Azdoc - Tips A Cultura Da Manga PDF

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Mangueira (Mangifera Indica L.

Anna Hozana Francelino

Gean Duarte da Silva

Iguatu/ CE

Novembro 2012
CULTURA DA MANGUEIRA (Mangifera Indica L.)

1. INTRODUÇÃO:

A mangueira é uma espécie pertencente à família Anacardiaceae, gênero


Mangifera. Das 41 espécies desse gênero apenas a Mangifera indica L. é cultivada
comercialmente. A M. indica é arvore perene de grande porte, com densa folhagem.
Possui raiz pivotante e grande massa de raízes superficiais fibrosas (Singh, 1977). A
manga é uma fruta nativa da Ásia mais precisamente da Índia, sudeste do continente
asiático e das ilhas circunvizinhas, sendo um dos mais apreciados frutos de origem
tropical.
A exploração da manga no Brasil, historicamente, foi feita em moldes
extensivos, sendo comum o plantio em áreas esparsas, nos quintais e fundos de vales
das pequenas propriedades, formando bosques subespontâneos, e tradicionalmente
cultivados nas diversas localidades. No Brasil, ainda predominam as variedades locais
do tipo "Bourbon”, “Rosa”, “Espada”, “Coqueiro”, “Ouro”, entre várias outras,
entretanto, nos últimos anos, esse quadro está mudando com a implantação de grandes
áreas com novas variedades de manga de comprovada aceitação pelo mercado externo.
O cultivo da mangueira no Brasil, portanto, pode ser dividido em duas fases
distintas: a primeira teve como característica principal os plantios de forma extensiva,
com variedades locais e pouco ou nenhum uso de tecnologias; e a segunda,
caracterizada pelo elevado nível tecnológico, como irrigação, indução floral e
variedades melhoradas.
A expansão da mangicultura tem ocorrido principalmente no estado de São
Paulo, de onde foram difundidas as novas variedades de manga para o restante do país,
e nos pólos de agricultura irrigada do Nordeste. Nesta região, a incorporação de plantios
tecnificados, principalmente no Vale do São Francisco, que abrange os estados de
Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, e em outras áreas irrigadas como
as dos Vales do Jaguaribe, Açu-Mossoró e Parnaíba situadas nos estados do Ceará, Rio
Grande do Norte e Piauí, respectivamente. Portanto, é na região semi-árida nordestina
onde foram implementados vários empreendimentos, com plantios comerciais de
variedades demandadas pelo mercado externo. Em todas essas áreas, o cultivo da manga
chamada “tipo exportação” encontra-se em fase de franca expansão, tendo como base as
cultivares “Tommy Atkins” e “Haden”, entre outras.
Cada vez estão sendo levados em consideração os novos requerimentos dos
mercados que impõe um novo conteúdo de qualidade dos alimentos, incorporando as
preocupações dos consumidores com a forma como eles são produzidos e a exigência de
critérios de certificação do produto, levando em consideração o local de produção e os
aspectos da ética ambiental e social.
A mangueira, a depender do ambiente, pode apresentar crescimento
sincronizado ou não, existindo, entretanto, períodos distintos entre os crescimentos
vegetativos e reprodutivos. Os pulsos de crescimento vegetativo são caracterizados pelo
lançamento de folhas novas, terminando quando todas as folhas alcançarem o seu
crescimento máximo. A quantidade e freqüência de lançamentos e a intensidade do
crescimento dependem da cultivar, das condições ambientais, da idade da planta, da
carga de frutos, etc.
2. INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS

A manga brasileira quando madura é rica em vitamina A. Sua polpa é digestiva


e ligeiramente laxante, além disso, é recomendada contra resfriados, pois contém uma
quantidade razoável de vitaminas B e C, sais minerais, como cálcio, ferro, potássio,
cobre e magnésio.
Graças ao seu alto teor de fibra, a manga também ajuda na normalização do
sistema intestinal.
Tabela 1. Valor nutricional da manga em 100 gramas.

3. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA

 Reino: Plantae
 Classe: Dicotiledônea
 Família: Anacardiaceae
 Gênero: Mangifera

4. EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS E DÍDRICAS


4.1. Clima
Um dos maiores problemas das regiões semi-áridas é a irregularidade das
chuvas, aliada à ocorrência de temperaturas elevadas, ocasionando grandes taxas de
deficiência hídrica. O clima da região que compreende o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA
é do tipo BSwh’, segundo a classificação de Köeppen.

4.2. Temperatura
A temperatura do ar atua no processo de evapotranspiração, devido ao fato de
que a radiação solar absorvida pela atmosfera e o calor emitido pela superfície
cultivada, elevam a temperatura do ar. O ar aquecido próximo às plantas, transfere
energia para a cultura na forma de fluxo de calor sensível, aumentando as taxas
evapotranspiratórias. Além disso, a temperatura interfere na atividade fotossintética das
plantas, por que este fenômeno envolve reações bioquímicas, cujos catalisadores, as
enzimas, são dependentes da temperatura para expressar sua atividade máxima.
A faixa de temperatura considerada ideal para o cultivo da mangueira situa-se
entre 24ºC a 30ºC, sendo que valores acima de 48ºC limitam a produção. Valores baixos
também são limitantes e quando próximos a 0ºC por poucas horas, provocam danos
severos ou morte das plantas.
De maneira geral, não havendo excesso de precipitação pluvial, quanto mais
elevada for a temperatura da região, dentro dos limites críticos de cultivo, maior será a
concentração de açúcar e menor a acidez nos frutos, favorecendo a qualidade.

4.3. Insolação
A radiação solar absorvida pela cultura da mangueira, interfere no seu ciclo
vegetativo e no período de desenvolvimento do fruto, sendo de grande importância para
o crescimento, floração e frutificação.Uma maior intensidade de radiação solar incidente
promove maiores teores de açúcar e de ácido ascórbico nos frutos.

4.4. Umidade relativa


A umidade do ar durante o ciclo da cultura da mangueira é muito importante,
por favorecer o surgimento de doenças fúngicas. Quando altos valores de umidade
relativa estão associados a temperaturas elevadas, ocorre uma maior incidência dessas
doenças, provocando danos econômicos, podendo, inclusive, inviabilizar a produção
comercial de frutos. A concentração de vapor d’água da atmosfera também condiciona a
perda de água pelas plantas e consequentemente, o processo de evapotranspiração. A
diferença entre a pressão do vapor d’água, entre a cultura e o ar vizinho, é um fator
determinante para esse processo. Assim, cultivos bem irrigados em regiões semi-áridas,
como no caso do Submédio São Francisco, consomem grandes quantidades de água, em
virtude da abundância de energia solar e do poder dissecante da atmosfera. Em regiões
úmidas, a elevada umidade do ar reduz a demanda evapotranspiratória. Em tais
circunstâncias, o ar encontra-se próximo ao ponto de saturação, causando, portanto, um
menor consumo hídrico da cultura do que nas regiões áridas.

