Apostila MELANCIA

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CURSO SOBRE MANEJO EFICIENTE

NA PRODUÇÃO DE OLERÍCOLAS

CULTURA DA MELANCIA

NIVALDO DUARTE COSTA


Engº Agrº M.Sc./Fitotecnia
[email protected]

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1. INTRODUÇÃO
A melancia (Citrullus lanatus Schrad), pertence à família das cucurbitáceas, sendo
originária do continente africano. É uma planta anual, de crescimento rasteiro, com
várias ramificações que alcançam até 5 m de comprimento. Tem grande importância
socio-econômica no Nordeste brasileiro, por ser cultivada principalmente por
pequenos agricultores, sob condições irrigadas e de chuva, devido ao seu fácil
manejo e menor custo de produção, quando comparada a outras hortaliças.

O valor bruto da produção de melancia no Brasil, em 2006, foi em torno de R$ 533


milhões, considerando uma safra de 1.946.912 t, em aproximadamente 93.000 ha
cultivados, e um preço médio nacional de R$ 0,27 por quilograma; sendo R$ 15,67
milhões obtidos com as exportações). A atividade produtiva de melancia no Brasil
apresenta um perfil predominante pela produção familiar por sua rusticidade, pelo
menor investimento de capital e retorno em torno de 85 dias em relação às outras
oleráceas.

Entre os Estados, os maiores produtores foram: Rio Grande do Sul (com 24% da
produção total), Bahia (22%), São Paulo (15%), Santa Catarina (6%) e Goiás (5%)

No Nordeste brasileiro, destacam-se os Estados de Bahia e Pernambuco


sobressaindo-se a região do Vale do São Francisco, onde é cultivada nos
perímetros irrigados da CODEVASF, DNOCS e propriedades particulares em solos
de aluvião. Em 1989, nesta região, foram plantados 4.515 hectares, obtendo-se uma
produção de 112.875 toneladas, e produtividade média de 25 t/ha. Mais
recentemente, Barreiras-BA tem despontado como outro pólo produtor e, em 1992,
foram cultivados 4.000 hectares de melancia, em condições de irrigação por pivô
central, tendo-se obtido produtividade de até 50 t/ha (Irrigação, 1991).

2. CLIMA
As condições de clima ameno a quente, de dias longos e de baixa umidade relativa
do ar favorecem o desenvolvimento da cultura e a qualidade dos frutos de melancia.

2.1. Temperatura - é de grande importância para a cultura da melancia. A faixa


ótima para o desenvolvimento da cultura é de 23 a 28ºC. A planta é muito sensível a
geadas, sendo seu crescimento vegetativo paralisado abaixo de 12ºC.

Para a germinação, a temperatura mínima do solo deve ser de 16ºC, com um ótimo
de 20 a 35º C. Na floração, a temperatura ideal é entre 20 e 21ºC, sendo que, para
a abertura das anteras, a temperatura mínima deve ser de 18ºC. Temperaturas
elevadas, acima de 35º C, estimulam a formação de flores masculinas.

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O pegamento e a boa formação dos frutos dependem da polinização eficiente das
flores. As abelhas têm maior atividade na faixa de temperatura de 21 a 39ºC, o que
favorece a polinização. O ótimo fica em torno de 28 e 30ºC.

Umidade relativa do ar - os frutos, em geral, apresentam melhor sabor, aroma e


consistência em locais quentes e com baixa umidade relativa do ar, a alta umidade
do ar favorece a incidência de doenças foliares.

2.2. Luz - fotoperíodos maiores favorecem o crescimento vegetativo e o


florescimento da melancia. Dias longos e quentes e noites quentes, que
caracterizam verão quente e seco, são tidos como idéias para a cultura. É por isso
que a Região Nordeste apresenta excelentes condições climáticas para o cultivo da
melancia e obtenção de frutos de boa qualidade. Em condições de umidade alta e
baixa insolação, os frutos apresentam-se sem sabor.

