Texto BNCC
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RESUMO: O objetivo desse trabalho é analisar as mudanças trazidas pela nova Base Nacional Comum
Curricular para o ensino da língua inglesa no Ensino Fundamental II. Tais mudanças estabelecem
diretrizes com o intuito do pleno desenvolvimento do educando para o mundo globalizado envolvendo
sua vida profissional, acadêmica e pessoal, além de tentar melhorar os índices da educação brasileira.
Para alcançar esse propósito, a nova BNCC recorre ao uso de práticas linguísticas organizadas em eixos,
os quais são: oralidade (por meio da conversação entre os estudantes), leitura (ao utilizar textos verbais,
verbo-visuais e multimodais), escrita (produção de textos voltados ao cotidiano do aluno) e
conhecimentos linguísticos (reflexão sobre o funcionamento da língua inglesa). Também a utilização
dos recursos digitais em sala de aula junto aos eixos possibilita maiores chances de aprendizado dos
alunos. Por intermédio destes, o educador encontra as ferramentas necessárias para fornecer estímulo a
compreensão do mundo e a inclusão social do aluno. Para o embasamento teórico nos utilizamos das
mudanças do ensino da língua estrangeira no contexto nacional relatado por Vilson J. Leffa(1999) e da
importância de diversos eixos e interações para um aprendizado de sucesso da língua inglesa, como
afirma Paiva(2001).
INTRODUÇÃO
A Base Nacional Comum Curricular é um documento que traz definido em seu texto
aspectos que devem ser estimulados e desenvolvidos em cada período da educação básica.
Aspectos estes elencados em habilidades e competências que servirão como objetivos e irão
nortear os trabalhos em escolas públicas e particulares, com a finalidade de oferecer aos alunos
o acesso igualitário do conhecimento, acompanhando as transformações da atualidade, e assim
diminuindo a desigualdade educacional.
O Ensino Fundamental é uma etapa da Educação Básica que dura 9 anos. Por
acompanhar alunos de 5 a 14 anos, essa fase foi dividida para contemplar melhor as
transformações sofridas pelos estudantes, em Anos Iniciais (1° ao 5° ano) e Anos Finais (6° ao
9° ano). Das mudanças mais relevantes podemos destacar a designação de 10 competências
1
Graduanda do Curso de Letras da Universidade Regional do Cariri- URCA, [email protected];
2
Graduando do Curso de Letras da Universidade Regional do Cariri- URCA, [email protected];
3
Professor orientador: Mestre, Universidade Regional do Cariri- URCA, [email protected].
gerais, conceituadas, segundo a BNCC, como a movimentação de conhecimentos,
competências, ações e valores para solucionar confrontos do dia a dia, da prática da cidadania
e do campo profissional.
Já as competências específicas estarão divididas nas Áreas do conhecimento e
componentes curriculares, que são: Área de Linguagens, Área de Matemática, Área de Ciências
da Natureza, Área de Ciências Humanas e Área de Ensino Religioso. Porém, sempre estarão
conectadas às competências gerais.
Segundo a BNCC a finalidade da Área de Linguagens é proporcionar aos estudantes o
envolvimento em práticas de linguagens distintas, que lhes possibilitem desenvolver suas
aptidões expressivas em exteriorizações artísticas, corporais e linguísticas, assim como suas
competências a respeito dessas linguagens, em seguimento a tudo que foi aprendido e
vivenciado na Educação Infantil. No Ensino Fundamental-Anos finais, a inserção da LI como
componente curricular obrigatório configura uma das alterações mais significativas.
Com a priorização do foco da função social e política do inglês, devido ao tratamento
dado ao componente na BNCC a língua inglesa passa a ser tratada em seu status de língua
franca, deixando de ser a língua do estrangeiro, de países homogênicos, cujos falantes servem
de modelos a serem copiados. Nesse ponto de vista, o uso que os falantes espalhados no mundo
inteiro fazem dela sendo acolhidos e legitimados, com diferentes repertórios linguísticos e
culturais, proporciona, por exemplo, questionamentos se o mesmo inglês falado por
estadunidenses e britânicos é a única forma correta a ser ensinada.
