Foco-Aprendizagem Cienciashumanas

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Todos os direitos reservados à


Secretaria da Educação do Estado do Ceará - Centro Administrativo Governador
Virgílio Távora.
Av. General Afonso Albuquerque Lima, S/N – Cambeba, Fortaleza-CE - Cep: 60.822-325.
Ano de Publicação: 2023.

Elmano de Freitas da Costa Bruna Alves Leão


Governador Coordenadora de Protagonismo Estudantil –
COPES

Jade Afonso Romero Gezenira Rodrigues da Silva


Vice-Governadora Coordenadora de Educação de Tempo
Integral – COETI
Eliana Nunes Estrela
Secretária da Educação Ideigiane Terceiro Nobre
Coordenadora de Gestão Pedagógica do
Ensino Médio – COGEM
Emanuele Grace Kelly Santos Ferreira
Secretária Executiva de Cooperação com Kelem Carla Santos de Freitas
os Municípios Coordenadora de Avaliação e
Desenvolvimento Escolar para Resultados
na Aprendizagem – COADE
Helder Nogueira Andrade
Secretário Executivo da Equidade, Nohemy Rezende Ibanez
Direitos Humanos, Educação Complementar Coordenadora de Educação Escolar
e Protagonismo Estudantil Indígena, Quilombola e do Campo – COCIQ

Maria Jucineide da Costa Fernandes Rodolfo Sena da Penha


Secretária Executiva do Ensino Médio Coordenador da Educação Profissional –
e Profissional COEDP

Vagna Brito de Lima


Maria Oderlânia Torquato Leite Coordenadora Estadual de Formação
Secretária Executiva de Gestão Docente e Educação a Distância –
da Rede Escolar CODED/CED

Stella Cavalcante Jorge Herbert Soares de Lira


Secretária Executiva de Planejamento Cientista Chefe da Educação
e Gestão Interna da Educação
2

FICHA TÉCNICA

Ideigiane Terceiro Nobre


Maria da Conceição Alexandre Souza
Dóris Sandra Silva Leão
Coordenadoras da Elaboração

Luiz Raphael Teixeira da Silva


Consultor da Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

André dos Santos Velozo


George Amaral Pereira
Professores/elaboradores de História

Mônica Virna de Aguiar Pinheiro


Otávio Augusto de Oliveira Lima Barra
Professores/elaboradores de Geografia

Fabiano Alves de Morais


Lucas da Silva Sousa
Professores/elaboradores de Filosofia

Shirlene do Socorro Coelho Santos


Trícia Maria Marques do Brasil
Professores/elaboradores de Sociologia

Izabelle de Vasconcelos Costa


Renata Paula de Oliveira Leite
Tatiana Maria Silva Coelho Lemson
Revisão e organização de texto

Vagna Brito de Lima


Jacqueline Rodrigues Moraes
Diagramação e Organização Didática

Ana Joza de Lima


Carmen Mikaele Barros Marciel
Sâmia Luvanice Ferreira Soares
Thaissa Martins Lima
Transposição Didática

Lindemberg Souza Correia


Design Gráfico
3

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M425 Material Didático Estruturado Ciências Humanas: foco na


aprendizagem [recurso eletrônico] / Luiz Raphael Teixeira da
Silva (organizador). - Fortaleza: SEDUC, 2023.

Livro eletrônico
ISBN 978-85-8171-473-8 (E-book)

1. História. 2. Geografia. 3. Filosofia. 4. Sociologia. I. Silva, Luiz


Raphael Teixeira da, (org.). II. Título.

CDD: 370
4

APRESENTAÇÃO
Prezada(o) Professora(or),
É com entusiasmo que compartilhamos o Material Didático Estruturado (MDE) de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (CH) - Foco na Aprendizagem 2023, incluindo
os componentes de Filosofia, História, Geografia e Sociologia. Este recurso é o
resultado de esforços colaborativos direcionados à recomposição das aprendizagens e ao
aprimoramento contínuo do corpo docente.
O MDE de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas faz parte do Programa Ceará
Educa Mais, uma iniciativa da Secretaria da Educação do Ceará que visa fortalecer e
aprimorar o processo de recomposição de aprendizagens. No contexto desse programa,
o Foco na Aprendizagem se destaca como uma das ações primordiais, proporcionando
um ambiente de aprendizado mais dinâmico e participativo.
A Coordenação de Gestão Pedagógica do Ensino Médio (COGEM) exerce um
papel fundamental ao oferecer suporte pedagógico para as atividades relacionadas à
recomposição das aprendizagens no âmbito do Foco na Aprendizagem. O MDE de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, agora enriquecido com abordagens ativas e
tecnológicas, complementa o já vasto conjunto de recursos didáticos. Valorizamos a
autonomia de cada educador, compreendendo a riqueza de abordagens diversas.
O MDE de CH apresenta uma estrutura organizada por componentes curriculares,
com subcapítulos temáticos que guiam o desenvolvimento de habilidades e saberes. Em
sintonia com uma seleção de descritores da língua portuguesa, essa abordagem
interdisciplinar fomenta uma compreensão profunda e uma expressão precisa dos
alunos.
Um aspecto empolgante é a inclusão de atividades que empregam metodologias
ativas de aprendizagem. Estimulamos o uso de estratégias como aprendizado baseado
em problemas, debates orientados, projetos colaborativos e simulações. Essas
metodologias visam envolver os alunos de maneira ativa e prática, promovendo a
análise crítica, a resolução de problemas e a tomada de decisões embasadas.
Além disso, reconhecemos a importância dos recursos tecnológicos de
aprendizagem. O MDE de CH é projetado para integrar ferramentas digitais, recursos
online e plataformas interativas que enriquecem a experiência educacional. Isso permite
a exploração de conteúdos de maneira dinâmica, estimulando a participação e o
engajamento dos alunos.
Destacamos que a estrutura do material mantém um formato padrão em todas as
5

seções didáticas, facilitando a adaptação das metodologias ativas e dos recursos


tecnológicos. Isso oferece flexibilidade para a aplicação das estratégias de recomposição
da aprendizagem, considerando as particularidades de cada componente e o
planejamento individual de cada professor.
Nesse cenário de desafios, especialmente nos contextos pandêmico e pós-
pandêmico, compreendemos a necessidade de recursos sólidos e abordagens inovadoras.
O Foco na Aprendizagem em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, agora enriquecido
com metodologias ativas e recursos tecnológicos, emerge como uma ferramenta vital
para enfrentarmos esses desafios.
A Equipe de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Foco na Aprendizagem
2023 está comprometida em fornecer o apoio necessário para que você, estimada(o)
professora(or), possa aproveitar ao máximo este material. Juntos, podemos criar um
ambiente educacional mais envolvente, interativo e eficaz.

Atenciosamente,
Equipe de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Foco na Aprendizagem 2023
6

Sumário
Proposta Pedagógica - Filosofia………………......………….…………….. Pág. 8
Aula 01 ............................................................................................................. Pág. 9
Aula 02 ............................................................................................................. Pág. 16
Aula 03 ............................................................................................................. Pág. 23
Aula 04 ............................................................................................................. Pág. 29
Aula 05 ............................................................................................................. Pág. 36
Aula 06 ............................................................................................................. Pág. 43
Referências - Filosofia………..…………................………..……………… Pág. 50
Gabarito - Filosofia...…..………................................……………..………… Pág. 51
Proposta Pedagógica – História ...………………......………….…………….. Pág. 54
Aula 01 ............................................................................................................. Pág. 55
Aula 02 ............................................................................................................. Pág. 61
Aula 03 ............................................................................................................. Pág. 68
Aula 04 ............................................................................................................. Pág. 74
Aula 05 ............................................................................................................. Pág. 79
Aula 06 ............................................................................................................. Pág. 85
Referências – História ………..…………................………..……………… Pág. 91
Gabarito – História ...…..………................................……………..………… Pág. 93
Proposta Pedagógica - Sociologia………………......………….…………….. Pág. 95
Aula 01 ............................................................................................................. Pág. 96
Aula 02 ............................................................................................................. Pág. 106
Aula 03 ............................................................................................................. Pág. 113
Aula 04 ............................................................................................................. Pág. 121
Aula 05 ............................................................................................................. Pág. 127
Aula 06 ............................................................................................................. Pág. 133
Referências - Sociologia………..…………................………..……………… Pág. 138
Gabarito – Sociologia ..…..………..............................…………..………… Pág. 140
Proposta Pedagógica - Geografia………………......………….…………….. Pág. 142
Aula 01 ............................................................................................................. Pág. 143
Aula 02 ............................................................................................................. Pág. 149
Aula 03 ............................................................................................................. Pág. 155
Aula 04 ............................................................................................................. Pág. 159
Aula 05 ............................................................................................................. Pág. 167
Aula 06 ............................................................................................................. Pág. 173
Referências - Geografia………..…………................………..……………… Pág. 180
Gabarito - Geografia...…..………................................……………..……… Pág. 183
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Proposta Pedagógica Filosofia

Olá, estimada(o) aluna(o)!

É com grande prazer que apresentamos a Proposta Pedagógica de Filosofia do


Material Didático Estruturado (MDE) de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do
Foco na Aprendizagem. Este MDE foi meticulosamente desenvolvido para guiar você
em sua jornada de conhecimento no campo da Filosofia.
Nossa equipe de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas convida você a embarcar
nessa trajetória pedagógica que visa despertar seu interesse e estimular sua inteligência
por meio da interação com conteúdos, utilizando recursos tecnológicos, metodologias
ativas e materiais de estudo criativos e dinâmicos. Nosso objetivo é promover sua
autonomia na aprendizagem e auxiliar na recomposição de conceitos e habilidades.
Este guia foi construído por professores e professoras que estão atualmente
atuando em sala de aula, o que nos permite entender as demandas e desejos do ambiente
escolar. Agora, apresentamos a estrutura do MDE para que você possa explorar esse
percurso de conhecimento de maneira eficaz.
O MDE de Filosofia é composto por 6 aulas, cada uma com seções padronizadas.
Começamos com a seção "Nesta aula, você aprenderá...", que apresenta as habilidades e
descritores que serão abordados. Em seguida, temos a seção "Conceituando", onde você
encontrará um texto contextualizado e atualizado sobre o objeto de estudo.
A seção "Conversando com o Texto" traz leituras e/ou questões que visam
desenvolver seu senso crítico. A seção "ENEM" apresenta questões selecionadas de
processos seletivos anteriores, enriquecendo seu conhecimento sobre os temas.
"Desafie-se" é uma atividade desafiadora que visa superar limites e desenvolver suas
habilidades.
Na seção "Nesta aula eu...", você poderá se autoavaliar em relação ao aprendizado
alcançado. "Para saber mais" traz links/QRCodes para curiosidades, informações
adicionais, dicas de filmes e leituras complementares. A seção "Referências" lista as
fontes usadas na elaboração deste material.
Este guia não apenas aprimora sua aprendizagem em Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas, especialmente em Filosofia, mas também prioriza a contextualização do
conhecimento. Nossa orientação didático-pedagógica visa apoiar as práticas educativas,
enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem e contribuindo para sua formação
integral.

Desejamos a você excelentes estudos e enriquecedoras descobertas!

Com entusiasmo,

Equipe de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Filosofia – Foco na Aprendizagem


2023
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FOCO NA APRENDIZAGEM FILOSOFIA - AULA 01

Objeto do conhecimento da aula:

 Do público ao privado: Epicurismo


Nesta aula, você aprenderá....

● a estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la;


● a inferir uma informação implícita em um texto;
● a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.);
● a conhecer a Antiguidade Clássica e compreender as características da Grécia e
da Roma Antiga quanto a formação, surgimento da pólis, configurações sociais,
políticas, culturais e os elementos geradores da destruição dos impérios do
Mundo Antigo (Grécia e Roma).
Conceituando

Caro estudante, você em algum momento da vida, principalmente na infância


deve ter escutado de alguém mais velho que você a seguinte frase: “Não faça isso na
rua, somente em casa”, ou seja, a primeira impressão que temos é que existem ações que
se fazem em casa, e ações que se fazem na rua, na praça, ou seja, fora de casa.
Na filosofia, chamamos isso de ações públicas e ações privadas. Especialmente
tratando das questões políticas gregas, a antiga liberdade do cidadão grego era exercida
dentro da contextualização do processo de autonomia das cidades que foi se
modificando a partir dos macedônios, ocorrendo, assim, um declínio na participação do
cidadão sobre a pólis.
Em um universo onde a participação era fundamental, o espaço onde as
preocupações coletivas cederam lugar às preocupações pessoais, onde a reflexão
política enfraqueceu-se tornou-se o espaço para a vida privada. Neste momento, as
reflexões filosóficas passaram a se dedicar sobre a intimidade da vida pessoal e interior
do ser humano.
Um dos grupos filosóficos que estudou sobre essa questão foi o epicurismo,
fundado por Epicuro (341-271 a.C.). Este grupo defendia que o prazer é o princípio e o
fim de uma vida feliz, havendo, segundo eles, dois grupos de prazeres. O primeiro reúne
os prazeres mais duradouros, que encantam o espírito, como a boa conversação, a
contemplação das artes, a audição da música, etc. E o segundo, inclui os prazeres mais
imediatos, muitos dos quais são movidos pela explosão das paixões e que, ao final,
podem resultar em dor e sofrimento.
O conselho filosófico (podemos assim dizer) que Epicuro nos oferece é que, se
quisermos desfrutar dos grandes prazeres do intelecto, precisamos aprender a dominar
os prazeres exagerados da paixão, como medos, os apegos, a cobiça, a inveja, entre
outros.
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1. Após a leitura do texto, escreva as principais temáticas abordadas pelo autor do texto
acima e apresente um argumento que sustente suas conclusões.
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2. Identifique, no texto, os exemplos mencionados pelo autor que se enquadram como
"ações públicas". Em seguida, explique como essas ações são realizadas, destacando seu
impacto na sociedade e como elas são diferentes das ações privadas em termos de
objetivos e abrangência.
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3. Ao analisar as ideias dos Epicuristas sobre o prazer como início e fim para uma vida
feliz, explique a pretensão filosófica desse conceito. Escreva sobre como os epicuristas
definem o prazer e como ele se relaciona com a busca por uma vida plena. Relate sua
reflexão pessoal sobre a relevância dessas ideias para você.
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4. Caro estudante, de forma pessoal e reflexiva, descreva o que verdadeiramente lhe traz
felicidade.
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5. Após ler o conselho filosófico apresentado no final do texto, faça uma reflexão
pessoal sobre como essa mensagem se relaciona com aspectos de sua vida. Explique
como esse conselho pode influenciar sua perspectiva de vida e lhe gerar novos ideais.
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Conversando com o texto

É interessante observar que o prazer ou a alegria da vida não está, ao contrário do


que muitos acreditam, nos eventos espetaculares ou no luxo proporcionado pelo
dinheiro.
Encontramos pessoas de bem com a vida, entusiasmadas e felizes
independentemente da classe social a que pertencem. Da mesma forma, ressentidos,
insatisfeitos e deprimidos podem ser localizados entre os que representam o poder e a
glória da fortuna.
Essa constatação não significa que a boa ambição, que impulsiona os indivíduos a
uma vida melhor, deva ser menosprezada. Ao contrário. Aprender, crescer e conquistar
o que o mundo pode oferecer de melhor é sinal de uma boa autoestima, de motivação e
de disciplina, ingredientes fundamentais para o progresso da humanidade.
A reflexão que proponho, neste início de semana, é sobre o que nos traz alegria e
plenitude. Os sentimentos dessa natureza não se relacionam diretamente com o que você
tem na vida, mas, sim, com quem você é.
As alegrias da vida, como começamos falando, estão nas coisas simples, na
capacidade de sentir prazer na companhia de alguém, na contemplação de uma
paisagem bonita, no compartilhamento de ideias, no uso da criatividade, no ato de
abraçar a vida com amor, recebendo e irradiando sentimentos acolhedores. Observamos
que, tanto nas mesas das comunidades carentes, quanto nos restaurantes estrelados do
mundo, o que proporciona felicidade é saber desfrutar a companhia dos que nos
rodeiam, vivendo o prazer de estar presente no momento.
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Um bom banho antes de deitar na cama limpa, depois de um dia de trabalho, é


motivo de gratidão e de alegria para muitos. O futebol aos domingos, cinema com
pipoca, o mergulho na praia, caminhar à beira mar, na lagoa, no bosque, ou no
quarteirão do bairro são coisas simples que abastecem a alma quando se está de bem
com a vida.
As possibilidades de obter prazer na vida são inúmeras. Você pode fazer a sua
lista e escrever todas as pequenas grandes coisas que o deixam mais feliz. Alguns
exemplos das pequenas grandes coisas que podem fazer parte de sua lista são: brincar
com uma criança; fazer um trabalho manual; arrumar-se com calma diante do espelho
quando se perdeu aqueles quilinhos a mais; passear com o cachorro; adotar um animal
abandonado; cozinhar para quem se ama; reunir amigos; fazer um passeio; ouvir música
e dançar, seja em casa ou na discoteca; estudar com vontade; ler; fazer uma atividade
doméstica que o agrade; dar ou receber um telefonema carinhoso; beijar a pessoa
amada; perdoar a falha de alguém; fazer novos amigos; comemorar a vida, seja um
aniversário, um encontro de amigos, uma confraternização entre colegas.
São tantas as possibilidades de se ter prazer e alegria! Observamos que os motivos
que nos carregam de energia positiva e plenitude ao longo da vida não dependem de
grandes acontecimentos ou de muito dinheiro.
Desde que você tenha equilíbrio na vida, que saiba administrar sua situação
financeira, de modo a não ter dívidas maiores do que as que pode pagar, a questão do
dinheiro não tem tanto impacto sobre a felicidade que se é capaz de sentir.
Um bom saldo na conta bancária pode comprar conforto e possibilitar realizações
e prazeres. Entretanto, as alegrias da vida, a capacidade de amar e de ter prazer
convivendo com as outras pessoas dependem do que cada um traz dentro de si.
É nas coisas simples do cotidiano, na disposição para a vida e no desfrutar de
momentos comuns que reabastecemos-nos internamente, ganhando força e energia para
seguirmos em direção às conquistas que almejamos.
https://extra.globo.com/tv-e-lazer/vai-dar-certo/o-prazer-das-coisas-simples-da-vida-413666.html. Acesso em 02 de julho de 2023
(adaptado)

1. Ao analisar o conteúdo filosófico apresentado neste módulo e o texto fornecido, é


possível identificar alguma relação entre eles? Caso afirmativo, descreva e explique
como o texto dialoga ou se conecta com os conceitos filosóficos abordados, destacando
possíveis semelhanças, contrastes ou influências mútuas.
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2. Após a leitura do texto, expresse sua compreensão sobre a mensagem transmitida
pelo autor. Fundamente sua resposta, destacando os principais pontos do texto que
contribuíram para a sua interpretação e como esses elementos se entrelaçam para
comunicar a ideia central do texto.
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3. Ao analisar o texto lido, você concorda com os argumentos e pontos de vista
apresentados pelo autor? Se não, explique quais são seus descontentamentos ou
discordâncias em relação ao conteúdo do texto, fornecendo justificativas para suas
opiniões.
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4. Durante a leitura do texto, você encontrou alguma palavra cujo significado não
conseguiu identificar? Se sim, por favor, anote a palavra abaixo e utilize um dicionário
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para buscar o seu significado. Em seguida, compartilhe a definição encontrada para a


palavra em questão.
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5. Após a leitura do texto, gostaríamos que você demonstrasse sua criatividade
atribuindo um título adequado a ele. Considere o conteúdo e a mensagem transmitida
para criar um título que represente de forma concisa e impactante o tema abordado no
texto.
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ENEM

1. (Enem 2018) A quem não basta pouco, nada basta.


EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985.

Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude:


a) esperança, tida como confiança no porvir.
b) justiça, interpretada como retidão de caráter.
c) temperança, marcada pelo domínio da vontade.
d) coragem, definida como fortitude na dificuldade.
e) prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.

2. (Enem 2014) Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não
necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os
desejos que não nos trazem dor, se não satisfeitos, não são necessários, mas o seu
impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem
geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.

No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim


a) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
e) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.

3. (Enem/2012)
TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe,
existiu e existirá e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata,
transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-
se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A
água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao
máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
13

TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas,
está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam,
em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o
mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos
átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o
mundo numa teia de aranha.”
GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do
universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego
antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias
que
a) eram baseadas nas ciências da natureza.
b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
d) postulavam um princípio originário para o mundo.
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.

4. (Enem/2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de


Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma
direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades sabem que encontrarão junto
dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência
poderosa, que os leva a se censurarem. Sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças,
que ele tenta imprimir sua orientação.
BREHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na


a) contemplação da tradição mítica.
b) sustentação do método dialético.
c) relativização do saber verdadeiro.
d) valorização da argumentação retórica.
e) investigação dos fundamentos da natureza.

5. (Enem/2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto
de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma
relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro
em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-
se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da


Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão
se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.
14

Desafie-se

Considerando o tema "Do público ao privado: Epicurismo," proponho o seguinte


desafio:
Imagine que você é um filósofo da época antiga e está participando de um debate
com outros pensadores sobre as relações entre ações públicas e privadas sob a
perspectiva do Epicurismo. Seu objetivo é defender as seguintes questões:

1. Explique como as relações entre ações públicas e privadas foram discutidas


filosoficamente pelos epicuristas, destacando como eles abordaram a importância de
equilibrar essas esferas na busca por uma vida feliz.
2. Defenda a ideia de que o prazer pode ser um elemento necessário para tornar o
indivíduo mais feliz, mas também aborde as possíveis críticas e limitações dessa
perspectiva em relação a outras visões filosóficas sobre a felicidade.
3. Argumente sobre a relevância do Epicurismo para a filosofia e sua influência ao
longo da história, evidenciando como suas ideias ainda podem ser aplicadas e debatidas
na sociedade contemporânea.
Nesse desafio, é essencial que você utilize argumentos sólidos e embasados nos
conceitos e princípios do Epicurismo para sustentar suas posições. Lembre-se de
considerar diferentes perspectivas e antecipar possíveis objeções para fortalecer suas
respostas.
Boa reflexão e debate filosófico!

Nesta aula, eu...

Caro(a) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.

ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO

Ao longo do percurso de aprendizado


neste módulo, consegui realizar a
interpretação dos textos?

Identifiquei ao longo dos textos palavras


que enriqueceram o meu vocabulário?

Compreendi a diferença entre público e


privado?

Compreendi como os filosóficos


epicuristas lidam com a questão das
ações privadas?
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Para saber mais

Cara(o) aluna(o), para que você possa se aprofundar na temática Epicurismo,


deixamos aqui indicações de sites que a/o ajudaram a ter essa experiência de forma
prazerosa.

Sites:
1. https://www.todamateria.com.br/epicurismo/
2. https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/filosofia/epicurismo
3. https://www.todoestudo.com.br/filosofia/epicurismo

Suporte de Estudos:
1. https://enemnarede.seduc.ce.gov.br/home/
2. https://www.eurekadigital.app/
3. https://cursoenemgratuito.com.br/
16

FOCO NA APRENDIZAGEM FILOSOFIA - AULA 02

Objeto do conhecimento da aula:

 Do público ao privado: Estoicismo

Nesta aula, você aprenderá...

 a distinguir um fato da opinião relativa a esse fato;


 a estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la
 a inferir uma informação implícita em um texto;
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.);
 a conhecer a Antiguidade Clássica e compreender as características da Grécia e
da Roma Antiga quanto a formação, surgimento da pólis, configurações sociais,
políticas, culturais e os elementos geradores da destruição dos impérios do
Mundo Antigo (Grécia e Roma).
Conceituando

Cara/o estudante, dando continuidade à relação entre público e privado,


percebemos, no módulo anterior, que há uma relação que foi quebrada do
desenvolvimento político, do exercício da cidadania direta, aos modelos gregos e suas
pólis, cabendo agora às discussões sobre a vida privada. No módulo anterior, também
discutimos sobre o epicurismo e a sua forma de exercício para o prazer de forma
equilibrada, possuindo como objetivo uma vida feliz.
Uma outra escola filosófica que se dedicou a essas questões da vida privada foi o
Estoicismo, fundada a partir das ideias de Zenão de Cítio (336-263 a.C.). Sem dúvidas
foi a corrente filosófica que mais influenciou no período helenístico. Os seguidores
dessa escola filosófica ficaram conhecidos como estoicos e defendiam a noção de que
toda realidade existente é uma realidade racional. Isso significa que todos os seres,
indivíduos e a natureza fazem parte dessa realidade racional.
A partir destes filósofos, aquilo que chamamos de Deus seria a fonte dos
princípios racionais que regem o que atribuímos de realidade. De fora integrada à
natureza, não existe, para o ser humano, nenhum outro lugar para onde ir ou fugir.
Fazemos parte deste mundo e, ao morrer, por aqui nos dissolvemos. Desta forma,
percebemos que não dispomos de qualquer poder que altere a substancialidade em
relação à ordem universal do mundo, mas, que por meio da filosofia, podemos
compreendê-la.
Diferentemente dos epicuristas que discutiam sobre o prazer, Zenão colocava em
cheque a questão do “dever” sendo ele vinculado a compreensão cósmica, como a
melhor possibilidade para se chegar à felicidade. É feliz aquele que vive segundo a
própria natureza, a qual, por sua vez, integra a natureza do universo.
Os estoicos também defendiam uma atitude de austeridade física e moral, baseada
em virtudes como a resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo, a indiferença
ante as riquezas materiais. O ideal perseguido era um estado de plena serenidade para
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lidar com os sobressaltos da existência, fundado na aceitação e na compreensão dos


“princípios universais” que regem toda a vida.

1. Após ler o texto, escreva qual é a temática principal abordada nele e justifique sua
resposta com informações e exemplos do texto.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. Quais os argumentos utilizados pelo autor para defender um estado de prazer e
felicidade?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Enquanto os epicuristas defendiam que o prazer era o elemento fundamental para
alcançar a felicidade, qual era a motivação apresentada pelos seguidores de Zenão para
buscar a felicidade?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4. No final do texto, temos a seguinte frase: “os estóicos também defendiam uma atitude
de austeridade física e moral”. Você sabe o que é austeridade? Busque, no dicionário, o
seu significado.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Realize um pequeno resumo das principais ideias apresentadas no texto.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Conversando com o texto

Texto
Filosofia estoica nos dias de hoje
Nos nossos dias, o estoicismo ajuda a controlar nossos sentimentos. Assim, da mesma
forma que a psicanálise nos ajuda a compreender melhor quem somos, os ensinamentos
estoicos servem para melhorar nossa qualidade de vida.
Exemplos de como o estoicismo pode ser usado nos dias hoje:
 Conhecer a si mesmo.
 Controlar a ansiedade.
 Lidar com a insegurança.
 Manter a calma em situações adversas.
 Processar sentimentos e pensamentos negativos.
 Reduzir o stress.
 Aplicando os ensinamentos estoicos.
A seguir, separamos algumas dicas sobre como aplicar as ideias estoicas na sua vida:
 Faça uma reflexão diária. Análise de como foi o seu dia e pergunte-se como você
pode fazer melhor ou diferente no dia seguinte. Assim, você vai ter uma
percepção maior de si.
 Defina objetivos internos e não se preocupe com os resultados. Não deixe que o
que está fora do seu controle perturbe sua paz de espírito. Afinal, não
18

conseguimos controlar todos os fatores que nos ajudam a conquistar nosso


objetivo, e está tudo bem!
 Seja uma pessoa virtuosa. Trabalhe seu caráter e busque ser sempre uma pessoa
melhor. Portanto, fique atento aos seus vícios, por exemplo, pois eles constituem
uma forma de autodestruição.
 Aceite os acontecimentos imprevistos. Tenha em mente que nossa vida está cheia
de imprevistos, tanto bons como ruins. Afinal, eles fazem parte da natureza
humana e nem sempre estaremos preparados para lidar com eles.
https://www.psicanaliseclinica.com/estoicismo/#Filosofia_estoica_nos_dias_de_hoje. Acesso em 20 de junho de 2023 (adaptado)

1. Há alguma relação entre o texto apresentado e o conteúdo filosófico abordado no


módulo? Em caso afirmativo, identifique qual é essa relação e explique como o texto se
conecta ao conteúdo filosófico estudado.
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______________________________________________________________________
2. Você conseguiu compreender a mensagem do texto lido? Por favor, justifique sua
resposta, explicando as principais ideias ou conceitos que você identificou no texto e
como eles contribuíram para a sua compreensão geral.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Você concorda com as ideias apresentadas no texto lido? Caso contrário, por favor,
apresente seus pontos de descontentamento ou discordância, explicando quais são as
razões que o levam a ter uma perspectiva diferente em relação ao conteúdo do texto.
______________________________________________________________________
____________________________________________________________________
4. Apareceu, durante a leitura do texto, alguma palavra que você não conseguiu
identificar ou saber o significado? Anote a palavra abaixo e, com a ajuda de um
dicionário, busque o seu significado.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Das dicas apresentadas no texto, quais você mais gostou e considera que podem ser
incorporadas ao seu dia a dia? Por favor, explique por que essas dicas lhe chamaram a
atenção e como você planeja aplicá-las em sua vida diária.
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

ENEM

1. Enem/2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido
que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam desejadas; mas porque é difícil
juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das
duas. Porque dos homens que se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos,
volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são
inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como
acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
19

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e


políticas, Maquiavel define o homem como um ser
A. munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
B. possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
C. guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
D. naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos
naturais.
E. sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

2. (Enem/2019) Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em


risco a própria integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se
esse mesmo homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados
para decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo
não será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os
fins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir.
ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 2006 (adaptado).

O texto aponta uma inovação na teoria política na época moderna expressa na distinção
entre
A. idealidade e efetividade da moral.
B. nulidade e preservabilidade da liberdade.
C. ilegalidade e legitimidade do governante.
D. verificabilidade e possibilidade da verdade.
E. objetividade e subjetividade do conhecimento.
3. (Enem/2012)
TEXTO I
Experimentei, algumas vezes, que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca
se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada
sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta
suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá
para confirmar nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano.


A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
A. defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento
legítimo.
B. entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão
filosófica e crítica.
C. são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
D. concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos
sentidos.
E. atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do
conhecimento.
20

4.(Enem/2019)
TEXTO I
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito,
ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar
a incomparável beleza dessa imensa luz.
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa
razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não
podemos dizer que a crença em Deus é“apenas” uma questão de fé?
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.

Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que defende um


modelo
A. centrado na razão humana.
B. baseado na explicação mitológica.
C. fundamentado na ordenação imanentista.
D. focado na legitimação contratualista.
E. configurado na percepção etnocêntrica.
5.(Enem/2019) Dizem que Humboldt, naturalista do século XIX, maravilhado pela
geografia, flora e fauna da região sul-americana, via seus habitantes como se fossem
mendigos sentados sobre um saco de ouro, referindo-se a suas incomensuráveis riquezas
naturais não exploradas. De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel de
exportadores de natureza no que seria o mundo depois da colonização ibérica:
enxergou-nos como territórios condenados a aproveitar os recursos naturais existentes.
ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado).

A relação entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia a permanência da


seguinte corrente filosófica:
A. Relativismo cognitivo.
B. Materialismo dialético.
C. Racionalismo cartesiano.
D. Pluralismo epistemológico.
E. Existencialismo fenomenológico.
ENEM

Desafio: "Estoicismo no mundo digital"

Considerando o tema "Do público ao privado: Estoicismo" e as informações sobre a


estruturação do Estoicismo, as discussões propostas por Zenão de Cítio sobre a vida
privada e as relações do estoicismo com eventos cotidianos, faça uma reflexão sobre
como as tecnologias digitais podem impactar o modo como as pessoas aplicam os
princípios estoicos em suas vidas. Para isso, tente responder as questões a seguir e
depois siga o passo a passo proposto.

- Como as tecnologias digitais podem afetar a forma como as pessoas se relacionam


com o espaço público e privado, de acordo com os princípios estoicos?
21

- Quais aspectos da vida cotidiana, no contexto da era digital, podem oferecer desafios
para a aplicação dos princípios estoicos, como a ataraxia (serenidade) e a aceitação das
coisas externas?

- Como a filosofia estoica pode ajudar as pessoas a estabelecerem limites saudáveis


entre a esfera pública e privada no mundo digital, contribuindo para uma vida mais
equilibrada e alinhada com seus valores pessoais?

- Discuta como a cultura das redes sociais e a exposição constante à opinião pública
podem afetar a busca pela tranquilidade interior e a prática de viver de acordo com a
virtude, como defendido pelos estóicos.

- Descreva situações comuns na era digital em que os conceitos estoicos, como o


domínio das emoções e a busca pelo equilíbrio, podem ser aplicados para lidar com os
desafios emocionais e psicológicos relacionados à exposição na internet e à vida virtual.

Lembre-se de que este é um desafio que estimula a aplicarem o conhecimento


filosófico em seu contexto tecnológico atual, incentivando a reflexão crítica sobre como
os princípios estoicos podem ser relevantes na era digital.

Nesta aula, eu...

Cara(o) aluna(o), de acordo com os objetivos traçados para essa aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado:
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO
Ao longo do percurso de aprendizado
neste módulo, consegui realizar a
interpretação dos textos?
Identifiquei, ao longo dos textos,
palavras que enriqueceram o meu
vocabulário?
Compreendi a diferença entre o
Epicurismo e o Estoicismo?
Compreendi como os filosóficos
estoicistas lidam com a questão das ações
privadas?

Para saber mais


Cara/o aluna (o), para que você possa se aprofundar na temática Estoicismo,
deixamos aqui indicações de sites que a/o ajudaram a ter essa experiência de forma
prazerosa.
Sites:
1. https://www.todamateria.com.br/estoicismo/

2. https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-estoicos.htm
22

3. https://www.bbc.com/portuguese/geral-46458304

Suporte de Estudos:
1. https://enemnarede.seduc.ce.gov.br/home/

2. https://www.eurekadigital.app/

3. https://cursoenemgratuito.com.br/
23

FOCO NA APRENDIZAGEM FILOSOFIA - AULA 03

Objeto do conhecimento da aula

 Do público ao privado: Cinismo


Nesta aula, você aprenderá...

 a estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la;


 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.);
 a conhecer a Antiguidade Clássica e compreender as características da Grécia e
da Roma Antiga quanto a formação, surgimento da pólis, configurações sociais,
políticas, culturais e os elementos geradores da destruição dos impérios do
Mundo Antigo (Grécia e Roma).

Conceituando

Cara/o estudante, apresentamos a você uma nova corrente filosófica que discute
sobre a vida privada. Antes de nos aprofundarmos nessa nova corrente, precisamos dar
algumas explicações sobre a origem de seu nome. O termo cinismo, que nomeia esta
corrente, vem da palavra grego kynos, que significa “cão”; já cínico, do grego kynicos,
significa “como um cão”. Portanto, a palavra cinismo designa a corrente dos filósofos
que se propuseram a viver como os cães da cidade.
Os filósofos do Cinismo, ou melhor, os cínicos, levavam ao extremo a tese
socrática de que o ser humano deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os
bens materiais. Por isso, Diógenes de Sínope (413 – 327 a.C.), o pensador mais
destacado dessa escola, ficou conhecido como “Sócrates demente” ou o “Sócrates
louco”, pois questionava os valores e procurava levar uma vida estritamente conforme
os princípios que considerava moralmente corretos.
Vivendo em uma época em que as conquistas de Alexandre promoviam o
helenismo, que mesclou culturas e populações, Diógenes também não tinha apreço pela
diferença entre grego e estrangeiro. Conta-se que, quando lhe perguntaram qual era sua
cidadania, teria respondido “sou cosmopolita”. O termo cosmopolita é uma tradução do
grego kosmopolites que significa cidadão do mundo.
Há muitas histórias de sabedoria e humor sobre Diógenes. Uma delas conta que
ele morava em um barril e que, certa vez, Alexandre Magno foi visitá-lo. De pé em
frente à “casa”, Alexandre perguntou-lhe se havia algo que ele, como imperador,
poderia fazer em seu benefício. Diógenes respondeu prontamente: “Sim, podes sair da
frente do meu sol”. Diz a lenda que Alexandre, impressionado com o desprezo do
filósofo pelos bens materiais, teria comentado: “Se eu não fosse Alexandre, queria ser
Diógenes”.
1. Com base no texto apresentado, desenvolva sua interpretação sobre a temática
principal abordada pelo autor.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
24

2. Identifique e explique os argumentos utilizados pelo autor para defender a ideia de


que a verdadeira felicidade está relacionada à libertação dos apegos materiais.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Explique como Diógenes de Sínope era considerado em sua época, justificando sua
resposta com base em características e atitudes que o tornaram uma figura notável no
contexto histórico em que viveu.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4. Descreva as conclusões que podemos tirar do encontro entre Alexandre Magno e
Diógenes e reflita sobre a impressão que Diógenes deixou ao receber a visita do
imperador. Explique como essa interação ressalta os contrastes entre suas visões de
mundo e estilos de vida.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Explique o significado da frase "designa a corrente dos filósofos que se propuseram a
viver como os cães da cidade". Relacione essa expressão com o contexto filosófico dos
cínicos e com o estilo de vida adotado por Diógenes de Sínope, destacando as principais
características que aproximam essa corrente filosófica aos comportamentos dos cães na
cidade.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Conversando com o texto

Texto: O barril e a esmola


Zombavam de Diógenes. Além de morar num barril, volta e meia era visto
pedindo esmolas às estátuas. Cegas por serem estátuas, eram duplamente cegas, porque
não tinham olhos -uma das características da estatuária grega. Pela forma é que se
penetrava na alma das estátuas, não pelos olhos.
Perguntaram a Diógenes por que pedia esmola às estátuas inanimadas, de olhos
vazios. Ele respondia que estava se habituando à recusa. Pedindo a quem não o via nem
o sentia, ele nem ficava aborrecido pelo fato de não ser atendido.
É mais ou menos uma imagem que pode ser usada para definir as relações entre a
sociedade e o poder. Tal como as estátuas gregas, o poder tem os olhos vazados, só olha
para dentro de si mesmo, de seus interesses de continuidade e de mais poder.
A sociedade, em linhas gerais, não chega a morar num barril. Uma pequena
minoria mora em coisa mais substancial. A maioria mora em espaços um pouco maiores
do que um barril. E há gente que nem consegue um barril para morar, fica mesmo
embaixo da ponte ou por cima das calçadas.
Morando em coisa melhor, igual ou pior do que um barril, a sociedade tem
necessidade de pedir não exatamente esmolas ao poder, mas medidas de segurança,
emprego, saúde e educação. Dispõe de vários canais para isso, mas, na etapa final, todos
se resumem numa estátua fria, de olhos que nem estão fechados: estão vazios.
Pupilas vazadas que nada olham. Ou que olham errado -como no caso de Maria
Antonieta, que sugeriu ao povo comer brioches à falta de pão.
25

Não sei por que lembrei o cinismo sábio de Diógenes e o cinismo burro de Maria
Antonieta. Acho que têm a ver com um tipo de cinismo que nem é sábio nem burro. É
apenas um cinismo que só não é inútil porque é cruel.
Cony, Carlos Heitor. O barril e a esmola. Folha de S. Paulo, 05 de janeiro de 2000. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0501200006.htm. Acesso em: 20 jun 23.

1. Identifique e explique a relação existente entre o texto apresentado e o conteúdo


filosófico abordado no módulo.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. Com base no texto que você leu, explique se você compreendeu a mensagem
transmitida. Justifique sua resposta, destacando os principais pontos ou argumentos
presentes no texto que ajudaram a formar sua compreensão.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. No final da história de Diógenes, qual comparação ele utiliza para transmitir sua
mensagem ou ideia? Explique a metáfora ou analogia utilizada pelo filósofo e como ela
contribui para a compreensão do seu pensamento ou ensinamento.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4. Durante a leitura do texto, você encontrou alguma palavra que não conseguiu
identificar ou conhecer o significado? Caso positivo, anote a palavra abaixo e,
utilizando um dicionário, busque o seu significado.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. No texto que você leu, você identificou alguma passagem que pode ser relacionada
com os dias atuais? Justifique sua resposta, destacando semelhanças ou reflexões que
possam ser aplicadas ao contexto atual.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

ENEM

1. (Enem/2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o
poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo
corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer
leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos
indivíduos.
Os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário atuam de forma independente para a
efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo
exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do Espírito das Leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).

A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa
haver liberdade em um estudo. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que
haja
A. exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
B. consagração do poder político pela autoridade religiosa.
C. concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
D. estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
E. reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governo eleito.
26

2. (Enem/2018)
TEXTO I
Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de
todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra
segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

TEXTO II
Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem
seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele
em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado
era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.
ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993
(adaptado).

Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um


entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma
A. predisposição ao conhecimento.
B. submissão ao transcendente.
C. tradição epistemológica.
D. condição original.
E. vocação política.
3.(Enem/2017) Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado.
Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se
não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a
promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é
proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se
decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro,
vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.
KANT, l. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo. Abril Cultural, 1980

De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no


texto
A. Assegura que a ação seja aceita por todos a partir livre discussão participativa.
B. Garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra.
C. Opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.
D. Materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os
meios.
E. Permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas
envolvidas.
4.(Enem/2019)
TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu
estrelado sobre mim e a lei moral em mim.
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).
27

TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.

A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento


kantiano:
A. Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.
B. Aprioridade do juízo e importância da natureza.
C. Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica.
D. Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão.
E. Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.

5. (Enem/2013) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos
objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que
ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois,
uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo
que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).

O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução


copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
A. assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.
B. defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
C. revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão
filosófica.
D. apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação
aos objetos.
E. refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas
recusadas por Kant.

Desafie-se

Divida a turma em grupos e realizem um debate utilizando os seguintes tópicos:

1. **Como o cinismo se torna corrente filosófica:**


Cada grupo deve realizar uma pesquisa sobre as origens e evolução do cinismo como
corrente filosófica na Grécia Antiga. Durante o debate, apresentem as principais
características e ideias dessa filosofia, bem como os filósofos cínicos que contribuíram
para sua consolidação.

2. **Qual a contribuição do cinismo para as relações da vida privada:**


Cada grupo deverá explorar como os princípios cínicos de desapego material,
simplicidade de vida e autossuficiência podem influenciar as relações pessoais e a vida
privada das pessoas nos dias atuais. No debate, reflitam sobre como esses valores
filosóficos podem ajudar a promover uma vida mais autêntica e significativa.

3. **A figura central do cinismo, Diógenes de Sínope:**


Cada grupo será responsável por pesquisar e apresentar informações sobre Diógenes de
Sínope, suas ideias e seu estilo de vida. No debate, destaquem como suas atitudes e
28

filosofia impactaram o pensamento cínico e como seu exemplo pode ser relevante para a
compreensão e aplicação dos princípios cínicos na vida atual.

Nesta aula, eu...

Cara(o) aluna(o), de acordo com os objetivos traçados para essa aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado:
EM
ATIVIDADE CONSTRUÍDO
CONSTRUÇÃO
Ao longo do percurso de aprendizado neste
módulo, consegui realizar a interpretação dos
textos?
Identifiquei ao longo dos textos palavras que
acrescentaram ao meu vocabulário?
Compreendi no que se baseia o cinismo?
Compreendi como os filosóficos do cinismo
compreendiam a vida privada a partir do seu
próprio eu?

Para saber mais

Cara/ou aluna (o), para que você possa se aprofundar na temática Cinismo,
deixamos aqui indicações de sites que a/o ajudaram a ter essa experiência de forma
prazerosa.
Sites:
1. https://www.todamateria.com.br/cinismo/

2. https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/cinismo.htm

3. https://www.significados.com.br/cinismo/

Suporte de Estudos:
1. https://enemnarede.seduc.ce.gov.br/home/

2. https://www.eurekadigital.app/

3. https://cursoenemgratuito.com.br/
29

FOCO NA APRENDIZAGEM FILOSOFIA - AULA 04

Objeto do conhecimento da aula

 Fé versus razão

Nesta aula, você aprenderá...

 a distinguir um fato da opinião relativa a esse fato;


 a analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a
identificar conhecimentos, valores, crenças e práticas que caracterizam a
identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inseridas no tempo e
no espaço.
 a inferir uma informação implícita em um texto;
 a identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades
e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/
natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando
suas ambiguidades.
 a identificar o tema de um texto;
 a analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do
capital nos diversos continentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de
pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos,
econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.);
 a comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de
territórios, territorialidades e fronteiras, identificando o papel de diferentes
agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Nacionais e
organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e
externos), a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas,
políticas e tecnológicas.

