REGRAS NOS REGIMES

FECHADO, SEMIABERTO, e ABERTO

REGRAS DO REGIME FECHADO

O
condenado
em
regime
fechado
ser
encaminhado

Penitenciria, mediante expedio de Guia de Recolhimento

para a Execuo.
A guia, extrada pelo escrivo, ser remetida autoridade
administrativa incumbida da execuo.
O condenado ser submetido, no incio do cumprimento da
pena, a exame criminolgico para a obteno dos elementos
necessrios a uma adequada classificao e com vista
individualizao da execuo.
O condenado ficar sujeito a trabalho diurno e a isolamento
noturno. O trabalho direito subjetivo do preso, que lhe
d direito de remio da pena na proporo de trs dias de
trabalho para um dia de pena remida.

 Se o Estado no disponibilizar condies para que o preso

trabalhe, este no poder ser prejudicado, devendo ser
concedida a remio ainda que no haja efetivo trabalho.
O trabalho externo ser admissvel para os presos em regime
fechado somente em servios ou obras PBLICAS realizadas
por rgos da administrao direta e indireta, ou entidades
privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em
favor da disciplina.
Para a prestao de trabalho externo so necessrios:
- aptido;
- disciplina;
- cumprimento de 1/6 da pena.

REGRAS DO REGIME SEMI-ABERTO

O artigo 35, do CP, determina que nos condenados que
iniciam o cumprimento da pena no regime semi-aberto dever
ser realizado exame criminolgico, a fim de orientar a
individualizao da execuo.
Art. 35. Aplica-se a norma do artigo 34 deste Cdigo, caput, ao condenado que inicie o
cumprimento da pena em regime semiaberto.
1. O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o perodo diurno, em
colnia agrcola, industrial ou estabelecimento similar.
2. O trabalho externo admissvel, bem como a frequncia a cursos supletivos
profissionalizantes, de instruo de segundo grau ou superior.

 O condenado em regime semiaberto cumpre a pena em colnia

agrcola, industrial ou estabelecimento similar, ficando
sujeito a trabalho diurno (que possibilita a remio de
pena) e recolhimento noturno.
Admite-se o trabalho externo, bem como a frequncia a
cursos supletivos profissionalizantes, de instruo de
segundo grau ou superior.
Se favorveis as circunstncias judiciais, poder ser
adotado o regime prisional semiaberto ao condenado que,
embora reincidente, tenha sido condenado a pena igual ou
inferior a quatro anos (smula 269, do STJ).

Regras do regime aberto

O cumprimento da pena em regime aberto realizado
estabelecimento conhecido como Casa do Albergado.

em

um

Esse
regime,
baseado
no
senso
de
autodisciplina
e
responsabilidade do condenado, permite que este, fora do
estabelecimento e sem vigilncia, trabalhe, frequente curso ou
exera outra atividade autorizada, com recolhimento noturno e
nos dias de folga.

 A peculiaridade deste regime diz respeito ao trabalho.

Ao contrrio do que ocorre nos regimes fechado e semiaberto, no
regime aberto o trabalho no d direito remio da pena, j
que a possibilidade de trabalhar imediatamente ou o efetivo
exerccio do trabalho so condies essenciais (sine qua non)
para o ingresso no regime aberto.
A exigncia de trabalho excepcionada nos seguintes casos:
I condenado maior de setenta anos;
II condenado acometido de doena grave;
III condenada com filho menor ou deficiente fsico ou mental;
IV condenada gestante.

 Observe-se que a lei de execuo penal fala em trabalho, e no

em emprego.
Portanto, mesmo que o condenado exera uma atividade autnoma,
poder ser inserido no regime aberto.
Alm da necessidade de trabalhar, a lei ainda exige que o
condenado apresente fundados indcios de que ir ajustar-se,
com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime,
seja pelos seus antecedentes, seja pelo resultado dos exames a
que foi submetido.

Progresso e regresso de regime

A progresso uma medida de poltica criminal que serve de
estmulo ao condenado durante o cumprimento de sua pena.
um misto
subjetivo:

de

dois

critrios,

sendo

um

objetivo

- objetivo tempo mnimo de cumprimento de pena;

- subjetivo mrito do condenado.

outro

 O artigo 112, da LEP, diz ser necessrio o cumprimento de pelo

menos um sexto da pena no regime anterior ao qual pretende o
preso ingressar:
Art. 112. A pena privativa de liberdade ser executada em forma progressiva com a
transferncia para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerrio, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as
normas que vedam a progresso.

A deciso do juzo da execuo, sobre a possibilidade ou no de

progresso do preso a um regime mais brando, ser sempre
motivada e precedida da manifestao do MP e do defensor.

 O ponto que gera dvida diz respeito ao tempo mnimo exigido

para que seja concedida uma nova progresso de regime.
Deveria o tempo de 1/6 da pena ser contado da pena inicialmente
culminada ou da pena a ser cumprida?
A maioria da doutrina se inclina segunda soluo, ou seja,
enquanto o primeiro sexto necessrio seja computado do total de
pena aplicada, o segundo sexto deve ser contado do restante de
pena a ser cumprida.
A progresso no pode ocorrer por saltos, ou seja, dever
sempre obedecer ao regime legal imediatamente seguinte ao qual
o condenado vem cumprindo a sua pena.

