Avaliação de Não Conformidades Às Normas Sanitárias
Avaliação de Não Conformidades Às Normas Sanitárias
Avaliação de Não Conformidades Às Normas Sanitárias
INSTITUTO BIOMÉDICO
RIO DE JANEIRO – RJ
2018
SAMUEL FERREIRA DA COSTA
Orientação:
Profª Dra Bianca Ramos Marins Silva.
Co-orientadoras:
Profª Dra. Gloria Regina da Silva e Sá.
M.ª Maria Emília Caciano Gombarovits
Trindade.
RIO DE JANEIRO – RJ
2018
86f Ferreira da Costa, Samuel
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profª Dra. Bianca Ramos Marins Silva (Orientadora)
UNIRIO
________________________________________
Profª Dra. Luciane de Souza Velasque (Avaliador)
UNIRIO
________________________________________
Prof. Dr. Renato Geraldo da Silva Filho (Avaliador)
UNIRIO
Aos meus pais,
aos meus amigos e a todos que
passaram em minha vida e
deixaram um pouco de
aprendizado como lembrança.
AGRADECIMENTOS
This scientific study presents the main nonconformities to the sanitary norms found in
public hospital clinical analysis laboratories in the city of Rio de Janeiro-RJ from
November 2016 to November 2017. The evaluation of sanitary nonconformities is
fundamental to ensure horizons for improving quality control, increasing the reliability
of the results generated and reducing health risks. Through the evaluation of 20
federal and municipal public laboratories, it was possible to analyze the main
nonconformities in the differents laboratories phases (pre-analytical, analytical and
post-analytical), evaluating the frequency of reported nonconformities and the trend
of distribution through Fisher's exact hypothetical test. The one hundred percent
(100%) of the clinical analysis laboratories analyzed showed at least some
nonconformity, among those with higher frequencies are those related to standard
operating procedures (SOPs), presenting 45.5% in LACs of federal hospitals and
66.7% in LACs of municipal hospitals of Nonconformities besides flaws in the
processes of cleaning, disinfection and sterilization, equipments and quality controls.
In this way, health surveillance actions seek to provide health services to the
population are in accordance with established quality standards, and even if the
identification of nonconformities subsidizes the adoption of corrective actions by the
health establishment
HF Hospital Federal
HM Hospital Municipal
TI Termo de Intimação
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 19
1.1 VIGILÂNCIA SANITÁRIA ........................................................................... 22
1.2 BIOSSEGURANÇA ....................................................................................... 26
1.2.1 Classificações de Risco ................................................................................... 27
1.2.2 Equipamentos de Proteção Individual e Coletivo ........................................... 30
1.2.3 Limpeza, Desinfecção e Esterilização ............................................................. 32
1.2.4 Resíduos .......................................................................................................... 34
1.3 CONTROLE DE QUALIDADE ..................................................................... 36
1.3.1 Controle Interno de Qualidade (CIQ) .............................................................. 36
1.3.2 Controle Externo de Qualidade (CEQ) ........................................................... 37
1.4 PROCESSOS OPERACIONAIS NOS LAC .................................................. 37
1.4.1 Fase Pré-Analítica ........................................................................................... 38
1.4.2 Fase Analítica .................................................................................................. 39
1.4.3 Fase Pós-Analítica ........................................................................................... 40
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 41
2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................ 41
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 41
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 42
3.1 MÉTODOS DE ABORDAGEM E PROCEDIMENTOS............................... 42
3.3 MÉTODO ESTATÍSTICO.............................................................................. 43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 45
4.1 INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................. 45
4.2 FASE PRÉ-ANALÍTICA ................................................................................ 49
4.2.1 Procedimentos Operacionais ........................................................................... 49
4.2.2 Coleta da amostra ............................................................................................ 51
4.2.3 Transporte externo de amostras ....................................................................... 53
4.3 FASE ANALÍTICA ........................................................................................ 54
4.3.1 Instalações da área técnica............................................................................... 54
4.3.2 Reagentes ......................................................................................................... 56
4.3.3 Equipamentos .................................................................................................. 57
4.3.4 Controle Interno e Externo da Qualidade ........................................................ 60
4.3.5 Biossegurança .................................................................................................. 63
4.4 FASE PÓS-ANALÍTICA ................................................................................ 65
4.4.1 Registros e laudos de análises ......................................................................... 65
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 67
6 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 69
7 ANEXOS .......................................................................................................................... 77
Anexo A - Roteiro para auto inspeção e inspeção em laboratórios de análises clínicas ... 77
8 APÊNDICE ...................................................................................................................... 86
Apêndice A – Planilha do banco de dados no Microsoft Excel 2010 ............................... 86
19
1 INTRODUÇÃO
postulado no século XIII pelo cientista Roger Bacon, que sugeriu que muitas
doenças eram causadas por seres vivos invisíveis a olho nu. De acordo com o
Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial (JBPML) a primeira
observação descrita e documentada de bactérias somente foi possível com a
invenção do microscópio pelo naturalista holandês Antony Van Leeuwenhoe no
século XVII. O microscópio primitivo em 1674 possuía apenas uma lente de vidro e
permitia o aumento de percepção visual de 300 vezes. Com a criação do
microscópio o holandês observou visualmente a existências das bactérias, dos
glóbulos vermelhos do sangue e dos espermatozoides (JORNAL BRASILEIRO DE
PATOLOGIA E MEDICINA LABORATORIAL, 2009).
