Senado Federal 180 Anos
Senado Federal 180 Anos
Senado Federal 180 Anos
Recorremos, então, ao passado para tentar compreender ternos, como a Guerra do Paraguai em nome da Coroa e da unida-
melhor a escolha brasileira pelo Senado. Ao contrário da quase de nacional. Os senadores continuaram a ocupar cargos-chave es-
totalidade de países latino-americanos que se libertaram de suas pecialmente na fase parlamentarista do Segundo Império.
colônias na virada do século 18 para o século 19, o Brasil adotou a Graças também a essa conjugação de forças, a Constituição
monarquia quando se tornou independente. Um regime imperial de 1824 é, até hoje, a mais duradoura das Constituições que o
pressupõe a existência de uma nobreza e uma corte, com barões, País já teve, vigendo por mais de seis décadas. Um bom resumo
condes ou marqueses que, logo após a independência brasileira, do que o Senado representava naqueles anos foi dado por um
foram os primeiros senadores, assim como acontecia historica- senador, o Marquês de São Vicente, ao avaliar o papel da institui-
mente na monarquia da Inglaterra. Esses membros da elite, que ção de que fazia parte: “A sociedade tem sempre dois interesses
mantinham laços e identidades com a antiga corte portuguesa, em ação: o da conservação dos bens que goza e do progresso.
fizeram do Senado o palco ideal para que a transformação do Tem também sempre em movimento os interesses das localida-
recém criado Estado tivesse uma transição para a independência des e o interesse geral. A Câmara dos Deputados é a represen-
que conservasse minimamente sua unidade territorial e estabili- tação ativa do progresso, dos interesses móveis. O Senado, como
dade, o que faltou, por exemplo, aos vizinhos estados hispânicos ramo essencial do Poder Legislativo, sem opor-se à Câmara, deve
do continente. Assim, a primeira composição do Senado (veja ser o representante das idéias conservadoras e do interesse ge-
pág. 31), com membros da magistratura e do clero, favoreceu a ral como predominante”.
formação de um pacto das elites de então, importante para garan- A experiência do Império brasileiro, com o Senado formado
tir a integridade da nova nação. por clérigos ou cidadãos com títulos nobiliárquicos – barões,
condes ou marqueses –, guarda semelhanças com a experiência
da monarquia parlamentar inglesa. Na longa transição para o atual
modelo de governo inglês, os fóruns de discussão política foram
Esses membros da elite, que
importantes para os destinos daquela nação. A Câmara dos Lor-
mantinham laços e identidades com a des (é assim que o Senado se chama por lá), que existia graças ao
antiga corte portuguesa, fizeram do Império e à existência de uma nobreza e de uma corte, foi impor-
Senado o palco ideal para que a tante para garantir a estabilidade da Inglaterra já na Idade Média.
Outro papel fundamental atribuído ao Senado – que está na
transformação do recém criado Estado essência do bicameralismo – é o de servir como Casa Revisora da
tivesse uma transição para a Câmara dos Deputados, a fim de garantir maior ponderação às
independência que conservasse decisões legislativas. De acordo com historiadores, na França
pós-revolucionária, a ausência dessa ponderação levou a radica-
minimamente sua unidade territorial e
lismos e ao período conhecido como “Terror”, no qual diversas
estabilidade (...) lideranças políticas foram condenadas à guilhotina.
Foi assim que um colegiado formado por cidadãos mais
velhos, o Conselho dos Anciãos, passou a ter importância fun-
Os nobres de maior liderança e confiança junto ao imperador damental na República Francesa. Afinal, as decisões dos repre-
agiam como conciliadores entre o monarca e a Câmara dos Depu- sentantes do povo, sem revisão, haviam sido responsáveis por
tados, mais sensível aos anseios da população. Ou seja, o Senado atitudes extremas e pela instabilidade política. O Conselho dos
– onde havia até mesmo senadores que continuavam a represen- Anciãos é, então, um sistema de freios e contrapesos às deci-
tar os interesses portugueses no Brasil – serviu como contrape- sões das câmaras baixas em todo o mundo. Nessa linha, a exis-
so entre o poder monárquico e a representação popular materia- tência de outra Câmara oferece mais uma instância de resolu-
lizada na Câmara que, a cada ano, passou a abrigar as idéias ção de conflitos e de negociação. Com esse tipo de modela-
republicanas. Diferentemente do que aconteceu com a Câmara, gem, a construção do consenso tem que se dar em dois fóruns
dissolvida por diversas vezes pelo imperador, o Senado perma- diferentes, com composições específicas, o que evita que deci-
neceu sempre aberto. sões sejam tomadas de maneira impetuosa ou no calor da rea-
Durante o período regencial, senadores participaram ativa- ção das ruas. Não é por outro motivo que o limite de idade para
mente na condução do País. Nessa fase destaca-se ainda a figura do um cidadão se candidatar a senador é de 35 anos. Para a Câma-
Duque de Caxias, que atuou em diversos conflitos internos e ex- ra, o limite é de 21 anos.
