LUSÍADAS
LUSÍADAS
LUSÍADAS
Os Lusíadas são uma epopeia (poema épico), uma narrativa épica, com origem na antiguidade
clássica, cuja finalidade é relatar e divulgar o passado épico nacional num estilo
elevado/solene/sublime, evidenciando a grandiosidade dos feitos do povo português, enaltecendo a
sua coragem e até por vezes superiorizando-os a heróis históricos da Antiguidade.
Epopeia camoniana
Estrutura Interna – Seguindo os modelos da epopeia clássica, Camões dividiu o seu poema épico em
quatro partes:
Narração – Parte central e mais extensa em que o poeta narra a viagem da armada
portuguesa comandada por Vasco da Gama por mar desde Lisboa até à Índia. Encaixada
nesta narrativa principal tem-se a História de Portugal.
A Narração inicia-se in media res, ou seja, a narração inicia-se a meio da ação quando a armada
portuguesa já se encontrava em pleno oceano Índico.
O povo português é representado por uma identidade individual, Vasco da Gama.
Estrutura externa
Poema dividido em 10 cantos
Cada canto tem um número variável de estrofes/estâncias
1102 estâncias todas em oitavas (cada estância com 8 versos)
Versos decassilábicos (10 sílabas métricas)
Todos os versos têm o esquema rimático abababcc (rima cruzada e rima emparelhada
Plano do Poeta – Reflexões, críticas, exortações e lamentações feitas pelo poeta, geralmente
no final dos cantos.
Ação: épica, com grandeza e solenidade, de modo a expressar o heroísmo. Camões adota um
estilo sublimado e grandioso de modo a estar à altura do estilo épico e que emocione os leitores.
2ª parte – 3ª estância: Através do uso do modo conjuntivo do verbo cessar (“cessem”, “cesse”, “cale-
se”) com valor imperativo, o poeta pede que esqueçamos:
Os grandes feitos dos heróis da Antiguidade Clássica, marítimos (grandes navegações dos heróis da
Odisseia, Ulisses, e da Eneida, Eneias) e guerreiros (a fama das conquistas de Alexandro e Trajano) –
Faz-se referência ao “Sábio Grego”, Eneias, e ao “Troiano”, Ulisses, pois Camões faz um apelo aos
leitores que esqueçam os grandes feitos destas personagens, ou seja, das suas grandes navegações,
pois agora temos os lusos que são superiores.
A Musa Antiga (as epopeias clássicas/poesia clássica da Antiguidade) - tudo o que foi escrito na
antiguidade deveria ser esquecido.
Esqueçam, pois agora o poeta vai louvar os portugueses e os seus feitos gloriosos – “Que eu canto o
peito ilustre Lusitano”.
O poeta enaltece o valor dos portugueses pois considera que os seus feitos são superiores a todos os
outros cantados na Antiguidade.
Hipérbole: “Mais do que prometia a força humana” (est.1 v6) – sublinha a grandeza do povo
português, que superou a sua natureza humana. “Cantando espalharei por toda a parte” (est.2
v7) – destaca a vontade do poeta em dar a conhecer a todo o mundo a grandeza dos feitos
dos portugueses.
Metonímia: “tudo o que a Musa antiga canta” (est. 3 v7) – Musa antiga refere-se à poesia
épica da Antiguidade, cujos heróis cantados são de valor inferior aos dos lusos.
Oração subordinada adverbial causal: “Cesse tudo que a Musa antiga canta/ Que outro valor
mais alto se alevanta”.
INVOCAÇÃO – Canto I, est. 4-5
Camões dirige-se às ninfas do Tejo e pede inspiração
para escrever a sua narração épica com um estilo
grandioso e sublime/elevado que a mesma requer, de
forma a conseguir glorificar os feitos heroicos dos
portugueses, (para cantar os feitos heroicos dos
portugueses). (pede que lhe concedam um novo estilo,
diferente do verso humilde, um estilo sublime e
grandioso de modo a estar à altura ao estilo épico).
