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Atendente de Farmácia

Instituto EducaJovem

Versão 4

Ano 2020/2021
FICHA DO ALUNO

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e-m ail:
Sumário
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. ... 6

Unidade 1 ............................................................................................................................ 8
1. Conceitos básicos para a prática da farmácia .................................................................. 9
2. Reconhecendo as diferenças entre fármaco, medicamento, forma farmacêutica e via de
administração ............................................................................................. ...................... 11
3. Auto avaliação ............................................................................................................... 14

Unidade 2 .......................................................................................................................... 15
1. Farmacocinética ............................................................................................................ 17
2. Farmacodinâmica ........................................................................................... ............... 23
3. Reconhecendo as diferenças entre farmacocinética e farmacodinâmica ...................... 24
4. Auto avaliação .................................................................................................. ............. 25

Unidade 3 .......................................................................................................................... 26
1. Classificação de medicamentos ......................................................................... ............ 28
2. Reconhecendo as diferenças entre medicamentos alopáticos, fitoterápicos e
homeopáticos ................................................................................................................ ... 33
3. Reconhecendo as diferenças entre medicamentos de referência, genéricos e similares
........................................................................................................................................... 33
4. Auto avaliação ................................................................................................... ............ 35

Unidade 4 .......................................................................................................................... 36
1. Classes farmacológicas .................................................................................................. 38
2. Revisando os conceitos sobre as principais classes farmacológicas disponíveis em uma
farmácia ............................................................................................................................ 42
Auto avaliação .................................................................................................................. 43

Unidade 5 .......................................................................................................................... 44
1. Organização da farmácia ............................................................................................... 46
1.1 Infraestrutura física ..................................................................................................... 46
1.2 Recebimento dos produtos .................................................................................. ....... 47
1.3 Condições de armazenamento .................................................................................... 47
1.4 Organização e exposição dos produtos ........................................................................ 48
1.5 Limpeza dos ambientes ............................................................................................... 49
1.6 Recursos humanos ................................................................................................ ...... 49
2. Retomando os principais pontos da organização de uma farmácia ............................... 50
3. Auto avaliação ......................................................................................................... ...... 53

Unidade 6 .......................................................................................................................... 54
1. Dispensação de medicamentos ................................................................................ ..... 56
1.1 Qualidade no atendimento .......................................................................................... 59
2. Exercitando as habilidades exigidas para a boa dispensação ......................................... 61
3. Auto avaliação ............................................................................................... ................ 61
4. Programa farmácia popular ........................................................................................... 61

Unidade 7 .......................................................................................................................... 64
1. Serviços farmacêuticos .............................................................................................. .... 66
2. Conceito de anatomia ............................................................................................... ..... 68
3. Aferição de glicemia capilar ...................................................................................... ..... 69
3.1 Aferição da pressão arterial ................................................................................... ...... 72
3.2 Administração de medicamentos ................................................................................ 73
3.3 Procedimento de inalação ........................................................................................... 74
3.4 Procedimento para aplicação de injetáveis ................................................................. 74
3.5 Perfuração do lóbulo auricular para colocação de brincos .......................................... 75
4. Simulando um serviço farmacêutico ........................................................................ ...... 76
5. Auto avaliação ............................................................................................................... 76

Unidade 8 .......................................................................................................................... 77
1. Cálculos em farmácia ............................................................................................... ...... 79
2. Treinando a capacidade de resolver problemas com o auxílio da matemática
........................................................................................................................................... 83
3. Auto avaliação ....................................................................................................... ........ 85

Unidade 9 .......................................................................................................................... 86
1. Ética profissional ........................................................................................................... 88
2. Aprendendo a se posicionar de maneira ética diante de situações corriqueiras no dia-a-
dia da farmácia ......................................................................................................... ......... 95
3. Auto avaliação ............................................................................................................... 96

Unidade 10 ...................................................................................................................... 100


1. Noções de cidadania .................................................................................................... 102
2. Mundo do trabalho ............................................................................................ .......... 105
3. Pondo em prática os conhecimentos obtidos .............................................................. 109
4. Auto avaliação ..................................................................................................... ........ 110
Referências ..................................................................................................................... 116
Anotações
INTRODUÇÃO

É inegável a importância dos estabelecimentos farmacêuticos para a


sociedade e, independente da sua natureza, pública ou privada, cada farmácia
precisa ter funcionários capacitados para que possa garantir que os medicamentos
e outros produtos relacionados, como cosméticos, sejam armazenados em boas
condições e entregues ao consumidor de forma apropriada.

O farmacêutico responsável-técnico por cada farmácia necessita, desse


modo, de uma equipe preparada para auxiliá-lo nas diversas atividades
desenvolvidas nesse estabelecimento. O atendente de farmácia, nesse sentido,
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deve possuir uma qualificação que o prepare para o mundo do trabalho. Para
isso, essa formação no EducaJovem pretende oferecer um aprendizado sobre
os assuntos mais diretamente relacionados com a farmácia de dispensação.

Entretanto, vale ressaltar que a aquisição do conhecimento é um processo


dinâmico, que exige muita dedicação. O volume de informações que um
atendente de farmácia precisa ter domínio é tão extenso que nenhum curso
é capaz de repassar todos os detalhes. O que vai garantir que o profissional
esteja realmente preparado é a prática profissional.

E após a formação e a inserção no mercado de trabalho, o atendente de


farmácia pode parar de estudar? A resposta é NÃO! O aprendizado deve ser
contínuo, pois, a cada ano, surgem novas legislações que regulamentam o
setor farmacêutico, novos medicamentos são lançados, outros são proibidos,
além de toda a inovação que cerca o mundo dos cosméticos.

Portanto, fica a dica: se você quiser ser um profissional de sucesso, com um


grande diferencial e disputado pelo mercado, terá que estudar bastante, dedicar-
se muito e acumular experiência profissional. Mas fique tranquilo, pois o Instituto
Nacional de Formações irá te auxiliar na primeira etapa do seu sucesso, que é a
formação profissional. O resto... deixemos para você escrever a sua história!

Rodrigo Batista de Almeida


Farmacêutico e professor do Instituto
Unidade 1
Anotações
Qual a diferença entre fármaco e medicamentos?

O que é forma farmacêutica e via de administração?

Os medicamentos são produtos que contêm um ou mais fármacos e


são destinados para a prevenção ou tratamento de doenças. Os
medicamentos possuem uma forma física, que caracteriza a forma
farmacêutica. A escolha da forma farmacêutica deve levar em
consideração a via de administração.

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1 - Conceitos básicos para a prática da Farmácia

O primeiro esclarecimento que se faz necessário é diferenciar “fármaco”


de “medicamento”. Fármaco é toda substância ativa farmacologicamente,
ou seja, que promove um efeito farmacológico quando administrada a um
organismo. É a substância pura, que irá ser a responsável pelo efeito. Já o
termo “medicamento” é empregado para o produto farmacêutico final que
contém um ou mais fármacos, além de várias outras substâncias com funções
as mais diversas, mas que não contribuem para o efeito farmacológico.

Para ficar clara a diferença, vamos citar um exemplo: uma das


apresentações do medicamento Diovan® contém 14 comprimidos revestidos
sulcados de 40 mg de valsartano. Na composição desses comprimidos,
encontramos 40 mg de valsartano, além de celulose microcristalina,
crospovidona, dióxido de silício coloidal, estearato de magnésio, hipromelose,
dióxido de titânio, macrogol, óxido de ferro vermelho, óxido de ferro amarelo
e óxido de ferro preto. De todas as substâncias contidas no comprimido de
Diovan, apenas o valsartano responde pelo efeito anti-hipertensivo.

Todas as outras substâncias apresentam um papel secundário, sendo


responsáveis por características da forma farmacêutica, no caso “comprimido”.
Todas essas outras substâncias que não são apresentam efeito farmacológico
e entram na composição apenas como conservantes, secantes, agregantes,
agentes de revestimento, etc., são conhecidas como excipientes. No conjunto,
o fármaco e os excipientes formam o “medicamento”. Portanto, fármaco é a
substância ativa e medicamento é o produto final, que contém o fármaco,
mas também contém todo um conjunto de excipientes, indispensáveis para a
formulação do produto.

Pois bem, se você já sabe a diferença entre fármaco e medicamento, vamos


avançar no nosso aprendizado e conceituarmos outros termos muito utilizados
no dia-a-dia da farmácia: “forma farmacêutica” e “via de a d m i n i s t r a ç ã o ”.
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Como já falamos, um fármaco precisa ser misturado com várias outras


substâncias para chegar ao medicamento. No final da preparação do
medicamento, o produto toma uma forma, a chamada “forma
farmacêutica”. Forma farmacêutica é, portanto, a forma física que o
medicamento adquire. Para facilitar a compreensão, vamos dividir as formas
farmacêuticas em sólidas, semi-sólidas e líquidas. Os medicamentos nas
formas farmacêuticas sólidas apresentam-se como um sólido, como no caso
dos comprimidos, cápsulas, drágeas, pós, supositórios, pastilhas, óvulos, etc.
Quando adquire uma forma farmacêutica semi-sólida, o medicamento
apresenta-se num aspecto de gel ou geleia, como no caso dos cremes,
pomadas, pastas, géis, geleias, etc. E as formas farmacêuticas líquidas são
representadas pelas soluções, suspensões, xampus, enemas, colutórios,
líquidos para injeção, etc.

Agora que já sabemos o que é forma farmacêutica, vamos estudar as


vias de administração. Todo medicamento precisa ser introduzido no
organismo para que libere o fármaco, que será o responsável pelo efeito.
Como, ou melhor, pode onde, administrar os medicamentos? A resposta é:
pelas diferentes vias de administração.

Via de administração é o local de “entrada” do medicamento em um


organismo. Os conceitos de forma farmacêutica e via de administração tem
uma correlação muito íntima, pois a escolha da forma farmacêutica orienta a
via de administração a ser utilizada.
Por exemplo, um comprimido deve ser utilizado pela via oral, um xampu
deve ser utilizado pela via tópica, etc. As vias de administração são classificadas
em enterais e parenterais. Para as parenterais, há ainda uma subdivisão
(parenterais diretas e parenterais indiretas).

Uma via enteral é aquela na qual o medicamento inicia o processo de


absorção a partir de qualquer uma das porções do trato gastrintestinal (TGI)
(p. ex., via oral, sublingual, bucal, retal, etc.). Quando o medicamento não
utiliza o TGI como ponto de início da absorção, a via é considerada parenteral.

Benjamin Bell, em 1858, desenvolveu o método de utilização de uma

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agulha adaptada a uma seringa para injetar medicamentos diretamente no
interior de tecidos. A prática recebeu o nome de injeção. As vias de
administração que são parenterais e utilizam injeção são conhecidas como
“parenterais diretas”; como exemplos temos as vias subcutânea (conhecida
pela sigla SC), intramuscular (IM), intravenosa (IV), intracardíaca, intraocular,
etc. Todas as outras vias, que não utilizam o TGI e nem o recurso da injeção,
são conhecidas como parenterais indiretas; como exemplos temos as vias
cutânea (tópica), nasal, ocular, auricular, vaginal, etc.

Avia oral é a mais segura, econômica e conveniente. As desvantagens são a


limitação da absorção, êmese (que significa “vômito”), destruição do fármaco
por enzimas digestivas ou pelo pH gástrico (que é ácido), irregularidades de
absorção e passagem do fármaco pelo fígado.

Nas vias parenterais diretas, geralmente há disponibilidade do fármaco


de forma mais rápida, ampla e previsível. As desvantagens é a necessidade de
se manter a assepsia no local da administração, a dor provocada e a
impossibilidade na automedicação.

2 - Reconhecendo as diferenças entre fármaco, medicamento,


forma farmacêutica e via de administração

Para verificarmos se já sabemos diferenciar fármaco de medicamento, e


forma farmacêutica de via de administração, vamos exercitar um pouco.
O produto Rasilez® está disponível nas seguintes apresentações: 14 ou
28 comprimidos revestidos para uso oral contendo 150 ou 300 mg de
alisquireno e os excipientes celulose microcristalina, crospovidona, povidona,
estearato de magnésio, dióxido de silício, macrogol, talco, hipromelose,
dióxido de titânio, óxido de ferro vermelho e óxido de ferro preto. Qual o
fármaco, o medicamento, a forma farmacêutica e a via de administração? Isso
é muito fácil de reconhecer:

- Fármaco: alisquireno;

- Medicamento: Rasilez®;
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- forma farmacêutica: comprimidos revestidos;

- Via de administração: via oral.

Agora, teste os seus conhecimentos, com o auxílio de um colega, na


resolução das seguintes questões:

1) Associe a primeira coluna com a segunda:

(A) Via parenteral direta ( ) Oral

(B) Via parenteral indireta ( ) Fluoxetina (princípio ativo do Prozac®)

(C) Via enteral ( ) Prozac®

(D) Forma farmacêutica sólida ( ) comprimido

(E) Forma farmacêutica semi-sólida ( ) Intravenosa

(F) Forma farmacêutica líquida ( ) Creme

(G) Fármaco ( ) Xarope

(H) Medicamento ( ) Adesivo transdérmico

2) (Prefeitura Municipal de Catas Altas - MG, cargo: Auxiliar de Farmácia/


20XX; elaboração:) A preparação farmacêutica que contém um ou mais
fármacos e é destinada ao tratamento, prevenção ou diagnóstico de doenças
é denominada:
a) Medicamento.

b) Remédio.

c) Insumo.

d) Droga.

3) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Consulplan). Qual dessas formas farmacêuticas,
em geral, NÃO pode ser considerada uma forma farmacêutica semi-sólida?

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a) Pomadas.

b) Cápsulas.

c) Géis.

d) Cremes.

e) Pastas.

4) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Consulplan). Assinale a alternativa que relaciona
vias de administração enteral de medicamentos:

a) Oral, sublingual e retal.

b) Oral, intradérmica e re tal.

c) Oral, intravenosa e intradérmica.

d) Oral e intramuscular.

e) Intravenosa, intradérmica e intramuscular.

5) Identifique o fármaco, a forma farmacêutica, o medicamento e a via


de administração dos seguintes produtos farmacêuticos:
Valdoxan®: caixas contendo Fármaco:
comprimidos revestidos para uso oral. medicamento:
Cada comprimido contém 25 mg de
forma farmacêutica:
agomelatina
via de administração:

Amoxil®: frasco com suspensão oral Fármaco:

contendo 200 mg de amoxicilina por 5mL medicamento:


de suspensão
forma farmacêutica:

via de administração:
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3 - Auto avaliação
E agora que você já está familiarizado com a diferença dos termos
“fármaco”, “medicamento”, “forma farmacêutica” e “via de administração”,
você deverá testar os seus conhecimentos com cinco medicamentos
encontrados na sua casa (ou na casa de amigos).
Unidade 2
Anotações
Por onde passa um fármaco quando o mesmo entra num organismo?

Como os fármacos desenvolvem os seus efeitos?

A Farmacologia é a ciência que estuda o efeito dos fármacos e é dividida


em Farmacocinética e Farmacodinâmica.

A Farmacocinética estuda os processos de absorção, distribuição,


metabolização e excreção, sofridos pelo fármaco quando administrado
em um organismo. A Farmacodinâmica estuda as interações entre

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fármaco e receptor.

1 - Farmacocinética

Um medicamento, quando administrado a um organismo, terá que


liberar o fármaco para que o mesmo atue no local afetado pela doença. Toda a
movimentação do fármaco no organismo é conhecida como farmacocinética.
A Farmacocinética dedica-se ao estudo de quatro processos fundamentais:
absorção, distribuição, metabolização e excreção.

O processo de absorção compreende a passagem do fármaco do ponto


onde foi administrado até o aparecimento do mesmo na corrente sanguínea.
Para que o fármaco possa atingir a corrente circulatória, o maior empecilho
é constituído pela membrana plasmática das inúmeras camadas celulares que
precisa transpor até encontrar um vaso sanguíneo. Substâncias que se
dissolvem em gordura (lipídeo) conseguem atravessar com mais facilidade as
membranas plasmáticas; as demais podem apresentar dificuldade em ser
absorvidas, o que limita esta primeira etapa farmacocinética.

A forma farmacêutica e a via de administração também influenciam a


absorção. É fácil de perceber que formas farmacêuticas líquidas favorecem a
absorção, uma vez que o fármaco já se encontra dissolvido. Uma situação
diferente ocorre com as formas farmacêuticas sólidas.
Pense em um comprimido. Para que o fármaco contido no interior do
comprimido seja absorvido, precisa estar solubilizado. Então, o comprimido
precisa ser primeiramente molhado para, na sequência, ser desintegrado e,
somente depois, disponibilizar o fármaco para ser solubilizado. Tudo isso leva
um tempo, que deve ser considerado para que ocorra o processo de absorção.

Quanto às vias de administração, via de regra, as vias enterais e


parenterais indiretas levam mais tempo para permitir a absorção do fármaco
que uma via enteral direta. É claro que há inúmeras exceções, de modo que
o conjunto de fatores envolvidos na administração do medicamento é que vai
ser decisivo para a velocidade e a extensão com que um fármaco é absorvido.
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Uma situação bem interessante é a que ocorre com a via intravenosa, que
propicia 100% de fármaco na corrente circulatória, já que o medicamento é
administrado diretamente no interior de um vaso sanguíneo. Para todas as
outras vias, somente uma proporção, inferior a 100%, será absorvida.

Quanto à via oral, uma das mais utilizadas para administração de


medicamentos, a absorção é regulada pelos vários fatores. Um dos mais
importantes é a área da superfície absortiva. Desse modo, o intestino delgado
é a porção do TGI desenvolvido para a absorção, já que possui uma grande área
absortiva, (100m2), proporcionada pelo grande número de vilosidades, que
são “pregas” na parede do intestino. Uma única célula da mucosa intestinal
pode ter até 3.000 micros vilosidades!

