Análise Do Discurso
Análise Do Discurso
Análise Do Discurso
Maingueneau, Pêcheux
APRESENTAÇÃO
A análise do discurso é uma disciplina que tem uma forte vertente francesa, com representantes
como Michel Foucault, Dominique Maingueneau e Michel Pêcheux. Nesta Unidade de Aprendi
zagem, você vai estudar um pouco mais sobre como cada um desses autores pensa a análise do d
iscurso, quais noções propõem ou ressignificam, bem como reconhecer as semelhanças e as dife
renças entre as propostas de cada um deles.
Bons estudos.
DESAFIO
Dominique Maingueneau é um dos autores que mantém a Análise do discurso viva na França. E
m sua concepção de AD, ele entende que houve diversos atos de fundação da disciplina, sendo u
m deles o movimento iniciado por Michel Pêcheux e seu grupo no final da década de 1960. Ness
e sentido, o autor também propõe algumas problematizações para que a disciplina permaneça e
m movimento. Tendo esse contexto em mente, você é professor e pesquisador em uma universid
ade e está fazendo um curso que trabalha especificamente sobre a proposta de Maingueneau.
INFOGRÁFICO
A Análise do discurso francesa tem grande expressividade, com representantes como Michel Fo
ucault, Dominique Maingueneau e Michel Pêcheux. Neste capítulo, Análise do Discurso: Fouca
ult, Maingueneau, Pêcheux, do livro Linguística avançada, você vai saber um pouco mais sobre
as aproximações e diferenças entre as propostas dos três autores, bem como cada um deles enten
de a Análise do discurso.
Boa leitura!
LINGUÍSTICA
AVANÇADA
Debbie Mello
Noble
Priscilla Rodrigues
Simões
Laís Virginia Alves
Medeiros
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-144-0
CDU 81’33
Introdução
A análise do discurso é uma disciplina que possui uma forte vertente
francesa, com representantes como Michel Foucault, Dominique Main-
gueneau e Michel Pêcheux.
Neste texto, você irá conhecer um pouco mais sobre como cada um
desses autores pensa a AD, quais noções propõem ou ressignificam, bem
como reconhecer as semelhanças e as diferenças entre as propostas de
cada um deles.
[…] há muito mais para se dizer sobre uma FD que sobre seu estatuto
de sistema de dispersão. O método arqueológico oferece uma grande
organização de categorias analíticas para a descrição de FDs – o que
impede que toda a abrangência da noção seja sintetizada em um único
parágrafo de A Arqueologia […]
https://goo.gl/DmYN1v
Poder
A noção de poder é central na obra de Michel Foucault, porque está intrin-
secamente ligada à noção de discurso, uma vez que este é um meio pelo qual
o poder opera.
O poder não é nem fonte nem origem do discurso, mas sim alguma coisa
que opera por meio do discurso, já que o próprio discurso é um elemento em
um dispositivo estratégico de relações de poder. A linguagem é, nesse sentido,
uma maneira de perpetuação do poder.
Para Foucault, o poder circula pela sociedade não necessariamente de
maneira hierarquizada, ou seja, não é simplesmente um fenômeno que vai
de cima para baixo, mas sim algo que está em todo lugar, sendo exercido o
tempo todo.
90 Análise do discurso: Foucault, Maingueneau, Pêcheux
Proposta de Maingueneau
Em seu Novas tendências em análise do discurso, Dominique Maingueneau faz
uma retomada da análise do discurso (AD) enquanto disciplina já consolidada,
bem como da vertente francesa da AD, ressaltando a necessidade de precisar
sua definição.
Nesse sentido, o autor propõe explicitar o método de trabalho da aná-
lise do discurso como a entende no momento em que escreve (final da
década de 1980). Assim, justifica o fato da AD não tomar como objeto
“[...] conversas de bar, por exemplo [...]” (MAINGUENEAU, 1997, p. 13),
considerando certas “dimensões”, como o próprio autor afirma e você
pode observar na Figura 1.
https://goo.gl/4q1Tem
tanto a formação discursiva quanto uma nova noção, proposta por ele, de
comunidade discursiva, ou seja, “[...] o grupo ou a organização de grupos no
interior dos quais são produzidos, gerados os textos que dependem da formação
discursiva.” (MAINGUENEAU, 1997, p. 56).
A formação discursiva para Maingueneau, conforme traz Voss (2012, p. 15),
“[...] é uma unidade não tópica, na medida em que os discursos organizados
por uma FD não estão filiados a um aparelho ideológico ou a uma instituição.
Para Maingueneau, o que define uma FD é o fato de não haver fronteiras
institucionais que determinem seu funcionamento.”.
Nesse sentido, Leandro Ferreira (1998, p. 202) aponta para três pressupostos
fundamentais da AD:
Noção de discurso
O discurso, para Michel Pêcheux, entende-se como efeito de sentidos, os que
se manifestam através de diferentes materialidades, sendo o texto uma delas.
Nesta proposta, o discurso é incompleto, heterogêneo e sujeito a falhas, porque
o sentido varia conforme a formação discursiva com a qual se identificam os
sujeitos.
Leandro Ferreira (1998) aponta para a necessidade de desfazer certa evi-
dência em relação ao objeto discurso, ressaltando que ele é, antes de tudo, um
objeto teórico, devendo ser pensado como um “lugar de reflexão”.
Formação discursiva
A partir da proposta de Foucault, Pêcheux ressignifica a noção de formação
discursiva no interior do quadro de uma teoria materialista. A formação dis-
cursiva vai ser definida, por Pêcheux, como a existência material da ideologia,
ou seja, a relação da ideologia com o discurso.
Essa é a principal diferença que você pode estabelecer entre as concep-
ções de Foucault e Pêcheux: Foucault afasta a “[...] ideologia como princípio
organizador de uma repartição, por considerá-la inadequada para servir como
princípio organizador de uma FD [...]” (INDURSKY, 2007, p. 165).
As formações discursivas seriam, então, aquilo que pode e deve ser dito
em um determinado domínio de saber, “[...] constituído de enunciados dis-
cursivos que representam um modo de relacionar-se com a ideologia vigente
[...]” (INDURSKY, 2007, p. 166).
Na análise do discurso pêcheuxtiana não se fala em formações discursivas
sem que se fale em ideologia, em jogo de forças e dominação. Isso porque
94 Análise do discurso: Foucault, Maingueneau, Pêcheux
Leituras recomendadas
AZEVEDO, S. D. R. Formação discursiva e discurso em Michel Foucault. Filogênese,
Marília, v. 6, n. 2, 2013. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Revis-
tasEletronicas/FILOGENESE/saraazevedo.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2017.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. 5. ed. São Paulo: Loyola,1999.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Nesta Dica do Professor, você vai conhecer um pouco mais sobre a configuração de uma Forma
ção discursiva, conceito central da Análise do discurso, e como essa noção se relaciona com outr
as noções fundamentais, como a de memória discursiva e a de interdiscurso, proposta no artigo
Configurações metodológicas de uma FD, de Ercília Ana Cazarin.
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EXERCÍCIOS
NA PRÁTICA
Através das vertentes da Análise do discurso é possível analisar a materialidade verbal e não ver
bal presente em uma campanha publicitária do segmento automotivo, buscando compreender co
mo se constroem os sentidos possíveis nesses discursos e como a produção de uma campanha pu
blicitária leva a uma leitura que pretende alçar um sentido como sendo dominante.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:
No artigo O que é discurso? Uma abordagem Foucaultiana, conheça sobre a noção Foucau
ltiana do discurso.
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