Untitled

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 187

Engenharia,

Ciência e
Tecnologia
Ana Paula Vedoato Torres
Daniel Luís Terzariol Torres
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidência Responsabilidade Social
Rodrigo Galindo Camilla Veiga
Vice-Presidência de Produto, Gestão e
Expansão
Julia Gonçalves Imagens
Adaptadas de Shutterstock.
Vice-Presidência Acadêmica
Marcos Lemos Diretoria de Gerência Editorial
Produção e Fernanda Migliorança
Editoração Gráfica e Eletrônica Supervisão da Disciplina
Renata Galdino Bárbara Nardi Melo
Luana Mercurio
Revisão Técnica
Bárbara Nardi Melo
Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das
imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições.
Conteúdo em websites
Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer
momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de
terceiros.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Torres, Ana Paula Vedoato
T693e Engenharia, ciência e tecnologia / Ana Paula Vedoato Torres, Daniel Luís
Terzariol Torres. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020.
176 p.

ISBN 978-85-522-1654-4

1. Profissional de engenharia. 2. Metodologia científica.


3. Pesquisa científica. I. Torres, Daniel Luís Terzariol.
II. Título.
CDD 620

Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753

2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-
mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1

Seção 1

Seção 3

Unidade 2

Seção 1

Seção 3

Unidade 3

Seção 1

Seção 3

Unidade 4

Seção 1

Seção 3
Responsabilidade social, ética e sustentabilidade na engenharia..........7

Introdução à engenharia...............................................................9

Seção 2...........................................................................................

Responsabilidades legais e sociais............................................21

Ética da profissão......................................................................34

Produção científica..............................................................................49

Engenharia tecnológica, criativa e inovadora...........................51

Seção 2...........................................................................................

Cientificidade do conhecimento................................................63

Pensamento científico...............................................................75

Metodologia e pesquisa científica.......................................................91

A estrutura de um projeto de pesquisa......................................92

Seção 2...........................................................................................

Abordagens do projeto de pesquisa........................................108

Normas e padronização científica...........................................120


Comunicação e expressão na engenharia.........................................139

Linguagem e expressão..........................................................140

Seção 2...........................................................................................

Principais tipos de redação na engenharia..............................151

Comunicação oral na engenharia............................................163


Palavras do autor

C aro aluno, seja bem-vindo à disciplina Engenharia, Ciência e


Tecnologia.
O objetivo desta disciplina é apresentar o aspecto social das
engenharias e sua relação com o conhecimento científico e tecnológico.
Não se pode imaginar o desenvolvimento da humanidade sem pensar em
engenharia, que torna realidade obras importantes como rodovias e
estradas de ferro, que desenvolvem carros, aviões e celulares, não é
mesmo?
Dentre os assuntos abordados, você terá contato com informações a
respeito da regulamentação da profissão, das responsabilidades e
atribuições dos engenheiros, bem como a importância da ética profissional
nas relações profissionais. Você desenvolverá competências que lhe
permitirão conhecer como é produzido o conhecimento científico, seja pela
utilização do conhecimento técnico consagrado ou por metodologias e
experimentos mais recentes. Além disso, você conhecerá os tipos de
linguagem e expressões utilizados na engenharia.
Ao final deste curso você terá conhecimento suficiente para poder
trabalhar em conformidade com o regime dos conselhos de classe, de
forma ética e sustentável, e saberá como se expressar adequadamente pela
linguagem oral e por meio de textos científicos, laudos e relatórios
técnicos. Terá noção de como preencher uma Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART, os tipos de ART, quando a atividade
desenvolvida requerer a emissão desse tipo de documento. Também
conhecerá técnicas e métodos de produção científica utilizados dentro do
meio de pesquisa.
Unidade 1

Daniel Luís Terzariol Torres

Responsabilidade social, ética e


sustentabilidade na engenharia
Convite ao estudo
Olá, aluno!
Olhe à sua volta: todos os produtos do nosso cotidiano foram
desenvolvidos ou aperfeiçoados por engenheiros, seja qual for a
modalidade. A aviação foi fruto do invento de uma máquina que pudesse
voar, porém o seu aperfeiçoamento é contínuo e a cada ano aviões mais
eficientes são produzidos, graças ao desenvolvimento tecnológico que
acaba sendo movido pela necessidade do ser humano de buscar
alternativas, seja por questões ambientais, seja por questões sociais. Para o
avião poder voar, aeroportos devem ser construídos e a infraestrutura
também se desenvolve. O setor petrolífero também deve atender à
demanda por combustíveis, e apenas suprirá essa demanda caso a indústria
naval se desenvolva, desde o ponto de extração da matéria-prima até a
refinaria, e essa atividade, por sua vez, apenas ocorre com o
desenvolvimento da engenharia mecânica, seja na fabricação de oleodutos
ou de navios petroleiros. Em poucas linhas, você deve ter notado como os
setores produtivos dependem da engenharia e da tecnologia.
Toda essa tecnologia depende do desenvolvimento científico,
produzido de forma organizada, do exercício da profissão exercido dentro
dos padrões estabelecidos e regulamentados por leis específicas, além de
documentos técnicos que resultam da produção do engenheiro.
Na primeira seção você estudará a história da engenharia no mundo e
no Brasil, como surgiram e quais as circunstâncias que levaram a essa
necessidade. Aprenderá sobre o sistema CREA/CONFEA, que faz a gestão
dos engenheiros, das áreas de atuação, suas responsabilidades e as
modalidades de organizações produtivas.
Na segunda seção você aprenderá a respeito de conceitos relacionados
às responsabilidades legais e sociais dos engenheiros, será apresentado ao
conceito de sustentabilidade e aos selos utilizados no Brasil e no mundo,
que certificam produtos de acordo com critérios de eficiência energética.
Por fim, no último conteúdo dessa seção você aprenderá sobre cidadania e
valorização profissional.
Na terceira seção o conteúdo a ser abordado refere-se à ética, nos meios
corporativo e profissional, em especial a ética na engenharia.
Seção 1

Introdução à engenharia
Diálogo aberto
Caro aluno, no nosso cotidiano nos deparamos com inúmeros casos de
acidentes relacionados à negligência profissional ou a decisões tomadas
por contratantes, contrárias às recomendações técnicas, como os da
construção civil, por exemplo.
Você deverá aplicar esses conceitos para resolução do problema
apresentado a seguir, de forma que seja atendida a legislação em vigor.
Vamos supor que você tenha uma empresa especializada em gestão de
facilities. Durante a execução de uma adequação referente às instalações
da planta de uma indústria, ocorreu a fiscalização do CREA e foi
constatado que não existia responsável técnico pelo gerenciamento da
execução do projeto filiado ao órgão de classe. Diante desse cenário, o
diretor da empresa entrou em contato com sua empresa, de forma a
regularizar a situação. Contudo, o diretor informou que o escopo dos
serviços a serem contratados restringia-se apenas à emissão do documento
de responsabilidade, não havendo a necessidade de acompanhamento dos
serviços remanescentes, tampouco a verificação das etapas executadas
anteriormente sem acompanhamento de um profissional legalmente
habilitado.
Partindo desse contexto, você deverá avaliar o problema do ponto de
vista da regulamentação dos conselhos de classe, como também em função
da orientação dada pelo proprietário, baseando-se nas atribuições dos
engenheiros.
Para ter sucesso na avaliação você deverá conhecer a evolução da
engenharia, as atribuições e áreas de atuação dos engenheiros, o controle
do exercício profissional (sistema CONFEA/CREA), bem como as
organizações produtivas, corporativas, desenvolvedoras e instituições de
ensino.

Não pode faltar

9
A história da engenharia
Não se sabe ao certo o momento na história em que surgiu a
engenharia. A engenharia está relacionada à produção de ferramentas ou
equipamentos que melhoram a qualidade de vida e facilitam o dia a dia.
Partindo dessa
premissa, a engenharia data dos primeiros tempos da vida humana, com o
surgimento de ferramentas, da roda e da alavanca, itens já usados pelos
povos pré-históricos. No Egito antigo, a construção das pirâmides é um
marco na engenharia, sendo o seu idealizador Imhotep (2630-2611 a.C.),
considerado o primeiro engenheiro da história.
O surgimento da engenharia moderna se deu no século XVIII, na
Inglaterra, com a Revolução Industrial, quando os empresários enxergaram
a oportunidade de crescimento, investindo em técnicas, equipamentos,
instalações e em planejamento de processos produtivos.
No início do século XIX foi publicado o primeiro livro relacionado à
Engenharia de Produção, On the Economy of Machinery and
Manufactures (“Na economia de máquinas e manufaturas”), de Babbage
(1832). Apesar de todo pioneirismo inglês, somente no final do século XIX
e início do século XX se deu o surgimento da engenharia na forma que
conhecemos hoje, com o desenvolvimento do The Principles of Scientific
Management (“Os princípios do Gerenciamento Científico”), de Taylor
(1911). Nesse momento, com a aplicação de técnicas, processos e controle
de produção, foi possível maior desenvolvimento tecnológico, ocasionando
crescimento exponencial da tecnologia e o surgimento de padrões
industriais, melhorando a produtividade, ou seja, produzindo mais, em
menos tempo e com menos recursos, seja recursos naturais ou provenientes
de força de trabalho.
Mundialmente famoso, Henry Ford foi o precursor da engenharia de
produção na indústria automobilística, nascendo nesse momento esse
profissional, cujo papel principal é a gestão do processo de produção, do
planejamento das atividades, da otimização do tempo e recursos.
Historicamente, outro marco importante no desenvolvimento da
engenharia ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando Estados
Unidos e Grã-Bretanha utilizaram o conhecimento tecnológico no
desenvolvimento de armas, tanques, aviões, navios e submarinos, entre
outros equipamentos militares e avanços computacionais. O avanço
tecnológico mais letal foi a invenção e o lançamento da bomba atômica
contra o território japonês.

Reflita
Imagine se todo esse conhecimento tecnológico não fosse produzido
de forma organizada. Se cada país adotasse seu próprio sistema de
medidas, isso dificultaria a comunicação e compatibilização de
informações, você não acha?

11
A engenharia no Brasil
O surgimento da engenharia no Brasil ocorreu pela necessidade de
escoamento da produção cafeeira, principal atividade econômica do século
XIX, por toda extensão centro-sul do país. Pela demanda de um transporte
mais rápido e eficiente, ocorreu a implantação da infraestrutura ferroviária,
por onde a produção era escoada até os portos e finalmente para os
mercados consumidores europeus. Toda essa necessidade de implantação
ferroviária fez com que se desenvolvesse uma estrutura operacional ao
longo do tronco ferroviário, iniciando o processo de urbanização e de
novas atividades econômicas por esse eixo. Outro fator que contribuiu com
o desenvolvimento urbano foi a abolição da escravidão no final do século
XIX, pois ocasionou a aceleração do processo de industrialização, uma vez
que a força de trabalho nas lavouras de café tornou-se mais escassa,
suprida parcialmente pela vinda de imigrantes de origem europeia, sendo,
portanto, necessário o desenvolvimento de maquinários como forma de
melhorar a produtividade, de diminuir os custos de produção e de atender
essa nova demanda. O processo de urbanização e desenvolvimento social
trouxe a possibilidade do trabalho livre e de emprego nas cidades. Houve
também uma intensificação nas atividades ligadas à engenharia, como
calçamento de novas vias, obras de saneamento, obras de infraestrutura
para fornecimento de gás e água potável. Toda essa intensificação nas
atividades relacionadas à engenharia incentivou o maior desenvolvimento
tecnológico, sendo criadas associações e revistas para publicação e
discussão dos diversos temas relacionados às áreas de infraestrutura
ferroviária, naval, elétrica, saneamento, mecânica, telegrafia, telefonia e
desenvolvimento de materiais de construção, entre outras. Além de
publicações, iniciou-se a organização de congressos no país. O primeiro
Congresso de Estradas de Ferro do Brasil ocorreu em 1882 e a primeira
exposição das Estradas de Ferro ocorreu em 1887. Com todo esse
desenvolvimento tecnológico, houve a necessidade da criação de inúmeras
leis e decretos relacionados à temática. Entre 1874 e 1905, 174 decretos
foram instituídos, dos quais 91 referem-se à temática ferroviária, 27 a
portos, 14 à navegação e 13 relacionados à construção civil e obras
públicas. Paralelamente ao desenvolvimento da profissão, surgiram escolas
de engenharia, dentre elas a Escola Politécnica de São Paulo em 1893 e a
Escola de Engenharia Mackenzie em 1896. Entre 1893 e 1930 surgiram
dez escolas de engenharia no país. Vale ressaltar que a economia cafeeira
continuou em expansão até meados de 1920, o que ainda demandou e
impulsionou a expansão urbana e a atuação de engenheiros. Com a crise de
1930, mesmo com o apoio do governo Vargas à cultura cafeeira, houve a
decisão do mesmo governo de priorizar a industrialização no país. No

12
primeiro período Vargas, de 1930 a 1936, foi criada apenas uma escola de
engenharia, reflexo da política adotada pelo então presidente e pelo
declínio cafeeiro, a Escola de Engenharia do Pará, em 1931. Em 1933
surge a primeira regulamentação da profissão de engenheiro, pelo Decreto
Federal 23.569/1933. Somente a partir de 1946 surgem novas escolas de
engenharia, em função da política nacional, do declínio da demanda pela
exportação de café e pela Segunda Guerra Mundial. Em 1950 havia
dezesseis escolas de engenharia, sendo em 1948 criada a Escola
Politécnica do Rio de Janeiro, atualmente PUC-Rio. Na década de 1950,
período pós-guerra, houve novamente um aumento no número de escolas
de engenharia, totalizando vinte e oito escolas ao final dessa década. A
partir de 1960, com a retomada do crescimento urbano e do processo de
industrialização brasileiro, novas escolas foram abertas e ocorreu maior
atividade no setor, totalizando sessenta e quatro instituições ao final 1969 e
cento e dezessete em 1979. No final de 1989 o crescimento foi menor, com
130 escolas de engenharia em funcionamento. A partir de 1995 houve um
crescimento exponencial no número de escolas, chegando ao número de
quatrocentos e cinquenta escolas no final de 2008, conforme o gráfico da
Figura 1.1.
Figura 1.1 | Gráfico do número de escolas de engenharia no Brasil ao longo das décadas

Mais recentemente, com o incentivo de programas sociais à retomada


econômica, os investimentos impulsionaram o setor produtivo e retomada
das atividades relacionadas à engenharia até o ano de 2010.

13
Atribuições e áreas de atuação dos engenheiros
O exercício profissional foi regulamentado no Brasil pela Lei Federal
5.194/1966. A profissão é considerada como de interesse social e humano,
com destaque, conforme seção I, Art. 1º, às seguintes áreas de atuação:
aproveitamento e utilização de recursos naturais; meios de locomoção;
meios de comunicação; edificações; serviços e equipamentos urbanos,
rurais e regionais; desenvolvimento industrial e agropecuário. Dentre as
atividades e atribuições destaca-se:

[…] desempenho de cargos, funções e comissões em


entidades estatais, paraestatais, autárquicas e de
economia mista e privada; planejamento ou projeto, em
geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas,
transportes, explorações de recursos naturais e
desenvolvimento da produção industrial e agropecuária;
estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias,
pareceres e divulgação técnica; ensino, pesquisa,
experimentação e ensaios; fiscalização de obras e serviços
técnicos; direção de obras e serviços técnicos; execução
de obras e serviços técnicos; produção técnica
especializada, industrial ou agropecuária. (BRASIL, 1966,
[s.p.])

Controle do exercício profissional


O controle do exercício profissional no Brasil se dá pela
regulamentação da profissão pela Legislação Federal. Dois conselhos
fazem a gestão profissional: o CONFEA e o CREA.

Sistema CONFEA
CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) é a
instituição federal, sediada em Brasília, cuja atribuição é a de fiscalização
e regulamentação das profissões de Engenharia, Agronomia, Geografia,
Geologia e Meteorologia. A criação do conselho ocorreu em 1966, por
meio da Lei Federal 5.194 (BRASIL, 1966), sancionada pelo presidente da
república.
O CONFEA possui atribuições para legislar pelas Resoluções e
Decisões, com caráter de lei. Uma das resoluções mais conhecidas refere-

14
se à ART, que define legalmente a responsabilidade técnica em função da
atividade profissional, art. 2º. Esse documento deverá ser emitido sempre
que for prestado qualquer serviço profissional, seja vinculado por contrato
escrito ou verbal, conforme art. 1º.
Os valores das taxas de ART serão definidos pelo CONFEA, art. 2º, §
2º. Na falta de ART, o profissional ou a empresa estará sujeito à multa,
conforme alínea “a” do art. 73 da Lei 5.194/1966, e demais penalidades
cabíveis.

Sistema CREA
CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) complementa
o sistema, porém na esfera estadual. Em cada estado da federação existe
um conselho que poderá criar sua legislação específica. O CREA-SP, por
exemplo, apresenta 5 Atos Normativos vigentes, que dispõem sobre o
funcionamento específico do conselho, no que se refere à expedição de
acervo técnico; instituição de livro de ocorrência em parques de diversões
e atividades afins; fiscalização dos serviços técnicos de aprovação de
projetos realizados por órgãos públicos, autarquias e concessionárias de
serviços para fins de autorização de serviços e obras; celebração de
contratos com entidades de classe como forma de acelerar o processo de
fiscalização sobre ART; adoção do Livro de Ordem de obras e serviços de
Engenharia, Agronomia, Geografia, Geologia, Meteorologia e das demais
profissões vinculadas ao conselho.
Entre outras atribuições do Conselho pode-se citar a de fiscalização do
exercício da profissão e a de realização do registro profissional de
engenheiros e agrônomos em cada estado. Segundo a legislação do
CONFEA, a emissão de ART somente é possível com o registro do
profissional no estado onde o profissional está devidamente atuando.
A fiscalização cabe aos fiscais que avaliam a regularidade do exercício
profissional, tanto em empresas privadas como públicas, averiguando o
cumprimento das responsabilidades técnicas das atividades vigentes.
Caso constatado em fiscalização a falta de responsável técnico pela
atividade, ou mesmo quando o responsável técnico não é habilitado junto
ao CREA, será lavrada uma notificação e, se necessário, um auto de
infração, que deverá ser atendido em conformidade com as exigências da
lei, caso contrário será aberto um processo administrativo em função da
irregularidade em questão.

15
Exemplificando
Para cada estado existem critérios específicos definidos pelo CREA
correspondente. Como exemplo, seguem os Atos Normativos de São Paulo:
Quadro 1.1 | Atos normativos – Legislação CREA-SP
Número Assunto Data Revoga Observação
Dispõe sobre a adoção do
Livro de Ordem de obras
e serviços de Engenharia,
Agronomia, Geografia, Publicação
06 Geologia, Meteorologia 28/05/2012 no DOU de
21/12/2012
e das demais profissões
vinculadas ao Sistema
Confea/Crea.
Dispõe sobre a celebração Publicação no DOE
de convênios com de 11/05/2011 -
entidades de classe para Seção I - 121(87)
maior Revoga o -158 Homologado
eficiência da fiscalização Ato pelo CONFEA na
05 profissional, através da 31/03/2011 Sessão Plenária
Normativo
expansão das Anotações 03 Ordinária nº 1378
de Responsabilidade de 31/03/2011
Técnica - ARTs e dá - Decisão PL -
outras providências. 0331/2011
Publicação no DOE
Dispõe sobre a de 21/01/2011 -
fiscalização dos serviços Seção I - 121(14)
técnicos de aprovação de -183 - Homologado
projetos realizados por pelo CONFEA na
órgãos Sessão Plenária
04 públicos, autarquias e 23/08/2010 Ordinária nº 1372
concessionárias de de 23/08/2010
serviços para fins de - Decisão PL -
autorização de serviços e 1115/2010 (SPL Nº
obras. 1222 de 10/12/2009
-CREA-SP)
Publicado no
DOE de 05/02/02
Dispõe sobre a instituição -Homologado
do Livro de Ocorrências Revoga o pelo CONFEA na
02 14/12/2001
para parques de diversões Ato 75 Sessão Plenária nº
e atividades afins. 1307 de 14/02/01
- Decisão PL -
999/01
Dispõe sobre a
documentação a ser Publicado no
exigida para DOE de 07/09/00
o registro e a expedição da Substitui o Homologado pelo
01 Certidão de Acervo 16/06/2000
Ato 80 CONFEA através
Técnico aos profissionais da Decisão PL
do Sistema CONFEA/ -363/00
CREA-SP.

16
Fonte: CREA-SP (2011).

Organizações produtivas, corporativas, desenvolvedoras e


instituições de ensino
Organização é uma sequência de esforços, que podem ser individuais
ou coletivos, com objetivo de fornecimento de um produto ou serviço.
Podem ser constituídas tanto por recursos humanos como materiais e
geralmente possuem estrutura interna hierárquica, subdividida em
departamentos. A maioria das organizações se definem por meio de
conceitos estratégicos e de gestão “missão”, “visão” e “valores”. Esses
conceitos buscam definir a direção estratégica da empresa, o papel do
negócio diante da sociedade, seus propósitos e objetivos. O conceito
“missão” está relacionado ao propósito da organização. “Visão” é aonde a
empresa que chegar, e os “valores” são os conceitos que a organização
leva em conta tanto nos processos internos como nos produtos ou serviços
ofertados.
Dentre as formas de organização, as produtivas são a de maior
abrangência e são divididas nas seguintes subcategorias: empresas,
consórcios, cooperativas e o exercício autônomo.
Empresa é toda organização vinculada à uma pessoa jurídica, seja para
a produção ou circulação de bens e serviços. Suas atividades são
organizadas de forma coordenada e controlada, executando tarefas bem
definidas, com propósito específico. A organização do tipo consórcio está
relacionada a um grupo de pessoas, empresários, organizações ou governos
vinculados à uma mesma atividade ou partilha, com um objetivo específico
e comum. De forma semelhante ao consórcio, as cooperativas configuram-
se pela associação de pessoas ou grupos, contudo com objetivo de obter
vantagens ao grupo de uma atividade econômica, como é o caso de uma
cooperativa de agricultores, por exemplo, que se associam para que haja
um local especifico de armazenagem e escoamento da produção do grupo
associado, ou ainda para que os associados se beneficiem pela compra de
insumos em larga escala a um menor preço. Já o exercício autônomo é
caracterizado pela atividade de uma pessoa física, seja na produção ou
circulação de bens ou serviços, de forma liberal sem a caracterização de
vínculo empregatício.
As formas de organização corporativas podem ser classificadas em dois
tipos: as associações e os sindicatos. As associações caracterizam-se pela
reunião de um grupo jurídico ou não, que não visa fins lucrativos. Os

17
sindicatos são organizações que representam categorias com interesses em
comum, seja para resolução de problemas ou para reivindicar
necessidades.
As organizações desenvolvedoras são subdividas em ONG, institutos e
fundações. ONG é caracterizada por não possuir fins lucrativos e seu papel
é o de promover ações tanto no campo político como público. Institutos
são organizações com propósito específico, geralmente voltadas para o
desenvolvimento científico. Por fim, fundações são organizações com
propósito específico, definido pelo estatuto ou pelo instituidor.
As organizações de ensino são definidas pela Lei de Diretriz Básica de
1996 (Lei 9.394). As organizações de ensino básico são subdivididas em
ensino infantil, fundamental e ensino médio. As organizações de educação
escolar, além do ensino infantil, fundamental e médio, contemplam
também o nível superior.
Outras formas de ensino no Brasil são: educação para jovens e adultos
(ensino fundamental e médio), educação profissional ou técnica, educação
especial e ensino a distância (EAD). As categorias administrativas podem
ser do tipo pública ou privada. As públicas são administradas pelo poder
público e as privadas, por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.
Por definição, as instituições de ensino superior, tanto públicas como
privadas, estão a cargo da União. As instituições de ensino médio e
fundamental estão a cargo do estado, tanto as administrados pelo poder
público ou pelo privado. Já os municípios são responsáveis pelas
instituições de ensino infantil e fundamental, ou instituições de ensino
médio mantidas pelo poder municipal. O Distrito Federal é responsável
pelas instituições de ensino de educação infantil, fundamental e médio,
criadas pela sua administração, assim como aquelas criadas pelo setor
privado.
Entre as atribuições da União, pode-se citar a elaboração do Plano
Nacional de Educação, que visa organizar, administrar e desenvolver as
instituições federais, investir recursos financeiros nas instituições
Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, assim como toda assistência
profissional necessária. A União deve também estabelecer as diretrizes
para a educação básica e realizar o acompanhamento e a implantação nas
esferas estaduais e municipais. Deve também cadastrar entidades de ensino
superior e avaliar os cursos de graduação e pós-graduação disponibilizados
por essas instituições.

18
Assimile
O desenvolvimento social está ligado ao desenvolvimento de
tecnologias e ao conhecimento. Toda a cadeia, tanto do conhecimento
como de produção, estão interligadas às organizações, à ciência e ao
estado.

Finalmente, após a abordagem dos tópicos anteriores, percebe-se toda a


complexidade que envolve o sistema, seja na etapa de regulamentação da
profissão, organização das corporações, no cumprimento das
responsabilidades para com a sociedade, no processo de produção de
serviços e também na educação.

Sem medo de errar

Anteriormente, foi apresentada uma situação em que houve a


fiscalização do CREA em uma indústria que estava passando por um
processo de adequação nas instalações. Foi constado que não existia
responsável técnico pelo gerenciamento da execução do projeto filiado ao
órgão de classe e que a direção da empresa não via necessidade de
acompanhamento técnico das atividades, argumentando que o mero
atendimento da notificação lavrada pela fiscalização seria suficiente.
Ora, uma vez que a profissão é regulamentada por lei, o profissional
deverá atender a seus requisitos. Diante desse fato, o pedido do diretor da
empresa não deve ser acatado. Seu papel, como engenheiro, é de utilizar os
artigos da Lei 5.194 (BRASIL, 1966), que regulamentam a profissão,
associada à Lei 6496/1977, que cria o sistema CREA/CONFEA,
responsáveis pela gestão e controle profissional como argumentos
contrários ao pedido. A Lei 5.194/1966 determina, no art. 2º, que o
exercício das atividades de engenheiro e engenheiro-agrônomo é
garantido, obedecidos os limites das respectivas licenças que estejam
registrados nos Conselhos Regionais; e no art. 6º, que a pessoa física ou
jurídica exerce ilegalmente a profissão ao realizar atos ou prestar serviços,
públicos ou privados que não possua registro nos Conselhos Regionais. A
Lei 6496/1977 determina no art. 1º que todo contrato, seja ele verbal ou
por escrito, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços
profissionais referentes à Engenharia e à Agronomia, fica sujeito à
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).
Negado o pedido do diretor, você deverá então elaborar uma proposta
técnica, contemplando a responsabilidade pela execução dos serviços que

19
serão prestados, com emissão da ART respectiva. Aprovada a proposta, é
recomendável a efetivação da atividade por meio de um contrato,
determinando as atividades que serão exercidas pelo profissional.
Faça valer a pena

1. Organização é uma sequência de esforços, que podem ser


individuais ou coletivos. Pode ser constituída tanto por recursos humanos
como materiais e geralmente apresenta estrutura interna hierárquica,
subdividida em departamentos. Dentre os inúmeros modelos de
organizações, existe um tipo que se caracteriza pelo trabalho realizado para
a produção ou circulação de bens e serviços, vinculada à pessoa jurídica.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a organização que se
enquadra nas características apresentadas.
a. Empresa.
b. Consórcio.
c. ONG.
d. Instituto.
e. Fundação.

2. A Lei 6496/1977 cria o Conselho Federal de Engenharia e


Agronomia (CONFEA), que conjuntamente ao CREA realiza a gestão e
controle do exercício profissional.
Dentre os artigos dessa lei, fica definido que a execução de obras ou
prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia e à
Agronomia é sujeita à emissão de um documento.
Qual documento é esse? Assinale a alternativa correta.
a. Nota Fiscal de prestação de serviços.
b. Relatório Técnico.
c. Contrato.
d. ART.
e. Proposta Técnica.

20
3. O desenvolvimento da engenharia no Brasil se deu em função de
circunstâncias sociais favoráveis. Dentre essas circunstâncias, a principal
foi a necessidade de escoamento da produção cafeeira no final do Século
XIX. Nesse contexto, julgue as afirmativas a seguir em verdadeiras (V) ou
falsas (F).
( ) Com a necessidade de escoamento da produção de forma mais
eficiente, foram implantadas estradas de ferro em substituição ao
transporte por animais, que até então utilizava burros ou mulas.
( ) A necessidade de escoamento da produção de café fez com que
centros urbanos tivessem que ser desenvolvidos em torno dos portos
fluviais.
( ) O escoamento da produção cafeeira pressionou a construção de
novos portos, uma vez que não havia capacidade de armazenamento e
transporte suficiente nessas instalações.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a. V – F – F.
b. V – F – V.
c. F – V – V.
d. V – V – F.
e. F – V – F.
Seção 2

Responsabilidades legais e sociais


Diálogo aberto
Caro aluno, diante do momento que vivemos na engenharia, nada como
resgatar os valores e responsabilidades relacionados à profissão e à
sociedade, certo? É notório existir no Brasil a cultura do “jeitinho”, porém,
em uma sociedade civilizada, a legislação deve ser seguida.
Você deverá se posicionar acerca da situação a seguir: durante a
execução de uma adequação referente às instalações da planta de uma
indústria, ocorreu a fiscalização do CREA e foi constatado que não existia
responsável técnico pelo gerenciamento da execução do projeto filiado ao
órgão de classe. Diante desse cenário, o diretor da indústria entrou em

21
contato com sua empresa, especializada na gestão de facilities, de forma a
regularizar a situação. Contudo, ele informou que o escopo dos serviços a
serem contratados restringia-se apenas à emissão do documento de
responsabilidade, não havendo a necessidade de acompanhamento dos
serviços remanescentes, tampouco a verificação das etapas executadas
anteriormente sem acompanhamento de um profissional legalmente
habilitado.
Ora, aprendemos na seção anterior que a legislação impõe algumas
condições para o exercício profissional correto. Diante do contexto
apresentado, é necessária a avaliação da falta de acompanhamento técnico
até a etapa em questão, bem como das etapas subsequentes. Quais as
responsabilidades, tanto sociais como profissionais do engenheiro?
Você deverá avaliar o que a legislação exige do profissional, quais seus
direitos e deveres legais, seu papel no mercado, assim como o que a
sociedade espera de um profissional comprometido com a sociedade e com
o meio ambiente, uma vez que os recursos naturais, cada vez mais
escassos, devem ser preservados. Lembre-se, acima do exercício
profissional, todos temos como obrigação oferecer alternativas sustentáveis
à sociedade, obedecendo à legislação e não visando em primeiro lugar ao
retorno financeiro. Atualmente existem algumas certificações que avaliam
o grau de eficiência e sustentabilidade de empreendimentos, pois já surge
uma preocupação com a escassez de recursos no futuro. Essas certificações
buscam uma maior eficiência energética, bem como atentam-se à
reciclagem de resíduos e ao consumo consciente.
Muitas são as responsabilidades dos engenheiros, e sua preocupação
deve estar voltada para todas essas questões, uma vez que o
desenvolvimento ocorre graças aos engenheiros que trabalham dentro
desses critérios que regulamentam a profissão, da ética, das leis e das
normas técnicas.

Não pode faltar

Conceitos da responsabilidade social aplicados à


engenharia
Responsabilidade social é um conceito que está relacionado à forma
com que as corporações e os profissionais devem se portar e conduzir seus
negócios, focando o desenvolvimento social, ou seja, o bem-estar dos
indivíduos que compõem a sociedade, afetados direta ou indiretamente

22
pelas atividades, além da atenção ao meio ambiente. O principal trabalho
do engenheiro é o desenvolvimento teórico e prático voltado para o
desenvolvimento social e humano. A partir dessa premissa, o engenheiro
deve trabalhar com os recursos técnicos, científicos e os recursos naturais
disponíveis para atingir esses objetivos. Ele deve analisar com cautela a
disponibilidade de recursos, pois apesar de atualmente a tecnologia estar
muito mais desenvolvida do que no século passado, não necessariamente
essa tecnologia é aplicável, já que outras questões devem ser levadas em
consideração durante a fase de estudo de um projeto. Dentre os fatores a
serem estudados, pode-se citar o risco do projeto a vidas humanas, como é
o caso da instalação e operação de usinas nucleares. Do ponto de vista
ambiental, a disponibilidade de recursos naturais não necessariamente deve
ser considerada como fator que viabiliza empreendimentos, como é o caso
da utilização de usinas de geração de energia movidas a carvão mineral,
pois são altamente poluidoras.
Na última década, as legislações ambientais, no que diz respeito à
emissão de gases poluentes, têm restringindo esses índices, forçando o
desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e menos poluentes, e as
indústrias automotiva, ferroviária e aeronáutica são grandes beneficiárias
dessas tecnologias.
No caso da construção civil, o uso de madeira de reflorestamento é
exigido atualmente. Projetos financiados pela Caixa Econômica Federal
que utilizam madeira devem apresentar documento de origem florestal
(DOF) para todo material desse tipo utilizado na construção. Já os resíduos
da construção civil devem ter seu descarte controlado. Esse tipo de resíduo
deve ser direcionado a usinas de reciclagem, devidamente cadastradas nos
municípios onde a obra está sendo executada.
Dessa forma, além da necessidade social e econômica pela busca de
produtos mais eficientes, atualmente as legislações ambientais têm sido
alteradas como forma de minimizar o impacto das atividades econômicas,
afetando diretamente os produtos desenvolvidos por engenheiros.

Assimile
Caro aluno, vale reforçar o conceito de responsabilidade social, pois
atualmente, de maneira geral, as leis não são seguidas. Cabe a todos
nós cumpri-las e exigir seu cumprimento por toda a sociedade.

23
Meio ambiente e a engenharia na perspectiva
da sustentabilidade
O conceito de sustentabilidade ganhou destaque nas últimas décadas
como forma de garantir os recursos naturais do planeta e preservação do
meio ambiente e bem-estar social. Essa política afetou de forma definitiva
a engenharia, em especial o desenvolvimento de produtos e serviços
ecologicamente menos danosos. Também impactou a economia de recursos
financeiros a médio e longo prazo, por conta da diminuição do consumo de
energia, resultado da maior eficiência dos produtos desenvolvidos a partir
dessa política.
A aplicação e desenvolvimento de produtos em conformidade com essa
filosofia ocorre inicialmente na fase de concepção do produto ou do
projeto: trata-se da etapa em que se definem as características do produto.
A eficiência é medida ao longo da vida útil do produto pelo seu
desempenho comparado a produtos similares, em função da base de dados
já existente. Recentemente, novas tecnologias têm se desenvolvido graças
aos avanços na área computacional e de telefonia. Trata-se das tecnologias
mobile, com o uso de aparelhos telefônicos do tipo smartphones, ou
tablets, que com acesso cada vez popular a planos de dados, possibilita
acesso à internet e à informação. Um outro tipo de tecnologia denominada
IoT – em português denominada de internet das coisas – beneficia-se
também desses avanços, pois é possível o controle e monitoramento de
sensores remotamente, permitindo, por exemplo, automação residencial
controlada pela internet, controle e monitoramento de sistemas de
bombeamento de água remotamente, entre outros benefícios voltados para
as questões de otimização e preservação de recursos.
No Brasil existem certificações com objetivo de promover o uso
racional dos recursos naturais. Dentre as certificações disponíveis,
podemos citar o selo Procel, Aqua e LEED (Green Build). A certificação
Procel foca a eficiência energética e o consumo de energia, aplicável a
diversos segmentos da indústria. Já as demais certificações são específicas
da construção civil. Em edificações, por exemplo, um produto em
conformidade com o selo exige a previsão de dispositivos que levem à
redução do consumo de água. Essa previsão deve ser feita na etapa de
projeto, mas a economia acontecerá na fase de operação. É por conta disso
que as certificações já são atuantes na fase de projeto.
A seguir, as principais certificações são apresentadas:

24
Procel
Trata-se de um programa de governo do Ministério de Minas e Energia
(Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), instituído em
1985 com objetivo de promover o uso eficiente de energia elétrica e
combater o desperdício.
O Selo Procel de economia de energia foi criado por meio de Decreto
Presidencial em 8 de dezembro de 1993 (BRASIL, 1993). Sua finalidade é
de funcionar como ferramenta que permite ao consumidor conhecer as
marcas e modelos de eletrodomésticos disponíveis no mercado com maior
eficiência energética e, consequentemente, menor consumo de energia
(Figura 1.2). Esse processo tem sido possível por meio das parcerias
firmadas entre o Inmetro, associações de fabricantes, universidades e
laboratórios de pesquisas vinculados à Eletrobras. Para obtenção do selo, o
produto deverá ser submetido à análise em empresas acreditadas pela
Eletrobras. Após esse processo o selo poderá ser emitido caso o produto
atinja os índices previamente estabelecidos na categoria em que se
enquadra. Figura 1.2 | Selo Procel de economia de energia em eletrodomésticos

Fonte: Inmetro (2013, [s.p.]).


Dentre os eletrodomésticos, podemos citar: refrigeradores,
congeladores, condicionadores de ar, ventiladores, lavadoras, televisores,
micro-ondas, lâmpadas de led, fluorescente compactas, bombas,
motobombas, motores elétricos, sistema de aquecimento solar e
fotovoltaico.

