Linguagem Jurídica: Professora
Linguagem Jurídica: Professora
Linguagem Jurídica: Professora
Jurídica
PROFESSORA
Drª Daniela Polla
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Reitor
Wilson de Matos Silva
Drª Daniela Polla
http://lattes.cnpq.br/2030498991839856
LINGUAGEM JURÍDICA
Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
ce. Aproxime seu dispositivo móvel
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA
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35
A GRAMÁTICA
CARACTERIZAÇÃO
DA LINGUAGEM
JURÍDICA
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63 4 91
FATORES DE A
TEXTUALIDADE: COMUNICAÇÃO
COESÃO E NO ÂMBITO
COERÊNCIA JURÍDICO
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A ARGUMENTAÇÃO
E SUAS MARCAS
LINGUÍSTICAS
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A Caracterização
da Linguagem
Jurídica
Drª Daniela Polla
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Linguagem Jurídica
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Linguagem
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UNIDADE 1
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UNIDADE 1
sanar o conflito, foi necessário lançar mão de processos mais amplos, como a lin-
guagem não verbal da pintura, para solucionar o impasse jurídico do caso Keane.
NOVAS DESCOBERTAS
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sua vez, o estilo seria a forma, a qualidade, o aspecto estético das formas as quais
selecionamos, na intenção de compor os nossos enunciados. O estilo, então, avalia
a qualidade estética do texto como um todo (CUNHA; CINTRA, 2013).
A Linguagem Varia
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UNIDADE 1
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PENSANDO JUNTOS
Então, estudante, será que é tarefa do operador do Direito empregar, em todas as situa-
ções de comunicação, o português padrão culto? Será que, em algumas situações, não
seria relevante o jurista aproximar o seu nível de linguagem da variante linguística usada
pelo seu cliente? Pense que esse cliente é, provavelmente, uma pessoa leiga, que, muitas
vezes, mal compreende o idioma em si, quanto mais o vocabulário jurídico.
Temos a chance de perceber, assim, o fato de que a língua padrão (aquela que é
acessível e, gramaticalmente, correta), apesar de ser uma das muitas outras varia-
ções do idioma, “é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como
norma, como ideal linguístico de uma comunidade” (CUNHA; CINTRA, 2013, p.
4). Desse modo, ela exerce uma espécie de força coercitiva em relação às demais
variantes do português. Ocorre, então, a atribuição de mais prestígio para a língua
padrão em relação à língua popular.
Essa coerção, no âmbito jurídico, é ainda mais ampla, porque é tutelada por
regulamentações. Um exemplo é o texto da Constituição, no qual se especifica:
“Art. 13: A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”
(BRASIL, 1988, on-line). Como já estudamos, para que exista um idioma, este
deve seguir uma gramática. Dito de outro modo, a Constituição (BRASIL, 1988,
on-line) determina que a comunicação oficial do país deve seguir as normas
gramaticais. Esta necessidade de primar pela correção gramatical é flexibilizada,
por exemplo, em modalidades expressivas diversas, como a linguagem falada em
ambiente informal. O mesmo não acontece na sustentação oral de um advogado:
ele deve, sempre, por norma, empregar, no mínimo, o nível padrão.
Apesar de sermos capazes de perceber os diversos níveis de linguagem, por
meio da abordagem que pensa as relações entre a língua e a sociedade, o(a) estu-
dante deve se lembrar que o objetivo principal do idioma é estabelecer a comuni-
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UNIDADE 1
cação. Para que ela se efetive, não podemos abrir mão de um código comum. Você
já deve ter ouvido a expressão: “fale a minha língua”, ou, provavelmente, viveu a
situação na qual um cliente, após uma longa explicação jurídica, enuncia: “agora,
em português, por favor!”. Nesse contexto, poderíamos questionar: trata-se de
uma mesma língua ou de várias línguas portuguesas? (VANOYE, 2007).
Na mesma direção, questionamos se o português do gaúcho é o mesmo do
paranaense, expressões como “data” ou “brigada” não significam, necessariamente,
as mesmas coisas. Igualmente, o português do advogado e de seu cliente é capaz de
diferir bastante, o cliente não compreenderá termos jurídicos ou expressões latinas
comuns no discurso jurídico. Você, estudante da disciplina de Linguagem Jurídica,
acredita que estamos analisando idiomas diferentes ou níveis do mesmo idioma?
Em sua obra intitulada Usos da Linguagem: problemas e técnicas na produção
oral e escrita, Vanoye (2007) afirma serem níveis de linguagem. Assim, temos o mes-
mo idioma, porém o “vocabulário, a sintaxe e mesmo a pronúncia variam segundo
esses níveis” (VANOYE, 2007, p. 23). Ocorre, portanto, uma gradação nos níveis
de linguagem que os falantes da Língua Portuguesa são capazes de desempenhar.
Língua falada Língua escrita
Linguagem literária,
Linguagem oratória Discursos, sermões. cartas e documentos
oficiais.
Linguagem literária,
Cursos, comunicações
Linguagem cuidada cartas e documentos
orais.
oficiais.
Linguagem descuidada,
Conversação informal, incorreta, linguagem
Linguagem familiar
não “elaborada”. literária que imita a fala
familiar.
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UNIDADE 1
sas ao português padrão. Foram encontradas grafias como: “em fasse”, “não aciste
razão”, “doutros julgadores” e “cliteriosamente”. O(A) estudante poderá buscar
mais informações sobre o caso nos artigos do site Jusbrasil.
Por isso, o operador do Direito precisa conhecer os níveis de linguagem e a
variação linguística de modo a ser capaz de empregar a modalidade adequada
do idioma para cada uma das situações comunicativas nas quais necessite usar a
linguagem. Esta flexibilidade no emprego da linguagem jurídica tornará a pos-
tura do(a) estudante mais adequada nas mais diversas situações. Esta habilidade
também ajudará a evitar situações, socialmente, vexatórias, como no caso em que
um certo ministro da Educação enviou um ofício no qual grafou a palavra “pa-
ralisação” com a letra “z” no lugar do “s” (“paralização”). Apesar de este “s” ter som
de “z”, esta grafia é incorreta do ponto de vista gramatical, e a gafe foi registrada
por vários veículos noticiosos.
Em uma pesquisa rápida na internet, o(a) estudante será capaz de perceber
a repercussão que causou o emprego de um nível de linguagem inadequado ao
contexto comunicativo de documentos oficiais.
O Contexto Jurídico
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UNIDADE 1
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exemplo, “prescrever”, que pode ser o ato de determinar ou orientar, assim como
a perda de um direito pela finalização do prazo, caracterizando uma polissemia
interna; conceitos que existem, somente, no contexto jurídico e não têm sentido
fora dele, tais como: usucapião, acórdão etc.; por fim, compõem o vocabulário
jurídico algumas expressões latinas usadas na área, por exemplo, data venia,
caput, sine qua non, entre outras (PETRI, 2009).
Por sua vez, o discurso jurídico é compreendido como todo enunciado
jurídico, oral ou escrito. A sua existência é tão visível quanto a do vocabulário
jurídico, à medida que os operadores do Direito empregam leis e julgamentos,
além de redigirem contratos e produzirem textos, o tempo todo. Fazem parte do
discurso jurídico os enunciados escritos, nos quais, por exemplo, a lei encadeia
artigos, apresenta motivos e disposições, caracterizando atos instrumentais para o
Direito, e os enunciados orais, em sua expressão mais diversa, como a sustentação
oral em um processo. Além do fato de o discurso jurídico acionar o vocabulário
jurídico, o seu diferencial é a definição de que “é jurídico todo discurso que tem
por objeto a criação ou a realização do direito” (PETRI, 2009, p. 31).
Uma definição conceitual importantíssima para o nosso estudo, nesta dis-
ciplina, é a caracterização do próprio nome de Linguagem Jurídica. A partir do
Manual de Linguagem Jurídica, de Maria José Constantino Petri (2009), com-
preendemos que o termo “linguagem” pode ser empregado para dizer respeito ao
modo específico de uso — por determinado grupo ou setor social — da língua e
da linguagem. Desde que se sustente certa regularidade, há uma forma de falar
particular. Portanto, “diz-se que se trata de uma linguagem especial ou especiali-
zada. É nesse sentido que o direito tem sua linguagem, assim como a medicina,
a sociologia ou a economia” (PETRI, 2009, p. 31).
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UNIDADE 1
Ressalta-se que a linguagem jurídica é, em si, plural, isso porque “o sistema fala
por muitas bocas” (PETRI, 2009, p. 31). Além disso, ela emprega, sempre, o idioma
nacional, portanto, varia de país para país. No nosso caso, os juristas brasileiros
empregam o português e devem primar pelas correção, pureza e elegância do
idioma vernáculo próprio de um país, como vimos, anteriormente, a Constituição
Federal de 1988 determinar que o nosso é o português (PETRI, 2009).
Há alguns pontos que caracterizam a Linguagem Jurídica e a distinguem do
emprego geral do idioma nacional. São traços que a singularizam, permitindo
defini-la como uma linguagem especializada, quais sejam:
■ Linguagem de grupo: uma linguagem dos membros do ramo de ativida-
des daqueles que falam de e sobre o Direito — caracterizada pelo uso por
advogados, magistrados, tabeliães — mas estendendo-se a parlamentares
e membros das administrações, sendo compreendida, também, por todos
sujeitos ao Direito.
■ Linguagem técnica: ela é técnica devido às coisas que nomeia (as ins-
tituições e operações jurídicas, por exemplo) e pelo modo de enunciar
(segue as operações do pensamento jurídico, como a interpretação, o ra-
ciocínio, a apreciação etc.).
