Sumário Dêste Número
Sumário Dêste Número
Sumário Dêste Número
JosÉ MARIA DA SILVA PARANHOS. barão do Rio Branco, lêz o seu curso de humsniâades
no ColéAio Pedro 11, onde mais tarde, em 1868, foi professor de história e geoAralis. dot
Brasil.
Seãuindo a sua vocação e a atividade inteledual do seu pai, o visconde do Rio Branco,
ingressou na carreira consular em 1876, seguindo para a Grã·Bretanha como cônsul-~eral
do Brasil em Liverpool. De volta do Rio da Prata, onde estivera como secretário do
seu pai, em missão especial, foi eleito sócío do Instituto Histórico e Geo[Jr~fico Brasileiro.
Desde o comêço da sua vida diplomática demonstrou sua capacidade e devotamento
pela carreira que abraçara. As missões que a nação lhe confiou, foram justo reconhecirnento
dos seus méritos.
No govêrno do marechal FLORIANO PEIXOTO ocupou o alto carRo de ministro pleni-
potenciário e foi enviado como representante do Brasil junto ao ~ov ?rno dos EE. UU.,
a fim de acompanhar a secular questão de Palmas (imprõpriamente conhecida por Questão
das Missões) então sujeita à arbitra§em do ~ovêrno de Washington, Nessa posição, escreveu,
defendendo os interê.sses da Pátria Brasileira, a notabilíssima memória históríco-Aeográlica,
em um volume e anexos com farta dàcumentação cartográfica, - Boundary Question
between Brazil and the Argentina Republic, do que resultou, em 5 de fevereiro de 1895,
a encorporação definitiva ao Brasil de um território de 30 622 km!. Foi a sua primeirlt'
vitória.
Em 22 de novembro de 1898 o presidente PRUDENTE DE MORAIS o nomeava ministro
plenipotenciário em missão especial juvto ao ~ovêrno suiço 1 para defender os direitos
bras1ieiros na célebre questão 140 Amapá. Desempenhando tal encarao, escreveu vasta
memóría, em cinco volumes e um atlas - Questions de frontieres entre te Brésil et la
France, como depois a République du Brésil 1 em três volumes, um álbum de fac-simil.e
e dois atlas. E a sua obra foi tal que em 1 de dezembro de 1900, 260 000 km' de
terras, litígio de dois séculos, passaram definitivamente à jurisdição nacional, dilatando
o solo pátrio.
O Dr. RODRIGUES ALVES, ao assumir a presidêncis da República, rec1amou·lhe os
serviços, em nome da. Pátria, à frente do Ministério das Relações Exterior~s a fim~ de
solucionar a gravíssima questão do Acre, que se declarara independente. RIO BRANCO
s.jJiu desde logo e, em 17 de novembro de 1903, firmava-se o Tratado de Petrópolis, pelo
qual o Brasil, mediante compensações e acordos, entrava na posse de 200 000 km! - o
riquíssimo Território do Acre.
Na pasta do Exterior, que ocupou ininterruptamente ·de 1902 até a sua morte em
1912, RIO BRANCO continuou desenvolvendo o máximo da sua atividade pelo enArandeci-
mento da Pátria. ComO ministro do Exterior, conseguiu brilhantes vitórias diplomáticas,
dentre as quais se salienta a assinatura, com a Ar4entina, do acôrdo complementar sôbre
as ilhas do Alto UruRuai, feliz remate à delicada êiuestão de Palmas.
Estas vitórias sucessivas levantaram ao mais alto Srau o prestígio do barão do Rto
BRANCO. Em 1907 foi eleito presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 1
cargo êsse perpetuado em 1909.
Autor de notáveis trabalhos históricos Esquisse de l'Histoire du Brési1, Efemérides
Brasileiras, Elisée Reclus, etc., deixou, também, contida nas páginas e nos mapas das
suas Memórias, considerável documentação corográfica das re4iões contestadas, contribuição
preciósa para a ~eojrafie. nacional.
Para a exemplificação objetiva do extraordinário trabalho de Rto B"RANCO, basta
lembrar que a confiA_uração atual do Brasil, a extensão das suas fronteiras e a sua imensa
superfície é obra sua. Com efe:to, dos 16 340 km de fronteiras brasi}eiras, 14 002 km,
foram por êle fixados. Quanto ao âmbito territorial do Brasil, os territórios do Acre
(191 000 km 2 ) , do Amapá (255 000 km') e de Palmas (30 622 km'), integrados defini-
tivamente, perfazem 476 622 dos 8 511 189 km· da sua área total.
•
Êste 4rande brasileiro, figura indispensável para o estudo da evolução das nossas
fronteiras e do nosso território, deixou seu nome liRado para sempre à diplomacia, à
história e à J,?eoãrafia do Brasil.
Editorial
----
Feliz Coincidência
Em abril de 1943, saía a público o número inaugural dêste Boletim,
inicialmente intitulado Boletim do Conselho Nacional de Geografia; apresen-
tando-o, o preclaro presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
embaixador josé Carlos de Macedo Soares, vaticinava-lhe um "êxito plenamente
assegurado pela utilidade que indiscutivelmente oferece".
O Sentido Geográfico
DELGADO DE CARVALHO
Prof. da Faculdade Nacional de Fllosefla
e membro do Diretório Cent.ral do C.N .G.
Desde a infância, confesso que tenho uma admiração profunda pelos má-
gicos prestidigitadores que de uma simples cartola conseguem tirar flores, ovos,
cobaias e outros objetos de uso. Alguns fazem desaparecer objetos, abalando
a confiança dos respectivos proprietários; outros, em chapéus alheios, resol-
vem quebrar ovos e fazer omeletes. O que mais me impressiona é a quantidade
e o volume das coisas que vão aparecendo de um recipiente relativamente tão
pequeno.
Mais tarde na vida, porém, encontrei mágicos dêste gênero que fazem
aparecer uma porção de coisas, de idéias principalmente, de um receptáculo
julgado inadequado, à primeira vista. A admiração de minha infância lhes é
por isso, ainda hoje, garantida. Tenho visto canários verdadeiros voarem de
caixas aparentemente vazias. Devo acrescentar que mágicas dêste teor me
têm sido proporcionadas principalmente por grandes mestres da geografia.
Foi assim que ouvi dizer ser a geografia a descrição da Terra, do habitat
do homem; depois me foi dito que a geografia era uma ciência de relações,
principalmente entre a Natureza e o Homem; mais tarde, me ensinaram que
a geografia é essencialmente uma ciência de distribuição de fenômenos sôbre
a superfície da Terra. Eu não falo dos que me quiseram fazer acreditar que
geografia é apenas conhecimento dos lugares e que um bom geógrafo é um
bom memorizador de nomes próprios. Em todo caso, muito mais de vinte mi-
nutos gastaria eu aqui, se quisesse lembrar tudo quanto ouvi, lí e aprendi a res-
peito do campo verdadeiro da geografia.
O que mais me tem espantado, entretanto, nesta mágica tôda é que sou
obrigado a admitir que todos êles tinham razão ou em parte razão: todos
êles faziam aparecer cartas, flores, ratos brancos, serpentinas e coelhos da
cartola geográfica.
Eu estava sinceramente hesitando em qualificar êste espanto meu, esta
admissão de todos os pontos de vista bem apresentados pelos mestres; não
sabia se devia atribuir esta minha atitude de aceitação à ingenuidade, à boa
fé ou à simples incompetência, quando encontrei, num alentado volume de cêrca
de 500 páginas, escrito o ano atrasado por um geógrafo americano Richard
Hartshorne, sob o título sugestivo A Natureza da Geografia, a seguinte frase
que acho indispensável comunicar a meus colegas: "Não existe conjunto
algum de regras capazes de determinar quais os fenômenos, em geral, que são
de significação geográfica". E para não nos alarmar com semelhante conclusão
de tão exaustivo inquérito entre autores americanos, alemães, franceses, escan-
dinavos e japonêses, o autor acrescenta "Isto é uma questão que só pode ser de-
terminada, em casos particulares, levando em conta a importância direta dos fe-
nômenos em relação à diferenciação topográfica ou a sua importância indireta
por meio das relações de causalidade com outros fenômenos".
• N.R. - Palestra realizada pelo Prof. Delgado de Carvalho no Curso de Geografia Geral
e do Brasil da Universidade do Ar. irradiada pela PRA-2.
BOLETIM OEOGRAFICO
Esta explicação concisa talvez, mas que me parece aceitável, é que para
um fenômeno merecer o qualificativo de geográfico é necessário que o fator po-
sição ou situação o venha diferenciar.
Éste critério me parece eminentemente aceitável; é de utilidade prática para
o professor de géografia: não se trata aí de metafísica, mas de aplicação, de
realização concreta das três características que viemos eJtaminando em pales-
tras anteriores: a nomenclatura, a descrição e a explicação. Podemos designar,
descrever e explicar muitos fenômenos, nem por isso serão geográficos; só virão
a sê-lo se o fator posição os venha diferenciar.
Mas êste ponto de vista geográfico tem mais uma vantagem, a meu ver,
capital: estabelece as estreitas relações que, com as demais ciências sociais
tem a geografia e a interdependência dos fenômenos a estudar.
Ora, nomenclatura, descrição e explicação, não vêm a ser exatamente tam-
bém os objetivos característicos da História, porém, em vez de ser em relação
à posição no espaço é em relação ao período no tempo?
Como nos achamos, por conseguinte, intimamente relacionados, no campo
das ciêndas sociais, com os nossos colegas da História!
Já em 1883, nas suas Aufgaben und Methoden der Heutigen Geographie
o mestre Richthofen já constatara que muitos têm a ilusão de colhêr no cam-
po geográJ , .o o que lá não semearam, nem plantaram. O mesmo se dá com a
História: tod.,hmundo julga que é disciplina fácil e todos, em geogràfia como
em história, t , acham em casa, à vontade. A matéria é tão simples! De fato
é simples para os que nem suspeitam da sua complexidade.
De fato a êstes espíritos simplistas devemos uma tumultária acumulação
de fatos mal digeridos e servidos sob o nome de geografia moderna. O perigo
maior que oferece êste tipo de estudo geográfico, foi descrito em 1934 por Isaiah
Bowman do seguinte modo: "São os horríveis exemplos de pensamento con.,
fuso em geografia que afetam principalmente o lado humano do assunto,
· por meio de tentativas precipitadas de formular e aplicar novas filosofias so-
ciais e que levaram muitos professôres de ciências sociais a citar uns tantos
fatos geográficos fazendo generalizações apressadas e fáceis, com escandalosa
inexatid'. , ':l superficialidade".
Durb'.~i~e muito tempo, ainda hoje mesmo, estamos entre dois grupos 'irre-
dutíveis: os tradicionalistas da mnemotécnica que só acreditam na geografia
fatual, nos nomes próprios decorados e tratam tudo mais de conversa fiada ...
e são numerosos entre nós! e, de outro lado, a ala chamada adiantada, que
reduz tudo a princípios, a leis geográficas inventadas, desdenhando por
demais a nomenclatura, e que em todo fenômeno social só enxerga uma res-
posta ao meio, num determinismo absoluto. São os dois extremos.
Fico, por vêzes, entre estes dois como o viajante que n11m compartimento
de estrada de ferro viajava com duas senhoras, intransigentes e imperativas.
Uma queria a janela aberta, porque morria abafada e outra exigia a janela
fechada para não apanhar um resfriado mortal. Depois de longas e violentas
discussões, o viajante perdendo a paciência, colocou-se perto da janela que,
primeiro, abriu para matar logo uma delas, e depois fechou para matar a outra,
e ficar em paz o resto da viagem.
Se pudéssemos fazer outro tanto para refrescar e abafar os exageros em
geografia como seria bom têrmos uma janela à disposição. Isso porém, é um
lento trabalho de convicção e persuasão.
Em realidade, o que precisamos, em geografia, é combater os extremos.
Devemos fazer o seguinte raciocínio, em substância: A geografia é um
ramo de conhecimentos, digamos mesmo uma ciência (?) que tem um valor
educativo na formação do indivíduo. Ela nos interessa sobretudo' sob o ponto
de vista humano. É pois uma ciência social e, por isso, não é totalmente inde-
pendente das demais ciências sociais; mais 11inda, deve colaborar com as ciên-
cias sociais; deve contribuir para elas. Ora, qual é esta contribuição?
Há cêrca de três meses, um geógrafo norte-americano, Preston James,
grande amigo do Brasil e dêle profundo cohhecedor, publicou um interessante
artigo que, a meu, ver, coloca sobriamente as coisas no seu devido lugar. Éle des-
COMENTAHIO 9
creve o que deve ser, na sua opinião, a contribuição da geografia nos estudos so-
ciais. Passo, pois, a fazer uma rápida análise do que disse num número da revista
Social Education (vol. V n. 0 5).
Temos, até aqui, demasiadamente desprezado o valor da posição como fa-
tor nas coisas humanas. Em compensação, os alemães têm prestado a êste mes-
mo fator posição geográfica, uma atenção muito especial, fazendo-a base da
sua estratégia.
A geografia tem por fim, exa-..amente, na educação, dar o sentido de po-
sição, "consciêncifi. da posição" diz o autor, para fatos isolad-0s, mas em relação
às coisas físicas e sociais que diferenciam as regiões da Terra. O mesme> faz a
história, como já vimos, em relação ao tempo.
Mas êste sentido geográfico de posição é dado de dois modos principal-
mente: O primeiro, mais longo, mais geral, consiste em colocar o estudante em
condições de localizar o fato ou o fenômeno no quadro natural completo. É ao
mesmo tempo a situação, a topografia do ambiente, as feições climáticas, a po-
sição em relação à ocupação humana, a divisão política, as linhas de circulação
e comunicações. Em suma, é um complexo, e o fato só tem valor geográfico
quando nêle integrado.
O segundo modo consiste em preparar o estudante a compreender a sua
posição individual, relativa a um ambiente mais próximo, dando-lhe ' l sentido
de direção, do quadro geográfico imediato visível e próximo in"' -i.vel, além
do horizonte. É o dom de orientação e de pensar geogràficamen ;. Torna a
viagem e a excursão cheias de significação e de ensinamentos. É uma das mais
preciosas funções da educação.
Com semelhantes propósitos tão preciosos e claros, como estamos longe da
geografia-ilustração do espírito, da geografia ornamento da cultura e de ou-
tros propósitos metafísicos na educação do indivíduo.
Outra função do ensino geográfico, segundo Preston James, é de fami-
fül,rizar o estudante com o manuseio dos mapas.
É extraordinário o número de adultos que julgam estar lendo um mapa,
carta topográfica ou atlas e entretanto, não estão percebendo o slgnifi-
cado real de grande parte de seu conteúdo. É o que o autor chama de' >lalfa-
betismo do mapa", inadmissível numa democracia culta. O mapa, sen~ uma
forma de simbolismo, precisa ser interpretado e ao mestre de geografia cabe
a função de educar o estudante, capacitando-o a tirar do mapa tudo quando
nêle se acha contido.
Cita James o exemplo de um adulto que dissera que os norte-americanos
deveriam aprender espanhol pois, geogràficamente, o México estava em rela-
ção aos Estados Unidos na mesma posição que o Canadá. Evidentemente, o
mapa estava mal interpretado, mal integrado em seus aspectos diversos, o
adulto estava adulterando a realidade. Uma outra feição característica do
ensino geográfico é o estudo da relação do Homem e da Natureza. É um
perigo transferirmos os ensinamentos das ciências naturais para o campo
das ciências sociais: leva a multiplicar as falsas analogias. Em ciências so-
ciais não existem princípios gerais de causa e efeito, (conhecidos pelos menos).
A realidade é de tal complexidade e variabilidade que os casos são em redu-
zidíssimo número e não e permitem leis ou generalização de princípios com
exemplos específicos. A regra, é a exceção: quando generalizamos, desacredi-
tamos o método e a própria ciência. "Reações ao meio físico" foi uma fórmula
interessante, mas revela um determinismo inadmissível.
A contribuição da geografia, neste setor, pensa James, será apenas de per-
mitir uma apreciação do fator posição em relação a fatos ou fenômenos so-
ciais. A geografia se presta a estabelecer contactos, correlações: coordena e
colabora mas não obedece a principias oriundos de outras ciências sociais.
"Uma região, diz o autor, não pode ser descrita como favorável ou desfavo-
rável ao estabelecimento humano enquanto não se tiver tornado tal pela ocupação
de um grupo específico". É resultado do momento histórico e do estágio cultu-
ral. A falta de meios de aquecimento apropriados teria sido a razão da não
ocupação da Europa Central pelos gregos oll romanos. Tal seja o aparelha-
mento cultural de um grupo, amanhã talvez seja ocupado e povoado o Spitz-
berg ou o centro do Saara! Quantas coisas não foram tornadas possíveis, em
10 BOLETIM GEOGRÁFICO
. . . . - AOS EDITôRES: tste "Boletim" não faz publicidade remunerada, entretanto reglstarã ou
...., comentará as contribuições sôbre geografia ou de interêsse geográfico que sejam enviadas
ao Conselho Nacional de Geografia, concorrendo dêsse modo para mais ampla difusão da bibliografia
referente à geografia brasileira.
Transcrições
tes, acha-se um grupo de cinco ou seis casas; talvez seja pelo lado étnico que
se deva procurar explicação destas raras aldeolas alemães e principalmentP- ja-
ponêsas. A maioria, porém, ·das duas a três mil famílias de colonos vive iso-
lada, cada uma no seu lote. Ao tomar posse de seu quinhão, o recém-chegado
começa por construir um abrigo rudimentar - um rancho - feito de bambus
e de cana de milho instalado à margem de um riacho, não ·tanto pela neces-
sidade do abastecimento de água para a família, pois é praxe proceder-se
logo ao estabelecimento de um poço, como principalmente para poder abeberar
o pequeno rebanho de animais domésticos: porcos, burros e às vêzes bovinos.
Depois desta primeira instalação começa o trabalho definitivo: construção
da futura casa de morada, a meia encosta desta vez, e enfim a derrubada.
Quase tôdas as casas são feitas de troncos de palmitos cortados pelo meio, no
sentido longitudinal, e o telhado é constituído por pequenas tabuinhas de ma-
deira dispostas como telhas. O chão interno preparado de modo grosseiro é
de terra socada; duas ou três janelas providas de taipas de madeira garantem
a aeração das peças separadas por tabiques de troncos de palmitos que não che-
gam até o teto. Perto da casa de morada são construídos os ranchos necessá-
rios ao serviço da lavoura: a "manjuira" onde secam os grãos de café e as
espigas de milho, o galinheiro e o inevitável chiqueiro para criação de por-
cos. As vêzes, uma morada construída por imigrantes alemães mostra um
acabamento melhor: paredes de tábuas serradas e reunidas com cuidado,
soalho de tábuas, janelas maiores, e como supremo luxo uma adega de alvena-
ria de pedra - motivo de um justo orgulho neste pequeno domínio onde tudo
é de madeira desde a bôca do poço até o ·1avador de roupa.
Enquanto se processa a construção da casa de morada, começa a derruba-
da cuja técnica já foi meticulosamente descrita por Deffontaines; não há
pois necessidade de repeti-la; os processos, aliás, variam pouco. No norte do ·
Paraná, como em outros lugares, a derrubada é raramente feita pelos próprios
colonos. O mais comum é entregar êste serviço a trabalhadores especialistas, na
maioria caboclos da região ou então a turmas de baianos que costumam em-
preitar êste gênero de serviço. As vêzes são lenhadores dos países bálticos que
se encarregam dêste trabalho. Outras vêzes - mas isto raramente - dois ou três
colonos vizinhos se reúnem e fazem um "mutirão". No meio dos troncos, ape-
nas derrubados, o colono começa a semear o milho ou, nas colônias japonésas,
o arroz. Com o feijão, que dá duas colheitas por ano, acha-se assim garantida
a subsistência \da família por um ano, com ligeiro complemento tirado do pe-
queno capital inicial indispensável. Do segundo ano em diante o colono pode
tirar algum lucro do seu algodoal ao qual virá juntar-se o café no fim de mais
dois anos. Êstes dois produtos garantem, com a venda de porcos, o dinheiro
necessário para o pagamento final do lote, para a compra de roupas e das fer-
ramentas indispensáveis. Mas ao mesmo tempo que a produção cresce, ela
tende a variar. Quando se fala de zona "pioneira", deve ter-se em vista que a
zona é de policultura: traço distintivo da colonização atual da do último século ou
dos princípios do século XX. É provável que o caráter tropical atenuado do
clima e da vegetação é causa quase certa do fato; a isso se deve acrescentar
com mais probabilidade a mistura étnica do contingente de imigrantes: a
difusão pelos japonêses do arroz de espigão e de certas técnicas asiáticas for-
nece uma prova nítida da opinião emitida. Do mesmo modo, os colonos ale-
mães, que quase todos entretanto já fizeram um estágio no Brasil, plantam
absolutamente tudo que costumavam plantar na sua terra, espantados da ex-
celência dos resultados obtidos: o trigo ou o centeio por exemplo. Entretanto al-
guns dêles dizem que estas plantações são feitas como uma espécie de "diver-
timento agrícola". O desenvolvimento da criação, acompanhada da cultura
da alfafa com seis cortes por ano, as plantações de mamona são característicos
das colônias alemães. Mais curiosa ainda é a tendência para a cultura de horta-
liças a que os japonêses do norte do Paraná costumam se dedicar como seus
compatriotas estabelecidos nos arrabaldes de São Paulo; ao lado das figueiras
brancas, cujos troncos atravancam ainda o terreno crescem pés de alho de
ervilhas, tomates, pimentões e batata-doce que vão ser vendidos em Londrina.
Entretanto ainda muito mais do que às tradições culturais trazidas por cada
raça é à pequena propriedade que se deve atribuir a policultura: de fato
tôda a zona da Companhia Inglêsa é território de pequenas propriedades. Nã~
se contar'n senão duas fazendas de. 200 alqueires e a grande maioria das explo~
BOLETIM GEOGRAFICO
1 Bron: Essai sur la formation du paisage rural trançais, page 45. Tours 1934. 162 pages.
16 BOLETIM GEOGRAFICO
ANOS
PRODUTOS (EM TONELADAS) 1----1931 1_ _ 1932. / ___ 1933 _ _19_3_4_
Arroz ............................ , 732 / 632 1 929 733
T.
r1~0 .............•.............. i 820 1. 582 f 945 1 35 2
Açucar . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . 755 1
558 1 664 983
Al_godão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1! 5 1 10 , 270 1 798
M1n:o ............ _..................' 9 593 6 634 15 439 14 548
Cafe ............................. , 1 946 1 543 3 480 6 899
Feijão ... ~ ....................... , 2 039 1
j 1 371 1 365 3 236
Madeira ......................... i 422 867 6 903 10 745
Porcos ........................... ! 940 1 3 498 8 590 15 435
e Paraná Plantation LincitecL N!neth annual report and balance sheet to 31 st December
1934. Vnido!!.1935. Nlf'<· lS.
TRANSCRIÇÕES 17
II
• O B.G. n. 0 24, ano II, referente ao mês de março de 1945, publicou a 1.' parte dêste
trabalho.
• Os terrenos devonlanGS não são representados senão no extremo sudoeste na fronteira
do Paraná.
• Mojl Mlrlm se chamou outrora MoJ! dos Campos por causa da paisagem que a circundava
e que se opunha à paisagem florestal !mediatamente a leste sôbre as serras granltlcas.
TRANSCRIÇÕES 19
Nesta zona monótona existem contudo, inscritas pela natureza ou pelo homem,
algumas variedades. Na parte setentrional de Palmeiras a Moji Mirim, a série per-
miana compõe-se na sua maior parte de areia branca, infértil, coberta de um cer-
rado ruím, povoado de barbatimão, árvore, utilizada no curtimento de
couros; a única explotação é a do gado, em grandes domínios, com 500
alqueires em média de área.' As fazendas desta região diferem singularmente
das das serras cristalinas que lhe são contíguas a leste e onde reina a pequena
explotação cafeeira de menos de 30 alqueires; o preço da terra, de 100 a 200
mil réis o alqueire na zona permiana, é de um conto na zona cristalina; trata-se
de um dos lugares onde as oposições de região e de paisagem são mais marcadas;
esta oposição se nota também com relação aos meios de transporte; a zona
campineira utiliza a circulação em carros de boi, enquanto nas serras de café a
circulação se fazia no lombo de burros por tropas. Naturalmente as cidades
se instalaram nas linhas de demarcação entre as duas paisagens: Moji Mirim,
Cascavel, Casa Branca. Passava por aí a velha estrada que servia de transporte
ao gado que descia de Minas para ser engordado nesta zona de erva; as fazendas
são sobretudo invernadas, isto é, estações de engorda para os rebanhos que
chegam das zonas pioneiras do norte e do oeste; o caminho de Franca, chamado
e.E!!!da francana, é ainda um dos mais importantes caminhos de boiadas.
Naturalmente a população, por efeito da explotação extensiva de gado, é
muito pouco densa (10 habitantes por quilômetro quadrado no município de
Moji Guaçu). Em nossos dias, é verdade, assiste-se a uma evolução: ao inverso
da zona de serras cristalinas muito povoada,, mas em vias de despovoamento,
a zona permiana, pouco habitada, se povoa ràpidamente. A terra convém
bastante a certas culturas alimentares: mandioca, milho; o algodão se adapta
também a êstes solos leves e mais ainda as laranjas e abacaxis, produções estas
que convêm à pequena propriedade. De alguns anos a esta parte, os operários
agrícolas da zona cristalina vizinha, onde o café está em decadência, compram
lotes baratos à volta de Moji Mirim, de Concha! ou de Araras. As culturas
tomam o lugar dos pastos, vêem-se construir novas casas. o preço da terra
dobrou; a região campíneira, antigamente ]Hstoríl. co:1q1:ist9 uma função
e uma paisagem agrícolas.'
~ A firma 1' n".tour possui uma propríedacie de 3 000 alqueires, a Nestlé construiu em Araras
uma usina de lt~te c:..indensado.
• No municipio de MOJ1 Mlrim contam-se já 2 500 DOO de abacaxizelros repartidos em
pequenos domfnic'-: H~et-:-ntes,
20 BOLETIM OEOORAFICO
Esta zona permiana central está separada da zona ocidental por um pequeno
maciçu que rompe em horst os terrenos arenosos e deixa aparecer rochas erupti-
vas nefelínicas muito duras; é o maciço de Ipanema, onde se começa a explotar
a apatita.
Todo o oeste permiano é ocupado por grandes campos pobres, de barba-de-
bode, zona de erva e não de arbustos como na parte norte, campos limpos e não
cerrados. Foi aí por excelência o domínio de criação. Por muito tempo os
terrenos se conservaram sem delimitação de propriedade, campos gerais ou
reiúnos, prolongando-se no Paraná. Éstes terrenos descobertos serviam de pasto,
mas sobretudo de invernadas, isto é, campos de repouso para o gado vindo de
fora. O tráfico não era composto de bovinos, como no norte, mas sobretudo de
burros; êstes animais vinham do Sul, dos territórios chamados das Missões (Rio
Grande do Sul, Uruguai e mesmo Corrientes na Argentina); os burros chegavam
em tropas de muitos milhares de cabeças, eram deixadas a engordar durante
alguns meses nas invernadas à volta de Itapetininga, São Miguel Arcanjo, Sarapuí
Pilar ... ; vendiam-se depois nas grandes feiras de Sorocaba; as vendas anuais
ultrapassavam 50 000 cabeças. Éstes burros, vindos das zonas meridionais
mais ricas em ervas, serviam para fornecer animais de carga para as zonas de
plantação e de minas do norte, mais tropicais e menos favoráveis à pecuária;
viam-se nestas feiras compradores de Minas, Rio e mesmo da Bahia. A aglo-
meração de Sorocaba, situada como sempre na orla dos campos e da região das
serras cristalinas era a capital marginal de tôda esta região de criação; ela
concentrava, além do negócio de gado, uma indústria especializada: fabricação
de selas, estribos, correias; cidade de feiras para onde afluiam os alquiladores,
era também cidade de luxo e prazer, retendo por suas joalherias e casas de
deboche uma parte do dinheiro ganho pelos muladores. Os outros centros não
eram senão pousos, isto é, estações de parada no caminho dos muares, estrada
real, como se chamava esta artéria essencial na economia do Brasil; eram
povoados de ranchos, espécie de hospedarias de descanso; Itapetininga, Capão
Bonito, Itararé. . . ,
Tôda esta atividade pastoril diminuiu bem nos nossos dias: as feiras de
Sorocaba quase desapareceram, as tropas não chegam mais senão em número
muito reduzido. As províncias meridionais substituíram a antiga explotação
extensiva da pecuária por um aumento de cereais e as regiões do norte se
puseram a produzir o gado de que necessitavam; o caráter complementar do
Norte e do Sul brasileiros por isso se atenuou. As invernadas de burros foram
TRANSCRIÇOES 21
• Em 1934 11 safra de algodão foi tal que a Estrada de Ferro Sorocabana ficou literalmente
atravancada.
22 BOLETIM UEOURAFlCü
Estas regiões, que foram abertas há meio século e cuja prosperidade é recente
estão contudo atualmente ern crise. É o próprio regime da grande fazenda d~
café que está em causa; apesar da fertilidade da terra roxa, a explotacão
intensl.va baixou r1 rendimento dos cafêzais. No comêço da explotação permi-
tiam-se, em benefício dos colonos, culturas intercalares de plantas alimentícias;
TRANSCRIÇÕES 23
Os cafezais de Ourinhos
Mais para o sul, em plena zona cafeeira, encontram-se reg1oes que consti-
tuem exceções ao regime da monocultura de café e da grande propriedade.
Existem alguns cantos de policultura e de pequenas explotações, são os pontos
onde os bancos de basalto com sua cobertura de terra roxa fazem falta. O solo
não é mais composto senão de terra branca arenosa, resultante da desagregação
dos arenitos. Tal é o caso da região que é chamada Araraquarense e que sepitra
a zona de café de Ribeirão Prêto da de Jaú, estendendo-se de Araraquara para
noroeste ao longo da Estrada de Ferro Araraquarense. A densidade da popu-
lação já é aí bastante elevada, apesar da data recente da colonização;'° as
cidades são numerosas; Itajobi, Catanduva, Itápolis, Rio Prêto, que é cabeça de
linha e abre-se para o sertão (média de 15 a 20 habitantes por quilômetro
quadrado).
A franja pioneira
11 Mesmo nos desbravamentos de restos de mata das velhas fazendas, respeitados no passado,
o café é menos produtivo; é que êle exige o meio biológico da grande floresta.
26 BOLETIM GEOGRAFICO
Aí êle não teme o ataque da broca, aceita sem diminuição de safra as cul-
turas intercalares; é por isso que os principais centros de produção cafeeira
se deslocam incessantemente para oeste, a vaga cafeeira se dirige para
Mato Grosso.
Isso explica porque a fazenda do sertão obtém fàcilmente mão de obra:
o colono está aí, dum lado, assegurado pelas safras de café, sempre abundantes
e doutro, aproveita-se de tôda esta pequena cultura parasitária que pode impu-
nemente se instalar entre os carreirões de café; seu salário ultrapassa às vêzes
o dôbro do do interior; as casas das colônias são mais novas e mais sadias. Assis-
te-se assim a um deslocamento constante do proletário rural para a zona pioneira;
as cidades de bôca do sertão como Mirassol, Marília ou Londrina se povoam com
uma velocidade extraordinária; em dois anos Londrina passou de O a 4 000
habitantes. Um tal rush se faz à custa das zonas velhas que se despovoam len-
tamente; tôda fazenda de café que não é mais pioneira está ameaçada de despo-
voamento. A franja pioneira constitui rápidamente um relêvo demográfico.
e não uma zona de franco atiradores isolados.
