Catalogo Darel DF
Catalogo Darel DF
Catalogo Darel DF
darel
pinturas | gravuras | desenhos
apresenta
de corpo inteiro
darel
pinturas | gravuras | desenhos
A
CAIXA Cultural apresenta a exposição Darel – De Corpo Inteiro. Com curadoria
Ministro da Fazenda de Sérgio Pizoli, a mostra reúne pinturas, gravuras, estudos e desenhos
Guido Mantega produzidos em diversas fases e períodos da carreira de Darel Valença Lins,
artista pernambucano nascido em 1924. São seis décadas de produção intensa
Presidente da Caixa Econômica Federal permeada por temáticas recorrentes. São anjos, máquinas, cidades, mulheres;
Jorge Fontes Hereda fantasias e realidades que se entrelaçam numa obra instigante.
Ganhador do prêmio “Viagem a Europa” do Salão de Arte Moderna de 1959,
Darel vive dois anos na Europa, onde experimenta novas paisagens, lugares, pessoas
e processos estéticos. Nesse período convive com artistas importantes como Giorgio
Morandi e Santomaso, dos quais obtém influência. Retorna ao Brasil em 1962 com o
olhar transformado e percepções renovadas. O dinamismo de sua obra revela que o
artista está imbuído de uma busca permanente de re-significação estética.
Na mostra, o visitante poderá apreciar, por exemplo, a técnica da digigrafia –
impressão digital retrabalhada manualmente com lápis de cor, aquarela, pastel,
tinta óleo – como ponto de partida de suas produções contemporâneas.
A criação desses espaços e o constante investimento na produção cultural são
frutos de uma percepção empresarial que busca valorizar, estimular, preservar e
difundir a cultura brasileira. Ao apoiar eventos e projetos artísticos em todo o país, a
CAIXA mostra que valoriza a pluralidade criadora de nossa gente, representada pelas
formas de expressão e pelas diversas linguagens artísticas.
o percurso vital do artista Darel em seis décadas de trabalho; Como se podem unir estas duas palavras. Só Darel sabe por que
destaques da produção incessante, highlights, em rebatimen- ele vive os seus sonhos, não como homem irreal, mas como um
tos de temas luzes recorrências. exemplo, o desenho que homem...’ Clarice Lispector
Goeldi, amigo e consultor, selecionou pra que o artista se apre-
sentasse ao conselho da VII Bienal de São Paulo, o que garan- as mulheres, gestuais – fluxo e pigmento – pairam entre tin-
tiu sua participação e premiação na Mostra. e o desenho do dia ta e tinta. refletem-se, em digigráfica constelação: são putas
em que Goeldi morreu. tristes ou não kalungas judites santas fatais capitus
modernas capítulos de sexualidade. são Todas. sustentam os
Darel fala em ‘surtos poéticos’, i.é, saltos da criação, quando pilares do mundo e continuam sós. anoitecem, enluaradas em
muda tudo e, pintor, inventa flores grandes, estranhas, para en- Beleza. em jogos de espelhos, dão a luz a si próprias. reflexos
feitar a casa e receber o parente distante; cinéfilo, retrata enal- de reflexos, excedem a imagem, deixam o papel respirar e nos
tece seus temas: storyboards queridos. muitos, estes desenhos, fazem descobrir a Natureza multifacetada da Arte.
feitos como que móveis fotogramas, cinema de solidão e viver...
o artista passa ao longe do Eu? ou como seus personagens, quase intermedia, a paisagem. e a cidade organiza-se ao longe. são
sempre reais, quase sempre fictícios, embrenha-se no labirinto ‘sinais inventados, irreprimíveis arabescos’, nos limites da gestua
verossímil de suas cidades inventadas? – é Roma? – é Viena? – lidade e da figuração. cidades-metáfora. a Cidade. a cidade –
Recife? – ou adentra o silêncio do papel, no estranhamento de ruas passagens torres casas homens – esgarça-se entre luz
seus personagens? a grafia ágil inscreve, à nossa frente, anjos e movimento. no nanquim, entremeia a passagem – risco arado
máquinas homens cidades mulheres... comentários caligrá- no metal – mira e caminho entre brancos possíveis. cidade tecida,
ficos, em peregrina essência! grafada de Espaço, agora e para além dos dias. a cidade – labirinto
e enigma – conjuga o Homem, passante em voos, em vãos. não,
todas as décadas representadas. no início, final dos anos 40, inventa a rua cheia, escurece a noite em si, move-se na órbita
o comprometimento com a figura humana, gravada, concisa, urbana em que foi inscrito riscado pincelado. os passos, vestí-
São João, 1970, óleo sobre tela, 78 x 118 cm, acervo artístico da CAIXA
em preto branco; sua reaparição, mais de vinte anos depois, gios de outros paços, irrompem em turbilhão e mergulham fundo
explode em desenhos cores sensualidade. fatura manual, no papel. sombra do eterno. moto contínuo, vivo, o Artista risca
aliada aos recursos da fotografia. como Wahrol. dramaticidade recados nas paredes do Tempo. e assina: Darel.
