Os Principais Erros Da Fase Pré-Analítica Dos Laboratórios
Os Principais Erros Da Fase Pré-Analítica Dos Laboratórios
Os Principais Erros Da Fase Pré-Analítica Dos Laboratórios
CURSO DE BIOMEDICINA
AMERICANA
2020
ANDRESSA ROCHA DA SILVA
AMERICANA
2020
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FAM
(Faculdade de Americana)
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
____________________________________________
Aos familiares, em especial meus pais Adália e Edivaldo, meu irmão Anderson
e meu companheiro Cristiano, obrigada pelo carinho e apoio durante toda a execução
do trabalho.
A nossa coordenadora, Prof. Drª. Patrícia Ucelli Simioni, orientador Prof. Me.
Bruno Damião e coorientador Prof. Esp. Luiz Antônio Aparecido, pelo incentivo,
dedicação e principalmente excelência no aprendizado e auxílio na elaboração deste
trabalho, muito obrigada.
A todos que de forma direta ou indireta, colaboraram para que fosse possível o
cumprimento deste desafio, muito obrigada!
“Sábio é o ser humano que tem coragem de ir diante
do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e
fracassos e utilizá-los para plantar as mais belas
sementes no terreno de sua inteligência”.
(Augusto Cury)
RESUMO
Os laboratórios de análises clínicas possuem papel fundamental para promover
conclusões diagnósticas e possíveis terapêuticas, auxiliando médicos e outros
profissionais de saúde, garantindo melhorias na qualidade de vida dos pacientes.
Apesar das mudanças ao longo do tempo e aumento da preocupação com a
comodidade do paciente, os laboratórios ainda apresentam erros que interferem nos
resultados e, consequentemente, na confiança pelo serviço prestado. É de
conhecimento, segundo estudos, que o maior número de erros está presente na fase
pré-analítica dos laboratórios. Essa fase tem origem na solicitação de exames feita
pelo médico, seguido de orientações e preparação do paciente para coleta, finalizando
no início da análise do material. É uma fase marcada por processos manuais e que
dependem da interação entre muitas pessoas, além da colaboração do paciente.
Esses processos permitem maior número de erros que, se não corrigidos, intervêm
nos procedimentos posteriores de análise e emissão do laudo. O trabalho propõe
identificar os principais erros da fase pré-analítica dos laboratórios de análises
clínicas, e expõe a importância do controle de qualidade, que deve gerenciar
treinamentos para a equipe envolvida nos processos, adotar padronizações das
rotinas e utilizar-se de outros métodos, que tem por objetivo a obtenção de resultados
de qualidade e segurança do paciente.
Palavras-chaves: Laboratório de análises clínicas, erros, fase pré-analítica, controle
de qualidade
ABSTRACT
Clinical analysis laboratories play a key role in promoting diagnostic and
possible therapeutic conclusions, assisting physicians and other health professionals,
ensuring improvements in the quality of life of patients. Despite changes over time and
increased concern for patient comfort, laboratories still present errors that interfere with
the results and, consequently, in the confidence for the service provided. It is known,
according to studies, that the greatest number of errors is present in the pre-analytical
phase of laboratories. This phase originates from the request for examinations made
by the doctor, followed by guidance and preparation of the patient for collection, ending
at the beginning of the analysis of the material. It is a phase marked by manual
processes that depend on the interaction between many people, in addition to the
collaboration of the patient. These processes allow a greater number of errors that, if
not corrected, intervene in the subsequent procedures of analysis and issuance of the
report. The work proposes to identify the main errors of the pre-analytical phase of
clinical analysis laboratories, and exposes the importance of quality control, which
should manage training for the team involved in the processes, adopt standardization
of routines and use other methods, which aims to obtain results of quality and patient
safety.
Keywords: Laboratory of clinical analyses, errors, pre-analytical phase, quality control
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
2. OBJETIVOS ................................................................................................. 12
3. PROBLEMA................................................................................................. 13
4. JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 14
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................ 15
6. METODOLOGIA .......................................................................................... 22
8. CONCLUSÃO .............................................................................................. 40
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41
1. INTRODUÇÃO
Os laboratórios de análises clínicas possuem papel fundamental no sistema de
saúde, auxiliando no diagnóstico, tratamento, acompanhamento e profilaxia de
doenças. Estes necessitam de estrutura para ações desde a coleta e cuidado com o
paciente até a emissão do laudo, e implantação de um controle de qualidade
específico, permitindo a identificação de erros que ocorrem e afetam todo o conjunto.