Até a crise de 1929, era a grande fazenda de café que avançava à frente da
explotação humana; hoje a vanguarda da colonização é cada vez mais deixada
aos lavradores modestos; não são mais fazendas de muitas centenas de alqueires,
mas sítios de algumas dezenas somente que desbravam a mata virgem. Quanto
mais se avança para oeste, menos abundante é a terra roxa; sem dúvida o húmus
da floresta a substitui, mas o solo se esgota muito mais ràpidamente e os
altos rendimentos são efêmeros. Os arenitos de Bauru, que formam o subsolo são
excessivamente calcáreos para uma planta tão calcífuga como o café; além disto,
depois da crise, as novas plantações de café estão proibidas no Estado de São
Paulo, (elas não estão, é verdade, no Paraná onde acabam de ser formados imen-
sos cafezais no noreste do Estado); é portanto por outras cv.lturas que progride
a explotação; assim o arroz, sustentados pela chegada de numerosos imigrantes
japonêses; colonos alemães, expulsos da Alemanha hitlerista, introduziram o tri-
go e mesmo o centeio; o feijão dá também rendi_mentos fabulosos.
Assim a economia pioneira dá lugar a um novo tipo de povoamento por
pequenas explotações isoladas onde não se vêem mais essas vilas operárias rurais
que são as colônias. :tl:ste modo de colonização, que se desenvolve cada vez mais
no front pioneiro do Estado de São Paulo, aproxima-se das formas de estabele-
cimento praticadas nos Estados do sul: Paraná e Santa Catarina, que conhecem
as explotações por pequenos colonos livres e não pela grande propriedade com
proletariado rural. Hoje não se abandonam mais as fazendas do interior para
ser operário - colono no sertão mas para se estabelecer como pequeno proprie-
tário com policultura. Estas pequenas e médias explotações adquirem em geral
seu lote de companhias ou proprietários que lotearam seus domínios, e é um
novo ofício muito lucrativo nestas regiões, o de agrimensor . 12 A marcha brusca
desta pequena explotação para o oeste introduz uma população que ràpidamente
se adensa; Marília, jovem centro desta nova forma de povoamento está em vias
de ultrapassar em densidade as zonas mais antigas de grandes fazendas de café.
É interessante notar esta tendência da frente pioneira de ultrapassar em den-
sidade as zonas do interior.
É provável qúe cedo apareçam nestas vastas regiões novas divisões re-
gionais correspondentes às paisagens particulares que os colonos acabarão por
elaborar. Hoje mesmo, já não é mais à uniformidade que domina completamen-
te; notemos em primeiro lugar que as únicas regiões explotadas são as longas
12 A Companhia de Terras Norte do Paraná está loteando assim por etapas progressivas,
relacionadas com o avanço de sua estrada de ferro, os 35 000 quilômetros quadrados, de sua
concessão. Seus lotes são em média de 20 a 30 alqueires.
TRANSCRIÇOES 2'1
arestas das linhas divisórias das águas, os esp1goes que as estradas de ferro
de penetração acompanham os vales paralelos, rio do Peixe, Aguapeí, Tietê,
conservam-se ainda mais ou menos completamente anecúmenos.
Além disso, nem todo o sertão é ocÚpado pela mata nativa, há também
grandes campos naturais, notaclamente os campos novos do Paranapanema,
atravessados pela Sorocabana: a explotação pioneira nestas regiões será, pa-
rece, uma explotação pastoril: 5ná sem dúvida assim também no extremo noro-
este do Estado, ao redor do l'io Grande. adiante de Monte Aprazível. Em tôda
esta zona do sertão o homem 1·nfrenta ainda inimigos temerosos: .o meio bio-
lógico não lhe é sempre favor . nel: conhece-se a mortalidade elevada produ-
zida durante muito tempo na Noroeste por uma môsca especial, a môsca de
Bauru, hoje em vias de desaparecimento! É preciso notar também uma rápida
e recente extensão das zonas de malária; as ir.argens do Paranapanema, ou-
trora habitat saudável das reduções jesuíticas. e~tão hoje infestadas pelo impa-
ludismo e conservam-se por isso sem colonização.
Contudo já o povoamento do Estado de São Paulo transborda ao seu redor;
no ·norte do Paraná é uma economia paulista de cafezais que se desenvolve ao
longo do ramal que parte de Ourinhos em direção ao Iguaçu e que já ultrapassa
Londrina; no sul de Mato Grosso, o prolongamento da Noroeste estendendo-se
até às margens do Paraguai, em Pôrto Esperança, perto de Corumbá, faz estas
regiões entrarem na órbita de São Paulo; a explotação pecuária extensiva dará
aí lugar, sem dúvida, a uma explotação pelo café, mais em conformidade com
a abundância da terra roxa. Talvez uma evolução análoga se desenrolará no
Triângulo Mineiro; já a pecuária cede terreno em benefício dos arrozais e do al-
godão. Os rápidos processos econômicos do Est;ado de São Paulo darão cer-
tamente origem a novas regiões naturais; assiste-se assim a um lento e progres-
sivo nascimento de variedades regionais .
Alagoas; os rios Pardo e Antas, no Es- remessas feitas, pelo sistema lendlease,
tado do Rio Grande do Sul; a nova para a América Latina. Convém desta-
usina da cachoeira do Avanhandava, car as importações de matérias pri-
no Estado de São Paulo e a usina àe mas indispensáveis à manutenção do
Macabu no Estado do Rio de Janeiro. esfôrço de guerra contra o inimigo co-
:.G:sses são os empreendimentos que não mum e, também, notar a construção
podem ser detalhados numa entreüs- das bases aéreas, vasta rêde de cam-
ta, mas servem para mostrar tôda evo- pos para aviação militar e comercial,
lução processada de 1930 até 1944, nu:n as quais após a guerra facilitarão a nos-
país que se ufanava em ser essencial- sa expansão aeronáutica. A colabora-
mente agrícola" - comentou com hu- ção Brasil-Estados Unidos constitui
mor o ministro Marcondes F'ilho re- um grande êxito da política interna-
cordando um slogan outrora muito cional dos Presidentes Vargas e Ro-
usado por escritores quando insist.1am osevelt e serve de modêlo para todos
que. a base da vida do Brasil era a os outros países. Poderia assinalar
monocultura. Sôbre madeiras disse que também, as conferências de Bretton
embora não fiquem tecnicamente bem Woods e Rye, das quais advirão imen-
incluídas na indústria pesada, sua im- sas vantagens para o Brasil e os Esta-
portância econômica merece destaqu~
principalmente tendo-se em vista a ce- dos Unidos, quer do ponto de vista
lulose e as novas aplicações industriais econômico-financeiro, quer do técnico-
de matérias plásticas e o seu emprêgo industrial, sendo de esperar-se maior
sobretudo, na aviação. "Mantemos no expansão dos nossos produtos para os
Paraná em Santa Catarina e no Rio demais mercados com que já negocia-
Grande . do Sul, 2 220 serrarias, cuja mos e com os quais havemos de ne-
exportação em 1940 atingiu 291 120 gociar no mundo de após-guerra. Sô-
toneladas no valor de 84 806 000 cr11- bre os planos para 1945, o ministro
zeiros; em 1943, foi a 320 611 toneladas Marcondes Filho recordou suas pró-
no valor de 276 576 000 cruzeiros e de prias palavras pronunciadas em São
janeiro a junho de 1944, atingia Paulo, na instalação do Congresso
288 280 toneladas no valor de ..... . Brasileiro de Indústria, em dezembro
240 969 000 cruzeiros. O comércio ex- último, ao qual falou que o govêrno
terior, apesar da guerra, cresceu sem- continuava empenhado na elevação do
pre: em 1940, a exportação elevou-se a padrão de vida de cada cidadão ao
4 961 000 000 de cruzeiros e a im- nível compatível com a dignidade hu-
portação a 4 964 000 000 de cruzeiros; mana, no aparelhamento do pais, na
em 1943 a exportação atingiu a ..... . harmonização entre classes e na coor-
8 728 000 000 de cruzeiros e a impor- denação dos fatôres da produção, como
tação a 6 073 000 000 de cruzeiros; em organização econômica, tendo em vis-
1944, de janeiro a junho e exporta- ta não só o progresso social e a defesa
ção alcançou 4 999 000 000 de cru- nacional, mas, também, a colaboração
zeiros e a importação 3 561 000 000 de econômica continental e mundial. "E
cruzeiros. O comércio com Portugal em quando falo em colaboração econõmica
1943 atingiu na exportação a 12 436 000 - concluiu o ministro Marcondes Fi-
cruzeiros e na importação 90 460 000 lho - tenho também o pensomento
cruzeiros; de janeiro a junho de 1944 voltado para a Grã-Bretanha, nossa
a exportação elevou-se a 22 159 000 amiga e aliada nesta guerra. Os bra-
cruzeiros enquanto a importação atia- sileiros são leais às suas tradições e
gia 111 747 000 cruzeiros. Sôbre a não esquecem o antigo e intenso inter-
cooperação com os Estados Unidos, o câmbio comercial com os britânicos
ministro Marcondes Filho declarou: cujos produtos sempre gozaram de alto
"Evidentemente foi muito significativo conceito no país. A melhoria das con-
o auxílio recebido dos Estados Unidos dições do tráfego transatlântico res-
pelo Brasil. Dentro da política da hoa tabelecerá e, certamente, dará novo
vizinhança, que inclui o programa da vigor ao tradicional movimento comer-
ajuda mútua do intercâmbio econômi- cial entre o Brasil e o Reino Unido,
co, as duas maiores Repúblicas do con- fortalecendo-se, ainda mais, através
tinente desenvolveram em alto grau dessa cooperação econômica, os velhos
suas relações comerciais resultando laços de amizade que unem os dois
uma série de vantagens para o meu grandes povos".
país. Basta verificar que para o Bra-
sil foram embarcadas mais de 63 % das
RESENHA E OPINIÕES 31
Mucuri, o Ribeira do Iguape, os la- tinha sido concedido desde 1839 para a
gos Mangaba, dos Patos e Mirim, os construção de uma estmda de ferro dú
rios Jacuí e Pardo, e o rio Uruguai. Rio de Janeiro a Piraí; mas nada se
A livre navegação nesse último rio fêz então; as perturbações po!ítica~
foi obtida pelo Brasil em 1852, depoi<> entravavam o progresso e afastavam
da guerra contra o ditador Rosas. - os capitais estrangeiros. Foi em 1854
A província de São Paulo se dedicou que se inaugurou o primeiro trecno de
ao desenvolvimento dos seus meios de estrada de ferro do Brasil, o de Mauá
comunicação prolongando as suas vias graças à atividade de Irineu de Sousa.
férreas pela navegação fluvial a vapor, que se tornou visconde de Mauá, que·
construindo barcos de um tipo adapta- foi o promotor de várias empresas
do aos seus cursos d'água. Existem ser- úteis no seu país. Em 1855, uma com-
viços regulares no Piracicaba e no Tie- panhia empreendeu de novo o caminho
tê, da cidade de Piracicaba até além de Piraí e abriu a sua primeira secção
de Lençóis (400 quilômetros), no rio (de Rio de Janeiro a Belém, 61, 6 qui-
Grande (ponto em que a Estrada de lômetros) três anos depois; porém ela
Ferro Mojiana atravessa o rio) na con- foi interrompida pelas dificuldades da
fluência do Sapucaí Mirim, ponto onde travessia da serra do Mar; o Estado en-
começa a navegação reservada à Com- campou a linha e prosseguiu ativa-
panhia Paulista, no Moji Guaçu e no mente os trabalhos. Esta rêde foi desig-
Pardo (305 quilômetros) onde o ser- nada desde então pelo nome de Estrada
viço é feito pela Companhia Paulista, de Ferro D. Pedro II. Em 1867, o Bra-
e no Parapanema. O sal destinado a sil ainda possuía somente 601 quilô-
Goiás e a Mato Grosso é uma das prin- metros de estradas de ferro em explo-
cipais mercadorias transportadas por tação; no fim de 1870, havia 997 quilô-
essas novas estradas . metros; no fim de 1880 3 521 qui-
§ 2. Estradas de terra - As estra-
lômetros; no fim de 1887, 8 486; no fim
das propriamente ditas faltam no Bra- de 1888, 9 200 quilômetros em explo-
sil. Há entretanto algumas belas estra- tação, 9 900 em construção ou em es-
tudos: total 191°00 quilômetros. - A
das na província do Rio de Janeiro (a estrada de ferro D. Pedro II é a gran-
União e Indústria, construída por de Central Brasileira. Ela se dirige da
Ferreira Laje, que conduz de Petrópolis capital para o vale do Paraíba do Sul
a Entre Rios, etc.) ; há outras tam- (províncias do Rio de Janeiro e de
bém que são mais ou menos mantidas São Paulo) e para o do São Francisco
na província de São Paulo; há uma (província de Minas Gerais). A llnha
grande via ligando Cuiabá a Goiás, principal dessa estrada tinha, em 1867,
e Goiás a Ouro Prêto. Mas a maior um comprimento de 197 quilômetros t1.té
parte das localidades do império sê se Entre Rios que ela atinge com auxí-
comunicam por caminhos que são ape- lio de 16 túneis, enormes muralhas
nas franqueados por carros de bois ou e longos terraceamentos, depois de ter
mesmo estradas de mulas, muitas vê- flanqueado a serra do Mar a 427, me-
zes impraticáveis durante a estação tros de altitude e tornado a descer
das chuvas. As estradas não prestam para as margens do Paraíba do Sul
sempre serviços ·proporcionais às des- que é atravessado várias vêzes. Os tra-
pesas que custam num país coberto de balhos mais importantes foram feitos
matas, acidentado, em que as distân- sob a direção do Sr. Cristiano Otoni.
cias são consideráveis e onde a po- hoje senador, e de Ferreira Laje (Ma-
pulação é esparsa. riano Procópio). Em dezembro de 1887,
§ 3. Estradas de ferro - Entretan- a linha principal atingia a estação de
to, quanto mais consideráveis eram as Itabira do Campo, a 523 quilômetro<:
distâncias, mais necessário era 'igar o da capital, depois de ter passado vários
interior aos portos de mar por (.;Qmu- cursos d'água e ter subido a serra da
nicações fáceis a fim de favorecer a Mantiqueira por meio de rampas rá-
explotação das riquezas naturais. Foi pidas e numerosas curvas até a alti-
para a construção das estradas de fer- tude de 1 115 metros, depois descendo
ro que se dirigiu. com razão, desde 1874, o . vale de Barbacena e elevando-se
o principal esfôrço dos brasileiros: através de uma região muito acidenta-
assim, apesar das grandes despesas da até 1 179 metros, ponto culminante
de construção a que obrigava um solo da linha. O trabalho· (maio de 1888)
muito acidentado na região costeira, prosseguia para Sabará (59 quilôme-
o Brasil é o Estado da América do Sul tros ao norte de Itabira do Campo)
que possuía em 1888 maior quilometra- para continuar em seguida até o ponto
gem de vias férreas. Um privilégio em que o rio das Velhas é ou pode tor-
q. o o .Ara.xá. o
t
'o\S.Berber-a \
\
20
..
Paulo a Santo Amaro. Duas estradas panhia Mojiana (província de São Pau-
de ferro, as das í:ompanhias Ituana e lo) já está em construção entre Ubera-
Paulista, partem de Jundiaí: a primei- ba e a confluência do Corumbá no
ra, (220 quilômetros) é formada pelas Parnaíba: dêste ponto até Goiás há
linhas de Jundiaí a Itu, passando por apenas 390 quilômetros. Quando ess:ots
Itaici, e de Itaiei a São Pedro, passan- ferrovias estiverem construídas. a co-
do por Capivari e Piracicaba; a Pau·- municacão interior entre Rio 'Je Ja-
lista (242 quilômetros) vai de J~mdiaí neiro e -Belém do Pará será assegura-
a Cordeiros, por Campinas, e se bi- da pela via de São Paulo e de Goiás.
furca em Cordeiros: o ramal seten- O rio das Mortes ou Roncador, aflu ..
trional vai a Descalvado, por Araras e ente do Araguaia, é navegável desde a
Piraçununga; o ramal ocidental vai confluência do rio das Garças. Dést·~
a Rio Claro. Aí comeca a estrada. de ponto a Belém do Pará há 2 101.1 qui-
Ferro da Companhia ·Rio Claro !26d lômetros pela via dos rios das 1.vlortes,
quilômetros) : segue a direção noroeste Araguaia e Tocantins P 43() quilômetros
e se bifurca em Feijão, lançando uma para Cuiabá por via terrestre. Estra-
linha até Araraquara, por São Carlos das de ferro construídas entre Cuiabá
do Pinhal, e outra até Jaú. De ~Jampi e a confluência do rio das Garças e
nas parte a linha principal da Compa- entre Santa Maria do Araguaia e Al-
nhia Mojiana (673 quilômetros em ex- cobaca dariam às duas cidades de
plotação, 204 em construção, em 1888! Cuiabá e Belém do Pará uma linha de
que, por Jaguati, Moji Mirim, Cascavel. comunica(;ão de cerca de 2 580 qui-
Casa Branca, Batatais, Franca, atra- lômetros por via férrea e barcos a va-
vessa em Jaguará o rio Grande ou o por. A linha central da estrada de ferro
alto Paraná, entra na província de de D. Pedro II terá, ao alcançar .Joiás,
Minas Gerais e já chega a Uberaba. uma extensão de cêrca de 1 410 qui-
a 500 quilômetros da costa e perto da lômetros desde o Rio de Janeiro, e, se
província de Goiás. Ela será prolonga- fôr prolongada até Cuiabá (840 qul ..
da até o pôrto de Jurupensém, no rio lômetros entre Goiás e CuiabáJ, terá
Vermelho, afluente do Araguaia, pas- uma extensão total de 2 250 quilô-
sando pela cidade de Goiás. A compa- metros.
nhia Mojiana possui, além da linh~
principal, os ramais de Jaguari a Am- Pela via das estradas de ferro de
paro (30 quilômetros) , de Moji Mirim São Paulo, a distância entre Rio e
Cuiabá será de cêrca de 2 580 quilô·-
a Penha (20 quilômetros) e de Casca- metros, entre Rio e Belém do Pará,
vel a Poços de Caldas, na província de de cêrca de 3 960 quilômetros. Pela
Minas Gerais (77 quilômetros). A Com- via de Minas Gerais 1estrada de ferro
panhia Rio Pardo possui uma linha D. Pedro II) as distáncias serão: en-
de 36 quilômetros que se liga à Mojiana: tre Rio e Cuiabá. 2 250 quilômetros;
vai de Casa Branca a São José do Ri'l entre Rio e Belém do Pará, 3 630 qui-
Pardo. A Companhia Bragantina ex- lômetros.
plota a estrada de ferro que começa em Nas províncias do norte, as prin-
Campo Limpo (na linha inglêsa de cipais estradas de ferro são as de Be-
Santos a Jundiaí) e vai, por Atibaia lém a Bragança (59 quilômetros), no
até Bragança (52 quilômetros). Uma Pará; de Camocim a Sobral (129 qui-·
outra estrada de ferro vai de São Ma- lômetros) e de Fortaleza a Baturité
nuel do Paraíso a Pôrto Martins. no (111 quilômetrosl, no Ceará; de Natal
Tietê. .
a Nova Cruz ( 121 quilômetros), no Rio
A cidade de Goiás, a mais :entral Grande do Norte: a de Conde d'Eu
do Brasil, se encontra a 180 quilômetros 023 quilômetros!, na Paraíba (de Pa-
do pôrto de Jurupensém do rio Ver- raíba, a Independência, por Taipu, e
melho, afluente do Araguaia, e a dis- de Taipu a Pilarl ; a de Recife a Pal-
tância que separa êsse pôrto do de mares e a Garanhuns (271 quilôme-
Belém do Pará pela via do rio Verme- tros). defronte de .Juàzeiro, que deve
lho, do Araguaia e do Tocantins é de ser prolongada até o rio São Francis-
2 040 quilômetros. A navegação é livre co; as de Recife a Caruaru (76 quiló-
entre Jurupensém e Santa Maria do metros em exnlot:H'àO até Cascaveíl,
Araguaia; depois vêm as cachoeiras de Recife a Limoeiro com ramal de
dêsse rio e do Tocantins que terminam Pau d'Alho a Nazaré (96 quilômetrosl
em Tapaiunaquara, a montaüte, de e a Timbaúba (96 quilôrnetrosj, ..te Re-
Alcobar.a. Cogita-se de construii' uma cife a Olinda e Beberibe (12 quilôme-
estrada de ferro entre Santa Maria e tros), em Pernambuco; de Maceió a
Alcobaça. A estrada de ferro da Com- Imperador (88 quilômetrosl e a Es-
36 BOLETIM OEOORAFICO
como negar que embora sem estudo mais diversos e destarte ao geopolítico
pessoal, a Geografia tem uma perso- não é lícito desprezar os elementos pu-
nalidade. ramente espirituais, êstes, como os re-
ligiosos, culturais e de espírito de ini-
Realmente, a Geografia Física, é, ciativa, tão dignos de consideração,
em última análise, o estudo das cone- como os que provêm das diferenças de
xões que prendem entre si os diversos climas, da capacidade produtiva dos
fenômenos que se dão nos envoltórios solos ou da densidade da população.
terrestres, enquanto que a Geologia se
preocupa com a estrutura, a composi- É incontestável a influência do
ção mineralógica do solo e a constru- "fator geográfico" na política, na sea-
ção dos aspectos sucessivos do Globo. ra dos homens de govêrno.
E a Geografia Humana tem a sua indi- Numa idade essencialmente indus-
vidualidade acentuada, desde logo, pelo trial, como a que vivemos, é do âmbito
fato de qu@ o fundamento de suas in- das ciências geográficas a coleta dos
vestigações é o território, e isto dife- materiais que vão servir aos })olíticos,
rencia o método geográfico dos méto• e bem assim a interpretação dêsses fa-
dos sociológicos, o estudo dos fatos de tos para que ao estadista seja possível
Geografia Antrópica do estudo das ins- resolver os casos pendentes de sua solu-
tituições sociais, morais ou jurídicas. ção. A política dos nossos dias é, de
De não menor interêsse é, para as certo modo, a política econômica e esta
Qiências geográficas, a discriminação é um reflexo do solo, isto é, da geogra-
dos fatos que constituem a última cria- fia de cada país.
ção da Geografia no século XIX, a
Geografia Política, à margem da qual, Os homens de Estado dos nossos
já no nosso século, sociólogos, juristas dias devem pensar e agir geogràfica-
e políticos fundaram e desenvolvem no- mente; devem ter sempre presente que:
vo campo de doutrina, a Geopolítica, "O potencial de guerra de um pais é
tão discutida nos tempos que correm. igual ao seu potencial de paz".
O que importa é não confundir o
estudo da distribuição do poder do Es-
tado e de sua vinculação aos fatôres
A legitimidade dos estudos de Geo- físicos com as doutrinas que procuram
grafia Política. é óbvia, uma vez que os orientar, sob pseudas bases geográficas
nexos entre as condições geográficas e superficiais dissertações sôbre o meio
naturais e a estruturação política de e o homem, as atividades do imperia-
um Estado são inegáveis. lismo político ou econômico.
Uma política realista e previdente
tem necessàriamente de se basear sô-
bre o conhecimento geográfico, porque,
despida de quaisquer considerações Coordenando tantos fenômenos he-
subjetivistas, a noção do Estado decorre terogêneos o geógrafo não pode ser
da do território, pois o Estado é uma nem rude materialista, nem ingênuo
"individualidade geográfica". idealista.
A evolução de tôda a História mos-
tra a importância crescente do territó- Na combinação múltiplice e recí-
rio que, pouco a pouco, substituiu a proca entre o Homem. a Natureza e
nação às tribos, transformou as rela- a Civilização, com que dificuldades não
ções fundadas no parentesco em insti- luta o geógrafo para fazer a síntese
tuições fundadas no território e na geográfica!
propriedade . Os fenômenos que giram em tôrno
A Geografia Política estuda o Esta- do Homem oferecem uma complexida-
do e seu desenvolvimento político, as de incomparàvelmente maior do que
perspectivas econômicas, não só do seu os acontecimentos do mundo físico.
próprio solo, mas ainda de tôdas as Como em ciências que se oc.upam
regiões com as quais o seu povo tem do Homem ente racional, enunciar leis
mútuas relações. Não é uma muda ex- passíveis de formulação matemática,
posição de cifras e estatísticas, porém quando acima de todos os ajustes apa-
o exame das !!Ondições atuais e das rentemente obrigatórios, brilha a liber-
possibilidades que são a própria ener- dade da vontade humana?
gia de uma nação. Certo que, sozinho, o Homem fica
Os fatos sociais, como os físicos, de- amarrado à Terra, como aquêle condor
pendem do equilíbrio de elementos os que Alexandre de Humboldt, viu num
42 BOLETIM GEOGRAFICO
O crescimento da população
bruacas (sacos de couro para transpor- ção. Hoje, a circulação por burros não
te do café), ligais (grades cobertas de satisfaz senão os transportes locais e o
couro para proteger os carregamentos) . abastecimento de gado também é local
laços, chicotes, etc. Fabricavam-se tam- ou então feito por Goiás.
bém socados, ou selas de madeira cha-
peadas a prata. Nas regiões do Sul, transformações
A joalheria era com efeito- muito sincrônicas conduziam à supressão da
ativa, e se dedicava à fabricação de criação de muares. O comércio da car-
estribos, campainhas, sinetas, chapas ne, a princípio salgada, depois Irigo-
de ornamentação para ricas selas dos rificada, trouxe o desenvolvimento dos
tropeiros. Teciam-se também cêstos de bovinos; os saladeiras, depois os frigo-
bambu utilizados para o transporte em ríficos se multiplicaram; as terras de-
pequenas distâncias. volutas desapareceram e por tôda parte
aparecem as cêrcas de arame, abolindo
Os habitantes mais ricos de Soro- as tropas; enfim, mais recentemente,
caba eram êstes alquiladores que par- as culturas tomam o lugar dos campos
tiam por cinco ou seis meses para o de criação; as lavouras de trigo e milho
Sul, afim de buscar tropas; vinham em se estenderam a esta região, antes va-
seguida os hoteleiros: a cidade contava zia, se povoa ràpidamente de novos co-
mais de cem hospedarias; finalmente lonos europeus, alemães e poloneses so-
os inúmeros artesãos que trabalhavam bretudo; uma economia aberta substi-
sobretudo o couro. A importância das tui a antiga mono-produção de muares.
compras e vendas, sempre pagas em di-
nheiro de contado, e a especulação em A cidade de Sorocaba foi natural-
gado tinham multiplicado as casas de mente muito atingida; ela atravessou
tavolagem. Apostava-se também em ca- vinte anos de eclípse; as ricas habita-
valos de corrida, e as carreiras de Soro- ções dos alquiladores caíram em ruínas,
caba tiveram grande fama. A cidJ.de a erva invadiu as ruas, as hospedarias
era conhecida por sua vida libertina, fecharam as portas.
os alquiladores de passagem ostenta-
vam grande luxo, as casas de deboche Hoje a cidade retomou uma nova
eram numerosas. Isto se enco,ntrava atividade, bem diversa aliás. Os anti-
em tod0s os grandes mercados de gado gos campos de invernadas foram pro-
do Brasil: Uberaba, Três Corações, Bar- gressivamente colonizados; os terrenos
retos, Três Lagoas. . . A parte mais po- arenosos convinham muito bem para o
bre dos habituntes de Sorocaba era algodão; cedo as safras algodoeiras, au-
composta dos peões domadores de mentando continuamente, permitiram
burros. o desenvolvimento de uma indústria
Essa atividade está hoje muito re- têxtil, hoje a mais moderna do Brasil;
duzida, e já quase desapareceu. A últi- a usina monstro de Votorantim. As fia-
ma grande feira se realizou em 1835. -ções e tecelagens constituem agora o
Atualmente não passam mais por aí principal horizonte de trabalho dos ha-
senão algumas pequenas tropas desti- bitantes; a velha indústria de selas se
nadas ao Rio. mantém somente como uma sobrevi-
vência do passado.
As causas destá decadência são
múltiplas; nas regiões do Norte as plan- A "estrada real", outrora tão ativa,
tações foram muito afetadas pela su- não é mais percorrida e as vilas de
pressão da escravidão; aliás os produ- rancho que a balizavam, ou estão quase
tos exóticos se vendiam muito raenos; mortas ou seguiram o exemplo de Soro-
ruína das plantações de algodão, de- caba e se tornaram pequenos centros
pois da grande cultura norte-america- algodoeiros, como Itapetininga e Faxi-
na, decadência da cana de açúcar e da na. Apagou-se assim o caráter com-
aguardl"nte ... A mesma redução se ve- plementar das duas partes do Brasil,
rificava nas minas, que se esgotavam o Norte das florestas e plantações e o
e que entravam em concorrência com Sul dos campos e da pecuária.
as novas jazidas de metais preciosos da
Austrália e da Africa do Sul. Pierre Deffontaines
Uma economia fechada substituíu
progressivamente a antiga prosperida- (Extraido do n. 0 3 - ano I (1935) da revista
de; os transportes muito se reduziram. G~ografía, órgão da A$soclação dos Geógrafos
A decadência das estradas de burros Brasileiros, São Paulo).
foi completa quando se iniciaram as
primeiras estradas de ferro de penetra-
46 BOLETIM GEOGRAFICO
A geopolítica das nossas fronteiras meiros nos seus altos cursos e da pu-
jante planície boliviana banhada pelo
Examinando-se o nosso linde, veri- Madre de Dios, Beni e Mamoré.
ficamos que ainda há trechos comple- Os rios Paraná e Paraguai são cor-
tamente neutros, por não terem sido rente negativas, levam os nossos pro-
ainda desbravados, impedindo um jôgo dutos para os países vizinhos favore-
de interêsses entre os países colindan- cendo:-os. A Estrada de Ferro Noroeste
tes. Isto sucede no alto Oiapoque nas do Brasil e o seu prolongamento pela
serras Tumucumaque, Pacaraima e Pa- Brasil-Bolívia quiçá ainda venham con-
rima, no Içãna, no Uaupés, no Javari, trabalançar a facilidade de escoamento
na serra Contamana. Nas regiões pela via fluvial. Essas ferrovias com-
abrangidas por êsses acidentes geográ- pletadas pelo ramal Campo Grande-
ficos a natureza se mantém quase que Maracaju-Ponta Porã, a Estrada Soro-
totalmente virgem, pôsto que foram cabana e a navegação acima das Sete
apenas visitadas pelos bravos demar- Quedas no Paraná poderão formar um
cadores ou pelos cúpidos caçadores de sistema de atração de interêsses eco-
caucho, borracha, balata ou essência nômicos, não só levando os produtos do
de pau rosa. Os seus habitantes são Paraguai e do leste da Bolívia a Santos,
quase exclus'..vamente selvagens como como abastecendo êsses países de tudo
acontece na fronteira das Guianas que lhes possa fornecer o Brasil.
