Material de Gestão Das Instituições Financeiras Feu 2020

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UNIVERSIDADE KIMPA VITA

FACULDADE DE ECONOMIA

MATERIAL DE GESTÃO DAS


INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
ANGOLANAS

ANTÓNIO KINANGA PAULO JOÃO

UÍGE - 2020
Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Índice
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 4

OBJECTIVOS ................................................................................................................................... 5

Geral .......................................................................................................................................... 5

ESPECÍFICO.............................................................................................................................. 5

PLANO PROGRAMÁTICO ............................................................................................................... 5

CAPITULO I: Caracterização do Sistema Financeiro Angolano ...................................................... 6

Introdução ao Sistema Financeiro............................................................................................. 6

1.1. Sistema financeiro .............................................................................................................. 6

1.1.1. Perspectiva funcional do sistema financeiro ............................................................ 9

1.1.2. Sistema Financeiro Angolano (Lei n.º 13/05 de 30 de Setembro) .......................... 10

1.2. Instituições Financeiras ............................................................................................... 11

1.2.1. Espécies de instituições financeiras ........................................................................ 12

1.3. Funções do Sistema Financeiro Angolano................................................................... 13

1.4. Importância do sistema financeiro na economia ........................................................ 14

1.5. A intermediação financeira ......................................................................................... 15

1.5.1. Os tipos de intermediação financeira ..................................................................... 18

1.5.1.1. Intermediação financeira directa ........................................................................ 19

1.5.1.2. Intermediação financeira indirecta ..................................................................... 19

1.5.1.3. Benefício da intermediação financeira ............................................................... 19

1.5.1.4. Papel dos Intermediários Financeiros ................................................................. 20

1.6. Modelo do sistema financeiro..................................................................................... 20

1.7. Regulação do sistema financeiro ................................................................................ 22

1.7.1. Tipos de regulamentação ........................................................................................ 24

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1.8. Modelos de supervisão do sector financeiro angolano .............................................. 25

1.8.1. A abordagem da supervisão por objectivos ............................................................ 27

1.8.2. A abordagem da supervisão funcional .................................................................... 28

1.8.3. A abordagem da supervisão institucional ............................................................... 29

1.8.4. A abordagem da supervisão integral ...................................................................... 30

1.8.5. Vantagens e desvantagens associadas aos modelos de supervisão ....................... 31

1.8.6. Modelo actual de supervisão do sistema financeiro em angolano......................... 32

1.9. Mercados financeiros .................................................................................................. 38

1.9.1. Função do mercado financeiro................................................................................ 40

1.9.2. Classificação dos mercados financeiros .................................................................. 42

1.9.3. Segmentação de mercado financeiro ..................................................................... 43

1.9.3.1. Mercado monetário ............................................................................................ 44

1.9.3.2. Mercado de Capitais............................................................................................ 44

1.9.3.3. Mercado de Câmbio ............................................................................................ 45

1.9.3.4. Mercado de crédito ............................................................................................. 46

1.10. Produtos financeiros ............................................................................................... 47

1.11. Taxas de juro ........................................................................................................... 49

1.12. Decisões de Investimento ....................................................................................... 51

1.12.1. Custo de capital de terceiros ................................................................................... 53

1.12.2. Custo de capital próprio .......................................................................................... 54

1.12.3. Estrutura óptima de capital..................................................................................... 54

CAPÍTULO II- Sector bancario angolano ...................................................................................... 55

2.1. Banco nacional de angola................................................................................................. 55

2.2. Desenvolvimento do sector bancário. ............................................................................. 56

2.3. Riscos mais frequentes a actividade bancária angolana .................................................. 57

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

CAPÍTULO III : Sector do seguro em Angola ................................................................................ 61

3.1. Breve historial dos seguros em Angola ....................................................................... 61

3.2. Importância do seguro na economia. ......................................................................... 63

3.3. Tipos de seguros .......................................................................................................... 64

De acordo com o presente anexo, em Angola, os seguros classificam-se e


estruturam-se em seguros livres e seguros obrigatórios. ............................... 64

Em Angola existem três tipos de seguros obrigatórios: ................................. 64

3.4. Companhias de seguro autorizados e registados em Angola. .................................... 67

3.4.1. Mercado, vida e não vida. ....................................................................................... 67

3.5. Fundos de pensões ..................................................................................................... 68

3.5.1. Tipos de fundos de pensões .................................................................................... 68

Os fundos de pensões podem ser fechados ou abertos: ................................ 68

3.5.2. Plano de Pensões .................................................................................................... 68

3.5.3. Fundos de pensões e sociedades gestoras autorizados e registos em Angola ....... 69

3.5.3.1. Fundos de pensões .............................................................................................. 69

3.5.3.2. Sociedades gestoras de fundos de pensões............................................................... 70

3.6. Análise do ambiente de risco do sector segurador angolano. .................................... 70

3.6.1. Risco do negócio...................................................................................................... 70

3.6.2. Riscos de Mercado .................................................................................................. 71

3.6.3. Riscos morais ........................................................................................................... 71

3.7. Importância da supervisão e do resseguro em Angola. .............................................. 71

Referências biblográficas ............................................................................................................ 73

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

APRESENTAÇÃO
Ao longo de nossa vida académica, são grandes as novidades e os
desafios que se colocam diante de nós.

Esse universo desconhecido desperta, a um só tempo, curiosidade e


temor. A final será que conseguiremos dominar todas essa novidades e
sobreviver a elas? Esse material foi organizado com o intuito de lhe
apresentar algumas dessas normas e linguagens e, assim, ajudá-lo a
descobrir parte desse universo desconhecido. Espero, com as palavras-
chave que seguem, oferecer-lhe algumas ferramentas úteis para o seu
desenvolvimento académico. Você só aprenderá tudo o que aqui está
contido à medida que for empregando cada uma das ferramentas. No
início lhe parecerão complexas, com o passar do tempo você aprenderá
a decodificá-las e a utilizá-las correctamente, de modo que elas
passarão a fazer parte tanto do seu vocabulário quanto de seu
repertório de práticas.

O objectivo deste material é preparar o estudante para a vida


académica, despertando-lhe o desejo de aprimorar seus conhecimentos,
de conhecer, pesquisar e investigar os mais diferentes aspectos da
realidade em que vive. Vale salientar que este material faz parte de um
conjunto de textos, baseados em livros, e outros materiais, que foram e
continuam sendo aperfeiçoados com o tempo. Este material serve
apenas como complemento para o estudante a fim de facilitar a sua
compreensão, dessa forma, não substitui, em hipótese alguma, a
pesquisa em livros ou materiais específicos de Gestão das instituições
Financeiras Angolanas.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

OBJECTIVOS

Geral
Fornecer aos estudantes conhecimentos que permitam interpretar
conceitos, teorias e politicas associadas ao funcionamento da Gestão
das Instituições Financeiras Angolanas, a fim de permitir uma gestão
eficaz dos riscos inerentes a actividades financeiras.

ESPECÍFICO
A disciplina tem como especificidade de:

Desenvolver raciocínio crítico e analítico sobre a gestão das instituições


financeiras que exercem suas actividades no mercado financeiro
angolano, suas contribuições e desempenho económico do país.

PLANO PROGRAMÁTICO

I. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO


II. SECTOR BANCARIO ANGOLANO
III. SECTOR DO SEGURO EM ANGOLANO

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CAPITULO I: Caracterização do Sistema Financeiro Angolano


Introdução ao Sistema Financeiro
Num sistema económico existem agentes económicos aforradores
também chamados agentes superavitários (cujos rendimentos são
superiores às despesas) que necessitam de aplicar as suas poupanças
da forma mais rentável possível e agentes económicos que não
conseguem poupar e que necessitam de se financiar, que conhecidos
por agentes deficitários (cujas despesas são superiores aos
rendimentos).

Neste processo, as instituições financeiras actuam como


intermediários entre os diversos agentes económicos, facilitando a troca
de recursos financeiros e permitindo que cada parte da transacção
obtenha as melhores condições para aplicar as poupanças ou para
obter financiamento.

1.1. Sistema financeiro


A palavra sistema é de origem grega e provém de “synistavai”, que
traduzindo significa reunir.

O sistema financeiro é o conjunto de mercados e intermediários


em que fazem parte o Banco Central, além de bancos comerciais e de
investidores, corretoras de valores, fundos de investimentos e pensão,
bolsas de valores e companhias de seguro.

A existência do sistema financeiro está condicionada a


imperfeição de mercado, tais como falhas no canal de transmissão de
informação entre os agentes económicos e distanciamento do mercado
competitivo, portanto a intermediação financeira caracteriza-se por
minimizar essas falhas, intermediando a alocação dos recursos entre os

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

poupadores (unidades superavitárias) e tomadores de empréstimos


(unidades deficitárias), proporcionando aos investimentos produtivos os
recursos necessários.

O indivíduo que poupa, na maioria das vezes não é o mesmo que


realiza investimentos produtivos.

Assim, quando a economia se afasta do ambiente competitivo, há


perda de recursos para o sector produtivo, pois os custos de transacção
e os custos de informação envolvidos em uma transacção podem somar
quantias que inviabilizem as transacções.

Um sistema financeiro proporciona informações sobre preços que


orientam a tomada de decisões coordenadas e descentralizadas em
vários sectores da economia.

A eficiência do sistema financeiro reside exactamente na redução


desses custos de informação e transacção, que serão substancialmente
reduzidos com a intervenção dos intermediários financeiros, pois esses
desempenham especialização nessa actividade, obtendo assim,
vantagens relativas a ganhos de escala e proporcionando o melhor para
o funcionamento do mercado financeiro.

Portanto as funções que o sistema financeiro desempenha se


traduzem na promoção da eficiência alocativa dos recursos financeiros e
tem uma significativa importância para o crescimento da economia.

O sistema financeiro é um dos pilares do desenvolvimento


económico das sociedades: por um lado, as empresas optam por
determinados projectos de investimento e formas de assegurar o
respectivo financiamento e, por outro, os consumidores tomam decisões
sobre a afectação do seu rendimento disponível entre poupança e
consumo.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Segundo Pinheiro (2012), o sistema financeiro corresponde ao


conjunto de instituições, instrumentos e mercados organizados, que
tem como objectivo transferir a poupança dos agentes que têm em
excesso para os agentes que necessitam, para que possam investir.

Outros autores definiram o sistema financeiro como:

“Uma série de mercados para instrumentos


financeiros, e os indivíduos e instituições que
negociam nestes mercados” (Howells e Bain, 2007).

“Instituições e mercados voltados para a viabilização


de transacções com promessas de pagamento a ser
realizado no futuro, feitas por agentes, que se tornam
assim devedores; e aceitas por outros agentes, como
direitos a serem exercidos na mesma data, tornando-
se com isto credores dos primeiros.”(Cardim et al,
2012).

Para os autores Leão & Lagoa (2012), o sistema financeiro


corresponde “ ao conjunto de instituições, instrumentos e mercados que
asseguram duas grandes funções na economia a canalização de fundos
para os agentes económicos que deles necessitam e a cobertura parcial
dos riscos a que os agentes económicos estão expostos.” Sendo que a
canalização de fundos está relacionada com o crédito bancário, as
acções e obrigações.

E a cobertura de riscos, relaciona-se com os seguros e produtos


financeiros derivados, como os futuros, opções entre outros.

Os bancos, fundos de investimentos, fundos de pensões,


companhias de seguros, bolsas e corretores são instituições financeiras.
Ao passo que as acções, obrigações, entre outros são instrumentos
financeiros.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

1.1.1. Perspectiva funcional do sistema financeiro


Por uma série de motivos as instituições financeiras geralmente
diferem de país para país e também se transformam com a medida do
tempo, mesmo tendo os nomes iguais as funções que as instituições
desempenham às vezes as diferenciam.

A perspectiva funcional procura estabelecer uma estrutura


unificada para entender como e por que as instituições financeiras
diferem além-fronteiras e por que mudam ao longo do tempo, sendo que
o elemento chave encontra-se nas funções financeiras onde apresenta
uma estrutura mais estável que as instituições financeiras.

É a partir da função primária individual de alocação de recursos


que passamos a distinguir funções básicas desempenhadas pelo
sistema financeiro, que proporciona meios para a transferência de
recursos económicos através do tempo, das regiões geográficas e entre
sectores.

Bovie e Merton (2002) apresentam acções relativas à


movimentação de recursos ao longo do tempo, dentre elas, fazer
empréstimos para estudantes, tomar dinheiro emprestado para comprar
uma casa, economizar para a aposentadoria, investir em instalações de
produção todas essas são acções que deslocam recursos de um ponto
no tempo para outro.