A pele corresponde a 10% do peso corpóreo e é relativamente


impermeável à maioria das substâncias, porém algumas substâncias podem
atravessar essa camada e cair na corrente circulatória. A pele danificada
aumenta a absorção; por exemplo, a hidrocortisona é absorvida apenas em
1% pela pele intacta, mas até 80% passa para a derme quando a camada
epidérmica está dilacerada.

A via respiratória (via pulmonar) é muito utilizada em casos de problemas


nas vias respiratórias, como asma, por exemplo. Os fármacos administrados
por essa via podem ser absorvidos ou ficarem retidos nesse local, o que pode
ser interessante se o objetivo da farmacoterapia é uma ação local.
A cavidade bucal e o espaço sublingual merecem uma atenção especial. A
mucosa oral funciona primariamente como uma barreira, pois não é um tecido
altamente permeável. É mais semelhante à pele do que ao intestino, neste
aspecto. Colutórios, pastas dentais e outras preparações são introduzidas na
cavidade oral por motivos profiláticos ou terapêuticos locais. A via sublingual
tem uma peculiaridade de promover uma boa absorção, mas poucas substâncias
são administradas por esta via, um exemplo é o trinitrato de glicerina.

Para bebês ou pacientes acamados com dificuldade de deglutição


(dificuldade para “engolir” substâncias), uma via que pode ser explorada é a
via retal. O reto permite absorção de aproximadamente metade do total de

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fármaco contido no medicamento administrado na forma de supositório. Um
problema é a irritação local que pode ocorrer, sem falar no fato de pacientes
homens adultos muitas vezes se recusarem a utilizar um supositório, que é a
forma farmacêutica desenvolvida para administração retal.

Um último conceito importante quando se fala de absorção é a


“biodisponibilidade”, que é a proporção da substância que passa para a
circulação sistêmica após administração oral, levando em consideração tanto
a absorção quanto a degradação metabólica local. Em outras palavras,
biodisponibilidade quer dizer quanto do fármaco administrado vai ser
realmente absorvido, pois, como já sabemos, somente a via intravenosa
possibilita uma absorção completa (de 100%); todas as outras vias acabam
por impedir a entrada de uma parcela do fármaco para a circulação sistêmica.
O entendimento do conceito de biodisponibilidade será importante para a
compreensão das bases farmacocinéticas que garantem a intercambialidade
entre medicamentos genéricos e de referência.

Por último, se o fármaco vencer todas essas barreiras e conseguir ser


absorvido, estando no leito vascular, ele estará pronto para sofrer o segundo
processo farmacocinético que é o fenômeno da distribuição.

O processo de distribuição compreende a passagem do fármaco da


corrente circulatória para os líquidos intersticial (líquido presente nos espaços
entre as células) e intracelular (líquido presente no interior das células).
O fármaco quando entra na corrente circulatória, na grande maioria dos
casos, estabelecerá ligações (geralmente reversíveis) com proteínas plasmáticas,
sempre numa proporção fixa que varia de fármaco para fármaco. Somente a
porção que fica livre é que é passível de sofrer o processo de distribuição e
irá para todos os compartimentos pelos quais tenha afinidade. A afinidade,
portanto, e a diferença de concentração são os requisitos básicos para que
ocorra o processo de distribuição. Os fármacos só deixam o leito vascular
porque existe muito fármaco no plasma em comparação com qualquer outro
compartimento do organismo (após o fim da absorção e antes do começo da
distribuição) e, não menos importante, o fármaco só irá se dirigir para tecidos
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com os quais tenha alguma afinidade com alguns dos componentes celulares
presentes nestes locais.

É interessante notar que nem todos os locais do organismo receberão os


fármacos. Há locais praticamente “impermeáveis” aos fármacos que são
protegidos pelas chamadas barreiras orgânicas. Os locais com elevada
importância e que possam ter dificuldade de reparar um dano, como é o caso
do cérebro, devem estar protegidos contra a entrada de substâncias
potencialmente tóxicas. Desse modo, esse órgão é protegido pela “barreira
hematencefálica”. É claro que essa barreira não isola completamente o
cérebro. Se isso fosse verdade, todas as substâncias que agem no cérebro
(como os antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos, até mesmo o álcool)
deveriam ser administradas diretamente no cérebro (talvez com uma super
seringa capaz de perfurar o crânio!) para ter efeito. E isso não é verdade... um
antidepressivo que você faça uso na forma de um comprimido será efetivo, o
que prova que a barreira hematencefálica é apenas uma dificuldade para
algumas substâncias entrarem no cérebro, mas não um empecilho para todas
elas. Da mesma forma, se um indivíduo desenvolve os efeitos
comportamentais do álcool depois de ingerir algumas latinhas de cerveja, é
porque o álcool, mesmo entrando pela boca, conseguiu de alguma forma
transpor a barreira hematencefálica.
Outro local que não pode ser prejudicado por substâncias potencialmente
tóxicas é o feto, já que é um novo ser em formação e qualquer agente que
possa interferir na organização de um órgão pode levar a uma má-formação
fetal. Por isso, existe outra barreira que separa a circulação da mãe da circulação
do feto e é chamada de barreira placentária. É claro que algumas substâncias
conseguem atravessar a barreira placentária. Daí a recomendação para não
utilizar medicamentos no primeiro trimestre de gravidez, período no qual os
órgãos estão em formação. No início dos anos 1960 houve uma catástrofe
mundial, levando inúmeros bebês a nascer sem um braço, sem uma perna ou
até sem os dois braços e sem as duas pernas. Isso foi devido à utilização de

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talidomida, uma substância que ficou popularizada como preventiva de
enjoos na gravidez, mas mostrou todo o seu poder destruidor. Se a talidomida
causa má-formação fetal é porque ela atravessa a barreira placentária.

Desse modo fica claro observar que a barreira hematencefálica e a barreira


placentária não são tão eficazes na proteção do cérebro e do feto, apenas
colaborando para que diminuição da entrada de agentes tóxicos nesses locais.

Após o fármaco se dirigir a diversos tecidos, tanto para os quais o


fármaco irá realizar alguma ação farmacológica, como para os que servem
como tecidos de reserva, o mesmo irá ser eliminado do organismo. E para
isso, o fármaco precisa ser antes metabolizado. A metabolização objetiva
preparar o fármaco para a excreção. O principal local onde ocorre este
processo é o fígado, mas os pulmões, intestinos e sangue podem metabolizar
vários fármacos também.

O resultado da metabolização é chamado de metabólito, ou seja, um


fármaco é transformado no processo de metabolização em um metabólito,
que pode ser farmacologicamente inativo, menos ativo ou, às vezes, mais
ativo que a molécula original. Quando o próprio metabólito é a forma ativa,
o composto original é denominado pró-fármaco (por exemplo, enalapril).
Assim, os pró-fármacos são compostos químicos convertidos em substâncias
farmacologicamente ativas após a metabolização.
Como a metabolização é um processo que envolve enzimas produzidas no
fígado, qualquer problema com o fígado ou com as enzimas pode alterar a
metabolização. Isso aumenta o tempo de meia-vida dos fármacos no organismo
e pode levar a efeitos tóxicos. Doenças como cirrose, câncer hepático, utilização
crônica de drogas de abuso ou de medicamentos pode alterar o processo de
metabolização. Se a metabolização for retardada, o efeito será maior, podendo
desenvolver efeitos tóxicos, como já comentado. Se a metabolização for
acelerada, o efeito pode diminuir tanto na intensidade como no período de
duração. E tanto uma quanto outra situação é extremamente preocupante.

Por fim, após o fármaco ser absorvido, distribuído e metabolizado, o


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mesmo deverá ser eliminado do organismo. O “bota-fora” do fármaco ocorre


pelo processo de excreção. Os fármacos podem ser excretados por vias
incluindo os rins (urina), o trato gastrintestinal (bile e fezes), os pulmões (ar
exalado), glândula mamária e suor, sendo as mais comuns a via renal e fecal.

Sem sombra de dúvida, a via de excreção renal é a mais importante,


tanto do ponto de vista qualitativo, como do ponto de vista quantitativo. Esse
fato deve ser levado em conta quando se administra medicamentos em
pacientes com algum grau de insuficiência renal. Uma dose que seria
facilmente excretada por um indivíduo com o sistema de eliminação normal,
pode ser altamente tóxica para um insuficiente renal, já que o mesmo terá
dificuldades para eliminar o fármaco. E enquanto o fármaco não vai embora,
ele pode ficar circulando pelo organismo, ocupando receptores farmacológicos
e continuando a fazer o efeito.

2 - Farmacodinâmica

Os fármacos atuam, principalmente, pela interação com estruturas


endógenas do organismo que chamamos de “receptores farmacológicos”. A
ligação ocorre de forma bem específica, sendo que diferentes fármacos se ligam
a diferentes pontos de ligação, ou seja, a diferentes receptores farmacológicos.
A interação fármaco-receptor ocorre de forma específica, como se fosse uma
chave sendo inserida em uma fechadura. Apenas chaves com o encaixe perfeito
conseguem abrir a fechadura. Essa relação é válida para entendermos uma outra
propriedade dos fármacos, que é a capacidade de gerar uma resposta biológica.

Os fármacos podem ser classificados em agonistas e antagonistas. Um


fármaco agonista consegue se ligar a um receptor e dessa ligação resulta
efeito, ou seja, o fármaco consegue alterar uma função do organismo que irá
garantir o efeito farmacológico. No nosso exemplo, o fármaco agonista pode
ser entendido como uma chave que consegue entrar na fechadura (o receptor
farmacológico) e abri-la. Já um fármaco antagonista é o que ocupa um

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receptor, mas não faz efeito. O antagonista seria a chave que entra em uma
fechadura, mas não consegue abri-la.

Você pode estar se perguntando se um fármaco que não faz efeito pode
ser utilizado terapeuticamente. A resposta é um grande “sim”. Em algumas
doenças é necessário “frear” um sistema endógeno que esteja excessivamente
ativado. Um caso bem ilustrativo é a hipertensão arterial, em que uma ativação
do sistema nervoso autônomo simpático além dos valores normais acarreta a
elevação da pressão arterial. O sistema nervoso autônomo simpático atua por
meio da liberação de noradrenalina, que por sua vez atua sobre receptores
adrenérgicos para aumentar a força e a frequência dos batimentos cardíacos,
bem como para diminuir o calibre dos vasos sanguíneos. O resultado disso
tudo é a elevação da pressão arterial. No caso dos pacientes hipertensos, um
fármaco que consiga se ligar aos receptores adrenérgicos, mas sem provocar
nenhuma ação, é útil no sentido de impedir a atividade da noradrenalina. Daí
a grande importância de fármacos antagonistas, em algumas situações.

Por último, é importante salientar que o efeito de um fármaco, resultante da


interação fármaco-receptor farmacológico, pode ser alterado ao longo do curso
de um tratamento. Mesmo que a quantidade de fármaco permaneça a mesma,
assim como o nível de ocupação de receptores, o efeito pode diminuir. Uma
dessas situações é chamada de tolerância, em que a perda da eficácia ocorre.
Após algumas semanas de uso do medicamento. Isso é bem comum no caso dos
benzodiazepínicos usados como hipnótico-sedativos, ou seja, para fazer o paciente
dormir. Há também o caso de refratariedade, em que um medicamento perde ou nunca
apresenta eficácia. Um exemplo são alguns pacientes depressivos que não respondem
ao uso de antidepressivos. E no caso dos antibióticos, pode ocorrer resistência
farmacológica, ou seja, as bactérias tornam-se resistentes aos agentes empregados e
torna-se impossível deter a infecção.

3 - Reconhecendo as diferenças entre farmacocinética e


farmacodinâmica
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Neste momento, você já tem acumulado vários conhecimentos, que vão auxiliar
você a resolver as questões propostas abaixo.

1) (Prefeitura Municipal de Francinópolis - PI, cargo: Atendente de Farmácia/


2010; elaboração: Fundação Cajuína). De forma simplificada, podemos
considerar farmacodinâmica como o estudo:

a) Dos efeitos adversos das drogas.

b) Do uso das drogas na prevenção e no tratamento das doenças.

c) Da absorção, distribuição, biotransformação e excreção das drogas.

d) Dos efeitos fisiológicos dos fármacos nos organismos, seus mecanismos de ação
e a relação entre concentração do fármaco e efeito.

2) Faça uma dupla com um colega e peça para ele te explicar como ocorre o
processo farmacocinético de absorção e distribuição. Na sequência, você irá
explicar para o seu colega como ocorre a metabolização e a excreção de fármacos.
4 - Auto avaliação

E como você já está bem conhecedor das diferenças entre


Farmacocinética e Farmacodinâmica, pegue 10 medicamentos que
você tenha em casa (ou pegue na casa de parentes ou amigos) e tente
responder as seguintes questões, analisando a embalagem, o produto
em si e a bula:

1) Qual a forma farmacêutica?

2) Qual é a via de administração utilizada?

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3) Como se dá a absorção? (Será que o fármaco administrado será
totalmente absorvido?)

4) Quais locais do organismo esse fármaco pode alcançar?

5) Como ocorre a metabolização do fármaco?


Unidade 3
Anotações
Quais os tipos de medicamentos disponíveis no Brasil?

Qual a diferença entre um medicamento alopático, um fitoterápico e


um homeopático?

Qual a diferença entre um medicamento de referência, um


medicamento genérico e um medicamento similar?

Os medicamentos são classificados em alopáticos, fitoterápicos e


homeopáticos. Dentre os medicamentos aolopáticos, há uma segunda
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subdivisão, que os classifica em medicamentos de referência, similares


e genéricos.

O entendimento das diferenças existentes nas diversas classes de


medicamentos é fundamental para o trabalho em farmácia.

1 - Classificação de medicamentos

No Brasil, os medicamentos podem ser classificados em medicamentos


“alopáticos”, que são a maioria, medicamentos homeopáticos e medicamentos
fitoterápicos. A grande maioria dos medicamentos disponíveis em uma
farmácia são os ditos “alopáticos”. Na sequência, vamos abordar os detalhes
que caracterizam cada tipo de medicamento, pois é muito importante você
saber reconhecer as diferenças entre os produtos farmacêuticos com ação
farmacológica que podem ser dispensados em uma farmácia.

Primeiramente vamos diferenciar os medicamentos fitoterápicos dos


medicamentos homeopáticos.

Para ser considerado fitoterápico, um medicamento deve ter apenas


substâncias de origem vegetal como ingredientes ativos, mas desde que estes
não se encontrem como compostos isolados.
Dessa forma, um medicamento fitoterápico não pode conter fármacos de
origem animal ou mineral, muito menos sintéticos. E a simples presença de um
único fármaco isolado, mesmo que tenha sido extraído de uma planta,
descaracteriza o produto como fitoterápico.

E quanto aos medicamentos homeopáticos, eles seguem os pressupostos


da Homeopatia, um sistema médico que surgiu há duzentos anos. E há
duzentos anos provoca polêmica! Para analisarmos a questão, é necessário
um conhecimento prévio sobre a sua origem, os seus princípios e os seus
medicamentos.

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Tudo começou com o médico alemão Samuel Hahnemann, que viveu entre
1755 e 1843. Descrente das práticas médicas da sua época, como, por exemplo,
as sangrias e o uso de purgativos, ambos para “limpar” o doente, Hahnemann
desenvolveu um sistema médico inovador, baseado em diversos princípios que
teriam como objetivo final reorganizar a energia do indivíduo. Esse novo sistema
ficou conhecido como Homeopatia e toda a sua “filosofia” está descrita no
Organon, obra escrita por Hahnemann, com a primeira edição de 1810.

O primeiro e principal princípio homeopático é o “princípio da cura pelo


semelhante”, o qual, inclusive, deu nome à Homeopatia. Por esse princípio, a
mesma substância que causa uma doença no homem são é capaz de eliminar
essa condição patológica quando administrada no homem doente.

Mas como uma substância que causa uma doença não vai agravar o
estado de saúde do doente e, ainda por cima, vai conseguir trazer a cura para
o seu mal? Aí vem um outro princípio, o “princípio das doses infinitesimais”,
ou seja, doses muito, mas muito, pequenas. Se você achar estranho usar uma
dose muito baixa, ainda resta uma explicação adicional, refere-se ao método
de preparo do medicamento homeopático.

Todo medicamento homeopático deve ser produzido obedecendo às


regras da edição em vigor da Farmacopéia Homeopática Brasileira, que
preconiza que o produto final seja um medicamento “dinamizado”.
Tudo começa com a matéria-prima, que pode ser de origem vegetal, animal
ou mineral. Como o medicamento deve conter quantidades muito pequenas
da droga inicial, ou seja, doses infinitesimais, diversas diluições devem ocorrer.
As três escalas de diluição mais utilizadas são a decimal, a centesimal e a
cinquenta milesimal, ou seja, o medicamento será diluído 1 para 10, 1 para
100 ou 1 para 50.000. Para cada diluição, o medicamento deverá ser
dinamizado. A dinamização é um processo que consiste em triturações
sucessivas, no caso de substâncias no estado sólido, ou sucussões (agitações
vigorosas, contínuas e ritmadas), no caso de substâncias no estado líquido.
Desse modo, apesar de o medicamento estar muito diluído, ele está
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“dinamizado”, o que em outras palavras significa dizer que a energia curativa


da substância original foi liberada para o medicamento pelo movimento
mecânico proporcionado pela trituração ou pela sucussão.

Como o medicamento homeopático, segundo a própria Homeopatia,


demora para iniciar o seu efeito, “nos casos de maior urgência, em que perigo
de vida e morte iminente não dão tempo para a ação de um medicamento
homeopático...” outras estratégias terapêuticas deverão ser utilizadas
(Organon, parágrafo 67).

No Brasil, a Homeopatia aportou nos anos 1840. De lá para cá, muita discussão
se fez em torno da sua real eficácia no controle de diferentes doenças. Entretanto,
a Homeopatia foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal
de Medicina em 1980. Os conselhos de Medicina Veterinária e Farmácia também
a consideram como prática autorizada entre os seus profissionais.

