Sumário Dêste Número

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Sumário dêste número

EDITORIAL: Feliz Coincidência - CHRISTOVAM LEITE DE CASTRO (pág. 5).

COMENTARIO: O sentido Geográfico - Prof. DELGADO DE CARVALHO (pág. 7).

TRANSCRIÇÕES: A Zona Pioneira do Norte-Paraná - Prof. PIERRE MONBEIG - (pág. 11). -


Regiões e Paisagens do Estado de São Paulo - Prof. PIERRE DEFFONTAINES - (pág. 18).

RESENHA E OPINiõES: A indústria no Brasil em 1889 (pág. 28). - Desenvolvimento econô-


mico e 'industrial do Brasil (pág. 29). - As vias e meios de comunicação do Brasil em
1889 (pág. 31). - Parnaíba: breve história de um rio (pág. 38). - Geopolítica e política
geográfica (pág. 40). - Crescimento demográfico da população brasileira (pág. 42). -
As feiras de burros de Sorocaba (pág. 42). - A geopolítica das nossas fronteiras (pág. 46).
- O Etna em erupção (pág. 47). _..Uma publicação valiosa (pág. 50). - O Tempo (pág. 51).
- Uruguai (pág. 53).

CONTRIBUIÇÃO AO ENSINO: Organização de uma Unidade em Geografia Matemáticà -


KATHERYNE THOMAS WHITTEMORE (pág. 57).

TERTúLIAS GEOGRAFICAS SEMANAIS: Centésima tertúlia, realizada em 6 de março de 1945


(pág. 60). - Centésima primeira tt"rtúlia, realizada em 13 de março de 1945 (pág. 64). -
Centésima segunda tertúlia, realizada em 20 de março de 1945 (pág. 72). - Centésima
terceira tertúlia, realizada em 27 de março de 1945 '(pág. 75) .
NOTICIARIO: CAPITAL FEDERAL - Presidência da República (pág. 83). - Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística (pág. 84). - Ministério da Aeronáutica (oág. 86). - Minis-
tério da Agricultura (pág. 86). - Ministério da Educação e Saúde (pág. 88). - Ministério
da Fazenda (pág. 89). - Ministério da Guerra (pág. 89). - Ministério da Justiça e Negócios
Interiores (pág. 90). - Ministério da Marinha (pág. 90). - Ministério do Trabalho, Indús-
tria e Comércio (pág. 93). - Ministério da Viação e Obras Públicas (pág. 93). - INSTITUI-
ÇÕES PARTICULARES - Fundação Getúlio Vargas (pág. 94). - Instituto de Colonização
Nacional (pág. 95). - Instituto Nacional de Ciência Política (pág. 95). - Sociedade
Brasileira de Antropologia e Etnologia (pág. 95). - Sociedade de Geografia do Rio de
Ja:neiro (pág. 95). - Universidade do Ar (pág. 97). - CERTAMES - Conferência Técnica
- Econômica Inter-Americana (pág. 98). - I Congresso Anual da Associação Brasileira de
Metais (pág. 98). - IV Congresso Sul-Riograndense de História e Geografia (pág. 99).
- UNIDADES FEDERADAS - Alagoas (pág. 100). - Bahia (pág. 100). - Espírito Santo
(pág. 100). - Minas Gerais (pág. 101). - Pará (pág. 103). - Paraná (pág. 104). -
Pernambuco (pág. 104). - Rio de Janeiro (pág. 104). - Rio Grande do Norte (pág. 104).
Rio Grande do Sul (pág. 104). - Santa Catarina (pág. 105). - São Paulo (pág. 105).
- MUNICtPIOS - Aracaju (pág. 106). Barra do Piraí (pág. 106). - Manaus (pág. 106).
- Salvador (pág. 107). - EXTERIOR Estados Unidos da América do Norte (pág. 1~7).
2 BOLETIM GEOGRAFICO

BIBLIOGRAFIA: Apontamentos bio-bibliográflcos: Francisco Rádler de Aquino (pág. 108).


- REGISTROS E COMENTARIOS BIBLIOGRAFICOS - Livros (pág. 116). - Periódicos
(pág. 122). CONTRIBUIÇÃO BIBLIOGRAFICA ESPECIALIZADA - Bibliografia do barão
do Rio Branco no _Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (pág. 124). - RETROSPECTO
GEOGRAFICO E CARTOGRAFICO - Revista Marítima Brasileira - Relação, por autor, dos
trabalhos de caráter geográfico, publicados na Revista Marítima Brasileira (1881-1943 - VI
(Letras de V a X) (pág. 128).

LEIS E RESOLUÇÕES: LEGISLAÇÃO FEDERAL - Ementário dos decretos-leis publicados no


mês de março de 1945 (pág. 130). - ÍNTEGRA DA LEGISLAÇÃO DE INTER1:SSE GEOGRA·
FICO - Lei Constitucional (pág. 134). - Decretos-leis (pág. 137). - Decretos (pág. 138).
- Atos diversos (pág. 139). -- LEGISLAÇÃO ESTADUAL ·- íntegra dos decretos, decretos-.
leis e demais atos de interêsse geográfico (pág. 144). - LEGISLAÇÃO MUNICIPAL --
íntegra dos decretos, decretos-leis e demais atos de interêsse geográfico (pág. 148).. -
RESOLUÇÕES DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - Conselho
Nacional de Geografia - Diretório Central - Ementário das Resoluções aprovadas pelo
Diretório Central em 1944 (pág 150) - íntegra das Resoluções ns. 171 a 176 (pág. 151). -
DIRETÓRIO REGIONAIS - Rio de Janeiro - íntegra das Resoluções ns. 14 a 20 (pág. 154).
BARÃO DO RIO BRANCO
(1845-1912)

JosÉ MARIA DA SILVA PARANHOS. barão do Rio Branco, lêz o seu curso de humsniâades
no ColéAio Pedro 11, onde mais tarde, em 1868, foi professor de história e geoAralis. dot
Brasil.
Seãuindo a sua vocação e a atividade inteledual do seu pai, o visconde do Rio Branco,
ingressou na carreira consular em 1876, seguindo para a Grã·Bretanha como cônsul-~eral
do Brasil em Liverpool. De volta do Rio da Prata, onde estivera como secretário do
seu pai, em missão especial, foi eleito sócío do Instituto Histórico e Geo[Jr~fico Brasileiro.
Desde o comêço da sua vida diplomática demonstrou sua capacidade e devotamento
pela carreira que abraçara. As missões que a nação lhe confiou, foram justo reconhecirnento
dos seus méritos.
No govêrno do marechal FLORIANO PEIXOTO ocupou o alto carRo de ministro pleni-
potenciário e foi enviado como representante do Brasil junto ao ~ov ?rno dos EE. UU.,
a fim de acompanhar a secular questão de Palmas (imprõpriamente conhecida por Questão
das Missões) então sujeita à arbitra§em do ~ovêrno de Washington, Nessa posição, escreveu,
defendendo os interê.sses da Pátria Brasileira, a notabilíssima memória históríco-Aeográlica,
em um volume e anexos com farta dàcumentação cartográfica, - Boundary Question
between Brazil and the Argentina Republic, do que resultou, em 5 de fevereiro de 1895,
a encorporação definitiva ao Brasil de um território de 30 622 km!. Foi a sua primeirlt'
vitória.
Em 22 de novembro de 1898 o presidente PRUDENTE DE MORAIS o nomeava ministro
plenipotenciário em missão especial juvto ao ~ovêrno suiço 1 para defender os direitos
bras1ieiros na célebre questão 140 Amapá. Desempenhando tal encarao, escreveu vasta
memóría, em cinco volumes e um atlas - Questions de frontieres entre te Brésil et la
France, como depois a République du Brésil 1 em três volumes, um álbum de fac-simil.e
e dois atlas. E a sua obra foi tal que em 1 de dezembro de 1900, 260 000 km' de
terras, litígio de dois séculos, passaram definitivamente à jurisdição nacional, dilatando
o solo pátrio.
O Dr. RODRIGUES ALVES, ao assumir a presidêncis da República, rec1amou·lhe os
serviços, em nome da. Pátria, à frente do Ministério das Relações Exterior~s a fim~ de
solucionar a gravíssima questão do Acre, que se declarara independente. RIO BRANCO
s.jJiu desde logo e, em 17 de novembro de 1903, firmava-se o Tratado de Petrópolis, pelo
qual o Brasil, mediante compensações e acordos, entrava na posse de 200 000 km! - o
riquíssimo Território do Acre.
Na pasta do Exterior, que ocupou ininterruptamente ·de 1902 até a sua morte em
1912, RIO BRANCO continuou desenvolvendo o máximo da sua atividade pelo enArandeci-
mento da Pátria. ComO ministro do Exterior, conseguiu brilhantes vitórias diplomáticas,
dentre as quais se salienta a assinatura, com a Ar4entina, do acôrdo complementar sôbre
as ilhas do Alto UruRuai, feliz remate à delicada êiuestão de Palmas.
Estas vitórias sucessivas levantaram ao mais alto Srau o prestígio do barão do Rto
BRANCO. Em 1907 foi eleito presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 1
cargo êsse perpetuado em 1909.
Autor de notáveis trabalhos históricos Esquisse de l'Histoire du Brési1, Efemérides
Brasileiras, Elisée Reclus, etc., deixou, também, contida nas páginas e nos mapas das
suas Memórias, considerável documentação corográfica das re4iões contestadas, contribuição
preciósa para a ~eojrafie. nacional.
Para a exemplificação objetiva do extraordinário trabalho de Rto B"RANCO, basta
lembrar que a confiA_uração atual do Brasil, a extensão das suas fronteiras e a sua imensa
superfície é obra sua. Com efe:to, dos 16 340 km de fronteiras brasi}eiras, 14 002 km,
foram por êle fixados. Quanto ao âmbito territorial do Brasil, os territórios do Acre
(191 000 km 2 ) , do Amapá (255 000 km') e de Palmas (30 622 km'), integrados defini-
tivamente, perfazem 476 622 dos 8 511 189 km· da sua área total.

Êste 4rande brasileiro, figura indispensável para o estudo da evolução das nossas
fronteiras e do nosso território, deixou seu nome liRado para sempre à diplomacia, à
história e à J,?eoãrafia do Brasil.

Lúcw DE CASTRO SOARES


Boletim Geográfico
Ano III ABRIL, 194 5 1 N. 0 25

Editorial
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Feliz Coincidência
Em abril de 1943, saía a público o número inaugural dêste Boletim,
inicialmente intitulado Boletim do Conselho Nacional de Geografia; apresen-
tando-o, o preclaro presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
embaixador josé Carlos de Macedo Soares, vaticinava-lhe um "êxito plenamente
assegurado pela utilidade que indiscutivelmente oferece".

Em abril de 1944, no editorial "Um ano de Divulgação Geográfica", fazia


eu, na qualidade de diretor do Boletim, a um tempo, uma explicação e uma
advertência: a explicação das transformações havidas na publicação, quanto
ao título e quanto ao conteúdo, atendendo-se a um aperfeiçoamento de subs-
tância e de ritmo, que se adotou, em obediência ao propósito - verdadeiro
princípio - de utilidade com tanta firmeza anunciado e proclamado pela
autoridade máxima da instituição, no número inaugural; a advertência de que
deve constituir motivo de vigilância e de cuidados, ao invés de regozijas e
festas, o aniversário duma publicação, no início de sua existência, naturalmente
vacilante e sujeita a vicissitudes perigosas, pelo imprevisto das ocorrências e
pela inconsistência de estreant~.
Em abril de 1945, que marca o segundo aniversário dêste Boletim, nada
havia a dizer, com motivo na data em si mesma, se não ocorresse uma coinci-
dência venturosa e alvissareira: a passagem do centenário do nascimento do
barão do Rio Branco, figura ímpar da Geografia nacional.
O Ministério das Relações Exteriores, com tanta propriedade e justiça
cognominado "A casa de Rio Branco", organizou, em nome do Govêrno da
União, um vasto, substancioso, expressivo e fecundo programa de comemorações
do centenário, que vem sendo executado com alma, não só devido ao entusiasmo
patriótico dos seus dirigentes como devido à ressonância cívica que, em todos
os recantos do país, vem provocando adesões e solidariedades as mais espon-,
tâneas e vibrantes, de todos os setores de opinião.
Nessas tondições, o aplauso, a solidariedade, a manifestação deste Boletim
representam uma gôta d'água no imenso oceano de vibração, que hoje - para
glória do Brasil - empolga tôdas as camadas pensantes do país, na comemo-
ração do centenário do aparecimento dum filho üio grande que engrandeceu a
própria Pátria.
BOLETIM OEOORAFICO

Não cogita, pois, éste comentário de dar ressonância a aclamações, nem


de altear uma voz - que, embora sincera quanto possa ser e lançada com a
intensidade maior que possa ter, seria, sempre e felizmente, apenas um acorde
do grande côro de glorificação nacional.

Não, o que objetiva o editorial é ressaltar a ventura da coincidência, e


dela tirar o devido proveito, pois, mirando e admirando a obra gigantesca do
Barão, o Boletim terá nela uma estréia a guiar-lhe os passos, iluminando-os na
estrada certa e gloriosa do serviço ao Brasil.
Porque a grande virtude do barão do Rio Branco, seguramente a quali-
dade que mais lhe valéu na vigorosa atuação diplomática, sem dúvida o predi-
cado que mais assegurou as vitórias formidáveis do Brasil nas delicadas e com-
plexas questões de. fronteiras, foi a sua inabalável fé na Geografia: com ela
formou as suas convicções, com ela moldou convicções alheias, com ela venceu
os obstáculos, com ela deu ganho de causa ao Brasil, engrandecendo-o territo-
rial e culturalmente.
É o patrono por excelência de quantos se ocupam da Geografia do Brasil.

Cultuemos a sua memória, perpetuamente para haurirmos dela fé, estímulos


e convicções, que nos iluminem e conduzam no serviço da Pátria comum.

CHRISTOVAM LEITE DE CASTRO


Secretário ,Geral do Conselho Nacional de Geografia
Comentário

O Sentido Geográfico
DELGADO DE CARVALHO
Prof. da Faculdade Nacional de Fllosefla
e membro do Diretório Cent.ral do C.N .G.

Desde a infância, confesso que tenho uma admiração profunda pelos má-
gicos prestidigitadores que de uma simples cartola conseguem tirar flores, ovos,
cobaias e outros objetos de uso. Alguns fazem desaparecer objetos, abalando
a confiança dos respectivos proprietários; outros, em chapéus alheios, resol-
vem quebrar ovos e fazer omeletes. O que mais me impressiona é a quantidade
e o volume das coisas que vão aparecendo de um recipiente relativamente tão
pequeno.
Mais tarde na vida, porém, encontrei mágicos dêste gênero que fazem
aparecer uma porção de coisas, de idéias principalmente, de um receptáculo
julgado inadequado, à primeira vista. A admiração de minha infância lhes é
por isso, ainda hoje, garantida. Tenho visto canários verdadeiros voarem de
caixas aparentemente vazias. Devo acrescentar que mágicas dêste teor me
têm sido proporcionadas principalmente por grandes mestres da geografia.
Foi assim que ouvi dizer ser a geografia a descrição da Terra, do habitat
do homem; depois me foi dito que a geografia era uma ciência de relações,
principalmente entre a Natureza e o Homem; mais tarde, me ensinaram que
a geografia é essencialmente uma ciência de distribuição de fenômenos sôbre
a superfície da Terra. Eu não falo dos que me quiseram fazer acreditar que
geografia é apenas conhecimento dos lugares e que um bom geógrafo é um
bom memorizador de nomes próprios. Em todo caso, muito mais de vinte mi-
nutos gastaria eu aqui, se quisesse lembrar tudo quanto ouvi, lí e aprendi a res-
peito do campo verdadeiro da geografia.
O que mais me tem espantado, entretanto, nesta mágica tôda é que sou
obrigado a admitir que todos êles tinham razão ou em parte razão: todos
êles faziam aparecer cartas, flores, ratos brancos, serpentinas e coelhos da
cartola geográfica.
Eu estava sinceramente hesitando em qualificar êste espanto meu, esta
admissão de todos os pontos de vista bem apresentados pelos mestres; não
sabia se devia atribuir esta minha atitude de aceitação à ingenuidade, à boa
fé ou à simples incompetência, quando encontrei, num alentado volume de cêrca
de 500 páginas, escrito o ano atrasado por um geógrafo americano Richard
Hartshorne, sob o título sugestivo A Natureza da Geografia, a seguinte frase
que acho indispensável comunicar a meus colegas: "Não existe conjunto
algum de regras capazes de determinar quais os fenômenos, em geral, que são
de significação geográfica". E para não nos alarmar com semelhante conclusão
de tão exaustivo inquérito entre autores americanos, alemães, franceses, escan-
dinavos e japonêses, o autor acrescenta "Isto é uma questão que só pode ser de-
terminada, em casos particulares, levando em conta a importância direta dos fe-
nômenos em relação à diferenciação topográfica ou a sua importância indireta
por meio das relações de causalidade com outros fenômenos".

• N.R. - Palestra realizada pelo Prof. Delgado de Carvalho no Curso de Geografia Geral
e do Brasil da Universidade do Ar. irradiada pela PRA-2.
BOLETIM OEOGRAFICO

Esta explicação concisa talvez, mas que me parece aceitável, é que para
um fenômeno merecer o qualificativo de geográfico é necessário que o fator po-
sição ou situação o venha diferenciar.
Éste critério me parece eminentemente aceitável; é de utilidade prática para
o professor de géografia: não se trata aí de metafísica, mas de aplicação, de
realização concreta das três características que viemos eJtaminando em pales-
tras anteriores: a nomenclatura, a descrição e a explicação. Podemos designar,
descrever e explicar muitos fenômenos, nem por isso serão geográficos; só virão
a sê-lo se o fator posição os venha diferenciar.
Mas êste ponto de vista geográfico tem mais uma vantagem, a meu ver,
capital: estabelece as estreitas relações que, com as demais ciências sociais
tem a geografia e a interdependência dos fenômenos a estudar.
Ora, nomenclatura, descrição e explicação, não vêm a ser exatamente tam-
bém os objetivos característicos da História, porém, em vez de ser em relação
à posição no espaço é em relação ao período no tempo?
Como nos achamos, por conseguinte, intimamente relacionados, no campo
das ciêndas sociais, com os nossos colegas da História!
Já em 1883, nas suas Aufgaben und Methoden der Heutigen Geographie
o mestre Richthofen já constatara que muitos têm a ilusão de colhêr no cam-
po geográJ , .o o que lá não semearam, nem plantaram. O mesmo se dá com a
História: tod.,hmundo julga que é disciplina fácil e todos, em geogràfia como
em história, t , acham em casa, à vontade. A matéria é tão simples! De fato
é simples para os que nem suspeitam da sua complexidade.
De fato a êstes espíritos simplistas devemos uma tumultária acumulação
de fatos mal digeridos e servidos sob o nome de geografia moderna. O perigo
maior que oferece êste tipo de estudo geográfico, foi descrito em 1934 por Isaiah
Bowman do seguinte modo: "São os horríveis exemplos de pensamento con.,
fuso em geografia que afetam principalmente o lado humano do assunto,
· por meio de tentativas precipitadas de formular e aplicar novas filosofias so-
ciais e que levaram muitos professôres de ciências sociais a citar uns tantos
fatos geográficos fazendo generalizações apressadas e fáceis, com escandalosa
inexatid'. , ':l superficialidade".
Durb'.~i~e muito tempo, ainda hoje mesmo, estamos entre dois grupos 'irre-
dutíveis: os tradicionalistas da mnemotécnica que só acreditam na geografia
fatual, nos nomes próprios decorados e tratam tudo mais de conversa fiada ...
e são numerosos entre nós! e, de outro lado, a ala chamada adiantada, que
reduz tudo a princípios, a leis geográficas inventadas, desdenhando por
demais a nomenclatura, e que em todo fenômeno social só enxerga uma res-
posta ao meio, num determinismo absoluto. São os dois extremos.
Fico, por vêzes, entre estes dois como o viajante que n11m compartimento
de estrada de ferro viajava com duas senhoras, intransigentes e imperativas.
Uma queria a janela aberta, porque morria abafada e outra exigia a janela
fechada para não apanhar um resfriado mortal. Depois de longas e violentas
discussões, o viajante perdendo a paciência, colocou-se perto da janela que,
primeiro, abriu para matar logo uma delas, e depois fechou para matar a outra,
e ficar em paz o resto da viagem.
Se pudéssemos fazer outro tanto para refrescar e abafar os exageros em
geografia como seria bom têrmos uma janela à disposição. Isso porém, é um
lento trabalho de convicção e persuasão.
Em realidade, o que precisamos, em geografia, é combater os extremos.
Devemos fazer o seguinte raciocínio, em substância: A geografia é um
ramo de conhecimentos, digamos mesmo uma ciência (?) que tem um valor
educativo na formação do indivíduo. Ela nos interessa sobretudo' sob o ponto
de vista humano. É pois uma ciência social e, por isso, não é totalmente inde-
pendente das demais ciências sociais; mais 11inda, deve colaborar com as ciên-
cias sociais; deve contribuir para elas. Ora, qual é esta contribuição?
Há cêrca de três meses, um geógrafo norte-americano, Preston James,
grande amigo do Brasil e dêle profundo cohhecedor, publicou um interessante
artigo que, a meu, ver, coloca sobriamente as coisas no seu devido lugar. Éle des-
COMENTAHIO 9

creve o que deve ser, na sua opinião, a contribuição da geografia nos estudos so-
ciais. Passo, pois, a fazer uma rápida análise do que disse num número da revista
Social Education (vol. V n. 0 5).
Temos, até aqui, demasiadamente desprezado o valor da posição como fa-
tor nas coisas humanas. Em compensação, os alemães têm prestado a êste mes-
mo fator posição geográfica, uma atenção muito especial, fazendo-a base da
sua estratégia.
A geografia tem por fim, exa-..amente, na educação, dar o sentido de po-
sição, "consciêncifi. da posição" diz o autor, para fatos isolad-0s, mas em relação
às coisas físicas e sociais que diferenciam as regiões da Terra. O mesme> faz a
história, como já vimos, em relação ao tempo.
Mas êste sentido geográfico de posição é dado de dois modos principal-
mente: O primeiro, mais longo, mais geral, consiste em colocar o estudante em
condições de localizar o fato ou o fenômeno no quadro natural completo. É ao
mesmo tempo a situação, a topografia do ambiente, as feições climáticas, a po-
sição em relação à ocupação humana, a divisão política, as linhas de circulação
e comunicações. Em suma, é um complexo, e o fato só tem valor geográfico
quando nêle integrado.
O segundo modo consiste em preparar o estudante a compreender a sua
posição individual, relativa a um ambiente mais próximo, dando-lhe ' l sentido
de direção, do quadro geográfico imediato visível e próximo in"' -i.vel, além
do horizonte. É o dom de orientação e de pensar geogràficamen ;. Torna a
viagem e a excursão cheias de significação e de ensinamentos. É uma das mais
preciosas funções da educação.
Com semelhantes propósitos tão preciosos e claros, como estamos longe da
geografia-ilustração do espírito, da geografia ornamento da cultura e de ou-
tros propósitos metafísicos na educação do indivíduo.
Outra função do ensino geográfico, segundo Preston James, é de fami-
fül,rizar o estudante com o manuseio dos mapas.
É extraordinário o número de adultos que julgam estar lendo um mapa,
carta topográfica ou atlas e entretanto, não estão percebendo o slgnifi-
cado real de grande parte de seu conteúdo. É o que o autor chama de' >lalfa-
betismo do mapa", inadmissível numa democracia culta. O mapa, sen~ uma
forma de simbolismo, precisa ser interpretado e ao mestre de geografia cabe
a função de educar o estudante, capacitando-o a tirar do mapa tudo quando
nêle se acha contido.
Cita James o exemplo de um adulto que dissera que os norte-americanos
deveriam aprender espanhol pois, geogràficamente, o México estava em rela-
ção aos Estados Unidos na mesma posição que o Canadá. Evidentemente, o
mapa estava mal interpretado, mal integrado em seus aspectos diversos, o
adulto estava adulterando a realidade. Uma outra feição característica do
ensino geográfico é o estudo da relação do Homem e da Natureza. É um
perigo transferirmos os ensinamentos das ciências naturais para o campo
das ciências sociais: leva a multiplicar as falsas analogias. Em ciências so-
ciais não existem princípios gerais de causa e efeito, (conhecidos pelos menos).
A realidade é de tal complexidade e variabilidade que os casos são em redu-
zidíssimo número e não e permitem leis ou generalização de princípios com
exemplos específicos. A regra, é a exceção: quando generalizamos, desacredi-
tamos o método e a própria ciência. "Reações ao meio físico" foi uma fórmula
interessante, mas revela um determinismo inadmissível.
A contribuição da geografia, neste setor, pensa James, será apenas de per-
mitir uma apreciação do fator posição em relação a fatos ou fenômenos so-
ciais. A geografia se presta a estabelecer contactos, correlações: coordena e
colabora mas não obedece a principias oriundos de outras ciências sociais.
"Uma região, diz o autor, não pode ser descrita como favorável ou desfavo-
rável ao estabelecimento humano enquanto não se tiver tornado tal pela ocupação
de um grupo específico". É resultado do momento histórico e do estágio cultu-
ral. A falta de meios de aquecimento apropriados teria sido a razão da não
ocupação da Europa Central pelos gregos oll romanos. Tal seja o aparelha-
mento cultural de um grupo, amanhã talvez seja ocupado e povoado o Spitz-
berg ou o centro do Saara! Quantas coisas não foram tornadas possíveis, em
10 BOLETIM GEOGRÁFICO

geografia humana, pela revolução industrial! A cada estágio novo de civilização


podemos esperar uma modificação profunda na significação do fator situação,
isto é, no fator posição geográfica.
Em páginas de admirável sentido geográfico, já traçou Everardo Backheuser
as diretrizes geo-políticas da evolução do nosso continente.
Prova isso tudo, quanto o estudo da posição relativa deve constituir um
incentivo para aprofundar os estudos dos meios físicos que condicionam a dis-
tribuição dos sêres sôbre a superfície da Terra.
O norte-americano conclui mostrando quanto devem estar alertas o espírito
do geógrafo-estudante e sua capacidade de observar, de apreciar paisagens,
de notar os significados das coisas no horizonte. Em suma, precisa tornar-se
um viajante inteligente.
Um viajante dêste quilate, penso eu, é dos que estariam prontos a abrir
e fechar janelas de seu compartimento, não talvez para eliminar senhoras exi-
gentes e recalcitrantes, mas para distraí-las de seus males supostos e mos-
trar-lhes paisagens, explicá-las e desviá-las da geografia de nomes de luga-
res, das sêcas enumerações e também das grandes elaborações cerebrais da
geografia-filosófica, tendenciosa e vazia.
Mas que podemos fazer prezados colegas? De todos os lados, ouvimos toques
de corneta, sons desafinados dos que pretendem guiar a geografia, em vez
de ser guiados por ela. É música diabólica; e nós, nos achamos como aquê-
les sentenciados que, ouvindo no pátio da penitenciária o jazz-band organi-
zado para sua distração, protestaram junto ao diretor do estabelecimento,
lembrando que o jazz não tinha sido incluído na sentença a cumprir. . . Eu
também protesto, mas meu jazz-band está terminado, e outro, mais eficiente,
talvez esteja à espera de meus pacientes ouvintes. Boa noite!

. . . . - AOS EDITôRES: tste "Boletim" não faz publicidade remunerada, entretanto reglstarã ou
...., comentará as contribuições sôbre geografia ou de interêsse geográfico que sejam enviadas
ao Conselho Nacional de Geografia, concorrendo dêsse modo para mais ampla difusão da bibliografia
referente à geografia brasileira.
Transcrições

A Zona Pioneira do Norte.-Paraná


PIERRE MONBEIG
Geografia - Associação dos Geógrafos Prof. de Geografia da Universidade
Brasileiros - S. Paulo - n. 0 3 - ano 1 de São Paulo
, - 1935 - págs. 221 a 236.

A tentativa de classificação e de delimitação das reg10es naturais do Es-


tado de São Paulo, apresentada pelo Prof. Deffontaines no último número de
Geografia 1 é, na verdade, um convite para o trabalho.
Estamos de posse de um quadro geral que se trata de aperfeiçoar e dentro
do qual se devem inscrever estudos precisos. A Associação dos Geógrafos Bra-
sileiros deu início a uma tarefa que deve levar a cabo; desejaria - neste ar-
tigo - ocupar-me mais particularmente de uma região que - se bem que
pertença administrativamente ao Estado do Paraná - não deixa de ser de fato
uma região de economia paulista. Em nota e na conclusão de seu artigo, Def-
fontaines assinalou o interêsse da tentativa de colonização efetuada pela Com-
panhia Terras Norte do Paraná e do avanço pioneiro que acompanha os pro-
gressos da via férrea São Paulo-Paraná, Depois dos estudos da American Geo-
graphical Society 2 sôbre as zonas pioneiras australiana, canadense, mandchu-
riana e .outras, resta estudar a faixa pioneira brasileira. É pois um início de
estudo neste sentido que se vai tentar aqui, não somente descrevendo esta pró-
pria faixa, como procurando também o que o conhecimento desta pode trazer
para o esclarecimento de problemas, muitas vêzes, remotíssimos, no tempo e
no espaço.
A região, atualmente em via de derrubada, do norte do Paraná corresponde
ao prolongamento do grande arco de círculo dos arenitos de Botucatu que,
em território paulista, formam um solo particularmente fértil pela decom-
posição superficial dos diábases da terra roxa; os afluentes do rio Paranapa-
nema entre o rio Tibaji e o rio Pirapó isolam longas ondulações cuja altitude
se eleva sensivelmente para o lado do oeste: Santa Mariana acha-se a 460 me-
tros de altitude, Cornélia Procópio a 680, Rolândia a 765 e Arapongas a 810;
como se vê, a elevação é sensível e se traduz na vegetação pelo aparecimento
progressivo da araucária, espalhada aqui e acolá e rara até Rolândia, entretan-
to mais densa em Arapongas. Seria interessante determinar com exatidão a
transformação da vegetação com dados climatéricos; infelizmente não há senão
quatro anos de observações e tôdas efetuadas em Londrina. A média anual das
precipitações foi, neste período, de · 1 517 milímetros com um máximo de 1 599
milímetros em 1931; para o correr do ano os gráficos indicam um período de
sêca que vai de abril a agôsto mas que não é uniforme: cada ano, depois de
uma diminuição r&...,>ida de março a abril, nota-se um aumento de precipitações
em maio (em 1933 e 1934 particularmente); as indicações do termômetro com-
pletam o caráter do clima dividindo-o em duas estações distintas. As baixadas
estão sujeitas a geadas mais freqüentes e mais fortes que no Estado de São Paulo.
Assim se desenha o quadro. no qual o homem dá batalha à floresta.
Desde 1929, a Companhia Terras Norte do Paraná empreendeu a divisão
em lotes de uma parte de seu patrimônio, a oeste da nova cidade de Lon-
drina, a 24 quilômetros a oeste de Jataí (sôbre o rio Tibajil; a venda dêstes
lotes começou antes da chegada da via férrea. Sôbre que massa humana iam

1 Pierre Deffontalnes: Regiões e paisagens do Estado de São Paulo - Geografia - Ano I,


n. 0 2, págs. 117 a 169.
• Isalah Bowman: Ploneer Frlnge - Cooperative Studies Pioneer Settlement. Specl.al
Publication n. 0 13 eh 14 da American Oeografical Society.
ll BOLETIM GEOGRAFICO

apoiar-se os recém-chegados? Qual a base que ia achar o novo povoamento? Não


há dúvida que já havia um povoamento, e como conseqüência caminhos e cultu-
ras; mas pode-se imaginar em que estado primitivo! Se, de um lado, a colônia
Jataí figura no mapa do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, daí em diante,
para oeste não há indicação alguma de povoamento, salvo alguns ranchos de
caboclos perto das aguadas, com uma derrubada insignificante e uma cultura
que se limita ao milho. Quanto aos caminhos, não são senão picadas que tre-
pam pelas encostas e descem por elas bruscamente com a única preocupação
de chegar o mais ràpidamente possível ao ponto de aguada onde se acha o
arranchamento: as montarias são capazes de esforços formidáveis e suporta-
vam tal estado de coisas; não deveríamos falar no passado, pois a uns cem
quilômetros a montante de Jataí, sôbre as margens do Tibaji, êste estado de
coisas ainda subsiste. Tem-se, a tentação, às vêzes, de considerar êste esfôrço
rudimentar do caboclo como um esbôço longínquo da verdadeira colonização,
porém bem longínquo para falar a verdade; particularmente no norte do Pa-
raná não se percebe a herança transmitida aos pioneiros pelos caboclos. A
colonização moderna teve que criar tudo. ·
Itste problema das origens de um povoamento é particularmente atraente
para quem está habituado a observar civilizações rurais evoluídas; cujos se-
gredos não se acham diretamente inscritos no solo, mas muitas vêzes mergu-
lhados nos tombos dos arquivos. O povoamento do norte do Paraná, ainda em
via .de gestação, compõe-se de dois elementos distintos porém inseparáveis:
de um lado centros urbanos, de outro, habitações geralmente espalhadas dos·
colonos propriamente ditos. O desenvolvimento rápido das aglomerações é a
prova mais imediata e mais tangível do sucesso do empreendimento: no mês
de .maio de 1935 o número de lotes urbanos vendidos desde 1930 elevava-se a
1 147, cada qual com área de 500 a 750 metros quadrados. A verdadeira capital
atual é Londrina, fundada em 1931, a 24 quilômetros além de Jataí. Esta úl-
tima vila, desde 1931 até 1935 era a última estação servida pelo caminho de
ferro; uma boa estrada e um serviço regular de "jardineiras" garantia a li-
gação éntre êstes dois centros. O primeiro trabalho de derrubada em Londrina
teve lugar em agôsto de 1929 e a estrada de rodagem aí chegava em janeiro
de 1930. As duas primeiras casas foram os escritórios da companhia de colo-
nização e um hotel, como aliás se deu nas outras cidades da região. O número
de construções que era de 400 no fim de 1933 é hoje superior a 600; a popula-
ção é superior a 3 000 almas. Em Nova Dantzig e em Rolândia o número de casas
é, respectivamente, de 90 e 60 (note-se que Rolândia data do mês de agôsto de
1934 tendo lá chegado a estrada de rodagem em abril) . Enfim, desde os úl-
timos dias de abril de 1935, a futura cidade de Arapongas conta um habitante
- um francês. Para cada uma destas pequenas cidades está estabelecido um
plano exat9 de urbanismo, que já se nota em aplicação em Londrina. É
claro que não se deve esperar achar aí os últimos confortos; as ruas são cuida-
dosamente traçadas; nas grandes chuvas, porém, a lama avermelhada as co-
bre; as casas são de construção estravagante, entretanto a higiene é perfeita:
o problema do abastecimento de água potável foi resolvido sem grandes difi-
culdades, a encosta sôbre a qual está construída a cidade facilita o escoamento
das chuvas e evita a estagnação das águas com seus conseqüentes perigos. A
declividade do terreno e a umidade trazem como conseqüência a construção
sôbre estacas da maioria das habitações; umas sessenta construções em ti-
jolos escapam à necessidade das estacas; e dão a Londrina um aspecto de
cidadezinha bem estabelecida e com futuro garantido. Em uma .região de der-
rubadas as aglomerações são, antes de mais nada, centros de abastecimento
local e focos da pequena indústria indispensável aos trabalhos da lavoura,
mas deve-se acrescentar que em Londrina - devido à aproximação da mata
- há uma indústria de madeira: umas dez serrarias estão em plena atividade.
Existe também uma outra em Nova Dantzig. Em Rolândia e Nova Dantzig a flo-
resta está ainda muito próxima das habitações: a paisagem que se descortina
ai lembra uma aldeia de lenhadores da Europa. Mas o fato é que a função essen-
cial dêstes centros é de ser o mercado de abastecimento e de exportação para o
grande número de pequenos lavradores invisíveis pelo fato de estarem espalha-
dos dentro da mata.
Fora Londrina, são raras as aglomerações, a não ser Nova Dantzig e Ro-
lândia: o mesmo modo de ataque da mata por lotes cuidadosamente marcados,
traz como conseqüência a dispersão dos homens. Às vêzes, ao circular pelos lo-
TRANSCRIÇÕES 13

tes, acha-se um grupo de cinco ou seis casas; talvez seja pelo lado étnico que
se deva procurar explicação destas raras aldeolas alemães e principalmentP- ja-
ponêsas. A maioria, porém, ·das duas a três mil famílias de colonos vive iso-
lada, cada uma no seu lote. Ao tomar posse de seu quinhão, o recém-chegado
começa por construir um abrigo rudimentar - um rancho - feito de bambus
e de cana de milho instalado à margem de um riacho, não ·tanto pela neces-
sidade do abastecimento de água para a família, pois é praxe proceder-se
logo ao estabelecimento de um poço, como principalmente para poder abeberar
o pequeno rebanho de animais domésticos: porcos, burros e às vêzes bovinos.
Depois desta primeira instalação começa o trabalho definitivo: construção
da futura casa de morada, a meia encosta desta vez, e enfim a derrubada.
Quase tôdas as casas são feitas de troncos de palmitos cortados pelo meio, no
sentido longitudinal, e o telhado é constituído por pequenas tabuinhas de ma-
deira dispostas como telhas. O chão interno preparado de modo grosseiro é
de terra socada; duas ou três janelas providas de taipas de madeira garantem
a aeração das peças separadas por tabiques de troncos de palmitos que não che-
gam até o teto. Perto da casa de morada são construídos os ranchos necessá-
rios ao serviço da lavoura: a "manjuira" onde secam os grãos de café e as
espigas de milho, o galinheiro e o inevitável chiqueiro para criação de por-
cos. As vêzes, uma morada construída por imigrantes alemães mostra um
acabamento melhor: paredes de tábuas serradas e reunidas com cuidado,
soalho de tábuas, janelas maiores, e como supremo luxo uma adega de alvena-
ria de pedra - motivo de um justo orgulho neste pequeno domínio onde tudo
é de madeira desde a bôca do poço até o ·1avador de roupa.
Enquanto se processa a construção da casa de morada, começa a derruba-
da cuja técnica já foi meticulosamente descrita por Deffontaines; não há
pois necessidade de repeti-la; os processos, aliás, variam pouco. No norte do ·
Paraná, como em outros lugares, a derrubada é raramente feita pelos próprios
colonos. O mais comum é entregar êste serviço a trabalhadores especialistas, na
maioria caboclos da região ou então a turmas de baianos que costumam em-
preitar êste gênero de serviço. As vêzes são lenhadores dos países bálticos que
se encarregam dêste trabalho. Outras vêzes - mas isto raramente - dois ou três
colonos vizinhos se reúnem e fazem um "mutirão". No meio dos troncos, ape-
nas derrubados, o colono começa a semear o milho ou, nas colônias japonésas,
o arroz. Com o feijão, que dá duas colheitas por ano, acha-se assim garantida
a subsistência \da família por um ano, com ligeiro complemento tirado do pe-
queno capital inicial indispensável. Do segundo ano em diante o colono pode
tirar algum lucro do seu algodoal ao qual virá juntar-se o café no fim de mais
dois anos. Êstes dois produtos garantem, com a venda de porcos, o dinheiro
necessário para o pagamento final do lote, para a compra de roupas e das fer-
ramentas indispensáveis. Mas ao mesmo tempo que a produção cresce, ela
tende a variar. Quando se fala de zona "pioneira", deve ter-se em vista que a
zona é de policultura: traço distintivo da colonização atual da do último século ou
dos princípios do século XX. É provável que o caráter tropical atenuado do
clima e da vegetação é causa quase certa do fato; a isso se deve acrescentar
com mais probabilidade a mistura étnica do contingente de imigrantes: a
difusão pelos japonêses do arroz de espigão e de certas técnicas asiáticas for-
nece uma prova nítida da opinião emitida. Do mesmo modo, os colonos ale-
mães, que quase todos entretanto já fizeram um estágio no Brasil, plantam
absolutamente tudo que costumavam plantar na sua terra, espantados da ex-
celência dos resultados obtidos: o trigo ou o centeio por exemplo. Entretanto al-
guns dêles dizem que estas plantações são feitas como uma espécie de "diver-
timento agrícola". O desenvolvimento da criação, acompanhada da cultura
da alfafa com seis cortes por ano, as plantações de mamona são característicos
das colônias alemães. Mais curiosa ainda é a tendência para a cultura de horta-
liças a que os japonêses do norte do Paraná costumam se dedicar como seus
compatriotas estabelecidos nos arrabaldes de São Paulo; ao lado das figueiras
brancas, cujos troncos atravancam ainda o terreno crescem pés de alho de
ervilhas, tomates, pimentões e batata-doce que vão ser vendidos em Londrina.
Entretanto ainda muito mais do que às tradições culturais trazidas por cada
raça é à pequena propriedade que se deve atribuir a policultura: de fato
tôda a zona da Companhia Inglêsa é território de pequenas propriedades. Nã~
se contar'n senão duas fazendas de. 200 alqueires e a grande maioria das explo~
BOLETIM GEOGRAFICO

rações agrícolas tem uma área variando de 5 a 25 alqueires; parece pois


possível atribuir-se ao tipo médio uns doze alqueires. Detalhes no modo de ven-
da dos lotes urbanos ou rurais mostram o desejo bem nítido da Companhia
em criar um foco de pequenos proprietários agrícolas. ' A tendência à policultu-
ra e à pequena propriedade se nota nos outros centros da zona "pioneira"
paulista como o observava Deffontaines em relação "t Araraquarense e à re-
gião de Marília. Êstes focos modernos achando-se situados na faixa de terras
brancas, arenosas ou em terras de massapé ou nas partes onde a terra roxa
tem uma espessura relativamente pequena, a relação entre a pequena pro-
priedade e as características do solo parece evidente. É ainda necessário não
esquecer que se trata de uma organização nova da colonização com um fi-
nanciamento de tipo novo: o grande empreendimento de tipo capitalista· e
sen~o assim, não se acha éle levado pela sua estrutura, pelas suas múltiplas' li-
gaçoes, pela soma de seus interêsses a favorecer o retalhamento do solo
entre um grande número de possuidores? As terras do norte do Paraná se con-
tam entre as meíhores e nada parece particularmente contra-indicado nas
condições físicas para a formação de grandes fazendas de café (Os cafezais
atuais têm bom rendimento e as altitudes apropriadas não faltam i ou para
vastas plantações de algodoais. Constata-se, por outro lado que o mesmo gru-
po financeiro da Paraná-Plantation Limited ao qual pertence a Companhia
de Terras do Norte do Paraná já efetuou em outros lugares vendas de terra de
acôrdo com o mesmo tipo em solos diferentes. Assim pois, a pequena proprie-
dade "pioneira" não dependeria ela da forma moderna de colonização tanto
quanto da constituição biológica dos· terrenos?.' O, exemplo vizinho da coloniza-
ção de Cornélio Procópio - onde se nota a preocupação de constituir um
centro do tipo tradicional paulista da fazenda, apenas modernizado por uma
especulação accessória de vendas de lotes de terras principalmente urbanos -
parece-nos um argumento a mais para que se façam estudos neste sentido.
Entre êstes dois pontos tão vizinhos de Londrina e de Cornélio Procópio, não
somente é necessário notar uma diferença no modo de regime de terras como
ainda um contraste total de paisagem rural, pois, de fato, é uma paisagem
.rural que se está constituindo no norte do Paraná. O viajante, vindo de Ou-
rinhos, ao chegar à estação de Cornélio Procópio, depois que seu trem galgou
uma grande subida, descortina uma paisagem extensa: ao redor das casas
ainda espalhadas de Cornélio Procópio o café domina ainda; os cafezais mais
velhos têm cinco a seis anos de existeücia e dão mostra de farta colheita; entre
os carreirões, o milho e o algodão fornecem o aspecto clássico do cafezal pau-
lista. Ao pé da aglomeração, porém, se estende ainda a mata, e até nove ou dez
horas da manhã, uma renda de 11eblina assinala os riachos que a atravessam.
As partes altas foram derrubadas antes de mais nada para evitar as geadas
nas partes mais baixas; a conquista da terra à custa do mato efetuou-se con-
tornando o centro de povoamento, isto é, em tôrno da estação.
Entre Londrina e Arapongas nada de semPlhante: ac circular em automó-
vel sôbre a estrada de rodagem que liga a;; diversas aglomerações, teffi-se a
impressão que a mata ficou quase inviolada e u carro passa entre as duas pare-
des de árvores da floresta. Para !obrigar a terra já derrubada, é preciso tomar
um caminho perpendicular à estrada descendo para a água à margem da qual
se acha a casa do colono: a tática é pois inversa da seguida em Cornélio Pro-
cópio na região cafeeira; a cultura sobe da baixada para a parte alta do lote.
Pode-se, quase pela certa, distinguir as parcelas mais antigas atacadas pelo
machado e pelo fogo: são aquelas onde a cultura vai beirando a estrada.
E podemos agora imaginar como se vai organizar lentamente a estrutura
agrária do país: cada parcela encosta pela parte alta na estrada, pela parte
baixa no rio; os planos racionais, que recortam o território em lotes a venda,
permitem perceber o desenho das parcelas mais longas do que largas, em de-
clive mais ou menos forte, mas sempre em declive, descrevendo uma auréola

3 A frente dos lotes urbanos é calculada de modo que baste para a construção de um
prédio; mas ê pràticamente lndiv!slvel. Previu-se também, à volta de cada cidade, uma zona
de floresta que se deve conservar Intacta para evitar possíveis especulações.
• Seria interessante procurar as relações eventualmente existentes entre a tendência à
pequena propriedade e as variaçõeb do preço do café.
TRANSCRIÇÕES 15

em tôrno de cada cabeceira de rio, de maneira a permitir a todos o acesso à


água; êste sistema, aliás, obriga a fachada sôbre o rio a ser mais estreita
do que a fachada sôbre a estrada. ·
~ste desenho é o mesmo que se encontra na planície aluvial de Santos
para as plantações de bananeiras. Eis pois uma organização que está bem
longe da magnífica simplicidade dêstes lotes quadrados ou retangulareis per-
feitos êia planície canadense ou americana; podemos verificar imediatamente
a utilização do relêvo por um empreendimento de colonização bem concebido.
Não é somente a necessidade de acesso à água que dá origem à disposição das
parcelas; não são tão pouco, como na Europa, as condições do emprêgo de
certos arados ou a sobrevivência de regimes agrários desaparecidos ou influ-
ências étnicas; esta disposição de lotes teve por fim dar maior valor a cada
um dêles pelo fato de ter saída sôbre a estrada. O mapa mostra, de fato, que
poucas explotações agrícolas se acham afastadas a mais de três quilômetros
de uma grande estrada de rodagem; além disso dispõem de caminhos para ter
acesso a esta estrada. A estrada de rodagem, pois, mais do que a água, decide da
constituição da estrutura agrária. ·
É pois evidente que encontramos de novo aqui o problema comum a todos
os países tropicais - o problema das vias de comunicação - problema com-
plexo pois é inseparável das condições de povoamento e de economia mas tam-
bém das condições técnicas. É preciso, principalmente, levar em conta a violên-
cia das chuvas que bem depressa carregam uma estrada traçada em declive um
tanto forte; é preciso também lembrar que as passagens no fundo dos vales
podem fàcilmente ficar obstruídas; acresce que no norte do Paraná o solo
de terra roxa se torna ràpida~ente um imenso lamaçal.
Tôdas estas considerações determinaram a localização sistemática das
estradas, (destinadas a um tráfego apreciável e nas quais a regularidade é de
necessidade primordial) nas partes mais altas: a estrada segue, quanto
possível, o espigão: com ligeiras exceções, os duzentos quilômetros de estradas
de rodagem construídas pela Companhia Terras do Norte do Paraná são. estra-
das de espigão. A posição e a direção retilínea destas estradas apresentam uma
curiosa analogia com as estradas construídas na Gália pelos colonizadores ro-
manos. O sistema rodoviário determina assim a disposição dos lotes que se
articulam de lado a lado da nova estrada como sôbre um eixo. Há neste sistema,
além disso, um processo cômodo para delinear no terreno a pequena pro-
priedade. Em campos bem diferentes e cultivados há longos séculos, nas planí-
cies (la França ou da Inglaterra, encontra-se de novo esta mesma disposição
das parcelas da pequena propriedade, mais longas do que largas, tôdas para-
lelas e muitas vêzes dependentes dás estradas; aqui como lá - guardadas as
proporções entre a escala da Europa superlotada e a da floresta brasileira -
pode-se observar "a menos imperfeita das soluções que pode ser dada a um
problema susceptível de apresentar-se em tôdas as sociedades agrícolas e em
tôdas as épocas: isto é, a partilha de uma terra em pequenos quinhões de valor
igual".• Está assim pois explicado um dos elementos essenciais da paisagem
geográfica: a disposição das parcelas cultivadas.
As malhas apertadas da rêde de estradas e caminhos através dos lotes do
norte do Paraná garantem as relações regulares entre os colonos e as aglomera-
ções urbanas em vias de se constituírem. Mas saindo-se das terras da Com-
panhia, acabam-se as estradas utilizáveis para a circulção automobilística.
Para o lado do oeste, a mata permanece ainda inviolada e para leste, apesar
dos progressos do povoamento, as coisas se acham quase no mesmo estado.
Entregou-se uma estrada à circula;;ão, entre Jataí e São Jerônimo, em 1935,
mas vai ela margeando o rio Tibaji e é pouco praticável. Queira a gente trans-
portar-se, depois de alguns dias de chuva, para Santa Mariana, e o motorista
contratado negar-se-á peremptôriamente; mesmo com bom tempo, os cami-
nhos são de tráfego precário. Unicamente a linha férrea da Companhia São
Paulo-Paraná liga Londrina a Ourinhos, ponto avançado da economia paulis-
t&.. A faixa "pioneira" não pôde estabelecer-se senão com a penetração da li-
nha férrea; pois raros foram os colonos corajosos que se abalançaram a fazer

1 Bron: Essai sur la formation du paisage rural trançais, page 45. Tours 1934. 162 pages.
16 BOLETIM GEOGRAFICO

derrubadas e queimadas na mata virgem, quando a ligação com o mundo


exterior não era possível senão por meio de raras picadas. Foi em 1929 que
a emprêsa colonizadora britânica - deixando de lado um primeiro projeto de
estabelecimento de um ramal da Sorocabana que, partindo de Presidente Pru-
dénte teria alcançado Londrina - resolveu explorar de novo uma linha já
existente que ia de Ourinhos a Cambará e servia algumas grandes fazendas re-
centíssimas; a São Paulo-Paraná progrediu ràpidamente a julgar pelos dados
seguintes: a linha férrea chegou a
Ingá - quilômetro 57, em abril de 1930
a Bandeirantes - quilômetros 82, em julho de 1930
a Cornélia Procópio - quilômetro 124, em dezembro de 1930
a Jataí - quilômetro 184, em maio de 1932.
Os trabalhos de construção de uma ponte sôbre o Tibaji retardaram um
pouco êste surto, mas os trens já servem a Londrina desde julho de 1935 e
espera-se chegar a esta cidade para o Natal (236 quilômetros) e continuar em
seguida para Arapongas e em prazo mais dilatado até às fronteiras do Pa-
raguai no rio Paraná. Ao mesmo tempo ligar-se-á a linha a Curitiba e ao pôrto de
Paranaguá. A medida que a linha avançava os homens seguiam os trilhos,
passando dos ranchos dos trabalhadores da linha para vagons velhos sem rodas
estabelecidos sôbre pilastras de tijolos e por fim aos arranchamentos das ci-
dades. nascentes: Bandeirantes, Cornélia Procópio por exemplo. Algumas pe-
quenas colônias japonêsas estabeleciam-se afastadas da estrada de ferro.
Apesar da suspensão do tráfego por três meses em 1932, durante a revolu-
ção, o número de viajantes foi o seguinte: 68 086 em 1931; 50 958 em 1932;
99 401 em 1933 e 111 707 em 1934. O tráfego de mercadorias progredia no
mesmo ritmo; sua discriminação em diversos elementos permite distinguir a
orientação da produção na zona "pioneira"."

ANOS
PRODUTOS (EM TONELADAS) 1----1931 1_ _ 1932. / ___ 1933 _ _19_3_4_
Arroz ............................ , 732 / 632 1 929 733
T.
r1~0 .............•.............. i 820 1. 582 f 945 1 35 2
Açucar . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . 755 1
558 1 664 983
Al_godão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1! 5 1 10 , 270 1 798
M1n:o ............ _..................' 9 593 6 634 15 439 14 548
Cafe ............................. , 1 946 1 543 3 480 6 899
Feijão ... ~ ....................... , 2 039 1
j 1 371 1 365 3 236
Madeira ......................... i 422 867 6 903 10 745
Porcos ........................... ! 940 1 3 498 8 590 15 435

A parte preponderante do café nos primeiros anos é devida â existência de


plantações, situadas entre Ourinhos e Cambará, já capazes de produzir quando
a linh~ férrea foi aberta ao tráfego; a diferença entre os anos 1933 e 1934 é
devida ao aparecimento no mercado das colheitas dos cafezais novos de Santa
Mariana e - em menor quantidade - de Londrina; a febre de algodão que
reina em São Paulo teve sua repercussão no norte do Paraná e, aliás, com
certo sucesso, pois as fibras de Londrina foram objeto de cotações interessantes
na Bôlsa de Mercadorias de São Paulo; enfim o aumento das derrubadas e os,
progressos da indústria da madeira se traduzem pelo aumento de tonelagem
da madeira transportada; enquanto que de Ourinhos para Londrina a intensi-
ficação do povoamento é marcado no tráfego ferroviário por uma maior tone-
lagem de trigo.
:mstes dados estatísticos mostram a parte que a estrada de ferro tomou nos
progressos da economia da zona do norte do Paraná. Mas limitar a ação da
estrada de ferro à esfera econômica, situá-la - por assim dizer - como posterior
ao povoamento, faria negligenciar um dos aspectos clássicos do trilho como

e Paraná Plantation LincitecL N!neth annual report and balance sheet to 31 st December
1934. Vnido!!.1935. Nlf'<· lS.
TRANSCRIÇÕES 17

agente de povoamento. Railways as Pioneers escreve Isaiah Bowman no seu belo·


livro sôbre a faixa "pioneira"; e êle indicou sucintamente a importância do
raio de ação da via-férrea. É um outro exemplo desta importância que é
despertado pelo estudo da localização das cidades criadas pela Companhia Terras
do Norte do Paraná. De fato, para cada uma destas cidades artificiais, a escolha
da situação exata pôde - por certo - ser determinada por condições exclusi-
vamente locais e intimamente ligadas ao meio natural: em Londrina, por
exemplo, um declive de inclinação média exposto ao norte, a facilidade do
abastecimento em água. Mas o mapa ensina - e o inquérito confirma - alguma
cousa mais. Qualquer que seja a cidade, esta se acha à margem da estrada de
rodagem e da estrada de ferro, e em relaçã·o a estas, de um lado sempre o
mesmo -o norte - por causa das vantagens de exposição assinaladas mais
acima. A relação entre as aglomerações e as vias de comunicação é estreita,
nada há nisto de surpreendente. Mas muitas outras localizações reúnem as
mesmas vantagens de situação; porque, então, esta escolha e não qualquer outra
e principalmente porque esta regularidade das distâncias entre as estações e
por conseguinte entre as cidades? 13 quilômetros de Londrina a Nova Dantzig,
12 de Nova Dantzig a Rolândia, enfim 15 quilômetros até Arapongas: esta
constância é pensada, é o resultado de um plano maduramente concebido.
Entre cada estação, colono algum se achará a mais de 5 ou 7 quilômetros de
distância, facílima a ser percorrida a pé e ainda mais a cavalo: o meio mais
comum de locomoção. O isolamento econômico e a solidão são, dêste modo,
muito atenuados. Em muitos lugares da Europa, tratar-se-ia de suprimir esta-
ções tão vizinhas. O raio de ação destas estações determinou a localização dos
centros de povoamento urbano; está bem entendido que não se põe neste
epíteto idéia alguma de massa de habitantes, mas simplesmente a idéia da
função comercial e também social (médicos e farmacêuticos não tardam a
instalar-se nas cidades da zona pioneira) .
O papel representado pela estrada no delineamento dos lotes nos quais
residem os colonos, a estação o exerceu para a localização das aglomerações.
Dêste modo notamos a mesma vontade de organização na criação da pequena
propriedade. Não há que admirar na colonização do norte do Paraná uma
concepção nova dos colonizadores. :e:stes não utilizaram senão o que uma expe-
riência secular ensinou aos paulistas. E por isso mesmo, não se deve ficar
surpreendido de achar de novo em Londrina o que se pode observar em outros
pontos da faixa pioneira paulista. Muito empirismo aplicado em grande escala
e aplicado racionalmente, eis o que caracteriza a colonização do norte do Paraná
e a torna interessante: .é uma colonização "planificada" para usar-se um têrmo
em voga. É também uma colonização - não mais de francos atiradores ou de
associação familiar - mas do tipo de economia capitalista moderna .

O Conselho Nacional de Geografia é constituído pelo "Diretório Central" na Capital


. . . . . Federal, por um "Diretório Regional" em cada capital de Estado e por um "Diretório
MuJúclpal" em cada Prefeitura.
Regiões e Paisagens do Estado de São Paulo
PIERRE DEFFONTAINES
Annales de Geographie ns. 253 et 254 - Da Universidade de São Paulo
XLV.e année - 15 jan. et 15 mars 1936

PRIMEIRO ESBõÇO DE DIVISÃO REGIONAL

II

A depressão periférica permiana

A zona dos terrenos cristalinos sucedem a oeste as das rochas sedimentares


que estreitam no Estado de São Paulo pela série permiana. •
Ela é formada por rochas variadas, chistos argilosos, arenitos brancos cál-
cicas e sobretudo filitos ou depósitos que parecem de origem glaciária, às vêzes
em blocos erráticos estriados. Todos êstes terrenos são em geral muito tenros,
salvo algumas intrusões de diábase que os atravessam e que determinaram
cômoros ligeiramente salientes; a sua decomposição, misturada à areia permiana,
dá um solo vermelho denominado sangue de tatu. Estas camadas permianas
são dispostas ao longo de um crescente entre as zonas das serras cristalinas,
de cristas mamilosas, a leste, e a zona de serras tabulares do trias a oeste; elas
se estendem desde Casa Branca à fronteira do Paraná, constituindo uma espécie
de larga depressão periférica, quase sem relêvo, vasta campina onde os rios
correm desenhando numerosos meandros divagantes, em vales de fundo quase
chato e muito largos; é na entrada do permiano, ao sair das gargantas graní-
ticas, que começa em geral a navegação fluvial, por exemplo no Tietê, a partir
do salto de Itu. O clima é mais extremado e continental por efeito da disposição
em depressão fechada e também por causa do solo, em geral arenoso, que se
esfria· e· aquece mais fàcilmente. Batizou-se muitas vêzes esta região de terra
fria. Por isso as geadas se dão cada ano no inverno, mesmo no norte, em
direção a Cascavel, tornando aleatórias as plantações de café; pelo contrário
os calores estivais são extremos; registrou-se em Tatuí o máximo de todo o
Estado: 42°. As precipitações são mais raras, em geral menos de um metro,
e caem no verão quase unicamente sob a forma de chuvas torrenciais; no solo
friável, êstes aguaceiros bruscos cavam numerosos pequenos aparelhos torren-
ciais de paredes abruptas e que fàcilmente desmoronam, chamados boçorocas
ou moçorocas.
Tais condições de solo e clima não são nada favoráveis à floresta; estas ter-
ras em grande parte, eram campos naturais, mais ou menos invadidos por uma
vegetação 2rbustiva baixa e xerófila, dando os cerrados.~
Trata-se, por destinação natural, de uma zona de pastos onde o gado
vagava outrora em liberdade através de propriedades sem limite certo, os campos
gerais; isto impunha a prática de marcar o gado; era-se por isso mais proprie-
tário de uma marca que dum domínio. Muitas terras ficaram por muito tempo
devolutas, a tomada de posse foi menos intensa que em outros lugares.
A falta de florestas e de relêvo fêz desta zona uma terra de eleição para
a circulação: ao norte abria-se o caminho de Minas por Moji Mirim, contor-
nando o obstáculo d? Mantiqueira e das serras cristalinas; a oeste se alongava o
caminho para o Paraná pelos grandes campos de Itapetininga.

• O B.G. n. 0 24, ano II, referente ao mês de março de 1945, publicou a 1.' parte dêste
trabalho.
• Os terrenos devonlanGS não são representados senão no extremo sudoeste na fronteira
do Paraná.
• Mojl Mlrlm se chamou outrora MoJ! dos Campos por causa da paisagem que a circundava
e que se opunha à paisagem florestal !mediatamente a leste sôbre as serras granltlcas.
TRANSCRIÇÕES 19

A zona permiana do norte

Nesta zona monótona existem contudo, inscritas pela natureza ou pelo homem,
algumas variedades. Na parte setentrional de Palmeiras a Moji Mirim, a série per-
miana compõe-se na sua maior parte de areia branca, infértil, coberta de um cer-
rado ruím, povoado de barbatimão, árvore, utilizada no curtimento de
couros; a única explotação é a do gado, em grandes domínios, com 500
alqueires em média de área.' As fazendas desta região diferem singularmente
das das serras cristalinas que lhe são contíguas a leste e onde reina a pequena
explotação cafeeira de menos de 30 alqueires; o preço da terra, de 100 a 200
mil réis o alqueire na zona permiana, é de um conto na zona cristalina; trata-se
de um dos lugares onde as oposições de região e de paisagem são mais marcadas;
esta oposição se nota também com relação aos meios de transporte; a zona
campineira utiliza a circulação em carros de boi, enquanto nas serras de café a
circulação se fazia no lombo de burros por tropas. Naturalmente as cidades
se instalaram nas linhas de demarcação entre as duas paisagens: Moji Mirim,
Cascavel, Casa Branca. Passava por aí a velha estrada que servia de transporte
ao gado que descia de Minas para ser engordado nesta zona de erva; as fazendas
são sobretudo invernadas, isto é, estações de engorda para os rebanhos que
chegam das zonas pioneiras do norte e do oeste; o caminho de Franca, chamado
e.E!!!da francana, é ainda um dos mais importantes caminhos de boiadas.
Naturalmente a população, por efeito da explotação extensiva de gado, é
muito pouco densa (10 habitantes por quilômetro quadrado no município de
Moji Guaçu). Em nossos dias, é verdade, assiste-se a uma evolução: ao inverso
da zona de serras cristalinas muito povoada,, mas em vias de despovoamento,
a zona permiana, pouco habitada, se povoa ràpidamente. A terra convém
bastante a certas culturas alimentares: mandioca, milho; o algodão se adapta
também a êstes solos leves e mais ainda as laranjas e abacaxis, produções estas
que convêm à pequena propriedade. De alguns anos a esta parte, os operários
agrícolas da zona cristalina vizinha, onde o café está em decadência, compram
lotes baratos à volta de Moji Mirim, de Concha! ou de Araras. As culturas
tomam o lugar dos pastos, vêem-se construir novas casas. o preço da terra
dobrou; a região campíneira, antigamente ]Hstoríl. co:1q1:ist9 uma função
e uma paisagem agrícolas.'

A zona permiana ao redor de Campinas

A parte central do grande crescente das terras arenosas se estende de Araras


e Moji Mirim ao norte, até Sorocaba a Tatuí ao sul; a série permiana atinge aí
sua maior largura, 120 quilômetros do salto de Itu a Piracicaba: atinge aí também
seu maior valor; os solos são melhores, as numerosas manchci::, de diábases dão
excelentes terras roxas, e o permiano apresenta aqui um facies cálcico fértil.
Importantes rios confluem para aí; o Tietê, Capivari, Piracicaba, Sorocaba,
Juqueri, abrir.do largos vales ladeados por belos :;luviais escalonados
que vão bruscamente se apertar a oeste, depois da cuesta de arenitos.
No centro da região se acha Campinas, cidade marginal como as demais
aglomerações da zona permiana, situada no ponto em que a estrada que vem
de São Paulo penet.ra na região sedimentar, depois da travec;sia das serras cris-
talinas, de leste. É por esta cidadé que se in;ciou todo puvoamento e a explo-
taçifo das regiões do oeste; foi a mais antiga "bêca de sertão".
As culturas são aí antigas; em primeiro lugar o algodão, outrora algodão
arborescente, hoje algodão anual, selecionado, de fibras cada vez mais com-
pridas. Importantes usinas são ligadas a esta especialmente em
Sorocaba (grande indéi;,tria têxtil de Votoramim 1. norte da zona, o açúcar
domina; foi e amcla é a principal região açucarrira -~· e note-se que até 1850

~ A firma 1' n".tour possui uma propríedacie de 3 000 alqueires, a Nestlé construiu em Araras
uma usina de lt~te c:..indensado.
• No municipio de MOJ1 Mlrim contam-se já 2 500 DOO de abacaxizelros repartidos em
pequenos domfnic'-: H~et-:-ntes,
20 BOLETIM OEOORAFICO

a cana ocupou o primeiro lugar na produção do Estado, então província; hoje


as maiores usinas de açúcar estão aí localizadas: usina Ester em Cosmópolis,
Sucréries Brésiliennes em Piracicaba, Pôrto Feliz, Vila Rafard, Santa Bárbara.
A cultura do fumo também teve aí no passado algum desenvolvimento, e ainda
é ativa ao redor do Tietê; da mesma forma as plantações de abacaxis são
abundantes no distrito de Boituva (4 500 000 pés) ; as laranjeiras progridem
nós municípios de Vila Americana e Campinas. É portanto uma zona de antiga
policultura onde os cereais estão muito disseminados. O Instituto Agronômico
de Campinas e a Escola Agrícola de Piracicaba indicam por sua presença o
valor agrícola destas regiões.
Esta policultura, rara outrora no Estado de São Paulo, está em relação com
um povoamento bastante denso e uma propriedade bastante retalhada; a densi-
dade se mantém entre 40 e 60 habitantes por quilômetro quadrado. Os escravos
representaram aí um certo papel, sobretudo em Campinas; mas a colonização
branca do século XIX renovou totalmente o fundo da população. É uma das
únicas zonas onde se tentaram colonizações oficiais e onde elas tiveram sucesso:
Nova Odessa, Campos Sales, Vila Americana.
As cidades são quase tão numerosas quanto ao norte e quase tão antigas,
tendo conservado muitas vêzes um certo cunho colonial, com suas velhas
moradias de beiral saliente, suas ruas estreitas e às vêzes sinuosas: Itu, Pira-
cicaba e sobretudo Campinas que pôde disputar, num dado momento, com São
Paulo, o primeiro lugar no Estado.

A zona permiana a oeste de Sorocaba

Esta zona permiana central está separada da zona ocidental por um pequeno
maciçu que rompe em horst os terrenos arenosos e deixa aparecer rochas erupti-
vas nefelínicas muito duras; é o maciço de Ipanema, onde se começa a explotar
a apatita.
Todo o oeste permiano é ocupado por grandes campos pobres, de barba-de-
bode, zona de erva e não de arbustos como na parte norte, campos limpos e não
cerrados. Foi aí por excelência o domínio de criação. Por muito tempo os
terrenos se conservaram sem delimitação de propriedade, campos gerais ou
reiúnos, prolongando-se no Paraná. Éstes terrenos descobertos serviam de pasto,
mas sobretudo de invernadas, isto é, campos de repouso para o gado vindo de
fora. O tráfico não era composto de bovinos, como no norte, mas sobretudo de
burros; êstes animais vinham do Sul, dos territórios chamados das Missões (Rio
Grande do Sul, Uruguai e mesmo Corrientes na Argentina); os burros chegavam
em tropas de muitos milhares de cabeças, eram deixadas a engordar durante
alguns meses nas invernadas à volta de Itapetininga, São Miguel Arcanjo, Sarapuí
Pilar ... ; vendiam-se depois nas grandes feiras de Sorocaba; as vendas anuais
ultrapassavam 50 000 cabeças. Éstes burros, vindos das zonas meridionais
mais ricas em ervas, serviam para fornecer animais de carga para as zonas de
plantação e de minas do norte, mais tropicais e menos favoráveis à pecuária;
viam-se nestas feiras compradores de Minas, Rio e mesmo da Bahia. A aglo-
meração de Sorocaba, situada como sempre na orla dos campos e da região das
serras cristalinas era a capital marginal de tôda esta região de criação; ela
concentrava, além do negócio de gado, uma indústria especializada: fabricação
de selas, estribos, correias; cidade de feiras para onde afluiam os alquiladores,
era também cidade de luxo e prazer, retendo por suas joalherias e casas de
deboche uma parte do dinheiro ganho pelos muladores. Os outros centros não
eram senão pousos, isto é, estações de parada no caminho dos muares, estrada
real, como se chamava esta artéria essencial na economia do Brasil; eram
povoados de ranchos, espécie de hospedarias de descanso; Itapetininga, Capão
Bonito, Itararé. . . ,
Tôda esta atividade pastoril diminuiu bem nos nossos dias: as feiras de
Sorocaba quase desapareceram, as tropas não chegam mais senão em número
muito reduzido. As províncias meridionais substituíram a antiga explotação
extensiva da pecuária por um aumento de cereais e as regiões do norte se
puseram a produzir o gado de que necessitavam; o caráter complementar do
Norte e do Sul brasileiros por isso se atenuou. As invernadas de burros foram
TRANSCRIÇOES 21

transformadas em pastos para bovinos, cavalos e porcos; Itaporanga tem um


rebanho suíno muito importante. Assiste-se também a um aumento da função
agrícola. A cultura do algodão que se tinha iniciado na região central, em
direção a Tatuí, progrediu para oeste, na direção de Avaré e Faxina.•
Estas culturas mantêm a indústria algodoeira de Sorocaba; há outras tece~
lagens em Itapetininga e Faxina. O fumo também é um antiga produção em
vias de desenvolvimento particularmente à volta de São Miguel Arcanjo e
Itapetininga. Apesar dêstes novos horizontes 1,1.grícolas, esta zona se conserva
ainda muito pouco povoada; atravessam-se imensos campos sem habitações; a
densidade não se eleva nunca acima de 10 habitantes por quilômetro quadrado.

A zona dos arenitos e das diábases

É a oeste e ao norte do grande crescente de areia permiana que se acham


hoje as regiões mais prósperas e mais densamente povoadas do Estado de São
Paulo; lá começaram os terrenos triássicos e cretáceos, em grande parte com-
postos de arenitos. Há em primeiro lugar uma larga formação de arenito ver-
melho, chamado arenito de Pirambóia, na base, e arenito de Botucatu no alto;
são arenitos de grãos finos dum calibre uniforme de formação continental,
resultantes dum antigo clima desértico. :t!:stes arenitos mergulham ligeiramente
para oeste e deixam aparecer uma outra formação de arenitos mais recentes:
arenitos cinzentos, cálcicos, chamados de Bauru e classificados no cretáceo; são
menos friáveis que os precedentes e formam na sua frente ocidental uma ligeira
cuesta, muito retalhada,. Mais longe para oeste, aproximando-se do rio Paraná,
as camadas se revezam e os arenitos triássicos de Botucatu reaparecem; êles se
espalham aliás largamente para fora das fronteiras ocidentais do Estado, e
compõem em boa parte o planalto do Triângulo Mineiro, os campos do sul de
Mato Grosso (Vacaria) e as florestas do norte do Paraná.
É sem dúvida uma formação muito importante; o que lhe empresta um
valor todo especial, é a presença nas suas camadas de formações diabásicas,
dispostas em traps e dykes eruptivos; ou estendidas em lençóis internos; a ativi-
dade eruptiva parece ter sido considerável no triássico e mostra tôda sua potência
na zona dos arenitos vermelhos; ela deixou também seus indícios, já o vimos,
nas camadas permianas e mesmo nos terrenos cristalinos; é pelo contrário
inexistente na época do cretáceo de Bauru que assim se acha privado dêstes
ricos depósitos vulcânicos.
Estas diábases dão superficialmente uma terra de decomposição de côr ver-
melha violácea, e a célebre terra roxa, duma fertilidade maravilhosa por causa.
do seu alto teor de fósforo. Sua presença ou ausência transforma a paisagem;
as zonas puramente de arenitos dão campos ou cerrados de solo arenoso, os
afloramentos de terra roxa que não são mais aqui simples manchas como na
zona permiana, mas constituem verdadeiros lençóis, trazem suntuosas florestas,
freqüentemente mais ricas ainda que as da serra do Mar, como por exemplo a
floresta de palmitos do norte do Paraná, cheias de jequitibás e de perobas
gigantes. Assim a paisagem acha-se entremeada de campos e de matas em
relação direta com a constituição dos solos.
A presença ou ausência das diábases determina igualmente o relêvo; o
rebordo do arenito, acima da série permiana., aparece em saliência quando é
recoberto de bancos basálticos e forma assim uma cuesta descontínua, decom-
posta em pequenos maciços monoclinais de escarpas abruptas para leste e declive
suave e estrutural para oeste. Vêem-se aparecer acima das areias permianas
montanhas bastante elevadas: serra da Fartura, ao sul de Piraju, serra do
Palmital, a noroeste de Itapetininga, e sobretudo serras de Botucatu e São ,
Pedro, encerrando o Tietê. Ao norte de Casa Branca, o trias está diretamente
acima dos terrenos cristalinos, por efeito da ausência da série permiana.
Tôda esta zona de arenitos tem um aspecto tabular, com camadas quase
horizontais, totalmente diverso da topografia remotamente dobrada da zona

• Em 1934 11 safra de algodão foi tal que a Estrada de Ferro Sorocabana ficou literalmente
atravancada.
22 BOLETIM UEOURAFlCü

cristalina de leste; as chapadas tabulares são a forma clássica das montanhas.


Os rios atravessam êstes largos platôs seguindo os declives conseqüentes, rios
jovens, interrompidos por quedas numerosas devidas aos afloramentos de diá-
bases resistentes (no Tietê, saltos do Avanhandava e Itapural.
O clima é caracterizado por calores e chuvas de verão que convêm muito
bem ao café. É preciso contudo notar um abaixamento da temperatura para o
sul onde as geadas são mais para temer e a vegetação mais tardia, ficando as
plantações de café mais expostas.
A colonização rnfo a tingiu esta zona senão recentemente: Ribeirão Prêto
data de 1856, Botucatu aparece em 1855, Jaboticabal em 1867, São Manuel em
1885, Bauru em 1896, Agudos em 1898.

As grandes fazendas de café

As diferenças nas paisagens humanas destas regiões provêm do grau de


antigüidade dos desbravamentos; é preciso distinguir a zona de explotação mais
antiga, anterior a 1900 e a zona atualmei1te pioneira. Na parte da colonização
menos recente, as regiões onde domina a terra roxa, são por excelência regiões
de café, estreitamente associadas à grande propriedade; era outrora a zona das
mais belas florestas. À custa de vastas derrubadas a árvore cede lugar à cultura
intensiva do café, não completamente contudo, e os cafezais estão longe de
formar uma paisagem continua Os fazendeiros não puseram em explotação
tôda sua propriedade; manchas mais ou menos vastas de floresta virgem espa-
lham-se pela região e entre elas estendem-se porções de campos ou cerrados
utilizados como pastos; em gen1J, êstes cantos de explotação mais extensiva,
onde reina s0ment.e o gado. correspondem às manchas de terra branca, que
separam os solos de terra roxa.
A fortuna dest P,c; regiêes foi brusc2. e as fazendas constituíram uma vasta
rêde de grandf,s donnn;0s coi.Jrindc tôcla a região; mais de 703 das propriedades
ultrapassam de doi.' c' me•.1tes: a .c;;cde da fazenda concentra a habitação, muitas
0

vêzes suntuosa, do t,. ;·enrl"'iro. o:; escritórios de administração e as construções


que servem para a s:õut e preparo do café; as colônias abrigam a população dos
assalariados, em vilas operárias rurais. que alinham em filas monótonas casas
de tijolo tôdas iguais; as farnílias de· c0l.-;nos eram outrora quase unicamente
de origem italiana, hoje são de proveniência muito variada; não existem verda-
deiras aldeias, porque não há pequenos proprietários.
Em compensação cidades bastante numerosas, muitas vêzes fundadas pelos
próprios fazendeiros por meio do sistema de patrimônios, isto é, pela doação
dum terreno a ser loteado à volta de uma igreja que serve de centro de atração.
Estas aglomerações não tôdas idêntica:;, casas térreas, construídas sôbre porões,
ruas que se cortam em ãng·u10 reto, nraças centrais. Estas cidades múltiplas
são em geral pequenas e servem ünicamente de centro para o abastecimento
local; não se ocupam nunca do escoamento e do comércio do principal produto,
o café, que é exportado diretamente aos negociantes de Santos. Podem-se dis-
tinguir do norte para o sul três zonas de terra roxa e de cafezais: ao norte, a
de Ribeirão Prêto, prolongando-se até Araraquara e São Carlos; é esta a mais
rica: o município de Ribeirão Prêto conta 29 000 000 de pés de café, Sertãozinho,
14 000 000, Cravinhos, 12 000 000, Piraqununga, 6 000 000. É aí que se encontram
as cidades mais importantes e a densidade da população mantém-se entre 45 e
60 habitantes por quilómetro quadrado. Ao centro encontra-se a região de Bariri,
Jaú e São Manuel ligada à cuesta de arenito e basalto. Ao sul, a de Ourinhos,
Avaré e Cerqueira César, estendendo-se até o Paraná.

A crise da fazenda de café

Estas regiões, que foram abertas há meio século e cuja prosperidade é recente
estão contudo atualmente ern crise. É o próprio regime da grande fazenda d~
café que está em causa; apesar da fertilidade da terra roxa, a explotacão
intensl.va baixou r1 rendimento dos cafêzais. No comêço da explotação permi-
tiam-se, em benefício dos colonos, culturas intercalares de plantas alimentícias;
TRANSCRIÇÕES 23

os trabalhadores encontravam nestas culturas um importante suplemento ao seu


salário; para salvar o café, teve-se que abandonar tal sistema. Apesar disto
os cafezais, menos robustos por efeito da fertilidade diminuída da terra e também
por causa dos métodos muitas vêzes bárbaros de colheita, continuaram mais
expostos às pragas; então apareceu a broca, em 1924, que por pouco seria mais
para o café do que a epidemia de filoxera para a vinha. Os processos preconi-
zados de combate eram ou muito dispendiosos ou ineficazes; não afetavam
a causa profunda do mal, o esgotamento da terra; foi preciso adubá-Ia,
transformação capital do antigo sistema agrário que degradava a terra sem
consideração; os fazendeiros foram levados a aumentar o seu gado para disporem
de estêrco e para isto estenderam-se os pastos. Infelizmente não era só a terra
que se esgotava, mas a mão de obra que abandonava as antigas fazendas em
procura das zonas mais novas de rendimento maior e onde se permitiam as
culturas intercalares. O despovoamento das colônias é geral; assim o município
de São Carlos, que contava em 1930, 70 000 habitantes, não conta hoje senão
64 000.
Para reter a mão de obra, o grande proprietário precisa adotar novas formas
de explotação; a meação, outrora abandonada, recomeça e se orieqta para uma
produção nova, o algodão, que toma o lugar dos cafezais esgotados. A safra
algodoeira foi em 1934 nitidamente beneficiária, e os pedidos de terras para
algodão, cedidas em meação por três anos, se multiplicaram; em 1932 é o
município de Agudos que vem na frente quanto às superfícies plantadas de
algodão (4 400 alqueires), seguem-se-lhe de perto os municípios vizinhos de
Santa Bárbara do Rio Pardo e Cerqueira César. Por tôda parte arrancam-se os
cafeeiros; assim a grande fazenda de Santa Veridiana, em Palmeiras, passou
de 600 000 pés para 40 000 apenas. As vêzes a transformação foi levada ainda
mais longe: alguns grandes proprietários se viam obrigados a retalhar seus
domínios; mas que fazer então das plantações de café e de tôdas as construções
e aparelhos destinados ao preparo do produto, terreiros, máquinas de beneficia-
mento, etc., que representavam uma importante inversão de fundos? Como nos
países onde foram aplicadas leis agrárias a divisão em parcelas teve de ser acom-
panhada da constituição de cooperativas que assumem a gestão de todo o ma-
terial; por êste meio, a antiga riqueza do país, o café, poderá sem dúvida ser
mantida apesar da transformação do regime de propriedade. O povoamento
começa a se transformar; os adquirentes de lotes recebem uma casa de antiga
colônia, mas logo procuram construir sua moradia no próprio lote e a dispersão
do habitat vai sem dúvida acompanhar a transformação da propriedade.
Aqui como alhures a crise atual mostrou-se hostil ao tipo de agricultura
capitalista baseada na produção para a exportação maciça e no crédito bancário;
ela deve favorecer, ao que parece, a uma nova agricultura do campesinato,
baseada na economia individual e na propriedade familiar.

Os cafezais de Ourinhos

Tôdas as regiões de grandes fazendas não foram igualmente atingidas; as


do sul, à volta de Cerqueira César e Ourinhos, as mais 'recentemente abertas,
não sentem ainda o esgotamento das terras; os rendimentos do café são ainda
muito elevados e as colônias não se despovoam. Contudo a produção está aqui
exposta a um perigo particular; a latitude mais meridional determina tempe-
raturas mais baixas, as geadas são freqüentes. As colheitas não se fazem mais,
como na zona de Ribeirão Prêto, de fins de maio a fins de agôsto, em plena
época sêca; elas são mais tardias, em outubro e novembro, correspondendo ao
início da estação das chuvas; assim a secagem ao sol no terreiro se torna mais
aleatória; foi preciso construir secadoras artificiais, verdadeiras usinas muito
custosas, que em geral não pertencem a uma só fazenda, mas a um grupo delas.
Constróem-se geralmente estas secadoras na pequena cidade vizinha, onde se
concentra assim uma parte do preparo do café; a fazenda muda de fisionomia,
possui muito menos anexos, e é a cidade que se aproveita disto. Aliás o café
destas regiões, muito abundante em quantidade, é contudo de qualidade inferior:
encontramo-nos no limite meridional da zona cafeeira.
24 BOLETIM OEOORAFICO

A zona de pastos de Barretos

No lado oposto, na parte setentrional da zona de arenitos com diábase à


volta de Barretos, Orlândia, Franca, mas margens do rio Grande que confronta
com Minas, o café é substituído por magníficos pastos para o gado. Aqui não é
mais a temperatura que é insuficiente, mas as chuvas: estamos na região mais
sêca do Estado, com precipitações inferiores a 800 milímetros; também é aqui
o domínio dos campos, sobretudo o capim gordura, gramínea muito alimentícia.
Desenvolveu-se aí o mais importante domínio de engorda de todo o Brasil; o
gado é trazido de regiões longínquas do centro brasileiro: Triângulo Mineiro, sul
de Goiás e mesmo Mato Grosso, gado magro, única forma de explotação destas
regiões sem comunicações. Numerosas pistas de gado se reúnem à volta de
Barretos notadamente a que vem de Santana do Paranaíba. Os animais demo-
ram-se nas invernadas de Barretos e adquirem qualidade e pêso; êles são encer-
rados em propriedades imensas, cercadas de arame, o que permite dispensar
as marcas a ferro e aumentar assim o valor do couro. Os pastos são cuidados
e queimados cada inverno para destruir os parasitas, principalmente os carra-
patos, que se alojam na pele e danificam também os couros.
Como na região de Sorocaba, as fazendas constituem invernadas, mas aqui
unicamente destinadas aós bovinos. Em tais propriedades, as construções são
muito reduzidas: uma casa de moradia com um único anexo, o curral, cercado
de troncos de árvores empilhados onde o gado é concentrado para ser visitado e
escolhido; o pessoal é insignificante e a densidade da população pouco elevada,
8 habitantes por quilômetro quadrado, nos municípios de Barretos e Orlândia.
A qualidade do gado está em vias àe melhoramento sensível; hoje triunfa
uma nova raça, importada da Asia, o zebu, que se tornou quase exclusivo em
Minas. As boiadas demoravam-se outrora muito tempo nas invernadas, de 8 a
12 meses, porque chegavam em mau estado das regiões centrais de onde pro-
vinham; atualmente a demora está reduzida de 4 a 6 meses por efeito do melho-
ramento progressivo dos pastos de Minas, que servem de primeira invernada
antes da engorda final ao redor de Barretos. Já as boiadas chegam perfeita-
mente no ponto e podem ser abatidas sem engorda prévia.
Barretos é uma cidade de gado; grandes matadouros foram aí construídos,
acompanhados hoje de vastos frigoríficos, notadamente os da Blue Star Line e
da Armour; o clima luminoso e particularmente sêco facilitava a confecção do
charque; hoje as charqueadas quase não existem mais, foram substituidas
pelas usinas de extrato de carne e de. corned beef.
É possível que a região perca progressivamente sua função pecuária; o gado
recua diante da explotação agrícola, refugiando-se nas regiões mais isoladas
do interior; Barretos, bem servida pelas estradas de ferro, tende povoar-se e
substituir seus campos por culturas; já a cana de açúcar ocupa vastas áreas
e permitiu a instalação da importante usina açucareira de lgarapava nas mar-
gens do rio Grande; as fazendas mistas que se dedicam simultâneamente à
cultura e à pecuária, tornam-se a forma dominante da explotação rural.

A pequena cultura na Araraquarense

Mais para o sul, em plena zona cafeeira, encontram-se reg1oes que consti-
tuem exceções ao regime da monocultura de café e da grande propriedade.
Existem alguns cantos de policultura e de pequenas explotações, são os pontos
onde os bancos de basalto com sua cobertura de terra roxa fazem falta. O solo
não é mais composto senão de terra branca arenosa, resultante da desagregação
dos arenitos. Tal é o caso da região que é chamada Araraquarense e que sepitra
a zona de café de Ribeirão Prêto da de Jaú, estendendo-se de Araraquara para
noroeste ao longo da Estrada de Ferro Araraquarense. A densidade da popu-
lação já é aí bastante elevada, apesar da data recente da colonização;'° as
cidades são numerosas; Itajobi, Catanduva, Itápolis, Rio Prêto, que é cabeça de
linha e abre-se para o sertão (média de 15 a 20 habitantes por quilômetro
quadrado).

10 O munlclplo de Itajobi é de 1918.


TRANSCRIÇÕES 2:S

A franja pioneira

Mas aqui aproximamo-nos já da zona de explotação mais recente, aquela


que constitui a franja pioneira do Estado de São Paulo. Esta franja progride
ràpidamente através da grande zona do oeste ainda inexplorada e que constitui
o sertão. Em 1910 estas regiões eram ainda assinaladas nas cartas com esta
indicação geral: Terras desconhecidas habitadas por índios. Era lá que vivia
a tribo famosa e temida dos Coroados, cuja crueldade impediu por muito tempo
a penetração; a colonização começou pelo extermínio geral dêstes indígenas.
O solo destas regiões é em geral formado pela decomposição dos arenit,os
superiores, chamados de Bauru, a terra roxa é rara e somente se encontra nos
limites ocidentais e meridionais. Contudo as terras são férteis, menos por causa
dos elementos minerais que por efeito da maciça cobertura de florestas virgens
que depositaram nelas um espêsso húmus vegetal prêto, o massapê. A indicação
da maior ou menor riqueza da terra é dada por árvore:s padrões, isto é, provas de
fertilidade; são por excelência, a Jangada-brava e o pan-d'alho. Não se perce-
bem ainda variedades regionais nesta vasta zona que ocupa mais ou menos 1/3
do Estado; o povoamento se constituiu ao longo das linhas férreas de penetração
e as únicas divisões que se podem indicar são as das linhas ferroviárias: Alta
Sorocabana ao sul, com seu anexo da São Paulo-Paraná; Alta Paulista e Noroeste
ao centro: com o ramal de Marília; a Araraquarense ao norte.
A ocupação destas terras ainda não colonizadas começou pela apropriação
de imensos domínios de limites incertos de origem mais ou menos legal; apro-
priações especulativas com o fim de revenda e retalhamento; mais ou menos
tôda a região se acha assim ocupada sob a forma de terras de reserva que
esperam a alta; bem raras são as terras devolutas, ainda do domínio público;
diversas leis vieram legalizar estas primeiras posses, em geral, puramente teóricas;
atrás chegam os verdadeiros colonos que precisam de títulos de propriedade
válidos e os adquirem dos pioneiros da apropriação, cujo serviço foi o de traçar
as primeiras demarcações.