Essa mudança de visão da LI e do seu ensino a aproxima das diferentes formas culturais
com suas particularidades sociais, históricas e variações linguísticas. Uma porta para o mundo
globalizado, seja no meio acadêmico, cultural ou mercado de trabalho. Tudo isso se dará por
meio de cinco eixos organizatórios, que transformam o objeto da aula em práticas de linguagem,
em que o ensino da LI permitirá, em conjunto, o desenvolvimento dessa finalidade e de certas
competências específicas, que de acordo com a BNCC são duas:
A primeira, aplicada em um mundo no qual o indivíduo precisa identificar o seu lugar e
do seu semelhante, refletindo, criticamente, sobre como a aprendizagem da Língua Inglesa
contribui para sua inclusão no mundo globalizado, sobretudo no que se diz respeito ao mercado
de trabalho; já a segunda, expressar-se fazendo uso variado de linguagem, na LI, em mídias
impressas ou digitais, reconhecendo-a como o canal de acesso ao conhecimento, o qual amplia
perspectivas e possibilidades para o entendimento dos valores e interesses de outras culturas e
para o desempenho do protagonismo social.
Os cinco eixos propostos são: oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e
dimensão intercutural. Segundo Bakhtin (apud STAM, 1992), não há produção cultural fora da
linguagem. O aprendizado da Língua Inglesa envolve todos esses eixos, mas sem a presença da
interculturalidade não há identificação e respeito entre as diferentes culturas, nem a preparação
para situações do dia a dia que só o saber falar, ler e escrever não propiciam ao aprendiz.
METODOLOGIA
DESENVOLVIMENTO
Oralidade
O eixo Oralidade foca o ensino da LI em práticas de linguagem que estimulem e
desenvolvam as capacidades de escuta e de fala com a compreensão, acomodação e negociação
como estratégias nesse processo. Sendo a compreensão o entender a mensagem passada a nível
global ou específico, a acomodação uma forma de administrar conflitos, afastando a competição
e estimulando a generosidade, cooperação e preservação da harmonia, e a negociação que busca
interpretações e explicações através de exemplos e novas significações. Ademais, a prática da
oralidade vai além do conhecimento teórico de uma língua, desenvolvendo positivamente
comportamentos pessoais e interacionais.
Segundo Souza (2004), em um meio natural de compreensão, a metodologia do
ensino— aprendizagem evolui num nível pessoal- psicológico, em que existe a relevância da
oralidade, dos bens culturais e do diálogo imaginativo, inventivo. Além de tudo tem o objetivo
de enaltecer e enriquecer o ato comunicativo, e aprimorar a autoafirmação do educando. A
prática da oralidade aproxima o aprendiz cada vez mais da língua e o seu interesse por áreas
como a cultura do país da língua alvo torna esse aprendizado cada vez mais efetivo.
A mudança de LE para LI e também Língua Franca veio diminuir a distância dos
aprendizes que a língua desconhecida e o sentimento de não pertencimento provocava com o
uso do termo “estrangeiro”. Em se tratando de LI, o aluno a vê como uma nova língua, uma
oportunidade de ampliar seus conhecimentos, e de poder participar do mundo globalizado.
Como Língua Franca, não é mais estimulado aquela sensação de algo distante do aluno e da sua
realidade, pois o inglês não mais pertence somente aos nativos, mas está presente em milhares
de interações cotidianas por todo o mundo e em diferentes circunstâncias. Relações econômicas
e diplomáticas estabelecidas entre o Japão e a China é um exemplo a ser dado do uso do inglês
como língua franca, uma vez que as duas nações possuem idiomas oficiais distintos: a primeira,
tem o japonês, e a segunda, o mandarim. Nessa situação, o inglês entra como ferramenta
linguística para que os dois povos consigam chegar a acordos.
Assim, o eixo oralidade é extremamente desenvolvido e abrange práticas de linguagem
que concentram-se na percepção auditiva e na produção oral. Essas práticas orais podem ser
face a face ou não, como por exemplo, experiências de interação comunicativas através de
debates, trabalhos em grupos, posicionamentos individuais críticos e reflexivos, por exemplo.
A NBNCC deixa de dar ênfase somente à leitura e escrita e passa a contemplar todas as
habilidades que uma língua traz consigo, em um sentido linguístico, discursivo e cultural.
Mais do que aprender estruturas e vocabulários, o professor terá o papel fundamental de
trazer para o aluno diversos usos da língua real, cotidiana. E através dessas atividades é que se
avaliará o aprendizado do aluno nas diversas habilidades. O professor trará o material e o
contexto a ser trabalhado, mas é o aluno que o aplicará. Por exemplo, ao pedir para os alunos
falarem, na língua inglesa, das suas últimas férias, o professor poderá avaliar se os tempos
verbais estão sendo corretamente utilizados, se utilizou as expressões mais adequadas e
construiu bem as frases. O ensino deixa de ser mecanizado e o aluno passa a ser mais ativo no
processo de aprendizado.
