social e gestão de potenciais riscos e impactos, definindo
arranjos institucionais necessários, capacitação e orçamento para implementação.
O QGAS é um instrumento dinâmico que deve ser revisto periodicamente para ser
actualizado e incluir lições aprendidas. O QGAS é um instrumento dinâmico que deve ser
revisto periodicamente para ser actualizado e incluir lições aprendidas. Esta Versão Draft
do QGAS será divulgada publicamente em Moçambique, no website do INAS e no website
do Banco Mundial
2 DESCRIÇÃO DO PROJECTO
2.1 Antecedentes
O Governo de Moçambique, através do Ministério do Género, Criança e Acção Social
(MGCAS) desde 2013, tem vindo a o Projeto de Proteção Social (P129524) financiado pelo
Banco Mundial, tendo como objectivo fornecer apoio temporário ao rendimento das famílias
extremamente pobres e para apoiar o desenvolvimento de um sistema de rede de
segurança social.
O projecto inicial focou-se no reforço institucional e capacitação para apoiar a consolidação
da Estratégia Nacional de Segurança Social Básica, bem como em apoio às famílias mais
vulneráveis através de um programa de trabalhos públicos com uso intensivo de mão-de-
obra (PASP). Na sequência da emergência da seca provocada pelo do El Nino em 2016,
na província de Gaza, este programa teve uma Financiamento Adicional (FA1) para apoiar
a famílias afectadas, que passou também a incluir transferências directas para as famílias
mais vulneráveis. Em 2019, para fazer face à pós-emergência dos ciclones Idai e Kenetth
que fustigaram as províncias de Sofala, Manica e Cabo Delgado foi aprovado um novo
Financiamento Adicional (FA2), apoio às famílias mais vulneráveis afectadas.
O Projecto de Protecção Social, juntamente com os financiamentos adicionais (FA1 e FA2)
compreende assim, as seguintes três componentes:
Componente 1: Fortalecimento institucional e criação de capacidades para
apoiar a consolidação da Estratégia Nacional de Segurança Social Básica. O
objectivo desta componente é duplo: (i) apoiar o Governo de Moçambique (GoM) a
criar e melhorar a cadeia de fornecimento do sistema e os instrumentos fundamentais
para a implementação da Estratégia Nacional de Protecção Social (ENSSB); e (ii)
desenvolver as capacidades do INAS a nível central e local para implementar e
monitorizar programas de protecção social.
Componente 2: Trabalhos Públicos com uso intensivo de mão-de-obra. Esta
componente visa fornecer apoio ao rendimento sazonal aos agregados familiares
pobres através da sua participação em obras públicas.
2
Componente 3. Transferências Directas de dinheiro. Esta componente fornece
apoio ao rendimento aos agregados familiares afectados por choques naturais ou
provocados pelo homem através de Transferências Diretas de Dinheiro (ECT) para pós
emergência, e a outros agregados familiares vulneráveis com base em critérios de
elegibilidade previamente definidos.
O projecto está a ser implementado pelo Ministério de Género, Criança e Acção Social
através do Instituto Nacional de Acção Social (INAS) e é actualmente considerado
satisfatório o nível de concretização dos objectivos de desenvolvimento do projecto (ODP).
Desde Fevereiro 2020 Moçambique foi afectado pela pandemia Covid-19, que levou ao
estabelecimento de Estado de Emergência em 30 de Março de 2020, com implicações na
actividade económica, reduzindo a capacidade de compra e afectando seriamente as
famílias das áreas urbanas e peri-urbanas cujos rendimentos se baseiam no sector
informal. A 7 de Setembro, Moçambique passou de um Estado de Emergência para um
Estado de Calamidade Pública que preserva muitas das medidas de prevenção do Estado
de Emergência, embora com o gradual reinício das actividades sociais e económicas, em
coordenação com as autoridades sanitárias. Contudo, a população continua a ser
convidada a continuar a respeitar as medidas preventivas.
Em resposta à crise da COVID-19, o Governo desenvolveu um Plano de Resposta de
Protecção Social COVID-19 para mitigar o impacto nos pobres e vulneráveis. O plano tem
dois pilares:
Pilar 1 Transferências monetárias incondicionais adicionais aos beneficiários que vêm
sendo assistidos nos programas de protecção social básica do INAS. Este cobre mais
de 592.000 beneficiários existentes nos programas, a maioria deles em áreas rurais e
com uma maior incidência de pobreza. Este pilar tem um custo estimado de 27,1
milhões de dólares e será suportado pelo Projecto de Recuperação a Emergência do
Idai e Kenneth (P171040) e complementado pelo FA3.
Pilar 2 Aumenta a cobertura das Transferências Diretas em Dinheiro para resposta de
emergência a pouco mais de 1100.000 agregados familiares em situação de pobreza
e vulnerabilidade em áreas urbanas e periurbanas que não faziam parte de nenhum
programa do INAS. Destes, 291.000 agregados familiares já foram inscritos no
programa PASD-PE e serão suportados pelo Projecto de Recuperação a Emergência
do Idai e Kenneth (P171040) e pelo FA3, com um custo estimado de 52,6 milhões de
dólares. Os restantes agregados familiares serão atendidos com recurso a outras
fontes de financiamento do Governo. A selecção dos beneficiários baseou-se num
mapa multidimensional da pobreza a nível do bairro realizado pelo Ministério da
Economia e Finanças, e nos critérios de elegibilidade e priorização do INAS utilizados
em operações de emergência anteriores, tendo se dado prioridade às famílias
chefiadas por mulheres, com crianças menores de cinco anos, idosos, entre outros
critérios. O custo total do financiamento do Banco Mundial nos dois pilares do plano de
resposta da protecção social à Covid-19 é de 79,7 milhões de dólares.
O INAS já iniciou a implementação da resposta com o apoio do Banco Mundial. O Governo
de Moçambique solicitou a activação do CERC no Projecto de Recuperação e Resiliência
de Emergência (P171040), alocando 53,5 milhões de dólares americanos para financiar a
Resposta da Protecção Social COVID. Os fundos do CERC permitiram ao INAS lançar a
implementação da Resposta COVID-19 em ambos os pilares, incluindo os registos dos
beneficiários e a entrega de benefícios.
3
O Financiamento Adicional 3 (FA3) do Projeto de Proteção Social irá reforçar o o apoio do
Banco Mundial ao Governo de Moçambique, na implementação do Plano de Resposta de
Protecção Social COVID-19.
5
Tabela 2 – Áreas territoriais abrangidas pelo FA3
6
Figura 1 – Áreas territoriais abrangidas pelas Fases 1 e 2 do FA 3 2
2
Os distritos da Província de Cabo Delgado estão a ser cobertos pelo Projecto de Recuperação e
Resiliência de Emergência (P171040) e não pelo FA 3
7
3 POLÍTICAS DE SALVAGUARDAS DO BANCO MUNDIAL
4.2 Directrizes Gerais de Meio Ambiente, Saúde e Segurança
8
As diretrizes gerais do meio ambiente, saúde e segurança (Environmental, Health, and
Safety General Guidelines) do IFC (Abril de 2007), em paralelo com as Políticas de
Salvaguardas são recomendadas para orientar o proponente do projecto em todas fases
de implementação do mesmo. Estas diretrizes também servem de guiões para as medidas
de mitigação que devem ser tomadas no decurso da implementação do projecto. Contudo,
a aplicabilidade das diretrizes de saúde e segurança deve ser adaptada aos riscos
estabelecidos para cada projecto com base nos resultados de uma avaliação ambiental em
que os factores específicos do local de implementação são levados em consideração.
As directrizes gerais de saúde e segurança estão organizadas em quatro principais áreas:
Ambiente; Saúde e Segurança Ocupacional; Saúde e Segurança Comunitária;
Construção e Desactivação. Considerando o âmbito das actividades previstas na
componente 2 deste projecto (trabalhos públicos com uso intensivo de mão-de-obra), a área
de saúde e segurança ocupacional é directamente aplicável e por isso a análise nesta
secção estará focalizada nesta área, em particular para (i) equipamento de protecção
individual, (ii) ambientes com perigos especiais, e (iii) monitoramento.
3.1.1 Equipamento de Protecção Individual (EPI)
As directrizes de saúde e segurança enfatizam o facto de o equipamento de protecção
individual oferecer proteção adicional aos trabalhadores expostos a riscos no local de
trabalho em conjunto com outro controle de instalações e sistemas de segurança. Portanto
isto mostra o reconhecimento de que o EPI é considerado o último recurso que está além
de outras provisões de controlo, e fornece aos trabalhadores um nível extra de protecção
individual. As medidas recomendadas para o uso de EPI no local de trabalho incluem:
Uso activo de EPI e tecnologias alternativas, planos de trabalho ou procedimentos,
não podem eliminar ou reduzir suficientemente o risco ou exposição ao mesmo;
A selecção do EPI deverá ser com base na classificação do perigo e risco, e ainda
considerando o desempenho descrito nos testes estabelecidos por organizações
reconhecidas.
As directrizes de saúde e segurança apresentam uma lista sumária do tipo de EPI
recomendado de acordo com risco (ver Tabela 3 abaixo).
9
Protecção dos pés Objectos que caem ou rolam, Botas de segurança para
objetos pontiagudos, líquidos protecção contra objectos
corrosivos ou quentes que caem ou rolam, líquidos e
produtos químicos.
Protecção das mãos Materiais perigosos, cortes ou Luvas de borracha ou material
lacerações, vibração, sintético, couro, aço, material
temperaturas extremas. isolante, etc.
Protecção respiratória Poeira, nevoeiro, fumaça, Máscaras faciais com filtros
gases, fumos, vapores. apropriados para remoção de
pó e purificação do ar
Protecção do corpo/pernas Temperaturas extremas, Roupa isolante, aventais de
materiais perigosos, agentes material apropriado.
biológicos, cortes.
(Fonte: IFC, 2007)
3.1.2 Ambientes com Perigos Especiais
Os ambientes com perigo especial são situações de trabalho em que determinados perigos
podem existir em circunstâncias únicas ou especialmente perigosas, sendo por isso
necessárias precauções adicionais ou rigor na aplicação dessas precauções. Refere-se,
portanto, a ambientes confinados, e trabalhos em circunstâncias isoladas.
Um espaço confinado é definido como um espaço total ou parcialmente fechado, não
concebido ou destinado a ocupação humana e em que uma atmosfera perigosa poderia se
desenvolver como resultado do conteúdo, localização ou construção do espaço confinado
ou devido ao trabalho realizado em redor do espaço confinado. Portanto, não se espera
que o projecto financie trabalhos em ambientes confinados.
