Dumke
Dumke
Dumke
CURITIBA
2002
ELIANE MÜLLER SERAPHIM DUMKE
CURITIBA
2002
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Paulo e Ingrid Seraphim, pelo incentivo e pelo apoio incondicional.
Ao Paulo e aos nossos filhos Roberto e Heloisa, pelo carinho e pela compreensão, sem
os quais este trabalho não teria sido possível.
Ao Professor Dr. Eduardo Leite Krüger, pela orientação generosa e competente, bem
como pela paciência, durante a realização desta pesquisa.
Ao Professor Dr. Fernando Oscar Ruttkay Pereira, do Laboratório de Conforto
Ambiental (LABCON) e ao Professor Dr. Roberto Lamberts, do Núcleo de Pesquisa em
Construções, Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (NPC/LABEEE) da
Universidade Federal de Santa Catarina, pelo empréstimo dos aparelhos de medição. À Msc.
Ana Lígia Papst, pela atenção despendida.
Ao Professor Dr. Vicente Roberto Dumke pelo incentivo, pela disponibilidade e pelos
valorosos conselhos.
Ao Professor Dr. Jair Mendes Marques, da Universidade Tuiuti do Paraná pela
consultoria na área de estatística.
Ao Professor Ely C. Aguiar, à Companhia de Habitação Popular de Curitiba
(COHAB-CT), ao Instituto de Pesquisa e Assessoria Tecnológica do Paraná da Pontifícia
Universidade Católica (INTEC/PUCPR), às construtoras das moradias e aos senhores Gelson
Gubert e Friedrich Koelle, por terem cedido material para esta pesquisa.
Aos colegas Ariel Orlei Michaloski e Rodrigo Espíndola, pelo auxílio prestado na
instalação dos equipamentos e no levantamento de dados.
À Mestre Elisabeth Prosser, pela revisão dos originais.
À equipe de apoio de informática do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia do
CEFET-PR, pelos inúmeros esclarecimentos.
À Universidade Tuiuti do Paraná, financiadora de parte desta pesquisa e pelo apoio da
Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, na pessoa do Sr. Romildo Roseno da
Silva.
Aos moradores da Vila Tecnológica, que nos permitiram a instalação dos data-loggers
para a realização deste trabalho.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SÍMBOLOS
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................14
3 MATERIAIS E MÉTODO......................................................................................76
3.1 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO TÉRMICO NA VILA TECNOLÓGICA DE CURITIBA.....76
3.1.1 Descrição do Equipamento Utilizado.........................................................77
3.1.2 Desenvolvimento da Avaliação de Desempenho.......................................78
3.2 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A
AVALIAÇÃO PARAMÉTRICA..........................................................................81
3.2.1 Desenvolvimento da Avaliação Paramétrica...............................................82
5 AVALIAÇÃO PARAMÉTRICA........................................................................160
5.1 COMPARAÇÃO COM A NORMA DE DESEMPENHO TÉRMICO
DE EDIFICAÇÕES................................................................................................160
5.2 CÁLCULO DAS CARACTERÍSTICAS TERMOFÍSICAS DOS
SISTEMAS CONSTRUTIVOS.............................................................................161
5.2.1 Procedimentos de Cálculo..........................................................................162
5.2.2 Cálculo das Características Termofísicas das Paredes:
Valores “Originais e Equivalentes”...........................................................167
5.2.3 Cálculos das Características Termofísicas da Cobertura.......................169
5.2.4 Comparações entre as Características Termofísicas dos Materiais
e as Porcentagens de Conforto..................................................................170
5.2.5 Comparações entre as Características Termofísicas dos Materiais
e os Somatórios de Graus-hora.................................................................176
5.3 ANÁLISE DE REGRESSÃO................................................................................182
5.4 ESTIMATIVA DAS HORAS DE SOL................................................................184
5.5 AVALIAÇÃO PARAMÉTRICA..........................................................................186
5.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS..........................................................................188
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................191
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................200
APÊNDICES
A Aferição dos equipamentos de medição................................................................206
B Tabelas de ocupação, ventilação e equipamentos.................................................207
C Exemplo de gráfico e relatório elaborados com o software ANALYSIS............217
D Exemplo de cálculo das características termofísicas............................................219
E Exemplo de análise de sombreamento...................................................................226
F Teste de significância para a Correlação Linear..................................................227
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
A avaliação de sistemas construtivos para a habitação social tem como objetivo buscar
soluções eficientes para o considerável déficit habitacional brasileiro de aproximadamente 5
milhões de unidades habitacionais, aumentado pelo crescimento acelerado da população de
baixa renda nos grandes centros urbanos. As dimensões desta questão atingem também vários
outros países: “no começo do século XXI, os habitantes de baixa renda das cidades do terceiro
mundo formarão a nova maioria da população do globo terrestre” (SACHS, 1996, p. 53). As
moradias existentes, insuficientes, geralmente de baixa qualidade e inadequadas às condições
locais, agravam ainda mais esta situação.
No Brasil, os programas para Habitação de Interesse Social vêm sendo implementados
em todo o território nacional segundo um modelo preestabelecido, sem haver uma
preocupação com especificidades regionais. Assim, uma mesma tipologia de projeto e sistema
construtivo é adotada em cidades com características muito distintas, sendo desconsiderada a
grande diversidade sócio-econômica, cultural, climática e tecnológica entre as diferentes
regiões do Brasil. Desta forma, resultam em construções de baixa qualidade construtiva que
não atendem às necessidades de seus usuários.
Dentre os muitos fatores que regem o processo construtivo, a sustentabilidade é um
aspecto novo, que requer maior relacionamento entre profissionais participantes do processo,
com maior conhecimento dos fundamentos de construção sustentável e dentro de um enfoque
de projeto mais integrado. A partir de objetivos ecológicos para o produto final, dever-se-ia
buscar alternativas, materiais e métodos que permitissem o controle de diversas variáveis
como custo, durabilidade, manutenção, fatores de saúde, conforto termo-higrométrico e
tecnologia (CIB-AGENDA 21, 2000). A busca de soluções para a construção de habitações de
interesse social, compatíveis com a chamada visão sistêmica, holística ou ecológica, aponta
para a utilização do conceito de Tecnologia Apropriada (TA).
O que se pretende no presente trabalho é avaliar alternativas de projeto para habitação
popular em Curitiba, sob o aspecto do desempenho térmico, um dos mais importantes critérios
para seleção e avaliação de TA específicas em habitação. Conforme Tudela (apud
ESPÍNDOLA et al., 1997, p.16), esses critérios são:
•= “adaptação geográfica;
•= conforto térmico;
15
ecológica passou a ser almejada, como parte de um movimento maior que procura agredir
menos o meio ambiente, com vistas a garantir o bem-estar das gerações futuras.
O processo lógico é aproveitar as potencialidades da natureza e não trabalhar contra
ela, reduzindo as tensões desnecessárias do clima (OLGYAY, op. cit.). Construções que
aproveitam os recursos naturais (o Sol, o vento, a vegetação e a temperatura do ambiente),
favorecendo o conforto térmico de seus ocupantes com menor consumo de energia,
constituem a denominada Arquitetura Bioclimática, na qual, para a otimização das condições
ideais, são utilizados os próprios elementos arquitetônicos e tecnologias construtivas
(LAMBERTS et al., 1997). Desse modo, é possível tirar partido dos fenômenos naturais de
transmissão energética para obter ganhos ou perdas de calor mediante a envoltória do edifício.
“A concepção bioclimática é a arte que permite garantir que os ganhos e as perdas de calor
sejam proveitosos para os ocupantes do edifício, criando condições de conforto físico e
psicológico e limitando o uso de sistemas de calefação ou climatização” (CAMOUS &
WATSON, 1986, p.11).
A presente pesquisa situa-se no campo da Arquitetura Bioclimática e visa à aplicação
do conceito de TA em Habitação de Interesse Social.
O problema de pesquisa é, portanto, analisar tecnologias construtivas destinadas à
habitação popular no Brasil, que representem alternativas para os modelos de programas
habitacionais implementados pelo tradicionalismo e uniformismo vigentes no país,
inadequados às diferentes condições climáticas locais e, portanto, aos seus moradores. Assim,
tomando-se como referência a Vila Tecnológica de Curitiba, busca-se reconhecer quais os
sistemas construtivos nela empregados a apresentarem melhor adequação ao clima e quais os
fatores de maior influência no seu desempenho térmico.
O objetivo geral é a avaliação das condições ambientais de habitações de baixo custo
quanto à adequação das moradias à região climática onde estas são implantadas.
Os objetivos específicos são:
•= a análise de uma experiência habitacional brasileira que visava à aplicação do conceito de
Tecnologias Apropriadas: a proposta das Vilas Tecnológicas do PROTECH (Programa de
Difusão de Tecnologias para a Construção de Habitação de Baixo Custo), no que tange à
adequação climática das moradias à região onde estas se encontram;
17
1
Neste trabalho foram denominadas características termofísicas: a transmitância térmica (U), a inércia ou atraso
térmico (ϕ) e o fator de calor solar (FS) dos elementos construtivos.
2
ASHRAE – American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineering (Sociedade
americana de engenharia de aquecimento, refrigeração e ar-condicionado).
18
das Vilas Tecnológicas por parte do PROTECH, passando pela descrição do que realmente se
tornou a Vila Tecnológica de Curitiba, até a descrição dos dezoito sistemas construtivos
avaliados. É caracterizado o clima local, descrevendo-se as recomendações da Norma de
Desempenho Térmico para Curitiba. Em seguida, são descritos o monitoramento térmico das
moradias e os cuidados tomados na instalação dos equipamentos de medição. São
comparados, então, os dados obtidos para os períodos de monitoramento, procedendo-se à
Análise Bioclimática, com os graus de conforto térmico proporcionados pelas diferentes
tecnologias.
No Capítulo 5, é realizada a Avaliação Paramétrica. São calculadas as características
termofísicas dos fechamentos3 dos sistemas construtivos analisados. É, em seguida,
comparado o desempenho térmico das moradias avaliadas com os parâmetros recomendados
pela Norma de Desempenho Térmico em Habitação de Interesse Social. Com o objetivo de
subsidiar a referida Norma e como etapa conclusiva desta pesquisa de avaliação de
desempenho térmico, é realizada uma análise paramétrica, na qual as variáveis de
transmitância, atraso térmico e fator solar dos fechamentos, bem como as horas de Sol sobre
as moradias são avaliados estatisticamente quanto ao seu grau de influência no desempenho
térmico das habitações.
No último Capítulo, extraem-se algumas considerações finais dos resultados
levantados ao longo das análises realizadas: a avaliação bioclimática dos sistemas
construtivos a partir das medições e a avaliação do grau de influência das características
termofísicas dos materiais dos fechamentos na obtenção do conforto térmico. Finalmente, são
feitas sugestões para a aplicação destes resultados.
A seguir, busca-se evidenciar a interface entre os princípios da Arquitetura
Bioclimática e a geração de Tecnologias Apropriadas na Habitação de Interesse Social.
3
Os fechamentos são as vedações da edificação, paredes externas e cobertura, ou seja, os componentes da
envoltória (que envolvem a edificação e estão em contato com as condições climáticas exteriores).
22
1
A Agenda 21 para a Construção Sustentável sistematiza todos os estudos do CIB-International Council for
Research and Innovation in Building and Construction (Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em
Edifícios e Construção) relacionados ao tema, realizados nas duas últimas décadas e mais intensamente nos
últimos cinco anos. O Congresso Trienal do CIB, em 1998, na cidade de Gävle, Suécia, culminou com a
publicação deste documento, que contou também com o apoio de outros organismos internacionais da
Construção Civil, dentre outros: ISIAQ-International Society of Indoor Air Quality and Climate (Sociedade
Internacional para Clima e Qualidade do Ar Interior) e IEA-International Energy Agency-Energy Conservation
in Building and Community Systems Programme (Agência Internacional para Energia – Programa para
Conservação da Energia na Construção e nos Sistemas comunitários).
23
2.1.2 Tecnologia
quaisquer formas de saber são válidas, uma vez que oriundas da vida social, e como tal
possuem a sua legitimidade. [...] Tome-se por exemplo os pescadores, lavradores,
trabalhadores da construção civil, e muitos outros grupos que, pela ausência de conceitos
científicos, aprendem na sua prática social, técnicas eficazes para o seu trabalho e para a sua
vida cotidiana. [...Este conhecimento] é tão importante para a sociedade quanto o
conhecimento científico. [...] É ele que dá significado para a prática profissional dos atores
sociais, que vivem nas mais diferentes dimensões culturais de uma sociedade estratificada em
classes sociais (KRÜGER et al., 2000-a, p. 8).
25
De outro lado, também no século XX, surgem as análises das crises da razão, o
combate aos conceitos “absolutos” e a crítica à fragmentação do pensamento. Historicamente,
a vida não se restringe à razão. As intuições, as emoções e as inspirações momentâneas foram
importantes até mesmo nas grandes descobertas científicas (KRÜGER et al., 2000-a.).
Segundo Lacey (op. cit., p. 144), a tradição da ciência moderna baseia-se em dois
ideais: o baconiano ou o “controle da natureza a serviço da humanidade”, e o cartesiano, que
pode significar o “entendimento extensivo” ou o “entendimento completo” da realidade.
O “conhecimento científico extensivo” (baseado em experimentos, tecnologias e na
natureza, mas desprovido de características humanas, sociais e ecológicas) é utilizado pelo
Desenvolvimento Modernizador. Envolve crescimento econômico, industrialização,
transferência de tecnologia e “globalização” da economia, contribuindo com a perpetuação da
dependência dos países pobres (LACEY, op. cit.; RATTNER, 1985).
Em contraposição, o “entendimento completo” (derivado da tradição aristotélica e que
procura entender os fenômenos em todos os aspectos, inclusive os humanos, sociais e
ecológicos) serve ao Desenvolvimento Autêntico. Este tem sua ênfase não no desenvolvimento
em si, mas na geração de possibilidades de reversão do processo de empobrecimento e na
integração do crescimento econômico das comunidades. O Desenvolvimento Autêntico é
compatível com a valorização das culturas locais e com valores como cooperação, direitos
sociais, econômicos, autoconfiança, além do respeito à natureza. A busca do “entendimento
completo”, integrando a crítica da produção à aplicação da ciência, deverá informar uma
tecnologia alternativa, fortalecendo o “conhecimento local, tradicional, popular, que, por
causa de sua localidade, assume numerosas formas” (LACEY, op. cit., p. 154).
O conceito de Desenvolvimento Autêntico assemelha-se ao de Desenvolvimento
Sustentável. A palavra sustentável sugere a idéia de apoio ou de continuidade. Sua tradução
em idiomas como holandês, finlandês, romeno ou francês é durável. O conceito de durável
enfatiza a resistência ao tempo. Os princípios do Desenvolvimento Sustentável estão
relacionados ao equilíbrio ecológico, ao crescimento econômico, ao progresso social e aos
princípios éticos (CIB-AGENDA 21, 2000).
Assim, como reação ao sistema econômico e social contemporâneo e visando ao
desenvolvimento autêntico ou sustentável, surge o movimento a favor das Tecnologias
Apropriadas (TA’s), que busca soluções que elevem o rendimento do trabalho e atendam
melhor às necessidades básicas das populações marginalizadas (RATTNER, 1981).
28
2
A Declaração de Limuru foi redigida no Kenya em Abril de 1987, Ano Internacional de Abrigo aos Sem-Teto
(International Year of Shelter for the Homeless), por representantes de quarenta países e cinqüenta e sete ONGs,
com o objetivo de propor soluções para a questão da moradia nos países de Terceiro Mundo.
33
Na Declaração do Rio em 1992, o primeiro princípio declara que ‘os seres humanos são o
objeto central das preocupações do desenvolvimento sustentável. As pessoas têm direito a uma
vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza’. Fundamentalmente, o objetivo de
um edifício é fornecer um meio ambiente mais favorável aos seres humanos do que o meio
ambiente natural [...] Entretanto, os aspectos da saúde no ambiente fechado não estão
relacionados apenas com as medidas para economizar energia, mas também são influenciados
pelos novos materiais e técnicas de construção. Mudanças na temperatura e na acústica dos
ambientes de interior, assim como a iluminação etc., são outros fatores a exercer influência
(CIB-AGENDA 21, 2000, p. 64).