25
O Selo Procel de edificações foi criado em novembro de 2014, com o
objetivo de identificar as edificações que apresentam melhor classificação
energética, uma vez que esse setor representa 50% do consumo de energia
elétrica no país. Para obtenção da certificação, o projeto deve ser
concebido já visando maior eficiência energética. A metodologia para
avaliação de conformidade está descrita no regulamento para concessão do
selo, bem como os critérios técnicos necessários podem ser encontrados no
Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética
em Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) e no
Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética
em Edificações Residenciais (RTQ-R) do Programa Brasileiro de
Edificações – PBE Edifica.
Dentre os segmentos anteriormente citados, a certificação Procel
também está presente em outros setores da economia, conforme as áreas de
atuação, tais como: iluminação pública, poder público, indústria e
comércio e conhecimento (disseminação de informação técnica a respeito
da temática de energia eficiente).
Por fim, o resultado dessa política energética tem sido notado ao longo
dos anos por meio de medições realizadas pelo órgão. Os ganhos anuais
mais recentes são apresentados no gráfico da Figura 1.3. Segundo o Procel
(Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), a estimativa de
economia de energia acumulada entre 1986 e 2017 é da ordem de 128,6
bilhões de kWh, com crescimento mais expressivo nos últimos anos.
Figura 1.3 | Economia de energia nos últimos cinco anos (bilhões de kWh)
22,99
21,20

15,15

11,68
10,52

2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: Procel (2019, p.16).

26
Além das vantagens econômicas e ao meio ambiente, é importante citar
também que existe a possibilidade de contratação de linhas de crédito
específicas para aquisição de produtos ou implantação de projetos
vinculados ao selo. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) é um exemplo de banco que oferta esses tipos de
serviços, pelos programas Proesco (Apoio a Projetos de Eficiência
Energética), BNDES Automático, Finame e Finame Leasing.

Certificação LEED
Certificação criada em 1993 nos Estados Unidos, com objetivo de
incentivar a construção de edificações sustentáveis. O termo LEED
significa em português “Liderança em energia e design ambiental”. É uma
certificação de renome internacional, cujos profissionais são habilitados
por meio de exame de proficiência e, uma vez certificados, podem atuar
em projetos com esse selo pelo mundo. Dentre as áreas de abrangência
certificáveis pelo LEED, pode-se citar: localização e transporte, lotes
sustentáveis, eficiência da água, energia e atmosfera, materiais e recursos,
qualidade interna dos ambientes, inovação e prioridades regionais. Até
meados de julho de 2019, o número de empreendimentos com essa
certificação ultrapassava 600. Na cidade de São Paulo, o empreendimento
Parque da Cidade, composto por dez torres multiuso, recebeu a certificação
LEED. O projeto e implantação promoveu a revitalização de todo seu
entorno, que até então era considerado abandonado, e atualmente, na fase
de operação, realiza a gestão de recursos como água, energia e resíduos
sólidos produzidos diariamente.

Certificação Aqua-HQE
É um sistema de certificação de origem francesa que foi adaptado para
a realidade da construção civil brasileira e se aplica a empreendimentos
novos, associado a um planejamento de gestão na construção. A
certificação é concedida a partir de auditorias que são realizadas nas fases
de concepção, projeto e construção.

Obrigações e responsabilidades do engenheiro no mercado


de trabalho
Conforme a Lei Federal 5194/1966 (BRASIL, 1966), cabe a todo
profissional a responsabilidade pelas atividades técnicas desenvolvidas,
seja pela colaboração parcial ou integral em um projeto. Deverá o
profissional ser mencionado explicitamente como autor da parte de sua

27
responsabilidade. Segundo o art. 20, todos os documentos que resultem da
participação do profissional deverão ser assinados por ele.

Reflita
Imagine você se não houvesse regulamentação e padronização – a
sociedade não funcionaria. Exemplificando, pense no funcionamento
do trânsito sem regras básicas, como respeitar o “pare” em um
cruzamento: não haveria mais acidentes e menor fluidez no trânsito?

Sobre a emissão de ART, conforme já dito na seção anterior, é


obrigatória para todas as atividades técnicas desenvolvidas no campo de
atribuição dos engenheiros. Dentre os tipos de ART, pode-se citar: ART de
Obra ou Serviço, referente à participação técnica em obras ou serviços;
ART Múltipla, que deverá ser emitida sempre que o profissional exercer
atividade para múltiplos contratos durante período de tempo determinado;
ART de cargo ou função, que deverá ser emitida por profissional que
exercer função técnica em empresas (pessoa jurídica); e ART de
Receituário Agronômico, que deverá ser preenchido por profissional
sempre que exercer atividade relacionada ao estudo, análise, especificação
e receituário agronômico.
Tratando-se de projetos, o profissional devidamente registrado no
CREA do respectivo estado deverá emitir ART de responsabilidade dentro
da atividade específica na qual tem participação, seja ela individual ou de
coautoria.
A todo profissional responsável pela execução de determinado projeto
deverá ser emitida ART de responsabilidade pela execução. Existem
também outros campos de atividade de atuação dos profissionais, tal como
laudo e levantamento.
Sob o ponto de vista social e do mercado de trabalho, o código de
conduta do engenheiro deve ser compatível com os valores da sociedade,
tais como trabalhar respeitando a legislação vigente, celebrar contratos em
conformidade com o escopo contratado e prestar serviço de acordo com o
mercado de trabalho formal.
Dentre as legislações vigentes, vale destacar a acessibilidade, que nos
últimos anos tem estado em evidência. A NBR 9050, que define os
requisitos mínimos de projetos, foi estabelecida em 2004. Apesar de a
norma já ter mais de dez anos, geralmente ela não era respeitada pelos
profissionais. A partir de 2015, com a revisão da NBR, nota-se maior
mobilização do setor público como da sociedade, exigindo seu

28
cumprimento. Atualmente, os empreendimentos com acesso público que
não atendam aos requisitos dessa norma não obtêm a licença de uso.

Desenho universal
Quando projetamos um ambiente ou produto com a percepção de que
somos responsáveis por melhorar os espaços da vivência humana, nos
deparamos com diversas questões para pensar: quem utilizará este espaço
ou objeto? Como as atividades serão realizadas? Quais as condições de uso
que preciso promover?
Diversas são as possibilidades para a utilização de um ambiente,
principalmente considerando as necessidades variadas de cada um dos
indivíduos que possa utilizá-lo. A usabilidade de um espaço se torna
dificultada ou facilitada de acordo com a maneira que foi concebido.
Portanto, é nosso dever, como profissionais, permitir que todas as pessoas
possam usufruir daquele espaço de forma livre e confortável.
Essa não é uma preocupação recente, por mais que as cidades
brasileiras ainda estejam engatinhando rumo à acessibilidade. Em 1987,
Ronald Mace já traçava os rumos para o pensamento globalizado acerca
das necessidades humanas. Mace era arquiteto e teve paralisia infantil, o
que deixou dependente de cadeira de rodas por praticamente toda a vida. A
partir de sua dificuldade em acessar diversos locais urbanos, incluindo o
campus onde estudou arquitetura, iniciou discussões acerca da
acessibilidade ao qual cunhou o termo Desenho Universal (do inglês,
Universal Design) junto de um grupo de arquitetos em 1997, pouco antes
de falecer (CARLETTO; CAMBIAGHI, 2008). Esse conceito prevê sete
princípios que devem ser seguidos a fim de promover a inclusão social de
todas as pessoas, em sua maior extensão possível, seja durante o uso de um
ambiente físico ou de um objeto. Segundo CENTER FOR UNIVERSAL
DESIGN (1997, [s.p]) são eles:
1. Uso equitativo: o espaço ou objeto deve oferecer as mesmas
possibilidades de participação para todas as pessoas de forma conjunta. O
acesso ou a utilização do equipamento não deve segregar um indivíduo (ou
grupo de indivíduos) devido às suas características, tampouco deve
oferecer condições de uso precárias ou potencialmente danosas.
2. Flexibilidade: nem todas as pessoas utilizam os espaços ou
objetos da mesma forma. Sendo assim, é importante oferecer alternativas
de uso para que cada um possa escolher o que, onde e como quer usufruir
do produto, ambiente ou serviço.

29
3. Simplicidade: a utilização deve ser facilmente compreendida,
levando em consideração o público para o qual este projeto é concebido.
Prezar sempre por configurações óbvias, simples e intuitivas que
dispensam a necessidade de explicações complexas.
4. Informações perceptivas: cada pessoa se adapta melhor a um tipo
de informação sensorial. Enquanto algumas utilizam mais a visão, outras
usam mais o olfato ou a audição. Outras, ainda, possuem limitações
justamente em algum desses sentidos. Portanto, a mesma informação deve
ser transmitida de maneiras variadas, utilizando cores, símbolos, grafias,
sons, texturas ou outro atributo disponível.
5. Segurança: os espaços ou produtos devem ter uma tolerância
baixa para o erro, ou seja, permitir a usabilidade livre, porém minimizando
os danos em caso de falhas para que nenhum usuário se machuque ou seja
prejudicado de alguma forma.
6. Baixo esforço físico: as rotas de circulação ou equipamentos de
uso rotineiro sempre devem ser pensados visando a economia de energia
corporal. Evitar situações em que o usuário está sujeito a realizar
movimentos motores finos ou de amplas dimensões, tornando o objeto ou
espaço adaptável e confortável para qualquer pessoa com limitações
físicas.
7. Tamanho e espaço adequado: cada indivíduo ocupa um
determinado espaço e possui dimensões corporais próprias. Por exemplo,
pessoas obesas ou que utilizam a cadeira de rodas ocupam um espaço
maior que pessoas sem deficiências físicas ou com peso abaixo da linha da
obesidade.
Essa organização dos sete princípios do Desenho Universal nos faz
perceber quantas são as necessidades que devem ser analisadas ao elaborar
um projeto acessível. A atenção a estes aspectos são mais que uma
orientação, sendo exigidos pelo Decreto Federal nº 5.296 desde 2004.
Além disso, a NBR 9050:2015 também regulamenta outros princípios da
acessibilidade no âmbito prático da adaptação dos espaços a fim de
promover a inclusão social de pessoas com deficiência.
Agora você já tem a direção a seguir rumo a um projeto acessível a
todas as pessoas, independente das necessidades exigidas. Não se esqueça
de incluí-los nos seus próximos estudos!

30
Cidadania e valorização profissional
Fundamentalmente, a valorização profissional é resultado de uma série
de fatores; contudo, primeiramente, o fortalecimento profissional advém da
regulamentação profissional e da formação de associações que promovam
a profissão e que trabalhem a seu favor, fazendo valer os direitos e deveres
dos profissionais.
Também é dever do sistema CREA/CONFEA, por meio da regulamen-
tação e fiscalização, exercer tal valorização profissional, cuja atribuição é
determinada por lei.
A valorização profissional se dá apenas quando uma série de fatores
ocorre, ou seja, quando a regulamentação e fiscalização são eficazes e
quando situações do mercado são favoráveis. Como dito anteriormente,
cumpre ao sistema CREA/CONFEA a fiscalização do exercício
profissional. Essa é a melhor ferramenta para que o exercício ilegal e
irregular seja reprimido e extinto. Por outro lado, a situação econômica dos
mercados nacional e internacional também contribuem para a valorização
profissional, pois, não existindo demanda, não haverá consumo e,
consequentemente, as pesquisas e o desenvolvimento de novos produtos se
tornarão mais escassos. Cumpre ao governo criar condições para o
desenvolvimento econômico e social, por meio de políticas que promovam
o aquecimento econômico responsável, políticas habitacionais dentro de
critérios de sustentabilidade e desenvolvimento social, políticas de
incentivo à industrialização e o investimento em infraestrutura. Todas
essas políticas e investimentos criarão naturalmente a demanda precisa no
setor de engenharia, responsável por realizar as tarefas necessárias por
concretizá-las, aumentando a empregabilidade no setor e criando
condições para melhores salários aos profissionais da área de engenharia.
A valorização profissional também ocorre quando há melhores
condições de ensino e de formação do profissional em engenharia e
quando as faculdades e universidades investem em melhor qualidade de
ensino aos alunos de graduação e pós-graduação.
Com o constante desenvolvimento de novas tecnologias, existe a
necessidade de conscientização de todos os engenheiros do dever pela
busca de atualização de seu conhecimento, surgindo, assim, a necessidade
de aprender sempre, ofertando melhores produtos e serviços à sociedade.

31
Sem medo de errar

O seu desafio profissional, como engenheiro de uma empresa


especializada em facilities contratada por uma indústria, é durante a
execução de uma adequação referente às instalações da planta dessa
indústria. Estão, porém, solicitando apenas o documento de
responsabilidade, sem o acompanhamento técnico até a etapa em questão,
bem como das etapas subsequentes.
Aluno, como forma de iniciar a resolução do impasse, é muito
importante que você busque reforçar ao diretor da empresa que a profissão
é regulamentada e que todo profissional que não segue a legislação é
passível de punição. A lei que define os parâmetros é a de nº 5194/1966 e
exige que todo serviço, cuja atribuição é do engenheiro, seja exercido por
um profissional registrado no conselho de classe, para que a situação do
empreendimento seja regular. Sob a ótica da sociedade, você como futuro
profissional, deve propor ao diretor sua contratação para gerenciamento
das atividades com foco no atendimento às normas técnicas vigentes, tanto
no que diz respeito aos critérios mínimos de segurança, como na
destinação correta dos resíduos provenientes das atividades ligadas às
atividades de engenharia, objetivando a racionalização dos recursos
naturais utilizados e minimizando o impacto social, para garantir a
sustentabilidade nesse processo.
Faça valer a pena

1. As proposições a seguir dizem respeito à Lei 5194/1966, que


atribui poderes ao sistema CREA/CONFEA. Analise as afirmativas sob o
aspecto da valorização profissional:
I. Segundo a Lei 5194/1966, a emissão de ART não é obrigatória. É
documento necessário apenas quando houver sido estabelecido
contrato formal entre as partes.
II. É dever do sistema CREA/CONFEA a regulamentação da
profissão de engenheiro.
III. É dever do sistema CREA a fiscalização do exercício profissional.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.

32
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. II e III, apenas.

2. Sob o aspecto da sociedade, a engenharia deve promover o bem-


estar social, priorizando a sustentabilidade dos recursos e preservação do
meio ambiente. Levando em consideração esse conceito, analise as
proposições a seguir:
I. Todas as tecnologias relacionadas à engenharia são aplicáveis do
ponto de vista social.
II. Os recursos naturais são fonte inesgotável, podendo ser utilizadas
no desenvolvimento da sociedade.
III. A ciência e tecnologia devem ser desenvolvidas em função do
bem-estar social, minimizando impactos ao meio ambiente e
econômicos.
É correto o que se afirma em::
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. II e III, apenas.

3. Os princípios do Design Universal são guias importantes para


garantir a acessibilidade a todas as pessoas independentemente de suas
necessidades. O Centro do Design Universal (Center for Universal Design)
elencou sete princípios que servem como orientação.
Sobre esse assunto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre
elas.
I. A igualdade é um dos princípios do Desenho Universal que
preconiza que todos os espaços e objetos sejam projetados a fim de
garantir o uso equitativo dos ambientes e equipamentos por todas as
pessoas.
PORQUE

33
II. Uma vez que as pessoas não usam os ambientes e objetos da
mesma forma, estes devem ser flexíveis e permitir diversas formas de uso
de acordo com a preferência pessoal de cada um dos usuários.
Assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição
falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição
verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
Seção 3

Ética da profissão
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção o conteúdo a ser trabalhado é a ética, que deve
estar presente em todos os setores sociais. Durante sua vida de estudante
você constantemente vivencia questões éticas, principalmente quando o
professor solicita seu empenho na realização de tarefas individuais,
especialmente em provas sem consulta. Uma simples consulta a terceiros
ou a uma “cola” fere princípios éticos.
Trataremos a ética sob o aspecto dos negócios, das corporações e do
mundo profissional do engenheiro. É dever de todo engenheiro trabalhar
dentro do código de conduta ética, que além das obrigações, garante
direitos específicos.
Retomemos a situação profissional que tem sido tratada ao longo da
unidade. Durante a execução de uma adequação referente às instalações da
planta de uma indústria, ocorreu a fiscalização do CREA, e foi constatado
que não existia responsável técnico pelo gerenciamento da execução do
projeto filiado ao órgão de classe. Diante desse cenário, o diretor da
indústria entrou em contato com sua empresa, especializada na gestão de
facilities, de forma a regularizar a situação. Contudo, o diretor informou

34
que o escopo dos serviços a serem contratados restringia-se apenas à
emissão do documento de responsabilidade, não havendo a necessidade de
acompanhamento dos serviços remanescentes, tampouco a verificação das
etapas executadas anteriormente sem acompanhamento de um profissional
legalmente habilitado.
Do ponto de vista profissional, qualquer ação que promova e incentive
o cumprimento de normas pelos profissionais fortalece a classe e melhora
a regulamentação do setor.
Sabe-se que todo engenheiro deve respeitar o código de ética
profissional que permeia o mercado; contudo, é notório existir muitas
situações que conflitam com essa prática. Uma maior fiscalização poderia
evitar essa prática de conflito.
Portanto, esteja atento e preparado para aplicar os conceitos na sua vida
profissional, como forma de promover uma sociedade com melhores
profissionais e cidadãos.
Não pode faltar

Ética profissional
Segundo Barsano (2014, p. 49) a ética pode ser definida como “a
explicitação teórica dos comportamentos morais do agir humano na busca
do bem comum e da realização profissional”. Para Portnoi (1999) o
conceito de ética está relacionado às ações ou conjunto de condutas que
são aceitas pela sociedade de um modo geral. A partir desses conceitos,
define-se a ética como ciência normativa, baseada em princípios, que se
difere das outras ciências formais e empíricas, resultantes de estudos
práticos e princípios matemáticos.
Por se tratar de um conceito normativo, seus padrões de aceitação
variam em função de hábitos culturais, sendo observado principalmente
quando se avalia esse conceito da ótica da cultura ocidental em relação à
cultura oriental. No mundo ocidental, pode-se afirmar que a Igreja teve
papel fundamental no estabelecimento dos padrões éticos e morais ao
longo do tempo. Alguns desses conceitos, tais como divórcio, apenas
foram aceitos no século passado pela sociedade. Historicamente, de certa
forma, os padrões éticos e sociais fundamentados pelos conceitos bíblicos
são os que garantem o direito de expressão e todo desenvolvimento
cultural e científico nessas sociedades. Esse padrão social permeia todas as
relações da sociedade, educação, legislação, relações comerciais e
profissionais. Qualquer ação que difere dos conceitos éticos, dentro de

35
cada relação social, será avaliada em função desses conceitos, gerando
situações de conflito ou de prejuízo social.
Embora as situações de conflito ocorram, elas acabam por gerar outras
consequências, que no contexto histórico e cultural podem resultar em
mudanças dos padrões éticos e sociais, ou seja, existe a possibilidade de
alteração desses padrões ao longo do tempo. Socialmente, a grande
alteração que houve nos últimos anos foi a maior aceitação das relações
homoafetivas, que até então eram condenadas em público, apesar de
sempre terem existido.
No campo científico, essas alterações nas condutas também podem
ocorrer, quando uma nova ideia surge e revoluciona toda a forma de agir e
pesquisar, gerando marcos históricos de desenvolvimento científico. A
física newtoniana foi considerada um grande marco no século XVII. Com
o surgimento das teorias de Albert Einstein no século passado, alguns dos
conceitos e postulados de Newton foram revogados. A teoria da
relatividade é a prova de que a relação de independência estabelecida entre
o tempo e espaço por Newton não era válida. Apesar da teoria da
relatividade ser do início do século XX (1905), apenas foi comprovada
tempos depois em um experimento em que foi possível verificar com um
eclipse solar, surgindo, então, uma nova comprovação e toda uma linha de
pesquisa científica nessa área. Como exemplo de tecnologias que se
beneficiam ou se beneficiaram desde então desse novo padrão científico,
podemos citar o desenvolvimento dos televisores CRT, populares até o
final da década passada, e o GPS. Dessa forma, portanto, por questões
éticas, não poderá ser utilizado um conhecimento científico superado como
forma de contestar avanços mais recentes que foram já comprovados pela
sociedade científica.
Assim como nas áreas anteriormente tratadas, as profissões também
devem seguir esses conceitos. A ética profissional no campo da engenharia
baseia-se em uma série de valores consolidados ao longo da humanidade,
muitos relacionados a questões sociais, tais como os conceitos de certo e
errado, justo e injusto, adequado e inadequado, bom e mau. Para Barsano
(2014, p. 49), “o trabalhador de qualquer área, no exercício da sua
profissão, precisa ter compromisso moral com o indivíduo, cliente,
empregador, organização e com a sociedade, com deveres e
responsabilidades indelegáveis”. Além dos conceitos correlacionados no
âmbito social, a engenharia possui seu próprio código de ética, introduzido
pela Resolução nº 1.002/2002 (CONFEA, 2002, p. 1), que leva em conta
também características históricas e econômicas:

36
Considerando as mudanças ocorridas nas condições
históricas, econômicas, sociais, políticas e culturais da
Sociedade Brasileira, que resultaram no amplo
reordenamento da economia, das organizações
empresariais nos diversos setores, do aparelho do Estado
e da Sociedade Civil, condições essas que têm contribuído
para pautar a “ética” como um dos temas centrais da vida
brasileira nas últimas décadas;
Considerando que um “código de ética profissional” deve
ser resultante de um pacto profissional, de um acordo
crítico coletivo em torno das condições de convivência e
relacionamento que se desenvolve entre as categorias
integrantes de um mesmo sistema profissional, visando
uma conduta profissional cidadã.

Dessa forma, qualquer profissional da área de engenharia, seja


contratado por uma empresa ou autônomo, deverá agir segundo esses
conceitos nas suas melhores qualidades.
Reflita
Talvez você nem perceba, mas como estudante você vivencia e respeita
a conduta ética educacional. O que seria da faculdade sem regras? O
mesmo vale para a vida profissional.

Código de ética profissional da engenharia


A Resolução nº 1.002/2002 (CONFEA, 2002), em seu preâmbulo,
introduz os 14 artigos que enunciam os fundamentos éticos e as condutas
necessárias à boa e honesta prática das profissões de engenharia, sendo
válidos para os profissionais de qualquer nível de formação, modalidade e
especialidade. No caso das modalidades e especialidades, pode haver
preceitos próprios de conduta em função das peculiaridades de cada área.
Os artigos são subdivididos em função de seis tópicos, sendo nesse
livro abordados os conceitos em linhas gerais.

Exemplificando
Na prática, qualquer atividade que o engenheiro exerça se enquadra
dentro da resolução do CONFEA que dispõe sobre a ética na
engenharia. Portanto, caso você precise de orientações, essa é a
legislação a ser seguida.

37
Da identidade das profissões e dos profissionais
Destaca-se nesse tópico a caracterização dos perfis profissionais em
função do conhecimento tecnológico e científico e pelos resultados sociais,
econômicos e ambientais em função dos trabalhos realizados.
Os profissionais são responsáveis pelo desenvolvimento das atividades
e considerados os detentores do conhecimento, cujos objetivos são o
desenvolvimento e o bem-estar humano, seja na esfera particular do
indivíduo como também no âmbito da sociedade, para as gerações atuais e
futuras.
Segundo o decreto, os conselhos, as entidades e instituições
profissionais são igualmente permeados por esses conceitos éticos e
participantes na construção, regulamentação, preservação e aplicação.
Dos princípios éticos
Nesses tópicos são abordados os seguintes princípios: em função do
objetivo, da natureza, da honradez, da eficácia, do relacionamento, da
intervenção sobre o meio, da liberdade e da segurança profissional.
Vale ressaltar que dentro de toda essa estrutura, a profissão é tratada
como um bem social e cultural da humanidade, devendo por meio do
conhecimento técnico, científico e artístico promover o desenvolvimento
harmônico do ser humano e a melhoria da sua qualidade de vida, com o
uso da prática tecnológica. Também é abordada a questão da conduta na
prática profissional, que deve ser honesta, digna e cidadã, no cumprimento
responsável e competente dos compromissos profissionais, utilizando-se de
técnicas adequadas, que assegurem os resultados e qualidade satisfatórios,
levando em conta sempre a segurança dos procedimentos, o
desenvolvimento sustentável, tanto no ambiente natural como construído,
sem promover risco às pessoas, a seus bens e a seus valores.
Por fim, deve-se promover o relacionamento honesto e justo de forma
progressista, com igualdade de tratamento entre profissionais e lealdade na
competição, estando habilitado para a prática profissional todos aqueles
devidamente qualificados para a função.

Dos deveres
No exercício profissional, art. 9º, os deveres relacionam-se aos seres
humanos, à profissão, ao relacionamento entre clientes, empregadores,
colaboradores, aos demais profissionais e ao meio. Dentre os principais
deveres aos seres humanos, destaca-se: oferecer seu saber para o bem da

38
humanidade, haver compromisso na harmonização entre os interesses
pessoais e aos coletivos, contribuir na preservação da incolumidade
pública e divulgar conhecimentos inerentes à profissão. No âmbito
profissional, é dever o zelo pela profissão, conservando-a e
desenvolvendo-a, é dever manter a boa imagem social, realizar as
atividades dentro das atribuições da lei e da capacidade individual, atuar na
consolidação da cidadania, na solidariedade no campo profissional e na
coibição das transgressões éticas. No campo das relações trabalhistas e
com terceiros, é dever o tratamento justo, de acordo com o princípio da
equidade, fornecer informações corretas, objetivas e precisas na
autopromoção, ser imparcial e impessoal em perícias e em situações de
conflito. Oferecer alternativas ao contratante sempre que for possível, para
as demandas propostas, em observâncias às normas vigentes, exercer o
princípio do sigilo das informações profissionais quando houver interesse
firmado entre as partes.
Um ponto fundamental de importância tratado nesse tópico é o papel do
engenheiro relativo à responsabilidade em alertar os interessados sobre os
riscos de não observância de prescrições técnicas e as consequências desse
ato.
Sob o aspecto das relações interpessoais, o profissional deverá atual de
forma leal no mercado, considerando princípios de igualdade de condições,
manter-se atualizado no quesito normas e regulamentações técnicas, além
de garantir a manutenção dos direitos profissionais.
Com relação ao meio, deverá se orientar sempre em função dos
preceitos que levem em consideração o desenvolvimento sustentável,
visando à economia energética, à economia de recursos, à mitigação de
impactos ao meio ambiente, na conservação e desenvolvimento do
patrimônio sociocultural, nas atividades de elaboração de projetos, na
execução de obras ou no desenvolvimento de produtos.

Das condutas vedadas


É vedado em relação ao ser humano e seus valores, no art. 10, o não
cumprimento dos deveres do ofício, a obtenção de vantagens pelo uso
profissional ou a realização de qualquer orientação técnica que possa
resultar em dano a pessoas e a seus bens. No meio profissional, é proibido
exercer função para a qual não se tenha a efetiva habilitação, omissão ou
ocultação de fatos que transgridam a ética profissional. No relacionamento
com os clientes e profissionais, é proibido elaborar propostas com
remuneração abaixo do mínimo profissional legalmente estabelecido,

39
apresentar honorários que desrespeitem os valores mínimos ou extorsivos,
a obtenção de vantagens por meios enganosos, a negligência com medidas
de segurança e saúde do trabalho daqueles que estão sob coordenação do
profissional, suspensão de trabalhos sem prévia comunicação e sem
justificativa, além de assediar colaboradores moralmente ou impor carga
de trabalho em desacordo com a legislação trabalhista.
Na relação de trabalho com os demais profissionais, não caberá
intervenção das atividades por outro profissional sem a devida autorização
do autor ou responsável, assim como atuar de forma discriminatória ou
agir contra a liberdade do exercício profissional. É vedado qualquer tipo de
ação que resulte em dano ao meio ambiente, sociedade e patrimônio
cultural.

Dos direitos
O art. 11 trata dos direitos dos profissionais, reconhecidos nos âmbitos
coletivos e universais, e referem-se à livre associação, à exclusividade ao
exercício profissional, ao reconhecimento legal e ao direito à representação
institucional.
No art. 12 são reconhecidos aos profissionais os direitos de liberdade
pela escolha do campo de especialização profissional, da metodologia e
formas de expressão, do uso da titulação profissional, da dedicação
exclusiva ao ofício, da remuneração justa em função do conhecimento,
capacidade, complexidade, experiência nas atividades desenvolvidas, de
exercer as atividades dentro de condições dignas com segurança, de opção
de interrupção da prestação de serviço quando julgar necessário, dentro das
condições estabelecidas no art. 9º, referente aos deveres do profissional.
Dentre outros direitos importantes, pode-se citar o direito à propriedade
intelectual, à propriedade do acervo técnico profissional, e à liberdade de
associação a corporações.

Da infração ética
Os art. 13 e 14 abordam esse assunto, sendo que a infração se resume a
todo ato cometido pelo profissional contra o código de ética, cujos efeitos
disciplinares serão estabelecidos também a partir desse mesmo código.

Dica
A consulta do material completo poderá ser realizada na área de
legislação do site da CONFEA.

40
CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA –
CONFEA. Resolução nº 1.002, de 26 de novembro de 2002. Adota o
código de ética professional da engenharia, da arquitetura, da
agronomia, da geologia, da geografia e da meteorologia e dá outras
providências. Brasília, nov. 2002.

Ética corporativa
A ética corporativa é um conjunto de valores e condutas da organização
perante a sociedade. Esse conjunto de condutas e valores estabelecidos é o
que norteia o comportamento dos colaboradores da organização e de todos
aqueles envolvidos nos seus processos. Moreira (1999) afirma que a
necessidade de estabelecimento e divulgação dos valores éticos
corporativos aos colaboradores é essencial, uma vez que as pessoas têm
experiências de vida diferentes e formação intelectual distintas, assim
como posição social, sendo possível então criar um padrão dentro do
ambiente organizacional.
No campo teórico e perfeito, a definição dos padrões éticos acaba
funcionando bem, contudo, na prática, fatores externos podem influenciar
de forma negativa, como é o caso da competição com empresas
concorrentes, dos interesses pessoais sobrepondo-se ao interesse da
organização, dos interesses econômicos e dos interesses políticos.
Alencastro (2016) menciona que condutas pessoais tendem a prejudicar
tanto a empresa como as pessoas, já que a empresa é uma ação coletiva.
Fatores políticos que ferem a ética, como corrupção, tendem a enfraquecer
ou até mesmo destruir a imagem das corporações, gerando desconfiança
tanto por parte de investidores como de consumidores. Tem sido
introduzido recentemente nas empresas o Programa de Compliance, que
tem como objetivo a prevenção e a redução do risco de corrupção em
corporações, por meio de análise de alguns temas como diversidade,
assédio, combate à corrupção, combate à fraude, privacidade dos dados e
segurança das informações, entre outros.

Assimile
Nas corporações, o conceito de compliance tem ganhado importância
como ferramenta de gestão e controle dos processos. Seu objetivo
principal é a redução de violações à legislação corporativa.

41
Os executivos das corporações devem ter plena consciência das
responsabilidades éticas e devem estar engajados na busca e manutenção
desses valores, utilizando formas e ferramentas de divulgação desses
valores corporativos a todos os funcionários ou pessoas envolvidas com a
empresa.
Corporações que possuem valores éticos bem definidos e difundidos,
desde que consistentes, acabam por ter a imagem fortalecida, funcionando
esses valores como instrumento motivacional e institucional junto aos
funcionários e à sociedade, em que o nome da corporação acaba ganhando
notoriedade.

Ética na engenharia
Considerando os conceitos abordados anteriormente sobre valores
éticos, ética corporativa e o código de ética profissional, a ética na
engenharia acaba por ser uma aplicação de todos esses valores, balizando a
atuação da classe na vida profissional. O desafio do profissional é ter em
mente que toda ação deve ser tomada partindo-se dos critérios éticos. O
próprio código de conduta ética deve ser encarado pelo profissional como
ferramenta de auxílio, como forma de balizá-lo e protegê-lo de eventuais
sanções. Cabe ao profissional estar atento aos principais problemas
relacionados a essas questões, tais como: corrupção, falta de saúde e
segurança no trabalho, altos índices de acidentes, descumprimento de
prazos, descumprimento de contratos, utilização de materiais ou processos
danosos ao meio ambiente.
Diante do assunto abordado, é possível concluir que o tema ética é
muito atual e que conhecê-lo a fundo é essencial na tomada de decisão
diante das circunstâncias que o profissional enfrenta no mercado de
trabalho, no relacionamento com clientes e fornecedores. O mercado
precisa de profissionais que coloquem em prática esse conhecimento.

Sem medo de errar

Caro aluno, relembrando a situação profissional, sua empresa foi


contatada por uma indústria de forma que fosse regularizada uma situação
irregular (não haver responsável técnico pelo gerenciamento da execução
de um projeto) perante a fiscalização do CREA. Diante desse problema, o
diretor da empresa autuada entrou em contato com sua empresa,
especializada na gestão de facilities, de forma a regularizar a situação. Foi
informado que o escopo dos serviços a serem contratados restringia-se

42
apenas à emissão do documento de responsabilidade, não havendo a
necessidade de acompanhamento dos serviços remanescentes, tampouco a
necessidade de verificação das etapas executadas anteriormente sem
acompanhamento de um profissional legalmente habilitado.
Analisemos a questão sob a ótica da legislação: existe infração ética
segundo a Resolução nº 1.002/2002 (CONFEA, 2002), pois, no caso em
questão, não existe profissional legalmente habilitado para
acompanhamento da execução de serviços atribuídos aos engenheiros. Um
outro ponto importante a ser observado é que o profissional deve, segundo
o art. 8º, cumprir de forma responsável e competente os compromissos
assumidos, assegurando qualidade e resultados com segurança. Dessa
forma, você deverá argumentar com o diretor em função dessa
prerrogativa, pois o escopo de contratação foi restringido apenas à emissão
de responsabilidade, o que não está de acordo com os princípios éticos
profissionais.
Diante da análise da legislação e de toda a problemática apresentada,
conclui-se que uma maior fiscalização poderá sim coibir esse tipo de
prática do mercado, pois muitas empresas executam tarefas atribuídas aos
engenheiros sem responsável técnico. Cabe aos Conselhos Regionais de
Engenharia maior fiscalização, assim como corporações, gestores e
profissionais mais engajados acerca das questões éticas, conforme a
legislação vigente.
Avançando na prática

Ética corporativa: papel do engenheiro


de contratos
Na empresa em que você trabalha um dos contratos está sob sua gestão.
Consiste em acompanhar custos e prazos de um projeto para reportar à
diretoria mensalmente os avanços realizados em função do previsto em
planejamento, além de realizar a análise dos custos. Diante de uma
eventualidade, houve a necessidade de alteração de escopo, ou seja, uma
alteração no projeto que impacta o aumento de custo. De certa forma, a
economia acumulada, analisando em função do orçamento previsto até a
etapa em que o projeto se encontra, poderia absorver tal aumento de custo.
Nessa situação, você, como engenheiro do projeto, tem duas alternativas:
informa a alteração de escopo e lança o custo adicional ou simplesmente
lança a despesa dentro do projeto sem reportar a eventualidade, reduzindo

43
a economia prevista. Das duas possibilidades, o que você faria? Existe
alguma implicação ética envolvida? Leve em consideração que tanto a
análise do projeto como o orçamento foram inicialmente definidos por
você, tornando a situação mais complexa.

Resolução da situação-problema
Como futuro profissional, você deve avaliar esse assunto sob o ponto
de vista ético, e é preciso que o futuro engenheiro entenda que essas
questões farão parte do seu dia a dia profissional, portanto, sua atenção
deve ser plena nesse tema. Tendo em vista que houve uma eventualidade –
que não deixa de ser um problema em algo previamente definido –, sua
obrigação é reportar aos superiores o ocorrido, informando o impacto no
custo do projeto e a alteração no escopo, pois poderão ocorrer outras
consequências ainda desconhecidas. Além disso, estará em conformidade a
uma obrigatoriedade do código de ética profissional, Resolução nº 1002
(CONFEA, 2002), que no art. 10º diz ser a omissão ou ocultação de fato de
seu conhecimento uma transgressão à ética profissional, conduta a ser
vedada pela legislação.
Faça valer a pena

1. Conforme a Resolução nº 1002/2002 do CONFEA, que estabelece


o código de ética profissional, dos vários assuntos tratados destacam-se os
fundamentos, preceitos, condutas, direitos e deveres do profissional da
engenharia. A seguir são transcritos dois trechos: “identificar-se e dedicar-
se com zelo à profissão” e “preservar o bom conceito e o apreço social da
profissão”.
Os trechos destacados tratam de princípios, diretos, deveres ou infração?
Assinale a alternativa correta.
a. Princípios éticos.
b. Deveres.
c. Condutas vedadas.
d. Direitos.
e. Infração ética.

44
2. A ética é definida como conjunto de valores aceitáveis dentro das
relações sociais e profissionais. No ambiente corporativo, a ética deve
também estar presente. Dentro desse conceito, julgue as afirmativas a
seguir em (V) Verdadeiras ou (F) Falsas:
( ) Ética corporativa é um conjunto de valores e condutas da organização.
( ) A imagem institucional de uma empresa apenas está relacionada com
seu faturamento, sendo a ética irrelevante.
( ) A divulgação dos valores éticos corporativos aos colaboradores é
essencial.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a. V – F – F.
b. V – F – V.
c. F – V – V.
d. V – V – F.
e. F – V – F.

3. O código de ética profissional da engenharia foi estabelecido pela


Resolução 1002 (CONFEA, 2002), cujo principal objetivo é tratar dos
fundamentos, preceitos, condutas, direitos e deveres orientadores da
prática profissional.
Neste contexto, analise as afirmativas a seguir:
I. O Código de Ética da Engenharia foi criado como ferramenta
punitiva aos maus profissionais.
II. O Código de Ética da Engenharia auxilia o profissional na forma
de atuar, conforme as atribuições definidas por lei.
III. O Código de Ética da Engenharia é válido apenas para os
profissionais de nível superior.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.

45
e. II e III, apenas.

46
Referências
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015.

ALENCASTRO, M. S. C. Ética empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade


corporativa. Curitiba: Intersaberes, 2016.