Há ainda a questão de trabalho em circunstâncias isoladas, onde um trabalhador pode estar
fora da comunicação verbal e de linha de visão com a supervisão ou outros trabalhadores
ou outras pessoas capazes de fornecer ajuda e assistência em caso de acidente. Portanto,
nestes caso o trabalhador estará em risco acrescido se ocorrer um acidente ou ferimento.
Os trabalhos previstos na componente 2 deste projecto implicam trabalho em grupo e,
portanto, deverá haver um controle sistemático para evitar situações de isolamento de um
trabalhador.
Sempre que haja necessidade imprescindível de que os trabalhadores sejam obrigados a
realizar trabalhos em circunstâncias isoladas, os procedimentos operacionais padrão
(SOPs) devem ser implementados para garantir que todos os EPI e medidas de segurança
sejam alocados antes do trabalho começar.
3.1.3 Monitoramento
Os programas de monitoramento de saúde e segurança no trabalho devem verificar a
eficácia das estratégias de prevenção e controle. Os indicadores seleccionados devem ser
representativos dos riscos mais significativos de saúde e segurança ocupacional.
As directrizes de saúde e segurança no trabalho recomendam que o programa de
monitoramento de saúde e segurança ocupacional deve incluir:
Inspecção de todo o EPI e outras medidas de controlo de risco, procedimentos de
trabalho, locais de trabalho, e instalações. A inspecção deve verificar se o EPI
continua a fornecer protecção adequada e está sendo usado conforme necessário;
10
Estabelecer procedimentos e sistemas para relatar e registar acidentes de trabalho,
ocorrências de incidentes perigosos, permitindo que os trabalhadores denunciem
qualquer situação que representa um perigo grave para a vida ou a saúde.
3.2 Triagem e Categoria Ambiental e Social
De acordo com a Política de Avaliação Ambiental OP/BP 4.01, o Banco Mundial realiza a
análise sistemática ambiental e social de cada projecto ou subprojecto proposto a fim de
determinar a categoria ambiental apropriada do projecto, e a extensão e o tipo da AA
necessária para cada operação. O Banco Mundial classifica o projecto proposto numa das
quatro categorias, dependendo do tipo, localização, sensibilidade e escala do projecto e da
natureza e magnitude dos seus potenciais impactos ambientais e sociais.
(a) Categoria A: Um projecto proposto é classificado como Categoria A se tiver um
potencial de ter impactos ambientais e sociais adversos significativos que são
sensíveis3, diversos e sem precedentes. Estes impactos podem afectar uma área mais
ampla do que os locais ou instalações sujeitas às obras físicas. A AA para um projecto
de Categoria A analisa os potenciais impactos ambientais e sociais positivos e negativos
do projecto, compara-os com os das alternativas viáveis (incluindo a situação “sem
projecto”), e recomenda quaisquer medidas necessárias para prevenir, minimizar,
mitigar ou compensar os impactos adversos e melhorar o desempenho ambiental.
Um potencial impacto é considerado “sensível” se este pode ser irreversível (por exemplo, levar à perda
duma parte grande de habitat natural).
11
projecto, e através dum maior envolvimento da gestão tanto do Governo como do
Banco.
3.3 Políticas de Salvaguardas do Banco Mundial para o Projecto
3.3.1 As Políticas de Salvaguardas Accionadas
Para o FA3 as políticas de Salvaguardas do Banco Accionadas permanecem inalteráveis.
A operação proposta irá considerar as seguintes políticas de salvaguardas do Banco
Mundial: a Avaliação Ambiental (OP/BP-4.01), e Reassentamento Involuntário (OP/BP -
4.12) de forma preventiva, uma vez que actividades que necessitem de reassentamento
não serão elegíveis no âmbito deste projecto. Não se prevêm significativos impactos
ambientais ou sociais ao abrigo da componente 3 que requeiram a preparação de
instrumentos adicionais de avaliação ambiental e social, para além dopresente QGAS.
A Tabela abaixo apresenta os principais objectivos das Políticas Operacionais de
Salvaguarda do Banco Mundial que são aplicáveis a este projecto.
12
Tabela 5 - Políticas de salvaguardas aplicáveis ao Projecto
Política de
Objectivo Principal Aplicabilidade Aplicação no Projecto
Salvaguarda
O objectivo desta política é garantir que os Esta política é aplicável quando um projecto ou subprojecto tem As actividades incluídas no
projectos financiados pelo Banco Mundial sejam potencial de causar impactos ambientais e sociais negativos na projecto podem causar impactos
ambientalmente e socialmente saudáveis e sua área de influência. As actividades que envolvem sítios de negativos ambientais e sociais
sustentáveis, e que a tomada de decisão seja património cultural significativo estão entre os projectos que não devido à ênfase em actividades de
melhorada através de uma análise adequada seriam elegíveis para financiamento do Banco. construção e reabilitação de
das acções e os seus possíveis riscos e infraestrutura. Essas actividades
OP/BP 4.01 Dependendo do projecto e da natureza de seus impactos, vários
impactos ambientais e sociais no ambiente podem levar à erosão do solo,
instrumentos podem ser utilizados, tais como: AIAS, Auditorias
Avaliação natural (ar, água e solos); segurança e saúde poluição sonora e do ar e do solo,
Ambientais e Sociais, avaliações de risco e perigos, e Planos de
Ambiental humana; recursos físico-culturais e aspectos para mencionar apenas alguns.
Gestão Ambiental e Social (PGAS).
ambientais globais e transfronteiriços.
Pode-se também prever efeitos
Para decidir sobre o tipo de avaliação ambiental e social a ser
sociais tal como os potenciais
realizado nos subprojectos, três recursos podem ser utilizadas:
impactos sobre a saúde pública, os
(1) directivas das OP/BP, (2) pode ser seguida a legislação
impactos sobre o tráfego urbano e
nacional, e/ou (3) o Formulário de Triagem Ambiental e Social e
reassentamentos involuntários.
a lista de verificação das directrizes apresentadas neste QGAS.
O objectivo desta política é de (i) evitar ou Esta política não abrange apenas o deslocamento físico, mas Não se espera que o projecto
minimizar o reassentamento involuntário, qualquer perda de fontes de renda, resultantes de: (i) mudança necessite de aquisição de terra,
sempre que possível e explorar todos os ou perda de abrigo, (ii) perda de bens ou meios de subsistência, implicando por isso deslocação
OP/BP 4.12 desenhos viáveis alternativos do projecto, (ii) (iii) a perda de fontes de renda ou meios de subsistência, quer física de pessoas, mas para
Reassentament ajudar as pessoas deslocadas na melhoria das ou não as pessoas afectadas devem se deslocar para outro algumas das actividades do
o Involuntário suas condições de vida anteriores, na local. A política também se aplica à restrição involuntária de projecto, pode ser inevitável afectar
capacidade de geração de renda, e os níveis de acesso a parques legalmente designados e áreas protegidas, culturas, árvores ou outras
produção, ou pelo menos deixar restaurá-las, (iii) resultando em impactos negativos sobre a vida das pessoas estruturas, e, neste caso, será
incentivar a participação da comunidade na deslocadas. Nestes casos, o Banco Mundial exige a elaboração necessário implementar o previsto
planificação e na implementação do de um Plano de Reassentamento (PAR), com base no Quadro no Quadro da Política de
reassentamento, e (iv) prestar assistência às de Política de Reassentamento (QPR) /Quadro de Processo Reassentamento preparado para o
pessoas afectadas, independentemente da (PF), no caso de restrição de acesso a recursos em áreas de Projecto.
legalidade da posse da terra. conservação legalmente designadas.
13
14
15
4 QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DE MOÇAMBIQUE
4.1 Quadro Legal
4.1.1 Leis Constitucionais e Ambientais Gerais
Esta secção apresenta o quadro legal relativo à gestão ambiental, social e de Saúde e
segurança em Moçambique. A Constituição da República de Moçambique define o
direito para todos os cidadãos de viver num ambiente equilibrado (art. 90). Além disso,
o mesmo artigo estabelece a obrigação de todos os cidadãos e do governo de defender
o ambiente e fazer o uso racional dos recursos naturais.
O artigo 109 estabelece que a terra pertence ao Estado, e, portanto, não pode ser
vendida, alienada, hipotecada ou comprometida. O seu uso é um direito de todos os
cidadãos, mas deve ser feito de acordo com as condições definidas pelo Governo (art.
110).
O Artigo 117 garante o direito ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável,
estabelecendo a responsabilidade do governo de prevenir e controlar a poluição e a
erosão; integrar os objectivos ambientais nas políticas do sector, promover a integração
dos valores ambientais nos programas de educação, promover um uso racional dos
recursos naturais e promover uma planificação do uso da terra levando o
desenvolvimento do equilíbrio social e económico e visando objectivos de localização
adequada das actividades. A Constituição estabelece que os recursos naturais e os
meios de produção são propriedade pública de interesse colectivo. Especificamente, a
terra pertence ao Estado e o direito de uso apenas pode ser atribuído pelo Estado. O
Artigo 109 clarifica que a terra não pode ser vendida, alienada, hipotecada ou
penhorada. O Estado é quem determina as condições de uso e aproveitamento, e é
quem confere os direitos a pessoas singulares ou colectivas (artigo 110). O Artigo 111
reconhece e protege os direitos adquiridos por herança e pela ocupação.
Em relação aos aspectos de saúde e segurança – A Constituição da República (artigo
85) estabelece que todos os trabalhadores têm direito a um salário justo, repouso e
férias e a um ambiente de trabalho seguro e higiênico.
A Política Nacional do Ambiente, definida por meio do decreto Nº 5/95, estabelece a
base para toda a legislação ambiental. O seu principal objectivo é garantir o
desenvolvimento sustentável, a fim de manter uma relação aceitável entre o
desenvolvimento socioeconómico e a protecção ambiental.
A Lei do Ambiente (Lei nº 20/97) define a base legal para o uso saudável e gestão do
meio ambiente, como forma de salvaguardar o desenvolvimento sustentável no país
(art. 2º). Esta Lei aplica-se a todas as actividades nos sectores públicos ou privado que,
podem afectar directa ou indirectamente o meio ambiente (art. 3º). Os princípios
fundamentais para uma gestão ambiental equilibrada incluem (art. 4º):
O uso sustentável do meio ambiente deve visar a melhoria da qualidade de vida
dos cidadãos e a protecção da biodiversidade e dos ecossistemas;
O reconhecimento e a valorização das tradições e o conhecimento das
comunidades locais para protecção do meio ambiente;
A prioridade dada aos sistemas que impedem a degradação do meio ambiente
(ou seja, princípio de precaução);
Uma perspectiva abrangente e integrada do meio ambiente;
A importância da participação pública;
O poluidor deve pagar para reparar ou compensar os danos ambientais (isto é,
o principio do poluidor-pagador);
A cooperação internacional é importante para atender aos assuntos ambientais
transfronteiriços e globais.