O sistema financeiro facilita tais transferências de recursos


intertemporais (literalmente entre o tempo).

Quanto mais complexa a economia, mais importante é o papel do


sistema financeiro para proporcionar meios eficientes de deslocar esses
recursos.

Além dessa função o sistema financeiro proporciona também


meios de administrar o risco, meios de compensar e liquidar

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

pagamentos para facilitar o intercâmbio de bens, serviços e activos,


proporciona um mecanismo a fim de estabelecer empreendimentos
indivisíveis de grande porte ou para a subdivisão de participação
accionaria em grandes empreendimentos com muitos proprietários,
fornecendo também informações em relação a preços e oferecendo
maneiras de lidar com problemas de incentivo.

1.1.2. Sistema Financeiro Angolano (Lei n.º 13/05 de 30 de Setembro)


A economia Angolana é um sistema financeiro composto de vários
agentes económicos desde Famílias, Empresas, Estado, etc.., que são
interligados e que precisam de dinheiro para financiar as suas
actividades.

O sistema financeiro compreende o conjunto de instituições


financeiras que asseguram, essencialmente, a canalização da poupança
para o investimento nos mercados financeiros, através da compra e
venda de produtos financeiros.

Estas instituições asseguram um papel de intermediação entre os


agentes económicos que, num dado momento, se podem assumir como
aforradores e, noutros momentos, como investidores.

No contexto geral as economias modernas são todas financeiras,


razão pela qual a questão de financiamento das economias, é uma
questão crucial, pois sustenta a economia em fundos, tornando-se um
dos papéis do sistema financeiro, como mostra a figura abaixo.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Figura nº 1. Sistema Financeiro Angolano

Fonte: CMC (2016).

1.2. Instituições Financeiras


O sistema financeiro nacional é composto por um conjunto de
instituições financeiras.

As instituições têm o poder de realizar diversas modalidades de


operação de crédito. O crédito é a troca de um bem, ou a concessão de
uma quantia de moeda, pela promessa de pagamento futuro, portanto
quando uma pessoa troca um objecto por uma promessa de pagamento
o crédito recebe o nome de financiamento. Por outro lado, na troca de
dinheiro por uma promessa de pagamento o crédito recebe o nome de
empréstimo.

Considera-se que o crédito é classificado de acordo com o prazo


de pagamento portanto temos três modalidades: o crédito a curto prazo,
o crédito a médio prazo e o crédito a longo prazo.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Definição: As Instituições Financeiras são aquelas que lidam


primeiramente com assuntos financeiros, como Bancos, Associações de
Poupança e Empréstimo e Seguradoras. Essas instituições necessitam
profissionais para uma grande variedade de tarefas relacionadas a
finanças. Pode actuar na área de empréstimos, captação de recursos,
seguros, previdência privada e capitalização entre outras.

Instituições financeiras, são Empresas de Direito Público ou


Privado que exerçam actividade como instituições financeiras bancárias
e não bancárias, nos termos da presente Lei das Instituições
Financeiras “Lei nº 13/05 de 30 de Setembro”.

1.2.1. Espécies de instituições financeiras


O quadro actual do sistema financeiro angolano, aprovado pela
Lei n.º 12/15, de 17 de Junho, enquadra as instituições financeiras em
dois tipos:

 Instituições Financeiras bancárias;


 Instituições Financeiras não bancárias.

Instituições Financeiras Bancárias

A lei das Instituições Financeiras classifica como instituições


financeiras bancárias ou instituições de crédito:

 Os bancos, empresas cuja actividade principal consiste em


receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis,
a fim de os aplicarem por conta própria mediante a concessão
de crédito;
 As empresas que tenham por objecto a emissão de meios de
pagamento sob a forma de moeda electrónica de acordo com o
artigo 6º da Lei.

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Instituições Financeiras não Bancárias

A lei das Instituições Financeiras classifica como instituições


financeiras não bancárias ou sociedades financeiras: as empresas que
não sejam instituições financeiras bancárias, cuja actividade principal
consista em exercer uma ou mais das seguintes actividades referidas
nas alíneas b) a g), i), j, k), l), m) e o) do nº 1 do artigo 6.º e outras
actividades definidas por Lei.

1.3. Funções do Sistema Financeiro Angolano


De acordo com Pinheiro (2012), o sistema financeiro tem as
seguintes funções:

 Fomentar a poupança / ou promoção da poupança;


 Transformar a poupança em créditos/ ou Arrecadação e
concentração da poupança em grandes volumes;
 Dirigir os créditos às actividades produtivas / ou
Encaminhamento das poupanças às actividades produtivas;
 Disponibilização de ferramentas para a redistribuição e
diversificação dos riscos;
 Gerir as aplicações e estabelecer um mercado para elas / ou
Gestão das aplicações e a manutenção de um mercado para elas.

Segundo Leão & Lagoa (2012), uma das principais funções do


sistema financeiro é assegurar o financiamento da economia. Uma vez
que os agentes económicos, precisam de fundos para financiar as suas
actividades, as empresas necessitam de meios para a aquisição de
capital fixo, pagamento de salários, compra de mercadorias entre
outros, os organismos públicos precisam de fundos para a satisfação
das necessidades colectivas, como a construção de infra-estruturas
públicas e o pagamento dos ordenados dos funcionários públicos.

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As famílias necessitam de recursos para a realização das suas


necessidades, como a aquisição de habitação, viatura, educação entre
outras. É necessário que a economia seja regulada para um melhor
funcionamento e satisfação dos agentes económicos, que pode ser feita
através do sistema financeiro.

1.4. Importância do sistema financeiro na economia


As sociedades inventaram a moeda para facilitar a actividade
económica. A moeda permite que alguém ceda algo sem que tenha que
receber em troca um produto específico.

A moeda e os sistemas de pagamentos permitem que as pessoas


se desloquem para locais distantes durante longos períodos, do mesmo
modo que permite que as empresas façam negócio com outras empresas
que operam em locais longínquos.

Finalmente, a moeda permite também, que o excesso de recursos


(poupança) de determinado agente económico indivíduos, famílias,
empresas possa ser canalizado para outros agentes económicos que
deles necessitem (investimento).

Esta operação, por um lado, possibilita a quem aplica os recursos


ter um rendimento no futuro e, por outro lado, incrementa o
investimento e o empreendedorismo.

O sistema financeiro, e neste, os bancos, desempenham um papel


crucial em tudo o que diga respeito à utilização da moeda pela
economia.

Os bancos asseguram o funcionamento dos sistemas de


pagamentos o que permite que os mercados locais desenvolvam a sua
actividade e que os particulares e as empresas se desloquem e actuem
respectivamente em locais distantes.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

A inexistência de um sistema bancário bem estruturado não


permitiria a circulação da moeda, sendo também mais difícil a criação
de mercados de bens e serviços, bem como a circulação de pessoas e
bens.

Os bancos são também fundamentais na intermediação


financeira, isto é, recolhem a poupança de quem possui recursos
superavitários e disponibilizam esses recursos a quem deles necessita
os deficitários. Sem esta operação, a capacidade de investir dos
particulares e das empresas ficaria muito limitada.

1.5. A intermediação financeira


A intermediação financeira desenvolveu-se ao longo do tempo,
passando de simples cunhagem de moeda e de operações de crédito
praticadas por pequenos grupos de comerciantes, à exclusiva emissão
de moeda por um banco central e ao aparecimento de diversos tipos de
instituições financeiras e conglomerados bancários como os bancos
múltiplos.

As deficiências de recursos financeiros por si só encadeiam a


necessidade de busca do equilíbrio, com isso, e como medida de ajuste
dos mercados financeiros, surge a figura do intermediador, que emerge
para preencher essa lacuna.

Nesse cenário o intermediador financeiro é responsável por captar


recursos junto aos agentes superavitários e direccioná-los aos agentes
económicos deficitários.

Assaf Neto (2009) diz que a instituição financeira interfere no


processo de mediação, sem ter envolvimento directo com os recursos,
simplesmente, favorece a realização da transacção entre poupadores e

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tomador de recursos, financiando, desta forma, as necessidades de


investimentos, gastos de consumo e capital de giro.

As operações financeiras de transferência de recursos dos agentes


económicos superavitários para os deficitários poderiam ser directas,
entretanto, os agentes económicos superavitários, em sua maioria, não
têm como foco de suas actividades a destinação de seus recursos
excedentes, com vistas a financiamento dos agentes económicos
deficitários.

A execução das actividades de intermediação é realizada,


geralmente, por instituições financeiras que fazem a captação de
recursos no mercado financeiro a uma determinada taxa, chamada taxa
de captação e aplicam tais recursos a uma taxa, que é conhecida como
taxa de aplicação.

Da diferença entre estas taxas, obtemos o spread bancário que


nada mais é que o percentual exigido pelos bancos para compensar as
despesas inerentes à transacção, ou seja, as despesas administrativas,
tributárias, inadimplência, margem de lucro e demais gastos.

Ao pouparem as pessoas deixam de utilizar a capacidade de


consumo do dinheiro no momento, acreditando que essa actual
capacidade de consumo trará maiores benefícios no futuro, seja frente a
algum imprevisto, para economizar dinheiro e comprar algo de maior
valor ou simplesmente para sustentar a família na aposentadoria.

Quando os poupadores optam por “vender” suas mercadorias, se


transformam em investidores. No sentido económico, investir significa a
aplicação de capital para produzir bens e serviços, num sentido mais
amplo significa direccionar recursos para a obtenção de juros ou lucros.

Os “poupadores”, portanto, são os agentes económicos


superavitários dispostos a transformar suas disponibilidades
monetárias em activos financeiros, através da oferta de recursos,
sujeitando-se aos riscos de mercado, com a finalidade de obter retornos

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reais positivos. São os criadores de fundos para o financiamento do


crescimento económico.

Os “tomadores”, aqueles que adquirem o produto comercializado


no Mercado Financeiro são os industriais, comerciantes, pessoas
físicas, etc. que, necessitando de dinheiro para utilizar o seu poder de
compra, dispõe-se a pagar por essa utilização.

São os agentes económicos deficitários, que demandam recursos e


estão dispostos a financiar seu deficit a custo de mercado.

Cabe aos “intermediários financeiros” efectuar a ponte entre os


dois segmentos.

Ao concentrar as poupanças (recursos) dos agentes


Excedentários, os intermediários financeiros viabilizam a ampliação das
escalas de produção, financiando investimentos de maior vulto.

Figura nº2. A intermediação Financeira

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Quando o mercado financeiro é eficiente, a produção e o consumo


de mercadorias é estimulado, as empresas têm acesso a recursos mais
baratos, podendo investir mais na produção e, consequentemente gerar
mais lucros, que serão reinvestidos dando continuidade a um círculo
virtuoso que ocasiona a geração de mais riqueza, maior oferta de
empregos e melhores salários.

As pessoas têm acesso a financiamentos que possibilitam a


aquisição de mais bens, aumentando o consumo. Quando a sociedade
não consegue gerar um excedente de produção ou este não é
reinvestido, obstruindo a transformação da poupança em
investimentos, a geração de bens e serviços é reduzida e o bem-estar
material das pessoas diminui.

A circulação do dinheiro tem a capacidade de aumentar ou


diminuir a produção de bens e serviços, aumentando ou diminuindo o
bem-estar material das pessoas, por esse motivo o mercado financeiro
recebe uma atenção especial do governo que, através da actuação das
autoridades financeiras interfere na economia.

Um sistema financeiro eficiente é aquele que tem capacidade de


viabilizar a realização de financiamentos de curto, médio e longo prazos,
sob condições de minimização de risco e atendendo aos desejos e
necessidades dos agentes superavitários, que determinam a oferta de
recursos, e dos agentes deficitários, que materializam a demanda por
recursos.

1.5.1. Os tipos de intermediação financeira


Dentro do sistema financeiro, existem dois tipos de intermediação
financeira. São elas a intermediação financeira directa e a
intermediação indirecta.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

1.5.1.1. Intermediação financeira directa


Ocorre por meio dos depósitos de aplicadores nas instituições
financeiras, que captam os recursos para emprestar aos tomadores de
crédito.

1.5.1.2. Intermediação financeira indirecta


Por sua vez, acontece quando os poupadores decidem comprar
títulos (como as acções) através da Bolsa de valores. Nesse caso, as
empresas que precisam do recurso (ou outros investidores dispostos a
negociar no mercado secundário), por meio desses títulos, oferecem a
possibilidade de que novas pessoas ingressem ao capital social da
entidade, se tornando accionistas.

