Folksonomias e Redes Sociais
Folksonomias e Redes Sociais
Folksonomias e Redes Sociais
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Resumo
Palavras-chave
Organização da Informação; Competência Classificatória; Folksonomias; Redes Sociais;
Ambientes Colaborativos.
1 INTRODUÇÃO
Constata-se que parte das interações desenvolvidas no mundo real guarda alguma
referência com os agenciamentos identitários de caráter informacional, circunstância em
que o sujeito social dilui-se em fluxos e identifica-se e/ou provoca identificações de caráter
informacional que repercutem no mundo da vida.
Esse contexto é integrado também pelas redes sociais que de acordo com Santos
(2002) funcionam como suportes corpóreos do cotidiano. Nesse sentido, caracterizam-se
como toda infra-estrutura que permite “o transporte de matéria, de energia ou de
informação, e que se inscreve sobre o território onde se caracteriza pela topologia dos
universal). A fluidez informacional foi facilitada em grande medida pela unicidade técnica,
a interdependência funcional, a unicidade e convergência dos momentos e pela
ampliação da circulação da informação pragmática (operacional). Desse modo, a fluidez é
ao mesmo tempo, uma causa, uma condição e um resultado dos fenômenos que
testemunhamos na atualidade.
difusão de informações voltadas a públicos segmentados pela natureza das redes sociais
aos quais pertencem.
Qin (2008) assinala que esses novos ambientes podem ser considerados espaços
sociais semânticos nos quais se identifica a co-existência de comunidades especializadas
que se organizam em torno do compartilhamento de informações através de tópicos e
conceitos relevantes.
Nesse sentido, o modelo proposto por Qin (2008) apresenta-se como uma síntese
circular composta por agentes comunicacionais humanos, uma rede de conceitos e um
conjunto de tags.
AGENTES CONCEITOS
ESTÁVEIS
TAGS
1
Tabela 1 – Distinção entre espaços sociais semânticos e a organização tradicional da informação
Nesses termos, Qin (2008) assinala que num futuro próximo a articulação entre os
espaços tradicionais e os sociais poderá trazer como benefício a incorporação mais ágil
do vocabulário, das estruturas e das relações entre os termos novos, a extração
automática de ontologias leves, o provimento de inteligência aos métodos estatísticos e a
utilização combinada de recursos léxicos, comunidades baseadas em recursos
semânticos e controle de vocabulário.
1
Baseado em Qin (2008).
2
“Folksonomy is the result of personal free tagging of information and objects (anything with a URL) for one's own
retrieval. The tagging is done in a social environment (shared and open to others). The act of tagging is done by the
person consuming the information”. WAL’S, Vander. Folksonomy. Disponível em:
<http://www.vanderwal.net/folksonomy.html>. Acesso em: 20. abr. 2009.
Ulises Mejias (2005) sugere algumas ações que podem ampliar a qualidade
semântica das tags e contribuir na performance dos usuários que atuam com indexadores
sociais. Acreditamos que tais sugestões podem vir a contribuir na consolidação de um
plano formativo para esse novo contexto de ação da CI. Sintetizamos no quadro abaixo as
principais características da proposta.
Uso de plural para definir Estabelecer convenções na distinção entre de classes ou Blogs, árvores.
categorias subclasses.
Manga (fruta)
Uso de qualificadores para O uso de termos qualificadores que permitam identificar o campo Manga (parte de uma peça do
desambigüisar os termos. semântico da tag. vestuário)
Tags específicas e gerais Embora as tags se orientem para a descrição dos objetos em sua
especificidade, verifica-se que privilegiar também as tags gerais, Árvores frutíferas – macieira
pode facilitar a adoção coletiva das mesmas.
Considerando-se a máxima de que “lixo dentro implica em lixo Criação de acordos entre os
Contribuição para a fora” é preciso monitorar sempre os espaços individuais dentro do sujeitos que adotam a linguagem
manutenção dos esforços DCSs para que erros de grafia, estrangeirismos ou de referência proposta pela
coletivos categorizações equivocadas não dificultem o funcionamento do comunidade.
empreendimento coletivo representado por esses ambientes.
Acompanhamento das Criar procedimentos que permitam que a comunidade de Uso de remissivas ou notas de
tendências e divulgação de referência possa acompanhar os desdobramentos de um escopo para enfatizar a
etiquetas pessoais contendo esquema de indexação pessoal. transformação do modelo mental
novas abordagens do indexador social.
Assinar RSS Criar procedimentos automáticos para acompanhar e permitir o Anexar ferramentas RSS nas
acompanhamento das atualizações da coleção pessoal e da coleções pessoais.
indexação proposta.
Adicionar nas listas Promover a disseminação seletiva da informação tomando por Pode garantir a qualidade e a
pessoais sujeitos que base o compartilhamento de perfis (identidades) informacionais estabilidade da linguagem de
tenham perfis próximos ou comuns. referência compartilhada.
complementares aos seus.
3
CAÑADA, J. Tipologias y estilos en el etiquetado social. (2006) Disponível em: <http://www.terremoto.net/tipologias-y-
estlos-en-el-etiquetado-social/>. Acesso em: 29. mar. 2009.