4.5. Precipitação
Em termos de exigências hídricas, a mangueira é muito resistente à seca, graças
ao seu sistema radicular que é capaz de atingir grandes profundidades, sobrevivendo até
8 meses sem chuvas, nas regiões onde não é irrigada. As regiões de cultivo incluem
áreas onde a ocorrência de baixas precipitações e alta demanda evapotranspiratória
impõem o fornecimento de água através da irrigação. Nessas condições, mesmo
irrigada, a mangueira sofre um certo grau de estresse hídrico. O excesso de chuvas, por
outro lado, combinado com temperaturas elevadas, torna a cultura muito suscetível a
doenças fúngicas e pragas, sendo conveniente que não ocorram precipitações durante
todo o período vegetativo. A cultura, porém, apresenta tolerância à inundação. Um
período seco precedendo o florescimento favorece a produção, porém, a cultura requer
umidade edáfica do início da frutificação à maturação, o que também influencia na
promoção de novo crescimento vegetativo. Portanto, em regiões com baixas taxas de
precipitações pluviométricas é recomendável a irrigação com base nos requerimentos de
água da cultura.

4.6. Ventos
Existem poucos estudos com relação ao efeito do vento sobre o comportamento
da mangueira, existindo divergências quanto ao efeito sobre o crescimento das plantas,
produção e da importância da utilização de quebra ventos. A velocidade do vento é
outro parâmetro importante no processo de evapotranspiração. A remoção do vapor
d’água depende, em grande parte, do vento e da turbulência do ar. Nesse processo, o ar
acima da cultura vai se tornando gradativamente saturado com vapor d’água e se não há
reposição de ar seco, a evapotranspiração da cultura decresce.

5. SOLOS:

A mangueira cresce bem em qualquer solo, desde que não sejam encharcados, alcalinos,
rochosos, extremamente rasos ou demasiado pobre. Adapta-se melhor em solos
profundos, moderadamente férteis e bem drenados. Prospera igualmente bem em solos
leves e pesados se as outras condições forem favoráveis.
De modo geral, as exigências edáficas para o cultivo da mangueira são solos de
fertilidade e textura média, profundos e permeáveis. Entretanto, no Vale do São
Francisco solos de textura arenosa até muito argilosa são bastante explorados com a
cultura, tais como Neossolos Quartzarênicos, Argissolos, Latossolos e Vertissolos.
Entre estes, os solos ligeiramente ácidos e com pH variando de 5,5 a 6,8 são os mais
interessantes.

As áreas de solos arenosos cultivados com manga têm apresentado


produtividade elevada e permitido um manejo eficiente da irrigação. Além disso,
requerem menor custo de implantação do pomar, por não apresentarem problemas de
drenagem. No entanto, por causa da textura arenosa, necessitam da adição de matéria
orgânica para aumentar a capacidade de retenção de água e nutrientes, bem como
melhorar a estabilidade estrutural do solo. Os solos com impedimentos físicos, tais
como adensamentos genéticos, caso dos Argissolos, comuns na região do Vale do São
Francisco, devem ser trabalhados (escarificações, subsolagem, etc.) na época de
implantação do pomar, pois influenciam na distribuição e absorção de água e dos
nutrientes.

6. ÉPOCA DE PLANTIO:
Em geral, faz-se o plantio da muda no início das chuvas, para facilitar um
melhor estabelecimento da mesma no solo, embora sob condições irrigadas, essa
operação possa ser realizada em qualquer época do ano. Devem-se selecionar mudas
enxertadas, sadias e com dois fluxos vegetativos. Para evitar rachaduras no caule,
causadas pela incidência direta da radiação solar, que favorece a entrada de fungos no
caule, deve-se fazer uma pintura com tinta látex branca, diluída em água, na proporção
de 1:1.

7. PRINCIPAIS CULTIVARES:
A escolha da variedade de manga a ser plantada deve estar relacionada com as
preferências do mercado consumidor, o potencial produtivo da variedade para uma dada
região, as limitações fitossanitárias e de pós-colheita da variedade, e principalmente a
tendência em médio prazo do tipo de fruto a ser comercializado. Sendo a mangueira
uma planta com longo período juvenil, a escolha da variedade errada poderá significar
enormes prejuízos em curto prazo. Assim, a escolha da variedade é considerada um dos
fatores econômicos mais importantes para o estabelecimento competitivo da
mangicultura.
As variedades mais indicadas são as que apresentam alta produtividade,
coloração atraente do fruto, preferencialmente avermelhado, polpa doce,
com percentagem de açucares (Brix) superior a 17%, pouca ou nenhuma fibra, além da
resistência ao manuseio e ao transporte para mercados distantes. Compete ao
mangicultor procurar a variedade que associe o maior número de características
desejadas, ou que pelo menos atenda ao maior número de características desejadas pelo
mercado consumidor.

7.1. Cultivares Brasileiras:

 ESPADA:
Uma das variedades brasileiras mais antigas e comuns. A árvore é muito vigorosa, porte
elevado e muito produtiva. O fruto é verde intenso ou amarelo esverdeado, de tamanho
médio (em torno de 300 g), com casca lisa e espessa. A polpa tem muita fibra e
coloração amarelada. Possui sabor de regular para bom (em torno de 18º Brix) e tem
lugar de destaque no mercado interno; responde ao manejo da indução floral com o uso
de paclobutrazol. É muito utilizada como porta-enxerto e a semente é poliembriônica,
coberta com fibras e possui muitas nervuras representando 22% do fruto. Essa variedade
crioula produz, geralmente, duas vezes por ano.

 ROSA:
A exemplo da ‘Espada’ é uma das variedades brasileiras mais conhecidas. A
árvore possui porte médio, de crescimento lento e copa arredondada. O fruto varia de
amarelo para rosa – vermelho, peso médio em torno de 350 g. A casca é espessa e lisa; a
polpa é amarelo ouro e moderadamente suculenta, fibrosa e de bom sabor (21,8% de
Brix). A semente é poliembriônica. Suscetível a antracnose. Cultivar importante no
mercado do Distrito Federal, sendo usado tanto para suco como também para consumo
fresco. Geralmente, produz em mais de uma época do ano e responde ao manejo da
indução floral com o paclobutrazol.

 COQUINHO:
Planta produtiva, de porte médio e esgalhada. O fruto possui coloração amarelo-clara a
esverdeada, pesando de 120 a 150 g. a semente é poliembriônica e representa cerca de
26% do peso do fruto. A polpa é muito fibrosa e representa apenas 52% do peso total do
fruto, sabor de regular a medíocre, teor de sólidos solúveis ao redor de 13,5% Brix.
Apresenta boa tolerância à antracnose. Tem sido muito utilizada como porta-enxerto.