Francesa e Holandesa e no divisor Ama-
zonas - Orinoco, ou semi - civilizados Na fronteira com a Argentina a
como se verifica nas demais regiões su- corrente econômica é negativa, corre
pra citadas. Ao longo do Içãna · e do com as águas do Paraná em busca de
Uaupés e de outros tributários da di- Buenos Aires.
reita do Negro os índios estão quase
encorporados à civilização e através Ao longo do Uruguai e na fronteira
dêles há pequenas transações com a com o Estado do mesmo nome há cor-
Colômbia. Entretanto os cursos dêsses rentes nos dois sentidos, consoante as
caudais entrecortados de cachoeiras su- condições econômicas de cada época
cessivas não permitem tão cedo melhor exijam uma absorção pelo Brasil ou
intercâmbio. uma dispersão para a Argentina e para
o Estàdo Oriental. As vantagens do
Há zonas fronteiriças que estabe- comércio ora estão conosco ora com
lecem uma corrente positiva, isto é, êsses nossos vizinhos.
atraem os produtos das que lhes ficam A mesmíssima cousa sucede às
vizinhas no país estremenho. A grande margens do ·médio e baixo Oiapoque,
calha coletora formada pelo Amazonas atravessadas pelas correntes de interês-
encaminha para o Brasil a riqueza das ses em algumas ocasiões favoráveis. à
regiões banhadas pelo Negro, Japurá, praça de Caiena e outras à de Belém .
Içá, Napo, Maranõn, Ucaiale, Juruá,
Purus e Madeira, seus afluentes e sub- Há dois pólos de atração das ri-
afluentes. quezas da hinterlândia: a embocadura
do Amazonas e a foz do Prata. O im-
O canal Cassiquiare permite, e no ponente e futuroso Planalto Central,
futuro isso mais se acentuará, uma cor- ainda não ocupado, que aparta, em ter-
rente em duplo sentido - os produtos ritório brasileiro, essas duas grandes
escoar-se-ão ora pelo Orinoco, ora pelo bacias, quando forem desenvolvidas as
Amazonas. suas condições econômicas e estiver li-
O Solimões será a via natural de gado, pelos trilhos das estradas de ferro
tudo que, oriundo da Colômbia e do e pelas fitas das rodovias, ao Atlântico
Peru, fôr extraído ou produzido aquém desviará muitas linhas de fôrças que,
dos Andes, barreira natural que impede atualmente, buscam o Prata. O devas-
uma expansão fácil em direção ao Pa- samento, a ocupação e conseqüente di-
cífico. As vias de comunicação, cruzan- namização do Planalto Central será o
do a cordilheira, por mais aperfeiçoadas nosso primeiro problema geopolítico a
que venham a ser, nunca poderão apre- resolver, se quisermos, de fato, galgar
sentar a mesma viabilidade oferecida a escalada do progresso.
pelo "caminho que anda". A criação dos territórios de fron-
O Juruá, .o Purus e o Madeira são teira irá, de fato, desenvolver a nossa
correntes fortemente positivas e car- faixa estremenha. Instituídos, tendo
reiam para o Brasil tôda a produção da por base do seu programa fundamental:
gleba peruana regada pelos dois pri- sanear, educar e povoar, como disse o
RESENHA E OPINIÕES 47
Dr. Getúlio Vargas, constituirão uma em São José de Marabitanas, São Ga-
dàs equações do sistema que exprime o briel e São José de Manaus, no rio Ne-
nosso problema geopolítico. gro, em São Francisco Xavier de Taba-
Se a densidade demográfica das re- tinga, no Solimões, em Príncipe de Beira,
giões abrangidas por êsses territórios no Guaporé e em Coimbra, no Paraguai.
crescer, nêles teremos verdadeiros re- Sem, nem de leve, ter o pensamento
dutos de resistência, sob todos os as- de ver nossa fronteira "maginotizada'',
pectos que quisermos considerar. To- seria bom que seguíssemos o exemplo
davia há de mister não deixá-los isola- desassombrado e prudente dos nossos
dos. Precisamos garantir-lhes boas e bravos e queridos avós lusitanos, pois,
fáceis comunicações com o resto do segundo Jacques Ancel, a fronteira é
país. "uma isóbara política que fixa, por al-
O Território do Iguaçu tem o Pa- gum tempo, o equilíbrio entre duas
raná como uma. saída para o norte. pressões".
Está em construção a rodovia Ponta
Grossa-Foz do Iguaçu. Contudo seria Lima Figueiredo
de bom alvitre que fôsse concluída a
estrada de rodagem Palmas-Clevelân-
dia-Dionísio Cerqueira, com a trans-
versal Palmas-Iguaçu (ex-Laranjeiras). O Etna em erupção
O Território de Ponta Porá, pela
natureza do seu terreno, tem fáceis Freqüentemente gostamos de figu-
comunicações e te-las-á ainda melhores rar um vulcão como se fôsse um ser
quando a estrada de ferro chegar à vivo; não é'tanto por superstição, como
fronteira paraguaia. pela necessidade de considerar tôdas as
O Território do Guaporé tem uma manifestações dêle coorden idas entre
larga e bela porta de escoamento pelo si, quais expressões de um Jrgaaismo;
Madeira, porém seria interessante que é também por imperativo da nossa
pudesse contar com uma saída pelo sul, linguagem. As palavras vida, atividade,
como por exemplo, a rodovia em cons- repouso, sono e muitas outras seme-
trução ligando Vila Bela e Pôrto Espe- lhantes ocorrem espontâneas à nossa
ridião a São Luís de Cáceres, além do mente, como também ocorrem vocá-
caminho através do picadão da linha bulos tomados à terminologia médica.
telegráfica Pôrto Velho-Vilhena-Cuiabá. Quando um vulcão sai da costumeira
tranqüilidade, da paz que permitiu o
O Território do Rio Branco está povoamento e o cultivo das suas fal-
ilhado, pois não se pode considerar das, e que uma vegetação espontânea
como comunicação os cursos atravan- e luxuriosa lhe revestisse os flancos e
cados de pedras dos rios Branco e Ne- subisse em direção ao cume até onde
gro, que só permitem navegação em o clima o comportasse; quando um vul-
períodos de cheia. Urge a abertura da cão acorda para flagelar povoados e
estrada ligando Boa Vista a Manaus·. campos que resumem as fadigas de
. O Território do Amapá só tem co- muitas gerações, para destruir os bos-
municação pela periferia. A rodovia ques seculares, parece-nos então reco-
Macapá-Clevelândia se impõe, afim de nhecer nisso o efeito de uma violenta
que o miolo seja convenientemente ex- crise mórbida, de uma grave molés-
plorado. . tia. E tal interpretação nos é tanto
Unidades do Exército que fôssem mais lícita, quanto mais nos esconde
localizadas nesses Territórios com o fito a ignorância de tudo o que diz respei-
de dotá-los de vias de comunicação, to às leis e às causas primárias dos fe-
além de manter a ordem e defendê-las nômenos. Um mal, às vêzes, nos apa-
quando necessário, prestariam um ser- nha inopinadamente e de improviso,
viço ao Brasil de elevado alcance. sem possibilidade alguma de prevê lo
e de prevenir as suas conseqüências:
Os portuguêses quando conquista- desenvolve-se, assume a intensidade
ram o espaço territorial que, agora, máxima e pouco a pouco se atenua
estamos, lentamente, procurando socia- sem que o médico tenha podido fazer
lizar iam leyantando fortes nos pon- mais do que registrar sintomas; é as-
tos chaves das linhas de invasão, sem sim um período eruptivo. Podemos re-
poupar sacrifícios. Ainda hoje se po- conhecer que êste vulcão tem crises fre-
dem ver gloriosos vestígios em Macapá qüentes, que aquêle as tem intermiten-
e Santarém, no Amazl!lnas, em São Joa- tes, que aquêle outro sofre de uma en-
quim, no Tacutu (formador do Branco l fermidade quase crônica, que outro pa-
48 BOLETIM GEOGRAFICO
dece de moléstias curtas e agudas: po- flancos que às vêzes conseguem di-
demos também reconhecer que, con- lacerá-los antes de chegar às verten-
forme a sua constituição e, digamos tes da cratera suprema. Brotam assim
igualmente, conforme o tempera,11enw da nova ferida do vulcão; escoando daí
de cada um, diversos são os hábitos ele lentamente ao longo do declive dêle. A
vida, quer em condições de ex'.'.itação maior parte das erupções do Etna de
mórbida, quer em estado normal; diver- que temos notícia segura, foram seine-
sos também nas sucessivas idades de lhantes à presente. A cratera central
um mesmo vulcão. Mas pouco mais mostrou às vêzes especialmente no
sabemos; aos que querem pressa~iar princípio e no fim do paroxismo - al-
uma erupção - trate-se embora do guma atividade, enquanto mais notá-
mais antigo e mais bem estudado vul- veis foram as explosões, isto é mais
cão do mundo - aos que pretendem di- . copiosos os jatos de vapor e de pedras,
zer-nos se aquela a que assistimos terá areias e cinzas; mas a verdadeira erup-
grande ou pequena duração, se já al- ção nestes casos se faz num dos lado~
cançou a intensidade máxima ou se do vulcão. Erupção tanto maior e tan-
está ainda no início do seu ciclo evo- to mais funesta quanto mais baixas
lutivo, se continuará com as ca:.:acte- são as bôcas abertas e das quais jorra
rísticos atuais ou se apresentará no- a lava. Estas são numerosas na maioria
vos, a êstes não devemos dar o 'llínimo das vêzes P. não dispostas totalmente
de fé. ao acaso. mas em séries lineares que
'Se a ciência hodierna pouco pode assrnalam, com exatidão maior ou me-
afirmar sôbre as causas e as leis que nor, :;, direção do cume do Etna. Isto
regulam os fenômenos vulcânicos, por in licu justamente que a erupção está
outro lado conhece bastante o mecanis- preparada -- algumas vêzes se diria
f· rwcamente determinada - pela aber-
mo das erupções e de todo aquêle tura
compiexo de fenômenos que as acom- quai.s dea fis1>uras radiadas, através das
lava se insinua e das quais
panha. transborda. A juntura débil e pouco
Sob tal aspecto, o Etna tem sido homogênea dos montes nos faz com-
geralmente de um comportamento ca- preender a formação das próprias fen-
racterístico que razoàvelmente se pre- das e também a grande irregularida-
sume que possa depender da própria de delas, pois se apresentam J.ão só
natureza dos materiais que êle expele freqüentemente turtuosas e ramificadas
e da estrutura, da mole e das formas de vários modos, mas também com
do edifício eruptivo. est.rangulamentos e partes amplas. Por
isso, a massa fundida não pode injetar-
Por longa série de anos o rnlcão se e sair livremente à luz do dia, mas
demonstra apenas que a sua atividade deve abrir caminho desatinadamente e
não cessou ainda de todo. Quem em diversos pontos.
antes do raiar do sol subir à su-
midade da cratera central e olhar para A lava traz consigo grande abun-
dentro, perceberá não raramente o bri- dância de gases e vapôres, ou de. subs-
lho da lava ainda líquida e às vêzes tâncias que pela diminuta pressão se
a verá ferver e solta.r pequenas mas- vaporizam quando ela se avizinha da
sas gasosas; nada mais. O navegante superfície do solo. Fugindo violenta-
que se avizinha do gôlfo de Catânia, ou mente da massa pastosa, os vapôres
que mora ao longo das suas praias, apanham ê lançam no ar partículas
vê no alto da montanha, freqüente- que exceto as últimas, verdadeira lava
mente coberta de neve, um tênue pe- pulverizada arrastada para longe e dis-
nacho de fumo, semelhante a uma li- persada pelo vento - caem ao ,·edor
geira nuvem que o vento sopra ora como chuva intermitente de fogo, pe-
de um lado, ora de outro, e às vêzes dras e areia, construindo, pouco a pou-
dissipa completamente. Parece todavia co, um paredão circular que vai crescen-
que mesmo nos tempos de aparente do até constituir um grande cone com
quietude o vulcão se adestra para no- ampla cra~ra. Tôda erupção do Etna
vas provas; que nas profundezas se tem deixa~o seus testemunhos além
fundem lentamente novas massas de de novas expansões de lava, as quais
lavas ou que as já existent•1s assumem espessam um ou outro dos flancos do
temperatura mais elevada, ou maior vo- monte, nestes cones que nos aparecem
lume e fluidez por efeito c~e água su- quais montículos ou alinhamentos de
perficial que se lhe junte; o fato é que montículos, semelhantes entre si e se-
sobem cada vez mais na c~1aminé vul- melhantes, salvo as dimensões infini-
cânica e fazem tal pressão sôbre os tamente menores, ao Etna, o pai ie to-
RESENHA E OPINIOES 49
dos. O velho vulcão conta dúzias ;; mais das que a viscosa corrente arrasta cm
dúzias dêstes filhos, dispersos ao lon- seu dorso e ao longo dos flancos e que,
go dos seus largos declives; e o núme- impelindo e chocando-se alternativa-
ro aumenta a cada nova erupção. O mente, e revolvendo-se uma sôbre ou-
nascimento e o desenvolvimento dêles tra, cavalgando e fazendo dique na
constitui certamente um dos espe- frente, impedem de mil modos o avan-
táculos mais belos e fantásticos a que ço. Embora muito vário e irregular, o
se possa assistir; para vê-lo vale a pena movimento é todavia, em conjunto, bas-
em verdade deixar a tranqüilidade da tante lento. Por isso, não só as erup-
cidade e dirigir-se ao monte ignívomo; ções de lava raramente fazem ·vitimas
a cena é maravilhosa, especialmente de humanas, mas freqüentemente se che -
noite, quando os fragmentos. tj.e lava, ga a tempo de, nos casos e lugares
projetados aos milhares no alto pela ameaçados, salvar a vida das :;:>essoas
fôrça explosiva dos gases, com uumi- e fazer a mudança de trastes, utensí-
nação própria, ou iluminados com es- lios e ferramentas. Eni compensação,
tranho brilho pela massa incandes- as propriedades sofrem muito, espe-
cente que está em baixo, caem descre- cialmente quando as bôcas que lançam
vendo parábolas de fogo entre nuvens lavas se abrem nas partes inferiorPs
de vapôres e de cinzas, também pon- do monte e as massas abrasadas •;Jcan-
tilhadas de estranhas luzes. çam as vinhas e hortas de que são
A maior parte, porém, dos espec- ricas as faldas do vulcão. Não são des-
tadores destas erupções, espectadores, truídas sómente as culturas; '.lquêles
ora voluntários, ora não, param diante campos, transformados num deserto
das torrentes de lavas e limitam-se a de pedra, devem esperar decênios, tal-
seguir passo a passo ô seu lento pro- vez séculos, antes que o trabalho te-
gredir uns, temerosos de danos sempre naz do homem possa reconquistá-ios.
novos, outros levados por viva curiosi- Se conforta o pensamento que
dade desta massa escura e fumegante erupções laterais, do tipo daquela a
de dia, afogueada de noite, que mar- que hoje se está processando, quase
cha, ora preguiçosa, ora solícita, com nunca nos entristecem pelo grandio-
inexorável passo, incendiando, inves- so número de vidas extintas, não po-
tindo, e cobrindo tudo quanto encontra. demos todavia afastar de nós a idéia
Não caminha, silenciosa, mas com gran- de que a montanha, que hoje 't~ira a
de rumor de resíduos que caem; não ca- sua sanha simplesmente sôbre os ha-
minha só, mas arrasta consigo e revolve veres, possa amanhã ferir os proprie-
diante de si ~scórias que são as partes tários. O Etna é talvez menos temí-
superficiai'3 já co:1so?.idadas. Tanto vel do que os outros vulcões, menos do
mais parece singular, quanto pior se que o próprio Vesúvio, inferior .~ntre
prevê a velocidade ~ ó caminho ulte- tanto a êle em massa; todavia fêz os
rior; tem :iJaradas e hesitações e· mo- seus estragos e pode renová-los. As cor-
vimentos estranhos; aqui se espraiam, rentes de lava não são de temer, mas
ali se reúnem de novo os ramos divi- os abalos do solo · que precedem e
did~.>; um breve obstáculo interrompe acompanham as erupções, e as :~lmvas
e desvia o seu curso, um maior é fa- de areia e pedras, as avalanches e as
cilmente vencido; nem sempre segue nuvens de materiais inflamados e as
os lugares baixos, às vêzes; quase pare- enxurradas de cinzas que as águas di-
ce andar contra as leis da gravitação. luem e tornam fluentes. A história
Tôdas estas ocasiões são feitas de es- mais antiga dos vulcões da Itália e a
perança e temores, que a cada momen- mais recente dos da América registram
to desaparecem e se renovam em que vê exemplos por demais dolorosos que
ora salvos ora ameaçados os próprios não vem a pêlo evocar, destas desas-
haveres, fonte também de crenças su- trosas manifestações. Conhecemos su-
persticiosas confortadas por não pou- ficientemente o Etna, podemos con-
cos exemplos - os únicos de que o povo fiar bastante nêle e na sua generosi-
se recoi:da - nos quais aquêle movi- dade habitual para escolher as suas fal-
mento misterioso e medroso se deteve das como pacífica morada nossa e de
diante de um pugilo devoto que orava nossos filhos, para construir sôbre ela ':l
ou a poucos passos de uma cruz, de a nossa casa e arrotear até as :·neno-
um tabernáculo, de uma igreja. Tais res faixas? Tanta pletora de vida em
estranhezas são devidas, não só à fre- tôrno de montanha tão inquieta, tão
qüente variação da quantidade de terrível às vêzes em suas manifesta-
lava que jorra das bôcas do vulcão, mas ções, não pode deixar de despertar à
de outro lado, e especialmente, ao ru- primeira vista um sentimento de sur-
moroso cortejo de partes já consolida- prêsa. A ciência que conseguiu 1efi!1.ir
50 BOLETIM GBOGRAPICO
ra. Há, por 'exemplo, o radio~s0nda, décima parte das ocorridas naquela
que consiste em um pequeno mstru- ocasião. A redução se deve principal-
mento ligado a um balão inflado com mente à eficácia do sistema de preven-
gás hélio, para ascender ~ grandes ção adotado pelo serviço meteoroló..:
altitudes e registar a pressao atmos- gico.
férica a temperatura e a, umidade,
trans~itindo pelo rádio, as informa-
ções a um receptor automático, insta-
lado em terra. Um outro balão serve Uruguai
para registar a direção e a velocidade
dos ventos a diversas altitudes. De A República Oriental do Uruguai,
grande utilidade são igualmente os apesar de ser a menor das nações sul-
mapas meteorológicos, impressos e dis- americanas - pois tem sàmente
tribuídos pela Diretoria. Nesses mapas 186 926 quilômetros quadrados de su-
marcam-se gràficamente todos 0s as- perfície - é uma das mais progressis-
pectos importantes das condições m~ tas da América, especialmente em ma-
teorológicas ocorrentes em todo o pais. téria de previsão social. Particular-
Os mapas contêm também a tempera- mente durante os últimos anos, o Uru-
tura a precipitação e outros dados guai tem adotado importantes medidas
fornecidos pelas estações de observa- legislativas para assegurar o bem-es-
ção, atualmente em muito maior tar social e o melhoramento geral das
número. classes trabalhadoras.
A Diretoria de Meteorologia pro·
cura contlnuamente ampliar seu cam- Resenha histórica
po de ação. As emprêsas de navegação
aérea são agora fornecidos dados com- Embora o território da República
pletos sôbre as condições meteorol'>gicas Oriental do Uruguai tenha sido des-
ao longo de tôdas as rotas dos Estados coberto em 1516 pelo grande navegador
Unidos e no Alasca. E os agric11ltores espanhol Juan Diaz de Solís, o q?al
em geral contam com um servira com- foi pouco depois assassinado pelos m-
pleto de previsões por maior perí~o dios charruas, não foi, no entanto, se-
de tempo graças aos esforços da Di- não· em princípios do século dezessete
retoria. As previsões normais são pu- que se estabeleceram as primeiras co-
blicadas de duas a quatro vêz~s por lônias na margem oriental -do rio Uru-
dia anunciando as condições meteo- guai. Em 1618 os padres Franciscanos
rolÓgicas durante um período de 3!1 desembarcaram em solo uruguaio, se-
horas. Mas sempre que há a possibi- guidos em 1624 pelos Jesuítas, dando-se
lidade de mudanças importantes, os comêço nessa época à vida colonial.
informes são dados em intervalos de Durante quase duzentos anos depois
duas ou três horas. A fim de assegu- dêsse período, o território conhecido
rar a maior divulgação possível, recor- hoje sob o nome de Uruguai foi obje-
re-se a todos os meios modernos de to de controvérsia entre a Espanha e
publicidade: o rádio, o telégrafo, o te- Portugal, cujas coroas pretendiam ter
lefone, o jornal. título de propriedade sôbre essa parte
É impossível calcular o número de da América. Esta controvérsia foi fi-
vidas e o valor das propriedades que nalmente solucionada mediante o Tra-
têm sido salvas graças aos avisos me- tado de San Ildefonso, em 1777, o qual
teorológicos. Não obstante, sabe-se de deu à Espanha domínio sôbre a "Ban-
um caso em que se salvou uma safra da Oriental".
inteira de laranjas, no valor de qt1ator- A luta pela independência foi de-
ze milhões de dólares, em virtude do finitivamente inaugurada a 28 de feve-
aviso da aproximação de um período reiro de 1811, quando dois humildes
de intenso frio que aliás durou uma camponeses deram o grito histórico de
semana. NoutrÓ caso, a previsão de Asencio e se levantaram em armas
uma enchente contribuiu para que se contra os espanhóis. ~ste grito, dado
salvassem propriedades no valor de nas margens do arroio Asencio, reper-
sete milhões de dólares. cutiu em tôda a Banda Oriental e foi
Os prejuízos materiais causados o sinal do levantamento do Uruguai
pelo furacão de setembro último, ape- inteiro. Passaram-se vários anos, no
sar de seus efeitos devastadores, mon- entanto, antes que o Uruguai conse-
taram a uma quinta parte dos danos guisse a sua liberdade, pois não sà-
causados pelo furacão de 1938, e o mente a Espanha se opunha à sua au-
nú.mero de mortes atingiu apenas à tonomia, mas também o Brasil e Bue-
54 BOLETIM OEOORAFICO
tes; fixação de salários mm1mos para que hoje há mais de 12 872 quilôme-
os trabalhadores rurais; dia de tra- tros de e:;;tradas nacionais e departa-
balho de oito horas em várias indús- mentais abertas ao tráfego.
trias; designação de um dia de des-
canso semanal; proibição do trabalho Cidades principais
noturno em certas indústrias; instala-
ção de assentos para as empregadas em De uma população total de ....
certos estabelecimentos; criação de 1 970 000 habitantes com que conta o
pensões para pessoas idosas ou indigen- Uruguai, 672 041 habitantes residem em
tes; aposentadoria para os empregados Montevidéu, capital do país. Situada
públicos e para os trabalhadores em à margem do rio da Prata, a uma curta
certas indústrias-; e várias outras leis distância somente do mar, a capital
de caráter semelhante. uruguaia é um pôrto de grande im-
portância, pois por êle passa a maior
Vias de comunicação parte do comércio exterior do pais.
Montevidéu é ao mesmo tempo o cen-
O Uruguai conta com abundante tro comercial, industrial e cultural da
facilidade de transporte, terrestre, ma- nação. É uma cidade moderna sob to-
rítimo, fluvial e aérea. O país tem uns dos os aspectos; as suas avenidas são
2 655 quilômetros de vias férreas. As numerosas e largas, ladeadas de be-
linhas principais partem de Montevi- los edifícios; os seus parques são am-
déu e ligam a capital com os principais plos e agradáveis; e as suas excelentes
centros da nação. Ao chegar à frontei- praias atraem durante a temporada
ra unem-se às linhas brasileiras, pro- de verão milhares de turistas da Re-
porcionando serviço direto entre a ca- pública Argentina e de outros países
pital uruguaia e o Rio de Janeiro. vizinhos. Para acomodação de tão gran-
Há várias linhas de vapôres que servem de· número de turistas, a capital possui
de meio de comunicação com as regiões um bom número de hotéis confortáveis,
ao longo dos rios da Prata e Uruguai e muitos dos quais estão situados nos su-
nos rios menores existem pequenas em- búrbios, ao longo da praia.
barcações que oferecem também servi- Entre as outras cidades uruguaias,
ços de transporte. Montevidéu está em Paissandu, situada à margem do rio
comunicação com os países mais im- Uruguai, ocupa o segundo lugar, com
portantes do mundo por meio de linhas uma população d€ 40 000 habitantes e
marítimas quer sejam diretas, quer oferece um exemplo admirável do pro-
indiretas. Quando às comunicações gresso uruguaio. Mais para o norte,
aéreas, passam pelo Uruguai várias li- também à margem do rio Uruguai, en-
nhas que oferecem transporte rápido contra-se Salto, que é pôrto de consi-
de passageiros e correspondência para derável volume de comércio e um mo-
tôdas as Repúblicas americanas e ser- dêlo de progresso municipal. Fray
viço de correio para a Europa. Bentos, à margem do mesmo rio, po-
Durante os últimos anos as co- rém mais perto do mar, e Colônia, do
municações rodoviárias têm progredi- lado oposto a Buenos Aires, são outros
do ràpidamente no Uruguai, de forma dois centros importantes do Uruguai.
~ Assine a "Revista Brasileira de Geografia" para receber em sua casa a melhor publicação
llJ'll'lf periódica sóbre a geografia do Brasil.
Contribuição a.o ensino
O PRÉ-TESTE
grupos a nota média foi de 51. Em ambos os grupos a escala variou entre as no-
tas 20 e 91. Esta escala, provando ignorância quase completa de um lado a co-
nhecimento quase completo do outro, indica claramente o problema do ensino
eficiente.
O GRUPO PRIVILEGIADO
Do resultado do primeiro teste faz-se uma seleção dos estudantes que pre-
cisarão de relativamente pouco trabalho no assunto. t:sse grupo é formado prin-
cipalmente de estudantes que tiverem geografia física na escola secundária, mas
inclui alguns que não estudaram geografia desde a escola primária.
Em entrevistas pessoais com êstes últimos revelam razões interessantes para
o seu conhecimento. Um estudante explicou que não podia compreender como
havia quem não soubesse responder às perguntas. Outro deu como motivo o fato
de sua irmã ensinar geografia física. Outro ainda insistiu que tinha "advinhado'',
mas um questionário posterior provou que tal "adivinhação" não passara de ra-
ciocínio inteligente.
Até esta fase nenhum requisito fôra exigido para a admissão ao grupo privi-
legiado. O instrutor decide, após exame dos resultados do pré-teste, que estudan-
tes formarão o grupo mais adiantado. Em geral êles atingem de 5 a 10 por cento
do grupo inteiro.
Os estudantes colocados no grupo avançado deverão analisar os resultados
de seus testes para verificar em que tópicos encontraram mais dificuldade, e
lhes é dada a responsabilidade de rever essa parte do assunto. lllles têm o privilé-
gio de escolha entre freqüentar ou não as aulas e de trabalhar em problemas
especiais, para obtenção de notas (special credit) . Os problemas dados a êste
grupo variam, màs alguns mais familiares são repetidos com freqüência.
1. Se a Terra se movesse à volta do sol com seu eixo perpendicular ao plano
de sua órbita, interessaria a vacê viver .em Buffalo? Quais seriam as condições
de temperatura durante o ano? Quanto durariam o dia e a noite? As atuais
plantações desta região seriam as mesmas?
2. O comandante Byrd acrescentou baía.s e montanhas ao mapa do An-
tártico. Como soube êle onde colocar suas descobertas no mapa?
3. Explique qual a trajetória aparente do sol durante o ano em Quito,
Equador. Fazer a classe imaginar que está em Quito e descrever, como se lá es-
tivesse, a trajetória do sol no céu.
Cada membro do grupo privilegiado prepara dois dos problemas. Certos
estudantes são escolhidos para apresentar seus problemas oralmente. Se êstes
estudantes mantêm o nível alto nos testes e completam seus problemas satis-
fatôriamente, é-lhes dado o grau "A", que significa trabalho superior. Uma das
dificuldades em realizar êste plano de trabalho é a de manter êsses estudantes
em nível alto. Não e pouco freqüente estudantes de alto nível em testes de fatos
acharem difícil aplicar seu conhecimento na solução e apresentação de um
problema.
Neste sistema os estudantes que, já conhecedores do assunto, podem sen-
tir-se entediados em classe ou se tornarem elementos de desordem para o profes-
sor, o qual sente que cada membro de uma classe deve ser desafiado para es-
fôrço, são estimulados para um desenvolvimento maior. ll:les em geral freqüen-
tam as classes voluntàriamente e, na expectativa das notas que precisam, per-
manacem alertas e interessados. Não poucas vêzes, se sentem capazes de
prestar auxílio aos estudantes sobrecarregados de material novo.
O SEGUNDO TESTE
~ste teste permite ao professor e estudantes verificar o progresso e desco-
brir os pontos que necessitam mais ênfase. A constatação da freqüência dos
erros mostra claramente os tópicos em que os estudantes necessitam exercitar-
se. Uma segunda finalidade é indicar quais os estudantes que, por sua aplicação
inteligente, já se tornaram senhores do assunto e estão prontos para se reuni-
rem ao grupo privilegiado no trabalho de problemas especiais para a classi-
ficação "A".
O teste dado é o mesmo que o preliminar, devendo ser suficientemente difí-
cil para provar uma escala de valores na classe, mesmo depois da apresentação
do assunto principal. Os aspectos mais extraordinários dos resultados dêste teste
são a diminuição da escala dentro do grupo e um notável progresso feito por al-
guns estudantes. Em um dêstes testes, uma estudante levantou sua nota de vinte
e dois, no pré-teste, a noventa e seis no segundo teste.
REENSINANDO
Cada secção foi-se limitando mais aos atrasados e, admitamos, os pregui-
çosos são muito poucos para que lhes dispensemos discussão informal e treino
considerável. O estudante atrasado pode fazer perguntas sem receio de tomar
por muito tempo a atenção da classe. Idealmente, esta parte da unidade deveria
continuar até que todos se tornassem mestres no assunto. Pràticamente, na mai-
oria dos casos, isso é ·impossível.
APLICA;ÇAO E ASSIMILAÇAO
Quando a classe se encontra novamente como um todo, os membros do
grupo privilegiado apresentam os resultados dos problemas em que estiveram
trabalhando. Faz-se a aplicação do assunto a pontos de interêsse do momento.
. O TESTE FINAL
Para se obter escala de valores na classe, o teste final é mais difícil que o
pré-teste. As perguntas mais difíceis de múltipla escolha são conservadas; acres-
centando-se perguntas a serem preenchidas; um diagrama para ser completado;
um mapa novo para exercício de leitura deve substituir o antigo.
Não se pode dar por terminada a unidade sem a análise do grupo e dos re-
sultados individuais. O professor está interessado, por exemplo, no levantamento
do grupo mediano da nota 51 no pré-teste a 82 no teste final e no estreitamento
da escala de 27 para 91 no pré-teste para uma de 63 a 99 no teste final. Sem a
comparação dos grupos os resultados não provam a superioridade dêste método de
organização sôbre outros métodos, no que se refere àquilo que foi conseguido, e,
uma vez que êste método foi criado visando as diferenças ind~··iduais em preparo
e interêsse, o mestre está mais interessado em progressos individuais. ·
No grupo que estudamos aqui, todos os membros do grupo privilegiado le-
vantaram suas notas para além de noventa no segundo teste e mantiveram-nas
no teste final, em adição ao seu trabalho em problemas especiais. Da quarta
parte dos classificados como os mais atrasados no pré-teste, 30 por cento atin-
giram notas acima da média no teste final. Dêstes, dois passaram para o quarto
mais adiantado no teste final. Tais progressos, combinados com a observação
das reações do estudante, servem para convencer que ambos os grupos se bene-
ficiaram com o método descrito.