16
A legislação ambiental estabelece a base para o licenciamento ambiental e para a
avaliação de impacto ambiental e social.
4.1.2 Regulamento Sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental
O Decreto nº 54/2015, de 31 de Dezembro revoga os decretos 45/2004, de 29 de
Setembro e 42/2008, de 4 de Novembro na regulação do processo de avaliação do
impacto ambiental e licenciamento ambiental. Os Decretos nº 32/2003 e No.11/2006
regulam as auditorias ambientais e sociais e as Inspecções ambientais e sociais,
respectivamente. O Decreto 54/2015, estabelece quatro categorias de impacto
ambiental e social, para todas as actividades privadas ou públicas que, directa ou
indirectamente, possam afectar o meio ambiente global.
Estas categorias são específicas para o tipo de actividade, conforme definidas pelo
Decreto nos Anexos I, II, III e IV. De acordo com a categoria, o decreto determina
diferentes tipos de Avaliação de Impacto Ambiental e Social.
Actividades de Categoria A+ são acções que devido à sua complexidade,
localização e/ou irreversibilidade e magnitude dos possíveis impactos, merecem
não só o um elevado nível de vigilância popular e ambiental, mas também, estão
sujeitas a realização de AIA e supervisão por especialistas independentes com
experiencia comprovada. As actividades da Categoria C estão listadas no Anexo
I do Decreto 54/2015.
As actividades de Categoria A são acções que afectam significativamente seres
vivos e áreas ambientalmente sensíveis e os seus impactos são de maior
duração, intensidade, magnitude e significância e estão sujeitas a AIA. Incluem
ainda a componente de reassentamento, cuja conclusão do plano condiciona a
emissão da licença ambiental de instalação. As actividades da Categoria A estão
listadas no Anexo II do Decreto 54/2015.
Actividades de Categoria B são aquelas acções que não afectam
significativamente seres vivos nem áreas ambientalmente sensíveis
comparativamente às acções da Categoria A e estão sujeitas a realização de um
EAS. As actividades da Categoria B estão listadas no Anexo III do Decreto
54/2015.
Actividades de Categoria C são aquelas que provocam impactos negativos
negligenciáveis, insignificantes ou mínimos. Não existem impactos irreversíveis
nesta categoria e os positivos são maiores e mais significativos que os negativos.
As actividades de categoria C estão sujeitas à apresentação de Procedimentos
de Boas Práticas de Gestão Ambiental a serem elaborados pelo proponente e
aprovados pela entidade que superintende a área de AIA, portanto o MITADER
ao nível provincial.
4.1.4 Legislação de Saúde e Segurança Ocupacional
A legislação moçambicana sobre saúde e segurança no trabalho combina provisões de
diferentes instrumentos legais, nomeadamente: a Constituição da República, a Lei do
Trabalho e outras disposições legais subordinadas, muitas das quais herdadas do
período colonial. As convenções da Organização Internacional de Trabalho (OIT),
especialmente a Convenção nº 17, relacionada com a compensação por acidentes de
trabalho, bem como a Convenção nº 18, relativa à indemnização por doenças
profissionais, também se aplicam. No PASP, os beneficiários estarão envolvidos em
diversas actividades com algum risco ocupacional, para prevenção e mitigação destes
riscos, alguns procedimentos e regulamentos das leis e decretos deverão ser aplicados.
A Lei do Trabalho, 23/2007 de 1 de Agosto (artigos 216 a 236) indica que os
trabalhadores têm o direito de trabalhar em condições higiênicas e seguras e que os
empregadores têm a obrigação de criar tais condições e informar os trabalhadores sobre
os riscos associados às tarefas específicas que realizam. Isso poderia ser na forma de
equipamentos de protecção individual (EPI) para evitar acidentes e efeitos negativos
sobre a saúde dos trabalhadores. A Lei do Trabalho refere que os empregadores e os
trabalhadores devem trabalhar em conjunto para garantir a saúde e a segurança no local
de trabalho.
O regulamento sobre o Regime Jurídico de Acidentes de Trabalho e Doenças
Profissionais (Decreto n.º 62/2013 de 4 de Dezembro) é específico para regular
juridicamente os acidentes de trabalho e doenças profissionais e por isso não aborda
questões de prevenção de riscos de saúde e segurança do trabalhador. Porém, o Artigo
15 deste regulamento refere que “todos os trabalhadores por conta de outrem têm direito
à assistência médica e medicamentosa imediata em caso de acidente de trabalho ou
doença profissional”.
O Diploma legislativo n.º 48/73 de 5 de Julho, que aprova o Regulamento Geral de
Higiene e Segurança do Trabalho, embora tenha como objecto a prevenção técnica
dos riscos profissionais e a higiene nos estabelecimentos industriais, apresenta
disposições válidas e aplicáveis para a maioria dos subprojectos previstos na
Componente 2 do projecto (trabalhos públicos com uso intensivo de mão-de-obra). O
Artigo 2 deste diploma estabelece que as entidades patronais são responsáveis pelas
condições de instalação e laboração dos locais de trabalho, devendo assegurar ao
pessoal protecção contra acidentes e outras causas que possam afectar a saúde dos
trabalhadores ao serviço da empresa. Ainda no mesmo artigo, é indicado que a entidade
patronal deverá instruir os trabalhadores sobre os riscos do trabalho; as precauções que
19
devem tomar; o significado dos sinais de segurança ou sistemas de alarme; os métodos
de trabalho que oferecem maior garantia de segurança; o uso adequado dos
instrumentos de trabalho; uso dos meios de protecção pessoal.
O Artigo 17 estabelece que não deve ser permitido o trabalho em locais subterrâneos,
salvo em face de exigências técnicas particulares e desde que disponham de meios
adequados de ventilação iluminação e protecção contra a humidade. Aqui aplica-se para
a abertura de poços de água, previsto nos subprojectos da Componente 2 do projecto.
Os Capítulos VIII e IX deste diploma estabelecem disposições específicas para a
protecção dos trabalhadores, nomeadamente em relação ao seguinte:
A necessidade de colocar à disposição dos trabalhadores, em locais facilmente
acessíveis, quantidades suficientes de água potável;
O vestuário de trabalho deve ser concebido tendo em conta os riscos a que os
trabalhadores possam estar expostos, ajustar-se bem ao corpo do trabalhador,
sem prejuízo da sua comodidade e facilidade de movimentos, e não apresentar
partes soltas;
Os trabalhadores expostos ao risco de traumatismo na cabeça devem usar
capacetes adequados, resistentes, incombustíveis, com armação interior
apropriada, câmara de ventilação e, sempre que necessário, abas que protejam
a face e a nuca;
Os capacetes de segurança serão individuais e, na hipótese de terem de ser
utilizados por outros trabalhadores, deverão ser substituídas as partes plásticas
que se achem em contacto com a cabeça;
Nas operações que apresentem riscos de corte, abrasão, queimadura ou
corrosão das mãos, devem os trabalhadores usar luvas especiais, de forma e
materiais adequados;
Os trabalhadores que manipulem substâncias tóxicas, irritantes ou infectantes
devem usar luvas de canhão alto, para proteger os antebraços aos quais devem
ajustar-se perfeitamente na abertura do respectivo canhão;
Nos trabalhos a efectuar em presença de água ou humidade devem ser usadas
botas altas;
Os trabalhadores expostos a riscos de inalação de poeiras gases ou vapores
nocivos devem dispor de máscaras ou outros dispositivos, adequados à natureza
do risco;
Os trabalhadores expostos ao risco de queda livre devem usar cintos de
segurança, de forma e materiais apropriados, com a necessária resistência,
cabos de amarração e respectivos elementos de fixação;
Nos locais de trabalho deverão ser utilizadas, independentemente de protecções
mecânicas e individuais cores de segurança destinadas a assinalar máquinas e
equipamentos, delimitar zonas e advertir o pessoal do perigo que o cerca.
20
• Direcção Nacional do Ambiente (DINAB), que tem de entre várias funções a
responsabilidade de propor políticas, legislação e normas para o uso correcto
das componentes ambientais e de controlo da qualidade do ambiente;
promover a gestão ambiental, integrada e sustentável das áreas marinhas e
costeiras, rurais e urbanas; promover acções de conservação ambiental,
visando em particular, a biodiversidade, gestão sustentável das áreas
sensíveis ou protegidas e a reabilitação de áreas degradadas; desenvolver
sistemas de gestão de informação ambiental;
• Direcção Nacional do Ordenamento do Território e Reassentamento
(DINOTER), que tem de entre várias funções a responsabilidade de
estabelecer normas, regulamentos e directrizes para as acções de
ordenamento territorial; promover e monitorar a execução dos instrumentos de
gestão territorial a nível nacional, provincial, distrital e das autarquias locais;
assegurar a implementação das políticas e regulamentos de reassentamento
e compensações a nível nacional.
O MTA apresenta direcções provinciais estabelecidas em todas as capitais provinciais.
As Direcções Provinciais, denominadas Direcções Provinciais da Terra e Ambiente são
responsáveis pela revisão e decisão sobre os relatórios de TdR específicos de EAS e
sobre os procedimentos de boas práticas de gestão ambiental; a emissão de Licenças
Ambientais para as actividades de categoria B e C; aprovar PGA para todos os projectos
mineiros classificados como de categoria B, nos termos do Regulamento Ambiental para
a Actividade Mineira. O nível de organização e a capacidade variam de província para
província, mas no geral é relativamente fraco, pois tem falta de recursos humanos,
financeiros e materiais, que limitam acima de tudo as actividades de inspecção.
Ao nível Distrital, o papel da DPTA é realizado pelo Serviço Distrital de Planeamento e
Infraestruturas (SDPI). Tal como acontece com as DPTA, estas divisões beneficiarão de
diversas sessões de capacitação tanto diretamente através do envolvimento sistemático
nas missões de preparação e supervisão do projeto ou indiretamente por meio de
oficinas de capacitação. No entanto, um esforço adicional seria necessário para
aumentar a sua capacidade técnica, bem como para enfrentar a fragilidade de recursos
financeiros e humanos.
