Fundamentos E Métodos Da Gestão Escolar

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FUNDAMENTOS E MÉTODOS DA

GESTÃO ESCOLAR
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar – Profª. Ms. Célia Gaia. e Prof. Dr. Eurípedes
Ronaldo Ananias Ferreira

Meu nome é Célia Gaia. Sou mestre em Estudos Comparados


de Literaturas de Língua Portuguesa pela USP-SP, bacharel
em Letras e licenciada em Pedagogia. No mestrado, pesquisei
sobre a representação estética no texto intersemiótico. Na
área pública, exerci os cargos de supervisão escolar e direção
de escola junto à Prefeitura Municipal de São Paulo e, no setor
privado, atuei na assessoria educacional como monitora de
cursos de Formação Permanente, subsidiando e orientando
equipes escolares na elaboração e no desenvolvimento de
projetos pedagógicos e projetos de área. Concomitantemente,
lecionei Português em todas as séries do Ensino Fundamental e
Médio e, atualmente, trabalho como tutora de EaD, no Centro
Universitário Claretiano.
e-mail: celia@claretiano.edu.br

Meu nome é Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira. Sou graduado


em Zootecnia pela Faculdade de Zootecnia de Uberaba (FAZU)
e doutor em Educação Escolar pela Universidade Estadual
Paulista (Unesp) – Araraquara. Fiz complementação pedagógica
pela Universidade Federal de Lavras MG, especialização em
uso múltiplo de territórios e sistemas agro-silvo-pastoris pela
Universidade de Córdoba (Espanha) e estágio em atividades
administrativo-pedagógicas pela ENFA (Toulouse – França).
Atualmente, sou reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IF – Triângulo), membro de
diversas comissões de trabalho do Ministério da Educação,
professor de Sociologia da Educação e Gestão da Educação e palestrante sobre educação
e políticas públicas.
e-mail: reitor@iftriangulo.edu.br

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Célia Gaia
Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

FUNDAMENTOS E MÉTODOS DA
GESTÃO ESCOLAR
Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013

371.2 G131f

Gaia, Célia
Fundamentos e métodos da gestão escolar / Célia Gaia, Eurípedes Ronaldo
Ananias Ferreira – Batatais, SP : Claretiano, 2013.
310 p.

ISBN: 978-85-67425-97-9

1. Gestão escolar: conceitos, funções e princípios básicos. 2. A função


administrativa da unidade escolar e do gestor: contextualização teórica e
tendências atuais. 3. A dimensão pedagógica do cotidiano da escola e o
papel do administrador escolar. 4. Levantamento e análise da realidade
escolar: o projeto político pedagógico, o regimento escolar, o plano de
direção, planejamento participativo e órgãos colegiados da escola. I.
Fundamentos métodos da gestão escolar. II. Ferreira, Eurípedes Ronaldo
Ananias.
CDD 371.2

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
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Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

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Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


SUMÁRIO
caderno de referência de conteúdo
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
2 oRIENTAÇÕES PARA O ESTUDo ...................................................................... 10
3 referências bibliográficas....................................................................... 26
4 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 26

Unidade 1 – Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e


Escolar
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 27
2 Conteúdos ..................................................................................................... 28
3 OrientaçÕes para o estudo da unidade ............................................... 28
4 Introdução à UNIDADE ............................................................................... 29
5 OS antecedentes da gestão: PRINCIPAIS abordagens da
administração geral ................................................................................. 30
6 AS ABORDAGENS ADMINISTRATIVAS.............................................................. 33
7 O ENFOQUE CULTURAL E AS CRÍTICAS ÀS ABORDAGENS CLÁSSICAS ......... 44
8 OS QUESTIONAMENTOS DE VÍTOR HENRIQUE PARO.................................... 49
9 Gestão da educação: gênese e conceituação..................................... 51
10 GESTÃO ESCOLAR como PRÁTICA CONSTRUTIVA DA CIDADANIA E O
CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO............................................................................. 59
11 QUESTões AUTOAVALIATIVAs......................................................................... 63
12 Considerações.............................................................................................. 63
13 e-referÊncias................................................................................................. 65
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 66

Unidade 2 – Gestão da Educação: Globalização, Novas


Tecnologias, Novos Paradigmas
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 69
2 Conteúdos...................................................................................................... 70
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 70
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 71
5 AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA EDUCAÇÃO NA DÉCADA DE 1990............... 71
6 NOVAS TENDÊNCIAS NA GESTÃO DA EDUCAÇÃO: DEScentralização e
Gestão local .................................................................................................. 82
7 GESTÃO DA EDUCAÇÃO: TENDÊNCIAS E PARADIGMAS................................. 91
8 Determinações socioculturais da GESTão: um reexame dos
conceitos estudados.................................................................................. 96
9 quESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 105
10 Considerações.............................................................................................. 106
11 e- referências................................................................................................ 107
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 108
Unidade 3 – Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e
Áreas de Atuação
1 Objetivos......................................................................................................... 111
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 112
3 ORIENTAÇões PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 112
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 112
5 Gestão da educação e Da escola: superando a visão
fragmentada pela óptica sistêmica...................................................... 113
6 PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO ESCOLAR ............................... 124
7 Objetivos da escola e práticas de organização e gestão............... 131
8 Concepções de organização e de gestão escolar............................. 137
9 Áreas de atuação da organização e da gestão escolar................. 146
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 148
11 Considerações.............................................................................................. 148
12 E-Referências................................................................................................. 150
13 ReferêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 150

Unidade 4 – Liderança e Gestão na Escola Participativa


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 153
2 CONTEÚDO........................................................................................................ 153
3 ORIENTAÇõES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 154
4 Introdução à UNIDADE ............................................................................... 154
5 novas concepções de GESTÃO E LIDERANÇA............................................ 155
6 CONCEITUAÇÃO, CARACterísticas e dimensões Da LIDERANÇA............ 161
7 o papel do líder nas diferentes teorias.............................................. 164
8 As contingências e A liderança Situacional...................................... 169
9 PAPEL do Líder participativo: CARActerÍsticas, estratégias,
atuação ........................................................................................................... 171
10 GESTÃO E LIDERANÇA PARTICIPATIVA............................................................ 182
11 O cotidiano escolar em sua dimensão pedagógica: o papel do
administrador escolar............................................................................. 187
12 Gestão democrática e uma nova postura docente......................... 190
13 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 193
14 considerações.............................................................................................. 193
15 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 195
16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 195
Unidade 5 – Órgãos Colegiados: Copartícipes da Gestão
Educacional e Escolar
1 Objetivos......................................................................................................... 197
2 Conteúdos ..................................................................................................... 198
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 198
4 Introdução À UNIDADE................................................................................ 199
5 Contexto da origem dos conselhos ..................................................... 199
6 histórico dos conselhos........................................................................... 204
7 Papel dos conselhos de educação na perspectiva da
gestão democrática.................................................................................... 211
8 CONSELHOS DE EDUCAÇÃO NO BRASIL: CNE, CEE, CME............................... 217
9 Conselhos de escola................................................................................... 223
10 colegiados, gestão democrática e participação popular............. 231
11 questões AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 240
12 Considerações .............................................................................................. 241
13 E-referências ................................................................................................ 242
14 Referências Bibliográficas....................................................................... 243

Unidade 6 – Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento


Educacional
1 Objetivos......................................................................................................... 245
2 Conteúdos ..................................................................................................... 246
3 orientações para o estudo da unidade................................................ 246
4 Introdução à UNIDADE................................................................................ 247
5 PLANEJAMENTO: CONCEPÇÕES E SIGNIFICADOS ......................................... 247
6 PLANEJAMENTO TRADICIONAL E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO............... 254
7 O planejamento participativo e o dialógico....................................... 262
8 A GESTão do sistema: PLANO NACIONAL DE EDUCAÇão (PNE)............... 266
9 A GESTão da instituição: PLANO DE DESENVOLVIMENTO
INSTITUCIONAL (PDI) ....................................................................................... 268
10 A Gestão da escola: REFLEXÃO EM TORNO DO PPP................................. 274
11 A METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO DO PPP PELO MÉTODO DIALÓGICO... 291
12 A METODOLOGIA DE CONSTRUÇÃO DO PPP PELO MÉTODO
PARTICIPATVO................................................................................................... 298
13 O regimento escolar.................................................................................. 301
14 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 302
15 Considerações.............................................................................................. 303
16 E- REFERÊNCIAS ............................................................................................... 304
17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 304

Anexo .......................................................................................................... 306


EAD
Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Gestão escolar: conceitos, funções e princípios básicos. A função administrativa
da unidade escolar e do gestor: contextualização teórica e tendências atuais. A
dimensão pedagógica do cotidiano da escola e o papel do administrador escolar.
Levantamento e análise da realidade escolar: o projeto político pedagógico, o
regimento escolar, o plano de direção, planejamento participativo e órgãos cole-
giados da escola.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
O Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos e Mé-
todos da Gestão Escolar oportuniza ao aluno a compreensão e a
reflexão crítica acerca dos princípios e conceitos que fundam a
gestão da educação na perspectiva do modelo democrático-par-
ticipativo.
A partir desse estudo, o aluno compreenderá a forma como
a escola se organiza no contexto de uma sociedade globalizada.
São apresentados pontos de relevância como o perfil do gestor
na condição de líder, o papel dos órgãos colegiados no processo
10 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

de gestão escolar e a importância dos processos de planejamento


como instrumento que proporciona um momento de reflexão, de
organização e de crescimento da qualidade da educação.
Após essa introdução aos principais conceitos deste Caderno
de Referência de Conteúdo, apresentaremos, no tópico a seguir,
algumas orientações de caráter motivacional, dicas e estratégias
de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo.

2. oRIENTAÇÕES PARA ESTUDo

Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará
em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma
breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões
no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral
visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do
qual você possa construir um referencial teórico com base sólida
– científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profis-
são, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi-
lidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação
das ideias e dos princípios básicos que fundamentam este Caderno
de Referência de Conteúdo.
Inicialmente, esclarecemos que as unidades deste material
foram organizadas de forma a proporcionar a você, caro aluno,
subsídios que contribuam para uma reflexão sobre as bases da
gestão educacional e escolar e o papel do gestor, mas também so-
bre os principais processos que permeiam seu trabalho na escola,
tais como organização e concretização de conselhos e desenvolvi-
mento de processos de planejamento.
A gestão educacional, numa perspectiva geral, acontece no
âmbito dos sistemas com a implementação de políticas educacio-
nais e planos de educação, com a elaboração de normas e diretri-
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

zes para todas as modalidades de ensino, com propostas de avalia-


ção da produtividade dos sistemas etc.
No que tange à gestão, no âmbito específico da escola,
buscou-se delinear os processos de gestão de pessoas, a lideran-
ça participativa, as estratégias de compartilhamento do poder via
conselhos e as opções de planejamento para a transformação da
realidade.
Na Unidade 1, foram apresentadas resumidamente as prin-
cipais teorias da administração geral que influenciaram a adminis-
tração escolar mais de perto e o contexto no qual se originou o
termo gestão.
O ideário das escolas administrativas foi disseminado e ado-
tado nas organizações, e, em especial, nas instituições educativas
com a preocupação de resolver problemas de eficiência, eficácia
e efetividade da educação pública. Isso levou as administrações
escolares à racionalização de processos administrativos, à adoção
de aspectos organizativos centrados na racionalização e na divisão
do trabalho em áreas específicas, à desconsideração de aspectos
pedagógicos e de formação e à criação de estruturas hierárquicas
de poder bastante rígidas.
Em seguida, contrapondo-se ao exposto anteriormente, fo-
ram delineadas as principais ideias e críticas de dois teóricos: Ben-
no Sander, que propõe uma nova perspectiva para a eficiência da
eficácia e da efetividade dentro de um enfoque cultural, explicitan-
do a necessidade de que todos esses aspectos sejam redimensio-
nados em um enfoque cultural e considerem as especificidades e
os objetivos da escola na condição de organização social; e Vítor
Henrique Paro, que critica mais acentuadamente as teorias admi-
nistrativas, referindo-se ao posicionamento conservador de alguns
administradores, destacando a importância da emancipação da
classe trabalhadora e de uma administração capaz de viabilizar a
formação para a cidadania. Mostrou-se, ainda, como o termo "ges-
tão" surgiu num contexto de mobilização social nos anos 1980 e

