Almeida, Rodrigo Elesbao
Almeida, Rodrigo Elesbao
Almeida, Rodrigo Elesbao
TESE DE DOUTORADO
2011
EVAPORAÇÃO E TEMPERATURA EM SOLOS MANTIDOS
COM DIFERENTES QUANTIDADES DE RESÍDUOS EM
SUPERFÍCIE
2011
A477e Almeida, Rodrigo Elesbão de
Evaporação e Ficha catalográfica
temperatura em solos mantidos com diferentes
quantidades de resíduos em superfície / por Rodrigo Elesbão de
Almeida. – 2011.
116 f. : il. ; 30 cm.
Catalogação na Fonte:
Bibliotecário: Fernando Scheid - CRB 10/1909
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
COMISSÃO EXAMINADORA:
______________________________________________
Reimar Carlesso, Ph. D. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
______________________________________________
Cleudson Michelon, Dr. (IFFARROUPILHA)
______________________________________________
Claudio García Gallárreta, Dr. (INIA)
______________________________________________
Jackson Adriano Albuquerque, Dr. (PPGCS/UDESC)
______________________________________________
Toshio Nishijima, Dr. (PPGEA/UFSM)
A Deus, pela vida, saúde e por iluminar meu caminho e minhas decisões.
À Universidade Federal de Santa Maria, ao Centro de Ciências Rurais, ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico - CNPq, e especialmente ao Instituto Federal Farroupilha, por
tornarem possível essa caminhada.
Ao professor Reimar Carlesso, pelo exemplo, orientações e parceria que tiveram início
ainda na graduação e perduram até hoje.
Aos membros da banca examinadora, pela disponibilidade em participar dessa etapa
delicada, pelas sugestões dadas e considerações feitas.
Aos professores que ministraram as aulas no decorrer do Curso, pelos ensinamentos,
tempo e atenção disponibilizados.
Aos companheiros de jornada Alberto E. Knies, Cleiton D. Santa, Cleudson J.
Michelon, Geraldo Rodrigues, Gisele S. Saldanha, Gustavo De David, João Andrade, Juliano
D. Martins, Luís F. Grasel, Manuel M. Chadat, Rodrigo P. Mulazzani, Tiago Broetto,
Vinícius Dubou, Zanandra B. de Oliveira e demais colegas que fizeram ou fazem parte desse
grupo de valor, mostrando a cada dia que, em qualquer lida bruta ou confraternização, nunca
se está sozinho.
Aos amigos Brantan, Célio, Mirta e Renato, que contribuíram de maneira significativa
para a realização do trabalho.
Ao tempo, que possibilitou a satisfação de testemunhar a transformação de bolsistas
em professores e, de antigos alunos, em colegas de trabalho.
Aos meus pais Nilto e Gleci, irmão Paulo Ricardo e irmã Roberta, pelo incentivo,
apoio e pela certeza de que, independentemente do caminho que sigamos, durante a
caminhada, poderemos contar uns com os outros e, ao final, estaremos todos juntos.
À minha esposa Roséli e, em especial, aos meus filhos João Francisco e Pedro que,
mesmo sem entender porque o pai “preferia” o computador a brincar de esconder, foram a
força necessária para seguir adiante com este projeto.
A todos aqueles que, de uma ou outra maneira, contribuíram para a realização deste
trabalho, meu agradecimento e carinho.
RESUMO
Tese de Doutorado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
Conservation tillage is based on minimum tillage and on the maintenance of crop residues on the
soil surface throughout the year, thus protecting the soil from rainfall damage and increasing
water infiltration in the soil. The relationships between crop residue maintenance and its effects
on water loss by evaporation are particularly important during crop initial phases, when the soil
coverage by the crop is not effective. However, especially regarding such phase, information on
water loss by evaporation is scarce. The objective of this study was to evaluate water loss by
evaporation in three distinct soil classes as well as to evaluate the effect of crop residue on soil
evaporation and soil temperature. For that purpose, experiments were conducted in a set of 12
drainage lysimeters located in an area belonging to the Department of Rural Engineering of the
Federal University of Santa Maria, RS, in 2007 and 2008. Experimental delineation was entirely
random, bifactorial, with two replications. Factor soil consisted of three soils: (i) typical
dystrophic red latosol (Rhodic Hapludox), of a very clayish texture; (ii) umbric aluminum yellow-
red argisol (Haplohumult), of frank clay-lime texture and; (iii) sandy distrophic red argisol
(Rhodic Paleudalf). Fator residue comprised two levels of crop residue coverage: 0 and 4 Mg ha-1
of oat with two replications, comprising a total of 12 experimental plots. The volumetric content
of water in the soil (cm3 water / cm-3 soil) was determined at the layer comprising 0 to 10 cm by
using FDR (Frequency Domain Reflectometry) and daily evaporation was assumed as the
variation in the volumetric content of water in the soil between two consecutive days. To estimate
soil temperature, temperature sensors were installed at 2.5 cm depth. Regarding the evaluation of
soil temperature, no significant differences were observed between classes of soil texture for
maximum, minimum and mean temperatures, as well as for thermic amplitude on the first and
third drying cycles, both carried out periods of increased reference evapotranspiration. The
presence of 4 Mg ha-1 of crop residue over the soil surface reduced minimum and maximum
temperatures, which resulted decreased daily thermic amplitude in the soils. Greater effect of crop
residue coverage on the temperature of the soils was observed as the drying cycle progressed.
During the third drying cycle, crop residues coverage rendered a reduction of 1,8oC in the soil
maximum temperature on the first day of the cycle (soils at field capacity) and 12,2oC on the
eighth day, when cumulative reference evapotranspiration reached 50 mm. The effect of crop
residues in reducing water loss by evaporation was observed for the three drying cycles. Crop
residue resulted in lower water loss especially on the initial days of the drying cycles. In cycles 1
and 3, such effect was observed until the third day, while in experiment 2, it was extended to the
sixth day. However, when the time scale was altered into reference evapotranspiration, the
presence of crop residue on soil surface affected water losses by evaporation for a period of
approximately 10 mm of cumulative reference evapotranspiration.
Keywords: water loss, evaporation, straw mulching, soil temperature, thermic amplitude.