CONCLUSÕES
Para o mestre, esta unidade de trabalho traz satisfação porque estimula os
estudantes mais adiantados a maior esfôrço, enquanto não descuida do estu-
dante principiante, e porque aumenta a eficiência da instrução, quando possibi-
lita ao mestre estar a par da situação do ensino do comêço ao fim do curso. Para
o estµdante, esta unidade de trabalho traz satisfação porque é definida no seu
propósito, no seu processo e nos seus resultados.
Tertúlias geográficas semanais
tem uma temperatura média de 17°5. O mês mais quente é o de fevereiro, média
22°, e o mais frio o de julho, média 14º. Êstes são também os meses de menor
nebulosidade nas estações correspondentes. A variação da temperatura no de-
correr· do ano não excede a 6°, não significando porém condições de clima
marítimo, pois é .elevada a amplitude diurna, que no inverno aproxima-se de
20° e no verão de 8°. A máxima absoluta é em média 29°. A mínima absoluta
já registrada foi de 1º2; na avenida Paulista; foram feitas observações fora do
abrigo, sendo constatadas, no verão, temperaturas de 49º e no inverno de -
2°5; temperaturas essas impróprias a culturas tropicais, como a do café.
Os meses de verão são: dezembro, janeiro, fevereiro e março e os de in-
verno: junho, julho e agôsto. A parte imediatamente ao norte da avenida
Paulista, a mais populosa da cidade, é a mais quente, principalmente no in-
verno.
A Cantareira é a região mais fria em virtude da floresta e por ser a mais
elevada. As máximas absolutas correspondem ao domínio dos ventos N., NW. e
NE., e as mínimas, aos regimes de calma que sucedem aos sopros de S. e SE.
Em seguida, o Prof. Ari França projetou uma carta isotérmica assinalando
as áreas do predomínio das diversas temperaturas. A área de temperatura mais
baixa abrange os subúrbios meridionais até Santo Amaro e as escarpas da
Cantareira.
O gráfico dos normais do Instituto Astronômico Geofísico põe em evidência
os ventos dominantes da cidade de São Paulo; são os ventos de sul, leste e su-
deste. O vento de NW é o mais forte, tendo uma velocidade de até 64 quilô-
metros por hora; atinge 10 a 20% de freqüência no verão e 10% no inverno e
outono. O vento de SE é marítimo e durante o ano excede 30 % , sendo mais
freqüente no verão. As calmas têm percentagem elevada e ocorrem, principal-
mente, à noite .
. O gráfico baseado em Belfort de Matos (1902-1921) não apresenta o pre-
domínio dos ventos S., SE. e E.; ao contrário, mostra-os sobrepujados pelo
vento de NE. Isso se dá talvez por não terem sido feitas, então, observações
à noite. Nesse mesmo gráfico, as calmas aparecem com freqüência pequena.
As observações sôbre os ventos de NW., são precárias pois era difícil re-
gistrá-las.
Referindo-se em seguida às chuvas, o Prof. Ari França projetou uma carta
das iso)>rietas da cidade de São Paulo. A faixa inferior a 1 300 milímetros atra-
vessa a parte meridional da cidade e a faixa de 1 500 milímetros passa pela
Cantareira. Próximo a Cubatão passa a curva de 4 000 milímetros. Do sul da
cidade de São Paulo até a região das reprêsas de Santo Amaro, encontram-se
zonas mais sêcas; as maiores pluviosidades são registradas nas zonas N. e S.
da cidade. Na serra do Mar as chuvas são constantes; são trazidas pelos ven-
tos marítimos, os quais atravessando em seguida a bacia de São Paulo vão
descarregar a sua umidade na Cantareira.
Na serra da Cantareira e no Hôrto Florestal a pluviosidade média é superior
a 1 500 milímetros e no centro da cidade, é de 1 300 milímetros.
Fazendo-se o gráfico da distribuição anual das chuvas obtém-se uma curva
que revela perturbações nos meses de abril e maio. Em janeiro observa-se a
máxima e a curva desce regularmente até abril e maio quando se dá uma as-
censã.o da pluviosidade para cair bastante em julho e, a partir de julho começa
a subir com rapidez e desuniformemente.
Lucas Junot estudando a pluviosidade da cidade de São Paulo verificou
que ocorreram períodos secos entre os anos de 1913-1921. A mesma coisa po-
de-se observar para os anos de 1932-1944, mas as observações da Estação da
Luz são irregulares neste último período. '
Na cidade de São Paulo chove geralmente entre 100 e 120 dias por ano,
nos anos de maior pluviosidade chega a chover até 154 dias. O Instituto As-
tronômico Geofísico considera os dias de orvalho como dias de uluviosidade re-
gistrando assim 250 a 280 dias de chuva por ano. Em janeiro e fevereiro, meses
dt' maiores chuvas, a ca1;ga máxima diária atingiu 138 milímetros. Na Canta-
rem1. tem se registrado até 158 milímetros diários.
62 BOLETIM GEOGRAFICO
Sendo interrogado, o Dr. Adalberto Serra disse achar que em São Paulo
a condensação da umidade é devida à curvatura da costa. Partindo do Re-
côncavo da Bahia, onde se inicia a curvatura da costa, observam-se de NE
para SW centros de alta pressão. Quando se dá uma perturbação no sul modi-
fica-se a situação da circulação dos ventos quentes de NE, êstes sobem dando
lugar a uma frente mais fria. O campo é anticiclônico enquanto não se ob-
serva a influência da massa de ar frio vinda da Argentina. Quando esta chega
•tabelece-se em São Paulo uma outra frente - a dos ventos frios de SE.
Nos meses quentes os ventos de NE sofrem uma ação brusca dos ventos frios
de SE, acarretando as chuvas frias e temperaturas baixas. Isso se observa con-
tinuamente em São Paulo devido ao desvio do litoral.
O Prof. Junqueira Schmidt esclareceu que as cartas sinóticas não são más
e que as observações climatológicas podem ainda ser completadas por diversos
aparelhos.
O Prof. José Veríssimo lembrou que seria interessante verificar qual a
ação da serra de Jaraguá na condensação das chuvas, na temperatura, pres-
são, etc.
O Dr. Serra foi de opinião que o clima pouco depende do relêvo e das
matas estando ligado sobretudo às massas de ar quente e frio. Tendo o Eng.º
Fábio de Macedo Soares indagado se. a intensificação da estação sêca em São
Paulo não era devida ao desflorestamento, o Dr. Serra respondeu que "nem
tanto".
O Eng.o Junqueira Schmidt explicou que nas regiões montanhosas as chu-
vas de verão e de inverno são muito freqüentes em virtude da combinação do
relêvo com a circulação atmosférica. Em seguida, disse que seria interessante
fazer em São Paulo a correlação das variações bruscas de temperatura com o
número de doenças por elas provocadas.
O Prof. Francis Ruellan colaborando com o que dissera o Eng.O Fábio de
Macedo Soares sôbre a 100.ª tertúlia, disse que a mesma foi feita por um
paulista o que prova que há em São Paulo grande simpatia pelas atividades
geográficas do Rio. Continuando, disse que teria prazer em ler a tese do Prof.
Ari França sôbre o clima de São Paulo.
Quanto ao emprêgo da expressão "clima equatorial" para designar o cli-
ma de baixada não é muito indicado. O clima equatorial é bem definido, não
é o mesmo que clima tropical litorâneo, tendo um regime particular de chuvas.
O clima da cidade de São Paulo é tropical temperado pela altitude, tendo
duas estações bem marcadas, e não se deve confundi-lo com o clima temperado.
É um clima caracteristicamente tropical pois o inverno é sêco, sendo o mês mais
frio julho, e o verão é úmido, sendo o mês mais quente dezembro. Lembra
um clima de monção de influência mantida no inverno e aumento do vento
NW no verão. A monção de verão é pequena mas existe.
Em Goiás, a NW, observa-se uma monção de verão bastante forte que se
atenua para o sul.
O regime de vento S. no inverno, é característico da monção de inverno.
Observa-se em São Paulo a ação do relêvo. Isso não explica o clima mas
produz anomalias no local. As tempestades da. tarde são devidas muitas vê-
zes ao regime de convexão em relação, ao relêvo. Do mesmo modo, a pequena
wrudade relativa entre a serra do Mar e a serra de Jaraguá é devida a um
efeito do fohn atrás da serra do Mar. As alturas fornecidas da pluviosidade nos
maciços, são as médias. Seria bom organizar nos diversos pontos da serra da
Cantareira e do Jaraguá postos meteorológicos para saber em que momento
e em que local a pluviosidade atinge a máxima.
Quanto à serra de Jaraguá, é preferível guardar reservas. Os sanatórios
e residências de verão aí, dão a impressão de ser esta a zona de melhor clima,
mas o lugar não é dos mais secos, pelo contrário.
Finalmente, o Prof. Ruellan disse que calculou, com os dados fornecidos
pelo orador, o índice de umidade, sendo o mesmo igual a 13 no mês de julho.
Há assim, em São Paulo, uma estação sêca (inverno) e outra úmida, caracterís-
tica de clima tropical.
Em seguida, o Eng.° Fábio de Macedo Soares Guimarães encerrou a
sessão.
64 BOLETIM GEOGRAFICO
A erva mate, nativa da região. era outrora explorada, hoje o preço não
compensa. Nota-se atualmente um grande aumento no custo de vida, por
exemplo, um saco de açúcar de 70 a 80 cruzeiros subiu para 180. Por outro lado
há também uma grànde valoriiação das terras, e estrt modificação será agora
muito maior com a elevação da vila a capital do Território.
As ruas ainda não são calçadas e as casas são inteiramente de madeira,
r&o possuem luz elétrica, a não ser em casos de exceção como no hotel. A água
é geralmente de poço, havendo também uma fonte.
A população é quase na totalidade católica. A população está em franco
crescimento, em virtude do índice de crescimento vegetativo, pois que a imigração,
com exceção das colônias novas é quase inexistente. Naturalmente isso agora
irá se modificar, com a transformação política.
Para a instrução êles dispõem de um grupo escolar e de um colégio primário,
particular. Os estudos secundários têm que ser feitos fora.
Como recursos hospital::.res dispõem de um pôsto público de higiene. Hospital
só há em Guarapuava. Hã muita maleita na região.
O clima é bom. Nem muito sêco nem muito úmido, as estações são bem
marcadas, notando-se bem a sua passagem. As chuvas são abundantes, em ja-
neiro, fevereiro e março, havendo fortes aguaceiros. No inverno chega a nevar
como em 1942, havendo sempre geadas.
Comunicações: está' ligada a Guarapuava e Ponta Grossa pela estrada de
rodagem que é, aliás, mais larga nesse trecho. Mas por causa do solo, com a chu-
va torna-se extraordináriamente lamacenta, dificultando o tráfego. Desde 1942
a linha de ônibus faz o trajeto semanalmente, quando não há lama. No entanto,
a carroça coberta, tão comum nas colônias do sul, continua sendo o meio de trans-
porte usado pelos colonos para vender seus produtos para a cidade e as vilas.
Possuem um campo de aviação utilizado pelos aviões militares, o que possibilita
o transporte aéreo. A cidade tem telégrafo.
Estas notas foram fornecidas pelo Sr. Arival Camarão, do cartório de La-
ranjeiras.
Continuando a viagem em busca de Foz do Iguaçu percorreram uma zona
de vegetação mista, entre a floresta e o campo; neste predominavam samambaias
e vassouras. Atravessaram o rio Xagu, que deu o nome à cidade e depois o
rio das Cobras. Próximo· a êste eneontraram um aldeamento de índios Coroados
(quilômetro 468), com casas de madeira, cercadas de pequenas culturas, orien-
tados pelo Serviço de Proteção ao índio. É interessante notar que as araucá-
rias só apareciam em pequenos grupos. No entanto, mais adiante, no vale do
rio Guarani, reaparecem em grande número associadas à erva mate. Notam-se
pequenas picadas na mata o que indica pontos de explotação da erva. Encon-
tram-se, nessa região, faxinais e catanduvas.
Ao longo da estrada notava-se que a ocupação humana era sempre a
mesma; os sítios aparec<.~·1. distanciados uns dos outros, mas sempre margean-
do a estrada. Uns s80 '~it-:i;; cuidados, com grandes cêrcas, roças de milho e
criação, notando-se ~;",:~. :•r:·c;t.:ena criação de carneiros. Adiante há dois pequenos
povoados, Belarmif.~ e f.,v\:inha e mais adiante ainda outro agrupamento de
casas - Pouso Alegre, com plantação de milho, feijão, e um grande erval.
Notam-se, em seguida, alguns pontos da floresta destruída e substituída por
pequenas culturas de milho e feijão, mas em geral forma-se um bosque secun-
dário, onde predominam fetos arborescentes.
A. seguir passaram pelo rio Adelaide, a 644 metros de altitude e em cujas
margens notam-se alguns terraços. Mais adiante atingiram a região de Catan-
duvas: povoado mais ou menos recente, formado por uma série de casas de
madeira, dispersas ao longo da estr~,da.
Pela estrada afora extensos pmheiraís sfio encontrados, muitas vêzes des-
truídos pelas chamas e substituído:; pvr uma vegetação secundáría: às vêzes
pinheiros mortos elevam-se ac.ima do bosque secundário. Umas du;_.s ou tres
1~<liial'l dispersas marcam os pon Lns da OC"i1!JaGã0 humana.
66 BOLETIM GEOGRAF~CO
Continuando pela estrada, (cuja altitude varia entre 750 e 830 metros), onde
se encontram pequenas culturas, chegaram à vila de Cascavel. É um pequeno
povoado que data de 8 anos, quando José Silveira de Oliveira aí se estabeleceu
com sua família. Hoje é sede de um distrito de Foz de Iguaçu. Tem se desen-
volvido à custa de uma pequena agricultura, de milho, batata, frutas como uva,
ameixa, laranja, banana, pêssego. Há um ano, estabeleceu-se perto daí uma
e,,,,-,,,ia de poloneses: Santa Esperança, onde os habitantes se dedicam à la-
•u· .• t'?. e :; criação de abelhas, aproveitam o mel e fabricam velas de cêra que ser-
ven1 pa;-,:, a iluminação, pois só três casas têm luz elétrica; esta é fornecida
por cataventos.
Não tem criação, o gado é exclusivamente para o necessário: não há açou-
gue, o indivíduo que mata é quem vende.
Para as comunicações possuem essa nova estrada, sendo muito utilizadas as
carroças. Tem um intercâmbio muito grande com Foz de Iguaçu, mas as gran-
des mercadorias e gêneros de primeira necessidade, como fazendas, sal, açúcar,
vêm de Ponta Grossa, o que chega muito encarecido pela distância e dificulda-
de de transporte. Há ainda telégrafo.
É interessante notar que a população ouve falar muito na existência de
cobre, mas diz que êste ainda está sem explotação.
As casas são inteiramente de madeira, como a própria igreja católica. Já
existe aí um grupo escolar.
Continuando a viagem atingiram o espigão com o nome de serra do Boi
Préto, que é o divisor das águas do Iguaçu e dos outros afluentes do Paraná.
A estrada começa aí a descer lentamente e depois do vale do riO Benjamim a
descida começa a se acelerar. Desaparecem os pinheiros e surge um pequeno
povoado recente, Benjamim, com choças cobertas de palha - é o avanço do
povoamento para o oeste. Daí até a cidade de Foz do Iguaçu a estrada se apre-
senta quase deserta. Escurecia muito, e os escursionistas chegaram, finalmen-
te, a F'oz de Iguaçu à meia noite, sendo impossível fazer observações.
Durante todo êsse dia o céu se apresentara nublado, com cúmulos acima do
honzonte e no alto do céu cirros esparsos e informes.
Foz de Iguaçu tem uma situação privilegiada - não só por estar próxima
do ftngulo formado pela confluência do rio Paraná com o Iguaçu como também
por ser limítrofe entre o Brasil, Argentina e Paraguai. Devido a essa localiza-
ção, desde 1769 a região foi lembrada para o estabelecimento de uma povoação
que fôsse a sentinela avançada contra possíveis invasões por fôrças espanholas
(pois ainda era domínio português, e mesmo, porque haveria mais tarde com
a Argentina uma questão de limites). Embora bem amadurecida essa idéia
só foi posta em execução no fim do Império quando foi enviada uma expedi-
ção militar que lá chegou em 22 de novembro de 1889, fundando-se a colônia
militar de Foz de Iguaçu pelo engenheiro José Joaquim Firmino. O local não
estava inteiramente desabitado, pois o relatório oficial dizia ter encontrado
324 pessoas, sendo 188 de nacionalidade paraguaia, 33 argentinos, 5 franceses,
2 uruguaios, 2 espanhóis e 1 inglês. Vê-se que havia necessidade de uma esta-
belecimento brasileiro, dado o número de estrangeiros aí estabelecidos.
Surgia então a vila com uma função militar, de defesa da fronteira, tanto
que as concessões de terras foram feitas aos militares, pois a. vila devia ser orien-
tada nessa função. ·
A colônia progrediu ràpidamente, tomando vulto o comércio com as cida-
des paraguaias e argentinas das margens do Paraná, em conseqüência da sua
posição que trazia uma facilidade de comunicação através do Paraná, pelo qual
se pode chegar até o Atlântico. Esta vantagem que o rio proporciona, mostra
a razão de ser do seu progresso em contraste com as outras colônias fundadas
no município de Guarapuava, que quase nenhum progresso apresentavam pela
causa única de falta de boas comunicações. ·
Tal foi o surto no comércio, principalmente do mate e madeiras que, em
1905. nesse recanto do país, foi instalada uma mesa de rendas e em 1906 era
i.naugurada uma estação telegráfica. Em 1912 essa colônia foi emancipada do
~ünistério da Guerra passando a ser uma povoação civil, sob os cuidados do
TERTúLIAS GEOGRAFICAS SEMANAIS 61
• • i
ricano. A massa de ar mais fria fica em baixo da mais quente e entre as duas
há uma superfície de discontinuidade, chamada frente. Frente é a superfície
que separa o ar frio do ar quente.
Na região sul da América do Sul há a frente polar e na região norte, a
frente inter.tropical.
O encontro da massa de ar frio com a massa de ar quente acarreta per-
turbações.
Continuando, o Dr. Serra fêz um esquema da circulação no Rio de Ja-
neiro.
No Rio está normalmente presente o centro de alta pressão, sendo a circula-
ção normal a de NE, e o tempo bom. Isto se dá após formarem-se regiões de
subsidência - o ar que desce vai se aquecendo, e conseqüentemente se afas-
tando . do ponto de saturação, ficando assim mais sêco. Predomina então o
vento de NE, com ar sêco e tempo limpo. No entanto, após 5 a 10 dias sem
chuva, a radiação torna-se cada vez mais forte e na zona polar o deficit de
calor vai também aumentando. Rompido o circuito a frente fria circula e atin-
ge o Rio e o ar quente compelido pelo vento frio começa a subir. Ao subir,
aquêle sofre uma descompressão e vai se esfriando. No momento que atinge
a tensão máxima do vapor dá-se a condensação. O Rio passa então por um
período frio, úmido e de. chuvas; domina o vento SW e o céu está encoberto.
A medida que o ar quente vai subindo e se esfriando formam-se nuvens
sendo as mais baixas, nimbos, as mais altas alto-estratos e mais altas ainda,
cirros (agulhas de gêlo) .
A frente fria depois de passar pelo Rio continua a caminhar para o norte,
e passa por Vitória, onde o fato se repetirá. A perturbação aca;ba, entretanto,
por perder sua fôrça ao atingir a zona equatorial. No entanto, ao sul, por ex. na
Argentina, recomeça uma nova perfarbação. No Rio estará novamente presente
o centro de alta pressão e haverá um periodo sem chuva com vento de NE e céu
limpo até que aí chegue a segunda perturbação.
•••
Dando início aos debates o Eng.° Fábio de Macedo Soares Guimarãés cum-
primentou o Dr. Adalberto Serra pela excelente tertúlia e disse que os climato-
logistas têm necessidade das noções fornecidas pelo mesmo.
O Dr. Junqueira Schmidt referiu-se à tertúlia dizendo que o Dr. Serra
fizera uma belíssima síntese de meteorologia, mas é preciso considerar o re-
lêvo, pois as frentes comportam-se em função do relêvo de forma diferente.
Em seguida, pediu ao Dr. Serra para fazer uma outra tertúlia sôbre a
circulação atmosférica em relação ao relêvo. O Dr. Ad~lberto Serra prometeu
então fazer uma nova tertúlia em abril.
Tendo o Prof. Pedro Geiger perguntado se entre os dois centros de alta
pressão no hemisfério norte e no hemisfério sul não haveria uma zona de
baixa pressão, o Dr. Serra respondeu que há. · ·
Perguntou ainda o Prof. Geiger se a posição dos centros de alta pressão não
varia cq_m as estações do ano; e se a frente polar além da marcha do pólo
para o equador, não tem outro movimento devido ao deslocamento do equador
térmico. Respondeu o Dr. Serra que em relação às estações, a frente. tropical
está mais ao sul em março e mais ao norte em setembro.
O Prof. José Veríssimo após exprimir sua satisfação em ter ouvido o Dr.
Serra, perguntou se o mesmo poderia resumir para o Boletim do C. N. G., o que
dissera nesta tertúlia e o que dirá na próxima, a fim de que os professôres de
geografia do interior possam estar ao par do assunto tratado. Prometeu o Dr.
Serra rever as notas tomadas na prel?ente tertúlia e completá-las.
Indagou o Prof. Ari França se nas cartas de tempo do serviço de meteoro-
logia há elementos para o traçado das frentes. Respondeu o conferencista que
os elementos (variações simultâneas de temperatura, umidade e chuva) estão
nas observações e figuram nas cartas.
Antes de passar a palavra ao Prof. Francis Ruellan, o Eng.° Fábio de Ma-
cedo Soares Guimarães cumprimentou os chefes do serviço de meteorologia
da Panair e da Cruzeiro do Sul, que estavam presentes à reunião.
TERT'ú'LIAS OEOORAFICAS, SEMANAIS '15
Tomando a palavra, o Prof. Ruellan disse que quase nada havia a acres-
centar ao que dissera o Dr. Serra, com maito método e clareza, sôbre as frentes.
Tendo o Dr. Serra explicado o problema da migração das massas de ar
frio do pólo para o equador com muita clareza, o Prof. Ruellan pediu-lhe então
para expor na próxima tertúlia dois problemas, muito importantes do ponto de
vista geográfico: i.º) influência da repartição das terras e mares sôbre os
movimentos das massas de ar na América do Sul; 2.º) influência do relêvo
sôbre o tempo regional e local; o problema do papel das monções· na América
do Sul era também importante. São monções diferentes das da Asia, mas não
são menos certas. Seria interessante confrontar as monções do Brasil com as
da Asia.
, O Dr. Adalberto Serra respondeu que trata de tôdas essas questões em
mn trabalho que se encontra no C. N. G .
Em seguida, foi encerrada a sessão.
existente depois da catástrofe que ensangüenta quisas, seguiram para o Estado da Bahia, no
o mundo, e que ceifou a vida de tantos Jovens dia 2 de abr!l, em companhia dos referidos
fortes. Aproveitando a cepa brasileira antiga, geólogos norte-americanos, o coronel João Carlos
especialmente nordestina, facllltando sua loca- Barreto, Dr. Avel!no Inácio de Ol!velra e major
lização, em outros Estados do Brasil, Junto aos M!lton de Lima Araújo, respectivamente, presi-
Imigrantes estrangeiros, promoveremos a fusão dente do Conselho Nacional do Petróleo, diretor
das várias correntes Imigratórias no grande da Divisão Técnica e chefe do Gabinete, bem
cadinho étnico que é o nosso país. Assim, como os Srs. Stanley Gomes, representante da
acharia interessant~ que se realizassem migra- Dr1lllng and Exploratlon Co., Inc. e Armando
ções selecionadas de nordestinos solteiros para. de Almeida, representante da Unlted· Geophy-
outros Estados do Brasil, pondo-os em contacto sical Co.
com as famll!as recém-vindas da Europa, a fim
de que, normalmente, se processasse a assimi- Naquele Estado, deve reunir-se à comitiva
lação do sangue estrangeiro· dentro de um lar o Sr. John Edward Brantley, presidente da
cujo chefe fôsse brasileiro. Desta forma não Dr!lllng and Exploratlon Co., que ali acaba de
haveria perigo de desnacionalização nem de chegar vindo dos Estados Unidos.
quisto étnico.
Um dos aspectos mais Importantes de todo
o problema imigratório, a colonização, é agora
o~rvado pelo Sr. Artur Hehl Neiva: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA
"A obra de colonização deverá, por sua E ESTATtSTICA
vez, acompanhar pari>-passu a !migração prà-
prlamente dita, que é a vinda do estrangeiro. Comissão CensitArla Nacional
Dever-se-á localizá-los convenientemente, não
os deixando Isolados, como ocorreu, por exem- DESIGNADO NOVO MEMBRO - Pelo Sr.
plo, em Santa Catarina durante tanto tempo; Presidente da Repúplica foi assinado no dia
qualquer soma Investida numa boa colonização 16 de março último -qm decreto designando o
dará seguramente um resultado apreciável, não Sr. Oscnr Edivaldo de Pôrto Carreiro, atuárlo
só para o colonizador mas principalmente para do Ministério do Trabalho, Indústria e Comér-
o país facllltando o seu desenvolvimento e o cio, para exercer as funções de membro da
seu surto econômico. Está claro que é preciso Comissão Censltárla Nacional, como represen-
executar e não apenas legJ.slar, mas é a legis- tante do Serviço Atuarial do referido Ministério.
lação que precisamente dá as diretrizes funda-
mentais a serem seguidas na execução, que
delas não pode prescindir, allás, a real!zação
de qualquer !migração em grande escala deverá Conselllo Nacional de Estatística
aguardar ainda o término da guerra e o resta-
belecimento das comunicações Inter-continen-
tais normais, o que demandará tempo. :S:SSe Junta Executiva Central
tempo deve ser por nós aproveitado para nos
prepararmos ativamente no sentido de receber EMPOSSADO O CEL. FREDERICO RON-
Imigrantes e localizá-los, não sàmente p,través DON, NOVO REPRESENTANTE DO MINIS~
de uma legislação adequada que encorpore as RIO DA GUERRA - Em sessão da Junta Exe-
diretrizes da politlca Imigratória e coloniza- cutiva Central do Conselho Nacional de Esta-
dora do país, como ainda para organização das tística, assumiu suas funções de representante
facllldades Indispensáveis de recebimento e en- do Ministério da Guerra naquele órgão dlri~
caminhamento do !migrante até o local de des- gente do Instituto Brasllelro de Geografia e
tino em vários Estados do país, além do pre- Estatística, o coronel Frederico Rondon.
paro adequado dos núcleos coloniais Impres- Ao novo membro da Junta e ao seu ante-
cindíveis." cessor, major José Luís Guedes, foram apre-
"E' programa de largo fôlego, - conclui sentadas saudações de boas vindas e de agra-
o entrevistado - mas que está ocupando In- decimento, respectivamente, pelo secretário
tensamente a atenção dos que a êle se de- geral do Instituto, Sr. M. A. Teixeira de Freitas,
dicam, seja no Conselho de Imigração e Colo- que salientou a Importante colaboração do
nização, seja na ComlsSão de Planejamento Estado Maior do Exército para o melhor apa-
Econômico, seja na Fundação Bras!J Central relhamento da estatística geral bras!lelra.
e em outras entidades interessadas. E estou
certo que, pela ação conjunta de todos os
esforços visando atingir o objetivo comum, iC
resolveremos acertadamente o problema Imi- Conselho Nacional de Geograf!a
gratório no período de post-guerra".
Diretório Central
metrlsta", que doravante serã usado pelo Con- do Conselho o encargo- de efetuar, mediante·
selho com tal acepção; a nomeação do coronel entendimentos com os poderes competentes para
Listas Augusto Rodrigues para membro do a execução dos trabalhos necessários, à conexão
"Comitê de Cartas Aeronãutlcas" tto Instituto das rêdes de triangulação geodésica existentes
Pan-Amer!cano de Geografia e História, a indi- no pais. bem como a sistemática ligação das
cação da professôra Guilhermina Susana Jon- rêdes que futuramente se façam; Resolução essa
cker de Abreu para, sem ônus para o Conselho, aprovada em atendimento à solicitação nesse
realizar estudos sôbre a representação carto- sentido aprovada pelo X Congresso Brasileiro
gráfica das ocorrências subterrâneas, durante de Geografia, cuja iniciativa foi devidamente
a sua próxima estada nos Estados Unidos da ressalta da .
América. Na ordem do dia, foram consideradas Uma segunda Resolução !oi aprovada, Ins-
duas Indicações, encaminhadas pelo X Congres- tituindo uma comissão especial para estudar
so Brasileiro de Geografia: uma, sôbre a cone- as indicações aprovadas pelo X Congresso Bra-
xão das rêdes de triangulação geodésica exis- sileiro e Geografia e pelo mesmo encaminhadas
tentes no pais; e a outra sôbre a regulamen- ao Conselho, no sentido da Regulamentação da
tação da profissão de geógrafo. Ambas as Indi- profissão do geógrafo e da criação da Faculdade
cações tiveram sua discussão prorrogada, para de Geografia e Cartografia.
melhor estudo das matérias que envolvem.
Finalmente, p!IBBou o Diretório ao julga-
Tratou-se, finalmente, do quadro do pessoal mento final do concurso de monografias de
do Oonselho, separadamente da sua "Secretaria aspectos municipais, relativo ao ano de 1943,
Geral" e do seu "Serviço de Geografia e Carto- resolvendo-se, devido ao adiantamento da hora,
grafia", tendo-se aprovado a proposta da Secre- que o assunto seja objeto duma reunião extra-
taria Geral que lhe concedia autorização para ordinária, marcada para o dia 26.
efetuação daqueles quadros.
-tt
EMPOSSADO O CORONEL FREDERICO AU• SESSÃO EXTRAORDINARIA - ESTUDOS
GUSTO RONDON - IV CONGRESSO SUL· SOBRE A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO
RIOGRANDENSE DE GEOGRAFIA E msTóRIA DE GEóGRAFO E SOBRE A CRIAÇÃO DA
- RESOLUÇÃO DISPONDO SOBRE A EXECU- FACULDADE DE GEOGRAFIA E CARTOGRA-
ÇÃO DE TRABALHOS NECESSARIOS A CONE- FIA - CLASSIFICAÇÃO FINAL DO CONCURSO
XÃO DAS RJ:DES DE TRIANGULAÇÃO GEO- DE MONOGRAFIAS DE ASPECTOS MUNICI·
PltSICA EXISTENTES NO P.AíS - INSTITUIDA PAIS - Sob a presidência do coronel Renato
UMA COMISSÃO ESPECIAL PARA ESTUDAR A Barbosa Rodrigues Pereira, delegado técnico do
REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE GEó- Ministério das Relações Exteriores, e com a
GRAFO E CRIAÇÃO DA FACULDADE DE presença da maioria dos seus membros, reali-
GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA - O Diretório zou-se uma reunião extraordinária do Diretório
Central do Conselho Nacional de Geografia, Central do Conselho Nacional de Geografia, no
realizou no dia 19 de março último a sua reu- dia 26 de março último, na sede do Conselho.
nião ordinária relativa à segunda quinzena do Leu-se a ata da reunião anterior, que foi
mês, sob a presidência do Sr. Heitor Bracet, aprovada e, em seguida, no expediente, o se-
presidente em exercfcio do Instituto Brasileiro cretário geral. engenheiro Cristóvão Leite de
de Geografia e Estatistica, com a presença da Castro, deu conhecimento da oferta feita ao
maioria dos seus membros. Conselho pelo engenheiro Martinho Rodrigues
O presidente apresentou ao Diretório o Mourão dos seus préstimos na viagem que fará
tenente-coronel Frederico Augusto Rondon, brevemente a diversos países sul-americanos,
declarando-o empossado como membro titular resolvendo o Diretório que se aceitasse o ofe-
do Diretório, na qualidade de representante do recimento no sentido de serem feitas visitas
Conselho Nacional de Estatlstlca; e, em seguida às instituições congêneres do estrangeiro, às
deu a palavra ao sectetário-geral, engenheiro quais serão endereçadas expressivas mensagens.