1.5.1.3. Benefício da intermediação financeira


Com a intermediação financeira, o poupador tem a chance de
aplicar suas reservas, dando a ele a possibilidade de que ele receba
rendimentos providos de suas aplicações. O que, alias, irá beneficiar a
instituição em que ele estiver investido.

Além disso, os intermediadores financeiros podem se proteger de


possíveis riscos dividindo seus fundos em vários empréstimos e
investimentos. E esses empréstimos, por fim, serão capazes de
beneficiar famílias e empresas que precisam receber recursos
imediatamente para suprir suas necessidades e planos de expansão.

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1.5.1.4. Papel dos Intermediários Financeiros


Levemos a nossa compreensão por meio de um exemplo prático,
assim enunciado:

O Sr. António João, herda 10.000.000 kwanzas, sendo uma


pessoa poupada, pois “nunca se sabe o dia de amanhã”, resolveu fazer
um depósito a prazo no Banco Angolano de Investimentos, onde obteve
uma remuneração de 16% durante um ano. No dia em que o Sr.
António João fez o depósito, a Empresa Funda, SA, acorda um
empréstimo de 10.000.000 kwanzas para aquisição de uma máquina,
ficando a pagar juros à taxa de 18,5% durante um ano.

Deste exemplo, conclui-se que o Banco Angolano de Investimentos


canalizou o dinheiro do Sr. António João para a empresa Funda, tendo
ganho o diferencial de 2,5% sobre o montante em causa (margem de
intermediação), a esta actividade chamamos Intermediação Financeira.

1.6. Modelo do sistema financeiro


O quadro actual do sistema financeiro angolano, aprovado pela
Lei n.º 12/15, de 17 de Junho, enquadra as instituições financeiras em
dois tipos: as instituições financeiras bancárias, que são os bancos em
geral, e as instituições financeiras não bancárias.

Instituições sujeitas à jurisdição do Banco Nacional de Angola


(BNA):

 Instituições Bancárias;

 Casas de câmbio;

 Sociedades Cooperativas de Crédito;

 Sociedades de Cessão Financeira;

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 Sociedades de Locação Financeira;

 Sociedades Mediadoras dos Mercados Monetário e de Câmbios;

 Sociedades de Microcrédito;

 Sociedades Prestadoras de Serviços de Pagamento;

 Sociedades Operadoras de Sistemas de Pagamentos,


Compensação ou Câmara de Compensação, nos termos da Lei do
Sistema de Pagamentos de Angola;

 Outras sociedades que sejam como tal qualificadas por lei.

Instituições sujeitas à jurisdição da Comissão do Mercado de


Capitais (CMC):

 Sociedades Correctoras de Valores Mobiliários;

 Sociedades de Capital de Risco;

 Sociedades Distribuidoras de Valores Mobiliários;

 Sociedades Gestoras de Participações Sociais (HOLDINGS);

 Sociedades de Investimento;

 Sociedades Gestoras de Patrimónios;

 Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento;

 Sociedades Gestoras de Fundos de Titularização;

 Sociedades Gestoras de Investimento Imobiliário;

 Sociedades Operadoras de Sistemas ou Câmaras de Liquidação e


Compensação de Valores Mobiliários com observância da Lei do
Sistema de Pagamentos de Angola;

 Outras sociedades que sejam como tal qualificadas por lei.

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Instituições sujeitas à jurisdição da Agência Angolana de Regulação


e Supervisão de Seguros (ARSEG):

 Sociedades Seguradoras e Resseguradoras;

 Fundos de Pensões e suas Sociedades Gestoras;

 Outras sociedades que sejam como tal qualificadas por lei.

1.7. Regulação do sistema financeiro


Estes desenvolvimentos de produtos, serviços e mercados têm
sido acompanhados, ao longo do tempo, pela Regulação e pela
Supervisão.

Objectivos

A existência de um vasto sistema de controlos justifica-se pelo


papel essencial que a acumulação de capital e a alocação de recursos
financeiros assumem no processo de desenvolvimento económico e
pelas particularidades da actividade de intermediação financeira e dos
operadores que a exercem.

De facto, a regulação do sistema financeiro poderá ser encarada


como um caso particularmente importante de controlo público sobre a
economia, em que a intervenção do Estado é justificada através de
argumentos relacionados com a necessidade de corrigir imperfeições e
falhas do mercado, em busca de uma distribuição “justa” e eficiente de
recursos.

Um objectivo fundamental é a prevenção do risco sistemático, ou


seja, do risco de ocorrência de um evento não antecipado, imprevisto,
repentino, que afecte o sistema financeiro de tal forma que acarrete
repercussões significativas na economia real. É o caso da falência de
operadores importantes no sistema financeiro, um choque político,

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falhas de natureza tecnológica nos sistemas de pagamentos ou ainda a


imposição de controlos em importantes centros financeiros.

O sistema financeiro também está sujeito a risco sistemático por


via dos mercados de capitais, uma vez que as bolsas, ao
transaccionarem activos cada vez mais elaborados e complexos, fazem
com que os intermediários financeiros fiquem mais dependentes desses
mercados para gerir a sua exposição ao risco e obter o seu funding.

Este fenómeno está bem espelhado na tendência crescente de


secularização dos activos dos bancos. Nesta perspectiva, os problemas
de liquidez no mercado de capitais poderão com alguma facilidade
contagiar o sistema bancário, principalmente os bancos de
investimento. Os bancos comerciais estarão mais protegidos já que a
maior parte dos seus recursos são obtidos através de depósitos de
clientes.

A protecção dos consumidores é outro objectivo clássico da


regulamentação financeira. Mas protecção contra quê? Contra preços
excessivos e comportamento oportunista por intermediários financeiros.
Nesta medida, uma política adequada de concorrência deverá ser uma
prioridade, não só para proteger os consumidores de preços
monopolistas mas também para procurar que as forças de mercado
fomentem a eficiência dentro do sector financeiro e entre este e o resto
da Economia.

Uma outra questão directamente associada à protecção dos


consumidores é a da existência de assimetrias de informação em
prejuízo dos consumidores. Estes, ao avaliar os serviços financeiros, são
vulneráveis à selecção adversa (possibilidade de escolher uma empresa
incompetente ou desonesta) e ao moral hazzard (possibilidade de que o
intermediário financeiro coloque os seus próprios interesses à frente dos
interesses do consumidor).

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Para enfrentar estas questões, os reguladores geralmente


submetem as entidades financeiras a testes de “fit and proper” como
forma de estabelecer ex-ante a sua qualidade. Numa perspectiva ex-
post, espera-se que a imposição de sanções incentive as empresas a
cumprir as regras estabelecidas. Os requisitos de disclosure, a
estandardização das práticas contabilísticas, o encorajamento de
desenvolvimento de agências de rating, são outras medidas que
contribuem para minorar os efeitos da assimetria de informação.

Incentivar a eficiência do sistema financeiro é o outro objectivo


primordial da regulação. Esta deverá procurar minimizar as barreiras à
entrada na indústria de serviços financeiros e estimular a concorrência;
implicará a existência de regras para controlar a estrutura e competição
dos mercados; ao nível micro, deverá existir regulamentação relativa a
concentrações, cartéis e abuso de posição dominante. É importante ter
presente que a confiança é um factor crítico de sucesso para a
operacionalidade dos mercados financeiros, pelo que deve transparecer
que os próprios mercados e as instituições que nele participam agem de
acordo com regras e procedimentos que são transparentes e colocam os
interesses do cliente em primeiro lugar.

1.7.1. Tipos de regulamentação


Estes objectivos são concretizados utilizando dois tipos distintos
de regulamentação, que poderemos designar de regulamentação
prudencial e regulamentação comportamental.

A regulamentação prudencial está relacionada com preocupações


de solvência e solidez financeira das instituições intervenientes. É
necessária para minorar os efeitos de imperfeições na informação ao
consumidor e problemas de agência associados à natureza do negócio
das instituições financeiras.

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24
Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

A regulamentação comportamental está associada à forma como é


conduzido o negócio pelas instituições financeiras junto dos seus
clientes. Abrange temáticas como a divulgação obrigatória de
informação, honestidade e integridade da empresa e dos seus
empregados, competência e forma de comercialização dos produtos.

Estes tipos de regulamentação podem ser implementados de


formas muito distintas, com implicações organizacionais importantes,
nomeadamente ao nível da supervisão.

1.8. Modelos de supervisão do sector financeiro angolano


A origem da regulação financeira deve-se à constatação de que
não existem mercados perfeitos e que as falhas de mercado são
inevitáveis. Em Economia, a noção de falha de mercado decorre da
possibilidade de verificação de desvios em relação ao equilíbrio que seria
alcançado na presença de um mercado perfeitamente competitivo.
Assim, uma falha de mercado impede que o mercado produza bens e
serviços em condições eficientes e ao mínimo custo.

No sistema financeiro, as falhas de mercado tendem a afectar a


eficiência dos mercados, a solidez do sistema e a equidade entre
participantes nas trocas. Portanto, a regulação justifica-se pela
necessidade de reprimir a ocorrência ou minimizar os efeitos de falhas
de mercado.

Está subjacente à decisão de regulação e supervisão a suposição


de que os custos gerados por essa intervenção são menos gravosos que
os custos que seriam originados pela plena manifestação dessas falhas
de mercado.

A regulação tem como fontes fundamentais as leis e as


instituições de regulação, a quem não só compete a vigilância do

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acatamento daquelas leis como, ainda, a emissão de normas e a


fiscalização dos mercados.

Em Angola, são entidades reguladoras do sistema financeiro o


Banco Nacional de Angola (BNA), a Comissão do Mercado de Capitais
(CMC) e a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros
(ARSEG), cada uma dotada de autonomia e independência, quer em
termos financeiros e patrimoniais, quer em termos de gestão e
administração.

A supervisão financeira pode ocorrer a dois níveis: Supervisão


Prudencial e Supervisão Comportamental.

A Supervisão Prudencial, na feliz definição de D. Kohn, faz


cumprir a regulação prudencial e indica as maneiras válidas de
demonstrar esse bom cumprimento.

Por sua vez, a regulação prudencial é o conjunto formado por: (i)


as normas e regras prudenciais (regulação); e (ii) os poderes e
instrumentos para as fazer cumprir (supervisão).

Podemos destacar na supervisão prudencial três eixos


fundamentais:

 Supervisão Macroprudencial: dirigida à medição dos efeitos do


sistema financeiro nos equilíbrios “macro”;
 Supervisão Estrutural: focada no funcionamento de cada uma
das camadas do sistema financeiro, visa assegurar a segurança
jurídica, a sã concorrência, a eficiência no sistema financeiro,
vigiar o bom funcionamento das infra-estruturas (institucionais e
tecnológicas) dos mercados e dos esquemas multilaterais;
 Supervisão Microprudencial: cuja finalidade é preservar a solidez
das entidades supervisionadas isoladamente consideradas.

A Supervisão Comportamental é dirigida à protecção da confiança


legítima das contrapartes das entidades supervisionadas, visando

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26
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combater por exemplo os conflitos de interesses e garantir a qualidade


da informação relevante comunicada ou divulgada.

Nos países desenvolvidos, o sector financeiro é intrinsecamente


complexo na sua estrutura e funcionamento. As tendências de
liberalização e inovação financeira observadas nas últimas décadas
propiciaram a emergência, quer em economias avançadas, quer em
economias emergentes, de estruturas financeiras cada vez mais abertas,
concorrenciais e expostas aos fluxos internacionais de capitais.

Nestes países, têm emergido várias abordagens de supervisão, no


sentido de garantir um eficaz controlo do sistema financeiro, e de
procurar colmatar os principais gaps de supervisão e regulação
identificados. Cabe-nos, assim, proceder a uma análise detalhada das
principais abordagens de supervisão financeira existentes.

1.8.1. A abordagem da supervisão por objectivos


Este modelo de supervisão apela para a existência de agências de
supervisão separadas em função dos objectivos. Na formulação original
deste modelo de supervisão, os objectivos foram divididos por razões de
estabilidade sistémica, por razões prudenciais e por conduta nos
negócios (comportamental).

Esta abordagem foi instituída na Austrália, onde coexistem a


Australian Prudential Regulatory Authority (APRA), que supervisiona as
instituições financeiras por razões prudenciais, o Reserve Bank of
Australia que cuida da estabilidade sistémica e a Australian Securities
and Investment Commission (ASIC) que controla a integridade do
mercado e as regras de conduta nos negócios.