plana, não dos personagens retratados, mas da sua represen-
tação: movimentos criados as linhas sulcos riscos do lápis Sérgio Pizoli
a tinta. não raro, ‘beleza e pesadelo marcam a obra de Darel. curador
sem título, 1949 sem título, 1948 sem título, s/d sem título, 1951
gravura em metal, 21,5 x 12 cm gravura em metal, 19,5 x 12 cm gravura em metal, 19,5 x 12,2 cm gravura em metal, 19,5 x 12,5 cm
coleção do artista coleção do artistar coleção do artista coleção do artista
Roma, 1958 Prensa, 1958 sem título, 1959
ponta-seca sobre papel (inacabada), 50 x 35 cm ponta-seca e água-tinta sobre papel, 27 x 19 cm ponta-seca sobre papel, 36,5 x 45,5 cm
coleção do artista coleção do artista coleção do artista
sem título [bumba meu boi], década de 1960 sem título, 1960
nanquim sobre papel, 49 x 62 cm litografia, 27 x 40 cm
coleção do artista coleção do artista
10 11
sem título [Viena], 1958
nanquim sobre papel, 21 x 30 cm
coleção do artista
à esquerda
sem título [Viena], 1958
litografia, 21 x 30 cm
coleção do artista
13
sem título [topografia], década de 1970
água-forte, 2/18, 39 x 49 cm
coleção do artista
à direita
sem título [topografia], década de 1970
água-forte, 3/3, 39 x 49 cm
coleção do artista
14 15
Arte significa não saber que o mundo já existe. E fazer um.
Não destruir nada que se encontra, mas simplesmente
não achar nada pronto. Nada mais que possibilidades.
Nada mais que desejos. E, de repente, ser realização,
ser verão, ter sol. Sem que se fale disso, involuntariamente.
Nunca ter terminado. Nunca ter o sétimo dia. Nunca ver
que tudo é bom. Insatisfação é juventude.
16 17
sem título [casario], 1961 sem título [paisagem], 1961 sem título [paisagem azul], década de 1970
aquarela sobre papel, 32 x 25 cm aquarela sobre papel, 32 x 25 cm aquarela sobre papel, 47 x 72 cm
coleção do artista coleção do artista coleção Maisa Byington
18 19
sem título [noite], 1975
aquarela sobre papel, 56,5 x 76,5 cm
coleção do artista
à direita
sem título [helicóptero], 1975
aquarela sobre papel, 74 x 50 cm
coleção Carmem Dametto
20 21
sem título, 1965 sem título, 1965
aquarela sobre papel, 16 x 21 cm aquarela sobre papel, 16 x 21 cm
coleção do artista coleção do artista
22 23
Lugares, paisagens, animais, coisas: na realidade, tudo isso
nada sabe de nós – nós o atravessamos como uma imagem
atravessa o espelho. Nós atravessamos (...).
E você nunca notou que essa é a mágica de toda arte,
sua monstruosa e heroica força: que ela nos toma por essa
dimensão, a mais estranha, e a torna em nós e nós nela,
põe nosso sofrimento nas coisas e lança a inconsciência e
inocência das coisas em nosso interior a partir de espelhos
rapidamente virados?
