Psicanálise, Ciência e Profissão
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Psicanálise, Ciência e Profissão
PSICANÁLISE, CIÊNCIA E
PROFISSÃO
AULA 1
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CONVERSA INICIAL
sobre onde é
possível encontrar a psicanálise atualmente e como ela está situada no campo
nascimento como
ciência e profissão, bem como seus preceitos éticos e o que embasa sua técnica.
práticos.
tona as relações
entre psicanálise e psicologia, e qual o lugar da psicanálise dentro do campo
das
ciências.
Todos esses
questionamentos serão levantados e discutidos no decorrer e desenvolvimento de
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âmbito social).
surgiram, ou
seja, o que na história da psicanálise contribuiu para os seus fundamentos. O
aspecto
prática
dentro do campo psicanalítico. Na sequência, adentraremos no campo da discussão
da
partir de experiências
clínicas e pesquisas de Sigmund Freud, no final do século XIX. Ela surge com o
contato
de Freud e seus parceiros de trabalho com as pacientes histéricas (principalmente),
que
dão abertura ao campo psicanalítico. Vamos começar, então, falando sobre quem
era Sigmund
Freud.
devido a questões
familiares. Nesta cidade, cursa Medicina e então se interessa pela neurologia. É
com sua formação médica que passa a ter contato com o fenômeno da histeria e
estudá-lo. Após a
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da experiência
clínica, até então, sobre o funcionamento mental, em um artigo denominado “Novas
psicanálise e psicologia.
a psicanálise foi
exercida por médicos. Com o tempo, extrapola o campo da medicina e adentra o
psiquiatria), e teve
sua inserção no Brasil a partir da mesma.
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tornou o diretor do
Hospital Nacional dos Alienados. Nessa instituição, as obras de Freud foram
pela
obra de Freud. No entanto, esse interesse acaba ficando apenas no plano teórico
ou
dela, da
psicanálise, no campo da psicologia, e como se estabelece essa relação até hoje
em termos
práticos.
psicanálise está
presente nas mais diversas áreas em que atuam os profissionais do campo psi:
educação, justiça, saúde e trabalho, por exemplo. Assim, podemos pensar numa
psicanálise exercida
ser inserida a
psicanálise.
que é o setting
tradicional do psicanalista. Elas podem, assim, ser estendidas aos demais campos
de
um de seus
eixos teóricos (Psicanálise I, II etc.) quanto nas disciplinas temáticas, como
Psicomotricidade,
Psicopatologia, Psicologia do Desenvolvimento, em que sua inserção é menos
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como surgiu a
psicanálise? Por que sua relação com a medicina e com a psicologia? Responder a
alternativa ao
tratamento da histeria, e como isso a faz ganhar o alcance que se vê nos dias
de hoje.
mulheres que
manifestavam tanto sintomas físicos (cegueira, paralisias, crises nervosas etc.)
quanto psíquicos (não conseguir beber água, esquecer como falar sua língua materna
etc.). O
2017, p. 275)
até o
hipocôndrio e estacionasse nesse órgão. Caso o útero prosseguisse sua subida e
atingisse o
coração, a paciente emitiria sinais de ansiedade, opressão e
vômitos” (Belintani,2003, p. 57).
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histeria
se devia a um grupo de ideias parasitas não conscientes no espírito do sujeito”
(Nasio, 1999,
p. 22). Isso amplia radicalmente a concepção que se tinha do
fenômeno histérico, localizando a
referência
clínico e de ensino da histeria, criou um arquivo fotográfico para eficaz
registro médico e,
assim, concretizou seu projeto científico. Com isso, cria-se
inclusive uma identidade visual para o
Segundo Nasio (1999), a hipnose era emprega para ter acesso aos
conteúdos que agiam como esse
corpo estranho parasita no psiquismo da paciente
histérica – conteúdos esses que estavam por trás
do adoecimento, causando-o.
Durante as pesquisas
realizadas por Sigmund Freud e Josef Breuer, experimentações com
hipnose
sugeriam a existência de memórias patogênicas que causavam os sintomas. É neste
os conceitos de repressão,
resistência e recalque, tão importantes para construir a psicodinâmica
psicanalítica. No mesmo período em que Freud e Breuer faziam suas pesquisas,
outros testes com a
na literatura psicanalítica
em referência a Bertha Pappenheim, um dos casos mais relevantes na
discussão
acerca dos fenômenos da histeria.
qual
apresenta seus achados e conclusões a respeito da histeria. Essa obra é
composta pelo relato
de cinco casos clínicos, tendo sido quatro deles atendidos
pelo próprio Freud. As pacientes
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A jovem
de 21 anos sofria de diversos distúrbios corporais graves, como paralisia de
membros
do corpo, cegueira temporária e até mesmo esquecimento de quase todos
os idiomas que falava
Com o avançar das pesquisas, Freud vai dando importância cada vez
maior à sexualidade, tanto para
a compreensão da neurose (aqui, a histeria) quanto
para a compreensão da constituição do sujeito
Para
tanto, será necessário ainda tratar de alguns aspectos históricos. Como temos trabalhado
até
aqui, as pacientes histéricas trazem um desafio à prática dos médicos da
época de Freud. Com a
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pacientes
eram hipnotizáveis ou influenciáveis pela emoção e, por isso, considerava-se um
mau
hipnotizador. Também percebia a dificuldade de
alcançar uma condição de cura efetiva, uma vez que
não se extirpava os
sintomas. O tratamento hipnótico para a revivescência dos eventos traumáticos
atuava apenas com os sintomas gerando uma melhora temporária, mas não com sua
resolução
definitiva e a etiologia da neurose, isto
é, não estudava as razões originárias das neuroses.
fazer sair, para extirpar o corpo estranho” (Nasio, 1999, p. 21). Surge, então,
uma nova fase no
tratamento da histeria: a do método catártico, em que, o papel do médico
seria despertar as
lhe ocorrerá”.
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Freud remonta à metáfora proposta por Leonardo da Vinci para distinguir as técnicas utilizadas na
pintura das utilizadas na escultura. Àquela, operando “per via di porre” e relacionada à sugestão
hipnótica, trabalharia com o depósito de material sobre o já existente, não ocorrendo nenhuma
mudança estrutural. Esta última, relacionada à técnica analítica, operando “per via de levare”,
trabalharia com a retirada do material, eliminando dele os excedentes que recobrem a superfície
aparato importante
para o tratamento da neurose, Freud pensa em alguns outros dispositivos
clínicos que pudessem ser mais eficazes e mais espontâneos que a sugestão
hipnótica; e é aí que
rememoração sem
hipnose, dos acontecimentos esquecidos, dos acontecimentos traumáticos e
sexuais esquecidos” (Nasio, 1999, p. 25). Tais conceitos serão mais bem
trabalhados nas próximas
método
da associação, pelo qual é requerido ao paciente dizer
tudo o que lhe vem à cabeça, sem
censuras e/ou escolhas; cabe ao analista o
papel de inter-relacionar (e interpretar) os fatos trazidos,
debatendo com o
analisado o que isso pode indicar sobre crenças, valores e eventos do
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neurose.
Adentremos
então, de maneira introdutória, ao debate de alguns dos conceitos estabelecidos
que
sustentam até hoje a técnica psicanalítica.
ideias ou
processos mentais muito poderosos que podem produzir na vida mental todos os
efeitos
que as ideias comuns produzem, embora eles próprios não se tornem
conscientes. podem também
conteúdo impróprio
recalcado, e assim o sujeito não teria acesso às ideias que o mantinham doente.
recalcado, mas
não permitia que tal conteúdo pudesse ser acessado pela consciência, dado o
trabalhados
conteúdos que surgissem espontaneamente do paciente.
