Rivalidade Entre Irmãos

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A rivalidade é normal e inevitá-

vel. Nessa rivalidade, as crianças


aprendem sobre os outros e
sobre si próprias. Ao mesmo
tempo, aprendem a gostar uns
dos outros.

Situações É importante que os pais evitem a tendência de reprimir


de Conflito a rivalidade entre irmãos, a qualquer custo, já que esta é
natural e estruturante no desenvolvimento infantil.

Por forma a promover um bom e duradouro relaciona-


 Procure ouvir sem julgar. Quando uma das crianças faz consi-
derações menos positivas sobre o irmão, dê-lhe oportunidade
mento entre irmãos, os pais poderão procurar dar aten- Rivalidade
ção a ambos os filhos, com especial cuidado na fase de
de “deitar cá para fora”, sem limitar ou criticar aquilo que ela
diz sentir; nascimento do segundo filho, por exemplo, em que o entre irmãos
 Não tomar partido nas divergências entre irmãos; mais velho se pode sentir rejeitado/abandonado — nesta “Socorro! Os meus filhos
altura ter em conta a importância da partilha de afeto, não estão constantemente a
 Incentivar os filhos a procurarem estratégias de resolução de
dizendo que irá gostar de ambos da mesma forma (que lutar um com o outro.”
conflitos;
não acontece), mas lembrando que são crianças diferentes
 Quando a discussão surge, procure observar e esperar, no que os pais amam muito, e que estarão lá incondicional-
sentido de perceber se as crianças se conseguem voltar a
mente para cada um deles.
entender sem a intervenção de um adulto;
 Se uma rivalidade está a ser excessiva, os pais deverão Não importa o número de crianças que há em casa, se
definir os limites e intervir como mediadores, promovendo são meninos ou meninas, ou a sua idade, elas têm em co-
a partilha de pontos de vista e emoções; mum os pais — e a necessidade de compartilhá-los. Inde-
 Quando surge a violência física, é importante a sua rápida pendentemente da ordem de nascimento, enfrentar essa
intervenção. Clarifique, de forma firme, que não é admissí- realidade é uma aprendizagem importante. “Mostrando
vel, sob circunstância alguma, bater, morder, dar pontapés que há espaço afectivo para todos, os adultos encorajam
ou reagir de qualquer outra forma com a intenção de as crianças a crescer unidas, partilhando suas vidas. Assim,
magoar o outro. Procure manter-se imparcial e desafie as elas podem acreditar que são especiais, cada uma à sua
crianças a gerar uma solução para as suas divergências — maneira, na família e também no mundo. E o que é o
“como podemos ficar todos satisfeitos?”; mundo, se não uma grande família?” (Alley, R. W., 2005).
Gabinete de Apoio Psicológico
A intensidade e frequência da conflituosidade depende de
(GAP)
múltiplos fatores, como a relação com os pais, o ambiente fami-
Saber mais… Projeto “O mundo das crianças”
liar, o número de irmãos e posicionamento na fratria, exposição
a eventos agressivos, bem como características individuais; Reichlin, G. & Winkler, C. (2010). O guia de Tel.: 231 416 085
 A atenção dos pais deve ser dirigida para as crianças em mui- bolso para pais. Editorial Bizâncio. Email: [email protected]
www.cspo.pt
tos momentos além de situações de briga. Priviligie dar atenção
nos momentos em que há interações positivas e adequadas,
elogiando a capacidade das crianças partilharem brincadeiras e
Em Fevereiro…
trabalharem em equipa. “A linguagem do choro”
 Não alimente a ideia de que o mais
“Socorro! Os meus filhos estão Sugestões para velho “sabe mais ou sabe melhor” ou
constantemente a potenciar de que tem mais responsabilidades
(como ensinar, dar o exemplo ou ser
lutar um contra
uma relação mais tolerante);
o outro.”
 Promover,
positiva ao longo do crescimento dos filhos, espaços de
convívio e atividades conjuntas que irão reforçar a relação
entre irmãos entre irmãos, como amizade e cooperação, reforçando o senti-
Sempre que ocorre uma mudança na família, como o nas- mento de pertença à família;
cimento de um segundo filho, todos os seus elementos e
 Mantenha o seu filho informado: explique-lhe quando o outro
bebé vai nascer e faça-o interessar-se pelo processo de receber o  Valorizar a diferença entre irmãos para que as crianças se