Conceituando

A Igreja Católica teve papel preponderante na formação do feudalismo; além de


grande proprietária de terras, estruturou a visão de mundo do homem medieval. Na
realidade, foi a instituição que sobreviveu às inúmeras mudanças ocorridas na Europa
no século V e, ao promover a evangelização dos bárbaros, concretizou a simbiose entre
o mundo romano e o bárbaro.
Tal fato a tornou herdeira da cultura clássica, pois, no universo medieval, a Igreja
Católica monopolizava o conhecimento. Sem dúvida alguma, sua estrutura fortemente
hierarquizada colaborou para que ultrapassasse todas as crises, concentrando o saber e o
poder. Internamente, havia uma divisão entre o alto clero, membros da nobreza que
exerciam cargos de direção e o baixo clero, composto por pessoas originárias dos
segmentos mais pobres da população. O comando de toda essa estrutura lentamente
30

concentrou-se nas mãos do bispo de Roma, que se tornou papa no século V. Para
cumprir a missão de evangelização dos reinos bárbaros entre os séculos V e VII, parte
do clero passou a conviver com os fiéis, constituindo o clero secular, isto é, aquele que
vive no mundo. Entretanto, com o tempo, parte dos religiosos se vinculou aos aspectos
temporais e materiais do mundo medieval, ou seja, aos hábitos, interesses, relações,
valores e costumes dos homens comuns, afastando-se das origens doutrinárias e
religiosas.
Paralelamente ao clero secular, surgiu o clero regular, formado por monges que
serviam a Deus vivendo afastados do mundo material, recolhidos em mosteiros. São
Bento organizou a primeira ordem monástica no ocidente, a ordem dos beneditinos,
baseado na regra orar e trabalhar, que significa viver, na prática, em estado de
obediência, pobreza e castidade. Na verdade, os mosteiros acabaram se tornando o
centro da vida cultural e intelectual da Idade Média e também cumpriram funções
econômicas e políticas importantes.
Entre os séculos XI e XIII a Igreja viveu diversas crises e mudanças. Contra a
concentração de poderes materiais da Igreja surgiram, por exemplo, vários movimentos
que questionavam alguns dogmas cristãos e por isso eram considerados heréticos. Os
cátaros, valdenses, patarinos, entre outros, condenavam a riqueza da Igreja e não se
submetiam à autoridade do papa. Os hereges foram combatidos com extrema violência
pela Igreja Católica, principalmente após a organização do Tribunal do Santo Ofício no
século XII. O julgamento chamava-se Inquisição do Santo Ofício. Dessa crise surgiu
uma reforma na Igreja Católica, promovida pelo papa Gregório IX, no século XI. Entre
os pontos fundamentais, estava a questão de que os senhores feudais não poderiam mais
nomear os bispos de sua região, o fim do comércio de bens religiosos, a imposição do
celibato clerical e os movimentos das cruzadas.
Na própria Igreja, também existiam movimentos contrários ao seu envolvimento
nas questões materiais e ao uso da violência contra os hereges. Eram os franciscanos e
dominicanos, que pregavam voto de pobreza e por isso eram conhecidos como ordens
mendicantes, que se misturavam ao povo, procurando demonstrar a vida pobre e
sacrificada do cristão. No entanto, eles foram incapazes de realizar a moralização
definitiva da Igreja. Pode-se considerar que toda movimentação contra as interferências
da Igreja Católica no mundo material, iniciada na Idade Média, acabaram originando a
grande divisão dos católicos no século XVI, com a Reforma Protestante.
1. Após a leitura do texto acima, explique resumidamente a temática abordada no texto.
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2. Descreva como ocorriam as concessões de terra durante o sistema feudal. Explique a
estrutura hierárquica envolvendo o rei ou imperador, os senhores feudais e os vassalos,
e qual era o propósito dessas concessões.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Explique a pretensão da filosofia ao discutir o prazer como início e fim para uma vida
sem domínio da Igreja Católica. Como essa visão sobre o prazer se contrapunha à
influência da Igreja e de que forma essa discussão buscava harmonizar a fé com a razão
dentro do contexto feudal?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
31

4. Explique quem eram os feudos e qual era o objetivo deles. Como os feudos se
relacionavam com a dicotomia entre fé e razão?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Explique a diferença fundamental entre fé e razão e como essa divergência afetou a
sociedade feudal da época.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Conversando com o texto

Texto: Feudalismo: o que foi, sociedade e características


O Feudalismo foi uma organização econômica, política e social baseada na posse
da terra - o feudo - que predominou na Europa Ocidental durante a Baixa Idade Média.
Ele surgiu do encontro entre os costumes romanos e germânicos, através das invasões
bárbaras no então Império Romano do Ocidente.
As terras e títulos de nobreza eram doadas pelo rei como recompensa aos líderes
por terem participado de batalhas.
O feudo era uma grande propriedade rural que abrigava o castelo fortificado, as
aldeias, as terras para cultivo, os pastos e os bosques.
Teve origem no Império Carolíngio, quando o rei precisava de aliados para
defender suas extensas fronteiras. A partir do século IX, quando este império se
desintegrou, o que sobrou foram várias regiões independentes entre si, governadas por
um nobre.
Características do Feudalismo
Sociedade Feudal
A sociedade, no feudalismo, era denominada estamental, porque era composta por
camadas sociais que se diferenciavam pelos privilégios que possuíam. Existiam três
estamentos sociais – nobreza, clero e servos. Quase não existia mobilidade social e
passar de um estamento social para outro era praticamente impossível.
Nobreza
A nobreza era proprietária de terras e seus integrantes eram chamados senhores
feudais. Estes aplicavam as leis, concediam privilégios, comercializavam com os
vizinhos, administravam a justiça, declaravam as guerras e faziam a paz. No topo da
nobreza, estava o rei, que concentrava pouco poder político, pois este era dividido entre
o monarca e os senhores feudais. No entanto, o monarca tinha prestígio junto aos outros
senhores feudais.

1. Discuta se a dúvida pode ser considerada um exercício de conformismo ou de


inconformismo, apresentando argumentos que justifiquem sua posição.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. Crie um título criativo para o texto lido, considerando a ausência de título prévio e
sua percepção da temática abordada. Demonstre sua criatividade!
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
32

ENEM

1. (Enem,2016)
A grande contribuição de Tomás de Aquino para a vida intelectual foi a de valorizar a
inteligência humana e sua capacidade de alcançar a verdade por meio da razão natural,
inclusive a respeito de certas questões da religião. Discorrendo sobre a “possibilidade de
descobrir a verdade divina”, ele diz que há duas modalidades de verdade acerca de
Deus. A primeira refere-se a verdades da revelação que a razão humana não consegue
alcançar, por exemplo, entender como é possível Deus ser uno e trino. A segunda
modalidade é composta de verdades que a razão pode atingir, por exemplo, que Deus
existe.
A partir dessa citação, indique a afirmativa que melhor expressa o pensamento de
Tomás de Aquino.
A. A fé é o único meio do ser humano chegar à verdade.
B. O ser humano só alcança o conhecimento graças à revelação da verdade que Deus
lhe concede.
C. Mesmo limitada, a razão humana é capaz de alcançar certas verdades por seus meios
naturais.
D. A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades acerca de Deus.
E. Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser humano nada pode conhecer d’Ele.
2. (Enem 2013) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreitamente devedora do
platonismo cristão milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de
Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo
sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas
resistências (de tornar-se cristão).
(PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro Zahar
Editores: 1983, p.77.)

Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de
Plotino, o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado ao
pensamento de Platão.
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma dessas diferenças:
A. Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o conhecimento verdadeiro,
enquanto, para Platão, a verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser humano
B. Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mundo das Ideias, enquanto para
Agostinho não existe nenhuma realidade além do mundo natural em que
vivemos.
C. Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Platão a alma não é imortal, já que é
apenas a forma do corpo.
D. Para Platão, o conhecimento é, na verdade, reminiscência, a alma reconhece as Ideias
que ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o conhecimento é resultado
da Iluminação divina, a centelha de Deus que existe em cada um.
E. Defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
3. (Enem/2012)
TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe,
existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se
33

dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são condensados. As nuvens


formam-se a partir do ar pela filtragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em
água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada
ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).

TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as
coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos
apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para
os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os
Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem
ancorar o mundo numa teia de aranha.”
GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do
universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego
antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias
que
A. eram baseadas nas ciências da natureza.
B. refutavam as teorias de filósofos da religião.
C. tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
D. postulavam um princípio originário para o mundo.
E. defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
4. (Enem/2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de
Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma
direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades sabem que encontrarão junto
dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência
poderosa, que os leva a se censurarem. Sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças,
que ele tenta imprimir sua orientação.
BREHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na


A. contemplação da tradição mítica.
B. sustentação do método dialético.
C. relativização do saber verdadeiro.
D. valorização da argumentação retórica.
E. investigação dos fundamentos da natureza.

Desafie-se

Desafio: Fé versus Razão na Era Medieval - O Legado do Feudalismo para a


Filosofia. Imagine que você é um historiador do século XVIII e descobriu um antigo
manuscrito digital que aborda as relações entre o poder da Igreja Católica e os feudos
durante a Era Medieval, destacando a influência do feudalismo nas bases conceituais da
filosofia.
Utilizando recursos da tecnologia digital e suas habilidades de pesquisa, você
deve responder as perguntas abaixo:
34

Pesquise e analise o manuscrito digital recém-descoberto sobre 'Fé versus Razão


na Era Medieval' e apresenta um vídeo ensaio, utilizando técnicas de edição e recursos
visuais que explore as seguintes questões:
1. Como as relações entre o poder da Igreja Católica e os feudos se entrelaçavam
durante o período medieval? Quais eram os principais aspectos que sustentavam
essa relação e como influenciavam a sociedade da época?
2. Descreva as bases conceituais do feudalismo, destacando suas características
políticas, sociais e econômicas. Explique como esse sistema influenciou a
organização da sociedade medieval e quais foram os principais desdobramentos
dessas relações.
3. Analise a importância do feudalismo para a filosofia medieval com base nos
seguintes questionamentos: Como as ideias e valores propagados pelo sistema
feudal afetaram o pensamento filosófico da época? Quais foram os principais
pensadores medievais que abordaram essa relação e como eles se posicionaram
em relação ao embate entre fé e razão?
4. Com base em suas pesquisas e análises, discuta como as tensões entre fé e razão
na Era Medieval podem ser interpretadas e relacionadas aos debates filosóficos e
culturais da atualidade. Exemplifique com situações contemporâneas em que essa
temática ainda se faz presente.
No vídeo ensaio, utilize recursos visuais, trechos do manuscrito digital, gráficos,
animações ou qualquer outra ferramenta tecnológica para enriquecer suas explicações e
tornar o conteúdo mais acessível e atrativo para o público do século XXIII.
Duração recomendada do vídeo ensaio: entre 5 e 10 minutos.
Lembre-se de citar as fontes e referências utilizadas para embasar suas
informações. Seja criativa(o) e explore a intersecção entre a história, a filosofia e as
tecnologias digitais para trazer à tona um panorama abrangente sobre o tema proposto.

Nesta aula, eu...

Cara(o) aluna(o), de acordo com os objetivos traçados para essa aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado:
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO
Ao longo do percurso de aprendizado
neste módulo, consegui realizar a
interpretação dos textos?
Identifiquei, ao longo dos textos,
palavras que enriqueceram o meu
vocabulário?
Compreendi a diferença entre público
e privado?
Compreendi como era o poder da
igreja sobre os feudos?
35

Para saber mais

Cara/ou aluna (o), para que você possa se aprofundar na temática fé e razão,
deixamos aqui indicações de sites que a/o ajudaram a ter essa experiência de forma
prazerosa.
Sites:
1. Top Melhores Filmes sobre a Idade Média - Cinema10

2. 48 melhores filmes sobre o Império Romano

3. 15 melhores programas de TV sobre o Império Romano (filmes.best)

Suporte de Estudos:
1. https://enemnarede.seduc.ce.gov.br/home/

2. Filosofia - Toda Matéria (todamateria.com.br)

3. https://cursoenemgratuito.com.br/
36

FOCO NA APRENDIZAGEM FILOSOFIA - AULA 05

Objeto do conhecimento da aula

 Patrística.
Nesta aula, você aprenderá...

 a inferir uma informação implícita em um texto;


 a identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades
e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/
natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando
suas ambiguidades.
 a distinguir um fato da opinião relativa a esse fato;
 a analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do
capital nos diversos continentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de
pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos,
econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.);
 a comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de
territórios, territorialidades e fronteiras, identificando o papel de diferentes
agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Nacionais e
organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e
externos), a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas,
políticas e tecnológicas.
 a identificar o tema de um texto;
 a identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e
sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas,
tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do
tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.

Conceituando

A Patrística, Escola Patrística ou Filosofia Patrística, foi uma corrente filosófica


cristã da época medieval que surgiu no século IV. Recebe esse nome, pois ela foi
desenvolvida por diversos padres e teólogos da Igreja, os quais eram chamados de “Pais
da Igreja”. Sua figura mais importante foi Santo Agostinho de Hipona.
A Patrística é considerada a primeira fase da filosofia medieval. Sua principal
característica era a expansão do Cristianismo na Europa e o combate aos hereges. Por
isso, essa doutrina filosófica foi representada pelo pensamento dos Padres da Igreja, que
gradualmente auxiliaram na construção da teologia cristã. Baseada na filosofia grega, os
filósofos desse período tinham como objetivo central compreender a relação entre a fé
37

divina e o racionalismo científico. Ou seja, eles buscavam a racionalização da fé cristã.


Portanto, os principais temas explorados estavam ancorados nas vertentes do
maniqueísmo, ceticismo e neoplatonismo. São eles: criação do mundo, ressurreição e
encarnação, corpo e alma, pecados, livre arbítrio, predestinação divina.
Santo Agostinho (354-430) foi teólogo, bispo, filósofo e o principal expoente da
Patrística. Seus estudos estiveram voltados para a luta do bem e do mal (maniqueísmo),
bem como do neoplatonismo. Além disso, ele focou no desenvolvimento do conceito de
“pecado original” e do “livre arbítrio” como forma de livrar do mal. A “predestinação
divina”, associada à salvação dos homens pela graça divina, também foi um dos temas
explorados por Agostinho.
Acreditava na fusão da fé (representada pela Igreja) e da razão (representada pela
Filosofia) para encontrar a verdade. Ou seja, as duas poderiam trabalhar juntas, cuja
razão auxiliaria na busca da fé, que por sua vez, não poderia ser atingida sem o
pensamento racional.

1. Após a leitura do texto, redija um breve resumo explicando qual é a temática central
abordada no mesmo. Tente destacar os principais pontos discutidos.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. No contexto da Patrística, corrente filosófica cristã da época medieval, o autor
explora argumentos em busca da fé. Com base no texto fornecido, liste e explique pelo
menos três desses argumentos utilizados pelos filósofos patrísticos, com destaque para
as ideias defendidas por Santo Agostinho, o principal expoente dessa escola filosófica.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Explique a concepção de Santo Agostinho (354-430) a respeito da diferença entre o
bem e o mal. Como ele entende a origem e a natureza desses conceitos?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4. No final do texto, menciona-se que a "predestinação divina", associada à salvação dos
homens pela graça divina, foi um dos temas explorados por Santo Agostinho. Comente
sobre o conceito de "predestinação divina" na visão de Agostinho, e como esse tema se
relaciona com a busca pela salvação segundo sua perspectiva filosófica e teológica.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Com base na leitura do texto sobre a Patrística e as ideias de Santo Agostinho,
escreva um pequeno resumo destacando as principais ideias apresentadas. Explique
como a Patrística buscava conciliar a fé cristã com a filosofia grega, abordando temas
como o bem e o mal, a natureza do pecado e a busca pela salvação. Além disso,
comente sobre a importância dos estudos de Santo Agostinho na construção do
pensamento patrístico e da teologia cristã na Idade Média.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Conversando com o texto

Texto:Trovadorismo
O Trovadorismo é um movimento literário que esteve marcado pela produção de
cantigas líricas (focadas em sentimentos e emoções) e satíricas (com críticas diretas ou
38

indiretas). Considerado o primeiro movimento literário europeu, ele reuniu registros


escritos da primeira época da literatura medieval entre os séculos XI e XIV.
Esse movimento, que ocorreu somente na Europa, teve como principal
característica a aproximação da música e da poesia.
Nessa época, as poesias eram feitas para serem cantadas ao som de instrumentos
musicais. Geralmente, eram acompanhadas por flauta, viola, alaúde, e daí o nome
“cantigas”. O autor das cantigas era chamado de “trovador”, enquanto o “jogral” as
declamava e o “menestrel”, além de recitar também tocava os instrumentos. Por isso, o
menestrel era considerado superior ao jogral por ter mais instrução e habilidade
artística, pois sabia tocar e cantar.
Todos os manuscritos das cantigas trovadorescas encontradas estão reunidas em
documentos chamados de “cancioneiros”. Em Portugal, esse movimento teve como
marco inicial a Cantiga da Ribeirinha (ou Cantiga de Guarvaia), escrita pelo trovador
Paio Soares da Taveirós, em 1189 ou 1198, pois não se sabe ao certo o ano em que ela
foi produzida.
Escrita em galego-português (língua que se falava na época), a Cantiga da
Ribeirinha (ou Cantiga de Guarvaia) é o registro mais antigo que se tem da produção
literária desse momento nas terras portuguesas.
Confira abaixo um trecho dessa cantiga:

No mundo não me sei parelha, mentre me for' como me vai,ca ja moiro por vós - e
ai!mia senhor branca e vermelha, Queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia!
Mas o dia me levantei, que vos enton non vi fea!
Embora o Trovadorismo tenha surgido na região da Provença (sul da França), ele se
espalhou por outros países da Europa, pois os trovadores provavelmente eram
considerados os melhores da época e seu estilo foi imitado em toda a parte. O
Trovadorismo teve seu declínio no século XIV, quando começou outro movimento da
segunda época medieval portuguesa: o Humanismo.

1. Considerando o texto apresentado sobre o Trovadorismo, é possível encontrar uma


relação com o conteúdo filosófico discutido no módulo? Se sim, identifique aspectos do
Trovadorismo que possam estar relacionados com questões filosóficas, como visões de
mundo, abordagens morais ou reflexões sobre a natureza humana.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. Você conseguiu compreender a mensagem do texto sobre o Trovadorismo que foi
apresentado anteriormente? Por favor, justifique sua resposta explicando os principais
pontos abordados no texto e como eles foram interpretados por você.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Você concorda com o texto sobre o Trovadorismo que foi apresentado? Caso não
concorde, por favor, explique quais são seus descontentamentos ou discordâncias em
relação aos pontos abordados no texto.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
39

4. Durante a leitura do texto sobre o Trovadorismo, você encontrou alguma palavra cujo
significado não conseguiu identificar? Se sim, por favor, anote a palavra abaixo e utilize
um dicionário para buscar o seu significado. Em seguida, compartilhe o significado da
palavra que pesquisou.
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5. No texto sobre o Trovadorismo, foram apresentadas algumas dicas ou aspectos
relacionados ao movimento literário. Quais dessas dicas você mais gostou e acredita que
podem ser incorporadas ao seu dia a dia? Explique como essas dicas podem ser
aplicadas e como elas podem contribuir para a sua vida diária.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

ENEM

1. (Enem/2012)
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de
conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma
relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro
em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-
se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da


Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão
se situa diante dessa relação?
A. Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
B. Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
C. Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
D. Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
E. Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

2. (Enem/2012)
TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência
nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo
empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão
deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial,
isso servirá para confirmar nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano.


A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
A. defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento
legítimo.
40

B. entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão


filosófica e crítica.
C. são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos
sentidos.
D. atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do
conhecimento.
3.(Enem/2017) Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar
todos os seus bens.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2017.

A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse preceito normativo tem em


vista a vinculação histórica fundamental entre
A. etnia e miscigenação racial.
B. sociedade e igualdade jurídica.
C. espaço e sobrevivência cultural.
D. progresso e educação ambiental.
E. bem-estar e modernização econômica.
4. (Enem/2017) A diversidade de atividades relacionadas ao setor terciário reforça a
tendência mais geral de desindustrialização de muitos dos países desenvolvidos sem que
estes, contudo, percam o comando da economia. Essa mudança implica nova divisão
internacional do trabalho, que não é mais apoiada na clara segmentação setorial das
atividades econômicas.

RIO, G. A. P. A espacialidade da economia. In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (Org.). Olhares geográficos:
modos de ver e viver o espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012 (adaptado).

Nesse contexto, o fenômeno descrito tem como um de seus resultados a


A. saturação do setor secundário.
B. ampliação dos direitos laborais.
C. bipolarização do poder geopolítico.
D. consolidação do domínio tecnológico.
E. primarização das exportações globais.
5. (Enem/2017)
Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo
e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou
antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre
essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas,
o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará
de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode
chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina
quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão
deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço,
como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política
utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não
devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa
finalidade será o bem humano.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991 (adaptado).
41

Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que
A. o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses.
B. o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.
C. a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.
D. a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.
E. a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.

Desafie-se

Desafio de Aprendizagem - Patrística: Conectando o Passado com o Cotidiano


Objetivo: o desafio tem como objetivo proporcionar aos alunos do ensino médio uma
oportunidade de compreender e aplicar os conceitos da filosofia patrística da idade
média, bem como explorar as discussões entre a filosofia de Santo Agostinho e o
Cristianismo. Além disso, busca-se promover a reflexão sobre como o Cristianismo
pode estar presente e como se relaciona com eventos presenciados no cotidiano dos
alunos.
Instruções
1. Divida a turma em grupos e forneça material de pesquisa sobre a filosofia patrística e
Santo Agostinho.
2. Cada grupo deve investigar a proposta da filosofia patrística na idade média e
identificar as principais discussões entre a filosofia de Santo Agostinho e o
Cristianismo.
3. Os grupos devem elaborar apresentações, debates ou painéis que exponham suas
descobertas e interpretações sobre os temas estudados.
4. Em seguida, cada grupo deve analisar e discutir como elementos do Cristianismo
podem ser identificados e relacionados com eventos ou situações cotidianas.
5. Os grupos devem compartilhar suas reflexões com a turma, estimulando a
participação de todos os alunos nas discussões e ampliando a compreensão coletiva
sobre o assunto.
6. Finalmente, cada grupo é desafiado a criar uma proposta criativa de como aplicar ou
promover valores cristãos no contexto atual, trazendo a relevância histórica do tema
para o presente.
Observações
- O desafio pode ser enriquecido com atividades práticas, como entrevistas com
membros da comunidade religiosa local, visitas a igrejas ou instituições cristãs ou até
mesmo a produção de textos reflexivos pelas/os estudantes sobre as relações entre o
Cristianismo e o cotidiano.
- Os professores podem fornecer orientações adicionais e materiais complementares
para aprofundar o conhecimento dos alunos sobre a filosofia patrística e Santo
Agostinho.
- Incentive os alunos a utilizar a criatividade e pensamento crítico durante todo o
processo do desafio, buscando conexões relevantes e significativas entre o passado e o
presente.
42

Nesta aula, eu...

Caro(a) aluno(a), de acordo com os objetivos traçados para essa aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado:
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO
Ao longo do percurso de aprendizado
neste módulo, consegui realizar a
interpretação dos textos?
Identifiquei, ao longo dos textos,
palavras que enriqueceram o meu
vocabulário?
Compreendi a diferença entre Patrística
e Cristianismo?
Compreendi como os filosóficos
plantonistas lidam com a questão das
ações privadas?

Para saber mais

Cara/o aluna (o), para que você possa se aprofundar na temática trabalhada,
deixamos aqui indicações de sites que a/o ajudaram a ter essa experiência de forma
prazerosa.
Sites:
1. Patrística: o que é, contexto, filósofos, obras - Brasil Escola (uol.com.br)

2. MUBI: Assista e Descubra Filmes

3. 5 documentários que refletem a sociedade patriarcal em que vivemos |


GQportugal.pt/portuguese/geral-46458304

Suporte de Estudos:
1. https://enemnarede.seduc.ce.gov.br/home/

2. Filosofia Patrística - Toda Matéria (todamateria.com.br)

3. Ciências Humanas e suas Tecnologias: Enem - Toda Matéria (todamateria.com.br)


43

FOCO NA APRENDIZAGEM FILOSOFIA - AULA 06

Objeto de conhecimento da aula

 Escolástica

Nesta aula, você aprenderá...

 a estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la;


 a identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades
e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/
natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando
suas ambiguidades.
 a inferir uma informação implícita em um texto;
 a analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do
capital nos diversos continentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de
pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos,
econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.);
 a identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e
sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas,
tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do
tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
 a identificar o tema de um texto;
 a identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes
circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as
gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na atualidade, as
transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.

Conceituando

Cara(o) estudante, apresentamos a você uma nova corrente filosófica que discute
sobre o Estoicismo ou Escola Estoica que é uma doutrina filosófica fundamentada nas
leis da natureza, que surgiu na Grécia no século IV a.C. (por volta do ano 300), durante
o período denominado helenístico (III e II a.C.).
Foi fundada pelo filósofo grego Zênon de Cítio (333 a.C.- 263 a.C.) e vigorou
durante séculos (até III d. C.) tanto na Grécia, quanto em Roma. O termo “Estoicismo”
surge da palavra grega “stoá”, que significa pórtico, locais de ensinamentos filosóficos.
Para os estóicos, a perfeição humana estava fundamentada na ideia de que os seres
humanos estão ligados à natureza. Assim, devem negar seus desejos para a realização
de uma vontade guiada pela razão em conformidade com essa natureza. Ou seja, uma
44

corrente filosófica em que a "virtude" depende da vontade subordinada à razão, sendo


considerada a base para se atingir a felicidade.
Além disso, a escola estoica influenciou o desenvolvimento do Cristianismo a
partir do conceito de providência. Para ambos, há uma razão universal divina que
regula tudo o que existe. A aceitação dessa providência, para os estoicos, fica a cargo
da vontade orientada pela razão e a união do indivíduo com a natureza. Já para a
doutrina cristã, dependia a abdicação do pecado e de uma vida devotada à fé e a ligação
do indivíduo com Deus.
1. Com base nas informações apresentadas no texto sobre o estoicismo, qual é a
temática filosófica discutida, sua origem histórica, seus principais conceitos, e como
essa doutrina pode ter influenciado o desenvolvimento do Cristianismo?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. Com base no texto fornecido sobre o estoicismo e sua influência no desenvolvimento
do Cristianismo, quais são os argumentos apresentados pelo autor para sustentar a ideia
de uma razão universal que governa tudo o que existe e como essa noção de razão é
aplicada tanto na filosofia estoica quanto na doutrina cristã?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Com base nas informações apresentadas sobre o estoicismo e seus fundadores Zenão
e Cítio, explique de que maneira esses filósofos eram vistos e considerados em sua
época, fornecendo justificativas para essa avaliação.
______________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4. De que forma os estóicos fundamentaram a perfeição humana na conexão dos seres
humanos com a natureza? Utilize exemplos para ilustrar essa ideia.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. A partir da leitura do texto, explique a seguinte frase: “Para ambos, há uma razão
universal divina que regula tudo o que existe.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Conversando com o texto

Texto: Mito da Caverna de Platão


O mito da caverna de Platão é uma alegoria sobre a realidade do nosso
conhecimento. Platão cria o mito da caverna para mostrar figurativamente que estamos
acorrentados em uma caverna desde que nascemos, e como as sombras que vemos
refletidas na parede compõem o que consideramos real.
Platão (428 a.C. - 347 a.C.) também usa essa alegoria para explicar como é para o
filósofo e professor guiar as pessoas ao conhecimento (educação), tentando libertá-las
das amarras da realidade da caverna. De acordo com este filósofo, as pessoas se sentem
confortáveis em sua ignorância e podem resistir, até mesmo violentamente, àqueles que
tentam ajudá-las a mudar.
O mito da caverna está no livro VII da obra A República de Platão, escrita por
volta do ano 380 a.C. A importância geral da obra A República está na exposição de
conceitos e teorias que nos levam a questionar a origem do conhecimento, o problema
da representação das coisas e a natureza da própria realidade.
45

No mito da caverna, há um diálogo escrito por Platão, em que seu mestre Sócrates
e seu irmão Glaucon falam sobre como o conhecimento e a educação filosófica afetam a
sociedade e os indivíduos.
Neste diálogo, Sócrates pede a Gláucon que imagine um grupo de prisioneiros
acorrentados desde a infância atrás de um muro, em uma caverna. Lá, um fogo ilumina
o outro lado do muro e os prisioneiros veem as sombras projetadas por objetos que estão
sobre este muro, os quais são manipulados por outras pessoas que passam por trás.
Sócrates diz a Glaucón que os prisioneiros acreditam que aquilo que observam é o
mundo real, sem perceberem que são apenas as aparências das sombras desses objetos.
Mais tarde, um dos prisioneiros consegue se libertar de suas correntes e começa a
subir. Ele vê a luz do fogo além do muro, cujo brilho o cega e quase o faz voltar para a
escuridão.
Pouco a pouco, o homem liberado se acostuma com a luz do fogo e, com certa
dificuldade, decide avançar. Sócrates propõe que este é um primeiro passo na aquisição
de conhecimento. Depois, o homem sai para o exterior, onde observa primeiro os
reflexos e sombras das coisas e das pessoas, para então vê-las diretamente.
Finalmente, o homem observa as estrelas, a lua e o sol. Sócrates sugere que o
homem aqui raciocina de tal forma que concebe esse mundo exterior (mundo das ideias)
como um mundo superior. O homem, então, retorna para compartilhar isso com os
prisioneiros na caverna, porque sente que deve ajudá-los a ascender ao mundo real.
Quando ele retorna à caverna pelos outros prisioneiros, o homem não consegue
ver bem, porque se acostumou com a luz externa. Os prisioneiros pensam que a viagem
o prejudicou e não querem acompanhá-lo para fora. Platão, por meio de Sócrates, afirma
que esses prisioneiros fariam tudo o que estivesse ao seu alcance para evitar essa
jornada, chegando até a matar quem se atrevesse a tentar libertá-los.
1. O Mito da Caverna de Platão, apresentado no texto, estabelece uma alegoria poderosa
sobre a busca pelo conhecimento e a natureza da realidade. Como essa alegoria se
relaciona com os conceitos filosóficos abordados no módulo? Utilize exemplos e
argumentos para sustentar sua resposta.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2. Com base na leitura do texto sobre o Mito da Caverna de Platão, explique se você
compreendeu a mensagem da alegoria. Justifique sua resposta apresentando os
principais elementos do mito, como a relação entre o mundo sensível e o mundo
inteligível, o papel do filósofo na educação e no conhecimento, a resistência à mudança
por parte dos prisioneiros e a concepção de dualismo platônico. Utilize exemplos e
argumentos para demonstrar sua compreensão da mensagem transmitida por Platão por
meio desta alegoria filosófica.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Ao final do texto, Platão utiliza uma comparação entre a situação dos prisioneiros da
caverna e a jornada do filósofo em busca do conhecimento. Explique essa comparação e
como ela reflete os conceitos filosóficos abordados no Mito da Caverna. Analise como a
libertação do prisioneiro das correntes e sua jornada para fora da caverna se assemelha à
busca do filósofo pelo verdadeiro conhecimento e a compreensão do mundo das ideias.
Utilize exemplos e argumentos para ilustrar a relevância dessa comparação no contexto
da filosofia platônica.
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
46

4. O Mito da Caverna de Platão apresenta uma alegoria impactante, comente sobre o


significado dessa alegoria filosófica e sua relevância para compreender a natureza do
conhecimento humano e a percepção da realidade. Analise como essa metáfora pode ser
aplicada a diferentes contextos, refletindo sobre as limitações perceptivas que podem
nos aprisionar em concepções distorcidas do mundo.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5. Há alguma passagem no texto do Mito da Caverna de Platão que pode ser relacionada
com os dias atuais? Justifique sua resposta, destacando elementos da alegoria que
podem ser aplicados à sociedade contemporânea. Utilize exemplos atuais e argumentos
para embasar suas considerações.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

ENEM

1. (Enem/2019) De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar
que se deve supor que Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual
Deus deu ao homem esta característica, pois sem ela não poderia viver e agir
corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem para esse
fim, considerando-se que se um homem a usa para pecar, recairão sobre ele as punições
divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não
apenas para agir corretamente, mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser
punido aquele que usasse sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada?
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem
como fundamento o(a)
A. desvio da postura celibatária.
B. insuficiência da autonomia moral.
C. afastamento das ações de desapego.
D. distanciamento das práticas de sacrifício.
E. violação dos preceitos do Velho Testamento.
2. (Enem/2017)
Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade de pedir dinheiro emprestado. Sabe
muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestaram nada se não
prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a
promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é
proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se
decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro,
vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.
KANT, l. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo. Abril Cultural, 1980

De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no


texto
a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre discussão participativa.
b) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra.
c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.
d) materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os
meios.
47

e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas
envolvidas.

3.(Enem/2017)
Uma questão de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e
embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum:
os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de
que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a
censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir
sua orientação.
BRÉHIER, E. História da Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na


A. contemplação da tradição mítica.
B. sustentação do método dialético.
C. relativização do saber verdadeiro.
D. valorização da argumentação retórica.
E. investigação dos fundamentos da natureza.
4.(Enem/2017)
Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo
o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o
sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa
vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o
que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará
de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode
chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina
quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão
deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço,
como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política
utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não
devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa
finalidade seja o bem humano.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991 (adaptado).

Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que
A. o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses.
B. o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.
C. A política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.
D. A educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.
E. a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.

Desafie-se

Desafio: Explorando a Escolástica com Tecnologias Digitais


Introdução
A Escolástica foi uma importante corrente filosófica da Idade Média que buscava
conciliar a fé cristã com o conhecimento filosófico clássico. Para compreender melhor
48

essa corrente e sua influência na vida cotidiana, você será desafiada(o) a realizar uma
pesquisa investigativa com o auxílio de tecnologias digitais da informação e da
comunicação.
Instruções
1. Pesquisa Online: utilizando recursos digitais como mecanismos de busca, sites
acadêmicos e plataformas de pesquisa, investigue como a Escolástica se tornou uma
corrente filosófica dominante na Idade Média. Busque informações sobre suas origens,
principais pensadores e as principais escolas de pensamento associadas a essa corrente.
2. Aplicação da Escolástica na Vida Cotidiana: com base na pesquisa realizada, analise
e discuta a contribuição da Escolástica para as relações da vida cotidiana. Identifique
exemplos de como o pensamento escolástico influenciou questões éticas, morais e
sociais da época e faça uma reflexão sobre como esses elementos podem ainda estar
presentes ou influenciar a sociedade contemporânea.
3. Criação de Recurso Digital: utilizando tecnologias digitais, crie um recurso de
apresentação para compartilhar suas descobertas sobre a Escolástica e sua relevância
para a vida cotidiana. Você pode optar por criar um vídeo explicativo, uma apresentação
de slides, um infográfico interativo ou qualquer outra forma criativa de comunicação
digital. Certifique-se de incluir informações relevantes, citações de fontes confiáveis e
exemplos concretos.
4. Zênon e Cítio: além de abordar a Escolástica em geral, destaque também a figura
central do filósofo Zênon e do teólogo Cítio. Explique quem foram esses pensadores,
suas principais ideias e contribuições para o desenvolvimento da Escolástica.
5. Apresentação e Discussão: após concluir a criação do recurso digital, compartilhe-o
com seus colegas de sala e professor. Organize uma discussão em grupo, onde cada
aluno poderá apresentar seus resultados e insights. Encoraje a participação de todos na
discussão, incentivando análises críticas e interpretações contemporâneas da
Escolástica.
Objetivos
 Estimular o uso de tecnologias digitais para pesquisa e criação de conteúdo.
 Compreender a importância da Escolástica como corrente filosófica na Idade Média.
 Analisar a relevância da Escolástica para as relações da vida cotidiana, tanto na
época medieval quanto em contextos atuais.
 Explorar as contribuições de figuras-chave como Zenon e Cítio para o
desenvolvimento da Escolástica.
 Desenvolver habilidades de comunicação e argumentação ao apresentar e discutir os
resultados da pesquisa.
Nota: o desafio pode ser adaptado de acordo com a disponibilidade de recursos
tecnológicos e a faixa etária dos alunos. É importante garantir que os estudantes tenham
acesso a plataformas e ferramentas digitais apropriadas para realizar a pesquisa e criar
os recursos.
49

Nesta aula, eu...

Caro(a) aluno(a), de acordo com os objetivos traçados para essa aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado:
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM
CONSTRUÇÃO
Ao longo do percurso de aprendizado
neste módulo, consegui realizar a
interpretação dos textos?
Identifiquei, ao longo dos textos,
palavras que enriqueceram o meu
vocabulário?
Compreendi no que se baseia a corrente
Escolástica?
Compreendi como os filósofos do
Estoicismo compreendiam a vida
privada a partir do seu próprio eu?

Para saber mais

Cara/ou aluna (o), para que você possa se aprofundar na temática trabalhada,
deixamos aqui indicações de sites que a/o ajudaram a ter essa experiência de forma
prazerosa.

Sites:
1.25 filmes para pensar e repensar a educação - Revista Prosa Verso e Arte

2. Top 46 Melhores Filmes sobre Educação - Cinema10

3. 100 melhores filmes sobre escola

Suporte de Estudos:
1. https://enemnarede.seduc.ce.gov.br/home/

2. Ciências Humanas e suas Tecnologias: Enem - Toda Matéria (todamateria.com.br)

3. https://cursoenemgratuito.com.br/
50

REFERÊNCIAS
Aidar, Laura. https://www.culturagenial.com/mito-da-caverna/Adaptado.
AGUIAR, Lilian Maria Martins de “ o poder da igreja católica no mundo feudal” Brasil
Escola . Disponível em: https://brasilescola.uol.com/o poder igreja no mundo feudal
htm . Acesso em 29 de junho de 2023.
BELTRÃO, C.. Construindo a filosofia “clássica”: Cícero e o epicurismo. Revista
Archai, n. 30, p. e03012, 2020.
BEZERRA, Juliana. Patrística. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/patristica/. Acesso em: 29 jul. 2023
MENEZES, Pedro. Estoicismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/estoicismo/. Acesso em: 29 jul. 2023
CERLETTI, Alejandro. O ensino de filosofia como problema filosófico. Tradução de
Ingrid M. Xavier. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. (Coleção Ensino de Filosofia)
CHAUÍ, Marilena. Filosofia Moderna. Arquivo digital online:
http://www2.unifap.br/borges/files/2011/02/Filosofia-Moderna.pdf. Acesso em
11/07/2023.
DIANA, Daniela. Trovadorismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/trovadorismo/ . Acesso em: 29 jul. 2023
FÁVERO, Altair Alberto; RAUBER, Jaime José; KOHAN, Walter Omar. (Org.) Um
olhar sobre o ensino de filosofia. Unijuí: Editora UNIJUÍ, 2002.
GALLO, Sílvio; KOHAN, Walter Omar (Org.). Filosofia no Ensino Médio. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2000.
GALLO, Sílvio; CORNELLI, Gabriele; DANELON, Márcio (Org.). Filosofia do ensino
de filosofia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
GALLO; Sílvio; DANELON, Márcio; CORNELLI, Gabriele (Org.). Ensino de
Filosofia: teoria e prática. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2004.
KOHAN, Walter Omar. Filosofia – O paradoxo de aprender e ensinar. Tradução de
Ingrid Müller Xavier. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. – (Coleção Ensino de
Filosofia)
SOUZA, Thiago. Feudalismo: o que foi, sociedade e características. Toda Matéria,
[s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/feudalismo/ . Acesso em: 29 jul.
2023
51

GABARITO
Aula 01

01 02 03 04 05
Enem
C A D B D

Aula 02

01 02 03 04 05
Enem
C A E A C

Aula 03

01 02 03 04 05
Enem
D D C E A

Aula 04

01 02 03 04
Enem

C D D B

Aula 05

01 02 03 04 05
Enem
B E C D C
52

Aula 06

01 02
Enem
B C

03
Desafie-se
B
53
54

Proposta Pedagógica História

Olá, prezada(o) aluna(o)!

Nós, da Equipe de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do Foco na


Aprendizagem, temos o prazer de apresentar a você a Proposta Pedagógica do Material
Didático Estruturado (MDE) de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, voltada
especificamente para o componente de História. Este MDE foi cuidadosamente
concebido para que você possa explorar e aprofundar seus conhecimentos nesse campo
fascinante do saber. Com uma abordagem dinâmica e inovadora, nosso objetivo é
inspirar sua inteligência e ampliar sua compreensão por meio do uso de recursos
tecnológicos, metodologias ativas e materiais de estudo criativos.

Aqui, convidamos você a se juntar a nós nessa emocionante jornada de


aprendizado que busca promover a autonomia do conhecimento e a reconstrução de
saberes. Este material foi desenvolvido por educadoras/es que estão ativamente
engajadas/os na sala de aula, o que nos permite entender as demandas e necessidades do
ambiente escolar de maneira direta. A estrutura do MDE de História é composta por 6
aulas, cada uma delas com seções padronizadas. Começamos com a seção "Nesta aula,
você aprenderá...", que descreve as habilidades e os descritores que serão abordados.
Em seguida, na seção "CONCEITUANDO", você encontrará um texto contextualizado
e atualizado sobre o objeto de estudo.

A seção "CONVERSANDO COM O TEXTO" oferece leituras ou questões que


visam estimular seu pensamento crítico e sua análise histórica. Na seção "ENEM", você
terá acesso a questões selecionadas de exames anteriores, proporcionando uma
compreensão mais profunda dos tópicos. A atividade desafiadora "DESAFIE-SE" busca
expandir seus horizontes e aprimorar suas habilidades. Na seção "NESTA AULA,
EU...", você poderá refletir sobre o aprendizado obtido. "PARA SABER MAIS" traz
links ou QRCodes para curiosidades, informações adicionais, sugestões de leituras e
materiais complementares. Ao final, "Referências" lista as fontes que embasaram a
elaboração deste material. Este guia pedagógico, além de fortalecer sua compreensão
em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, especialmente em História, busca
contextualizar o conhecimento em um contexto mais amplo. Nossa orientação
pedagógica visa enriquecer as práticas educativas, facilitar o processo de ensino-
aprendizagem e contribuir para uma formação integral.

Desejamos a você uma jornada de estudos produtiva e cheia de descobertas


gratificantes!

Com entusiasmo,

Equipe de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – História – Foco na Aprendizagem


2023
55

FOCO NA APRENDIZAGEM HISTÓRIA - AULA 01

Objeto do conhecimento da aula:

 História: cidadania e participação política na antiguidade clássica

Nesta aula, você aprenderá...

 o conceito de cidadania a dinâmicas de inclusão e exclusão na Grécia e Roma


antigas;
 o papel social da mulher nas sociedades clássicas: a pólis ateniense;
 a identificar o tema de um texto.