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12 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

que, embora esse termo também seja oriundo das empresas, am-
pliou os conceitos de administração e direção escolar, abarcando-
-os como dimensões de um processo mais amplo.
Na Unidade 2, a abordagem foi sobre o processo de globa-
lização e a revolução científico-técnico-informacional que impôs
novos desafios à educação, numa mudança de paradigmas de en-
sino e aprendizagens e, também, de gestão.
Num contexto de transformações rápidas, as empresas pas-
saram a procurar um trabalhador polivalente, com maior nível de
escolaridade, capaz de atuar em equipe e em diversos setores e a
navegar nas conexões em rede.
A educação, por sua vez, passou a ser cobrada para prepa-
rar um trabalhador com capacidade de lidar com os imprevistos e
adaptar-se a novas situações, com competência para inovar e criar
diante de situações diversas. No contexto atual, há um paradoxo
que exige uma gestão democrática com a descentralização das
responsabilidades para as autoridades locais e, ao mesmo tempo,
com o controle e a pressão das instâncias superiores por índices e
aumentos do patamar de competências e habilidades dos alunos.
Dentro dessa perspectiva contraditória, cabe ao gestor ado-
tar um comportamento proativo a fim de assegurar o passaporte
para a cidadania e o mundo do trabalho. No entanto, a gestão da
educação nos tempos atuais não escapa de uma reflexão sobre o
que seria a cidadania numa cultura globalizada.
Realizar o processo de hominização que se exige da educa-
ção significa "aprender com cada ‘mundo’ diferenciado que se co-
loca, suas razões e lógica, seus costumes e valores que devem ser
respeitados, por se constituírem valores, suas contribuições que
são produção humana" (FERREIRA, 2004, p. 1241). Isso implica a
adoção de uma ética e uma gestão comprometidas com a forma-
ção menos excludente e mais democrática.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Na Unidade 3, tratou-se dos princípios, conceitos e funções


da gestão escolar, relacionando as concepções de gestão da edu-
cação com a perspectiva da escola enquanto organização social.
Foram discutidos os processos de descentralização e partici-
pação e suas implicações na gestão escolar e, assim, a importân-
cia dos gestores escolares atuarem conjuntamente com as demais
equipes e comunidade, superando o autoritarismo e a centrali-
zação. Tratou-se também da gestão como prática política para a
construção da cidadania.
Em seguida, focou-se a organização da escola e nas áreas de
atuação do gestor escolar. A gestão é uma atividade que coloca em
ação um sistema organizacional de acordo com uma concepção
de educação, assumida implícita ou explicitamente pelo gestor ou
equipe gestora. Salientou-se, em seguida, os processos organiza-
cionais que ocorrem em uma lógica neoliberal e os que podem evi-
denciar uma visão sociocrítica. Abordou-se também a necessidade
de o gestor analisar e transformar o espaço escolar,caminhando a
partir da cultura organizacional que desvela nos fazeres e relações
consolidados.
Na Unidade 4, o tema foi a liderança como um fator de de-
senvolvimento da participação e do alcance dos objetivos da es-
cola. A liderança é uma dimensão importante da gestão escolar,
pois, sem ela, adota-se uma tendência de viabilizar um trabalho
de continuidade para o que já está estabelecido. É ela que traz a
mobilização e a criatividade para a resolução dos problemas e a
transformação do espaço escolar. Tratou-se não só dos estilos e
estratégias de liderança, mas também da necessidade de o gestor
considerar as contingências do cotidiano na adoção de uma postu-
ra mais diretiva ou de delegação.
Conceituou-se "liderança compartilhada" como aquela em
que a decisão é disseminada pelos participantes da comunidade
escolar e seus representantes diante de objetivos definidos cole-
tivamente. A coliderança é a repartição do poder com a própria

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14 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

equipe gestora, ora um ora outro membro assumindo papéis e


funções de líder.
Enfim, buscou-se mostrar que a liderança é um fator impor-
tante para a transformação e a superação da tendência reproduti-
vista que limita a criação de novas práticas. A liderança abre novos
horizontes.
Na Unidade 5, focou-se o papel que órgãos colegiados de-
vem desempenhar no processo da gestão na perspectiva da de-
mocratização dos processos decisórios e da participação popular.
Buscou-se mostrar o processo histórico de criação dos conselhos
em seus diversos níveis (federal, estadual, municipal e escolar), a
fim de que a gestão da escola possa perceber a ligação das atuais
determinações legais e a relação dialética entre as diversas instân-
cias de poder.
Tratou-se mais especificamente do conselho escolar, obser-
vando-se as dificuldades que os diversos segmentos ainda encon-
tram para uma participação igualitária e justa.
Na Unidade 6, os processos de gestão relativos ao planeja-
mento da educação foram tratados sem, no entanto, esgotar o es-
tudo. Planejar a educação no âmbito de sistemas e redes de ensi-
no implica a tomada de decisões, bem como a implementação de
ações que compõem a esfera da política educacional por meio dos
planos nacionais, estaduais e municipais de educação.
O planejamento das instituições escolares busca a unidade
entre teoria e prática e se institui como momento privilegiado de
tomada de decisões acerca das finalidades diante de um contexto
específico e mais próximo da realidade do aluno. Configura-se no
PDI nas instituições universitárias e no PPP nas escolas da educa-
ção básica.
Enfim, esperamos que os temas tratados possam auxiliar os
futuros gestores a desencadear os necessários processos para a
transformação dos espaços escolares em comunidades aprenden-
tes de conhecimento, saberes e democracia.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Con-
teúdo Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar. Veja, a seguir, a
definição dos principais conceitos:
1) Automação: "sistema automático de controle pelo qual
os mecanismos verificam seu próprio funcionamento,
efetuando medições e introduzindo correções, sem a
interferência do homem" (NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO:
s.d., p. 163). No contexto escolar, a automação qua-
se não se faz presente, na medida em que a gestão da
aprendizagem se processa mais por interações. No en-
tanto, repercute em padronização de processos adminis-
trativos, sobretudo da secretaria.
2) Colegiado: o termo "colegiado" refere-se a uma forma
de gestão na qual a direção é compartilhada com grupos
de representantes dos diversos segmentos da comunida-
de escolar, podendo se concretizar em conselhos, asso-
ciações, grupos etc., com funções consultivas, delibera-
tivas ou fiscalizadoras. Indicam a adoção de uma gestão
participativa e democrática na escola, mas suas decisões
são tomadas dentro dos limites da legislação em vigor
e das diretrizes emanadas das secretarias de educação
e outros órgãos hierárquicos dos sistemas educativos. A
criação de colegiados gestores é utilizada em vários se-
tores, públicos e privados, como ferramenta de gestão
com objetivo de realizar mudanças. O Conselho Escolar
é um dos colegiados da escola.
3) Conselhos: os conselhos são espaços de compartilha-
mento do poder e sua realização produtiva depende das
possibilidades culturais dos participantes ou represen-
tantes. Werle (2003, p. 12) os considera como espaços
não só de aprendizagem conceitual e teórica de demo-
cracia, mas como "local de fazer democracia" e, ainda
como "espaço de discordar ou propor pontos de vista,
sem constrangimentos ou passividade". Conforme Cury

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16 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

(2001, p. 50), um conselho é, então, o lugar onde "a ra-


zão se aproxima do bom senso e ambos do diálogo pú-
blico, reconhecendo que todos são intelectuais, ainda
que nem todos façam do intelecto uma função perma-
nente".
4) Conselhos escolares: constituem-se em mecanismos de
gestão nos quais são discutidos um conjunto de ques-
tões da escola, que vão de assuntos financeiros a aspec-
tos pedagógicos e administrativos.
5) Cultura organizacional: constitui-se num conjunto de
comportamentos, normas e valores sociais que uma em-
presa ou escola toma como referência e que influenciam
a forma como as pessoas agem. É, portanto, um conjun-
to de características únicas que fazem a identidade de
um grupo. Essa identidade é formada ao longo da exis-
tência da escola. Acontece por meio da interação de três
dimensões: "(1) os regulamentos, os valores, as políticas
administrativas e a forma como se exerce o poder; (2) o
conjunto de processos utilizados para o desenvolvimen-
to das atividades na escola, levando em conta a divisão
das tarefas, a estrutura das funções, as metodologias
utilizadas etc; (3) o conjunto de traços particulares, o
modo de ser da equipe escolar. Essas três dimensões são
interdependentes" (UFRJ, 2006, s/p.). Por exemplo, uma
escola pode valorizar mais os aspectos técnico-científi-
cos do que os aspectos culturais porque historicamen-
te teve professores dinâmicos nessa área, espaço físico
que comportava vários laboratórios e sua localização em
meio a um conglomerado de indústrias. Esse aspecto
pode tornar-se a identidade da escola.
6) Estado mínimo: é defendido pelo Estado Liberal, que
concebe sua existência apenas para garantir os direitos
individuais de segurança, vida e propriedade. A ideia
de Estado Mínimo pressupõe uma descentralização das
atribuições do Estado para a sociedade civil. Há um prin-
cípio de não intervenção e um afastamento estatal a fa-
vor da liberdade, tanto individual quanto dos mercados.
Assim, o Estado abre mão de toda e qualquer forma de
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

atuação econômica direta, fazendo, por exemplo, a pri-


vatização das empresas estatais.
7) Estratégia: de acordo com Maximiano (2006, p. 329), é
"a seleção dos meios para realizar objetivos", sendo um
conceito herdado dos gregos e fazendo referência aos
meios de vencer uma batalha na guerra. Prevê a aná-
lise da realidade em suas fragilidades e possibilidades
e a adoção de procedimentos para a construção de um
futuro.
8) Fordismo: termo baseado nos princípios criados pelo
norte-americano Henry Ford, que introduziu as linhas de
montagem, nas quais cada operário realizava uma tarefa
específica, enquanto o automóvel (produto fabricado)
se deslocava pelo interior da fábrica em uma espécie de
esteira. As máquinas determinavam o ritmo do trabalho.
O objetivo é gerar uma grande produção em massa, se-
gundo determinada padronização.
9) Gestão: De acordo com Lück (2008, p. 21), a gestão é
uma área-meio e não um fim em si mesma, pois "cons-
titui-se num processo de mobilização da competência e
da energia de pessoas coletivamente organizadas" para
que "promovam a realização, o mais plenamente possí-
vel, dos objetivos de sua unidade de trabalho, no caso,
os objetivos educacionais". É um processo cooperativo
de pessoas para a análise de situações e tomada de deci-
sões sobre o que deve ser realizado para que se atinjam
objetivos construídos em conjunto com a participação
de todos. Há a gestão mais ampla do sistema educacio-
nal e a gestão mais específica da escola.
10) Globalização: o termo "globalização" surgiu ao final dos
anos 1980 para sugerir a ideia de unificação e transfor-
mação do mundo como uma aldeia global, levando em
consideração aspectos econômicos, sociais, culturais e
políticos. As principais ideias que impulsionaram essa
revolução acompanharam o neoliberalismo, com o livre-
-comércio entre as nações e o desenvolvimento das tec-
nologias informacionais que permitiram ao mundo uma
rápida comunicação.