Derrubadas para o plantio do café

O primeiro ato de instalação é a derrubada, começando-se por roçar e


limpar o mato, e abatendo-se em seguida as árvores; as maiores são aliás
muitas vêzes respeitadas por causa da dificuldade que representa seu corte.
As árvores são cortadas na altura do homem, o que 6 mais fácil, e o exército
de troncos meio podres embaraça por muito tempo o terreno. As derrubadas
se fazem no comêço da estação sêca de inverno, os paus cortados são deixados
a. secar por alguns meses e depois, antes das chuvas, procede-se à queimada;
a vegetação subarborescente constitui um primeiro combustível que permite a
carbonização dos grossos troncos que sobraram na seleção das melhores essen-
cias que são vendidas às serrarias. A queimada é uma operação complicada;
muito forte, ela queima o solo e o torna improdutivo por muitos anos; muito
fraca ela deixa o terreno embaraçado de paus e impossível de ser cultivado.
Em geral o colono apela para empreiteiros que possuem turmas especializadas,
outrora compostas sobretudo de operários temporários vindos do Norte do país,
os baianos. Logo depois da derrubada semeia-se e se planta; a cultura pioneira
por excelência é o milho, cujo grão não é em geral colhido, mas abandonado
na planta aos porcos semi-selvagens qu~ se vendem meio engordados às fa-
zendas já constituídas mais para trás, onde se termina a engorda. A criação
do porco é a verdadeira explotação da franja pioneira, o porco segue a mata.
Depois de um ou dois anos desta economia de desbravamento, instalam-se as
plantações .de café; os mais belos cafeeiros são aquêles que sucedem imediata-
mente à floresta virgem; segundo uma expressão corrente, o café precisa do
bafo do sertão; é lá que êle dá seu melhor rendimento; pode-se mesmo dizer
que hoje o café só rende na zona pioneira. n

11 Mesmo nos desbravamentos de restos de mata das velhas fazendas, respeitados no passado,
o café é menos produtivo; é que êle exige o meio biológico da grande floresta.
26 BOLETIM GEOGRAFICO

Aí êle não teme o ataque da broca, aceita sem diminuição de safra as cul-
turas intercalares; é por isso que os principais centros de produção cafeeira
se deslocam incessantemente para oeste, a vaga cafeeira se dirige para
Mato Grosso.
Isso explica porque a fazenda do sertão obtém fàcilmente mão de obra:
o colono está aí, dum lado, assegurado pelas safras de café, sempre abundantes
e doutro, aproveita-se de tôda esta pequena cultura parasitária que pode impu-
nemente se instalar entre os carreirões de café; seu salário ultrapassa às vêzes
o dôbro do do interior; as casas das colônias são mais novas e mais sadias. Assis-
te-se assim a um deslocamento constante do proletário rural para a zona pioneira;
as cidades de bôca do sertão como Mirassol, Marília ou Londrina se povoam com
uma velocidade extraordinária; em dois anos Londrina passou de O a 4 000
habitantes. Um tal rush se faz à custa das zonas velhas que se despovoam len-
tamente; tôda fazenda de café que não é mais pioneira está ameaçada de despo-
voamento. A franja pioneira constitui rápidamente um relêvo demográfico.
e não uma zona de franco atiradores isolados.

A pequena fazenda pioneira

Até a crise de 1929, era a grande fazenda de café que avançava à frente da
explotação humana; hoje a vanguarda da colonização é cada vez mais deixada
aos lavradores modestos; não são mais fazendas de muitas centenas de alqueires,
mas sítios de algumas dezenas somente que desbravam a mata virgem. Quanto
mais se avança para oeste, menos abundante é a terra roxa; sem dúvida o húmus
da floresta a substitui, mas o solo se esgota muito mais ràpidamente e os
altos rendimentos são efêmeros. Os arenitos de Bauru, que formam o subsolo são
excessivamente calcáreos para uma planta tão calcífuga como o café; além disto,
depois da crise, as novas plantações de café estão proibidas no Estado de São
Paulo, (elas não estão, é verdade, no Paraná onde acabam de ser formados imen-
sos cafezais no noreste do Estado); é portanto por outras cv.lturas que progride
a explotação; assim o arroz, sustentados pela chegada de numerosos imigrantes
japonêses; colonos alemães, expulsos da Alemanha hitlerista, introduziram o tri-
go e mesmo o centeio; o feijão dá também rendi_mentos fabulosos.
Assim a economia pioneira dá lugar a um novo tipo de povoamento por
pequenas explotações isoladas onde não se vêem mais essas vilas operárias rurais
que são as colônias. :tl:ste modo de colonização, que se desenvolve cada vez mais
no front pioneiro do Estado de São Paulo, aproxima-se das formas de estabele-
cimento praticadas nos Estados do sul: Paraná e Santa Catarina, que conhecem
as explotações por pequenos colonos livres e não pela grande propriedade com
proletariado rural. Hoje não se abandonam mais as fazendas do interior para
ser operário - colono no sertão mas para se estabelecer como pequeno proprie-
tário com policultura. Estas pequenas e médias explotações adquirem em geral
seu lote de companhias ou proprietários que lotearam seus domínios, e é um
novo ofício muito lucrativo nestas regiões, o de agrimensor . 12 A marcha brusca
desta pequena explotação para o oeste introduz uma população que ràpidamente
se adensa; Marília, jovem centro desta nova forma de povoamento está em vias
de ultrapassar em densidade as zonas mais antigas de grandes fazendas de café.
É interessante notar esta tendência da frente pioneira de ultrapassar em den-
sidade as zonas do interior.

As novas regiões inexploradas - o sertão

É provável qúe cedo apareçam nestas vastas regiões novas divisões re-
gionais correspondentes às paisagens particulares que os colonos acabarão por
elaborar. Hoje mesmo, já não é mais à uniformidade que domina completamen-
te; notemos em primeiro lugar que as únicas regiões explotadas são as longas

12 A Companhia de Terras Norte do Paraná está loteando assim por etapas progressivas,
relacionadas com o avanço de sua estrada de ferro, os 35 000 quilômetros quadrados, de sua
concessão. Seus lotes são em média de 20 a 30 alqueires.
TRANSCRIÇOES 2'1

arestas das linhas divisórias das águas, os esp1goes que as estradas de ferro
de penetração acompanham os vales paralelos, rio do Peixe, Aguapeí, Tietê,
conservam-se ainda mais ou menos completamente anecúmenos.
Além disso, nem todo o sertão é ocÚpado pela mata nativa, há também
grandes campos naturais, notaclamente os campos novos do Paranapanema,
atravessados pela Sorocabana: a explotação pioneira nestas regiões será, pa-
rece, uma explotação pastoril: 5ná sem dúvida assim também no extremo noro-
este do Estado, ao redor do l'io Grande. adiante de Monte Aprazível. Em tôda
esta zona do sertão o homem 1·nfrenta ainda inimigos temerosos: .o meio bio-
lógico não lhe é sempre favor . nel: conhece-se a mortalidade elevada produ-
zida durante muito tempo na Noroeste por uma môsca especial, a môsca de
Bauru, hoje em vias de desaparecimento! É preciso notar também uma rápida
e recente extensão das zonas de malária; as ir.argens do Paranapanema, ou-
trora habitat saudável das reduções jesuíticas. e~tão hoje infestadas pelo impa-
ludismo e conservam-se por isso sem colonização.
Contudo já o povoamento do Estado de São Paulo transborda ao seu redor;
no ·norte do Paraná é uma economia paulista de cafezais que se desenvolve ao
longo do ramal que parte de Ourinhos em direção ao Iguaçu e que já ultrapassa
Londrina; no sul de Mato Grosso, o prolongamento da Noroeste estendendo-se
até às margens do Paraguai, em Pôrto Esperança, perto de Corumbá, faz estas
regiões entrarem na órbita de São Paulo; a explotação pecuária extensiva dará
aí lugar, sem dúvida, a uma explotação pelo café, mais em conformidade com
a abundância da terra roxa. Talvez uma evolução análoga se desenrolará no
Triângulo Mineiro; já a pecuária cede terreno em benefício dos arrozais e do al-
godão. Os rápidos processos econômicos do Est;ado de São Paulo darão cer-
tamente origem a novas regiões naturais; assiste-se assim a um lento e progres-
sivo nascimento de variedades regionais .

. . . Se lhe interessa adquirir as publicações do Conselho Nacional de Geografia, escreva l


sua Secretaria (Praça Getúlio Vargas. 14 - Edifício Francisco Serrador - 5.º andar - Rio
de Janeiro) que o atenderá pronta e satisfatoriamente.
Resenha e Opiniões

A indústria no Brasil em 1889 * em 1886; no Rio, em São Paulo e em


algumas províncias, há fundições; as
A indústria manufatureira ainda forjas e as fundições de Ponta d'Areia,
está ,pouco desenvolvida, apesar dos em frente do Rio, foram criadas por
progressos efetuados nos últimos qua- Irineu de Sousa, visconde de Mauá.
renta anos e dos esforços feitos pelo Minas Gerais possui grande número de
govêrno para encorajá-la. A maior par- fornos catalães para a fabricação de
te das indústrias existentes e os produ- ferro. Há no Rio estaleiros de constru-
tos de certas usinas ou manufaturas ção naval; em Estrêla, uma fábrica
puderam ser comparados sem .desvanta- de pólvora. - Fazem-se tijolos em
gens, nas exposições universais, aos pro- muitas localidades. Fabricam-se velas e
dutos da Europa; mas as fábricas estão sabão no Rio de Janeiro, em Pelotas
longe de bastar ao consumo do país e em muitas outras localidade;;, ve-
que emprega muitos produtos manufa- las de cêra de carnaúba no Ceará; o
turados do estrangeiro. Entretanto, as couro é trabalhado no Sul. Na provín-
pequenas indústrias, necessárias à vida cia do Rio Grande do Sul estabele-
cotidiana, são largamente praticadas ceu-se um lanifício para utilizar as lãs
em tôdas as cidades. As indústrias agrí- da região; no Paraná fabricam-se,
colas são as mais difundidas: numero-
sas fábricas de tapioca, 40 usinas cen- como na República Argentina, cober-
trais para a fabricação e a refinação turas de lã chamadas ponchos. Há es-
do açúcar (províncias de Bahia, Per- tabelecimentos de fiação e tecelagem
nambuco, Rio de ·Janeiro, São Paulo de algodão na província do Rio de Ja-
e Minas Gerais) , 200 fábricas de vinho neiro, em Majé, em Macacos, em Pe-
indígena (uma escola de viticultura que trópolis, na da Bahia, em Salvador, em
tem, pelo seu programa, um caráter ci- Valença, em Cachoeira, nas de Pernam-
entífico, foi inaugurada em Campinas, buco, de São Paulo, de Minas Gera\5,
em l.º de janeiro de 1889), fábricas de etc. Contavam-se, em 1888, 90 fábricas
aguardente, de cerveja, de mate, de óleos de tecidos de algodão, de lã, e de sêda
vegetais, de queijos (Minas Gerais, no império, das quais 20 em Minas, 15
etc.), fábricas de charutos e cigarros no Rio de Janeiro, 12 em São Paulo e
(São Félix, na Bahia, São Domingos, 43 nas outras províncias. É sobretudo
perto do Río de Janeiro, etc.), fábricas na província de São Paulo que estão
de doces (Campos, no Rio de Janeiro, hoje em dia as manufaturas mais im-
etc.), preparação de carnes e de pei-
xes secos; fábricas de couros, de mar- portantes do Brasil, particularmente
roquins, de calçados, de luvas (mui- ãs fiações de algodão e as fundições
to estimadas no país e confeccionadas (em Campinas). Depois de São Paulo,
sobretudo no Rio), de chapéus de fêl- vem em primeiro lugar Rio de Janeiro
tro, de sêda e de palha, de rêdes. A e suas redondezas (Campos, Nova Fri-
indústria de móveis de luxo tomou um burgo, Petrópolis) , e em seguida em
notável desenvolvimento, sobretudo no Pernambuco e na Bahia é que a ativida-
Rio. Fazem-se aí magníficos' mó:reis de industrial se desenvolveu. A Socie-
de madeira maciça ricamente esculpi- dade Auxiliadora da Indústria Na-
da. - A única usina de ferro perten- cional, fundada em 1827, graças à ini-
cente ao Estado e a mais antiga do ciativa de Pinto d'Almeida, quase sem-
Brasil é a de Ipanema (província de pre consultada pelo govêrno sôbre
São Paulo); ela só possui todavia um questões industriais, possui uma rica
alto forno, de carvão de madeira, que biblioteca, uma coleção de máquinas
produziu 560 000 quilogramas de gusa e modelos, publica uma revista e man-
tém uma escola industrial noturna.
• N ,R. - O presente trabalho foi extraido
do livro Le Brés~l de L. Levasseur e Rio Branco, E. Levasseur, e
editado em 1889, em Paris e traduzido para o Barão do Rio Branco.
vernáculo pelo professor Orlando Valverde,
secretário ass!stente do Conselho Nacional de
Geografia.
RESENHA E OPINIÕES 29

Desenvolvimento econômico e industrial vimento da siderurgia, carvão, cimen-


do Brasil to, eletricidade e madeira. Em segui-
da resumiu a situação de cada uma
O Sr. Alexandre Marcondes Filho dessas indústrias, mostrando o cresci-
mipi~tro do Trabalho, Indústria e Co~ mento da respectiva produção. Em
merc10, em entrevista concedida à im- 1940, a produção do ferro gusa atin-
prensa, forneceu informações sôbre o giu 183 670 toneladas, no yalor de
desenvolvimento econômico e indus- 69 004 000 cruzeiros: em 1943, foi a
trial do Brasil. 247 680 toneladas, no valor de ..... .
173 126 000 cruzeiros; de janeiro a j u-
Disse de início o Sr. Marcondes nho de 1944 foi de 129 460 toneladas no
Filho que: valor de 97 563 000 cruzeiros. O ieiro
- "Até 1930 o Brasil foi um país laminado em 1940, atingiu 135 293
predominantemente agrícola e mono- toneladas, no valor de 157 942 000 cru-
z~iros; em 1943, foi a 155 058 toneladas,
cultor mas, de 1931 em diante come- no valor de 386 413 000 cruzeiros· ele
çou a libertar-se das limitações agro- janeiro a junho de 1944 atingia 7B 393
pecuárias iniciando um vasto programa toneladas, no valor de 205 903 000 cru-
de industrialização.
zeiros. O aço, em 1940, atingiu 141 076
Para compreender-se perfeitamen- toneladas, no valor de 113 174 000 cru-
te o desenvolvimento econômico do zeiros; em 1943, 184 325 toneladas, no
Brasil precisamos recordar as profé- valor de 288 518 000 cruzeiros, e de j~.­
t!cas palavras pronunciadas pelo Pre- neiro à junho de 1944 atingia 99 880
mdente Getúlio Vargas, na cidade de toneladas, no valor de 170 837 000 cru-
Belo Horizonte, capital de Minas Ge- zeiros. O carvão, em 1940, atingiu
rais, em 23 de fevereiro de 1931. Eis 1 336 301 toneladas, no valor de ....
o rumo indicado pelo Presidente Var- 72 473 000 cruzeiros; em 1943, alcan-
gas naquele dia: "O problema maxi- çava 2 034 311 toneladas, no valor de
mo, pode-se dizer básico de nossa eco- 157 351 000 cruzeiros. O cimento, cie
nomia, é o siderúrgico. Para o Brasil a 13 382 toneladas, em 1926, subiu a
idade do ferro marcará um período d.e 747 409 toneladas, em 1943, no valor de
sua ~pulêr:cia econômica. No amplo 267 485 016 cruzeiros; e de janeiro a
e~prego desse metal, sôbre todos pre-
junho de 1944, atingia 399 093 tone-
cioso, se expressa a equação de nosso ladas, no valor de 138 010 291 crn-
progresso. Entrava-o a nossa míngua zeiros. As 3 novas fábricas que estão
de transporte e a falta de aparelha- sendo construídas no Paraná, Santa
n:ento. in~ispensável à explotação da Catarina e Rio Grande do Sul eleva-
riqueza mmeral que possuímos imobi- rão muito mais a perspectiva da p.::-o-
lizada". dução do cimento. Passando a falar da
eletricidade, o ministro Marcondes lt.,l-
Dep.ois de recordar essas palavras lho citou novamente as palavras do
do Presidente Vargas, o ministro Mar- Presidente Vargas proferidas em 1939
condes Filho observou que êsse rumo durante a instalação da Conferência'.
foi seguido fielmente e explicou: Nacional de Economia e Admintstra-
- "São passados 14 anos e ainda ção sôbre a riqueza da fôrça hidrauli-
não somos um país altamente indu:;,- ca do Brasil: "Para o país que importa
trializado, porém a nossa produção está combustíveis êste potencial hidráuhco
quase invertida. Há trinta arios esta tem a mais alta significação, ~obretu­
produção distribuía-se entre 30% de do pela sua distribuição através de
produtos industrialti e 70% de produ- cêrca de 900 municípios, o que permiti-
tos agro-pecuários. Agora, apresenta rá proporcionar a quase todo o país os
60% de produtos industriais e 40% benefícios da energia elétrica". Co-
de produtos agro-pecuários, graças áo mentando essas palavras o ministro
programa do Presidente Vargas ini- Marcondes Filho explicou: "A potên-
ciado em 1931. Em 1937, o valor d~ pr0- cia instalada corresponde a 1 295 614
dução industrial atingiu 8 bilhões de kwh., mas poderia ser ràpidamente ele-
cruzeiros, em 1940 chegou a 12 bilhões vada de mais de 500 mil kilowatts, se
e em 1943 ultrapassou de 27 bilhões". conseguíssemos agora a maquinaria
exigida por nossa expansão industrial.
. ~eferindo-se à dificuldade de dis- Para o após guerra o programa go-
tmguir bem entre a indústria básica e vernamental de eletrificação do Brasil
a. indústria pesa~a, o Sr. Marcondes abrange 4 grandes planos de aproveita-
Fi11!o preferiu indicar que a industriali- mento da energia hidráulica do i:io São
zaçao do Brasil se apóia no desenvol- Francisco, entre os Estados da Bahia e
30 BOLETIM GEOGRAFICO

Alagoas; os rios Pardo e Antas, no Es- remessas feitas, pelo sistema lendlease,
tado do Rio Grande do Sul; a nova para a América Latina. Convém desta-
usina da cachoeira do Avanhandava, car as importações de matérias pri-
no Estado de São Paulo e a usina àe mas indispensáveis à manutenção do
Macabu no Estado do Rio de Janeiro. esfôrço de guerra contra o inimigo co-
:.G:sses são os empreendimentos que não mum e, também, notar a construção
podem ser detalhados numa entreüs- das bases aéreas, vasta rêde de cam-
ta, mas servem para mostrar tôda evo- pos para aviação militar e comercial,
lução processada de 1930 até 1944, nu:n as quais após a guerra facilitarão a nos-
país que se ufanava em ser essencial- sa expansão aeronáutica. A colabora-
mente agrícola" - comentou com hu- ção Brasil-Estados Unidos constitui
mor o ministro Marcondes F'ilho re- um grande êxito da política interna-
cordando um slogan outrora muito cional dos Presidentes Vargas e Ro-
usado por escritores quando insist.1am osevelt e serve de modêlo para todos
que. a base da vida do Brasil era a os outros países. Poderia assinalar
monocultura. Sôbre madeiras disse que também, as conferências de Bretton
embora não fiquem tecnicamente bem Woods e Rye, das quais advirão imen-
incluídas na indústria pesada, sua im- sas vantagens para o Brasil e os Esta-
portância econômica merece destaqu~
principalmente tendo-se em vista a ce- dos Unidos, quer do ponto de vista
lulose e as novas aplicações industriais econômico-financeiro, quer do técnico-
de matérias plásticas e o seu emprêgo industrial, sendo de esperar-se maior
sobretudo, na aviação. "Mantemos no expansão dos nossos produtos para os
Paraná em Santa Catarina e no Rio demais mercados com que já negocia-
Grande . do Sul, 2 220 serrarias, cuja mos e com os quais havemos de ne-
exportação em 1940 atingiu 291 120 gociar no mundo de após-guerra. Sô-
toneladas no valor de 84 806 000 cr11- bre os planos para 1945, o ministro
zeiros; em 1943, foi a 320 611 toneladas Marcondes Filho recordou suas pró-
no valor de 276 576 000 cruzeiros e de prias palavras pronunciadas em São
janeiro a junho de 1944, atingia Paulo, na instalação do Congresso
288 280 toneladas no valor de ..... . Brasileiro de Indústria, em dezembro
240 969 000 cruzeiros. O comércio ex- último, ao qual falou que o govêrno
terior, apesar da guerra, cresceu sem- continuava empenhado na elevação do
pre: em 1940, a exportação elevou-se a padrão de vida de cada cidadão ao
4 961 000 000 de cruzeiros e a im- nível compatível com a dignidade hu-
portação a 4 964 000 000 de cruzeiros; mana, no aparelhamento do pais, na
em 1943 a exportação atingiu a ..... . harmonização entre classes e na coor-
8 728 000 000 de cruzeiros e a impor- denação dos fatôres da produção, como
tação a 6 073 000 000 de cruzeiros; em organização econômica, tendo em vis-
1944, de janeiro a junho e exporta- ta não só o progresso social e a defesa
ção alcançou 4 999 000 000 de cru- nacional, mas, também, a colaboração
zeiros e a importação 3 561 000 000 de econômica continental e mundial. "E
cruzeiros. O comércio com Portugal em quando falo em colaboração econõmica
1943 atingiu na exportação a 12 436 000 - concluiu o ministro Marcondes Fi-
cruzeiros e na importação 90 460 000 lho - tenho também o pensomento
cruzeiros; de janeiro a junho de 1944 voltado para a Grã-Bretanha, nossa
a exportação elevou-se a 22 159 000 amiga e aliada nesta guerra. Os bra-
cruzeiros enquanto a importação atia- sileiros são leais às suas tradições e
gia 111 747 000 cruzeiros. Sôbre a não esquecem o antigo e intenso inter-
cooperação com os Estados Unidos, o câmbio comercial com os britânicos
ministro Marcondes Filho declarou: cujos produtos sempre gozaram de alto
"Evidentemente foi muito significativo conceito no país. A melhoria das con-
o auxílio recebido dos Estados Unidos dições do tráfego transatlântico res-
pelo Brasil. Dentro da política da hoa tabelecerá e, certamente, dará novo
vizinhança, que inclui o programa da vigor ao tradicional movimento comer-
ajuda mútua do intercâmbio econômi- cial entre o Brasil e o Reino Unido,
co, as duas maiores Repúblicas do con- fortalecendo-se, ainda mais, através
tinente desenvolveram em alto grau dessa cooperação econômica, os velhos
suas relações comerciais resultando laços de amizade que unem os dois
uma série de vantagens para o meu grandes povos".
país. Basta verificar que para o Bra-
sil foram embarcadas mais de 63 % das
RESENHA E OPINIÕES 31

As vias e meios de comunicação Maria e Travessão dos Patos se faz


do Brasil em 1889 em barcas) e entre Travessão dos Pa-
tos (177 quilômetros a montante de
§ 1. Navegação nos cursos d'água Cametá e 130 de Baião) e Belém do
- A bacia do Amazonas da qual o Bra- Pará. Desde 7 de setembro de 1867.
sil possui mais de 4/5, as bacias do o rio das Amazonas até a fronteira
São Francisco e dos rios costeiros, as peruana, o Tocantins até Cametá, o
bacias superiores do Paraguai e do Tapajós até Santarém, o rio Negro até
Paraná fornecem ao Brasil um con- Manaus, o Madeira até Borba foram,
junto de vias navegáveis que são ava- assim como o São Francisco até Pene-
liadas em 54 000 quilômetros. do, abertos às marinhas mercantes de
Na bacia amazônica, a navega- tôdas as nações. O movimento ainda
ção a vapor que começou entre Ma- não é considerável, porque nessas re-
naus e Belém em 1853, graças a um giões falta a população para explotar
monopólio e a uma subvenção, tem uma as riquezas naturais e para comprar
superfície de 10 000 quilômetros. Ela os produtos estrangeiros. Entretanto,
sobe o rio até Tabatinga, pôrto situado êle aumentou ràpidamente desde uns
na fronteira do Peru, a perto de 3 000 20 anos atrás. Já em 1879, as com-
quilômetros da embocadura. Um barco panhias subvencionadas do baixo Ama-
a vapor leva em média 10 a 11 dias zonas transportavam 13 976 viajante::
para subir e descer; a vela e a remo e 20 770 toneladas (13 974 para a im-
seriam precisos 96 a 195 dias su- portação e 6 796 para a exportação) .
bindo e 47 a 67 descendo. Bdém, o No Paraguai e seus afluentes. o
grande empório do Amazonas, é o pon- São Lourenço e o Cuiabá, a navegação
to de partida desta navegação, cujas sobe de Montevidéu a Cuiabá numa ex-
etapas principais são: Santarém, óbi- tensão de 4 500 quilômetros. ll:ste é
dos, Itacoatiara, Manaus (no rio Ne- ainda hoje o caminho mais fácil para
grol, Coari, Tefé. A cidade de Manaus se chegar ao sudeste de Mato Grosso;
está ligada, desde 1874, por um :ierviço mas tem o inconveniente de passar
direto e subvencionado de vapôres com pelo território de dois Estados, a Re-
Liverpool, desde 1882 com New York pública Argentina e o Paraguai. Foi
e desde 1884 com o Rio de Janeiro. pelo Tratado de Assunção, de 12 de
Ela fêz, segundo a estatística oficial fevereiro de 1858, negociado pelo con-
para 1881-1882, um comércio (impor- selheiro Silva Paranhos, visconde do
tações e exportações reunidas) de Rio Branco, que o Brasil pôde obier do
11 766 000 francos. Em 1885, a compa- govêrno do Paraguai a abertura dêste
nhia Red Cross Line fazia em 28 dias rio à navegação. São precisos 30 a 40
o trajeto de Manaus a Liverpool. A fim dias para ir por esta via do Rio de Ja-
de desenvolver o seu comércio exterior, neiro a Cuiabá. Um serviço mensal
a província do Amazonas estabeleceu da Companhia Nacional de Navegação
uma redução de 3% sôbre os direitos a Vapor, subvencionada pelo Estado,
de exportações diretas para o estran- tem lugar entre Montevidéu e Corum-
geiro. A navegação sobe o Madeira até bá, com grandes navios; entre Corum-
as cachoeiras de Santo Antônio, que bá e Cuiabá, com pequenos navios. Em
uma estrada de ferro (projetada, dP- 1885-86, esta Companhia transportou
pois adiada) deve ajudar a franquear; 3 176 passageiros e 97 000 tonelada&.
acima dessas quedas, a navegação sobe As estradas de ferro que, de São Pau-
ainda 1 800 quilômetros até Mato lo avançam ràpidamente para oeste,
Grosso: é o caminho mais seguido fornecerão vias de comunicação mais
para ganhar o Mato Grosso ocidental seguras e mais rápidas. - Vários ut;.tros
e a Bolívia oriental; êle mede de Ma- rios têm serviços a vapor: o Pindaré,
to Grosso a Belém 4 610 quilômetros o Mearim, o Itapicuru, que desen!bo-
e a viagem dura 140 dias, dos quais cam perto de São Luís, o Parnaíba, cujo
uma dúzia para descer o Madeira. O leito foi desembaraçado de diversos
rio Javari e o Juruá são servidos por obstáculos, o Paraíba do Norte, o Sã.o
vapôres subvencionados, r:· segundo até Francisco, cuja linha de navegação, já
o lago .Macari. O Purus o é até a rata- melhorada pela canalização de diversas
rata do Hyutanaham a 2 300 qL,ilô- quedas (cachoeira de Sobradinho, etc.> ,
metros, e até o rio Acre. O rio Negro seria muito bela se não fôsse interrom-
o é num percurso de 792 quilômetros pida, perto do limite de Alagoas, por
até Santa Isabel. O Tocantins e o Ara- cachoeiras das quais :i. principal é a
guaia (navegação subvencionada pe- de Paulo Afonso; o Paraguaçu, que
lo Estado) o são entre Itacaiú e San- desemboca na baía de Todos os San-
ta Maria (a navegação entre Santa tos, o Jequitinhonha, o Itapemirim, o
32 BOLETIM OEOGRAFICO

Mucuri, o Ribeira do Iguape, os la- tinha sido concedido desde 1839 para a
gos Mangaba, dos Patos e Mirim, os construção de uma estmda de ferro dú
rios Jacuí e Pardo, e o rio Uruguai. Rio de Janeiro a Piraí; mas nada se
A livre navegação nesse último rio fêz então; as perturbações po!ítica~
foi obtida pelo Brasil em 1852, depoi<> entravavam o progresso e afastavam
da guerra contra o ditador Rosas. - os capitais estrangeiros. Foi em 1854
A província de São Paulo se dedicou que se inaugurou o primeiro trecno de
ao desenvolvimento dos seus meios de estrada de ferro do Brasil, o de Mauá
comunicação prolongando as suas vias graças à atividade de Irineu de Sousa.
férreas pela navegação fluvial a vapor, que se tornou visconde de Mauá, que·
construindo barcos de um tipo adapta- foi o promotor de várias empresas
do aos seus cursos d'água. Existem ser- úteis no seu país. Em 1855, uma com-
viços regulares no Piracicaba e no Tie- panhia empreendeu de novo o caminho
tê, da cidade de Piracicaba até além de Piraí e abriu a sua primeira secção
de Lençóis (400 quilômetros), no rio (de Rio de Janeiro a Belém, 61, 6 qui-
Grande (ponto em que a Estrada de lômetros) três anos depois; porém ela
Ferro Mojiana atravessa o rio) na con- foi interrompida pelas dificuldades da
fluência do Sapucaí Mirim, ponto onde travessia da serra do Mar; o Estado en-
começa a navegação reservada à Com- campou a linha e prosseguiu ativa-
panhia Paulista, no Moji Guaçu e no mente os trabalhos. Esta rêde foi desig-
Pardo (305 quilômetros) onde o ser- nada desde então pelo nome de Estrada
viço é feito pela Companhia Paulista, de Ferro D. Pedro II. Em 1867, o Bra-
e no Parapanema. O sal destinado a sil ainda possuía somente 601 quilô-
Goiás e a Mato Grosso é uma das prin- metros de estradas de ferro em explo-
cipais mercadorias transportadas por tação; no fim de 1870, havia 997 quilô-
essas novas estradas . metros; no fim de 1880 3 521 qui-
§ 2. Estradas de terra - As estra-
lômetros; no fim de 1887, 8 486; no fim
das propriamente ditas faltam no Bra- de 1888, 9 200 quilômetros em explo-
sil. Há entretanto algumas belas estra- tação, 9 900 em construção ou em es-
tudos: total 191°00 quilômetros. - A
das na província do Rio de Janeiro (a estrada de ferro D. Pedro II é a gran-
União e Indústria, construída por de Central Brasileira. Ela se dirige da
Ferreira Laje, que conduz de Petrópolis capital para o vale do Paraíba do Sul
a Entre Rios, etc.) ; há outras tam- (províncias do Rio de Janeiro e de
bém que são mais ou menos mantidas São Paulo) e para o do São Francisco
na província de São Paulo; há uma (província de Minas Gerais). A llnha
grande via ligando Cuiabá a Goiás, principal dessa estrada tinha, em 1867,
e Goiás a Ouro Prêto. Mas a maior um comprimento de 197 quilômetros t1.té
parte das localidades do império sê se Entre Rios que ela atinge com auxí-
comunicam por caminhos que são ape- lio de 16 túneis, enormes muralhas
nas franqueados por carros de bois ou e longos terraceamentos, depois de ter
mesmo estradas de mulas, muitas vê- flanqueado a serra do Mar a 427, me-
zes impraticáveis durante a estação tros de altitude e tornado a descer
das chuvas. As estradas não prestam para as margens do Paraíba do Sul
sempre serviços ·proporcionais às des- que é atravessado várias vêzes. Os tra-
pesas que custam num país coberto de balhos mais importantes foram feitos
matas, acidentado, em que as distân- sob a direção do Sr. Cristiano Otoni.
cias são consideráveis e onde a po- hoje senador, e de Ferreira Laje (Ma-
pulação é esparsa. riano Procópio). Em dezembro de 1887,
§ 3. Estradas de ferro - Entretan- a linha principal atingia a estação de
to, quanto mais consideráveis eram as Itabira do Campo, a 523 quilômetro<:
distâncias, mais necessário era 'igar o da capital, depois de ter passado vários
interior aos portos de mar por (.;Qmu- cursos d'água e ter subido a serra da
nicações fáceis a fim de favorecer a Mantiqueira por meio de rampas rá-
explotação das riquezas naturais. Foi pidas e numerosas curvas até a alti-
para a construção das estradas de fer- tude de 1 115 metros, depois descendo
ro que se dirigiu. com razão, desde 1874, o . vale de Barbacena e elevando-se
o principal esfôrço dos brasileiros: através de uma região muito acidenta-
assim, apesar das grandes despesas da até 1 179 metros, ponto culminante
de construção a que obrigava um solo da linha. O trabalho· (maio de 1888)
muito acidentado na região costeira, prosseguia para Sabará (59 quilôme-
o Brasil é o Estado da América do Sul tros ao norte de Itabira do Campo)
que possuía em 1888 maior quilometra- para continuar em seguida até o ponto
gem de vias férreas. Um privilégio em que o rio das Velhas é ou pode tor-
q. o o .Ara.xá. o

t
'o\S.Berber-a \
\
20

..