Mas afinal de contas, a Homeopatia funciona ou não funciona? Até o


momento, não há evidências científicas conclusivas de que esse sistema médico
seja eficaz, assim como também não há uma prova cabal de que ele não
funcione. Independente de ser contra ou a favor da Homeopatia, o atendente
de farmácia precisa saber identificar um medicamento homeopático, pois são
produtos que recebem autorização da Anvisa para comercialização, apesar de
existirem poucos representantes disponíveis em farmácias.
Um ponto que deve ser esclarecido em relação aos medicamentos
fitoterápicos e homeopáticos diz respeito à segurança desses produtos. O que
muita gente escuta é que os fitoterápicos ou homeopáticos são isentos de
risco, pois são naturais, mas isso não é verdade. A possibilidade de ocorrer
efeitos adversos, intoxicações por sobredosagem e interação com outros
medicamentos não é exclusividade dos produtos “alopáticos”. Qualquer
medicamento, seja ele de origem sintética, vegetal ou homeopático, apresenta
riscos inerentes ao seu uso.

E por fim, os medicamentos “alopáticos” são aqueles que não são nem
fitoterápicos nem homeopáticos. O que os caracteriza é o fato de apresentarem

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como princípios ativos substâncias sintéticas ou semi-sintéticas ou ainda naturais,
mas na forma de compostos isolados, em associação ou não.

Como os medicamentos “alopáticos” representam a maior parte das vendas


em uma farmácia, cabe ainda uma subdivisão desses produtos em medicamentos
de referência, medicamentos similares e medicamentos genéricos.

O medicamento de referência é um medicamento inovador, ou seja, um


novo medicamento. A indústria farmacêutica gasta mais de dez anos em
pesquisas que consomem milhões de dólares para o desenvolvimento de um
único medicamento. Protegido por leis de propriedade industrial e inovação,
todo novo produto farmacêutico é patenteado, o que permite à indústria
detentora do registro de patente a exploração comercial do medicamento
inovador por cinco anos. Após a expiração da patente, outras indústrias
farmacêuticas podem copiar a fórmula de um medicamento inovador, que
agora passa a se chamar medicamento de referência, pois ele é a referência
para a cópia. O medicamento “copiado” pode ser um medicamento similar ou
um medicamento genérico. Mas qual a diferença entre um medicamento de
referência, um similar e um genérico?

O medicamento de referência, como já falado, é o medicamento inovador


que passa a ser copiado. O medicamento similar é um equivalente farmacêutico
ao de referência.
Equivalência farmacêutica é uma propriedade que garante que dois produtos
tenham o mesmo fármaco, na mesma quantidade ou concentração por
unidade posológica e se apresentem sob a mesma forma farmacêutica. Por
exemplo, se o medicamento de referência tiver 50 mg do fármaco “X” por
comprimido, um equivalente farmacêutico terá essas mesmas características.
O que pode diferir é a natureza dos excipientes, ou seja, todas as outras
substâncias que entram na composição de um medicamento, mas que não
apresentam atividade farmacológica, apenas contribuem para aspectos
farmacêuticos da composição (como os conservantes, agregantes,
antioxidantes ou emulsificantes, por exemplo).
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Para os medicamentos genéricos, além da equivalência farmacêutica, é


exigida a comprovação da equivalência biológica, também chamada de
bioequivalência, que consiste na constatação de que dois medicamentos
possuem o mesmo perfil de absorção, o que em tese, é um requisito para o
mesmo efeito terapêutico.

De forma resumida, o que difere um medicamento similar de um genérico


é o fato de o similar apenas comprovar a equivalência farmacêutica. Já para os
genéricos, há a necessidade de garantir também a bioequivalência, parâmetro
que garante a intercambialidade entre medicamentos de referência e genéricos.

Mas você pode estar se perguntando “se dois produtos possuem o mesmo
fármaco, na mesma quantidade e na mesma forma farmacêutica, o efeito não
será o mesmo?”. A resposta é “não necessariamente!”. O simples fato de ser
a mesma coisa não garante fazer a mesma coisa. Um exemplo prático ilustra
bem a questão. Um cliente de uma farmácia relatou que viu o comprimido
que havia ingerido anteriormente no cocô. Sim, é isso mesmo que você
acabou de ler. No cocô! Por algum problema, provavelmente relacionado ao
método empregado na tecnologia de fabricação do comprimido, um defeito
impediu o mesmo de se desintegrar no estômago liberando o fármaco para a
absorção. Se o comprimido foi encontrado no cocô é porque o fármaco não foi
absorvido e o efeito não ocorreu. Por isso, somente o medicamento genérico é
intercambiável com o medicamento de referência, já que além da comprovada
equivalência farmacêutica, ele precisa comprovar ser bioequivalente.
Entretanto, a diferença entre genérico e similar, a partir de 2014, será
apenas no nome de cada produto; o similar sempre identificado por um nome
comercial (nome de marca) e o genérico apenas pelo nome do fármaco, o “nome
genérico”. Isso ocorre devido à exigência para que todos os medicamentos não
inovadores, seja similar ou genérico, comprovem ser bioequivalentes ao de
referência correspondente. Essa exigência vem desde 2003, mas atendeu a uma
ordem de prioridade, abrangendo inicialmente os produtos considerados de
maior risco, como antibióticos, antineoplásicos e antiretrovirais.

Hoje, para você identificar facilmente um medicamento genérico basta


verificar se na embalagem externa consta a inscrição “medicamento

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genérico”, além de uma letra G em maiúsculo, dentro de uma tarja amarela.

2 - Reconhecendo as diferenças entre medicamentos


alopáticos, fitoterápicos e homeopáticos

Reúna-se com um colega e discuta com ele sobre as diferenças entre


medicamentos alopáticos, fitoterápicos e homeopáticos.

3 - Reconhecendo as diferenças entre medicamentos de


referência, genéricos e similares

Considerando os conhecimentos acumulados até o momento, resolva as


questões que tratam das diferenças entre os diferentes tipos de medicamentos.
Todas essas questões foram retiradas de concurso e, portanto, é um tema
recorrente nesse tipo de prova.

1) (Prefeitura Municipal de Vassouras - RJ, cargo: Atendente de Farmácia/


2007; elaboração: UFF) A lei n. 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, dispões
sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispões
sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras
providências. De acordo com essa lei, o medicamento que contém o mesmo
ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma
farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica,
preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no órgão
federal responsável pela vigilância sanitária.
Podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do
produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem excipientes e veículos,
devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca, é
denominado de:

a) similar;

b) genérico;

c) comercial;

d) referência;
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e) longitudinal.

2) (Prefeitura Municipal de Francinópolis - PI, cargo: Atendente de Farmácia/


2010; elaboração: Fundação Cajuína) Contém o mesmo ou os mesmos princípios
ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de
administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do
medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância
sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma
do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos,
comprovando bioequivalência e devendo ser identificado com o nome do
fármaco. Tais informações referem-se ao:

a) medicamento inovador

b) medicamento similar

c) medicamento genérico

d) medicamento intercambiável.

3) (Prefeitura Municipal de Francinópolis - PI, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Fundação Cajuína). Em 10 de fevereiro de 1999,
com a Lei 9.787, estabeleceram-se as bases legais para a implantação dos
medicamentos genéricos no Brasil.
Considerando a retro citada legislação, assinale a alternativa CORRETA:

a) Produto farmacêutico intercambiável significa que é equivalente


terapêutico de um medicamento de similar, comprovados, essencialmente, os
mesmos efeitos de eficácia e segurança.

b) A prescrição no âmbito do SUS poderá ser realizada mediante nome


comercial, cabendo ao profissional farmacêutico realizar o intercâmbio entre
os medicamentos de marca, genéricos e/ou similares.

c) Os medicamentos genéricos poderão ser inseridos no mercado


farmacêutico após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de

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outros direitos de exclusividades do medicamento de referência.

d) Bioequivalência indica a velocidade e a extensão de absorção de um


princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/
tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina.

4 - Auto avaliação

Para você mesmo verificar se você tem domínio sobre as diferenças que
caracterizam as diferentes classes de medicamentos no Brasil, faça um teste
com 20 medicamentos. Vale reunir os medicamentos encontrados em casa, na
casa de amigos e parentes ou até mesmo uma visita à farmácia mais próxima.
Siga o roteiro abaixo:

- o medicamento é fitoterápico, homeopático ou sintético?

- se o medicamento for sintético, ele é genérico ou não genérico


(medicamento de referência ou similar)?
Unidade 4
Anotações
Quais as principais classes farmacológicas representadas pelos
medicamentos de maior movimento em uma farmácia?

O que garante que um medicamento seja classificado em uma ou em


outra classe farmacológica?

Os medicamentos são produtos que contêm um ou mais fármacos e


são destinados para a prevenção ou tratamento de doenças. Os
medicamentos adquirem uma forma física, que caracteriza a forma
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farmacêutica. A escolha da forma farmacêutica deve levar em


consideração a via de administração.

1 - Classes farmacológicas

Outra classificação dos medicamentos leva em conta o efeito principal


pelo qual eles são utilizados terapeuticamente. O objetivo deste capítulo está
longe de esgotar o assunto, pois isso seria tarefa para milhares de páginas.
Entretanto, vamos passar algumas informações básicas sobre as principais
classes de medicamentos disponíveis nas farmácias do Brasil. Valem lembrar
que o atendente não indica medicamentos para os clientes, apenas os entrega
juntamente com informações sobre o modo correto de uso. Somente o médico
e o cirurgião dentista estão habilitados e autorizados por lei para prescrever
medicamentos. E os farmacêuticos também podem indicar medicamentos,
desde que não tarjados para os pacientes.

Bom, vamos às principais classes de medicamentos:

1) Fármacos que atuam no sistema nervoso central

1.1) antidepressivos: são fármacos indicados para a depressão e outros


transtornos depressivos de humor. Exemplos: agomelatina, amitriptilina e
fluoxetina.
1.2) Estabilizadores de humor: fármacos indicados para o tratamento do
transtorno bipolar de humor. Exemplo: lítio.

1.3) Ansiolíticos: indicados para os transtornos de ansiedade, como


transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de ansiedade generalizada.
Exemplos: bromazepam e diazepam.

1.4) Hipnótico-sedativos: indicados para induzir o sono. Exemplos:


midazolam e zolpidem.

1.5) Anticonvulsivantes: indicados para transtornos epileptiformes.


Exemplos: carbamazepina e topiramato.

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1.6) Antiparkinsonianos: indicados para o tratamento de Mal de
Parkinson. Exemplos: biperideno e levodopa + carbidopa.

2) Fármacos que atuam no sistema cardiovascular

1.1) Fármacos para insuficiência cardíaca congestiva: Exemplos:

1.2) Antiarrítmicos: indicados para o tratamento de arritmias cardíacas.


Exemplos: adenosina, sotalol.

1.3) Anti-hipertensivos: indicados para o tratamento da hipertensão


arterial.

1.3.1) Simpatolíticos: doxazosina, propranolol

1.3.2) Vasodilatadores: hidralazina, nitroprusseto de sódio

1.3.3) Diuréticos: furosemida, hidroclorotiazida

1.3.4) Outros fármacos: captopril, losartano

3) Fármacos do aparelho respiratório


3.1) Antitussígenos: inibem o reflexo da tosse. Exemplos: cloperastina,
dropropizina.

3.2) Expectorantes e mucolíticos: promovem a expectoração. Exemplos:


ambroxol, carbocisteína.

3.3) Fármacos para o resfriado: aliviam os sintomas do resfriado comum.


Exemplos: nafazolina, paracetamol.

3.4) Antiasmáticos: indicados para a profilaxia de crises agudas de asma


ou para o alívio do broncoespasmo, quando já instalado. Exemplos:
salbutamol, zafirlucaste.
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4) Fármacos que atuam no trato gastrintestinal

4.1) Anti-secretores: fármacos utilizados no tratamento da gastrite e


úlcera péptica

4.2) Antiácidos: aliviam os sintomas de azia e queimação. Exemplos:


bicarbonato de sódio e hidróxido de alumínio.

4.3) Antidiarreicos: indicados para casos de diarreia. Exemplos:


loperamida e racecadotrila.

4.4) Laxantes e purgantes: indicados para casos de constipação intestinal.


Exemplos: metilcelulose e óleo mineral.

4.5) Digestivos: auxiliam o processo da digestão no trato gastrintestinal.


Exemplos: alcachofra, boldo.

4.6) Espasmolíticos ou antiespasmódicos: reduzem a motilidade do


trato gastrintestinal, aliviando os espasmos viscerais. Exemplos: atropina,
escopolamina.
5) Fármacos que interferem no metabolismo e nutrição:

5.1) Anorexígenos: auxiliam no tratamento de perda de peso por


promover a redução ou perda de apetite ou, ainda, a absorção de gorduras.
Exemplos: orlistate, sibutramina.

5.2) Antiddiabéticos: indicados para casos de diabetes mellitus. Exemplos:


insulina glargina, metformina.

5.3) Fármacos para hipotireoidismo: indicados para casos de


hipotireoidismo. Exemplos: levotiroxina.

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5.4) Fármacos para hipertireoidismo: indicados para casos de
hipertireoidismo. Exemplos: propiltiouracila.

5.5) Agentes que afetam a calcificação: usados para distúrbios no


metabolismo do cálcio. Exemplos: ácido zoledrônico, calcitonina.

6) Vitaminas: substâncias essenciais ao metabolismo dos seres


vivos, necessárias em quantidades muito pequenas.

6.1) Vitaminas hidrossolúveis: vitaminas solúveis em água. Exemplos:


ácido ascórbico, piridoxina.

6.2) Vitaminas lipossolúveis: solúveis em lipídios. Exemplos:


betacaroteno, tocoferol.

7) Anticoncepcionais: indicados para evitar gravidez. Exemplos:


etinilestradiol, levonorgestrel.
8) Antialérgicos: indicados para casos de alergias. Exemplos:
dexclorfeniramina, pimetixeno.

9) Fármacos usados na dor e na inflamação: indicados para


condições que apresentam dor ou inflamação. Exemplos: ácido
acetilsalicílico, diclofenaco de sódio.

10) Fármacos usados em infecções


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10.1) Antivirais: indicados para infecção causada por vírus. Exemplo:


oseltamivir e aciclovir

10.2) Antibacterianos: indicados para infecção causada por bactérias.


Exemplos: amoxicilina, ciprofloxacino.

10.3) Antifúngicos: indicados para infecção causada por fungos.


Exemplos: cetoconazol, nistatina.

10.4) Antiparasitários: indicados para parasitoses. Exemplos:


benznidazol, cloroquina.

2 - Revisando os conceitos sobre as principais classes


fármaco- lógicas disponíveis em uma farmácia
A seguir, uma questão de concurso reflete bem a importância de conhecer
as classes terapêuticas dos diferentes fármacos que entram na composição
dos medicamentos disponíveis em uma farmácia.

1) (Prefeitura Municipal de Francinópolis - PI, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Fundação Cajuína). Os medicamentos a seguir
são todos utilizados como anti-inflamatórios não esteroides, exceto:

a) Diclofenaco de sódio
b) fenilbutazona.

c) betametasona.

d) piroxicam.

Resolvida a questão, forme uma dupla com um colega. Cada um deverá


escrever o nome de 10 medicamentos em um papel. O outro tentará acertar
qual é o nome do fármaco desses medicamentos e quais classes terapêuticas
eles pertencem. Você, e seu colega, poderá pedir auxílio ao professor ou
consultar algum livro sobre medicamentos para verificarem os erros e acertos.

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Auto avaliação

Como existe milhares de medicamentos no mercado, seria impossível


relaciona-los todos neste material. Por isso, você vai selecionar 50 medicamentos
diferentes e tentar memorizar o nome do fármaco e a classe terapêutica a que
pertence. Você poderá contar com a ajuda do seu professor, de um farmacêutico
ou de um colega para esta primeira etapa. Depois de uma semana, você vai
verificar qual o nome do fármaco e a classe terapêutica desses medicamentos.
Siga as instruções contidas no quadro abaixo, para orientação.

Número de acertos O que fazer

40-50 Parabéns, você tem uma boa capacidade para


memorizar dados sobre medicamentos; repita a tarefa
com outros 50 medicamentos.

20-39 Você se saiu bem, mas pode melhorar o seu


desempenho; refaça o teste com os mesmos
medicamentos para tentar melhorar a sua “marca”. Na
sequência, repita a tarefa com outros 50 medicamentos
diferentes.
0-19 Você não foi bem, mas não desista. Estude novamente
todas as informações que precisa saber (nome do
fármaco e classe terapêutica), tentando estabelecer
alguma associação entre os diferentes nomes. Isso
ajuda a memorizar todos os dados. Tente novamente e
verifique a sua pontuação.
Unidade 5
Anotações
Como uma farmácia deve ser organizada?

Quais as atribuições do atendente de farmácia na organização da


farmácia?

A organização de uma farmácia é de fundamental importância para


que ela seja tanto atrativa para os clientes quanto atenda às
exigências da legislação sanitária. O atendente de farmácia será o
profissional responsável por várias etapas da organização dos
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estabelecimentos farmacêuticos.

1 - Organização da farmácia

1.1 Infraestrutura física

O imóvel que receberá uma farmácia deverá ser construído ou adaptado


com infraestrutura que seja compatível com as atividades desenvolvidas. O
número de ambientes na farmácia irá variar de acordo com os serviços
oferecidos, mas, no mínimo, cada farmácia tem que possuir além da área
destinada para a dispensação de medicamentos, ambientes adicionais para o
recebimento e armazenamento dos produtos, depósito de material de
limpeza, espaço destinado às atividades administrativas, além de sanitário.

As superfícies internas do piso, paredes e teto devem ser lisas,


impermeáveis e laváveis, resistindo aos agentes sanitizantes comumente
empregados. Os espaços devem estar livres da presença de insetos e roedores.

Os itens que não devem faltar no sanitário são: pia com água corrente e
toalha de uso individual e descartável, sabonete líquido, lixeira com pedal e tampa.
Como os funcionários da farmácia necessitam levar pertences pessoais
ao local de trabalho, deve haver um local específico destinado para a guarda
dos pertences, no ambiente das atividades administrativas.