Os erros laboratoriais são classificados nas seguintes categorias: fase pré-analítica,
fase analítica e fase pós-analítica. As áreas laboratoriais devem se comunicar, com o
objetivo de diminuir erros e emitir laudos confiáveis, visto que são alvo de muitos
programas de qualidade e de aperfeiçoamento dos serviços prestados, que conferem
ao laboratório credibilidade (COSTA; MORELI, 2012; SHCOLNIK, 2012). Para tanto,
os laboratórios clínicos empregam equipamentos e métodos científicos, com o objetivo
de realizar exames com maior eficácia (GUIMARÃES et al., 2011).
A fase pré-analítica envolve a solicitação do exame encaminhada pelo médico,
bem como informações transmitidas aos pacientes, interpretação do laboratório
quanto aos exames solicitados, a identificação do paciente, orientação apresentada
pelo flebotomista, a coleta (garroteamento, punção, orientações pós-coleta),
transporte do material coletado e armazenamento do mesmo. Após a coleta, o
material é encaminhado para a fase analítica, onde é analisado por meio de
procedimentos laboratoriais. A obtenção dos resultados e a emissão do laudo fazem
parte, por fim, da fase pós-analítica (GUIMARÃES et al., 2011).
As fases do ciclo de análises de um laboratório podem apresentar variabilidade,
compreendendo possíveis erros que provêm de qualquer uma das fases citadas;
porém, são encontradas maiores incidências de erros na pré-analítica (XAVIER et al.,
2016; TEIXEIRA et al., 2016). Esse fato é justificado pela falha nas orientações aos
pacientes (realização de jejum, uso de medicamentos, prática de atividade física); falta
de treinamento adequado da equipe designada a atender no laboratório; coletas
inadequadas, as quais resultam na rejeição da amostra ou análise indevida,
prejudicando a emissão dos resultados, entre outros, que comprometem a segurança
do paciente. Há ainda, nesta fase, uma maior interação entre as pessoas, seja do
flebotomista com o paciente, do flebotomista com o responsável pelo transporte e
armazenamento, e do flebotomista com o médico e outros, o que aumenta a
11
vulnerabilidade, uma vez que a fase em estudo é manual, com maior risco de falha
humana (CODAGNONE et al., 2014).
O laboratório de análises clínicas, dado o exposto, deve apresentar e se
comprometer a um controle de qualidade que visa a diminuição dos erros
apresentados nesse estudo, seja por instruções mais claras aos pacientes,
treinamento da equipe e outros métodos, a fim de gerar segurança aos pacientes e
credibilidade dos serviços prestados (INMETRO, 1997).
12
2. OBJETIVOS
3. PROBLEMA
Quais os principais erros da fase pré-analítica que podem afetar o Laboratório
de Análises Clínicas, com base em informações dos clientes? Como proceder para a
melhoria dos serviços prestados e confiabilidade de resultados?
14
4. JUSTIFICATIVA
Apesar de adotarem procedimentos operacionais padrões, os laboratórios de
análises clínicas ainda apresentam erros e falhas que podem interferir diretamente do
diagnóstico ao tratamento do paciente, podendo resultar em óbito, uma vez que mais
de 70% das conclusões médicas dependem dos resultados de exames laboratoriais
para determinar tratamentos, internação ou alta hospitalar. Dados do Instituto de
Medicina dos Estados Unidos da América (IOM) apontam entre 44.000 a 98.000
mortes anuais envolvendo os setores de atendimento à saúde, de acordo com a
publicação do livro “Errar é humano”. Segundo estudos, o maior percentual de erros
está concentrado na fase pré-analítica, variando de 54,5 a 88,9% se comparado as
fases analítica e pós-analítica, tornando os números alarmantes (SHCOLNIK, 2012).