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18 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

11) Liderança: Segundo Lück (2010, p. 20), é a capacidade


de "influenciar a atuação de pessoas (professores, fun-
cionários, alunos, pais) para a efetivação dos objetivos
educacionais propostos pela escola". A liderança é uma
característica da gestão que deve mobilizar pessoas e or-
ganizar talentos.
12) Hominização: o processo evolutivo pelo qual a espécie
humana se constituiu, tomando as características físi-
cas, fisiológicas e psíquicas que a distinguem dos demais
primatas (Dicionário Aurélio eletrônico). Em educação,
o termo ganha um sentido mais amplo, visando a uma
articulação mais integrada entre o ser humano e sua
atuação no mundo. Assim, a educação deve pautar suas
ações num papel ao mesmo tempo humanizador e so-
cializador e que atenda aos propósitos de sua evolução.
A educação é um "fazer humano".
13) Organizações: são unidades sociais, constituídas de pes-
soas que trabalham juntas para alcançar determinados
objetivos, que podem ser tanto o lucro e as transações
comerciais quanto o ensino, a prestação de serviços, o
voluntariado, o lazer etc. "Nossas vidas estão intimamen-
te ligadas às organizações, porque tudo o que fazemos é
feito dentro de organizações" (CHIAVENATO, 1989, p. 3
apud LIBÂNEO, 2005, p. 316). A escola se constitui numa
organização cuja base são as interações com o objetivo
de realizar a formação humana, e, portanto, diferen-
ciam-se das empresas.
14) Planejamento: "ato ou efeito de planejar; trabalho de
preparação para qualquer empreendimento segundo
roteiro e métodos determinados; planificação elabora-
da, por etapas, com bases técnicas (especialmente no
campo econômico), de planos e programas com objeti-
vos definidos; planificação" (NOVO DICIONÁRIO AURÉ-
LIO, s/d., p. 1097). Na educação, temos três níveis bási-
cos de planejamento: o PNE, PDI e o PPP.
15) Plano Nacional de Educação (PNE): plano com duração
de dez anos no qual devem ser fixadas metas e estraté-
gias de implementação de forma que a sociedade civil
possa acompanhar e cobrar a execução das mesmas pe-
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

las autoridades do poder público. Para que esse plano


não fique como uma carta de intenções, é preciso que a
sociedade civil se mobilize.
16) Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI): consiste
num documento em que se definem a missão da insti-
tuição de Ensino Superior e as estratégias para atingir
suas metas e objetivos para um período de cinco anos.
Deve conter: cronograma, metodologia de implementa-
ção dos objetivos, metas e ações, quadro com indicado-
res atuais e futuros, com vistas ao desenvolvimento da
instituição.
17) Projeto Político-Pedagógico (PPP): é o documento que
registra as intenções da escola com vistas a objetivos
futuros, o que exige transformações no presente. Sua
dimensão política refere-se ao fato de a escola ter de
cumprir sua finalidade de educar. Sua dimensão peda-
gógica refere-se às ações educativas a serem tomadas
para viabilizar a aprendizagem. São duas dimensões in-
dissociáveis.
18) Sinergia: "ato ou esforço coordenado de vários órgãos
na realização de uma função. Associação simultânea de
vários fatores que contribuem para uma ação coordena-
da" (NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO, s/d. p. 1305).
19) Stakeholder: é qualquer pessoa, de fonte interna ou ex-
terna, grupo ou outra organização, que possa reivindicar
a atenção, os recursos ou os produtos da organização, e/
ou é afetado por esses produtos.
20) Taylorismo: termo referente às ciências da adminis-
tração do início do século 20, baseado na proposta de
Taylor. Este, com objetivo de acabar com o desperdício,
a ociosidade e a morosidade operária, analisou e contro-
lou a ação do operário e das máquinas. Assim, criou uma
metodologia racional que divide o trabalho em tarefas
específicas. No taylorismo, o trabalhador é monitorado
e tem de cumprir sua tarefa no menor tempo possível, o
que chamamos de "dar produção". São premiados aque-
les que se sobressaem, o que provoca a exploração do
trabalhador que tem de se "desdobrar" para cumprir o
tempo cronometrado.

Claretiano - Centro Universitário


20 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

21) Unesco: sigla para Organização das Nações Unidas para


a Educação, Ciência e Cultura. A Unesco foi fundada
após o fim da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo
de contribuir para a paz e a segurança no mundo por
meio da educação, da ciência, da cultura e das comuni-
cações. Sua sede fica em Paris, e sua atuação se estende
por 112 países, colaborando com a formação de profes-
sores, a construção de escolas, a doação de equipamen-
tos e livros e a promoção de atividades de valorização do
patrimônio cultural. Em 1999, solicitou ao filósofo Edgar
Morin, nascido na França, em 1921 e um dos maiores
expoentes da cultura francesa no século 20, a sistemati-
zação de um conjunto de reflexões que servissem como
ponto de partida para se repensar a educação do século
21. Daí surgiu seu livro sobre os sete saberes.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú-
do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações a partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com-
plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or-
denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,


na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e
externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar
significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimen-
to sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo
uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que
já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site dis-
ponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapasconceituais/
utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 set. 2012).
Como poderá observar, esse Esquema oferecerá a você,
como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos
mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transi-
tar entre os principais conceitos deste Caderno de Referência de
Conteúdo e descobrir o caminho para construir o seu processo de
ensino-aprendizagem.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-

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22 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como


àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

Fundamentos e Métodos da Gestão


Escolar

Gestão Democrático Participativa:


Pressuposto Teórico Conceituais

Gestão Educacional: Concepções A escola como instituição social

Lógica: Neoliberal Concepções de Organização e de


Gestão Escolar: Áreas de Atuação
Lógica: Sociocrítica da Gestão

Cultura Organizacional

Globalização e Educação

Paradigmas da escola cidadã Novos Paradigmas para a educação na


perspectiva de Edgar Morin

O gestor e o seu papel de Estilos de liderança O cotidiano escolar em sua


líder dimensão pedagógica

Atividades Os conselhos de educação


Teórico Práticas e a gestão democrática

Plano de Desenvolvimento Projeto Político O Regimento Escolar


Institucional (PDI) Pedagógico

Gestão Democrático Participativa: um


modelo em construção

Resultados da Pesquisa

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Fundamentos


e Métodos da Gestão Escolar.

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24 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do gestor pode ser uma forma de você
avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de ques-
tões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando
para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma
maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir
uma formação sólida para a sua prática profissional.

As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação


pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a
elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o
seu tutor ou com seus colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte in-
tegrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilus-
trativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados
no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os
conteúdos do Caderno de Referência de Conteúdo, pois relacionar
aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma
boa formação intelectual.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele
à maturidade.
Você, como aluno do curso de Fundamentos e Métodos da
Gestão Escolar na modalidade EaD e futuro profissional da educa-
ção, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.

Claretiano - Centro Universitário


26 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a


este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

3. referências bibliográficas
CURY, C. J. O conselho de educação e a gestão dos sistemas. In: FERREIRA, N. S. C.;
AGUIAR, M. A. S. Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São
Paulo: Cortez, 2001.
FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J.F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e
organização. São Paulo: Cortez, 2005.
LÜCK, H. A gestão participativa na escola. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. (Série Cadernos
de Gestão).
______. Liderança em gestão escolar. Rio de Janeiro: Vozes, 2010. (Série Cadernos de
Gestão).
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração. São Paulo: Atlas, 2006.
WERLE, F. O. C. Conselhos escolares: implicações na gestão da escola básica. Rio de
Janeiro: DP&A, 2003.

4. E-REFERÊNCIAS
FERREIRA, N. S. C. Repensando e ressignificando a gestão democrática da educação na
"cultura globalizada". Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v25n89/22619.
pdf>. Acesso em: 9 jul. 2012.  
UFRJ. Programa de Apoio à Melhoria de Ensino Municipal. Relações da qualidade do
ensino com a vida formal e informal de uma escola. Disponível em: <http://www.race.
nuca.ie.ufrj.br/ceae/m3/complementar3.htm.>. Acesso em: 9 jul. 2012.
EAD
Das Teorias
Administrativas à Gestão
Educacional e
Escolar
1
1. OBJETIVOS
• Identificar e compreender as principais abordagens e teo-
rias da administração em geral que formaram as bases da
administração escolar no Brasil.
• Compreender o contexto no qual se constrói a crítica ao
modelo tradicional de administração escolar e no qual se
originam os princípios da gestão escolar.
• Compreender e identificar os fundamentos, princípios,
conceitos e funções da gestão da educação.
• Compreender as diferentes concepções e abordagens
da administração capitalista e a especificidade da gestão
educacional.
• Caracterizar a gestão escolar como uma prática social e
constituinte da cidadania.
28 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

2. Conteúdos
• Trajetória das principais abordagens da administração ge-
ral e suas influências no contexto educacional.
• Relações entre os princípios e os métodos da administra-
ção geral com a administração escolar.
• O contexto que deu origem à gestão da educação.
• Conceito, princípios e funções da gestão da educação.
• A gestão democrático-participativa.

3. OrientaçÕes para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Preocupe-se em entender os conceitos fundamentais de
cada teoria da administração em geral, sem, no entanto,
se fixar em nomes de representantes. Os nomes servem
para identificar os estudiosos de cada teoria.
2) Procure entender o contexto no qual se originou a ges-
tão educacional, identificando os conceitos e os princí-
pios a partir dos quais se deve orientar a práxis da gestão
escolar na perspectiva do modelo da gestão democráti-
co-participativa. É importante a compreensão crítica das
diferentes concepções da organização e gestão da esco-
la para que você entenda como acontece o exercício da
gestão no cotidiano escolar.
3) Além da compreensão da base teórico-conceitual, é im-
portante o reconhecimento das dimensões desse mode-
lo e a maneira pela qual é organizada a gestão da unida-
de escolar. Caso tenha vivência no espaço escolar, reflita
sobre como se dá a organização e a gestão desse espaço.
Se ainda não exerce a profissão de educador, converse
com os colegas.
4) Relacione os termos desconhecidos e procure no dicio-
nário os seus significados. Assim, você facilitará a con-
textualização dos mesmos.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 29

5) Discuta e troque opiniões com os colegas sobre o tema


em questão. Os seus estudos não devem se limitar às
referências bibliográficas elencadas para a unidade. Ex-
plore outras fontes de pesquisa para aprofundar seus
conhecimentos, tais como internet e referências biblio-
gráficas indicadas por seu tutor.
6) Caso queira se aprofundar um pouco mais, acesse a bi-
blioteca Pearson e leia o primeiro capítulo do livro Ges-
tão Educacional, de Helena Leomir de Souza Bartinik.

4. Introdução à UNIDADE
Você está iniciando o estudo da primeira unidade de Funda-
mentos e Métodos da Gestão Escolar.
O objetivo geral desta unidade é identificar e compreender
os fundamentos, os princípios, os conceitos e as funções da gestão
educacional democrático-participativa.
É importante compreender essa forma de gestão como um
instrumento de promoção humana e como processo social que
pode favorecer a formação ética e cidadã. Você será capaz de con-
ceber a escola como uma instituição social cuja existência tem a fi-
nalidade de atingir objetivos que atendam à aprendizagem escolar
e favoreçam a formação da cidadania.
Para que você chegue a essa compreensão, refletiremos
sobre como a administração da educação passou por um longo
processo de absorção e aplicação de conceitos da administração
geral, sem levar em consideração a validade destes diante das es-
pecificidades educativas. Dessa forma, a administração escolar se
restringiu aos aspectos puramente administrativos, burocráticos e
instrumentais, distanciando-se das discussões pedagógicas.
No entanto, nas décadas de 1980 e 1990, vários autores con-
frontaram esses princípios, abrindo espaço para a crítica diante do
novo cenário político-social. Esses educadores analisaram e apre-
sentaram questionamentos e propostas que mostram a importân-

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30 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

cia de uma ressignificação conceitual em relação à administração


escolar.
Assim, após esse estudo, você será capaz de "ler além das
linhas e ater-se às entrelinhas". Você compreenderá que a gestão
educacional vai muito além de conceitos e teorias, visto que se
trata de ação, de responsabilidade pela direção e pela garantia da
qualidade do processo educacional nos diversos níveis do ensino.