A instituição encarregue da supervisão comportamental cuida da


transparência, divulgação, práticas justas e transparentes, e igualdade
dos participantes no mercado. A instituição encarregue da “estabilidade

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sistémica” deve concentrar-se em problemas macro prudenciais, que


afectam a condução da política monetária ou a estabilidade financeira
global, enquanto a autoridade responsável pela supervisão prudencial
controla a solvabilidade e solidez das instituições financeiras
individuais.

Portanto, nesta abordagem de supervisão as autoridades de


supervisão actuam não por referência a um subsector de mercado, mas
de acordo com os objectivos de supervisão que lhe estiverem cometidos.
Nessa medida, cada subsector estaria sujeito à supervisão de mais do
que uma autoridade, independentemente da sua natureza jurídica ou
das funções desempenhadas.

Entretanto, actualmente, mormente nos países da União


Europeia, existe maior propensão para a abordagem Twin Peaks
(baseado na abordagem por objectivos original) que se refere a uma
separação das funções de supervisão entre dois supervisores: um que
executa a função de supervisão prudencial e outro que se ocupa das
questões comportamentais.

1.8.2. A abordagem da supervisão funcional


De acordo com a abordagem funcional, a supervisão deve ser
estruturada em torno das funções ou linhas de objectivos perseguidos
pelos diferentes aparelhos regulatórios.

De acordo com a abordagem funcional, deve haver um supervisor


diferente para cada um dos objectivos a atingir, ou, pelo menos, para os
mais importantes. Cada supervisor ficará encarregue de acompanhar
todas as empresas e as actividades de todas as instituições que se
dediquem à actividade supervisionada. Uma única instituição será,
portanto, à semelhança da supervisão por objectivos, supervisionada
por vários supervisores, cada um aplicando as suas próprias regras.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

No modelo funcional de supervisão, cada tipo de serviço


financeiro deve ser regulado por uma determinada autoridade
independentemente do operador que oferece. Esta abordagem promove
especialização dentro das autoridades de supervisão e pode representar
uma solução bastante atraente para a regulação dos mercados
financeiros integrados avançados.

1.8.3. A abordagem da supervisão institucional1


De acordo com a formulação clássica deste modelo, o principal
objecto social de uma instituição financeira determina o âmbito de
actuação da entidade de supervisão. Este modelo segue a segmentação
tradicional do sistema financeiro com base nos três subsectores já
identificados neste documento.

Trata-se do modelo mais tradicional, usado na maior parte dos


países, que assenta na clara distinção entre os três subsectores do
mercado, no qual cada operador exerce a sua actividade em apenas um
desses três subsectores. Assim, a supervisão é levada a cabo por
segmento de mercado, com uma autoridade de supervisão para cada
segmento.

A abordagem institucional parece ser particularmente eficaz em


casos de intermediários de um tipo muito específico de serviço e que
operam em apenas um dos três segmentos tradicionais do sistema
financeiro.

No entanto, e face ao contexto actual, descrito anteriormente,


várias têm sido as críticas a esta abordagem. Com efeito, a
diversificação das actividades das entidades supervisionadas nos três

1
A supervisão institucional pode ainda denominar-se por “supervisão especializada” ou por “supervisão
por sectores”.

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subsectores e a interligação entre os mesmos tornam a implementação


desta abordagem cada vez mais difícil.

Por outro lado, torna-se cada vez mais frequente a ocorrência de


conflitos entre os objectivos visados pela própria supervisão, na medida
em que esta pretende abarcar toda a actividade dos operadores.

Uma outra crítica refere-se à dificuldade de articulação entre as


várias autoridades de supervisão, nomeadamente no que respeita ao
leque de competências de cada uma, à delimitação da sua área de
actuação e à identificação dos operadores sujeitos à supervisão de cada
autoridade. Acresce, por fim, a multiplicação de esforços e meios por
parte dos operadores para lidarem com três entidades de supervisão
diferentes.

1.8.4. A abordagem da supervisão integral


A abordagem institucional tradicional é contestada
principalmente devido à pressão da evolução do mercado e o
surgimento dos conglomerados financeiros.

O modelo de supervisão integral assenta na premissa da presença


de uma única autoridade de supervisão, separada do banco central, e
com a responsabilidade sobre todos os mercados e intermediários,
independentemente do subsector no sistema financeiro.

Esta autoridade preocupa-se com todos os objectivos da regulação


(de estabilidade, transparência e protecção dos investidores e
competitividade).

Na prática regulatória, o modelo integral de supervisão já


caracterizou os estágios iniciais de desenvolvimento do sistema
financeiro, em períodos em que o banco central foi a única instituição
que supervisionou a actividade dos intermediários financeiros.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Recentemente, com a globalização e integração dos mercados, esse


modelo ressurgiu.

Uma das principais motivações para a adopção deste modelo é a


crescente sobreposição nas actividades com a tendência cada vez maior
dos diversos supervisores prestarem atenção às mesmas empresas e
aos mesmos assuntos.

1.8.5. Vantagens e desvantagens associadas aos modelos de supervisão


A existência de vários modelos de supervisão remete-nos à
constatação óbvia de que os mesmos não são perfeitos, ou seja, todos
eles acolhem determinadas vantagens e inconvenientes.

No quadro seguinte, a partir da revisão da literatura, sintetizamos


as principais vantagens e inconvenientes das abordagens de supervisão
descritas anteriormente.

No entanto, importa realçar que não há evidências de que um


modelo seja melhor do que o outro, pois tudo irá depender das
especificidades, dimensão e práticas de cada sistema financeiro.

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Quadro nº 1 | Síntese das Vantagens e Desvantagens dos Modelos


de Supervisão

Abordagens Vantagens Desvantagens


• Regulação uniformizada para as • Induzir à duplicação de
Instituições Financeiras; determinadas acções de
• Facilidade de controlo dos supervisão.
Objectivos conglomerados, operadores
multifuncionais e grupos;
• Redução nos custos de supervisão;
• Ideal para assegurar a prioridade
na protecção dos investidores, na
integridade e transparência dos
mercados.
• Facilidade de controlo efectivo das • Regulação uniformizada para
Instituições Financeiras; as Instituições Financeiras;
• Elevado grau de especialização de • Facilidade de controlo dos
base institucional dos técnicos. conglomerados, operadores
Institucional multifuncionais e grupos;
• Redução nos custos de
supervisão;
• Ideal para assegurar a
prioridade na protecção dos
investidores, na integridade
e transparência dos mercados.
• Maior harmonização das regras • Sobreposição de órgãos de
Funcional aplicáveis às instituições que controlo no mesmo assunto;
realizam a mesma actividade; • Risco de excessiva divisão de
• Especialização técnica favorece a competências entre os órgãos
consistência na aplicação das regras. reguladores.
• Visão unificada, integrada e global • Depende de elevado grau de
sobre o sistema financeiro; organização interna;
Integrada • Reduz a possibilidade de • Propicia conflitos nos
arbitragem regulatória; objectivos de regulação;
• Agiliza o foco na supervisão e • Aumento da burocracia.
regulação.

1.8.6. Modelo actual de supervisão do sistema financeiro em angolano


O Sistema Financeiro Angolano assenta num modelo de
Supervisão Institucional, adequado aos três segmentos de mercado
existentes. O financeiro, o bancário e o segurador.

De acordo com Santos (2002) diz que neste modelo, a supervisão


é efectuada por segmento de mercado, a que corresponde a autoridade
de supervisão, em que a mesma supervisiona todas as vertentes da
actividade do intermediário financeiro, incluindo desde os processos de

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

selecção de entrada, à sua actividade patrimonial e ainda as eventuais


saídas do sistema financeiro.

A figura abaixo mostra uma representação do actual modelo de


Supervisão do Sistema Financeiro angolano, em que é clara a distinção
entre os três segmentos de mercado existentes.

Figura nº 3. Modelo actual de supervisão

Fonte: BNA, 2014

Banco Nacional de Angola

O BNA além de exercer as funções de banco central, é responsável


pela supervisão das instituições financeiras bancárias e as instituições
financeiras não bancárias ligadas à moeda e crédito.

Competências

Para além da condução, execução, acompanhamento e controlo da


política monetária, financeira, cambial e de crédito no âmbito da
política económica do Poder Executivo, competem ainda ao Banco
Nacional de Angola:

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 Actuar como banqueiro único do Estado;

 Aconselhar o Executivo nos domínios monetários, financeiro e


cambial;

 Participar com o Poder Executivo na definição, condução,


execução, acompanhamento e controlo a política cambial e
respectivo mercado;

 Agir, como intermediário, nas relações monetárias internacionais


do Estado;

 Velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional,


assegurando, com essa finalidade, a função de financiador de
última instância;

 Gerir as disponibilidades externas do país que lhe estejam


cometidas, sem prejuízo do disposto em Lei especial.

 Participar na elaboração da programação financeira anual do


Executivo, de modo a compatibilizar a gestão das reservas
cambiais e o crédito a conceder pelo Banco Nacional de Angola
com as necessidades de estabilização e desenvolvimento da
economia.

Compete, igualmente, ao Banco Nacional de Angola:

 Supervisionar as instituições financeiras domiciliadas no país,


assim como zelar pela sua solvabilidade e liquidez e ainda abrir
contas e aceitar depósitos, segundo os termos e condições que o
Conselho de Administração venha a fixar;

 Garantir e assegurar um sistema de informação, compilação e


tratamento das estatísticas monetárias, financeiras e cambiais e
demais documentação, nos domínios da sua actividade de forma
a servir como instrumento eficiente de coordenação, gestão e
controlo;

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

 Elaborar e manter actualizado o registo completo da dívida


externa do País, assim como efectuar a sua gestão;

 Elaborar a balança de pagamentos externos do País.

Comissão de Mercado de Capitais

Além do Estatuto Orgânico, a actividade da CMC é enquadrada


pela Lei 12/05 de 23 de Setembro (LVM – Lei dos Valores Mobiliários) e
pela Lei 13/05 de 30 e Setembro (LIF lei das Instituições Financeiras).

A Comissão de Mercado de Capitais (CMC) é a entidade


responsável pelo segmento de mercado financeiro, que efectua uma
supervisão horizontal sobre todas as instituições financeiras não
bancárias ligadas ao mercado de capitais e ao investimento (Cf. nº 3 do
Artigo nº5 da LIF).

Competências

As competências da Comissão do Mercado de Capitais (CMC)


desenvolvem-se em quatro eixos fundamentais, a saber:

1. Poder de Regulação

 Expedir normas e regras técnicas necessárias à aplicação das leis


sobre o mercado de capitais e as actividades que nestes se
desenvolvem;
 Propor ao Ministro das Finanças os projectos de diplomas legais
que considere indispensáveis para o exercício da actividade
regulatória e de supervisão;
 Regular o exercício das actividades das entidades sob a sua
supervisão e garantir que as mesmas obedecem os princípios da
legalidade, da clareza e da publicidade;
 Os regulamentos da CMC são publicados na 1ª Série do Diário da
República entrando em vigor na data neles referida ou cinco dias
após a sua publicação;

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

 Os regulamentos da CMC relativos a matérias sobre determinado


mercado de valores mobiliários nele negociados são também
publicados no boletim do mercado de capitais.

2. Poder de Supervisão

 Autorizar o funcionamento das Bolsas de Valores;


 Exercer as funções de supervisão nos termos da Lei dos Valores
Mobiliários;
 Aprovar os regulamentos internos dos centros de transacção de
valores mobiliários, dos fundos de garantia previstos na Lei de
Valores Mobiliários e das demais normas auto-regulamentares
das entidades intervenientes no Mercado de Capitais;
 Opinar sobre a substituição da Administração das entidades
gestoras e operadoras do referido mercado sempre que neles se
verifiquem situações anómalas e essas entidades não tomem,
depois de notificadas para o fazerem, as medidas que o interesse
público e a defesa dos investidores imponham;
 Editar regularmente um boletim destinado à publicação
obrigatória de regulamentos, instruções, decisões e quaisquer
documentos, ou informações legalmente sujeitas a essa forma de
divulgação.