2.3. Ventos - fortes e predominantes dificultam a prática do penteamento na


irrigação por sulcos em razão da movimentação das ramas para dentro deste, o que
causa uma maior incidência de danos mecânicos às plantas. Em consequência,
favorecem o estabelecimento de doenças por fungos e bactérias através de
microlesões ocasionadas pelo atrito das ramas com o solo ou mesmo pelo atrito de
partículas de solo arrastadas pelo vento. Ainda, ventos secos e temperatura
ambiente elevada favorecem maior incidência de podridão apical, principalmente em
frutos cilíndricos.

3. ÉPOCA DE PLANTIO
No Nordeste o cultivo da melancia ocorre sob condições de chuva e sob irrigação.

A época de plantio mais adequada é aquela em que durante todo o ciclo da cultura
ocorrem as condições climáticas favoráveis. Para cada região, estas condições
podem acontecer em épocas distintas do ano, de acordo com sua localização e
altitude. Em geral, nas regiões de clima frio, o plantio da melancia é feito de outubro
a fevereiro; nas de clima ameno, de agosto a março, e nas regiões de clima quente,
o ano todo, com uso da irrigação. Deve-se evitar, porém, as épocas de chuvas
intensas.

Além dos fatores climáticos, é importante levar em conta a variação estacional de


oferta e de preços do produto no mercado de destino.

O cultivo em áreas irrigadas no vale do São Francisco pode ocorrer durante o ano
todo, sendo o período de agosto a outubro, o de maior concentração de plantio , que
também corresponde à época de menor preço no mercado. No período de

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novembro a março, há uma menor área plantada, devido aos riscos de perda na
colheita causado pelas chuvas; no entanto, geralmente é quando se encontra um
maior preço no mercado.

4. CULTIVARES
As cultivares de melancia tradicionalmente mais plantadas no Brasil são de origem
americana ou japonesa, que se adaptaram bem às nossas condições. O produtor
tem a sua disposição um grande número de cultivares que diferem entre si quanto à
forma do fruto, coloração externa e da polpa, tolerância a doenças, etc. Na escolha
da cultivar para o plantio, deve-se considerar o tipo de fruto preferido pelo mercado
e sua resistência ao transporte, a adaptação da cultivar à região e a tolerância a
doenças e aos distúrbios fisiológicos.

Os híbridos, cujas sementes são mais caras, podem apresentar maior precocidade,
produção e frutos maiores e mais uniformes.

Atualmente a melancia sem sementes é um produto muito aceito nos principais


mercados do mundo e tem surgido com uma ótima alternativa de cultivo para os
produtores de hortaliças. Nos Estados Unidos, até 1991, a melancia sem sementes
ocupava cerca 5% do mercado de melancia, hoje já ocupa cerca de 20%. No Brasil
a produção de melancia sem sementes é incipiente. tendo em vista o alto custo das
sementes, chegando a R$ 5.000,00/kg.

O comportamento de cada cultivar depende das condições locais de cultivo, pelo


qual recomenda a realização, por parte dos órgãos de pesquisa, de testes regionais
de competição de cultivares.

5. SOLO
Embora possa ser produzida em vários tipos de solos, a melancia desenvolve-se
melhor em solos de textura média, profundos, com boa drenagem interna e boa
disponibilidade de nutrientes. Devem-se evitar solos pesados e sujeitos a
encharcamentos, o que a cultura não tolera.

Escolhida a área, deve-se fazer a análise do solo, a fim de se quantificarem as


necessidades de calcário e fertilizantes a serem aplicados.

A cultura da melancia suporta solos de acidez média, podendo produzir bem na


faixa de pH de 5,5 a 7,0 Quando o pH for inferior a 5,5, deve-se proceder à
calagem, com no mínimo três meses de antecedência do plantio. Recomenda-se

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aplicar de preferência o calcário dolomítico, pois a melancia responde bem tanto á
aplicação de cálcio, quanto à de magnésio, em termos de produção e qualidade de
frutos .