Crtstóvão Leite de Castro, que fêz uma sauda- Na ordem do dia, foi discutida a redação
ção, em nome do Diretório, na qual salientou fine.l da Resolução que cria uma comtssf.o
a atuação do Dr. Heitor Bracet como represen- especial para o estudo das indicações aprovada~
tante da Estatistica e focalizou a personalidade pelo X Congresso Brasileiro de Geografia no
do seu substituto o tenente-coronel Frederico sentido da regulamentação da profissão de geó-
Rondon, ressaltando os seus pendores para os grafo e da criação da Faculdade de Geografll\
estudos geográficos. e Cartogre.fla, resolvendo-se que a Comissão
terá cinco membros, dos quais dois represen-
O tenente-coronel Frederico Rondon agra- tantes técnicos dos Ministérios da Educaçã,:> e
deceu a saudação, afirmando o propósito de Saúde e do Tre.balho, Indústria e Comércio, e
bem correspond·er à missão que lhe delegaram que o relatório da Comissão deverá ser elabo-
os pares da Junta Executiva Central do Con- rado no prazo de três meses, contados da data
selho Nacional de Estat!stica; e também o Dr. de sua instalação.
Heitor Bracet expressou agradecimentos pelas
referências que lhe couberam na saudação. Em seguida, foi longamente estudado o
parecer apresentado pelo engenheiro Fábio M.
Iniciando-se o trabalho, foi lida a a.J;a da S. Guimarães, chefe da Secção de Estudos da
reunião anterior, que se aprovou com emendas, repartição central do Conselho, acêrca do clas-
e, em seguida, foi lido o expediente. sificação final das monografias de aspectos mu-
Na hora das indicações e comunicações, di- nicipais, reunidas no concurso anual instituído
versos membros usaram da palavra, salientan- pelo Conselho, relativo ao ano de 1943.
do-se o relatório verbal e preliminar apresen- Foram assim julgadas 54 monografias, que
tado pelo coronel Renato Barbosa Rodrigues vieram dos seguintes Estados 12 de São Paul'.>;
Pereira, que chefiou a delegação do Conselho 9 da Bahia, 8 do Amazonas, 7 de Minas Gerais,
ao IV Congresso Sul-rlograndense de História 7 do Rio de Janeiro, 6 de Pernambuco, 2 de
e Geografia, realizado em fevereiro em Pôrto Sergipe, 1 do Plaui, 1 do Ceará. 1 do Espírito
Alegre, no qual deu ciência da atuação da Santo.
referida delegação. Deixaram de ser consideradas duas mono-
Pa.'!Sando-se à ordem do dia, foi aprovada grafias, por não observarem as disposições do
uma Resolução que atribui à repartição central edital, e foram desclassificadas aquelas que re-
BOLETIM GEOGRAFICO
*
RELAÇÃO DOS MUNIC1PIOS
Distrito Federal
Distrito Federal.
Amazonas São Paulo
Manaus. Itacoatjara. São Paulo. Moji das Cruzes.
Andradlna. Ourinhos.
Pará Araçatuba. Piracicaba.
Araraquara. Piraçununga.
Belém. Igarapé-Açu. Barretos. Presidente Prudente.
Bre.gança. Monte Alegre. Bauru. Rancharia.
Capanema. Santarém. Caçapava. Ribeirão Prêto.
Campinas. Rio Claro.
Maranhão Catanduvas. Rio Prêto.
Franca. Santos.
São Luis. Pedreiras. lge.rapava. São Carlos.
Caxias. São Bento• Itapetlninga, São José dos Ce,mpoe•.
Coroe.tá Jabotlcabal. Sertãozinho.
Jundial. Tatu!.
Plauf Lins. Taubaté.
Picos. Pamaib&. Marllia. Tupã.
Teresina.
Pare.Ili
Ceará
' Curitiba. Jacarêzfnho.
Fortaleza. Crato. Apucarana. Jaguariaiva.
Baturité. Itaplpoca. Cambará. Jataizinho.
Cedro. Senador Pompeu. Are.ucãri&. ·Londrina.
Cratéus. Sobral. Cavlúna. 1 . Paranaguá.
Cornéllo Procópio. Ponta Grossa.
Rio Grande do Norte Cêrro Azul. Rio Azul ..
Guarapuava. RiJ:> Negro.
Natal. Nova Cruz. Iratl. Sertanópolill.
Angicos. Caicó. Joaquim Távora. Venceslau Brú.
Moçoró.
Santa Catarina
Paraiba
Florianópolis. Lajes.
João Pessoa.. Campina Grande. Blumenau. Mafra.
Alagoa Grande. Guarabira. Itajal. POrto União.
Bananeiras. Patos. Joaçaba. Tubarão.
CaJàzeiraa. Jolnvllle.
88 BOLETIM GEOGRAFICO
O Itacuruçá, único navio que permaneceu os limites norte e sul, representados pelas
nos serviços hidrográficos, executou sondagens praias do Galego e Dendê (ao norte) e das Bicas
necessárias a completar a carta 1 500, tendo (ao sul).
sido seu aproveitamento no entanto multo re- 4 - Determlnaçã.o de azimute verdadeiro,
duzido, devido a causas diversas. pollgonação e nivelamento terrestres da referida
Nos meses de janeiro e · fevereiro, foram área.
executados serviços preparatórios de reconhe- 5 - Restituição na escala de 1 :2 000 reali-
cimento, medidas de uma base e de uma trlan- zada no aparelho "aeromultiplex" da área re-
glllação, vinda de ·São Tomé para SW. ferida no Item 3.
Também foi feita a localização rigorosa de
perigos e pedras em tôrno da ilha Santana. 6 - Tomada de vistas com fllme Intra-ver-
Além dos serviços hidrográficos acima espe- melho em diversos pontos da bala de Guana-
cificados foram feitos alguns levantamentos bara e do litoral do Estado do Rio de Janeiro,
topográficos, para atender pedidos da Comissão para experiência de determinação de contornos
de bancos por melo de aerofotogrametrla.
de Tombamentos e Olretorla de Engenharia
Naval. 7 - Restituição de totogramos da collta
Durante o ano foram executados serviços es- norte do Estado do Rio Grande do Norte, para
peciais de determinação de posições e azimu- experiência de determinação das linhas batl-
tes feitos pelo próprio chefe da DN-2, capitão métrlcas por melo da estereofotogrametrla.
de fragata Ar1 dos Santos Rongel. Secção de Construção de Cartas - Tem a
Durante o ano de 1944, foram realizados os seu cargo, desde a seleção das informações até
seguintes trabalhos: a Impressão final das cartas náuticas, além de
executar por suas Instalações outros serviços,
1 - Tomadas de vistas do trecho da costa principalmente os de impressão de publicações
do Estado do Rio de Janeiro, compreendido en- e de fotografia.
tre a cidade de Macaé, e um ponto situado a
10 quilômetros acima da barra do rio Açu, na Ainda em 1944, com reduzidíssimo número
escala de 1 :10 000 nos fotogramas, isto é, a uma de cartógrafos, foram terminadas e publicadas
altura de vôo rui 2 100 métros. as cartas constantes dos quadros que se seguem.
Também foram feitas algumas reproduções
2 - Confecção do mosaico do trecho do ll- fotográficas de cartas estrangeiras, no total de
toral do Estado do Rio de Janeiro, compreen- 15, a saber:
dido entre a cidade de Macaé e um ponto si-
tuado a 10 qullômetros da barra do rio Açu. Inglêsa.s, ns. 297, 540, 889, 890, 891, 1 801,
1 802, 3 286 e 3 326.
3 - Tomada de vistas do trecho da llha do
Governador, compreendido entre a Base Aérea Americanas, ns. 957, 958, 1 238, 1 963, J 96•
do Galeão e o córrego do Jequlá, abrangendo e 5 589.
NOVAS CARTAS
902 .... ······· Pôrto de Recife .................... 1:15 coo 15-3-44 Original desenhado
806 .... ....... Pôrto de Natal (confidencial) ........ 1: 6 500 15-4-44 Gravado em cobre
1102 ........... Pôrto de Salvador ................. 1:20 ()()() 28-f-44 Original desenhado
803 ........... Canal de São Roque (confidencial) .. 1:50 ()()() 28-6-44 Original desenhado
92 BOLETIM OEOORAFICO
NOVAS EDIÇÕES
NOVAS TIRAGENS
Secç4o de Segurança da Navegaç4o - Esta exerceu o Serviço Hidrogrã!lco uma ativa e te-
Secção coligiu, estudou, analisou e disseminou naz propaganda, a !tm de lntrOduzlr êsse salutar
sob a forma de publicações e avisos, as infor- hàbito que reverterà em breve em bene!fcio dos
mações necessàrlas à segurança da navegação próprios navegantes.
ou de seu interêsse geral, além de opinar e
informar sôbre os assuntos que lhe foram cor- O número de informações recebidas foi de
relatos. 484, algumas das quais, no entanto, não pude-
ram ser aproveitadas. :t sempre animador êsse
Em 1944 !oram impressas as seguintes pu- número, que torna patente, embora com peque-
blicações: na variação o maior interêsse dos navegantes
Equipamento Náutica de Salvamento. Equi- pelos assuntos que dizem respeito à seguran-
pamento de Navegação - 1943. ça da própria navegação.
A.cooperação por parte dos navegantes que O quadro abaixo mostra o movimento de
freqüentam a nossa costa, não apresentou ainda Informações recebidas de vàrlas fontes de avisos
o. grau que dela se pOderia esperar, à vista da impressos e de avisos urgentes por meio de rá·
intensidade do tràfego. marítimo, pelo que dio nos últimos anos.
Cartas (totaO.. . . . .. .. . ...... 1 482 219e 2 429 2 393 2 764 4 26l 5 994 5 365
Outras publicações vendidas ........ 276 171 227 364 543 498 454 474
Outras publicações distribuídas .... 2 305 2 837 3 946 3 632 4 883 4 256 4322 4 212
TOTAL ... : ................... 4 063 5 807 6 602 6 389 8190 9 017 10 770 10 051
Instituições particulares
FUNDAÇÃO GETúLIO VARGAS novo edt!iclo do Ministério da Eduéação e Saú·
de. Nessa área devera ser levantada a sede da
Com a 8.181nati.íra, a 20 de dezembro do Fundação, a qual, projetada ·em estilo mOderno,
ano findo, da escritura da Fundação Getúlio deverá constituir em breve tempo, com aquêle
Varga.s, acha-se definitivamente constltu!da a Minllltérlo, um Importante conjunto arquite-
entidade criada pelo Decreto-lei n.ó 6 693, de tônico, representativo do dinamismo da nossa
14 de Julho de 1944. época.
O govêrno baixou, ainda, a 19 do mesmo
Dados os altos objetivos visados por essa mês de dezembro, outro Decreto-lei, sob n.o
Instituição, vem ela. encontrando Irrestrito 7 170 pelo qual fica .a Fundação Getúlio Vargas
à.polo por parte da grande maioria das entidades Isenta ·de todos os impostos da União e da
do país, ai compreemJldos o Govêrno Federal, Prefeitura do Distrito Federal, abrangendo a
governos estaduais, territoriais e municipais, Imunidade todo.s os bens. rendas e serviços
etnprêsas privadas e cidadãos da maia alta da entidade, bem como tõdas as operações em
expressão nas ativldadeia nacionais. que a mesma figure como adq'Uirente ou dona-
Pelo Decreto-lei n.º 7 148, de 13 de dezembro tária e, ainda, as doações, atos, registros e
flndo, o Sr. Presidente da República autor1$>u averbações neces$árlas à sua constituição.
o Prefeito do Distrito Federal a door à Funda- A Comissão encarregada da elaboração dos.
ção Getúlio· Vargas e terreno compreendido estatuto& da Fundação Getúlio Vargaa Indicou
entre a avenida Graça Aranha e as ruas Sant,11 os seguintes nomes para presidente e membros
Luzia, Imprensa e Pedro Lessa, fronteiro ao do Conselho Curador e do Conselho Diretor:
NOTIOIARIO 95
Presidente: Luls Simões Lopes - Conselho politlca de um povo, e o terceiro, eem cuja
curador: Euvaldo Lodl, Arnaldo Gulnle, Manuel solução tornar-se-la impossível a dos primeiros,
J. Ferreira Guimarães, João Alberto Llns de representa o último elo da cadela imensa das
Barros, João Daudt de Oliveira. Roberto C. necessidades nacionais. A seguir, historia os
S!monsen, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, erros passados em nossos quatro séculos de
Samuel Ribeiro, Valentim F. Bouças, Henri- história, faz um perfil de nossa extensão ter-
que de Toledo Dodsworth, Ar! Frederico TOrres, ritorial, para afirmar a grande necessidade de
Jorge Filipe Kafuri, Murllo Braga de Carvalho, desenvolver, cada vez mais, nossos meios de
Fábio da Silva Prado, Herbert Moses, João comunicações, com â construção de estradas de
Marques dos Reis, Marcos Carneiro de Men- rodagem, de preferência auto-estradas, a par de
donça, Napoleão Alencastro · Guimarães, Moacir estradas de ferro, indispensáveis ao transporte
Veloso Cardoso de OUvetra, Plinio Reis de em massa e mo.5trou como era aconselhável
Cantanhede e Almeida, Júlio Barros Barreto. fazer o govêrno emissões necessárias à realiza-
Conselho Diretor: Vice-presidente - João ção dêsse cometimento.
Carlos Vidal. Seguiu-se com a palavra o Sr. Portela de
. Vogais: Guilherme Gulnle, Eugênio Gudln, Azevedo que dissertou sôbre o tema O máximo
Lino Leal de Sá Pereira. problema naeional - instruçllo - e a sua solu-
çlio pelo Presidente Vargas.
Suplentes: José Carneiro Filipe, Mário Au-
gusto Teixeira de Freitas, Rubens POrto. Debatendo as conferências pronunciadas,
falaram os Srs. Benjamim Vieira e Himalaia
Na qualidade de presidente da Fundação e Vlrgollno, que teceram comentários sObre vários
e de acõrdo com os respectivos Estatutos, o Sr. temas esboçados nos trabalhos proferidos, fa-
Luls Simões Lopes é também o presidente do zendo a sua critica e apresentando os melhores
Conselho Diretor. , meios para sua solução. Ambos os oradores con-
Mais de 300 entidades oficiais, privadas e gratularam-se com os conferencistas pelos tra-
particulares subscreveram, as listas de doações balhos apresentados.
da Fundação, a qual já conta com um fundo Encerrando a sessão, o Sr. Pedro Vergara
patrimonial de cêrca de 140 milhões de cruzeiros. agradeceu aos oradores a valiosa contribuição
que deram à obra que o Instituto vem rea-
lizando.
Em continuação, o presidente leu o balan- barão do Rio Branco o grande vulto nacional
cete do diretor-tesoureiro, que transmitia a e que foi presidente de honra da Sociedade de
Caixa da Sociedade ao novo tesoureiro da Socie- Geografia, homenagem que será prestada atra-
dade, capitão de fragata Lula Alves de Oliveira vés da publicação especial de um número da
Belo. Revista da Sociedade dedicado exclusivamente
à atividade do barão do Rio Branco-geógrafo.
O presidente deu a palavra ao Sr. Taclano Terminando seu discurso, o Sr. ministro Fon-
Acióll Monteiro que pronunc1ou o discurso seca Hermes propôs constasse em ata um voto
alusivo à data de 2l!i de fevereiro de 1883, que de louvor e gratidão à Diretoria cujo mandato
marca a fundação da Sociedade de Geografia acabava de terminar.
nesta capital. O orador rememorou os vultos
da Casa de Paranaguá que há. 62 anos lançaram Foi aprovado unãnlmemente.
os fundamentos dêsse sodaliclo.
O Sr. almirante Raúl Tavares em seguida O Sr. almirante Raúl Tavares agradeceu em
leu a relação dos membros que constituem a seu nome e no da Diretoria que presidira as
nova Diretoria da Sociedade eleitos na Assem- bondosas referências do orador.
bléia Geral de 21 de dezembro de 1944 e que O Sr. ministro Fonseca Hermes salientou
regerão os destinos da Sociedade de Geografia a cordialidade existente e aproveitou o momento
do Rio de Janeiro no período correspondente a para fazer uma comunicação a respeito da
25 de fevereiro de 1945 - 25 de fevereiro de 1947 brllhante solução dada ao secular litlglo de
de acôrdo com os atuais estatutos, declarando fronteiras entre o Peru e o Equador pela me-
os mesmos empossados. diação do Brasil por intermédio do comandante
O Sr. ministro Raúl Tavares saudou em Brás Dias de Aguiar, vitória essa que também
seguida a novel administração com palavras de diz respeito à Sociedade da qual o comandante
entusiasmo, desejando à mesma as maiores Aguiar é destacado membro, e que não podia
felicidades na execução da árdua tarefa de deixar que passasse em silêncio acontecimento
elevar cada vez mais o patrimônio cultural, tão solene pelo qual aproveitava para propor
moral e cientifico da Sociedade de Geografia o seguinte: a) registrar em ata o aprazimento
do Rio de Janeiro, que terá dias de maior da Sociedade pela solução pacfflca da questão
esplendor sob a sábia direção dos novos recém- de limites entre o Peru e o Equador; b) oficiar
eleitos, cuja estrutura moral e intelectual cons- ao nosso ministro do Ex~rlor transmitindo as
titui uma garantia para o porvir da tradi- congratulações da Sociedade pela fellz inter-
cional Sociedade cuja suprema flnalldade é venção da nossa diplomacia; c) telegrafar ao
contribuir para a elevação da cultura e da comandante Brás de Aguiar felicitando-o pelo
ciência nacionais. seu triunfo; d) oficiar aos ministros do Peru
e do Equador nesta capital comunicando estas
. Antes de transmitir a mesa à nova Diretoria resoluções da Sociedade.
o Sr. mlnl&tro Raúl Tavares deu a palavra ao
Sr. Aristeu Portugal Neves, que pronunciou Estas propostas !Oram unânlmemente apro-
uma ode de louvor aos vultos da Sociedade vadas com um aditamento proposto pelo Dr.
em comemoração do 62.º aniversário da fun- João Ribeiro Mendes para que a Sociedade
dação. organizasse oportunamente uma sessão especial
de congraçamento em homenagem ao Peru e
O Sr. Ra.pôso Tsvares, propôs que fôsse Equador e ao comandante Brás de Aguiar.
lançado em ata um voto de grande louvor ao
Sr. ministro almirante Raúl Tavares pela forma Nada mais havendo a tratar o' Sr. ministro
brllhante por que durante quatro anos dirigiu João Severlano da Fonseca Hermes deu por
os destinos da Sociedade, proposta que foi unã- encerrada a sessão que foi levantada sob aplau-
nlmamente aprovada por aclamação. sos g~rals dos presentes.
O Sr. almirante Raúl Tavares agradeceu a
homenagem e propôs em seguida um voto de
louvor e agradecimento ao Dr. Alberto Couto
*
PRIMEmA SESSAO ORDINARIA DA DIRE-
Fernandes, diretor-tesoureiro da Sociedade que TORIA E DO CONSELHO DmETOR - Reali-
pelo espaço de 31 anos, e que, graças à sua zou-se na Sociedade de Geografia do Rio de
operosidade e eficiência deixava a situação fi- Janeiro, sob a presidência do ministro João Se-
nanceira da Sociedade em perfeita condição verlano da Fonseca Hermes Jr. 1.0 vice- presi-
de equll!brio, sem nenhum ônus. dente da Sociedade, a primeira sessão ordinária
O Sr. almirante Raúl Tavares e os demais da Diretoria e do Conselho Diretor do corrente
membros da mesa convidaram os membros da ano. Após a leitura da ata da sessão anterior
nova Diretoria eleita a tomarem assento à e da unânime aprovação da mesma, o secre-
mesa diretora dos trabalhos. tário-geral Sr. Mário Rodrigues de sousa pro-
cedeu à leitura do expediente, que constou
A nova Diretoria eleita tomou posse solene como de costume de cartas, oflclos. e telegramas
sob a presidência do Sr. ministro João Seve- recebidos, destacando-se os ofícios do Ministério
riano da Fonseca Hermes Júnior, 1.0 vice-pre- do Exterior, da Embaixada do Peru e do Equador
sidente eleito, que acompanhado pelos Srs. nos quais agradeciam as resoluções aprovadas
almirante Jorge Dodsworth Martins, 2. 0 vice- na Assembléia Geral da Sociedade de Geografll\
presidente Dr. Everardo Backheuser, 3. 0 vice- do Rio de Janeiro, com referência à magnífica
presidente; Dr. Mário Rodrigues de Sousa, se- solução dada à delicada questão de fronteiras
cretário-geral, tenente-coronel Frederico Au- entre o Peru e Equador. Em continuação o
gusto Rondon declararam aberta a sessão Inau- presidente deu conhecimento aos presentes da
gural dos trabalhos da nova administração da comunicação do tenente-coronel Frederico Au-
Sociedade. gusto Rondon com referência ao centenário da
O presldent~ da sessão ministro J. S. da pacificação da famí!ia braslleira comemorado
Fonseca Hermes Jr., deu Inicio à mesma fa- em Pôrto Alegre na semana passada e que teve
zendo um longo discurso no qual Justificou a encimá-la a figura Insigne de Luls Alves de
Inicialmente a ausência do Sr. embaixador Lima e Silva, marechal duque de Caxias. Após
José Carlos de Macedo Soares que, por motivo a discussão das propostas apresentadas na
Justo não pôde comparecer, prosseguindo, o Sr. comunicação do tenente-coronel Frederico Ron-
ministro Fonseca Hermes traçou em rápidas don, o ministro J. s. da Fonseca Hermes
linhas o programa a ser seguido pela nova ad- entregou à biblioteca da Sociedade o ll'O'ro do
ministração que terá como reallzação Inicial tenente-coronel Frederico Rondon, intltulado
uma homenagem especial à figura insigne do UaupéB. Durante a discussão das propostas
NOTICIARIO 97
apresentadas na comunicação anterior verifi- zado pela Sociedade no qual serão divulgados os
caram-se magnificas exposições sôbre os vultos mais recentes dados estatistlcos acêrca da de-
históricos nacionais como José Bonifácio e Rio mografia nacional. Sugeriu ainda a. organização
Branco, exposições feitas pelos S\·s. coronel de um curso especializado de geografia geral
Francisco Jaguaribe de Matos e ministro J. S. simplificado para inspetores de ensino secun-
Fonseca Hermes, tomando parte nessa palestra dário, curso êsse que seria dado com o auxilio
cultural os Srs. general Artur Pinheiro da Silva do Conselho Nacional de Geografia e que bre-
o coronel Luís M. Fournier, Sr. Taciano Aclóli vemente êsse curso seria ampliado no sentido
Monteiro e o Sr. João Ribeiro Mendes. Em se- de organizar-se um curso especializado para
guida foram aprovadas as propostas de inscri- professôres de geografia. Essas sugestões !oram
ção de novos sócios e o presidente Justlflcou plenamente aprqvadas.
a ausência dos Srs. embaixador José Carlos de .o ministro J. S. da Fonseca Hermes propôs
Macedo Soares almirante Raúl Tavares e Sr. que fôsse consignado em ata um voto de con-
Carlos Domingues. Nada mais havendo a tratar
o ministro João Severlano da Fonseca Hermes gratulações com o confrade Eng.o Christovam
agradeceu o comparecimento dos presentes e Leite de Castro, secretário-geral do Conselho
deu a sessão por encerrada. Nacional de Geografia. pelo cargo em que foi
investido na presidência da Comissão Pan·
Americana de Geografia e Cartografia. :@:sse voto
*
SESSÃO EXTRAORDINARIA DA DIRETO-
!oi aprovado unãnimemente. Vádas sugestões
foram apresentadas nessa ocasião pe!.,.. Srs. Dr.
Herbert Canabarro Reichardt, Paulo Pire,, Bran-
RIA E DO CONSELHO DIRETOR - Realizou-se dão e comandante Oliveira Belo. O embaixzvi.or
sob a presidência do embaixador José Carlos José Carlos de Macedo Soares submeteu à apre-
de Macedo Soares a reunião extraordinária da ciação dos. presentes cinco croquis do projeto
Diretoria da Sociedade de Geografia do Rio da capa do Ex-Li!:iris ela Sociedade, 11e11do
de Janeiro. Aberta a sessão, o embaixador aprovados dois, cujos desenhos serão lavrados.
José Carlos de Macedo Soares, expressou sua
profunda satisfação por presidir pela pri- Durante a sessão foram lidos o telegrama
meira vez uma sessão da tradicional Instituição. recebido pela Sociedade no qual o Sr. general
O Sr. presideii.te·deslgnou o secretário geral Sr. Cândido Mariano da Silva Rondon se congra-
Mário Rodrigues de Sousa para ler a ata da tulava com a mesma pela iniciativa de home-
última sessão ordinária da Diretoria. Submetida nagear a diplomacia nacional pelo brilhante
à aprovação do Conselho Diretor a mesma foi triunfo alcançado na solução da secular questão
aprovada depois de .ter sido lavrada uma emenda de limites entre o Peru e o Equador, bem como
acêrca das Indicações propostas pelo tenente- o telegrama a êsse general. assinado pelo
coronel Frederico Augusto Rondou, con,torme l.º vice-presidente .da Sociedade, ministro J. S.
solicitação do ministro Joiíc Severlano da Fon- da Fonseca Hermes.
seca Hermes Jr. l.º vice-presidente da Sociedade. Após a resolução de mais alguns assuntos
Seguiu-se a leitura do expediente. Após o de ordem administrativa, o presidente, embai-
despacho do mesmo, o Sr. presidente deu a xador José Carlos de Macedo Soares agradeceu
palavra ao comandante Lu!s Alves de Oliveira o comparecimento dos presentes e deu por eh·
Belo que, após breve ausência do âmbito da cerrada a sessão.
Sociedade, por ter participado do congresso
histórico-geográfico riograndense comemorativo
do Centenário Farroupilha, voltava à Sociedade *•
para tomar posse das suas funções de diretor- UNIVERSIDADE DO AR
tesoureiro.
o comandante Oliveira Belo fêz uma longa TRABALHOS PROPOSTOS AOS ALUNOS
comunicação a respeito dos trabalhos efetua- PARA FINS DE CONCESSÃO DO CERTIFICADO
dos naquele certame cientifico enaltecendo a DE APROVEITAMENTO - Terminou no dia
organ!Zação do mesmo e o valor das teses apre- 30 de março último, o prazo para a entrega dos
sentadas. O comandant·e Belo sallentou a Idéia trabalhos propostos aos alunos da Universidade
levantada no aludido congresso para que fôsse do Ar no ano letivo de 1944 para fins de con-
organizado futuramente um certame ibero-ame- cessão do certificado de aproveitamento. :@:stes
ricano de geografia e história, havendo nesse trabalhos deverão ser acompanhados da indi-
momento um aparte do ministro J, S. da cação das fontes bibliográficas a que recorreu
Fonseca Hermes, que lembrou ter sugerido o o autor, tanto da sua biblioteca particular como
mesmo por ocasião do IX Congresso Brasileiro do estabelecimento em que leciona ou das
de Geografia reallzado em Florianópolis em bibliotecas públicas da localidade em que
1940 quando propôs que fôsse realizado um reside.
magno certame ibero-americano comemorativo O programa dos trabalhos para a conclusão
do bl-centenárlo da assinatura do tratado de do Curso de Geografia Geral !o! organizalo pelo
Madrl 1750-1950. Prof. José Vérísslmo da Costa Pereira, do Colé·
Em prosseguimento, o Sr. João Ribeiro glo Pedro II. Os candidatos deverão compor um
Mendes fêz nova comunicação sôbre a obra do trabalho - em forma de tese - contendo res-
geógrafo brasileiro do século XVIII Alexandre postas obrigatórias para cada uma das seguintes
Rodrigues Ferreira. Ao terminar sua comuni· perguntas, na ordem ou não, em que vão
cação, o Sr. João Ribeiro Mendes propôs que dispostas:
fôsse inserido em ato um voto de congratulações 1) Por que é a Geografia ciência da atua-
com o embaixador José Carlos de Macedo Soa- lidade posta ao serviço do homem ?
res, que •pela primeira vez no cargo de pre- 2) Por que é a Geografia, matéria básica
sidente aa Sociedade de Geografia do Rio de na escola e impresclndivel nas universidades ?
Janeiro, des<le sua posse em fevereiro do cor-
rente ano, presidia a uma reunião da Diretoria .. 3) Por que deve a Investigação geográfica
ser desenvolvida ao máximo em nosl!O pais?
O Sr. presidente propôs uma série de medi-
das de ordem administrativa de grande lnte- 4) Por que é a Geografia ciência· viva, sin-
rêsse para o futuro da Sociedade, bem como tética e original ? .
a resolução de vários assuntos com referência 5) Como deve ser realizada a tnvestl,gaçãó
ao cadastro social e ao arquivo da Sociedade. O geográfica no campo ?
embaixador José Carlos de Macedo Soares suge- 6) Como deve ser feita a síntese poster!<;>!
riu a Impressão de um memorandum organ!- no gabinete ? l
BOLETIM GEOGBAFICO
7) Qual a orientação dos estudos geogrã- 11) Obteve algum proveito nos cursos da
flcos modernos ? Universidade do Ar ?
8) Que Julga. necelllf!á;rlo ser !eito pelo 12) Quais foram êsses proveitos?
Govêrno e pelas lnst!tu!Ções competentes para 13) Pode apresentar nomes de instituições
que o ensino da Geografia no Bras.11 possa ser cientificas que lhe têm, desta ou daquela
rea!mente útll ao pais ? maneira, sido úteis à sua preparação cien-
9) Qual o lado de sua cultura geogrâfica
que julga deficiente e que gostaria que fõsse tifica ?
feito, em seu favor, para melhorar essa cultura 14) Que revista cientifica costuma ler ?
10) Que falhas encontrou nos cursos de
Geografia da Universidade do Ar e o que lhe 15) Que dif!culdade tem encontrado no
ocorre como sugestões para s()r feito nos pró- ensino da Geografia, nos cursos ginasial e
ximos anos letivos? colegial ?
Certames
cONFERll:NCIA TltCNICO-ECONôMICA INTER- Tendo-se concluído os arranjos para a assls-
AMERICANA tência cooperativa dos Estados Unidos, !n!c!a·
ram-se os trabalhos da Rodovia Pan-Americana
Foi apresentada para estudo, perante a em 1930.