3
ISIAQ–The International Society for Indoor Air Quality and Climate [Sociedade Internacional para Clima e
Qualidade do Ar Interior].
37
trajetória do Sol, cultuado como divindade. Grupos humanos de diferentes etnias adaptaram-
se de maneira diversa a condições heterogêneas de clima e solos. A mesma luta contra
elementos da natureza, que antes favorecia as aldeias neolíticas a permanecerem pequenas,
agora exigia a união da coletividade, a fixação e o crescimento das aldeias. Estabeleceram-se
os artesãos. Depois de 2000 anos do aparecimento das aldeias, surgiram as primeiras cidades.
Iniciou-se a evolução das técnicas construtivas (GORDON, 1971):
4
Devido à sua localização no Hemisfério Norte, a face mais ensolarada na Grécia é a face Sul, sendo que do
Norte vem os ventos frios, a serem evitados (esta situação se inverte no Hemisfério Sul).
41
(MARKUS & MORRIS, 1980). Além desses preceitos de condicionamento das construções e
das cidades utilizando a energia do Sol e a ventilação natural, os antigos gregos
desenvolveram novas fontes de energia, como a energia eólica, para a navegação, e a
hidráulica, utilizada nos moinhos d’água (KRÜGER, 1993).
Na Roma do século I a.C., Vitrúvio escreveu sua obra Os Dez Livros de Arquitetura,
traduzida por Claude Perrault em 1673. O livro VI trata especificamente da relação do clima
com a arquitetura. Esse tema influenciou profundamente todo o seu trabalho: o clima interfere
na escolha do lugar, evitando os efeitos desagradáveis dos excessos dos ventos, da
temperatura e da umidade excessiva no projeto da cidade. O clima também determina a
distribuição dos ambientes e o tipo de moradia. Esta deveria ter maiores superfícies expostas e
aberturas para o Sul, sendo mais protegida ao Norte (IZARD & GUYOT, 1983).
O Império Romano foi um dos primeiros exportadores de tecnologia, utilizando as
mesmas técnicas construtivas em locais de características diversas. Desse modo, o poder
político e militar pretendia subjugar parcial ou totalmente o local, suas necessidades
particulares e específicas e suas tradições. A arquitetura moderna, exportadora de modelos
tecnológicos e estilos internacionais é, assim, a versão recente de algo antigo (MARKUS &
MORRIS, op. cit.).
Mas, na Arquitetura Vernácula, descrita por Izard & Guyot (op. cit.), ENARCH’83
(1983) e Olgyay (1963), dentre outros, são numerosos os exemplos de design de moradias em
várias épocas e lugares que utilizam energias naturais e bom-senso climático: as migrações
indígenas vindas do Norte, com suas moradias adequadas aos diferentes tipos de climas no
Canadá e nos Estados Unidos (frio, temperado, quente-úmido e quente-seco); as casas dotadas
de pátios no deserto, com as ruas estreitas e com paredes e coberturas massivas; a leve
estrutura de tesouras de madeira na casa da Malásia, em seu estilo com paredes de biombo; as
casas de pedra e madeira na região do Mar Negro na Turquia, estabelecidas profundamente
nas encostas das montanhas entre pomares e aveleiras (OLGYAY, op. cit.; MARKUS &
MORRIS, op. cit.).
Um dos exemplos mais extraordinários de arquitetura adequada ao clima descrito por
estes autores é o assentamento dos índios de Pueblo Bonito, região árida de extremos
climáticos, em Chaco Canyon, Novo México, construído entre os anos 919 e 1180 d.C. Sua
estrutura semicircular, baseada na posição do Sol nos solstícios de verão e de inverno,
medindo cerca de 160 metros de diâmetro e constituída de 4 pisos, chegou a abrigar 1200
habitantes. De forma intuitiva ou não, as construções desses índios utilizaram eficientemente
42
Sol, o espaço, a vegetação, o aço e o concreto, nesta precisa ordem e hierarquia” (MARKUS
& MORRIS, op. cit., p. 10).
A Torre de Sombras em Chandigar, projetada por Le Corbusier em 1957, utiliza o Sol
como o grande determinante do desenho da fachada, como instrumento de luz e sombra e,
portanto, de arquitetura. O lado Norte é completamente aberto, enquanto as outras três
fachadas são equipadas com brise-soleil cuidadosamente estudados. A elevação Sul está
sempre na sombra durante o período mais quente, embora o Sol a atinja e penetre nos seus
ambientes no inverno. O espaço foi desenhado para induzir uma sensação refrescante e de
serenidade em seu interior durante os dias quentes na Índia e para conseguir, graças à
experiência de conforto fisiológico que proporciona, um espaço de encontro e de reflexão
(ENARCH’83, op. cit.).
Para Gropius, o clima estava em primeiro lugar na concepção básica do projeto:
o verdadeiro caráter regional não pode ser encontrado através de sentimento ou aproximação
por imitação ou incorporação de um ou outro símbolo antigo ou do mais novo estilo local que
desaparece como apareceu. Mas [...] a diferença básica imposta ao projeto arquitetônico pelas
condições climáticas [...] pode resultar na diversidade da expressão [...] se o arquiteto tem a
intenção de usar o absoluto contraste das relações interior-exterior [...] como foco para a
concepção do projeto (GROPIUS apud MARKUS & MORRIS, op. cit., p. 8).
colapso urbano atual: “por causa da ênfase dada à organização interna do edifício e à sua
função específica, se desviou a atenção dos espaços exteriores que o circundam”
(STEADMAN, op. cit., p.17-18).
Assim, cada vez mais intensamente, as migrações, a comunicação entre as sociedades,
o desenvolvimento tecnológico e as descobertas de novos materiais têm contribuído para que
o ato de construir se distancie do ambiente natural. Descarta-se o uso dos materiais
autóctones, dos elementos construtivos originais e das tradições locais próprias, desprezando-
se a experiência acumulada durante séculos. O uso indiscriminado de tipologias e elementos
construtivos tem perdido seu caráter regional, não levando em conta seus efeitos sobre o
conforto humano ou sobre o comportamento dos materiais, além de requerer grande
quantidade de energia para condicionar artificialmente os ambientes. Contribuem para esse
desacerto os críticos, ao julgar somente os valores estéticos dos edifícios (RIVERO, 1986).
Porém, o conflito árabe-israelense de outubro de 1973, levou à reavaliação da questão
da disponibilidade e do uso das reservas globais de combustível fóssil. Alterando o
significado trazido pela Revolução Industrial e pela urbanização da população rural e como
parte de um movimento maior de preservação do meio ambiente, a arquitetura passa
gradualmente a valorizar o modelo tradicional e ecológico. O estudo do conforto térmico,
antes relacionado aos sistemas de climatização artificial, volta-se agora à Arquitetura
Bioclimática.
Na arquitetura contemporânea brasileira, seguem-se ainda os padrões da arquitetura
internacional, desconsiderando o clima e importando soluções inadequadas às condições
regionais.
Dentre algumas exceções, cita-se o arquiteto Severiano Porto, por seu trabalho com
fortes características regionais mediante a apropriação e a reelaboração de técnicas e materiais
tradicionais e da adaptação dos postulados modernos ao sítio, clima e cultura local. Sua
arquitetura leve e aberta favorece o condicionamento térmico natural no clima quente-úmido
da região, inserindo-se harmoniosamente em meio à mata amazônica (ZEIN et al., 1986). A
residência Tarumã, no Amazonas, realizada por Severiano Porto, foi inspirada nos abrigos
vernáculos dos indígenas locais, apropriados para regiões de clima tropical e que demonstram
um profundo respeito à natureza. Elevada do solo, a residência proporciona melhor
ventilação, evita a retirada da camada de folhas que mantém o solo fértil e ocupa pouco
espaço evitando desmatamento. Espaços vazados permitem boa ventilação no interior,
grandes beirais proporcionam sombra e a inclinação da cobertura permite o rápido
47
5
Cobogós: versão brasileira dos brise-soleil (elementos de proteção solar, criados por Le Corbusier). Os cobogós
foram criados no final da década de 1930 e utilizados em toda a Região Nordeste (Zonas Bioclimáticas 7 e 8).
48
entrada. As moradias são divididas em dois volumes separados por um pátio coberto e bem
ventilado, ideal para o verão (RIVERO, 1986).
No Paraná, as casas de taipa de pilão, ainda freqüentes nas cidades mais antigas, como
Paranaguá, Lapa etc., são elevadas do chão por baldrames superficiais de pedras permitindo a
ventilação do piso de madeira por pequenas aberturas (gateiras). As janelas são de folhas
duplas de vidro e escuras de madeira ou venezianas. Essas construções, de grande inércia
térmica, apresentam bom desempenho térmico, especialmente no verão.
Também bastante conhecidas, as casas de troncos dos imigrantes poloneses estão
extintas como prática construtiva, embora apresentem bom desempenho térmico para as
nossas condições devido ao forro, ao efeito isolante da parede (20cm de madeira) e às
vedações das juntas (BONGESTABS, 1983).
As casas de Araucária, representam a arquitetura de madeira na história de Curitiba.
Foram construídas entre finais do século XIX e meados do século XX, período que
corresponde ao ciclo da madeira, na economia paranaense, com a extração dos pinheiros de
Araucária. Esse sistema construtivo constituiu uma adaptação à disponibilidade de recursos
naturais, no caso, o pinho do Paraná, uma madeira então abundante, barata e fácil de ser
trabalhada. As paredes de tábuas de pinho de 20 ou 25cm têm suas frestas vedadas por mata-
juntas de madeira externos e internos. O forro é do tipo lambril de madeira. O telhado
cerâmico em duas ou quatro águas, às vezes subdivide-se para acompanhar varandas e
saliências e proteger aberturas. A estrutura de madeira apoia-se em pilares de tijolos ou em
alicerces contínuos, criando porões ventilados que protegem a casa da alta umidade local
(BONGESTABS, op. cit.).
O Brasil, devido à sua grande extensão territorial, apresenta grande diversidade
climática. Mesmo assim, as características da maior parte de seu território permitem
construções com condições de conforto térmico utilizando-se apenas técnicas de projeto
adequadas, sem a necessidade de condicionamento artificial ou de insumos energéticos.
A percepção humana do clima e a sensação de conforto térmico devem-se não só a
fatores fisiológicos, mas também psicológicos e culturais. As aberturas, por exemplo, são
revestidas de diversas funções e significados sobrepostos, além de sua performance física na
admissão da energia solar, luz do dia e ar. O uso dos elementos de forma significativa
depende da tradição vivida, que, por sua vez, é em alto grau dependente da experiência sobre
clima, suas variações diárias e sazonais, seus extremos e seus efeitos sobre os materiais
familiares e formas de modificá-los. Essa familiaridade tem desaparecido com a produção em
49
massa dos materiais, o não-envolvimento tanto dos usuários como dos projetistas no projeto e
na construção, a padronização das edificações e sua climatização artificial. A burocracia levou
à perda da autenticidade e à industrialização da construção civil. A análise científica do clima
e de sua influência na construção e nas pessoas não substitui a compreensão mediante a
experiência - impossível de se obter na velocidade das mudanças. Assim, a arquitetura atual
carece tanto de experiência como de ciência (MARKUS & MORRIS, 1980).
causados pelo excesso de calor e de umidade nestes locais. A preocupação com a queda de
produtividade levou às primeiras investigações sobre os aspectos fisiológicos do trabalho e a
busca de critérios definidores da sensação de conforto térmico (IIDA, 1997).
Em 1916, nos Estados Unidos, Winslow e sua equipe realizaram estudos acerca da
influência das condições termo-higrométricas, visando ao rendimento do trabalho físico do
operário e, ao mesmo tempo, a objetivos militares, de adaptação das tropas aos diferentes
tipos de clima a que seriam submetidas (FROTA & SCHIFFER, 1995).
Bedford & Vernon em 1922, em pesquisa realizada em uma mina de carvão,
demonstraram a influência da temperatura do ambiente sobre as pausas no trabalho e a
freqüência de acidentes - que tendiam a crescer com temperaturas acima dos 19ºC e 20ºC. A
queda na eficiência do trabalho à temperatura de 28ºC era em média de 41% em relação à
temperatura de 19ºC, acentuando-se para trabalhadores de mais de 45 anos (Figura 3) (IIDA,
op. cit.).
FONTE: IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blücher, 1997. p. 232.
FONTE: GONZALEZ et al. Proyecto clima y arquitectura. v. 1. México: Gustavo Gili, 1986, p. 56.
6
Considera-se o ar praticamente em repouso quando em velocidades compreendidas entre 0,1 e 0,15m/s.
52
FONTE: KOENIGSBERGER et al. Viviendas y edificios em zonas cálidas y tropicales. Madrid: Paraninfo,
1977, p. 76.
53
FONTE: FROTA, A. & SCHIFFER, S. Manual de conforto térmico. São Paulo: Studio Nobel, 1995. p. 182.
FONTE: RORIZ, M. Zona de conforto térmico: um estudo comparativo de diferentes abordagens. São Carlos,
1987. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) Departamento de Arquitetura e Planejamento, USP, p. 45.
A mais clara descrição do método de Olgyay é feita por Aroztegui (apud RORIZ,
1987):
8
Índice de Fadiga Térmica (IFT): em inglês, Index of Thermal Stress (ITS).
57
Comfort (FANGER, 1970), evidencia uma visão do estudo do conforto térmico como
necessariamente inter e multidisciplinar, abrangendo disciplinas como transferência de calor e
massa, fisiologia e psicofísica, ergonomia, biometeorologia, arquitetura e engenharia têxtil.
A visão holística de Fanger se reflete na formulação de sua complexa equação geral,
em que são correlacionadas: a “sensação térmica” com a atividade metabólica do corpo
humano, a vestimenta (de resistência térmica avaliada de 0 a 4 clo) e o ambiente (a
temperatura, a umidade relativa e a velocidade do ar e a temperatura radiante média),
destacando-se a necessidade de se considerar o efeito combinado das diversas variáveis.
Segundo Araújo (2001, p. 40), Fanger determinou três requisitos de conforto:
•= o balanço térmico (equilíbrio da produção de calor pelo corpo com a perda de calor para o
ambiente);
•= a temperatura média da pele (relacionada às sensações de conforto); e
•= existe uma taxa preferencial de sudação para o conforto, em função da taxa metabólica.
Em um trabalho experimental, de avaliações de sensação térmica em indivíduos de
nacionalidades, sexos e idades diferentes e para condições ambientais específicas, Fanger
obteve o voto médio estimado (PMV – Predicted Mean Vote), que representa a sensação
térmica média humana em relação ao ambiente, numa escala de -3,0 (muito frio) a +3,0
(muito calor). O PMV foi, então, relacionado com a porcentagem de pessoas insatisfeitas
(PPD – Predicted Percentage of Dissatisfied) (Figura 8). A pesquisa de Fanger foi adotada
pela ISO 7730, que recomenda para espaços ocupados a faixa do PMV de 10%, ou seja entre -
0,5 e +0,5 (LAMBERTS et al., 1997).
FONTE: FANGER, P.O. Thermal Comfort. Copenhagen: Danish Technical Press, 1970.
58
Carl Mahoney lecionou, durante muitos anos, sobre adequação dos edifícios aos
climas quentes, no Departamento de Estudos Tropicais da Associação de Arquitetura de
Londres. Baseado em sua larga experiência, coordenou uma equipe de especialistas (da qual
participaram também John Evans e Otto Koenigsberger), que formulou, em 1971, um método
simplificado de análise climática a partir da qual se estabelecem diretrizes de projeto. O
“método de Mahoney” vem sendo utilizado há três décadas em diversos países, pela sua
facilidade de aplicação por parte dos arquitetos. Dispondo das normais climatológicas locais9
anotando-as em planilhas e comparando-as com limites de conforto indicados para cada tipo
de clima, é possível identificar grupos de problemas climáticos dominantes. Para cada grupo,
o método fornece recomendações técnicas a serem consideradas no processo de projeto, desde
a sua fase preliminar. Mahoney alerta que o método não elimina a necessidade de pensar, mas
constitui um instrumento para a tomada de decisões (ONU apud RORIZ et al., 1999).