LISTA DE TABELAS
Tabela 3 - Conteúdo de água no solo (cm3 cm-3) na camada de 0-10 cm de profundidade para
os três solos, determinados a 12 e 24 horas após a drenagem, partindo-se do solo
saturado com lâmina de água na superfície (Procedimento 1), e depois de uma
irrigação de 60mm (Procedimento 2). Santa Maria, RS, 2011. .......................... 45
Tabela 13 - Parâmetros de solo utilizados nas estimativas das perdas de água dos solos, nos
três experimentos utilizando o modelo SIMDualKc ........................................... 86
Tabela 16 - Resultados dos testes Erro Médio (ME) e Raiz do quadrado médio do erro
(RMSE) obtidos na comparação entre as perdas de água por evaporação
observadas e estimadas utilizando o modelo SIMDualKc original e com a
inclusão dos coeficientes 0,25; 0,5; 0,6 e 0,75 no cálculo do Kr ........................ 89
Tabela 17 - Resultados dos testes Erro Médio (ME) e Raiz do quadrado médio do erro
(RMSE) obtidos na comparação entre as perdas de água por evaporação
observadas e estimadas utilizando o modelo SIMDualKc original e com a
inclusão dos coeficientes 0,25; 0,5; 0,6 e 0,75 no cálculo do Kr, durante o
Experimento 2. .................................................................................................... 92
Tabela 18 - Resultados dos testes Erro Médio (ME) e Raiz do quadrado médio do erro
(RMSE) obtidos na comparação entre as perdas de água por evaporação
observadas e estimadas utilizando o modelo SIMDualKc original e com a
inclusão dos coeficientes 0,25; 0,5; 0,6 e 0,75 no cálculo do Kr, durante o
Experimento 3. .................................................................................................... 94
LISTA DE FIGURAS
Figura 3 - Temperaturas médias (A) e temperaturas mínimas (B) diárias dos solos com 4 e 0
Mg ha-1 de resíduos vegetais em superfície e diferenças mínimas significativas
(DMS), observadas durante o experimento realizado de 28 de novembro a 08 de
dezembro de 2007. ................................................................................................... 55
Figura 4 - Temperatura máxima (A) e amplitude térmica (B) diárias dos solos com 4 e 0 Mg ha-
1
de resíduos vegetais em superfície e diferenças mínimas significativas (DMS),
observadas durante o experimento realizado de 28 de novembro a 0de dezembro de
2007.......................................................................................................................... 57
Figura 7 - Temperatura máxima dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície e
com 0 Mg ha-1 de resíduos, observadas durante o experimento 3. Santa Maria, RS,
2011.......................................................................................................................... 68
Figura 8 - Amplitude térmica dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície e com
0 Mg ha-1 de resíduos, observadas durante o experimento realizado de 20 a 28 de
dezembro de 2008. Santa Maria, RS, 2011. ............................................................. 69
Figura 9 - Média da evaporação de água dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia em
superfície e dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduos, durante o exerimento 1 realizado
de 28/11 a 8/12/2007. Santa Maria, RS ................................................................... 72
Figura 10 – Evaporação diária observada nos dias 4, 5 e 6 após a drenagem. Em cada dia, letras
maiúsculas comparam solos e letras minúsculas comparam os dois níveis de
resíduos. ................................................................................................................... 74
Figura 11 - Evapotranspiração de referência (Et0) e evaporação (E) média dos solos com 4 Mg
ha-1 de resíduo de aveia em superfície e dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo
observados no experimento 1, realizado de 28 de novembro a 8 de dezembro de
2007. Santa Maria, RS. 2011. .................................................................................. 75
Figura 12 - Evaporação média dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície e
dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo, observados no experimento 1 e 2, em relação
aos dias após a drenagem (A) e à evapotranspiração acumulada (B). Santa Maria,
2011.......................................................................................................................... 77
Figura 13 – Evaporação cumulada dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície
e dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduos, durante o experimento 3 realizado de 20 a
28/12/2008. Santa Maria, RS ................................................................................... 80
Figura 14 - Evapotranspiração de referência (Et0) eEvaporação (E) média dos solos com 4 Mg
ha-1 de resíduo de aveia em superfície e dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo
observados no experimento 3 realizado de 20 a 28 de dezembro de 2008. Santa
Maria, RS. ................................................................................................................ 82
Figura 15 - Relação entre as perdas de água por evaporação dos solos (1, 2 e 3) com 4 Mg ha-1
de resíduos de aveia em superfície e solos com 0 Mg ha-1 de resíduos em três
experimentos (A, B e C). Santa Maria, RS. 2011. As letras A, B e C correspondem
aos experimentos 1, 2 e 3, respectivamente. Os três solos estudados são
representados pelos números 1, 2 e 3. Assim, A1 representa o efeito dos resíduos
sobre as perdas de água por evaporação observadas no solo 1 durante o
experimento 1 (A), e assim sucessivamente. ........................................................... 85
Figura 16 - Relação entre evaporação estimada e perdas de água por evaporação médias
observadas nos experimentos 1, 2 e 3 (EXP 1, EXP 2 e EXP 3), e resultados de erro
médio (ME) e da raiz quadrada do erro médio ao quadrado (RMSE). .................... 87
Figura 18 - Relação entre a evaporação estimada (Kr modificado) e as perdas de água por
evaporação observadas nos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia e nos solos
com 0 Mg ha-1 de resíduos em superfície durante o Experimento 1. ....................... 90
Figura 20 - Relação entre a evaporação estimada (coeficiente 0,75 no cálculo do Kr) e as perdas
de água por evaporação observadas nos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia
em superfície e nos solos com 0 Mg ha-1 de resíduos observadas durante o
Experimento 1. ......................................................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15
1.1 Hipótese: ............................................................................................................................. 16
1.2 Objetivos: ........................................................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo geral: ................................................................................................................. 16
1.2.2 Objetivos específicos: ...................................................................................................... 17
5 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 95
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 96
Os sistemas conservacionistas são assim definidos por conservar recursos naturais, tais
como o solo e a água, e preservar o potencial produtivo das áreas cultivadas. Nesse sentido, a
presença de resíduos na superfície do solo atua na proteção do solo, tanto ao reduzir a
exposição à radiação solar direta, quanto ao proteger a superfície do solo contra o impacto
direto da chuva. Mais especificamente, a cobertura com resíduos vegetais atua na redução da
temperatura do solo e das perdas de água para a atmosfera por evaporação direta.
A conservação da água no solo constitui um processo relevante para uma produção
agrícola sustentável. Em regiões subtropicais e temperadas, nos cultivos de primavera e verão,
quando as chuvas são freqüentes, uma considerável proporção da água das chuvas é perdida
para a atmosfera por evaporação, visto que as perdas por evaporação são potencializadas
quando a superfície do solo está úmida. De acordo com Allen et al. (2006), a evaporação é o
processo pelo qual a água é convertida do estado físico líquido para o de vapor (vaporização)
e removida da superfície evaporante para a atmosfera.
A manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo é uma prática efetiva e
econômica de reduzir a evaporação e, conseqüentemente, de aumentar o armazenamento de
água no solo e a disponibilidade de água às plantas. Lascano; Baumhardt (1996) compararam
o efeito de um sistema convencional de plantio com o de um sistema com resíduo de trigo
sobre a superfície sobre a evaporação da água do solo em uma lavoura de algodão. Eles
verificaram que a evaporação foi 50% da evapotranspiração no sistema convencional, e 31%
no sistema com palha de trigo.
A conservação de resíduos na superfície do solo é utilizada para proteger a superfície
do solo contra a erosão, diminuir a ocorrência de plantas invasoras, diminuir a temperatura do
solo e reduzir a perda de água do solo por evaporação. O uso dessa técnica, conhecida como
“mulching”, provoca modificações microclimáticas que, além de alterar o balanço de
radiação, devido à diferença no coeficiente de reflexão das superfícies, modifica todos os
demais componentes do balanço de energia. O uso de cobertura morta (plásticos opacos,
resíduos de petróleo, resíduos de cultivos agrícolas e papel) suaviza a curva diária da
temperatura do solo, diminui a temperatura máxima e eleva a temperatura mínima (STRECK
et al., 1994).
16
Os resíduos agrícolas usados como cobertura morta alteram o regime térmico do solo,
principalmente por reduzir a temperatura máxima e a amplitude térmica próxima à superfície
do solo. A camada de resíduos funciona como uma camada de isolamento térmico que reduz o
aquecimento do solo durante o dia e a perda de calor para a atmosfera durante a noite
(MIRANDA et al., 2004). A redução de temperatura obtida pela manutenção de resíduos em
superfície é função do saldo da radiação, da textura, estrutura e umidade do solo.
A evaporação de água do solo é influenciada pela demanda evaporativa da atmosfera,
condicionada pela disponibilidade de radiação solar, temperatura do ar, velocidade do vento,
umidade relativa do ar, disponibilidade de água no solo e pelo tipo e quantidade da cobertura
do solo. Além disso, o total de água evaporada da superfície do solo é influenciado pela
textura do solo.
Assim, a medição das perdas de água por evaporação direta na superfície dos solos
após chuvas ou irrigações é fundamental para melhorar o entendimento sobre o balanço
hídrico e consequentemente aumentar a eficiência do uso da água em sistemas agrícolas.
1.1 Hipótese:
1.2 Objetivos:
2.1.1.1 Latossolos
2.1.1.2 Argissolos
faixa de 15ºC a 20ºC. Já a temperatura do solo que resulta em atividade vegetal mínima é de
5ºC para a couve e de 12ºC para o feijoeiro, o tomate e o melão.
Materiais com grande quantidade de ar resultam em coberturas com temperaturas mais
amenas no solo. Por isso, as coberturas de matéria vegetal também isolam eficazmente e
reduzem a magnitude das oscilações diárias da temperatura do solo. No Sul do Brasil, o
período compreendido entre dezembro e fevereiro concentra as temperaturas mais elevadas,
quando é maior o risco de haver prejuízo à germinação e à emergência das plântulas,
principalmente em solos descobertos. Segundo Johnson; Lowery (1985), a variação em 1 ºC
na temperatura do solo pode afetar significativamente a taxa de crescimento do milho em
climas temperados. Trabalhos realizados no Centro Nacional de Pesquisa de Soja - CNPSO,
citados em Embrapa (2002), indicam que a semeadura da soja não deve ser realizada quando a
temperatura do solo estiver abaixo de 20ºC, porque isso prejudica a germinação e a
emergência. A faixa de temperatura do solo adequada para semeadura varia entre 20ºC e
30ºC, sendo 25ºC a temperatura ideal para uma emergência rápida e uniforme.
Em estudos realizados por Silva et al.(2001), temperaturas do solo de
aproximadamente 27ºC (em estufas com cobertura de polietileno) aumentaram a
produtividade da alface, resultando em melhor qualidade e aparência mais saudável para o
produto final em relação ao solo nu e ao coberto com sombrite, 28ºC e 25ºC, respectivamente.