Conferência Técnico-Econômica Inter-America- Atualmente, menos de 800 milhas do sistema
na, a reunir-se em Washington em junho, a rodov!ãr!o de 14 000 m!lhas continuam intrans-
criação de uma junta permanente inter-ame poníveis, exceto no Panamã Oriental onde não
r!cana constituida de especialistas em trans- se projetou ainda rodovia alguma.
portes.
A presente guerra tem promovido dif!culda•
A proposta foi transformada em resolução des de transportes multo maiores, as quais
pela Conferência Inter-Americana sõbre Pro- têm contrlbu!do para a escassez de mantimentos
blemas de Guerra e da Paz, recentemente encer- e inflação dos preços em multas repúblicas
rada na capital do México. americanas, acentuando-se assim a necessidade
Recomenda-se nesse documento a constitui- de melhores e mais bem coordenados serviços
ção de um grupo de técnicos especlallstas para de transportes no Hemisfério. ·
coordenar os transportes inter-americanos, sob
a direção do Conselho Econômico 1 e Social da
União Pan-Amer!cana.
Esta ação, empreendida pelos delegados à 1 CONGRESSO ANUAL l>A ASSOCIAÇ!lO BRA·
Conferência do México, dã novo !mpeto ao cres- SILEIRA l>E METAIS
cente movimento por todo o Hemisfério, no sen-
tido de maior desenvolvimento e melhor inte- Está marcada para o período de 14 a 19
gração dos sistemas de transportes inter-ame- de maio a real!zação do I Congresso Anual da
ricanos. Associação Bras!le!ra de Metais, sendo que seu
inicio se dara em São Paulo e encerramento
Antes da Conferência do México, a Junta em Volta Redonda.
de Defesa Inter-Americana comunicou que apre-
sentara aos governos das repúbllcas americanas Foi organizado o seguinte programa:
uma resolução preconizando a criação de uma
entidade inter-americana permanente de trans- 14 de mato (2.• feira) : Reunião preliminar
portes, destinada a coordenar as atividades das para organização das comissões. - Aber-
agências e congressos de transportes inter- tura do Congresso - Reunião para discussão
americanos. de trabalhos. - I Conferência Anual.
O melhoramento, extensão e ligação de
tôdas as espécies de transportes, a fim de as- 15 de maio (3.ª feira): Visita a uma indústria
segurar serviços seguros, adequados e eficientes, metalúrgica ei:n São Paulo. - Reunião para
a preços razoãve!s, são coisas consideradas "es- discussão de trabalhos. - Conferência sõbre
senciais para realização de sadios planos de tema cientifico. - Discussão aberta sõbre
progresso econômico e para a elevação dos níveis fornos életr!cos (Comissão Técnica de For-
da vida dos povos americanos" assinala a re- nos Elétricos).
solução aditada na Conferência de Chapultepec.
16 de maio (4.ª feira): Visita a uma indústria.
De hã muito que se reconhece a importân- metalúrgica em São Paulo. - Reunião para
cia óbvia de melhor sistema de transportes discussão de trabalhos. - II Conferência
para as Américas. O melhoramento das linhas Anual.
de transportes tem sido estudado virtualmente
por tõdas as reuniões ou conferências Inter- 17 de ma!o (5.ª !eira): Partida de São Paulo
americanas, desde a I Conferência Pan-Amer!- para Volta Redonda.
cana, em Washington, no ano de 1889.
A necessidade do melhoramento e da coorde- 18 de maio (6.ª !eira): Visita à Ustnà Siderúr-
nação dos transportes inter-americano~ foi gica. - Discussão aberta sõbre altos-fomos
acentuada pela Guerra Mundial, e como re- (Conjuntamente pelas Comissões Técnicas
sultado, foi proposto o grande sistema da Rodo- de Administração e Economia da Indústria
via Pan-Americana, de 14 000 milhas de per- Siderúrgica e de altos fornos).
curso, desde a fronteira dos Estados Unidos,
na V Conferência Pan-Amer!cana, em Santiago 19 de maio (sábado): última reunião para
do Ch!le, em 1923. No ano seguinte, formou-se discussão de trabalhos. - Encerramento
a Conferência de Rodovia Pan-Amerlcana, des- do Congresso. - Banquete comemorativo -
tinada a incrementar êste projeto do Hemisfério. Embarque para São Paulo.
NOTICIARIO 99
Tõdas essas teses foram aprovadas e, como o mais breve posslvel, os estudos necessários
tal, julgadas dignas de figurar nos Anais ou para conhecimento da revolução de 1835 pelos
nas páginas da Revista. seus aspectos de geografia e cartografia de
acôrdo com o desenvolvimento moderno dessas
Também foram apresentadas várias moções, ciências, devendo ser solicitada, do Conselho
dentre as quais 3 pela representação do Insti- Nacional de Geografia a cooperaçlío técnica
tuto Brasileiro de Geografia e Estatist!ca, cóns- necessária a êsses estudos; e finalmente, uma
tituida dos Srs. Renato Barbosa Rodrigues para que o IV Congresso manifeste a sua
Pereira Virgll!o Correia Filho e Jorge Zarur: admiração e o seu reconhecimento à mulher
uma pàra que seja apresentada em tempo opor- farroupilha que em época subseqüente tanto
tuno uma sintese de subsídios para a história. 11 ustrou a terra na tal.
do farroupilhlsmo; outra, para que fôsse cons-
tituida uma comissão para efetuar e apresentar Tôdas essas moções foram aprovadas.
Unidades Federadas
ALAGOAS ESPíRITO SANTO
Instituto Histórico DOADAS A COMPANHIA VALE DO RIO
DOCE, AREAS DE TERRAS NECESSARIAS A
TRI-CENTENARIO DE PENEDO E PORTO PASSAGEM DE NOVA LINHA FERROVIARIA
CALVO - O Instituto Histórico, em cooperação NOS MUNICíPIOS DE IBIRAÇU E COLATINA
com o govêrno do Estado, comemorará em - A Comissão de Estudos dos Negócios Esta-
setembro próximo, o trl-centenárlo da restaura- duais, em recente sesslío, opinou unânlmemente
ção de Penedo e Pôrto Calvo, com um programa pela aprovação do pedido de autorização feita
condigno, destacando-se o concurso para edição pela lnterventoria federal no Estado do Espirita
de um livro sõbre a história de Alagoas na época Santo, para que o Estado possa doar à Com-
holandesa. panhia Vale do Rio Doce S. A., áreas de terras
necessárias à passagem de nova linha ferroviá-
ria, nos munlciplos de Ibiraçu e Colatlna.
colegas a esclarecer o fato de modo a afastar Diretório, auxilie o novo município em seus
qualquer dúvida a respeito. A seguir, por pro· d!f!cels problemas sanitários. Há, então, tro·
posta de Eurípides Vale, o presidente designa o ca de Impressões entre o prefeito visitante ·8
consócio Sr. Cícero Morais para substituir o Sr. e. Sr. Mário Mendes, sôbre o assunto.
Antônio Ataíde, na Comissão de. História. O . Sr. p'resldente. \'Oltando a falar, in-
forma à casa que outro assunto que va1 me-
iC recer 1Dterêsse especial é o do estabelechnento
dos perímetros urbanos e suburbanos das no·
MINAS GERAIS vas sedes. O Sr. Eduardo Schm!dt presta al·
guns esclarecimentos sôbre o problema, lnfor·
Diretório Regional do Conselho Nacional de mando sôbre o critério a ser adotado. O Sr.
Geografia prefeito de Maptena também faz uns escla·
rec!mentos sôbre o modo por que tem encarado
CRIAÇÃO DOS DIRETÓRIOS REGIONAIS essa questão em seu município.
DE GEOGRAFIA DOS NOVOS MUNIC:tPIOS -
DISTRlBUIÇAO DE TRABALHOS PARA AS O Sr. Qulntlno dos Santos passa a falar
TURMAS DE CAMPO - O PROBLEMA IMI· a respeito do concurso de monografias. Aten-
GRATóRIO - Sob a presidência do Sr. Bene- dendo aos prazos estabelecidos, nomeou uma
dito Quintino dos Santos, realizou-se no dia lll comissão que foi composta dos Drs. Valdemar
de março último a 54.ª reunião do Diretório Lobato, Eduardo Schmldt Monteiro de Castro
e José de O!lvelra Duarte, para exame e clas-
Regional do C.N.G.
Aberta a sessão, o Sr. presidente mandou
que fôsse feita a leitura da ata da sessão ante·
rior, que é posta em discussão e aprovada sem
sificação das monografias, ad referendum do
Diretório. •
Foi lido o parecer e o expediente feito,
.
ai terações . que o Sr. presidente põe em discussão. O Sr.
Eduardo Schmidt esclarece que o parecer está
Do expediente constou um oficio do Dr. Cf- um ,tanto resumido, de vez que as monogra-
cero Morais, secretário do Diretório Regional do fias sempre versam assunto multo regional
EtÇ>frito Santo, encaminhando a publicação sendo assim, necessário êsse critério no estu~
Divisão Territorial, Administrativa e Judiciária do e classificação dêsses trabalhos. O Sr. Hll·
daquele Estado; oficio do Sr. secretário geral debrando Clark propõe que o ·Parecer da co-
do C.N.G., enviando a súmula da reunião do mi.ssão seja aprovado sem modificações. O Sr.
Diretório Central, realizada no dia 5 de feve- presidente põe em votação a proposta, que fol
reiro; telegrama do mesmo secretário consul- aprovada por unanimidade. A comissão não
tando sôbre qual a lei que havia alterado a votou. Aprovada, assim, a classificação feita,
divisão judiciária do Estado, bem como pedin· recebendo a Resolução o número 21.
do a remessa de exemplar dessa lei; ofício·
circular ainda do c. N. G. , pedindo uma relação CoMtando da ordem do dia os trabalhos
dos nomes dos ocupantes e dos cargos da ad- da Carta do Estado na escala, 1: 100 000, declara o
mlnlstra,ção do Estado, para pub!lcação no Bo- Sr. Qu!ntlno dos Santos iniciada a campanha
letim Geográfico; ofício do C. N , G., encami- dêste ano, passando a fazer a leitura da dia·
nhando súmulas das reuniões do Diretório Cen- trlbuição dos diversos trabalhos. Dá conhe·
tral dos dias 3 e 18 de janeiro; oficio do Dr. cimento, assim, dos planos aprovados, come-
Dermeval Pimenta agradecendo o voto de con- çando por ler o da Dl'Visáo de Astronomia e
gratulações aprovado em sessão passada pelo Geodésla. Depois de esplanada o desenvol·
alcance de sua conferência a propósito da evo- vlmento dos trabalhos a cargo da Divisão de
lução das estradas no Estado e seu p.lano Astronomia, passa a ler o plano aprovado para
rodoviário; radlograma do chefe do gabinete a Divisão de Topografia e Cadastro. Pelo pia·
do Sr. governador, agradecendo voto de con- no aprovado, acham-se dêste modo distribui·
gratulações do Diretório; carta do Sr. Hilde- das as turmas de campo:
brando Clark, agradecendo as fel!cltações envia., 1 - Triangulador Mário Coelho de Car·
das por motivo do aniversário de criação do De- valho - Esta turma ficou encarregada de
partamento Estadual de Estatística; ofício da ligar a nosss. rêde geodésica até a fronteira de
Secretaria-Geral do C.N.G., acusando recebimen- São Paulo, Interessando as !Olhas de Ib!racl e
to de processo referente à representação felt:l Sacramento. Essas fôlhas compreendem uma
por moradores em região fronteiriça com o E."- zona de chapadões extensos que dificultam o
. tado do Rio; oficio da. mesma 'secretaria, acusan- desenvolvimento da rêde, com a c!rcunstân·
do recebimento da ata da sessão de 16 de de- cia desfavorável de ser necessário detalhar me-
zembro findo, dêste Diretório; telegramas e ofí- lhor os pontos da fronteira.
cios a propósito do anexo 2 da Lei n. 0 1 058;
telegramas .e oficias do C.N.G., a propósito 2 - Triangulador Xenofonte Renault c1o
das monografias de aspectos municipais apre- Lima - :ll:ste engenheiro foi encarregado o.o
sentadas a concurso lnst!tuido pelo Conselho. ' completar a fixação das fôlhas de Campos AI·
tos e São Gotardo, fazendo, ao mesmo tempo,
Né. ordem do dia, o Sr. presidente se con· o enchimento dos claros da rêde geodésica
gratula com a presença do Sr. José Fernand!'S nestas duas !Olhas, até os sinais de Santinho
Filho, prefeito de Mantena, e do comerciante e Três Morros. Completados êsses trabalhos, o
da mesma cidade, Sr. Valdlr Pereira da Silva, triangulador deverá orientar a sua turma para
ambos grandes amigos do Departamento. Refe- fixação da !Olha de Dores do Indalá.
re-se o Sr. Qulntlno dos Santos à criação dos
Diretórios Mm•:clpals de Geografia dos novos 3 - Triangulador Benedito de Ca~lho
municípios, ~ssunto regulado por Resoluções Santos - :ll:ste triangulador deverá ter por ob-
baixadas pela assembléia geral e pelo Diretó- jetivo a fixação da fôlha de Morro do Pilar
rio Central do C.N.G. e, nesta oportunidade, e estudar a possibilidade de fechar o pequeno
passa às mãos do Sr. prefeito de Mantena o claro de triangulação entre o sinal de Mutuca
expediente organizado, sôbre o caso, pela Se- e Santo Antônio. Essa tarefa não é grànde, e
cretaria do Diretório Regional. Também nesta o triangulador poderá fàc!lmente atingir o ob·
ocasião, e como uma homenagem especial a jet!vo bem antes de terminar a campanha.
Mantena, o Sr. presidente mandou organizar Foi-lhe então, confiada também a tarefa de
várias cópias da carta topográfica do munici· fixação da fõlha de Bald!m.
pio, que no momento entrega ao Sr. prefeito de 4 - Triangulador Ataliba Sales - A tur-
Mantena. Pede, ainda, o Sr. Quintino dos San- ma dêste triangulador está · com a 1Dcumbên·
tos que o Sr. Mário Mendes Campos, membro do cla de fazer a fixação dos pontos Sf!Cundá·
102 BOLETIM GEOGRAFICO
rios · das fôlhas de Itab!ra, Antônio Dias e slgnado pelo Sr. governador, aflm de repre•
Ferros. A determinação dêsses pontos deverá sentar o nosso Estado. Faz uma longa expo-
ser completada fàcllmente na temporada de sição sôbre as reuniões da Secção Especial da
campo de 1945. qual é presidente o engenheiro Henriqu.e Dó·
5 - Triangulador Heldomlro Fonseca - ria de Vasconcelos, diretor do Departamento
Esta turma está encarregada d~ fixação dr.;. Nacional de Imigração, referindo-se ao espe·
fôlha de Caratinga, na parte que !alta com- cial interêsse dos governos federal e estadua!S
pletar tendo o mesmo obJet!vo com relação à sôbre êsse magno problema, que está sendo
fôlha de Tarumi:lm. considerado com prioridade, e resumiu os pon-
tos de vista do memorial mineiro, feito após
Para auxiliar a fixação de pontos onde cuidadosos estudos em -colaboração com o Sr.
se tornou impraticável a triangulação, devido secretário da Agricultura, Sr. Lucas Lopes e
às matas virgens, em longas extensões de bai· Sr. Sebastião Vlrgil!o Ferreira, chefe do De-
xadas, nas proximidades do Parque Florestal, partamento de Terras, Matas e Colonização.
serão feitas poligonais estadimétrlcas apoia- Aludiu ao amplo estudo do problema, abor•
das nos pontos geOdésicos pelo auxiliar Cícero dando os aspectos étnico, social, econômico e
Brandão. :tl'lcarão também amarrados a pon- demográfico. Examinou o problema em re-
tos fixos da Carta os levantamentos realizados lação ao amparo especial que deve ser dado ao
à margem do rio Piracicaba para localização trabalhador nacional que, convenientemente
de usinas siderúrgicas. assistido e dirigido, constitui um fator eco-
Topografia - Os trabalhos de levantamen· nômico de grande importância, salientando a
tos expeditos, apoiados nos pontos de l.•, 2.• justiça que· representa êste amparo, que de
e 3.ª ordem da rêde geodésica, ficaram dis- forma alguma deve ser inferior ao recebido
tribuídos da seguinte maneira: Fôlha de Are.- pelo colono estrangeiro. Mostrou a grande lm·
xá - Esta fôlha ficou a cargo das turmas portância ·do Incentivo às correntes !migra-
chefie.das pelos topógrafos Orestes Gomes tórias para Minas, mediante cuidadosos e ri•
Arouca e Humberto Lara Dona.gema. Fôlha gorosos trabalhos de seleção preferindo-se co-
de Morro do Pilar. - Iniciados os trabalhos lonos europeus, de raça latina, especialmen-
de levantamento da fôlha do Morro do Pilar te italianos, sem exceção de outros de raça
pelo topógrafo Interino Cícero Rabelo de Vas- branca convenientemente selecionados, e en•
concelos, na temporada de campo de 1944, fi· caminhados, conforme suas aptidões, para a
carão, nesta campanha, êsses trabalhos a car- lavoura, a Indústria e trabalhos urbanos, aten-
go do mesmo topógrafo e do auxiliar José Dias dendo, assim, às necessidades prementes de
Coelho. Fôlha de Pompeu - Esta fôlha con- mão de obra em todos os ramos de atividade.
tinuará a cargo da turma de campo do topó- Referiu-se à fundação de núcleos colon!a!S
grafo Newton Henriques da Silva. Fôlha de após cuidadosos trabalhos de levantamentos
Ferros - o auxiliar Sebastião .Aguiar Ribeiro topográficos e estudos econômicos, para loca-
continuará fazendo os trabalhos de levanta- lização de tais núcleos em terrenos já tndl•
mento da tôlha de Ferros. cados pela comissão designada pelo Sr. secre-
o Sr. presidente em seguida, faz refe- tário da Agricultura, trabalhos êstes aos quais
rências ao relatório apresentado pelo chefe o Departamento Geográfico dará, oportuna·
da Di'Vlsão de Cartografia e Desenho, dizendo mente, entusiástica colaboração, na medida de
das necessidades da Divisão e dos trabalhos suas possibilidades. Informou, finalmente, que
que serão executados. Entre as sugestões cons- para completar a elaboração de seu relató·
tantes dêsse relatório, convém salientar " :;iue rio sôbre o importante assunto, aguarda o
diZ respeito à simplificação dos trabalhos de pronunciamento de órgãos representativos das
modo a facllltar e baratear a impressão das classes, aos que.is se dirigiu do Rio, atendendo
novas fôlhas com trabalho de campo concluído a um dos quesitos formulados pelo presidente
e cujos originais vão ser desenhados para Im- da comissão.
pressão. com a palavra o Sr. José Fernandes Filho
De acôrdo com a sugestão, as novas fô- faz uma longa exposição sôbre a vida do mu·
lhas devem passar a ser impressas a três cô- nicip.lo, seus recursos econômicos, dando a
res ape!j.as e não a cinco côres, como as pu- conhecer Interessantes dados estatísticos que
blicadas, sendo, para Isso e para facilidade e fêz colhêr para a organização da secretaria da
rapidez da Impressão, necessário que o dese- Prefeitura.
nho se faça em três partes, isto é, cada côr Finalmente o Sr. presidente, como nlio
separadamente, trabalho do qual está incum- houvesse mais nada a tratar, encerrou a ses-
blqo o chefe da Divisão, Sr. Otávio Roscóe. são.
, A atualização das cartas dos antigos munl-
c!plos também vai merecer atenção do De· CLASSIFICAÇÃO DAS MONOGRAFIAS DE
partamento, bem como ·os trabalhos de lim~tes ASPECTOS MUNICIPAIS - O Diretório Re·
interestaduais, trabalhos êstes a cargo da Di- glonal do c. N. o. , no Estado de Minas Gerais,
visão' de Limites e Coordenação Geográfica. baixou, no dia 15 de março último, a Resolu-
ção n.º 21, aprovando o parecer emitido pela
o Sr. presidente põe franca a palavra para comissão designada para o estudo e classi!l•
qualquer sugestão. O Sr. Hildebrando Clark cação das monografias de aspectos municipais
manifesta, então, o seu regozijo pelo excelen- · que concorreram ao concurso lnstítuldo pelo
te plano que abrange tantos setores, tanto Conselho Nacional de Geografia.
mais - continua - que as dificuldades de ll: o seguinte o parecer: "Foram apresen-
tôda ordem são sempre crescentes. Agradece
o Sr. Qulntlno dos Santos o Inestimável apolo tadas sete monografias, que são as seguintes:
da Estat!stica, referlndo-.se à atuação do car- 1 - O rio Grande, no município de Lavras,
tógrafo posto à disposição do Departamento pelo Sr. Alberto de Carvalho; 2 - Esbôço de
tJntropo-bio-geografia sóbre a Mata Mineira,
C.eográfico. baseado no estudo de seu clima, pelo Dr.
O Sr. presidente traz, em seguida, ao CO• Má.rio Barretos; 3 - Uberaba, cidade pórtico,
nhecimento da casa, os trabalhos referentes pelo Sr. Gabriel Tot!; 4 - Monografia do mu-
ao problema !migratório a cargo da Secção nicípio de Januária, pelo. professor Manuel
Especial de Imigração da Comissão de Plane- Ambrósio; 5 - Monografia alusiva ao municf·
jamento Econômico. que vem fazendo seus pio de Alfenas, Estado de Minas Gerais, pelo
estudos sob a presidência do general Firmo Sr, Romeu Venturelll; 6 - Estudo hidrográ·-
Freire do Nascimento, e para a qual foi de- fico do município de Cristalina, pelo Sr. Ge-
NOTICIARIO 103
nay, no que respeita ao número de sócios que ra atual. como elemento integrante dos exér-
perfazem o quadro social do Instituto Históri- citos das Nações Unidas. A seguir, enumera
co e Geográfico Brasileiro. as características da cultura africana, que, se
por fôrça de condições geográficas ficou se-
Passando a referir-se ao relatório das ati- gregada na bacia do Mediterrâneo, contribuiu,
vidades do Instituto durante o ano próximo ainda assim, com elementos de valor para o
passado, apresentado na sessão anterior e que progresso da hull'.\anidade. A não ser que a ar-
ficara à disposição dos Srs. sócios, o Sr. pre- queologia venha· a desfazer no futuro as suas
sidente comunica que pedira a supressão de próprias afirmações, nada poderá arrancar ao
um adjetivo, que lhe parecera inadequado nas negro a glória de haver sido o inventor da
conexões em que se achava, ignorando se al- fundição do ferro. Na arte, outrossim, os ne-
gum outro sócio apresentara qualquer suges- gros têm sido imitados pelos brancos, nos do·
tão. minios da arquitetura, da coreografia, da de·
Pelo Sr. Carlos da Silveira, foi entregue à coração, da música e da escultura. Depois de
mesa uma proposta de sua autoria e subscrita estudar as tendências dos povos negros para
por mais doze sócios, no sentido de ser modi- a agricultura e a pecuária, passa o conferen-
ficado o texto do artigo l.º dos Estatutos da cista a apreciar o valor do elemento negro na
Casa, na parte referente ao número de sócios. formação da gente brasileira, para culminar
Dada a importância da matéria, o Sr. presi- com a enumeração de vultos representativos
dente opina que fique para a próxima sessão em nossa vida espiritual, mest.lços ou de san-
a discussão da proposta. gue puro africano, numa apresentação irres-
pondível: Cruz e Sousa, o maior poeta do Bra-
A fim de que· os presentes pudessem ouvir sil. na opinião de Sílvio Romero; Juliano Mo-
logo o orador inscrito, o Sr. presidente inver- reira, o notável psiquiatra; Lima Barreto,
te a ordem dos trabalhos, dando a palavra ao Gonçalves Dias, Machado de Assis, Tobias
Sr. Coriolano Roberto Alves, que ocupa a tri- Barreto, André Rebouças e tantos outros. Con-
buna para dissertar sôbre o tema: O reaius- clui o conferencista o seu trabalho com a cl·
tamento étnico-social ão negro e ão mestiço tação das palavras do presidente Camacho na
no após-guerra. Depois de considerações ge- atual conferência do México: "O homem é
rais sôbre o conflito universal em que se em- homem o'nde quer que nasça, viva, trabalhe e
penham os homens no presente, mostra· o con- morra", para afirmar que os desastres da
ferencista a necessidade de serem os problemas guerra e as grandes crises sociais só desapa-
raciais estudados sem preconceitos políticos, recerão quando os elementos étnicos tiverem
para a estruturação harmônica da humanida- a mesma equivalência moral e lhes reconhe·
de de amanhã, que não pode dispensar a co- cermos a mesma composição orgânica. Ces·
operação de todos os seus membros. essencial- sada a salva de palmas que se seguiu às últi·
mente iguais, a despeito de diferenças secun- mas palavras do Sr. Coriolano Roberto Alves,
dárias e designações disparatadas: latinos, o Sr. presidente felicita o conferencista pela
semitas, teutônicos, eslavos, africanos e japo- peça de elevado valor que acaba de ser lida,
nêses. No estudo dêsses problemas, é indis- pedindo que fôssem os originais entregues à
pensável a cooperação entre antropólogos e mesa, a fim de serem oportunamente publica-
psiquiatras, porque, embora seja um só o obje- dos na Revista do Instituto.
tivo de ambos - o homem, são usados méto-
dos diferentes para a sua consecução. A antro- Após um intervalo de cinco minutos, fo·
pologia de amanhã não procederá com parcia- ram reiniciados os trabalhos, tendo sido vota-
lidade, tomando o homem branco adulto e das e aprovadas várias propostas para sócios
civilizado da Europa para padrão e ponto de correspondentes e sócio efetivo.
referência de suas conclusões, mas estudará Com a palavra, o Sr. Dácia Pires Correia
todos os grupos étnicos em suas caracterlsti· desculpa-se por ainda não haver, como tesou-
cas sômato-pslquicas, em seu folclore, nas reiro, apresentado o balancete do Instituto no
condições ambientais, para depois estabelecer ano findo, o que pretendia fazer na próxima
o. confronto das culturas que se estendem com sessão. O Sr. presidente ressalta a dedicação
suas características materiais e espirituais, do Sr. tesoureiro cujo devotamento à Casa
porque somente por êsse modo poderá ela es- se tem concretizado em muitos anos de tra-
tudar e compreender a humanidade. Passan- balho desinteressado e profícuo.
do a apreciar a contribuição do negro para o
patrimônio cultural dos homens, lembra o . Ninguém mais havendo feito uso da pa-
conferencista sua cooperação valiosa na guer- lavra, foi encerrada a sessão. ,
Municípios
ARACAJU - (Sergipe) aniversário da emancipação política de Barra
do Pira!, elevada à categoria de munic!pio, pelo
ANIVERSARIO DA FUNDAÇAO DA CIDA· Decreto n. 0 59, de 10 de março de 1890, do
DE - Comemorou-se com grandes festividades, Sr. Francisco Portela, então governador do
no dia 17 de março último, mais um aniversá· Estado.
rio da fundação da cidade de Aracaju. Os es-
tabelecimentos de ensino e instituições cul-
turais da cidade, associaram-se às comemora- MANAUS - (Amazonas)
ções levando a efeito diversas solenidades.
+: Instituto de Etnografia e Sociologia do
Amazonas
BARRA DO PIRAt - (Rio de Janeiro)
ESCAVAÇÕES NA CIDADE DE BARCELOS
55.º ANIVERSARIO DE SUA EMANCIPA· Seguiu recentemente para a zona do rio
ÇAO POLtTICA - Comemorou-se, no dia 10 de Negro o Sr. Nunes Pereira, presidente do Ins-
março último, com grandes festividades, o 55. 0 tituto de Etnografia e Sociologia do Amazo-
NOTICIARIO 10'1
nas, que fará escavações na. cidade de Barce- A conferência. do Sr. Oldegar Vieira. abor-
los, na. antiga igreja. daquele. comarca, com o dou as seguintes questões: I - Ligeiras infor-
objetivo de exumar as cinzas do estadista Lõbo mações sõbre a origem dos Territórios em geral
de Almeida.. e do Ouaporé em particular; II - Razões da
criação dos Territórios; III - Razões da cria-
ção do Território do Guaporé com os liml-
tE:S que lhe foram dados. - l - Razões geo-
gráficas; 2 - Razões políticas (aspecto nacio-
nal e aspecto Internacional; 3 - Razões m111-
SALVADOR - '(Bahia) tares; 4 - Razões econômicas; IV - Possibi-
lidades do Guaporé; 1 - Ponto de vista na-
"PERSPECTIVAS DO OUAPORJ!:" - O Sr. cional: a) Político-administrativo; b) Militar;
Oldege.r Vieira, secretário de Educação do Ter- c) Econômico; d) As comunicações. ;! - Ponto
ritório de Ouaporé, pronunciou no dia 3 de de vista nacional; a) Possibilidades políticas;
março último, na Faculdade de Filosofia de. b) Intercâmbio cultural; c) Possibilidades eco-
Bahia, uma conferência sõbre o tema Pers- nômicas; V - A precedência dos problemas
pectivas do Guaporé. da educação. ,
Exterior
EST4DOS UNIDOS DA AMtRICA DO NORTE pintados alegremente, com os bois unidos ~ unrn
coberta servindo como dossel; figuras tip:cas
Washington de fndios, de vârlas tribos, entre as populRções
rurais das Repúblicas meridionais - tudo Isso
EXPOSIÇÕES ESCOLARES APRESENTAN- dâ vida â paisagem. ,
DO A VIDA E A CULTURA DAS AMll:RICAS - As apresentações de suas matas vêm acom--
As crianças das escolas dos Este.dos Unidos estão panhadas das fotografias das ·árvores que cres-
hoje aprendendo a respeito de seus vizinhos cem na América do Sul e Central. Rendas feitas
das outras Américas, de seus modos de vida e da fibra da banana, procedentes do Bras11,
acêrce. das grandes culturas que representam, colher da casca do cõco, cabaças coloridas com
por melo de uma série de exposições escolares gravuras, além de outros objetos, 1lustram e.
intituladas "As Nossas Repúbl!cas Vizinhas". engenhosidade com que os povos sul-americanos
As exposições foram preparadas para distri- utilizam seus produtos naturais.
buição, a pedido, entre as escolas primárias e Maracás e outros instrumentos musice.is
secundárias, pela "L!bre.ry Service Divls!on" do feitos e usados nas Repúblicas mer!dlone.ls,
Bureau de Educação dos Estados Unidos, em auxiliam os estudantes norte-americanos a se
cooperação com o Escritório de Negócios Inter- identificarem com e. música daqueles países, e.o
americanos. mesmo tempo que se apresentam danças tfpice.s.
Iniciadas há quatro anos atrás por Nora. Um rapazinho e uma jovem brasileiros,
Buest, especlal!sta em bibl!otecas do Bureau fantasiados de Carnaval, carioca, são os atores-
de Educação norte-americano e antiga professõra bonecos do Teatro da Criança, empregados pare.
de. seleção de livros de. Universidade de Carolina. os estudantes de português. Feitos pelos fabri-
do Norte, com poucos exemplares de livros cantes de bonecos da América, trabalham num
escolhidos destinados e. e.ux1liar os professõres fundo de cortina que mostra o famoso põrto
de português e espanhol, as exposições cresce- do Rio de Janeiro. Os próprios estudantes
ram prodigiosamente. fazem os bonecos trabalhar. Jogos e histórias
Há atualmente, 190 dessas exposições pas- adaptados ao teatro de bonecos, dramatizam
sando de escola para escola, por tôda a nação. as vidas dos heróis das Repúblicas meridionais,
A parte de maior relêvo de cada exposição bem como suas lendas, canções e danças.