respetivas dinâmicas relacionais serão sujeitas a reestrutu-
novo bebé; sintam bem com as suas características e também elas aceitem
rações, de forma a se adaptarem à nova realidade. Um as diferenças dos demais;
novo filho traz não só uma nova estrutura à família, como
 Converta o seu filho mais velho em seu aliado mas nunca torne
o experienciar de emoções diferentes em qualidade e/ou
um filho responsável pelo outro: ele pode ajudá-lo a fazer com-  Nunca fazer comparações entre irmãos: as notas deles, os
pras, escolher brinquedos e até ajudar a selecionar comidas espe- seus comportamentos ou a sua aparência. Nada de competi-
intensidade. A chegada de um bebé costuma criar expec-
ciais para o bebé. Se incluir os filhos mais velhos no processo, é ção, jamais. Nada de brincadeiras familiares em que um pode
tativas e ser motivo de alegria, e também de conflitos, mais provável que ele participe de bom agrado; ganhar e o outro pode perder. Nunca diga a um filho que você
inseguranças e angústias — principalmente para as crian-
 Nunca desvalorize os seus filhos mais velhos, nem os envergo- o ama mais do que o outro porque ele tem um comportamen-
ças mais velhas que podem se sentir ameaçadas pela pre- to mais adequado. Esta é uma forma de divisão que pode fazer
nhe ou cause constrangimentos: nunca o mande agir como
sença do recém—nascido, que se torna o centro das “menino ou menina grande”, como adultos ou ser compreensivos um filho voltar-se contra o outro para sempre;
atenções. (eles são crianças e também têm sentimentos). Em vez disso, con-  Ajudar as crianças a diferenciar as emoções sentidas irá ajudá
A verdade é que, à medida que as crianças crescem, e firme os seus sentimentos, dizendo palavras como por exemplo
-las, igualmente, no seu desenvolvimento psicossocial, já que
“é claro que tu te sentes assim, compreendo isso muito bem”. A
mesmo quando o Amor é muito partilhado por todos, as percebem o que estão a sentir e podem desenvolver estraté-
empatia ajuda em muito a suscitar cooperação;
crianças “competem”, mesmo que de forma inconsciente, gias para lidar com situações difíceis;
 Nunca diga a um filho para fazer as coisas como o outro faz;
pela atenção e pelo afeto dos pais.  Embora haja momentos na vida de todos nós em que um
 Nunca comente algo sobre um filho com o outro: ninguém
A relação entre irmãos difere de família para família. Al- filho é mais fácil de cuidar que outro, ou em que observamos
gosta quando falam de nós pelas “costas”. Demonstre a mesma
guns irmãos adoram-se desde o primeiro momento e algo de nós ou do nosso companheiro em um filho ou no ou-
cortesia para com os seus filhos;
tro, discipline-se para não demonstrar sinais de favoritismo;
ganham uma cumplicidade e proximidade que se estende  Não manipule: a manipulação e humilhação fazem os seus filhos
por toda a vida. Outros, escondem mais esse sentimento
sentirem-se desvalorizados. Se os pais enfraquecerem a auto-
 Seja justo: esta é uma as regras mais essenciais. O seu filho
e acabam por ter uma relação com muitos desentendi- estima dos filhos, estes não vão confiar nos pais, neles mesmos e observa o seu comportamento e tem a consciência da “justiça”
mentos, conflitos e discussões. nos outros; que, para ele, se traduz em ele e o seu irmão serem amados
igualmente;
São muitos os aspetos que influenciam esta relação, co-  Demonstre o seu apreço por cada uma das crianças e pelas suas
meçando pela personalidade de cada um e também pela qualidades únicas. Isto implica alguns desafios: não fazer compara-  Aborrecimentos à parte, da
expectativa que a própria família possui quanto à relação ções entre irmãos, proporcionar momentos de partilha com os rivalidade podem surgir oportu-
pais individualmente e evitar qualquer manifestação de favoritis- nidades de aprendizagem —
entre eles. Também contribui bas-
mo; estratégias para resolução de
tante a diferença de idades entre
irmãos e mesmo a diferença de
 Dê-lhes espaço: os irmãos partilharem tempo juntos é tão problemas e competências
importante quanto poderem viver a sua individualidade, estando sociais.
idade ideal.
sozinhos, sozinhos com os pais e sozinhos com os amigos;

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