No século XIX o cientista francês Louis Pasteur, com trabalhos associados
aos de Robert Koch, começou a dar passos importantes para o avanço da
bacteriologia como ciência. A importância desses estudos e relatos científicos foi
importante para o diagnóstico de diversas doenças causadas por microrganismos
(MOLINARO, 2009). Louis Pasteur contribuiu muito para o avanço da microbiologia
pela criação de diversas teorias e comprovações científicas importantes, como a
teoria microbiana da fermentação e a teoria microbiana da doença (DIAS, 2018).
Em 1876, Robert Koch conseguiu relacionar os micróbios com o surgimento
de doenças. No mesmo ano o Postulado de Koch definiu conceitos importantes
como o qual define que o agente causador de uma infecção pode ser encontrado
com constância no corpo do doente, deve ser possível seu isolamento e sua
reprodução experimentalmente (DIAS, 2018). Sendo assim, o período de 1880 até
1900 representa a época de grande avanço na bacteriologia. O cientista Louis
Pasteur junto com os estudos desenvolvidos por Robert Koch aprendeu e aprimorou
técnicas sobre meios sólidos para obtenção de colônias isoladas e técnicas de
fixação e coloração que são utilizados até os dias de hoje na identificação bacteriana
(MOLINARO, 2009). A relação causa e efeito do surgimento de doenças e a
presença de microrganismos patogênicos foi estabelecida pela união dos trabalhos
de Louis Pasteur e Robert Koch. Na área da imunologia os avanços também foram
observados na mesma época com a criação das primeiras vacinas e estratégias de
imunização (FEIJÓ; SÁFADI, 2006). Os avanços em hematologia também foram
significativos durante o século XIX, cientistas como Rudolf L. K. Virchow em 1858
provaram que era possível o reconhecimento de anormalidades através de um
esfregaço sanguíneo (TUBINO, 2009). No Brasil, o jovem médico Oswaldo
21
Improcedente, orientação
Apuração de
Ocorre a qualquer tempo ou caso necessário
denúncias
intervenção
Conformidade, orientação
Monitoramento Ocorre em períodos estabelecidos
ou caso necessário
da Qualidade pelo programa de qualidade
intervenção
1.2 BIOSSEGURANÇA
Agente patogénico que causa geralmente uma doença grave Apresenta risco
Grupo
no homem ou no animal, mas que não se propaga individual alto e
de
habitualmente de pessoa pra pessoa. Existe um tratamento baixo risco
Risco III
eficiente e medidas de prevenção. coletivo
saúde deve ter uma boa conduta técnica para proteger sua saúde e a da população
em geral (BAHIA, 2001).
As instalações do laboratório variam em função do nível de risco biológico
dos materiais manipulados, e quanto maior o grau de risco maior será o conjunto de
ações de proteção, estrutura de confinamento, equipamentos, práticas e normas
operacionais padrões para se trabalhar com aqueles agentes seguindo sua
classificação. Cada país deve ter sua própria classificação nacional (regional) do
risco biológico dos microrganismos levando em consideração os grupos de risco no
quadro abaixo.
Fluxo de ar ocorre de fora para dentro, sem recirculação do ar. Possui filtro
Classe I HEPA e protege o manipulador, mas não o material que está sendo
manipulado, é eficiente para microrganismos de baixo ou moderado risco.
Classe Cabine com abertura frontal que permite recirculação do ar, possui filtro HEPA
II protegendo o operador, o material manipulado e o meio ambiente.
