Progressão de Regime

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PROGRESSO DE REGIME

O Direito Penal brasileiro adota o chamado Sistema Progressivo,


estabelecendo trs regimes de cumprimento da pena: Fechado, Semiaberto e
Aberto (CP, Art. 33, caput).
O regime fechado dever ser cumprido em estabelecimento de segurana
mxima ou mdia; o semiaberto em colnia agrcola ou similar; e o aberto em
Casa de Albergado ou estabelecimento adequado
O regime inicial a ser cumprido estabelecido na deciso final condenatria
levando em considerao as circunstncias judiciais (CP, art. 59), o quantum
da pena ou a natureza do delito:
a) O condenado a pena superior a 8 (oito) anos dever cumpri-la em regime
fechado ( CP, art. 33, par2, a);
b) O condenado no reincidente cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e
no exceda a 8 (oito), poder desde o incio cumprui-la em regime semiaberto (
CP, art. 33, par2, b);
c) O condenado no reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro)
anos, poder cunpri-la desde o incio em regime aberto.
necessrio uma observao: considerando o quantum da pena, o condenado
reincidente (itens b e c) no est obrigado a cumprir a pena em regime
fechado. O Juiz ao analisar as condies judiciais do art. 59 do CP, que
avaliar esta necessidade.
Smula 719 do STF: A imposio do regime de cumprimento mais severo do
que a pena aplicada permitir exige motivao idnea.
A Lei 8.072/90 com a alterao dada pela Lei 11.464/07, dispe que a pena por
crime hediondo, prtica de tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins
e terrorismo, dever ser cumprida inicialmente em regime fechado.
A Jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia vem entendendo que nos
crimes capitulados pela Lei 8.072/90, praticados antes da vigncia da Lei
11.464/07 possvel o cumprimento inicial em regime mais brando, face ao
Princpio da Irretroatividade da Lei mais gravosa (AgRg no HC 84279 / MS, HC
53506 / BA)
A Progresso de regime dar-se- aps o cumprimento dos requisitos
objetivos/temporal e subjetivos.
O requisito objetivo compreende o cumprimento de determinado quantum da
pena:
a) 1/6 da pena nos crimes em geral;

b) 1/6 nos crimes hediondos e afins cometidos antes de 28/03/2007. (Data de


vigncia da Lei 11.464 que agravou este requisito).
c) 2/5 nos crimes hediondos e afins cometidos a partir de 28/03/2007, quando o
apenado for primrio.
d) 3/5 nos crimes hediondos e afins cometidos a partir de 28/03/2007 quando o
apenado for reincidente.
O calculo do requisito objetivo sempre efetuado sobre a pena remanescente
e no sobre a pena base. Por exemplo:
Mlvio foi condenado a 6 (seis) anos de recluso em regime fechado. Aps
cumprido 1/6 da pena e presente o requisito subjetivo de bom comportamento,
progride para o regime semiaberto. Sua nova progresso opara o aberto levar
em considerao a pena remanescente, ou seja, 1/6 de 5 (cinco) anos e no a
sua pena base de 6 (seis) anos.
Requisito subjetivo: compreende o bom comportamento atestado pela direo
da unidade prisional. O Superior Tribunal de Justia j consolidou o
entendimento de que o exame criminolgico no obrigatrio para que o preso
tenha direito progresso de regime prisional, mas o magistrado pode solicitar
a realizao desse exame quando considerar necessrio, desde que o pedido
seja devidamente fundamentado.
O exame criminolgico baseia-se no aspecto biopsicosocial do indivduo,
uma modalidade de percia, de carter multidisciplinar (). Seu propsito o
estudo da dinmica do ato criminoso, dos fatores que o originam e do perfil do
agente criminoso. Oferece, pois, como primeira vertente, o diagnstico
criminolgico. vista desse diagnstico, conclui-se pela maior ou menor
probabilidade de reincidncia, isto , faz-se o prognstico criminolgico
(Marcus Vincius Amorim de Oliveira http://marcusamorim.blog.terra.com.br/)
No caso especfico do regime aberto, o artigo 114 da Lei de Execuo Penal
exige que o apenado esteja trabalhando ou que comprove a possibilidade de
faz-lo imediatamente.
PROGRESSO POR SALTOS no possue previso legal e refutada pela
jurisprudncia majoritria. Esta progresso consistiria na sada do Regime
Fechado direto para o Regime Aberto. Os que a defendem, consideram o caso
do apenado que no teve a sua progresso deferida opportune tempore
(presente o requisito subjetivo do bom comportamento) para o semiaberto.
Verbi gratia, Mlvio foi condenado a 6 (seis) anos de recluso em regime
fechado (crime no hediondo ou afim), o juiz ao analisar o fato, verificando que
o requerente sempre foi possuidor de bom comportamento, e j cumpridos
mais de 3 (trs) anos de sua pena, defere a sua progresso diretamente para o

