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ANÁLISE DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR DE

LÍNGUA INGLESA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Jéssica Costa Leandro1


Tomás Almeida Costa 2
Shalatiel Bernardo Martins 3

RESUMO: O objetivo desse trabalho é analisar as mudanças trazidas pela nova Base Nacional Comum
Curricular para o ensino da língua inglesa no Ensino Fundamental II. Tais mudanças estabelecem
diretrizes com o intuito do pleno desenvolvimento do educando para o mundo globalizado envolvendo
sua vida profissional, acadêmica e pessoal, além de tentar melhorar os índices da educação brasileira.
Para alcançar esse propósito, a nova BNCC recorre ao uso de práticas linguísticas organizadas em eixos,
os quais são: oralidade (por meio da conversação entre os estudantes), leitura (ao utilizar textos verbais,
verbo-visuais e multimodais), escrita (produção de textos voltados ao cotidiano do aluno) e
conhecimentos linguísticos (reflexão sobre o funcionamento da língua inglesa). Também a utilização
dos recursos digitais em sala de aula junto aos eixos possibilita maiores chances de aprendizado dos
alunos. Por intermédio destes, o educador encontra as ferramentas necessárias para fornecer estímulo a
compreensão do mundo e a inclusão social do aluno. Para o embasamento teórico nos utilizamos das
mudanças do ensino da língua estrangeira no contexto nacional relatado por Vilson J. Leffa(1999) e da
importância de diversos eixos e interações para um aprendizado de sucesso da língua inglesa, como
afirma Paiva(2001).

Palavras-chave: Mudanças, Nova BNCC, Língua inglesa, Eixos.

INTRODUÇÃO

A Base Nacional Comum Curricular é um documento que traz definido em seu texto
aspectos que devem ser estimulados e desenvolvidos em cada período da educação básica.
Aspectos estes elencados em habilidades e competências que servirão como objetivos e irão
nortear os trabalhos em escolas públicas e particulares, com a finalidade de oferecer aos alunos
o acesso igualitário do conhecimento, acompanhando as transformações da atualidade, e assim
diminuindo a desigualdade educacional.
O Ensino Fundamental é uma etapa da Educação Básica que dura 9 anos. Por
acompanhar alunos de 5 a 14 anos, essa fase foi dividida para contemplar melhor as
transformações sofridas pelos estudantes, em Anos Iniciais (1° ao 5° ano) e Anos Finais (6° ao
9° ano). Das mudanças mais relevantes podemos destacar a designação de 10 competências

