Capítulo Do Livro - Cont Tributária

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CONTABILIDADE

TRIBUTÁRIA

Ramon Alberto Cunha de Faria


Introdução à contabilidade
tributária
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Identificar os parâmetros necessários para uma melhor ade-
quação e compreensão das normas tributárias para fins de apli-
cação da contabilidade.
„„ Reconhecer as legislações que regulamentam a contabilidade
tributária, com o melhor intuito de que se possa usufruir de um
planejamento tributário lícito.
„„ Nomear as contas de maiores relevâncias para a contabilidade
tributária.

Introdução
Diante do atual cenário de incertezas políticas e econômicas que
vivenciamos no Brasil, é de grande relevância pensar em como a
gestão tributária eficaz pode contribuir com as empresas e conse-
quentemente com o próprio desenvolvimento do país. Neste con-
texto, o entendimento sobre legislação e contabilidade tributária
é imprescindível.
Para isso, será apresentada, neste texto, uma introdução à Contabili-
dade Tributária a partir da apresentação dos seguintes tópicos: breve
resumo sobre contabilidade e tributos, contabilidade tributária e con-
tas de maior relevância para a área tributária.

Breve resumo sobre contabilidade e tributos

Contabilidade
É a ferramenta que fornece informações estruturalmente lógicas e de grande
utilidade para que empresários, investidores, bancos, acionistas, fornecedores,

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2 Contabilidade tributária

clientes e a sociedade em geral vejam como anda o desenvolvimento de um de-


terminado negócio. Essas informações são essenciais para que possam tomar
decisões eficientes. Com isso, são criados mecanismos para tomadas de deci-
sões em qualquer área de uma entidade, seja na área de vendas, compras, fa-
turamento, expedição, fiscal, financeiro, estoque (em processo de elaboração,
semiacabado e produto acabado) etc.
Sem a contabilidade, você não tem condições de manter a continuidade de
um negócio e nem de saber se a empresa está tendo lucro ou prejuízo. Pode
parecer que este tema é simples, contudo ele não é. A contabilidade requer
uma perícia nos lançamentos de todas as documentações de uma entidade,
e não basta apenas registrar, deve-se saber a essência de determinada conta
para que se escriture o documento corretamente, e para que as informações
geradas pela contabilidade não sejam deturpadas.

Leasing financeiro: É um procedimento no qual se compra determinado ativo, porém


apenas após o pagamento integral é que o bem passa para o nome do comprador
(caso seja acertado entre as partes).

Tributos
Os tributos são designados para expressar três características de Receitas Fa-
zendárias: impostos, taxas e contribuições sociais e de melhorias.
No Brasil, para você falar sobre tributos, precisa partir da Constituição
Federal, pois é nela que o Governo encontra competências e limites para
tributar.
No atual sistema de estado de direito, o Governo se mantém por meio
de tributos. Além de se manter, pelos tributos o país também presta as de-
vidas assistências sociais à população, exatamente como assegura nossa Carta
Magna.
O Brasil, sendo um país federativo, possui a União, os Estados e os Mu-
nicípios como seu sistema federativo. Nossa Constituição Federal é bem ta-
xativa ao dar as devidas prerrogativas a cada ente federado, bem como ao dar
autonomia e competência para instituir tributos.

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Introdução à contabilidade tributária 3

Contabilidade tributária
O objetivo da contabilidade tributária nos dias atuais é o de fazer o gerencia-
mento estratégico dos tributos, além de servir de base de cálculo para alguns
deles. Antes do advento da Lei nº 11.638/2011, a contabilidade societária di-
vergia totalmente da “contabilidade fiscal” (nome designado para contabili-
dade tributária), tendo a entidade a obrigação de fazer dois balanços distintos,
um para o fisco e outro para fins societários (sócios, bancos, investidores,
CVM e etc.). Isso fazia crescer ainda mais o chamado Custo Brasil.

Custo Brasil: É um conceito usado para descrever o conjunto de estruturas buro-


cráticas que dificultam e até mesmo entravam o sistema de desenvolvimento do país,
como burocracia excessiva para se criar uma empresa no país, insegurança jurídica e
outras; na pior modalidade está o aumento expressivo às empresas das obrigações
acessórias.