 O STF recentemente editou duas smulas acerca da progresso de

pena:
716 - Admite-se a progresso de regime de cumprimento da pena ou a
aplicao imediata de regime menos severo nela determinada, antes do
trnsito em julgado da sentena condenatria.
717 - No impede a progresso de regime de execuo da pena, fixada
em sentena no transitada em julgado, o fato de o ru encontrar em priso
especial.

 De acordo com o pargrafo 4, do artigo 33,

4 O condenado por crime contra a administrao pblica ter a progresso de regime do cumprimento da
pena condicionada reparao do dano que causou, ou devoluo do produto do ilcito praticado, com os
acrscimos legais.

J a regresso vem disciplinada no artigo 118, da LEP:

Art. 118. A execuo da pena privativa de liberdade ficar sujeita forma regressiva, com a
transferncia para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condenao, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execuo, torne
incabvel o regime (artigo 111).
1. O condenado ser transferido do regime aberto se, alm das hipteses referidas nos incisos
anteriores, frustrar os fins da execuo ou no pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.
2. Nas hipteses do inciso I e do pargrafo anterior, dever ser ouvido previamente o
condenado.

 A doutrina unssona no sentido de que a primeira parte do

inciso I, em destaque, no foi recepcionada pela CF/88, que
consagra de forma expressa o princpio da presuno de
inocncia.
Na verdade, para que fosse possvel a regresso no bastaria a
prtica de crime doloso, mas sim a condenao definitiva pelo
crime praticado, visto que poderia, por exemplo, ter o agente
agido em legtima defesa, o que afastaria a ilicitude do fato.
No caso de regresso por prtica de falta grave (art. 50, da
LEP), aquela s poder ser determinada aps ter sido ouvido o
condenado, numa audincia de justificao (art. 118, 2o, da
LEP):

Art. 50. Comete

liberdade que:

falta

grave

condenado

pena

privativa

de

I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a

disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente,
integridade fsica de outrem;

instrumento

capaz

de

ofender

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condies impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do artigo 39
desta Lei.
Pargrafo nico. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber,
ao preso provisrio.

Regime especial
Com o objetivo de evitar a promiscuidade e a prostituio no
sistema carcerrio, a lei determina que as mulheres cumpram
pena em estabelecimento prprio, observando-se os direitos e
deveres inerentes sua condio pessoal.

Direitos do preso
A regra que o preso conserva todos os direitos no atingidos
pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o
respeito sua integridade fsica e moral.
De acordo com o artigo 41, da LEP, so direitos do preso:

Art. 41. Constituem direitos do preso:

I - alimentao suficiente e vesturio;
II - atribuio de trabalho e sua remunerao;
III - previdncia social;
IV - constituio de peclio;
V - proporcionalidade na distribuio do tempo para o trabalho, o descanso e a recreao;
VI - exerccio das atividades profissionais, intelectuais, artsticas e desportivas anteriores,
desde que compatveis com a execuo da pena;
VII - assistncia material, sade, jurdica, educacional, social e religiosa;
VIII - proteo contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cnjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto s exigncias da individualizao da pena;
XIII - audincia especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representao e petio a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondncia escrita, da leitura e de
outros meios de informao que no comprometam a moral e os bons costumes.
XVI - atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da
autoridade judiciria competente.
Pargrafo nico. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV podero ser suspensos ou restringidos mediante ato
motivador do diretor do estabelecimento.

Trabalho do preso e remio de pena

O trabalho do preso uma das formas mais visveis de levar a
efeito a ressocializao.
O trabalho mais do que um direito, pois a LEP estabelece em
seu artigo 31 que o trabalho um dever do preso condenado, de
acordo com suas aptides e capacidade, sendo facultativo apenas
aos presos provisrios (art. 31, nico) e condenados por
crimes polticos (art. 200, da LEP).
Art. 31. O condenado pena privativa de liberdade est obrigado ao trabalho na
medida de suas aptides e capacidade.
Pargrafo nico. Para o preso provisrio, o trabalho no obrigatrio e s poder
ser executado no interior do estabelecimento.
Art. 200. O condenado por crime poltico no est obrigado ao trabalho.

 O trabalho do preso ser remunerado, no podendo essa remunerao

ser inferior a do salrio mnimo.
Art. 29. O trabalho do preso ser remunerado, mediante prvia tabela, no podendo ser
inferior a trs quartos do salrio mnimo.

O trabalho d direito remio da pena

condenados em regime fechado e semiaberto.

nos

casos

de

presos

No regime aberto no h remio de pena porque ao preso incumbe

submeter-se aos papis sociais e s expectativas derivadas do
regime, que lhe concede a liberdade do trabalho contratual.
Tambm no tm direito a remio o liberado condicional, pela
mesma razo, e o submetido a pena de prestao de servio
comunidade, pois o trabalho, aqui, constitui o cumprimento da
pena.