1.2 Recebimento dos produtos

O recebimento dos produtos deve ser realizado em área específica e por


pessoa treinada e em conformidade com Procedimento Operacional Padrão
(POP). O nome, o número do lote e o fabricante dos produtos adquiridos
devem estar discriminados na nota fiscal de compra e serem conferidos no
momento do recebimento.

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Somente produtos que atendam aos critérios definidos para a aquisição e
que tenham sido transportados de acordo com as especificações do fabricante
podem ser recebidos. Vários itens deverão ser conferidos no momento do
recebimento: o bom estado de conservação do produto, a legibilidade do
número de lote e do prazo de validade e a presença de mecanismo de
conferência da autenticidade e origem do produto. Esses cuidados visam
proteger o consumidor de medicamentos contra produtos falsificados,
corrompidos, adulterados, alterados ou impróprios para o uso.

Se o atendente tiver suspeita de que os produtos tenham sido falsificados,


corrompidos, adulterados, alterados ou estejam impróprios para uso, estes
devem ser imediatamente separados dos demais produtos, em local diferente
daquele destinado para a dispensação. Deve haver uma identificação nos
produtos que tenham sido separados, na qual conste o motivo da suspeita e
a proibição de dispensação. Na sequência, a autoridade sanitária municipal
(Vigilância Sanitária) deverá ser comunicada do ocorrido, assim como a
distribuidora de medicamentos e a indústria produtora do medicamento.

1.3 Condições de armazenamento

O armazenamento deve considerar as especificações do fabricante e


deve garantir a manutenção da identidade, integridade, qualidade, segurança,
eficácia e rastreabilidade dos produtos.
O ambiente destinado ao armazenamento deve ser mantido limpo,
protegido da ação direta da luz solar, umidade e calor, de modo a preservar a
identidade e integridade química, física e microbiológica dos produtos
farmacêuticos, garantindo a qualidade e segurança dos mesmos. Para aqueles
produtos que exigem refrigeração, devem ser obedecidas as especificações
contidas na embalagem. A temperatura da geladeira, nesses casos, deve ser
medida e registrada diariamente.

Os produtos podem ser armazenados em armários ou prateleiras, desde


que afastados do piso, parede e teto. Para os medicamentos sujeitos a
controle especial (aqueles que devem ter a receita retida na farmácia,
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também chamados de “medicamentos controlados”) a farmácia precisa


manter um sistema segregado para armazenamento, com chave que deve
ficar sob responsabilidade do farmacêutico. Entende-se por “segregação”, a
“separação” desses medicamentos dos demais disponíveis na farmácia. Pode-
se utilizar tanto um armário com uma sala própria, destinada exclusivamente
para esta finalidade.

Os produtos violados, vencidos, sob suspeita de falsificação, corrupção,


adulteração ou alteração devem ficar armazenados num ambiente diferente
da área de dispensação e identificados quanto a sua condição e destino, de
modo a evitar sua entrega para um cliente. Esses produtos não podem ser
comercializados ou utilizados.

1.4 Organização e Exposição dos Produtos

Os produtos devem ser organizados em área de circulação comum ou em


área de circulação restrita aos funcionários, conforme o tipo e categoria do produto.

Todos os medicamentos devem permanecer em área de circulação restrita


aos funcionários, não sendo permitido que estejam ao alcance dos clientes.
Os artigos de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria podem e devem ficar
expostos na área de circulação comum, ao alcance dos clientes.
1.5 Limpeza dos ambientes

O procedimento de limpeza do espaço para a prestação de serviços


farmacêuticos deve ser registrado e realizado diariamente no início e ao término
do horário de funcionamento. O ambiente deve estar limpo antes de todos os
atendimentos nele realizados, a fim de minimizar riscos à saúde dos usuários e
dos funcionários do estabelecimento. Após a prestação de cada serviço deve ser
verificada a necessidade de realizar novo procedimento de limpeza.

1.6 Recursos Humanos

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Todos os funcionários devem estar identificados. Uma forma fácil e barata
de identificação é o uso de crachás. Além da identificação individual, pode
haver uma identificação visual para distinguir os funcionários da farmácia
do público em geral, pelo uso de uniformes, o que não é obrigatório, mas
caso seja instituído, os uniformes devem ser fornecidos pela empresa, sem
ônus para o funcionário. Como cada colaborador precisa se apresentar com
uniformes limpos e em boas condições de uso, a empresa deve fornecer um
número suficiente de uniformes, uma vez que eles devem ser usados por no
máximo um dia. A cada seis meses, a empresa deve fornecer novos uniformes.

Todos os equipamentos de proteção individual (EPI), usados para


proteção do funcionário, do usuário e do produto contra contaminação ou
outros danos, devem ser disponibilizados pela farmácia. No entanto, se é
obrigação da farmácia fornecer os EPIs, é obrigação do funcionário utilizar os
EPIs. Dependendo dos serviços oferecidos na farmácia, os tipos de EPIs podem
variar, mas todos os detalhes, como especificação do EPI, situação que exige
o seu uso, bem como as formas corretas de utilização e descarte, devem estar
descritas em um “procedimento operacional padrão”, também conhecido
pela sigla POP.

É dever de cada farmácia oferecer cursos de capacitação a todos os


atendentes, a fim de repassar informações sobre a legislação sanitária vigente
e sobre os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) do estabelecimento.
Esses cursos de capacitação devem ocorrer na forma de treinamento inicial e
continuado, abordando temas como autocuidado, higiene pessoal e de
ambiente, saúde, noções de Microbiologia, etc.

2 - Retomando os principais pontos da organização de uma


farmácia

Abaixo estão algumas questões de concurso referentes ao tema deste


capítulo. Para respondê-las, você vai precisar de algumas informações
adicionais fornecidas pelo seu professor ou obtidas em pesquisa a livros e
sites da Internet especializados em medicamentos.
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1) (Prefeitura Municipal de Francinópolis - PI, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Fundação Cajuína). Em relação às Boas Práticas
de Armazenamento e Dispensação de Medicamentos é INCORRETO afirmar:

a) Na área de armazenamento a ventilação pode ser natural, com


iluminação artificial através de lâmpadas fluorescentes, porém não incidindo
luz solar sobre os produtos.

b) Medicamentos termo lábeis são aqueles que apresentam oscilação de


temperatura, devendo ser armazenados de acordo com a especificação da
indústria farmacêutica para sua conservação.

c) Imunobiológicos: Nessa área ficam armazenados soros e vacinas,


produtos que necessitam, para sua conservação, tanto de uma baixa
temperatura de congelamento (-20°C) como, em outros casos, temperatura
de resfriamento (+ 4º C a +8° C). Por esse motivo, é importante que o setor
defina os equipamentos de frio de acordo com as necessidades.

d) Os medicamentos sujeitos a controle especial (Portaria n°344/98)


precisam estar em área isolada das demais, caracterizadas como de segurança
máxima (armário fechado).
2) (Prefeitura Municipal de Tietê, SP, cargo: Auxiliar de Farmácia/ 2010;
elaboração: Moura Melo Concursos). Onde devem ser armazenados
medicamentos sem necessidade de refrigeração?

a) Prateleiras e armários.

b) Em qualquer lugar onde haja espaço.

c) No chão.

d) Em caixas, no chão.

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3) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de
Farmácia/ 2010; elaboração: Consulplan) “Estabelecimento de dispensação e
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em
suas embalagens originais”. Segundo a Lei nº. 5991/73, tal descrição refere-se:

a) Farmácia.

b) Ervanaria.

c) Dispensário de medicamentos.

d) Drogaria.

e) Drugstore.

4) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Consulplan) Segundo a Lei nº. 5991/73, a
dispensação de plantas medicinais é privativa de:

a) Somente farmácias.

b) Qualquer empresa que dispensa medicamentos.


c) Farmácias e drogarias.

d) Farmácias e ervanarias.

e) Farmácias, ervanarias e drogarias.

5) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Consulplan) As Portarias 27 e 28 da DIAMED
foram substituídas pela Portaria que trata de:
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a) Boas práticas de manipulação de medicamentos.

b) Boas práticas de dispensação de medicamentos.

c) Boas práticas de produção de medicamentos.

d) Controle Sanitário do Comércio de Drogas, Medicamentos, Insumos


Farmacêuticos e Correlatos.

e) Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a


controle especial.

6) (Prefeitura Municipal de Campo Verde - MT, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Consulplan). Segundo a legislação brasileira,
desinfetantes são substâncias:

a) Destinadas ao combate, à prevenção e ao controle dos insetos em


habitações, recintos e lugares de uso público e suas cercanias.

b) Destinadas a destruir, indiscriminada ou seletivamente, micro-


organismos, quando aplicados em objetos inanimados ou ambientes.

c) Destinadas ao combate a ratos, camundongos e outros roedores,


em domicílios, embarcações, recintos e lugares de uso público, contendo
substancias ativas, isoladas ou em associação, que não ofereçam risco a vida
ou a saúde do homem e dos animais úteis de sangue quente, quando aplicadas
em conformidade com as recomendações contidas em sua apresentação.

d) Destinadas ao asseio ou à desinfecção corporal, compreendendo


sabonetes, xampus, dentifrícios, enxaguatórios bucais, antiperspirantes,
desodorantes, produtos para barbear e após o barbear, estípticos e outros.

e) nenhuma das alternativas.

3 - Auto-avaliação

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Vá até uma farmácia, verifique as condições de exposição dos produtos
farmacêuticos: medicamentos, cosméticos e correlatos. Faça uma avaliação
das condições e redija uma proposta para melhorar um ou mais aspectos da
organização da farmácia. Feito isso, consulte o texto deste capítulo e pesquise
em outras fontes para verificar se a sua proposta está correta.
Unidade 6
Anotações
O que é dispensação de medicamentos?

Quais os cuidados necessários para uma boa dispensação?

A dispensação de medicamentos é uma das atividades mais


importantes em uma farmácia e consiste na entrega dos medicamentos
juntamente com as informações que garantam a utilização correta
destes produtos. O atendente de farmácia precisa conhecer muitos
detalhes sobre os medicamentos, como composição, reações adversas
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e interações, para auxiliar o farmacêutico na dispensação adequada.

1- Dispensação de medicamentos

A dispensação farmacêutica é a prática pela qual um medicamento é


entregue ao consumidor juntamente com uma série de informações que vão
garantir a utilização correta deste produto. A dispensação é uma atividade
que deve ser executada pelo farmacêutico com o auxílio dos atendentes de
farmácia. Para isso, aqui estão algumas informações que vão auxiliá-lo a
entender a dinâmica do processo, mas volto a insistir que somente a prática
profissional e muito estudo adicional irão fornecer os subsídios necessários
para uma boa dispensação.

Vários documentos legais regulamentam a dispensação farmacêutica.


Um dos mais importantes e recentes é a Resolução da Diretoria Colegiada
– RDC n. 44, de 17 de agosto de 2009, que dispõe sobre Boas Práticas
Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e
da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em
farmácias e drogarias e dá outras providências. Entende-se por Boas Práticas
Farmacêuticas o conjunto de técnicas e medidas que visam assegurar a
manutenção da qualidade e segurança dos produtos disponibilizados e dos
serviços prestados em farmácias e drogarias, com o fim de contribuir para o
uso racional desses produtos e a melhoria da qualidade de vida dos usuários.

Todos os produtos dispensados em uma farmácia devem estar


regularizados junto à Anvisa. A aquisição de produtos deve ser feita por meio
de distribuidores legalmente autorizados e licenciados.

A lista de medicamentos genéricos atualizada deve estar disponível em


versão impressa para os clientes a consultarem.

No ato da dispensação, o cliente deverá ser informado sobre a posologia,


a influência dos alimentos, a interação com outros medicamentos, o

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reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de conservação
do produto, entre outras informações.

Os medicamentos sujeitos à prescrição somente podem ser dispensados


mediante apresentação de receita médica ou odontológica. É muito importante
observar se a receita atende aos seguintes pontos:

1. está legível;

2. não contém rasuras;

3. apresenta identificação do paciente;

4. apresenta os dados do medicamento como nome, concentração do


fármaco, forma farmacêutica, dose e quantidade e duração do
tratamento;

5. indica o local e a data da emissão;

6. apresenta identificação do profissional prescritor (nome e número


do registro junto ao conselho de classe; no caso dos médicos, é o
número do registro junto ao CRM - Conselho Regional de Medicina e,
no caso dos cirurgiões-dentistas, o número do registro do CRO -
Conselho Regional de Odontologia);

7. apresenta a assinatura do prescritor.


De forma rápida, vamos observar as diferenças na dispensação dos
medicamentos, quanto à classificação em de referência, genéricos e similares.

- Medicamentos de referência: podem ser dispensados quando a receita


indicar o nome genérico do fármaco (componente ativo do medicamento) ou
o nome de marca do produto de referência;

- Medicamentos genéricos: poderá ser dispensado quando a receita


indicar o nome genérico do fármaco componente ativo do medicamento, mas
no caso de constar o nome de marca do produto de referência, o genérico
pode ser dispensado no lugar, desde que obedecendo a três pontos
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fundamentais: ser desejo do cliente, não existir oposição formal (por escrito,
na própria receita) e ocorrer mediante o farmacêutico.

- Medicamentos similares: somente podem ser dispensados quando a


receita indicar o nome de marca do medicamento em questão.

Você deve estar se perguntando como é que faz para saber se um


medicamento é de referência ou é um similar. Para isso, basta dar uma
olhadinha na lista de medicamentos genéricos disponíveis na farmácia (ou na
página eletrônica da Anvisa). A lista traz a relação de medicamentos de
referência para cada fármaco que já esteja liberado para cópia. Se um
medicamento não estiver na relação, ele é similar, já que só os genéricos e os
seus correspondentes medicamentos de referência integram essa listagem.

Quando o medicamento é separado para posterior entrega ao cliente,


uma rápida inspeção visual deve ser feita para verificar a identificação do
medicamento, o prazo de validade e a integridade da embalagem.

Uma prática proibida é a “captação de receitas”, ou seja, aquela situação


em que uma farmácia recebe uma receita de medicamento manipulado para
ser manipulado em outra farmácia. As receitas para medicamentos
manipulados devem ser entregues somente em farmácias de manipulação.

Se um produto estiver próximo do prazo de validade expirar, o cliente


deve ser informado.
1.1 Qualidade no atendimento

A qualidade no atendimento passa pela satisfação do cliente, portanto


você deve atender ou superar as expectativas do público consumidor. O
atendimento deve ser diferenciado, de modo que o cliente se sinta valorizado.
Assim que ele entrar na farmácia, receba-o com cordialidade. Mesmo que você
esteja atendendo outro cliente, faça um sinal de que notou a sua presença.
Quando iniciar o atendimento, cumprimente o cliente, chamando-o pelo
nome, caso seja de seu conhecimento. Desculpe-se por qualquer demora que
possa ter ocorrido e demonstre um interesse verdadeiro pelo seu problema.
Descubra a real necessidade e mantenha-se calmo, mesmo diante da irritação

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que por ventura alguns clientes possam demonstrar. Em caso de dúvida, peça
licença ao cliente e converse com o farmacêutico-responsável pela farmácia.
Ninguém é obrigado a saber tudo sobre tudo. Uma postura proativa e
responsável é percebida pelo cliente de forma positiva.

No momento da dispensação, o atendente deve repassar informações sobre:

- o nome do medicamento;

- a indicação terapêutica do medicamento;

- a posologia;

- o modo de usar;

- as precuações;

- os efeitos adversos que podem ocorrer;

- as interações (fármaco x fármaco; fármaco x alimento; fármaco x


exames laboratoriais);

- outras informações que sejam indispensáveis, dependendo de cada caso.

Todos os medicamentos tarjados (tarja preta ou vermelha) somente


poderão ser dispensados mediante a apresentação (e retenção, em alguns
casos) da receita expedida por médico ou cirurgião-dentista.
Os medicamentos não-tarjados podem ser dispensados sem apresentação
de receita médica ou odontológica. Nesses casos, a dispensação ocorre por
indicação do farmacêutico. Entre os produtos de dispensação sem exigência
de prescrição médica ou odontológica, destacam-se:

- profiláticos da cárie;

- antissépticos bucais;

- soluções isosmóticas, de cloreto de sódio;

- antiácidos;
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- colagogos e coleréticos;

- laxantes;

- absorventes intestinais;

- digestivos contendo enzimas;

- suplementos dietéticos;

- vitaminas;

- tônicos para uso oral;

- preparações contendo ferro;

- analgésicos não narcóticos;

- anti-inflamatórios não-esteroidais de uso tópico;

- emolientes e protetores da pele e mucosas;

- cicatrizantes, adstringesntes, antissépticos e desinfetantes de uso tópico;

- alguns produtos fitoterápicos.


2 - Exercitando as habilidades exigidas para a boa dispensação

A seguir, resolva uma questão relacionada ao tema deste capítulo.

1) (Prefeitura Municipal de Francinópolis - PI, cargo: Atendente de


Farmácia/ 2010; elaboração: Fundação Cajuína)

A receita médica oriunda do setor público somente poderá ser aviada


atendendo os seguintes requisitos sanitários:

a) Legibilidade e ausência de rasuras ou emendas.

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b) Identificação da substância ativa com DCB ou DCI, concentração/
dosagem, forma farmacêutica, quantidades e respectivas unidades e posologia

c) Identificação e dados do paciente, modo de usar; local e data da


emissão; assinatura e identificação do prescritor com o número de registro no
respectivo conselho.

d) Todas as alternativas estão corretas.

3 - Auto avaliação

E agora que você já está familiarizado com a diferença dos termos


“fármaco”, “medicamento”, “forma farmacêutica” e “via de administração”,
você deverá testar os seus conhecimentos com cinco medicamentos
encontrados na sua casa (ou na casa de amigos).