CARTA DAS ESTRADAS DE FERRO


BRASIL CENTRAL
- frofiqut aU c8pJ:"i~De- - - - - MUNICÍPIO NEUTRO, PROVÍNCIA DO
RIO-DE-JANEIRO DE MINAS-GERAIS
E DE SAO-PAULO
~~~-.-~ Estradas de ferro em exploração
- - - - - - Estradas de ferro em constr·uçào ou em projeto
-------------Navegação fluvial
+..,. .... ++++++Limites de Províncias
RESENHA E OPINIÕES 33

nar-se navegável; daí esta estrada de ba do Sul (57 quilômetros), começa em


ferro rerá prolongada até Goiás, pelo Barra do Piraí e se liga em Cachoeira
vale do Paracatu. Na linha central de às estradas de ferro da Província de
D. Pedro (de Entre Rios ao rio das São Paulo. A linha do este desce o vale
Velhas) um ramal de 42,5 quilômetros até Pôrto Novo do Cunha (65 quiló-
conduz de São Julião a Ouro Prêto. metros). A estrada de D. Pedro II é·
Duas estradas de ferro provinciais <;e de bitola larga 0,60 metros) e de uma
ligam à D. Pedro II; são a Oeste de linha só; entretanto, a partir de La-
Minas (322 quilômetros em explotação) faiete (linha do rio das Velhas) foi,
indo de Sítio até Oliveira por São .J.1~é por economia, adotada a bitola estrei-
del Rei e a estrada de ferro de Juiz ta: o que exige uma ruptura de carga
de Fora a Piau (55 quilômetros em (725 quilômetros em bitola larga e 61
explotação); a linha de Oliveira vai em bitola estreita, a 31 de dezembro
ser prolongada até o São Francisco de 1887).
superior, com ramais para Itapecerica
(Tamanduá) e para Pitangui. A linh:i Eis alguns resultados do tráfego
de oeste da D. Pedro, subindo o ?araí- dessa estrada de ferro:

Estrada PRODUTO BRUTO


de Ferro Mercadorias Produto
ANOS D. Pedro li Viajantes Animais Produto Produto líquido
(extensão (toneladas) bruto bruto total
explorada) total quilométrico
- - - - - - - - - - - ------- - - - - - - - - - - -----
1860 .. ....... 61 235 762 55 053 - 920 14,9 309
1870.'. ....... 221 791 426 151 458 28 584 4 449 20,0 2 573
1880 .......... 633 2 569 143 328 053 46 316 11250 17,7 5 994
1886 .......... 745 3 734 874 420 048 87 719 11568 - 5 800
1887.. ... ' .. '. 765 4 565 830 . 393 951 139 998 10 264 - 3 717

A receita por quilômetro proveni- 6% do capital empregado, proporção


ente dos passageiros não aumentou com notàvelmente superior à média do di-
a extensão da rêde, porque à medida videndo nos Estados Unidos.
que a linha penetrou para o nort-e, ela Na rêde de D. Pedro II estão
encontrou regiões menos povoadas e reunidas várias estradas de ferro. In-
porque, na parte montanhosa até L~.­ dicamos as que se ligam à linha cen-
faiete, a região é muito pouco cul~.i - tral superior (de Entre Rios para o
vada; foi isto que determinou o govêr- norte), na província de Minas. Outros
no a diminuir a bitola além dêste úl- ramais e outras estradas de ferro :;:e
timo ponto. Também a receita das ligam à parte inferior ou meridional da
linha central (do Rio de Janeiro a En-
mercadorias, que representa 4/5 do to- tre Rios) e das duas linhas laterais, do
tal, é mais considerável nas primeiras oeste (para Cachoeira) e do leste
secções que servem a região do café (Pôrto Novo do Cunha) . ·O ramal de
do que nas últimas. Depois do café, Santa Cruz parte da estação de Sa-
o gado, o queijo, o açúcar, a qguar- popemba e já ultrapassa Santa Cruz
dente, o milho, a banha, o fumo. são (35 quilômetros) ; um outro vai de Be-
os principais produtos transportados: lém a Macacos (8 quilômetros), um ter-
êles se destinam em geral ao Rio de ceiro de Sàntana a Passa Três por
Janeiro. Ouro Prêto e as secções além Pirai (39 quilômetros) . Da linha do
de Sabará, onde a terra é mais fértil, oeste se destacam, para o sul, as estra-
darão certamente resultados melhores das de ferro de Barra Mansa a Bana-
que os da secção montanhosa. A rela- nal, de Resende a Areias, e para o nor-
te a de Cruzeiro a Três Corações (Mi-
ção entre as despesas e a receita bruta nas) , designada pelo nome de Estrada
foi em 1885 de 51,7%; era um pouco de Ferro do Rio Verde (170 quilôme-
mais elevada na França (53%) e sensi- tros) ; um ramal está em construção
velmente mais nos Estados Unidos até Campanha.· Uma linha em constru- ·
(58%). O produto líquido representa ção desde Soledade, estação da Estrada
34 BOLETIM OEOORAFICO

de Ferro do Rio Verde, deve chegar deve chegar o ramal de Sumidouro, da


até Pouso Alegre, passando por Cris- Campanhía Leopoldina. Niterói, defron-
tina e Itajubá, e lançará um ramal te do Rio de Janeiro é o ponto de par-
para São José do Paraíso. Da linha tida de uma estrada de ferro que, su-
central de D. Pedro partem, para o bindo a serra da Boa Vista, vai a
norte, as estradas de ferro de Barr::i Macucos, com um ramal de Pôrto das
do Piraí a Santa Isabel do Rio Prêto Caixas a Rio Bonito e um outro de
(Rio de Janeiro); de Desengano a Rio Cordeiros a Cantagalo, e desta cidade
Prêto por Valença; de Comércio a Pôr- ~ Barra do Pomba, no Paraíba (233
to das Flores por Santa Teresa (Es- quilômetros em explotação, 92 em cons-
trada de Ferro do Rio das Flores), e, trução). Na margem oposta encontra-se
para o sul, o pequeno ramal de Vassou- a Estrada de Ferro de Santo Antônio
ras. As estações de Serraria, na linha de Pádua (de São Fidélís a Miracema
central superior, e de Pôrto Novo do por Pádua -- 93 quilômetros) . A Estra-
Cunha, término da linha do leste, vem da de Ferro de Maricá (inacabada) se
ligar-se o sistema mais complicado da ramifica da de Niterói. A rêde de
Companhia Leopoldina. Uma linha des- Campos, que já se liga pelo norte com
ta companhia parte de Serraria, com a da Leopoldina, está ligada por Ma-
dois ramais para Rio Novo e ·~omba, caé e Rio Bonito, à capital da provín-
passa por Ubá, Rio Branco e Ponte cia, Niterói. Ela conta com a linha de
Nova e chega (dezembro de 1888) a Campos a Macaé (96 quilômetros), atra-
Saúde. Uma outra linha começa em vessada pela de Triunfo a Quíçamã
Pôrto Novo do Cunha e lança antes (45 quilômetros) , a linha de Campos
de chegar a Recreio, dois ramais, um a São Sebastião ( 18 quilômetros) , de
de Entroncamento a Sumidouro, ou- Carangola (223 quilômetros) com ra-
tro de Volta Grande a Pirapetinga. mais de Murundu a Itabapoana (21
Em Recreio ela se divide em duas, de quilômetros) e de Pôrto Alegre a Pa-
um lado, para o noroeste, dirigindo-se trocínio (38 quilômetros); esta rêdf'
para Ubá por Vista Alegre e Cataguases atinge já a província do Espírito San-
(de Vista Alegre parte a linha que to. Esta última possuí a Estrada de
vai a Leopoldina, cidade que deu o seu Ferro de Cachoeiro de Itapemir~m (70
nome à rêde), do outro, para o nordes- quilômetros) em Castelo e em Alegre
te, dirigindo-se, por Patrocínio, Prados (duas estações iniciais de linha). Uma
e Tombos do Carangola, para Santa companhia belga acaba de ser organi-
Luzia do Carangola; um ramal vai de zada (1889) para construir a Estrada
Patrocínio a São Paulo de Muríaé. Em de Ferro Benevente-Minas. Esta linha
Patrocínio a rêde da Leopoldina se deve partir da cidade de Anchieta
reúne à Estrada de Ferro de Carango- (outrora Benevente) e ligar-se à Es-
la, que ela deve alcanr.ar uma segunda trada de Ferro de Cachoeiro de Ita-
vez mais ao norte. A Estrada de Ferro pemirim bem como à rêde da Compa-
de Carangola pertence à rêde que tem nhia Leopoldina, por Santa Luzia do
por centro a cidade de Campos, e da Carangola.
qual falaremos mais adiante. Além da
D. Pedro, duas outras estradas de ferro A província de São Paulo é a mais
partem da cidade do Rio de Janeiro: bem dotada no que toca a estradas de
são a do Rio Douro (65 quilômetros) ferro. Uma linha (Companhia Inglêsa,
desde o Caju (bairro do Rio) até Tin- Santos a Jundiaü liga a capital, São
guá por Iguaçu, com um ramal de Paulo, ao seu pôrto, Santos, e se pro-
Cava a Reprêsas do Rio Douro, e a longa ao norte de São Paulo até Jundiaí
Estrada de Ferro de Majé (The Rio de (139 quilômetros) ; uma .3egunda (S:io
Janeiro and Northern Raíl. Cy. Ld.), Paulo e Rio) vai de São Paulo para
que parte de São Francisco Xavier, leste reunir-se em Cachoeira -.:om a
(subúrbio do Rio onde há uma esta- estrada de D. Pedro (232 quilômetros)
ção da Estrada de Ferro de D. Pedro) e possui um pequeno ramal de Tau-
e que, não terminada ainda, já se reúne baté a Tremembé; uma terceira a
(por Meriti e Estrêla) à Estrada de oeste para Sorocaba (Companhia So-
Ferro de Petrópolis (Estrada de Ferro rocabana) vai até Tietê (cidade) e pos-
Príncipe do Grão Pará). Esta última suí dois ramais, um de Boítuva a Ta-
começa no fundo da baía do Rio de tuí (atingirá Itapetínínga), outro de
Janeiro, em Mauá, sobe a serra dos Cerquilho a Botucatu (222 quilômetros
órgãos, atravessa a cidade de Petró- em explotação, 110 em construção);
polis, e, pelo vale do Piabanha, ;;anha esta parte da linha deve alcançar o Pa-
o do rio Frêto e se detém em São José ranapanema na foz do Tíbaji; uma
do rio Prêto (92 quilômetros), onde pequena estrada de ferro vai de São
RESENHA E OPINIÕES 35

Paulo a Santo Amaro. Duas estradas panhia Mojiana (província de São Pau-
de ferro, as das í:ompanhias Ituana e lo) já está em construção entre Ubera-
Paulista, partem de Jundiaí: a primei- ba e a confluência do Corumbá no
ra, (220 quilômetros) é formada pelas Parnaíba: dêste ponto até Goiás há
linhas de Jundiaí a Itu, passando por apenas 390 quilômetros. Quando ess:ots
Itaici, e de Itaiei a São Pedro, passan- ferrovias estiverem construídas. a co-
do por Capivari e Piracicaba; a Pau·- municacão interior entre Rio 'Je Ja-
lista (242 quilômetros) vai de J~mdiaí neiro e -Belém do Pará será assegura-
a Cordeiros, por Campinas, e se bi- da pela via de São Paulo e de Goiás.
furca em Cordeiros: o ramal seten- O rio das Mortes ou Roncador, aflu ..
trional vai a Descalvado, por Araras e ente do Araguaia, é navegável desde a
Piraçununga; o ramal ocidental vai confluência do rio das Garças. Dést·~
a Rio Claro. Aí comeca a estrada. de ponto a Belém do Pará há 2 101.1 qui-
Ferro da Companhia ·Rio Claro !26d lômetros pela via dos rios das 1.vlortes,
quilômetros) : segue a direção noroeste Araguaia e Tocantins P 43() quilômetros
e se bifurca em Feijão, lançando uma para Cuiabá por via terrestre. Estra-
linha até Araraquara, por São Carlos das de ferro construídas entre Cuiabá
do Pinhal, e outra até Jaú. De ~Jampi­ e a confluência do rio das Garças e
nas parte a linha principal da Compa- entre Santa Maria do Araguaia e Al-
nhia Mojiana (673 quilômetros em ex- cobaca dariam às duas cidades de
plotação, 204 em construção, em 1888! Cuiabá e Belém do Pará uma linha de
que, por Jaguati, Moji Mirim, Cascavel. comunica(;ão de cerca de 2 580 qui-
Casa Branca, Batatais, Franca, atra- lômetros por via férrea e barcos a va-
vessa em Jaguará o rio Grande ou o por. A linha central da estrada de ferro
alto Paraná, entra na província de de D. Pedro II terá, ao alcançar .Joiás,
Minas Gerais e já chega a Uberaba. uma extensão de cêrca de 1 410 qui-
a 500 quilômetros da costa e perto da lômetros desde o Rio de Janeiro, e, se
província de Goiás. Ela será prolonga- fôr prolongada até Cuiabá (840 qul ..
da até o pôrto de Jurupensém, no rio lômetros entre Goiás e CuiabáJ, terá
Vermelho, afluente do Araguaia, pas- uma extensão total de 2 250 quilô-
sando pela cidade de Goiás. A compa- metros.
nhia Mojiana possui, além da linh~
principal, os ramais de Jaguari a Am- Pela via das estradas de ferro de
paro (30 quilômetros) , de Moji Mirim São Paulo, a distância entre Rio e
Cuiabá será de cêrca de 2 580 quilô·-
a Penha (20 quilômetros) e de Casca- metros, entre Rio e Belém do Pará,
vel a Poços de Caldas, na província de de cêrca de 3 960 quilômetros. Pela
Minas Gerais (77 quilômetros). A Com- via de Minas Gerais 1estrada de ferro
panhia Rio Pardo possui uma linha D. Pedro II) as distáncias serão: en-
de 36 quilômetros que se liga à Mojiana: tre Rio e Cuiabá. 2 250 quilômetros;
vai de Casa Branca a São José do Ri'l entre Rio e Belém do Pará, 3 630 qui-
Pardo. A Companhia Bragantina ex- lômetros.
plota a estrada de ferro que começa em Nas províncias do norte, as prin-
Campo Limpo (na linha inglêsa de cipais estradas de ferro são as de Be-
Santos a Jundiaí) e vai, por Atibaia lém a Bragança (59 quilômetros), no
até Bragança (52 quilômetros). Uma Pará; de Camocim a Sobral (129 qui-·
outra estrada de ferro vai de São Ma- lômetros) e de Fortaleza a Baturité
nuel do Paraíso a Pôrto Martins. no (111 quilômetrosl, no Ceará; de Natal
Tietê. .
a Nova Cruz ( 121 quilômetros), no Rio
A cidade de Goiás, a mais :entral Grande do Norte: a de Conde d'Eu
do Brasil, se encontra a 180 quilômetros 023 quilômetros!, na Paraíba (de Pa-
do pôrto de Jurupensém do rio Ver- raíba, a Independência, por Taipu, e
melho, afluente do Araguaia, e a dis- de Taipu a Pilarl ; a de Recife a Pal-
tância que separa êsse pôrto do de mares e a Garanhuns (271 quilôme-
Belém do Pará pela via do rio Verme- tros). defronte de .Juàzeiro, que deve
lho, do Araguaia e do Tocantins é de ser prolongada até o rio São Francis-
2 040 quilômetros. A navegação é livre co; as de Recife a Caruaru (76 quiló-
entre Jurupensém e Santa Maria do metros em exnlot:H'àO até Cascaveíl,
Araguaia; depois vêm as cachoeiras de Recife a Limoeiro com ramal de
dêsse rio e do Tocantins que terminam Pau d'Alho a Nazaré (96 quilômetrosl
em Tapaiunaquara, a montaüte, de e a Timbaúba (96 quilôrnetrosj, ..te Re-
Alcobar.a. Cogita-se de construii' uma cife a Olinda e Beberibe (12 quilôme-
estrada de ferro entre Santa Maria e tros), em Pernambuco; de Maceió a
Alcobaça. A estrada de ferro da Com- Imperador (88 quilômetrosl e a Es-
36 BOLETIM OEOORAFICO

trada de Ferro de Paulo Afonso ( 116 de ferro do Estado (entre as quais a


quilômetros), em Alagoas; de Bahia D. Pedro II, a Alagoinhas - São Fran-
a Alagoinhas e de Alagoinhas ao São cisco a Taquari - Cacequi), 2 585 a
Francisco (528 quilômetros em ex- companhia gozando de uma garantia
plotação de Bahia a Vila Nova ela Ra- de juro de 6 ou 7% assegurada pelo
inha, com o ramal de Timbó, em de- Estado (a garantia é assegurada por
zembro de 1887), a Central da Bahia contrato a 17 companhias, cujas linhas
(303 quilômetros com os ramais de tinham 2 807 quilômetros) ; 95 quilô-
Feira de Santana e Queimadinhos a metros pertenciam aos governos pro-
Olhos d' Agua), a Es::.:ada de Ferro de vinciais, 1 552 a companhias gozando
Caravelas (Bahia) a Otoni (d'agora em de subvenções ou de garantias de juros
diantí:' Filadélfia) (142 quilôm~tros) assegurados pelas províncias; 2 157 qui-
na província de Minas. lômetros não tinham nem garantia nem
Nas províncias do sul estão a Es- juros; 80 eram de estradas ligando ci-
trada de Ferro de Rio Grande a Bajé dades vizinhas, nas provín.:J.as de Per-
(280 quilômetros), as de T:iquari a nambuco, Alagoas, São Paulo; 4 quilô-
Cacequi ,.262 quilômetros. em explqta- metros pertencem à estrada de ferro
ção, 112 em construção), e de Quaraim de plano muito inclinado que vai do
a Itaqui (75 quilômetros em explota- Rio (bairro de Laranjeiras) ao pico do
ção, 101 em construção). A linha de Corcovado. Quanto à largura da bitola,
Bajé será prolongada até Cacequi, e dês-· 1 354 quilômetros eram. de bitola larga
te ramal até Uruguaiana; de Pôrto (1,60 metros), 7 132 de bitola estreita
Alegre a Nova Hamburgo, há uma 0,40 metros a 66 cen ';ímetrosl . As es-
pequena estrada de ferro (43 quilôme tradas em construção ou em estudos
tros); a Estrada de Ferro D. Teresa são tôdas de bitola estreita. ·
Cristina (116 quilômetros) em Santa Para evitar as cachoeiras do Ma-
Catarina, vai ao pórto de Imbituba a deira, uma companhia inglêsa tinha
Tubarão; a de Paranaguá a Curitiba sido encarregada de construir de Sll.11to
(111 quilômetros) , no Paraná, linha Antônio a Guajará Guaçu (247 quilô-
notável pelos seus trabalhos de arte, metros) a Estrad2. do Madeira e Ma-
construída por uma companhia france-
sa por um engenheiro brasileiro. As moré; mas o trabalho foi interrompido.
outras estradas tinham, no fim de Entre os grandes projetos de ferrovias
1887, uma extensão inferior a 100 qui · a executar, deve-se citar a de Pernam-
lômetros. buco a Valparaíso pelos vales do São
As vias férreas do Brasil não for- Francisco e do Paraná, para a qual so-
mam uma rede única; mas têm, na licita-se a 3 Estados (Brasil, República
maioria, uma direção perpendicular à Argentina e Chile) que dêem uma ga-
costa e foi difícil construí-Ias por rantia de juros, e o da Grande Central
causa das serras costeiras que elas tive- Brasileira que. atravessaria o continente
ram que flanquear nas províncias me- de Bahia (Altântico) a Arica (Pa-
ridionais. es grandes portos, Recife, cífico).
Bahia, Rio <le Janeiro, Santos, Pôrto
Alegre e Rio Grande são os principais Há bo.1des aa maior parte das
inícios de linha de onde as vias térreas grandes cidades, sobrE'tudo no Rio.
sobem e se ramificam no interior das § 4. - Navegação marítima e por-
terras. O Brasil se esforça para unir tos - A marinha mercante no Brasil
por vias transversais vários dêsses sis- é apesar das !!ompanhias subvenciona-
temas isolados. das, pouco considerável; ela diminuiu
As estradas de ferro são, umas de desde qut:, por uma medida de que o
bitola· larga (como a D. Pedro II, a comércio tirou proveito, a cabotagem
Paulista, a São Paulo Railway, e várias é permitida aos navios estrangeíro.s. Ela
outras) , a maioria de bitola estreita. compreendia, em 1887, 83 navios a va-
A bitola larga custava em média 350 000 por e 112 a ve\a. A maior parte da
francos por quilômetro, em 1870; a bi- navegação de longo curso, mesmo sub-
tola estreita (em geral de 1 metro), ver,i::icaada, e cêr~a de 1/5 da cabo-
que custa somente 100 000 francos, e tagem são· feitas scb pavilhão estran-
mesmo 70 000 para a Estrada Mojiana, geiro. A estatística oficial fornece a
permitiu desenvolver mais rápidamente êsse respeito apenas dados incompletos,
a viabilidade e proporcionar as despe- porque há províncias que são negligen-
sas ao rendimento. Do número de qui- tes em fornecê-los ao govêrno central;
lômetros explotados em 1887 (8 486 qui- o quadro abaixo indica os números le-
lômetros), 2 013 pertenciam a estradas v.antados por essa estatística:
RESENHA E OPINIÕES 31

LONGO CURSO CABOTAGEM

Entrada Saída Entrada Saí d a


ANOS
Toneladas Toneladas
Toneladas Toneladas
Navios (tor Navios (por
(por Navios
Navios (por
mi har) milhar)
milhar) milhar)
---- ---- ---- ·---- ---- ----·
1839-44 ........ 1842 393 ? ? 2 741 144 ? ?
1866- 67 .•...... 3 694 1 288 2 638 1543 4 098 796 3 661 642
1884-85 ...... 3 969 3 4€4 3 075 2 726 5 837 2 390 5 327 2 222
1886- 87 ....... 3 217 2 580 2 379 2 403 4 639 2 131 4632 2 410

O Serviço Postal por mar é feito rários e de domésticos assalariados aos


por companhias brasileiras subvencio- escravos tornaram necessária uma
nadas e por diversas companhias fran- quantidade muito maior de numerário
cesas, inglêsas e outras. - A Inglaterra no Brasil. ·
ocupa o primeiro lugar na navegação § 5. - Linhas telegrdficas - As
do Brasil; a França, os Estados Unidos primeiras datam de 1852. A extensão
e a Alemanha vêm em segundo lugar. total das linhas do govêrtio era de
Os principais portos são (do norte para 6 942 quilômetros em 1880 e de 10 633
o sul) : Manaras, no rio ~gl'o, que, em maio de 1887; o número de esta-
graças à livre navegação do Amazonas, ções (em 1887) era de 171, e o de des-
mantém relações diretas com o estran- pachos de 528 000; a receita não cobria
geiro; Belém do Pará (mais conhecido a despesa. As linhas de que são provi-
no estrangeiro por êste último nome), das as vias férreas que não pertencem
o grande entreposto do Amazonas, si- ao Estado compreendem mais de 7 000
tuado na bôca meridional do rio; São quilômetros; com as linhas telegráficas
Luís do Maranhão, Parnaíba, Forta- do govêrno o total se eleva a 18 000
leza. Paraíba, Recife, · (muitas vêzes quilômetros. Tôdas as províncias marí-
chamado Pernambuco, nome da pro- timas estão ligadas por linhas telegrá-
víncia) , que é o terceiro pôrto do im- ficas assim como as fronteiras do Uru-
pério e o mais próximo da Europa; os guai, e, no interior, uma parte de São
grandes navios lançam ferro ao largo Paulo e de Minas. A linha para Goiás
para não franquear a barra formada e Mato Grosso, que está em construção,
pelos recifes. Maceió, Alagoas, Penedo, deve ser terminada em 1889. Indepen-
Bahia, o segundo pórto do império, si- dentemente da linha terrestre do go-
tuado na entrada da grande baía de vêrno que segue a costa, um cabo sub-
Todos os Santos, Caravelas, Vitória, Rio marino de mais de 6 000 .quilômetros
de Janeiro, situado na entrada de uma se estende de Belém a Montevidéu ser-
das mais belas baías do mundo, que vindo os principais portos. O cabo de
possui docas de reparos para a marinha Belém do Pará será brevemente ligado
mercante, e, na ilha das Cobras, mag- pela Guiana às Antilhas e à América
níficos diques para a marinha militar e do Norte. Um cabo de Recife a Lisboa
que faz quase a metade de todo o co- pelas ilhas de Cabo Verde e Madeira
mércio do império; Santos. o escoa- liga diretamente o Brasil à Europa des-
douro da província de São Paulo, que de 22 de junho de 1874. Pela República
disputa hoje o segundo lugar com Bahia Argentina, as linhas telegráficas do
e Pernambuco; Antonina, Destêrro Brasil se acham ligadas às do Pacífico .
(Santa Catarina) , Rio Grande do Sul, Existem linhas telefônicas nas princi-
cuja passagem é má; Pôrto Alegre, Pe- pais cidades do Brasil e ligam mesmo
lotas. Graças ao desenvolvimento das Rio de Janeiro e Petrópolis.
vias de comunicação, o grande comércio
sobretudo o comércio bancário, que es- E. Levasseur e
tava, há uns vinte anos, concentrado o Barão do Rio Branco
no Rio de Janeiro e em alguns outros N. R. - O presente trabálho foi extraido
portos, começa a tomar importância em do livro Le Brésil de L. Levasseur e Rio Branco,
certos lugares do interior. ~ste deslo- editado em 1889, em PariS e traduzido para o
vernáculo pelo professor Orlando Valverde,
camento dos negócios, a extensão das seClretárío assistente do Conselho Nacional de
culturas de café, a substituição de ope- Geografia.
38 BOLETIM G~OGRAFICO

Parnaíba: breve história de um rio. tudo que o homem cónstruiu a custo na


ribeira. Mas nem por isso êsse homem
Descambando de Pau Cheiroso; na ·que se acostumou a comer e beber dali,
serra de Tabatinga, onde tem sua ori- o maldiz. O sobressalto e a fuga duram
gem, e recebendo no seu curso exten- enquanto durarem as cheias. Voltando
síssimo águas do Gurguéia, Urnçuí Ver- o estilo êle reconstitui o seü habitat no
melho, Uruçuí Prêto, Canindé, Poti e barranco, aproveita a melancia da ·va-
Longá, pela margem -0.ireita, e do Bal,. zante, retorna o seu anzol ou a tarra-
sas 1 p·ela esquerda, é o Parnaíea, desde fa. . . e a vida continua no seu ritmo
o seu nascedouro à sua precipitação no normal. ..
Atlântico, a natural linha de fronteira
entre os Estados do Maranhão e Piauí. Q delta.
O fato .de serem, coin exceção de
um, piauienses todos os seus principais A metamorfose por que tem pás-
tributários, dá-se devido uma cadeia sado o delta parnalbano inclui fenô-
de montanhas que separa em grande menos que estão a exigir constantes
percurso a sua bacia da do Itapicuru, .alterações nas cartas geográficas do
que corre em terras maranhenses e cuja pais. Ainda mais sabendo:..se que ai se
tendência, ao contrário do Mearim e assenta, verdadeiramente, a questão dos
Grajaú, que são menos índecisos na limites do Piaui e Maranhão.
sua marcha para o nórte, em busca do J!: notável b trabalho erosivo das
mar, seria talvez o de encontrá-lo aci- águ1_1.s no terreno onde o rio se bifurcou
ma da. confluência com o Poti. nos seus braçõs principais que por sua
Quanto à extensão dêsse rio que .vez se subdividiram em tantos outros,
veni de uma altitude çie, aproximada- resultando dessa multiplicação a quan-
mente, 709 metros, se:têm manifestado tidade de ilhotas que constituem curio-
vários estudiosos do seu sistema, sendo, sos acidentes de origem aluviônica,
· porém, bastante desencontrados os cál- sendo digno de .rnençãa a transforma-
culos por êstes apresentados. Destarte, ção em ilha da península do Estêvão.
extremas são as conclusões de Antoni- A península ·do Estêvão- era parte
no Freire e Tomás Pompeu, que dão da ilha Grande, dentro de incrível cur-
1 450 e 1 955 quilômetrC>S, respectiva- vatura descrita· pelo Parnaíba· que, si- ·
mente, para o seu curso, enquanto Ber- multâneamente, forma com seus pró-
nardino José de Sousa. opina seja de prios derivados, também as ilhas dos
1 716 quilômetr()s. Poções e Santa Cruz. E, no caso, o que
Sujeito· aos imperativos das esta- se deu foi o fechamento completo dessa
ções do. tempo, o Parnaíba que é um curvatura com o rompimento do istmo
rio piscoso por excelência tem profun- que a sustinha, pelo canal a que deno-
didade variável, sobretudo no aglome- minaram Rio Novo.
rado de baías que se formam na sua Dos braços que o Parnaíba. dispersa
desembocadura. Em, tempo de sêca no fim da sua jornada, o mai11 impor-
têm-se notado, em lugares pro.fundos, tante, por muitas razões, é o Santa
suas águas baixarem a um metro, sen- Rosa, qµe manda para oeste. :ti:sse, en-
do via de regra, esta a sua profundi- tretanto, não devemos confundir, como
dade na coniluéncia de alguns rios,
0 o faz muita gente, com o Parnaíba pro-
cujo leito é constit'uído de areia move- priamente dito, que tendendo para N.E.
diça. Igualmente variável é a sua lar- ençontr~ o oceano, antes daquele, na
gura que medindo cêrca de 390 metros barra das Canárias.
ao passar por Teresina, tem aí quase
que o dôbro da dilatação nesse sentido • • •
em trechos compreendidos entre as ci- J!: certo que o Parnaíba é um pre-
dades de Uruçuí e Santa Filomena·. Isto sente de Deus ao Nordeste ressequido
é, acima da sua parte' médi::.. e dizimado· pelo verão inclemente e pro-
Mas, em compensação; se no estio longado. Limitando duas regiões cli-
o Parnaíba é avarento, no inverno o seu .máticas distintas - a úmida da Ama-
vale irregularíssimo, como vimos, não 'lzônia e a sêca de além Ibiapaba ....:. a
contém o manancial caído das nuvens sua bacia é bem um oásis · dé bonança
que o· vem assoberbar. As águas trans- ao homem que vem tangido pela f.ome
bordam, destroem e levam de roldão e pela sêde do alto sertão cearense, não
raro com destino à Hiléia, sempre pen:-
1 Além dos mencionados o Parualba tl!m sando em remediar-se à custa da bor-
uma série de pequenos tributários não perenes.. racha e da castanha; com a doce espe-
RESENHA E OPINIOES 39

rança de um dia qualquer voltar ven- as margens do Parnaíba, onde hodier-


turoso à terra que é pobre e infeliz namente se encontra com a denomina-
como êle mesmo. ção de Teresina.
Não obstante ser conhecido desde A transferência foi sugerida pela
o primeiro século da nossa descoberta, primeira vez em 1792, pelo então gover-
o Parnaíba não foi um rio sedutor de nador do Maranhão, D. Fernando An-
aventureiros no transe épico das "en- tônio de Noronha, e lembrada, inconse-
tradas" audaciosas. Mas nem por isso qüentemente, por D. João de Arhorim
deixou de ter o seu belíssimo papel no em 1798, desde quando rolou o plano
drama da condensação do continente que só no advento do Segundo Império
que em breve se tornou esteio de insa- veio ser deferido, pois a simples alega-
ciável coroa de além mar. ção de ser o rio um fator que muito
Antes chamado Rio Grande dos influiria no desenvolvimento da proje-
Tapuios, Pará, Parauaçu, Punaré e Pa- tada nova sede administrativa da pro-
raguaçu, foram suas águas portadoras víncia, não passou sem relutância nem
das primeiras notícias sôbre aquela foi bastante para dar fim à teimosia
parte do Nordeste, levadas alhures, se- dos oeirenses. Mil e um inconveni-
gundo Augusto Pereira da Costa, em entes, entre êles o falso da falta de
1571, época, portanto, em que Nicolau água potável no Parnaíba, aponta-
de Resende empreendia pelo litoral, a ram os opositores do projeto que su-
biu à Côrte acompanhado de alguns
sua entrada no território pialiiense. frascos de água barrenta - ardiloso al-
Depois de Nicolau de Resende, Pe- vitre dos bairristas de Oeiras, que ti-
dro Coelho de Sousa chegou até às suas veram a decepção de Sl).ber que o lí-
margens, em 1603, após perigosíssima quido lá chegara "com excelente as-
jornada através dos territórios dos pecto, todo o polme assentado no fundo
atuais Estados de Pernambuco, Paraí- das garrafas, e, mandada a exame pelo
ba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. Imperador, fôra a água julgada muito
Pedro Coelho de Sousa destinava- boa". E, sem delonga, foi autorizada
se ao Maranhão, mas tantas foram as por imperial resolução, a transferência
atribulações, agravadas com a indis- da capital para a Chapada do Corisco.
ciplina da sua gente, que retrocedera, Por êsse tempo já era próspera a
prestes a alcançar o seu objetivo, tra- vila da Parnaíba na sua ideal posição
zendo, entretanto a "nova" sôbre o vale de pôrto marítimo que não tardaria a
cujo delta é visitado um lustro depois, se tornar o grande empório comercial,
por um dos seus companheiros da mal da província, influindo na vida do cau-
sucedida emprêsa de 1603 - Martim daloso rio em cujo delta florescera, já
Soares Moreno. lá se vão uns cento e oitenta e dois
anos; por sua vez, também a antiga
E assim foi o rio se tornando co- colônia de São Pedro, hoje cidade de
nhecido não tardando que para êle con- Floriano, graças ao milagre da boa von-
vergissem, de rumos vários, correntes tade dos seus varões, ia se tornando a
invasoras. principal comuna ribeirinha do sul, en-
Em 1663 Jorge Velho veio estabe- quanto a faina pioneira fazia surgir do
lecer-se na sua confluência com o Poti alto ao baixo Parnaíba, aglomerações
e data daí, positivamente, o primeiro que com o tempo e o contacto direto
grande surto de colonização das terras com a capital, seriam portos fluviais de
que são hoje o Piauí. grande importância para o Estado. E·
Depois de Jorge Velho veio Domin- fato curioso é notar-se que as cidades
gos Afonso Mafrense, pelo roteiro de piauienses marginais do Parnaíba, con-
um dos seus afluentes encontrar suas quanto não tenham conhecido, a exem-
águas que passariam a limitar a grande plo do que acontece na Amazônia, ciclos
sesmaria, onde se estabeleceram para de grande surto, jamais conheceram
empório pecuário as suas afamadas fases de grandes decadências. Tôdas
"fazendas de criar". ,surgiram e se desenvolveram num rit-
A primitiva capital do Piauí foi ins- mo moroso, mas perene. A própria ca-
talada na freguesia do Mocha, antes pital é um exemplo disso. Teresina não
povoação pertencente ao núcleo de Ca- teve pressa de crescer. Tudo ali se tem
brobó, que passou posteriormente a de- feito com reflexão e à medida do tempo.
nominar-se Oeiras, em homenagem ao A transferência da capital para as
conde de Oeiras, depois marquês de margens do Parnaíba foi medida de
Pombal; e só em 1852, por .interferência grande alcance, sobretudo porque tanto
do conselheiro Saraiva, transferida para beneficiaria o município com as van-
40 BOLETIM GEOORAFICO

tagens advindas da sua aproximação do


.
ciencias físicas e naturais; alçou-se à
pôrto litorâneo e conseqüente estreita- explicação dos fatos de extensão: che-
mento de relações comerciais e políticas gou à síntese.
com a Côrte, como ao próprio vale cuja A síntese geográfica, é, de fato, a
utilização se faria imperiosa, ainda pela expressão profunda da realidade das
necessidade do intercâmbio que, entre cousas e uma filosofia do mundo do
si, deveriam fazer as cidades e vilas homem.
marginais de ambos os extremos e a Todavia, o trabalho geográfico não
sede do govêrno provincial, por seu tur- se cristalizou; evolve . Levas e levas de
no centralizadora também do movi- sábios e exploradores palmilham tôdas
mento fluvial do grande rio com saída as partes do globo, uns, a serviço da
única para o exterior da província e do ciência pura, outros com preocupações
país pelo pôrto de Amarração. utilitaristas, mas, todos, cada vez mais
Cogitada pouco antes da Indepen- tecnicamente aparelhados, e, mais do
dência, nas Côrtes de Lisboa, somente que encher claros no mapa geral da
em 1859, sete anos portanto após a Terra, outrora o supremo escopo dos
transferência da capital, começou a ser geógrafos, porfia-se hoje em inventa-
praticada a navegação do Parnaíba; riar uma região, estudar um tipo ou fe-
vencendo-se na primeira viagem cêrca nômenos geográficos.
de 428 quilômetros a vapor, isto é, pou-
co mais de um têrço do percurso que Para averiguar êsse ou aquêle fato
hoje se perfaz. geográficó organizam-se explorações de
Contudo, têm sido pouco melhora- tôda sorte, enviam-se missões aos pon-
das as condições de navegabilidade dês- tos mais extremos da Terra e a Geo-
se rio cuja sorte não é melhor que a de grafia descreve, explica e limita regiões
tantos outros grandes rios brasileiros. físicas, regiões humanas, espaços mor-
Dêle, de certo modo, também se esque- fológicos, áreas edáficas ou botânicas,
ceram os homens, que nem sempre sou- províncias caracterizadas pelo habitat
beram tirar proveito de semelhantes ou pelo gênero de vida das sociedades
dádivas que ao solo a natureza presen- humanas.
teia. Causa dêsse desinterêsse ou pou- Com horizontes tão amplos, as
ca vontade, é a irregularidade do rio, ciências geográficas buscam limitar o
onde se não tem realizado, convenien- seu campo de ação fixando os lindes
temente, obras capazes de lhe assegurar que as separam das ciências vizinhas
regime fixo e defender as suas mar- determinando os métodos que lhes são
gens da ação erosiva das águas - inerentes e a natureza própria de seus
pondo-o em estado de permanência tal, estudos.
que, em qualquer época, possa, sem en- Assim, as relações da Geografia Fí-
traves para embarcações de maior ca- sica com a Geografia Humana consti-
lado, ser sulcado em tôda a sua grande tuem motivo de constantes indagações,
extensão. pois é certo que se aquela prende-se às
Romão da Silva ciências naturais, a Geografia Humana
é eminentemente social.

Geopolítica e política geográfica


O velho conflito entre a Geologia e
A Geografia atingiu já o seu pleno a Geografia Física e o menos velho
desenvolvimento e é, entre os conheci- entrechoque da Geografia Humana com
mentos modernos, um dos mais suges- a Sociologia são assuntos que mantêm
tivos pelo seu valor científico, pelas in- a inquietação dos profissionais sôbre o
vestigações que faz e pelas perspecti- objeto, o método e a técnica das ciên-
vas utilitárias que oferece. cias geográficas.
Outrora. era um conjunto de no- A Geologia. com efeito, não se sa-
ções, idéias· e conceitos práticos; uma tisfaz com a história das transforma-
enumeração, mais ou menos concate- ções por que passa o planeta, mas des-
nada de topônimos, um comentário de creve e explica os fenômenos atuais:
cartas, elaboradas por cartógrafos e geografizou-se. Por outro lado, os
geodesistas. transbordamentos dos diversos ramos
Hoje tomou consciência de si mes- da Sociologia invadem o estudo da Ter-
ma; emancipou-se da tutela da Histó- ra e entrosam a Morfologia Social com
ria; rejuvenesceu ao contacto com as a Geografia Humana. Mas, não há
RESENHA E OPINIÕES 41

como negar que embora sem estudo mais diversos e destarte ao geopolítico
pessoal, a Geografia tem uma perso- não é lícito desprezar os elementos pu-
nalidade. ramente espirituais, êstes, como os re-
ligiosos, culturais e de espírito de ini-
Realmente, a Geografia Física, é, ciativa, tão dignos de consideração,
em última análise, o estudo das cone- como os que provêm das diferenças de
xões que prendem entre si os diversos climas, da capacidade produtiva dos
fenômenos que se dão nos envoltórios solos ou da densidade da população.
terrestres, enquanto que a Geologia se
preocupa com a estrutura, a composi- É incontestável a influência do
ção mineralógica do solo e a constru- "fator geográfico" na política, na sea-
ção dos aspectos sucessivos do Globo. ra dos homens de govêrno.
E a Geografia Humana tem a sua indi- Numa idade essencialmente indus-
vidualidade acentuada, desde logo, pelo trial, como a que vivemos, é do âmbito
fato de qu@ o fundamento de suas in- das ciências geográficas a coleta dos
vestigações é o território, e isto dife- materiais que vão servir aos })olíticos,
rencia o método geográfico dos méto• e bem assim a interpretação dêsses fa-
dos sociológicos, o estudo dos fatos de tos para que ao estadista seja possível
Geografia Antrópica do estudo das ins- resolver os casos pendentes de sua solu-
tituições sociais, morais ou jurídicas. ção. A política dos nossos dias é, de
De não menor interêsse é, para as certo modo, a política econômica e esta
Qiências geográficas, a discriminação é um reflexo do solo, isto é, da geogra-
dos fatos que constituem a última cria- fia de cada país.
ção da Geografia no século XIX, a
Geografia Política, à margem da qual, Os homens de Estado dos nossos
já no nosso século, sociólogos, juristas dias devem pensar e agir geogràfica-
e políticos fundaram e desenvolvem no- mente; devem ter sempre presente que:
vo campo de doutrina, a Geopolítica, "O potencial de guerra de um pais é
tão discutida nos tempos que correm. igual ao seu potencial de paz".
O que importa é não confundir o
estudo da distribuição do poder do Es-
tado e de sua vinculação aos fatôres
A legitimidade dos estudos de Geo- físicos com as doutrinas que procuram
grafia Política. é óbvia, uma vez que os orientar, sob pseudas bases geográficas
nexos entre as condições geográficas e superficiais dissertações sôbre o meio
naturais e a estruturação política de e o homem, as atividades do imperia-
um Estado são inegáveis. lismo político ou econômico.
Uma política realista e previdente
tem necessàriamente de se basear sô-
bre o conhecimento geográfico, porque,
despida de quaisquer considerações Coordenando tantos fenômenos he-
subjetivistas, a noção do Estado decorre terogêneos o geógrafo não pode ser
da do território, pois o Estado é uma nem rude materialista, nem ingênuo
"individualidade geográfica". idealista.
A evolução de tôda a História mos-
tra a importância crescente do territó- Na combinação múltiplice e recí-
rio que, pouco a pouco, substituiu a proca entre o Homem. a Natureza e
nação às tribos, transformou as rela- a Civilização, com que dificuldades não
ções fundadas no parentesco em insti- luta o geógrafo para fazer a síntese
tuições fundadas no território e na geográfica!
propriedade . Os fenômenos que giram em tôrno
A Geografia Política estuda o Esta- do Homem oferecem uma complexida-
do e seu desenvolvimento político, as de incomparàvelmente maior do que
perspectivas econômicas, não só do seu os acontecimentos do mundo físico.
próprio solo, mas ainda de tôdas as Como em ciências que se oc.upam
regiões com as quais o seu povo tem do Homem ente racional, enunciar leis
mútuas relações. Não é uma muda ex- passíveis de formulação matemática,
posição de cifras e estatísticas, porém quando acima de todos os ajustes apa-
o exame das !!Ondições atuais e das rentemente obrigatórios, brilha a liber-
possibilidades que são a própria ener- dade da vontade humana?
gia de uma nação. Certo que, sozinho, o Homem fica
Os fatos sociais, como os físicos, de- amarrado à Terra, como aquêle condor
pendem do equilíbrio de elementos os que Alexandre de Humboldt, viu num
42 BOLETIM GEOGRAFICO

vôo incomparável sôbre as alturas do excessiva, principalmente entre crian-


Chimborazo ou como o verme pisado ças de tenra idade. Os quesitos refe-
pela mula do genial viajante-explora- rentes à fecundidade revelaram as
dor. E todos os feitos da vontade hu- perspectivas que uma larga política de
mana que passam à História como os proteção à infância e à maternidade
anseios da liberdade do Homem estão e medidas eficientes, visando o sanea-
subordinados à Terra e a vontade livre mento e a educação sanitária, poderão
do Homem externa-se apenas no apro- abrir ao povoamento. Nossa natalidade
veitamento ou não das possibilidades figura entre as mais elevadas do mundo.
terrestres.
A princípio, a paisagem natural; O atraso da apuração final
a seguir, a paisagem cultural; eis, o
capital eterno do Homem. Ultimam-se, no momento, os tra-
Para aproveitá-lo, o Homem não balhos de apuração final, retardada,
está sujéito a determinismo, nem a principalmente por deficiência de equi-
predestinações, pois, como proclama o pamento mecânico, encomendado a
epinício de Sófocles: "nada é mais po- tempo, mas cujo fornecimento a guerra
tente do que o Homem". atrasou. Terminada a apuração iniciar-
se-á a publicação do vultoso acervo de
Mas, o palco de ação do Homem é informações. A êsse propósito, convém
a Terra e, livre, procede sempre com referir que, dos sete países da América,
liberdade, mas uma liberdade enrai- que realizaram recenseamento em 1940
zada no espaço terrestre. - Brasil, Chile, Estados Unidos, Hon-
duras, México, Nicarágua e Panamá -
(Trecho do discurso inaugural proferido pelo somente os Estados Unidos e Honduras,
Prof. F. A. Raja Gabaglia na sessão solene de
instalação do X Congresso Brasileiro de Geb- até à presente data. lograram publicar
grafia, no Palácio Tiradentes, .em 7 de setembro os respectivos dados completos. Con-
de 1944). vém notar, porém, que, em Honduras,
o recenseamento se limitou ao setor
demográfico, e que os Estados Unidos,
trabalhando com mais de 6 mil máqui-
Crescimento demográfico da população nas apuradoras, além das facilidades
brasileira de equipamento adequado e suficiente,
dispõem das que lhes proporciona a
O Dr. José Carneiro Filipe, presi- tradição censitária, firmada pela regu-
dente da Comissão Censitária Nacional, lar execução de recenseamentos, há
em recente entrevista concedida à im- século e meio! Os outros países, da
prensa desta capital, forneceu dados mesma forma que o nosso só publica-
interessantes sôbre o recenseamento de ram. até hoje, dados de caráter preli-
1940, que passamos a transcrever: minar, sujeitos a revisão ulterior.

O crescimento da população

O recenseamento revelou casos de


abandono de pequenos burgos rurais. As feiras de burros de Sorocaba
cuja população naturalmente emigrou
para centros onde a existência oferece • Do XVII ao XIX séculos, o Brasil
melhores oportunidades de confôrto. compreendia essencialmente duas zo-
Isso sugere uma impressão de decadên- nas ativas; ao longo da costa, da Bahia
cia apenas local, pois o crescimento de- a Santos, estendia-se a região das plan-
tações, ligadas a um clima quase equa-
mográfico da população brasileira nada torial com chuvas e calor assaz regu-
tem de desanimador. Basta atentar lares, permitindo produções exóticas
para os algarismos referentes ao pri- então muito procuradas, tais como o
meiro e ao último recenseamento da açúcar, o café, o cacau, o algodão. Para
República para se confirmar o que aci- o interior, em direção a oeste, estendia-
ma fica dito: 14 333 915, em 1890, e se nesta espécie de alto maciço central
41 565 083, em 1940, correspondendo a recortado por serras, qU:e constitui Mi-
uma percentagem de 191,7 por cento nas Gerais, uma vasta zona minerado-
de aumento. O crescimento da popula- ra. Eram as duas únicas regiões cuja
ção é assegurado pelos saldos da alta exploração tinha sido encetada, e nas
natalidade, apesar de uma mortalidade quais se acumulara a mão de obra, a
RESENHA E OPINIÕES 43

princípio índios trazidos de tôdas as eram balizados por inúmeros ranchos,


províncias do Brasil, em .seguida ne- espécie de caravançará onde se abri-
gros da Africa introduzidos pelo tráfico. gavam as tropas. Alguns caminhos
Ao sul destas regiões, nas qLrnis do- eram tão freqüentados que havia pes-
minavam sobretudo as flore~tas, come- l'Oas ocupadas unicamente em apanhar
çavam as zonas de ervas ou campos, ferraduras perdidas pelos animais. As-
elas já apareciam nos elevados tabu- <m por exemplo, no pequeno pôrto de
leiros do sul do Estado de São Po.ulo. Ubatuba. onde se concentrava outrora
mas adquiriam tôda sua amplitude no .um tráfico intenso.
Rio Grande do Sul e em direcão do Contudo estas regiões florestais e
rio da Prata. Estas zonas meridionais tropicais eram pouco favoráveis à cria-
estavam mais ou menos vazias. se bem ção de muares; t;les se reproduziam mal,
que o lugar do homem parecesse mais e precisava-se constantemente recorrer
fácil de ser talhado aí que na zona flo- a importações do exterior. A princípio
restal do Norte. A Europa ainda não vieram êles da Europa, sobretudo de
procurava então na América do Sul Portugal, mas o transporte era demais
países de colonização e povoamento. oneroso e aleatório Procuraram-se en-
mas terras para plantações e minas. tão regiões mais vizinhas, no próprio
Estas terras assim especializadas país, onde as condições de criação fôs-
dependiam do exterior para uma boa sem melhores; as vastas regiões de er-
parte de sua alimentação, para seu vas do Sul estavam sem aplicação e sem
abastecimento em mão de obra, e tam- habitantes desde as razzias de índios
bém para suas necessidades de animais praticadas pelos bandeirantes; as tro-
domésticos, animais de trabalho, sobre- pas podiam aí multiplicar-se em liber-
tudo de transporte. ti;ste se fazia por dade sob a fiscalização de alguns pou-
carga em razão do relêvo muito aciden- cos campeiros.
tado que impedia a instalação de estra- Cedo tornou-se. esta a principal
das para viaturas; também o clin1a é função das regiões herbosas à volta do
hostil às estradas, e além disso, os pro- rio da Prata, e introduziram-se nelas
dutos caros e pouco volumosos que se imensas tropas de cavalos e jumentos
obtinham - o açúcar, a aguardente. o destinados principalmente ao abasteci-
café -- se adaptavam bem a êste trans- mento de burros do Brasil tropical e
porte. florestal.
A princípio, a carga se fazia nas Fixava-se assim o caráter comple-
costas de homens; mas êste regime mentar das duas zonas: uma ao Norte,
provocou tais hecatombes entre os ín- relativamente povoada e ocupada por
dios empregados nesta tarefa que se plantações e minas; a outra ao Sul, va-
teve de recorrer a animais. Quanto aos zia de homens e deixada quase exclusi-
e sera vos negros, êles eram demais vamente à pecuária, e mais em parti-
custosos, e reservavam-se porisso ao cular, à criação de burros que se des-
tràbalho nas plantações. tinavam à exportação, uma vez que não
O burro tornou-se a providência · serviam nestas regiões meridionais que
destas regiões montanhosas. Nas re- utilizavam o transporte em carros, par-
giões baixas e úmidas de Oeste (o Pan- ticularmente adaptados ao solo plano
tanal de Mato Grosso) os transportes dos campos: altas viaturas de duas ro-
se faziam de preferência por bois de das, puxadas por bois e que transporta-
carga cujos cascos mais largos se adap- vam o mate e o algodão. Os carroceiros
tavam melhor a essas terras moles e do Paraná foram por muito tempo fa-
apauladas. E' nas costas de burro que mosos.
se levavam aos portos do litoral os pro- As trocas de gado se faziam nas
dutos do interior. Uma considerável feiras as mais importantes realizavam-
circulação de tropas ou muladas per- se em Sorocaba, no Estado de São Pau-
corria os numerosos caminhos que des- lo, situada na extremidade setentrional
ciam dos planaltos elevados; por exem- da vasta zona de campos que termina
plo, no caminho de Moji Mirim eram por um verdadeiro promontório lançado
por dezenas de milhares que passavam ' no meio da zona de florestas. Soroca-
anualmente os burros vindos de Goiás ba era uma cidade marginal, entre os
e Minas Gerais; d'Orbigny (Voyage terrenos cristalinos e os sedimentares,
dans les déu;+ Amériques, p. 170) assi- e ao mesmo tempo entre as florestas e
nala no caminho das minas, de Ouro a relva. Ao pé dos Andes onde termi-
Prêto ao Rio de Janeiro, as interminá- nava o transporte por carretagem e co-
veis tropas de burros. Os caminhos meçava o por carga, em Salta e Jujuí
44 BOLETIM GEOGRÁFICO

(Argentina), aí também existiram feiras lutas; algumas vêzes os negociantes de


de burros análogas às de Sorocaba. Os Sorocaba possuíam dêstes campos, em
habitantes iam-se abastecer de muares propriedade particular ou locação, in-
no Rio Grande do Sul, e mesmo nos vernadas ou pastos onde suas tropas
países mais meridionais de dominação faziam longa escala de engorda.
espanhola: Corri entes, Missões e Banda l!:stes caminhos de tropas chama-
Oriental; êstes últimos eram conside- vam-se "estrada real", porque eram su-
rados inimigos, e obtinham-se os burros perintendidas pelos poderes públicos e
muito mais por razzias guerreiras que constituíam um elemento essencial da
por compra; os lucros eram tanto vida econômica do Brasil. Eram bali-
maiores. zadas por vilas e ranchos: Avaré, Ita-
Punham-se as tropas em marcha raré, Apiaí, Faxina ... Havia mesmo
por setembro e outubro; viajavam elas hospedarias mantidas pelo govêrno,
sobretudo na estação das águas. Algu- como a de Barra do Camacho.
mas vêzes o trajeto durava mais de um As feiras se realizavam depois da
ano, as tropas paravam pelo caminho,
nos campos, para se reconstituírem e estação das chuvas, em maio, junho e
esperarem as chuvas favoráveis à for- julho. Não havia dias de feira, mas
uma longa época que correspondia à
mação de bons pastos. Fazia-se sempre estação fria e sêca, durante a qual era
uma parada prolongada nos campos de mais fácil
Lajes, ao sul da província de Santa Ca- florestal do aos compradores da zona
tarina. Daí por diante, com efeito, pre- abastecerem Norte viajar a fim de se
em Sorocaba.
cisava-se atravessar 300 quilômetros de
florestas de araucárias para alcançar As vendas eram consideráveis; em
em Lapa, no Paraná, os grandes cam- princípios do século XIX avaliava-se
pos de Curitiba. A travessia desta zona em 50 000 o número de burros nego-
florestal era a parte mais delicada do ciados (número de Spix e lViartius em
trajeto, aquêle durante o qual o abas- 1817); em 1838, Saint-Hilaire dá o nú-
tecimento em forragens era mais alea- mero de 32 000. Vinha-se do Rio, de
tório; nem sempre as clareiras basta- Minas, e mesmo da Bahia para com-
vam para a alimentação da tropa. A prar burros. As compras não se faziam
viagem terminava em seguida por um num local de feira; Sorocaba não pos-
caminhar lento até Sorocaba. Chega- suía praça de burros; não se viam mes-
va-se aí no fim da estação chuvosa, mo burros dentro da cidade. Os com-
por março, com a segurança de ricas pradores iam para os arredores, em
pastagens mantidas pela abundante meio das invernadas onde pastavam
umidade. As tropas paravam sempre as tropas. Os alquiladores se encontra- ·
·antes· de Sorocaba, nas vastas inverna- vam nas hospedarias de Sorocaba onde
das onde engordavam à espera da épo- se fechavam os negócios, e em sinal de
ca das feiras. Era então que se proce- acôrdo, trocava-se um fio de barba. Os
dia à domesticação dos burros, opera- pagamentos eram deferidos até a feira
ção difícil em que os sorocabanos se do ano seguinte.
tinham tornado especialistas. Essas Assim que terminava a compra, os
invernadas reuniam ao redor de pe- burros já mansos partiam por pequenos
quenas vilas cheias de ranchos e hospe- grupos para o Norte. Mas aqui os ca-
darias, como Campo Largo e Itapeti- minhos eram diferentes, estreitos ata-
ninga, inumeráveis tropas. Cada qual lhos e sendas que percorriam a floresta;
contava muitas centenas de animais; era preciso levar mantimentos para os
algumas três a quatro mil; dividiam-se animais, alimentados principalmente
por si próprias em lotes, e à testa de com rações de milho. As trópas se divi-
cada um figurava um burro-chefe, a diam em pequenos lotes de 16 .a 20 ca-
madrinha, munida de uma campainha beças; vilas-escalas, os pousos, baliza-
de prata, que conduzia a tropa. Eram vam o caminho através das serras: Pi-
dirigidas por um capataz, em regra na- rapora, Cabreúva, onde se realizavam
tural de. Sorocaba, auxiliado por vários às vêzes algumas pequenas feiras de
camaradas a cavalo, geralmente filhos revenda local.
das Missões; e por um menino que ia
a pé, o piá. encarregado de todos os ' dadeNaera cidade de Sorocaba, tôda ativi-
comandada pelas feiras de
pequenos trabalhos anexos, verdadeiro burros; a principal indústria era a dos
"grumete" da tropa. objetos necessários aos tropeiros. Fa-
As tropas pastavam ao longo do bricavam-se notadamente, selas, baixei-
caminho, nos campos, de que a maior ros (estôfo grosseiro que se colocava
parte era constituída de terras devo- debaixo da sela) , velegos, cangalhas,
RESENHA E OPINiõES 45

bruacas (sacos de couro para transpor- ção. Hoje, a circulação por burros não
te do café), ligais (grades cobertas de satisfaz senão os transportes locais e o
couro para proteger os carregamentos) . abastecimento de gado também é local
laços, chicotes, etc. Fabricavam-se tam- ou então feito por Goiás.
bém socados, ou selas de madeira cha-
peadas a prata. Nas regiões do Sul, transformações
A joalheria era com efeito- muito sincrônicas conduziam à supressão da
ativa, e se dedicava à fabricação de criação de muares. O comércio da car-
estribos, campainhas, sinetas, chapas ne, a princípio salgada, depois Irigo-
de ornamentação para ricas selas dos rificada, trouxe o desenvolvimento dos
tropeiros. Teciam-se também cêstos de bovinos; os saladeiras, depois os frigo-
bambu utilizados para o transporte em ríficos se multiplicaram; as terras de-
pequenas distâncias. volutas desapareceram e por tôda parte
aparecem as cêrcas de arame, abolindo
Os habitantes mais ricos de Soro- as tropas; enfim, mais recentemente,
caba eram êstes alquiladores que par- as culturas tomam o lugar dos campos
tiam por cinco ou seis meses para o de criação; as lavouras de trigo e milho
Sul, afim de buscar tropas; vinham em se estenderam a esta região, antes va-
seguida os hoteleiros: a cidade contava zia, se povoa ràpidamente de novos co-
mais de cem hospedarias; finalmente lonos europeus, alemães e poloneses so-
os inúmeros artesãos que trabalhavam bretudo; uma economia aberta substi-
sobretudo o couro. A importância das tui a antiga mono-produção de muares.
compras e vendas, sempre pagas em di-
nheiro de contado, e a especulação em A cidade de Sorocaba foi natural-
gado tinham multiplicado as casas de mente muito atingida; ela atravessou
tavolagem. Apostava-se também em ca- vinte anos de eclípse; as ricas habita-
valos de corrida, e as carreiras de Soro- ções dos alquiladores caíram em ruínas,
caba tiveram grande fama. A cidJ.de a erva invadiu as ruas, as hospedarias
era conhecida por sua vida libertina, fecharam as portas.
os alquiladores de passagem ostenta-
vam grande luxo, as casas de deboche Hoje a cidade retomou uma nova
eram numerosas. Isto se enco,ntrava atividade, bem diversa aliás. Os anti-
em tod0s os grandes mercados de gado gos campos de invernadas foram pro-
do Brasil: Uberaba, Três Corações, Bar- gressivamente colonizados; os terrenos
retos, Três Lagoas. . . A parte mais po- arenosos convinham muito bem para o
bre dos habituntes de Sorocaba era algodão; cedo as safras algodoeiras, au-
composta dos peões domadores de mentando continuamente, permitiram
burros. o desenvolvimento de uma indústria
Essa atividade está hoje muito re- têxtil, hoje a mais moderna do Brasil;
duzida, e já quase desapareceu. A últi- a usina monstro de Votorantim. As fia-
ma grande feira se realizou em 1835. -ções e tecelagens constituem agora o
Atualmente não passam mais por aí principal horizonte de trabalho dos ha-
senão algumas pequenas tropas desti- bitantes; a velha indústria de selas se
nadas ao Rio. mantém somente como uma sobrevi-
vência do passado.
As causas destá decadência são
múltiplas; nas regiões do Norte as plan- A "estrada real", outrora tão ativa,
tações foram muito afetadas pela su- não é mais percorrida e as vilas de
pressão da escravidão; aliás os produ- rancho que a balizavam, ou estão quase
tos exóticos se vendiam muito raenos; mortas ou seguiram o exemplo de Soro-
ruína das plantações de algodão, de- caba e se tornaram pequenos centros
pois da grande cultura norte-america- algodoeiros, como Itapetininga e Faxi-
na, decadência da cana de açúcar e da na. Apagou-se assim o caráter com-
aguardl"nte ... A mesma redução se ve- plementar das duas partes do Brasil,
rificava nas minas, que se esgotavam o Norte das florestas e plantações e o
e que entravam em concorrência com Sul dos campos e da pecuária.
as novas jazidas de metais preciosos da
Austrália e da Africa do Sul. Pierre Deffontaines
Uma economia fechada substituíu
progressivamente a antiga prosperida- (Extraido do n. 0 3 - ano I (1935) da revista
de; os transportes muito se reduziram. G~ografía, órgão da A$soclação dos Geógrafos
A decadência das estradas de burros Brasileiros, São Paulo).
foi completa quando se iniciaram as
primeiras estradas de ferro de penetra-
46 BOLETIM GEOGRAFICO

A geopolítica das nossas fronteiras meiros nos seus altos cursos e da pu-
jante planície boliviana banhada pelo
Examinando-se o nosso linde, veri- Madre de Dios, Beni e Mamoré.
ficamos que ainda há trechos comple- Os rios Paraná e Paraguai são cor-
tamente neutros, por não terem sido rente negativas, levam os nossos pro-
ainda desbravados, impedindo um jôgo dutos para os países vizinhos favore-
de interêsses entre os países colindan- cendo:-os. A Estrada de Ferro Noroeste
tes. Isto sucede no alto Oiapoque nas do Brasil e o seu prolongamento pela
serras Tumucumaque, Pacaraima e Pa- Brasil-Bolívia quiçá ainda venham con-
rima, no Içãna, no Uaupés, no Javari, trabalançar a facilidade de escoamento
na serra Contamana. Nas regiões pela via fluvial. Essas ferrovias com-
abrangidas por êsses acidentes geográ- pletadas pelo ramal Campo Grande-
ficos a natureza se mantém quase que Maracaju-Ponta Porã, a Estrada Soro-
totalmente virgem, pôsto que foram cabana e a navegação acima das Sete
apenas visitadas pelos bravos demar- Quedas no Paraná poderão formar um
cadores ou pelos cúpidos caçadores de sistema de atração de interêsses eco-
caucho, borracha, balata ou essência nômicos, não só levando os produtos do
de pau rosa. Os seus habitantes são Paraguai e do leste da Bolívia a Santos,
quase exclus'..vamente selvagens como como abastecendo êsses países de tudo
acontece na fronteira das Guianas que lhes possa fornecer o Brasil.
Francesa e Holandesa e no divisor Ama-
zonas - Orinoco, ou semi - civilizados Na fronteira com a Argentina a
como se verifica nas demais regiões su- corrente econômica é negativa, corre
pra citadas. Ao longo do Içãna · e do com as águas do Paraná em busca de
Uaupés e de outros tributários da di- Buenos Aires.
reita do Negro os índios estão quase
encorporados à civilização e através Ao longo do Uruguai e na fronteira
dêles há pequenas transações com a com o Estado do mesmo nome há cor-
Colômbia. Entretanto os cursos dêsses rentes nos dois sentidos, consoante as
caudais entrecortados de cachoeiras su- condições econômicas de cada época
cessivas não permitem tão cedo melhor exijam uma absorção pelo Brasil ou
intercâmbio. uma dispersão para a Argentina e para
o Estàdo Oriental. As vantagens do
Há zonas fronteiriças que estabe- comércio ora estão conosco ora com
lecem uma corrente positiva, isto é, êsses nossos vizinhos.
atraem os produtos das que lhes ficam A mesmíssima cousa sucede às
vizinhas no país estremenho. A grande margens do ·médio e baixo Oiapoque,
calha coletora formada pelo Amazonas atravessadas pelas correntes de interês-
encaminha para o Brasil a riqueza das ses em algumas ocasiões favoráveis. à
regiões banhadas pelo Negro, Japurá, praça de Caiena e outras à de Belém .
Içá, Napo, Maranõn, Ucaiale, Juruá,
Purus e Madeira, seus afluentes e sub- Há dois pólos de atração das ri-
afluentes. quezas da hinterlândia: a embocadura
do Amazonas e a foz do Prata. O im-
O canal Cassiquiare permite, e no ponente e futuroso Planalto Central,
futuro isso mais se acentuará, uma cor- ainda não ocupado, que aparta, em ter-
rente em duplo sentido - os produtos ritório brasileiro, essas duas grandes
escoar-se-ão ora pelo Orinoco, ora pelo bacias, quando forem desenvolvidas as
Amazonas. suas condições econômicas e estiver li-
O Solimões será a via natural de gado, pelos trilhos das estradas de ferro
tudo que, oriundo da Colômbia e do e pelas fitas das rodovias, ao Atlântico
Peru, fôr extraído ou produzido aquém desviará muitas linhas de fôrças que,
dos Andes, barreira natural que impede atualmente, buscam o Prata. O devas-
uma expansão fácil em direção ao Pa- samento, a ocupação e conseqüente di-
cífico. As vias de comunicação, cruzan- namização do Planalto Central será o
do a cordilheira, por mais aperfeiçoadas nosso primeiro problema geopolítico a
que venham a ser, nunca poderão apre- resolver, se quisermos, de fato, galgar
sentar a mesma viabilidade oferecida a escalada do progresso.
pelo "caminho que anda". A criação dos territórios de fron-
O Juruá, .o Purus e o Madeira são teira irá, de fato, desenvolver a nossa
correntes fortemente positivas e car- faixa estremenha. Instituídos, tendo
reiam para o Brasil tôda a produção da por base do seu programa fundamental:
gleba peruana regada pelos dois pri- sanear, educar e povoar, como disse o
RESENHA E OPINIÕES 47

Dr. Getúlio Vargas, constituirão uma em São José de Marabitanas, São Ga-
dàs equações do sistema que exprime o briel e São José de Manaus, no rio Ne-
nosso problema geopolítico. gro, em São Francisco Xavier de Taba-
Se a densidade demográfica das re- tinga, no Solimões, em Príncipe de Beira,
giões abrangidas por êsses territórios no Guaporé e em Coimbra, no Paraguai.
crescer, nêles teremos verdadeiros re- Sem, nem de leve, ter o pensamento
dutos de resistência, sob todos os as- de ver nossa fronteira "maginotizada'',
pectos que quisermos considerar. To- seria bom que seguíssemos o exemplo
davia há de mister não deixá-los isola- desassombrado e prudente dos nossos
dos. Precisamos garantir-lhes boas e bravos e queridos avós lusitanos, pois,
fáceis comunicações com o resto do segundo Jacques Ancel, a fronteira é
país. "uma isóbara política que fixa, por al-
O Território do Iguaçu tem o Pa- gum tempo, o equilíbrio entre duas
raná como uma. saída para o norte. pressões".
Está em construção a rodovia Ponta
Grossa-Foz do Iguaçu. Contudo seria Lima Figueiredo
de bom alvitre que fôsse concluída a
estrada de rodagem Palmas-Clevelân-
dia-Dionísio Cerqueira, com a trans-
versal Palmas-Iguaçu (ex-Laranjeiras). O Etna em erupção
O Território de Ponta Porá, pela
natureza do seu terreno, tem fáceis Freqüentemente gostamos de figu-
comunicações e te-las-á ainda melhores rar um vulcão como se fôsse um ser
quando a estrada de ferro chegar à vivo; não é'tanto por superstição, como
fronteira paraguaia. pela necessidade de considerar tôdas as
O Território do Guaporé tem uma manifestações dêle coorden idas entre
larga e bela porta de escoamento pelo si, quais expressões de um Jrgaaismo;
Madeira, porém seria interessante que é também por imperativo da nossa
pudesse contar com uma saída pelo sul, linguagem. As palavras vida, atividade,
como por exemplo, a rodovia em cons- repouso, sono e muitas outras seme-
trução ligando Vila Bela e Pôrto Espe- lhantes ocorrem espontâneas à nossa
ridião a São Luís de Cáceres, além do mente, como também ocorrem vocá-
caminho através do picadão da linha bulos tomados à terminologia médica.
telegráfica Pôrto Velho-Vilhena-Cuiabá. Quando um vulcão sai da costumeira
tranqüilidade, da paz que permitiu o
O Território do Rio Branco está povoamento e o cultivo das suas fal-
ilhado, pois não se pode considerar das, e que uma vegetação espontânea
como comunicação os cursos atravan- e luxuriosa lhe revestisse os flancos e
cados de pedras dos rios Branco e Ne- subisse em direção ao cume até onde
gro, que só permitem navegação em o clima o comportasse; quando um vul-
períodos de cheia. Urge a abertura da cão acorda para flagelar povoados e
estrada ligando Boa Vista a Manaus·. campos que resumem as fadigas de
. O Território do Amapá só tem co- muitas gerações, para destruir os bos-
municação pela periferia. A rodovia ques seculares, parece-nos então reco-
Macapá-Clevelândia se impõe, afim de nhecer nisso o efeito de uma violenta
que o miolo seja convenientemente ex- crise mórbida, de uma grave molés-
plorado. . tia. E tal interpretação nos é tanto
Unidades do Exército que fôssem mais lícita, quanto mais nos esconde
localizadas nesses Territórios com o fito a ignorância de tudo o que diz respei-
de dotá-los de vias de comunicação, to às leis e às causas primárias dos fe-
além de manter a ordem e defendê-las nômenos. Um mal, às vêzes, nos apa-
quando necessário, prestariam um ser- nha inopinadamente e de improviso,
viço ao Brasil de elevado alcance. sem possibilidade alguma de prevê lo
e de prevenir as suas conseqüências:
Os portuguêses quando conquista- desenvolve-se, assume a intensidade
ram o espaço territorial que, agora, máxima e pouco a pouco se atenua
estamos, lentamente, procurando socia- sem que o médico tenha podido fazer
lizar iam leyantando fortes nos pon- mais do que registrar sintomas; é as-
tos chaves das linhas de invasão, sem sim um período eruptivo. Podemos re-
poupar sacrifícios. Ainda hoje se po- conhecer que êste vulcão tem crises fre-
dem ver gloriosos vestígios em Macapá qüentes, que aquêle as tem intermiten-
e Santarém, no Amazl!lnas, em São Joa- tes, que aquêle outro sofre de uma en-
quim, no Tacutu (formador do Branco l fermidade quase crônica, que outro pa-
48 BOLETIM GEOGRAFICO

dece de moléstias curtas e agudas: po- flancos que às vêzes conseguem di-
demos também reconhecer que, con- lacerá-los antes de chegar às verten-
forme a sua constituição e, digamos tes da cratera suprema. Brotam assim
igualmente, conforme o tempera,11enw da nova ferida do vulcão; escoando daí
de cada um, diversos são os hábitos ele lentamente ao longo do declive dêle. A
vida, quer em condições de ex'.'.itação maior parte das erupções do Etna de
mórbida, quer em estado normal; diver- que temos notícia segura, foram seine-
sos também nas sucessivas idades de lhantes à presente. A cratera central
um mesmo vulcão. Mas pouco mais mostrou às vêzes especialmente no
sabemos; aos que querem pressa~iar princípio e no fim do paroxismo - al-
uma erupção - trate-se embora do guma atividade, enquanto mais notá-
mais antigo e mais bem estudado vul- veis foram as explosões, isto é mais
cão do mundo - aos que pretendem di- . copiosos os jatos de vapor e de pedras,
zer-nos se aquela a que assistimos terá areias e cinzas; mas a verdadeira erup-
grande ou pequena duração, se já al- ção nestes casos se faz num dos lado~
cançou a intensidade máxima ou se do vulcão. Erupção tanto maior e tan-
está ainda no início do seu ciclo evo- to mais funesta quanto mais baixas
lutivo, se continuará com as ca:.:acte- são as bôcas abertas e das quais jorra
rísticos atuais ou se apresentará no- a lava. Estas são numerosas na maioria
vos, a êstes não devemos dar o 'llínimo das vêzes P. não dispostas totalmente
de fé. ao acaso. mas em séries lineares que
'Se a ciência hodierna pouco pode assrnalam, com exatidão maior ou me-
afirmar sôbre as causas e as leis que nor, :;, direção do cume do Etna. Isto
regulam os fenômenos vulcânicos, por in licu justamente que a erupção está
outro lado conhece bastante o mecanis- preparada -- algumas vêzes se diria
f· rwcamente determinada - pela aber-
mo das erupções e de todo aquêle tura
compiexo de fenômenos que as acom- quai.s dea fis1>uras radiadas, através das
lava se insinua e das quais
panha. transborda. A juntura débil e pouco
Sob tal aspecto, o Etna tem sido homogênea dos montes nos faz com-
geralmente de um comportamento ca- preender a formação das próprias fen-
racterístico que razoàvelmente se pre- das e também a grande irregularida-
sume que possa depender da própria de delas, pois se apresentam J.ão só
natureza dos materiais que êle expele freqüentemente turtuosas e ramificadas
e da estrutura, da mole e das formas de vários modos, mas também com
do edifício eruptivo. est.rangulamentos e partes amplas. Por
isso, a massa fundida não pode injetar-
Por longa série de anos o rnlcão se e sair livremente à luz do dia, mas
demonstra apenas que a sua atividade deve abrir caminho desatinadamente e
não cessou ainda de todo. Quem em diversos pontos.
antes do raiar do sol subir à su-
midade da cratera central e olhar para A lava traz consigo grande abun-
dentro, perceberá não raramente o bri- dância de gases e vapôres, ou de. subs-
lho da lava ainda líquida e às vêzes tâncias que pela diminuta pressão se
a verá ferver e solta.r pequenas mas- vaporizam quando ela se avizinha da
sas gasosas; nada mais. O navegante superfície do solo. Fugindo violenta-
que se avizinha do gôlfo de Catânia, ou mente da massa pastosa, os vapôres
que mora ao longo das suas praias, apanham ê lançam no ar partículas
vê no alto da montanha, freqüente- que exceto as últimas, verdadeira lava
mente coberta de neve, um tênue pe- pulverizada arrastada para longe e dis-
nacho de fumo, semelhante a uma li- persada pelo vento - caem ao ,·edor
geira nuvem que o vento sopra ora como chuva intermitente de fogo, pe-
de um lado, ora de outro, e às vêzes dras e areia, construindo, pouco a pou-
dissipa completamente. Parece todavia co, um paredão circular que vai crescen-
que mesmo nos tempos de aparente do até constituir um grande cone com
quietude o vulcão se adestra para no- ampla cra~ra. Tôda erupção do Etna
vas provas; que nas profundezas se tem deixa~o seus testemunhos além
fundem lentamente novas massas de de novas expansões de lava, as quais
lavas ou que as já existent•1s assumem espessam um ou outro dos flancos do
temperatura mais elevada, ou maior vo- monte, nestes cones que nos aparecem
lume e fluidez por efeito c~e água su- quais montículos ou alinhamentos de
perficial que se lhe junte; o fato é que montículos, semelhantes entre si e se-
sobem cada vez mais na c~1aminé vul- melhantes, salvo as dimensões infini-
cânica e fazem tal pressão sôbre os tamente menores, ao Etna, o pai ie to-
RESENHA E OPINIOES 49

dos. O velho vulcão conta dúzias ;; mais das que a viscosa corrente arrasta cm
dúzias dêstes filhos, dispersos ao lon- seu dorso e ao longo dos flancos e que,
go dos seus largos declives; e o núme- impelindo e chocando-se alternativa-
ro aumenta a cada nova erupção. O mente, e revolvendo-se uma sôbre ou-
nascimento e o desenvolvimento dêles tra, cavalgando e fazendo dique na
constitui certamente um dos espe- frente, impedem de mil modos o avan-
táculos mais belos e fantásticos a que ço. Embora muito vário e irregular, o
se possa assistir; para vê-lo vale a pena movimento é todavia, em conjunto, bas-
em verdade deixar a tranqüilidade da tante lento. Por isso, não só as erup-
cidade e dirigir-se ao monte ignívomo; ções de lava raramente fazem ·vitimas
a cena é maravilhosa, especialmente de humanas, mas freqüentemente se che -
noite, quando os fragmentos. tj.e lava, ga a tempo de, nos casos e lugares
projetados aos milhares no alto pela ameaçados, salvar a vida das :;:>essoas
fôrça explosiva dos gases, com uumi- e fazer a mudança de trastes, utensí-
nação própria, ou iluminados com es- lios e ferramentas. Eni compensação,
tranho brilho pela massa incandes- as propriedades sofrem muito, espe-
cente que está em baixo, caem descre- cialmente quando as bôcas que lançam
vendo parábolas de fogo entre nuvens lavas se abrem nas partes inferiorPs
de vapôres e de cinzas, também pon- do monte e as massas abrasadas •;Jcan-
tilhadas de estranhas luzes. çam as vinhas e hortas de que são
A maior parte, porém, dos espec- ricas as faldas do vulcão. Não são des-
tadores destas erupções, espectadores, truídas sómente as culturas; '.lquêles
ora voluntários, ora não, param diante campos, transformados num deserto
das torrentes de lavas e limitam-se a de pedra, devem esperar decênios, tal-
seguir passo a passo ô seu lento pro- vez séculos, antes que o trabalho te-
gredir uns, temerosos de danos sempre naz do homem possa reconquistá-ios.
novos, outros levados por viva curiosi- Se conforta o pensamento que
dade desta massa escura e fumegante erupções laterais, do tipo daquela a
de dia, afogueada de noite, que mar- que hoje se está processando, quase
cha, ora preguiçosa, ora solícita, com nunca nos entristecem pelo grandio-
inexorável passo, incendiando, inves- so número de vidas extintas, não po-
tindo, e cobrindo tudo quanto encontra. demos todavia afastar de nós a idéia
Não caminha, silenciosa, mas com gran- de que a montanha, que hoje 't~ira a
de rumor de resíduos que caem; não ca- sua sanha simplesmente sôbre os ha-
minha só, mas arrasta consigo e revolve veres, possa amanhã ferir os proprie-
diante de si ~scórias que são as partes tários. O Etna é talvez menos temí-
superficiai'3 já co:1so?.idadas. Tanto vel do que os outros vulcões, menos do
mais parece singular, quanto pior se que o próprio Vesúvio, inferior .~ntre­
prevê a velocidade ~ ó caminho ulte- tanto a êle em massa; todavia fêz os
rior; tem :iJaradas e hesitações e· mo- seus estragos e pode renová-los. As cor-
vimentos estranhos; aqui se espraiam, rentes de lava não são de temer, mas
ali se reúnem de novo os ramos divi- os abalos do solo · que precedem e
did~.>; um breve obstáculo interrompe acompanham as erupções, e as :~lmvas
e desvia o seu curso, um maior é fa- de areia e pedras, as avalanches e as
cilmente vencido; nem sempre segue nuvens de materiais inflamados e as
os lugares baixos, às vêzes; quase pare- enxurradas de cinzas que as águas di-
ce andar contra as leis da gravitação. luem e tornam fluentes. A história
Tôdas estas ocasiões são feitas de es- mais antiga dos vulcões da Itália e a
perança e temores, que a cada momen- mais recente dos da América registram
to desaparecem e se renovam em que vê exemplos por demais dolorosos que
ora salvos ora ameaçados os próprios não vem a pêlo evocar, destas desas-
haveres, fonte também de crenças su- trosas manifestações. Conhecemos su-
persticiosas confortadas por não pou- ficientemente o Etna, podemos con-
cos exemplos - os únicos de que o povo fiar bastante nêle e na sua generosi-
se recoi:da - nos quais aquêle movi- dade habitual para escolher as suas fal-
mento misterioso e medroso se deteve das como pacífica morada nossa e de
diante de um pugilo devoto que orava nossos filhos, para construir sôbre ela ':l
ou a poucos passos de uma cruz, de a nossa casa e arrotear até as :·neno-
um tabernáculo, de uma igreja. Tais res faixas? Tanta pletora de vida em
estranhezas são devidas, não só à fre- tôrno de montanha tão inquieta, tão
qüente variação da quantidade de terrível às vêzes em suas manifesta-
lava que jorra das bôcas do vulcão, mas ções, não pode deixar de despertar à
de outro lado, e especialmente, ao ru- primeira vista um sentimento de sur-
moroso cortejo de partes já consolida- prêsa. A ciência que conseguiu 1efi!1.ir
50 BOLETIM GBOGRAPICO

e descrever o desenvolvimento e a su- útil disciplina. Ficamos, mesmo, por


cessão dos fenômenos vulcânicos - vêzes, a imaginar quanto aumentaria
tão grandiosos para nós quanto insig- a cultura geográfica em nossa terra, se
nificantes na longa história do nosso todos os professôres, espalhados por
planeta - a ciência, que reconheceu todos os recantos do país se pusessem
correlações entre êsses e investiga al- em contacto com as atividades do Con-
guma de suas causas imediatas, nada selho, seja através do Boletim ou da
sabe das um pouco remotas, nada pode valiosa Revista Brasileira de Geogra-
prever. Será talvez sempre assim e tal- fia, já no seu quinto ano de puolica-
vez seja um bem que tudo assim acon- ção.
teça. Diante de um perigo, cujo afas- De propósito, mencionaremos a
tamento está fora de tôda possibilida- matéria dêste último número do Bo-
de humana e cuja iminência não pode letim: editorial do Prof. Lúcio de ClitS-
ser percebida, pouco a pouco tende a tro Soares sôbre as tertúlias geográfi-
eliminar-se de nós todos todo temor, cas que semanalmente têm lugar no
tôda preocupação e uma espécie de Conselho; artigo do Prof. Raja Gabaglia
fatalidade confiante entra a invadir- sôbre a Geografia Urbana, em que sur-
nos. gem conceitos justos e ponderad'ls, em
Não nos admira que tranqüilamen- que pese a amável referência pessoal
te se possam habitar os belos declives com que nos honrou, e na qual falou,
do Etna e que êles sejam uma das por certo, mais o amigo do que o geó-
plagas do mundo onde mais densa seja grafo; transcrições dos professôrcs Del-
a população. gado de Carvalho sôbre o ensino da
Geografia no curso secundário, excerto
Olinto Marinem, in Luigi Gianni- do livro de há muito esgotado Metodo-
trapani, I paese e le Genti,· ed. N. Za- .logia do ensino geográfico de Charles
nichelli (Bolonha, 1921). Schuchert sôbre a tão discutida teoria
(Trabalho extraido de Leituras Geogroficas de Wegener, do deslocamento dos con-
- Prof. Raja Qabaglla). tinentes; artigos do Prof. P. Mon-
beig sôbre o homem e a terra e do
Eng. Moacir Silva sôbre os novos Ter-
ritórios, êste de grande interêsse didá-
tico, pois nos parece ser o primeiro a
Uma publicação valiosa publicar-se reunindo informações se-
guras sôbre as novas unidades admi-
Somos sempre tentados a abordar nistrativas do país. Como se Já não.
temas geográficos cada vez que visi- bastasse, mais ainda extensas secções
tamos o Conselho Nacional de Geo- de noticiário, informações, bibliogra-
grafia, êste admirável centro de tra- fia, legislação, além do resumo das ter-
balho e de estudo que obedece à orien- túlias semanais.
tação segura e criteriosa de Crist(>vão
Leite de Castro. Hoje queremos, jus- Eis aí um manancial precioso para
tamente, ressaltar uma de suas mais um professor de Geografia.
valiosas iniciativas, pois que ligada in- A publicação do Boletim represen-
timamente ao ensino da Geografia. ta uma vitória para os que o idealiza-
Trata-se do Boletim Geográfico, men- ram e o levaram avante. Resultado dum
sário de informações, notícias, biblio- admirável trabalho coletivo, não cita-
grafia e legislação. Especialmente mos nomes exatamente pelo receio de
dedicado aos professôres de Geografia, omitir algum, omissão que sôbre lamen-
como se depreende do seu próprio tável, seria principalmente injusta. Com
programa, publica· o Boletim, além de tão útil publicação, tornou-se mais urna
colaborações originais, transcrições de vez o Conselho Nacional de Geografia
trabalhos esgotados, estampados an- credor da estima e da admiração, pelo
teriormente em publicações de pequena muito que tem feito pelo conhecimen-
circulação ou esparsos em periódicos. to de nossa terra.
um· farto noticiário e uma ampla sec-
ção de informações bibliográficas, sem- Nogueira de Matos
pre da mais alta valia e interêsse para
os que se dedicam ao ensino de tão
RESENHA E OPINIÕES 51

O tempo gundo as teorias que havíamos apren-


dido", refere o coronel Wood, "na par..
O progresso da meteorologia te exterior do furacão forma-se uma
nos Estados Unidos corrente ascendente, e, por conseguin-
te, o avião deve elevar-se ao Jhegar
Extraímos da revista Em Guarda a a êsse ponto". ·
seguinte interessante narrativa: Em poucos minutos o avião entra-
va na área convulsionada, e seus tri-
Num dia de setembro último, de pulantes firmaram-se nos assentos,
vento rijo, foram içadas em tôdas as para não cair.
estações meteorológicas da costa atlân- Logo nos primeiros momentos d~·
tica dos Estados Unidos, desde o Es · ram-se conta que a teoria sôbre a as-
tado do Maine até o da Flórida, duas censão era completamente errônea: ::i
pequenas bandeiras vermelhas com um avião, em vez de elevar-se, projetava.-
retângulo negro no centro. Foi êsse se à razão de mais de 200 metros por
o sinal bastante para que tôdas as minuto. O coronel Wood explica que
embarcações que se achavam ao lon- puxou o bastão de comando para subir
go do litoral procurassem pôrto seguro, e pôs o nariz do avião contra o ·.rórtice
pois tratava-se de aviso da aproxima- do ciclone. A chuva vergastava o apa-
ção de um furacão. Informados do pe- relho e o nevoeiro era denso, mas
rigo pela imprensa e pelo rádio, os ha- o pilôto manteve o rumo até o cen-
bitantes da zona litorânea deram-se tro da borrasca, contra o vento de
pressa em proteger suas casas Jont.a 225 quilômetros por hora. A corrente
os efeitos do tremendo pé de vento. descendente que, segundo a teoria exis-
E os que residiam ao longo das praias te no vórtice, deveria empurrar o avião
não tiveram outro recurso senão afas- para baixo, com tremenda fôrça. Mas
tar-se quanto antes para o interior. eis o que relata a respeito o coronel,
Nos aeródromos todo o tráfego de avi- aviador e meteorologista:
ões, civis e militares, ficou suspenso.
Os aparelhos foram recolhidos cuida-
dosamente aos hangares. Desfeita outra teoria
Mas houve uma exceção. No aeró- "Já tínhamos avançado uns 90 qui-
dromo de Bowling, perto de Washing.. lômetros quando, repentinamente, fo-
ton, os mecânicos aprestaram um pe- mos atingidos pelo furacão. O avião
queno avião de bombardeio e o colo- ganhou altitude com tanta rapidez q 1e
caram numa das pistas, aguariando fomos sacudidos violentamente. Era
ordens. Pouco depois, três oficiais do outra teoria que, na prática, nao se
Exército americano galgaram o apa- confirmava. No centro do ciclone ha-
relho e, dentro de poucos minutos, fa- via, em vez de nuvens negras, con-
ziam-se com rumo ao ponto que, :10 céu, forme esperávamos, uma tênue .1ebli-
se apresentava mais negro e amea- na, pela qual penetravam os raios so-
çador. Iam precisamente ao encontro lares".
do ciclone. · As palavras do coronel Wood d5.o
Os oficiais eram o coronel Floyd uma idéia do que é voar dentro .le um
1

B. Wood, da Diretoria de Meteorologh furacão, o mesmo furacão que ê'.ssolou


da Aviação Militar; o major Harry a costa oriental dos Estados 'Unidos,
Wexler e tenente Frank Record, meteo- causando enormes prejuízos materiais.
rologistas. Apresentava-se-lhes o ense- As perdas de vida, entretanto, roram
jo que de há muito aguardavam, "de em número relativamente reduzido,
fazer um vôo no vórtice de um furacão, graças às precau~ões tomadas logo que
para comprovar ou refutar certas teo- foi dado o aviso da aproximação da
rias sôbre o fenômeno", segundo de- tremenda borrasca.
clarou o coronel Wood. Para os intrépidos meteorologistas
A oportunidade não se fêz espe- que tão abnegamente se arriscaram.
rar. Quando voavam por sôbre o mar, os resultados da sua missão toram
a coisa de mil metros de altitude, vi- compensadores, pois trouxeram impor-
ram aproximar-se o furacão: uma tantes esclarecimentos para meteoro-
imensa muralha negra como que sus- logistas e aeronautas sôbre fatos que
pensa nas nuvens. Em baixo, o mar só a observação pessoal pode determi-
revôlto, elevava-se em ondas gigantes- nar com vantagem. Como verdadeiro
cas. O vento rugia então furiosamente profissional, o coronel Floyd B. Wood
contra o aparelho, estremecendo-o. "Se- reconh.ece a· necessidade de verificar
52 BOLETIM GEOGRAFICO

os fenômenos meteorológicos, valendo- cedência possível, pois delas depen-


se de tôdas as oportunidades ao seu de a perfeita organização de opera-
alcance. Sôbre o que já pôde fazer nes- ções militares, navais e aéreas. i:ndivi-
se sentido, comenta êle: dualmente, todos estamos sujeitos às
"Algum pilôto talvez ainda •>e veja, variações do tempo, variações que se
sem querer, em meio de um furacão e refletem na saúde, no trabalho, nas
possa aproveitar a lição que apren- diversões e na vida sociaL
demos. Quanto a mim, quando houver A propósito da generalizada pre-
outro furacão espero voar num avião ocupação pública com o tempo, nos
caça até a estratosfera e baixar pelo Estados Unidos, Mark Twain, o fa-
centro da borrasca, para· observar' os moso humorista, chegou a dizer que
efeitos". "todo mundo falava do tempo, mas
A atitude do coronel Wood reflete ninguém propunha um remédio".
o interêsse que despertam as conrlições Conquanto ;não fôsse possív0l re-
do tempo nos Estados Unidos, 'lão so- mediá-lo tratou-se, entretanto, de pre-
mente entre meteorologistas, come ver as suas variações. E assim, em
também entre o público em geral. Tal- 1870, o govêrno estabeleceu o primeiro
vez não haja país no mundo onde 'e serviço de informações meteorológicas
fale tanto a respeito do tempo como baseado em dados fornecidos por vários
nos Estados Unidos. O tempo é, sem postos militares. Comparado com o am-
exagêro, um dos tópicos obrigatórios plo sistema de agora, êsse serviço era
na conversação cotidiana. muito rudimentar. Vinte anos depois,
verificou-se a necessidade de melho-
Variações do tempo rá-lo, sendo então criada uma secção
anexa ao Departamento de Agrkultu-
Uma das principais razões é a va- ra, a qual, mais tarde, passou a cons-
riabilidade em comparação, por exem- tituir a Diretoria de Meteorologia dos
plo, com a estabilidade relativa âa Estados Unidos. Seus serviços "oram
temperatura na maior parte dos países consideràvelmente aumentados, consis-
americanos. Deve-se isso à situação tindo de completas previsões do tempo,
geográfica, e alguns exemplos bastam aviso de tempestades e de inundações,
para dar idéia da diferença. Em Lima, informações estas de grande utilidade
a temperatura máxima jamais regis- para a lavoura, para o comércio e a
tada foi de 32 graus centígrados, e ~ navegacão costeira e transatlântica.
mínima, de 10 graus; em Valparafao, Em 1940 a Diretoria de Meteor-ologia
a máxima foi de 33 graus e a mínima passou para o Departamento 1le Co-
de 2; em Buenos Anres, máxima, de 40, mércio. Ao romper da guerra, os De-
mínima, de 6 abaixo de zero, e no partamentos da Guerra e da Marinha
Rio de Janeiro, máxima, de 41, mí- instalaram suas proprias estações me-
nima, de 11. Ao passo que em Washing- teorológicas em várias partes do país,
ton, D. C., a máxima registada tem permutando informações com o 3tirviço
sido de 41 e a mínima, de 30 abaixo de meteorológico do Departamento lo Co-
zero; em Chicago, máxima de 41, míni- mércio, que, por sua vez faz a permuta
ma, de 30 abaixo de zero, e em Nova com o serviço do Canadá e das demais
Iorque, máxima, de 40, mínima de 26 nações americanas, de vital importân-
graus abaixo de zero. cia, sobretudo na área do mar das
O interêsse que as condições do Antilhas.
tempo desperta nos Estados Jnidos A Diretoria de Meteorologia dos
prende-se a circunstâncias econômicas Estados Unidos mantém 415 estacões e
que afetam a todos. Na aviação, por conta com 3 000 empregados, ·.endo
exemplo, é necessário saber o ';empo ainda a cooperação voluntária de ....
que fará dentro de um ou dois dias, 2 000 observadores espalhados em nu-
para organizar os vôos. Quanto à agri- merosas localidades, os quais ·~omu­
cultura, todos sabemos como são im- nicam à Diretoria os resultaa:Js d~
portantes as previsões do tempo para suas observações.
o trabalho do campo, desde a -:emea-
dura até a colheita; nas indústrias Expande-se o serviço
fabris e no comércio em geral, .is con-
dições do tempo influem em inúmeras Novos métodos e de maior preci-
atividades. são foram descobertos recentement,e
Em tempo de guerra é impr3scin- para observar os fenômenos meteoro-
~ível obter informes sôbre as :ondl- lógicos. A sua adoção tem beneficiado
'<;s atmosféricas com a maior ante- enormemente a aviaçã.o e a agricultu-
RESENHA E OPINIÕES

ra. Há, por 'exemplo, o radio~s0nda, décima parte das ocorridas naquela
que consiste em um pequeno mstru- ocasião. A redução se deve principal-
mento ligado a um balão inflado com mente à eficácia do sistema de preven-
gás hélio, para ascender ~ grandes ção adotado pelo serviço meteoroló..:
altitudes e registar a pressao atmos- gico.
férica a temperatura e a, umidade,
trans~itindo pelo rádio, as informa-
ções a um receptor automático, insta-
lado em terra. Um outro balão serve Uruguai
para registar a direção e a velocidade