3. Poder de Fiscalização

 Fiscalizar a adequação da estrutura, a eficiência e regularidade


do funcionamento do mercado de capitais, tendo em conta as
obrigações das entidades responsáveis pela sua organização e
gestão;
 Instaurar e instruir os processos disciplinares resultantes da
violação, pelas pessoas e entidades submetidas à sua jurisdição,
das disposições legais e regulamentares, ou das obrigações

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36
Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

referidas nas alíneas precedentes, e aplicar aos infractores as


multas e quaisquer outras sanções a que houver lugar;
 Abrir inquéritos para averiguação de infracções de qualquer
natureza cometidas no âmbito do mercado de capitais, ou que
afectem o seu normal funcionamento, incluindo delitos de
manipulação do mercado, abuso de informação, violação de
segredo profissional e outros de natureza semelhante;
 Notificar as entidades competentes de investigação criminal
sempre que haja indícios de crime contra o mercado.

4. Incentivo à promoção do Mercado

 Incentivar e estimular a aplicação da poupança em valores


mobiliários;
 Fomentar a expansão ordenada e a integração do mercado de
capitais e o constante aperfeiçoamento e modernização das suas
estruturas e sistemas operacionais, práticas comerciais,
eficiência, transparência e credibilidade;
 Difundir e esclarecer, junto de todos os agentes do mercado, as
normas legais, regulamentares, deontológicas, operacionais e
técnicas que regem a estrutura e funcionamento dos mercados
referidos.

A Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros

A ARSEG é a autoridade responsável pela regulação, supervisão,


fiscalização e acompanhamento da actividade seguradora,
resseguradora, de fundos de pensões e mediação de seguros e
resseguros, encontrando-se sob a superintendência do Ministério das
Finanças, como definido pelo Decreto Presidencial nº 141/13, de 27 de
Dezembro.

 A missão da ARSEG como supervisor e regulador do sector


segurador é:

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Regular e supervisionar as actividades de seguros, resseguro,


fundos de pensões, mediação de seguros ou de resseguro, em
conformidade com a política económica e financeira nacional,
impulsionando o desenvolvimento equilibrado e eficiente do
mercado, e definindo as regras para o bom funcionamento do
sector, a fim de prevenir a ocorrência de riscos sistémicos;
 Fiscalizar as actividades supra citadas, adoptando medidas e
implementando acções com vista à normalização do
funcionamento legal, técnico e financeiro das entidades que as
prosseguem, nomeadamente as referentes à gestão sã e prudente
das provisões técnicas, suas aplicações financeiras e dos
produtos colocados à disposição do consumidor;
 Fiscalizar as actividades do referido sector, nomeadamente as
relativas às relações dos agentes do mercado, entre si e com os
respectivos clientes, prevenindo e sancionando situações de
conflito de interesses, quebra de sigilo profissional, violação do
dever de informação pré-contractual, uso de informação
privilegiada e quais outras práticas abusivas, designadamente no
processo de regularização de sinistros, lesivas dos interesses
gerais do mercado, do sistema financeiro, da economia nacional
ou dos clientes.

1.9. Mercados financeiros


O mercado para títulos de dívida de curto prazo é denominado
mercado financeiro, este caracteriza-se pelo prazo de vencimento das
reivindicações que estão sendo transaccionadas, nada mais é do que
um grande fundo, do qual se pode sacar, ou no qual se pode depositar
recursos.

A palavra mercado remonta a períodos anteriores à existência da


moeda e o seu significado original designa o local onde as pessoas se

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

encontram para comprar, vender ou trocar mercadorias. Com o passar


do tempo, o termo mercado foi evoluindo para um conceito de conjunto
de elementos envolvidos no comércio de determinado produto:
produtores, consumidores, intermediários, regulamentos, preços, etc.
Hoje, quando falamos no mercado do pêssego, estamos nos referindo ao
conjunto de pessoas que produzem, apreciam (consumidores finais), aos
atravessadores, aos doceiros, aos preços praticados, etc.

O Mercado Financeiro também tem o seu produto. Ele é o uso do


dinheiro no tempo, que significa a transferência temporária, entre
agentes económicos, da capacidade de consumo, ou seja, do poder de
compra que a posse do dinheiro proporciona.

Definição: o mercado financeiro é composto pelo conjunto de


instituições e instrumentos financeiros a possibilitar a transferência de
recursos dos ofertados para os tomadores criando condições de liquidez
no mercado.

Assim pode-se dizer que é o local onde o dinheiro é gerido,


intermediado, oferecido e procurado, por meio de canais de
comunicação que se entrelaçam na formação de sistemas.

É no mercado financeiro que se determina uma das variáveis


cruciais da economia a taxa de juros, esta representa os termos em que
se podem realizar transferências intertemporal de recursos, neste
mercado o banco centraliza a oferta e a procura de capitais
intermediando os que dispõem de recursos e aqueles que necessitam de
crédito, portanto dentro dessa intermediação de recursos ocorrem às
operações passivas (banco na posição de devedor) e as operações
activas (o banco empresta recursos ao tomador), nesse caso o banco
assume um risco e por este motivo cobra do tomador uma taxa de juros
superior à contratada, a fim de cobrir o risco assumido.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

Essa diferença entre o custo da captação e a remuneração paga


pelos tomadores dá-se o nome spread que nada mais é que a
remuneração do banco.

Considera-se que a existência do mercado financeiro é de fato


necessário para as transferências de recursos de unidades que
apresentam níveis de poupança para as que necessitam de recursos
obtendo uma maior optimização das aplicações. O enfoque desta
pesquisa visa abordar as possibilidades que o mercado financeiro,
através das suas instituições, proporciona nas operações financeiras.

São instrumentos, mecanismos e instituições que asseguram a


captação das poupanças dos agentes económicos superavitários e
canalizam estas poupanças para os agentes deficitários.

É o mecanismo ou ambiente (físico ou virtual) através do qual se produz


um intercâmbio de activos financeiros e se determinam seus preços.

Ou seja, é o conjunto de mecanismos voltados para a


transferência de recursos entre os agentes económicos. Seu papel
essencial é viabilizar e operacionalizar os fluxos de financiamentos na
economia. Como qualquer mercado, o Financeiro, também tem suas
figuras básicas, que são os compradores (tomadores de empréstimos),
vendedores (poupadores) e os intermediários (instituições financeiras).

1.9.1. Função do mercado financeiro


O mercado financeiro apresenta-se em ambiente bastante
complexo, formado por agentes orientados à obtenção de resultado,
órgãos reguladores orientados ao controlo do risco sistémico e agentes
económicos, responsáveis pela gestão maior da economia.

Há conceitos básicos que facilitam a compreensão da importância


do sistema financeiro e propiciam um melhor entendimento sobre as
funções da intermediação financeira. Investimento e poupança

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

constituem o cerne de todo sistema financeiro, onde se procura


identificar mecanismos que possibilitem o aproveitamento dos fluxos de
poupança e investimentos da forma mais eficiente possível satisfazendo
as necessidades dos indivíduos.

Poupança é definida como a parte da renda não consumida, ou


seja, a abstenção de consumo constitui um ato de poupar. O indivíduo
racional concorda em trocar um poder de consumo presente e certo, por
um poder de consumo futuro e incerto, se este for maior que o primeiro.
Portanto a definição de poupança é uma alocação do consumo no
tempo.

Dentro da economia moderna há vários poupadores e investidores


cada um com motivações diferentes. Essa diversidade de agentes,
família ou sociedade de pessoas, organizações com finalidades não
lucrativas entre outros podem ser divididos em dois grupos no que se
refere ao processo de poupança investimento seriam as unidades
superavitárias que possuem recursos em excesso e as deficitárias que
necessitam de recursos, essas podem obter os recursos através da
venda de activos reais de sua propriedade; utilizar poupança
acumulada anteriormente; vender obrigações financeiras emitidas por
terceiros e colocar no mercado obrigações da sua própria emissão.

O mercado financeiro existe porque em um dado momento,


alguns agentes económicos poupam mais do que investem enquanto
outros investem mais do que poupam, sendo necessário transferir
recursos das unidades que apresentam níveis de poupança para as
unidades que necessitam de recursos para investir, de modo a obter a
maior optimização da aplicação dos recursos disponíveis na economia e
o mais alto nível de satisfação possível.

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Os mercados financeiros devem cumprir as seguintes funções:

 Estabelecer o contacto entre os agentes superavitários e


deficitários;
 Ser um mecanismo eficiente de fixação de preços para os activos;
 Proporcional liquidez aos activos;
 Reduzir os prazos e custos de intermediação.

A participação dos agentes económicos no mercado financeiro,


depende da sua motivação, para que tal aconteça é necessário que
todas as condições estejam criadas.

1.9.2. Classificação dos mercados financeiros


Quadro nº 2. Formas de Classificação:

Critério Classificação

1. Grau de transformação  directo


dos Activos  intermediado
2. Tipos de activos  monetário; e
 capitais
3. Fase de negociação  primário; e
 secundário
4. Prazo ou Condições  A vista ou
spot
 futuros e
 opções
5. Tipo de Moeda  moeda
nacional (local)
 internacional
(externo)
6. Grau de intervenção  livres; e
 regulados
7. Necessidade dos clientes  crédito
 capitais
 cambial
 monetária e
 derivados
Adaptado a partir de “Pinheiro, J. (2012)”

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Figura nº4. Como são classificados em Angola?

Fonte: CMC (2016).

1.9.3. Segmentação de mercado financeiro


Critérios de Segmentação: prazo das operações; fase da vida dos
produtos financeiros; origem do emitente e local de emissão; momento
em que se fixa as condições da transacção.

Em termos gerais, o sistema financeiro tem como finalidade


primordial transferir os recursos em poder dos poupadores
(investidores) para o sector produtivo ou para o sector de consumo.

É constituído basicamente pelos mercados (onde vários agentes


realizam essa transferência mediante operações de compra, venda ou
troca de activos financeiros), por instituições financeiras e pelos órgãos
reguladores do sistema.

A intermediação financeira, em seu sentido mais amplo, envolve


quatro subdivisões peculiares e características do mercado financeiro.

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O sistema financeiro é composto por quatro diferentes mercados


que são:

1.9.3.1. Mercado monetário


Mercado monetário: É um componente do mercado financeiro,
relativo à concessão de empréstimos de curto prazo, com prazos de
vencimento inicial de um ano ou menos. A negociação nos mercados
monetários envolve títulos do Tesouro, papel comercial, aceitação dos
banqueiros, certificados de depósito, dos fundos do banco central,
hipotecas de curto prazo.

Ou seja, é o mercado para realização de financiamento de curto


ou curtíssimo prazo, como os bilhetes de tesouro nacional, e o papel
comercial. Sendo os títulos públicos os papéis mais negociados.
Geralmente são transacções: Do Banco Central vendendo títulos do
Tesouro às instituições financeiras, retirando moeda do mercado e
diminuindo a liquidez geral; Do Banco Central comprando títulos do
Tesouro às instituições financeiras, injectando moeda no mercado e
aumentando a liquidez geral; Entre instituições financeiras para ajustes
internos de liquidez.

1.9.3.2. Mercado de Capitais


Mercado de capitais: é um sistema de distribuição de valores
mobiliários que proporciona liquidez aos títulos de emissão de empresas
e viabiliza o processo de capitalização. É constituído pelas bolsas de
valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras
autorizadas.

Os principais títulos negociados (título mobiliário) representam o


capital social das empresas, tangibilizado em suas acções ou ainda
empréstimos tomados pelas empresas, no mercado, representado por

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debêntures que são conversíveis em acções, bónus de subscrição e


outros papéis comerciais. Esta constituição permite a circulação de
capital e custeia o desenvolvimento económico.

No mercado de capitais ainda podem ser negociados os direitos e


recibos de subscrição de valores mobiliários, certificados de depósitos
de acções e outros derivativos autorizados à negociação.

Seu objectivo é canalizar as poupanças (recursos financeiros) da


sociedade para o comércio, a indústria e outras actividades económicas.
Distingue-se do mercado monetário que movimenta recursos a curto
prazo, embora tenham muitas instituições em comum.

A fraqueza desse mercado nos países em desenvolvimento


dificulta a formação de poupança, sendo um sério obstáculo ao
desenvolvimento, obrigando esses países a recorrerem ao mercado de
capitais internacionais.

O mercado de capitais faz parte do mercado financeiro, que


também compreende, segundo uma classificação da CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), o mercado de crédito, o mercado de câmbio e o
mercado monetário.”

1.9.3.3. Mercado de Câmbio


Mercado de Câmbio: É um mercado financeiro global
descentralizado voltado para o comércio de moedas. Centros financeiros
mundo afora funcionam como âncoras de negociações entre uma ampla
variedade de tipos de compradores e vendedores.