1
Graduanda do Curso de Letras da Universidade Regional do Cariri- URCA, [email protected];
2
Graduando do Curso de Letras da Universidade Regional do Cariri- URCA, [email protected];
3
Professor orientador: Mestre, Universidade Regional do Cariri- URCA, [email protected].
gerais, conceituadas, segundo a BNCC, como a movimentação de conhecimentos,
competências, ações e valores para solucionar confrontos do dia a dia, da prática da cidadania
e do campo profissional.
Já as competências específicas estarão divididas nas Áreas do conhecimento e
componentes curriculares, que são: Área de Linguagens, Área de Matemática, Área de Ciências
da Natureza, Área de Ciências Humanas e Área de Ensino Religioso. Porém, sempre estarão
conectadas às competências gerais.
Segundo a BNCC a finalidade da Área de Linguagens é proporcionar aos estudantes o
envolvimento em práticas de linguagens distintas, que lhes possibilitem desenvolver suas
aptidões expressivas em exteriorizações artísticas, corporais e linguísticas, assim como suas
competências a respeito dessas linguagens, em seguimento a tudo que foi aprendido e
vivenciado na Educação Infantil. No Ensino Fundamental-Anos finais, a inserção da LI como
componente curricular obrigatório configura uma das alterações mais significativas.
Com a priorização do foco da função social e política do inglês, devido ao tratamento
dado ao componente na BNCC a língua inglesa passa a ser tratada em seu status de língua
franca, deixando de ser a língua do estrangeiro, de países homogênicos, cujos falantes servem
de modelos a serem copiados. Nesse ponto de vista, o uso que os falantes espalhados no mundo
inteiro fazem dela sendo acolhidos e legitimados, com diferentes repertórios linguísticos e
culturais, proporciona, por exemplo, questionamentos se o mesmo inglês falado por
estadunidenses e britânicos é a única forma correta a ser ensinada.
Essa mudança de visão da LI e do seu ensino a aproxima das diferentes formas culturais
com suas particularidades sociais, históricas e variações linguísticas. Uma porta para o mundo
globalizado, seja no meio acadêmico, cultural ou mercado de trabalho. Tudo isso se dará por
meio de cinco eixos organizatórios, que transformam o objeto da aula em práticas de linguagem,
em que o ensino da LI permitirá, em conjunto, o desenvolvimento dessa finalidade e de certas
competências específicas, que de acordo com a BNCC são duas:
A primeira, aplicada em um mundo no qual o indivíduo precisa identificar o seu lugar e
do seu semelhante, refletindo, criticamente, sobre como a aprendizagem da Língua Inglesa
contribui para sua inclusão no mundo globalizado, sobretudo no que se diz respeito ao mercado
de trabalho; já a segunda, expressar-se fazendo uso variado de linguagem, na LI, em mídias
impressas ou digitais, reconhecendo-a como o canal de acesso ao conhecimento, o qual amplia
perspectivas e possibilidades para o entendimento dos valores e interesses de outras culturas e
para o desempenho do protagonismo social.
Os cinco eixos propostos são: oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e
dimensão intercutural. Segundo Bakhtin (apud STAM, 1992), não há produção cultural fora da
linguagem. O aprendizado da Língua Inglesa envolve todos esses eixos, mas sem a presença da
interculturalidade não há identificação e respeito entre as diferentes culturas, nem a preparação
para situações do dia a dia que só o saber falar, ler e escrever não propiciam ao aprendiz.

METODOLOGIA

O caminho metodológico utilizado consiste em revisão bibliográfica, como Vilson J.


Leffa(1999) e Paiva(2001), e pesquisa em textos, artigos e análise do material fornecido pelo
próprio Ministério da educação sobre o tema.