A fase pré-analítica é alvo de muitos estudos e estratégias que visam promover a
diminuição dos erros, além de oferecer ao paciente segurança quanto ao atendimento
prestado e confiança na obtenção de resultados, a fim de mitigar falsos positivos ou
falsos negativos. Nesse cenário, o presente trabalho irá expor a pesquisa realizada
com pacientes quanto a percepções e informações obtidas referente aos laboratórios
de análises clínicas. Ainda, o presente trabalho irá propor medidas de correção dos
erros encontrados.
15
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
considerando ações indispensáveis, como por exemplo uso de EPIs e EPCs. Trata-
se, portanto, de uma fase com mais processos manuais, mais susceptível a erros
(BRASIL, 2005).
A fase analítica compreende os processos em que a amostra biológica é
analisada. A evolução de técnicas manuais para automatizadas, devido a evolução de
tecnologias, permitiu melhoras na exatidão dos resultados fornecidos pelos
laboratórios, além de outros ganhos como análise de um número maior de amostras,
mais agilidade na liberação de resultados e maior controle dos reagentes e outros
materiais necessários para as análises (OLIVEIRA; MENDES, 2010).
Por fim, os processos envolvidos na fase pós-analítica são a conferência dos
resultados obtidos e a emissão do laudo. Todas as fases, incluindo essa, possuem
parâmetros que determinam a eficácia do serviço prestado, os indicadores de
qualidade. Com base nesses indicadores, o laboratório identifica onde há erros e
busca solucioná-los (ANDRIOLO et al., 2018).
DEFEITOS ENCONTRADOS
Frequência
PRÉ-ANALÍTICO N° %
Amostra colhida na via de infusão 3 1.9
Amostra contaminada 1 0.6
Erro de enchimento do tubo 21 13.1
Tubo vazio 11 6.9
Recipiente inadequado 13 8.1
Amostra não refrigerada 3 1.9
Tubo ausente 5 3.1
Erros de temporização no teste de Dirogoxina 1 0.6
Erro na identificação de paciente 14 8.8
Erro no procedimento de solicitação 12 7.5
Conflito de comunicação de dados 6 3.8
Pedido médico perdido 3 1.9
Pedido mal interpretado 2 1.3
Entrada não realizada no sistema do laboratório 4 2.5
SUBTOTAL 99 61.9
ANALÍTICO
Erro aleatório causado por instrumento 3 1.9
Imprecisão analítica não reconhecida 21 13.1
SUBTOTAL 24 15
PÓS ANALÍTICO
Repartição de comunicação de resultados 32 20
Falta de comunicação com laboratório 3 1.9
Tempo de resposta excessivo 2 1.3
SUBTOTAL 37 23.1
Fonte: Adaptado de Carraro e Plebani, 2007.
possuí. Estes atestam que as atividades seguem os requisitos exigidos, e são cada
vez mais implementados no sistema de saúde (VIEIRA, 2012).
Para a avaliação e certificação dos laboratórios, os órgãos responsáveis
necessitam de indicadores laboratoriais, sendo que cada fase do laboratório possui
os específicos. Esses indicadores permitem comparações internas e externas, e
visam a padronização entre os laboratórios, a fim de propor correções dos erros e
devida acreditação. Os laboratórios de análises clínicas, graças a ação da Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e outros,
conseguem trabalhar para a melhoria contínua da qualidade, através do Programa de
Acreditação de laboratórios Clínicos (PALC), que permite resultados mais confiáveis
e menos variáveis. Há, ainda, outros programas (VIEIRA et al., 2011).
Os principais indicadores da fase pré-analítica estão descritos na literatura
como recoleta, erros no cadastro do paciente, falhas na coleta e transporte do material
biológico. Além desses, erros de aliquotagem também são conferidos a fase pré-
analítica (VIEIRA et al., 2011).
O CLSI, sigla de Clinical and Laboratory Standards Institute, é uma instituição
internacional que pontua os erros que surgem da fase pré-analítica dos laboratórios,
e fornece passo-a-passo de procedimentos para a coleta, tal como higienização,
sequência correta dos tubos a vácuo, tempo de garrote esperado para não prejudicar
resultados e outros. Essas diretrizes são muito valorizadas no sistema de saúde
mundial, a fim de garantir a segurança do paciente e dos resultados, além de fornecer
dados para a correção dos erros (LIMA-OLIVEIRA et al., 2011).