5. OS antecedentes da gestão: PRINCIPAIS abor-


dagens da administração geral
Vivenciamos em nossas escolas, diariamente, complexos as-
pectos organizativos dos quais pouco nos damos conta. Organização
de horários e calendários, aproveitamento e arrumação de espaços
físicos, controle de portões de entrada e saída, divisão de departa-
mentos, organização curricular em ciclos/anos, pautas de reuniões,
períodos de planejamento, atribuições de cargos e funções que con-
figuram o cotidiano escolar. Todos esses aspectos indicam a adoção,
consciente ou inconscientemente, de concepções pedagógicas ou
de teorias de administração ou gestão educacional.
Podemos nos perguntar: o que leva uma escola a se organizar
dessa ou daquela maneira? Seria uma prática administrativa tradi-
cional que vem se reproduzindo sem uma necessária reflexão?
Neste tópico, vamos estudar como algumas formas de or-
ganização da educação e das escolas são decorrentes de teorias
e tendências administrativas – nem sempre oriundas do contexto
educacional.
Para melhor entender o que se propõe para a gestão da
educação de hoje, é preciso discutir o conceito de administração
em geral e compreender a sua evolução histórica e as influências
que elas exerceram sobre a gestão da educação. Transformações
decorrentes de fatores econômicos e tecnológicos interferem nas
práticas de estruturação e organização educacionais.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 31

Nas últimas décadas, as transformações sociais redimensio-


naram os paradigmas da educação e o papel da escola no Brasil.
Vivenciamos um processo acelerado de mudanças decorrentes da
revolução tecnológica e informacional que, por sua vez, gerou a
globalização política, econômica e social, com uma forte repercus-
são no campo do trabalho e da educação.
Em um contexto de contínuas e rápidas transformações das
estruturas sociais, as políticas educacionais evidenciam uma ur-
gente necessidade de mudanças nos processos de organização e
gestão da escola. No entanto, observamos que as orientações tra-
zem, de forma explícita ou implícita, uma forte tendência de regu-
lação dos procedimentos educacionais, tomando como referência
ações gerenciais pragmatistas, oriundas do contexto industrial e
empresarial.
Esses novos paradigmas não surgiram aleatoriamente, assim
como também não é aleatória a mudança de denominações. Como
nos alerta Tomás Tadeu Silva (1996), as palavras ganham novos sig-
nificados em qualquer projeto de transformação. Os discursos não
são vazios de significação. Assim, podemos nos perguntar:
Direção, Administração ou Gestão? Que concepções impli-
cam o uso de um ou outro termo?
Um longo percurso histórico demonstra a evolução das te-
orias administrativas empresariais e a estreita relação destas com
a administração escolar. Libâneo (2007, p. 10), ao analisar a legis-
lação e os conteúdos dos cursos de Pedagogia no Brasil, mostra
que, até pelo menos os anos 1960, as disciplinas de Administração
Escolar "seguiram pari passu os estudos da Administração Geral,
mesmo considerando-se as peculiaridades de funcionamento de
uma instituição escolar".
Para iniciar a reflexão, é interessante pensarmos:
• Que influência tiveram (ou ainda têm) os princípios e mé-
todos propostos pela administração empresarial na admi-
nistração escolar?

Claretiano - Centro Universitário


32 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

• Que contexto fez com que surgisse o termo gestão em


detrimento do termo administração escolar?
Na tentativa de estabelecer as relações entre escolas e em-
presas no que tange à forma de administrá-las, buscaremos en-
tender o conceito de administração e faremos um retrospecto das
teorias administrativas clássicas mais significativas do século 20.
O que é administração?
O conceito de administração não pode ser entendido de ma-
neira estática, pois vem se aprimorando há muito tempo, desde
quando determinado grupo humano buscou a solução de um pro-
blema ou situação. Vários autores definem a palavra administra-
ção. Alguns dentro de teorias mais atuais, outros dentro de teorias
mais clássicas.
Segundo o dicionário Aurélio (s.d., p. 38),
Administração é um conjunto de princípios, normas e funções que
têm por fim ordenar os fatores de produção e controlar a sua pro-
dutividade e eficiência, para se obter determinado resultado.

De acordo com Martins (1991 p. 22), administração é um


"processo de planejar para organizar, dirigir e controlar recursos
humanos, materiais, financeiros e informacionais visando à reali-
zação de objetivos".
Chiavenato (2000, p. 6-7) resume esses conceitos como:
A palavra administração vem do latim ad (direção, tendências para)
e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que rea-
liza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que
presta um serviço a outro. No entanto, a palavra administração so-
freu uma radical transformação em seu significado original. A tare-
fa da administração é a de interpretar os objetivos propostos pela
organização e transformá-los em ação organizacional por meio do
planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços
realizados em todas as áreas e em todos os níveis da organização,
a fim de alcançar tais objetivos da maneira mais adequada à situ-
ação. Assim, a administração é o processo de planejar, organizar,
dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 33

Se observarmos essas definições, veremos que elas expres-


sam uma ação direcionada para o alcance de um objetivo, realiza-
do por meio de pessoas. Outras definições ressaltam o aspecto de
processo de planejamento, organização, direção e controle do uso
de recursos (físicos, materiais e humanos) para determinados fins.
O que inferimos das diferentes definições é que "administrar"
diferencia-se de "executar". Para um executor, são necessárias ha-
bilidades operatórias para o cumprimento de rotinas e a realização
de atividades mecânicas (planos, organogramas, calendários, re-
gistros, documentos, balancetes, normas, cotações, etc.). Já o ad-
ministrador deve possuir habilidade para analisar, avaliar, mudar,
inovar estrategicamente diante de uma situação diagnosticada.
Em todas as definições, vemos também que o conceito de
administrar implica a ideia de atingir determinados objetivos,
conseguir determinados fins. Seriam os fins (objetivos últimos) da
educação idênticos aos da empresa? Entendemos que não.
Logo, a administração escolar distingue-se, ou deveria dis-
tinguir-se, da administração empresarial. Se na empresa o fim é o
lucro, na escola é a formação humana. Isso deveria fazer grande
diferença no perfil do administrador, nas estratégias a serem utili-
zadas e no contexto situacional. Mas será que isso ocorre?
O que vamos observar nesse retrospecto são as intercone-
xões das teorias organizacionais administrativas com o campo da
educação. Isso porque a expansão da rede educacional deu-se em
paralelo com a expansão industrial, o que fez com que a escola se
tornasse a principal instituição de preparação para o trabalho.

6. AS ABORDAGENS ADMINISTRATIVAS
Sob uma ótica empresarial, essas abordagens costumam ser
resumidas em escola clássica e/ou científica, escola das relações
humanas ou humanista, escola comportamental ou behaviorista,
escola estruturalista e, mais recentemente, a escola de enfoque
cultural. Vejamos sinteticamente cada uma delas.
Claretiano - Centro Universitário
34 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

A escola clássica e/ou escola científica


Esse ramo tem como principais representantes Fayol e Taylor,
que buscaram uma racionalização dos procedimentos industriais.
Conforme Chiavenato (2003), apesar da utilização das caracteri-
zações clássica (de Fayol) e científica (de Taylor) como sinônimos,
existem pontos divergentes entre as duas teorias. Taylor destacou
mais a tarefa, enquanto Fayol enfatizou a estrutura.
Taylor se preocupou mais com a Organização Racional do Tra-
balho (ORT), propondo as linhas de montagem das empresas com o
objetivo de aproveitar ao máximo o tempo, os recursos humanos e
materiais. A ação humana ficou "parcelizada" em várias etapas, com
a padronização dos métodos e a especialização em uma etapa do
trabalho. São as famosas linhas de produção das empresas.
Fayol enfatizou a estrutura, dividindo a organização em seis
funções (técnica, comercial, financeira, de segurança, contábil e
administrativa), definindo princípios gerais de administração.
No entanto, há que se ressaltar o ponto de convergência en-
tre as duas teorias: a concepção de homo economicus, segundo a
qual a vantagem financeira é o único fator motivador para a obten-
ção da máxima eficiência.
Assim, as empresas são organizadas dentro dos seguintes
princípios: divisão do trabalho com o objetivo de eficiência, orga-
nização de tarefas semelhantes em departamentos, centralização
de decisões, foco nas tarefas em detrimento do humano e do pes-
soal, recusa da criatividade e instauração da lógica da cadência, do
ritmo e da repetição.
O objetivo é organizar e controlar a atividade dos subordina-
dos com vistas a obter o máximo de produtividade e lucro. Há um
investimento em "treinamento", "especialização" e "supervisão.
No filme Tempos Modernos, de Chaplin, podemos ver bem essa
"parcelização" do trabalho e a "supervisão" que controla o traba-
lho humano.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 35

Um dos primeiros autores a buscar parâmetros para a admi-


nistração escolar nas teorias clássica e científica foi José Querino
Ribeiro, com duas obras fundamentais para o estudo da adminis-
tração no Brasil: Fayolismo na administração das escolas públicas
(1938) e Ensaio de uma teoria de administração escolar (1952).
Esse educador considerava que a administração escolar de-
veria tomar por base os estudos da administração geral. Observe o
que ele afirma no fragmento a seguir:
O Estado e as empresas privadas encontraram nos estudos de ad-
ministração os elementos para remover suas dificuldades decor-
rentes do "progresso" social e a escola não precisou mais do que
inspirar-se neles para resolver as suas. Acresce ainda que, sendo
evidente a semelhança dos fatores que criam a necessidade dos
estudos de administração pública ou privada, a escola teve apenas
de adaptá-los a sua realidade. Assim, a ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
encontra seu último fundamento nos estudos gerais de administra-
ção (RIBEIRO, 1952, p. 78, apud PARO, 2009, p. 455).

Ele ainda complementa que:


A administração escolar é uma das aplicações da administração ge-
ral; naquela como nesta os aspectos, tipos, processos, meios e ob-
jetivos são semelhantes (RIBEIRO, 1952, p. 113 apud PARO, 2009,
p. 455).

Paro (2009) critica esse posicionamento. Segundo ele, há um


paradoxo na obra de Ribeiro quando ele afirma que a administra-
ção escolar tem como finalidade a mediação para a realização de
objetivos educacionais (a formação de sujeitos autônomos). Paro
ressalta ainda que José Querino Ribeiro se contradiz ao considerar
que é possível atingir os objetivos educacionais com a metodolo-
gia da administração geral cujo objetivo é a produção.
Como a educação é entendida nessa abordagem? Segundo
Corrêa e Pimenta (in: OLIVEIRA, 2005, p. 26-27) "como um con-
junto de funções, onde planejamento, organização, coordenação,
avaliação e controle são elementos constitutivos." As pessoas não
são valorizadas, pois o que importa é a sincronia dos papéis. A au-
tora considera também que há uma educação massificada e uma
administração simplificada. O fluxo de comunicação é centraliza-

Claretiano - Centro Universitário


36 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

do, de cima para baixo, de forma autoritária e monocrática (o po-


der na mão de uma só pessoa).
Controlando a escola, temos uma série de órgãos superio-
res que controlam a ação do diretor escolar. Dentro das escolas,
temos a figura do diretor centralizando as decisões e, na sala de
aula, o professor com o controle dos alunos. O processo de direção
é centralizado no diretor e o processo de ensino é centralizado no
professor.
Para Corrêa e Pimenta (apud OLIVEIRA, 2005, p. 26), os pro-
fessores-massa acatam as ordens da direção cada um em sua sala
de aula e os alunos-massa executam suas tarefas isolados em car-
teiras, da mesma forma que o trabalhador industrial. Hierarquia
absoluta e divisão do trabalho.

A escola das relações humanas


A escola das relações humanas é uma abordagem que surgiu
em oposição à Teoria Clássica de Administração, buscando corri-
gir a tendência à desumanização do trabalho criada pela divisão
e pela rotinização da ação do trabalhador. Seu principal represen-
tante, Mayo, observou a necessidade de participação e autorreali-
zação dos grupos de trabalhadores.
O foco dessa escola desloca-se da organização formal das
empresas para a observação dos grupos informais e dos proble-
mas psicológicos apresentados nos relacionamentos. O indivíduo
deixa de ser visto como uma extensão da máquina e passa a ser
visto como um ser humano, com objetivos e necessidades indivi-
duais de inserção social.
Segundo Chiavenato (2003, p. 105), essa teoria entendia
que:
Quanto maior a integração social no grupo de trabalho, tanto maior
a disposição de produzir. Se o empregado apresentar excelentes
condições físicas e fisiológicas para o trabalho e não estiver social-
mente integrado, sua eficiência sofrerá a influência de seu desajus-
te social.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 37

No entanto, essa teoria desconsiderou a estrutura organiza-


cional e sua influência no ambiente, propondo soluções ingênuas,
como a simples satisfação no trabalho para a consecução da efici-
ência.
Os teóricos das relações humanas estudaram questões como
a importância da satisfação no trabalho para uma maior produti-
vidade, mostrando que o indivíduo é movido por necessidades de
segurança, de aprovação social, de prestígio e de autorrealização.
Considerou-se que, para atingir os objetivos organizacionais,
deveriam ser levados em conta os sentimentos, as atitudes e as
relações interpessoais. Esses aspectos fizeram com que surgisse a
importância de uma liderança que facilitasse a relação das pessoas
no grupo e que se concentrasse nas necessidades pessoais.
Corrêa e Pimenta (apud OLIVEIRA, 2005, p. 28) destacam
que essa escola "ocupa-se da seleção, do treinamento, do adestra-
mento, da pacificação e ajustamento da mão de obra para adaptá-
-la aos processos de trabalho organizados".
O que depreendemos dessa abordagem é que ela disfarça
a luta de classes e reforça a perspectiva da dádiva e do compor-
tamento dependente, desenvolvidos pela dimensão humana com
vistas à produtividade. A dominação não se faz mais pelo autorita-
rismo explícito, mas pela liderança centrada na influência psicoló-
gica com o ajuste do trabalhador aos processos produtivos.
Você já observou esse tipo de liderança nas escolas?
Um dos educadores a considerar essas "novas" ideias na
educação foi Lourenço Filho (1976), entendendo-as como comple-
mentares às teorias clássicas.
Para ele, a organização e a administração escolar precisam
tanto de atividades de planejamento, coordenação, controle e
avaliação quanto da valorização das relações humanas que acon-
tecem no espaço escolar. O autor afirma que organizar refere-se a
"bem organizar elementos (coisas e pessoas) dentro de condições

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38 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

operativas (modos de fazer), que conduzam a fins determinados"


(LOURENÇO FILHO, 1976, p. 46).
No entanto, as novas teorias não trazem para a educação
uma nova forma de administrar; simplesmente agregam um novo
elemento, ou seja, trazem a importância de considerar as relações
humanas nos processos de organização e administração escolar.
Os mecanismos de divisão racional do trabalho continuam:
os alunos devem aprender e acatar as orientações do mestre, os
mestres devem organizar e administrar o trabalho dos alunos, os
diretores devem exercer a autoridade sobre os demais segmentos
e cumprir as determinações dos órgãos superiores.
A direção, responsável direta pela administração da escola,
deve levar os sujeitos que participam do processo educativo a se
tornarem solidários, participativos e compromissados com o tra-
balho planejado, embora não tenham participado da elaboração
do planejamento dessas ações. Cabe aos docentes e aos diretores
cumprirem planos elaborados por órgãos técnicos.