É interessante mencionar que o conceito do “método de Mahoney” foi desenvolvido
durante um estudo realizado na Nigéria, região onde o clima se modifica gradualmente das
condições quente e úmida da costa Sul, com pouca variação durante o ano, às condições
típicas do deserto no Norte, caracterizadas pela maior amplitude térmica diurna e estações
mais definidas. A maior dificuldade reside em definir as estratégias bioclimáticas para climas
de transição, nos quais as estratégias também devem ser alteradas gradualmente, conforme a
variação das condições climáticas (EVANS, 2000).
As Tabelas de Mahoney propõem uma análise em quatro etapas:
1) análise de dados meteorológicos mensais;
2) comparação desses dados com zonas de conforto, que, neste método, variam segundo a
temperatura média anual, caracterizando um modelo de conforto adaptável e com zonas
distintas para dia e para noite;
3) identificação de grupos de indicadores mensais de condições climáticas com “conforto”
ou “desconforto”. Por exemplo, “calor com alta umidade” e “baixa amplitude térmica”; e
4) definição das recomendações de projeto, conforme incidência de meses com indicadores
diferentes (EVANS, op. cit.).
As recomendações dizem respeito aos seguintes itens de projeto (RORIZ, 1987):
9
A normais climatológicas são linhas traçadas sobre o Gráfico Psicrométrico a partir dos dados mensais de
média, média das máximas, média das mínimas, máxima e mínima absoluta da temperatura do ar, e umidade
relativa média. A partir das linhas traçadas para cada um dos doze meses do ano caracteriza-se o clima local.
59
15
C
9. Aquecimento Artificial
[°
U
5 12
0 5
-5 9 8 7
-10 3
-20 -15
6
0
-20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
U F SC - E CV - L abE E E - NP C
TBS[°C]
FONTE: LMPT/EMC; NPC/ECV, UFSC. ANALYSIS, versão 1.5: Programa ANALYSIS para Avaliação
Bioclimática e de conforto térmico. LMPT e NPC/UFSC, 1994.
61
•= zona de massa térmica para aquecimento: nas temperaturas entre 14º e 20ºC,
recomendam-se duas opções: (a) o uso da massa térmica e do aquecimento solar passivo
possibilitam o armazenamento de calor solar pelos materiais construtivos empregados na
edificação que pode ser liberado ao ambiente nos horários mais frios; ou (b) o
aquecimento solar passivo com isolamento térmico, principalmente das aberturas e da
cobertura, para evitar as perdas do calor interior;
•= zona de aquecimento solar passivo: indicado para temperaturas entre 10,5º e 14ºC, com o
uso de isolamento térmico das edificações para minimizar as perdas de calor. As aberturas
devem ser projetadas de forma a aumentar a incidência da radiação solar sobre as áreas
envidraçadas e reduzir a exposição às fachadas menos favoráveis. O espaçamento entre as
construções deve permitir o máximo de insolação no inverno;
•= zona de aquecimento artificial: em regiões de clima frio, onde a temperatura é
freqüentemente inferior a 10,5ºC, recomenda-se acrescentar ao uso do sistema solar
passivo o sistema de aquecimento artificial.
O uso da climatização artificial é somente indicado nas épocas ou dias do ano em que
as outras estratégias são insuficientes para se alcançar a sensação de conforto térmico. Nesse
caso, é aconselhável a integração dos sistemas naturais e artificiais.
No Diagrama Bioclimático de Givoni, ocorrem interseções entre as zonas delimitadas.
Nestas intersecções, as estratégias não se excluem, podendo ser aplicadas em separado ou
simultaneamente, de forma a se obter o maior benefício (LAMBERTS et al., 1997). No Item
2.2.3, são descritas algumas formas de implementar estratégias de condicionamento natural.
As investigações sobre clima e ambiente construído têm aumentado. Roriz (1987) cita
também os estudos sobre a Zona de Conforto de Vogt & Miller-Chagas, França, 1970;
Lotersztain & Murature, Argentina, 1974; Humphreys, Inglaterra, 1978; Evans, Inglaterra,
1980; e Rivero, Uruguay, 1995. Araújo (2001), cita ainda outros índices de conforto, como a
Nova Temperatura Efetiva (TE*) de Gagge, Estados Unidos, 1971; a Temperatura Efetiva
Padrão (TEP) também de Gagge, 1972; a Temperatura Subjetiva (TS) proposta por Mcintyre,
1976; e o Índice de Verão Tropical, desenvolvido por Sharma & Sharafat, Índia, 1986.
No Brasil, as pesquisas relativas ao assunto foram inicialmente desenvolvidas por
higienistas como Sá, em 1938, e Ribeiro, em 1945 (ARAÚJO, op. cit.). A partir do início da
década de 1970, com a crise energética mundial, os estudos sobre esse tema, tiveram maior
impulso, envolvendo profissionais de diversas áreas, refletindo-se nas obras de alguns
63
D Conforto térmico
E Ventilação
F Massa térmica de
refrigeração
G Sistema artificial de
refrigeração
H Resfriamento
evaporativo
I Umidificação do ar
FONTE: RORIZ, M.; GHISI, E.; LAMBERTS, R. Uma proposta de norma técnica sobre desempenho térmico
de habitações populares. (ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE
CONSTRUÍDO, 5., 1999, Fortaleza). Anais... Fortaleza: ANTAC, 1999. 1 CD-rom.
69
D Conforto térmico
(baixa umidade)
E Conforto térmico
F Desumidificação
(renovação do ar)
G+H Resfriamento
evaporativo
H+I Massa térmica de
refrigeração
I+J Ventilação
K Sistema artificial de
refrigeração
L Umidificação do ar
FONTE: RORIZ, M.; GHISI, E.; LAMBERTS, R. Uma proposta de norma técnica sobre desempenho térmico
de habitações populares. (ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE
CONSTRUÍDO, 5., 1999, Fortaleza). Anais... Fortaleza: ANTAC, 1999. 1 CD-rom.
do desempenho térmico adaptados do método de Mahoney” (RORIZ et al., op. cit.). Assim, as
recomendações estabelecem requisitos mínimos de projeto, considerando os seguintes
parâmetros:
•= tamanho das aberturas para ventilação;
•= proteção das aberturas;
•= vedações externas (tipo de parede externa e cobertura considerando-se transmitância
térmica, atraso térmico e absortância à radiação solar);
•= estratégias de condicionamento térmico passivo.
Ainda conforme Roriz et al. (op. cit.), com as propostas formuladas na Norma
“pretende-se contribuir significativamente para elevar os padrões de habitabilidade das
diferentes regiões climáticas do país [...] (mas) é apenas um primeiro passo, cujas eventuais
imperfeições certamente serão identificadas e corrigidas ao longo do tempo e através da
experiência a ser proporcionada pela aplicação futura da Norma” (p. 8).
10
Assim, na condensação de umidade do ar, extrai-se calor latente do mesmo e, na evaporação da umidade do ar,
agrega-se-lhe calor latente.
72
projeto que mais se adeqüe às particularidades do clima local, com a adoção de medidas
passivas, ou seja, da Arquitetura Bioclimática.
Watson & Labs (op. cit.), Camous & Watson (op. cit.) e Lamberts et al. (1997)
descrevem os princípios básicos da concepção bioclimática:
•= Diminuição da condução de calor através do envelope (no inverno e, em certos casos, no
verão): a condução de calor através da envoltória pode ser reduzida mediante o uso de
isolantes térmicos ou de materiais de construção de menor condutividade térmica. Esta
estratégia pode ser eficaz quando as temperaturas exteriores se encontram muito mais
baixas ou muito mais elevadas em relação às temperaturas médias aceitáveis no ambiente.
Conveniente no inverno, no verão, esse princípio só deve ser considerado em regiões onde
é impossível, durante longo período, obter condições de conforto apenas com a adoção de
técnicas de condicionamento natural. Nesse caso, será necessário recorrer a sistemas
mecânicos de climatização e ao emprego de materiais isolantes;
•= Favorecer os ganhos solares (no inverno): o Sol significa um notável ganho de energia, a
qual pode ser captada, armazenada e distribuída naturalmente por alguns elementos do
edifício para o aquecimento no inverno. A energia solar pode ser obtida pelo uso
adequado da orientação e da cor dos fechamentos, pelo uso de aberturas zenitais
controláveis, de painéis refletores externos, da parede Trombe, de coletores de calor no
telhado, de estufas, de coletores de calor de água ou óleo. Estas são técnicas passivas de
aquecimento solar, uma vez que não necessitam de meios mecânicos;
•= Limitar os movimentos de ar exterior (inverno): os ventos de inverno aumentam
significativamente as perdas de calor, ao atuar principalmente sobre a velocidade das
infiltrações de ar. O efeito do vento deve ser minimizado pela forma do edifício e pela sua
implantação em função da topografia e da vegetação do local;
•= Redução das infiltrações do ar (inverno): esta medida tem por objetivo minimizar perdas
do calor interno e a entrada de ar frio através de frestas em janelas e portas ou em junções
em paredes, pisos ou coberturas. As infiltrações de ar frio e “exfiltrações” de ar quente são
consideradas a principal fonte de perda de calor de um edifício corretamente isolado;
•= Utilização da inércia térmica dos materiais (verão e inverno): é recomendável
principalmente em climas quentes e secos, em razão das grandes variações térmicas entre
o dia e a noite. A capacidade de armazenar o calor e retê-lo durante certo tempo depende
da massa e do calor específico, propriedades físicas que variam em função do material
73
empregado. Onde há boa amplitude diária da temperatura do ar, é possível reter o calor no
interior dos elementos constituintes do envelope, possibilitando perdas de calor quando a
temperatura externa se resfria, e assim, diminuir o fluxo de calor para o interior, no verão.
Mediante paredes de boa inércia térmica, pode-se armazenar o calor interno por mais
tempo, no inverno. Esse princípio de defasagem térmica é também utilizado nas casas
semi-enterradas, que podem até mesmo aproveitar as ondas de temperatura anuais;
•= Limitar os ganhos solares (verão): para se alcançar conforto térmico no verão, deve-se
evitar a incidência da radiação solar direta. O edifício deve ser protegido e ter suas
superfícies expostas ao Sol de verão reduzidas, principalmente em se tratando de
superfícies envidraçadas. Os raios solares, após penetrarem no ambiente através do vidro,
aquecem as superfícies que irradiam calor, que pode ser dissipado por convecção. O calor
armazenado não é reirradiado para o exterior através do vidro, pois este retém radiação de
onda longa, ocorrendo o chamado efeito estufa. Esse efeito deve ser aproveitado no
inverno e evitado no verão. Influirão no processo: o tamanho, a orientação e o tipo das
aberturas, bem como a existência ou não de elementos de sombreamento (cortinas, beirais,
brises) e de vegetação junto às aberturas. Nos fechamentos opacos, pode-se fazer uso da
cor: paredes claras refletem e paredes escuras absorvem a radiação solar. O uso de
vegetação adequada pode oferecer vantagens de sombreamento no verão, permitindo a
passagem dos raios solares no inverno (árvores caducifólias). Outro recurso importante
para reduzir a carga térmica adquirida pelos ganhos solares é a renovação do ar;
•= Favorecimento da ventilação (verão): os procedimentos naturais para obter-se
resfriamento com a ventilação no interior do ambiente são dois: a ventilação cruzada e o
efeito chaminé (resultante da ascensão do ar quente). Desta forma, pode-se obter
ventilação com funções distintas: a ventilação higiênica, que promove a renovação do ar
interno; a ventilação de conforto, que promove a perda de calor na superfície da pele, pelo
suor e por convecção; e a de resfriamento das superfícies internas da edificação,
aumentando suas perdas por convecção e as trocas de calor por radiação mediante a
ventilação noturna. O dimensionamento e localização das aberturas deve ser em função da
orientação dos ventos locais e dos fluxos de ar no ambiente. Também interferem os tipos
de esquadrias, os elementos externos que podem direcionar os fluxos de ar para o interior,
a fluidez do ar no ambiente interno, a forma da edificação e os efeitos da orientação solar;
•= Favorecimento do resfriamento evaporativo (verão): medida indicada para regiões áridas,
pois o decorrente aumento da umidade seria indesejável no trópico-úmido. Neste recurso,
74
há uma perda de calor das superfícies quando em contato com o ar, pela evaporação.11 O
resfriamento evaporativo pode ocorrer pelo método indireto (como com o emprego de
tanques de água sombreados no telhado)12 e pelo método direto (resfriamento do ar
externo, com o uso de fontes d'água ou de lâminas d'água sobre a cobertura e mini-
cascatas junto às paredes externas). Pode-se obter o resfriamento evaporativo do ar
também pela evapotranspiração dos vegetais. Para regiões de umidade relativa inferior a
20%, a secura do ar pode causar desconforto devido ao ressecamento das mucosas e a
desidratação. A umidificação pode ser obtida nos ambientes internos pelo uso de
recipientes com água e pela estanqueidade das aberturas, que conservam o vapor
produzido no ambiente (cocção dos alimentos, uso do chuveiro etc);
•= Favorecimento do resfriamento por radiação (verão): também indicado para regiões
áridas onde há grandes amplitudes diárias da temperatura externa. O resfriamento por
radiação noturna ocorre quando o céu limpo à noite permite a irradiação do calor
absorvido durante o dia. A temperatura superficial da envoltória depende de seu
coeficiente de absorção de radiação solar e da capacidade térmica dos materiais que a
compõem. A superfície da envoltória deve ter, ainda, um coeficiente de emissividade de
radiação térmica mínimo, que a permita alcançar o efeito de resfriamento.
Para Camous & Watson (1986) a importância relativa destes nove itens varia de uma
região para outra, segundo o rigor e a duração dos períodos frios e quentes que as
caracterizam. Nas regiões frias e temperadas, (no período frio), sempre poderão ser aplicados
os princípios de inverno. Sua importância aumentará quanto mais frio ou mais longo o
período frio, não só em relação à obtenção do conforto térmico, mas também quanto ao ponto
de vista econômico e energético. As estratégias referentes ao período de verão não são
aplicáveis de modo sistemático às regiões frias, devido à brevidade dos períodos de calor
intenso. Já nas regiões de climas quentes e temperados (no período de calor), o uso dos
princípios de verão pode ser fundamental e sua escolha dependerá das condições locais: não
só da temperatura, mas também da umidade relativa e do regime de ventos.
Para cada uma dessas estratégias, existem várias técnicas de projeto que podem ser
utilizadas, sobre as quais há extensa bibliografia. Camous & Watson (op. cit.) organizaram
11
Evaporação: a perda de calor decorrente da evaporação de um grama de água é de cerca de 0.58kcal ou
0.67Wh.
12
Com a incidência do Sol, a evaporação da água retira o calor da cobertura, resfriando a superfície do teto e
diminuindo a temperatura radiante média do ambiente interior.
75
um catálogo de cinqüenta técnicas que atendem a estes princípios. Lamberts et al. (1997)
descrevem as estratégias bioclimáticas a serem utilizadas conforme a necessidade de cada
Zona Bioclimática apresentada pela Diagrama Bioclimático de Givoni (1992) adaptada para o
Brasil (ver Item 2.2.2), além de outras técnicas que podem ser utilizadas independentemente
das Zonas Bioclimáticas. São estas: o uso da cor, conforme seja desejável a absorção ou a
reflexão da radiação solar; o projeto criterioso dos sistemas das aberturas, que devem
controlar por meio de seus vários elementos, além de radiação infravermelha, fatores como
ventilação, ganho de calor solar, iluminação natural e contato com o exterior; o uso da
vegetação como sombreamento conforme as estações do ano; o uso racional da iluminação; o
aquecimento de água. Salienta-se que os sistemas de condicionamento natural e artificial
devem ser utilizados de forma integrada, para que se obtenha a otimização do conforto
ambiental com eficiência energética.
Visando à melhoria das condições ambientais nas Habitação de Interesse Social e
constatado o alto potencial de controle ambiental em edificações térreas, optou-se nesta
pesquisa por avaliar a adequação climática de moradias existentes e habitadas, bem como
investigar quais os fatores que interferem em seu desempenho térmico. No próximo Capítulo,
são descritos os procedimentos adotados no desenvolvimento do trabalho.
76
3 MATERIAIS E MÉTODO
Além destas variáveis, verificou-se, ainda, a influência da incidência da radiação solar nas
superfícies das moradias: nI (somatório das horas de Sol nas fachadas de cada moradia,
considerando-se a orientação e a data dos solstícios de verão e de inverno) e nI%vidro
(porcentagem das horas de Sol em relação às superfícies envidraçadas das fachadas de cada
moradia, considerando-se a orientação e as datas de ambos os solstícios).