Regime Aberto (considero est a posio mais justa. O apenado no pode ser
prejudicado pela falhas do Estado).
O LIMITE DE 30 (TRINTA) ANOS de cumprimento de pena no se aplica como
base para o clculo do requisito objetivo. Este levar em considerao o tempo
de pena remanescente, ainda que decorrente de unificao de penas e que
ultrapasse os 30 anos. Exemplo: Mlvio foi condenado a 60 anos de priso em
regime fechado, por crime hediondo cometido em 23/03/2006, o requisito
objetivo para a concesso da progresso de regime ser de 10 (dez) anos
(1/6 ). Neste sentido a Smula 715 do STF.
FALTA GRAVE Segundo os ditames dos artigos 50 e 52 da LEP, comete falta
grave o apenado que: I incitar ou participar de movimento para subverter a
ordem ou a disciplina; II fugir; III possuir, indevidamente, instrumento capaz
de ofender a integridade fsica de outrem; IV provocar acidente de trabalho; V
descumprir, no regime aberto, as condies impostas; VI inobservar os
deveres previstos nos incisos II e V do Art. 39 desta Lei. VII tiver em sua
posse, utilizar ou fornecer aparelho telefnico, de rdio ou similar, que permita
a comunicao com outros presos ou com o ambiente externo. VIII Cometer
crime doloso. O cometimento de falta grave interrompe o curso do prazo para a
concesso do benefcio da progresso, que reiniciado. causa tambm de
regresso de regime (voltar para um regime mais severo) aps a oportunidade
de defesa do apenado. Neste diapaso:
O cometimento de falta grave pelo apenado impe no s a regresso de
regime de cumprimento de pena, como o reincio do computo do prazo de 1/6
da pena para obteno de nova progresso de regime prisional (STF, HC
86.990-4/SP, 1o T., j. 2-5-2006, v.u, rel. Min. Ricardo Lewandoxski, DJU, 9-62006)
Havia uma divergncia quanto ao entendimento de que a falta grave seria
causa interruptiva da contagem do tempo para a progresso de regime. A 6
Turma do STJ entendia que o cometimento da falta grave no interrompia o
prazo; em sentido oposto manifestava-se a 5a Turma (interrompia). No EResp
1176486, em votao apertada, a Terceira Seo do Superior Tribunal de
Justia (composta pelos Ministros que integram a 5a e 6a Turma)fixou o
entendimento de que a prtica de falta grave representa marco interruptivo
para obteno de progresso de regime. A deciso unificou a posio da Corte
sobre o tema.
PROGRESSO ANTES DO TRNSITO EM JULGADO sobre este tema, o
Supremo Tribunal Federal editou a Smula 716: Admite-se a progresso de
regime de cumprimento de pena ou a aplicao de regime menos severo nela
determinada, antes do trnsito em julgado da sentena condenatria.
Observe-se porm a necessidade de o Ministrio Pblico no ter recorrido da
sentena impugnado o quantum da sentena estabelecida.