A escola comportamental ou behaviorista


A teoria comportamental desenvolveu-se com base nas ciên-
cias comportamentais e na Psicologia Social. De acordo com Chia-
venato (2003), a escola comportamental veio como uma crítica
tanto à teoria clássica, com seu foco nas tarefas e seu posiciona-
mento rígido e mecânico, quanto à teoria das relações humanas,
com o foco nas pessoas e prescrições ingênuas e românticas.
Conforme Motta (1997), os teóricos comportamentalistas
não aceitavam, por exemplo, a ideia de que é suficiente apenas a
satisfação no trabalho para gerar a eficiência.
Os principais representantes dessa escola (Herbert Simon,
Chester Bernard, Elliot Jacques e Chris Argyris) preocupavam-se
principalmente com problemas ligados à eficiência, buscando no-
vas variáveis para a solução desses problemas, tais como: motiva-
ção, tensão social e necessidades individuais.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 39

Embora a teoria comportamental seja decorrente da Teoria


das Relações Humanas e enfatize o comportamento humano, leva
em consideração o contexto organizacional de forma mais ampla,
abrangendo a influência desse comportamento na organização
como um todo, e as perspectivas das pessoas diante das organiza-
ções. A liberdade deve ser complementada com responsabilidade.
Corrêa e Pimenta (apud OLIVEIRA, 2005, p. 30) destacam
que "a organização é entendida como uma rede de tomada de
decisões que depende de seus entrelaçamentos, articulados estes
últimos por diversos elementos estruturais e comportamentais".
Tendo como ênfase as pessoas, busca soluções mais democráticas
e flexíveis para os problemas da gestão.
A teoria comportamental procura demonstrar uma varieda-
de de estilos administrativos utilizados nas organizações, na medi-
da em que o comportamento das pessoas tem relação direta com
as convicções e os estilos utilizados pelos administradores.
Por exemplo, McGregor desenvolveu as teorias X e Y sobre
os estilos de administração.
Na teoria X, temos os que não acreditam na potencialidade
humana e, portanto, desenvolvem um estilo administrativo de fis-
calização e controle rígido. Esse estilo tem como consequência a
limitação da capacidade de participação e do desenvolvimento de
habilidades das pessoas.
Na teoria Y, o administrador deve agir de forma a liberar o
potencial das pessoas para o autodesenvolvimento. Assim, esse
administrador deve descentralizar as decisões, ampliar as respon-
sabilidades dos cargos para maior motivação e significado do tra-
balho, possibilitar a participação nas decisões mais altas e realizar
uma administração consultiva, proporcionando a autoavaliação do
desempenho.
Segundo a Escola Comportamental, os princípios administra-
tivos adotados nas empresas podem ser empregados em qualquer

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40 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

tipo de organização e os problemas administrativos devem ser tra-


tados com objetividade.
Na educação, o que observamos é que essa teoria, com base
em novas proposições em relação à motivação humana, prega que
o administrador domine os mecanismos motivacionais e adote
determinado perfil de administrador para poder dirigir adequada-
mente as pessoas.

A escola estruturalista: a teoria burocrática e a teoria estruturalista


Tanto a teoria da burocracia quanto a teoria estruturalista
fazem parte da abordagem estruturalista mais ampla. Seus princi-
pais representantes são Max Weber, Robert Merton, Alvin Gould-
ner e Amitai Etzioni.
Como o próprio nome diz, essa abordagem baseia-se no con-
ceito de estrutura, que é entendida como um todo, e não como
simples soma de partes. A totalidade, a interdependência das par-
tes e o fato de o todo ser maior do que a soma das partes são as
características do estruturalismo.
Destacamos, a seguir, a Teoria Burocrática de Weber, base
para a abordagem estruturalista – e que faz interessantes cone-
xões com as queixas do papel burocrático que os administradores
da educação assumem e do qual não conseguem se desvencilhar.
Segundo Chiavenato (2003), Weber foi o primeiro teórico
dessa abordagem e acreditava que a burocracia era a organização
por excelência e que, pela organização e pela previsibilidade do
seu funcionamento, seria possível obter a maior eficiência da ins-
tituição.
Ainda de acordo com Chiavenato (2003), a burocracia descri-
ta por Weber entende como vantagens: racionalidade dos meios
para se atingir metas; cargos com responsabilidades bem defini-
das; decisões rápidas via tramitação de ordens e papéis; uniformi-
dade de rotinas e regulamentos que colaboram para a redução de
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 41

erros e custos; critérios de seleção profissional apenas por com-


petência técnica (aspecto que garante a continuidade do sistema
burocrático e evita o nepotismo).
O trabalho é profissionalizado: assim, os funcionários são
treinados e especializados pelo seu mérito, trazendo benefícios
para as organizações. A mediação dos conflitos é feita por meio
de normas racionais, escritas e exaustivas, que procuram envolver
todos os aspectos de uma organização.
No entanto, Chiavenato (2003) considera também que exis-
tem pontos negativos na burocracia de Weber, e os chama de dis-
funções. O autor esclarece que normas e regulamentos tendem
a se tornar sagrados, absolutos e prioritários, desvinculando-se
dos objetivos e metas. Isso faz com que os profissionais burocra-
tas tornem-se "especialistas", não por conhecerem suas funções,
mas, sim, por saberem lidar com o enorme "papelório" das orga-
nizações.
Outro ponto negativo da escola burocrática é a rotinização
e a padronização dos procedimentos que fazem com que o fun-
cionário se torne um mero executor, sem nenhuma flexibilidade à
mudança. Ele fica habituado a cumprir o que está prescrito, pois
tem pouca margem para a criação. Realiza ações sem pensar no
objetivo das mesmas.
Uma consequência desse aspecto é o atendimento padroni-
zado dado aos clientes, que lhes causa irritação porque eles não
se sentem atendidos em suas particularidades. Basta ligar para um
telefone "0800" para saber o que é um atendimento padronizado.
O autor destaca ainda a despersonalização das relações, pois
as pessoas são tratadas como simples ocupantes de cargos. Elas
passam a ser conhecidas pelos seus cargos e não pelos seus no-
mes (por exemplo, "o delegado de ensino", a "senhora diretora"
ou "dona professora") ou pelos números de registro funcional.

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42 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

Além disso, por prever uma estrutura hierárquica, o poder


de decisão está sempre no nível mais alto, mesmo que este desco-
nheça o problema a ser resolvido.
Sobre isso, Chiavenato (2003, p. 270) destaca:
O efeito da estrutura burocrática sobre a personalidade dos indiví-
duos é tão forte que leva à "incapacidade treinada" (no conceito de
Veblen), ou à "deformação profissional" (no conceito de Warnotte),
ou, ainda, a "psicose ocupacional" (segundo Dewey): o funcionário
burocrata trabalha em função dos regulamentos e rotinas, e não
em função dos objetivos organizacionais que foram realmente es-
tabelecidos.

Esses aspectos de acentuada hierarquia são visíveis na gran-


de utilização de símbolos que deixam claro o status e a posição
hierárquica do funcionário na empresa. Dentre esses símbolos, o
autor cita o uniforme, a localização da sala, do banheiro, do esta-
cionamento, do refeitório, o tipo de mesa etc.
No entanto, outro autor da teoria estruturalista, Robert Mer-
ton (apud Chiavenato, 2003), mostra que a burocracia sofre mu-
danças quando operada pelo homem. A burocracia não tem exis-
tência sem o ser humano, o que compromete todos os esquemas
preestabelecidos e a previsibilidade burocrática de Weber.
Corrêa e Pimenta (apud OLIVEIRA, 2005) descrevem a re-
percussão dessa escola na prática da administração escolar, des-
tacando que a escola é vista como uma organização normativa. Os
órgãos diretivos (secretarias, superintendências, diretorias, dele-
gacias etc) utilizam-se de controles normativos e coercitivos.
Segundo Corrêa e Pimenta (apud OLIVEIRA, 2005, p. 32):
Um outro aspecto importante é o fato da organização burocrática
e seus elementos se constituírem no centro da gestão das esco-
las, impactando diretamente a sua administração. A administração
escolar enfatiza a sua dimensão sóciotécnica, conferindo-lhe um
caráter "neutro".

O que observamos é que nessa visão sobra pouca autono-


mia para os educadores, os quais sempre estão cumprindo o que
leis, decretos, portarias, circulares, memorandos e outros instru-
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 43

mentos normativos determinam em relação ao funcionamento da


educação e da escola.
A burocracia escolar torna-se um fim em si mesma, confun-
dindo negativamente a ideia de "administrar" com "controlar a pa-
pelada". Paro (2008, p. 4) alerta que:
Essa constatação permite aos educadores escolares perceberem
que o que há de irracional (e até odioso) nos processos de controle
e nas exigências escriturais (a chamada "papelada") do diretor, da
secretaria da escola e dos órgãos superiores, não são esses proces-
sos e exigências em si – posto que muitos são necessários para o
bom funcionamento da escola – mas precisamente a característica
burocrática de boa parte deles, ao se erigirem em fins em si mes-
mos, em nada contribuindo para a melhor efetivação do trabalho
docente.

O autor destaca também para a burocracia que vai além do


administrativo, ou seja, que ultrapassa as atividades-meio da esco-
la e se fixa nas situações de ensino, entrando na sala de aula:
Quantos procedimentos, gestos, métodos e práticas que deveriam
servir ao ensino e ao crescimento individual dos educandos se es-
clerosam, no decorrer do tempo, metamorfoseando-se em meras
práticas que se repetem rotineiramente sem nenhuma ligação com
a formação do indivíduo e do cidadão ou sem nenhum proveito
para a educação da criança ou do jovem! (PARO, 2008, p. 4-5).

No entanto, a teoria estruturalista vai além das proposições


burocráticas de Weber, rompendo em muitos aspectos com as
anteriores, pois seu foco é a estrutura e o ambiente. Isso impli-
ca considerar a organização como um sistema aberto, ou seja, um
sistema que mantém conexões com o ambiente externo e outras
organizações.
De acordo com Chiavenato (2003), a teoria estruturalista
caracteriza-se por sua múltipla abordagem: analisa a organização
formal (organograma, regras, regulamentos, controles) e informal
(as relações sociais). Para o autor, a abordagem estruturalista é de-
corrente do crescimento das burocracias, e ultrapassa os fenôme-
nos internos da organização, chegando até os fenômenos interor-
ganizações. Assim, os teóricos dessa corrente administrativa não

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44 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

se restringem à observação das fábricas. Eles ampliam seu olhar


para todo e qualquer tipo de empresa (grande, média, pequena,
pública, privada, de bens e serviços etc.) e organização (militar, re-
ligiosa, filantrópica, política, prisional, sindical etc.).
Segundo Chiavenato (2003), a Teoria Clássica focaliza o
"homo economicus"; a Teoria das Relações Humanas, o "homem
social"; a Teoria Estruturalista, o "homem organizacional". O últi-
mo é um homem que desempenha papéis em diferentes organi-
zações, sendo que uma instituição moderna exige uma personali-
dade flexível, resistente a frustrações, com capacidade de adiar a
recompensa e com desejo de realização pessoal.
Dentro dessa visão estrutural, temos a visão da administra-
ção no contexto mais amplo do sistema educacional, com a am-
pliação dos órgãos de apoio às escolas, como esclarecem Corrêa e
Pimenta (OLIVEIRA, 2005, p. 32):
A administração escolar enfatiza a sua dimensão sociotécnica, con-
ferindo-lhe um caráter 'neutro'. Começam a aparecer as associa-
ções de pais e mestres como sistemas de suporte à escola e à sua
administração.