■ Linguagem tradicional: é um legado tradicional. A linguagem jurídica
é inscrita na história, aliás, nota-se que o uso dela, no século XIX, se pa-
rece muito com o uso no século XX. Segundo Petri (2009), a linguagem
jurídica é, ainda, caracterizada como plural (não homogênea, assumindo
diversas funções) e prática (existe a serviço do ramo jurídico).
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A Argumentação Jurídica
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Não há, propriamente, um argumento jurídico como conceito em si. Pois, como
elemento de linguagem que visa à persuasão, quaisquer tipos de argumentos são
passíveis de serem mobilizados para argumentar no contexto jurídico. Existem,
porém, alguns argumentos criados e empregados com mais intensidade no
contexto judiciário.
Caso o(a) estudante se interesse em compreender ou pesquisar mais a respeito
desses conceitos, indicamos a obra Argumentação Jurídica: técnicas de persuasão
e lógica informal, de Rodríguez (2015), bem como o texto Lições de Argumen-
tação Jurídica: da teoria à prática, de Valverde, Fetzer e Tavares-Junior (2015).
Nestas obras, são listados os seguintes tipos de argumento: contrario sensu, ad
absurdum, uso da ridicularização, a coherentia, a fortiori, o córax, ad hominem,
pró-tese, de autoridade, de oposição, de analogia, de causa e efeito.
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UNIDADE 1
EXPLORANDO IDEIAS
NOVAS DESCOBERTAS
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NOVAS DESCOBERTAS
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1. Considere a afirmação a seguir: “A língua padrão, por exemplo, embora seja uma
entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua
como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade” (CUNHA;
CINTRA, 2013, p. 4). A seguir, faça uma análise dos modos segundo os quais a
coerção para o emprego da linguagem padrão funciona na área do Direito.
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3. De acordo com Cunha e Cintra (2013, p. 2), “a linguagem não pode existir, manifes-
tar-se e desenvolver-se a não ser pelo aprendizado e pela utilização de uma língua
qualquer”. Nesse sentido, a partir dos conteúdos desenvolvidos em aula, com base
em Cunha e Cintra (2013), assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os três
tipos de variação linguística da Língua Portuguesa:
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2
Gramática
Drª Daniela Polla
Você sabia que a maior parte dos candidatos eliminados em seleções para em-
prego perdem as vagas por erros de português? Você já imaginou que os erros
de gramática causam vários constrangimentos ao operador do Direito que não
domina as regras do português vernáculo? Você acredita que domina o nosso
idioma o suficiente para operar com ele na argumentar no cotidiano da profissão?
Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, os profissionais
precisam encontrar meios para se destacar, desse modo, o bom conhecimento
das regras do nosso idioma pode ser o “trunfo” que o(a) estudante precisa para
conseguir uma boa vaga.
Um estudo da Catho (2021, on-line), uma conhecida agência de recrutamento
virtual, revelou que a maior parte dos eliminados em seleções de empregos per-
deram as oportunidades por problemas no uso da Língua Portuguesa.
Além disso, dominar o idioma evita alguns constrangimentos para os ope-
radores do Direito, como o caso de uma desembargadora do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro, a qual criticou, duramente, o texto de um recurso que recebeu,
pois, o texto continha vários erros de ortografia.
Uma das melhores técnicas para aprender a escrever melhor é exercitando
muito a leitura. Isso se deve ao fato de que, quando lemos textos de autores que
escrevem bem, nos divertimos e, ao mesmo tempo, ampliamos o nosso conhe-
cimento em relação a novas palavras e formas de construir as nossas frases, pa-
rágrafos e textos.
Ao longo de um curso de graduação, o(a) estudante sobrecarrega-se com
leituras obrigatórias das disciplinas e, muitas vezes, não sobra tempo para leituras
diversas sobre as quais ele(a) tem interesse.
Nesse contexto, elabore uma lista de cinco obras literárias para você ler, com
o objetivo de ampliar tanto o seu vocabulário quanto o seu repertório para a
construção de textos.
O(A) estudante verá que, quando fazemos a leitura de uma obra nova, per-
cebemos diversas palavras desconhecidas ou empregadas em um novo contexto,
gradualmente, começamos a nos familiarizar com os padrões normais de cons-
trução de frases do nosso idioma e, também, a observar padrões argumentativos,
entre outros fatores.
Muitas destas ações não são sequer percebidas, conscientemente, porém o
nosso cérebro absorve essas novas informações, então, a partir desse momento,
ele aprende pelo processo de repetição e, até mesmo, de memória visual.
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UNIDADE 2
Ao realizar a leitura das obras que você listou em nosso “Mão na Massa”,
lembre-se de anotar, no Diário de Bordo, as palavras desconhecidas encontradas
e os seus significados.
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PENSANDO JUNTOS
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UNIDADE 2
Permanece, assim, a ideia de corrigir a fala de outra pessoa. O princípio que orien-
ta esta correção do falante é a norma, é o padrão de língua que aceitamos da socie-
dade, do país, da comunidade na qual estamos. Dito de outro modo: procuramos
fazer a língua funcionar para estabelecer a comunicação, ou seja, fazer aquele que
fala e aquele que recebe a mensagem compreenderem-se, mutuamente. Para isso,
é necessário um código em comum, o qual é atingido quando estabelecemos
regras padronizadas a todos os falantes (CUNHA; CINTRA, 2013).
O(A) estudante de Linguagem Jurídica, em especial, deve concordar que todas
as nossas ações sociais são definidas de acordo com as normas. Posso dizer qualquer
coisa que quiser? Não, os crimes de honra, por exemplo, limitam a nossa liberdade
de expressão. Posso entrar em qualquer ambiente que quiser? Não, existem luga-
res com entrada restrita. Posso estacionar o meu carro onde bem entender? Não,
existem locais onde é proibido estacionar. Estas são algumas das inúmeras ações
permitidas ou proibidas em razão de normas, as quais devo seguir se desejo ser
considerada uma pessoa correta. Com o uso do idioma, não seria diferente.
Um autor denominado Jespersen (apud CUNHA; CINTRA, 2013) define
que aquilo considerado, linguisticamente, correto depende do que é demandado
pela nossa comunidade linguística como certo. O que for diferente desse padrão
exigido pelo conjunto dos falantes seria o incorreto. Assim, o “falar errado” seria
os desvios dessa norma da nossa comunidade linguística. Teríamos, desse modo,
o conceito das normas linguísticas.
Várias pesquisas abordam essa questão, para definir o que é correto ou não, a
partir do ponto de vista dos idiomas. Como estudamos, anteriormente, porém, o
idioma pode variar em uma mesma comunidade, tal como o português muda em
Portugal, no Brasil e, até mesmo, em regiões diferentes do nosso país. Na atualidade,
sete nações soberanas adotam a Língua Portuguesa, certamente todas com indiví-
duos interessados em enriquecer o acervo das formas de empregar o idioma. Desse
modo, “por cima de todos os critérios de correção - aplicáveis nuns casos, inapli-
cáveis noutros - paira o da aceitabilidade social” (CUNHA; CINTRA, 2013, p. 8).
Assim, o que determinar ser aceitável ou não em cada situação de comunica-
ção na qual o falante usará o idioma? A fim de esclarecer esta definição, os estu-
diosos da língua tentam estabelecer formas de mapear as variedades do idioma
falado e escrito. Somente a partir de minuciosas descrições das variantes da língua
em cada área é que será possível afirmar quais normas são de uso obrigatório, fa-
cultativo, tolerável, grosseiro, ou mesmo, inadmissível (CUNHA; CINTRA, 2013).
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A Ordem Direta
A parte da gramática que se preocupa com as regras de colocação dos termos nas
frases, orações e períodos é a sintaxe, ela estuda esses padrões de estruturação das
frases em vigor na Língua Portuguesa. Essas regras são motivadas pelas relações
que os termos exercem entre si, na oração e nos textos (PETRI, 2009).
Inicialmente, cabe uma definição do que são frases, orações e períodos. En-
tenderemos frase como “todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer
comunicação” (GARCIA, 2014, p. 32). Já a oração, “às vezes é sinônimo de frase ou
de período (simples) quando encerra um pensamento completo” (GARCIA, 2014,
p. 32) e aparece limitada por algum sinal de pontuação. Quando um enunciado
contém mais de uma oração, temos um período composto (GARCIA, 2014).
No português do Brasil, a estruturação predominante das frases é a ordem
direta. Nesta organização, os termos da oração aparecem, preferencialmente, na
seguinte ordem: sujeito + verbo + complemento (CUNHA; CINTRA, 2013).
Assim, é relevante que façamos uma definição de cada um destes elementos que
compõem as nossas orações.
O sujeito, o verbo e o complemento são os elementos essenciais da oração,
ou seja, ela não existe sem eles. O sujeito é a parte da oração “que indica o ser de
quem se diz alguma coisa” (PETRI, 2009, p. 151). O sujeito é, portanto, o tópico
sobre o qual falamos na nossa frase. Já o verbo e o complemento integram o que
a autora Petri (2009, p. 152) designa como o predicado: “é aquilo que se diz do
sujeito”. Este comentário sobre o sujeito pode ser nominal (quando a principal
parte não é o verbo) ou verbal, quando a principal parte do complemento é o
verbo. No predicado verbal, o seu núcleo “é um verbo que indica uma ação que
o sujeito pratica ou sofre” (PETRI, 2009, p. 152, grifo nosso).
