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JOGOS E BRINCADEIRAS I

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD


Jogos e Brincadeiras I – Prof. Ms. Ricardo Ducatti Colpas e Prof.ª Dra. Irene Conceição
Andrade Rangel

Meu nome é Ricardo Ducatti Colpas. Sou mestre em Filosofia da


Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) –
Piracicaba-SP, especialista em Educação Física Escolar pela
Unicamp e graduado em Educação Física pela Unesp de Rio Claro-
SP. No mestrado, desenvolvi uma pesquisa sobre a formação de
conceitos na educação física escolar, com alunos da 4ª série do
Ensino Fundamental, dando ênfase às questões do
desenvolvimento e da aprendizagem na perspectiva da teoria de
Vygotsky. Atualmente, sou professor da Educação Básica no
Ensino Fundamental, bem como no ensino universitário, do curso
de graduação em Educação Física das Faculdades FKB e FIT e do curso de Pedagogia da
FSDB de Piracicaba. Além disso, componho o grupo de professores do Laboratório de
Estudos e Trabalhos Pedagógicos em Educação Física da Unesp de Rio Claro. Acredito que
o curso de Educação Física a distância, organizado pelo Centro Universitário Claretiano,
oferecerá oportunidade a muitas pessoas para realizarem um curso de licenciatura com
boa qualidade, preparando, dessa forma, seus alunos para atuarem no mercado de
trabalho.
E-mail: [email protected]

Olá, meu nome é Irene C. A. Rangel. Sou licenciada em Educação


Física pela USP, com mestrado em Educação Motora pela Unicamp
e doutorado em Educação pela UFSCar. Ministrei aulas de
Educação Física Infantil para os cursos de Licenciatura em
Educação Física e Pedagogia na Unesp – Campus de Rio Claro,
onde me aposentei. Atualmente, faço palestras e ministro cursos
de pós-graduação, nos quais trabalho com jogos em diferentes
perspectivas, principalmente a do multiculturalismo e da não
exclusão.
No ensino deste caderno, tenho a expectativa de que o jogo seja
visto como uma das ferramentas mais promissoras, bem como uma das mais fáceis, para
o alcance de uma educação que não tenha privilegiados, mas, sim, que consiga abranger
todo o universo de alunos que, um dia, serão os cidadãos deste país. Para tanto, você,
que agora é aluno do Centro Universitário Claretiano, será um dos responsáveis por esse
meu sonho. Confio em você! Boa sorte e seja muito feliz nesta profissão de professor!
E-mail: [email protected]
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
Ricardo Ducatti Colpas
Irene Conceição Andrade Rangel

JOGOS E BRINCADEIRAS I

Batatais
Claretiano
2014
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: ago./2014

796 C698j

Colpas, Ricardo Ducatti


Jogos e Brincadeiras I / Ricardo Ducatti Colpas, Irene Conceição Andrade
Rangel – Batatais, SP : Claretiano, 2014.
208 p.

ISBN: 978-85-8377-140-1

1. Jogo. 2. Brincadeira. 3. Cultura Corporal. 4. Movimento. 5. Escola.


I. Rangel, Irene Conceição Andrade. II. Jogos e Brincadeiras I.

CDD 796

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rafael Antonio Morotti
Elaine Aparecida de Lima Moraes Rodrigo Ferreira Daverni
Josiane Marchiori Martins Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Raquel Baptista Meneses Frata Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

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forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
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autor e da Ação Educacional Claretiana.

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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO....................................................................... 11
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 27
4 E-REFERÊNCIA ................................................................................................... 27

Unidade 1 – CONCEITOS DE JOGO


E BRINCADEIRA
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 29
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 29
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 30
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 31
5 O JOGO COMO CONSTRUÇÃO HISTÓRICA ..................................................... 32
6 O CONCEITO DE JOGO, BRINCADEIRA E BRINQUEDO ................................... 39
7 O JOGO E O BRINQUEDO NA SOCIEDADE ATUAL .......................................... 45
8 O JOGO E A BRINCADEIRA EM SUA DIMENSÃO PEDAGÓGICA .................... 49
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 53
10 C ONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 53
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 54
12 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 54

Unidade 2 – O JOGO COMO COMPONENTE DA CULTURA CORPORAL DE


MOVIMENTO
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 57
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 57
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 57
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 58
5 CULTURA E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO: BREVES SIGNIFICADOS....59
6 JOGO E CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO............................................. 66
7 JOGOS CULTURALMENTE ANALISADOS.......................................................... 72
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 82
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 82
10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 83
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 84

Unidade 3 – JOGO NAS TRÊS DIMENSÕES DO CONTEÚDO


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 85
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 85
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 86
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 86
5 DIMENSÕES DO CONTEÚDO: CONCEITO E DIVISÃO ..................................... 87
6 JOGO: DIMENSÃO CONCEITUAL ..................................................................... 90
7 JOGO: DIMENSÃO PROCEDIMENTAL .............................................................. 95
8 JOGO: DIMENSÃO ATITUDINAL........................................................................ 101
9 APLICANDO AS DIMENSÕES DO CONTEÚDO JOGO ...................................... 104
10 Q UESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 106
11 C ONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 107
12 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 107
13 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 108

Unidade 4 – O JOGO E A BRINCADEIRA NO ENSINO INFANTIL


1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 109
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 109
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 110
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 110
5 JOGO NO ENSINO INFANTIL ............................................................................ 113
6 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS COM ATÉ TRÊS ANOS .......... 120
7 CARACTERÍSTICAS DO JOGO PARA CRIANÇAS DE TRÊS A CINCO ANOS ...... 125
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 134
9 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 134
10 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 135

Unidade 5 – JOGO: DO 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 137
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 137
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 138
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 138
5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DA CRIANÇA NA FAIXA ETÁRIA DE
SEIS A OITO ANOS ............................................................................................ 141
6 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DAS CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA
DOS NOVE AOS DEZ ANOS ............................................................................... 154
7 QUAIS JOGOS DEVEM SER ENSINADOS PARA CRIANÇAS DE NOVE A
DEZ ANOS? ........................................................................................................ 157
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 162
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 163
10 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 164
Unidade 6 – JOGO: DO 6º AO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL E NO
ENSINO MÉDIO
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 165
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 165
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 166
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 166
5 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DE
11 A 14 ANOS .................................................................................................... 168
6 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 11 A 14 ANOS? ............... 170
7 CARACTERÍSTICAS E INTERESSES DOS ALUNOS NA FAIXA ETÁRIA DOS
15 AOS 17 ANOS ............................................................................................... 177
8 QUAIS JOGOS SÃO INDICADOS PARA ALUNOS DE 15 A 17 ANOS? ............... 180
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 184
10 C ONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 185
11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 185
12 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 185

Unidade 7 – OUTRAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DO CONTEÚDO


JOGO NA ESCOLA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 187
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 187
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 188
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 188
5 JOGO E TEMAS TRANSVERSAIS: SIGNIFICADOS............................................. 189
6 JOGO E ORIENTAÇÃO SEXUAL ......................................................................... 191
7 JOGO E ÉTICA .................................................................................................... 193
8 JOGO, TRABALHO E CONSUMO ...................................................................... 197
9 JOGO E PLURALIDADE CULTURAL ................................................................... 198
10 J OGO E MEIO AMBIENTE ................................................................................. 201
11 J OGO E SAÚDE .................................................................................................. 204
12 Q UESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 206
13 C ONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 206
14 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 207
15 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 207
Claretiano - Centro Universitário
Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

1. INTRODUÇÃO
Neste momento, iniciaremos os estudos de Jogos e Brinca-
deiras I, que possibilitarão a você conhecer os princípios, os pro-
cedimentos e a aplicação do processo de captação, de escolha, de
aperfeiçoamento, de análise, de capacitação e de manutenção dos
recursos humanos na organização educacional.
Em função disso, na Unidade 1, nossa intenção será fazer
você entrar em contato com uma dimensão humana que se ex-
pressa pela linguagem do jogo, compreendendo que ele é objeto
de investigação e análise de muitos pesquisadores da área de Edu-
cação Física. Você perceberá que este fenômeno chamado jogo es-
tabelece uma relação com outras manifestações lúdicas, tais como
o brinquedo e a brincadeira, sendo, inclusive, tratados por diver-
sos autores da Educação Física como sinônimos.
Na Unidade 2, enfatizaremos o jogo como uma criação da
espécie humana, produto de suas relações sociais mediadas pela
10 © Jogos e Brincadeiras I

cultura e pelas condições do meio ambiente que, com o passar dos


tempos, foi se incorporando às diferentes culturas. Tenha em men-
te que será bom para você, futuro professor, conhecer a organiza-
ção e o ensino deste conteúdo da cultura corporal de movimento
nos diferentes níveis de escolarização da Educação Básica.
Já na Unidade 3, abordaremos o jogo e sua relação com o
trabalho pedagógico do professor, na perspectiva de ampliar seu
papel educativo na escola. Partindo de um simples fazer, para a
compreensão de que ele é parte do patrimônio cultural da huma-
nidade e que seus significados, conceitos e valores podem ser sis-
tematizados pelo professor.
Serão apresentados, na Unidade 4, os jogos, os brinquedos
e as brincadeiras realizados na Educação Infantil para que, no pro-
cesso de aplicação dos jogos neste nível de ensino, você entenda
a necessidade de possibilitar aos alunos da Educação Infantil o re-
conhecimento de si mesmos, o descobrimento de possibilidades
lúdicas de utilização de alguns materiais, possibilidades de brin-
car com elementos da natureza e com o espaço físico disponível
e jogos que permitam a ampliação do repertório motor ou das
habilidades básicas, como: correr, saltar, rolar, chutar, arremessar,
dentre outras.
Na Unidade 5, que tem como tema o jogo do 1º ao 5º ano do
Ensino Fundamental, buscaremos apresentar os objetivos pedagó-
gicos que podem ser alcançados quando relacionamos o conteúdo
jogo com outras áreas de conhecimento e com outras disciplinas,
com temas da comunidade e regiões do país, com aspectos da
auto-organização e com a criação coletiva de outros jogos e brin-
quedos.
A Unidade 6, que apresenta o jogo do 6º ano ao Ensino Mé-
dio, terá como objetivo estabelecer uma relação dos diferentes
jogos como elementos necessários para organizar o seu conteúdo
tanto técnica como taticamente, assim como estabelecer uma di-
nâmica de julgamentos de valores na vivência da arbitragem cole-
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

tiva, organizando e sistematizando esse conteúdo na escola. Dessa


forma, será possível a prática autônoma e baseada em conheci-
mentos científicos.
Por fim, na Unidade 7, você entrará em contato com um
exemplo concreto de aplicação dos jogos e das brincadeiras para o
desenvolvimento de um tema específico, no caso, os Temas Trans-
versais. Esses são temas elegidos pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) que devem ser objeto de ensino em todo terri-
tório nacional. Por meio do estudo dessa unidade, você terá uma
ideia de como aplicar jogos e brincadeiras, com um objetivo edu-
cacional definido.
Bons estudos!