Para o desenvolvimento da Avaliação Paramétrica, adotou-se o seguinte
procedimento:
•= cálculo dos valores das características termofísicas dos materiais de cada sistema
construtivo;
•= comparação dos valores encontrados com os resultados obtidos pelas medições para os
períodos de inverno e verão e com os parâmetros recomendados pela Norma de
Desempenho Térmico;
•= estimativa das horas de Sol; e
•= Avaliação Paramétrica, por meio do método de análise de regressão. Investigação dos
coeficientes de correlação entre as características termofísicas dos materiais de
fechamento e estimativa das horas de Sol e os resultados do desempenho apresentados
pelos sistemas construtivos durante a Avaliação de Desempenho Térmico.
Cálculo dos valores das características termofísicas dos materiais de cada sistema
construtivo
Para avaliar cada uma das dezoito tecnologias, foram calculados os valores das
características termofísicas dos materiais que compõem a envoltória (paredes, piso e
cobertura) de cada sistema construtivo, segundo a Norma de Desempenho Térmico de
Edificações, parte 2 (UFSC, 1998) (ver Anexo D: Exemplo de cálculo das características
termofísicas).
Quanto aos materiais de construção, as características termofísicas relevantes são: a
transmitância (U) e o atraso ou inércia térmica (ϕ) das paredes externas e da cobertura de uma
habitação. A primeira está diretamente relacionada à condutividade térmica dos materiais que
compõem a parede ou a cobertura. A segunda considera sua capacidade térmica, ou seja, a
capacidade de o elemento construtivo reter calor. Além dessas características, o fator de calor
83
solar (FS) dos elementos que compõem a envoltória também influi nos ganhos por radiação,
que se dão a partir dos elementos opacos (absortividade de paredes, por exemplo) e dos
elementos transparentes (como o coeficiente de transmissão dos vidros).
No caso das paredes externas serem constituídas por diferentes materiais em paralelo,
foram calculadas as características termofísicas dos materiais predominantes dos sistemas
construtivos – chamadas U, ϕ e FS “originais”.
Em seguida, foram calculadas as características termofísicas dos materiais das
aberturas como vidro, metal ou madeira em função das respectivas áreas de superfície em
cada fachada, encontrado-se os valores de U, ϕ e FS “equivalentes” para cada moradia (ver
Tabela 6, Item 5.2).
Em relação às coberturas, a Norma de Desempenho Térmico recomenda apenas os
cálculos das características termofísicas da cobertura para o verão (considerando sempre a
pior situação como margem de segurança). Já no presente trabalho, para efeito de análise, os
cálculos foram feitos para os dois períodos (verão e inverno) (ver Tabela 7, Item 5.2).
Estimativa das horas de Sol: nI (somatório das horas de Sol ) e nI%vidro (porcentagem das
horas de Sol em relação às superfícies envidraçadas)
Foi investigada a influência da orientação solar e da radiação solar direta sobre as
fachadas, pela verificação do sombreamento causado pelas obstruções. As máscaras de
85
sombra foram elaboradas, considerando-se o ponto central de cada plano de fachada, nos
solstícios de inverno e de verão1. Para fachadas de determinada orientação compostas de mais
de um plano, foi feito o cálculo de proporcionalidade. Determinando-se o número de horas de
Sol (nI) em cada fachada, obteve-se o somatório de horas de Sol de todas as fachadas de cada
moradia nos solstícios de inverno e de verão (ver Tabela 9, Item 5.4 e Apêndice E: Exemplo
de análise de sombreamento).
Resolveu-se investigar, também, a influência da radiação solar direta sobre as áreas
envidraçadas e, conseqüentemente, do efeito estufa. Assim, verificou-se para cada moradia
analisada a área de fachada e a respectiva porcentagem de vidro (área de vidro / área da
fachada), que foi multiplicada pelo número de horas de Sol nos solstícios de inverno e de
verão. Obteve-se, assim, o somatório do produto das horas de Sol pela porcentagem de área
envidraçada de cada fachada para cada moradia (nI%vidro) (ver Tabela 10, Item 5.4)
Com estes resultados, e tendo como objetivo principal identificar com maior precisão
os parâmetros de maior influência no desempenho térmico nas moradias, foi realizada uma
Avaliação Paramétrica.
1
Os solstícios correspondem às datas de 22 de dezembro e 22 de junho, que são, respectivamente, os dias de
menor e maior distância entre o ponto considerado na superfície da Terra e o Sol, durante o ano. (O solstício de
verão no Hemisfério Norte coincide como o solstício de inverno no Hemisfério Sul e vice-versa). Nestas duas
datas, o eixo de rotação da Terra se acha no plano perpendicular ao plano da eclíptica, passando pelo centro do
Sol. O termo solstício tem origem latina e significa “Sol parado” (BITTENCOURT, 2000).
86
4.1.1 O PROTECH
Preto (SP), Bauru (SP), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), Arraial do Cabo (RJ), Fortaleza
(CE), Salvador (BA), Alcântara (MA), Campo Grande (MS), São Paulo (SP), Timon (MA),
Gurupi (TO), Campina Grande (PB), Rio Branco (AC) e Caruaru (PE).
As Vilas Tecnológicas tinham por objetivo “demonstrar, de forma prática e concreta, a
possibilidade real de construção do habitat – expressão que deve ser aqui entendida como o
conjunto integrado casa, equipamentos urbanos e infra-estrutura – a partir de novas propostas
urbanísticas e arquitetônicas capazes de efetivar a adoção e difusão de inovações tecnológicas,
visando, essencialmente, à melhoria da qualidade de habitações populares e à redução de seus
custos de produção” (SANTOS, op. cit., p. 12-13). Buscavam, também, uma revisão da
maneira de se pensar a habitação popular no país, a partir da Tecnologia Apropriada. O
modelo proposto representava originalmente:
•= unidade demonstrativa de tecnologias adaptadas ao meio real;
•= núcleo polarizador e difusor de informações técnicas e institucionais;
•= centro de referência para novos processos construtivos regionais e de intercâmbio de
conhecimentos com outras fontes geradoras de tecnologias;
•= centro de referência para subsidiar a concepção e a proposição de novos sistemas de
financiamento e crédito;
•= unidade de treinamento de recursos humanos voltados para a construção de moradia; e
•= centro de experimentação, demonstração e difusão de novas tecnologias, de incentivo à
produção industrial e à estandardização de elementos construtivos, com conseqüente
redução de custos.
O Projeto do PROTECH previa, a partir daí, a monitoração dos modelos habitacionais.
Seriam feitas avaliações para a aprovação ou a reorientação de rumos pelo Conselho Técnico
Local. Este Conselho seria formado por representantes de entidades de classes da Engenharia
e da Arquitetura, de Companhias de Habitação, Institutos de Pesquisas e Universidades,
Sindicatos da Construção Civil, CREAs e Organizações Não-Governamentais, além de
membros da sociedade. O monitoramento do Programa seria realizado durante cinco anos,
buscando a consolidação ou o redirecionamento de suas ações e atividades. O Governo
utilizaria o conhecimento produzido a partir de cada um dos Conselhos Técnicos Locais, no
que se refere à avaliação e à difusão de sistemas construtivos, orientando a construção eficaz
de moradias de baixo custo (SANTOS, op. cit.).
91
Constando de cento e vinte casas, cem habitadas por famílias de baixa renda e mais
vinte casas na Rua das Tecnologias, destinadas à visitação pública, constituídas de diferentes
materiais e sistemas construtivos, a Vila pretendia demonstrar, na prática, a viabilidade dos
princípios do PROTECH (ver Figura 13 e 14, respectivamente: vista panorâmica e planta da
Vila Tecnológica de Curitiba).
FONTE: VIANA, Lucina. Vila Tecnológica de Curitiba. 2000. 1 fot.; color.; 10 x 15 cm.
A proposta da Rua das Tecnologias, que vinha sendo desenvolvida havia um ano pela
COHAB-CT, foi acrescentada às Vilas Tecnológicas do PROTECH, com o objetivo de
promover a difusão dos novos sistemas construtivos. O objetivo inicial era o de possibilitar às
empresas a demonstração de seu sistema e a divulgação de seu produto, reunindo em um
mesmo local diversas tecnologias habitacionais – o que até então não existia em nenhum
outro local do país.
Levando em conta o conceito de habitat, o conjunto de casas foi somado a
equipamentos urbanos e à infra-estrutura, buscando o bem-estar da população. Assim, a Rua
92
comparados à alvenaria tradicional. Se o custo não for acessível, não há como viabilizar a
melhoria da qualidade;
•= o PROTECH somente elaborou e apresentou o programa e repassou os recursos, não
realizando um acompanhamento no desenvolvimento e na implantação da Vila
Tecnológica, ou um trabalho contínuo de difusão de tecnologias;
•= não houve participação acadêmica efetiva;
•= o projeto foi imposto de forma vertical, desconsiderando as reais necessidades dos
moradores, mas visando aos interesses das empresas em comercializar seus produtos; e
•= a comunidade não participou, em momento algum, da elaboração da Vila, quer na
valorização dos aspectos regionais para a concepção dos projetos, quer na escolha dos
materiais, dos sistemas construtivos, da tipologia das casas ou da construção. Uma
tecnologia somente será apropriada se a comunidade participar de todo o processo: desde
a identificação dos problemas, a geração e o desenvolvimento de tecnologia, a
implantação e a avaliação, tornando-se, então, apta à adoção das inovações tecnológicas
resultantes do projeto.
Ainda assim, a iniciativa de procurar soluções alternativas para a habitação social foi
relevante, pois possibilitou a avaliação comparativa entre os diferentes sistemas de construção
e materiais não convencionais para a construção civil reunidos em um mesmo local. Permitiu
a identificação das tecnologias climaticamente mais adequadas e, ainda, o rompimento de
barreiras culturais quanto à habitabilidade de casas construídas com materiais alternativos
(MOREIRA et al., 1997).
Quanto à participação dos moradores na avaliação das moradias, pode-se questionar o
fato de que, se os moradores deveriam ser os beneficiados em primeira mão, estes são, na
realidade, sujeitos a condições não predizíveis, e, portanto, “cobaias” de um experimento em
habitação popular.
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
DETALHE 1 s/ esc.
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
O sistema construtivo Etercasa foi desenvolvido pela Eternit S.A., composto por
painéis estruturais Wall fabricados pela Wagner S.A., com sistema de junta seca com malhete
(perfil de aço) e vedação elástica, e com o emprego de peças especiais de canto e derivação de
paredes de mesmo material dos painéis (IPT, 1998).
Paredes: os painéis Wall são produzidos por meio de processo de prensagem a alta
temperatura, com resina fenólica. Constituem-se de madeira maciça sarrafeada (Pinus)
(26mm) no seu interior, sendo contraplacados em ambas as faces por compensado (3mm) e,
externamente, por chapa lisa prensada de fibrocimento Eternit (4mm) totalizando a espessura
de 4cm. Os painéis estruturais Wagner Wall (1,20 x 2,50 x 0,04m) têm sistema de junta seca
com perfil de aço. As juntas são seladas com resina epóxi e mastique acrílico e encobertas
com massa corrida acrílica. Guias de aço galvanizado solidarizam os painéis ao piso e fazem
o cintamento superior. A pintura externa é realizada com tinta acrílica texturizada, na cor
amarela clara (IPT, op. cit., AGUIAR & BAGATIN, 1995).
Esquadrias: as janelas são de correr, de duas folhas, com veneziana também de correr,
voltadas para as faces Sudoeste (sombreada) e Noroeste. Na face Nordeste há uma porta-
janela de vidro de abrir, duas folhas. A outra porta externa, fechada com metal e com vidro na
parte superior, é voltada para Sudoeste e sombreada pela varanda. As esquadrias externas são
de chapa de aço galvanizado com pintura eletrostática em poliester-pó na cor marrom. Os
vidros são lisos e de 3mm.
Piso: o piso é de concreto desempenado da laje de apoio (radier) ou contrapiso de
concreto impermeabilizado, sobre camada de brita e filme de polietileno. Foi aplicado
revestimento cerâmico nas áreas molhadas e carpete na sala, quartos e corredor.
Cobertura: o forro é do tipo paulista em pinho, com encaixe macho e fêmea (1cm). A
estrutura é composta de tesouras de madeira. O fechamento do oitão é executado em madeira.
O ático forma uma câmara de ar com ventilação sob as telhas. As telhas Olinda Eternit (5mm)
são constituídas de 90% de cimento e 10% de fibras de amianto, com pigmentação
incorporada à própria massa de fibrocimento, resultando na cor vermelha.
115
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
CORTE s/ esc.
4.1.4.17 Tetolar Indústria e Comércio de Artefatos de Concreto Ltda., de São José dos
Pinhais, PR
CORTE s/ esc.
O Tecno-Sistem difere dos outros sistemas pelas dimensões dos painéis de concreto
armado, que exigem o uso de guindaste para a montagem das casas, resultando em maior
rapidez de construção. As habitações são desmontáveis e podem ser transportadas para outros
locais. As paredes suportam grandes sobrecargas e aceitam qualquer tipo de revestimento
(DAHER & FRENDRICH, 1997).
Paredes: constituídas de painéis monolíticos pré-moldados em concreto armado sem
reboco, tem espessura de 8cm. As paredes são estruturais: o sistema de travamento são os
apoios entre placas, que consistem em encaixes L e T, fixados através de dutos e pinos e de
cimento de alta resistência. Os painéis já vêm com dutos embutidos para instalações
hidráulicas e elétricas e com os vãos para receber as janelas e portas. Reentrâncias ajustadas
nos painéis recebem os caibros e as terças. Todas as paredes (internas e externas) foram feitas
com o painel com uso de guindaste e posicionadas por meio de guias (AGUIAR &
BAGATIN, 1995). Na moradia avaliada, foi aplicada externamente tinta látex na cor salmão.
Esquadrias: as janelas são basculantes (Sudeste) ou de correr (nas fachadas Noroeste e
Nordeste) e somente nos quartos há venezianas. As portas externas são metálicas do tipo
veneziana até meia altura, com vidro na parte superior (Sudoeste e Nordeste). As esquadrias
externas são metálicas na cor cinza e os vidros são transparentes com 3mm de espessura.
Piso: o contrapiso foi executado com base de brita e uma camada de cimento e
posteriormente queimado com cal.
Cobertura: o forro é de gesso acartonado (4mm) e a estrutura de aço anticorrosivo. As
tesouras de alumínio são amarradas aos painéis. O ático constitui uma câmara de ar de altura
média de 55cm, com ventilação. As telhas são cerâmicas tipo capa-e-canal na cor natural.
131
CORTE s/ esc.
FONTE: UFSC. Proposta de Norma para a ABNT: Desempenho térmico de edificações. Parte 3: Procedimento
para avaliação de habitações de interesse social. Florianópolis: UFSC / FINEP, 1998.
134
no inverno, os dias mais curtos reduzem a carga térmica do Sol, acentuando os efeitos da
temperatura do ar (BONGESTABS, 1983).
De modo geral, Curitiba pode ser considerada uma cidade úmida e fria, com grande
amplitude térmica diária e anual e tempo freqüentemente instável (MENDONÇA, op. cit.).
Razão de umidade
6. Umidificação 5 20
7. Massa Térmica/ Aquecimento Solar 2
20
W [g/k g]
8. Aquecimento Solar Passivo
]
C
15
9. Aquecimento Artificial [°
U
5 12
0 5
-5 9 8 7
-10 3
-20 -15
6
0
-20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
UF SC - E CV - L abE E E - NP C
TBS[°C]
FONTE: LMPT/EMC; NPC/ECV, UFSC. Analysis, versão 1.5: Programa Analysis para Avaliação Bioclimática
e de conforto térmico. LMPT e NPC/UFSC, 1994. Programa. 3 Disquetes 3 ½ pol.
Os sensores de temperatura HOBO, após sua aferição (ver Apêndice A), foram
instalados no interior das dezoito moradias, a 2,20 metros do piso1 e num ponto central das
casas, procurando-se assim, minimizar a interferência da orientação solar em relação à
temperatura interna (Figura 35). Uma vez que as moradias tendem à forma quadrada, supõe-se
que os efeitos das diferentes orientações solares se compensam. Da mesma forma,
favoravelmente à avaliação simultânea, todas as moradias são paralelas entre si, isto é, as
fachadas de todas elas têm os mesmos azimutes, embora diferenciem-se internamente quanto
à distribuição dos ambientes.