AZEVEDO, A. (Org.). A cidade de São Paulo. Estudos de geografia urbana. Vol.1: A região de São
Paulo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958. Disponível em: https://bdor.sibi.ufrj.
br/bitstream/doc/454/1/GF%2014%20T01%20PDF%20-%20OCR%20-%20RED.pdf. Acesso em: 1
dez. 2019.

BABBAGE, C. On the Economy of Machinery and Manufactures. Cambridge: Cambridge


University Press, 1832.

BARSANO, R. B. Ética Profissional. São Paulo: Érica, 2014. Disponível em: https://integrada.
minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536514147/cfi/0!/4/2@100:0.00. Acesso em: 5 dez. 2019.

BLOK, M. Compliance e Governança Corporativa. Rio de Janeiro: Ed. Freitas Bastos, 2017.
Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/49251. Acesso em: 2 dez.
2019.

BRASIL. Decreto de 8 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a criação do Selo Verde de eficiência
energética. Brasília, 8 dez. 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dnn/ anterior
%20a%202000/1993/Dnn1931.htm. Acesso em: 27 nov. 2019.

BRASIL. Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de


Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. Brasília, 24 dez. 1966.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5194.htm. Acesso em: 27 nov. 2019.

BRASIL. Presidência da República. Decreto-lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o


exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências.
Brasília, DF: 24 dez. 1966.

BRASIL. Presidência da República. Decreto-lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece


as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: 20 dez. 1996.

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010. Regulamenta o


exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil –
CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal – CAUSs; e
dá outras providências. Brasília, DF: 31 dez. 2010.

CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO – CBIC. Ética & Compliance


na Construção. Brasília: 2015. Disponível em: https://cbic.org.br/wp-content/uploads/2017/11/
Etica_Compliance_2015.pdf. Acesso em: 4 dez. 2019.
CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA. Legislação CONFEA. Brasília,
2019. Disponível em: http://normativos.confea.org.br/ementas/visualiza.asp?
idEmenta=25&idTiposEmentas=4&Numero=5194&AnoIni=&AnoFim=&PalavraChave=&buscare
m=conteudo&vigente=. Acesso em: 8 nov. 2019.

CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA – CONFEA.


Resolução nº 1.002, de 26 de novembro de 2002. Adota o código de ética professional da
engenharia, da arquitetura, da agronomia, da geologia, da geografia e da meteorologia e dá outras
providências. Brasília, nov. 2002. Disponível em: http://normativos.confea.org.br/
ementas/visualiza.asp?idEmenta=542. Acesso em: 16 nov. 2019.

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO ESTADO DE SÃO PAULO.


Legislação Crea-SP. São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.creasp.org.br/institucional/
legislacao-crea-sp. Acesso em: 14 nov. 2019.

CRUZ, T. F. S. Paranapiacaba: a arquitetura e o urbanismo de uma vila ferroviária. 2007.


Dissertação (Mestrado em Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Engenharia de
São Carlos, USP. São Carlos, 2007. p. 47-60. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/
disponiveis/18/18142/tde-10122007-090438/pt-br.php. Acesso em: 11 nov. 2019.

FONTOURA, R. B. Lei Anticorrupção e o Compliance nos projetos de engenharia. Associação


Brasileira de Integridade, Ética e Compliance – Abraecom, [s.l.; s.d.]. Disponível em:
https://www.institutodeengenharia.org.br/site/wp-content/uploads/2018/06/Palestra-LeiAnticorrup
%C3%A7%C3%A3o-e-Compliance-nos-Projetos-de-Engenharia.pptx. Acesso em: 4 dez. 2019.

INMETRO – INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA.


Selos de Eficiência Energética. Brasil, Ministério da Economia. Brasília, 2013. Disponível em:
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbeSelo.asp. Acesso em: 27 nov. 2019.

INSTITUTO DE ENGENHARIA. Como surgiu a Engenharia? São Paulo, 29 mar. 2019.


Disponível em: https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2019/03/29/como-surgiu-a-
engenharia/. Acesso em: 11 nov. 2019.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANISIO


TEIXEIRA. Trajetória e estado da arte da formação em engenharia, arquitetura e agronomia.
Brasília: INEP – CONFEA, 2010. p. 21-46. v. 1. Disponível em:
http://portal.inep.gov.br/informacao-da-publicacao/-/asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/document/
id/497307. Acesso em: 11 nov. 2019.

MOREIRA, J. M. A. Ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1999.

PIRATELLI, C. L. A Engenharia de Produção no Brasil. In: Congresso Brasileiro de Ensino de


Engenharia – XXXIII COBENGE, 2005, Campina Grande. Anais […]. Campina Grande:
ABENGE/UFCG-UFPE, 2005. Disponível em: http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/14/
artigos/SP-15-25046352818-1117717074687.pdf. Acesso em: 11 nov. 2019.
PORTNOI, M. Ética e Ética na Engenharia. Introdução à Engenharia, UNIFACS, mar. 1999.
Disponível em: https://www.eecis.udel.edu/~portnoi/academic/academic-files/ethicsineng.
html. Acesso em: 16 nov. 2019.

PROCEL – PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.


Resultados PROCEL 2019: ano base 2018. Brasil, Ministério de Minas e Energia. Eletrobras. Rio
de Janeiro, 2019. Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/resultadosprocel2019/
Procel_rel_2019_web.pdf. Acesso em: 27 nov. 2019.

PROCEL – PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. Sobre o


Procel. Brasil, Ministério de Minas e Energia. Eletrobras. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em:
http://www.procelinfo.com.br/main.asp?Team=
%7B505FF883%2DA273%2D4C47%2DA14E%2D0055586F97FC%7D. Acesso em: 8 nov. 2019.

SILVA FILHO, N. G.; SANTANA, J. G. L.; SILVA, L. R. B. A responsabilidade social na vida de


um engenheiro. In: Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia, 39, 2011, Blumenau.
Anais eletrônicos […]. Blumenau: ABENGE/FURB, 2011. Disponível em: http://www.abenge.
org.br/cobenge/arquivos/8/sessoestec/art2095.pdf. Acesso em: 27 nov. 2019.

TAYLOR, F. W. The Principles of Scientific Management. Nova Iorque: Harper & Brothers, 1911.
144p.
Unidade 2

Ana Paula Vedoato Torres

Produção científica

Convite ao estudo
Olá, aluno!
Seja bem-vindo a esta unidade de ensino! Nesta unidade estudaremos sobre
como é feita uma produção científica. A maioria dos produtos, equipamentos e
meios de transportes, entre tantas outras coisas do nosso dia a dia, é fruto de uma
produção científica. Desde a ideia criativa até o desenvolvimento e teste, os
produtos passam por métodos de verificação para que tudo chegue a nós da
forma mais segura possível, além de garantir seu desempenho. Portanto, seu
conhecimento é fundamental para a vida profissional.
Assim, na primeira seção trataremos sobre como o investimento no
conhecimento científico pode colaborar no desenvolvimento de novas
tecnologias, apoiado na criatividade, trazendo uma constante inovação que o
mundo hoje busca. Para que essa inovação tecnológica ocorra, o engenheiro
precisa conhecer os processos de criação do conhecimento e aplicá-los.
Para que você possa entrar no mercado de trabalho e se manter atualizado em
sua carreira, você se apoiará no conhecimento sobre a engenharia tecnológica,
criativa e inovadora. Como será que a ciência atua no desenvolvimento da
tecnologia? Em quais métodos ela se baseia?
A ciência usa a lógica, isto é, por trás de um argumento, deve-se ter uma
palavra racional (lógica) e evidências que o apoiem, além dos métodos
científicos que a solidifica e padroniza.
Após a consolidação do estudo baseado na ciência, utilizamos essa
tecnologia aplicada à engenharia. Atualmente presenciamos uma crescente
inovação tecnológica, com o surgimento de produtos e processos revolucionários
desenvolvidos de forma criativa, sendo hoje a marca do mercado mundial.
Na segunda seção trataremos da cientificidade do conhecimento. Pois, para
que a ciência se desenvolva e se padronize, é necessário que haja critérios da
cientificidade para a construção deste conhecimento. Além disso, é preciso
definir o tipo de conhecimento em que estou desenvolvendo meu projeto: ele é
do tipo senso comum, filosófico ou científico? Quais são suas características?
Usarei o raciocínio indutivo ou dedutivo?
Na terceira seção trataremos do pensamento científico. Analisaremos a
pesquisa como uma ferramenta para construção do conhecimento científico.
Além dela, o fichamento, como uma estratégia para registro de informações.
Diante do grande número de informações disponíveis, como utilizar os recursos
da informática para a organização de arquivos que foram adquiridos? Como
resultado espera-se obter os resumos e resenhas, seguindo as técnicas e normas.
Ao final desta unidade, você terá as ferramentas necessárias para seu estudo
científico. Bons estudos!
Seção 1

Engenharia tecnológica, criativa e inovadora


Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção veremos sobre a engenharia tecnológica,
criativa e inovadora.
Estamos presenciando mudanças tecnológicas rápidas e frequentes,
caracterizadas pela criatividade e inovação tanto de produtos, como de
processos. O engenheiro inserido nesse contexto se depara com desafios
constantes, devido à necessidade de conhecer antecipadamente quais
dessas mudanças vão interferir no seu campo de atuação e como ele deve
se adaptar a elas.
Para um exemplo prático, vamos supor que você é o professor
responsável pela área de pesquisa de uma universidade, e foi convidado a
dar uma palestra sobre os rumos da engenharia no país para os alunos
ingressantes. Durante a conversa com os alunos, você observa, por meio
das dúvidas que surgiram, que muitas perguntas são relacionadas com a
área de pesquisa de novas tecnologias e o que está surgindo de novo no
mercado. Outras questões levantadas relacionam-se à área acadêmica,
principalmente sobre recursos que devem ser usados para que a pesquisa
tenha êxito. Como está sempre tratando com diversas empresas que
buscam seu conhecimento para desenvolvimento e estudo de novos
materiais, você conhece as novas tecnologias que estão surgindo, assim
como as diversas formas de estudá-las para apresentar os resultados às
companhias que o contratam.
Dentre as principais perguntas que os alunos estão fazendo, muitas se
referem ao que eles podem aprender durante o curso para que sejam bem-
sucedidos no trabalho futuro. Você precisa responder às seguintes
questões: quais as principais tecnologias que estão sendo aplicadas à
engenharia e como a criatividade pode colaborar com o desenvolvimento
de novos produtos? Com o grande avanço tecnológico, o que o mercado
busca nos profissionais atualmente?
Ao final desta seção, você conhecerá sobre as tecnologias que são
aplicadas à engenharia e como a criatividade gera inovação no setor.
Criatividade nessas novas tecnologias requer investimentos e dedicação no
conhecimento científico, pois cada produto deve ser criado, testado e
aprovado conforme certas padronizações. Assim, com esse conhecimento,

52
você poderá se destacar no mercado de trabalho e se dedicar a investir seu
tempo nessa ciência, além de ajudar seus alunos quanto às indagações
feitas por eles.
Bons estudos!
Não pode faltar

Ciência, lógica e o método científico


A ciência, de acordo com sua etimologia, origina-se do latim, scientia,
e significa conhecimento. Um conhecimento baseado em métodos
científicos, analisando-o com o uso da lógica.
Segundo Aristóteles (384-322 a.C. apud CHIBENI, 2006, p. 3-4), em
sua obra Metafísica, há três tipos de etapas na investigação do saber:

(i) Conhecimento por experiência sensorial direta.


Restringe-se aos objetos e eventos individuais, e
informa simplesmente acerca do que é.
(ii) Conhecimento técnico. Engloba leis gerais
sobre o comportamento dos objetos, mas dirige-se
apenas à questão de como é. Tal conhecimento
basta, pelo menos num primeiro momento, para
dirigir nossas ações.
(iii)Conhecimento teórico. Também de tipo geral,
procura responder à questão de por que é, pela
investigação das “causas” e “princípios” dos
fenômenos. Esse seria o domínio da ciência
propriamente dita.

Embora pareça que o conhecimento técnico não faz parte do estudo da


ciência, segundo Chibeni (2006, p. 4), “a capacidade de predição de
fenômenos é apenas o primeiro dos dois grandes objetivos da ciência, no
sentido atual do termo”. O outro objetivo é o de fornecer explicações para
os fenômenos, que podem ocorrer por meio de métodos. Isso significa que
toda teoria na ciência requer uma proposição universal, isto é, que se
baseia nas leis que governam o universo. Como podemos provar tal
fenômeno ou qual evidência ele nos sugere para que assegure sua
veracidade, segundo as leis que conhecemos?
Embora não possamos conceber um método único para a ciência,
devido a sua complexidade, o conhecimento científico tem algumas

53
características próprias, pelas quais é possível que se crie um processo para
estudá-lo.
O estudo da ciência se inicia pela pesquisa. E o que é pesquisa?
Segundo Andrade (1995, p. 95), “a pesquisa científica é um conjunto de
procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, que tem por
objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante o
emprego de métodos científicos”. De acordo com Ruiz (1996, p. 48),
“pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada,
desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia
consagradas pela ciência.”
Para se fazer ciência, portanto, é necessário se apoiar em pesquisas
baseadas em estruturas de doutrinas científicas já existentes, isto é, em
métodos científicos, analisada pela lógica.
Mas o que é a lógica? O termo lógica vem do grego, lógos, que
significa palavra, razão, palavra racional, e que Heráclito (535–475 a.C.)
torna como um termo técnico da filosofia, isto é, como um princípio de
ordem e conhecimento. Isso significa que por detrás de um argumento
deve-se ter uma palavra racional (lógica) e evidências que o apoie.
Segundo Mortari (2001, p. 2), a lógica “é a ciência que estuda princípios e
métodos de inferências, tendo o objetivo principal de determinar em que
condições certas coisas se seguem (são consequências), ou não, de outras”.
Para que esta ciência baseada em uma lógica possa ser usada por um
grupo de pessoas, nesse caso, os cientistas, ela requer um método, pois,
dessa forma, é possível que os resultados encontrados sejam então
comparados.
A palavra método também vem do grego, methodos, formada pela
união de meta (μετα), que significa “por meio de, pelo qual”, mais hodós
(‘oδός), que significa “caminho”. Então, método é o caminho pelo qual se
segue para chegar a um resultado. É por meio dos métodos que a ciência se
solidifica e se padroniza.

Assimile
Os métodos organizam os procedimentos lógicos que serão executados
no processo de investigação científica. O pesquisador, então, decide
qual método melhor lhe atende para chegar ao resultado que se quer
provar ou analisar, o propulsor do início da pesquisa.

54
Tecnologia aplicada à engenharia
A aplicação dos resultados das pesquisas no setor gera a tecnologia. Por
detrás de toda a tecnologia, há muitos cientistas trabalhando para
desenvolvê-las, profissionais que testaram o produto e o modificaram para
seu melhor desempenho.
Na engenharia em geral, podemos destacar os softwares de
computadores, que aumentam o desempenho organizacional, permitindo a
gestão de diversos setores de uma empresa ao mesmo tempo. Eles também
garantem uma melhora nos processos, produtos e serviços.
O uso de ferramentas computacionais de um modo geral, aliadas ao
profissional capacitado, traz muitos benefícios:
1. Menor probabilidade de erros.
2. Maior velocidade na criação de projetos.
3. Maior integração das áreas.
Na engenharia ambiental, sanitária, civil, elétrica, florestal e de minas,
podemos destacar em comum o uso de drones. Tais ferramentas, aliadas a
softwares avançados, têm facilitado a execução de serviços antes
demorados e, em muitos casos, em locais de difícil acesso, trazendo a
tecnologia aliada à engenharia. O monitoramento de redes elétricas, o
levantamento topográfico, a inspeção de obras, a captação de imagens
térmicas e as imagens aéreas antes eram feitos por helicópteros ou
aeronaves, gerando assim grandes custos, além da limitação do espaço
aéreo. Os drones são de baixo custo e seguros.
Na engenharia da computação, de controle e automação, de produção,
eletrônica, mecânica e química, destacam-se, por exemplo, a internet das
coisas (IoT), robótica avançada, automação industrial, materiais avançados
(bio e nanotecnologia) e inteligência artificial.
Analisando as diferentes frentes tecnológicas listadas, podemos
classificá-las em quatro grupos (FIGUEIREDO, 2005) distintos:
• Sistemas técnico-físicos: referem-se às máquinas e equipamentos de
uma empresa, seus sistemas de software e seus bancos de dados e
informações.
• Pessoas: aquelas que possuem conhecimento adquirido ao longo de
sua vida no setor, como sua experiência e aptidões, além de sua
qualificação profissional. Neste grupo estão desde o gerente e os

55
engenheiros até os técnicos e operadores. São classificados como
capital humano da empresa.
• Sistema (tecido) organizacional: refere-se ao conhecimento que
uma empresa adquire quanto ao gerenciamento e organização no
funcionamento de todos os processos que ocorrem nela, incluindo
toda a documentação, implementações, gestão, fluxo de sua
produção e nos serviços prestados.
• Produtos e serviços: reflexos da aplicação do conhecimento das
pessoas e do seu sistema físico e organizacional. Eles demonstram a
capacidade tecnológica de uma empresa.
Desta forma, o engenheiro precisa identificar em quais frentes
tecnológicas precisa se adaptar – sendo que nesta era tecnológica essa
mudança é crescente –, além de analisar qual o impacto que essa
tecnologia gera no contexto local e mundial.

Exemplificando
Dentre as mudanças que a engenharia presenciou nesses últimos anos,
estão (RUSCHEL , HARRIS; BERNARDI, 2011):

• Visualização interativa de dados do projeto,


permitindo a revisão em equipe em múltiplos
sistemas operacionais e equipamentos variados.
• Interfaces de ferramentas de projeto.
• Novas formas de criação de modelos.

• Uso da nuvem computacional para processamento e


compartilhamento de informação.

Criatividade na engenharia
Diante do desenvolvimento da tecnologia e o investimento de empresas
e pessoas na busca de inovações tecnológicas, estamos diante de processos
e produtos criativos, que facilitam o trabalho diário do engenheiro.
Estamos presenciando uma engenharia dependente do processo
criativo, na qual o engenheiro deve construir soluções superiores para
resolução de problemas. Como inventores, trabalham para criar produtos
ou processos inovadores, atendendo a um mercado em ascensão.
Isso exige que o profissional seja multifacetado, isto é, que tenha pelo
menos um conhecimento básico de cada área do segmento em que atua,

56
para maior integração. O bom profissional domina um conhecimento
específico, e tem grande capacidade de comunicação.
Isso exige do engenheiro estudo contínuo e atualização constante.
Um dos métodos usados para avaliação das soluções criativas é o
desenvolvido pelo cientista russo G. S. Altshuller (1926-1998), conhecido
como método TRIZ (Teoria da Resolução de Problemas Inventivos).
Segundo Carvalho e Back (2001), Altshuller estudou patentes de
diferentes áreas, com o objetivo de buscar alternativas mais eficazes aos
métodos de solução criativa de problemas então disponíveis –
especialmente os métodos intuitivos.
Por exemplo: ao executarmos uma barra de ferro de solda empregada
na instalação de componentes elétricos e eletrônicos, ela deverá ser
comprida, de forma a não queimar a mão do soldador, mas ainda assim
precisa ser curta, para que o soldador tenha domínio da pequena solda.
Uma primeira solução seria fazer a barra bem longa para que não haja
queimaduras, todavia, dessa maneira ela interferiria na visão do soldador,
prejudicando a precisão da solda. Uma segunda solução seria fazer uma
barra curta, mas certamente ela queimaria a mão do profissional; ou, ainda,
seria necessário o uso de equipamentos de segurança, o que poderia
atrapalhar a precisão.
Assim, a melhor solução seria fazer uma barra nem tão longa e nem tão
curta, procurando atender às duas demandas. O método TRIZ, por outro
lado, busca soluções criativas que atendam aos dois casos ao mesmo
tempo. Assim, a barra poderia ser curva, de forma que seria comprida o
suficiente para não transmitir o calor para as mãos do soldador e ao mesmo
tempo curta, de forma que seja possível ter um controle sobre o serviço
que necessita precisão.
Figura 2.1 | Uma solução criativa para o problema do ferro de solda

Fonte: Martynenko e Gokhman (1982 apud CARVALHO; BACK, 2001, p. 2).

57
Reflita
Com o conhecimento disponível sobre os mais variados assuntos após o
nascimento da web, há muito material para se inspirar ou para
aprimorar. Por exemplo, uma tecnologia se destacando na China pode
ser acompanhada por todo o mundo e desenvolvida ou aprimorada de
acordo com a necessidade do local onde a quer instalar. Assim, a
informação interessante não mais fica restrita ao inventor ou a uma
comunidade apenas, mas se dissemina por todo lugar. Você se sente
motivado a desenvolver seu lado criativo e colaborar com a mudança
no mundo?

Inovação tecnológica
Vivemos neste século em um tempo de inovações tecnológicas.
Imagine-se vinte anos atrás e se surpreenderá com a mudança que ocorreu
nos últimos anos. Mas para ocorrer inovação tecnológica, requer que o
investidor queira investir seus recursos no desenvolvimento e
aprimoramento de tecnologias, mesmo que este capital seja de risco.
Observamos então que o empreendedorismo é uma das marcas da
inovação.

Reflita
Diante de tão crescente onda de inovações tecnológicas, o engenheiro
precisa buscar conhecer quais delas interferem diretamente em sua
área de atuação. Por exemplo, os desenhistas que trabalhavam com
papel vegetal e nanquim antes do surgimento dos desenhos assistidos
por computador (CAD - computer aided design) não faziam ideia da
revolução que seria após os anos 1990, com o desenvolvimento de
sistemas operacionais para aplicação em computadores, e que sua
função estaria praticamente extinta em poucos anos. Tendo-os como
exemplo, analise: quais inovações estão surgindo na área em que você
pretende trabalhar?

Segundo Ferreira, Souza e Spritzer (2007, p. 39):

[…] o campo do empreendedorismo vem despertando


interesse crescente entre os pesquisadores, uma vez que o
novo dinamismo dos mercados e da competição tem
levado tanto empreendedores independentes como
empresas estabelecidas à busca contínua de novas

58
oportunidades de negócios, pressionados pelo alcance de
novos requisitos de competitividade e impulsionados pelas
novas possibilidades de acesso ao capital, sobretudo o
capital de risco. No caso de empresas estabelecidas, as
novas abordagens de estratégias destacam a importância
de uma cultura empresarial voltada para a inovação, a
experimentação e o aprendizado contínuo.

A inovação ocorre devido ao investimento no conhecimento científico,


a base que o sustenta. Esse sistema de inovação é um fluxo que nasce na
necessidade do mercado, identificado pela empresa, que investe no
desenvolvimento do conhecimento científico, transformado em uma nova
tecnologia que se renova continuamente.

Exemplificando
Todo mercado consumidor apresenta lacunas de necessidades. A
empresa, identificando-as, investe seu capital para o desenvolvimento
desse conhecimento científico. Após inúmeras tentativas e testes do
produto criado especificamente para atender a essa necessidade, ele
chega a seu desempenho máximo e então é lançado no mercado como
uma inovação, pois não havia tal produto até então disponível para
esse fim. Após algum tempo, esse produto se torna obsoletom e o
mercado começa a dar indícios de sua nova necessidade. Assim, o ciclo
se reinicia, conforme a Figura 2.2.
Figura 2.2 | Fluxograma da renovação contínua da tecnologia

Necessidade
do mercado

Tecnologia Identificação
obsoleta pela empresa

Inovação Investimento no
tecnológica desenvolvimento
do
conhecimento
científico

Fonte: elaborada pela autora.

59
Assim, as oportunidades para inovações tecnológicas iniciam-se da
informação de uma necessidade, seguida de busca de conhecimento e
desenvolvimento técnico para atender à demanda.
Isso significa que ser engenheiro no contexto atual requer ser um
inovador ou um solucionador de problemas, com propostas criativas.
Também vale enfatizar que a inovação vem de estudos apoiados em
métodos científicos, que provam o desempenho do produto em diversas
situações. Assim, quando o produto desenvolvido chega ao usuário,
espera-se que ele desempenhe sua função sem muitos problemas.
Sem medo de errar

Sobre as principais tecnologias que estão sendo aplicadas à engenharia,


pode-se dizer que na engenharia ambiental, sanitária, civil, elétrica,
florestal e de minas, podemos destacar em comum o uso de drones,
veículos aéreos não tripulados e controlados remotamente.
Figura 2.3 | Drone

Fonte : Shutterstock.

Tais ferramentas, aliadas a softwares avançados, tem facilitado a


execução de serviços antes demorados e, em muitos casos, em locais de
difícil acesso, trazendo a tecnologia aliada à engenharia. O monitoramento
de redes elétricas, o levantamento topográfico, inspeção de obras, captação
de imagens térmicas e imagens aéreas antes eram feitos por helicópteros
ou aeronaves, gerando, assim, grandes custos, além da limitação do espaço
aéreo. Os drones são de baixo custo e seguros.
Um exemplo prático e importante do uso dos drones foi na ocasião do
acidente de Fukushima, no Japão, onde o veículo foi usado para coleta de
material radioativo sem expor pessoas às substâncias nocivas.

60
Na engenharia da computação, de controle e automação, de produção,
eletrônica, mecânica e química, destacam-se, por exemplo, a internet das
coisas (IoT), robótica avançada, automação industrial, materiais avançados
(bio e nanotecnologia) e inteligência artificial.
A criatividade pode colaborar com o desenvolvimento de novos
produtos, pois o mercado está buscando inovações, produtos nunca
lançados e programas revolucionários. A internet das coisas (IoT) é um
exemplo dessa criatividade em expansão, em que se tem objetos do
cotidiano conectados digitalmente à internet. Nunca houve tal inovação:
podemos, por exemplo, ligar as luzes de casa estando a quilômetros de
distância, ou até mesmo fazer o café sem estar presente, apenas
programando os eletrodomésticos pelo aparelho celular.
Figura 2.4 | Internet das coisas

Fonte : Shutterstock.

Entretanto, para que haja essa criatividade e para que ela se transforme
em um produto, é preciso que o profissional ou a empresa invista tempo e
capital para esse fim. O desenvolvimento de um produto criativo exige que
este seja testado inúmeras vezes para que alcance seu melhor desempenho,
pois a criação deve estar aliada ao bom funcionamento.
Deste modo, o mercado busca, atualmente, profissionais capazes de
inovar, criar ou até mesmo renovar o que já está criado, buscando soluções
inteligentes. Para que o profissional seja capaz de atender a essas
necessidades, ele deve se dedicar a adquirir conhecimento. Isso requer um
aprendizado contínuo.

61
Faça valer a pena 1. O estudo da ciência se inicia pela

pesquisa. E o que é pesquisa?


Sobre essa reflexão, analise o excerto a seguir, completando suas lacunas.
Segundo Andrade (1995, p. 95) “a pesquisa científica é um conjunto de
procedimentos _______________, baseados no _______________, que
tem por objetivo encontrar soluções para os problemas propostos mediante
o emprego de ________________.”
Assinale a alternativa cuja sequência de termos preenche corretamente as
lacunas:
a. sistemáticos; conhecimento empírico; métodos científicos.
b. matemáticos; raciocínio lógico; métodos analíticos.
c. aleatórios; raciocínio indutivo; métodos científicos.
d. sistemáticos; raciocínio lógico; métodos científicos.
e. sistemáticos; raciocínio indutivo; métodos aleatórios.

2. Você trabalha em uma empresa que desenvolve softwares para


conectar objetos do cotidiano às redes de internet. Você explica o que faz
na empresa para seu avô, e ele diz que isso não é possível, pois não vê
como pode se acender uma luz utilizando o telefone, por exemplo. Após
algumas explicações e demonstrações, ele fica encantado com o que
presencia. Ele, então, diz que há poucos anos não havia esse tipo de
emprego. Baseado nessa mudança que tem ocorrido nas últimas décadas,
em especial com o crescente uso da internet como ferramenta para
desenvolvimento de produtos inovadores, as empresas desenvolvem certas
estratégias.
Assinale a alternativa que corretamente contém as estratégias das empresas
atuais.
a. As empresas têm como estratégia investir em produtos que
facilitem o dia a dia de seus usuários, relançando produtos antigos.
b. As empresas têm como estratégia investir nos produtos
desenvolvidos, mas de forma que não precisem investir no estudo
científico.

62
c. As empresas têm como estratégia destacar a importância de uma
cultura empresarial voltada para a inovação, a experimentação e o
aprendizado contínuo.
d. As empresas têm como estratégia investir no aprendizado contínuo,
mas não querem investir em produtos inovadores.
e. As empresas têm como estratégia destacar a importância de uma
cultura empresarial voltada para a renovação, a aleatoriedade e o
aprendizado contínuo.

3. Um grupo de engenheiros de uma empresa farmacêutica


desenvolveu um protótipo que facilitará a vida de doentes que precisam de
uma avaliação de um parâmetro no exame de sangue para liberar a
medicação em seu corpo. De acordo com o resultado do exame de sangue
que o protótipo realiza diariamente na pessoa que o porta, ele libera ou não
a medicação, e ainda dosa a quantidade que o corpo necessita. O produto
desenvolvido se classifica em qual grupo das diferentes frentes
tecnológicas? E os engenheiros que o desenvolveu?
Assinale a alternativa correta que contém os grupos em que o produto e o
engenheiro se classificam, respectivamente.
a. Produtos e serviços; pessoas.
b. Sistemas técnico-físicos; pessoas.
c. Produtos e serviços; sistema organizacional.
d. Sistemas técnico-físicos; sistema organizacional.
e. Sistema organizacional; sistemas técnico-físicos.

63
Seção 2

Cientificidade do conhecimento
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção abordaremos a cientificidade do conhecimento.
Para a construção do conhecimento, devemos seguir critérios que, ao
serem adotados, criarão o que chamamos de ciência. Um estudo que seja
coerente e consistente na sua forma, original e objetivo quanto ao seu
conteúdo, produzirá uma obra científica.
Além da preocupação com a sua forma e conteúdo, a seção aborda os
tipos de conhecimento que existem e como diferenciá-los. Os
conhecimentos de senso comum são amplamente conhecidos, mas qual
será sua veracidade? Podemos comprová-los experimentalmente? E os
conhecimentos filosóficos, podem ser submetidos a algum teste? O
conhecimento científico é exato?
Também são abordadas nesta seção as características do conhecimento
científico e como elas podem auxiliar na produção de uma obra. Por meio
delas podemos analisar e organizar o trabalho, buscando cumprir com
todos os seus requisitos.
Ao final, os tipos de raciocínio indutivo e dedutivo são explicados, e
apresentadas suas diferenças.
Sendo você o professor universitário responsável pela área de pesquisa
de uma universidade, e com base nos aprendizados desta seção, seus
alunos que tinham interesse na área acadêmica ou na área de pesquisa e
desenvolvimento de novos materiais ou programas lhe perguntam: Quais
são as características do conhecimento científico? Como proceder para
construir um conhecimento que seja aceito pela ciência?
Ao final desta seção você será capaz de ajudá-los.
Bons estudos!
Não pode faltar

Critérios da cientificidade na construção do conhecimento


Segundo Demo (1985), existem critérios específicos que, ao serem
adotados, criam condições para que se obtenha um certo resultado, a saber,

64
a ciência. Esses cuidados são categorizados em critérios internos e
externos de cientificidade.

Critérios internos
Os critérios internos decorrem da própria obra científica. São divididos
em dois grupos: quanto à forma e quanto ao conteúdo.
• Quanto à forma
– Coerência
A coerência é composta de um raciocínio lógico, que apresenta um
começo, um meio e um fim. Deve ser formada de argumentos bem
ajustados, de maneira clara e sem entrar em contradições.
O estudo científico por si só não pode ser incoerente, desconexo, pois a
coerência é a apresentação da lógica, por isso é o critério de forma
imprescindível à ciência.
O começo do projeto deve introduzir o objeto a ser estudado, com suas
características e informações principais para que, ao que tiver acesso
futuro a este trabalho, possa entender do que se trata a pesquisa, sem ter
que recorrer ao pesquisador.
Segundo Demo (1985, p. 35):

[…] um objeto qualquer, para ser captado, precisa num


primeiro momento ser sistematizado. Ele apresenta-se, de
modo geral, complexo, perdido em meio a inúmeras
facetas destacáveis, com contornos imprecisos. Um dos
primeiros atos do cientista é colocar alguma ordem nas
ideias, formular categorias descritivas que circundem o
objeto, dividir em partes. É preciso definir, distinguir,
classificar, opor etc. São todas atividades da lógica,
fundamentais para que o objeto apareça com horizonte
claro.

Assim, apresentar o objeto com uma definição, classificando-o, de


forma organizada, obtendo o máximo de informações sobre ele, é
fundamental para que o trabalho apresente uma coerência.
O meio do trabalho deve ser ordenado, organizado de forma clara e
sistemática, sem entrar em contradições, apresentando os métodos
escolhidos e como estão sendo usados, de forma que, no fim, isto é, na

65
conclusão, o resultado seja esperado, não contradizendo o que se quer se
obter desde o início do projeto.
Assim, Demo (1985, p. 35) resume:

[…] são tarefas básicas para se construir ciência: a) definir


os termos com precisão, para não deixar margem à
ambiguidade; com clareza de exposição; b) descrever e
explicar com transparência; c) distinguir com clareza os
termos, não caindo em confusões de ideias; d) procurar
classificar o objeto sistematicamente; e) organizar com
ordem o decorrer do tema, definindo o início e o fim onde
deseja chegar.

– Consistência
A consistência é a lógica e a argumentação aliadas ao conteúdo do
texto. Ela garante que, tendo um texto consistente, ele é suficiente para
resistir às argumentações que são contrárias, pois seu conteúdo o justifica.
A consistência, em sua definição, é a capacidade de um elemento ser
homogêneo, firme, resistente. Isto se aplica à obra científica quando é
profunda, apoiada em argumentos científicos sólidos, não é superficial,
tem sua comprovação na experimentação. Uma de suas características mais
marcantes é quando ela é atual, atemporal, mesmo em discussões futuras,
pois foi enraizada em argumentos estáveis.
Segundo Demo (1985, p. 36) “conhecer bem um tema significa
dominar com a necessária profundidade as explicações existentes sobre
ele, no passado e no presente, e sobretudo saber explicá-lo com meios
próprios melhor que outras explicações. ”
• Quanto ao conteúdo
– Originalidade
A originalidade diz respeito ao conteúdo que a obra científica deve
apresentar. Afinal, o cientista deve buscar trazer ao mundo da ciência uma
resposta que está encoberta, algo que ainda não foi totalmente respondido.
Esse critério produz na ciência uma renovação constante, modifica os
rumos que antes pareciam certos em amplos e novos horizontes para a
pesquisa. Ela gera maior produtividade, pois novos campos de exploração
surgem, e um progresso no que diz respeito ao avanço da ciência.

66
Assim, todo pesquisador busca a originalidade por meio de sua
criatividade, de forma que sua obra possa surpreender e trazer uma nova
alternativa antes não imaginada.
– Objetivação
A objetivação, que também diz respeito ao conteúdo, é a tentativa que a
obra científica tem de ser objetiva. Essa objetivação nunca é completa,
pois é um processo inacabado, uma busca de que a ciência se torne
totalmente suficiente sobre tal assunto a ponto de se esgotar.
Sabemos que esse processo nunca termina, mas se torna mais depurável
com a busca de compreender cada vez mais sobre algo. Ao mesmo tempo,
mostra a tamanha pequenez da visão e capacidade humana de conhecer
algo tão profundamente.
A busca desse objetivo é interminável, mas não decepcionante, pois é a
forma de compreender um pouco de uma realidade que não podemos
entender por inteiro. Em verdade, ela é o objeto de desejo e o motivador do
cientista.

Critérios externos
Os critérios externos são aqueles que se modificam, pois é fruto da
avaliação da comunidade científica, sendo dependente de uma determinada
época e lugar.
Tipos de conhecimento: senso comum, filosófico e científico
1. Conhecimento de senso comum
O senso comum é aquele adquirido por uma educação informal,
sensitivo, isto é, baseado muitas vezes na visão pessoal daquele que a
transmite, pois a sua experiência é parte deste conhecimento. Ele pode ser
transferido de geração a geração, espontaneamente, caracterizado por um
conhecimento que recebe tais informações sem as criticar, sem as
questionar. Vem para suprir uma necessidade diária, imediatista, não
analisando o objeto por meio de métodos pela lógica, porque olha a
superfície e não o que está por baixo.
Exemplificando
Alguns exemplos do senso comum: “corte o cabelo na lua crescente,
pois eles crescem mais rápido”; “usar branco na virada do ano traz
sorte”; “não pode tomar banho depois das refeições” etc. Muitas
pessoas creem nisso, mas não há um conhecimento científico que
comprove essas afirmações, tendo apenas a observação e a experiência

67
do sujeito como prova, e não dados empíricos sobre o objeto
analisado.

Conforme analisam Marconi e Lakatos (2003), o conhecimento popular


é valorativo por excelência, pois se apoia nas emoções e experiências
pessoais; é reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o
objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral; é assistemático,
pois não se baseia em uma sistematização das ideais para explicar o
fenômeno analisado; é verificável, pois é parte da vida diária do
observador; é falível e inexato, pois varia com a aparência e com o que
ouve-se sobre o objeto.
2. Conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico nasce no questionamento, que tem como
consequência a reflexão humana. Ele se baseia em hipóteses não
verificáveis pois, diferentemente do conhecimento científico, não podem
ser refutadas ou confirmadas, porque não são submetidas a testes de
experimentação. Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 78), “o
conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para
questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o
errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana.”
Ainda segundo Marconi e Lakatos (2003), o conhecimento filosófico é
valorativo, pois seu início se apoia em hipóteses que não poderão ser
submetidas à observação; é não verificável, já que tais hipóteses não
podem ser confirmados nem refutados; é racional, pois é parte de um
sistema logicamente correlacionado; é sistemático, pois as hipóteses e
enunciados buscam representar coerentemente a realidade analisada; é
infalível e exato, pois suas hipóteses não são submetidas ao decisivo teste
da observação (experimentação).
3. Conhecimento científico
O conhecimento científico é uma busca pela explicação dos fatos; vai
além do superficial. Evita recorrer ao senso comum, pois assume uma
visão distanciada do objeto a ser analisado, buscando se basear também em
conhecimento de outros autores sobre o assunto, para defini-lo o mais
precisamente possível. Sua hipótese é verificada por experimentos,
apoiados em métodos consagrados.
Segundo Marconi e Lakatos (2003, [s.p]), o conhecimento científico é
real porque lida com ocorrências ou fatos;

68
[…] é contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm
sua veracidade ou falsidade conhecida através da
experiência e não apenas pela razão […]. É sistemático,
visto que se trata de um saber ordenado logicamente,
formando um sistema de ideias (teoria) e não
conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a
característica da verificabilidade, a tal ponto que as
afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas
não pertencem ao domínio da ciência. Constitui-se em
conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo,
absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente
exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas
podem reformular o acervo de teoria existente.