2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO

Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse
modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento
básico necessário a partir do qual você possa construir um refe-
rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, ética e responsabilidade social.
Nesta abordagem, trataremos de alguns assuntos que se re-
lacionam com os jogos e as brincadeiras e suas possibilidades de
ensino pela disciplina Educação Física nas escolas deste país, pois
é um conteúdo a ser ensinado obrigatoriamente por nós profes-
sores. Durante esta síntese, o jogo será nosso ponto de partida,
também nosso ponto de chegada e nosso percurso.
Pode parecer que esta tarefa seja um tanto quanto simples.
Mas não é. Não é uma questão de apenas saber o que é jogo e

Claretiano - Centro Universitário


12 © Jogos e Brincadeiras I

brincadeira para saber como ensinar. Quando se trabalha com as


relações que envolvem pessoas, umas diferentes das outras, o
caso não é tão simples assim.
Podemos começar com uma pergunta: o que é jogo? Já que
temos que ensiná-lo na escola e para tal, ao menos, algumas infor-
mações sobre ele são fundamentais.
Inicialmente, temos de mencionar que o jogo é um funda-
mento das expressões corporais humanas. Mas o que isso sig-
nifica? Significa afirmar que quando as pessoas estão, entre si,
praticando um jogo, comunicam ideias, valores, transformam-se
mutuamente, aprendem coisas umas com as outras, definem uma
identidade e revelam uma determinada cultura. Por exemplo:
qualquer brasileiro que viaje para outro país, provavelmente, será
lembrado, quando se identificar como brasileiro, como pertencen-
te ao país do futebol e levará à ideia de que personagens como
Pelé, Ronaldinho foram ou são grandes jogadores.
Dessa forma, o jogo, como expressão corporal e linguagem,
está enraizado na dimensão cultural do ser humano, de diferentes
grupos sociais e, como vimos, de um país. É parte constitutiva de
cada um de nós, pois o incorporamos, como já dissemos, com nos-
so envolvimento nas práticas sociais dos jogos e na relação com as
outras pessoas.
Basta nos lembrarmos das brincadeiras de rua quando éra-
mos crianças. Reuníamo-nos com os amigos nas férias ou quan-
do chegávamos da escola (antes tirávamos o uniforme) para jogar
taco, pular corda e amarelinha. Também pulávamos sela (que, em
alguns lugares, é chamada de pula-carniça), empinávamos pipas,
brincávamos de polícia – ladrão, pata choca, pião, bolinha de gude,
casinha, escolinha e tantas outras. Todas tinham um ponto em co-
mum: estavam em sintonia com o mundo, de certa forma, repre-
sentando o mundo e a sociedade em que vivíamos. Estavam enrai-
zadas em nossa cultura.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Lembra do campinho de terra e de todos ali sonhando que


seriam jogadores de futebol do time do coração? Até os pernas de
pau também assim sonhavam. O escritor uruguaio, Eduardo Gale-
ano, em seu livro Futebol ao Sol e à Sombra, diz o seguinte:
[...] quando era criança pequena no Uruguai, como todos os meni-
nos, adorava minhas peladas, e como todos também quis ser joga-
dor de futebol. E jogava muito bem, era uma maravilha, mas não de
dia, só a noite enquanto dormia. Chegava a sonhar todas as noites.
De dia era o pior perna de pau que já passou pelos campos do meu
país [...]. (s.d.)

Mencionemos também os jogos de tabuleiros, xadrez, da-


mas, o futebol de botões, o banco imobiliário que nos ensinava o
desejo de acumular bens sem necessidade e cuja lógica do jogo
era fazer o outro falir, se dar mal. Éhhh... os jogos comunicam, en-
sinam valores e tudo mais, como já dissemos. Mas, de certa forma,
naquele momento de nossas vidas, todas essas brincadeiras se
apresentavam descompromissadas diretamente com a vida pro-
dutiva, e nós estávamos mergulhados em uma relação lúdica com
o mundo.
Aliás, relação lúdica, ludicidade, lúdico são expressões que
você, durante os estudos verá bastante. Mas, de início, podemos
adiantar que, para muitos autores da Educação Física que estudam
o tema da ludicidade, ela é uma atividade que, quando realizada,
por exemplo, por uma criança, garante a ela espaço para a sua ex-
pressão plena e o exercício de sua criatividade, em um momento
ímpar de extrema significância para o seu desenvolvimento.
A partir da experiência lúdica, abre-se espaço e novas opor-
tunidades surgem para a criação do novo, aquilo que um dia, de-
pendendo da criação, pode ser incorporado pelo conjunto maior
da cultura. Como exemplo, podemos citar o quimbol, um jogo cria-
do em Piracicaba, interior de São Paulo, pelo seu Joaquim, hoje fa-
lecido, que misturava voleibol e tênis. É muito praticado em Piraci-
caba, nos clubes e nas escolas. Basicamente, joga-se com raquetes
em uma quadra de voleibol.

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14 © Jogos e Brincadeiras I

Agora, nem sempre a sociedade favorece esses momentos


de criação do novo a partir daquilo que já se conhece. Ela está
muito mais preocupada com a educação para o consumo indiscri-
minado e, muitas vezes, compulsivo. Esta organização social em
que vivemos, estruturada em função desse tipo de consumo, ofe-
rece poucas possibilidades para os indivíduos atuarem e agirem
por conta própria e com liberdade de escolha. Tudo já vem pronto,
acabado e descartável. A expressão plena e com liberdade, na hora
do jogo, nem sempre é possível. Historicamente, ela está ancorada
na pura e exagerada demonstração competitiva de forças e de ha-
bilidades mecanizadas e padronizadas.
Mas, o jogo na escola, dependendo da sua atuação como
professor, pode romper com isso. Acreditamos que jogos e brinca-
deiras, quando ensinados em uma perspectiva significativa e críti-
ca, possam favorecer esse tipo de experiência lúdica.
Mas, enfim, saiba você que, há mais ou menos 20 anos, nós,
professores de Educação Física, insistimos na valorização desse
componente lúdico como elemento pedagógico e histórico da Edu-
cação Física. Pensamos a dimensão da ludicidade não como o fim
em si mesmo, mas como a possibilidade de trabalho pedagógico
criativo e transformador da condição humana. Se ela estiver pre-
sente em nossas aulas, com certeza, elevaremos a qualidade delas
e proporcionaremos aos nossos alunos uma relação e uma expe-
riência com a Educação Física na escola muito diferentes daquelas
que a maioria de nós tivemos, marcadas por seleções, exclusões e
valorização dos mais habilidosos.
Então, se você está pensando que os momentos nos quais
os alunos brincam ou jogam na escola ou fora dela constituem os
momentos de criação e de realização de ações significativas, você
não deixa de estar certo. Sim, é um espaço de construção objetiva
da nossa humanidade, do fazer-se homem e do fazer-se mulher,
do fazer-se criança. É o exercício e a expressão da criatividade dos
alunos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Portanto, quando estiver na quadra para jogar ou brincar


com seus alunos, pense em organizar e sistematizar atividades lú-
dicas. Estas serão muito mais significativas e motivadoras.
O jogo é a atividade que nos faz sentir bem, que nos hu-
maniza, mesmo quando nossas vontades, nossos desejos e inte-
resses não são satisfeitos. Por exemplo, quando perdemos uma
partida no futebol na escola, quando nos tornamos pegadores no
pega-pega mãe da rua, quando queimamos panela no esconde-
-esconde, ou quando não nos deixam ser o papai ou a mamãe na
brincadeira de casinha, ficamos, muitas vezes, aborrecidos, mas
isso não tira a importância e a necessidade de brincar.
Nos jogos e nas brincadeiras, aprendemos que as regras so-
ciais nos iniciam na cultura mais elaborada no mundo dos adultos
e, por isso, também desenvolvemos nossa inteligência. Assim, é
fundamental que a criança brinque.
Agora: quando surge o jogo na cultura e na vida humana?
Com certeza, não nascemos sabendo jogar. Esse conhecimento
não é inato. Essa característica humana é apreendida do conjunto
da sociedade, é determinada, inicialmente, por nossa comunidade
imediata. Dessa forma, brincamos e jogamos de acordo com nos-
sa situação geográfica e histórica. Essa linguagem acompanha-nos
por todo o desenvolvimento, sofrendo, por sua vez, as modifica-
ções impostas pela história e pelas formas de organização das so-
ciedades ao longo do tempo. Façamos um pequeno resumo dessa
história.
Em um primeiro instante, nas sociedades pré-industriais, as
atividades humanas eram integradas. Por exemplo, jogo e trabalho
eram manifestações carregadas de ludicidade no sentido livre e
criativo. A vida produtiva do trabalho misturava-se com as festas,
as danças e os jogos. O homem trabalhava e também festejava o
resultado e a produção do seu trabalho. Podemos afirmar que es-
tas estavam submetidas a representar essa vida na sua dimensão
concreta e também estabeleciam ampla relação com as questões
místicas e religiosas.

