1029-Texto Do Artigo-4109-1-10-20190307
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Introdução
Na antiguidade a produção de conhecimento tinha uma concepção diferente, era realizada
entre os indivíduos de forma bastante natural e informal. Segundo Rossini (2003, p35), os indivíduos
se encontravam em diversas situações, conversavam, discutiam, trocavam experiências, e com isso
automaticamente ensinavam uns aos outros aquilo que sabiam compartilhavam através de suas
experiências cotidianas e significativas, sempre procurando novos conhecimentos e experimentos
para dar respostas as suas necessidades da época.
A sociedade foi se modificando, a complexidade das transformações sociais, econômicas,
culturais e principalmente por causa da velocidade com que os conhecimentos e as informações
ganharam dimensões diversas alterando a realidade da educação em todos os âmbitos do processo
de ensino-aprendizagem.
Com o avanço da globalização, exigiu-se uma nova forma de socialização entre as pessoas.
“O mundo globalizado exige uma socialização cada vez mais intensa do ser humano, que deve ser
cada vez mais bem equipado intelectualmente e preparado emocionalmente para conviver em
harmonia com seu grupo social” (ROSSINI, 2003, p. 8).
Com o mundo da globalização as relações sociais se ampliaram exigindo das pessoas uma
maior aproximação, promovendo uma interação no cotidiano.
Diante dessas mudanças sociais de forma cada vez mais acelerada a educação deve realizar
uma leitura dessa realidade para que possa preparar seus educandos para os desafios que estão
postos frente a valores éticos, morais e espirituais, pois a escola não pode andar na contramão
dessa nova realidade social que a humanidade vive no mundo de hoje.
Encontramos na literatura a utilização de vários termos quanto à conceituação dos
fenômenos afetivos como as categorias afeto, emoção e sentimentos. Cada um tem seu significado
dentro do comportamento humano.
Engelmann (1978) ao realizar uma revisão terminológica em relação às variações semânticas,
ao longo do tempo, das palavras, emoções, sentimentos, estados de ânimo, paixão, afeto e estudos
afetivos, em diversos idiomas (francês, inglês, alemão, italiano e português), esperava conseguir
clarear e precisar as peculiaridades de significado de cada termo que, às vezes, são usados como
sinônimos. Tinha a intenção de corrigir o caráter vago e a inadequação de uso, em muitos casos.
A afetividade seria uma das primeiras manifestações afetivas do ser humano, suas
características no decorrer de seu desenvolvimento, bem como suas relações sociais,
desempenhando um papel fundamental da construção do conhecimento vinculado aos interesses
e necessidades individuais.
Meios de ação sobre as coisas circundantes, razão porque
a satisfação das suas necessidades e desejos tem de ser
realizada por intermédio das pessoas adultas que a rodeiam.
Por isso, os primeiros sistemas de reação que se organizam
sob a influência do ambiente, as emoções, tendem a realizar,
por meio de manifestações consoantes e contagiosas, uma
fusão de sensibilidade entre o individuo e o seu entourage
(WALLON, 1968, p.262).
Contudo a afetividade envolve uma concepção mais ampla, envolvendo várias manifestações
como sentimento e emoções. É com o aparecimento desde sentimento afetividade que ocorre às
transformações das emoções.
maior equilíbrio, passando a ter interesse pela realidade e com isso passa a realizar com maior
habilidade uma leitura do contexto que está inserido apresentando uma melhor compreensão e
um melhor desenvolvimento intelectual.
Existe uma ligação complementar entre o desenvolvimento afetivo e o intelectual, sendo que
a área intelectual apresenta as formas de cada etapa da afetividade, controla a atividade pessoal
na esfera das ações, da vontade, da memória, de pensamento, na instintiva complementando o
equilíbrio e harmonia da personalidade.
Diante dessa dinâmica Vygostski (1994) trabalha numa visão voltada essencialmente para a
importância das interações sociais, trazendo a ideia que a aprendizagem ocorre a partir da intensa
relação social entre os indivíduos. Portanto, o autor trabalha destacando a importância do outro
tanto no processo de construção de conhecimento quanto na constituição do próprio sujeito e de
sua maneira de pensar e agir com o meio social.