24
sem título [noite], década de 1980
técnica mista sobre papel, 35 x 50 cm
coleção Patricia Motta
à esquerda
sem título, 1970
aquarela sobre papel, 76 x 57 cm
coleção Patricia Motta
27
sem título [máquina], 1966
técnica mista sobre papel, 50,5 x 65 cm
coleção do artista
28 29
sem título [anjo], 1964
técnica mista sobre papel, 45,5 x 56,3 cm
coleção do artista
à direita
sem título [anjo caído], 1968
técnica mista sobre papel, 54 x 34,5 cm
coleção do artista
30
sem título [São Jorge], 1962
carvão sobre papel, 52,5 x 43 cm
coleção Maisa Byington
32 33
sem título, década de 1960 sem título, década de 1960 sem título, década de 1960
nanquim sobre papel, 37 x 50 cm nanquim sobre papel, 60 x 42 cm nanquim sobre papel, 60 x 42 cm
coleção do artista coleção do artista coleção do artista
34 35
sem título, década de 1960
água-forte, 7,7 x 16,5 cm
edição Júlio Pacello, coleção particular
à esquerda
sem título, década de 1960
água-forte, 15 x 17 cm
edição Júlio Pacello, coleção particular
37
sem título, década de 1960 sem título, década de 1960
água-forte, 13,7 x 10,7 cm água-forte, 14 x 9,5 cm
edição Júlio Pacello, coleção particular edição Júlio Pacello, coleção particular
à direita
sem título, década de 1960
água-forte, 11 x 14,5 cm
edição Júlio Pacello, coleção particular
38
sem título, 1963 sem título, 1966
técnica mista sobre papel, 43 x 56 cm óleo sobre tela, 54 x 74 cm
coleção Maisa Byington coleção Maisa Byington
40 41
sem título (cidade imaginária), 1963 sem título [cidade imaginária], 1963
técnica mista sobre papel, 65 x 55 cm técnica mista sobre papel, 45 x 56 cm
coleção do artista coleção do artista
42 43
sem título [cidade imaginária], 1963
técnica mista sobre papel, 45 x 56 cm
coleção do artista
44 45
sem título, 1962–3 sem título, 1962
nanquim sobre papel, 45,3 x 56,5 cm nanquim sobre papel, 45,3 x 56,5 cm
coleção do artista coleção do artista
46 47
sem título [Despedida –
Rubem Braga], 1970 sem título [série Cidades], 1961
serigrafia, 35 x 45,7 cm técnica mista sobre papel, 45,2 x 61 cm
coleção do artista coleção do artista
49
sem título, 1961
nanquim sobre papel, 35 x 56,5 cm
coleção do artista
à esquerda
sem título, 1960
nanquim sobre papel, 38 x 42 cm
coleção do artista
51
Roma, 1958
ponta-seca sobre papel
PA, 12,5 x 29 cm
coleção do artista
sem título, 1959
técnica mista spbre papel, 17,5 x 26 cm
estudo [Roma], 1959 coleção do artista
nanquim sobre papel, 24 x 23,3 cm
coleção do artista
54 55
sem título [cidades europeias], 1960 sem título [cidades europeias], 1960
extrato de nogueira sobre papel, 17,5 x 25 cm extrato de nogueira sobre papel, 17,5 x 25 cm
coleção do artista coleção do artista
56 57
sem título, 1959
nanquim e extrato de nogueira sobre papel, 17,3 x 26,2 cm
coleção do artista
58 59
Castelo aragonês, 1960
técnica mista sobre papel, 15 x 22,5 cm
coleção do artista
à esquerda
sem título [paisagem italiana], 1961
litografia (com intervenção), prova única, 56 x 45 cm
coleção do artista
61
sem título, 1966
óleo sobre tela, 28 x 35 cm
coleção Maisa Byington
62 63
sem título, 1970
óleo sobre tela, 50 x 100 cm
coleção PAtricia Motta
64 65
sem título [cidade à noite], 1963
aquarela sobre papel, 31 x 46 cm
coleção do artista
66 67
Sentimo-nos tentados a explicar a obra de arte como uma
confissão profundamente interior, que é divulgada sob o
pretexto de uma lembrança, uma experiência ou um evento
e, liberta de seu criador, pode existir por conta própria.
Esta independência da obra de arte é a beleza. Com toda
obra de arte vem ao mundo algo novo.
68 69
sem título [série Colônia penal, Franz Kafka], 1966 sem título [série Colônia penal, Franz Kafka], 1966
aquarela sobre papel, 43 x 63 cm aquarela e nanquim sobre papel, 46 x 66 cm
coleção do artista coleção do artista
70 71
sem título [série Colônia penal, Franz Kafka], 1966 sem título [máquina], 1966
técnica mista sobre papel, 50 x 65 cm técnica mista sobre papel, 50,5 x 65 cm
coleção do artista coleção do artista
72 73
sem título [série Max Ernst], década de 1970 sem título [série Max Ernst], década de 1970 sem título, 1960
técnica mista sobre papel, 76 x 57 cm técnica mista sobre papel, 78 x 52,5 cm técnica mista sobre papel, 26 x 35 cm
coleção do artista coleção do artista coleção do artista
74 75
sem título [série Manequins da Gávea], 2010
técnica mista sobre papel, 70 x 100 cm
coleção do artista
à esquerda
sem título [série Manequins da Gávea], 2010
técnica mista sobre papel, 70 x 100 cm
coleção do artista
77
sem título [série Manequins da Gávea], 1966
técnica mista sobre papel, 70 x 99,5 cm
coleção do artista
à direita
ilustração [série Cinema – mulheres da Playboy], 1985
técnica mista sobre papel, 29 x 34 cm
coleção do artista
78
sem título, s/d sem título [série Cinema – homem], 1966
aquarela sobre papel, 53 x 78 cm técnica mista sobre papel, 70 x 99,5 cm
coleção do artista coleção Carmen Dametto
80 81
sem título [série Cinema – mulheres], década de 1980 sem título [série Cinema – mulheres], década de 1980
litografia a cores, PA II/IV, 41 x 60 cm litografia, 1º estado, 1/1, 41 x 60 cm
coleção do artista coleção do artista
82 83
sem título [céu vermelho], 2012 sem título [a leitura], s/d
óleo sobre tela, 62 x 86 cm técnica mista sobre papel, 63 x 90 cm
coleção do artista coleção do artista
84 85
sem título [jornal. leitura], década de 1970 sem título [jornal. leitura], década de 1970
aquarela sobre papel, 53 x 38 cm aquarela sobre papel, 53 x 38 cm
coleção do artista coleção do artista
86 87
Por que você diz que Degas tem escassas reações
masculinas? Ele vive como se fosse um modesto tabelião
e não pensa nas mulheres. E, sabendo que antes as amava
e as frequentava muito, poderíamos pensar que, uma
vez mentalmente doente, tivesse que se tornar incapaz
também na pintura. Mas a pintura de Degas é viril e
despersonalizada justamente porque ele aceitou não ser
outra coisa do que um modesto tabelião que recusa em
se dar um pouco de felicidade. Ele observa, portanto, os
animais humanos mais fortes do que ele, excitando-se
e fazendo amor, e os pinta bem, justamente porque ele
mesmo não se concede a pretensão de fazer a mesma coisa.