7.2. Cultivares Norte-Americanas:

 HADEN:
Origem Flórida, EUA. A árvore é grande e com copa densa. Fruto variando de 350 a
680 g, ovalado, amarelo quase coberto com vermelho, sabor suave, com pouca
terebintina e pouca fibra. Semente monoembriônica. Relação polpa/fruto em torno de
0,66. Apresenta baixo vingamento dos frutos, o que pode ser minimizado pela utilização
de polinizadores como a Tommy Atkins é a Palmer. Precoce, suscetível a antracnose.
Como outras variedades selecionadas na Flórida, a Haden apresenta o problema do
colapso interno do fruto. Devido a baixa produção e ao seu sabor alcança elevados
preços no mercado interno

 KEITTE:
Porte da planta um tanto ereto e ramos de crescimento longos e finos. O fruto é grande,
em torno de 610 g, oval com ápice ligeiramente obliquo, verde amarelado, corado de
vermelho-róseo, bom sabor (19º Brix) fibra somente em volta da semente. A coloração
do fruto não é das mais desejáveis. É comercializada no mercado interno, no entanto
vem sendo substituída, pelos produtores, por outras cultivares. Semente
monoembriônica. Relação polpa/fruto em torno de 70%. Resistente ao míldio e
suscetível à antracnose. Sua produção é tardia permitindo prolongamento do período
das safras. Possui boa vida de prateleira.

 KENT
Origem Flórida, EUA. Árvore ereta, de copa aberta e vigor médio. O fruto é oval, verde
amarelado, corado de vermelho purpúreo, grande, de 550 a 1000 g (com média de 657
g), muito saboroso, (20,1% de Brix) e alta qualidade de polpa (quase sem fibra), casca
de espessura média, relação polpa/fruto de 0,62%. Semente monoembriônica. Suscetível
a antracnose e ao colapso interno do fruto e baixa vida de prateleira. Ciclo de maturação
médio a tardio. Com relação a mercado apresenta boas perspectivas para exportação.

 TOMMY ATKINS
Originada na Flórida, EUA, possui fruto de tamanho médio para grande, 460 g, com
casca espessa e formato oval. Apresenta coloração do fruto atraente (laranja-amarela
coberta com vermelho e púrpura intensa). A polpa é firme, suculenta, e teor de fibra
médio. Resistente a antracnose e a danos mecânicos e com maior período de
conservação. Precoce, amadurece bem se colhido imaturo. Apresenta problemas do
colapso interno do fruto, malformação floral e teor inferior em sabor e de Brix (16% de
Brix), quando comparado com as variedades Palmer e Haden. É uma das variedades de
manga mais cultivadas mundialmente para exportação. Apresenta facilidade para
indução floral em época quente, alta produtividade e boa vida de prateleira. Essa
variedade representa 90% das exportações de manga no Brasil.

 PALMER
Variedade semi-anã, de copa aberta, originada na Flórida, em 1945. Na Austrália
participa de 5% da área de manga, e no Brasil experimenta pequeno aumento na área
cultivada. Os frutos possuem casca roxa quando “de vez” e vermelhos quando maduros.
A polpa é amarelada, firme, bom sabor (21,6% de Brix), com pouca ou nenhuma fibra.
Relação polpa/fruto é de 72%, teor médio de fibras e casca fina. As sementes são
monoembriônicas e compridas. Apresenta boa vida de prateleira e produções regulares e
é bem aceita no mercado interno. A produção é tardia, permitindo prolongamento do
período das safras, e responde ao manejo da indução floral com paclobutrazol.

 VAN DYKE
Arvore moderadamente vigorosa e de copa aberta. Fruto de tamanho médio, 300 a 400
g, coloração atraente (amarela com laivos vermelhos). A polpa é firme e sem fibras
longas. Possui sabor agradável e aroma superior ao da Tommy Atkins. A semente é
monoembriônica. Apresenta certa irregularidade na produção. Variedade de frutificação
tardia. Atualmente, não apresenta expressão significativa para comercialização.

8. SISTEMA DE CULTIVO:
8.1. Preparo do solo:
As operações de preparo do solo são feitas três a quatro meses antes do plantio
e consistem na roçagem e destocamento da área. Em seguida procede-se a coleta de
amostras do solo para posterior análise, visando avaliar a necessidade de calagem e
fertilização.
As operações de aração, gradagem leve e/ou pesada, ou qualquer outra visando
o preparo do solo, deverão ser definidas em função das condições da área a ser
preparada. Em casos de solos compactados, é recomendável proceder uma subsolagem
da área, com incorporação de matéria orgânica, ou pelo menos das linhas de plantio.
Com uma enxada ou arado revolve-se o solo até a profundidade de 20 cm.

8.2. Aração:
Caso seja necessário, fazer uma aração a uma profundidade de 30 - 40 cm,
visando principalmente a incorporação dos restos culturais, romper camada de
impedimento, eliminação de ervas daninhas, entre outras.

8.3. Gradagem:
É recomendada uma gradagem leve, gradagem pesada ou subsolagem. Após a
aração no caso de haver sido aplicado calcário, deve ser feita uma gradagem cruzada
com a operação anterior (aração, gradagem pesada ou subsolagem).

9. PROPAGAÇÃO:
A mangueira pode ser propagada por sementes, enxertia, borbulhia (T
Invertido, em placa ou escudo), garfagem (no topo em fenda cheia, Inglesa Simples,
Lateral).
A propagação por semente não é um método recomendado por não garantir à
nova planta as mesmas qualidade da planta matriz, como produtividade e qualidade de
fruto, embora para as variedades poliembriônicas este seja o tipo de propagação
utilizado. A propagação por semente é o processo utilizado na formação dos porta-
enxertos.
Entre as mais recomendadas estão:

9.1. Enxertia:
Consiste na união do garfo da variedade copa com o porta-enxerto, de modo a
formar uma única planta. Na operação de enxertia, o porta-enxerto deve ser cortado com
uma tesoura de poda, 20 cm acima do colo da planta, e com um canivete, desinfetado
em álcool ou solução de água sanitária a 5% (50 ml do produto comercial em 1 litro de
água), será feita uma fenda de 3 a 4 cm de profundidade, de cima para baixo.
O garfo deve ser preparado, com o canivete, em forma de cunha, fazendo
cortes com 3 ou 4 cm de comprimento. Logo em seguida, deve ser encaixado no corte
do porta-enxerto, de modo que, pelo menos um dos lados da região do enxerto e porta-
enxerto coincida casca com casca. Para fixar o enxerto e impedir a entrada de água é
necessário que seja enrolada uma fita plástica, de baixo para cima. Para formar um
ambiente úmido e proteger contra o ressecamento, deve-se cobrir o garfo e a região da
enxertia com saquinho plástico.