Senatus, Brasília, v. 5, n. 1,
1, p.
p. 26-35,
58-63, mar.
out. 2007
2006
Senado comemora 180 anos com solenidades e lançamentos Renan lembrou que nesses 180 anos o Brasil deixou de ser um
O Senado marcou a passagem de seus 180 anos, completa- país agrário, passou por uma rápida industrialização e viu evoluí-
dos no dia 06 de maio de 2006, com atividades que incluíram rem suas instituições políticas: “Ao longo da história, o Senado,
exposições, lançamentos de livros, vídeos, publicações de análi- coerente com sua missão, defendeu e continuará a defender a idéia
ses históricas e uma sessão especial, realizada no dia 11 de maio, de uma Federação representativa e democrática”, disse.
em que compareceram as mais importantes autoridades da Re- As comemorações não ficaram por aí. Como parte dos feste-
pública. Para a ocasião, foram convidados ainda os 96 ex-senado- jos, foram lançadas obras que traduzem a própria construção da
res vivos e os dez ex-servidores mais antigos da Casa. instituição nesses 180 anos. Dentre elas, está a reedição de Os
A Mesa da Sessão foi composta pelo presidente do Senado, Grandes Momentos do Parlamento Brasileiro, compostos de cinco
Renan Calheiros, que, naquele dia, acumulava o cargo de presi- CDs com gravações em áudio das sessões legislativas mais im-
dente da República em exercício, dois ex-presidentes do Senado portantes dos últimos 50 anos.
– José Sarney (PMDB-AP) e Antonio Carlos Magalhães (PFL- Foram lançados, ainda, os Annaes do Senado do Império do
BA) –, além da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Brazil, edição fac-similar dos originais do ano de 1826, os pri-
ministra Ellen Gracie. meiros regimentos internos do Senado (1826) e da Assembléia
Segundo José Sarney, poucos parlamentos do mundo têm Geral (1827), o Regimento Interno do Senado e o Regimento
tanto tempo de vida: na América, apenas os do Brasil e dos Comum editado originalmente em 1883 pelo Conde de Bae-
Estados Unidos. O senador destacou ainda que o Brasil é um país pendi (Braz Carneiro Nogueira da Costa e Gama). Também
que tem a história marcada pelas instituições políticas. “Fomos foram reeditadas, em edição eletrônica, as Atas do Conselho
feitos sob a égide do poder político e não com batalhas, como os de Estado publicadas originalmente por José Honório Rodri-
países da América espanhola”, destacou Sarney. gues em 13 volumes.
Biblioteca lança livro com suas obras históricas de obras raras, com cerca de 100 livros, periódicos, manuscritos e
Um dos grandes momentos da comemoração dos 180 anos outras publicações que fazem parte das diversas coleções, de valor
ficou a cargo da Biblioteca do Senado que, juntamente com a especial, acumuladas pelo Senado ao longo de sua história.
instituição, comemorou sua 18ª década de existência. Depois da O livro é, portanto, uma homenagem à disseminação da infor-
primeira reunião do Senado, uma das primeiras iniciativas dos mação que levou à constituição das sociedades modernas, com o
parlamentares, liderados pelo Visconde de Santo Amaro, foi pro- papel central que o Legislativo desempenha. Nesse sentido, da
por a criação de uma biblioteca. A iniciativa coube ao Visconde de estrutura administrativa do Senado, a biblioteca é o maior teste-
Cayru, na sessão de 18 de maio de 1826: “Vossa Excelência deve munho de como os órgãos que dão apoio ao funcionamento do
propor uma livraria, aonde todos os membros do Senado vão Parlamento evoluíram nesses 180 anos de história.