O mercado de câmbio determina os valores relativos de diferentes


moedas. Participantes de grande porte do mercado, como corporações,
bancos centrais, firmas de gestão de investimentos, fundos de cobertura
e investidores participam do comércio Forex.

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O mercado de câmbio é o maior e mais líquido mercado financeiro


do mundo. Ele atrai traders do mundo inteiro, oferecendo óptimas
oportunidades e prometendo lucros rápidos. Uma das vantagens
evidentes do comércio Forex é o enorme volume negociado, que abrange
a maior classe de activos globalmente e fornece alta liquidez aos
traders.

1.9.3.4. Mercado de crédito


Mercado de crédito: É o nome dado ao sistema financeiro onde
ocorre o processo de concessão e tomada de crédito.

O mercado de crédito envolve uma dupla parte, uma credora e


outra devedora, que normalmente estabelecem uma relação contratual
entre si, podendo ser formal ou informal.

Esta situação sugere que uma das partes, a credora conceda


liquidez à outra, mediante um premio de liquidez ou de risco,
comummente intitulado de juros. Nesta relação à parte credora oferece
um bem a parte devedora, que na sociedade capitalista é
a moeda fiduciária ou escritural.

No sistema capitalista os principais agentes de concessão de


crédito são as instituições financeiras, embora existam vários outros
agentes, como as empresas para seus clientes e as pessoas físicas para
seus parentes e amigos.

As instituições financeiras são os principais agentes pelo seu


poder de arregimentar recursos, e pelo grau de especialização que
alcançam no processo de emprestar e principalmente receber seus
empréstimos.

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1.10. Produtos financeiros


Em linhas gerais, produtos financeiros são instrumentos através
dos quais as instituições financeiras efectuam suas operações de
captação e aplicação, isto é, são as actividades executadas durante o
processo de obtenção de recursos e concessão de créditos, pois têm seu
preço definido em função do valor da operação. Ou seja, todos aqueles
que são comercializados pelas instituições financeiras junto do público
e estejam sujeitos à supervisão do Banco Nacional de Angola.

Bilhetes do Tesouro

São valores mobiliários de curto prazo com um valor unitário


nominal de Kz 1.000,00, podendo ser emitidos com por prazos de 28,
63, 91, 182 e 364 dias, sem prejuízo de, sempre que a data de
vencimento não coincidir com o dia útil, se considerarem tais prazos
terminados no dia útil imediatamente anterior àquela data
(maturalidade até 364 dias), colocados a desconto através de leilão de
preços e reembolsáveis no vencimento pelo seu valor nominal.

Segurança

Os bilhetes do Tesouro são os activos de menor risco da


economia, pois são 100% garantidos pelo tesouro nacional, ou seja, o
Estado garante o seu pagamento, livre de qualquer risco associado.

Rentabilidade

Sem dúvida este é um dos mais importantes quando o assunto é


investir. O rendimento da aplicação em títulos públicos é bastante
competitivo se comparado com as outras aplicações financeiras de
renda fixa existentes no mercado nacional.

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Liquidez

Os bilhetes do tesouro conferem liquidez ao detentor, uma vez que


o Tesouro Nacional garante a recompra dos títulos públicos e ainda
existe a possibilidade de repassar para outro titular em mercado
secundário, mitigando assim o risco de liquidez.

Taxa de Juro

A taxa de juros é negociada caso a caso dependendo do montante


e prazo da aplicação, o rendimento é constituído pelo juro antecipado
que estes títulos conferem.

Cálculo

Os Bilhetes do Tesouro são emitidos a desconto. A fórmula é a


seguinte:

V VN
1r n
360
r Taxa| Juro
V Valor| Emissão
VNValor| Nominal| ou| Facial
n  número\ dias
Exemplo

Suponha que no leilão semanal de BTs foram emitidos 100.000.000 Kz


ao valor nominal/facial a 182 dias a taxa de 5%. Calcule o valor pago
pelos investidores.

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Títulos do Banco Central TBC´s

Os Títulos do Banco Central constituem o melhor instrumento a


curto prazo de aplicação de activos financeiros no mercado Angolano.

Os Títulos do Banco Central são activos financeiros com altas


taxas de rentabilidade emitidos pelo Banco Nacional de Angola.

vantagem - Os TBC's são produtos financeiros de elevada segurança e


rentabilidade.

Características - Moeda Nacional - Prazo de 28, 63, 91 e 182 dias.

Montante Mínimo - 100.000 AKZ.

Taxa de Juro - Negociada caso a caso dependendo do montante e prazo


da aplicação.

Rentabilidade - O rendimento dos TBCs é constituído pelo juro


antecipado que estes títulos conferem.

1.11. Taxas de juro


Conceitos

A taxa de juros é um pagamento dos tomadores de empréstimos


aos emprestadores que compensa estes últimos por se desfazerem de
seus recursos por um período de tempo a um determinado grau de
risco, em outras palavras diríamos que, é o preço pago pelas entidades
que necessitam de financiamento, de modo a garantirem o acesso aos
fundos de que precisam (o preço do dinheiro).

Quaisquer que sejam os tipos de taxas de juros conhecidos no


mercado, todos eles exprimem a remuneração pela alocação de capital.
A taxa de juros reflecte, portanto, o preço pago pelo sacrifício de
poupar, ou seja, a remuneração exigida por um agente económico ao
decidir postergar o consumo, transferindo seus recursos a outro agente.

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Portanto a taxa de juros representa um prémio a ser pago ou


recebido pela utilização do dinheiro, ligando os agentes que
disponibilizam recursos àqueles que estão dispostos a pagar um preço
para utilizarem do mesmo.

Factores como inflação, orçamento público e sua necessidade de


financiamento, juros externos, nível de reservas internacionais do país,
balança comercial, nível de estabilidade política, consistência das
medidas económicas e taxa de câmbio estão entre os principais factores
determinantes das taxas de juros. O que está por trás da conjunção
dessas variáveis é a percepção do risco, principal componente da taxa
de juros.

A percepção de risco segundo Brito (2005) é uma

[…] instituição financeira com maior percepção de risco por


parte do investidor vai pagar maior taxa de juros em suas
captações, assim como as instituições financeiras cobram
maior taxa de juros de clientes que apresentam riscos de
crédito mais elevados.

Os títulos cujo prazo até o vencimento é maior do que o período


de investimento, estão sujeitos ao risco de juros: as mudanças nas
taxas de juros levam a ganhos ou perdas de capital que produzem
diferenças substanciais entre a taxa de retorno e a taxa juros
determinada quando da compra do título. Mercados mais experientes,
com maior número dessas variáveis e de participantes, tendem a
reduzir a incerteza do comportamento das variáveis descritas no prazo
definido para a taxa de juros.

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Taxa de Juro Nominal – taxas que se registam no mercado e que


oscilam na razão directa da inflação verificada.

Taxa de Juro Real – é a taxa de equilíbrio, aplicada num dado


momento aos activos financeiros, num contexto de ausência de inflação.

Algebricamente:

1+i = (1+ R)(1+ I)

Exemplo

Taxa nominal de juro 14%

Taxa de inflação 10%

1+i = (1+ R)(1+ I) =1+14% = (1+ R)(1+10%)

1,14 = (1+ R)(1,10)

(1+ R)= 1,14/ 1,10 = 1,0363636364

R= 1,0363636364 -1*100

R = 0,03636 =3,636%

1.12. Decisões de Investimento


Para sobreviver as empresas buscam, incansavelmente, interagir
a escassez dos recursos com a optimização de sua aplicação, de modo a
materializar a missão objectivada pelos precursores destes entes.

Essa interacção entre escassez/optimização, concretiza-se a


partir do conhecimento que a empresa possua do ambiente (interno e
externo), ao qual esteja vinculada, cuja finalidade constitui no
direcionamento das decisões às quais os investidores se defrontam a
todo instante.

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As decisões de investimentos podem ser compreendidas como


acções estruturantes do activo de uma organização. Partindo-se dessa
lógica, decisões dessa natureza integram o processo de planejamento
empresarial, tanto no que se refere ao âmbito estratégico, como, num
segundo momento, em questões de carácter orçamentário de uma
companhia.

Paralelamente, sabe-se que momentos de crescimento da


economia incentivam a busca por novas oportunidades empresariais,
exigindo assim novos investimentos e, consequentemente, promovendo
alterações em elementos de capital de giro, tais como valores a receber,
estoques, bem como, modificando aplicações em activos de longo prazo.

A reversibilidade e possibilidade de ajuste das decisões que


envolvem elementos de capital de giro são relativamente viáveis;
contudo, a reversão de decisões sobre activos de longo prazo tende a ser
complexa, com prováveis desgastes e/ou perdas.

As decisões quanto aos investimentos de curto e de longo prazos


distinguem-se umas das outras, fundamentalmente em face das
consequências que podem acarretar à organização. Dentre essas
distinções, apontam-se:

 O risco inerente à decisão;

 A necessidade de financiamento de longo prazo;

 A possível exigência de processo decisório integrado na visão de


longo prazo;

 O envolvimento de níveis hierárquicos distintos no processo


decisório; entre outras possíveis diferenças.

Nessa linha de raciocínio, cumpre observar que a decisão de um


investimento está associada à expectativa de obtenção de benefícios
futuros, especialmente de longo prazo, calcada em um dado cenário
económico. Logo, mudanças nesse cenário podem inviabilizar a

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perspectiva de retorno negociada (e esperada) entre accionistas e


gestores.

De forma similar, as premissas de desenvolvimento, que por


ventura tenham orientado a obtenção de financiamentos de
investimentos, podem ser radicalmente transformadas por ocasião de
mudanças na conjuntura económica do ambiente no qual a empresa
está inserida.

A decisão de financiamento pode ser entendida como a análise da


alternativa de menor custo de prover a empresa com recursos, quer
sejam de capitais próprios, quer de terceiros. Em outras palavras,
estamos procurando determinar a proporção ideal do endividamento ou
da estrutura de capital ou ainda da alavancagem financeira da
empresa.

Essa é sem dúvida a decisão mais complexa de ser respondida,


tanto em termos académicos como práticos. O empresário fala,
normalmente, com mais desenvoltura sobre as demais decisões
financeiras do que sobre essa em particular. O mundo académico, por
sua vez, não o tem auxiliado a responder essa importante questão.

1.12.1. Custo de capital de terceiros


Por custo de capital de terceiros (Ki) entendemos o custo efectivo
ponderado das diversas fontes de financiamento da empresa;
considerando que despesas financeiras são dedutíveis para fins de
imposto de renda, torna-se claro que o custo efectivo para a empresa
deverá considerar esse facto. Na medida que o nível de endividamento
da empresa cresça, o risco dos emprestadores aumenta e as taxas
tendem normalmente a se elevar.

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1.12.2. Custo de capital próprio


Por custo de capital próprio entende-se a média ponderada dos
custos dos diversos componentes do património líquido, sendo que
todos esses componentes estão intimamente relacionados ao custo da
conta capital. Em outros termos, estamos procurando definir a taxa
requerida de retorno exigida pelos accionistas.

A determinação desse item é bastante simples no caso de uma


empresa de capital fechado e nas mãos de poucos accionistas, pois
esses certamente terão condições de explicitar o quanto desejam de
retorno sobre o seu capital. Em empresas de capital aberto, essa
informação é mais difícil de se obter, uma vez que na impossibilidade de
consultar todos o accionistas, somos obrigados a nos aproximar. Das
taxas de retorno por eles exigidas de uma forma indirecta, isto é, pelo
seu grau de satisfação com relação à empresa, informação essa que é
traduzida no retorno propiciado pela acção.

Poderíamos, igualmente, afirmar que o accionista, ao exigir uma


determinada taxa de retorno, quer obter uma dada remuneração
suficiente para cobrir a taxa livre de risco (caderneta de poupança),
mais um adicional para cobrir o risco do negócio (estrutura de activos)
mais o risco financeiro.

1.12.3. Estrutura óptima de capital


Não considerando grandes debates académicos acerca das
funções custo de capital próprio e de terceiros, bem como de suas
interacções, podemos considerar o custo de capital da empresa e sua
estrutura óptima de capital como uma média ponderada desses dois
custos.

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CAPÍTULO II- Sector bancario angolano


2.1. Banco nacional de angola
O Banco Nacional de Angola (BNA) é o banco central de Angola,
sendo o único responsável pela política monetária do país. Seu edifício
sede localiza-se na Avenida 4 de Fevereiro, na capital nacional, Luanda.