9.2. Borbulhia:
9.2.1. T Invertido
O método de borbulhia em "T" invertido tem como principal vantagem a
economia de material propagativo. Uma porção terminal origina de 5 a 10 borbulhas
(enxertos). O inconveniente desse tipo de enxertia é a dificuldade de conseguir gemas
entumescidas que emitam brotações. Geralmente, utiliza-se porta enxertos com 6 a 12
meses de idade e 1 cm de diâmetro, fazendo-se um corte vertical de 3 cm a 5 cm em "T"
invertido no porta enxerto a uma altura de 15 cm a 20 cm do solo. Um segundo corte
(horizontal) é feito na base do porta-enxerto, ajustando-se a seguir a gema e fazendo-se
o amarrio com fita plástica.
Após 20 dias da enxertia, a fita plástica é retirada e a gema fica exposta, e se a
borbulha apresentar aspecto verde e com os tecidos unidos aos do porta-enxerto, é sinal
de que o pegamento do enxerto foi adequado.
Entre 40 a 45 dias após a enxertia a gema começa a brotar, e faz-se o corte ou
decapitação do porta-enxerto a altura de 5 cm acima do ponto de enxertia. Quando
ocorrer o segundo fluxo vegetativo (5 a 7 meses após a enxertia), faz-se o corte da parte
restante do porta-enxerto rente a este ponto, e amarra-se um tutor até a muda se
desenvolver totalmente e estar pronta para o plantio no campo. O período total de
produção da muda, desde a obtenção do porta-enxerto até esta fase é de 10 a 12 meses.

9.3. Garfagem:
A garfagem é um processo que consiste em soldar um pedaço de ramo (garfo),
destacando da planta-matriz a propagar, sobre outro vegetal (cavalo), de maneira a
permitir o seu desenvolvimento.

9.3.1. No topo em fenda cheia


A garfagem de fenda cheia é um dos métodos de enxertia mais utilizados na
produção de mudas da mangueira, por apresentar precocidade e altos índices de
pegamento, além de ser de fácil execução quando comparados a outros tipos de
enxertia. Neste tipo de garfagem, tanto o porta enxerto como o garfo apresentam
diâmetro semelhante, em torno de 8 mm a 12 mm. Inicialmente, faz-se a decapitação do
porta enxerto, entre 10 cm a 15 cm do solo. Em seguida, através de um corte vertical,
faz-se uma incisão ou fenda com 3 cm de profundidade. A seguir, o garfo que possui de
10 cm a 15 cm de comprimento e com sua base preparada em forma de bisel (cunha),
também com 3 cm, é introduzido na fenda do porta enxerto, ajustando-se os tecidos do
câmbio pelo menos de um dos lados e fazendo-se o amarrio da região de enxertia com
fita plástica. Para evitar o ressecamento dos tecidos, recomenda-se cobrir o garfo com
saco plástico transparente e amarrá-lo em sua extremidade inferior, formando uma
'câmara úmida'.

10. PRÁTICAS CULTURAIS:


10.1. Poda de formação:
A poda de formação é fundamental para a composição da base de sustentação
da planta capaz de suportar os ramos produtivos. Na sua ausência, a planta apresenta-se
desequilibrada, com poucos ramos produtivos, porte alto e produção de material
lenhoso, dificultando assim, a indução do florescimento da planta. Atualmente, na
maioria dos pomares em produção, as plantas possuem uma copa mal formada, devido a
ausência ou má condução da poda de formação. Esses pomares apresentam baixa
produtividade.
A poda de formação é iniciada rebaixando-se a planta já estabelecida no
campo, para uma altura de 70 ou 80 cm, deixando-a apenas com o caule principal, Após
a brotação das gemas, a planta deverá ser conduzida com três ou quatro pernadas. As
podas subsequentes deverão ser realizadas removendo-se o segundo fluxo vegetativo de
cada ramo maduro. Dessa maneira, a planta deve ser continuamente podada até a 5 a
poda. Na seleção dos ramos a serem podados, deve-se evitar o formato de taça aberta
para proteger os ramos internos da copa contra a queima, devido à incidência direta dos
raios solares. Um ou dois ramos, deixados no topo da copa são suficientes para proteger
o interior da copa, mantendo a insolação e arejamento adequados.
Após cada poda, é importante proteger os cortes com uma pasta bordalesa para
evitar a entrada de doenças e ataque de insetos.

10.2. Poda de limpeza:


Consiste na remoção dos ramos secos e doentes da planta, como também,
daqueles com frutificação tardia, e dos restos de colheita. Deve ser realizada
rigorosamente uma vez ao ano e tem como objetivos, eliminar material doente ou
infectado, especialmente com Fusarium e Lasiodiploidia; obter material produtivo, ou
seja, gemas apicais, homogêneas em idade e capacidade produtiva, para produção no
ano seguinte; além de material bem localizado em relação à exposição ao sol
(necessário para o amadurecimento das gemas e para o colorido dos frutos), como
também, dispor de árvores mais baixas e com copa mais adequada aos diversos
manejos.
Quando a poda pós-colheita/limpeza não é feita, tem-se que esperar a brotação
espontânea da planta, o que pode atrasar ou inviabilizar a produção do ano seguinte.

10.3. Abertura central da planta (poda central de iluminação)


A poda de abertura central da mangueira consiste em eliminar ramos que
tenham um ângulo de inserção com o tronco menor que 45º. Com isso, consegue-se uma
maior iluminação. Os ramos de maior diâmetro da planta, que tenham uma parte voltada
para o sol poente, devem ser pincelados com uma solução de água: cal (1:2) logo após a
poda, a fim de serem evitadas rachaduras provocadas pelo sol.

10.4. Poda lateral


É a poda que se efetua para manter um espaçamento adequado entre as fileiras
de plantas, e que vai permitir a passagem de máquinas e veículos, e facilitando o
processo de pulverizações, colheitas, etc. É comum deixar que a rua entre plantas
corresponda a 45% do espaçamento entre fileiras. Exemplo: um espaçamento de 8,0m x
5,0m deve ter uma rua com largura de 3,6m (45%).

10.5. Poda de topo


É a poda efetuada para manter a altura da planta num limite adequado à
condução do pomar. Normalmente, considera-se como ideal, uma altura máxima igual a
55% do espaçamento entre fileiras da planta, ou seja, num espaçamento de 8,0m x 5,0m,
a altura máxima da planta deve ser de 4,4m (55%).

10.6. Poda de equilíbrio


Esta poda se faz nas árvores que já alcançaram sua maturação fisiológica, com
a finalidade de balancear o equilíbrio entre a produção de frutos e a folhagem da planta.

Durante os primeiros anos da mangueira, existe uma estreita relação entre o


incremento da folhagem e a produção de frutos; esta relação vai se modificando com os
anos, até alcançar um ponto em que os novos incrementos da folhagem não contribuem
para aumentar a produção de frutos e sim, reduzi-la. Essas perdas da eficiência
produtiva da planta podem ser minimizadas por meio da poda da folhagem.
No primeiro ano de execução, a poda da folhagem limita-se ao raleio de ramos
que se localizam ao redor e no centro da copa da planta, e que comprometem a
adequada aeração e iluminação. O melhor momento para executar essa prática é
imediatamente após a colheita dos frutos. A vegetação dos ramos e os brotos de folhas
jovens, que normalmente contêm de 3 a 5 folhas, também devem ser raleados até
ficarem com uma ou duas folhas sadias. Nos anos seguintes, a poda de equilíbrio limita-
se ao raleio de folhas que se localizam nos brotos novos, entre 4 e 5 meses antes da
floração. Também devem ser eliminados os ramos que afetam o balanço do
desenvolvimento da copa das árvores.

