Introdução Necropisia
Introdução Necropisia
Introdução Necropisia
NECROPSIA E ANATOMIA
INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
2- METODOLOGIA 7
3- COLHEITA DE MATERIAL 10
4- TANATOLOGIA 12
5- TÉCNICAS ANATÔMICAS 19
6- ANATOMIA HUMANA 25
REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
INTRODUÇÃO
Por definição, necropsia (do grego nekros = cadáver; opsis = vista) significa a
abertura e a inspeção detalhada e metódica das cavidades e órgãos do animal
morto com o objetivo de determinar a respectiva causa mortis. A morte se
caracteriza por fenômenos orgânicos que se exteriorizam rapidamente. A cessação
dos movimentos respiratórios, a parada do coração, a perda da consciência e da
mobilidade voluntária, bem como o desaparecimento da reação reflexa de estímulos,
são sinais imediatos da morte. O algor mortis, o rigor mortis, o livor mortis, as
alterações oculares, a coagulação do sangue, a autólise e a putrefação são
modificações que aparecem no corpo do animal, algum tempo após a sua morte, e
são denominados de alterações cadavéricas. Esses processos são esquematizados
nas seguintes fases:
• fase gasosa;
• fase da coliquação;
• fase da esqueletização.
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
cadavérica são, em geral, aqueles que ficam do lado em que o animal jaz. A
opacidade da córnea, a retração do globo ocular, por evaporação de líquidos, e o
seu fechamento, pela rigidez nos músculos palpebrais, são as alterações do olho
que ocorrem após a morte.
O timpanismo da putrefação é uma distensão por gases que ocorre nas cavidades
gastrointestinais e é responsável pelo crescimento do abdômen e pela abertura dos
membros, observados nos cadáveres, muitas horas após a morte. O enfisema
cadavérico é o aparecimento de pequenas bolhas gasosas no tecido conjuntivo
subcutâneo, sob as cápsulas do fígado, do baço e de outros órgãos. A maceração
da mucosa digestiva é um desprendimento das respectivas mucosas e o
pseudoprolapso retal. O odor da putrefação é por ação da cadaverina e é mais um
sinal de decomposição cadavérica.
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• cabo de bisturi;
• lâmina de bisturi;
• gaze em compressas.
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Além disso, elas devem, sempre que possível, ser revestidas de luvas de linho ou
algodão, cuja finalidade é tornar os órgãos e o instrumental menos escorregadio e
proteger, as de borracha, contra eventuais cortes. O local da realização da necropsia
deve ser, preferencialmente, em uma sala própria para esse fim, devidamente
iluminada e ventilada. Quando se trata da necropsia de primatas não-humanos do
Velho Mundo, ou de qualquer outra espécie que potencialmente possua risco de
contaminação para o operador ou para o meio ambiente, a mesma deve ser
realizada em uma capela de fluxo laminar.
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2- METODOLOGIA
Deve-se sempre ter em mente que exames complementares podem ser necessários,
uma vez que a avaliação macroscópica, muitas vezes, é incapaz de detectar todas
as lesões. Para isso, recomenda-se que estejam à disposição, durante uma
necropsia, os materiais utilizados para exames histopatológico, bacteriológico,
parasitológico e bioquímico. Iniciamos a prática da necropsia com o exame externo
do cadáver.
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A partir desse momento, deve-se optar pela abertura inicial da cavidade abdominal
ou da cavidade torácica e nunca das duas simultaneamente. Isso porque, na
eventualidade da existência de líquido, seja em uma, seja em outra cavidade, o
mesmo pode transvazar de uma cavidade para outra, confundindo o operador sob a
real origem do líquido.
Por sua vez, a exposição dos órgãos torácicos é possível, com a abertura da
cavidade, sendo promovida por secções laterais do gradil costal, sobre as
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
3- COLHEITA DE MATERIAL
Este procedimento deve ser feito antes de qualquer interferência sobre o órgão e
sob condições de total assepsia, para a qual utiliza-se álcool 70º, ou outra solução
anti-séptica, e todos os instrumentos necessários deverão estar estéreis. Sangue,
tecidos e também secreções são utilizados para identificação de bactérias. O
material deve ser remetido rapidamente ao laboratório, acondicionado de maneira a
conservá-lo fresco, ou seja, refrigerado.
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
4- TANATOLOGIA
TANATOLOGIA POLICIAL
dos fatos. Contribuindo por sua vez com a confecção de um laudo pericial mais
fidedigno.