NA PRÁTICA
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ideias
inconscientes que o sintoma faz a função de esconder, esse mesmo sintoma de
desfaça e/ou
psicanalítico. Posso dizer que, dentro de uma instituição, naquilo que se chama
de psicanálise em
extensão, o papel da psicanálise é tão importante quanto na
relação tradicional da clínica do um a
para a resolução de
problemas institucionais e na leitura dos fenômenos que acontecem dentro de
um
ambiente institucional. (Madrucci, 2021)
FINALIZANDO
2. Até hoje, a psicanálise é exercida por médicos, mas também adentrou o campo da
psicologia,
tendo com ela íntima relação. Pode ser exercida em todos os campos
de atuação da psicologia
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4. Inicialmente, tratava-se das questões da histeria por meio da hipnose, entretanto, esse
método
mostrou-se um tanto ineficaz, dando espaço para o método da associação
livre, o qual permitia
REFERÊNCIAS
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FREUD,
S. O
ego e o Id. 1923. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de
Sigmund
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Revista Cesumar, v. 13, n. 1, p. 145-156, jan./jun. 2008. Disponível em:
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NASIO, J. D. Como
trabalha um psicanalista? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
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<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid="S0103-
58352017000200022"&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 1 dez. 2021.
SILVA, M. da R.;
GASPARETTO, L.; CAMPEZATTO, P. von M. Psicanálise e psicoterapia
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tangências e superposições. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande, v. 7, n.
1, p. 39-46, jun.
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ROSA, M. D. Psicanálise
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cursos de
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https://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/63384.
Acesso em: 25 out. 2021.
SALIM, S. A. A história
da psicanálise no Brasil e em Minas Gerais. Mental, Barbacena, v. 8, n. 14,
44272010000100009"&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 1 dez. 2021.
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PSICANÁLISE, CIÊNCIA E
PROFISSÃO
AULA 2
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CONVERSA INICIAL
psicanálise. Foi um
processo decorrente de pesquisa e experimentação, bem como foi necessário
um
olhar crítico de Freud sobre a atuação médica diante de tais pacientes, dado
que teceu críticas à
metodologia de trabalho no
acesso ao conteúdo do inconsciente. O aprofundamento de tais
conceitos se dará
mais adiante.
atua e o
que justifica suas escolhas tanto técnicas quanto teóricas. Ou seja, em que
bases estão
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importantes acerca
de como se constitui o psiquismo para a teoria psicanalítica e a importância do
Freud, a da primeira
tópica. Nela, compreendemos o psiquismo constituído em três partes:
material
traumático que o estaria causando. Após esse momento, caberia
se apropria ativamente de
sua história. Então, no decorrer de seus trabalhos, Freud vai
abandonando a
hipnose e se direcionando à necessidade de criar outra forma de escutar. Surge
a
associação livre.
às
críticas de Freud ao método hipnótico.
posicionamentos
clínicos importantes, entre eles o abandono da hipnose como método de
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inconscientes patógenos.
elaborasse a questão
que se iniciou no momento narrado e isso não era possível pelo método
adentramos um
terreno importante que é o da importância das lembranças e experiências vividas
por um sujeito dentro da psicanálise. De acordo com Andrade (2015), Freud herdará
de Charcot a
homem.
transferência,
que será melhor trabalhada mais à frente nesta mesma aula.
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Assim, o
paciente pode se apropriar e se deparar com a própria história e elaborar as
questões
só tempo, pela
ciência, e trabalhar a partir da inclusão do sujeito no campo de sua
experiência,
inclusão que curiosamente se faz, não por acaso ou contingência,
pela via do inconsciente: retirado
consciência se rompe. O
que aparece no discurso da associação livre é: “a lógica do inconsciente, do
interpretação”.
inconsciente é a
premissa fundamental da psicanálise, é dele que surgem os sintomas e é com ele
todos os efeitos das ideias da consciência, mas que não necessariamente se tornavam
conscientes,
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à consciência,
apesar de estarem fazendo todos os efeitos que as ideias conscientes comuns
podem fazer.
pouco abaixo da
consciência, estaria o pré-consciente. E na parte mais funda, o inconsciente.
Mas
tudo é parte de uma mesma estrutura. Do que se tratam, portanto, cada uma
dessas “partes”
constituintes do psiquismo? Como atuam e quais os seus efeitos
práticos na vida psíquica de um
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apreendidos
pelo sujeito durante a sua vida, suas percepções. Memórias e conhecimentos
armazenados. Por exemplo: como executar uma conta, como falar uma língua estrangeira
etc.
importante no
trabalho do psicanalista. Todos esses conceitos serão mais bem aprofundados e
trabalhados durante os anos de estudo. Estão sendo citados neste momento para
que você possa
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Nos
aprofundemos, então, em quais são os pilares de sustentação do sintoma e como
trabalhamos com eles. Maia, Medeiros e Fontes (2012) nos situam que a concepção
de sintoma se
retirando dela
a excitação que a acompanha. Esse afeto liberto busca satisfação em outro
objeto e
encontra-a no sintoma. (p. 45)
promove um período de
relativa tranquilidade psíquica, por contar com uma defesa eficiente, embora
o
paciente passe a conviver com a dor do sintoma primário”.
sujeito por ser incompatível com sua “moral” e com aquilo que ele pensa sobre
si mesmo, a
repressão atua fazendo com que a lembrança/impulso seja jogada e
armazenada no inconsciente,
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inoportuno
[...]. Neste sentido, o recalque seria uma modalidade especial de repressão”.
recalcada. Era
a resistência. A resistência é que trata de manter a ideia que não pode vir à
consciência
no inconsciente.
contribuição
do método hipnótico foi que se verificou que, ao reduzirem as resistências (em
função
do transe), o paciente podia entrar em contato com as lembranças e
vivências que o fizeram
adoecer.
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analista/analisando.
precisam de uma
via de expressão. As vias de expressão encontradas são: os sintomas, os sonhos,
os atos falhos e os chistes.
há o movimento
de conversão. Ou seja, o conteúdo vem para a consciência em forma de um
sintoma
físico (uma paralisia por exemplo). Nas neuroses em geral, o sintoma passa por
uma
espécie de cifração e encontra expressão na consciência de maneira que ela
não se dê conta do que
processos de transformação e
cifração. Tais processos são conhecidos por condensação e
deslocamento. Na
condensação, segundo Laplanche e Pontalis (2001, p. 87), “Uma representação
2001, p. 116). Por exemplo: num sonho, a imagem que aparece é a de uma pessoa,
mas, no final das
contas, a mensagem a ser transmitida diz respeito à outra. Ou
seja, uma pessoa substitui a outra no
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Dicionário de Psicanálise
Laplanche e Pontalis (2001).
1. Ato falho: quando se diz algo querendo dizer outra coisa. Ex.: trocar o nome de uma
pessoa
pelo de outra. “Fala-se de atos falhos [...] para as ações que o sujeito
habitualmente consegue
realizar bem, e cujo fracasso ele tende a atribuir
apenas à distração ou ao acaso” (p. 44).
2. Chistes: um chiste, por definição, é uma espécie de gracejo, “piadinha”. Freud, em Os
Chistes e
sua relação com o inconsciente, de 1905, nos situa que, por meio
de um chiste, é possível
expressar os conteúdos do inconsciente. Aquela máxima
de dizer brincando o que realmente
relação com o inconsciente, o que não é nosso objetivo aqui. Mas devido aos
conteúdos dos
sonhos, a partir de uma leitura freudiana de que um sonho seria
“a realização de um desejo”
manifesto, para,
assim, chegar ao conteúdo latente. A partir da narrativa dos sonhos, tendo em
denominado de transferência.
