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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Consequencias do bilinguismo dos alunos da 5ª Classe

Nome:

Júlia Armindo Massingue, 708200958

Curso: Linceciatura de Ensino em Língua


Portuguesa
Disciplina: Didática Português II (0191)
3º Ano
Tutor: Dra. Teresa Viera

Maputo, Maio de 2022


Índice
Introdução.................................................................................................................................... 3

Conceitos ..................................................................................................................................... 4

Bilingue ....................................................................................................................................... 4

Bilinguismo ................................................................................................................................. 4

Perspectivas de estudo do Bilinguismo ....................................................................................... 4

Educação bilíngue ....................................................................................................................... 5

Educação Bilingue em Moçambique........................................................................................... 5

Presupostos básicos da intodução do Ensino Bilingue................................................................ 5

Aquisição da segunda língua: simultânea ou sucessiva .............................................................. 7

Consequencias do bilinguismo ou ensino bilingue nos alunos da 5ª classe ................................ 7

Conclusão .................................................................................................................................... 9

Bibliografia................................................................................................................................ 10
1. Introdução
O bilinguismo é um fenômeno existente desde o começo da linguagem da humanidade. A
história das línguas associa-se profundamente à existência do povo que a fala. Há muito para ser
discutido acerca deste assunto; apesar de o tema estar em alta, diferente do que se pensa, definir
o que é bilinguismo ainda pode ser uma tarefa árdua, devido às diversas definições literárias que
se encontram sobre o assunto. Segundo o dicionário Macmillan English (2014), bilíngue é
definido como: “bilíngue é aquele capaz de falar duas línguas extremamente bem” (Someone
who is bilingual is able to speak two languages extremely well). Bloomfield (1933), citado por
Chimbutana (2011:03), também compartilha desta visão de bilinguismo ao afirmar que: “No
caso extremo de aprendizagem de línguas estrangeiras, o sujeito torna-se tão eficiente como o
falante nativo em volta dele. [...] Nos casos de aprendizagem perfeita, de línguas estrangeiras,
não é acompanhada da perda da língua nativa, resulta em bilinguismo, controle nativo das duas
línguas”

A partir de 2004, o papel da língua portuguesa, como meio de escolarização básica, foi sujeito a
alterações devidas a diversos fatores, entre os quais se destacam o fraco desempenho dos alunos,
a necessidade de escolarização em línguas maternas (nacionais) nas classes iniciais. Estas
intervenções levaram-nos à necessidade de analisar a relevância do ensino dessas línguas no
cenário educacional moçambicano, caracterizado por multilinguismo/plurilinguismo da
população escolar. Deste modo, o presente trabalho visa abordar o impacto da modalidade do
ensino bilingue nos alunos da 5ª classes.
2. Conceitos

a) Bilingue
Termo Latino “bilingui”, adjectivo que se utiliza em referência a um indivíduo que fala duas
línguas ou àquilo que está escrito em dois idiomas, segundo Macmillan English (2014:72)

b) Bilinguismo
É a capacidade de uma pessoa para utilizar duas línguas com destreza e facilidade, podendo ser
nativo ou adquirido; capacidade manejar perfeitamente duas línguas, que possam ser utilizadas
pelo indivíduo com toda a facilidade (na medida em que se consegue expressar sem problemas
em ambos os idiomas), BLOOMFIELD(1933), apud MARCELINO (2009:03).

2.1. Perspectivas de estudo do Bilinguismo

O fenômeno do Bilinguismo pode ser considerado a partir de diversas perspectivas. Diferentes


autores trazem recortes particulares dessas dimensões. Li Wei (op cit), por exemplo, organizou
uma obra referência na área de estudos sobre o Bilinguismo, intitulada The Bilingualism Reader,
na qual classifica três dimensões importantes a partir das quais se estudar o fenômeno, trazendo
artigos básicos em cada uma delas:

 Sociolinguísticas, referentes a estudos sobre a escolha das línguas, diglossia9 e


Bilinguismo, interação social e Codeswitching;
 Linguísticas, referentes a estudos sobre a gramática do Code-switching e à aquisição da
linguagem por crianças bilíngues;
 Psicolinguísticas, referentes a estudos sobre o cérebro bilíngue e ao processamento de
discurso pelo bilíngue.