Na verdade, são as experiências vivenciadas com outras
pessoas é que irão marcar e conferir seus objetos afetivo,
determinando, dessa forma, a qualidade do objeto
internalizado. Nesse sentido, pode-se supor que, no processo
de internalização, estão envolvidos não só os aspectos
cognitivos, mas também os afetivos (TASSONI, 2005, p. 02).
No âmbito familiar temos caracterizados os primeiros vínculos afetivos que se inicia entre
os indivíduos. É a partir da relação com o outro, através do vinculo afetivo que, nos primeiros anos
de vida, que primeiramente envolve a relação pai-mãe-filho. Portanto, esse vínculo afetivo entre a
criança e o adulto estabelece a sustentação à etapa inicial do processo ensino aprendizagem.
No decorrer, do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão
ampliando-se e a figura do professor surge com grande
importância na relação de ensino e aprendizagem, na época
escolar. Para aprender, necessitam-se dois personagens
(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre
ambos. (...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos
daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar
(FERNÁNDEZ, 1991, pp. 47-52).
O professor deve estar aberto às mudanças diante das transformações sociais, econômica,
cultural, educacionais, buscando educar para a autonomia, para a liberdade, enfocando o lado
positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de suas obrigações e de suas
responsabilidades sociais.
Os postulados de Vygotsky parecem apontar para a necessidade de criação de uma escola
bem diferente da que conhecemos. Uma escola em que as pessoas possam dialogar, duvidar, discutir,
questionar e compartilhar saberes. Onde há espaço para transformações, para as diferenças, para
o erro, para as contradições, para a colaboração mútua e para a criatividade. Uma escola em que
os professores e alunos tenham autonomia, possam pensar, refletir sobre seu próprio processo de
construção de conhecimento e ter acesso a novas informações.
A afetividade na relação professor e aluno vem se alterando e, segundo Borges (1995, p.02),
os professores deverão valorizar mais os alunos, ou seja, o professor deverá assistir o aluno além do
conteúdo que deve aplicar. É importante considerar que esse processo não significa que o professor
abandonará seus conteúdos, pois somente aqueles professores que adquirem habilidades e
competências de seu conhecimento sobre seus conteúdos é que são capazes de se libertarem dos
mesmos, para efetivamente, voltar-se um olhar para as necessidades de seus alunos.
Assim, o professor deverá valorizar seu aluno incentivando que o mesmo avance em seu
processo de ensino aprendizagem, onde o aluno possa construir e reconstruir, elaborar e reelaborar
seu conhecimento considerando a sua habilidade e seu ritmo e, nesta dinâmica, a afetividade
poderá ampliar e implementar o processo educativo nesta relação professor e aluno.
Segundo Borges (1995, p. 03) deve-se considerar os procedimentos metodológicos
voltado a atingir a aprendizagem dos alunos, encontrando uma aproximação entre o processo
cognitivo e emocional, bem como conhecer e observar a história de vida do educando, buscando,
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principalmente nos conceitos de afetividade, uma abertura para a cidadania. Isso levará o professor
a uma dinâmica maior na produção do conhecimento e não apenas como transmissor deste.
O professor usando a afetividade poderá gerar e gerenciar uma grande quantidade de
informação e conhecimento, trabalhando nesta dinâmica vai conseguir atingir um resultado maior
dentro da produção de conhecimento. Ainda conforme Abreu; Masetto(1990, p.115)
...é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do
que suas características de personalidade que colabora para
uma adequada aprendizagem dos alunos. O modo de agir do
professor em sala de aula fundamenta-se numa determinada
concepção do papel do professor, que por sua vez reflete
valores e padrões da sociedade
A relação de afetividade entre professor e aluno deve se dar num ambiente (clima) que facilite
ao aluno adquirir os conhecimentos. Para facilitar o aprendizado do aluno, os professores segundo
os mesmos autores, devem adquirir, desenvolver algumas habilidades que são: “autenticidade”,
“apreço ao aprendiz” e “compreensão empática”.