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relação estabelecida
com eles, e eminentemente no quadro da relação analítica”. Ou seja, os
vivências internas.
Daí surgem as condições para situarmos uma definição terapêutica da técnica
psicanalítica, articulando os movimentos intrapsíquicos e interpsíquicos,
inserindo-os num
as minúcias
de cada uma delas. Desde os sonhos até o estabelecimento de uma relação (ou
neurose) de transferência, os conteúdos do inconsciente tentam se fazer ouvidos
e expressados.
uma prática em
extensão, em que os preceitos técnicos e éticos sejam levados em conta no
entendimento de homem e dos fenômenos que dizem respeito ao humano.
NA PRÁTICA
clínica particular e, no
atendimento tradicional de psicanálise, visualizamos como é importante o
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efeito
do inconsciente na vida de um sujeito. Quando um paciente nos procura, ele está
em
sofrimento (assim como as histéricas de Freud) e escutá-lo tem um efeito
muito importante em sua
elaborar as questões.
moroso. Nem sempre o paciente está preparado para enfrentar aquilo que
o faz sofrer.
de
maneira com que eu me sinta quase que “forçada” a cuidar de seus horários por
ele (faltando,
não cumprindo os combinados de pagamento etc.).
O paciente reproduz na cena analítica sua posição de dependência, que nos faz
ter a necessidade de
FINALIZANDO
aula.
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1. A maior crítica de Freud com relação à questão da hipnose era que não fazia o
sujeito se haver
sujeito do inconsciente.
3. Os mecanismos de repressão, recalque e resistência são os mecanismos que atuam
para
4. Para que seja possível o acesso ao que está armazenado no inconsciente, é necessário
que o
intersubjetividade) que o
analista vivencie na relação com o paciente aquilo que o está
adoecendo. Ele
reproduz os traumas e fantasias de suas relações com o outro.
REFERÊNCIAS
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Reflexão e
Crítica, v. 12, n. 3, 1999. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-79721999000300015>.
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FOSTER, M. Associação
livre de ideias: via régia para o inconsciente – a especificidade do
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J. psicanal., São Paulo, v. 43, n. 79, p. 201-216, dez. 2010. Disponível em:
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FREUD,
S. O
ego e o Id. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund
Freud. Rio
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O sonho é a realização de um desejo. In: _____. A interpretação dos sonhos (I).
Edição
KRAUZE, M. K.
Inconsciente. Rev. bras. psicanál, São Paulo, v. 45, n. 2, p. 67-68, jun.
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Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid="S0486-
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LAPLANCHE,
J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins,
2001.
MACEDO, M. K. M.;
FALCÃO, C. N. de B. A escuta na psicanálise e a psicanálise da escuta.
Psychê,
v. IX, n. 15, pp. 65-76, 2005, Disponível em: <https://www.redalyc.org/articulo.oa?
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Acesso em: 1º dez. 2021.
introdução. Estilos
da Clínica, [S. l.], v. 17, n. 1, p. 44-61, 2012. Disponível em:
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Acesso em: 1º dez. 2021.
PALHARES, M. do C. A.
Transferência e contratransferência: a clínica viva. Rev. bras. psicanál,
São Paulo, v. 42, n. 1, p. 100-111, mar. 2008. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
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Acesso em: 1º dez. 2021.
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PSICANÁLISE, CIÊNCIA E
PROFISSÃO
AULA 3
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escuta do inconsciente,
e a associação livre é o principal recurso técnico para o acesso a ele. Agora,
escolas
americanas e da psicologia experimental, berço da psicologia no mundo). Ter em
mente
qual é o lugar da psicanálise dentro desse contexto mais geral nos ajuda
a entender sua relevância e
epistemológica (da
ciência como ciência), pois somente assim teremos subsídios para compreender
o
que torna a psicanálise uma ciência e não uma pseudociência.
que é
e qual é o lugar das ciências humanas no contexto geral das ciências? Sendo
assim,
primeira forma do
homem explicar o seu entorno. É com base na consciência mítica que o homem
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a conhecemos.
construções teóricas
sobre o tema.
conhecimento se
estrutura. O mundo, que até então precisava adquirir um tipo de sentido,
adquire
este por meio do mito. Portanto, o mito é uma forma de dar sentido e
significado àquilo que ainda
forma espontânea do ser no mundo. Não se caracteriza nem como teoria, nem como
doutrina, mas
realidade.
superior,
misteriosa, divina, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados, são
capazes de
interpretar, ainda que apenas parcialmente. São os deuses, os
espíritos, o destino que governam a
como intermediários,
pontes entre o mundo humano e o mundo divino. Os cultos e sacrifícios
religiosos
encontrados nessas sociedades são, assim, formas de se tentar alcançar os
favores
aquilo que o
circundava, a sua realidade. Mais do que explicar essa realidade, a função do
mito é,
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ordenadora de
um deus ou de um rei mago. Segundo a filósofa, essa ação pode ser considerada
como uma vitória do deus ou do rei mago sobre outras coisas colocaria ordem na
realidade. O mito
conflitos e
antagonismos sociais cuja resolução não foi possível no plano da realidade.
1. Encontrando
o “pai e a mãe” das coisas e dos seres, o mito é uma narrativa da geração das
2. Encontrando
uma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que fazem surgir alguma coisa no
mundo;
lhes desobedece.
apenas se torna
real na medida em que imita ou repete um arquétipo. Uma vez que a realidade se
alcança
que os
mitos estão estreitamente atrelados às explicações de origem cosmológica. No
mito, nada
se pode acrescentar ou criar. As explicações já estão dadas e são
estáticas. O mito responde a
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assim com a
segurança do valor que o mito proporciona, fica imobilizado para sempre.
(Gusdorf,
1912)
homem passa
a investigar o mundo por meio da razão, e a explicação mítica perde sua força.
A
consciência reflexiva faz com que o humano adquira maior autonomia para
investigar o mundo, e
surgem a moeda,
o calendário, o desenvolvimento de novas técnicas para a agricultura, dentre
outras coisas. Tal complexificação torna esse homem mais consciente do ambiente
e de si mesmo,
e deixando-a
como passado poético e imaginário
desaparecimento ou
corrupção e morte. (Chauí, 1994)
racionalizando as
narrativas míticas, transformando-as numa explicação inteiramente nova e
da cosmologia:
Teogonia:
narra por meio das relações sexuais entre os deuses o nascimento de todos os
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Cosmogonia:
narra a geração da ordem do mundo pela ação e pelas relações sexuais entre
Cosmologia:
forma inicial da filosofia nascente, é a explicação da ordem do mundo, do
falta de curiosidade
com relação àquilo que nos circunda. Onde o senso comum vê fatos, coisas e
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necessária
e universal de seus enunciados e resultados, sem deixar qualquer dúvida
possível. A
concepção empirista afirma que a ciência é uma interpretação
dos fatos baseada em observações e
apresentava
suposições sobre o objeto, realizava observações e experimentos. Com base nisso,
eram estabelecidas definições dos fatos: suas leis, propriedades, efeitos
posteriores e previsões.
estruturas e
modelos de funcionamento da realidade, explicando os fenômenos observados. Não
espera, portanto, apresentar uma verdade absoluta e sim uma verdade aproximada
que pode ser
1. Que
haja coerência (isto é, que não haja contradições) entre os princípios que
orientam a
teoria;
2. Que
os modelos dos objetos (ou estruturas dos fenômenos) sejam construídos com base
na
observação e na experimentação;
3. Que
os resultados obtidos possam não só alterar os modelos construídos, mas também
alterar
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jamais
imaginar intervir neles ou sobre eles. A técnica era um saber empírico, ligado
a práticas
conhecimentos
humanos (Chaui, 2000)
1. Critério
da ausência ou presença da ação humana nos seres investigados, levando à
distinção
ações humanas);
2. Critério
da imutabilidade ou permanência e da mutabilidade ou movimento dos seres
3. Critério
da modalidade prática, levando à distinção entre ciências que estudam a práxis
(a ação
ética, política e econômica, que tem o próprio agente como fim) e
as técnicas (a fabricação de
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assim como
delas desaparecem as técnicas. Das inúmeras classificações propostas, as mais
conhecidas e utilizadas foram feitas por filósofos franceses e alemães do
século XIX, baseando-se
1. Ciências
matemáticas ou lógico-matemáticas (aritmética, geometria, álgebra, trigonometria,
etc.);
3. Ciências
humanas ou sociais (psicologia, sociologia, antropologia, geografia humana,
psicologia.
modelos hipotético-indutivos
e experimentais de estilo empirista, buscando leis causais necessárias
e
universais para os fenômenos humanos.