Apesar de a ordem direta de construção das frases (sujeito + verbo + com-
plemento) ser a mais comum, algumas inversões dessa ordem são possíveis e, até
mesmo, conferem certo elemento estilístico aos textos. No entanto a principal
vantagem de empregarmos a ordem direta diz respeito à produção de textos
claros. Existe, então, certa liberdade para que o falante construa as frases, mas
como o(a) estudante da área jurídica deve saber, a nossa liberdade não é absoluta.
Desse modo, a nossa liberdade para construir frases é condicionada pelas
regras da sintaxe e, também, por um princípio muito relevante, em especial,
para a linguagem jurídica: a inteligibilidade. Uma frase tem, como caracterís-
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EXPLORANDO IDEIAS
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UNIDADE 2
jurídico, os quais, muitas vezes, são lidos pelo receptor quando o emissor da men-
sagem não está presente para, eventualmente, explicar algum ponto de dúvida.
Com o intuito de tornar o futuro usuário da linguagem jurídica apto a pro-
duzir textos que sejam compreendidos, com clareza, pelo receptor da mensagem,
abordaremos, a seguir, alguns elementos adicionais necessários à garantia de
inteligibilidade de frases e textos.
Garantindo a inteligibilidade
Os textos que circulam nos ambientes jurídicos necessitam, muitas vezes, de clareza,
pois o emissor, em geral, possui o objetivo de levar o receptor a concordar com as
suas teses e/ou a compreender, exatamente, a mensagem que dado texto pretende
passar. Assim, além da gramática, alguns outros elementos ajudam a garantir a in-
teligibilidade bem como auxiliam o operador da área jurídica a produzir sentido
em seus textos. Então, caro(a) estudante, atente-se aos elementos, a seguir:
■ Eliminar informações duplicadas: algumas vezes, na ânsia de produzir
textos mais longos, o(a) estudante lança mão do conhecido “encher lin-
guiça”’. Isso não deve ser feito, assim, as informações repetidas ou muito
semelhantes devem ser eliminadas. Além disso, Garcia (2014) alerta para
o cuidado com as ambiguidades produzidas pela forma como redigimos
as nossas frases. O autor usa o seguinte exemplo: “O ciúme da mulher
levou-o ao suicídio” (GARCIA, 2014, p. 35). Nessa frase, sem consultar o
autor, é impossível saber ao certo quem tinha ciúme de quem. A mulher
era tão ciumenta que levou o marido ao suicídio ou o marido tinha tanto
ciúme da mulher que não suportou a própria sensação e cometeu suicí-
dio? De modo semelhante, quando eu digo: “Vi os anúncios dos livros
dos autores X e Y, dos quais não gostei”. De que ou quem eu não gostei?
Dos anúncios, dos livros ou dos autores? Sem solicitar ao autor a refor-
mulação da frase, a ambiguidade está instaurada. Isso é, especialmente,
problemático do ponto de vista da linguagem jurídica, pois os nossos
leitores, muitas vezes, apenas quando estão longe da nossa presença têm
acesso aos nossos textos. Assim, quanto mais clara, menos ambígua e mais
direta for a nossa redação, tanto melhor.
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UNIDADE 2
1. Contradições lógicas literais: por exemplo,“o sal é doce”, ou “o sol é frio”. Se consi-
deradas ao pé da letra, essas afirmações são opostas, portanto, contraditórias, uma
vez que a lógica nos garante que o sal é salgado e o sol é quente. Admitem-se, po-
rém, sentidos metafóricos ou subentendidos possíveis. Neste caso, uma contradição
lógica literal, como a frase “os quadrúpedes são bípedes” (GARCIA, 2014, p. 35), é
capaz de produzir sentido, à medida que for reformulada para “os quadrúpedes,
isto é, as pessoas estúpidas, são bípedes” (GARCIA, 2014, p. 35). Cabe, desse modo,
ao redator da linguagem jurídica ser capaz de redigir os seus textos retirando esse
tipo de incongruências que prejudicam a inteligibilidade dos conteúdos.
2. Cuidado com impropriedades ou falta de partículas de transição entre
as frases: muitas vezes, quando escrevemos, o uso incorreto dos elementos de
ligação entre uma frase e outra dificulta a compreensão dos materiais e tornam
o texto incongruente. Vejamos, como exemplo, a frase ilustrativa deste equívoco
citada por Garcia (2014, p. 36): “A paz mundial tem estado constantemente amea-
çada, posto que a humanidade se vê dividida por ideologias antagônicas”. “Posto
que” tem sentido de oposição ideológica, algo como um “apesar de que” ou “em-
bora”. Na frase de Garcia (2014), para que esta expressão se tornasse congruente,
seria adequado o emprego de “porque” ou algo semelhante. Ao redigirmos, muitas
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O(A) estudante deve estar se perguntando: qual a razão para estudarmos, no-
vamente, essas regras que aprendemos na escola? O motivo é simples: revisar
nunca é demais. Isso porque as regras gerais são usuais e fáceis de lembrar, afinal,
as empregamos corriqueiramente. Porém o profissional que emprega a lingua-
gem jurídica não consegue desempenhar, de modo excelente, as suas funções, a
menos que domine a norma padrão culta da Língua Portuguesa. Dessa forma, é
necessário saber as normas básicas, mas também o detalhe, a exceção, para que
um dos destaques em sua trajetória profissional seja o bom uso do idioma.
Usamos a língua com o objetivo de estabelecer comunicação. Para que as
nossas mensagens sejam recebidas e interpretadas de modo adequado pelos nos-
sos leitores, é necessário construir harmonia no emprego da Língua Portuguesa,
assim, as concordâncias nominal e verbal auxiliam nesta tarefa. Empregar uma
concordância, gramaticalmente, adequada significa aprimorar tanto a lógica
quanto a precisão dos nossos textos e, ao mesmo tempo, organizamos melhor a
nossa comunicação, visando a “imprimir harmonia e precisão na comunicação,
estabelecendo pontos comuns entre as palavras” (SABBAG, 2013, p. 376).
Os dois tipos principais de concordância, portanto, são a nominal e a verbal.
Sendo a concordância nominal aquela “por meio da qual adjetivos ou palavras
adjetivas (artigo, numeral, pronome) alteram sua terminação em gênero e núme-
ro para estabelecer concordância com o substantivo a que se referem” (SABBAG,
2013, p. 376). Por sua vez, a concordância verbal diz respeito ao modo “segundo
o qual o verbo modifica sua terminação (desinência número-pessoal) para con-
cordar, geralmente, com o sujeito da oração” (SABBAG, 2013, p. 376).
Concordância Nominal
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Concordância Verbal
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1. A linguagem empregada no âmbito jurídico deve ser clara e objetiva. Para tanto,
uma das estratégias é procurar seguir, sempre, a ordem direta. Conforme estudado
em Garcia (2014) e Cunha e Cintra (2013), assinale a alternativa na qual a norma de
ordem direta foi, plenamente, respeitada:
2. Conforme estudamos, é possível que juízes devolvam petições, que documentos se-
jam recusados e/ou que ocorram “julgamentos” sociais a respeito de um operador da
área jurídica que apresentou equívocos ao usar o idioma em contextos nos quais se
exige a norma culta. Nesse contexto, com base nas regras de concordância nominal
abordadas, considere o enunciado, a seguir:
61
3. Com relação ao emprego das regras gramaticais de escrita do português formal/
padrão, no que se refere à concordância dos verbos com seus sujeitos, há inúmeras
regras para que os textos produzam os sentidos pretendidos pelo redator. Assim,
a respeito das regras de concordância verbal estudadas, considere as afirmações,
a seguir:
4. Uma das regras gramaticais que auxilia na construção linguística de textos é o em-
prego da ordem direta. Nesse sentido, conforme estudado, assinale a alternativa
a qual apresenta a composição correta da ordem direta de construção das frases,
orações e períodos:
5. Muitas vezes, lemos textos que parecem incoerentes. Porém, sob um olhar mais
atento, percebe-se que esses textos “apenas” apresentam problemas com relação
à adequada construção das frases e orações. Nesse sentido, com base em Garcia
(2014), comente, com as suas palavras, em, no máximo, cinco linhas, alguns dos
elementos necessários à inteligibilidade de nossos textos.
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3
Fatores de
Textualidade:
Coesão e
Coerência
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de produzir algum sentido quando lido pelo nosso público-alvo. Há, pelo me-
nos, três formas de compreendermos a leitura: do ponto de vista do autor; do
ponto de vista do texto; do ponto de vista da interação entre autor-texto-leitor
(KOCH; ELIAS, 2010).
Ao analisarmos a concepção de leitura do ponto de vista do autor, enten-
deremos que a língua é a representação do pensamento de um sujeito e essa é
fonte e origem do seu dizer, em suma, uma consciência que teria controle sobre
aquilo que diz em seu texto. Desse modo, ocorre o desejo de que a mensagem
proferida seja compreendida com um sentido muito próximo daquele pretendido
pelo autor na produção do texto (KOCH; ELIAS, 2010). Sob essa perspectiva, “o
texto é visto como um produto - lógico - do pensamento (representação mental)
do autor, nada mais cabendo ao leitor senão ‘captar’ essa representação mental,
juntamente com as intenções (psicológicas) do produtor, exercendo, pois, um
papel passivo” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 10-11). É a partir deste entendimento
que, muitas vezes, observamos questões como: “o que o autor quis dizer?”. Isso
ocorre pois, na concepção de leitura com foco no autor, compreendemos que ler
significaria algo como captar as ideias dele.