Conceituando

GRÉCIA E ROMA: CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA


A expressão cidadania nos induz diretamente a ideia de cidade, de um núcleo
urbano, de uma comunidade politicamente organizada. Isto é verdade, mas como definir
cidadão? A expressão vem do latim e refere-se ao indivíduo que habita a cidade
(civitas). Essa lógica nos leva a deduzir que cidadão é aquele que habita a cidade.
Porém, o significado de cidadania é bem mais amplo e está relacionado, na Grécia
antiga, aos direitos de participar das decisões que dizem respeito à pólis (cidade). Foi
durante o período arcaico (800 a 500 a.C) da história da Grécia que as comunidades
gentílicas se desagregaram e a pólis (cidade-Estado) surgiu e se desenvolveu. Tebas,
Corinto, Delos, Olímpia eram cidades-Estados, mas foram Esparta e Atenas que se
destacaram neste período. Enquanto Esparta adotou um modelo de Diarquia (dois reis),
a cidade de Atenas passou por diferentes formas de governo: a aristocracia, a oligarquia,
a tirania e, por fim, a democracia. Por volta do século VII a.C, as comunidades
gentílicas estavam em processo de desagregação quando foi instituída a propriedade
privada das terras e instrumentos de trabalho, privilegiando os eupátridas (bem-
nascidos), descendentes dos basileus. A divisão social do trabalho e a desigualdade
entre as classes sociais começam a se tornar mais evidentes, resultando em conflitos
sociais.
A democracia ateniense surgiu após um período de lutas sociais e políticas entre o
demo (povo) e os eupátridas (classe social proprietária de terras, a aristocracia). Um
conjunto de legisladores atuou para resolução dos conflitos: Sólon (594 a.C), Pisístrato
(546 a.C), Clístenes (504 a.C), Péricles (461-429 a.C.). Sólon deu início às reformas,
eliminando a escravidão por dívidas, reorganizou a população com base no poderio
econômico do indivíduo, criou um tribunal de justiça, o Helieu, aberto a todos os
cidadãos. Pisístrato chegou ao poder apoiado pelo povo e, para atender suas
reivindicações, realizou uma reforma agrária, construiu obras públicas, gerou empregos,
prestigiou as artes e as festas esportivas. Clístenes chegou ao poder através de uma
revolta popular pondo fim à ditadura e inaugurando a democracia. Clístenes, o “pai da
democracia” ateniense, realizou uma reforma urbana, dividindo a cidade em dez
territórios, ou seja, dez demos ou tribos, sendo que cada demo tinha seu representante
no governo central. Essa medida visava reduzir o poder dos eupátridas. O governo de
56

Péricles consolidou a democracia, que compreendeu a chamada “idade de ouro” de


Atenas. A pólis viveu o esplendor nos âmbitos econômico, militar e cultural, permitindo
uma amplitude ainda maior de participação de parcelas da população antes excluídas. A
democracia ateniense se tornou em modelo exportado para outras cidades-Estado da
Grécia e até mesmo na Península itálica (MOSSE, 1978).
Em Atenas, a democracia direta, ou seja, todos os cidadãos participavam de todos
os cargos públicos (por sorteio ou por eleição) e da Eclésia, a assembleia dos cidadãos,
onde se decidia, por voto, os assuntos mais importantes da cidade. Eram cidadãos em
Atenas aqueles que fossem filhos de pai e mãe atenienses. O jovem servia como
membro dos demos ou tribos e, somente aos vinte anos, tomava posse dos seus direitos
como cidadão, possuindo assim, a plenitude dos direitos civis e políticos, podendo ter
assento na assembleia, opinar, votar, ter um cargo na magistratura e nas demais funções
que competiam aos cidadãos (MOSSE, 1978).
As mulheres estavam totalmente excluídas da participação política. Elas eram
discriminadas e tratadas com desigualdade formal e material. Não lhes era permitido o
direito à palavra nas reuniões políticas nem a posse de propriedade, em geral, não
possuíam direitos civis. Os estrangeiros que habitavam a Ática e escravos também não
possuíam cidadania, ou seja, não tinham direitos. Em geral, as mulheres atenienses
tinham sua vida restrita aos domínios domésticos. Os pais se encarregavam de casar as
filhas ainda adolescentes, as quais ficavam sob a tutela do marido após o casamento. Já
os estrangeiros (metecos) se dedicavam ao comércio, ao artesanato, faziam parte da
infantaria, mas não eram impedidos de participar da vida política. Os escravos eram a
base de sustentação da economia da pólis, ocupavam desde os trabalhos braçais a
funções estratégicas no Estado. Apesar dessa importância, os escravos também não
tinham cidadania e estavam excluídos da participação política (FINLEY, 1988).
Em Roma, uma cidade-Estado no sentido pleno, a expressão cidadania indicava
não unicamente o habitante da cidade, ela significava mais, ela indicava a situação
política da pessoa e seus direitos em relação ao Estado. Cidadão significava ser
Romano, homem livre, portanto, com direitos do Estado e deveres para com ele
(CORASSIN, 2006). O conceito de cidadania ou o pertencimento a uma comunidade é
um processo histórico e em constante evolução. Ao se definir a qualidade de cidadão,
deve-se sempre considerar o contexto social a que se está referindo, porque, com isso,
pode adquirir as características próprias que se diferenciam conforme o tempo, o lugar e
as condições socioeconômicas.
Para entendermos melhor, vamos compreender, brevemente, o processo histórico
de participação política na República romana, influenciada, de certo modo, pela cultura
grega. A civilização romana é provavelmente a mais marcante da história. Sua expansão
definiu a Europa e influenciou a formação da cultura ocidental, da Rússia, no Leste, aos
Estados Unidos e América Latina, no Oeste.
O período da República Romana vai de 509 a.C. a 27 d.C. A primeira fase de sua
história, da fundação até o fim da monarquia dos etruscos, a sociedade romana estava
basicamente dividida entre os proprietários de terras, os patrícios, e os não-
proprietários: plebeus, clientes e escravos. Uma revolta popular abriu caminho para os
patrícios promoverem a ruptura com a soberania dos reis etruscos, destituindo
Tarquínio, o Soberbo.
Com a República, as principais instituições eram o Senado, a Assembleia das
Cúrias, as magistraturas e o Concílio da Plebe. Somente a cidadania permitia a
participação política, isto é, votar e ser eleito para estas instituições. O reconhecimento
da cidadania só era possível mediante chancela do Estado. Para o historiador Ciro
Flamarion Cardoso (1987), a evolução republicana de Roma traz alguns aspectos
57

presentes na de Atenas, como a luta política entre patrícios e plebeus, a busca dos
patrícios pela retomada do desenvolvimento econômico e a prosperidade a reivindicação
dos plebeus pela abolição das dívidas, da servidão por dívidas e redistribuição das
terras.
O conceito de cidadania romana, permitindo a participação nas decisões políticas
e a candidatura a cargos nas instituições administrativas, estava relacionado ao homem
livre e proprietário de terras, em oposição ao não-cidadão, o escravo. Somente quem era
livre e portasse o status civitas era cidadão. Essa configuração foi modificada
gradualmente com a dinâmica da sociedade romana. As lutas sociais e políticas entre as
classes e a política territorial expansionista tiveram peso importante nas transformações.
Uma parte dos conflitos sociais entre as classes sociais foram transferidas para a
arena das instituições republicanas. O Senado, principal instituição da República, era
reservado, exclusivamente, aos patrícios até o século IV a.C. Com as reformas políticas,
os plebeus ricos também poderiam se candidatar e compor a alta cúpula da política
republicana. Em 494 a.C., a recusa dos plebeus em atender um chamado do Exército,
forçaram os patrícios a atender suas reivindicações.
Durante o período entre 494 e 287 a.C., os cidadãos desfavorecidos de Roma
protestaram e contestaram a supremacia patrícia. As conquistas ao longo do período
passam pela criação do Tribuno da Plebe, a escrita das Leis concretizadas nas Leis das
Dozes Tábuas. A Lei Canuléia e as Leis Licínias são exemplos das mudanças
republicanas ao longo do período.
Glossário
Aristocracia – Grupo ou classe dos que, por berço ou por concessão, detêm esses
privilégios; nobreza, classe nobre, fidalguia;
Basileu – Rei, soberano;
Civitas– Cidade, civil, cidadão;
Demo – Povo;
Diarquia – Governo em que o poder é compartilhado por dois soberanos;
Eclésia - Antiga assembleia ateniense; assembleia do povo;
Eupátridas - Eram os bem-nascidos, membros da aristocracia ateniense, grandes
proprietários de terras e escravos;
Hélade - Grécia
Patrícios - Os patrícios formavam a elite social de Roma, proprietários de terras
descendentes dos antigos clãs fundadores da cidade.
Pólis – Cidade
Plebeu – Que não pertence à nobreza, comum.

Conversando com o texto

O texto acima aborda a relação entre democracia, cidadania e participação política na


Antiguidade clássica.
1. Reflita sobre a relação entre esses três aspectos e aponte o significado de cidadania
em Atenas e Roma.
2. A democracia foi criada em Atenas, mas apesar de ter possibilitado a participação
Popular nas decisões políticas da cidade, existiam limites bem evidentes. Identifique
as limitações ou restrições da democracia na Antiguidade.
3. Na Roma antiga, a república fundada pelos patrícios visava maior participação
popular. Porém, a principal instituição, o Senado, era ocupada apenas pelos patrícios.
De que forma os plebeus buscaram ampliar sua participação política e garantir direitos?
58

ENEM e outras avaliações

HS06H06_22 - Reconhecer o conceito de cidadania a dinâmicas de inclusão e exclusão


na Grécia e Roma antigas.
Descritor 6 LP (D6) – Identificar o tema de um texto.
01. (SAEB) Foram grandes proprietários de terras, rebanhos e escravos. Tinham direitos
políticos e também desempenhavam altas funções públicas no exército, na religião, na
justiça ou na administração. Eram os cidadãos romanos:
A. os clãs.
B. os clientes.
C. os plebeus.
D. os patrícios.
02. (ENEM-2012) No contexto da polis grega, as leis comuns nasciam de uma
convenção entre cidadãos, definida pelo confronto de suas opiniões em um verdadeiro
espaço público, agora, confronto esse que concedia a essas convenções a qualidade de
instituições públicas.
MAGDALENO, F. S. A territorialidade da representação política: vínculos territoriais de compromisso dos deputados fluminenses.
São Paulo: Annablume, 2010.

No texto, está relatado um exemplo de exercício da cidadania associado ao seguinte


modelo de prática democrática:
A. Sindical.
B. Direta.
C. Socialista.
D. Corporativista.
E. Representativa.
03. (ENEM – 2019) A soberania dos cidadãos dotados de plenos direitos era
imprescindível para a existência da cidade-estado. Segundo os regimes políticos, a
proporção desses cidadãos em relação à população total dos homens livres podiam
variar muito, sendo bastante pequena nas aristocracias e oligarquias e maior nas
democracias.
(CARDOSO, C. F. A cidade-estado clássica. São Paulo: Ática, 1985).

Nas cidades-estado da Antiguidade Clássica, a proporção de cidadãos descrita no texto é


explicada pela adoção do seguinte critério para a participação política:
A. controle da terra.
B. liberdade de culto.
C. igualdade de gênero.
D. exclusão dos militares.
E. exigência da alfabetização.
04. (SEDUC-CE) “Na Grécia, o conceito de povo abrange tão somente aqueles
indivíduos considerados cidadãos. Assim é possível perceber que o conceito de povo era
muito restritivo. Mesmo tendo isso em conta, a forma democrática vivenciada e
experimentada pelos gregos atenienses nos séculos IV e V a.C. pode ser caracterizada,
fundamentalmente, como direta”.
MANDUCO, A Ciência política São Paulo Saraiva. 2011.
59

Sobre o exercício da cidadania e participação política direta em Atenas (Grécia Antiga)


pode-se afirmar que
A. era ofertado a todos, homens e mulheres.
B. era ofertado a todos, homens e mulheres, inclusive estrangeiros.
C. era ofertado aos homens residentes na cidade-estado.
D. era ofertado aos homens nascidos em Atenas e com pais atenienses.
E. era ofertado aos homens estrangeiros, desde que pagassem um imposto.

Desafie-se

Depois de 8 de janeiro, a luta histórica em defesa da Democracia continua


ADUnB, Brasil de Fato, 24/01/2023*

O ataque à democracia com os atos golpistas que aconteceram no dia 8 de janeiro


acende mais uma vez o alerta de que a história recente da democracia brasileira vive sob
constante ameaça.
Se o que temos na sociedade brasileira é um projeto de democracia inacabado e
que o conceito entendido majoritariamente dessa democracia é de que ela é
representativa, ou seja, se determina com o direito ao voto, temos um problema não
apenas conceitual, mas estrutural nessa mesma sociedade, que amargou durante mais de
duas décadas sob uma Ditadura Militar. Se esse é o conceito estabelecido socialmente é
esse da representação, se houve eleição e um vencedor; mas se uma parcela radical e
extremista da população - fomentada com discurso de ódio, introjetado nos últimos oito
anos, e aparelhada por uma rede profissional de distribuição e elaboração de
desinformação e notícias falsas- não aceita esse resultado eleitoral, apenas porque seu
candidato não foi o vencedor e ataca contra as instituições brasileiras, o problema é
grave.
A democracia é dinâmica, mas ela se converge em um denominador comum que é
o direito à participação. Mas esse direito à participação não tem qualquer relação com o
cenário de guerra observado pelas câmeras que captaram as ações golpistas no dia 8 de
janeiro. Os atos golpistas representam uma afronta direta ao Estado Democrático de
Direito e caracterizam uma tentativa de golpe. Quinze dias após estes ataques, além da
reconstrução material dos prédios, obras de artes, acervo nacional histórico, o que se
tem além da ação judicial que demanda respostas dos agentes públicos, é a reflexão
sobre essa Democracia.
*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. Sind. do ANDES-SN)

REFLEXÃO
O que você entende por democracia? O Brasil é um país democrático?
Por que o evento de 8 de janeiro em Brasília é considerado um ataque à democracia?
Quais os principais desafios enfrentados pela democracia nos dias atuais?
Crie um Fórum ou comício em defesa da democracia como na Roma republicana.
Destaque que melhorias podem ser feitas para que a democracia brasileira avance no
seu processo de consolidação política.
60

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO
Reconheci o conceito de cidadania a
dinâmicas de inclusão e exclusão na
Grécia e Roma antigas?
Assimilei que as mulheres eram
excluídas da democracia ateniense?

Para saber mais

ASPASIA DE MILETO
As mulheres eram excluídas na democracia ateniense. Geralmente, os pais buscam
casamentos quando as filhas ainda eram adolescentes. As mulheres pobres faziam as
tarefas domésticas, cuidavam dos filhos e só podiam sair de casa acompanhadas pelo
cônjuge. As mulheres ricas também viviam sob restrições, mas grande parte das tarefas
domésticas eram realizadas por escravos ou mulheres escravizadas.
A maioria das mulheres vivia esse processo de exclusão, porém algumas delas
foram exceções. Entre elas, Aspásia. Nascida em Mileto, passou a viver em Atenas
durante o auge da democracia (século V a.C.). Grande conhecedora de política e mestre
em retórica, ela foi companheira e esposa de Péricles. Além de elaborar discursos para o
seu marido, encontrava-se frequentemente com Sócrates, importante filósofo grego. Ela
foi duramente criticada pelos inimigos de Péricles, que a acusavam de interferir nos
negócios da cidade.
(PELEGRINNI, Mauro C.; DIAS, Adriana M.; GRIBERG, Keila. Contato História. V.1. São Paulo. Quinteto Editorial, 2016)
61

FOCO NA APRENDIZAGEM HISTÓRIA - AULA 02

Objeto do conhecimento da aula:

 Idade Média: um período tipicamente europeu

●Nesta aula, você aprenderá...

 a identificar características da organização política e social na Idade Média;


 a analisar o papel da religião cristã na cultura e nos modos de organização social
no período medieval;
 a identificar o tema de um texto;
 a inferir uma informação implícita em um texto.
Conceituando

IDADE MÉDIA: AS MIL E UMA NOITES QUE ATRAVESSAM OS TEMPOS


Vamos começar nosso estudo sobre a Idade Média observando o que registrou o
historiador George Duby. A partir dele, reflita se há semelhanças com nossas reações da
época atual à pandemia da Covid-19, por exemplo.
O medo da epidemia
Uma doença desconhecida que provoca um terror imenso. Mas o pior está por vir:
a peste negra devasta a Europa e ceifa um terço de sua população durante o verão de
1348. Como a AIDS para alguns, essa epidemia é vivida como uma punição do pecado.
[...] Contudo, os homens desse tempo temem muito uma outra doença, a lepra,
considerada o sinal distintivo do desvio sexual. Nos corpos desses infelizes refletir-se-ia
a podridão de sua alma. Então, os leprosos são isolados, enclausurados. Uma rejeição
radical que evoca algumas atitudes em relação à Aids.
(DUBBY, George. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. Tradução: Eugênio Michel da Silva, Maria Regina Lucena
Borges-Osório. São Paulo, Fundação Editora da Unesp, 1998. pp.78-79)

Observe que algumas reações e a forma como julgam os acontecimentos e as


tribulações que os assolavam não são muito diferentes das atitudes que assumimos na
nossa época. A fome, as doenças, as guerras provocavam medo constante. O medo do
outro, o medo da epidemia, o medo do além, o medo da morte. O povo, de maneira
geral, buscava na fé em Deus, a salvação para suas aflições. A Igreja Católica guiava a
cristandade Ocidental. Guerrear para alguns, oração para outros e o trabalho para os
demais grupos da sociedade. Essas características culturais, políticas e socioeconômicas
são parte do modo de produção feudal que predominou na Europa após o fim do
Império Romano.
A expressão Idade Média é atribuída aos pensadores humanistas entre os séculos
XV e XVI. Do ano 476 até 1453 da Era Cristã, a historiografia ocidental considera que a
Europa submergiu numa era de obscurantismo em diversos aspectos da vida social. O
declínio dos valores greco-romanos, ascensão e propagação do cristianismo associado
às invasões dos povos germânicos, tido como bárbaros pelos romanos, teria ocasionado
a “Idade das trevas” na Europa ocidental. Entretanto, o mundo ocidental como
62

conhecemos atualmente ainda carrega elementos culturais, sociais e políticos do período


medieval.
A Idade Média pode ser dividida em dois períodos: Alta Idade Média (século V ao
X) e Baixa Idade Média (do século XI ao XV). No período de decadência do Império
romano, por volta do século III, as invasões dos povos “bárbaros” se intensificaram na
Europa. O mundo medieval seria formado pelos elementos remanescentes da época
romana e a cultura e tradições dos povos germânicos que invadiram e ocuparam as
terras do decadente Império. A Igreja Católica Cristã Romana, o latim, como seu idioma
oficial, e o colonato da parte do decadente Império foi associada ao comitatus, ao direito
consuetudinário e às crenças e tradições ancestrais dos povos germânicos. Esses
elementos resultaram no sistema feudal (FRANCO JUNIOR, 2001).
As bases econômicas do feudalismo estavam assentadas na agricultura, no
domínio senhorial sobre a terra, na ruralização da vida social, na produção voltada para
autossuficiência e no trabalho servil. Com efeito, três estamentos sociais formaram a
organização social feudal, a saber: a nobreza, formada pelos senhores das terras, o clero,
os sacerdotes da Igreja, os servos e os camponeses. A posse da terra diferenciava os
grupos sociais (DUBY, 1982).
Durante a primeira época medieval, a Alta Idade Média (do século V ao século
XI), o feudalismo atingiu seu auge como sistema socioeconômico da Europa. Os feudos
eram territórios protegidos por antigos governantes, generais romanos ou sob domínio
de reis/guerreiros germânicos. A palavra feudo poderia ser atribuída a qualquer
benefício ou domínio territorial que o um guerreiro ou um nobre poderoso poderia
oferecer em troca de serviços prestados, principalmente na guerra. O feudo estava
dividido em três domínios territoriais: o manso senhorial, o manso servil e o manso livre
ou terras comuns. O castelo era a residência do senhor feudal e de seus familiares,
criados e cavaleiros. O manso senhorial era a terra exclusiva do senhor feudal, tudo o
que os servos produzissem nessa faixa de terra pertencia ao nobre. Os mansos servis
eram as terras cultivadas pelos servos visando a própria subsistência. Nessa área, os
servos viviam tanto em aldeias como isoladamente. Suas casas eram bem simples e os
instrumentos de trabalho que não fossem deles eram alugados pelo senhor feudal. As
terras comunais ou manso livre eram áreas que poderiam ser utilizadas por todos os
moradores, geralmente os bosques e matas para coleta de lenha e onde se caçava.
Foi no reino dos francos que Carlos Magno (744-814) estabeleceu um sistema de
relações de poder feudal, aproveitando as tradições germânicas, instituiu oficialmente a
suserania e a vassalagem em todo o Império Carolíngio. Esse sistema formalizou a
existência de uma hierarquia entre os senhores feudais, instituindo a nobreza feudal.
Quanto maior o território ou domínio sob suas ordens maior era o título de nobreza.
Desse modo, o condado para o conde, o viscondado, paro o visconde, o ducado para o
duque, o marco para o marquês, o baronato para o barão. Por outro lado, a submissão a
Carlos Magno significava, para os guerreiros ou senhores feudais pagãos, a conversão
ao cristianismo. O próprio Carlos Magno se converteu ao cristianismo formalizando a
aliança entre o trono e o altar. O reconhecimento de Carlos Magno como Imperador
(César) estava vinculado ao compromisso de oficializar o cristianismo como religião do
Império (FRANCO JUNIOR, 2001).
A Igreja Católica preservou sua estrutura. Era a única instituição oficial
remanescente do Império Romano. Ao final do século V, com o papa Gelásio I, a Igreja
começou a reivindicar seu papel como guia dos cristãos à salvação. Para esse papa, só
havia dois poderes por meio do qual se poderia governar o mundo: a autoridade
religiosa, isto é, a autoridade sagrada dos papas e o poder real. Podemos afirmar que
tanto os reinos como os imperadores se beneficiavam dessa troca. A dinastia dos
63

carolíngios se expandiu para toda a Europa e a Igreja aumentou sua área de influência e
reforçou sua autoridade. O cristianismo se tornava a religião oficial de toda a Europa, ao
mesmo tempo, influenciando desde o senso das pessoas comuns até o pensamento dos
filósofos daquele período. Essa característica é denominada de teocentrismo, Deus
como centro de todas as coisas e toda a sociedade deveria ser ordenada por ele.
A vida do cristão era regida pela liturgia e não mais por costumes pagãos. Todos
estes estágios da vida social, o batismo, a eucaristia, o casamento e até a morte, tinham
que ser chancelados pela autoridade sagrada dos sacerdotes, tornando-se uma forma de
regulação social, sob a tutela da Igreja. O clero da Igreja era o portador da tradição
cristã e devia zelar pela manutenção dos seus princípios no seio da comunidade
europeia. Deviam combater o mal e os pecados com as armas da doutrina religiosa. A
busca pela salvação da alma preenchia, praticamente, todo o sentido da vida humana
durante a Idade Média. Tratava-se de uma ideia de restauração que compreendia o
restabelecimento da harmonia entre o homem e Deus (LE GOFF, 2007).
A partir dessa profunda religiosidade, a Igreja tinha um imenso poder sobre a
sociedade. Como exemplo, o controle do tempo, a Igreja definia ações e
comportamentos. Por exemplo, no período da Quaresma era proibida qualquer luta entre
os cristãos. Os nobres não poderiam atacar, pilhar ou ir para guerra. Nesse período, até
as práticas sexuais no próprio casamento eram proibidas. A Quaresma era conhecida
como a Trégua de Deus. Quem desobedecesse poderia sofrer punições ou até mesmo a
excomunhão.
Já tratamos de dois dos três grupos sociais que faziam parte da organização social
feudal. O ordenamento social era definido pela divisão: oração, guerra e trabalho. O
grupo mais numeroso da sociedade feudal era basicamente formado de camponeses.
Estavam subordinados às autoridades da nobreza e do clero. Essa relação expressava
uma troca mútua, pois a nobreza, com a função da guerra, deveria proteger os servos,
enquanto a Igreja deveria guiar para que eles alcançassem a salvação. Desse modo, o
trabalho servil cumpria a função de sustentáculo da sociedade. Esse ordenamento era
divino.
No modo de produção feudal, toda a produção era atribuída aos camponeses que
viviam e trabalhavam sob o regime de servidão. Em troca da proteção do senhor feudal,
os servos não poderiam abandonar a terra, mesmo que o domínio do feudo passasse a
outro senhor feudal. O regime de servidão obrigava os servos a pagarem uma série de
tributos como a corveia, a talha, banalidade e mão-morta. Em clássica obra, Léo
Huberman (1981), explica: 1. Corveia: trabalho compulsório nas terras do senhor
(manso senhorial) em alguns dias da semana; 2. Talha: parte da produção do servo
deveria ser entregue ao nobre, geralmente um terço da produção; 3. Banalidade: tributo
cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro,
as pontes e estradas; 4. Capitação: imposto pago por cada membro da família (por
cabeça); 5. Mão Morta: era o pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da
família servil, em caso do falecimento do pai ou da família. Para a Igreja, os servos
deveriam, além da obediência à doutrina cristã, também deveriam pagar o “tostão de
Pedro” ou dízimo:10% da produção do servo era pago à Igreja, utilizado para a
manutenção da capela local.
O regime de trabalho servil não tornava os servos escravos? Esse debate existe.
Entretanto, convém ressalta que diferentemente da escravidão, o servo fica com parte da
produção. A origem do trabalho servil está na instituição do colonato romano. Ao
entregarem parte da produção e do trabalho para o senhor feudal, recebiam a terra e
proteção. Os servos eram protegidos dos seus senhores diante de ameaças, invasões e
pilhagens comuns no período medieval (FARIAS, 2017).
64

Não era incomum, em épocas de baixas colheitas, epidemias e alta exploração dos
servos pela nobreza feudal, a eclosão de revoltas camponesas. Essas rebeliões passaram
a ser tratadas como heresia pela Igreja, pois atentavam contra a vontade de Deus. Os
camponeses deveriam trabalhar para garantir a salvação: “Trabalhai, esforçai-vos e
entrareis no Reino dos céus”, pronunciavam os senhores feudais. As revoltas
camponesas se tornaram mais frequentes com as transformações no modo de produção
feudal. A crise do feudalismo aconteceu quando técnicas agrícolas foram empregadas na
agricultura, resultando na produção de um excedente. Ao mesmo tempo, esse excedente
produtivo, aliado ao crescimento demográfico e as Cruzadas, introduziu mudanças no
regime de trabalho servil. Uma parcela dos servos fora liberada de obrigações vitalícias
com o feudo, com seu senhor feudal. A quebra desses vínculos libera uma parte dos
servos para atender aos chamamentos da Igreja para as guerras contras os Mouros, isto
é, seguidores de Alláh (Deus, em árabe). Uma outra parte dos camponeses migraram
para as cidades. Essas transformações compõem o conjunto de novidades que,
gradualmente, indicava o fim da Idade Média. O renascimento comercial e urbano, o
Renascimento Cultural e o Humanismo que despontavam no século XIII e XIV,
demarcavam uma época com características distintas do período medieval.
Glossário
Colonato – Sistema de distribuição de terras implantado na fase de crise do
Império Romano com a finalidade de torná-la produtiva. Os colonos, formados por
plebeus ou ex-escravos, deveriam trabalhar a terra e pagar pelo seu uso.
Comitatus – Tradição entre os povos germânicos baseado em laços de fidelidade entre
guerreiros – Um grupo de homens seguia e obedecia a um líder recebendo pagamentos
(espólios) dos saques praticados.
Consuetudinário – Que se baseia nos costumes, na prática, nos hábitos de uma
sociedade. A justiça entre os povos germânicos, por exemplo.
Excomunhão – Penalidade da Igreja católica que consiste em excluir alguém da
totalidade ou de parte dos bens espirituais comuns aos fiéis.
Heresia - Doutrina que se opõe frontalmente aos dogmas da Igreja.
Manso– Terras que compõem o feudo.
Mouros– Um termo histórico criado pelos cristãos para designar os muçulmanos do
Norte da África, Espanha, Sicília e Malta.
Quaresma– Um período do tempo litúrgico celebrado pelos cristãos da Igreja Católica;
antecede a Páscoa em 40 dias, iniciado após o Carnaval.

Conversando com o texto

O texto acima aborda mesmo que brevemente a Idade Média. Agora responda a
partir dos estudos sobre a temática estimulada pelo texto.
1. Explique como o conceito de Idade Médio foi moldado ao longo da história.
2. Defina o conceito de feudalismo e aponte algumas de suas principais
características.
3. Explique o papel da religião e da Igreja na sociedade feudal.
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ENEM

HS08_2022- Compreender as características da organização econômica, política,


cultural e social na Idade Média e os fatores que contribuíram para a desintegração do
sistema feudal.
Descritores LP (SAEB) - D6 – Identificar o tema de um texto; D4 – Inferir uma
informação implícita em um texto.
01. (ENEM-2015) A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três:
uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem
não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das
outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a lei pode
triunfar e o mundo gozar da paz.
ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais.Lisboa: Sá da Costa, 1981.

A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média.
Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados,
respectivamente, em:
A. Justificar a dominação estamental / revoltas camponesas
B. Subverter a hierarquia social / centralização monárquica.
C. Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas.
D. Controlar a exploração econômica / unificação monetária.
E. Questionar a ordem divina / Reforma Católica.
02. (ENEM-2021) Desde o século XII que a cristandade ocidental era agitada pelo
desafio lançado pela cultura profana – a dos romances de cavalaria, mas também a
cultura folclórica dos camponeses e igualmente a dos citadinos, de caráter mais jurídico
– à cultura eclesiástica, cujo veículo era o latim. Francisco de Assis veio alterar a
situação, propondo aos seus ouvintes uma mensagem acessível a todos e,
simultaneamente, enobrecendo a língua vulgar através do seu uso na religião.
VAUCHEZ, A. A espiritualidade da Idade Média Ocidental, séc. VIII-XIII. Lisboa: Estampa, 1995.

O comportamento desse religioso demonstra uma preocupação com as características


assumidas pela Igreja e com as desigualdades sociais compartilhada no seu tempo
pelos(as)
A. senhores feudais.
B. movimentos heréticos.
C. integrantes das Cruzadas.
D. corporações de ofícios.
E. universidades feudais.

Desafie-se

Em cartaz: O Último Duelo (2021)


Diretor: Ridley Scott
Contexto: Filme ambientado na França do século XIV quando ocorria a Guerra dos
Cem Anos entre França e Inglaterra. O escudeiro Jacques Le Gris ataca a esposa de Jean
de Carrouge, um respeitado cavaleiro. Ela o denuncia em um ato de coragem que põe
66

sua vida em risco. O julgamento por combate, um duelo até a morte, coloca o destino
dos três nas mãos de Deus.
Roteiro de estudo
 O tema do filme e seus personagens principais;
 O momento histórico que transcorre a trama do filme;
 Mensagens que o filme transmite e estão relacionadas com a temática: Idade
Média;
 Traje dos personagens e trilha sonora.
Durante o filme, faça as seguintes anotações:
1. Em quais cenas e diálogos as relações de suserania e vassalagem são
abordadas.
2. O contexto da opção matrimonial e as relações conjugais na nobreza feudal.
3. Por que o dote despertou conflitos.
4. Estabeleça uma hierarquia entre homens e mulheres na relação matrimonial.
Ação
Porque o personagem Jean de Carrouge teve que defender a honra em um julgamento
por combate?
No diálogo entre Nicole de Buchard, mãe de Jean de Carrouge, e Marguerrite de
Carrouge que posições as personagens assumem em relação ao estupro?
Por que Marguerrite de Carrouge poderia morrer se seu esposo perdesse o duelo? Qual a
moral religiosa que fundamenta essas consequências?
Pesquise o cenário histórico ilustrado no duelo entre Jean de Carrouge e Jacques Le
Gris e relacione ao fato histórico.

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.

ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO


Identifiquei características da
organização política e social na Idade
Média?
Analisei o papel da religião cristã na
cultura e nos modos de organização
social no período medieval?

Para saber mais

O casamento
A cerimônia de casamento era, ao mesmo tempo, algo privado e público. Privado
porque significava a união de duas famílias; público porque era aberto a amigos e
convidados, os quais testemunhavam o ato e davam seu assentimento. Nos primeiros
tempos, a cerimônia acontecia em casa e quem oficiava era o pai, que pedia a benção de
Deus para os jovens esposos, os quais permaneciam nus na cama. Depois passou a ser
67

realizado às portas da Igreja e a seguir, dentro delas, ganhando o padre maior


importância. [...] No fundo, a Igreja tentava controlar o sexo, tido como uma “tentação
ao pecado”. Dentro da moral cristã medieval, havia grande desconfiança em relação ao
prazer, pois este manteria o espírito preso ao corpo, impedindo sua elevação a Deus.
Assim, para a Igreja, o casamento seria indissolúvel (só acabava com a morte de um dos
cônjuges), devendo-se manter a virgindade até as núpcias. Mesmo quando casado, o
homem deveria conviver com sua esposa na castidade, evitar o ato sexual só para obter
o prazer e não aceitar nenhuma medida contraceptiva (por exemplo, o aborto). A visão
de crescer e multiplicar era mais direcionada para os servos, a fim de que aumentassem
os braços para o trabalho.
(FARIAS, Airton. Feudalismo. 3ª edição, Recife-PE, Editora Prazer de Ler, 2017, p. 59-60)
68

FOCO NA APRENDIZAGEM HISTÓRIA - AULA 03

Objeto do conhecimento da aula:

 O Mundo para além da Terra Plana: viagens marítimas europeias e as sociedades


americanas

Nesta aula, você aprenderá...

 a identificar as formas de organização americanas no tempo da conquista das


sociedades americanas (astecas, incas, maias e dos povos indígenas brasileiros)
no tempo da conquista;
 a reconhecer os mecanismos de alianças, confrontos e resistências;
 a identificar o tema de um texto;
 a inferir uma informação implícita em um texto.
Conceituando

As terras do outro lado do Atlântico:


Invasões e conquistas europeias sobre os povos originários
Segundo os conceitos medievais, a posse de uma nova terra ocorre quando ela é
comprovadamente desabitada. No caso da chegada dos europeus ao “Novo Mundo”,
Colombo reivindica a posse do território em nome da Coroa espanhola, praticamente
proclamando-a vazia, desabitada (GREENBLATT, 1996). Isso demonstra que os
europeus desconsideravam a posse natural dos “povos da terra” sobre os territórios
recém “achados”. De acordo com Fausto (2010), Colombo aportou numa ilha,
precisamente as Antilhas, densamente povoada por uma população de língua arawak
(aruaque), conhecidos como Tainos.
A chegada às “novas terras” estava imersa no imaginário maravilhoso, peculiar na
Idade Média europeia. Em seu Diário de bordo, Colombo menciona ter avistado três
sereias no Haiti e descreve, em seguida, o relato dos nativos mencionando que mais a
oeste existiam homens de um olho só e outros com focinho de cachorro; devoradores de
homens (GREENBLATT, 1996). Contudo, Colombo relata que, naquela ilha, não
encontrou uma população monstruosa, mas gente de boa aparência que, nos primeiros
contatos com a esquadra espanhola, não apresentou resistência à apropriação da terra.
“Serão, garante Colombo, servos bons e inteligentes” (idem, p. 104). No imaginário dos
tainos, os navios espanhóis chegaram dos céus.
Esses povos a que se refere Colombo, os tainos, foram os primeiros a estabelecer
alianças com os espanhóis. Esse aspecto pode ter sido motivado pelos interesses
políticos e comerciais dos povos indígenas do Caribe visando combater seus inimigos.
As rivalidades entre os diferentes grupos era uma caraterística do modo de vida social,
ou seja, organizados em comunidades autônomas. As comunidades poderiam manter
relações amistosas entre si ou serem inimigas de acordo com as disputas territoriais e/ou
culturais.
69

Na medida em que a Coroa espanhola investia cada vez mais em expedições, os


contatos com os povos da América se intensificaram. Os contatos variaram entre guerra
e paz. Enquanto os tainos se tornaram aliados, as relações eram amistosas.
Momentaneamente, ao perceberem que os espanhóis visavam o controle dos territórios,
as tensões abriam conflitos sangrentos, mobilizando uma feroz resistência à dominação
colonizadora. Se, por um lado, os indígenas ofereciam presentes, os espanhóis
ofereciam-lhes a conversão. Na visão indígena, os estrangeiros traziam seus deuses e
queriam ouro em troca. Os que aceitavam ser batizados, recebiam a salvação por obra
dos cristãos, caso não aceitassem, qualquer ação indígena considerada imoral ou ilegal
sob a ótica dos colonizadores, poderiam ser justificativas para o castigo, o cativeiro e a
escravidão (FERRO, 1996).
Para avançar no processo colonizador, a Coroa espanhola invadiu a maior ilha do
Caribe, Cuba. Em 1509, Diego Cólon, filho de Cristovão Colombo, tornou-se
governador das Índias Latinas Ocidentais, Cuba, Jamaica e Santo Domingo. Entretanto,
a instabilidade entre Diego Cólon e a Coroa eram cheias de conflitos. Desse modo, ele
foi sucedido em 1511 por Diego Velázques. Uma das invasões mais estratégicas de
Velázques foi a tomada de Cuba. Entre seus comandados estava Hernan Cortês. Os
rumores de uma terra a oeste, o México-asteca, cheia de riquezas atraía as ambições dos
colonizadores. Em 1517, Velázques nomeia Hernan Cortez para liderar uma expedição
para a Península de Yucatán, onde se localizava o Império dos astecas. A partir daí, um
processo de conquista começava. A missão primária de Cortez, naquele momento, era
negociar a libertação de náufragos. Porém, o deslumbramento e as ambições de Cortez
demarcaram um ponto sem retorno na história entre os espanhóis e povos méxicas-
astecas. O colonizador espanhol, desembarcou em 1519 com 600 soldados na ilha de
Cozumel, dominando as tribos e fundando a Villa Rica de la Vera Cruz. Não por acaso
o nome da vila une Riqueza e Cruz (FERRO, 1996).
Naquele momento, Hernan Cortez tinha subjugado os tlaxcaltecas, inimigos do
méxicas-astecas. Cortez recebeu diversos presentes, mas um em particular contribuiu
para as estratégias do invasor espanhol. A intérprete indígena Maliche, uma indígena,
que falava maia, asteca-nauatle e espanhol. Através de Maliche, os espanhóis passaram
a conhecer comportamentos, crenças e valores indígenas, fundamentais para as
estratégias militares. Outro fator importante foi a aliança entre os espanhóis e os
tlaxcaltecas. Esse povo, embora vivessem em território asteca, possuía autonomia. Essa
aliança era uma forma de se livrarem das ameaças, impostos e violências do Estado
méxica-asteca. Por outro lado, os tlaxcaltecas fizeram muitas exigências à coroa
espanhola, inclusive títulos de nobreza (SOUSTELLE, 2014).
Os méxicas-astecas se estabeleceram na região Mesoamericana por volta do
século XII e em pouco mais de 200 anos formaram um império dominando diversos
povos e territórios. A religião e a guerra eram traços marcantes dessa civilização. O
culto aos astros era uma das características mais antigas desse povo, mas, à medida que
ampliava seus domínios e interagiam com outras culturas, novas divindades eram
professadas. O disco solar era adorado com o nome de Tonatiuh e Uitzilopochtli, deus-
guia da tribo, encarnava o sol do meio-dia. Tlaloc era o deus da chuva e da fertilidade,
poderia atender as orações com chuva em país de clima seco. Os astecas eram povos
agricultores, desse modo havia a dependência da chuva para o cultivo para produzir
alimentos. Para agradar Tlaloc, os méxicas-astecas realizavam sacrifícios humanos. A
guerra também tinha uma função importante, pois, através dela, submetiam diversos
povos a pagarem tributos, disponibilizarem guerreiros para seu exército e
principalmente escravos para trabalhar na agricultura (SOUSTELLE, 2014).
70

A capital do Império méxica-asteca era a cidade de Tenochtitlan. A partir dela, os


astecas administravam uma confederação de cidades. Palácios, templos, ruas, mercados,
praças e uma rede de canais eram utilizados para irrigação e transporte de pessoas e
produtos. A beleza de Tenochtitlan impressionou os conquistadores espanhóis. De
acordo com o estudioso Soustelle (1990), a capital do Império méxica-asteca era
comparada a uma Alexandria, magnífica. A riqueza dos astecas despertava a cobiça dos
invasores.
A partir da Villa Rica de la Vera Cruz Vera, Cortez buscou informações sobre a
civilização méxica-asteca e percebeu que os povos submissos ao Imperador Montezuma
II tinham várias queixas e odiavam os astecas. A aliança com os totonacas, os
tlaxcaltecas e demais povos da região formaram uma coalizão hispano-tlaxcaltecas. Em
Cholula, a aliança enfrentou a resistência da confederação e a vitória veio com o
massacre de 6 mil indígenas (SOUSTELLE, 1990). Montezuma II, dirigiu-se à cidade
de Texococo para encontrar os invasores e os recebeu na entrada da cidade dando-lhes
boas-vindas. Os espanhóis se instalaram por oito meses no palácio Axayacatl. Nesse
período, Montezuma II, contrário à resistência, tentava negociar com os espanhóis para
se tornar um protetorado, porém o povo se rebelou e batalhas sangrentas marcam a
resistência dos méxicas-astecas aos estrangeiros. Para isso acontecer, contribuiu o
comportamento dos espanhóis que se apoderavam de ouro enquanto os tlaxcaltecas
pilhavam jades, plumas e outras pedras preciosas. Quando Cortez precisou se ausentar
da cidade para combater seu rival espanhol, que partiu de Cuba em direção a Villa Rica
de la Cruz Vera, os espanhóis e os tlaxcaltecas massacraram de 2000 mil pessoas, um
grande número de nobres na festa religiosa de Uittzilopochtli. Esse massacre ficou
conhecido como a Noite Triste. Cercados pelo exército méxica-asteca, os espanhóis
foram expulsos de Tenochtitlan e se refugiaram em Tlaxcala. A partir daí, essa cidade se
tornou a base da coalizão hispano-tlaxcaltecas. De lá, Cortez buscou alianças com
outras lideranças e conseguiu isolar a capital. A fome, a falta de água potável e os
canhões abateram a cidade sitiada. Enquanto o cerco acontecia, uma epidemia de varíola
assolou a população de Tenochtitlan, milhares de indígenas morreram. Essa doença não
era conhecida entre os méxicas (SOUSTELLE, 2014).
Em 13 de agosto de 1521, a cidade se rendeu. Montezuma II já havia sido morto.
“Seu sucessor Cuitlahuac reinou por apenas 80 dias até ser vitimado pela epidemia. O
último soberano foi Cuauhtemotzin, cujo símbolo era a águia que tomba, isto é, o sol
poente” (SOUSTELLE, 2014, p. 100). A conquista espanhola significou um grande
abalo para as populações indígenas originárias do Golfo do México, os méxicas-astecas
haviam sido derrotados e as perdas de milhões de vidas era a decadência de uma
civilização que não atingiu seu apogeu.
Entres os fatores que favoreceram a vitória dos espanhóis podemos elencar: a
superioridade bélico-militar a partir das alianças com os povos locais, a capacidade
armamentista proporcionada pelos canhões, arcabuz, armaduras, caravelas e cavalos,
uma tática de guerra indígena vinculada a preceitos religiosos, enquanto Cortez fazia a
guerra total. Alencastro (1991) aponta também para o fator biológico:

No continente [americano], a varíola abriu caminho para os espanhóis


conquistarem Tenochtitlan, atual cidade do México, e, em seguida,
alastrou-se no Peru (1521), derrubando dezenas de milhares de
indígenas que poderiam ter enfrentado os espanhóis. Nesse sentido a
vitória de Cortez sobre os astecas e Pizarro sobre os incas devem ser
reconsideradas: não se trata de batalhas nas quais a cavalaria e a
pólvora europeia venceram as flechas e as lanças indígenas, mas de
uma guerra bacteriológica que os ameríndios não tinham chance de
ganhar. (ALENCASTRO, 1991, p.7).
71

As invasões europeias aos territórios americanos em busca de metais preciosos e


recursos estavam vinculadas ao processo de mercantilização em que se fazia necessário,
para esse tipo de empreitada, o controle colonial. A invasão e tomada do território
faziam parte do processo de montagem da empresa colonial. Se por um lado, a
colonização estava vinculada ao processo de expansão comercial, por outro, a expansão
da fé cristã aos povos pagãos fazia parte dos planos divinos. A não conversão dos povos
indígenas ao cristianismo, associada a suas práticas fora dos padrões morais europeus,
justificava a escravidão. No Brasil, os portugueses iniciaram o processo colonizador
após as crises comerciais com as Índias Orientais e o combate à ameaça de outros reinos
europeus, a França, ao território português em terras americanas.

Conversando com o texto

1. Explique
A. Por que, no contato com a diversidade cultural dos povos americanos, o olhar
europeu procurava integrá-los aos seus padrões de sociedade?
B. Por que os astecas realizavam rituais de sacrifícios humanos? Compare a visão asteca
com visão europeia.
2. Aponte os fatores que contribuíram para a vitória dos espanhóis na guerra contra os
astecas.
ENEM

HS08_2022 - Compreender as características da organização econômica, política,


cultural e social na Idade Média e os fatores que contribuíram para a desintegração do
sistema feudal.
(SAEB) - D6 – Identificar o tema de um texto.
(SAEB) - D4 – Inferir uma informação implícita em um texto.
01.(ENEM-2013)
O canto triste dos conquistados:
os últimos dias de Tenochtitlán

Nos caminhos jazem dardos quebrados:


os cabelos estão espalhados.
Destelhadas estão as casas,
Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém
as tivesse tingido,
Nos escudos esteve nosso resguardo,
mas os escudos não detêm a desolação...
PINSKY, J. et al. História da América através de textos São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).