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1. A ciência lida com fatos observáveis, isto é, com seres e acontecimentos que, nas
condições
especiais de laboratório, são objetos de experimentação. Como
observar-experimentar, por
exemplo, a consciência humana individual, que seria
o objeto da psicologia? Ou uma
4. A ciência lida com fatos regidos pela necessidade causal ou pelo princípio do
determinismo
universal. O homem é dotado de razão, vontade e liberdade, é capaz
de criar fins e valores, de
5. A ciência lida com fatos objetivos, isto é, com os fenômenos, depois que foram
purificados de
todos os elementos subjetivos, de todas as qualidades sensíveis,
de todas as opiniões e todos
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homem como centro do Universo – O humanismo não separa homem e Natureza, mas
considera o homem um ser natural diferente dos demais, manifestando essa
diferença como
método da
observação-experimentação, mas devem criar o método da explicação e
compreensão
do sentido dos fatos humanos, encontrando a causalidade histórica que os
governa.
relativismo e a subordinação a
uma filosofia da História:
Relativismo:
as leis científicas são válidas apenas para uma determinada época e cultura,
não
provocaram uma
ruptura epistemológica e uma revolução científica no campo das humanidades.
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09/11/2022 10:51 UNINTER
propriedades e
sua origem. A psicologia como ciência humana do psiquismo tornou-se possível a
tivessem que
abandonar a ideia de lei científica. Os fatos humanos assumem a forma de
estruturas,
quais a
ação e o pensamento humanos devem realizar-se.
dos meios
de produção e pelas relações de trabalho. (Chauí, 2000, p. 350)
NA PRÁTICA
Ter
em mente qual é o lugar da psicanálise como ciência é algo muito importante em
termos
psicanálise para as
psicologias do ego e as comportamentais (devido à onda positivista que tomou
É
cada vez mais comum e recorrente que os médicos e outros profissionais (da
saúde, da
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09/11/2022 10:51 UNINTER
rendimento financeiro.
O
apagamento do sujeito nessa organização social atual nos leva à necessidade de
discutir em
Ter
uma postura crítica e não alienada diante do cenário no qual estamos inseridos
como
FINALIZANDO
Nesta
aula, discutimos a teoria das ciências. Essa discussão é de extrema relevância
para que
possamos compreender como as ciências relativas ao humano e a
psicanálise se situam no cenário
seu redor;
daquilo
que acontece à natureza e ao homem;
de conhecer
e explorar o mundo, e a isso denominamos de atitude científica e o surgimento
da
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ciência;
6. Os fatos e objetos da
ciência não são obtidos da experiência direta com o objeto investigado,
mas sim
construídos por trabalho sistematizado de investigação científica sobre eles.
Para
uma transposição
integral e perfeita de tais métodos, técnicas e teorias naturais tidos como
9. Do século XV ao início do
século XX, a investigação do humano realizou-se de três maneiras
diferentes:
humanismo, positivismo e historicismo;
REFERÊNCIAS
CHAUÍ, M. Introdução
à história da filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1994.
_____. Convite à
filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
MARCONDES, D. Iniciação
à história da filosofia. Rio de janeiro: Zahar, 1997.
PERINE, M. Mito e
filosofia. Philósophos – Revista de Filosofia, v. 7, n. 2, 2008.
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PSICANÁLISE, CIÊNCIA E
PROFISSÃO
AULA 4
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CONVERSA INICIAL
humano explicar e
interagir com o mundo que o cerca. Para tanto, é necessário utilizar um método.
As ciências humanas, nesse contexto, são duramente criticadas pelo fato de não
se adequarem ao
estudo semelhante(s): a
subjetividade e o comportamento humanos. Entretanto, precisamos
considerar que
as origens da psicologia não coincidem com as origens da psicanálise. A
psicologia
utilizada e
aplicada em todos os campos nos quais a psicologia está inserida. Apenas com
esse
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09/11/2022 10:52 UNINTER
psicoterapias da psicologia.
comportamento/subjetividade.
É a partir da relação entre elas que podemos situar e até diferenciar a
desenvolver
conhecimentos de psicologia. São diversas as possibilidades de atuação na área.
psicologia na verdade é um
composto de várias “psicologias”. De acordo com Castañon (2008, p.
12), a psicologia
é uma disciplina dividida, pois o seu objeto de estudo apresenta aspectos
nossa aula
anterior, de que a fisiologia como ciência natural apresenta compreensões e métodos
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09/11/2022 10:52 UNINTER
psicanálise adentra
no campo psi (da psicologia), vamos retomar a história da psicologia. Abib
(2009) descreve que a psicologia foi proposta como uma ciência no final do
século XIX, por Wilhelm
fisiologia
quanto da filosofia.
Wundt era
fisiologista. Suas primeiras pesquisas remontam à utilização de métodos de
o primeiro
laboratório de psicologia do mundo, situado na Universidade de
Leipzig, o laboratório de
(a
partir da experiência direta) e fisiológica, o que a aproxima das ciências da
natureza.
A psicologia
floresce nos Estados Unidos durante a segunda metade do século
XIX. Paralelamente
ao trabalho de Wundt, William James emergiu como um dos principais
James, “a psicologia como ciência é ciência natural. Como uma ciência natural,
a psicologia estuda
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09/11/2022 10:52 UNINTER
que, dentro
do campo das ciências psicológicas, houve uma tentativa de enquadrar o sujeito
humano
tais
metodologias.
humana
que não transitasse por tal via. Isso por si só já distingue, de forma muito importante,
a
No
fim do século 19, quando Freud começa a desenvolver a hipótese de um psíquico inconsciente,
a psicologia
era, sobretudo, uma ciência da consciência — ou, ao menos,
o projeto de uma tal
ciência. As propostas
para uma psicologia científica que surgem
nesse período, como aquelas de
Adentramos neste
momento no terreno que realmente nos interessa: a psicanálise.
Paralelamente às
tentativas de sistematização de um conhecimento acerca do psiquismo humano
por
Wundt e James, surgem os trabalhos de Freud e a consequente formalização da
psicanálise.
Sigmund
Freud mudou o rosto da psicologia de maneira dramática, ao propor uma
teoria da
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09/11/2022 10:52 UNINTER
adultos.
compreensibilidade
causal dos fenômenos psíquicos, extrapolando
a esfera da consciência,
quais estava
lidando (experiência empírica e clínica, importante frisar), foi necessário apelar
para
inconsciente. Com
isso, surge a concepção de homem da psicanálise, a do sujeito do inconsciente.