dos ventos a diversas altitudes. De A República Oriental do Uruguai,
grande utilidade são igualmente os apesar de ser a menor das nações sul-
mapas meteorológicos, impressos e dis- americanas - pois tem sàmente
tribuídos pela Diretoria. Nesses mapas 186 926 quilômetros quadrados de su-
marcam-se gràficamente todos 0s as- perfície - é uma das mais progressis-
pectos importantes das condições m~­ tas da América, especialmente em ma-
teorológicas ocorrentes em todo o pais. téria de previsão social. Particular-
Os mapas contêm também a tempera- mente durante os últimos anos, o Uru-
tura a precipitação e outros dados guai tem adotado importantes medidas
fornecidos pelas estações de observa- legislativas para assegurar o bem-es-
ção, atualmente em muito maior tar social e o melhoramento geral das
número. classes trabalhadoras.
A Diretoria de Meteorologia pro·
cura contlnuamente ampliar seu cam- Resenha histórica
po de ação. As emprêsas de navegação
aérea são agora fornecidos dados com- Embora o território da República
pletos sôbre as condições meteorol'>gicas Oriental do Uruguai tenha sido des-
ao longo de tôdas as rotas dos Estados coberto em 1516 pelo grande navegador
Unidos e no Alasca. E os agric11ltores espanhol Juan Diaz de Solís, o q?al
em geral contam com um servira com- foi pouco depois assassinado pelos m-
pleto de previsões por maior perí~o dios charruas, não foi, no entanto, se-
de tempo graças aos esforços da Di- não· em princípios do século dezessete
retoria. As previsões normais são pu- que se estabeleceram as primeiras co-
blicadas de duas a quatro vêz~s por lônias na margem oriental -do rio Uru-
dia anunciando as condições meteo- guai. Em 1618 os padres Franciscanos
rolÓgicas durante um período de 3!1 desembarcaram em solo uruguaio, se-
horas. Mas sempre que há a possibi- guidos em 1624 pelos Jesuítas, dando-se
lidade de mudanças importantes, os comêço nessa época à vida colonial.
informes são dados em intervalos de Durante quase duzentos anos depois
duas ou três horas. A fim de assegu- dêsse período, o território conhecido
rar a maior divulgação possível, recor- hoje sob o nome de Uruguai foi obje-
re-se a todos os meios modernos de to de controvérsia entre a Espanha e
publicidade: o rádio, o telégrafo, o te- Portugal, cujas coroas pretendiam ter
lefone, o jornal. título de propriedade sôbre essa parte
É impossível calcular o número de da América. Esta controvérsia foi fi-
vidas e o valor das propriedades que nalmente solucionada mediante o Tra-
têm sido salvas graças aos avisos me- tado de San Ildefonso, em 1777, o qual
teorológicos. Não obstante, sabe-se de deu à Espanha domínio sôbre a "Ban-
um caso em que se salvou uma safra da Oriental".
inteira de laranjas, no valor de qt1ator- A luta pela independência foi de-
ze milhões de dólares, em virtude do finitivamente inaugurada a 28 de feve-
aviso da aproximação de um período reiro de 1811, quando dois humildes
de intenso frio que aliás durou uma camponeses deram o grito histórico de
semana. NoutrÓ caso, a previsão de Asencio e se levantaram em armas
uma enchente contribuiu para que se contra os espanhóis. ~ste grito, dado
salvassem propriedades no valor de nas margens do arroio Asencio, reper-
sete milhões de dólares. cutiu em tôda a Banda Oriental e foi
Os prejuízos materiais causados o sinal do levantamento do Uruguai
pelo furacão de setembro último, ape- inteiro. Passaram-se vários anos, no
sar de seus efeitos devastadores, mon- entanto, antes que o Uruguai conse-
taram a uma quinta parte dos danos guisse a sua liberdade, pois não sà-
causados pelo furacão de 1938, e o mente a Espanha se opunha à sua au-
nú.mero de mortes atingiu apenas à tonomia, mas também o Brasil e Bue-
54 BOLETIM OEOORAFICO

nos Aires. Os conflitos que se sucede- O Poder Legislativo· é exercido pela


ram durante êste período representam Assembléia Geral, a qual se compõe
uma longa série de vicissitudes, pois de duas Câmaras: uma de Representan-
às vêzes as armas dos patriotas saiam tes e a outra de Senadores. A Câmara
vitoriosas, outras vêzes as espanholas de Representantes compõe-se de 99
e ainda outras vêzes as que procediam membros e a de Senadores de 30, ~lei­
do sul do Brasil ou as que vinham de tos diretamente pelo povo cada quatro
Buenos Aires. Através de tôdas estas anos, coincidindo a sua eleição com
lutas, destaca-se a figura de José Ger- a do presidente da República.
vásio Artigas, o herói das guerras da O Poder Executivo é exercido pelo
independência. José Artigas, segundo presidente da República, o qual é au-
a frase do ilustre uruguaio,· Dr. Juan xiliado por um Conselho de Ministros.
Zorrilla de San Martín, "é a encarnação Há também um vice-presidente eleito
genuína de nossa pátria, a condensação pelo povo conjunta e diretamente com
de tôdas as nossas tradições e nossas o presidente pelo têrmo de quatro anos.
glórias". Embora Artigas tivesse pas- Para que o presidente e o vice-pre-
sado os últimos anos da sua vida na sidente possam voltar a desempenhar
vizinha República do Paraguai, onde essas funções, é preciso que se te-
foi refugiar-se e em cuja capital veio nham passado quatro anos desde a
a falecer aos 76 anos,. encarna, sem data da terminação do seu mandato:
embargo para os uruguaios o espírito O vice-presiclente, além de assumir a
da sua independência. Na mente po- Presidência em todos os casos de vaga
pular, Artigas é "o precursor da pá- temporária ou definitiva, exerce a pre-
tria uruguaia". sidência do Senado e da Assembléia
Em 1817 as tropas portuguêsas, Geral.
marchando do lado do norte, invadi- O Poder Judiciário é exercido pela
ram o território da Banda Oriental. Suprema Côrte de Justiça, composta
encorporando êsse território ao Brasil de cinco membros, e por outros tribu-
com o nome de Província Cisplatina. A nais estabelecidos por le~.
Banda Oriental continuou encorporada
ao Brasil até 1825, data em que um O govêrno e administração dos de-
punhado de patriotas uruguaios, co- partamentos no Uruguai, estão a cargo
nhecidos mais tarde na história com de um intendente, uma Junta Depar-
o nome de "Trinta e Três Imortais", tamental e uma ou mais Juntas locais.
deu comêço a um ativo movimento de
reconquista. Esta extraordinária em- Educação pública
prêsa, chefiada pelo general Juan A.
Lavalleja, tinha por objetivo retirar A Constituição do Uruguai contém
o país de sob o domínio brasileiro. Para as seguintes estipulações a respeito da
conseguir êste objetivo foi solicitado educação pública no país:
o auxílio da Argentina, o que provocou
uma guerra entre o Brasil e as Pro- Fica garantida a liberdade do en-
víncias Unidas do Rio da Prata, que sino. Todo o pai ou tutor tem o direito
só terminou com a assinatura, a 27 de escolher, para o ensino de seus fi- '
de agôsto de 1828, de uma convenção de lhos ou pupilos, os professôres ou ins-
paz, no Rio de Janeiro, a qual cons- tituições que desejar.
tituiu o Uruguai em Estado livre e in- As instituições de ensino privado
dependente. Lavalleja, por motivo da que ministrarem classes gratuitas a
iniciativa que demonstrou na glorio- um certo número de alunos e na for-
sa campanha dos "Trinta e Três Imor- ma determinada pela lei, e bem assim
tais'', merece ocupar na história um as instituições culturais, serão · isen-
lugar só inferior ao de Artigas. tas do pagamento de impostos nacio-
A 18 de julho de 1830 foi promul- nais e municipais como subvenção pelos
gada a Constituição do Uruguai, e a seus serviços.
6 de novembro do mesmo ano o general
Frutuoso Rivera tomou posse do cargo O ensino primário é obrigatório.
de presidente do govêrno do país. O Estado despenderá o necessário para
cumprimento desta disposição.
Constituição e govêrno Declara-se de utilidade social a
gratuidade do ensino oficial primá-
De acôrdo com a presente Cons- rio, médio, superior, industrial e ar-
tituição, o Uruguai adotou a forma tístico, e também da educação física; a
de govêrno democrática republicana. criação de bôlsas de estudo para aper-
BESÊNBA E OPINIÕES

feiçoamento e especialização cultural, Entre os principais produtos da ex-


científica e trabalhista, e o estabeleci- portação do Uruguai, destacam-se as
mento de bibliotecas populares. carnes e os extratos, as lãs, os couros
Em tôdas as instituições docentes secos, salgados e curtidos, os cereais
atender-se-á especialmente à forma- e sementes, as farinhas e massas, a li-
ção do caráter moral e cívico dos alu- nhaça, a torta de linhaça e.o milho.
nos. Como já foi dito, o Uruguai tem
falta de combustíveis, fato êste que tem
Com o fim de dar cumprimento às dificultado grandemente o desenvolvi-
disposições constitucionais que aca- mento das indústrias manufatureiras.
bam de ser enumeradas, foi estabele- Vão, no entanto, aparecendo estabe-
cido no Uruguai um excelente sistema lecimentos fabris e na atualidade exis-
de escolas, tanto públicas com0 par- tem no Uruguai tôdas as indústrias que
ticulares, e uma univi.;rsidade na capi- se coadunam com o seu ambiente e es-
tal. O Uruguai tem especialmente im- trutura econômica. A mais importante
portantes centros de ensino profis- é a das carnes, a qual surgiu como re-
sional. sultado da pecuária. As indústrias dire-
tamente relacionadas com a pecuária
Produtos e indústrias são, como é natural, as' fundamentais,
porém não deixam de ter importância
Os terrenos ondulados que for- as que se acham indir.etamente rela-
mam a maior parte do território do cionadas com essa indústria, tais como
Uruguai, em geral desprovidos de bos- a indústria dos laticínios, as fábricas
ques, conduziram naturalmente ao de- de queijo, manteiga, caseína, os curtu-
senvolvimento da pecuária, que é a mes e oficinas de correeiro, as fábricas
indústria mais importante do país. de calçado, etc.
Além disso, quase todo o terreno da Re- Também tem importância a in-
pública, exceptuando-se a zona semi- dústria da moagem, com os seus esta-
montanhosa do norte, se adapta à agri- belecimentos de moagem de farinhas
cultura. Em tais circunstâncias, é mui- para o consumo doméstico e· para a
to natural que a pecuária e a agricul- exportação, as fábricas de azeite ani-
tura constituam a maior fonte da ri- mal e vegetal, as dlstilarias de álcool,
queza nacional do Uruguai. Embora as fábricas de produtos químicos, as
a mineração não tenha adquirido gran- de cerveja e licores, as serrarias, as
de importância, ao Uruguai não fal- fábricas de móveis, tapêtes e outros
tam, contudo, importantes depósitos produtos de decoração, as fundições
minerais. O ouro é extraído em pe- de metais e latoarias, as fábricas de
quenas quantidades e em vários de- materiais de construção, as de sacos
partamentos do país existem pedras e vasilhas, as de veículos e as de car-
preciosas ou semi-preciosas. O mine- ruagens, a indústria de tecidos, a de
ral mais importante é talvez o talco, fiação, a de chapéus, assim como tam-
que se encontra no departamento de bém os trabalhos de pedra e mármore,
Colônia. Em várias regiões da Repú- os diques e estaleiros, etc. ·
blica encontram-se também depósitos
de mármore e granito. O Uruguai não Legislação social e trabalhista
está muito bem provido de combus-
tíveis naturais; sem embargo, na parte O govêrno do Uruguai, mais do que
sudeste do país existem depósitos de o de qualquer outro país latino-ame-
turfa, e em algumas outras zonas tem- ricano, tem invadido campos que em
se encontrado carvão e petróleo de va- muitos outros países estão ainda re-
lor desconnecido. servados à iniciativa individual. As-
No campo da agricultura, o trigo sim, pois, o govêrno do Uruguai, ou
representa a colheita mais importante, a Municipalidade ·de Montevidéu, ou
vindo em segundo lugar o milho, e se- entidades oficiais autônomas, ocupam-
guindo-se-lhe em menor escala, o li- se, entre outras coisas, da exploração de
nho, a aveia, a cevada, a alfafa e a telefones, iluminação elétrica, estradas
linhaça. Nos últimos anos, o cultivo de ferro, seguros, serviços de pôrto,
do fumo tem-se desenvolvido muito ;;ancos, hotéis e telégrafos. O Uruguai
e promete alcançar ainda rnz.i.:.-·-- ·: i~úi­ i..-::lH:>e distinguido principalmente pela
porções, devido aos método,: ~:)í:nt.iL · Sl!E. progressista legislação social pela
cos que estão sendo aplica.dc1i. P.ew;s- qual são assegurados ao trabalhador:
tem também importáncia consir!Eor{, vrl '2ompensação por acidentes sofridos em
a viticultura e a vinicultura. suas ocupações; prevenção de aciden-
56 BOLETIM GEOORAFICO

tes; fixação de salários mm1mos para que hoje há mais de 12 872 quilôme-
os trabalhadores rurais; dia de tra- tros de e:;;tradas nacionais e departa-
balho de oito horas em várias indús- mentais abertas ao tráfego.
trias; designação de um dia de des-
canso semanal; proibição do trabalho Cidades principais
noturno em certas indústrias; instala-
ção de assentos para as empregadas em De uma população total de ....
certos estabelecimentos; criação de 1 970 000 habitantes com que conta o
pensões para pessoas idosas ou indigen- Uruguai, 672 041 habitantes residem em
tes; aposentadoria para os empregados Montevidéu, capital do país. Situada
públicos e para os trabalhadores em à margem do rio da Prata, a uma curta
certas indústrias-; e várias outras leis distância somente do mar, a capital
de caráter semelhante. uruguaia é um pôrto de grande im-
portância, pois por êle passa a maior
Vias de comunicação parte do comércio exterior do pais.
Montevidéu é ao mesmo tempo o cen-
O Uruguai conta com abundante tro comercial, industrial e cultural da
facilidade de transporte, terrestre, ma- nação. É uma cidade moderna sob to-
rítimo, fluvial e aérea. O país tem uns dos os aspectos; as suas avenidas são
2 655 quilômetros de vias férreas. As numerosas e largas, ladeadas de be-
linhas principais partem de Montevi- los edifícios; os seus parques são am-
déu e ligam a capital com os principais plos e agradáveis; e as suas excelentes
centros da nação. Ao chegar à frontei- praias atraem durante a temporada
ra unem-se às linhas brasileiras, pro- de verão milhares de turistas da Re-
porcionando serviço direto entre a ca- pública Argentina e de outros países
pital uruguaia e o Rio de Janeiro. vizinhos. Para acomodação de tão gran-
Há várias linhas de vapôres que servem de· número de turistas, a capital possui
de meio de comunicação com as regiões um bom número de hotéis confortáveis,
ao longo dos rios da Prata e Uruguai e muitos dos quais estão situados nos su-
nos rios menores existem pequenas em- búrbios, ao longo da praia.
barcações que oferecem também servi- Entre as outras cidades uruguaias,
ços de transporte. Montevidéu está em Paissandu, situada à margem do rio
comunicação com os países mais im- Uruguai, ocupa o segundo lugar, com
portantes do mundo por meio de linhas uma população d€ 40 000 habitantes e
marítimas quer sejam diretas, quer oferece um exemplo admirável do pro-
indiretas. Quando às comunicações gresso uruguaio. Mais para o norte,
aéreas, passam pelo Uruguai várias li- também à margem do rio Uruguai, en-
nhas que oferecem transporte rápido contra-se Salto, que é pôrto de consi-
de passageiros e correspondência para derável volume de comércio e um mo-
tôdas as Repúblicas americanas e ser- dêlo de progresso municipal. Fray
viço de correio para a Europa. Bentos, à margem do mesmo rio, po-
Durante os últimos anos as co- rém mais perto do mar, e Colônia, do
municações rodoviárias têm progredi- lado oposto a Buenos Aires, são outros
do ràpidamente no Uruguai, de forma dois centros importantes do Uruguai.

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llJ'll'lf periódica sóbre a geografia do Brasil.
Contribuição a.o ensino

Organização de uma Unidade em


Geografia Matemática
KATHERYNE THOMAS WHITTEMORE
State Teachers College at Buffalo.

A organização de uma unidade em geografia matemática aqui apresentada


é uma tentativa de solução do problema de diferenças individuais entre estudan-
tes num curso de geografia, num colégio de professôres. O problema de diferenças
individuais devido aos vários graus de inteligência, preparo, interêsse e outras
condições variáveis sob as quais trabalham os estudantes, encontrado por todos
os professôres, ganha particular fôrça nas classes numerosas, em cursos com-
pulsórios.
Esta unidade foi organizada para um curso elementar universitário, com o
programa da geografia exigido no l.º ano de estudos de muitas escolas normais
~ de professôres. É êle de três horas semanais durante um semestre, e por ser o
único curso de geografia exigido, a matéria do programa é demasiada. O pro-
grama de geografia matemática toma três semanas.
A organização que segue não é original da autora, mas sugerida pelo trabalho
de muitas outras pessoas, essencialmente por Morrlson em A prática do Ensino
na Escola Secundária. Resumindo, o plano consiste de um teste preliminar,
seleção dos estudantes adiantados, apresentação do assunto principal, um
segundo teste, reensino, um período de aplicação e assimilação e teste final. Um
resumo dêste processo com referências e sugestões para o estudo é dado aos es-
tudantes no princípio do curso.

O PRÉ-TESTE

O teste exploràtório serve para dar ao instrutor a idéia exata da situação.


Mostra-lhe a média do grupo e a escala de valores dentro do grupo. Pree.nche
também a importante função de indicar a cada estudante o seu lugar nessa es-
cala, no princípio da unidade.
O teste usado é objetivo; as perguntas na maior parte do tipo de múltipla
escolha. ~le inclui ainda um exercício relativo à interpretação de um diagrama
e um exercício de leitura de mapa. Seguem-se cinco perguntas típicas.
1. A Terra está cêrca de: a) 9 300; b) 93 000; c) 930 000 000; d) 930 000 000
milhas afastadas do sol. 1 ( )
2. A Terra está mais próxima do sol durante: a) primavera; b) inverno;
c) outono; d) verão 2 ( )
3. Em Montreal as sombras ao meio-dia sempre caem: a) ao norte; b) ao
sul; c) diretamente sôbre, os objetos 3 (
4. O círculo de iluminação sempre corta: a) trópico do Câncer; b) trópico
do Capricórnio; c) Equador 4 ( )
5. Há uma diferença em tempo de uma hora para cada: a) 15 graus de
latitude; b) 15 graus de longitude; c) 45 graus de latitude; d) 45 graus de
longitude 5 ( )
O teste, num período experimental de vários anos, foi utilizado na forma
aqui exposta em dois grupos de estudantes, de cento e vinte e cinco alunos cada,
e cada um dividido em 4 secções. A nota mais alta do teste é 100. Em ambos os
BOLETIM GEOGRÁFICO

grupos a nota média foi de 51. Em ambos os grupos a escala variou entre as no-
tas 20 e 91. Esta escala, provando ignorância quase completa de um lado a co-
nhecimento quase completo do outro, indica claramente o problema do ensino
eficiente.

O GRUPO PRIVILEGIADO

Do resultado do primeiro teste faz-se uma seleção dos estudantes que pre-
cisarão de relativamente pouco trabalho no assunto. t:sse grupo é formado prin-
cipalmente de estudantes que tiverem geografia física na escola secundária, mas
inclui alguns que não estudaram geografia desde a escola primária.
Em entrevistas pessoais com êstes últimos revelam razões interessantes para
o seu conhecimento. Um estudante explicou que não podia compreender como
havia quem não soubesse responder às perguntas. Outro deu como motivo o fato
de sua irmã ensinar geografia física. Outro ainda insistiu que tinha "advinhado'',
mas um questionário posterior provou que tal "adivinhação" não passara de ra-
ciocínio inteligente.
Até esta fase nenhum requisito fôra exigido para a admissão ao grupo privi-
legiado. O instrutor decide, após exame dos resultados do pré-teste, que estudan-
tes formarão o grupo mais adiantado. Em geral êles atingem de 5 a 10 por cento
do grupo inteiro.
Os estudantes colocados no grupo avançado deverão analisar os resultados
de seus testes para verificar em que tópicos encontraram mais dificuldade, e
lhes é dada a responsabilidade de rever essa parte do assunto. lllles têm o privilé-
gio de escolha entre freqüentar ou não as aulas e de trabalhar em problemas
especiais, para obtenção de notas (special credit) . Os problemas dados a êste
grupo variam, màs alguns mais familiares são repetidos com freqüência.
1. Se a Terra se movesse à volta do sol com seu eixo perpendicular ao plano
de sua órbita, interessaria a vacê viver .em Buffalo? Quais seriam as condições
de temperatura durante o ano? Quanto durariam o dia e a noite? As atuais
plantações desta região seriam as mesmas?
2. O comandante Byrd acrescentou baía.s e montanhas ao mapa do An-
tártico. Como soube êle onde colocar suas descobertas no mapa?
3. Explique qual a trajetória aparente do sol durante o ano em Quito,
Equador. Fazer a classe imaginar que está em Quito e descrever, como se lá es-
tivesse, a trajetória do sol no céu.
Cada membro do grupo privilegiado prepara dois dos problemas. Certos
estudantes são escolhidos para apresentar seus problemas oralmente. Se êstes
estudantes mantêm o nível alto nos testes e completam seus problemas satis-
fatôriamente, é-lhes dado o grau "A", que significa trabalho superior. Uma das
dificuldades em realizar êste plano de trabalho é a de manter êsses estudantes
em nível alto. Não e pouco freqüente estudantes de alto nível em testes de fatos
acharem difícil aplicar seu conhecimento na solução e apresentação de um
problema.
Neste sistema os estudantes que, já conhecedores do assunto, podem sen-
tir-se entediados em classe ou se tornarem elementos de desordem para o profes-
sor, o qual sente que cada membro de uma classe deve ser desafiado para es-
fôrço, são estimulados para um desenvolvimento maior. ll:les em geral freqüen-
tam as classes voluntàriamente e, na expectativa das notas que precisam, per-
manacem alertas e interessados. Não poucas vêzes, se sentem capazes de
prestar auxílio aos estudantes sobrecarregados de material novo.

APRESENTA:ÇAO DO ASSUNTO PRINCIPAL

A apresentação do assunto principal pode ser feita por tarefa e apresenta-


ção oral, por exercicios de laboratório ou por leitura e demonstração. Qualquer
dêsses métodos pode enquadrar-se neste plano geral, A autora segue o último
plano, com tarefas e exercícios suplementares.
CONTRIBUIÇÃO AO ENSINO 119

O SEGUNDO TESTE
~ste teste permite ao professor e estudantes verificar o progresso e desco-
brir os pontos que necessitam mais ênfase. A constatação da freqüência dos
erros mostra claramente os tópicos em que os estudantes necessitam exercitar-
se. Uma segunda finalidade é indicar quais os estudantes que, por sua aplicação
inteligente, já se tornaram senhores do assunto e estão prontos para se reuni-
rem ao grupo privilegiado no trabalho de problemas especiais para a classi-
ficação "A".
O teste dado é o mesmo que o preliminar, devendo ser suficientemente difí-
cil para provar uma escala de valores na classe, mesmo depois da apresentação
do assunto principal. Os aspectos mais extraordinários dos resultados dêste teste
são a diminuição da escala dentro do grupo e um notável progresso feito por al-
guns estudantes. Em um dêstes testes, uma estudante levantou sua nota de vinte
e dois, no pré-teste, a noventa e seis no segundo teste.
REENSINANDO
Cada secção foi-se limitando mais aos atrasados e, admitamos, os pregui-
çosos são muito poucos para que lhes dispensemos discussão informal e treino
considerável. O estudante atrasado pode fazer perguntas sem receio de tomar
por muito tempo a atenção da classe. Idealmente, esta parte da unidade deveria
continuar até que todos se tornassem mestres no assunto. Pràticamente, na mai-
oria dos casos, isso é ·impossível.
APLICA;ÇAO E ASSIMILAÇAO
Quando a classe se encontra novamente como um todo, os membros do
grupo privilegiado apresentam os resultados dos problemas em que estiveram
trabalhando. Faz-se a aplicação do assunto a pontos de interêsse do momento.
. O TESTE FINAL
Para se obter escala de valores na classe, o teste final é mais difícil que o
pré-teste. As perguntas mais difíceis de múltipla escolha são conservadas; acres-
centando-se perguntas a serem preenchidas; um diagrama para ser completado;
um mapa novo para exercício de leitura deve substituir o antigo.
Não se pode dar por terminada a unidade sem a análise do grupo e dos re-
sultados individuais. O professor está interessado, por exemplo, no levantamento
do grupo mediano da nota 51 no pré-teste a 82 no teste final e no estreitamento
da escala de 27 para 91 no pré-teste para uma de 63 a 99 no teste final. Sem a
comparação dos grupos os resultados não provam a superioridade dêste método de
organização sôbre outros métodos, no que se refere àquilo que foi conseguido, e,
uma vez que êste método foi criado visando as diferenças ind~··iduais em preparo
e interêsse, o mestre está mais interessado em progressos individuais. ·
No grupo que estudamos aqui, todos os membros do grupo privilegiado le-
vantaram suas notas para além de noventa no segundo teste e mantiveram-nas
no teste final, em adição ao seu trabalho em problemas especiais. Da quarta
parte dos classificados como os mais atrasados no pré-teste, 30 por cento atin-
giram notas acima da média no teste final. Dêstes, dois passaram para o quarto
mais adiantado no teste final. Tais progressos, combinados com a observação
das reações do estudante, servem para convencer que ambos os grupos se bene-
ficiaram com o método descrito.

CONCLUSÕES
Para o mestre, esta unidade de trabalho traz satisfação porque estimula os
estudantes mais adiantados a maior esfôrço, enquanto não descuida do estu-
dante principiante, e porque aumenta a eficiência da instrução, quando possibi-
lita ao mestre estar a par da situação do ensino do comêço ao fim do curso. Para
o estµdante, esta unidade de trabalho traz satisfação porque é definida no seu
propósito, no seu processo e nos seus resultados.
Tertúlias geográficas semanais

CENTÉSIMA TERTÚLIA, REALIZADA EM 6 DE MARÇO DE 1945


O CLIMA DA CIDADE DE SAO PAULO, PELO PROF. ARI FRANÇA. SITUAÇÃO DA CIDA-
DE, TOPOGRAFIA·- MASSAS DE AR - TEMPERATURA - VENTOS - PLUVIOSIDADE -
AREAS CLIMATICAS - DEBATES. COMENTARIOS SOBRE O CLIMA DE SÃO PAULO PELOS
PROFS. JOS!t VERÍSSIMO DA COS'l'A PEREIRA, JOS!t CARLOS JUNQUEIRA SCHMIDT E
ADALBERTO SERRA, SOBRE O PAPEL DA MONÇÃO, PELO PROF. FRANCIS RUELLAN

O Eng.° Fábio de Macedo Soares Guimarães, dando início aos trabalhos,


lembrou que na presente data o Conselho Nacional de Geografia completava
a sua centésima tertúlia geográfica, cabendo a mesma a um geógrafo paulista
- o Prof. Ari França, que iria falar sôbre "o clima da cidade de São Paulo",
tema a que se vem dedicando há muito tempo. Em seguida, exprimiu sua
satisfação em ver a intensificação do intercâmbio de geógrafos cariocas
e paulistas, tendo sido êstes últimos os pioneiros da moderna geografia no
Brasil. O C. N. G., visa também estender êsse intercâmbio a todos os Estados
do Brasil.
Tomando a palavra, o Prof. Ari França disse que para· melhor compreensão
dos diversos aspectos geográficos da cidade de São Paulo é preciso estudar o seu
clima. O planalto paulista foi, desde o início, centro de atração do elemento co-
lonizador europeu e isto se deve em grande parte ao seu clima ameno. O clima
do Estado de São Paulo é tropical no interior e equatorial nas planícies lito-
râneas; a cidade de São Paulo, de clima ameno, apresenta-se como uma ilha
entre os dois extremos.
Diversos autores como Belfort de Matos, Mossmann, Rangel Pestana, Sam-
paio Ferraz, Morize, Delgado de Carvalho, Lucas Junot, José Setzer, têm estu-
dado o clima de São Paulo, mas o seu estudo é ainda deficiente mesmo porque
as rêdes meteorológicas e respectivas observações são relativamente falhas. As
melhores observações são feitas pelo Observatório Astronômico Geofísico e por
rêqes menores como a de Butantã, do Hôrto Florestal. As observações sôbre
a nebulosidade vêm sendo feitas há 55 anos pelo Pôsto da Estação da Luz e as
melhores observações pluviométricas existem nos Postos da Light'.
A classificação do clima da cidade de São Paulo tem preocupado vários
autores. Morize considera-o temperado semi-úmido, correspondendo na clas-
sificação de Kõppen à variedade e W B e os arredores ao tipo C F B. Para Del-
gado de Carvalho é temperado úmido de altitude.
O clima da bacia de São Paulo é úmido, mesotérmico, com estação sêca
no inverno. No estudo do clima da cidade de São Paulo é preciso ver a situação
topográfica da região. Num primeiro plano situa-se a baixada paulista que é
seguida pela escarpa da serra do Mar - de 700 a 800 metros de altura, a qual
chega aos arredores da cidade de São Paulo. Em seguida, vêm as pequenas co-
linas da cidade de São Paulo e finalmente, ao norte, as elevações do Jaraguá e
a serra da Cantareira. A depressão em que se localiza a cidade está assim entre
as elevações da serra do Mar e as da serra da Mantiqueira. Essas elevações exer-
cem influência sôbre o regime de vento da cidade de São Paulo que está parci-
almente resguardada dos ventos S., N. e E.
Na classificação do clima, há ainda a considerar que a cidade de São Pau-
lo está situada a 55 quilômetros do mar, numa altitude de 700 a 800 metros,
e é cortada ao N. pelo trópico de Capricórnio. As massas de ar dominantes,
como a tropical atlântica, a tropical equatorial e as massas polares, estas na
primavera sobretudo, regulam o comportamento do clima. A tropical atlântica
domina a maior parte do ano.
A temperatura média anual é de 17º5. A parte edificada da cidade é em
média anual 1° ou 1º5 mais quente que os arredores. A temperatura média do
Jardim da Luz é de 18º1, é a zona mais quente da cidade; a avenida Paulista
TERTOLIAS GEOGRAFICAS. SEMANAIS 61

tem uma temperatura média de 17°5. O mês mais quente é o de fevereiro, média
22°, e o mais frio o de julho, média 14º. Êstes são também os meses de menor
nebulosidade nas estações correspondentes. A variação da temperatura no de-
correr· do ano não excede a 6°, não significando porém condições de clima
marítimo, pois é .elevada a amplitude diurna, que no inverno aproxima-se de
20° e no verão de 8°. A máxima absoluta é em média 29°. A mínima absoluta
já registrada foi de 1º2; na avenida Paulista; foram feitas observações fora do
abrigo, sendo constatadas, no verão, temperaturas de 49º e no inverno de -
2°5; temperaturas essas impróprias a culturas tropicais, como a do café.
Os meses de verão são: dezembro, janeiro, fevereiro e março e os de in-
verno: junho, julho e agôsto. A parte imediatamente ao norte da avenida
Paulista, a mais populosa da cidade, é a mais quente, principalmente no in-
verno.
A Cantareira é a região mais fria em virtude da floresta e por ser a mais
elevada. As máximas absolutas correspondem ao domínio dos ventos N., NW. e
NE., e as mínimas, aos regimes de calma que sucedem aos sopros de S. e SE.
Em seguida, o Prof. Ari França projetou uma carta isotérmica assinalando
as áreas do predomínio das diversas temperaturas. A área de temperatura mais
baixa abrange os subúrbios meridionais até Santo Amaro e as escarpas da
Cantareira.
O gráfico dos normais do Instituto Astronômico Geofísico põe em evidência
os ventos dominantes da cidade de São Paulo; são os ventos de sul, leste e su-
deste. O vento de NW é o mais forte, tendo uma velocidade de até 64 quilô-
metros por hora; atinge 10 a 20% de freqüência no verão e 10% no inverno e
outono. O vento de SE é marítimo e durante o ano excede 30 % , sendo mais
freqüente no verão. As calmas têm percentagem elevada e ocorrem, principal-
mente, à noite .
. O gráfico baseado em Belfort de Matos (1902-1921) não apresenta o pre-
domínio dos ventos S., SE. e E.; ao contrário, mostra-os sobrepujados pelo
vento de NE. Isso se dá talvez por não terem sido feitas, então, observações
à noite. Nesse mesmo gráfico, as calmas aparecem com freqüência pequena.
As observações sôbre os ventos de NW., são precárias pois era difícil re-
gistrá-las.
Referindo-se em seguida às chuvas, o Prof. Ari França projetou uma carta
das iso)>rietas da cidade de São Paulo. A faixa inferior a 1 300 milímetros atra-
vessa a parte meridional da cidade e a faixa de 1 500 milímetros passa pela
Cantareira. Próximo a Cubatão passa a curva de 4 000 milímetros. Do sul da
cidade de São Paulo até a região das reprêsas de Santo Amaro, encontram-se
zonas mais sêcas; as maiores pluviosidades são registradas nas zonas N. e S.
da cidade. Na serra do Mar as chuvas são constantes; são trazidas pelos ven-
tos marítimos, os quais atravessando em seguida a bacia de São Paulo vão
descarregar a sua umidade na Cantareira.
Na serra da Cantareira e no Hôrto Florestal a pluviosidade média é superior
a 1 500 milímetros e no centro da cidade, é de 1 300 milímetros.
Fazendo-se o gráfico da distribuição anual das chuvas obtém-se uma curva
que revela perturbações nos meses de abril e maio. Em janeiro observa-se a
máxima e a curva desce regularmente até abril e maio quando se dá uma as-
censã.o da pluviosidade para cair bastante em julho e, a partir de julho começa
a subir com rapidez e desuniformemente.
Lucas Junot estudando a pluviosidade da cidade de São Paulo verificou
que ocorreram períodos secos entre os anos de 1913-1921. A mesma coisa po-
de-se observar para os anos de 1932-1944, mas as observações da Estação da
Luz são irregulares neste último período. '
Na cidade de São Paulo chove geralmente entre 100 e 120 dias por ano,
nos anos de maior pluviosidade chega a chover até 154 dias. O Instituto As-
tronômico Geofísico considera os dias de orvalho como dias de uluviosidade re-
gistrando assim 250 a 280 dias de chuva por ano. Em janeiro e fevereiro, meses
dt' maiores chuvas, a ca1;ga máxima diária atingiu 138 milímetros. Na Canta-
rem1. tem se registrado até 158 milímetros diários.
62 BOLETIM GEOGRAFICO

Na cidade de São Paulo há três áreas climáticas distintas. A primeira es-


tende-se do norte da avenida Paulista às margens do Tietê. É a mais quente
das partes da cidade de São Paulo, mas também a menos conhecida climàti-
camente, apesar de ser a de maior concentração humana. A segunda, é a zona
Norte da cidade; região montanhosa, fria e úmida, onde se localizaram
sanatórios, hotéis de veraneio, residências e chácaras. A terceira, é a zona sul
da cidade, com temperaturas variáveis, tempo instável e menos chuvoso e
ventos fortes.
Do início dêste século aos dias de hoje verificou-se um aumento da tempe-
ratura, estimado em sete décimos de grau. O período sêco também se acentuou.
Os dados registrados na Estação da Luz, de acôrdo com Setzer, entre os anos
de 1888 a 1920 e entre de 1921 e 1943, demonstram que a pluviosidade não se
modificou na primavera e que no verão aumentou de 13 milímetros a mesma
coisa tendo ocorrido no outono e no inverno diminuiu de 18 milímetros.
Cóncluindo, o Prof. Ari França disse que o clima ameno da cidade de
São Paulo, ligado a outros fatôres, explica a escolha do local da cidade, bem
como a preferência do elemento estrangeiro e a localização das atividades
humanas, as quais aproveitam a água sempre abundante, em virtude da grande
pluviosidade, para movimentar as turbinas de Cubatão e as indústrias do
planalto. A seguir, disse que está ainda realizando pesquisas sôbre os tipos de
tempo da cidade de São Paulo e que mais tarde poderá talvez dar uma con-
clusão mais precisa sôbre os mesmos.
Abertos os debates, o Eng. 0 Sílvio Fróis Abreu explicou que a serra de Ja-
raguá, sendo algonquiano da série de São Roque, deve ser considerada como ra-
mificação da serra de Paranapiacaba e não da Mantiqueira. A chamada serra
de Jaraguá é um espinhaço que resistiu à erosão. Tendo o Eng.° Fábio de Macedo
Soares indagado onde começa a serra da Mantiqueira, o Eng.° Fróis Abreu res-
pondeu que ela se inicia talvez em Jundiaí.
Respondendo a uma pergunta do Prof. José Veríssimo, o Prof. Ari França
disse que o clima foi um dos principais fatôres na localização da cidade de São
Paulo. Fernão Cardim chegou a compará-lo ao de Espanha e disse que o mes-
mo atraía o colonizador. Vários autores comparam o clima da cidade de São
Paulo, ao das regiões temperadas européias. O Prof. José Veríssimo dlscordou
do Prof. França dizendo que o clima pode ter influído no desenvolvimento da
cidade mas não na localizaç'ão. Fernão Cardim e Anchieta referem-se à co-
lonização de São Paulo depois da fundação do Colégio dos Jesuítas. Os jesuítas
escolheram o planalto para localização do Colégio por estar o gentio apavorado
com a abertura da picada, que passava por Cubatão, destinada a pôr em co-
municação os homens do interior com os do litoral. O clima não influiu assim
na escolha do local do Colégio. O Prof. Ari França explicou que Santos e São
Vicente despovoaram-se desde cedo em favor do planalto de clima ameno.
Santo André cedeu também lugar ao núcleo em tôrno do Colégio. O Prof. José
Veríssimo foi ainda de opinião que a topografia de São Paulo em relação ao
vale do Tietê e Paraíba deveria ter sido fator mais decisivo que o clima na loca-
lização e desenvolvimento da cidade.
O Eng. 0 Junqueira Schmidt lembrou que o clima de São Paulo é considerado
um dos piores do Brasil pela grande variabilidade, o que o torna propício a várias
doenças. Em seguida, disse que o estudo do clima é atualmente mais interes-
sante devido às cartas sinóticas. No estudo do clima de uma regiã.o é preciso
ver o relêvo. As massas de ar indo de encontro ao relêvo tornam a região bas-
tante chuvosa.
No planalto paulista há dois degraus - o primeiro é a serra do Mar,
orientada de NE para SW, e o segundo a serra da Cantareira e entre os dois
está a bacia de São Paulo. No inverno, a massa de ar frio vinda do sul encon-
tra a curvatura do primeiro degrau onde condensa, tornando a região bastante
chuvosa, em seguida, a massa de ar passa pela bacia de São Paulo indo des-
carregar a umidade no segundo degrau, 2.ª zona de grande pluviosidade. No
verão a chuva do interior trazida pelo vento norte, com fortes trovoadas. No
inverno e no verão a bacia de São Paulo recebe assim muito menos chuva
que as encos.tas.
TERT'O'LIAS GEOGRÁFICAS SEMANAIS 63

Sendo interrogado, o Dr. Adalberto Serra disse achar que em São Paulo
a condensação da umidade é devida à curvatura da costa. Partindo do Re-
côncavo da Bahia, onde se inicia a curvatura da costa, observam-se de NE
para SW centros de alta pressão. Quando se dá uma perturbação no sul modi-
fica-se a situação da circulação dos ventos quentes de NE, êstes sobem dando
lugar a uma frente mais fria. O campo é anticiclônico enquanto não se ob-
serva a influência da massa de ar frio vinda da Argentina. Quando esta chega
•tabelece-se em São Paulo uma outra frente - a dos ventos frios de SE.
Nos meses quentes os ventos de NE sofrem uma ação brusca dos ventos frios
de SE, acarretando as chuvas frias e temperaturas baixas. Isso se observa con-
tinuamente em São Paulo devido ao desvio do litoral.
O Prof. Junqueira Schmidt esclareceu que as cartas sinóticas não são más
e que as observações climatológicas podem ainda ser completadas por diversos
aparelhos.
O Prof. José Veríssimo lembrou que seria interessante verificar qual a
ação da serra de Jaraguá na condensação das chuvas, na temperatura, pres-
são, etc.
O Dr. Serra foi de opinião que o clima pouco depende do relêvo e das
matas estando ligado sobretudo às massas de ar quente e frio. Tendo o Eng.º
Fábio de Macedo Soares indagado se. a intensificação da estação sêca em São
Paulo não era devida ao desflorestamento, o Dr. Serra respondeu que "nem
tanto".
O Eng.o Junqueira Schmidt explicou que nas regiões montanhosas as chu-
vas de verão e de inverno são muito freqüentes em virtude da combinação do
relêvo com a circulação atmosférica. Em seguida, disse que seria interessante
fazer em São Paulo a correlação das variações bruscas de temperatura com o
número de doenças por elas provocadas.
O Prof. Francis Ruellan colaborando com o que dissera o Eng.O Fábio de
Macedo Soares sôbre a 100.ª tertúlia, disse que a mesma foi feita por um
paulista o que prova que há em São Paulo grande simpatia pelas atividades
geográficas do Rio. Continuando, disse que teria prazer em ler a tese do Prof.
Ari França sôbre o clima de São Paulo.
Quanto ao emprêgo da expressão "clima equatorial" para designar o cli-
ma de baixada não é muito indicado. O clima equatorial é bem definido, não
é o mesmo que clima tropical litorâneo, tendo um regime particular de chuvas.
O clima da cidade de São Paulo é tropical temperado pela altitude, tendo
duas estações bem marcadas, e não se deve confundi-lo com o clima temperado.
É um clima caracteristicamente tropical pois o inverno é sêco, sendo o mês mais
frio julho, e o verão é úmido, sendo o mês mais quente dezembro. Lembra
um clima de monção de influência mantida no inverno e aumento do vento
NW no verão. A monção de verão é pequena mas existe.
Em Goiás, a NW, observa-se uma monção de verão bastante forte que se
atenua para o sul.
O regime de vento S. no inverno, é característico da monção de inverno.
Observa-se em São Paulo a ação do relêvo. Isso não explica o clima mas
produz anomalias no local. As tempestades da. tarde são devidas muitas vê-
zes ao regime de convexão em relação, ao relêvo. Do mesmo modo, a pequena
wrudade relativa entre a serra do Mar e a serra de Jaraguá é devida a um
efeito do fohn atrás da serra do Mar. As alturas fornecidas da pluviosidade nos
maciços, são as médias. Seria bom organizar nos diversos pontos da serra da
Cantareira e do Jaraguá postos meteorológicos para saber em que momento
e em que local a pluviosidade atinge a máxima.
Quanto à serra de Jaraguá, é preferível guardar reservas. Os sanatórios
e residências de verão aí, dão a impressão de ser esta a zona de melhor clima,
mas o lugar não é dos mais secos, pelo contrário.
Finalmente, o Prof. Ruellan disse que calculou, com os dados fornecidos
pelo orador, o índice de umidade, sendo o mesmo igual a 13 no mês de julho.
Há assim, em São Paulo, uma estação sêca (inverno) e outra úmida, caracterís-
tica de clima tropical.
Em seguida, o Eng.° Fábio de Macedo Soares Guimarães encerrou a
sessão.
64 BOLETIM GEOGRAFICO

CENTÉSIMA PRIMEIRA TERTÚLIA, REALIZADA EM 13 DE MARÇO DE 1945


CONTINUAÇÃO DA APRESENTAÇÃO DO RELATóRIO GERAL DA EXCURSAv AO PARANA E
SANTA CATARINA. VIAGEM LARANJEIRAS-FOZ DO IGUAÇU, PELA PROF.a LUC! OUIMA-
RAES DE ABREU - LARANJEIRAS - CASCAVEL - FOZ DO IGUAÇU - RIO PARANA
QUEDAS DE SANTA MARIA - O PORTO PARAGUAIO PRESIDENTE FRANCO. DEBATES
SOBRE FAXINAIS E CATANDUVAS. COMENTARIOS PELO PROF. FRANCIS RUELLAN SO-
BRE O PAPEL DA ESTRUTURA E DA EROSÃO NA GEOMORFOLOGIA DO VALE DO PARANA
E SOBRE O PAPEL DA CIDADE DE IGUAÇU (LARANJEIRAS OU XAGU) NAS COMUNICA-
ÇÕES INTERNAS DO NOVO TERRITóRIO FEDERAL

Presidindo a sessao. o Eng.° Fábio de Macedo Soares Guimarães anunciou a


comunicação da Prof.ª Luci Guimarães de Abreu sôbre a viagem Laranjeiras-
Foz de Iguaçu e visita à Foz do Iguaçu, em continuação à apresentação do rela-
tório geral da excursão ao Paraná e Santa Catarina.
Inicialmente, a Prof.ª Luci de Abreu Guimarães descreveu o trajeto realiza-
do. Seguiram a estrada tronco que parte de Curitiba e ruma pelos sertões ubér-
rimos do oeste, com várias ramificações para o interior do Paraná, e vai até o
extremo oeste, alcançando a cidade de Foz do Iguaçu, na fronteira com o Para-
guai; o quilômetro O corresponde a Curitiba e o 779 a Foz do Iguaçu.
A Prof.ª Eloísa de Carvalho parou sua. descrição quando chegaram à cida-
de de Laranjeiras e a Prof.ª Luci de Abreu continuou a relatar o que observaram
a partir daí, correspondendo aos dias 27, 28 e 29 de janeiro do ano passado.
Laranjeiras é uma cidade que teve como origem um povoado de nacionais
(paulistas) que, aí se estabeleceram em 1854, chamando-lhe entij.o de Malet,
em homenagem ao general do mesmo nome. Desenvolveu-se lentamente à base
da agricultura e da explotação da erva mate, dificultada pela falta de comuni-
cações, e em 1911 passou a ser sede de um distrito de Guarapuava. Mais tarde
passou a se chamar Laranjeiras, e recentemente, Xagu, nome tirado de um
rio próximo da serra. :t!:sse nome da cidade era tão recente que nem figurava
nos mapas e nunca figurará porque deixou de existir. Quando lá estiveram
Laranjeiras pertencia ao município de Guarapuava, e portanto estava dentro
dos limites do Estado do Paraná. Hoje é diferente: pertence ao Território do
· Iguaçu do qual é a capital e chama-se agora Iguaçu. O que se passou foi o
seguinte: pelo decreto-lei de 13 de setembro de 1943, foi desmembrado o oeste
·dos Estaàos de Santa Catarina e do Paraná, formando o Território do
Iguaçu. Ia desde o rio Ivaí até o Uruguai. Possuia cêrca de 60 000 quilô-
metros quadrados e era dividido em 4 municípios: Foz do Iguaçu, Clevelândia,
Xapecó e Mangueirinha, porém, por sugestão do C.N.G. êsses limites foram mo-
dificados pelo Decreto-lei n. 0 6 550, de 31 de maio de 1944 sendo o território
aumentado com um novo município - o de Iguaçu, na capital, antiga vila de La-
ranjeiras. São portanto 5 os municípios e a superfície do Território é de 65 854
quilômetros quaàrados.
A população da cidade é na maior parte de nacionais, tendo recentemente re-
cebido um forte .contingente de poloneses, que vieram formar 2 colônias: Câmpo
Novo e Iagodá. Hoje existe uma Companhia Mercantil Paranaense, que está
adquirindo terras para colonizar. A população se distribuí em pequenos sítios (po-
de-se dizer que há somente 3 grandes fazendas). Vive da lavoura, sendo o milho
o principal produto, mas tem também o feijão, o arroz, a batata. O milho é utili-
zado na alimentação e, principalmente, na criação de porcos, que é bem grande.
Enviam-nos para Ponta Grossa e daí para São Paulo, onde a Companhia Mataraz-
zo, faz a explotação da banha. Há grande falta de legumes, como também de
carne, que está sendo distribuída 2 vêzes por semana.
Possui no entanto, muitas outras atividades como a explotação de ma-
deiras: cedro, imbuia, pinho, que não são exportadas por falta de trans-
porte. Por outro lado, só há serrarias para o trabalho da madeira bruta, não há
industrialização. Há pequenos canaviais, destinados à fabricação de aguar-
dente, sendo muito pequena a de açúcar. Vêem-se plantações de linho cuja
fibra é industrializada ali mesmo. Depois, é revendida para Ponta Grossa e dai
para São Paulo, onde vai para as fábricas.
Notam-se curtumes, sendo o couro dali e das regiões próximas, trabalhado
com casca de angico e aracá, da própria região. Há sapatarias e fabricação
de selas e arreios. Fabricam-se também carroças que são vendidas para outras
regiões.
TERTúLIAS GEOGRAFICAS SEMANAIS 65

A erva mate, nativa da região. era outrora explorada, hoje o preço não
compensa. Nota-se atualmente um grande aumento no custo de vida, por
exemplo, um saco de açúcar de 70 a 80 cruzeiros subiu para 180. Por outro lado
há também uma grànde valoriiação das terras, e estrt modificação será agora
muito maior com a elevação da vila a capital do Território.
As ruas ainda não são calçadas e as casas são inteiramente de madeira,
r&o possuem luz elétrica, a não ser em casos de exceção como no hotel. A água
é geralmente de poço, havendo também uma fonte.
A população é quase na totalidade católica. A população está em franco
crescimento, em virtude do índice de crescimento vegetativo, pois que a imigração,
com exceção das colônias novas é quase inexistente. Naturalmente isso agora
irá se modificar, com a transformação política.
Para a instrução êles dispõem de um grupo escolar e de um colégio primário,
particular. Os estudos secundários têm que ser feitos fora.
Como recursos hospital::.res dispõem de um pôsto público de higiene. Hospital
só há em Guarapuava. Hã muita maleita na região.
O clima é bom. Nem muito sêco nem muito úmido, as estações são bem
marcadas, notando-se bem a sua passagem. As chuvas são abundantes, em ja-
neiro, fevereiro e março, havendo fortes aguaceiros. No inverno chega a nevar
como em 1942, havendo sempre geadas.
Comunicações: está' ligada a Guarapuava e Ponta Grossa pela estrada de
rodagem que é, aliás, mais larga nesse trecho. Mas por causa do solo, com a chu-
va torna-se extraordináriamente lamacenta, dificultando o tráfego. Desde 1942
a linha de ônibus faz o trajeto semanalmente, quando não há lama. No entanto,
a carroça coberta, tão comum nas colônias do sul, continua sendo o meio de trans-
porte usado pelos colonos para vender seus produtos para a cidade e as vilas.
Possuem um campo de aviação utilizado pelos aviões militares, o que possibilita
o transporte aéreo. A cidade tem telégrafo.
Estas notas foram fornecidas pelo Sr. Arival Camarão, do cartório de La-
ranjeiras.
Continuando a viagem em busca de Foz do Iguaçu percorreram uma zona
de vegetação mista, entre a floresta e o campo; neste predominavam samambaias
e vassouras. Atravessaram o rio Xagu, que deu o nome à cidade e depois o
rio das Cobras. Próximo· a êste eneontraram um aldeamento de índios Coroados
(quilômetro 468), com casas de madeira, cercadas de pequenas culturas, orien-
tados pelo Serviço de Proteção ao índio. É interessante notar que as araucá-
rias só apareciam em pequenos grupos. No entanto, mais adiante, no vale do
rio Guarani, reaparecem em grande número associadas à erva mate. Notam-se
pequenas picadas na mata o que indica pontos de explotação da erva. Encon-
tram-se, nessa região, faxinais e catanduvas.
Ao longo da estrada notava-se que a ocupação humana era sempre a
mesma; os sítios aparec<.~·1. distanciados uns dos outros, mas sempre margean-
do a estrada. Uns s80 '~it-:i;; cuidados, com grandes cêrcas, roças de milho e
criação, notando-se ~;",:~. :•r:·c;t.:ena criação de carneiros. Adiante há dois pequenos
povoados, Belarmif.~ e f.,v\:inha e mais adiante ainda outro agrupamento de
casas - Pouso Alegre, com plantação de milho, feijão, e um grande erval.
Notam-se, em seguida, alguns pontos da floresta destruída e substituída por
pequenas culturas de milho e feijão, mas em geral forma-se um bosque secun-
dário, onde predominam fetos arborescentes.
A. seguir passaram pelo rio Adelaide, a 644 metros de altitude e em cujas
margens notam-se alguns terraços. Mais adiante atingiram a região de Catan-
duvas: povoado mais ou menos recente, formado por uma série de casas de
madeira, dispersas ao longo da estr~,da.
Pela estrada afora extensos pmheiraís sfio encontrados, muitas vêzes des-
truídos pelas chamas e substituído:; pvr uma vegetação secundáría: às vêzes
pinheiros mortos elevam-se ac.ima do bosque secundário. Umas du;_.s ou tres
1~<liial'l dispersas marcam os pon Lns da OC"i1!JaGã0 humana.
66 BOLETIM GEOGRAF~CO

Continuando pela estrada, (cuja altitude varia entre 750 e 830 metros), onde
se encontram pequenas culturas, chegaram à vila de Cascavel. É um pequeno
povoado que data de 8 anos, quando José Silveira de Oliveira aí se estabeleceu
com sua família. Hoje é sede de um distrito de Foz de Iguaçu. Tem se desen-
volvido à custa de uma pequena agricultura, de milho, batata, frutas como uva,
ameixa, laranja, banana, pêssego. Há um ano, estabeleceu-se perto daí uma
e,,,,-,,,ia de poloneses: Santa Esperança, onde os habitantes se dedicam à la-
•u· .• t'?. e :; criação de abelhas, aproveitam o mel e fabricam velas de cêra que ser-
ven1 pa;-,:, a iluminação, pois só três casas têm luz elétrica; esta é fornecida
por cataventos.
Não tem criação, o gado é exclusivamente para o necessário: não há açou-
gue, o indivíduo que mata é quem vende.
Para as comunicações possuem essa nova estrada, sendo muito utilizadas as
carroças. Tem um intercâmbio muito grande com Foz de Iguaçu, mas as gran-
des mercadorias e gêneros de primeira necessidade, como fazendas, sal, açúcar,
vêm de Ponta Grossa, o que chega muito encarecido pela distância e dificulda-
de de transporte. Há ainda telégrafo.
É interessante notar que a população ouve falar muito na existência de
cobre, mas diz que êste ainda está sem explotação.
As casas são inteiramente de madeira, como a própria igreja católica. Já
existe aí um grupo escolar.
Continuando a viagem atingiram o espigão com o nome de serra do Boi
Préto, que é o divisor das águas do Iguaçu e dos outros afluentes do Paraná.
A estrada começa aí a descer lentamente e depois do vale do riO Benjamim a
descida começa a se acelerar. Desaparecem os pinheiros e surge um pequeno
povoado recente, Benjamim, com choças cobertas de palha - é o avanço do
povoamento para o oeste. Daí até a cidade de Foz do Iguaçu a estrada se apre-
senta quase deserta. Escurecia muito, e os escursionistas chegaram, finalmen-
te, a F'oz de Iguaçu à meia noite, sendo impossível fazer observações.
Durante todo êsse dia o céu se apresentara nublado, com cúmulos acima do
honzonte e no alto do céu cirros esparsos e informes.
Foz de Iguaçu tem uma situação privilegiada - não só por estar próxima
do ftngulo formado pela confluência do rio Paraná com o Iguaçu como também
por ser limítrofe entre o Brasil, Argentina e Paraguai. Devido a essa localiza-
ção, desde 1769 a região foi lembrada para o estabelecimento de uma povoação
que fôsse a sentinela avançada contra possíveis invasões por fôrças espanholas
(pois ainda era domínio português, e mesmo, porque haveria mais tarde com
a Argentina uma questão de limites). Embora bem amadurecida essa idéia
só foi posta em execução no fim do Império quando foi enviada uma expedi-
ção militar que lá chegou em 22 de novembro de 1889, fundando-se a colônia
militar de Foz de Iguaçu pelo engenheiro José Joaquim Firmino. O local não
estava inteiramente desabitado, pois o relatório oficial dizia ter encontrado
324 pessoas, sendo 188 de nacionalidade paraguaia, 33 argentinos, 5 franceses,
2 uruguaios, 2 espanhóis e 1 inglês. Vê-se que havia necessidade de uma esta-
belecimento brasileiro, dado o número de estrangeiros aí estabelecidos.
Surgia então a vila com uma função militar, de defesa da fronteira, tanto
que as concessões de terras foram feitas aos militares, pois a. vila devia ser orien-
tada nessa função. ·
A colônia progrediu ràpidamente, tomando vulto o comércio com as cida-
des paraguaias e argentinas das margens do Paraná, em conseqüência da sua
posição que trazia uma facilidade de comunicação através do Paraná, pelo qual
se pode chegar até o Atlântico. Esta vantagem que o rio proporciona, mostra
a razão de ser do seu progresso em contraste com as outras colônias fundadas
no município de Guarapuava, que quase nenhum progresso apresentavam pela
causa única de falta de boas comunicações. ·
Tal foi o surto no comércio, principalmente do mate e madeiras que, em
1905. nesse recanto do país, foi instalada uma mesa de rendas e em 1906 era
i.naugurada uma estação telegráfica. Em 1912 essa colônia foi emancipada do
~ünistério da Guerra passando a ser uma povoação civil, sob os cuidados do
TERTúLIAS GEOGRAFICAS SEMANAIS 61

govêrno paranaense. Foi elevada a mumc1p10 em 1914 (14 de março) e em


1917 a comarca. Desenvolveu-se mais ainda com a vinda de colonos do Rio
Grande do Sul. Chegou, finalmente, à condição de cidade em 1918.
Hoje Foz de Iguaçu é a sede do município de Foz de Iguaçu.
Foz de Iguaçu é ainda uma cidade pequena, dependendo muito das reg10es
vizinhas como se verá no decorrer da descrição da vida da cidade. Suas ruas
ainda não são calçadas e possui poucos edifícios apresentáveis como o Hotel
Cassino, a Prefeitura, a Prelazia, a Delegacia e o Quartel e, com pequenas
exceções o resto não passa de casas de madeira cobertas de zinco (como o vice-
consulado argentino), de pequenas casas de tijolo ou de simples barracões.
Assim, Foz de Iguaçu guarda ainda o aspecto de sua antiga função de co-
lônia militar ou de cidade do oeste brasileiro que não podia tirar todo o partido
de sua situação privilegiada. Mas essa situação tende a se modficar muito, pois
que Foz de Iguaçu está numa grande fase de evolução, passando a ter como
função subsidiária - o turismo. A função militar ainda é uma das mais des-
tacadas; está aí acampado o 1.º batalhão da 5.ª Região Militar do Brasil, por
causa de sua posição de cidade limite. A função que vem sendo desenvolvida
para ser cidade-turística, devido a essa mesma posição: não só de limite, mas
também por causa das quedas tanto do Iguaçu como do Paraná. Por causa
disto é que foi construído pelo govêrno o Cassino Hotel dotado de todo confôrto
moderno, que o campo de aviação está em amplo desenvolvimento, com duas
linhas semanais, e se nota uma febre de construções, 3 olarias trabalham, e
procura-se calçar as ruas e dotar a cidade de luz elétrica.
Outro aspecto importante da cidade é seu abastecimento de água e a ilu-
minação.
No 1.º caso é feito em poços (onde a água em geral é boa, mas às vêzes um
pouco salobra) , sendo com raras exceções encanada, como no caso do Cassino
Hotel, do Quartel e do Campo de Aviação. Quanto à iluminação, é por velas ou
lamparinas de querosene e a óleo, do qual tem havido grande falta por causa
da guerra; a cidade está às escuras e, disse Monsenhor que tem faltado óleo
até para o Santíssimo. No entanto há exceções, como no Hotel e no Quartel, em
que há luz própria, com dínamo e motores a óleo. Estão atualmente preparando
a instalação da luz elétrica que deverá ser inaugurada em 19 de abril de 1944.
A superfície do município é de 19 892 quilômetros quadrados e, possui uma
população de 8 000 habitantes. Como cidade de fronteira e de colonização, não
é constituída somente de brasileiros; é composta de cêrca de 25 % de para-
guaios, 10 % de ·argentinos e uma pequena percentagem de holandeses, polone-
ses e alemães, sendo que êsses últimos estavam retirados por motivo de segu-
rança. Continua a ser livre a imigração, mas nota-se que muito poucos querem
ir para a lavoura, os que desejam isso se dirigem para as colônias Sol de Maio
e Santa Helena.
Não encontramos a população localizada em grandes fazendas, há somen-
te sítios ou chácaras de colonos, a maior parte de descendentes de holandeses
e poloneses, que as explotam e abastecem a cidade.
A produção agrícola é quase que exclusivamente de milho, mandioca, la-
ranja e em menor quantidade o feijão. Agora, nas regiões alagadiças, come-
çam a desenvolver a produção do arroz. A lavoura nem dá para o abastecimen-
to da cidade, porque os lavradores desconhecem os métodos modernos de agri-
cultura; esta é feita rudimentarmente e não procuram aumentar a produçiio
agrícola o que é incrementado nas colônias próximas. Muitas vêzes têm de
importar das regiões vizinhas as substâncias alimentares. Com a guerra as di-
ficuldades cresceram; há muita falta de sal, o café está a Cr$ 9,20 o quilo e há
muita falta de açúcar; embora haja muita cana no município não há maquinaria,
e a empregam na fabricação de aguardente, que se torna por isso a principal
indústria Há no momento um decreto obrigando a fabricação do açúcar, uma
vez que é difícil a importação. Por terem passado meses sem açúcar nasceu
uma nova atividade: a criação de abelhas, o que é feito por certos colonos po-
loneses.
A população não se dedica à criação e por isso a carne constitui um grande
problema, a PrPfeitura fracassou na distribuição, só existe de 15 em 15 dias. A
carne de porco é rara também, e mais difícil. é ainda a banha de porco, sendo
68 BOLETIM OEOGRAFICO

o óleo de algodão utilizado na alimentação. o leite é vendido por algttns colonos,


assim como os ovos. Há uma grande escassez de legumes. Existia uma Sociedade
Agrícola que visava melhorar as condições da lavoura e, conseqüentemente, a
alimentação <la região, mas, no momento ela decaíu muito não atingil1do às suas
finalidades.
Ainda continua sendo uma das mais importantes atividades do município a
explotação da erva mate, que chegou mesmo a ser plantada com grandes resul-
tados, pelo Sr. Fulg{~ncio Pereira mas o terreno foi desapropriado para a cons-
trução do campo de aviação. Existe uma companhia explotadora - a Mate
Laranjeiras -·- que embora sendo brasileira, cujos navios são argentino;;; como
também a maior parte dos trabalhadores. Êsses navios compram o mate em
Guaíra, e escoam o produto pàssando por Pórto Mendes e a 156 quilômetros da
Foz de Iguaçu vão ancorar na Argentina, onde é êle industl'ializado. Ê"8es navios
na sua volta trazem o trigo para F'oz de Iguaçu e às vêzes o sal, como atual-
mente. Não há nenhum intercâmbio com o Paraguai.
Assim, t.ambém subsiste a explotação de madeira de lei, vendida para a
Argentina, i:ts vezes a 2 000 cruzeiros a tora. Exportam o . cedro em jangadas
como flutuantes e em cima o ipê, canela, etc. Não há industrialização da
madeira na região, sómente existe uma serraria mas para tábuas de cons-
trução. Fala-se no momento em criar uma companhia de navc·gação, exclu-
sivamente brasileira, para a explotação local.
O corr:.ércio é muito fraco, talvez agora melhore com o transporte. A maioria
das informações referentes à lavoura foram fornecidos pelo senhor Frecterico
Engel, que há 29 anos vive em Foz de Iguaçu, descendente de colonos alemães
que estão no sul do Brasil desde 1863.
Embora com boa situação, F'oz de Iguaçu não tem facilidade de comunicação:
1.0) rião é servida por estradas de ferro; 2.ºl a sua estrada de rodagem, embora
boa, torna-se intransitável, durante as chuvas, não se podendo éstabelecer por
completo o abastecimento, e há dificuldade de transporte de maneira que há
uma única linha de ônibus que vai até lá uma vez por semana, ligando-a a Gua-
rapuava e daí a Curitiba. 3.0 ) via fluvial é a que é utilizada para o abastecimento,
mas além dos navios da Cia. Mate Laranjeiras, que vêm tôdas as semana'S; há
um outro sàmente, o "Cruz de Malta", para trazer o que é necessário de São
Paulo, inclusive a gasolina, que vem pela Sorocabana até Pôrto Presidente
Epitácio e daí por navios até Foz de Iguaçu. Agora muita coisa vem da Argen-
tina como graxa, comestível para o gado e sal, pela Mate Laranjeira; 4. 0 ) há ainda
- o transporte aéreo - o campo de aviação foi construído há dois anos e
pertence ao parque nacional do Govêrno para atender à nova função da cidade
- de turismo, e com isso facilitar o transporte. E' servido por duas linhas
aéreas - a Panair do Brasil que vem aos domingos, e parte às 2.ª feiras e a
Pan-American Airways, que vem às 4.as feiras. Leva 4 horas e meia até curitiba
e tem linhas diretas com o Rio de Janeiro e São Paulo. Serve somente para
passageiros turistas, uma vez que sai muito caro e não seria usado por qualquer
um, ou também para pequenas bagagens e correspondência. Há também a aviação
militar, o Correio Aéreo Militar.
Como meio de transporte do pensamento há uma estação de rádio-telegrafia,
porém a cidade não possui telefone.
Além da estrada que liga a cidade de Foz de Iguaçu a Guarapuava há uma
outra que a liga aos saltos do Iguaçu, - é a 27 quilômetros depois da cidade e é
conservada pela municipalidade.
Quanto à educação, não está inteiramente descuidada pois há no Território
14 escolas públicas e 8 escolas rurais municipais.
Para socorros médicos, possui a cidade uma farmácia, 2 médicos, fora os
militares, um Pôsto de Profilaxia do Estado, que data de pouco tempo e outro do
1. Batalhão de Infantaria, Hospital de Assistência Sanitária de Mons. Guilherme,
0

e em constru<:ão um grande hospital.


A maiona da população é católica e para tal há a igreja matriz de São João
Batista, :-endo construída em substituição à antiga capelinha que foi incendiada
pelas tropas ele Isidoro Lopes e Carlos Prestes em 1924 Há no entanto uma
pequena capela protestante, cujo número de fiéis e;;tá crescendo, e segundo
M:or.s. Napoleão é devido à influência de norte-americanos, como também acon ..
tect: no Puraguai .
TERTÚLIAS GEOORAFICAS SEMANAIS 69

E' interessante notar que a única carpintaria da região está construindo


unicamente bancos para a igreja.
Há poucas doenças endêmicas. A malária é trazida por indivíduos que vêni
de outras regiões, como dos pantanais de Mato Grosso, ou que vivem muito
próximo ao no, sujeito às enchentes, e com má alimentação.
As chuvas são muito irregulares, maiores em junho. No verão há aguaceiros,
porém rápidos que no ano passado muito prejudicaram a lavoura.
Nos meses mais quentes a temperatura é de 34 a 35º em média; são raros os
dias em que a temperatura sobe a 40°, como no dia em que lá estêve •a
caravana, dando em conseqüência uma temperatura muito desagradável, pois
além de tudo possui uma alta taxa de umidade. O inverno é muito frio, chegando
a 2°, com geadas prejudicando as árvores como em 1943. Os ventos dominantes
são os de N e S.
O rio Paraná, corre.em Foz de Iguaçu na direção de N-S com largura média
de 400 metros. É um rio barrento, que corre sôbre um leito rochoso de diábase, com
uma profundidade em média de 20 metros. Desde Pôrto Mendes, torna-se nave-
gavél; daí servir como via de navegação a Foz de Iguaçu. E' no entanto um
rio traiçoeiro, pois apresenta muitos rodamoinhos.
De Foz de· Iguaçu, olhando-se para a margem paraguaia, notam-se diversos
níveis ou terraços, sendo mais nítidos os dois que são ocupados pelas habitações,
como no Brasil, onde é nos terraços que se encontram as habitações e as
culturas.
Os diferentes terraços marcam um aprofundamento do rio Paraná, não
acompanhado por seus afluentes e está se processando ainda o reajustamento
dêsses afluentes, que se lançam no Paraná, por quedas d'água. Logo após a água,
e:ncontra-se uma banqueta de areia, a 5 metros do nível do rio, numa altura de
78 metros (aneróide), onde se nota um exemplo de estratificação entrecruzada.
Essa banqueta é utilizada como pôrto em Foz de Iguaçu, onde aportam os navios
da Cia . Ma te Laranjeiras.
Depois de percorrerem a região e de terem um conhecimento relativo da
cidade visitaram as quedas do rio Iguaçu. Estas ficam a 27 quilômetros da
cidade e são ligadas por uma estrada, conservada pela municipalidade como
foi dito. Antes, pararam no Parque Nacional de Foz de Iguaçu que centralizará
as atividades turísticas e assegurará à região uma boa reserva florestal. Ligado
a êle está o Hotel Cassino assim como o campo de aviação. Está agora em
construção o edifício do parque e de um hotel que ficará bem perto das
cataratas. Em construção está também a usina que fornecerá luz elétrica para a
região.
Chegamos finalmente às quedas de Santa Maria ou do Iguaçu, que estão
na fronteira do Brasil com a Argentina. '
Neste local nota-se grande contraste para a Geografia Humana; de um lado,
o argentino, encontra-se um magnifico hotel e também um campo bem prepa-
rado para a visita às quedas, do outro, o brasileiro, está sem o menor sinal da
ocupação. É por isso que o lado argentino era muito conhecido, muita gente
visitava a região sem todavia conhecer a parte brasileira, e agora o govêrno
brasileiro, .com a· construção do Parque Nacional, procura desenvolver o lado
brasileiro, construir também um hotel, de maneira a desenvolver o turismo na
região.
A queda é de grande beleza, sendo ainda mais na época do verão, isto é,
em janeiro e fevereiro mas infelizmente é prejudicado pelo rigor climático.
As quedas se decompõem em dois andares, que correspondem a dois níveis
de erosão estruturais, dois derrames de diabásio. O leito superior talvez seja
menos resistente que o inferior, e em conseqüência, a cachoeira vai caminhando
para montante.
A montante das quedas vão se acumulando aluviões arenosos de 3 metros
acima do nível do rio, talvez correspondendo ao nível do rio nas enchentes.
Observam-se caneluras no alto do paredão rochoso, onde se preoipítam as águas,
o que mostra talvez o maior desgaste nas linhas de menor resistência. Entre
as rochas que formam a catarata notam-se diabásios e basaltos porfíricos, com
intrusões de quartzo.
70 BOLETIM GEOGRAFICO

• • i

As quedas do Iguaçu ou de Santa Maria, de 70 metros de altura, maior que


Niagara, têm grande fôrça hidráulica, mas estão sem explotação, porque não
foi aceita a proposta do govêrno argentino para o aproveitamento hidroelétrico
das quedas, por ser na fronteira; havendo uma questão de condomínio.
Deixando as quedas, foram até o local em que se dá a confluência do rio
Iguaçu com o Paraná; ponto de encontro de 3 países: Brasil, Argentina e
Paraguai. Estiveram junto ao marco brasileiro, que está a 187 metros de altitude.
Nota-se aí um forte aproveitamento dos rios, onde se podem distínguir vários
terraços, como verificaram na mesma manhã.
· Na tarde do dia 29 atravessaram o rio Paraná, com o auxílio do capitão do
Pôrto Narciso Caldeira e visitaram o pôrto Presidente Franco, no Paraguai.
Encontraram uma grande pobreza; havia uma série de casas de madeira,
dispersas, sem uma diretriz, muitas cobertas de zinco. É um pôrto fluvial que vive
especialmente de exportação da madeira para a Argentina. Embora a madeira
seja abundante e de valor, não podem tirar o lucro necessário, uma vez que
não dispõem de transporte. Vivem passando grandes necessidades, tendo como
agricultura principal o milho, pouca coisa mais existe, mesmo por que a terra
não dá. Há grande falta de recursos, estão muito afastados de outros centros
melhores e então recorrem ao Brasil para tudo que necessitam, inclusive para
tomar uma injeção; pois todos os recursos hospitalares recebem do Brasil, até
o quinino, contra a malária, que é muito comum. É muito comum atravessarem'
a fronteira, para virem trabalhar no Brasil, como domésticas ou na agricultura.
Basta para isso recordar a estatística da população que é de 25 % de paraguaios.
Há uma queixa geral contra essa população (mestiça de índio, falando mais o
guarani que o espanhol) de que sejam indolentes; se num dia e têm para comer,
nesse dia não trabalham.
A noite o clube Oeste-Paraná (nome antigo) deu uma festa, à qual compare•
ceram os excursionistas. Era uma casa de madeira. Nela se podia notar a grande
influência paraguaia, não só na orquestra como também na música.
Uma coisa interessante a notar é que a Foz de Iguaçu como quase todo o
Território do Iguaçu se acha colocado no fuso de 4 horas em relação a Greenwich.
No entanto é adotado no Brasil a divisão em fusos obedecendo os limites do
Estado e como a maior parte do Paraná está no fuso 3, êsse se estendia para
tôda região. É possível que agora com a criação do Território a hora legal seja
atrasada em relação ao Paraná. É por essa razão que em Foz de Iguaçu anoitecia
tão tarde ...
Em conclusão, pode-se dizer que Foz de Iguaçu tende a se desenvolver como
cidade-fronteira e principalmente como cidade-turismo, em virtude das belíssimas
cachoeiras dos rios Iguaçu e Paraná, tendo sido mesmo criado para êsse fim o
Parque Nacional de Foz de Iguaçu.
~m seguida foram projetados mapas e fotografias sôbre os diversos aspectos
da região visitada.
Estando presente o. Dr. Hermínio de Brito Conde, do Ministério da Edu-
cação e Saúde, o Prof. José Veríssimo informou-lhe que em Foz de Iguaçu
há urgente necessidade de medicamentos para os brasileiros aí domiciliados
como para os paraguaios que recorrem ao Pôsto Médico dessa cidade. Em seguida,
a Prof.ª Luci de Abreu lembrou que o oficial do Pôsto de Saúde pediu que fôsse
divulgada a grande falta de recursos médicos da região. O Dr. Hermínio de Brito
Conde observou que de acôrdo com a organização do Ministério da Educação e
Saúde, os Estados e Territórios possuem postos de higiene que centralizam as
solicitações do material necessário às diferentes regiões. É verdade que h.avia
dificuldade de transporte dos medicamentos de Curitiba para Foz de Iguaçu mas,
a criação do Território de Iguaçu resolveu em grande parte essa dificuldade.
Iniciados os debates, o Prof. José Veríssimo disse achar que a cidade de
Laranjeiras não seria a antiga colônia Malet. Respondeu a Srta. Luci de Abreu
que fizera afirmativa baseando-se nos dados fornecidos. Os paulistas estabele-
cendo-se na região deram-lhe o nome de colônia Malet.
Abordando outra questão, o Sr. Miguel Alves de Lima indagou até que
ponto as enorme~ variações do rio Paraná poderiam ter influído na formação
dos terraços junto ao rio. Os dados sôbre o regime do rio são muito irregulares e,
as sondagens não podem ser levadas em consideração pois a forte correnteza
das águas desloca com facilidade as sondas.
TERTÚLIAS GEOGRAFICAS SEMANAIS '11

O Eng.° Fábio de Macedo Soares pediu informações sôbre "catanduvas e


faxinais". A seguir disse que para alguns autores faxina! é uma vegetação mista
de pinheiros e vegetação tropical e, para outros, é vegetação campestre. O Prof.
José Veríssimo observou que indagara no Paraná várias vêzes sôbre o que
seriam catanduvas e fa:x:inais mas que ninguém soubera informar com precisão.
Parece que o faxina! resulta da derrubada ou queimada de formação campestre
em solo estéril e em zonas próximas a pinheirais.
O Sr. Esperidião Faissol lembrou que no município de Jacupiranga, na região
da Ribeira, dizem que o faxina! é composto, em grande parte, de erva-mate e
pinheiros e dividem-no em três tipos: grande, médio e pequeno.
A Srta. Mariam Tiomno disse que, segundo informações, faxina! e catanduva
seriam associações vegetais intermediárias entre a floresta de araucária e o
campo. Esclareceu o Prof. Lindalvo Bezerra que para Alberto Sampaio, faxinais
são zonas de transição da floresta de araucária para floresta de encosta e, para
o padre Panwells, são vegetais pobres, de tronco fino e quebradiço; êsse tipo
de vegetação seria a transição da mata de araucária para o campo.
O Prof. Veríssimo explicou ql,le é difícil distinguir catanduva! de faxina!. Em
seguida leu a referência que Gonzaga de Campos faz aos faxinais e catanduvas
no seu artigo publicado no Boletim n. 0 9 do C.N.G.
Tomando a palavra, o Prof. Francis Ruellan referiu-se à tertúlia dizendo que
a mesma fôra excelente. A região abordada apresenta problemas sobretudo de
Geografia Humana. Do ponto de vista da vegetação, é uma zona de passagem
da floresta de pinheiros para a floresta tropical baixa.
De Laranjeiras para Foz de Iguaçu caminha-se para o fundo da "aug; allu-
viale" da bacia do Paraná o qual forma um verdadeiro fundo de sinclinal. Os
espigões E-W que descem de 850 para cêrca .de 500 a 600 metros, assinalam
o perfil transversal da sinclinal. O vale é mais profundo porque a erosão do
rio Paraná e afluentes é violenta e formou um certo número de degrau e pata-
mares. A descida não é regular, em certos trechos faz-se em degraus e noutros
bruscamente.
Quanto aos terraços, estão em relação com o regime do rio e do Oceano
Atlântico. O Paraná não é um rio interior, pois está próximo do estuário do
Prata, cujas variações do nível de base exerceram uma influência direta sôbre
o perfil do rio. O Paraná forma grandes cachoeiras em Guaíra e em seguida
se encaixa nos diabásios. Os níveis de terraços apresentam-se numa altura de
20, 50, 60, .70 e 80 metros e, nota-se uma grande coincidência entre êsses níveis
e os do litoral. 1:sses níveis são devidos a uni enorme aprofundamento do rio
Paraná. O rio corre de início sôbre uma espécie de mesa e, em seguida começa
a aprofundar-se. por erosão regressiva. Aproveita tôdas as chanfraduras e diá-
clases do rebordo rochoso para aspirar a água da montante. A erosão remon-
tante não se processa na mesma distância no rio Iguaçu e no rio Paraná. O
Paraná, em razão de seu maior débito, escavou seu leito mais para montante.
A erosão é proporcional à fôrça de cada rio. Observa-se no rio Paraná um certo
número de aprofundamentos que repercutiam de jusante para montante formando
· degraus, os quais nem sempre são estruturais.
No aprofundamento é preciso ver o regime do rio, pois o Paraná constitui um
belo exemplo de rio tropical. O valor das máximas de chuvas varia considerà-
velmente. •
Tendo o rio cavado um leito profundo e relativamente estreito não há espaço
para conter a água vinda de montante. A variação do nível· das águas do rio
é enorme, mas dura pouco tempo.
Uma parte navegável do rio Paraná se encontra no Brasil. O início navegá-
vel do Paraná está na fronteira do Brasil com o Paraguai e é utilizado de Pôrto
Mendes a Foz de Iguaçu para o comércio interno.
O govêrno do Território de Iguaçu achava-se isolado em Foz de Iguaçu e
daí ter-se mudado para Laranjeiras. Um govêrno militar não pode depender
unicamente de um rio de fronteira, como meio de comunicação. Compreendendo
isso, o govêrno transferiu a capital para o espigão, o qual domina a região e
apresenta grande facilidade de comunicações com o norte e sul do Território
e irradiações para oeste.
72 BOLETIM GEOGRAFICO

Antes âe encerrar a sessão, o Eng.° Fábio de Macedo Soares lembrou que a


idéia do aumento do Território de Iguaçu pela encorporação do municipio de
Laranjeiras nascera no C. N. G. e visava facilitar as comunicações com o
Território. A proporção que se caminha para Foz de Iguaçu, a travessia dos
rios afluentes torna-se mais difícil em virtude do aprofundamento do rio; o
Território estava dividido em duas partes, uma dependia do rio e outra, da
estrada de rodagem. A encorporação de Laranjeiras veio facilitar as comuni-
cações da parte norte com a sul e irradiações.
O govêrno do Território achou acertada a medida do C. N. G. e .transferiu
a capital para Laranjeiras, hoje Iguaçu.

CENTÉSIMA SEGUNDA TERTúLIA, REALIZADA EM 20 DE MARÇO DE 1945


A CIRCULAÇÃO GERAL ATMOSF:ÉRICA DA AM1:RICA DO SUL, PELO DR. ADALBERTO SERRA..
DIFERENÇA DE RADIAÇÃO DO EQUADOR PARA O PóLO. O DESVIO DAS MASSAS DE AR PELA
FORÇA DE CORIOLIS. CENTROS DE ALTA PRESSÃO. A CIRCULAÇAO NO RIO DE JANEIRO.
COMENTARIOS

Presidiu à sessão o Eng.º Fábio de Macedo Soares Guimarães que anunciou a


comunicação do Dr. Adalberto Serra sôbre a circulação atmosférica na Amé-
rica do Sul.
Tomando a palavra, o Dr. Adalberto Serra disse que iria fazer apenas
um esbôço rápido da circulação geral. da América do Sul.
Descrevendo a circulação na Terra, o Dr. Serra considerou a Terra pri-
meiro sem· atmosfera e fixa no espaço; depois, com atmosfera e fixa no es-
paço; em seguida, com atmosfera e dotada do movimento de rotação, e, final-
mente, com a distribuição das terras e mares.
De modo geral, tôda causa de circulação na Terra é devida à radiação solar.
O eixo da Terra tem uma inclinação em relação à eclítica de 23º 27' a qual se
faz sentir na radiação da Terra. A faixa equatorial recebe uma forte radiação
solar. Esta, partindo do equador para o pólo, descreve uma curva que se anula
antes de chegar ao pólo, por ser aí noite durante seis meses. A Terra não recebe
tôda a radiação solar. Pela lei de Stefan o aquecimento é muito menor na
zona polar. Não se poderia equilibrar a radiação das zonas equatorial e polar
se não houvesse atmosfera.
Entre o equador e a latitude de 37º a Terra recebe mais calor do que emite
e, dessa latitude ao pólo a Terra emite mais calor do que recebe. Há assim,
nos equinócios, entre o equador e a latitude de. 37°, um saldo de radiação e entre
a latitude de 37° e o pólo, um deficit. Como há atmosfera pode-se produzir um
novo equilíbrio: a quantidade de calor em excesso na zona equatorial terá a
tendência de caminhar para a zona polar e o ar com deficit de calor caminhará
do pólo para o equador.
10 ar proveniente da zona eqtJ.atorial é mais quente e mais leve que o da zona
polar e portanto caminha por cima e o ar frio que se dirige nara o equador
por baixo.
Até agora a Terra foi considerada como fixa no espaço. A Terra. tendo at-
mosfera e sendo fixa, o equilíbrio se produziria mas ela é dotada de um mo-
vimento de rotação. Éste se faz sentir no movimento das massas de ar de
acôrdo com a fôrça de Coriolis.
Considerando o movimento do ar do equador para o pólo ao longo de uma
trajetória sul-norte é preciso ver a ação da rotação da Terra que se faz
em tôrno do eixo N.-S. com a velocidade de 465 metros por segundo no equador;
e de acôrdo com a lei de conservação do momento angular, o ar em cada
ponto da rotação da Terra caminha com a mesma velocidade do momento
inicial.
No hemisfério norte há uma tendência de giro do ar para a direita e no
hemisfério sul, para a esquerda.
'I'ERT'ú'LIAS GEOGRAFICAS SEMANAIS 73

A circulação inferior (ar frio) é executada do pólo para o equador, como


já foi dito.
No hemisfério sul, o ar se desvia sempre para a esquerda, devido à ação
de rotação da Terra. o ar que sal do pólo não atinge o equador assim como o
que sai do equador não atinge o pólo. Assim, do equador para o pólo o ar sofre
a ação de desvio para a esquerda até um certo ponto em que retorna ao equa-
dor sem atingir o- pólo, em virtude do próprio desvio causado pelo movimento
de rotação da Terra. Observa-se o mesmo com o ar que sai do pólo e se dirige
para o equador. Nessas zonas, equatorial e polar, permanece portanto o dese-
quilíbrio, ficando sempre um acúmulo, dando zonas de alta pressão perto do
pólo e perto do equador, e zonas intermediárias de baixa pressão. Em tôrno
do pólo e do equador, em virtude da fôrça de Coriolis, vão se formando zo-
nas de circulação fixadas.
Em tôrno do equador o ar vai acumulando radiação, dando um excesso de
ar quente, e no pólo, vai perdendo ·radiação, ficando um excesso de. ar frio.
No equador, como o circuito é fechado e a fôrça é constante e esta sempre
crescendo e acumulando radiação, a própria fôrça acaba por romper o circuito.
No pólo, o deficit não compensado também vai aumentando até romper o
circuito. Observa-se então o encontro dessas duas massas, o que constitui uma
compensação. Entretanto êste estado não é permanente, daí o estado do tem-
po não ser também permanente.
Há ainda' outra causa que perturba êsses movimentos de ar: a Terra não
é constituída de um relêvo contínuo. Há as terras e os mares.
Na zona equatorial observa-se maior radiação na terra que no mar, e na
zona polar, dá-se o contrário, a radiação é menor na terra que no mar.
Tôda a zona interior de um continente equatorial comporta-se como um
equador. O mar tem a temperatura mais constante que a terra porque a ca-
pacidade calorífica da água é maior.
Numa superfície uniforme todos os centros de alta pressão estariam colo-
cados ao acaso em tôrno do equador. Entretanto, existe um continente e isso
ocasiona uma fixidez relativa na situação dêsses centros. Na zona equatorial
o mar é a região mais fria e na zona polar, a mais quente. Quanto à pressão e
circulação na América do Sul, é preciso ver o equador e o pólo.
Devem formar-se centros de alta pressão nos oceanos. No oceano Atlântico
haverá um centro de alta pressão e no oceano Pacífico, um outro, mais ou
menos na mesma latitude. São centros fechados, como já foi visto.
Os centros de baixa pressão não são fechados e formam-se nos mares entre
o continente equatorial e as zonas polares.
A pressão decresce do centro para a periféria. Assim, um barômetro, na
ilha de Santa Helena, no oceano Atlântico, marcará 765 milímetros e um
outro, na ilha Páscoa no oceano .Pacífico, marcará 770 mil~metros e, -dessas
regiões para a periferia a pressão vai baixando. .
A região central do continente sul-americano aquece-se muito em vir-
tude da forte radiação solar e nesta zona forma-se um centro de baixa pres-
são. Observam-se centros de alta pressão no Atlântico Norte, no Pacífico Norte e
nos outros oceanos.
O ar caminha segundo a resultante entre o gradiente e a fôrça de Coriolis.
A esquerda desta fôrça de Coriolis forma-se uma nova fôrça de Coriolis, maior
que a primeira. A nova resultante será então a primitiva fôrça. Novas fôrças,
cada vez maiores, vão se formando sempre para a esquerda até que a fôrça de
desvio torna-se perpendicular ao gradiente. A resultal;l.te estará sempre entre o
gradiente e a nova fôrça. '
A América do Su1 recebe ventos provenientes do centro anticiclónico do
oceano Atlântico e os do centro anticiclónico do oceano Pacífico. Os primeiros
são os ventos de SE. E., NE. e NW., e os segundos são os ventos de SE.,
SW. e W.
O vento de SW. é frio e do NE., é quente. Rompido o circuito, o vento de
SW., proveniente do primitivo centro anticiclônico do oceano Pacífico, e o ven-
to de NE., vindo do oceano Atlântico, vão se encontrar no continente sul-ame-
74 BO~ETIM GEOGRAFICO

ricano. A massa de ar mais fria fica em baixo da mais quente e entre as duas
há uma superfície de discontinuidade, chamada frente. Frente é a superfície
que separa o ar frio do ar quente.
Na região sul da América do Sul há a frente polar e na região norte, a
frente inter.tropical.
O encontro da massa de ar frio com a massa de ar quente acarreta per-
turbações.
Continuando, o Dr. Serra fêz um esquema da circulação no Rio de Ja-
neiro.
No Rio está normalmente presente o centro de alta pressão, sendo a circula-
ção normal a de NE, e o tempo bom. Isto se dá após formarem-se regiões de
subsidência - o ar que desce vai se aquecendo, e conseqüentemente se afas-
tando . do ponto de saturação, ficando assim mais sêco. Predomina então o
vento de NE, com ar sêco e tempo limpo. No entanto, após 5 a 10 dias sem
chuva, a radiação torna-se cada vez mais forte e na zona polar o deficit de
calor vai também aumentando. Rompido o circuito a frente fria circula e atin-
ge o Rio e o ar quente compelido pelo vento frio começa a subir. Ao subir,
aquêle sofre uma descompressão e vai se esfriando. No momento que atinge
a tensão máxima do vapor dá-se a condensação. O Rio passa então por um
período frio, úmido e de. chuvas; domina o vento SW e o céu está encoberto.
A medida que o ar quente vai subindo e se esfriando formam-se nuvens
sendo as mais baixas, nimbos, as mais altas alto-estratos e mais altas ainda,
cirros (agulhas de gêlo) .
A frente fria depois de passar pelo Rio continua a caminhar para o norte,
e passa por Vitória, onde o fato se repetirá. A perturbação aca;ba, entretanto,
por perder sua fôrça ao atingir a zona equatorial. No entanto, ao sul, por ex. na
Argentina, recomeça uma nova perfarbação. No Rio estará novamente presente
o centro de alta pressão e haverá um periodo sem chuva com vento de NE e céu
limpo até que aí chegue a segunda perturbação.
•••
Dando início aos debates o Eng.° Fábio de Macedo Soares Guimarãés cum-
primentou o Dr. Adalberto Serra pela excelente tertúlia e disse que os climato-
logistas têm necessidade das noções fornecidas pelo mesmo.
O Dr. Junqueira Schmidt referiu-se à tertúlia dizendo que o Dr. Serra
fizera uma belíssima síntese de meteorologia, mas é preciso considerar o re-
lêvo, pois as frentes comportam-se em função do relêvo de forma diferente.
Em seguida, pediu ao Dr. Serra para fazer uma outra tertúlia sôbre a
circulação atmosférica em relação ao relêvo. O Dr. Ad~lberto Serra prometeu
então fazer uma nova tertúlia em abril.
Tendo o Prof. Pedro Geiger perguntado se entre os dois centros de alta
pressão no hemisfério norte e no hemisfério sul não haveria uma zona de
baixa pressão, o Dr. Serra respondeu que há. · ·
Perguntou ainda o Prof. Geiger se a posição dos centros de alta pressão não
varia cq_m as estações do ano; e se a frente polar além da marcha do pólo
para o equador, não tem outro movimento devido ao deslocamento do equador
térmico. Respondeu o Dr. Serra que em relação às estações, a frente. tropical
está mais ao sul em março e mais ao norte em setembro.
O Prof. José Veríssimo após exprimir sua satisfação em ter ouvido o Dr.
Serra, perguntou se o mesmo poderia resumir para o Boletim do C. N. G., o que
dissera nesta tertúlia e o que dirá na próxima, a fim de que os professôres de
geografia do interior possam estar ao par do assunto tratado. Prometeu o Dr.
Serra rever as notas tomadas na prel?ente tertúlia e completá-las.
Indagou o Prof. Ari França se nas cartas de tempo do serviço de meteoro-
logia há elementos para o traçado das frentes. Respondeu o conferencista que
os elementos (variações simultâneas de temperatura, umidade e chuva) estão
nas observações e figuram nas cartas.
Antes de passar a palavra ao Prof. Francis Ruellan, o Eng.° Fábio de Ma-
cedo Soares Guimarães cumprimentou os chefes do serviço de meteorologia
da Panair e da Cruzeiro do Sul, que estavam presentes à reunião.
TERT'ú'LIAS OEOORAFICAS, SEMANAIS '15

Tomando a palavra, o Prof. Ruellan disse que quase nada havia a acres-