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16 © Jogos e Brincadeiras I

Com o passar do tempo, foram modificando-se as relações


de sobrevivência entre os homens. Mudando o modo de produ-
ção, seja escravocrata, feudal, capitalista industrial e pós-indus-
trial, os jogos também sofreram modificações nas suas práticas e
nos seus significados. Por exemplo, com a consolidação do sistema
capitalista, o jogar e o brincar transformaram-se em esportes.
Atualmente, a organização mundial alicerçada no capitalis-
mo multinacional, na sociedade da mídia, da obsolescência pro-
gramada, do advento da cultura do automóvel, do uso da televisão
e de outros meios de comunicação e no alto desenvolvimento tec-
nológico exerce influência sobre os jogos, fazendo que estes não
respeitem a experiência e a história concreta das pessoas. Além
disso, as questões da ludicidade tentam ser incorporadas pelas
conquistas da informática.
Percebemos que os jogos eletrônicos e os microcomputado-
res exercem grande atração sobre o público consumidor. Os joga-
dores entregam-se às normas dos programas de jogos de compu-
tadores sem nenhum questionamento.
A máquina e a sua lógica determinam a criatividade do jogo,
não a pessoa que está jogando. A linguagem desenvolvida nesses
jogos é da máquina e não da pessoa que joga. Pensemos nisso.
Fica aqui uma pequena reflexão nesse contexto. Pense nisso quan-
do for escolher qual jogo ensinar aos seus alunos.
Agora, você pode se perguntar: mas temos o que ensinar
com o jogo?
Sim, temos o que ensinar com o jogo, pois ele tem conteúdos
a serem absorvidos pelos alunos (nas dimensões procedimentais,
atitudinais e conceituais) e temos também que ensinar o próprio
jogo.
Cremos que seja obrigação da escola ensinar diversos conhe-
cimentos, dentre eles os conhecimentos da chamada cultura cor-
poral de movimento. Esta compreende os temas e as expressões
corporais produzidos e acumulados pela humanidade ao longo da
história e que se transformaram em patrimônio cultural, tais como
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

os esportes, a dança e as atividades rítmicas e expressivas, a ginás-


tica, as lutas, os próprios jogos e as linguagens que se referem aos
conhecimentos sobre o corpo.
Agora, preste atenção: o professor também ensina. Quando
você estiver na quadra, lá na escola, você terá a obrigação peda-
gógica e o compromisso ético de ensinar seus alunos. Será profes-
sor de alunos dispostos em diferentes classes ou turmas. Por isso,
você precisa conhecer uma quantidade de jogos e brincadeiras e
saber o que deseja que os alunos aprendam.
Dentre as possibilidades de aprendizagem, está a internali-
zação de valores e atitudes. Conhecimentos que se referem à di-
mensão atitudinal do jogo.
Mas não imagine que é o jogo ou a brincadeira em si, mesmo
sendo muito interessantes, que determinarão a aprendizagem de
atitudes e valores humanizadores, como o respeito e a solidarieda-
de, mas sim você, o futuro professor desses grupos.
Mas o trabalho pedagógico da aula e os objetivos por nós
traçados, no que diz respeito aos conhecimentos atitudinais, de-
vem ser discutidos com os alunos. É necessário questioná-los para
encontrarmos possíveis sínteses e avaliarmos a própria aula. Suge-
rimos algumas perguntas como:
1) Os alunos da classe conseguiram brincar juntos?
2) Quais foram as dificuldades que a classe encontrou para
jogar?
3) Como a classe conseguiu superar os conflitos e os pro-
blemas que apareceram?
4) Por que a classe conseguiu fazer que todos brincassem
juntos?
5) O que os meninos puderam aprender com as meninas e
as meninas com os meninos?
6) Quais alunos se sentiram respeitados durante a aula e
quais desrespeitados?
7) Quem gostaria de fazer um elogio a outro aluno?

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18 © Jogos e Brincadeiras I

8) Quem gostaria de se desculpar com alguém? (se for o


caso, elogie essa atitude).
9) A sociedade em que vivem é tão respeitosa com as pes-
soas quanto vocês foram durante a aula? Por quê?
Observe que valores podem ser desenvolvidos e ensinados
na escola.
Cabe, antes de se perguntar o que um jogo ou outro pode
ensinar, perguntar a si mesmo: por que eu quero ensinar jogos e
brincadeiras na escola? O que me motiva?
Esperamos que sua resposta seja um motivo direcionado
à construção de uma sociedade justa e fraterna. Citaremos um
exemplo de um profissional que lecionava futebol em uma classe
do 4º ano, composta de meninos e meninas entre 9 e 10 anos.
Após uma série de aulas associando alguns jogos e brincadeiras
com a prática do futebol, os alunos foram para a quadra para jogá-
-lo. Durante a partida, um dos alunos, frequentemente, irritava-se
com os erros dos colegas e desferia palavras desrespeitosas, o que
acabou os inibindo. Alguns pararam até de jogar, outros reclama-
ram com o professor. Nesse momento, o professor parou a aula e
fez uma roda de conversa para tentar resolver o conflito.
Inicialmente, o professor questionou se aquele jogo poderia
fazer mal a alguém que demonstrava tremenda impaciência e ner-
vosismo com os amigos.
A turma de pronto respondeu que sim e que o referido aluno
estava fazendo mal a si mesmo e também aos alunos ofendidos
por ele.
O professor, então, levantou a possibilidade de que esse alu-
no observasse o jogo de futebol, na próxima aula, sem a presença
dele, para que pudesse comparar e aprender a jogar mais tranqui-
lamente. E foi o que fizeram, com a concordância dele. Além de
observar o jogo sem a sua presença, ele também elaborou um tex-
to descrevendo o que via. Ao final da aula, o texto foi lido por ele
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

em voz alta. Após essa leitura, a classe disse a ele o que esperava
de seu comportamento e suas atitudes na próxima aula, quando
fosse realizado mais um jogo.
Você pôde perceber que o professor deve fazer o possível
para garantir que todos participem das atividades e do conteúdo
desenvolvido. Conclui-se que o jogo revela diferenças e desigual-
dades que nem sempre são manifestações em um clima ameno ou
tranquilo. Na maioria dos casos, é tarefa do professor fazer que to-
dos os alunos aprendam que, entre todos os diferentes, o respeito
deve prevalecer.
Sabemos que isso não é fácil, pois nossa sociedade mani-
festa certa predileção em transformar as pessoas em pessoas que
não se diferenciam. De certa forma, ela tenta padronizar gostos
musicais, tendências de moda, eleger padrões de beleza e estabe-
lecer rótulos de perfeição e imperfeição, impondo o que é belo e
feio no corpo. Valoriza somente a vitória e desdenha o perdedor,
estimula a competitividade predatória em todos os níveis. Tudo
isso, queira você ou não professor, acaba chegando à quadra na
hora do jogo, reforçando preconceitos e dificultando a construção
de uma sociedade em que, efetivamente, a qualidade de vida seja
extensiva a todos.
Até esse momento, você pôde perceber que o ensino dos
jogos e das brincadeiras não é um fim em si mesmo. Existe, inclu-
sive, a possibilidade de se trabalhar com outras áreas de conhe-
cimento, em projetos interdisciplinares E, nessa hora, mostrar os
brinquedos tradicionais e modernos, os artesanais, os industriais
e os pós-industriais.
Observe a Figura 1.

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20 © Jogos e Brincadeiras I

Figura 1 Museu do brinquedo.

No projeto do museu do brinquedo, enfatiza-se o ensino do


jogo e da brincadeira nas três dimensões do conhecimento: a ideia
histórica do brinquedo (conceitual), o fazer e o brincar (procedi-
mental) e o brincar junto, compartilhando os brinquedos (atitudi-
nal).
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

Hoje, os jogos assumem um caráter inclusivo na escola,


como conteúdos a serem apreendidos por todos, ou seja, peda-
gogicamente, temos que pensar, na prática (nos procedimentos)
durante as aulas, nas experiências em conteúdos em que todos
se encaixem. Não todos de maneira igual, nem do mesmo jeito,
e sim do jeito de cada um. E isso não significa de qualquer jeito
também. Hoje, temos a convicção de que muito mais que a ativi-
dade é o professor quem inclui. O professor, com sua capacidade
de mediar interesses e conflitos durante a aula em que o aspecto
procedimental esteja mais aparente e mais salientado, vai possi-
bilitar que todos participem e sejam respeitados, dentro de seus
limites e suas possibilidades.
O diálogo com outras culturas por meio dos jogos também
é possível, proporcionando o conhecimento de outros povos e de
outras identidades. Aliás, se você quer conhecer uma pessoa ou
uma comunidade inteira, observe como ela organiza, executa e se
comporta durante um jogo ou uma brincadeira.
Se, por exemplo, analisarmos uma cultura lúdica dos povos
nativos do Brasil, ou seja, dos povos indígenas, nos depararemos
com inúmeras manifestações lúdicas que se incorporaram como
traço de identidade cultural. Por exemplo, podemos citar a peteca,
também chamada de kapu-kapu, tsini, jogo do gavião. Na cultura
negra, temos a lagarta pintada e a dángolinha.
Mas você pode estar se perguntando: como eu escolho as
atividades? Como eu escolho as brincadeiras? Com quais jogos eu
inicio meu trabalho de professor?
Sugestão: inicie com os jogos e as brincadeiras já conhecidos
pelas crianças e, a partir daí, vá ampliando as possibilidades de
execução e de conhecimento de outros jogos e brincadeiras.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom

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22 © Jogos e Brincadeiras I

domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-


nhecimento dos temas tratados em Jogos e Brincadeiras I. Veja, a
seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Atitudinal: diz respeito ao modo como o aluno deve agir.
2) Brincadeira: diferencia-se do jogo por não apresentar
regras fixas.
3) Conceitual: refere-se ao que o aluno deve saber.
4) Cultura corporal de movimento: é formada pelo con-
junto de conteúdos compreendidos pelo jogo, esporte,
ginástica, conhecimento do corpo, dança e luta, que de-
vem se ensinados pela disciplina de Educação Física.
5) Jogo: "[...] o jogo é uma atividade ou ocupação voluntá-
ria, exercida dentro de certos e determinados limites de
tempo e de espaço, segundo regras livremente consenti-
das, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim
em si mesmo, acompanhado de um sentimento de ten-
são e de alegria e de uma consciência de ser diferente da
‘vida quotidiana’" (HUIZINGA, 1980, p. 33).
6) Procedimental: diz respeito ao que o aluno deve saber
fazer.
7) Regra: o que regula, dirige, rege ou governa. É a forma
exata de se jogar.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 2), um
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você
mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o
seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o
seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas
próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de


ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do

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24 © Jogos e Brincadeiras I

site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-


ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
Conceitual

Ginástica

Esporte
Procedimental

Dimensão
Atitudinal

Cultura corporal
de movimento
com corda, de

Com bola, de
perseguição,

Brincadeira
tabuleiro

Jogo e
Criados
Reproduzidos

Tradicionais

Expressivas

Atividades
Rítmicas e

Lutas
Transformados

Figura 2 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo de Jogos e


Brincadeiras I.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

Como você pode observar, esse Esquema oferece a você,


como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos
mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar
entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir
o seu processo de ensino aprendizagem.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Jogos e Brincadeiras I
pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim,
mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado,
você estará se preparando para a avaliação final, que será disser-
tativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar
seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua
prática profissional.

As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta


apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada,
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por
resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso,
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito.
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus
colegas de turma.

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26 © Jogos e Brincadeiras I

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con-
ceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Curso de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com os seus colegas. Suge-
rimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote suas reflexões em seu
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão
ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções
científicas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27

Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie


seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discu-
ta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoau-
las.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GALEANO, E. Futebol ao sol e à sombra. São Paulo: L&PM Editores, 2004.
HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. Tradução de
João Paulo Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 1980.

4. E-REFERÊNCIA

Figura
Figura 1 Museu do brinquedo. Disponível em: <http://cadacriarsintra.blogs.sapo.
pt/1519.html>. Acesso em: 12 mar. 2012.

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EAD
Conceitos de Jogo
e Brincadeira

1
1. OBJETIVOS
• Compreender os conceitos de jogo e brincadeira, e em
quais aspectos se aproximam e se distanciam.
• Entender o jogo e a brincadeira como constituintes da
prática da Educação Física na escola.
• Verificar a relação que o jogo e a brincadeira estabelecem
com o desenvolvimento cultural da humanidade.
• Verificar a relação que o jogar e o brincar atuais estabele-
cem com a sociedade de consumo.

2. CONTEÚDOS
• O jogo como construção histórica.
• Os conceitos de jogo e brincadeira.
• O jogo e a brincadeira em sua dimensão pedagógica.
• O jogo e a brincadeira na sociedade atual.
30 © Jogos e Brincadeiras I

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli-
citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de
Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades
deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu
desempenho.
2) Lembre-se de que os jogos sempre fizeram parte de sua
vida e, com certeza, você encontrará em sites na inter-
net, em livros ou até mesmo em jornais e revistas muitos
exemplos e definições de jogos. No caso de encontrar
algo interessante, disponibilize tal informação para seus
colegas na Lista. Lembre-se de que você é protagonista
do processo educativo.
3) Durante o estudo desta unidade, procure realizar as re-
flexões sugeridas. Faça seu cronograma e não se apresse
em prosseguir seus estudos. Afinal, as reflexões são im-
portantes para que você se envolva na aprendizagem.
Pense nisso!
4) Explore melhor o assunto sobre os jogos, tentando
encontrar algumas explicações para o fato de a classe
social, possivelmente, influenciar na prática dos jogos.
Para tanto, além de questionar o seu tutor, discuta estas
questões no Fórum, com seus colegas!
5) No decorrer do estudo desta unidade, conheceremos
João Batista Freire, um dos grandes autores da Educa-
ção Física que estuda o jogo, seus significados e aplica-
ções. Portanto, recomendamos a leitura atenta de seus
livros.
6) Pense que este é o momento para aprender. Participe
das atividades interativas que tratarão do tema desta
unidade, sem medo de errar; afinal, o erro é um elemen-
to importante para se aprender algo que ainda não se
sabe. Com a ajuda do tutor, com certeza, você poderá
estabelecer relações entre suas opiniões e as opiniões
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 31

de uma pessoa com um pouco mais estudo do que você.


Aproveite!
7) Assista ao filme A vida é Bela, que retrata, na Segunda
Guerra Mundial, como um pai judeu conseguiu diminuir
a tristeza de seu filho em relação à guerra, por meio da
brincadeira e da imaginação.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Inicialmente, parabéns por essa nova fase da sua vida, pois
ser portador de diploma de nível superior no Brasil é algo digno
de reconhecimento pelo esforço empenhado. Boa sorte nos seus
estudos!
A partir de agora, você tomará contato com os jogos, sendo
estes manifestações humanas que não exigirão maiores cuidados
interpretativos, nem estudo mais aprofundado. Para entender o
conteúdo da cultura corporal de movimento e da disciplina escolar
denominada Educação Física, vamos trabalhar juntos.
Sabemos que a sociedade, em razão do senso comum, vê os
jogos, as brincadeiras das crianças na escola e o ensino de jogos
e brincadeiras como menos importantes. Tentaremos demonstrar
para você, aluno do curso de Licenciatura em Educação Física, na
modalidade EaD do Claretiano, que isso, no entanto, é muito dife-
rente.
Quem sabe se, a partir do estudo desta unidade, você passe
a valorizar o jogo e a cultura das brincadeiras como manifestações
da humanidade sem as quais esta não teria atingido os atuais ní-
veis de desenvolvimento social, cognitivo e, também, espiritual.
Esperamos, ainda, que você consiga entender o jogo e toda a sua
teoria, com suas possíveis ações, como professor de Educação Fí-
sica escolar.
Boa leitura!

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32 © Jogos e Brincadeiras I

5. O JOGO COMO CONSTRUÇÃO HISTÓRICA


Talvez seja interessante, antes de apresentarmos os concei-
tos de jogos e brincadeiras, darmos algumas informações iniciais a
respeito da origem histórica dessas manifestações.
Para tanto, partiremos do princípio de que os jogos e as
brincadeiras, segundo Wajskop (1997), são produtos do processo
educacional e cultural dos povos, ou seja, compõem o conjunto
da produção sociocultural da humanidade e, por isso, todos nós
aprendemos a jogar e somos capazes de fazê-lo.
O jogo é uma atividade que foi construída pela humanidade
há milhares de anos e que, até hoje, é preservada, sendo transmi-
tida de geração para geração. Jogando e brincando, preservamos
nossa cultura e nossa identidade, logo, podemos concluir que jo-
gar e brincar são tão importantes para a história da humanidade
quanto dançar, falar, escrever e cantar.
Para Bruhns (1999, p. 20):
Jogar e brincar é tentar redimensionar o fenômeno muito além do
simples fato de diversão e entretenimento. É tentar descobrir sua
dimensão humana sem nunca perder de vista a integração do ho-
mem dentro do seu meio. É ir buscar nas raízes históricas e culturais
a explicação para as aparências. Enfim, é ir buscar o seu significado
dentro da produção coletiva dos homens vivendo em sociedade.

Você deve estar se perguntando: mas quando o jogo entrou


precisamente na história da humanidade? Embora esse seja um
dado impreciso nas referências bibliográficas, há um consenso en-
tre diferentes fontes e autores ao relacionarem o início das formas
de jogar e brincar com o início da atividade consciente do homem.
Acredita-se, portanto, que a partir do momento em que o
homem passou a ser capaz de transformar a natureza e, assim, ex-
pandir a sua força criadora sobre os elementos naturais, ele trans-
formou os objetos dispostos no meio ambiente em utensílios para
facilitar a sobrevivência de sua espécie no planeta, de maneira que
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 33

as diferentes manifestações do jogo começaram a se constituir em


representações dessa vida consciente e da forma de organização
social.
Essa nova vida consciente possibilitou à humanidade a or-
ganização em grupos, em comunidades e em sociedades, sendo
a história das formas de jogar, também, a história das diferentes
formas que a humanidade encontrou para se organizar em comu-
nidades e em sociedades mais complexas. Podemos, portanto,
sintetizar que a humanidade há muito vem jogando, brincando e
transformando esses jogos e brincadeiras em brinquedos.

Figura 1 Crianças brincando.

Observe o quadro de Cândido Portinari, ilustrado na Figura


1, e tente entender o significado das brincadeiras para este pintor.
Ao retratar os jogos, provavelmente, ele teve boas recordações de
sua infância, você não acha? Você guarda boas recordações dessa
época de sua vida?

