Rafael Baron

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RAFAEL

BARON
POR THIAGO FERNANDES

Rafael Baron é um dos vencedores do Nas pinturas de Rafael, destacam-se as


Concurso Garimpo 2019/2020 por pinceladas expressivas e cores fortes.
voto popular. O artista de Nova Iguaçu O artista se distancia da representação
(RJ) se dedica à pintura figurativa e, naturalista e faz composições em que
mais especificamente, à representação predominam manchas cromáticas que
da figura humana. Rafael utiliza seu dão forma a seus personagens. Figuras
trabalho como meio de engajamento humanas, geralmente sozinhas ou em
político, abordando problemáticas dupla, ocupam quase a totalidade dos
como preconceitos sociais, racismo, quadros, sem deixar revelar o cenário
LGBTfobia, misoginia, pobreza, etc. onde se apresentam. Os fundos
abstratos, compostos por cores
cuidadosamente escolhidas, projetam
para frente as figuras centrais,
construídas por cores quentes e
chapadas, às quais se somam pequenas
manchas que parecem sugerir algum
volume, mas atuam, sobretudo, no Cada figura
realce da expressividade e do apresenta sua
dinamismo das figuras.
Uma característica que se apresenta personalidade e
em todas as pinturas de Rafael é a
individualidade das figuras mostradas. parece contar uma
Embora o artista determine certos
padrões que conferem unidade a seus
história, sugerida
personagens – como a redução dos mas nunca
olhos a duas manchas pretas e o
destaque dado aos lábios por seu revelada.
vermelho vibrante –, cada figura
apresenta sua personalidade e parece
contar uma história, sugerida – nunca
revelada – por alguns detalhes

Na pg anterior:
André and Bruna, 2019.
À esquerda: Etnias, 2019.
Abaixo: Potiara and
Potiguara, 2020.
particulares que o artista acrescenta às imagens. Para afirmar sua identidade, os
personagens recebem nomes e, assim, imaginamos as histórias que existem por
trás de Hannah, Paulo, Mário, Dani, Evelyn, Marie, John e tantos outros.
Rafael é um observador atento e, para construir seus misteriosos personagens,
parte de diversas fontes, inclusive sua própria imaginação. A androginia das
figuras assinala o caráter aberto de suas obras e o desejo de tornar o espectador
um coautor, responsável por dar forma às histórias que são apenas sugeridas.
A representação dos afetos também é um tema comum nos trabalhos de Rafael.
Não raramente seus personagens são representados abraçados ou em situações
íntimas. Ou, como no caso de Hannah (2019), abraçando a si, como uma
manifestação de orgulho, empoderamento e cuidado de si. É também pela noção
À esquerda: Alessandra, 2019.
Abaixo: Hannah, 2019.
Jeremy, 2020.
Marias, 2020.

de afeto e empatia que Rafael


aproxima suas obras do público,
levando-o a se identificar com os
personagens que cria e com as
narrativas que suscita. A
representatividade se coloca como
conceito substancial na elaboração de
seu universo imagético, onde as
margens fluem para o centro e a
eloquência das formas puxam o
espectador para seu interior.

Thiago Fernandes é crítico,


historiador da arte e
doutorando em Artes Visuais
pela UFRJ.

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