Laudos Regressão e Progressão

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Faculdade Santo Agostinho de Vitória da Conquista

EVILLY COUTO DE SOUZA


JANAINA LIMA RAMOS
PALOMA PEREIRA SANTOS

PROGRESSÃO E REGRESSÃO DE REGIME

Vitória da Conquista - BA
24 de maio de 2022
PROGRESSÃO E REGRESSÃO DE REGIME

O sistema judiciário brasileiro adota três modalidades de condenação, que são o regime
fechado, regime semiaberto e regime aberto, eles são de diferentes no grau de restrição
da liberdade do condenado.

A progressão é a passagem de um regime mais rigoroso em condenações privativas de


liberdade (PPLs), para um menos rigoroso, isso quando um condenado demonstra as
condições de adaptação a um regime mais brando. O progresso acrescenta um tempo
mínimo de cumprimento da pena com o mérito do condenado. A progressão do regime é
direito do condenado que está cumprindo crime de privação de liberdade. A legislação
brasileira entende que a pena deve ter como objetivo de ressocializar e reeducar o preso
para excluir a possibilidade de reincidência criminal, ou seja, impedir que o preso volte
a cometer outros crimes quando for solto.
O objetivo do avanço do regime é dar ao condenado a oportunidade de retornar
gradualmente a convivência social. Este é um benefício que um preso pode receber se
cumprir determinados requisitos legais que estão descritos no art. 112 da LEP (Lei de
Execução Penal – 7.210/84), quais sejam:
 “A pena privativa de liberdade será executada de forma
progressiva com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinado pelo juiz, quando o preso
estiver cumprido ao menos um sexto da pena em regime
anterior e ostentar bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas
as normas que vedam a progressão”
O autor Cleber Masson na sua doutrina diz que:
“A progressão de regime prisional integra a
individualização da pena, em sua fase executória e
destina-se ao cumprimento de sua finalidade de
prevenção especial, mediante a busca da preparação do
condenado para a sua reinserção na sociedade.” Afirma
também que: “o sistema progressivo acolhido pelo direito
brasileiro é incompatível com a progressão “por saltos”,
consistente na passagem direta do regime fechado para o
aberto. Não se pode pular o estágio no regime
semiaberto, em atenção à necessidade de recuperação
gradativa do condenado para retorno à sociedade.

Para tanto há requisitos a serem cumpridos para que seja admitida a progressão:
I. objetivo: trata-se da necessidade de o preso cumprir parte da pena.
 Verifica-se quanto ao pressuposto objetivo a exigência de que o preso por crime
comum cumpra 1/6 da pena imposta,
 O preso por crime hediondo deverá cumprir 2/5 da pena imposta para obter o
benefício da progressão, art. 112, inc. I a VIII da LEP
 Todavia, caso o apenado seja reincidente em crime hediondo, o lapso temporal
necessário à progressão majorar-se-á para 3/5 da pena in concreto.
II. subjetivo: requer que o apenado tenha um bom comportamento durante o
encarceramento, isto é: que não cometa faltas disciplinares
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão
de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo
diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a
progressão. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vigência)
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime
será sempre motivada e precedida de manifestação do
Ministério Público e do defensor, procedimento que também
será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e
comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas
vigentes. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vigência)

Sendo necessário o preenchimento dos dois pressupostos para que se obtenha benefício
de progressão. Vale destacar que a progressão será por etapas, não sendo permitido
pular de um regime para o outro diretamente, (ex: condenado a regime fechado ir
diretamente para o regime aberto).
De acordo com o Art. 112 da LEP, o mérito é verificado pelo diretor penitenciário, mas
em vários casos, principalmente no caso dos crimes mais graves, o atestado de boa
conduta não é suficiente para garantir que o condenado esteja disposto a entrar na prisão
de regime mais brando.
Para o regime fechado, a Lei de Execução das Penas introduziu a investigação
criminológica para a classificação dos condenados, que é realizada pela Comissão
Técnica de Classificação, a quem compete elaborar o programa de individualização e
fiscalizar a execução de sentenças, propondo progressões e regressões à autoridade
competente.
Assim, consolida-se a jurisprudência no sentido de que, apesar da redação atual do Art.
112 § 1º da LEP, que deixa de prescrever o exame pericial, ele pode ser realizado
judicialmente se o juiz julgar necessário devido às especificidades do caso. .

REGRESSÃO
Podemos analisar a regressão de regime como o caminho inverso da progressão, pois
consiste na regressão do apenado de um regime menos rigoroso para um regime mais
grave de cumprimento de pena. Há a não adaptação do apenado ao regime imposto
inicialmente à ele.
Arts. 66, III, "b", 68, II, "e" e 118 da LEP
O art. 118 da LEP estabelece a possibilidade de se determinar a regressão do
sentenciado, caso desenvolva condutas incompatíveis com a sua reinserção social.
Estabelece o mencionado artigo que:
“A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à
forma regressiva, com a transferência para qualquer dos
regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II – sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao
restante da pena em execução, torne incabível o regime (art.
111);
§ 1º O condenado será transferido do regime aberto se, além das
hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da
execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente
imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser
ouvido, previamente, o condenado”.