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34 © Jogos e Brincadeiras I

Nas sociedades primitivas, chamadas de pré-industriais, o


jogo e as demais esferas da vida estavam integrados. Trabalho e
jogo eram atividades com o mesmo peso no cotidiano e nas ce-
lebrações festivas, por meio das quais toda a comunidade dava
sentido à sua própria existência. Ao pensarmos nas demais mani-
festações da humanidade, como, por exemplo, as vestimentas e a
alimentação, verificamos que cada época, cada sociedade possui
uma característica que a faz diferente das demais, o que também
se dá com o jogo.
E o jogo não é algo imposto (embora possa até ocorrer essa
possibilidade), mas algo que acontece naturalmente, sendo pra-
ticado por todas as faixas etárias, como, por exemplo, algumas
crianças jogam na rua; vários adultos jogam na loteria esportiva e
certos homens da terceira idade jogam bocha. Dessa forma, o jogo
está presente nas nossas vidas, mesmo que não pensemos nele.
Você já reparou que em quase todos os programas de televi-
são existe alguém mostrando um jogo (jogo de futebol, por exem-
plo), ou alguém dirigindo um jogo (jogo disputado entre meninos
e meninas em um programa infantil) ou, ainda, alguém comentan-
do sobre um jogo (comentarista esportivo)? Mas não é apenas na
televisão que o jogo está presente em nossas vidas. Ele frequente-
mente aparece nos computadores, nas festas de aniversário, nas
comemorações em forma de gincanas, nos prêmios de supermer-
cados, nas loterias, nos videogames, nas viagens e excursões. En-
fim, queiramos ou não, o jogo está presente em nossas vidas há
muito tempo!
Outro aspecto interessante do jogo é que ele é extremamen-
te democrático: todo ser humano, em qualquer condição, pode
praticar algum tipo de jogo; basta encontrar um que aprecie ou
que esteja adequado à sua condição, seja ela econômica, social,
física etc. Vejamos alguns exemplos: um jogo que necessite de ma-
teriais sofisticados e, consequentemente, caros, provavelmente,
só será praticado por uma elite. Ao contrário, um jogo que não
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 35

necessite de materiais ou possa utilizar materiais baratos e de fácil


aquisição poderá ser jogado por qualquer indivíduo. Outro exem-
plo: quem reside próximo ao mar ou rio poderá conhecer jogos
com o uso da água que pessoas que residem próximo a um campo
desconheçam, porém estas poderão conhecer outro tipo de jogo
desconhecido por quem mora próximo a uma região com muita
água. Resumindo: existem inúmeros jogos que dependem de um
contexto social para existirem, mas toda a humanidade jogou, joga
e, provavelmente, jogará, enquanto viver em sociedade.
Embora quase sempre atrelado à infância, o jogo pode ser
verificado em qualquer faixa etária. Cremos até mesmo que um
adulto perde sua capacidade de ser espontâneo, criativo e feliz
quando perde sua capacidade de brincar. Por conta disso, o jogo
é aceito em diferentes instituições, mesmo que por poucos mo-
mentos.
Você já reparou como várias empresas têm utilizado o jogo
como uma estratégia importante para descobrir o talento de seus
funcionários? Nesses casos, os jogos podem ser aplicados com a
finalidade de se descobrir um líder, uma pessoa cooperativa, ou se
um grupo possui a tendência de conviver bem em conjunto.
Entre outros, os psicólogos também têm utilizado o jogo
para terapias individuais ou em grupo, para diversos tipos de re-
abilitação (de presidiários, de pessoas hospitalizadas), ou seja, o
jogo não é exclusividade de nenhuma disciplina ou área. Mas por
que será que ele possui essa característica tão democrática?
Segundo um autor da área de Educação, Caillois (1990), que
trabalha com as questões do jogo, este torna fácil o que é difícil,
sendo vital na formação da personalidade da criança. Não é difícil
entender essa afirmação, razão pela qual muitas disciplinas têm
utilizado o jogo para facilitar a compreensão de assuntos de difí-
cil entendimento. Vamos exemplificar: a matemática tem usado
os jogos para fazer que as crianças pensem rapidamente sobre as
operações matemáticas e a diferenciação entre par e ímpar. Va-
mos demonstrar por meio de um pega-pega ou pegador:

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36 © Jogos e Brincadeiras I

• Formar duas colunas. Uma delas será a de números pa-


res, a outra de números ímpares.
• Uma coluna estará de costas para a outra, a uma distância
de 1m aproximadamente.
• O professor estará à frente das colunas e dirá dois núme-
ros que deverão ser somados.
Se o resultado da soma dos números for igual a um núme-
ro par, a coluna correspondente aos números pares tentará pe-
gar alguém da coluna ímpar, correndo até uma linha previamente
marcada. Se o resultado for igual a um número ímpar, a coluna
correspondente será a pegadora.
O professor poderá variar a brincadeira, solicitando outras
operações, como subtração, multiplicação ou divisão.
Existem muitos outros jogos que foram criados ou adapta-
dos para o ensino da Matemática, Português, Geografia e outras
disciplinas; no entanto, esse não é o objetivo da Educação Física,
e voltaremos a falar sobre o assunto. Agora, o que nos interessa
é compreender por que os jogos são utilizados por tantas áreas.
Você já deve ter adivinhado, afinal também jogou e certamente
joga. O jogo é extremamente prazeroso, e tudo que é prazeroso
nos faz ter vontade de repetir, além de aumentar nossa vontade de
aprender. Aprender pelo prazer é muito melhor do que aprender
pela dor.
Isso nos faz entender por que as crianças solicitam a repeti-
ção de alguns jogos, por que as crianças adoram as aulas de Edu-
cação Física e por que muitas pessoas continuam a jogar durante
toda sua vida. Pode explicar até por que muitas pessoas acabam
ficando viciadas em jogar, perdendo, muitas vezes, o limite da vida
real.
Quando jogamos, entramos em "estado de fluxo", de acordo
com Csikszentmihalyi (1975). É um estado em que nos esquece-
mos do que está acontecendo ao nosso redor, tal como o tempo
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 37

atmosférico ou as horas. Este autor criou uma teoria com base na


premissa de que existe uma concentração muito grande quando
fazemos algo que nos dá um imenso prazer. E acreditamos que
podemos transferir essa teoria para o jogo, pois a concentração
no jogo nos impede de prestar atenção em outras coisas. Você já
reparou nos jogadores de futebol em uma partida? Ou mesmo
em você jogando? Ou em uma criança? Parece que a realidade
está muito longe, sendo o envolvimento imenso. Muitas crianças,
quando, por exemplo, chamadas pela mãe para tomar banho ou
jantar, parecem acordar de um sonho, parecem até levar um susto!
Esperamos até mesmo que você esteja tão concentrado ago-
ra no texto que entenda perfeitamente o "estado de fluxo".
Ao jogarmos, entramos em uma esfera de concentração que
diz respeito apenas ao jogo: nos envolvemos com as regras, o es-
paço do jogo, os demais jogadores, e temos apenas o objetivo de
jogar. Algumas pessoas acreditam que o objetivo de quem joga é
apenas o de vencer, porém outras, como, por exemplo, o prof. Fá-
bio Brotto (2000), pensam que existe um objetivo mais nobre, que
é o "jogar", simplificadamente "participar". É claro que quando en-
tramos em uma disputa queremos vencer, mas existem jogos em
que não existe essa possibilidade e, assim, entramos apenas para
jogar, o que nos dá um imenso prazer.
Quer ver um exemplo de um jogo em que não existe vence-
dor? Brincar com pião ou pipa (a invenção de "campeonatos de
pipa" é recente e não adotada totalmente pelas crianças brasilei-
ras).
Outro exemplo é o jogo "morto ou vivo". Uma das crianças
do grupo fica à frente e quando diz "morto", todos devem se abai-
xar. Quando diz "vivo", todos devem ficar em pé. Ao mesmo tem-
po, essa criança executa o abaixar e levantar, independentemente
do que estiver dizendo. As outras crianças deverão seguir o que
está sendo falado, mas não o que está sendo mostrado pela crian-
ça da frente. Quem erra, geralmente, vai para o final do grupo ou,
em algumas regiões do país, paga uma prenda.

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38 © Jogos e Brincadeiras I

Nesses jogos, a graça está na execução do próprio jogo e não


na procura de um vencedor. Atualmente, alguns autores têm tra-
balhado com a questão da cooperação nos jogos, também cha-
mados de jogos cooperativos, porém o que queremos que você
entenda é que a humanidade sempre jogou e brincou pelo puro
prazer de jogar e participar.
Os jogos sempre existiram e tornaram-se diferentes, confor-
me a época e os costumes. Atualmente, entre os jovens, os jogos
mais populares são os de computador, o que é um reflexo de nossa
época.
Assim como, com o decorrer do tempo, a humanidade pas-
sou por transformações que determinaram a sua forma de orga-
nização política e econômica, os jogos e as brincadeiras também
sofreram modificações.
Já possuindo uma organização social consolidada em função
das classes sociais e sob o poder e a tutela do Estado, algumas ma-
nifestações de jogos ficaram restritas às camadas populares, não
sendo aceitas pelas elites econômicas da época, como, por exem-
plo, o Império Romano.
Sabemos que os jogos e as brincadeiras representam, tanto
explícita quanto implicitamente, os valores e a estrutura econômi-
ca de uma época. Um exemplo disso é a brincadeira de cavalinho
entre meninos brancos e negros no Brasil durante os séculos 15
e 19, cujas características reproduziam a relação de escravidão e
servilidade.
Futuro professor, você já está percebendo que ensinar jo-
gos e brincadeiras nas escolas é muito mais do que ensinar jogos
e brincadeiras em si? Há possibilidades pedagógicas que mantêm
relação com outros conhecimentos, com os históricos, por exem-
plo, com atitudes, valores e formas de execução. Ser professor dá
trabalho! Mas é muito bonito ver uma criança aprendendo! E se
estiver aprendendo brincando, é melhor ainda!
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 39

Será que, nos dias atuais, também podemos perceber que


alguns jogos e atividades corporais são restritos aos grupos econo-
micamente privilegiados? Será que alguns jogos atualmente são
realizados e praticados em função da classe social a qual pertence
uma pessoa? Será que a classe social de uma pessoa determina
sua possibilidade ou não de praticar determinado jogo? Será que
os lugares divididos e reservados nos estádios e ginásios esporti-
vos reproduzem um pouco a divisão e os espaços que as pessoas
ocupam na sociedade? Procure pensar se esses fatos realmente
ocorrem e o porquê disso.

