Quimica - e - Arte - para - A - Antigopdf PT-BR
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All content following this page was uploaded by André Della Volpe on 03 July 2018.
RESUMO: Este artigo apresenta resultados da aplicação de uma intervenção didático-pedagógica in-
terdisciplinar para o Ensino de Química (EQ) através de perspectiva baseada na História da Ciência
(HC), destacando-se a História da Química (HQ). Foi desenvolvido com alunos do Curso Médio
Integrado ao Técnico em Química, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo. Este trabalho faz parte da pesquisa de mestrado em andamento e caracteriza-se pela abordagem
qualitativa.Este projeto possibilitou articular Química, Arte e História de forma contextualizada e
coerente com propostas vigentes nos documentos que organizam a educação brasileira.
OBJETIVOS: A partir do tema Química e Arte para a Eternidade objetivou-se desenvolver o estudo
das Funções Inorgânicas de forma contextualizada e articulada com as disciplinas de Arte e História,
visando uma prática de ensino menos fragmentada como a que é geralmente praticada no ensino tra-
dicional. A utilização da HC e da Interdisciplinaridade (ID) visa também a formação de estudantes
sob uma nova ótica, no qual além do conhecimento científico, o cidadão crítico possa relacionar esse
conhecimento com situações que envolvam sociedade, política, tecnologia e ambiente, e possibilitar
diminuir visões distorcidas do Ensino de Ciências.
MARCO TEÓRICO
Documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacional para o Ensino Médio (PCNEM),
nível de ensino em que está a disciplina de Química, trazem consigo nova proposta para seu ensino
METODOLOGIA
Este trabalho é parte de pesquisa de mestrado (em andamento) que tem como objetivo proposta e aná-
lise de material didático utilizando o tema “Pigmentos Inorgânicoscomo tema para interdisciplinaridade
e contextualização no ensino de Química”.De cunho qualitativo, como Creswell (2007) destaca, tem
como o objetivo final compreender o contexto no qual determinado fenômeno se insere a partir da
relação que tal fenômeno estabelece com o sujeito e por ele é interpretado (pg. 18). Também segundo
Creswell (2007), entende-se que a pesquisa qualitativa parte de premissas individuais, formas especí-
ficas de compreender o mundo, visando compreender o significado individual ou grupal que é dado a
cada dimensão de um problema humano. O projeto desenvolveu-se no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de São Paulocom estudantes do 2º ano do curso médio integrado ao técnico em
química.A coleta de dados utilizou a observação participante, por compreender que melhor atendia ao
caráter qualitativo da pesquisa. Os dados coletados – falas, observações, relatórios, maquetes e ativida-
des escritas – foram registrados e descritos na Tabela 1.
O trabalho constou de 10 etapas, com duração de 6 semanas, previamente submetido ao comitê
de ética na Plataforma Brasil, com parecer favorável sem restrições pelo comitê de ética em pesquisa
da Universidade Federal de São Carlos (Parecer No 1.389.810). A escolha do tema, Egito Antigo, fun-
damentou-se em três aspectos: 1. Integra o conteúdo das disciplinas de História e Artes; 2. Estudantes
apresentam grande conhecimento prévio escolar e dos meios de comunicação (filmes, livros); 3. Apre-
senta vasto conteúdo químico, não só através de motores de busca (search engine – SE) na Internet, mas
também em periódicos (ex. Warren, 1934).
Tabela 1.
Etapas da Intervenção Didática
Etapas Descrição Atividades desenvolvidas Coleta de dados
1. Apresentação Apresentação aos Apresentação Oral; Anotações feitas pelo pesquisador
participantes do Debate em grupo, discutindo (AP) das dúvidas dos participantes.
tema proposto e critérios de avaliação e forma de
das linhas gerais de trabalho (formação dos grupos de
como o trabalho trabalho); entrega dos diários de
seria desenvolvido bordo.
2. Problematização Revisão de algumas Aulas expositiva; AP referente aos conhecimentos
características Intervenção envolvendo professor prévios dos estudantes;
do Egito Antigo: de história; Painéis e Maquetes produzidos
período histórico, Elaboração de Painéis e maquetes. pelos grupos. Anotações feitas
arte, cultura e Pesquisa bibliográfica sobre pelos estudantes (AE) no diário
sociedade. Busca propostas dos estudantes de bordo;
de informações (Mumificação, escrita, religião,
complementares arquitetura).
sobre a cultura
egípcia.