A fase pré-analítica, como já demonstrado, concentra o maior número de erros
no laboratório. A fim de minimizá-los, cabe a gestão laboratorial mudar as rotinas
dessa fase que carece de atenção e apresenta maior rotatividade de pessoas. São
necessários treinamentos específicos para as equipes envolvidas, desde a recepção
(orientações ao paciente) até a equipe de flebotomistas (posição correta do paciente,
garrote, uso de tubos de coleta na sequência correta), além de outros processos
(OLIVEIRA; MENDES, 2010). A gestão de qualidade trabalha implantando
procedimentos operacionais padrão (POP) e também instruções técnicas (IT),
desenvolvidos para todas as atividades laboratoriais, contendo informações claras
que envolvem todas as fases no laboratório e dispostos facilmente aos funcionários.
O POP é um documento que padroniza os processos laboratoriais e deve ser revisado
anualmente, ou sempre que for adotado um novo procedimento. Por ser uma fase de
21
6. METODOLOGIA
A metodologia do presente trabalho busca a obtenção de dados para descrever
a visão dos pacientes relacionados às falhas da fase pré-analítica dos laboratórios de
análises clínicas da região metropolitana de Americana.
Os dados consistiram na coleta através de um questionário, apresentado no
apêndice I. disponibilizado via portal acadêmico da Faculdade de Americana, no
período de 5 dias, em 2019. Contou com a participação de alunos, docentes e
funcionários da Instituição, totalizando 1.880 participantes, que concordaram através
do termo de consentimento livre e esclarecido, que consta no apêndice II. Abrangeu-
se, assim, clientes da região metropolitana de Americana.
O estudo envolveu, além da pesquisa virtual, leitura para revisão bibliográfica
em artigos científicos e livros, sendo dispostos como base para coleta de material
prévio para estudo. Os artigos eletrônicos foram pesquisados em sites especializados
contendo base de dados científicos confiáveis, como é o caso do SciELO e o Google
Acadêmico, que dispõe de ferramenta específica para pesquisas científicas. A revisão
da literatura também foi realizada em sites governamentais, como a Anvisa e
Ministério da Saúde.
Os dados obtidos foram analisados e discutidos abaixo.
23
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas figuras 2 e 3 são apresentados parte dos resultados obtidos na presente
pesquisa relacionados ao público alvo. O público avaliado foi de 1.880 pessoas, sendo
a maioria dos participantes da faixa etária entre 21-30 anos, correspondendo a 44%
da amostra avaliada (Figura 2). A maioria, cerca de 64%, é do sexo feminino, sendo
36% dos participantes do sexo masculino (Figura 3). Historicamente, a procura do
homem pelos serviços de saúde é inferior à das mulheres, sendo que, de acordo com
pesquisas, as justificativas mais comuns são falta de tempo, medo de comprometer a
carreira, questões econômicas e dificuldade de expor o corpo a profissionais da saúde
(GOMES et al., 2007).
8%
12%
36%
44%
36%
64%
Feminino Masculino
Com criação no ano de 1988 pela Constituição Federal, o SUS (Sistema Único
de Saúde) tem por objetivo atender a população de modo geral, porém ainda enfrenta
um cenário crítico no país, devido à falta de padronização no quesito atendimento e
investimento nas áreas de atenção ao paciente, incluindo recursos físicos, materiais,
humanização e acolhimento (MOIMAZ et al., 2010; SOUZA-SILVA et al., 2017).
Questionados sobre a utilização de laboratórios do Sistema Único de Saúde,
60% dos participantes responderam que utilizam os laboratórios de rede pública,
mesmo que sempre, às vezes, na maioria das vezes ou poucas vezes (Figura 4).
Algumas observações importantes também foram evidenciadas pelos
participantes desta pesquisa, tal como o não cumprimento de boas práticas
laboratoriais por parte do profissional da saúde, ao não realizar troca de luvas
descartáveis; não questionam possíveis interferes do exame; não demonstram
humanização e acolhimento, visto que os laboratórios são geralmente lotados. Ainda,
a demora na rede pública é um obstáculo.