FORMA DE UTILIZAO DA REMIO PARA O CLCULO DO REQUISITO


OBJETIVO DO BENEFCIO A remio consiste em um benefcio
penitencirio, onde o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
semi-aberto poder abater a cada 3 (trs) dias de trabalho, 1 (um) dia de sua
da pena (LEP, Art 126, par 1o).
Com a introduo da 12.433/2011 que alterou a LEP, o estudo (que j vinha
sendo judicialmente reconhecido) passou a ser considerado para remio. Para
cada 12 (horas) de frequncia escolar (divididas no mnimo em 03 dias) abatese 01 (um) dia de pena.
Existem duas posies quanto a forma de utilizao dos dias remidos para
efeito de concesso do benefcio da progresso de regime (e outros):
1a posio: o tempo remido deve ser somado ao tempo de pena cumprida.
Exemplo: Mlvio condenado a 12 (doze) anos de recluso (no hediondo), teve
90 (noventa) dias remidos e cumpriu 1 ano. 10 meses de pena. O requisito
objetivo de 1/6 ou seja, 2 (dois) anos de pena cumprida. Somando-se os 1
ano, 10 meses de pena aos 90 dias remidos, Mlvio ter mais de 2 anos de
pena e o requisito temporal estar satisfeito. Os dias remidos so computados
como pena efetivamente cumprida.
2a Posio: o tempo remido deve ser abatido do total da pena aplicada.
Exemplo: Mlvio forea condenado a uma pena de 12 (doze) anos e 6 meses de
recluso em regime fechado (no hediondo). O requisito ojetivo de 1/6, ou
seja, 2 (dois) anos e 1 ms de pena cumprida. Considerando que teve 180
(cento e oitenta) dias remidos, estes sero subtraidos de sua oena total,
restando 12 (doze) anos e por conseguinte, o lapso temporal estaria satisfeito
apos 2 anos de pena.
A 1a posio a mais benfica ao apenado e constitui o entendimento
reiterado do Superior Tribunal de Justia.:
EXECUO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME HEDIONDO. REMIO.
CONTAGEM.
PENA EFETIVAMENTE CUMPRIDA. ART. 126 DA LEP. ORDEM DENEGADA.
1. A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia no sentido de que os dias
remidos devem ser computados como pena efetivamente cumprida no clculo
destinado obteno de qualquer dos benefcios da execuo. Precedentes do
STJ. 2. Ordem denegada. (HC 127947 / SP T5 QUINTA TURMA Ministro
ARNALDO ESTEVES LIMA J. 21/05/2009)
PROGRESSAO EM CASOS DE UNIFICAO DE PENAS

1) Crime hediondo (efetuado antes da vigncia da Lei 11.464/07) + Crime


comum. Neste caso o lapso temporal ser de 1/6 da pena remanescente. Por
exemplo: Mlvio foi condenado pelo delito de Trfico Ilcito de drogas a uma
pena de 6 anos e pelo delito de roubo a uma pena de 6 anos. Unificadas, o
total da pena ser de 12 anos. Aps 2 (dois) anos, o requisito objetivo temporal
estar satisfeito (1/6).
2) Crime hediondo (efetuado aps da vigncia da Lei 11.464/07) + Crime
comum. Na hiptese, o clculo do requisito temporal dever ser feito
separadamente para cada delito: Mlvio foi condenado a 5 (cinco) anos de
recluso pelo delito de Trfico de Drogas (crime realizado em data posterior a
vigncia da Lei 11.464) e a 6 anos de recluso pelo delito de roubo. O total da
pena unificada ser de 11 (onze) anos. Para o delito de Trfico a progresso
exige o requisito objetivo de cumprimento de 2/5 (3/5 se reincidente) da pena
remanescente. Na espcie, 2 (dois) anos (2/5 de 5 anos). Para o delito de
roubo o requisito temporal ser de apenas 1/6, ou seja, 1 (um) ano (1/6 de 6
anos). Logo, Mlvio ter satisfeito o requisito temporal para a progresso
quando cumprir 3 anos de sua pena.
3) Crime hediondo (efetuado antes da vigncia da Lei 11.464/07) + Crime
hediondo (praticado aps a vigncia da Lei 11464/07). Da mesma forma do
caso anterior (item 2), o clculo dever ser realizado separadamente para cada
delito. Por exemplo: Mlvio fora condenado pelo delito de trfico de drogas
(cometido ante da Lei agravante) a uma pena de 6 (anos) de recluso, e
condenado pelo delito de homicdio qualificado (praticado aps a vigncia da lei
agravadora) a uma pena de 20 (vinte) anos de recluso). O requisito objetivo
para a concesso da progresso exigir o cumprimento de 1 (um) ano do delito
de trfico (1/6 da pena de 6 anos), somados a 8 anos, que corresponde a 2/5
da pena de 20 anos (ou 12 anos se for reincidente, quando ter que cumprir
3/5 da pena). Logo o total de pena cumprida que satisfar o requisito temporal
ser o cumprimento de 9 anos da pena (ou 13 se foi reconhecida a reincidncia
no delito de homicdio).
FORMA DE CALCULAR A PROGRESSO NAS PENAS UNIFICADAS
1) Crime comum + Crime comum. o requisito objetivo para a progresso de
regime para qualquer crime comum (no hediondo ou a este equiparado) ser
o cumprimento de 1/6 da pena total (ou remanescente).
Exemplo: Lscio foi preso em 01/05/2007 e condenado pela prtica de dois
delitos comuns, tendo sido aplicada a pena de 6 anos para o crime C1 e 3 anos
para o crime C2. Totalizando uma pena unificada de 9 anos.
Considerando o regime inicialmente fechado, que no h tempo remido,
preenchimento do requisito subjetivo, no cometimento de falta grave no
cumprimento da pena e que os pedidos de progresso tenham sido deferidos