DESENVOLVIMENTO

Oralidade
O eixo Oralidade foca o ensino da LI em práticas de linguagem que estimulem e
desenvolvam as capacidades de escuta e de fala com a compreensão, acomodação e negociação
como estratégias nesse processo. Sendo a compreensão o entender a mensagem passada a nível
global ou específico, a acomodação uma forma de administrar conflitos, afastando a competição
e estimulando a generosidade, cooperação e preservação da harmonia, e a negociação que busca
interpretações e explicações através de exemplos e novas significações. Ademais, a prática da
oralidade vai além do conhecimento teórico de uma língua, desenvolvendo positivamente
comportamentos pessoais e interacionais.
Segundo Souza (2004), em um meio natural de compreensão, a metodologia do
ensino— aprendizagem evolui num nível pessoal- psicológico, em que existe a relevância da
oralidade, dos bens culturais e do diálogo imaginativo, inventivo. Além de tudo tem o objetivo
de enaltecer e enriquecer o ato comunicativo, e aprimorar a autoafirmação do educando. A
prática da oralidade aproxima o aprendiz cada vez mais da língua e o seu interesse por áreas
como a cultura do país da língua alvo torna esse aprendizado cada vez mais efetivo.
A mudança de LE para LI e também Língua Franca veio diminuir a distância dos
aprendizes que a língua desconhecida e o sentimento de não pertencimento provocava com o
uso do termo “estrangeiro”. Em se tratando de LI, o aluno a vê como uma nova língua, uma
oportunidade de ampliar seus conhecimentos, e de poder participar do mundo globalizado.
Como Língua Franca, não é mais estimulado aquela sensação de algo distante do aluno e da sua
realidade, pois o inglês não mais pertence somente aos nativos, mas está presente em milhares
de interações cotidianas por todo o mundo e em diferentes circunstâncias. Relações econômicas
e diplomáticas estabelecidas entre o Japão e a China é um exemplo a ser dado do uso do inglês
como língua franca, uma vez que as duas nações possuem idiomas oficiais distintos: a primeira,
tem o japonês, e a segunda, o mandarim. Nessa situação, o inglês entra como ferramenta
linguística para que os dois povos consigam chegar a acordos.
Assim, o eixo oralidade é extremamente desenvolvido e abrange práticas de linguagem
que concentram-se na percepção auditiva e na produção oral. Essas práticas orais podem ser
face a face ou não, como por exemplo, experiências de interação comunicativas através de
debates, trabalhos em grupos, posicionamentos individuais críticos e reflexivos, por exemplo.
A NBNCC deixa de dar ênfase somente à leitura e escrita e passa a contemplar todas as
habilidades que uma língua traz consigo, em um sentido linguístico, discursivo e cultural.
Mais do que aprender estruturas e vocabulários, o professor terá o papel fundamental de
trazer para o aluno diversos usos da língua real, cotidiana. E através dessas atividades é que se
avaliará o aprendizado do aluno nas diversas habilidades. O professor trará o material e o
contexto a ser trabalhado, mas é o aluno que o aplicará. Por exemplo, ao pedir para os alunos
falarem, na língua inglesa, das suas últimas férias, o professor poderá avaliar se os tempos
verbais estão sendo corretamente utilizados, se utilizou as expressões mais adequadas e
construiu bem as frases. O ensino deixa de ser mecanizado e o aluno passa a ser mais ativo no
processo de aprendizado.
A utilização de ferramentas digitais em sala contribuem de forma positiva para prática
e uso da oralidade. Através de materiais como filmes, músicas e internet a interação e
abrangência do assunto trabalhado pode ser muito maior, e também geralmente despertam mais
interesse aos alunos do que o tradicional uso do quadro branco. A finalidade é estimular e
permitir que os alunos tenham cada vez mais a vivência da língua e se sintam mais à vontade
para falar suas opiniões e pensar criticamente.

Leitura
O eixo Leitura busca concretizar as competências através do contato do aluno/aprendiz
com textos verbais e não-verbais. Em um processo que envolve a pré-leitura, leitura e pós-
leitura o aprendiz deve aprender a extrair do texto tanto significações superficiais como as mais
profundas. A estratégia é feita através de inferências, problematizações, estímulo do
pensamento crítico, busca por informações gerais e específicas, com uso e identificação de
gêneros textuais e interdisciplinaridade. Assim, o ato de ler não é para ser somente uma mera
decodificação de palavras, mas também um entender e construir de significados, pois é através
da leitura que se estimula o pensamento crítico e conhecimento global do aluno.
Por muito tempo o estudo da LI foi resumido a práticas memorizantes gramaticais, de
leitura e oralidade mecanizados. A proposta da NBNCC tem buscado cada vez mais envolver o
estudante na aprendizagem, e trazer a língua para o ambiente do aprendiz. Através da leitura é
que o aluno tem contato com o conhecimento e pode estimular seus pensamentos em uma visão
crítica e analítica da sua realidade e de assuntos globais. Esse sentido mais amplo da leitura
passa por textos escritos, pinturas, fotos, desenhos, gráficos, filmes, músicas, ou seja, qualquer
gênero que se possa extrair significações.
A habilidade de leitura tem sido trabalhada através de técnicas como inferências,
skimming e scanning. Técnicas, que segundo Brown (2001) são as atividades específicas
manifestadas na sala de aula que são consistentes com um método e portanto estão em harmonia
com uma abordagem, tornam a leitura mais dinâmica e rápida. O Skimming é uma leitura do
material que temos em mão, seja verbal ou não verbal, mais rápida. Buscamos com isso
identificar detalhes gerais, como título, subtítulo, figuras, e gráficos. O Scanning é uma leitura
mais detalhada com objetivos mais específicos, como palavras e informações definidas. A
utilização de textos não verbais como charges e tirinhas também é uma técnica que estimula
bastante a atenção dos aprendizes. Trazendo um modelo sócio interativo para a sala de aula,
onde os alunos podem ler além das palavras através de diferentes formas de linguagem, como
expressões dos personagens, ambientes, e onomatopeias. Quando o aluno não tem o
conhecimento suficiente do vocabulário apresentado, a presença dessas outras formas de
linguagem permite que ele faça inferências dos significados que lhe faltam.