 A remio ser feita razo de um dia de pena por trs dias de

trabalho. O preso que estiver impossibilitado de prosseguir no
trabalho em razo de acidente continuar a se beneficiar da
remio.
O condenado punido por falta grave perde o direito ao tempo
remido, comeando o novo perodo a partir da data da infrao
disciplinar.
Embora a recusa do preso em trabalhar no lhe possa imputar
falta
grave,
caracteriza
negao
do
requisito
objetivo
indispensvel obteno dos demais benefcios que lhe so
ofertados durante a execuo da pena, a exemplo da progresso
de regime e do livramento condicional.
A recusa em trabalhar demonstra a sua inaptido para com o
sistema, bem como o desejo do preso de no se ressocializar.

Supervenincia de doena mental

De acordo com o artigo 41, do CP:
Art. 41. O condenado a quem sobrevm doena mental deve ser recolhido a hospital de custdia e
tratamento psiquitrico ou, falta, a outro estabelecimento adequado.

Por fazer a lei remisso ao CONDENADO, fica claro que a doena mental
deve ser superveniente ao estado de um preso que, de incio, era pessoa
imputvel.
O artigo 183, da LEP, diz que:
Art. 183. Quando, no curso da execuo da pena privativa de liberdade, sobrevier doena
mental ou perturbao da sade mental, o juiz, de ofcio, a requerimento do Ministrio Pblico
ou da autoridade administrativa, poder determinar a substituio da pena por medida de
segurana.

Detrao
Detrao o instituto jurdico mediante o qual computam-se, na
pena privativa de liberdade e na medida de segurana, o tempo de
priso provisria, no Brasil ou no estrangeiro, e o de
internao em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo
41, do CP. Em suma, o perodo preso antes da sentena transitada
em julgado dever ser descontado do cumprimento da pena.
Existem as
cautelar:

seguintes

modalidades

de

priso

provisria

a) priso em flagrante;
b) priso preventiva;
c) priso temporria;
d) priso em virtude de sentena de pronncia;
e) priso em virtude de sentena penal condenatria recorrvel.

ou

 Existe direito detrao da pena em processos em que haja

condenao ainda que a priso seja oriunda de processo no qual
o agente fora absolvido.
Deve-se ressaltar que, para que haja detrao, os processos
devem tramitar simultaneamente, caso contrrio, o agente teria
uma espcie de carta de crdito para infraes penais
futuras.

Priso especial
Priso especial no se confunde com regime especial.
Priso especial o benefcio que o preso tem, devido a
qualidades pessoais, de ser submetido a celas especiais ou
isoladamente em relao aos presos comuns.
Regime especial o regime de priso aplicvel s mulheres,
destinados sua segregao dos presos do sexo masculino a fim
de que se evite a prostituio e a promiscuidade e, tambm, a
fim de que possam amamentar os seus filhos ou t-los por perto
quando ningum mais deles possa tratar.

Art. 295. Sero recolhidos a quartis ou a priso especial, disposio da autoridade competente, quando sujeitos a priso antes de
condenao definitiva:
I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territrios, o prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretrios, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes
de Polcia;
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assemblias Legislativas dos Estados;
IV - os cidados inscritos no "Livro de Mrito'';
V - os oficiais das Foras Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios;
VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da Repblica;
VIII - os ministros de confisso religiosa;
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
X - os cidados que j tiverem exercido efetivamente a funo de jurado, salvo quando
excludos da lista por motivo de incapacidade para o exerccio daquela funo;
XI - os delegados de polcia e os guardas-civis dos Estados e Territrios, ativos e inativos.
1 A priso especial, prevista neste Cdigo ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da priso
comum.
2 No havendo estabelecimento especfico para o preso especial, este ser recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento.
3 A cela especial poder consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrncia dos
fatores de aerao, insolao e condicionamento trmico adequados existncia humana.
4 O preso especial no ser transportado juntamente com o preso comum.
5 Os demais direitos e deveres do preso especial sero os mesmos do preso comum.

 A ressalva que se faz que a priso especial s pode ser

concedida durante o processo, ou seja, havendo condenao
definitiva, o preso ser encaminhado penitenciria, para
cumprir pena juntamente com os demais.

Priso-albergue domiciliar

Existem quatro hipteses previstas na LEP em que o condenado, que cumpre

pena EM REGIME ABERTO, poder cumpri-la em residncia particular:

rt. 117. Somente se admitir o recolhimento do beneficirio de regime aberto em residncia particular quando se
ratar de:

- condenado maior de 70 (setenta) anos;

- condenado acometido de doena grave;

I - condenada com filho menor ou deficiente fsico ou mental;

V - condenada gestante.

Tanto a doutrina quanto a jurisprudncia tm entendido que esse rol

taxativo.

Entretanto, o condenado no pode ser prejudicado no cumprimento da pena

em regime aberto quando, em razo da inrcia do Estado, no existir Casa
do Albergado na localidade, motivo este que autorizaria, sem qualquer
problema, o cumprimento da pena em seu domiclio, ampliando-se, assim, o
rol do 117.