4.2.2 Nível Municipal
A nível municipal, no caso de Maputo, a Direcção Municipal de Planificação Urbana e
Meio Ambiente (DMPUA) tem o mandato para gerir o ambiente da cidade e planificar o
desenvolvimento dos serviços urbanos e o desenvolvimento de áreas territoriais. Entre
as suas várias funções, a DMPUA é encarregada de propor estratégias para a
renovação e reassentamento urbano das populações e das actividades. A DMPUA
compreende os seguintes departamentos:
Departamento de Planificação Urbana (DPU);
Departamento de Registo;
Departamento de Gestão Ambiental e Social (DGA); e
Departamento de Fiscalização Ambiental e Social (DIA).
A responsabilidade da DGA como da DIA é basicamente assegurar que o regulamento
ambiental e social adequado e as licenças sejam observadas, pois o MITADER, através
da DNAB ou DPTADER é a entidade responsável pelo licenciamento ambiental.
5.2.3. Nível Distrital
Os governos dos Distritos, sob tutela do administrador do distrito, são os principais
responsáveis ao nível local pela coordenação e execução dos projectos de trabalhos
21
públicos nas áreas rurais, o que inclui: identificação de áreas prioritárias dentro do
distrito, seleção e preparação técnica dos subprojectos sustentáveis ambientalmente.
A equipa técnica do distrito representada pelos serviços distritais das áreas relevantes
para implementação do PASP deve selecionar e monitorar a implementação de
actividades com impacto positivo para as comunidades, de interesse comunitário ou
publico, enquadrados nos planos de desenvolvimento do distrito ou município e sobre
tudo, não devem ter impacto adverso sobre o meio ambiente e devem ser previstas
medidas de mitigação desse impacto negativo.
Para tal o distrito com apoio das delegações e INAS, devem instruir o processo de
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), com vista a obtenção da licença de Isenção
Ambiental, de todos os distritos que implementam o PASP com os fundos do Banco
Mundial. O processo de AIA deve conter
O Projecto assinado pelo Exmo. Sr. Director;
Requerimento devidamente preenchido com os dados do Sr. Administrador;
Ficha de Informação Preliminar Ambiental (FIAP);
Para emissão da licença deve ser submetido o Documento com os Procedimentos de
Boas Praticas Ambientais e Sociais do Projecto.
22
4.3 QUADRO LEGAL NACIONAL VS POLÍTICAS DE SALVAGUARDAS DO
BANCO MUNDIAL
O quadro abaixo faz uma breve comparação entre alguma legislação moçambicana
e a do Banco Mundial na realização de avaliação do impacto ambiental e social,
identificando os conflitos existentes.
23
Item Legislação Moçambicana Requisitos de Lacunas/
salvaguardas do conflitos
BM
autorização qualquer outra licença pela autoridade antes da
ambiental para exigida. governamental aprovação e,
projetos antes da competente portanto, qualquer
avaliação. preocupação
levantada é
tratada antes da
aprovação do
projecto
Existem Legislação em matéria de As diretrizes para Moçambique não
diretrizes e SST; (Lei n.º 23/2007, de 1 SST fornecidas sob preparou normas
padrões de Agosto de 2007) e a as Diretrizes de SST específicas para a
nacionais para implementação da do Banco Mundial emissões de ruído
Saúde e responsabilidade dos devem ser aplicadas para diferentes
Segurança Ministérios do Trabalho e da para todos os indústrias. No
Ocupacional Saúde. As diretrizes de projetos de entanto, este
(SST). padrões de segurança para infraestrutura. programa não é
Qualidade Ambiental e propenso a
Emissão de Efluentes estão produzir esses
em vigor (Decreto nº tipos de emissões.
18/2004 de 2 de junho de Portanto, podem
2004 e a implementação é ser aplicadas as
de responsabilidade do normas do Banco
MITADER. Mundial (diretrizes
do IFC sobre SST
e diretrizes
ambientais, de
saúde e
segurança da
IFC). Normas
ambientais
nacionais (Decreto
n.º 18/2004, de 2
de Junho de 2004,
desenvolvido para
outras indústrias
(as emissões
atmosféricas, a
indústria
energética e o
plástico existem e
podem ser
aplicadas).
24
5 BREVE CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL
5.1 Contextualização
Moçambique possui 28 milhões de habitantes4, sendo 46,6% da faixa etária entre os 0
e 14 anos, 50,1% entre os 15 e os 64 anos e apenas 3,3% acima dos 65 anos, o que
denota uma taxa de dependência elevada em relação à camada infanto-juvenil, mas
muito reduzida relativamente aos idosos. Em termos de distribuição entre géneros,
verifica-se uma predominância de mulheres (52%), sendo de 5,2 o número médio de
filhos por mulher. Em média os agregados familiares são constituídos por 4,4 pessoas,
sendo maioritariamente (66,2%) chefiados pelo homem.
As províncias de Nampula e Zambézia são as mais populosas do país, representando
praticamente 40% da população nacional, notando-se um aumento da densidade
populacional na zona costeira
Apesar de um crescimento económico rápido, mais da metade da população de
Moçambique continua na situação de pobreza e altamente vulnerável. Embora o
crescimento económico do país atingiu uma média de 7,5 por cento por ano entre 1992
e 2009, o progresso na redução da pobreza, especialmente nos últimos anos, tem sido
substancialmente mais lento. Embora a incidência da pobreza tenha reduzido de 70 por
cento em 1997 para 56 por cento em 2003, e até 2009 mais de 50 por cento dos
moçambicanos ainda viviam abaixo da linha de pobreza. Proporcionalmente, a maior
parte da redução na taxa de pobreza ocorreu nas áreas urbanas, enquanto nas zonas
rurais, onde vive a maioria da população pobre, a pobreza manteve-se teimosamente
alta, o que agrava as desigualdades geográficas. Estima-se que mais de 50 por cento
da população em Moçambique enfrenta o risco de insegurança alimentar, e quase a
metade das crianças com menos de 5 anos de idade sofrem de desnutrição crónica.
Além disso, uma grande parte da população está perto da linha de pobreza e, portanto,
altamente vulnerável a pequenas variações na renda, o que resulta em altos níveis de
pobreza transitória.
Os residentes urbanos, cerca de 65 por cento dos quais obtém a sua renda primária de
actividades não agrícolas, enfrentam outros riscos, tais como subemprego prolongado,
baixa renda, os aumentos dos preços dos alimentos e de outros choques financeiros
menos sentidos nas áreas rurais. Por exemplo, dados de 2009 indicam que, em
Moçambique, foram os agregados familiares urbanos que suportaram o peso da subida
do preço dos alimentos e as crises financeiras. Os pobres urbanos também dependem
mais dos subsídios de alimentos e subsídios aos combustíveis e, assim, enfrentam
maiores encargos financeiros quando são reduzidos ou eliminados do que a população
rural pobre.
O progresso lento na redução da pobreza e a continuação dos níveis significativos de
vulnerabilidade justificam a necessidade de um sistema de rede de protecção social
para proteger aos mais pobres dos choques previsíveis e imprevisíveis. A situação
actual dos pobres urbanos e rurais e as evidências sobre a forma como os choques
afectam essas famílias destacam a necessidade de elaborar e implementar
intervenções anti cíclicas para ajudar as famílias pobres a lidarem com o impacto dos
choques e evitarem perdas permanentes de capital humano. Conforme discutido acima,
este é um desafio particular, dada a alta proporção de agregados familiares
moçambicanos pobres e vulneráveis, a distribuição do consumo do país
predominantemente homogénea nos quintis mais baixos, e as diferentes dinâmicas da
pobreza nas áreas rurais e urbanas.
4
INE, 2019 Censo 2017 IV Recenseamento Geral da População e Habitação 7
25
Actualmente Moçambique encontra-se num momento fraco da sua história económica,
em que procura recuperar de grandes choques: a crise da dívida oculta e os efeitos
devastadores dos ciclones Idai e Kenneth em 2019. A crise da dívida surge em 2016,
quando são identificados grandes empréstimos externos anteriormente não revelados,
que abalaram a confiança no país, reduzindo o apoio externo, com consequente
aumentou nos níveis da dívida e redução do crescimento económico. Em 2019, a
situação é agravada na sequência dos ciclones Idai e Kenneth, que vieram causaram
graves danos às infraestruturas e meios de subsistência, das populações das províncias
de Sofala, Manica e Cabo Delgado diminuindo ainda mais o crescimento económico e
o bem estar da população.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) publicado em 2018 coloca Moçambique
na 180ª posição entre 189 países, com 0.446, portanto abaixo da média do grupo de
países de baixo desenvolvimento humano da África Sub-Sahariana (0.541). Entre 1990
e 2018 o valor de IDH de Moçambique teve um aumento de 106%, destacando-se as
melhorias na esperança de vida à nascença que aumentou 14,9 anos, na média de anos
de escolaridade (aumentou 2,7 anos) e a esperança de anos de escolaridade (aumentou
6 anos). Contudo, quando o valor é descontado para a desigualdade, o IDH cai para
0,309, uma perda de 30,7 por cento devido à desigualdade na distribuição dos índices
de dimensão do IDH.
Quanto ao Índice de Desigualdade de Género (IDG) que reflecte desigualdades
baseadas no género em temos de saúde reprodutiva, empoderamento e actividade
económica, Moçambique está colocado na 142ª posição num total de 162 países. Em
Moçambique, apenas 14,0% das mulheres adultas atingiram pelo menos um nível
secundário de educação, em comparação com 27,3% dos seus homólogos masculinos.
Por cada 100.000 nados-vivos, 489,0 mulheres morrem de causas relacionadas com a
gravidez; e a taxa de nascimentos de adolescentes é de 148,6 nascimentos por 1.000
mulheres de 15-19 anos de idade. A participação das mulheres no mercado de trabalho
é de 77,5 por cento em comparação com 79,6 por cento para os homens.
Relativamente ao Índice de Pobreza Multidimensional5, dados de 2011 indicam 72,5
% da população (21.496 mil pessoas) são multidimensionalmente pobres, enquanto
13,6 % adicionais são classificados como vulneráveis à pobreza multidimensional (4.026
mil pessoas). A pobreza acentua a maior parte dos riscos sociais, incluindo os de
mortalidade infantil, desnutrição crónica, abandono escolar, trabalho infantil,
casamentos prematuros, dentre outros.
A distribuição espacial da pobreza é enviesada - com uma pobreza quase duas vezes
maior nas zonas rurais (principalmente quando mais distantes de mercados e serviços)
do que nos centros urbanos - e uma desigualdade crescente entre as zonas rurais e
urbanas. As regiões Norte e Central continuam a apresentar um atraso em relação às
regiões Sul, com muito mais pessoas pobres no Niassa (67%), Nampula (65%) e
Zambézia (62%) do que na Província de Maputo (12%) e Cidade de Maputo (4%), as
duas áreas que registaram o maior declínio nas taxas de pobreza na última década.