Assimile
Os diferentes tipos de conhecimento se diferem por suas
características, que estão comparadas no Quadro 2.1.
Quadro 2.1 | Tipos de conhecimento
Conhecimento de Conhecimento Conhecimento
senso comum filosófico científico
Valorativo Valorativo Real
Verificável Não verificável Verificável
Reflexivo Racional Contingente
Assistemático Sistemático Sistemático
Falível Infalível Falível
Inexato Exato Aproximadamente
exato
Fonte: adaptado de Marconi e Lakatos (2003, [s.p.]).

Características do conhecimento científico


• Real: o conhecimento científico é real pois o objeto de estudo se
manifesta de algum modo.
• Verificável: a verificação do conhecimento científico é sempre
colocada como a premissa para que seja aceita como ciência.
• Contingente: suas hipóteses podem ser testadas e verificadas
experimentalmente.

69
• Sistemático: o estudo científico requer uma organização sistemática
das ideias, construindo o conhecimento em etapas parciais e
ampliando-as até a etapas mais abrangentes.
• Falível: a falibilidade do conhecimento científico demonstra que,
sendo elaborado pelo homem, é passível de erros.
• Aproximadamente exato: é considerado aproximadamente exato
pois a evolução da ciência pode trazer novas proposições e técnicas
que permitem afinar a teoria.
• Objetivo: o conhecimento científico é objetivo pois descreve o que
está sendo observado, sem interferências emocionais ou subjetivas
do pesquisador.
• Generalizador: o conhecimento científico busca encontrar as leis e
normas que possam descrever o fenômeno de forma mais geral
possível.
• Racional: utiliza-se da razão para análise do objeto de estudo e não
do lado emotivo do pesquisador.
• Previsível: como os estudos são baseados em leis e normas
conhecidas, eles têm seu resultado previsível.
• Ordenado: o conhecimento científico precisa seguir etapas,
conhecidas como métodos científicos, para que se obtenha o
resultado esperado.
• Contínuo: o conhecimento científico é considerado contínuo pois
ele não é um fim em si mesmo.

Tipos de raciocínio: indutivo e dedutivo


1. Raciocínio indutivo
O raciocínio indutivo ocorre quando, ao observar um fenômeno que se
repete, cria-se uma relação entre eles, generalizando essa relação. Markoni
e Lakatos (2003, p. 86) caracterizam a indução por

[…] um processo mental por intermédio do qual, partindo


de dados particulares, suficientemente constatados,
infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas
partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos
indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais
amplo do que o das premissas nas quais se basearam.

70
Mattar (2017, p. 62) explica: “A indução não nos fornece a certeza dos
procedimentos dedutivos, mas apenas probabilidades”. O autor também
afirma que é através da indução que “a ciência arrisca e salta. A indução
afina-se com o espírito experimental da ciência.”

Exemplificando
Exemplo 1: o número 32 é par.
Logo, todo número que apresenta dois algarismos é par.

Exemplo 2: Todo mamífero é mortal.


Todo peixe é mortal.
Toda ave é mortal.
Logo, todo animal é mortal.
Observamos que, enquanto no exemplo 2 a generalização da premissa
verdadeira gerou um resultado correto, no exemplo 1 a generalização
da premissa verdadeira obteve um resultado incorreto.

Observa-se, assim, que o raciocínio indutivo inicia em um caso


específico e o adota para um caso generalizado. Como na biologia, se
usássemos dados da espécie para descrever o gênero, ou os dados da classe
para descrever o reino. Na matemática, como se adotássemos dados de um
subconjunto para descrever o conjunto todo. Portanto, o caso indutivo
adota casos particulares como leis gerais.
2. Raciocínio dedutivo
O raciocínio dedutivo ocorre quando partimos de um caso generalizado
para um particular. A lógica se torna válida quando as premissas forem
verdadeiras. Além disso, da união das duas premissas nasce uma nova
informação.
Esse método foi encontrado nos estudos de Aristóteles (também
chamado de lógica aristotélica). É o principal estudo desenvolvido pelo
filósofo grego. Mattar (2017, p. 54) apresenta a lógica aristotélica da
seguinte forma:
“O silogismo procura ser uma representação de nosso processo de
raciocínio. Constitui-se num encadeamento de duas (ou mais) premissas
que geram uma conclusão. Essa conclusão, apesar de resultante das
premissas, deve acrescentar algo de novo a elas. ”

71
Exemplificando
Toda ave respira.
Ora, todo papagaio é ave.
Logo, todo papagaio respira.
Observa-se que no raciocínio dedutivo inicia-se em um caso
generalizado e o adota para um caso específico, que está contido neste caso
geral. Assim, ele vai das características que descrevem o reino para adotá-
las na classe; os dados que descrevem um conjunto também descrevem um
subconjunto contido nele. Portanto, vai da lei geral para o caso particular.
Vale salientar que para que a conclusão seja válida, deve-se partir do
princípio de que ambas as premissas sejam verdadeiras. Um exemplo de
que, em alguns casos, mesmo o raciocínio sendo lógico, as premissas não
são verdadeiras é descrito a seguir:
A laranja é uma fruta.
Toda fruta é amarela.
Portando, a laranja é amarela.
Observe que, sendo a segunda premissa incorreta, a conclusão também
ficou incorreta.
Portanto, podemos resumir o silogismo da seguinte forma (MATTAR,
2017):
A implica B
A
então B
Ou
A implica
B não B
então não
A
Assim, sempre que ocorre A, também ocorre B; se não houver B,
também não há A.

Assimile
Os dois tipos de argumentos têm finalidades diversas - o
dedutivo tem o propósito de explicar o conteúdo das

72
premissas; o indutivo tem o desígnio de ampliar o alcance
dos conhecimentos. (MARKONI; LAKATOS, 2003, p. 92)

Sem medo de errar

Sendo você um professor universitário, seus alunos que têm interesse


na vida acadêmica lhe perguntam normalmente: quais são as características
do conhecimento científico? Prepare um texto para apresentar para os seus
alunos.
As principais características do conhecimento científico são: ele é real,
pois o objeto de estudo se manifesta de algum modo. Além disso, este
conhecimento deve ser verificável por meio de métodos consagrados da
ciência, pois isso é uma premissa. Suas hipóteses levantadas inicialmente
devem ser possíveis de serem testadas e verificadas experimentalmente. O
conhecimento científico também busca encontrar as leis e normas que
possam descrever o fenômeno de forma mais geral possível. Com base
nessas leis e normas, seus resultados devem ser previsíveis, desde que haja
pesquisas da mesma linha a serem comparadas.
Uma característica importante é que o estudo científico requer uma
organização sistemática das ideias, deve ser ordenado, construindo o
conhecimento em etapas parciais e ampliando-as até a etapas mais
abrangentes.
Ele também é passível de falhas, pois isso demonstra que, sendo
elaborado pelo homem, é sujeito a erros. Entretanto, ele deve ser o mais
objetivo e racional possível, de forma a minimizar tais erros, e que o
pesquisador não se envolva subjetivamente, tentando fazer com que os
resultados apresentem suas intenções, isto é, manipulando-o.
Outra característica é que nenhum estudo é finito e todos são
considerados aproximadamente exatos, pois com a evolução da ciência sua
teoria pode ser afinada com novas proposições e técnicas. Afinal, ele não é
um fim em si mesmo.
Seus alunos que estão fazendo trabalhos científicos também lhe
perguntam: como proceder para construir um conhecimento que seja aceito
pela ciência?
Você então explica que para ser aceito pela ciência, o conhecimento
deve ser passível de verificações. Como isso pode ser feito?
Primeiro, sua obra científica não pode ser incoerente e inconsistente,
pois, se assim for, ela entrará em contradições e será confusa. Ela também

73
deve ser original, pois todo estudo científico deve servir para responder a
uma hipótese ainda não explicada, parcialmente ou totalmente. Além disso,
deve ter um objetivo a ser alcançado, utilizando metodologias consagradas,
de modo que, como dito inicialmente, qualquer pessoa possa reproduzi-la
para verificá-la.
Faça valer a pena

1. Os critérios da cientificidade são fundamentais na construção do


conhecimento, pois para que um estudo alcance seu objetivo de ser uma
parte relevante de um estudo mais amplo, ele deve ser bem apresentado
para que no futuro sua continuidade ocorra. Para que seja entendido de
forma correta, deve ser feito de forma coerente e consistente, apresentando
algo novo, com originalidade e objetividade.
Sobre os critérios da cientificidade na construção do conhecimento, analise
os critérios contidos na Coluna A e suas definições apresentadas na Coluna
B:
Coluna A Coluna B
A. Este critério produz na ciência uma renovação constante, modifica os
rumos que antes pareciam certos em amplos e novos horizontes para a
1. Coerência
pesquisa; gera maior produtividade, pois novos campos de exploração
surgem, e um progresso no que diz respeito ao avanço da ciência.
B. Nunca é completa, pois é um processo inacabado, uma busca de que a
2. Consistência ciência se torne totalmente suficiente sobre tal assunto a ponto de se
esgotar.
C. Composta de um raciocínio lógico, que apresenta um começo, um
3. Originalidade meio e um fim. Deve ser composta de argumentos bem ajustados, de
forma clara e sem entrar em contradições.
D. É a lógica e a argumentação aliada ao conteúdo do texto; tal critério
4. Objetivação deve ser suficiente para resistir às argumentações que são contrárias, pois
seu conteúdo o justifica.
Assinale a alternativa que apresenta a associação correta entre colunas:
a. 1-B; 2-D; 3-A; 4-C.
b. 1-C; 2-D; 3-A; 4-B.
c. 1-A; 2-B; 3-C; 4-D.
d. 1-D; 2-A; 3-B; 4-C.
e. 1-A; 2-C; 3-D; 4-B.

74
2. Um estudante de mestrado apresenta ao seu coordenador o que
está desenvolvendo em seu projeto de pesquisa. Seu coordenador faz, no
trabalho, algumas observações sobre pontos que estão falhos porque não
seguem as características de um estudo científico. São elas:
1. O pesquisador usa muito do seu lado emotivo, expondo sua
frustração em alguns pontos que não conseguiu explicar.
2. O pesquisador não seguiu as etapas conhecidas como métodos
científicos, para que se obtenha o resultado esperado, e o trabalho
está desordenado.
3. Nem todas as hipóteses colocadas inicialmente foram testadas e
verificadas experimentalmente.
4. O estudo apresentado não tem uma organização sistemática das
ideias, construindo o conhecimento em etapas parciais e
ampliando-as até a etapas mais abrangentes.
Assinale a alternativa correta que apresenta as características que estão
faltando neste trabalho:
a. 1. previsível; 2. ordenado; 3. contínuo; 4. sistemático.
b. 1. racional; 2. objetivo; 3. contingente; 4. ordenado.
c. 1. previsível; 2. contingente; 3. contínuo; 4. generalizador.
d. 1. racional; 2. ordenado; 3. contingente; 4. sistemático.
e. 1. real; 2. verificável; 3. aproximadamente exato; 4. sistemático.

3. Há três tipos principais de conhecimento: o senso comum, o


filosófico e o científico, que são diferenciados entre si pelas suas diferentes
características. Quanto à caracterização dos tipos de conhecimento, analise
as assertivas a seguir:
I. Hipóteses não verificáveis não podem ser refutadas ou
confirmadas, porque são submetidas a testes de experimentação.
II. Racionalização é um sistema logicamente correlacionado.
III. Sistematização é um saber ordenado logicamente, formando um
sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e
desconexos.
É correto o que se afirma em:

75
a. II, apenas.
b. I e II, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e III apenas.
e. I, II e III estão corretas.
Seção 3

Pensamento científico
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção aprenderemos sobre como a pesquisa é uma
ferramenta fundamental na construção do conhecimento científico. Por
meio dela, feita de forma organizada e normatizada, o projeto final será
coerente e consistente, pois contará com as principais fontes bibliográficas
referentes ao assunto, com seus devidos resumos. Isso colabora com a
visão geral que o pesquisador terá sobre o assunto estudado.
Uma das ferramentas que auxilia nesta organização é fichamento, que é
a ação do registro dos estudos de uma fonte, seja ela um livro ou um texto
de qualquer outra natureza. Estes registros bem organizados facilitam a
execução do projeto.
Além do fichamento há também os recursos de informática, como os
editores de planilha, gerenciadores de banco de dados e processadores de
texto, que facilitam e organizam os dados do pesquisador, além de auxiliar
na correção dos textos segundo a norma culta da língua portuguesa.
Ao final, serão apresentadas as técnicas e normas para que se faça um
resumo ou uma resenha, partes fundamentais de um trabalho científico.
No seu desafio como professor universitário, os alunos presentes na
palestra sabem que você orientava alunos em pesquisas, e querem saber
sobre como eles poderiam já começar a desenvolver a linha de pesquisa
durante a graduação. As principais perguntas que você terá que responder a
eles são: como faço a pesquisa para construir um conhecimento científico?
Quais as formas de registrar e organizar as informações e arquivos que
pesquisei? E como apresentá-los em congressos ou simpósios?
Ao final desta seção você terá as respostas certas para seus alunos!
Bons estudos!

76
Não pode faltar

A pesquisa como ferramenta para construção do


conhecimento científico
Para que iniciemos nosso trabalho de pesquisa, é necessário que se
conheça quais os tipos de pesquisas, quanto ao ponto de vista objetivo. São
elas:
1. Pesquisa exploratória: requer que o pesquisador delimite o tema da
pesquisa, fixe os objetivos gerais e específicos, formule hipóteses,
faça o levantamento bibliográfico e entreviste pessoas relacionadas
ao tema. São mais utilizadas para estudos de caso e pesquisas
bibliográficas.
2. Pesquisa descritiva: requer que o pesquisador apenas observe os
fatos e os registre, sem que seja levada em conta sua opinião sobre
o fato. São mais utilizadas para coletas de dados, questionários ou
entrevistas.
3. Pesquisa explicativa: requer que o pesquisador identifique quais
fatores são determinantes para explicação dos fenômenos. Para as
ciências naturais, utiliza-se o método experimental e para as
ciências sociais, o método observacional.
As fases importantes da pesquisa incluem:
1. Definir o objeto de estudo.
2. Determinar a hipótese.
3. Fazer o levantamento bibliográfico.
4. Escolher o melhor método de pesquisa.
5. Planejar as fases e cronograma da pesquisa.
6. Coletar os dados.
7. Analisar os dados.
8. Apresentar e discutir os resultados.
9. Concluir o projeto.
Vale salientar que após determinar qual o tipo de pesquisa se quer
realizar, é necessário ir em busca das fontes mais relevantes sobre o
assunto. Afinal, o trabalho acadêmico não é um projeto isolado, mas sim
um caminhar contínuo em busca de se conhecer o que se pesquisa,

77
produzindo algo para a comunidade. Portanto, a crítica, a avaliação e a
retenção do conhecimento são fundamentais para esta continuidade. Como
avaliam Droescher e Silva (2014, [s.p.]):

[…] a comunicação desses registros é ação ainda mais


importante, condição pela qual se possibilita o alcance
público, permitindo, assim, a apropriação desses por
outros indivíduos e, consequentemente, a geração de mais
conhecimentos.

Reflita
O conhecimento é algo para ser dividido, e consequentemente ele se
multiplica, crescendo à medida que é explorado:

[…] vai construindo sua parte por cima do trabalho


realizado pelos nossos predecessores, numa colaboração
competitiva com a dos nossos contemporâneos. (ZIMAN,
1981, p. 105 apud DROESCHER; SILVA, 2014).

O fichamento como estratégia para registro de informações


Para que se tenha êxito em sua pesquisa, uma boa organização é
fundamental, pois ela garante que todos os livros e fontes pesquisadas
estejam devidamente catalogadas para uma possível futura pesquisa ou a
própria revisão do texto.
Portanto, fichamento é a ação do registro dos estudos de uma fonte,
seja ela um livro ou um texto de qualquer outra natureza. A sintetização de
textos de forma organizada, documentando as partes importantes, também
é uma forma de o pesquisador estudar a visão dos diferentes autores e
sintetizar o que cada um fala sobre o assunto. Consequentemente, com o
fichamento é possível organizar o que foi pesquisado, separando o que é
relevante para seu projeto de pesquisa. Ele é, portanto, o primeiro passo no
início de um projeto científico.

Assimile
Um dos pontos de início do fichamento é a referência bibliográfica, que
já deve ser inserida conforme padrões da norma técnica brasileira NBR
6023 (ABNT, 2018). Os dados fundamentais são: sobrenome do

78
autor(es), nome(s) do(s) autor(es) ou da entidade responsável, título da
obra, número da edição, a cidade de publicação, a editora, o ano de
publicação, o número do volume e da página. O número da página é
imprescindível para citações diretas e verificações futuras.

Há três tipos de fichamento:


a. Fichamento bibliográfico
O fichamento bibliográfico é aquele em que se faz uma avaliação
crítica da obra analisada. Nele se apresentam comentários e análises de
quem está fazendo o fichamento.
Neste tipo de fichamento o leitor pode escrever com suas próprias
palavras o que avaliou sobre o texto, mas não deve esquecer de incluir os
detalhes mais relevantes da obra.

Exemplificando
Como exemplo do fichamento bibliográfico, temos:

CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e detalhamento de


estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118:2014. 4.
ed. São Paulo: Pini, 2014.

O livro apresenta o estudo das estruturas de concreto armado, tendo


início com as características dos materiais e com os métodos de
dimensionamentos de uma estrutura, segundo a norma técnica
brasileira. Após essa apresentação da norma, o livro contém o cálculo
de lajes e vigas, com inúmeros exemplos práticos e de forma clara e
didática.

b. Fichamento de transcrição/citação direta


Citação direta: Transcrição textual de parte da obra do autor consultado.
A citação direta deve conter todos os dados do trabalho, em formato da
norma brasileira, pois após o término do fichamento, a inserção dos
trechos relevantes para o trabalho acadêmico se torna mais fácil. Quanto
mais organizado o fichamento, maior noção do que os principais autores
pensam e falam sobre o assunto, tornando o projeto coerente e consistente.
Segundo a NBR 10520 (ABNT, 2002), ao transcrever a citação direta,
quando a frase se inicia com a chamada pelo sobrenome do autor, pelo
autor entidade ou título incluído na sentença, ela deve conter o sobrenome

79
com a primeira letra em maiúscula e as restantes em minúscula e, quando
estiverem no final da frase, entre parênteses, deve ser em letras maiúsculas.
Exemplos: Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 35) o “seminário é
uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate; sua
finalidade é pesquisar e ensinar a pesquisar”.
“Uma obra pode arruinar-se totalmente por uma única conexão
incorreta, pois, como é sabido, ocorrem mais acidentes com estruturas
devido a conexões incorretas do que por esforços excessivos nos membros
estruturais.” (SANTOS, 1977, p. 304).
Outra questão importante é a especificação das páginas, volume, tomo
ou seção da fonte consultada. Devem seguir a seguinte ordem: quando for
uma chamada do autor no texto, deve-se colocar em parênteses, logo em
seguida do sobrenome, a data da obra e, em seguida, a informação da
página. Quando estiverem no final da frase, com o sobrenome entre
parênteses, a data e a página vêm em seguida, ambas separadas por
vírgulas.
Exemplos: Pode-se utilizar o seminário em qualquer setor do
conhecimento, pois é uma técnica de estudo. (MARCONI; LAKATOS,
2003, p. 36).
Marconi e Lakatos (2003, p. 36) dizem que “o seminário, como técnica
de estudo, pode ser aplicado em qualquer setor do conhecimento. ”
As citações diretas de até três linhas devem estar reproduzidas entre
aspas duplas. Se houver citação no interior da citação, utiliza-se aspas
simples.
Exemplo: Segundo Droescher e Silva (2014) “[…] as páginas mais
recentes não podem, de imediato, terem sido muito citadas, e, por isso, não
são classificadas como ‘populares’, tornando essas páginas ‘invisíveis’,
como se não tivessem nenhum mérito.”
Já as citações diretas com mais de três linhas, devem estar recuadas a 4
centímetros da margem esquerda, sem aspas, e com uma fonte menor do
que a utilizada no texto.
Exemplo:

As funções do engenheiro não se limitam à análise de


estruturas ou máquinas já existentes, que devem suportar
determinados carregamentos; de maior importância é o
projeto de novas máquinas e estruturas, quer dizer, a

80
escolha dos componentes estruturais adequados para as
solicitações que se preveem. (BEER; JOHNSTON, 1996, p.
5).

c. Fichamento de resumo
O fichamento de resumo consiste em se fazer um resumo da obra
analisada e arquivá-lo. Este resumo deve conter os pontos mais
importantes da obra, sendo uma síntese de tudo o que foi lido. O leitor
conta com suas próprias palavras, e deve conter os pontos que são
relevantes para que o resumo tenha coerência e represente aquilo que o
autor quis dizer.

Exemplificando
Como exemplo do fichamento de resumo, temos:

Resumo de Os Melhores Contos de Machado de Assis por Domício


Proença Filho (PROENÇA FILHO, [s.d.]):

Teoria do Medalhão: É um diálogo entre pai e filho na


noite em que este completa a maioridade. O pai aconselha
o filho a mudar seus hábitos, deixar de lado seus gostos e
opiniões a fim de se tornar um Medalhão, ou seja, uma
pessoa de fama e riqueza. Na teoria do pai, para alcançar
esse objetivo era preciso ser uma pessoa neutra diante
dos acontecimentos, ter um vocabulário limitado,
preferindo sempre a conversa e o humor simples, não a
ironia. Deveria apenas parecer ser sábio, mas sem precisar
ser. Depois de aconselhar, o pai pede para o filho ir dormir
e pensar no que lhe disse.

Utilizando os recursos da informática – organização de


arquivos
A informática trouxe um grande avanço na organização de arquivos
científicos. Por meio dela, a pesquisa se tornou mais dinâmica e com mais
precisão nos arquivos pesquisados, pois a quantidade de informações
disponíveis aumentou, mas as ferramentas colaboram para a organização
de grande quantidade de dados. Há inúmeras formas de se organizar os
arquivos com o uso da informática, e as principais são:

81
a. Editor de planilhas
Com um editor de planilhas é possível organizar os dados
bibliográficos, facilitando o momento de busca por tópicos, conforme o
Quadro 2.2. Inserir colunas como: palavras-chave ou breve descrição da
obra facilitará a pesquisa.
Quadro 2.2 | Planilhamento de dados
Sobreno Palavrascha Ediçã An Vol Pg
me Título ve o Cidade Editora
o . .
Editora e
TORRES Sistemas Distribuido
Engenharia Londrin 201 20
, Estruturais - ra -
de estruturas a Educaciona 7 0
A.P.V. II
l S.A.
Método
MARKO- científico;
Fundamento meto-
NI, M.A.;
s de dologia São 200 31
LAKA- 5ª Atlas -
metodologi científica; Paulo 3 1
TOS,
a científica metodologia
E.M.
da pesquisa

Fonte: elaborado pela autora.

b. Gerenciador de banco de dados


Os gerenciadores de banco de dados podem ser abastecidos com os
dados das obras utilizadas. Assim como o editor de planilhas, o banco de
dados é fácil de ser pesquisado e pode-se inserir os campos que desejar. A
facilidade deste recurso é a busca com base nas palavras usadas na
referência bibliográfica ou no texto que descreve a obra.
c. Processador de textos
Os programas de processamento de textos auxiliam quanto ao registro
dos resumos e resenhas. Além disso, com os avanços da informática,
alguns processadores de texto dispõem de ferramentas de correção do texto
segundo a norma culta da língua portuguesa, o que reduz a quantidade de
erros gramaticais e ortográficos.

Assimile
Deve-se inserir o texto em uma folha A4 (21,0 × 29,7 cm), com as fontes.

• Trabalho em geral: fonte Times New Roman ou Arial, tamanho


12, com espaçamento entre linhas de 1,5 mm.

82
• Citações diretas com mais de três linhas, legenda e fontes de
ilustrações e tabelas, nota de rodapé, paginação, legenda: fonte
Times New Roman ou Arial 10.
• Títulos: fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, em
maiúsculo e negrito.

• Subtítulos: fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, em


minúsculo.

Outra ferramenta disponível em alguns programas de processamento de


textos é a facilidade de inserção dos dados bibliográficos que estão sendo
usados no projeto de pesquisa. Ao final, todas as referências usadas no
texto são preenchidas automaticamente.
Os títulos e subtítulos também podem ser inserido adotando o estilo
Título e Subtítulo, e ao final o sumário é preenchido automaticamente.
d. Zotero
O programa é uma ferramenta acadêmica gratuita (DIGITAL
SCHOLARSHIP, [s.d.]), que gerencia os dados bibliográficos e materiais
relacionados à pesquisa. Ele pode funcionar como um gerador de
referências ou com um plugin para o processador de textos Microsoft
Word.
Além de inserir as citações no texto, a plataforma pode importar de sua
base de dados as informações de artigos científicos e trabalhos
acadêmicos.
A vantagem deste recurso é que ele está adequado às normas técnicas
brasileiras para edição de textos acadêmicos.

Resumos e resenhas: técnicas e normas


O resumo é, segundo a NBR 6028 (ABNT, 2003, p. 1) a “apresentação
concisa dos pontos relevantes de um documento. ”
Eles podem ser de três formas: resumo crítico, indicativo ou informativo.
O resumo crítico, também conhecido como resenha, é a análise crítica
do leitor, apontando quais aspectos do texto confrontam com outros
autores pesquisados sobre o assunto ou com as teorias em que o projeto se
baseia.

83
O resumo indicativo levanta apenas os pontos em destaque do
documento, não apresentando os detalhes, tais como os dados quantitativos
e qualitativos. Apesar de ser um resumo, às vezes se torna necessário
consultar a obra original, pois não contém todos os dados.
No resumo informativo, ao contrário do resumo indicativo, pode-se
dispensar consultar o trabalho original, pois ele deve conter as finalidades,
metodologia, resultados e conclusões do documento.
Todos os tipos de resumo de um documento devem apresentar em seu
texto:
1. Objetivo: qual o propósito do trabalho.
2. Método: as metodologias científicas empregadas na pesquisa.
3. Resultados: como o objetivo se cumpre utilizando os métodos
descritos.
4. Conclusão: síntese da reflexão, com a apresentação da contribuição
do trabalho em relação aos estudos sobre o tema.
A quantidade de cada parte a ser apresentada no texto depende do tipo
de resumo, se é do tipo informativo ou indicativo, e da importância dos
itens no trabalho.
Antes do resumo deve-se apresentar a sua referência, a não ser que ele
esteja inserido no documento, como em uma dissertação.
Além disso, ele não deve ser apresentado em tópicos. Recomenda-se
que seja apresentado em um único parágrafo, com uma sequência de frases
precisas, afirmativas.

Assimile
• A primeira frase deve ser significativa e explicar o tema abordado
no trabalho. Após essa explicação, deve-se dizer qual o tipo de
pesquisa adotado (estudo de caso, análise da situação etc.).
• O verbo deve ser na voz ativa e na terceira pessoa do singular.
Exemplo: O estudo apresenta os dados da pesquisa de campo.
• Após o resumo, deve-se apresentar as palavras-chave. As palavras
devem ser separadas por ponto, assim como finalizadas por ponto.
Exemplo: Palavras-chave: Resumo. Documentação. Informação.

84
Para que o texto tenha uma apresentação concisa, deve-se evitar as
contrações de palavras e o uso de símbolos e fórmulas, equações. Quando
for absolutamente necessário citá-los, defini-los logo que aparecem.
A extensão dos resumos não deve ultrapassar:
1. Trabalhos acadêmicos, tais como as teses e dissertações e os
relatórios técnico-científicos: de 150 a 500 palavras.
2. Artigos de periódicos: de 100 a 250 palavras.
3. Indicações breves: de 50 a 100 palavras.
Devido a suas características especiais, os resumos críticos não têm
restrição de número de palavras.

Sem medo de errar

Os alunos lhe perguntaram como eles podem fazer suas pesquisas de


forma a construir um conhecimento científico.
Você responde que eles devem cumprir com as importantes fases da
pesquisa, que incluem:
1. Definir o objeto de estudo.
2. Determinar a hipótese.
3. Fazer o levantamento bibliográfico.
4. Escolher o melhor método de pesquisa.
5. Planejar as fases e cronograma da pesquisa.
6. Coletar os dados.
7. Analisar os dados.
8. Apresentar e discutir os resultados.
9. Concluir o projeto.
Você explica que após completar essas fases eles devem produzir um
texto coerente e coeso e publicá-lo. Afinal, o conhecimento é para ser
dividido, para que outros pesquisadores da mesma área façam suas críticas,
analisando o projeto e aprendendo com as novas descobertas.
Eles também perguntaram quais as formas de registrar e organizar as
informações e arquivos pesquisados.

85
Você diz que o fichamento é a melhor forma, pois garante que todos os
livros e fontes pesquisadas estejam devidamente catalogadas para uma
possível futura pesquisa ou a própria revisão do texto. A sintetização de
textos de forma organizada, documentando as partes importantes, também
é uma forma do pesquisador estudar a visão dos diferentes autores e
sintetizar o que cada um fala sobre o assunto. Consequentemente, é
possível organizar o que foi pesquisado, separando o que é relevante para o
projeto de pesquisa.
Você lhes diz que para apresentar um projeto de pesquisa em
congressos ou simpósios é necessário que seja enviado um resumo do seu
estudo, para que seja avaliado. Ele deve conter o objetivo do estudo, isto é,
qual o propósito do trabalho, apresentar as metodologias científicas
empregadas na pesquisa, mostrar o resultado, que é como o objetivo se
cumpre utilizando os métodos descritos, e finalizar com a conclusão, a
síntese da reflexão, com a apresentação da contribuição do trabalho em
relação aos estudos sobre o tema.

Saiba mais
Antes da era informatizada, as fichas de papel cartão pautadas eram
usadas como fichamento. Elas eram organizadas em caixinhas próprias
ou em pastas segmentadas, para que fossem facilmente manipuladas.

Vendia-se estas fichas nas papelarias, mas hoje é raro encontrá-las,


devido ao desuso e à popularidade e facilidade dos computadores.
Os resumos eram organizados por tópicos, em ordem alfabética e suas folhas
eram usados frente e verso, para facilitar a leitura e as discussões.

Pesquise mais
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,
resenhas. 12. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2014.

Nesse livro, disponível na Biblioteca Virtual, o autor mostra,


inicialmente, técnicas de anotação na pesquisa, de forma didática e
prática. O Capítulo 6 (p. 101-117) apresenta, com exemplos, como fazer
um fichamento. O Capítulo 7 (p. 123-148) mostra como fazer um
resumo, e o Capítulo 8, (p. 153-170) como fazer uma resenha.

Faça valer a pena 1. Na listagem a seguir estão os tipos de resumos e

suas respectivas definições:

86
1. Resumo indicativo.
2. Resumo crítico.
3. Resumo informativo.
A. Também conhecido como resenha, é a análise crítica do leitor,
apontando quais aspectos do texto confrontam com outros autores
pesquisados sobre o assunto ou com as teorias em que o projeto se
baseia.
B. Levanta apenas os pontos em destaque do documento, não
apresentando os detalhes, tais como os dados quantitativos e
qualitativos. Apesar de ser um resumo, às vezes se torna necessário
consultar a obra original, pois não contém todos os dados.
C. Pode-se dispensar consultar o trabalho original, pois ele deve
conter as finalidades, metodologia, resultados e conclusões do
documento.
Assinale a alterativa correta que contém a correta correlação entre o tipo de
resumo e a sua definição.
a. 1-A; 2-C; 3-B.
b. 1-C; 2-A; 3-B.
c. 1-B; 2-A; 3-C.
d. 1-B; 2-C; 3-A.
e. 1-A; 2-B; 3-C.

2. Para que se tenha êxito em um projeto de pesquisa é necessário


que se busque cumprir com alguns estágios para que o trabalho fique
completo. A seguir estão contidas as etapas desse processo.
1. Coletar os dados.
2. Definir o objeto de estudo.
3. Concluir o projeto.
4. Determinar a hipótese.
5. Apresentar e discutir os resultados.
6. Escolher o melhor método de pesquisa.
7. Analisar os dados.

87
8. Fazer o levantamento bibliográfico.
9. Planejar as fases e cronograma da pesquisa.
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta em que ocorrem as
etapas do processo:
a. 3 – 9 – 2 – 6 – 5 – 1 – 4 – 8 – 7.
b. 2 – 4 – 8 – 6 – 9 – 1 – 7 – 5 – 3.
c. 4 – 9 – 2 – 5 – 6 – 1 – 3 – 8 – 7.
d. 6 – 9 – 1 – 2 – 4 – 8 – 3 – 7 – 5.
e. 4 – 9 – 1 – 2 – 8 – 7 – 3 – 5 – 6.

3. Um estudante de mestrado iniciou o fichamento de seu projeto de


pesquisa que tratava da importância das estruturas de madeira no Brasil.
Sobre um dos livros que pesquisou, fez o seguinte fichamento:
“A obra trata inicialmente de todas as madeiras importantes disponíveis no
Brasil. No capítulo adiante, o autor apresenta as características da madeira
e os tipos de tratamento. Apesar do livro ser completo até este momento,
nos modelos de cálculo faltam exemplos práticos e didáticos para que o
leitor possa aprender. Além disso o livro não conta com as referências da
norma técnica brasileira.”
Assinale a alternativa correta que apresenta o tipo de fichamento a que o
texto se refere.
a. Fichamento de transcrição/citação direta.
b. Fichamento de informação.
c. Fichamento de resumo.
d. Fichamento de críticas.
e. Fichamento bibliográfico.

88
Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10520 – Informação e documentação –
Citações em documentos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6028 – Informação e documentação -


Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023 – Informação e documentação –


Referências – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na


graduação. São Paulo: Atlas, 1995.

BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. Resistência dos materiais. 3. ed. São Paulo: Makron Books,
1996.

BRANQUINHO, C. L. S. (Ed.). CETEM 35 Anos: criatividade e inovação. Centro de Tecnologia


Mineral, Rio de Janeiro. 320 p. Rio de Janeiro: CETEM, 2014. Disponível em: https://www.
cetem.gov.br/livros/item/79-cetem-35-anos-criatividade-e-inovacao. Acesso em: 14 nov. 2019.

CARVALHO, M. A.; BACK, N. Uso dos conceitos fundamentais da TRIZ e do método dos
princípios inventivos no desenvolvimento de produtos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
GESTÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO, 3, 2001, Florianópolis. Anais eletrônicos
[…]. Florianópolis, 25-27 set. 2001. Disponível em: https://www.decarvalho.eng.br/macartigoii-v
icbgdp.pdf. Acesso em: 17 dez. 2019.

CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: segundo a NBR 6118:2014. 4. ed. São Paulo: Pini, 2014.

CHIBENI, S. S. Algumas observações sobre o “método científico”. Departamento de Filosofia,


IFCH, Unicamp. Campinas, dez. 2006. Notas de aula. Disponível em: https://www.unicamp.
br/~chibeni/textosdidaticos/metodocientifico.pdf. Acesso em: 9 out. 2019.

DEMO, P. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985.

DIGITAL SCOLARSHIP. Zotero. Your personal research assistant. Página inicial, [s.d.]. Disponível
em: https://www.zotero.org/. Acesso em: 18 dez. 2019.

DROESCHER, F. D.; SILVA, E. L. O pesquisador e a produção científica. Revista Perspectiva em


ciência da informação, Belo Horizonte, v. 19, n. 1, jan./mar. 2014. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-99362014000100011. Acesso em: 19 nov.
2019.

FERREIRA, M. L. A.; SOUZA, C. G.; SPRITZER, I. M. P. A. Desenvolvimento tecnológico,


empreendedorismo e inovação nas empresas: desafios para a educação em engenharia. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA, 35, 2007, Brasília. Anais
eletrônicos […]. Brasília, 2007. Disponível em: http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/12/
artigos/182-Marta%20Lucia%20Azevedo%20Ferreira.pdf. Acesso em: 17 dez. 2019.

FIGUEIREDO, P. N. Acumulação tecnológica e inovação industrial: conceitos, mensuração e


evidências no Brasil. Revista São Paulo em Perspectiva, São Paulo, vol.19, n. 1, jan./mar. 2005.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex-l t&pid=S0102-
88392005000100005. Acesso em: 17 dez. 2019.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo:


Atlas, 2003. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788597010770/cfi/6/2!/4/2/4@0:0.0994. Acesso em: 3 dez. 2019.

MATTAR, J. Metodologia científica na era digital. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547220334/cfi/0!/4/2@100:0.00. Acesso em:
3 dez. 2019.

MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 12. ed. São
Paulo: Ed. Atlas, 2014. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788522490271/cfi/0!/4/2@100:0.00. Acesso em: 3 dez. 2019. MORTARI, C. A. Introdução
à lógica. São Paulo: Editora Unesp, 2001.