1
O posicionamento do aparelho foi determinado em função da segurança do mesmo. Além disso, as medições
foram feitas em moradias ocupadas de forma a não interferir no desempenho das atividades domésticas.
141
Foi feita, então, uma proteção de papelão em forma de caixa, para sombrear os
equipamentos, tomando-se o cuidado de deixar abertas as partes inferior e superior, já
sombreadas pelo beiral, de modo a deixar o ar circular (Figura 38).
2
Para a latitude de Curitiba de 25º25’Sul, pode-se utilizar a carta solar para latitude 26ºSul, sendo o
erro < 2º e, portanto, admissível, conforme Frota & Schiffer (1995).
142
25
20
15
T[ºC]
10
0
1
21
41
61
81
101
121
141
161
181
201
221
241
261
281
301
321
341
361
381
401
421
441
461
481
501
521
541
561
581
-5
t[h]
32
27
T [ºC]
22
17
12
1
19
37
55
73
91
109
127
145
163
181
199
217
235
253
271
289
307
325
343
361
379
397
415
433
451
469
487
505
523
541
559
577
595
613
631
649
667
685
t [h]
25
20
15
T [ºC]
10
0
19
37
55
73
91
109
127
145
163
181
199
217
235
253
271
289
307
325
343
361
379
397
415
433
451
469
487
505
523
541
559
577
1
-5
t [h]
35
30
25
T [ºC]
20
15
10
0
111
133
155
177
199
221
243
265
287
309
331
353
375
397
419
441
463
485
507
529
551
573
595
617
639
661
683
1
23
45
67
89
t [h]
Constroyer Andrade Ribeiro Temp. externa
147
90
25
80
20
70
60
15
horas [%]
T [ºC]
50
10
40
30
5
20
0
10
0 -5
6 3 7 2 13 14 17 5 10 9 11 12 18 1 4 8 16 15 Ext
sistem as co n strutivo s
35
100
30
80
25
horas [%]
T [ºC]
60 20
15
40
10
20
5
0 0
5 6 14 15 16 4 1 18 13 17 9 7 12 8 3 10 2 11 Ext
sistem as co nstrutivo s
Para avaliar-se o desempenho térmico das moradias de modo mais significativo que os
valores absolutos das temperaturas extremas em cada moradia, foram consideradas ainda as
médias das temperaturas mínimas e das máximas.
Foram, então, plotados em Gráficos os somatórios de graus-hora acima ou abaixo das
bases analisadas, comparando-os com as médias das temperaturas máximas e mínimas
(Figuras 45 e 46).
153
16 5000
4500
14
4000
12
3500
graus-hora [ºC.h]
10
3000
T [ºC]
8 2500
2000
6
1500
4
1000
2
500
0 0
5 14 6 13 7 3 17 10 9 8 1 2 12 18 4 11 16 15 Ext
sistemas construtivos
31 300
30
250
29
200
graus-hora [ºC.h]
28
T [ºC]
150
27
100
26
50
25
24 0
5 15 9 7 14 8 18 12 6 16 4 1 17 13 3 10 11 2 Ext
sistemas construtivos
Nos dois períodos analisados, algumas das tecnologias apresentaram, conforme estes
dois parâmetros, (somatório de graus-hora e médias das mínimas e das máximas), bom
desempenho, com bom amortecimento térmico nos dois extremos de temperatura. Neste caso,
evidencia-se, em primeiro plano, a de número 5, Constroyer (de poliestireno expandido), mas
também devem ser citadas as de número 14, José Tureck (concreto leve com interior de
poliestireno expandido) e 7, Todeschini (madeira maciça).
Com bom amortecimento das temperaturas frias, o sistema construtivo de número 6,
Andrade Gutierrez (de solo-cimento), é um pouco menos eficiente para temperaturas quentes.
O inverso ocorre com o de número 9, ABC (de concreto celular), com melhor amortecimento
em temperaturas quentes.
A diferença entre os desempenhos de inverno e verão acentuam-se no de número 13,
Paineira (de painéis de concreto com câmara de ar), bem melhor no inverno que no verão, e
principalmente no de número 15, Cohab-Pará (de blocos cerâmicos vazados) a pior no
inverno, mas a segunda melhor no verão.
Verifica-se que estes dois parâmetros (somatório de graus-hora e médias das
temperaturas mínimas e das máximas) não apresentam necessariamente equivalência entre os
seus resultados, embora o somatório de graus-hora apresente, principalmente em relação às
médias das máximas do período de verão, uma tendência neste sentido.
mas também devem ser citados os de número 14, José Tureck (de concreto leve com interior
de poliestireno expandido), 6, Andrade Gutierrez (de solo-cimento) e 7, Todeschini (de
madeira maciça).3
Com bom amortecimento das temperaturas frias, o sistema construtivo de número 6,
Andrade Gutierrez (de solo-cimento), é um pouco menos eficiente em temperaturas quentes,
embora tenha apresentado ótimo desempenho em relação à porcentagem de horas de conforto
nos dois períodos. O inverso ocorre com o de número 9, ABC (de concreto celular), com
melhor amortecimento em temperaturas quentes.
Surpreende o bom desempenho no inverno (pior período de desconforto em Curitiba)
dos sistemas construtivos de madeira: os de número 7, Todeschini, e 3, Kürten, tecnologias
tradicionais na região.
A diferença entre os desempenhos de inverno e verão mostrou-se acentuada no sistema
construtivo de número 13, Paineira (de painéis de concreto com câmara de ar), bem melhor
no inverno que no verão, e, mais ainda, no de número 15, Cohab-Pará (de blocos cerâmicos
vazados), a pior no inverno, mas a segunda melhor no verão.
Contudo, verificaram-se diferenças nos resultados quanto à aplicação dos parâmetros
de análise. Em relação à porcentagem de horas em desconforto, das dezoito tecnologias
estudadas, a mais adequada ao clima de Curitiba parece ser a de número 6, Andrade Gutierrez
de tijolos de solo-cimento, com melhor desempenho no inverno e segundo melhor no verão.
Mas, em relação ao somatório de graus-hora, apresentou o melhor desempenho tanto no
verão como no inverno o sistema construtivo de maior inércia térmica e menor transmitância:
o de número 5, Constroyer de poliestireno expandido revestido com argamassa, cuja empresa
fabricante é de São Paulo e de origem italiana.
Apesar do excelente desempenho térmico do sistema construtivo de número 5,
Constroyer, este pode não constituir uma TA (Tecnologia Apropriada), considerando-se os
critérios específicos para avaliação de TA em habitação mencionados no Item 1 (p. 1). Sob
esta perspectiva, outros sistemas construtivos de bom desempenho térmico podem ser mais
adequados. Seguem-se algumas reflexões quanto aos resultados da avaliação do desempenho
térmico dos sistemas construtivos e ao atendimento de outros critérios de TA em habitação: a
proveniência das empresas, o emprego de materiais locais e de técnicas conhecidas da
população e a adequação à cultura local.
3
Note-se que o parâmetro do somatório de graus-hora foi mais considerado do que o de porcentagem de horas
em conforto pois a variação deste último, no inverno, não foi significativa (ver Tabela 3 e Figura 40).
157
Quanto às tecnologias, nota-se que o sistema construtivo menos adequado ao clima foi
o de número 15, Cohab-Pará, de tijolos cerâmicos vazados e cobertura com câmara de ar
muito ventilada, com procedência de Belém do Pará (Zona Bioclimática 8), apresentou o pior
desempenho térmico no inverno, mas um dos melhores desempenhos no verão, o que
demonstra ser apropriado para regiões de clima mais quente. Não houve preocupação alguma
de adaptação ao clima de Curitiba por ocasião de sua execução na Vila Tecnológica, por isso,
não surpreende a sua inadequação.
5 AVALIAÇÃO PARAMÉTRICA
Para os critérios de transmitância térmica (U) e atraso térmico (ϕ) foram utilizados os
valores da versão atualizada da Norma de Desempenho de Edifícios Habitacionais de até
Quatro Pavimentos – Parte 4: Fachadas; e Parte 7: Coberturas (ABNT, 2002). Esta versão
está em votação. Em relação ao critério de absortância (α), preferiu-se utilizar, neste trabalho,
o critério de fator de calor solar (FS), da versão anterior da Norma de Desempenho Térmico
das Edificações – Parte 3 (UFSC, 1998), uma vez que a absortância é considerada no cálculo
do fator de calor solar.
U = 1/RT (Equação 1)
onde
U: é a transmitância térmica [W/(m2.K)];
RT: é a resistência térmica total [(m2.K)/W].
onde
Rt: é a resistência térmica de superfície a superfície [(m2.K)/W], determinada pela Equação 3;
Rse e Rsi: são as resistências superficiais externa e interna [(m2.K)/W], respectivamente,
obtidas da Tabela A.1 do Anexo A da Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC,
opus cit.).
A resistência superficial interna (Rsi) e a resistência superficial externa (Rse) referem-
se à convecção e radiação nas superfícies interna e externa respectivamente.
A resistência térmica de superfície-a-superfície (Rt) de um componente plano
constituído de camadas homogêneas,1 perpendiculares ao fluxo de calor, é determinada pela
Equação 3, conforme a Norma de Desempenho Térmico de Edificações (UFSC, op. cit.):
Rt = R t1 + R t2 + ..... + Rtn + Rar1 + Rar2 + ..... + Rarn (Equação 3)
1
A resistência térmica de superfície a superfície (Rt) de um componente plano constituído de camadas
homogêneas e não homogêneas, perpendiculares ao fluxo de calor, é determinada pelo cálculo de
proporcionalidade, conforme a Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC, 1998).
163
onde
R t1, R t2, …, Rtn: são as resistências térmicas das n camadas homogêneas [(m2.K)/W],
determinadas pela Equação 4;
Rar1, Rar2, ..., Rarn: são as resistências térmicas das n câmaras de ar [(m2.K)/W], que,
quando não ventiladas, podem ser obtidas na Tabela B.1 do Anexo B da
Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.).
R = e/λ (Equação 4)
onde
R: é a resistência térmica [(m2.K)/W];
e: é a espessura da camada de material (m) (dado de projeto);
λ: é a condutividade térmica do material [W/(m.K)], tabelada na Parte 2 da Norma de
Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.).
Para o cálculo da transmitância térmica de coberturas, nos casos de câmara de ar
ventilada em condições de verão, ou de câmara pouco ventilada em condições de inverno, a
resistência térmica da câmara será igual à da câmara não ventilada e obtida da Tabela B.1 do
Anexo B, da Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.).
Mas, em condições de inverno em câmara muito ventilada, a camada externa à
câmara não será considerada e a resistência térmica total (ambiente a ambiente) deve ser
calculada pela Equação 5, conforme a Norma de Desempenho Térmico de Edificações
(UFSC, op. cit.):
RT = 2.Rsi + Rt (Equação 5)
onde
Rt: no caso de coberturas, é a resistência térmica [(m2.K)/W] do componente localizado entre
a câmara de ar e o ambiente interno - forro; é calculada segundo a Equação 3;
Rsi: é a resistência superficial interna [(m2.K)/W], que pode ser obtida na Tabela A.1 do
Anexo A da Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.).
164
Inércia Térmica ou Atraso Térmico (ϕ) é o tempo que transcorre entre os momentos
de ocorrência da temperatura máxima do ar no exterior e no interior da edificação, quando se
verifica um fluxo de calor através de um componente construtivo submetido a uma variação
periódica da temperatura do ar no exterior. O atraso térmico depende da capacidade térmica
do componente construtivo e da ordem em que as camadas estão dispostas.
Segundo a referida Norma (UFSC, op. cit.), a capacidade térmica é a quantidade de
calor necessária para variar em uma unidade a temperatura de um componente, por unidade de
área. A capacidade térmica de componentes pode ser determinada pela Equação 6, conforme a
Norma de Desempenho Térmico de Edificações (UFSC, op. cit.): 2
n n
CT = λ i .R i .c i .ρi = e i .c i .ρi
i=1 i=1 (Equação 6)
onde
λi: é a condutividade térmica do material da i-ésima camada, que pode ser obtida na Tabela B.3
da Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.);
Ri: é a resistência térmica da i-ésima camada, calculada por meio Equação 4;
ei: é a espessura da i-ésima camada (dado de projeto);
ci: é o calor específico do material da i-ésima camada, tabelado na Parte 2 da Norma de
Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.);
ρi: é a densidade de massa aparente do material da i-ésima camada, tabelada na Parte 2 da
Norma de Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.).
Em uma placa homogênea (constituída por um único material) com espessura “e” e
submetida a um regime térmico com um período de 24 horas, o atraso térmico pode ser
estimado pelas Equações 7 ou 8, conforme a Norma de Desempenho Térmico de Edificações
(UFSC, op. cit.):
λ .c (Equação 7)
ϕ = 1,382.e.
3,6.λ
2
A capacidade térmica de um componente plano constituído de camadas homogêneas e não homogêneas é
obtida pelo cálculo de proporcionalidade, na Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico de Edificações
(UFSC, 1998).
165
ϕ = 0,7284. R t .C T (Equação 8)
onde
ϕ: é o atraso térmico (horas);
e: é a espessura da placa (m), (dado de projeto);
λ: é a condutividade térmica do material [W/(m.K)], tabelada na Parte 2 da Norma de
Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.);
ρ: é a densidade de massa aparente do material (quociente da massa pelo volume aparente de
um corpo) (kg/m3), tabelada na Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC, op.
cit.);
c: é o calor específico do material [kJ/(kg.K)], tabelado na Parte 2 da Norma de Desempenho
Térmico (UFSC, op. cit.);
Rt: é a resistência térmica de superfície a superfície do componente [(m2.K)/W], calculada
mediante a Equação 3;
CT: é a capacidade térmica do componente [kJ/(m2.K)], calculada por meio da Equação 6.
Para componentes formados por diferentes camadas paralelas perpendiculares ao fluxo
de calor, o atraso térmico é determinado através da Equação 9, 10 e 11, conforme a Norma de
Desempenho Térmico de Edificações (UFSC, op. cit.):
ϕ = 1,382.R t . B1 + B 2 (Equação 9)
onde
Rt: é a resistência térmica de superfície a superfície do componente [(m2.K)/W], calculada
mediante a Equação 3;
B1: é dado pela Equação 10;
B2: é dado pela Equação 11.
B0 (Equação 10)
B1 = 0,226.
Rt
onde
166
(Equação 11)
æ (λ.ρ.c) ext öæ R − R ext ö
B 2 = 0,205.çç ÷÷.ç R ext − t
è Rt è 10
Se B2 < 0 considerar B2 = 0.
onde
CT: é a capacidade térmica total do componente [kJ/(m2.K)], calculada pela Equação 6;
CText: é a capacidade térmica da camada externa do componente [kJ/(m2.K)].
onde
FS: é o fator solar em percentagem;
U: é a transmitância térmica do componente [W/(m2.K)], calculada por meio da Equação 1;
α: é a absortância à radiação solar – função da cor (quociente da taxa de radiação solar
absorvida por uma superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre esta mesma
superfície), tabelada na Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.);
Rse: é a resistência superficial externa, que pode ser obtida na Tabela A.1 do Anexo A da
Parte 2 da Norma de Desempenho Térmico (UFSC, op. cit.).
167
Como Rse é admitido constante e igual a 0,04, a Equação 13 pode ser reescrita na
forma da Equação 14, conforme a Norma de Desempenho Térmico de Edificações (UFSC, op.
cit.):
(Equação 14)
FS = 4.U.α
Quando se deve respeitar um limite de fator solar para uma determinada região, pode-
se determinar o máximo valor de α em função do fator solar e da transmitância térmica,
conforme mostra a Equação 15, obtida da Norma de Desempenho Térmico de Edificações
(UFSC, op. cit.):
Em razão das fachadas serem compostas de paredes, vidros e outros elementos, foram
necessários, além dos cálculos originais das características termofísicas do material
predominante das paredes de vedação, também os cálculos dos outros elementos (como os
vidros, madeira ou metal das aberturas). Denominou-se de “U, ϕ e FS originais” os valores
encontrados inicialmente para as características termofísicas das paredes dos sistemas
construtivos. Os cálculos refeitos, nos quais também foram considerados os outros materiais
que compõem as fachadas, proporcionalmente à sua área em relação à superfície externa total,
foram denominados “U, ϕ e FS equivalentes” (Tabela 6). Com estes resultados, e tendo como
objetivo principal identificar com maior precisão as variáveis de maior influência no
desempenho térmico nas moradias, foi realizada uma Avaliação Paramétrica.