7. O ENFOQUE CULTURAL E AS CRÍTICAS ÀS ABOR-


DAGENS CLÁSSICAS
Como vimos, a administração escolar, ao pautar-se nos con-
ceitos clássicos da administração geral, desconsiderou as especifi-
cidades e complexidades da escola. Uma das consequências dessa
subordinação teórica ao meio empresarial foi restringir a ideia de
"administrar uma escola", ou seja, administrar os aspectos organi-
zativos, burocráticos e instrumentais.
Dessa forma, a administração escolar distanciou-se do peda-
gógico, como se esta dimensão fosse totalmente separada de suas
funções e atribuições.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 45

A partir dos anos 1980, alguns autores, entre os quais Vítor


Henrique Paro e Benno Sander, começaram a questionar essa ci-
são entre o pedagógico e o administrativo. Vejamos um pouco do
que pensam cada um desses educadores.

O enfoque cultural de Benno Sander


A análise das teorias administrativas gerais e de sua influên-
cia na educação nos mostrou que falta uma concepção que con-
sidere a escola em suas particularidades e em sua finalidade de
"educar".
Benno Sander (1995) destaca que recentes teorias de van-
guarda tentam desenvolver um enfoque cultural, ressignificando
os anteriores enfoques da eficiência, eficácia e efetividade para
destacar a relevância como principal critério cultural orientador
no estudo e na prática da gestão da educação.
Sander (1995, p. 42) considera que é preciso olhar para esses
critérios à luz da relevância humana. O autor afirma:
A importância do enfoque cultural se acentua hoje diante da ne-
cessidade de resgatar, à luz da relevância humana, o verdadeiro
valor instrumental da eficiência e da eficácia que se reafirmam
como critérios definitórios da lógica produtivista e competitiva que
caracteriza a sociedade atual. A estratégia para atingir elevados ní-
veis de relevância, capaz de resgatar o verdadeiro valor dos demais
critérios de desempenho administrativo na gestão da educação, é
a participação cidadã no contexto da democracia como forma de
governo.

Em nossa interpretação, o autor ressalta a importância de


que se entendam as teorias administrativas anteriores sob a luz
do que é relevante para a educação com seus fins e objetivos de
educar e formar o cidadão.
De nada adiantam a eficiência e a racionalização dos proce-
dimentos escolares se estas forem os fins em si mesmas, sem levar
a uma melhoria da qualidade da educação. Escola eficiente, eficaz
e efetiva para quê? É esse o questionamento que o autor nos pro-
põe, destacando a importância do contexto cultural.

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46 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

Sander (1995) faz um retrospecto e uma ressignificação das


teorias que vimos anteriormente, observando-as sob a óptica da
educação e subdividindo-as em quatro teorias: administração efi-
ciente, administração eficaz, administração efetiva e administra-
ção relevante. Vejamos o que pensa o autor sobre cada um desses
paradigmas.

Administração eficiente
As teorias administrativas escolares buscaram, inicialmente,
a eficiência, ou seja, "produzir o máximo de resultados com o mí-
nimo de recursos, energia e tempo" (SANDER, 1995, p. 43). Nessa
visão, o bom administrador será aquele que "planejar cuidadosa-
mente seus passos, que organizar e coordenar racionalmente as
atividades de seus subordinados e que souber comandar e contro-
lar tais atividades" (MOTTA, 1997, p. 4).
Sander (1995) entende que, na educação, essa eficiência
tem de ser redefinida eticamente e de acordo com as necessida-
des pedagógicas da escola e da sociedade na qual está inserida.
A eficiência deve estar a serviço das necessidades da escola e da
sociedade.

Administração eficaz
Num segundo momento, as teorias administrativas do início
do século 20, com base nas relações humanas e no comportamen-
to dos grupos com vistas à produtividade, focam a administração
na eficácia: "o poder de produzir o efeito desejado" (SANDER,
1995, p. 46).
Tal concepção centrou-se nos pressupostos da sociologia, da
antropologia e da psicologia e a "ideia principal da escola das rela-
ções humanas é a de aumentar a produtividade por meio da redu-
ção dos custos oriundos dos conflitos internos da empresa" (MOT-
TA, 1997, p. 18). Assim, a eficiência dos indivíduos somente deve ser
estimulada em função do alcance eficaz dos objetivos da instituição.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 47

Dentro desses conceitos, os administradores educacionais


buscaram atingir seus objetivos intrinsecamente educacionais,
ligando-se ao pedagógico. Um bom administrador educacional é
aquele capaz de liderar o grupo para a consecução dos fins, obje-
tivos e metas da prática educacional. Por exemplo, atingir o índice
do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), atingir
uma meta relacionada à evasão etc.

Administração efetiva
Na segunda metade do século, após a Segunda Guerra Mun-
dial, predominou a administração efetiva: "saber satisfazer as
demandas concretas, feitas pela comunidade externa" (SANDER,
1995, p. 47). Como vimos, essa visão tomou por base um conjunto
de teorias administrativas que entendiam a organização como um
sistema aberto, influenciado pelo ambiente social e político.
A efetividade trata de atingir objetivos mais amplos de equi-
dade e de desenvolvimento econômico-social. O administrador,
diante de sua responsabilidade social, deve responder aos proble-
mas da comunidade mais ampla. O critério básico da efetividade é
o político, e não mais o da simples realização de ações para metas.
Em alguns momentos, como nos anos 1960 e 1970, essa con-
cepção focou principalmente aspectos tecnocráticos com a centra-
lização da administração escolar, a padronização dos procedimen-
tos e a ampliação do controle pela instituição da supervisão na
busca de atender o mercado capitalista.
No entanto, nos anos 1980, com as lutas sociais pela demo-
cratização, foram revigoradas as instâncias participativas, como o
conselho de escola, e passou-se a debater sobre a gestão demo-
crática na educação.
Segundo Sander (1995, p. 49), para se realizar a efetividade,
é preciso que a administração da educação tenha:

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48 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

Um envolvimento concreto na vida da comunidade através de uma


filosofia solidária e uma metodologia participativa. Quanto maior
o grau de participação solidária dos membros da comunidade,
direta ou indiretamente comprometidos com a administração da
educação, maior será sua efetividade e maior sua capacidade po-
lítica para responder concreta e imediatamente às necessidades e
aspirações sociais. Para descrever o grau de compromisso político
da administração da educação, alguns autores adotam o conceito
de relevância ao invés do de efetividade.

O autor ressalta que, para isso, o administrador precisa de-


senvolver a abertura da escola para as características e as neces-
sidades da comunidade por meio de uma gestão democrática que
promova a participação efetiva da sociedade civil.

Administração relevante
Num quarto paradigma, Sander (1995, p. 50) trata da admi-
nistração relevante, na qual "é o critério cultural que mede o de-
sempenho administrativo em termos de importância, significação,
pertinência e valor".
Assim, são os valores e a relevância cultural que norteiam a
seleção dos objetivos. Preocupa-se com "as características cultu-
rais e os valores éticos que definem o desenvolvimento humano
sustentável e a qualidade de vida na educação e na sociedade". A
participação de todos é o aspecto mais relevante na gestão escolar.
Sander (1995, p. 50) pondera que a relevância e a efetividade
podem ser entendidas como critérios complementares, visto que,
para alguns autores, o "ser antropológico e o ser político são uma
mesma pessoa". No entanto, ressalta que o conceito de relevância
na gestão da educação visa superar os conceitos de efetividade,
eficácia e eficiência.
Nessa perspectiva relevante (cultural), o administrador edu-
cacional busca pautar sua ação "pela pertinência e significância
dos fatos administrativos para o desenvolvimento humano e a
qualidade de vida dos cidadãos que participam do sistema educa-
cional e da sociedade como um todo" (SANDER, 1995, p. 50).
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 49

Proposta de um paradigma multidimensional


Sander (1995) considera esses paradigmas como reconstru-
ções teóricas que podem ainda sobreviver em algumas escolas,
mas propõe um paradigma global ou, como ele mesmo denomina,
um paradigma multidimensional, no qual se articulam dialetica-
mente as diferentes dimensões da ação administrativa educacio-
nal: econômica, pedagógica, política, cultural.
Dentro dessa concepção antropossociopolítica, Sander pon-
dera que no sistema educacional existem preocupações ideológi-
cas de natureza cultural e política e preocupações instrumentais
ou técnicas de caráter pedagógico e econômico. Ele afirma:
Nos termos do paradigma multidimensional, a administração da
educação orienta-se por conteúdos substantivos e valores éticos
construídos coletivamente, como a liberdade e a eqüidade que,
por sua vez, outorgam a moldura organizacional para a participa-
ção cidadã na promoção de uma forma qualitativa de vida humana
coletiva na escola e na sociedade (SANDER, 1995, p. 55).

Como você pode perceber, o que temos são os princípios de


uma gestão democrática: a participação cidadã na gestão da edu-
cação com a finalidade de atender às necessidades e aos interes-
ses da comunidade.

8. OS QUESTIONAMENTOS DE VÍTOR HENRIQUE


PARO
Em seu artigo "A estrutura da escola e a prática educacional
democrática", Paro (2012, p. 5) considera que se deve ampliar o
conceito de estrutura da escola, deixando-se de restringir o ad-
ministrativo apenas a atividades-meio, ou seja, a "atividades de
planejamento, organização, direção e controle do pessoal e dos
recursos materiais e financeiros". Ele propõe que se incluam na
estrutura administrativa as atividades-fim, relacionadas ao peda-
gógico.

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50 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

Apesar de distinguir e mostrar a importância tanto das ati-


vidades-meio quanto das atividades-fim, Paro (1998, p. 3-4) pon-
dera:
Se está envolvida a educação, é importante, antes de mais nada,
levar em conta os objetivos que se pretende com ela. Então, na es-
cola básica, esse caráter mediador da administração deve dar-se de
forma a que tanto as atividades-meio (direção, serviços de secreta-
ria, assistência ao escolar e atividades complementares, como ze-
ladoria, vigilância, atendimento de alunos e pais), quanto a própria
atividade-fim, representada pela relação ensino-aprendizagem que
se dá predominantemente (mas não só) em sala de aula, estejam
permanentemente impregnadas dos fins da educação. Se isto não
se dá, burocratiza-se por inteiro a atividade escolar, fenômeno que
consiste na elevação dos meios à categoria de fins e na completa
perda dos objetivos visados com a educação escolar.

O autor nos apresenta uma concepção mais abrangente da


escola, alargando sua dimensão administrativa que não pode des-
conhecer a necessidade de se haver coerência entre os meios e
fins.
No entanto, ele avalia que é necessário ir além da estrutura
administrativa, considerar o grupo social e adotar medidas demo-
cratizantes. Salienta ainda que é o fato de dotar a escola de uma
estrutura acordada com a prática democrática que tornará possí-
vel ao educando fazer-se sujeito na prática pedagógica escolar.
Paro (2012, p. 6) questiona: "que configuração deve ter a
estrutura da escola se se adotar, como objetivo a ser atingido, a
realização da educação como prática democrática?".
Para Paro (1998), a gestão, numa concepção democrática,
exige a participação da comunidade na vida da escola que se efe-
tiva tanto nos processos decisórios quanto nas situações de plane-
jamento e implementação de propostas.
A gestão deve desenvolver sua competência mediadora na
construção da cidadania. Concluindo, podemos perceber que é
dentro de um cenário de grandes transformações políticas, econô-
micas e sociais e exigências do mercado globalizado que se deter-
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 51

minam mudanças na administração da educação e da escola. Isso


dá margem à mudança terminológica para gestão como busca de
novas formas de encarar as atividades do administrador escolar.
Lück (2006), considerando essa necessidade de se estabe-
lecer uma mudança que transforme os estigmas da visão admi-
nistrativa tradicional, defende o termo "gestão" como aquilo que
é capaz de superar o enfoque limitado da administração. Para a
autora, os problemas educacionais são complexos e necessitam
de visão global e abrangente que desencadeie ações articuladas,
dinâmicas e participativas.
O que se pode entender desse novo cenário que envolve a
administração? Pensamos que o "gestor" – ou outro nome que
esse profissional possa receber – deve ser um educador, ou seja,
ter formação para participar não só das atividades-meio (adminis-
trativo-organizativas), mas também das atividades-fim (pedagógi-
cas) da escola, adotando práticas dentro de um contexto democrá-
tico mais amplo.