Outro aspecto importante da calagem é a diminuição da incidência do distúrbio


fisiológico conhecido por podridão-apical, associado à deficiência de cálcio, que
inutiliza os frutos para o comércio, e assim, causa grandes prejuízos para a cultura.

5.1. Preparo do solo

Para uma boa produtividade é necessário que o solo seja bem preparado.
Inicialmente, torna-se necessário verificar se o solo está compactado, sendo
constatado, deve-se realizar com antecedência a subsolagem, depois procede-se
uma aração a uma profundidade de 30cm, seguido de uma gradagem, no sentido
contrário aração.

O sulcamento deve ser feito a uma profundidade de 20cm, no espaçamento 3,0m,.


quando o sistema for por gotejamento ou aspersão, essa prática será utilizada como
balizamento para o plantio, para realização de adubação química e orgânica em
fundação ( no fundo do sulco ). Como também, serve para elevar o nível do plantio,
drenar o excesso de água e evitar o acúmulo de água no colo da planta.

6. ADUBAÇÃO
A recomendação de adubação mineral é feita com base na análise de solo, como
mostra a Tabela 1. Um terço do nitrogênio, todo o fósforo e um terço do potássio
devem ser aplicados em fundação, antes do plantio. O resto do nitrogênio e do
potássio devem ser aplicados em duas vezes em cobertura, aos 25 e 40 dias
após o plantio.

Havendo disponibilidade suficiente de matéria orgânica na região, recomenda-se


aplicar 10 m3/ha de esterco de curral curtido ou 1 t/ha de torta de mamona curtida
em fundação,antes do plantio.

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Tabela 1. Adubação para a cultura da melancia segundo a análise de solo.

Fósforo no Solo Potássio no solo (meq K/100 ml)


(ppm) 0 - 0,07 0,08 - 0,15 0,16 - 0,23 0,24 - 0,30
kg/ha de P2O5 e K2O em fundação

0-5 120 - 120 120 - 90 120 – 60 120 - 30


6 – 10 90 - 120 90 - 90 90 – 60 90 - 30
11 – 20 60 - 120 60 - 90 60 – 60 60 - 30
21 – 40 30 - 120 30 - 90 30 – 60 30 – 30

Fonte: Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989).

7. PLANTIO
A cultura é estabelecida por semeadura direta, usando-se três sementes por cova, à
profundidade de 2-3 cm.

O consumo de sementes por hectare, da cv. Crimson Sweet ou outra semente de


tamanho similar, é de 0,80 a 1,0 kg.

Para a acelerar e uniformizar a germinação, pode-se fazer a embebição prévia das


sementes em água, por quatro horas. O semeio deve ser feito em solo úmido, para
evitar que as sementes se desidratem.

8. ESPAÇAMENTO
O espaçamento recomendado para plantio irrigado é de 3,0 m x 0.8m - deixando
uma planta por cova (4.166 plantas/hectare). Podendo ser usado o espaçamento de
2,5 x.0,70 m, 2,5 x 1,0 m, 3 x1,0 m a depender da época de plantio e da cultivar,
tendo em vista que as cultivares de origem americanas requerem maior
espaçamento do que as de origem japonesa e no período frio as melancias crescem
menos do que no período quente.

9. TRATOS CULTURAIS
9.1. Desbaste de plantas

Quando as plantas apresentam três a quatro folhas definitivas, fazer o


desbaste, deixando-se apenas uma planta por cova, elegendo a mais vigorosa e

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eliminando as demais. Recomenda-se cortar com tesoura para evitar que prejudique
a raiz da planta que vai ficar.