A utilização de ferramentas digitais em sala contribuem de forma positiva para prática
e uso da oralidade. Através de materiais como filmes, músicas e internet a interação e
abrangência do assunto trabalhado pode ser muito maior, e também geralmente despertam mais
interesse aos alunos do que o tradicional uso do quadro branco. A finalidade é estimular e
permitir que os alunos tenham cada vez mais a vivência da língua e se sintam mais à vontade
para falar suas opiniões e pensar criticamente.
Leitura
O eixo Leitura busca concretizar as competências através do contato do aluno/aprendiz
com textos verbais e não-verbais. Em um processo que envolve a pré-leitura, leitura e pós-
leitura o aprendiz deve aprender a extrair do texto tanto significações superficiais como as mais
profundas. A estratégia é feita através de inferências, problematizações, estímulo do
pensamento crítico, busca por informações gerais e específicas, com uso e identificação de
gêneros textuais e interdisciplinaridade. Assim, o ato de ler não é para ser somente uma mera
decodificação de palavras, mas também um entender e construir de significados, pois é através
da leitura que se estimula o pensamento crítico e conhecimento global do aluno.
Por muito tempo o estudo da LI foi resumido a práticas memorizantes gramaticais, de
leitura e oralidade mecanizados. A proposta da NBNCC tem buscado cada vez mais envolver o
estudante na aprendizagem, e trazer a língua para o ambiente do aprendiz. Através da leitura é
que o aluno tem contato com o conhecimento e pode estimular seus pensamentos em uma visão
crítica e analítica da sua realidade e de assuntos globais. Esse sentido mais amplo da leitura
passa por textos escritos, pinturas, fotos, desenhos, gráficos, filmes, músicas, ou seja, qualquer
gênero que se possa extrair significações.
A habilidade de leitura tem sido trabalhada através de técnicas como inferências,
skimming e scanning. Técnicas, que segundo Brown (2001) são as atividades específicas
manifestadas na sala de aula que são consistentes com um método e portanto estão em harmonia
com uma abordagem, tornam a leitura mais dinâmica e rápida. O Skimming é uma leitura do
material que temos em mão, seja verbal ou não verbal, mais rápida. Buscamos com isso
identificar detalhes gerais, como título, subtítulo, figuras, e gráficos. O Scanning é uma leitura
mais detalhada com objetivos mais específicos, como palavras e informações definidas. A
utilização de textos não verbais como charges e tirinhas também é uma técnica que estimula
bastante a atenção dos aprendizes. Trazendo um modelo sócio interativo para a sala de aula,
onde os alunos podem ler além das palavras através de diferentes formas de linguagem, como
expressões dos personagens, ambientes, e onomatopeias. Quando o aluno não tem o
conhecimento suficiente do vocabulário apresentado, a presença dessas outras formas de
linguagem permite que ele faça inferências dos significados que lhe faltam.
Escrita
São considerados dois aspectos do ato de escrever pelas práticas de produção de textos
propostos no eixo escrita. Um destaca sua natureza processual e colaborativa, o outro a prática
social. O primeiro processo engloba seguimentos tanto coletivos quanto individuais, de
planejamento, de produção e de revisão de textos e é, por meio destes, que são tomadas e
avaliadas as decisões de como comunicar o desejado tendo em vista aspectos como o objetivo
textual, o que lhe assegura inserir-se no meio social e atrair consideráveis leituras. Já o segundo
processo considera o ato de escrever como prática social e reafirma o objetivo da escrita
harmônica como tal prática, dando oportunidade aos alunos de se comportarem como atores
principais desse processo.
Segundo Baquero (2001), a escrita remete ao domínio de um mecanismo que intervêm
com um potencial descontextualizador, o que desenvolve formas de vontades superiores e de
consciência na compreensão intelectual. Também afirma que o desenvolvimento da escritura
depende das situações sociais as quais o sujeito é participante.
Com a nova BNCC, a escrita passa a retratar o cotidiano do estudante com o suporte
mediador do professor, o qual através do uso de estratégias de planejamento de textos, como a
técnica de brainstorming, que lista ideias a serem exploradas pelo grupo de estudantes fazendo-
os utilizar a criatividade para abordar determinados temas e assuntos, como também o educador
pode aplicar a organização de propostas com o fim de selecioná-las para estruturar textos, sendo
que estas mesmas produções serão voltadas aos gostos, famílias, rotinas, comunidades e
contextos escolares dos estudantes, proporcionando dessa forma, uma interlocução entre os
escritores e a sociedade em que estão inseridos.