9. Gestão da educação: gênese e conceitua-


ção
Vimos pelo estudo das principais correntes teóricas como a
administração da educação deixou-se guiar por parâmetros em-
presariais, acreditando que a solução dos nossos problemas acon-
teceria pelo uso de métodos e técnicas organizativas e pelo uso
racional de recursos. Assim, a administração educacional ficou es-
tigmatizada pelo seu lado técnico e burocrático, alheio ao político
e ao pedagógico, dando margem ao surgimento de um novo ter-
mo: "gestão".
Segundo Ganzeli (2005, p. 16),
A utilização do termo gestão democrática, apesar das controvér-
sias, buscou se contrapor, naquele momento político, ao termo ad-
ministração educacional, termo carregado do sentido tecnocrático,
que via o diretor como mero executor da política educacional.

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52 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

A gestão educacional passou a ser considerada um meio ca-


paz de garantir a equidade e a qualidade do ensino, bem como
desenvolver a cidadania via procedimentos democráticos.
Como se pode depreender do que foi mencionado, Ferreira
(2000, p. 297) complementa que:
[...] a relação entre sociedade, educação/formação, políticas edu-
cacionais e gestão educacional é intrínseca e forte e necessita ser
ressiginificada no contexto das determinações que se põem a cada
"minuto histórico".

A oficialização do termo gestão


Em que momento oficializou-se o termo gestão educacio-
nal? A substituição da palavra "administração" pela palavra "ges-
tão" aconteceu na legislação educacional brasileira quando da
promulgação da Constituição Federal de 1988, no Artigo 206, que
discrimina os princípios sob os quais será ministrado o ensino, dis-
pondo no item VI: "gestão democrática do ensino público, na for-
ma da lei".
Podemos dizer que a lei constitucional, ao incorporar em seu
texto a gestão democrática, fez uma indicação importante para no-
vas formas de administração com vistas a uma ampliação e uma
universalização do ensino.
No entanto, essa lei deixou para uma legislação complemen-
tar a definição do que seria gestão democrática, sem atender aos
movimentos sociais organizados que gostariam de ver contempla-
dos seus anseios de participação nas decisões da escola.
Para o estudioso Minto (2006), apesar de o termo gestão
possuir diferentes interpretações, nesse momento de aprovação
da constituição, evidenciou-se uma separação dos aspectos políti-
cos e técnicos da gestão/administração escolar.
Assim, embora se desejasse uma ampliação do termo "ad-
ministração", a ideia de gestão assumiu um caráter técnico, pois
a lei não especificou nem criou mecanismos reais de participação.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 53

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDBN) nº 9394, em seus Artigos 14 e 15, apresenta as seguintes
determinações, no tocante à gestão democrática:
Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão de-
mocrática do ensino público na educação básica, de acordo com as
suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do pro-
jeto pedagógico da escola;
II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos esco-
lares ou equivalentes.
Art. 15 – Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
públicas de educação básica que os integram progressivos graus de
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, ob-
servadas as normas de direito financeiro público.

Segundo Vieira (2007, p. 64), esses artigos oferecem ampla


autonomia a Estados e municípios para definirem "em sintonia
com suas especificidades formas de operacionalização da gestão,
com a participação dos profissionais da educação envolvidos e de
toda a comunidade escolar e local", mas descentralizam responsa-
bilidades e deixam de definir para todo o país os meios de efetiva-
ção da gestão democrática.
A promulgação da LDBN nº 9.394/96 incorporou instrumen-
tos de caráter democratizante da Constituição/88, da qual ema-
nam todas as demais diretrizes para e educação no país.
Nessa perspectiva, Cury (2000) considera que a construção
de uma cidadania ativa já alcançou avanços importantes no aspec-
to da lei, como resultado da mobilização e de lutas de setores da
sociedade civil organizada e comprometida com a construção de
uma nação menos desigual e mais justa. Podemos recordar que,
não faz muito tempo, a lei colocou em plano de igualdade os con-
tribuintes negro e branco, ampliando a cidadania com o reconhe-
cimento dos direitos civis, políticos, sociais e culturais.
Para Cury, a prática social da construção da cidadania, mes-
mo considerando os avanços obtidos, ainda encontra limites no

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54 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

âmbito dos grupos organizados e grandes dificuldades junto aos


grupos não organizados.

Os conceitos: administração, direção e gestão


É muito comum observarmos o emprego de termos como
"administrador", "diretor" e "gestor" de forma indiscriminada,
sem que sejam ressaltadas as nuances conceituais que envolvem
esses termos, sobretudo nos documentos legais.
No meio educacional, gestão da educação e administração
da educação são termos empregados de forma não muito precisa,
ora como sinônimos, ora como termos distintos. Vejamos o que
dizem os professores Genuíno Bordignon e Regina Gracindo sobre
essa confusão terminológica:
Algumas vezes, gestão é apresentada como um processo dentro da
ação administrativa, outras vezes apresenta-se como sinônimo de
gerência numa conotação neotecnicista dessa prática e, em muitos
outros momentos, gestão aparece como uma "nova" alternativa
para o processo político-administrativo da educação. Entende-se
por gestão da educação o processo político-administrativo contex-
tualizado, por meio do qual a prática social da educação é organiza-
da, orientada e viabilizada (BORDIGNON; GRACINDO, 2001, p. 147).

Werle (2001, 2009) apresenta-nos reflexões sobre as dife-


rentes designações que têm sido usadas para indicar as funções de
gestão, direção, administração escolar, considerando que a legisla-
ção dos diferentes sistemas de educação não os distinguem e não
mantém fidelidade a nenhum dos termos. No entanto, pondera
que esses termos implicam a adoção de concepções administrati-
vas diante de um contexto histórico.
Werle (2008, p. 4) afirma que, nos anos 1970, em decor-
rência do predomínio de políticas centralizadas, hierárquicas e
autoritárias, a função de direção "referia-se a posição específica,
unipessoal, diretamente relacionada à obediência e vínculo com a
estrutura do sistema".
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 55

As decisões eram centralizadas na pessoa que exercia a fun-


ção diretiva, responsável, como pessoa de confiança, por tarefas
estipuladas pela hierarquia do sistema de ensino.
No entanto, se até bem pouco tempo a função do diretor
era zelar pelo bom funcionamento da escola, as transformações
sociais, científicas e tecnológicas passaram a exigir um novo mode-
lo de escola e, consequentemente, um novo perfil de dirigente: o
diretor-gestor. O processo educativo, devido à sua natureza inten-
cional, inclui o conceito de direção, que não pode ser desconheci-
do pelo diretor-gestor.
Nos anos 1980 e 1990, a expressão "gestão democrática" ga-
nhou força, carregando uma conotação mais ativa, sugerindo "ações
de levar sobre si, chamar a si, executar, exercer, gerar, de realizar
feitos ilustres, notáveis, nobres e corajosos" (Werle, 2009, p. 5).
A importância dessa visão proativa do gestor acaba por ser
minimizada em decorrência de uma política de revalorização da
racionalidade técnica e de minimização do cunho político da ativi-
dade com a priorização de metas preestabelecidas e definidas ex-
ternamente às escolas. As políticas educacionais passam a buscar
por indicadores de qualidade dos sistemas de ensino, avaliações
externas etc.
Werle (2008, p. 7) afirma:
À nossa discussão inicial (WERLE, 2001) que caracterizava o dire-
tor como designação vinculada à hierarquia, o administrador como
função generalizável perspectivada pela neutralidade técnica, as-
sociada à administração geral de empresas e por isto, apolítica e
exigindo formação de especialista e o gestor como função relativa
à dinâmica compreensiva das competências onde indivíduos e suas
instituições se interrelacionam, acrescentamos a dimensão geren-
cialista.

Como se pode depreender da citação, nuances perpassam o


significado dessas especificações que se modificam historicamen-
te de acordo com o contexto, com os aspectos legais e as políticas
públicas que ora privilegiam um aspecto, ora outro.

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56 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

Atualmente, a direção é considerada um dos princípios da


gestão democrática, desvinculando-se dos modelos empresariais
e das posições autoritárias com que sempre foi marcada. Dirigir
ressignificou-se numa ação carregada de intencionalidade, capaz
de definir os rumos da escola diante dos objetivos sociais e políti-
cos que lhe estão sendo exigidos pela realidade contemporânea.
Conforme o Novo dicionário da Língua Portuguesa (FERREI-
RA, 1999, p. 985), o termo "gestão" vem do latim (gestio-onis) e
significa "ato de gerir, gerência, administração".
Constituindo-se de princípios e práticas coerentes, Ferreira
(apud FERREIRA e AGUIAR, 2000, p. 306) afirma que:
Gestão é administração, é tomada de decisão, organização e dire-
ção. Relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização
a atingir seus objetivos, a cumprir sua função e desempenhar seu
papel. Constitui-se de princípios e práticas decorrentes que afir-
mam ou desafirmam os princípios que as geram. Esses princípios,
entretanto não são intrínsecos à gestão como a concebia a adminis-
tração clássica, mas são princípios sociais, que a gestão da educa-
ção se destina à promoção humana; ela é responsável por garantir
sua qualidade.

O que se deduz dessa afirmação é que a gestão pretende


abarcar tanto os aspectos administrativos e organizacionais quan-
to os aspectos de liderança e direção da escola. Ou seja, é um pro-
cesso de "mediação no seio da prática social global" cujo objetivo
é a hominização do ser humano, ou seja, a formação humana de
cidadãos por meio de uma educação de qualidade.
Como nos lembra Ferreira (apud FERREIRA e AGUIAR, 2000,
p. 307):
Seus princípios são os princípios da educação que a gestão assegu-
ra serem cumpridos, uma educação com a sabedoria de viver junto
respeitando as diferenças comprometidas com a construção de um
mundo mais humano e justo para todos os que nele habitam inde-
pendente de raça, cor, credo ou opção de vida.

Sobre a mesma temática, Sacristán (apud FERREIRA e


AGUIAR, 2000, p. 307) apresenta a maneira como compreende a
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 57

gestão escolar, argumentando que ela constitui uma dimensão da


educação institucional cuja prática põe em evidência:
[...] o cruzamento de intenções reguladoras e o exercício do con-
trole por parte da administração educacional, as necessidades sen-
tidas pelos professores de enfrentar seu próprio desenvolvimento
profissional no âmbito mais imediato de seu desempenho e as le-
gítimas demandas dos cidadãos de terem um interlocutor próximo
que lhes dê razão e garantia de qualidade na prestação coletiva
desse serviço educativo.

Para Lück (2000), o diretor escolar é um gestor da dinâmica


social, um mobilizador, um organizador, um articulador capaz de
dar unidade aos diversos posicionamentos de uma coletividade na
construção de um ambiente educacional e promoção da formação
de seus alunos. Além das atividades de administrador escolar, o di-
retor exerce a atuação da gestão, que abrange aspectos filosóficos
e políticos.
Mais recentemente, a concepção de administração escolar
também se modificou e passou a abarcar as atividades de plane-
jamento, organização, direção, coordenação e controle, surgindo
o termo "gestão", considerado mais abrangente. Segundo Lück
(2006, p. 99), "a gestão, por sua vez, envolve estas atividades ne-
cessariamente, incorporando certa dose de filosofia e política. O
que existe é uma dinâmica interativa entre ambas".
Como afirma Andrade (2004, p. 17):
A expressão gestão escolar em substituição à administração es-
colar, não é apenas uma questão semântica. Ela representa uma
mudança radical de postura, um novo enfoque de organização, um
novo paradigma de encaminhamento das questões escolares, an-
corados nos princípios de participação, de autonomia, de autocon-
trole e de responsabilidade.

Dessa forma, fica evidente que a prática da gestão e da di-


reção participativas converge para a elaboração e a execução do
projeto pedagógico de forma cooperativa e solidária.