Em algumas regiões, os agregados familiares são vulneráveis a calamidades naturais,
tais como a seca, cheias e ciclones, sem que tenham capacidade de enfrentar
devidamente estes choques, dada a fraca capacidade de resiliência. Moçambique é na
realidade um dos países mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, dada a sua
localização na zona de convergência inter-tropical, a jusante de diversas bacias
hidrográficas partilhadas e com uma longa costa, com áreas adjacentes de altitude
5
A pobreza multidimensional refere-se a outras dimensões de privação, para além do consumo, que influenciam o bem-
estar das famílias, sendo calculado através do acesso a um conjunto de seis elementos mais estáveis: 1) pelo menos
um membro do agregado familiar ter finalizado a escola primária completa; 2) Acesso a fonte de água segura; 3) Acesso
a saneamento melhorado; 4) Casa com cobertura com materiais convencionais; 5) Acesso a saneamento melhorado; 6)
Posse de bens duráveis. É considerado pobre o agregado familiar privado de pelo menos quatro destes seis indicadores.
26
abaixo do actual nível das águas do mar. O facto de grande parte da população residir
na faixa costeira, de haver níveis elevados de pobreza, fragilidades nas infraestruturas
e equipamentos sociais (com destaque para saúde e saneamento) e baixa capacidade
financeira por parte do Governo para implementar medidas de adaptação contribui para
a elevada vulnerabilidade (MICOA, 2012).
Nas últimas décadas tem-se registado um aumento na ocorrência de eventos climáticos,
tais como cheias, secas, ciclones tropicais e epidemias, conforme patente na figura
seguinte (INGC 2009 e 2015). Os gráficos abaixo ilustram a tendência de cada um dos
eventos em Moçambique, as epidemias tem ganhado mais espaço em relação aos
outros eventos, pode se notar que uma tendência crescente de ocorrência de eventos
extremos
Sul
Centro
Norte
Figura 3 - Desastres naturais por região, entre 1956 e 2008 (adaptado de INGC, 2009)
Ao nível dos agregados familiares, a pobreza que atinge grande parte da população
acentua a maior parte dos riscos sociais, incluindo os índices de mortalidade infantil,
desnutrição crónica, abandono escolar, trabalho infantil, casamentos prematuros, entre
outros. Os agregados familiares mais desfavorecidos tendem a viver nas zonas mais
distantes de mercados e serviços, principalmente em meio rural, estando mais
vulneráveis a calamidades naturais, nomeadamente secas, cheias e ciclones. ENSSB
27
Figura 4 – Distribuição do Índice de Pobreza Muldimensional
6
Gradín and Tarp. 2019. “Gender Inequality In Employment In Mozambique”, South African Journal of Economics
87/2: 180‐199.
7
Retrieved from the Gender Data Portal on 24 September 2020 (Modeled ILO estimate, 2019).
28
7) Prevenir e mitigar os riscos de violência, abuso, exploração, discriminação e
exclusão socia, através de serviços de acção social;
8) Desenvolver a capacidade institucional para a implementação e coordenação do
subsistema de segurança social básica.
Para dar resposta ao primeiro objectivo estão definidos um conjunto de acções que
visam reforçar o nível de consumo, de autonomia e de resiliência das camadas mais
pobres e vulneráveis da população. Dentro deste âmbito são implementados programas
de transferências directas para os agregados familiares mais vulneráveis,
designadamente como através do Programa de Subsídio Social Básico (PSSB) e
Programa de Apoio Social Directo (PASD). Adicionalmente é implementado o Programa
de Acção Social produtiva (PASP.
29
prejudiciais vão para além do contexto escolar e contribuem para a perpetuação da
desigualdade e da violência baseada no género de forma mais ampla na sociedade.
Há consequências significativas para a VBG na juventude, com algumas das mais claras
relacionadas com a saúde física e psicológica e com os resultados académicos. As
consequências para a saúde física do sexo forçado incluem a exposição a doenças
sexualmente transmissíveis, bem como concepção indesejada, gravidez e parto de
adolescentes de alto risco, e abortos inseguros. Psicologicamente, a experiência de
violência sexual tem a tendência de bloquear o desenvolvimento de capacidades sociais
e minar a auto-estima, e pode levar a distúrbios alimentares, depressão, insónia,
sentimentos de culpa, ansiedade e tendências suicidas. As vítimas de violência sexual
também sofrem academicamente: as raparigas podem demonstrar mau desempenho,
reduzir o seu envolvimento em actividades escolares, ou desistir totalmente devido à
baixa auto-estima, concentração reduzida e ansiedade. Quando os professores exigem
sexo a estudantes do sexo feminino e as 'recompensam' por sexo com notas altas em
testes e exames, perpetua-se a ideia de que o sucesso académico está mais ligado à
sexualidade das raparigas do que ao seu intelecto. Tais noções afectam profundamente
a percepção que as raparigas têm de si próprias como estudantes, e lançam as
actividades académicas numa luz impropriamente sexualizada.
30
especialmente entre os agregados familiares chefiados por mulheres. Além disso, com
as dificuldades económicas, uma perda esperada nas receitas do Governo pode levar
a uma queda no financiamento de serviços sociais fundamentais, tais como a educação
e a saúde. A COVID-19 pode também ter custos educacionais para as raparigas e
consequências relacionadas com as condições económicas, uma vez que as suas
múltiplas responsabilidades de cuidados podem levar a um encargo significativo no seu
tempo, levando ao abandono escolar.
Nas zonas rurais, as mulheres e crianças podem estar em maior risco de contágio,
designadamente por se reunirem nos fontanários comunitários, que podem constituir um
centro de contágio. Por outro lado, as taxas mais elevadas de analfabetismo (56 contra
23% em ambientes urbanos) podem também torná-las particularmente vulneráveis se
os protocolos de saúde pública não forem devidamente divulgados e permitirem a sua
compreensão dos riscos e medidas.
As mulheres e crianças podem também enfrentar riscos acrescidos de diferentes formas
de violência baseada no género (VBG), incluindo violência doméstica, exploração e
abuso sexual. Embora tenham sido documentados aumentos significativos da violência
baseada no género em países com medidas de bloqueio total, outras evidências
mostram que o súbito início do aumento do stress económico e da ansiedade pode levar
a mecanismos negativos de resposta e exacerbar o comportamento violento a nível
doméstico, incluindo maus tratos infantis e castigos corporais, abuso sexual e
exploração do trabalho infantil para aumentar o rendimento familiar. Além disso,
actividades não relacionadas com a prevenção da VBG, tais como sensibilização da
comunidade ou sessões de informação de grupo, podem ser adiadas ou redesenhadas
para minimizar os riscos de infecção. Dado o baixo acesso à electricidade, serviços
móveis e Internet, especialmente nas zonas rurais, e a importância dos serviços
baseados na comunidade, é provável que as mulheres se encontrem em situações mais
vulneráveis. A COVID-19 pode também cortar o acesso ao fornecimento de saúde
sexual e reprodutiva, com o encerramento de clínicas móveis ou unidades baseadas na
comunidade. Além disso, uma perda esperada nas receitas governamentais pode levar
a uma queda no financiamento de programas governamentais de apoio, protecção e
serviços a sobreviventes e grupos vulneráveis.
As disparidades de género pré-existentes podem vir a agravar a desvantagem das
mulheres e o seu empobrecimento durante e após a pandemia. Por exemplo, as
mulheres podem ter mais dificuldades no acesso à assistência social dada a falta de
identificação, informação, ou mobilidade devido a restrições financeiras ou domésticas.
Além disso, 37% das mulheres (15-49 anos de idade) sofreram alguma forma de
violência baseada no género (VBG) nas suas vidas, e as raparigas adolescentes são
particularmente vulneráveis, uma vez que 19% relatam sofrer uma iniciação sexual
forçada. Em contextos de emergência, a vulnerabilidade das mulheres às práticas
relacionadas com a violência baseada no género também aumenta, incluindo
casamentos precoces e forçados, deterioração no acesso aos serviços, e aumento da
carga de trabalho. As provas têm mostrado um aumento notável de notificações a
serviços de crise relacionados com a VBG e a violência do parceiro íntimo, denominada
"pandemia sombra".
Assim, a implantação de redes de segurança social para proteger os indivíduos em
situação de pobreza e vulnerabilidade é crucial para mitigar os efeitos socioeconómicos
negativos da COVID-19.
31
6 POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS E MEDIDAS DE
MITIGAÇÃO
As actividades da FA 3 estarão limitadas a actividades relacionadas com Transferências
Directas para os beneficiários (Componente 3 do projecto inicial), sendo muito limitados
os impactos ambientais e socias daí decorrentes.
Pela natureza do Projecto, serão proporcionados benefícios às famílias vulneráveis, já
apoiados pelo INAS, bem como a famílias mais afectadas pelos impactos económicos
do COVID-19, em áreas urbanas e peri-urbanas. Poderão, contudo, ocorrer impactos e
riscos adversos, que apesar de não se prever que sejam significativos, deverão merecer
a devida atenção, requerendo a implementação de medidas de mitigação para melhorar
a sustentabilidade ambiental e social do Projecto.
Os potenciais riscos e impactos ambientais e socias identificados estão relacionados
essencialmente com questões sociais associadas à elegibilidade para a assistência,
potenciais riscos relacionados com violência baseada em género, riscos de propagação
do COVID-19 na comunidade e no meio laboral e impactos relacionados com a gestão
de resíduos de materiais potencialmente contaminados com COVID-19.
6.1.1 Maior protecção social para enfrentar o choque provocado pela pandemia
COVID-19 e maior resiliência a choques por outras emergências
O FA 3 representa uma grande escala de programas de protecção social adaptativos
em Moçambique, que. irá fornecer assistência social relacionada com a Covid-19 a
850.000 famílias durante a primeira fase. Respostas políticas comparáveis em países
vizinhos, como a África do Sul, que incluíram tanto recargas aos beneficiários existentes
como a expansão horizontal de programas específicos, resultaram numa distribuição de
benefícios a favor dos pobres, devido à natureza dos programas centrados nas crianças.
Os dados da Etiópia mostram que apesar do aumento da insegurança alimentar global
em 11,7% devido ao Covid-19, as famílias que participaram no Programa Redes de
Segurança Produtiva mitigaram o impacto para um aumento muito pequeno de apenas
2,4%. Além disso, a assistência social também protegeu os investimentos em capital
humano (em 7,7%) e mesmo os investimentos em activos produtivos. À semelhança de
países como o Ruanda, Somália ou África do Sul, onde a assistência social é orientada
para as crianças e a nutrição, o DCT-Covid de Moçambique também tem um enfoque
nas crianças.