O BNA surgiu ainda no século XIX, porém consolidando-se


somente em 1926 quando tornou-se Banco de Angola, sendo a única
autoridade bancária do território sob domínio de Portugal até 1975.
Em 1976 o Banco de Angola foi transformado no Banco Nacional de
Angola.

Funções

O Banco Nacional de Angola, como banco central e emissor, tem


como principal funções assegurar a preservação do valor da moeda
nacional, proceder à execução, acompanhamento e controlo das
políticas monetárias, cambial e de crédito, bem como efectuar a gestão
do sistema de pagamentos e administração do meio circulante no
âmbito da política económica do país.

Missão

 Assegurar a estabilidade de preços e a solidez do sistema


financeiro.

Visão

 Ser um banco central credível e competente no cumprimento


estrito da sua missão institucional.

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Valores

 Espírito de Equipa – Os colaboradores do BNA trabalham em


conjunto/unidos para um objectivo comum, e partilham
conhecimento com lealdade e transparência.
 Transparência – Os colaboradores do BNA no respeito das suas
obrigações, prestam contas ao Governo e à Sociedade sem
adulterar a verdade.
 Integridade – Os colaboradores do BNA demostram a capacidade
de ser incorruptíveis no exercício da sua função.
 Competência – Os colaboradores do BNA, demonstram
capacidade/habilidade de agregar valor na resolução de
determinados assuntos ou tarefa que recaiam dentro ou fora do
seu âmbito de actuação.
 Atitude - Os colaboradores do BNA, demonstram capacidade de
adaptar-se e reagir perante cenários de mudança.

2.2. Desenvolvimento do sector bancário.


O sistema bancário tem evoluído bastante. O sistema bancário é
caracterizado por vinte e seis bancos autorizados a exercerem as suas
actividades em território nacional, bancos comerciais, os quais são
constituídos tanto por capital nacional como por capital estrangeiro.

Dados das Instituições Bancárias2

 Banco Angolano de Investimentos S.A.


 Banco Comercial Angolano S.A.
 Banco Caixa Geral Angola, S.A.
 Banco Comercial do Huambo S.A.
 Banco de Comércio e Indústria S.A
 Banco de Crédito do Sul, S.A.
 Banco da China Limitada - Sucursal em Luanda, S.A.
 Banco de Desenvolvimento de Angola S.A.
 Banco Económico S.A. (antigo Banco Espírito Santo Angola
S.A.)

2
abanc (13 de Janeiro de 2020)

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 Banco de Fomento Angola S.A.


 Banco BIC S.A.
 Banco de Investimento Rural, S.A.
 Banco Kwanza Invest S.A.
 Banco BAI Microfinanças S.A. (antigo Novo Banco S.A.)
 Banco de Negócios Internacional S.A.
 Banco Millenium Atlântico S.A.
 Banco de Poupança e Crédito S.A.
 Banco Prestígio, S.A
 Banco Keve S.A.
 Banco Valor S.A.
 Finibanco Angola S.A.
 Standard Bank de Angola S.A
 Banco Sol S.A.
 Standard Chartered Bank Angola
 Banco VTB África, S.A.
 Banco Yetu, S.A.

2.3. Riscos mais frequentes a actividade bancária angolana


O Risco é um elemento indissociável da actividade bancária,
presente nas funções de intermediações básicas, a confiança desde
sempre reconhecida como pedra de toque do negócio bancário,
encontra-se intimamente ligada a capacidade de gestão do risco.

Branco, Carlos (2009), enumera alguns dos riscos mais


frequentes do sector bancário angolano.

Risco de Crédito: Este risco diz respeito á possibilidade de


pessoas, residentes ou não residentes, singulares ou colectivas, não
pagarem integral e pontualmente, quer capital em dívida, quer juros
correspondentes aos empréstimos que lhe foram efectuados.

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Portanto, este risco é muito frequente e é quase inevitável em


qualquer sistema bancário, em qualquer tipo de economia., e em Angola
esta situação tornou-se grave tendo em conta que muitas pessoas
tendem a furtar-se para cumprir as suas responsabilidades com o
banco, alegando que no momento não têm como pagar.

Desta feita é importante que os bancos tenham a capacidade de


investigar nos negócios aos quais eles se expõem, e devem faze-lo cada
vez mais tendo em conta que, conforme argumenta IFBA, (2006) o
principal negócio dos bancos ainda continua a ser a recolha de
depósitos e a concessão de empréstimos, e porque os empréstimos
continuam a ser a principal fonte de geração de proveitos.

É importante salientar que em Angola a maioria das instituições


apresenta um processo de gestão de risco de crédito totalmente
centralizado ao nível da decisão das operações de crédito.

Os bancos porém ainda enfrentam obstáculos gigantescos á


expansão do mercado para o crédito a prazo. Alguns dos
constrangimentos são: a falta de fontes de financiamento a médio e
longos prazos, um ambiente institucional desfavorável para garantir a
execução dos contratos de crédito, e instituições de má qualidade para
registo de propriedade facto que mina a disponibilidade colateral para
garantir os empréstimos a prazo.

Por este motivo o BNA criou o projecto central de informação de


risco de crédito para permitir uma maior generalização do acesso ao
crédito e não só, o Governo também tem feito várias campanhas de
sensibilização para melhorar o sistema financeiro.

Risco operacional: Está relacionado com as possíveis perdas como


resultado de sistemas e/ou controles inadequados, falhas de gestão e
erros humanos. Constitui um dos quatro grandes grupos de risco, ao
lado do risco de crédito, risco de mercado e risco legal.

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O risco operacional pode ser dividido em três grandes áreas:

 Risco organizacional está relacionado com uma organização


ineficiente, administração inconsistente e sem objectivos de
longo prazo bem definidos, fluxo de informações internos e
externos deficientes, responsabilidades mal definidas, fraudes,
acesso a informações internas por parte de concorrentes, etc.
 Risco de operações está relacionado com problemas como
overloads de sistemas (telefonia, eléctrico, computacional, etc.),
Processamento e armazenamento de dados
 Passíveis de fraudes e erros, confirmações incorrectas ou sem
verificação criteriosa, etc.
 Risco de pessoal está relacionado com problemas como
empregados não-qualificados e/ou pouco motivados,
personalidade fraca, falsa ambição, “carreiristas”, etc.

Tal risco passou então a ter uma melhor monitorização desde o


momento que se começou a verificar vários problemas como falências
de grandes empresas, e o mesmo tornou-se um tema mais actual tendo
em conta as novas orientações internacionais de Basileia II.

Por seu turno o mesmo representa um risco que os bancos em


Angola ainda não conseguem gerir da melhor maneira visto que o
relatório da Delloite 2009 informa que ainda não foi iniciada uma gestão
sistematizada deste risco.

Risco cambial - É a possibilidade de afectação negativa dos


resultados das empresas resultantes da flutuação imprevista das taxas
de câmbio.

As razões da instabilidade cambial vêem portanto da instabilidade


económica. A, taxa câmbio é um dos preços mais globais da sociedade
que está relacionado com todos os muitos factores das transacções
externas, absorvendo todas estas perturbações. Esse risco tem tido
muita expansão fruto da variação constante da taxa de câmbio,

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portanto aqui exige-se maior rigor nas políticas monetárias e na


regulamentação bancária.

A regulamentação bancária tem como objectivo:

Garantir a segurança e a solidez dos bancos, mantendo a


confiança doméstica e internacional, protegendo depositantes e
preservando a estabilidade financeira e, possibilitar um sistema
bancário eficiente e competitivo impedindo fusões e aquisições anti-
competitivas para o sector, proteger os consumidores de abusos por
parte das instituições de crédito.

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CAPÍTULO III : Sector do seguro em Angola


3.1. Breve historial dos seguros em Angola
Segundo Dilolwa (1997) as relações capitalistas foram-se
instalando em Angola a partir dos finais do século XIX. Para toda África
sul sahariana a conferência de Berlim (1884-1885) é um marco
histórico, um ano depois dava-se início à construção do caminho-de-
ferro de Luanda-Malange, em 1903 começava a construção do caminho-
de-ferro de Benguela e em 1904 e 1904 colocavam-se os primeiros
caminhos de ferros em Moçâmedes-Lubango.

Em 1922 surgiu a primeira seguradora em Angola, uma filial da


companhia de seguros marítimos ultramarinos. Somente em 1933 por
decreto 4-288 da secretaria do estado do Trabalho foi aprovado o
regulamento da lei dos acidentes de trabalho para as colónias. No
mesmo B.O. Nº1 é publicado também o decreto 5/637 do ministério do
trabalho que regulava a organização do seguro social obrigatório, nos
acidentes de trabalho e em todas as profissões, e a lei nº 83 do
ministério do fomento sobre o direito a assistência clínica,
medicamentosa e indemnização para trabalhadores vítimas de acidente
de trabalho.

O decreto-lei 24041 de 20/06/1934 define as tarifas de acidentes


de trabalho, e em 1936 por decreto de lei nº 26484 de 31/03, é criado o
grémio dos seguradores uma actividade independente, que geralmente
trabalhava com questões ligadas a tarifação. Em 1946 surgem as
primeiras sociedades de seguro com sede em Angola e interesses
puramente locais, as companhias de seguro “Angola” e “Angolana,”
neste mesmo ano estabelece-se também uma filial da companhia de
seguros Império.

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O mercado continuou em crescimento o que faz surgir novas


operadoras, e assim a filial da Tranquilidade em 1952, a autorização de
registo da Garantia-África em 1954 e a Mundial de Angola em 1958.

Segundo Domingas Nazaré (2008), no período entre 1969/1972 a


actividade de seguro em Angola cresceu cerca de 67%, um incremento
que se devia ao dinamismo sempre crescente das sociedades em geral e
ao aumento da matéria segurável, fruto do desenvolvimento económico
vivido na altura.

E para 1972 representou uma taxa de penetração de 1,4%, num


mercado formado por 28 companhias, implantadas em 16 distritos e
com cerca de 697 espalhadas pelo país, cuja representatividade era em
grandes casos possibilitada e assegurada pelo sector comercial.

No final do tempo colonial havia em Angola 26 companhias de


seguros sendo 22 portuguesas ou essencialmente portuguesas, e 4 não
portuguesas. Das 22 companhias portuguesas somente 8 tinham sede
em Angola e era mais ou menos o resultado da fusão do capital
português na metrópole com o capital da burguesia colonial. Havia
também em Angola 9 instituições de mutualidade assim como uma
espécie de segurança social para os funcionários do aparelho do estado.

A seguir o Estado confiscou o activo de todas as seguradoras


existentes no mercado, fazendo com que a Ensa mantive-se o monopólio
do mercado, o que vigorou até o ano 2000.

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3.2. Importância do seguro na economia.


O sector segurador afigura-se como um sector cada vez mais
importante para o sistema financeiro uma vez que existe uma sinergia3,
desta forma ele constitui um pilar decisivo para o desenvolvimento de
qualquer Economia, uma vez que os seguros contribuem grandemente
para a estabilidade dos mercados de capitais e consequente aumento
dos índices de confiança4 dos agentes económicos.

Ao conseguir a redução da incerteza dos agentes económicos o


seguro permite a realização do cálculo económico sem necessidade de
atribuir probabilidades aos cash-flows futuros. Sem este bem
intangível, não será evidentemente possível o futuro. Silva (2000).

O sector segurador tem a capacidade de cobrir os riscos pelas


quais a sociedade está exposta, tal cobertura eficiente do risco promove
o desenvolvimento económico, e permite a melhor utilização dos
capitais5, assim como também é uma fonte de geração de emprego
directos e indirectos.

Constituí um facto a importância do sector segurador e dos


fundos de pensões em Angola uma vez que vem acompanhado de vários
sistemas que tem como objectivo a melhora da qualidade de vida dos
cidadãos.

3
Silva (2001) Fala da sinergia entre banca e seguros, e acrescenta que os efeitos de sinergia são
sumariamente definidos pela afirmação de que ``dois mais dois igual a cinco. Por outras palavras
combinando duas unidades de negócio separadas ou duas companhias, obtém-se um nível de lucro
conjunto que excede a soma dos lucros individuais das duas organizações.
4
Cruz (2006) Também acrescenta que o seguro tem como finalidade reduzir a ansiedade ou a incerteza
psicológica, e na medida que cumpre esta função tem uma natureza económica.
5
Silva (2000b) também acrescenta que o seguro protege a Economia contra perdas financeiras o que é
conseguido agrupando riscos de agentes económicos que estão expostos a riscos semelhantes.