Essa
outra ordem é designada como inconsciente, e suas relações
causais invisíveis em jogo são
tematizadas pela
metapsicologia proposta por Freud.
A
metapsicologia seria,
assim, um conjunto de elaborações de nível teórico que possibilita
formalizar a vida psíquica para além dos
fenômenos superficiais da consciência. A
partir da
A teoria
proposta e sistematizada por Sigmund Freud, a psicanálise, impactou profundamente
o
pensamento do século XX. Suas influências extrapolaram o campo da saúde
mental e da psicologia,
propostos nas
ciências exatas e da natureza para a construção de conhecimento), a psicanálise
tem
de enfrentar um certo descrédito. Houve na psicologia um movimento que tentou
adequar os
Grandes
alterações na compreensão da psicologia como ciência durante o início do século
XX.
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09/11/2022 10:52 UNINTER
anteriores (como
as de
Wundt e Freud), rejeitando a ênfase tanto na mente consciente quanto no
inconsciente,
com foco naquilo que poderia ser observado e “metrificado”: o comportamento.
É importante ter
em mente que a psicologia é fruto de diversas linhas de pensamento. Todas
elas
podem vir a receber ou já receberam críticas quanto à sua cientificidade ou
quanto à sua
concepção de homem. A psicanálise também sofreu importantes críticas
quanto à sua
falseabilidade (ou a
possibilidade de a teoria ser falsa) seria o critério mais importante para
avaliar a
validade das teorias científicas, pois seria uma garantia da ideia de
progresso científico. Por quê?
encaixando em
critérios válidos de cientificidade. Sendo assim, ressaltamos a importância de
entender mais profundamente a teoria psicanalítica, seja enquanto técnica, seja
enquanto
construção de saber acerca do ser humano e concepção de homem.
marcada
por uma cisão de “dois freuds”. O primeiro
deles é aquele focado na prática clínica e no
método terapêutico (ou melhor, em uma construção empírica e sistematizada de conhecimento),
sem
fundamentos acerca do funcionamento psíquico. Tais teses estariam embutidas “de
resquícios
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09/11/2022 10:52 UNINTER
demais”,
quanto “científica de menos”, o que nos dá uma ideia da aproximação que a psicanálise
estabeleceu tanto com a filosofia (que a considera científica demais), quanto com
a fisiologia (que a
A metapsicologia é um
fundamento da psicanálise, podendo ser utilizada para pautar as
discussões sobre
a sua cientificidade. Ela se aproxima de uma noção de funcionamento cerebral e
fisiológico do psiquismo; portanto, está próxima das ciências naturais. “O modelo seria uma forma
de formalizar
os eventos observáveis empiricamente, dando-lhes uma organização
através da
suposição das relações que se estabelecem entre
os diversos elementos observados” (Neto, 2019,
mesmo que
fundamentadas na experiência clínica.
Essa peculiaridade do
objeto psicanalítico (a do inconsciente, que mesmo oculto se faz
presente) é o
que distingue a psicanálise dos métodos científicos tidos como tradicionais.
Também
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09/11/2022 10:52 UNINTER
lugar dentro
das ciências do campo psi.
Mezan
(2007) define que, sob a nomenclatura genérico de “ciências humanas”, convivem na
do que é o seu
objeto: os behavioristas utilizam experimentos em laboratório, enquanto as
práticas
terapêuticas (em boa parte influenciadas pela Psicanálise) trabalham com
o método clínico; já a
classes sociais se
confrontam na arena pública, promovendo seus interesses no interior dos
marcos
jurídicos aceitos como legítimos nos diversos Estados. (Mezan, 2007, p. 353)
O
que todos elas teriam em comum? É o tipo do objeto que garante
alguma homogeneidade a
esse campo. Mas essa homogeneidade, bastante relativa,
não resulta tanto das semelhanças entre
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09/11/2022 10:52 UNINTER
O objeto da psicanálise
pertence ao campo do humano. Seus métodos são similares aos das
ciências
humanas, e seu perfil epistemológico apresenta muitos elementos em comum com
outras
disciplinas humanas. Assim, faz sentido concluir que ela é uma ciência
humana. Nesse ponto de
nossa aula, é
necessário esclarecer que a discussão sobre o que é ou não ciência – considerando
ciência enquanto
verdade absoluta é tão grave quanto um conhecimento construído sem
fundamento –
ambos os caminhos nos levam a dogmatismos. Assim, cabe compreender que a
a si mesmas.
Considerando o que
definimos como construção do saber no campo das ciências humanas,
outra
necessidade pertinente às críticas à cientificidade da psicanálise é que os
métodos das
ciências humanas são e devem ser outros que não os utilizados nas
ciências exatas e naturais. Ela
se enquadra no campo das ciências humanas,
apesar de certo esforço de Freud no caminho
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09/11/2022 10:52 UNINTER
pelo médico inglês Daniel Hack Tuke, em 1872. Entretanto, foi Bernheim - contemporâneo
de Freud,
individual,
apesar de Freud ter se esforçado no sentido contrário a essa promessa. “Conforme
observa essa historiadora, mais de setecentas escolas de psicoterapia
floresceram no mundo a
amparadas em um
ideal de normalidade (imposto aos pacientes como cura), que seria alcançado a
partir da relação entre terapeuta e paciente. Ou seja, na psicoterapia buscamos
um ideal de cura, que
fracasso, pois não compartilharia do mesmo objetivo. Por quê? Quando falamos em
psicanálise, não
acréscimo, como
um efeito do processo analítico, mas não como seu objetivo maior.
Conforme já demonstrado
por Freud (1910) em “As perspectivas futuras da terapêutica
psicanalítica”, a
busca pela cura seria um severo obstáculo para a análise, como também, em outro
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09/11/2022 10:52 UNINTER
fundamento e o seu
objetivo. Fica claro que o fundamento da psicanálise não é a consciência e o Eu,
e a suposta parte sã do
eu do doente” (Carvalho; Fontenele, 2019, p. 107). Nas psicoterapias, o
trabalho
com foco na instância imaginária do eu obstaculiza a manifestação discursiva
espontânea
do paciente (por meio da associação livre), o que dificultaria a
emergência do sujeito do
inconsciente.
trabalha
justamente com aquilo que não é adequável, que não se pode controlar no ser
humano. Ela
NA PRÁTICA
psicanálise e a psicologia,
considerando qual deve ser a ética que sustenta o fazer do psicanalista.
Como
discutimos durante esta aula, a preocupação do psicanalista não deve ser curar
ou melhorar o
paciente, mas sim compreender a construção que sustenta o
sofrimento do paciente, para que o
enquanto as
psicologias que seguem a tendência americana visam adequar o sujeito,
promovendo
um “alargamento” do ego. A diferença entre um tipo de intervenção e
o outro fica visível quando
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09/11/2022 10:52 UNINTER
se esconde
por detrás da cortina da compulsão alimentar.
fenômenos do
inconsciente. Só isso já a sustenta em um lugar peculiar, tanto dentro das
práticas
FINALIZANDO
A
psicologia tem familiaridade tanto com a filosofia quanto com a fisiologia, de
modo que é um
campo de origens e metodologias múltiplas. A psicanálise flerta
com a psicologia, por conta
Dois
nomes são fundamentais na história da psicologia: Wilhelm Wundt e William James.
Wundt levou em conta um tipo de introspecção, enquanto James se esforçou para adequar
os
métodos da psicologia aos métodos tidos como científicos (das ciências
naturais e das
A
psicologia americana é influenciada pelo comportamentalismo e por métodos que
tiram a
A
psicologia teve, desde sempre, um enfoque na consciência. A psicanálise se
diferencia
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09/11/2022 10:52 UNINTER
As
controvérsias sobre a cientificidade da psicanálise se devem principalmente à
metapsicologia. O que fundamenta a psicanálise como ciência é a adequação de
seu método
A
distinção entre a psicanálise e outros métodos de psicoterapia reside justamente
no enfoque
da psicanálise no sujeito do inconsciente, enquanto as psicoterapias
trabalham com o eu e a
consciência.