é um grupo de livros selecionados. ll:sses volu- A vida de D. Pedro II do Brasil, de Simon
mes que incluem ficção e livros de gravura, Bol!var, de José de San Martin e de outros
discutem as várias fases da vida e da cultura. famosos lideres das Américas do Sul e Central,
das Américas, isto é, biografia, história, geo- proporcionam um materi3l de vivo lnterêsse. As
grafia e ciências econômicas, poesia, ciência, histórias dêsses herói@ são também ensinadas
arte, arqueologia., animais e estudos sociais. através da apresentação de quadros que levam
Incluem-se também a literatura Juvenil de à leitura de suas biografias.
principais escritores em português e espanhol, Bonitas reproduções a cõres das pinturas
e magazines populares para e. juventude das e esculturas de notáveis artistas, tais como Cân-
outras Repúblicas. dido Portinari, do Brasil; Diego Rivera, Orozco
Grupos de painéis fotográficos (30 para urna e Charlot. do México; Alfredo Guido, de. Argen-
pasta), Ilustram aspectos da vida das terras tina; Marina Nunez dei Prado, da Bolivia;
e dos produtos da América do Sul e' da América. Samuel Roman RoJas, do Chlle; e Juan Manuel
Central, juntamente com mapas, cartas e bo- Blanes, do Uruguai, são fornecidos e pendure.dos
letins, suplementos e l!vros. Uma ampla bibl!o- nas paredes das salas de aula.
grafia para leitura complementar, um manual "ll: importante" - diz a professõra Buest
de professor e vários materiais de ensino são - "para nós que vivemos no Hemisfério Ociden-
também fornecidos. Os empréstimos são feitos tal fortalecer nossos laços de amizade com
para um período de duas semanas e as despesas nossos vizinho!!, a fim de que posse.mos Juntos
de transporte são pagas pelo Bureau de Edu- trabalhar pela construção de uma. base firme
cação. para a solicfar!edade democrática do Novo
Os objetos rivalizam com os l!vros, em popu- Mundo.
laridade. Bonecas feitas à maneira de vestir "O conhecimento de uns pelos outros é um
de quem as fêz, como nenhum outro livro pode- importante fator e. ser apreciado. Sinto-me
ria descrever, com a beleza da arte de seus cos- fel!z de que essas exposições para crianças
tumes rurais. Minúsculas casas nativas meti- norte-e.merice.nas estejam prestando uma. se.dia.
culosamente construidas e. mão; carros êie bois contribuição para êsse fim".
Bibliografia
Apontamentos bio-bibllográlicos de geógrafos brasileiros
Livros
NICHOLAS JOHN SPYKMAN Har- tados da costa - O padrão di-
court, Brace & Co., Inc., New York, nâmico da política eurasiáti-
1944. - "The Geography of the ca).
Peace". ·
V- A Estratégia de Segurança (A
A literatura geográfica norte-ame- · guerra global) - O padrão es-
ricana nos deu, no ano passado, mais tratégico da Segunda Guerra
um livro de um gênero que está toman- Mundial - Zonas de conflito
do notável incremento naquele país: eurasiáticas - Acesso dos Es-
Geopolítica. tados Unidos à Eurásia - Uma
política exterior para os Esta-
Trata-se do livro The Geography dos Unidos).
of th-e Peace (A Geografia dtí- Paz) , de
Nicholas John Spykman, editado por No primeiro capítulo, intitulado
Helen R. Nicholl. O autor, recentemen- "Geografia na Guerra e na Paz", há tó-
te falecido, deixou. os originais em ela- picos interessantes. O primeiro, dêsses
boração, e sua assistente, a Sra. H. R. "Caminhos Alternativos para a Paz",
Nicholl organizou-os, deu-lhes forma e apresenta as três maneiras de se alcan-
acrescentou-lhes até um capítulp sôbre çar a paz mundial: 1.0, baseada intei-
projeções cartográficas. Desta forma, ramente nas relações internacionais e
seria aliás muito justo consíderá-la na confiança mútua; 2. 0 , por intermé-
como co-autora. dio de um super-Estado, dotado de fôr-
ças armadas; 3. 0 , por um sistema de
Par! dar uma idéia do valor da segurança coletiva, no qual cada país
obra. abaixo está a tradução do seu manteria suas próprias fôrças armadas,
índice: mas ficaria obrigaào a intervir quando
Uma declaração introdutória, por a segurança de outro país fôsse amea-
Frederick Sherwood Di,.mn. çada.
o primeiro sistema, baseado, exclu-
I - Geografia na Guerra e na Paz sivamente na confiança, foi o adotado
(Caminhos altêrnativos para a na política européia após a Primeira
paz - Geografia e política ex- Guerra Mundial. Todo o mundo sabe,
terior - Geopolítica e segu- numa lição duramente aprendida, que
rança). redundou numa absoluta falência. Por
II - Cartografando o Mundo (O pro- sua vez, a idéia de um super-Estado já
blema da confecção do mapa representa um ponto de vista mais ob-
- Tipos de projeção para ma- jetivo, entretantb forçoso é reconhecer-
pa - Escolha de um mapa do se que dificilmente essa comunidade in-
mundo). ternacional teria coesão bastante para
agir como uma polícia mundial. E o au-
III-A Posição do Hemisfério Ociden- tor é de parecer que "é óbvio que ainda
tal (Fatôres condicionantes da falta muito para alcançarmos tal so-
políti.ca exterior :_ Posição e ciedade internacional".
poder mundial - A distribui- Resta, portanto, a hipótese do sis-
ção dos potenciais de fôrça - tema de segurança coletiva, mantendo
Os Estados Unidos e o mundo). cada país· as suas próprias fôrças ar-
IV - O Mapa Político da Eurásia (0 madas. Não há dúvida de que é para
mundo de Mackinder - A Ter- essa solução que está inclinada a maio-
ra-coração - A Terra circun- ria das potências quanto ao sistema
dante ·-- Os continentes afas- preconizado para o a.pós-guerra.
:SIBLIOGRAFIA llT
transferência de soberania sôbre o olhos para evitar que êle lance a se-
território. Não seria uma questão de mente da antipatia e da discórdia, da
expansão imperialista, mas o neces- qual germinaria a árvore maldita da
sário estabelecimento de uma fôrça III Guerra Mundial.
equilibradora em certàs áreas estra- O.V.
tégicas. Ganhar-se-ia em segurança
não sómente para os Estados Uni-
dos, rnas também para as nações da
Europa se o grande estado do Novo
Mundo adquirisse uma posição desde AUGUSTO DE AGUIAR SALES - Evo-
a qual se pudesse dispor do seu po- lução Industrial Espirttossantense
der no Velho Mundo. (p. 58) ·• até à República - Departamento
Municipal de Estatística. - Vitória
Que mundo de contradicóes em um - 1943.
só parágrafo! Um pequeno trecho con- Nossa evolução sócio-histórica foi
dena a obra e a sinceridade do seu au- bastante descontínua em intensidade,
tor. Depois que êle, no inicio, opinou de província para província. Umas fo-
que bastava um sistema coletivo de se- ram freqüentadas desde muito cedo pe-
gurança entre as nações não-imperia- las naus provindas da Metrópole, ou-
listas para garantir a pa.z. agora acha tras conheceram fenômenos diferentes
que, isto só, não é suficiente e os Es- como a mineração, o choque com o ín-
tados Unidos devem possuir bases. Isto dio, a livre aventura do imigrante. Tu-
pressupõe que qualquer outra nação se- do isto comporta divagações quase in-
ria capaz de trair o sistema de seguran- finitas. Nossa história é um mosaico
ça, por isso os E. U. A. devem ter a li- de histórias. E o arquiteto das futuras
derança. Entretanto, a história dêste sínteses deverá consultar, principal-
país, como a de muitos outros, não é mente, trabalhos como o presente, fei-
de molde a dar-lhe uma superioridade tos por estudiosos que se particulari-
zam a determinados assuntos, dentro
moral na obra da manutenção da paz. dos quais, não raro, encontramos a cha-
Hoje em dia sabemos que o govêrno ve capaz de explicar êsse ou aquêle as-
americano é contrário à agressão e à pecto da. civilizacão brasileira.
intervencão nos assuntos internos dos
demais países. Mas quem dirá que será O presente trabalho não é mais do
assim para sempre? Possuindo bases aue uma pequena parte da História das
Indústrias no Espírito Santo, de au-
no território de outras nações, os Esta- toria do conferencista.
dos Unidos poderão fazer uma inter-
venção armada nessas nações à hora Fala, principalmente na indústria
que quiserem. E nessa questão o .Brasil açucareira, contemporânea do primeiro
está interessado de um modo particular, esfôrço civilizacional naquelas plagas.
porque, enquanto a Inglaterra e a Fran- Trata, além disso, da sericicultura ten-
ça fariam concessões de bases situadas tada ali por volta de 1818. E' uma con-
em territórios coloniais, o Brasil tribuição das mais úteis à investigação
fá-lo.:.ia no seu território metropolita- dêsse passado obscuro das províncias
no. Invertamos os papéis ·e vejamos se brasileiras.
os norte-americanos veriam com sim-
patia a cessão de uma base a uma po-
tência estrangeira em São Francisco,
Boston ou Nova Orleans. Imitando cla- F. EUG:a!NIO DE ASSIS - Dicionário
ramente os geopolíticos nazistas, o Geográfico e Histórico do Estado do
Sr. Spykman faz uma geografia da se- Espírito Santo. - Vitória - 1941.
guranca. . . para os Estados Unidos,
mas não para o mundo. O autor dêste livro classifica-se en-
O que é mais alarmante é que se tre os intelectuais patriotas, entre
sente que as idéias de Spykman já ti- aquêles que estudam, não somente pelo
veram uma certa penetração. ~le fala prazer do estudo, mas, visando servir
em "estabelecimento de poder naval e com o trabalho, à causa nobre da tra-
aéreo na Islândia" no mesmo ano em dição e da cultura do seu país.
que esta ilha declara sua independên- Os trabalhos de pesquisa são in-
cia da Dinamarca! gratos. As possíveis conquistas dos que
Acreditamos na boa fé do povo os empreendem, nem sempre corres-·
americano, por isso àbramos os seus pondero ao esfôrço despendido. Deve
BI'.BLIOORAFIA 121
existir, sempre, um ideal, pois, caso . AILTON , D' ALMEIDA - Vitória - Uma
contrário faltará ânimo e as realizações Página da História Espírit08san-
ficarão pela metade. tense. Vitória - 1943.
Justamente a existência dêsse
ideal, distingue o Sr. F. Eugênio de As- O presente trabalho do Prof. Ailton
sis. Residindo na cidade de Vitói:ia, há d' Almeida encerra uma síntese histó-
muitos anos, dedicou-sé apaixonada- rica da cidade de Vitória.
mente às investigações sôbre a histó-
ria e a Geografia da antiga Capitania Foi acidentada a vida da antiga
do Espírito Santo. capitania de Vasco Fernandes Couti-
Realiza assim, quase no anonima- nho. Indígenas de um lado, piratas de
to, uma obra da mais pura brasilidade, outro, causaram, por vêzes várias, al-
mais significativa agora, quando a so- guns transtornos àquela gente que se
brevivência das pátrias muito exige des- instalou na terra capichaba a partir de
sa abnegação e dêsse estudo, de parte 1535.
dos homens de gabinete.
Dicionário Geográfico e Histórico Esta evocação dos velhos aconteci-
do Estado do Espírito Santo é um· li- mentos foi feita com elegância e pre-
vro de 312 páginas, verdadeiro espelho cisão pelo jovem historiador.
da vida espíritossantense, da qual
acreditamos, nenhum aspecto, nenhum · "O nome de Vitória" - escreve ·êle
detalhe foi olvidado pelo paciente e ca- - "embora existam divergências entre
paz autor. os historiadores, surgiu após um gran-
Obra que merecia divulgação maior de combate realizado, na ilha, entre
e, sobretudo, que deveria inspirar ou- portuguêses e indígenas, no dia 8 de
tras, através do Brasil, apresenta um setembro de 1551. Conseguindo expul-
máximo de segurança nas informações sar os gentios da ilha, os colonos, em
baseadas, aliás, em uma copiosa biblio- regozijo da vitória alcançada e sendo
grafia, citada no texto. Dêste livro, cuja
segunda edição está prestes a ser lan- êsse dia consagrado a Nossa Senhora
çada, diremos que interessa a essa grei, da Vitória, trocaram o antigo nome de
cada vez maior, dos que se entregam ao Vila.Nova pelo de Vitória, que se con-
estudo do Brasil, na multiplicidade dos serva até hoje."
seus aspectos.
A.M. A.M.
conclusões em plenário. São 198 pági- vizinhos, adquiriu sentido novo, com o
nas cujo conhe.cimento não pode ser envio de ministros plenipotenciários ca-
dispensado por quem quer que seja que, nadenses a tôda a América.
de agora em diante, trate de problemas País rico, com a multi-produtivi-
atinentes à vida econômica nacional. dade dos países frios, oferece ao Brasil
grande interêsse êsse estreitamento de
relações, em ·tôdas as esferas. A publi-
cação de que tratamos aqui, oferecen-
Monthly Review of Business Statistics- do amplos informes da vida econômica
- Setembro de 1944 - Volume XIX do Canadá, em setembro de 44, deve
- Número 9 - Ottawa - Canadá. ser bem aceita não apenas entre os
geógrafos, economistas, mas no seio do
Um paradoxo, embora, podemos nosso mundo financeiro.
dizer hoje que o Canadá era há alguns
anos atrás o único país .europeu da
América.
Pelo menos era aquêle que, além Avia - Revista Argentina de .Aeronáu-
dos fortes laços culturais que o ligavam tica - Novembro de 1944.
a terras e gentes d'além-mar, manti-
nha certos compromissos políticos que Os problemas aeronáuticos ibero-
o isolavam, quase, da comunidade ame- americanos são únicos para todos os
ricana. países. Não mudam de aspecto ao atra-
Não queremos dizer, com isto, que vessar fronteiras políticas. Os três pon-
o Canadá tenha mudado o seu rumo na tos fundamentais: material, pessoal,
História. Circunstâp.cias, porém, decor- tráfego, implicando um programa, uma
rentes desta segunda Grande Guerra, organização e um esfôr~o - são c·o-
vieram determinar fatos absolutamen- muns no Brasil ou na Argentina, no
. te novos na vida canadense. Conti- Chile ou no Peru. ~sses problemas· de- .
nuando integrado no Império Britâni- ·vem ser resolvidos - sempre -'"- dentro
co, o Canadá aumentou seu potencial de um critério americano. Proveitoso,
econômico e militar. O país nórdico do portanto, êste interc.âmbio de revistas
continente de Colombo possui hoje ad- de aviação entre os países da comuni-
mirável estrutura, na esfera da indús- dade centro e sul-americana.
tria, do transporte e da defesa. Seu O presente número de Avia nos
intercâmbio comercial e mesmo cul- traz um bom acervo de idéias, de in-
tural tem aumentado consideràvelmen- formacões que o público brasileiro in-
te nestes três últimos anos. E as pró- teressado em questões aeronáuticas
prias relações diplomáticas com os seus gostará de conhecer.
AOS EDITôRES: :t.ste "Boletim" não faz publicidade remunerada, entretanto reglstari ou
. . . . . comentará as contribuições sôbre geografia ou de lnterêsse geogrático que sejam enviadas
ao Conselho Nacional de Geografia, concorrendo dêsse modo para ma._ ampla difusão da bibliografia
referente à geografia brasileira.
Contribuição
bibliográfica especializada
(Letras V a X>
Decreto-lei n.• 7 356, de 5 de março de 1945 Decreto-lei n.0 7 368, de 9 de março de 1945.
- Cria função gratificada no Quadro Per- - Autoriza a aquisição, pela União, de um
manente do Ministério da EducS:ção e Saú- terreno em Santos. ·
de a dá outras providências.
"Diário Oficial" de 12-3-945.
"Diário Oficial" de 7-3-945.
Decreto-lei n.0 7 369, de 9 de março de 1945.
Decreto-lei n.o 7 357, de 5 de março de 1945. - Autoriza a aquisição de terrenos em Na-
- Eleva o venclme1:1.to do Superintendente tal, Estado do Rio Grande do Norte.
da Administração do POrto do Rio de Ja-
neiro. "Diário Oficial" ,de 12-3-945.
"Diário Oficial" de 7-3-945.
Decreto-lei n. 0 7 370, de 9 de março de 1945.
Decreto-lei n.º 7 358, de 5 de março de 1945. - Autoriza o Prefeito do Distrito Federal a
- Autoriza o Prefeito do Distrito Federal a !sentar de Impostos a Instituição que men-
!sentar o espólio do Dr. Cásper Libero do ciona.
pagamento dos Impostos que menciona.
"Diário Oficial" de 12-3-945.
"Diário Oficial" de 7-3-945.
Decreto-lei n. 0 '1 371, de 12 de março de 1945.
Decreto-lei n.º 7 359, de 6 de março de 1945. - Suspende, pelo prazo de seis meses a co-
- Modifica o regulamento da Ordem dos brança dos direitos e taxas aduaneiras, que
Advogados do Brasil. Incidem sObre o charque, milho e cebola e
dá outras providências.
"Diário Oficial" de 8-3-945.
"Diário Oficial" de 14-3-!l<Mi.
Decreto-lei n.º 7 360, de 6 de março de 1945.
- Cria, no Território do Acre, uma Guarda Decreto-lei n. 0 7 372, de 12 de março de 1945.
Territorial de caráter civil e dá outras pro- - Altera as carreiras de Marinheiro e Pa-
vidências. trão, do Quadro Suplementar do Ministério
"Diário Oficial" de 8-3-945. da Guerra, e dá outras providências.
Concorra para que o Brasil seja cartogràtieamente bem representado, en't'fando ao Conselho
. . . . Nacional de Gf'ografia Informações e mapas que possam ser de utllidade à nova edição
da Carta Geográfica do Brasil ao Milionésimo, que o Conselho está elaborando.
,
Integra . da legislação
de interêsse geográfico
Lei Constitucional
Lei Constitucional n.• 9, de 28 de fevetelro a) para Impedir invasão Iminente de
de 1945 um pais estrangeiro no território naclonal,
ou de um Estado em outro, bem como
O Presidente da República, usando da at?l• para repelir uma ou outra invasão;
buição que lhe confere o art. 180 da Consti• b) para restabelecer a ordem grave-
tuição, e mente alterada, nos casos em que o Estado
Considerando que se criaram as condições não queira ou não p0$Sa fazê-lo;
necessárias para que entre em funcionamento
o sistema dos órgãos representativos previstos c) para administrar o Estado, quando,
na Constituição; por qualquer motivó, um dos seus poderes
estiver impedido de funcionar;
Considerando que o processo indireto para d) para assegurar a execução dos se-
a eleição do Presidente da República e do guintes princlpios constitucionais:
Parlamento não somente retardaria a desejada
complementação das instituições, mas também 1 - forma republicana e representa•
privaria aquêles órgãos de seu principal ele- tiva de govêrno;
mento de fôrça e decisão, que é o mandato 2 - govêrno presidencial;
notório e inequlvoco da vontade popular, obtido 3 - direitos e garantias assegurados
por uma forma accessível à compreensão geral na Constituição;
e d~ acôrdo com a tradição política braslleira;
, e) para assegurar a. execução das leis
Considerando que um mandato outorgado e sentenças federais.
nestas condições é indiSpensável para que os
representantes do povo, tanto na esfera federal "Parágrafo único - A competência para
· como na estadual, exerçam, em tôda sua am- decretar a intervenção será do Presidente
plitu9e, a delegação que êste lhes conferir, da República, nos casos das letras a, b, e c:
max!mé em vista dos graves sucessos mundiais da Câmara dos Deputados, no caso da letra
da hora presente e da participação que nêles d; do Presidente da República, mediante
vem tendo o Bras!l; requisição do Supremo •rrlbunal Federal, no
Considerando que a eleição de um Parlamen- caso da letra e.
to dotado de poderes especiais para, no curso
de· uma legislatura, votar, se o entender con- "Art. 14 - o Presidente da República,
veniente a reforma da Constituição, supre com observadas as disposições constitucionais e
vantagem o plebiScito de que trata o art. 187 nos llmites das respectivas dotações orça-
desta última, e que por outro lado, o voto mentárias, poderá expedir livremente decre•
plebiscitário Implicitamente tolheria ao Parla- tos-leis sôbre a organização na administra-
. mento a liberdade de dispor em matéria consti- ção federal e o comando supremo e a orga-
tucional; nização das fôrças armadas.
Considerando as tendências manifestas da "Art. 30 - o Distrito Federal será
opinião pública bras!lelra, atentamente con• administrado por um prefeito de nomea-
sultadas pelo Govêrno, ção do Presidente da República, demisslvel
aâ nutum, e pelo órgão deliberativo cnado
Decreta: pela respectiva lei orgânica .. As fontes de
receita do Distrito Federal são as mesmas
Art. l.• - Os arts. 7.•, 9. 0 e parágrafo, 14, dos Estados e Muntclplos, cabendo-lhe tõdas
30, 32 e parágrafo, 33 39 e parágrafos, 46, 48, as despesas de caráter local.
50, 51, 53, 55 59 e pan\grafos1 61, 62, 64 e pará-
grafos, 65 e parágrafo, 73, 74, 76, 77, 78 e pa- "Art. 32 - !: vedado à União, aos Esta-
rágrafos, 79, 80, 81, 82 e parágrafos, 83, 114 e dos, ao Distrito Federal e aos Municlplos:
parágrafo 117 e parágrafo, 121, 140, 174 e pará- a) criar distinções entre brasileiros
grafos, 175, 176, e 179 da Constituição redigidos natos ou dtscr!minações de desigualdade
pela forma seguinte, respectivamente: entre os Estados e Municípios; ·
b) estabelecer, subvencio.nar ou emba-
"Art. 7.º - A administração do atual raçar o exercício de cultos rel!giosos;
Distrito Fedéral, enquanto s~e do Govêrno
da República, será or?nizaqa pela União. c) tributar bens, renda e serviços uns
dos outros.
"Art. 9.º - O Govêrno Pederal intervir§. Parágrafo único - Os serviços públicos
nos Estados, mediante a ·nomeação, pelo concedidos não gozam de isenção tributária,
Presidente da República, de um inter- salvo a que lhes fôr outorgada, no 1nterêsse
ventor que assumirá no Estado as funções comum, por lei especial.
que, pela sua Constltuiçãti, competirem ao
Poder Executivo, ou as que, de acôrdo com "Art. 33 - Nenhuma autoridade da
as conveniências e necessidades de cada União, dos Estados, do Distrito Federal ou
caso, lhe forem atribuídas pelo Presidente dos Municlpios recusará fé aos documentos
da :República: emanados de. quálquer delas.
LEIS E RESLUÇõES 135
Decretos-leis
Decreto-lei n.o '1 392, de 16 de março de 1945 Parágrafo único - O orçamento poderã ser
revisto a alterado durante a vigência dêste
Abre a.o Conselho de Segurança. Nacional o cré- decreto-lei, mediante proposta do presidente
dito especial de Cr$ 12 000 000,00, para des- da Comissão, aprovada pelo Presidente da Re•
pesas da Comissão de Planejamento Eco- pública.
.nômico, e dá outras providências.
Art. 4. 0 - O presidente da Comissão de Pla-
O Presidente da República, usap.do da atri- nejamento Econômico preste.rã contas, anual-
buição que lhe confere o art. 130 da Consti- mente, perante o Tribunal de Contas, das
tuição, despesas que efetuar até 31 de dezembro de
cada ano, dispondo para Isso do prazo de três
(3) meses, a contar daquela data.
Decreta:
Art. 5.º - :&:ste decreto-lei entrará em vigor
Art. 1.º - Fica aberto ao Conselho de na data ·de sua publicação.
Segurança Nacional o crédito especial de doze
milhões de cruzeiros (Cr$ 12 000 000,00), para· Art. 6. 0 - Revogam-se as disposições em
ocorrer às despesas (Serviços e Encargos). a contrãrio.
partir de 1 de janeiro de 1945, de Instalação e
manutenção da Comissão de Planejamento Eco- Rio de Janeiro, 16 de março de 1945, 124.º
nômico. da Independência e 57.º da República.
Art. 2.0 - O crédito de que trata o artigo
a'nter!or será automàtlcamente registrado e dls· GETÚLIO VARGAS.
tr!buldo pelo Tribunal de Contas ao Tesouro A. de Sousa Costa.
Nacional. "Dlãrlo Oficial" de 19-3-945.
Parágrafo único - O Ministério da Fazenda
providenciará no sentido de que, mensalmente,
seja põsto no Banco do Brasil S. A., à dispo-
sição do presidente' da Comissão de Planeja- 'Decreto-lei n.o '1 ·395, de 19 de março de 1945
mento Econômico, um doze avos (1/12) do
crédito. Abre a.o Ministério da Fazenda o crédito especial
Art. 3.º - Trinta (30) dias após a publica- de Cr$ 436 961 600,00, para pagamento de
ção do presente decreto-lei, submeterã o presi- a','6es da Companhia. Siderúrgica. Nacional.
dente da Comissão de Planejamento Econômico
à aprovação do Presidente da República o orça- O Presidente da República, usando da atrl•
mento administrativo, contendo a discriminação bu!ção que lhe confere o art. 180 da Consti-
do 'crédito especial a que se refere o art. 1. 0 • tuição,'
138 BOLETIM GEOGRAPICÓ
Decreta: Decreta:
Art. 1.0 Pica aberto ao Ministério da · Artigo único - O art. 1. • do Decreto-lei
Fazenda o crédito especial de quatrocentos e n.0 5 862, de 30 de setembro de 1943, passa a
trinta e seis milhões, novecentos e sessenta e vigorar com a seguinte redação:
um mil e se1Scentos cruzeiros (CrS 436 961600,00),
que será d1Strlbufdo ao Tesouro Nacional, para
ocorrer ao pagamento (ServlÇOS e Encargos) "Art. 1.0 - Dentro da zona que a seguir
das ações da Companhia Siderúrgica Nacional, se limita, no território do Estado de Mato
subscritas pelo Tesouro Nacional, na confor- Grosso, sômente se permltlrã a faiscação e
midade do art. 3. 0 do Decreto-lei n. 0 6 601 de garimpagem durante o primeiro trimestre
19 de junho de 1944. · de cada ano: ao norte, pelas divisas com os
Art. 2.0 - :l!:ste decreto-lei entra.rã em vigor Estados do Amazonas e do Pará; a oeste,
na data de sua publicação. pelos rios Madeira, Mamoré, Guaporé e a
Art. 3.º - Revogam-se as disposições em Unha divisória com a Bolívia até o marco
contrário. de Boa Vista; ao sul, a partir dêsse marco
Rio de Janeiro, 19 de março de 1945, 124.º e pelo espigão divisor das ãguas dos rios
da Independência e 57.º da Repúbllca. Guaporé e Jauru, até a nascente do rio
Plqulf e dêsse ponto, pelo espigão divisor
GETúLIO VARGAS. das ãguas das bacias do Amazonas e do
A. àe Sousa Costa. Prata, até a cabeceira mais oriental do rio
"Diário Oficial" de 21-3-945. Paranatlnga; a leste, pelo espigão divisor
dos rios Teles Pires e Xingu, desde a cabe-
ceira do rio Paranatlnga à linha divisória
com o Estado do Pará". ·
Decreto-lei n.o 7 396, de 19 de março chi 19'5
Rio de Janeiro, 19 de março de 1945, 124.º
Dá nova reàaç4o ao artigo. 1. 0 do Decreto-lei n.• da Independência e 67.º da República.
· 5 862, àe. 30 àe setembro àe 1943.
GETüLIO VARGAS.
O Presidente da República, usando da atri- A. de Sousa Costa.
buição .que lhe çontere o art. 180 da Cons-
tituição, "Dlãrlo Oficial" de 21-3-945.
Decretos
Decreto n.0 18 143, de 23 de março de 1945 Decreto n. o 18 158, de 26 de março de 1945
Aprova o regimento ão Servfço de Patrímômo Cria as Tabelas Numéricas Ordinária e Suple-
àa Unido do Ministério da Fazenda mentar de E:i:tranumerário-mensaltsta do
Distrito do Centro, da Divisão de Fomento
o Presidente da Repúbllca, usando da atri- da Produção Mfaeral, do · Ministério da
buição que lhe confere o art. 74, letra a, da Agricultura, e dá outras pro:vídéncías
Constituição,
O Presidente da República, usando da atri-
buição que lhe confere o art. 74, letra a. da
Decreta: Constituição,
Art. 4.º - A despe8a com a execução do Rio de Janeiro, 26 de março de 194S, 124.º
disposto neste decreto, na importância. de Crt da Independência e .57.º da República.
46 800,00 (quarenta e seis mll e oitocentos cru·
zelros) anuais, correrá, no presente exerciclo, à GET'OLIO VARGAS.
conte. da Verba 1 - Pessoal, Consignação II - .Apolônio Sales.
Pessoal Extranumerárlo, Subconsignação 05 ·-
Mensalista, do Anexo n.o 14 - Ministério da "Diàrlo Oficial" de 29-3-945.
Agricultura, do Orçamento Geral da República,
para 1945.
Nota: A relação anexa a que se refere o
Art. 5.º - :l!:ste decreto entrará em vigor decreto supra foi estampado na mesma ec;tição
na data de sua publicação. do "Dlãrlo Oficial".
ATOS DIVERSOS
CONSELHO NACIONAL DO PETRóLEO Exposição de Motivos n.o 1 ~42, de 20 de Janeiro
de 1945
Porta?ia n. 0 15, de 28 de fevereiro de 1945
A Sua Excelência o Senhor Doutor Getúlio
Vargas, Presidente da República dos Estados
O Presidente do Conselho Nacional do Pe- Unidos do Brasil.
tróleo: devidamente autorizado pelo Sr. Pre-
sidente da República em despacho de 7, do
m'ês em curso, exarado na Exposição de Motivos Senhor Presidente,
n. 0 2 425, de 3 anterior,
Em abr!l do ano passado, pcfr Incumbência.
Resolve: dêste Conselho, procedeu o geólogo americano
Eweret L. DeGolyer a estudos sõbre as pes-
a) designar o engenheiro de minas, classe quisas de. jazidas de petróleo no Brasil. Percor-
"K", do Ministério da Agricultra, Déclo Savérlo reu os campos da Bahia, cujos mapas e dados
Oddone à disposição dêste órgão, para exercer compulsou, e, bem assim, examinou os estudos
junto à superintendência geral dos trabalhos jã efetuados sõbre as demais regiões do ter-
de pesquisas petrollferas no Estado da Bahia, ritório nacional, considerados como de provãvel
a função de auxlllar técnico de geofísica; acumulação de óleo. Tendo em mãos todos os
b) fixar a retribuição do referido servidor elementos dlspon!vels, redigiu circunstanciado
em Crt 4 500,00 (quatro mil e quinhentos cru- relatório, no qual traçou um plano de conduta
zeiros) mensais, a partir de 1.º de janeiro do para o desenvolvimento dos trabalhos.
corrente ano, compreendendo vencimento do Mais tarde, em junho, ainda por conte. dêste
seu cargo e gratificação pelo exercício da alu· Conselho, o geólogo americano Lewis W Mac-
dlda função. Naughton, associado do senhor DeGolyer, !êz o
Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1945. reconhecimento geológico geral da bacia do
Coronel João Carlos Barreto, Presidente. Paranã, emitindo a respeito o seu parecer.