Trabalhos citados por Streck et al (1994) mostram que o uso de cobertura morta
(plásticos opacos, resíduos de petróleo, resíduos de cultivos agrícolas e papel) suaviza a curva
diária da temperatura do solo, porque diminui a temperatura máxima do solo e eleva a
temperatura mínima. Porém, Vieira et al. (1991) encontraram baixa correlação entre a
quantidade de cobertura e a temperatura do solo, atribuindo tal resultado à reduzida radiação
solar incidente, uma vez que o experimento foi conduzido durante o inverno na região Sudeste
do Brasil.
Trabalhos utilizando casca de arroz (LAL, 1974), resíduo de aveia (DERPSCH et al.,
1985) e resíduos de trigo (BRAGAGNOLO; MIELNICZUK, 1990; MAROTE et al., 1990)
como resíduos na superfície do solo mostraram redução da temperatura do solo,
principalmente nas horas de maior incidência de radiação solar. Marote et al. (1990)
observaram temperatura máxima de 38ºC em um solo descoberto e, quando utilizaram
cobertura morta, a temperatura máxima foi reduzida para 30ºC. Bragagnolo; Mielniczuk
(1990), trabalhando com cobertura do solo por resíduos de várias culturas, observaram
diminuição da temperatura máxima com o aumento da massa seca residual. Pezzopane et al.
(1996) observaram redução de 9,5oC na temperatura máxima do solo utilizando uma cobertura
24
menor o fluxo de calor para o solo (G) em relação à radiação solar global (Rs). O fluxo de
calor latente (processo de evaporação) também é reduzido devido à barreira física,
provocando, conseqüentemente, o aumento do fluxo de calor sensível no aquecimento do ar
próximo à superfície.
Bragagnolo; Mielniczuk (1990) observam que a manutenção de resíduos culturais na
superfície do solo, combinada com a pouca mobilização do solo, dissipa por reflexão parte da
energia radiante do sol, impedindo que ela chegue à superfície. Isso evita, em um primeiro
momento, perdas de água por evaporação e elevação da temperatura do solo em níveis
prejudiciais ao desenvolvimento da cultura. Sidiras; Pavan (1986) relatam menores
temperaturas do solo no PD e no uso de cobertura permanente devido aos resíduos vegetais
mantidos na superfície, os quais atuaram como isolante térmico. No verão, temperaturas
registradas às 14 horas, próximas à superfície do solo, freqüentemente excediam a 40ºC no
PC e eram inferiores a 35ºC e 30ºC no PD e cobertura permanente, respectivamente. Nesse
caso, os sistemas de cobertura permanente e PD proporcionaram menores variações na
temperatura do solo em relação ao PC.
as propriedades físicas do próprio solo, tais como densidade, resistência à penetração e tensão
de cisalhamento, são significativamente influenciadas pelo teor de água no solo (SANTOS,
2010).
O armazenamento e retenção de água no solo resultam das forças atrativas que
ocorrem entre as fases líquida e sólida do solo, as quais possibilitam a retenção de água contra
as forças da gravidade, evaporação e absorção pelas raízes (REICHARDT, 1990; LIBARDI,
1995). Segundo Forsythe (1972), os mecanismos responsáveis pela retenção de água no solo
e, consequentemente, pelo potencial matricial, são as forças de adsorção e capilaridade.
Propriedades físicas como a textura, distribuição e diâmetro médio de poros e estrutura do
solo estão diretamente ligadas à variação na quantidade de água armazenada no solo. O tipo
de solo e qualidade das partículas de argila são responsáveis pela afinidade que se estabelece
entre a água e as partículas sólidas, resultando na energia de retenção da água no solo
(REICHARDT, 1990). Rawls; Pachepsky (2002) estudaram o efeito da consistência e
estrutura do solo na capacidade de retenção e verificaram que o grau de desenvolvimento, a
consistência do solo seco e, principalmente, a plasticidade contribuem para a capacidade de
retenção de água pelo solo e que essas características são influenciadas pelo teor de argila e
matéria orgânica do solo.
O uso intensivo dos solos pode deteriorar suas propriedades físicas, alterando a
densidade e a porosidade, propriedades que governam a capacidade de armazenamento e
disponibilidade de água às plantas. A densidade e a porosidade do solo podem variar
consideravelmente, dependendo da textura, dos teores de matéria orgânica do solo e da
freqüência de cultivo (ARAÚJO et al., 2004). Assim como a ação antrópica pode afetar
negativamente as propriedades físicas do solo, o contrário também pode ser observado em
áreas de PD consolidado, que apresentam aumento da matéria orgânica. Efeito similar foi
observado em trabalho que relacionou a adição de matéria orgânica ao solo com um aumento
nos valores da capacidade de campo a ponto de murcha permanente e água disponível às
plantas (MAIA, et al., 2005).
A matéria orgânica atua nos solos de modo abrangente, com efeito tanto na melhoria
das condições físicas do solo, tais como aeração, retenção e armazenamento de água, quanto
nas suas propriedades químicas e físico-químicas, tais como fornecimento de nutrientes às
plantas e capacidade de troca catiônica do solo (CTC). Além disso, ela propicia um ambiente
adequado ao estabelecimento e à atividade da microbiota (FIGUEIREDO et al., 2008).
Segundo Fageria et al., (1999), o aumento no teor de matéria orgânica altera a retenção de
água do solo, o que se deve aos seguintes fatores: decréscimo da densidade e aumento da
27
A crescente demanda por recursos hídricos torna necessária a utilização mais eficiente
da água, tanto em áreas com disponibilidade hídrica limitada, como em regiões que ainda não
enfrentam tais restrições. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO), as áreas irrigadas nos países em desenvolvimento devem aumentar dos
atuais 202 para 300 milhões de hectares até 2030. A escolha da tecnologia mais adequada e,
sobretudo, a promoção de métodos de irrigação que evitem o desperdício de água é
fundamental para atender à demanda por alimentos, com o mínimo de impactos ambientais
como a degradação dos solos e aqüíferos (JOHN, 2003). Dessa forma, o manejo adequado da
água e do solo nos sistemas agrícolas tem grande importância, podendo aumentar a eficiência
do uso da água na produção e contribuindo para a preservação dos recursos naturais. Também
constitui uma das alternativas mais viáveis para incrementar a produção de alimentos em nível
mundial, aliviando a pressão pela incorporação de novas áreas aos sistemas produtivos.
No Brasil, questões como o combate à fome e a atuação na segurança alimentar
acentuam a necessidade de eficiência no manejo da irrigação e da drenagem agrícola, de
efetiva aplicação dos instrumentos tradicionais de gestão da água, além da otimização do uso
dos equipamentos, elevando a área total sob produção em cada safra e reduzindo as áreas
ociosas (CHRISTOFIDIS, 2006).
Visando o incremento da disponibilidade de água aos cultivos agrícolas e a
conservação dos recursos solo e água, tem havido crescimento na utilização de sistemas de
cultivos conservacionistas, tais como o sistema PD, que se caracterizam pela manutenção dos
resíduos vegetais sobre a superfície do solo e o seu mínimo revolvimento. No Brasil,
aproximadamente 25,5 milhões de hectares foram cultivados em PD na safra 2006/07, contra
20,2 milhões de hectares na safra 2002/2003 (FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PD NA
PALHA, 2010). Isso assume maior relevância quando for considerado que o PD propicia
redução nas perdas por erosão e escoamento superficial, elevando assim a taxa de infiltração,
além de benefícios como a redução na amplitude térmica do solo, retenção de maior
quantidade de água e rendimentos superiores dos cultivos agrícolas (BRAGAGNOLO;
MIELNICZUCK, 1990; FREITAS et al., 2004).
34
vegetal, chuva e ação antrópica são os elementos que, de acordo com Hillel (1998), mais
interferem na temperatura e fluxo de calor no solo.
A presença de resíduos vegetais em superfície, aliada ao teor elevado de umidade no
solo, retardam o aquecimento do solo, que favorece as perdas de água por evaporação (GAJRI
et al. 1994). Segundo Andrade et al. (2008), a utilização de cobertura morta na superfície do
solo pode ocasionar uma redução nas perdas de água por evaporação de 19 a 42% para 3,0 e
6,0 Mg ha-1 de resíduos vegetais de aveia, respectivamente, em comparação com o solo
descoberto. Freitas et al. (2004) afirmam que pode haver uma redução de aproximadamente
20% na evaporação com 100 % de cobertura vegetal sobre o solo, pois a evaporação é o
maior componente de perda de água do balanço da hídrico para áreas com culturas irrigadas
ou de sequeiro.