1.2.4 Resíduos
2 OBJETIVOS
3 METODOLOGIA
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
45%
55%
Fonte: Autor
30%
70%
Rotina Credenciamento
Fonte: Autor
Sim Sim
Certificado de 8 (72,7) 7 (77,8)
Teste exato de Fisher
Responsabilidade Técnica
(P-valor = 1)
no local de trabalho Não Não
3 (27,3) 2 (22,2)
Sim Sim
Presença do Responsável 10 (90,9) 5 (55,6)
Teste exato de Fisher
Técnico durante todo o
(P-valor = 0,127)
horário de funcionamento Não Não
1 (9,1) 4 (44,4)
Fonte: Autor
Profissão do RT
Fonte: Autor
48
Sim Sim
Recipientes de 11 (100) 7 (77,8)
Teste exato de Fisher
acondicionamentos de
(P-valor = 0,189)
RSS são adequados Não Não
0 (0) 2 (22,2)
Sim Sim
9 (81,8) 7 (77,8)
Local do armazenamento é Teste exato de Fisher
adequado (P-valor = 1)
Não Não
2 (18,2) 2 (22,2)
Fonte: Autor
49
Fonte: Autor
Quadro 10 – Lixeiras com tapa acionada por pedal no setor da recepção e cadastro
de amostras.
Federal Municipal Teste estatístico.
Sim Sim
Lixeiras com 7 (63,6) 8 (88,9)
Teste exato de
tampa acionada
Fisher
por pedal Não Não (P-valor = 0,319)
4 (36,4) 1 (11,1)
Fonte: Autor
51
Conforme mostrado no quadro 11, 36,4% dos LAC de HF e 22,2% dos LAC
de HM inspecionados apresentaram condições higiênicas insatisfatórias no setor de
coleta de amostras. O p-valor encontrado foi de 0,642, não demonstrando diferença
ou tendência na distribuição da não conformidade em relação à esfera pública
(federal ou municipal). Foi observado também (quadro 11) que 36,4% dos LAC de
HF e 22,2% dos LAC de HM inspecionados apresentaram piso, parede ou teto no
setor de coleta com material não sendo impermeável e resistente a desinfecção. O
p-valor encontrado foi de 0,642, não demonstrando diferença ou tendência na
distribuição da não conformidade em relação à esfera pública (federal ou municipal).
Em relação à presença de dispensador com sabão líquido para antissepsia, 18,2%
dos LAC de HF e 22,2% dos LAC de HM inspecionados apresentaram ausência. O
p-valor encontrado foi 1, a qual não demonstra diferença ou tendência na
distribuição da não conformidade em relação à esfera pública (federal ou municipal).
O manejo e condições adequadas no ambiente de coleta são fundamentais
para a redução de acidentes e da qualidade de vida dos profissionais que atuam
nesta área, o treinamento e conscientização quanto aos riscos biológicos a qual se
encontram deve ocorrer de forma contínua (FERREIRA et al., 2017).
52
Sim Sim
Piso, parede e teto
7 (63,6) 7 (77,8)
em material liso
impermeável Teste exato de Fisher
resistente a Não Não (P-valor = 0,642)
desinfecção 4 (36,4) 2 (22,2)
Fonte: Autor
Sim Sim
Suporte exclusivo em 8 (72,7) 8 (88,9)
Teste exato de Fisher
altura com visualização da
(P-valor = 0,591)
abertura para descarte Não Não
3 (27,3) 1 (11,1)
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Conforme mostrado no quadro 14, 45,5% dos LAC de HF e 44,4% dos LAC
de HM inspecionados não apresentaram controle e registro da temperatura ambiente
na área técnica. Foi observado também que 36,4% dos LAC de HF e 55,6% dos
LAC de HM inspecionados não apresentaram bom estado de conservação de pisos,
55
paredes e bancadas. Com relção a recipientes de lixo com tampa acionada sem
contato manual, 27,3% dos LAC de HF e 22,2% dos LAC de HM não dispunham
deste recurso na área técnica. O p-valor encontrado para todos os itens avaliados foi
superior a 0,50, indicando que não existe diferença ou tendência na distribuição das
Não Conformidades avaliadas em relação à esfera pública (federal ou municipal). A
climatização adequada e bom estado de conservação da estrutura de
estabelecimentos de saúde são requeridos como princípios básicos para o
funcionamento adequado (BRASIL, 2002).