4 – Programa Farmácia Popular

Com o Saúde Não Tem Preço, a população brasileira que sofre com
hipertensão ou diabetes passa agora a ter acesso gratuito aos medicamentos para
o tratamento destas doenças.

Esta oferta de medicamentos gratuitos na rede Aqui Tem Farmácia Popular é


resultado de um acordo do Ministério da Saúde com sete entidades da indústria
e do comércio.
O acordo beneficia 33 milhões de brasileiros hipertensos e 7,5 milhões de
diabéticos. Além de ajudar no orçamento das famílias mais humildes, que
comprometem 12% de suas rendas com medicações.

O Farmácia Popular foi criado em 2004 com unidades próprias para


oferecer à população mais uma forma de acesso aos medicamentos. Em 2006 a
iniciativa cresceu e alcançou a rede privada sendo chamado de “Aqui Tem
Farmácia Popular”. Hoje, mais de 2,5 mil municípios possuem estabelecimentos
do programa e cerca de 1,3 milhão de brasileiros por mês são beneficiados. Sendo
aproximadamente 660 mil hipertensos e 300 mil diabéticos.
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Com o programa, os brasileiros passaram a ter acesso a 24 tipos de


medicamentos para hipertensão, diabetes e outras cinco doenças incluindo
asma, rinite, mal de Parkinson, osteoporose e glaucoma, além de fraldas
geriátricas. Os medicamentos estão disponíveis na rede de farmácias e
drogarias conveniadas à rede Aqui Tem Farmácia Popular. Com exceção dos
medicamentos para diabetes e hipertensão que são gratuitos, o programa
Aqui Tem Farmácia Popular oferece os medicamentos com descontos de até
90%.

O Programa Farmácia Popular do Brasil é um programa coordenado pelo


Ministério da Saúde e visa disponibilizar medicamentos à população para
doenças e agravos de maior prevalência e impacto social. Trata-se de uma oferta
de medicamentos complementar à política de assistência farmacêutica do
Sistema Único DE Saúde (SUS), cujos recursos financeiros não colidem com os
recursos aplicados sistematicamente pelo Ministério da Saúde no financiamento
da assistência farmacêutica básica. Os recursos para aquisição de medicamentos
da assistência farmacêutica básica são transferidos mensalmente para o seu
município nos termos da Portaria 4.217/2010. A portaria 184 de 2011 do
Ministério da Saúde dispõe das normas operacionais para o programa Aqui tem
Farmácia Popular.
Como posso conveniar minha drogaria ao programa Farmácia Popular
Para ingressar no Programa, o estabelecimento interessado deverá acessar a
página da Caixa Econômica Federal (www.caixa.gov.br/farmaciapopular), onde
irá efetuar o seu pré-cadastro e, em seguida, seu cadastro on line. Após concluído
o cadastro eletrônico, o responsável legal da empresa deverá comparecer a uma
agência da CEF de sua preferência para entregar documentação previamente
solicitada por e-mail. Após validação da CEF, a empresa deverá encaminhar à
SCTIE Requerimento e Termo de Adesão – RTA assinado na agência, subscrito
pelo proprietário, dirigente ou mandatário com poderes bastantes para firmá-lo.
Os demais documentos: Alvará Sanitário, Comprovante de Responsável Técnico,

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Original de Cupom Fiscal e Autorização de Emissor de Cupom Fiscal emitida pela
Secretaria de Fazenda Estadual serão entregues na própria agência bancária.
A empresa acompanha o processo no sítio www.caixa.gov.br/farmaciapopular-
Link SIFAP, utilizando como login o número do PIS e a senha feita na CEF. Em caso
de dúvidas, usar a Central de atendimento da CEF 0800 7260104, Opção 9 e, em
seguida, 3. Ou, ainda, o e-mail [email protected].
Unidade 7
Anotações
Que serviços farmacêuticos uma farmácia pode prestar?

O que não pode faltar na prestação dos serviços farmacêuticos?

A dispensação de medicamentos é uma das atividades mais


importantes em uma farmácia e consiste na entrega dos medicamentos
juntamente com as informações que garantam a utilização correta
destes produtos. O atendente de farmácia precisa conhecer muitos
detalhes sobre os medicamentos, como composição, reações adversas
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e interações, para auxiliar o farmacêutico na dispensação adequada.

1 - Serviços farmacêuticos

Além da dispensação, as farmácias poderão oferecer os seguintes serviços


farmacêuticos:

- aferição da pressão arterial;

- aferição da temperatura corporal;

- determinação de glicemia capilar;

- administração de medicamentos (injetáveis e inalantes);

- a perfuração do lóbulo auricular para colocação de brincos.

É importante lembrar que as medidas de pressão arterial e glicemia não


constituem um diagnóstico, servindo apenas para o acompanhamento de
pacientes hipertensos e diabéticos. Em caso de valores acima dos considerados
como normais, o usuário deverá ser orientado a procurar um médico. Outra
recomendação importante é em relação aos medicamentos: nenhum
medicamento poderá ser indicado ou ter o seu modo de usar alterado pelos
atendentes de farmácia.
Os aparelhos e acessórios utilizados para a medição de qualquer
parâmetro fisiológico ou bioquímico devem possuir registro, notificação,
cadastro junto à Anvisa.

Para cada procedimento haverá um POP descrevendo claramente, passo


a passo, as etapas de realização, especificando os equipamentos e as técnicas
ou metodologias utilizadas, parâmetros de interpretação de resultados e as
referências bibliográficas utilizadas. Os POPs devem citar os equipamentos de
proteção individual (EPIs) a serem utilizados, trazendo orientações sobre seu
uso e descarte.

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Os resíduos de saúde, gerados por alguns procedimentos, como materiais
perfurocortantes, gaze ou algodão sujos com sangue, deverão ser descartados
conforme as normas para Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde.

Quanto ao ambiente destinado aos serviços farmacêuticos, este deve ser


diverso daquele destinado à dispensação e deve permitir privacidade e conforto
aos clientes. Portanto, tudo deve ser pensado previamente antes de organizar a
farmácia. As dimensões do espaço, o mobiliário e a infra-estrutura devem ser
compatíveis com as atividades e serviços a serem oferecidos.

Um dos cuidados que todo atendente de farmácia terá que tomar antes de
se envolver em qualquer serviço farmacêutico é a higienização das mãos, que
envolve primeiramente uma higienização simples, para limpeza das mãos e, na
sequência, a higienização antisséptica. E se o atendente utilizar algum EPI, como
luva, por exemplo, ele está dispensado de lavar as mãos? A resposta é um grande
NÃO!

A higienização remove a sujidade, o suor, a oleosidade, os pêlos, as


células descamativas e a microbiota da pele, sendo a medida mais simples, e
mais barata, para prevenir a propagação das infecções relacionadas aos
serviços de assistência à saúde.

Os produtos utilizados na higienização das mãos são o sabonete comum,


preferencialmente na forma líquida ou em espuma, e um agente antisséptico.
O sabonete comum é um produto que remove a microbiota transitória,
tornando as mãos limpas, mas, como não possui antimicrobianos (ou os
contém em baixas concentrações, com a finalidade de conservante) não possui
efeito antisséptico. Os agentes antissépticos têm ação antimicrobiana,
devendo ser utilizados quando não houver sujidade visível nas mãos. O agente
mais comumente empregado é o etanol, em solução a 70%. Como o efeito se
dá por desnaturação de proteínas das bactérias, é necessário que a solução
alcoólica se encontre entre 60 e 80%, pois as proteínas não se desnaturam com
facilidade na ausência de água. A execução de qualquer serviço farmacêutico
deve ser precedida da antissepsia das mãos do profissional, independente do
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uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

2 - Conceito de Anatomia

No seu conceito mais amplo, a Anatomia é a ciência que estuda, macro e


microscopicamente, constituição e o desenvolvimento dos seres organizados.
Um excelente e amplo conceito de Anatomia foi proposto em 1981 pela
American Association of Anatomists: anatomia é a análise da estrutura
biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em
resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas
principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos
organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das
várias partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no
desenvolvimento destas. A amplitude da anatomia compreende, em termos
temporais, desde o estudo das mudanças a longo prazo da estrutura, no curso
de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária em
desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto
prazo, associadas com fases diferentes de atividade funcional normal.
Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um sistema
biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas
celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome
(ana = através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar;
secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo,
atualmente, Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos desta
ciência.
Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios
da civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela
manipulação dos corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição
de tecnologias inovadoras. Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em
três grandes grupos: Anatomia macroscópica, Anatomia microscópica e
Anatomia do desenvolvimento. A Anatomia Macroscópica é o estudo das
estruturas a olho nu, utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis
possíveis, enquanto a Anatomia Microscópica é aquela relacionada com as
estruturas corporais invisíveis a olho nu e requer o uso de instrumental para
ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é
dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de
como estes se organizam para a formação de órgãos). A Anatomia do
desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo

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fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologiaque é o estudo do
desenvolvimento até o nascimento. Embora não sejam estanques, a
complexidade destes grupos torna necessária a existência de estudos
específicos.

3 - Aferição de glicemia capilar

O diabetes mellitus é um grupo de distúrbios metabólicos que apresentam


em comum a hiperglicemia (acima de 100 mg/dL em jejum) como resultado
de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou de ambas as
condições. O diabetes mellitus pode ser classificado em diabetes tipo 1, ou
insulino-dependente, diabetes tipo 2, ou não insulino-dependente, e ainda o
diabetes gestacional. O diabetes tipo 1 é mediado por autoimunidade que
promove destruição das células beta pancreáticas. No diabetes tipo 2 ocorrem
defeitos na ação e na secreção da insulina.
Além da hiperglicemia, pode ocorrer hipoglicemia, caracterizada por
níveis glicêmicos abaixo de 60 mg/dL, causando os seguintes sintomas:
sensação de fome aguda, dificuldade de raciocinar, sensação de fraqueza
associado a um cansaço muito grande, sudorese exagerada, tremores finos
ou grosseiros de extremidades, bocejamento, sonolência, visão dupla, estado
confusional que pode progredir para a perda total da consciência (coma).

A principal forma de monitorar o diabetes é o controle da glicemia. O teste


de glicemia capilar é um exame de triagem, ou seja, de monitoramento, e não
é um diagnóstico. A determinação da glicemia capilar se dá por equipamentos
de auto teste. Os equipamentos de auto teste utilizam glicosímetro (aparelho
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manual para glicemia), fita reagente ou fita-teste (utilizada para inserir uma
gota de sangue), lanceta (instrumento perfurocortante estéril), lancetador
(para fazer a retirada da gota de sangue). São necessários também luvas de
procedimento descartáveis, algodão e álcool etílico 70%.

Os procedimentos devem seguir a sequência apresentada a seguir:

• separar o material necessário;

• preparar o glicosímetro e o lancetador;

• lavar as mãos e fazer antissepsia das mesmas, mediante técnica


apropriada;

• colocar as luvas de procedimento;

• retirar a fita teste da embalagem;

• ligar o aparelho medidor de glicemia, introduzir a fita teste no


aparelho, evitando tocar na parte reagente;

• orientar o paciente a lavar as mãos com água e sabão e secá-las bem;

• fazer a antissepsia do dedo a ser lancetado com álcool 70% (o dedo


deve estar completamente seco);
• escolher o local para a punção (o melhor é a ponta dos dedos,
evitando a polpa digital);

• fazer a punção utilizando o lancetador para coletar a amostra de


sangue;

• esperar a formação da gota, segurando o dedo do paciente;

• encostar a gota de sangue na área indicada;

• manter a gota de sangue em contato com a fita-teste até o glicosímetro


indicar que o volume é suficiente;

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• descartar imediatamente a lanceta em recipiente apropriado para
descarte de material perfurocortante;

• limpar o dedo do paciente com algodão e álcool 70% e fazer pressão


sobre o local da punção por alguns segundos;

• fazer leitura do resultado;

• o glicosímetro desligará automaticamente após o término da


determinação;

• retirar as luvas de procedimento e lavar as mãos;

• descartar o material usado no contentor de descarte de material


biológico: fita, luvas de procedimento descartáveis e algodão;

• anotar o resultado obtido;

• orientar o paciente sobre o resultado da glicemia.


3.1 Aferição da pressão arterial

O cliente deve estar em repouso de pelo menos cinco minutos, não ter
praticado exercícios físicos nos 90 minutos que antecedem a medida da pressão
arterial, não deve estará com a bexiga cheia, não deve ter ingerido bebidas
alcoólicas, café ou alimentos e não ter fumado nos 30 minutos anteriores ao
procedimento.

Antes de iniciar a aferição da pressão arterial, deve-se explicar o


procedimento ao paciente.

A seguir, está a descrição de uma técnica, passo a passo, para a medida


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de pressão arterial.

1. remover parte da roupa que cobre o braço no qual será tomada a


medida da pressão;

2. posicionar o braço para que o mesmo fique na altura do coração, com


a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido;

3. pedir ao paciente para que não fale durante o procedimento; Medir a


circunferência do braço do paciente;

4. colocar o manguito na fossa cubital, de modo que a parte central do


mesmo esteja sobre a artéria braquial;

5. estimar a pressão sistólica, palpando o pulso radial e inflando o


manguito até seu desaparecimento (após este procedimento, desinflar
rapidamente o manguito);

6. acomodar a campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial na


altura da fossa cubital;

7. inflar o manguito até cerca de 30 mmHg além do nível estimado para


a pressão sistólica

8. iniciar a deflação de forma lenta (2 a 4 mmHg por segundo)


9. determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som (fase I
de Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares (após este
procedimento, deve-se aumentar a velocidade de deflação);

10. determinar a pressão diastólica pelo desaparecimento do som (fase


V de Korotkoff);

11. auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para


confirmar seu desaparecimento e depois finalizar a deflação de forma rápida
e completa

12. informar ao paciente os valores determinados;

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13. registrar os valores determinados.

3.2 Administração de medicamentos

A administração de medicamentos pode ocorrer em farmácias, com


exceção daqueles exclusivos para uso hospitalar.

Os medicamentos adquiridos no estabelecimento, a serem utilizados na


prestação de serviços de que trata esta seção, cujas embalagens permitam
múltiplas doses, devem ser entregues ao usuário após a administração, no
caso de sobra. O usuário deve ser orientado quanto às condições de
armazenamento necessárias à preservação da qualidade do produto. É
vedado o armazenamento em farmácias e drogarias de medicamentos cuja
embalagem primária tenha sido violada.

Para a administração de medicamentos deverão ser utilizados materiais,


aparelhos e acessórios que possuam registro, notificação, cadastro ou que
sejam legalmente dispensados de tais requisitos junto à Anvisa.

Devem ser mantidos registros das manutenções e calibrações periódicas


dos aparelhos, segundo regulamentação específica do órgão competente e
instruções do fabricante do equipamento.
Este material não pretende apresentar as técnicas de administração de
medicamentos

3.4 Procedimento de Inalação

O profissional deverá antes de iniciar o procedimento de inalação


propriamente dito preparar o material necessário, lavar as mãos e colocar as
luvas. Na sequência, deverá explicar o procedimento ao paciente ou
responsável. Se o paciente for uma criança, tente tranquilizá-la.

Os seguintes passos devem ser seguidos, na sequência:


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1. inserir o medicamento no recipiente adequado, de acordo com as


orientações contidas na receita médica;

2. conectar a máscara e colocá-la adequadamente no paciente;

3. ligar o aparelho.

3.5 Procedimento para aplicação de injetáveis

Atividades:

1. organizar o material necessário (a definição da seringa e agulha


apropriadas irá depender da via de administração e do local a ser administrado
o medicamento);

2. fazer uma inspeção visual na ampola ou frasco para verificar possíveis


alterações nas características do medicamento;

3. higienizar as mãos;

4. vestir as luvas de procedimento;

5. explicar ao paciente o procedimento a ser realizado;

6. carregar a seringa;

7. fazer antissepsia no local da aplicação utilizando algodão e álcool 70%;


8. introduzir a agulha;

9. aspirar para verificar se foi acessado um vaso sanguíneo (caso verifique


a presença de sangue, retirar o aparelho de injeção do paciente, solicitar ao
paciente para que o mesmo pressione o ponto de aplicação com algodão e
reiniciar todo o procedimento novamente, trocando a agulha);

10. se nenhum vaso foi acessado, aplicar o medicamento lentamente;

11. retirar a agulha;

12. ocluir o local da punção com algodão seco (este procedimento

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favorece a hemostasia);

11. desprezar o material utilizado (luvas, agulha, seringa e algodão) em


recipiente apropriado;

12. retirar as luvas e lavar as m ã o s ;

13. registrar o procedimento.

3.6 Perfuração do Lóbulo Auricular para Colocação de Brincos

A perfuração do lóbulo auricular deverá ser feita com aparelho específico


para esse fim e que utilize o brinco como material perfurante. Não poderão
ser utilizados agulhas de aplicação de injeção, agulhas de suturas ou outros
objetos para a realização da perfuração. Os brincos e a pistola a serem
oferecidos aos usuários devem estar regularizados junto à Anvisa.

Os brincos deverão ser conservados em condições que permitam a


manutenção da sua esterilidade. Sua embalagem deve ser aberta apenas no
ambiente destinado à perfuração, sob a observação do usuário e após todos
os procedimentos de assepsia e antissepsia necessários para evitar a
contaminação do brinco e uma possível infecção do usuário.
Os procedimentos relacionados à antissepsia do lóbulo auricular do
usuário e das mãos do aplicador, bem como ao uso e assepsia do aparelho
utilizado para a perfuração deverão estar descritos em POP, com indicação das
referências bibliográficas utilizadas. O POP deverá especificar os equipamentos
de proteção individual a serem utilizados, assim como apresentar instruções
para seu uso e descarte.

4 - Simulando um serviço farmacêutico


Vamos resolver a questão abaixo, para testar os conhecimentos obtidos.
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1) (Prefeitura Municipal de Catas Altas - MG, cargo: Auxiliar de Farmácia/


2011; elaboração: FUMARC) O poder antisséptico do álcool pode ser eficiente
em relação aos microrganismos dependendo da concentração. Deve-se usá-lo
para essa finalidade na concentração de:

a) 70%.

b) 90%.

c) 96,2%.

d) 100%.