Avaliando as perdas de água por evaporação na fase inicial de desenvolvimento da
cultura da soja no Sul do Uruguai, Chabat (2010) verificou que a taxa de evaporação diária da
água de um solo Tipic Argiudoll na camada superficial foi 50% menor no solo mantido com
cobertura de 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia. Estudando as perdas de água do solo por
evaporação, durante o desenvolvimento da cultura do trigo no Norte da China, Chen et al.
(2007) verificaram reduções de 21% na evaporação com a utilização de 6 Mg ha-1 de resíduos.
Iftikhar; Ali (2004), analisando o efeito de diferentes materiais de cobertura na evaporação do
solo, observaram uma redução de 50% na evaporação com a utilização de resíduos vegetais de
trigo.
diária para a maioria das aplicações (PEREIRA, 2004). No entanto, para irrigações de alta
frequência, como é o caso da micro irrigação, e para culturas com cobertura parcial do solo,
como os pomares e as hortaliças, assim como para regiões com precipitação pluvial frequente,
o uso da metodologia dos coeficientes culturais duais permite produzir estimativas mais
exatas da evapotranspiração cultural (ALLEN et al., 2005). A divisão do coeficiente cultural
(Kc) em evaporação do solo (Ke) e coeficiente cultural basal (Kcb) permite uma melhor
percepção das frações de água provenientes da precipitação pluvial ou da irrigação utilizadas
pela cultura, assim como avaliação sobre as vantagens de se manter uma fração do solo seca
ou de se utilizar resíduos em superfície para controlar a evaporação do solo (E).
Durante o primeiro estágio da evaporação, que acontece logo após uma irrigação ou
precipitação pluvial, a superfície do solo se mantém úmida e o processo de evaporação ocorre
a uma taxa máxima, limitada somente pela quantidade de energia da radiação solar disponível
na superfície do solo. Esse estágio se mantém até que as perdas acumuladas de evaporação
sejam tais que as propriedades hidráulicas do solo comecem a ser limitantes, não sendo
possível a manutenção do suprimento de água para a superfície do solo. A lâmina de
evaporação acumulada nessa etapa é igual à água prontamente evaporável (APE), a qual
representa a quantidade de água que pode ser perdida por evaporação sem restrições da
camada superficial, dependendo basicamente da textura do solo. Para o segundo estágio da
evaporação, que inicia quando a evaporação acumulada supera a APE, a superfície do solo se
encontra seca e a perda de água a partir da porção exposta do solo se reduzirá
proporcionalmente à quantidade de água remanescente na camada superficial do solo.
A utilização dos coeficientes culturais de base e coeficiente de evaporação (Kcb e Ke)
apresenta vantagens sobre a utilização dos coeficientes culturais médios (Kc), especialmente
para trabalhos de pesquisa e em locais onde as irrigações são programadas em tempo real.
Pereira (2004) e Allen et al. (2005) salientam que essa substituição é tanto mais importante
quanto maior for a frequência entre irrigações ou precipitações pluviais.
Um coeficiente de estresse ou de déficit de umidade do solo (Ks) deve ser utilizado
para reduzir o valor de Kcb quando a umidade na profundidade do perfil do solo explorado
pelo sistema radicular das plantas for insuficiente para manter a plena transpiração das
plantas. O coeficiente de evaporação do solo (Ke) representa a evaporação do solo úmido, a
qual se adiciona à transpiração representada no Kc, correspondendo à média dos efeitos
conjugados da transpiração da cultura e da evaporação e água do solo, expressos,
respectivamente, por Kcb e por Ke.
38
coberta pela cultura e que tenha sido umedecida pela chuva ou irrigação. Nessas condições, o
fluxo evaporativo concentra-se na fração de solo umedecido exposta à radiação solar.
A escolha do método dos coeficientes de cultura de base está atrelada, essencialmente,
à necessidade de se conhecer a fração de água efetivamente utilizada pelas culturas no
processo de transpiração vegetal e à fração de água evaporada a partir do solo (evaporação
direta). O conhecimento da fração evaporada é particularmente importante quando as
irrigações são frequentes, para identificar estratégias de manejo que podem conduzir a um uso
mais eficiente da água da água no solo e de irrigação. O mesmo ocorre com a irrigação
complementar, já que seu objetivo é a maximização do uso do solo e da precipitação pluvial.
O valor de Ks representa, dessa forma, a comparação entre a disponibilidade real de
água no solo (θATUAL-θPMP) e a disponibilidade máxima de água no solo (θCC-θPMP), ambas
expressas em fração do volume de solo.
3 MATERIAL E MÉTODOS
ha-1 de matéria seca para, então, serem depositados sobre a superfície do solo nas parcelas
experimentais.
Para o experimento 3, as plantas de aveia foram cultivadas durante o inverno de 2008,
cortadas no florescimento, sem dessecação prévia, secas ao sol e armazenadas em um abrigo
protegido das chuvas. Após a saturação dos lisímetros, os resíduos foram pesados e
depositados na superfície das unidades experimentais na proporção de 4 Mg ha-1 de matéria
seca.
Para evitar a influência de chuvas sobre as parcelas experimentais durante a aplicação
dos ciclos de secagem do solo, foi utilizada uma cobertura móvel, formada por arcos e
recoberta por uma lona de polivinil acionada momentos antes e retirada logo após a
ocorrência das chuvas.
A caracterização físico-hídrica dos solos foi realizada após a condução dos três
experimentos por meio da coleta de amostras com estrutura preservada e alterada na camada
de 0 a 10 cm de profundidade. As amostras com estrutura preservada foram coletadas com o
auxílio de um extrator, ao qual foi acoplado um cilindro de metal de 5,56 cm de diâmetro, 3
cm de altura e 72,84 cm3 de volume. As amostras com estrutura deformada foram coletadas
com uma pá de corte. As análises físicas foram realizadas no Laboratório do Sistema Irriga
pertencente ao Departamento de Engenharia Rural da UFSM.
A densidade do solo, densidade de partículas, porosidade total, macroporosidade e
microporosidade foram determinadas utilizando-se as amostras de solo de estrutura
preservada, realizadas conforme métodos descritos em EMBRAPA (1997). Para a análise
granulométrica, foi utilizado o método da pipeta (GEE; BAUDER, 1986). Na determinação da
microporosidade, as amostras com estrutura preservada de solo foram saturadas e colocadas
em uma coluna de areia durante 48 horas no potencial de -0 006 MPa, considerado como a
tensão de separação entre macro e microporos. A porosidade total foi considerada como sendo
igual à umidade de saturação do solo. Posteriormente, as amostras foram levadas à estufa a
105 °C para secagem até obtenção de massa constante.
O ponto de murcha permanente foi obtido determinando-se a umidade do solo no
potencial de -1,5 MPa. Essa determinação, bem como a do potencial de -0,5 MPa, foram
43
A construção das curvas de retenção dos três solos foi realizada com a média de oito
amostras de cada solo, coletadas da camada 0 a 10 cm de profundidade. As umidades do solo
na base de volume foram obtidas para os potenciais matriciais de -0,001; -0,006; -0,033; -0,1;
-0,5 e -1,5 MPa. As curvas de retenção dos três solos foram ajustadas pelo modelo de van
Genuchten (1980), utilizando-se o programa Statística 6.0 (STATSOFT, 2001) para a camada
de 0-10 cm (Figura 1).
44
Tabela 3 - Conteúdo de água no solo (cm3 cm-3) na camada de 0-10 cm de profundidade para
os três solos, determinados a 12 e 24 horas após a drenagem, partindo-se do solo saturado
com lâmina de água na superfície (Procedimento 1), e depois de uma irrigação de 60mm
(Procedimento 2). Santa Maria, RS, 2011.
Procedimento 1 Procedimento 2
GERAL
12 h 24 h Média 12 h 24 h Média
*
LATO 0,393 0,390 0,392 0,389 0,389 0,389 0,390
3.6 Estimativa das perdas de água por evaporação dos solos usando a metodologia de Kc
duais
A máxima lâmina total de água evaporável, ATEmax (mm) pode ser estimada a partir
das características de retenção da água do solo, considerando-se o fato que, a partir das
camadas inferiores do perfil do solo, os fluxos ascendentes por capilaridade aumentam
quando aumenta a demanda evaporativa da atmosfera. As expressões adotadas para a
determinação da ATEmax foram:
47
ETo
ATE max = z e (θ LS −0,5θ PMP ) [2]
5
onde:
ze = profundidade da camada superficial de solo que produz as perdas de água (10cm);
θLS = conteúdo de água no solo na capacidade de campo (m3 m-3);
θPMP = conteúdo de água no solo no ponto de murcha permanente (m3 m-3).
