Aula 3: Marés: Variabilidade de Seus Valores Medições Previsões e Sua Importância para As Áreas Costeiras
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Meta
Objetivos
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Geomorfologia Costeira
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Aula 3 • Marés: variabilidade de seus valores; medições; previsões e sua importância para as áreas costeiras
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Geomorfologia Costeira
Exemplificando:
O fenômeno verificado no estado do Rio Grande do Sul, onde fren-
tes frias são responsáveis por empilhamentos de água sobre seu litoral,
é chamado de maré meteorológica (Figura 3.1) e deve-se ao efeito de
Ekman, que será visto em detalhe na aula sobre correntes.
O efeito de Ekman interfere na camada superficial de água sob a ação do
vento, promovendo um deslocamento resultante para 90º à esquerda da dire-
ção do vento no hemisfério sul. Esse efeito pode se associar às características
do litoral do RS, que se localiza em médias latitudes (acima de 30ºS), onde as
amplitudes de marés não são tão proeminentes, e que apresenta configuração
litorânea bastante retilínea e de orientação geral nordeste-sudoeste. Quando
há passagem de frentes frias de sul para norte, marés meteorológicas sobre o
litoral acabam sendo produzidas por conta do efeito de Ekman. Logicamente,
a periodicidade desse fenômeno depende tanto da frequência de entradas de
frentes frias quanto de suas durações e intensidades.
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Além dos valores que as marés alcançam em altura, outro aspecto não
menos importante a ser considerado em um litoral é a própria frequência
das marés altas e baixas durante aproximadamente um dia. Em função
disso, as marés são classificadas em semidiurnas, diurnas e mistas.
No litoral brasileiro, ocorrem duas marés altas e duas baixas em
aproximadamente um dia. Marés desse tipo, com dois ciclos de maré
baixa e alta num dia, são denominadas semidiurnas. Quando, no litoral,
ocorre um único ciclo de preamar e baixa-mar em cerca de 24 horas, as
marés são classificadas como diurnas.
Em determinadas circunstâncias, o fenômeno se verifica de modo
que as preamares e as baixa-mares sucessivas diferem muito quanto ao
nível que suas águas alcançam e a sua periodicidade, qualificando-se,
então, as chamadas marés mistas.
O que determina os tipos de maré em um dado local é a sua frequência,
fixada pela relação das componentes diurnas e semidiurnas dos as-
tros (Terra/Lua/Sol), ou seja, as posições que os astros ocupam entre
si durante o dia, bem como os recortes dos continentes que alteram a
direção dos fluxos d’água associados ao fenômeno. Se as componentes
semidiurnas prevalecem, observam-se marés semidiurnas, como as en-
contradas na maior parte das costas do oceano Atlântico. Se as compo-
nentes diurnas dominam, têm-se marés diurnas, como encontrado nas
costas do oceano Pacífico Ocidental. Quando as duas componentes se
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Geomorfologia Costeira
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Geomorfologia Costeira
(pois a onda de maré já passou) vá para Vitória, onde ela ainda está subindo
e, depois, vá para o Rio de Janeiro, e assim por diante. Além dos horários
serem diferentes, os níveis de maré em cada lugar não serão iguais, pois en-
tram nessa relação os fatores locais. A água que estava em Salvador não irá
para Vitória e depois para o Rio de Janeiro, e sim o movimento vibratório.
Teoricamente, no meio das bacias, haverá um ponto onde o nível de
maré não irá variar, que é denominado ponto anfidrômico.
A seguir, na Figura 3.3, em decorrência de pesquisas sobre marés no
oceano Atlântico Sul (Mesquita, 1997), são observados dois pontos anfi-
drômicos para a componente de maré. Um ponto anfidrômico localiza-se
na área central do Atlântico Sul, e outro, próximo à cidade de Rio Grande.
Ligam-se a esses pontos linhas cotidais, que representam ondas de maré de
mesma fase da propagação. Em cada linha, há uma numeração crescente,
que indica os posicionamentos da crista da onda de marés de hora em
hora. Essas ondas se propagam em torno dos pontos anfidrômicos, levan-
do cerca de 12 horas para completar um giro. Esses giros se estabelecem no
sentido anti-horário no ponto central do Atlântico Sul e horário nas ime-
diações de Rio Grande, representados por setas curvilíneas dispostas ao
redor dos pontos. O encontro de suas linhas cotidais acaba por influenciar
a maré da região sudeste. Esse tipo de gráfico, mostrado na Figura 3.3, é
usado para mostrar o deslocamento da maré ao redor das bacias.
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Atividade 1
Atende ao objetivo 1
3. Por que, no litoral, dois lugares próximos entre si não têm os mes-
mos valores em suas marés?