O texto é um registro asteca, cujo sentido está relacionado ao(à)


A. tragédia causada pela destruição da cultura desse povo.
B. tentativa frustrada de resistência a um poder considerado superior
C. extermínio das populações indígenas pelo Exército espanhol.
D. dissolução da memória sobre os feitos de seus antepassados.
E. profetização das consequências da colonização da América.
72

02. (ENEM-2018)
O encontro entre o Velho e o Novo Mundo, que a descoberta de Colombo tornou
possível, é de um tipo muito particular: é uma guerra — ou a Conquista —, como se
dizia então. E um mistério continua: o resultado do combate. Por que a vitória
fulgurante, se os habitantes da América eram tão superiores em número aos adversários
e lutaram no próprio solo”? Se nos limitarmos à conquista do México — a mais
espetacular, já que a civilização mexicana é a mais brilhante do mundo pré-colombiano
— como explicar que Cortez, liderando centenas de homens, tenha conseguido tomar o
reino de Montezuma, que dispunha de centenas de milhares de guerreiros?
TODOROV, T. À conquista da América. São Paulo: Martins Fontes, 1991 (adaptado).

No contexto da conquista, conforme análise apresentada no texto, uma estratégia para


superar as disparidades levantadas foi
A. implantar as missões cristãs entre as comunidades submetidas.
B. utilizar a superioridade física dos mercenários africanos.
C. explorar as rivalidades existentes entre os povos nativos
D. introduzir vetores para a disseminação de doenças epidêmicas.
E. comprar terras para o enfraquecimento das teocracias autóctones.

Desafie-se

Os povos indígenas no Brasil atual


Atualmente, a maioria dos povos indígenas do Brasil vive nas Terras Indígenas,
que são demarcadas pelo governo federal com o intuito de garantir a sobrevivência
cultural desses povos. Para conhecer um pouco mais sobre a história e cultura indígena,
organizem-se em grupo e faça uma pesquisa sobre um desses povos na atualidade.
Primeira parte:
 Escolha um povo indígena que vive no Brasil atualmente e, depois, selecione as
fontes de informações que vai utilizar. Por exemplo: revistas, livros, jornais, sites da
internet.
Segunda parte:
 Procure descobrir:
1. Onde viviam os ancestrais desse povo e onde eles vivem atualmente;
2. Quais os costumes, língua falada e as tradições desse povo;
3. Como é cotidiano deles;
4. Como se relacionam com a sociedade não indígena;
5. Quais os maiores problemas enfrentados por esse povo atualmente.
Terceira parte:
Produza um texto coletivo com as informações pesquisadas, inserindo imagens gráficas.
Em seguida, monte uma exposição para apresentar na escola.

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
73

ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO


Identifiquei as formas de organização
americanas das sociedades americanas
(astecas, incas, maias e dos povos
indígenas brasileiros) no tempo da
conquista?
Reconheci os mecanismos de alianças,
confrontos e resistências?

Para saber mais

MINERAÇÃO AMEAÇA TERRAS INDÍGENAS (Tis)


Na ausência de uma regulamentação da exploração mineral em Terras Indígenas,
pendente desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, o ISA vem
monitorando a incidência dos interesses sobre as Terras Indígenas ao longo dos últimos
anos.
50% das TIs na Amazônia Legal podem ter seu território afetado pela mineração.
A mineração é uma atividade que causa fortes impactos socioambientais e, apesar de
não ser permitida em Terras Indígenas, é uma ameaça constante. O parágrafo 6º do
artigo 231 da constituição assinala que não possuem efeito jurídico atos que postulam a
exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos, ressalvado relevante
interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar.
Impactos da mineração sobre algumas Terras Indígenas.
TI Xikrin do Cateté
No Pará, os Xikrin estão cercados por 14 empreendimentos de mineração da
empresa Vale, que exploram ferro, cobre, ouro, níquel e outros, e essa Terra Indígena
tem mais de 90% de sua área coberta por processos minerários. O despejo de metais
pesados contaminou o Rio Cateté, causando má-formação em fetos e doenças graves.
TI Roosevelt
A mineração e o garimpo ilegais nessa terra dos Cinta Larga, entre Rondônia e
Mato Grosso, têm gerado conflitos e mortes desde os anos 1950, mas a grande invasão
aconteceu nos anos 2000. Desativado várias vezes pelos Cinta Larga, o mega-garimpo
de Lajes levou 5000 garimpeiros à TI em 2004 e, ainda hoje, mais de 500 exploram
diamantes na TI.
(FONTE: Site: Terra Indígena, 23/11/2019)
74

FOCO NA APRENDIZAGEM HISTÓRIA - AULA 04

Objeto do conhecimento da aula:

 Povos originários: sentidos de existência.

Nesta aula, você aprenderá...

 acerca das características da cultura material e imaterial dos povos indígenas


originários;
 Sobre as relações dos povos indígenas originários com a natureza;
 a inferir o sentido de uma palavra ou expressão;
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.).

Conceituando

A 15ª edição da Olimpíada Nacional de História do Brasil – ONHB, realizada pela


Universidade de Campinas – Unicamp– em 2023, teve como tema “A questão indígena
no Brasil”. Foram utilizados documentos e fontes históricas escritas, iconográficas e
audiovisuais que permitiram aos participantes conhecer, refletir e produzir
conhecimentos sobre a história dos povos originários do nosso território. Em uma de
suas questões, tratou-se de uma obra escrita por Davi Kopenawa que versa sobre sua
existência enquanto indígena brasileiro. O texto a seguir traz parte da reflexão trazida na
olimpíada.
A queda do céu
A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em destruí-la. Se
conseguirem, os rios vão desaparecer debaixo da terra, o chão vai se desfazer, as
árvores vão murchar e as pedras vão rachar no calor. A terra ressecada ficará vazia e
silenciosa. Os espíritos xapiri, que descem das montanhas para brincar na floresta em
seus espelhos, fugirão para muito longe. Seus pais, os xamãs, não poderão mais chamá-
los e fazê-los dançar para nos proteger. Não serão capazes de espantar as fumaças de
epidemia que nos devoram. Não conseguirão mais conter os seres maléficos, que
transformarão a floresta num caos. Então morreremos, um atrás do outro, tanto os
brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo. Quando não houver mais
nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai desabar.(...)
Quando eu era mais jovem, costumava me perguntar: ‘Será que os brancos
possuem palavras de verdade? Será que podem se tornar nossos amigos?’. Desde então,
viajei muito entre eles para defender a floresta e aprendi a conhecer um pouco o que
eles chamam de política. Isso me fez ficar mais desconfiado! Essa política não passa de
falas emaranhadas. São só palavras retorcidas daqueles que querem nossa morte para se
apossar de nossas terras. Em muitas ocasiões, as pessoas que as proferem tentaram me
enganar dizendo: ‘Sejamos amigos! Siga o nosso caminho e nós lhe daremos dinheiro!
Você terá uma casa e poderá viver na cidade, como nós!’. Eu nunca lhes dei ouvidos.
75

Não quero me perder entre os brancos. Meu espírito só fica mesmo tranquilo quando
estou rodeado pela beleza da floresta, junto dos meus. Na cidade, fico sempre ansioso e
impaciente. Os brancos nos chamam de ignorantes apenas porque somos gente diferente
deles. Na verdade, é o pensamento deles que se mostra curto e obscuro. Não consegue
se expandir e se elevar, porque eles querem ignorar a morte. (...) Para nós, a política é
outra coisa. São as palavras de Omama e dos xapiri que ele nos deixou. São as palavras
que escutamos no tempo dos sonhos e que preferimos, pois são nossas mesmo. Os
brancos não sonham tão longe quanto nós. Dormem muito, mas só sonham com eles
mesmos. Seu pensamento permanece obstruído e eles dormem como antas ou jabutis.
Por isso não conseguem entender nossas palavras.
Não temos leis desenhadas em peles de papel e desconhecemos as palavras de
Teosi. Em compensação, possuímos a imagem de Omama e a de seu filho, o primeiro
xamã. Elas são nossa lei e governo. Nossos antigos não tinham livros. As palavras de
Omama e as dos espíritos penetram em nosso pensamento com a yãkoana e o sonho. E
assim guardamos nossa lei dentro de nós, desde o primeiro tempo, continuando a seguir
o que Omama ensinou a nossos antepassados. (...)
É em virtude dela que não maltratamos a floresta, como fazem os brancos.
Sabemos bem que, sem árvores, nada mais crescerá em sua terra endurecida e ardente.
Comeremos o quê, então? Quem irá nos alimentar se não tivermos mais roças nem
caça? Certamente não os brancos, tão avarentos que vão nos deixar morrer de fome.
Devemos defender nossa floresta para podermos comer mandioca e bananas quando
temos a barriga vazia, para podermos moquear macacos e antas quando temos fome de
carne. Devemos também proteger seus rios, para podermos beber e pescar. Caso
contrário, vão nos restar apenas córregos de água lamacenta cobertos de peixes mortos.
Antigamente, não éramos obrigados a falar da floresta com raiva, pois não conhecíamos
todos esses brancos comedores de terras e de árvores. Nossos pensamentos eram
calmos. Estávamos apenas nossas próprias palavras e os cantos dos xapiri. É o que
queremos poder voltar a fazer. Não falo da floresta sem saber. (...)
Quando eu era criança, não pensava que aprenderia a língua do branco e menos ainda
que poderia discursar entre eles! Não me perguntava como eram as suas cidades.
Tampouco me questionava quanto a seus pensamentos ou ao que poderiam dizer entre
eles. Eu simplesmente os temia e, assim que se aproximavam de mim, fugia gritando!
Gostava de estar na floresta, gostava de escutar as palavras dos meus e de conversar
com o meu padrasto. (...) Eu era feliz assim e se os brancos e suas epidemias não
tivessem começado a devorar os meus parentes, talvez ainda o fosse. Disse a mim
mesmo: ‘Hou! Eu não sabia, mas os brancos sempre foram os mesmos, bem antes de eu
nascer! Eles já queriam arrancar da floresta balata, castanhas-do-pará, cipós masi e peles
de onça, do mesmo jeito que hoje querem lá achar ouro. É por causa dessa ganância que
quase todos os nossos antigos morreram!’. Hoje, não falo de tudo isso à toa. Jamais
esqueci a tristeza e raiva que senti diante da morte dos meus parentes quando era
criança.
Glossário
Omama:Demiurgo (deus criador) da mitologia Yanomami.
Xapiri:“Espírito auxiliar” que pode ser “chamado” (invocado) pelos xamãs.
Teosi: Palavra que vem do português “Deus”.
Yãkoana: O pó de yãkoana, fabricado a partir da resina tirada da parte interna da casca
da árvore Virola elongata, é utilizado em rituais.
76

Parente ou familiar: Davi Kopenawa utiliza a palavra “família” em português, uma


vez que esta não existe em yanomami.
Balata: Designação comum de várias árvores da família das saponáceas que fornecem
látex e madeira arroxeada usada na construção civil e naval.
Cipós masi: (ou cipó-titica) é uma raiz aérea de uma hemi-epífita (planta-mãe) muito
coletada para produção de artesanatos.
KOPENAWA, Davi; Albert, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2022, pp.
6 [epígrafe]; 390-393. (Fase 2, questão 21) Disponível em https://drive.google.com/drive/folders/

Conversando com o texto

1. O relato nos provoca acerca das diferenças entre as culturas e os sentidos de


existência entre os não indígenas e os povos indígenas originários das Américas. Uma
das passagens do texto que provoca essa reflexão é “A floresta está viva. Só vai morrer
se os brancos insistirem em destruí-la”.
Reflita sobre quais seriam essas diferenças e quais os riscos que correm os povos
originários e os homens ‘brancos’ em virtude desse conflito existencial.
2. A cultura indígena é retratada a partir do relato de Davi Kopenawa. Que elementos
culturais dos povos originários você percebeu no texto? Para justificar a dominação, os
europeus afirmaram que tal cultura seria “selvagem, atrasada e exótica”. O que você
pensa sobre essa perspectiva de análise?
3. HS03H02. Apontar características da cultura material e imaterial dos povos indígenas
originários.
Descritor 03 LP: Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
Não temos leis desenhadas em peles de papel e desconhecemos as palavras de Teosi.
Em compensação, possuímos a imagem de Omama e a de seu filho, o primeiro xamã.
Elas são nossa lei e governo.
O termo em destaque no texto descreve o modo pelo qual o povo Yanomami
A) pode ser descrito como pré-histórico, pois não possuíam linguagens escritas.
B) fundamentava sua religião a partir de livros sagrados.
C) baseava o seu governo em leis escritas por meio da participação coletiva.
D) designava os documentos impressos do homem branco.
E) se relacionava com o homem branco por meio de documentos escritos.
ENEM e outras avaliações

1. HS03H04. Definir as relações dos povos indígenas originários com a natureza.


Descritor 05 LP. Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso
(propaganda, quadrinhos, fotos, etc.)
Avaliação diagnóstica-História-1ºano-2022.2

Fonte: https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/113901867744/que-os-
povos-ind%C3%ADgenas-e-as-comunidades. Acesso em 26 de jun. 2023
77

A tirinha acima nos permite compreender que a relação dos povos originários do Brasil
com a natureza
A) se baseia na propriedade privada das terras, devidamente documentada.
B) impedia qualquer usufruto da natureza, conservando-a integralmente.
C) se norteia a partir da ideia de desenvolvimento sustentável.
D) repousa no equilíbrio entre o uso dos recursos naturais e as necessidades humanas.
E) se caracteriza pela exploração intensiva das riquezas disponíveis no território.
2. (ENEM 2021)
Foram esses cientistas Xavante que esclareceram os mistérios da germinação de
cada uma das sementes. Eles tinham o conhecimento para quebrar a dormência.
O fogo era fundamental para muitas; para outras, o caminho para despertar passava pelo
sistema digestivo dos animais silvestres. “Essa planta nasce depois que fazemos a
caçada com fogo, diziam eles, esta outra quando a anta caga a semente, aquela precisa
ser comida pelo lobo”. Aliando os conhecimentos dos cientistas da aldeia e da cidade,
essa área do Cerrado foi recuperada totalmente.
PAPPIANI, A. Tecnologias indígenas: esplendor e captura. Disponível em: https://outraspalavras.net. Acesso em: 10 out.2019
(adaptado).

No texto, a relação socioespacial dos indígenas evidencia a importância do(a)


A. prática agrícola para a logística nacional.
B. cultivo de hortaliças para o consumo urbano.
C. saber tradicional para a conservação ambiental.
D. criação de gado para o aprimoramento genético.
E. reflorestamento comercial para a produção orgânica.

Desafie-se

A dinâmica de exploração predatória da natureza é característica da história do


Brasil. Desde o pau-brasil à atual exploração agrícola dos criadores de animais, das
madeireiras e da mineração que esta dinâmica não possui limites éticos e morais para
sua sede de lucros, as comunidades indígenas são alvo da sanha devastadora da busca
por capitais.
Um dos projetos que expõe a vulnerabilidade dos povos originários é o PL
490/2007 que trata do marco temporal para demarcação das terras indígenas. De acordo
com tal projeto, só serão consideradas terras indígenas aquelas ocupadas por eles até 5
de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição da República Federativa do
Brasil, alterando o dispositivo que desobriga tais povos de comprovarem a data da posse
da terra, tendo em vista que eles são povos originários, ou seja, já estavam no território
antes da chegada dos europeus e da organização do Estado brasileiro. Propomos, então,
a simulação da votação do PL 490/2007 (já aprovado na Câmara dos Deputados em 30
de maio de 2023 e que tramitará no Senado). A sala de aula se tornará uma das casas do
Congresso Nacional e os estudantes irão se dividir entre defensores e opositores do
projeto. Eles podem criar nomes fictícios de partidos, simular movimentos sociais de
resistência a pressionar contra o projeto... Enfim, criarão estratégias para defender suas
teses e aprovar ou não o projeto.
Outra possibilidade de tratar o tema é a realização de um Podcast sobre o PL
490/2007. Convide representantes dos povos originários, professores da escola e
representantes da sociedade civil para aprofundar sobre essa questão.
78

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.

EM
ATIVIDADE CONSTRUÍDO
CONSTRUÇÃO
Compreendi aspectos relativos à
relação dos povos indígenas
originários com a natureza?
Assimilei conhecimentos acerca da
cultura material e imaterial dos povos
indígenas originários?

Para saber mais

A palavra Yanomami significa ‘ser humano’. Entretanto, o que se viu ocorrer no


Brasil foi uma verdadeira tragédia humanitária com esses povos. Fomos confrontados
com nossa ideia de humanidade ao vermos, em pleno século XXI, repetições de cenas
históricas de uma política de genocídio étnico. Cerca de 570 crianças Yanomamis
morreram entre 2018 e 2022 em virtude da fome, desnutrição e doenças que poderiam
ter sido tratadas. Além disso, casos de desnutrição aguda e de surtos de doenças
marcaram a existência na Terra Indígena Yanomami.
Os Yanomami vivem, desde antes da chegada dos europeus, em um território ao
norte do Brasil e ao sul da Venezuela. O modo pelo qual parte desse povo existe e as
consequências da ocupação não-indígena de suas terras são retratados em um
documentário premiado que se intitula “A última floresta”.
Sugerimos uma sessão de cinema para compreender mais sobre a relação dos povos
indígenas com a natureza, os aspectos de sua cultura material e imaterial e os impactos
da ocupação predatória dessas terras.
O documentário está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=P88Mnpkdfa4
79

FOCO NA APRENDIZAGEM HISTÓRIA - AULA 05

Objeto do conhecimento da aula:

 A diáspora africana e a histórica tenacidade negra.

Nesta aula, você aprenderá...

 a respeito dos aportes culturais, científicos e sociais de diferentes sociedades


africanas antes da chegada dos europeus.
 acerca das relações sociais e econômicas relativas a utilização do trabalho em
sociedades africanas antes do contato com o elemento europeu.
 a analisar as consequências do escravismo em diferentes momentos históricos.
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.).
 a identificar o tema de um texto.

Conceituando

Diáspora corresponde ao processo de dispersão de um povo de seu lugar de


origem em virtude de fatores religiosos, políticos ou étnicos. É muito comum se ouvir
essa palavra relacionada aos processos de afastamento dos povos judeus de suas terras
na antiguidade. Mas, como tratar a expulsão forçada de suas origens de cerca de mais de
uma dezena de milhões de africanos para serem escravizados nas Américas? Essa, sem
dúvida, é uma diáspora estreitamente vinculada à formação do Brasil enquanto Estado e
enquanto sociedade.
De acordo com a Fundação Cultural Palmares, “a diáspora africana é o nome dado
a um fenômeno caracterizado pela imigração forçada de africanos, durante o tráfico
transatlântico de escravizados. Junto com seres humanos, nestes fluxos forçados,
embarcavam nos tumbeiros (navios negreiros) modos de vida, culturas, práticas
religiosas, línguas e formas de organização política que acabaram por influenciar na
construção das sociedades às quais os africanos escravizados tiveram como destino.
Estima-se que durante todo período do tráfico negreiro, aproximadamente 11 milhões de
africanos foram transportados para as Américas, dos quais, em torno de 5 milhões
tiveram como destino o Brasil”.
Os modos de vida embarcados através do Atlântico eram diversos e variados por
todo o território africano antes da chegada dos europeus. As diferentes formas de ver e
compreender o mundo possibilitaram a construção de referenciais culturais, sociais,
religiosos e científicos distintos por toda a África, continente berço do homem moderno.
Centenas de reinos se espalharam pelo solo africano antes da dominação europeia.
Alguns deles tornaram-se impérios. Muito se fala do antigo Egito, mas outras
surpreendentes civilizações também foram construídas durante a história do continente
africano.
Um artigo publicado no portal Geledes, intitulado 10 civilizações africanas mais
surpreendentes que a egípcia, nos permite constatar que, em diferentes tempos
históricos, os africanos desenvolveram complexas sociedades que avançaram em vários
campos do saber humano. São elas:
80

 O Império de Axum, atual Etiópia, desenvolveu um enorme potencial naval


enquanto a Europa vivia a antiguidade clássica, dominando a costa do Mar
Vermelho até o século VII e criando um conjunto escrito de sinais representativos
dos fonemas africanos;
 O Império do Benin, no território da atual Nigéria, por volta do século XV,
desenvolveu técnicas apuradas de metalurgia e realizou intensas trocas comerciais
por terra com outros reinos africanos e através do Atlântico com outros povos até
ser dominado pelos ingleses;
 A Nigéria, entre os séculos V e II a.C, também desenvolveu uma estética cultural
que é denominada cultura Nok com a produção de estátuas e estatuetas em
terracota que, para alguns estudiosos, representa o alicerce das tradições que
marcaram as culturas da região em tempos posteriores. Além disso, a cultura Nok
criou um complexo sistema judicial que tratava de questões como roubo,
assassinato, adultério e disputas familiares;
 O Império do Gana, durante o período que a Europa vivia a Idade Média, se
destacou pela abundância de recursos naturais e de metais preciosos,
principalmente ouro. Estabeleceu, estrategicamente, relações comerciais com
árabes, europeus e outros reinos africanos e se destacou pela riqueza produzida;
 O Império do Mali, entre os séculos XIII e XIX, tornou-se uma das maiores
potências do seu tempo e o mais rico entre os reinos africanos a partir das intensas
atividades comerciais e das imensas reservas de ouro e de pedras preciosas. O
Mali abrigou o homem mais rico de todos os tempos, Mansa Muça, e foi fonte de
cerca de metade do ouro comercializado do mundo durante três séculos, o que
gerou riqueza e efervescência cultural no território;
 O reino de Cuxe, localizado no atual Sudão, existiu durante a antiguidade e
manteve fortes relações com o antigo Egito e com eles se assemelhavam em
aspectos políticos, econômicos e religiosos. Destaca-se, nesse reino, o trabalho
com a metalurgia (ainda desconhecido no Egito) e o papel das mulheres nas
funções administrativas e políticas, destacando-se inclusive como rainhas,
chefes políticas do Estado;
 O Império Songai, entre os séculos XV e XVI, tornou-se um dos maiores impérios
do mundo no período, ocupando o território ocidental da África. Seu forte exército
permitiu que sua enorme proporção territorial se mantivesse por cerca de oito
séculos a partir das trocas comerciais com outros povos e reinos africanos e por
meio de um sofisticado sistema administrativo que incluía o uso de moeda e a
interrelação com as culturas as quais interagia;
 O Reino de Punt estimula a imaginação dos estudiosos por ser citado pelos povos
egípcios antigos, mas não se precisar sua localização. Acredita-se que se
localizava na África Oriental. Destacou-se por sua relação com o Império Egípcio
como entreposto comercial ao lhes fornecer ouro, marfim, ébano, espécimes
vegetais, animais exóticos, perfumes e produtos para rituais. Essa misteriosa
sociedade, até hoje, desperta interesse de muitos estudiosos;
 No sul do continente africano, no contexto da colonização europeia entre os
séculos XVIII e XIX, o Império Zulu destacou-se por sua força militar a partir de
estratégias do seu líder, Shaka, um gênio militar que transformou o exército e que
lutou contra a submissão à expansão colonial europeia. Shaka criou um exército
permanente com regimentos que viviam separados da sociedade civil e passavam
por treinamentos intensivos que permitiram a unificação dos povos da região e
impediram a dominação britânica em seus territórios;
81

 A cidade-Estado de Cartago, localizada hoje no território que corresponde à


Tunísia fez frente ao poderoso Império Romano. Criada como colônia fenícia para
servir de entreposto comercial na antiguidade, os cartagineses começaram a
controlar a exploração e venda de metais preciosos no Mediterrâneo Ocidental.
Tornou-se império e, com um intricado sistema governamental, passou a
exercer influência política sobre boa parte do Mediterrâneo, controlando as
rotas marítimas desse mar por mais de seiscentos anos, o que lhe permitiu
prosperidade e que entrasse em choque com o Império Romano que a derrotou nas
famosas Guerras Púnicas.
Cada uma dessas civilizações, em diferentes tempos e em diversos espaços do
território africano, construiu sistemas complexos de organização social e desenvolveu
conhecimentos em diversas áreas do conhecimento humano. De estratégias de
administração e de gestão de Estado, passando pela criação de sistemas de leis e
filosóficos, pelo avanço na ciência, em sistemas de transportes, de exploração agrícola e
mineral, pela criação de grandes exércitos à diversidade dos sistemas culturais e
religiosos, a África em muito contribuiu com a existência humana.
Esses conhecimentos foram espalhados por todos os continentes a partir da
diáspora negra. No Brasil, por exemplo, a exploração de ouro durante o ciclo minerador
em Minas Gerais não teria sido tão profícua se não fossem os saberes dos povos
escravizados que eram trazidos principalmente da Costa da Mina para a região
justamente por seus conhecimentos de técnicas de exploração mineral.
Assim, a diáspora negra não corresponde apenas à retirada dos povos de seus
territórios. Ela passa pela captura, pela travessia (em que cerca de 15% a 25% eram
jogados ao mar em virtude de doenças, resistência, etc), pela inserção violenta e brutal
nos novos territórios e pela construção de novas identidades que guardam os saberes
ancestrais como estrutura vital de existência. Os afrodescendentes espalhados pelo
mundo, a partir de uma capacidade organizativa, proativa e contributiva (muitas vezes
não lembrada) recorrem às memórias vitais e a conhecimentos ancestrais e atuam
diretamente no desenvolvimento das sociedades em que foram forçosamente inseridos,
enquanto forjam suas novas identidades que insistem em celebrar a vida, provando sua
tenacidade e seu vigor na construção de novas formas de viver.

Conversando com o texto

1. O texto nos provoca a refletir sobre a África antes da dominação europeia. Até pouco
tempo atrás, o que sabíamos (ou o que nos ensinavam) era sobre uma África ‘selvagem,
anti-modernidade e excêntrica’. Quem nos dizia isso estabelecia como finalidade o
‘progresso’ e como referencial o continente europeu, justamente o que dominava
territórios pelo mundo.
A partir da leitura, novos olhares sobre os povos africanos podem ser construídos acerca
de suas características econômicas, sociais, culturais e científicas antes da dominação
europeia. Quais?
2. A diáspora negra é relatada no texto e nos permite analisar a tenacidade dos povos
africanos ante o processo de dispersão pelo mundo. Estruture um breve texto
relacionando a diáspora africana com força do povo negro em manter-se ligado às suas
raízes históricas.
HS05H01 - Identificar os aportes culturais, científicos e sociais de diferentes sociedades
africanas antes da chegada dos europeus.
82

Descritor 06 LP - Identificar o tema de um texto.


De estratégias de administração e de gestão de Estado, passando pela criação de
sistemas de leis e filosóficos, pelo avanço na ciência, em sistemas de transportes, de
exploração agrícola e mineral, pela criação de grandes exércitos à diversidade dos
sistemas culturais e religiosos, a África, em muito, contribuiu com a existência humana.
3. A partir do texto acima, podemos afirmar que a África, antes da dominação europeia,
A) era predominantemente agrícola e não havia construído núcleos urbanos.
B) era totalmente atrasada em aspectos militares, sendo facilmente conquistada.
C) ainda carecia de conhecimentos científicos em todas as áreas do conhecimento.
D) ergueu civilizações complexas e diversas por todo o território.
E) desconhecia formas de organização social a partir da constituição de Estados.

ENEM e outras avaliações

HS10H07 - Analisar as consequências do escravismo no Brasil em diferentes momentos


históricos.
Descritor 05 LP - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso
(propaganda, quadrinhos, fotos, etc.)
Avaliação diagnóstica-História-1ºano-2022.2
Imagem I
Um jantar brasileiro”, Jean-Baptiste Debret, aquarela sobre papel, 16 x 22 cm, Rio de
Janeiro, 1827

Fonte:https://ensinarhistoria.com.br/debret-e-os-habitos-alimentares-na-corte-brasileira/-Blog: Ensinar História - Joelza Ester


Domingues
Imagem II

Fonte: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/cartuns-de-leandro-assis-2/
83

A partir da comparação entre a pintura de Debret e a charge que a utiliza como


referência, pode-se perceber
A. que houve um processo de inclusão dos afro-brasileiros no mercado de trabalho em
igualdade com os demais grupos étnicos que compõem nossa sociedade.
B. que, mesmo após mais de 130 anos da abolição, as políticas reparatórias ainda não
são suficientes para promover justiça social à população afro-brasileira.
C. que a bondade e a generosidade dos que utilizam a mão-de-obra dos afro-brasileiros,
cativos ou livres, é uma marca que permanece até dos dias de hoje.
D. que, assim como no período colonial, os filhos dos trabalhadores das elites brasileiras
são considerados como ‘da casa’ pelos patrões e tratados como ‘da família’.
E. que os afro-brasileiros não obtiveram nenhuma conquista em suas lutas e até os dias
atuais vivendo de forma idêntica à maneira como viviam no Brasil colônia.
(Enem 2018) Num país que conviveu com o trabalho escravo durante quatro séculos, o
trabalho doméstico é ainda considerado um subemprego. E os indivíduos que atuam
nessa área são, muitas vezes, vistos pelos patrões como um mal necessário: é preciso ter
em casa alguém que limpe o banheiro, lave a roupa, tire o pó e arrume a gaveta. Existe
uma inegável desvalorização das atividades domésticas em relação a outros tipos de
trabalho.
RANGEL, C. Domésticas: nascer, deixar, permanecer ou simplesmente estar. In: SOUZA, E. (Org.). Negritude, cinema e educação.
Belo Horizonte: Mazza, 2011 (adaptado).

Objeto de legislação recente, o enfrentamento do problema mencionado resultou na


A. criação de novos ofícios.
B. erradicação da atividade informal.
C. redução da desigualdade de gênero.
D. fragilização da representação sindical.
E. ampliação de direitos sociais.

Desafie-se

O escravismo nas Américas, resultante da diáspora africana, deixou fortes marcas


nas suas sociedades. No Brasil, nosso cotidiano é assolado pelos resquícios históricos da
escravidão moderna: desigualdade social, intolerância religiosa, violações dos direitos
humanos, racismos e violência marcam o dia-a-dia do povo negro no Brasil.
Cerca de 40% da população africana escravizada foi trazida ao Brasil. Isso
equivale a aproximadamente 5 milhões de pessoas o que nos faz o maior país negro fora
do continente africano. Entender, portanto, tal processo histórico em todas as suas
nuances é imprescindível para a construção de princípios de convivência social
pautados na alteridade e de elementos que promovam justiça e reparação histórica.
Nesse sentido, o movimento negro é um dos movimentos sociais mais bem
articulados no Brasil e com uma consistência histórica que já promoveu conquistas e
transformações na sociedade brasileira.
Em grupos, convide algum representante ou militante do movimento negro de sua
localidade para uma roda de conversa. Será um momento em que poderá perceber os
frutos do protagonismo na luta pela conquista de direitos e por uma sociedade mais
justa.
84

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
EM
ATIVIDADE CONSTRUÍDO
CONSTRUÇÃO
Compreendi a respeito dos aportes
culturais, científicos e sociais de diferentes
sociedades africanas antes da chegada dos
europeus?
Assimilei conhecimentos acerca das
relações sociais e econômicas
relativas à utilização do trabalho em
sociedades africanas antes do contato com
o elemento europeu?
Tornei-me capaz de analisar as
consequências do escravismo em diferentes
momentos históricos?

Para saber mais

Documentário: Rostos familiares, lugares inesperados: uma diáspora africana global.


https://www.youtube.com/watch?v=g1BceeLjIRo&feature=youtu.be
Portais de identidade negra e luta antirracista:
https://primeirosnegros.com/
https://www.geledes.org.br/
https://blogueirasnegras.org/
https://www.ceert.org.br/
https://afroliteraria.com.br/
https://almapreta.com.br/
https://www.gov.br/palmares/pt-br
85

FOCO NA APRENDIZAGEM HISTÓRIA - AULA 06

Objeto do conhecimento da aula:

 A História e seu estreito vínculo com o tempo

Nesta aula, você aprenderá...

 a identificar diferentes formas de marcação do tempo entre os povos.


 a definir os conceitos de tempo histórico, de diacronia e de sincronia.
 a localizar informação explícita.
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,
quadrinhos, fotos, etc.)
Conceituando

Entre as maiores indagações e inquietações humanas, está inserida a questão do


tempo. Reduto das transformações e das permanências, do efêmero e do longevo, das
memórias reconstruídas e das inúmeras não lembradas, das sociedades que existiram,
existem e das que virão. Pois é..., o tempo! De tão importante para o ser humano,
construímos uma ciência específica para labutar com ele na sua relação com o ser
humano. Estamos falando da História. Ciência prodigiosa que lida com esse instrumento
sensível e valioso que, de acordo como é tocado, gera (des)harmonias capazes de
compreender a própria existência humana.
Desde a Antiguidade Clássica, que o ser humano se dedica a analisar,
compreender e registrar a história. Surge então a escrita da História, a historiografia.
Com funções e com características específicas, a História foi se modificando, se
moldando ao tempo. Consolidou-se, nesse cenário, como um conhecimento basilar para
o entendimento do próprio ser humano, seu objeto de estudo, aliado ao tempo na busca
de compreensão sobre os acontecimentos à sua volta e sobre o tempo.
O tempo histórico corresponde à existência humana no planeta Terra e é o foco
de análise da História. A História estuda as transformações, os acontecimentos, o
transcurso das ações humanas em sociedade. Processos de inclusão/ exclusão,
rememoração/ esquecimento, permanências/ rupturas, diacronia/ sincronia, diferenças/
semelhanças, orientam a análise do tempo histórico. A História parte de questões do
presente com o intuito de compreender e significar o seu tempo.
Inclusão e exclusão na análise temporal histórica correspondem aos sujeitos que
são lembrados na escrita da História ou ao modo como são lembrados e está vinculado à
rememoração ou ao esquecimento. Tomemos por exemplo os povos originários das
Américas. Predominou, por longo período, uma narrativa histórica que os taxava como
povos exóticos e selvagens que deveriam ser civilizados ou que foram conduzidos à
civilização através da ação dos europeus. A ótica de existência de tais povos não era
valorizada. Seu protagonismo e suas formas diversas e plurais de vida passam a ser
alvos da História apenas há poucas décadas. Podemos citar outros grupos sociais e
étnicos que foram vítimas do ostracismo histórico: negros, mulheres, trabalhadores,
entre outros. A escrita da História, assim, reflete as relações de poder na sociedade e as
formas pelas quais essas relações são questionadas.
86

Permanências e rupturas referem-se aos aspectos históricos que permanecem


vivos e aos que se transformam em uma sociedade. Tomamos por exemplo o papel da
mulher na sociedade brasileira. Houve a conquista, a partir das lutas e da resistência
feminina, de acesso a espaços e a modos de viver que antes lhes eram negados,
promovendo rupturas históricas. Ainda assim, permanecem vivos elementos históricos
que visam o controle ou a submissão feminina, tais como o machismo e seus efeitos
danosos e a inserção desigual no mercado de trabalho em se comparando ao homem.
Diacronia e sincronia são conceitos que, relativos ao tempo histórico e a análise
histórica, dizem respeito à sucessão cronológica dos fatos e à simultaneidade, aos
eventos que ocorrem ao mesmo tempo. A palavra diacronia se origina do grego e
significa através do tempo, já a palavra sincronia, que tem a mesma origem, tem o
sentido de junto ao tempo. Uma análise histórica diacrônica leva em consideração os
processos históricos que forjaram um acontecimento, cronologicamente. A análise
sincrônica toma por referência os contextos históricos em que os fatos acontecem.
Exemplo disso é que podemos analisar a Inteligência Artificial (IA) dentro do seu
tempo, percebendo o perfil tecnológico que a possibilitou, os impactos na existência
humana e os riscos que ela carrega. Essa seria uma análise sincrônica. Averiguando o
mesmo tema de modo diacrônico, poderíamos buscar compreender as grandes
revoluções tecnológicas que ocorreram na história da humanidade ou construir uma
linha do tempo sobre a Revolução Industrial de modo a compreender o processo,
cronologicamente.
Diferenças e semelhanças dizem respeito aos processos e contextos que se
aproximam, mas que são fenômenos históricos específicos. As ditaduras modernas
espalhadas pelo mundo, por exemplo, guardam semelhanças e aspectos que se repetem.
Entretanto, cada uma tem suas especificidades relativas aos processos que as
construíram e aos contextos políticos, econômicos, sociais e culturais próprios do seu
tempo e espaço. Não podemos, simplesmente, afirmar que todos os regimes ditatoriais
são iguais. Eles guardam similitudes, mas são exclusivos.
A História, assim, é marcada pela análise dos registros dessas transformações ao
longo do tempo. Tempo este que a humanidade, desde os tempos mais remotos, busca
formas de medi-lo, de domesticá-lo. Cada cultura passa a criar diferentes formas de
marcação e de interação com o tempo, algumas delas se orientam ou se orientaram pelos
fenômenos da natureza, como o movimento aparente do sol ou das estações do ano.
Nesse processo surge o tempo cronológico a partir dos calendários, dos relógios,
das marcações exatas e proporcionais. Milhares de anos antes de Cristo, com base em
observações do sol e da lua, chineses, egípcios, mesopotâmicos, já organizavam o seu
tempo em calendários, dias e horas. Atualmente, tendo em vista a globalização
econômica e cultural, o calendário que predomina em uso no mundo é o cristão.
Entretanto, chineses, judeus e muçulmanos, entre outros povos, possuem suas próprias
formas de contagem do tempo. O tempo da natureza já não predomina, o que controla
majoritariamente a existência humana é o relógio e seus similares. O tempo
transformou-se em algo considerado valioso para a produção e experiência humana no
capitalismo.
É muito importante, nos estudos de História, a alocação no tempo, ou seja,
identificarmos as características históricas daquele tempo específico, no seu referido
contexto histórico. Caso contrário, podemos cair no anacronismo, que “consiste em
atribuir, aos agentes históricos do passado, razões ou sentimentos gerados no presente,
interpretando-se, assim, a história em função de critérios inadequados, como se os atuais
fossem válidos para todas as épocas”. (BRASIL, 2016, p. 126).
87

Em tempos em que as pessoas utilizam à toa o conceito de narrativa, tratando-a


como qualquer discurso sem lastro de historicidade, a História, enquanto ciência que
estuda as relações humanas com o tempo, é fundamental para que se compreenda que
existe um método de escrita e de formulação de narrativas históricas. Não são discursos
soltos, imprecisos e sem vínculo com a realidade. Pelo contrário, se produz a partir de
documentos, de fontes que alicerçam o trabalho do historiador.
A escrita da História, segundo Paul Ricoeur, passa por três etapas: a fase
documental, em que se estruturam os arquivos e seleciona-se as fontes que serão
utilizadas na pesquisa; a fase explicativa/compreensiva, em que as questões
problematizadas são examinadas e compreendidas; e a fase representativa, em que
ocorre a escrita do texto.
Nesse sentido, a História, a partir da análise e da percepção das experiências
humanas no tempo, é uma ciência que permite ao ser humano assumir uma posição
diante do mundo, levando-se em consideração seus contextos e suas subjetividades.
Tornando-o capaz de embasar o entendimento de contextos políticos, econômicos,
sociais e culturais que predominaram ou que predominam na trajetória das experiências
humanas no tempo.
Para o mundo tecnológico e multicultural, com seus ritmos diversos de apreensão
do presente e seu intenso processo de transformações, estudar História é imprescindível
para a edificação de um sujeito capaz de assumir posturas diante do mundo a partir de
sua significação do tempo, de sua consciência histórica. A consciência histórica é algo
inerente ao ser humano ao dar sentido ao tempo. Consciência histórica “é a suma das
operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da evolução
temporal de seu mundo e de si mesmos, de forma tal que possam orientar,
intencionalmente, sua vida prática no tempo” RUSEN, (2010, p. 57).
Como afirma Albuquerque Jr (2012, p. 31), “a História serve para produzir
subjetividades humanas, para humanizar, para construir e edificar pessoas, para lapidar
e esmerilhar espíritos, para fazer de um animal um erudito, um ser não apenas formado,
mas informado, de um ser sensível para um ser sensibilizado”.

Conversando com o texto

1. Uma das discussões que ocorre no campo de estudo da História é se ela é Magistra
Vitae (Mestre da Vida), ou seja, se ela ensina a nos projetarmos no futuro. Aquela velha
história de que a História é o estudo do passado para entender o presente e transformar o
futuro. Será mesmo? Será que a História é capaz de nos transformar e evitar os
equívocos do passado?
Reflita sobre as indagações acima e discorra sobre os elementos centrais no estudo das
ações humanas no tempo a partir da História.
2. A partir de um fato histórico à sua escolha, faça uma análise de modo diacrônico,
tratando do processo que o forjou e, de modo sincrônico, enfatizando o contexto em que
ocorreu. Após a análise, aponte aspectos históricos que se transformaram e que se
mantiveram a partir do acontecimento averiguado.
HS01H01 - Identificar diferentes formas de marcação do tempo entre os povos.
Descritor 01 LP - Localizar informação explícita.
88

3. De acordo com o texto, “o tempo da natureza já não predomina, o que controla


majoritariamente a existência humana é o relógio e seus similares”. Esse trecho sugere
que
A. o ser humano aboliu a orientação no tempo a partir dos fenômenos naturais.
B. a gestão humana do tempo se faz a partir de meios cronológicos, principalmente.
C. a natureza está em risco nos tempos atuais.
D. o tempo cronológico invalida o tempo da natureza.
E. o ser humano deve possuir relógio para organizar o seu tempo.

ENEM e outras avaliações

HS01H01 - Identificar diferentes formas de marcação do tempo entre os povos.


Descritor 05 LP - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso
(propaganda, quadrinhos, fotos, etc.)
Avaliação diagnóstica-História-1ºano-2023.1
1. Leia o texto abaixo.

Disponível em: https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/162568759279/tirinha-original.Acesso em: fev. de 2021

O menino, ao afirmar que todos os dias têm 24h, está pensando no conceito de tempo
como
A. sucessão cronológica.
B. uma construção social.
C. uma abstração indispensável.
D. fases da estação do ano.
E. forma de se sentir humana.
2. (ENEM 2015) Calendário medieval, século XV

Disponível em: www.ac-grenoble.fr. Acesso em: 10 maio 2012.


89

Os calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a


concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval
(1460-1475) e cada uma delas representa um mês, de janeiro a dezembro. Com base na
análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo:
A. cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno.
B. humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do
trabalhador.
C. escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho.
D. natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano.
E. romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade.
Desafie-se

Legenda: A beata, ao lado de padre Cícero. Ela é cultuada pelos romeiros em Juazeiro. Foto: lustração: Linconl Sousa.
Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colunistas/paulo-henrique-rodrigues-o-ph/maria-de-araujo-a-
beata-sem-cova-1.3183268. Acesso em 04 Agos. 2023

A ilustração acima trata sobre o fenômeno descrito como “O milagre do Pe.


Cícero”. As narrativas históricas sobre esse acontecimento giraram, durante quase todo
o tempo em que foram produzidas, em torno da figura do padre. Marginalizou-se, assim,
a memória da beata Maria do Araújo. Esse processo praticamente gerou um
esquecimento de sua fundamental importância no episódio em questão.
Mais recentemente, através da mobilização das mulheres e de processos de
reescrita da História, há um processo de inclusão de personagens femininas antes
esquecidas. Com isso, a beata passou a ser protagonista de estudos acadêmicos e de
iniciativas de visibilidade na esfera artística, cultural e de ações do poder público.
Desafiamos vocês a buscarem personagens ou fatos da história da sua comunidade
ou do seu município que foram marginalizados, inviabilizados ou esquecidos nas
narrativas históricas já construídas.
Mobilizem-se para promover espaços reflexão, de rememoração e de visibilidade
a partir da escola, das mídias sociais, ou dos veículos de comunicação tradicionais. Suas
ações podem ‘trazer de volta’ aspectos importantes da identidade e da cultura que você
faz parte.

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
90

ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO


Compreendi diferentes formas de
marcação do tempo entre os povos?

Assimilei os conceitos de tempo


histórico, de diacronia e de sincronia?