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Segundo Batista (2004) o seguro reduz a necessidade de reservas


financeiras. Uma empresa que não faça seguros terá, necessariamente
de manter sempre algum dinheiro disponível, para acudir a
necessidades imprevistas.

Fazendo um seguro contra essas contingências a empresa


disponibiliza activos para as operações do dia-a-dia do negócio. E é
natural que com empresas mais saudáveis a economia cresça e
aumente a qualidade de vida das pessoas.

3.3. Tipos de seguros


De acordo com o presente anexo, em Angola, os seguros
classificam-se e estruturam-se em seguros livres 6 e seguros
obrigatórios.

Em Angola existem três tipos de seguros obrigatórios:

1. Regime jurídico dos Acidentes de trabalho e Doenças


Profissionais: Decreto nº 53/05, de 15 de Agosto (D R Nº-97/05, Iª
Série)

 Garante o direito à reparação de danos resultantes de


acidentes de trabalho e de doenças profissionais aos
trabalhadores por conta de outrem e seus familiares,
protegidos pelo sistema de protecção social obrigatório.

Têm ainda direito àquela reparação:

 Os trabalhadores angolanos que se encontram


temporariamente no estrangeiro ao serviço do Estado, de
empresas angolanas ou instituições, salvo se a legislação do
país em que se encontram lhes garantir o mesmo ou melhor
direito, nos termos de convenções estabelecidas;

6
Vide a listagem dos seguros (facultativos) livres em anexo.

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 Os trabalhadores estrangeiros que exerçam actividades na


Republica de Angola, sem prejuízo de regimes especiais
previstos na lei e em convenções internacionais aplicáveis.
 Os trabalhadores por conta própria são protegidos nos termos
a definir em regulamento próprio.
 Sem prejuízo no ponto anterior, os trabalhadores por conta
própria podem voluntariamente efectuar um seguro que
garanta as prestações pecuniárias previstas no presente
decreto.

2. Seguro Obrigatório de responsabilidade civil automóvel: Decreto


nº.35/09 de 11 de Agosto de 2009 (DR N:150, Iª Série)

 O presente Decreto procede à regulamentação do Seguro


Obrigatório de Responsabilidade Civil Automóvel, instituído
pelo artigo 10º. Da Lei nº. 20/03, de 19 de Agosto, Lei de Base
dos Transportes Terrestres, e fixa as regras e procedimentos a
observar pelos vários intervenientes, com vista a satisfação da
responsabilidade civil automóvel.
 Toda a pessoa que possa ser civilmente responsável pela
reparação de danos patrimoniais e não patrimoniais
decorrentes de lesões corporais ou materiais causados a
terceiros por um veículo terrestres a motor, seus reboques ou
semi-reboques, e bicicletas, deve, para que esses veículos
possam circular, encontra-se, nos termos do presente
diploma, coberta por um seguro que garanta essa mesma
responsabilidade.
 A obrigação referida no ponto anterior abrangente, também, a
cobertura referida no nº.2 do artigo 7º. Do presente diploma e
não se aplica aos responsáveis pela circulação dos veículos de
caminho de ferro.
 Os responsáveis pela circulação de máquinas, tractores,
reboques e semi-reboques destinados exclusivamente a

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serviços agrícolas, desde que circulem na via pública


primária, secundária ou em qualquer área citadina, fora do
local de produção, estão obrigados ao seguro obrigatório
referido no nº.1.

3. Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil de Aviação,


Transportes Aéreos, Infra-estruturas Aeronáuticas e Serviços
Auxiliares: Decreto nº.9/09 de 9 de Julho de 2009 (DR Nº.123,Iª
Série)

 O presente decreto estabelece as regras que regulam direitos,


obrigações e procedimentos aplicáveis ao transporte aéreo de
passageiros, bagagens e cargas, incluindo nesta, animais, no
quadro do seguro obrigatório de responsabilidade civil de
viação civil.
 As disposições do presente decreto, nos termos do artigo 1º.,
aplicam-se às aeronaves matriculadas em Angola ou no
estrangeiro que utilizem aeroportos ou aeródromos angolanos
ou que sobrevoem o espaço aéreo nacional, bem como a
responsabilidade civil em que possam incorrer os exploradores
de infra-estruturas aeronáuticas e serviços auxiliares por
danos causados a terceiros, decorrentes da utilização
daquelas infra-estruturas.
 O dispostos neste decreto não se aplica, porém, ao transporte
aéreo e às aeronaves abrangidas por convenções ou tratados
internacionais que estabeleçam regras próprias sobre está
matéria desde que ratificados por Angola e pelos países em
que as aeronaves se encontrem matriculadas.

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3.4. Companhias de seguro autorizados e registados em Angola.


Os seguros têm evoluído bastante, fruto da criação de novas
seguradoras assim como também da implementação de políticas de
seguros obrigatórios, a revisão tributária e fiscal também contribui para
isso.

O mercado angolano é composto por 247 seguradoras: ENSA –


seguros de angola, S.A, Nossa - seguros, SA, saham angola-seguros,
SA, mundial - seguros, SA, global -seguros, SA, garantia - seguros,
S.A, fidelidade seguros, S.A, confiança -seguros, SA, tranquilidade -
corporação angolana de seguros, S.A, triunfal - seguros, S.A,
protteja seguros, SA, super seguros, SA, prudencial seguros, SA,
bonws seguros, SA, bic seguros, SA, liberty & trevo (angola) –
companhia de Seguros, SA, providência royal seguros, S.A.,
fortaleza segura - companhia de Seguros SA, stas seguros, SA,
master Seguros, S.A, sol seguros, SA, aliança seguros, SA, giant
mágic seguros, SA, internacional seguros, S.A.

Salienta-se de que todas estas companhias acima citadas, são do


ramo autorizados vida e não vida.

3.4.1. Mercado, vida e não vida.


O Decreto nº 02/02 de 11 de Fevereiro regula o objecto dos
seguros de vida8. O seguro de vida segundo Cruz (2006) exerce a função
específica de segurança, garantindo às pessoas e as famílias um
financiamento que possa remediar as dificuldades resultantes de
acontecimentos ligados a morte e invalidez.

7
Dados actualizados, ( 30 de Janeiro de 2020) – ARSEG.
8
Colectânea de legislação de seguros e fundos de pensão (Angola).

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O mercado segurador vida em Angola não é tão expressivo, já o


mercado segurador não vida é mais abrangente.

3.5. Fundos de pensões


Um Fundo de Pensões é um património autónomo
exclusivamente afecto à realização de um ou mais planos de
pensões e/ou de benefícios de saúde.

3.5.1. Tipos de fundos de pensões

Os fundos de pensões podem ser fechados ou abertos:


 O fundo de pensões é fechado quando disser respeito apenas
a um associado ou, existindo vários associados, quando
houver um vínculo de natureza empresarial, associativo,
profissional ou social entre os mesmos e seja necessário o
assentimento destes para a inclusão de novos associados no
fundo;

 O fundo de pensões é aberto quando não se exigir a existência


de qualquer vínculo entre os diferentes aderentes ao fundo,
dependendo a adesão ao fundo unicamente de aceitação pela
entidade gestora.

3.5.2. Plano de Pensões


No que toca às garantias que oferecem, os planos de pensões
podem ser:

 Planos de benefício definido: quando os benefícios estão


definidos previamente e as contribuições para o fundo são
calculadas de forma a garantir o pagamento daqueles
benefícios.

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 Planos de contribuição definida: quando as contribuições


estão definidas previamente e os benefícios vão depender do
valor das contribuições entregues e dos rendimentos
acumulados.
 Planos mistos: quando se combinam características dos
planos de benefício definido e de contribuição definida.

Quanto à forma de financiamento, os planos de pensões podem


classificar-se em:

 Planos contributivos: quando estão previstas contribuições


dos participantes.
 Planos não contributivos: quando as contribuições são apenas
efectuadas pelo associado.

3.5.3. Fundos de pensões e sociedades gestoras autorizados e


registos em Angola

3.5.3.1. Fundos de pensões


Em Angola actualmente existem 36 fundos de pensões
autorizados: Besa opções reforma, vida tranquila, Fénix dinâmico,
Fénix prudente, Fortaleza segura, Multiplanos, Global empresas, A.
c do fundo global seguros, a. c do fundo Kixicrédito angola s.a.,
Nossa reforma, Sonangol, Bai, Sonils, Arseg, Millénnium Atlântico,
Futuro, Sogester, Catoca, banco sol, Schlumberger, Ops, porto de
luanda, Sonamet, Statoil angola, Bfa, Bpc, Futuro seguro,
Ministério dos petróleos, Ene, Unitel, Bna, Bp angola, Cpa das
alfândegas, Ensa.

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3.5.3.2. Sociedades gestoras de fundos de pensões


Existem 8 sociedades gestoras: Ensa Seguros, S.A. Gestão de
Fundos, S.A, Fortaleza Seguros, S.A., Fénix Pensões, S.A., Nossa
seguros, S.A., Económico Fundos, S.A., Global Seguros, S.A, Sonangol
vida, S.A.

3.6. Análise do ambiente de risco do sector segurador angolano.


Willet em 19019 definiu risco como correlação objectiva da
incerteza, o que significa que quanto mais provável for a variação da
perda em relação à média tanto mais elevado é o grau de incerteza. Os
riscos mais frequentes são:

3.6.1. Risco do negócio


Os riscos do negócio (business risks) são aqueles assumidos
voluntariamente, a fim de criar vantagem competitiva e valorizar a
empresa para seus accionistas.

Este risco está relacionado ao sector da economia em que a


empresa opera e inclui inovações tecnológicas, desenvolvimento de
produtos, alavancagem operacional e marketing.

Em Angola as empresas têm o problema de muitas vezes não


terem todo o material devidamente informatizado, ou seja muitas vezes
não usam da melhor maneira a tecnologia disponível para melhorar a
produtividades nas empresas.

9
Citado por Silva; 2000

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3.6.2. Riscos de Mercado


Riscos de Mercado dizem respeito as mudanças nos preços (ou
volatilidades) de activos e passivos financeiros, sendo mensurados pelas
mudanças nos resultados ou no valor das posições assumidas. No
entanto cada seguradora deve ter a capacidade de reduzir os efeitos
resultantes do risco de mercado.

3.6.3. Riscos morais


O risco moral ou perigo moral ocorre quando os agentes
económicos, que têm um bem segurado podem afectar na probabilidade
ou magnitude do pagamento ligado a este evento.

Em decorrência de prejuízo ser mínimo ou nenhum, ou seja, zero,


ou quase zero, eles mudam os seus comportamentos passando a não se
preocuparem com o bem em questão, como argumentam Martins.

Este risco é preocupante, e com o frequente aumento do nível de


delinquência e de fraudes oportunistas e premeditadas, tal situação
agrava – se nos países em que há um alto nível de delinquência como é
o caso de Angola.

3.7. Importância da supervisão e do resseguro em Angola.


Compete ao Ministério das Finanças a coordenação e supervisão,
controlo e fiscalização da actividade seguradora10. Mas tal acção de
supervisão é feita pelo Instituto de Supervisão de Seguros (ISS) que é
uma pessoa colectiva de direito público dotada de personalidade
jurídica, autonomia administrativa e financeira e de património próprio.

10
Lei nº 01/00 de 3 de Fevereiro, Capitulo III Controlo e supervisão da actividade, artigo 10º.

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Tem como objectivos essências supervisionar a actividade de


seguros e ou resseguros, em conformidade com a política económica e
financeira nacional impulsionando o desenvolvimento equilibrado do
mercado, definindo as regras para o bom funcionamento do sector
segurador, e o exercício da actividade de mediação de seguros, das
sociedades gestoras de fundos de pensões e actividades
complementares dos seguros.11

Segundo Batista (2004) A função do resseguro é de assumir uma


parte dos riscos (companhia cedente), para lhe evitar as consequências
funestas de um sinistro muito elevado, ou a acumulação acidental de
um certo número de sinistros, em determinado momento da sua
existência. Tal actividade encontra-se bem regulamentada.12Do estudo
feito ao mercado segurador angolano toda a informação nos leva a
concluir que as empresas seguradoras angolanas recorrem muito ao
resseguro.

11
Decreto nº 63/04 de 28 de Setembro, Capitulo II artigo 3º.
12
Decreto nº 06/01 de 2 de Março, Capitulo I, artigo 1.

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Gestão das Instituições Financeiras Angolanas. António KINANGA Paulo João

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