PIROLO, A. C. I. S. Processo da criatividade. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S. A.,


2016. 200 p.

PROENÇA FILHO, D. Os melhores contos de Machado de Assis. Globo.com, Educação –


Literatura, [s.l.; s.d.]. Disponível em: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-
livros/os-melhores-contos-de-machado-de-assis.html. Acesso em: 19 nov. 2019.

RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência dos estudos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

RUSCHEL, R. C.; HARRIS, A. L. N. de C.; BERNARDI, N. Tecnologia e multidisciplinaridade


inovando o ensino de arquitetura e engenharia. Revista Faac, Bauru, v. 1, n. 1, p. 21-34, mar./ set.
2011. Disponível em: https://www3.faac.unesp.br/revistafaac/index.php/revista/article/ view/19/3.
Acesso em: 18 dez. 2019.

SANTOS, A. F. Estruturas metálicas: projeto e detalhes para fabricação. São Paulo: McGrawHill
do Brasil, 1977.

SILVA, S. S. A relação entre ciência e senso comum. Ponto Urbe - Revista do núcleo de
antropologia da USP, São Paulo, n. 9, dez. 2011. Disponível em:
https://docplayer.com.br/43072717-A-relacao-entre-ciencia-e-senso-comum.html. Acesso em: 17
dez. 2019.
Unidade 3

Ana Paula Vedoato Torres

Metodologia e pesquisa científica


Convite ao estudo
Caro aluno, seja bem-vindo a mais uma unidade de ensino! Nesta
unidade, abordaremos a metodologia e a pesquisa científica.
Talvez nós não nos damos conta do quanto a pesquisa científica é parte
fundamental de tudo o que aprendemos. Toda a nossa engenharia é
fundamentada em uma metodologia, que foi se aprimorando com o passar
do tempo. Por meio dos estudos desenvolvidos por cientistas, seu empenho
em provar suas teorias e o desejo de descobrir o que está por detrás da
natureza, como quais as fórmulas que descreve seu comportamento,
estamos hoje tendo acesso a maior quantidade de conhecimento disponível
da história.
Assim, dedicar-se à área científica é participar da história da
engenharia, trazendo novos conhecimentos e inovações ao setor.
Com o aprendizado desta unidade, ao final você será capaz de conhecer
as técnicas e métodos de pesquisa científica, sabendo construir o
conhecimento científico e utilizá-lo como suporte para o desempenho
acadêmico e profissional.
Para isso, você precisará aprender como um projeto de pesquisa é
estruturado, isto é, quais elementos são fundamentais para sua elaboração,
além de conhecer suas principais abordagens teóricas. Toda essa estrutura
deve ser normatizada e padronizada, para que futuros cientistas possam
entendê-la e dar continuidade ao estudo.
Bom estudo!
Seção 1
A estrutura de um projeto de pesquisa
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção abordaremos a estrutura de um projeto de
pesquisa. Serão analisadas a pesquisa bibliográfica e a revisão
bibliográfica em um processo de investigação científica, comparando-se as
características da pesquisa bibliográfica com as da pesquisa documental,
que se diferem pelo fato de uma trabalhar com materiais já elaborados,
enquanto a outra trata com fontes sem tratamento analítico.
Também serão explicados os elementos do projeto de pesquisa e como
desenvolver cada parte deles. Ao final, serão expostas as técnicas para
coleta de dados, parte fundamental para que o objetivo seja cumprido e se
chegue ao resultado da pesquisa.
Em seu desafio profissional, você é o editor-chefe de uma revista
científica, e este ano a direção quer lançar novos projetos. Você é, então,
chamado para direcionar os autores que enviam seus trabalhos de pesquisa
e treinar professores de universidades para que orientem melhor seus
alunos, de forma que seus projetos sejam aceitos sem muita correção. A
revista pensa em criar também uma vertente de cursos on-line para
direcionar os autores.
Assim, em reunião com alguns professores universitários, você quer
saber quais pontos são importantes para montar o curso de treinamento
para os professores, a fim de que os trabalhos sejam aceitos com mais
facilidade. Eles pedem que o curso seja direcionado à estrutura de um
projeto de pesquisa para um estudo de caso. Como deve ser feita uma
pesquisa bibliográfica no processo de investigação científica? Quais os
elementos do projeto de pesquisa e quais são as técnicas para coleta de
dados?
Esperamos que você possa aplicar em seus projetos futuros os
fundamentos aprendidos nesta seção, e que você seja um pesquisador de
sucesso.
Não pode faltar

A pesquisa bibliográfica e a revisão bibliográfica em um


processo de investigação científica
Segundo o dicionário Aurélio, a palavra pesquisa significa
93
[…] indagação ou busca minuciosa para averiguação da
realidade, investigação, inquirição; investigação ou estudo,
minudentes e sistemáticos, com o fim de descobrir ou
estabelecer fatos ou princípios relativos a um campo
qualquer do conhecimento. (PESQUISA, 2010 [s.p.])

Já a palavra revisão significa “ato ou efeito de rever, novo exame, nova


leitura”. Assim, pode-se entender que a pesquisa bibliográfica tem
significado diferente da revisão bibliográfica, e ambos colaboram com o
processo de investigação na ciência.
Enquanto a pesquisa bibliográfica é uma consulta ou uma investigação
de bibliografias disponíveis sobre um assunto, abrangendo os mais
significativos estudos feitos sobre ele, a revisão bibliográfica é uma visão
crítica, avaliando-se as lacunas a serem exploradas.
Enquanto a pesquisa bibliográfica organiza o material a ser usado no
estudo, a revisão o emprega como base teórica para contrapor ou favorecer
argumentos.
O estudo sobre os tipos de revisão de literatura feito pela biblioteca
prof. Paulo de Carvalho Mattos, da UNESP de Botucatu (2015, p. 2),
explica bem esse conceito:

[…] na revisão bibliográfica, o material coletado pelo


levantamento bibliográfico é organizado por
procedência, […] e, a partir de sua análise, permite
ao pesquisador a elaboração de ensaios que
favorecem a contextualização, problematização e
uma primeira validação do quadro teórico a ser
utilizado na investigação empreendida.
Assimile
Recomenda-se que em uma revisão bibliográfica sejam pesquisados os
últimos estudos relevantes sobre o assunto, preferencialmente dos
últimos cinco anos.

As características da pesquisa bibliográfica e da


pesquisa documental
A pesquisa bibliográfica é definida como aquela em que o pesquisador
recorre a fontes de trabalhos já analisados para produzir seu estudo.
94
O que seriam então esses trabalhos já analisados? Os trabalhos já
analisados são aqueles que passaram por algum tipo de critério em que o
autor seleciona, dentre vários, os que são relevantes para o tema que está
abordando e, portanto, já não possui todos os estudos na íntegra, mas sim
produz um estudo sintetizado. Esse trabalho tem, portanto, a contribuição
de diversos autores.
Nesse processo, o autor pode utilizar citações diretas de outros autores
ou até mesmo interpretar e reescrever segundo a sua visão. Pode também
fazer comparativos entre estudos ou discordar deles. Encontra-se a
pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos, periódicos, revistas,
web sites etc.

Reflita
Quando se utiliza a pesquisa bibliográfica, é fundamental recorrer às
fontes originais, para se ter certeza da intenção do autor que expôs a
ideia inicial. Em alguns casos os textos são utilizados fora de contexto,
pois o autor da frase se refere a um caso específico. Será que todos os
pesquisadores conseguem captar a intenção do autor?

Por sua vez, a pesquisa documental

[…] consiste num intenso e amplo exame de diversos


materiais que ainda não sofreram nenhum trabalho de
análise, ou que podem ser reexaminados, buscando-se
outras interpretações ou informações complementares,
chamados de documentos. (GUBA; LINCOLN, 1981, apud
KRIPKA; SCHELLER; BONOTTO, 2015, p. 244)

Esses documentos, segundo Marconi e Lakatos (2003), são formados


por três tipos de fontes:
• Os arquivos públicos, que contêm documentos oficiais, publicações
parlamentares, documentos jurídicos de cartórios e iconografias.
• Os arquivos particulares, que podem ser de domicílio particular,
instituições privadas ou instituições públicas.
• As fontes estatísticas, que podem ser características da população,
fatores que influem no seu tamanho, sua distribuição, os fatores

95
econômicos, as características das moradias e os meios de
comunicação.
Os modelos supra-apresentados levam em consideração os exemplos
mais comuns.
Deve-se atentar, na pesquisa documental, quanto ao uso de dados
desatualizados, ou de um campo amostral tão grande que o pesquisador
não consiga quantificá-lo, devido à falta de tempo. É fundamental escolher
o método correto para sua análise.
Quanto à comparação entre os dois tipos de pesquisa, vale salientar que
não é simples distinguir a pesquisa bibliográfica da documental, como
explica Matos e Lerche apud Fonseca (2002), que diz que não é fácil
distinguir um tipo de pesquisa da outra. Enquanto a pesquisa bibliográfica
se abastece de fontes como livros, artigos científicos, periódicos, isto é,
materiais que já passaram por um processo de elaboração, a pesquisa
documental se baseia em fontes sem algum tipo de tratamento ou
interpretação, como uma reportagem de revista ou jornal, documentos,
relatórios, uma fotografia e cartas, dentre outros.
Portanto, o objetivo da pesquisa bibliográfica é mais amplo, enquanto
da pesquisa documental é mais específica.
Temos também outros tipos de pesquisa: a pesquisa experimental,
levantamento, estudo de caso, pesquisa-ação, pesquisa ex-post-facto,
pesquisa participante.
A pesquisa experimental é aquela em que o pesquisador coleta dados
em um laboratório, sujeitando o objeto de estudo a um ambiente
controlado, com aplicação de interferências controláveis, e analisando,
assim, o comportamento do objeto. Como resultado, serão obtidos números
que descrevem o comportamento do objeto. Pode também se analisar um
comportamento específico, como o momento em que o objeto rompe ou se
comporta de uma forma específica esperada para se parar o ensaio. Com os
resultados numéricos, os dados são tratados estatisticamente e expressos
em forma de gráficos ou tabelas.
A pesquisa de levantamento é uma pesquisa quantitativa, isto é, busca
por meio de um questionário fechado analisar o comportamento de certo
grupo. Podemos ver esse tipo de pesquisa especialmente em época de
eleição, quando se analisam as intenções de votos nos candidatos
concorrentes a um certo cargo político.

96
A pesquisa de estudo de caso é desenvolvida com base em um estudo
detalhado sobre um aspecto específico, podendo ser, por exemplo, um
fenômeno que ocorreu em um certo local, uma pessoa, uma ocorrência que
faz daquela situação única e necessária de um estudo mais aprofundado.
Ela se baseia em observações e experiências sobre o fato, lugar ou pessoa
que se está analisando. Assim, a coleta de dados é fundamental para esse
tipo de pesquisa.
A pesquisa-ação requer que o pesquisador seja o agente de
transformação do objeto que está sendo estudado. É uma pesquisa de
campo, que requer um levantamento de dados e a análise crítica da
situação em que o objeto de estudo se encontra, tendo como resultado uma
proposta de mudança e melhora dessa situação. Ela é uma pesquisa prática,
trazendo soluções para um problema.
A pesquisa ex-post-facto é um estudo de um fato que ocorreu no
passado que gera uma reação no presente. Esse estudo é uma pesquisa
documental, em que se espera conhecer os motivos que causaram a reação
no presente. O pesquisador não tem interferência sobre os dados coletados,
devendo apenas, como resultado, interpretá-los.
A pesquisa participante requer que o pesquisador seja parte do estudo,
mas não que ele seja um agente de transformação. Ele vai atuar como parte
do estudo, e suas ações interferem diretamente no resultado.

Elementos do projeto de pesquisa


Segundo a NBR 14724 (ABNT, 2011, p. 6), um projeto de pesquisa é
formado pelos seguintes elementos:
1. Elemento pré-textual: parte que antecede o texto com informações
que ajudam na identificação e utilização do trabalho.
2. Elemento textual: parte em que é exposto o conteúdo do trabalho.
3. Elemento pós-textual: parte que sucede o texto e complementa o
trabalho.
Dentro de cada elemento, há uma estrutura que o compõe, formando o
corpo do trabalho acadêmico, conforme podemos ver no Quadro 3.1. Vale
observar que nem todos os itens são obrigatórios, mas podem ser usados
conforme haja necessidade.
Quadro 3.1 | Elementos que compõem o projeto de pesquisa

97
Estrutura Definição pela NBR 14724 (ABNT, 2011)

Capa (obrigatório) Proteção externa do trabalho sobre a qual se imprimem as


Pré-textuais

informações indispensáveis à sua identificação.


Folha de rosto Folha que contém os elementos essenciais à identificação
(obrigatório) do trabalho.
Folha de aprovação Folha que contém os elementos essenciais à aprovação
(obrigatório) do trabalho.
Dedicatória (opcional) Texto em que o autor presta homenagem ou dedica seu
trabalho.
Agradecimento Texto em que o autor faz agradecimentos dirigidos
(opcional) àqueles que contribuíram de maneira relevante à
elaboração do trabalho.
Resumo na língua Apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto,
vernácula (obrigatório) fornecendo uma visão rápida e clara do conteúdo e das
conclusões do trabalho.
Resumo em língua Versão do resumo para idioma de divulgação
estrangeira (obrigatório) internacional.
Lista de ilustrações Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto,
(opcional) com cada item designado por seu nome específico,
travessão, título e respectivo número da folha ou página.
Lista de tabelas Elaborada de acordo com a ordem apresentada no texto,
(opcional) com cada item designado por seu nome específico,
acompanhado do respectivo número da folha ou página.
Sumário (obrigatório) Enumeração das divisões, seções e outras partes do
trabalho, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele
se sucede.
Introdução (obrigatório) Apresenta os objetivos do trabalho e as razões de sua
Textuais

elaboração.
Desenvolvimento Detalha a pesquisa ou estudo realizado.
(obrigatório)
Conclusão (obrigatório) Parte conclusiva.
Referências (obrigatório) Conjunto padronizado de elementos descritivos retirados
de um documento, que permite sua identificação
textuais

individual.
Pós-

Apêndices (opcional) Texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de


complementar sua argumentação, sem prejuízo da
unidade nuclear do trabalho.
Anexos (opcional) Texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve
de fundamentação, comprovação e ilustração.
Fonte: adaptado de NBR 14724 (ABNT, 2011, p. 2-9).
Com destaque para a parte textual, na qual é exposto o conteúdo do
trabalho em si, pode-se subdividi-la para que o projeto seja mais bem
explicado. Além disso, saber as definições de cada etapa do projeto ajudará
o pesquisador a não antecipar o assunto, ou a repeti-lo constantemente.

98
1. Introdução
A introdução apresenta o trabalho de pesquisa. Neste tópico é
importante apresentar o que foi desenvolvido no trabalho, por um texto
coeso e coerente. Você deve deixar bem claro qual o assunto está sendo
estudado e o que está sendo defendido.
2. Desenvolvimento
O desenvolvimento é a fase que detalha a pesquisa, mostrando as
etapas necessárias para que se cumpram os objetivos propostos. Ele expõe
o porquê da necessidade do estudo, apresentando quais metas quer se
cumprir, trazendo quais as teorias em que se baseia e finalmente mostrando
os resultados em que se chegou.
2.1 Justificativa
A justificativa explica a escolha do tema e qual a importância de se
estudá-lo.
2.2 Objetivo
O objetivo delimita o que o pesquisador quer atingir com esta pesquisa.
Pode ser dividido em objetivo geral e específico. O objetivo geral é mais
amplo, trazendo uma base do que será necessário para se alcançar o
objetivo específico.

Exemplificando
Um exemplo de objetivo geral e específico é dado por:

1. Objetivo geral: apresentar as normas técnicas vigentes brasileiras


e americanas para cálculo de uma viga em estrutura metálica.

2. Objetivo específico: apresentar um exemplo de cálculo de uma


viga em estrutura metálica pela norma técnica brasileira e pela
norma técnica americana, mostrando as diferenças entre elas.

2.3 Metodologia
A metodologia deve descrever quais métodos foram adotados para se
coletar os dados. Devem ser descritos com detalhes todos os equipamentos
ou tipos de abordagens em que a coleta foi baseada. É fundamental que
esta etapa seja feita de forma correta, pois para que o estudo possa ter
êxito, é necessário que se compare com outros estudos sobre o mesmo
tema. Os resultados devem ser encontrados por um mesmo caminho
99
(método, do grego metá – por meio, pelo qual; e hodós – caminho), pois é
por meio dele que a ciência se solidifica e se padroniza.
2.4 Resultados
Nesta etapa do projeto devem ser apresentados os resultados obtidos,
podendo ser, por exemplo, os valores de um ensaio, ou fotos de um estudo
de campo, ou os resultados das entrevistas, entre outros. É importante que
o autor organize os dados, apresentando-o de forma clara e concisa. Em
muitos casos é necessário que o pesquisador trate os dados, trazendo os
resultados de forma resumida, o que pode ser apresentados em forma de
tabela, texto ou gráficos.

Assimile
O desenvolvimento de um projeto de pesquisa é composto por um
referencial teórico e outro metodológico, conforme Quadro 3.2:
Quadro 3.2 | Referenciais de um projeto de pesquisa
Referenciais teóricos Referenciais metodológicos
Tema, problema, hipótese, objetivo Metodologia: amostragem, formas de
geral, objetivos específicos, coleta, de organização e de análise
justificativa. dos dados.
Fonte: adaptado de Reis e Frota ([s.d.], p. 2).

3. Conclusão
A conclusão trata da finalização do projeto. Nela o autor conclui se o
objetivo foi ou não atingido e quais interferências ocorreram durante o
trajeto do projeto. Em muitos casos, as interferências externas podem
prejudicar o objetivo que se deseja cumprir.

Exemplificando
Exemplo 1: Um pesquisador ensaiará vinte corpos-de-prova retirados
de uma liga metálica utilizada para uma peça mecânica em uma
fábrica. Esta retirada deve ocorrer no momento em que a liga ainda
está quente e, portanto, não terá outra oportunidade de mais
amostras. Mesmo trazendo duas amostras a mais, três corpos-de-prova
tiveram valores muito abaixo do esperado. Verificou-se que a máquina
do ensaio estava com problemas na leitura de dados, e esses dados
foram descartados. Ao final do trabalho, o pesquisador deve relatar o
incidente, apresentando os motivos que fizeram com que os corpos-de-
prova necessários não fossem ensaiados.

100
Exemplo 2: Para seu trabalho de conclusão de curso, um estudante de
engenharia civil espera entrevistar dez pessoas para montar uma web
documentário sobre acessibilidade. Ao final do trabalho, apenas oito
pessoas estavam disponíveis, então, ele deve justificar ao final do
trabalho que nem todas as entrevistas foram possíveis devido à falta de
disponibilidade das pessoas.

Técnicas para coleta de dados


A palavra técnica vem do termo grego téchne, e tem seu significado
inicial relacionado com a arte ou habilidade de se realizar um ofício. Na
ciência, ela se refere à aplicação de metodologias ou processos já
consagrados para obtenção de um resultado que se espera obter.
Assim, definir quais processos serão realizados para que o objetivo se
cumpra é parte fundamental da pesquisa, principalmente quanto tempo será
necessário para realizar a tarefa, organizado por meio do cronograma.
A seguir são apresentadas as principais técnicas para coleta de dados:
1. Técnica de análise de conteúdo: documentos
Os documentos podem ser de fontes bibliográficas, tais como livros,
web sites, artigos ou revistas científicas, periódicos, entre outros, ou de
fontes sem tratamento analítico, como reportagens, dados coletados,
filmes, fotografias, cartas, documentos oficiais, ou ainda os que já
receberam algum tipo de tratamento, como relatórios de pesquisa, tabelas
de dados, resultados estatísticos, perícias, etc.
Um dos grandes desafios da coleta de dados em documentos é a sua
disponibilidade. Temos acesso na internet a uma grande quantidade de
material, mas nem todos são gratuitos. Portanto, buscar uma biblioteca
física ou a fonte direta para pesquisas específicas em muitos casos ainda é
necessário.
2. Técnica experimental
A técnica experimental consiste em, após definir as variáveis a serem
analisadas, testar o objeto de estudo de forma controlada, coletando dados
que descrevam seu comportamento. Esta técnica é uma das mais utilizadas
nas ciências exatas.
3. Técnica de observação
A técnica da observação é caracterizada por um relato daquilo que o
pesquisador viu e ouviu, sem que haja interferência de sua opinião. Deve-
101
se definir antecipadamente quais pontos deseja-se observar, para que não
se desvie do objetivo.
A etnografia é uma parte dentro da técnica de observação, mas em vez
de observar um fenômeno, observa um povo, participando de seu cotidiano
para conhecer seu comportamento em relação ao meio em que vivem e
entre seus membros.

A ideia é um mergulho no cotidiano de um outro grupo,


conhecer o que fazem e tentar compreender as razões,
emoções e sentimentos em circulação. Na etnografia, o
ponto é entender a cultura do outro em seu sentido
amplo, incluindo sua vida material, atividades comuns e a
vida simbólica que as fundamenta. (MARTINHO, 2018, p.
118)

4. Técnica do estudo de caso


O estudo de caso é aquele em que se escolhe um único evento ou
amostra em um campo amostral maior, que apresente características
distintas do grupo em algum aspecto, e que se deseja analisar. O estudo de
caso pode se utilizar de outras técnicas concomitantemente, como da
análise de conteúdo e da observação, assim como também pode se basear
em entrevistas com as pessoas envolvidas. Cabe ao pesquisador delimitar
até onde irá seu estudo e como reunir dados suficientes para concluir seu
objetivo com êxito.
5. Técnica de entrevistas
A entrevista é uma das modalidades mais comuns de coleta de dados.
Ela pode ser de dois tipos:
a. Quantitativas: este tipo de entrevista traduz em números aquilo que
deseja analisar. Geralmente requer um grande campo amostral, e é
feito por questionários ou formulários de respostas simples, diretas,
em que é possível quantificar o número de amostras, de forma a
caracterizar este grupo estudado. Os dados são tratados por técnicas
estatísticas.
b. Qualitativas: este tipo de entrevista é descritivo. Geralmente quem
faz as perguntas é o próprio pesquisador. Elas devem ser feitas de
modo a direcionar o entrevistado dentro do assunto que está sendo
estudado,
102
de forma que não se desvie do tema proposto. Sua avaliação é mais
complexa e sua apresentação se dá pela exposição das respostas.
O Quadro 3.3 exemplifica os tipos de pesquisas qualitativas, com suas
características, quais dados são obtidos e as vantagens e riscos. Quadro 3.3 |
Tipos de entrevistas qualitativas
Tipos de entrevista

Tipo Características Dados obtidos Vantagens Riscos


Aberta Quase uma O assunto na Total liberdade Dispersão do
conversa entre ótica do ao entrevistado, assunto. Sem
pesquisador e entrevistado, facilitando a linhas definidas,
entrevistado. que interação com a conversa pode
Definem-se agrega à o pesquisa- perder o foco
temas gerais conversa as dor. Deixa o e se tornar um
dentro dos informações entrevistado à bate-papo sobre
quais são feitas que julga vontade para temas alheios à
as questões. necessárias. falar sobre o pesquisa
tema.
Semiaberta ou Questões Dados mais Modelo Por sua
semiestruturada preparadas de precisos a intermediá- característica
antemão guiam respeito de um rio, mantém intermediária, o
a entrevista, que tema, certa liberdade pesquisador
não precisa, no sem eliminar dentro de pode dar mais
entanto, ficar informações parâmetros ênfase a um ou
restrita a elas. suplementares específicos. outro aspecto
do entrevistado. das perguntas.
Estruturada Questões As informações Evita a Elimina o
previamente específicas do dispersão do espaço para o
formuladas entrevistado foco e entrevistador
seguidas à risca, sobre um concentra as dar informações
sem espaço para assunto. informações que poderiam
novas perguntas a respeito do ser relevantes.
no decorrer da tema.
entrevista.
Fonte: Martino (2018, p. 105).

Portanto, a definição da técnica de coleta de dados é um dos primeiros


passos para se iniciar uma pesquisa, seja ela para levantamento das
principais bibliografias a serem usadas, seja para definir o campo amostral
necessário e como obtê-lo.
Sem medo de errar

O curso que você montou para os alunos a pedido dos professores trata
da estrutura do projeto de pesquisa do tipo estudo de caso.
A primeira etapa do curso trata-se da pesquisa bibliográfica.
103
Como fazer a pesquisa bibliográfica de um estudo de caso?
Deve-se buscar:
• Trabalhos que tratem do mesmo assunto em um estudo de caso.
• Fontes bibliográficas que tragam teorias para explicação do que
ocorreu neste caso específico. É importante salientar que se deve
pesquisar os estudos relevantes dos últimos cinco anos e as teorias
clássicas, que dão embasamento teórico ao seu trabalho.
• Buscar as metodologias que você deve aplicar para o levantamento
dos dados (quais métodos utilizarei para obter os dados que
preciso? Quais métodos estatísticos para tratar os dados?).
É importante definir antecipadamente quais os métodos utilizados no
levantamento de dados, pois em muitos casos não se é possível retornar ao
local de estudo. Por exemplo: um estudo de caso de uma casa avariada
pelo fogo, um maquinário com defeitos que será desmontado etc. Em casos
como este, caso o pesquisador esqueça de coletar um dado importante, ele
não terá outra oportunidade de fazê-lo. Assim, já definir quais os
resultados que se espera, e como apresentá-los, é fundamental antes de se
deslocar para este levantamento.
A segunda etapa do curso, sobre os elementos do projeto de pesquisa.
Os elementos que são obrigatórios na estrutura de um projeto são:
• Capa, folha de rosto e folha de aprovação.
• Resumo na língua vernácula: este tópico é de suma importância,
pois em geral lê-se primeiro o resumo e, sendo ele bem-estruturado
e mostrando a relevância do seu estudo no meio acadêmico, será
referência para aquele assunto no futuro. Deve-se montá-lo da
seguinte forma:
– Apresentar o objetivo do estudo e, se necessário, a justificativa
dele.
– Mostrar, de forma coerente e concisa, os pontos relevantes do
estudo, fornecendo uma visão rápida e clara do conteúdo. Você
pode explicar os dados que foram coletados e o que obteve com
sua análise. Como é um estudo de caso, deve-se explicar
brevemente o que ocorreu para que fosse relevante estudar este
local, pessoa ou fenômeno.
– Apresentar as conclusões do trabalho, de forma clara e sucinta.
104
• Resumo em língua estrangeira: versão do resumo para idioma de
divulgação internacional. Utiliza-se em geral a língua inglesa ou
espanhol, mas deve-se ter como objetivo a língua que é mais
relevante para a área estudada.
• Sumário.
• Introdução: apresenta os objetivos do trabalho e as razões de sua
elaboração. Como se trata de um estudo de caso, ele deve buscar
explicar os porquês da escolha deste estudo, o que o difere de
outros casos semelhantes. Além disso, pode-se dar uma localização
histórica dos fatos para que o leitor entenda o que ocorreu e sua
importância.
• Desenvolvimento: o desenvolvimento detalhará a pesquisa. Ele é
composto de toda a revisão bibliográfica, as metodologias
escolhidas, os dados coletados e o tratamento dos dados. Pode-se
apresentar gráficos, tabelas, fotos, ilustrações sobre o estudo de
caso, sempre buscando trazer todos os dados que exemplifiquem
com clareza o que ocorreu.
• Conclusão: A conclusão deve ser apresentada de forma clara,
relacionando a teoria com os resultados que foram coletados. Pode-
se explicar quais os fatores interferiram no resultado, de forma a
esclarecer o motivo pelo qual algum resultado não foi conforme a
hipótese inicial.
• Referências.
A terceira etapa do curso, sobre as técnicas para coleta de dados no
caso de um estudo de caso.
As técnicas de coleta de dados podem ser:
• Técnica de observação: momento em que o pesquisador vê e ouve o
objeto de estudo e faz um relatório. Como foi explicado, no estudo
de caso é importante definir as variáveis antecipadamente,
determinando quais pontos deseja-se observar, para que não haja
desvios do objetivo. Muitas vezes o pesquisador levará meses para
coletar os dados desejados, portanto, não poderá se esquecer do que
espera obter como resultado e quais fatores interferem no estudo.
• Técnicas de análise de conteúdo: pode-se fazer um levantamento de
fontes que auxiliem o pesquisador quanto ao caso estudado. Se for
um fenômeno, buscar relatos anteriores para verificar se é cíclico;

105
se for em relação a uma pessoa, buscar documentos, fotografias,
relatos que deem embasamento ao estudo; se for um local, buscar
documentos, reportagens, dados oficiais sobre o local.
• Técnica de entrevistas: como pesquisador do estudo de caso, você
poderá entrevistar pessoas que possam dar testemunho do ocorrido
ou relatar dados que contribuam para sua pesquisa. Os dados podem
ser quantitativos, que gerarão números que caracteriza o grupo, mas
requer geralmente um número maior de entrevistas. Para se obter os
dados quantitativos, as perguntas devem ser simples, com respostas
diretas, para que se possa quantificar. Os dados também podem ser
qualitativos, em que o tipo de entrevista é descritivo e quem faz as
perguntas é o próprio pesquisador. Elas devem ser feitas de modo a
direcionar o entrevistado dentro do assunto que está sendo
estudado, de forma que não se desvie do tema proposto. Sua
avaliação é mais complexa e sua apresentação se dá pela exposição
das respostas.
Baseando-se neste curso, os alunos poderão fazer seu projeto de estudo
de caso. E montando este curso para os alunos, você soube construir o
conhecimento científico e o utilizar como suporte para seu desempenho
acadêmico e profissional.
Bom trabalho!

Faça valer a pena

1. A estrutura de um projeto científico deve ser seguida segundo a norma


técnica brasileira NBR 14724 (ABNT, 2011), e em seu elemento textual
devem estar contidos: introdução, desenvolvimento e conclusão.
Com relação ao desenvolvimento de um projeto científico, analise o
excerto a seguir, completando suas lacunas.
O desenvolvimento é a fase que ____________, mostrando as etapas
necessárias para que se cumpram os ____________ propostos. Ele expõe
desde o porquê da necessidade do estudo, apresentando, quais metas quer
se cumprir, trazendo quais as ____________ em que se baseia e finalmente
mostrando os ____________ em que se chegou (ABNT, 2011).
Assinale a alternativa que contém a sequência de termos que completam
corretamente as lacunas.

106
a. resume a pesquisa; objetivos; teorias; teoremas.
b. completa a pesquisa; cronogramas; teorias; resultados.
c. resume a pesquisa; objetivos; técnicas; teoremas.
d. completa a pesquisa; cronogramas; fórmulas; resultados.
e. detalha a pesquisa; objetivos; teorias; resultados.

2. O estudo de caso é um método qualitativo de estudo individual,


utilizando as metodologias científicas para estudá-lo.
Sobre a definição de estudo de caso, analise as afirmativas a seguir:
I. O estudo de caso é aquele em que se escolhe eventos ou amostra
em um campo amostral maior, que apresente características
distintas do grupo em algum aspecto, e que se deseja analisar.
II. II. O estudo de caso pode se utilizar de outras técnicas
concomitantemente, como da análise de conteúdo e da observação,
assim como também pode se basear em entrevistas com as pessoas
envolvidas.
III. III. Cabe ao pesquisador delimitar até onde irá seu estudo e como
reunir dados suficientes para concluir seu objetivo com êxito.
É correto o que se afirma em:
a. I, II e III.
b. II, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I, apenas.
e. I e III, apenas.

3. Em seu projeto de pesquisa, um aluno de mestrado ensaiou


motores de combustão interna, projetando uma bancada para ensaios
dinamométricos. Foram ensaiados quatro motores: dois do ciclo Otto e
dois do ciclo Diesel. Ao final do trabalho, foram criados gráficos das
curvas características dos motores.
Assinale a alternativa correta que contém a técnica empregada neste
projeto de pesquisa.

107
a. Técnica de estudo de caso.
b. Técnica de análise de conteúdo: documentos.
c. Técnica de entrevistas.
d. Técnica experimental.
e. Técnica de observação.

108
Seção 2

Abordagens do projeto de pesquisa


Diálogo aberto
Caro aluno, nesta seção você irá aprender as abordagens do projeto de
pesquisa, como são definidos os paradigmas da ciência, isto é, os modelos
adotados, seja pelas teorias ou por metodologias que sistematizam a
ciência como a conhecemos hoje. Aqui, também serão abordadas as teorias
no âmbito das ciências sociais analisadas por meio da relação do
pesquisador com o objeto de estudo, da realidade em que a vê, como se
relaciona com ela e quais métodos ele usa para interpretar essa realidade.
Ao final, serão apresentadas as pesquisas qualitativas e quantitativas.
Elas se diferenciam especilamente quanto aos seus objetivos, sendo o da
pesquisa qualitativa a descrição do objeto de estudo a partir do
entendimento das razões e motivações, da análise do comportamento
humano e suas experiências, da descrição dos processos pelos quais as
pessoas passam para construir seus significados. Quanto à pesquisa
quantitativa, seu objetivo é classificar, quantificar e gerar modelos
estatísticos de características que expliquem o objeto de estudo.
No seu desafio profissional, enquanto gerente de produção de um novo
pão que será lançado no mercado, você pediu à sua equipe para entrevistar
pessoas que frequentam uma rede de supermercados com um grande fluxo
de pessoas e apresentar o produto pedindo que respondam a uma série de
perguntas.
Quais perguntas qualitativas podem ser feitas em relação a esse
produto? E quais as perguntas quantitativas? Como podem ser
apresentados os dados dos diferentes tipos de pesquisa?
Nesta seção você encontrará a teoria para responder ao seu desafio.
Bom estudo!
Não pode faltar

Os paradigmas da ciência e a influência das ciências


naturais
/

109
Paradigma é uma palavra que tem origem no grego παραδειγµα
(parádeigma), formada das palavras “para”, que significa ao lado, e
“deiknynai”, que significa mostrar, com o sentido de mostrar por meio de
provas. Assim, paradigma é a mostra de algo, por meio de provas, e
argumentos, comparado com outro de mesma natureza, isto é, aquilo que é
usado como padrão, modelo ou exemplo em meio a um campo amostral.
Assim, quando “quebramos um paradigma”, estamos indo contra o padrão
adotado, seja por uma sociedade, seja pela ciência, ou qualquer outro
padrão.
Mas quais são os paradigmas da ciência?
Durante a história da ciência, o homem buscou explicar os fenômenos
observados, e a padronização da apresentação desses resultados vem da
necessidade da organização das ideias, além da descoberta de um modelo
que enquadre a explicação desses fenômenos da forma mais ampla
possível.
Por registros históricos, sabe-se que os primeiros estágios da ciência
têm sua origem na observação e na experimentação, na tentativa de
estabelecimento de um método científico que pudesse explicar os
fenômenos.
Essa organização de teoria, metodologia e resultados sempre foi
fundamental na ciência, pois não se restringe apenas aos presentes, mas é
acessível a todos, podendo estes entendê-la e até mesmo confrontá-la. Em
qualquer lugar que tal conhecimento chegue, as pessoas podem verificá-lo
seguindo tal padrão. Assim, o conhecimento vai sendo transferido, e todos
os que acrescentam algo novo, fazem com que ele se aprofunde mais e
mais.
Mas será que todo conhecimento se dissipa? Os paradigmas da ciência
somente se solidificam quando ele é verificável para uma comunidade
científica, tornando-se o conhecimento e a solução para aquele tipo de
problema até que novas condições de contorno sejam criadas e ele não se
adapte mais àquele campo amostral, havendo a necessidade de novas
descobertas.
Como a ciência está longe de se tornar absoluta, ela precisa ser
conhecida em função do contexto em que as teorias são criadas.
Mas de onde nasce a ideia de paradigma da ciência?
Ela vem dos estudos do cientista Thomas Kuhn, em especial do livro A
estrutura das revoluções científicas (1962), sendo ele o primeiro cientista a
110
usar a palavra paradigma, e após a divulgação do seu estudo, o termo fluiu
na comunidade científica, desde as ciências naturais até as ciências sociais.
Kuhn (1998, p. 137-138) define paradigma como “fonte de métodos,
áreas problemáticas e padrões de soluções aceitos por qualquer
comunidade científica amadurecida, em qualquer época que
considerarmos.”
Nesse estudo, Kuhn explica que, quando uma comunidade científica
adquire um paradigma, ela está adotando um critério que delimita a
escolha de seus problemas, e enquanto esse paradigma é válido, haverá
soluções possíveis para resolvê-lo. A aquisição do paradigma e a definição
do tipo de pesquisa em determinada área mostra uma maturidade da
comunidade científica no campo de estudo. Quando o paradigma ainda não
está definido, os cientistas se veem divididos em teorias que suprem a
necessidade de uma base para se apoiarem e desenvolverem seus trabalhos.
Importante enfatizar a frase: “quando uma comunidade científica
adquire um paradigma”, pois ele pode variar em função da comunidade em
que se encontra.

Exemplificando
Kuhn (1998, p. 75) exemplifica essa diferença ao citar dois cientistas,
um físico e um químico, que, ao serem perguntados se um átomo de
Hélio é ou não uma molécula, responderam de forma divergente. O
químico disse que é uma molécula, pois o átomo se comporta como tal,
analisando de acordo com a teoria cinética dos gases; já o físico disse
que não, pois não apresenta um espectro molecular. Assim, apesar de
estarem falando da mesma coisa, eles tinham formações e práticas
distintas, e seus paradigmas eram diferentes.

E qual a eficiência de um paradigma?


O paradigma sempre resolve uma parcela dos problemas, e a parcela
que não é resolvida mostra quão eficiente ele é. Até o momento em que ele
está suprindo a maioria dos problemas, ele é eficiente para aquele campo
da ciência; quando isso começa a se inverter, a comunidade científica
começa a buscar novas soluções.