Conhecimentos Linguísticos
Dimensão intercultural
Constatamos que há uma procura de encadear diferentes pontos da língua para adiante do
oral, por exemplo o ocular, a sonoridade, o trejeito e o palpável. Com o propósito de possibilitar
aos estudantes a experiência e observação das práticas verbais reais e criativas da língua inglesa,
e despertando a atenção e curiosidade do aprendiz.
A leitura na NBNCC vêm também sendo estimulada em suas diversas formas e essa visão
multimodal deixa mais inclusivo o trabalho em sala de aula com a diversidade de alunos, sejam
por suas vivências ou seus níveis de conhecimento da LI. O professor tem essas ferramentas
para se recriar em sala de aula e incentivar essa habilidade nos alunos de forma criativa,
movimentando diferentes conteúdos através da interpretação, compreensão e respeitando o
processo de leitura que vai da competência linguística à crítica.
Estimular os estudantes a buscarem uma escrita autêntica, autônoma e criativa é objetivo
da BNCC. O processo deve se iniciar com textos que não contêm muitos recursos verbais e de
simples compreensão como fotolegendas, tirinhas, adivinhas e mensagens, e depois se voltar a
produções mais elaboradas como notícias, chat, folder, autobiografias e enquetes, para que os
alunos possam trabalhar os recursos linguísticos-discursivos e o potencial crítico.
Já o eixo conhecimentos linguísticos é composto pela construção do repertório lexical,
pronúncia e gramática que visam entender o funcionamento nos diversos aspectos sociais e
linguísticos (oralidade, leitura, escrita e dimenção intercultural) que a LI se apresenta no mundo
globalizado atual, seja em países que a têm como língua materna, franca ou estrangeira.
Por fim, o aprendizado de línguas conta atualmente com diferente recursos tecnológicos,
como emails, sites de vídeos, televisão e redes sociais, representando um papel de destaque no
dia a dia dos alunos proporcionando um desempenho qualitativo para o processo de ensino-
aprendizagem. Com acesso à internet pode-se interpretar o mundo de uma maneira peculiar e
criar imagens próprias que podem mudar a forma de pensar e ver a vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A nova Base Comum Curricular trouxe novos caminhos para a concretização eficaz em
sala de aula das suas competências. Analisamos o que mudou a respeito da LI, como sua
passagem de LE para língua franca, ou seja, como parte não só da cultura de alguns países, mas
de um mundo globalizado. O ensino do inglês também deve contribuir para além do falar, ler e
escrever, e é através dos eixos oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e dimensão
intercultural que esse além será alcançado.
O eixo oralidade foi bastante desenvolvido, envolvendo conhecimentos de compreensão
auditiva e oral. No eixo Leitura, através da sua relação com o texto que pode ser multimodal,
se busca expandir seus pensamentos críticos e reflexivos. Na Escrita, as produções textuais são
bastante incentivadas em seus diversos gêneros. Os conhecimentos linguísticos se associam a
observações e considerações da língua articulados aos eixos de oralidade, escrita e leitura. E a
dimensão intercultural é reflexo de como hoje estamos conectados e influenciados por diversas
culturas, assim a importância de temas culturais que permitam aos alunos dividirem suas
percepções e aprenderem com a diversidade.
Percebemos que não há mais aquela visão tecnicista do ensino da LI, cada aula deve
contemplar diversas habilidades e competências. Essa apresentação da língua traz a
oportunidade para os aprendizes de estarem em contato com um ambiente amplo, de conteúdo,
de materiais e de cultura. São aulas muito mais proativas e práticas, e o uso dos recursos digitais
em sala é potencializador desse dinamismo e do aumento do interesse dos alunos.
Assim, a nova abordagem que a BNCC tem procurado trilhar no ensino da língua inglesa
envolve uma abordagem cada vez mais cultural e tecnológica, e de maneira a relacionar o
estudante não apenas no ambiente em que se encontra, mas com o mundo. Cabe a escola,
professores e alunos se unirem com o intuito de procurar seguir as competências e eixos de
aprendizagem. Um caminho dificilmente linear, mas que deve se ter sempre um olhar atento as
evoluções e as dificuldades para um constante aprimoramento.
REFERÊNCIAS