centar ao que dissera o Dr. Serra, com maito método e clareza, sôbre as frentes.
Tendo o Dr. Serra explicado o problema da migração das massas de ar
frio do pólo para o equador com muita clareza, o Prof. Ruellan pediu-lhe então
para expor na próxima tertúlia dois problemas, muito importantes do ponto de
vista geográfico: i.º) influência da repartição das terras e mares sôbre os
movimentos das massas de ar na América do Sul; 2.º) influência do relêvo
sôbre o tempo regional e local; o problema do papel das monções· na América
do Sul era também importante. São monções diferentes das da Asia, mas não
são menos certas. Seria interessante confrontar as monções do Brasil com as
da Asia.
, O Dr. Adalberto Serra respondeu que trata de tôdas essas questões em
mn trabalho que se encontra no C. N. G .
Em seguida, foi encerrada a sessão.

CENTÉSIMA TERCEIRA TERTúLIA, REALIZADA EM 27 DE MARÇO DE 1945


APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO GERAL DA EXCURSÃO AO PARANA E SANTA CATARINA:
CURITIBA-PARANAGUA, PELO PROF. ALFREDO DOMINGUES. A BAIXADA - A ESCARPA
- O PLANALTO - O POVOAMENTO. DEBATES SOBRE AS FORMAS DE REL:l!:VO, SOBRE Q.._
POVOAMENTO E IMPORTANCIA ECONOMICA DA REOIAO. INTERPRETAÇÃO GEOMORFO-
LôOICA DO REL:E:VO DA SERRA DO MAR NO PARANA, PELO PROF. FRANCIS RUELLAN

Presidindo à sessão, o Eng.° Fábio de Macedo Soares Guimarães comunicou


a apresentação de mais um trecho do relatório geral da excursão ao Paraná
e Santa Catarina - Compreendido entre Curitiba e Paranaguá, pelo Prof.· Al-
Jlredo José Pôrto Domingues.
Tomando a palavra, o Prof. Alfredo Domingues disse que a região de que
ia tratar compreende o rebordo oriental do planalto do Paraná e abrange, de
um lado uma parte dêste e de outro, a baixada. Atravessaram esta região
duas vêzes fazendo a viagem Curitiba-Paranaguá por estrada de ferro.
Quem examina, de um golpe rápido, a região é levado a dividi-la em três
partes completamente diferentes - a Baixada, a Escarpa e o Planalto .. São
bastante diferentes de qualquer ponto de vista que se examine.
:t!:ste rebordo do Planalto é a serra do Mar, que todos conhecem perfeita-
mente, pois quem se colocasse na Baixada e olhasse o rebordo teria uma im-
pressão idêntica à que teria quando do Rio de Janeiro descortinasse o panorama
da serra do Mar, na direção de Teresópolis. É pois um paredão abrupto que µos
corta a vista, constituindo uma verdadeira barreira.
A Baixada - A planura que se estende aos pés dêste paredão abrupto cons-
titui a Baixada. Esta é uma planície extensa, semeada de colinas, e cortada de
quando em quand9 por rios, que serpenteiam preguiçosamente descrevendo mean-
dros muito fechados e que nela divagam deixando leitos abandonados.
Esta planície cresce devido ao transporte e à deposição dos sedimentos, ten-
dendo o rio alongar-se. Corrobora com êste trabalho a formação de restingas,
que represando faixas de mar posteriormente entulhadas, conquistam extensas
áreas do mar aumentando consideràvelmente a Baixada. É pois de origem
fluvio-marinha a-Baixada, o que é comprovado, aliás, pelos sedimentos·encon-
trados. Tem uma idade muito recente.
Em certas partes desta Baixada, principalmente à beira-mar, surgem amon-
toados de conchas, para os quais se procura uma explicação, e que até hoje muito
se discute; são os sambaquis.
De quando em quando, quebrando a regularidade da planura, surgem as co-
linas, de formas sub-mamelonares, de altitudes constantes e distribuídas segundo
vários níveis, que eonstituem níveis de erosão. Dentre êstes níveis destacam-se os
de: 20, 30 e 60 metros, que constituem verdadeiras ilhas na planície litorânea.
1i:stes diferentes níveis demonstram a variação do nível de base, coisa que se pode
explicar por uma variação relativa do nível do mar, que já foi tão encarada ulti-
mamente com bastante minúcia..
76 BOLETIM GEOORAFICO

Tal é o aspecto que se observa quando se olha de Paranaguá a serra do Mar,


aspecto idêntico ao que se observa nos arredores do Rio de Janeiro quando se
olha a serra do Mar e a Baixada.
Quanto à vegetação, verifica-se na Baixada uma grande variedade: da vege-
tação dos mangues passa-se a uma vegetação xerofítica e em seguida a uma ar-
bustiva de porte mais elevado. A explicação para estas diferenças da vegetação
é encontrada quando no estudo da estrutura do solo. Tem-se para a vegetação
dos mangues um solo em que predominam os sedimentos humosos, e quando a
porcentagem aumenta muito, há a turfa, que existe em grande quantidade não
só aí, mas em tôdas as baixadas. Suas partes também estão sujeitas à ação das
marés, surgem as raízes respiradoras, a vegetação é lenhosa, apresenta um as-
pecto emaranhado; para a vegetação sub-xerófila há um solo arenoso; quando
os sedimentos argilosos aumentam de proporção, surgem os arbustos. Os sedimen.:.
tos arenosos são os responsáveis pelas adaptações xerófilas, pois são muito per-
meáveis; tôda a. água que cai neste solo desaparece em pouco tempo e os vege-
tais possuem adaptações para resistirem durante o período da sêca.
Quanto à vegetação, verifica-se na Baixada uma grande variedade: aquêle
aspecto frondoso, isto porque os vegetais encontram um solo adequado para
se desenvolverem.
A Escarpa - É o paredão abrupto coberto por uma densa vegetação, que se
interpõe entre o Planalto e a Baixada. Constitui o primeiro obstáculo que se
antepõe ao explorador quando de Paranaguá demanda o oeste.
Não tem uma forma linear, mas sim entrecortada, com reentrâncias onde
os rios escavam os seus profundos leitos em V à procura do perfil de equilíbrio.
Aí, devido à grande pluviosidade se assiste à luta secular entre a água e
as rochas; daí saem os sedimentos que irão mais tarde entulhar as baías litorâ-
neas. São detritos de gnaisse e granito, as rochas constituintes da serra. Os rios,
saltando dos diversos patamares, dão origem a cachoeiras, onde se nota a rocha
nua. Foi vista pelos excursionistas uma cachoeira muito grande - a do Véu de
Noiva. Outras vêzes surgem os vales dos rios que cortam a escarpa como verda-
deiros vales suspensos. Alguns dêstes patamares foram medidos; destacam-se os
seguintes: 90, 120 e 140, entre os mais baixos; os altos terraços são os seguintes:
360 a 370, 480, 570, e um mais elevado a 750 metros. Êstes patamares repetem-se na
serra e demonstram serem testemunhos de antigos níveis de erosão. São resul-
tantes de movimentos provàvelmente de ordem eustática que fizeram com que
a costa brasileira variasse como num movimento de ascensão. Êsse movimento
ter-se-ia verificado em diversas épocas,. e teria deixado como testemunhos êstes
patamares, que nada mais são do que antigos vestígios de níveis de base. Tal
movimento ter-se-ia verificado no fim do cretáceo ou no início do terciário e se
pr()longou por todo êste último período.
Pode-se explicar a formação da serra do Mar de várias maneiras:
l.º - semelhante àquela das falésias.
2.0 - como a frente dissecada de um bloco falhado.
3.0 - como uma flexura, tendo sofrido abrasão marinha.
A grande pluviosidade é devida às massas de ar, carregadas de umidade e
impulsionadas para noroeste que encontra êste paredão e provocam a abun-
dante queda de chuva. Por isso, a vegetação assume o aspecto tropical úmido
com as mesmas espécies características que se vê na encosta da serra do Mar,
no Rio de Janeiro. A única diferença que existe é uma substituição progressiva
das árvores tropicais pelas árvores resinosas, isso na sua parte mais elevada. A
explicação que. se pode aventar é que isso se.ia devido a uma latitude mais baixa,
que fêz com que o frio castigasse mais os elementos da flora. Entretanto o as-
pecto geral é o mesmo das outras regiões brasileiras situadas mais ao norte onde
se observa esta vegetação. E' a serra litorânea o domínio próprio da floresta tro-
pical. Êsse aspecto tropical é em grande parte devido à queda de chuvas que
apresentam aproximadamente uma altura igual durante todos. os meses do ano.
A crista dêste paredão abrupto constitui o que se denomina serra do Mar.
Esta serve de divisor entre os rios que correm diretamente para o Atlântico e os
que correm para oeste, isto é, para o interior.
TERTúLIAS GEOGRAFICAS SEMANAIS 77

O Planalto - Após transpor o paredão abrupto, atinge-se uma região plana


cheia de colinas primeiro mais, depois menos elevadas, até que se convertem em
elevações muito suaves, tornando-se cada vez mais raras à proporção que se avança
para Curitiba. O relêvo .então se apresenta com um aspecto monótono; são vales
muito largos de rios que se espraiam preguiçosamente pela semi-planura des-
crevendo meandros. Devido ao relêvo ser de pequena expressão observa-se que
as margens são continuamente alagadas, dando lugar à formação de pequenos
pàntanos. E' uma região de drenagem difícil. Só de quando em quando uma
elevação maior corta a vista, quando se olha para a direção da ·serra do Mar;
são testemunhas de peneplanos antigos dominando a região.
A vegetação logo que se transpõe a serra perde aquêle aspecto tropical que
apresentava na encosta. São regiões de prados onde abuildam as gramíneas; de
quando em quando surgem capoeirões de uma vegetação mais desenvolvida, que
se pode explicar como de\'idos ao solo, pois se desenvolvem em solo oriundo da
decomposição de rochas de natureza diferente das circundantes rochas arquea-
rias. A vegetação desta parte já sofreu uma intensa deflorestação; as florestas
se reduzem a pequenos bosques isolados e não muito ricos, dominados por
araucárias. É de se notar que a influência do clima se faz sentir, o que faz com
que a vegetação apresente um aspecto completamente diferente do da Baixada
e o do Planalto. Verifica-se que chove muito ma!s na Baixada e na serra que
no Planalto. Êste Planalto tem um aspecto diferente, enquanto a Baixada tem
um aspecto igual ao da baixada do Rio de Janeiro. Aí o Planalto tem um
aspecto diferente, caracteristicamente particular.
Sob o ponto de vista humano temos na Baixada o aspecto típico da região
costeira enquanto no Planalto há um aspecto peculiar dado por um elemento
de origem não portuguêsa que empresta à região um facies diferente.
• • •
O povoamento iniciou-se por duas correntes independentes, na Baixada e
no Planalto, sendo que naquele deu-se anteriormente.
O início do povoamento na Baixada se deu pela atração que exerceu nos
portuguêses a mineração. Naturalmente, ao lado dos mineiros aparecem as pe-
quenas lavouras nas margens dos córregos e rios e depois as pequenas indús-
trias que lhes são correlatas como a farinha que supre o local e lugarejos próxi-
mos. A.Ssim se fixou o povoamento e se formaram os primitivos núcleos de po-
pulação.
No Planalto um pouco depois do início do povoamento da Baixada iniciou-se
uma ocupação por uma corrente que segundo contam as crônicas veio de São
Vicente e São Paulo e. era composta de portuguêses e mamelucos, atraídos pela
mineração. Mas é pelo Planalto que se fazem as comunicações entre São Paulo
e o Rio Grande do Sul e pouco depois com o desenvolvimento da pecuária no Rio
Grande do Sul eis as boiadas cortando o Planalto para serem vendidas em São
Paulo. Iniciam-se as primeiras fazendas de engorda nos arredores de Curitiba.
As comunicações devem se estabelecer entre o Planalto e 'a Baixada pelas
picadas abertas na mata da serra do Mar.
Na Baixada se desenvolvem vários povoados, futuras vilas e cidades, que
eram portos de mercadorias que se destinavam ao Planalto.
Paranaguá que teve a sua fa:;e áurea durante a mineração está neste caso,
o seu antigo esplendor é testemunhado pelos imponentes sobradões que aí exis-
tem, pelas igrejas, colégios dos jesuítas e a prisão. Era também o caso de Pôrto
de Cima para onde se transferiam as mercadorias das barcaças que subiam pelo
rio Nundiquara, para alcançar aí as tropas de burros que as transportavam para
o Planalto.
A lavoura avança até proximidades da encosta na Baixada, aproveitando
certamente para isso os sedimentos dos cones aluviais que favoreciam o seu de-
senvolvimento. Criaram-se outros povoados. Incrementou-se por isso a circula-
ção nesta região a quai era feita em barcaças e mais raramente por t.ropas. Mas
como já vimos a circulação era na sua maloria dirigida para o Planaito, com
pontos de parada obrigatória onde se de.seunlveram lugarejos como Pôrto de
Cima. e Morrct!'s.
'18 BOLETIM G~OGRAPICO

Já vai se iniciar a conquista da base da Escarpa, mas a região cai em deca-


dência com a mineração. O Planalto não estava desenvolvido suficientemente
para que o comércio sustentasse a Baixada. A lavoura era, demasiadamente do-
méstica para evitar a decadência. Nos meados do século XIX iniciou-se o afluxo
dos elementos estrangeiros não portuguêses, vindos primeiramente do sul para
se estabelecerem no Planalto. :G:ste estava estacionário, havendo apenas algu-
mas fazendas e uma ou outra roça.
Os novos colonos se estabeleceram nós arredores de Curitiba, então uma
pequena cidade, e, encontrando um clima propício e os campos iniciaram o de-
senvolvimento da região, deixando traços de cultura. Assim vieram primeiro os
ademães de Santa Catarina, depois poloneses, italianos e alguns franceses que
emprestam à paisagem, um aspecto tipicamente europeu.
Em primeiro lugar plantam seus produtos tradicionais, o milho, centeio, ce-
vada, a vinha; sendo que devido às qualidades do solo predominou a cultura do
milho. Devido à ocorrência de madeiras resinosas que se prestam a ser traba-
lhadas, construiram as suas casas de madeira com os telhados típicos em V agu-
do, perto das hortas e culturas que ficam nas encostas dos vales.
O colono ataca a floresta, para a madeira e para o mate, porque não tem
grandes mercados para a lavoura e porque os que estão mais afastados têm difi-
culdades de comunicação devido aos fretes altos.
Curitiba se desenvolve devido a essas atividades; fixa a lavoura, florescem
as colônias agrícolas.
Da explotação da floresta vem a indústria, tornando-se Curitiba a capital
do mate e na cidade e redondezas abundam as serrarias e outras atividades ma-
deireiras. •
Curitiba já é uma cidade, outras indústrias surgem e ela precisa de comu-
nicações abundantes. Assim ao par de seu desenvolvimento ela foi se amarrando
por diversas vias de comunicações. Naturalmente entre as primeiras estradas há
a de rodagem e a de ferro que vai à Baixada. E' a busca de um pôrto e nós ve-
remos destacar-se Paranaguá e Antonina.
Outras cidades que serviam antigamente de pontos intermediários como Mor-
r~tes, receberam o golpe de misericórdia, pois a estrada de ferro atravessa a Bai-
xada pantanosa até os pontos extremos e nestes são construídos os moderno$
cais. Para êstes chegam as toras de pinho, imbuia, madeira beneficiada, a erva-
mate e o café. ,
Assim as perspectivas desta região são as mais promissoras, progride o Pla-
nalto e isto beneficia. a Baixada. Apenas a serra é um hiato na ocupação huma~
na devido ao relêvo e à mata. É apenas cortada pelas estradas onde existem de
vez em quando, uma estação, perto da qual, às vêzes, há algumas casas nas cla-
reiras da floresta.
Na Baixada, o ressurgimento das velhas cidades, Paranaguá e Antonina pôde
melhorar a pequena lavoura aliás, como se pode verificar quando se examinam
os quadros estàtisticos da produção dos municípios. Dêstes destacamos Marretes,
cuja receita em seis anos aumentQu um milhão de cruzeiros. Como noutras re-
giões da Baixada têm desenvolvimento a lavoura de cana e a lavoura de banana.
Já surgem as fábricas de aguardente (Morretes) derivados da cana de açú-
car, e já que falamos em indústria é preciso lembr:ar as fábricas de papel e pa-
pelão, utilizando lírio do vale, muito abundante em tôda a serra.
A pesca também aumenta e, à sua base é possível outra indústria.
Em conclusão, há uma Baixada sedimentar semeada pelos morros cobertos
por uma vegetação variável com o solo, com um traço arbustivo. Aí. como em ou-
tros pontos da costa, formaram-se os primeiros núcleos de povoação onde a pri-
meira atividade foi a mineração, depois se estabeleceram pequenas roças à beira
dos rios, que fixaram o povoamento.
! Limitando a Baixada encontra ..se uma Escarpa cujo principal traço é a mata
densa que a cobre. Esta Escarpa é cortada apenas pelas estradas de rodagem
e de ferro. Só em algumas clareiras surgem· algumas casas perto das estações.
No Planalto, de paisagem de colinas com vales muito largos, a colonização
foi iniciada pouco depois da da Baixada pelos elementos portuguêses; pelo Pla-
nalto estabeleceram-se as comunicações terrestres entre São Paulo e o sul, com
TERT'Ó'LIA,S GEOGRAFICAS SEMANAIS '19

o desenvolvimento da criação no sul, o gado vendido para o norte passava pelo


Planalto paranaense. Iniciaram-se as fazendas de engorda. Mais tarde a colo-
nização de origem não portuguêsa que se incrementou a partir dos meados do
século XIX deu uma nota original que resultou um adensamento da economia.
Contribuiram para a paisagem com a forma das casas, a formação de pequenas
colônias agrícolas dando um tipo de colono. Deram início à indústria madeireira
e à da erva-mate que econômicamente constitui a parte mais importante na ba-
1.ança financeira do Estado.
A custa do progresso do Planalto iniciando as pequenas indústrias, fortale-
cendo a colonização, puderam-se desenvolver cidades e portos como Paranaguá
e Antonina. t:stes portos podem ganhar uma outra função tornando-se centros
de pescaria.
•••
Em seguida, o Prof. Alfredo Domingues ilustrou a exposição com projeções
de esquemas e fotografias.
Na ~aixada pantanosa desenvolve-se a vegetação de mangue, vendo-se tàm,
bém, xer'(>fitas. O solo humoso cede lugar, por passagem gradual, ao so1o are-
noso. ·De.5aparecendo o mangue surgem arbustos.
Em Jacareí cultiva-se cana de açúcar. A casa do pobre é de sapê. Na esta-
ção vêem-se casas de· madeira, sendo esta trazida pela estrada de ferro. A flo-
resta é vista nas encostas.
Em Alexandra, os cones aluviais, de cêrca de 60 metros de altura, são apro-
veitados por culturas de cana.
Aproximando-se de Paranaguá vê-se um nível constante de colinas, tendo
aproximadamente 60 metros de altura.
Em Piraquara, no alto do Planalto, as casas são de madeira. O Planalto,
constituído de sedimentos terciários, mostra-se bem plano até Piraquara, domi-
nando até então os campos e a seguir observa-se a transição para a floresta
tropical e o relêvo é mais acidentado.
Os vales que cortam a Escarpa da serra do Mar são muito abruptos e são
dominados pela mata tropical.
A erosão atacando fortemente a rocha deu lugar a formas de relêvo abau-
ladas. Surgem às vêzes formas que lembram pães-de-açúcar.
Na região serrana há uma série de patamares, os quais são aproveitados pela
estrada de ferro.
Nas encostas, a mata está sendo derrubada e as clareiras são aproveitadas
para estabelecimento humano e pequenas culturas. Nas encostas íngremes, ob-
serva-se o estabelecimento humano nos patamares de erosão. Na zona da mata,
devido à grande umidade vinda do mar, desenvolvem-se em abundância pteri-
dófitas.
Na· Escarpa vêem-se reentrâncias.
Olhando-se uma carta da região percorrida observa-se que a orientação
dos rios é N.-S. e depois os mesmos se infletem para NE. Os espigões são igual-
mente orientados na direção N-S. Dão formas que lembram hog backs devido
à inclinação das camadas. No Planalto, na zona de Piraquara a direção dos rios
não se faz segundo um alinhamento.
· Num corte projetado viu-se do litoral para o Planalto, a Baixada com ní-
veis -de colinas, cobertos de vegetação característica; num segundo plano, pata-
mares seguidos de elevações maiores (testemunhas mais antigos) e finalmente,·
terrenos argilosos da bacia terçiária de Curitiba; a vegetação é aí pouco desen-
volvida.
Finalmente foram projetadas fotografias de Paranaguá focalizando os an-
tigos sobradões, igrejas e a antiga prisão, testemunhos de sua fase de esplendor.
O pôrto de Paranaguá tende a se desenvolver mais que o de Antonina por possuir
condições marítimas superiores.
Abrindo os debates o Prof. Fábio de Macedo Soares Guimarães cumprimentou
o Prof. Alfredo Domingues pela clareza com que o mesmo descrevera a região,
encarando-a em seus aspectos regionais físicos e humanos.
80 BOLETIM GEOGRAFICO

O Prof. ,Tosé Veríssimo observou que o Prof. Alfredo Domingues entrosara


bem a Geografia Física com a Humana e, chamou a atenção para os tipos de
habitação, os quais correspondem a partir de São Paulo às diversas correntes de
povoamento. Até Ribeira do Iguape prevalece a casa de sapé; no Planalto parana-
ense, devido à influência estrangeira, domina a casa de madeira, e descendo
·a.serra do Mar encontra-se novamente o predomínio da casa de sapé. De Curiti-
. ba para a zona nova de povoamento observa-se uma transição entre o tipo de ha-
bitação europeu e o do caboclo brasileiro. São casas de madeira cobertas de fô-
lhas, como de palmeiras. É curioso confrontar os tipos de habitação com .os de
povoamento. Continuando, perguntou ao Prof. Domingues em que sentido em-
pregara o têrmo "patamar" pois êste, segundo alguns autores, corresponde ao
têrmo alemão horst. Lamego prefere a expressão pilastre. Pediu que fôsse .esta-
belecido um mínimo de palavras mas de sentido estritamente técnico. O Sr.
Alfredo Domingues respondeu que se havia referido aos patamares, testemunhas
de movimentos eustáticos.
O Prof. Antônio de Matos Musso observou que o Prof. Domingues não cor-
relacionara a geologia com as formas de relêvo.
Disse ainda o Prof. Veríssimo que as formas vistas eram antes alpendres
que patamares. Respondeu o Sr. Miguel Lima que o têrmo patamar, em geo-
grafia, não tem uma significação característica, pelo que, seu uso na acepção
dada pelo Prof. A. Domingues não apresentava inconvenientes.
O Prof. Pedro Geiger chamou a atenção para a distribuição petrográfica.
Várias fotografias projetadas dão impressão que a influência .da petrografia no
relêvo é grande; formam-se na região tipos de relêvo diferentes dos da baía de
Guanabara. Parece que para o sul há menor ocorrência de pães-de-açúcar e têni-
se a impressão de que nas formas de relêvo há influência de diáclase. Foram
vistos hog-backs. O Prof. Veríssimo explicou que eram formas semelhantes a
hog-backs pois nada se pode afirmar por terem sido vistas a distância.
Continuando, o Prof. Geiger disse que se observa na serra patamares e es-
pigões, de diversas altitudes, alinhados e correspondentes aos patamares. Isto
seria talvez uma prova geomorfológica da participação de falhas com escorre-
gamento na formação da serra do Mar. A erosão atuando sôbre os diver'.'los b,Iocos
de falha daria os espigões. O Prof. Domingues acrescentou que há rochas duras
e rochas moles e que as rochas duras teriam dado as formas mais vigorosas.
O Prof. Geiger disse ainda que em São Paulo é grande o número de italia-
nos que trabalham nas estradas de ferro e constroem suas casas de madeira. Os
italianos trabalharam na construção de estrada de ferro da Baixada para o Pla-
nalto de Curitiba e é provável que as casas de madeira vistas ao longo da via férrea
tenham sido suas moradias.
O Sr. Miguel' de Alves Lima otservou que o Prof. Domingues apresentara
duas hipóteses para explicar a formação da Escarpa mas é provável que deve
ter havido falhas e também influência da variação relativa do nível do mar.
Quanto à ocupação humana, do litoral aí se desenvolveram a mineração do
ouro, a cultura e depois a industrialização da cana de açúcar. No entanto, no
momento em que se deu o desenvolvimento do Planalto, o litoral passou a ter
uma função secundária na economia geral, houve como que uma normaliza-
ção da economia.
A Srta. Lísia Maria Cavalcante lembra que a Baixada desenvolveu-se in-
dependentemento do Planalto a princípio, e caindo Paranaguá, com o esgota-
mento das minas, Marretes e Pôrto de Cima ambos portos fluviais, tornaram-
se importantes centros no comércio das mercadorias que se destinavam ao
Planalto. Déles partiam os caminhos das tropas que se destinavam ao Planalto.
Achando-se Paranaguá separada da serra por extensa baixada não podia ri-
valizar-se com aquêles portos. No entanto, com a construção da estrada de
ferro Paranaguá-Curitiba, Marretes e Pôrto de Cima decaíram. Paranaguá e
Antonina pontos terminais da estrada, tornaram-se importantes portos do Es-
tado. Antonina tem rivalizado com Paranaguá no comércio de cabotagem mas
ced;·rá futuramente lugar a Paranaguá, cujo pôrto possui melhores condiçõl'!s
marítimas. A orientação do Estado visa desenvolver o pórto de Paranaguá, que
fol. modernamente aparelhado.
TERT~LIAS GEOGRAFICAS SEMANAIS 81

Morretes se reergueu ultimamente, pois a construção da estrada de ferro


veio facilitar o transporte. Vive hoje da agricultura, (cana, arroz, laranja e
banana) e da fabricação de aguardente e do papel e papelão.
O Sr. Miguel Lima disse que a Baixada não poderá ser o centro econômico
da região. O Prof. Geiger lembrou que é preciso ver a influência do clima na
produção da região. A banana desenvolve-se bem na Baixada, Do Rio para
o sul, a pesca vai aumentando e é possível que aí se desenvolva a indústria
da mesma. O Prof. José Veríssimo foi de opinião que a estrada de ferro Para-
naguá-Curitiba concorreu muito para o progresso da região, entretanto, é pre-
ciso não esquecer a influência dp minério de ferro.
A Srta. Lísia Cavalcante explicou que o principal moVimento do pôrto de
Paranaguá é sobretudo o da exportação dos produtos do ·Estado (erva-mate,
madeiras e café) para o exterior. O comércio de cabotagem é menos desenvol-
vido. A construção da Estrada de Ferro S. Paulo-Rio Grande só afetou o movi-
mento do pôrto quanto à produção de consumo interno no país, que vai para
São Paulo pela estrada.
O comércio exterior dos três grandes produtos, mate, madeiras e café, con-
tinua a ser feito por Paranaguá.
Acredita o Prof. Pôrto Domingues que Paranaguá não é pôrto de exporta-
ção para o exterior pois Santos recebe os produtos que saiam daquele pôrto,
sobretudo o café, e envia-os para o exterior. Paranaguá é pôrto de cabotagem.
Retrucou a Srta. Lísia Cavalcante que se baseara em dados do Conselho
de Comércio Exterior. O mate é envi~do diretamente para a Argentina,
Uruguai, etc.; e a madeira que se destina a São Paulo vai pela estrada de ferro.
O Dr. Beneval de Oliveira, corroborando a opinião da Srta. Lísia Cavalcante disse
que o mate é exportado diretamente para o pôrto importador.
Lembrou o Prof. Geiger que"Pierre Denis trata da ·importância da Estrada
de Ferro São Paulo-Rio Grande. Diz aquêle autor que a estrada tende a ganhar
o mar, para facilitar a exportação dos produtos.
Fazendo o comentário geral o Prof. Francis Ruellan, após dizer que o Prof.
Alfredo Domingues que já era um bom geólogo, se tornara também um bom
geógrafo, disse que quase nada tinha a acrescentar ao que fôra dito.
O problema do rebordo do Planalto é muito complexo e não há prova geo-
lógica da existência de grandes falhas; entretanto, há provas geomorfológicas.
De Martonne estuda bem a _questão no seu artigo.
Há .uma dis~imetria hidrográfica. Do lado do litoral, a erosão é muito vi-
gorosa e o perfil dos rios, imperfeito. Tem t.ôdas as vantagens para seu desen-
volvimento, o declive, ·o aprovisionamento de chuvas e o nível de base mais
baixo e mais perto.· ·
Do lado do interior não se observa o mesmo aprofundamento dos rios. A
hidrografia está aí numa fase de aluviamento com meandros divagantes. O
contraste é máximo. Isto seria impossível de se conceber, se a montanha ti-
vesse surgiç.o ao mesmo tempo dos dois lados, pois neste caso a hidrografia
seria semelhante nos dois lados. É uma prova geomorfológica bem forte em
favor da existência de uma falha. É uma frente dissecada de um bloco falhado,
com degraus::..._ gradins: e "paliers" ou patamares, os quais podem ter duas ori-
gens: tectônica, seriam degraus de falha, o Planalto desceria em degraus. No
entanto, ~sta explicação sozinha não satisfaz. É preciso fazer intervir a obra
da erosão pois o perfil longitudinal dos rios não é regular, mas aparecem ní-
veis "emboités"; São portanto patamares de falhas, onde a ação da erosão foi
bem forte. Nem todos os patamares vistos têm a mesma origem. Os mais altos,
comparáveis aos de São Paulo, Parati, serra dos órgãos, etc., não têm altitudes
constantes nesses diversos lugares. Não devem ser, portanto, níveis gerais de
erosão. Nas partes altas parecem dominar os patamares de falha.
Nas partes baixas, há por exemplo patamares de 350 a 360 metros. Na serra
dos órgãos encontram-se êsses mesmos níveis; a estação Meio da Serra está
neste nível. Há aí uma rutura de declive, onde se encontram blocos, transporta-
dos pela erosão, envolvidos na argila laterítica. Neste lugar instalou-se uma
usina e casas de operários.
82 BOLETIM GBOGBAPICO

No Paraná, há também uma estação importante nesta mesma altitude. São


fatos em favor dos níveis de erosão. :tl:sses níveis de erosão são ainda observa-
dos em outras partes do mundo, como na França e no Japão. Talvez seja uma
simples coincidência pois não há provas suficientes. Seria um levantamento da
serra ou um movimento geral relativo das terras e mares até aqui inexplicável?
Se êsses níveis são realmente universais é preciso encontrar uma explicação.
Seria um abaixamento do nível do mar devido a uma deformação no fundo dos
oceanos? l!: uma questão a estudar.
Na Baixada e na baía do Rio de Janeiro e de Paranaguá observam-se as-
pectos comuns. Na baía de Paranaguá encontra-se, como na baía de Guanabara
uma antiga rêde fluvial cavada em função do nível de base inferior ou de nível
atual, depois invadida pelo mar, e em seguida entulhada. Examinando-se os
fundo das baías vêem-se rêdes fluviais digitadas, submersas.
O Planalto da região de Curitiba, de declive suave para o interior não pode
ser comparado, com o Planalto da serra dos órgãos, onde o relêvo é mais ator-
mentado pois o nível de base do Paraíba é bastante baixo para ter dissecado
esta zona de pequeno declive. A dissecação é por degraus.
No Planalto do Paraná, o nível de base está na bacia do Paraná. A erosão
lfemontante é muito forte mas está ainda bem perto da Foz do Iguaçu, não
atingiu o Planalto de Curitiba e muito menos o rebordo do Planalto. O Pla-
nalto é ai muito regular e pode ser comparado não ao Planalto do Rio de Ja-
neiro mas ao Planalto de São Paulo.
l!: exagêro dizer que não existe serra do Mar pois existe algo mais que o
rebordo do Planalto. Sôbre o rebordo da serra do Mar notam-se relevos resi-
duais sob a forma de monad-nocks, de resíduos, que formam uma verdadeira
serra, com ~orros mais ou menos enérgicos. Isto prova que a erosão diferencial
agiu fortemente. Entre as duas vertentes encontram-se rochas testemunhas,
que resistiram à erosão, vendo-se muitas vêzes pouco atrás do rebordo do Pla-
nalto, testemunhos algonquianos.
l!: preciso introduzir neste estudo nuanças pois o relêvo apresenta modifi-
cações. A zona da serra não é muito extensa mas é bem alta. Há picos com mais
de 1 700-1 800 metros. E' assim 800 a 900 metros· mais alto que o Planalto.
A ocupação vegetal e humana sente a influência dessas zonas.
No sul, provàvelmente por causa do clima menos quente, os vales são
muito mais encaixados e o relêvo bem mais acidentado. A dissecação é mais
aguda, provàvelmente, porque a água trabalhou diretamente sôbre a rocha,
sem o intermediário de uma camada de decomposição espêssa. A rocha é assim
:niais homogênea e a erosão age em profundidade como se serrasse a rocha .

'C:ste "Boletim'', a "Revista Brasileira de Geografia" e as obras da "Biblloteea Geogrifica


. . . . Brasileira" encontram-se à venda nas principais livrarias do país e na secretaria Geral
do Conselho Nacional de Geo1ratia - Praça Getúlio Varias, H - Edificlo Francisco Serrador -
s.• andar - Rio de .Janeiro, D. F.
N o ·t 1
. .,
e 1 a r 1• o
Capital Federal
PRESIDl:NCIA DA REP'úBLICA tos do globo de uma maneira Inteligente, o
que só pode nos honrar; e porque temos o di-
Conselho de Imigração e Colonização reito de escolher o que desejamos ser daqui
a 500 anos. Naquela época remota poderemos
ENTREVISTA DO SR. ARTUR HEHL NEIVA ser brancos. pretos ou amarelos ou então uma
SOBRE O PROBLEMA IMIGRATÓRIO NO mistura com predominância de um dêstes fa-
BRASIL - O Sr. Artur Hehl Neiva, membro tôres constitutivos da etnia brasileira. AI é
do Conselho de Imigração e Colonização conce- uma questão de ponto de vista, eu prefiro um
deu à Imprensa desta capital uma entrevista Brasil pràt!camente branco daqui a cinco
sôbre o problema Imigratório no Brasil. séculos, mas para conseguir êste objetivo, será
Disse· inicialmente o Sr. Artur Neiva: O preciso facll!tar a vinda de brancos, dificul-
problema de !migração oferece aspectos vários tando a entrada de negros ou de. amarelos.
e envolve condições multo complexas, afetando Outros podem preferir, talvez com fundamentos
Iru1.térla politlca, econômica e social, além de Igualmente respeitáveis, que nos mongollzemos
exigir conhecimento de uma técnica bastante ou. nos africanizemos. Como Já disse, é uma
especializada para a sua devida apreciação. simples questão de pontos de vt.sta ... "
Não é, evidentemente, uma entrevista, o "No que diz respeito à seleção por profis-
melo apropriado para dissertar doutrlnà.rla- são, creio que não deve haver distinção ent,re
mente sôbre o problema, de modo que me agricultores e operários. O Brasil, pràt!camente
limitarei a salientar alguns aspectos dos mais está se Industrializando e a ·mão de obra espe-
sensíveis e que com razão preocupam os nossos cializada nas Indústrias é tão necessária como
concidadãos. em qualquer outra atividade, mesmo a agricola.
Preliminarmente, convém frisar que é ne- O que não podemos é continuar com o flagrante
cessário estabelecer, deflnlt!vamente, as linhas desequilíbrio de densidade demográfica que di-
mestras da politica !migratória que deverá ser vide o Brasil em duas partes: o da clv111zação
seguida. Sem uma definição clara e precisa atlântica e o do sertão, êste último extrema-
desta, não é possível executar programas nem mente despovoado. E' Imperativo encher o
planos cujo detalhe exige, de modo absoluta- Brasil, pois só com maior densidade demográ-
mente Imperioso, o conhecimento das diretrizes fica poderemos almejar atingir um grau de c!-
gerais a serem seguidas. Tornando-me mais v!Vzação econômica mais adiantado. Estudos
claro, ainda com risco de repetição, é preciso norte-americanos comprovaram que, numa área
saber se desejamos fac111tar ou dificultar a cuja densidade demográfica seja de O a 10
vinda de correntes !m!gratór!as para o Brasil, habitantes por quilômetro quadrado, o máxi-
Isto é, se a polit!ca !m!gratór!a deve ser libe- mo grau de clv111zação econômica que se pode
ral ou restr!t!va. Acredito que hoje em dia esperar é o da clvll!zação pecuária. Entre 10
haja pràtlcamente unanimidade em relação aos e 30 ou 40, êste estágio será o da c!v111zação
estudiosos da matéria no sentido de tornar esta agro-manual; de 30 a 40, a 70 ou 80, o má-
polit!ca liberal mas '- e é preciso fr~r êste ximo será o estágio agro-mecânico e só acima
"mas" - sem que esta polit!ca !migratória de 70 ou 80 habitantes por quilômetro qua•
liberal represente perigo para a segurança do drado, é que se pode realizar o fenômeno da
pais. Pessoalmente, sou a favor desta idéia, Isto c1v111zação Industrial. Por conseguinte, e a
é, de que devemos abrir nossos braços à boa menos que desejemos despir um santo para
!migração, evitando, no entanto, por todos os vel!tilr outro, será preciso Importar grandes le-
meios, a vinda de elementos que poderiam vir vas de mão de obra estrangeira, facll!tando sua
a causar, por quaisquer motivos, perturbações, entrada com as restrições acima Indicadas, para
na evolução normal da formação da nacionali- chegarmos rápidamente ao grau de clvll!zação
dade brasileira. l!:ste resultado se obtém, em que desejamos. Fora diSso, a Indústria no Bra-
técnica !~!gratórla, através da seleção de imi- sil só se desenvolverá esvaziando os campos,
grantes, mas esta seleção pode referir-se a o que é positivamente um contrassenso. Mesmo
v·ários aspectos. ·Poderemos escolher, por exem- levando em conta o alto grau de mecanização
plo o imigrante quanto à sua raça ou etnia, da Indústria, a Importação ou produção de má-
ou ·quanto à sua profissão, ou quanto ao seu quinas nunca será suficiente para prescindir
estado civil, Idade, composição de família, e Inteiramente do fator humano."
outras tantas caracteristtca.s. Qualquer delas "Outro fator Importante que desejo referir
pode ser aceita, mas é necessária uma diretriz - continua o Sr. Artur Neiva - é o da m!scege-
básica antes que possam ser elaboradas as me- nação. As levas de !migrantes cuja vinda favo-
didas para a execução de um programa deter- recermos, que localizaremos convenientemente,
minado." dando-lhes os recursog indispensáveis para que
Sem se deter, o Sr. Artur Hehl Neiva pros- possam prosperar, atraindo-os assim para o
segue: Brasil de preferência a outros palses !mlgran-
tlstas, deverão ficar miscegenados com o ele-
"Exemplificando, vou dar minha opinião mento nacional, a fim de poderem ser assimi-
pessoal a respeito desta seleção. Acho, quanto lados no espaço de uma ou duas gerações,
à raça, que o Brasil deve receber de braços tornando-se b_ons brasileiros. Nada de quistos,
abertos qualquer !migração branca. Não por nem de allemgenas inassim!láveis. Daí a con-
preconceito de raça, coiSa que felizmente nós veniência de dar preferência a famil1as cons-
não possu!mos, havendo resolvido êste pro- tltuidas principalmente por mulheres, que serão
blema vital, bem como a falta de preconceito mais fáqel.s de vlr depois da guerra, dado o
religioso, ainda não solucionado em vários pon- deseq ullibrio demográfico entre os sexos ali
84 BOLETIM GEOGRAFIOO

existente depois da catástrofe que ensangüenta quisas, seguiram para o Estado da Bahia, no
o mundo, e que ceifou a vida de tantos Jovens dia 2 de abr!l, em companhia dos referidos
fortes. Aproveitando a cepa brasileira antiga, geólogos norte-americanos, o coronel João Carlos
especialmente nordestina, facllltando sua loca- Barreto, Dr. Avel!no Inácio de Ol!velra e major
lização, em outros Estados do Brasil, Junto aos M!lton de Lima Araújo, respectivamente, presi-
Imigrantes estrangeiros, promoveremos a fusão dente do Conselho Nacional do Petróleo, diretor
das várias correntes Imigratórias no grande da Divisão Técnica e chefe do Gabinete, bem
cadinho étnico que é o nosso país. Assim, como os Srs. Stanley Gomes, representante da
acharia interessant~ que se realizassem migra- Dr1lllng and Exploratlon Co., Inc. e Armando
ções selecionadas de nordestinos solteiros para. de Almeida, representante da Unlted· Geophy-
outros Estados do Brasil, pondo-os em contacto sical Co.
com as famll!as recém-vindas da Europa, a fim
de que, normalmente, se processasse a assimi- Naquele Estado, deve reunir-se à comitiva
lação do sangue estrangeiro· dentro de um lar o Sr. John Edward Brantley, presidente da
cujo chefe fôsse brasileiro. Desta forma não Dr!lllng and Exploratlon Co., que ali acaba de
haveria perigo de desnacionalização nem de chegar vindo dos Estados Unidos.
quisto étnico.
Um dos aspectos mais Importantes de todo
o problema imigratório, a colonização, é agora
o~rvado pelo Sr. Artur Hehl Neiva: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA
"A obra de colonização deverá, por sua E ESTATtSTICA
vez, acompanhar pari>-passu a !migração prà-
prlamente dita, que é a vinda do estrangeiro. Comissão CensitArla Nacional
Dever-se-á localizá-los convenientemente, não
os deixando Isolados, como ocorreu, por exem- DESIGNADO NOVO MEMBRO - Pelo Sr.
plo, em Santa Catarina durante tanto tempo; Presidente da Repúplica foi assinado no dia
qualquer soma Investida numa boa colonização 16 de março último -qm decreto designando o
dará seguramente um resultado apreciável, não Sr. Oscnr Edivaldo de Pôrto Carreiro, atuárlo
só para o colonizador mas principalmente para do Ministério do Trabalho, Indústria e Comér-
o país facllltando o seu desenvolvimento e o cio, para exercer as funções de membro da
seu surto econômico. Está claro que é preciso Comissão Censltárla Nacional, como represen-
executar e não apenas legJ.slar, mas é a legis- tante do Serviço Atuarial do referido Ministério.
lação que precisamente dá as diretrizes funda-
mentais a serem seguidas na execução, que
delas não pode prescindir, allás, a real!zação
de qualquer !migração em grande escala deverá Conselllo Nacional de Estatística
aguardar ainda o término da guerra e o resta-
belecimento das comunicações Inter-continen-
tais normais, o que demandará tempo. :S:SSe Junta Executiva Central
tempo deve ser por nós aproveitado para nos
prepararmos ativamente no sentido de receber EMPOSSADO O CEL. FREDERICO RON-
Imigrantes e localizá-los, não sàmente p,través DON, NOVO REPRESENTANTE DO MINIS~­
de uma legislação adequada que encorpore as RIO DA GUERRA - Em sessão da Junta Exe-
diretrizes da politlca Imigratória e coloniza- cutiva Central do Conselho Nacional de Esta-
dora do país, como ainda para organização das tística, assumiu suas funções de representante
facllldades Indispensáveis de recebimento e en- do Ministério da Guerra naquele órgão dlri~
caminhamento do !migrante até o local de des- gente do Instituto Brasllelro de Geografia e
tino em vários Estados do país, além do pre- Estatística, o coronel Frederico Rondon.
paro adequado dos núcleos coloniais Impres- Ao novo membro da Junta e ao seu ante-
cindíveis." cessor, major José Luís Guedes, foram apre-
"E' programa de largo fôlego, - conclui sentadas saudações de boas vindas e de agra-
o entrevistado - mas que está ocupando In- decimento, respectivamente, pelo secretário
tensamente a atenção dos que a êle se de- geral do Instituto, Sr. M. A. Teixeira de Freitas,
dicam, seja no Conselho de Imigração e Colo- que salientou a Importante colaboração do
nização, seja na ComlsSão de Planejamento Estado Maior do Exército para o melhor apa-
Econômico, seja na Fundação Bras!J Central relhamento da estatística geral bras!lelra.
e em outras entidades interessadas. E estou
certo que, pela ação conjunta de todos os
esforços visando atingir o objetivo comum, iC
resolveremos acertadamente o problema Imi- Conselho Nacional de Geograf!a
gratório no período de post-guerra".
Diretório Central

Conselho Nacional do Petróleo DESIGNAÇÃO PARA T!CNICOS ESPEO!A•


LIZADOS EM LEVANTAMENTOS - NOMEA-
VINDA DE ~CNICOS AMERICANOS PARA ÇÃO DO CORONEL LfSIAS RODRIGUES PARA
DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS PETRO- MEMBRO DO "COMin: DE CARTAS AERO-
L:fFERAS - A convite do Conselho Nacional do NAUTICAS" DO I. P. G. H. - CONEXÃO
Petróleo, o geólogo Lewis MacNaughton, sócio DAS Rl:DES DE TRIANGULAÇÃO GEOD~IOA
da firma americana De-Golyer and MacNaugh- EXISTENTES NO PAfS - Sob a prlll!idêncla do
ton, chegou ao Bras!J acompanhado do geólogo Sr. Heitor Bracet, realizou-se no dia 5 de março
Aubrey Ham!Jton Garner, que vai ficar em a reunião brdlnárla do Diretório Central do
nosso pais na qualidade de representante da- Conselho Nacional de Geografia, relativa à 1.•
quela sociedade, em serviço do citado Conselho. quinzena do mês. Depois de lldos a ata e o
expediente, foram feitas várias comunicações
A vinda dêsses técnicos norte-americanos pelo Eng.° Chrlstovam Leite de Castro, secretá-
tem por objetivo cooperar no programa de rio geral, destacando-se: a resposta do filólogo
Intensificação dos trabalhos de geologia, para professor José de Sá Nunes à consulta formu-
pesquisas de petróleo, em que no momento lada pela Secretaria sõbre a palavra mais ade-
está vivamente empenhado aquêle órgão. quada a designar genéricamente os técnicos que
Para Inspecionar as diversas zonas onde o executam levantamentos territoriais (topógrafos,
o. N. P. está operando e adotar imediatas geodeslstas, astrônomos), tendo o Diretório ma-
providências tendentes a. desenvolver as pes- nifestado a aua preferência pelo voei.bulo "geo-
NOTIOIARIO 85

metrlsta", que doravante serã usado pelo Con- do Conselho o encargo- de efetuar, mediante·
selho com tal acepção; a nomeação do coronel entendimentos com os poderes competentes para
Listas Augusto Rodrigues para membro do a execução dos trabalhos necessários, à conexão
"Comitê de Cartas Aeronãutlcas" tto Instituto das rêdes de triangulação geodésica existentes
Pan-Amer!cano de Geografia e História, a indi- no pais. bem como a sistemática ligação das
cação da professôra Guilhermina Susana Jon- rêdes que futuramente se façam; Resolução essa
cker de Abreu para, sem ônus para o Conselho, aprovada em atendimento à solicitação nesse
realizar estudos sôbre a representação carto- sentido aprovada pelo X Congresso Brasileiro
gráfica das ocorrências subterrâneas, durante de Geografia, cuja iniciativa foi devidamente
a sua próxima estada nos Estados Unidos da ressalta da .
América. Na ordem do dia, foram consideradas Uma segunda Resolução !oi aprovada, Ins-
duas Indicações, encaminhadas pelo X Congres- tituindo uma comissão especial para estudar
so Brasileiro de Geografia: uma, sôbre a cone- as indicações aprovadas pelo X Congresso Bra-
xão das rêdes de triangulação geodésica exis- sileiro e Geografia e pelo mesmo encaminhadas
tentes no pais; e a outra sôbre a regulamen- ao Conselho, no sentido da Regulamentação da
tação da profissão de geógrafo. Ambas as Indi- profissão do geógrafo e da criação da Faculdade
cações tiveram sua discussão prorrogada, para de Geografia e Cartografia.
melhor estudo das matérias que envolvem.
Finalmente, p!IBBou o Diretório ao julga-
Tratou-se, finalmente, do quadro do pessoal mento final do concurso de monografias de
do Oonselho, separadamente da sua "Secretaria aspectos municipais, relativo ao ano de 1943,
Geral" e do seu "Serviço de Geografia e Carto- resolvendo-se, devido ao adiantamento da hora,
grafia", tendo-se aprovado a proposta da Secre- que o assunto seja objeto duma reunião extra-
taria Geral que lhe concedia autorização para ordinária, marcada para o dia 26.
efetuação daqueles quadros.

-tt
EMPOSSADO O CORONEL FREDERICO AU• SESSÃO EXTRAORDINARIA - ESTUDOS
GUSTO RONDON - IV CONGRESSO SUL· SOBRE A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO
RIOGRANDENSE DE GEOGRAFIA E msTóRIA DE GEóGRAFO E SOBRE A CRIAÇÃO DA
- RESOLUÇÃO DISPONDO SOBRE A EXECU- FACULDADE DE GEOGRAFIA E CARTOGRA-
ÇÃO DE TRABALHOS NECESSARIOS A CONE- FIA - CLASSIFICAÇÃO FINAL DO CONCURSO
XÃO DAS RJ:DES DE TRIANGULAÇÃO GEO- DE MONOGRAFIAS DE ASPECTOS MUNICI·
PltSICA EXISTENTES NO P.AíS - INSTITUIDA PAIS - Sob a presidência do coronel Renato
UMA COMISSÃO ESPECIAL PARA ESTUDAR A Barbosa Rodrigues Pereira, delegado técnico do
REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE GEó- Ministério das Relações Exteriores, e com a
GRAFO E CRIAÇÃO DA FACULDADE DE presença da maioria dos seus membros, reali-
GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA - O Diretório zou-se uma reunião extraordinária do Diretório
Central do Conselho Nacional de Geografia, Central do Conselho Nacional de Geografia, no
realizou no dia 19 de março último a sua reu- dia 26 de março último, na sede do Conselho.
nião ordinária relativa à segunda quinzena do Leu-se a ata da reunião anterior, que foi
mês, sob a presidência do Sr. Heitor Bracet, aprovada e, em seguida, no expediente, o se-
presidente em exercfcio do Instituto Brasileiro cretário geral. engenheiro Cristóvão Leite de
de Geografia e Estatistica, com a presença da Castro, deu conhecimento da oferta feita ao
maioria dos seus membros. Conselho pelo engenheiro Martinho Rodrigues
O presidente apresentou ao Diretório o Mourão dos seus préstimos na viagem que fará
tenente-coronel Frederico Augusto Rondon, brevemente a diversos países sul-americanos,
declarando-o empossado como membro titular resolvendo o Diretório que se aceitasse o ofe-
do Diretório, na qualidade de representante do recimento no sentido de serem feitas visitas
Conselho Nacional de Estatlstlca; e, em seguida às instituições congêneres do estrangeiro, às
deu a palavra ao sectetário-geral, engenheiro quais serão endereçadas expressivas mensagens.
Crtstóvão Leite de Castro, que fêz uma sauda- Na ordem do dia, foi discutida a redação
ção, em nome do Diretório, na qual salientou fine.l da Resolução que cria uma comtssf.o
a atuação do Dr. Heitor Bracet como represen- especial para o estudo das indicações aprovada~
tante da Estatistica e focalizou a personalidade pelo X Congresso Brasileiro de Geografia no
do seu substituto o tenente-coronel Frederico sentido da regulamentação da profissão de geó-
Rondon, ressaltando os seus pendores para os grafo e da criação da Faculdade de Geografll\
estudos geográficos. e Cartogre.fla, resolvendo-se que a Comissão
terá cinco membros, dos quais dois represen-
O tenente-coronel Frederico Rondon agra- tantes técnicos dos Ministérios da Educaçã,:> e
deceu a saudação, afirmando o propósito de Saúde e do Tre.balho, Indústria e Comércio, e
bem correspond·er à missão que lhe delegaram que o relatório da Comissão deverá ser elabo-
os pares da Junta Executiva Central do Con- rado no prazo de três meses, contados da data
selho Nacional de Estat!stica; e também o Dr. de sua instalação.
Heitor Bracet expressou agradecimentos pelas
referências que lhe couberam na saudação. Em seguida, foi longamente estudado o
parecer apresentado pelo engenheiro Fábio M.
Iniciando-se o trabalho, foi lida a a.J;a da S. Guimarães, chefe da Secção de Estudos da
reunião anterior, que se aprovou com emendas, repartição central do Conselho, acêrca do clas-
e, em seguida, foi lido o expediente. sificação final das monografias de aspectos mu-
Na hora das indicações e comunicações, di- nicipais, reunidas no concurso anual instituído
versos membros usaram da palavra, salientan- pelo Conselho, relativo ao ano de 1943.
do-se o relatório verbal e preliminar apresen- Foram assim julgadas 54 monografias, que
tado pelo coronel Renato Barbosa Rodrigues vieram dos seguintes Estados 12 de São Paul'.>;
Pereira, que chefiou a delegação do Conselho 9 da Bahia, 8 do Amazonas, 7 de Minas Gerais,
ao IV Congresso Sul-rlograndense de História 7 do Rio de Janeiro, 6 de Pernambuco, 2 de
e Geografia, realizado em fevereiro em Pôrto Sergipe, 1 do Plaui, 1 do Ceará. 1 do Espírito
Alegre, no qual deu ciência da atuação da Santo.
referida delegação. Deixaram de ser consideradas duas mono-
Pa.'!Sando-se à ordem do dia, foi aprovada grafias, por não observarem as disposições do
uma Resolução que atribui à repartição central edital, e foram desclassificadas aquelas que re-
BOLETIM GEOGRAFICO

ceberam grau Inferior a 20; nessas condições, MINISTJí:RIO DA AGRICULTURA


mereceram classlficaçlío a prêmio a.penas 37
monografias, sendo: 1 em 1.º lugar (grau m!· Departamento Nacional da Produção Mineral
nimo 90, prêmio de Cr$ 2 000,00), 2 em 2.0
lugar (grau m!nimo 70, prêmio de Cr$ 1 000,00), Dtvisão de Águas
9 em 3.0 lugar (grau mínimo 60, prêmio de
Cr$ 500,00), 12 em 4. 0 lugar (grau mfntmo 40, CRIADAS DUAS FUNÇÕES DE MESTRE ES·
prêmio de Cr$ 200,00), · 13 em 15.º lugar (grau PECIALIZADO - Foi assinado no dia 7 de
m!nlmo 20, prêmio de Cr$ 100,00) . , março pelo Sr. Presidente da República, na
Coube o 1.º lugar ao Sr. Déclo Ferreira pasta da Agricultura, o Decreto n.o 17 990, cri·
Crett<in do Estado do Rio pelo seu trabalho ando duas funções de mestre especializado na
O Modelado de Camp<>s, e o 2. 0 lugar ao Sr. Tabela Numérica Ordlnãrla de Extranumerárlo-
Roberto Azeredo, da Bahia, pela Monografia do mensalista, da Divisão de Aguas, do Departa-
Município de ltiúba e ao Sr. Enéias Camargo mento Nacional da Produção Mineral, daquele
de São Paulo, pelo estudo do Vale do Monjo!t- Ministério.
nho.
As melhores monografias serão encaminhe.·
das à Comissão Organizadora do XI Congresso
Brasileiro de Geografia, como colaboração cul· Serviço de Economia Rural
tural do Congresso Nacional de Geografia.
DISTRIBUIÇAO GEOGRAFICA DE. UMA
-te B1!:DE NACIONAL DE ARMAZ!l:NS E SILOS -
Os Srs. Evaristo Leitão, Cel. Cícero Costard e
MINISTtRIO DA AERONÁUTICA Juvênclo Mariz de Lira, membros da Comissão
designada para planejar ·e dar execução à obra
DESIGNADO MEMBRO DO "COMIT:t DE de distribuição geográfica de uma rêde nacio-
CARTAS AERONAUTICAS" DO INSTITUTO nal de armazéns e silos, apresentou ao Sr. Apo-
PAN-AMERICANO DE GEOGRAFIA E HISTó· lônio Sales, ministro da Agricultura, a seguin-
RIA, O CORONEL-AVIADOR LíSIAS RODRI· te exposição de motivos, relativa aos resultados
GUES - Acaba de ser designado membro da preliminares de seus estudos.
Comissão de Cartas Aeronáuticas do Instituto
Pan-Americano de Geografia e História, o coro- Senhor Ministro:
nel-aviador Líslas Rodrigues, que se tem desta·
cado por sua contribuição a êsses estudos. A Comissão designada por Vossa Excelência,
As comissões técnicas do referido Instituto são nos têrmos do art, 30, parãgrafo único, do De·
constitu!das de representantes de países ame- creto n.o 17 260, de 29 de novembro de 1944,
ricanos, especlallzados. para planejar e dar execução à obra de dlstrl·
A êsse respeito o Sr. Heitor Bracet, presl· bu!ção geográfica de uma rêde nacional de
dente em exercício do Instituto Bras11%llro de armazéns e sllos, prevista no Decreto-ltil n. 0
Geografia e Estatística enviou ao ministro da 7 002, de 30 de outubro de 1944, a.o concluir
Aeronáutica o seguinte telegrama: a primeira etapa de suas atividades, tem a
honra de submeter à alta consideração de Vossa
"Apraz-me dar conhecimento a. V. Exc!a. Excelência os resultados preliminares de seus
de que. na sua última reunião, realizada no dia estudos, baseados na documentação de que
5 de março, o Diretório Central do Conselho dispõe atualmente, constituída de sugestões e
Nacional de Geografia dêste Instituto aprovou Indicações dos governos estaduais e das repar-
um voto de regozijo, por motivo da recente tições federais dêste Ministério sediadas em
nomeação do coronel-aviador Lfsias Augusto tôdas as regiões do pais.
Rodrigues, llustre representante dêsse Ministério
neste Instituto, para membro do "Comitê de Nenhum empreendimento de lnterêsse pú-
Cartas Aeronáuticas" da Comissão de Cartogra- bllco, vinculado à economia nacional, sobre-
fia do Instituto Pan-Americano de Geografia puja êste plano do govêrno, que consiste em
e História". criar e instalar e util115ação da lncalculã vel
capacidade produtora de cereais e grãos legu-
minosos.
Tendo em vista o projetado planejamento,
Curso de Formação de Oficiais Intendentes a Comissão considera de particular relevân-
da Aeronáutica cia a locallzação, tipo e capacidade dos ar
mazéns e sua construção em harm-Onla com
TRANSFER1!:NCIA DA AULA DE GEOGRA· as vias de comunicação, os centros consumi-
FIA ECONOMICA DO 2.º ANO PARA O 1.º - dores Internos, os portos de exportação e as
O Sr. Joaquim Pedro Salgado Filho, ministro necessidades atuais e futuras de produção por
da Aeronáutica, baixou, no dia 1.º de março, a. zonas, na ordem de sua Importância.
Portaria n.o 68, transferindo do 2.0 ano para o As atividades da Comissão estão dirigidas no
1.0 ano do Curso de Formação de Oficiais Inten- sentido de reunir e compilar todos os ele-
dentes da Aeronáutica, a aula de Geografia mentos e dados estatísticos sôbre meios de
Econômica. · transportes, capacidade de consumo regional,
movimento portuário, etc., Indispensáveis à
*
Diretoria de Rotas Aéreas
análise de seus característicos reais em rela·
ção às zonas agricolas.
Com êsses elementos coligidos, poderá a Co-
CRIADAS DUAS FUNÇÕES DE CARTóGRA· missão indicar, em tempo aportuno, a melhor
FO·AUXILIAR - O Diário Oficial de 1. 0 de e mais adequada solução do plano geográfico.
março último publicou o Decreto n.o 17 892.
de 25 de fevereiro de 1945, do Sr. Presidente da Os municípios constantes de. relação em
República, alterando a Tabela Numérica de anexo representam, em cada unidade da Fe-
Extranumerário-mensallsta da Diretoria de Ro- deração, aquêles que reúnem, de e.côrdo com
tas Aéreas, d~ Ministério da Aeronáutica, cri· as indicações dos governos estaduais e das
ando, além de outras funções, duas de cartó- repartições federais dêstes. requisitos indlspen-
grafo-auxiliar, referência XIV. sãveis à s14a Inclusão no plano de que se trata
com o qual o govêrno, acertadamente, decidiu
estimular a lnlctatlva particular, mediante
NOTICIARIO BT

prêmios e ge.rantie.s de financiamento, em be- Pernambuco


neficio da produção nacional de cerealS e grãos
leguminosos. Recife. Limoeiro.
Com esta breve exposição e a relação em Arcoverde. Petrolãndia.
anexo, a Comissão dá cumprimento à fase Caruaru. Salgueiro.
preliminar de seus tre.balhos, relacionando, Correntes. Triunfo.
dentro de curto prazo, consoante determinação Garanhune.
de Vossa Excelência, os municipios que a rêde
deverá, de inicio, branger, interessando todo Alagoas
o território nacional.
Maceió. Palmeira dos fndios.
A Comissão reafirma a vossa Excelência a Anadia. Penedo.
sua declSão de envidaT todos os esforços para Assembléia. União dos P&lmares.
a consecução das finalidades prevlStas, ISto é,
leYando a efeito o empreendimento da cons• Sergipe
trução de armazéns e silos dotsdos de tOda
técnica e condições exigidas para a perfeita Aracaju. Laranjeiras.
armazenagem e conservação de cereais. BuqUim. Proprlá.
Considera, outrossim, a ComlSsão, que e.li
soluções a serem oportunamente propostas de- Bahia
verão constituir objeto de estudos munuciesos, Cidade do Salvador.
a despeito das dificuldades que a sua realt- Alagoinhas. Itaberaba.
zação possivelmente representará. Em com- Barra. Paraguaçu,
pensação, uma vez transpostos os obstáculos Bonfim. Santo Antônio de Jesus.
peculiares a todo empreendimento novo. ve- Feira de Santana. Serrinha.
remos organlzado o comércio de cereais e
grãos allmentsres, na forma que mais con- Espírito Santo
vém ao pais, em defesa de uma das suas mais
Importantes fontes de riqueza. Vitória. Cole.tina.
A Comissão vale-se da oportunidade para Alegre. Mimoso do Sul.
reiterar a Vossa Excelência os protestos de Cachoeiro do Itape-
elE:vada consideração e atenciosa. estima. mirlm.
Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1945. - Rio de Janeiro
Evartsto Lett4o. - Coronez Cicero Costard.
- Juvtlncto Martz de Ltra. Niterói. São Fldélls.
Aprovo o plano prévio - 23-2-45.
Campos. Três Rios.
Apolónio Sales.
Itaperuna. Cordeiro.
Mire.cerna. Barra Mansa.

*
RELAÇÃO DOS MUNIC1PIOS
Distrito Federal
Distrito Federal.
Amazonas São Paulo
Manaus. Itacoatjara. São Paulo. Moji das Cruzes.
Andradlna. Ourinhos.
Pará Araçatuba. Piracicaba.
Araraquara. Piraçununga.
Belém. Igarapé-Açu. Barretos. Presidente Prudente.
Bre.gança. Monte Alegre. Bauru. Rancharia.
Capanema. Santarém. Caçapava. Ribeirão Prêto.
Campinas. Rio Claro.
Maranhão Catanduvas. Rio Prêto.
Franca. Santos.
São Luis. Pedreiras. lge.rapava. São Carlos.
Caxias. São Bento• Itapetlninga, São José dos Ce,mpoe•.
Coroe.tá Jabotlcabal. Sertãozinho.
Jundial. Tatu!.
Plauf Lins. Taubaté.
Picos. Pamaib&. Marllia. Tupã.
Teresina.
Pare.Ili
Ceará
' Curitiba. Jacarêzfnho.
Fortaleza. Crato. Apucarana. Jaguariaiva.
Baturité. Itaplpoca. Cambará. Jataizinho.
Cedro. Senador Pompeu. Are.ucãri&. ·Londrina.
Cratéus. Sobral. Cavlúna. 1 . Paranaguá.
Cornéllo Procópio. Ponta Grossa.
Rio Grande do Norte Cêrro Azul. Rio Azul ..
Guarapuava. RiJ:> Negro.
Natal. Nova Cruz. Iratl. Sertanópolill.
Angicos. Caicó. Joaquim Távora. Venceslau Brú.
Moçoró.
Santa Catarina
Paraiba
Florianópolis. Lajes.
João Pessoa.. Campina Grande. Blumenau. Mafra.
Alagoa Grande. Guarabira. Itajal. POrto União.
Bananeiras. Patos. Joaçaba. Tubarão.
CaJàzeiraa. Jolnvllle.
88 BOLETIM GEOGRAFICO

Rio Grande do Sul reiro d~ 1945 para a continuação, durante 1945.


dos serviços que, no pafs, vêm sendo executa-
Pôrto Alegre. Lajeado. dos pelo Serviço de Estudos e Pesquisas sôbre a
Alfredo Chaves. Marcelino Ramos. Febre Amarela,
Bajé. Passo Fundo.
Bento Gonçalves. Pelotas.
Cacequl. Rio Grande.
Cachoeira. Rio Pardo. Museu Histórico Nacional
Camaquã. São Borja.
Caxias. São Gabriel. DECLARAÇÕES DA COORDENADORA DO
Getúlio Vargas. São Lufs. CURSO DE MUSEUS SOBRE A SUA NOVA RE·
Guafba. Santa Rosa. GULAMENTAÇÃO - A professOra Nair Morais
Guaporé. Tapes. e Carvalho, coordenadora do Curso de Museus
Ijuf. Taquara. do Museu Histórico Nacional, concedeu recen-
Itaqul. Urugua!ana. temente à imprensa, uma entrevista sObre as
José Bonifácio. finalidades do Curso e sôbre a sua nova re-
gulamentação.
Minas Gerais D1sse a protessôra Nair Morais de carvalho:
- Entre os diversos empreendimentos cul-
Belo Horizonte. Pedra Azul. turais de iniciativa do Museu Histórico, o Curso
Araguar!. Pirapora. tle Museus ocupa um lugar de grande desta-
Carangola. Ponte Nova. que. Instituído em março de 1932. tem sido
Cara t!;nga. Pouso Alegre. desde aquela data um fator decisivo na for-
Formiga. Resplendor. mação de estudiosos da história e da arte na-
Gov. Valadares. São Sebastião do Parafso. cionais. Em tôrno dêstes assuntos vem se no-
Manhuaçu. Teófilo Otoni. tando no pais cogitações inteiramente novas,
Montes Claros. Uberaba. pelo menos no sentido de agrupamento e es-
Ouro Fino. Uberlândla. pecialização.
Para!sópolls.
Patrocfn!o (Catlara). Fu;.1ciona hã 12 anos - prossegue
com o duplo fim de selecionar os futuros fun-
Mato Grosso cionãrios de Museu e de difundir conhecimen-
tos, o curso vem preparando anualmente di·
Cu!abá. Corumbá. versos museuloglstas que ficam habll1tados a
Campo Grande. ocupar os cargos Iniciais das repartições com-
petentes. Em 1934 o curso passou por uma pe-
Golâs quena modificação, ma.s o que verdadeiramen-
te o establl!zou foi a nova regulamentação de
Julho de 1944, vigorante no momento, pela
Goiânia. Itumblara. qual foi reorganizada e ampliada a sua estru-
Anápolls. tura. Antes, as matérias eram dadas em dois
anos letivos, incluindo-se nesse per!Odo algu-
Território do Acre mas conferências e cursos rãpidos de extensão
un!versltãrla., sôbre assuntos históricos, fol-
Rio Branco. clóricos e de História Mll1tar, além de sessões
clv!cas e comemorativas. A última reforma
Território do Guapori velo atender melhor às necessidades didãtlcas,
aumentando o número de aulas e dando mais
Pôrto Velho. amplitude aos programas. O curso passou a
ser ministrado em três séries, as quais foram
Território do Rio Branco d!vldldas em duas partes - a geral e a espe-
cial. A Parte Geral compreende duas séries
Boa Vista. comuns a tOdos os alunos e a Parte Especial
consta de uma série para cada uma , das ses-
Território do Amapá sões, que são a de Museu Histórico e a de
Museu de Belas Artes. E assim ficaram mais
Maca pá. definidas as finalidades do curso.
Território de Ponta Porã A senhorita Nair Morais de Carvalho con-
tinua:
Ponta Porã. - outro ponto da reforma que benefi-
ciou grandemente o nosso curso: - a remu-
Território do Iguaçu neração dos professôres. Durante os seus 12
anos de existência, o curso nunca teve verba
Iguaçu. para o pagamento de aulas. Alguns professô-
res lecionaram gratuitamente desde o Infeto.
Eram todos funcionários do Museu e só por
iC dedicação a êste é que ensinavam naquelas
condições. Agora as aula.s são pagas a 50 cru-
MINIST:f:RIO DA EDUCAÇÃO\ E SA1'DE zeiros cada uma e as conferências a 200 cruzei-
ros. Isso tornou posslvel a colaboração de ou-
APROVADO O CONTRATO CELEBRADO tros mestres de valor, elementos estranhos à
COM A DIVISÃO SANITARIA INTERNACIO· Casa, mas que eram multo necessários aos l!ur-
NAL DA FUNDAÇÃO ROCKFELLER PARA sos. E, Justamente, a remuneração deu novos
CONTINUAÇÃO DOS SERVIÇOS EXECUTADOS estímulos aos professôres já existentes, que
PELO SERVIÇO DE ESTUDOS E PESQUISAS da maneira a mais espontânea vinham fa-
SOBRE A FEBRE AMARELA - O Presiden- zendo os primeiros técn!coa de museu brasl·
te da Repúbl!ca assinou no dta 1.0 de março leiros.
último o Decreto-lei n.o 7 348, aprovando o - Mas o que mais ressalta na nova orga-
contrato entre o Ministério da Educação e nização - acentua a coordenadora - é a
Saúde e a Divisão Sanitária Internacional da orientação mais prática do ensino. A parte
Fundação Rockfeller, firmado em 14 de teve- prática do curso !oi ampliada, achando-se
NOTICIARIO 89

agora intimamente ligada à pllol"te técnica. MINIST:S:RIO DA FAZENDA


Uma programação mais eficiente das matérias
estâ sendo concretizada com lições prâtlcas, con- Serviço de Estatística Econômica e Financeira
ferências, visitas a cidades antigas e a outros
estabelecimentos similares, concursos de exten- CRIADAS VARIAS FUNÇÕES NA TABELA
são estudos especializados, pesqu!sas, bO!sas dé NUM:d:RICA ORDINARIA DE EXTRANUMERA-
estudos. Essa a melhor forma de difundir a cul- RIO-MENSALISTA - O Diário Oficial de 1. 0 de
tura de nossa história e de nossa tradição. Ain- março último publicou o Decreto n.o 17 903, de
da êste ano, os alunos formarão uma grande 27 de fevereiro de 1945, do Presidente da
caravana que excurslonari a Ouro Prêto, acida- Repúbl!da, criando na Tabela Numérica Ordl-
de que foi elevada à categoria de monumento nârla de Extranumerârlo-mensal!sta do Serviço
nacional. A criação de bO!sas facilita as viagens de Estatística Econômica e Financeira. do Mi-
de estudos aos pontos de maior lnterêsse do nistério da Fazenda, duas funções de auxiliar
pais. Sete Estados serão visitados anualmente. de escritório, três de estatístico, uma de ope•
Além das passagens de Ida e volta, as bôlsas rador, duas de operador especializado e duas
fornecem ao aluno uma mesada mensal de 500 de taquigrafo.
cruzeiros, enviando um aluno para cada Esta-
do. Serão sete alunos, portanto, que viajarão
todos os anos e que depois deverão apresentar
seus relatórios de viagem e descrições detalha-
das do que observaram nos museus e pinaco- Serviço de Patrimônio da União
tecas,
APROVADO o SEU REGIMENTO - Foi as-
- Além do curso bâslco, o Museu Hlstó- sinado pelo Presidente da Repúbl!ca, no dia
rlcb mantém agora, sistematizados, os cursos 23 da março último, o Decreto n.º 18 143, apro-
avulsos, sob a forma de conferências, re{eren- vando o regimento do Serviço de Patrimônio da
tes à história. arquitetura., numlsmâtlca, etno- União do Ministério da Fazenda.
grafia, etc. Cada assunto enceta três ou quatro
desta.a conferências que são feitas pelos mais CONSULTA SOBRE OS TERRENOS· MAR•
autorizados nomes de nossa arte ou historio- GINAIS AO RIO PELOTAS - Em resposta a
grafia. Vai Inaugurar os cursos avulsos o pro- uma consulta feita ao Serviço do Patrimônio da
União sôbre os terrenos marginais ao rio Pelo-
fessor Morales de Los· Rios Filho, falando sôbre tas, que serve de llmlte entre os Estados de
a arquitetura barroca. Allâs, tôda a série de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Sr. Ul-
conferência.a serâ franqueada ao público. plano de Barros, diretor daquele Serviço, emi-
A coordenadora do curso de museologia nos tiu o seguinte despacho, de acôrdo com o
mostrava agora o que tinha sido a exposição parecer da Divisão de Cadastro. "Os terrenos
marginais ao rio Pelotas, que serve de limite
d.o Museu Histórico Nacional no "Mundo Por• entre os Estados de Santa Catarina e Rio Gran-
tuguês", por ocasião dos centenârlos daquele de do Sul, não são de espécie de marinhas, mas
pais. Nair Morais de Carvalho foi a secretaria pertencem à União na forma da legislação em
da Comissão Brasileira. daquelas com.emora- vigor".
ções. Foi também a avaliadora da coleção do
barão de Cotejlpe, na Bahia, para efeito de
aquisição pelo govêrno federal.
Uma pessoa chega para falar à coordenado- MINIST:S:RIO DA GUERRA
ra. Enquanto esperamos, passamos à sala con-
tigua à Secretaria e agora estamos diante de COMISSO!l:S DE CONSTRUÇÃO DE ESTRA-
parcelanas antigas, móveis e brasões Imperiais. DAS DE RODAGEM - O Sr. general Eurico
Então compreendemos melhor que ao Museu Dutra, ministro da Guerra, assinou recentemen-
não ºé dado apenas expor os objetos. Sua função te o seguinte aviso: ·
estâ longe de ser estâtlca, sem vida, um depósi- "1 - As Comissões de Construção de Es·
to de velharias. simplesmente, como deve pa- tradas de Rodagem passam a ter a abreviatura
recer a muitos. Jovens museologistas· alheiam- C.E.R. seguida de um número de ordem.
se de seu tempo, da vida lâ de fora, delxando-
se absorver por longas horas naqueles salões 2. - Nessas condições; - A Comissão de
enormes da "Casa do Brasil", na observação ln- Construção de Estradas de Rodagem para os Es-
·tel!gente e profunda que deverâ reconstituir tados do Paranâ e Santa Catarina denomlnar-
épocas, fatos e costumes dos nossos antepassa- se-â, abreVladamente, C. E. R. 1; a Comissão
dos, nessa paciente e penetrante Interpretação Construtora da Rodovia São Paulo-Culabâ C.
de um mundo distante com que vai se tecendo E. R. 2 e a Comissão de Construção de Estradas
o levantamento histórico de um povo. E é de Rodagem para o Estado de Mato Grosso e
assim, sômente, que nos seri licita e racional a Território de Ponta Porã - C. E. R. 3.
compreensão da história de nossos dias. Que 3. - As Comissões de nova criação serão nu-
contraste com aquela calmaria, aquela vida In- meradas, seguidamente, a partir dessa última
gênua. e patriarcal que os objetos deixam re- abreviatura".
fletir ... os convulsionados dias de hoje ..•
- :S: a dinâmica. do Museu - nos diz a se- Tratando da constituição das Comissões de
nhorita Nair. Construção de Estradas de Rodagem ns. 4 e 5,
o Sr. ministro da Guerra assinou ainda o se-
Jâ de volta, a coordenadora. nos sal!entava guinte aviso:
agora o sentido pritlco que hâ no titulo de "Como medidas decorrentes do Decreto n. 0
técnico de museu. E sua palestra ia retomando 17 832, de 20 de fevereiro de 1945, determino
o ritmo vivo de hã pouco.
o seguinte:
Uma campainha Interrompe, estridente, a a). - As atuais missões cometidas às 1." e
nossa Interlocutora. Cinco horas da tarde. O 3.• Companhias Rodovlârtas Independentes pas-
Museu pertencia dali por diante à sua guarda sarão a ser desempenhadas, respectivamente, pe-
Interna. las Comissões de Construção de Estradas de Ro-
dagem ns. 4 (C.É.R. 4) e 5 (C.E.R. 5), que
se constituirão etn unidades administrativas.
DO BOLETIM GEOGRAPICO

b) - A C.E.R. 4. terá o encargo de pros- MINISTl!:RIO DA JUSTIÇA E NEGÓCIOS


seguir a construção da rodovia Cáceres-Põrto INTERIORES
Esperldlão-Mato Grosso (V!la Bela) e a C. E. R.
5, construirá a rodovia Culabá-Vllhena (Rodovia Arquivo Nacional
General. Rondon).
e) - Liquidarão, além disso, os compromis- SESSAO SOLENE COMEMORATIVA DO
sos e encargos assumidos por aquelas Compa- I CENTENARIO DA PACIPICAÇÃO DO RIO
nhias. GRANDE DO SUL - Realizou-se no dia 2 de
d) - As Comissões serão assim constltuldas, março último, no Arquivo Nacional, a sessão
em race das missões de que ficam encarregadas; solene comemorativa do .l. 0 centenário da pa-
um capitão de Engenharia (de preferência do cificação do Rio Grande do Sul.
- Chefe da Comissão e do Escritório Téênlco - Organizada a mesa, nela tomaram assen-
Q T. A.). - Sub-chefe. Fiscal Administrativo e to o capitão Bruno Fraga, representante do
Secretário - um 1. 0 tenente de Engenharia. Presidente da República; coronel Bina Ma-
- Adjunto - um l.º ou 2.0 tenente de Enge- chado, representante do ministro da Guerra;
nharia. - Médico - um l.º tenente. - Te- capitão tenente Leopoldo Paiva, representante
soureiro e Almoxarife - um 1.0 tenente I.E. do ministro da Marinha; Sr. V. Barreto, re-
presentante do ministro da Fazenda; major
Serviços Gerais: - 3 sargentos de fileira - Isollno Ulha, pelo prefeito do Distrito Federal,
1 sargento enfermeiro-veterinário - 1 sargento e o general Milton de Freitas Almeida, tendo
enfermeiro - 1 sargento radlotelegraflsta - 1 ocupado os lugares de honra os representantes
cabo de fileira - 1 cabo telegrafista - O pessoal de Institutos culturais e de autoridades civis
poderá ser aumentado ou dlmlnuldo, de acõrdo e eclesiásticas.
co~ as necessidades do Serviço.
Tomando a p8lavra, o diretor, Sr. E. Vi-
e) - As Comissões dependerão técnicamente lhena de Morais, historiou os vários eplsó--
da Diretoria de Engenharia, à qual cabe o exa- dlos da Revolução Farroupilha, relembrando os
me e aprovação dos projetos e orçamentos dos nomes de quantos nelas se ilustraram e exal-
trabalhos, bem como a expedição de ordens e tando a figura de Caxias, de quem leu uma
Instruções que se tornarem necessárias. das mais curiosas peças de correspondência li-
f) - Aos seus oficiais e praças serão abona- gadas ao assunto.
das, à conta das respectivas dotações orçamentá- Finalizando o seu discurso, o ·sr. Vilhena
rias, as gratificações e dlárla.S estabelecidas pelo de Morais convidou as autoridades Jjresentes e
Ministério da Viação e Obras Públicas. o auditório a se dirigirem à sBla Sete de Se-
g) - O pessoal m!l1tar das Companhias será tembro, onde o representante do Presidente
aproveitado, dentro da presente organização, da República teve ensejo de Inaugurar a ex-
nas· Comissões; o excedente terá conveniente posição de mapas, livros, retratos e grande
destino, a critério das Diretorias de Armas, Saú- número de documentos Inéditos referentes à
de e Intendência e do comandante da 9.• R.M. Revolução Farroupilha.
Os atuais comandantes das Companhias de- Ali foi a todos proporcionado apreciar
sempenharão, até ulterior deliberação, as fun- documentos de extraordinário valor histórico
ções de chefe das -Oom!ssões. assim como uma excelente bibliografia do
assunto, onde se viam não poucas obras raríssi-
h) - O material bélico, d·e intendência, de mas a maioria reencadernada ou restaurada nas
transmissões, saúde, bem como o de engenha- próprias oficinas da repartição.
ria e técnico, necessàrlo aos serviços, será, a As autoridades presentes percorreram ainda
critério dos chefes das Comissões transferido as extensas galerias das Secções Históricas e Ad•
para a carga desta, devendo o restante depois de mlnlstratlva, onde viram funcionar .a moderna
relacionado, ser recolhido aos serviços prove- máquina de reprodução de mapas e documentos.
dores.
1) - O acervo proveniente de verbas desti- A cada um dos seus visitantes ofereceu o
naqas à construção de estradas será transferido Sr. E. Vilhena de Morais um exemplar do Inte-
para as Comissões, de acõrdo com as necessida- ressante opúsculo A nova carta corogrd/íca ão
des e a critério da Diretoria de Engenharia. Império ão Brastl, mandada organizar pelo te-
nente general marqu~s ãe Caxias, editado pelo
j) - As c. E. R. 4 e c. E. R. 16, deverão Arquivo Nacional.
achar-se constltuldas e em pleno funcionamen-
to a partir de 1.0 de abril próximo futuro, de-·
vendo nessa data tornar-se sem efetivo as Com-
panhias substltuldas".
Departamento do Interior e da Justiça
PROGRAMA DE TOPOGRAPIA PARA O
EXAME DE SELEÇÃO DO CURSO DE APER- ALTERADO O ARTIGO 17 DO SEU REGI-
FEIÇOAMENTO DE SARGENTOS DA E. A. C. - MENTO - O Dídrío Oficial de 2 de março
O Dídrío Oficial de 3 de março publicou a Por- último publicou o Decreto n.o 17 906, de 27 de
taria n.o 7 904, de 1.º de março de 1945, do Sr. fevereiro de 1945, do Sr. Presidente da Repú-
ministro da Guerra, aprovando as Instruções blica, alterando o artigo 17 do Regimento do
para o funcionamento dos cursos da Escola de Departamento do Interior e da Justiça do Minis-
Artilharia de Costa, em 1945, e, em anexo, o tério da Justiça e Negócios Interiores.
programa para o exame de seleção do Curso de
Aperfeiçoamento de sargentos, cujo programa
da parte de topografia é o seguinte:
MINISTi!:RIO DA MARINHA
IV - Topografia
Diretoria de Navegação
Plm da Topografia. Cartas. Escalas numé-
ricas e gráficas. Representação planlmétrica e TRABALHOS EFETUADOS EM 1944. SECÇÃO
altlmétrlca; convenções cartográficas, leltuta DE LÉVANTAMENTOS - Esta Secção fêz es-
de cartas. pecificações para todos os trabalhos do Serviço
Hidrográfico, supertntendfeu-<>s e utlllzou os
dados obtldos.
N01'ICIARIO 111

Com a continuação da .situação de guer- sendo os trabalhos de levantamentos hidro-


ra, a atividade hldrogrãflca neste ano ainda gráficos efetuados em 1944 apenas o do quadro
foi menor que em q~lquer ano anterior, abaixo.

Escala Área sondada


LUGAR Comissão das filhas (em milhas Observações
de bordo quadradas)
-----------------·-· --·---- ·------
Do cabo de São Tomé ao Rio de Janeiro ..... Itacuruçá 1:5C 000 30 Incompleto

O Itacuruçá, único navio que permaneceu os limites norte e sul, representados pelas
nos serviços hidrográficos, executou sondagens praias do Galego e Dendê (ao norte) e das Bicas
necessárias a completar a carta 1 500, tendo (ao sul).
sido seu aproveitamento no entanto multo re- 4 - Determlnaçã.o de azimute verdadeiro,
duzido, devido a causas diversas. pollgonação e nivelamento terrestres da referida
Nos meses de janeiro e · fevereiro, foram área.
executados serviços preparatórios de reconhe- 5 - Restituição na escala de 1 :2 000 reali-
cimento, medidas de uma base e de uma trlan- zada no aparelho "aeromultiplex" da área re-
glllação, vinda de ·São Tomé para SW. ferida no Item 3.
Também foi feita a localização rigorosa de
perigos e pedras em tôrno da ilha Santana. 6 - Tomada de vistas com fllme Intra-ver-
Além dos serviços hidrográficos acima espe- melho em diversos pontos da bala de Guana-
cificados foram feitos alguns levantamentos bara e do litoral do Estado do Rio de Janeiro,
topográficos, para atender pedidos da Comissão para experiência de determinação de contornos
de bancos por melo de aerofotogrametrla.
de Tombamentos e Olretorla de Engenharia
Naval. 7 - Restituição de totogramos da collta
Durante o ano foram executados serviços es- norte do Estado do Rio Grande do Norte, para
peciais de determinação de posições e azimu- experiência de determinação das linhas batl-
tes feitos pelo próprio chefe da DN-2, capitão métrlcas por melo da estereofotogrametrla.
de fragata Ar1 dos Santos Rongel. Secção de Construção de Cartas - Tem a
Durante o ano de 1944, foram realizados os seu cargo, desde a seleção das informações até
seguintes trabalhos: a Impressão final das cartas náuticas, além de
executar por suas Instalações outros serviços,
1 - Tomadas de vistas do trecho da costa principalmente os de impressão de publicações
do Estado do Rio de Janeiro, compreendido en- e de fotografia.
tre a cidade de Macaé, e um ponto situado a
10 quilômetros acima da barra do rio Açu, na Ainda em 1944, com reduzidíssimo número
escala de 1 :10 000 nos fotogramas, isto é, a uma de cartógrafos, foram terminadas e publicadas
altura de vôo rui 2 100 métros. as cartas constantes dos quadros que se seguem.
Também foram feitas algumas reproduções
2 - Confecção do mosaico do trecho do ll- fotográficas de cartas estrangeiras, no total de
toral do Estado do Rio de Janeiro, compreen- 15, a saber:
dido entre a cidade de Macaé e um ponto si-
tuado a 10 qullômetros da barra do rio Açu. Inglêsa.s, ns. 297, 540, 889, 890, 891, 1 801,
1 802, 3 286 e 3 326.
3 - Tomada de vistas do trecho da llha do
Governador, compreendido entre a Base Aérea Americanas, ns. 957, 958, 1 238, 1 963, J 96•
do Galeão e o córrego do Jequlá, abrangendo e 5 589.

NOVAS CARTAS

Número Esula Data da


TÍTULO Observ~ões
natural publicação
- ---·- -·----- ~-----------

902 .... ······· Pôrto de Recife .................... 1:15 coo 15-3-44 Original desenhado

806 .... ....... Pôrto de Natal (confidencial) ........ 1: 6 500 15-4-44 Gravado em cobre
1102 ........... Pôrto de Salvador ................. 1:20 ()()() 28-f-44 Original desenhado
803 ........... Canal de São Roque (confidencial) .. 1:50 ()()() 28-6-44 Original desenhado
92 BOLETIM OEOORAFICO

NOVAS EDIÇÕES

N6mero Escala Data da


TÍTULO Observaçaes
natural publicação
------·-·- ----
2 ........... Ilha da Trindade ................... 1:15 000 24-5--44
1608 ........... Bala da Ribeira .................... 1:25 000 :Hl--44

NOVAS TIRAGENS

N6mero TÍTULO Escala Data observacaes

1 610 ........... Bala de Sepetiba ................... 1:50 000 25- 1-44


1eo2 ........... Baía da ilha Grande, parte central. .. 1:40 000 31- 1-44
1 703 ........... Mar Pequeno ...................... 1:25 000 1- 3-4.4
1810 ........... Enseada de Pôrto Belo ............. 1:27 309 23- 3-44
1502 ........... Pôrto do Rio de Janeiro ............ 1:25 000 15- 7-44
902 ........... Pôrto de Recife .................... 1:15 000 29- 7-44
1804 ........... Pôrto de São Francisco do Sul. ..... 1:27 000 15-- 9-44
1201.. ......... Pôrto de Ilhéus .................... 1:10 000 31-10-44
1501.. ......... Bafa de Guanabara ................. 1:50 000 8--11-44
1612 ........... Parati e enseadas até J uatinga ...... 1:25 000 23-11--44

Secç4o de Segurança da Navegaç4o - Esta exerceu o Serviço Hidrogrã!lco uma ativa e te-
Secção coligiu, estudou, analisou e disseminou naz propaganda, a !tm de lntrOduzlr êsse salutar
sob a forma de publicações e avisos, as infor- hàbito que reverterà em breve em bene!fcio dos
mações necessàrlas à segurança da navegação próprios navegantes.
ou de seu interêsse geral, além de opinar e
informar sôbre os assuntos que lhe foram cor- O número de informações recebidas foi de
relatos. 484, algumas das quais, no entanto, não pude-
ram ser aproveitadas. :t sempre animador êsse
Em 1944 !oram impressas as seguintes pu- número, que torna patente, embora com peque-
blicações: na variação o maior interêsse dos navegantes
Equipamento Náutica de Salvamento. Equi- pelos assuntos que dizem respeito à seguran-
pamento de Navegação - 1943. ça da própria navegação.
A.cooperação por parte dos navegantes que O quadro abaixo mostra o movimento de
freqüentam a nossa costa, não apresentou ainda Informações recebidas de vàrlas fontes de avisos
o. grau que dela se pOderia esperar, à vista da impressos e de avisos urgentes por meio de rá·
intensidade do tràfego. marítimo, pelo que dio nos últimos anos.

1nformaçaes Avisos Avisos urgentes


ANO impressos pelo rãdlo
recebidas

1937 ................................... . 423 101 244


1938 ................................... . 536 132 396
1939 ................................... . 609 133 410
1940 ................................... . 648 206 451
1941 ................................... . 655 141 380
1942 .................. ·................. . 425 105 294
1943 ................................... . 606 94 152
1944 ............ ·..... : . ................ . 484 65 189
NOTICIARIO 93

O Serviço de Centralização de Avisos aos Secçã9 de Distribuição - Esta secção que


Navegantes, nos portos de Belém, Recife' e Rio mantém o estoque de cartas e outras publlca-
de Janeiro, apesar da Intensa propaganda que ções do Serviço Hidrográfico encarrega-se do
dela se faz, como nos anos anteriores, não apre- serviço de correções pars a sua manutenção em
sentou o movimento de consultas esperado. dia e ds venda e distribuição. diretamente e por
Em 1944, o número de avisos estrangeiros meio do agente.
recebidos - 1 301, ainda foi dos mais altos, O serviço continuou a ser feito normalmen-
igualando o ano de 1943, e maior que todos os te, estando as vendas s cargo do agente Paulo
demais. de Azevedo & Cls. Ltda. - Livraria Francisco
O Serviço de Segurança da Navegação nas Alves, com grandes vantagens para os nave-
bacias dos rios Paraná e Paraguai, constando gantes e para o Serviço Hidrográfico, em vir-
principalmente da irradiação pela estação radio- tude da maior facllldade de aquisição.
telegráfica de Ladârlo, dos avisos urgentes inte-
ressando essas bacias, continua a ser executado, Do serviço de correções em publicações,
assim como a irradiação de boletins meteoro- Iniciado em 1943, foram feitas êste ano, 4 855
lógicos e sinais especiais para a radiogoniome- correções em 964 publicaçõ~.
tria com lndlscut!vel proveito para os navios e
as aeronaves. Nas cartas em estoque foram inseridas
13 089 correções sôbre 3 841 cartas, para a sua
Em colaboração com o Ministério da Agri- manutenção em dia.
cultura, foi mantido o serviço de observações
de altura de águas em vários pontos da bacia do O quadro abaixo indica o movimento da
Paraguai. Secção nos últimos anos:

PUBLICAÇÕES 1937 1938 1939 1940 1941 1942 1943 1944


·--- ---- - - - - - - --·-- · - - - - · - - - - - - -
Cartas nacionais vendidas, ......... 201 392 635 584 999 1 189 1 156 1242
Cartas inglêsas cedidas ............. 5 14 6 15 o o 94 82
Cartas nacionais distribuídas ....... 1 08f 1304 1 318 1 457 1488 1 749 2 715 2 384
Cartas inglêsas distribuídas ......... 190 1 089 470 337 277 770 1 317 801
Cartas americanas distribuídas ...... - - - - - 555 710 844
Cartas americanas cedidas .... ; ..... - - - - - - 2 12

Cartas (totaO.. . . . .. .. . ...... 1 482 219e 2 429 2 393 2 764 4 26l 5 994 5 365
Outras publicações vendidas ........ 276 171 227 364 543 498 454 474
Outras publicações distribuídas .... 2 305 2 837 3 946 3 632 4 883 4 256 4322 4 212

TOTAL ... : ................... 4 063 5 807 6 602 6 389 8190 9 017 10 770 10 051

A venda de cartas e outras publicações glês e dos Estados Unidos da América do


apresenta um índice animador, e por assim Norte.
O quadro abaixo mostra as rendas l!qui·
dizer, convidativo para a auto - manutenção das de vendas de cartas e outras publlcações
do Serviço, oomo sucede nos congêneres ln- nos últimos anos:

ANO 1937 1938 1839 1940 1941 1942 1943 1944


1 (CrS). (Cr$) (Cr$) (Cr$) (Cr$) (Cr$) (Cr$) (Cr$)
----
Renda l!quida ..... 8.038,80 7.096,90 11.063,40 10.802,00 16.995,80 17.042,80 19.033,40 23.882,40

De acõrdo com os regulamentos em vigor 17 979, alterando a Tabela Numérica Ordlná·


estas rendas têm sido recolhidas ao Fundo ria de Extranumerárlo-mensalista do Serviço
Naval. de Estatlstlca da Previdência e Trabalho, do
-te Ministério do Trabalho, Indústria. e Comércio.
MINISftRIO DO TRABALHO INDCSTRIA
E COMi:RCIO
-te
MINISTJl::RIO DA VIAÇÃO E OBRAS PCBl-ICAS
Serviço de Estatfstica da Previdência e Trabalho
Conselho Nacional de Minas e Metalurgia
ALTERADA A SUA TABELA 'NUMÉRICA
ORDINARIA DE EXTRANUMERARIO-MENSA· DADOS ESTATtSTICOS RELATIVOS AOS
LISTA - O Prestdente da República assinou PROBLEMAS DE MINERAÇÃO E METALURGIA
no dia 5 de março último, o Decreto n. 0 - Em recente reunião do Conselho Nacional
de Mi)la.s e Meta.Iurgta, reatlzada sob a presi- ao goyêrno do Estado de São Paulo, para que
dência do Sr. Ernesto Lopes da Fonseca C0&ta, o Sr. . Antônio FUria, quimlco do Instituto
foi lido, além de outros oficlos que constl· Geográfico e. Geológico dêsse Estado, seja auto-
tufam o Expediente, um do Serviço de Estatis• rizado a acompanhar a instalação, por êle Ini-
tlca Econômica e Financeira do Mlnmtério d,. ciada, do aparelhamento destinado a estudos
Fazenda, remetendo os dados referentes à expor- para tratamento do carvão produzido em suas
tação de matérias primas de origem mineral, minas.
manufatura e produtos qulmlcos, durante os o Conselho, por proposta do Sr. Macedo
meses de junho e novembro de 1944. Soares, resolveu aprovar o pedido e transmiti-lo
A propósito do assunto dêsse processo o ao govêrno de· São Paulo, Informando que o
Sr. Fonseea Costa declara que, interessando estudo do beneficiamento do carvão do Paraná
êle a todos os conselheiros, seria conveniente constitui assunto de lnterêsse nacional, e, assim,
que cada um possuísse cópia dêsses dados. se não houver qualquer impedimento legal,
O Sr. Emillo Ferreira reporta-se à Indi- seja o Sr. Antônio Furta põsto à disposição da
cação apresentada à consideração do Plenário requerente, por 12 meses, para terminar os
na sessão de 25 de março de 1941, sõbre a trabalhos em andamento sob sua orientação.
coleta de dados estatlstlcos relativos aos pro-
blemas de mineração e metalurgia: estudo das
medidas que regttlem o funcionamento das
minas e normas do tratamento de minérios, e
estudo das medidas para o melhoramento das
'
Departamento Nacional de Obras de Saneamento
condições de transporte de minérios e produtos VISITA DE INSPEÇAO .AS OBRAS DE SA·