Dados sobre o impacto da assistência social como resposta aos choques mostram que
28,5% das transferências monetárias pós-desastre são utilizadas no consumo de
alimentos, enquanto 21% são utilizadas em materiais para reparação de habitações.
Outra literatura também sugere que as transferências monetárias podem ajudar a
promover a segurança alimentar num contexto pós-desastre através da diversidade
alimentar (Bailey e Hedlund, 2012; Sharma, 2016) e podem também reduzir as
estratégias negativas para satisfazer as suas necessidades, tais como restrições
alimentares auto-impostas, trabalho infantil e trabalho perigoso (Lehmann e Masterson,
2014). Estes ganhos a nível doméstico resultantes de respostas a catástrofes são
utilizados para fornecer uma estimativa dos ganhos económicos das actividades do
projecto.
Prevê-se, portanto, que a implementação do FA3 tenha como benefícios imediatos, a
melhoria da segurança alimentar e do consumo, evitando que as famílias afectadas
adoptem mecanismo de sobrevivência arriscados.
Embora este FA 3 expanda a cobertura apenas às famílias afectadas pela crise da
COVID-19, a expansão dos registos dos beneficiários, dos sistemas de pagamento e
32
dos processos de encaminhamento cria uma maior resiliência e capacidade de resposta
a futura, como os choques relacionados com as mudanças climáticas.
Torna-se importante tomar medidas que assegurem a inclusão dos indivíduos e grupos
mais vulneráveis, que devem passar por campanhas de comunicação efectivas e
abrangentes e o envolvimento de partes interessadas que possam efectivamente apoiar
na sua identificação. Adicionalmente, deverá estar implantado em toda a área territorial
de abrangência do Projecto um Mecanismo de Queixa e Reclamação que permita que
os candidatos à assistência possam de forma transparente verificar causas da sua não
elegibilidade e os beneficiários possam apresentar queixas relacionadas por
deficiências nos pagamentos.
33
nas fases anteriores do projecto, permitiram identificar alguns erros no registo e
processamento de pagamento. Estas licções aprendidas devem ser
devidamente incorporadas no sistema do INAS, de forma a evitar novas
ocorrências. Esta experiência demonstrou a importância da disponibilização do
Mecanismo de Queixa na totalidade da área territorial de implementação do
projecto. O Mecanismo de Queixa tem de ser acompanhado de acções de
comunicação que apresentem claramente como funciona este mecanismo.
35
disponibilizado aos funcionários (incluindo máscaras faciais, viseiras e desinfectante de
mãos; desifecção das instalações, medição da temperatura corporal, entre outras.
Estas medidas devem ser aplicadas não só aos funcionários do INAS, como também de
todas as organizações terceirizadas, designadamente para o processo de pagamento.
Os trabalhadores deverão ter acesso ao Mecanismo de Gestão de Queixas para
apresentação de queixas sobre não cumprimento de procedimentos relacionados com
a contenção do COVID-19, nomeadamente o distanciamento físico e a disponibilização
de máscaras faciais, outros problemas laborais e de condições de trabalho.
36
Tabela 7 - Síntese de Potenciais Impactos e Riscos e Medidas de Mitigação
37
Risco de violência doméstica seu princípio de confidencialidade,
baseada em género centralidade de sobrevivência, e segurança de
sobrevivência
Campanha de sensibilização contra violência PA-VBG
doméstica baseada em género, em
colaboração com outras organizações
7.1 Introdução
Analise das fichas e identificação das lacunas No arranque do Projecto Especialista INAS Central
a colmatar/melhorar em cada e antes da contratação Ambiental do
delegação/agência para a implementação do de novas agências INAS
Protocolo de controlo do INAS terceirizadas
40
Priorização da assistência àquelas que No arranque do Projecto Especialista INAS Central
tiverem sido classificadas de Risco Elevado, e antes da contratação Ambiental do
providenciando acções de sensibilização e de novas agências INAS
apoio na definição de procedimentos de terceirizadas
distanciamento social, utilização de máscaras
e higienização das mãos
Implementação do Protocolo Covid do INAS Ao longo do Projecto, Delegações do Especialista
que descrevem a necessidade de EPI e o enquanto perdurar a INAS e Ambiental do
fornecimento de condições de trabalho pandemia agências INAS
adequada, incluindo o fornecimento de terceirizadas
máscaras e exigência da sua utilização, o
cumprimento da higiene das mãos e
directrizes para o distanciamento social
durante os processos de pagamento, entre
outros.
Implementação de medidas que reduzem os Ao longo do Projecto, Delegações do Especialista
ajuntamentos nos pontos de registo e de enquanto perdurar a INAS e Ambiental do
pagamento, designadamente através de pandemia agências INAS
terceirizadas
definição de calendários adequados
expansão do pagamento por via digital
41
comunicação (posters, panfletos) nos locais implementação intervenientes e
de trabalho do projecto interessados
‐ Campanha a ser preparada por
especialista/organização VBG
contratada
Divulgação na comunidade da não tolerância Desde o ano 1 e INAS Delegações, INAS, Banco
a VBG / AES e sobre a possibilidade de ao longo de Mundial e
apresentação de queixa através do MQR e do toda a Órgão de outros
seu princípio de confidencialidade, implementação comunicação intervenientes e
centralidade de sobrevivência, e segurança do projecto social, Midia locai interessados
de sobrevivência / comunitária
44
Tabela 10 – Plano de Envolvimento de Partes Interessadas
45
Organizações de ‐Identificação de ‐Locais e datas de ‐Contacto pessoal e/ou por ‐Na fase de Delegações do Especialista
Base candidatos registo de telefone celular arranque do INAS Social
Comunitária ‐Monitorização candidatura ‐Reuniões com grupos Projecto
do Projecto ‐Critérios de pequenos, respeitando ‐Trimestralmente
elegibilidade restrições relacionadas com no Ano 1
‐Informação sobre Covid ‐Semestralmente
funcionamento do nos anos
MQR seguintes
‐Participação na
monitorização e
avaliação
Igrejas ‐Identificação de ‐Locais e datas de ‐Contacto pessoal e/ou por ‐Na fase de Delegações do Especialista
candidatos registo de telefone celular arranque do INAS Social
‐Monitorização candidatura ‐Reuniões com grupos Projecto
do Projecto ‐Critérios de pequenos, respeitando ‐Trimestralmente
elegibilidade restrições relacionadas com no Ano 1
‐Informação sobre Covid Semestralmente
funcionamento do nos anos
MQR seguintes
‐Participação na
monitorização e
avaliação
Distrital Governos ‐Identificação de ‐Critérios de ‐Contacto pessoal e/ou por ‐Na fase de Delegações do Especialista
Distritais candidatos elegibilidade telefone celular arranque do INAS Social
‐Monitorização ‐Informação sobre ‐Reuniões com grupos Projecto
do Projecto funcionamento do pequenos, respeitando ‐Mensalmente no
MQR restrições relacionadas com primeiro semestre
‐Relatórios de Covid do Ano 1 e
Implementação do ‐ Email trimestralmente
Projecto ‐Trimestralmente
‐Relatórios do MQR nos anos
‐Participação na seguintes
monitorização e
avaliação
Provincial/ Agências ‐Assistência a ‐Critérios de ‐ Reuniões, de preferência ‐Na fase de Especialista
Humanitárias grupos elegibilidade virtuais arranque do Social
Nacional vulneráveis Projecto
‐ Email
46
‐Monitorização ‐Informação sobre ‐Trimestralmente
do Projecto funcionamento do no Ano 1
MQR Semestralmente
‐Relatórios de nos anos
Implementação do seguintes
Projecto
‐Relatórios do MQR
‐Participação na
monitorização e
avaliação
Organizações ‐Assistência a ‐Critérios de ‐ Reuniões, de preferência ‐Na fase de Especialista
Não grupos elegibilidade virtuais arranque do Social
Governamentais vulneráveis ‐MGQ (como aceder ‐ Email Projecto
de ‐Monitorização e tipo de queixas) ‐Trimestralmente
Desenvolvimento do Projecto ‐Participação na no Ano 1
Social monitorização e Semestralmente
avaliação nos anos
seguintes
Organizações ‐Campanhas de - Campanhas sobre ‐ Reuniões, de preferência ‐Na fase de Especialista
que actuam na sensibilização VBG (incl.. AES) a virtuais arranque do Social
área de Violência sobre VBG realizar e discussão ‐ Email Projecto
com Base em ‐Apoio a vítimas de eventuais ‐Trimestralmente
Género colaborações no Ano 1
- Protocolos para Semestralmente
encaminhamento de nos anos
vítimas seguintes
‐Relatórios do MQR,
relativo a VBG
47
7.5 Mecanismo de Queixas e Reclamaçoes
7.5.1 Antecedentes
O Mecanismo de Queixas e Reclamações refere-se a todo processo de assistência aos
beneficiários, pessoas afectadas, interessadas e membros da comunidade, estabelecendo
as regras para receber, avaliar e tomar decisões sobre queixas reclamações, sugestões
que vierem a ser recebidas pelo INAS no âmbito do desenvolvimento das suas
atribuições/Actividades Competentes.
Em 2019, o INAS criou um Mecanismo de Queixas e Reclamações (MQR) , relacionadas
com a implementação do Programa Apoio Social Directo (PASD), aplicado no âmbito do
Programa de Pós-Emergência dos Ciclones Idai e Kenneth. O MQR ficou integrado no
Manual de Operação do PASD.
De acordo com este MQRs beneficiários, pessoas afectadas e interessadas podem fazer
queixas e reclamações ao longo das etapas do ciclo operacional nos casos seguintes:
Informação e comunicação insuficiente sobre processo de selecção: em caso da
informação e em particular das listas de beneficiários não sejam exibidas num
período mínimo de 2 semanas antes do dia previsto da inscrição, os beneficiários
poderão fazer uma reclamação ao Comité local de protecção social ou diretamente
ao permanente do INAS;
Eliminação não justificada dum agregado nas listas de beneficiários: O INAS deve
exibir 2 listas: a lista de beneficiários e a lista de agregados que, de acordo com as
indicações do CLPS, já não residem no posto administrativo. Um AF pode contestar
a sua eliminação da lista de beneficiários argumentando que não se mudou fora do
posto administrativo;
Pagamentos: em caso de um agregado receber parcialmente seus benefícios,
poderá fazer uma reclamação;
Informação e comunicação insuficiente sobre processo de pagamento;
Distância percorrida até ao local de pagamento;
O tempo de espera no local de pagamento;
Injustiça deliberada ou não;
Mau procedimento dos intervenientes (tratamento);
Perda de seus direitos;
Má inscrição ou alteração de seus dados sócio-económicos;
Problemas relativos as salvaguardas ambientais e sociais (Podem ser problemas
diversos)
Outros casos que constituam insatisfação dos beneficiários, pessoas afectadas e
interessadas;
48
Outras queixas e reclamações diversas Ex. (Educação, Saúde, Obras Públicas,
Infraestruturas, Serviços, Agricultura, Pecuária … etc… etc…serão recebidas e
encaminhadas aos pelouros/instituições/órgãos competentes)
49
entre as partes, ou se a queixa e reclamação vai escalar a níveis superiores apresentados
na proposta de fluxograma que enviamos anexo.