A contagem do tempo para progressão de regime prisional é zerada se o preso comete


falta grave, ou seja, deve reiniciar-se novo prazo para a contagem do benefício de
progressão do regime prisional, uma vez que exclui o mérito de passagem para um
regime mais brando.
Vale destacar, ainda, que é incompatível a progressão ‘por saltos’ que é a passagem
direta do regime fechado para o aberto, ou seja, não se pode ‘’pular’’ o regime
semiaberto, pois há necessidade de recuperação gradativa do condenado para o retorna à
sociedade, ademais, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que devem ser respeitados
os períodos de tempo a serem cumpridos em cada regime prisional, não sendo admitida
a dita progressão per salto, daí que não considera nem o fato de paciente ter cumprido
tempo suficiente autoriza a progressão direta do fechado para o aberto.
Guilherme de Souza Nucci
Para Guilherme Nucci, o cumprimento da pena em modelo progressivo de regime é
uma particularidade do direito penal brasileiro e se define como “forma de incentivo à
proposta estatal de reeducação e ressocialização do sentenciado, é decorrência natural
da individualização executória”.
Segundo ele, os três regimes de cumprimento de pena e não funcionam perfeitamente
como deveria, entretanto, existem as regras de progressão, ou seja, quem é apenado no
regime fechado, não ficara lá o tempo inteiro enquanto apenado. Depois de um
determinado período, preenchido as condições ele passa pela colônia penal e depois
pode solicitar o regime aberto, indo para a prisão domiciliar (Albergue domiciliar).
Atualmente com a alteração, temos o art. 112, com a redação da lei de excursão penal
de forma progressiva, com todos os incisos mostrando os períodos necessários para
cumprir antes da progressão. Valendo-se do princípio constitucional da individualização
da pena, questionou-se esse simples atestado, que, na verdade, deixava o juiz de mãos
atadas. Por isso, os tribunais passaram a decidir que havendo necessidade, mormente
Em regressão trata-se de decorrência lógica do sistema gradual de cumprimento da pena
que, ao cometer a falta grave, demonstra ausência de preparo para o regime mais
brando, necessitando assim, um novo estágio para renovar sua possibilidade de
transferência, mesmo porque há autorização legal para a regressão em caso de falta
grave. Caso retorne ao regime mais rigoroso, é natural que tenha a obrigação de
preencher, após a falta grave, o lapso temporal de um sexto novamente.
Nos termos do art. 118 da mesma lei, o condenado pode ser regredido a regime mais
rigoroso quando “praticar fato definido como crime doloso ou falta grave” ou “sofrer
condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução,
torne incabível o regime”.
Caso seja absolvido, se restabelece o regime sustado; se for condenado, regride-se a
regime mais severo. “o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de
fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em
julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do
fato”.
Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que: I - descumprir,
injustificadamente, a restrição imposta; II - retardar, injustificadamente, o cumprimento
da obrigação imposta; III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo
39, desta.
Rogerio Greco
Progressão: O período para efeito de progressão de regime deve ser o da pena
efetivamente cumprida, os futuros cálculos, portanto, somente poderão ser realizados
sobre o tempo restante a cumprir”
Regressão: Greco reforça que, para que ocorra a regressão de regime de cumprimento
da pena, o STF tem se posicionado afirmando que, primeiramente, deve ter havido a
progressão, dizendo que a “Sentença transitada em julgado determinando o início do
cumprimento da pena em regime semiaberto. Regressão de regime em razão da prática
de falta grave. Impossibilidade da regressão de regime do cumprimento da pena: a
regressão de regime sem que o réu tenha sido beneficiado pela progressão de regime
afronta a lógica. A sanção pela falta grave deve, no caso, estar adstrita à perda dos dias
remidos. Ordem concedida”
CRITÉRIOS OBJETIVOS SUBJETIVOS

 Cumprimento de  Requer que o


1/6 da pena para apenado tenha bom
crimes comuns. comportamento, ou
 Para crimes seja, não cometa
PROGRESSÃO DE hediondos 2/5 da faltas disciplinares
PENA pena imposta durante o
cumprida. cumprimento da
 Para apenados pena.
reincidentes em  Comprovação dada
crime hediondo a pelo diretor do
fração cumprida conjunto
será 3/5 da pena carcerário.
imposta.
 Cumprir a pena de  praticar fato
REGRESSÃO DE crimes anteriores definido como
PENA crime doloso ou
falta grave;

 sofrer condenação,
por crime anterior,
cuja pena, somada
ao restante da pena
em execução, torne
incabível o regime
(art. 111);
Referências
 MASSON, Cleber. Direito Penal – Parte Geral (art. 1º a 120) Vol. 1. 6ª Ed. São
Paulo. Editora Método, 2012
 Código Penal Comentado, 15th Edition - Rogério Greco
 Curso de Direito Penal - Parte Geral - Vol. 1 -Guilherme de Souza Nucci
 Podcast: conversando com Nucci, progressão de regime #80
 Progressão e regressão de regimes prisionais: aspectos atuais considerando a
jurisprudência dos Tribunais Superiores, Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/72154/progressao-e-regressao-de-regimes-prisionais-
aspectos-atuais-considerando-a-jurisprudencia-dos-tribunais-superiores

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