metalúrgicos, visando o desenvolvimento d.a NEAMENTO DO RIO GRANDE DO SUL - O
produção e a diminuição do custo. Eng.o Hildebrando de Araújo Góis, diretor do
Essa coleta tem por fim a organização de Departamento Nacional de Obras de Saneamen-
uma estatística completa sôbre a matér~a. to, seguiu recentemente para o Rio Grande do
abrangendo a produção, e consumo e a expe>r• Sul, a fim de Inspecionar as obras em execução
tação dos produtos referidos, a.s zonas em que a cargo daquele Departamento. Tais obras estão
são produzidos e consumklos, os transportes compreendidas no plano de defesa das cidades
efetuados, etc., etc .. e também as possfülltdades de Pôrto Alegre, Pelotas e outras regiões contra
da produção, consumo e exportação prováveis as inundações, Incluindo a construção do dique
no futuro, organização que virá prestllr ines- de Gravata! e os serviços preliminares de tõd.a
:timã veis serviços ao Conselho. a bacia dêsse rio. Também.estão en1 pleno an•
damento, o atêrro da ãrea marginal de Nave-
Lembrava, assim, a conveniência de ser a gantes e a construção do cais de saneamento,
tarefa cometida a um dactilógrafo, para coor- em Pôrto Alegre, com extensão de 5 000 metros.
denar os elementos estat!sticos fornecidos e Na região do Salto no nordeste do Estado, pros-
tirar as respectivas cópias. seguem. com resultados satisfatórios, as obras
O Conselho resolve distribuir o processo ao de construção da grande barragem retentora,
Sr. óton Leonardos e, assim que o Conselho que, concluídas, permitirão o aproveitamento
possuir o dactilógrafo, para o que o chefe da de energia elétrica equivalente ao potencial de
Secretaria ficou incumbldo'de tomar as devidas 62 000 kW. Também estã sendo construida a
providências, serão extraídas as cópias. grande barragem Capingui, próxima a Passo
Fundo, no norte do Estado, que darã energia
CESSAO DE TJ!:ONICO Ã CARBON:t:FERA elétrica suficiente para as cidades próximas.
BRASILEIRA S. A. - O Conselho Nacional de Essas obras, no Rio G,rande do Sul, a cargo
Minas e Metalurgia, reunido sob a presidência do Departamento Nacional de Obras de Sanea-
do Sr. Ernesto Lopes da Fonseca Costa tomou mento, terão, dentro em pouco. desenvolvi·
conhecimento, em uma de suas recentes sessões, mento mais acelerado, com o emprêgo d.a
do requerimento da Carbonifera BrasUelra S. A., maqtiinarla adquirida recentemente nos Estados
sol!cltando a Interferência do Conaelho Júnto Unidos.

Instituições particulares
FUNDAÇÃO GETúLIO VARGAS novo edt!iclo do Ministério da Eduéação e Saú·
de. Nessa área devera ser levantada a sede da
Com a 8.181nati.íra, a 20 de dezembro do Fundação, a qual, projetada ·em estilo mOderno,
ano findo, da escritura da Fundação Getúlio deverá constituir em breve tempo, com aquêle
Varga.s, acha-se definitivamente constltu!da a Minllltérlo, um Importante conjunto arquite-
entidade criada pelo Decreto-lei n.ó 6 693, de tônico, representativo do dinamismo da nossa
14 de Julho de 1944. época.
O govêrno baixou, ainda, a 19 do mesmo
Dados os altos objetivos visados por essa mês de dezembro, outro Decreto-lei, sob n.o
Instituição, vem ela. encontrando Irrestrito 7 170 pelo qual fica .a Fundação Getúlio Vargas
à.polo por parte da grande maioria das entidades Isenta ·de todos os impostos da União e da
do país, ai compreemJldos o Govêrno Federal, Prefeitura do Distrito Federal, abrangendo a
governos estaduais, territoriais e municipais, Imunidade todo.s os bens. rendas e serviços
etnprêsas privadas e cidadãos da maia alta da entidade, bem como tõdas as operações em
expressão nas ativldadeia nacionais. que a mesma figure como adq'Uirente ou dona-
Pelo Decreto-lei n.º 7 148, de 13 de dezembro tária e, ainda, as doações, atos, registros e
flndo, o Sr. Presidente da República autor1$>u averbações neces$árlas à sua constituição.
o Prefeito do Distrito Federal a door à Funda- A Comissão encarregada da elaboração dos.
ção Getúlio· Vargas e terreno compreendido estatuto& da Fundação Getúlio Vargaa Indicou
entre a avenida Graça Aranha e as ruas Sant,11 os seguintes nomes para presidente e membros
Luzia, Imprensa e Pedro Lessa, fronteiro ao do Conselho Curador e do Conselho Diretor:
NOTIOIARIO 95

Presidente: Luls Simões Lopes - Conselho politlca de um povo, e o terceiro, eem cuja
curador: Euvaldo Lodl, Arnaldo Gulnle, Manuel solução tornar-se-la impossível a dos primeiros,
J. Ferreira Guimarães, João Alberto Llns de representa o último elo da cadela imensa das
Barros, João Daudt de Oliveira. Roberto C. necessidades nacionais. A seguir, historia os
S!monsen, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, erros passados em nossos quatro séculos de
Samuel Ribeiro, Valentim F. Bouças, Henri- história, faz um perfil de nossa extensão ter-
que de Toledo Dodsworth, Ar! Frederico TOrres, ritorial, para afirmar a grande necessidade de
Jorge Filipe Kafuri, Murllo Braga de Carvalho, desenvolver, cada vez mais, nossos meios de
Fábio da Silva Prado, Herbert Moses, João comunicações, com â construção de estradas de
Marques dos Reis, Marcos Carneiro de Men- rodagem, de preferência auto-estradas, a par de
donça, Napoleão Alencastro · Guimarães, Moacir estradas de ferro, indispensáveis ao transporte
Veloso Cardoso de OUvetra, Plinio Reis de em massa e mo.5trou como era aconselhável
Cantanhede e Almeida, Júlio Barros Barreto. fazer o govêrno emissões necessárias à realiza-
Conselho Diretor: Vice-presidente - João ção dêsse cometimento.
Carlos Vidal. Seguiu-se com a palavra o Sr. Portela de
. Vogais: Guilherme Gulnle, Eugênio Gudln, Azevedo que dissertou sôbre o tema O máximo
Lino Leal de Sá Pereira. problema naeional - instruçllo - e a sua solu-
çlio pelo Presidente Vargas.
Suplentes: José Carneiro Filipe, Mário Au-
gusto Teixeira de Freitas, Rubens POrto. Debatendo as conferências pronunciadas,
falaram os Srs. Benjamim Vieira e Himalaia
Na qualidade de presidente da Fundação e Vlrgollno, que teceram comentários sObre vários
e de acõrdo com os respectivos Estatutos, o Sr. temas esboçados nos trabalhos proferidos, fa-
Luls Simões Lopes é também o presidente do zendo a sua critica e apresentando os melhores
Conselho Diretor. , meios para sua solução. Ambos os oradores con-
Mais de 300 entidades oficiais, privadas e gratularam-se com os conferencistas pelos tra-
particulares subscreveram, as listas de doações balhos apresentados.
da Fundação, a qual já conta com um fundo Encerrando a sessão, o Sr. Pedro Vergara
patrimonial de cêrca de 140 milhões de cruzeiros. agradeceu aos oradores a valiosa contribuição
que deram à obra que o Instituto vem rea-
lizando.

INSTITUTO DE COLONIZAÇAO NACIONAL


Grêmio Geográfico central SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA
E ETNOLOGIA
o CRJ!:DITO AGRtcoµ E A COLONIZA-
ÇÃO NACIONAL - Realizou-se no dia ·20 de PROGRAMA DE SUAS ATIVIDADES NO
março último no auditório da Associação Bra- CORRENTE ANO SOCIAL - HOMENAGEM A
sileira de Imprensa, sob a presidência do gene- MEMORIA DO FOLCLORISTA MARIO DE
ral Gustavo Cordeiro de Farias, mais uma ANDRADE - Reuniu-se no dia 14 de março
sessão menssl do Grêmio\ Geográfico Central último, a diretoria da Sociedade Brasileira de
dêsse Instituto. Após a aoertura da sessão e Antropologia e Etnologia para deliberar sObre
leitura da ata da sessão anterior. o tenente- o programa das suas atividades no corrente
coronel Frederico Augusto Rondon, diretor geral, ano social.
fêz uma exposição sôbre as reallzaçães do I. Ficou deliberado ainda a realização de uma
C. N. Em seguida, o capitão Mondlnl Belletl sessão especial, no próximo mês de abril em dia
fêz uma evocação a Anchieta, ressaltando a e hora que serão anunciado.a, em homenagem
sua personalidade como colonizador. Termi- à memória do escritor e folclorista Mário de
nando a 1." parte da reunião o Dr. Maurício Andrade. Já se acham Inscritos para falar o.s
do Lago, consultor jurídico do. Banco do Brasil, profle.ssõres Luis Heitor Correia de Azevedo,
fêz uma conferência· sôbre "O crédito agricola Sllvlo Júlio e Artur Ramos que examinarão a
e a colonização nacional", sendo multo aplau- contribuição folclórica e etnológica do grande
.dldo pelos presentes. Dando Inicio à parte artis- escritor paulista.
tlca com que era encerrada a reunião, o tenente
Brito Jorge, secretário do Grêmio Geográfico
Central, fêz a apresentação da pianista Regina
Augusta Mondlnl Belletl, que executou alguns
números de Bach, Weber e Beethoven, e da SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DO RIO
cantora Maria Sllvia Pinto, que apresentou DE JANEIRO
dlveraoa números de canto regionais.
POSSE DA NOVA DIRETORIA ELEITA
PARA O BmNIO 1945-46 - SESSAO MAGNA
iC COMEMORATIVA DO 62. 0 ANIVERSARIO DA
SOCIEDADE - Realizou-se no dia 'Jf1 de feve-
INSTITUTO NACIONAL DE CüNCIA POL:ITICA reiro passado a Assembléia Geral Ordinária da
Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, espe-
"ESTRADAS - UM PROBLEMA NACIONAL" cialmente convocada para ser dada a posse da
- Realizou-se no dia 10 de março último, nova Diretoria eleita. A Assembléia foi presi-
mais uma sessão semanal do Instituto Nacional dida pelo ministro Raúl Tavares, que abrindo a
de Ciência Politlca, sob a presidência do Sr. sessão designou o Sr. Epltáclo Monteiro Pessoa,
Pedro Vergara. 2.º secretário, . para proceder à leitura da ata
Inicialmente, foi dada a palavra ao Eng.o da última Assembléia Geral <\O ano passado.
Enéias coelho que pronunciou uma conferência Submetida à aprovação do plenário a mesma
sObre o tema Estradas-um problema nacional. foi dada por aprovada unãnimemente.
Principiou o orador por dizer que entre os Em prosseguimento o presidente designou
problemas, cuja solução 11oSSOberba a suprema o chefe da. Secretaria Prof. Emanuel Leontslnis
administração do pais, três se destacam e se para ler o Relatório apresentado pela presi-
interligam; o da saúde, o da educação e o das dência da Sociedade sõbre as atividades dâ
comunicações. O primeiro como fator preponde- mesma do ano próximo findo, sendo o mesmo
rante e decisivo no futuro da raça; o segundo aprovado unãnlmemente com uma salva de
constituindo condição essencial da evolução palmas.
96 BOLETIM GEOGRAFIOO

Em continuação, o presidente leu o balan- barão do Rio Branco o grande vulto nacional
cete do diretor-tesoureiro, que transmitia a e que foi presidente de honra da Sociedade de
Caixa da Sociedade ao novo tesoureiro da Socie- Geografia, homenagem que será prestada atra-
dade, capitão de fragata Lula Alves de Oliveira vés da publicação especial de um número da
Belo. Revista da Sociedade dedicado exclusivamente
à atividade do barão do Rio Branco-geógrafo.
O presidente deu a palavra ao Sr. Taclano Terminando seu discurso, o Sr. ministro Fon-
Acióll Monteiro que pronunc1ou o discurso seca Hermes propôs constasse em ata um voto
alusivo à data de 2l!i de fevereiro de 1883, que de louvor e gratidão à Diretoria cujo mandato
marca a fundação da Sociedade de Geografia acabava de terminar.
nesta capital. O orador rememorou os vultos
da Casa de Paranaguá que há. 62 anos lançaram Foi aprovado unãnlmemente.
os fundamentos dêsse sodaliclo.
O Sr. almirante Raúl Tavares em seguida O Sr. almirante Raúl Tavares agradeceu em
leu a relação dos membros que constituem a seu nome e no da Diretoria que presidira as
nova Diretoria da Sociedade eleitos na Assem- bondosas referências do orador.
bléia Geral de 21 de dezembro de 1944 e que O Sr. ministro Fonseca Hermes salientou
regerão os destinos da Sociedade de Geografia a cordialidade existente e aproveitou o momento
do Rio de Janeiro no período correspondente a para fazer uma comunicação a respeito da
25 de fevereiro de 1945 - 25 de fevereiro de 1947 brllhante solução dada ao secular litlglo de
de acôrdo com os atuais estatutos, declarando fronteiras entre o Peru e o Equador pela me-
os mesmos empossados. diação do Brasil por intermédio do comandante
O Sr. ministro Raúl Tavares saudou em Brás Dias de Aguiar, vitória essa que também
seguida a novel administração com palavras de diz respeito à Sociedade da qual o comandante
entusiasmo, desejando à mesma as maiores Aguiar é destacado membro, e que não podia
felicidades na execução da árdua tarefa de deixar que passasse em silêncio acontecimento
elevar cada vez mais o patrimônio cultural, tão solene pelo qual aproveitava para propor
moral e cientifico da Sociedade de Geografia o seguinte: a) registrar em ata o aprazimento
do Rio de Janeiro, que terá dias de maior da Sociedade pela solução pacfflca da questão
esplendor sob a sábia direção dos novos recém- de limites entre o Peru e o Equador; b) oficiar
eleitos, cuja estrutura moral e intelectual cons- ao nosso ministro do Ex~rlor transmitindo as
titui uma garantia para o porvir da tradi- congratulações da Sociedade pela fellz inter-
cional Sociedade cuja suprema flnalldade é venção da nossa diplomacia; c) telegrafar ao
contribuir para a elevação da cultura e da comandante Brás de Aguiar felicitando-o pelo
ciência nacionais. seu triunfo; d) oficiar aos ministros do Peru
e do Equador nesta capital comunicando estas
. Antes de transmitir a mesa à nova Diretoria resoluções da Sociedade.
o Sr. mlnl&tro Raúl Tavares deu a palavra ao
Sr. Aristeu Portugal Neves, que pronunciou Estas propostas !Oram unânlmemente apro-
uma ode de louvor aos vultos da Sociedade vadas com um aditamento proposto pelo Dr.
em comemoração do 62.º aniversário da fun- João Ribeiro Mendes para que a Sociedade
dação. organizasse oportunamente uma sessão especial
de congraçamento em homenagem ao Peru e
O Sr. Ra.pôso Tsvares, propôs que fôsse Equador e ao comandante Brás de Aguiar.
lançado em ata um voto de grande louvor ao
Sr. ministro almirante Raúl Tavares pela forma Nada mais havendo a tratar o' Sr. ministro
brllhante por que durante quatro anos dirigiu João Severlano da Fonseca Hermes deu por
os destinos da Sociedade, proposta que foi unã- encerrada a sessão que foi levantada sob aplau-
nlmamente aprovada por aclamação. sos g~rals dos presentes.
O Sr. almirante Raúl Tavares agradeceu a
homenagem e propôs em seguida um voto de
louvor e agradecimento ao Dr. Alberto Couto
*
PRIMEmA SESSAO ORDINARIA DA DIRE-
Fernandes, diretor-tesoureiro da Sociedade que TORIA E DO CONSELHO DmETOR - Reali-
pelo espaço de 31 anos, e que, graças à sua zou-se na Sociedade de Geografia do Rio de
operosidade e eficiência deixava a situação fi- Janeiro, sob a presidência do ministro João Se-
nanceira da Sociedade em perfeita condição verlano da Fonseca Hermes Jr. 1.0 vice- presi-
de equll!brio, sem nenhum ônus. dente da Sociedade, a primeira sessão ordinária
O Sr. almirante Raúl Tavares e os demais da Diretoria e do Conselho Diretor do corrente
membros da mesa convidaram os membros da ano. Após a leitura da ata da sessão anterior
nova Diretoria eleita a tomarem assento à e da unânime aprovação da mesma, o secre-
mesa diretora dos trabalhos. tário-geral Sr. Mário Rodrigues de sousa pro-
cedeu à leitura do expediente, que constou
A nova Diretoria eleita tomou posse solene como de costume de cartas, oflclos. e telegramas
sob a presidência do Sr. ministro João Seve- recebidos, destacando-se os ofícios do Ministério
riano da Fonseca Hermes Júnior, 1.0 vice-pre- do Exterior, da Embaixada do Peru e do Equador
sidente eleito, que acompanhado pelos Srs. nos quais agradeciam as resoluções aprovadas
almirante Jorge Dodsworth Martins, 2. 0 vice- na Assembléia Geral da Sociedade de Geografll\
presidente Dr. Everardo Backheuser, 3. 0 vice- do Rio de Janeiro, com referência à magnífica
presidente; Dr. Mário Rodrigues de Sousa, se- solução dada à delicada questão de fronteiras
cretário-geral, tenente-coronel Frederico Au- entre o Peru e Equador. Em continuação o
gusto Rondon declararam aberta a sessão Inau- presidente deu conhecimento aos presentes da
gural dos trabalhos da nova administração da comunicação do tenente-coronel Frederico Au-
Sociedade. gusto Rondon com referência ao centenário da
O presldent~ da sessão ministro J. S. da pacificação da famí!ia braslleira comemorado
Fonseca Hermes Jr., deu Inicio à mesma fa- em Pôrto Alegre na semana passada e que teve
zendo um longo discurso no qual Justificou a encimá-la a figura Insigne de Luls Alves de
Inicialmente a ausência do Sr. embaixador Lima e Silva, marechal duque de Caxias. Após
José Carlos de Macedo Soares que, por motivo a discussão das propostas apresentadas na
Justo não pôde comparecer, prosseguindo, o Sr. comunicação do tenente-coronel Frederico Ron-
ministro Fonseca Hermes traçou em rápidas don, o ministro J. s. da Fonseca Hermes
linhas o programa a ser seguido pela nova ad- entregou à biblioteca da Sociedade o ll'O'ro do
ministração que terá como reallzação Inicial tenente-coronel Frederico Rondon, intltulado
uma homenagem especial à figura insigne do UaupéB. Durante a discussão das propostas
NOTICIARIO 97

apresentadas na comunicação anterior verifi- zado pela Sociedade no qual serão divulgados os
caram-se magnificas exposições sôbre os vultos mais recentes dados estatistlcos acêrca da de-
históricos nacionais como José Bonifácio e Rio mografia nacional. Sugeriu ainda a. organização
Branco, exposições feitas pelos S\·s. coronel de um curso especializado de geografia geral
Francisco Jaguaribe de Matos e ministro J. S. simplificado para inspetores de ensino secun-
Fonseca Hermes, tomando parte nessa palestra dário, curso êsse que seria dado com o auxilio
cultural os Srs. general Artur Pinheiro da Silva do Conselho Nacional de Geografia e que bre-
o coronel Luís M. Fournier, Sr. Taciano Aclóli vemente êsse curso seria ampliado no sentido
Monteiro e o Sr. João Ribeiro Mendes. Em se- de organizar-se um curso especializado para
guida foram aprovadas as propostas de inscri- professôres de geografia. Essas sugestões !oram
ção de novos sócios e o presidente Justlflcou plenamente aprqvadas.
a ausência dos Srs. embaixador José Carlos de .o ministro J. S. da Fonseca Hermes propôs
Macedo Soares almirante Raúl Tavares e Sr. que fôsse consignado em ata um voto de con-
Carlos Domingues. Nada mais havendo a tratar
o ministro João Severlano da Fonseca Hermes gratulações com o confrade Eng.o Christovam
agradeceu o comparecimento dos presentes e Leite de Castro, secretário-geral do Conselho
deu a sessão por encerrada. Nacional de Geografia. pelo cargo em que foi
investido na presidência da Comissão Pan·
Americana de Geografia e Cartografia. :@:sse voto
*
SESSÃO EXTRAORDINARIA DA DIRETO-
!oi aprovado unãnimemente. Vádas sugestões
foram apresentadas nessa ocasião pe!.,.. Srs. Dr.
Herbert Canabarro Reichardt, Paulo Pire,, Bran-
RIA E DO CONSELHO DIRETOR - Realizou-se dão e comandante Oliveira Belo. O embaixzvi.or
sob a presidência do embaixador José Carlos José Carlos de Macedo Soares submeteu à apre-
de Macedo Soares a reunião extraordinária da ciação dos. presentes cinco croquis do projeto
Diretoria da Sociedade de Geografia do Rio da capa do Ex-Li!:iris ela Sociedade, 11e11do
de Janeiro. Aberta a sessão, o embaixador aprovados dois, cujos desenhos serão lavrados.
José Carlos de Macedo Soares, expressou sua
profunda satisfação por presidir pela pri- Durante a sessão foram lidos o telegrama
meira vez uma sessão da tradicional Instituição. recebido pela Sociedade no qual o Sr. general
O Sr. presideii.te·deslgnou o secretário geral Sr. Cândido Mariano da Silva Rondon se congra-
Mário Rodrigues de Sousa para ler a ata da tulava com a mesma pela iniciativa de home-
última sessão ordinária da Diretoria. Submetida nagear a diplomacia nacional pelo brilhante
à aprovação do Conselho Diretor a mesma foi triunfo alcançado na solução da secular questão
aprovada depois de .ter sido lavrada uma emenda de limites entre o Peru e o Equador, bem como
acêrca das Indicações propostas pelo tenente- o telegrama a êsse general. assinado pelo
coronel Frederico Augusto Rondou, con,torme l.º vice-presidente .da Sociedade, ministro J. S.
solicitação do ministro Joiíc Severlano da Fon- da Fonseca Hermes.
seca Hermes Jr. l.º vice-presidente da Sociedade. Após a resolução de mais alguns assuntos
Seguiu-se a leitura do expediente. Após o de ordem administrativa, o presidente, embai-
despacho do mesmo, o Sr. presidente deu a xador José Carlos de Macedo Soares agradeceu
palavra ao comandante Lu!s Alves de Oliveira o comparecimento dos presentes e deu por eh·
Belo que, após breve ausência do âmbito da cerrada a sessão.
Sociedade, por ter participado do congresso
histórico-geográfico riograndense comemorativo
do Centenário Farroupilha, voltava à Sociedade *•
para tomar posse das suas funções de diretor- UNIVERSIDADE DO AR
tesoureiro.
o comandante Oliveira Belo fêz uma longa TRABALHOS PROPOSTOS AOS ALUNOS
comunicação a respeito dos trabalhos efetua- PARA FINS DE CONCESSÃO DO CERTIFICADO
dos naquele certame cientifico enaltecendo a DE APROVEITAMENTO - Terminou no dia
organ!Zação do mesmo e o valor das teses apre- 30 de março último, o prazo para a entrega dos
sentadas. O comandant·e Belo sallentou a Idéia trabalhos propostos aos alunos da Universidade
levantada no aludido congresso para que fôsse do Ar no ano letivo de 1944 para fins de con-
organizado futuramente um certame ibero-ame- cessão do certificado de aproveitamento. :@:stes
ricano de geografia e história, havendo nesse trabalhos deverão ser acompanhados da indi-
momento um aparte do ministro J, S. da cação das fontes bibliográficas a que recorreu
Fonseca Hermes, que lembrou ter sugerido o o autor, tanto da sua biblioteca particular como
mesmo por ocasião do IX Congresso Brasileiro do estabelecimento em que leciona ou das
de Geografia reallzado em Florianópolis em bibliotecas públicas da localidade em que
1940 quando propôs que fôsse realizado um reside.
magno certame ibero-americano comemorativo O programa dos trabalhos para a conclusão
do bl-centenárlo da assinatura do tratado de do Curso de Geografia Geral !o! organizalo pelo
Madrl 1750-1950. Prof. José Vérísslmo da Costa Pereira, do Colé·
Em prosseguimento, o Sr. João Ribeiro glo Pedro II. Os candidatos deverão compor um
Mendes fêz nova comunicação sôbre a obra do trabalho - em forma de tese - contendo res-
geógrafo brasileiro do século XVIII Alexandre postas obrigatórias para cada uma das seguintes
Rodrigues Ferreira. Ao terminar sua comuni· perguntas, na ordem ou não, em que vão
cação, o Sr. João Ribeiro Mendes propôs que dispostas:
fôsse inserido em ato um voto de congratulações 1) Por que é a Geografia ciência da atua-
com o embaixador José Carlos de Macedo Soa- lidade posta ao serviço do homem ?
res, que •pela primeira vez no cargo de pre- 2) Por que é a Geografia, matéria básica
sidente aa Sociedade de Geografia do Rio de na escola e impresclndivel nas universidades ?
Janeiro, des<le sua posse em fevereiro do cor-
rente ano, presidia a uma reunião da Diretoria .. 3) Por que deve a Investigação geográfica
ser desenvolvida ao máximo em nosl!O pais?
O Sr. presidente propôs uma série de medi-
das de ordem administrativa de grande lnte- 4) Por que é a Geografia ciência· viva, sin-
rêsse para o futuro da Sociedade, bem como tética e original ? .
a resolução de vários assuntos com referência 5) Como deve ser realizada a tnvestl,gaçãó
ao cadastro social e ao arquivo da Sociedade. O geográfica no campo ?
embaixador José Carlos de Macedo Soares suge- 6) Como deve ser feita a síntese poster!<;>!
riu a Impressão de um memorandum organ!- no gabinete ? l
BOLETIM GEOGBAFICO

7) Qual a orientação dos estudos geogrã- 11) Obteve algum proveito nos cursos da
flcos modernos ? Universidade do Ar ?
8) Que Julga. necelllf!á;rlo ser !eito pelo 12) Quais foram êsses proveitos?
Govêrno e pelas lnst!tu!Ções competentes para 13) Pode apresentar nomes de instituições
que o ensino da Geografia no Bras.11 possa ser cientificas que lhe têm, desta ou daquela
rea!mente útll ao pais ? maneira, sido úteis à sua preparação cien-
9) Qual o lado de sua cultura geogrâfica
que julga deficiente e que gostaria que fõsse tifica ?
feito, em seu favor, para melhorar essa cultura 14) Que revista cientifica costuma ler ?
10) Que falhas encontrou nos cursos de
Geografia da Universidade do Ar e o que lhe 15) Que dif!culdade tem encontrado no
ocorre como sugestões para s()r feito nos pró- ensino da Geografia, nos cursos ginasial e
ximos anos letivos? colegial ?

Certames
cONFERll:NCIA TltCNICO-ECONôMICA INTER- Tendo-se concluído os arranjos para a assls-
AMERICANA tência cooperativa dos Estados Unidos, !n!c!a·
ram-se os trabalhos da Rodovia Pan-Americana
Foi apresentada para estudo, perante a em 1930.
Conferência Técnico-Econômica Inter-America- Atualmente, menos de 800 milhas do sistema
na, a reunir-se em Washington em junho, a rodov!ãr!o de 14 000 m!lhas continuam intrans-
criação de uma junta permanente inter-ame poníveis, exceto no Panamã Oriental onde não
r!cana constituida de especialistas em trans- se projetou ainda rodovia alguma.
portes.
A presente guerra tem promovido dif!culda•
A proposta foi transformada em resolução des de transportes multo maiores, as quais
pela Conferência Inter-Americana sõbre Pro- têm contrlbu!do para a escassez de mantimentos
blemas de Guerra e da Paz, recentemente encer- e inflação dos preços em multas repúblicas
rada na capital do México. americanas, acentuando-se assim a necessidade
Recomenda-se nesse documento a constitui- de melhores e mais bem coordenados serviços
ção de um grupo de técnicos especlallstas para de transportes no Hemisfério. ·
coordenar os transportes inter-americanos, sob
a direção do Conselho Econômico 1 e Social da
União Pan-Amer!cana.
Esta ação, empreendida pelos delegados à 1 CONGRESSO ANUAL l>A ASSOCIAÇ!lO BRA·
Conferência do México, dã novo !mpeto ao cres- SILEIRA l>E METAIS
cente movimento por todo o Hemisfério, no sen-
tido de maior desenvolvimento e melhor inte- Está marcada para o período de 14 a 19
gração dos sistemas de transportes inter-ame- de maio a real!zação do I Congresso Anual da
ricanos. Associação Bras!le!ra de Metais, sendo que seu
inicio se dara em São Paulo e encerramento
Antes da Conferência do México, a Junta em Volta Redonda.
de Defesa Inter-Americana comunicou que apre-
sentara aos governos das repúbllcas americanas Foi organizado o seguinte programa:
uma resolução preconizando a criação de uma
entidade inter-americana permanente de trans- 14 de mato (2.• feira) : Reunião preliminar
portes, destinada a coordenar as atividades das para organização das comissões. - Aber-
agências e congressos de transportes inter- tura do Congresso - Reunião para discussão
americanos. de trabalhos. - I Conferência Anual.
O melhoramento, extensão e ligação de
tôdas as espécies de transportes, a fim de as- 15 de maio (3.ª feira): Visita a uma indústria
segurar serviços seguros, adequados e eficientes, metalúrgica ei:n São Paulo. - Reunião para
a preços razoãve!s, são coisas consideradas "es- discussão de trabalhos. - Conferência sõbre
senciais para realização de sadios planos de tema cientifico. - Discussão aberta sõbre
progresso econômico e para a elevação dos níveis fornos életr!cos (Comissão Técnica de For-
da vida dos povos americanos" assinala a re- nos Elétricos).
solução aditada na Conferência de Chapultepec.
16 de maio (4.ª feira): Visita a uma indústria.
De hã muito que se reconhece a importân- metalúrgica em São Paulo. - Reunião para
cia óbvia de melhor sistema de transportes discussão de trabalhos. - II Conferência
para as Américas. O melhoramento das linhas Anual.
de transportes tem sido estudado virtualmente
por tõdas as reuniões ou conferências Inter- 17 de ma!o (5.ª !eira): Partida de São Paulo
americanas, desde a I Conferência Pan-Amer!- para Volta Redonda.
cana, em Washington, no ano de 1889.
A necessidade do melhoramento e da coorde- 18 de maio (6.ª !eira): Visita à Ustnà Siderúr-
nação dos transportes inter-americano~ foi gica. - Discussão aberta sõbre altos-fomos
acentuada pela Guerra Mundial, e como re- (Conjuntamente pelas Comissões Técnicas
sultado, foi proposto o grande sistema da Rodo- de Administração e Economia da Indústria
via Pan-Americana, de 14 000 milhas de per- Siderúrgica e de altos fornos).
curso, desde a fronteira dos Estados Unidos,
na V Conferência Pan-Amer!cana, em Santiago 19 de maio (sábado): última reunião para
do Ch!le, em 1923. No ano seguinte, formou-se discussão de trabalhos. - Encerramento
a Conferência de Rodovia Pan-Amerlcana, des- do Congresso. - Banquete comemorativo -
tinada a incrementar êste projeto do Hemisfério. Embarque para São Paulo.
NOTICIARIO 99

O programa de trabalhos do I Congresso História e Geografia Militar e a Sociedade de


é o seguinte: Geografia do Rio de Janeiro, o comandante
Luís Alves de Oliveira Belo.
a) Trabalhos técnicos, os quais serão con- Fizeram-se representar, ainda, várias outras
tribuições sõbre qualquer assunto referente à instituições.
metalurgia. Além de trabalhos orlglnals, ex-
perimentais ou teóricos, podem também com- Na sessão preparatória, realizada no dia 27
preender síntese de divulgação. de fevereiro, na sede do Instituto foram rece-
bidas as . delegações que entregaram à secre-
b) Trabalhos de lnterêsse geral, sugeridos taria as credenciais protocolares. Nessa mesma
pela Comissão Organizadora. A Comissão Orga- data foi realizada a sessão solene, no salão
nizadora recomenda, para o I Congresso os se- nobre da Faculdade de Direito, para instalação
guintes temas: 1) Ut!l1zação de sínter em do Congresso, sob a presidência d.o Sr. Leonardo
altos-fornos; 2) Indústria siderúrgica a carvão Macedônia, presidente honorário do Instituto e
vegetal: a) Fabricação de carvão de madeira; do Congresso. Nessa sessão foram ouvidos dois
b) Técnica de alto-forno e características do discuroos, o de abertura pelo Sr. Adroaldo
perfil. 3) Processo Duplex - Sua aplicação no Mesquita da Costa, e o do orador, saudando
Brasil; 4) Prática de desoxidação para aços de as delegações presentes ao Congresso.
médio e alto carbono em fornos Siemens-
Martln; 5) Métodos de recuperação de metais No decorrer das sessões Ple'lárlas foram
secundários não-ferrosos; 6) Padronização de apreciadas, discutidas e votadas ª" seguintes
areias de fundição na área de São Paulo; 7) teses:
Estado atual da indústria de estanho no Brasil;
8) Revista e crítica da técnica de cubilõ em 1.ª tese - "Elementos F.strangeiros na Re-
São Paulo; 9) Fabricação de aços especiais no volução Farroupilha", autor: Otelo Rosa.
Brasil; 10) Sucata. Estado atual e futuro do 2.a t_ese - "A Barca de Vapor Liberal.
seu abastecimento. Inicio da' Navegação a Vapor na Marinha de
A Comissão Organizadora preparou duas Guerra do Brasil'', autor Paulo Duval.
"discussões abertas" a serem realizadas em São a.a tese - "Poetas Farroupllhas", autor Al·
Paulo e em Volta Redonda, respectivamente cldes Lopes Mller.
sôbre Produção de Aços em Fornos Elétricos e
Altos-Fornos. As Comissões Técnicas corres- 4.• tese - "D. Pedro JI e a Pacificação do
pondentes da A. B. M. estão encarregadas da Rio Grande do Sul", autor Alclndo Sodré.
organização dos programa.e detalhados dessas 5.ª tese - "Causas Remotas e Imediatas
"discussões abertas", e convidarão ulteriormente da Grande Revolução. A Paz de Poncho Verde".
os técnicos especializados nesses setores a tomar autor Lu!s Carlos de Morais.
parte nessas discussões.
Dependendo o êxito do Congresso em grande 6.ª tese - "O Passo Inicial da Grande Revo-
lução", autor Eduardo Duarte.
parte da organização e distribuição prévia dos
trabalhos apresentados das categorias "a" e "b" 7.ª tese - "Osório e a Revolução Farroupi-
Trabalhos técnicos e trabalhos de lnterêsse lha'', autor Válter Spaldlng.
geral, é absolutamente imprescindível que a
Secretaria possa recebê-los até o dia 15 de 8.• tese - "Caxias e a Pacificação", autor
abril p. futuro. Essa data não poderá ser ultra- Luís Alves de Oliveira Belo.
passada para que se torne possível o trabalho de 9. 11 tese - "Apontnmento sõbre o Teatro
mlmeografla cópias de gráficos, preparação de no Rio Grande do Sul e Síntese Histórica do
dlaposltlvos, · etc. Teatro Sete de Abril de Pelotas que serviu de
A Comissão Organizadora do I Congresso Quartel na Guerra dos Farrapos", autor Paulo
da A. B. M. está assim constitu!da: Engs. Duval.
Alberto Pereira de Castro, Fernando Jorge Lar- 10.ª tese - "Atos da Assembléia Legislativa
rabure, Louis Ensch, Mário Henrique Nacinovic, Provincial de 1835", autor Ol!nto Sanmartin.
major Otávio da Costa Monteiro, Renato Wood.
Vicente Chlaverini e Vítor Rease de Gouveia. " 11.ª tese - "A Política dos Mlnlstérlos e a
Revolução Farroupilha", autor Manuel Duarte.
12.ª tese - "O Clero na Epopéia Farroupi-
lha", autor P. Luís Gonzaga Jaeger.
IV CONGRESSO SUL-RIOGRANDENSE DE 13.ª tese - "Gencologia do Paulista Bento
HISTÓRIA E GEOGRAFIA Manuel Ribeiro", autor Bueno de Azevedo Filho.
Realizou-se em Pôrto Alegre, no per!odo de 14.ª tese - "Garlbaldl, Rossetti, e Sambec-
27 de fevereiro a 2 de março o IV Congresso carl", autor Eduardo Duarte.
Sul-Riogran.dense de História e Geografia pro-
movido pelo Instituto Histórico do Rio Grande 15.ª tese - "Causas da Revolução Farrou-
do Sul, com o apolo dos governos federal e pilha". autor Otelo Rosa.
estadual, como complemento da resolução da- 16.ª tese - "Breve Noticia Biográfica do
quele Instituto em comemorar a data cente- Tenente-General Barão de Taquarl", autor Bue-
nãria da assinatura da paz de Poncho Verde no de Azevedo Filho.
ou seja a terminação da revolução em que
durante quase um decênio estêve empenhada 17.• tese - "Foram os Chefes Farroupilhas
essa província. Republicanos antes de Selva!?'', de Válter
Spalding.
Várias foram as representações de institul-
cões congêneres. O Instituto Histórico e Geo- 18.• tese - "A Cooperação Interprovlnclal
gráfico Brasileiro enviou como seus delegados da Revolução Farroupilha" de Válter Spaldlng.
o Sr. Vlrgfl!o Correia. Filho, que também re- 19." tese - "Quatro Episódios da Revolução
presentou o Instituto Brasileiro de Geografia e Farroupilha", Alvaro Caetano, Manuel de Faria
Estatística, o general Doca e o Sr. Auréllo Correia.
Pôrto; o Instituto Brasileiro de Geogratla e
Estatística, o coronel Renato Barbo.sa Rodrigues 20.ª tese - "No Decênio ;Farroupilha" de
Pereira e o Prof.º Jorge Zarur; o Instituto de Francisco Antônio Xavier e Oliveira.
100 BOLETIM GEOGRAFICO

Tõdas essas teses foram aprovadas e, como o mais breve posslvel, os estudos necessários
tal, julgadas dignas de figurar nos Anais ou para conhecimento da revolução de 1835 pelos
nas páginas da Revista. seus aspectos de geografia e cartografia de
acôrdo com o desenvolvimento moderno dessas
Também foram apresentadas várias moções, ciências, devendo ser solicitada, do Conselho
dentre as quais 3 pela representação do Insti- Nacional de Geografia a cooperaçlío técnica
tuto Brasileiro de Geografia e Estatist!ca, cóns- necessária a êsses estudos; e finalmente, uma
tituida dos Srs. Renato Barbosa Rodrigues para que o IV Congresso manifeste a sua
Pereira Virgll!o Correia Filho e Jorge Zarur: admiração e o seu reconhecimento à mulher
uma pàra que seja apresentada em tempo opor- farroupilha que em época subseqüente tanto
tuno uma sintese de subsídios para a história. 11 ustrou a terra na tal.
do farroupilhlsmo; outra, para que fôsse cons-
tituida uma comissão para efetuar e apresentar Tôdas essas moções foram aprovadas.

Unidades Federadas
ALAGOAS ESPíRITO SANTO
Instituto Histórico DOADAS A COMPANHIA VALE DO RIO
DOCE, AREAS DE TERRAS NECESSARIAS A
TRI-CENTENARIO DE PENEDO E PORTO PASSAGEM DE NOVA LINHA FERROVIARIA
CALVO - O Instituto Histórico, em cooperação NOS MUNICíPIOS DE IBIRAÇU E COLATINA
com o govêrno do Estado, comemorará em - A Comissão de Estudos dos Negócios Esta-
setembro próximo, o trl-centenárlo da restaura- duais, em recente sesslío, opinou unânlmemente
ção de Penedo e Pôrto Calvo, com um programa pela aprovação do pedido de autorização feita
condigno, destacando-se o concurso para edição pela lnterventoria federal no Estado do Espirita
de um livro sõbre a história de Alagoas na época Santo, para que o Estado possa doar à Com-
holandesa. panhia Vale do Rio Doce S. A., áreas de terras
necessárias à passagem de nova linha ferroviá-
ria, nos munlciplos de Ibiraçu e Colatlna.

BAHIA Instituto Histórico e GeogrAtlco


Instituto Histórico e GeogrAfico HOMENAGEM A MEMÓRIA DO SR. ANTO-
NIO FRANCISCO DE ATAt.DE - Realizou-se no
A DATA DA FUNDAÇÃO DA CIDADE DO dia 8 de março último mais uma sessão mensal
SALVADOR - NOMEADA UMA COMISSAO ordinária do Instituto Histórico e Geográfico do
PARA OPINAR SOBRE O ASSUNTO -- Reali- Estado sob a presidência do Sr. Araújo Primo.
zou-se no Instituto Geográfico e Histórico, uma
sessão extraordinária, onde foram discutidas Aprovada a ata anterior e conhecido o ex-
as sugestões a serem apresentadas ao projeto pediente em mesa, o presidente Araújo Primo .
-do decreto-lei da Prefeitura, que considera comunicou oficialmente à Casa o falecimento
feriado o dia 1.º de maio, data da fundação da do pranteado sócio Sr. Antônio Francisco de
cidade do Salvador. Ataide salientando a sua atuação como histo-
riador ºe fundador 1do Instituto e os assinalados
Aberta a sessão pelo presidente Epaminon- serviços que prestou ao Esplrito Santo dando
das Tõrres, foi pelo mesmo convidado o Eug. 0 ainda ciência das homenagens que prestou ao
Elislo Lisboa, para presidi-la. Assumindd' a lnesqueclvel colega, por ocasião de seu enter-
presidência, o prefeito da capital disse das ramento. Concluiu lançando em ata um voto de
razões que o levaram a publicar o projeto do profunda consternação pelo acontecimento o
decreto-lei, firmando que o seu desejo era o que a Casa aprova.
de procurar fixar uma data comemorativa da
fundaçlío e Instalação da cidade; mas como Ergue-se, em seguida, o Sr. Mário Freire e
divergiam os historiadores, resolvera ouvir os em nome da Comissão de História de que o
estudiosos do assunto. Em seguida retirou-se pranteado esplrltossantense fazia parte, presta
o Eng.o Elisio Lisboa. uma homenagem à memória do mesmo, traçan-
do-lhe o perfil de homem público que por mais
Travado o debate, nêle tomaram parte, além de uma vez encarnou as fôrças vivas do Espi-
de outros, os confrades Brás do Amaral, Van- rlto Santo.
derlel Pinto, Anfrisla Santiago, Altamlrando Prestada essa homenagem ao saudoso con-
Requlão. padre Manuel Barbosa, Conceição Me- sócio, .fala ainda o Sr. Araújo Primo sõbre a
neses, Alberto Silva, Paulo Pedreira, Osvaldo passagem do centenário da Revoluçã.o Farrou-
Valente e Mário Tõrres. Manteve-se a discussão pllha, salientando a atuação do então barão de
em elevado ambiente de cordialidade. Caxias como pacificador.
Tratando-se de assunto de tão magna lm- Refere-se ainda o presidente ao convite que
portãncia, a assembléia resolveu nomear uma recebeu do Sr. secretário da Educação do Es-
comissão composta dos historiadores Brasil do tado para integrar a comissão Estadual de Fes-
Amaral, Conceição Meneses, Vanderlel Pinto, tejos do Centenário do Barão do Rio Branco a
Fvederlco Edelwelss e Altam1rando Requlão ocorrer no próximo mês de abr!l e à honra que
para dar parecer sôbre o assunto que, depois de lhe foi conferida de ser eleito presidente da
aprovado na próxima reunião, será encaml· mesma.
nhado, em forma d'e 11ugest~.o, ao prefeito
Ellslo Lisboa. Fala em seguida o Sr. Américo Coelho que
faz interessantes considerações sõbre a data da
fundação da nossa Santa Casa, concitando os
NOTICIARÍ,0
' 101

colegas a esclarecer o fato de modo a afastar Diretório, auxilie o novo município em seus
qualquer dúvida a respeito. A seguir, por pro· d!f!cels problemas sanitários. Há, então, tro·
posta de Eurípides Vale, o presidente designa o ca de Impressões entre o prefeito visitante ·8
consócio Sr. Cícero Morais para substituir o Sr. e. Sr. Mário Mendes, sôbre o assunto.
Antônio Ataíde, na Comissão de. História. O . Sr. p'resldente. \'Oltando a falar, in-
forma à casa que outro assunto que va1 me-
iC recer 1Dterêsse especial é o do estabelechnento
dos perímetros urbanos e suburbanos das no·
MINAS GERAIS vas sedes. O Sr. Eduardo Schm!dt presta al·
guns esclarecimentos sôbre o problema, lnfor·
Diretório Regional do Conselho Nacional de mando sôbre o critério a ser adotado. O Sr.
Geografia prefeito de Maptena também faz uns escla·
rec!mentos sôbre o modo por que tem encarado
CRIAÇÃO DOS DIRETÓRIOS REGIONAIS essa questão em seu município.
DE GEOGRAFIA DOS NOVOS MUNIC:tPIOS -
DISTRlBUIÇAO DE TRABALHOS PARA AS O Sr. Qulntlno dos Santos passa a falar
TURMAS DE CAMPO - O PROBLEMA IMI· a respeito do concurso de monografias. Aten-
GRATóRIO - Sob a presidência do Sr. Bene- dendo aos prazos estabelecidos, nomeou uma
dito Quintino dos Santos, realizou-se no dia lll comissão que foi composta dos Drs. Valdemar
de março último a 54.ª reunião do Diretório Lobato, Eduardo Schmldt Monteiro de Castro
e José de O!lvelra Duarte, para exame e clas-
Regional do C.N.G.
Aberta a sessão, o Sr. presidente mandou
que fôsse feita a leitura da ata da sessão ante·
rior, que é posta em discussão e aprovada sem
sificação das monografias, ad referendum do
Diretório. •
Foi lido o parecer e o expediente feito,
.
ai terações . que o Sr. presidente põe em discussão. O Sr.
Eduardo Schmidt esclarece que o parecer está
Do expediente constou um oficio do Dr. Cf- um ,tanto resumido, de vez que as monogra-
cero Morais, secretário do Diretório Regional do fias sempre versam assunto multo regional
EtÇ>frito Santo, encaminhando a publicação sendo assim, necessário êsse critério no estu~
Divisão Territorial, Administrativa e Judiciária do e classificação dêsses trabalhos. O Sr. Hll·
daquele Estado; oficio do Sr. secretário geral debrando Clark propõe que o ·Parecer da co-
do C.N.G., enviando a súmula da reunião do mi.ssão seja aprovado sem modificações. O Sr.
Diretório Central, realizada no dia 5 de feve- presidente põe em votação a proposta, que fol
reiro; telegrama do mesmo secretário consul- aprovada por unanimidade. A comissão não
tando sôbre qual a lei que havia alterado a votou. Aprovada, assim, a classificação feita,
divisão judiciária do Estado, bem como pedin· recebendo a Resolução o número 21.
do a remessa de exemplar dessa lei; ofício·
circular ainda do c. N. G. , pedindo uma relação CoMtando da ordem do dia os trabalhos
dos nomes dos ocupantes e dos cargos da ad- da Carta do Estado na escala, 1: 100 000, declara o
mlnlstra,ção do Estado, para pub!lcação no Bo- Sr. Qu!ntlno dos Santos iniciada a campanha
letim Geográfico; ofício do C. N , G., encami- dêste ano, passando a fazer a leitura da dia·
nhando súmulas das reuniões do Diretório Cen- trlbuição dos diversos trabalhos. Dá conhe·
tral dos dias 3 e 18 de janeiro; oficio do Dr. cimento, assim, dos planos aprovados, come-
Dermeval Pimenta agradecendo o voto de con- çando por ler o da Dl'Visáo de Astronomia e
gratulações aprovado em sessão passada pelo Geodésla. Depois de esplanada o desenvol·
alcance de sua conferência a propósito da evo- vlmento dos trabalhos a cargo da Divisão de
lução das estradas no Estado e seu p.lano Astronomia, passa a ler o plano aprovado para
rodoviário; radlograma do chefe do gabinete a Divisão de Topografia e Cadastro. Pelo pia·
do Sr. governador, agradecendo voto de con- no aprovado, acham-se dêste modo distribui·
gratulações do Diretório; carta do Sr. Hilde- das as turmas de campo:
brando Clark, agradecendo as fel!cltações envia., 1 - Triangulador Mário Coelho de Car·
das por motivo do aniversário de criação do De- valho - Esta turma ficou encarregada de
partamento Estadual de Estatística; ofício da ligar a nosss. rêde geodésica até a fronteira de
Secretaria-Geral do C.N.G., acusando recebimen- São Paulo, Interessando as !Olhas de Ib!racl e
to de processo referente à representação felt:l Sacramento. Essas fôlhas compreendem uma
por moradores em região fronteiriça com o E."- zona de chapadões extensos que dificultam o
. tado do Rio; oficio da. mesma 'secretaria, acusan- desenvolvimento da rêde, com a c!rcunstân·
do recebimento da ata da sessão de 16 de de- cia desfavorável de ser necessário detalhar me-
zembro findo, dêste Diretório; telegramas e ofí- lhor os pontos da fronteira.
cios a propósito do anexo 2 da Lei n. 0 1 058;
telegramas .e oficias do C.N.G., a propósito 2 - Triangulador Xenofonte Renault c1o
das monografias de aspectos municipais apre- Lima - :ll:ste engenheiro foi encarregado o.o
sentadas a concurso lnst!tuido pelo Conselho. ' completar a fixação das fôlhas de Campos AI·
tos e São Gotardo, fazendo, ao mesmo tempo,
Né. ordem do dia, o Sr. presidente se con· o enchimento dos claros da rêde geodésica
gratula com a presença do Sr. José Fernand!'S nestas duas !Olhas, até os sinais de Santinho
Filho, prefeito de Mantena, e do comerciante e Três Morros. Completados êsses trabalhos, o
da mesma cidade, Sr. Valdlr Pereira da Silva, triangulador deverá orientar a sua turma para
ambos grandes amigos do Departamento. Refe- fixação da !Olha de Dores do Indalá.
re-se o Sr. Qulntlno dos Santos à criação dos
Diretórios Mm•:clpals de Geografia dos novos 3 - Triangulador Benedito de Ca~lho
municípios, ~ssunto regulado por Resoluções Santos - :ll:ste triangulador deverá ter por ob-
baixadas pela assembléia geral e pelo Diretó- jetivo a fixação da fôlha de Morro do Pilar
rio Central do C.N.G. e, nesta oportunidade, e estudar a possibilidade de fechar o pequeno
passa às mãos do Sr. prefeito de Mantena o claro de triangulação entre o sinal de Mutuca
expediente organizado, sôbre o caso, pela Se- e Santo Antônio. Essa tarefa não é grànde, e
cretaria do Diretório Regional. Também nesta o triangulador poderá fàc!lmente atingir o ob·
ocasião, e como uma homenagem especial a jet!vo bem antes de terminar a campanha.
Mantena, o Sr. presidente mandou organizar Foi-lhe então, confiada também a tarefa de
várias cópias da carta topográfica do munici· fixação da fõlha de Bald!m.
pio, que no momento entrega ao Sr. prefeito de 4 - Triangulador Ataliba Sales - A tur-
Mantena. Pede, ainda, o Sr. Quintino dos San- ma dêste triangulador está · com a 1Dcumbên·
tos que o Sr. Mário Mendes Campos, membro do cla de fazer a fixação dos pontos Sf!Cundá·
102 BOLETIM GEOGRAFICO

rios · das fôlhas de Itab!ra, Antônio Dias e slgnado pelo Sr. governador, aflm de repre•
Ferros. A determinação dêsses pontos deverá sentar o nosso Estado. Faz uma longa expo-
ser completada fàcllmente na temporada de sição sôbre as reuniões da Secção Especial da
campo de 1945. qual é presidente o engenheiro Henriqu.e Dó·
5 - Triangulador Heldomlro Fonseca - ria de Vasconcelos, diretor do Departamento
Esta turma está encarregada d~ fixação dr.;. Nacional de Imigração, referindo-se ao espe·
fôlha de Caratinga, na parte que !alta com- cial interêsse dos governos federal e estadua!S
pletar tendo o mesmo obJet!vo com relação à sôbre êsse magno problema, que está sendo
fôlha de Tarumi:lm. considerado com prioridade, e resumiu os pon-
tos de vista do memorial mineiro, feito após
Para auxiliar a fixação de pontos onde cuidadosos estudos em -colaboração com o Sr.
se tornou impraticável a triangulação, devido secretário da Agricultura, Sr. Lucas Lopes e
às matas virgens, em longas extensões de bai· Sr. Sebastião Vlrgil!o Ferreira, chefe do De-
xadas, nas proximidades do Parque Florestal, partamento de Terras, Matas e Colonização.
serão feitas poligonais estadimétrlcas apoia- Aludiu ao amplo estudo do problema, abor•
das nos pontos geOdésicos pelo auxiliar Cícero dando os aspectos étnico, social, econômico e
Brandão. :tl'lcarão também amarrados a pon- demográfico. Examinou o problema em re-
tos fixos da Carta os levantamentos realizados lação ao amparo especial que deve ser dado ao
à margem do rio Piracicaba para localização trabalhador nacional que, convenientemente
de usinas siderúrgicas. assistido e dirigido, constitui um fator eco-
Topografia - Os trabalhos de levantamen· nômico de grande importância, salientando a
tos expeditos, apoiados nos pontos de l.•, 2.• justiça que· representa êste amparo, que de
e 3.ª ordem da rêde geodésica, ficaram dis- forma alguma deve ser inferior ao recebido
tribuídos da seguinte maneira: Fôlha de Are.- pelo colono estrangeiro. Mostrou a grande lm·
xá - Esta fôlha ficou a cargo das turmas portância ·do Incentivo às correntes !migra-
chefie.das pelos topógrafos Orestes Gomes tórias para Minas, mediante cuidadosos e ri•
Arouca e Humberto Lara Dona.gema. Fôlha gorosos trabalhos de seleção preferindo-se co-
de Morro do Pilar. - Iniciados os trabalhos lonos europeus, de raça latina, especialmen-
de levantamento da fôlha do Morro do Pilar te italianos, sem exceção de outros de raça
pelo topógrafo Interino Cícero Rabelo de Vas- branca convenientemente selecionados, e en•
concelos, na temporada de campo de 1944, fi· caminhados, conforme suas aptidões, para a
carão, nesta campanha, êsses trabalhos a car- lavoura, a Indústria e trabalhos urbanos, aten-
go do mesmo topógrafo e do auxiliar José Dias dendo, assim, às necessidades prementes de
Coelho. Fôlha de Pompeu - Esta fôlha con- mão de obra em todos os ramos de atividade.
tinuará a cargo da turma de campo do topó- Referiu-se à fundação de núcleos colon!a!S
grafo Newton Henriques da Silva. Fôlha de após cuidadosos trabalhos de levantamentos
Ferros - o auxiliar Sebastião .Aguiar Ribeiro topográficos e estudos econômicos, para loca-
continuará fazendo os trabalhos de levanta- lização de tais núcleos em terrenos já tndl•
mento da tôlha de Ferros. cados pela comissão designada pelo Sr. secre-
o Sr. presidente em seguida, faz refe- tário da Agricultura, trabalhos êstes aos quais
rências ao relatório apresentado pelo chefe o Departamento Geográfico dará, oportuna·
da Di'Vlsão de Cartografia e Desenho, dizendo mente, entusiástica colaboração, na medida de
das necessidades da Divisão e dos trabalhos suas possibilidades. Informou, finalmente, que
que serão executados. Entre as sugestões cons- para completar a elaboração de seu relató·
tantes dêsse relatório, convém salientar " :;iue rio sôbre o importante assunto, aguarda o
diZ respeito à simplificação dos trabalhos de pronunciamento de órgãos representativos das
modo a facllltar e baratear a impressão das classes, aos que.is se dirigiu do Rio, atendendo
novas fôlhas com trabalho de campo concluído a um dos quesitos formulados pelo presidente
e cujos originais vão ser desenhados para Im- da comissão.
pressão. com a palavra o Sr. José Fernandes Filho
De acôrdo com a sugestão, as novas fô- faz uma longa exposição sôbre a vida do mu·
lhas devem passar a ser impressas a três cô- nicip.lo, seus recursos econômicos, dando a
res ape!j.as e não a cinco côres, como as pu- conhecer Interessantes dados estatísticos que
blicadas, sendo, para Isso e para facilidade e fêz colhêr para a organização da secretaria da
rapidez da Impressão, necessário que o dese- Prefeitura.
nho se faça em três partes, isto é, cada côr Finalmente o Sr. presidente, como nlio
separadamente, trabalho do qual está incum- houvesse mais nada a tratar, encerrou a ses-
blqo o chefe da Divisão, Sr. Otávio Roscóe. são.
, A atualização das cartas dos antigos munl-
c!plos também vai merecer atenção do De· CLASSIFICAÇÃO DAS MONOGRAFIAS DE
partamento, bem como ·os trabalhos de lim~tes ASPECTOS MUNICIPAIS - O Diretório Re·
interestaduais, trabalhos êstes a cargo da Di- glonal do c. N. o. , no Estado de Minas Gerais,
visão' de Limites e Coordenação Geográfica. baixou, no dia 15 de março último, a Resolu-
ção n.º 21, aprovando o parecer emitido pela
o Sr. presidente põe franca a palavra para comissão designada para o estudo e classi!l•
qualquer sugestão. O Sr. Hildebrando Clark cação das monografias de aspectos municipais
manifesta, então, o seu regozijo pelo excelen- · que concorreram ao concurso lnstítuldo pelo
te plano que abrange tantos setores, tanto Conselho Nacional de Geografia.
mais - continua - que as dificuldades de ll: o seguinte o parecer: "Foram apresen-
tôda ordem são sempre crescentes. Agradece
o Sr. Qulntlno dos Santos o Inestimável apolo tadas sete monografias, que são as seguintes:
da Estat!stica, referlndo-.se à atuação do car- 1 - O rio Grande, no município de Lavras,
tógrafo posto à disposição do Departamento pelo Sr. Alberto de Carvalho; 2 - Esbôço de
tJntropo-bio-geografia sóbre a Mata Mineira,
C.eográfico. baseado no estudo de seu clima, pelo Dr.
O Sr. presidente traz, em seguida, ao CO• Má.rio Barretos; 3 - Uberaba, cidade pórtico,
nhecimento da casa, os trabalhos referentes pelo Sr. Gabriel Tot!; 4 - Monografia do mu-
ao problema !migratório a cargo da Secção nicípio de Januária, pelo. professor Manuel
Especial de Imigração da Comissão de Plane- Ambrósio; 5 - Monografia alusiva ao municf·
jamento Econômico. que vem fazendo seus pio de Alfenas, Estado de Minas Gerais, pelo
estudos sob a presidência do general Firmo Sr, Romeu Venturelll; 6 - Estudo hidrográ·-
Freire do Nascimento, e para a qual foi de- fico do município de Cristalina, pelo Sr. Ge-
NOTICIARIO 103

ra.ldo de Oliveira; e 7 - Munic!pio de Cria· 1943


talína, pelo Sr. 1:d!son de Ol!veira. O número
de monografias é bem Inferior ao do ano ante- 13 de março - Sessão da Diretoria e Con•
rior. De modo geral, as monografias apresen· selho Diretor para a Inauguração do retrato
tadas abordam assunto bem caracteristicamen- do falecido consócio 2,0 secretário professor
te geográfico e deve ser louvado o esfôrço de Raimundo de Campos Proença.
seus autores, realizando êstes trabalhos com 27 de março - Sessão da Diretoria e Con•
grande deficiência de elementos para estudo e selho Diretor para recepÇão do general Fran•
em ambiente desfavorável. Percebe-se a vo- cisco de Paula Cidade, comandante da 8.ª
cação e in terêsse pelo estudo da geografia e Região M!l1tar.
ainda grande entusiasmo pelo futuro de nossa
terra e de nossa gente. Colocamos por ordem 14 de abril - Sessão de estudos comemora•
as que nos pareceram mais interessantes, pelas tiva ao dia Pan-Americano e o "14 de abril
contribuições originais e modo de apresenta· de 1823".
ção: 1 - O rio Grande, no município de La- 24 de abril - sessão da Diretoria e Conse-
vras, pelo Sr. Alberto de Carvalho; 2 - Esbô- lho Diretor para tomar conhecimento da re•
Ç:J {tntropo-bio-geográfico sôbre a Mata Mi· núncta apresentada pelo presidente Abelardo
neira, baseado no estudo de seu clima, pelo Leão Conduru.
Sr. Mário Barreto; 3 - Uberaba, cidade pór-
tico, pelo Sr. Gabriel Tot!; 4 - Monografia do 31 de maio - Sessão de Assembléia Geral
município de Januária, pelo Prof. Manuel para discussão e votação do parecer da Com!s•
Ambrósio; 5 - Monografia alusiva ao municí- sã.o de Fundos, dado nas conta.s do tesoure!•
pio de Alfenas, Estado de Minas Gerais, pelo ro, relativas ao exerc!cio de 1942 e eleição de
Sr. Romeu Venturell!; 6 - Estudo hidrográ- cargos vagos.
fico do município de Cristalina, pelo Sr. Geral- 13 de junho - sessão de estudos comemo•
do d~ Oliveira; e 7 - Município de Cristalina, rativa ao 1.º centenário do nascimento do Dr.
pelo Sr. 1:dison de Oliveira. As três primeiras, Júlio César Ribeiro de Sousa, um dos plonei•
sobretudo, parecem-nos encerrar contribuições ros da aviação e autor dos balões "Vitória" e
val!osas para o estudo da geografia regional. "Santa Maria dé Belém".
Belo Horizonte, 12 de fevereiro de 1945. 29 de junho - Sessão de estudos comemo·
Eduardo Schmidt Monteiro de Castro - Josd rat!va do 1.º centenário do nascimento do con·
de Oliveira Duarte - Valdemar Lobato. selheiro Dr. Pedro Vicente de Azevedo, qua
foi presidente da antiga província do Pará, no
'ano de 1874.
15 de outubro - Sessão extraordinária de
Assembléia Geral, para tomar conhecimento
da renúncia apresentada pelo Sr. pres!d13nta
Dr. Raimundo Avertano Barreto da Rocha e
PARA. eleição de cargos vagos.
Instituto Histórico e Geogd.tlco 10 de novembro - Sessão extraordinária.
de Assembléia Geral para o recebimento do
RELAÇÃO DAS SESSÕES EFETUADAS NOS prédio à praça D. Pedro II n.º 35, antigo solar
do barão de Guajará, doado pelo govêrno do
ANOS DE 1942, 1943 E 1944 - O Instituto H!s· Estado e Prefeitura de Belém ao Instituto.
tórico e Geográfico do Pará realizou durante
os anos de 1942, 1943 e 1944, as seguintes ses• 15 de novembro - Sessão extraord!nãrta
sões: de Assembléia Geral comemorativa da data da
proclamação da República.
1942 1,0 de dezembro - Sessão de estudos co•
memorativa da data da assinatura, em Berna.
17 de janeiro - Sessão da Diretoria e Con• do laudo sulço a favor do Brasil em 1900.
selho Diretor comemorativa do 73. 0 an!versá· 17 de dezembro - Sessão de estudos co•
rio do falecimento do general Hilário Maximi· memorativa da passagem do 1. 0 aniversário do
niano Antunes Gurjão. nascimento do senador António José de Lemos,
18 de fevereiro - Sess§.o de. Assembléia antigo Intendente municipal de Belém.
Geral, para dlscussã.o e votaçã.o do parecer da
Comlss§.o de Fundos. dado nas contas do te• 1944
soure!ro, relativas ao exercício de 1941.
6 de março - sessão de Assembléia Geral
28 de fevereiro - Sessão de Assembléia comemorativa do 27.º aniversário da funda•
Geral de eleição da adminlstraç§.o para o exer• ção do Instituto, inauguração de uma placa
ciclo de 1942-1945. de bronze comemorativa da entrega do prédio
6 de março - Sess§.o de Assembléia Geral à praça D. Pedro II, n. 0 35. antigo solar do
para a posse da Diretoria e Conselho Diretor barão de GuaJará e assinatura da escritura
para o exerc!clo de 1942-1945. pública de doação do dito prédio pela Prefel•
tura Municipal de Belém, como doadora e do·
14 de abril - sess§.o de estudos comemora- natário o Instituto Histórico e Geográfico do
tiva do Dia Pan-Amertcano e o "14 de abril Pará.
de 1823". 19 de abril - Sessão de Assembléia Geral
6 de agõsto - Sess§.o de estudos e de ho- extraordinária de homenagem à passagem do
menagem à memória do Dr. Henrique Santa aniversário do Presidente Getúlio Vargas e a
Rosa fundador e presidente honorário do inauguração de novo retrato de s. Excia., do
Instituto, pela passagem do 10. 0 aniversário do coronel Magalhães Barata, do Dr. Artur Otá•
seu falecimento. , v!o Nobre Viana e Francisco Xavier da Veiga
Cabral (o pabralz!nho).
31 de outubro - Sessão de estudos da D!•
retoría e Conselho Diretor. 19 de maio - Sessão extraordinária de As•
sembléla Geral para discussão e votação do
15 de novembro - Sessão de estudos co- parecer da Comissão de Estudos, dado nas
memorativa da data de 15 de novembro e re- contas do tesoureiro referentes ao exercfcio
cepção de novos sócios, de 1943.
104 BOLETIM OEOGRAFICO

28 de Julho - Sessão em homenagem às Estado do Rio, através da fotografia . Já organi-


memórias do Dr. Lauro Sodré, presidente ho· zando salões, já facll1tando à Imprensa do
norárlo do Instituto e do bravo capitão-en- pais os elementos para essa tarefa.
genheiro Dr. Augusto de Assis Vasconcelos e Sua primeira diretoria, eleita por aclama·
Inauguração do seu retrato em uma· das salas ção, para o 1.º per!Odo, está assim constituída:
do Instituto .
Presidente : Sr. Paulino José Soares de
A atual diretoria do Instituto é composta Sousa Neto; l .º vice-presidente: Sr. César Sa·
dos seguintes membros : presidente, desem- lamonde; 2.º vice-presidente: Sr. Jaime Mo·
bargador Jorge Hurley; vice-presidente, major reira Lima; l .º secretário : Sr. Alberto Guana-
Josué Justiniano Freire; 1.º secretário. major barino Maia Forte; 2.0 secretário: Sr. Juberto
Adolfo Pereira Dourado; 2.0 secretário, Sr. Pires Bandeira de . Melo; 1.0. tesoureiro: Sr. Nél-
Raúl Vespaslano Carneiro de Matos; orador, son Augusto Pereira; 2.0 tesoureiro : Sr. Fran•
Sr. Bolivar Bordalo da Silva; tesoureiro, pro- cisco de Sales Ferreira; diretor técnico: Sr.
fessor Adalberto C. Lassance Cunha; b!blio· Alberto Carvalho; diretor social: Sr. Lufs An·
tecê.rio, Alvaro Antônio P ires . Conselho Dire- tunes Pimentel.
tor: Srs . Augusto Eduardo Pinto, Samuel da
Gama Costa Mac Dowell, Adalberto Acat a uçu
Nunes, Joaquim Lobato Calda s, Eduardo de
. Azevedo Ribeiro, Raúl da Costa Braga, Rai- RIO GRANDE DO NORTE
mundo Avertano Barr.e to da Rocha, Paulo
Eleutério Alvares da Sli.va, Armando Bordalo Departamento Estadual de Estatística
da Silva, Ant ônio José Pereira Leal, Apollná·
rio Pinheiro Moreira. , DOCUMENTAÇÃO ESTATÍSTICA SOBRE
O ESTADO - As atividades do Departamento
Estadual de Estatfstlca, continuam em pleno
movimento rea l!zando as suas campanhas de
acôrdo com o plano nacional do I.B.G.E.
PARANA.
Ultimamente, com a criação da Carteira
Dh'etório Regional de Geografia. de Documentação e Informações Intensificou-se
a organ.!zação de cadastros com a elaboração
CONFERi:NCIA DO PROF. JORGE ZARUR de séries esta tlsticas retrospectivas, reunindo
SOBRE A GEOGRAFIA MODE~A E A GEO· assim uma documentação estatlstlca sôbre o
GRAFIA NO.. BRASIL - De regi·esso de Pôrto Rio Grande do Norte, já estando estabelecido
Alegre, onde fôra representar o Conselho Na· um largo esquema. de Inquéritos e pesquisas.
c!onal de Geografia no IV Congresso Sul-Rlo- Os Inquéritos econômicos para a defesa na-
grandense de -História e Geografia, o Prof . Jor- cional têm concorrido para proporcionar ao
ge Za rur assistente do ·diretor do Serviço de govêrno e fôrças armadas dados lmprescindl-
Geogra f!à e Cartografia, repartição central do C. veis para a mobilização e coordenação eco-
N . G ., pronunciou no dia 24 de março último, nômica do pais .
no Or!eon da Escola de Professôres, uma con-
r eferêncla sôbre o tema: A Geografia moderna AUXÍLIO ' CONCEDIDO PELA JUNTA
e a G eografi a no Brasil. EXECUTIVA REGIONAL DO C .N.E. - A Jun-
ta Executiva. Reglonàl , do Conselho Nacional
de Estatística , no Rio Grande do Norte, em
recente Resolução concedeu ao Departamento
Estadual de · Estatística, .Pela Junta Executiva
PERNAMBUCO Central do C. N. E., a !mportãnc!a de Cr$
37 572,00, a título de auxtllo, para o corrente
Instituto Arquelógico a.no de 1945.
SESSÃO COMEMORATIVA DO · ANIVER·
Si.RIO DA REVOLUÇÃO REPUBLICANA DE
1817 - R ealizou-se no dia 6 de março último RIO GRANDE DO SUL
no I nstit u to Arqueológico, uma sessão come-
morativa elo aniversário da Revolução Repu- Institu.to Histórico e Geográfico
blicana de 1817, sob a presidência do Sr. Cé·
lio Meira. Aberta a sessão o presidente pro· " A GEOGRAFIA MODERNA E A GEOGRA-
n u nciou algumas palavras alusivas à data e FIA NO BRASIL" - Realizou-se no dia 9 de
deu, a seguir, a palavra ao orador oficial Sr . março último, na sede do Instituto Histórico
!\far to Melo, que tratou dos movimentos de e Geográfico do Rio Grande do Sul, a confe-
a u t on omia de Pern~mbuco desde a deposição rência do Prof. Jorge Zarur, a.s<;lstente do di·
d e J erônimo de Mendonça Furtado, da fun- retor do Ser viço de Geogra fia e Cartografia do
d ação do Ar eópago de També e das Acade- Conselh o Na cional de Geografia e um dos '
mia s, focos de propaganda, e do Idealismo dos delegae.os d o . mesmo Conselho ao IV Con-
que se sacrificaram, em 1817, por uma pátria greso Su i. li ~ vgra rLdense de História e Geogra-
livre n os prin cípios da democracia libera l. fi a , s ôllrt- 'J t ema A Geografta moderna e a
Acentuou, sobretudo, a. honestidade dos re- Geoyrafia no Brasi l.
publlcanos que, vencidos, antes da debandada,
restltuiram ao Erário, intactas, as arcas com P eran t€· numeroso auditório, em que se
o dinheiro que continham. dest aca vam : professôra · Olga Acauã Gayer. di-
retora do Departamento de Educação Primá-
ria e Norm a l ; professôra Célia Ribeiro, repre-
senta nd o o Centro de Orientação e Pesquisas
Educacionais ; diretores e professôres de es-
RIO DE JANEIRO ta.beleclmen tos de ensino secundário e prl·
mário ; sócios do Instituto Histórico e Geográ-
INSTALADA A SOCIEDADE FLUWNEN· fco; estudantes e-"Outras pessoas, o Prof. Jorge
SE DE FOTOGRAFIA - Instalou-se recente- Zarur por espaço de 60 minutos, desenvolveu
m en Le em Niterói, a Sociedade Fluminense de o seu tema, que dividiu em duas partes: na
:Fotogra fia , criada com vários objetivos, um primeira, definiu o conceito atual da Geogra-
dos quais o de Incrementar a propaganda do fia, à luz das mocternas correntes cientificas,
NOTICIARIO 105

concluindo pela excelência e predominância município de Tubarão, Província de Santa


da chamada "Geografia regionalista"; e na se· Catarina, pela comissão· a cargo do engenheiro
gunda, expôs a organização do Conselho Na· João Carlos Greenhalgh, datado de Laguna,
clonal de Geografia e o que tem êsse organls· 20 de dezembro de 1874; 2) Relatório sôbre o
mo realizado, e pretende realizar, no sentido patrimônio dotai de SS.AA. II no município
de estimular e desenvolver os estudos. e traba· de Tubarão, na província de Santa Catarina,
lhos da Geografia no Brasil. apresentado a Lecocq, Oliveira & Cla., no ItiO
O conferencista, que pertenceu ao corpo de Janeiro, por C. M. S. Lesl!e, datadô díl
docente do Colégio Pedro n e que acaba de mesma cidade em 1.º de agôsto de 1881; 3).
fazer um curso de especialização nos Estados Carta de Luís Martins Colaço ao major Bene-
Unidos, Já representou o Brasil em dois con- dito de Almeida Tôrres sôbre as terras de SS.
gressos Internacionais de Geografia. AA. II. no município de Tubarão, datada de
Tubarão, 20 de dezembro de 1881; 4) Carta do
major Benedito de Almeida Tôrres a Joaquim
Caetano Pinto Júnior sôbre a colônia Grão
SANTA CATARINA Pará, datada da mordomia do Palácio Isabel;
Rio de Janeiro, 7 de Janeiro. de 1882; e 5) mo-
vimento de colonos na colônia Grão Pará até
Instituto Histórico e Geográfico 30 de Junho de 1886. Ofereceu ainda o Sr. pro-
fessor Hélio Viana uma carta de Emílio Carlos
COMUNICADO GEOGRAFICO - EXPOSI· Jourdan sôbre a estrada de ferro de São Fran-
ÇAO ICONOGRAFICA - Realizou-se no dia 8 cisco do Sul ao Rio Negro, datada de Rio de
de março último no Instituto Histórico e Geo· Janeiro, 6 de setembro de 1886.
gráfico de Santa Catarina mais uma de suas
sessões semanais para ouvir um comunicado
de caráter geográfico do Sr. Beneval de Olivei-
ra, colaborador do Conselho Nacional de Geo·
grafia. SÃO PAULO
A sessão foi ,presidida pelo Sr. Henrique Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
da Silva Fontes que convidou para tomarem
assento à mesa os Srs. professôres Carlos da "A FAIXA ESTANíFERA DO RIO GRANDE
Costa Pereira, secretário de Estado interino
dos Negócios da Justiça, Educação e Saúde; DO SUL" - A Faculdade de Filosofia Ciências
professor Hélio Viana, catedrático de História e Letras de São Paulo, publlcou, recentemen-
do Brasll da Faculdade de Filosofia da Univer· te, ·através do seu Departamento de Mlneralo·
sidade do Brasil; Elp!dlo Barbosa, diretor do g!a e Petrografia, no Boletim XLIV - Minera-
Departamento de Educação, e bacharel Luís logia n.º 6, um trabalho do Prof. Rui Ribel·
Sanchez Bezerra da Trindade, decano dos ins· ro Franco, professor da cadeira de Mlneralo·
petores escolares, e major José Lupérclo Lopes, gia e Petrografia, daqull!a Faculdade, intltu·
1.º vice-presidente. lado A faixa estaní;era do Rio Grande do Sul.
1!:ste trabalho, como afirmou o autor na sua
Estiveram presentes também os Inspetores introdução, apresenta os resultados de lnves·
de ensino e diretores de grupos escolares que, tlgações geológicas, petrográficas e mlneraló·
por motivo da reunião pedagógica convocada gicas da Já conhecida área mineral!zada, a
pelo Departamento de Educação, se achavam "faixa estanlfera do Rio Grande do Sul".
naquela capital.
O Sr. presidente, depois de pronunciar
algumas palavras deu a palavra ao Sr. Bene·
val de Oliveira que leu o seu comunicado que Instituto Histórico e Geográfico
se relacionou com o que, mormente na parte
geológica, viu e examinou no distrito de Co· 3.ª SESSAO ORDINARIA - ADMISSAO DE
rupá municiplo de Jaraguá do Sul. NOVOS SóCIOS ·- "O REAJUSTAMENTO l!:T•
Encerrada a sessão, passaram os presentes NICO-SOCIAL DO NEGRO E DO MESTIÇO NO
à sede do Instituto Histórico, onde tiveram APóS GUERRA" - O Instituto Histórico e
ocasião de observar o que ali se está fazendo, Geográfico de São Paulo reallzou no dia 5 de
sob a direção do Sr. engenheiro José Nicolau março último, em sua sede a terceira sessão
Born, para uma próxima exposição iconográ- ordinária do corrente ano, sob a presidência
fica, que, patenteando o que o Instituto já do Sr. Nicolau Duarte Silva.
possui concorrerá, por certo, para que sejam Iniciando os trabalhos, comunica o Sr.
preenchidas as lacunas notadas e, em todo o presidente que se acham na ante-sala três só·
caso, mostrará que todos têm onde recolher cios recentemente eleitos, cônego Paulo Fio·
retratos e gravuras a que desejem dar condlg· rênclo da Silveira Camargo, frei Adalberto Ort·
na conservação. mann e o Sr. Zulngllo Marcondes Homem de
Melo, motivo por que nomeia uma comissão
"O CONDE D'EU E A COLONIZAÇÃO DO para introduzi-los no recinto. Designado para
SUL DE SANTA CATARINA" - Realizou-se no saudar os sócios reciplendários, o Sr. Tito Li·
dia 9 de março último no Instituto Histórico vio Ferreira, se congratula com o Instituto por
e Geográfico de Santa Catarina, a conferência essas aquisições, fazendo votos para que os
do Prof. Hélio Viana, catedrático de História novos sócios não arrefeçam em sua faina de
do Brasil da Faculdade de Filosofia qa Univer- pesquisadores no domínio da história pátria.
sidade ão Brasil, sob o tema O conàe D' Eu e Agradecendo em nome de todos, o Sr. cônego
a colonização do sul àe Santa Catarina. En- Silveira Camargo afirma o propósito de coope·
cerrada a conferência o Prof. Hélio Viana, ofe- ração lndefessa em prol das finalidades do
receu ao Instituto preciosos. documentos. Instituto e o da total submissão para tudo o
1!:sse documentos, que lhe foram ofereci- que o Instituto exigir de suas capacidades.
dos pelo Sr. professor Hamilton Nogueira, que Pelo segundo secretário, foi Ilda a ata da
é casado na familia do último mordomo de sessão de 5 de fevereiro passado, a qual foi
Suas Altezas Imperiais, general Guilherme Las- aprovada com duas restrições do Sr. Carlos da
sance, são os seguintes: 1) Tombamento topo- Silveira, no tocante ao têrmo "proposta" em
gráfico das terras patrimoniais de S. A. Im- referência à sugestão por êle apresentada na-
perial e seu augusto espôso - l.ª área de quela sessão, e à expressão' "retificar", em re-
522 000 000 de metros quadrados - medida no lação com as palavras do Sr. Afonso de Tau-
106 BOLETIM OEOORAFICO

nay, no que respeita ao número de sócios que ra atual. como elemento integrante dos exér-
perfazem o quadro social do Instituto Históri- citos das Nações Unidas. A seguir, enumera
co e Geográfico Brasileiro. as características da cultura africana, que, se
por fôrça de condições geográficas ficou se-
Passando a referir-se ao relatório das ati- gregada na bacia do Mediterrâneo, contribuiu,
vidades do Instituto durante o ano próximo ainda assim, com elementos de valor para o
passado, apresentado na sessão anterior e que progresso da hull'.\anidade. A não ser que a ar-
ficara à disposição dos Srs. sócios, o Sr. pre- queologia venha· a desfazer no futuro as suas
sidente comunica que pedira a supressão de próprias afirmações, nada poderá arrancar ao
um adjetivo, que lhe parecera inadequado nas negro a glória de haver sido o inventor da
conexões em que se achava, ignorando se al- fundição do ferro. Na arte, outrossim, os ne-
gum outro sócio apresentara qualquer suges- gros têm sido imitados pelos brancos, nos do·
tão. minios da arquitetura, da coreografia, da de·
Pelo Sr. Carlos da Silveira, foi entregue à coração, da música e da escultura. Depois de
mesa uma proposta de sua autoria e subscrita estudar as tendências dos povos negros para
por mais doze sócios, no sentido de ser modi- a agricultura e a pecuária, passa o conferen-
ficado o texto do artigo l.º dos Estatutos da cista a apreciar o valor do elemento negro na
Casa, na parte referente ao número de sócios. formação da gente brasileira, para culminar
Dada a importância da matéria, o Sr. presi- com a enumeração de vultos representativos
dente opina que fique para a próxima sessão em nossa vida espiritual, mest.lços ou de san-
a discussão da proposta. gue puro africano, numa apresentação irres-
pondível: Cruz e Sousa, o maior poeta do Bra-
A fim de que· os presentes pudessem ouvir sil. na opinião de Sílvio Romero; Juliano Mo-
logo o orador inscrito, o Sr. presidente inver- reira, o notável psiquiatra; Lima Barreto,
te a ordem dos trabalhos, dando a palavra ao Gonçalves Dias, Machado de Assis, Tobias
Sr. Coriolano Roberto Alves, que ocupa a tri- Barreto, André Rebouças e tantos outros. Con-
buna para dissertar sôbre o tema: O reaius- clui o conferencista o seu trabalho com a cl·
tamento étnico-social ão negro e ão mestiço tação das palavras do presidente Camacho na
no após-guerra. Depois de considerações ge- atual conferência do México: "O homem é
rais sôbre o conflito universal em que se em- homem o'nde quer que nasça, viva, trabalhe e
penham os homens no presente, mostra· o con- morra", para afirmar que os desastres da
ferencista a necessidade de serem os problemas guerra e as grandes crises sociais só desapa-
raciais estudados sem preconceitos políticos, recerão quando os elementos étnicos tiverem
para a estruturação harmônica da humanida- a mesma equivalência moral e lhes reconhe·
de de amanhã, que não pode dispensar a co- cermos a mesma composição orgânica. Ces·
operação de todos os seus membros. essencial- sada a salva de palmas que se seguiu às últi·
mente iguais, a despeito de diferenças secun- mas palavras do Sr. Coriolano Roberto Alves,
dárias e designações disparatadas: latinos, o Sr. presidente felicita o conferencista pela
semitas, teutônicos, eslavos, africanos e japo- peça de elevado valor que acaba de ser lida,
nêses. No estudo dêsses problemas, é indis- pedindo que fôssem os originais entregues à
pensável a cooperação entre antropólogos e mesa, a fim de serem oportunamente publica-
psiquiatras, porque, embora seja um só o obje- dos na Revista do Instituto.
tivo de ambos - o homem, são usados méto-
dos diferentes para a sua consecução. A antro- Após um intervalo de cinco minutos, fo·
pologia de amanhã não procederá com parcia- ram reiniciados os trabalhos, tendo sido vota-
lidade, tomando o homem branco adulto e das e aprovadas várias propostas para sócios
civilizado da Europa para padrão e ponto de correspondentes e sócio efetivo.
referência de suas conclusões, mas estudará Com a palavra, o Sr. Dácia Pires Correia
todos os grupos étnicos em suas caracterlsti· desculpa-se por ainda não haver, como tesou-
cas sômato-pslquicas, em seu folclore, nas reiro, apresentado o balancete do Instituto no
condições ambientais, para depois estabelecer ano findo, o que pretendia fazer na próxima
o. confronto das culturas que se estendem com sessão. O Sr. presidente ressalta a dedicação
suas características materiais e espirituais, do Sr. tesoureiro cujo devotamento à Casa
porque somente por êsse modo poderá ela es- se tem concretizado em muitos anos de tra-
tudar e compreender a humanidade. Passan- balho desinteressado e profícuo.
do a apreciar a contribuição do negro para o
patrimônio cultural dos homens, lembra o . Ninguém mais havendo feito uso da pa-
conferencista sua cooperação valiosa na guer- lavra, foi encerrada a sessão. ,

Municípios
ARACAJU - (Sergipe) aniversário da emancipação política de Barra
do Pira!, elevada à categoria de munic!pio, pelo
ANIVERSARIO DA FUNDAÇAO DA CIDA· Decreto n. 0 59, de 10 de março de 1890, do
DE - Comemorou-se com grandes festividades, Sr. Francisco Portela, então governador do
no dia 17 de março último, mais um aniversá· Estado.
rio da fundação da cidade de Aracaju. Os es-
tabelecimentos de ensino e instituições cul-
turais da cidade, associaram-se às comemora- MANAUS - (Amazonas)
ções levando a efeito diversas solenidades.
+: Instituto de Etnografia e Sociologia do
Amazonas
BARRA DO PIRAt - (Rio de Janeiro)
ESCAVAÇÕES NA CIDADE DE BARCELOS
55.º ANIVERSARIO DE SUA EMANCIPA· Seguiu recentemente para a zona do rio
ÇAO POLtTICA - Comemorou-se, no dia 10 de Negro o Sr. Nunes Pereira, presidente do Ins-
março último, com grandes festividades, o 55. 0 tituto de Etnografia e Sociologia do Amazo-
NOTICIARIO 10'1

nas, que fará escavações na. cidade de Barce- A conferência. do Sr. Oldegar Vieira. abor-
los, na. antiga igreja. daquele. comarca, com o dou as seguintes questões: I - Ligeiras infor-
objetivo de exumar as cinzas do estadista Lõbo mações sõbre a origem dos Territórios em geral
de Almeida.. e do Ouaporé em particular; II - Razões da
criação dos Territórios; III - Razões da cria-
ção do Território do Guaporé com os liml-
tE:S que lhe foram dados. - l - Razões geo-
gráficas; 2 - Razões políticas (aspecto nacio-
nal e aspecto Internacional; 3 - Razões m111-
SALVADOR - '(Bahia) tares; 4 - Razões econômicas; IV - Possibi-
lidades do Guaporé; 1 - Ponto de vista na-
"PERSPECTIVAS DO OUAPORJ!:" - O Sr. cional: a) Político-administrativo; b) Militar;
Oldege.r Vieira, secretário de Educação do Ter- c) Econômico; d) As comunicações. ;! - Ponto
ritório de Ouaporé, pronunciou no dia 3 de de vista nacional; a) Possibilidades políticas;
março último, na Faculdade de Filosofia de. b) Intercâmbio cultural; c) Possibilidades eco-
Bahia, uma conferência sõbre o tema Pers- nômicas; V - A precedência dos problemas
pectivas do Guaporé. da educação. ,

Exterior
EST4DOS UNIDOS DA AMtRICA DO NORTE pintados alegremente, com os bois unidos ~ unrn
coberta servindo como dossel; figuras tip:cas
Washington de fndios, de vârlas tribos, entre as populRções
rurais das Repúblicas meridionais - tudo Isso
EXPOSIÇÕES ESCOLARES APRESENTAN- dâ vida â paisagem. ,
DO A VIDA E A CULTURA DAS AMll:RICAS - As apresentações de suas matas vêm acom--
As crianças das escolas dos Este.dos Unidos estão panhadas das fotografias das ·árvores que cres-
hoje aprendendo a respeito de seus vizinhos cem na América do Sul e Central. Rendas feitas
das outras Américas, de seus modos de vida e da fibra da banana, procedentes do Bras11,
acêrce. das grandes culturas que representam, colher da casca do cõco, cabaças coloridas com
por melo de uma série de exposições escolares gravuras, além de outros objetos, 1lustram e.
intituladas "As Nossas Repúbl!cas Vizinhas". engenhosidade com que os povos sul-americanos
As exposições foram preparadas para distri- utilizam seus produtos naturais.
buição, a pedido, entre as escolas primárias e Maracás e outros instrumentos musice.is
secundárias, pela "L!bre.ry Service Divls!on" do feitos e usados nas Repúblicas mer!dlone.ls,
Bureau de Educação dos Estados Unidos, em auxiliam os estudantes norte-americanos a se
cooperação com o Escritório de Negócios Inter- identificarem com e. música daqueles países, e.o
americanos. mesmo tempo que se apresentam danças tfpice.s.
Iniciadas há quatro anos atrás por Nora. Um rapazinho e uma jovem brasileiros,
Buest, especlal!sta em bibl!otecas do Bureau fantasiados de Carnaval, carioca, são os atores-
de Educação norte-americano e antiga professõra bonecos do Teatro da Criança, empregados pare.
de. seleção de livros de. Universidade de Carolina. os estudantes de português. Feitos pelos fabri-
do Norte, com poucos exemplares de livros cantes de bonecos da América, trabalham num
escolhidos destinados e. e.ux1liar os professõres fundo de cortina que mostra o famoso põrto
de português e espanhol, as exposições cresce- do Rio de Janeiro. Os próprios estudantes
ram prodigiosamente. fazem os bonecos trabalhar. Jogos e histórias
Há atualmente, 190 dessas exposições pas- adaptados ao teatro de bonecos, dramatizam
sando de escola para escola, por tôda a nação. as vidas dos heróis das Repúblicas meridionais,
A parte de maior relêvo de cada exposição bem como suas lendas, canções e danças.
é um grupo de livros selecionados. ll:sses volu- A vida de D. Pedro II do Brasil, de Simon
mes que incluem ficção e livros de gravura, Bol!var, de José de San Martin e de outros
discutem as várias fases da vida e da cultura. famosos lideres das Américas do Sul e Central,
das Américas, isto é, biografia, história, geo- proporcionam um materi3l de vivo lnterêsse. As
grafia e ciências econômicas, poesia, ciência, histórias dêsses herói@ são também ensinadas
arte, arqueologia., animais e estudos sociais. através da apresentação de quadros que levam
Incluem-se também a literatura Juvenil de à leitura de suas biografias.
principais escritores em português e espanhol, Bonitas reproduções a cõres das pinturas
e magazines populares para e. juventude das e esculturas de notáveis artistas, tais como Cân-
outras Repúblicas. dido Portinari, do Brasil; Diego Rivera, Orozco
Grupos de painéis fotográficos (30 para urna e Charlot. do México; Alfredo Guido, de. Argen-
pasta), Ilustram aspectos da vida das terras tina; Marina Nunez dei Prado, da Bolivia;
e dos produtos da América do Sul e' da América. Samuel Roman RoJas, do Chlle; e Juan Manuel
Central, juntamente com mapas, cartas e bo- Blanes, do Uruguai, são fornecidos e pendure.dos
letins, suplementos e l!vros. Uma ampla bibl!o- nas paredes das salas de aula.
grafia para leitura complementar, um manual "ll: importante" - diz a professõra Buest
de professor e vários materiais de ensino são - "para nós que vivemos no Hemisfério Ociden-
também fornecidos. Os empréstimos são feitos tal fortalecer nossos laços de amizade com
para um período de duas semanas e as despesas nossos vizinho!!, a fim de que posse.mos Juntos
de transporte são pagas pelo Bureau de Edu- trabalhar pela construção de uma. base firme
cação. para a solicfar!edade democrática do Novo
Os objetos rivalizam com os l!vros, em popu- Mundo.
laridade. Bonecas feitas à maneira de vestir "O conhecimento de uns pelos outros é um
de quem as fêz, como nenhum outro livro pode- importante fator e. ser apreciado. Sinto-me
ria descrever, com a beleza da arte de seus cos- fel!z de que essas exposições para crianças
tumes rurais. Minúsculas casas nativas meti- norte-e.merice.nas estejam prestando uma. se.dia.
culosamente construidas e. mão; carros êie bois contribuição para êsse fim".
Bibliografia
Apontamentos bio-bibllográlicos de geógrafos brasileiros

Francisco Rádler de Aquino


Na galeria dos cientistas brasilei- de cálculos para achar alturas e azi-
ros de maior evidência na atualidade, mutes, sendo temas predominantes,
distingue-se, pelo mérito a que tem feito pela importância e objetividade, na
jus, o nome do capitão de mar e guerra sua bibliografia: O método do Marcq
Francisco Rádler de Aquino. Saint-Hilaire para um observador de-
terminar a sua posição no mar, com
Filho de José Herculano Tomás de tábuas para a sua aplicação; Causas da
Aquino e de D. Maria Franeisca Rádler instabilidade do caráter magnético de
de Aquino, nasceu o comandante Fran- u,m navio. Prisma azimutal de Lord
cisco Rádler de Aquino em Nova York Kelvin. RegulaÇão das agulhas por meio
(Estados Unidos da América do Norte) , de azimutes. Determinação do caráter
aos 23 dias do mês de janeiro de 1878. magnético de um navio. Compensação
Vindo para o Brasil em 1897, ingressou horizontal das agulhas com azimutes.
na Escola Naval no Rio de Janeiro, por Balança magnética de Lord Kelvin.
onde se fêz oficial da nossa Armada. O Compensação vertical do desvio de
diploma de Engenheiro Geógrafo pela banda. Máquina de manejq prático; Na-
Escola Politécnica do Rio de Janeiro vegação simplificada pelas nossas Tá-
obtivera mais tarde. buas Gráficas do Littlehales: Abaco po-
O seu futuro, entretanto, estava no lar fraccional; e entre outros, os textos
mar, ainda mais que a sua verdadeira em inglês: Altitude and Azimuth Tables
vocação era para a carreira naval que for Facilitating the determination of
seguindo por um çlesígnio espontâneo Lines of Position and Geographical
de vontade, tornar-se-ia nela um servi- Position at Sea; The Determination of
dor obstinado da ciência num dos ra- a fix f,rom Two Lines of Position, pelo
mos onde, com efeito, tem conseguido método do Dr. Fulst; e The "Newest"
nomeada: a navegação aérea e maríti- Navigation and Aviation Altitude and
ma. Assim, não lhe seria difícil gra- Azimuth Tables. ·Third edition enlarged
duar-se na Armada, após outros estu- and further improved. London. 1924.
dos brilhantes que lhe deram franquia The simplest and readiest in solution.
absoluta ao êxito que não madrugara Brazilian Centenary Edition: - os dois
muito a se fazer proclamado. primeiros publicados no "United States
Vida briosa e profícua, na faina ma- Naval Institute Proceedings'', nas edi-
rítima afizera-se àos labôres edifican- ções de dezembro de 1908 e setembro
tes, forjando ali mesmo o caráter e co- de 1913, respectivamente, e só poste-
lhendo as experiências com que tem sa- riormente editados em separata; e o
bido aplicar os conceitos das teorias de último, que mereceu especial atenção
uma modalidade de cultura indispensá- do Almirantado inglês, impresso por
vel ao exercício das funções que milita. ordem oficial do govêrno norte-ame-
ricano na publicação n.0 200 do "Uni-
ted States Hidrographic Office", para
uso a bordo dos navios da Esquadra dos
Versado em náutica, o comandánte Estados Unidos da América do Norte.
Rádler de Aquino é, entre os estudiosos Além da quantidade apreciável de
dos problemas da navegação, um dos trabalhos originais de caráter oficial
mais apaixonados. Famoso pelos seus e particular do seu punho, o ilustre
excelentes trabalhos e considerações em técnico tem traduzido para o idioma
tôrno do método de Marcq Saint-Hi- pátrio inúmeros textos de originais in-
laire e dos instrumentos náuticos de glêses, entre os quais se acham in-
Lord Kelvin, tem-se notabilizado prin- cluídos os discursos dos contra-almi-
. cipalmente pelas suas célebres Tábuas rantes da Marinha dos Estados Unidos,
BIBLIOGRAFIA 109

H. F. Brian, W. B. Fletcher, do almiran- Reconhecendo o valor inestimável


te C. T. Vogelgesang, uma tese sôbre da sua obra, o Ministério da Marinha
tática naval, do capitão de fragata tem tomado a si mandar editar os seus
D. W. Blamer, notável conferência do trabalhos, muitos dos quais, aliás, já
Dr. Hardin F. Taylor, intitulada What's divulgados em revistas especializadas
in the Ocean e vários outros trabalhos daqui e do exterior. Também na In-
sôbre exercícios táticos, problemas de glaterra, de tal coisa incumbiu-se o
caça, etc. agente do Almirantadó britânico J. D.
Em colaboração com os capitães Potter que fêz imprimir entre outros o
de corveta Durval Julião e Jerônimo "New Log and Versine Altitude Tables.
Francisco Gonçalves, elaborou o Ante- Considerando a importância eco-
projeto de regulamento para o corpo nômica que representa · para a nação
de práticos dos rios da Prata, baixo Pa- a indústria da pesca o capitão de mar
raná e Pa.raguai; e traduziu do inglês, e guerra Rádler de Aquino tornou-se
de parceria com o capitão de mar e um devotado ao assunto, em tôrno do
guerra Nélson Peixoto .Jurema o subs- qual escreveu, além do relatório apre-
tancioso Código Internacional de Sinais sentado ao Ministro da Marinha sôbre
de 1931, tradução trabalhosa, pois que o 4.° Congresso Internacional de Pesca,
para garantia da internacionalização dois trabalhos excelentes, que são: Vin-
da edição brasileira de 1934, teve de ser te duas (22) sugestões para a organiza-
feita comparada pari passu com as edi- ção da indústria da pesca e o comércio
ções francesa, espanhola e italiana. do pescado no Estado de Pernambuco e
circunvizinhanças (aplicáveis nas suas
Como tantas outras, a questão dos linhas gerais aos demais Estados do
portos constitui também, objeto de sua Brasil) e O que poderia ser a pesca no
preocupação. De muito o assunto pas- Brasil. .. se os governos, o clero e o
sou a merecer a sua especial atenção. povo quisessem.
E não pouco tem êle contribuído para
a solução de tal problema. Do que tem Nome conceituado nos meios cultu-