Katchan (1986), por sua vez, apresenta revisão de literatura que pode ser entendida como
pertencente à dimensão cognitivo-linguística. Dentro da abordagem cognitiva, Bialystok é uma
pesquisadora de destaque, com diferentes obras e revisões de literatura sobre influências do
Bilinguismo sobre o desenvolvimento cognitivo, abordado de diferentes maneiras.
3. Educação bilíngue

Entender educação bilíngue nem sempre é uma tarefa fácil porque a sua caracterização extrapola
os limites da escola e inclui outros agentes socializantes como a família, os amigos, a vizinhança,
a sociedade maior, os meios de comunicação etc. AKKARI (1998). Além disso, envolve a
compreensão de aspectos da história, da ideologia, da política e dos interesses individuais e
coletivos da sociedade – como as línguas são vistas e usadas na sociedade, o que significa educar
uma população linguística e culturalmente diversa, o que se espera atingir e para quem são
destinados os programas de ensino, entre outros.

3.1. Educação Bilingue em Moçambique

A Educação Bilingue é uma forma de ensino em que estão envolvidas duas línguas. Para o
contexto moçambicano, refere-se ao ensino em uma língua bantu moçambicana e o Português e
é, normalmente, implementado em áreas linguisticamente homogéneas. Para este tipo de ensino,
Moçambique optou pelo modelo de transição com características de manutenção de forma a
desenvolver-se um bilinguismo aditivo nos alunos (PCEB 2003).

Em Moçambique, é uma modalidade de ensino que foi introduzido numa fase experimental em
1993 a1997 numa escola das Províncias de Gaza e Tete com as línguas materna local. Em 2017,
incrementou-se a expansão abrangendo actualmente um total de 3,5550 escolas primárias e um
universo de quase dois milhões de alunos em todo país, segundo o relatório da Estratégia do
Ensino Bilingue (2019)

4. Presupostos básicos da intodução do Ensino Bilingue

Em Moçambique as línguas moçambicanas são usadas na educação tendo como base três tipos
de fundamentos, nomeadamente:

I. Respeito de direitos linguísticos;


II. Afirmação e preservação de identidades culturais e;
III. Facilitação do processo de ensino-aprendizagem.
A principal forma de uso destas línguas é o Ensino Bilingue, uma modalidade em que se usam
duas línguas na sala de aula, uma língua bantu moçambicana e o Português. Para a
implementação desta modalidade, Moçambique adoptou um modelo de transição com
características de manutenção. Para além desta modalidade, as línguas moçambicanas são usadas
como meio auxiliar em contextos onde a língua de ensino é o Português e são também usadas
como disciplinas curriculares.

À luz da Lei do Sistema Nacional de Educação (lei 18/18, de 28 de Dezembro), o Ensino


Primário compreende seis classes, organizadas em dois ciclos de aprendizagem: 1º ciclo (1ª a 3ª
classe) e 2º ciclo (4ª a 6ª classe). Respondendo à nova configuração dos ciclos de aprendizagem,
a estratégia de expansão do ensino bilingue (2020 -2029) estrutura o Ensino Bilingue
obedecendo aos seguintes princípios:

 No primeiro ciclo de aprendizagem (1ª , 2ª e 3ª classes), as línguas moçambicanas são


usadas como língua de ensino e como disciplina, enquanto a língua portuguesa é
simplesmente disciplina, para desenvolver habilidades da oralidade como preparação para
a leitura e escrita nesta língua no 2º ciclo. Importa referir que na ultima classe do ciclo (
3ª Classe), ocorre o que se chama transição, que é a passagem da língua de ensino, de
uma língua moçambicana para o Português. Este processo é gradual, pois nesta classe, a
língua de ensino continua uma língua moçambicana.
 No segundo ciclo (4ª, 5ª e 6ª classes), o precesso iniciado na última classe do segundo
Ciclo, continua até a 5ª classe e o Português passa a desempenhar instrumento de meio
de ensino contudo, tanto as línguas moçambicanas como a língua portuguesa continuam a
ser ensinadas como disciplina. Dado importante é que, nas disciplinas com conceitos um
pouco complexos como Ciências Naturais, Ciências Sociais e Matemática, as línguas
moçambicanas podem ser usadas como auxiliares para explicar/clarificar esses termos.

Nesta fase de escolaridade, as línguas moçambicanas são disciplinas, mas podem, porventura, ser
usadas como meios auxiliares para a clarificação de conceitos. Neste ciclo, a língua de ensino é
exclusivamente o Português, pois se acredita que os alunos tenham já atingido um bom nível de
desempenho nesta língua.
A língua portuguesa só assume o papel integral de meio de ensino a partir da 6ª classe. Portanto,
a língua moçambicana dos alunos será usada como meio de ensino da 1ª a 5ª classe. As
disciplinas novas introduzidas a partir da 4ª classe (Ciências Naturais e Ciências Sociais) serão
leccionadas na língua moçambicana. A língua moçambicana poderá ser usada como recurso no
processo de ensino aprendizagem para explicar ou clarificar conceitos difíceis em qualquer
disciplina.

5. Aquisição da segunda língua: simultânea ou sucessiva


Pode-se dizer que a aquisição da segunda língua ocorre de forma simultânea ou sucessiva em
relação à língua materna, de acordo com CHIMBUTANE (2012). A forma simultânea ocorre
quando se é exposto a mais de uma variedade linguística em uma idade muito nova, que poderia
ser até os três ou quatro anos de idade, conforme alguns autores. Nessa aquisição simultânea, é
comum que a criança utilize uma língua para cada pessoa, seguindo o princípio de „uma pessoa,
uma língua‟ (EDWARDS, 2006). A aquisição sucessiva, por sua vez, é a aquisição da segunda
língua posteriormente, depois que já está consolidada a língua materna, e pode se dar em
qualquer idade.

Conforme Edwards (2006), a aquisição prematura facilita a fluência, o vocabulário e a


pronúncia. Todavia, pode-se criticar a ênfase demasiada nos benefícios da aquisição prematura
da língua, como se houvesse um „período crítico‟ para adicionar outra variedade.

Os autores que defendem a tese do „período crítico‟ (alguns preferem a expressão „período
sensível‟) indicam que as crianças, até uma certa idade, aprenderiam uma segunda língua mais
facilmente do que na adolescência ou na fase adulta

6. Consequencias do bilinguismo ou ensino bilingue nos alunos da 5ª classe


O resultado da implementação da modalidade do ensino bilingue nos alunos depende de varios
factores:

 A existência de materiais em linguas ainda não totalmente padronizadas.


 A falta de assistência técnica na didactica de lingua segunda e da transição
 Falta de professores qualificados ou preparado para a modalidade do ensino bilingue .
 Pais ou encarregados de educação, comunidade e todos actores escolar menos informados
sobre a filosofia do ensino bilingue.