No Instituto Médico Legal ele é o responsável por corroborar com o Médico Perito
Legista na identificação da causa de morte, executando atividades complementares
na área de anátomo-patologia, abrangendo a realização de necropsia, dissecação e
exumação de cadáveres, sob a supervisão direta do Médico Perito Legista.
TANATOLOGIA MÉDICO-LEGAL
HISTÓRIA
Em 1903, o cientista russo Élie Metchnikoff, que era famoso por seu trabalho
em microbiologia e a descoberta de fagocitose, defendeu que, sem uma atenção
sistemática à morte, ciências da vida não estariam completas. Por meio desse
argumento, Metchnikoff apelou à criação de uma disciplina científica dedicada ao
estudo da morte. Ele argumentou que os que estavam morrendo tinham poucos ou
nenhum recurso para a experiência de morrer e que um estudo acadêmico iria
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
ajudar aqueles que enfrentam a morte a ter uma melhor compreensão do fenômeno
e reduzir o medo dela.
Metchnikoff baseou suas ideias para um estudo interdisciplinar sobre o fato de que,
enquanto os estudantes de medicina tiveram seus encontros obrigatórios com
cadáveres por meio de estudos anatômicos, não havia quase nenhuma instrução
sobre como cuidar dos moribundos, nem houve qualquer investigação sobre a morte
incluída no currículo. Porque somente poucos estudiosos e educadores
concordaram com Metchnikoff, o apoio que precisava para a realização de sua
sugestão não se materializou ao longo de décadas.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo foi assombrado com as memórias das
muitas baixas. Durante aquele período de reflexão, muitos filósofos existenciais
começaram a considerar as questões de vida ou morte. Um em especial foi Herman
Feifel, um psicólogo americano que é considerado o pioneiro de movimentos
contemporâneos relacionados ao estudo da morte. Feifel quebrou o tabu em
discussões sobre a morte e o morrer com a publicação de seu livro "O significado da
morte". Nesse livro, Feifel dissipa mitos detidos por cientistas e profissionais sobre a
morte e a negação da sua importância para o comportamento humano. Ele ganhou
grande atenção e tornou-se um clássico no novo campo, inclusive por conter
contribuições de pensadores eminentes, como o psiquiatra Carl Gustav Jung, o
teólogo Paul Tillich e o filósofo Herbert Marcuse. Por meio do significado da morte,
Feifel foi capaz de estabelecer as bases para um campo que viria a ser conhecido
como Tanatologia. O campo era para melhorar a educação sobre a morte.
TANATOLOGIA FORENSE
A morte, na sua acepção mais simples, consiste na cessação total e irreversível das
funções vitais
Tipos de mortes
Morte natural – é aquela que resulta de uma patologia, pois é natural que um dia
se morra.
Morte
a) Real ;
Realidade da morte
1. Imediatos.
2. Consecutivos ou mediatos.
3. Transformativos
1. Perda da consciência;
2. Perda da sensibilidade;
3. Perda da motilidade e do tono muscular;
4. Cessação da respiração;
5. Cessação da circulação;
6. Cessação de atividade cerebral.
1. Desidratação cadavérica;
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
a) Destruidores;
b) Conservadores.
Putrefação
Marcha da Putrefação :
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5- TÉCNICAS ANATÔMICAS
Fixação
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Glicerinação
Desidratação
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Maceração
Taxidermia
Plastinação
Técnicas especiais
Diafanização
Injeção de látex
Injeção de gelatina
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
Modelo didático
Dissecção
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
6- ANATOMIA HUMANA
O primeiro livro de atlas de anatomia, o “De Humani Corporis Fabrica”, foi produzido
em 1543 por Vesalius, atualmente considerado o pai da anatomia moderna. Seu
livro quebrou falsos conceitos e contribuiu para um aprofundamento maior na área,
marcando, assim, a fase de estudos modernos sobre a anatomia.
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
→ Divisões da Anatomia
Essa área foi e é, sem dúvidas, extremamente importante para a compreensão do
funcionamento do corpo humano. Atualmente, podemos dividi-la em várias partes,
mas duas merecem destaque:
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
DISSECAÇÃO
MATERIAL
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
Autópsias não eram permitidas no Brasil nos seus primeiros séculos de colonização
portuguesa. Contudo, em casos excepcionais, algumas foram feitas por imposição
da justiça e com o devido consentimento do Santo Ofício. Nos territórios sob
dominação holandesa e portanto livre do jugo do Tribunal da Inquisição, Willem Piso,
no século XVII, realizou livremente as primeiras autópsias no Brasil
O termo autópsia deriva do grego clássico αστοψία que significa "ver por si próprio",
composto de αστος (autós, "si mesmo") e ὄψις (ópsis, "visão").