Escrita
São considerados dois aspectos do ato de escrever pelas práticas de produção de textos
propostos no eixo escrita. Um destaca sua natureza processual e colaborativa, o outro a prática
social. O primeiro processo engloba seguimentos tanto coletivos quanto individuais, de
planejamento, de produção e de revisão de textos e é, por meio destes, que são tomadas e
avaliadas as decisões de como comunicar o desejado tendo em vista aspectos como o objetivo
textual, o que lhe assegura inserir-se no meio social e atrair consideráveis leituras. Já o segundo
processo considera o ato de escrever como prática social e reafirma o objetivo da escrita
harmônica como tal prática, dando oportunidade aos alunos de se comportarem como atores
principais desse processo.
Segundo Baquero (2001), a escrita remete ao domínio de um mecanismo que intervêm
com um potencial descontextualizador, o que desenvolve formas de vontades superiores e de
consciência na compreensão intelectual. Também afirma que o desenvolvimento da escritura
depende das situações sociais as quais o sujeito é participante.
Com a nova BNCC, a escrita passa a retratar o cotidiano do estudante com o suporte
mediador do professor, o qual através do uso de estratégias de planejamento de textos, como a
técnica de brainstorming, que lista ideias a serem exploradas pelo grupo de estudantes fazendo-
os utilizar a criatividade para abordar determinados temas e assuntos, como também o educador
pode aplicar a organização de propostas com o fim de selecioná-las para estruturar textos, sendo
que estas mesmas produções serão voltadas aos gostos, famílias, rotinas, comunidades e
contextos escolares dos estudantes, proporcionando dessa forma, uma interlocução entre os
escritores e a sociedade em que estão inseridos.

Conhecimentos Linguísticos

O eixo conhecimentos linguísticos é fortalecido pelas práticas de uso. Ocorre com a


análise e reflexão sobre a língua, sempre de maneira contextualizada, articulada e a serviço às
práticas de oralidade, leitura e escrita. Por meio do estudo, os alunos são induzidos a descobrir
o funcionamento sistêmico da língua inglesa, com seu léxico e gramática, envolvendo formas
e temas verbais, estruturas frasais e conectores discursivos, entre outros. Além de recorrer a
explicações do erro ou acerto, há o surgimento de reflexões sobre as concepções de
inteligibilidade, variação linguística, adequação e padrão, o que faz o aluno perceber os vários
usos da língua inglesa.
A nova BNCC propõe ao professor que o mesmo faça o uso do processo de comparação
da LI com os outros idiomas como a língua portuguesa, para que dessa forma os alunos possam
exercitar a metalinguística e valorizar as diversas formas de linguagem, com suas diferenças e
semelhanças existentes. Dessa forma, os campos lexicais e de pronúncia são recorrentes com
frequência, uma vez que serão apresentadas em classe expressões utilizadas no convívio social
e as semelhanças e diferenças na pronúncia de palavras nas línguas inglesa, materna e outros
idiomas.
Um exemplo de aplicação do eixo conhecimentos linguísticos é uma aula que une a
tecnologia ao idioma, em que os estudantes possam reconhecer a linguagem digital e os novos
gêneros que surgiram junto a ela como o tweet, o blog e mensagens instantâneas, bem como
novas formas de escrita como os pictogramas, símbolos gráficos, abreviação de palavras e
palavras com combinação de números e letras, que constituem mensagens vistas e utilizadas
pelas pessoas que têm a LI como idioma materno ou franco, o que integra os alunos ao mundo
digital e globalizado em que vivem.