feito neste sentido bem o atestam os rais e científicos do país e do estran-
projetos e sugestões "para o aumento geiro, é, além de consultor técnico do
e eficiência das Capitanias dos portos Conselho Nacional de Geografia, sócio
da República", que tem apresentado, benemérito do Instituto ·Histórico e
insistindo sempre em que a estas seja Geográfico Brasileiro, membro da Aca-
dada "vida própria e independência demia Brasileira de Ciências; sócio cor-
dos recursos do Tesouro Federal". respondente do Instituto Naval de Aná-
Consumado defensor dos interês- polis; sócio do Instituto Oceanográfico
ses da sua classe, o capitão de mar e Brasileiro; sócio correspondente da Aca-
guerra Rádler de Aquino é ainda um demia das Ciências de Lisboa; sócio do
pugnador incansável pela melhoria do Instituto Duque de Caxias; sócio da So-
homem do mar. Oriundos dêsse objeti- ciedade de Geografia do Rio de Ja-
vo, outros tantos projetos e sugestões neiro; sócio da Sociedade Argentina
de sua autoria se acham nos arqui- de Estudos Geográficos; sócio do Ins-
vos da Marinha. tituto Argentino Del Agua; membro do
Instituto Brasil-Estados Unidos, do qual
A par da afinidade existente entre foi operoso presidente; membro da
os sistemas de navegação marítimo Academia de Marinha da França; só-
e aéreo, também a Aviação não ficou cio do Instituto Histórico de Petrópolis;
fora das suas esclarecidas cogitações. sócio do Clube Naval; da Associação
É assim .um precursor dos estudos que Brasileira de Imprensa, e presidente
dizem respeito, à necessidade de ambas do Comité Brasileiro do Calendário
se completarem em ação conjunta na Mundial. É condecorado com as se-
paz e na guerra. E, com efeito, desde guintes insígnias: medalha de ouro de
os primórdios da aerovia, a sua pre- trinta anos de bons serviços na Armada
ocupação tem sido procurar uma de- Brasileira, medalha de ouro da Revis-
finição exata dessa correlação que ten- ta Marítima Brasileira (1910) e meda-
de a se estreitar à medida da progres- lha de prata da Academie de Marine
são dos dois sistemas. de France.
Colaborador assíduo d1t Revista Ma- Das missões de destaque que lhe
rítima Brasileira, desde 1899, é através têm sido confiadas é de notar-se a de '
das suas páginas que tem dado me- adido naval à Embaixada do Brasil em
lhor e maior contribuição às letras ci- Washington, onde serviu, quase mm-
entíficas e navais do Continente. terruptamente, de 1906 a 1927; repre-
110 150LETIM G~OGRAFICO

sentante do Brasil no V Congresso In- 5-Tábuas para achar alturas e


ternacional de Pesca, em 1908 e no VII azimutes - (Separata da "Revista Ma-
Congresso Científico, em 1940, ambos rítima Brasileira" - Edição de outu-
realizados ali. bro de 1902) .
Tôdas essas distinções e insígnias 6 - A signaria naval (Separata da
são justas e devidas recompensas às "Revista Marítima Brasileira". - Edi-
suas estimáveis qualidades de grande ção de janeiro de 1903).
servidor da pátria e da ciência, da ci-
ência principalmente no terreno onde 7 - Compenst;t.ção e regulagão das
ela é indispensável e alcança urn dos agulhas sem azimutes. Defletor de Lord
seus verdadeiros objetivos. Kelvin. Teoria e manejo prático. Mé-
R.S. todo de Kaptain Clausen <Separata da
"Revista Marítima Brasileira" - Edi-
ção de junho de 1903 -, vertido para
o inglês pelo commander L. H. Chan-
dler, U. S. Navy e publicado também
Relação de trabalhos or1gmais e tra- na "United States Naval Institute Pro-
duzidos do capitão de mar e guerra ceedings" em dezembro de 1909) -
F. Rádler de Aquino. Imprensa Nacional. Rio de Janeiro,
1903.
1 - O Método de Marcq Saint-Hi-
laire para um observador determinar a 8 - Estudo elementar de Trigono-
sua posição no mar, com tábuas para metria Esférica e algumas das suas
a sua aplicação (Separata da "Revista aplicações à Astronomia Esférica, Na-
Marítima Brasileira" - Edição de no- 1 pegação e Geografia. H. Garnier Paris
vembro de 1899, janeiro de 1900 e ou- e Rio de Janeiro, 1903.
tubro de 1900) - Imprensa Nacional.
Rio de Janeiro, 1902. 9 - A navegação sem logarítmos
(Editada por determinação do Ministro
2 - Tipos de cálculo para o méto- da Marinha, almirante Júlio César de
do de Marcq Saint-Hilaire pela modifi- Noronha) - Imprensa Nacional - Rio
cação do Dr. Otto Fulst de Hamburgo de Janeiro, 1903.
(Separata da "Revista Marítima Bra-
sileira" - Edição de dezembro de 10 - Relatório Anual da Associa-
1901). Imprensa Nacional. Rio de Ja- ção Protetora dos Homens do Mar,
neiro, 1902. · 1903-1904 - Rio de Janeiro, 1904.
3 - Estudo teórico e prático dos ins- 11 ·- Jiu-Jitsu, Educação Física Ja-
trumentos náuticos de Lord Kelvin. ponêsa, pelo Mr. H. Irving Hancock.
Descrição e teoria da agulha de Lord Tradução conjunta do inglês com o
Kelvin. Magnetismo dos navios. Teoria saudoso capitão de corveta. A. dos San-
geral dos desvios das agulhas e da sua tos Pôrto. Rio de Janeiro, 1905.
compensação (Separata da "Revista
Marítima Brasileira" - Edições de 12 - Limites de coincidência da re-
agôsto-setembro de 1900; janeiro de ta Mar.cq Saint-Hilaire com a curva de
1901 e abril-maio de 1901; impressa posição correspondente (Separata da
por determinação do Ministro da Ma- "Revista Marítima Brasileira" - Ed. de
rinha) . Imprensa Nacional. Rio de, Ja- julho de 1906) .
neiro, 1902.
13 - Navegação simplificada pelas
4 - Causas da instabilidade do ca- novas tábuas gráficas do Littlehales:
ráter magnético de um navio. Prisma Abaco polar· fraccional. Separata da
azimutal de Lord Kelvin. Regulação "Revista Marítima Brasileira", julho,
das agulhas por meio de azimutes. De- 1907, pág. 1521.
terminação do caráter magnético de
um navio. Compensação horizontal das 14 - Resolução nomográfica do tri-
agulhas com azimutes. Balança magné- ângulo de posição, manuscrito original
tica de Lord Kelvin. Compensação ver- pelo Dott. G. Pesei, da Academía Na-
tical do desvio de banda. Máquina de val de Livorno. 'l'raduzido do italiano
manejo prático. (Separata da "Revista para o português e extraído da "Revista
Marítima Brasileira" - Edições de maio Marítima Brasileira", novembro e de-
e junho de 1903 e março de 1902). Im- zembro, 1907 e fevereiro, 1908, para a
prensa Nacional. Rio de Janeiro, 1903. qual foi escrito expressamente.
BIBLIOGRAFIA
. 111

15 - Nomograms for Deducing Al- 23 - Cronômetros de tempo médio


titude and Azimuth and for Star Iden- ou cronômetros de tempo sideral? (Se-
tification and Finding Course and Dis- parata da "Revista Marítima Brasilei-
tance in Great Circle Sailing. Separata ra", abril, 1912, pág. 1687) .
das United States Naval Institute Pro-
ceedings, junho, 1908, ·pág. 633. 24 - The Determination qf a fix
from Two Lines of Position. Dr. Fulst's
16 - Nomogramas para achar altu- Table. A new "Protractor Diagram"
ras e azimutes, etc. (Separata da "Re- and T "Square". A New Solution of an
vista Marítima Brasileira" - Ed. cte Old Problem". Separata das United
julho de 1908). States Naval Institute Proceedings-, se-
tembro, 1913, pág. 1031.
17 -Altitude and Azimuth Tables
for Facilitating the determination of 25 - Wrinkles in Plane Chart Me-
Lines of Position and Geographical Po- thods. Separata das United States Na-
sition at Sea - The Simplest and Rea- val Institute Proceedings, março-abril,
diest in Solution. (Separata da United 1914, pág. 413.
States Naval Institute Proceeding&, de-
zembro, 1908, pág. 1299) • 26 - A determinação da intersec-
ção de duas retas de posição pelo cál-
18 - Estudo teórico e prático dos culo e pelo gráfico. Separata da Re-
instrumentos náuticos de Lord Kelvin. vista Marítima Brasileira, de abril, 1915.
Magnetismo dos navios. Compensação :&:ste trabalho representa a tradução em
e regulação das agulhas com ou sem português dos ns. 24 e 25 acima, pelo
azimutes. Sondagens no mar. (Ed. pa- capitão de corveta da Armada (então .
trocinada pelo Ministro Alexandrino 2. 0 tenente) Augusto Pereira.
de Alencar). Imprensa Nacional, Rio,
1910. 27 - The "Newest" Navigatton and
Aviatton Altitude and Azimuth Tables.
19 - Tábuas para achar alturas e Third edition enlarged and further
azimutes facilitando a determinação improved. London, 1924. The simplest .
de retas de posição e o ponto observado and readiest in solution. Brazilian Ceri-
no. mar. Imprensa Nacional, 1910. (Sepa- tenary Edition. Publicado por J. D. Pot-
rata da "Revista Marítima Brasileira". ter, agente do Almirantado inglês, 145
Agôsto de 1910, por ·ordem do Ministro Minories, London, E. C. 3. Estas tábuas
da Marinha almirante Alexandrino
Faria de Alencar}. (:r!:ste trabalho é o foram premiadas em 1913 pelo Govêrno
texto em português da 1.ª edição de dos Estados Unidos da América (Navy
1910, das "The Newest" Navigation, and Department) e mandadas imprimir
Aviation Altitud and Azimut Tables oficialmente na publicação n.O 200 do
mencionadas no n. 0 .27). United States Hidrographic Office para
uso a bordo dos navios da Esquadra
20 - A Monogram for Compass Di- dos Estados Unidos da América do
viations, with and Elementary Expo- N<;>rte.
sition of the Two Parallel Scale Nomo-
grams. Pelo professor Giuseppe Pesei, 28 - New Log and Versine Altitude
da Marinha italiana. Traduzido do ma- Tables. Separata do trabalho acima e
nuscrito original em italiano. Sepa- publicado por J. D. Potter. As mais
rata das United States Naval Ins- simples e as mais expeditas.
titute Proceedings, dezembro, 1910, pág.
1 043. 29 - The Newest Navigation and
Aviation Altitude and Azimuth Tables.
21- A questão da hora legal no Separata da Nautical Magazine of Glas-
Brasil. Discurso inaugural em 23 de gow. - February, 1924, pág. 130.
agôsto de 1911, no Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro. 30- Navegação e Aero-Navegação.
Brasil. Separata da Revista da Liga Separata da "Revista Marítima Brasi-
Marítima Brasileira, fevereiro, 1912. leira", junho, 1924, pág. 1097, e do Bole-
tim do Clube Naval, março, 1924,
22 - Novas tábuas para facilitar o pág. 97.
cálculo da altura de um astro. Tábuas
de azimutes. (Separata da "Revista Ma- 31-A politica -naval dos Estados
rítima Brasileira", de fevereiro de 1912, Unidos e os seus princípios diretores
pág. 1335). gerais. Separata da "Revista Marítima
112 BOLE~IM GEOGRAFICO

Brasileira", setembro, 1924, pág. 415. 39 - Dois discursos inaugurais do


(Tradução do Memorando do General contra-almirante H. F. Bryan, da Ma-
Board n.0 420 - de 29 de março de rinha dos Estados Unidos, por ocasião
1922). da abertura dos cursos - em 1919 e
1920.
32- Novíssimas tábuas para achar
alturas e azimutes facilitando a deter'- 40 - Discurso inaugural do contra-
minação de retas de posição e o ponto almirante W. B. Fletcher, da Marinha
observado no mar e no ar. Imprensa dos Estados Unidos, por ocasião da
Naval, Rip de Janeiro, 1924. Separata abertura dos cursos em 1921.
da "Revista Marítima Brasileira", de-
zembro, 1924, pág. 879. · 41 - O jôgo de guerra naval sôbre ·
o tabuleiro de manobra e as regras,
33 - Modern Methods in Sea and da Escola Naval de Guerra dos Es-
Air Navigation. Separata das United tados Unidos da América. - (Confi-
States Naval Institute Proceedings, ja- dencial):
neiro, 1927, págs. 17 a 34. I. - Descrição do tabuleiro e seus
34-Aquino's Newest Sea and Air accessórios; II. A marcação do tiro de
Navigation Tables for solving all pro- canhão; III. A marcação do tiro de
blems by lnspection. The simplest and . torpedo; IV. A conduta do jôgo; V. Re-
readiest in solution. The Safest and gras do jôgo.
the most Exact by Commander Ra-
dler de Aquino, Brazilian Navy, 1927. As duas edições em inglês: a de
Publicado e vendido pelo U. s. Naval 1916 e a de 1920, foram publicadas em
Institute, Annapólis, Maryland, Uni- português em 1918 e 1921.
ted States of América. Vendido tam-
bém por J. D. Potter, agente do Almi- 42 - O jôgo de guerra naval sôbre
rantado Inglês para a venda de car- a ca,rta e as suas regras, da Escola Na-
tas, etc. 145 Minories, Londres E. C. val de Guerra dos Estados Unidos da
e pelas principais livrarias do Rio de América . (Confidencial) .
Janeiro.
43 - Conferência sôbre princípios
35 - Curvas e retas do azimute na táticos. Conclusões (Confidencial).
navegação: astronômica e radiogonio-
métrica. Separata da "Revista Marítima 44 - Instruções provisórias para~ a
Brasileira", julho de 1927, pág. 79. batalha. (Confidencial).
36 - Radionavegação e radiovisão 45 - Tática Naval:
ou a navegação por meto de raios invi-
síveis. Pelo tenente-coronel Chetwode I. - O canhão e o navio em com-
Crawley, M. I. E. E. Tradução da re- bate; II. distribuição de fogo, forma-
vista inglêsa "Television" de outubro de tura e posições; III. Formaturas, evo-
1928, págs. 45 e 46. Separata da "Revista luções e sinais.
Marítima Brasileira", de dezembro de
1928, pág. 841. 46 - Tese sôbre tática naval, com
29 figuras anexas pelo capitão de fra-
37 - Navegação Aérea e Marítima, gata D. W. Blamer, da Marinha dos
Radionavegação e Radiovisão. Separa- Estados Unidos. ·
ta da "Revista Marítima Brasileira". Rio
de Janeiro, 1929. (Trabalhos 35 e 36 e 47 - Teie sôbre tática naval, pelo
outros). capitão de fragata T. T. Graven, da
Quinze trabalhos oficiais da Escola Marinha dos Estados Unidos, 1919, (tra-
Naval de Guerra traduzidos do ori- dução conjunta com o contra-almi-
ginal em inglês pelo capitão de fra- rante Antônio Alves Ferreira da Silva).
gata Rádler de Aquino, em 1918, 48 - Esclarecimento e cobertura:
1919, 1920 e 1921, para o Curso de
Estratégia e Jôgo de Guerra: I - Métodos geométricos de caça;
II. Caça pela frente, método "A"; III.
38- Discurso inaugural do capi-· Caça pelo flanco, método "B"; IV. Caça
tão de mar e guerra e. T. Vogelgesang, pelo flanco, método "C" (do Setor); V.
da Marinha dos Estados Unidos, por Caça pelo flanco, método "D" (de Pa-
ocasião da abertura dos cursos em trulha); VI. Caça pela retaguarda, mé-
1918. todo "E" (de seguir a pista).
BIBLIOGRAFIA 113

49 - Observações sôbre logística. · 60 - Derrame de caldas nos rios de


Extraídas do livro: The Fleet, 1914- Pernambuco, prejudicando a fauna
1916. Its Cretion, Development and ictiológica e a saúde das populações~
Work, do almirante Jellicoe of Scapa,. 1932.
pelo contra-almirante H. F. Bryan, da
Marinha dos Estados Unidos, 1919. 61 - Projeto de ração naval para a
Armada Brasileira - equilibrada e
50 - Formulação de ordens, doutri- racional - e útil a todos os brasilei-
na e disseminação de informações, 1920. ros, 1932.
51- Princípios táticos e a sua apli- 62 - Sugestões para aumentar a
cação, 1921 (Confidencial) . eficiência das Capitanias dos Portos da
República permitindo tenham vida
52 - Exame da situação, pelo almi- própria, independente de recursos do
rante Austin Knight. Traduzido do in- Tesouro Federal, 1932.
glês pelo capitão de corveta Gaston La-
vigne. Edição de 1921, revista e aumen- 63 - O diagrama - transferidor de.
tada pelo capitão de fragata Rádler de Aquino com 8 novas aplicações, 1932.
Aquino.
64 - Estatfstica do pessoal da Ar-
Além dêstes trabalhos clássicos que mada Brasileira e do Ministério da Ma-
servem de base ao Curso de Estratégia, rinha com os seus respectivos venci-
Tática e Jôgo de Guerra foram tra- mentos em 1933. Organizado pelo 2.0
duzidos do original inglês, durante Tenente Arlindo dos Santos Silveira sob
·os anos de 1918, 1919, 1920 e 1921 1 inú- a direção do autor, 1933.
meros exercícios táticos, problemas tá- 65 - O "Air Almanac" de 1933 e as
ticos e estratégicos, problemas de caça minhas sugestões de 1911. Separata da
e críticas dos problemas táticos e es- "Revista Marítima Brasileira" para se-
tratégicos. tembro-outubro de 1933.
Trabalhos oficiais feitos depois de 1927. Trabalhos oficiais feitos por ordem ou
53 - A ação conjunta do Exército
em virtude das funções que exercia
o autor:
e da Armada dos Estados Unidos da
América (tradução do original oficial 66 - Relatório anual da Divisão de
em inglês para o português, especial- Comunicações Navais do Estado Maior
mente para o Estado Maior da Arma- da Armada Brasileira, 1928.
da Brasileira) .
67 - Anteprojeto de Regulamento
54 - Relatório sôbre a remodelação
parcial do encouraçado "São Paulo", para o Corpo de Práticos dos rios da
1930. Prata, baixo Paraná e Paraguai (em
colaboração com os capitães de corveta
55 - Três propostas parq, a remo- Durval Julião e Jerônimo Francisco
delação da tôrre Malakoff, sede da Ca- Gonçalves) , - 1929. ·
pitania dos Portos de Pernambuco, 1932.
68 - Sugestões para melhorar a si-
56 - Criação e instalação da Casa tuação militar, naval e econômica do
dos Marítimos de Pernambuco, 1932. Estado de Mato Grosso, especialmente
nas nossas fronteiras com a Argentina,
57 - Sugestões para aumentar a .Bolívia e Paraguai, 1929.
eficiência e economia dos faróis e faro-
letes subordinados à Capitania dos 69 -~Tradução do inglês para a
Portos do Estado de. Pernambuco, 1932. português do Código Internacional de
Sinais de 1931 (tradução conjunta com
58 - Reorganização das capatazias o capitão de mar e guerra Nélson Pei-
e sub-capatazias da Capitania dos Por- xoto Jurema). Imprensa Naval, Minis-
tos do Estado de Pernambuco, 1932. tério da Marinha) . Rio de Janeiro, 1933.
59·-Terrenos de Marinha, os reser- 70 - Relatório apresentado ao Sr.
vados nas margens dos rios, os seus Ministro da Marinha, em 5 'de outubro
acréscimos naturais e artificiais e os de 1908, sôbre o 4.0 Congresso Interna-
mangues, - 1932. cional de Pesca, reaiizado em Wash-
114 BOLBTIM GBOGBAPIOO

ington, D. C. em que o autor represen- 78 - A guerra do futuro. Tradução


j;ou o Brasil quando era adido naval à do "Le Temps'', de Paris, de 15 de no-
l!:mbaixada em Washington, D. C. Esta- vembro de 1932. Publicado no "Correio
dos Unidos da América, 1908. Marítimo", do Rio de Janeiro, ·9 de de-
zembro de 1933.
Trabalhos particulares recentes.
79 - Mode.rn Method in Sea Air and
71 - Cinqüenta decálogos para Radio Navigation: Latitude by M. and
melhorar o Brasil e as suas Marinhas N. Separata da Nautical Magazine de
de Guerra e Mercante e terrenos de . .. Glasgow. Janeiro de 1934.
marinha, 1931.
80 - O novo ecobatrímetro. Regis-
72 - Terra, Liberdade e Justiça. trador do Almirantado Inglês, tipo
'Saúde, Sol, Solo e Trabalho. Povoemos "Challenger". Separata da "Revista Ma-
o Brasil com brasileiros. A divisão do rítima Brasileira" de. julho-agôsto de
Brasil pelos brasileiros. Todo brasileira 1934. .
poderá ser proprietário pelo seu esfôrço
e pela sua dedicação ao trabalho "Re- 81 - Vinte e duas (22) sugestões
vista Nacional", tomo I, fasciculo n.0 2, para. a organizaçtl.o da indústria da pes-
de outubro de 1933 e "Correio Marítimo" ca e o comércio do pescado no Estado
de 18 de novembro de 1933 e "Correio de Pernambuco e circunvizinhanças
da Manhã de 26 de agôsto de 1934, 1932. <aplicáveis nas suas linhas gerais aos
73 - What's in the Oceci.n. (0 que
demais Estados do Brasil) . Publicado
contém o Oceano). Tradução do ingl~s no "Correio 11,!arítimo" do Rio de Janel- .
para o português, de uma notável con- ro, 12 de maio de 1934.
ferência do Dr. Harden F. Taylor, pre- 82 - A régua cilíndrica de Bygrave
sidente da Atlantic Coast Fisheries e as minhas Altitude and Azimuth
Company, de New York, com várias Tables. Separata da "Revista Marítima
conclusões dietéticas, econômicas e so-
ciais do· tradutor, 1932. Brasileira", de novembro-dezembro de
1934.
74 -,.- A navegaçtl.o hodierna com
logaritmos de 1633 <Aérea, Marítima e 83 - O ponto observado no. ar e no
Radiogoniométrica) . Suplemento da mar com tábuas ultra-s,implificadas.
"Revista Marítima Brasileira" de setem- Separata da "Revista Maritima Brasi-
bro-outubro de 1933. 2.ª edição em leira" de novembro-dezembro de 1935,
1-1-1934. 3.ª edição em 1-1-1935. ano LV, ns. 5 e 6 e do Boletim do Clube
Naval, XVI, 1.0 trimestre de 1936. N. 65
75 - A política naval dos Estados <Instituto Técnico ~aval).
Unidos da América em 1933. Traduzido
do original em inglês, especialmente 84 - Tábuas de Azimute. Separata
para a "Revista Marítima Brasileira" de da "Revista Maritima Brasileira" de se-
novembro-dezembro de 1933. tembro-outubro de 1935.
76 - Logaritmética (Aritmética Lo- 85 - A Fi:t from Altitude and Azi-
garítmica) de Quatro e de Cinco De- muth at Sea and in the Air. Separata
cimais para as Escolas Brasileiras, para dos United States Naval Institute Pro-
as Marinhas de Guerra e Mercante Bra- ceedings, de dezembro de 1~36.
sileiras e para as Aeronáuticas Militar e
Naval. Rio de Janeiro, 1943. 86 - An All Log Tangente + Log
77 - O que poderia ser a pesca no Secant Navigation Tables. Separata dos
Brasil . .. se os governos, o clero e o povo United States Naval Institute Proceed-
quisessem. Publicado no "Correio Mari- ings, de maio de 1937.
timo" do Rio de Janeiro, 23 de setembro
de 1933. Em que o autor mostra que a 87 - Sidereal or Mean Time Chro-
nossa pesca poderia ser a maior das nometers? Separata dos United States
nossas indústrias. Se cada brasileiro Naval Institue Proceedings, de outubro
tomasse o compromisso de comer % de 1937.
quilo de peixe por semana, dando os
governos e instituições o exemplo quan- 88- Unive.rsal Sea anã Air Naviga-.
to aos seus arrancha<ios, 1933. tion TabZes for aolvtng aU problema by .
BIBLIOGRAP'IA WI

Inspection, by Logarithms or by a 91- Isoazimuth Lines of Position


Combination of booth: Publicadas e at Sea and in the Air: Imprensa Naval,
vendidas pelo U. S. Naval :cllstitute, Rio de Janeiro, 1939.
Annapolis, Md. U.S.A., 19;}8.
92 - A navegação hodierna no ar
89 -A navegação hodierna com e e no mar com tábuas náuticas ultra-
sem lÓgarítmos (Aérea, marítima e ra- simplificadas. Separata da "Revista Ma-
diogoniométrica). Separata da "Revista rítima Brasileira" de novembro-dezem-
bro de 1939.
Marítima Brasileira", de julho-agôsto
de 1938. 93 - Tábuas náuticas e aeronáutt-
cas "University". Soluções uniformes e
90 - Cronômetros de ·tempo médio universais ultra-simplificadas .. Impren-
ou cronômetros de tempo sider.al? Se- sa Naval, Rio de Janeiro, 1943. Publica-
parata da "Revista Marítima Brasilei- do e premiado oficialmente pelo Minis-
ra", de março-abril de 1938. tério da Marinha do Brasil .

lste "Bóletbn", a "Revista Brasileira de Geografia" e as obras da "Blblloteea Ge0grãfiea


. . . . . Brasileira" encontram•se à venda nas principais livrarias do pais e na Sl!cretarla Geral
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um livro de um gênero que está toman- Mundial - Zonas de conflito
do notável incremento naquele país: eurasiáticas - Acesso dos Es-
Geopolítica. tados Unidos à Eurásia - Uma
política exterior para os Esta-
Trata-se do livro The Geography dos Unidos).
of th-e Peace (A Geografia dtí- Paz) , de
Nicholas John Spykman, editado por No primeiro capítulo, intitulado
Helen R. Nicholl. O autor, recentemen- "Geografia na Guerra e na Paz", há tó-
te falecido, deixou. os originais em ela- picos interessantes. O primeiro, dêsses
boração, e sua assistente, a Sra. H. R. "Caminhos Alternativos para a Paz",
Nicholl organizou-os, deu-lhes forma e apresenta as três maneiras de se alcan-
acrescentou-lhes até um capítulp sôbre çar a paz mundial: 1.0, baseada intei-
projeções cartográficas. Desta forma, ramente nas relações internacionais e
seria aliás muito justo consíderá-la na confiança mútua; 2. 0 , por intermé-
como co-autora. dio de um super-Estado, dotado de fôr-
ças armadas; 3. 0 , por um sistema de
Par! dar uma idéia do valor da segurança coletiva, no qual cada país
obra. abaixo está a tradução do seu manteria suas próprias fôrças armadas,
índice: mas ficaria obrigaào a intervir quando
Uma declaração introdutória, por a segurança de outro país fôsse amea-
Frederick Sherwood Di,.mn. çada.
o primeiro sistema, baseado, exclu-
I - Geografia na Guerra e na Paz sivamente na confiança, foi o adotado
(Caminhos altêrnativos para a na política européia após a Primeira
paz - Geografia e política ex- Guerra Mundial. Todo o mundo sabe,
terior - Geopolítica e segu- numa lição duramente aprendida, que
rança). redundou numa absoluta falência. Por
II - Cartografando o Mundo (O pro- sua vez, a idéia de um super-Estado já
blema da confecção do mapa representa um ponto de vista mais ob-
- Tipos de projeção para ma- jetivo, entretantb forçoso é reconhecer-
pa - Escolha de um mapa do se que dificilmente essa comunidade in-
mundo). ternacional teria coesão bastante para
agir como uma polícia mundial. E o au-
III-A Posição do Hemisfério Ociden- tor é de parecer que "é óbvio que ainda
tal (Fatôres condicionantes da falta muito para alcançarmos tal so-
políti.ca exterior :_ Posição e ciedade internacional".
poder mundial - A distribui- Resta, portanto, a hipótese do sis-
ção dos potenciais de fôrça - tema de segurança coletiva, mantendo
Os Estados Unidos e o mundo). cada país· as suas próprias fôrças ar-
IV - O Mapa Político da Eurásia (0 madas. Não há dúvida de que é para
mundo de Mackinder - A Ter- essa solução que está inclinada a maio-
ra-coração - A Terra circun- ria das potências quanto ao sistema
dante ·-- Os continentes afas- preconizado para o a.pós-guerra.
:SIBLIOGRAFIA llT

No tópico seguinte, o liv:ro expõe A geopolítica foi tão denegrida pe·


como a segurança e a politica externa los modernos geopolitlcos alemães que
de um país estão em dependência da todos os livros que dela tratam têm
sua · geografia; e é a análise dos pro- que eliminar a distorção que aquêles
blemas de segurança em têrmos geo- lhe deram. E' como se fôsse uma cria-
gráficos que o autor julga ser o escopo tura que estivesse tão suja que seria
da geopolítica. necessário dar-lhes um trabalhoso ba-
Tal definição é, entretanto, incom- nho para se tornar reconhecível como
pleta. um ser humano. :tl::sse trabalho de lim-
peza é feito no capitulo denominado
A melhor definição para geopolítica "A Posição do Hemisfério Ocidental".
é a mais simples e que deriva direta- Um dos artifícios desmascarados é um
mente do seu nome, ou seja, a política multo explorado pelas nações do Eixo:
com base geográfica. Mas a política o do "cêrco geográfi~". E por meio de
não abrange apenas a política externa, mapas eloqüentes mostra como houve
mas também a interna. Para nós, bra- cercos verdadeiros, tais como o da Che-
sileiros, até êste último aspecto é igual- coslováquia, o da Polônia e o da Iugos-
mente importante. O nosso país com lávia. Mas mostra também a manobra
sua vasta área, sua variedade de paisa- ilusionista de representar a Terra in-
gens, seus transportes ainda difíceis, teira em uma projeção global, com cen-
levanta para nós inúmeros problemas tro no ponto que se quer dar a impres-
geopoliticos internos. Por exemplo: são de que está cercado. Isso também
Qual a forma de govêrno mais adequa- com muitos exemplos ilustrativos.
da ao pais: a centralizada ou a des- Um dos esteios do valor do livro são
centralizada? Como dividir politica-
mente o país para melhor administrá- . os seus mapas expressivos. Em geral
lo e facilitar o seu desenvolvimento são mapas esquemáticos mas valem
harmônico? por páginas e páginas de texto. Há pla-
nisférios da topografia do mundo, das
faixas climáticas, da distribuição de
chuvas, dos centros de produção de tri-
O capítulo seguinte; "Cartografan- go, de arroz, dos tecursos em carvão e
do o Mundo", é exclusivamente didáti- ferro e da sua produção, do potencial
co. Desnecessário se tornaria para o hidráulico, da produção de petróleo, da
editor dizer que êsse foi um capítulo densidade de população, da produção
enxertado na obra. O seu teor é tão diária de trabalho, e outros mais. Faz
diferente que o leitor menos avisado enfim, um balanço dos elementos de
percebe desde logo. Sente-se que o ob- riqueza e fôrça distribuídos na Terra.
jetivo de D. Helen Nicholl foi o de in- O capítulo "0 Mapa Político da Eu-
troduzir os politicos - e sobretudo os rásia" se dedica à exposição e .crítica
políticos estadunidenses - na geopolí- da análise geopolítica do mundo de Ma-
tica, e não os geógrafos. Para êstes o ckinder.
capítulo em aprêço é perfeitamente Para expor em poucas palavras a
dispensável. Ademais o seu valor didá- teoria de Mackinder deve-se represen-
tico é restrito. Como era de esperar, o tar o mundo numa projeção de Moll-
capítulo conclui que nenhuma proje• weide (elíptica) ou de Aitoff (sinussoi-
ção satisfaz a todos os objetivos na re- dal) com centro na Eurásia. Sôbre esta
presentação do mundo. E deixa claro massa continental traça-se uma linha
que de um modo geral, conforme o na direção geral norte-sul abrangendo.
caso, servem a projeção de Mercator e quase tôda a Rússia européia, cortan- ·
a projeção polar. A projeção de Merca- do o Cáucaso entre os mares Negro e
tor mais apropriada, entretanto, é a Cáspio, tangenciando pelo norte a ca-
modificada de Miller, que sem dúvida deia costeira do Irã (Pérsia) e o m:.
dá um planisfério mais proporcionado, malaia, envolvendo os lagos do oriente
mas que o autor do capítulo se esquece siberiano e deixando de fora o prolon-
de dar maiores esclarecimentos sôbre gamento da Sibéria para o Pacífi.co. A
ela, o que seria de interêsse, visto que área envolvida por esta Unha e o lito-
se trata de uma inovação cartográfica ral ártico Mackinder denominou Area
pouco conhecida e relativamente recen- Pivot (Pivot Area) e corresponde àquilo
te. :tl::sse é aliás o maior interêsse que que os geopolíticos modernos chamam
oferece o capítulo. Terra-Coração <Heartlanà). O resto do
continente eurasiático compreendendo
os arquipélagos costeiros britânico e ja-
BOLETfM GEOGRAFICO

ponês, Mackinder chamou de Crescente que se deve aceitar como Terra-Cora-


Interior Marginal (lnner Marginal ção é uma região de grandes possibili-
.Cres?ent) .. E' que o livro em aprêço de- dades industriais, altamente explorada
nomma Bimland. e isol~da da proximidade de nações
As Américas, a Africa ao sul do geopohticamente fortes. l!:sse conceito
Grande Deserto e. a Austrália são as deve ser mutável no es~aço e no tempo.
principais unklades das Terras do As indústrias básicas no mundo têm va-
Crescente Insular ou Exterior (Lands riado de matérias-primas no decorrer
of Outer or Insular Crescent), do
da História e, além disso, não são co-
mundo de Mackinder. Os geopolíticos nhecidas tôdas as jazidas, nem sequer
recentes simplificaram o seu título para as conhecidas estão sendo tôdas explo-
radas até o limite das suas possibili-
Ilhas Afastadas (Off-shore Islands). dades. .
Depois de analisar a função geopo- Quem comanda o poderio industrial
lítica de cada mtla das partes em que de hoje em dia é a tríade ferro-carvão-
êle dividiu o mundo, Mackinder estabe- petróleo.
leceu a seguinte seqüência: "Quem con-
trola a Europa oriental governa a Ter- E' mister, por conseguinte, que se
ra-Coração; quem governa a Terra- e~contrem fontes destas três riquezas
Coração, governa o Mundo-Ilha {Terra mmerais num mesmo país protegidas
Coração + Terras Costeiras); e quem da vizinhança de qualquer outra potên-
governa o Mundo-Ilha, gover1ia o cia. E' isso que dá conteúdo à expres-
Mundq:'. são Terra-Coração, cujo centro se si-
Tôda a exposição e argumentação tua na Sibéria ocidental. o carvão está
do capítulo anterior do livro serve a a oeste, na Europa, na bacia do Don-
dois objetivos: 1.º) provar que a Terra- bas e em Moscou, e a leste, em Kuz-
Coração não é a chave do domínio do netsk e Karaganda, perto da fronteira
~u.ndo, já qu~ não dispõe dos poten-
setentrional da Mongólia. O ferro se
c1a1s necessarios para isso; 2.0) de- acha a leste, em Krivoi-Rog e Kursk e
monstrar que a chave dêsse domínio na Sibéria ocidental, em Magnitogorsk
e redondezas (Sverdlovsk, Tchelia-
está na~ Terras C~st~iras e que, por binsk, etc.). o· petróleo, que funciona
consegumte, o Hem1sferio Ocidental ou como auxiliar imediato da indústria si-
mais precisamente' os Estados Unidos derúrgica e um dos elementos funda-
não p9~em viver alheios ao equilíbrio mentais da indústria química, se encon-
geopoht1co nas Terras Costeiras, ou seja tra ell?- Bak,u, Grozny . e Maikop. Isso
no Mundo-Ilha. para citar somente as principais regiões
. A teo:ria da Terra-Coração, Ele Ma- produtoras
• 1 .
ckmder, e, de fato, extremamente vul- Toda a sabedoria da. politica eco-
nerável, sobretudo se levarmos em conta nômica interna da U. R. S. 5. consistiu
qu.e ela foi escr~ta numa; época em que em formar na Sibéria ocidental o cen-
a mdustrializaçao da Russia era ainda tro da sua indústria pesada, colocando
rudimentar. Sente-se perfeitamente como áreas industriais subsidiárias a
que o pai da Geopolítica, Mackin- Ucrânia e a Sibéria central. Apesar dos
der, tinha, como seus condignos suces- seus intensos esforços, quando a se-
sores, um objetivo inconfessável. Le- gunda Guerra Mundial irrompeu em
vantar no povo e na política inglêsa um se~ território, o deslocamento do cen-
sentimento anti-russo, destinado a en- tro industrial da Ucrânia para a Sibé-
fraquecer a Rússia e consolidar o do- ria ocidental ainda não estava con-
. mínio anfíbio do Império Britânico. cluído.
·Mais tarde, êle próprio reconheceu o
seu êrro, vendo que a Rússia não cons- A situação do novo parque indus-
tituía o perigo que êle pensava e fêz trial russo na Sibéria ocidental colo-
~nt !'lº
- " emagrecer" a Terra-Coração, ' ca-o em uma posição extremamente
limitando-a a leste pelo Jenissei. segura, pois sendo inteiramente ina-
De fato, a noçãc• geopolítica de Ter- cessível pelo norte, leste e oeste, tem
ra-Coração não deve, em nossos dias como nações mais próximas, pelo lado
ser dependente da sua situação no in~ sul, a Turquia, a Pérsia, o Afganistão
terior de uma compacta massa conti- e a Mongólia, todos sem grande signi-
nental. Atualmente, a eficiência dos po- ficação na geopolitica mundial.
deres marítimo e aéreo se limitam ain- Deve-se, porém, levar em conside-
da a uma franja estreita, dependente ração que, quando Mackinder escreveu
em grande parte de bases terrestres. o a sua obra geopolítica fundamental,
B IBLI OGR AF.:tA 119

The Geographical Pivot of History, Terra-Coração euroasiática de Mackin-


não existiam as duas regiões industriais der. O mundo teria, pois, hoje em dia,
siberianas citadas acima. A sua teoria duas Terras-Corações.
era, a nosso ver, uma generalização no O capitulo final faz, ·sem dúvida,
campo científico dos abusões correntes um fecho brilhante. A luz dos elemen-
no princípio do nosso século sôbre o tos fornecidos pelos capítulos anterio-
"perigo amarelo" latente nas estepes e res, o autor analisa a 1.ª e a 2.ª Guer-
desertos 1o centro da Asia. ras Mundiais mostrando como esta foi
Spykman/ prova que essa grande mais perigosa sob todos os aspectos.
região semi-árida não tem produtos ve- Por pouco as potências do Eixo domi-
getais suficientes nem clima em condi- nariam as Terras Costeiras e daí, se-
ções para permitirem uma concentr:i.- gundo a seqüência estabelecida pelo
ção de homens e de máquinas que re- autor, dominariam o Mundo-Ilha e em
presentem uma ameaça à segurança do seguida, o mundo inteiro.
mundo. O tópico intitulado "Padrão Estra-
Voltemos, porém, os nossos olhJs tégico da 2.ª Guerra Mundial" mostra,
para o Hemisfério Ocidental (coisa que com mapas elucidativos, como foram
os geopolíticos europeus não costumam precárias as comunicações do Hem\s-
fazer com freqüência). Indiquemos fério Ocidental com a Terra-Coração,
ainda também esquemàticamente, os através das barreiras levantadas peio
centros norte-americanos produtores Eixo. E preconiza a manutenção da
das matérias-primas básicas para a in- rota polar. Deixa patente que as Terras
Costeiras têm sido o teatro dos mais
dústria pesada. O carvão jaz nas verten- duroi:; embates.
tes ocidentais dos Apalaches, com um
centros importantes em Pittsburgh; ou- Enfim, aconselha aos Estados Uni-
tra grande bacia se estende das proxi- dos uma política intervencionista para
midades de Chicago até Evansville, pela evitar que as Terras Costeiras caiam
margem esquerda do Mississipi, 'ltrn • nas mãos de uma só potência ou de
vessando o rio Ohio, uma outra vai des- uma coligação de nações agressoras.
de o norte do Estado de Iowa até o sul Mas, para evitar que a nação neutrali-
do Oklahoma, cortando transversal- za.dora estadunidense seja feita tardia-
mente o Missouri. mente e à custa de perigosas e custo-
sas operações de desembarque, o autor
O ferro tem suas principais jazidas preconiza nada mais do que umas ca-
igualmente na vertente oeste dos Apa- beças de praia. Senão, vejamos:
laches, havendo-as também no oeste
dos Grandes Lagos e ao sul e oeste da Os Estados Unidos terão, por-
cidade de St. Louis. tanto, d.e enfrentar o problema d.e
No que toca aos campos petrolífe- procurar outras bases na zona tran-
ros, que ~como se s~iJe são os mais im- satldntica a fim d.e levar o sett po-
der mais próximo d.a área em que
portantes do· mundo, a principal região êle d.evé ser exercido. Uma simples
produtora é abrangida pelos Estados de aliança com a Grã-Bretanha e a
Texas, Oklahoma e Kansas. A mais a.n- Rússia não será suficiente para ga-
tiga, que não obstante ainda produz, rantir a sua capacidade d.e agir para
é a bacia da Pennsylvania que tem cumprir as suas obrigações decor-
centro em Pittsburgh. No oeste, está a rentes d.o sistema d.e segurança, nem
nova zona produtora da Califórnia. bastará para d.ar-lhe a fôrça neces-
Fica assim constituído o triângulo sária para tornar possível um equi-
da produção básica da indústria pesa- líbrio d.e fôrças entre os três gran-
da. E quais as nações vizinhas, mais des Estados. O estabelecimento d.o
próximas? México ao sul e Canadá ao seu poderio naval e aéreo na Groen.:.
norte. De um modo geral a zona indus- ldndia, Isldndia e DacQ.r seria um
trial mais significativà está ao sul dos importante passo no processo de ga-
Grandes Lagos, inteiramente ao abri- rantir a sua presença continuada no
go de qualquer ataque marítimo. Não estabelecimento d.a paz. Isto poderia
é uma autêntica Terra-Coração na. ser feito, sem dúvida, segundo a
América? Deve-se, por outro lado, mesma fórmula, pela qual o seu
acrescentar que o clima e o solo per- poderio foi estendido às Bahamrtl'
mitem uma produção agrícola capaz de e à América d.o Sul, isto é, por m~io
sustentar aí uma concentração demo- d.o arrendamento d.e terra para o
gráfica muito mais intensa do que na estabelecimento d.as bases sem a
BOLETIM OEOORAFICO

transferência de soberania sôbre o olhos para evitar que êle lance a se-
território. Não seria uma questão de mente da antipatia e da discórdia, da
expansão imperialista, mas o neces- qual germinaria a árvore maldita da
sário estabelecimento de uma fôrça III Guerra Mundial.
equilibradora em certàs áreas estra- O.V.
tégicas. Ganhar-se-ia em segurança
não sómente para os Estados Uni-
dos, rnas também para as nações da
Europa se o grande estado do Novo
Mundo adquirisse uma posição desde AUGUSTO DE AGUIAR SALES - Evo-
a qual se pudesse dispor do seu po- lução Industrial Espirttossantense
der no Velho Mundo. (p. 58) ·• até à República - Departamento
Municipal de Estatística. - Vitória
Que mundo de contradicóes em um - 1943.
só parágrafo! Um pequeno trecho con- Nossa evolução sócio-histórica foi
dena a obra e a sinceridade do seu au- bastante descontínua em intensidade,
tor. Depois que êle, no inicio, opinou de província para província. Umas fo-
que bastava um sistema coletivo de se- ram freqüentadas desde muito cedo pe-
gurança entre as nações não-imperia- las naus provindas da Metrópole, ou-
listas para garantir a pa.z. agora acha tras conheceram fenômenos diferentes
que, isto só, não é suficiente e os Es- como a mineração, o choque com o ín-
tados Unidos devem possuir bases. Isto dio, a livre aventura do imigrante. Tu-
pressupõe que qualquer outra nação se- do isto comporta divagações quase in-
ria capaz de trair o sistema de seguran- finitas. Nossa história é um mosaico
ça, por isso os E. U. A. devem ter a li- de histórias. E o arquiteto das futuras
derança. Entretanto, a história dêste sínteses deverá consultar, principal-
país, como a de muitos outros, não é mente, trabalhos como o presente, fei-
de molde a dar-lhe uma superioridade tos por estudiosos que se particulari-
zam a determinados assuntos, dentro
moral na obra da manutenção da paz. dos quais, não raro, encontramos a cha-
Hoje em dia sabemos que o govêrno ve capaz de explicar êsse ou aquêle as-
americano é contrário à agressão e à pecto da. civilizacão brasileira.
intervencão nos assuntos internos dos
demais países. Mas quem dirá que será O presente trabalho não é mais do
assim para sempre? Possuindo bases aue uma pequena parte da História das
Indústrias no Espírito Santo, de au-
no território de outras nações, os Esta- toria do conferencista.
dos Unidos poderão fazer uma inter-
venção armada nessas nações à hora Fala, principalmente na indústria
que quiserem. E nessa questão o .Brasil açucareira, contemporânea do primeiro
está interessado de um modo particular, esfôrço civilizacional naquelas plagas.
porque, enquanto a Inglaterra e a Fran- Trata, além disso, da sericicultura ten-
ça fariam concessões de bases situadas tada ali por volta de 1818. E' uma con-
em territórios coloniais, o Brasil tribuição das mais úteis à investigação
fá-lo.:.ia no seu território metropolita- dêsse passado obscuro das províncias
no. Invertamos os papéis ·e vejamos se brasileiras.
os norte-americanos veriam com sim-
patia a cessão de uma base a uma po-
tência estrangeira em São Francisco,
Boston ou Nova Orleans. Imitando cla- F. EUG:a!NIO DE ASSIS - Dicionário
ramente os geopolíticos nazistas, o Geográfico e Histórico do Estado do
Sr. Spykman faz uma geografia da se- Espírito Santo. - Vitória - 1941.
guranca. . . para os Estados Unidos,
mas não para o mundo. O autor dêste livro classifica-se en-
O que é mais alarmante é que se tre os intelectuais patriotas, entre
sente que as idéias de Spykman já ti- aquêles que estudam, não somente pelo
veram uma certa penetração. ~le fala prazer do estudo, mas, visando servir
em "estabelecimento de poder naval e com o trabalho, à causa nobre da tra-
aéreo na Islândia" no mesmo ano em dição e da cultura do seu país.
que esta ilha declara sua independên- Os trabalhos de pesquisa são in-
cia da Dinamarca! gratos. As possíveis conquistas dos que
Acreditamos na boa fé do povo os empreendem, nem sempre corres-·
americano, por isso àbramos os seus pondero ao esfôrço despendido. Deve
BI'.BLIOORAFIA 121

existir, sempre, um ideal, pois, caso . AILTON , D' ALMEIDA - Vitória - Uma
contrário faltará ânimo e as realizações Página da História Espírit08san-
ficarão pela metade. tense. Vitória - 1943.
Justamente a existência dêsse
ideal, distingue o Sr. F. Eugênio de As- O presente trabalho do Prof. Ailton
sis. Residindo na cidade de Vitói:ia, há d' Almeida encerra uma síntese histó-
muitos anos, dedicou-sé apaixonada- rica da cidade de Vitória.
mente às investigações sôbre a histó-
ria e a Geografia da antiga Capitania Foi acidentada a vida da antiga
do Espírito Santo. capitania de Vasco Fernandes Couti-
Realiza assim, quase no anonima- nho. Indígenas de um lado, piratas de
to, uma obra da mais pura brasilidade, outro, causaram, por vêzes várias, al-
mais significativa agora, quando a so- guns transtornos àquela gente que se
brevivência das pátrias muito exige des- instalou na terra capichaba a partir de
sa abnegação e dêsse estudo, de parte 1535.
dos homens de gabinete.
Dicionário Geográfico e Histórico Esta evocação dos velhos aconteci-
do Estado do Espírito Santo é um· li- mentos foi feita com elegância e pre-
vro de 312 páginas, verdadeiro espelho cisão pelo jovem historiador.
da vida espíritossantense, da qual
acreditamos, nenhum aspecto, nenhum · "O nome de Vitória" - escreve ·êle
detalhe foi olvidado pelo paciente e ca- - "embora existam divergências entre
paz autor. os historiadores, surgiu após um gran-
Obra que merecia divulgação maior de combate realizado, na ilha, entre
e, sobretudo, que deveria inspirar ou- portuguêses e indígenas, no dia 8 de
tras, através do Brasil, apresenta um setembro de 1551. Conseguindo expul-
máximo de segurança nas informações sar os gentios da ilha, os colonos, em
baseadas, aliás, em uma copiosa biblio- regozijo da vitória alcançada e sendo
grafia, citada no texto. Dêste livro, cuja
segunda edição está prestes a ser lan- êsse dia consagrado a Nossa Senhora
çada, diremos que interessa a essa grei, da Vitória, trocaram o antigo nome de
cada vez maior, dos que se entregam ao Vila.Nova pelo de Vitória, que se con-
estudo do Brasil, na multiplicidade dos serva até hoje."
seus aspectos.
A.M. A.M.

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. . . . sua Secretaria (Praça Getúlio Vargas, 14 - Edifício Francisco Serrador• 5.• andar - Rio
de Janeiro) que o atenderá pronta e satisfatoriamente. ·
Periódicos
Etnografia e Língua Tupi-Guarani - Suas 181 páginas, seus gráficos, seus
Boletim XLVI - Universidade de números, versam problemas públicos
São Paulo. Faculdade de Filosofia, que a administracão estadual cogita so-
Ciências e Letras. - São Paulo - lucionar ou já solucionou.
1944. Além de uma vasta parte informa-
· Continuando seu belo dinamismo, tiva, traz os seguintes trabalhos assi-
no qual o desejo de servir à Pátria é nados:·
tão grande quanto o anseio de gran- A campanha hidrográfica do Nor-
jear cultura, a Faculdade de Filosofia deste; O tratamento do efluente de es-
de São Paulo nos apresenta o quinto gotos do Recife; O engenheiro nas es-
boletim publicado pela cadeira de ·rupi- tradas de ferro; O Capibaribe e o Be-
Ouarani. beribe no problema dos alagados; Teo-
. Volume de 76 páginas, encerra dois ria e predição das marés; Quartel do
trabalhos do lic. Carlos Drumond, um 3.0 Batalhão da Brigada Militar do Es-
dos assistentes da Cadeira, trabalhos tado.
êsses subordinados aos títulos: "De- Pelo que vemos, uma publicação
signativos de parentesco no Tupi-Gua- que interessa particularmente aos es-
rani" e "Notas gerais sôbre a ocorrên- tudiosos de administração pública, em
cia da partícula tyb, do Tupi-Guarani, todo o país.
na toponímia brasileira.
Os estudos de Tupi-Guarani· em-
preendidos na Paulicéia, ressaltamos
mais uma vez, vêm abrir horizontes no- I Congresso Brasileiro de Economia =
vos à compreensão de muitas coisl}s do
Brasil.
Anais -, 1.0 volume - 25 de no-
vembro a 18 de dezembro de 1943. •
Em um país onde os acidentes geo- - Rio-1943.
gráficos foram, quase todos, batiza-
dos pelo índio, em que a própria histó- Poucos acontecimentos, dos muitos
ria assinala a cada instante a presen- que têm marcado a vida nacional nes-
ça do ameraba, em que a cultura ma- ses últimos anos terão a expressão dês-
terial apresenta copiosa herança da te. O I Congresso Brasileiro de Eco-
taba - não poderemos conceber que o nomia veio, de fato, iniciar uma era
conhecimento do Tupi-Guarani fôsse nova em nosso país. Marca o advento
préterldo por tanto tempo. :S:sse conhe- de uma mentalidade nova, revolucioná-
cimento - concluímos - é que nos ria, em relação ao tradicionalismo J'O-
identificará com o espírito da naciona- tíneiro que temos mantido. Pela pri-
lidade, com o segrêdo mais intimo do meira vez delegados autorizados, co-
nosso povo. nhecedores dos problemas econômicos
A.M. nacionais,. reuniram-se em conclave
para discutir teses, trocar pontos de
vista.
Boletim Técnico da Secretaria de Via- A velha Associação Comercial do
ção e Obras Públicas - Ano VI - Rio vem assim, cumprir em outro pla-
Vol. XI - Pernambuco - 1944. no o que há muito vinha fazendo, isto
é, investigar os problemas econômicos,
Fugindo à inexpressiv~dade pe- contribuindo para melhorar as condi-
culiar às publicações burocráticas, êste ções de vida do nosso povo, condições·
Boletim encerra larga soma de inte- essas diretamente relacionadas coin a
rêsse para o leitor curioso dos negócios boa ordem reinante na estrutura eco-
públicos. nômica. •
Organizada sobriamente, a presen- :S:ste primeiro volume encerra da-
te publicação foge à velha tradição dos dos gerais do Congresso, discursos prin-
Impressos oficiais, louvaminheiros às . cipais, pronunciados por ocasião da ins-
autoridades, vazios e inúteis. · talação e d<,> encerramento, além das
BIBLIOGBAP'IA 123

conclusões em plenário. São 198 pági- vizinhos, adquiriu sentido novo, com o
nas cujo conhe.cimento não pode ser envio de ministros plenipotenciários ca-
dispensado por quem quer que seja que, nadenses a tôda a América.
de agora em diante, trate de problemas País rico, com a multi-produtivi-
atinentes à vida econômica nacional. dade dos países frios, oferece ao Brasil
grande interêsse êsse estreitamento de
relações, em ·tôdas as esferas. A publi-
cação de que tratamos aqui, oferecen-
Monthly Review of Business Statistics- do amplos informes da vida econômica
- Setembro de 1944 - Volume XIX do Canadá, em setembro de 44, deve
- Número 9 - Ottawa - Canadá. ser bem aceita não apenas entre os
geógrafos, economistas, mas no seio do
Um paradoxo, embora, podemos nosso mundo financeiro.
dizer hoje que o Canadá era há alguns
anos atrás o único país .europeu da
América.
Pelo menos era aquêle que, além Avia - Revista Argentina de .Aeronáu-
dos fortes laços culturais que o ligavam tica - Novembro de 1944.
a terras e gentes d'além-mar, manti-
nha certos compromissos políticos que Os problemas aeronáuticos ibero-
o isolavam, quase, da comunidade ame- americanos são únicos para todos os
ricana. países. Não mudam de aspecto ao atra-
Não queremos dizer, com isto, que vessar fronteiras políticas. Os três pon-
o Canadá tenha mudado o seu rumo na tos fundamentais: material, pessoal,
História. Circunstâp.cias, porém, decor- tráfego, implicando um programa, uma
rentes desta segunda Grande Guerra, organização e um esfôr~o - são c·o-
vieram determinar fatos absolutamen- muns no Brasil ou na Argentina, no
. te novos na vida canadense. Conti- Chile ou no Peru. ~sses problemas· de- .
nuando integrado no Império Britâni- ·vem ser resolvidos - sempre -'"- dentro
co, o Canadá aumentou seu potencial de um critério americano. Proveitoso,
econômico e militar. O país nórdico do portanto, êste interc.âmbio de revistas
continente de Colombo possui hoje ad- de aviação entre os países da comuni-
mirável estrutura, na esfera da indús- dade centro e sul-americana.
tria, do transporte e da defesa. Seu O presente número de Avia nos
intercâmbio comercial e mesmo cul- traz um bom acervo de idéias, de in-
tural tem aumentado consideràvelmen- formacões que o público brasileiro in-
te nestes três últimos anos. E as pró- teressado em questões aeronáuticas
prias relações diplomáticas com os seus gostará de conhecer.

AOS EDITôRES: :t.ste "Boletim" não faz publicidade remunerada, entretanto reglstari ou
. . . . . comentará as contribuições sôbre geografia ou de lnterêsse geogrático que sejam enviadas
ao Conselho Nacional de Geografia, concorrendo dêsse modo para ma._ ampla difusão da bibliografia
referente à geografia brasileira.
Contribuição
bibliográfica especializada

Bibliografia do Barão do Rio Branco no


Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
- Naticia sôbre o Dr. J. M. da S. P. J., - Discui·so saudando o marquês de
de Perdigão Malheiros, tomo XXX, Paranaguá (1908), tom.o l:XXI, 2.ª,
2.ª parte, pág. 484 pág. 422 .
- Esbôço biográfico do general José - Saudação do Institt•.to Histórico ao
de Abreu, barão de Sêrro Largo, barão do Rio Branco pelo seu am-
Tomo XXXI, 2.ª pág. 62 versário natalício, 20 de abril de
, 1908, tomo LXXI, 2.ª, pág. 438
- Proposta para que seja elevado a
honorário o sócio correspondente - Discurso anunciando a conferência
barão do Rio Branco, tomo LVIII, do viscopde de Ouro Prêto sôbre a
2.ª pág. 301 (1895) batalha de Riachuelo, tratando da
política internacional sul-america-
- Parecer acêrca da proposta para que na, 1908, tomo LXXI, 2.ª, pág.
. seja elevado a honorário o sócio 478
correspondente b a r ã o do Rio - Discurso na sessão magna, a 21 de
Branco (1895), tomo LVIII, 2.ª, outubro de 1908, tomo LXXI, 2.ª,
pág. 307 pág. 590
- Proposta para que o Instituto con- - Inauguração do retrato de na
vide o Dr. Aristides Mílton para secretaria do Instituto (1909),
escrever a História da Guerra do tomo LXXII, 2.ª, pág. 334
Paraguai (1901), tomo LXIV, 2.ª,
pág. ~99 - Discurso agradecendo a inaugura-
ção do seu retrato na Secretaria
- Telegrama desculpando-se por não do Instituto (1909), tomo LXXII,
poder comparecer à sessão magna 2.ª, pág. 338
de 15 de dezembro de 1902, tomo
LXV, 2.ª, pág. 538 - Discurso comunicando ao Instituto o
falecimento do Dr. Afonso Pena,
-· Eleição do barão do Rio Branco presidente da República, tomo
para presidente do Instituto LXXII, 2.ª, pág. 347 (1909)
(1908), LXXI, 2.ª, pág. 422
- Discurso na sessão magna, 21 de ou-
tubro de 1909, tomo LXXII, 2.ª,
- Posse do barão do Rio Branco como pág. 393
presidente do Instituto. ( 1908)
LXXI, 2.ª, pág. 422 - Proposta para que seja conferido o
titulo de presidente perpétuo do
- Discurso ao ser empossado como Instituto ao barão do Rio Bran-
presidente do Instituto, 1908, tomo co (1909), tomo LXXII, 2.ª, pág.
LXXI, 2.ª, pág. 422 423

• N .R. - Deixamos de publicar neste número a "Relação de Mapas" apre.sentados na


exposição anexa à II Reunião Pan-Amerlcana de Consulta sôbre Geografia e Cartografia para
estampar a bibliografia do Barão do Rio Branco.
BIBl.IOGBAJ'IA

- Telegrama enviado ao barão do Rio - Proposta na sessão de 20 de abril de


Branco pelo resultado de sua pa- 1914 para que os sócios presentei!
triótica intervenção na dúvida se levantem, num movimento de
suscitada entre o Chile e os Esta- admiração, reconhecimento e sau-
dos Unidos (1909), tomo LXXII, dade e evoquem, por alguns ins-
2.ª, pág. 429 tantes,· a nobre figura de Rio
Branco, recordando a sua grande
obra patriótica e humanitária,
- Discurso inaugurando, na Secretaria pelo conde de Afonso Celso, tomo
do Instituto, o retrato do viscon- LXXVII, 2.ª, pág. 499
de de Ouro Prêto (1910), tomo
LXXIII, 2.ª, pág. 187 - Efemérides Brasileiras, 1917, tomo
LXXXII
- Carta ao visconde de Bom Retiro, ·
Liverpool, 11 de setembro de 1885, - Conferência •sôbre · o barão do Rio
tomo LXXIV, 2.ª, pág. 610 Branco, 1918, por Laudelino Freire,
tomo LXXXIII, pág. 298
- Retratos de . . . (1912), tomo LXXV,
6A e ~6A, LXXXII, pág. 1 . - Comunicação sôbre o oferecimento,
feito ao Instituto, de uma carta
- Psicologia e biografia do barão do de Rio Branco, datada de Berlim
Rio Branco (1912) , Liberato Bi- aos 8 de agôsto de 1902, e dirigida
tencourt, tomo LXXV, 9 e 28 ao Dr. Frederico Abranches -
Max Fleiuss, tomo LXXXIII, pág.
- Ernesto Sena - tomo LXXV, pág. 334
115
No Arquivo do Instituto Histórico
- o barão do Rio Branco e o Instituto
Histórico por José V. Fazenda, - Mensagem lida pelo desembargador
1912, tomo LXXV, pág. 12~ Antônio Ferreira de Sousa Pitan-
ga por ocasião da chegada do ba-
- Discurso pronunciado no Clube Aca- rão do Rio Branco, 1902 L. 334 -
dêmico, em 18 de janeiro de 1923, Mss: 16 361
tomo LXXV, pág. 131
- Rio Branco e sua obra, por Hermes
- Breves palavras junto ao túmulo do da Fonseca Filho, 1922, L. 444.
barão do Rio Branco em 1912, 13 Doe. 20 634
de fevereiro, pelo barão de Ramiz
Galvão, tomo LXXV, pág. 139 - Rio Branco - 23 documentos
cartas e telegramas dirigidas ao
- Sessão extraordinária para preen- Sr. Max Fleiuss
chimento da vaga de presidente do
Instituto, ocorrida com o faleci- - Discurso pronunciado pelo Barão na
mento do barão do Rio Branco, sessão magna de 1908 - artigo
tomo LXXV, 2.1\ pág. 224 Pisa versus Rio Branco, etc., 1898
1909 L. 141 - Mss. 2 966 e 5 851
- Comunicação do falecimento de Rio
Branco, 1912, tomo LXXV, 2.ª, pág. - Rio Branco -Discurso pronunciado
226 na abertura da sessão magna do
Instituto Histórico, 1909. L. 141 -
- Elogio histórico de Rio Branco, 1912, Mss. 2 967
pelo barão de Ramiz Galvão, tomo
LXXV, 2.ª, pág. 577 - Discurso pronunciado pelo presiden-
. te do Instituto, barão do Rio Bran-
- Alocução no túmulo de Rio Branco co na sessão realizada no mesmo
em 10 de fevereiro de 1913, por Instituto a 16 de maio de 1910',
Antônio Coutinho Gomes Pereira, por motivo da inauguração do n!-
tomo LXXVI, 2.ª, pág. 520 trato do visconde de Ouro Prêto.
L. 141 - Mss. 2 965
- Alocução no túmulo de Rio Branco
pelo barão de Ramiz Galvão em 13 - Homenagem do Fôro e da Câmara
de fevereiro de 1913, tomo LXXVI, Municipal de Ribeirão Bonito ao
2.ª, pág. 522 barão do Rio Branco na ocasião
126 aOLETIM OEOGRAPICO

de sua morte, 11 de marco de 1912. litar - A Notícia - Gazeta da


Impresso em cetim verde e ama- Tarde - A Tribuna - O País -
relo. L. 357 - Mss: 7 399A O J orna! do Brasil - Gazeta de
Notícias - Correio da Manhã -
- Morte do barão do Rio Branco. Jor- Correio da Noite - Diário de No-
nais e revistas que se referem à tícias - Diário Oficial - Jornal
morte do barão do Rio Branco. do Comércio e da Tarde - A Im-
L. 357 - Mss: 17 399 prensa). L. 326 - Mss: 16 025
- Notas autógrafas dirigidas pelo ba- - Mensagem lida pelo desembargador
rão do Rio Branco a Frederico de Antônio Ferreira de Sousa Pitan-
S. (Eduardo Prado) quando êste,
na Europa, escreveu "Fatos da ga no Clube Naval. L. 288 - Mss:
Ditadura Militar". Versam sôbre a 4 726
ação de Benjamim"Constant e ou-
tros chefes militares nos últimos - Poliantéia - Homenagem à memó-
tempos do regime monárquico e ria do barão do Rio Branco pelos
nos primeiros do republicano. L. alunos do Ginásio Amazonense,
432 - Mss: 20 250 1912. L. 350 - Mss: 17 129
- Notas autógrafas dirigidas pelo ba- - Cartão distribuido na ocasião de ser
rão do Rio Branco a Frederico de inaugurado no Instituto o retra-
S. (Eduardo Prado} quando êste tato do Barão, com assinatura au-
na Europa, escreveu "Fatos da tógrafa, assinado também pelo Dr.
Ditadura Militar". Versam sôbre a Alexandre José Barbosa Lima.
negação do direito de voto aos L. 399 - Mss: 18 556
oficiais franceses e a aplicação
dessa negação aos oficiais bra- - Telegrama ao secretário do Institu-
sileiros. L. 432 - Mss: 20 251 to desculpando-se de não assistir
- Notas autógrafas dirigidas pelo ba- à sessão e agradecendo os favores
rão do Rio Branco a Frederico de que lhe dispensam os colegas, Pe-
S. (Eduardo Prado) quando êste, trópolis, 1902. L. 337 - Mss:
na Europa, escreveu ''Fatos da Di- 16 569
tadura Militar". Encerra a cópia
de trechos de uma carta de Domí- - Carta ao cônego J. P. Gay acompa-
cio da Gama, datada de Paris, 25 nhada de um questionário sôbre
de janeiro de 1890 e publicada na a guerra civil do Rio Grande do
"Gazeta de Notícias" de 16 de Sul - Liverpool, novembro, 1885.
março, versando sôbre a substitui- L. 337 - Mss: 16 527
ção das armas e da bandeira na-
cionais. L. 432 - Mss: 20 248 - Notas do Barão sôbre governadores
da Colônia do Sacramento e His-
- Notas autógrafas .... Encerram uma tória Militar do Brasil, com dados
forte crítica da ação de Benja- biográficos dos principais figu-
mim Constant desde 1866. L. 432 rantes, L. 354 - Mss: 17 '304
- Mss: 20 249
- Dr. José Maria da Silva ºParanhos.
- Notas autógrafas . . . Versam sôbre Duas cartas a Saraiva, Pêsames
Presos do Ceará. L. 432 - Mss: pelo falecimento de sua espôsa e
20 247 agradecimento pelo nomeação de
- Notas autógrafas . . . Versam sôbre seu cunhado José Bernardino da
o quantum da dívida do Brasil em Silva e a pensão concedida a sua
1827 e em 1889. L. 432 - Mss: mãe. Liverpool. L. 275 - Mss:
20 246 14 638
~Notas autógrafas ... L. 458 - Mss: - Carta do barão do Rio Branco, Li~
21 176 verpool, 1890. L. 181 - Mss: 4 415
e 4 414
- Notícia dos últimos momentos de
vida e funerais do eminente esta- - Barão do Rio Branco - Biografia.,
. dista barão do Rio Branco (Diário Coleção Ourém. L. 150 - Mss:
de Minas - União - União Ml- 3 604
BIBLIOGBAPIA

- Cartas do barão do Rio Branco a - 158 - 1 - 21


·Ourém - 1868 - 1872 - 1889 - Efemérides Brasileiras pelo barão
1892. L. 157 - Mss: 3 789 - L. do Rio Branco
147 - Mss: 3 410. L. 153 - Mss:
3 719 -:.... 32 - 2 - 31
Efemérides Brasileiras pelo barão
- Carta do barão do Rio Branco ao do Rio Branco, l!J92
1.º secretário do Instituto ofere-
cendo a obra de Luís Schneider - 87 - 4- 41 - 42
"A Guerra da Tríplice Aliança". A Guerra da Tríplice Alianç'a.
L. 141 - Mss: 2 _968 •
159 - 2 - 2
Na Biblioteca do Instituto Histórico História do Brasil pelo barão do
Rio Branco··
-7-5-12 - 68 - 6 - 13
Efemérides Brasileiras pelo bàrão
Le Brésil - par E. Levasseur avec do Rio Branco - Publicação in-
la collaboration de Rio Branco, tegral com os complementos or-
Eduardo .Prado, d'Ourém, Henry ganizados pelos Srs. Vieira Fa-
Gorceix, Paul Maury, etc. Paris, zenda e Basílio Magalhães sob a
1889 . direção do Sr. Ramiz Galvão.

O. Serviço Central 'de Docwnentação GeoirUlca do Coruelho Nacional 4e Geocrafta 6


. . . . cômpleto, compreendendo. Biblioteca, Mapoteca, Fototeca e Arquivo Corocriflco, destlDalldo-
n í!ste à guarda de documentos como sejam Inéditos e arttsos de Jornais. BDYle ao Coa•lho
qualquer documento que pos11ulr 16bre o terrliórlo ltras1Jelro.
Retrospecto geográfico
e cartográfico

Revista Marítima Brasileira


Relação, por autor., dos trabalhos de caráter geográfico, publicados na
Revista Marítima Brasileira - ( 1881 •194.3]
VI

(Letras V a X>

VILAR, Frederico - Capitão de mar e VINHAIS, José Augusto, Capitão-te-


guerra - Respiga: O almirante nente - Principais portos do mun-
Antônio Luís von Hoonholtz, barão do - pág. 367 -vol. 75, 2.: se-
de Tefé (Conferência realizada no mestre 1919.
Instituto de Geografia e História
Militar do Brasil), Rio, 30/6/1941. VINHAIS, Augusto - A Dragagem, seus
Vol. 119 - 2.0 semestre 1941. efeitos benéficos - pág. 423, vol.
73, 2.0 semestre 1918.
VINHAIS, Augusto - Oceanografia -
Págs. 1063, 1324, 1629 - vol. 46 - VINHAIS, José Augusto. Capitão-te-
1.0 semestre 1905. nente - Principais portos do mun-
do - págs. 561 e 679 - vol. 76, 1.0
VINHAIS, Augusto - Ilha Sakhalíne, semestre 1920.
pág. 1499 - vol. 46, 1.º semestre
1905. Vl~HAIS, Augusto - Hidrografia e evo-
lução marítima - pág. 1549 - vol.
VINHAIS, Augusto - Oceanografia, - 86, l.º semestre 1925. ·
pág. 344 - vol. 47, 2. 0 semestre
1905. VINHAIS, Augusto - A missão do Me-
teor - pág. 1621 - vol. 88, 1.0 se-
VINHAIS, Augusto - Oceanografia, - mestre 1926.
pág. 1302 - vol. 48, 1.0 semestre
1906. VINHAIS, Augusto - A Oceanografia
<Secção de Pesca) - pág. 1697 -·
VINHAIS, Augusto - Zona costeira - vol. 88, 1.0 semestre 1926.
pág. 693 - vol. 53, 2. 0 semestre
1908. VINHAIS, Augusto - Seccão de Pesca
- págs. 133, 349 e 355 - vol. 89,
VINHAIS, Augusto - Que é o mar?? - 2. 0 semestre 1926.
pág. 1551 - vol. 58, 1.0 semestre
1911. VINHAIS, J. Augusto, Comandante.
Descoberta do Brasil (Conferência
VINHAIS, Augusto, Capitão-tenente. na Biblioteca da Marinha) - pág.
Aspecto litorâneo (Costas de con- 1219 - vol. 90, 1.º semestre 1927.
versão e de dispersão) pág. 591 -
voL 59, 2. 0 semestre 1911. VINHAIS, Augusto - Ilhas desconhe-
cidas - pág. 991 - vol. 90, 1.º se-
VINHAIS, Augusto - História da ocea- mestre 1927; Fauna litorânea e
nografia - pág. 641 - vol. 63, abissal - pág. 1011 - vol. 90, 1.º
2. 0 semestre 1913. semestre 1927.
BIBLI<iJRAFIA 129

VINHAIS, Augusto - A Missão do Me- pág. 402; - O canal de Panamá -


teor - pág. 983 - vol. 90, 1.º se- pá.g. 569 - vol. 95 - 2. 0 • semes-
mestre 1927. tre 1929.
VINHAIS, Augusto.- Secção de Pesca VINHAIS, Augusto - Ensaio sôbre a
Os sêres do mar, nutrição por ex cartografia do século XVI - pág.
celência oceânica - Ictiologia ama 1449 - vol. 96 - 1.0 semestre 1930.
zônica - págs.·777, 923, 1161 - vo:
90, 1.0 semestre 1927. VINHAIS, Augusto - A causa das ma-
rés - pág. 7, vol. 99 - 2. 0 se-
VINHAIS, Augusto -'- A Atlântida - mestre 1931. ·
pág. 1131-- vol. 90, 1.º semest~
1927. VINHAIS, Augusto -'-- A Atlântida -
pág. 703 - vol. 102 - 1.º semes-
VINHAIS, Augusto - Secção de Pesa tre 1932.
- págs. 155, 333, 637 - vol. 91, !º VINHAIS, Augusto - Ligação Brasil-
semestre 1927. Paraguai - pág. 755 - vol. 102 -
1.º semestre 1932.
VINHAIS, Augusto - Penedos São le-
dro e São Paulo (0 Periscópio ta VINHAIS, Augusto - Litígio Boliviano-
Atlântida) - pág. 621 - vol. H, Paraguai - pág. 603 (Cartas) -
2.0 semestre 1927. vol 102 - 1.0 semestre 1933.
VINHAIS, Augusto - Predomínio mcrí- VINHAIS, Augusto - Respiga: A Ocea-
timo - pág. 551 - vol. 91, 2.º se- nografia - pág. 983 - vol. 106 -
mestre 1927. 1.0 semestre 1935.
VINHAIS, Augusto - O cosmógrafoPe- VINHAIS, Augusto :__ A Atlântida re-
dro Nunes - págs. 5 e 169 - vol. velada - pág. 1595 - vol. 106 -
93 .- 2.0 semestre 1928. 1.0 semestre 1935.

VINHAIS, Augusto - Expedição ao VINHAIS, Augusto - Conferência


Antártico - págs. 549 e 889 -vol. oceanográfica - pág. 129 - no
93 - 2.0 semestre 1928. Correio da Manhã do Rio. 6/8/34 -
vol. 109· - 2.0 semestre 1936.
VINHAIS, Augusto, Comte. - AinJa o XAVIER, César Feliciano - Coman-
atol das Rocas - pág. 1593 - vol. dante - Respinga: Geografia Mi-
9'*,- 1.0 semestre 1929. litar, parte da Biogeografia - pág.
721, no Jornal do Comércio de
VINHAIS, Augusto - ExpediçãJ ao 6/1/1937 - vol 110 - 1.º semes-
Antártico - pág. 1213 - vol. 94 - tre 1937.
1.0 semestre 1929.
WANDENKOLK, Eduardo - Capitão
VINHAIS, Augusto - O atol das Rocas de mar e guerra - Descrição da
- pág. 1417 - vol. 94 - J.0 se- viagem do corveta Vital de Oliveira
mestre 1929. aos mares do Norte e Báltico, com
escalas pelo cabo da Boa Esperan-
.VINHAIS, Augusto - O lago de Nemi - ça, Santa Helena e alguns portos
pág. 179 - vol. 95 - 2. 0 senestre da Manchà - págs. 474 e 544 -
1929. vol. 3 - 2.0 semestre 1882 - 1.0 se-
mestre 83 - págs. 40-209-296-383
VINHAIS, Augusto - Peixes misteriosos e 463 - 2.0 semestre 83 - págs. 17
- (A Atlântida) - pág. 757 - 109-203-273-361 e 461 - 1.0 semes-
vol. 95 - 2. 0 semestre 1929. tre 84 - págs. 33-119 e 205.
VINHAIS, Augusto - Revista de Revis- WANDERLEY, Francisco M. - 2.0 te-
tas: A descoberta do mar de Sar- nente - Viagem da lanchá Mar ...
gaços - pág. 261; - Serviço Hi- cílio Dias, do Rio de Janeiro ao Rio
drográfico dos Estados Unidos Grande do Sul - pág. 522 - vol.
pág. 390; - Mapas em relêvo - 4 - l.º semestre 1883.
Leis e Rtsoluções
Legislação federal

Ementário dos decretos·l~ publicados no mês


de março dt 1945
•Decreto-lei n.o 7 191, de 23 de dezembro de 1944. D~reto-lei n.º 7 348, de 1 de niarço de 1945.
- Orçamento Geral da República para o - Aprova o contrato c:elebrado com a Divi-
exercício de 1945. (Publicado no suplemento são Sanitária Internacional da Fundação
ao n. 0 303 - Secção I, do Didrio Oficial, de Rockefeller.
30 de de1t.embro de 1944).
"Diário Oficial" de 3-3-945.
"Diário Oficial" de 1-3-945.
Deceto-le n.o 7 349, de 1 de março de 1945.
•Decreto-lei n. o 7 308, de 8 \fe fevereiro de 1945 - Dispõe sObre a distribuição das ações pa-
- Concede aumento geral de venclmentoe a cobrança da divida ativa da Fazenda do
aoe funcionários civis e ao pessoal m111tar )istrito Federal.
do 'rerritório do Acre e institui o regime de
salário-familia para os funcionários civis. 'Diário Oficial" de 3-3-945.
(Publicado no Didrio Oficial - Secção I -
de 10-2-945) • Decrto-lei n. 0 7 350, de 1 de niarço de 1945.
"Diário Oficial" de 24-3-945. - Autoriza o Ministério da Fazenda a aue-
n.r, mediante concorrência pública imõ- ·
viis de propriedade da União, sitUadoe nos
•Decreto-lei n. 0 7 343, de 24 de fevereiro de 1945 nuniclpios de POrto Alegre e Tupanciretã,
- Publ!cado no Didrio OftciaZ - Secção I, de n1 Estado do Rio Grande do SUl.
28-2-945). - Rectif1cação.
"ltiário Oficial'' de 3.3.945.
"Diário Oficial" de 9-3-945.
Decreb-lel n.o 7 351, de 1 de niarço de 1945. .
*Decreto-lei n. 0 7 344, de 2'1 de fevereiro de 1945. -Abre ao Ministério da Agricultura o cré-
- Dispõe sõbre a atividade funcional doe dib especial, de Crt 40 392,00 para paga-
despachantes da Prefeitura do Distrito Fe-
deral. maito de aluguéis devidos à Administração
do POrto do Rio de Janeiro.
"Diário Oficial" de 1-3-945.
"Dlirio Oficial" de 3-3-945.
*Decreto-lei n.o 7 345, de 27 de f'evereiro de 1945.
- Suprime função gratif1cada no Quadro Decreto.lei n. o 7 352, de 2 de março de 1945.
Permanente do Ministério da Justiça e Ne- - J!lltingue cargos de coletor e de escrivão
gócios Interiores. . de c»letoria e dá outras providências.
"Diário Oficial" de 1·3-945. "Diário Oficial" de 5-3-945.

Decreto-lei n.0 7 346, de 1 de março de 1945. Decreto-ili n. o 7 353, de 2 de março de 1945.


- Autoriza a doação da área de terreno que - A\ltorlza a garantia do Tesouro· Nacional
menciona. a um& operação de crédito em favor da Ad-
mlnls1ração do POrto do Rio de Janeiro.
"Diário Oficial" de 3-3-945.
"Diárl.t> Oficial" de 3·3·945.
Decreto-lei n. 0 7 347, de 1 de março de 1945.
-Abre ao Ministério da Viação e Obras Pú- Decreto-lei n.0 'Z 354, de 2 de março de 1945.
blicas, o crédito especial· de Crt 1 000 000,00 - Extingue cargos de coletor e de escrivão
para aquisição de matl!l'ial nutuante, pelo de coletoria e dá outras providências.
Serviço de Navegação ela Bacia do Prata.
"Diário Oficial" de 5-3-945.
"Diário Oficial" de 3·3-945.
Decreto-lei n.º 7 355, de 3 de março de 1945.
- Autoriza o Prefeito do Distrito Federal a
•N. R. - Os decreto-lei 7 191, datado de constituir o Banco da Prefeitura do Distri·
dezembro, 7 308, 7 343, 7 344 e 7 345, datados de to Federal e dá outras providências.
fevereiro, foi-am publicados em D.O. de março,
razão porque só agora oe transcrevemos. "Dlt.rio Oficial" ~e 5•3·945.
LEIS E RESOLUÇÕES 131

Decreto-lei n.• 7 356, de 5 de março de 1945 Decreto-lei n.0 7 368, de 9 de março de 1945.
- Cria função gratificada no Quadro Per- - Autoriza a aquisição, pela União, de um
manente do Ministério da EducS:ção e Saú- terreno em Santos. ·
de a dá outras providências.
"Diário Oficial" de 12-3-945.
"Diário Oficial" de 7-3-945.
Decreto-lei n.0 7 369, de 9 de março de 1945.
Decreto-lei n.o 7 357, de 5 de março de 1945. - Autoriza a aquisição de terrenos em Na-
- Eleva o venclme1:1.to do Superintendente tal, Estado do Rio Grande do Norte.
da Administração do POrto do Rio de Ja-
neiro. "Diário Oficial" ,de 12-3-945.
"Diário Oficial" de 7-3-945.
Decreto-lei n. 0 7 370, de 9 de março de 1945.
Decreto-lei n.º 7 358, de 5 de março de 1945. - Autoriza o Prefeito do Distrito Federal a
- Autoriza o Prefeito do Distrito Federal a !sentar de Impostos a Instituição que men-
!sentar o espólio do Dr. Cásper Libero do ciona.
pagamento dos Impostos que menciona.
"Diário Oficial" de 12-3-945.
"Diário Oficial" de 7-3-945.
Decreto-lei n. 0 '1 371, de 12 de março de 1945.
Decreto-lei n.º 7 359, de 6 de março de 1945. - Suspende, pelo prazo de seis meses a co-
- Modifica o regulamento da Ordem dos brança dos direitos e taxas aduaneiras, que
Advogados do Brasil. Incidem sObre o charque, milho e cebola e
dá outras providências.
"Diário Oficial" de 8-3-945.
"Diário Oficial" de 14-3-!l<Mi.
Decreto-lei n.º 7 360, de 6 de março de 1945.
- Cria, no Território do Acre, uma Guarda Decreto-lei n. 0 7 372, de 12 de março de 1945.
Territorial de caráter civil e dá outras pro- - Altera as carreiras de Marinheiro e Pa-
vidências. trão, do Quadro Suplementar do Ministério
"Diário Oficial" de 8-3-945. da Guerra, e dá outras providências.

Decreto-lei n. 0 7 361, de 7 de março de 1945. "Diário Oficial" de 14-3-9415.


- Cria função gratificada no Quadro Per-
manente do Ministério da Agricultura e dá Decreto-lei n. 0 7 373, de 13 de março de 1945.
outras providências. - Altera disposições do Decreto-lei n.o 3 070,
de 20 de fevereiro de 1945.
"Diário Oficial" de 9-3-945.
"Diário Oficial" de 15-3-945.
Decreto-lei n.º 7 362, de 8 de março de 1945.
- Abre ao Ministério da Viação e Obras
Públicas o crédito especial de Cr$ 10 000 000,00. Decreto-lei n. 0 7 374, de 13 de março de 1945.
para prosseguimento da construção da rodo- Regula a situação dos militares considera-
via Ponta Grossa-Foz do Iguaçu. dos prisioneiros, desaparecidos ou extravia-
dos, ·concede pensão a seus herdeiros e dá
"Diário Oficial" de 10-3-945. .outras providências.

Decreto-lei n.º '1 363, de 8 de março de 1945. "Diário Oficial" de 15-3-945.


- Altera, sem aumento de despea&, dando
nova redação ao artigo 2.0 na aplicação do Decreto-lei n. 0 7 375, de 13 de março de 1945~
crédito especial aberto pelo Decreto-lei n.o - Dá nova redação ao artigo 105 do Decre-
7 218, de 30 de dezembro de 1944. to-lei n. 0 2 627, de 26 de setembro de 1940.
"Diário Oficial" de 10-3-945. "Diário Oficial" de 15-3-945.
Decreto-lei n.• 7 364, de 8 de março de 1945. Decreto-lei· n. 0 7 376, de 13 de março de 1945.
- Autoriza a permuta de Imóvel da União, - Transfere a data da vigência do Decreto-·
por terrenos pertencentes a Primo Tedesco, lei n. 0 7 105, de 30-11-944, abre crédito espe-
situados no município de Caçador, no Estado cial e dá outras pr9vldênclas.
de Santa Catarina, e dá outras providências.
"Diário Oficial" de 15-3-945.
"Diário Oficial" de 10-3-945.
Decreto-lei n. 0 7 377, de 13 de março de 1945.
Decreto-lei n.• 7 365, de 8 de março de 1945. - Dispõe sObre o artigo das sociedades mú·
- Dá nova redação ao artigo do Décreto- tuas de seguros.
lel n. 0 20 923, de 8 de Janeiro de 1932, que
Institui o Fundo Naval. "Diário Oficial" de 15-3-945.
"Diário Oficial" de 13-3-945.
Decreto-lei n.o 7 378, de 13 de março de 1945.
Decreto-lei n.• 7 366, de 8 de março de 1945. - Prorroga o lnfolo da vigência do Decre-
- Dispõe sObre a e.1evação de capital dos to-lei n. 0 7 036, de 10-11-944.
estabelecimentos bancários em funciona-
mento e dá outras providências. "Diário Oficial" de 15-3-945.
"Diário Oficial'' de 10-3-945.
Decreto~leln.o 7 379, de 13 de março de 1945.
Decreto-lei n. 0 7 367, de 8 de março de 1945. - Dispõe sObre a lnalienab!lldade dos imó-
-Altera a classe 6.ª da Nova Tarifa das Al- veis financiados pelos Institutos e Caixas
fAndegaa mandada executar pelo Decreto- de Aposentadoria e Pensões para seus se-
lei n.o 2 818, de 12 de dezembro de 1940. gurados ou associados.
"Diário Oficial" de 13-3-945. "Diário Oficial" de 15-3-945.
132 BOLETIM GEOGRAFICO

Decreto-lei n.0 7 380, de 13 de março de 1945. Decreto-lei n. 0 7 392, de 16 de março de 1945,


- Estende aos aposentados e pensionistas - Abre ao conselho de Segurança Nacional
das Instituições de previdência social os be· o crédito especial de Cr$ 12 000 000,00, para
nef!clos de assistência médica, hospitalar e despesas da Comissão de Planejamento Eco-
farmacêutica. e dá outras providências. nômico e dá outras providências.
"Dlárl6) Oficial" de 15-3-945. "Diário Oficial" de 19-3-945.
Decreto-lei n. 0 7 381, de 13 de. março de 1945. Decreto-lei n. 0 7 393, de 16 de março de 1945.
- Autoriza a Instituição da Fundação Rá·
dlo-Mauá e dispõe sõbre o seu funciona· - Abre ao Ministério do Trabalho; Indús·
mento. trla e Comércio o crédito especial de Cr$
263 955 735,40 para. pagamento a Instituto
"Diário O!lclal" de 15-3-945. de Aposentadoria e "· ·,·:.~ões, e dá outras pro-
vidências.
Decreto-lei n. 0 7 382, de 15 de março de 1945.
- Abre ao Ministério da Fazenda, o crédito . "Diário Oficial" de 19-3-945.
especial de CrS 782 529,40, para pagamento
de Indenizações decorrentes de requisições. Decreto-lei n. 0 7 394, de 19 de março de 1945.
"Diário Oficial" de 17-3-945. - Acrescenta um parágrafo ao art. 3.º do
.Decreto-lei n. 0 7 333, de 22 de fevereiro de
Decreto-lei n. 0 7 383, de 15 de março de 1945. 1945.
- Autoriza a emissão de papel moeda até
CrS 500 000 000,00. "Diário Oficial" de 21·3·945.
"Diário Oficial" de 17-3-945. Decreto-lei n. 0 7 395, de 19 de março de 1945.
- Abre ao Ministério da Fazenda o crédito
Decreto-lei n. 7 384, de 15 de março de 1945.
0
especial de Cr$ 436 961 600,oo para pagamen·
- Cria uma coletoria federal no município to de ações da Companhia Siderúrgica Na-
de Espera Feliz, no Estado de Minas Gerais, cional.
e dá outras providências.
"Diário Oficial" de 21-3-945.
"Diário O!lclal" de 15·2·945.
Decreto-lei n. 0 7 385, de 15 de março de 1945. Decreto-lei n. 0 7 396, de 19 de março de Uii.
- Cria uma coletoria federal no municlpio - Dá nova redação ao art. 1.0 ·do Decreto·
de Aguas Formosas, no Estado de Minas Ge· lei n. 0 862, de 30 de setembro de 1943\
rais, e dá outras providências. · "Diário Oficial" de 21·3-945.
"Diário Oficial" de 17-3-945.
Decreto-lei n. 0 7 397, de 19 de março de 1945.
Decreto-lei n.0 7 386, de 15 de março de 1945. - A!tera o Decreto-lei n.o 6 067, de 3 de
- Cria uma coletoria federal no município dezembro de 1943.
de Joaquim Távora, no Estado de Paraná, e
dá outras providências. · "Diário Oficial" de 21·3-945.
"Diário Oficial" de 17·3-945. Decreto-lei n. 0 7 398, de 19 de março de 1945.
- Cria cargos e funç6es gratificadas para
Decreto-lei n.0 7 387, de 15 de março de 1945. o C.N.E.P.A., no Quadro Permanente do
- Autoriza o prefeito do Distrito Federal Ministério da Agricultura, e dá outras pro·
a vender, em concorrência pública, o imó· vidências.
vel que menciona.
"Diário Oficial" de 21-3-945.
"Diário Oficial" de 17 .3.945.
Decreto-lei n.0 7 388, de 15 de. março de 1945. Decreto-lei n.0 7 399, de 19 de março de 1945.
- Autoriza o prefeito do Distrito Federal - Prorroga por dois anos, a locação de imó-
a Isentar do lmpõsto que menciona o PEN. vel ocupado por estabelecimento de ensi..110.
Clube do Brasu.
"Diário Oficial" de 23-3-945.
"Diário Oficial" de 17-3-945.
Decreto-lei n. 0 7 400, de 19 de março de 1945.
Decreto-lei n.0 7 389, de" 15 de março de 1945. -Cria a carreira de Arquivista no Quadro
- Autoriza o Montepio dos Empregados I - Parte Permanente - do Ministério da
Municipais a executar imediatamente as Viação e Obras Públicas.
operações de que trata. a letra c do art.
2.0 do Decreto legislativo muntclpal n.o 175, "Dlárlp Oficial" de 21·3-945.
de 28 de Janeiro de 1937.
Decreto-lei n. 0 7 401, de 20 de março de 1945.
"Diário Oficial" de 17-3-945. - Institui uma Junta especial com atribui-
ções referentes à aplicação dos Decretos·
Decreto-lei n. 0 7 390, de 16 de março de 1945. leis n. 0 5 545 de 4 de julho de 1943. n. 0
- Dispõe sõbre emissão de obrigações ao 6 273, de 14 de fevereiro de 1944, e n.o 6 896,
portador. cie 23 de setembro de 1944.
"Diário Oficie.!" de 19-3-945.
"Diário Oficial" de 22·3·945.
Decreto-lei n.o 7 391, de 16 de março de 1945.
- Autoriza o prefeito do Distrito Federal Decreto~-lei n.o 7 402, de 21 de março de 1945.
a conceder isenção de impõ11to, em favor da - Altera as carreiras de Bibliotecário e Bi-
instituição de beneficência que menciona, bliotecário auxiliar do Quadro Permanente
destinada a crianças desamparadati. do Ministério da Educação e Saúde.
J
"Diário O.flclal" de 19-3·945. "Dlflrlo O!lclal" de 23-3·945.
Lllt('I li IUtSOLUQõll.~

Decreto-lei n. 0 7 403, de 21 de março de 1945. Decreto-lei n.o 7 414, de 24 ~e mar1:0 de 1945.


- Altere. e. carreira. de Conferente do Que.• - Concede adiantamento à Navegação Aé-
dro Permanente do Ministério de. Fazenda, rea Brasileira S. A. , e dá outras providências.
Inclui na mesma carreira. os cargos isola-
dos de Conferente de Valores e dá outras "Diário Oficial" de 26-3-945.
providências.
"Diário Ofic!e.l" de 22-3-945. Decreto-lei n.0 7 415, de 26 de março de 1945.
- Crie. funções gratmce.de.s no Quadro úni-
Decreto-lei n. 0 7 404, de 22 de março de 1945. co do Ministério do Trabalho, Indústria e
- Dispõe sõbre o Impõsto de Consumo. Comércio, e dá outras providências.
"Diário Oficial" de 26-3-945. "Diário Otlclal" de 28-3-945.
Decreto-lei n.o '% 405, de 22 de março de 1945. Decreto-lei n.o 7 416. - (Não foi publicado).
- Prorroga o prazo para a Isenção de direi-
tos de importação e deme.ls te.xe.s adue.ne!ras
que incidem sôbre a penicilina e dá outras Decreto-lei n.o 7 417, de 26 de março de 1945.
providências. - Concede aos extranumerárlos, diar!stl!4
e tarefeiros de. Prefeitura do Distrito Fe•
"Diário Oficial" d' 24-3·945. deral a.a vantagens relativas a féria.a e licen-
ças.
Decreto- lei n.o 7 406, de 22 de março de 1945.
- Concede pensão especial à viúva do Pro!. "Diário O!lclal" de 28-3-945.
Juliano Moreira.
"Diário Oficial" de 24-3-945. Decreto-lei n. 0 7 418, de 26 de março de 1945.
- Abre e.o Ministério de. Fazenda o crédito
Decreto-lei n.0 7 407, de 22 de março de 1945. especial de Cr$ 83 660 000,00, para pagamen-
- Concede pensão especial à viúva de Lúcio to de e.ções de. Companhia Vale do Rlo Jlo..
Ribeiro. ce S. A.
"Diário Oficial" de 24-3-945. "Diário onctal" de 28-3-945.
Decreto-lei n. 0 7 408, de 22 de março de 1945. Decreto-lei n.o 7 419, de 26 de março de 19'5.
- Autoriza o Prefeito do Distrito Federal - Modifica o § 1.• do art. 4. 0 do Decreto•
e. !sentar !10 pagamento de impôsto que
.
mnclona, o orfane.to "Case. de Lúcia." .
"Diário Oficial" de 24-3·945.
lei n.0 7 171, de 19 de dezembro de 1944.
"Diário Oficial" de 28-3-945.

Decreto-lei. n.o 7 409, de 22 de março de 1945. Decreto-lei n. 0 7 420, de 26 de março de 1945,


- Prorroga os prazos pe.re. e. he.butte.ção de - Dispõe sõbre a carreira. de Arquivista do
credores do Este.do do Amazone.s. Ministério de. Fazenda. e dá outras provi-
dências.
"Diário O!ic!al" de 24-3-945.
"Diário Oficial" de 28-3-945.
Decreto-lei n.o 7 410, de 23 de março de 1945.
- Dispõe sõbre a concessão de e.Juda de Decreto-lei n.0 7 421, de 26 de março de 1945.
custo, transporte e diárias e.os funcionários - Suprime função gratlt1cade. no Quadro
diplomáticos e comulares e dá outras pro- Permanente do Ministério da Educação e
vidências. Saúde e dá outras providências.
"Diário Otlcle.l" de 26·3-945.
"Diário Oficial" de 28-3-945.
Decreto-lei n.o 7 411, de 23 de março de 1945.
\ - Concede pensão especial à viúva e aos Decreto-lei n. 0 'Z 422, de 26 de março de 1945.
filhos menores de José Mart1m de Sá Bena- - Abre ao Ministério da Viação e Obre.a
vides. Públicas o crédito especte.l de Cr$ .••..•.. ,
2 767 254,30, para construção de um aub•
"Diário Oficial" de 26·3-945. rame.l na. Estrada de Ferro D. Teresa Crlll•
Decreto-lei n. 0 7 412, de 23 de março de 1945. tina.
- Concede pensão especial à viúva e aos "Diário Oficle.l" de 28·3·945.
filhos menores de Osce.r da Silva.
"Diário Oficial" de 26-3-945.
Decreto-lei n.º 7 413, de 23 de março de 1945.
- Concede pensão especle.I à viúva e aos
'
Decreto-lei n.0 7 423. - (Não foi publicado).
Decreto-lei n. 7 424, de 2'l' de março de 1945.
0
- Extingue a Comissão Reorgan1zadora do
filhos menores de Elpidio Tito Melo. I. A. P. C. e dá outras providências.
"Diário Oficial" de 26-3-945. "Diário Oficial" de 28-3-945,
'

Concorra para que o Brasil seja cartogràtieamente bem representado, en't'fando ao Conselho
. . . . Nacional de Gf'ografia Informações e mapas que possam ser de utllidade à nova edição
da Carta Geográfica do Brasil ao Milionésimo, que o Conselho está elaborando.
,
Integra . da legislação
de interêsse geográfico
Lei Constitucional
Lei Constitucional n.• 9, de 28 de fevetelro a) para Impedir invasão Iminente de
de 1945 um pais estrangeiro no território naclonal,
ou de um Estado em outro, bem como
O Presidente da República, usando da at?l• para repelir uma ou outra invasão;
buição que lhe confere o art. 180 da Consti• b) para restabelecer a ordem grave-
tuição, e mente alterada, nos casos em que o Estado
Considerando que se criaram as condições não queira ou não p0$Sa fazê-lo;
necessárias para que entre em funcionamento
o sistema dos órgãos representativos previstos c) para administrar o Estado, quando,
na Constituição; por qualquer motivó, um dos seus poderes
estiver impedido de funcionar;
Considerando que o processo indireto para d) para assegurar a execução dos se-
a eleição do Presidente da República e do guintes princlpios constitucionais:
Parlamento não somente retardaria a desejada
complementação das instituições, mas também 1 - forma republicana e representa•
privaria aquêles órgãos de seu principal ele- tiva de govêrno;
mento de fôrça e decisão, que é o mandato 2 - govêrno presidencial;
notório e inequlvoco da vontade popular, obtido 3 - direitos e garantias assegurados
por uma forma accessível à compreensão geral na Constituição;
e d~ acôrdo com a tradição política braslleira;
, e) para assegurar a. execução das leis
Considerando que um mandato outorgado e sentenças federais.
nestas condições é indiSpensável para que os
representantes do povo, tanto na esfera federal "Parágrafo único - A competência para
· como na estadual, exerçam, em tôda sua am- decretar a intervenção será do Presidente
plitu9e, a delegação que êste lhes conferir, da República, nos casos das letras a, b, e c:
max!mé em vista dos graves sucessos mundiais da Câmara dos Deputados, no caso da letra
da hora presente e da participação que nêles d; do Presidente da República, mediante
vem tendo o Bras!l; requisição do Supremo •rrlbunal Federal, no
Considerando que a eleição de um Parlamen- caso da letra e.
to dotado de poderes especiais para, no curso
de· uma legislatura, votar, se o entender con- "Art. 14 - o Presidente da República,
veniente a reforma da Constituição, supre com observadas as disposições constitucionais e
vantagem o plebiScito de que trata o art. 187 nos llmites das respectivas dotações orça-
desta última, e que por outro lado, o voto mentárias, poderá expedir livremente decre•
plebiscitário Implicitamente tolheria ao Parla- tos-leis sôbre a organização na administra-
. mento a liberdade de dispor em matéria consti- ção federal e o comando supremo e a orga-
tucional; nização das fôrças armadas.
Considerando as tendências manifestas da "Art. 30 - o Distrito Federal será
opinião pública bras!lelra, atentamente con• administrado por um prefeito de nomea-
sultadas pelo Govêrno, ção do Presidente da República, demisslvel
aâ nutum, e pelo órgão deliberativo cnado
Decreta: pela respectiva lei orgânica .. As fontes de
receita do Distrito Federal são as mesmas
Art. l.• - Os arts. 7.•, 9. 0 e parágrafo, 14, dos Estados e Muntclplos, cabendo-lhe tõdas
30, 32 e parágrafo, 33 39 e parágrafos, 46, 48, as despesas de caráter local.
50, 51, 53, 55 59 e pan\grafos1 61, 62, 64 e pará-
grafos, 65 e parágrafo, 73, 74, 76, 77, 78 e pa- "Art. 32 - !: vedado à União, aos Esta-
rágrafos, 79, 80, 81, 82 e parágrafos, 83, 114 e dos, ao Distrito Federal e aos Municlplos:
parágrafo 117 e parágrafo, 121, 140, 174 e pará- a) criar distinções entre brasileiros
grafos, 175, 176, e 179 da Constituição redigidos natos ou dtscr!minações de desigualdade
pela forma seguinte, respectivamente: entre os Estados e Municípios; ·
b) estabelecer, subvencio.nar ou emba-
"Art. 7.º - A administração do atual raçar o exercício de cultos rel!giosos;
Distrito Fedéral, enquanto s~e do Govêrno
da República, será or?nizaqa pela União. c) tributar bens, renda e serviços uns
dos outros.
"Art. 9.º - O Govêrno Pederal intervir§. Parágrafo único - Os serviços públicos
nos Estados, mediante a ·nomeação, pelo concedidos não gozam de isenção tributária,
Presidente da República, de um inter- salvo a que lhes fôr outorgada, no 1nterêsse
ventor que assumirá no Estado as funções comum, por lei especial.
que, pela sua Constltuiçãti, competirem ao
Poder Executivo, ou as que, de acôrdo com "Art. 33 - Nenhuma autoridade da
as conveniências e necessidades de cada União, dos Estados, do Distrito Federal ou
caso, lhe forem atribuídas pelo Presidente dos Municlpios recusará fé aos documentos
da :República: emanados de. quálquer delas.
LEIS E RESLUÇõES 135

"Art. 39 - o Parlamento reunir-se-á na c) emitir parecer sôbre todos os pro-


Capital Federal, independentemente de con- jetos, de iniciativa do Govêrno ou de qual-
vocação, a três de mato de cada ano, se a quer das Câmaras, que interessem direta-
lei não designar outro dia, e funcionará mente à produção nacional;
durante quatro meses a partir da data da d) organl.zM, por iniciativa própria
instalação, podendo sbmente ser prorrogado, 1u proposta do Govêrno, tnquérltos sõbre
adiado ou convocado extraordtnàriamente, s condições do trabalho, da agricultura, da
por iniciativa do Presidente da Repúbllca". 1dústria, do comércio, dos transportes e