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
Introdução
Objetivos
Metodologia
Foi efetuada uma pesquisa da literatura científica publicada, nas línguas portuguesa
e inglesa, até março de 2013, através de bases de dados médicas, nomeadamente,
Medline® e SciELO®. Utilizaram-se como palavras-chave: anatomy ou medical
education ou dissection. Foi também consultada uma dissertação académica
defendida e aprovada numa Universidade portuguesa e a legislação relacionada
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
com o tema. A seleção das referências bibliográficas foi feita de acordo com a sua
adequação aos objetivos.
Resultados
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
os vivos, apesar das exceções, foram assegurando os direitos dos cadáveres quanto
à proteção e respeito merecidos à inumação, à não comercialização do todo ou de
partes, às exéquias fúnebres e à atenção real e espiritual prestada postumamente 1.
A partir dos finais do século XVII, a dissecação cadavérica volta a assumir um lugar
de destaque na progressão do conhecimento científico, devido, em grande parte, à
prática da autópsia clínica tal como testemunham as obras De sedibus et causis
morborum per Anatomen Indagatis (1761) de Giovanni Morgagni (1682-1771)
e Sepulchretum sive Anatomica Pratica (1769) de Theophile Bonet (1620-1689) 1 , 2.
A grande redescoberta do valor do estudo do cadáver no século XVIII é fruto dos
ideais iluministas. Este movimento cultural desenvolveu-se na Europa e assentava-
se numa crença absoluta nas capacidades do Homem, iluminado pelas luzes da
razão, do saber e da cultura. A luz da razão iluminaria o Homem e libertá-lo-ia do
obscurantismo em que vivia mergulhado. Acreditamos que a forma como,
atualmente, encaramos a dissecação para fins de ensino e investigação científica se
deve à herança que este movimento nos deixou.
Apesar dos percalços, a atual legislação é muito generosa, pois prevê, nos artigos 3º
(Atos permitidos), 4º (Legitimidade) e 5º (Manifestação de disposição) do Decreto-
Lei n.º 274/99 de 22 de julho de 1999, que, e citando as palavras de Gouveia, “o
próprio, em vida, doe o seu cadáver ao ensino e à Ciência, negue a sua utilização
1 , 10
(através do RENNDA - Registo Nacional de não Dadores) ou que nada diga” .
Prevê também, nesta última situação, que a família ou quem de direito seja
soberano, disponha do corpo do ente falecido nas primeiras 24 horas após a tomada
de conhecimento do óbito. Este Decreto-Lei abriu o leque de possibilidades, mas os
resultados não foram imediatos. Desde que o mesmo entrou em vigor, o número de
doações tem aumentado consideravelmente 8. Contudo, por vezes, os familiares não
cumprem a vontade expressa pelos doadores, o que explica, em parte, a
disparidade existente entre o número de doações e o número de corpos
efetivamente entregues às universidades 8. Isto porque, apesar de o nº 2 do artigo 4º
(Legitimidade) afirmar que “a reclamação só é atendida após a eventual utilização do
cadáver para fins de ensino”, permitindo respeitar a vontade do falecido e,
consequentemente, melhorar as condições no ensino prático da anatomia humana,
logo acresce o nº 3 que “o cadáver não pode ficar retido mais de 15 dias”, intervalo
de tempo claramente insuficiente para o fim a que se destina o mesmo 9. É de referir
que a utilização de cadáveres para fins de ensino e investigação científica em nada
prejudica as cerimónias fúnebres que antecedem o ato de doação. Para além disso,
a entidade cientificamente beneficiada fica responsável pela cremação ou inumação
dos restos mortais, tal como é preconizado nos artigos 16º (Transporte) e 18º
(Destino dos despojos) do atual Decreto-Lei 9. É importante mencionar que a
experiência dos últimos 13 anos demonstrou que a atual legislação possui algumas
insuficiências/deficiências que deveriam, na medida do possível, ser
corrigidas/eliminadas numa futura, e já prevista, revisão da mesma.