50
capítulo dedicado aos tipos de queixas e reclamações e aparecem descritas na ficha de
reclamações.
Assim, para além do tipo de queixas já abrangido, deverá ser integrada a possibilidade de
apresentação de queixas sobre os seguintes aspectos:
- Processo de divulgação do Projecto
- Dificuldades de acesso aos locais de registo e pagamento (quer seja pela distância
física, como por outras impossibilidades)
- Atrasos nas transferências
- Erros nos valores transferidos
- Falta de implementação de medidas de prevenção do COVID-19 nos locais de
registo e pagamento
- Situações de exploração e abuso e assédio, por funcionários do INAS ou de
agências terceirizadas, quer nas fases de registo como de pagamento
- Situações de violência baseada em género
- Deficiências na implementação de medidas de prevenção do COVID-19 no local de
trabalho (incluindo falta de disponibilização de EPI)
- Condições de trabalho deficientes que ponham em causa a saúde e segurança dos
trabalhadores
- Problemas laborais, relacionados com horário laboral, horas extraordinárias, férias
e outros direitos previstos na Lei do Trabalho
- Idem (Vide comentário anterior)
Haverá assim necessidade de melhorar ampliar significativamente o MQR, sendo para tal
requerida:
Contratação e capacitação de recursos humanos adicionais no MQR, incluindo nas
sensibilidades das queixas relacionadas com exploração e abuso sexual e de
assédio sexual, bem como de violência baseada em género .
Definição de vias para a apresentação de queixas relacionadas com o trabalho,
incluindo procedimentos simplificados para tratar de queixas específicas dos
trabalhadores o que permitirá aos trabalhadores denunciar rapidamente questões
laborais, tais como falta de EPI, falta de procedimentos adequados ou horas
extraordinárias não razoáveis
Integração de queixas de exploração e abuso sexual e de assédio sexual, bem como
de violência baseada em género, mesmo que não directamente relacionadas com o
Projecto.
A integração destas queixas terá de seguir os três princípios orientadores
fundamentais que devem ser sistematicamente aplicados para responder
adequadamente à natureza específica destes casos: confidencialidade,
centralidade de sobrevivência, e segurança de sobrevivência, o que requer a
definição de canais de recepção destas queixas que sejam confiáveis, por parte
da vítima.
As queixas de exploração e abuso sexual e de assédio sexual relacionadas com
funcionários do INAS ou dos demais intervenientes na implementação do Projecto
51
devem ser tratadas de imediato pela unidade de implementação do projecto, com
o envolvimento do especialista social.
Queixas relacionadas com violência baseada em género deverão ser
encaminhadas para instituições que lidam com estes casos, o que irá requerer um
mapeamento prévio das instituições existentes nas áreas de intervenção do
Projecto. O encaminhamento da queixa para estas instituições só poderá ser feito
com o consentimento da vítima.
Constituem figuras de capital importância neste processo, os líderes comunitários, os
funcionários do Governo do Distrito / Conselho Municipal. Assim como os mecanismos de
queixas e reclamações já existentes nas comunidades e os seus respectivos meios.
Devendo-se para o efeito identificar uma forma de motivar estes intervenientes a
participarem no processo (desafio muito grande e complexo, o de definir incentivos para a
participação desses atores)
O MQR terá de ser largamente divulgado no âmbito do Plano de Envolvimento de Partes
Interessadas, através de campanhas de comunicação e sensibilização específicas que
indiquem de forma clara os vários passos do mecanismo, o tipo de queixas que podem ser
apresentadas e o nível de confidencialidade do seu tratamento.
No Anexo 4 apresenta-se Directrizes Operacionais do Banco Mundial para Mecanismos de
Reparação de Queixas, que devem ser consideradas durante a concepção detalhada do
MQR a ser aplicado ao AF3, que será reflectido na actualização do respectivo Manual de
Operação.
8.1 Antecedentes
Para a implementação do Projecto de Protecção Social e seus financiamentos adicionais,
o INAS conta com uma equipa de consultores que presta assistência técnica e actua dentro
da orgânica da instituição, não tendo sido, portanto, instalada uma Unidade de
implementação (PIU). Integra a equipa de consultores, o especialista em salvaguardas
ambientais e sociais que lidera, capacita e supervisiona um grupo de três funcionários do
órgão central e pontos focais a nível provincial responsáveis pela componente de
salvaguardas. Recentemente o especialista de salvaguardas foi substituído por um novo
especialista, recrutado em Outubro de 2020.O especialista social cuja contratação estava
prevista no âmbito do FA2 ainda não foi recrutado
Estes funcionários, quer de nível central como provincial estiveram envolvidos em acções
de formação em salvaguardas, com o objetivo de criar a capacidade de implementação e
gestão de salvaguardas locais. Considera-se que nos últimos quatro anos foram geradas
capacidades internas para controlar os instrumentos de salvaguardas e a equipa do Banco
Mundial prestou um estreito apoio à implementação de medidas de salvaguardas (incluindo
através de extensas missões de fiscalização assistência e no terreno).
Conforme referido anteriormente a implementação do Projecto de Protecção Social foi
precedida da preparação do respectivo Quadro de Gestão Ambiental e Social (QGAS) e do
Quadro de Política de Reassentamento, que foram posteriormente actualizados para
abranger novas áreas territoriais, bem como novas actividades.
52
O QGAS constituiu um documento orientador para o processo de triagem da avaliação
ambiental e social, utilizado essencialmente para os subprojectos que envolviam
actividades utilizando mão-de-obra intensiva.
Outros documentos e procedimentos foram produzidos pela equipa de salvaguardas do
Projecto, com apoio da equipa do Banco Mundial, visando reforçar os procedimentos de
avaliação e gestão de impactos ambientais e sociais destes subprojectos, designadamente:
Guia de triagem ambiental e social
Manual de Boas Práticas Ambientais e Socais (MBPAS)
Formulário de Análise Ambiental e Social – FAAS, para Subprojecto de
Abertura/alargamento, Manutenção de Vias de Acesso, limpezas em locais Públicos
Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS):
Plano e indicadores para monitorar os aspectos Ambientais e Sociais das
actividades implementada nas delegações
Recentemente foi preparado um Guião para o plano de resposta a Covid19, com objectivo
de estabelecer medidas de prevenção durante o processo de selecção, inscrição,
pagamento de subsídios aos beneficiários e implementação dos subprojectos / ou passos
subsequentes.
É ainda de destacar a concepção e estabelecimento de um mecanismo de diálogo e Gestão
de Queixas e Reclamações tendo em vista aumentar a participação e envolvimento das
comunidades no projecto, esclarecer dúvidas, sensibilizar as comunidades, fornecer
sugestões práticas para melhorar a implementação e aumentar a transparência na
resolução de problemas e minimizar riscos. Nesse sentido foi preparado Manual de Gestão
de Queixas e Reclamações e fichas de reclamações .
53
8.3 Monitoria e Avaliação
Durante a implementação do Projecto o INAS é responsável pela monitorização e avaliação
do desempenho da implementação do presente QGAS , que serão integradas nos relatórios
globais de desempenho do Projecto. As partes interessadas no projecto poderão ser
envolvidas na monitorização e avaliação, tal como identificado no PEPI
Para além da monitorização por destas estruturas, o FA 3 apoiará a expansão da iniciativa
de monitorização independente baseada na comunidade através da Plataforma da
Sociedade Civil Moçambicana para Protecção Social (PSMC-PS). A PSMC-PS apresentou
informações sobre o impacto da COVID-19 nos beneficiários e identificou irregularidades
no processo da acção social, tais como atrasos nos processos de pagamento, gestão da
distância social, e disponibilidade de equipamento de protecção.
O objetivo das revisões anuais é: i) avaliar o cumprimento dos procedimentos do QGAS,
tirar lições aprendidas e melhorar o desempenho da implementação do QGAS no futuro; ii)
avaliar a ocorrência de potenciais impactos cumulativos de atividades financiadas pelo
projecto e outras atividades de desenvolvimento.
Valor estimado
Ord Item
(USD)
1 Formação e capacitação 80 000
2 Consultoria 65 000
3 Desenvolvimento / melhoramento de instrumentos de salvaguarda 5 000
4 Divulgação e Comunicação 10 000
5 Supervisão e Fiscalização 80 000
Melhoramento e operacionalização do Mecanismo de queixas e
6 60 000
Reclamações
7 Equipamento de protecção individual 800 000
Total 1 020 000,00
54
10 BIBLIOGRAFIA
Cities and Climate Change Project, Environmental and Social Management Framework
(ESMF)
Republic of Mozambique, Ministry of State Administration (MAE)
Administration of Water and Sanitation Infrastructure (AIAS)
October 2011
55
World Bank Environmental and Social Safeguards
Internet: www.worldbank.org
56
ANEXO 1 – PLANO DE RESPOSTA DO INAS CENTRAL AO COVID
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DO GÉNERO, CRIANÇA E ACÇÃO SOCIAL
Departamento de Programas de Desenvolvimento
1. Contextualização
A covid19 teve a sua origem na china em 2019 e nos princípios de 2020 foi se espalhando
um pouco pelo mundo todo, contribuído para a Organização Mundial da Saúde decreto o
estado de emergência global. O nosso Pais começou a registar os casos de covid19 nos meia-
tos de Abril, obrigando a tomada de decisões estratégias da parte do estado, decretando estado
de emergência nacional (através do decrecto presidencial nr. 11/2020, decrecto nr. 12/2020
de 2 de Abril) activando o nível 3 (alerta amarela), condicionando varias restrições na
implementação de varias actividades de modo a prevenir, conter e atender as acções referente
a pandemia.
Igualmente, alguns parceiros do INAS, como o Banco Mundial (BM) vem recomendado as
acções tomadas pelo governo local e OMS de modo a prevenir, conter e atender as respostas
a covid19 através de nota especifica de covid19, que deve ser actualizado tendo em conta as
evoluções e recomendações locais.