9.2. Penteamento ou Condução das ramas

Consistem em se afastar as ramas para fora dos sulcos de irrigação e das faixas do
terreno reservados ao trânsito. Esta operação é feita de três a quatro vezes durante
o ciclo. Além de facilitar as capinas, as pulverizações e a colheita, evita o
apodrecimento dos frutos causados pelo contato com água ou pelos danos
mecânicos. O penteamento, após o vingamento do fruto, deve ser evitado, pois
pode causar o desprendimento deste. Essa prática é mais utilizada em plantios com
irrigação por sulco.

9.3. Polinização

As flores masculinas e femininas localizam-se separadamente na mesma planta.


Cada flor permanece aberta por apenas um dia. A abertura ocorre de uma a duas
horas após o aparecimento do sol e o fechamento, à tarde. A polinização é realizada
por abelhas, normalmente pela manhã.

A presença de abelhas durante a fase de florescimento é fundamental para


aumentar o pegamento dos frutos e a produtividade e para diminuir o número de
frutos defeituosos. Recomenda-se evitar pulverizações com inseticidas durante a
fase de florescimento, principalmente pela manhã, e instalar colmeias próximo à
cultura, quando houver poucas abelhas no local.

9.4. Desbaste de frutos

Devem ser eliminados todos os frutos defeituosos e com podridão estilar, pois além
da planta perder sintetizados com frutos que não serão comercializados,
provavelmente a presença dos mesmos inibirá o pegamento de outros frutos na
planta. De acordo com Cunningham, citado por Costa & Pinto (1977), tanto as
condições fisiológicas da planta como o número de frutos já produzidos, parecem
determinar o número de flores pistiladas que surgirão mais tarde.

9.5. Controle de plantas daninhas

O controle de ervas daninhas pode ser feito através de cultivos mecânicos ou a


tração animal entre linhas e manualmente (enxada) entre as plantas, tantas vezes
quantas forem necessárias para manter a cultura sem a competição das ervas
daninhas. Com o desenvolvimento da planta, as capinas devem ser manuais
(enxada) e localizadas, para evitar o manuseio das ramas. Ainda não se tem
herbicida registrado para controle de plantas daninhas em melancia.

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9.6. Proteção da parte inferior dos frutos

Recomenda-se evitar o contato direto dos frutos com o solo, principalmente em


épocas chuvosas, devem-se colocar o fruto em pé o que melhora a cotação do
produto no mercado.

9.7. Irrigação

Na cultura da melancia na nossa região, o uso da irrigação é essencial para a


produção e obtenção de altas produtividade e de frutos com boa qualidade e
tamanho, especialmente durante o período seco. Normalmente, utiliza-se a irrigação
por sulco ou por aspersão. Porém, trabalhos de pesquisa mostram que a irrigação
por gotejamento permite obter produções elevadas, com baixa incidência de
doenças, facilidade no controle de plantas daninhas e na aplicação de fertilizantes
via água de irrigação.

A freqüência das irrigações e o volume de água aplicado por irrigação variam de


acordo com o tipo de solo, as condições climáticas e o estádio de desenvolvimento
da cultura, observando-se que:

a) o consumo total de água durante o ciclo cultural varia de 300 a 400 mm, ou 3000
a 4000 m3/ha, dependendo do clima e do desenvolvimento das plantas. Isto
corresponde a uma lâmina média de irrigação de 3,5 a 4,5 mm/dia;

b) a irrigação deve ser suficiente para manter o solo úmido até uma profundidade
de 40 cm, evitando-se o excesso em qualquer fase da cultura. O intervalo entre
as irrigações deve ser de dois a quatro dias em solos arenosos, até cinco a sete
dias em solos argilosos, com maior capacidade de retenção de água.

Da semeadura até o início do crescimento das ramas, o fornecimento de água deve


ser moderado, do início do crescimento das ramas até o florescimento, há um
aumento gradual do consumo de água pela cultura, entre o florescimento e o início
da maturação dos frutos, a cultura atinge o consumo máximo de água e as
irrigações devem ser mais freqüentes. A falta de água nesta fase pode reduzir
drasticamente a produção, do início da maturação até a colheita dos frutos, o
consumo de água diminui e as irrigações podem ser mais espaçadas. O excesso de
água nesta fase pode provocar rachaduras e podridões nos frutos e diminuição do
sabor.