Também podemos analisar a concepção de leitura com foco no texto. Nesse
sentido, há um entendimento de que a língua é uma estrutura e o sujeito é assu-
jeitado a esse sistema. Por sua vez, esse sistema (linguístico ou social) explicaria o
comportamento individual, isto é, a capacidade de cada redator produzir os seus
textos (KOCH; ELIAS, 2010). Restringindo o entendimento de texto ao uso do
sistema linguístico, sob essa perspectiva, “o texto é visto como simples produto
da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando
a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado” (KOCH; ELIAS, 2010, p.
11). Assim, teremos que a leitura nada mais é do que o processo de decodificar o
texto (reconhecer a significação das palavras e da estrutura textual).
A terceira e mais produtiva forma de compreendermos a leitura é aquela com
foco na interação entre o autor, o texto e o leitor. Neste horizonte teórico, múltiplas
possibilidades de produção de sentido começam a ser percebidas. Entende-se,
então, que “na concepção internacional (dialética) da língua, os sujeitos são vistos
como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que - dialogicamente - se cons-
troem e são construídos no texto” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 11). Dito de outra
forma, tanto autor quanto leitor interagem para produzir os sentidos dos textos.
Esta concepção de leitura privilegia os sujeitos bem como os seus conhecimentos,
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uma vez que o sentido é construído no diálogo entre os dois sujeitos, e o texto não
está lá a priori. Desse modo, entenderemos, aqui, a leitura como uma interação
complexa destinada a produzir sentidos (KOCH; ELIAS, 2010).
Esta última concepção é a mais produtiva, especialmente, no domínio jurídico
em que o autor e o leitor tomam contato entre si, majoritariamente, a partir dos
textos escritos, sem estarem presentes no ato da emissão das suas mensagens.
Assim, se concordamos que o sentido não está no texto em si, mas na interação,
no diálogo entre o autor, o texto e o leitor, temos que os sentidos serão tão diversos
quantos forem os leitores. Torna-se, então, relevante pensarmos nessa concepção
de leitura com foco na interação.
Na concepção de leitura com foco no diálogo entre autor, texto e leitor, a respeito
da significação, compreendemos que nem todos os leitores produzirão o mesmo
sentido em relação ao mesmo texto. Assim, entendemos que “[a] leitura é atividade
de produção de sentido” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 13), ou seja, apenas, na atividade
de diálogo entre o autor, o texto e o leitor que, aos poucos, se produz o sentido.
O leitor dessa concepção é considerado ativo, é um sujeito que realiza ações
a fim de contribuir com o fato de um conjunto de palavras produzir sentido.
Assim, quando focamos o entendimento de leitura no processo de interação (au-
tor-texto-leitor), temos um leitor o qual aciona “estratégias, tais como seleção,
antecipação, inferência e verificação” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 14), para produzir
o seu entendimento sobre as mensagens.
Quando produzimos sentido num processo interacional, há um leitor do
qual se espera que processe, critique, contradiga ou avalie a informação presente
diante de si (KOCH; ELIAS, 2010). O(A) estudante da área jurídica deve prestar
atenção especial a este elemento. Muitas vezes, focamos as nossas leituras em um
processo, puramente, mecânico, de simples decodificação das palavras e frases
(lembram-se da concepção de leitura com foco no texto?). Isso é problemático,
pois o operador do discurso jurídico carece, cada vez mais, deste olhar crítico,
porque ele deve ter uma base consolidada de conhecimento de mundo para ope-
rar, adequadamente, as suas funções.
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Esses sentidos produzidos pelos nossos textos não dependem, contudo, apenas
das nossas escolhas no momento da redação. Como vimos, as circunstâncias de
leitura, os conhecimentos que partilhamos ou não com o nosso leitor, até mesmo,
a superfície material sobre a qual o nosso texto chega para os leitores pode impac-
tar a compreensão dele. Dessa forma, poderíamos comparar a significação de um
texto a um iceberg (PETRI, 2009): na parte que vemos, nas palavras e frases em
si, reside, somente, uma parte dos sentidos. Sendo assim, o sentido “se completa
com aquilo que não é ‘visível’, mas sim implícito” (PETRI, 2009, p. 52).
Desses elementos de significação que não estão explicitamente marcados nas
nossas produções textuais, quaisquer que sejam os seus gêneros ou tipologias,
fazem parte: o conhecimento linguístico; o entendimento da situação comunica-
tiva (cada contexto no qual nos comunicamos possui regras específicas, escrever
um bilhete para deixar na geladeira é diferente de redigir um ofício); o conheci-
mento de como alternar, com desenvoltura, entre os diferentes gêneros textuais;
o emprego de diferentes níveis e variantes do idioma; o conhecimento de outros
textos e temas (PETRI, 2009).
Até aqui, deve ter ficado bastante marcado para o(a) estudante o fato de que
as palavras, as frases e a estrutura mesma do texto são, apenas, um dos elementos
com os quais devemos nos preocupar quando operamos com a linguagem jurí-
dica. Afinal, a compreensão dos nossos textos depende, para além da estrutura
linguística, destes elementos implícitos. Assim, “uma vez que não existem textos
totalmente explícitos, o produtor de um texto precisa decidir sobre o que deve
ser explicitado textualmente e o que pode permanecer implícito, podendo ser
recuperável pelas inferências realizadas pelo leitor/ouvinte” (PETRI, 2009, p. 52).
Por meio desse prisma, os nossos textos são o produto resultante das escolhas
que realizamos, do ponto de vista textual e contextual. A partir da máxima da
relevância, entendemos que os textos são, sempre, produzidos com alguma in-
tenção comunicativa, ou seja, não dizemos coisas, simplesmente, por dizer, mas
sim, com o intuito de transmitir alguma mensagem. Dessa forma, os nossos textos
devem lançar mão de “mecanismos e estratégias que possibilitam a tessitura, o
entrelaçamento das palavras, de forma coesa e coerente, formando um todo de
significação, capaz de transmitir uma mensagem, permitindo a interação entre
emissor e receptor” (PETRI, 2009, p. 52).
Ao mesmo tempo em que realizamos escolhas para construir as nossas men-
sagens, precisamos pensar que “nunca aquele que argumenta redigindo terá a
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garantia de que seu texto será lido, ao menos com atenção” (RODRÍGUEZ, 2015,
p. 290). Então, pode acontecer de o leitor “pular” trechos, ler sem muita atenção
algum excerto, dispersar a atenção em frases muito longas ou de estrutura ruim.
Ao lançarmos mão dos elementos de coesão e coerência, lograremos mais êxito
na facilidade de leitura das nossas peças e geraremos menor probabilidade de
que o nosso leitor disperse a atenção.
Importa, também, o(a) estudante de linguagem jurídica entender que a leitura
nos auxilia a formar o nosso estoque de conhecimentos linguísticos, expressivos e
de mundo.“Não pode haver nenhuma dúvida de que aquele que muito lê, que me-
lhor aprecia a literatura, acaba naturalmente, por imitação, tendo mais facilidade
na escrita” (RODRÍGUEZ, 2015, p. 291). Apesar da importância inquestionável da
leitura aos nossos conhecimentos gerais, há considerável diferença entre o leitor
de textos literários e o leitor dos textos do âmbito jurídico: a atenção. O primeiro
está muito interessado em seu conteúdo, pois, normalmente, o faz por prazer,
como uma atividade de lazer. O segundo o faz em um contexto profissional, no
qual, normalmente, há prazos curtos, pressa, então, esse leitor realiza a leitura
por obrigações laborais. Desse modo, o texto jurídico não pode usar o mesmo
estilo do literário, porque “não tem como premissa o mesmo interesse do leitor”
(RODRÍGUEZ, 2015, p. 291).
Justamente, a coesão e a coerência, as quais constituem os principais fatores
de textualidade, nos auxiliam nestas escolhas linguísticas de construção textual,
inclusive são elas que produzem a tessitura do texto. Dito de outro modo, são
esses dois elementos que vão “amarrando” as nossas ideias e argumentos e, assim,
produzem sentido aos nossos leitores. Estudaremos a coesão e a coerência, com
mais detalhes, a seguir. Vamos lá?
Coesão
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Nessa perspectiva, ter uma boa coesão é uma característica importante das
nossas redações, afinal, se ela não é a única condição para um conjunto de pala-
vras se transformar em texto, pelo menos ela nos auxilia para que a nossa escrita
seja mais legível, que deixe mais explícitas as relações as quais pretendemos es-
tabelecer entre os elementos. “Em muitos tipos de texto - científicos, didáticos,
expositivos, opinativos, por exemplo - a coesão é altamente desejável, como me-
canismo de manifestação superficial da coerência” (KOCH, 2010, p. 20).
Ao produzir a coesão em seus textos, o redator tem à sua disposição uma série
de mecanismos. Koch (2010) cita Halliday e Hasan (1976), para afirmar que há
cinco instrumentos de coesão. São eles: de referência (pode ser dividido em pes-
soal, demonstrativo, comparativo); mecanismo de substituição (desmembra-se
em nominal, verbal e frasal); (instrumento de elipse, podendo ser nominal, verbal
e frasal); conjunção (aditiva, adversativa, causal, temporal, continuativa); por fim,
a coesão lexical, a qual os autores dividem em: repetição, sinonímia, hiperonímia,
uso de nomes genéricos e colocação.
Comumente, no entanto, costuma-se dividir os tipos de coesão textual em
dois: referencial e sequencial. Na coesão referencial, um elemento do texto faz re-
ferência a outro que apareceu antes dele ou que aparecerá depois dele. Já a coesão
sequencial diz respeito aos usos linguísticos que realizamos visando a relacionar
entre si as diversas partes do texto e a fazer, consequentemente, a progressão
da sequência textual (PETRI, 2009). A seguir, examinaremos esses dois tipos de
coesão textual, com mais detalhes.