168
Nos Gráficos a seguir, pode-se observar o desempenho dos materiais dos sistemas
construtivos em relação à porcentagem de horas de conforto ou desconforto por frio ou calor
apresentada pelas moradias nos períodos de medição, comparado aos valores obtidos para as
suas características termofísicas e aos valores estabelecidos pela Norma, tendo como
referência os valores para o nível de desempenho mínimo.
171
100 6
90
5
80
70
4
[U]
60
transmitância
horas [%]
U [W/m2K]
50 3
40
2
30
20
1
10
0 0
6 3 2 7 13 14 17 5 10 9 11 12 18 1 4 8 16 15 Ext
sistemas construtivos
frio [%] conforto [%] calor [%] Upar Ucob Upar, Norma Ucob, Norma
100 8
90
7
80
6
70
inércia térmica [Fi]
5
60
horas [%]
ϕ [h]
50 4
40
3
30
2
20
1
10
0 0
6 3 2 7 13 14 17 5 10 9 11 12 18 1 4 8 16 15 Ext
sistemas construtivos
frio [%] conforto [%] calor [%] Fi par Fi cob Fi par, Norma Fi cob, Norma
172
100 25
90
80 20
70
50
40 10
30
20 5
10
0 0
6 3 2 7 13 14 17 5 10 9 11 12 18 1 4 8 16 15 Ext
sistemas construtivos
frio [%] conforto [%] calor [%] FS par FS cob FS par, Norma FS cob, Norma
120 6
100 5
80 4
transmitância [U]
hora [%]
60 3 U [ W/m2K]
40 2
20 1
0 0
5 6 14 15 16 4 1 18 13 17 9 7 12 8 3 10 2 11 Ext
sistemas construtivos
frio [%] conforto [%] calor [%] Upar Ucob Upar, Norma Ucob, Norma
174
120 8
7
100
80
ϕ[h]
60 4
3
40
20
1
0 0
5 6 14 15 16 4 1 18 13 17 9 7 12 8 3 10 2 11 Ext
sistemas construtivos
frio [%] conforto [%] calor [%] Fi par Fi cob Fi par, Norma Fi cob, Norma
120 25,0
100
20,0
fator de calor solar [FS]
80
FS [ adimensional ]
15,0
horas [%]
60
10,0
40
5,0
20
0 0,0
5 6 14 15 16 4 1 18 13 17 9 7 12 8 3 10 2 11 Ext
sistemas construtivos
frio [%] conforto [%] calor [%] FS par FS cob FS par, Norma FS cob, Norma
175
5000 6
4500
5
4000
3500
4
transmitância2 [U]
graus-hora [ºC.h]
U [ W/m K]
3000
2500 3
2000
2
1500
1000
1
500
0 0
5 14 6 13 7 3 17 10 9 8 1 2 12 18 4 11 16 15 Ext
sistemas construtivos
5000 8
4500
7
4000
6
3500
inércia térmica [Fi]
graus-hora [ºC.h]
5
3000
ϕ[h]
2500 4
2000
3
1500
2
1000
1
500
0 0
5 14 6 13 7 3 17 10 9 8 1 2 12 18 4 11 16 15 Ext
sistemas construtivos
5000 25
4500
4000 20
3500
3000 15
FS [ adimensional ]
2500
2000 10
1500
1000 5
500
0 0
5 14 6 13 7 3 17 10 9 8 1 2 12 18 4 11 16 15 Ext
sistemas construtivos
considerados, e, ainda assim, somente para cobertura. Este sistema construtivo é o de melhor
desempenho em relação ao somatório de graus-hora. O segundo sistema construtivo de
melhor desempenho no inverno, o de número 14, José Tureck, apresenta o FS mais baixo para
parede, quase atendendo às recomendações da Norma (UFSC, 1998). Estes resultados
confirmam a importância do FS no desempenho térmico das edificações e corroboram a
referida Norma.
No período de inverno, observa-se uma tendência de aumento do somatório de graus-
hora correspondente aos valores crescentes de transmitância (U) e decrescentes de inércia
térmica (ϕ). Para os valores encontrados para o fator de calor solar (FS), embora as
tecnologias de melhor desempenho apresentem valores mais baixos, a linha de tendência é
menos visível.
As Figuras 56 a 58 apresentam os resultados para o período de verão.
300 6
250 5
200 4
graus-hora [ºC.h]
transmitância (U)
2
U [ W/m K]
150 3
100 2
50 1
0 0
5 15 9 7 14 8 18 12 6 16 4 1 17 13 3 10 11 2 Ext
sistemas construtivos
300 8
7
250
6
ϕ[h]
150 4
3
100
2
50
1
0 0
5 15 9 7 14 8 18 12 6 16 4 1 17 13 3 10 11 2 Ext
sistemas construtivos
300 25,0
250
20,0
de calor solar] [FS]
200
graus-hora [ºC.h]
FS [ adimensional
15,0
150
10,0
100
fator
5,0
50
0 0,0
5 15 9 7 14 8 18 12 6 16 4 1 17 13 3 10 11 2 Ext
sistemas construtivos
submetida no verão faz com que a influência da transmissão de calor através dos materiais e
da absorção da radiação solar pelo telhado seja mais significativa.
Como nesta primeira etapa da Avaliação Paramétrica não foi possível verificar
resultados conclusivos quanto à correlação entre as horas de conforto e as propriedades
termofísicas das envoltórias das moradias, especialmente no inverno – em Curitiba, o período
de maior desconforto – resolveu-se investigar também a influência da orientação solar e da
radiação solar direta sobre as fachadas. A seguir, descreve-se o procedimento dessa
investigação.
Assim, obteve-se o somatório das horas de Sol (nI) de cada moradia, bem como o
produto das horas de Sol pela porcentagem de área envidraçada das fachadas de cada moradia
(nI%vidro).
A partir destes dados, foi realizada uma Avaliação Paramétrica entre os resultados
obtidos pelos cálculos das características termofísicas dos materiais da envoltória “U, ϕ e FS
equivalentes”, os valores de nI e os de nI%vidro, em relação ao desempenho térmico das
moradias no inverno e no verão. Considerou-se este desempenho a partir dos critérios de
porcentagens de horas nas faixas de conforto, os somatórios de graus-hora e as temperaturas
médias das mínimas e das máximas.
186
Nas Tabelas 10, 11 e 12, são apresentados, nas duas últimas colunas, os coeficientes
de correlação para inverno e verão das características termofísicas dos diversos sistemas
construtivos (primeira coluna) em relação às porcentagens de horas em conforto (Tabela 10),
aos somatórios de graus-hora (Tabela 11) e às temperaturas médias das mínimas e das
máximas (Tabela 12), verificadas na Avaliação de Desempenho Térmico.
0,8
0,7
R [ adimensional ] ]
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
o
o
r
r
O
nI
nI
r
r
ÃO
b
b
b
b
pa
pa
dr
dr
pa
pa
pa
pa
co
co
co
co
co
co
N
vi
vi
R
R
U
U
FS
FS
Fi
Fi
%
%
FS
FS
U
Fi
Fi
VE
VE
nI
nI
IN
Parâmetros analisados
médias das temperaturas (Tabela 5), a transmitância (U) da parede também se verifica como
significativa, comparativamente aos outros índices encontrados: R = 0,48.
O fator de calor solar (FS) da parede também mostra ser de importância na terceira
análise, a das médias, com um índice de 0,41.
Para a cobertura, todos os parâmetros avaliados: transmitância (U), inércia térmica (ϕ)
e fator de calor solar (FS) demonstram ser essenciais no inverno, segundo as duas últimas
análises. Os índices de correlação (R) são comparativamente superiores aos encontrados em
todas as análises do verão, bem como aos encontrados em relação às paredes no inverno. É na
inércia térmica (ϕ) da cobertura no inverno, que se verifica o mais alto entre todos os índices
de correlação R = 0,67, na última análise, quanto às médias das temperaturas, no inverno.
No verão, os resultados verificados nas três análises (comp. Figura 59) indicam como
variáveis mais significativas a inércia térmica (ϕ) da parede e a transmitância (U) da
cobertura, que apresentam índices de correlação especialmente altos na Tabela 10 quanto aos
níveis de conforto: acima de 50%.
Verifica-se, aqui, novamente, a maior importância da transmitância (U) na cobertura
no verão devido à alta radiação solar direta, que incide quase perpendicularmente nesta época
do ano sobre a maior superfície da envoltória.
Já no caso das paredes, que recebem menos radiação solar direta que a cobertura, neste
período, a característica mais relevante permanece a da inércia térmica (ϕ), que atua com
efeito de amortecimento das altas temperaturas do ar em relação aos ambientes internos da
edificação.
Embora os índices (R) de correlação para o verão das análises das Tabelas 10, 11 e 12
apresentem diferenças, os três coincidem quanto às variáveis de maior importância: inércia
térmica (ϕ) da parede e transmitância (U) da cobertura.
As diferenças apresentadas entre os índices são explicadas pelo fato da análise quanto
à porcentagem de horas em conforto (Tabela 10) considerar apenas se a temperatura e a
umidade estão ou não na faixa considerada de conforto (conforme Givoni, 1992, para países
em desenvolvimento), e não o quanto a temperatura excede ou está abaixo desta faixa, ou
seja, não quantificando a intensidade do desconforto. Já nas análises dos somatórios de graus-
hora e das médias das temperaturas mínimas e máximas, a intensidade do desconforto é
levada em conta em relação à temperatura, enquanto a umidade nem é considerada.
190
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
inverno, a média das temperaturas mínimas de 4,73ºC (13,27ºC abaixo da faixa de conforto) e
a média das temperaturas máximas, no verão, de 28,49ºC (na faixa de conforto). No cálculo
do somatório de graus-hora (para o qual as temperaturas-base escolhidas foram os limites da
faixa de conforto, estabelecida por Givoni (1992), o período de inverno apresentou o índice de
4696,72 para temperaturas abaixo da Tb = 18ºC, enquanto o período de verão apresentou o
índice de 106,625 para temperaturas acima da Tb = 29ºC, ou seja, o desconforto maior é
devido ao frio em excesso.
Na Avaliação de Desempenho Térmico, para o período de inverno, todos os sistemas
construtivos apresentaram, no seu interior, alta porcentagem de horas com temperaturas na
faixa de desconforto por frio, com índices variando de 83,4% (Andrade Gutierrez) a 93,8%
(Cohab-Pará) das horas totais de medição no período.
Para este período, há uma correspondência entre os parâmetros de somatório de graus-
hora e as médias das temperaturas mínimas apresentadas pelos cinco sistemas construtivos de
melhor desempenho térmico: 5, Constroyer; 14, José Tureck; 6, Andrade Gutierrez; 13,
Paineira; e 7, Todeschini. Estas moradias alcançaram melhor amortecimento das temperaturas
frias do ar exterior. Excetuando-se estes cinco sistemas construtivos, não há mais
correspondência entre os dois parâmetros: as médias das mínimas não são, necessariamente,
proporcionais a um maior ou menor somatório de graus-hora.
Para o período de verão, as temperaturas internas das moradias apresentaram alta
porcentagem de horas com valores na faixa de conforto, com índices variando entre 61,8%
(Andrade Ribeiro) e 95,8% (Constroyer) das horas totais de medição. Neste período, cinco
sistemas construtivos superaram o ambiente externo em somatório de graus-hora
(apresentando um maior grau ou intensidade de desconforto por calor do que o ambiente
externo). Os sistemas construtivos que apresentaram melhor e pior desempenho quanto à
porcentagem de horas em conforto coincidiram com os de menor e maior amplitude térmica.
Mesmo assim, considerando-se todos os sistemas construtivos, não se verifica, para o período
de verão, uma correspondência entre as máximas ou médias apresentadas, a porcentagem de
horas nas faixas de conforto e o somatório de graus-hora. Em suma, no verão, considerando-
se os três os parâmetros, os sistemas construtivos de melhor desempenho (com um bom
amortecimento para temperaturas quentes) foram: 5, Constroyer (poliestireno expandido); 15,
Cohab-Pará (tijolo cerâmico vazado); 14, José Tureck, (concreto com poliestireno
expandido); 6, Andrade Gutierrez, (solo-cimento); 9, ABC (concreto celular); e 7 Todeschini
(madeira maciça).
193
Nos dois períodos, inverno e verão, quanto às temperaturas tomadas no interior das
moradias, observa-se em todas elas uma maior capacidade de amortecimento térmico em
relação às temperaturas frias externas. Apesar disto, as medições tanto no interior como no
exterior das moradias, apresentaram amplitude térmica bem maior no inverno do que no
verão. Contribuindo para este resultado, a queda da temperatura noturna, no verão, em geral,
não foi aproveitada pelos moradores que, por motivos de segurança, fecham as janelas à noite.
Verificou-se que a porcentagem de horas em cada faixa de conforto e as temperaturas
mínimas e máximas não são necessariamente correspondentes. Notou-se, também, que o
somatório de graus-hora e as médias das temperaturas mínimas e das máximas não denotam
necessariamente equivalência entre os seus resultados, embora o somatório de graus-hora
apresente, principalmente em relação às médias das máximas do período de verão, uma
considerável tendência nesse sentido. Em relação a isso, a análise com o parâmetro somatório
de graus-hora demonstrou ser mais significativa, quantificando não apenas o número de horas
em desconforto, mas associando a este a sua intensidade.
Algumas tecnologias apresentaram bom desempenho nos dois períodos analisados,
conforme os parâmetros de análise, somatório de graus-hora e porcentagem de horas em
desconforto, com bom amortecimento térmico nos dois extremos de temperatura. Nesse caso,
evidencia-se, em primeiro plano, o sistema construtivo de número 5, Constroyer (de
poliestireno expandido). Devem ser citados, ainda, os de número: 14, José Tureck (de
concreto leve com interior de poliestireno expandido), 6, Andrade Gutierrez (de solocimento)
e 7, Todeschini, (de madeira maciça).
Contudo, considerando-se as diferenças verificadas nos resultados quanto à aplicação
dos parâmetros de análise, em relação à porcentagem de horas em desconforto, a tecnologia
mais adequada ao clima de Curitiba foi a de número 6, Andrade Gutierrez (de tijolos de solo-
cimento); e, em relação ao somatório de graus-hora, a mais adequada foi a de número 5,
Constroyer (de poliestireno expandido revestido com argamassa).
técnicas conhecidas ou se forem facilmente assimiláveis pela comunidade, o que não ocorre
em grande parte dos sistemas construtivos analisados. Constatou-se que a adequação climática
relaciona-se de forma inegável com a cultura construtiva tradicionalmente empregada na
região. Na verdade, ambas se interrelacionam, havendo uma correspondência entre fatores
culturais, sejam eles construtivos ou não, e fatores do meio-ambiente, climáticos ou não.
Considerando-se as condições climáticas de Curitiba, pode-se comentar, em relação a
alguns critérios de Tecnologia Apropriada, como procedência, uso de matéria-prima local e
uso de técnica tradicional conhecida pela população:
•= os sistemas construtivos 5, Constroyer, e 14, José Tureck, que apresentaram ótimo
desempenho térmico nos dois períodos avaliados, são de empresas fabricantes de São
Paulo, cidade pertencente à Zona Bioclimática 3. Ambos utilizam técnicas e materiais não
encontráveis no primeiro planalto paranaense e pouco conhecidos pela população local;
•= os sistemas construtivos de números 6, Andrade Gutierrez, e 13, Paineira, cujas empresas
também são oriundas de outras regiões, respectivamente, de Belo Horizonte (MG) e
Brasília (DF) (Zonas Bioclimáticas 3 e 4), utilizam, no entanto, materiais encontráveis na
região de Curitiba como solo-cimento e concreto, e técnicas conhecidas, apresentando
desempenho melhor no inverno que no verão;
•= por seu bom desempenho no inverno, os sistemas construtivos baseados no emprego da
madeira, técnica tradicional da Região Sul do país, não podem ser descartados como
alternativa para habitação, levando-se em conta, também, o fator cultural. Destes,
apresentaram-se como melhores os de número 7, Todeschini, de madeira de lei maciça e
maior espessura, proveniente de Mato Grosso do Sul, que não utiliza matéria-prima local,
porém faz uso de técnica tradicional; e 3, Kürten, que é de empresa local e utiliza
madeiras e técnicas da região.