A utilização da microirrigação, especialmente o gotejamento, tem demonstrado


grande potencial para a cultura da melancia, com a vantagem da aplicação de
fertilizantes de cobertura via água de irrigação ( fertirrigação ) Miranda et al (1997).

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10. DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS
10.1. Podridão apical – conhecido como fundo preto, este distúrbio, tem sido
relacionado com a deficiência de cálcio. Os sintomas da podridão aparecem em
frutos de diversos tamanhos. A extremidade do fruto torna-se escura e, às vezes,
achatada, com uma podridão seca, acompanhada ou não por sinais de murcha. A
presença deste tecido morto inutiliza os frutos para o comércio, pois na necrose
ocorre infecção por microorganismos. Além da deficiência de cálcio, estão
relacionados como determinantes do distúrbio: a freqüência de irrigação,
temperaturas elevadas e ventos secos na fase de crescimento do fruto. Além
desses fatores, há o componente genético que predispõe à podridão estilar. O
formato alongado é mais suscetível à ocorrência do distúrbio que o arredondado.

10.2. Rachadura dos frutos - tem sido relacionada com o excesso de umidade
disponível à planta, principalmente na fase de maturação e temperatura elevada
(acima de 35oC).

10.3. Frutos deformados e queda de frutos - estão relacionados com deficiência


de polinização. Recomenda-se a instalação de colmeias e evitar as aplicações de
defensivos, principalmente de inseticidas, no período da manhã onde ocorre maior
intensidade de trabalho das abelhas, evitando-se a fuga ou morte dos agentes
polinizadores da melancia.

11. PRINCIPAIS PRAGAS


As principais pragas do melancia são: Mosca Branca, Pulgão, Mosca Minadora,
Tripes, Ácaros, Vaquinha, Broca das Cucurbitáceas e Lagarta Rosca.

Essas espécies de insetos atacam a cultura da melancia, sendo que a maior ou


menor importância de cada uma delas varia de acordo com a região e a época de
plantio.

No controle das pragas da melancia, quando se usarem inseticidas, deve-se


pulverizar a cultura de preferência no final da tarde , quando é menor a atividade de
abelhas e a planta está menos sujeita a prováveis efeitos fitotóxicos. Sempre que
possível, a escolha do inseticida deve recair sobre um produto menos tóxico às
abelhas.

A aplicação de inseticidas deve ser feita somente quando constatada a praga,


evitando-se os abusos, que, entre prejuízos, podem levar ao aparecimento de
insetos e ácaros resistentes ao produto em uso.

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11.1. Mosca Branca (Bemisia argentifolii) - É considerada mundialmente, a mais
importante praga transmissora de viroses, causando danos em várias culturas de
expressão econômica. No Brasil, o inseto está presente em todas as regiões
agrícolas causando grandes prejuízos nas cucurbitáceas. A mosca Branca causa
prejuízos diretos provocando a formação de fumagina, que afeta o desenvolvimento
das plantas e a qualidade da produção e indiretos devido à transmissão de viroses e
ocorrência de desordens fisiológicas.

11.2. Pulgões ( Aphis gossypii ) - Estes insetos, quando adultos, medem cerca de
3 mm e têm coloração amarelo-claro a verde escura. Ocorrem durante todo o ciclo
da cultura, na face inferior das folhas e nas brotações novas, sugando-lhes a seiva e
injetando-lhes toxinas, o que retarda o desenvolvimento da planta. Seu maior
prejuízo, no entanto, deve-se à transmissão de viroses, como o vírus do mosaico da
melancia ( WMV ).

No seu controle, podem ser utilizados inseticidas,.