Dimensão intercultural

O eixo dimensão intercultural tem origem no de que as culturas estão em contínuo


processo de interação e reconstrução, em especial na sociedade contemporânea, onde diversos
grupos de indivíduos com interesses, agendas e repertórios linguístico e culturais variados,
compartilham seu dia a dia, contatos e fluxos interacionais, processo de constituição de
identidades abertas e plurais, daí o inglês como língua franca. Nesse cenário, o aprendizado do
inglês implica em evidenciar os divergentes papéis da própria língua no mundo: seus valores,
seu alcance e suas influências em meio a diferentes pessoas e povos, tanto na sociedade atual
quanto em uma perspectiva histórica.
Nessa conjuntura, a apropriação do inglês como língua franca impõe desafios e novas
prioridades para o ensino, sendo necessário intensas reflexões sobre as relações entre língua,
identidade e cultura, além de uma competência cultural bem desenvolvida. Esse eixo propõe ao
professor levar para a sala, aulas voltadas à apresentação de países que têm o inglês como língua
materna e/ou oficial, ao mostrar suas manifestações culturais (músicas, literaturas e artes),
históricas, geográficas e comunicações interculturais, uma vez que o idioma é o mais utilizado
no recente cenário global.
Esse eixo tem sido bastante utilizado no nosso trabalho como bolsistas do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade Regional do Cariri
(URCA). Somos responsáveis, juntamente com o nosso supervisor, pela eletiva de Inglês Básico
e incluímos na nossa ementa uma aula por mês chamada “Viagem cultural”, cada mês
trouxemos um país falante da língua inglesa com diversas informações a respeito da sua cultura.
Uma aula extremamente bem recepcionada pelos alunos, que estão sempre curiosos quanto a
data da próxima aula e quais países conhecerão.

