Antropologia
Antropologia
Antropologia
Objetivos
• Identificação do indivíduo a partir de esqueletos, corpos em adiantado estado
de decomposição, carbonizados, fragmentados, mumificados e restos mortais
não identificados.
• Têm-se aplicado, igualmente, os conhecimentos desta área em situações que
envolvem responsabilidade criminal (e.g. idade e imputabilidade penal: 16 anos
| CPP art. 19º) ou de enquadramento civil e/ou legal (e.g. migrantes,
refugiados, indocumentados).
Equipa Interdisciplinar
A estreita colaboração entre especialistas vai permitir:
• identificar o cadáver;
• estimar o intervalo de tempo entre a morte e a descoberta do corpo;
• descobrir pistas que elucidem as circunstâncias da morte.
A seleção de especialistas vai depender das especificidades do contexto.
A investigação pode reunir especialistas de diversas áreas:
• Antropólogos
• Patologistas
• Tanatologistas
• Entomólogos
• Médicos dentistas
• Médicos legistas
• Tafonomistas
• Investigadores criminais
Antropólogo Forense
Deve possuir conhecimentos interdisciplinares:
• Osteologia
• Odontologia
• Tafonomia
• Patologia geral
• Entomologia
FUNDAMENTAL
• Preparação cuidadosa de cada intervenção;
• Registar o cenário antes de mexer e recolher;
• Manter a Cadeia de Custódia.
Cenários de atuação
Desastres em larga escala
Causados normalmente por agentes naturais, mas também podem ser causados por
fatores humanos.
Catástrofes naturais
• Exemplos: Tsunami na Tailândia, furação Katrina, sismo no Haiti,
sismo/tsunami no Japão.
• Objetivos: Identificação das vítimas.
Terrorismo
• Exemplos: Torres Gémeas, Londres, Mali, etc..
• Objetivos: Identificação das vítimas e, se for o caso, dos terroristas.
Acidentes em larga escala
• Exemplos: Aviação, ferroviários, industriais, etc..
• Objetivos: Identificação positiva das vítimas.
• Descoberta
o Frequentemente acidental:
▪ Recentes= INMLCF e PJ
▪ Antigos = DGPC
▪ Incertos = INMLCF e PJ
o Inventário de todas as pessoas desaparecidas na região para um período de
pelo menos 15 anos.
o Quando a investigação é programada, no sentido de se localizar uma
sepultura clandestina, é importante que se considerem critérios de
prospecção e localização.
• Localização programada
o Na localização – batida de terreno – deve ter-se atenção:
▪ Distúrbio da vegetação;
▪ Irregularidades da superfície;
▪ Coloração e compactação do solo;
▪ Objectos semi-enterrados ou encontrados à superfície;
▪ Presença de animais necrófagos;
▪ Pegadas, lixo e marcas de pneus.
o Pode recorrer-se a cães pisteiros, imagens de satélite, fotografias aéreas,
detectores de metais, geo-radar, etc..
Fotografia aérea que permite a
identificação de sepulturas
através das diferentes
colorações de vegetação bem
como marcas de arrastamento
ou de veículos.
Auxília na localização e
determinação do espaço de
procura.
• Escavação
o O exame dos restos mortais e de outros vestígios deve ser multidisciplinar
e interdisciplinar, sendo imprescindível que se inicie no local onde estes
foram descobertos. Os procedimentos a seguir permitem maximizar a
quantidade e qualidade de informação.
o ATENÇÃO! É impossível recuperar a informação se esta não for recolhida
no campo.
• Procedimentos de escavação
o Sepultura:
▪ Fotografia inicial
▪ Desenho técnico inicial
▪ Registo topográfico
▪ Identificação do contexto de inumação
▪ Delimitação da vala
▪ Adaptar a metodologia de escavação ao contexto
▪ Decapagem cuidadosa respeitando a estratigrafia
▪ Fotografias gerais e de pormenor
▪ Croquis e desenhos à escala
o Restos esqueletizados:
▪ Decapagem/Exposição dos ossos
▪ Registo da estratigrafia e características dos sedimentos envolventes
▪ Manutenção in situ do espólio
▪ Descrição exaustiva dos restos mortais, dos vestígios/evidências e
da sepultura
▪ Numerar todos os vestígios, ósseos e não ósseos
▪ Registo fotográfico (gerais e de pormenor)
▪ Desenho técnico (pode ser substituído pela ortofotografia)
▪ Coordenação tridimensional dos restos mortais e evidências (é
fundamental registar e inserir todas as peças e evidências)
▪ Registo em fichas próprias
▪ Levantamento e acondicionamento individualizado com indicação
da proveniência espacial
▪ Recolha de todos os vestígios associados e registo da sua localização
• Registo
o Registar e fotografar o local antes, durante e depois da recolha;
o Identificação precisa de cada osso e evidências in situ;
o Posição exacta de cada osso, da sua orientação anatómica e da sua relação
com os restantes elementos ósseos, assim como com outras evidências e
restantes elementos da sepultura;
o Ortofotografia;
o Desenho (croquis e desenho à escala);
o Levantamento e acondicionamento individualizado das peças;
o Análise morfológica e métrica e elaboração do inventário dos achados;
o Arquitetura da sepultura.