A Coesão Referencial
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Além disso, você deve compreender que “o elemento que faz a remissão se
chama forma referencial ou remissiva, enquanto aquele que é tomado como
referência se chama elemento de referência ou referente textual” (PETRI, 2009,
p. 69, grifos da autora). A relação entre esses elementos ocorre, nos textos, para a
frente ou para trás. Quando a remissão ocorre para trás, dá-se o nome de anáfora,
quando ocorre para a frente, se denomina catáfora. (KOCH, 2010; PETRI, 2009).
Por exemplo: “o suspeito subiu correndo duas quadras da rua. No topo do moro,
ele parou e disparou contra a guarnição”, sendo que “ele” realiza uma anáfora
com “o suspeito”; ou “Ele era tão compreensivo, o delegado”, construção na qual
“o delegado” realiza uma catáfora com “ele”.
As formas de realizar a coesão referencial são gramaticais ou lexicais. As
formas de remissão gramaticais são aquelas que não fornecem pistas em rela-
ção ao sentido do texto, apenas instruem o leitor com relação ao nexo entre as
partes. Um exemplo seria a concordância em número e gênero, assim, as formas
gramaticais de coesão referencial são realizadas por meio de pronomes, artigos,
numerais e demais formas que acompanham nomes. Por sua vez, as formas le-
xicais de realização da coesão referencial dizem respeito não só à concordância
gramatical, como também instruem em relação ao sentido, fazendo referência a
questões extralinguísticas. Tal forma de coesão referencial é construída empre-
gando sinônimos, nomes genéricos, hiperônimos, entre outros (KOCH, 2010).
A Coesão Sequencial
Este é o segundo grande tipo de coesão textual. Aqui, nos referiremos aos procedi-
mentos empregados pelos autores com o objetivo de estabelecer uma sequência, uma
progressão lógica entre os elementos do texto. “A coesão sequencial diz respeito aos
procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do
texto (enunciados, partes de enunciados, parágrafos e sequências textuais), diversos
tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas” (KOCH, 2010, p. 55). É, justamente,
essa correlação entre cada mínima parte do nosso texto que o faz progredir.
Dentre esses elementos que fazem o nosso texto se desenrolar em uma sequên-
cia coesa, é possível destacar alguns. Por exemplo: “a repetição (ou recorrência de
termos; o uso de paralelismo sintático; o uso de paráfrase, introduzida por expres-
sões como: isto é, ou seja, quer dizer, ou melhor, em outras palavras; em síntese,
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em resumo, etc.” (PETRI, 2009, p. 71, grifos da autora). Em especial, para textos mais
longos, por exemplo, os acadêmicos, ou na narração dos fatos de alguma situação,
merecem destaque os elementos de coesão textual sequencial que realizam a pas-
sagem lógica de uma frase a outra, são realizados por meio de “conectivos como:
se… então, e, bem como, também, quando, ainda que, no entanto, pois, sejam…
sejam, ou, porque, por isso, nem bem, logo que, logo, portanto, por conseguinte,
embora, apesar de, mas, etc.” (PETRI, 2009, p. 71-72, grifos da autora).
Ainda com relação a esse sequenciamento lógico do texto, no domínio
da linguagem jurídica, destaca-se a importância do uso de elementos de coesão
sequencial realizados por “marcadores de situação no tempo e/ou espaço: primei-
ramente, em primeiro lugar, depois, a seguir, em seguida, por fim, finalmente,
por último, para terminar” (PETRI, 2009, p. 72, grifos da autora).
Existem, na Língua Portuguesa, dois procedimentos de coesão sequencial:
recorrência e progressão. A recorrência é estabelecida quando lançamos mão
dos seguintes mecanismos: “recorrência de termos, de estruturas (paralelismo),
de conteúdos semânticos (paráfrase), etc.” (PETRI, 2009, p. 72). Por sua vez, a
progressão é construída nas nossas redações ao empregarmos instrumentos com
o intuito de produzir um sentido de manutenção da temática, o qual pode ser feito
por meio de “termos de um mesmo campo lexical, e que possibilitam os enca-
deamentos por justaposição e conexão, feitos através do emprego de conjunções
que estabelecem relações entre as frases, como conjunção, oposição, explicação,
justificação, conclusão, etc.” (PETRI, 2009, p. 72).
Nessa parte de nosso estudo, separamos os dois tipos de coesão — a referen-
cial e a sequencial — para os estudantes da Linguagem Jurídica conhecerem a
sua tipologia, os mecanismos e as formas de emprego. Contudo, no contexto da
produção textual, as duas formas são, igualmente, relevantes e devem ser em-
pregadas, com desenvoltura, pelos autores. A coesão referencial evita a repetição
exaustiva das mesmas palavras e expressões.
Por sua vez, a coesão sequencial deve ser empregada a fim de deixar ao
nosso leitor pistas de como ele precisa progredir, lógica e sequencialmente, na
leitura da nossa redação bem como nas ideias que estão sendo expostas, “avisan-
do-o” como as partes do texto se inter-relacionam e, também, o que esse leitor
deve esperar das próximas partes.
Além disso, no texto jurídico, “um capítulo muito extenso, uma frase longa
e excessivamente entrecortada, uma cópia desnecessária, de artigo de lei, uma
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remissão fora de espaço podem estar corretos, ao mesmo tempo que funcionam
como grande desestímulo à leitura” (RODRÍGUEZ, 2015, p. 292, grifo do autor).
Isso ocorre porque esses equívocos na coesão tornam, facilmente, a compreensão
da redação bastante difícil para os leitores do âmbito jurídico.
Dessa forma, todos esses elementos coesivos analisados são fundamentais à
construção de sentidos dos textos, inclusive tais elementos orientam os leitores
a respeito de como eles devem compreender as nossas produções textuais. No
entanto a coesão — manifesta, linguisticamente, em elementos que podem ser
marcados na superfície mesma do texto — não consegue, sozinha, direcionar,
de modo suficiente, os sentidos. Diversos outros elementos extralinguísticos ou
macrotextuais são necessários para que o autor tenha mais controle sobre as
significações produzidas a partir daquilo que ele escreve. Entra em cena, então,
a coerência. Vamos estudá-la?
A Coerência
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Fatores de Coerência
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Figuras de Retórica
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p. 170). Desse modo, a hipérbole pode ser utilizada pelo orador, quando
ele pretende angariar a adesão de seu auditório. Por exemplo, um juiz
afirma em um despacho que abriria mão de todas as suas crenças, caso a
acusada não fosse presa.
■ Eufemismo: aqui, temos a figura de sentido que realiza, exatamente, o
oposto da hipérbole. Isso porque, no eufemismo, “o orador procura ate-
nuar aquilo que a enunciação enfatiza” (VALVERDE; FETZNER; TAVA-
RES-JUNIOR, 2015, p. 171). Dito de outro modo, o enunciado ameniza
aquilo que diz, a fim de dissimular aquilo no qual a audiência deve acre-
ditar. Um exemplo seria dizermos que alguém foi “deselegante” quando,
na verdade, a pessoa foi, extremamente, rude e grosseira.
■ Paradoxo: esta figura de sentido é utilizada com o objetivo de causar
algum efeito de estranhamento no leitor, porque une “termos de sentido
contraditório na mesma unidade de sentido, a fim de demonstrar algum
conflito existente” (VALVERDE; FETZNER; TAVARES-JUNIOR, 2015, p.
172). O paradoxo costuma ser usado, por exemplo, para fazer o auditório
focar em uma contradição, a fim de o operador defender a própria tese.
■ Antítese: “estabelece oposições de termos ou de temas num determi-
nado contexto. Como figura retórica, objetiva enaltecer um dos termos
ou tema que se opõe ao outro” (VALVERDE; FETZNER; TAVARES-JU-
NIOR, 2015, p. 173). Trata-se de uma figura de sentido bastante produti-
va, que pode, muitas vezes, ser o próprio fio condutor da argumentação.
Um exemplo seria uma comparação entre os termos do antigo e do
novo Código Civil.
■ Personificação: nada mais é do que quando o enunciado “transfere
para ser irracionais ou inanimados ações ou atributos restritos aos seres
humanos” (VALVERDE; FETZNER; TAVARES-JUNIOR, 2015, p. 174).
Também utilizada para atrair a atenção de um auditório, esta estratégia
consegue, igualmente, transferir responsabilidades humanas a seres in-
capazes de as ter. Um exemplo seria atribuir responsabilidades a uma
“pessoa” jurídica —como uma empresa comercial — então, ao personificar
essa empresa, é possível atribuir a ela direitos e deveres.
Estudante, nesta unidade trabalhamos com alguns elementos que nos auxiliam a
transformar em um texto aquilo que seria um simples agrupamento de palavras.
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Estudante, até aqui, vimos que: a gramática é relevante; não devemos abrir mão
da inteligibilidade; os nexos coesivos que ligam as partes do nosso texto são
fundamentais; os fatores de coerência são múltiplos e o autor deve ser capaz de
operar com eles, visando a deixar pistas aos leitores. Estes, por sua vez, devem
construir sentidos.
Nesse contexto, o estudante deve localizar um texto do ambiente jurídico —
por exemplo, no site Jusbrasil — que tenha soado incoerente a você. Em seguida,
a partir dos conteúdos estudados nesta unidade, avalie quais os possíveis fatores
de coerência negligenciados pelo autor do texto.