Para saber mais

Vivemos na atualidade, para uma gama de estudiosos da área, um período de crise


da memória, da capacidade humana de guardar espontaneamente as marcas do tempo e
de tê-las como guia para a existência. Para Pierre Nora, a disseminação de meios
arquivísticos e o rigor científico teriam minado a memória e destruído as tradições ao
interrogá-las. A solução encontrada pela humanidade para permanecer com um rumo,
uma orientação, foi a criação do que ele intitula lugares de memória. “Os lugares de
memória nascem e vivem do sentimento de que não há memória espontânea, que é
preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários, organizar celebrações,
pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque essas operações não são
naturais”.(NORA, 1993, p.12).
Portanto, a edificação de lugares de memória, que é feita com a intenção de
guarda, de perpetuação, devendo conjugar ao mesmo tempo os aspectos material,
simbólico e funcional, é uma das perspectivas de trato com a história das sociedades
atuais, que eliminaram a espontaneidade da memória e cristalizaram o apego aos restos,
pois “os lugares de memória são, antes de tudo, restos”. (NORA, 1993, p. 13).
Assim, para saber mais sobre os assuntos tratados neste módulo, o estudo de
lugares de memória da sociedade em que você está inserido (ou de outras sociedades)
pode ser um recurso para colocar em prática o que foi aqui aprendido. Podem ser
realizadas visitas a museus, espaços públicos, centros históricos, exposições ou até
mesmo podem ser acessadas páginas ou redes sociais na internet que objetivem a guarda
da memória de sua localidade ou de outro contexto histórico.
Nesse estudo, você pode tentar perceber que memórias são lembradas (e quais são
excluídas); as permanências e rupturas com relação ao tempo atual; propor linhas
diacrônicas do tempo ou a análise sincrônica dos contextos e perceber as diferenças e
semelhanças, no caso da análise de sociedades alheias às suas.
Outra possibilidade é a criação, na sua escola, de um lugar, físico ou virtual, que
guarde a memória da instituição.
91

REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. Fazer defeitos na memória: para que servem a
escrita e o ensino da História? In: Gonçalves, Maria de Almeida et all (org). Qual o
valor da História hoje? Rio de Janeiro. FGV, 2012, pag. 21 a 39.
ALENCASTRO, Luís Felipe.“Índios perderam a guerra bacteriológica”. Folha de S.
Paulo, 12.10.1991, p. 7. In CAMPOS, F.; PINTO, J.P.; CLARO, R. Oficina de História.
2ª ed. São Paulo, Leya, 2016.
AQUINO, Rubim Santos Leão de [et all.]. Sociedade brasileira: uma história através
dos movimentos sociais. 8ª ed. Rio de Janeiro, Ed. Record, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Edital de convocação para inscrição no processo de
avaliação e seleção de obras didáticas a serem incluídas no Guia de Livros Didáticos
para os anos finais do ensino fundamental – PNLD/2017.
CARDOSO, Ciro Flamarion. A Cidada de-Estado Antiga. São Paulo: Ática, 2ª ed.,
1987.
FRIZERA.
CORASSIN, Maria Luiza. O Cidadão Romano na República. Revista Projeto História,
São Paulo, n.33, p. 271-287, dez. 2006.
FINLEY, Moses. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro, Graal, 1988.
MOSSE, Claude. Atenas: a história de uma democracia. Brasília, Editora Universidade
de Brasília, 1978.
SCOTT, Peter. Roma Antiga: república romana, a ascensão e queda do Império
Romano e Império Bizantino. São Paulo, Editora Book Brothers, 2019.
DUBBY, George. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. Tradução: Eugênio
Michel da Silva, Maria Regina Lucena Borges-Osório. São Paulo, Fundação Editora da
Unesp, 1998.
______. As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo. Lisboa: Editora Estampa,
1982.
FARIAS, Airton. Feudalismo. 3ª edição, Recife-PE, Editora Prazer de Ler, 2017.
FRANCO JUNIOR, Hilário. A Idade Média: o nascimento do Ocidente. São Paulo, Ed.
Brasiliense, 2001.
HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. São Paulo, Zahar Editores, 1981.
LE GOFF, Jacques. As Raízes Medievais da Europa. Tradução: Jaime A. Claesen.
Petrópolis -RJ, 2007.
FAUSTO, Carlos. Os Índios antes do Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro, Zahar, 2010.
FERRO, Marc. História das Colonizações: das conquistas às independências, século
XIII a XX. Tradução: Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
GREENBLATT, Stephen. Possessões Maravilhosas: o deslumbramento do Novo
Mundo. Tradução: Gilson César Cardoso de Sousa, São Paulo, Edusp, 1996.
SOUSTELLE, Jacques. Os astecas na véspera da conquista espanhola. São Paulo,
Companhia das Letras,1990.
______. A civilização asteca. Edição digital. Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 2014.
92

KOPENAWA, Davi; Albert, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami.


São Paulo: Companhia das Letras, 2022, pp. 6 [epígrafe]; 390-393.
https://www.gov.br/palmares/pt-br/assuntos/noticias/diaspora-africana-voce-sabe-o-que-
e. Acesso em 25 jul. 2023.
https://www.geledes.org.br/10-civilizacoes-africanas-mais-surpreendentes-que-
egipcia/#gs.7L9yfIM. Acesso em 26 jul. 2023
NORA, Pierre. Entre a Memória e a História - a problemática dos lugares. Proj.
História. São Paulo, 1993.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora da
UNICAMP, 2007
RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história: fundamentos da ciência histórica. 1ª
reimpressão. Brasília: Editora UNB, 2010.
93

GABARITOS

Aula 01

01 02 03 04
Enem
D B A D

Aula 02

01 02
Enem
A B

Aula 03

01 02
Enem
B C

Aula 04

03 01 02
Conversando com o
Enem
texto
D D C

Aula 05

03 01 02
Conversando com o
Enem
texto
D B E

Aula 06

03 01 02
Conversando com o
Enem
texto
B A D
94
95

Proposta Pedagógica Sociologia


Olá, prezada(o) aluna(o)!

Com grande entusiasmo, apresentamos a Proposta Pedagógica do Material Didático


Estruturado (MDE) de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, desta vez focada no
componente de Sociologia. Este MDE foi minuciosamente desenvolvido para que você
possa mergulhar no universo da Sociologia e aprofundar seus conhecimentos nesse
campo fascinante. Nosso objetivo é estimular sua mente e ampliar sua compreensão por
meio do uso de recursos tecnológicos, metodologias ativas e materiais de estudo
criativos.

Convidamos você a embarcar conosco nessa emocionante jornada educativa, que visa
promover sua autonomia no aprendizado e na reestruturação de saberes. O material foi
elaborado por educadores ativos em sala de aula, permitindo-nos compreender de
maneira direta as necessidades e desafios do ambiente escolar. A estrutura do MDE de
Sociologia consiste em 6 aulas, cada uma delas com seções padronizadas. Iniciamos
com a seção "Nesta aula, você aprenderá...", que descreve as habilidades e descritores
que serão explorados. Em seguida, na seção "CONCEITUANDO", você encontrará um
texto contextualizado e atualizado sobre o objeto de estudo.

Na seção "CONVERSANDO COM O TEXTO", oferecemos leituras ou questões que


visam aprimorar seu pensamento crítico e sua análise sociológica. A seção "ENEM"
apresenta questões selecionadas de exames anteriores, oferecendo uma visão mais
abrangente dos temas. A atividade desafiadora "DESAFIE-SE" busca expandir seus
horizontes e desenvolver suas habilidades. Na seção "NESTA AULA, EU...", você
poderá refletir sobre o conhecimento adquirido. "PARA SABER MAIS" traz links ou
QRCodes para curiosidades, informações complementares, indicações de leituras e
materiais de estudo adicionais. Ao final, "Referências" lista as fontes que
fundamentaram a elaboração deste material.

Este guia pedagógico não apenas aprimora sua compreensão em Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas, em particular em Sociologia, mas também busca contextualizar o
conhecimento em um cenário mais amplo. Nossa orientação pedagógica tem como
objetivo enriquecer as práticas educativas, facilitar o processo de ensino-aprendizagem
e contribuir para uma formação abrangente.

Desejamos a você uma jornada de estudos frutífera e repleta de descobertas


enriquecedoras!

Com entusiasmo,

Equipe de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Sociologia – Foco na


Aprendizagem 2023
96

FOCO NA APRENDIZAGEM SOCIOLOGIA - AULA 01

Objeto do conhecimento da aula:

 Urbanização e a Segregação Socioespacial

Nesta aula, você aprenderá...

 a inferir uma informação implícita em um texto;


 a estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la;
 a elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a
processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e
epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas
naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos
históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros);
 a reconhecer as categorias de análise da Geografia: espaço geográfico;
paisagem; território; região e lugar, utilizando elementos da cartografia para
compreender a dinâmica dos processos políticos, econômicos, sociais, culturais
e ambientais.
Conceituando

O que seria o processo de urbanização?


Para entendermos como se dá o desenvolvimento da urbanização é preciso que se
entenda o surgimento e o crescimento das cidades em decorrência do aumento
populacional. Este aumento dos habitantes nas cidades está ligado ao êxodo rural,
portanto, ao fato da população sair da zona rural para se encaminhar para os centros
urbanos.
Entendendo o espaço urbano como produto da sociedade, tendo o homem como o
norteador desse processo, compreendendo que o homem é a parte do processo histórico
nas suas relações com o meio e entre os outros homens, assim, surge a segregação
socioespacial, sendo definida como “tendência à concentração de determinado grupo
social em área específica, sem, portanto haver exclusividade” (VILLAÇA, 2001). A
segregação socioespacial é um problema presente no Brasil e esse, decorre das relações
capitalistas, visto que o desenvolvimento econômico, bem como os avanços políticos e
sociais ocorreram de forma desigual entre as regiões brasileiras, o que propiciou o
surgimento das desigualdades nos mais diversos contextos, segmentos e esferas.
Existem vários tipos de segregação: etnias, nacionalidades, classes sociais. Esta
última é a que domina a estruturação das metrópoles brasileiras (VILLAÇA, 2001). A
segregação pode acontecer de diversas maneiras de imposição, isso se percebe
principalmente com a população de menor poder aquisitivo, que infelizmente não
dispõe de muitas opções de escolha para lugar de moradia. A autossegregação refere-se
à classe que domina, que possui o poder de escolher onde morar. Há também os grupos
sociais que se apoderam dos espaços de segregação urbana involuntária são, em grande
parte, cidadãos que não tiveram seus direitos garantidos à educação e formação
profissional, recebendo consequentemente baixa remuneração.
97

É interessante também pensar como a segregação socioespacial interfere na vida


urbana, sabendo que as desigualdades socioespaciais fazem parte das paisagens urbanas
brasileiras. De um lado, existe uma disseminação de condomínios residenciais de alto
padrão de poder aquisitivo; do outro lado, percebe-se um aumento de bairros com
população de baixo poder aquisitivo, com moradias em favelas ou loteamentos
invadidos, com quase nenhuma infraestrutura. Em uma cidade com desigualdade
extrema, a segregação espacial pode diminuir os recursos e serviços disponíveis no
local, especialmente para os mais carentes, e restringir os ganhos das interações sociais
no ambiente urbano, com menor oferta nos serviços como educação e saúde se
compararmos.
Quanto aos problemas que as pessoas enfrentam com a segregação socioespacial
está o inchaço das cidades, derivado do acúmulo de indivíduos e a ausência de uma
infraestrutura adequada levando transtornos para a população urbana. Dentre os
problemas enfrentados pelas grandes cidades estão a falta de moradia, desemprego,
desigualdade social, falta de saúde e educação, muitos casos de violência e exclusão
social. Sendo assim, fragmentam-se as classes sociais em espaços distintos da cidade. O
dia a dia dessas pessoas que moram nesses lugares é definido pela falta de segurança,
excesso de violência, moradias precárias, falta de infraestrutura e acesso aos serviços
básicos e uma quase inexistência de lazer. Os centros urbanos de todo o mundo são
fracionados de alguma maneira, com zonas destinadas ao comércio, à vida residencial, à
indústria e assim por diante. No Brasil não é diferente; contudo, o modo como as áreas
são divididas é, em grande parte, responsável pelo que é chamado de desigualdade
socioespacial.
É importante destacar que a relação entre segregação e urbanização consiste no
fato de que a segregação originou a urbanização brasileira, com os primeiros cortiços,
que receberam a população mais carente, tornando-se lugares que materializaram os
conflitos sociais.
Um dos principais problemas causados pela segregação urbana são residências em
locais altamente segregados, tendo levado ao isolamento em relação às redes sociais e
econômicas mais importantes, expondo a diversas situações de risco, gerando uma série
de "externalidades negativas" com efeitos significativos sobre os circuitos de
reprodução e perpetuação da miséria. Pensando nisso, destaco a seguir as principais
causas da desigualdade social e socioespacial sobretudo nas cidades brasileiras:
 má distribuição de renda;
 acesso à educação deficitário;
 má administração dos recursos públicos;
 investimentos governamentais insuficientes;
 não acesso à garantia de serviços básicos.
Não esquecendo que a segregação socioespacial das metrópoles brasileiras/ latino-
americanas é historicamente construída pelo formato centro-periferia, onde o centro se
apresenta como o lugar de concentração da classe superior da estrutura social e a
periferia como o lugar de concentração das classes.
98

Conversando com o texto

Por Rogê Carnaval


“Como se distribuem, na cidade, as pessoas, segundo as
classes e os níveis de renda? Quais as consequências da
marginalização e da segregação? Quais os problemas da
habitação e da mobilidade, da educação e da saúde, do lazer e da
seguridade social?
Como definir os lugares sociais na cidade, o centro e a periferia,
a deterioração crescente das condições de existência? […]
A cidade, onde tantas necessidades emergentes não podem ter
resposta, está desse modo fadada a ser tanto o teatro de conflitos
crescentes como o lugar geográfico e político da possibilidade
de soluções.” (SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São
Paulo: Hucitec, 1993. p. 10/11)
Esses são os vários questionamentos que surgem ao refletir sobre o texto trabalhado
nesta aula e que deverão estar presentes ao assistir o documentário Ilha das Flores,
dirigido por Jorge Furtado (1989). Sendo assim, após ler o texto “O que seria o processo
de urbanização”, assista o documentário citado acima e depois leia o resumo a seguir.
A turma deverá assistir o documentário: Ilha das Flores
Direção: Jorge Furtado
Brasil, 1989, 13 min
Talvez um dos mais conhecidos curtas-metragens de todos os tempos, Ilha das
Floresajudou a consagrar seu diretor, Jorge Furtado, como um dos melhores de sua
geração. Antes de produzir bons longas metragens, Furtado levou o cinema gaúcho a
um novo patamar de reconhecimento, pela crítica e pelo público, por meio de curtas-
metragens como Barbosa e o irretocável O dia em que Dorival encarou o guarda.
Possivelmente um dos produtos audiovisuais mais utilizado em sala de aula, o curta se
passa em um lixão na região metropolitana de Porto Alegre, e de maneira didática, narra
o percurso do alimento desde o momento em que é colhido até chegar no lixão, expondo
de maneira brilhante as imensas desigualdades sociais e as contradições da vida urbana,
que afinal é uma das mais tristes marcas da sociedade brasileira.
Objetivos da Prática Pedagógica:
 questionar a legitimidade do modo de produção capitalista;
 perceber que existem lugares nas cidades de extrema pobreza;
 divulgar a existência de grupos sociais organizados solidariamente nas relações
econômicas.
Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
● levantamento do conhecimento prévio e das hipóteses dos alunos sobre o
assunto;
● apresentação do documentário;
● momento para os alunos se posicionarem, opinarem;
● realização simultânea do registro dos depoimentos;
● realização de debates a respeito dos pontos polêmicos do documentário;
99

● elaboração do registro individual.


Recursos necessários para a aplicação:
● vídeos do youtube: Ilha das Flores
● computador;
● projetor;
● tela;
Relato
Escrever um relato seguinte que deverá ser resultado de uma síntese do que foi
observado com a classe.
I) A/O professora/or apresenta o nome do documentário e solicita que as/os alunas/os
formulem hipóteses a respeito do que será apresentado. As hipóteses devem ser
registradas, por uma/um aluna/o, na lousa, lá mantidas até o término da exibição.
Havendo também o registro, pela/o professora/or, num caderno. Elas devem ser as
seguintes:
a) Filme que fala do cultivo de plantas, cheias de flores.
b) Esse filme deve apresentar um lugar muito bonito, pois tem flores.
c) Deve ser um filme sobre amor, lua-de-mel.
d) Deve ser um lugar bem bonito e bem legal, mas deve ser longe, pois é uma ilha.
e) Algumas/Alguns alunas/os (meninas/os adolescentes) falaram que era “filme de
boiola”, de torcedora/or do São Paulo Futebol Clube.
f) Deve ser um lugar que se chega apenas de barco ou de navio.
g) Tem ponte ligando essa ilha?
II) A/O professora/or ou ela/e não analisa nenhuma das hipóteses, e nenhum comentário
sobre o documentário.
III) Exibição do documentário sem interrupções, mas com as/os alunas/os se
manifestando espontaneamente. A/O professora/or apenas solicita um pouco de silêncio
quando acontecer alguma exaltação.
IV) Após o término da exibição, a/o professora/or realiza algumas perguntas e as
respostas são registradas na lousa, numa coluna ao lado das hipóteses anteriormente
formuladas.
Gostaram do filme?
O que vocês acharam? Era aquilo que vocês pensaram?
Como vocês se sentiram?
Por que essa situação acontece?
Daria para modificar essa situação?
ENEM

(ENEM 2011) Subindo morros, margeando córregos ou penduradas em palafitas, as


favelas fazem parte da paisagem de um terço dos municípios do país, abrigando mais de
10 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Disponível em: http://www.revistaescola.abril.com.bR. Acesso em: 31 jul.
2010.

A situação das favelas no país reporta a graves problemas de desordenamento territorial.


Nesse sentido, uma característica comum a esses espaços tem sido
100

A. o planejamento para a implantação de infraestruturas urbanas necessárias para


atender as necessidades básicas dos moradores.
B. a organização de associações de moradores interessadas na melhoria do espaço
urbano e financiadas pelo poder público.
C. a presença de ações referentes à educação ambiental com consequente preservação
dos espaços naturais circundantes.
D. a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes ou desmoronamentos com
consequentes perdas materiais e humanas.
E. o isolamento socioeconômico dos moradores ocupantes desses espaços com a
resultante multiplicação de políticas que tentam reverter esse quadro.
(ENEM 2016) A favela é vista como um lugar sem ordem, capaz de ameaçar os que
nela não se incluem. Atribuir-lhe a ideia de perigo é o mesmo que reafirmar os valores e
estruturas da sociedade que busca viver diferentemente do que se considera viver na
favela. Alguns oficiantes do direito, ao defenderem ou acusarem réus moradores de
favelas, usam em seus discursos representações previamente formuladas pela sociedade
e incorporadas nesse campo profissional. Suas falas se fundamentam nas representações
inventadas a respeito da favela e que acabam por marcar a identidade dos indivíduos
que nela residem. RINALDI, A. Marginais, delinquentes e vítimas: um estudo sobre a
representação da categoria favelado no tribunal do júri da cidade do Rio de Janeiro.
In: ZALUAR, A.; ALVITO, M. (Orgs.). Um século de favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.

O estigma apontado no texto tem como consequência o(a)


A. aumento da impunidade criminal.
B. enfraquecimento dos direitos civis.
C. distorção na representação política.
D. crescimento dos índices de criminalidade.
E. ineficiência das medidas socioeducativas.
(ENEM 2013) Trata-se de um gigantesco movimento de construção de cidades,
necessário para o assentamento residencial dessa população, bem como de suas
necessidades de trabalho, abastecimento, transportes, saúde, energia, água etc. Ainda
que o rumo tomado pelo crescimento urbano não tenha respondido satisfatoriamente a
todas essas necessidades, o território foi ocupado e foram construídas as condições para
viver nesse espaço.
MARICATO, E. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis: Vozes, 2001.

A dinâmica de transformação das cidades tende a apresentar como consequência a


expansão das áreas periféricas pelo(a)
A. crescimento da população urbana e aumento da especulação imobiliária.
B. direcionamento maior do fluxo de pessoas, devido à existência de um grande número
de serviços.
C. delimitação de áreas para uma ocupação organizada do espaço físico, melhorando a
qualidade de vida.
D. implantação de políticas públicas que promovem a moradia e o direito à cidade aos
seus moradores.
E. reurbanização de moradias nas áreas centrais, mantendo o trabalhador próximo ao
seu emprego, diminuindo os deslocamentos para a periferia.
(ENEM 2013) Embora haja dados comuns que dão unidade ao fenômeno da
urbanização na África, na Ásia e na América Latina, os impactos são distintos em cada
101

continente e mesmo dentro de cada país, ainda que as modernizações se deem com o
mesmo conjunto de inovações.
ELIAS, D. Fim do século e urbanização no Brasil. Revista Ciência Geográfica, ano IV, n. 11, set./dez. 1988.

O texto aponta para a complexidade da urbanização nos diferentes contextos


socioespaciais. Comparando a organização socioeconômica das regiões citadas, a
unidade desse fenômeno é perceptível no aspecto
A. espacial, em função do sistema integrado que envolve as cidades locais e globais.
B. cultural, em função da semelhança histórica e da condição de modernização
econômica e política.
C. demográfico, em função da localização das maiores aglomerações urbanas e
continuidade do fluxo campo-cidade.
D. territorial, em função da estrutura de organização e planejamento das cidades
que atravessam as fronteiras nacionais.
E. econômico, em função da revolução agrícola que transformou o campo e a
cidade e contribuiu para fixação do homem ao lugar.
(ENEM 2011) O Centro-Oeste apresentou-se como extremamente receptivo aos novos
fenômenos da urbanização, já que era praticamente virgem, não possuindo infraestrutura
de monta, nem outros investimentos fixos vindos do passado. Pôde, assim, receber uma
infraestrutura nova, totalmente a serviço de uma economia moderna.
SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São Paulo: EdUSP, 2005 (adaptado).

O texto trata da ocupação de uma parcela do território brasileiro. O processo econômico


diretamente associado a essa ocupação foi o avanço da/o
A. industrialização voltada para o setor de base.
B. economia da borracha no sul da Amazônia.
C. fronteira agropecuária que degradou parte do cerrado.
D. exploração mineral na Chapada dos Guimarães.
E. extrativismo na região pantaneira.
(ENEM 2011) Subindo morros, margeando córregos ou penduradas em palafitas, as
favelas fazem parte da paisagem de um terço dos municípios do país, abrigando mais de
10 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Disponível em: http://www.revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 31 jul.
2010.

A situação das favelas no país reporta a graves problemas de desordenamento territorial.


Nesse sentido, uma característica comum a esses espaços tem sido
A. o planejamento para a implantação de infraestruturas urbanas necessárias para
atender as necessidades básicas dos moradores.
B. a organização de associações de moradores interessadas na melhoria do espaço
urbano e financiadas pelo poder público.
C. a presença de ações referentes à educação ambiental com consequente preservação
dos espaços naturais circundantes.
D. a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes ou desmoronamentos com
consequentes perdas materiais e humanas.
E. o isolamento socioeconômico dos moradores ocupantes desses espaços com a
resultante multiplicação de políticas que tentam reverter esse quadro
102

Desafie-se

Desafio: Mapeando a Socioespacialização da Nossa Cidade


Descrição:
Neste desafio, vocês serão divididos em grupos e terão como objetivo investigar e
mapear a socioespacialização da nossa cidade. A socioespacialização é o processo de
organização do espaço urbano que resulta em uma segregação socioeconômica das
populações, ou seja, a forma como as diferentes classes sociais se distribuem no
território da cidade.
Etapas:
1. Pesquisa Inicial:
Cada grupo deve começar pesquisando informações sobre a história da urbanização da
cidade, destacando momentos-chave de crescimento populacional, principais eventos e
políticas urbanas implementadas ao longo do tempo.
2. Identificação dos Bairros:
Com base na pesquisa inicial, cada grupo deve identificar os bairros da cidade e
classificá-los de acordo com características socioeconômicas, infraestrutura, serviços
públicos, acesso à educação e saúde, entre outros fatores relevantes. Tentem mapear
tanto os bairros mais favorecidos quanto os mais desfavorecidos.
3. Coleta de Dados no Campo:
Cada grupo deve escolher um bairro para visitar e coletar dados diretamente no local.
Observem aspectos como a qualidade das moradias, presença de saneamento básico,
condições das vias públicas, acesso a espaços de lazer e cultura, e quaisquer outros
fatores que possam contribuir para a segregação socioespacial.
4. Análise e Comparação:
De posse dos dados coletados, cada grupo deve realizar uma análise comparativa entre o
bairro visitado e outros bairros da cidade. Identifiquem semelhanças e diferenças nas
condições socioeconômicas e de infraestrutura. Busquem entender como a urbanização
e as políticas públicas influenciaram na distribuição desigual dessas condições.
5. Consequências da Segregação Socioespacial:
Com base nas informações coletadas, cada grupo deve debater e apresentar as principais
consequências da segregação socioespacial na cidade. Discutam sobre a relação entre
falta de saneamento básico, déficit habitacional e desigualdades sociais, destacando
como esses fatores se interligam e afetam a qualidade de vida das diferentes camadas da
população.
6. Propostas de Intervenção:
Finalmente, cada grupo deve propor ações e políticas que poderiam contribuir para
reduzir a segregação socioespacial na cidade. Considerem aspectos como planejamento
urbano mais inclusivo, investimentos em infraestrutura nos bairros menos favorecidos,
estímulo à participação da comunidade nas decisões políticas, entre outras medidas.
Apresentação
103

Ao concluir a pesquisa e análise, cada grupo deve preparar uma apresentação para
compartilhar suas descobertas com a turma. Utilizem recursos visuais, gráficos e
imagens para enriquecer a apresentação. Além disso, cada grupo deve elaborar um
documento com o mapeamento do bairro visitado e suas considerações, para ser
compartilhado com a escola ou autoridades locais, caso seja possível.
Este desafio tem o objetivo de sensibilizar as/os alunas/os para a importância de
compreender as questões urbanas e suas implicações na vida das pessoas. Além disso,
estimula o pensamento crítico, o trabalho em equipe e a busca por soluções criativas
para problemas reais da nossa cidade.

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO

Entendo completamente o
conceito e a relação entre
urbanização e segregação.
Compreensão do
conceito de urbanização
Tenho uma boa
e sua relação com a compreensão, mas ainda
segregação tenho algumas dúvidas e
socioespacial lacunas de conhecimento.
Ainda estou confusa(o)
sobre como a urbanização
influencia a segregação
socioespacial.
Posso identificar facilmente
os diferentes tipos de
segregação socioespacial.

Identificação dos tipos Consigo identificar alguns


tipos, mas há outros que
de segregação ainda não compreendo
socioespacial completamente.
Tenho dificuldade em
identificar os diferentes tipos
de segregação socioespacial.

Entendo claramente as
principais consequências da
segregação socioespacial.
Tenho uma noção geral das
Consequências da
consequências, mas gostaria
segregação de aprofundar meu
socioespacial conhecimento.
Ainda tenho dificuldade em
entender como a segregação
impacta a vida das pessoas.

Relação entre falta de Consigo explicar claramente


saneamento básico, a relação entre esses fatores
déficit habitacional e e suas interconexões.
104

desigualdades sociais Entendo a relação, mas ainda


há aspectos que gostaria de
compreender melhor.

Tenho dificuldade em
entender como esses fatores
estão relacionados.
Possuo um amplo
conhecimento sobre o tema
da desigualdade
socioespacial.
Tenho um conhecimento
Conhecimento sobre
razoável, mas ainda há
desigualdade pontos que preciso
socioespacial aprofundar.
Ainda estou incerto(a) sobre
o conceito de desigualdade
socioespacial.
Consigo elaborar propostas
sólidas e realistas para
combater a segregação
Propostas de socioespacial.
intervenção para Tenho algumas ideias, mas
sinto que ainda preciso
reduzir a segregação desenvolver melhor as
socioespacial propostas.
Tenho dificuldade em pensar
em medidas efetivas para
lidar com a segregação.
Sinto que adquiri um bom
entendimento sobre
urbanização e segregação
socioespacial.
Autoavaliação geral
Aprendi bastante, mas ainda
sobre o aprendizado do
tenho muito a melhorar
tema nesse assunto.
Ainda me sinto pouco
seguro(a) e preciso dedicar
mais tempo ao estudo desse
tema.

Observações Finais:
Utilize o espaço abaixo para fazer quaisquer observações ou comentários adicionais
sobre o seu processo de aprendizado do tema Urbanização e a Segregação
Socioespacial. Se houver tópicos específicos que gostaria de explorar melhor ou
dúvidas que persistem, anote-as aqui.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Lembre-se de que a autoavaliação é uma ferramenta importante para identificar pontos
fortes e áreas que necessitam de mais atenção. Aproveite essa oportunidade para refletir
sobre o que você aprendeu e planejar como pode continuar a aprimorar o seu
conhecimento sobre o tema abordado. Parabéns pelo esforço e dedicação na sua jornada
de aprendizado!
105

Para saber mais

FILMES:
5 x Favela. https://www.youtube.com/watch?v=PXJjsuxy29M
Cidade de Deus. https://www.youtube.com/watch?v=Kz4n5SnT9YM
Wall-E. https://www.youtube.com/watch?v=asXu54U-Wmg
A cidade onde envelheço https://www.youtube.com/watch?v=EPBct74VuIc
A cidade é uma só? https://www.youtube.com/watch?v=9NXCrWrwECI
LIVROS:
OLIVEN, RG. Urbanização e mudança social no Brasil [online]. Rio de Janeiro: Centro
Edelstein, 2010. 146 p. ISBN 978-85-7982-001-4. AvailablefromSciELO Books
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. Edição Padrão. 2007.
SANTOS, Milton. Pobreza Urbana. Ed Edusp. Janeiro. 2009.SANTOS, Milton. A
Urbanização Desigual: a Especificidade do Fenômeno Urbano em Países
Subdesenvolvidos. Maio. 2021.
ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares. Abril. 2019.
HARVEY, David. Cidades Rebeldes. Do direito a Cidade á Revolução Urbana. 2014.
106

FOCO NA APRENDIZAGEM SOCIOLOGIA - AULA 02

Objeto do conhecimento da aula:

● A história da sociedade até os nossos dias é a história da luta de classes. Karl


Marx

Nesta aula, você aprenderá...

● a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda,


quadrinhos, fotos, etc).
● a inferir uma informação implícita em um texto.
● a elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a
processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e
epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas
naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos
históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
Conceituando

O que seria a Sociedade Contemporânea?


Antigamente na sociedade, a vida das pessoas era mais simples e tranquila, pois
não existia essa vida corrida que passamos atualmente. A maioria andava caminhando,
eram vistos poucos automóveis e, por conta disso, as crianças brincavam nas ruas e
calçadas, pois era menor a possibilidade de acidentes ou assaltos. Contudo, as
sociedades precisavam se transformar no decorrer do tempo, as transformações são
necessárias para adaptar-se ao novo e garantir a sobrevivência. Entende-se que uma
sociedade no mundo contemporâneo é um grupo de indivíduos que partilha valores
culturais, éticos, estando com uma mesma condução política, econômica, em um mesmo
território e com os mesmos princípios e diretrizes.
O que tem de diverso entre a sociedade de hoje e a de antigamente está
intrinsecamente ligado ao progresso tecnológico, cultural, econômico, filosófico e
sociológico. Entendendo como cidadão contemporâneo ou cidadania contemporânea a
relação de dependência com o Estado e com os direitos humanos, uma vez que ela
vincula-se ao Estado, que é o seu mantenedor e garantidor e também se vincula aos
direitos humanos, que se mostra na constante busca da garantia de seus direitos e
portanto o exercício da cidadania. O conceito de homem contemporâneo ultrapassa a
sociedade individualizada, sem utopias, sem o caráter reflexivo em relação à sociedade
com o prazer individual como último fim do homem, para um homem invisível, ao
desconsiderar as reais necessidades dos sujeitos.
A Idade Contemporânea faz parte dos períodos da história, iniciando
cronologicamente, com a queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789(revolução
francesa), vindo até a atualidade. Esta sociedade é definida por um desenfreado
processo de mudanças, seja quanto à materialidade (coisas, objetos, redes técnicas,
fluxos, capital), seja quanto à imaterialidade (comportamento, hábitos, ideias, conduta,
pensamento).
107

Observa-se que são 05 as principais características do mundo contemporâneo:


tecnologia, velocidade, desregulamentação, narcisismo e excesso. Pode-se destacar,
como transformações dessa sociedade, fenômenos como a mudanças climáticas, crises
econômicas, conflitos armados, migrações e desastres naturais. Essas características irão
enormemente influenciar nas sociedades, ocasionando um aumento das desigualdades,
um aumento da pobreza e da exclusão, bem como o aumento de violações dos Direitos
Humanos. Como seus principais desafios, deverão combater: guerras, terrorismo,
fechamento de fronteiras, polarização de posicionamentos e projetos de sociedade
baseadas em interesses econômicos, divergências culturais e políticas. No Brasil, a
Idade Contemporânea é definida por movimentos emancipatórios, como a
independência, a queda da monarquia e a instauração da República.
Também pode-se afirmar que hoje estamos vivendo em uma Pós-modernidade.
A expressão pós-modernidade foi posta em circulação há cerca de 30 anos
(1979) por um famosíssimo livro, A condição pós-moderna, de um filósofo
francês, Lyotard, e depois disso ganhou o mundo. Dizia-se então que a
humanidade estava ingressando em um beco sem saída, no qual as grandes
conquistas modernas, bem como os parâmetros da estética e teoria social por
elas impulsionados ter-se-iam problematizado.’ (NOGUEIRA, 2010).

Concluímos, pincelando de leve a sociologia contemporânea, em que se estudam


os porquês, impactos e resultados das transformações políticas, econômicas, culturais,
sociais, que seus principais teóricos são Theodor W, Adorno, Zygmunt Bauman e
Anthony Giddens; e os principais sociólogos contemporâneos são Zygmunt Bauman,
Norbert Elias, Pierre Bourdieu, Noam Chomsky, Alain Touraine. A Sociologia
contemporânea concebe-se na produção sociológica do pós-II Guerra Mundial (até os
dias de hoje). Ela é uma categorização que objetiva delimitar uma diferenciação em
relação à Sociologia clássica, anterior a II Guerra Mundial, frisada por colaborações de
autores basilares da sociologia que evoluiu. A história da sociologia divide-se, para
alguns especialistas, em dois períodos contemporâneos: um que vai até 1970 e um outro
período que surge a partir desta data.

Conversando com o texto

Vida social sem internet?

Fonte: Disponível em: https://www.blogdahida.com/2016/03/adolescencia-em-quadrinhos.html.Acesso em: 30 jul. 2023.

Caras(os) estudantes, observem a tirinha acima, reúnam-se em equipes e


conversem sobre o que conseguiriam fazer hoje, sem a internet e, ainda, quanto tempo
conseguiriam ficar sem computador ou celular. Cada equipe escolhe um relator para
expor o que cada equipe debateu.
108

ENEM

(ENEM 2020 DIGITAL) É certo que entramos na era das sociedades de “controle”. Elas
já não são exatamente sociedades disciplinares, cuja técnica principal é o confinamento
(não somente o hospital e a prisão, mas também a escola, a fábrica, o quartel). A
sociedade de controle não funciona por confinamento, mas por controle contínuo e
comunicação instantânea. É evidente que não deixamos de falar de prisão, de escola, de
hospital: mas essas instituições estão em crise.
DELEUZE, G. Entrevista a Toni Negri. In: O devir revolucionário e as criações políticas.Novos Estudos Cebrap, n. 28, out. 1990
(adaptado).

No trecho, ao problematizar as sociedades contemporâneas, Gilles Deleuze está


enfatizando a ausência de
A. inovações nos sistemas educacionais.
B. padrões na sociedade de consumo.
C. sanções no ordenamento jurídico.
D. autonomia nas ações individuais.
E. legitimidade nas redes de informação.
(ENEM 2015) Na sociedade contemporânea, onde as relações sociais tendem a reger-se
por imagens midiáticas, a imagem de um indivíduo, principalmente na indústria do
espetáculo, pode agregar valor econômico na medida de seu incremento técnico:
amplitude do espelhamento e da atenção pública. Aparecer é então mais do que ser; o
sujeito é famoso porque é falado. Nesse âmbito, a lógica circulatória do mercado, ao
mesmo tempo que acena democraticamente para as massas com supostos “ganhos
distributivos” (a informação ilimitada, a quebra das supostas hierarquias culturais), afeta
a velha cultura disseminada na esfera pública. A participação nas redes sociais, a
obsessão dos selfies, tanto falar e ser falado quanto ser visto são índices do desejo de
“espelhamento”.
SODRÉ, M. Disponível em: http://alias.estadao.com.br. Acesso em: 9 fev. 2015 (adaptado).

A crítica contida no texto sobre a sociedade contemporânea enfatiza


A. a prática identitária autorreferente.
B. a dinâmica política democratizante.
C. a produção instantânea de notícias.
D. os processos difusores de informações.
E. os mecanismos de convergência tecnológica.
Desafie-se

Atividade: desconstrução de Letras de Músicas e Produção de Videoclipes Paródicos


Objetivo: estimular a análise crítica e a criatividade das/os alunas/os por meio da
desconstrução de letras de músicas, refazendo-as como paródias e produzindo
videoclipes para apresentação.
Duração estimada: esta atividade pode ser realizada ao longo de várias semanas,
dependendo do número de equipes e da complexidade das produções.
Materiais necessários:
1. Letras de músicas diversas (uma para cada equipe).
2. Acesso a computadores, câmeras ou smartphones para a produção dos videoclipes.
109

3. Acesso a softwares de edição de vídeo (opcional, caso os alunos desejem adicionar


efeitos e edições mais elaboradas).
Etapas da atividade:
1. Divisão das equipes: divida a sala de aula em equipes, de preferência com um número
similar de alunas/os em cada uma.
2. Distribuição das letras de músicas: entregue uma letra de música para cada equipe,
garantindo que sejam canções com conteúdo apropriado para o ambiente escolar.
3. Leitura e análise das letras: peça para que as equipes leiam e analisem as letras de
suas respectivas músicas. Incentive-as/os a refletir sobre o significado das palavras, a
mensagem transmitida e os sentimentos evocados pela música original.
4. Desconstrução e criação de paródias: com base na análise das letras, instrua as
equipes a desconstruir a música original e criarem uma paródia com um novo contexto
ou mensagem. Podem mudar as palavras, acrescentar humor ou satirizar situações.
5. Preparação das paródias: as equipes devem trabalhar na reescrita das letras, ensaiar e
praticar a nova música. Pode ser interessante também pensar em coreografias ou
performances para os videoclipes.
6. Produção dos videoclipes: com as paródias prontas, as equipes devem produzir os
videoclipes que acompanharão suas novas músicas. Elas/es podem usar cenários da
escola ou outros locais apropriados, figurinos e adereços criativos.
7. Edição dos videoclipes (opcional): caso haja disponibilidade,as/ os alunas/os podem
aprender e utilizar softwares de edição de vídeo para aprimorar seus clipes.
8. Apresentação dos videoclipes: Organize um dia especial para a apresentação dos
trabalhos. Pode ser no auditório da escola, no pátio ou em outro local adequado para a
exibição dos videoclipes.
9. Rodas de conversa: após cada apresentação, promova rodas de conversa para discutir
os resultados e compartilhar as experiências de cada equipe. Incentive-as/os a falar
sobre os desafios enfrentados, o que aprenderam e as habilidades desenvolvidas durante
o processo.
10. Reconhecimento: reconheça o esforço e a criatividade de cada equipe com
feedbacks construtivos e, se possível, com algum tipo de premiação simbólica.
Observações:
- Incentive a inclusão de todos os membros da equipe nas decisões e atividades.
- Esteja disponível para auxiliar e esclarecer dúvidas durante todo o processo.
- Garanta que a atividade seja inclusiva e respeite a diversidade das/os alunas/os.
- Valorize o protagonismo das/os estudantes, permitindo que elas/es tenham voz ativa
na condução da atividade.
Lembre-se de adaptar o roteiro de acordo com o tamanho da turma, os recursos
disponíveis e o tempo disponível para a realização da atividade. O objetivo é
proporcionar às/aos alunas/os uma experiência enriquecedora e divertida, estimulando a
criatividade e a participação ativa de todas/os.
Nesta aula, eu...

Autoavaliação sobre a sociedade contemporânea e suas características


Instruções
Esta autoavaliação tem como objetivo ajudá-lo(a) a refletir sobre o seu
entendimento e conhecimento em relação à sociedade contemporânea e suas principais
110

características. Responda com sinceridade e considere o que você aprendeu e assimilou


durante as discussões sobre o tema.
Pouco
Conhecimento Conhecimento
familiarizado(a) Conhecimento
básico/ avançado/
ATIVIDADE / satisfatório/
Algum Compreensão
Entendimento Bom entendimento
entendimento profunda
limitado

Como você avalia o seu conhecimento


sobre a sociedade contemporânea e
seus principais temas?

Quais são as cinco principais


características do mundo
contemporâneo discutidas nas aulas?
Em relação à tecnologia, como você
percebe seu impacto na sociedade
contemporânea?
O que significa "velocidade" no
contexto da sociedade contemporânea
e como isso influencia nossas vidas?
Explique o conceito de
"desregulamentação" e como ele afeta
diferentes aspectos da sociedade atual.
Como o narcisismo manifesta-se na
sociedade contemporânea,
especialmente nas redes sociais?
De que forma o excesso se relaciona
com a sociedade contemporânea e
como ele pode ser prejudicial?
Como você definiria o termo "mundo
contemporâneo"?
Quais são as principais modificações
econômicas que caracterizam o
mundo contemporâneo?
Como a globalização e a tecnologia
têm influenciado as mudanças sociais,
políticas e culturais na sociedade
atual?
Quais são os principais aspectos
envolvidos no processo de
universalização da cultura, dos
produtos, das trocas, dos custos e do
capital?
Você se considera capaz de
reconhecer e discutir os principais
temas relacionados à sociedade
contemporânea com seus colegas de
forma articulada?
De que maneira o conhecimento
adquirido sobre a sociedade
contemporânea pode ser aplicado em
sua vida pessoal e acadêmica?
Você tem se esforçado para
acompanhar as discussões em sala de
aula e buscar informações adicionais
sobre os temas abordados?
Como você se sente em relação ao seu
envolvimento nas atividades
relacionadas à compreensão da
sociedade contemporânea?
111

Considerando sua autoavaliação, que


ações você pretende tomar para
melhorar seu entendimento sobre a
sociedade contemporânea?
Você percebe a importância de
compreender o mundo contemporâneo
e suas características para a sua
formação como cidadão(ã)
consciente?
Quais são as áreas em que você sente
que precisa aprofundar seus
conhecimentos sobre a sociedade
contemporânea?

Agora, após responder às perguntas, tire um momento para revisar suas respostas
e refletir sobre o seu conhecimento sobre a sociedade contemporânea. Identifique áreas
em que você pode aprimorar seus conhecimentos e considere como você pode se
engajar mais nas discussões em sala de aula e na busca por informações
complementares.
Lembre-se de que a autoavaliação é uma ferramenta valiosa para o
autodesenvolvimento. Use essas informações para identificar oportunidades de
crescimento e para se comprometer com uma aprendizagem cada vez mais significativa
sobre o mundo contemporâneo e suas características. Parabéns por se dedicar a essa
reflexão e ao seu desenvolvimento como estudante!

Para saber mais

FILMES:
TRAINSPOTTING (1996)
O SHOW DE TRUMAN (1998)
A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA (1998)
MATRIX (1999)
BELEZA AMERICANA (1999)
CLUBE DA LUTA (1999)
ELA (2013)
EXPRESSO DO AMANHÃ (2013)
FILHOS DAS ESPERANÇA (2006)
LIVROS:
BODART, Cristiano das Neves. Sociologia contemporânea. Blog Café com Sociologia.
jun. 2021. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/sociologia-contemporanea/
SADER, Emir & SANTOS, Theotonio dos. A America Latina e os Desafios da
Globalização. Boitempo Editorial. 2009.
HALL, Stuart. A Identidade cultural na Pós-Modernidade. 2003. Editora DP &A
EAGLETON, Terry. As ilusões do pós-modernismo. 1996. Editora Jorge Zahar
SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria (Org). Brasil: Território e Sociedade no Início do
Século XXI. Editora Record
112

IANNI, Octavio. Capitalismo, Violência e Terrorismo. Editora Civilização Brasileira.