Assim, enquanto sistemas tradicionais apresentaram bons resultados, o sistema
construtivo de número 15, Cohab-Pará, por exemplo, proveniente de um outro extremo do
país (Zona Bioclimática 8), de condições climáticas, ambientais, sócio-econômicas e
tecnológicas bastante diferentes de Curitiba, mostrou-se pouco adaptado à realidade local.
Com o pior desempenho térmico no inverno, embora tenha apresentado um dos melhores
desempenhos no verão, demonstrou ser apropriado apenas para regiões de clima quente.
Igualmente contra-indicados são os sistemas que utilizam materiais não encontráveis na
região ou os que fazem uso de matéria-prima cuja extração e manuseio causam problemas
ambientais como a madeira de lei ou o fibrocimento.
195
O cálculo das características termofísicas dos materiais visou à sua comparação com
o desempenho térmico obtido pelas moradias e com as recomendações da Norma de
Desempenho Térmico.
Quanto às paredes, em relação às recomendações da Norma, pôde-se observar que têm
as condições mais próximas das ideais (nível de desempenho elevado), nas três características
termofísicas consideradas [a transmitância (U), a inércia térmica (ϕ) e o fator de calor solar
(FS)], os sistemas construtivos 5, Constroyer, 14, José Tureck (com excelente desempenho
nos dois períodos avaliados) e 8, Epotec (que constituiu uma exceção, com um desempenho
térmico relativamente baixo nos dois períodos). O sistema construtivo 5, Constroyer, com a
maior inércia térmica (ϕ) e a menor transmitância (U) dos fechamentos, apresentou um
desempenho apenas médio no parâmetro de porcentagens de horas em conforto no inverno.
196
poderiam, uma vez que se admite que a presença de fatores diversos interferem no
desempenho térmico das moradias, tais como:
•= variações de uso das unidades pelos moradores, como ocupação, o uso de equipamentos,
operação das aberturas etc;
•= influência das variáveis arquitetônicas: tipologias diferentes, variações de planta baixa, de
taxas de ventilação, distribuição das aberturas, sombreamento das aberturas, inclinação
dos planos da cobertura etc;
•= variações no posicionamento dos equipamentos de medição nas moradias monitoradas,
que, embora centralizados, foram colocados em ambientes de usos diferentes devido à
disposição dos ambientes em cada moradia.
No entanto, apesar de haver essa margem de erro, alguns valores se mostraram
estatisticamente significativos, conforme o teste de significância realizado. Os parâmetros
com valores mais altos podem ser tomados como relevantes na obtenção de maior
desempenho térmico.
Como dificuldades para realização desta pesquisa, pode-se citar:
•= o número pequeno das moradias analisadas;
•= a dificuldade de se acompanhar e obter dados precisos sobre as variações de uso por parte
dos moradores e sua influência no comportamento térmico de suas moradias durante as
avaliações (cerca de um mês em cada período); e
•= o grande número de variáveis que interferem no desempenho térmico das moradias.
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practices. New York: McGraw-Hill, 1983.
30,0
25,0
20,0
T [ºC]
15,0
10,0
5,0
0,0
1
28
55
82
109
136
163
190
217
244
271
298
325
352
379
406
433
460
487
514
541
568
595
622
649
676
703
730
757
784
811
838
865
892
t [h]
Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Construtivos
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
CHJ
Sistemas
3P
10
11
12
13
14
15
16
17
18
1
9
Mora- 5 6 6 3 4 4 4 5 3 2 1 3 3 5 3 2 4 5
dores
1h 100 100 67 67 100 100 100 92 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
2h 100 100 67 67 100 100 100 92 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
3h 100 100 67 67 100 100 100 92 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
4h 100 100 67 67 100 100 100 92 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
5h 100 100 67 67 100 100 100 92 100 100 100 100 67 100 100 75 100 80
6h 100 100 50 67 100 92 100 80 67 75 67 100 67 100 50 75 100 70
7h 100 100 50 67 25 62 87 36 33 50 67 100 100 100 0 75 75 60
8h 80 100 50 67 25 25 75 36 33 50 67 100 100 100 0 25 50 60
9h 60 100 50 33 25 25 75 36 33 50 67 83 100 100 0 25 50 60
10 h 60 100 50 24 25 25 75 36 33 50 27 83 100 100 0 25 50 60
11 h 60 100 41 7 25 25 75 36 50 50 27 83 100 100 0 25 50 70
Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
Sistemas
CHJ
3P
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
mora 5 6 6 3 4 4 4 5 3 2 1 3 3 4 3 2 4 5
dores
1h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
2h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
3h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
4h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
5h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 67 100 100 50 100 100
6h 100 100 50 67 100 100 100 90 100 100 67 100 67 100 100 50 100 90
7h 100 100 50 67 100 100 87 30 100 100 67 100 100 100 100 50 100 80
8h 0 100 50 67 100 75 75 30 100 100 67 100 100 100 67 0 100 80
9h 0 100 50 67 100 75 75 30 100 75 67 0 100 100 67 0 80 80
10 h 0 100 50 67 100 75 75 30 100 50 67 0 100 100 67 0 80 80
11 h 0 100 42 67 100 75 75 30 100 50 67 0 100 100 67 0 80 90
12 h 0 100 33 67 100 62 75 30 100 100 67 0 100 100 100 50 100 100
13 h 0 100 33 67 100 50 75 30 100 100 67 0 100 100 100 50 100 100
14 h 0 100 33 67 100 50 75 30 100 100 67 0 100 100 67 50 20 100
15 h 0 100 33 67 0 50 75 30 100 50 67 0 100 100 67 50 20 100
16 h 0 100 33 0 0 62 75 30 100 50 67 0 100 100 67 50 20 100
17 h 0 100 33 0 0 75 75 30 100 50 67 0 100 100 67 50 20 100
18 h 60 100 33 67 100 75 75 90 100 100 67 0 67 100 100 50 20 100
19 h 100 100 33 67 100 75 75 90 100 100 67 0 33 100 100 50 20 100
20 h 100 100 33 67 100 75 87 90 100 100 100 0 33 100 100 100 100 100
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23 h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
24 h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
* Os valores se referem à porcentagem de moradores presentes no intervalo de cada hora, tendo sido consideradas
proporcionalmente as frações de hora.
209
Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
Sistemas
CHJ
1 2 3 3P
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
mora 5 6 6 3 4 4 4 5 3 2 1 3 3 5 3 2 4 5
dores
1h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
2h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
3h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
4h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
5h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
6h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
7h 100 100 67 67 100 100 87 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
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16 h 0 100 83 0 0 0 75 70 100 0 100 0 100 100 67 100 80 100
17 h 0 100 83 0 50 0 75 70 100 0 100 0 100 100 67 100 80 100
18 h 0 100 83 67 100 0 75 70 100 100 100 0 67 100 100 100 0 100
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23 h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
24 h 100 100 67 67 100 100 100 90 100 100 100 100 67 100 100 100 100 100
* Os valores se referem à porcentagem de moradores presentes no intervalo de cada hora, tendo sido consideradas
proporcionalmente as frações de hora.
210
Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
Sistemas
CHJ
3P
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
mora 5 6 6 2 4 4 5 5 3 3 1 4 3 7 3 2 4 5
dores
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2h 100 100 67 100 100 100 100 92 67 100 75 100 67 100 100 100 100 100
3h 100 100 67 100 100 100 100 92 67 100 75 100 67 100 100 100 100 100
4h 100 100 67 100 100 100 100 92 67 100 75 100 67 100 100 100 100 100
5h 100 100 67 100 100 100 100 92 67 100 75 100 67 100 100 75 100 100
6h 100 100 67 100 100 92 100 80 67 83 0 100 67 100 67 75 100 80
7h 100 83 67 100 25 62 90 36 33 67 0 100 100 100 33 75 75 80
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9h 80 67 67 50 25 50 80 36 33 67 0 62 100 57 33 25 75 80
10 h 80 67 67 50 25 50 80 36 33 67 0 62 100 57 33 25 75 80
11 h 80 67 58 100 25 50 80 36 50 67 0 62 100 57 33 25 75 80
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13 h 80 67 50 100 50 50 80 36 67 67 0 75 100 57 33 50 100 60
14 h 80 67 50 100 50 50 80 36 67 67 0 62 100 57 33 50 50 60
15 h 80 67 50 50 50 50 80 36 67 67 0 62 100 57 33 50 50 60
16 h 80 67 50 50 50 50 80 36 67 67 0 62 100 57 33 50 50 80
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20 h 100 100 50 100 100 100 90 92 67 100 75 100 73 86 100 100 100 100
21 h 100 100 58 100 100 100 100 92 67 100 75 100 73 86 100 100 100 100
22 h 100 100 67 100 100 100 100 92 67 100 75 100 67 86 100 100 100 100
23 h 100 100 67 100 100 100 100 92 67 100 75 100 67 100 100 100 100 100
24 h 100 100 67 100 100 100 100 92 67 100 75 100 67 100 100 100 100 100
* Os valores se referem à porcentagem de moradores presentes no intervalo de cada hora, tendo sido consideradas
proporcionalmente as frações de hora.
211
Castellamare
Cohab-Pará
José Tureck
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
Sistemas
CHJ
3P
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
mora 5 6 6 2 4 4 5 5 3 2 1 4 3 7 3 2 4 5
dores
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4h 100 100 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 67 100 100 100 100 100
5h 100 100 67 100 100 100 100 90 67 100 25 100 67 100 100 50 100 100
6h 100 100 67 100 100 92 100 90 67 100 25 100 67 100 100 50 100 90
7h 100 83 67 100 100 75 90 30 67 100 25 100 100 100 100 50 100 80
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9h 0 67 67 0 100 75 80 30 67 83 25 0 100 57 67 0 80 80
10 h 0 67 67 0 100 75 80 30 67 67 25 0 100 57 67 0 80 80
11 h 0 67 58 100 100 75 80 30 67 67 25 0 100 57 67 0 80 90
12 h 0 67 50 100 100 75 80 30 67 100 25 0 100 57 100 50 100 100
13 h 0 83 50 100 100 75 80 30 67 100 25 0 100 57 100 50 100 100
14 h 0 83 50 100 100 75 80 30 67 100 25 0 100 57 100 50 20 100
15 h 0 83 50 0 0 75 80 30 33 100 25 0 100 57 100 50 20 100
16 h 0 83 50 0 0 75 80 30 33 100 25 0 100 57 100 50 20 100
17 h 0 83 50 0 0 75 80 30 33 100 25 100 100 57 100 50 20 100
18 h 0 100 50 100 100 100 80 90 33 100 25 100 67 57 100 50 20 100
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20 h 100 100 50 100 100 100 90 90 33 100 75 100 33 86 100 100 100 100
21 h 100 0 58 100 100 100 100 90 67 100 75 100 33 86 100 100 100 100
22 h 100 0 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 100 86 100 100 100 100
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24 h 100 100 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 100 100 100 100 100 100
* Os valores se referem à porcentagem de moradores presentes no intervalo de cada hora, tendo sido consideradas
proporcionalmente as frações de hora.
212
Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
Sistemas
CHJ
1 2 3 3P
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
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2h 100 100 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 100 100 100 100 100 100
3h 100 100 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 100 100 100 100 100 100
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21 h 100 0 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 33 86 100 100 0 100
22 h 100 0 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 67 86 100 100 100 100
23 h 100 100 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 67 100 100 100 100 100
24 h 100 100 67 100 100 100 100 90 67 100 75 100 67 100 100 100 100 100
* Os valores se referem à porcentagem de moradores presentes no intervalo de cada hora, tendo sido consideradas
proporcionalmente as frações de hora.