34
INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
13 , 16
Os métodos e materiais de ensino têm evoluído ao longo dos tempos . A
Anatomia Humana pode ser ensinada, hoje, recorrendo a ilustrações em papel,
13 , 16
fotografias e/ou a sistemas de imagem digital . Os computadores permitiram
16
tornar as imagens estáticas a 2D numa exploração dinâmica a 3D . De referir, que
qualquer método de ensino utilizado em Medicina deve promover quer o
14
desenvolvimento científico quer o humano do aluno . É, por isso, importante avaliar
a dissecação de modo holístico. Com base neste pressuposto, Martyn et al.
tentaram perceber o impacto emocional da dissecação em 16 estudantes
universitários após estes terem dissecado, pela primeira vez, corações e encéfalos
humanos 17. Alguns estudantes referiram terem-se sentido emocionados quando
removeram o coração do mediastino pois associam este órgão às emoções,
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
enquanto seis estudantes afirmaram ser “estranho” dissecar o encéfalo visto ser o
17
órgão responsável “pelas pessoas serem quem são” . Os investigadores
concluíram que a dissecação contribui para o desenvolvimento pessoal dos alunos e
que existem algumas regiões do corpo humano que lhes são mais difíceis dissecar
17
pois albergam órgãos cultural e simbolicamente significativos . Arraéz-Aybar et al.
estudaram, na Universidade Complutense de Madrid, os níveis de ansiedade dos
estudantes durante as aulas de dissecação 18. Os investigadores concluíram que, na
primeira aula, todos os estudantes apresentaram um aumento dos seus níveis de
ansiedade, que, com a sucessão das aulas, foi diminuindo. Enquanto o estado
ansioso associado à primeira aula depende, em grande parte, das condições em que
esta é feita, bem como com a informação prévia que foi transmitida aos alunos, já os
níveis de ansiedade nas aulas posteriores dependem, sobretudo, do perfil
psicológico de cada aluno 18. Os investigadores confirmaram que mostrar, aos
alunos, previamente, vídeos da atividade que vão realizar diminui os níveis de
ansiedade 18. As aulas de dissecação devem, também, ser aproveitadas para os
docentes transmitirem valores éticos e humanistas que ajudem os futuros médicos a
lidar, por exemplo, com a morte 14 , 15 , 18.
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
sua futura atividade clínica 20. Também Rizzolo et al. consideram positiva a
21
integração da Anatomia Radiológica nos currícula de Anatomia . Pabst sugere que
sejam também fornecidas, aos alunos, imagens de endoscopia, otoscopia e
ecografia 15. Marker et al. aconselham, por sua vez, a criação de questionários on-
20
line para os estudantes poderem rever, em casa, os conteúdos lecionados .
Discussão
A dissecação pode ser realizada num cadáver fresco, ou seja, não preservado, ou
em cadáveres artificialmente conservados. Em face da escassez de material
cadavérico e da necessidade de planear previamente as atividades curriculares de
todo o ano letivo, a maioria das escolas médicas escolhe a segunda hipótese.
Grande parte dos departamentos de Anatomia opta por embalsamar os cadáveres
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Outra questão recorrente na literatura científica é qual deverá ser a carga horária
dedicada à dissecação. Não encontrámos uma resposta consensual, pois dependerá
sempre, em última análise, da carga horária total da disciplina. Num estudo
publicado em 1992, a Sociedade Anatómica da Grã-Bretanha fez esta pergunta a 33
escolas médicas do seu país: dois terços das escolas responderam que os alunos
deviam ter a oportunidade de dissecar todos os segmentos corporais, exceto áreas
tecnicamente mais difíceis, como a face e o períneo; já o terço restante respondeu
que dissecar apenas um segmento corporal era suficiente 34. É importante
discutirmos o valor pedagógico da dissecação cadavérica de forma objetiva.
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Conclusão
A Anatomia continua a ser uma das bases da formação médica, e por isso o corpo
humano morto continua a desempenhar um papel central na aquisição de
conhecimentos e no progresso científico 2 , 25. A dissecação constitui uma
metodologia de ensino com potencialidades únicas, pois ela é, como afirma Paula-
Barbosa, “dotada de realismo e humanidade” 2. Apesar de ser uma metodologia de
ensino que exige tempo e grande consumidora de recursos económicos, a
dissecação cadavérica permite que o aluno de Medicina desenvolva a sua
capacidade de observação, de destreza manual, e confronta-o com dilemas de
natureza ético-social que o obrigam a adotar uma postura responsável face ao outro.