Uma
outra distinção importante entre psicanálise e outros tipos de psicoterapia é a
questão de
O que
sustenta a psicanálise, seja enquanto ciência ou enquanto profissão (ou ainda
como um
REFERÊNCIAS
208, 2009.
Em Revista, v. 8, n. 2, 2019.
MEZAN, R. Que tipo de ciência é, afinal, a Psicanálise? Nat. hum., São Paulo, v. 9, n. 2, p.
319-
359, dez. 2007. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
24302007000200005&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 22 dez. 2021.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15
09/11/2022 10:52 UNINTER
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09/11/2022 10:53 UNINTER
PSICANÁLISE, CIÊNCIA E
PROFISSÃO
AULA 5
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09/11/2022 10:53 UNINTER
CONVERSA INICIAL
em mente que a
psicanálise não se pretende um fazer e nem uma ciência que busca inserção e
adequação às metodologias que são tidas como científicas, devemos entender que
o que a sustenta
o objetivo principal
da análise não é a cura e o bem-estar, mesmo que essas sejam consequências
que
possam ocorrer ao longo do tratamento analítico.
Como
analistas, devemos nos ocupar com o fato de que o sujeito do inconsciente e o
desejo
em que os impulsos
insuportáveis provenientes do Inconsciente pudessem vir à tona (normalmente
psicologia ou ciências.
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09/11/2022 10:53 UNINTER
Em um primeiro
momento, seguiremos estabelecendo as distinções que existem tanto na
concepção
de homem (que, na psicanálise, tira o foco da consciência e leva para o
inconsciente)
quanto na de ética, que guia os fazeres da psicologia e das
psicoterapias, bem como o da
psicanálise.
Veremos, também, o
motivo pela qual essas concepções devem ser consideradas tão distintas.
Para
tanto, retornaremos a dois textos seminais de Freud, os quais versam sobre a
técnica
um
ofício, verificando como se forma um analista.
normativas
e regulamentações, não deve ser praticada à revelia. Um analista não se forma
apenas
com estudo teórico, pois é necessário haver um outro fator em sua
formação, fator esse que
rege as
instituições de psicanalistas e a relação da psicanálise com a sociedade.
ainda que, de um
lado, surgiram os laboratórios de psicologia experimental, com W. Wundt e W.
psicanálise.
necessidade
mais premente parecia ser distingui-la da medicina. Ilustra esta indiferenciação
a
forma
ideal de tratamento psicológico [...]. (p. 40)
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09/11/2022 10:53 UNINTER
humanismo
criado por Rogers, estava carregada de elementos psicanalíticos” (Silva;
Gasparetto;
psicoterapia
se deve ao fato de que a palavra psicoterapia engloba uma série de possibilidades
práticas.
principalmente
fundamentada como um tipo de consciência crítica da modernidade. Por meio dela,
O
que a psicanálise colocou e, a meu ver, ainda coloca em evidência
inquestionável é a limitação
motivações
de natureza exclusivamente biológica. Freud aponta o descentramento do sujeito
frente ao próprio desejo inconsciente, tematizado na primeira descrição do
psiquismo.
do sofrimento do
sujeito por meio de um fazer-saber sobre o inconsciente. Com isso, pode-se
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09/11/2022 10:53 UNINTER
A
estranha conduta dos pacientes, por serem capazes de combinar um conhecimento
consciente
Há, na
obra de Freud, uma série de artigos que versam sobre a técnica psicanalítica e
sua ética,
delas é a “atenção
uniformemente suspensa” ou atenção flutuante. O que seria essa atenção
associação
livre) é o que precisa ser trabalhado em análise.
Com
isso, percebe-se que a prioridade na experiência do Inconsciente não é a
produção de
sentido, mas sim a captação daquilo que não faz sentido num
primeiro momento. É justamente na
Nenhuma
objeção pode ser levantada a fazerem-se exceções a essa regra no caso de datas,
[...] ou
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09/11/2022 10:53 UNINTER
Outro
ponto importante no que concerne à experiência analítica, diz Freud (1912), é
que, em
Uma
outra observação importante que faz Freud, e aí entramos no plano daquilo que
distingue a
Nesse
ponto, podemos perceber o quanto é necessário que o próprio analista tenha
trabalhadas
suas próprias questões inconscientes e o quanto o Inconsciente do
analista é importante para o
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09/11/2022 10:53 UNINTER
Uma das pontuações mais relevantes de Freud no que diz respeito ao inconsciente do
analista e
ao modo como ele atua em um processo de análise é que
pacientes, mas
correrá também perigo mais sério, que pode se tornar perigo também para os
O
que fica evidente nessa passagem é que o analista deve se analisar tanto para
que não caia
Entretanto,
Freud (1912) observa que mesmo que o analista tenha trabalhado seu próprio
inconsciente, sua personalidade e questões particulares devem ficar de fora do
tratamento analítico.
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Uma
outra observação importante de Freud, que vai ao encontro da posição da
psicanálise,
segundo a qual não se deve buscar o bem-estar nem a cura, mas sim
a ética que guiará o analista, é
a de que não se deve dar “dicas” nem
“indicações do que fazer”. Segundo Freud (1912), há que se
respeitar a
limitação e o tempo de cada paciente, portanto, dar “conselhos” não é efetivo
com aquilo
que se busca numa análise.
em
ter reconquistado certo grau de capacidade para o trabalho e divertimento para
uma pessoa
mesmo de valor moderado. (Freud, 1912, p. 132)
Neste
ponto de nossa aula, já nos vemos advertidos pelo próprio Freud de que a
prática analítica
só se dá por meio da experiência com o Inconsciente (tanto
por parte do analista, que deve ter
análise). Sendo assim, algumas medidas devem ser tomadas logo de início para
que o tratamento
seja levado a cabo e se mostre eficaz no sentido de trabalhar
com os conteúdos inconscientes que
Em
seu texto Sobre o Início do tratamento (1913), Freud nos ensina que, em
um tratamento
subjetivas, seu
objetivo ao procurar a análise etc. Freud estabelece que o ritmo de tratamento
deve
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09/11/2022 10:53 UNINTER
ser intenso para que os conteúdos a serem trabalhados não se percam com os
espaços entre as
sessões, nem se submetam a defesas que tais espaços possam
facilitar, dificultando, assim, o
trabalho.
está despendendo
recursos tanto de tempo quanto de dinheiro para tal. Não se recomendam os
atendimentos gratuitos, pois, com isso, entende-se que o paciente não se
motivaria ao trabalho.
Enquanto as
comunicações e ideias do paciente fluírem sem qualquer obstrução, o tema da
transferência não deve ser aflorado. Deve-se esperar até que a transferência,
que é o mais delicado
dos procedimentos, tenha-se tornado resistência. (Freud,
1913, p. 154)
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09/11/2022 10:53 UNINTER
Stekel, que foi o idealizador; Max Kahane; Rudolf Reitler e Alfred Adler. “O encontro destes cinco
homens
judeus marca o início da configuração do campo psicanalítico” (p. 39).
indubitavelmente, uma associação singular para a reflexão científica, parece refletir nos primórdios
institucionais a complexa relação que a psicanálise, desde antes da institucionalização, sempre
manteve entre o sujeito que pesquisa e o objeto pesquisado e também entre o normal e o
patológico. (Robert, p. 40)
consenso em muitas
discussões, e conflitos instalavam-se. Tais desentendimentos geraram
consequências para o campo psicanalítico, especialmente no que se refere às dissidências e ao
surgimento de ramificações da
teoria freudiana (sabemos que a teoria psicanalítica é razoavelmente
ampla no
que tange aos seus autores e leituras da obra de Freud).