2004.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Liquida. Editora Zahar. 2001.
SZTOMPKA, Piotr. Sociologia da Mudança Social. Editora Civilização Brasileira
FORACCHI, Marialice M; MARTINS, J. de Souza. Sociologia e Sociedade. Editora
LTC
BEZERRA, A. C.; RIBEIRO C. Teorias Sociológicas Moderna e Pós-Modernas: Uma
introdução a temas. conceitos e abordagens. Editora Intersaberes. 2016.
RIOS, Elisandra Zaiacz, DOS SANTOS, Ana Bela. A pós-modernidade: debates e
reflexões. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08,
Vol. 09, pp. 66-73, Agosto de 2018. ISSN:2448-0959
NOGUEIRA, M.A. Modernidade e pós-modernidade: em busca do sentido da vida
atual.Doi:10.5212/Emancipacao.v.12i1.0001.2010.Disponível em
https://alsafi.ead.unesp.br/bitstream/handle/11449/124580/ISSN1982-7814-2012-12-01-
09-19.pdf?sequence=1&isAllowed=y, acesso em 21/07/2023
113

FOCO NA APRENDIZAGEM SOCIOLOGIA - AULA 03

Objeto do conhecimento da aula:

 Trabalho
Nesta aula, você aprenderá...

 a estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la;


 a inferir uma informação implícita em um texto;
 a analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de
grupos, povos e sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de
mercadorias, de informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como suas
interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.

Conceituando

O Trabalho
O trabalho nasceu no instante em que o ser humano surgiu, bem como,
paralelamente com a elaboração de ferramentas para seu sustento e defesa. Portanto, o
trabalho passa a associar-se às necessidades do ser humano. O trabalho é mais antigo
que o emprego. Enquanto aquele passa a existir no momento que o homem começou a
modificar a natureza e o ambiente ao seu redor e ao seu favor. Este é recente na história
da humanidade.
Como objeto de estudo para a sociologia, sua importância como elemento ocorre
no fato do mesmo apresentar interferência na vida dos indivíduos, pois parte
significativa dedica-se a tal atividade, assim como as formas de desenvolvimento do
trabalho se reflete na forma de vida e nas relações sociais entre as pessoas.
Para a Sociologia do trabalho, que estuda as relações sociais no trabalho, sua
importância no meio social, ou seja, na sociedade, ele, o trabalho, é essencial para o
desenvolvimento econômico e o crescimento sustentável. Gera renda e riqueza,
promove a distribuição de recursos e o aumento do bem-estar social. Além disso, é
responsável pela inovação e pelo avanço tecnológico, impulsionando a competitividade
e a produtividade.
O trabalho é a atividade por meio da qual o ser humano produz sua própria
existência. Essa afirmação condiz com a definição dada por Karl Marx
quanto ao que seria o trabalho. A ideia não é que o ser humano exista em
função do trabalho, mas é por meio dele que produz os meios para manter-se
vivo. Dito isso, o impacto do trabalho e do seu contexto exercem grande
influência na construção do sujeito. Assim, existem áreas do conhecimento
dedicadas apenas a estudar as diferentes formas em que se constituem as
relações de trabalho e seus desdobramentos na vida de cada um de nós.
RODRIGUES (2020)

Sua importância na relação entre indivíduo e sociedade entende-se no que


Durkheim diz (1917), "A divisão do trabalho produz solidariedade, não apenas porque
ela faz de cada indivíduo um “trocador” é porque ela cria entre os homens todo um
sistema de direitos e deveres que os ligam uns aos outros de maneira duradoura.” Ainda
114

em Durkheim (1917), “a divisão social do trabalho é a fonte principal da solidariedade”.


Essa ideia aparece com força em sua obra Da divisão do trabalho social (1893), época
marcada por intensas mudanças sociais, que afetam inevitavelmente as relações de
trabalho. Enquanto para Durkheim (1977), "o trabalho é um fato social presente em
todas as sociedades e a divisão social que ele gera é o que possibilita a coesão social”,
ou seja, ele é responsável pelos indivíduos viverem em sociedade após a ascensão do
sistema capitalista. Émile afirmou que “quanto maior e mais complexa for uma
sociedade, maior será a divisão social do trabalho presente na mesma".
Para Marx, "o trabalho é uma dimensão ineliminável da vida humana, isto é, uma
dimensão ontológica fundamental, pois, por meio dele, o homem cria, livre e
conscientemente, a realidade, bem como o permite dar um salto da mera existência
orgânica à sociabilidade". Segundo Marx (1818-1883) “sua função social se dá pela
divisão do trabalho em especialidades produtivas que gera uma hierarquia social na qual
as classes dominantes (burguesia) subjugam as classes dominadas, ao estabelecer as
instituições legitimadoras e ao deter os meios de produção.” O trabalho é diverso de
significado individual e social, é um meio de produção da vida de cada um ao garantir
subsistência, criar sentidos existenciais ou colaborar na construção da identidade e da
subjetividade.
Já segundo Max Weber,
“o homem deve, para estar seguro de seu estado de graça, trabalhar o dia todo
em favor do que lhe foi destinado. Não é, pois, o ócio e o prazer, mas apenas
a atividade que serve para aumentar a glória de Deus (...) É condenável a
contemplação passiva, quando resultar em prejuízo para o trabalho cotidiano,
pois ela é menos agradável a Deus do que a materialização de Sua vontade de
trabalho”. Max Weber (1967)

Karl Marx, que pensa diferente de Durkheim, visualiza a divisão do trabalho


como meio de exploração e alienação do trabalhador. Assim, segundo os clássicos da
sociologia, o que eles entendem sobre o trabalho, a partir da organização social, e,
especialmente Karl Marx, é que ele depende do Estado e é como uma ferramenta de
organização e controle social, expressivamente utilizada para coagir o indivíduo em
questões que se relacionam a fatores sociais e econômicos.
O trabalho é uma atividade que transforma a natureza de maneira racionalizada,
pré-definida a partir de um objetivo específico e realizada exclusivamente por seres
humanos. Portanto, toda atividade realizada pelos homens visa satisfazer as suas
necessidades. Para a sociologia, a influência no mundo do trabalho seria a ciência da
sociologia como referência para qualquer área que lide com pessoas. Pensando assim, o
mundo do trabalho precisa dos seus estudos para elaborar mecanismos para melhorar o
ambiente de trabalho e as relações sociais. Quanto às mudanças no trabalho, uma das
principais transformações verificadas é o uso de aplicativos, novas formas de hierarquia,
pois possibilita a flexibilidade nos horários de trabalho e possibilita o uso de diferentes
ambientes de trabalho.
Conversando com o texto

Atividade
Trabalho e Sociedade: reflexões sociológicas
Objetivo: esta atividade tem como objetivo promover uma reflexão sobre o trabalho no
contexto sociológico, analisando suas dimensões sociais, impactos na vida das pessoas e
suas relações com a sociedade em geral.
115

Duração: 1 hora
Materiais necessários:
1. Quadro ou lousa
2. Marcadores ou giz
3. Papel e caneta para os alunos
Descrição da atividade:
Passo 1: introdução (10 minutos)
Inicie uma atividade com uma breve introdução sobre o tema do trabalho no contexto
sociológico. Explique aos estudantes que o trabalho é uma das principais instituições
sociais e exerce grande influência na vida das pessoas e na estrutura da sociedade.
Ressalte que a sociologia estuda como o trabalho molda as relações sociais, a cultura, a
economia e a identidade das pessoas.
Passo 2: discussão em grupo (20 minutos)
Divida a turma em pequenos grupos de 4 a 5 estudantes e dê a cada grupo algumas
perguntas para discussão. Incentive-as/os a compartilhar ideias e perspectivas diferentes
sobre o trabalho. Algumas sugestões de perguntas são:
1. Como o trabalho é visto na sua comunidade ou cultura?
2. Quais são os principais desafios enfrentados pelos trabalhadores hoje?
3. Qual é o papel do trabalho na construção da identidade pessoal?
4. Como o tipo de trabalho influencia as relações sociais e a dinâmica familiar?
5. Quais são as diferenças entre o trabalho assalariado e o trabalho
autônomo/freelancer?
6. Como as mudanças tecnológicas criaram o mercado de trabalho e a vida das pessoas?
7. O trabalho pode ser uma fonte de desigualdade social? Como?
Passo 3: apresentação e debate (20 minutos)
Peça a cada grupo para compartilhar os principais pontos de suas discussões com a
turma. Anote as ideias-chave no quadro ou lousa para visualização de todos. Após cada
apresentação, promova um debate aberto sobre os diferentes pontos de vista e estimule
os alunos a fazerem perguntas e comentários.
Passo 4: atividade individual de reflexão (10 minutos)
Distribua folhas de papel e peça aos estudantes que escrevam uma breve reflexão
individual sobre a importância do trabalho no contexto sociológico e como ele
influencia suas vidas e a sociedade em geral. Encoraje-as/os a fazer conexões com as
ideias mantidas durante a atividade em grupo.
Passo 5: conclusão (5 minutos)
Conclua a atividade fazendo uma síntese dos pontos-chave discutidos durante a aula.
Destacando os pontos mais relevantes. Encoraje as/os estudantes a continuarem
refletindo sobre o tema e explorando mais questões sociológicas em seu cotidiano.
Observação: essa atividade pode ter sua discussão enriquecida com exemplos e estudos
de caso relevantes para ilustrar os conceitos sociológicos relacionados ao trabalho.
ENEM

(Enem - 2021) Seu turno de trabalho acabou, você já está em casa 6 é hora do jantar da
família. Mas, em vez de relaxar, você começa a pensar na possibilidade de ter recebido
alguma mensagem importante no e-mail profissional ou no grupo de WhatsApp da
empresa. Imediatamente, você fica distante.Momentos depois, com alguns toques na
116

tela do celular, você está de volta ao ambiente de trabalho. O jantar e a família ficaram
em segundo plano. A simples vontade de checar mensagens do trabalho pós-expediente
prejudica sua saúde e a de sua família.
Disponível em www.DOE.COM.

O texto indica práticas nas relações cotidianas do trabalho que causam para o indivíduo
a
A. proteção da vida privada.
B. ampliação de atividades extras.
C. elevação de etapas burocráticas.
D. diversificação do lazer recreativo.
E. desobrigação de afazeres domésticos.
Desafie-se
Debate sobre o filme Tempos Modernos e o Mundo do Trabalho.
Duração estimada da atividade: 2 aulas (90 minutos cada).
Objetivo da atividade: promover uma reflexão crítica sobre o mundo do trabalho
retratado no filme Tempos Modernos e o Mundo do Trabalho e sua relação com o
trabalho atual, estimulando o debate e a análise em equipe.
Materiais necessários:
 Cópias do texto introdutório sobre o filme Tempos Modernos e o Mundo do
Trabalho para os alunos.
 Projetor ou equipamento para exibir o filme na sala de aula.
 Quadro branco ou flipchart para anotações durante o debate.
Etapas da atividade:
1. Introdução (10 minutos):
a) Apresente às/aos alunas/os o tema da atividade Vamos explorar as questões
relacionadas ao mundo do trabalho retratado no filme Tempos Modernos e o Mundo
do Trabalho, bem como sua comparação com o trabalho atual."
b) Faça uma breve contextualização sobre a Grande Depressão dos anos 1930 nos
Estados Unidos e a importância do filme de Charlie Chaplin como uma crítica social
sobre a época.
2. Leitura e Exibição do Filme (40 minutos):
a) Entregue o texto introdutório às/aos estudantes e peça para que todas/os leiam.
b) Exiba o filme Tempos Modernos e o Mundo do Trabalho em sala de aula. Caso o
filme seja muito longo, é possível selecionar cenas-chave que se relacionem diretamente
com as questões do mundo do trabalho.
3. Divisão em Equipes (5 minutos):
a) Divida a turma em grupos de 4 a 6 estudantes, garantindo uma mistura de habilidades
e personalidades em cada equipe.
4. Debate em Equipe (30 minutos):
a) Cada equipe deve discutir entre si o que entenderam da mensagem do filme em
relação ao mundo do trabalho e como essa realidade se relaciona com os dias atuais.
117

b) Incentive a análise das condições de trabalho, exploração, desigualdades, alienação, e


outros temas presentes no filme e suas possíveis semelhanças ou diferenças com o
contexto atual.
5. Apresentação das Conclusões (15 minutos):
a) Cada equipe terá a oportunidade de apresentar suas conclusões ao restante da turma.
b) As apresentações devem abordar os principais pontos discutidos pelo grupo,
destacando as reflexões sobre o filme e sua relação com o mundo do trabalho na
atualidade.
6. Discussão Geral (20 minutos):
a) Abra um espaço para que todas/os estudantes possam comentar e fazer perguntas
sobre as apresentações das outras equipes.
b) Estimule o debate entre as/os estudantes, permitindo que elas/es compartilhem suas
opiniões e pontos de vista sobre o tema.
7. Conclusão (10 minutos):
a) Encerre a atividade destacando as principais conclusões e reflexões feitas durante o
debate.
b) Reforce a importância de entender a evolução do mundo do trabalho ao longo da
história e como isso impacta a sociedade.
Observações:
 Durante a atividade, a/o professora/or deve atuar como mediadora/or,
incentivando a participação de todas/os e garantindo um ambiente de respeito e
empatia para a discussão.
 Se possível, a/o professora/or pode preparar algumas perguntas orientadoras para
as equipes durante a discussão, para ajudar a direcionar a análise do filme e do
tema do trabalho.
 Após o debate, é interessante que a/o professora/or faça uma síntese das principais
ideias discutidas em sala de aula e estimule as/os alunas/os a refletirem sobre
como podem aplicar esses aprendizados em suas vidas e na sociedade em geral.
Nesta aula, eu...

A seguir, você encontrará uma série de perguntas relacionadas ao tema do


trabalho e suas diferentes abordagens históricas e sociológicas. Leia atentamente cada
pergunta e responda com sinceridade, avaliando seus conhecimentos e reflexões sobre o
assunto. Seja honesta/o consigo mesma(o) para que esta avaliação possa ajudá-la(o) a
entender melhor suas percepções sobre o tema.
Excelente:
Muito
Pouco Satisfeita(o) Contribuí
Satisfeita(o) Satisfeita(o)
Satisfeita(o) Contribuí com significativam
Parcialmente Participei
Tive minhas ideias e ente, fui
Participei, mas ativamente, fiz
dificuldades em opiniões de respeitoso(a)
QUESTÕES sinto que poderia reflexões
compreender os forma razoável, com as
ter contribuído relevantes e
conceitos e e entendi os opiniões dos
mais para as ampliei meus
contribuir para principais outros e meu
reflexões. conhecimentos
as discussões. conceitos. engajamento
sobre o tema.
foi exemplar.

1. Antes de estudar
este tema, o que
você já sabia ou
118

pensava sobre o
trabalho ao longo
da história? Havia
alguma ideia
preconcebida que
influenciou suas
reflexões?

2. Após a
discussão das
definições de
trabalho ao longo
da história, você
conseguiu
compreender como
a concepção e o
significado do
trabalho variaram
em diferentes
épocas? Explique.

3. Durante o
estudo sobre as
definições de
trabalho segundo
os clássicos da
sociologia (Marx,
Durkheim e
Weber), você
conseguiu
identificar as
principais ideias de
cada teórico? Em
caso afirmativo,
como você
relacionaria essas
ideias com o
trabalho atual?

4. Como o
conhecimento
sobre as
perspectivas de
Marx, Durkheim e
Weber sobre o
trabalho
influenciou sua
compreensão das
dinâmicas sociais e
das relações de
poder no contexto
do trabalho?

5. Na discussão
sobre os diferentes
modelos de
estratificação
social ao longo da
história, você
conseguiu perceber
como a
organização social
influenciava a
distribuição de
recursos e
oportunidades
119

entre as pessoas?
Dê exemplos que
ilustrem essas
desigualdades
sociais decorrentes
dos modelos de
estratificação.

6. Você acredita
que as definições
de trabalho
discutidas e a
compreensão dos
modelos de
estratificação
social têm
relevância no
mundo
contemporâneo?
Por quê?

7. Ao longo do
estudo, você
conseguiu perceber
a importância do
trabalho como
elemento central
na vida das
pessoas e da
sociedade? Como
isso influencia sua
visão sobre o
trabalho e sua
importância na sua
vida futura?

8. Como você
avalia sua
participação nas
discussões em sala
de aula ou nas
atividades
relacionadas ao
tema do trabalho?
Você se sentiu
motivado(a) a
participar e
compartilhar suas
ideias?

9. A atividade
sobre o tema do
trabalho ajudou a
despertar seu
interesse por
outras áreas da
sociologia ou do
estudo da história?
Se sim, quais?

10. Em geral,
como você avalia
sua compreensão e
aprendizado sobre
o tema do trabalho,
suas definições ao
120

longo da história e
sua relação com a
estratificação
social? Acredita
que expandiu seus
conhecimentos?

Aproveite este espaço para fazer comentários adicionais sobre o tema do trabalho, o
estudo realizado ou qualquer outra consideração que julgar relevante.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Para saber mais

FILMES:
Tempos modernos. Charlie Chaplin
The Newsroom – disponível no HBO GO
Wall Street – Poder e Cobiça – disponível na plataforma NOW
Rock – Disponível na Amazon Prime
Jerry Maguire– Disponível para alugar no Youtube e Google Play
The Office – Disponível na Amazon Prime
MorningGlory – Disponível para alugar no Youtube e Google Play
O diabo veste Prada
Amor sem escalas – Disponível na Netlflix, Telecine, Now e alugar no Youtube e
Google Play
Sillicon Valley – Disponível na HBO GO
O corte – Disponível na NetMovies e Look
O Insustentável Peso do Trabalho” – Disponível na Disney +
LIVROS:
RAMALHO, Jose Ricardo Garcia. Sociologia do trabalho: No mundo contemporâneo.
2004.
DURKHEIM, Emile. Da divisão do trabalho social. 1917.
ANTUNES, Ricardo. Uberização, trabalho digital e Indústria 4.0. Boitempo. 2020.
ANTUNES, Ricardo. Riqueza e miséria do trabalho no Brasil IV.
Boitempo.Edição01. 2019.
ANTUNES, Ricardo. Infoproletários: Degradação Real do Trabalho Virtual.
Boitempo.Edição01. 2009
LAFARGUE, Paul. MARX, Karl. O Capital. Veneta. 2014.
RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "As relações de trabalho e a sociedade"; Brasil
Escola.2020 Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-trabalho-
futuro.htm. Acesso em 31 de julho de 2023.
WEBER, Max.A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira,
1967.
121

FOCO NA APRENDIZAGEM SOCIOLOGIA - AULA 04

Objeto do conhecimento da aula:

 Etnia e multiculturalismo
Nesta aula, você aprenderá...
 a distinguir um fato da opinião relativa a esse fato;
 a conhecer as diversas teorias sobre origem e/ou povoamento da América,
modos de vida, a relação com a natureza, práticas culturais.
Conceituando

Os conceitos de raça, apresentando-os como categoria biológica e social;


conceitos de etnia e multiculturalismo como noções importantes para o combate a
práticas sociais ligadas ao preconceito, ao racismo e à segregação e questão dos
refugiados.
Para começarmos o debate, vamos compreender conceitos basilares para
avançarmos no nosso tema da aula.

Preconceito Discriminação Racismo

A discriminação é Sistema estrutural


a ação baseada no de exclusão social,
O preconceito é uma preconceito ou negação da
opinião preconcebida racismo, em que o humanidade.
sobre determinado indivíduo recebe Envolve
Significado
grupo ou pessoa, sem um tratamento preconceito,
qualquer informação injusto discriminação é
ou razão. apenas por para além.
pertencer a um
grupo diferente.

Passageira/criminosa Estrutural
Manifestação Criminosa
/injúria

Encarceramento,
Exclusão social,
suicído, traumas,
Exclusão social, sofrimento,
gagueira,
Consequência sofrimento, isolamento,
despossessão
isolamento, bullying aumento das
psicológica, medo,
desigualdades
desemprego

Grupos sociais Negros, judeus,


excluídos: pessoas nordestinos,
Quem sofre? Qualquer pessoa com limitações ciganos...
físicas, mulheres,
indígenas,
122

comunidade
GLBTQIAP+

Segundo: Prof. Dr. Kabengele Munanga Raça:


“Etmologicamente, o conceito de raça veio do italiano razza, que por sua vez
veio do latim ratio, que significa sorte, categoria, espécie. Na história das
ciências naturais, o conceito de raça foi primeiramente usado na Zoologia e
na Botânica para classificar as espécies animais e vegetais. Foi neste sentido
que o naturalista sueco, Carl Von Linné conhecido em Português como Lineu
(1707-1778), o uso para classificar as plantas em 24 raças ou classes,
classificação hoje inteiramente abandonada.” Disponível:
https://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=59

A partir da análise do professor percebemos que raça é um conceito empregado


nas ciências biológicas, porém este conceito foi utilizado para inferiorizar grupos
sociais, como judeus, asiáticos, povos indígenas e negros, ou seja, não podemos utilizar
o conceito de raça humana, e racismo não deriva de raça? É errado o termo racismo?
O racismo por uma questão lógica deriva do termo raça, é importante frisar que o
racismo não é uma questão biologizante e sim um construto social, ou seja, grupos
supremacistas se apropriam de um termo das ciências naturais para classificar animais e
plantas e aplicam à humanidade na busca do poder para justificar a opressão de grupos
sociais. o racismo que acredita na existência das raças naturalmente hierarquizadas pela relação
intrínseca entre o físico e o moral, o físico e o intelecto, o físico e o cultural é um sistema estrutural
de exclusão social, mesmo que não exista raças humanas grupos supremacistas praticam racismo.
Diante disso o termo racismo é correto como é fundamental combatê-lo.
Etnia: “Uma etnia é um conjunto de indivíduos que, histórica ou mitologicamente,
têm um ancestral comum; têm uma língua em comum, uma mesma religião ou
cosmovisão; uma mesma cultura e moram geograficamente num mesmo território.
Algumas etnias constituíram sozinhas nações. Assim o caso de várias sociedades
indígenas brasileiras, africanas, asiáticas, australianas, etc.. que são ou foram etnias
nações.”
Fonte: https://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=59

No Ceará temos diversas etnias. São 14 os povos indígenas, espalhados por 18


municípios, que fortalecem esse legado de resistência. Através deles o que ainda há de
mais ancestral em solo cearense mostra-se vivo e pulsando ativamente. Leia, a seguir, os
nomes dos 14 povos indígenas: Anacé, Gavião, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Kanindé,
Kariri, Pitaguary, Potiguara, Tapeba, Tabajara,Tapuia-Kariri, Tremembé,Tubiba-Tapuia
e Tupinambá.

Fonte: https://www.ceara.gov.br/2019/04/16/todo-dia-e-dia-de-indio-quais-sao-os-povos-indigenas-do-ceara/
123

Para a Dra. Psicologia Lisette Weissmann, multiculturalismo


também chamado de pluralismo cultural é uma relação estreita com a
globalização. O termo utiliza o prefixo multi, que, no dicionário, indica
muito, numeroso. O Multiculturalismo implica um conjunto de culturas em
contato, mas sem se misturar: trata-se de várias culturas no mesmo patamar.
Como ocorre nas megalópoles como São Paulo, no Brasil onde você pode
frequentar na mesma rua restaurantes de vários países. É importante frisar
que o Multiculturalismo é fundamental para o processo democrático, porém é
importante questioná-lo até onde as culturas dentro de um processo de
globalização não se misturam? Pensar que estamos inseridos em um sistema
capitalista em disputa de potências econômicas que impõe seus padrões de
consumo. Multiculturalismo um conceito que pensa em diversidade cultural é
importante compreender que somos diversos.
Importante é diferenciar sociedade multicultural de multiculturalismo. Rosas
(2007) argumenta que a sociedade multicultural é uma realidade, ao passo que o
multiculturalismo é apenas um modelo ou um conjunto de modelos. O
multiculturalismo “visa interpretar aquilo que entendemos por sociedade multicultural
e, ao mesmo tempo, dizer o que devemos fazer, de um ponto de vista político, em
relação a ela.” Rosas (2007, p. 2). A sociedade multicultural é um conceito descritivo,
já o multiculturalismo é um modelo normativo.

Conversando com o texto

Vamos ler o texto “O PERIGO DE UMA ÚNICA HISTÓRIA” Chimamanda Ngozi


Adichie

Quem é Chimamanda Ngozi Adichie? É uma feminista e escritora nigeriana. Ela é


reconhecida como uma das mais importantes jovens autoras anglófonas de sucesso,
atraindo uma nova geração de leitores de literatura africana.
ENEM

(Enem 2021) Em escala, o negro é o negro retinto, o mulato já é o pardo e como tal
meio branco, e se a pele é um pouco mais clara, já passa a incorporar a comunidade
branca. A forma desse racismo no Brasil decorre de uma situação em que a mestiçagem
não é punida, mas louvada. Com efeito, as uniões inter-raciais, aqui, nunca foram tidas
como crime ou pecado. Nós surgimos, efetivamente, do cruzamento de uns poucos
brancos com multidões de mulheres índias e negras.
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2004 (adaptado).

Considerando o argumento apresentado, a discriminação racial no Brasil tem como


origem
A. as identidades regionais.
B. a segregação oficial.
124

C. os vínculos matrimoniais.
D. os traços fenotípicos.
E. o status ocupacional.
(Enem 2017) Muitos países se caracterizam por terem populações multiétnicas. Com
frequência, evoluíram desse modo ao longo de séculos. Outras sociedades se tornaram
multiétnicas mais rapidamente, como resultado de políticas incentivando a migração, ou
por conta de legados coloniais e imperiais.
GIDDENS. A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).

Do ponto de vista do funcionamento das democracias contemporâneas, o modelo de


sociedade descrito demanda, simultaneamente,
A. defesa do patriotismo e rejeição ao hibridismo.
B. universalização de direitos e respeito à diversidade.
C. segregação do território e estímulo ao autogoverno.
D. políticas de compensação e homogeneização do idioma.
E. padronização da cultura e repressão aos particularismos.
Desafie-se

Título da Atividade: Descobrindo as Cores do Multiculturalismo


Objetivo: promover a conscientização e a valorização do multiculturalismo, explorando
as diversas culturas presentes na sala de aula e na comunidade dos alunos.
Materiais necessários:
Papel e lápis para as/os estudantes
Acesso à internet ou livros sobre diferentes culturas
Duração: duas aulas (ou o tempo necessário, dependendo da profundidade que você
deseja explorar)
Passo a passo
Introdução (15 minutos):
Comece a aula explicando o conceito de multiculturalismo às/aos estudantes.
Destaque a importância de reconhecer e respeitar a diversidade cultural presente na sala
de aula e na sociedade em geral. Discuta como diferentes culturas trazem riqueza e
conhecimento para todos nós.
Roda das Culturas (20 minutos):
Peça às/aos estudantes para formarem um círculo na sala de aula. Cada estudante
deve dizer o nome do país/cidade ou cultura de onde sua família tem origem ou
parentes. Se possível, peça a elas/es que compartilhem uma tradição, prato típico ou
curiosidade sobre a cultura mencionada. Isso ajudará as/os estudantes a conhecerem
melhor umas/uns às/aos outras/os e a perceberem a diversidade cultural dentro da
própria sala de aula.
Pesquisa Cultural (30 minutos):
Divida a turma em grupos e peça a cada grupo que escolha uma cultura diferente
para pesquisar. Pode ser uma cultura presente na comunidade local ou uma cultura
internacional. As/Os estudantes devem buscar informações sobre tradições, costumes,
danças, comidas, vestimentas, festividades e outras características culturais importantes.
Elas/es podem usar a internet ou livros da biblioteca para realizar suas pesquisas.
125

Apresentação das Culturas:


Cada grupo deve apresentar suas descobertas à turma. Podem criar pôsteres,
apresentações em slides ou até mesmo pequenas performances para mostrar os aspectos
culturais que descobriram. Certifique-se de que todas/os as/os estudantes tenham a
oportunidade de participar.
Refletindo sobre a Diversidade:
Conduza uma discussão em sala de aula sobre o que as/os estudantes aprenderam
com a atividade. Pergunte como elas/es se sentem sobre a diversidade cultural e se têm
uma apreciação maior por outras culturas agora. Incentive-as/os a compartilhar suas
reflexões e opiniões.
Cartaz do Multiculturalismo:
Peça às/aos estudantes que criem um cartaz sobre o multiculturalismo, destacando
a importância da diversidade cultural e o que aprenderam com a atividade. Os cartazes
podem ser expostos na sala de aula ou em outros espaços da escola para compartilhar as
descobertas com outras/os alunas/os e professoras/es.
Celebrando a Diversidade (opcional):
Se possível, organize um dia especial para celebrar a diversidade cultural na
escola. Isso pode incluir uma feira cultural, apresentações de danças e músicas típicas,
além de degustação de comidas de diferentes culturas. Convide pais e membros da
comunidade para participar também.
Essa atividade ajudará as/os alunas/os a compreenderem e valorizarem a riqueza
do multiculturalismo, incentivando-as/os a respeitarem e aprenderem com as diversas
culturas ao seu redor. Além disso, promoverá um ambiente escolar mais inclusivo e
acolhedor para todas/os.
Nesta aula, eu

Nesta aula você aprendeu, os conceitos de etnia e multiculturalismo, destacando a


relação do multiculturalismo com a globalização, ambos conceitos recebem críticas de
alguns grupos de sociólogos, porém é fundamental pensarmos na sociedade diversa e
plural, é fundamental para a democracia. Aprendemos também nesta aula os conceitos
de preconceito, discriminação e racismo.
Como uma autoavaliação, considere as seguintes perguntas para refletir sobre o
seu aprendizado sobre Etnia e Multiculturalismo.

EM
ATIVIDADE CONSTRUÍDO
CONSTRUÇÃO

Você consegue explicar o conceito de etnia


e como ele se relaciona com a identidade
cultural de uma pessoa?

Pode descrever os principais pontos de


conexão entre o multiculturalismo e a
globalização?

Você identifica agora a importância de


uma abordagem multicultural em uma
sociedade globalizada?
126

Para saber mais

Assista o documentário Adbias dos Nascimento


Adbias do Nascimento é considerado o Martin Luther King brasileiro pela sua luta
antirracista, pela via democrática e pacifista. Abidias foi poeta, escritor, ator,
dramaturgo entre outros. Ele propões o “QUILOMBISMO” que seria uma sociedade
antirracista, democrática, justa e solidária. Adbias criou o Teatro Experimental do
Negro-TEN, pois, no Brasil, naquela época, o negro não podia (ainda hoje é um desafio)
atuar e os atores brancos pintavam o roste de preto para interpretar papéis de pessoas
negras, mas isso se dava de forma que ridicularizava o negro, o chamado black face. Ele
também nos convidou a conhecer a multicultura do continente africano.
Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=VYcjN-chOUs
127

FOCO NA APRENDIZAGEM SOCIOLOGIA - AULA 05

Objeto do conhecimento da aula:

 Mundo do trabalho e capitalismo

Nesta aula, você aprenderá...

 a estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la;


 a compreender a escravidão moderna e suas distinções em relação ao escravismo
antigo e à servidão medieval e analisar os mecanismos e as dinâmicas de
comércio de escravizados em suas diferentes fases, identificando os agentes
responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas de procedência dos
escravizados.
 a entender os conceitos acerca do mundo do trabalho como um fenômeno social
dinâmico, suscetível a ação de agentes sociais ligados a diferentes setores da
sociedade.
 a entender também sobre o modo de produção capitalista, dando ênfase às
experiências de racionalização do trabalho.
Conceituando

Para começarmos o debate, vamos compreender conceitos basilares para


avançarmos no nosso tema da aula.
Com base do dicionário de sociologia:
A origem etimológica da palavra "mundo" vem do latim mundus" limpo, puro,
organizado, elegante" ou do grego antigo kósmos (κόσμος) "ordem, organização,
harmonia". Já a palavra "trabalho" vem do latim tripalium, termo formado pela junção
dos elementos tri "três" e palum "madeira". Tripalium era o nome de um instrumento de
tortura comum em tempos remotos na região europeia, dando ao termo "trabalhar",
originalmente, o significado de "ser torturado". Naquele contexto originário, sendo
voltado aos que não podiam pagar impostos, os pobres e escravos, o termo que remetia
à tortura passou a também significar, por extensão, as atividades físicas produtivas
realizadas pelos despossuídos. Com o passar dos séculos a palavra foi ganhando o
sentido de "fazer uma atividade produtiva penosa, exaustiva, difícil", até chegar à noção
de "aplicação de forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim".
O mundo do trabalho compreende, além da função laboral no sentido estrito, o
lugar natural e social em que se realiza a atividade de trabalho, as prescrições e as
normas que regulam as relações nessa atividade, os produtos e resultados advindos
dessas relações, os discursos intercambiados nesse processo, os conhecimentos, as
técnicas e as tecnologias que sustentam o desenvolvimento da atividade do trabalho, as
culturas, as identidades, as subjetividades e as relações de comunicação constituídas no
processo dialético e dinâmico dessa atividade. O conceito de mundo do trabalho é,
portanto, mais amplo que a noção de mercado de trabalho ou de mercado de empregos,
pois além de conter tais fenômenos circunstanciais em si, extrapola seu sentido para
toda e qualquer atividade humana, remunerada ou não, que desvele e transforme
128

intencionalmente a natureza, sendo também capaz de revelar por inteiro a própria


sociedade.
Fonte: ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. Campinas, Boitempo, 2000. 3ª edição

Capitalismo: o capitalismo é um sistema econômico surgido na Europa nos


séculos XVI e XVII. Do ponto de vista desenvolvido por Karl MARX, o capitalismo é
organizado em torno do conceito de CAPITAL e da propriedade e controle dos meios de
produção por indivíduos que empregam trabalhadores para produzir bens e serviços em
troca de salário. Como fundamental ao capitalismo como sistema social, há um conjunto
de três relações entre trabalhadores, meios de produção (fábricas, máquinas,
ferramentas, e assim por diante) e os que possuem ou controlam esses meios.
Os membros da classe capitalista são os que possuem ou controlam desses meios
acima descritos, mas não os usam concretamente para produzir riqueza. Os membros da
classe trabalhadora nem os possuem nem controlam, mas os usam para produzir e a
classe capitalista emprega a classe trabalhadora comprando FORÇA DE TRABALHO
CAPITALISMO (tempo) em troca de salários. A definição mais comum de capitalismo
— simplesmente a posse privada dos meios de produção — ignora o fato de que
indivíduos vinham produzindo bens há milhares de anos com ferramentas próprias,
muito antes do aparecimento do capitalismo. Sob o capitalismo, portanto, a posse dos
meios de produção não é simplesmente privada, é também exclusiva e fornece base à
CLASSE SOCIAL e à exploração no interesse do lucro e da acumulação de ainda mais
meios de produção.

Conversando com o texto

Homens trabalhavam em vinícolas, através de empresa terceirizada, em janeiro de


2023. Eles fugiram após presenciarem agressões e ameaças.

Texto da reportagem
Dois baianos que foram vítimas do trabalho análogo à escravidão em em Bento
Gonçalves, no Rio Grande do Sul, detalharam ao g1 Bahia como foram contratados para
o emprego e o que vivenciaram. Ambos fugiram após presenciarem agressões físicas,
verbais e ameaças. O caso foi descoberto na quarta-feira (22), após a Polícia Rodoviária
Federal resgatar mais de 200 trabalhadores do local.
Choques, spray de pimenta e espancamentos: veja relatos de trabalhadores resgatados
que faziam a colheita em vinícolas no RS
"O alojamento tinha câmeras, era tudo monitorado. Se reclamasse de alguma
coisa, espancavam a pessoa", contou uma das vítimas, que não quis ser identificada.
Dos 207 resgatados, 198 são baianos e nove gaúchos. Os dois homens que
conversaram com a equipe de reportagem são amigos e saíram da Bahia juntos, em
janeiro de 2023, rumo a uma oportunidade de emprego de dois meses colhendo uvas no
129

Rio Grande do Sul. A dupla soube da vaga a partir do familiar de um deles, que mora no
estado há anos.
Após fazer contato com o empresário responsável pela contratação através de uma
terceirizada, os dois homens contaram que os detalhes da viagem e do emprego foram
combinados. A proposta inicial incluía alojamento, as três refeições e um salário de
cerca de R$ 4 mil pelos dois meses. Além disso, as passagens de ida e volta seriam
pagas pela empresa.
"Chegamos lá com um grupo grande de pessoas. Quando vimos a situação todos
quiseram ir embora, mas a gente não tinha dinheiro para voltar", contou.
"Quando souberam que dei baixa na minha carteira [de trabalho], ele [suspeito]
passou com a pistola com o cabo para fora para me intimidar. Apontavam a arma para
irmos trabalhar, davam choque no pé. Era trabalho forçado", disse.

Ambos relataram que não tinham acesso à toalha, lençol, nem talheres. A comida,
que chegava em quentinhas e geralmente estava estragada, era consumida com a mão.
"Até na cadeia a pessoa é tratada melhor do que lá. O que passamos não foi coisa de
Deus", desabafou uma das vítimas.
Por causa da falta de estrutura, os baianos acumularam dívidas com a compra de
comidas, talheres e outros itens básicos. Além disso, eles contaram que as jornadas de
trabalho passavam de 15h por dia e muitos deles começaram a colheita nas primeiras
horas da manhã e voltavam para o alojamento após 23h. No dia seguinte, o ciclo se
repetia.
"Acordavam a gente 4h da manhã, chamando a gente de demônio e presidiário.
Nem força para trabalhar a gente tinha”, disse um dos homens em entrevista ao g1.
Um dos baianos ficou no local por 10 dias e fugiu com a ajuda da família após
adoecer e não ter direito a receber cuidados médicos. Já o segundo ficou no local por 22
dias e precisou dormir na rua antes de conseguir ajuda financeira da família para voltar
para a Bahia.
Além das dívidas referentes a alimentação, eles precisaram arcar com a volta para
casa sozinhos. Dos R$ 4 mil que seriam pagos pelo trabalho, as vítimas não receberam
nem metade: um deles recebeu cerca de R$ 400 pelo trabalho de 10 dias, enquanto o
outro não ganhou nada.
O responsável por recrutar e manter os trabalhadores é o empresário baiano
Pedro Augusto de Oliveira Santana, de 45 anos, natural da cidade baiana de
Valente (BA), cidade a cerca de 253 km de Salvador. Ele foi preso, mas vai
responder pelo crime em liberdade após pagar fiança de R$ 40 mil.
Em nota, o advogado Rafael Dorneles da Silva informou que "a empregadora
Fênix Serviços de Apoio Administrativo e seus administradores esclarecem que os
graves fatos relatados pela fiscalização do trabalho serão esclarecidos em tempo
oportuno, no decorrer do processo judicial."
130

Após a repercussão do caso, os dois baianos têm apenas um desejo: que a justiça
seja feita. Eles querem ser ressarcidos pelas dívidas que adquiriram por causa das
péssimas condições de trabalho e desejam que os responsáveis por enganar os
trabalhadores sejam presos.
"A empresa lucrava muito em cima do nosso trabalho. Queremos alguma
indenização para pelo menos pagarmos as dívidas que fizemos", afirmou um dos
trabalhadores.
As vítimas relataram ainda que convivem com o trauma das situações vividas na
vinícola e com medo de serem procurados pelos suspeitos. "Tenho pesadelos todas as
noites", desabafou um deles.
Outro lado
Por meio de nota, a Vinícola Aurora, umas das três onde o grupo trabalhava, disse
que "não compactua com qualquer espécie de atividade considerada, legalmente, como
análoga à escravidão e se solidariza com os trabalhadores contratados pela terceirizada
Oliveira & Santana".
A empresa reforça que as vítimas "são funcionários da Oliveira & Santana,
empresa que prestava serviços às vinícolas, produtores rurais e frigoríficos da região" e
que "a situação degradante em que se encontravam foram identificadas na
moradia/alojamento da empresa Oliveira & Santana, e não em vinícolas".
Ainda na nota, a Aurora disse se comprometer em reforçar a política de contratações e
"revisar os procedimentos quanto à terceiros para que casos isolados como este nunca
mais voltem a acontecer".
ENEM

(Questão autoral) Leia a reportagem acima intitulada "Apontavam a arma para irmos
trabalhar", publicada no site Diário do Centro do Mundo, que relata um caso de trabalho
análogo à escravidão em Bento Gonçalves, RS. Com base nas informações fornecidas
na reportagem, reflita sobre as implicações desse grave problema social e responda:

De que forma o trabalho análogo à escravidão, como o descrito na reportagem, afeta a


dignidade e os direitos dos trabalhadores envolvidos?
A. Proporciona uma relação de trabalho justa e equitativa, garantindo uma remuneração
adequada para as atividades realizadas.
B. Estimula a cooperação entre empregadores e trabalhadores, promovendo uma relação
de confiança e respeito mútuo.
C. Promove o desenvolvimento econômico da região onde ocorre, gerando mais
empregos e oportunidades de trabalho.
D. Minimiza o risco de exploração e abuso dos trabalhadores, garantindo que eles
tenham condições adequadas de trabalho.
131

E. Compromete a dignidade humana, viola os direitos trabalhistas, submete os


trabalhadores a condições degradantes e configura uma forma moderna de
escravidão.

(Enem 2019) No sistema capitalista, as muitas manifestações de crise criam condições


que forçam a algum tipo de racionalização. Em geral, essas crises periódicas têm o
efeito de expandir a capacidade produtiva e de renovar as condições de acumulação.
Podemos conceber cada crise como uma mudança do processo de acumulação para um
nível novo e superior.
HARVEY, D.A produção capitalista do espaço São Paulo: Annablume, 2005 (adaptado)

A condição para a inclusão dos trabalhadores no novo processo produtivo descrito no


texto é
A. associação sindical.
B. participação eleitoral.
C. migração internacional
D. qualificação profissional.
E. regulamentação funcional.
(Enem PPL 2018) Num país que conviveu com o trabalho escravo durante quatro
séculos, o trabalho doméstico é ainda considerado um subemprego. E os indivíduos que
atuam nessa área são, muitas vezes, vistos pelos patrões como um mal necessário: é
preciso ter em casa alguém que limpe o banheiro, lave a roupa, tire o pó e arrume a
gaveta. Existe uma inegável desvalorização das atividades domésticas em relação a
outros tipos de trabalho.
(RANGEL, C. Domésticas: nascer, deixar, permanecer ou simplesmente estar. Negritude, cinema e educação. Belo Horizonte:
Mazza, 2011)

Objeto de legislação recente, o enfrentamento do problema mencionado resultou na


A. criação de novos ofícios.
B. ampliação de direitos sociais.
C. redução da desigualdade de gênero.
D. fragilização da representação sindical.
E. erradicação da atividade informal.

Desafie-se

Sociologia vai ao cinema!


Filme: 7 prisioneiros
Sinopse: Em busca de uma vida melhor, Mateus, um rapaz humilde de uma cidade
pequena, e outros jovens aceitam trabalhar em um ferro velho em São Paulo. Porém,
todos logo percebem que foram enganados e caíram em uma rede de trabalho escravo.
Olhando para esse cenário, Mateus decide se unir ao seu captor e se tornar seu braço
direito, mesmo sofrendo com grandes conflitos morais.
Ficha técnica:
Data de lançamento: 5 de novembro de 2021 (Brasil)
Diretor: Alexandre Moratto
Indicações: Grande Prêmio do Cinema Brasileiro - Melhor Longa-Metragem de Ficção,
MAIS
132

Roteiro: Alexandre Moratto, Thayná Mantesso


Produção: Alexandre Moratto, Fernando Meirelles, Ramin Bahrani, Andrea Barata
Ribeiro
Em virtude do filme 7 Prisioneiros tratar da história de escravidão em tempos
modernos com foco sistêmico, ele foi escolhido para ser trabalhado nesta aula. É
importante questionar o porquê que mesmo com o avanço da CLT (Consolidação das
leis trabalhistas) ainda ocorra trabalho escravo no Brasil. Além disso, temos a região
norte e nordeste que têm um número maior de pessoas resgatadas.

Nesta aula, eu...


Nesta aula você aprendeu os conceitos de Mundo do trabalho e capitalismo,
destacando a relação do capitalismo com a globalização e escravidão contemporânea,
conceitos-chave para compreensão da nossa realidade social, pois é importante pensar o
mundo do trabalho dentro do sistema capitalista e suas consequências para a sociedade.
Caro(a) aluno(a), de acordo com os objetivos traçados para essa aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado:
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO
Mundo do Trabalho e capitalismo: você
consegue explicar o que é o "mundo do
trabalho" e sua importância na estruturação
da sociedade?
Pode descrever os principais princípios e
características do sistema capitalista?
Como esse sistema influencia as relações de
trabalho e a organização econômica?

Para saber mais

Apontavam a arma para irmos trabalhar, diz vítima de trabalho escravo em Bento
Gonçalves (RS). Autor: Caroline Saiter.
Fonte: Diário do Centro do Mundo URL: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/apontavam-a-arma-para-irmos-trabalhar-diz-
vitima-de-trabalho-escravo-em-bento-goncalves-rs. Data de publicação: 25 de fevereiro de 2023. Data de acesso: 05 de julho de
2023
133

FOCO NA APRENDIZAGEM SOCIOLOGIA - AULA 06

Objeto do conhecimento da aula:

 Fake News: a Era da Desinformação. Percepção, Persuasão e violência.