6. O CONCEITO DE JOGO, BRINCADEIRA E BRINQUEDO


Apesar de, na sociedade atual, ter aumentado o debate so-
bre a necessidade e a importância do brincar para as crianças, infe-
lizmente, a brincadeira continua não sendo muito valorizada pelas
famílias. Estas acreditam que brincar, durante as primeiras fases
do desenvolvimento das crianças, é apenas uma forma de mantê-
-las distraídas, um mero passatempo.
Entretanto, é necessário pôr fim a essa ideia e mostrar o
quanto a brincadeira e o jogo são importantes para o crescimento
das crianças, já que, dentre outras pontos, brincar ajuda a criança
a se libertar da dependência da mãe e a construir sua autonomia.
Na brincadeira e no jogo, as crianças constroem suas regras,
de acordo com as exigências das brincadeiras e com a experiência
de vida de cada uma delas. A criança aprende, ainda, a se apro-
priar de papéis sociais diferenciados, exercendo uma atividade
fundamental para preservar seu pleno desenvolvimento.
É importante destacar que as brincadeiras mudam conforme
a idade das crianças. Nos primeiros meses de vida, por exemplo,
seu corpo é sua própria brincadeira. Depois, quando ela passa a
ampliar sua capacidade de falar, a brincadeira inicia um movimen-

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40 © Jogos e Brincadeiras I

to de aproximação simbólica com as coisas concretas do mundo,


representando e, também, tentando entender esse mundo por
meio da brincadeira.
De acordo com Cória-Sabini e Lucena (2004), nas brincadei-
ras simbólicas, o objeto acaba perdendo o seu real significado,
transformando-se, para a criança, no que ela representar naquele
determinado momento. Por exemplo, um cabo de vassoura pode
transformar-se em um cavalinho de pau. Entretanto, os símbolos
imaginados são próprios de cada criança e determinados pela ori-
ginalidade de cada contexto.
Diferenciamos o brinquedo da brincadeira e do jogo na medi-
da em que o entendemos como algo concreto, que a criança pode
manipular. Nas aulas de Educação Física para crianças pequenas,
é comum haver um dia em que elas podem levar seus brinquedos
para a escola. Os brinquedos auxiliam na formação da imagem e,
assim, são importantes, principalmente, na fase do zero aos seis
anos. No entanto, não há necessidade de esses brinquedos serem
comprados, pois a própria criança pode fazê-los e, muitas vezes, o
fazem quando transformam um objeto qualquer em um brinque-
do.
A respeito do brinquedo, Rangel et. al. (2010) faZ uma inte-
ressante observação sobre o assunto:
Outra questão importante quando se trata da vivência do jogo diz
respeito ao brinquedo e sua real função. Muitas vezes criamos a
idéia de que um brinquedo bom é aquele mais sofisticado. Aquele
que faz de tudo: chora, fala, faz xixi, anda, realiza vários movimen-
tos etc. design moderno, fashion, tecnologia de ponta (que encanta
os olhares consumistas de todas as idades). No entanto, acredita-
mos ser essa uma idéia falsa. Talvez uma simples bola de meia, uma
boneca de pano ou mesmo uma vassoura produzam um efeito mui-
to mais significativo em termos de aprendizagem e desenvolvimen-
to na criança do que aqueles objetos-brinquedos mais sofisticados.
O brinquedo é parceiro da criança em seus jogos e brincadeiras
(RANGEL et al., 2010, p. 60).

Você certamente já transformou algum objeto em brinque-


do, uma tampa de panela em volante de automóvel, uma fileira
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 41

de cadeiras cobertas com um lençol em uma cabana e uma folha


de jornal em uma capa de fantasia de um super-herói. Mais uma
vez, vemos aqui a possibilidade de uma visão democrática, pois, na
verdade, não há necessidade de se ter dinheiro para que se tenha
um brinquedo. Entretanto, não é possível mesmo se esquecer do
massacre imposto pela sociedade de consumo que nos faz sentir
"necessidade de comprar", cada vez mais, um brinquedo diferen-
te.
Nas aulas de Educação Física, caso você utilize um brinquedo
ou um material adaptado, não se esqueça das seguintes dicas:
1) Quanto mais nova a criança, mais a necessidade de um
brinquedo para cada uma.
2) Isso não significa que a criança não possa aprender a
repartir, mas não tenha tanta pressa, vá aos poucos a
ensinando a compartilhar.
3) Utilize materiais recicláveis, como jornais, copos e em-
balagens descartáveis, caixas de papelão, entre outros.
Desde cedo, as crianças já podem ser inseridas na cam-
panha dos 3 Rs – Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Muitos
materiais podem ser reutilizados nas aulas de Educação
Física.
4) Mesmo com algum material, a criança deve ser incen-
tivada a utilizar sua fantasia, imaginação e criatividade.
5) Um brinquedo não possui um fim em si mesmo, ou seja,
pode ser visto pela criança como algo totalmente dife-
rente do que ele realmente é.
De acordo com Vygotsky (apud CÓRIA-SABINI; LUCENA,
2004, p. 37), para uma criança com menos de três anos, o brincar
é muito sério, assim como o é para o adolescente. Contudo, para
a criança, "sério" significa que quando ela está brincando ela não
separa a situação imaginária da real.
Ao brincar, a criança procura satisfazer alguns desejos que
não podem ser satisfeitos imediatamente. Um bom exemplo é
quando uma menina brinca que é mamãe e que cuida de seus fi-
lhinhos. Como esse desejo ainda não pode ser satisfeito na vida

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42 © Jogos e Brincadeiras I

real, por se tratar apenas de uma criança, ela simboliza e imagina


que é a mamãe assumindo os papéis sociais que uma mãe assu-
me verdadeiramente em nossa sociedade, ou seja, ela não é, mas
brinca de ser.
Dentre os papéis que as crianças frequentemente assumem
durante as brincadeiras, estão os de professora, de policial, de mé-
dico, de pirata e tantos outros encontrados na realidade. Pode-
mos, então, dizer que a criança apreende a vida real e o contexto
social em que vive por meio do brincar.
No entanto, com o avanço do desenvolvimento infantil, as
brincadeiras simbólicas tornam-se mais parecidas com a realidade
e com o universo cultural do adulto, sendo substituídas por jogos
que contenham regras mais claras. As regras são construídas para
ordenar o jogo. Tal transformação inicia-se por volta dos seis anos
de idade, estendendo-se até a adolescência. Nesse momento,
também, as crianças iniciam um processo maior de socialização,
preferindo, por isso, brincar em grupos maiores. Seu brincar passa
de solitário para coletivo.
Atualmente, os termos jogos e brincadeiras não encontram
consensos teóricos e conceituais. São atributos que, dependendo
desse ou daquele autor, apresentam-se como sinônimos ou ma-
nifestações e atividades diferentes uma da outra. Veja, a seguir,
alguns exemplos de definições.
Essas terminologias, no Dicionário Aurélio (2008, p. 79 e p.
300), aparecem assim descritas:
Brincadeira:
a. ato ou efeito de brincar.
b. brinquedo.
c. entretenimento, passatempo, divertimento.
d. gracejo, pilhéria (p. 79).
Jogo: atividade física ou mental fundada em sistema de regras que
definem a perda ou o ganho (p. 300).
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 43

A publicação do programa Segundo Tempo (2004), do


Ministério dos Esportes, faz uma referência à brincadeira e aos
acontecimentos lúdicos, considerando-os menos comprometidos
socialmente, mais vinculados às crianças, ao passo que, por
jogo, é batizada a manifestação lúdica comprometida com regras
socialmente reconhecidas (BRASIL, 2004).
Segundo, ainda, esse programa:
[...] em Educação Física fazemos uma enorme confusão quanto
à compreensão e nomeação dos acontecimentos situados no
universo lúdico. As manifestações lúdicas, de modo geral, têm seus
nomes sempre relacionados aos contextos de suas existências.
Porém, a confusão está em situar, no mesmo nível, coisas que são
de níveis diferentes [...] (BRASIL, 2004, p. 105).

Vamos nos valer de um exemplo na tentativa de esclarecer


um pouco mais esse assunto:
• Dá-se o nome de brincadeira quando um grupo de crian-
ças brinca de casinha ou de mamãe-filhinha.
• Já quando um grupo de crianças brinca de queimada, da-
mos o nome de jogo, bem como quando um grupo de
meninos e meninas joga futebol no "campinho de terra".
Sobre a pulverização dos conceitos de jogo e de brincadeira,
e a tentativa da Educação Física em entender esses conceitos com
uma maior definição e clareza, Freire e Scaglia (2003, p. 33) auxi-
liam-nos com a seguinte reflexão: "O jogo é uma metáfora da vida,
uma simulação lúdica da realidade, que se manifesta, se concreti-
za, quando as pessoas praticam esportes, quando lutam, quando
fazem ginástica, ou quando as crianças brincam". E você, concorda
com eles?
De acordo com Kishimoto, uma característica marcante em
todos os jogos é a existência das regras. Há regras explícitas, como
no xadrez ou na amarelinha, e regras implícitas, como na brinca-
deira de faz de conta, em que a própria criança impõe as regras de
acordo com a sua experiência vivida. São regras internas, ocultas,
que ordenam e conduzem a brincadeira.