111
Reflita
O processo de busca por novos paradigmas não ocorre
instantaneamente. Os paradigmas da ciência, geralmente, duram por
muito tempo, até serem substituídos. Mas você percebe que com as
novas tecnologias e a comunicação eficaz entre os cientistas, os
paradigmas surgem e caem com mais rapidez do que antes?

Essa crise que se instala ao redor do paradigma, pela sua rigidez em


solucionar os problemas propostos, é o motor que impulsiona o cientista
para a necessidade de um novo paradigma.
Kuhn (1998, p. 122) diz que a transição para um novo paradigma é uma
revolução científica, isto é, quando um paradigma novo substitui
totalmente ou parcialmente o mais antigo. Esses paradigmas dão forma à
vida científica, e a Figura 3.1 exemplifica esse ciclo para a revolução
científica. Figura 3.1 | Ciclo de Kuhn para revolução na ciência

Mudança de Ciência Pré-ciência


paradigma normal

Revolução Modelo
científica insuficiente

Crise do
modelo

Fonte: adaptada de Kuhn (1998).

Essa mudança de paradigma é dividida em cinco fases:


Antes do ciclo da revolução do paradigma, existe uma fase que só
ocorre uma vez antes de se transformar em ciência: a pré-ciência, em que
não há um consenso sobre a teoria, sendo todas ainda incompletas, não
atendendo à resposta do problema em questão, não sendo maduras para
solucionar os principais problemas. Se a comunidade científica entra em

112
comum acordo sobre uma teoria, em relação à sua metodologia e
experimentação, entramos então no campo da ciência normal.
• Ciência normal: em que o paradigma dominante resolve os
principais problemas, sendo o direcionador para os principais
estudos sobre o tema. Enquanto há um consenso entre a
comunidade científica, o paradigma é dominante.
• Modelo insuficiente: com a sucessão de problemas que o paradigma
não é capaz de responder, suas “fraquezas” são reveladas.
• Crise do modelo: quando a comunidade científica inicia um
processo de busca de respostas para certos problemas não
resolvidos, ela entra na crise do paradigma.
• Revolução científica: a ciência entra em uma nova fase com a
mudança do paradigma, também chamada de revolução científica.
Isso ocorre após uma minuciosa fase de exame do paradigma
antigo, assim como do novo para se tornar aceito.
• Mudança de paradigma: o novo paradigma é dominante e aceito
pela comunidade científica. Os cientistas, então, retornam à ciência
normal cujo paradigma estabelecido é o direcionador para os
principais problemas relacionados ao tema.
A ciência pode repetir o ciclo muitas vezes, mas é importante que essas
mudanças não ocorram frequentemente, pois demonstra a fragilidade da
comunidade científica na área.

As principais abordagens teóricas no âmbito das


ciências sociais

Enquanto nas ciências naturais o objeto de estudo é a


própria natureza, uma realidade dada verificável por
técnicas e experimentos exteriores ao homem, nas
ciências humanas, o objeto de estudo é o próprio homem
e suas relações na sociedade e com a sua própria
natureza. Diante disso, é evidente que há diferenças
fundamentais no objeto de estudo e dos temas abordados
pelas ciências naturais e pelas ciências humanas e a
necessidade de desenvolvimento de “métodos
apropriados” para a compreensão de fenômenos
produzidos por cada uma delas. (MANOEL et
113
al., 2017, p. 3)

Como podemos ver, a ciência social tem como foco de estudo o


comportamento humano. Sendo analisado pelo próprio homem, seu estudo
fica restrito às limitações daquele que o está observando. As ciências
sociais são, portanto, subjetivas, pois os fenômenos que se tenta explicar
são decorrentes do comportamento humano e, por isso, complexos.
As teorias que descrevem as ciências sociais olham seu objeto de
estudo por meio da realidade que o pesquisador vê, como se relaciona com
ela e como a analisa, isto é, quais métodos ele usa para interpretar essa
realidade.
O Quadro 3.4 sistematiza estas principais abordagens teóricas, que são
divididas em positivismo, construtivismo, teoria crítica e realismo,
analisadas pela ontologia, epistemologia e metodologia. Quadro 3.4 | Os
quatro paradigmas da ciência
Paradigma
Elemento
Positivismo Construtivismo Teoria crítica Realismo
Ontologia A realidade é Múltiplas Realidade A realidade é
(realidade) real e realidades “virtual” “real”, mas
compreensível. construídas, moldada por apenas
locais e valores sociais, imperfeita e
específicas. econômicos, probabi-
étnicos, listicamente
políticos, compreensível,
culturais e de e é necessária a
gênero. triangulação de
muitas fontes
para tentar
conhecê-la
Epistemologia Resultados Resultados Resultados Resultados
(relação entre verdadeiros – o criados – o mediados por provavelmente
realidade e o pesquisador é pesquisador é valor verdadeiros – o
pesquisador) objetivo, um “participante – o pesquisador pesquisador é
visualiza a apaixonado” é um consciente do
realidade dentro do “intelectual valor e precisa
por meio de um mundo que está transformador” triangular
“espelho sendo que quaisquer per-
unidirecional”. investigado. muda o mundo cepções que está
social no qual coletando.
os participantes
vivem.

114
Metodologia Preocupa-se em Entrevistas não Pesquisa-ação e Principalmente
(técnica usada testar a teoria. estruturadas observação do métodos qua-
pelo Em sua maioria detalhadas, participante. litativos, como
pesquisador são métodos observação do estudo de caso
para quantitativos, participante, e entrevistas
descobrir esta tais como pesquisa-ação convergentes.
realidade) levantamento, e pesquisa
experimentos e fundamentada
verificações de na teoria.
hipóteses.
Fonte: Sobh e Perry (2006, p. 2, tradução nossa).

Assimile
As teorias no âmbito das ciências sociais são caracterizadas por:

• Definição da realidade;

• A relação que ocorre entre a realidade e o pesquisador;


• Quais as técnicas usadas para descobrir essa realidade.

Pesquisa qualitativa
Objetivo: o objetivo da pesquisa qualitativa é a descrição completa e
detalhada do objeto de estudo para entender suas razões e motivações, bem
como o que o torna único. Ela busca entender o comportamento humano e
sua experiência, descrevendo os processos em que as pessoas passam para
construir seus significados.
Hipóteses e teorias: o projeto finaliza com a formulação de hipóteses e
teorias a respeito do que foi observado.
Formulação das questões: as questões são formuladas de forma
flexíveis e gerais.
Tipos de pesquisa: os tipos de pesquisa utilizados geralmente são
estudos de caso, estudos culturais, etnografia. Isso significa que o campo
amostral pode ser pequeno.
Ensaio: os ensaios, em geral, são de observação e buscam retratar a
realidade analisada.
Método: método indutivo.
Condução da pesquisa: a pesquisa é conduzida do ponto de vista de
dentro do grupo social, da perspectiva do sujeito, de forma parcial ou com
envolvimento pessoal.
115
Dados: os dados obtidos são semiestruturados, com grande flexibilidade,
podendo vir de questionários abertos, documentos, entrevistas e
observações de comportamento. Portanto, as variáveis são complexas e
difíceis de serem quantificadas.
Pergunta: a pergunta principal é: “por que?”
Resultados: os resultados são exploratórios, complexos em sua análise,
não conclusivos e não podem fazer generalizações do grupo estudado, mas
sim descrever o comportamento observado.
Propósito: seu propósito é entender o contexto e interpretá-lo.

Exemplificando
Estudos sobre o comportamento humano, que podemos encontrar com
mais frequência nas seguintes áreas: psicologia, pedagogia, filosofia,
ciências sociais, etc.

Pesquisa quantitativa
Objetivo: o objetivo da pesquisa quantitativa é classificar, quantificar e
gerar modelos estatísticos de características que expliquem o objeto de
estudo. Ela busca coletar dados que, depois de acumulados, poderão ser
verificados, bem como uma teoria poderá ser criada para explicar as causas
do comportamento do objeto estudado.
Hipóteses e teorias: o projeto se inicia com a formulação de hipóteses
e a definição da teoria a ser usada.
Formulação das hipóteses: as hipóteses são formuladas baseada em
predições do comportamento do objeto.
Tipos de pesquisa: os tipos de pesquisa utilizados geralmente são
experimentais, descritivos ou comparativos. Isso significa que o campo
amostral deve ser representado pelo número de amostras, segundo métodos
estatísticos.
Ensaio: os ensaios são feitos de forma controlada, com instrumentos
específicos.
Método: método dedutivo.
Condução da pesquisa: a pesquisa é conduzida do ponto de vista
externo, da perspectiva do observador, de forma neutra e imparcial.

116
Dados: os dados obtidos são estruturados, com pouca flexibilidade,
podendo vir de questionários fechados, pesquisas, resultados
experimentais, no formato de números ou dados estatísticos. Portanto, as
variáveis são mensuráveis.
Pergunta: a pergunta principal é “quantos?”
Resultados: os resultados são baseados em normas, buscando-se um
consenso, e podem ser considerados generalizados, quando levados em
conta os dados estatísticos.
Propósito: seu propósito é prever o resultado e prová-lo ao final.

Exemplificando
Estudos que podem ser quantificados, isto é, que podem ser traduzidos
em valores, e que podemos encontrar com mais frequência nas áreas
de engenharia, matemática, física e estatística, por exemplo.

Portanto, determinar se o projeto de pesquisa será quantitativo ou


qualitativo será decisivo para a escolha da metodologia e o
desenvolvimento do estudo.

Sem medo de errar

As perguntas qualitativas que podem ser feitas em relação ao pão que


está sendo testado no supermercado são:
• Vocês acham que o pão traz algum tipo de união à família?
• De todos os pães que já comeram, qual o tipo que mais gostaram?
• Como vocês acham que poderiam ser melhorados os tipos de
sabores?
• Vocês têm algum feedback sobre o pão que experimentou?
• O que vocês acham do preço do nosso produto em relação ao
concorrente?
• Vocês têm algum comentário ou dúvida sobre nosso produto?
Suas respostas podem variar, pois levam em conta a opinião do
consumidor. Elas são difíceis de quantificar, mas servem para demonstrar
o que a pessoa sente ou acha sobre o produto. Podemos encontrar respostas
do tipo:
117
“Acho que o pão une muito a nossa família. Todas as manhãs nos
sentamos juntos para tomar o café e comer os pães; investimos tempo para
conversarmos sobre o que iremos fazer durante o dia, etc.”
“O tipo de pão que mais gosto é o integral, em especial aqueles pães
que contêm castanhas e sementes.”
“Achei este pão melhor que o do concorrente, pois é mais macio, além
de ter um preço mais acessível.”
Já as perguntas quantitativas podem ser:
• Quantos pães sua família consome por semana?
• Você ou sua família tem algum tipo de alergia a algum componente
do produto?
• Quantos dias da semana vocês comem pão?
• Você conhece a nossa marca de pães?
• Seus filhos consomem pães no café da manhã?
• Em uma escala de 0 a 10, qual a nota que dá ao nosso produto?
Seus resultados podem ser apresentados em forma de gráficos, pois
ficam mais fáceis de visualizar:
Figura 3.2 | Exemplo de gráfico quantitativo
Por quantos dias na semana
você consome pães?
1 dia
4% 2 dias
7%

7 dias 3 dias
25% 11%

4 dias
10%
6 dias
27% 5 dias
16%

118
Fonte: elaborada pela autora.

Portanto, podemos analisar que a pesquisa para dados qualitativos deve


ser feita de forma semiestruturada, com grande flexibilidade, podendo vir
de questionários abertos, documentos, entrevistas, observações de
comportamento, para que haja uma interação entre pesquisador e objeto.
Os dados obtidos não representam todos os “seres humanos”, mas é
específico para aquele estudo, nas condições em que o objeto estudado se
encontra.
Já na pesquisa quantitativa, os dados obtidos são estruturados com
pouca flexibilidade, podendo vir de questionários fechados, pesquisas,
resultados experimentais, no formato de números ou dados estatísticos. Os
dados obtidos podem, então, representar o campo amostral estudado,
generalizando a pesquisa.
Faça valer a pena

1. O ciclo da revolução científica apresenta os caminhos do paradigma


para modificar o que a comunidade científica apoia na solução de seus
problemas, trazendo uma inovação. As etapas do ciclo da revolução
científica seguem os seguintes passos:
( ) Crise do modelo: quando a comunidade científica inicia um processo
de busca de respostas para certos problemas não resolvidos, ela entra em
uma crise do paradigma.
( ) Modelo insuficiente: com a sucessão de problemas que o paradigma
não é capaz de responder, suas “fraquezas” são reveladas.
( ) Mudança de paradigma: o novo paradigma é dominante e aceito pela
comunidade científica. Os cientistas, então, retornam à ciência normal cujo
paradigma estabelecido é, então, o direcionador para os principais
problemas relacionados ao tema.
( ) Ciência normal: o paradigma dominante resolve os principais
problemas, sendo o direcionador para os principais estudos sobre o tema.
Enquanto há um consenso entre a comunidade científica, o paradigma é
dominante.
( ) Revolução científica: a ciência entra em uma nova fase com a
mudança do paradigma, também chamada de revolução científica. Isso

119
ocorre após uma minuciosa fase de exame do paradigma antigo, assim
como do novo para se tornar aceito.
Assinale a alternativa que contém a ordem correta das etapas do ciclo das
revoluções científicas.
a. 3, 2, 5, 1, 4.
b. b. 3, 4, 5, 2, 1.
c. c. 1, 2, 3, 5, 4.
d. d. 2, 3, 4, 1, 5.
e. e. 5, 4, 1, 2, 3.

2. A pesquisa quantitativa é uma das formas do pesquisador coletar


dados para embasar seu projeto de pesquisa. Por meio dos dados coletados
e apoiado em teorias, ele irá obter um resultado.
Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir quanto à pesquisa
quantitativa:
I. O objetivo da pesquisa quantitativa é classificar, quantificar e gerar
modelos estatísticos de características que expliquem o objeto de
estudo.
II. A pesquisa quantitativa é conduzida do ponto de vista de dentro do
grupo social, da perspectiva do sujeito, de forma parcial ou com
envolvimento pessoal.
III. As hipóteses são formuladas baseada em predições do
comportamento do objeto.
É correto o que se afirma apenas em:
a. I.
b. II.
c. III.
d. I e III.
e. I e II.

120
3. Um pesquisador da área de ciências sociais está desenvolvendo
um projeto de pesquisa na observação de uma cidade que está com falta de
água há muitos meses devido à falta de chuvas na região. Com o seu
projeto de pesquisa, o cientista espera mostrar essa realidade difícil que a
população está enfrentando e obter fundos para a construção de um poço
artesiano que abasteça a região. A base teórica em que se apoiou para
desenvolver seu projeto é descrita da seguinte forma:
Ontologia: realidade “virtual” moldada por valores sociais, econômicos,
étnicos, políticos, culturais e de gênero.
Epistemologia: resultados mediados por valor – o pesquisador é um
“intelectual transformador” que muda o mundo social no qual os
participantes vivem.
Metodologia: pesquisa-ação e observação do participante.
Assinale a alternativa que corretamente indica a base teórica na qual o
pesquisador se apoiou:
a. Pós-positivismo.
b. Teoria crítica.
c. Positivismo.
d. Construtivismo.
e. Realismo.
Seção 3

Normas e padronização científica


Diálogo aberto
Caro aluno!
Muitos projetos que modificaram o mundo em que vivemos hoje
vieram por meio da ciência. Esses trabalhos têm sidos desenvolvidos há
muitos séculos e, com o passar dos anos, criaram-se uma padronização e
uma linguagem própria, para que todos pudessem entender o que estava
sendo apresentado pelos cientistas. Imagine que havia empresas ou pessoas
que financiavam tais projetos e queriam um relatório para verificação do

121
investimento. E isso ocorre até os dias atuais. Portanto, esta seção aborda
as normas e a padronização científica dos trabalhos acadêmicos.
Inicialmente, discorreremos sobre qual é o padrão dos trabalhos
científicos e por que há a necessidade desta padronização. Em seguida,
apresentaremos as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas,
pois são elas que regem a escrita, o formato e a apresentação dos projetos
nesta área.
Baseando-se na norma técnica brasileira, veremos o modelo de um
artigo científico e quais são os elementos fundamentais para sua
apresentação. Em seguida, mostraremos a diferença entre o artigo
científico e o TCC ou monografia, assim como os conteúdos e a relevância
da dissertação do trabalho final na graduação ou pós-graduação.
Em seu desafio profissional, relembraremos que você é o professor
responsável pela área de pesquisa de uma universidade e apresenta
palestras e oferece cursos sobre a área de pesquisa.
Em inúmeros trabalhos que você recebe, observa que os alunos têm
dificuldades de iniciar um artigo acadêmico, principalmente, em relação a
qual assunto escolher em meio a um estudo mais abrangente. Então, você
cria um curso online, para que os autores tenham acesso a esse material.
Como eles podem iniciar um artigo? Quais são os principais elementos que
devem estar contidos no resumo apresentado inicialmente? Dê um exemplo
para que os alunos identifiquem esses elementos.
Bom estudo!
Não pode faltar

Padrão dos trabalhos científicos


Os trabalhos científicos devem seguir um padrão, especificado no
Brasil pela associação que desenvolve a norma técnica vigente, a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Essa padronização é fundamental, pois ela torna os trabalhos da área
científica organizados dentro de um modelo comum, de forma a facilitar a
pesquisa. Quando o pesquisador busca um estudo, ele já sabe como é
organizada cada etapa do projeto, e torna essa investigação uma base para
embasar seu estudo eficazmente. Portanto, a ordem de apresentação dos
elementos do projeto promove o entendimento de quem precisa pesquisá-
lo.
122
Exemplificando
Um pesquisador da área de materiais quer comparar seu estudo com
outros similares. Para isso, ele precisa que o estudo seja feito utilizando
a mesma metodologia de ensaio que ele se baseou. Por meio do
sumário, deverá encontrar algum tópico referente à metodologia de
ensaio e poderá fazer essa verificação. Tanto o sumário quanto o
desenvolvimento (podendo a metodologia ser uma das seções do
desenvolvimento) são partes obrigatórias exigidas pela ABNT.

A padronização potencializa o fluxo do trabalho de pesquisa,


aumentando a produção e facilitando a busca de quem pesquisa.
Como cita a ABNT (2020, [s.p.]), em seu website:

[...] o objetivo da normalização é o estabelecimento de


soluções, por consenso das partes interessadas, para
assuntos que têm caráter repetitivo, tornando-se uma
ferramenta poderosa na autodisciplina dos agentes ativos
dos mercados, ao simplificar os assuntos, e evidenciando
ao legislador se é necessária regulamentação específica
em matérias não cobertas por normas.

Desta forma, a padronização colabora como uma ferramenta


imprescindível na organização do estudo e da produção científica, afinal,
as normas são criadas a partir de um grupo de pessoas ativas na área a que
se deseja padronizar, sofrendo atualizações constantes ao longo dos anos
para abranger o maior número de casos possíveis.

Normas da ABNT para trabalhos científicos


A norma técnica regularizada pela ABNT tem o objetivo de padronizar
o trabalho científico desenvolvido no país, de forma a equalizar tanto seus
procedimentos como a forma de apresentá-los. Assim, o pesquisador terá
um padrão a que seguir.
É importante salientar que a norma não é uma opção ao cientista, mas
uma obrigação de padrão a ser seguida, para validar o trabalho que está
sendo desenvolvido. Assim, sempre que o trabalho de pesquisa for
apresentado, ele deve ser ajustado conforme a norma para o tipo de

123
documento que se deseja fazer, tais como relatórios, pôsters, projetos de
pesquisa, artigos, periódicos, etc.
As normas técnicas brasileiras referentes ao desenvolvimento de
trabalhos científicos, em ordem númerica, são:
• NBR 10520 (ABNT, 2002a): Informação e documentação –
Citações em documentos – Apresentação
Esta norma exibe as características que as citações devem apresentar
em textos acadêmicos, tanto as citações diretas como as indiretas, e como
elas devem ser chamadas no texto. Também, mostra como devem ser feitas
as notas de rodapé e as notas explicativas.
• NBR 10719 (ABNT, 2015): Informação e documentação –
Relatório técnico e/ou científico – Apresentação
Esta norma apresenta a estrutura que um relatório técnico e/ou
científico deve ter. Há especificações sobre o formato, a paginação, como
fazer os títulos, as citações de rodapé, as siglas, as equações, etc.
• NBR 12225 (ABNT, 2004a): Informação e documentação –
Lombada – Apresentação
Esta norma estabelece as regras para apresentar as lombadas, que é a
“parte da capa que reúne as margens internas ou dobras das folhas;
também chamada de dorso” (ABNT, 2004, [s.p.]). Mostra quais itens
devem estar contidos nela e como apresentá-los.
• NBR 14724 (ABNT, 2011a): Informação e documentação –
Trabalhos acadêmicos – Apresentação
Esta norma apresenta a estrutura de trabalhos acadêmicos e as
definições de cada elemento que a compõe, além de conter especificações
de espaçamento, fontes, margens etc.
• NBR 15287 (ABNT, 2011b): Informação e documentação – Projeto
de pesquisa – Apresentação
Esta norma apresenta todas as informações que devem estar contidas
em um projeto de pesquisa, desde os tópicos que são obrigatórios até
aqueles que são opcionais e a ordem em que devem aparecer no projeto.
Apresenta, também, o formato que o texto deve ser padronizado, os
espaçamentos, a numeração das páginas, a apresentação das equações, as
ilustrações, as tabelas, etc.

124
• NBR 15437 (ABNT, 2006): Informação e documentação – Pôsteres
técnicos e científicos – Apresentação
Apresenta os tópicos obigatórios que devem estar contidos na estrutura
do pôster, assim como as dimensões para impressão e como avaliar se está
legível para as pessoas que o lerão durante a exposição.
• NBR 6021 (ABNT, 2016): Informação e documentação – Artigo
em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação
Esta norma apresenta como deve ser feita a publicação do periódico,
contendo dados de como numerá-lo, como fazer as capas e os conteúdos
pré-textuais, textuais e pós-textuais. Explica como especificar os direitos
autorais, os créditos do trabalho, etc. Após sua revisão, a norma contém
especificações da publicação em meio eletrônico.
• NBR 6022 (ABNT, 2018a): Informação e documentação – Artigo
em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação
Esta norma apresenta quais tópicos são essenciais na publicação
periódica: pré-textuais, textuais e pós-textuais, com ênfase nas regras
gerais de apresentação, contendo dados específicos que devem ser
seguidos, além de explicações de como deve ser feita a citação da
publicação periódica.
• NBR 6023 (ABNT, 2018b): Informação e documentação –
Referência – Elaboração
Esta norma orienta como devem ser apresentadas as referências em
trabalhos acadêmicos. Elaa apresenta exemplos de referência bibliográfica
para diversos modelos, tais como livros, monografias, revistas, boletins,
artigos, documentos, etc.
• NBR 6024 (ABNT, 2012a): Informação e documentação –
Numeração progressiva das seções de um documento –
Apresentação
Esta norma apresenta como deve ser feita a numeração de documentos,
como numerar as seções, tais como seções primárias, secundárias, e assim
por diante. Também, contém como a chamada das numerações deve ser
indicada no texto.
• NBR 6025 (ABNT, 2002b): Informação e documentação – Revisão
de originais e provas

125
Esta norma apresenta sinais e símbolos para a revisão de trabalhos
acadêmicos feita no papel, com caneta, lápis ou semelhante, pois apresenta
sinais que não estão disponíveis em revisores de texto disponíveis
tecnologicamente.
• NBR 6027 (ABNT, 2012b): Informação e documentação – Sumário
– Apresentação
Esta norma contém as especificações para apresentação do sumário. Ela
mostra, por exemplo, como deve ser a ordem dos elementos do sumário,
fonte, números de página e quais itens devem estar e não estar contidos
nele.
• NBR 6028 (ABNT, 2003): Informação e documentação – Resumo –
Apresentação
Esta norma indica como deve ser feita a escrita e apresentação de
resumos. Exemplifica quais os tipos de resumos existentes, como compor
seu texto, contendo, por exemplo, a extensão do texto em relação ao
número de palavras, em qual pessoa se deve fazer o texto, qual a ordem de
apresentação, etc.
• NBR 6034 (ABNT, 2004b): Informação e documentação – Índice –
Apresentação
Esta norma apresenta como devem ser elaborados os índices de
trabalhos acadêmicos. Ela contém as regras gerais sobre as possíveis
dúvidas que o pesquisador pode ter ao fazer o índice, por exemplo, quais
são os recuos dos subcabeçalhos, como fazer os cabeçalhos compostos,
etc.

Artigo científico
O artigo científico tem a finalidade de apresentar os resultados de um
estudo no meio acadêmico.
Muitos trabalhos levam anos para serem concluídos e podem ser
formados por diversas etapas. Assim, o pesquisador pode publicar as
diversas descobertas científicas de seu trabalho por meio de artigos,
mostrando os pontos de destaque do seu estudo.
A NBR 6022 (ABNT, 2018a, p. 2) explica o que é um artigo: “parte de
uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias,
métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do
conhecimento”.
126
O artigo pode ser de revisão, isto é, ele se baseia em projetos já
divulgados e faz uma análise do que foi publicado, podendo apenas
resumir este trabalho ou discutir os resultados apresentados. Ele também
pode ser original, isto é, apresentar um projeto formado e desenvolvido
pelo autor e seus colaboradores, não encontrando nenhum projeto parecido
com este no meio acadêmico.

Assimile
Como deve ser escrito um artigo científico?

Ele deve ser escrito utilizando a linguagem impessoal, sem linguagem


coloquial, tais como gírias e abreviações. Lembrando-se de que, no
meio acadêmico, essa é a linguagem especificada para divulgação dos
estudos realizados.

As regras gerais de apresentação incluem o que é obrigatório estar


contido no trabalho e a ordem em que tais itens devem aparecer. A Figura
3.3 apresenta um exemplo da primeira página do artigo de uma revista de
publicações de trabalhos científicos, com ênfase nos tópicos que devem
estar presentes, explicando cada um deles.

127
128
Figura 3.3 | Exemplo dos elementos de um artigo científico
Dados da revista:
Volume, fascículo, data,
página do artigo e ISSN

conclusão.
Nome da revista.

-
-

Título e subtítulo:
O título e o subtítulo (quando houver)
devem estar na página de abertura do
Autores:
artigo, com tipos de letras diferentes
Nome dos autores
ou separados por dois-pontos (:),
e contato.
na língua do texto.

Resumo na língua do texto:


Palavras-chave: Constitui-se de uma sequência
Localizam-se abaixo do resumo, de frases concisas e objetivas,
separadas entre si por ponto e e não de uma simples
finalizadas também por ponto. enumeração de tópicos – não
ultrapassa 250 palavras.

Currículo:
O currículo, bem como os
endereços postal e eletrônico,
deve aparecer em rodapé
indicado por asterisco na
página de abertura.

Na introdução, o autor deve colocar o objetivo do seu trabalho, bem

condensada e coerente, pois, quando o artigo é enviado a revistas ou


como delimitar o tema que está sendo discutido, de forma breve,
formado por uma introdução, o desenvolvimento do trabalho e a
Após a página inicial, o texto do artigo é apresentado. Ele deve ser
Fonte: adaptado de Moreno Júnior e Vedoato (2011, p. 784).
congressos, há um espaço limitado de palavras e páginas em que o trabalho
deve ser apresentado.
Da mesma forma, o desenvolvimento. Ele deve conter, de forma
sucinta e clara, todos as explicações que fundamentam o trabalho, e
apresentar os valores obtidos quando houver levantamentos de dados. No
caso de trabalhos experimentais, por exemplo, deve mostrar os métodos
abordados e os valores obtidos após os ensaios.
A conclusão já é o fechamento do artigo. Caso o autor utilize um
método específico, deve concluir se ele foi ou não eficiente para o caso
estudado. Pode-se também indicar quais estudos são importantes para se
dar continuidade futura, para que outro cientista possa desenvolvê-lo, pois,
por meio do experimento, o autor consegue avaliar quais variáveis que ele
não testou ainda precisam ser estudadas mais a fundo.
Deve-se destacar também que os artigos científicos são usados para
quantificar a produção científica de uma instituição, pois, por meio do
número de publicações, pode se classificar o quanto aquele autor e o lugar
em que trabalha estão colaborando com o meio acadêmico e científico,
além de disponibilizar para todos as novas descobertas.
Na pesquisa desenvolvida por Treinta et al. (2011), os autores citam
que há quatro eixos temáticos que avaliam o quanto o artigo é relevante ao
meio acadêmico, baseado: no artigo, nos autores, no jornal e no tema,
conforme especificado no Quadro 3.5:
Quadro 3.5 | Avaliação da relevância de um artigo científico
Eixo Objetivo
temático
Artigo Analisar a relevância e a qualidade do artigo propriamente dito e identi-
ficar o quanto o artigo é referenciado na comunidade acadêmica, ou seja,
perceber se ele é tido como referência para embasamento de outros autores
e publicações.
Autores Identificar a relevância dos autores do artigo, ou seja, avaliar o quanto a
publicação de determinado autor é representativa e o quanto são referência
no ambiente acadêmico.
Jornal Identificar a relevância e excelência do jornal em que o artigo foi
publicado.
Tema Identificar a relevância do artigo para cada pesquisa especificamente. Para
isso, avalia-se através dos resumos e palavras-chave dos artigos, o quanto
que estão alinhados aos objetivos e tema desta pesquisa acadêmica em
questão.
Fonte: adaptado de Treinta et al. (2011, p. 4).

129
Assimile
Um artigo relevante é aquele em que o estudo traz uma inovação para
o meio científico, sendo usado como referência para estudos futuros.
Também, destacam-se autores que dedicaram parte do seu tempo de
estudo para determinado tema, pois são conhecedores profundos do
objeto a que se empenharam a conhecer.

Além disso, há jornais ou revistas que têm uma significância maior


para publicação, pois, para alcançar classificações altas, eles devem buscar
artigos relevantes e de destaque para que seu conceito suba.
O fator de impacto (FI) é uma classificação mundial das revistas, e é
medido por:

As citações são avaliadas durante dois anos antes da publicação na base


Journal Citation Reports (JCR), a qual, após esse período, divulga o
resultado.

TCC ou monografia
O TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) ou monografia se diferem do
artigo científico pela extensão e complexidade em que são apresentados os
estudos desenvolvidos na pesquisa. Geralmente, são utilizados para
conclusão do curso de graduação ou pós-graduação.
Segundo consta na NBR 6023 (ABNT, 2018b), monografia é um item
não seriado, isto é, item completo, constituído de uma só parte, ou que se
pretende completar em um número preestabelecido de partes separadas.
A importância de se desenvolver um estudo desta complexidade é a
profundidade de conhecimento que o autor pode adquirir por meio da
busca sobre um assunto específico. Isso servirá, inclusive, para sua vida
profissional, pois, em inúmeros momentos de sua carreira, ele deverá
estudar e desenvolver projetos sobre assuntos que não tenha domínio, e a
pesquisa é fundamental para que se obtenha êxito.
Quanto à profundidade da pesquisa e sua apresentação, no TCC ou na
monografia, ela será apresentada de forma mais detalhada, desenvolvida
em capítulos, seções ou até subseções. Além disso, no artigo científico,
não há espaço para discorrer sobre a complexidade que muitos estudos
podem ter, abrangendo inúmeros tópicos e analisando suas variáveis mais
130
a fundo. Para o artigo, escolhe-se uma parte dentro do todo da monografia
ou a resume de forma sucinta.
Assim, a monografia é a dissertação de um assunto de forma ampla,
geralmente escrita por uma única pessoa. Apresenta-se uma hipótese
inicial, em que se deseja provar um assunto que se quer estudar a fundo, e
o trabalho gira em torno desse objeto de estudo.
É importante se atentar a não fugir do objeto de estudo que se está
analisando. Em cada etapa do projeto, deve-se perguntar: esse tópico é
relevante ao que quero apresentar sobre o objeto de estudo?

Reflita
O TCC, ou a monografia, é um projeto de longa duração e requer um
empenho do pesquisador para que todo assunto referente ao tema
estudado seja avaliado. Isso faz com que o aluno conheça
profundamente o assunto abordado e possa conversar com os
profissionais da área com domínio do tema. E você? Qual assunto
relacionado ao seu curso você gostaria de se aprofundar?

A importância desse tipo de projeto na vida acadêmica é incalculável.


Apesar de requerer muito tempo e dedicação do aluno para
desenvolvimento desse projeto complexo, ele também traz uma maturidade
profissional ao estudante, pois depende somente dele para fazer o
levantamento bibliográfico; escolher os autores que são importantes para
dar um embasamento ao estudo; planejar a construção lógica do trabalho;
apresentar o texto de forma agradável, com boa escrita e coerência aos que
lerão depois; estudar os métodos para se cumprir o objetivo proposto e
utilizá-los corretamente; e obter resultados coerentes. Além disso, esse tipo
de projeto coloca o aluno em contato com a vida profissional, pois pode ser
a oportunidade de ele entrar em contato com empresas que se deseja
trabalhar e conhecer mais a fundo a profissão.

Exemplificando
O aluno que se dedica e aproveita a oportunidade para se aprofundar
no conhecimento escolhido no TCC terá mais chances de se destacar
em uma entrevista de emprego na área.

Logo, a pesquisa é fundamental a todas as áreas de estudo, pois ensina


ao desenvolvedor do projeto a se organizar, sintetizar ideias, avaliar outros
131
estudos, fazer resumos, além de melhorar a escrita, pois ela é a forma de
comunicação mais segura utilizada, pois é um modo de registro para o
profissional.

Sem medo de errar

Para início do artigo, o aluno deve definir:


1. O tema que quer abordar: escolher o tema dentro do trabalho de
pesquisa desenvolvido, que tenha um resultado relevante.
Exemplo: O crescimento da Engenharia de Produção no Brasil.
2. Qual é o problema que encontro nesta área que desejo elucidar? (O
autor deve apresentar uma solução para um problema existente).
Exemplo: Onde estão localizados os principais centros de formação de
engenheiros de produção e o porquê destas localizações?
Após esta definição inicial (tema e problema), deve-se buscar as
principais bibliografias, as quais serão a base teórica do trabalho. Os
autores escolhidos precisam ampliar o conhecimento do aluno sobre o
tema ou até mesmo ter visões divergentes, cabendo a este escolher uma
para seguir ou até mesmo rebater.
Uma dica importante é montar um croqui do trabalho, definindo os
tópicos a serem desenvolvidos. Especialmente em artigos enviados a
revistas, o número de páginas é limitado, por isso, o trabalho deve conter o
que é essencial para se explicar o tema e verificar o problema.
Os principais elementos no resumo de um artigo são exemplificados na
figura a seguir, de um artigo enviado à Revista de Gestão Industrial:
Figura 3.4 | Exemplo de um resumo de artigo para revista científica

132
Fonte: Faé e Ribeiro (2005, p. 24).

Os resumos devem ser apresentados em um único parágrafo. Neste


exemplo, conta com uma introdução sobre o assunto tratado: “A
Engenharia de Produção tem demonstrado um crescimento notório nos
últimos anos no Brasil” (FAÉ; RIBEIRO, 2005, p. 24). Os autores estão
tentando justificar que o aumento dos cursos de graduação são
consequência dessa necessidade do mercado.
A seguir, eles explicam o objetivo do trabalho: “Este artigo apresenta
um estudo quantitativo da evolução e localização dos cursos de graduação
em Engenharia de Produção no país” (FAÉ; RIBEIRO, 2005, p. 24).
Em seguida, esclarecem como os dados foram adquiridos e quais
características foram levadas em conta neste estudo: “Foram levados em
conta aspectos da evolução do número de vagas e instituições de ensino
que oferecem o curso, bem como a relação da oferta de vagas com fatores
econômicos e sociais das regiões onde estes cursos estão instalados” (FAÉ;
RIBEIRO, 2005, p. 24).

133
Ao final, fazem uma breve conclusão: “Os resultados deste estudo
revelam que a oferta de cursos nas regiões Centro-Oeste e Nordeste é
relativamente pequena, tendo em vista, respectivamente, o PIB e a
população dessas regiões” (FAÉ; RIBEIRO, 2005, p. 24).
Como esse exemplo, podemos ver que o resumo deve ser bem
elaborado, coeso e coerente, pois ele é a apresentação inicial do trabalho.
Por meio dele, outros pesquisadores avaliam se é interessante ou não
investir tempo lendo o projeto. Portanto, ser claro nas palavras e apresentar
o projeto que demorou certo tempo para ser elaborado de forma atrativa
são requisitos para ser bem-sucedido na área.
Assim, com este material disponível online, os alunos poderão iniciar
seus artigos acadêmicos e terem êxito em sua entrega aos professores!

Faça valer a pena

1. Com relação aos dois tipos de artigos científicos, analise o excerto a


seguir, completando suas lacunas.
O artigo pode ser de revisão, isto é, ele se baseia em ____________ e faz
uma análise do que foi publicado, podendo apenas ____________ este
trabalho ou ____________ os resultados apresentados. Ele também pode
ser original, isto é, apresentar um projeto formado e desenvolvido
____________, não encontrando nenhum projeto parecido com este no
meio acadêmico. Assinale a alternativa com a sequência de termos e
expressões que completam corretamente as lacunas:
a. projetos já divulgados; resumir; discutir; pelo autor e seus
colaboradores.
b. projetos já divulgados; ler; concordar com; por outros autores.
c. projetos inéditos; copiar; discutir; pelo autor e seus colaboradores.
d. projetos já divulgados; resumir; discutir; por outros autores.
e. projetos inéditos; copiar; refutar; pelo autor e seus colaboradores.