No devido tempo, tive ocasião de comunicar
a Vossa Excelência o ocorrido e mesmo enviar
o relatório do Sr. DcGolyer. Ambos os geólogos
Porte.ria n. o 16, de 28 de fevereiro de 1945 pertencem à firma à DeGolyer and MacNaugh-
ton, conhecida como Independente e uma das
o Presidente do conselho Naclohal do Pe- mais importantes no assunto, em que tem
tróleo, devidamente autorizado pelo Sr. Pre- obtido grandes êxitos, dentro e fora dos Este.dos
sidente da República em despacho de 7 do Unidos da América. Em particular, o senhor
mês em curso, exarado na Exposição de Motivos DeGolyer, além de ser um dos mais famosos
n.o 2 425, de 3 anterior, geólogos do mundo foi assistente do coorde-
nador de Petróleo do govêrno americano. Re-
Resolve: ferindo-se ao mesmo, também o Sr. J. E.
Brandtly, presidente da Drllling and Explora-
a) designar o engenheiro de minas, classe tlon Company, Inc. o recomendou ao Conselho
"L", do Ministério da Agricultura, Afonso Ce- sem hesitação "como pessoa proeminentemente
sãrlo de Faria Alvim, à disposição dêste órgão, adequada para orientar o Brasil nos seus pro-
para exercer junto à superintendência. geral dos blemas de petróleo e para estabelpcer todos
trabalhos de pesquisas petroll!eras no Este.do os importantes levantamentos e estudos de geo-
da Bahia, a função de auxlllar técnico de per• logia neceBSãrlos".
furação e produção; Parecendo Indicado, pois, tivesse o Conselho
b) fixar a retrtbulção do referido servidor a referida firma como .sua consultora, !oram
em Crt 4 900,00 (quatro mll e novecentos cru- mantidas conversações nesse sentido com os
zeiros) mensais, a partir de l.º de janeiro do componentes da mesma durante os trabalhos
corrente ano, compreendendo vencimento do que fizeram no Brasil e, após o seu regresso,
seu cargo e gratificação pelo exerc!clo da aludida por melo de correspondência., de que sempre
função. teve conhecimento a n.oasa Embaixada em
Washington. Mesmo antes da aceitação de qual-
Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1945. quer acõrdo, empenham-se os Srs. DeGolyer e
Coronel João Carlos Barreto, Presidente. MacNeughton na difícil tarefa de conseguir
técnicos • para o Conselho, que tenham reco-
"Diãrlo Oficial" de 2-3-945. nhecida experiência. para conduzirem os tra-
balhos de geologia de petról'eo. Com um dêssea
técnicos está em vlas de conclusão o contrato,
140 BOLETIM GÉOGRAFICO
que terei a oportunidade de submeter à apre- Tenho, pois, a honra de solicitar a Vossa
ciação de Vossa Excelência. Dentro dêsse espl- Excelência a necessária autorização para levar
rlto de cooperação, os Srs. De Golyer e Mac a efeito o contrato em aprêço, adotando como
Naughton estão providenciando, desde já, a base, as condições acima mencionadas. Correrá
transferência de um de seus representantes, a despesa pela verba própria do orçamento
que passará a residir no Brasil. dêste Conselho.
Na posslb!lldade da referida firma tor-
nar-se consultora do Conselho, o Sr. Mac- Aproveito a oportunidade para reiterar a
Naughton, ao partir do Brasil, esboçou as Vossa Excelência os protestos do meu mais
bases do contrato no projeto que anexo à profundo respeito. - Coronel Jo(J.o Carlos
presente exposição de motivos. Consta dessas Barreto, Presidente.
bases que ficariam permanentemente, para· con-
sultas. Pelo menos três viagens, equivalentes Autorizado. Em 22 de Janeiro de 1945. -
a 100 dias-homens, seriam feitas anualmente G. VARGAS.
por um ou mais sócios da firma. Residiria no
Brasl! ui:n representante da firma com a obri- "Diário Oficial" de 5-3-945.
gação de supervlsar os trabalhos de geologia
de campo que seriam feitos em intima conexão
com esta presidência e o geólogo-chefe do
Conselho. Importaria o custo dos serviços numa
base anual de US 60 000,00, que seriam pagos
llquldos em Dallas, Texas, em doze prestações
Iguais, no primeiro dia de cada mês. DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVQ DO
Correriam por conta do Conselho as despe- SERVIÇO P()BLICO
sas de transporte dentro do Brasil. Não deveria
ser Inferior a três anos o prazo do contrato. Exposição de Motivos n.º 546, de 6 de março
de 1945
Em face do exposto, tenho.a ho!l.ra de soli-
citar a Vossa Excelência a necesaárla autori- O Ministro da Educação e Saúde solicitou
zação para contratar os. serviços da firma De- do Sr. Presidente da. República autorização para
Golyer and MacNaughton,. observando as bases aplicar, sob o regime de adiantamento, a dota-
acima mencionadas. Far-se-ã a despesa à conta ção de Cr$ 400 000,00, que lhe foi atrlbulda pela
do Orçamento do Conselho, pela verba própria.. Verba 3 - Serviços e Encargos. Consignação I
- Diversos, subconslgnação 51 - Serviços Edu-
Aproveito a oportunidade para reiterar a cativos e Culturais, item 47 - Instituto Nacional
Vossa Excelência os protestos do meu mais do Livro, allnea a - "Organl'Zação da Enciclo-
profundo respeito. Coronel Jo(J.o Carlos pédia Brasileira e do Dicionário da Llngua Na-
Barreto, Presidente. cional", Anexo. 15 do Orçamento Geral da Re-
pública.
Autorizado. Em 22 de Janeiro de 1945. -
G. VARGAS. Diante da justificação contida no processo
o D. A. S. P. opinou favoràvelmente à' provi-
Dia 20 de fevereiro de 1945 dência solicitada, com apolo no Decreto-lei n.0
426, de 12 de maio de 1938, art. 33, n. 0 I.
A Sua Excelência o Senhor Doutor Getúlio
Vargas, Presidente da República dos Estados Autorizado. Em 7 de março de 194J'5. '-
Unidos do Brasil. G. VARGAS.
Senhor Presidente: "Diário Oficial" de 16-3-945.
Na Exposição de Motivos n. 0 1 542. também
desta data em que sollcitei autorização para
contratar como consultora do Conselho os ser-
viços da firma DeGolyer and MacNaughton,
aludi a que, antes da aceitação de qualquer
acôrd'o, já se dedicavam os titulares da firma INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA
à tarefa de conseguir, para o Conselho, técnicos ESTATÍSTICA
que tivessem reconhecida experiência e fôssem
capazes de conduzir os trabalhos de geologia de Decreto de 9 de março de 1945
petróleo no Bras!l. Em carta de 18 de agôsto
do ano passado, aqui anexada, recomendou o O Presidente da Repúbllca
Sr. MacNaughton que fôssem contratados, para
êsses serviços, no mínimo, quatro geólogos ame- Resolve:
ricanos especialistas em ·petróleo, ao lado dos
quais deveriam operar os técnicos brasileiros. Exonerar de membro da Comissão Censltá-
Na citá.da exposição de motivos, acrescen- rla Nacional do Instituto Brasllelro de Geografia
te! Já se achar em vias de conclusão com um e Estatística, o major José. Luís Guedes.
dêsses geólogos o contrato que submeteria à
apreciação de Vossa Excelência. Com efeito "Diário Oficial" de 12-3-945.
como se vê, no Incluso bilhete verbal nú-
mero 3-563 63, de 11 do corrente mês, que
me enviou o Sr. secretário-geral Interino do
Ministério das Relações Exteriores, telegrafou
o Sr. Walder de Lima Sarmanho, por inter-
médio de nossa Embaixada em Washington, de 16 de março de 1945
que os Srs. De Golyer e Mac Naughton, lhe In-
formaram estar pronto a partir para o Brasil, O Presidente de. República
de 1 de fevereiro em diante, o geólogo Sr. P.
Hastlngs, Keller, nas seguintes condições: "via- Resolve:
gens pagas de ida e volta para si e esp~sa,
salário mensal de US $500,00, contrato de três Dispensar João Lira Madeira das funções
anos, com o privilégio de acúmulação de férias". de membro da comissão Censltárla Nacional.
LEIS E RESOLUÇõES 141 '
Art. 4.0 - Os bol111stas· flcarão submetidos aprovar as instruções abaixo, que· regerão o
ao mesmo regime escolar doa outros alunos, es- funcionamento do Centro de Estudos Econô-
tabelecidos no Regulamento do Curso de Mu- micos do Ministério do Trabalho, Ind11strla e
seus, aprovado pelo Decreto n.o 16 078, de 13 Comércio.
de julho de 1944.
Instruç6es:
Art. s.o - Os bolsistas só receberão o be-
neficio mensal vencido, quando houverem fre- Art. 1.0 - O Centro de Estudos Econõml•
qüentado pelo menos setenta e cinco por cen- cos (O.E.E.) tem por obleto promover e esO'.
to (75%). de aulas, exercfclos, visitas ou tra- mular os estudos que interessem à economfa
balhos obrigatórios. nacional, desenvolvendo intenso programa de
Rio de Janeiro, em 5 de março de 1945. - divulgação cultural através de cursos, confé•
Gustavo Capanema. rências, publicações, intercâmbio, correspon-
dência, excursões e quaisquer outros meios que
(D.O. 13·3-945).
.
MINIST.ll:RIO DA FAZENDA
tornem efetiva a sua finalidade.
Art. 2.0 - O e.E.E. será administrado
por um Conselho Diretor. composto do ministro
de Estado, e sob a presidência dêste, do presi•
dente do Conselho Nacional do Trabalho, do di•
Serviço do Patrimônio da União retor geral do Departamento Nacional da In•
dústria e Comércio, do diretor do Departamento
Processo n. • 207 974-44 - Requerimento llm Nacional de Seguros Privados e Capitalização,
que Rosauro Tavares Santos consulta se os do diretor. geral , do Departamento de Adml·
terrenos marginais ao rio Pelotas, que serve nistração, do diretor do Departamento Nacio·
de limite entre os Estados de Santa Catarina na! da Propriedade Industrial, do direto; do
e Rio Grande do Sul, são da espécie de ma- Departamento de Previdência Social. do dfretor
rinhas. · do Departamento de Justiça do Trabalho, do
Despacho: "De acõrdo com o parecer da diretor do Serviço Atuarial, do diretor do Ser-
viço de Estatfstica da Previdência e Trabalho,
Divisão de Cadastro, Informe-se o seguinte:" do diretor do Instituto Nacional de Tecnologia,
a) os terrenos marginais ao rio Pelotas, do diretor da Divisão de Expansão Econõmioa,
que serve de limite entre os Estados de Santa do diretor da Divisão do Pessoal, do chefe da
Catarina e Rio Grande do Sul, não são de es- Biblloteca e do secretário do Conselho Nacional
pécie de marinhas, mas pertencem à União, na de Politica Industrial e Comercial.
forma da legislação em vigor;
b) no caso de interessa~ à parte outro es- Art. 3. 0 - O diretor do Centro Ilerá desig-
clarecimento a respeito do assunto e que cons- nado pelo ministro dentre os membros com-
te do processo, deverá sollcltá-lo por certidão". ponentes do O.E.E.
Em 26-2-945. - Ulpiano de Barros. A.rt. 4.• - O e.E.E. terá um secretário-
geral designado pelo ,ministro.
(D.O. 13-3-945).
MINil~T.ll:RIO
..
DA JUSTIÇA E NEGóCIOS
Art. 5.• - São atribuições do diretor:
a) representar o O.E.E. e, na ausência do
ministro, presidir as suas reuniões públicas e
as reuniões do Conselho Diretor;
INTERIORES b) r!)correr para o ministro de qualquer
deliberação do Conselho Diretor que se lhe afl•
Comissão de Estudos dos Negócios Estaduais gure contrária aos tnterêsses do O.E.E. ou do
Ministério;
Processos: c) ·tomar. tõdas as providências e~ecutivas 11
dar cumprimento às del1berações do Conselho
N.0 188-45 - Projeto de decreto-lei da In· Diretor.
terventorla Federal no Rio Grande do Sul,
fixando a divisão administrativa do Estado Art. 6.º - Ao Conselho Diretor incumbe a
para o qüinqüênio 1944-1948. aprovação dos programas de cursos, conferên-
cias e publicações do e.E.E. .
N. 0 223-45 - Decreto-lei n.o 1 306, de 29
de dezembro de 1944, da Interventoria Federal Parágrafo único. - O Conselho Diretor se
no Estado do Rio de Janeiro, elevando à cate- reunirá com qualquer número, mediante· con-
goria de comarca os têrmos judiciários de vocação do presidente ou do diretor sendo que
Itaboraf, Itaverá e Trajano de Morais e dan- nesta última hipótese, a convocação será fettà
do outras providências. - Aprovado a po8'- com 48 horas de antecedência.
teriori, em 5-2-45. Art. 7 .• - Ao secretário-geral cabe executar
as delibeTações do presidente, do diretor, além
(D.O. 6·3·945). do despacho do expediente do O.E.E.
Art. a.o - O O.E.ti:. funcionará no Depar-
tamento Nacional da Indústria e' Comércio, po-
MJNIST.ll:RIO DO TRABALHO, JND\'l'STRIA dendo utilizar o auditório e as instalações do
E COMi:RCIO Ministério. ·
Art. 9.º - Tõdas as repartições do Ministé-
Portaria n.• 54, de 6 de outubro de 1944. rio deverão oferecer facllldade ao e.E.E. e,
bem assim, estimular a freqüência dos seus tun-
Aprova instruções para o funcionamento do ctonárlos às atividades do Centro.
Centro de Estudos Económicos do Mini8t6-
rio do Trabalho, IndtlBtria e Comércio. Art. 10. - O Serviço de Estatística da Pre•
vidência e Trabalho promoverá a pubUc;ação no
O Ministro de Estado do Trabalho, Ind11s• "Boletim" do M.T.I.C. em separata, dos tra-
tria e Comércio, tendo em vista os estudos balhos realizados no Centro que mereçam dtvul·
realizados pela Comissão designada pela Por- gação a lufzo do ministro ou do diretor do
tar1a n.0 4õ, de 3 de agôsto de 1944, resolve O.E.É.
LEIS E RESOLUQOES 143
Art. 11. - Aos matriculados nos cursos se- Tenente-coronel Lauro Augusto de Medeiros,
rão conferidos certificados de freqüência ou diretor de Telégrafos, padrão N, do Q. III -
diploma de aproveitamento conforme o progra- P. P. - e Horâcio de Oliveira e Castro, te-
ma estabelecido. legrafistá, classe K do mesmo Q. P. S. -
como representantes do Departamento dos Cor-
Art. 12. - Das aulas e conferências serão reios e Telégrafos;
distribuídas aos alunos resumos com bibliogra- João Vitória Pareto Neto, como represen-
fia, colaborando a biblioteca do M.T.I.C. na tante da Liga de Amadores Brasileiros de Rã·
realização dêsses trabalhos. dio Emissão;
Art. 13. - O O.E.E. procurará a colabora- Major-aviador Almir de Sousa Martins, CO·
ção de serviços p11bllcos estranhos ao Ministé- mo representante do Ministério da Aeronâutlca;
rio para a consecução dos programas estabele- e os Integrantes da Comissão Técnica de Râdlo:
cidos. Erlco de Lamare São Paulo, chefe de Divisão,
padrão P, do extinto Q. II, presidente; capi-
Art. 14. - O Conselho Diretor promoverâ a tão de mar e guerra, Ra111 Lobato Aires, repre-
Inauguração imediata das seguintes atividades,' sentante do Ministério da Marinha na referida
além de outras que se apresentem oportunas e Comissão;
viáveis:
Tenente-coronel Tasso Barcelos de Morais,
a) curso de elementos de economia; representante do Ministério da Guerra na re-
b) curso de geografia econômica, particular- ferida Comissão;
mente do Brasil; Hélio Marques Saraiva, telegrafista classe H.
c) curso de elementos de estatística; do Q. III - P. S., - representante do De-
d) programa cie conferências de extensão; partamento dos Correios e Telégrafos na refe-
e) reuniões regulares de debates; rida Comissão;
Edmundo de Aquino Nogueira Brandão, te-
Art. 15. - Um curso regular de economia e legrafista classe K, do Q. III - P. S., - re-
cursos especializados, em grau superior, serão presentante do Departamento dos Correios e
dados assim que o C!!ntro tenha reunido um n11- Telégrafos na referida Comissão.
mero razoâvel de afünos capazes de bom apro- Presidlrâ a comissão o tenente-coronel Lau-
veitamento. ro Augusto de Medeiros.
Art. 16. .'.... Os cursos serão abertos para os Rio de Janeiro, em 12 de março de 1945. -
funclonârlos do Mlhistérlo, das instituições de JotJ.o d.e Mendonça Lima.
previdência social e dos sindicatos. - Ale.xan-
dre Marcondes Filho. (D.O. 16·3-9.45).
(O.O. 10-10-944).
-fc
MINISTltRIO DA VIAÇÃO E OBRAS PúBLICAS Portaria n. 0 241, de 27 de março de 1945
Departamento de Administração - Divisão do . O Ministro de Estado atendendo ao que ex-
Pessoal pôs e sol!citou a Liga de Amadores Brasileiros
de Râdlo Emissão em oficio n.o 185, de 16 de
Portaria n.º 205, de 12 de março de 1945 março de 1945 resolve designar o capitão Otâvio
Salão Masson para representar a referida Ins-
O Ministro de Estado, tendo em vista o que tituição na III Conferência lnteramericana de
consta do processo n.o 3 760, de 1945, do Depar- Radiocomunicações durante a ausência do Dr.
tamento de Administração, João Vitórlo Pareto Neto designado para êsse
fim pela Portaria n. 0 205 de, 12 de março do
Resolve designar, para oonstitulrem a co- corrente ano.
missão que deverâ elaborar as proposições do
Govêrno. brasileiro a serem apresentadas à 3." Rio de Janeiro, 27 de março de 1945 .
. Cotiferêncla Interamerlcana de Radiocomunica- João d.e Mendon.ça Lima.
ções - a realizar-se nesta capital, durante a
segunda quinzena de maio próximo - e estu- (D.O. 29·3-945).
dar as que forem formuladas pelos demais Go-
vernos americanos:
Edgar Rangel do Monte, primeiro secretârto
de Emba!Xada, como representante do Ministé-
rio das Relações Exteriores; Portaria n. 0 242, de 27 de março de 1945
Fernando Tude de Sousa, diretor do Serviço o Ministro de Estado resolve retificar a Por·
de Râdlo Difusão Educativa, como. represen- tarla n.º 205, de 12 de março corrente, que
tante do Ministério da Educação e Sa11de; designou a comissão Incumbida de elaborar as
Francisco Xavier Rodrigues de Sousa dire- proposições do Govêmo brasileiro a serem apre·
tor do Serviço de Meteorologia do Ministério sentadas à 3.• Conferência Interamerlcana de
da Agricultura, como representante do mesmo Radiocomunicações e estudar as que forem
Serviço; formuladas pelos demais Governos americanos,
Francisco Gomes Maciel Pinheiro, chefe do declarando que a referida comissão serã p~esi
Serviço de Divulgação, da Secretaria Geral de dlda pelo tenente-coronel Lauro Augusto de
Educação e CUitura, como representante da Medeiros na qualidade de diretor de Telégrafos,
Prefeitura do Distrito Federal; Rio de Janeiro, em 27 de março de 1945. -
Enéias Machado de Assis, diretor da Divisão JotJ.o de Mendonça Lima.
de Râdlo, como representante do Departamento
de Imprensa e Propaganda; (D.O. 29-3-945) •
,
Integra dos ·decretos, decretos-leis e demais
atos de interêsse geográfico
AMARANTE - (Plauf) Prefeitura Municipal de Amarante,· 4 de
abril de 1944. - Enoque Cícero e Silva, Prefeito
Decreto-lei n. o 3, de 4 de abril de 1944 Municipal. - Raimundo Borges de Santana,
Sec. Guarda-Livros.
Fixa os limites das zonas urbana e suburbana
da sede do município, para o qiUnqüénio (D. O. Piauí - 30-12-944),
de 1944-1948
....., .&OS aDIT6RES: itste "Boletim" não taz publicidade remunerada, entretanto reglstari 011
.,... comentari as contribuiç6es sôbre geografia ou de interêsse geogriflce que sejam enviadas
ao Conselho Nacional de Geografia, concorrendo dêsse modo para mais ampla difusão da bibliografia
referente à geografia brasileira.
Resoluções do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística
Resolução n.o 161, de 3 de outubro de 1944: Resolução n.o 172, de 20 de novembro de 1944:
Amplia a Comissão diretora da ":Biblioteca Dispõe sôbre a viagem ao estrangeiro do
Geográfica Brasileira" e elege o seu novo diretor técnico dos serviços geodésicos e
membro titular. astronômicos do Conselho.
LBIS E RBSOLUÇOBS 151
O Diretório central do conselho Nacional Art. 3.0 - Picam asseguradas ·· ao' me8mo
de · Geografia, no uao dae suas atribuições, professor as vantagens que aufere no conselho
Considerando que o estàglo do profesaor por dirigir técnicamente os serviçoa geodéslcoa
AUrlo Buguene7 de Matoe, no U. S. Geodetlo e astronõmlcos, e bem assim a ajuda de éuato.
Surve7, a oonvtte, decorreu dos estendimentOB de seis mil cruzeiros.
que o conselho teve com as autoridades e téc· Art. 4. 0 - O Conselho custearà as despesas
nlcoa norte-americanos a propósito do desenvol- a que o professor Allrlo de Matos fôr obrigado
vimento das atividades geogrã!lcae no Brasil; a fazer no desempenho doa encargos que ora
lhe são cometidos, as quais deverão ser devi-
RESOLVE: damente comprovadas e não ultrapassar a lm•
portàncla de dez mil cruzeiros (Cri 10 000,00).
Art. 1.0 - Pica autorl.zado o eatl.gio nos Art. 5. 0 - A Secretaria fica autorizada a
Estados . Ul).ldos ao Prof. Alirio Huguene7 de efetuar os pagamentos previstos no art. 3.•
Matos, diretor técnico doa serviços de Geodésla antecipadamente, dando-lhe a !orma adequada.
e de Astronomia de CatnPO, pelo ptaZo de seis
m·eses, salvo prorrogação se assim ae evidenciar Art. 6.0 - Do desempenho da m!esão que o
necessãrlo . · Conselho ora lhe confere, o protP-e.sor Allrio
H1.1g14eney de M'atl.l& deveré. aprestontar ctn-
Art. 2. 0 - Caberã ao referido prores.,or cur..stan".'la.t!o rela tório.
estabelecer nos Estados Unidos entendimentos
com aút.orlde.des e técnicos, em nor.1e elo Con- Rlo de Janeiro, 20 de novembro de ·1944,
selho e de acôrdo com as Instituições da sua ano IX do Instituto. - Oonter:do e numerado ...
Orlando Valverde, Secretário Assistente. - Visto
direção, relati vos BOEo ;;orogramas de trabalho cio e rubricado. Chrlatovam Leite d.e Caatro, Se-
Col'll!clb '), ol:-Jet!vando medld88 que iacfütem a cretf.rlo Geral do conselho. - Publlque-se . José
i.::-:ecli,'\,r, ~ê,;se.s progr•maa nt.-;, só Q.Wlnto ao Carl°' de Macedo Soaru, Presidente do Ina-
>J~ai. como to.mbém quanto il.O material. titut.o.
152
O Diretório Central do Conselho Nacional Art. 2. 0 - ' - Para o desenvolvimento dos tra·
de Geografia, no uso das suas atribuições, balhos da ComlssãQ Mista, o técnico do Conse-
Considerando as solicitações dos Governos lho pode efetuar ou autorizar despesas até três
dos Estados de Pernambuco e Alagoas e as suas mil cruzeiros mensais, cujo pagamento se pro-
louvai.veis disposições para a fixação da linha cessa.rã na forma usual, por conta da verba
llmltrofe; orçamental.ria relativa à "Assistência técnica. aos
órgãos regionais".
RESOLVE: Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 1944,
ano IX do Instituto. - Conferido e numei;ado.
Orlando Valverde, Secretai.rio Assistente. - Visto
Art. 1.0 - Fica confirmada a designação e rubricado. Chrtstovam Leite de Castro, Se-
do técnico do Conselho, Alolslo Ferreira Lira, cretai.rio Geral do Conselho. - Publique-se. José
para servir na Com!s.são Mista de Limites entre Carlos de Macedo Soares, Presidente do Ins-
os Estados de Pernambuco e Alagoas. tituto.
LEIS E Rl'.:SOLUÇõES 153
~ Concorra para que o Bra.sll !e.la geõgraficamente bem represeht&do, en'fiAndCI' ao Conselho
...,- Nacional dr. Geografia informações e mapas que passa1i. ser d~ utUidad"' 1 uon '-'llição
da Carta Geogrifi<:a do Brasil ao Milionésimo, qu~ o Conselho e·;tá ealior~do.
Diretórios Regionais
RIO DE JANEIRO
fnlegra das Resoluções n.ºª t 4 a 20
Resolução n.o 14, de 29 de fevereiro de 1940 Resolução n.º 16, de 29 de fevereiro de 1940
Diretório Regional do Conselho Nacional de
O Diretório Regional do Conselho Nacional Geografia no Estado do Rlo d" Janeiro, usando
de Geografia, no Estado do Rio de Janeiro, das s'uas atribuições, especialmente da que lhe
usando das suas atribuições, especialmente da é conferida pelo art. 2. 0 da Resolução n. 0 8,
que lhe é conferida pelo r<rt. 2." da Resolução de 15 de julho de 1937, da Assembléia Geral do
n. 0 8, de 15 de julho de 1937, da Assembléia Conselho N!!cional de Geografi'l;
Geral do Conselho Nacional de Geografia; Considerando os têrmos da proposta enviada
Considerando os têrmos da proposta enviada pelo Diretório Municipal de Angra dos Reis;
pelo Diretório Municipal de Bom Jardim;
RESOLVE:
RESOLVE:
Artigo único - Fica aprovada a proposta
Artigo único - Fica aprovada a proposta formulada pelo Diretório Municipal de Angra
formulada pelo Diretório Municipal de Bom dos Reis, para que os Srs. Lincoln Correia da
Jardim, para que os senhores Altlno Reis, Pedro Sllva Júnior, Hlldebrando de Sousa Tenórlo,
Hugo Folly e senhoras Maria Arce dos Santos Francisco Eleutério de Araújo, Alberto Coelho
e Maria Aurea Rodrigues Erthal constituam o dos Santos, Sotero de Sousa Llma, Casimiro
Corpo de Informantes Municipais, junto ao Braullno Barra, Salomão Pedro Reseck, Ar·
referido Diretório Municipal. nauld Gomes Brugger, Armando Carvalho Jor-
Niterói 29 de fevereiro de . 1940, ano V do dão, Antônio Carvalho Miranda, Eduardo Steel,
Instituto. - Conferido e numerado. Murilo Antônio Macedo Costa e Gumercindo Bouchar-
Guedes, Secretário Assistente. - Visto e rubri- dait constituam o Corpo de Informantes Muni-
cado. Luís de Sousa, Secretário do Diretório. cipais, junto ao referido Diretório Municipal.
- Publlque-se. Caot. Hélio de Macedo Soares N\teról 29 de fevereiro de 1940, ano V do
e Silva, Presidente - do Diretório Regional. Instituto. - Conferido e numerado. Murilo
Guedes, Secretário Assistente. - Vlst.o e rubri-
cado. Luís de Sousa, Secretário do Diretório.
- Publlque-se. Capt. Hélio de Macedo Soares
Resolução n,o 15, de 29 de fevereiro de 1940 e Silva, Presidente do Dlretórlo Regional.
O Diretório Regional do Conselho Nacional
de Geografia no Estado do Rio de Janeiro,
usando das suas atribuições, especialmente da
que lhe é conferida pelo art. 2. 0 da Resolução Resolução n. 0 17, de 29 de fevereiro de 19'0
n.o 8, de 15 de Julho de 1937, da Assembléia O Diretório Regional do Conselho Nacional
IJ:eral do Conselho Nacional de Geografia; de Geografia no Estado do Rlo de Janeiro,
Considerando os têrmos da proposta enviada usando das suas atribuições, especialmente a
pelo Diretório Municipal de Santo Antonio de que lhe é conferida pelo art. ~-º da Resolução
Pádua; n.º 8, de 15 de julho de 1937, da A.ssembléla
Geral do Conselho Nacional de Geografia;
RESOLVE: Considerando os têrmos da proposta enviada
pelo Diretório Municipal de Majé;
Artigo único - Fica aprovada a proposta
formulada pelo Diretório Municipal de santo RESOLVE:
Antônio de Pádua, para que os Srs. José La-
vaqulal Biosca, Gambeta Perlssé, José Batista, Artigo único - Fica aprovada a proposta
Antônio Ferreira Toscano, Martins de Faria formulada pelo Diretório Munlc'.pal de Majé,
Blank, Vicente de Castro, Manuel Pereira de para que os Srs. Agenor Pinto da Silva Coelho,
Barros, Lauro de Abreu Sodré, José Balrral, Domingos Correia Laje, João Bruno, Valdemar
Ataíde Balrral Alceu Bóechat, Geraldlno Atlan- Colombo Garcia, José Ferreira Campos, Alvaro
tlno Ludolff, júJlo César Marques, Pedro Pinto, Teixeira ?luto, Joaquim José Ferreira, Paulino
Rubem cunha, Lafalete de Abreu Campanário, Rosa Vivas, José Antonio Ribeiro, Bernardino
Hastfnfllo Barbosa Neto e senhoras Francisca Martins Néri, Paulo Barenco, Alfredo França
Pena do Amaral, Jacl Condé, Corlnta Melo Vieira; Mário Brito, Pasqual de Luca e Durval
Simão e Palmira Marques constituam o Corpo de Meneses contituam o Corpo de Informantes
de Informantes Municipais, junto ao referido Municipais, junto ao referido Diretório Muni-
Diretório Municipal. cipal.
Niterói 29 de fevereiro de 1940, ano V do Niterói 29 de fevereiro de 1940, ano V do
Instituto. - Conferido e numerado. Murilo Instituto. - Conferido e numerado. Murilo
Guedes, &>cretárlo A.sslstente. - Visto e rubri- Guedes, Secretário Assistente. - Visto e rubrl-
cado. Luf,, de Sousa, Secretário do Diretório. cad'J. Luís de Sousa. Secretário do Diretório.
- Publlque-se: Capt. Hilio de Macerlo Soares --· Publique-se. Capt. Hélio de Macedo soare&
e Silva, Presidente do Dlretérlo Regional. e Silva, Presidente do Diretório Regional.
LEIS E RESOLUÇÕES 155
RESOLVE:
Artigo único - Fica aprovada a proposta ·Resolução n. 0 20, de 27 de fevereiro de 1940
formulada pelo Diretório Municipal de Canta-
galo, para que os Srs. Januário Pinto de Freitas O Diretório Regional do Conselho Nacional
Júnior, Sebastião Serafim Huggin, João Beline de Geografia, no Estado do R!o de Janeiro,
Salgado, Jalr de Andrade, João Gomes de Al· usando das suas atribuições, especlalmente da
melda, Manuel Marcelino de Paula e Ipres Faria ·que lhe é conferida pelo art. 2. da Resolução
0 ,