Após a Lei nº 11.638/2011 ter alterado significativamente a Lei de Socie-


dade por Ações – 6.404/1976, ficou claro que o Brasil estava partindo para um
resultado de informações unificadas internacionalmente. Como o fisco está
totalmente ligado à contabilidade, ele teve que seguir o mesmo padrão, porém
não na mesma intensidade, pois foram encontradas divergências no resultado
apurado antes e após o advento da lei.
Foram criadas, então, pela Lei nº 11.941/2011, outras medidas, incluído a
que instituiu o Regime Tributário de Transição (RTT). Isso fez com que os re-
sultados das contas que mudaram sua essência na contabilidade internacional,
não influenciassem na sistemática tributária brasileira. Surgiram, assim, vá-
rias distorções de interpretações fiscais.
Como pode o fisco interpretar uma contabilidade diferente da inter-
nacional, sendo que o Brasil já está se adaptando a esse caminho?
Essa é uma questão para você refletir com séria responsabilidade, mas que
ficará mais clara ao decorrer dos textos que você vai ler aqui.
Como o Brasil vem ganhando cada vez mais espaço no mercado inter-
nacional, é de grande valia entender a necessidade de se universalizar a lin-
guagem contábil, para que seja possível a todos analisar os balanços patrimo-

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niais de empresas de diversos países. É necessário que todos façam a mesma


interpretação dos fatos, pois a contabilidade é o que é em sua essência, inde-
pendentemente de qualquer ferramenta ou método de controle das aplicações
de recursos e suas origens. Hoje, você ainda irá encontrar algumas dificul-
dades nas leituras de balanços de empresas internacionais que não aderiram
aos Padrões de Relatórios Financeiros Internacionais (IRFS, do inglês Inter-
national Financial Reporting Standards), dificultando o acesso à informação e
a tomada de decisões de empresas do mesmo grupo, porém sediadas e filiadas
em países diferentes.
A contabilidade sempre foi ferramenta para gerenciamento de informa-
ções, dando a seus usuários mecanismos para a tomada de decisões. Não po-
deria ser diferente com gerenciamento dos tributos, ao qual representa um
custo de quase 40% do preço de venda de um (determinado) produto de uma
(determinada) empresa.
Diante de um número de percentual muito expressivo, você irá se deparar
com a necessidade de ter uma ferramenta que controle, com muito rigor, as
apurações dos tributos. Nossos tributos mais importantes são estes:

a. Lucro apurado para fins de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e


Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL);
b. Base de cálculo do Programa de Integração Social (PIS) e da Contri-
buição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);
c. Registros e controles de impostos recuperáveis e os retidos na fonte.

Contas de maiores relevâncias para a área


tributária
A contabilidade registra as variadas contas contábeis, para mostrar valores,
como caixa, contas a pagar, contas a receber e demais aspectos que a tornam
uma contabilidade financeira. No entanto, para a área tributária, você deverá
estar atento a determinadas contas contábeis, para que as empresas consigam
obter um melhor gerenciamento de seus tributos.
A seguir, estão destacadas as contas de maior relevância para a contabi-
lidade tributária:

„„ Receitas de venda ou de serviços prestados: geram informações para


que se apurem os tributos, como ICMS, IPI e ISS, tendo que estar de

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acordo com o livro extra contábil – Livro Registro de Saída e o Livro


de Serviços Prestados.
„„ Bancos conta movimento: ao qual terão de ser conciliados periodica-
mente para que não haja divergência com o extrato que o banco envia
a Receita Federal.
„„ Estoques: conta que merece muita atenção, pois o registro da escri-
turação do estoque tem que estar de acordo com o Livro Registro de
Entradas e o Livro de Inventário, portanto, interferindo diretamente na
área de custos da empresa.
„„ Impostos a recuperar: controle dos impostos recuperáveis, retidos na
fonte, como ICMS, IPI, PIS, COFINS, CSLL e IRRF, além do controle
das atualizações monetárias sobre esses ativos.
„„ Salários e encargos: controle dos tributos incidentes sobre a folha de
pagamento e também para entrega da GFIP, CAGED, RAIS, e-SO-
CIAL e demais obrigações, todas essas compatíveis com os valores
contabilizados.
„„ Fornecedores e clientes: lançamentos nessas contas têm que estar
todos evidenciadas por meio de notas fiscais, que o fisco controla, caso
haja sonegação fiscal na empresa.

Então, você pode ver que o sistema de tributação brasileiro é um compo-


nente extremamente complexo e caro para as entidades, ainda mais aquelas
que exercem atividades em diversos estados, pois gera um dispêndio enorme
com pessoas qualificadas para que a legislação de cada estado seja entendida.
Isso sem contar o alto custo de gastos com sistemas de ponta para o gerencia-
mento e controle das atividades tributária.
No que tange o sistema tributário do país, a legislação trabalhista também
está no seu rol de assuntos tratados (legislados). A legislação trabalhista visa
à arrecadação e à sustentação do seu sistema de Seguridade Social, que é pago
através do INSS, incidente sobre a folha de pagamento, tanto do funcionário
como do empresário. Há, além disso, as retenções de imposto de renda na
fonte, entre outros encargos.
Se as entidades não tiverem uma contabilidade rígida em seus padrões
de controle, ficarão sem direção, pois pagarão um alto custo pela falta de
controle e pelas infrações que cometerão ao decorrer dos anos, devido à má
gestão. Por isso é muito importante entender a necessidade de a contabilidade
estar aliada à tributação, tendo esta como seu parâmetro norteador, funcio-
nando como bússola para as entidades.

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Leitura recomendada

OLIVEIRA, L. M. de. Manual de contabilidade tributária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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