[...]
tal aspecto talvez tenha contribuído para que, na última
reunião antes do recesso de verão de
desde os
primeiros tempos” (Zacharewicz; Formigoni, 2015, p. 311). Zacharewicz e
Formigoni (2015)
afirmam que uma interlocução entre aqueles que se ocupavam do
exercício da psicanálise era de
grande relevância para Freud.
Destaca-se,
ao longo da leitura dos documentos da Sociedade, outra relevante preocupação
freudiana: a transmissão da psicanálise. A iniciativa de reunir diferentes
interessados por sua
ainda incipiente teoria, pelo comportamento humano e pelas diversas manifestações culturais é,
por si
só, um reflexo de tal preocupação. A postura e
o comportamento de Freud ao longo das
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que
uma
das estratégias mais curiosas de legitimação do poder, da definição da hierarquia
e das
relações entre os agentes atuantes na configuração do campo psicanalítico
é a formação do
autor, citando
Kupperman (1996), o que se via por trás das cortinas para a criação do Comitê
Secreto, criado para defender secretamente
a causa psicanalítica (tendo por compromisso não se
Internacional de Psicanálise,
criada em 1910 no Congresso de Nuremberg.
Na
história da psicanálise narrada por Freud, a complexidade das relações entre os agentes do
processo
é substituída pelo acento dado a uma narrativa linear de um herói contra um mundo não
receptivo, inóspito e incapaz de aceitar uma verdade que lhe é dolorosa. Freud, pelo
menos no
campo institucional, parece saber que não é somente isso. Por isso, não se
resignou ao destino
O que se percebe
com base nessa breve narrativa histórica acerca
do início do movimento
necessidade de
centralização de poder nas mãos de Freud, inclusive como uma forma de assegurar
seus princípios, sua ética e suas bases teóricas e filosóficas.
Por fim, Robert (2016, p. 51) ainda chama a atenção para a “[...] advertência de
ficar atento às
forças que agem sobre o campo psicanalítico”.
NA PRÁTICA
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“estar de fora”
do que se entende como normativas e expectativas sociais. Entretanto, um outro
aspecto ético é o de levar em consideração a singularidade do sujeito que se
escuta. Mas o que isso
quer dizer? Que todo tipo de ruído deve ser evitado para
que se emerja apenas o sujeito que está
psicanalista, o qual
trabalha o seu próprio inconsciente.
Essa
postura ética nos coloca num lugar diferente dos outros tipos de psicologia, um
lugar até
mesmo muito menos normativo. Mas a grande questão é que deve ser um
fazer ético. O que se visa
inconsciente. É preciso
que fique bem claro que o que forma um analista é sua experiência pessoal
com o
Inconsciente, experiência essa que só pode ser obtida por meio de uma análise
pessoal.
Se
levamos o tratamento de uma pessoa que apresenta compulsão em termos de educá-la
a
A
(re)construção da singularidade do sujeito e a (re)construção da narrativa
acerca daquilo que
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FINALIZANDO
1. A psicanálise não deve ser inserida no rol maior das psicoterapias, mesmo que
tenha coisas
4. Outro ponto que Freud aponta como crucial para um tratamento bem-sucedido é que o
analista
5. O analista deve o tempo todo estar atento àquilo que pode erguer resistências no
paciente.
Mesmo que a resistência seja material de trabalho, é preciso não
contribuir para aumentá-las,
6. O setting deve ser organizado de maneira que o paciente entenda que está se
dispondo a um
7. Freud deixa claro que o que torna alguém apto para a prática da psicanálise é a
experiência
fazer;
historiografia.
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REFERÊNCIAS
FREUD,
S. Recomendações
aos médicos que exercem a psicanálise. Edição Standard Brasileira
______.
Sobre
o início do tratamento. Edição Standard Brasileira das Obras
Completas de
LAPLANCHE,
J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes,
2001.
ROBERT,
M. R. Histórias da psicanálise em Curitiba:
surgimento e difusão de uma cultura
psicanalítica
entre clínica, teoria e política. 147 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade
de
<https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-05012017-
101852/publico/robert_corrigida.pdf>.
Acesso em: 1 jan. 2021.
SILVA, M. R.;
GASPARETTO, L.; CAMPEZATTO, P. M. Psicanálise e psicoterapia psicanalítica:
093X2015000100006"&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 1 jan. 2021.
das fronteiras.
J. psicanal., São Paulo, v. 39, n. 70, p. 309-325, jun. 2006. Disponível
em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid="S0103-58352006000100020">.
Acesso em: 1 jan. 2021.
ZACHAREWICZ, F.;
FORMIGONI, M. C. Os primeiros psicanalistas: Atas da Sociedade
Psicanalítica de
Viena 1906-1908. J. psicanal., São Paulo, v. 48, n. 89, p. 309-312, dez.
2015.
Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid="S0103-
58352015000200024"&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 1 jan. 2021.
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PSICANÁLISE, CIÊNCIA E
PROFISSÃO
AULA 6
CONVERSA INICIAL
que a
psicanálise é uma prática que, apesar de estar inserida no campo da psicologia
e ter relação
medicina,
pois nasce exatamente dentro daquilo que a medicina não conseguiu explicar, nem
tratar.
Difere também das psicoterapias em geral por sua ética, que visa ao
resgate da relação do sujeito
formação do psicanalista.
ciência e profissão.
Aliás, um bom questionamento seria: A psicanálise realmente é uma profissão?
Ou
seria uma ocupação? O que exatamente diferencia profissão de ocupação?
Quem pode se tornar
Inicialmente, trabalharemos um
texto muito importante de Freud, no qual ele explica como e
Freud aborda por que a psicanálise é uma prática que não deve ser restrita aos
médicos, e quais são
os passos que tornam alguém um psicanalista.
a formação
de um psicanalista, ou seja, o famoso tripé: análise pessoal, supervisão e
estudos
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os
psicanalistas.
uma prática
que precise ser necessariamente praticada por médicos. Essa questão tem origem
em
provenientes delas.
médicos que atendem indivíduos neuróticos possuem (em função do estilo de sua
formação,
inclusive). Sendo assim, por ser uma prática que não exatamente
depende de formação médica,
necessidade.
psicanalítico, pois
alguém um pouco menos informado a esse respeito pode se perguntar: Como se
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que a simples
confissão de um desejo oculto ou de um sentimento de culpa.
a
dissuasão. Se o paciente sofre de um sentimento de culpa, como se tivesse
cometido um grave
delito, nós não o aconselhamos a ignorar seus tormentos de
consciência, enfatizando sua
possa ser
encontrada. (Freud, 1926, p. 134)
e,
portanto, pode ser uma prática leiga (ou não médica). Com base na noção de que
na vida psíquica
dá pela
investigação dos conflitos psíquicos e das suas relações com o inconsciente. Tendo
em
um
psicanalista, assim como a psicanálise, devido principalmente à noção de
sexualidade infantil e
como uma
parte um pouco menos importante na leitura de homem que se faz na teoria
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ensinar
da psicologia do Inconsciente, está informado da ciência da vida sexual e
aprendeu a difícil
técnica da psicanálise, a arte da interpretação, o combate
às resistências e o manejo da
Uma
argumentação importante também sustentada por Freud ao final de seu texto é a
de que
ele novas narrativas – o que não é o tratamento médico clássico. Ele informa
também de que, além
é uma
prática que não se enquadra nos moldes universitários, dada a necessidade de um
tipo
fazer
do psicanalista. Entretanto, para Freud, mesmo que não haja cursos
universitários que formem
psicanalista.
universitários, ou
melhor, de que que não há uma fórmula e nem passos específicos para a formação
fundamental
na formação de um analista), estudos teóricos (conhecimentos específicos de
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profissionais da área).