2. A padronização significa estabelecer um padrão, uniformizar,


seguir um modelo predefinido. Isso facilita e organiza o projeto que se
quer publicar. Considerando as informações apresentadas, analise as
afirmativas a seguir:
134
I. Torna fáceis de se entender os trabalhos da área científica
organizados dentro de um modelo comum, de forma a facilitar a
pesquisa. Quando o pesquisador busca um estudo, ele já sabe como
é organizada cada etapa do projeto, e torna essa investigação uma
base para embasar seu estudo mais eficazmente.
II. A ordem de apresentação dos elementos do projeto facilita o
entendimento de quem precisa pesquisá-lo.
III. Potencializa o fluxo do trabalho de pesquisa, diminuindo a
produção e facilitando a busca de quem pesquisa.
É correto o que se afirma apenas em:
a. I.
b. II.
c. III.
d. I e II.
e. I e III.

3. A monografia é um projeto importante para o aluno, pois o faz se


aprofundar em temas que não foram tratados com tal detalhamento no
curso, trazendo informações relevantes para o futuro profissional, além de
desenvolver a escrita, uma das principais habilidades para a comunicação.
Analise os elementos que fazem parte de uma monografia, contidos na
Coluna A, e os itens que os formam, apresentados na Coluna B:
COLUNA A COLUNA B
1. Textuais a. Conclusão
2. Pós-textuais b. Capa e lombada
3. Pré-textuais c. Referências
d. Introdução

e. Desenvolvimento

f. Resumo em língua vernácula e resumo em língua estrangeira

Assinale a alternativa que apresenta a associação correta entre os


elementos das duas colunas:
a. 1: a, d, e; 2: c; 3: b, f.
b. 1: d, e, f; 2: a, c; 3: b.
135
c. 1: c; 2: a, d, e; 3: b, f.
d. 1: a, d, e; 2: b, f; 3: c.
e. 1: b, e; 2: d, c; 3: a, f.

136
Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Entenda o que é? (2). Disponível: http://abnt.
org.br/cb-18/12-normalizacao/1507-entenda-o-que-e-2. Acesso em: 13 jan. 2020.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10520: Informação e documentação –


Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002a.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10719: Informação e documentação –


Relatório técnico e/ou científico – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12225: Informação e documentação –


Lombada – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004a.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e documentação –


Trabalhos acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2011a.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15287: Informação e documentação –


Projeto de pesquisa – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2011b.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15437: Informação e documentação –


Pôsteres técnicos e científicos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6021: Informação e documentação – Artigo
em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6022: Informação e documentação –


Artigo em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT,
2018a.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023: Informação e documentação –


Referência – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2018b.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6024: Informação e documentação –


Numeração progressiva das seções de um documento – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2012a.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6025: Informação e documentação –


Revisão de originais e provas. Rio de Janeiro: ABNT, 2002b.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6027: Informação e documentação –


Sumário – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2012b.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6028: Informação e documentação –


Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6034: Informação e documentação – Índice
– Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004b.
AQUINO, Í. de S. Como escrever artigos científicos: sem arrodeio e sem medo da ABNT. 9. ed.
São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788502161009/cfi/0. Acesso em: 16 jan. 2020.

BIRRIEL, E. J.; ARRUDA, A. C. S. TCC para Ciências Exatas: Trabalho de Conclusão de Curso
com exemplos práticos. Rio de Janeiro: LTC, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblio-
teca.com.br/#/books/9788521632917/cfi/6/2[;vnd.vst.idref=cover]!. Acesso em: 16 jan. 2020.

FAÉ, C. S.; RIBEIRO, J. L. D. Um retrato da engenharia de produção no Brasil. Revista Gestão


Industrial, v. 1, n. 3, p. 24-33, 2005.

FARIAS FILHO, M. C.; ARRUDA FILHO, E. J. M. Planejamento da Pesquisa Científica. São


Paulo: Atlas, 2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788522495351/cfi/0!/4/[email protected]:13.5. Acesso em: 17 dez. 2019.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Centro de Educação. Universidade Estadual


do Ceará – UECE. Ceará, 2002. Disponível em: http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/ conteudo-
2012-1/1SF/Sandra/apostilaMetodologia.pdf. Acesso em: 30 nov. 2019.

KRIPKA, R. M. L.; SCHELLER, M.; BONOTTO, D. L. Pesquisa documental: considerações sobre


conceitos e características na Pesquisa Qualitativa. CONGRESSO IBERO-AMERICANO EM
INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA E SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO E
COMUNICAÇÃO, 4 e 6, 2015, Aracaju, SE. Anais [...], Aracaju: CIAIQ, 2015.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.

MANOEL, B. C. L.; SILVA, R.; OLIVEIRA, R. C. Ciência, conhecimento e paradigma: uma


reflexão sobre a produção científica na atualidade. Almanaque multidisciplinar de pesquisa, Rio
de Janeiro, v. 1, n. 1, ano 4, 2007.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo:


Editora Atlas, 2003.

MARTINO, L. M. S. Métodos de pesquisa em comunicação: projetos, ideias, práticas. Petrópolis,


RJ: Ed. Vozes, 2018.

MORENO JÚNIOR, A. L.; VEDOATO, A. P. The shear strength of steel fiber-reinforced concrete
beams. Revista IBRACON de Estruturas e Materiais, v. 4, n. 5, p.784-791, dez. 2011. Disponível
em: http://www.revistas.ibracon.org.br/index.php/riem/article/viewFile/204/233. Acesso em: 24 jan.
2020.

PESQUISA. In: Dicionário Aurélio da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.

REIS, A. S.; FROTA, M. G. C. Guia básico para a elaboração do projeto de pesquisa.


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). [s.d.]. Disponível em: https://www.ufmg.br/
proex/cpinfo/educacao/docs/06a.pdf. Acesso em: 30 nov. 2019.
SILVA, M. F.; SILVA, J. P.; RAMOS, C. S. A pesquisa na formação acadêmica: aprender a
pesquisar fazendo pesquisa. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 3., 2016, Natal.
Anais [...]. Natal, RN: CONEDU, 2016.

SOBH, R.; PERRY, C. Research design and data analysis in realism research. European Journal of
Marketing, [S.l.], v. 40, n. 11/12, nov. 2006. Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/228953893_Research_design_and_data_analysis_in_realism_research. Acesso em: 8
dez. 2019.

TREINTA, F. et al. Utilização de Métodos Multicritério para a Seleção e Priorização de Artigos


Científicos. In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 18., 2011, Bauru. Anais [...].
Bauru, SP: SIMPEP, 2011.
Unidade 4

Daniel Luís Terzariol Torres

Comunicação e expressão na engenharia


Convite ao estudo
Caro aluno, você já deve ter lido mais de uma vez um texto, um jornal
ou um artigo que não lhe tenha parecido muito claro, causando-lhe dúvida
sobre o real significado da mensagem. Talvez você considere a língua
portuguesa muito complexa. Agora que você está cursando engenharia,
talvez acredite que não seja mais necessário dar importância à linguagem e
que não será mais necessário se preocupar tanto assim com textos e sua
forma de expressão, correto? Porém, na prática não é bem assim, pois sem
o uso correto dessa ferramenta, seus trabalhos e pesquisas poderão atingir
parcialmente seus objetivos, ou mesmo não atingi-los.
Além da linguagem escrita, outras formas de linguagem serão
abordadas na primeira seção, bem como os elementos e os tipos de
comunicação envolvidos nesse processo. No último tópico da primeira
seção, trabalharemos esses conceitos aplicados na engenharia,
evidenciando a importância de um profissional que conheça o tema. Nas
demais seções desta unidade, você aprenderá os tipos de documentos
relacionados à Engenharia, bem como a linguagem a ser utilizada e as
formas de comunicação oral, seus elementos e as técnicas. Por último,
aprenderá como produzir apresentações em slides.
Acredite, saber utilizar corretamente esses conceitos poderá ser um
diferencial no mercado e para o seu crescimento profissional.
Seção 1

Linguagem e expressão
Diálogo aberto
Você, como estudante, já deve ter se deparado com situações que
exigiram certo esforço para a resolução de um problema de forma
específica, por meio de conhecimentos teóricos associados a uma
comunicação escrita clara e objetiva. Na sua vida profissional não será
diferente, e você deve estar preparado para utilizar ferramentas de
comunicação. Imagine a seguinte situação: o escritório de consultoria em
que você trabalha foi contratado para avaliar a implantação de um
empreendimento em um terreno em zona urbana. Parte da avaliação
consiste na conferência da legislação ambiental vigente. Durante o
processo de investigação, foi observada a presença de um lago em uma das
divisas do terreno. Avaliando o código florestal, observou-se que existe
faixa de proteção permanente, denominada APP, interferindo no projeto.
Para que não haja diminuição do número de unidades a serem construídas
no empreendimento, a empresa contratante já sinalizou que não poderá
alterar o projeto.
Seu chefe solicitou uma reunião para entender sua análise e para avaliar
o conteúdo. Diante do dilema criado pelo empreendedor, você deverá se
posicionar. O problema, em si, pode ser considerado complexo, pois
envolve questões éticas e legais que determinam a sua conduta. Avalie
quais os riscos de se posicionar favoravelmente ao empreendedor,
lembrando que apesar das intenções da empresa em não alterar o projeto,
existe interferência entre a implantação e a APP.
Apresente sua opinião sobre a conduta a ser adotada,
independentemente da condição imposta pela empresa contratante. Utilize
elementos de linguagem e conceitos de comunicação prática da engenharia
na sua argumentação.
O domínio da boa comunicação irá lhe proporcionar maior destaque
profissional, já que a boa oratória e escrita poupam tempo e recursos das
corporações. O profissional que domina a comunicação alcança mais
facilmente posições de destaque, portanto, esteja atento ao conteúdo desta
seção.
Não pode faltar

Linguagens e expressão. Tipos de linguagens e expressão


Define-se linguagem como a ferramenta criada pelo homem para que
seja estabelecida a comunicação e o entendimento de uma determinada
mensagem. A forma de linguagem pode variar em função de regiões ou de
países, sendo estabelecida em função de raízes culturais ou pela sua
história. A linguagem é estabelecida por meio de mecanismos
142
denominados signos, cuja definição, segundo o dicionário on-line de
português, corresponde à ligação associativa entre o significado e
significante, podendo o significante ser representado por palavras, sons,
imagens, gestos ou tudo que possa transmitir algum significado. Os tipos
de signos são: não verbais, mistos e verbais.
Os signos não verbais são aqueles expressos por meio de sons,
imagens, gestos ou toda representação que transmita alguma informação
que não seja por meio de palavras. São exemplos de signos não verbais:
placas de trânsito, conforme Figura 4.1 (representação de um significado
por meio de um significante: desenho contido na placa indicando uma
condição a ser respeitada); gestos pessoais, imagem cuja representação
expressa determinado significado, uma situação ou um sentimento (Figura
4.2).
Figura 4.1 | Placa R-25a – Vire à esquerda

Fonte: Shutterstock.

Figura 4.2 | Sentimento de dor ou incômodo na cabeça

143
Fonte: Shutterstock.

Já os signos em que as imagens estão associadas a palavras recebem a


denominação de signos mistos. São exemplos de signos mistos: campanhas
publicitárias (Figuras 4.3 e 4.4), sinalizações que contenham alguma
associação de imagens e palavras, entre outros.
Figura 4.3 | Propaganda do Ministério da Saúde com mensagem de esclarecimento a
respeito do câncer

Fonte: Brasil ([s.d.], [s.p.]).

Figura 4.4 | Placa educativa com caráter informativo relativa a pedestres

PEDESTRE
AGUARDE O SINAL VERDE

Fonte: Detran Sergipe.


144
Os signos verbais são aqueles em que a mensagem é transmitida
utilizando-se recursos linguísticos, ou seja, por meio de palavras ou frases,
tanto na forma escrita como na forma oral.
É importante salientar que o significado dos signos depende da situação
e de quem os utiliza, pois seu significado pode ser distinto entre culturas e
sociedades, variando, até mesmo, ao longo do tempo.

Exemplificando
Entre os elementos de comunicação, são considerados signos orais uma
conversa informal, uma aula expositiva, uma reunião, uma transmissão
de rádio, entre outros.

Principais elementos, tipos e meios de comunicação


Para que seja estabelecida a comunicação, além da linguagem, outros
elementos são essenciais nesse processo. Esses elementos são:
• Emissor: é a parte responsável pela transmissão da mensagem.
• Receptor: é quem recebe a mensagem.
• Mensagem: é o conteúdo que o emissor tem por objetivo transmitir
ao receptor.
• Canal: é o meio de transmissão da mensagem, podendo ser sonoro,
visual, tátil, gustativo ou olfativo.
• Código: é a codificação da mensagem, caracterizada por um
conjunto de signos que deverão ser interpretados pelo receptor
(decodificação da mensagem).
• Referente: refere-se ao contexto e à situação de uma determinada
mensagem. Esse contexto está profundamente relacionado à
temporalidade, à regionalidade e a suas particularidades.
Eventualmente, pode ocorrer o fenômeno denominado ruído da
comunicação, que consiste em falha na codificação por parte do emissor ou
por problemas no canal, comprometendo o entendimento pelo receptor.
Como exemplo, podemos citar: falha no código utilizado pelo emissor, não
reconhecimento do código pelo receptor, ruído no local, entre outros.
Os tipos de comunicação são divididos em dois grupos, sendo do tipo
verbal e não verbal. Os verbais caracterizam-se pelo uso da palavra, seja
145
por linguagem oral ou escrita. Os não verbais caracterizam-se pelo uso de
gestos, sinais, entre outras expressões corporais.
Define-se como meio de comunicação o canal por onde a mensagem
percorre, podendo ser do tipo individual ou em massa. Dentre os meios de
comunicação em massa, destacam-se o rádio, a TV, a internet, os jornais e
o cinema.

Processo de comunicação
O termo comunicação advém do latim, que significa “ação de
participar”, ou seja, a comunicação é um processo de interação entre o
emissor e o receptor de uma mensagem que ocorre por meio dos
elementos: canal, código e referente. Trata-se de um processo dinâmico,
com propósito específico, cujo diagrama é apresentado na Figura 4.5. Figura
4.5 | Processo de comunicação

Referente

Canal de comunicação
Emissor Receptor
Mensagem

Código

Fonte: adaptada de Simões (2007, p. 9).

O ato da comunicação é importante uma vez que, a partir dele, dão-se


as trocas de experiências, informações e conhecimento entre indivíduos da
sociedade, bem como pode ocorrer a criação, o desenvolvimento, a
manutenção e a alteração das relações socioculturais ao longo dos anos.

Reflita
Você, como aluno(a), já deve ter enfrentado alguma situação na sua
vida acadêmica na qual houve a necessidade de realizar a apresentação
de algum trabalho, correto? Na vida profissional também é assim, seja
para ser compreendido dentro da corporação em que você trabalha ou
até mesmo para captar clientes, caso sua função seja comercial.
Lembre-se, seu sucesso começa pela sua boa e adequada comunicação,

146
mas como desenvolver a habilidade de comunicar-se com clareza,
objetividade e segurança?

Importância da comunicação na prática da engenharia


O objetivo da comunicação na engenharia é a transmissão clara e
direta, em forma de mensagem, das atividades desenvolvidas nos trabalhos
técnicos em ou quaisquer outras atividades atribuídas a essa categoria
profissional. A relação ocorre entre profissionais, em todos os níveis
hierárquicos, ou entre profissionais e clientes. Segundo Schmid (2006, p.
12),

Há muito em comum entre Engenharia e Comunicação.


Ambas as disciplinas procuram aplicar o conhecimento
para transformar os elementos por elas abordados em
soluções que possibilitem melhorias na vida em sociedade.
A comunicação é indispensável à existência da engenharia,
e a realidade atual do desenvolvimento tecnológico faz
com que, a cada dia, a engenharia seja também mais
indispensável à comunicação.

Comunicação é uma das atividades essenciais ao homem.


Possibilita a vida social de forma organizada e praticável,
inteirando pessoas, culturas e raças. É imprescindível ao
desenvolvimento de tecnologias diversas, devido ao seu
poder de divulgar informações.

Bueno e Bilesky (2014, p. 1), por sua vez, cita outro aspecto importante
referente à comunicação relacionada ao engenheiro:

Na engenharia a comunicação se torna um ponto essencial


entre os profissionais envolvidos, o bom profissional
precisa saber expressar seu pensamento e raciocínio em
relação ao seu trabalho, ter simplesmente uma brilhante
ideia é sem valor quando não se consegue transmitir o que
se tem em mente (BAZZO, 2002 apud FERREIRA JUNIOR et
al., 2011, p.11), pois todos precisam compreender a
informação que está sendo transmitida.

147
Tratando-se da eficiência, toda mensagem deve ser idealizada e
transmitida de forma que ruídos não prejudiquem esse processo, assim
como o canal de comunicação utilizado deve ser organizado de forma
eficiente, minimizando custo e tempo quando necessário. As atividades
relacionadas à engenharia acabam por produzir em demasia documentos de
ordem escrita, que devem ser arquivados de maneira a possibilitar o
resgate das informações dentro desse critério. Na falta de eficiência na
busca desses documentos, poderá haver, eventualmente, prejuízo à imagem
do profissional ou da instituição perante a clientes ou a requerentes.
A eficácia da comunicação está relacionada também à qualidade dos
códigos utilizados, que costumam possuir diferentes características,
podendo ser de tipos visuais, falados, escritos, na forma coloquial ou
técnica, elaborados em função da situação e público-alvo. Segundo
Ferreira Jr. et al. (2011, p. 6), “após alguns anos de trabalho no
desenvolvimento de comunicação voltada à engenharia, é comum constatar
a existência de um vazio entre a prática da comunicação visual e a
realidade da comunicação técnica”, extremamente necessário no meio
corporativo. No meio acadêmico, essa carência na comunicação foi motivo
de estudo por Schmid (2006), sendo sua tese de mestrado, elaborada na
Universidade de São Paulo, de grande valia para que as instituições de
ensino pudessem enxergar a necessidade de inclusão, na grade curricular,
de disciplinas relacionadas à comunicação com o intuito de aprimorar e
melhor capacitar os futuros profissionais das áreas de engenharia, em
especial no que diz respeito à consulta e produção de materiais técnicos
com maior confiabilidade, por meio da utilização de estudos que
possua(m) referência(s) de trabalho na área de pesquisa a partir de uma
variedade de autores, o que melhora o nível de informação, já que podem
haver diferentes abordagens, em diferentes níveis, sobre um mesmo
assunto, além de preparar os futuros profissionais para que possam utilizar
técnicas de comunicação adequadas, de forma que a mensagem seja
decodificada corretamente pelo receptor. Para Schmid (2006, p. 55), é
importante também o profissional “entender o contexto político, cultural,
social, mercadológico, etc., onde a informação será inserida. Receptores
são influenciados por fatores externos.” Deve-se optar pela simplicidade,
objetividade e clareza na produção de materiais, facilitando a
decodificação da mensagem, não sobrecarregando o receptor (leitor) com
excesso de informações, mas oferecendo a ele apenas o necessário.
Atualmente, existem muitos engenheiros assumindo cargos
administrativos, de gestão de equipes, tais como gerência ou coordenação,

148
portanto, é de grande importância o conhecimento de técnicas de
comunicação, de forma que o entendimento seja correto por parte dos
superiores e subordinados, por meio do uso da codificação mais adequada
em função da circunstância e do público alvo.
O papel do líder é o de direcionar a equipe, motivar e estar pronto para
mitigar e resolver problemas, tanto de ordem técnica quanto problemas de
ordem pessoal, sem que haja perda de foco dos objetivos e interesses da
empresa, principal meta a ser atingida pela equipe. É por meio da
comunicação que esses objetivos são alcançados, é a ferramenta que
promove o entendimento, a disseminação das informações entre os
profissionais e entre os seres humanos em geral, em especial o líder cujos
comandos são referência e direção aos subordinados nas ações e na busca
de resultados.
Carneiro (2017, p. 7) conclui que:

Portanto, o primeiro passo para quem aspira ser chefe e


um engenheiro de destaque, além de outras habilidades, é
desenvolver bem a comunicação. Profissionais com esta
habilidade são mais bem vistos pelo mercado de trabalho
e conseguem influenciar e convencer os empregados na
realização de determinado objetivo. Outra característica
valiosa é saber ouvir críticas sobre determinada ideia, e
aceitá-la.

Além de todo conhecimento profissional do engenheiro e do domínio


de ferramentas de comunicação, vale ressaltar que a escolha de técnicas
adequadas depende da circunstância e, muitas vezes, da aplicação de vários
métodos, adotando aquelas de maior eficiência, seja com subordinados,
superiores, terceiros ou público em geral, já que as características pessoais,
sociais e regionais influenciam nesse processo de escolha.

Assimile
Comunicar-se bem é fundamental para os profissionais de engenharia.
Cada vez mais o mercado de trabalho busca profissionais com essas
características, já que a utilização adequada da oratória, da escrita e de
formas de expressão visuais produzem melhores resultados nas
empresas.

149
Nesta seção foram apresentados os conceitos relacionados à linguagem,
as formas de expressão e os elementos necessários para que a comunicação
seja estabelecida corretamente. Lembre-se sempre de avaliar o contexto de
uma conversa e a quem se dirige, de forma que sua mensagem seja direta e
clara, facilitando a decodificação e o entendimento por aquele que deverá
interpretá-la. Sua ascensão e sucesso profissional ocorrerão de maneira
mais rápida utilizando-se dessas ferramentas.
Sem medo de errar

Caro(a) aluno(a), na situação profissional apresentada anteriormente, o


empreendedor manifestou o desejo de não alterar o projeto elaborado.
Qualquer empresário ou profissional teria a mesma intenção, já que muito
esforço, dinheiro e tempo geralmente são gastos na elaboração de um
projeto, que, na maioria das vezes, também possui cronograma de entrega
definido junto aos clientes. Levando em conta esses fatores, você poderia
manifestar-se favorável à implantação do empreendimento de forma que
não houvesse impacto em custos e na execução da obra, porém, estaria
agindo de forma irregular a antiética, uma vez que de posse das
informações legais conflitantes com o projeto, você não poderia se omitir,
pois estaria agindo de forma antiética e desrespeitando a lei, atitude
passível de punição, sobretudo.
Você verificou a legislação e confirmou que não existe a possibilidade
de manter o projeto da forma como está, já que o lago e o curso d’água
existentes não foram considerados no projeto. De posse dessa informação
técnica, você deverá utilizar as ferramentas de comunicação aprendidas na
seção para preparar a apresentação que fará ao seu superior. Os principais
elementos da comunicação são: emissor, que é a pessoa responsável pela
transmissão da mensagem, e o receptor, que é quem recebe a mensagem;
Mensagem: é o conteúdo que o emissor tem, por objetivo, que
transmitir ao receptor; canal: é o meio de transmissão da mensagem,
podendo ser sonoro, visual, tátil, gustativo ou olfativo; código: é a
codificação da mensagem caracterizada por um conjunto de signos que
deverá ser interpretado pelo receptor (decodificação da mensagem);
referente: refere-se ao contexto e à situação de uma determinada
mensagem. Esse contexto está profundamente relacionado à
temporalidade, à regionalidade e suas particularidades. Para a exposição de
suas ideias na apresentação, sugere-se a utilização conjunta de signos
mistos e verbais, pois o seu chefe quer entender o problema. A associação
de imagens representando o problema e as explicações verbais poderão ser
150
os códigos mais adequados para que a mensagem seja clara e direta,
facilitando o seu entendimento.
O conteúdo principal a ser abordado de forma verbal é a legislação que
delimita a faixa de APP, que deverá constar obrigatoriamente na sua
apresentação. Em uma das imagens da apresentação, poderá ser
apresentada a sobreposição do empreendimento em uma foto aérea, que,
em escala, poderá evidenciar de forma clara a invasão do empreendimento
nos limites da área de proteção permanente.
É importante que a comunicação na engenharia se dê por meio da
utilização dos elementos corretos em função da situação, que, no caso em
questão, corresponde à utilização de signos mistos (imagens utilizadas em
conjunto com textos na apresentação) e verbais na codificação da
mensagem, tornando-a mais eficaz e direta, facilitando o entendimento e
diminuindo o tempo na transmissão efetiva da mensagem. Profissionais
com esse tipo de conhecimento, somado à boa oratória, são muito
requisitados no mercado de trabalho.

Faça valer a pena

1. Os signos podem ser classificados em três tipos: signos verbais,


mistos e não verbais. A classificação depende do canal de comunicação
utilizado, podendo ser verbal, visual, escrito, gestual, tátil, entre outros. De
acordo com o conceito de signos mistos, analise as proposições a seguir:
I. Imagens que transmitem uma mensagem associada por meio de
formas gestuais.
II. Placas de trânsito, mesmo aquelas que contenham textos
associados.
III. Propagandas publicitárias que associam imagens a outros canais de
comunicação.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.

151
e. II e III, apenas.

2. O engenheiro gestor deve ser um profissional que estimula, mitiga


problemas e mantém a equipe coesa, trabalhando dentro do objetivo da
corporação.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a forma de comunicação
a ser adotada dentro do contexto de linguagem e expressão nas relações
interpessoais.
a. Comunicação sem qualquer preocupação, já que, pela formação em
engenharia, não é necessário cumprir qualquer rigor que não seja de
ordem técnica.
b. Comunicação utilizando elementos técnicos, já que se trata de um
profissional com formação em engenharia.
c. Comunicação informal dentro do ambiente corporativo, já que o
gestor deve promover o bom convívio da equipe.
d. Comunicação clara e objetiva, variando a codificação em função do
receptor da mensagem e da ocasião.
e. Comunicação estritamente formal, independentemente do receptor
da mensagem.

3. Para que seja estabelecida a comunicação, além da linguagem,


outros elementos são essenciais nesse processo.
Nesse contexto, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou (F)
Falsas.
( ) Emissor: é a parte responsável pela transmissão da mensagem.
( ) Receptor: é quem recebe a mensagem.
( ) Código: é o conteúdo que o emissor tem por objetivo transmitir ao
receptor.
( ) Mensagem: é o meio de transmissão da mensagem, podendo ser
sonoro, visual, tátil, gustativo ou olfativo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a. V – V – F – F.

152
b. V – F – V – F.
c. F – V – V – V.
d. V – F – F – F.
e. F – V – F – V.
Seção 2

Principais tipos de redação na engenharia


Diálogo aberto
Caro aluno, nessa seção abordaremos a redação de documentos na
engenharia, os quais podem ser laudos, pareceres técnicos ou relatórios
técnicos e cada um deles tem propósito e direcionamento específicos para
determinadas situações.
A utilização desses documentos se dá principalmente dentro do campo
da engenharia denominado de engenharia diagnóstica, responsável por
avaliar processos. Seu objetivo é definir a origem de um fenômeno ou
anomalia, em função de uma causa específica observada durante a
atividade de vistoria técnica. Você já deve ter ouvido o termo “perícia” e,
normalmente, qualquer atividade de vistoria é chamada (erroneamente)
assim. Você entenderá ao longo da seção como e quando utilizar esse
termo corretamente.
Imagine que o escritório de consultoria para o qual você trabalha foi
contratado para avaliar a implantação de um empreendimento em um
terreno em zona urbana. Parte da avaliação consiste na conferência da
legislação ambiental vigente. Durante o processo de investigação,
observou-se a presença de um lago em uma das divisas do terreno.
Avaliando o código florestal, concluiu-se que existe faixa de proteção
permanente, denominada APP, a partir da margem do lago e cursos d’água.
Para que não haja diminuição do número de unidades a serem construídas
no empreendimento, a empresa contratante já sinalizou que não poderá
alterar o projeto.
Você ficou responsável por elaborar o documento técnico que informa
ao cliente o resultado dessa avaliação. Esse documento deverá ser uma
exposição escrita dos fatos observados mediante pesquisa. Que tipo de
documento é esse? No caso de ser necessário orientar o contratante do

153
caminho a seguir para a implantação do empreendimento, esse mesmo
documento poderia ser utilizado?
Nesta seção, você aprenderá quais são o processo e as informações
necessárias em cada um dos documentos técnicos de engenharia
relacionados ao tema. É importante você entender esse conteúdo para que
durante a sua vida profissional você elabore os documentos corretamente
em função do contexto requerido.
Não pode faltar

Engenharia diagnóstica e engenharia legal


A engenharia diagnóstica é a área da engenharia em que se avalia, por
meio de diagnósticos, e que se produz recomendações, em função da
observação ou de análises, utilizando como base o conhecimento técnico e
científico, sempre em função de um padrão de qualidade ou desempenho
de referência. Dentro dessa área, uma série de definições e termos
específicos são utilizados de maneira a atender diferentes necessidades de
ordem técnica. Essas questões de ordem técnica podem ser avaliadas e
prescritas por meio de documentos do tipo parecer técnico ou relatório
técnico. Esses documentos estão relacionados às atividades de vistoria e
elaboração de documentos, sendo utilizados para diversos fins, seja com
objetivo de avaliar técnica ou financeiramente um projeto, uma construção,
um imóvel, bens ou outras atividades de engenharia. O documento
resultante de atividade de engenharia, com finalidade jurídica está inserido
na engenharia legal. O conteúdo desse documento deve ser objetivo, com
propósito claro, que é elucidar as questões elencadas pelo juiz ao perito. As
principais vertentes da engenharia legal são: avaliações periciais e a
engenharia diagnóstica, principalmente no que diz respeito às patologias
construtivas. O laudo técnico é a prova técnica em processos, utilizada
como referência na sentença do juiz responsável. Após a emissão do laudo
pelo perito, existe a possibilidade de emissão de parecer técnico por parte
dos assistentes técnicos, nomeados pelas partes envolvidas no processo,
que podem ser favoráveis ao laudo ou não. Os pareceres técnicos dos
assistentes são provas que fazem parte do processo e são também
utilizados na sentença. Em poucos casos, o laudo pode ser considerado
inconclusivo pelo perito, sendo necessária nova perícia, a cargo de
definição pelo juiz de direito.

154
Assimile
Com o desenvolvimento da engenharia e da aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, cada vez mais as pessoas têm buscado seus
direitos nos tribunais, o que faz com que a área da engenharia legal se
desenvolva, assim como da perícia.

Além do CREA e das Normas ABNT, existem outras entidades que


contribuem para o desenvolvimento da engenharia diagnóstica. Dentre
elas, destacam-se o IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia), fundado em 1979 em São Paulo, o Instituto Brasileiro de
Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo, entidade sem fins
lucrativos e formada por engenheiros, agrônomos e arquitetos atuantes na
área de avaliação, perícias de engenharia e ambientais e inspeções prediais.
Seu principal objetivo é padronizar, normatizar e difundir informações e
conhecimento na área de atuação da entidade.
Para que esses documentos sejam produzidos, deve-se realizar uma
vistoria com objetivo de determinação da origem de um fato específico. O
termo “vistoria”, segundo a NBR 13752 – Perícias de engenharia na
construção civil (1996), é a constatação de fatos com análise minuciosa
dos elementos constituintes, com objetivo de caracterização do tipo,
conservação, padrão, idade, vícios ou anomalias. Já o termo “perícia” é
definido como “[...] a atividade técnica realizada por profissional com
qualificação específica, para averiguar e esclarecer fatos, verificar o estado
de um bem, apurar as causas que motivaram determinado evento, avaliar
bens, seus custos, frutos ou direitos” (ABNT, 2001, p. 5).
Existe campo de trabalho tanto na área judicial quanto na extrajudicial.
No Brasil é praxe a tentativa de resolução de questões no campo
extrajudicial, no qual a avaliação técnica geralmente é necessária por meio
de parecer técnico elaborado por engenheiro especialista. Não existindo
solução amigável entre as partes, o processo avança para a esfera judicial,
sendo necessária a tramitação do processo nos tribunais de justiça, em que,
após a nomeação do perito pelo juiz, ocorrerá a elaboração do laudo
técnico e dos respectivos pareceres dos assistentes técnicos.

Laudo técnico e de avaliações


Há distinção entre os termos “técnico” e “de avaliações”. Destacam-se
aqui as definições que são utilizadas em função das Normas técnicas
ABNT, sendo relacionadas à engenharia de avaliações e à avaliação

155
pericial. É importante ressaltar que o termo “laudo” é reservado ao
trabalho do perito na engenharia legal (campo da engenharia ligado ao
direito, para esclarecer aspectos técnico-legais envolvidos em demandas
judiciais).
Segundo a NBR 14653-1 – Avaliação de bens Parte 1: Procedimentos
gerais (2001), o laudo de avaliação é o relatório elaborado por engenheiro
em conformidade com essa norma, cuja estrutura será apresentada mais
adiante. A NBR 13752 – Perícias de engenharia na construção civil
(ABNT, 1996, p. 4) define laudo como “peça na qual o perito, profissional
habilitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia,
fundamentalmente, o valor de coisas ou direitos”.
Laudos de avaliações
Os laudos de avaliações costumam ser elaborados na classificação de
bens tangíveis e intangíveis. Dentre os bens tangíveis, podemos citar:
imóveis, máquinas, equipamentos, veículos, mobiliários e utensílios,
acessórios, matérias-primas, mercadorias, infraestruturas, instalações,
recursos naturais, recursos ambientais, culturas agrícolas e patrimônio de
animais (bovinos, ovinos, suínos etc). Dentre os intangíveis,
empreendimentos industriais, rurais, imobiliários, fundos de comércio,
marcas e patentes.
Os laudos deverão seguir algumas recomendações importantes, no que
se refere à capacitação profissional adequada para a atividade requerida no
trabalho requisitado, ao sigilo do resultado do trabalho, de sua informação
técnica, financeira entre outros dados fornecidos pelo requisitante, da
preservação da propriedade intelectual, especialmente na utilização de
trabalhos alheios sem citação de fonte de referência, realizar trabalho
apenas quando não houver conflito de interesses com o requerente,
fornecer assessoria ao requisitante, dentro dos parâmetros reais e com
independência, orçar e trabalhar dentro dos honorários previamente
estabelecidos pelas associações, utilizar-se de aspectos de conhecimento
(teóricos ou práticos) para o correto entendimento de assuntos técnicos
envolvidos, desde que capacitado para a função.
As atividades envolvidas correspondem à requisição de material, na
maioria das vezes, como documentos, projetos, contrato e especificações
que possam dar indícios para o desenvolvimento do trabalho. Uma vez de
posse da documentação, o engenheiro responsável pela avaliação deve
tomar conhecimento da documentação disponibilizada. Na impossibilidade
de obter documentos relevantes, o engenheiro deverá julgar se existe a
156
possibilidade de concluir a avaliação. Não sendo possível, ele deve
justificar essa impossibilidade no laudo de forma clara, seja pela
insuficiência ou pela incoerência das informações.
A vistoria do bem deve ocorrer pelo engenheiro para conhecimento e
caracterização. Devem ser avaliadas as condições em função do segmento
do mercado, para que seja realizada posteriormente a correta coleta de
dados. Na impossibilidade de vistoria ao local, pode-se adotar a situação
de paradigma (situação hipotética como referencial para avaliação), apenas
quando houver sido autorizado pelas partes envolvidas no laudo. As
características físicas e de utilização do bem também devem ser
consideradas pois influenciam na avaliação. Tecnologias, estudos e
projetos que possam afetar o valor da avaliação também devem ser
considerados, assim como suas consequências discutidas.
A coleta de dados para a avaliação deve, na medida do possível, ser
realizada previamente, em função das características do bem avaliado, por
meio da disponibilização de dados possíveis ou por histórico e pesquisas
anteriormente realizadas, em função da documentação disponibilizada
entre outras características. Em se tratando de aspectos quantitativos,
recomenda-se que a maior quantidade de informações para situações
análogas seja consultada. No quesito qualitativo, dados que mais se
assemelham à situação estudada devem ser levados em conta. Uma análise
a respeito das fontes de informação também é necessária, sempre
verificando as informações de forma a tornar o material de maior
confiabilidade. Todos os dados coletados de fontes externas devem ser
identificados e suas principais características devem ser descritas, dando
preferência para informações atuais, contendo informações a respeito de
sua data de coleta. Quanto mais detalhadas as informações, melhor será a
qualidade dos dados que serão utilizados como critério de comparação ao
longo do laudo. Para determinação correta da avaliação do bem, é
permitido a partir do valor de mercado arredondar o valor a no máximo 1%
de diferença do valor estimado ou trabalhar com faixa de variação de preço
tolerável em relação ao valor final, desde que seja indicada a probabilidade
associada à cada faixa.
Para a correta avaliação, alguns métodos devem ser empregados, seja
para determinação de custo, quantidade e qualidade. Não menos
importantes, fatores como a natureza e disponibilidade do bem também
devem ser considerados no processo de avaliação. A escolha do método
deve ser justificada em função da NBR 14653 para procedimentos
considerados usuais. Em situações atípicas é permitida a utilização de
157
outros métodos que não o de normas, desde que justificados. Os métodos
para determinação do valor podem ser comparativos, utilizando-se
diretamente dados de mercado; involutivos, que identificam o valor do
bem por meio de modelo de estudo baseado em viabilidade técnico-
econômica, levando-se em conta as características do bem e das condições
do mercado, em função dos cenários para execução e comercialização do
produto; evolutivos, determinados por meio dos valores dos componentes,
que somados resultam no valor do bem. Tratando-se de valor de mercado,
deve-se considerar, portanto o valor de comercialização e o método da
capitalização da renda, cujo valor é baseado na renda liquida prevista em
função dos cenários viáveis. Os métodos para identificar o custo podem
ser, por comparação direta; método de quantificação de custo, por meio de
orçamentos sintéticos ou analíticos, em função das quantidades e dos
custos diretos e indiretos. Nos métodos para identificar indicadores de
viabilidade da utilização econômica de empreendimentos, são utilizadas as
análises de fluxo de caixa, das quais calcula-se o valor presente líquido
para tomada de decisão, taxas internas de retorno, tempo de retorno entre
outros indicadores financeiros.
A especificação das avaliações será estabelecida em função do prazo,
dos recursos e da disponibilidade de dados e tratamento a ser empregado.
A especificação pode ser por fundamentação, por meio do aprofundamento
da avaliação e metodologia em razão da confiabilidade, qualidade e
quantidade de dados disponíveis, ou pode ser por precisão, quando for
possível medir o grau de certeza e margem de erro admissível no processo
de avaliação, em função de condições “[...] da natureza do bem, do
objetivo da avaliação, da conjuntura de mercado, da abrangência alcançada
na coleta de dados (quantidade, qualidade e natureza), da metodologia e
dos instrumentos utilizados” (ABNT, 2001, p. 8).
Dentro do campo de avaliações, o laudo técnico poderá ser de dois
tipos: simplificado (contendo informações resumidas e necessárias para
entendimento) ou completo (contendo todas as informações necessárias
para seu entendimento). Ambos os tipos deverão conter:
a. Identificação do requisitante do trabalho, que pode ser pessoa física,
jurídica ou representante legal.
b. Objetivo da avaliação.
c. Identificação e caracterização do bem.
d. Métodos utilizados na avaliação e justificativas.