É neste contexto que o INAS através do presente plano pretende responder as acções da
covid19, conjugadas com as actividades a serem desenvolvidas, nomeadamente:
1.1. Objectivo
58
Manter contactos com o sector chave (MISAU) para responder aos casos de
emergência em caso de possíveis eventos acontecerem;
Criar uma comissão sectorial para lidar com a gestão da Covid-19 a nível das relações
o grupo alvo e manter informado sobre a evolução da pandemia em Moçambique.
Coordenar com as delegações a implementação das acções prevista sobre a prevenção
da Covid-19;
Identificar os técnicos sensíveis a doenças crônicas e em particular respiratórias e
restringir a realização das atividades de campo.
Garantir desinfeção dos utensílios dos técnicos no âmbito das actividades do campo;
Supervisionar o cumprimento das medidas por parte dos seus técnicos e beneficiários,
sempre que possível
Divulgar as boas práticas adoptadas no âmbito de prevenção.
Limitar e adequar horário de trabalho para os funcionários.
Limitar a presença de crianças nos locais de pagamento e privilegiar o pagamento das
pessoas mais vulneráveis.
As medidas a serem adotadas pelo INAS durante a realização das actividades por parte dos
técnicos:
59
Os técnicos devem manter um distanciamento social com os beneficiários de no
mínimo 1.5 metros durante a realização das actividades;
Os técnicos se estiverem em contacto com zonas identificadas com o caso da covid19,
devem permanecer em quarentena após o seu regresso;
Não tocar com as mãos na cara e boca. Sempre que tocar em qualquer superfície, deve
proceder a desinfeção das mãos.
Uso obrigatório de mascaras em todos os transportes previstos durante o percurso de
ida e volta da actividade que foi incumbida;
Informar ao INAS, Delegações e outros intervenientes em caso de sinistralidades não
planificadas.
2.1. Acções a serem desenvolvidas pelas Delegações
60
Este plano só pode ter os efeitos desejados com o esforço e contribuição de cada um de nos
pelo que apela-se pelo cumprimento de todos e a todos o níveis. Igualmente, o presente plano
é dinâmico e prevê-se a actualizacao das medidas em função da evolução da pandemia.
61
ANEXO 2 – FICHA DE TRIAGEM, PAA VERIFICAÇÃO DE PREVENÇÃO E CONTROLE
DE INFECÇÃO COVID-19
Esta Ficha deve ser aplicada a todas as Delegações do INAS e Agências Tercerizadas
envolvidas na implementação do FA 3.
62
Medidas para detecção e isolamento de casos
13 São conduzidos rastreios de saúde diários (p. ex.
medição de temperatura)?
14 Há forma rápida de identificação dos funcionários
que estiveram em contacto com o infectado?
15 Há registo das ocorrências de funcionários
infectados?
16 Há confidencialidade na informação sobre a
infecção?
17 Existe um procedimento seguro para isolar e
transportar para casa ou hospital um trabalhador
ou beneficiário que esteja doente com Covid-19
Nível de Risco
20 a 30 Risco Baixo
30 a 50 Risco Médio
50 a 70 Risco Elevado
63
ANEXO 3 – MODELO DE PROTOCOLO DE CONTROLE DE INFECÇÃO POR COVID-19
E PREVENÇÃO PARA AGÊNCIAS TERCIARIZADAS
Enquanto durar a pandemia da COVID 19, acções de prevenção e controlo deverão serão
implementadas em diferentes situações, incluindo:
Em geral, e em contexto de trabalho
- Uso obrigatório e correcto das máscaras. A indicação da obrigatoriedade
deve estar visível por meio de cartazes.
- Incentivar o uso da etiqueta respiratória - cobrir a boca e nariz com o cotovelo
flexionado ao tossir ou espirrar (medidas para reduzir a propagação de
doenças respiratórias).
- Promover a lavagem frequente das mãos - fornecer um local para lavar as
mãos dentro das instalações (para trabalhadores e visitantes). Se o sabão e
a água corrente não estiverem imediatamente disponíveis, fornecer um
desinfectante a base de álcool (70% de álcool).
- Proibir o contacto físico, como apertos de mão, abraços e beijos. Promover
formas de cumprimentar as pessoas sem o contacto físico.
- Cada sector de trabalho deve dispor de pessoal de limpeza.
- Desencorajar o contacto dos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Desinfectar regularmente os objectos e superfícies frequentemente tocadas.
- Os colaboradores que estejam saudáveis, mas que tenham um membro da
família em casa infectado pela COVID-19, devem notificar o seu supervisor.
- Todos os trabalhadores devem utilizar a sua própria garrafa de água e evitar
partilhar objectos (celular, computadores pessoais, esferográficas, etc).
65
-
1. Introdução
Transparência e responsabilidade são elementos centrais do Projecto. Para este fim, o
projecto incluirá um Mecanismo de Reparação de Queixas (MRQ). O objectivo do MRQ é
reforçar a responsabilização perante os beneficiários e proporcionar canais para os
intervenientes no projecto fornecerem feedback e/ou expressarem queixas relacionadas
com as actividades apoiadas pelo Projecto. O MRQ é um mecanismo que permite a
identificação e resolução de questões que afectam o projecto. Ao aumentar a transparência
e responsabilidade, o MRQ visa reduzir o risco do projecto afectar inadvertidamente os
cidadãos/beneficiários e serve como um importante mecanismo de feedback e
aprendizagem que pode ajudar a melhorar o impacto do projecto.
O mecanismo centra-se não só na recepção e registo de queixas, mas também na sua
resolução. Embora o feedback deva ser tratado ao nível mais próximo da queixa, todas as
queixas devem ser registadas e seguir os procedimentos básicos estabelecidos neste
capítulo.
O feedback deve ser tratado ao nível mais próximo da queixa, todas as queixas devem ser
registadas e seguir os procedimentos básicos estabelecidos neste capítulo.
2. Definição do MRQ
Para efeitos destas Directrizes Operacionais, um Mecanismo de Remoção de Reclamações
é um processo de recepção, avaliação e tratamento de reclamações relacionadas com o
projecto por parte dos cidadãos e comunidades afectadas ao nível do projecto.
Os termos "queixa" e "reclamação" são utilizados indiferentemente.
66
4. Procedimentos
4.1 Canais para apresentação de queixas
A instituição estabelece os seguintes canais através dos quais os cidadãos/beneficiários/
Pessoas Afectadas por Projectos (PAPs) podem apresentar queixas relativas a actividades
financiadas por projectos:
a. Por correio electrónico: Endereços electrónicos do projecto;
b. Através da seguinte página web http://www..............
c. Por escrito ao INAS: endereço
d. Por fax para:
e. Outros: Reclamações escritas ao pessoal do projecto (através de reuniões
do projecto).
O projecto deve assegurar flexibilidade nos canais disponíveis para reclamações, bem
como garantir o acesso às informações de contacto para os indivíduos que apresentem
reclamações.
4.2 Confidencialidade e conflito de interesses
As queixas podem ser apresentadas anonimamente e a confidencialidade será assegurada
em todas as instâncias, incluindo quando a pessoa que apresenta a queixa for conhecida.
Por este motivo, foram estabelecidos múltiplos canais para apresentar uma queixa e serão
evitados conflitos de interesse.
4.3 Recepção e registo das queixas
A pessoa que receber a reclamação preencherá um formulário de reclamação (ver Anexo
A) e registará a reclamação no Registo de Reclamações, mantido sob a gestão da MRQ.
Em seguida, a queixa deve ser submetida imediatamente ao sistema de rastreio para
classificação e redireccionamento para o departamento apropriado responsável pela
investigação e tratamento da queixa, ou para o pessoal se a queixa estiver relacionada com
uma actividade específica do projecto. O Coordenador do Projecto é responsável por
determinar a quem dirigir a queixa, se uma queixa requer uma investigação (ou não), e o
prazo para responder à mesma.
Ao determinar quem será o responsável pela investigação, o Coordenador de Projecto deve
assegurar que não existe conflito de interesses, ou seja, todas as pessoas envolvidas no
processo de investigação não devem ter qualquer interesse material, pessoal ou
profissional no resultado e nenhuma ligação pessoal ou profissional com queixosos ou
testemunhas.
Uma vez estabelecido o processo de investigação, a pessoa responsável pela gestão do
MRQ regista e insere estes dados no Registo de Reclamações.
O número e o tipo de sugestões e perguntas devem também ser registados e comunicados
para que possam ser analisados a fim de melhorar as comunicações do projecto.
4.4 Investigação
De acordo com a Lei Nacional sobre [Petições Públicas. . . .], com outras alterações, as
queixas devem ser examinadas no prazo de 30 dias úteis após a recepção da queixa. A
pessoa responsável pela investigação da queixa reunirá os factos de modo a gerar uma
imagem clara das circunstâncias que rodeiam a queixa. A investigação/acompanhamento
pode incluir visitas ao local, revisão de documentos e uma reunião com aqueles que possam
resolver a questão.
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Os resultados da investigação e a resposta proposta ao queixoso serão apresentados para
consideração ao Coordenador do Projecto, que decidirá sobre o curso da acção. Uma vez
tomada uma decisão e informado o queixoso, o especialista em investigação descreve as
medidas a tomar no formulário de queixa (ver Anexo A), juntamente com os pormenores da
investigação e as conclusões, e submete a resposta ao Director Executivo para assinatura.
4.5 Resposta ao queixoso
O queixoso será informado sobre os resultados da verificação por carta, correio electrónico
ou por correio, conforme recebidos. A resposta será baseada nos materiais da investigação
e, se for caso disso, deverá conter referências à legislação nacional.
O prazo para investigar a queixa pode ser prorrogado por 30 dias úteis pelo Coordenador
do Projecto, e o queixoso deve ser informado sobre este facto, se
a) são necessárias consultas adicionais para dar resposta à queixa;
b) a queixa refere-se a um volume complexo de informação e é necessário estudar materiais
adicionais para a resposta.
4.4 Investigação
b) a queixa refere-se a um volume complexo de informação e é necessário estudar materiais
adicionais para a resposta.
5. Sensibilização
5.1 Informação fornecida num formato acessível
A informação sobre o Mecanismo de Remoção de Luto estará disponível no sítio web
www.bellesexport.by será incluída nas comunicações com os interessados.
Instruções: Este formulário deve ser preenchido pelo pessoal que recebe o inquérito ou queixa e guardado no ficheiro do
Projecto. Anexe qualquer documentação/cartas que sejam relevantem.
Data de recepção da queixa: Nome do funcionário que preenche o formulário:
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□ Caixa de queixas/sugestão □ Reunião na comunidade □ Consulta Pública □ Outra ______________
Nome da pessoa que suscita o luto: (a informação é opcional e sempre tratada como confidencial)
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