A ‘formação em
Psicanálise’ é um processo contínuo, que está no cerne das associações
27)
entanto, não há
nada que o garanta na ausência delas. Vemos que aqui se instaura um tipo de
conflito acerca do que é um psicanalista e qual seria sua formação. Há o que
garanta a experiência
Um desejo de análise
consistente sustentando um processo analítico junto a um analista bem
analisado
é possivelmente o melhor que se pode buscar em termos de condição analítica
ideal,
um psicanalista,
um meio de se anular o risco de ocorrer uma formação insuficiente, tanto em
função dos inevitáveis pontos cegos da análise, quanto a possibilidade de uma insuficiência
teórica.
constante com os pares e a “não conclusão” dos estudos teóricos. O que queremos
dizer com isso?
Que sempre há algo a trocar em termos de experiência clínica, e
há sempre algo novo a se discutir
no aspecto teórico.
passagem, que podem de certa forma atenuar os riscos de uma formação equivocada.
Entretanto,
não garantem o bom desempenho técnico e ético ou protegem o
analista do desamparo próprio de
seu ofício.
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padronização e para o
aspecto de que o analista se autoriza, sobretudo, a partir de si mesmo (do
desejo do analista) e de alguns outros (analisantes e analistas, com quem
realiza seu percurso
ingerência de
normas muitas vezes perturbadoras, mas esse pouco não é a mesma coisa e não
abarca a análise pessoal, por exemplo. (Coelho, 2013, p. 23)
de formação.
A assimilação da
psicanálise sempre dependerá da mesma inquietude no analisando, que o
sem temer dogmatismos; e, por outro, que o sujeito se responsabilize por sua
própria análise, junto
ao analista com quem estabeleceu transferência. (Nogueira
Filho e Warchavchik, 2008, p. 146)
desde seu
primeiro contato com a psicanálise. Nogueira Filho e Warchavchik (2008) ainda indicam
que o interesse pela teoria, a possibilidade de se deixar afetar emocional e
intelectualmente por ela
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necessidade de promover a
transmissão dos conceitos que representam o campo psicanalítico não
deixa de
ser de fundamental importância para o exercício da psicanálise e para a
formação de
psicanalistas
menos
experientes, é o modo mais eficaz de propiciar isso. (Nogueira Filho;
Warchavchik, 2008, p.
146)
pode escutar (seja por uma barreira própria, que sabemos existir, ou por
inexperiência), num esforço
contínuo para sustentar o sempre instável campo
analítico. O que movimenta a busca pela
Tendo em mente
as orientações acerca de como é possível formar um psicanalista (o tripé e o
desejo
de saber sobre o inconsciente), chegamos no ponto no qual há a necessidade de
discutir
algumas especificidades – em termos legais, inclusive, no sentido do
que é permitido, ou não – do
livre e não
regulamentada. Os psicanalistas,
no Brasil, são formados em cursos livres de formação
profissional dentro das
escolas e associações de psicanalistas, cada uma com sua proposta. A
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Território Nacional.
A Federação
Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI), informa, em seu site, que foi fundada
em 6 de
maio de 1967, sendo uma associação civil, sem fins lucrativos, de
duração ilimitada, cujo objetivo é
congregar
as sociedades de psicanálise e grupos de estudo sediados no Brasil.
Quando o
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) reconheceu a ocupação de psicanalista no
Brasil, não fez nenhuma exigência quanto à necessidade de curso superior para
que estes
O que se
verifica, portanto, ainda segundo informações obtidas no site da
Federação, é que, no
Brasil, a psicanálise se enquadra como ofício, e não como profissão,
pois não há legislação que a
psicanalistas
segue as recomendações postuladas por Freud, e é constituída, necessariamente,
por
análises pessoais, supervisões clínicas e seminários teóricos e clínicos
acerca de autores
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sem
vivenciá-lo, e vice-versa – não entendemos determinadas vivências sem o aspecto
conceitual
as complementando e ajudando na nomeação das experiências. Desse
modo, não se consegue
1908, havia
14 membros regulares e alguns convidados, incluindo Max Eitingon, Carl
Jung, Karl
Abraham e Ernest Jones, todos futuros presidentes da IPA.
Foi no início do século XX, em Nuremberg, durante a realização do II Congresso de Psicanálise, que
nasceu a IPA. Isso aconteceu em 30-31 de março de 1910. Jung torna-se o primeiro presidente.
Freud incumbiu seu partidário húngaro, Sándor Ferenczi (dois anos mais novo do que Jung e,
portanto, um irmão mais novo simbólico), que anunciasse à assembleia a proposta de Freud para a
criação de uma Associação Internacional de Psicanálise, em que Jung
exerceria a função de
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Francischelli
(2010), conta que Freud, em seu texto “Contribuições para a história do movimento
a IPA (Associação
Psicanalítica Internacional), fundada por Freud, na perspectiva de um não
retorno radical, por reivindicar para si o qualificativo de freudiana associado
ao termo Escola
2009, p. 69)
diversos tipos de
psicanálise, e suas propostas de formação são distintas, mas podemos dizer que
a
NA PRÁTICA
possibilidades de
resposta. A formação de um psicanalista é algo muito singular, pois cada um tem
teóricos. É como
se a prática e a teoria fizessem sentido somente quando estão juntas.
se inicia a
prática clínica (que deve ocorrer somente depois de algum nível de preparo
técnico e
Frequentar
escolas e ambientes nos quais são produzidos conhecimentos e formados outros
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FINALIZANDO
1. Segundo
Freud, a psicanálise, por suas características específicas, não se enquadra no
rol dos
uma prática leiga (no sentido de que sujeitos das mais diversas áreas
podem praticá-la).
3. A
formação de um analista se dá pelo contato do sujeito com outros psicanalistas
em
história etc.
4. A
formação do analista é, portanto, baseada no desejo de saber mais sobre o
inconsciente e
no tripé formado por análise pessoal, estudos teóricos e
supervisão. Todos os pilares do tripé
5. A
análise pessoal é para aquele que pretende analisar alguém, possa vivenciar a
experiência do
da supervisão.
7. A
supervisão é para quem já atende, para trocar experiências clínicas e refletir
sobre os
atendimentos que realiza, tanto no aspecto teórico, quanto no prático.
Essa atividade
8. A
psicanálise não é uma prática regulamentada. Não possui uma legislação
que a controle. O
9. A
primeira instituição de controle sobre o exercício da psicanálise no mundo foi a
Associação
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no mundo.
REFERÊNCIAS
COELHO, M. T. A. D.
Psicanálise e universidade. Trivium, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p.
21-29, jun.
48912013000100004&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 1 fev. 2022.
FRANCISCHELLI, L. A.
IPA - Cem anos de resistência. Rev. bras. psicanál, São Paulo, v. 44, n.
1,
641X2010000100006&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 1 fev. 2022.
FREUD,
S. A questão da análise leiga: diálogo com um interlocutor imparcial. (1926). Sigmund
J.
psicanal., São Paulo, v. 41, n. 74, p. 141-150, jun. 2008. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
58352008000100009&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 1 fev. 2022.
QUINET, A. A
estranheza da psicanálise: a escola de Lacan e seus analistas. Rio de
Janeiro:
Zahar, 2009.
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