A lâmina total de água evaporável deve ser calculada pela expressão 1 nos períodos
em que a ET0 seja maior ou igual a 5 mm d-1. Já para os períodos com ET0 inferior a 5 mm d-
1
, a expressão 2 é a recomendada pelo modelo SIMDualKc (Allen et al., 2006). Assim, a
máxima lâmina total de água evaporável foi determinada pela expressão 1 para os
experimentos 1 e 3, e pela expressão 2 para o experimento 2.
A máxima lâmina de água evaporável durante a primeira fase, isto é, água
prontamente evaporável APE (mm), pode ser estimada em função da textura do solo
(RITCHIE ET AL., 1989). Isso porque a lâmina de água evaporável determina a quantidade
de água retida a um menor potencial e que pode ser mais facilmente extraída por evaporação.
Dessa forma, tem-se:
onde:
Are e Arg representam os teores percentuais de areia e de argila, respectivamente, na camada
superficial de solo de profundidade ze.
onde:
Kr - coeficiente de redução da evaporação;
few - fração do solo que está exposto e umedecido;
Kc max - valor máximo de Kc após chuva ou irrigação.
onde:
ATE - lâmina máxima de água que pode ser evaporada do solo (mm);
De,i-1 - lâmina de evaporação acumulada na camada superficial do solo até o final do dia
anterior (mm);
APE - lâmina de evaporação acumulada até o final da fase 1 (mm).
Para os experimentos de verão (1 e 3), foram propostas alterações no cálculo do Kr, que
passou a ser calculado por:
Kr = X – De,i-1 [9]
ATE
onde:
ATE - lâmina máxima de água que pode ser evaporada do solo (mm);
De,i-1 - lâmina de evaporação acumulada na camada superficial do solo até o final do dia
anterior (mm);
X – limite máximo do Kr.
Os valores 0,25; 0,5; 0,6 e 0,75 foram utilizados como limites máximos do Kr nas
simulações de perdas de água por evaporação utilizando-se o modelo SIMDualKc. Nessas
condições, os valores obtidos para os três experimentos foram comparados com os valores de
perda de água acumulada observados a campo.
ME = [10]
RMSE =
[11]
onde:
n = número de observações;
ei = valor estimado pelo modelo;
mi = valor medido de perda de água.
*
Data ET0 Tar Tmax Tmin Umidade Vento Radiação Precip
o o o -1 -2
(mm) ( C) ( C) ( C) (%) (m s ) (W m ) (mm)
Experimento1
28/11/2007 6,11 21,0 26,6 15,3 64,5 2,3 665,0 0
29/11/2007 6,52 21,2 28,2 14,2 64,0 2,8 667,2 0
30/11/2007 6,67 21,6 29,1 14,5 65,3 2,7 656,3 0
01/12/2007 6,82 22,5 29,9 15,6 65,8 2,9 659,6 0
02/12/2007 5,45 22,4 28,9 16,2 70,3 2,0 544,5 0
03/12/2007 5,51 23,1 27,9 18,9 70,6 2,4 517,0 0
04/12/2007 6,05 24,5 32,9 19,0 75,6 2,0 554,4 8,8
05/12/2007 3,45 22,5 26,4 19,8 78,4 2,5 321,1 1,0
06/12/2007 5,40 20,5 26,2 16,6 68,6 1,8 575,2 0
07/12/2007 6,04 22,0 29,7 13,8 59,2 1,2 657,4 0
08/12/2007 6,02 23,7 31,8 13,9 57,5 1,1 643,4 0
Experimento 2
12/05/2008 1,80 15,4 21,3 12,2 85,2 1,5 320 0
13/05/2008 1,75 16,1 20,7 12,7 86,3 1,4 351 0
14/05/2008 1,55 13,6 20,7 9,3 88,6 0,6 355,3 0,2
15/05/2008 1,71 13,0 20,8 7,1 82,3 0,6 399,8 0,2
16/05/2008 1,79 13,7 22,7 6,8 81,2 0,7 395,3 0,2
17/05/2008 2,07 14,6 24,2 7,0 81,0 1,2 379,7 0,2
18/05/2008 2,36 18,1 29,2 9,0 76,8 1,0 402,3 0,2
19/05/2008 2,98 23,5 31,3 16,8 67,8 1,6 376,2 0
Experimento 3
20/12/2008 8,06 25,6 33,5 18,8 63,6 2,6 601,5 0
21/12/2008 7,39 26,6 37,7 17,5 55,0 1,8 622,0 0
22/12/2008 7,02 28,1 33,2 22,3 60,0 2,5 603,9 0
23/12/2008 4,57 26,5 31,7 21,6 69,4 1,4 438,9 0
24/12/2008 3,20 23,6 27,3 20,9 84,7 1,1 333,3 18,6
25/12/2008 6,22 24,0 29,6 20,1 73,2 1,8 690,2 0
26/12/2008 6,45 24,2 29,7 19,1 68,2 2,3 648,0 0
27/12/2008 6,90 25,0 31,0 18,5 61,1 2,3 662,6 0
28/12/2008 6,04 25,7 35,0 18,4 66,7 1,6 517,1 0
*
ET0 = Evapotranspiração de referência; Tar, Tmax e Tmin = temperatura média, máxima e mínima do ar,
respectivamente; Umidade = umidade reativa do ar; Vento = velocidade do vento; Radiação = densidade de
fluxo de radiação solar incidente; Precip = precipitação pluviométrica.
53
Figura 3 - Temperaturas médias (A) e temperaturas mínimas (B) diárias dos solos com 4 e 0
Mg ha-1 de resíduos vegetais em superfície e diferenças mínimas significativas
(DMS), observadas durante o experimento realizado de 28 de novembro a 08 de
dezembro de 2007.
Tais resultados não indicaram interação significativa entre os fatores solo e resíduo
para a temperatura máxima diária dos solos em nenhum dia do experimento realizado de 28
de novembro a 08 de dezembro de 2007. Não foram observadas diferenças significativas para
a temperatura máxima diária entre os solos durante o período de condução do experimento 1.
A temperatura máxima diária dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia foi
significativamente inferior à dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduos em superfície durante todos
os dias de condução do experimento1 .
As temperaturas máximas dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície,
além de inferiores, apresentaram menor variação do que as observadas nos solos com 0 Mg
ha-1 de resíduos (Figura 4). As temperaturas máximas dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de
aveia em superfície variaram de 27,4 a 33,5 oC e, nos solos com 0 Mg ha-1 de resíduos, a
variação foi de 32,2 a 42,7 oC para o primeiro e o último dia do experimento (Figura 4). Isso
56
indica que a temperatura máxima dos solos também é influenciada pelo conteúdo de água no
solo, porque no início do experimento, quando o conteúdo de água nos solos era similar, a
presença dos 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície proporcionaram redução de 6,1 oC
na temperatura máxima e, no último dia do experimento, com o solo mais seco, essa redução
foi de 10,5oC .
Resultados similares de redução na temperatura máxima dos solos em função da
cobertura por resíduos foram encontrados por Gasparin et al. (2005), que observaram
temperaturas superiores a 40oC em solo sem cobertura e 31 oC em solo com cobertura de 4
Mg ha-1 de resíduos de aveia. Pezzopane et al. (1996) observaram redução de 9,5 oC na
temperatura máxima do solo com resíduos na superfície e Varadan; Rao (1983) observaram
que a temperatura máxima do solo desnudo alcançou 39-40 °C, enquanto que, no solo com
cobertura de resíduos, atingiu 30-33 °C.
Após a ocorrência de uma chuva ou irrigação, inicia a perda de água do solo para a atmosfera.
A redução gradual da quantidade de água no solo proporciona redução no fluxo de calor para
o interior solo com consequente aquecimento da superfície do solo. Isso pode ser observado
quando se comparam os resultados de temperatura máxima no solo entre os solos com 0 e 4
Mg ha-1 de resíduos de na superfície. A temperatura máxima dos solos nos primeiros dias foi
inferior à observada nos últimos dias de drenagem (Figura 4A), embora a densidade de
radiação incidente tenha sido maior nos primeiros dias do experimento.
No primeiro dia do ciclo de secagem, os solos com 0 Mg ha-1 de resíduos
apresentavam elevado conteúdo de água na superfície e, como consequência, aqueceram
menos. À medida que o experimento transcorria, com a perda de umidade do solo, maiores
foram os valores observados para a temperatura máxima dos solos.
A presença de 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia na superfície do solo reduziu a
temperatura máxima dos solos em todos os dias do experimento. No primeiro dia, quando a
umidade do solo estava próxima do limite superior de disponibilidade hídrica, a redução foi
de 4,8 oC e, a partir do segundo dia, a redução da temperatura máxima foi em média de 8,5
o
C. Gasparin et al. (2005) encontraram redução de 2,25 oC na temperatura máxima dos solos
para cada 1 Mg ha-1 de resíduos de aveia adicionada e Bragagnolo; Mielniczuk (1990)
observaram redução de 0,6 a 1,1 oC para cada 1 Mg ha-1 de resíduos na superfície dos solos.