no dia, Lscio sairia do Regime fechado para o semiaberto em 29/10 de 2008,


aps cumprir 1/6 da pena de 9 anos, ou seja, 1 ano e seis meses (01 ano
referente ao crime C1 + 06 meses referentes ao crime C2).
A data base, neste momento, ser 29/10/2008 (data da concesso da 1o
progresso).
Para a progresso do semiaberto para o aberto, deve-se, agora, cumprir 1/6
da pena remanescente (no mais a total) de 7 anos e 6 meses, e o quantum
ser de 1 ano e 3 meses que se refere a 10 meses do crime C1 + 05 meses
do C2. E a progresso ocorreria em 28/01/2010.
2) Crime hediondo (efetuado antes da vigncia da Lei 11.464/07) + Crime
comum. Neste caso, o requisito objeto ser de 1/6 da pena para ambos os
delitos.
Exemplo: Tico foi preso em 01/01/2007 e condenado pela prtica de dois
delitos: um comum e outro hediondo. Tendo sido aplicada a pena de 6 anos
para o crime hediondo H1 e 3 anos para o crime comum C1. Totalizando uma
pena unificada de 9 anos.
Considerando o regime inicialmente fechado, que no h tempo remido,
preenchimento do requisito subjetivo, no cometimento de falta grave no
cumprimento da pena e que os pedidos de progresso tenham sido deferidos
no dia, Tico sairia do Regime fechado para o semiaberto em 01/07 de 2008,
aps cumprir 1/6 da pena de 9 anos, ou seja, 1 ano e seis meses (01 ano
referente ao crime hediondo H1 + 06 meses referentes ao crime comum C1)
Agora, a data base ser 01/07/2008 (data da concesso da 1o progresso)
Para a ocorrncia de nova progresso, do regime semiaberto para o aberto,
deve cumprir o requisito temporal de 1/6 da pena remanescente (no mais a
total) de 7 anos e 6 meses. E este quantum ser de 1 ano e 3 meses (10
meses referentes ao crime hediondo H1 + 05 meses referentes ao crime
comum C1), e a nova progresso ocorreria em 30/09/2009.
3) Crime hediondo (efetuado aps da vigncia da Lei 11.464/07) + Crime
comum. Neste caso, o requisito objeto ser de 1/6 da pena o Delito comum e
2/5 (3/5 se reincidente) para o Crime Hediondo (ou equiparado). Contudo, aqui
deve ser observado o que prescreve o art. 76 do Cdigo Penal: No concurso
de infraes, executar-se- primeiramente a pena mais grave.
Exemplo: Fidor foi preso em 01/06/2007 e condenado pela prtica de dois
delitos: um comum e outro hediondo. Tendo sido aplicada a pena de 05 anos
para o crime hediondo H1 e 03 anos para o crime comum C1. Totalizando uma
pena unificada de 08 anos.

Considerando o regime inicialmente fechado, que no h tempo remido,


preenchimento do requisito subjetivo, no cometimento de falta grave no
cumprimento da pena e que os pedidos de progresso tenha sido/sejam
deferidos no dia, Fidor sairia do Regime fechado para o semiaberto em
29/11/2009 aps cumprir 2/5 da pena do crime hediondo H1 (2 anos) + 1/6 da
pena do crime comum C1 (06 meses) = 02 anos e 06 meses.
A pena remanescente seria de 05 anos e 06 meses e a data base ser
29/11/2009 (data da concesso da 1o progresso). Contudo, o procedimento
agora seria diferente dos exemplos acima (01 e 02), pois no aplicariamos
diretamente os 2/5 sobre a pena remanescente do crime hediondo ( 3 anos) e
1/6 sobre a pena remanescente do crime comum ( 02 anos e 06 meses).
Deve-se ser observar o citado artigo 76 do Cdigo Penal que prescreve a
execuo inicial da pena mais grave.
Quando ocorreu a progresso do regime fechado para o semiaberto, Fodor j
havia cumprido 02 anos e 06 meses de pena e este perodo deve ser abatido
da pena total aplicada no crime hediondo.
05 anos (pena total de H1) 2 anos e 6 meses (pena cumprida) = 02 anos e
06 meses de pena remanescente para este delito.
Com relao ao crime comum C1, este voltar ao seu quantum inicial de 03
anos.
Ao final, teriamos os mesmos 2 anos e seis meses de pena cumprida, mas
toda abatida da pena mais gravosa (que deve ser executada primeiro).
Agora, realizando novo clculo: 2/5 da pena remanescente do crime hediondo
(H1) de 2 anos e 6 meses (01 ano) + 1/6 da pena total do crime comum (C1) de
03 anos (06 meses) = 01 ano e 06 meses, que ser o requisito temporal para a
progresso para o Aberto e ocorrer em 30/05/2011.
Pelo clculo direto, Fidor teria que cumprir 01 anos, 07 meses e 12 (dias).
Seguindo a regra do artigo 76 do CP o tempo seria de 01 ano e 06 meses.
Esta interpretao majoritria e utilizada pelo CNJ nos Mutires
Carcerrios. E em breve, est rgo ir homologar uma calculadora de pena
que utiliza estes parmetros.
4) Crime hediondo (efetuado antes da vigncia da Lei 11.464/07) + Crime
hediondo (praticado aps a vigncia da Lei 11464/07) O requisito objeto ser
de 1/6 da pena o hediondo (ou equiparado) realizado antes da lei 11.464/07 e
de 2/5 ou 3/5 (se reincidente) para o hediondo (ou equiparado) realizado aps
este Estatuto legal. Contudo, aqui deve ser observado o que prescreve o art.