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1. De acordo com Koch e Elias (2010), há três concepções de leitura. Cada uma delas
possui determinado entendimento de texto. Assinale a alternativa que apresenta,
corretamente, essas três concepções de leitura:
2. Cada uma das três concepções de leitura, apresentadas por Koch e Elias (2010), pos-
sui determinado entendimento de texto. Porém a perspectiva internacional apresen-
ta a vantagem de considerar um leitor ativo. Nesse contexto, assinale a alternativa que
apresenta, corretamente, os três elementos em diálogo na perspectiva internacional:
a) Histórica e contemporânea.
b) Indicial e metonímia.
c) Prosódica e indicial.
d) Referencial e sequencial.
e) Discursiva e histórica.
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4. A coesão e a coerência são importantes fatores para que as nossas construções
produzam sentido. Porém, o elemento emocional, em alguns contextos nos quais
opera o profissional da área jurídica, não pode ser negligenciado. Nesse contexto,
assinale a alternativa que contém um fator de construção de sentido possível de ser
empregado nos textos, para garantir a atenção do auditório, além de agregar um
elemento emocional ao nosso texto:
a) Fatores de coerência.
b) Elos coesivos.
c) Figuras de sentido.
d) Normas gramaticais.
e) Normas jurídicas.
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A Comunicação
no Âmbito
Jurídico
Drª Daniela Polla
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45). Temos, aqui, o nosso primeiro axioma, muito relevante ao operador do direito
e associado a inúmeras situações neste universo. Vamos lembrar, por exemplo,
de uma das nossas normas de trânsito, aquela, popularmente, conhecida como
“Lei Seca”? Pelo ordenamento jurídico vigente, há a possibilidade de a pessoa que
ingeriu bebida alcoólica e foi flagrada dirigindo seja autuada sem a necessidade
de fazer o teste do etilômetro (mais conhecido como “bafômetro”).
Mas de que modo é feita a comprovação da ingestão de bebida alcoólica? Sim-
ples: mediante a avaliação do comportamento da pessoa acusada. Especialmente,
a pessoa alcoolizada, a qual apresenta alterações das capacidades cognitivas e não
costuma ter consciência de seu comportamento, por isso, vemos notícias circu-
lando sobre motoristas alcoolizados que exibiam determinados comportamentos:
não dominam o carro, não são capazes de andar em linha reta, dirigem em zigue-
zague, cambaleiam ao andar, apresentam fala arrastada, entre outros. Por meio de
uma mudança, relativamente, recente da legislação, agora, testemunhos, imagens
e, até mesmo, vídeos poderão ser usados como provas de que o comportamento
do indivíduo acusado de conduzir alcoolizado passa uma mensagem com valor
comunicativo. Ela diz: esse motorista, efetivamente, havia bebido e assumido a
direção de um veículo.
Temos, assim, um exemplo da relação direta entre a comunicação como um com-
portamento e o fato de ele não ter um oposto, fazendo com que nos seja impossível
não comunicar. Inclusive, quando esse comportamento significa sanções jurídicas,
como é o caso da condução sob efeito de álcool. O motorista que se recusar a fazer
o teste do etilômetro pode ser enquadrado da mesma forma, caso não seja capaz de
controlar o seu comportamento, a fim de emitir uma mensagem de normalidade.
Nesse cenário, “atividade ou inatividade, palavra ou silêncio, tudo possui um
valor de mensagem; influenciam outros e estes outros, por sua vez, não podem
não responder a essas comunicações e, portanto, também estão comunicando”
(WATZLAWICK; BEAVIN; JACKSON, 2000, p. 44, grifo dos autores). Dito de
outro modo, a comunicação é quase inevitável, em inúmeras situações sociais.
Existem circunstâncias, especialmente, nos domínios atinentes ao âmbito
jurídico, nos quais deve ser avaliado, com certa cautela, o fato de o emissor das
mensagens não estar, plenamente, consciente delas. Ocorre isso, por exemplo, na
regulamentação a qual afirma que, no processo penal, o mesmo juiz que realiza
a instrução deve ser aquele que proferiu a sentença (DELFINO, 2018). Afinal,
um único contato comunicativo entre dois emissores de mensagens é capaz de
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até o momento no qual deixou o banco das testemunhas. A partir disso, consta-
tou-se que a mulher em questão estava nervosa com a situação de testemunhar
em um caso complicado e não necessariamente faltando com a verdade.
A partir desse relato, é possível concluir que, apesar de toda comunicação
ser um comportamento e ter valor de mensagem, no âmbito jurídico, diversos
outros elementos se relacionam e impactam esta significação. Portanto, devemos,
sempre, interpretar os comportamentos não verbais “dentro do seu contexto, pois
diversos fatores influem em sua manifestação, desde do tipo de vínculo estabe-
lecido entre os interlocutores, emissor e receptor, até o ambiente em que se dá a
mensagem” (DELFINO, 2018, p. 58). Dessa forma, retomamos o comportamento
da testemunha que aparenta desonestidade ou “mesmo sendo descoberta a su-
pressão de emoções por parte do indivíduo, não significa imperativamente que
esse pretende ludibriar a justiça” (DELFINO, 2018, p. 59). Isso ocorre porque a
situação comunicativa e os inúmeros fatores associados a ela impactam o com-
portamento comunicativo dos sujeitos.
Esse axioma “comunicação é comportamento” aciona, ainda, uma ideia de
que o relato transmite os dados, o conteúdo da mensagem, ao passo que a or-
dem informa como essa comunicação deve ser compreendida. Nesse cenário,
as frases “estou brincando” ou “é uma ordem” seriam “exemplos verbais de tais
comunicações sobre comunicação. A relação também pode ser expressa não-ver-
balmente, por um grito, um sorriso ou muitos outros meios” (WATZLAWICK;
BEAVIN; JACKSON, 2000, p. 48). Além disso, o contexto comunicativo auxilia
na compreensão da relação, ou seja, qual é o comportamento associado àquela
comunicação. Isso fica evidente se ouvirmos uma mensagem em um circo ou em
um cartório (WATZLAWICK; BEAVIN; JACKSON, 2000).
Nesse domínio, mencionamos o polígrafo, mais conhecido como “detector de
mentiras”. É um aparelho, comumente, visto em filmes e séries policiais ameri-
canos, cujo objetivo é medir as reações fisiológicas das pessoas no momento de
seu testemunho, a fim de verificar incoerências entre o relato verbal e a reação
física das pessoas. O problema desse aparelho é que não temos como apagar,
totalmente, o medo que as pessoas sentirão, de modo natural, de serem julgadas,
injustamente, uma vez que circulam diversas informação acerca da não exati-
dão dos resultados obtidos pelo polígrafo (DELFINO, 2018). Assim, é necessário
“apontar sua falibilidade vista a necessidade de contextualização das emoções e
suas expressões” (DELFINO, 2018, p. 61).
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A Oralidade
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NOVAS DESCOBERTAS
Título: Suits
Ano: 2011-2019
Sinopse: Suits é uma série de TV americana que conta a história de
um aspirante a advogado que abandonou a faculdade de Direito e
impressiona um importante advogado da cidade de Nova York. Depois de
conseguir uma vaga na firma de advocacia sem ter licença para advogar,
Mike Ross enfrenta diversas situações do contexto jurídico ao lado de Hervey
Specter.
Comentário: a série apresenta diversos elementos de linguagem jurídica
e estratégias empregadas (algumas vezes, usando linguagem). Ao assistir a
Suits, o(a) estudante analisará como alguns elementos de linguagem não ver-
bal podem constituir-se em símbolos de status social e diferenciação entre
os diversos operadores da linguagem jurídica. Assistir à série é uma ativida-
de de lazer que pode ser associada ao início de uma construção de reper-
tório de estratégias técnicas, já que vários episódios giram em torno de uso
de jurisprudência, afinal, o personagem Mike Ross tem memória fotográfica.
NOVAS DESCOBERTAS
Para o(a) estudante que quer saber mais sobre o contexto dos axio-
mas da comunicação, segundo os quais é impossível não comunicar
e comunicação é comportamento, recomendamos o canal Metaforan-
do do YouTube.
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1. Existem diversas formas de fazer referência à parte da nossa linguagem que não
usa palavras: comunicação não verbal, mídia primária, elementos extralinguísticos,
ethos, entre outros. Nesse contexto, considerando a comunicação e a linguagem
em sentido amplo, Watzlawick, Beavin e Jackson (2000) afirmam existir dois axiomas
da comunicação humana. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, esses
dois axiomas:
5. Qualquer que seja a modalidade expressiva, o discurso jurídico precisa tomar alguns
cuidados com relação à boa qualidade da linguagem. Nesse contexto, apresente, ao
menos, cinco características necessárias à qualidade do texto jurídico.
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A Argumentação
e Suas Marcas
Linguísticas
Drª Daniela Polla
Você já percebeu que a redação dos textos produzidos pelos operadores da lin-
guagem jurídica é um pouco diversa e mais elegante do que os textos de outros
gêneros e áreas? Ao ambientar-se com a área, o futuro profissional pode inda-
gar-se: como farei para chegar no nível de linguagem que observo nos textos e
documentos jurídicos aos quais já tive acesso?
Quando nos aventuramos a descobrir uma nova área profissional, é comum
querermos nos comparar com os melhores, ao invés de nos entendermos como
iniciantes. Contudo a leitura de bons textos jurídicos/forenses é uma das melho-
res formas que o(a) estudante iniciante na Linguagem Jurídica encontrará para,
aos poucos, ampliar o seu vocabulário jurídico e a sua capacidade argumentativa.