11.3. Vaquinhas (diabrotica speciosa) - As vaquinhas podem causar danos à


cultura, desde a emergência da planta até a colheita. Os adultos fazem perfurações
arredondadas em flores e folhas. Atacam os talos das plantas novas, chegando a
causar seu tombamento e podem transmitir algumas viroses.

O controle químico é feito, quando do aparecimento dos insetos adultos nas


plantações.

11.4. Lagarta-rosa (agrotis ipsilon) - As lagartas medem cerca de 4 cm de


comprimento e passam o dia enroladas e escondidas no solo, próximas às plantas
atacadas. À noite, saem para cortar as plantas novas rente ao solo. Em plantas
mais desenvolvidas, podem passar a cortar os ponteiros.

11.5. Minadores-de-folhas ( Liriomyza spp. ) - Os adultos dos minadores-de-


folhas são moscas muito pequenas (1 a 2mm), de coloração geral escura e asas
translúcidas. As larvas são de coloração amarelada e abrem galerias ( minas ) nas
folhas, que amarelecem. Sob infestações muito severas, a folhagem pode secar por
completo.

Como prática cultural de controle, deve-se manter a cultura livre de plantas


daninhas, principalmente, caruru, serralha, maria-pretinha, picão e assa-peixe. O
controle químico é difícil e deve ser feito somente quando de fato necessário, pois a
praga adquire rapidamente resistência aos produtos aplicados.

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12. PRINCIPAIS DOENÇAS
A cultura da melancia pode ser afetada por várias doenças provocadas por fungos,
vírus e bactérias. Desse modo, para se obter uma boa produtividade e frutos de boa
qualidade, necessita-se identificar esses patógenes para então adotarem-se
medidas de controle adequadas para cada doenças.

12.1. Antracnose - Causada pelo fungo Colletotrichum gloesporiooides, a


antracnose é uma das doenças mais sérias da melancia, sendo favorecida por
condições de alta umidade relativa e temperaturas de 21 a 27ºC.

A doença pode-se manifestar em toda a parte aérea da planta, durante todo seu
ciclo, causando desfolhamento precoce, perda de vitalidade e até mesmo morte das
plantas. Nos frutos, as lesões apresentam-se circulares, deprimidas e de coloração
negra com o centro recoberto por uma massa rosada.

Como medidas de controle recomendam-se:


a) utilização de cultivares resistentes;
b) rotação de culturas por dois ou três anos;
c) destruição de restos de cultura;
d) utilização de sementes sadias;
e) pulverizações com fungicidas,
12.2. Oídio - Esta doença, causada pelo fungo Erysiphe cichoracearum, ocorre com
freqüência em cultivos de melancia, principalmente sob condições de temperaturas
elevadas e alta umidade relativa, na ausência de chuvas.

A transmissão da doença no campo ocorre pelo vento. Outras 25 espécies de


cucurbitáceas cultivadas e selvagens também são hospedeiras do fungo. Uma das
medidas de controle é a eliminação destas na periferia da cultura. O controle com
fungicidas é eficiente e pode ser feito quando aparecem os primeiros sintomas da
doença.

12.3. Míldio - Causada pelo fungo Pseudoperonospora cubensis, a importância


desta doença para a melancia está muito ligada à ocorrência de condições
climáticas específicas, como temperaturas em torna de 16 a 22ºC e alta umidade do
ar.

O sintoma característico é o surgimento de manchas angulares, às vezes


restringidas pelas nervuras, e de coloração amarela na face superior das folhas.

O fungo sobrevive de um ano para outro em várias espécies de cucurbitáceas e é


disseminado pelo vento e por respingos de água da chuva ou da irrigação.