76 do Cdigo Penal: No concurso de infraes, executar-se- primeiramente


a pena mais grave.
Na espcie, a pena mais gravosa ser a do hediondo posterior a Lei 11.464/07,
pois para este, passou-se a exigir requisito temporal maior para o benefcio da
progresso de regime.
Exemplo: Crasso foi preso 01/06/2007 e condenado pela prtica de dois
delitos hediondos (ou equiparados), tendo sido aplicada a pena de 03 anos
para o crime H1 (praticado antes da Lei 11.464/07) e 05 anos para o crime H2
(depois da Lei). Totalizando uma pena unificada de 08 anos.
Considerando o regime inicialmente fechado, que no h tempo remido,
preenchimento do requisito subjetivo, no cometimento de falta grave no
cumprimento da pena e que os pedidos de progresso tenha sido/sejam
deferidos no dia, Crasso sair do Regime fechado para o semiaberto em
29/11/2009 aps cumprir 2/5 da pena do crime hediondo H2 (2 anos) + 1/6 da
pena do hediondo H1 (06 meses) = 02 anos e 06 meses.
A pena remanescente seria de 05 anos e 06 meses e a data base ser
29/11/2009 (data da concesso da 1o progresso). Contudo, o procedimento
igual ao item 03.
Deve ser observado o citado artigo 76 do Cdigo Penal, com o a execuo
inicial da pena mais grave.
Quando ocorreu a progresso do regime fechado para o semiaberto, Crasso j
havia cumprido 02 anos e 06 meses de pena e este perodo deve ser abatido
da pena total aplicada no crime hediondo H2 (mais gravosa): 05 anos
A pena total de H2 (05 anos) pena cumprida (02 anos e 06 meses ) = 02 anos
e 06 meses de pena remanescente para este delito.
Com relao ao crime hediondo H1, este voltar ao seu quantum inicial de 03
anos.
Teriamos os mesmos 2 anos e seis meses de pena cumpridos, mas toda
abatida da mais gravosa (que deve ser executada primeiro).
Efetuando novo clculo: 2/5 da pena remanescente do crime hediondo (H2) de
2 anos e 6 meses (01 ano) + 1/6 da pena total do crime hediondo (H1) de 03
anos (06 meses), resultaria em 01 ano e 06 meses, que ser o requisito
temporal para a progresso para o Aberto e ocorrer em 30/05/2011.
5) Crime hediondo (efetuado aps a vigncia da Lei 11.464/07 + Crime
Hediondo (praticado aps a Lei 11.464/07) A forma para realizar o clculo neste
caso ser igual ao item 01, alterando apenas o requisito objetivo para 2/5 ou
3/5 (reincidente).