Nesta aula, você aprenderá...

 a distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

Conceituando

“Realidades falsas criarão humanos falsos. Ou os humanos falsos irão gerar


realidades falsas e depois vendê-las a outros humanos, transformando-as,
eventualmente, em falsificações de si mesmos. Então acabamos com humanos falsos
inventando realidades falsas e depois vendendo para outros humanos falsos” Philip K.
Dick (1996).
Segundo a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Anna Brisola,
as fake news são sinais distorcidos e desconectados da verdade que dificultam a visão da
verdade ou do estado verdadeiro do mundo. Artigos ou informações com características
de notícias intencionalmente falsas possuem a intenção deliberada de enganar os
leitores. São notícias fabricadas, com características jornalísticas, mas,
antecipadamente, pensadas para a manipulação e descoladas da verdade.
É necessário também diferenciar boatos de fake news. Os boatos nem sempre
começam com uma intencionalidade falsa - podem vir de uma opinião mal interpretada,
de uma verdade mal compreendida ou particionada, de uma crença, etc. Embora tenham
sua parcela de perigo e não possam ser negligenciados, em geral não se revestem de
uma autoridade informativa como no caso das fake news.
Vamos pensar...
“Fake News Mata" é o tema do episódio do "Linha Direta" desta quinta-feira.
O Programa vai mostrar que boatos e falsas notícias podem levar à morte e deixar
um rastro de tragédias.
21/06/2023 - 16h03min Atualizada em 23/06/2023 - 11h10min
Pedro Bial é o apresentador do "Linha Direta" que, nesta semana, traz o tema:
“Fake News Mata"
O programa Linha Direta desta quinta-feira (22/06/2323) aborda um caso que
envolve dois graves problemas sociais no Brasil: a disseminação de notícias falsas, as
conhecidas fake news, e uma de suas mais trágicas consequências, o crime da justiça
com as próprias mãos.
O episódio Fake News Mata aborda a inacreditável história de Fabiane Maria de
Jesus, uma mulher religiosa de 33 anos, casada, mãe de duas meninas, moradora de uma
comunidade em Guarujá, litoral sul de São Paulo. Este foi um dos primeiros casos no
Brasil em que um boato levou à morte de uma inocente e aconteceu após uma série de
coincidências trágicas.
134

Em 2014, Fabiane foi confundida com uma suposta sequestradora de crianças.


Uma bruxa imaginária, criada por uma sequência de notícias falsas e que ganhou ainda
mais repercussão quando foi divulgada por uma página da cidade em uma rede social.
Rapidamente, a notícia com a hipotética foto da criminosa viralizou.
Fabiane, que andava de bicicleta no bairro de Morrinhos, foi apontada como a tal
sequestradora. Ela foi linchada, socada, pisoteada, amarrada e arrastada pelas ruas da
comunidade, mesmo já inconsciente, enquanto uma multidão acompanhava tudo. Até
uma tentativa de queimá-la viva aconteceu naquele dia.
Apesar de os cinco réus condenados pelo crime seguirem presos até hoje, os
responsáveis por divulgar a falsa notícia nas redes sociais não foram punidos. O caso
envolvendo a barbárie contra Fabiane faz parte de uma lamentável estatística brasileira.
Segundo o sociólogo José de Souza Martins, o Brasil é o país recordista mundial em
linchamentos.
Consultado em: 28/06/2023 disponível: https://www.brasildefato.com.br/2019/04/01/neste-1o-de-abril-relembre-nove-fake-news-
que-marcaram-o-cenario-politico-do-brasil

Após a divulgação de Fake News a respeito do perigo de vacinas, o Ministério da


Saúde, no Brasil, divulgou em seu site oficial uma notificação e um número de
Whatsapp para que pessoas enviem as fake news a respeito da área da saúde, para que
eles possam combatê-las. Além disso, quando falamos de saúde podemos nos informar
em diversos sites e livros, comparar informações e validar a fonte, checando quem
foram os autores da notícia em questão antes de tirar qualquer conclusão.
Conversando com o texto

O documentário Dilema das Redes


Exibido na Netflix, O Dilema das Redes é uma obra que abriu um novo nível de
discussão sobre o impacto das redes sociais não só nas nossas vidas pessoais e em como
enxergamos a realidade, mas nos eventos sociais, políticos e econômicos do mundo
inteiro. É uma obra essencial para problematizar a realidade social.
Em o Dilema das Redes, esta reflexão torna-se pertinente, mas vai além ao revelar
que, hoje, o usuário se torna produto, e não somente consumidor. Os clientes são as
outras empresas que investem dinheiro nas redes sociais e pagam para ter todas as
informações sobre o usuário. Não obstante, independentemente de ser considerado
consumidor ou produto, o usuário permanece guiado e disciplinado pela combinação
infalível do algoritmo com o design de interface e com o conteúdo estrategicamente
elaborado, fazendo escolhas pautadas menos na consciência e mais na dependência
emocional do ambiente virtual.
Desdobramentos das fake news e o cyber espaço:
Desinformação,
Suicídio,
Lixamento;
Isolamento;
Medo,
Crises políticas,
Crises econômicas,
Crises de saúde...
Você sabia?
Que o Brasil está prestes a aprovar uma lei que pode mudar a forma como você
usa as redes sociais? O chamado PL das Fake News – Projeto de Lei 2630 – tem como
objetivo combater a desinformação e os discursos de ódio na internet, mas também
levanta questões sobre a liberdade de expressão e a privacidade dos usuários.
135

O que é o Digital Services Act


O DSA (Digital Services Act) é um conjunto de regras que visa criar um ambiente
digital mais seguro e responsável na União Europeia, protegendo os direitos
fundamentais dos usuários e estabelecendo um ambiente competitivo para os negócios.
O DSA se aplica a todos os serviços digitais que conectam consumidores a bens,
serviços ou conteúdos, como provedores de internet, hospedagem de sites, plataformas
online e redes sociais.
ENEM

Questão autoral - Elaborada pelos autores


1. Em uma época marcada pela disseminação rápida de informações nas redes sociais e
na internet, as fakes news se tornaram um desafio significativo. Sobre esse tema,
assinale a alternativa correta:
A. Fake news são notícias verdadeiras que foram alteradas ou manipuladas para causar
impacto emocional no público.
B. As fake news são informações falsas que circulam nas redes sociais e em outros
meios de comunicação, desenvolvidas como se fossem notícias verdadeiras.
C. A disseminação de notícias falsas é exclusivamente um problema de governos e de
grandes empresas, não afetando o público em geral.
D. A era da desinformação teve início apenas recentemente, com o início das redes
sociais e da internet.
E. As fake news são criadas apenas por hackers e pessoas mal-intencionadas, não sendo
disseminadas por pessoas comuns.
2.

Com base na carga acima, que representa a disseminação de notícias falsas na Era da
Desinformação, assinale a alternativa correta sobre o tema:
A. A charge ilustra a importância das redes sociais como fonte confiável de
informações, pois todas as notícias compartilhadas são verificadas antes de serem
publicadas.
B. A acusação evidencia que as notícias falsas são inofensivas e servem apenas para
entreter os usuários das redes sociais.
C. A cobrança critica a falta de responsabilidade de algumas pessoas que guardam
informações sem verificar sua veracidade, confiantes para a disseminação de notícias
falsas.
D. A charge mostra que as fakes news são criadas apenas por hackers e pessoas mal-
intencionadas, não sendo disseminadas por pessoas comuns.
E. A carga retrata a impossibilidade de evitar a disseminação de notícias falsas,
pois a tecnologia atual não permite verificar a veracidade de todas as informações
compartilhadas.
136

Desafie-se

Tema: Fake News: A Era da Desinformação Atividade


Desenvolvimento de Campanha Contra Fake News Duração: 2 aulas (divididas em duas
partes)
Objetivo: proporcionar às/aos alunas/os uma experiência prática na conscientização
sobre os perigos das fake news, promovendo a percepção crítica, o discernimento e o
combate à desinformação.
Parte 1 - Pesquisa e Análise (1 aula)
1. Divida a turma em grupos e explique-lhes que irão realizar uma pesquisa sobre fake
news em diferentes áreas, como política, saúde, ciência, meio ambiente, entre outras.
Cada grupo era responsável por uma área específica.
2. Materiais necessários:
 Acesso à internet
 Projetor ou quadro branco
 Notícias impressas (verdadeiras e falsas)
 Papel e canetas para os alunos
3. Atividade
Introdução (20 minutos)
Apresentação do tema: iniciar uma oficina explicando o conceito de fake news, suas
características e como podem afetar a sociedade.

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
EM
ATIVIDADE CONSTRUÍDO
CONSTRUÇÃO

Aprendi que os efeitos da fake news podem


ser devastadores para a humanidade,
fazendo com que as pessoas tomem
decisões erradas e equivocadas em
determinados momentos e podendo levar à
morte.
O termo fake news começou a ser utilizado
nas eleições de 2016 nos Estados Unidos,
em que Donald Trump foi eleito. Na época,
algumas empresas especializadas
identificaram uma série de sites com
conteúdo sensacionalistas, envolvendo a
adversária de Trump, Hillary Clinton.
Desde então, o termo se popularizou e se
tornou uma das palavras mais utilizadas nos
veículos de comunicação. Assim, fake news
não se refere apenas a uma notícia
mentirosa, mas que também se torna viral, é
137

caracterizada pela desinformação e o


exagero, e é tida como uma verdade nas
redes sociais.

Para saber mais

O documentário: “Democracia em vertigem” da cineasta Petra Costa. Trás esse debate


das fake News nas eleições brasileiras.

PL das Fake News – Projeto de Lei 2630

Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=AbzFNJSN3VM
138

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. Campinas, Boitempo, 2000. 3ª edição.


BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Capítulo III - da Educação Profissional. Diário Oficial da União,
Brasília, 23 dez. 1996.
BUENO, W. C. B. Jornalismo científico: revisitando o conceito. In: VICTOR, C.;
CALDAS, G.; BORTOLIERO, S. (org.). Jornalismo científico e desenvolvimento
sustentável São Paulo: All Print, 2009. p. 157-78.
CACHAPUZ, A.; GIL-PEREZ, D.; CARVALHO, A. M. P.; PRAIA, J.; VILCHES, A.
A necessária renovação do ensino das ciências. São Paulo: Cortez, 2005.
CUNHA, R. B. Alfabetização científica ou letramento científico?: interesses
envolvidos nas interpretações da noção de scientificliteracy. Revista Brasileira
de Educação, Rio de Janeiro, v. 22, n. 68, p. 169-186, mar. 2017. DOI:
https://doi.org/10.1590/S1413-24782017226809.
D’ANCONA, Matthew. Pós-verdade: A Nova Guerra Contra os Fatos em Tempos de
Fake News. Faro Editorial, 2018.
BUENO, W. C. B. Jornalismo científico: revisitando o conceito. In: VICTOR, C.;
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Canclini, N. G. (2012). Culturas Híbridas. Estrategias para entrar y salir de la
modernidad. Buenos Aires, Argentina: Paidós. [ Links ]
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DAVISON, W. P. The third-personeffect in communication. Public Opinion Quarterly,
Chicago, 47, n. 1, p. 1-15, 1983. DOI: https://doi.org/10.1086/268763
Bourdieu, P. Um mundo norte-americano. A nova bíblia de Tio Sam. Jornal Le Monde,
Dossier: 1 de maio de 2000. Disponível em:
https://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=271. Acesso em: 21/05/2014 [ Links ]
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DURKHEIM, Emile. Da divisão do trabalho social.São Paulo: Pioneira, 1907.
DURKHEIM, Emile. Da divisão do trabalho social . São Paulo: Pioneira,1893.
FIGARO, R. O mundo do trabalho e as organizações: abordagens discursivas de
diferentes significados.
Johnson, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica /
Allan G. Johnson; tradução, Ruy Jungmann; consultoria, Renato Lessa. — Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997
LUKÄCS, G. As bases ontológicas do pensamento e da atividade do homem. Temas de
Ciências Humanas. São Paulo, n. 4, p. 1-5, 1978.
Lyotard, Jean-François. A condição pós-moderna, Ed Olympio. São Paulo. 1979
139

Neve, Débora Maria Ribeiro Trabalho escravo e aliciamentos.- São Paulo:LTr,2012.


NOGUEIRA, M.A. Modernidade e pós-modernidade: em busca do sentido da vida
atual.Doi:10.5212/Emancipacao.v.12i1.0001.2010.Disponível em
https://alsafi.ead.unesp.br/bitstream/handle/11449/124580/ISSN1982-7814-2012-12-01-
09-19.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 21/07/2023
RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "As relações de trabalho e a sociedade"; Brasil
Escola.2020 Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-trabalho-
futuro.htm. Acesso em 31 de julho de 2023.
SANTOS, E. de O. (2013). Segregação ou fragmentação socioespacial? Novos padrões
de estruturação das metrópoles latino-americanas. Geotextos. Fortaleza, v. 9, n. 1, pp.
41-70. GABARITO
SOUZA, Reivan Marinho. Controle capitalista e reestruturação produtiva: O programa
brasileiro da qualidade e produtividade. Maceió, Edufal, 2011.
VILLAÇA, F. (2001). Espaço intraurbano no Brasil. São Paulo, Studio Nobel.
WEBER, Max.A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira,
1967."Se reclamasse, era espancado", diz baiano vítima de trabalho análogo à
escravidão em vinícola no RS, Fonte: G1 BahiaURL:
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2023/02/25/se-reclamasse-era-espancado-diz-
baiano-vitima-de-trabalho-analogo-a-escravidao-em-vinicola-no-rs.ghtml. Data de
publicação: 25 de fevereiro de 2023Data de acesso: 05 de julho de 2023
140

GABARITO

Aula 01

ENEM: D - B -A - C - C - A

Aula 02

ENEM: B -A

Aula 03

ENEM: B

Aula 04

ENEM: D - B

Aula 05

ENEM: E - D - B

Aula 06

ENEM: B
141
142

Proposta Pedagógica Geografia


Olá, prezada(o) aluna(o)!
É com grande empolgação que apresentamos a Proposta Pedagógica do Material
Didático Estruturado (MDE) de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, agora voltado
para o componente de Geografia.
Este MDE foi cuidadosamente elaborado para que você possa explorar e
aprofundar seus conhecimentos no campo da Geografia, uma disciplina que nos permite
compreender o mundo em suas dimensões espaciais e sociais. Nosso objetivo é instigar
sua mente e ampliar sua compreensão por meio do uso de recursos tecnológicos,
metodologias ativas e materiais de estudo inovadores. Convidamos você a se juntar a
nós nessa empolgante jornada educacional, que busca promover sua autonomia no
aprendizado e a recomposição de saberes. O material foi desenvolvido por educadores
que estão ativamente envolvidos na sala de aula, proporcionando um entendimento
direto das demandas e desafios do ambiente escolar.
A estrutura do MDE de Geografia é composta por 6 aulas, cada uma delas com
seções padronizadas. Começamos com a seção "Nesta aula, você aprenderá...", que
descreve as habilidades e descritores que serão explorados. Em seguida, na seção
"CONCEITUANDO", você encontrará um texto contextualizado e atualizado sobre o
objeto de estudo.
Na seção "CONVERSANDO COM O TEXTO", apresentamos leituras ou
questões que buscam estimular seu pensamento crítico e sua compreensão espacial. A
seção "ENEM" traz questões selecionadas de exames anteriores, oferecendo uma
perspectiva mais abrangente dos temas. A atividade desafiadora "Explorador do
Espaço" visa expandir seus horizontes e desenvolver suas habilidades geográficas. Na
seção "NESTA AULA, EU…", você poderá refletir sobre o conhecimento adquirido.
"PARA SABER MAIS" traz links ou QRCodes para curiosidades, informações
adicionais, sugestões de leituras e materiais complementares. Ao final, "Referências"
lista as fontes que fundamentaram a elaboração deste material.
Este guia pedagógico não apenas aprimora sua compreensão em Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas, especialmente em Geografia, mas também contextualiza
o conhecimento em um cenário mais amplo. Nossa orientação pedagógica visa
enriquecer as práticas educativas, facilitar o processo de ensino-aprendizagem e
contribuir para uma formação abrangente.
Desejamos a você uma jornada de estudos gratificante e repleta de descobertas
enriquecedoras!
Com entusiasmo,
Equipe de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Geografia – Foco na Aprendizagem
2023
143

FOCO NA APRENDIZAGEM GEOGRAFIA - AULA 01

Objeto do conhecimento da aula:

 Cartografia Básica: Orientação e Fusos Horários

Nesta aula, você aprenderá...

 a reconhecer as diferentes formas de orientação/localização.


 a resolver situações envolvendo cálculos de fusos horários.
 a localizar informações explícitas em um texto.
Conceituando

Formas de Orientação e Localização


Um dos aspectos mais importantes para utilização eficaz e satisfatória de um
mapa diz respeito ao sistema de orientação empregado por ele (Fitz, 2008).
A orientação é feita por meio dos pontos cardeais, que são os pontos de referência.
Historicamente, por conta da extensão da superfície terrestre e aumento da circulação de
pessoas e mercadorias, surgiu a necessidade de posicionar corretamente as localidades e
traçar rotas a seguir. Daí resultaram os diversos meios de orientação. Em um primeiro
momento, a astronomia essa orientação era feita pelos astros, depois vieram a bússola e
o astrolábio, até chegarmos, atualmente, aos rádios, radares e GPS. Graficamente, esse
sistema de orientação é feito por meio da rosa dos ventos (Figura 1). Nesse sistema de
orientação, o norte e o sul são posicionados sobre qualquer meridiano e a orientação
leste e oeste posicionados sobre qualquer paralelo (SPUGeo, 2020).

Figura 1. Rosa dos Ventos e Tipos de GPS.Fonte: SPUGeo(2020).

Orientação pelo Sol: Esse é um dos métodos mais antigos adotados pelo homem. Ela é
feita de acordo com o movimento aparente do Sol, isto é, devido ao movimento de
rotação exercido pela Terra. Para orientar-se pelo Sol, basta posicionar-se com a mão
direita estendida para o nascente, onde se tem o leste. A mão esquerda indica o oeste, à
frente da pessoa é o norte e suas costas, o sul. O norte e o sul apontam na direção dos
polos terrestres; o leste e o oeste apontam para o lado do nascer e pôr do sol (Figura 2).
Deve-se destacar que, o leste e o oeste não apontam sempre para o ponto onde o sol
nasce ou se põe e, sim, para o lado do nascente ou lado do poente. Durante o ano, o sol
nasce em pontos diferentes do lado do nascente e se põe em pontos diferentes do poente.
Por isso, não podemos dizer que o sol nasce sempre no leste e se põe no oeste.
Dependendo da época do ano, a diferença entre o nascente (ponto onde o sol nasceu) e o
leste verdadeiro é grande. Portanto, o sol nasce no lado leste de onde estamos e não no
144

ponto cardeal leste, o mesmo acontece com o sol que se põe no lado oeste e não no
ponto cardeal oeste (SPUGeo, 2020).

Figura 2: Orientação pelo Sol.Fonte: GEODEM (2004).

Orientação pela bússola: A bússola é um objeto utilizado, há muitos anos, para


orientação geográfica. O funcionamento da bússola está baseado no princípio físico do
magnetismo terrestre. A bússola apresenta uma agulha imantada que aponta sempre para
o polo norte magnético. O norte magnético (NM) da Terra não coincide exatamente com
o polo norte da Terra – norte geográfico (NG), definido pelos meridianos. A diferença
existente entre o NM e o NG é chamada de declinação magnética e está indicada nas
folhas topográficas. Esta, por sua vez, não é fixa, varia anualmente (SPUGeo, 2020).
Os Fusos Horários
Por muitos séculos, a contagem das horas era realizada a partir da observação do
movimento diário aparente do Sol no céu, principalmente pelo uso de relógios de Sol,
porém isso levava ao problema da determinação da hora do meio-dia, que é associada à
passagem do Sol pelo meridiano local, e, portanto, variava de uma cidade para outra. Os
viajantes acertavam os relógios toda vez que chegavam a uma nova localidade. A
delimitação e a aplicação dos fusos horários retificaram parcialmente essas
discrepâncias. Os relógios de um mesmo fuso horário devem seguir o mesmo tempo
solar médio (Sobreira, 2012).
Na história da Cartografia e dos mapas, constam inúmeros meridianos de
referência para o ponto inicial da longitude. O primeiro meridiano de origem foi
supostamente estabelecido por Ptolomeu no século II, quando escolheu as Ilhas
Afortunadas (hoje Ilhas Canárias) como referência longitudinal e limite do mundo
conhecido. Além dos meridianos universais, muitos países tinham os seus meridianos
“caseiros”. Assim surgiram os primeiros meridianos de Londres, Lisboa, Madri, Paris,
Filadélfia e Washington. Até o Brasil usava seu próprio meridiano fixado no
observatório do Castelo, no Rio de Janeiro, paralelamente ao meridiano da Ilha do
Ferro, nas Ilhas Canárias. A existência paralela de diferentes meridianos tornou a
navegação confusa, porque exigia a conversão das longitudes de um sistema de
referência para outro (Seemann, 2013).
A definição de um sistema mundial da Hora Legal, com um marco inicial para
contagem das horas, tornou-se urgente em virtude da diminuição dos intervalos de
tempo entre as viagens, que se tornaram mais rápidas, com o uso de ferrovias no século
XIX (Sobreira, 2012). Em 1871, por ocasião do Primeiro Congresso Internacional de
Geografia em Antuérpia na Bélgica, foi recomendada a adoção do Observatório de
Greenwich como meridiano zero para todas as longitudes e todas as cartas marítimas
para os próximos quinze anos (Seemann, 2013).
Assim, a escolha do Meridiano de Greenwich, passando pelo Observatório de
Greenwich no Reino Unido, se deu a partir de 1 de outubro de 1884, na Conferência
Internacional do Meridiano, em Washington – D.C., nos Estados Unidos da América,
ocasião em que tal decisão foi apoiada por representantes de 26 países. A partir disso, a
145

grafia dos fusos horários utilizou o GMT (Greenwich Mean Time ou Hora Média de
Greenwich), que é baseado na rotação da Terra em torno do eixo. A partir das
verificações das irregularidades no período de rotação terrestre, em 1971, a União
Astronômica Internacional sugeriu a criação do UTC (Tempo Universal Coordenado) e
este é derivado do Tempo Atômico Internacional, que corrige as pequenas discrepâncias
do GMT, da ordem de milésimos, centésimos e décimos de segundos. O GMT foi
utilizado até 1986, quando o Bureau Internacional de Pesos e Medidas introduziu o uso
oficial do UTC(Sobreira, 2012).
Assim, os fusos horários podem ser definidos como as zonas delimitadas por dois
meridianos consecutivos da superfície terrestre, cuja Hora Legal, por convenção, é a
mesma. A definição de fusos horários parte de uma premissa física bem definida(Fitz,
2008).
 Esfera terrestre com 360º
 Movimento de rotação da Terra com duração de 24h;
Então: 360º/24h=15º, ou seja, cada um dos 24 fusos horários terá 15º de amplitude.
Os fusos horários estão referidos ao Meridiano de Greenwich ou ao Meridiano
Internacional de Origem (meridiano que passa sobre o antigo Observatório Real de
Greenwich, a leste de Londres), cujo fuso é de 0º, e a seu antimeridiano, a 180º deste,
sobre o qual se localiza a Linha Internacional de Data. Os fusos são numerados de 1 a
12, a partir do meridiano de origem, com sinal positivo para leste, quando as horas são
adiantadas em relação à origem, e sinal negativo para oeste, quando as horas estão
atrasadas em relação à Greenwich(Figura 3). Como cada um dos 24 fusos possui
amplitude de 15º, tem-se que, por exemplo, o primeiro fuso de 0º de longitude, sobre o
meridiano de Greenwich, terá de 7º30’ na direção leste e 7º30’ na direção oeste. Sendo
assim, sempre se deverá considerar, para efeito de 7º30’ para cada lado do meridiano
considerado (Fitz, 2008).
Como o movimento de rotação terrestre ocorre de oeste para leste e,
consequentemente, as localidades situadas a leste são as primeiras a receberem os raios
solares, determinou-se que os fusos horários a leste do Meridiano de Greenwich seriam
positivos e aqueles localizados a oeste da linha imaginária seriam negativos (Vilas boas,
2022).

Figura3. Fuso horário civil. Fonte: IBGE (2018).

O conceito de Hora Legal ou Hora Oficial, ou seja, o intervalo de tempo


considerado por um país como igual para um determinado fuso, refere-se a uma zona
demarcada politicamente por uma nação, variando de país para país, ou mesmo dentro
do próprio território que o delimita. Outro horário largamente utilizado é o Horário de
Verão, também conhecido como Horário de Aproveitamento da Luz Diurna, adotado há
146

bastante tempo em diversos países. Essa forma de interferir nos horários ditos
“normais” trata do melhor aproveitamento da luz solar no período de verão, pelo
simples adiantamento, normalmente de uma hora, o que possibilita uma redução
significativa no consumo da energia elétrica (FITZ, 2008).

Conversando com o texto

Brasil teve preparação especial para lidar com diferença de fuso horário na Copa
Atletas brasileiras tiveram um acompanhamento especial a fim de minimizar os
impactos do chamado 'jet lag'
Parte importante da preparação da seleção brasileira feminina antes da estreia na
Copa do Mundo contra o Panamá, na segunda-feira (24), em Adelaide, na Austrália, foi
a adaptação ao fuso horário. A partida está marcada para às 21h (horário local), 13 horas
à frente do horário oficial de Brasília. Por aqui, portanto, o confronto terá início às 8h.
Ao longo da primeira semana de treinos em Brisbane, as atletas brasileiras tiveram um
acompanhamento especial, feito pelo departamento de saúde e performance da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol), a fim de minimizar os impactos do chamado "jet
lag", aquele desconforto que pode aparecer quando alguém faz uma viagem mais longa,
com grande mudança de fuso horário. Em relação ao horário de Brasília, elas poderão
experimentar horários com diferenças de 11h, 12h30 e 13h em partidas na Austrália e
15 horas à frente na Nova Zelândia.
Assim como o Brasil, com quatro horários diferentes (Fernando de Noronha,
Brasília, Acre e Amazônia), na Austrália também há divisões. Por lá, são três fusos:
Ocidental (+ 11h), Central (+ 12h30) e Oriental (+ 13h) --, diferenças em relação ao
horário oficial de Brasília. Já na Nova Zelândia, há somente um horário oficial, com
uma diferença de 15 horas para a capital federal brasileira.
Além da comissão técnica brasileira, outros países também buscaram soluções
para amenizar o impacto da viagem à Oceania. As atletas da Inglaterra, por exemplo,
usaram um óculos curioso, desenvolvido com o objetivo de aplacar a sonolência,
cansaço e indisposição causados pelo "jet lag". O modelo possui duas lentes diferentes,
com filtros de luz azul e vermelho. A ideia é usar o vermelho perto da hora de dormir e
o azul quando for um momento de ficar mais alerta. De acordo com a fabricante dos
óculos, a empresa holandesa Propeaq, o objetivo é balancear a produção de hormônios
como cortisol e melatonina a partir da exposição das cores que tentam reproduzir os
efeitos da luz solar em determinados momentos do dia.
Fonte: https://www.otempo.com.br/sports/futebol-internacional/brasil-teve-preparacao-especial-para-lidar-com-diferenca-de-fuso-
horario-na-copa-1.3081296

A partir da leitura e debate sobre o texto, escrevam um breve texto dissertativo


sobre a relação do movimento de rotação da Terra, os fusos horários e a adaptação do
corpo humano ao percorrer longas distâncias numa viagem.

ENEM

(Enem 2021)
“Devo estar chegando perto do centro da Terra. Deixe ver: deve ter sido mais de
seis mil quilômetros, por ai...” (como se vê, Alice tinha aprendido uma porção de coisas
desse tipo na escola, e embora essa não fosse uma oportunidade lá muito boa de
demonstrar conhecimentos, já que não havia ninguém por perto para escutá-la, em todo
caso era bom praticar um pouco) “... sim, deve ser mais ou menos essa a distância... mas
147

então qual seria a latitude ou longitude em que estou?” (Alice não tinha a menor ideia
do que fosse latitude ou longitude, mas achou que eram palavras muito imponentes).
CARROLL. L. Aventuras de Alice: no País das Maravilhas. Através do Espelho e outros textos. São Paulo Summua. I960. O texto
descreve uma confusão da personagem em relação:

A. ao tipo de projeção cartográfica.


B. aos contornos dos fusos horários.
C. à localização do norte magnético.
D. aos referenciais de posição relativa.
E. às distorções das formas continentais.
(Enem 2014)
Um executivo sempre viaja entre as cidades A e B, que estão localizadas em fusos
horários distintos. O tempo de duração da viagem de avião entre as duas cidades é de 6
horas. Ele sempre pega um voo que sai de A às 15h e chega à cidade B às 18h
(respectivos horários locais). Certo dia, ao chegar à cidade B, soube que precisava estar
de volta à cidade A, no máximo, até às 13h do dia seguinte (horário local de A).
Para que o executivo chegue à cidade A no horário correto e admitindo que não
haja atrasos, ele deve pegar um voo saindo da cidade B, em horário local de B, no
máximo à(s)
A. 16h
B. 10h
C. 7h
D. 4h
E. 1h

Desafie-se

Volta ao Mundo em 80 Dias é considerada a obra-prima de Júlio Verne.


Publicada em 1873, o livro conta a história de Phileas Fogg, um inglês de rotina
metódica, que aceita o desafio de seus companheiros do Reform Club de dar a “volta
ao mundo” em apenas 80 dias. As obras de Júlio Verne (1828- 1905), escritor francês,
estão recheadas de histórias sobre grandes viagens, deslocamentos impensáveis,
descrições de lugares fantásticos e exploração de novas terras.
Leiam o livro citado acima e se dividam em pequenos grupos. Juntos, preparem
cartões para jogos da memória com informações importantes para um viajante com o
seguinte roteiro (Porto, 2011).
Passo a passo
- Consultar mapas com horários de localidades em que o personagem passou. Em
seguida, cada grupo vai escolher localidades situadas em diferentes países e
continentes.
148

- Cada localidade vai receber um par de cartões, com informações básicas. Entre as
informações básicas deverão constar:
 nome da cidade e do país.
 número de horas adiantadas ou atrasadas da localidade em relação a Greenwich
ou, se o grupo preferir, em relação ao fuso horário de Brasília, a capital do Brasil;
Tempo de viagem, diferenças de fuso horário e distância em quilômetros entre as
localidades escolhidas pelo grupo e a cidade de Brasília.
- Calcular hora de partida e hora de chegada entre Brasília e as localidades escolhidas.
- Ao final, façam um debate sobre a relação entre a viagem realizada pelo personagem
e as mudanças dos meios de transporte e comunicação da atualidade.

Nesta aula, eu...

ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO

Reconheci as diferentes formas de


orientação/localização a partir da utilização
de pontos cardeais e bússola.

Resolvi situações envolvendo cálculos de


fusos horários.

Para saber mais

Sobre Introdução à Cartografia:


https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/patrimonio-da-uniao/arquivos-anteriores-
privados/programa-de modernizacao/linha-do-tempo/30-introducao-a-cartografia-
apostila.pdf
Sobre Cartografia e Coordenadas Geográficas:
https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/coordenadas-
geogra-ficas.html
Sobre Orientação Cartográfica:
https://educa.ibge.gov.br/professores/blog/21089-orientacao-geografica.html
Sobre como utilizar a bússola:
https://memoria.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2015/12/aprenda-usar-bussola
Sobre o mapa de Fusos Horários Mundiais:
https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_fuso_hor%C3%A1ri
o_civil.pdf
Sobre Fusos Horários (vídeo):
https://www.youtube.com/watch?v=8d0bwHhqhCg
Sobre Movimentos da Terra e Fusos Horários (vídeo)
https://www.youtube.com/watch?v=HcR1FpHzsyA
Sobre Jogos de Fusos Horários:
https://wordwall.net/pt-br/community/fusos-hor%C3%A1rios-do-brasil
Sobre o Livro: Volta ao Mundo em 80 dias de Júlio Verne:
https://memoria.ebc.com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms/files/a_volta_ao_mundo_e
m_80_dias_-_julio_verne.pdf
149

FOCO NA APRENDIZAGEM GEOGRAFIA - AULA 02

Objeto do conhecimento da aula:

 Dinâmica Climática
Nesta aula, você aprenderá...

 a reconhecer o conceito de atmosfera e sua importância para a dinâmica climática


 a diferenciar clima e tempo atmosférico.
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas,
quadrinhos, fotos, etc.).
 a reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo
fato ou ao mesmo tema.
Conceituando
Atmosfera e Dinâmica Climática
Conhecer a atmosfera do planeta Terra é uma das aspirações perseguidas pela
humanidade desde os tempos mais remotos. A partir do momento em que a humanidade
tomou consciência da interdependência das condições climáticas e daquelas resultantes
de sua deliberada intervenção no meio natural, como necessidade para o
desenvolvimento social, passou-se a produzir e registrar o conhecimento sobre os
componentes da natureza (Mendonça; Danni-Oliveira, 2007).
Desvendar a dinâmica dos fenômenos naturais, entre eles, o comportamento da
atmosfera, foi necessário para que os grupos sociais superassem a condição de meros
indivíduos sujeitos às intempéries naturais e atingissem não somente a compreensão do
funcionamento de alguns fenômenos, mas também a condição de utilizadores e de
manipuladores desses fenômenos em diferentes escalas (Mendonça; Danni-Oliveira,
2007).
A atmosfera pode ser descrita como uma camada fina de gases, sem cheiro, cor ou
gosto, presa à Terra pela força da gravidade. Compreende uma mistura mecânica estável
de gases, sendo que os mais importantes são o nitrogênio, o oxigênio, o argônio, o
dióxido de carbono, o ozônio e o vapor d’água (Ayoade, 2003). O padrão vertical da
atmosfera é complexo e formado por uma intercalação de camadas quentes e frias. A
camada mais baixa da atmosfera é chamada troposfera, contém cerca de 90% de gases
de toda a atmosfera e, praticamente, a totalidade do vapor d’água. E é em função da
presença do vapor d’água que esta é considerada a camada da atmosfera que estabelece
as condições de tempo, sendo de importância direta a humanidade e a outros seres vivos
(Steinke, 2012).

Estrutura da Atmosfera. Fonte: Ayoade (2003).


150

Clima e Tempo Atmosférico


Na ciência da atmosfera, usualmente, é feita uma distinção entre tempo e clima e
entre climatologia e meteorologia. Tempo (weather) pode ser definido como o estado
médio da atmosfera numa dada porção de tempo e em determinado lugar (Ayoade,
2003). É o estado momentâneo da atmosfera em um dado instante e lugar. Entende-se
por estado da atmosfera o conjunto de atributos que a caracterizam naquele momento,
tais como radiação (insolação), temperatura, umidade (precipitação, nebulosidade etc.) e
pressão (ventos etc.) (Mendonça; Danni-Oliveira, 2007).
Por outro lado, Clima é a síntese do tempo num dado lugar durante um período de
aproximadamente 30-35 anos. Refere-se às características da atmosfera, inferidas de
observações contínuas durante um longo período (Ayoade, 2003).
Voltada ao estudo da espacialização dos elementos e fenômenos atmosféricos e de
sua evolução, a Climatologia integra-se como uma subdivisão da Meteorologia e da
Geografia. Compõe o campo das ciências humanas e estuda o espaço geográfico a partir
da interação da sociedade com a natureza. Assim, os estudos em Climatologia são
estruturados a fim de evidenciar os elementos climáticos e os fatores geográficos do
clima. Os elementos do clima são três: temperatura, umidade e a pressão atmosférica.
Esses elementos, em suas diferentes manifestações, variam espacial e temporalmente
pela influência dos fatores geográficos do clima, que são: latitude, altitude,
maritimidade, continentalidade, a vegetação e as atividades humanas (Mendonça;
Danni-Oliveira, 2007).
Conversando com o texto

Texto 1
Aquecimento global pode agravar produção mundial de alimentos
Glauco Arbix alerta que eventos climáticos extremos atingem especialmente países com população altamente vulnerável,
aumentando a fome e a desigualdade no mundo Publicado: 01/08/2023

Na coluna desta semana, o professor Glauco Arbix comenta a questão do clima no


mundo. Segundo ele, nós estamos vivendo uma ocorrência cada vez maior daquilo que
se chama de eventos climáticos extremos. O professor lembra que, no mês de fevereiro,
as chuvas registradas no Litoral Norte de São Paulo foram “as piores já registradas no
Brasil, causando devastação, deslizamentos e 65 mortes”. Da mesma forma, menciona
que, há poucos dias, os Estados do Sul e do Sudeste enfrentaram os efeitos de um
ciclone extratropical com ventos de mais de 100 km/h, que deixaram pessoas
desabrigadas, sem energia, transtornos nos aeroportos, nas rodovias, na agricultura.
Arbix explica que esse cenário descrito é “cada vez mais comum no Brasil e no mundo,
são chamados eventos climáticos extremos, períodos prolongados de seca, chuva em
regiões específicas, ondas de frio etc. Eles, na verdade, causam estragos
simultaneamente em várias partes do mundo: aqui no Brasil, na Austrália, nos Estados
Unidos, na Argentina, na Índia”.
Embora alguns neguem, o professor explica que tudo tem a ver com o
aquecimento global e agora estamos chegando numa situação bastante crítica. “É que
essa variação do tempo provoca, além de doenças, uma asfixia da produção mundial de
alimentos, trazendo maior insegurança alimentar para o mundo”, alerta Arbix,
destacando que embora os impactos atinjam a todos, os mais negativos são para os
países emergentes, “como nós, que temos populações altamente vulneráveis”.
Fonte:https://jornal.usp.br/radio-usp/aquecimento-global-pode-agravar-producao-mundial-de-alimentos/#
151

Texto 2
Secretário-Geral da ONU afirma que planeta chegou na “era da ebulição global”
António Guterres alerta para ar 'irrespirável' e temperaturas 'insuportáveis' que estão por vir. 27/07/2023 13h02

Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (27), o secretário-geral da


Organização das Nações Unidas (ONU) abordou as temperaturas extremas enfrentadas
pelo hemisfério norte no verão de 2023. De acordo com António Guterres, existem
evidências científicas de que o mês de julho é o mais quente já registrado, consequência
direta do aquecimento global.
“A era do aquecimento global acabou. A era da ebulição global chegou”, disse
Guterres aos jornalistas presentes. “A consequências são claras e trágicas: crianças
sendo levadas por enchentes, famílias fugindo de incêndios, trabalhadores desmaiando
no calor escaldante.”
Apesar do cenário de catástrofe, Guterres acredita que a situação é reversível, caso
atitudes sejam tomadas com urgência. “Ainda é possível limitar o aumento da
temperatura global a 1,5ºC e evitar o pior, mas apenas com ações drásticas e imediatas”.
O Secretário-Geral pediu aos países em desenvolvimento que mantenham suas
promessas sobre o financiamento climático internacional e que o exemplo deve vir dos
membros do G20, ao liderarem o compromisso com cortes nas emissões de gases do
efeito estufa na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023.
Fonte:https://cultura.uol.com.br/noticias/60332_secretario-geral-da-onu-afirma-que-chegamos-na-era-da-ebulicao-global.html

A partir da leitura dos textos, reflitam sobre o tema e produzam um texto


argumentativo sobre a relação entre o Aquecimento Global e Segurança alimentar no
Brasil.
ENEM

Enem (2016) O processo ambiental ao qual a charge faz referência tende a se agravar
em função do(a)
A. expansão gradual das áreas de desertificação.
B. aumento acelerado do nível médio dos oceanos.
C. controle eficaz da emissão antrópica de gases poluentes.
D. crescimento paulatino do uso de fontes energéticas alternativas.
E. dissenso político entre países componentes de acordos climáticos internacionais.

Desafie-se

Fonte: http://www.leg.uefs.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=38
152

 Analisem a charge acima e organizem um debate sobre o tema Clima e Tempo:


entendendo os conceitos a favor da sustentabilidade mundial.

Fonte: IPECE(2020)

O mapa acima apresenta os diferentes tipos climáticos do Estado do Ceará.


Analisem o mapa e, em grupo, discutam sobre os principais fatores geográficos que
influenciam na diferença de climas no Estado.
Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO
Aprendi a reconhecer o conceito de
atmosfera e sua importância para a
dinâmica climática, a partir da leitura de
textos e gráficos
Entendi a diferença entre clima e tempo
atmosférico ao analisar as mudanças
ambientais ocasionadas pelas
intervenções sociais.
Analisei os diferentes fatores geográficos
que influenciam na diferenciação dos
tipos de clima do Estado do Ceará.
Para saber mais

Sobre Movimentos da Atmosfera - Canal Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -


INPE https://www.youtube.com/@CCSTvideosWeb
Sobre a diferença entre clima e tempo atmosférico
https://www.climatempo.com.br/noticia/2021/12/01/entenda-a-diferenca-entre-clima-e-
tempo-3130
153

Sobre clima e tempo atmosférico (Instituto Nacional de Meteorologia)


https://www.youtube.com/watch?v=JzxkK0X-Se8
Sobre o Instituto Nacional de Meteorologia
https://www.youtube.com/@INMETOFICIAL
Sobre as mudanças climáticas https://brasil.un.org/pt-br/175180-o-que-s%C3%A3o-
mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas
Sobre as mudanças climáticas e a sociedade https://www.climaesociedade.iag.usp.br/
154

FOCO NA APRENDIZAGEM GEOGRAFIA - AULA 03

Objeto do conhecimento da aula:

 Biomas
Nesta aula, você aprenderá...

● a identificar os biomas mundiais a partir de suas características (localização, flora


e fauna).
● a identificar os biomas brasileiros a partir de suas características (localização,
flora e fauna).
● a compreender a relação entre clima e formação vegetal.
● a localizar informações explícitas em um texto.
● a reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo
fato ou ao mesmo tema.
Conceituando

Biomas Mundiais
O clima, a topografia e o solo – e as influências análogas nos ambientes aquáticos
– determinam o caráter de mudança da vida animal e vegetal, assim como o
funcionamento dos ecossistemas sobre a superfície da Terra. Embora não haja lugares
que hospedem exatamente o mesmo conjunto de espécies, podemos agrupar as
comunidades biológicas e os ecossistemas em categorias, baseado no clima e na forma
de vegetação dominante, o que dá a eles seu caráter geral. Essas categorias são
chamadas biomas (Ricklefs, 2012).
O bioma constitui, portanto, um conceito que incorpora o conjunto característico
de animais de uma dada zona climática ao conceito de formação vegetal, embora este
continue a ser prevalente sobre aquele no processo de delimitação dos biomas (Figueró,
2015). É uma comunidade ecológica regional importante de vegetais e animais com um
nível de organização entre a paisagem e a ecosfera (Odum; Barrette, 2011).
Podemos classificar os ecossistemas em biomas porque o clima, junto com outras
influências, determina as formas de crescimento vegetal mais adequadas a uma área e
porque as plantas com formas específicas de crescimento são restritas a determinados
climas. Estes princípios estabelecem a relação íntima entre o clima e a vegetação. As
distribuições geográficas de plantas são determinadas primordialmente pelo clima. Cada
região climática tem tipos característicos de vegetação que diferem em forma de
crescimento (Ricklefs, 2012).
As zonas climáticas e os biomas são agrupados nas latitudes tropicais, temperada,
boreal e polar. As adaptações de plantas aos diferentes intervalos de temperatura
distinguem os tipos de vegetação de cada uma destas faixas latitudinais (Figura 1).
Dentro de cada uma delas, a sazonalidade da precipitação e fatores adicionais, como os
incêndios, diferenciam ainda mais os biomas terrestres (Ricklefs, 2012).
Em latitudes altas, encontram-se a Floresta Boreal, normalmente consistindo em
árvores aciculadas com folhagem perene sobre solos pobres em nutrientes e ácidos, e a
Tundra, um bioma sem árvores que se desenvolve sobre solos permanentemente
congelados ou permafrost.
155

Nas latitudes temperadas, os grandes biomas são a Floresta Sazonal Temperada, a


Floresta Pluvial Temperada e o Campo Temperado/Deserto. O bioma de bosque/arbusto
é encontrado nas latitudes mais baixas em áreas com um clima mediterrâneo. Os
desertos subtropicais situam-se entre as latitudes temperadas e tropicais.
As latitudes tropicais são dominadas por Floresta Pluvial Tropical e a Floresta
Sazonal Tropical, que vai desde a floresta decídua até a floresta espinhosa, à medida que
a aridez aumenta, e as vezes até a Savana, que é um campo com árvores esparsas,
mantidas sob a pressão do incêndio e da pastagem.