Como medidas de controle, deve-se evitar o plantio em baixadas úmidas, mal


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ventiladas e sujeitas à neblina, assim como o plantio muito adensado. O controle
com fungicidas também é recomendado

12.4. Crestamento-gomoso do caule (Micosferela) - Também conhecida por


podridão-de-micosferela, esta doença é causada pelo fungo Didymella bryoniae e
tem aumentado de importância no Brasil, nos últimos anos. Sua severidade está
ligada à destruição dos frutos e da própria planta, em qualquer fase de seu
desenvolvimento.

Como medidas de controle recomendam-se o uso de sementes sadias, o arranquio


e a queima das plantas atacadas, a rotação de culturas por alguns anos, a
destruição dos restos culturais e a pulverização com fungicidas, que deve atingir
principalmente o caule das plantas.

12.5. Murcha-de-fusarium da melancia - Esta doença é causada pelo fungo


Fusarium oxysporum s. sp. niveum, que pode atacar as plantas de melancia em
qualquer estádio de desenvolvimento. O fungo pode permanecer no solo por mais
de 16 anos, tornando o local impróprio para o cultivo da melancia e de outras
cucurbitáceas.

13. COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO


Os frutos da melancia atingem o ponto de colheita entre 40-45 dias após a abertura
das flores, dependendo da cultivar e das condições climáticas. Se forem colhidos
antes de atingirem a maturação, os frutos apresentarão sabor inferior. Por outro
lado, após a maturação, a resistência ao transporte diminui, à medida que o tempo
passa.

A determinação do ponto de colheita da melancia exige certa prática e pode ser feita
através das seguintes características indicadoras:

a) mudança de coloração da parte do fruto em contato com o solo, que passa de


branco para amarelo ou creme;

b) secamento de gavinha existente no mesmo nó ou no pedúnculo do fruto;

c) mudança na casca do fruto que passa de opaca para um tom mais brilhante;

d) ao bater no fruto com o nó do dedo, se o som for “ metálico “, o fruto ainda não
está no ponto de colheita e se o som for “ ôco”, o fruto está maduro.

Após a colheita, os frutos são transportados imediatamente para um local à sombra,


seco e ventilado.

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A classificação dos frutos da melancia é feita de acordo com o peso, em frutos
grandes ( acima de 9 kg ), médios ( de 6 a 9 kg ), sendo os frutos com peso acima
de 7 kg os que obtêm os melhores preços.

O transporte para o mercado normalmente é feito a granel, em caminhões.


Recomenda-se colocar capim seco no fundo e nas laterais da carroceria, assim
como entre as camadas de frutos, a fim de protegê-los de choques. Para evitar que
os frutos de baixo se amassem, deve-se empilhar no máximo três camadas de
frutos grandes ou cinco de frutos pequenos.

14. COEFICIENTES TÉCNICOS


A seguir, são apresentados a Tabela 2 as quantidades e valores de horas de
trabalho de máquina, e mão-de-obra necessários para o cultivo de 1 ha de melancia.
As quantidades de unidades de trabalho e insumos apresentada na tabela 2 são
baseadas no sistema recomendado nesta apostila. Entretanto, há fatores que
podem variar conforme a região, o sistema de produção adotado por produtor e até
conforme as condições climáticas de cada ano agrícola.

Tabela 2. Coeficientes técnicos para 1 ha de melancia irrigada.

Item Unid. Quant. Valor (R$) Unitário Valor (R$) Total/ha


1. Mecanização H/m 7,0 60,00 420,00
2. Insumos - - - 1.637,00
Sementes Kg 1 150,00 150,00
Estercos m3 10 35,00 350,00
Fertilizantes T 0,50 1.25000 625,00
Inseticidas L/kg 4,00 70,00 280,00
Fungicidas L/kg 2,0 50,00 100,00
Bombeamento de água Mil/m3 4,0 33,00 132,00

3. Mão-de-Obra d/h 70,0 25,00 1.750,00

Total R$ - - 3.807,00

H/m = hora máquina; d/h = dias homem; Produtividade esperada 40.000 kg/ha.

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