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58 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

Os desafios da gestão educacional


Segundo Pazeto (2000, p. 164), a gestão da educação pode
ser compreendida como "a coordenação dos propósitos, ações e
recursos que uma instituição empreende para alcançar objetivos
institucionais e sociais propostos". E, nesse sentido, "a ideia de ad-
ministração da educação tem dimensão mais ampla que a de ges-
tão, enquanto o significado de gerenciamento é mais específico,
setorial".
Sobre a dimensão da atuação do gestor, Pazeto (2000, p.
164) afirma:
A gestão da educação tem caráter institucional, porém sua ênfase
está centrada na intervenção em realidades específicas, através de
programas, condições, desempenho e resultados, nos quais o ges-
tor centra sua atenção, tendo presentes a missão, as funções e a
especificidade da instituição.

Em seu artigo, Pazeto (2000) pondera que a escola, também


denominada de "instituição educacional", vem sendo desafiada
a assumir novas funções, papéis e interfaces, mas que ainda não
possui nem as condições necessárias para tal nem a consciência
das atuais demandas, exigidas pela complexidade das relações po-
líticas e sociais.
Em razão disso, as estruturas e os padrões administrativos
continuam verticalizados e monológicos. Permanece o antigo pa-
radigma ao qual a escola e as demais instituições educacionais se
limitaram. O autor esclarece:
A cultura, até certo ponto doméstica e personalista, cultivada em
cada instituição, impedia influências e interações horizontais ou
transversais entre elas. Consequência desse perfil institucional, o
modelo de gestão reduziu-se a um comando e controle sustenta-
dos no gerenciamento de normas, ações, recursos e resultados, em
que princípios como centralismo, autoridade, verticalidade e ver-
dade dificultavam a adoção de concepções, formas de relações e
de modelos alternativos (PAZETO, 2000, p. 164).

Pazeto (2000) assinala o descompasso entre a escola e as


demais instituições sociais, apontando que organizações, prin-
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 59

cipalmente as que compõem o mercado de produção de bens e


serviços, assumiram novos paradigmas (estruturas menos vertica-
lizadas, trabalho em equipe, participação, aproximação dos níveis
de decisão nos níveis de execução, confiança e valorização das
pessoas), enquanto a instituição escolar permaneceu dentro dos
parâmetros técnico-burocráticos, de comando centralizado. "A ló-
gica e o modelo que sustentavam a educação e a gestão da escola
distanciaram-se dos modelos de formação e desenvolvimento da
sociedade, mais dinâmicos e realistas" (PAZETO, 2000, p. 164).
Muitas das instituições educacionais ainda não tomaram
consciência da necessidade de criarem uma gestão ágil, dinâmi-
ca e comunicativa para o empreendimento de seu plano de ação.
Assim:
A fim de desempenharem seus papéis, as escolas estruturaram-se
nos moldes formais de centralização e verticalização do comando,
associados ao domínio do conhecimento centrado na verdade e na
especialidade de cada professor. Nesse modelo, predominaram re-
lações individualizadas e dependentes, sem o cultivo do diálogo,
da interação e da aprendizagem recíproca. Assim, a escola teve seu
comando centrado na legalidade e na burocracia, cujas bases origi-
navam, principalmente, do Estado, acrescidas de normas organiza-
cionais complementares, com o intuito de firmarem suas verdades
e sua autoridade (PAZETO, 2000, p. 164).

10. GESTÃO ESCOLAR como PRÁTICA CONSTRUTIVA


DA CIDADANIA E O CONTEXTO SOCIOPOLÍTICO
Ao abordar o tema "A escola, sua articulação com a gestão e
a política educacional", Vieira (2000, p. 141) comenta que, "na úl-
tima década, a escola tornou-se foco da política educacional para
que ela pudesse adequar-se às demandas da sociedade, do conhe-
cimento e cumprir a sua função social". Para isso, é necessário re-
tomar a constatação óbvia de que a escola tem papel fundamental
na formação da cidadania e revela o caráter estratégico de uma
gestão para o exercício dessa função política e social.

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60 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

No âmbito da escola, passa-se de uma concepção de administração


do cotidiano das relações de ensino-aprendizagem para a noção
de um todo mais amplo, multifacetado, relacionado não apenas
com uma comunidade interna, constituída por professores, alunos
e funcionários, mas também que se articula com as famílias e a
comunidade externa (VIEIRA, 2000, p. 141).

Portanto, os diretores e/ou administradores passam a ser


chamados de "gestores" e essa substituição terminológica advém
do entendimento da escola como "instituição caracterizada por
uma cultura própria, atravessada por relações de consenso e con-
flito, marcadas por resistências e contradições", conforme reflete
Vieira (2000, p. 141).
Alicerçada nos princípios democráticos, a gestão da educa-
ção concorre para a superação das políticas educacionais historica-
mente orientadas por autoritarismo que têm norteado as relações
sociais brasileiras, e que se encontram cristalizadas em nossa cul-
tura desde os tempos coloniais.
A escola é o núcleo da gestão, por isso a importância da defi-
nição clara de sua missão como construtora da cidadania. A gestão
democrática é, assim, uma forma essencial de valorização da cida-
dania, na medida em que promove a participação e almeja uma
sociedade mais justa e igualitária.
A redemocratização da sociedade acarretou uma mudança
nos paradigmas de gestão até então vigentes, com a necessidade
de criação de estratégias de participação dos diversos segmentos
sociais nas decisões que antes eram específicas do diretor escolar.
E como se pode entender a gestão nesse novo contexto?
A fim de minimizar o apelo gerencial que há no termo ges-
tão, percebemos que, na educação, essa ideia vem sempre carac-
terizada por dois adjetivos: "democrático-participativa".
Isso mostra que a escola, por seus objetivos sociais de for-
mação humana, não pode assumir os mesmos procedimentos e
objetivos da administração em geral nem da gestão empresarial. É
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 61

essa especificidade que ainda estamos tentando viabilizar na prá-


tica com uma gestão capaz de promover a apropriação e a recons-
trução do saber sistematizado e capaz de acreditar na potenciali-
dade humana do "vir a ser".
A maneira de conduzir uma escola deve diferenciar-se dos
objetivos capitalistas que se mostram antagônicos aos objetivos
educacionais: a escola busca produzir o saber para a cidadania e o
mundo capitalista busca a exploração desse saber para a reprodu-
ção do capital.
Se pensarmos nas finalidades da educação, veremos que
esta é a principal responsável pela formação humana nas dimen-
sões pessoal e profissional, tendo como principal objetivo capaci-
tar para a cidadania e para o mundo do trabalho.
Por consequência, a escola é a principal instituição de repro-
dução e produção de políticas capazes de orientar e organizar esse
processo de formação, visto que faz a mediação entre as neces-
sidades sociais, as necessidades da comunidade e os anseios das
subjetividades que se manifestam em seu espaço.
O que cabe ao gestor desse espaço de formação? Resumi-
damente, podemos afirmar que esse profissional deve organizar,
orientar e direcionar o processo de formação humana. No entan-
to, o contexto atual globalizado e a sociedade centrada no conhe-
cimento causam grandes impactos e transformações no conteúdo
dessa formação e nas formas de gestão da escola.
Estamos vivendo sob uma avalanche informacional, numa
sociedade com graves crises sociais, econômicas, políticas, geopo-
líticas e também crises éticas significativas. E a educação, repre-
sentada pela instituição escolar, tem sido entendida como capaz
de resolver todos esses problemas.
Segundo Lombardi (2005, p. 177-180), se partirmos de uma
visão a-histórica, a escola é entendida como uma instituição es-
tática, parada no tempo, com um tipo de organização imutável

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62 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

que se perpetua no tempo, sem passado e futuro. Se adotarmos


uma perspectiva anacrônica, ficaremos a desejar a escola de ou-
tros tempos, a sonhar com "aquela escola melhor que a escola
de hoje". Se assumimos uma visão idealizada, restringimo-nos ao
plano do discurso com uma escola no plano das ideias, sem consi-
derar as situações reais.
Enfim, precisamos historicizar a escola que temos hoje, con-
siderar as variáveis que nela interferem e descobrir as possibilida-
des de ação e transformação.
Assim, surge um questionamento central: como entender a
gestão da educação e a gestão escolar diante das finalidades, dos
objetivos educacionais desse novo contexto social?
A gestão escolar voltada para a transformação social não co-
aduna com a centralização do poder na instituição escolar. Atual-
mente, a escola é concebida como organização social em estreita
relação com a sociedade, na qual busca elementos para sua cons-
tante atualização.
Logo, o conceito de gestão correlaciona-se com o aprimora-
mento da democratização do processo pedagógico e pressupõe o
envolvimento responsável da coletividade nos processos decisó-
rios e na sua efetivação, mediante compromisso conjunto com re-
sultados educacionais cada vez mais significativos e qualificativos.
Como vimos, a gestão, e mais especificamente a gestão
democrático-participativa, ainda precisa se concretizar nas esco-
las, uma vez que há ainda muita centralização e verticalização das
estruturas de poder, o que impede a efetivação da participação
demandada pelos movimentos sociais desencadeados nos anos
1980 e 1990. É necessário que se instaurem processos de gestão
fundados nos princípios de coordenação, direção e participação.
Voltamos a reafirmar a importância da dimensão da gestão
democrática na educação como recurso primaz no atendimento
das demandas sociais por uma educação de qualidade, construto-
ra, centrada na inclusão e no conhecimento.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 63

11. QUESTões AUTOAVALIATIVAs


Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Qual é a importância de fazermos um paralelo entre as teorias da adminis-
tração geral e da administração escolar?

2) Relacione o que mais lhe chamou atenção em cada abordagem administra-


tiva – clássica e científica, das relações humanas e comportamental, estru-
tural e burocrática. Procure relacioná-las ao que você observa no contexto
escolar.

3) Como se desenvolveu o conceito de administração, dando origem ao termo


"gestão"?

4) Como a gestão é descrita nos principais documentos legais (Constituição Fe-


deral e LDBN 9394/96)?

5) Qual é a importância da gestão democrática para a formação cidadã? Qual é


a relação entre gestão democrática e participação?

6) Relacione os pontos em que você encontrou maior dificuldade. Em seguida,


retorne à unidade, resumindo-os, a fim de solucionar suas dúvidas.

12. Considerações
Se entendemos a atividade administrativa como uma ação
direcionada para fins e objetivos, a administração no âmbito da

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64 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

educação não pode pautar-se pelos parâmetros das abordagens


empresariais. Educação e empresa voltam-se para diferentes fi-
nalidades. A organização e a administração da educação têm por
objetivo a estruturação, a organização e a condução dos serviços
escolares com fins formativos.
Entendemos que, mais que mudanças terminológicas, é ne-
cessária uma mudança de práticas administrativas, desde o ma-
crossistema dos órgãos superiores até o microambiente das es-
colas. Embora a gestão da escola esteja sempre mais visível, em
todos os níveis de gestão educacional, ainda lutamos por relações
mais democráticas para uma efetiva participação que promova a
distribuição do poder.
A maneira como a escola se organiza e é dirigida está direta-
mente vinculada a uma determinada concepção de organização e
gestão escolar. A concepção democrático-participativa ocupa lugar
de relevância e destaque, pois propicia um funcionamento da es-
cola pública que incorpora ao processo ensino-aprendizagem prá-
ticas concretas de exercício de cidadania, ética e justiça.
No entanto, sem que se rompa com teorias administrativas
advindas do mercado capitalista e que não coincidem com os ob-
jetivos maiores da educação como formadora de cidadãos plenos
para a democracia, não é possível que as escolas exerçam sua fun-
ção diante da sociedade.
Para que a gestão escolar como prática política possa res-
ponder com eficiência, eficácia, efetividade e equidade aos desa-
fios da sociedade contemporânea, a sua atuação deve ocorrer com
base em uma relação democrática e cooperativa entre direção,
professores, alunos, família e comunidade.
Para isso, é fundamental que todos tenham a oportunidade
de participar dos processos decisórios da escola. Esses e outros
aspectos que importam para a gestão democrática é o que estuda-
remos nas próximas unidades.
© U1 - Das Teorias Administrativas à Gestão Educacional e Escolar 65

13. e-referÊncias
BRASIL. Lei nº. 9.394 de 20/12/96, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
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ticas+de+organiza%C3%A7%C3%A3o+e+gest%C3%A3o+da+escola&hl=pt-BR&gl=br&pid
=bl&srcid=ADGEESiZQfqF5zvy8635v8SlXKDJxNchDCRVVZBRxTSQAjpU81eAp4U8rDfM3_
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66 © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar

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