Resposta comentada
1. Porque os astros não estão parados. A cada dia, eles assumem nova
posição em suas órbitas.
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Régua de maré
Marégrafo a flutuador
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Marégrafo à pressão
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baía ou em mar aberto. Como o nível do mar varia, em cada local, com a
maré, a altura da coluna d’água e seu peso sobre um marégrafo também vão
variar. Para cada posição do nível das águas, na subida e descida da maré,
haverá um valor correspondente à altura e, consequentemente, de pressão
(peso) da coluna d’água, que será captado e registrado pelo equipamento.
Esse equipamento tem todo um aparato de uso. São necessários um
barco e pessoal especializado para lançá-lo ao mar. Fazem parte do ma-
régrafo, além de seus apropriados sensores, outros objetos e equipamen-
tos que o mantêm preso ao fundo e propiciam seu resgate em superfície.
Na Figura 3.6, são mostrados o console de comunicação e o transdutor
que servem para localizá-lo e resgatá-lo; o marégrafo e o liberador acús-
tico, que é acionado para desprendê-lo do fundo do mar, onde foi preso
por uma poita (peso fixador).
Luiz Saavedra
Figura 3.6: Console de comunicação (esquerda); transdutor (centro); detalhe da
poita com o marégrafo à pressão em cima e o liberador acústico no chão (direita).
Previsão de marés
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sua parte imersa, abaixo da linha d’água, denominada calado, pode chegar
a 20 metros de profundidade ou mais, se os navios estiverem carregados.
No endereço http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-previsao-ma-
re/tabuas/ encontram-se tábuas de maré dos principais portos do
Brasil. Basta escolher o porto, o mês e o ano, e aparecerá uma tabela
com a fase da lua, data, hora e alturas nas preamares e baixa-mares.
Luiz Saavedra
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Tabela 3.1: Tábua de maré do Porto do Rio de Janeiro – Ilha Fiscal (Estado do
Rio de Janeiro) no período de janeiro de 2014
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Atividade 2
Resposta comentada
a) Indicar qual a fase da lua nos dois dias escolhidos e fazer uma rela-
ção dos valores encontrados na tabela de maré (no endereço indicado).
b) Sim. Esta data (a 1ª ou a 2ª) corresponde à ocorrência de marés de
sizígia, que são as de maior amplitude.
c) As maiores marés ocorrerão nos portos de latitude mais baixa (mais
próximos do Equador), onde a influência dos astros é maior.
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Figura 3.8: Em dois litorais próximos com mesmo valor de variação de maré,
aquele de topografia mais baixa terá maior largura de litoral (a faixa do litoral
entre A e B é menor do que em C e D).
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Geomorfologia Costeira
As correntes de maré
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Figura 3.9: Esquema mostrando a água salgada mais densa avançando por
baixo da água doce, quando da subida da maré.
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Implicações na mudança de
posição da ação das ondas
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Elas penetram no continente, por rios e canais, com suas cristas contí-
nuas, de margem a margem, com velocidades que podem atingir 15 a 25
Km/h. Esse fenômeno, que no Brasil é chamado de pororoca, acontece
em litorais onde também ocorrem marés de grande amplitude.
Esse evento resulta do confronto de forças entre a maré e o fluxo de
água fluvial. Na baixa-mar, o nível de maré recuando permite que seja
acelerado o fluxo de saída da água fluvial. Na medida em que a maré co-
meça a subir, suas águas vão sendo retidas e empilhadas pelo fluxo fluvial
continental, que gradativamente também começa a perder força. Há um
confronto, um jogo de forças entre as duas massas de água, que tem fluxos
em direções opostas. A partir de um momento crítico, a força da maré
suplanta a força do fluxo continental. É como se uma barragem tivesse
sido rompida. O mar avança forte no bojo de uma onda, que é a água se
projetando para o interior do continente. Esse rompimento de equilíbrio
produz também um forte som, como se tivesse acontecido o estampido
de uma grande trovoada. A ocorrência desse fenômeno produz também
ações similares à que ocorre em uma torrente num canal fluvial; só que o
sentido do fluxo é ao contrário. Há forte erosão no fundo e nas margens
dos canais por onde sobem essas ondas com alta energia.
Surfando na pororoca
Conclusão
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Geomorfologia Costeira
Atividade final
Atende ao objetivo 3
1. Quais das lagoas citadas têm seus níveis relacionados ao mar e são
afetadas pela entrada de água salgada, quando da ocorrência de marés
altas: Lagoas dos Patos (RS), Lagoa da Conceição (SC), Lagoa Rodrigo
de Freitas (RJ), Lagoa de Jacarepaguá (RJ) e Lagoa de Araruama (RJ) ?
Resposta comentada
1. Todas as lagoas citadas têm ligação com o mar e são afetadas pela maré.
Resumo
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Referências
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