Recursos digitais em sala de aula


Uma das competências específicas da LI para o ensino fundamental é a utilização de
novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem da língua. Em uma sociedade
globalizada e a cada dia mais informatizada é importante que as escolas caminhem junto a essas
transformações que a sociedade vem passando, e incluam nos trabalhos e rotinas dos alunos e
professores os recursos digitais, que utilizados de forma crítica e contextualizada tem suma
importância na vivência escolar e impacto na formação futura dos alunos.
No mundo globalizado torna-se necessário o uso de uma língua padrão para que se torne
mais fácil a comunicação entre as pessoas. A Base considera o inglês uma língua franca, uma
vez que prioriza a sua função social e política. Aprender o inglês proporciona a oportunidade
do indivíduo ingressar em um mundo cada vez mais globalizado e complexo, onde os interesses
pessoais se confundem com os da sociedade, seja no âmbito local, nacional ou internacional,
tornando-se cada vez mais difusos e contraditórios.
O estudo da LI tem como objetivo possibilitar ao aluno o domínio dos saberes
linguísticos primordiais para sua participação voluntária, culminando no agenciamento crítico
do estudante para a prática do exercício da cidadania. O mundo digital possibilita o uso de
diferentes linguagens (corporal, visual, audiovisual e verbal) e saber falar inglês acaba por
potencializar essa prática. O fato de classificar a língua como franca leva a enxergar crenças
específicas, como o “inglês certo”, o que não deve ser tratado como absoluto pelo professor e
ele precisa mostrar aos estudantes as diversas formas de expressão do idioma. Com isso, um
repertório linguístico será constituído e as culturas dos países nativos levadas em consideração,
sendo que aspectos como a correção, precisão e proficiência sejam dissolvidos.
A prática da oralidade e leitura mostram-se interligadas ao uso das tecnologias. A
primeira em certas situações, em que não há a possibilidade do contato face a face entre os
interlocutores, podem ser supridas por meio de atividades como filmes, TV, programas da
internet, músicas, entre outros recursos. A habilidade da escuta passa a ganhar notoriedade nesse
contexto, uma vez que será a ferramenta utilizada para a compreensão do estudante. Já a
segunda, vê na tecnologia diferentes modos de leituras dos gêneros que trabalha, já que há
chances de pesquisas mais aprofundadas e acesso à informações extras sobre as obras literárias
e a realização de objetivos como revisões, releituras e críticas ao alcance dos alunos.
Também associado ao campo tecnológico há duas competências, a de número dois que
afirma: “Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado de linguagens em mídias
impressas ou digitais, reconhecendo-a como ferramenta de acesso ao conhecimento, de
ampliação das perspectivas e de possibilidades para a compreensão dos valores e interesses de
outras culturas e para o exercício do protagonismo social.” e a de número cinco: “Utilizar novas
tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar,
compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento na língua inglesa, de
forma ética, crítica e responsável.”
A sala de aula deve acompanhar as transformações do mundo. E essa incorporação de
novas tecnologias no ambiente de trabalho, apesar de ainda ser rejeitada por muitos, deve ser
vista como algo a somar e ajudar na rotina do professor e no processo de aprendizagem do
aluno. Os meios tecnológicos e de comunicação é uma ferramenta que tem dado mais
autonomia a quem busca conhecimento, ampliando os papéis do aluno que antes era apenas um
ouvinte, expectador. O aluno terá as orientações do professor, mas também será chamado a
participar e buscar mais do que é estudado, para que em sala possa haver um ambiente de
cooperação, debates e desafios.
O uso da sala de multimídia, por exemplo, oferece o contanto dos alunos com o
computador e internet, onde eles poderão ter acesso a diversos assuntos e produzirem os seus
próprios pensamentos e questionamentos que serão trazidos para sala de aula, tornando os
debates entre alunos e professores mais ricos. A pesquisa também permite o contato com
diversas outras realidades distantes muitas vezes, além do que faz com que eles se sintam mais
parte na produção dos seus próprios conhecimentos, o que não acontecia na educação mais
tradicional, onde o professor passava o assunto que devia ser aprendido e depois reproduzido
por eles sem estimular um raciocínio crítico.
Muitas vezes o uso e a presença de recursos digitais não são utilizadas contemplando
todas as competências trazidas pela BNCC, e sim apenas como um meio de acesso a
informações e assim não acontece nenhuma transformação pedagógica na aprendizagem e
resultados dos alunos. É papel da escola buscar com os professores todas as interações que esses
meios podem oferecer, realizando de forma mais ampla a busca da informação, formação de
pensamentos, criatividade, crítica e aprendizado.