Figura 1: Distribuição Global do Grandes Biomas. Fonte: Ricklefs (2012).

Biomas Brasileiros
Em nosso país, podemos encontrar seis tipos de biomas: Amazônia, Mata
Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal(Figura 2). Nossos biomas são
importantes não somente como recursos naturais em nosso país, mas tem destaque como
ambientes de grande riqueza natural no planeta (IBGE, 2023).
A Floresta Amazônica é considerada a maior diversidade de reserva biológica do
planeta, com indicações de que abriga, ao menos, metade de todas as espécies vivas do
planeta.

O bioma Mata Atlântica ocupa aproximadamente 13% do território brasileiro. Por


se localizar na região litorânea, ocupada por mais de 50% da população brasileira, é o
bioma mais ameaçado do Brasil. Apenas 27% de sua cobertura -florestal original ainda
está preservada.
O bioma Cerrado ocorre principalmente no Planalto Central Brasileiro e ocupa
aproximadamente 24% do território brasileiro. O Cerrado é reconhecido como a Savana
mais rica do mundo em biodiversidade. Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-
se quase inalterados. A partir da década de 1960, com a transferência da Capital
Federal, do Rio de Janeiro para Brasília, e a abertura de uma nova rede rodoviária, a
cobertura vegetal natural deu lugar à pecuária e à agricultura intensiva.
156

Distribuição dos Biomas brasileiros. Fonte: IBGE.

O bioma Caatinga ocupa uma área aproximada de 10% do Território Nacional.


Embora esteja localizado em área de clima semi-árido, apresenta grande variedade de
paisagens, relativa riqueza biológica e espécies que só ocorrem nesse bioma. Os tipos de
vegetação desse bioma encontram-se bastante alterados, com a substituição de espécies
vegetais nativas por pastagens e agricultura. O desmatamento e as queimadas são
práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária. Essa prática, além de destruir a
cobertura vegetal, também prejudica a manutenção de animais silvestres, a qualidade da
água e o equilíbrio do clima e do solo.
O bioma Pampa ocupa aproximadamente 2% do Território Nacional. É
caracterizado por clima chuvoso, sem período seco, mas com temperaturas negativas no
inverno, que influenciam a vegetação. Em toda a área de abrangência do Bioma Pampa,
a atividade humana propiciou uma uniformização da cobertura vegetal que de um modo
geral é usada como pastagem natural ou ocupada com atividades agrícolas,
principalmente o cultivo do arroz.
O bioma Pantanal ocupa aproximadamente 2% do Território Nacional. Entretanto,
é reconhecido como a maior planície de inundação contínua do Planeta Terra, o que
constitui o principal fator para a sua formação e diferenciação em relação aos demais
biomas. É o bioma mais preservado, embora a criação de gados seja uma atividade
importante economicamente para a região, aliada às atividades de turismo.
Conversando com o texto

BRASIL QUEIMOU ÁREA EQUIVALENTE A COLÔMBIA E CHILE JUNTOS


ENTRE 1985 E 2022
Foram mais de 185 milhões de hectares consumidos pelo fogo entre 1985 e 2022. A
cada ano, a área queimada no Brasil equivale à do Suriname
Um novo mapeamento da superfície queimada pelo fogo no Brasil revela que a
área queimada entre 1985 e 2022 foi de 185,7 milhões de hectares, ou 21,8% do
território nacional. A média anual alcança 16 milhões de hectares/ano, ou 1,9% do
Brasil. São extensões comparáveis a países: no caso do acumulado em 38 anos, a área
equivale à soma da Colômbia com o Chile; na média anual, ao Suriname.
Os dados são da Coleção 2 do MapBiomas Fogo, lançados no Seminário “Fogo no
Brasil: Estratégias aplicadas ao Manejo Integrado do Fogo (MIF)” no dia 26/04 com
apoio do PrevFogo-IBAMA. O conjunto de informações sobre as cicatrizes deixadas
pelo fogo sobre os mais de 851 milhões de hectares do território brasileiro são obtidas a
partir de imagens de satélite e processamento em nuvem. O MapBiomas Fogo não
contabiliza o número de focos de calor, mas sim a extensão consumida pelas chamas.
157

A área afetada pelo fogo varia entre os seis biomas brasileiros, com o Cerrado e a
Amazônia concentrando cerca de 86% da área queimada do Brasil entre 1985 e 2022. O
Cerrado queimou em média 7,9 milhões de ha/ano, ou seja: todo ano uma área maior
que a da Escócia queimou apenas nesse bioma. No caso da Amazônia, a média foi de
6,8 milhões de hectares/ano – quase uma Irlanda. Mas quando se analisam as áreas dos
biomas, a liderança é do Pantanal, que teve 51% de seu território consumido pelo fogo
nesse período.
Os dados do MapBiomas Fogo dão importantes pistas para que os governos
federal e locais possam combater queimadas e incêndios. Além dos biomas, estados e
municípios de maior incidência, o mapeamento também mostra os períodos do ano de
maior incidência. Em nível nacional, os meses entre julho e outubro concentram 79% da
área queimada no Brasil, com setembro respondendo por 34% do fogo. Mas o registro
mensal de fogo varia entre os biomas. No caso da caatinga, por exemplo,
aproximadamente 60% do fogo acontecem entre outubro e dezembro; no Cerrado,
89,5% do fogo ocorre principalmente entre julho e outubro.
Fonte: MAPBIO

- A partir do tema discutido no texto acima, e do conceito de Bioma, façam uma


pesquisa e debatam sobre as diversas opiniões acerca das queimadas e desmatamentos
nos ecossistemas terrestres brasileiros, as causas e consequências a longo prazo dessa
prática.

ENEM

(Enem 2015) No mapa estão representados os biomas brasileiros que, em função de


suas características físicas e do modo de ocupação do território, apresentam problemas
ambientais distintos.

Nesse sentido, o problema ambiental destacado no mapa indica


A. a desertificação das áreas afetadas.
B. a poluição dos rios temporários.
C. as queimadas dos remanescentes vegetais.
D. o desmatamento das matas ciliares.
E. a contaminação das águas subterrâneas.
158

Desafie-se

Fonte: MAPBIOMAS.

- Em equipe, analisem o infográfico acima e discutam sobre o impacto do uso da terra


apresentados para o bioma Caatinga.
Nesta aula, eu...
Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
EM
ATIVIDADE CONSTRUÍDO
CONSTRUÇÃO
Compreendi os biomas mundiais
a partir de suas características
(localização, flora e fauna).
Identifiquei e debati sobre os
biomas brasileiros a partir de suas
características (localização, flora e
fauna).
Entendi a relação entre clima e
formação vegetal.

Para saber mais

Sobre os Biomas Brasileiros: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-


brasil/territorio/18307-biomas-brasileiros.html
Sobre a biodiversidade brasileira: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-
noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/19511-biodiversidade-brasileira
Sobre Biomas/IBGE Explica: https://www.youtube.com/watch?v=uHYgh89B67w
Sobre Biomas do Brasil: https://www.embrapa.br/contando-ciencia/biomas-do-brasil
Sobre as unidades fitoecológicas do Ceará: Ceará em Mapas.
http://www2.ipece.ce.gov.br/atlas/lista/index.htm
159

FOCO NA APRENDIZAGEM GEOGRAFIA - AULA 04

Objeto do conhecimento da aula:

 Categorias de análise de Geografia


Nesta sala, você aprenderá...

 a reconhecer categorias de análise da Geografia: espaço geográfico, paisagem,


território, região e lugar, utilizando elementos da cartografia para compreender a
dinâmica dos processos políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
 a reconhecer as categorias de análise da Geografia: espaço geográfico, paisagem,
território, região e lugar, presente nos processos políticos, econômicos, sociais,
culturais e ambientais.
 a localizar informações explícitas em um texto./D5 – Interpretar texto com
auxílio de material gráfico diverso (propagandas,quadrinhos, fotos, etc.).
 os conceitos-chave da Geografia.
 a reconhecer as categorias geográficas no cotidiano.
 a identificar as categorias que compõem o espaço geográfico
Conceituando

A Geografia é a ciência que analisa a relação da sociedade com o meio. Desta


forma, o objeto de estudo da Geografia é o espaço geográfico, definido como o espaço
habitado, transformado e utilizado pelo ser humano, fruto da relação sociedade e
natureza.
Sendo assim, a Geografia é uma ciência que busca compreender e explicar as
relações entre os elementos do espaço geográfico. Para alcançar esse objetivo, os
geógrafos utilizam diferentes categorias de análise, que são abordagens conceituais e
metodológicas para estudar e interpretar os fenômenos que ocorrem na superfície
terrestre. Essas categorias de análise são fundamentais para a organização e o
entendimento das complexidades do mundo em que vivemos. Estudaremos cada um
individualmente.
Espaço Geográfico
Essa categoria refere-se à superfície terrestre e suas diversas manifestações,
incluindo os elementos naturais e culturais. O espaço é compreendido como palco das
interações entre sociedade e natureza, sendo um dos principais objetos de estudo da
Geografia. Severina Lisboa (2020) pontua que, dentre os conceitos da Geografia, o
espaço geográfico é o mais abrangente, apresentando-se como “um todo” do qual
derivam os demais conceitos e com o qual eles se relacionam.O homem é o agente por
excelência do espaço geográfico. O espaço somente passa a existir quando se verifica
interação entre o homem e o meio em que vive, do qual retira o que lhe é necessário
para a sobrevivência, promovendo alterações de suas características originais (Figura 1).
O grande geógrafo Milton Santos (1997) definiu o espaço geográfico como "um
sistema de objetos e um sistema de ações". Para Santos, “no começo era a natureza
selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos
por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos fazendo
com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina”.
160

Figura 1 – Evolução do espaço geográfico ao longo do tempo

Fonte: Robert Crumb (1979). Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/-E9Wz-


sU76WI/UXQIMs8VtdI/AAAAAAAAApQ/jioaIkf3cWE/s1600/550958_1667143560090948_115029535_n.jpg. Acesso jul/2023.

Paisagem
A paisagem representa a configuração visual ou percebida do espaço geográfico,
incluindo seus elementos naturais e humanos. As paisagens são resultado das atividades
humanas ao longo do tempo, refletindo a interação entre cultura e ambiente. A paisagem
pretérita apresentava um conjunto de muitos elementos naturais, no entanto, a paisagem
humanizada tem se expandido, à medida que o homem altera a natureza (LISBOA, 2020
– Figura 2). Embora a visão seja o principal sentido com o qual se observa a realidade,
outros sentidos também podem participar da identificação da paisagem, introduzindo-se
informações como sons e odores na descrição da paisagem, método através do qual
pode ser bem explorada (LISBOA, 2020, p. 27).
Figura 2 – Elementos naturais e humanos na paisagem vista da Serra de
Maranguape/CE

Fonte: o autor (2023).

Há, a grosso modo, dois tipos de paisagens: a paisagem natural e a artificial ou


humanizada. A paisagem natural refere-se a todas as características físicas e visíveis da
Terra que não foram substancialmente alteradas ou criadas pela intervenção humana. Já
a paisagem artificial é aquela criada ou significativamente modificada pela atividade
humana. Refere-se a todos os elementos construídos e alterados pelo homem. É
161

importante notar que a distinção entre paisagem natural e paisagem artificial nem
sempre é tão evidente, pois muitas áreas podem apresentar uma combinação de ambos
os elementos.
Território
O território é uma área delimitada que possui características físicas, culturais e
políticas que a tornam única. É o espaço apropriado por diferentes grupos sociais e
políticos e está intimamente ligado ao poder e à soberania (Figura 3). O território na
Geografia foi pensado, definido e delimitado a partir de relações de poder. Ademais, um
mesmo território pode ser reduzido ou ampliado em decorrência de conflitos bélicos.
Figura 3 – Mapa simplificado dos grupos que disputam o território sírio. Conflitos que
perduram desde o ano de 2011

Fonte: ISW in G1 (2015).


Região
As regiões são áreas geográficas delimitadas por critérios específicos, como
aspectos naturais, culturais, econômicos ou políticos. Dessa forma, secciona-se o espaço
geográfico em partes que apresentam internamente características semelhantes. O
território brasileiro, está dividido em 5 regiões oficiais conforme critérios do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE(Figura 4A). Nesse tipo de regionalização,
buscou-se agregar os estados brasileiros de acordo com as semelhanças históricas,
sociais, econômicas e naturais que apresentavam, respeitando seus limites político-
administrativos (BOSCARIOL, 2017).
Apesar de oficial, a divisão do IBGE recebeu críticas. Segundo o Prof. Renan
Amabile Boscariol, a utilização da noção de “regiões homogêneas” poderia mascarar a
diversidade, negar a realidade em movimento e, portanto, deixa de incorporar mudanças
e transformações resultantes da dinâmica do desenvolvimento nacional (p.191).
Nesse contexto, duas outras divisões regionais foram propostas para o território
brasileiro. A primeira sugerida pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger foi feita com base
em “complexos regionais” ou “regiões geoeconômicas”, utilizando critérios históricos,
além de buscar refletir a realidade do Brasil e compreender seus mais profundos
contrastes. A outra proposta de regionalização foi sugerida por Milton Santos e Maria
Laura Silveira os quais denominaram de “quatro brasis”. "Os quatro brasis" faz
referência à concepção sobre a diversidade e a desigualdade regional no Brasil. Essa
divisão tem como objetivo chamar a atenção para as desigualdades regionais e sociais
existentes no Brasil. Ambas as propostas de regionalização são observadas abaixo
(Figura 5).
162

Figura 4 –
(A) Mapa das Regiões do Brasil conforme critérios oficiais do IBGE;

(B) Proposta de divisão do Brasil de Pedro Pinchas Geiger;

(C) Proposta de divisão do Brasil de acordo com Milton Santos e Maria Laura Silveira.

Fonte: Boscariol (2017).


Lugar
O lugar é uma porção do espaço geográfico com significado para as pessoas. É
onde as atividades humanas acontecem, carregado de memórias, identidades e
símbolos.O lugar é carregado de valores e símbolos que moldam a identidade e a
memória coletiva de uma comunidade.É um conceito de valorização das relações de
afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao seu ambiente.
Figura 6 – Brincadeiras de infância remetem ao sentimento de afetividade a um local
em que se morava: da casa, da rua, das pessoas com quem se conviveu.

Fonte: Londrinando (2020).


163

Conversando com o texto

Em diálogo com a/o professora/or e com as/os colegas, formule situações do


cotidiano em que você identifica a presença das categorias de análise da geografia. Pode
ser por escrito, por desenho, um vídeo, entre outras possibilidades. Use sua criatividade
para enriquecimento da compreensão geográfica e do aprendizado.
ENEM

1. (Enem 2012) Portadora de memória, a paisagem ajuda a construir os sentimentos de


pertencimento; ela cria uma atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às
festas, às comemorações.
CLAVAL, P. Terra dos homens: a geografia. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).

No texto, é apresentada uma forma de integração da paisagem geográfica com a vida


social. Nesse sentido, a paisagem, além de existir como forma concreta, apresenta uma
dimensão
A. política de apropriação efetiva do espaço.
B. econômica de uso de recursos do espaço.
C. privada de limitação sobre a utilização do espaço.
D. natural de composição por elementos físicos do espaço.
E. simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço.
2. (Enem 2021) A vida das pessoas se modifica com a mesma rapidez com que se
reproduz a cidade. O lugar da festa, do encontro quase desaparece; o número de
brincadeiras infantis nas ruas diminui — as crianças quase não são vistas; os pedaços da
cidade são vendidos, no mercado, como mercadorias; árvores são destruídas, praças
transformadas em concreto. Por outro lado, os habitantes parecem perder na cidade suas
próprias referências. A imagem de uma grande cidade hoje é tão mutante que se
assemelha à de um grande guindaste, aliás, a presença maciça deste, das britadeiras, das
betoneiras nos dá o limite do processo de transformação diária ao qual está submetida a
cidade. (CARLOS, A. F. A. A cidade. São Paulo: Contexto, 2011 - adaptado).
No contexto das grandes cidades brasileiras, a situação apresentada no texto vem
ocorrendo como consequência da
A. manutenção dos modos de convívio social.
B. preservação da essência do espaço público.
C. ampliação das normas de controle ambiental.
D. flexibilização das regras de participação política.
E. alteração da organização da paisagem geográfica.
3. (Enem 2017) Palestinos se agruparam em frente a aparelhos de televisão e telas
montadas ao ar livre em Ramalah, na Cisjordânia, para acompanhar o voto da resolução
que pedia o reconhecimento da chamada Palestina como um Estado observador não
membro da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo era esperar pelo
nascimento, ao menos formal, de um Estado palestino. Depois da aprovação da
resolução, centenas de pessoas foram à praça da cidade com bandeiras palestinas, pelas
ruas. Aprovada com 138 votos dos 193 da Assembleia-Geral, a resolução eleva o status
do Estado palestinoperante a organização. Palestinos comemoram elevação de status na
ONU com bandeiras e fogos.
Disponível em: http://folha.com. Acesso em: 4 dez. 2012 (adaptado).
164

A mencionada resolução da ONU referendou o(a)


A. delimitação institucional das fronteiras territoriais.
B. aumento da qualidade de vida da população local.
C. implementação do tratado de paz com os israelenses.
D. apoio da comunidade internacional à demanda nacional.
E. equiparação da condição política com a dos demais países.
4. (Enem 2018 PPL - adaptada) No planejamento das ações governamentais, a segunda
forma de regionalização apresenta o intuito de

A. adotar a divisão político-administrativa.


B. reconhecer as desigualdades sociais.
C. considerar as identidades culturais.
D. valorizar a dinâmica econômica.
E. incorporar os critérios naturais.

Desafie-se

Desafio de Regionalização do Brasil utilizando Recursos Tecnológicos de


Aprendizagem
Tema: Propostas de Regionalização do Brasil
Descrição do Desafio
Vocês são alunos do Ensino Médio e estão prestes a mergulhar em uma jornada de
compreensão das diferentes propostas de regionalização do Brasil. Neste desafio, vocês
irão explorar e apresentar as principais maneiras pelas quais o país pode ser
regionalizado, utilizando recursos tecnológicos de aprendizagem para enriquecer suas
apresentações.
Passos do Desafio
1. Formação de Grupos: organizem-se em grupos de 3 a 4 membros. Certifiquem-se de
que cada grupo seja diversificado e inclua habilidades variadas, como pesquisa, design,
escrita e apresentação.
165

2. Pesquisa e Compreensão: cada grupo deverá escolher uma proposta de regionalização


do Brasil, que pode ser baseada em critérios geográficos, socioeconômicos, culturais ou
políticos. Vocês podem considerar, por exemplo, a regionalização segundo o IBGE, a
divisão entre Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ou outras propostas
alternativas.
3. Utilização de Recursos Tecnológicos: utilizem recursos tecnológicos de
aprendizagem para aprofundar sua compreensão e criar uma apresentação impactante.
Vocês podem usar ferramentas como apresentações de slides, infográficos, vídeos
explicativos, mapas interativos ou até mesmo blogs online para compartilhar suas
descobertas.
4. Elaboração da apresentação: com base em sua pesquisa, criem uma apresentação que
explique os critérios e fundamentos da proposta de regionalização escolhida. Destaquem
as principais características das regiões resultantes, como diferenças geográficas,
econômicas, culturais e sociais.
5. Inovação e Interação: busquem formas inovadoras de envolver a audiência. Seja
incorporando elementos interativos em suas apresentações, como questionários online,
quizzes ou enquetes, ou incentivando perguntas e discussões durante a apresentação.
6. Apresentação e Discussão: cada grupo terá a oportunidade de apresentar sua
compreensão da proposta de regionalização escolhida para a turma. Após cada
apresentação, abram espaço para perguntas e discussões construtivas.
7. Reflexão e Conclusão: ao final das apresentações, promovam uma discussão sobre as
diferentes abordagens de regionalização apresentadas. Como as diferentes propostas
impactam nossa compreensão do país? Quais são as implicações políticas, sociais e
econômicas de cada uma?
Avaliação
Vocês serão avaliados com base na profundidade de pesquisa, clareza na
apresentação, criatividade na utilização de recursos tecnológicos, capacidade de
resposta às perguntas da audiência e contribuição significativa para a discussão final.
Lembrem-se de que o objetivo é não apenas aprender sobre as regionalizações do
Brasil, mas também desenvolver habilidades de pesquisa, trabalho em equipe,
comunicação e pensamento crítico, enquanto utilizam recursos tecnológicos para
enriquecer a experiência de aprendizagem.
Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.

ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO


Entendi os conceitos ou categorias
da geografia.

Consigo diferenciar cada uma de


suas categorias.
166

Compreendi, na prática cotidiana,


cada um desses conceitos-chave.

Para saber mais

Conheça quais são os 5 PRINCIPAIS CONCEITOS da Geografia


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fRD5u_06_zY. Acesso em
jul/2023.
167

FOCO NA APRENDIZAGEM GEOGRAFIA - AULA 05

Objeto do conhecimento da aula:

 ORIGEM E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS


Nesta aula, você aprenderá...

 a analisar as diversas formas de manifestação da vida em seus diferentes níveis


de organização, bem como as condições ambientais favoráveis e os fatores
limitantes a elas, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como
softwares de simulação e de realidade virtual, entre outros).
 a relacionar manejo dos solos com preservação dos solos/GS05H09_22:
Reconhecer o conceito de pedogênese (formação dos solos).
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas,
quadrinhos, fotos, etc.)
 a distinguir um fato da opinião relativa a esse fato/
 a identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados
 a reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo
fato ou ao mesmo tema.
 o conceito de solos.
 os processos de formação dos solos.
 a importância ambiental dos solos e a necessidade de se preservar esses
ambientes
Conceituando

Ao longo da história da humanidade, o ser humano sempre conviveu com o solo,


que se mostra como um elemento tão importante quanto a água e o ar, portanto, é um
recurso natural indispensável para a produção de alimentos.
O solo tem um tempo de formação muito longo, podendo chegar a milhares de
anos até a sua maturidade. Segundo a Embrapa (2015), demoraria cerca de 400 anos
para se formar 1 cm (um centímetro) de solo na natureza. Para Souza et.al., o solo é um
corpo tridimensional da paisagem, resultante da ação combinada de vários processos
que o originaram (processos pedogenéticos) e da ação dos fatores de formação – clima,
relevo e organismos – sobre o material de origem (rochas) durante certo período de
tempo (Souza et.al. 2011, p.11).
Deste modo, por consequência das inúmeras combinações entre a pedogênese e os
fatores de formação, originam-se vários tipos de solos, que apresentam natureza,
composição e comportamento diferenciados (Figura 1).
168

Figura 1 – Diferenciações em perfis de solos expostos

Fonte: o autor (2023).

Fatores de Formação dos Solos


Os diferentes tipos de solo, sua profundidade e sua estrutura estão relacionados
com elementos atuantes nesse processo, os chamados fatores de formação dos solos
(Figura 2), quais sejam: omaterial de origem, o relevo, os organismos vivos, o clima
e o tempo. Esses fatores – descritos abaixo – são parte do meio ambiente e atuam de
forma conjunta.
Figura 2 – Fatores de formação do solo

Fonte: Resende et. al. (2002).

A. Material de origem: é a matéria prima a partir da qual os solos se desenvolvem.


Esse material de origem corresponde à formação rochosa original que foi intemperizada
para dar origem aos solos. A diferente constituição mineralógica do material de origem
(rochas ígneas, metamórficas ou sedimentares – Figura 3), sob as mesmas condições
climáticas, dará origem a distintos tipos de solo.
Figura 3 – Perfil de solo de origem sedimentar. Região do Cariri (CE)

Fonte: O autor (2018).

A. Clima: o clima pode ser considerado o fator mais importante na determinação das
propriedades da maioria dos solos. A maior parte dos agentes que causam o
intemperismo está relacionada com processos meteorológicos e climatológicos. Sob
169

climas distintos, um material derivado da mesma rocha pode formar solos


completamente diferentes (LIMA & LIMA, 2007; SOUZA et.al., 2011).
B. Relevo: Dependendo do tipo de relevo, a precipitação pluvial pode entrar no solo
(infiltração), escoar pela superfície (ocasionando erosão) ou se acumular (formando
banhados).
C. Organismos: Envolvem a fauna, flora, além de microrganismos, como bactérias e
fungos, sendo muito importantes no processo de formação e evolução dos solos nos
diversos ambientes da Terra.
D. Tempo: O tempo que um solo leva para se formar depende do tipo de rocha, do
clima e do relevo. Deste modo, os processos pedogenéticos não podem ser
dissociados da dimensão temporal.
*Intemperismo
É o processo caracterizado pelo desgaste natural dos corpos rochosos causando
sua fragmentação, atuando, desta forma, no processo de formação dos solos.
Uso, impactos e conservação dos solos
Apesar de representar um recurso natural de grande importância, diversas
atividades têm provocado uma série de impactos aos solos (Figura 4). De acordo com a
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de
33% do solo em nível global está moderado ou altamente degradado (ONU, 2021).
Figura 4 – Uso do solo para fins de mineração no estado de Minas Gerais

Fonte: o autor (2012).

Os principais impactos das atividades humanas nos solos se classificam nas


seguintes categorias (ISRIC/UNEP, 1991; ARAUJO, ALMEIDA e GUERRA, 2012):
(1) Desmatamento: ocorre para dar lugar para a agricultura ou pastagens, florestas
comerciais de grande escala, construção de estradas, desenvolvimento urbano;
(2) Superpastoreio: destrói a cobertura do solo, causa compactação e acelera a invasão
de espécies arbustivas indesejáveis;
(3) Atividades agrícolas: o manejo inadequado da terra inclui o cultivo de solos frágeis,
pousio reduzido, uso indiscriminado do fogo, práticas que resultam na exportação de
nutrientes do solo e irrigação inadequada;
(4) Superexploração da vegetação para uso doméstico: uso da vegetação como
combustível, cercas etc., onde a vegetação remanescente não fornece mais proteção
suficiente contra a erosão do solo;
(5) Atividades (bio) industriais: causam poluição.
170

Por outro lado, a conservação mostra-se como um conjunto de práticas agrícolas


que busca o manejo correto das terras cultiváveis, evitando a degradação física, química
e biológica do solo. Para Souza et.al. (2011), a conservação do solo permite:
 Evitar e controlar a degradação do solo, reduzindo os riscos de desertificação;
 Manter níveis de fertilidade naturais mais elevados;
 Reduzir o consumo de fertilizantes e corretivos, possibilitando a produção
econômica com menos custos;
 Conservar os recursos naturais (flora e fauna) em áreas impróprias à agricultura;
 Concorrer para melhorar o nível de vida rural e, consequentemente, a fixação do
homem à terra, evitando o êxodo rural;
 Contribuir para melhor conservação das águas armazenadas;
 Evitar a poluição dos recursos hídricos;
 Concorrer para a melhor manutenção da umidade do solo, reduzindo os danos
causados pelas secas;
 Evitar o assoreamento de represas e obras hidráulicas;
 Proporcionar às gerações futuras condições de vida mais condigna e agradável.
A importância dos solos para a natureza e para o ser humano impele às práticas de
conservação, uma vez que representam um recurso natural exaurível e de longa
recuperação. Com o manejo adequado do solo, pode-se aumentar a sua capacidade
produtiva por conservar a fertilidade e a umidade, além de se evitar o uso excessivo de
insumos agrícolas e a ocorrência de processos de erosão (SOUZA et.al., 2011).

Conversando com o texto

EM13CHS106; EM13CHS302; EM13CHS306.


Observe o título da reportagem abaixo:

Fonte G1. Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/ceara-tem-11-do-territorio-em-processo-de-desertificacao-aponta-


estudo.ghtml. Acesso 07/2023.

Desertificação é a degradação das terras áridas, semiáridas e subúmidas, resultante


de vários fatores, incluindo variações climáticas e atividades humanas (ONU, 1992).
Nesse sentido, com a ajuda da/o professora/or e pesquisas auxiliares, dialogue com
as/os colegas como o manejo correto e a conservação dos solos pode diminuir o
processo de desertificação.

ENEM

1. (Enem 2020/2º Aplicação) A erosão laminar tem origem na desagregação e


movimentação de pequenas partículas do solo causadas pela ação da água. Para evitá-la,
deve-se eliminar o desprendimento causado pelas gotas das chuvas que golpeiam o
terreno (ROCHA, J. S. M. Educação ambiental técnica para os ensinos fundamental,
médio e superior. Santa Maria: Imprensa Universitária, 1999 - adaptado).
171

O processo erosivo descrito no texto é minimizado pela


A. construção de barreiras de contenção.
B. inserção de pecuária extensiva.
C. alteração da declividade do relevo.
D. manutenção da cobertura vegetal.
E. instalação de medidores pluviométricos.
2 . (Enem 2015) Observe

De acordo com as figuras, a intensidade de intemperismo de grau muito fraco é


característica de qual tipo climático?
A. Tropical.
B. Litorâneo.
C. Equatorial.
D. Semiárido.
E. Subtropical.
3. (Enem PPL 2017) As rochas são desagregadas e decompostas e os materiais
resultantes de sua ação, tais como seixos, cascalhos, areias, siltes e argilas, são
carregados e depois depositados e, também, substâncias dissolvidas na água podem
precipitar. Em virtude de sua atuação, quaisquer rochas, independentemente de suas
características, podem ficar destacadas no relevo (BELLOMO, H. R. et al. - Org.. Rio
Grande do Sul: aspectos da geografia. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1997 -
adaptado).
O texto refere-se à modelagem do relevo pelos processos naturais de
A. magmatismo e fusão.
B. vulcanismo e erupção.
C. intemperismo e erosão.
D. tectonismo e subducção.
E. metamorfismo e recristalização.
4. (Enem 2017)

Disponível em: http://www.ufrrj.br. Acesso em: 13 jul. 2015 (adaptado).


172

As diferenças de vazão e escoamento de água destacadas no gráfico ocorrem por


influência da
A. permeabilidade do solo.
B. forma do relevo.
C. altitude do terreno.
D. tipologia do clima.
E. intensidade da chuva.

Desafie-se

Que tal realizarmos um experimento acerca do tema sobre a erosão do solo? Acesse o
link abaixo, assista ao vídeo, junte os materiais necessários e mãos à obra!

Link: https://www.youtube.com/watch?v=nZD_bD96Czc. Acesso em 07/2023.

Material: 3 garrafas pets de 5 ou 6 litros; 3 garrafas pets de 2 litros; solo seco e


triturado; folhas secas; grama; tesoura ;pedaço de madeira; regador com água.

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.
ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO
Entendi o conceito de solo.

Aprendi a importância dos solos


para a vida.
Compreendi as medidas de
conservação do solo.
Entendi quais são os principais
impactos causados aos solos.

Para saber mais

Vídeo É Melhor Salvar os Solos (Better Save Soil - Portuguese)


Canal: RIFS Potsdam
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fNNoDjGf0rE. Acesso em 07/2023.
Solos férteis são a fundação da nossa sociedade moderna. Embora deveríamos estar
fazendo todo o possível para conservá-los, quando damos uma olhada ao nosso redor,
a história é bem diferente.
173

FOCO NA APRENDIZAGEM GEOGRAFIA - AULA 06

Objeto do conhecimento da aula:

 GEOPOLÍTICA E GLOBALIZAÇÃO

Nesta aula, você aprenderá...

 a compreender a dinâmica global nos processos de integração cultural e


econômica dos países, reconhecendo as características dos principais sistemas
econômicos (capitalismo/socialismo) e analisar os impactos resultantes da relação
entre os países (globalização), considerando fatores geoeconômicos,
geoestratégicos e geopolíticos e suas influências no comércio mundial e fluxo
internacional de informações, bens, serviços e culturas.
 a analisar os processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e
epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações geopolíticas
relacionadas à globalização.
 a interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas,
quadrinhos, fotos, etc.)
 a distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.
 a identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
 a reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo
fato ou ao mesmo tema.
 o conceito de Geopolítica.
 a Ordem Geopolítica Mundial: passado e presente.
 a Globalização e suas contradições no espaço geográfico.
Conceituando

A Geopolítica tem como objetivo analisar os diversos fatores que podem impactar
as relações econômicas, políticas e culturais entre os países do mundo, abrangendo os
fenômenos históricos e políticos da atualidade e as configurações das diversas ordens
mundiais ao longo do tempo. Tem como análise o estudo de guerras, conflitos, disputas
ideológicas e territoriais, questões políticas e acordos internacionais.
A Ordem Geopolítica Mundial é um tema complexo que envolve uma série de
fatores políticos e sociais que moldam as relações entre as nações em escala global.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Ordem Mundial tem sido caracterizada por
várias transformações e disputas por influência e poder entre os Estados.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Ordem Geopolítica foi dominada por duas
superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética (URSS). Esse período ficou
conhecido como a "Guerra Fria", caracterizada por uma intensa competição ideológica,
militar e tecnológica entre o bloco capitalista liderado pelos EUA e o bloco comunista
liderado pela URSS.
A Guerra Fria (1947-1991) foi esse período de intensa rivalidade política,
ideológica e militar que ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, envolvendo
principalmente os Estados Unidos e a União Soviética, mas também suas respectivas
alianças e países satélites.
174

Com o fim da União Soviética em 1991, a Ordem Geopolítica sofreu uma


transformação significativa. O término da Guerra Fria trouxe o aspecto de um mundo
unipolar, com os Estados Unidos emergindo como a única superpotência.
O mundo unipolar originou-se a partir da combinação do colapso da União
Soviética, do extraordinário dinamismo da economia americana e da estagnação
econômica alemã e japonesa (VIOLA e LEIS, 2004). Essa nova configuração gerou
debates sobre a natureza do sistema internacional, com alguns argumentando que os
EUA seriam capazes de moldar o mundo de acordo com seus interesses, enquanto
outros temiam o risco de hegemonia excessiva.
Neste tempo, outros países capitalistas também se consolidaram como os
protagonistas da geopolítica mundial, onde o foco no poder econômico tornou-se maior
do que o foco no poderio militar.
Desta forma, os países europeus, sobretudo Alemanha, França e Inglaterra e o
Japão, na Ásia, passaram a dividir com os norte-americanos o protagonismo
geopolítico. Surgiu, assim, o mundo multipolar. O mundo multipolar é uma
configuração geopolítica em que várias potências regionais ou globais emergem como
atores influentes no cenário internacional, desafiando a dominação tradicional de uma
única superpotência. Essa conjuntura predomina desde o término da Guerra Fria até a
atualidade.
As disputas regionais também influenciam a Ordem Geopolítica, como os
conflitos no Oriente Médio, a tensão entre a Rússia e a Ucrânia, a questão das Coreias e
a disputa pela soberania em áreas estratégicas, como o Mar do Sul da China. Esses
conflitos podem criar alianças temporárias e alterar dinâmicas de poder em diferentes
regiões.
A busca por recursos naturais, como petróleo, gás, minerais e água, também
desempenha um papel importante na Ordem Geopolítica. A competição por recursos
reduzidos pode gerar tensão entre países e influenciar estratégias geopolíticas e
desanimadoras.
Além disso, o crescimento econômico de países como a China e a Índia alterou a
dinâmica da Ordem Geopolítica. A ascensão da China como uma potência econômica e
militar significativa tem sido uma das mudanças mais marcantes do século XXI. Isso
levou a um deslocamento do poder em direção ao leste e gerou tensão com os Estados
Unidos em áreas como comércio, tecnologia e disputas territoriais.
A elevação do BRICS (Brasil-Rússia-Índia-China-África do Sul) também merece
destaque naquilo que se pode pensar em uma nova configuração global futura,
sobretudo com as possibilidades de entrada de novos países em um horizonte próximo.
A Ordem Geopolítica Mundial é um cenário em constante evolução, influenciado
por uma série de fatores, como poder militar, economia, tecnologia, cultura, ideologia e
desafios globais. O equilíbrio de poder entre as nações está em constante fluxo, e o
futuro da Ordem Geopolítica dependerá das ações entre os Estados e das respostas aos
desafios globais emergentes, sobretudo em um mundo cada vez mais interdependente
ou globalizado.
A globalização promove uma maior interconexão entre as economias,
comunicações e culturas em escala global. É o nome dado ao fenômeno de integração
do espaço mundial através dos avanços técnicos nos setores da comunicação e dos
transportes. A globalização é impulsionada por avanços tecnológicos, como a internet e
o transporte rápido, que encurtam as distâncias e facilitam o fluxo de informações, bens
e pessoas entre países e continentes.
Porém, a globalização também gerou desafios, como a desigualdade econômica
(Figura 1). Algumas regiões e setores prosperaram, enquanto outras enfrentaram
175

declínio econômico e desemprego. Além disso, a dependência excessiva de certos


países em relação às cadeias globais de suprimentos tornou-os mais vulneráveis a crises
econômicas.
No âmbito social e cultural, a globalização trouxe a disseminação de ideias,
valores e práticas culturais em escala global. Através da mídia e da internet, pessoas de
diferentes culturas podem se conectar e compartilhar conhecimentos, mas isso também
pode levar à homogeneização cultural e à perda de identidades locais.
Figura 1 – Charge critica as desigualdades socioeconômicas no processo de
globalização.

Fonte: Moisés in Laboratório de Ensino de Geografia (LEG)/Universidade Estadual de Feira de Santana


(UEFS).

A globalização trouxe também consigo desafios ambientais, como a exploração


excessiva de recursos naturais e a poluição. Problemas globais, como o aquecimento
global, requerem uma cooperação internacional eficaz para serem resolvidos.
Outro ponto importante é a mobilidade de pessoas. A globalização possibilitou o
aumento significativo da migração internacional, tanto de forma espontânea quanto de
refugiados em busca de segurança (Figura 2). Isso tem provocado debates sobre
questões migratórias e a necessidade de políticas de inclusão e integração.
Figura 2 – Refugiados chegam ao centro de recepção de Cacanda em Dundo, no norte
de Angola (foto à esquerda); Refugiados ucranianos (foto à direita).

Fonte: UNICEF (2017); REUTERS (2022).

A cultura também é afetada pela globalização. Por um lado, a troca de


conhecimento e experiências enriquece a diversidade cultural. Por outro, existe o temor
de que culturas locais sejam homogeneizadas e substituídas por elementos culturais
globais dominantes, o que explica que a globalização é um fenômeno complexo e
multifacetado que tem transformado a sociedade contemporânea.
No entanto, a globalização não é uniforme. Ela beneficia principalmente os países
desenvolvidos e as elites econômicas, enquanto muitas nações em desenvolvimento
176

enfrentam desafios, como exploração de mão de obra barata e aumento das


desigualdades.
Milton Santos, um dos mais importantes geógrafos do Brasil e conhecido
mundialmente, pontuou a globalização como um processo desigual e, por vezes, injusto.
Ele elencou três faces da globalização (SANTOS, 2003) presentes no mundo atual:
 A globalização como fábula: o mundo globalizado, visto com fábula, exige um
certo número de fantasias. Um mercado avassalador dito global é apresentado
como capaz de homogeneizar o planeta através da disposição, cada vez
maior, de mercadoria para o consumo quando, na verdade, as diferenças locais
são aprofundadas.
 A globalização como perversidade: para a maior parte da humanidade a
globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego
se torna crônico, a pobreza aumenta, novas enfermidades se instalam, a
mortalidade infantil permanece, a educação de qualidade é cada vez mais
inacessível e o consumo é cada vez mais representado como fonte de felicidade.
 A globalização como deveria ser (uma outra globalização): as bases materiais do
período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos
momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o grande
capital se apoia para construir a globalização perversa. No entanto, essas mesmas
bases poderão servir a outros objetivos, se forem postas ao serviço de outros
objetivos, se forem postas ao serviço de outros fundamentos sociais e políticos.

Conversando com o texto

Observe a charge:

Fonte: Rico in Laboratório de Ensino de Geografia (LEG) Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Conforme lido no texto, o geógrafo Milton Santos classificou 3 tipos de mundo


globalizado. Releia sobre o tema, analise a charge e cite exemplos de como a
globalização pode ser perversa e como seria possível “uma outra globalização”.

ENEM

1. (Enem 2009) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois
blocos. Essa divisão propiciou a formação de alianças antagônicas de caráter militar,
como a OTAN, que aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que
concentrava os do bloco oriental. É importante destacar que, na formação da OTAN,
estão presentes, além dos países do oeste europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão
histórica atingiu igualmente os âmbitos político e econômico que se refletia pela opção
entre os modelos capitalista e socialista.
177

Essa divisão europeia ficou conhecida como


A. Cortina de Ferro
B. Muro de Berlim
C. União Europeia
D. Convenção de Ramsar.
E. Conferência de Estocolmo.
2. (Enem 2019) Brasil, Alemanha, Japão e Índia pedem reforma do Conselho de
Segurança:
Os representantes do G4 (Brasil, Alemanha, Índia e Japão) reiteraram, em
setembro de 2018, a defesa pela ampliação do Conselho de Segurança da Organização
das Nações Unidas (ONU) durante reunião em Nova York (Estados Unidos). Em
declaração conjunta, de dez itens, os chanceleres destacaram que o órgão, no formato
em que está, com apenas cinco membros permanentes e dez rotativos, não reflete o
século 21. "A reforma do Conselho de Segurança é essencial para enfrentar os desafios
complexos de hoje. Como aspirantes a novos membros permanentes de um conselho
reformado, os ministros reiteraram seu compromisso de trabalhar para fortalecer o
funcionamento da ONU e da ordem multilateral global, bem como seu apoio às
respectivas candidaturas", afirma a declaração conjunta (EBC, 2018).
Os países mencionados no texto justificam sua pretensão com base na seguinte
característica comum
A. extensividade de área territorial.
B. protagonismo em escala regional.
C. investimento em tecnologia militar.
D. desenvolvimento de energia nuclear.
E. disponibilidade de recursos minerais.
3. (Enem 2019) A fome não é um problema técnico, pois ela não se deve à falta de
alimentos, isso porque a fome convive hoje com as condições materiais para resolvê-la.
PORTO-GONÇALVES, C. W. Geografia da riqueza, fome e meio ambiente. In: OLIVEIRA, A. U.; MARQUES, M. I. M. (Org.). O
campo no século XXI: território de vida, de luta e de construção da justiça social. São Paulo: Casa Amarela; Paz e Terra, 2004
(adaptado).

O texto demonstra que o problema alimentar apresentado tem uma dimensão politica
por estar associado ao(à)
A. escala de produtividade regional.
B. padrão de distribuição de renda.
C. dificuldade de armazenamento de grãos
D. crescimento da população mundial.
E. custo de escoamento dos produtos.
4. (Enem 2013) Disneylândia - Titãs
Multinacionais japonesas instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria-prima brasileira
Para competir no mercado americano [...]
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova
Guiné
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do
Sul [...]
178

Crianças iraquianas fugidas da guerra


Não obtêm visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia
Na canção, ressalta-se a coexistência, no contexto internacional atual, das seguintes
situações
A. acirramento do controle alfandegário e estímulo ao capital especulativo.
B. ampliação das trocas econômicas e seletividade dos fluxos populacionais.
C. intensificação do controle informacional e adoção de barreiras fitossanitárias.
D. aumento da circulação mercantil e desregulamentação do sistema financeiro.
E. expansão do protecionismo comercial e descaracterização de identidades nacionais

Desafie-se

Observe o título da reportagem:

Fonte: EBC (2023).

Com o auxílio da/o professora/or, discuta com suas/seus colegas, como a entrada
de novos membros no BRICS pode mexer na ordem geopolítica mundial. Será benéfico
para o Brasil? Como o restante do mundo vê esse processo?

Nesta aula, eu...

Cara(o) estudante, de acordo com os objetivos traçados para esta aula e com os
conhecimentos construídos, marque as opções que melhor representam a avaliação
referente ao seu aprendizado.

ATIVIDADE CONSTRUÍDO EM CONSTRUÇÃO

Entendi o conceito de geopolítica

Consegui entender as diferentes


ordens mundiais passadas presentes

Aprendi o conceito de globalização

Compreendi como a globalização


impacta meu cotidiano
179

Para saber mais

Documentário: Tell Spring not to come this year (2015)


Lançado em 2015, esse documentário traz um olhar pouco explorado da
intervenção americana no Afeganistão: mostra, sob os olhos dos soldados afegãos,
como se deu a retirada das tropas dos EUA do território afegão e mostra os desafios e
motivações pessoais dos envolvidos nesse combate contra extremistas do Talibã.
180

REFERÊNCIAS
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GARARITO

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