Agora, você deverá simular um serviço farmacêutico, com a ajuda e


avaliação de um colega.

5 - Auto avaliação

Após estudar as técnicas dos diferentes serviços farmacêuticos, reescreva-


as, tentando se lembrar do maior número possível de detalhes. Após terminar
de redigir todas as técnicas, compare o que você escreveu com o material
deste capítulo.
Unidade 8
Anotações
Por que é preciso saber calcular para ser atendente de farmácia?

Como montar um cálculo voltado para uma necessidade prática?

O trabalho em farmácia exige habilidades em cálculo. Por isso, este


capítulo pretende mostrar algumas aplicações práticas da
Matemática para a solução de problemas comuns na rotina do
atendente de farmácia.

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1 - Cálculos em Farmácia

A Matemática é uma ciência que pode ser aplicada em qualquer área


do conhecimento humano. Não seria diferente para a área de Farmácia, pois
diversas situações são resolvidas com o apoio de cálculos. Como
frequentemente há concursos públicos para atendente de farmácia e algumas
questões envolvem cálculos, trago aqui algumas questões selecionadas de
concursos, além de outras que foram elaboradas especialmente para este
material.

Um concurso para auxiliar de farmácia, da Prefeitura Municipal de Assaí


(PR), realizado em 2011, trouxe a seguinte questão:

O salário de um trabalhador é de R$ 550,00, em 2010. Para 2011, o


reajuste salarial será de 5%, então o salário após o reajuste será de:

a) R$ 570,00

b) R$ 577,50

c) R$ 580,00

d) R$ 587,50

e) R$ 590,00
Esta questão envolve um cálculo de porcentagem. Para resolvermos a
questão, podemos utilizar uma “regra de três”. Um cálculo de “regra de três”
envolve três fatores conhecidos e que, por dedução, um quarto fator é
definido. No exemplo acima, para esquematizarmos a nossa “regra de três”
precisamos do seguinte raciocínio: se o salário é de R$ 550,00, este valor
corresponde a 100% (R$ 550,00 = 100%); se o salário vai ter um reajuste de
5%, isso significa que o novo salário será de 100% + 5% (100% do salário atual
+ 5% de reajuste). Então podemos considerar que:

100% ------ 550,00


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5% ---------- x

x . 100 = 5 . 550

x = 5 . 550/ 100

x = 27,5

Portanto, o salário será de R$ 550,00 + R$ 27,50 = R$ 577,50, e a


alternativa correta é a letra “b”.

Vamos para mais duas questões de concurso:

1) (Prefeitura Municipal de Vassouras - RJ, cargo: Atendente de Farmácia/


2007; elaboração: UFF) A apresentação de um determinado antibiótico é: pó
liofilizado frasco ampola 1g. O medicamento possui estabilidade de 24 horas
em temperatura ambiente após a reconstituição em 10mL de água para
injeção. É correto afirmar que, se forem prescritos:

a) 300 mg de 8/8 horas, um frasco dará para 24 horas e ainda sobrarão 2mL;

b) 250 mg de 8/8 horas, um frasco dará para 24 horas e ainda sobrarão 3mL;

c) 300 mg de 8/8 horas, um frasco dará para 24 horas e ainda sobrará 1mL;

d) 250 mg de 8/8 horas, um frasco dará para 24 horas e ainda sobrarão 4mL;

e) 300 mg de 8/8 horas, um frasco dará para 24 horas e ainda sobrarão 1,5mL;
Resolvendo a questão...

Se em 10mL está contido 1g de fármaco, eu posso afirmar que cada 1mL


contém 0,1g. Dessa forma, analisando as alternativas, terei que fazer o cálculo
para descobrir a quantidade de volume necessária para utilizar o
medicamento em 24 horas (que é o limite de estabilidade do produto), para
as doses de 250 e 300 mg (que são as opções apresentadas nas alternativas).

Dessa forma, teremos que fazer duas “regras de três”, uma para cada dose.

- 300 mg de 8/8 horas:

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300 mg é a “dose” e 8 horas é o “intervalo entre as doses”; portanto o
paciente receberá três doses diárias (um dia tem 24 horas, de modo que um
intervalo entre as doses de 8 horas significa que o paciente receberá três
doses por dia, já que 24/3 = 8)

1 dose ------- 300mg

3 doses ---------- x

1 . x = 3 . 300

x = 3 . 300 / 1

x = 900 mg

Se cada 10mL contém 1g de fármaco, qual o volume necessário para


fornecer 900 mg ao paciente?

10mL -------- 1g (= 1.000 mg)

1.000 mg ------- 10mL

900 mg ----------- x

x = 900 . 10 / 1.000

x = 9.000 / 1.000

x = 9 mL
Se eu precisar de 9mL para fornecer a dose completa para 24 horas,
sobrarão 1mL da solução de antibiótico.

- 250 mg de 8/8 horas

1 dose ------- 250mg

3 doses ---------- x

1 . x = 3 . 250

x = 3 . 250 / 1
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x = 750 mg

10mL -------- 1g (= 1.000 mg)

1.000 mg ------- 10mL

750 mg ----------- x

x = 750 . 10 / 1.000

x = 7.500 / 1.000

x = 7,5 mL

Se eu precisar de 7,5mL para fornecer a dose completa para 24 horas,


sobrarão 2,5mL da solução de antibiótico.

Portanto, analisando as alternativas, verifica-se que a opção “c” é a correta:


“300 mg de 8/8 horas, um frasco dará para 24 horas e ainda sobrará 1 mL”.

2) (Prefeitura Municipal de Vassouras - RJ, cargo: Atendente de Farmácia/


2007; elaboração: UFF). No preparo de 15 g de pomada a 2% é necessário, em
gramas, a seguinte quantidade de mupirocina:

a) 0,003;

b) 0,03;
c) 0,3;

d) 3;

e) 30.

Resolvendo:

- Uma pomada a 2% significa que cada 100g contém 2g de fármaco, ou


seja, 2%;

- Para saber quanto de fármaco está contido em 15g de uma pomada a


2%, precisamos fazer uma “regra de três”, em que eu conheço três elementos

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de um conjunto de quatro e, por dedução, consigo descobrir o valor do quarto
elemento:

100g ---------- 2g

15g ------------ x

100 . x = 15 . 2

x = 15 . 2/ 100

x = 30/100

x = 0,3g

Portanto, a resposta certa é a letra “c”.

2 - Treinando a capacidade de resolver problemas com o


auxílio da Matemática

Com a ajuda do professor, teste os seus conhecimentos em Matemática


resolvendo as seguintes questões.

1) Um produto farmacêutico (soro glicosado) encontra-se na concentração


de 10%. Isso significa que cada 100mL possui 10g de glicose. Portanto, por
uma “regra de três”, podemos descobrir qual o volume que contém 25g.
Qual será esse volume?

2) A dose de um medicamento prescrita pelo médico é de 50mg/kg/dia.


Considerando que o paciente pesa 20kg, responda às seguintes questões:

a) Qual a quantidade de medicamento que deve ser administrada ao


paciente por dia?

b) Quanto deve ser administrado por dose ao paciente, se o intervalo


entre as administrações for de 6 horas?

c) E se o medicamento fosse administrado três vezes por dia, qual seria


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a quantidade de medicamento administrada em cada vez?

d) Considerando que o medicamento está disponível na apresentação


suspensão oral, 500mg/mL, 120 mL, qual seria o volume da suspensão a ser
administrado em cada horário?

e) Considerando que o tratamento completo prescrito pelo médico


prevê um tratamento de sete dias, quantas unidades do medicamento seriam
necessárias para completar o tratamento?

3) Se numa receita médica consta que o paciente deve receber


100 mg de um medicamento, mas o mesmo encontra-se somente na
apresentação 250mg/5mL, qual volume deve ser administrado ao paciente?

4) O medicamento Daforin® (cloridrato de fluoxetina) possui várias


apresentações. A forma líquida está disponível em embalagens com 20mL de
solução, a 20mg/mL. Caso um paciente necessite fazer uso de uma dose de
10mg, qual seria o volume a ser administrado por dose?

5) Você vai realizar uma venda de três produtos (A, B e C). Cada
produto tem um preço diferente e um percentual máximo de desconto,
estipulado pela farmácia, conforme tabela abaixo. Considerando que a
venda será para um cliente antigo, você garantirá o desconto máximo. Qual
o valor final da compra?
produto preço (R$) percentual máximo de
desconto

A 27,00 5%

B 87,00 7%

C 45,00 15%

3 – Auto avaliação
Como você já está experiente e rápido em fazer cálculos de dosagens e
preços, tente responder sozinho as seguintes questões:

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1) Se uma embalagem de medicamento possui 21 cápsulas, quantas
caixas serão necessárias para completar um tratamento que dura 14 dias,
com 4 tomadas diárias? Haverá sobras? Se sim, de quantas cápsulas?

2) Se você finalizar uma venda que tenha o valor de R$ 342,00, quanto


o cliente irá pagar se você conceder 7% de desconto?
Unidade 9
Anotações
O que é ética profissional?

Qual a importância de ser ético?

A Ética está relacionada aos valores de um indivíduo. Como os valores


individuais podem mudar, dependendo da cultura, idade ou outro fator,
algumas considerações sobre o tema são importantes para orientar o
atendente de farmácia no sentido de adotar posturas éticas do ponto
de vista profissional. Em síntese, se você respeitar o se cliente, sempre
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agirá com ética.

1 - Ética profissional

O atendente de farmácia deve, antes de tudo, prezar pelo respeito integral


ao seu cliente. Da mesma forma, o atendente de farmácia deve respeitar todos
os seus colegas e chefes, criando um ambiente harmonioso de trabalho.

Todos os procedimentos realizados por este profissional devem estar


pautados na ética profissional. “Ética” refere-se a “valores” e a “ética
profissional” está relacionada com os valores que um profissional deve ter
para que possa atuar de forma competente e satisfatória.

Em alguns ramos do comércio pode existir certa semelhança entre os


clientes, o que, em parte, facilita o trabalho, pois você padroniza a forma de
tratamento. Por exemplo, uma loja de implementos agrícolas, a qual possui
como clientes os produtores rurais, diferindo apenas entre pequenos e grandes.
Em uma farmácia, a situação é bem diferente, pois todo tipo de pessoa pode
entrar em um estabelecimento com as mais variadas necessidades. Uns vão
comprar medicamentos, outros cosméticos e alguns vão apenas se informar
sobre algum tipo específico de tratamento.
Além da diferença no motivo pelo qual um cliente procura uma farmácia,
há diferenças significantes no padrão do próprio cliente, em relação ao
gênero, religião, cor da pele ou etnia, situação financeira e social, orientação
sexual, grau de escolaridade, orientação política, etc. É normal que cada um
de nós tenha preferência ou simpatia por alguns tipos de pessoas; é normal
também que tenhamos preconceitos contra algum tipo em particular. Se não
é fácil nem rápido nos livrarmos de todos os preconceitos, frutos da nossa
ignorância, devemos deixá-los de lado quando exercemos o nosso papel
profissional. Você tem que ter em mente que quando você estiver atuando
profissionalmente, como atendente de farmácia, você deve ser superior à sua

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individualidade, não permitindo que os seus preconceitos influenciem na sua
postura profissional.

A tarefa de tentar “ensinar” ética pode se tornar impossível, já que a


ética está relacionada aos valores e cada indivíduo pode ter os mais variados
valores, diferentes porque o modo de ver o mundo, a influência da família, a
etnia de origem, além de outros fatores sociais “moldam” o sujeito nos seus
valores. Entretanto, por outro lado, seria um erro não comentar sobre a
postura mais adequada que cada profissional precisa adotar para que os seus
serviços possam ser considerados como de alta qualidade. Nesse sentido, vou
apresentar 10 pontos que o atendente de farmácia deve conhecer e seguir
para que o seu trabalho possa ser considerado “ético”. Não é intenção afirmar
que todos os detalhes que cercam a boa atuação profissional pode estar
reduzida a 10 itens, como se fosse um “check list”. Essa relação serve somente
para relacionar os itens mais imprescindíveis, que nunca deverão ser
desconsiderados. O profissional que não atender aos pressupostos
apresentados corre o risco de não permanecer num emprego por muito
tempo, pois a conduta antiética de um funcionário denigre a imagem de uma
farmácia. E num mundo tão competitivo, a imagem de uma empresa tem um
alto valor.

De forma sucinta, então, apresento os itens que nunca devem ser


esquecidos por quem pretende ser um profissional de sucesso.
1) Entregue ao cliente somente produtos de qualidade

Os produtos comercializados/dispensados em uma farmácia devem


atender às exigências legais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). A farmácia só pode adquirir medicamentos ou cosméticos de
distribuidoras com situação regular junto à Anvisa. Algumas empresas,
principalmente de cosméticos, podem fornecer produtos às farmácias por
representantes, o que não é proibido, mas a farmácia somente pode adquirir
produtos com nota fiscal, que atendam às exigências sanitárias.

A farmácia jamais deve adquirir produtos de “vendedores suspeitos”.


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Vendedores suspeitos são aqueles que, mesmo sendo funcionários de uma


distribuidora de medicamentos ou outra empresa similar, oferece uma
quantidade de produtos sem nota fiscal. A possibilidade de os produtos serem
oriundos de carga roubada, roubo a hospitais ou outras situações delituosas
é grande. Nesses casos, mesmo que a farmácia adquira esses produtos, o
atendente de farmácia, por questões éticas, deve se recusar a fornecer esses
produtos ao seu cliente.

Outras situações que não devem ocorrer é a venda de medicamentos com


o prazo de validade vencido, que tenham sido mal acondicionados (expostos à
luz solar intensa ou mantidos sem refrigeração, quando isso é uma exigência,
mesmo que por um pequeno período), que não apresentem registro junto à
Anvisa, vindos do Paraguai e produtos para uso veterinário. Algumas dessas
situações configuram “falsificação de medicamentos”, considerado crime
hediondo no Brasil.

Portanto, fique atento: o atendente de farmácia, assim como o


proprietário da farmácia e o farmacêutico, pode ser responsabilizado junto à
Justiça. As penas podem variar dependendo do caso, mas não é incomum as
pessoas envolvidas nesses crimes terem restrição à liberdade, ou seja, numa
linguagem mais popular, ficarem presas na cadeia.
2) Mantenha sigilo sobre as informações que chegam até você

No exercício da função, o atendente de farmácia tem acesso a informações


de cunho pessoal que devem ser consideradas “segredo de confessionário”.
Ao atender um cliente, o atendente pode saber sobre a existência de uma
doença grave, gravidez, dependência por drogas, adultério, etc. Independente
da informação que o atendente tenha acesso, e independente do cliente,
nenhuma, repito, nenhuma informação dos clientes deverá ser comentada
com outra pessoa! E isso significa dizer que o atendente de farmácia não deve
comentar nem com a sua esposa (ou marido) e nem com um colega de
trabalho. Quando um cliente revela uma informação pessoal não significa que

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o fez por considerar-se amigo do atendente, mas somente porque essa
informação é crucial para um atendimento adequado. As consequências da
difusão de uma informação pessoal de um cliente podem ser sérias e
irreversíveis, como o fim de um casamento, a dissociação de uma sociedade
empresarial, a demissão de um funcionário, chegando ao extremo de um
suicídio ou homicídio.

3) Seja discreto

Algumas situações que motivam a entrada em uma farmácia podem ser


embaraçosas para muitas pessoas. Uma mulher pode se sentir constrangida
em solicitar absorventes íntimos para um atendente homem; da mesma
forma, um cliente pode não se sentir à vontade ao pedir preservativos ou
medicamentos para disfunção erétil; e isso também vale para os adolescentes
ao ir comprar camisinha, anticoncepcional ou gel de lubrificação íntima.

A função do atendente é tornar o espaço da farmácia um ambiente


acolhedor, diminuindo a tensão que alguns clientes apresentam. Para isso, o
atendente jamais deve demonstrar espanto ou admiração pelo pedido do
cliente. Nesses casos, além desse cuidado, o atendente nunca deve se dirigir a
um colega em voz alta perguntando algo sobre o produto que o cliente veio
comprar, como por exemplo, o preço, se a filial tem o produto, etc.
4) Preste um bom atendimento

Todo cliente precisa ser atendido de forma perfeita! Um atendimento


perfeito passa pelo conhecimento dos produtos e serviços que uma farmácia
oferece. É claro que um estabelecimento trabalha com milhares de produtos
diferentes e seria impossível para uma só pessoa memorizar todos os detalhes
sobre composição, indicação e contra-indicações de cada produto. Entretanto,
não é porque é impossível saber tudo que o atendente não vai saber nada.
Aos poucos, com a experiência profissional e a dedicação e estudo contínuo,
o profissional vai acumulando uma série de conhecimentos que será de grande
valia no atendimento ao cliente.
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E o que fazer quando você não sabe responder às perguntas de um


cliente. A postura ética é se desculpar e pedir para que o cliente espere uns
instantes até que o atendente busque a informação que precise, seja na
pesquisa em livros, sites da internet ou diretamente com o farmacêutico. A
seriedade e a firmeza com que o atendente conduz uma situação que exige
compreensão do cliente irão garantir a satisfação do cliente. O que não pode
ocorrer, sob hipótese alguma, é o atendente “inventar” uma informação
porque se vê pressionado em fornecer uma resposta imediata ao cliente.
Todas as informações fornecidas devem ser corretas. Fique tranquilo que nem
os farmacêuticos e nem os médicos sabem tudo sobre tudo.

Uma outra recomendação importante diz respeito à empurroterapia.