• Síntese
o O registo de campo providencia informes sobre as relações espaciais e
estratigráficas e acerca dos restos mortais que são fundamentais para a
compreensão do enterramento e da acção dos factores tafonómicos.
o O registo constitui um procedimento crítico na análise do contexto, pois
a partir do momento em que os restos forem remexidos nunca mais se
poderá reconstituir a condição original, pelo que se deve anotar a
maior quantidade de informação possível.
• Deposição à superfície
o É comum que os restos cadavéricos estejam alterados ou destruídos,
podendo apresentarem-se dispersos, quer por acção da fauna
(roedores, necrófagos), quer por condições ambientais (chuva, vento,
exposição solar, deslizamentos de terra).
o A dispersão dificulta identificação das peças osseas e camufla os
acontecimentos peri mortem e a forma como o corpo foi deposto no
solo
• Fundamental
o registar e fotografar o local antes, durante e depois da recolha;
o documentar todos os restos e evidências;
o fotografias gerais e de pormenor;
o Croquis e desenhos à escala;
o registo de dados antropológicos;
o recolha das peças ósseas;
o recolha da fauna associada;
o geo-referenciar os vestígios.
Fundamental
Preparação cuidadosa de cada intervenção
Registar o cenário antes de mexer e recolher
Manter a Cadeia de Custódia
• Protocolo de Snow
o Os restos ósseos são humanos?
o Representam um único individuo ? Ou vários?
o Quando ocorreu a morte?
o Que idade tinha o falecido?
o Qual o seu sexo?
o Qual a sua ancestralidade?
o Qual a sua estatura? Peso corporal ?
o O esqueleto mostra anomalias anatómicas, indícios de doenças ou
traumatismos antigos suficientemente singulares para se estabelecer uma
identificação positiva?
o Qual a causa de morte?
o Qual o modo da morte (e.g. natural, acidente, homicídio, desconhecido)?
• Tafonomia
o Termo definido pelo paleontólogo I. Efremov e deriva etimologicamente do
grego taphos, que significa túmulo ou enterramento e nomos, que quer
dizer lei.
o Estuda o conjunto de processos e a complexa sequência de transformações
que se operam nos seres vivos desde a sua morte até ao momento em que
são descobertos.
o A aplicação dos princípios da tafonomia aos contextos médico-legais
denomina-se por tafonomia forense. Esta analisa os processos por que
passam os restos mortais desde a morte do indivíduo até chegarem às
mãos do investigador. Cabe a este traçar o perfil tafonómico.
As interpretações do exame tafonómico são importantes para:
o Estabelecer o tempo decorrido desde a morte
o Reconstituir o ambiente
o Detetar cenários desconhecidos post mortem
o Reconstituir acontecimentos peri mortem e post mortem
o Discriminar entre testemunhos de um trauma acidental ou intencional e
modificações de ordem natural.
Autólise Processo de
destruição
celular
Putrefação Decomposição
fermentativa
Maceração Afeta os afogados
Fenómenos transformativos conservadores
• Tafonomia | Esqueleto
Fatores intrínsecos:
o Tamanho do osso
o Forma do osso
o Densidade óssea
o Sexo
o Idade à morte
o Patologia
A melhor forma de se estimar o tempo que decorreu entre a morte e a descoberta dos
restos esqueletizados é avaliar o contexto onde foram encontrados e examinar
minuciosamente todos os objetos pessoais como próteses, relógio, moedas,
artefactos antigos, etc..
A quantidade de informação que potencialmente pode ser extraída dos restos mortais
é extensa, mas esta depende das condições de preservação do corpo.
• Natureza dos restos esqueléticos
o Os restos encontrados são humanos ou animais?
ID fácil: esqueletos e ossos completos
ID difícil: ossos fragmentados, desarticulados, mal preservados e
incinerados.
Atenção:
Ossos de fetos ou recém-nascidos: podem ser confundidos com ossos de pequenos
animais. A sua identificação não é fácil pois estes não exibem muitas semelhanças
anatómicas com os ossos de adultos.
Atenção:
A identificação pode ser auxiliada pela observação de alterações post mortem de
natureza humana como marcas que indiciam o desmanche e corte do animal para
consumo.
• Número de indivíduos
o Sepultura individual: inumação de um único indivíduo;
o Sepultura colectiva: presença de diversos indivíduos no mesmo espaço.
Podemos também observar a desarticulação total ou parcial dos esqueletos
mais antigos.
o Sepulturas reutilizadas
o Inumação primária: o indivíduo não foi remexido após o seu enterramento,
apresentando-se na sua posição anatómica original.
o Inumação secundária: se os ossos do indivíduo estiverem desarticulados,
mostra que ocorreram duas fases no seu processo de inumação. Primeiro
sofreu uma fase de descarnamento e depois os seus ossos foram recolhidos
e enterrados noutro local.