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44 © Jogos e Brincadeiras I

Para o professor Helal (1990), o termo "brincadeira" nos re-


mete tanto à diversão quanto à liberdade de ação. Para ilustrar
tal conceito, imagine um atleta profissional de Ginástica Artística,
quando ele estiver competindo em uma Olimpíada ou campeona-
to mundial da modalidade, por exemplo. Com certeza, não será
uma brincadeira para ele, muito pelo contrário, nesse momento,
ele será avaliado como atleta na realização de seu trabalho.
Agora, vamos supor que esse mesmo atleta e seu filho, nos
seus horários livres, estejam em uma praia ou em um gramado
realizando cambalhotas e plantando "bananeiras" na areia. Com
certeza, esta será uma atividade de descontração com total desin-
teresse pela eficiência do movimento correto ou da técnica espe-
cífica.
Nesse ponto, pode-se caracterizar o exposto como um mo-
mento de brincadeira, pois podemos defini-lo como uma atividade
espontânea, voluntária, que proporciona satisfação e alegria, com
finalidade em si mesma e sem regras fixas e cobranças.
Para definir jogo, ainda segundo Helal (1990), utilizaremos
como exemplo outro elemento ginástico muito popular, que é a
atividade do pula sela ou pula carniça.
Esta manifestação consiste em uma atividade de saltos sobre
o corpo de um amigo que se encontra com o tronco flexionado,
com as mãos agarradas ao tornozelo e com os joelhos semifleti-
dos. Nesse caso, os saltos são executados seguindo algumas re-
gras, que variam de lugar para lugar, mas sem as quais o jogo não
aconteceria.
Além do pula carniça, podemos citar os jogos de tabuleiros,
como xadrez e damas, a amarelinha, o taco ou bets e, por fim, uma
partida de futebol com amigos no fim de semana.
Nesse sentido, o que diferencia inicialmente o jogo da brin-
cadeira, para o professor Ronaldo Helal (1990), é o fato de que, no
jogo, verificamos a aplicação de regras fixas, sem as quais o jogo
não acontece.
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 45

O jogo, assim, apresenta-se de forma diferente da brincadei-


ra, visto que ele envolve regras independentemente da existência
de jogadores, porque foram assim determinadas pela cultura local,
por uma cultura mais geral. É óbvio, entretanto, que em cada loca-
lidade as regras podem se diferenciar umas das outras, podendo,
inclusive, serem transformadas pelos próprios participantes de um
jogo organizado.
Já para Bomtempo, Husseim e Zamberlan (1986), os termos
jogo, brinquedo e brincadeira possuem o mesmo significado e não
é difícil também de se pensar assim, tendo em vista que, na Lín-
gua Portuguesa, muitas palavras são sinônimas. Sport, para os ale-
mães, significa jogo e brincadeira. Será mesmo que necessitamos
de tantas palavras que tenham o mesmo significado?
Veja outro exemplo em relação a jogo e esporte. Embora não
seja o objetivo desta unidade, convém destacar, a título de infor-
mação complementar, a diferença estabelecida entre um e outro.
Conforme Helal (1990), esporte é jogo também, mas encon-
tramos no primeiro atributos que não encontramos no segundo,
visto que sua definição pode ser apresentada como qualquer com-
petição que inclua uma medida importante de habilidade física e
tática e que esteja subordinada a uma organização mais ampla,
com regras rígidas e universais que escapam ao controle daqueles
que participam ativamente da ação.
Para Freire e Scaglia (2003), como já exemplificado, o esporte
é um produto do jogo, enfim, o esporte é um jogo mais complexo.

7. O JOGO E O BRINQUEDO NA SOCIEDADE ATUAL


Por meio do jogo e da brincadeira, a criança situa-se no
mundo em que vive, ocorrendo, assim, o seu desenvolvimento e
aprendizagem. Ao brincar, a criança transforma a sua cultura, vi-
sualizando sua realidade. Utilizando brinquedos, que são minia-

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46 © Jogos e Brincadeiras I

turas daquilo que a sociedade usa para poder continuar existindo


e reproduzindo-se, a criança explora a brincadeira lúdica para a
construção de habilidades.
No entanto, nos deparamos com a pressa que a sociedade
demonstra para que a criança se torne um adulto produtivo. A so-
ciedade acaba esquecendo-se de algumas fases da criança, inter-
rompendo, assim, o processo criativo e cultural dela, preparando-
-a para viver em um mundo industrializado, que não se preocupa
com o lazer, e sim com a geração de lucros.
Segundo Oliveira (2007), percebem-se, no mundo contem-
porâneo, alterações sociais e econômicas que são visíveis na pró-
pria concepção de sociedade, de educação e de ser humano. Como
consequência, muda-se, também, a concepção de ter infância e de
ser criança, modificando, dessa forma, os tipos de brinquedo in-
fantis e o conceito de brincar.
Oliveira relata, ainda, que, nesse contexto histórico-social,
verifica-se um conjunto de conhecimentos a serviço da produção e
do consumo, de forma que essa sociedade apela incansavelmente
para o consumo, criando no indivíduo a necessidade de consumir
mercadorias. Para o público infantil, os brinquedos industrializa-
dos são referências marcantes, além de outros acessórios, tais
como roupas de marca, enlatados, CDs infantis etc.
No caso da produção específica de brinquedos, percebemos
que estes já vêm prontos; eles fazem toda a simulação (choro,
som, movimentos), e a criança apenas permanece, passivamen-
te, olhando-os como espectadora. Certamente você conhece esse
tipo de brinquedo que fala, anda, corre, bate na parede, apita, gira
e emite luzes. Tudo isso sozinho! À criança resta apertar um botão
para que tudo isso comece.
Também os meios de comunicação e a publicidade especiali-
zada orientam o consumo de brinquedos pelas famílias das crian-
ças, sempre pela lógica do consumo indiscriminado. Muitos pais
estão pouco conscientes da necessidade lúdica e pedagógica do
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 47

brincar e, por isso, acabam comprando brinquedos com os quais


as crianças não brincam, só assistem ao brinquedo brincando so-
zinho.
O apelo contemporâneo é, portanto, para a busca incansá-
vel da satisfação humana, via produção e consumo. O sujeito (seja
criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso) é responsável para
consumir, valorizando a condição de ter, e não de ser.
No caso da criança, essa só se satisfaz se tiver o produto que
é anunciado em propagandas. Só se sente satisfeita se possuir a
roupa do homem-aranha, ou o computador da dupla famosa de
artistas mirins; ou, mais ainda, só brinca se for com brinquedos
eletrônicos, industrializados e padronizados, afinal: "tenho que
ter porque todos os meus amigos da escola têm".
Segundo Kishimoto (2001), a sociedade capitalista vê a crian-
ça como um miniadulto. Ela transforma o brinquedo num objeto
representativo do mundo do adulto, refletindo aquilo que o adulto
objetivou para ela. Os brinquedos produzidos conforme essa ló-
gica acabam por representar o mundo, os valores e os interesses
dos adultos. Assim, o brinquedo passa a ser uma representação da
sociedade em que a criança está inserida.
Os brinquedos industrializados acabam perdendo o poten-
cial lúdico, que permite maior envolvimento e interação das crian-
ças e, especialmente, das crianças menores. Outra crítica que se
faz é que tais brinquedos são fabricados pela concepção que o
adulto tem do brincar da criança, de modo que, na maioria dos
casos, o brinquedo significa status, e o adulto oferece-o à crian-
ça para satisfazer um capricho dele próprio. Com isso, a realidade
adulta é transformada pela criança em brincadeira, por meio dos
brinquedos criados pelo adulto.
Para atender à demanda do mercado e ao impulso consumis-
ta infantil instaurado hoje, as indústrias lançam a todo o momento
variados modelos de brinquedos. Não que alguns brinquedos in-
dustrializados não possam ser interessantes sob alguns aspectos

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48 © Jogos e Brincadeiras I

para o desenvolvimento das crianças. A questão apontada é que


toda uma geração de crianças está perdendo o contato com os
brinquedos artesanais e tradicionais, como, por exemplo, a bone-
ca de pano ou o carrinho de rolimã. A criança, ao construir seu
próprio brinquedo, pode perceber que ele é único e que faz parte
da cultura na qual ela está inserida.
Felizmente, mesmo com a produção de brinquedos em larga
escala, os brinquedos artesanais não foram deixados de lado. Ain-
da não perderam sua identidade cultural em razão das suas possi-
bilidades diversas de manipulação e à resistência de alguns grupos
de pessoas que produzem esses brinquedos.
Os brinquedos artesanais são manipulados facilmente pela
criança, pois estes têm uma mobilidade maior do que os industria-
lizados, que oferecem um menor grau de movimentação, já que
necessitam de pilha, bateria ou, como na maioria dos casos, não
possuem articulações para sua movimentação.
Vale salientar, entretanto, que as crianças não deixam de
brincar com os brinquedos, criando sempre possibilidades dife-
rentes. Por exemplo, uma criança é capaz de pegar uma vassoura e
transformá-la em cavalo; pode pegar uma caixa de papelão, colo-
car um pedaço de pano dentro dela e isso se transformará em um
berço, no qual colocará aquela boneca que fala, faz xixi e anda so-
zinha. Com isso, o ser humano pode demonstrar toda a sua capaci-
dade de criação, que auxilia seu desenvolvimento como um todo.
Partindo dessa inquietação, surge a discussão, uma vez que,
como professores, precisamos fomentar situações cotidianas em
que a criança possa manipular, construir, imaginar, criar e reapro-
veitar materiais que, aparentemente, não têm símbolo nenhum,
mas que podem ser transformados em brinquedos e jogos em ex-
periências infantis.
Assim, a ação por regras começa a ser determinada pelas
ideias, e não pelos objetos prontos. Para tanto, é pertinente ofe-
recer situações para as crianças criarem seus próprios brinquedos,
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 49

utilizando materiais alternativos: carrinhos, caminhões, bonecas,


boliches, bolas etc.; visto que, desde a construção desses brinque-
dos, elas já brincam com a imaginação, pensando no significado
desses objetos.
A perspectiva é a de que, na Educação Infantil, se possa per-
mitir a construção infantil, e não a reprodução, uma vez que as
escolas, hoje, têm sido um reflexo da sociedade capitalista, dando
tudo pronto e perfeito aos alunos, não viabilizando situações para
que as crianças explorem seu universo de fantasia e de imagina-
ção.