88 89
sem título [mulher e espelhos], década de 1980
lápis de cor sobre papel, 30 x 53 cm
coleção do artista
à direita
sem título, década de 1980
técnica mista sobre papel, 70 x 100 cm
coleção do artista
90
estudo [sete mulheres], 1979, nanquim sobre papel, 29 x 76 cm, coleção do artista
92
Flor é a palavra
flor, verso inscrito
no verso, como as
manhãs no tempo.
Flor é o salto
da ave para o voo;
o salto fora do sono
quando seu tecido
94
sem título [série Mulheres], s/d
técnica mista sobre papel, 76,3 x 54 cm
coleção do artista
à direita
sem título [série Mulheres], s/d
técnica mista sobre papel, 76,3 x 56,8 cm
coleção do artista
96 97
sem título, 2005
óleo sobre tela, 150 x 100 cm
coleção Maisa Byington
à direita
sem título [flor 1], 2005
óleo sobre tela, 150 x 100 cm
coleção do artista
sem título [flor 7], 2005 sem título, 2005 sem título [mulher de Recife], década de 1980
óleo sobre tela, 152 x 107 cm óleo sobre tela, 150 x 100 cm técnica mista sobre papel, 53 x 74 cm
coleção Carmem Dametto coleção Maisa Byington coleção do artista
100 101
sem título [mulheres e espelhos], década de 1980 sem título [mascarada. no espelho], 1988
lápis de cor sobre papel, 39 x 53 cm técnica mista sobre papel, 57 x 76 cm
coleção do artista coleção do artista
102 103
estudo [Klimt], década de 1990
aquarela e lápis de cor sobre papel, 20 x 56 cm
coleção do artista
à esquerda
sem título [mulher em lilás], 1996
técnica mista sobre papel, 57 x 76 cm
coleção do artista
105
sem título [série Mulheres], s/d
técnica mista sobre papel
56,5 x 75,7 cm
coleção do artista
106
Transcrição a Hopper, década de 1990 De Hopper por Darel, 1997
técnica mista sobre papel, 56 x 76 cm técnica mista sobre papel, 56 x 76 cm
coleção do artista coleção do artista
108 109
[...] no início do trabalho, é preciso refazer para si essa
inocência primeira, retornar ao local ingênuo onde o anjo
se revelou a você quando lhe passou a primeira mensagem.
[...] se o anjo se dignar a vir, será por que você o convenceu,
não por lágrimas, mas com sua humilde decisão de
começar sempre.
110 111
sem título [meia-liga], década de 1990
técnica mista sobre papel, 63 x 90 cm
coleção do artista
à direita
sem título [o cinturão], 1996
técnica mista sobre papel, 80 x 70 cm
coleção do artista
112
sem título [série Mulheres], s/d
técnica mista sobre papel, 57 x 75,8 cm
coleção do artista
à direita
sem título [série Mulheres], s/d
técnica mista sobre papel, 57 x 75,8 cm
coleção do artista
115
sem título [série Mulheres], 2010
técnica mista sobre papel, 63 x 91 cm
coleção do artista
à esquerda
sem título [série Mulheres], 1987
técnica mista sobre papel, 70,5 x 99,7 cm
coleção do artista
117
sem título [meia-liga]
década de 1990
aquarela e pastel seco
sobre papel, 63 x 90 cm
coleção do artista
119
exposição catálogo