10.7. Cuidados após a poda:


- Fazer a aplicação de uma pasta ou uma calda de um fungicida à base de cobre nas
partes feridas para evitar a invasão de organismos causadores de doenças e podridões.

11. ADUBAÇÃO:
A mangueira (Mangifera indica L.) é considerada uma das mais importantes
fruteiras tropicais cultivadas no mundo, posicionando-se logo depois da banana, do
abacaxi e do abacate. Existem poucos estudos sobre as suas exigências nutricionais, em
razão da dificuldade de conduzir experimentos com esta cultura e também pelas
informações existentes na literatura de que a mangueira é muito eficiente em absorver
nutrientes e praticamente não responder a adubação. Esta espécie apresenta relativa
tolerância a solos de baixa fertilidade e a períodos secos.
Com análises de solo e folhas e com informações da literatura é possível
estabelecer um programa de adubação racional. Portanto, devem ser consideradas as
exigências nutricionais da mangueira nas fases de plantio, formação e frutificação em
diferentes condições de cultivo.

- Macronutrientes: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca),


Magnésio (Mg) e Enxofre (S).
- Micronutrientes: Boro (B), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Ferro (Fe) e Manganês (Mn).
O manejo de adubação da mangueira envolve quatro fases: 1) adubação de
plantio; 2) adubação de formação; 3) adubação de produção; e 4) adubação orgânica.

1) Adubação de plantio - Depende, essencialmente, da análise do solo. Os


fertilizantes minerais e orgânicos são colocados na cova e misturados com a terra da
própria cova, antes de se fazer o transplantio das mudas.

2) Adubação de formação - As adubações minerais devem ser iniciadas a partir de


50 a 60 dias após o plantio, distribuindo-se os fertilizantes na área correspondente a
projeção da copa, mantendo-se uma distância mínima de 20 cm do tronco da planta.

3) Adubação de produção - A partir de três anos ou quando as plantas entrarem


em produção, os fertilizantes deverão ser aplicados em sulcos, abertos ao lado da planta.
A cada ano, o lado adubado deve ser alternado. A localização destes sulcos deve ser
limitada pela projeção da copa e pelo bulbo molhado, por ser esta a região com maior
concentração de raízes. Após a colheita, se aplica 50% do nitrogênio, 100% de fósforo e
25% do potássio. Antes da indução, se aplica 20% do pottássio. Na floração, se aplica
15% do potássio. Após pegamento dos frutos, se aplica 30% do nitrogênio e 15% do
potássio. Cinquenta dias após o pegamento dos frutos, se aplica 20% do nitrogênio e
15% do potássio.

4) Adubação orgânica - Aplicar 20 a 30 L de esterco por cova no plantio, pelo


menos uma vez por ano.

12. IRRIGAÇÃO:
Os métodos de irrigação por superfície (sulcos, bacias em nível, faixas), bem
como a aspersão subcopa fixa ou móvel e a irrigação localizada ( gotejamento e
microaspersão), podem ser usados com a cultura da manga. A seleção do método e do
sistema de irrigação mais adequado a uma dada situação depende de avaliação dos
recursos físicos existentes, tais como suprimento de água (quantidade, qualidade e
localização), características dos solos (textura, estrutura, profundidade, salinidade,
drenagem, topografia, erosibilidade).
A cultura da manga, sob condições irrigadas, vem sendo cultivada
principalmente no Semi-Árido, onde os recursos hídricos são escassos e a racionalidade
no uso da água é um imperativo, isto é, a eficiência da irrigação deve ser a maior
possível.
O sistema de irrigação mais usado com a mangueira é a microaspersão,
principalmente pela maior área molhada que ele proporciona em relação ao gotejamento
em solos de textura média a arenosa (ALLEN, 1992). Geram eficiência de aplicação
entre 70% a 95%.
A microaspersão é o sistema mais comum na mangueira porque apresenta as
seguintes vantagens (Bernardo, 2002):
- Maior eficiência no uso da água;
- Maior produtividade;
- Maior eficiência na adubação:
- Economia de mão-de-obra
13. PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS:
13.1. Pragas:

 Moscas-das-frutas
 Ácaros
 Tripes
 Cochonilhas
 Microlepidópteros da inflorescência – Pleuroprucha asthenaria (Lepidóptera:
Geo metridae) e Cryptoblabes gnidiella (Lepdoptera: Pyralidae)

a) Moscas-das-frutas
As moscas-das-frutas fazem parte de um grupo de pragas responsáveis por
grandes prejuízos econômicos na cultura da mangueira, não só pelos danos diretos que
causam à produção, como também, pelas barreiras quarentenárias impostas pelos países
importadores. A presença de C. capitata (espécie de mosca-das-frutas de importância
quarentenária para países que importam fruta in natura) e de Anastrepha fraterculus e
Anastrepha obliqua são as mais frequentes no País.

Ceratitis capitata
O adulto de C. capitata mede de 4 mm a 5 mm de comprimento e de 10 mm a
12 mm de envergadura; tem coloração predominantemente amarela escuro, olhos
castanhos-violáceos, tórax preto na face superior, com desenhos simétricos brancos;
abdomen amarelo escuro com duas listras transversais acinzentadas amarelas. A fêmea
coloca de 1 a 10 ovos por fruto já amarelado, introduzindo seu ovipositor dentro da
casca. As fêmeas podem viver até 10 meses e colocar até 800 ovos. A larva de C.
capitata tem o hábito de dobrar o corpo e saltar para deixar o seu meio. A pupa é
marrom, na forma de barril. O ciclo total médio é de 31 dias. Normalmente, os frutos
atacados pelas larvas de moscas-das-frutas amadurecem e caem das plantas antes do
tempo.
Anastrepha spp.
Os adultos de Anastrepha obliqua e A. fraterculus medem cerca de 6,5 mm de
comprimento, possuem coloração amarela, tórax marrom e asas com faixa sombreada
em forma de S que vai desde a base até a extremidade da asa e outra em forma de V
invertido na borda posterior da asa.
A biologia é muito semelhante a da C. capitata, porém, as fêmeas possuem
ovipositores maiores e podem colocar de 1 a 3 ovos em frutos “de vez” ou verdes. A
fêmea inicia a oviposição de 7 a 30 dias de idade, prolongando-se por 46 a 62 dias,
colocando em média 408 ovos durante sua vida reprodutiva. O ciclo total é em média de
30 dias.

b) Ácaros

Microácaro da mangueira – Aceria mangiferae (Acari: Eriophyidae)