Em jeito de conclusão, recordemos as sábias palavras do médico português Sabino
Coelho (1853-1938) quando afirmou que “O livro é muito, mas o cadáver é mais.
Aquele encaminha, este mostra, aquele guia, este ensina”.
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Preservar o corpo era uma preocupação que a espécie humana demonstrava desde
a pré-história (período da história antes do surgimento da escrita) onde os povos se
importavam com o destino dos restos mortais dos entes pertencentes ao seu grupo.
Várias foram as maneiras encontradas para conseguir um efeito que alcançasse
êxito.
O embalsamento dos corpos é uma técnica que vem desde os egípcios, onde só as
pessoas ricas tinham acesso, pois segundo as crenças os Faraós alcançariam a
vida eterna e se tornariam deuses, e por conta disso mereciam cerimônias
glamorosas.
Depois as incisões eram fechadas com placas de ouro e o corpo, começava a ser
enfaixado pelos dedos com metros de bandagens embebidas em betume,
substância pastosa feita de petróleo. Por último, a múmia era colocada em um
caixão e guardada numa tumba, onde o corpo permanecia preservado por milhares
de anos.
Necromaquiagem no Brasil:
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
Todo esse procedimento é feito no Tanatório (ambiente próprio para a prática), com
os equipamentos necessários, sistema de esgoto com fossa séptica para evitar a
contaminação, entre outros. O preocesso deve ser feito pelo Tanatopraxista que é o
profissional devidamente preparado e qualificado.
Este mercado de trabalho gera uma renda considerável e uma carreira apesar de
peculiar, promissora, principalmente para profissionais Tecnólogos em Cosmetologia
e Estética que podem optar por está área, pois abrange os conhecimentos
adquiridos ao longo do seu curso, como a anatomia facial e corporal e o conceito de
visagismo que auxiliará nos procedimentos de harmonização e embelezamentos dos
cadávere
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
Formaldeído
Segundo Bedino (2003), acredita-se que o primeiro uso do formaldeído como agente
fixador em cadáver ocorreu em 1899. O formaldeído é o fixador e conservante mais
utilizado por ser uma técnica mais barata, de efeito mais rápido e de fácil obtenção,
no entanto, existem alguns fatores negativos. Um deles é o peso que a peça adquire
após o preparo, pois tem que ficar imersa no formol e, ao ser retirada, encontra-se
encharcada, conferindo assim um maior peso à peça, dificultando o manuseio e o
transporte. Outros fatores contrários à utilização do formol são o fato de a peça
adquirir uma coloração escura diferente da cor original e essa substância ser um
potente irritante para o trato respiratório e olhos (OLIVEIRA et al, 2013). Assim,
diante o exposto, é de imprescindível importância o conhecimento sobre os
procedimentos de segurança e uso de equipamentos de proteção individual.
Glicerinação
Segundo Silva (2008), a glicerina foi descoberta no ano de 1762 por Karl Wilhelm
Sheele, sendo batizada de “o doce princípio das gorduras”, utilizada primeiramente
para preservação de corpos pelo anatomista Carlo Giacomini, cuja técnica leva seu
nome (GIGEK et al, 2009). Os protocolos de glicerinação foram as maiores
alternativas para a substituição do formol, diferentes protocolos foram e são
utilizados na tentativa de chegar a 100% de confiança quanto sua eficiência, sendo
utilizado na maioria dos procedimentos a glicerina associada ao álcool absoluto. A
glicerina é inodora, possui ação fungicida e bactericida, permite a coloração das
peças o mais próximo do real e também maior leveza em função da desidratação
proporcionada pela técnica. Ainda permite longo período de conservação, fácil
visualização e identificação detalhada das estruturas anatômicas. Como
desvantagem essa técnica mostra um custo consideravelmente elevado, podendo
chegar a 10 vezes o valor dispendido com formol (KRUG et al, 2011).
Outras técnicas
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
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INTRODUÇÃO À TÉCNICAS DE NECROPSIA E ANATOMIA
REFERÊNCIAS
https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A9cnicas_anat%C3%B4micas>Acesso em 23 de
setembro de 2019
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/anatomia-humana.htm>Acesso em 23 de
setembro de 2019
https://pt.wikipedia.org/wiki/Disseca%C3%A7%C3%A3o>Acesso em 23 de setembro
de 2019
https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
32832014000100165>Acesso em 23 de setembro de 2019
https://clubedemulher.com.br/necromaquiagem-e-suas-origens/>Acesso em 23 de
setembro de 2019
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