Estudante, vamos realizar um exercício para observarmos a argumentação
jurídica? Acesse a plataforma Jusbrasil, selecione um artigo e avalie os recursos
argumentativos utilizados, a ordenação dos argumentos e o vocabulário em-
pregado. Em seguida, registre, em especial, palavras que você desconhecia ou
expressões e formas cuja construção de frases considerou interessante.
Colocando a mão na massa, o(a) estudante deve ter percebido que, mesmo
em artigos publicados para informação, os operadores do Direito redigem os seus
textos com uma forma diferenciada de usar a linguagem. Os termos técnicos, as
expressões em latim, a ordenação dos argumentos bem como o correto uso do
vernáculo são características comuns dos textos que circulam em ambiente jurídico.
Nesse contexto, aqui, nesta unidade, faremos, juntos, uma reflexão sobre a
argumentação e as suas marcas linguísticas.
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por operadores do Direito, nas mais variadas modalidades expressivas. Nesse ce-
nário, acionaremos as classificações de Rodríguez (2015) bem como de Valverde,
Fetzner e Tavares-Junior (2015).
■ Argumento contrario sensu
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“
Art. 7º Constitui crime contra a relação de consumo:
“
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previs-
tas neste Código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis
especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes.
Dessa forma, no exemplo apresentado, temos dois artigos de leis diferentes que
reprimem a mesma atitude: a publicidade enganosa, porém com sanções bastante
diferentes. Assim, o argumentador defenderá a aplicação da lei que melhor bene-
ficie a parte que defende. A argumentação mostrará que não existiriam duas nor-
mas para o mesmo fato e, comparando os dois artigos, poderia ser argumentada
“a efetiva lesão do consumidor. Assim, procura persuadir o leitor pela aplicação
do artigo que prescreve menor sanção” (RODRÍGUEZ, 2015, p. 188).
Esse argumento é empregado com o intuito de não admitir contradição dos
operadores do Direito. Quando o caso é contrário e o operador precisa combater
ou desconstruir o argumento a coherentia, “não há regra evidente, pois deve ser
analisado caso a caso. Em geral, o argumento a coherentia implica comparação
entre valores diversos, e a doutrina e a jurisprudência tratam de resolver antino-
mias do próprio ordenamento” (RODRÍGUEZ, 2015, p. 189).
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■ Argumento a fortiori
Esse tipo de argumentação “consiste em dizer que uma coisa é inverossímil por
ser verossímil demais. Argumento corriqueiro para o Direito Penal, embora esteja
vivo para outras searas” (RODRÍGUEZ, 2015, p. 196).
Pensando que no contexto profissional dos operadores do Direito, a produção
de provas é complexa. Há lacunas nos depoimentos bem como versões diferentes,
mesmo alguém que testemunha a verdade é capaz de deixar pequenas lacunas.
Nesse contexto, “o argumento do córax procura demonstrar que, à ausência dessas
lacunas, aparece a imperfeição da versão apresentada. Paradoxal, porque a perfeição
acaba sendo a causa da imperfeição” (RODRÍGUEZ, 2015, p. 196, grifos do autor).
Um exemplo seria a desconstrução de depoimentos que relatam o mesmo fato
sem nenhuma contradição: esta perfeição no relato parece, muitas vezes, ensaiada.
■ Argumento ad hominem
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Conforme o nome sugere, esse tipo de argumento é aquele a favor da tese de-
fendida, como faz qualquer argumentação. “Utiliza a razoabilidade e a coerência
do encadeamento sistematizado de fatos-razões como fundamento de validade”
(VALVERDE; FETZNER; TAVARES-JUNIOR, 2015, p. 103). O argumento pró-
-tese apresenta a tese defendida, acrescenta argumentos a ela, encadeando-os por
meio de expressões, tais como: “porque”, “e, também”, “além disso”, entre outras.
Nos demais parágrafos da argumentação, o operador poderá usar os conectores
argumentativos: “é bem verdade”,“até porque”,“por outro lado”,“em contrapartida”,
“por conseguinte”, “há quem diga”, “aliás”, “desse modo”, “embora”, “assim sendo”,
“soma-se a esse fato” (VALVERDE; FETZNER; TAVARES-JUNIOR, 2015).
No exemplo de um caso de argumentação em relação à negligência de um
hospital que realizou procedimentos de hemodiálise com água contaminada, o
argumento pró-tese poderia ser redigido da seguinte forma:
“
O hospital foi negligente porque utilizou água contaminada no
tratamento de hemodiálise de pacientes renais, e também não co-
municou o fato à secretaria de saúde. Além disso, mesmo após
ter conhecimento do alto índice de contaminação por bactérias,
continuou a utilizá-la, colocando, pois, em perigo eminente a vida
dos pacientes (VALVERDE; FETZNER; TAVARES-JUNIOR, 2015,
p. 105, grifos dos autores).
Mais uma vez, como o título sugere, esse tipo de argumento é “aquele que invoca
o prestígio dos atos ou juízos de uma determinada pessoa ou grupo a partir do
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estudante deve tentar antever argumentos os quais serão empregados pela outra
parte, a fim de os contrapor, previamente, de modo a deixar a outra parte sem
argumentos, bem como evitar deixar brechas na sua própria argumentação que
poderiam ser exploradas pelo outro argumentador.
Para ilustrar o funcionamento do argumento de oposição, citamos o exemplo
apresentado por Valverde, Fetzner e Tavares-Junior (2015, p. 115):
Já que…
Embora…
Uma vez que…
Apesar de…
Porque…
Ainda que…
Porquanto…
Em que pese…
Tese
Proposição que se
Proposição aceita
sobrepõe à anterior,
como possível, mas
anulando ou minoran-
que se quer negar.
do os seus efeitos.
■ Argumento de analogia
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Legislação Humana
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estudante bagagem de conhecimentos para que ele(a) possa operar com a lin-
guagem no contexto jurídico, abordaremos, a seguir, alguns elementos associados
com a seleção de elementos linguísticos, para a composição dos nossos textos.
Começamos com a questão dos operadores argumentativos. Vamos lá?
Os Operadores Argumentativos
Segundo Koch (2001), a teoria dos operadores argumentativos foi cunhada por
O. Ducrot, e eles são elementos linguísticos que, além de indicar em qual direção
apontam, indicam, também, a força argumentativa.
Os operadores argumentativos aparecem em classes e escalas argumentativas.
Ocorre uma classe argumentativa quando os argumentos se orientam em função
de uma mesma conclusão, já a escala argumentativa existe quando os argumentos
de uma classe aparecem, em gradação de força, em direção a uma conclusão.
Koch (2001) cita uma tipologia dos operadores argumentativos. Vejamos, a
seguir, os principais deles.
a) Operadores que assinalam o argumento mais forte: “até”, “mesmo”, “até
mesmo”, “inclusive”, “pelo menos”, “ao menos”, “no mínimo” etc. (KOCH,
2001). Temos, no exemplo a seguir, o uso do “até mesmo”, que aparece
grifado e marca qual é o argumento mais forte na sequência de penas
possíveis para o acusado.
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Dessa forma, por meio da sua análise, Koch (2001) afirma que esses elementos
formam as classes invariáveis: advérbios, conjunções ou preposições. É necessário
considerar que são elas as responsáveis por grande parte da força argumentativa
dos textos produzidos (KOCH, 2001) bem como se constroem coisas, objetos e
cenários, por meio da argumentação, ainda mais, no contexto jurídico. Assim,
temos um sistema com inúmeras possibilidades de emprego no trabalho com a
linguagem jurídica.
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Marcadores de Pressuposição
Nem todos os elementos das nossas argumentações são escritos ou ditos lite-
ralmente. Se precisássemos redigir, palavra por palavra, todas as partes da ar-
gumentatividade, os nossos textos seriam intermináveis. Assim, existem muitos
conteúdos que são introduzidos por marcas linguísticas simples e breve, então,
se assume que o leitor compreenda a existência do fato ou argumento. “A esses
conteúdos, que ficam à margem da discussão, costuma-se chamar de pressupostos
e às marcas que os introduzem, marcadores de pressuposição” (KOCH, 2001, p.
46, grifos da autora).
Dentre esses elementos marcadores de pressuposições, podemos citar:
“1. Verbos que indicam mudança ou permanência de estado, como ficar, co-
meçar a, passar a, deixar de, continuar, permanecer, tornar-se, etc.” (KOCH, 2001,
p. 46). Por exemplo, em: “Pedro começou a trabalhar. Pedro passou a trabalhar. O
conteúdo pressuposto é ‘Pedro não trabalhava’” (KOCH, 2001, p. 46).
“2. Verbos denominados ‘factivos’, isto é, que são complementados pela enun-
ciação de um fato (fato que, no caso, é pressuposto): de modo geral, são verbos
de estado psicológico, como lamentar, lastimar, sentir, saber, etc.” (KOCH, 2001,
p. 47). Isso acontece, por exemplo em: “Lamento/lastimo/sinto que Maria tenha
sido demitida ou Não sabia que Maria tinha sido demitida” (KOCH, 2001, p. 47).
Também é possível ocorrer o que a autora denomina “retórica da pressu-
posição”, a qual insere, como se fosse pressuposta, uma informação que, na
verdade, é nova. Como nos exemplos: “lamentamos não aceitar cheque” ou
“lamentamos não poder atender à sua solicitação”. Trata-se de um recurso lin-
guístico para comunicar, de modo cortês, uma informação que o interlocutor
não quer saber (KOCH, 2001, p. 47-48).