158
e. Desenvolvimento da avaliação contendo as especificações, relativas
à fundamentação, em função do grau de detalhamento da avaliação,
da metodologia empregada e informações de natureza quantitativa e
qualitativa dos dados disponíveis; e à precisão, em função do grau
de certeza e o nível de erro tolerável no momento da avaliação. A
precisão depende de natureza, objetivo da avaliação, condições do
mercado, dados (qualidade, quantidade e natureza), metodologia e
equipamentos utilizados.
f. Resultados obtidos na avaliação, sendo necessária sua datação.
g. Nome(s), assinatura(s) e qualificação dos responsáveis.
h. Local e data de realização do laudo.
Caso o laudo de avaliação seja de uso restrito, com finalidade
específica, desde que previamente acordado entre as partes, essa restrição
deverá ser informada no documento. Dessa forma, o laudo não será válido
para outros fins ou para informação a terceiros.

Laudos de técnicos
Devem obedecer ao disposto pela NBR 13752 – Perícias de engenharia
na construção civil (1996), que classifica o objeto periciado quanto à
natureza, institui nomenclatura, terminologia e convenções adequadas,
define a metodologia básica orientativa, estabelece critérios e diretrizes
para apresentação de laudos. Há exigência com relação à utilização dessa
norma em trabalhos de perícia, cujo trabalho é exclusivamente realizado
pelos profissionais legalmente habilitados nos Conselhos Regionais de
Engenharia.
A forma de apresentação dos laudos deve seguir o item 6 da NBR
13752 (ABNT, 1996):
a. Indicação da pessoa física ou jurídica que tenha contratado o
trabalho e do proprietário do bem objeto da perícia.
b. Requisitos atendidos na perícia, metodologia empregada, dados
levantados, tratamento dos elementos coletados e presentes no
laudo.
c. Relato e data da vistoria, com as informações relacionadas à
caracterização da região e do imóvel, terreno, benfeitorias,
fotografias e croqui de situação.

159
d. Diagnóstico da situação encontrada, caracterização das condições e
dos danos que devem ser classificados e quantificados, condições
de estabilidade da edificação.
e. No caso de perícias de cunho avaliatório, pesquisa de valores,
definição da metodologia, cálculos e determinação do valor final.
f. Memórias de cálculo, resultados de ensaios e outras informações
relativas à sequência utilizada no trabalho pericial.
g. Nome, assinatura, número de registro no CREA e credenciais do
perito de engenharia.

Relatório técnico
É um documento produzido a partir do levantamento de inspeção
completo da edificação. É elaborado a pedido de um requerente ou
solicitante, a quem as informações do relatório são direcionadas e de
interesse (pessoa, empresa ou organização). O documento deverá ser
elaborado utilizando imagens e informações detalhadas das condições
observadas no local, utilizando teorias, experiência profissional que
determinem a causa das condições locais. Caso o relatório tenha objetivo
de apresentar diferentes situações, inicial e final, o relatório deve conter
um conjunto de imagens que apresentam essa situação. Como
recomendação, sugere-se que seja utilizada a estrutura da NBR 13752 –
Perícias de engenharia na construção civil (1996) na produção desses
documentos.

Parecer técnico
Trata-se da opinião ou do esclarecimento do profissional baseado na
análise sobre determinado assunto no qual o profissional tenha experiência.
Segundo a NBR 13752 – Perícias de engenharia na construção civil
(ABNT, 1996, p. 4), parecer técnico é “opinião, conselho ou
esclarecimento técnico emitido por um profissional legalmente habilitado
sobre assunto de sua especialidade”. Para a NBR 14653-1 – Avaliação de
bens Parte 1: Procedimentos gerais (ABNT, 2001, p. 5), parecer técnico é
um “relatório circunstanciado ou esclarecimento técnico, emitido por um
profissional capacitado e legalmente habilitado sobre assunto de sua
especialidade”. Dessa forma, esse tipo de documento deverá ser elaborado
sempre que houver dúvida ou a necessidade de análise a respeito de um
determinado assunto técnico, do campo da engenharia e na especialidade
160
do profissional contratado, obedecendo as condições e diretrizes básicas,
conceitos e terminologias definidas pela NBR 13752 – Perícias de
engenharia na construção civil (1996). Outra situação em que é produzido
documento dessa natureza é quando existe atuação do engenheiro como
assistente técnico em processos em que for requisitada uma perícia técnica.

Outras formas de relatórios técnicos


Com o desenvolvimento da engenharia legal, outras formas de relatório
têm sido requisitadas como forma de produzir documentos técnicos que
avaliam condições de imóveis em função do uso e da manutenção bem
como patologias associadas a vícios de construção e avaliam o
atendimento às normas técnicas vigentes. Dentre os tipos de relatórios,
podem ser citados os resultantes de vistorias cautelares de vizinhança,
requisitado por construtoras que querem avaliar as condições dos imóveis
que fazem divisa com a propriedade a ser edificada e os procedimentos
técnicos de recebimento de obras. Esse documento tem sido encomendado
a engenheiros por condomínios entregues recentemente, encomendados
pelas associações de moradores para avaliar a conformidade da construção,
levantamento de vícios construtivos ou não conformidades em relação aos
requisitos de normas técnicas.
Exemplificando
Na prática profissional haverá situações em que sua opinião será
requisitada. Sempre que isso acontecer você deverá elaborar um
parecer técnico. Relatórios técnicos são produzidos quando você for
requisitado para relatar algum fenômeno ou acontecimento de rotina,
apontando as ocorrências.

A linguagem da documentação
Nos documentos técnicos, a linguagem a ser utilizada deve ser clara,
objetiva e direta. A utilização de termos técnicos está presente na maioria
desses documentos, contudo deve-se facilitar o entendimento utilizando
ferramentas de linguagem e explicações para que os conceitos e fenômenos
técnicos possam ser entendidos por aqueles que não têm o domínio da
especialidade.

161
Reflita
Você consegue imaginar como seria difícil a compreensão de
documentos técnicos sem uma padronização no conteúdo e na forma
de apresentação?

As normas NBR 13752 e a NBR 14653-1 foram criadas com o objetivo


de padronizar os documentos técnicos, cada uma com uma especialidade
distinta: a primeira fixa diretrizes básicas, conceitos, critérios e
procedimentos relativos às perícias na construção civil e a segunda fixa os
procedimentos gerais para a avaliação de bens.
Por fim, vale ressaltar que todo documento, seja ele relatório, parecer
ou laudo, deverá conter data, local e assinatura do profissional responsável
pela sua elaboração, sob o risco de não ser considerado válido caso seja
utilizado como prova em processos judiciais, portanto ao elaborar
documentos sempre providencie a assinatura ao final do documento. A
emissão de ART também é obrigatória e deve constar no documento.
Sem medo de errar

Relembrando o problema apresentado anteriormente, em que o


escritório em que você trabalha foi contratado para avaliar a implantação
de um empreendimento em um terreno em zona urbana, foi constatada a
existência de um lago e um curso d’água dos quais resulta uma área de
preservação que deve ser respeitada. O empreendedor não gostaria de
alterar o projeto do empreendimento, mas apesar da vontade manifestada,
não existe outra alternativa.
Você, como responsável pela elaboração do documento, deve produzir
um parecer técnico, pois esse tipo de documento é elaborado sempre que
houver dúvida ou a necessidade de análise a respeito de um determinado
assunto técnico, de acordo com a NBR 13752 de 1996, obrigatoriamente.
Esse parecer deve conter a indicação da pessoa física ou jurídica que tenha
contratado o trabalho e do proprietário do bem objeto da perícia, os
requisitos atendidos, metodologia empregada, dados levantados,
tratamento dos elementos coletados e presentes no laudo, o relato e data da
vistoria, com as informações relacionadas à caracterização da região, do
imóvel, terreno, benfeitorias, fotografias e croqui de situação, o
diagnóstico da situação encontrada, caracterização das condições e danos
que devem ser classificados e quantificados, as informações relativas à
sequência utilizada no trabalho, nome, assinatura, número de registro no
CREA e credenciais do profissional especialista.
162
Tecnicamente foi apurado que parte do empreendimento se encontra
em área de preservação permanente, havendo, portanto, a impossibilidade
de execução do empreendimento da forma inicialmente prevista. Como
forma prescritiva, deve-se recomendar a alteração da implantação do
empreendimento para que seja respeitado o limite da APP. Tal
recomendação pode ser realizada por meio do mesmo documento, já que o
relatório técnico representa a opinião ou esclarecimento do profissional,
baseado na análise sobre determinado assunto sobre o qual o profissional
tenha experiência.
Faça valer a pena

1. Durante um processo judicial, o perito nomeado pelo juiz


produziu seu laudo a partir da vistoria do imóvel objeto da ação. O
assistente técnico nomeado, que acompanhou todo processo de vistoria,
analisou o laudo contestando algumas informações contidas no documento.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o nome do documento
técnico correspondente à resposta do assistente técnico.
a. Laudo técnico.
b. Relatório técnico.
c. Laudo pericial.
d. Parecer técnico.
e. Vistoria.

2. Na elaboração de laudos de avaliação, quanto mais detalhadas as


informações, melhor será a qualidade dos dados que serão utilizados como
critério de comparação ao longo do laudo. Para determinação correta da
avaliação do bem, é permitido a partir do valor de mercado arredondar o
valor percentual máximo.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o valor percentual
máximo. a. 0,5%.
b. 1,0%.
c. 2,0%.
d. 5,0%.

163
e. 10,0%.

3. No campo de atuação da engenharia diagnóstica, cabe a avaliação,


o diagnóstico e as recomendações resultantes da observação ou de análises,
utilizando como base o conhecimento técnico e científico. Analise as
afirmações a seguir em relação aos documentos técnicos de
responsabilidade de profissionais devidamente habilitados nos Conselhos
de Classe Regionais.
I. Laudo técnico pericial faz parte do processo judicial como prova
técnica e é utilizado pelo Juiz na sentença.
II. Parecer técnico é documento elaborado apenas pelo assistente
técnico em resposta ao laudo técnico pericial;
III. A vistoria ao bem é facultativa, podendo ser substituída por
fotografias na etapa de levantamento de dados em processos de
avaliação.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. II e III, apenas.

164
Seção 3

Comunicação oral na engenharia


Diálogo aberto
Você já deve ter notado que a comunicação oral é fundamental para
que possamos ser entendidos e entender a outros. A boa comunicação pode
ser facilitada utilizando-se algumas técnicas e recursos. Você deve
conhecer ou até mesmo deve ter utilizado ferramentas para elaboração de
apresentação em forma de slides. Na sua vida profissional, a adoção dessas
técnicas e ferramentas serão fundamentais.
Voltemos ao problema que estamos tratando nessa unidade. Caso você
não se recorde, o escritório de consultoria em que você trabalha foi
contratado para avaliar a implantação de um empreendimento em um
terreno em zona urbana. Parte da avaliação consiste na conferência da
legislação ambiental vigente. Durante o processo de investigação,
observou-se a presença de um lago em uma das divisas do terreno.
Avaliando o código florestal, conclui-se que existe uma faixa de proteção
permanente, denominada APP, a partir da margem do lago, e cursos
d’água. Para que não haja diminuição do número de unidades a serem
construídas no empreendimento, a empresa contratante já sinalizou que
não poderá alterar o projeto.
Tomando conhecimento do seu trabalho, o diretor da empresa solicitou
uma apresentação do seu parecer. De que forma você poderia trabalhar
para transmitir a mensagem de maneira eficaz e convincente? Utilize
técnicas de comunicação como uma estratégia. Dentre as técnicas, citemos
como exemplo: a entonação vocal, a expressão corporal, a escolha da
vestimenta, a iluminação adequada do ambiente, e, no caso de uma
apresentação, a movimentação durante a apresentação e a elaboração de
uma apresentação em slides. A utilização dos conceitos apresentados nesta
seção fará com que você se destaque na comunicação oral no meio
corporativo, pois as técnicas, quando bem aplicadas, reforçam a mensagem
a ser transmitida, adicionando confiabilidade ao seu conteúdo.
Não pode faltar

165
A comunicação oral
A comunicação oral é o processo de comunicação no qual a mensagem
é transmitida entre o emissor e o receptor de forma verbal, estabelecida de
forma presencial, pela televisão, rádio, áudio ou por vídeo.
A vantagem da comunicação falada em relação à escrita é que a
mensagem é transmitida imediatamente, sendo que a entonação, ritmo da
fala, gestos ou expressões faciais contribuem no processo e no
entendimento da mensagem. Além disso, no mesmo instante em que o
emissor transmite a mensagem, já é possível notar, mesmo que
indiretamente, se está havendo entendimento da mensagem e do seu
conteúdo por parte do receptor, podendo o emissor alterar o código
utilizado para que seja facilitada a comunicação. Esse tipo de comunicação
corresponde ao processo interativo entre os indivíduos envolvidos.
Não menos importante, a habilidade no falar ou ouvir são fundamentais
nesse processo. Fatores de ordem física, socioculturais e emocionais
influenciam o processo.
Os fatores de ordem física que influenciam essa habilidade têm origem
na infância. Em crianças, o processo de desenvolvimento da mandíbula,
formação dentária e amadurecimento das articulações podem afetar o
desenvolvimento da fala que, quando não tratados, poderão permanecer até
a fase adulta. Problemas de formação auditiva afetam o desenvolvimento
da comunicação, uma vez que poderão ocorrer falhas no entendimento de
sons e na interpretação da mensagem.
Fatores socioculturais estão relacionados ao aprendizado e ao acesso à
educação de qualidade. Grupos sociais são subdivididos em função de
fatores culturais e econômicos, assim como pela influência familiar, que
interfere no aprendizado e na forma de comunicação. A partir desses
fatores é possível determinar o nível sociocultural, econômico e regional
de determinado indivíduo.
Os fatores emocionais influenciam diretamente o desenvolvimento
humano, já que a interação entre crianças e pessoas mais velhas
determinam o desenvolvimento do pensamento e da sua personalidade. A
expressão, pela comunicação oral, expõe suas vontades, experiências e
opiniões, que amadurecem com o avanço da idade.
O processo de comunicação oral tem como objetivo o esclarecimento, a
instrução de uma informação instantaneamente, de forma que haja
compreensão de um determinado assunto contido na mensagem pelo
166
receptor. Vale ressaltar que diferentes códigos podem ser utilizados com a
verbalização oral de forma associada, tais como gestos, sons, entonação,
variando em função do público-alvo. O uso de entonação, gestos e empatia
são ferramentas úteis como forma de persuasão, facilitando a eficácia e o
entendimento da mensagem.

Dica
Imagine você uma apresentação com conteúdo muito bem elaborado,
porém sem a utilização de técnicas de apresentação e expressões
corporais. A impressão que essa situação nos passa é a de monotonia,
de dificuldade em manter a atenção no palestrante. Na prática isso
acaba realmente acontecendo, portanto, quando for realizar
apresentações, utilize estrategicamente as técnicas desta seção,
garantindo atenção do público e melhorando a qualidade da sua
apresentação.

A comunicação oral pode ser do tipo informal ou formal. Na


comunicação oral denominada de informal, geralmente são utilizadas
muitas gírias e linguagem que não obedece ao padrão da norma culta, com
o propósito do estabelecimento de identidade entre os interlocutores e para
que exista maior interação entre as partes envolvidas na comunicação.
A comunicação formal ocorre principalmente no meio escolar,
acadêmico e no ambiente profissional.
No meio escolar, a comunicação oral tem o objetivo de que o aluno
aperfeiçoe e pratique a oratória, cujo processo corresponde à transmissão
de um tema aos demais alunos, durante determinado tempo.
No meio acadêmico, diversos eventos são realizados com objetivo de
compartilhar o desenvolvimento científico com os demais colegas e de
direcionar outras pesquisas, tais como congressos, workshops e palestras,
pela exposição oral, associada ou não a outros recursos audiovisuais, por
meio da exposição de aspectos importantes da pesquisa, sendo estruturada
em considerações iniciais, objetivos, metodologia, resultados, discussões
dos resultados e considerações finais. Já no ambiente profissional, a
comunicação exerce papel fundamental na exposição de ideias e nas
tomadas de decisões, quase que na maioria das vezes realizada de forma
oral. A exposição de ideias em público é um desafio e o domínio prático
dessa técnica pode ser obtido com o planejamento e a organização da
apresentação. Nessa etapa, alguns questionamentos básicos devem ser
167
levados em conta pelo orador, como: Qual o público-alvo e qual seu
conhecimento a seu respeito? Qual tema será abordado, qual o enfoque e
foco em relação ao público? Quais os objetivos?
Quanto tempo está disponível para a apresentação? Qual a data, local e
infraestrutura para sua realização? Qual a estratégia no desenvolvimento
das ideias? Por fim, o domínio das emoções, de forma que o orador passe
segurança e conhecimento do tema, são aspectos essenciais. Fatores
externos que podem influenciar a apresentação também são aspectos
relevantes, tais como ruídos ou elementos que possam prejudicar o
entendimento da oratória pelo público-alvo.

Exemplificando
Comunicação oral em tom persuasivo pode ser exemplificada em
véspera de eleição, quando um candidato apresenta uma série de
argumentos aos eleitores com objetivo de convencê-los. Note que na
maioria das vezes a comunicação é realizada em conjunto com outros
elementos, como entonação acentuada no falar, na tentativa de
aumento do poder de convencimento, combinada ou não com
movimentos gestuais, como forma de prender a atenção das pessoas.

Elementos no processo de comunicação


Os elementos e os processos de comunicação, utilizados na
comunicação oral, são definidos de maneira análoga aos já apresentados na
seção sobre linguagem e expressão. Os elementos que compõem o
processo de comunicação são classificados em:
• Emissor: é a parte responsável pela transmissão da mensagem oral,
ou seja, é a pessoa que emite a mensagem oralmente.
• Receptor: é quem recebe a mensagem oral elaborada pelo emissor.
• Mensagem: é o conteúdo que o emissor tem por objetivo transmitir
ao receptor oralmente.
• Canal: é o meio de transmissão utilizado na mensagem, que nesse
caso é o canal sonoro.
• Código: é a codificação da mensagem, caracterizada pela
verbalização ou por um conjunto de signos que deverão ser
interpretados pelo receptor (decodificação da mensagem
168
verbalizada, associada ou não à gestos, entonação, entre outros
signos).
• Referente: refere-se ao contexto e à situação de uma determinada
mensagem. Esse contexto está relacionado à temporalidade, à
regionalidade e suas particularidades.
Além dos fatores de ordem física, socioculturais e emocionais que
influenciam a comunicação oral, ocasionalmente podem ocorrer falhas
associadas aos elementos do processo de comunicação. Essas falhas atuam
diretamente na mensagem e no código. As falhas prejudicam a
verbalização e comprometem o entendimento da mensagem. A falta de
conhecimento do código, falta de conhecimento linguístico e ruídos na
comunicação prejudicam o entendimento.

Técnicas para apresentação oral


O pleno conhecimento do conteúdo a ser apresentado é essencial em
qualquer apresentação, assim como o domínio da linguagem. Mas, como
dito anteriormente, não apenas o bom conhecimento linguístico é
necessário para que uma comunicação oral seja eficaz. Outros fatores
podem ser utilizados pelo emissor (orador), estrategicamente para facilitar
a comunicação e o entendimento do público, tais como:
Entonação vocal: é a transmissão da emoção na mensagem, que sugere
importância a determinado conteúdo que está sendo abordado naquele
momento específico da apresentação. Deve-se utilizar essa técnica com
cuidado para que apenas o conteúdo principal seja abordado dessa forma.
Expressão corporal: por incrível que possa parecer, essa técnica é
utilizada desde os primórdios na transmissão de mensagens, pois naquele
momento não havia ainda o desenvolvimento da comunicação oral, que
ocorreu posteriormente. Com o desenvolvimento da fala, esse recurso
tornou-se acessório à comunicação. Deve-se utilizar a expressão corporal
nas apresentações como ferramenta complementar de forma a adicionar
credibilidade ao conteúdo a ser apresentado. A expressão corporal é
composta por três componentes: a postura, os movimentos gesticulares e a
expressão da face.
A postura pode revelar certo nervosismo, e a parte do corpo que mais
demonstra esse estado emocional são as pernas. Portanto, evite muitos
movimentos inconscientes, mantenha uma postura serena e ereta,
demonstrando segurança e comprometimento com o público, além de
169
facilitar a comunicação. Quando for se movimentar, caminhe na direção
desejada, mantendo a postura. Permaneça certo tempo no local desejado
(alguns minutos pelo menos) e evite mudar de posição muito rapidamente,
para que o público possa continuar a entender o conteúdo sem que seus
movimentos atrapalhem a compreensão.
Os movimentos gesticulares são importantes e complementam a
linguagem oral. As ações do corpo transmitem sentimentos, conforme a
Figura 4.6, ou mesmo representam situações cuja interpretação apenas
poderia ser entendida por uma frase composta por mais de uma palavra
(Figura 4.7).
Figura 4.6 | Gesto que representa sentimento de positividade, que algo é do seu agrado

Fonte: Shutterstock.

Figura 4.7 | Pessoa demonstrando que está sofrendo de dor abdominal

170
Fonte: Shutterstock.

As ações gesticulares também podem ser usadas como ferramenta de


ênfase ao que é falado, dando dinamismo à apresentação e eliminando a
monotonia. Contudo, evite movimentos gesticulares repetitivos, pois esses
movimentos passam a impressão de nervosismo e insegurança.
A expressão da face também é importante no que diz respeito à
linguagem corporal. Deve estar alinhada ao conteúdo da fala do orador,
reforçando o discurso e dando maior credibilidade ao que é falado.
Escolha da vestimenta: também é considerada canal de comunicação
com o público-alvo, já que o orador deverá avaliar o local e o público em
questão, para que a vestimenta esteja de acordo com a ocasião. Uma dica
básica é vestir roupas com menos estampas e que apresente certo contrate
com o ambiente, contudo que não seja nada exagerada. O orador deve ser
visto facilmente, mas sua vestimenta não deve ser mais importante que o
conteúdo abordado.
Iluminação adequada: deve-se ajustar a iluminação de acordo com a
apresentação. Uma boa iluminação é importante; a luz deve evidenciar o
palestrante, porém o ambiente da plateia também deve estar iluminado
para que não haja monotonia e indução à sonolência nas pessoas. Deve-se
ter em mente também que a iluminação deve ser equilibrada de forma a
não prejudicar a apresentação, no caso de imagens projetadas em slides. O
ajuste da luz no ambiente deve ser realizado levando-se em conta todos os
quesitos anteriormente apresentados.

171
Movimento do orador: movimente-se na apresentação para quebrar a
monotonia e aumentar a interação com o público. Tome o cuidado de
sempre se direcionar ao público, para que a conexão com a plateia não seja
rompida.
• Contextualização do tema por meio de histórias: quando for
possível, busque utilizar histórias do dia a dia ou exemplos práticos
nas apresentações, pois gera maior empatia, conexão e
envolvimento com o público.
• Apresentação em slides: ferramenta auxiliar na apresentação oral.
Nos slides é preciso haver conceitos básicos, já que o
desenvolvimento das ideias é de responsabilidade do orador pela
comunicação oral, assunto que será abordado mais detalhadamente
a seguir.

Reflita
A apresentação oral auxiliada pelo uso adequado de ferramentas, como
uma apresentação em slides (recurso visual), tem seu entendimento
facilitado, transmitindo o conteúdo de maneira mais eficiente. Imagine
a apresentação das ferramentas que constituem um aplicativo de
desenho técnico aos alunos de engenharia da faculdade. Geralmente
os programas têm ícones visuais associados aos comandos. Partindo
dessa ótica associativa, seria muito difícil entender o assunto abordado
na apresentação sem a utilização de recursos visuais, correto?

Apresentação em slides
A apresentação em forma de slides é uma ferramenta poderosa como
complemento à apresentação oral. Contudo, para que seja eficiente,
algumas regras devem ser seguidas na sua elaboração.
Procure sempre elaborar sua apresentação após o planejamento prévio,
pois dessa forma você saberá o momento de abordar cada assunto e dará
ênfase àquilo que julga importante no momento certo. Lembre-se: a
apresentação é uma ferramenta complementar e deve ser montada de
acordo com sua apresentação oral, para que haja coerência entre sua fala, a
sequência e o conteúdo dos slides.
Na apresentação visual deve-se utilizar imagens sem muitas
informações. Adote um padrão, evite diferentes fontes e tamanhos de
texto, como demonstrado na Figura 4.8. Na elaboração dos textos, cuidado

172
com a utilização das fontes. As fontes têm personalidade: as serifadas são
de uso mais formal (passam a sensação de maior credibilidade,
legibilidade), mais tradicionais. Por outro lado, a utilização de fontes sem
serifa está relacionada ao uso do dia a dia, mais comum em trabalhos
voltados para a internet. As cores das fontes transmitem sensações: tons de
azul transmitem confiança; o amarelo, otimismo; cinza, equilíbrio; roxo,
criatividade; vermelho, intensidade; verde, pacificidade; laranja, amizade,
etc.
Figura 4.8 | Slide com excesso de variação de fontes e tamanhos de texto

Fonte: captura de tela do Microsoft PowerPoint elaborada pelo autor.


O slide precisa ter conceitos básicos. Caso seja necessário abordar
muitas informações de forma visual, organize-as de maneira que cada uma
tenha seu próprio slide, simplificando ao máximo o conteúdo escrito. Evite
muitas informações, facilite o entendimento e a clareza (Figura 4.9), varie
as cores utilizadas de forma que não fique monótona a apresentação, utilize
essa técnica sempre que mudar o tópico abordado, assim não ocorrerá
sobrecarga no público. Destaque aquilo que for importante, tomando
cuidado para que a identidade visual da sua apresentação seja mantida
(padronização visual), facilitando a interpretação do slide (redução da
carga cognitiva) e para que a plateia entenda a sequência do conteúdo.
Elabore slides com elementos estratégicos que possam ser utilizados por
toda apresentação, assim a identidade visual será mantida. Não mantenha
slides visualmente parecidos, pois tornará a apresentação cansativa.
Figura 4.9 | Slide contendo o assunto a ser abordado no momento

173
Fonte: captura de tela do Microsoft PowerPoint elaborada pelo autor.

Quando for necessário trabalhar com dados, opte por trabalhar com as
informações na forma de infográficos. Infográficos são imagens elaboradas
de forma a simplificar a informação, conforme Figura 4.10. É sabido que
as pessoas têm a tendência de fixar melhor imagens do que textos, portanto
utilize essa ferramenta para maior eficácia na transmissão das ideias
essencialmente necessárias. Na internet existem sites que fornecem suporte
a ferramentas para elaboração desses elementos.
Figura 4.10 | Modelo de infográfico contendo informações de dias de chuva no mês

Fonte: captura de tela do Microsoft PowerPoint elaborada pelo autor.

174
Assimile
Infográficos são elementos que têm ganhado importância e são de
grande valia para que haja melhora na qualidade gráfica, portanto
foque parte do tempo da sua apresentação na produção desses
elementos, buscando sempre a simplificação da informação para
facilitar a assimilação pelo público.

A comunicação oral é um processo que deve ser planejado


cuidadosamente, de forma que passe confiança no que é exposto ao
público. Para que a mensagem seja entendida de forma plena, utilize as
técnicas de expressão e apresentação, pois fixam a atenção da plateia.

Sem medo de errar

Após a leitura do material didático, você tem condições de elaborar


uma boa apresentação ao diretor da empresa em que você trabalha.
Caso você não se recorde, seu escritório de consultoria foi contratado
para avaliar a implantação de um empreendimento em um terreno em zona
urbana. Você consultou a legislação e analisou o entorno do
empreendimento, notando a presença de um lago próximo a uma das
divisas. Pela análise do código florestal conclui-se que existe faixa de
proteção permanente, denominada APP, a partir da margem do lago e
cursos d’água. Pela análise do projeto e da posição do lago, existe faixa
não edificante a ser respeitada, portanto o projeto deverá ser alterado.
Sabendo dessa sua análise informalmente, o diretor solicitou uma
apresentação contendo os elementos técnicos que validam sua conclusão.
Como foi solicitado a você uma apresentação, a melhor forma de
produzi-la é a partir da conclusão e dos elementos da sua análise. A
conclusão é que não é possível manter o empreendimento conforme o
projeto. Quais os elementos que levam a essa conclusão? O que leva a essa
conclusão é o código florestal, que deve ser respeitado, já que o
empreendimento está localizado em faixa não edificante.
Partindo para o planejamento em questão, deve-se responder às
questões: Qual o objetivo? Qual o tempo de apresentação? Qual a
abordagem?
Note que o público-alvo é o diretor da empresa, no caso seu superior,
portanto essa questão não precisa ser respondida, mas obviamente é
importante saber quem é o público para que a linguagem seja adequada à
175
pessoa. Portanto, a linguagem utilizada poderá ser técnica e formal nesse
caso.
Com relação ao objetivo, a apresentação deve evidenciar que deverá
haver alteração no projeto do empreendimento. O tempo de apresentação
costuma ser de meia hora, já que o assunto corresponde a uma análise de
legislação com implicação direta. A abordagem será por meio da análise da
legislação ambiental, diretamente no item que trata do tema. Não é
necessário realizar a análise de todo documento ou de itens irrelevantes ao
assunto em questão.
Respondidas as questões relacionadas ao planejamento, deve-se partir
para a escolha das técnicas e ferramentas auxiliares. A linguagem a ser
utilizada deve ser técnica e formal. Como o público também conhece
termos técnicos, não é necessário explicar o significado deles. Caso o
público fosse de estudantes ou de leigos, seria adequado explicar termos
dessa natureza. A fala deve ser em bom tom, sem repetição de termos
verbais ou vícios de linguagem, com ênfase quando for tratar da ideia
principal, ou seja, quando for informar que deverá ser alterado o projeto do
empreendimento respeitando a legislação ambiental. A expressão corporal
deve ser compatível com o ambiente de trabalho formal, portanto a postura
do orador deverá ser ereta, passando a impressão de confiança, sem mãos
no bolso ou com excesso de gesticulação. A iluminação deve ser adequada
para que a apresentação em slide que será utilizada seja vista, porém a
iluminação na plateia deve existir também.
A apresentação em slides é uma aliada fundamental para o
entendimento da análise. Deve ser produzida com fontes de fácil leitura e
tamanho que permita o entendimento da escrita. Como a situação estudada
refere-se a um projeto, uma imagem sobreposta da área com o lago
adjacente que evidencie a infração ao código florestal é suficiente para o
entendimento. Você poderá indicar em outro slide a lei correspondente ao
código florestal e o artigo que foi infringido, tomando cuidado para não
sobrecarregar o slide com textos desnecessários. Por fim, para evidenciar a
infração, um infográfico contextualizando um ambiente de reprovação
seria adequado, pois ficaria gravada na memória uma imagem de que a
situação analisada não foi favorável e que deverá haver, portanto, uma
mudança no projeto.
Seguindo esses passos certamente haverá boa comunicação, pois haverá
entendimento entre os envolvidos na análise.

176
Saiba mais
Embarque nessa jornada do conhecimento! NEste módulo, saiba mais
sobre as soluções oferecidas como parte do Microsoft 365 e como elas
podem contribuir para a produtividade pessoal. Bons estudos!

Soluções de produtividade e trabalho em equipe do Microsoft 365:


https://docs.microsoft.com/pt-br/learn/modules/microsoft-365-pro ductivity-
teamwork-solutions/

Faça valer a pena

1. Para que seja estabelecida a comunicação oral, deve-se conhecer


os padrões de linguagem e o público que queremos que nos ouça. Neste
contexto, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou (F) Falsas:
( ) O desenvolvimento da comunicação oral inicia-se no meio escolar.
( ) Para uma boa apresentação oral, recomenda-se o planejamento das
ideias e do conteúdo.
( ) Um recurso indispensável na apresentação oral é a utilização de
slides.
( ) No meio acadêmico, a comunicação oral tem papel fundamental na
divulgação e troca de experiência com outros pesquisadores.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a. V – V – F – F.
b. V – F – V – F.
c. F – V – V – V.
d. V – F – F – F.
e. F – V – F – V.

2. A apresentação em slides é uma ferramenta auxiliar em palestras e


trabalhos expositivos. Porém, alguns cuidados devem ser tomados no
preparo desse documento. Para isso, várias técnicas de elaboração são
sugeridas. Considerando as informações apresentadas, analise as
afirmativas a seguir:
177
I. É recomendado evitar trabalhar na apresentação com muitos tipos
de fontes e muitas variações de tamanho de texto.
II. Infográficos são figuras cujas informações importantes estão
associadas. Estudos mostram que a mente humana fixa mais
facilmente imagens e por conta disso este recurso é muito
utilizado.
III. A utilização de textos nas apresentações serve de auxílio ao orador
durante a palestra, portanto recomenda-se a utilização de textos
como forma de orientá-lo em situações de nervosismo e
esquecimento do discurso.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. I e III, apenas.

3. Algumas técnicas e ferramentas podem ser usadas para garantir


maior atenção do público bem como auxiliar nas apresentações orais.
Dentre esses elementos, podemos citar: o uso da linguagem adequada, a
entonação verbal, a expressão corporal, o uso de vestimenta adequada, a
iluminação no ambiente de apresentação e a apresentação em slides. Texto.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a ferramenta auxiliar na
comunicação oral.
a. Entonação verbal.
b. Expressão corporal.
c. Apresentação em slides.
d. Expressões da face.
e. Postura.

178
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13752: Perícias de engenharia na
construção civil. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-1: Avaliação de bens


Parte 1: Procedimentos gerais. Rio de Janeiro, ABNT, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Câncer: sintomas, causas, tipos e tratamentos. [s.d.]. Disponível em:
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/cancer. Acesso em: 18 jan. 2020.

BAZZO, W. A. et al. Introdução à engenharia: conceitos, ferramentas e comportamento.


Florianópolis: Editora UFSC, 2006.

BUENO, M. O.; BILESKY, L. R. A importância da comunicação na engenharia. Revista Científica


de Ciências Aplicadas da FAIT, Itapeva, 2014. Disponível em: http://www.fait.
revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/vFJRhvQuFmilfjP_2014-4-22-20-8-33.pdf.
Acesso em: 11 dez. 2019.

CARNEIRO, M. G.; SOUZA, J. G. C. S.; PEROSA, V. A importância da comunicação na


engenharia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. 7., 2017,
Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa. 2017. p. 1-9.

DEUTSCH, S. F. Perícias de engenharia: a apuração dos fatos. Rio de Janeiro: Leud, 2014.

FERREIRA JUNIOR. et al. A importância da boa comunicação na prática da Engenharia. 2011.


24 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Mecânica) - Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.

FRANÇA, A. S. Comunicação Oral nas empresas - Como falar bem e em público. São Paulo:
Atlas, 2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522499113/
cfi/0!/4/[email protected]:0.00. Acesso em:14 jan. 2020.

GOMIDE, T. L. F. Investigações técnicas na engenharia diagnóstica em edificações. São Paulo:


Instituto de Engenharia, 2015. Disponível em: https://www.institutodeengenharia.org.br/
site/2015/09/28/investigacoes-tecnicas-na-engenharia-diagnostica-em-edificacoes/. Acesso em: 10
dez. 2019.

GULLO, M. A. (Coord.) Diretrizes para elaboração de relatório técnico de vistoria de


vizinhança. São Paulo: Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo,
[s.d.]. Disponível em: http://ibape-nacional.com.br/biblioteca/wp-content/uploads/2013/06/
Diretrizes-para-relatorio-vizinhanca.pdf. Acesso em: 21 jan. 2020.

MANUAL DE PERÍCIAS. Laudo e parecer técnico. Disponível em:


https://www.manualdepericias.com.br/laudo-e-parecer-tecnico/. Acesso em: 10 dez. 2019.
MARTINO, L. M. S. Teoria da comunicação. Campinas/SP: Vozes, 2018.
PICCOLOTTO, L. et al. Técnicas de impostação e comunicação oral. São Paulo: Loyola, 2002
RUGGIERO, A. P. Qualidade da Comunicação Interna. São Paulo: Rh, 2002

SCHMID, M. R. L. A importância da boa comunicação na prática da engenharia. Revista Concreto,


São Paulo, p. 52-56, 2007.

SCHMID, M. R. L. Comunicação e Informação no design de catálogos técnicos: um estudo


comparativo de catálogos de engenharia. São Paulo: USP, 2006.

SILVA, S. L. et al. Leitura e produção de texto. Natal: EdUNP, 2010.

SIMÕES, J. F. Língua portuguesa aplicada à leitura e à produção de textos. Brasília: ATL, 2007.

ZANI, J. B. A comunicação oral em eventos científicos: uma proposta de modelização para a


elaboração de sequências didáticas. 2018. 303 p. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade São Francisco - USF, Itatiba, 2018.
Disponível em: https://www.usf.edu.br/galeria/getImage/427/6170515222541971.pdf. Acesso em 15
jan. 2020.

Você também pode gostar