Exemplo: Sula foi Preso em 01/10/2007 e condenado pela prtica de dois


delitos hediondos (ou equiparados), tendo sido aplicada a pena de 12 anos
para o crime H1 e 06 anos para o crime H2 . Totalizando uma pena unificada
de 18 anos.
Considerando o regime inicialmente fechado, que no houve reincidncia, que
no h tempo remido, preenchimento do requisito subjetivo, no cometimento
de falta grave no cumprimento da pena e que os pedidos de progresso sero
deferidos no dia, Sula sair do Regime fechado para o semiaberto em 12/12 de
2014, aps cumprir 2/5 (no reincidente) da pena de 18 anos, ou seja, 7 ano
e 2 meses e 12 dias (2/5 da pena de h1 + 2/5 da pena de h2).
A data base ser 12/12/2014 (data da concesso da 1o progresso)
Para a progresso do regime semiaberto para o aberto o requisito de tempo
exigir o cumprimento de 2/5 da pena remanescente (no mais a total) de 10
anos e 9 meses e 18 dias e que resultar em 4 anos, 3 meses e 26 dias. Com
efeito, a progresso ocorrer em 08/04/2019.
TERMO INICIAL PARA CONTAGEM DO PRAZO PARA NOVA PROGRESSO
QUANDO OCORRE ATRASO NA CONCESSO DO BENEFCIO
Existe uma divergncia na Jurisprudncia no seguinte caso:
Melvio foi condenado a 06 (seis) anos de recluso pelo cometimento de delito
(no hediondo ou equiparado). Comeou o cumprimento da pena em
01/01/2008. O requisito objetivo-temporal para a concesso da progresso
para o regime semi-aberto estaria preenchido aps o cumprimento de 1/6 da
pana, ou seja, em 01 ano de pena. Ocorre que o seu benefcio s foi deferido
em 01/07/2009 (sete meses de atraso). A deciso concessiva do teria natureza
declaratria retroagindo a data do cumprimento do requisito objetivo
Segundo parte da jurisprudncia, Mlvio teria direito a nova progresso para o
regime aberto, contando-se o requisito temporal a partir do preenchimento do
requisito objetivo para o regime semi-aberto: 01/01/2009 e no o da concesso
deste (01/07/2009). Argumenta-se que o apenado no poderia ser prejudicado
por uma falta do Estado. Neste sentido:
AGRAVO EM EXECUO. PROGRESSO DE REGIME. DATA RETROATIVA
PARA CONTAGEM DO LAPSO TEMPORAL. POSSIBILIDADE.
PROGRESSO POR SALTO. INOCORRNCIA. RECURSO DESPROVIDO.
Deve ser considerada para fins de progresso, a data em que, efetivamente,
ocorreu o cumprimento do requisito objetivo. O apenado no pode ser
prejudicado pela morosidade da justia. Deciso mantida.

(TJ/MG, Nmero do processo: 1.0000.09.490238-4/001(1), Data da Publicao:


30/07/2009, Relator: DOORGAL ANDRADA, Smula: NEGARAM
PROVIMENTO, disponvel em http://www.tjmg.jus.br, acesso em 24/08/2009)
RECURSO DE AGRAVO EM EXECUO CONSIDERAO DA DATA EM
QUE O REEDUCANDO PASSOU A PREENCHER O LAPSO TEMPORAL
EXIGIDO PARA O BENEFCIO COMO SENDO A DO INGRESSO NO REGIME
MAIS BRANDO INCONFORMISMO MINISTERIAL ALEGAO DE
PROGRESSO POR SALTOS DEMORA NA CONCESSO DA
PROGRESSO QUE NO PODE SER IMPUTADA AO SENTENCIADO
POSSIBILIDADE DE CMPUTO DO PERODO CUMPRIDO A MAIS NO
REGIME MAIS GRAVOSO PARA CONCESSO DE NOVA PROGRESSO
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJ/MG, Nmero do processo: 1.0000.08.486888-4/001(1), Data da Publicao:
15/05/2009, Relator: MRCIA MILANEZ, Smula: RECURSO NO PROVIDO)
EXECUO PENAL PROGRESSO MARCO INICIAL
RETROATIVIDADE DATA QUE O REEDUCANDO FAZIA JUS
PROGRESSO DE REGIME POSSIBILIDADE. No tendo o apenado dado
causa demora na prestao jurisdicional, o marco inicial para a concesso da
progresso de regime deve retroagir data em que o reeducando preencheu
os requisitos necessrios, e no ser fixada a data do prprio decisum, como
forma de compensao pelo excesso de execuo que lhe foi imposto,
devendo esse excesso ser considerado como tempo cumprido no novo regime.
Agravo provido.
(TJ/MG, Nmero do processo: 1.0000.09.489661-0/001(1), Data da Publicao:
17/06/2009, Relator: ANTNIO ARMANDO DOS ANJOS, Smula: RECURSO
PROVIDO)
AGRAVO EM EXECUO PROGRESSO DE REGIME FECHADO PARA O
SEMIABERTO DECISO QUE DETERMINOU O TERMO PARA O INCIO
DO NOVO ESTGIO NO MOMENTO DA SENTENA DECISO
MERAMENTE DECLARATRIA RETROAO DATA LEGALMENTE
ADMITIDA NECESSIDADE. A deciso concessiva de progresso de pena
tem natureza meramente declaratria, de modo que o termo inicial para novos
benefcios retroage data em que todas as condies legalmente exigidas
para a progresso foram reunidas pelo segregado, de modo que o tempo
cumprido no regime mais gravoso, ainda que diminuto, deve ser computado
para todos os fins como se o ru estivesse no regime menos gravoso e para o
estgio na obteno do regime posterior. Recurso provido. Acrdo n
1.0000.09.493214-2/001(1) de TJMG. Tribunal de Justia do Estado de Minas
Gerais, 01 de Dezembro de 2009 Magistrado Responsvel: Judimar Biber