Os resultados da análise da variância não indicaram interação significativa entre os fatores
solo e resíduos para a amplitude térmica diária dos solos em nenhum dia do experimento
realizado de 28 de novembro a 08 de dezembro de 2007. Não foram observadas diferenças
57
significativas na amplitude térmica diária dos três solos durante o período de condução do
experimento.
Figura 4 - Temperatura máxima (A) e amplitude térmica (B) diárias dos solos com 4 e 0 Mg
ha-1 de resíduos vegetais em superfície e diferenças mínimas significativas
(DMS), observadas durante o experimento realizado de 28 de novembro a 0de
dezembro de 2007.
superfície funcionou como uma barreira, reduzindo a perda de calor dos solos para a
atmosfera.
Dias após a
drenagem LATOS. ARG. V. A. ARG. V. Média
-1
4 Mg ha resíduos 17,0 17,5 17,3 17,3
1 -1
0 Mg ha resíduos 17,7 17,1 16,4 17,1
Média 17,4 17,3 16,9
Nos dias 7 e 8 após a drenagem, foi observada interação significativa entre os fatores
solo e resíduos para a temperatura média diária do solo. No dia 7, a temperatura média do solo
3 com 0 Mg ha-1 de resíduos de aveia foi 16,4oC, sendo significativamente inferior aos 17,9 e
18,2oC observados nos solos 1 e 2.
No dia 8 após a drenagem, a temperatura média do solo 3 com 0 Mg ha-1 de resíduos
de aveia foi 18, 8oC, ou seja, significativamente inferior aos 19,8 e 20,2oC observados nos
solos 1 e 2, respectivamente. A temperatura média do solo 3 foi similar entre as duas
quantidades de resíduos. Porém, nos solos 1 e 2, a presença de 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia
em superfície proporcionou redução de 1,6 e 2,1 oC na temperatura média dos solos (Tabela
5).
No experimento 2, foram observadas diferenças na temperatura média diária entre os
solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia e com 0 Mg ha-1 de resíduos em superfície apenas
nos dias 2, 3, 4, 7 e 8. Para os dias 2, 3, 4 e 7, essas diferenças foram inferiores a 1 oC e, para
o dia 8 após a drenagem, as diferenças foram de 1,4oC. Esses resultados são inferiores aos
2,9 oC observados no experimento 1, indicando que o efeito dos resíduos em superfície na
redução da temperatura do solo depende da densidade do fluxo de radiação incidente.
Foi observada interação significativa para a temperatura mínima entre os fatores solos
e resíduo em todos os dias do experimento 2. A interação significativa foi causada pelas
diferenças observadas entre as temperaturas mínimas dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo,
enquanto que a temperatura mínima dos três solos com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia na
superfície foi similar (Tabela 6).
Diferenças significativas foram observadas para a temperatura mínima entre os solos
com 0 Mg ha-1 de resíduos durante todos os dias do experimento 2. As temperaturas mínimas
do solo 1 com 0 Mg ha-1 de resíduos foram significativamente maiores que as temperaturas
mínimas do solo 2 com o mesmo nível de cobertura.
A temperatura mínima do solo 1 mantido com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia na
superfície foi maior que a mínima do mesmo solo com 0 Mg ha-1 de resíduo nos dias 2, 3 e 6
após a drenagem. Nos demais dias, as temperatura mínimas do solo 1 com os dois níveis de
cobertura foram similares. Para os solos 2 e 3, a temperatura mínima dos solos com 4 Mg ha-1
de resíduos de aveia na superfície foi superior à dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo.
No segundo ciclo de secagem (experimento 2), realizado em época de menor
densidade de fluxo de radiação incidente, foram observadas temperaturas mínimas do solo
menos extremas nos solos cobertos por resíduos. Entre os solos com cobertura de 4 Mg ha-1 de
resíduos de aveia na superfície, a temperatura mínima diária não foi inferior a 10oC em
61
nenhum dia, enquanto que, entre os solos sem resíduo, isso ocorreu entre os dias 4 e 6 após a
drenagem dos solos.
Dias após a
drenagem LATOS. ARG. V. A. ARG. V. Média
-1
4 Mg ha resíduos 15,3 Ba 16,1 Aa 15,7 ABa 15,7
1 -1
0 Mg ha resíduos 15,2 Aa 14,3 Bb 14,5 Bb 14,7
Média 15,3 15,2 15,1
Interação significativa entre os fatores solo e resíduo foi observada para a amplitude
térmica diária do solo em todos os dias do experimento 2. A amplitude térmica do solo 2 com
a presença 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia na superfície foi inferior à dos solos 1 e 3 durante
64
todo o período de drenagem. Os valores de amplitude térmica diários dos solos com 0 Mg ha-1
de resíduo foram superiores aos observados nos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia na
superfície durante todos os dias do experimento 2 (Figura 5).
A temperatura média dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície foi
menor do que com 0 Mg ha-1 de resíduos em dois períodos, o primeiro entre os dias 3 e 4, e o
segundo período entre os dias 7 e 9 após a drenagem. Nos dias 3 e 4 as temperaturas médias
observadas nos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície foram 28,6oC e
28,4oC. Nos solos com 0 Mg ha-1 de resíduos , as temperaturas médias foram 30,6 e 31 oC.
Nesses dias, foram observadas reduções de 0,50 e 0,65oC na temperatura média dos
solos por Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície (Figura 6).
Dias após a
Cobertura LATOS. ARG. V. A. ARG. V. Média
drenagem
4 Mg ha-1 resíduos 27,0 25,4 25,7 26,0 a
1 0 Mg ha-1 resíduos 23,4 23,5 24,0 23,6 b
Média 25,2 24,5 24,9
Figura 7 - Temperatura máxima dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície e
com 0 Mg ha-1 de resíduos, observadas durante o experimento 3. Santa Maria, RS, 2011.
No nono dia após a drenagem, a temperatura máxima dos solos foi reduzida em 2,8 oC
por Mg ha-1 de resíduos de aveia depositada em superfície. No experimento 3, a temperatura
máxima média foi reduzida em 1,8 oC por Mg ha-1 de resíduos de aveia depositada em
superfície.
Verifica-se que não houve interação significativa entre os fatores solo e resíduo para a
amplitude térmica diária dos solos no experimento realizado de 20 a 28 de dezembro de 2008.
A presença de 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia na superfície do solo reduziu significativamente
a amplitude térmica do solo, provavelmente atuando como barreira, tanto ao aquecimento
diurno, quanto ao resfriamento noturno. Neste estudo, em todos os dias analisados, a
amplitude térmica do solo com 4 Mg ha-1 de resíduos em superfície foi menor do que nos
solos com 0 Mg ha-1 de resíduo. As maiores diferenças entre as amplitudes térmicas das duas
quantidades de resíduo foram observadas no final do experimento (Figura 8 ).
Figura 8 - Amplitude térmica dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície e
com 0 Mg ha-1 de resíduos, observadas durante o experimento realizado de 20 a 28 de
dezembro de 2008. Santa Maria, RS, 2011.
Para os três solos utilizados neste estudo, não foi observada diferença na amplitude
térmica diária. A textura dos solos, mesmo distinta, não ocasionou diferenças nas
temperaturas máxima e amplitude térmica diárias entre os três solos nos experimentos 1 e 3.
Porém, no experimento 2, diferenças observadas entre as temperaturas dos solos
demonstraram que houve efeito significativo do fator solo para a temperatura máxima e
amplitude térmica. Isso pode ter sido ocasionado pelas diferenças nas perdas de água por
evaporação observadas entre os três solos, uma vez que a água armazenada no solo afeta
diretamente a temperatura do solo.
verificado nos experimentos 1 e 3, conforme resultados das perdas de água por evaporação
apresentados a seguir.
Tabela 9 - Resultados da perda de água (mm) entre os três solos e as duas quantidades de
resíduos, observados no primeiro dia após a drenagem, no experimento realizado de 28 de
novembro a 8 de dezembro de 2007. Santa Maria, 2011
A partir do segundo dia após a drenagem, não foram observadas diferenças nas perdas
de água por evaporação acumuladas entre os solos. Os solos com 4 Mg ha-1 de resíduo de
aveia mantida em superfície apresentaram menores perdas de água por evaporação do que os
com 0 Mg ha-1 de resíduo até o final do experimento 1 (Figura 9).