213
Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
[m2]** máx. [%]* Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
CHJ
área de Taxa de Sistemas
3P
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
ventilação
6,5 16,2 12,1 16,1 17,5 14,6 20,6 12,5 13,8 17,0 14,6 17,5 14,1 10,5 15,0 12,0 11,2 15,7
ventilação
2,6 5,9 5,6 5,3 6,5 5,4 8,2 6,4 5,6 8,8 5,3 7,0 5,2 5,0 4,6 4,8 4,9 6,4
1h 2,0 1,0 0 0,9 0,7 0 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 0 0,4 0,2 0,4 0 0,6
2h 2,0 1,0 0 0,9 0,7 0 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 0 0,4 0,2 0,4 0 0,6
3h 2,0 1,0 0 0,9 0,7 0 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 0 0,4 0,2 0,4 0 0,6
4h 2,0 1,0 0 0,9 0,7 0 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 0 0,4 0,2 0,4 0 0,6
5h 2,0 1,0 0 0,9 0,7 0 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 0 0,4 0,2 0,4 0 0,6
6h 2,0 1,0 3,6 0,9 0,7 0 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 0 0,4 3,5 0,4 0 0,6
7h 2,0 1,0 3,6 0,9 0,7 0 0 0 8,0 0,5 4,8 0,7 0 0,4 3,5 2,5 3,8 0,6
8h 5,7 1,0 3,6 6,6 3,9 0 0 0 8,0 5,2 4,8 0,7 0 0,4 3,5 2,5 3,8 3,3
9h 5,7 9,9 3,6 6,6 3,9 9,6 0 4,9 9,6 5,2 4,8 10,8 10,7 3,5 3,5 2,5 3,8 3,3
10 h 5,7 9,9 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 4,9 9,6 5,2 9,4 10,8 10,7 3,5 3,5 2,5 3,8 7,4
11 h 5,7 9,9 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 4,9 9,6 5,2 9,4 10,8 10,7 3,5 3,5 2,5 3,8 7,4
12 h 5,7 9,9 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 4,9 9,6 5,2 9,4 10,8 10,7 3,5 3,5 2,5 3,8 7,4
13 h 5,7 9,9 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 4,9 9,6 4,6 9,4 10,8 10,7 3,5 3,5 2,5 4,0 7,4
14 h 5,7 9,9 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 4,9 9,6 4,6 9,4 10,8 10,7 3,5 3,5 2,5 4,0 7,4
15 h 5,7 8,9 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 4,9 9,6 4,6 9,4 10,8 10,7 3,5 3,5 0,8 4,0 7,4
16 h 5,7 8,9 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 4,9 8,0 4.6 4,8 10,8 10,7 3,5 3,5 0,8 3,8 7,4
17 h 5,7 7,2 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 0 8,0 4,6 4,8 10,8 10,7 3,5 3,5 0,8 3,8 6,8
18 h 5,7 5,6 3,6 6,6 3,9 9,6 12,9 0 8,0 4,6 4,8 10,8 10,7 3,5 3,5 0,8 3,8 6,8
19 h 5,7 1,0 0 6,6 0,7 9,6 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 10,7 2,8 3,5 0,8 0 0,6
20 h 5,7 1,0 0 6,6 0,7 5,9 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 10,7 2,8 3,5 0,8 0 0,6
21 h 0,8 1,0 0 0,9 0,7 1,8 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 4,6 2,8 3,5 0,4 0 0,6
22 h 0,8 1,0 0 0,9 0,7 1,8 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 4,6 2,8 3,5 0,4 0 0,6
23 h 0,8 1,0 0 0,9 0,7 0 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 4,6 2,8 3,5 0,4 0 0,6
24 h 0,8 1,0 0 0,9 0,7 0 0 0 0,5 0,5 3,3 0,7 0 0,4 0,2 0,4 0 0,6
* Taxa de ventilação máxima = das áreas de ventilação / área de piso X 100 = [% da área de piso de cada moradia]
** das áreas de ventilação de cada moradia [m2]
214
Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
[m2]** máx. [%]* Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
CHJ
área de Taxa de Sistemas
3P
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
ventilação
6,5 16,2 12,1 16,1 17,5 14,6 20,6 12,5 13,8 17,0 14,6 17,5 14,1 10,5 15,0 12,0 11,2 15,7
ventilação
2,6 5,9 5,6 5,3 6,5 5,4 8,2 6,4 5,6 8,8 5,3 7,0 5,2 5,0 4,6 4,8 4,9 6,4
1h 2,8 1,0 1,5 0,9 0,7 0 1,7 1,8 0,5 1,0 5,4 0,7 6,2 0,4 0,2 0,4 0,2 0,6
2h 2,8 1,0 1,5 0,9 0,7 0 1,7 1,8 0,5 1,0 5,4 0,7 6,2 0,4 0,2 0,4 0,2 0,6
3h 2,8 1,0 1,5 0,9 0,7 0 1,7 1,8 0,5 1,0 5,4 0,7 6,2 0,4 0,2 0,4 0,2 0,6
4h 2,8 1,0 1,5 0,9 0,7 0 1,7 1,8 0,5 1,0 5,4 0,7 6,2 0,4 0,2 0,4 0,2 0,6
5h 2,8 1,0 1,5 0,9 0,7 0 1,7 1,8 0,5 1,0 5,4 0,7 6,2 0,4 0,2 0,4 0,2 0,6
6h 2,8 1,0 5,0 0,9 0,7 0 1,7 1,8 0,5 5,2 5,4 0,7 6,2 0,4 3,5 0,4 0,2 0,6
7h 2,8 1,0 5,0 0,9 0,7 0 1,7 1,8 13,8 5,2 5,4 0,7 6,2 4,6 3,5 6,8 9,5 0,6
8h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 0 9,4 1,8 13,8 8,1 5,4 0,7 12,0 4,6 3,5 6,8 9,5 15,7
9h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 9,4 9,9 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 3,5 6,8 9,5 15,7
10 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 9,4 9,9 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 3,5 6,8 9,5 15,7
11 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 9,4 9,9 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 3,5 6,8 9,5 15,7
12 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 13,6 9,9 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 3,5 6,8 9,5 15,7
13 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 13,6 9,9 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 3,5 6,8 9,5 15,7
14 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 13,6 9,9 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 3,5 6,8 9,5 15,7
15 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 13,6 9,9 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 3,5 6,8 9,5 15,7
16 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 13,6 9,9 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 8,8 6,8 9,5 15,7
17 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 13,6 5,1 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 8,8 6,8 9,5 15,7
18 h 6,5 16,2 5,0 6,6 5,8 7,7 13,6 5,1 13,8 8,1 5,4 10,8 12,0 4,6 8,8 6,8 9,5 15,7
19 h 6,5 1,0 1,5 6,6 5,8 7,7 13,6 5,1 13,8 8,1 5,4 0,7 12,0 4,6 8,8 6,8 9,5 15,7
20 h 6,5 1,0 1,5 6,6 5,8 5,9 10,1 1,8 2,2 8,1 5,4 0,7 12,0 4,6 8,8 6,8 9,5 15,7
21 h 6,5 1,0 1,5 0,9 0,7 1,8 1,7 1,8 2,2 1,0 5,4 0,7 12,0 4,6 8,8 0,4 9,5 0,6
22 h 6,5 1,0 1,5 0,9 0,7 1,8 1,7 1,8 2,2 1,0 5,4 0,7 12,0 4,6 8,8 0,4 9,5 0,6
23 h 6,5 1,0 1,5 0,9 0,7 0 1,7 1,8 2,2 1,0 5,4 0,7 12,0 4,6 8,8 0,4 9,5 0,6
24 h 6,5 1,0 1,5 0,9 0,7 0 1,7 1,8 2,2 1,0 5,4 0,7 6,2 0,4 0,2 0,4 6,1 0,6
* Taxa de ventilação máxima = das áreas de ventilação / área de piso X 100 = [% da área de piso de cada moradia]
** das áreas de ventilação de cada moradia [m2]
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Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
Sistemas
CHJ
1 2 3 3P
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1h 150 150 150 150 150 200 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
2h 150 150 150 150 150 200 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
3h 150 150 150 150 150 200 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
4h 150 150 150 150 150 200 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 3650
5h 150 150 150 150 150 200 150 150 150 3650 150 150 150 150 150 150 150 150
6h 150 150 390 150 150 200 150 150 3650 3650 150 150 150 150 150 150 150 3650
7h 150 150 390 3980 3890 3650 150 150 150 150 150 150 3650 270 150 150 150 150
8h 420 390 150 300 330 150 150 420 270 150 150 150 3650 150 1900 150 270 3650
9h 300 3890 150 300 330 150 330 300 480 150 150 390 150 150 3650 150 150 150
10 h 330 150 3650 150 330 330 480 330 510 150 300 570 150 150 1900 390 330 150
11 h 330 390 390 150 330 330 900 330 330 390 150 570 390 390 150 390 330 150
12 h 570 390 390 150 570 4070 4070 570 570 390 150 570 390 390 150 150 4070 390
13 h 330 150 150 150 330 570 3650 330 450 330 150 330 150 150 150 150 330 150
14 h 330 150 540 150 330 330 150 330 450 480 150 330 150 150 150 150 330 3650
15 h 330 480 540 150 330 330 150 330 390 480 150 720 330 150 150 150 330 150
16 h 330 630 150 150 3880 330 150 330 330 330 150 510 390 150 150 150 3830 200
17 h 3830 630 150 390 4070 490 3830 3830 330 330 150 390 640 3710 150 150 330 200
18 h 690 3890 4130 390 390 4290 4190 690 390 1950 5310 390 400 3950 730 450 540 4420
19 h 4110 3890 730 3950 4130 730 790 4110 3950 2190 5370 730 3650 540 730 540 390 430
20 h 4050 390 490 630 390 490 730 4050 4190 690 390 4290 150 390 490 4200 4050 430
21 h 610 390 490 390 390 310 550 610 390 3950 390 4230 150 390 390 4050 550 330
22 h 610 390 550 450 330 310 370 610 390 3650 390 490 210 450 450 370 550 330
23 h 610 450 150 520 330 250 310 610 450 150 390 390 270 450 450 210 150 330
24 h 490 150 150 150 330 250 150 490 210 150 150 270 270 210 150 150 150 150
216
Castellamare
José Tureck
Cohab-Pará
Constroyer
Todeschini
Battistella
Facicasas
Gutierrez
Construtivos
Andrade
Andrade
Paineira
Ribeiro
Tetolar
Epotec
Kürten
Eternit
MLC
ABC
Sistemas
CHJ
1 2 3 3P
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
1h 270 150 150 150 150 560 210 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
2h 270 150 150 150 150 560 210 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
3h 270 150 150 150 150 560 210 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
4h 270 150 150 150 150 560 210 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
5h 270 150 150 150 150 560 210 150 150 150 250 150 150 150 150 150 150 150
6h 270 150 390 150 150 560 210 150 3650 150 3750 150 150 150 1900 150 150 150
7h 270 150 390 3920 3890 3950 150 150 150 150 150 150 150 150 3650 150 150 150
8h 390 150 150 300 330 450 330 420 270 3650 150 150 150 150 150 150 270 3650
9h 270 150 150 300 330 550 330 3800 480 3650 150 390 150 300 150 3650 150 165
10 h 450 150 3650 150 330 730 330 3830 510 150 300 570 150 300 150 3650 330 165
11 h 450 390 390 150 330 970 570 330 330 390 150 570 3890 390 150 390 330 165
12 h 690 390 390 150 570 970 570 570 570 390 150 570 390 390 150 390 570 405
13 h 450 150 150 150 330 870 300 330 450 330 150 330 150 150 150 150 330 150
14 h 450 150 540 150 330 630 480 330 450 480 150 330 150 150 150 150 330 150
15 h 450 330 540 150 330 630 505 330 390 480 150 720 330 150 150 150 330 165
16 h 450 480 150 150 3880 630 2240 330 330 330 150 510 390 150 150 150 330 215
17 h 3950 330 150 330 4070 630 4080 3830 330 330 150 390 640 150 150 150 330 200
18 h 750 330 4230 330 330 4310 975 690 390 330 150 390 650 3650 150 450 480 4435
19 h 4170 4070 730 3950 4070 4590 750 4110 450 690 390 730 3920 3930 330 540 4170 430
20 h 4170 3710 490 630 510 4350 690 4050 690 690 5370 4290 270 430 330 700 4050 430
21 h 730 210 490 390 450 930 450 610 390 3950 390 4230 270 430 330 550 550 330
22 h 730 210 550 450 450 850 450 610 390 3950 390 490 330 430 270 370 550 330
23 h 670 180 210 450 450 850 450 610 450 470 390 390 270 430 150 210 150 330
24 h 550 150 150 150 330 610 360 490 210 150 150 270 270 430 150 150 150 150
217
30
ZONAS:
30
1. Conforto
2. Ventilacao 25
3. Resfriamento Evaporativo
4. Massa Térmica p/ Resfr. 25
5. Ar Condicionado 5
20
6. Umidificação 2
W[g/kg]
7. Massa Térmica/ Aquecimento Solar 20
]
10 4
C
8. Aquecimento Solar Passivo 15
[°
U
9. Aquecimento Artificial
B
15
T
10.Ventilação/ Massa
1 11 10
11.Vent./ Massa/ Resf. Evap. 10
12.Massa/ Resf. Evap. 5
12
0 9 8 7 5
-5
-1 0 3
-2 0 -1 5
6
0
-2 0 -1 5 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
U F SC - E CV - L abE E E - NP C
TBS[°C]
30
ZONAS:
30
1. Conforto
2. Ventilacao 25
3. Resfriamento Evaporativo
4. Massa Térmica p/ Resfr. 25
5. Ar Condicionado 5
20
6. Umidificação 2
W[g/kg]
7. Massa Térmica/ Aquecimento Solar 20
]
10 4
C
8. Aquecimento Solar Passivo 15
[°
U
9. Aquecimento Artificial
B
15
T
10.Ventilação/ Massa
1 11 10
11.Vent./ Massa/ Resf. Evap. 10
12.Massa/ Resf. Evap. 5
12
0 9 8 7 5
-5
-1 0 3
-2 0 -1 5
6
0
-2 0 -1 5 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
U F SC - E CV - L abE E E - NP C
TBS[°C]
Ra =
e concreto e cerâmica e concreto 0,025 0,09 0,025
+ +
λ concreto λ cerâmica λ concreto
=
1,75
+
0,9
+
1,75
( )
= 0,1286 m 2 K / W
Rb =
0,025 0,017
1,75
+
0,90
+ 0,16 +
0,012
0,90
+ 0,16 +
0,017 0,025
0,90
+
1,75
= 0,3997 m 2 K / W ( )
A + Ab 0,0138 + 0,0132
Rt = a
Aa Ab
=
0,0138 0,0132
= 0,1924 m 2 K / W ( )
+ +
Ra Rb 0,1286 0,3997
U=
1
=
1
R T 0,3624
= 2,76 W / m 2 K ( )
( )
R t = 0,1924 m 2 K / W
R ext =
e concreto 0,025
λ concreto
=
1,75
( )
= 0,0143 m 2 K / W
2.1 NO VERÃO:
2.1.1 Cálculo da resistência térmica da laje pré-moldada (Rlaje)
Seção A (concreto + concreto)
A a = 0,05425 x 0,18885 = 0,0102m 2
e concreto + e concreto
Ra = = 0,0621(m 2 K ) / W
λ concreto + λ concreto
Seção B (concreto + cerâmica)
A b = 0,0096 x 4 x 0,18885 = 0,0073m 2
e concreto + e cerâmica
Rb = = 0,0921(m 2 K ) / W
λ concreto + λ cerâmica
Seção C (concreto + cerâmica + ar + cerâmica) Rar = 0,21
A c = (0,03735 x 2 x 0,04488 x 3) x 0,18885 = 0,0395m 2
e concreto + e cerâmica + e cerâmica
Rc = + R ar = 0,2526(m 2 K ) / W
λ concreto + λ cerâmica + λ cerâmica
Seção D (concreto + cerâmica + ar + cerâmica) Rar = 0,15
A d = 0,00938 x 2 x 0,18885 = 0,0035 m 2
e concreto + e cerâmica + e cerâmica
Rd = + R ar = 0,1926(m 2 K ) / W
λ concreto + λ cerâmica + λ cerâmica
Seção E (concreto + cerâmica + concreto)
A e = 0,01495 x 2 x 0,18885 = 0,00565 m 2
e concreto + e cerâmica + e concreto
Re = = 0,0565(m 2 K ) / W
λ concreto + λ cerâmica + λ concreto
Aa + Ab + Ac + Ad + Ae
R laje = = 0,1276(m 2 K ) / W
Aa / R a + Ab / R b + Ac / R c + Ad / R d + Ae / R e
223
U=
1
=
1
R T 0,5553
= 1,8W / m 2 K ( )
( )
R t _ verão = 0,3453 m 2 K / W
B 0 = C T − C Text = 135,86
B0 135,86
B1 = 0,226 = 0,226 = 88,9
Rt 0,3453
é (λ.ρ.c )ext ù é R t − R ext ù
B 2 = 0,205ê ú x êR ext − ú
ë Rt ë 10
é 0,65.1700.0,84 ù é
B 2 = 0,205ê x ê0,0077 −
(0,3453 − 0,0077 )ù = −14,36
ú
ë 0,3453 ë 10
2.2 NO INVERNO:
2.2.1 Cálculo da resistência térmica da laje pré-moldada (Rlaje)
Seção A (concreto + concreto)
A a = 0,05425 x 0,18885 = 0,0102 m 2
e concreto + e concreto
Ra =
λ concreto + λ concreto
( )
= 0,0621 m 2 K / W
Aa + Ab + Ac + Ad + Ae
R laje =
Aa / R a + Ab / R b + Ac / R c + Ad / R d + Ae / R e
(
= 0,1140 m 2 K / W )
Rt =
e fibrocimento
λ fibrocimento
+ R laje + R ar =
0,005
0,65
(
+ 0,1140 + 0,14 = 0,2617 m 2 K / W )
R T = R si + R t + R se = 0,10 + 0,2617 + 0,04 = 0,4017 m 2 K / W( )
2.2.3 Cálculo da transmitância térmica para o inverno
U=
1
=
1
R T 0,4017
= 2,5W / m 2 K ( )
2.2.4 Cálculo da capacidade térmica (2.1.4 e 2.1.5) são os mesmos para verão e inverno,
com CT = 143kJ/(m2K)
n xy − ( x )( y)
r= (Equação 1)
n ( x −(
2
) x)
2
n ( y −(
2
) y)
2
onde
n é o número de pares de dados presentes;
é a adição dos itens indicados;
x é a soma de todos os valores de x;
x2 indica que se deve elevar ao quadrado cada valor de x e somar os resultados;
( x)2 indica que se deve somar os valores de x e elevar ao quadrado;
xy indica que se deve multiplicar cada valor de x pelo valor correspondente de y e então
somar todos esses produtos;
r é o coeficiente de correlação linear para uma amostra;
ρ é o coeficiente de correlação linear para uma população.
1) Segundo Triola (1999), o teste formal de hipóteses pode ser aplicado para determinar se
existe correlação linear significativa entre duas variáveis. As hipóteses nula e alternativa
podem ser expressadas:
Ho: ρ = 0 (não há correlação linear significativa)
H1: ρ ≠ 0 (correlação linear significativa)
onde
ρ representa o coeficiente de correlação linear para uma população
3) Aplica-se a Estatística de Teste t para Correlação Linear. Este método utiliza a distribuição
t de Student, que considera o valor alegado da média e o desvio-padrão amostral de valores de
r, conforme a Equação 2:
r
t= (Equação 2)
1 − r2
n−2
FONTE: TRIOLA, M. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora,
1999.
α = 0,05 significa que sem nenhuma correlação linear entre as duas series de variáveis, há uma chance de 5%
1
de que o valor absoluto do coeficiente de correlação linear calculado r exceda o valor crítico.
2
Usa-se o teste unilateral somente para verificar se a correlação linear está acima de determinado valor. Caso
contrário, utiliza-se o teste bilateral, uma vez que a correlação linear pode ser positiva ou negativa, conforme o
comportamento das variáveis. Se aos valores crescentes de x, correspondem aos valores crescentes de y, a
correlação é positiva; mas quando os valores de y decrescem em relação aos valores de x, a correlação é
negativa.
230
r n−2
t=
1 − r2
(t 1 − r2 ) = (r
2
n−2 )2
( )
t 2 1 − r 2 = r 2 (n − 2)
t 2 − t 2 r 2 = nr 2 − 2r 2
nr 2 − 2r 2 + t 2 r 2 = t 2
(
r2 n − 2 + t2 = t2 )
2
t
r2 =
(n − 2 + t2 )
t2
r=
( n − 2 + t2 )
t
r= = 0,468
(n − 2 + t ) 2