A outra corrente no sentido de considerar o termo inicial para a contagem do


requisito temporal o da concesso da progresso para o semi-aberto:
01/07/2010.
Alegam, que o nosso Direito adota o sistema progressivo, devendo o apenado
passar por estgios necessrios para a sua ressocializao, e desta forma,
cumprir a exigncia de 1/6 da pena no regime semi-aberto. A deciso teria
natureza constitutiva.:
AGRAVO DE EXECUO RETROATIVIDADE DA CONCESSO DO
BENEFCIO DE PROGRESSO DE REGIME IMPOSSIBILIDADE
INTELIGNCIA DO ART. 112 DA LEP RECURSO PROVIDO.O benefcio da
progresso de regime no pode ter como termo inicial data retroativa quela da
deciso judicial concessiva, em face do disposto no art. 112 da LEP que exige
o efetivo cumprimento de um sexto da pena no regime anterior. O atraso na
prestao jurisidicional realmente lamentvel, mas no pode ser justificativa
para descumprimento da norma, sob pena de ruir todo o arcabouo jurdico
que, em ltima anlise, sustenta a prenteso punitiva estatal. Acrdo n
1.0000.09.500323-2/001(1) de TJMG. Tribunal de Justia do Estado de Minas
Gerais, 15 de Dezembro de 2009 Magistrado Responsvel: Alexandre Victor
de Carvalho
DETRAO
A detrao consiste no abatimento (cmputo) do tempo de priso provisria
(antes do trnsito em julgado da deciso condenatria) do total da pena
privativa de liberdade (art. 42 do Cdigo Penal) .
Se Mlvio foi preso em flagrante delito em 01/01/2010, foi condenado a 06
anos em 21/10/2010 e sua sentena condenatria transitou em julgado
somente em 31/12/2010, os tempo de priso cautelar (1 ano) dever ser
abatido da pena e Mvio dever cumprir os 5 (cinco) anos restantes.
No pertinente a progresso de regime, o tempo de priso cautelar dever ser ser
considerado como pena efetivamente cumprida e no descontada do total.
Mlvio cumpriu 01 (um) ano de priso provisria e foi condenado a 06 (seis)
anos de recluso. Seu delito no hediondo (ou equiparvel), logo cumpriu o
requisito temporal exigido para a progresso de 1/6 da pena (entendimento
quase unnime).
Alguns entendem diferente (e ouso discordar), no sentido de descontar o tempo
de priso provisria para depois calcular o quantum para cumprimento do
requisito objetivo. Tomando o exemplo antes citado, seria abatido o tempo de
priso provisria (1 ano) do total da pena aplicada (6 anos), resultando 5 anos.
Sobre este seria considerado o 1/6 e Mlvio ainda teria que cumprir 10 meses
de pena para preencher o requisito temporal.

DETRAO COM BASE EM PRISO PROVISRIA REFERENTE A OUTRO


DELITO
O Superior Tribunal de Justia admite a Detrao refente a priso provisria
decorrente de outro delito, ddesde que a data do cometimento do crime de que
se trata a execuo seja anterior ao perodo pleiteado.
Do voto condutor no RECURSO ESPECIAL N 711.054 RS da Lavra do
Ministro Arnaldo Esteves Lima extramos:
O Art. 42 do Cdigo Penal prev a detrao do tempo de priso provisria, de
priso administrativa e de internamento em estabelecimento do tipo manicmio
judicirio. Entretanto, no disciplina inmeras hipteses ocorrentes no cotidiano
forense, dentre elas, a analisada nestes autos.
A Lei das Execues Penais, em seu art. 111, conferiu ao tema uma melhor
viso, ao admitir a unificao de penas impostas em processos distintos,
verbis:
Art. 111. Quando houver condenao por mais de um crime, no mesmo
processo ou em processos distintos, a determinao do regime de
cumprimento ser feita pelo resultado da soma ou unificao das penas,
observada, quando for o caso, a detrao ou remio.
Houve, portanto, a previso de detrao penal em razo de processos
distintos.
Dentro desse contexto, a doutrina passou a defender a tese da admissibilidade
da detrao do tempo de priso processual ordenada em outro processo em
que o sentenciado foi absolvido ou foi declarada a extino da punibilidade. A
propsito, destaca-se o ensinamento de Jlio Mirabete, que, aps expor as
correntes doutrinrias sobre o tema, preleciona:
Tem-se, porm, admitido ultimamente, tanto na doutrina como na
jurisprudncia, a detrao por priso ocorrida em outro processo, desde que o
crime pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha sido praticado anteriormente
a seu encarceramento. Essa interpretao coerente com o que dispe a
Constituio Federal, que prev a indenizao ao condenado por erro
judicirio, assim, como quele que ficar preso alm do tempo fixado na
sentena (art. 5, LXXV), pois no h indenizao mais adequada para o tempo
de priso provisria que se julgou indevida pela absolvio do que ser ele
computado no tempo da pena imposta por outro delito. Evidentemente, deve-se
negar detrao a contagem do tempo de recolhimento quando o crime
praticado posteriormente priso provisria, no se admitindo que se
estabelea uma espcie de conta corrente, de crditos e dbitos do
criminoso. (in Cdigo Penal interpretado, Atlas, 5 edio, pg. 371).