8. O JOGO E A BRINCADEIRA EM SUA DIMENSÃO PE-


DAGÓGICA
Apresentamos, no tópico anterior, uma discussão sobre o
conceito de jogo e brincadeira como, resumidamente, uma ativi-
dade social específica e fundamental para o desenvolvimento das
pessoas, o que nos faz pensar no seu vínculo com a função peda-
gógica e como grande recurso e utilidade metodológica. Mas, de
acordo com Kishimoto (2001), antigamente o jogo era visto como
uma atividade inútil, um mero passatempo, ou, até mesmo, como
uma atividade que proporcionasse azar e prazer e, por isso, desne-
cessária do ponto de vista educativo.
Na Idade Média, não havia espaço para a infância. Desde
cedo, as crianças já eram preparadas para o trabalho, ficando as
meninas ao encargo das mães e os meninos, dos pais. A partir do
Renascimento, o jogo serviu para divulgar princípios de moral, éti-
ca e conteúdos de História, Geografia e outros.
Na Idade Moderna, a infância era vista como uma fase sem
importância, pois, dado que as crianças morriam com muita faci-
lidade, os adultos não se apegavam a elas. Mas depois a infância
passou a ser vista como uma etapa do desenvolvimento humano
e, com o avanço das ciências, diminuiu o índice de mortalidade
infantil.

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50 © Jogos e Brincadeiras I

Entretanto, a infância não era igual para todas as crianças,


pois, pertencendo a classes sociais diferentes, muitas delas tinham
que trabalhar para poder, ao menos, satisfazer suas necessidades
básicas.
No Brasil, a partir da década de 1970, passou a ser adotado
um modelo de política educacional voltado para a educação das
crianças menos favorecidas e, após o ano de 1988, a Educação In-
fantil passou a ser motivo de preocupação dos órgãos que legislam
sobre a Educação. Este é um grande marco na história da educação
brasileira, a qual, hoje, é um direito de todas as crianças e deve ser
assegurada pelo Estado. Embora nem todas consigam permanecer
na escola, por lei, seu ingresso é garantido.
Observamos que os jogos e as brincadeiras estão presentes
no cotidiano das pessoas há muito tempo. Atualmente, verifica-
mos as manifestações destes nas escolas, nos parques, nas praias
e nos clubes esportivos, os quais desempenham um papel impor-
tante na formação das crianças.
Sabemos que, atualmente, essas manifestações vêm sendo
discutidas por educadores, psicólogos, sociólogos, antropólogos,
filósofos e historiadores. Todos são unânimes em afirmar a impor-
tância da prática dos jogos e das brincadeiras para o desenvolvi-
mento do ser humano, contribuindo, assim, para o seu bem-estar
físico, emocional, afetivo e social.
Contudo, o que importa realmente, nesta unidade, é enten-
dermos o jogo e a brincadeira no contexto em que eles se reali-
zam, ou seja, nas aulas de Educação Física, tendo como horizonte
a nossa realidade profissional. Por isso, torna-se providencial, para
interpretarmos e analisarmos nossa prática profissional na condi-
ção de professores sistematizando e ensinando esse conteúdo na
escola, que ele seja entendido como uma manifestação humana,
que pode ser valorizada por meio da Educação Física.
Essa manifestação, originada nas ações e práticas desinte-
ressadas e na busca pela linguagem e relações com os outros, tem
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 51

como objetivo o encontro consigo mesma e com os símbolos que


humanizam um determinado grupo, sem interesses por suprir ne-
cessidades de sobrevivência.
Segundo João Batista Freire (2004), jogamos quando não nos
falta nada, jogamos por qualquer desinteresse material. Jogamos
mais felizes quando nossas necessidades básicas de sobrevivência
estão satisfeitas. Jogamos e brincamos mesmo que a vida repre-
sentada não seja assim tão bela.
De posse desses conhecimentos, comece a pensar e a pes-
quisar desde já a respeito dos mais variados jogos e brincadeiras
que fazem ou fizeram parte da sua vida. Com certeza, muitos deles
poderão ser ensinados por você quando for professor!
Você já teve a oportunidade de ver crianças em faróis de
trânsito vendendo balas? Já observou o que elas fazem quando
esse farol abre? Pois é, elas inventam um jeito de brincar. Triste re-
alidade que demonstra a importância da brincadeira, mesmo com
as adversidades da vida.
Você percebeu que aquilo que o senso comum pouco valo-
riza – as crianças e as pessoas brincando e jogando – apresenta-se
como uma manifestação humana que se enraíza profundamente
na história da civilização humana? Talvez, se, como espécie huma-
na, não tivéssemos produzido as diferentes manifestações do brin-
car, não seríamos hoje o que somos. Podemos afirmar que tanto o
brincar como o jogar são processos vitais para o desenvolvimento
de cada ser humano e para seus agrupamentos.
Mas, nessa etapa da formação, deixemos de lado as ques-
tões da Sociologia, da Filosofia e da Antropologia dos jogos e brin-
cadeiras para nos atermos às questões mais pontuais que se reme-
tem à proposta deste estudo.
Tendo em vista a importância da infância, percebeu-se tam-
bém que o brincar era mais do que uma distração, e passou-se
a pesquisar sobre sua influência no aprendizado das crianças. Já

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52 © Jogos e Brincadeiras I

demos muitos exemplos que esclareceram essa visão atual da edu-


cação, mas nunca é demais afirmar que, além da possibilidade de
se perceber a espontaneidade do brincar, é possível nele se apro-
fundar e utilizá-lo como um meio para se atingir um fim, qual seja,
o educacional, sem perder o prazer em jogar.
Nesse sentido, Kishimoto (1998), com base em outros auto-
res, propõe o jogo educacional ou educativo. Nesse tipo de jogo,
utilizamos os jogos e as brincadeiras com um objetivo ou função
educativa, mas não perdemos de vista que a criança adora brincar
e se divertir. Vamos imaginar uma situação contrária: um professor
que utiliza um jogo para ensinar um conteúdo, mas não permite
que seus alunos riam e se divirtam. Qual a graça do jogo? Será que
os alunos aprenderão/apreenderão esse conteúdo? Qual a sua
opinião nesse caso?
Vejamos o que afirma Kishimoto (1998, p. 19) a respeito do
equilíbrio que se deve manter entre os dois tipos de função do
jogo:
O equilíbrio entre as duas funções é o objetivo do jogo educativo.
Entretanto, o desequilíbrio provoca duas situações: não há mais
ensino, há apenas jogo, quando a função lúdica predomina ou, o
contrário, quando a função educativa elimina todo o hedonismo,
resta apenas o ensino.

Vamos analisar a proposta de jogo educativo. Se o jogo pode


ser considerado educativo, então por que não dar apenas o jogo
pelo jogo? Justamente porque, embora o jogo possa eventualmen-
te educar, ensinar as crianças a dividir, conviver em sociedade, co-
operar, nem sempre isso ocorre. Pode haver outras influências que
façam com que, mesmo sendo ótimo para as crianças, algumas se
comportem de forma muito competitiva, briguem durante o jogo,
batam em outras crianças, não aceitem a derrota etc. Lembre-se
de que esses comportamentos também são aprendidos, e as crian-
ças podem ter outros exemplos em casa, na rua, porém, se a escola
é uma instituição considerada educativa, esses comportamentos
não podem ser aceitos. Nesses casos, deve haver a interferência
de um adulto, ou seja, o professor.
© U1 – Conceitos de Jogo e Brincadeira 53

Existe um autor francês chamado Belbenoit (1976) que há


vários anos afirmou não ser o esporte completamente educativo,
a menos que haja um professor por trás dele, ou seja, na esco-
la, local educativo por excelência, usamos o jogo não apenas para
ensinar o jogo, mas também para aproveitar seu valor educativo.
Dessa forma, o professor torna-se a peça mais importante para o
desenvolvimento do jogo educativo.
Rangel (2010) considerou que é possível generalizar o termo
"esporte", utilizado em francês pelo termo "jogo" em português,
se entendermos que o esporte é também um jogo.
Nesta primeira unidade, você tomou contato com as primei-
ras referências a respeito do jogo e da brincadeira. A seguir, propo-
mos que você realize uma avaliação e descubra o que já internali-
zou a respeito desses temas.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Para você, as crianças já nascem sabendo jogar e brincar ou essa manifesta-
ção é aprendida?

2) Qual é a relação que você pode estabelecer entre uma determinada cultura
e as possibilidades que uma pessoa tem para brincar?

3) Qual a diferença básica entre o jogo e a brincadeira apresentada nesta uni-


dade?

4) Você é capaz de relembrar algumas críticas que são feitas a certas formas de
brincar na sociedade atual?

5) Após o estudo desta unidade, você é capaz de responder por que o jogo e a
brincadeira são conteúdos importantes para serem ensinados nas escolas?

10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você pôde compreender os conceitos de jogo
e de brincadeira, entender em quais momentos eles se aproximam

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54 © Jogos e Brincadeiras I

e em quais se distanciam. Pôde perceber, também, o caráter mais


organizado e coletivo das manifestações de jogos e de certo des-
compromisso com qualquer forma de sistematização e padrão que
caracteriza uma brincadeira.
Durante o estudo desta unidade, tentamos fazer você perce-
ber o jogo e a brincadeira como patrimônios culturais produzidos
pela humanidade e conhecimentos a serem ensinados na escola
pela Educação Física, de maneira crítica e contextualizada, enten-
dendo-os na sua relação com a sociedade de consumo.

11. E-REFERÊNCIAS

Figura
Figura 1 Crianças brincando, de Cândido Portinari. Disponível em: <http://www.portinari.
org.br/IMGS/jpgobras/OAa_2906.JPG>. Acesso em: 28 fev. 2012.

Site pesquisado
OLIVEIRA, M. R. F. de. O brincar na sociedade de consumo: em busca da superação da
lógica de padronização e propriedade do brinquedo. Revista Eletrônica de Educação. Ano
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Claretiano - Centro Universitário


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