Os ácaros, principalmente os eriofídeos, acham-se mundialmente disseminados nos
pomares de mangueira. O microácaro Aceria mangiferae é a espécie mais prejudicial;
habita as gemas florais e vegetativas e, no Vale do São Francisco, está presente de
forma generalizada nos pomares de mangueira. Ocorre principalmente em época quente
e seca e são ácaros pequenos, invisíveis a olho nu. O adulto mede cerca de 0,15 mm de
comprimento, apresenta aspecto vermiforme e coloração branca. Em temperatura de 25
°C a 27 °C, seu ciclo de vida é completado em 15 dias.
Esse ácaro localiza-se nas brotações, causando a morte das gemas terminais e
laterais e superbrotamento, dificultando o desenvolvimento das plantas novas que ficam
raquíticas e de copa mal formada. O sintoma mais característico da malformação é a
redução no comprimento do eixo primário e ramificações secundárias da panícula,
dando à inflorescência a aparência de um cacho compacto.
O controle do microácaro pode ser feito com calda sulfocálcica (1 L de calda
para 80 L de água). Devem ser realizadas duas aplicações, a primeira na pré-florada e a
segunda, 15 dias após. Outras medidas de controle são: poda e queima de ramos e/ou
inflorescências com sintomas de malformação; utilização, pelos viveiristas, de ramos
sadios para formação de mudas por meio de enxertia; destruição de mudas com
superbrotamento nos viveiros.

c) Cochonilhas

Várias espécies de cochonilhas são descritas atacando a parte aérea da


mangueira. Dessas, a mais comum é a cochonilha branca (Aulacaspis tubercularis).
Outras espécies, como Pseudaonidia trilobitiformis, Saissetia coffeae, Pinnaspis sp.
e Pseudococus adonidum, infestam a mangueira.

Aulacaspis turbercularis
A fêmea de A. turbercularis caracteriza-se por possuir uma escama protetora
de formato quase circular, um pouco convexa, de coloração branco-acinzentada opaca,
medindo em torno de 2 mm de diâmetro. O macho possui escama branca, alongada,
com as margens laterais quase paralelas, tem asas e consegue voar.

Pseudaonidia trilobitiformis
A fêmea da espécie P. trilobitiformis é recoberta por uma carapaça de
coloração acinzentada e mede de 3 mm a 4 mm de diâmetro. A escama do macho é
alongada, menor e mais achatada que a da fêmea.

Saissetia coffeae
A fêmea de S. coffeae possui corpo mais ou menos esférico, sendo as margens
do corpo estreitas e achatadas. Mede cerca de 3,5 mm de comprimento por 2,7 mm de
largura e 2 mm de altura. Sua coloração varia do pardo claro ao escuro. O dorso é liso,
luzidio e de consistência dura. Sua reprodução é por partenogênese, ou seja, sem a
participação do macho (Figura 4).

Pinnaspis sp.
Também conhecida por escama farinha, Pinnaspis sp. vive, geralmente, no
tronco, hastes e folhas. É fácil a sua destruição, porque os machos formam
aglomerações cujo aspecto é como se as partes atacadas da planta estivessem pintadas
de branco. A escama da fêmea adulta é marrom-amarelada, quase transparente e mede
cerca de 2 mm de comprimento.

Pseudococus adonidum

A fêmea apresenta o corpo recoberto por uma secreção branca, pulverulenta,


formando apêndices laterais em número de 17 de cada lado e dois posteriores maiores;
medem cerca de 5 mm de comprimento.
13.2. Doenças

 Antracnose (anamorfo Colletotrichum gloeosporioides; teleomorfo Glomerella


cingulata)
 Oídio (Oidium mangiferae)
 Seca-da-mangueira (anamorfo Chalara sp.; teleomorfo Ceratocystis fimbriata)
 Morte descendente ou seca-de-ponteiros (Lasiodiplodia theobromae)
 Malformação floral e vegetativa (Fusarium subglutinans)
 Mancha angular ou cancro bacteriano (Xanthomonas campestris pv.
mangiferaeindicae)

b
a) Antracnose (anamorfo Colletotrichum gloeosporioides;teleomorfoGlomerella cingulata).
É considerada uma das doenças mais frequentes e responsáveis pelas maiores
perdas econômicas em áreas produtoras de manga no mundo, necessitando, em certas
ocasiões, de tratamento pós-colheita. Alta severidade da antracnose ocorre em locais ou
épocas onde há frequência de chuvas e predominância de alta umidade relativa. No
Semiárido nordestino, sua importância é restrita às épocas em que a floração e o
desenvolvimento de frutos, coincidem com a ocorrência de chuvas.
Os períodos críticos de maior suscetibilidade da mangueira às infecções por C.
gloeosporioides são: fase de florescimento, frutificação, emissão de folhas novas e
gemas florais. São nessas ocasiões em que o patógeno pode causar queima de panículas,
mumificação de frutos e necroses em folhas
Recomenda-se além de aplicações de fungicidas (cúpricos, mancozebe,
tiofanato metílico e tebuconazole), também adotar as práticas culturais para reduzir o
nível de inóculo e as condições favoráveis à doença. Entre as medidas recomendadas,
destacam-se: eliminar ramos doentes; indução em épocas em que a floração não
coincida com períodos chuvosos; realizar podas que propiciem boas condições de
arejamento; efetuar limpeza do pomar, retirando e queimando restos de cultura
contaminados; não deixar frutos infectados nas plantas;

b) Oídio (Oidium mangiferae)


O oídio denominado, pelos produtores, de cinza, é uma doença muito comum
em pomares de mangueiras. As fases críticas para ocorrência de epidemias são: emissão
de folhas novas, florescimento e início de frutificação. Na região semiárida do Vale do
São Francisco, a intensidade da doença é maior, principalmente no segundo semestre.
Inflorescências, folhas e frutos, ambos, ainda jovens são bastante suscetíveis.
Quando a infecção ocorre na inflorescência, as partes infectadas ficam recobertas por
um crescimento pulverulento branco-acinzentado. O pó branco-acinzentado é formado
por estruturas do patógeno (micélios, conidióforos e esporos). Com o desenvolvimento
dessas estruturas, as mesmas acabam danificando as inflorescências, acarretando sérios
abortamentos de flores e, consequentemente, comprometendo diretamente a produção
da mangueira.
O fungo O. mangiferae é um parasita obrigado, isto é, sobrevive apenas sob
órgãos vegetais vivos. Portanto, O. mangiferae sobrevive em tecido vivo da planta, tais
como: folhas, ramos, inflorescência, frutos ou gemas. Para epidemias de oídio as
condições favoráveis são: ambiente com baixa umidade relativa, temperaturas amenas e
ocorrência de ventos, que facilita a dispersão do fungo.
Para o controle da doença, é recomendado que o produtor intensifique o
monitoramento durante a fase de desenvolvimento das inflorescências para detecção dos
primeiros focos. Para o controle da doença, pode ser aplicado fungicida à base de
enxofre, antes da abertura das flores e início da frutificação. Aplicações de enxofre
devem ser evitadas durante as horas com temperaturas muito altas, pois o enxofre é
fitotóxico nesta condição. Produtos dos grupos químicos Triazol e Estrobilurinas são
também eficientes.

c) Seca-da-mangueira (anamorfo Chalara sp.; teleomorfo Ceratocystisfimbriata)