Oliveira (2007), em estudo de avaliação com 30 flebotomistas, demonstrou que
os profissionais da saúde pública apresentavam maior ocorrência de erros de
utilização dos tubos a vácuo na sequência correta e homogeneização dos mesmos,
se comparado aos profissionais de laboratórios privados, além do abuso em relação
ao tempo de aplicação do torniquete durante a punção. Essas falhas comprometem a
25
8%
15%
40%
8%
29%
11%
33%
20%
17%
19%
penianas, seguindo para a coleta, que no caso da urina deve ser preferencialmente a
primeira do período da manhã, ou quatro horas após retenção. É importante o paciente
ser orientado que a coleta deve ser do jato médio, sem interromper micção após o
primeiro jato, em frasco e tubo apropriados, e encaminhar ao laboratório em até duas
horas. O desprezo do primeiro jato é importante para lavar o canal uretral, não
interferindo na clínica do paciente com contaminação por microbiotas. Para coleta de
fezes, a orientação é que o paciente tenha cuidado com a contaminação da amostra
pela urina, sendo assim é recomendável urinar antes da coleta. É importante que a
amostra fecal esteja em recipiente totalmente limpo e seco, para ser transferido ao
tubo apropriado. O paciente deve ser orientado também com relação a presença de
muco, sangue e parasitas, que devem ser coletados no frasco que será encaminhado
ao laboratório, devendo ocorrer em até duas horas após coleta, ou após ser
refrigerado por no máximo 12 horas (ANDRIOLO et al., 2018; PARDINI, 2020).
Quando solicitado o exame de PSA total ou livre, orientações devem ser
transmitidas ao paciente com relação ao preparo e dieta antes da coleta, que incluem
jejum de três horas, não praticar atividade física nos últimos dois dias, não ejacular
nas últimas 48 horas e não fazer uso de supositório nos últimos três dias. Além disso,
não ter realizado cistoscopia nos últimos 5 dias, colonoscopia nos últimos 15 dias e
estudo urodinâmico nos últimos 21 dias (FLEURY, 2020). Outros procedimentos, se
realizados antes da coleta para o exame de PSA, podem causar aumento transitório
nos níveis do antígeno, como é o caso do exame de toque retal, se realizado no
período anterior a três dias da coleta. São observadas também alterações no exame
em procedimentos como a massagem da próstata e ultrassonografia transretal. No
caso de biópsia da próstata, deve-se aguardar o período de 30 dias para a realização
do exame, pois este procedimento, realizado com agulha, demonstra aumento nos
níveis do antígeno. Alguns medicamentos também apontam interferência no resultado
do exame, como é o caso da biotina, devendo ser suspenso o uso por três dias que
antecedem a coleta (FLEURY, 2020; BECKMAN COULTER, 2010).
28
9%
7%
48%
23%
13%
5% 3%
43%
49%
1% 1%
2%
6%
90%
26%
74%
Sim Não
32
32%
68%
Sim Não
13%
11% 37%
24%
15%
19%
48%
11%
15%
10%
profundos ou difíceis. Ainda, relataram desmaios e dor local, devido muitas tentativas
na coleta.
Segundo Costa e Moreli (2012, apud STATLAND, 1979; MILLER et al., 1992),
diversos artigos relatam a importância de cumprir o tempo máximo de 60 segundos
para a aplicação do torniquete durante a coleta, visto que o não cumprimento pode
gerar variações em diversos analitos, uma vez que a estagnação venosa resulta em
hemoconcentração. Em estudo, observou-se o aumento do colesterol (cerca de 5,1%)
quando o torniquete permaneceu por mais de 120 segundos no braço do paciente, e
aumento da enzima creatinoquinase quando o torniquete perdurou por 6 minutos,
induzindo a liberação de laudo com informações falsas.
Durante a coleta, muitos profissionais solicitam que o paciente realize
movimentos de abrir e fechar a mão, ou o próprio paciente realiza a ação
voluntariamente. Este movimento, porém, interfere na concentração dos analitos e
resulta em um dado errôneo, como por exemplo o aumento do potássio sérico,
evidenciado em estudo. Entretanto, se realizada apenas uma vez, essa movimentação
facilita a localização do vaso pelo flebotomista (LIMA-OLIVEIRA et al., 2011).