“3. Certos conectores circunstanciais, especialmente quando a oração por
eles introduzida vem anteposta: desde que, antes que, depois que, visto que, etc.”
(KOCH, 2001, p. 48). Essa marcação de pressuposição ocorre, por exemplo, em:
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“Desde que Luís ficou noivo, não cumprimenta mais as (pp: Luís ficou noivo)
amigas” (KOCH, 2001, p. 48).
Koch (2001) apresenta, ainda, alguns outros marcadores de pressuposição
que auxiliam o argumentador a deixar marcas linguísticas, visando que os seus
leitores as compreendam e, assim, possam seguir a linha argumentativa preten-
dida pelo autor. A seguir, analisaremos alguns desses marcadores.
■ Indicadores modais ou índices de modalidade
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São expressões que indicam atitude ou estado psicológico, com os quais o locutor se
representa nos enunciados que profere (KOCH, 2001). Costumam ser empregados
pelo operador do Direito para agir, linguisticamente, de modo mais gentil e/ou
polido nas relações com os clientes. Por exemplo, nas frases, a seguir: “Infelizmente,
recusarei seu pedido. Felizmente, ninguém se machucou. É com prazer (satisfação,
alegria) que o convido para integrar a nossa equipe. Com pesar, anunciamos o fa-
lecimento de nosso diretor” (KOCH, 2001, p. 53, grifos da autora). Esses elementos
em destaque marcam a defesa de uma atitude emocional de quem enuncia, com
relação àquilo que é dito. O leitor/ouvinte atento perceberá a pressuposição dessas
emoções do locutor marcadas na escolha desses elementos linguísticos.
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São aquelas marcas que inserem outra voz no discurso. Como exemplo, temos os
verbos: “disseram, falaram” etc., são empregados com a intenção de pressupor ao
leitor/ouvinte que alguém disse algo, ou seja, outra pessoa que não o enunciador
(KOCH, 2001) São índices de polifonia:
■ Operadores argumentativos: “pelo contrário”, “ao contrário”, “mas”,
“embora” etc.
■ Marcadores de pressuposição: “Maria continuava linda” = mais alguém
sabia que ela era linda.
■ Uso de futuro do pretérito como metáfora temporal: “fulano estaria dis-
posto a se demitir” = ouviu de alguém, de uma terceira pessoa.
■ Uso de aspas.
Caro(a) estudante, com base nas discussões realizadas nesta unidade, percebe-
mos que não há tipos de argumentos empregados, apenas, no contexto jurídico
e que seriam, por consequência, denominados argumentos jurídicos. Contudo
existem alguns tipos de argumentos empregados, com frequência, nesse contexto,
quais sejam: contrario sensu, ad absurdum, uso da ridicularização, argumento
a coherentia, a fortiori, o córax, argumento ad hominem, pró-tese, argumento
de autoridade, de oposição, de analogia, de causa e efeito (RODRÍGUEZ, 2015;
VALVERDE; FETZNER; TAVARES-JUNIOR, 2015).
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1. Considerando a classificação dos tipos de argumentos empregados no contexto
jurídico, abordados a partir de Rodríguez (2015) e Valverde, Fetzner e Tavares-Junior
(2015), selecione os três argumentos jurídicos que mais chamaram a sua atenção,
faça um resumo sobre eles e pesquise um exemplo.
a) Próclise e mesóclise.
b) Elipse e retórica.
c) Classe e escala.
d) Metáfora e metonímia.
e) Predicado e complemento.
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4. Koch (2001) cita outras marcas linguísticas da argumentação, tais como: os modali-
zadores, os indicadores atitudinais, os índices de avaliação e de domínio, a polifonia.
Nesse sentido, assinale a alternativa em que funciona um indicador de domínio:
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UNIDADE 1
BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de
Almeida. Brasília: CNBB, 2019.
NASCIMENTO, E. D. Linguagem Forense. 13. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2013.
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UNIDADE 2
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CATHO. Erros de português te deixam fora do mercado. 5 nov. 2021. Disponível em: https://
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CUNHA, C. F. da; CINTRA, L. F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6. ed. Rio
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SABBAG, E. Manual de Português Jurídico. 7. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2013.
UNIDADE 3
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2010.
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NASCIMENTO, E. D. Linguagem Forense. 13. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2013.
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UNIDADE 5
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SABBAG, E. Manual de Português Jurídico. 7. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2013.
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DJe 29/05/2018b. Disponível em: encurtador.com.br/abdB0. Acesso em: 27 jun. 2022.
STJ. Recurso Ordinário em Habeas Corpus. RHC: 100709 SP 2018/0178031-7. Relator: Minis-
tra Laurita Vaz. Data de Julgamento: 02/04/2019. T6 - Sexta Turma. Data de Publicação: DJe
16/04/2019b. Disponível em: encurtador.com.br/iHRS4. Acesso em: 27 jun. 2022.
TJ-RS. Agravo de Instrumento. AI: 70078330024 RS. Relator: Voltaire de Lima Moraes.
Data de Julgamento: 08/11/2018. Décima Nona Câmara Cível. Data de Publicação: DJe
19/11/2018. Disponível em: https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/648868685/agra-
vo-de-instrumento-ai-70078330024-rs?ref=serp. Acesso em: 27 jun. 2022.
TJ-RS. Recurso Cível: 71006366595 RS. Relator: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva.
Data de Julgamento: 21/06/2017. Segunda Turma Recursal Cível. Data de Publicação: DJe
26/06/2017. Disponível em: https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/472351228/recur-
so-civel-71006366595-rs?ref=serp. Acesso em: 27 jun. 2022.
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UNIDADE 1
1. O(A) estudante deve argumentar em torno do fato de que existe uma coerção, uma
imposição social para empregar, sempre, o português padrão. Contudo, mesmo que,
profissionalmente, seja recomendada uma linguagem cuidada, é necessário que o
usuário da linguagem jurídica, em algumas situações, aproxime mais a linguagem de
seus clientes, os quais, muitas vezes, mal dominam o idioma, quanto mais os termos
jurídicos.
2. O(A) estudante deve empregar uma linguagem correta, do ponto de vista gramatical,
porém, simples o bastante para o cliente compreender que ele precisa entregar o
endereço de IP do comentário ofensivo postado no YouTube bem como o fato de que
o site não tem obrigação legal de armazenar os e-mails das pessoas as quais postam
os comentários. Assim, o texto deve informar que a ação foi provida em parte.
3. C. A variação diatópica diz respeito aos falares que variam segundo o espaço geográ-
fico; a variação diastrática aborda as variantes relativas às camadas socioculturais; a
diafásica aborda as mudanças relativas às modalidades enunciativas.
UNIDADE 2
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3. E. Ambas afirmações são falsas. Na primeira, o equívoco está no fato de que os verbos
não variam em gênero e número, mas em número e pessoa. Já na segunda afirma-
ção, o problema é que o verbo evita a repetição do sujeito e não do próprio verbo.
5. Nesta questão, o(a) estudante deve retomar os fatores de inteligibilidade que vão além
das normas gramaticais estudadas nesta unidade, a partir de Garcia (2014). Quais
sejam: eliminar informações duplicadas; excluir tautologias que anulem o sentido;
apagar qualquer incongruência (contradições lógicas literais; cuidado com impro-
priedades ou fala de partículas de transição entre as frases; evitar omitir ideias que
façam a transição lógica entre as frases; evitar inverter a ordenação lógica das ideias);
redigir conforme o contexto geral de dada cultura; construir frases com probabilidade
lógica; estruturar a frase de modo a não exigir do leitor a reorganização de elementos.
UNIDADE 3
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5. Nesta questão, o(a) estudante deve retomar os fatores de coerência estudados na
unidade. Podem ser citados cinco, dentre os seguintes fatores: fatores linguísticos,
conhecimento de mundo, conhecimento partilhado, inferências, contextualização,
situacionalidade, informatividade, focalização, intertextualidade, intencionalidade e
aceitabilidade, consistência e relevância.
UNIDADE 4
1. C. A explicação é que esta alternativa é a única que cita, corretamente, os dois axio-
mas da comunicação humana abordados na nossa unidade, a partir de Watzlawick,
Beavin, Jackson (2000). O primeiro (“é impossível não comunicar”) aborda o fato de
que as noções, ações e comportamentos, em uma situação de interação, produzem
sentidos a nossos interlocutores. Já o segundo axioma da comunicação (“comunicação
é comportamento”) diz respeito ao fato de que, nas nossas comunicações, existem o
relato (o que é dito) e a ordem (como é dito).
2. Para esta questão, não há, exatamente, uma resposta correta e uma resposta errada.
O(A) estudante deve ser capaz de mencionar situações em que os axiomas citados na
Questão 1 atravessam a área jurídica. Dentre elas, mas sem excluir outras, poderiam
ser citados: casos nos quais advogadas são barradas em tribunais por estarem “com
trajes inadequados”, a situação nervosa das testemunhas que estão, apenas, com
medo pelo contexto comunicativo e, não necessariamente, mentindo.
4. De modo semelhante à Questão 2, aqui, não há, exatamente, uma resposta correta
e uma resposta errada. O(A) estudante deve ser capaz de retomar a característica da
modalidade oral que mais lhe chamou a atenção: abrangência; recursos não verbais;
ritmo e entonação; interação; reações; repetição; apagamento; inversões e rupturas;
pausas; marcadores conversacionais; redução; restrição no emprego de certos tempos
verbais; exclusão de certas expressões; recursos expressivos; liberdade expressiva.
Em seguida, o(a) estudante deve mencionar um contexto profissional no qual essa
característica seria importante.
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UNIDADE 5
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