"§ 1.0 - Nas prorrogações, ass1m como o crédito, com o fim de incrementar,
nas sessões extraord1nárlas, o Parlamento 10rdenar e aperfeiçoar a produção nacional;
só pode deliberar sôbre as matérias 1ndl- e) preparar as bases para a fundação
cadas pelo Presidente da Repúbl1ca no ato ' institutos de pesquisas que, atendendo à
de prorrogação ou da convocação. «rersldade das condições econômicas geo-
"§ 2.0 - Cada leglslatura durará quatro
f.flcas e sociais do pais, tenham por
Oeto:
anos.
"§ 3.º - As ve._gas que ocorreram.serão I - racionalizar a organização e ad-
preenchidas por eleição suplementar. mlnlstro.ção da agricultura e da 1n·
dústria;
"Art. 46 - A Câmara dos Deputados
compõe-se de representantes do povo, eleitos II - estudar os Pr.oblemas do crédito,
mediante sufrágio direto. da distrlbulção e da venda, e os
relativos à organização do trabalho;
"Art. 48 - O número de deputados
será proporcional à população e fixado em l emitir parecer sôbre tôdas as ques-
lel, não podendo ser superior a trinta e tõerelatlvas à organização e ao reconhe-
cinco nem inferior a cinco por Estado, ou clm.to de sindicatos ou associações pro-
pelo Distrito Federal. O Terrltórlo do Acre flss~ais.
elegerá dols deputados. t. 62 - As normas a que se referem
"Art. 50 - O Conselho Federal com- as lias a e b do artigo antecedente só se
põe-se de dols representantes de cada Es- tornto obrigatórias mediante aprovação
tado e do Dlstrlto Federal, eleitos por su- do Piident!'! da Repúbllca.
frágio direto. A duração do mandato é de "t. 64 - A lnlciatlva dos projetos
sels anos. de lt cabe, em principio, ao Govêrno.
"Art. 51 - Só podem ser eleitos para o Em to caso, não serão admitidos como
Conselho Federal os 'braslleiros natos, ma.to- objetqe del1beração projetos ou emendas
res de trinta e cinco anos. de Inativa de qualquer das Câmaras
·desde 1e versem sôbre matéria tributária'.
"Art. 53 - Ao Conselho Federal cabe ou qute uns ou de outros resulte aumento
legislar para os Territórios, no que se de des:.a.
referir aos seus lnterêsses peculiares. "I · - A nenhum membro de qualquer
"Art. 55 - Compete ainda ao Conselho das Câtras caberá a lniclatlva de projetos
Federal: de lei. iniciativa só poderá ser tomada
a) aprovar as nomeações de ministros por um tinto de deputados ou de membros
do Supremo Tribunal Federal; do COllB).o Federal.
b) ap1ovar os acordos concluidos entre § 2.'- Qualquer projeto lnic1ado em
os Estados. uma dasâmaras terá suspenso o seu an-
damentotesde que o Govêrno comunique
"Art. 59 - Cabe ao Presidente da Repú- o seu Pl'ósito de apresentar projeto que
bl1ca designar, dentre pessoas qualificadas regule o l!mó assunto. Se dentro de trinta
pela sua competência especial, até três dias não egar à Câmara, a que fôr feita
membros para cada uma das secções do essa com\cação, o projeto do Govêmo
Conselho da Economia Nacional. voltará a instituir objeto de deliberação
o lniciado) Parlamento.
§ 1. 0 - Das reuniões das várias secções,
órgãos, comtssões ou Asembléla Geral do "Art. L Tod.os os projetos de lel que
Conselho poderão participar, sem direl~o a Interessem iconomla nacional em qualquer
voto, mediante autorização do Presidente da dos seus r>os, antes de sujeitos à dell-
República, os mlntstros, diretores de Mi- beração dOarlamento, serão remetidos à
nistério e representantes de governos esta- consulta do nselho da Economia Nacional.
duais; igualmente, sem direito a voto, po- Parágrafllnlco - os projetos de lni·
derão participar das mesmas reuniões re- clatlva do 0\rno, obtido parecer favorável
presentantes de sindicatos ou associações do Conselhos Economia Nacional serão
de categoria compree11dlda em algum dos submetidos º!;una só dlscUSÍíão em cada .
ramos da produção nacional, quando se uma das CA.nas. Antes da deliberação da
trate do seu especial tnterêsse. Câmara legl81va, o Govêrno poderá retl.;
rar os projetoiu emendá-los, ouvido nova-
"§ 2.0 - A presidência do Conselho ca- mente o Conuo da Economia Nacional
berá a um conselheiro eleito por seus se as modlfi~s importarem alteração
pares. substancial d0nesmos.
"Art. 61 - São atribuições do· Conselho "Art. 73 .,.... Presidente da Repúbl1ca,
da Economia Nacional: autoridade SUP\la do Estado, dirige a
a) estabelecer normas relativas à as- politlca interna externa, promove ou ori-
sistência prestada pelas associações, sindi- enta a politlca l~átlva de tnterêsse nacio-
catos ou iu.stltutos; nal e superln.ten1a administração do pais.
b) editar normas reguladoras dos con- "Art. 74 - <.ipete privativa.mente ao
tratos coletivos de trabalho entre os sin- Presidente da Rei.uca: ·
dicatos da mesma categoria da produção ou . a) sanclonai',.omulgar e faze': publl·
entre associações representativas de duas ou car as leis e exped\ecretos e regulamentos
mais categorias; para sua execu,fão;
136 BOLETIM lEOGRAFICO

b) expedir decretos-leffl, nos têrmos d art. 80 ou se a vaga ocorrer durante os


· arts. 12, 13 e 14; noventa dias Imediatamente anteriores ao
têrmo do perlodo presidencial.
c) dissolver a Câmara dos Deputadosº
caso do parágrafo único do art. 167; "§ 3.0 - o Presidente eleito começará
novo per!odo presidencial.
d) adiar, prorrogar e convocar o F-
lamento; "Art. 83 - O Conselho Federal decretará
e) manter relações com Estados estil- vaga a Presidência da República se o Presi-
gelros; dente eleito não assumir o poder até ses-
senta dias depois de proclamado o resultado
f) cel!!b!'&r convenções e tratadosn- da eleição, ou de Iniciado o novo per!odo
ternaclonals, ad referendum do Poder"e- presidencial.
glslatlvo; "Art. 114 - Para acompanhar, direta•
g) exercer a chefia suprema das rças mente, ou por delegações organizadas de
armadas, administrando-as por lntertdlo acõrdo com a lei, a execução orçamentária.
dos órgãos do alto comando; julgar das contas dos responsáveis por dl·
h) decretar a mobilização; nhelros ou bens públicos e da legabllldade
1) declarar a guerra1 depois de itorl- dos contratos celebrados pela União, é lns-
zado pelo .F'oder Legislativo, e, lndepden- tltuldo um Tribunal de Contas, cujos mem- ·
mente de autorização, em caso de 11asão bros serão nomeados pelo Presidente da Re-
ou agressão estrangeira; pública. Aos ministros do Tribunal de Con-
tas são asseguradas as mesmas garantia.1
j) fazer a paz ad referendum M'oder que aos ministros do Supremo ·rrlbunal
Legislativo; Federal.
1) permitir, após autorização dPoder "Parágrafo único - A organização do
Legislativo, a· passagem de fôrças stran- Tribunal de Contas será regulada em lei.
gelras pelo território nacional;
"Art. 117 - São eleitores os brasileiros
m) intervir nos Estados e nêles.ecutar de um e de outro sexo, maiores de dezoito
a Intervenção, nos têrmos constltlo~als; anos, que se alistarem na forma da lei e
a) decretar o estado de eme1ncia e estiverem no gôzo dos direitos pol!tlcos.
o estado de guerra:
Parágrafo único - Os mll!tares em
o) exercer o direito de graça serviço ativo, salvo os oficiais, não podem
p) nomear os inlnis'tros de ;tado; ser eleitores.
q) prover os cargos federalslalvo as "Art. 121 - São lnelegfvels os q~e não
exceções previstas na Constitui!! e nas podem ser eleitores.
leis; "Art. 140 - A. economia da produção
r) autorizar brasileiros a a.tar pen- será organizada em entidades representa·
são, emprêgo ou comissão· de gêrno es- tivas das fôrças do trabalho e que, colocadas
trangeiro; sob a assistência e a proteção do Estado, são
s) determinar que entrem rovlsôrla- órgão dêste e exercem funções delegadas
mente em execução, antes dt&Provados de poder público.
pelo Parlamento, os tratados ot~mvenções "Art. 174 - A Constituição pode ser
Internacionais, se a Isso o acorlharem os emendada, modificada ou reformada po1·
lnterêsses do pais. Iniciativa do Presidente da República ou da
"Art. 76 - Os atos oficlE do Presi- Câmara dos Deputados.
dente da República serão referoiados pelos "§ 1.º - O projeto de iniciativa do Pre-
ministros de Estado. sidente da República será votado em bloco,
por maioria ordinária de votos da Câmara
"Art. 77 - o Presidente L República dos Deputados e do Conselho Federal, sem
será eleito por sufrágio dlrel em todo o modificações oú com as propostas pelo
território nacional. Presidente da República, ou que tiverem a
"Art. 78 - São condlçõide elegibili- sua aquiescência, se sugeridas por qualquer
dade à Presidência da RepúCa ser brasi- das Câmaras.
leiro nato e maior de trlnte cinco anos. "§ 2.º - O projeto de emenda, modlfl·
cação ou reforma da Constituição, de lnl·
"Art. 79 - o per!odo J;Bldenclal será clativa da Câmara dos Deputados, exige,
de seis anos. para ser aprovado, o voto da maioria dos
"Art. 80 - A eleição cPresldente da membros de uma e de outra Câmara.
República realizar-se-á notta dias antes § 3.º - O projeto de emenda, modlf!·
· de terminado o período ~ldenclal. cação ou reforma da Constituição, quando
"Art. 81 - Nos casose impedimento de Iniciativa da Câmara dos Deputados, uma
temporário ou visitas of!IS !" palses es- vez aprovado mediante o voto da maioria
trangeiros, o Presidente dl.epubllca desig- dos membros de uma e outra Câmara, será
nará, dentre os membrOl'o Conselho Fe- enviado ao Presidente da República. :8:ste,
dentro do prazo de trinta dias, poderá de-
d.,1al, o seu substituto. volver à Câmara dos Deputados o projeto,
"Art. 82 - VagandoDr qualquer mo- pedindo que o mesmo seja submetido a nova
tivo a Presidência da Rebllca, o Conselho tramitação por ambas as Câmaras. A nova
Federal elegerá dentre c:1eus membros, no tramitação só poderá efetuar-se no curso
mesmo dia ou no !meti<» um Presidente da legislatura seguinte, salvo quanto ao
provisório . projeto elaborado na primeira legislatura,
"§ 1.0 caso a ele!• não se efetue no o qual tramitará durante esta e prevalecerá
prazo acima o preside' do Conselho será se obtiver o voto de dois terços dos membros
o Presidente prov!sóI até que o eleito de uma e outra Câmara. '
pelo Conselho assumo poder· "§ 4.º - No caso de ser rejeitado o
"§ 2.º - Noventelas após a vacância projeto de Iniciativa do Presidente da Repú-
do cargo realizar-se a eleição do novo blica, ou no caso em que o Parlamento
Presidente da RepúJ:ll• salvo no caso de aprove definitivamente, apesar da oposição
Já haver Presldentelelto nos têrmos do daquele, o projeto de Iniciativa da Câmara
LEIS E RESOLUÇÕES 137

dos Deputados, o Presidente da Repúbl!ca para o segundo período presidencial e gover•


poderá, dentro de trinta dias, resolver que o nadores dos Estados, assim como das primeiras
projeto seja submetido ,ao plebiscito nacio- eleições para o Parlamento e as Assembléias
nal. O plebiscito real!zar-se-á noventa dias Legislativas. Considerar-se-ão eleitos e he.bll1-
depois de publicada a resolúção presidencial. tados a exercer o mande.to, independentemente
O projeto se transformará em lei constitu- de outro reconhecimento, os cidadãos diplo-
cional se lhe fôr favorável o plebiscito. me.dos pelos órgãos incumbidos de apurar a
"Art. 175 - O atual Presidente da eleição. O Presidente eleito tomará posse, trinta
República exercerá o mandato até a data dias depois de lhe ser comunicado o resultado
da posse do seu sucessor para o segundo da eleição, perante o órgão incumbido de pro-
clamá-lo. o Parlamento instalar-se-á sessenta
período. dias após a sua ·eleição.
"Art. 176 - O mande.to dos governe.dores Art. 5.º - A Lei Constitucional n.o 2 ficara
eleitos dos Este.dos, que tenha sido confir- revogada a partir do dia em que se real!Zal'
me.do pelo Presidente da República, sen\ a eleição presidencial.
exercido até o inicio do primeiro período
de govêrno, a ser fixado nas Constituições Art. a.o - A Constituição será republicada
este.duais. no texto resultante das modificações feitas por
"Art. 179. - O Conselho da Economia esta e pelas leis constitucionais anteriores.
Nacional deverã ser constituído até a ins-
te.lação do Parlamento Nacional". Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1945:
124.º da Independência e 57.º da República.
Art. 2.• - Ficam suprimidos os arta. 47
e parágrafos, 52, 56, 63 e paní.grafos, 75. 84 e GETÚLIO VARGAS.
parágrafo, a 2.• parte do e.rt. 178 e a segunda Alexandre Marcondes Filho.
parte e a al!nea do art. 187 da Constituição. A. de Sousa Cosrta.
Eurico G. Dutra.
Art. 3.º - Nos Este.dos onde, por não ter Henrique A. Guílhem.
sido confirme.do o mandato dos governadores João de Mendonça Lima.
foi decretada a Intervenção, esta durará até José Roberto de Macedo Soares.
a posse dos novos governadores. Revoga-se o Apolônio Sales.
parágrafo único do e.rt. 176 da Constituição. Gustavo Capanema.
Art. 4.º - Dentro de noventa dias contados Joaquim Pedro Salga.do Filho.
desta de.ta serão fixadas em lei, na forma do
e.rt. 180 da constituição. as de.tas das eleições "Diário Oficial" de 1-3-945.

Decretos-leis
Decreto-lei n.o '1 392, de 16 de março de 1945 Parágrafo único - O orçamento poderã ser
revisto a alterado durante a vigência dêste
Abre a.o Conselho de Segurança. Nacional o cré- decreto-lei, mediante proposta do presidente
dito especial de Cr$ 12 000 000,00, para des- da Comissão, aprovada pelo Presidente da Re•
pesas da Comissão de Planejamento Eco- pública.
.nômico, e dá outras providências.
Art. 4. 0 - O presidente da Comissão de Pla-
O Presidente da República, usap.do da atri- nejamento Econômico preste.rã contas, anual-
buição que lhe confere o art. 130 da Consti- mente, perante o Tribunal de Contas, das
tuição, despesas que efetuar até 31 de dezembro de
cada ano, dispondo para Isso do prazo de três
(3) meses, a contar daquela data.
Decreta:
Art. 5.º - :&:ste decreto-lei entrará em vigor
Art. 1.º - Fica aberto ao Conselho de na data ·de sua publicação.
Segurança Nacional o crédito especial de doze
milhões de cruzeiros (Cr$ 12 000 000,00), para· Art. 6. 0 - Revogam-se as disposições em
ocorrer às despesas (Serviços e Encargos). a contrãrio.
partir de 1 de janeiro de 1945, de Instalação e
manutenção da Comissão de Planejamento Eco- Rio de Janeiro, 16 de março de 1945, 124.º
nômico. da Independência e 57.º da República.
Art. 2.0 - O crédito de que trata o artigo
a'nter!or será automàtlcamente registrado e dls· GETÚLIO VARGAS.
tr!buldo pelo Tribunal de Contas ao Tesouro A. de Sousa Costa.
Nacional. "Dlãrlo Oficial" de 19-3-945.
Parágrafo único - O Ministério da Fazenda
providenciará no sentido de que, mensalmente,
seja põsto no Banco do Brasil S. A., à dispo-
sição do presidente' da Comissão de Planeja- 'Decreto-lei n.o '1 ·395, de 19 de março de 1945
mento Econômico, um doze avos (1/12) do
crédito. Abre a.o Ministério da Fazenda o crédito especial
Art. 3.º - Trinta (30) dias após a publica- de Cr$ 436 961 600,00, para pagamento de
ção do presente decreto-lei, submeterã o presi- a','6es da Companhia. Siderúrgica. Nacional.
dente da Comissão de Planejamento Econômico
à aprovação do Presidente da República o orça- O Presidente da República, usando da atrl•
mento administrativo, contendo a discriminação bu!ção que lhe confere o art. 180 da Consti-
do 'crédito especial a que se refere o art. 1. 0 • tuição,'
138 BOLETIM GEOGRAPICÓ

Decreta: Decreta:
Art. 1.0 Pica aberto ao Ministério da · Artigo único - O art. 1. • do Decreto-lei
Fazenda o crédito especial de quatrocentos e n.0 5 862, de 30 de setembro de 1943, passa a
trinta e seis milhões, novecentos e sessenta e vigorar com a seguinte redação:
um mil e se1Scentos cruzeiros (CrS 436 961600,00),
que será d1Strlbufdo ao Tesouro Nacional, para
ocorrer ao pagamento (ServlÇOS e Encargos) "Art. 1.0 - Dentro da zona que a seguir
das ações da Companhia Siderúrgica Nacional, se limita, no território do Estado de Mato
subscritas pelo Tesouro Nacional, na confor- Grosso, sômente se permltlrã a faiscação e
midade do art. 3. 0 do Decreto-lei n. 0 6 601 de garimpagem durante o primeiro trimestre
19 de junho de 1944. · de cada ano: ao norte, pelas divisas com os
Art. 2.0 - :l!:ste decreto-lei entra.rã em vigor Estados do Amazonas e do Pará; a oeste,
na data de sua publicação. pelos rios Madeira, Mamoré, Guaporé e a
Art. 3.º - Revogam-se as disposições em Unha divisória com a Bolívia até o marco
contrário. de Boa Vista; ao sul, a partir dêsse marco
Rio de Janeiro, 19 de março de 1945, 124.º e pelo espigão divisor das ãguas dos rios
da Independência e 57.º da Repúbllca. Guaporé e Jauru, até a nascente do rio
Plqulf e dêsse ponto, pelo espigão divisor
GETúLIO VARGAS. das ãguas das bacias do Amazonas e do
A. àe Sousa Costa. Prata, até a cabeceira mais oriental do rio
"Diário Oficial" de 21-3-945. Paranatlnga; a leste, pelo espigão divisor
dos rios Teles Pires e Xingu, desde a cabe-
ceira do rio Paranatlnga à linha divisória
com o Estado do Pará". ·
Decreto-lei n.o 7 396, de 19 de março chi 19'5
Rio de Janeiro, 19 de março de 1945, 124.º
Dá nova reàaç4o ao artigo. 1. 0 do Decreto-lei n.• da Independência e 67.º da República.
· 5 862, àe. 30 àe setembro àe 1943.
GETüLIO VARGAS.
O Presidente da República, usando da atri- A. de Sousa Costa.
buição .que lhe çontere o art. 180 da Cons-
tituição, "Dlãrlo Oficial" de 21-3-945.

Decretos
Decreto n.0 18 143, de 23 de março de 1945 Decreto n. o 18 158, de 26 de março de 1945
Aprova o regimento ão Servfço de Patrímômo Cria as Tabelas Numéricas Ordinária e Suple-
àa Unido do Ministério da Fazenda mentar de E:i:tranumerário-mensaltsta do
Distrito do Centro, da Divisão de Fomento
o Presidente da Repúbllca, usando da atri- da Produção Mfaeral, do · Ministério da
buição que lhe confere o art. 74, letra a, da Agricultura, e dá outras pro:vídéncías
Constituição,
O Presidente da República, usando da atri-
buição que lhe confere o art. 74, letra a. da
Decreta: Constituição,

Art. 1.0 - Fica aprovado o Regimento do Decreta:


Serviço do Patrimônio da União (S. P. U.)
que, assinado pelo mln1Stro da Fazenda com
êste baixa. · Art. 1.º - Ficam criadas, de conformldade
com a relação anexa, as Tabelas Numéricas,
Art. 2.0 - Revogam-se as disposições em Ordinária e Suplementar. de Extranumerãrio-
contrário. mensal!sta, do Distrito do Centro, da Divisão
de Fomento da Produção Mineral, do Departa,
Rio de Janeiro, 23 de março de 1945, 124.º mento Nacional da Produção Mineral, do Minis-
da Independência e 57.º da Repúbllca. tério da Agricultura.
GETúLIO VARGAS. Art. 2.0 - As funções transferidas conti-
A. de Sousa Costa. nuarão preenchidas pelos seus atuais ocupantes,
"Diário Oficial" de 26-3-945. cujos nomes constam da relação anexa.
Art. 3.º - Ficam substituídas, pelas que
' acompanham o presente decreto, as Tabelas
Nota: O Regimento a que se refere o Numéricas, Ordinãrla e Suplementar de Extra-
decreto supra, foi publicado na mesma edição numerãrlo-mensal1Sta da Divisão de Pomento
do "Diário Oficial". da Produção Mineral, do Departamento Nacional
da Produção Mineral' do Mlnlatérlo da Agricul-
tura. '
LEIS E RESOLUÇOBS

Art. 4.º - A despe8a com a execução do Rio de Janeiro, 26 de março de 194S, 124.º
disposto neste decreto, na importância. de Crt da Independência e .57.º da República.
46 800,00 (quarenta e seis mll e oitocentos cru·
zelros) anuais, correrá, no presente exerciclo, à GET'OLIO VARGAS.
conte. da Verba 1 - Pessoal, Consignação II - .Apolônio Sales.
Pessoal Extranumerárlo, Subconsignação 05 ·-
Mensalista, do Anexo n.o 14 - Ministério da "Diàrlo Oficial" de 29-3-945.
Agricultura, do Orçamento Geral da República,
para 1945.
Nota: A relação anexa a que se refere o
Art. 5.º - :l!:ste decreto entrará em vigor decreto supra foi estampado na mesma ec;tição
na data de sua publicação. do "Dlãrlo Oficial".

ATOS DIVERSOS
CONSELHO NACIONAL DO PETRóLEO Exposição de Motivos n.o 1 ~42, de 20 de Janeiro
de 1945
Porta?ia n. 0 15, de 28 de fevereiro de 1945
A Sua Excelência o Senhor Doutor Getúlio
Vargas, Presidente da República dos Estados
O Presidente do Conselho Nacional do Pe- Unidos do Brasil.
tróleo: devidamente autorizado pelo Sr. Pre-
sidente da República em despacho de 7, do
m'ês em curso, exarado na Exposição de Motivos Senhor Presidente,
n. 0 2 425, de 3 anterior,
Em abr!l do ano passado, pcfr Incumbência.
Resolve: dêste Conselho, procedeu o geólogo americano
Eweret L. DeGolyer a estudos sõbre as pes-
a) designar o engenheiro de minas, classe quisas de. jazidas de petróleo no Brasil. Percor-
"K", do Ministério da Agricultra, Déclo Savérlo reu os campos da Bahia, cujos mapas e dados
Oddone à disposição dêste órgão, para exercer compulsou, e, bem assim, examinou os estudos
junto à superintendência geral dos trabalhos jã efetuados sõbre as demais regiões do ter-
de pesquisas petrollferas no Estado da Bahia, ritório nacional, considerados como de provãvel
a função de auxlllar técnico de geofísica; acumulação de óleo. Tendo em mãos todos os
b) fixar a retribuição do referido servidor elementos dlspon!vels, redigiu circunstanciado
em Crt 4 500,00 (quatro mil e quinhentos cru- relatório, no qual traçou um plano de conduta
zeiros) mensais, a partir de 1.º de janeiro do para o desenvolvimento dos trabalhos.
corrente ano, compreendendo vencimento do Mais tarde, em junho, ainda por conte. dêste
seu cargo e gratificação pelo exercício da alu· Conselho, o geólogo americano Lewis W Mac-
dlda função. Naughton, associado do senhor DeGolyer, !êz o
Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1945. reconhecimento geológico geral da bacia do
Coronel João Carlos Barreto, Presidente. Paranã, emitindo a respeito o seu parecer.
No devido tempo, tive ocasião de comunicar
a Vossa Excelência o ocorrido e mesmo enviar
o relatório do Sr. DcGolyer. Ambos os geólogos
Porte.ria n. o 16, de 28 de fevereiro de 1945 pertencem à firma à DeGolyer and MacNaugh-
ton, conhecida como Independente e uma das
o Presidente do conselho Naclohal do Pe- mais importantes no assunto, em que tem
tróleo, devidamente autorizado pelo Sr. Pre- obtido grandes êxitos, dentro e fora dos Este.dos
sidente da República em despacho de 7 do Unidos da América. Em particular, o senhor
mês em curso, exarado na Exposição de Motivos DeGolyer, além de ser um dos mais famosos
n.o 2 425, de 3 anterior, geólogos do mundo foi assistente do coorde-
nador de Petróleo do govêrno americano. Re-
Resolve: ferindo-se ao mesmo, também o Sr. J. E.
Brandtly, presidente da Drllling and Explora-
a) designar o engenheiro de minas, classe tlon Company, Inc. o recomendou ao Conselho
"L", do Ministério da Agricultura, Afonso Ce- sem hesitação "como pessoa proeminentemente
sãrlo de Faria Alvim, à disposição dêste órgão, adequada para orientar o Brasil nos seus pro-
para exercer junto à superintendência. geral dos blemas de petróleo e para estabelpcer todos
trabalhos de pesquisas petroll!eras no Este.do os importantes levantamentos e estudos de geo-
da Bahia, a função de auxlllar técnico de per• logia neceBSãrlos".
furação e produção; Parecendo Indicado, pois, tivesse o Conselho
b) fixar a retrtbulção do referido servidor a referida firma como .sua consultora, !oram
em Crt 4 900,00 (quatro mll e novecentos cru- mantidas conversações nesse sentido com os
zeiros) mensais, a partir de l.º de janeiro do componentes da mesma durante os trabalhos
corrente ano, compreendendo vencimento do que fizeram no Brasil e, após o seu regresso,
seu cargo e gratificação pelo exerc!clo da aludida por melo de correspondência., de que sempre
função. teve conhecimento a n.oasa Embaixada em
Washington. Mesmo antes da aceitação de qual-
Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1945. quer acõrdo, empenham-se os Srs. DeGolyer e
Coronel João Carlos Barreto, Presidente. MacNeughton na difícil tarefa de conseguir
técnicos • para o Conselho, que tenham reco-
"Diãrlo Oficial" de 2-3-945. nhecida experiência. para conduzirem os tra-
balhos de geologia de petról'eo. Com um dêssea
técnicos está em vlas de conclusão o contrato,
140 BOLETIM GÉOGRAFICO

que terei a oportunidade de submeter à apre- Tenho, pois, a honra de solicitar a Vossa
ciação de Vossa Excelência. Dentro dêsse espl- Excelência a necessária autorização para levar
rlto de cooperação, os Srs. De Golyer e Mac a efeito o contrato em aprêço, adotando como
Naughton estão providenciando, desde já, a base, as condições acima mencionadas. Correrá
transferência de um de seus representantes, a despesa pela verba própria do orçamento
que passará a residir no Brasil. dêste Conselho.
Na posslb!lldade da referida firma tor-
nar-se consultora do Conselho, o Sr. Mac- Aproveito a oportunidade para reiterar a
Naughton, ao partir do Brasil, esboçou as Vossa Excelência os protestos do meu mais
bases do contrato no projeto que anexo à profundo respeito. - Coronel Jo(J.o Carlos
presente exposição de motivos. Consta dessas Barreto, Presidente.
bases que ficariam permanentemente, para· con-
sultas. Pelo menos três viagens, equivalentes Autorizado. Em 22 de Janeiro de 1945. -
a 100 dias-homens, seriam feitas anualmente G. VARGAS.
por um ou mais sócios da firma. Residiria no
Brasl! ui:n representante da firma com a obri- "Diário Oficial" de 5-3-945.
gação de supervlsar os trabalhos de geologia
de campo que seriam feitos em intima conexão
com esta presidência e o geólogo-chefe do
Conselho. Importaria o custo dos serviços numa
base anual de US 60 000,00, que seriam pagos
llquldos em Dallas, Texas, em doze prestações
Iguais, no primeiro dia de cada mês. DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVQ DO
Correriam por conta do Conselho as despe- SERVIÇO P()BLICO
sas de transporte dentro do Brasil. Não deveria
ser Inferior a três anos o prazo do contrato. Exposição de Motivos n.º 546, de 6 de março
de 1945
Em face do exposto, tenho.a ho!l.ra de soli-
citar a Vossa Excelência a necesaárla autori- O Ministro da Educação e Saúde solicitou
zação para contratar os. serviços da firma De- do Sr. Presidente da. República autorização para
Golyer and MacNaughton,. observando as bases aplicar, sob o regime de adiantamento, a dota-
acima mencionadas. Far-se-ã a despesa à conta ção de Cr$ 400 000,00, que lhe foi atrlbulda pela
do Orçamento do Conselho, pela verba própria.. Verba 3 - Serviços e Encargos. Consignação I
- Diversos, subconslgnação 51 - Serviços Edu-
Aproveito a oportunidade para reiterar a cativos e Culturais, item 47 - Instituto Nacional
Vossa Excelência os protestos do meu mais do Livro, allnea a - "Organl'Zação da Enciclo-
profundo respeito. Coronel Jo(J.o Carlos pédia Brasileira e do Dicionário da Llngua Na-
Barreto, Presidente. cional", Anexo. 15 do Orçamento Geral da Re-
pública.
Autorizado. Em 22 de Janeiro de 1945. -
G. VARGAS. Diante da justificação contida no processo
o D. A. S. P. opinou favoràvelmente à' provi-
Dia 20 de fevereiro de 1945 dência solicitada, com apolo no Decreto-lei n.0
426, de 12 de maio de 1938, art. 33, n. 0 I.
A Sua Excelência o Senhor Doutor Getúlio
Vargas, Presidente da República dos Estados Autorizado. Em 7 de março de 194J'5. '-
Unidos do Brasil. G. VARGAS.
Senhor Presidente: "Diário Oficial" de 16-3-945.
Na Exposição de Motivos n. 0 1 542. também
desta data em que sollcitei autorização para
contratar como consultora do Conselho os ser-
viços da firma DeGolyer and MacNaughton,
aludi a que, antes da aceitação de qualquer
acôrd'o, já se dedicavam os titulares da firma INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA
à tarefa de conseguir, para o Conselho, técnicos ESTATÍSTICA
que tivessem reconhecida experiência e fôssem
capazes de conduzir os trabalhos de geologia de Decreto de 9 de março de 1945
petróleo no Bras!l. Em carta de 18 de agôsto
do ano passado, aqui anexada, recomendou o O Presidente da Repúbllca
Sr. MacNaughton que fôssem contratados, para
êsses serviços, no mínimo, quatro geólogos ame- Resolve:
ricanos especialistas em ·petróleo, ao lado dos
quais deveriam operar os técnicos brasileiros. Exonerar de membro da Comissão Censltá-
Na citá.da exposição de motivos, acrescen- rla Nacional do Instituto Brasllelro de Geografia
te! Já se achar em vias de conclusão com um e Estatística, o major José. Luís Guedes.
dêsses geólogos o contrato que submeteria à
apreciação de Vossa Excelência. Com efeito "Diário Oficial" de 12-3-945.
como se vê, no Incluso bilhete verbal nú-
mero 3-563 63, de 11 do corrente mês, que
me enviou o Sr. secretário-geral Interino do
Ministério das Relações Exteriores, telegrafou
o Sr. Walder de Lima Sarmanho, por inter-
médio de nossa Embaixada em Washington, de 16 de março de 1945
que os Srs. De Golyer e Mac Naughton, lhe In-
formaram estar pronto a partir para o Brasil, O Presidente de. República
de 1 de fevereiro em diante, o geólogo Sr. P.
Hastlngs, Keller, nas seguintes condições: "via- Resolve:
gens pagas de ida e volta para si e esp~sa,
salário mensal de US $500,00, contrato de três Dispensar João Lira Madeira das funções
anos, com o privilégio de acúmulação de férias". de membro da comissão Censltárla Nacional.
LEIS E RESOLUÇõES 141 '

Designar: versos trabalhos de estudos, prospecção e son-


dagens de jazidas, alguns, dêles para atender a
De acôrdo com o inciso VI, art. 1. 0 , da Reso- pedidos da Diretoria do Material Bélico do Mi-
lução anexa ao Decreto-lei n. 0 237, de nistério da. Guerra e outros para satisfazer os
2 de fevereiro de 1938: compromissos resultantes da polltlca de pan-
americanismo.
Oscar Edlvaldo de Pôrto Carreiro Atuárlo,
classe L do Quadro único - Parte Permanente Outrossim, atendendo ao número limitado
- do Ministério do Trabalho, Indústria e Co- de técnicos atualmente existente no Departa-
mércio, para exercer as funções de membro da mento Nacional da Produção Mineral, propõe a·
Comissão Censitária Nacional, como represen- sua Diretoria Geral que parte dos trabalhos se-
tw.nte do Serviço Atuário do referido Ministério. jam distribuídos, por pequenas tarefas, a en-
genheiros de minas de notória capacidade es-
"Diário Oficial" de 19-3-945. tranhos aos quadros do serviço público e a
firmas especializadas em ID;inljra.ção sob a
-te orientação e fiscalização dos técnicos do De-
partamento.
MINisT:tRIO DA AGRICULTURA Aos tarefeiros serão pagas além das despe-
sas efetuadas com a realização dos trabalhos
· Exposições de Motivos uma comissão que não excederá a 15% das
mesmas despesas, devendo os mesmos firmar
Excelent!sslmo Senhor Pre.sldente da Repú- em cada caso, um contrato com a repartição
blica. lnttoressada .
Remete o Serviço de Meteorologia, anual-
mente, às numerosas estações meteorológicas Estando de acôrdo com o programa ela-
espal.l1adas pelo território nacional, centenas borado pela Divisão do Fomento da Produção
de volumes com o material necessário ao re- Mineral para a utiUzação do crédito de Crt
gular funcionamento do serviço e bem assim 5 000 000,00, assim, como com a modalidade
apreciável a quantidade de tubos (botijões) de trabalho proposta, solicito para os mesmos
contendo hidrogênio indispensável à realização a Indispensável aprovação de Vossa Excelência.
de sondagens aerológicas, que interessam, par- Solicito, outrossim, que o crédito destina-
ticularmente, à navegação aérea. do a estudos de jazidas e projetos de minera-
2) Por outro lado, os postos meteorológicos ção, depois de colocado no Banco do Brasil à
precisam devolver à sede da Repartição, nesta disposição dêste Ministério, seja movimentado
capital, os instrumentos que carecem de con- pelo diretor geral do Departamento Nacional
sêrto, bem como os tubos Já referidos para da Produção Mineral e pelo diretor da Divi-
novo suprimento de hidrogênio, de vez que a são do Fomento da Produção Mineral, pelo re-
falta. dêsse gás Importa na paralisação das ati- gime de adiantamentos, requisitados de a.côr-
vidades primordiais das estações especializadas do com as necessidades do serviço.
em aerologia.
3) Atendendo a que as despesas em causa
Aproveito a oportunidade para renovar a
são sempre de natureza inadiável e devem, Vossa Excelência os protestos do meu mais
via de regra, ser realizadas no interior do pais, profundo respeito.
em locais de difícil acesso, sem meios rápidos Em 27 de fevereiro de 1944. - Apolônio
de comunicação, - tenho a honra de solicitar Sales.
a V. Excia. se digne autorizar, à semelhança
do que se verificou nos anos anteriores, sejam Aprovado - Em 8-2-45. - G. VARGAS.
tais despesas atendidas, no Distrito Federal e
nos Estados, sob o regime de adiantamentos, . (D.O. 14-3-945).
concedidos parceladamente, a funcionários do
Serviço de Meteor.ologia, à ·conta. da Verba 2 -
Material - Consignação III - Diversas Des-
pesas - Subconsignação 29 - Acondiciona- MlNISTl'!:RIO DA EDUCAÇÃO E SA'ODE
mento, etc., 27 - S.M., do vigente orçamento
dêste Ministério. Portaria Ministerial n.o 00 14J, de 5 de março
'
Aproveito o ensejo para. renovar a. Vossa. de 1945
Excelência, Senhor Presidente, os protestos do
meus. .mais profundo respeito. Dispõe sôbre concess4o de bôl8aa de estudoa
Em 20 de fevereiro de 1945. Apolônio para o Curso de Museus, do M11.1eu Histórico
Sales. Nactonal
Autorizado. Em 1 de março de 1945. -
G. VARGAS. O Ministro de Estado de Educação e Saú-
de, no uso das atribuições que lhe conferem o
(D.O. 9-3-945). artigo 7. 0 e seu pará.grafo único, do Decreto-
lei n. 0 6 689, de 13 cte julho de 1944, e aten-
dendo ao que propõe o diretor do Museu His-
tórico Nacional, resolve: ·
Excelentfsslmo Senhor Presidente da Re- Art. 1.0 - Jt fixado em seis (6) o número
pública.. de bôlsas de estudos para o Curso de Museus,
O plano de Obras e Equipamentos para o sendo uma para cada um dos seguintes Esta-
corrente exerc1c1o, aprovado pelo Decreto-lei dos: Ceará, Pernambuco, Bahia, São Paulo,
n.o 7 213, de 30-12-944, atribuiu à Divisão do Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Fomento da Produção Mineral, do Depa1·tamen-
to Nacional da Produção Mineral dêste Minis- Art. 2. 0 - O valor da bôlsa será de qui-
tério, a dotação de Cr$ 5 000 000,00 (cinco mi- nhentos cruzeiros {Cr$ 500,00), mensais, pagos
lhões de cruzeiros), para. estudos de jazidas e por mês vencido, durante os dez meses da
projetos 4e mineração. duTação do Curso.
No processo anexo, a Divisão do Fomento Art. 3.º - As l)assagens de Ida e volta dos
da Produção Mineral apresenta. o plano de uti- beneficiários correrão por conta do Govêrno
lização do referido crédito, na execuç~o \!e di· Federal.
242 BOLETIM GEOGRAPIOO

Art. 4.0 - Os bol111stas· flcarão submetidos aprovar as instruções abaixo, que· regerão o
ao mesmo regime escolar doa outros alunos, es- funcionamento do Centro de Estudos Econô-
tabelecidos no Regulamento do Curso de Mu- micos do Ministério do Trabalho, Ind11strla e
seus, aprovado pelo Decreto n.o 16 078, de 13 Comércio.
de julho de 1944.
Instruç6es:
Art. s.o - Os bolsistas só receberão o be-
neficio mensal vencido, quando houverem fre- Art. 1.0 - O Centro de Estudos Econõml•
qüentado pelo menos setenta e cinco por cen- cos (O.E.E.) tem por obleto promover e esO'.
to (75%). de aulas, exercfclos, visitas ou tra- mular os estudos que interessem à economfa
balhos obrigatórios. nacional, desenvolvendo intenso programa de
Rio de Janeiro, em 5 de março de 1945. - divulgação cultural através de cursos, confé•
Gustavo Capanema. rências, publicações, intercâmbio, correspon-
dência, excursões e quaisquer outros meios que
(D.O. 13·3-945).
.
MINIST.ll:RIO DA FAZENDA
tornem efetiva a sua finalidade.
Art. 2.0 - O e.E.E. será administrado
por um Conselho Diretor. composto do ministro
de Estado, e sob a presidência dêste, do presi•
dente do Conselho Nacional do Trabalho, do di•
Serviço do Patrimônio da União retor geral do Departamento Nacional da In•
dústria e Comércio, do diretor do Departamento
Processo n. • 207 974-44 - Requerimento llm Nacional de Seguros Privados e Capitalização,
que Rosauro Tavares Santos consulta se os do diretor. geral , do Departamento de Adml·
terrenos marginais ao rio Pelotas, que serve nistração, do diretor do Departamento Nacio·
de limite entre os Estados de Santa Catarina na! da Propriedade Industrial, do direto; do
e Rio Grande do Sul, são da espécie de ma- Departamento de Previdência Social. do dfretor
rinhas. · do Departamento de Justiça do Trabalho, do
Despacho: "De acõrdo com o parecer da diretor do Serviço Atuarial, do diretor do Ser-
viço de Estatfstica da Previdência e Trabalho,
Divisão de Cadastro, Informe-se o seguinte:" do diretor do Instituto Nacional de Tecnologia,
a) os terrenos marginais ao rio Pelotas, do diretor da Divisão de Expansão Econõmioa,
que serve de limite entre os Estados de Santa do diretor da Divisão do Pessoal, do chefe da
Catarina e Rio Grande do Sul, não são de es- Biblloteca e do secretário do Conselho Nacional
pécie de marinhas, mas pertencem à União, na de Politica Industrial e Comercial.
forma da legislação em vigor;
b) no caso de interessa~ à parte outro es- Art. 3. 0 - O diretor do Centro Ilerá desig-
clarecimento a respeito do assunto e que cons- nado pelo ministro dentre os membros com-
te do processo, deverá sollcltá-lo por certidão". ponentes do O.E.E.
Em 26-2-945. - Ulpiano de Barros. A.rt. 4.• - O e.E.E. terá um secretário-
geral designado pelo ,ministro.
(D.O. 13-3-945).

MINil~T.ll:RIO
..
DA JUSTIÇA E NEGóCIOS
Art. 5.• - São atribuições do diretor:
a) representar o O.E.E. e, na ausência do
ministro, presidir as suas reuniões públicas e
as reuniões do Conselho Diretor;
INTERIORES b) r!)correr para o ministro de qualquer
deliberação do Conselho Diretor que se lhe afl•
Comissão de Estudos dos Negócios Estaduais gure contrária aos tnterêsses do O.E.E. ou do
Ministério;
Processos: c) ·tomar. tõdas as providências e~ecutivas 11
dar cumprimento às del1berações do Conselho
N.0 188-45 - Projeto de decreto-lei da In· Diretor.
terventorla Federal no Rio Grande do Sul,
fixando a divisão administrativa do Estado Art. 6.º - Ao Conselho Diretor incumbe a
para o qüinqüênio 1944-1948. aprovação dos programas de cursos, conferên-
cias e publicações do e.E.E. .
N. 0 223-45 - Decreto-lei n.o 1 306, de 29
de dezembro de 1944, da Interventoria Federal Parágrafo único. - O Conselho Diretor se
no Estado do Rio de Janeiro, elevando à cate- reunirá com qualquer número, mediante· con-
goria de comarca os têrmos judiciários de vocação do presidente ou do diretor sendo que
Itaboraf, Itaverá e Trajano de Morais e dan- nesta última hipótese, a convocação será fettà
do outras providências. - Aprovado a po8'- com 48 horas de antecedência.
teriori, em 5-2-45. Art. 7 .• - Ao secretário-geral cabe executar
as delibeTações do presidente, do diretor, além
(D.O. 6·3·945). do despacho do expediente do O.E.E.
Art. a.o - O O.E.ti:. funcionará no Depar-
tamento Nacional da Indústria e' Comércio, po-
MJNIST.ll:RIO DO TRABALHO, JND\'l'STRIA dendo utilizar o auditório e as instalações do
E COMi:RCIO Ministério. ·
Art. 9.º - Tõdas as repartições do Ministé-
Portaria n.• 54, de 6 de outubro de 1944. rio deverão oferecer facllldade ao e.E.E. e,
bem assim, estimular a freqüência dos seus tun-
Aprova instruções para o funcionamento do ctonárlos às atividades do Centro.
Centro de Estudos Económicos do Mini8t6-
rio do Trabalho, IndtlBtria e Comércio. Art. 10. - O Serviço de Estatística da Pre•
vidência e Trabalho promoverá a pubUc;ação no
O Ministro de Estado do Trabalho, Ind11s• "Boletim" do M.T.I.C. em separata, dos tra-
tria e Comércio, tendo em vista os estudos balhos realizados no Centro que mereçam dtvul·
realizados pela Comissão designada pela Por- gação a lufzo do ministro ou do diretor do
tar1a n.0 4õ, de 3 de agôsto de 1944, resolve O.E.É.
LEIS E RESOLUQOES 143

Art. 11. - Aos matriculados nos cursos se- Tenente-coronel Lauro Augusto de Medeiros,
rão conferidos certificados de freqüência ou diretor de Telégrafos, padrão N, do Q. III -
diploma de aproveitamento conforme o progra- P. P. - e Horâcio de Oliveira e Castro, te-
ma estabelecido. legrafistá, classe K do mesmo Q. P. S. -
como representantes do Departamento dos Cor-
Art. 12. - Das aulas e conferências serão reios e Telégrafos;
distribuídas aos alunos resumos com bibliogra- João Vitória Pareto Neto, como represen-
fia, colaborando a biblioteca do M.T.I.C. na tante da Liga de Amadores Brasileiros de Rã·
realização dêsses trabalhos. dio Emissão;
Art. 13. - O O.E.E. procurará a colabora- Major-aviador Almir de Sousa Martins, CO·
ção de serviços p11bllcos estranhos ao Ministé- mo representante do Ministério da Aeronâutlca;
rio para a consecução dos programas estabele- e os Integrantes da Comissão Técnica de Râdlo:
cidos. Erlco de Lamare São Paulo, chefe de Divisão,
padrão P, do extinto Q. II, presidente; capi-
Art. 14. - O Conselho Diretor promoverâ a tão de mar e guerra, Ra111 Lobato Aires, repre-
Inauguração imediata das seguintes atividades,' sentante do Ministério da Marinha na referida
além de outras que se apresentem oportunas e Comissão;
viáveis:
Tenente-coronel Tasso Barcelos de Morais,
a) curso de elementos de economia; representante do Ministério da Guerra na re-
b) curso de geografia econômica, particular- ferida Comissão;
mente do Brasil; Hélio Marques Saraiva, telegrafista classe H.
c) curso de elementos de estatística; do Q. III - P. S., - representante do De-
d) programa cie conferências de extensão; partamento dos Correios e Telégrafos na refe-
e) reuniões regulares de debates; rida Comissão;
Edmundo de Aquino Nogueira Brandão, te-
Art. 15. - Um curso regular de economia e legrafista classe K, do Q. III - P. S., - re-
cursos especializados, em grau superior, serão presentante do Departamento dos Correios e
dados assim que o C!!ntro tenha reunido um n11- Telégrafos na referida Comissão.
mero razoâvel de afünos capazes de bom apro- Presidlrâ a comissão o tenente-coronel Lau-
veitamento. ro Augusto de Medeiros.
Art. 16. .'.... Os cursos serão abertos para os Rio de Janeiro, em 12 de março de 1945. -
funclonârlos do Mlhistérlo, das instituições de JotJ.o d.e Mendonça Lima.
previdência social e dos sindicatos. - Ale.xan-
dre Marcondes Filho. (D.O. 16·3-9.45).
(O.O. 10-10-944).

-fc
MINISTltRIO DA VIAÇÃO E OBRAS PúBLICAS Portaria n. 0 241, de 27 de março de 1945
Departamento de Administração - Divisão do . O Ministro de Estado atendendo ao que ex-
Pessoal pôs e sol!citou a Liga de Amadores Brasileiros
de Râdlo Emissão em oficio n.o 185, de 16 de
Portaria n.º 205, de 12 de março de 1945 março de 1945 resolve designar o capitão Otâvio
Salão Masson para representar a referida Ins-
O Ministro de Estado, tendo em vista o que tituição na III Conferência lnteramericana de
consta do processo n.o 3 760, de 1945, do Depar- Radiocomunicações durante a ausência do Dr.
tamento de Administração, João Vitórlo Pareto Neto designado para êsse
fim pela Portaria n. 0 205 de, 12 de março do
Resolve designar, para oonstitulrem a co- corrente ano.
missão que deverâ elaborar as proposições do
Govêrno. brasileiro a serem apresentadas à 3." Rio de Janeiro, 27 de março de 1945 .
. Cotiferêncla Interamerlcana de Radiocomunica- João d.e Mendon.ça Lima.
ções - a realizar-se nesta capital, durante a
segunda quinzena de maio próximo - e estu- (D.O. 29·3-945).
dar as que forem formuladas pelos demais Go-
vernos americanos:
Edgar Rangel do Monte, primeiro secretârto
de Emba!Xada, como representante do Ministé-
rio das Relações Exteriores; Portaria n. 0 242, de 27 de março de 1945
Fernando Tude de Sousa, diretor do Serviço o Ministro de Estado resolve retificar a Por·
de Râdlo Difusão Educativa, como. represen- tarla n.º 205, de 12 de março corrente, que
tante do Ministério da Educação e Sa11de; designou a comissão Incumbida de elaborar as
Francisco Xavier Rodrigues de Sousa dire- proposições do Govêmo brasileiro a serem apre·
tor do Serviço de Meteorologia do Ministério sentadas à 3.• Conferência Interamerlcana de
da Agricultura, como representante do mesmo Radiocomunicações e estudar as que forem
Serviço; formuladas pelos demais Governos americanos,
Francisco Gomes Maciel Pinheiro, chefe do declarando que a referida comissão serã p~esi­
Serviço de Divulgação, da Secretaria Geral de dlda pelo tenente-coronel Lauro Augusto de
Educação e CUitura, como representante da Medeiros na qualidade de diretor de Telégrafos,
Prefeitura do Distrito Federal; Rio de Janeiro, em 27 de março de 1945. -
Enéias Machado de Assis, diretor da Divisão JotJ.o de Mendonça Lima.
de Râdlo, como representante do Departamento
de Imprensa e Propaganda; (D.O. 29-3-945) •

. . . . - Se quiser receber as obras da "Biblioteca Geocráftca Brasileira", e.ueva à Secretaria do


_ . Conselho Nacional de Geocrafla.
Legislação estadual
,
Integra dos decretos, decretos-leis
e demais atos de interêsse geográfico
ALAGOAS BAHIA
Decreto-lei n. o 2 997, de 29 de Janeiro de 1945. Decreto-lei n. o 462, de 15 de fevereiro de 1945.
Autoriza o govêrno do Estado a despender até Eleva para Cr$ 5 000,00, a import4ncia do prê-
Cr$ 20 000 000,00, com as obras de aprovei- mio destinado aos autores das monografias
tamento do potencial hidra-elétrico da ca- vencedoras do "Concurso de Biografias de
choeira de Paulo Afonso. Baianos Ilustres".

O Interventor Federal no Estado de Ala- O Interventor Federal, Interino, no Estado


goas, usando da atribuição que lhe confere o da Bahia, na conformidade do disposto no art.
art. 6.º, n.º V, do Decreto-lei federal n.o 1 202, 6.º, n.o IV, do Decreto-lei federal n.o 1 202, de
de 8 de abril de 1939, a de abril de 1939,
Decreta:
Decreta:
Art. 1.º - Fica elevado para Cr$ 5 000,00
(cinco mil cruzeiros) o prêmio destinado aos
Art. 1.º - Fica o govêrno do Estado auto- autores das monografias vencedoras do "Con-
rizado a despender até a Importância de vint~ curso de Biografias de Baianos Ilustres", de.que
milhões de cruzeiros (Cr$ 20 000 000,00) ~om trata o Decreto-lei estadual, n.o 9, de 1.0 de
setembro de 1943.
as obras de aproveitamento do potencial hidro-
elétrico da cachoeira de Paulo Afonso, inclusive Art. 2. 0 - Revogam-se e.s disposições em
a construção de linha transmissora que servirá contrário.
ao território alagoano.
Cidade do Salvador, em 15 de fevereiro de
Art. 2. 0 - Para fazer face J.s despesas com a 1945. - Guilherme Marback, Interventor Federal
execução do disposto no art. 1. \ será constituído Interino. - T. Vieira de Melo.
um fundo especial com importãnclas até trinta
por cerito das disponibilidades verificadas no (D.O. Bahia - 16-2-945).
encerramento de cada exercício dentro do limit·~
máximo da Importância referida no mesmo iC
artigo. MARANHÃO
Parágrafo único - Na apuração das disponi-
bllidades não serão computadas as responsabi- Decreto-lei n. 0 972, de 12 de Janeiro de 1945
lldades decorrentes do serviço da divida externa Prorroga o prazo para a apresentação dos novos
e do passivo permanente. mapas municipais pelas Prefeituras dos mu-
Art. 3.º - O chefe do Executivo determina- nicípios, cujos dmbitos territoriais sofreram
alteração
rá, uma vez conhecido o resuitado financeiro
do exercício anterior, a percentagem da reser- O Interventor Federal, usando da atribuição
va, nos têrmos do disposto no art. 2.0, e desig· que lhe confere o art. 7.º n.º V, do Decreto-lei
nará o estabelecimento bancário em que deverá federal n. 0 1 202, de 8 de abril de 1939,
ser a mesma depositada.
Decreta:
Art. 4.º - Será instituída pela Contadoria
Geral do Estado, conta especial para o registro Art. l.º - Fica prorrogado para 31 ·de de•
das reservas previstas no art. 2.0. zembro de 1945 o prazo estipulado no Decreto-
Art. s.o - O presente decreto-lei entrará lel estadual n. 0 820, de 30 de dezembro de 1943,
(alínea b do § 1.o do art. 2. 0 ) para a entrega
em vigor na data de sua publicação. dos novos mapas municipais pelas Prefeituras
Art. 6. 0 - Revogam-se. as disposições em dos municípios cujos âmbitos territoriais te-
contrário. nham sofrido alteração da nova divisão adml·
nistratlva do Estado.
Maceió, 29 de janeiro de 1945, 57. 0 da Repú- Art. 2.0 - Os mapas municipais, que obe·
blica. - Esperidíüo Lopes de Farias Júnior. decerão aos requisitos mínimos estabelecidos
Arí Piitombo. - José Marinho Júnior. pelo Conselho Nacional de Geografia (Resolução
n.o 3, de 29 de março de 1938), serão entregues
{D.O. Alagoas - 30-1-945). ao Diretório Regional do mesmo Conselho nesta
capital, ao qual cabe tomar e promover, as me-
didas adequadas para a observância, no que fôr
LEIS E RESOLUÇÕES 145

aplicável, dos dispoilitlvos. referentes ao rece- Art. 2. 0 - O distrito de Estêvão de Araújo


bimento, aprovação e exibição dos referidos ma- será instalado, com a posse dos respectivos juiz
pas, de acôrdo com a Resolução n.º 60, de 22 de paz e substituto do juiz de paz, dentro de
de julho de 1939, e bem assim, de acôrdo com trinta dias a partir da publicação do presente
outras instruções complementares que lhe en• decreto-lei.
caminhar o Conselho Nacional de Geografia;
revogadas as disposições em contrário. Art. 3.º - Revogam-se as disposições em
contrário.
Palácio do Govêrno do Estado do Maranhão,
em .São Luís, 12 de janeiro de 1945, 124. 0 da ·Palácio da Liberdade, Belo Horizonte, 6 de
Independência e 57. 0 da República, - Paulo março de 1945. - Benedito Valadares Ribeiro.
Martins de Sousa Ramos. - José de Albuquer- - Édison Alvares d.a Silva. - Dermeval José
que Alencar. Pimenta.
(D. O. Maranhão - 15-1-945). (D.O. Minas Gerais - 7-3-945),
-te
MATO GROSSO
Decreto n.• 184, de 27 de fevereiro de 1945. PARANA
Cria no munícipio d.esta capital o ciistrito Decreto-lei n. o 311
policial de Pedra Grande.
O Interventor Federal no Estado do Paraná,
O Interventor Federal substituto no Es- usando da atribuição que lhe confere o art. 6.º,
tado de Mato Grosso, usando da atribuição que n.o V do Decreto-lei federal n.o 1 202, de 8 de
lhe confere o art. 7. 0, n. 0 I, do Decreto-lei fe- abril de 1939, e devidamente autorizado pelo
deral n. 0 1 202, de 8 de abril de 1939, Presidente da República,
Decreta:· Decreta:
Artigo único - Fica criado, no municiplo Art. 1. 0 - Fica transferido para o distrito
desta capital, o distrito policial de "Pedra Gran- de Congoinhas, pertencente ao municlpio de
de". com sede nessa localidade e tendo os se- Aralporanga, a sede do referido municlplo, o
guintes limites: o rlo Manso acima, desde a qual passará a ter a denominação de "Congo-
barra do rio da Casca, até um ponto fronteiro à nhlnhas".
cabeceira do rio Roncador; uma linha daquele
ponto à dita cabeceira; o rio Roncador abaixo, Parágrafo único - O atual distrito da sede
até sua barra no rio da Casca, êste rio abaixo, . do municplo de Aralporanga; conservará esta
até o ponto de partida. denominação.
Palácio Alenca.stro, em Culabá, 27 de feve- Art. 2.0 - A atual comarca de Aralporanga
reiro de 1944, 125. 0 da Independência e 57. 0 da passará a ter a sua sede no município de Açal,
República. - J. Ponce de Arrud.a. - Crescéncío abrangendo êsse município e o de Congonhi-
M. da Silva. nhas.
(D.O. Mato Grosso - 1-3-945). Art. 3. 0 - O presente decreto-lei entrará
em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário.
Curitiba, em 26 de fevereiro de 1945, 124.0 .
MINAS GERAIS da Independência e 57. 0 da República. - Ma-
nuel Ribas. - Fernando Flores.
Decreto-lei n. 0 1 243, de 6 de março de 1945.
(D.O. Paraná - 27-10-945).
Cria o distrito d.e EsUvão tre Araújo no muni-
cipio d.e Ervália
O Governador do Estado de Minas aerais, •
usando da atribuição que lhe confere o artigo
6.º, n.o IV, do Decreto-lei federal n.o 1 202, de Decreto n. o 2 043
8 de abril de 1939, e à vista do que dispõe o De· ' Estado do Paranã,
creto-lel federal n.º 7 300, de 6 de fevereiro do O Interventor Federal no
corrente ano, · usando da atribuição que lhe confere o art. 7.º,
n.o I, do Decreto-lei federal n.o 1 202, de 8 de
Decreta: abril de 1939,

Art. 1.º - Fica criado, no munlciplo de Decreta:


Ervália, o distrito de Estêvão de Araújo, com
sede no povoado de São Bento, desmembrado do Art. l.º - Fica suprimido na Tabela I -
dlstrlto de Araponga, do referido município. "Cargos isolados de provimento efetivo, extin-
tos quando vagar", da Parte Suplementar, do
Parágrafo único - l!: o seguinte a linha di- Quadro Geral, um cargo de Auxiliar Técnicc; Pa-
visória dos distritos de Estêvão de Araújo e Ara- drão J, do Museu Paranaense, vago em virtude
ponga: de exoneração de Alfredo Munhoz de Sousa.
- Começa nos lim!tes dos municlplos de Er- Art. 2.0 .;... Revogam-.se as disposições em
válla e Viçosa, no ponto de junção dos divisores contrário.
do ribeirão Papagaio e dos córregos da Baraúna
e de São Joaquim; segue pelo divisor dêstes dois Curitiba, em 9 de fevereiro de 1945, 124. 0
últimos, contorna a cabeceira do córrego São da Independência e 57. 0 da República. - Ma-
Joaquim e alcança o ribeirão do Félix na foz nuel Ribas. - Fernand.o Flores.
do córrego Santo Antônio; sobe por êste córre-
go até sua nascente e alcança a pedra Redonda, {D.O. Paraná - 10-2-945).
na serra do Arapcnga, pela qual continua até o
entroncamento com a serra do Brigadeiro.
146 BOLETIM GEOGRAFICO

Decreto n.e 2 053 Art. 6.º - No munlcíl)lo do Salgueiro fica


criado o 2.0 cartório de escrivão com a privati-
Cria a série funciona~ de Guarda Florestal vidade de órfãos, anexando-se ao mesmo o 2.0
tabelionato com a privatividade do registo de
O Interventor Federal no Estado do Paranã, !móveis e hipotecas.
usando da atribuição que lhe confere o art. 7.º,
n.o I, do Decreto-lei n.o 1 202, de 8 de abril de Art. 7.º - Fica extinto o cartório do ofício
1939, de 2.0 escrivão do clvel e anexos da comarca de
São Lourenço da Mata, passando o arquivo do
Decreta: mesmo para o tabelionato 11nlco, cuJo serven-
tuário jâ acumula todos os oflclos de que tra•
tam os arts. 78 e 81 do Decreto-lei n.o 627, de 16
Art. l.º - Fica criada na Tabela baixada de Junho de 1941.
com o Decreto n.o 2 000, de 14 de agõsto de 1944,
com a amplitude de salãrlo de X a XII, a série Art. e.o - Para a execução dêste decreto-
funcional de Guarda Florestal. lei que entrarã em vigor na data da sua publi-
Parágrafo ú.nlco. - A série funcional a que cação, !tca aberto o crédito especial de trezentos
alude o presente artigo será privativa do De- e cinqüenta e cinco mll e oitocentos cruzeiros
(Cr$ 355 800,00).
partamento de Geografia, Terras e Colonização,
da Secretaria de Viação e Obras Pú.bllca.s. Art. 9.º - Revogam-se as disposições em
Art. 2.0 - Revogam-se as disposições em contrãrlo.
contrário. (D.O. Pernambuco - 15-2-945).
Curitiba, em 23 de fevereiro de 1945, 124. 0
da Independência e 57. 0 da Repú.blica. - Ma- ~
nuel Ribas. - Fernando Flores.
(D.O. Paranã - 24-2-945). Decreto-lei n.• 1 117, de H de fevereiro de 1945
O Interventor Federal no Estado, usando da
atribuição que lhe confere o art. 6.º, n.o I, do
Decreto-lei federal n.o 1 202 de 8 de abril de
1939, e devidamente autorizado pelo Presidente
da Repú.bllca,
PERNAMBUCO
Decreta:

Decreto-lei n. 1 116, de 14 de fevereiro de 1945


0 Art. 1.0 - Pica restituído ao município dO
Limoeiro, pelos seus antigos limites, o distrito de
Urucuba (ex-Cedro), que havia sido anexado ao
O Interventor Federal no Estado na con- município do Bom Jardim.
formidade do disposto no artigo 6. 0 , ·n. 0 V, do
Decreto-lei federal n.o 1 202, de 8 de abrll de Art. 2.º - Revogam-se as disposições em
1939, e devidamente autorizado pelo Presidente contrãrlo.
da Repú.bl!ca, assinou. em 14 de fevereiro ú.ltlmo,
o seguinte D;creto 1e1, sob n.º 1 116: (D.O. Pernambuco - 15-2-945).
1
Art. 1.0 -'- Ficam criadas as seguintes co-
marcas de 2.• entrância: Carplna, Ipojuca, Pau
d'Alho Ribeirão, Ser!nhaém, Jurema, São Cae-
tano, Gamara.tuba e Moreno e a de 1.a entrân-
cia Taquarltlnga do Norte com sede nas ci- Ato n. 0 476, de 22 de fevereiro de 1945
dades do mesmo nome e jurisdição nos respec-
tivos munlcfplos. O Interventor Federal, Interino, no Estado,
tendo em vista a proposta do secretário de Agrl•
Art. 2.<> - São criados 9 cargos de juiz de cultura, Indú.strla e Comércio, resolve nomear o
Direito padrão "S" e l de juiz de Direito padrão agrônomo Ionl de Sã Barreto Sampaio, para
"P" e 10 carg& de Promotor Pú.bl!co, padrão exercer, Interinamente, o cargo de assistente,
"N". padrão "S", da 17.ª cadeira, da Escola Superior
de Agricultura de Pernambuco, Topografia,
Art. 3.º - Nas novas comarcas ttcam cria· Estradas, Hldrãullca Agrícola, Construções Ru-
dos todos os offclos de justiça e os cargos de rais, Desenho Topogrãflco, criado com o De-
preparador de juiz de Direito e adjunto de Pro- creto-lei n.o 1 056, art. 11, de 16 de outubro de
motor Pú.bl!co. 1944.
Parágrafo ú.nlco - Voltarão aos cartórios, (D.O. Pernambuco - 23-2-945).
ora restabelecidos, os arquivos que se acham
encorporados aos cartórios existentes nas co-
marcas r,ue foram anexos aos juizados anterior-
mente suprimidos. Os juízes providenciarão,
!mediatamente, para a entrega dos mesmos ar- RIO GRANDE DO NORTE
quivos aos respectivos serventuãrios.
Art. 4. 0 - No município de Nazaré da Mata Decreto-lei n. 0 361, de 31 de Janeiro de 1945
fica restaurado, anexo ao cartório do escrivão
de órfãos, crime, provedoria e resíduos, o 3.0 Prorroga o prazo para a entrega dos novos ma-
tabelionato. pas municipais
Art. s. 0 - Nos municípios de Cama.ratuba e O Interventor Federal no Estado do Rio
Taquarltlnga do Norte os ofícios de justiça Grande do ?llorte, usando da atribuição que lhe
!lcam distribuídos em dois cartórios: sendo o confere o artigo e.o, n.º V, do Decreto-lei fe•
J .0 privativo de órfãos, Interditos, ausentes e deral n.o 1 202, de 8 de abril de 1939, e conside-
menores abandonados; e o 2.0 privativo do re- rando a deliberação tomada pelo Conselho Na·
giSto de lmóve!a e hipotecas e do reatato de clonai de Geografia com a Resolução n.0 168,
~itulot e documentl:l!I parttcuta.res. de 18 de outub.-o <te 1944,
LEIS E RESOLUÇÕES 14'7

Decreta: ver as medldàs adequadas para a observância,


no que fOr apllcâvel, dos dispositivos referen-
Art. 1. 0 - Fica prorrogado para 31 de de· tes ao recebimento, aprovação e exibição dos re-
zembro de 1945, o prazo ~tipulado no Decreto- feridos mapas, de acõrdo com a Resolução n.0
lei estadual n.o 268, de 30 de dezembro de 1943 60, de 22 de julho de 1939, e bem assim, de acor-
(al!nea b do § 1.º do art. 2.º) para a entrega do com outras Instruções complementares que
dos novos mapas municipais pelas Prefeituras lhe encaminhar o Conselho Nacional de Geogra-
dos municlplos cujos âmbitos territoriais te- !la.
nham sofrido alteração na nova divisão admi- Art. 3. 0 - O presente decreto-lei entrará em
nistrativa do Estado. · vigor na data de sua publ1cação, revogadas as
Art. 2.º - Os mapas municipais, que obe- dlposlções em contrário.
decerão aos requisitos mlnlmos estabelecidos Natal, 31 de janeiro de 1945, 57. 0 da Repú-
pelo Conselho Nacional de Geografia (Resolu· bllca. - Antônio Fernandes Dantas. - Jo4o
çll.o n.º 3, de 29 de março de 1938), serão entre- Dtontsto Ftzguetra.
gues ao Diretório Regional do mesmo Conse-
lho nesta capital, ao qual cabe tomar e promo- (D.O. Rio Grande do Norte - 1-2-945).

-.-:- o Conselho Nacional de Geografia é constltufdo pelo "Diretório Central" na Capital


.,,... Federal, por um "Diretório Regional" em cada capital de Estado e por um "Dlretór1•
Mullliclpal" em cada Prefeitura.
Legislação municipal

,
Integra dos ·decretos, decretos-leis e demais
atos de interêsse geográfico
AMARANTE - (Plauf) Prefeitura Municipal de Amarante,· 4 de
abril de 1944. - Enoque Cícero e Silva, Prefeito
Decreto-lei n. o 3, de 4 de abril de 1944 Municipal. - Raimundo Borges de Santana,
Sec. Guarda-Livros.
Fixa os limites das zonas urbana e suburbana
da sede do município, para o qiUnqüénio (D. O. Piauí - 30-12-944),
de 1944-1948

O Prefeito Municipal de Amarante, usando


da atribuição que lhe confere o art. 12, n.o 1,
do Decreto-lei federal n. 0 1 202, de 8 de abril BEL~M - ~Parã)
de 1939,
Portaria n. o 90
Decreta: O Prefeito Municipal, usando de suas atri-
buições,
Art. 1. 0 - São fixados, no presente decreto-
lei, os limites das zonas urbana e suburbana da Resolve:
sede do município, para o qüinqüênio de 1944-
1948.
Art. 1.º - A flscal!zação da cobrança do
a) Zona urbana (Per!metro) - Tem por sêlo de Estatística, nos têrmos do Decreto-lei
limite a poligonal que, partindo da margem di- municipal n.o 124, de 24 de novembro de 1942,
rf\lta do rio Parnaíba, se prolonga, em alinha- deverá ser efetuada pela Fiscalização Municipal;
mento reto, pelo eixo da rua 10 de novembro, Parágrafo único - Os selos de Estatística
na extensão de 240 metros, e dêste ponto, ain- serão vendidos préviamente às casas de diver-
da em reta, rumo sul, até a intersecção dos sões pela Inspetoria Regional de Estatística, na
eixos das ruas Alvaro Mendes e Aníslo de Abreu, forma do Convênio Nacional de Estatística Mu-
seguindo, pela última. até seu cruzamento com nicipal de 1942;
a rua Coronel Borges; segue, por esta até en-
contrar-se com a rua 4 de Outubro, pelo eixo da Art. 2.0 - Os fiscais de diversões públicas
qual continua, rumo sul, na extensão de 98 me- lavrarão o competente auto de Infração nos ca-
sos de Inobservância do que prescreve o Decre-
tros; dando uma deflexão de 105º30, à direita, to-lei municipal n.º 124, de 24 de novembro de
avança, na extensão de 112 metros e, com outra 1942 e nos têrmos da Resolução n.o lBi. de 3 de
deflexão, à esquerda, de 90°, encontrará o eixo agôsto de 1944, da Junta Executiva Central do
da rua do Recreio, e, por esta. atinge a margem Conselho Nacional de Estatística, publicada no
do rio Parnaíba, a qual serve de limite ociden- Diálrio Oficial do Estado, de 12 de Janeiro de
tal da zona, desde o ponto de partida. 1945.
b) Zona suburbana (Perímetro) - Limita- Art. 3.º - Nos têrmos do § 11 do art. 2.0
da Lei municipal n.o 124, de 24 de novembro de
se com a zona rural por um alinhamento tirado 1942, os Infratores do Regulamento da cobrança
da confluência dos rios Canlndé e Pama!ba, a da "Taxa de Estatística", ficam sujeitos à multa
140 metros, a montante do limite meridional da de Cr$ 1 000,00 e demais penalidades previstas na
zona urbana, normalmente à Unha telegráfica Resolução n.º 186, do Conselho Nacional de
Amarante-Floriano; com o desenvolvimento de Estatística.
413 metros, continua e, defletindo 90º, à esquer-
da, prolonga-se até encontrar o rio Mulato, pela Art. 4. 0 - Esta portaria entrará em Vigor na
margem esquerda do qual avança até o rio Par- data de sua publicação, revogadas as disposições
naíba, cuja margem direita, nos trechos com- em contrário. ·
preendidos entre as confluências dos rios Mula- Cumpra-se.
to e Canindé e os limites da zona urbana, ao
norte e ao sul, respectivamente, fecha o perí- Gabinete do Prefeito Municipal de Belém,
metro. 12 de fevereiro de 1945. - Alberto Engelhard,
Prefeito.
Art. 2.0 - Revogat;!l-se as disposições em
contrário. (D.O. Pará - 15-2-945).
O secretário da Prefeitura, assim o faça
executar.
LEIS Jt RESOLUÇõES H9

.JAICóS - (Piauí) PAULISTANA - (Piauí)


Decreto-lei n.• 38, de 28 de setembro de 1944 Decreto-lei n. o 1, ile 17 de fevereiro de 1944.
Ftr:a os limites da& zonas urbana e auburbana Ftr:a oa limites das zonas urbana e suburbana
da aede do muntcipío, para o qUínq'ilénío da sede do munídpío para o qUinqUénto
1944-1948 1.944-1948
o Prefeito Municipal de Paulistana do Es•
O Prefeito Municip!LI de Jaic611, usando da tado do Piauí, usando da atribuição que lhe
atribuição que lhe faculta o art. 12, n.o 1, do confere o artigo 12, n. 0 1, do"Decreto-lel federal
Decreto-lei n.o 1 202, de 8 de abril de 1939, n. 0 1 202, de 8 de abril de 1939,
Decreta: Decreta:
Art. 1.º - São fixados, no presente decreto- Art. 1.0 - São fixados, no presente decreto•
lei, os !1mites das zonas urbana e suburbana da lei, os limites das zonas urbana e suburbana, da
sede do municlpio, para o qüinqüênio 1944· sede do município, para o qüinqüênio 1944-1948:
1948:
a) Zona urbana (Perímetro) - Partindo de
a) Zona urbana (Perímetro) - Parte da uma paralela ao eixo da rua Padre Joaquim Da·
margem direita da serra Jalcós por um alinha· masceno, distando desta 90 metros, desenvolve·
mento paralelo ao eixo da rua Desembargador se pelo eixo da rua da Correnteza, na extensão
João Mota, e distante deste 66 metros; desen- de 300 metros; dá uma detlexão de 90°, para a
volve-se, rumo sudoeste, na extensão de 540 me- direita, e avança 400 metros; detlete, novamen·
tros. onde faz uma deflexão, à esquerda, de 90° te, para a direita, em ângulo de 900 e prolon•
avançando 352 metros; dando nova deflexão à ge.-se por mais 300 metros; t!nalmente, com
esquerda, de 90°, desenvolve 570; deflete, ain- outra detlexão de 90º para a direita, segue até
da, à esquerda, 90° e prolonga-se até a· mar- alcançar o ponto de inicio da descrição dêste
gem direita da serra Jalcós, que serve de llmi· perlmetro.
te ao Eorte, entre êste ponto e o inicial.
b) Zona suburbana (Perímetro) - Parte da
b) Zona suburbana (Perímetro) - Da mar- margem direita do rio Canlndé, por uma paralela,
·gem direita da serra Jalcós, por um alinhamen- distando 150 metros da Unha urbana, que fica
to paralelo à linha meridional de limite da zona ao sul, distendendo-se na extensão de 470 me·
urbana e distante desta 196 metros, segue, na tros, onde faz uma deflexão de 90º para a direi·
direção sudoeste, atingindo o desenvolvimento ta, prolongando-se, até atingir a estrada de
de 866 metros; faz ai, uma deflexão de .90°, à ferro, a qual serve de linha perlmetral desta
esquerda, e avança com o comprimento de zona, na extensão de 300 metros; prosseguindo,
1 264 metros; sofre nova deflexão para a esquer- com o mesmo allnhamento da estrada de ferro,
da de 90º e, depois de desenvolver 866 metros, dá, desenvolve mais 350 metros; dá, então, uma
ainda uma deflexão de 90°, à esquerda, che- deflexão de 92º; para a direita, e prossegue até
gando até o ponto de partida desta descrição. encontrar o rio Canlndé, cuja margem direita
serve de limite, até o ponto de partida.·
Art. 2.0 - Revogam-se as disposições em
contrário. Art. 2.0 - Revogam-se as disposições em
contrário.
o secretário da Prefeitura o taça executar.
O secretário da Prefeitura assim o faça
Prefeitura Municipal de Jalcós, 28 de setem- executar.
bro de 1944. - Frutuoso Jusselíno da Silveira,
Prefeito Municipal. - Joaquim Nelito da Sil- Prefeitura Municipal de Paulistana, 17 de
veira, Secretário. fevereiro de 1944. - Raimundo Coelho Damas·
ceno, Prefeito Municipal. - Val/redo Coelho
(D.O. Plaui - 6-1-945), Damasceno, Secretário .

• (D.O. Piauí - 4-1-1945) .

....., .&OS aDIT6RES: itste "Boletim" não taz publicidade remunerada, entretanto reglstari 011
.,... comentari as contribuiç6es sôbre geografia ou de interêsse geogriflce que sejam enviadas
ao Conselho Nacional de Geografia, concorrendo dêsse modo para mais ampla difusão da bibliografia
referente à geografia brasileira.
Resoluções do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística

Conselho Nacional de- Geografia


Diretório Central
Ementário das Resoluções aprovadas pelo Diretório Central em 1944
Resolução n.o 150, de 31 de janeiro de 1944: Resolução n.o 162, de 3 de outubro de 1944:
Fixa. o orçamento do conselho pa.ra. 1944. Estabelece a adesão do Clonselho ao "Ins-
tituto Internacional de Estudos Afro-Ame·
Resolução n.0 151, de 31 de Janeiro de 1944: rlcanos".
Reajuste. o quadro da. divisão regiona.! do
Brasil, em face da criação de novos Territó-
rios Federais e dá outras providências. Resolução n. 0 163, de 3 de outubro de 1944:
Estabelece o lntercàmbio cultural com o
Resolução n. 0 152, de 3 de fevereiro de 1944: "Instituto Nacional de Investigações Geo-
Dispõe sõbre o quadro do pessoal do Con- grá,f1cas" da Universidade da República do
Uruguai.
selho.
Resolução n.o 153, de 18 de fevereiro de 1944: Resolução n. 164, de 3 de outubro de 1944:
Faz transferência de verbas orçamentária.s.
Concede uma autorização.
Resolução n.º 154, de 1 de abril de 1944: Resolução n. 0 165, de 3 de outubro de 1944:
Dispõe sôbre a organização da II Reunião Dispõe sôbre a liquidação dM despesa.s
Pan-Americana de Consulta sôbre Geogra- com a. realização da. II Reunião Pa.n-Ame-
fia e Cartografia.. rlcana de Consulta. sôbre Geografia. e Ca.r-
togta.fla.
Resolução n. 0 155, de 18 de abril de 1944:
Dispõe sôbre uma Missão Cultural. Resolução n.o 166, de 3 de outubro de 1944:
Dispõe sôbre o pessoal do Conselho.
Resolução n.o 156, de 18 de abril de 1944:
Formula en<;arecido a.pêlo ao ministro da. Resolução n.º 167, de 3 de outubro de 1944:
Educação e Saúde sôbre o ens~o superior Formula agradecimentos e aplausos pelo
da Geografia. êxito da realização da II Reunião Pan-
Resolução n.º 157, de 3 de maio de 1944: Americana de Consulta. sôbre Geografia e
P,romove o adiamento da realização da. Cartografia.
Assembléia Geral do Conselho relativa. ao
corrente ano. Resolução n.º 168, de 18 de outubro de 1944:
Promove a prorrogação do prazo para a
Resolução n.o 158, de 18 de ma.lo de 1944: entrega dos novos mapas municipais.
Aprova a Indicação do nome do Dr. Luls
Palmler para Integrar o Corpo de Consulto- Resolução n.o 169, de 18 de outubro de 1944:
res Técnicos do Estado do Rio de Janeiro. Autoriza a recatalogação dos livros da Bi-
blioteca Central do Conselho.
Resolução n.º 159, de 19 de junho de 1944:
Modifica um artigo da Resolução n. 0 164, de Resolução n.º 170, de 18 de outubro de 1944:
18 de abril de 1944, referente à constituição Aprova a participação do Conselho no "I
da delegação brasileira à II Reunião Pan- Congresso Econômico do Oeste Brasileiro".
America.na de Consulta. sôbre Geografia e
Ce.rtogre.fla. Resolução n.º 171, de 3 de novembro de 1944:
Resolução n.o 160, de 19 de Julho de 1944: Designa o representante do C. N. G. no
Aprova. a. proposta. do orçamento do Cons11· Conselho da "Sociedade Interamerlcana de
lho para 1945. Antropologia e Geografia".

Resolução n.o 161, de 3 de outubro de 1944: Resolução n.o 172, de 20 de novembro de 1944:
Amplia a Comissão diretora da ":Biblioteca Dispõe sôbre a viagem ao estrangeiro do
Geográfica Brasileira" e elege o seu novo diretor técnico dos serviços geodésicos e
membro titular. astronômicos do Conselho.
LBIS E RBSOLUÇOBS 151

Resolução n.o 173, de t de dezembro de 1944: Resolução n .o 175, de 4 de dezembro de 1944:


Estabelece a participação do Conselho no Dlllpõe eõbre a colabOração do conselho noe
cuno de f6r1ae de 1945, organizado pela trabalhoa de levantamento da reglão llmi•
Associação Braellell'a de Educação para os trofe entre oa Eatadoe de Alagoaa e Per- ·
· professõres primf.rloli do pa1a. nambuco.
Res.olução n.º 174, de 4 de dezembro de 1944:
Coloca sob o patrocinio do Conselho o Resolução n.o 176, de 18 de dezembro de 1944:
estAsto no BraeU de 2 profeuõrea de Geo- Dlllpõe eõbre o encerramento do orçamento
srafia do Uruguai. em 1944.

lnregra das Resoluções . n.08 tzt a H6


ResoluÇão n.0 171, de 3 de novembro de 194'
Designa o representante do e. N. G .•no Conselho da Sociedade Inter-Americana
de Antropologia e Geografia

O Diretório central do Conselho Nacional .selho da Sociedade Inter-Americana de Antro-.


de Geografia, no u.so das suas atribuições, pologla e Geografia.
Considerando que o reguiamento da Bocie·
dade Inter-Americana de Antropologia e Geo- Rio de Janeiro, em 3 de novembro de 1944,
grafia, da qual ·O Conselho faz parte, prevê que ano IX do Instituto. - Conferido e numerado.
as instituições fllladaa designam membroa para Orlando Valvercte, Secretàrlo Assistente. - Visto
o seu Conselho; e rubricado. Chrt,tovam Leite d.e Ca,itro, Se-
RESOLVE: cretàrlo Geral do Conselho. - Publique-se. Jo'd
Artigo úntoo - Fica designado o Prof. Jorge carloa de Macedo Soarea, Presidente do Ins-
Zarur para repre.entar a Instituição no Con- • tituto.

Resolução n.0 1'72, de 20 de novembto de 19'4


Dfsp6e sôbre a viagem ao estrangeiro do diretor técnico
dos serviços geodésicos e astronômicos do Conselho

O Diretório central do conselho Nacional Art. 3.0 - Picam asseguradas ·· ao' me8mo
de · Geografia, no uao dae suas atribuições, professor as vantagens que aufere no conselho
Considerando que o estàglo do profesaor por dirigir técnicamente os serviçoa geodéslcoa
AUrlo Buguene7 de Matoe, no U. S. Geodetlo e astronõmlcos, e bem assim a ajuda de éuato.
Surve7, a oonvtte, decorreu dos estendimentOB de seis mil cruzeiros.
que o conselho teve com as autoridades e téc· Art. 4. 0 - O Conselho custearà as despesas
nlcoa norte-americanos a propósito do desenvol- a que o professor Allrlo de Matos fôr obrigado
vimento das atividades geogrã!lcae no Brasil; a fazer no desempenho doa encargos que ora
lhe são cometidos, as quais deverão ser devi-
RESOLVE: damente comprovadas e não ultrapassar a lm•
portàncla de dez mil cruzeiros (Cri 10 000,00).
Art. 1.0 - Pica autorl.zado o eatl.gio nos Art. 5. 0 - A Secretaria fica autorizada a
Estados . Ul).ldos ao Prof. Alirio Huguene7 de efetuar os pagamentos previstos no art. 3.•
Matos, diretor técnico doa serviços de Geodésla antecipadamente, dando-lhe a !orma adequada.
e de Astronomia de CatnPO, pelo ptaZo de seis
m·eses, salvo prorrogação se assim ae evidenciar Art. 6.0 - Do desempenho da m!esão que o
necessãrlo . · Conselho ora lhe confere, o protP-e.sor Allrio
H1.1g14eney de M'atl.l& deveré. aprestontar ctn-
Art. 2. 0 - Caberã ao referido prores.,or cur..stan".'la.t!o rela tório.
estabelecer nos Estados Unidos entendimentos
com aút.orlde.des e técnicos, em nor.1e elo Con- Rlo de Janeiro, 20 de novembro de ·1944,
selho e de acôrdo com as Instituições da sua ano IX do Instituto. - Oonter:do e numerado ...
Orlando Valverde, Secretário Assistente. - Visto
direção, relati vos BOEo ;;orogramas de trabalho cio e rubricado. Chrlatovam Leite d.e Caatro, Se-
Col'll!clb '), ol:-Jet!vando medld88 que iacfütem a cretf.rlo Geral do conselho. - Publlque-se . José
i.::-:ecli,'\,r, ~ê,;se.s progr•maa nt.-;, só Q.Wlnto ao Carl°' de Macedo Soaru, Presidente do Ina-
>J~ai. como to.mbém quanto il.O material. titut.o.
152

Resolução n.0 173, de 4 de dezembro de 1944


Estabelece a participação do Conselho no Curso de Férias de 1945,
organizado pela Associação Brasileira de Educação
para os professôres primários do país

O Diretório Central do Conselho Nacional Art. 2. 0 - A repartição central do Conselho


de Geografia, no uso das suas atribuições, efetivara!. a participação do Conselho Nacional
Considerando a solicitação que lhe fêz a de Geografia no ·curso de 1945, organizando
Associação Brasileira ele Educação; qulnRle palestras radlofOnlcas, obedientes ao
Tendo em vista a Importância.· da difusão tema geral "Fontes de vida do Brasil", em as
dos conhecimentos geográflC04i no melo pro- quais serão abordadas questões fundamentats
fessoral do pais; da Geografia Econômica do Brasil. ·
RESOLVE: Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 1944,
ano IX do Instituto. - Conferido e numerado.
Art. 1.• - O Conselho expressa à Associação Orlando Valverde, Secretai.rio Assistente. - Visto
Brasileira de Educação caloroso aplauso à Ini- e rubricado. Chrtstovam Leite de Castro, Se-
ciativa, tão expressiva e fecunda, da realização cretai.rio Geral do Conselho. - Publique-se. Jos~
do Curso de Férias para os professOres prima!.· Carlos de Macedo SoareB, Presidente do lns·
rios do pais. tltuto.

Resolução n.0 174, de 4 de dezembro de 1944


Coloca sob o patrimônio do Conselho o estágio no Brasil
de dois professôres de Geografia do Uruguai
O Diretório Central do Conselho Nacional proporcionar o contacto com geógrafos brasi-
de Geografia, no uso das suas atribuições, leiros, a visita a repartições e serviços especia-
Considerando o alto significado do Inter- lizados, o conhecimento minucioso da organi-
câmbio cultural entre os geógrafos dos paises zação da Geografia brasileira e do seu ensino,
vizinhos; a excursão a regiões do pais de lnterêsse, o
Tomando no melhor aprêÇO a solicitação do fornecimento de documentação geogràflca ade-
Instituto Nacional de Investlgaclones Geogra- quada.
flcas da Universidade de Montevldéu;
Art. 3. 0 - Além da bibliografia prevista no
RESOLVE: artigo anterior, a Secretaria do Conselho forne-
cera!. publicações do Conselho para distribuição
Art. 1.• - O Conselho Nacional de Geografia a geógrafos, técnicos especializados e professo-
manifesta todo o seu aplauso e simpatia ao res de Geografia, do Uruguai, de acôrdo com os
Instituto Nacional de Investlgaclones Oeogràfl- entendimentos que sõbre o assunto terá com
cas da Universidade de Montevldéu pela Inte- os prOfessõres estagiários, objetivando a difusão
ressante e oportuna Iniciativa de enviar ao da Geografia brasileira no melo cultural espe-
Brasil professOres de Geografia do Uruguai, da ctallzado da Importante República Irmã'.
qual se podem esperar ·certamente os mais Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 1944,
fecundos resultados de ordem cultural, em uma ano IX do Instituto. - Conferido e numerado.
feliz ambiência de confraternização. Orlando Valverde, Secretai.rio Assistente. - Visto
Art. 2. 0 - O Conselho coloca sob os seus e rubricado. Chrtstovam Lette de Castro, Se-
auspiclost o estàglo no Brasil dos dois professo- cretai.rio Geral do Conselho. - Publique-se. Jos~
res de Geografia do Uruguai, cuja vinda o refe- Carlos de Macedo Soares, Presidente do Ins-
rido Instituto promoveu, com. o objetivo de lhes tituto.

Resolução n.0 175, de 4 de déZembro de 1944


Dispõe sôbre a colaboração do Conselho nos trabalhos de levantamento da
região limítrofe entre os Estados de Alagoas e Pernambuco

O Diretório Central do Conselho Nacional Art. 2. 0 - ' - Para o desenvolvimento dos tra·
de Geografia, no uso das suas atribuições, balhos da ComlssãQ Mista, o técnico do Conse-
Considerando as solicitações dos Governos lho pode efetuar ou autorizar despesas até três
dos Estados de Pernambuco e Alagoas e as suas mil cruzeiros mensais, cujo pagamento se pro-
louvai.veis disposições para a fixação da linha cessa.rã na forma usual, por conta da verba
llmltrofe; orçamental.ria relativa à "Assistência técnica. aos
órgãos regionais".
RESOLVE: Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 1944,
ano IX do Instituto. - Conferido e numei;ado.
Orlando Valverde, Secretai.rio Assistente. - Visto
Art. 1.0 - Fica confirmada a designação e rubricado. Chrtstovam Leite de Castro, Se-
do técnico do Conselho, Alolslo Ferreira Lira, cretai.rio Geral do Conselho. - Publique-se. José
para servir na Com!s.são Mista de Limites entre Carlos de Macedo Soares, Presidente do Ins-
os Estados de Pernambuco e Alagoas. tituto.
LEIS E Rl'.:SOLUÇõES 153

Resolução n.0 176, de 18 de dezembro de 1944


Dispõe sôbre o encerramento do orçamento de 1944

O Diretório Central do Conselho Nacional escrituração, as despesas referidas no artigo


de Geografia, no uso de sua.s atribuições, anterior, a serem pagas por conta do orçamento
Considerando as necessidades dos serviços; do atual exercício, devidamente processadas e
classificadas por \'erbas orçamentárias rigorosa-
RESOLVE: mente de acôrdo com a natureza da despesa.
Art. 1.0 - - Fica autorizada a utlUzação dos Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 1944,
saldos finais existentes em verbas do orçamento ano IX do Instituto. - Conferido e numerado.
\'1gente do Conselho, no pagamento das despe- Orlando Valverde, Secretârio Assistente. - Visto
sas compromlssadas referentes às \'erbas que e rubricado. Christcn>am Leite de Castro. Se-
!orem deficientes. cretário Geral do Conselho. - Publlque-se. Jo.!é
Art. 2." - A Secretaria Geral do Conselho carlos de Macedo Soares, Presidente do Ins-
encaminharâ ao Instituto, para a conveniente tituto.

~ Concorra para que o Bra.sll !e.la geõgraficamente bem represeht&do, en'fiAndCI' ao Conselho
...,- Nacional dr. Geografia informações e mapas que passa1i. ser d~ utUidad"' 1 uon '-'llição
da Carta Geogrifi<:a do Brasil ao Milionésimo, qu~ o Conselho e·;tá ealior~do.
Diretórios Regionais
RIO DE JANEIRO
fnlegra das Resoluções n.ºª t 4 a 20
Resolução n.o 14, de 29 de fevereiro de 1940 Resolução n.º 16, de 29 de fevereiro de 1940
Diretório Regional do Conselho Nacional de
O Diretório Regional do Conselho Nacional Geografia no Estado do Rlo d" Janeiro, usando
de Geografia, no Estado do Rio de Janeiro, das s'uas atribuições, especialmente da que lhe
usando das suas atribuições, especialmente da é conferida pelo art. 2. 0 da Resolução n. 0 8,
que lhe é conferida pelo r<rt. 2." da Resolução de 15 de julho de 1937, da Assembléia Geral do
n. 0 8, de 15 de julho de 1937, da Assembléia Conselho N!!cional de Geografi'l;
Geral do Conselho Nacional de Geografia; Considerando os têrmos da proposta enviada
Considerando os têrmos da proposta enviada pelo Diretório Municipal de Angra dos Reis;
pelo Diretório Municipal de Bom Jardim;
RESOLVE:
RESOLVE:
Artigo único - Fica aprovada a proposta
Artigo único - Fica aprovada a proposta formulada pelo Diretório Municipal de Angra
formulada pelo Diretório Municipal de Bom dos Reis, para que os Srs. Lincoln Correia da
Jardim, para que os senhores Altlno Reis, Pedro Sllva Júnior, Hlldebrando de Sousa Tenórlo,
Hugo Folly e senhoras Maria Arce dos Santos Francisco Eleutério de Araújo, Alberto Coelho
e Maria Aurea Rodrigues Erthal constituam o dos Santos, Sotero de Sousa Llma, Casimiro
Corpo de Informantes Municipais, junto ao Braullno Barra, Salomão Pedro Reseck, Ar·
referido Diretório Municipal. nauld Gomes Brugger, Armando Carvalho Jor-
Niterói 29 de fevereiro de . 1940, ano V do dão, Antônio Carvalho Miranda, Eduardo Steel,
Instituto. - Conferido e numerado. Murilo Antônio Macedo Costa e Gumercindo Bouchar-
Guedes, Secretário Assistente. - Visto e rubri- dait constituam o Corpo de Informantes Muni-
cado. Luís de Sousa, Secretário do Diretório. cipais, junto ao referido Diretório Municipal.
- Publlque-se. Caot. Hélio de Macedo Soares N\teról 29 de fevereiro de 1940, ano V do
e Silva, Presidente - do Diretório Regional. Instituto. - Conferido e numerado. Murilo
Guedes, Secretário Assistente. - Vlst.o e rubri-
cado. Luís de Sousa, Secretário do Diretório.
- Publlque-se. Capt. Hélio de Macedo Soares
Resolução n,o 15, de 29 de fevereiro de 1940 e Silva, Presidente do Dlretórlo Regional.
O Diretório Regional do Conselho Nacional
de Geografia no Estado do Rio de Janeiro,
usando das suas atribuições, especialmente da
que lhe é conferida pelo art. 2. 0 da Resolução Resolução n. 0 17, de 29 de fevereiro de 19'0
n.o 8, de 15 de Julho de 1937, da Assembléia O Diretório Regional do Conselho Nacional
IJ:eral do Conselho Nacional de Geografia; de Geografia no Estado do Rlo de Janeiro,
Considerando os têrmos da proposta enviada usando das suas atribuições, especialmente a
pelo Diretório Municipal de Santo Antonio de que lhe é conferida pelo art. ~-º da Resolução
Pádua; n.º 8, de 15 de julho de 1937, da A.ssembléla
Geral do Conselho Nacional de Geografia;
RESOLVE: Considerando os têrmos da proposta enviada
pelo Diretório Municipal de Majé;
Artigo único - Fica aprovada a proposta
formulada pelo Diretório Municipal de santo RESOLVE:
Antônio de Pádua, para que os Srs. José La-
vaqulal Biosca, Gambeta Perlssé, José Batista, Artigo único - Fica aprovada a proposta
Antônio Ferreira Toscano, Martins de Faria formulada pelo Diretório Munlc'.pal de Majé,
Blank, Vicente de Castro, Manuel Pereira de para que os Srs. Agenor Pinto da Silva Coelho,
Barros, Lauro de Abreu Sodré, José Balrral, Domingos Correia Laje, João Bruno, Valdemar
Ataíde Balrral Alceu Bóechat, Geraldlno Atlan- Colombo Garcia, José Ferreira Campos, Alvaro
tlno Ludolff, júJlo César Marques, Pedro Pinto, Teixeira ?luto, Joaquim José Ferreira, Paulino
Rubem cunha, Lafalete de Abreu Campanário, Rosa Vivas, José Antonio Ribeiro, Bernardino
Hastfnfllo Barbosa Neto e senhoras Francisca Martins Néri, Paulo Barenco, Alfredo França
Pena do Amaral, Jacl Condé, Corlnta Melo Vieira; Mário Brito, Pasqual de Luca e Durval
Simão e Palmira Marques constituam o Corpo de Meneses contituam o Corpo de Informantes
de Informantes Municipais, junto ao referido Municipais, junto ao referido Diretório Muni-
Diretório Municipal. cipal.
Niterói 29 de fevereiro de 1940, ano V do Niterói 29 de fevereiro de 1940, ano V do
Instituto. - Conferido e numerado. Murilo Instituto. - Conferido e numerado. Murilo
Guedes, &>cretárlo A.sslstente. - Visto e rubri- Guedes, Secretário Assistente. - Visto e rubrl-
cado. Luf,, de Sousa, Secretário do Diretório. cad'J. Luís de Sousa. Secretário do Diretório.
- Publlque-se: Capt. Hilio de Macerlo Soares --· Publique-se. Capt. Hélio de Macedo soare&
e Silva, Presidente do Dlretérlo Regional. e Silva, Presidente do Diretório Regional.
LEIS E RESOLUÇÕES 155

Resolução n. 0 18, de 27 de fevereiro de 1940 Sebastião Meireles e a Sra. Clar!nda DamascenA


constituam o Corpo de Informantes Municipais,
o Diretório Regional do Conselho Nacional junto ao referido Diretório Municipal.
de Geografia no Estado do Rio de Janeiro,
usando das suas atribuições, especialmente da Niterói, 27 de fevereiro de 1940, ano V do
que lhe é confer:da pelo art. 2. 0 , da Resolução Instituto. - Conferido e numerado. Murilo
n.º 8, ·de 15 de julho de 1937, da Assembléia Guedes, Secretário Assistente. - Visto e rubri-
Geral do Conselho Nacional de Geografia; cado. Luís de Sousa, Secretário do Diretório.
Considerando os têrmos da proposta enviada - Publique-se. Capt. Hélio de Macedo Soares
pelo Diretório Municipal de Cantagalo; e Silva, Presidente do Diretório Regional.

RESOLVE:
Artigo único - Fica aprovada a proposta ·Resolução n. 0 20, de 27 de fevereiro de 1940
formulada pelo Diretório Municipal de Canta-
galo, para que os Srs. Januário Pinto de Freitas O Diretório Regional do Conselho Nacional
Júnior, Sebastião Serafim Huggin, João Beline de Geografia, no Estado do R!o de Janeiro,
Salgado, Jalr de Andrade, João Gomes de Al· usando das suas atribuições, especlalmente da
melda, Manuel Marcelino de Paula e Ipres Faria ·que lhe é conferida pelo art. 2. da Resolução
0 ,

constituam o Corpo de Informantes Municipais, n. 0 8, de 15 de julho de 1937, da Assembléia


junto ao referido Diretório Municipal. Geral do Conselho Nacional de Geografia;
Considerando os têrmos da propoeta enviada
Nitetól, 27 de fevereiro de 1940, ano V do pelo Diretório Municipal de Itaocara;
Instituto. - Conferido e numerado. 1"1urilo
Guedes, 8€cretàrlo Assistente. - Visto e rubri- RESOLVE:
cado. [.~Lfs de Sousa, Secretário do Diretório.
- Publique-se. Capt. Hélio de Macedo Soares Artigo único - Fica aprovada a proposta
e Silva, Presidente do Diretório Regional. formulada pelo Diretório Municipal de Itaocara,
para que os Srs. Aristauzlro Ferreira, Humberto
F. Dias, Capt. Pedro J. da Cunha, Atallba
de s. Marinho, Antônio Domingos Nicolau, El!as
Resotuçãa n.º 19, de 27 de fevereiro de 1940 Saly, Antônio Correia da Rocha. Almer!ndo
Jacinto de Melo, Antenor Nogueira Mala, Antô-
O Diretório Regional do Conselho Nacional nio Francisco Pereira, Durval Otllio S. Pinto,
de Geografia no Estado do Rio de Janeiro, Elias Carvalho s. Gama, Antônio Vieira S.
usando das suas atribuições, especialmente da Lima, Sinval Odorico de Toledo, Ablsleu Ferreira
que lhe é conferida pelo art. 2. 0 , da Resolução de Oliveira, Pergentino Rocha, Manuel Lugão e
n.º 8, de 15 de julho de 1937, da Assembléia Manuel Simão Sobrinho constituam o Corpo
Geral do Conselho Nacional de Geografia; de Informações Municipais, junto ao referido
Considerando os térmos da proposta enviada Diretório Municipal.
pelo Diretório Municipal de Mlracema:
Niterói, 27 de fevereiro de 1940, ano V do
RESOLVE: Instituto. - Conferido e numerado. Murilo
Guedes, Secretário Assistente. - Visto e rubri-
Artigo único - Fica aprovada a proposta cado. Luís de Sousa, Secretário do Diretório.
formulada pelo Diretório Municipal de Mlra- - Publique-se. Capt. Hélio de Macedo Soares
cema, para que os Srs. Henrique Soares Alvim, e Silva, Presidente do Diretório Regional.

~ Se precisar de alguma informação sôbre a geografia do Brasil, dirija-se at' Conselho


...., Nacional de Geo111·afia, que o atenderá prontamente - se a consHlt>i J\Zo tôr de
caráter sigiloso.

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