Não seja adepto desta prática muito prejudicial ao cliente, até mesmo ao
atendente. A empurroterapia é quando o atendente induz o cliente a levar
produtos dos quais não precisa. Como o mundo farmacêutico é um ambiente
cheio de nomes estranhos, o cliente pode ser ludibriado por não entender
exatamente a finalidade de cada produto. E isso é um prato cheio para
atendentes irresponsáveis que querem “ganhar a vida em uma venda”. O
atendente sério não é adepto da empurroterapia, pois respeita o seu cliente e
sabe que um bom atendimento fideliza o cliente.
E a última dica é quanto aos direitos do consumidor. É de suma importância
que o profissional conheça o código de defesa do consumidor.

5) Prometa aquilo que consiga cumprir

É normal uma pessoa tentar todas as estratégias possíveis para fugir de


uma situação estressante. No caso específico do trabalho em farmácia, é
comum um cliente se mostrar enraivecido porque o seu medicamento não
chegou ou porque foi vendido um medicamento diferente daquele que tinha
solicitado. Para todas as situações que envolvam um estresse, o equilíbrio e a
sinceridade são as principais armas que um profissional responsável tem ao seu

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dispor. Portanto, nunca prometa produtos, prazos ou condições de pagamento
que não possam ser cumpridas por você, somente para se ver livre da situação
embaraçosa de um cliente insatisfeito. Se um cliente já está insatisfeito, ele
ficará ainda mais irritado se as novas promessas não se efetivarem.

6) Não enxergue o seu cliente como um amigo

Um cliente é um cliente e um profissional é um profissional. É inadequado


um atendente buscar uma intimidade com um cliente. Você não precisa saber
para qual time o seu cliente torce, nem quantos filhos ele tem, muito menos
quanto é o seu salário. É claro que a convivência por um longo período
estreita relações e pode ser natural um processo de aproximação, mas isso
deve ocorrer de maneira muito natural e de forma muito comedida.

Por outro lado, também é inadequado você expor os seus problemas


pessoais para o cliente. O cliente não é responsável e nem vai poder auxilia-
lo em casos de falta de dinheiro, problemas com os filhos, divergências
conjugais ou qualquer tipo de problema pessoal. Isso vale também para
problemas que possam ocorrer entre você e algum colega ou entre você e
o seu chefe. As situações de família devem ser resolvidas na família; as
situações financeiras devem ser resolvidas no banco e as situações de
trabalho devem ser resolvidas com o chefe.
7) Cuide da sua aparência pessoal

Você já deve ter ouvido falar que as aparências enganam, mas isso não
motivo para você descuidar da sua. Todo funcionário de uma farmácia,
incluindo o farmacêutico, o gerente, o caixa e os atendentes, deve se
apresentar de forma sóbria, discreta, limpa e asseada. As roupas devem estar
limpas, incluindo os calçados; as unhas bem cortadas e limpas; os cabelos
limpos e presos se compridos; os dentes escovados e sem restos de alimentos;
o uniforme limpo e bem passado. Todo produto de higiene pessoal que tenha
uma fragrância, como desodorante e perfume, deve ser suave para não
conferir um cheiro muito forte ao atendente. Em relação às roupas, não é
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adequado uma mulher usar decotes muito profundos, nem saias muito
curtas. Para os homens, as camisas devem estar com, no máximo, um botão
aberto. Roupas muito justas, ou muito coloridas, como camisas de time de
futebol, devem ser evitadas. Quanto às bijuterias, é adequado apenas peças
pequenas, discretas e em número pequeno.

Para quem fuma, após cada cigarro consumido os dentes devem ser
escovados e as mãos lavadas para reduzir o odor exalado. O ideal é que o
fumo fique restrito a horários diversos dos de trabalho.

8) Cuide da aparência do seu local de trabalho

Assim como é importante o cuidado com a aparência pessoal, a


aparência do local de trabalho também deve estar impecável. Apesar de uma
farmácia contar com a colaboração de um funcionário exclusivamente para a
limpeza de piso, parede, banheiros e outros espaços, a organização das
prateleiras e das gôndolas é de responsabilidade dos atendentes.

Cada farmácia deve estabelecer uma rotina de limpeza desses espaços


e dividir a tarefa entre todos os atendentes.
9) Antecipe-se às necessidades do cliente

Um bom atendente antecipa-se às necessidades do cliente, não como


bajulador, mas de uma forma natural. Isso fortalece a ligação entre o
atendente e o cliente e faz com que o cliente procure novamente o atendente
em questão nas suas futuras necessidades. É muito comum em farmácias, um
cliente ser cliente de um atendente e não da farmácia em questão. Isso fica
evidente quando um atendente muda de emprego, indo trabalhar em outra
farmácia e “carrega” junto a sua “carta de clientes”.

10) Nunca discuta uma decisão médica ou farmacêutica com o cliente

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Caso você não concorde com a decisão do médico ou do farmacêutico em
relação a um tratamento proposto, nunca expresse a sua opinião ao cliente. A
utilização de medicamentos ocorre somente pela prescrição médica ou
odontológica e pela indicação farmacêutica. Esses profissionais, ao atenderem um
paciente, reúnem várias informações que fundamentam a prescrição/indicação de
um tratamento específico. Mesmo que o atendente ache “estranho” algum detalhe
do tratamento, como posologia, forma farmacêutica, tempo total de tratamento,
não é com o cliente que ele deve discutir o caso.

Se você detectar uma situação danosa ao paciente, você deverá entrar


em contato imediatamente com o médico ou com o farmacêutico para alerta-
los sobre a prática inadequada que prescreveram/indicaram ao paciente.

2 - Aprendendo a se posicionar de maneira ética diante de situ-


ações corriqueiras no dia-a-dia da farmácia
Discuta com seus colegas sobre o posicionamento adotado pelo
atendente de farmácia, retratado no texto a abaixo. Essas informações foram
coletadas da Internet (disponível em: <http://diegomaciel.wordpress.
com/2010/03/09/uma-materia-que-eu-gostei-muito/>). O texto foi editado
para melhor adaptar-se a este material, mas sem alteração substancial das
informações.
Durante duas semanas, O Estado visitou algumas farmácias de São Luís
para confirmar a denúncia de que o medicamento Pramil (medicamento para
impotência sexual, produzido no Paraguai e sem licença da Anvisa para uso
no Brasil) estaria sendo comercializado. Por telefone, o atendente de uma
farmácia localizada no Vinhais confirmou a venda do produto. Perguntado se
eles teriam o Pramil, ele confirmou a comercialização do medicamento, mas
informou que era feita apenas pessoalmente. “Temos entrega em domicílio
sim, mas não entregamos (em casa). Você tem que comprar aqui na loja”.
Questionado se o remédio era procurado para problemas de impotência, o
vendedor respondeu: “Sim, ele é um similar do Viagra e custa R$ 1 0 ,00”.
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3 - Auto avaliação

Vamos considerar algumas situações hipotéticas, nas quais você precisa


decidir qual seria o posicionamento mais adequado, do ponto de vista ético.
As questões foram organizadas com possibilidades de respostas organizadas
no sistema de múltipla escolha. Leia com atenção e marque apenas uma
alternativa que julgue ser a mais adequada.

1) Um travesti de 55 anos entra na farmácia e diz que possui uma


doença venérea. Ele apresenta uma receita médica na qual constam os
medicamentos prescritos pelo médico.

a) Você diz que está com uma diarreia, pede licença ao travesti e solicita
que um colega finalize o atendimento

b) Você atende o cliente, mas passa orientações sobre como mudar de


vida e se tornar um homem digno

c) Você atende o cliente com respeito e ética e, na tentativa de um contato


cordial, você pergunta sobre a sua vida, há quanto tempo ele se traveste, se
ele faz programas e com quem ele mora
d) Você é muito atencioso com o cliente, mas não consegue não comentar
com os colegas sobre o motivo da sua ida à farmácia

e) Você se mostra solícito e responde a todas as perguntas do cliente,


orientando sobre como deve utilizar os medicamentos

2) Você supõe que o período de tratamento, segundo a receita


médica apresentada por um cliente, é muito longo.

a) Você comenta com o cliente “esse médico sempre faz essas burradas”,

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mas entrega os medicamentos ao paciente, orientando-o a utilizá-los da
maneira prescrita

b) Você não finaliza o atendimento e orienta o cliente a procurar outro


médico mais experiente

c) Você, de maneira, discreta, vai até o fundo da farmácia, como estivesse


indo buscar o medicamento, conversa com o farmacêutico e segue as suas
orientações;

d) Você diz que a receita está errada, mas que de qualquer forma “o que
não mata, engorda”

e) Você atende o cliente de forma respeitosa, repassando todas as


informações necessárias, e comenta com um colega “a quantidade de
medicamentos que eu vendi pode tratar até uma família inteira, mas eu não
me importo, porque a minha comissão será muito boa”

3) Você está com problemas pessoais (seu filho adolescente está


usando drogas e você suspeita que ele está envolvido com marginais)
e um cliente relata estar passando por problemas semelhantes.
a) Você o escuta com calma e paciência; ao final do desabafo você
também comenta que está passando por uma situação difícil e que às vezes
pensa que vai enlouquecer; isso o ajuda a enfrentar o problema

b) Você pede para ele parar de falar, pois você não pode ser amigo do
cliente e, mesmo que ele insista, você nunca deve dar ouvidos a problemas
pessoais

c) Você o atende com educação, providencia o que ele solicitou, mas não
comenta sobre os seus próprios problemas

d) Você diz que todos têm problemas e que a culpa disso tudo é das
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mães, que não querem mais cuidar da educação dos filhos

e) Você fala que não pode conversar assuntos pessoais e alerta o cliente
que se ele insistir em comentar sobre a sua vida, você irá chamar o gerente

4) Um cliente solicita um medicamento que consta do estoque da


farmácia, mas você sabe que ele foi mal acondicionado, o que pode
comprometer a eficácia do tratamento. Entretanto o gerente insiste
em manter o produto disponível para a venda. A venda desse produto
lhe trará uma boa comissão.

a) Você vende ao cliente, pois o gerente é responsável e não permitiria


que um produto sem qualidade fosse posto à venda

b) Você desculpa-se com o cliente, fala que o medicamento disponível


na farmácia provavelmente está adulterado, pois não foram consideradas as
boas práticas de armazenamento, mas se o cliente quiser, você pode conceder
um desconto de 5 0 %

c) Você abre o jogo com o cliente, fala que o gerente agiu errado, diz que
já está de saco cheio daquela farmácia, mas que pode entregar o produto,
caso o cliente não se importe de o mesmo estar mal acondicionado
d) Você não vende este produto, pois pode prejudicar a saúde do cliente,
mas entrega outro produto igual, mas que tenha sido bem acondicionado

e) Qualquer uma das alternativas anteriores

5) A esposa do prefeito do seu município vai até a farmácia e diz


que precisa comprar medicamentos para uma infecção vaginal. Você
verifica que ela possui duas receitas médicas, situação muito comum
em infecções vaginais, nas quais o médico decide tratar o casal (o
homem e a mulher). Entretanto, você percebe que o nome do homem

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não é o nome do prefeito.

a) Você pergunta se o médico não se equivocou, porque o nome do


paciente não é o nome do prefeito

b) Você atende a cliente com educação, respeito e ética; quando a cliente


deixa a farmácia você comenta com os seus colegas que a mulher do prefeito
tem um amante

c) Você atende a cliente com ética, mas a orienta a parar de se envolver


com outros homens, pois a cidade inteira pode ficar sabendo que ela está
traindo o prefeito

d) Você entrega os medicamentos à cliente e pergunta se ela tem alguma


dúvida sobre como utilizar os medicamentos

e) Você aconselha a cliente a procurar uma ajuda espiritual para salvar o


seu casamento; fala, também, que passou por problemas no seu casamento,
mas que hoje está tudo resolvido
Unidade 10
Anotações
O que é cidadania?

O que me espera no mercado de trabalho?

A cidadania diz respeito aos direitos que cada indivíduo possui, mas não
há direitos sem deveres. Portanto, seja conhecedor dos seus direitos e
deveres, aja sempre com ética e respeito pelo próximo e pelo meio
ambiente, que você certamente será um elemento-chave para a
garantia da cidadania.
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Por outro lado, o mundo do trabalho vem sofrendo alterações.


Algumas condutas não são mais toleradas, enquanto novas
habilidades são exigidas. Conheça com profundidade as
características do ofício de atendente de farmácia para você ser um
diferencial na sociedade em que atua.

1 - Noções de cidadania

“Cidadania” envolve os direitos e deveres que recaem sobre uma


pessoa, de acordo com a sociedade que a mesma está inserida. O conceito
está fortemente ligado aos direitos políticos, basicamente pela garantia que
todo indivíduo tem que ter de poder participar da composição do governo e
da sua administração. Em outras palavras, os direitos políticos podem ser
resumidos na garantia de votar e de ser votado.

No entanto, a noção de direitos pressupõe um conjunto de deveres, como


contrapartida, pois a garantia dos direitos de um indivíduo só se efetiva pelo
cumprimento dos deveres dos outros membros da sociedade. Dessa forma, o
termo cidadania transcende os direitos políticos e tem como objeto os direitos
e os deveres em geral que sejam diferenciais para que a convivência coletiva
ocorra de forma harmoniosa, pautada na ética e respeito pelo outro.
Nesse sentido, as atitudes cotidianas de cada indivíduo devem
considerar o respeito por si mesmo, em primeiro ligar, pelo outro, pelos
animais e pelo meio ambiente.

Muito se fala em “cidadania”, mas de nada vai adiantar se o discurso


distanciar-se da prática. Uma pessoa não precisa “falar” bonito, ela tem que
“fazer” bonito. Preste atenção no comportamento de pessoas próximas e você
irá perceber como essas contradições são mais comuns do que se imagina.
Muitas pessoas pregam a justiça, mas querem levar vantagem em tudo e não
hesitam em aceitar privilégios. Há os que se dizem preocupados com a
preservação ambiental, mas mantêm hábitos que geram desperdício, poluição

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e danos ao meio ambiente. Muitos sustentam um discurso de igualdade, mas
se envolvem em situações de preconceito e discriminação. Portanto, fica claro
que o que vale é a prática e não as palavras. Abaixo, eu listo algumas situações
que são erradas, tanto do ponto de vista moral, quanto do ponto vista legal.

1) bater em mulher

2) beber e dirigir

3) tentar subordar um guarda (autoridade de trânsito)

4) jogar lixo na rua ou em algum terreno baldio

5) discutir de forma agressiva no trânsito

6) aceitar um privilégio quando este for contra uma norma

7) trocar continuamente de celular, o que gera um lixo para o meio


ambiente

8) falar mal de alguém, no intuito de denegrir a imagem da pessoa

9) desrespeitar as normas de segurança no trânsito: andar sem o cinto


de segurança, trafegar em estradas com pneus velhos ou acima do limite de
velocidade
10) desrespeitar as pessoas quanto à sua orientação sexual, política ou
religiosa

Se você já se envolveu em mais de três dos casos citados, você deve


rever os seus conceitos. Não sou eu quem vai afirmar que você está errado. É
a sua autonomia moral quem vai apontar se você está colaborando para que
o ambiente que você vive seja um ambiente pautado pela cidadania. Se você
ficou em dúvida sobre o que é “autonomia moral”, vale uma explicação:
autonomia moral é a capacidade de analisar e escolher valores, de forma
consciente e livre.
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Cidadania na prática do exercício profissional do atendente de farmácia

O ambiente da farmácia precisa estar impregnado de valores morais que


orientem a prática cotidiana no sentido de garantir um espaço de respeito ao ser
humano, ao meio ambiente e às diferentes culturas e tradições. Por isso, é
imprescindível que o atendente de farmácia tenha o discernimento necessário
para que o seu trabalho esteja pautado em princípios éticos e morais.

Se o objetivo do trabalho em uma farmácia é repassar medicamentos,


cosméticos e correlatos e oferecer alguns serviços, como aferição da pressão
arterial, por exemplo, os funcionários desse estabelecimento devem ter a
sensibilidade para que o tratamento dispensado a todos os clientes ocorra de
forma igualitária. E tratamento igualitário não quer dizer tratamento igual,
muito pelo contrário. Como as pessoas são diferentes nas suas peculiaridades,
cada atendimento deverá ser personalizado e voltado para as necessidades
individuais. Uma situação hipotética pode ajudar a esclarecer a questão.
Imagine qual estratégia deverá ser adotada no atendimento a um cliente
surdo. A barreira linguística que cerca a comunidade surda não pode justificar
um atendimento “parcial”, “menor” ou “incompleto”. É necessária a busca
por alternativas que permitam que o cliente surdo tenha acesso às mesmas
informações que seriam repassadas a outro tipo de cliente, pois o uso de um
medicamento deve considerar alguns parâmetros como dose, intervalo entre
as doses e forma de administração que devem ser compreendidos por quem
irá fazer uso deste produto.
Várias outras situações podem necessitar um esforço do atendente de
farmácia para garantir um atendimento integral, como, por exemplo, o
atendimento a clientes idosos, cegos ou aqueles pertencentes a grupos
sociais vítimas de preconceito como os moradores de rua, por exemplo.
Independente das características apresentadas pelo cliente, o objetivo final de
cada atendimento deve ser alcançado, que é o de oferecer produtos e serviços
adequados, juntamente com informações que orientem o uso correto dos
mesmos.

2 - Mundo do trabalho

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O mundo do trabalho tem sofrido modificações ao longo dos anos, com
algumas profissões tradicionais desaparecendo e outras novas funções sendo
criadas. Lembrem-se dos alfaiates e dos sapateiros. Hoje, são profissionais em
extinção, embora ainda muito importantes e procurados por algumas pessoas.
No caso dos alfaiates, nas últimas décadas, as roupas fabricadas, ou prêt-a-
porter, numa expressão em francês que significa literalmente “pronto para
usar”, deu lugar às roupas feitas sob medida. No entanto, principalmente
ente aqueles com um poder aquisitivo maior, com um corpo muito diferente
dos padrões utilizados pela indústria da moda e que precisam usar roupas
sociais diariamente são um público-fiel dos velhos e bons alfaiates. Esse é o
caso de deputados e políticos em geral que precisam usar ternos para ir
trabalhar. Em relação ao sapateiro, o barateamento dos calçados, em parte
por serem produzidos em países que exploram o trabalho infantil e mantém
os trabalhadores em condições precárias muito mais próximas da escravidão,
como a China, por exemplo, explica o aumento no consumo desse item. Com
mais sapatos, muitas vezes não é atrativo arrumar um calçado velho, prefere-
se a compra de um novo. E com isso, os sapateiros vão perdendo
gradativamente o seu espaço de trabalho.