Dentre as doenças que ocorrem em mangueiras, a seca-da-mangueira, causada
por Ceratocystis fimbriata pode levar à morte de plantas. A doença pode causar o
declínio de plantas em pomares de mangueira, como ocorrido em Jardinópolis, SP, onde
dizimou pomares das cultivares Haden e Bourbon nas décadas de 1950 e 1960. Em
outras regiões há registros dos mesmos prejuízos em consequência da morte de plantas
em pomares comerciais.
O sintoma mais típico da doença consiste em seca, iniciada a partir de ramos
mais finos do dossel, que progride lentamente em direção ao tronco da mangueira
causando o anelamento e a morte da planta. O quadro da doença em planta no campo
caracteriza-se pelo surgimento de sintomas de amarelecimento de folhas, murcha e seca
dos galhos afetados onde as folhas secas e de coloração palha ficam presas,
contrastando com galhos sadios no dossel da mangueira.
O fungo sobrevive em ramos secos presentes no solo e em diversas plantas que
são hospedeiros naturais. O fungo também pode ser disperso através do solo aderido aos
implementos agrícolas, pela água de irrigação e, a longa distância, através de mudas
contaminadas. Condições ambientais com temperatura alta e períodos de precipitações
prolongadas são condições que favorecem a doença.
As medidas de controle consistem, primeiramente, na prevenção da introdução
do patógeno em áreas isentas por meio de mudas. Portanto, a aquisição de mudas em
viveiristas idôneos e registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) é essencial. Em áreas onde já ocorre o problema, devem ser realizadas
inspeções periódicas do pomar para a eliminação de plantas doentes. Ramos afetados
devem ser eliminados com a realização de cortes a 40 cm de distância da região de
contraste entre tecido sadio e doente. Materiais infectados ou plantas mortas devem ser
imprescindivelmente queimados sem nenhuma restrição, enquanto as regiões podadas
devem ser protegidas com pasta cúprica. Ferramentas utilizadas durante a operação de
remoção de ramos e partes de plantas afetadas devem ser desinfectadas em solução de
hipoclorito de sódio a 2% de cloro ativo. A estratégia mais recomendada para conter a
seca-da-mangueira é a resistência genética, pois não há fungicidas registrados para o
controle dessa doença.

14. PROCEDIMENTOS DE COLHEITA E PÓS-COLHEITA:

14.1. Cuidados antes da colheita:


a) Análise do pomar:
O agrônomo ou o técnico agrícola deve fazer uma análise global do pomar, 15
a 20 dias antes da colheita, verificando a aparência dos frutos, maturação e coloração,
aproveitando a ocasião para fazer uma estimativa da produtividade.

b) Índices de colheita:
São baseados, em sua maioria, em características relacionadas à forma e
aspecto do fruto. Se as variáveis responsáveis pela aparência externa não forem
suficientes para o técnico definir o ponto de colheita, ele deve atentar para as variações
da cor da polpa. A idade do fruto é um método bastante seguro para avaliar a maturação
de mangas. Geralmente, dos 110 aos 120 dias após a floração, os frutos encontram-se
em ponto de colheita. Quando os frutos destinam-se a mercados distantes, podem ser
colhidos com teor de sólidos solúveis totais de 7-8 % Brix e para os mercados regionais,
com 10 % Brix

14.2. Colheita:
14.2.1. Procedimentos na colheita?
Os contentores devem estar limpos, sanitizados com água clorada e em bom
estado de conservação. Devem ser colocados ao longo da linha de plantio, à sombra,
sem contato com o solo. Colocar os frutos nos contentores, com cuidado, deixando um
espaço vazio de, pelo menos 10 centímetros acima dos frutos nos contentores. Isto evita
que as frutas se machuquem ou sejam comprimidas quando se colocar um contentor
sobre o outro.

14.2.2. Colheita propriamente dita:


Os frutos devem ser colhidos manualmente, usando-se um instrumento de corte
ou tesoura de poda sanitizados. Os frutos da parte alta da planta devem ser colhidos com
vara de colheita, contento cesta, evitando-se danos por corte. O corte do pedúnculo deve
ser feito com pelo menos 3 cm, para evitar vazamento de látex. Os frutos manchados
com látex devem ser enviados para o galpão de embalagem, em contentores separados,
para não estragarem os frutos limpos.

14.3. Transporte para o galpão de embalagem:


Os frutos devem ser transportados em contentores. O técnico deve orientar o
motorista do caminhão para transportar os frutos com bastante cuidado, evitando
velocidade alta, pois nesta etapa ocorrem os maiores problemas de injúrias mecânicas
nos frutos.
Os caminhões que estão aguardando o descarregamento devem ser mantidos na
sombra.

14.4. Operação no galpão de embalagem:

a) Recepção - Cada lote de fruta que chega ao galpão deve ser identificado, com
informações sobre a procedência, manejo antes e durante a colheita e a hora de chegada,
para processar por ordem cronológica. A manga destinada a mercados que exigem
controle de mosca-das-frutas, ao chegar ao galpão, deve ser imediatamente
inspecionada. Para isso, se corta-se um fruto por caixa, ou menos, conforme o tamanho
do lote, para verificar se há infestação. Qualquer lote infestado deve ser rejeitado.
b) Lavagem - Os contentores devem ser esvaziados manualmente, em água tratada
com hipoclorito de sódio ou hipoclorito de cálcio, na concentração de 100ppm de Cloro.
Se forem utilizados detergentes, deve-se usar água sem clorar antes do tratamento
hidrotérmico, já que os detergentes neutralizam a ação germicida do cloro

c) Eliminação de pedúnculo - A eliminação manual ou mecânica do pedúnculo


deve ser feita, sempre que possível, no galpão de embalagem, logo após a lavagem.
Após o corte do pedúnculo, imergir os frutos em água contendo 0,4% de hidróxido de
cálcio ou outro produto que neutralize o látex exudado. O tempo de permanência do
fruto nesta água, não deve ser superior a 3 ou 4 minutos.

d) Seleção - Os frutos sem valor comercial, imaturos, muito maduros, deformados,


apresentando manchas, danos mecânicos ou defeitos nutricionais, devem ser
eliminados. Os selecionadores devem estar posicionados comodamente, para que sua
atenção não seja desviada, e devem ser bem treinados com relação aos critérios
e padrões de qualidade exigidos. A seleção por peso pode ser mecânica, em máquinas
selecionadoras, ou manual.

e) Tratamento fitossanitário - As instalações para tratamento fitossanitário


hidrotérmico devem contar com capacidade adequada para o aquecimento da água, com
isolamento térmico e um controle termostático que permita manter uma temperatura
determinada, ou maior que esta, durante o tempo de tratamento estabelecido.

f) Tratamento para controle de fungos - Este tratamento é recomendado para a


manga destinada à Europa e Canadá. É usado para evitar problemas de podridão. O
tratamento é feito mantendo as frutas imersas em água a 52ºC, por 5 minutos. O
controle da temperatura e do tempo de imersão deve ser extremamente rigoroso, pois se
as condições forem abaixo das recomendadas, não haverá controle, e se forem acima,
poderá haver danos na casca.