3. A Químicano Pigmentos, Aula expositiva: a síntese do Estudantes utilizaram SE e
Egito antigo cosméticos, pigmento azul egípcio como biblioteca para investigar quais
medicina. exemplo da química realizada pelos substâncias eram utilizadas e
egípcios; obtidas no período; AE.
Pesquisa bibliográfica.
4. Arte Mural Estudo da arte Aula expositiva; intervenção da Estudantes utilizaram SE para
Egípcia egípcia dando ênfase professora de Artes. obter imagens de pinturas murais,
à pintura mural. AE em diários de bordo.
5. Química e Quais os principais Pesquisa Bibliográfica; AE nos diários de bordo;
Arte no Egito pigmentos utilizados Característica dos pigmentos AP sobre os conhecimentos
Antigo na pintura mural utilizados prévios dos estudantes do
conteúdo e eventuais dúvidas
RESULTADOS
Como destacado na Tabela 1, cada etapa da intervenção gerou conjunto de dados coletados e sua
análise baseou-se nas anotações realizadas, na análise dos diários de bordo de cada estudante, nas ativi-
dades de pesquisa utilizando SE, na experimentação (sínteses e pinturas), finalizando com exposição e
avaliação individual escrita. As principais observações são descritas na Tabela 2.
Tabela 2.
Resultados observados a partir da intervenção didática.
Etapas Observações obtidas através da coleta de dados
1. Principais dúvidas apresentadas pelos estudantes relacionadas ao critério de notas
2. Ao realizar o debate duas características chamaram a atenção: alguns estudantes priorizavam informações que
obtinham através de filmes, documentários e livros de ficção, enquanto que outros procuravam explicitar conhe-
cimentos adquiridos ao longo de sua experiênciaescolar.Possibilitou-se aos alunos refletirem e rebuscarem aquilo
que haviam aprendido na escola.
Ao oportunizar aos grupos criarem suas maquetes e/ou painéis, após discussão e intermediação do docente, di-
ferentes aspectos foram destacados pelos estudantes, destacando-se: 1. A visão da morte pela sociedade egípcia;
2. Arquitetura; 3. Mumificação; 4. Cosméticos (Figura 1). Estudantes que apresentavam desempenho abaixo da
média destacaram-se nas apresentações. Através da mediação do professor de história, foi possível dialogar com
o conteúdo acadêmico com os interesses ou senso comum dos estudantes.
3. Principais resultados obtidos: vinho, cerveja, sabão, amônia, natrão (utilizado na mumificação), Kohl (usado
principalmente como cosmético). Debate relacionando as substâncias encontradas com aspectos da sociedade
do período.
4. Os alunos escolheram pinturas que gostariam de reproduzir (em grupo), tendo o cuidado de registrar informa-
ções (localização, etc.)
CONCLUSÃO
A utilização desta intervenção pedagógica permitiu desenvolver de maneira prazerosa, além da apren-
dizagem mais significativa de conceitos relacionados à química geral e inorgânica, a possibilidade de
avançar na percepção dos estudantes sobre uma visão de ensino menos fragmentado, onde disciplinas
aparentemente distintas como Artes, História e Química puderam dialogar entre si. A visão da ciência
como construção humana também foi satisfatoriamente alcançada, ressaltando a importância de o
professor não utilizar a HC como mera curiosidade, mas como produção coletiva e intrinsicamente
vinculada às transformações sociais. Ao analisar os discursos orais dos alunos e sua grande mobilização-
durante as fases do projeto, pode-se perceber a importância de o professor utilizar práticas metodoló-
gicas que valorizem as preferências de seus estudantes e contextualizá-las com o conteúdo de Química
que será abordado, podendo proporcionar ganho real no ensino e aprendizagem dos alunos, além de
nova visão sobre o Ensino de Ciências.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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e Tecnológica – Brasília, 2000.
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Gandolfi, H.E.; Figuerôa, S.F.M. (2013). A história da ciência e o ensino interdisciplinar: uma re-
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Livraria da Física.
Warren, L.E. (1934) Chemistry and Chemical Arts in Ancient Egypt, PartI. Journal of Chemical
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