Empreender F4 - Final
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4
ESG: empresa
do século XXI
José de Paula Barros Neto
Copyright © 2021 Fundação Demócrito Rocha
T696
Transformação digital para pequenas e médias empresas / Concepção e coordenação geral:
Nazareno Albuquerque; coordenação executiva: Valéria Xavier; coordenação de conteúdo: José
Antonio Fernandes de Macedo e Janaina Oleinik Rosa; ilustrações: Rafael Limaverde. – Fortaleza:
Fundação Demócrito Rocha, 2021.
12 fascículos (192 pg): il. color.
CDD 658.421
1
Histórico
A
sigla ESG surgiu pela primeira vez pitalista, iniciada por Reagan e Thatcher, da população, quanto pelas questões eco-
em um relatório, de 2005, intitulado de valorização do mercado, sendo segui- nômicas, que estavam levando a uma alta
“Who Cares Wins” (“Ganha quem se da por várias nações. Ao mesmo tempo, concentração de renda dos mais ricos.
importa”, em tradução livre), resultado de iniciou-se um processo de aumento da Desse modo, o capitalismo precisou
uma iniciativa liderada pela Organização desigualdade social na sociedade, princi- se reinventar, mudando sua visão de um
das Nações Unidas (ONU), em um processo palmente nos países em desenvolvimen- capitalismo de shareholders (foco no acio-
conduzido pelo secretário geral da ONU, Kofi to. Simultaneamente, aumentaram o grau nista) para um capitalismo de stakehol-
A. Annan, refletindo a crescente importân- de escolaridade e o nível de informação ders (foco nos intervenientes), de forma
cia das questões ambientais, sociais e de da população e, consequentemente, uma a distribuir os resultados das empresas
governança corporativa para as práticas maior criticidade. não apenas para os acionistas, mas para
gerenciais (PRI, 2012). Com isso, elevou-se a insatisfação da todas as partes interessadas.
Contudo, o mundo vem, há algum tem- sociedade com o capitalismo, pois obser- Dentro deste caldeirão, reforçou-se a
po, passando por turbulências e por gran- vava-se o aumento da riqueza de poucos importância do ESG (Environment, Social
des transformações. Até o começo dos em detrimento da baixa expectativa de and Governance) para as empresas da-
anos 1990, havia uma “guerra” entre os crescimento dos demais, principalmen- rem início a esse processo de mudança
regimes capitalistas e socialistas, capita- te da juventude. Assim, nos anos 2010 de rumo, em que as questões ambientais,
neados por Estados Unidos e União Sovi- houve várias manifestações em diferen- de responsabilidades sociais e de gover-
ética. Com a queda desta, o capitalismo tes países (Estados Unidos – Tea Party; nança deverão ser implantadas para que
triunfou, aparentemente. França – Coletes amarelos; Brasil – Black sejam reconhecidas como empresas res-
Neste mesmo período, houve um re- bloc), tanto pelas questões políticas, que ponsáveis perante a sociedade.
crudescimento da política neoliberal ca- não estavam mais atendendo aos anseios
Figura 1 – Representação
gráfica do ESG
Environmental
(Meio Ambiente)
Social Environmental (Meio Ambiente)
ESG
Governance
(Governança)
VE
I AL
Sendo assim, em um mundo em que Responsabi- Transparência
RN
SOC
as expectativas da sociedade com relação lidade com Fiscal
AN
às empresas são crescentes, a incorpo- clientes
ÇA
ração dos aspectos sociais e ambientais
às estratégias e práticas de governança
corporativa (ESG) ganha cada vez mais Saúde e
importância, proporcionando vantagem Anti-corrupção
Segurança
competitiva às organizações, uma vez que
o seu papel na sociedade passa a ser uma
AMB
IENTAL
questão crítica à sua criação de valor de
longo prazo e atrai cada vez mais a aten-
Mudança Poluição
ção de investidores e demais stakeholders. climática
A pauta do Desenvolvimento Susten- partir das quais uma empresa pode ser cialmente responsáveis viraram temas
tável, colocada pela ONU por meio dos avaliada nesse contexto. vitais para as empresas (Amorim, 2021).
Duas palavras pequenas, mas com um Essas duas siglas guiam as empre-
Objetivos de Desenvolvimento Susten-
significado enorme. A cada dia, a socieda- sas com foco na sustentabilidade. Alguns
tável, os ODS, que compõem a Agenda
de tem mais consciência da importância comportamentos que existiram antes
2030, mais do que elencar valores da so-
dos temas ambientais e sociais, mudando não são mais aceitáveis pela sociedade
ciedade, direciona importantes mudan- no mundo todo, e as empresas precisam
a forma de como escolhe as marcas de
ças de comportamento e das formas de mostrar cada vez mais que são sustentá-
seus produtos, serviços e investimentos.
produção. O ESG indica três dimensões a Por isso, as práticas sustentáveis e so- veis (Amorim, 2021), conforme Figura 4.
Incentiva comportamentos saudáveis entre seus públicos e melhora o acesso de seus colaboradores
3. Saúde e bem-estar
aos cuidados com a saúde.