4
MAI, Jens-Erik. The Concept of Subject in a Semiotic Light. Disponível em: <http://www.asis.org/annual-
97/mai.htm>. Acesso em:15 out. 2008.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5
Um conceito introduzido por Wyndam Hulme em 1911, baseia-se na idéia de que a linguagem de representação da
informação deve tomar por referência textos canônicos da disciplina ao qual se destina o instrumento ou um conjunto de
documentos determinados pela freqüência de citação na disciplina.
6
Baseia na incorporação crítica da linguagem de referência adotada pelos usuários em situação de interação com o
sistema de informação. Essa incorporação pode contribuir no repertório das relações associativas e dos sinônimos.
7
A garantia estrutural admite a incorporação de termos que, embora não presentes na literatura e nas expressões de
busca do usuário, são úteis para tornar a estrutura da linguagem funcional. Os termos estruturais permitem suprir links
esquecidos na estrutura hierárquica e a incorporação de um conjunto de termos mais específicos em uma linguagem
em crescimento.
Inf. Inf., Londrina, v. 14, n. esp, p. 25 – 45. 2009
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Folksonomias, Redes Sociais e a formação para o tagging literacy... Maria Aparecida Moura
Conforme pudemos notar ao longo desse trabalho, muitos têm sido os esforços, em
termos metodológicos, no sentido de incorporar a dinamicidade inerente aos novos
instrumentos de circulação da informação e do saber. O uso social outorgado pelos
sistemas de classificação distribuídos (DCSs) e a potencialidade dos mesmos em
contribuir para a efetivação de sistemas informacionais modelados de um ponto de vista
semiótico, assinalam que o futuro dos estudos no campo da organização da informação e
do conhecimento deverá compreender as questões do usuário, agora na condição de ator
central na especificação e gestão de seus perfis e necessidades informacionais.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
MIKA, Peter. Ontologies are us: a unifed model of social networks and semantics.
Disponível em:<http://www.cs.vu.nl/~pmika/research/papers/ISWC-folksonomy.pdf>.
Acesso em: 25 maio 2009.
QIN, Jian. Folksonomies and taxonomies where the two can meet. Disponível em:
<http://nkos.slis.kent.edu/2008workshop/JianQin.pdf>. Acesso em: 15 set. 2009.
QIN, Jian; CHEN, Miao; LIU, Xiaozhong. Semantic Relation Extraction from Socially-
Generated Tags: A Methodology for Metadata Generation. In: PROC. INT’L CONF. ON
DUBLIN CORE AND METADATA APPLICATIONS 2008. Disponível em:
<http://dcpapers.dublincore.org/ojs/pubs/article/viewPDFInterstitial/924/920>. Acesso em:
17 maio 2009.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo:
Edusp, 2002.
SPITERI, Louise F. Structure and form of folksonomy tags. The Road to the Public Library
Cataloque. Webology, v. 4, n. 2, 2007. Disponível em: <www.webology.ir>. Acesso em: 28
nov. 2007.
Title
Folksonomies, social networking, and educational development for tagging literacy: challenges for
information organization in collaborative virtual contexts
Abstract
The combined use of social tagging, technological personalization as well as collaborative
operations in social networking has brought new challenges to information organization and
retrieval in collaborative virtual environments. Basically, these challenges are related changes in
the mediation of information organizing and accessing, which are dynamically exerted and shared
today by end-users through a set of technological layers. In this article, it is analyzed the social and
technical implications of intervenient factors such as the folksonomies and the technological
personalization of information organizing of collaborative virtual contexts. The established
agreements in the processes of information organization and retrieval in open collaborative
contexts are systematized. The concepts of informational identity, Virtual Center for information
exchange and informational culture are presented, as well as the concept of tagging literacy which
comprehends the user as the most important actor for specifying information needs.
Keywords
Information Organization; Tagging Literacy; Folksonomy; Social Networking; Collaborative
Environments.
Título
Folcsonomías, redes sociales y la formación para el tagging literacy: retos para la organización de
la información en ambientes colaborativos virtuales
Resumen
El uso combinado de sistemas de etiquetaje social (social tagging), de la personalización
tecnológica así como del funcionamiento colaborativo en redes sociales trajo nuevos desafíos a la
organización y a la recuperación de la información contemporánea en ambientes colaborativos
virtuales. Esos desafíos están, sobre todo, en la alteración de la mediación en la organización y
acceso a la información, hoy ejercida y compartida de modo dinámico por los usuarios finales por
medio de un conjunto de capas tecnológicas. En este artículo, se analizan las implicaciones
sociales y técnicas de los factores intervinientes, principalmente las folcsonomías y la
personalización tecnológica, en la organización de la información en ambientes colaborativos. Se
sistematizan los acuerdos establecidos en los procesos de organización de la información y su
recuperación en ambientes colaborativos abiertos. Se presentan los conceptos de identidad
informacional, ambientes virtuales de cambios y culturas informacionales y el concepto de cultura
clasificatoria (tagging literacy) que comprende las cuestiones del usuario, en la condición de actor
principal en la especificación y necesidades informacionales.
Palabras clave
Organización de la Información. Competencia de la Clasificación. Folksonomía. Redes Sociales.
Ambientes Colaborativos.