Ainda, o profissional da coleta deve atentar-se quanto a postura do paciente,
que deve estar em posição confortável e com o braço sobre o apoio da cadeira, além
de evitar mudanças na posição corporal, que pode ocasionar, por exemplo, elevação
do colesterol em até 8,5%, segundo estudos (COSTA; MORELI, 2012, apud GUDER
et al. 1996). Essas ações minimizam as chances de variações dos analitos. Além
disso, deve realizar a correta higienização das mãos e antissepsia da área para
punção, com álcool 70% em movimentos circulares do centro para a periferia,
fundamental para evitar contaminações por microrganismos da pele (ANDRIOLO et
al., 2010).
Além dos procedimentos citados, o flebotomista precisa conhecer e aplicar a
sequência correta a ser utilizada de tubos a vácuo, conforme orientação do CLSI
(Clinical and Laboratory Standards Institute) e da Sociedade Brasileira de Patologia
Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML), que são utilizados nos laboratórios e fonte
de erro na fase pré-analítica, uma vez que os tubos possuem aditivos anticoagulantes
ou pró-coagulantes, que podem contaminar a agulha e os tubos. Estudos apontaram
a persistência deste erro, mesmo com a presença de manuais, tanto nos laboratórios
públicos quanto nos privados (OLIVEIRA, 2007).
35
coletas com seringa, a perfuração da tampa com a agulha apresenta potencial risco
para o erro. A homogeneização indevida e grosseira dos tubos a vácuo e o transporte
e armazenamento incorreto, expondo o material a temperaturas elevadas ou contato
direto com o gelo também agregam riscos de ruptura das hemácias. Contudo,
pacientes portadores de doenças hemolíticas podem apresentar hemólise, e esta
informação deve estar associada a correta interpretação dos resultados, constando
no prontuário e laudo do paciente a patologia prévia (ANDRIOLO et al., 2010;
ANDRIOLO et al., 2018).
4%
27%
24%
8%
37%
1%
5%
48%
34%
12%
2%
12%
26%
60%
3%
12%
23%
62%
8. CONCLUSÃO
Dado o exposto da presente pesquisa e a partir da percepção dos clientes, a
fase pré-analítica do laboratório de análises clínicas ainda concentra a maioria dos
erros que interferem nos resultados e podem gerar consequências aos pacientes. Os
laboratórios da rede pública (Sistema Único de Saúde), que detém o atendimento de
grande parcela da população, carecem de uma assistência mais responsável e
investimentos, com o objetivo de sanar problemas existentes.
Ainda, a dificuldade do flebotomista na área de coleta, a falta de
questionamento sobre atividade física por parte desses profissionais e a não
conferência dos dados cadastrais e dos tubos e frascos de coleta pelos clientes,
permitem concluir que o preparo e treinamento da equipe no setor de coleta deve ser
intensificado, de forma a identificar se esses profissionais entendem as
consequências dos erros, que impactam diretamente no resultado e
consequentemente no desempenho do laboratório, pois impedem a emissão de um
laudo fidedigno à história clínica do cliente, interferem no tratamento e prejudicam,
ainda, a confiabilidade e credibilidade laboratorial.
Apesar da minoria dos participantes nem sempre buscar informações quanto
ao preparo do exame, muitos realizam exames laboratoriais frequentemente e
reconhecem que pode haver interferências no resultado, sendo que poucos não são
sinceros quando questionados quanto ao uso de medicamentos, realização de
atividade física ou jejum, embora este último seja mais empregado na prática
laboratorial. Esses dados revelam-se importantes quanto ao comprometimento dos
clientes para que se obtenha um resultado confiável.
Quanto ao atendimento, poucos clientes relataram mal atendimento oferecido
na recepção, o que é um bom indicador, pois profissionais motivados e capacitados
para emitir informações claras e precisas aos clientes tornam o início da fase pré-
analítica menos passiva de erros na rotina. Entretanto, muitos participantes
classificam o atendimento como dentro do esperado, sendo notável que são
necessárias melhorias, assim como no procedimento de coleta pelos flebotomista.
41
REFERÊNCIAS
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43
6. Quando o médico solicita seus exames, você liga ou vai ao laboratório para se
informar se é preciso fazer algum jejum ou preparação para o exame?