Na limpeza e desinfecção de ambientes, bancadas e materiais, conforme
mostrado no quadro 14, 45,5% dos LAC de HF e 44,4% de LAC de HM
inspecionados apresentaram limpeza e desinfecção de ambientes, bancadas e
materiais inadequada no ato da inspeção, representando quase metade dos LACs
inspecionados de ambas as esferas. Importante lembrar que o ambiente
contaminado e com métodos de limpeza e desinfecção insatisfatórias favorece a
ocorrência de Infecções Relacionadas à Saúde (IRAS) e a propagação de
microrganismos de relevância epidemiológica no qual são frequentemente
encontrados em superfícies e ambientes de serviços de saúde (JUNIOR et al, 2017).
O p-valor do teste de Fisher encontrado foi 1, a qual não demonstra diferença e
tendência na distribuição da não conformidade em relação a esfera pública (federal
ou municipal).
56
Sim Sim
Bom estado de 7 (63,6) 7 (77,8)
conservação de piso, Teste exato de Fisher
parede e teto Não Não (P-valor = 0,642)
4 (36,4) 2 (22,2)
Fonte: Autor
4.3.2 Reagentes
De acordo com o quadro 15, 36,4% dos LAC de HF e 22,2% dos LAC de HM
inspecionados apresentaram armazenamento de reagentes inadequado conforme
recomendação dos fabricantes. O p-valor encontrado foi de 0,642, não
demonstrando diferença ou tendência na distribuição da não conformidade em
57
relação à esfera pública (federal ou municipal). 18,2% dos LAC de HF e 44,4% dos
LAC de HM inspecionados apresentaram rótulos de reagentes e\ou soluções com
inadequações nas informações necessárias exigidas pelas normas sanitárias
vigentes. O p-valor encontrado foi de 0,336 demonstrando que não existe
significância estatística em relação as esferas públicas.
Sim Sim
Reagentes armazenados 7 (63,6) 7 (77,8)
Teste exato de Fisher
de acordo com as
(P-valor = 0,642)
instruções dos fabricantes Não Não
4 (36,4) 2 (22,2)
Sim Sim
Reagentes e soluções 9 (81,8) 5 (55,6)
Teste exato de Fisher
rotuladas com as
(P-valor = 0,336)
informações necessárias Não Não
2 (18,2) 4 (44,4)
Fonte: Autor
4.3.3 Equipamentos
Sim Sim
Geladeiras em bom 8 (72,7,) 6 (66,7)
estado de conservação e Teste exato de Fisher
limpas Não Não (P-valor = 1)
3 (27,3) 3 (33,3)
Fonte: Autor
Sim Sim
6 (54,5) 3 (33,3)
Teste exato de Fisher
Existência de Manual POP
(P-valor = 0,642)
Não Não
5 (45,5) 6 (66,7)
Sim Sim
6 (54,5,8) 3 (33,3)
POP disponível na área de Teste exato de Fisher
trabalho (P-valor = 0,336)
Não Não
5 (45,5) 6 (66,7)
Fonte: Autor
Sim Sim
Sim Sim
Resultados não conformes das amostras 5 (45,5) 5 (55,6)
Teste exato de
controle sofrem ações corretivas e são
Não Não Fisher
registradas
6 (54,5) 4 (44,4) (P-valor = 1)
Sim Sim
O diretor do lab ou RT realiza revisão 6 (54,5) 5 (55,6)
Teste exato de
periódica dos resultados do programa de
Fisher
controle externo da qualidade
Não Não
(P-valor = 1)
5 (45,5) 4 (44,4)
Fonte: Autor
63
4.3.5 Biossegurança
Sim Sim
Manual de 7 (63,6) 4 (44,4)
Teste exato de
biossegurança
Fisher
adequado Não Não (P-valor = 0,653)
4 (36,4) 5 (55,6)
Fonte: Autor
Sim Sim
Autoclave em bom estado de
10 (63,6) 7 (77,8)
conservação, com manômetro
em condições de operação e Teste exato de Fisher
Fonte: Autor
65
Sim Sim
Sim Sim
Assinatura manual ou eletrônica do 10 (90,9) 8 (88,9) Teste exato de
RT no laudo Fisher
Não Não
1 (9,1) 1 (11,1) (P-valor = 1)
Fonte: Autor
67
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS
GARCIA, M. Vigilância em saúde. Organizado por Márcia Garcia, Vera Lúcia Edais
Pepe e Durval Martins Pontes Júnior. Rio de Janeiro, Escola de Governo em Saúde,
2004.
73
7 ANEXOS
8 APÊNDICE