Entretanto, a incorporação de novas tecnologias no mundo do trabalho


nem sempre reduzem a oferta de empregos. Pense na grande utilização da
Informática. Nos últimos 20 anos houve uma revolução nesse sentido, com o
barateamento dos computadores, novos programas, sempre mais atraentes
e com múltiplas funções, disseminação da Internet, etc.
De forma direta, isso criou várias oportunidades de emprego para profissionais
que atuam n o ramo, desde programadores, passando pelo pessoal que presta
assistência técnica, além dos responsáveis pela produção, logística e
comercialização de todos os produtos e serviços envolvidos na área. Fica
claro, então, que o surgimento de novas tecnologias e a modificação das
formas de organização do trabalho modificam as relações de trabalho, mas é
a dinâmica social que é o agente de maior importância das transformações
ocorridas.

Em relação à farmácia e aos profissionais que nela atuam, muitas coisas


mudaram desde o começo dessa instituição, mas sem alterar a essência dos
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serviços. É claro que a farmácia iniciou sendo um local de guarda de matéria-


prima e manipulação de fórmulas. No começo não havia os medicamentos
industrializados. Isso só apareceu depois da Revolução Industrial e de forma
disseminada somente no século XX. Com o final da Segunda Guerra Mundial,
praticamente todos os países já haviam “padronizado” as farmácias como
sendo ambientes essencialmente distribuidores de medicamentos e cosméticos
industrializados e prestadores de alguns serviços, como aplicação de injetáveis,
por exemplo, reduzindo o ofício de manipular. Nos anos 1980 houve um
movimento para “ressuscitar” as farmácias de manipulação, praticamente
extintas pela expansão da indústria farmacêutica.

No entanto, se você analisar o que uma farmácia do século XVI e uma


farmácia do século XXI fazem, perceberá que o foco do trabalho é o mesmo:
fornecer medicamentos à população. A única diferença reside no fato de que
antes todos os medicamentos eram manipulados na própria farmácia e, hoje,
a maioria dos medicamentos são industrializados. É claro que as fórmulas
também mudaram, fruto do desenvolvimento da Química e do avanço de
pesquisas biomédicas, bem como novas regulamentações n o setor
farmacêutico também foram sendo criadas, mas a essência de uma farmácia
continua a mesma.
E o profissional que trabalha em uma farmácia, ainda é o mesmo? E a
farmácia, continua a mesma? A resposta é “sim” e “não”. Mas como assim?

Bom, vamos começar explicando a resposta “sim”. O atendente de


farmácia ainda é o mesmo atendente de décadas atrás. Ele é o responsável pela
organização da farmácia, atendimento dos clientes, aquisição, recebimento
e armazenamento dos medicamentos, etc. Todas essas funções vêm sendo
desempenhadas há muito tempo, sempre sob orientação e supervisão de um
farmacêutico. Portanto, a essência do perfil profissional do atendente de
farmácia é a mesma.

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Entretanto, por outro lado, o atendente de farmácia da década de 1950
estaria perdido se precisasse trabalhar em uma farmácia do século XXI. E isso
ocorre não apenas pela introdução de novos fármacos, mas pelas mudanças
que ocorreram na farmácia. Embora essas mudanças sejam sutis ao ponto de
não alterar a identidade das farmácias enquanto estabelecimentos que
distribuem medicamentos, elas foram tão profundas que exigem um preparo
específico do profissional para que o mesmo execute as suas funções da
melhor maneira possível. É claro que a principal alteração foi a introdução do
computador como ferramenta de trabalho, essencial para as atividades de
gerência e de atendimento ao cliente. Para quem nunca usou um computador,
o aprendizado não é rápido e exige muita dedicação. Da mesma forma, a
Internet também não é de fácil manuseio para iniciantes. Saber onde encontrar
a informação que você precisa é uma tarefa que precisa de muita habilidade.
E além da incorporação das tecnologias da informação, houve mudanças
profundas quanto aos aspectos legais do medicamento. A introdução do
medicamento genérico, por exemplo, é bem significativa dessas mudanças. É
importante notar também a grande oferta de medicamentos pelo sistema
público de saúde. Décadas atrás, a oferta era reduzida, tanto no número de
itens disponíveis, quanto no número de pessoas atendidas. Hoje, o SUS
garante boa parte dos medicamentos a quem recorrer a este sistema. E no caso
de falta de produtos farmacêuticos, é muito comum atualmente o paciente
conseguir os seus medicamentos pela via judicial, no processo conhecido
como “judicialização da Assistência Farmacêutica”.
No âmbito das relações sociais, mais mudanças apareceram. As mulheres
começaram a assumir mais postos de trabalho nas farmácias. O trabalho
infantil, antes até estimulado, e solicitado pelos próprios pais, hoje é uma
prática proibida. E o perfil do cliente também se modificou, no sentido de se
tornarem mais exigentes, com os seus direitos garantidos pelo Código de
Defesa do Consumidor.

Quanto à farmácia, algumas coisas mudaram, outras não. A farmácia


sempre foi um estabelecimento que manipulava fórmulas. Isso mudou, em
grande parte, após a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, a farmácia sempre
foi, e continua sendo, um espaço de sociabilidade. Assim como algumas
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pessoas gostam de ir a um bar ou à igreja, a farmácia possui o seu público


cativo que a frequenta diariamente, seja para comprar algum medicamento,
medir a pressão ou simplesmente bater papo furado. Isso é interessante, pois
mostra que a farmácia é um espaço de confiança no imaginário coletivo. E
parte dessa confiança se dá pelo trabalho responsável de bons atendentes de
farmácia, que atraem pessoas para o ambiente da farmácia. Por outro lado,
as pessoas enxergam a farmácia como sendo um local que presta auxílio
quando as pessoas apresentam problemas. E isso também colabora para a
boa reputação da farmácia.

Pelo sim, pelo não, o que é certo é que a farmácia enquanto instituição
está longe de acabar, por mais mudanças que ocorram no cenário político,
industrial, econômico e social. O medicamento é um produto essencial em
todos os lugares e devido à complexidade desse produto, com milhares de
apresentações diferentes e modos de utilização distintos, é necessária a
manutenção da farmácia, enquanto estabelecimento que armazena e distribui
à população os medicamentos. E se precisa ter a farmácia, precisamos também
de farmacêuticos e atendentes de farmácia, de forma que esses profissionais
sempre terão o espaço profissional garantido.
3 - Pondo em prática os conhecimentos obtidos

Aqui estão duas questões de concurso que versam sobre temas de


cidadania. Para resolvê-las, você deverá estudar o Estatuo da Criança e do
Adolescente e o Estatuto do Idoso.

1) (Secretaria de Estado da Saúde do Paraná – SESA-PR, cargo:


Auxiliar de Farmácia/ 2009; elaboração: UFPR) O Estatuto da Criança e
do Adolescente estabelece:

a) Crianças menores de 10 anos só poderão ter acesso a diversões e


espetáculos públicos se estiverem acompanhadas pelos pais ou responsáveis.

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b) Recomenda-se que as emissoras de televisão indiquem a classificação
dos programas antes de sua exibição.

c) É proibida a publicação de revistas que tenham mensagens


pornográficas ou obscenas na capa.

d) Crianças e adolescentes só podem frequentar estabelecimentos que


explorem comercialmente bilhar, sinuca ou outros tipos de jogos se estiverem
acompanhadas pelos pais ou responsáveis.

e) As editoras podem, a seu critério, usar embalagens lacradas para


publicações inadequadas a crianças e adolescentes.

2) (Secretaria de Estado da Saúde do Paraná – SESA-PR, cargo:


Auxiliar de Farmácia/ 2009; elaboração: UFPR).Assinale a alternativa
que NÃO corresponde a direitos dos maiores de sessenta anos,
previstos no Estatuto do Idoso.

a) Desconto de no mínimo 50% no preço de ingressos para eventos


culturais, artísticos, esportivos e de lazer.

b) Direito a acompanhante no caso de internamento hospitalar.


c) Preferência na restituição do Imposto de Renda.

d) Direito a um benefício pago pelo INSS, no valor de um salário mínimo,


independentemente do tempo de contribuição.

e) A idade como primeiro critério de desempate em concursos públicos,


com preferência ao candidato de idade mais elevada.

4 - Auto-avaliação

Como você já recebeu algumas orientações sobre cidadania e mundo do


trabalho, você fará uma análise dos textos apresentados a seguir e fará uma
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reflexão sobre a pertinência dos temas apresentados. Na sequência, elaborará


um texto apresentando propostas para o atendimento integral a clientes
surdos e clientes portadores do vírus HIV. Na mesma linha, você irá redigir
outro texto, relatando experiências próprias, ou que você tenha tomado
conhecimento, que configurem assédio moral, salientando as consequências
reais ou potenciais dessa prática.

TEXTO 1 - O acesso aos serviços públicos de saúde para os


deficientes auditivos

Publicado no jornal “A Folha do Sudoeste”, edição 773, p.02a – 31 de


agosto de 2011, por Rodrigo Batista de Almeida e Cledes Terezinha Oliveira

O Censo Demográfico de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística (IBGE), registrou que 166 mil brasileiros, em torno de
3,5% da população, possuem algum tipo de deficiência auditiva, o que coloca
a surdez em primeiro lugar entre as deficiências. Essa população pode
enfrentar problemas nas mais diversas áreas como educação, emprego e
atendimento à saúde.

Uma tentativa de contornar essa situação veio em 2002, com a lei federal
10.436 (de 24 de abril de 2002), que oficializou a Língua Brasileira de Sinais
(Libras) como uma forma de comunicação e expressão entre a comunidade
surda.
Essa lei obriga as instituições públicas de saúde a utilizar a Libras para fornecer
um atendimento adequado ao surdo.

Mas a Libras, como meio de expressão da população com deficiência


auditiva, somente garantirá o acesso aos serviços de assistência à saúde se os
serviços estiverem adaptados.

A falta de intérpretes de Libras constitui-se numa barreira nas instituições


de saúde do Brasil, o que torna ainda mais complicada a vida das pessoas com
surdez que procuram atendimento ou que solicitam informações nestas
instituições.

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Sensível à questão, o Ministério da Saúde elaborou o manual “A Pessoa com
Deficiência e o Sistema Único de Saúde” destinado aos profissionais de saúde,
mas são escassos os relatos de experiências bem sucedidas que tenham
contribuído para a queda da barreira linguística entre a comunidade surda e os
operadores do sistema de saúde.

Dessa forma, o acesso do surdo ao Sistema Único de Saúde (SUS) se


torna precário, o que compromete a oferta de um serviço universal, igualitário
e integral.

Problemas de comunicação entre os profissionais e os pacientes com


deficiência auditiva podem se traduzir em demandas não atendidas,
informações não efetivamente repassadas ou compreendidas pelos pacientes
e não adesão ao tratamento proposto.

Tente se imaginar no lugar de um surdo procurando um atendimento


de saúde. Mesmo que ele domine a Libras, ficará como um estrangeiro, sem se
fazer entender, se não encontrar um profissional capacitado, ou um intérprete,
para traduzir o que ele quer dizer. A porta de entrada para o SUS, que são as
unidades básicas de saúde, pode servir muito mais como porta de saída, pois
o sistema não conseguirá extrair informações precisas que necessita para o
encaminhamento devido.
Entendemos que um orçamento finito, como é o de qualquer prefeitura,
pode não suportar os gastos com um intérprete em tempo integral em todas
as instituições integrantes do SUS. Entretanto, formas alternativas devem ser
encontradas, como a contratação de um intérprete que atuaria numa espécie
de plantão, atendendo várias unidades de um município ou até um grupo de
municípios vizinhos. A outra dificuldade é de pessoal, pois é escasso o
profissional intérprete de Libras.

Fica a dica, então, para os municípios se organizarem e para os


interessados em línguas se dedicarem ao estudo de Libras. O atendimento
pelo SUS somente poderá ser considerado universal, igualitário e integral se
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considerar essa parcela significativa da população que demanda todo tipo de


atendimento e produtos para a manutenção e/ou recuperação da saúde.

TEXTO 2 - Garantia de tratamento integral aos pacientes com HIV/


Aids: muito além dos medicamentos antiretrovirais

Publicado no jornal “A Folha do Sudoeste”, edição 775, p.03a em 7 de


setembro de 2011, por Rodrigo Batista de Almeida e Erivone Orso Ramoni

A identificação da Aids (síndrome da imunodeficiência humana


adquirida) foi um dos eventos mais marcantes do final do século XX. Desde o
início da epidemia até junho de 2010, o Brasil registrou 592.914 casos de
Aids. Em 2009, foram notificados 38.538 casos da doença. A taxa de incidência
de Aids no Brasil é de cerca de 20 casos por 100 mil habitantes.

Um paciente com “infecção por HIV” não necessariamente tem “Aids”.


A diferença entre os dois casos é que a infecção por HIV (vírus da
imunodeficiência humana) passa por uma fase praticamente sem sintomas.
Quando a infecção evolui para o aparecimento das doenças oportunistas,
vinculadas à fragilidade do sistema imunológico, surge a doença “ Aids”.

Desde a descrição dos primeiros casos em 1981 até o final 1989,


nenhuma forma de tratamento estava disponível. Esse panorama mudou com
a aprovação do primeiro antirretroviral, a zidovudina, ou azidotimidina (daí a
sigla AZT, como ficou conhecida a substância).
A zidovudina permitiu a diminuição da taxa de progressão da doença,
prolongando a sobrevida em indivíduos infectados pelo HIV. Na sequência,
outras substâncias apareceram, com diferentes modos de atuação.

Sem sombra de dúvida, os antiretrovirais trouxeram grande esperança aos


portadores do vírus HIV e aos doentes de Aids, no sentido de permitir uma
sobrevida maior e com maior qualidade. O Brasil, por sua vez, destacou-se no
cenário mundial, ao ser modelo de referência para os sistemas públicos de saúde
ao assegurar a cobertura farmacológica aos pacientes que necessitam de
antiretrovirais.

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É claro que a distribuição universal dos antiretrovirais aos pacientes com
HIV/Aids é uma grande vantagem para este grupo, já que muitos pacientes
com outras patologias sofrem com a falta de acesso a medicamentos, exames,
acompanhamento médico ou outras intervenções necessárias para o controle
do processo mórbido.

Entretanto, o controle da carga viral não pode ser o único objetivo na


condução desses pacientes, uma vez que os mesmos enfrentam grandes
problemas nos sistemas de saúde pelo preconceito por parte dos profissionais
de saúde.

É imprescindível a conscientização dos trabalhadores dos serviços de


saúde que oriente uma mudança no comportamento desses agentes, de modo
a oferecerem um tratamento mais humanizado aos portadores de HIV/Aids.

Fica evidente que o tratamento destes pacientes, hoje universal e


igualitário, só poderá ser considerado integral se considerar todo o espectro
de sofrimento vivenciado pelos pacientes, não apenas no aspecto puramente
biológico, mas também no âmbito psicossocial.
TEXTO 3 – Assédio moral destruindo as relações de trabalho

O “assédio moral”, apesar de ganhar grande espaço na mídia nos últimos


tempos, não é um novo fenômeno. O assédio moral provavelmente começou
com o início das relações de trabalho em si. O que é novo é apenas a
ampliação na discussão do tema, o que tem gerado estudos no sentido de
identificar as causas e as consequências desse tipo de violência.

Saber reconhecer o que é assédio moral ajuda as pessoas tanto a se


protegerem dessa prática nefasta, enquanto vítimas, bem como serve de
alerta para identificar quando podem estar sendo um agressor. O sofrimento
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causado e as consequências são incalculáveis.

Um estudo apontou que 42% dos trabalhadores declararam ter sofrido


repetidas humilhações no ambiente de trabalho, o que degrada as condições
de trabalho. Um caso de assédio moral é sempre caracterizado pela frequência
e pela intencionalidade com que ocorre. Essa atitude que atenta contra a
dignidade do trabalhador pode aparecer na forma de boatos, intimidações,
humilhações, descrédito e isolamento. Nem sempre é de fácil comprovação,
pois muitas vezes ocorre de forma velada e dissimulada, em alguns casos a
ofensa só ocorre quando o agressor e a vítima estão a sós.

Com a intensificação do assédio, a vítima pode se isolar, como uma forma


de autoproteção. Esse comportamento pode ser interpretado pelos colegas
de forma negativa, uma vez que os mesmos podem considerar a vítima do
assédio como uma pessoa antissocial.

Entre as formas de assédio moral no ambiente de trabalho, destacam-se


as mais usuais:

- dar instruções confusas;

- atribuir erros inexistentes;

- ignorar a presença do colega na presença de outros;


- exigir a conclusão de tarefas em um tempo mínimo, incompatível com
a qualidade necessária;

- solicitar atividades desnecessárias ou que caracterizem desvio de função;

- criticar o funcionário em público;

- disseminar boatos maldosos e calúnias sobre um colega;

- insinuar que o funcionário tem problemas mentais ou

familiares;

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- retirar seus instrumentos de trabalho, como telefone ou computador,
por exemplo;

- fazer brincadeiras de mau-gosto quando o empregado falta ao

trabalho por motivo justificado;

- induzir o funcionário a erro para, depois, tecer críticas;

- reter informações essenciais para o desenvolvimento do trabalho;

- constranger o funcionário em razão das orientações religiosas, sexuais


ou políticas.

Portanto fique atento e não permita que ninguém o assedie no ambiente


de trabalho e, o mais importante, nunca se envolva num caso de assédio
moral enquanto agressor, pois as consequências podem ser desastrosas.
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