No canto III, o poeta volta a fazer uma invocação a Calíope (musa da poesia épica).
Poesia épica – “engenho ardente”; “som alto e sublimado; “estilo grandíloco e corrente”;
“ua fúria grande e sonorosa”; “de tuba canora e belicosa”.
O poeta já teria feito um pedido anteriormente (inspiração para a sua poesia lírica)
“Se sempre em verso humilde celebrado/ Foi de mi vosso rio alegremente”
Anáfora: O imperativo “Dai-me” sugere a urgência que o poeta sente de uma inspiração para
escrever a sua narração épica.
Antítese: “frauta” – som delicado (refere-se à poesia lírica) e “tuba” – som grave (refere-se à
poesia épica).
Est.7
“tenro e novo ramo florescente/ De ua árvore de Cristo mais amada” (jovem).
Est. 8
“poderoso Rei” (tem um vasto Império).
“jugo e vitupério”
2ª parte – est. 9-11: O poeta pede ao rei que se digne ler a sua epopeia, na qual encontrará a
grandeza dos feitos dos lusos e os seus atos heróicos, e poderá concluir que é melhor ser rei deste
povo pequeno do que do mundo inteiro.
Após o elogio, o poeta inicia vários pedidos recorrendo a formas verbais no modo imperativo:
“Inclinai” e “Ponde no chão: vereis um novo exemplo/ De amor dos pátrios feitos
valerosos,/ Em versos divulgando numerosos” – pede que o rei olhe para a sua epopeia,
pois nela verá registados os feitos do povo português. EST.9
“vereis” amor da pátria gloriosa; “ouvi: vereis o nome engrandecido/ Daqueles de quem
sois senhor supermo” elogia os lusos e o rei; “E julgareis qual é mais excelente, Se ser do
mundo Rei, se de tal gente” afirma que o rei se pode considerar mais feliz por ser rei de
Portugal do que de todo o mundo.
“Ouvi, que não vereis com vãs façanhas”. Poeta afirma que o rei não vai ouvir falar de
façanhas/feitos fictícias - epopeias ficcionadas (vãs, fantásticas, fingidas e mentirosas),
mas sim das verdadeiras, as façanhas portuguesas. As façanhas e os heróis louvados na
sua obra são verídicos e, por isso, de maior valor, ao invés dos louvados em poemas
épicos anteriores, que são fictícios.
3ª parte – est. 12-14: A cada herói da Antiguidade, Camões contrapõe um ou mais heróis
portugueses.
Confirma as afirmações proferidas através de exemplos concretos de heróis. Dá Gama (herói real)
em vez de Eneias (herói fictício). Contrasta cada herói da Antiguidade com um herói português.
Est. 12-13.
Refere-se à coragem dos heróis dos Descobrimentos que se destacaram no Oriente.
“por quem sempre o Tejo chora” – hipérbole, sinédoque (refere-se a Portugal como um todo) e
personificação.
v.8 est.14 – tornaram-se imortais na memória dos portugueses.
4ª parte – est. 15-17: Novos elogios ao rei: est. 15 – rei sublime que será tema de um outro canto.
Camões apela ao rei para continuar as conquistas em África e no mar Oriente e ainda a guerra
contra os mouros “Mouro frio” e “bárbaro Gentio” – sinédoque (refere-se aos inimigos). Est. 16
Poeta prevê os antepassados do rei se orgulharem por ver as suas “obras valerosas”.
5ª parte – est. 18: Poeta pede novamente ao rei que aceite e valorize a sua epopeia, que reconheça
o valor dos lusos e, finalmente, explicita que o próprio rei será matéria de conto épico.
Na Proposição afirma-se que os feitos dos portugueses são superiores aos dos heróis da
Antiguidade. Também na Dedicatória se declara que as façanhas (feitos) dos portugueses superam
as antigas, que eram fabulosas e fictícias.
O imperativo e o vocativo são marcas da função apelativa da linguagem, sendo usados para
chamar a atenção do rei para a obra e os heróis retratados.