Esse entendimento tem prevalecido no mbito deste Superior Tribunal, como


se confere do seguinte julgado:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. DETRAO PENAL. CRIMES
COMETIDOS POSTERIORMENTE PRISO CAUTELAR.
IMPOSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.
1. O instituto da detrao penal somente possvel em processos relativos a
crimes cometidos anteriormente ao perodo de priso provisria a ser
computado.
2. Outro entendimento conduziria esdrxula hiptese () de conta corrente
em favor do ru, que, absolvido no primeiro processo, ficaria com um crdito
contra o Estado, a ser usado para a impunidade de posteriores infraes
penais. (in Luiz Rgis Prado, Curso de Direito Penal Brasileiro, 3 ed., Editora
Revista dos Tribunais, So Paulo, 2002, vol. 1, pg. 470).
3. Recurso improvido. (REsp 650.405RS, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO,
Sexta Turma, DJ de 29805)
Exempificando: Mlvio foi denunciado pela pratica do delito de roubo (CP,
art.157), fato ocorrido em 15/03/2000, contudo permaneceu respondendo o
processo em liberdade.
Em 17/03/2001, foi preso em flagrante pelo cometimento de novo crime (Trfico
de Entorpecentes), tendo permanecido preso durante toda a fase de instruo
(09 meses), e ao final foi absolvido.
Em 06/04/2002 foi condenado pelo primeiro delito (Roubo) em
sentena/acrdo que transitou em julgado a uma pena de 05 (anos).
Neste caso, a Detrao ser possvel. O tempo que Mlvio permaneceu preso
provisoriamente (09 meses), mesmo tendo sido referente ao cometimento do
2o delito (trfico de entorpecente), ser considerando (e abatido) no
cumprimento da pena de 05 anos imposta pela condenao por roubo , pois
este foi anterior.
Caso ocorresse o contrrio, no seria admitida a Detrao. Ou seja, Mlvio
tivesse cumprido 09 meses de priso provisria (no caso do Roubo CP. 157)
e posteriormente absolvido desta imputao e condenado a 05 anos pelo delito
de trfico (no cumpriu priso provisria em relao a este crime Trfico).
O DELITO DE ASSOCIAO PARA O TRFICO ART. 35 DA LEI DE
DROGAS.

Por ausncia de previso legal, o delito de Associao para o Trfico no


pode ser equiparado hediondo. Com efeito, o requisito temporal para a
progresso de regime de cumprimento de 1/6 da pena (ou remanescente).
ASSOCIAO PARA O TRFICO. ARTIGO 35 DA LEI 11.343/2006.
NATUREZA HEDIONDA. NO CARACTERIZAO. AUSNCIA DE
PREVISO NO ROL TAXATIVO DO ARTIGO 2 DA LEI 8.072/1990. 1. O crime
de associao para o trfico no equiparado a hediondo, uma vez que no
est expressamente previsto no rol do artigo 2 d Lei 8.072/1990. 2. Habeas
corpus concedido para reconhecer o equvoco material no acrdo objurgado
relativo dosimetria da pena, corrigindo-se o quantum final da reprimenda
imposta ao paciente para 10 (dez) anos e 8 (oito) meses de recluso e
pagamento de 1.599 (mil quinhentos e noventa e nove) dias-multa,
esclarecendo-se, ainda, sobre a ausncia de carter hediondo do crime de
associao para o trfico, previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006.
STJ HC 145501 / SP Quinta Turma Rel. Ministro Jorge Mussi DJe
01/02/2011

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