Assegura que os funcionários de suas operações diretas e da cadeia de fornecimento tenham acesso
4. Educação de qualidade
a treinamento profissional e oportunidades de aprendizagem.
Trata mulheres e homens de forma justa, com oportunidades iguais de crescimento profissional e
5. Igualdade de gênero
equiparação de cargos e salários.
6. Água potável e Implanta estratégias de gestão da água que sejam ambientalmente sustentáveis e economicamente
saneamento benéficas na região hidrográfica em que atua.
7. Energia acessível Aumenta sua eficiência energética, utiliza fontes renováveis e leva essas ações à sua cadeia de
e limpa suprimentos.
8. Trabalho decente e Garante condições de trabalho decente para funcionários em toda a sua operação e na cadeia de
crescimento econômico negócios e suprimentos.
9. Indústria, inovação e Investe em tecnologia para criar produtos, serviços e modelos de negócios que promovam uma
infraestrutura infraestrutura sustentável, moderna e resiliente.
11. Cidades e Reflete sobre as melhores políticas de deslocamento e mobilidade de funcionários bem como de
comunidades sustentáveis produtos e matéria-prima, dentro do contexto urbano.
12. Consumo e produção Desenvolve, implementa e compartilha soluções para rastrear e divulgar a procedência de seus
responsáveis produtos.
13. Ação contra a Reduz substancialmente as emissões associadas às operações próprias e às da cadeia de
mudança global do clima suprimentos, em alinhamento com os mecanismos de regulação climática.
Implementa políticas e práticas para proteger os ecossistemas naturais que são afetados por suas
15. Vida terrestre
atividades e pelas ações de sua cadeia de suprimentos (embalagem biodegradável).
16. Paz, justiça e Identifica e toma medidas eficazes contra a corrupção e a violência, nas suas próprias operações e
instituições eficazes nas de sua cadeia de abastecimento.
17. Parcerias e meios de Atua em conjunto com o governo e a sociedade civil em prol dos Objetivos de Desenvolvimento
implementação Sustentável.
D
e acordo com Elkington (2001),
os pilares econômico, social e
ambiental ainda podem sofrer
intersecções. A intersecção das dimen-
sões sociais e ambientais gera a justiça
ambiental, sendo ela responsável pela
equidade intra e intergerações, tendo como
resultado a necessidade de investimentos
em educação e treinamento para as pes-
soas e as comunidades.
Diversos estudos relatam uma ligação
entre um bom desempenho socioambien-
tal e os resultados financeiros. Entre os ções devem adotar políticas ambientais preensão de como esses fatores podem
mais importantes objetivos e benefícios de como ações estratégicas para a empresa, afetar os ativos e gerar valor para clien-
avaliar e reportar a sustentabilidade, es- com objetivo de conseguir uma melhor tes e investidores (CARLOS, 2020).
tão: ganho de vantagem competitiva; legi- preservação ambiental e uma melhor Porém este é um caminho sem volta
timação das atividades, dos produtos e dos qualidade de vida. Essas ações, como já para a sobrevivência das empresas, num
serviços corporativos, que produzem im- enfatizado, também se relacionam com o mundo cada vez interconectado, diver-
pactos ambientais e sociais; comparação e propósito de tornar as organizações mais so e injusto. Para a pequena empresa, é
benchmarking com concorrentes; aumento competitivas, agregando mais valor aos mais desafiador ainda, mas também uma
da reputação corporativa e do valor da mar- seus produtos (GOLLO et al., 2013). oportunidade de se diferenciar em um
ca; crescimento da transparência e da res- Contudo, esse não é um processo mercado cada vez mais competitivo. Ou
ponsabilidade dentro da empresa; e moti- simples, porque parte da necessidade de seja, a aplicação é uma oportunidade ino-
vação dos funcionários (TELES et al., 2016). uma mudança cultural dos dirigentes das vadora de as empresas se posicionarem
É observado que os consumidores es- empresas e do reconhecimento da cons- no mercado agregando valor ao produto/
tão cada vez mais exigentes e priorizando tante continuidade deste processo, inte- serviço e, consequentemente, gerando
produtos ambientalmente viáveis; por- grados às estratégias das organizações e melhores resultados financeiros. Portan-
tanto, os administradores das organiza- às práticas de gestão. Voltam-se à com- to, é uma escolha estratégica.
Ilustrador
Rafael Limaverde
Nascido em Belém e naturalizado cearense, começou sua carreira como cartunista
e ilustrador editorial. Paralelo a carreira como ilustrador, passou a trabalhar como
xilogravurista onde, no ano 2000, fez sua primeira exposição de gravura intitulada “Xi-
lofagia”. Graduou-se em Artes Visuais (IFCE) e fez parte do Grupo Acidum. Atualmente
trabalha com design, xilogravura, intervenção urbana e ilustração, principalmente, de
livros infantis, entre os quais também é autor.
APOIO PATROCÍNIO
Serviço Social da Indústria Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Instituto Euvaldo Lodi
PELO FUTURO DO TRABALHO
PELO FUTURO DO TRABALHO PELO FUTURO DA INDÚSTRIA
Assembleia Legislativa
do Estado do Ceará
CORREALIZAÇÃO REALIZAÇÃO