72
Figura 9 - Média da evaporação de água dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia em
superfície e dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduos, durante o experimento 1 realizado de 28/11
a 8/12/2007. Santa Maria, RS
A redução nas perdas acumuladas de água dos solos com a utilização dos 4 Mg ha-1 de
resíduo de aveia em superfície foram de 45, 40, 36, 33, 29, 29, 28, 25, 24 e 22%, para os dias
2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11, respectivamente.
A perda de água acumulada (média dos três solos) nos solos mantidos com 0 Mg ha-1
de resíduo no segundo dia do experimento 1 foi de 8 mm (Figura 9). Nos solos mantidos com
4 Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície, o mesmo valor de lâmina evaporada acumulada
(8mm) somente foi observado no sexto dia após a drenagem. A diferença de quatro dias para
o acúmulo da mesma perda de água do solo em função das duas quantidades de resíduo
manteve-se até o final do experimento 1. Esse dado é agronomicamente importante para o
73
do solo 3. Já as perdas do solo 2 não diferem significativamente das dos demais solos, em
nível de 5% de probabilidade. No dia 6 após a drenagem, os solos com 4 Mg ha-1 de resíduo
de aveia em superfície apresentaram evaporação superior aos solos sem cobertura. Dalmago et
al., (2010) relatam maiores perdas de água por evaporação em solos mantidos com resíduo na
superfície a partir do segundo até o quinto dia após uma chuva. De acordo com Aydin et al.,
(2005), isso decorre do rápido secamento da superfície do solo exposta, que quebraria a
continuidade dos poros, reduzindo as perdas de água por evaporação nos solos sem cobertura.
Figura 10 – Evaporação diária observada nos dias 4, 5 e 6 após a drenagem. Em cada dia,
letras maiúsculas comparam solos e letras minúsculas comparam os dois níveis de resíduos.
A partir do dia 7 após a drenagem, não foram observadas diferenças significativas nas
perdas de água por evaporação entre os solos e os níveis de cobertura.
Durante o experimento 1, mesmo com demanda evaporativa diária superior a 5 mm, as
perdas de água por evaporação diárias foram inferiores a 1mm d-1 a partir do quarto dia após a
drenagem (Figura 11).
Os dias 1 e 10 após a drenagem apresentaram valores de ET0 similares
(aproximadamente 6 mm d-1). As perdas de água por evaporação nos solos com 0 Mg ha-1 de
resíduo foram de 5,5 no dia 1 e de 0,8 mm d-1 no dia 10 e com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia
em superfície foram de 2,5 e 0,8 mm d-1.
75
Figura 11 - Evapotranspiração de referência (Et0) e evaporação (E) média dos solos com 4 Mg
ha-1 de resíduo de aveia em superfície e dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo observados no
experimento 1, realizado de 28 de novembro a 8 de dezembro de 2007. Santa Maria, RS.
2011.
e no solo 3 (3,52 mm d-1). As perdas de água por evaporação nos solos com 0 Mg de resíduo
em superfície (3,36 mm d-1) foram significativamente maiores que as perdas de água por
evaporação nos solos com 4 Mg de resíduo em superfície (2,78 mm d-1).
Figura 12 - Evaporação média dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície e
dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo, observados no experimento 1 e 2, em relação aos dias
após a drenagem (A) e à evapotranspiração acumulada (B). Santa Maria, 2011.
78
Figura 13 – Evaporação cumulada dos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia em superfície
e dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduos, durante o experimento 3 realizado de 20 a 28/12/2008.
Santa Maria, RS
As perdas de água por evaporação acumuladas observadas entre os solos com as duas
quantidades de resíduo apresentaram diferenças crescentes até o final do experimento 3. A
perda de água acumulada até o terceiro dia, na média dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo, foi
de 9,36 mm e, nos solos com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia na superfície, foi de 5,36 mm.
81
Nos solos com 4 Mg ha-1 de resíduo, o período de tempo necessário para que ocorresse uma
perda de água de 9,26 mm foi de 8 dias (ET0 acumulada de 50 mm).
No experimento 3, assim como nos experimentos 1 e 2, foi observada uma redução na
evaporação pela presença de 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia na superfície dos solos
(Figura 13). A presença de 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície reduziu em 28; 43; 43;
35; 38; 39; 36; 33 e 31% as perdas de água por evaporação acumuladas para os dias 1; 2; 3; 4;
5; 6; 7; 8 e 9 após o início da secagem do solo, respectivamente.
Os resultados da análise da variância para as perdas de água por evaporação diárias
observados no experimento 3 indicaram interação significativa entre os fatores solos e resíduo
para os dias 4 e 9 após a drenagem (Tabela 12).
Letras maiúsculas comparam resultados dos solos na linha e letras minúsculas comparam resultados entre
as quantidades de resíduo nas colunas em cada dia
No quarto dia, as perdas de água por evaporação dos três solos mantidos com
4 Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície foram similares. A interação entre os fatores solo
e resíduo foi significativa e ocasionada pelas perdas de água por evaporação observadas no
solo 3 (Argissolo Vermelho). A perda de água no solo 3 com 0 Mg ha-1 de resíduo (0,4mm)
foi significativamente menor do que as perdas observadas no mesmo solo mantido com 4 Mg
ha-1 de resíduo de aveia em superfície (1,4mm) e do que nos solos 1 e 2 com 0 Mg ha-1 de
resíduo (1,4 e 0,8mm, respectivamente). Essa inversão nas perdas de água por evaporação
entre solos com duas coberturas de resíduo foram observadas também por Dalmago et al.,
82
(2004). No estudo desses autores, a inversão na taxa de perda de água entre os solos com e
sem resíduo se manteve até a entrada subsequente de água nos solos.
Os resultados do desdobramento da interação significativa nas perdas de água por
evaporação entre os fatores solo e resíduos, observados no dia 9 após a drenagem, indicam
que a interação foi causada pelas perdas de água por evaporação observada no solo 1 com 4
Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície (1,20mm). No solo 1 com resíduos de aveia em
superfície, as perdas de água por evaporação foram significativamente maiores que aquelas
dos demais solos com o mesmo nível de cobertura e também foram superiores às perdas
observadas no solo 1 com 0 Mg ha-1 de resíduo (Tabela 12).
Como as perdas de água por evaporação são maiores nos primeiros dias após uma
chuva ou irrigação, sendo esse o período em que a resíduo exerce maior influência, o efeito do
resíduo na redução das perdas de água por evaporação dos solos é tanto maior quanto menor
for o intervalo entre duas chuvas ou irrigações (Figura 14). Além disso, as perdas de água por
evaporação são maiores em locais e climas mais úmidos, com maior freqüência de
precipitações.
Figura 14 - Evapotranspiração de referência (Et0) e Evaporação (E) média dos solos com 4
Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície e dos solos com 0 Mg ha-1 de resíduo observados
no experimento 3 realizado de 20 a 28 de dezembro de 2008. Santa Maria, RS.
83
Em um experimento com solos areia franca e muito argiloso, Freitas et. al. (2006)
fixaram a demanda evaporativa diária em 3; 5,2 e 7 mm e observaram efeito da resíduo na
evaporação nos dois tipos de solo. No referido estudo, a presença de 3,5 Mg ha-1 de resíduo
em superfície proporcionou uma redução de 1,4; 2,4 e 3,2 mm dia-1 para as demandas
evaporativas da atmosfera de 3; 5,2 e 7 mm dia-1, respectivamente, durante os primeiros sete
dias de observação. Outros pesquisadores (ANDRADE, 2008; SALDANHA, 2009;
CHABAT, 2010; KNIES, 2010), trabalhando em condições de campo, observaram perdas de
água por evaporação inferiores. Em um período de nove dias (ET0 acumulada de 33 mm),
Andrade (2008) observou perdas de água por evaporação de 12,5 e 10 mm na camada
superficial do solo (10 cm) para solos sem e com 3 Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície.
Trabalhando em solo com características semelhantes, Saldanha (2008), em nove dias (ET0
acumulada de 53 mm), observou uma redução nas perdas de água por evaporação de 20 para
16,8 mm na camada de 0 a 20 cm, comparando solo descoberto e solo com 3 Mg ha-1 de
resíduo de aveia em superfície.
Na região central do Uruguai, Chabat (2010) observou redução de 21,1 para 10,3 mm
nas perdas de água por evaporação do solo com a utilização de 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia
em superfície nos primeiros 10 cm de solo, em um período equivalente à ET0 de 40 mm.