A verdade é que uma escola que busque atingir as competências trazidas pela BNCC e
que venha acompanhando as transformações do mundo, especificamente a presença de meios
tecnológicos no nosso dia a dia, e trazendo-as para a sala de aula resulta em muitos pontos
positivos no processo de aprendizagem. Melhora a qualidade do uso do tempo que o professor
tem em sala de aula, trazendo mais rapidez e dinamicidade. Geralmente, os recursos digitais
são também bastante atrativos para os alunos, deixando as aulas mais divertidas e interessantes.
Além do que permite, principalmente aos alunos que não tem acesso em casa, o contato com o
avanço tecnológico cada vez mais presente na nossa sociedade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatamos que há uma procura de encadear diferentes pontos da língua para adiante do
oral, por exemplo o ocular, a sonoridade, o trejeito e o palpável. Com o propósito de possibilitar
aos estudantes a experiência e observação das práticas verbais reais e criativas da língua inglesa,
e despertando a atenção e curiosidade do aprendiz.
A leitura na NBNCC vêm também sendo estimulada em suas diversas formas e essa visão
multimodal deixa mais inclusivo o trabalho em sala de aula com a diversidade de alunos, sejam
por suas vivências ou seus níveis de conhecimento da LI. O professor tem essas ferramentas
para se recriar em sala de aula e incentivar essa habilidade nos alunos de forma criativa,
movimentando diferentes conteúdos através da interpretação, compreensão e respeitando o
processo de leitura que vai da competência linguística à crítica.
Estimular os estudantes a buscarem uma escrita autêntica, autônoma e criativa é objetivo
da BNCC. O processo deve se iniciar com textos que não contêm muitos recursos verbais e de
simples compreensão como fotolegendas, tirinhas, adivinhas e mensagens, e depois se voltar a
produções mais elaboradas como notícias, chat, folder, autobiografias e enquetes, para que os
alunos possam trabalhar os recursos linguísticos-discursivos e o potencial crítico.
Já o eixo conhecimentos linguísticos é composto pela construção do repertório lexical,
pronúncia e gramática que visam entender o funcionamento nos diversos aspectos sociais e
linguísticos (oralidade, leitura, escrita e dimenção intercultural) que a LI se apresenta no mundo
globalizado atual, seja em países que a têm como língua materna, franca ou estrangeira.
Por fim, o aprendizado de línguas conta atualmente com diferente recursos tecnológicos,
como emails, sites de vídeos, televisão e redes sociais, representando um papel de destaque no
dia a dia dos alunos proporcionando um desempenho qualitativo para o processo de ensino-
aprendizagem. Com acesso à internet pode-se interpretar o mundo de uma maneira peculiar e
criar imagens próprias que podem mudar a forma de pensar e ver a vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A nova Base Comum Curricular trouxe novos caminhos para a concretização eficaz em
sala de aula das suas competências. Analisamos o que mudou a respeito da LI, como sua
passagem de LE para língua franca, ou seja, como parte não só da cultura de alguns países, mas
de um mundo globalizado. O ensino do inglês também deve contribuir para além do falar, ler e
escrever, e é através dos eixos oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e dimensão
intercultural que esse além será alcançado.
O eixo oralidade foi bastante desenvolvido, envolvendo conhecimentos de compreensão
auditiva e oral. No eixo Leitura, através da sua relação com o texto que pode ser multimodal,
se busca expandir seus pensamentos críticos e reflexivos. Na Escrita, as produções textuais são
bastante incentivadas em seus diversos gêneros. Os conhecimentos linguísticos se associam a
observações e considerações da língua articulados aos eixos de oralidade, escrita e leitura. E a
dimensão intercultural é reflexo de como hoje estamos conectados e influenciados por diversas
culturas, assim a importância de temas culturais que permitam aos alunos dividirem suas
percepções e aprenderem com a diversidade.
Percebemos que não há mais aquela visão tecnicista do ensino da LI, cada aula deve
contemplar diversas habilidades e competências. Essa apresentação da língua traz a
oportunidade para os aprendizes de estarem em contato com um ambiente amplo, de conteúdo,
de materiais e de cultura. São aulas muito mais proativas e práticas, e o uso dos recursos digitais
em sala é potencializador desse dinamismo e do aumento do interesse dos alunos.
Assim, a nova abordagem que a BNCC tem procurado trilhar no ensino da língua inglesa
envolve uma abordagem cada vez mais cultural e tecnológica, e de maneira a relacionar o
estudante não apenas no ambiente em que se encontra, mas com o mundo. Cabe a escola,
professores e alunos se unirem com o intuito de procurar seguir as competências e eixos de
aprendizagem. Um caminho dificilmente linear, mas que deve se ter sempre um olhar atento as
evoluções e as dificuldades para um constante aprimoramento.

REFERÊNCIAS

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