Acórdão N 3 - CC - 2020 de 26 de Março
Acórdão N 3 - CC - 2020 de 26 de Março
Acórdão N 3 - CC - 2020 de 26 de Março
de 26 de Março
Processo nº 31/CC/2019
Relatório
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Acórdão nº 3/CC/2020, de 26 de Março
Orgânica do Conselho Constitucional (LOCC), tendo por base os fundamentos
que resumidamente se alinham:
À requerente foi aplicada uma multa no valor 538.163,01 MT, alegadamente por
falta de seguro colectivo para cobertura de acidentes de trabalho e doenças
profissionais, em violação do disposto no artigo 231 da Lei nᵒ 23/2007, de 01 de
Agosto (Lei do Trabalho).
Reforçando o seu pedido, a requerente evoca que a execução daquele acto lhe
causaria prejuízos de difícil reparação, visto que o montante da multa representa
um valor que a empresa precisa para continuar operacional de modo que possa
exercer as suas actividades de forma continuada e, a proceder com o pagamento
terá as margens do seu exercício comprometidas, o que resultaria em
despedimento dos trabalhadores e diversos incumprimentos contratuais.
Citado o requerido, este veio alegar, no que interessa à causa, que o Tribunal
Administrativo Provincial de Cabo Delgado é incompetente para conhecer da
matéria nos termos do artigo 13 da Lei nº 10/2018, de 30 de Agosto, pois,
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Acórdão nº 3/CC/2020, de 26 de Março
mostrando-se que o recurso interposto pela recorrente (...) visa a suspensão de
eficácia de um acto administrativo praticado por uma Autoridade de
Administração de Trabalho, tomado no âmbito da fiscalização da legalidade
laboral, ora, havendo recurso contencioso, ou qualquer providência cautelar, o
mesmo só poderá ser conhecido e julgado em especial pelo Tribunal de Trabalho
da Província de Cabo Delgado, ao abrigo do artigo 13 da Lei nº 10/2018, de 30
de Agosto, que cria os Tribunais de Trabalho, conjugado com o nº 1 do artigo
132 da Lei nº 7/2014, de 28 de Fevereiro, competência esta que para o caso em
concreto, é exercida pelos Tribunais comuns.
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Autoridade a fazer uso de meios coercivos, lançando mão ao Juízo das
Execuções Fiscais;
II
Fundamentação
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O presente processo de fiscalização concreta de constitucionalidade foi
submetido ao Conselho Constitucional por quem tem legitimidade processual
para o fazer, em cumprimento do preceituado nos artigos 213 e 246, nº 1, alínea
a), ambos da CRM e nos artigos 67, alínea a) e 68, da Lei nº 6/2006, de 2 de
Agosto, já citada.
Com efeito, depreende-se a fls. 65 que o Tribunal a quo tomou a decisão sobre a
questão de fundo de litígio, conforme se alcança ipsis litteris Termos em que, não
estando preenchido o requisito da alínea c) do n° 1 do Artigo 132 da Lei n°
7/2014, de 28 de Fevereiro, acordam os Juízes do Tribunal Administrativo
Provincial de Cabo Delgado, em nome da República de Moçambique, em não
suspender a eficácia do Despacho impugnado, por não estarem cumulativamente
preenchidos os requisitos das alíneas b) e c) do n° 1 do Artigo 132 da Lei n°
7/2014, de 28 de Fevereiro.
Ora, nos termos do Artigo 213 da CRM, os Juízes não podem aplicar normas e
princípios que ofendam a Constituição. Assim, no caso de ocorrência de
semelhante situação, o Juiz deve remeter os autos ao Conselho Constitucional nos
termos do Artigo 246, n°1, alínea a) da CRM, para este tomar a decisão sobre a
questão da constitucionalidade. Em simultâneo, o Tribunal da causa ao decidir
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pela remessa do processo ao Conselho Constitucional, nos termos do Artigo 68
da LOCC, deve suspender os autos em curso até decisão final deste Órgão.
Constata-se, pois, nestes autos que o Tribunal a quo assim não procedeu, tendo
tomado a decisão de fundo aplicando a Lei n° 7/2014, de 28 de Fevereiro, o que
afasta qualquer possibilidade de intervenção deste Conselho Constitucional, por
falta de objecto.
III
Decisão
Notifique e publique-se.
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