Knies (2010) observou redução inferior a 5 mm no conteúdo de água armazenado nos
primeiros 10 cm de solo para as coberturas dos solos de 0, 3 e 6 Mg ha-1 de resíduo de aveia,
em um período de tempo equivalente a 55 mm de ET0. Esse autor atribui à reduzida perda de
água observada à contribuição da água nas camadas inferiores do solo, uma vez que o nível
freático permaneceu próximo à superfície durante o período de observação. Por outro lado,
Dalmago et al. (2010) não observaram diferenças nas perdas de água por evaporação entre os
sistemas convencional e plantio direto para períodos que variaram de 3 a 12 dias.
A comparação entre os sistemas plantio direto e cultivo convencional, no que se refere
a perdas de água por evaporação, mesmo que apresentando resultados conflitantes, tem sido
objeto de estudos (AASAE; TANAKA, 1987, DALMAGO et al., 2003; PHILIPS, 1984).
Porém, para se caracterizar especificamente o efeito que a resíduo na superfície exerce sobre
as perdas de água por evaporação do solo, a comparação entre o sistema PD e PC não é
suficiente, visto que outros fatores, além da presença da resíduo na superfície, agem e
interagem sobre as perdas de água por evaporação. Por exemplo, no plantio convencional, a
quebra na continuidade dos poros, altera a capacidade de infiltração, armazenamento e
transferência de água no interior do solo (SIDIRAS et al., 1983; GORDIYENKO;
KOSTOGRYZ, 1990), o que não acontece no sistema PD.
84
No desenvolvimento dos três experimentos deste estudo, a superfície dos solos não foi
mobilizada e, provavelmente, a continuidade dos poros foi mantida, tanto para os solos com 4
Mg ha-1 de resíduo de aveia em superfície, como para os solos mantidos com 0 Mg ha-1.
Assim, em condições similares de manejo (não revolvimento e proteção da superfície contra o
selamento superficial), foi observada relação entre as perdas de água por evaporação no solos
com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia na superfície e naqueles com 0 Mg ha-1 de resíduo em três
solos distintos quanto às características de cada um. Os resultados da relação direta entre as
perdas de água por evaporação observadas nos solos com 4 Mg ha-1 de resíduo de aveia na
superfície e com 0 Mg ha-1 de resíduos, ambos sem revolvimento superficial nos três ciclos de
secagem, são apresentados na figura 15.
Para o solo 1, o efeito da resíduo na redução das perdas de água por evaporação foi de
24, 30 e 41% nos experimentos 1, 2 e 3, respectivamente. No solo 2 foi onde se observou
maior efeito do resíduo na redução das perdas de água por evaporação para os três
experimentos. Os valores dessa redução foram 39, 53 e 42% nas perdas de água por
evaporação dos experimento 1, 2 e 3, respectivamente.
Nos três experimentos, o solo 3 foi aquele no qual se observou a menor influência dos
resíduos em superfície sobre as perdas de água por evaporação, sendo que 25% das perdas de
água por evaporação podem ser atribuídas à presença da resíduo e no experimento 2 (B)
apenas 1% das diferenças observadas na evaporação entre os solos com os dois níveis de
cobertura pode ser atribuído a presença dos 4 Mg ha-1 de resíduos em superfície.
Mesmo nos experimentos 1 e 3, realizados em épocas de elevada demanda evaporativa
da atmosfera, o efeito dos resíduos em superfície sobre as perdas de água por evaporação
apresentou grande variação. Porém, na média dos três experimentos e solos, 31% da redução
das perdas de água por evaporação pode ser atribuído à presença de 4 Mg ha-1 de resíduos em
superfície.
Um único valor médio não parece ser suficiente para representar o efeito dos resíduos
na redução das perdas de água por evaporação do solo. No caso deste estudo, a presença de
resíduos influenciou a perda de água do solo, que depende de fatores externos, em especial, da
densidade de fluxo de radiação solar incidente e da lâmina de água armazenada no solo no
dia. Assim, quanto maior for a duração de um experimento ou um intervalo entre entradas de
água no solo (chuva ou irrigação), menor será o efeito dos resíduos na redução das perdas de
água por evaporação. Esse resultado pode ser comprovado em todos os solos e ciclos de
secagem avaliados, evidenciando a importância que o conteúdo de água no solo, em um dado
momento, exerce sobre as perdas de água por evaporação dos solos (Figuras 11 e 14).
85
Figura 15 - Relação entre as perdas de água por evaporação dos solos (1, 2 e 3) com 4 Mg ha-1
de resíduos de aveia em superfície e solos com 0 Mg ha-1 de resíduos em três experimentos
(A, B e C). Santa Maria, RS. 2011. As letras A, B e C correspondem aos experimentos 1, 2 e
3, respectivamente. Os três solos estudados são representados pelos números 1, 2 e 3. Assim,
A1 representa o efeito dos resíduos sobre as perdas de água por evaporação observadas no
solo 1 durante o experimento 1 (A), e assim sucessivamente.
A maior evaporação nos solos é observada logo após uma irrigação ou chuva,
confirmando que sistemas de manejo com maior frequência de aplicação de lâminas de
irrigação propiciam maiores perdas de água por evaporação.
86
Em uma análise conjunta das perdas de água por evaporação ocorridas nos três
experimentos, observa-se que os resíduos mantidos em superfície exercem influência sobre a
evaporação da água dos solos, especialmente nos primeiros três dias após a drenagem. Após
esse período, pode haver maior evaporação nos solos cobertos por resíduos, o que Dalmago
(2004) caracteriza como inversão nas taxas de perda de água.
4.3. Simulação das perdas de água por evaporação usando o modelo SIMDualKc
Tabela 13 - Parâmetros de solo utilizados nas estimativas das perdas de água dos solos, nos
três experimentos utilizando o modelo SIMDualKc
Figura 16 - Relação entre evaporação estimada e perdas de água por evaporação médias
observadas nos experimentos 1, 2 e 3 (EXP 1, EXP 2 e EXP 3), e resultados de erro médio
(ME) e da raiz quadrada do erro médio ao quadrado (RMSE).
resíduos em superfície. Os valores de evaporação estimados pelo modelo foram superiores aos
valores medidos a campo desde o início das observações nos experimentos 1 e 3. Nessa fase,
os solos apresentavam umidade próxima ao limite superior de disponibilidade hídrica, o que
deveria proporcionar perdas de água por evaporação na taxa potencial. Mesmo assim, as
perdas de água por evaporação dos solos não se processaram na taxa potencial, indicando que
um coeficiente de redução deveria ser introduzido no modelo.
Tabela 14 - Resultados dos testes Erro Médio (ME) e Raiz do quadrado médio do erro
(RMSE) obtidos na comparação entre as perdas de água por evaporação observadas e
estimadas utilizando o modelo SIMDualKc original e com a inclusão dos coeficientes 0,25;
0,5; 0,6 e 0,75 no cálculo do Kr
Figura 18 - Relação entre a evaporação estimada (Kr modificado) e as perdas de água por
evaporação observadas nos solos com 4 Mg ha-1 de resíduos de aveia e nos solos com 0 Mg
ha-1 de resíduos em superfície durante o Experimento 1.
relação entre os valores de RMSE obtidos e os coeficientes R, que lhes deram origem, foi
ajustada uma equação quadrática. A partir dela, foi determinado o ponto de mínima da curva,
correspondente ao menor RMSE, no qual os valores estimados são mais representativos dos
valores observados. Para os resultados do experimento 1, recomenda-se o valor 0,49 como o
valor do coeficiente R, que resulta em menor RMSE (1,8631) (Figura 19).
proporcionou super estimativas, o modelo com as alterações subestimou as perdas de água por
evaporação nos três solos com os dois níveis de cobertura (tabela 17).
No experimento 2, a proposta de alterar o valor do Kr (coeficiente 0,75) proporcionou
melhor estimativa de perdas de água por evaporação. As perdas de água por evaporação
simuladas subestimaram as perdas observadas nos dois níveis de cobertura em todo o período
de condução do experimento 2 (Figura 20).
Tabela 15 - Resultados dos testes Erro Médio (ME) e Raiz do quadrado médio do erro
(RMSE) obtidos na comparação entre as perdas de água por evaporação observadas e
estimadas utilizando o modelo SIMDualKc original e com a inclusão dos coeficientes 0,25;
0,5; 0,6 e 0,75 no cálculo do Kr, durante o Experimento 2.
Tabela 16 - Resultados dos testes Erro Médio (ME) e Raiz do quadrado médio do erro
(RMSE) obtidos na comparação entre as perdas de água por evaporação observadas e
estimadas utilizando o modelo SIMDualKc original e com a inclusão dos coeficientes 0,25;
0,5; 0,6 e 0,75 no cálculo do Kr, durante o Experimento 3.
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