g) Tratamento para controle de mosca das frutas - Este tratamento é aplicado à


manga destinada aos Estados Unidos, Japão e Chile. O tratamento hidrotérmico consiste
na imersão do fruto em água quente (46,1ºC) durante 75 minutos (frutos com peso
inferior a 425 g) ou 90 minutos (frutos com peso acima de 425 g). Para a aplicação deste
tratamento é importante que a temperatura da polpa esteja próxima a 21ºC, nunca mais
baixa, caso contrário poderá haver efeitos negativos sobre a qualidade da polpa. O
tratamento deve ser rigoroso, pois o fruto é muito susceptível a alterações na atividade
enzimática, velocidade de respiração e ao surgimento de cavidades em torno do
pedúnculo. Imediatamente após o tratamento hidrotérmico, o fruto deve ser imerso em
água fria, a 21ºC. Após este tratamento as mangas devem ser levadas para uma área
protegida contra a entrada de qualquer inseto, principalmente mosca das frutas. Esta
área, chamada “zona limpa”, deve ser toda revestida com telas de 25 mesh. As
condições exigidas para este tratamento foram estabelecidas pelo USDA –
Departamento de Agricultura do Governo dos Estados Unidos.

h) Aplicação de cera - A formulação mais usada no Brasil é uma emulsão aquosa


de grau alimentício à base de cera de carnaúba, que é aplicada em frutos limpos e secos,
através de bicos de aspersão, à medida em que os frutos passam por esteira com roletes.
A secagem é feita em túnel de ar, aquecido a 45ºC, com o fluxo de ar, em sentido
contrário ao dos frutos. Após a secagem, o polimento é feito com escovas de crina.

i) Embalagem - As exigências básicas do material de embalagem para manga são:


proteger contra danos mecânicos; dissipar os produtos da respiração, ou seja, permitir
ventilação para evita acúmulo de gás carbônico e calor; ajustar-se às normas de manejo,
tamanho, peso e ser fácil de abrir; ser de custo compatível com o do produto.
A embalagem deve ter conteúdo homogêneo, com frutos da mesma origem,
variedade, qualidade e tamanho. A parte visível da embalagem deve ser representativa
de todo o conteúdo. Na caixa devem vir descritos, no mesmo lado, por extenso e de
forma legível a identificação comercial, natureza e origem do produto.

j) Paletização - A pilha de caixas não deve ultrapassar o limite do pallet e tornar-


se desalinhada. Utiliza-se geralmente pallets com 12 caixas na base e 20 na altura. A
amarração deve ser feita com fitas para arqueação, colocando-se cantoneiras.

k) Pré-resfriamento - O pré-resfriamento pode ser realizado em túneis de ar


forçado, que requerem, aproximadamente, 4 a 6 horas para reduzir a temperatura dos
frutos a 10ºC. A umidade relativa do ar, durante o resfriamento, deve ser mantida em
85-95%, para evitar perda de água nos frutos.

14.5. Armazenamento e transporte:


O carregamento dos containers (capacidade 20 pallets) deve ser feito de forma
rápida e em local construído especialmente para este fim. A temperatura ideal está entre
10ºC e 13ºC. Durante o transporte é imprescindível a renovação do ar dentro dos
containers. As condições de higiene do transporte são muito importantes para garantir a
sanidade e inocuidade do produto.

14.6. Normas de qualidade:


As normas de qualidade estabelecem especificações que o produto deve
apresentar para ser consumido in natura, visando o mercado externo. As normas são
propostas por Associações de Produtores, de Compradores e Centrais de
Abastecimento, enviadas ao Ministério da Agricultura para aprovação.

15. MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO:


Atualmente a oferta mundial de manga é de aproximadamente 24 milhões de
toneladas, entretanto sua produção é bastante concentrada, visto que, mais de 50% deste
total são produzidos na Índia e cerca de 10% na China, seguidos do México, Tailândia
e Filipinas. O Brasil com uma produção anual de cerca de 823 mil toneladas, é o nono
produtor com uma participação de 3,4% no volume total ofertado. Com relação a
exportação, tem sido registrados incrementos significativos, passando de 4 mil
toneladas, em 1991, para quase 68 mil toneladas, em 2000, o que garantiu o segundo
lugar entre os maiores exportadores de manga, sendo superado apenas pelo México.
Efetivamente a manga vem apresentando as maiores taxas de crescimento entre
as frutas exportadas pelo Brasil, e a perspectiva é de aumento dessa participação.
Entretanto, as mudanças no mercado internacional nos últimos anos, como o aumento
da concorrência e das exigências por parte dos principais mercados importadores, têm
resultado em grandes desafios.
Mercado Interno
A manga do Brasil tem o mercado interno como a principal fonte de
escoamento da produção. Mesmo com o grande incremento observado atualmente, as
nossas exportações de manga ainda não alcançaram 10% do volume total produzido no
país. No mercado nacional, a manga é comercializada quase que exclusivamente na
forma in natura, embora também possa ser encontrada nas formas de suco integral e
polpa congelada. A polpa pode ser empregada na elaboração de doces, geléias, sucos e
néctares, além de poder ser adicionada a sorvetes, misturas de sucos, licores e outros
produtos.
O principal objetivo dos produtores de manga no mercado interno é a
regularidade na oferta, para tanto, tem-se feito uso da indução floral, principalmente, e
da diversificação das variedades plantadas, entre precoces, de meia estação e tardias.

Mercado Externo
Apesar da pouca expressão da manga no mercado internacional de frutas, as
exportações vem crescendo rapidamente, sendo o México, Brasil e Paquistão os
maiores, que juntos responderam por 52,75% do total exportado em 2000.
Em 2000, o valor das exportações mundiais de manga foi de aproximadamente
US$ 381 milhões, referentes a 611,2 mil toneladas da fruta, comercializadas na forma in
natura, sendo pouco representativo o comércio da polpa e do suco. Esse valor é
pequeno, se compararmos com a produção mundial de 23,5 milhões de toneladas. É
interessante ressaltar que grande parte da produção mundial de manga é oriunda de
variedades pouco conhecidas no mercado internacional. Outro fator que pode estar
influenciando negativamente as exportações é o pouco conhecimento da fruta pela
maioria da população dos principais mercados importadores.
 Características do mercado

a) Preferência do consumidor;
b) Modalidade de pagamento;
c) Estrutura de mercado;
d) Sazonalidade da oferta e demanda ;

16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BERNARDO, SALASSIER. Manual de Irrigação. 6 ed, UFV, Viçosa: 2002. 656 p.

Embrapa Semi-árido, Sistemas de Produção, 2 ISSN,1807-0027, Versão Eletrônica


Julho/2004. Disponível em:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Manga/CultivodaMangueira
_2ed/.

ALLEN, R. G. Irrigation engineering: course lecture notes. Logan, Utah: Department


of Agricultural Engineerring, Utah State University, 1992. 297 p.
GENÚ, P. J. C. et al. Cultura da mangueira. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica, 2002. 452 p.

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