Para Abreu; Masetto (1990, p. 120) esta relação entre professor e aluno
1. Favorece situações em classe nas quais o aluno se sente à
vontade para expressar seus sentimentos.
2. Faz com que a composição dos grupos de estudo varie no
decorrer do curso.
3. Tenta evitar que poucos alunos monopolizem a discussão.
4. Compartilha com a classe na busca de soluções para
problemas surgidos com o próprio professor, como o curso ou
entre alunos.
5. Expressa aprovação pelo aluno que ajuda colegas a atingires
os objetivos do curso.
6. Respeita e faz respeitar diferenças de opinião, desde que
sejam opiniões bem fundamentadas.
7. Expressa aprovação pelo aluno que toma iniciativa, desde
que estas contribuam para o crescimento da classe.
8. Usa vocabulário que é claramente compreendido pelo
aluno.
A análise na relação de afetividade entre professor e aluno, indica que neste contexto,
fundamentalmente depende, do clima que o professor estabelece, da relação de empatia do
professor frente os seus alunos e, contudo, a disposição do ambiente interativo, desafiador e
inovador que busca modificar o processo do ensino aprendizagem neste contexto de sala de aula.
Portanto, o professor do século XXI é aquele que ensina o aluno a aprender e a ensinar a
outrem o que aprendeu e essa relação deve se dar numa dinâmica de afetividade onde o professor
promove o acesso a informação para que o aluno possa a caminhar com liberdade de expressão e,
consequentemente esse momento que irá se consolidar o aprender-ensinar-aprender.
Considerações Finais
Espera-se que com este trabalho alguns esclarecimentos tenham sido feitos, principalmente
em relação a grande importância da Afetividade como fator libertador na relação entre professor e
aluno no Ensino Superior.
A Afetividade deve ser vista como um fator fundamental na aprendizagem e no
estabelecimento de elos sociais sólidos e maduros, não unicamente para o ensino básico,
fundamental e médio, mas de muita relevância e urgência no Ensino Superior.
Os estudos e pesquisas mostraram que estamos no caminho correto e que o Ensino Superior
também carece de um aprimoramento no relacionamento entre professor e aluno na forma de uma
Afetividade que liberta e que produz cidadãos mais responsáveis e maduros nos relacionamentos
sociais e basicamente em toda a sua construção e solidificação da personalidade. Temos assim,
um processo ensino-aprendizagem que conduz um professor mediador das relações sociais, como
peça importante para a empatia com a disciplina em sua relação madura com o aluno, fazendo com
que o conhecimento seja partilhado construindo conteúdos mais práticos e vivenciais, aliando a
qualidade ao gosto pela disciplina e ao respeito pelo entre o professor e o aluno.
Percebemos que a Afetividade faz parte do todo do indivíduo como uma fonte geradora de
energia e força que nos acompanha desde o nascimento até a morte. Portanto é também no Ensino
Superior, tendo o professor como um aliado e mediador de conteúdos que são repassados através
de um relacionamento de afetividade que o aluno, na sua passagem de jovem a vida adulta, terá na
construção de uma boa relação afetiva adquirido mais confiança, segurança e equilíbrio, passando
a ter interesse pela realidade e com isso a realizar com maior habilidade uma leitura do contexto
no qual está inserido apresentando uma melhor compreensão e um melhor desenvolvimento
intelectual.
Para tanto, o professor também deve estar com sua maturidade afetiva bem desenvolvida
e aliada ao aspecto intelectual, no qual no relacionamento entre professor e aluno, torna-se de
suma importância. Pois, conforme os autores citados no decorrer do trabalho, a área intelectual
apresenta as formas de cada etapa da afetividade, controlando a atividade pessoal na esfera
das ações, da vontade, da memória, do pensamento, na instintiva completando o equilíbrio e a
harmonia da personalidade.
Portanto, o processo Ensino-Aprendizagem em sala de aula no Ensino Superior, deve estar
impregnado de Afetividade, considerando as interações sociais neste contexto, especificamente, na
relação entre alunos, professores e conteúdo.
Referências
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Associados, 1990.
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