A boa implementação da estretegia de introdução e expansão do ensino bilingue nas escolas


coms crianças que tem como língua materna a L1 tráz como resultado:

1. As crianças que entram na escolas pela 1ª vez, encontra um melhor aconhego, integração
facilitada uma vez que há uma continuidade da língua falada no seio familiar, isto é,
aprende sem barreiras linguísticas;
2. Permite logo cedo, aprendizagem eficiente uma vez que é capaz de formar logo no 1º
Ciclo a formação de palavras e frases simples;
3. Adquire competências comunicativas da L2 pois, simultanêamente aprende a língua
portuguesa, embora seja através da oralidade à medida que consolida o conhecimento do
alfabeto.
4. Adquiridas com exitos as competencias exigidas no 1º ciclo, de leitura e escrita na L1 e
com as competencias comunicativas orais da L2, os alunos da 5ª classe estão em altura
de ler e escrever perfeitamente em L1 assim como em L2.
7. Conclusão
A Educação Bilingue é uma forma de ensino em que estão envolvidas duas línguas. Para o
contexto moçambicano, refere-se ao ensino em uma língua bantu moçambicana e o Português e
é, normalmente, implementado em áreas linguisticamente homogéneas. Para este tipo de ensino,
Moçambique optou pelo modelo de transição com características de manutenção de forma a
desenvolver-se um bilinguismo aditivo nos alunos (PCEB 2003).

À luz da Lei do Sistema Nacional de Educação (lei 18/18, de 28 de Dezembro), o Ensino


Primário compreende seis classes, organizadas em dois ciclos de aprendizagem: 1º ciclo (1ª a 3ª
classe) e 2º ciclo (4ª a 6ª classe). Respondendo à nova configuração dos ciclos de aprendizagem,
a estratégia de expansão do ensino bilingue (2020 -2029) estrutura o Ensino Bilingue da seguinte
maneira: No primeiro ciclo de aprendizagem (1ª, 2ª e 3ª classes), as línguas moçambicanas são
usadas como língua de ensino e como disciplina, enquanto a língua portuguesa é simplesmente
disciplina, para desenvolver as habilidades da oralidade para preparar a leitura e escrita nesta
língua. No segundo ciclo (4ª, 5ª e 6ª classes), ocorre o que se chama transição, que é a passagem
da língua de ensino, de uma língua moçambicana para o Português. Espera-se que esta transição
gradual permita que os alunos consolidem as habilidades nas duas línguas, contribuindo para a
criação de condições para o desenvolvimento de um bilinguismo equilibrado. A língua
portuguesa só assume o papel integral de meio de ensino a partir da 6ª classe. Portanto, a língua
moçambicana dos alunos será usada como meio de ensino da 1ª a 5ª classe. As disciplinas novas
introduzidas a partir da 4ª classe (Ciências Naturais e Ciências Sociais) serão leccionadas na
língua moçambicana.

Implementada de forma eficáz, as crianças aprende sem barreiras linguísticas; adquire logo cedo,
competências comunicativas da L2 pois, simultanêamente aprende a língua portuguesa, embora
seja através da oralidade à medida que consolida o conhecimento do alfabeto. Também em altura
dos alunos da 5ª classe estão em altura de ler e escrever perfeitamente em L1 assim como em L2.
8. Bibliografia
1. BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística: domínios e fronteiras, v. 2.
São
2. BUTLER, Y. G.; HAKUTA, K. Bilingualism and Second language Acquisition.
In: BHATIA, T.K.; RITCHIE, W.C. The Handbook of Bilingualism. United
Kingdom: Blackwell Publishing, 2004.
3. DNEP & INDE, Estratégia de expansão do ensino bilingue, 2020-2029
4. GROSJEAN, François. Individual Biligualism. In: The Encyclopedia of Language
and Linguistics. Oxford: Pergamon Press, 1994, p. 1.
5. Lei do SNE, lei 18, 2018 de 28 de Dezembro, Bolentim da República, I Série –
Número 254
6. Paulo: Cortez, 2001. p. 203 – 231EDWARDS, John. Foundations of Bilingualism.
In: BHATIA, Tej K.; RITCHIE, William C. The Handbook of Bilingualism.
Malden: Blackwell Publishing, 2006. p. 7 – 30.
7. SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da Linguagem. In: MUSSALIM, Fernanda;

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