naquelas ocasiões, em que lhes for preciso, consultar as diferen-
tes matérias que necessitarem dos esclarecimentos. Certamen- Os pioneiros do Senado
te eu acho muito razoável e justo haver uma livraria, ou bibliote- Naquele 06 de maio de 1826, ao meio-dia, 31 senadores fo-
ca”, afirmou Cayru, dirigindo-se ao presidente da sessão. ram testemunhas da criação da Casa. Dos 50 senadores escolhi-
Para comemorar a passagem da data, a Biblioteca do Sena- dos pelas 19 províncias e pelo Imperador, quase metade (23)
do promoveu uma série de comemorações, que incluiu o lança- eram barões, viscondes ou marqueses, nove eram juízes, sete
mento do livro que conta seus 180 anos. Durante o evento, provinham da Igreja, quatro do Exército, além de haver dois mé-
realizado dia 18 de maio de 2006, também foi inaugurada uma dicos, um advogado e quatro proprietários. Naquela época, as
exposição de obras raras e exibido documentário da TV Senado vagas eram distribuídas proporcionalmente à população de cada
sobre a Biblioteca. província. A seguir, veja a lista dos primeiros senadores.
O livro, fartamente ilustrado, faz um paralelo entre o acesso à
informação e ao conhecimento em períodos de liberdade democrá- I – Província do Pará
tica e o desenvolvimento das instituições nacionais, apresenta o José Joaquim Nabuco de Araújo (depois Barão do Itapoã)
estado atual da Biblioteca, que oferece aos parlamentares e demais II – Província do Maranhão
usuários o que há de mais moderno em termos de organização de João Ignácio da Cunha (depois Barão e Visconde de Alcântara)
conteúdos e recursos eletrônicos. Apresenta, ainda, um catálogo Patrício José de Almeida e Silva, advogado
III – Província do Piauí José Teixeira da Fonseca Vasconcellos (depois Barão e Visconde
Luiz José de Oliveira Mendes (depois Barão de Monte Santo) de Caeté)
IV – Província do Ceará Estêvão Ribeiro de Resende (depois Barão, Conde e Marquês de
João Antônio Rodrigues de Carvalho, magistrado Valença)
Domingos da Motta Teixeira, eclesiástico Manoel Jacintho Nogueira da Gama (depois Barão e Marquês de
Pedro José da Costa Barros, oficial superior do Exército Baependi)
João Carlos Augusto Oeynausen (depois Visconde e Marquês João Gomes da Silva Mendonça (depois Visconde de Fanado e
de Aracati) Marquês de Sabará)
V – Província do Rio Grande do Norte João Evangelista de Faria Lobato, magistrado
Affonso de Albuquerque Maranhão, proprietário Antônio Gonçalves Gomide, médico
VI – Província da Paraíba do Norte Jacintho Furtado de Mendonça, proprietário
Estêvão José Carneiro da Cunha, oficial superior do Exército Marcos Antônio Monteiro de Barros, eclesiástico
João Severiano Maciel Costa (depois Visconde e Marquês de Sebastião Luiz Tinoco da Silva, magistrado
Queluz) XIII – Província de São Paulo
VII – Província de Pernambuco Lucas Antônio Monteiro de Barros (depois Barão e Visconde de
José Carlos Mayrink da Silva Ferrão, proprietário Congonhas do Campo)
Antônio José Duarte de Araújo Gondin, magistrado D. Francisco de Assis Mascarenhas (depois Conde e Marquês de
Bento Barroso Pereira, brigadeiro São João da Palma)
José Ignácio Borges, brigadeiro D. Nuno Eugênio de Lossio e Seilbtz, magistrado
José Joaquim de Carvalho, médico João Ferreira de Oliveira Bueno, eclesiástico
Antônio Luiz Pereira da Cunha (depois Visconde e Marquês de XIV – Província do Rio de Janeiro
Caravelas) Mariano José Pereira da Fonseca (depois Visconde e Marquês
VIII – Província das Alagoas de Maricá)
D. Nuno Eugênio de Lossio e Seilbtz, magistrado Francisco Villela Barbosa (depois Visconde e Marquês de Paranaguá)
Felisberto Caldeira Brant Pontes (depois Visconde e Marquês de José Egydio Álvares de Almeida (depois Barão, Visconde e Mar-
Barbacena) quês de Santo Amaro)
IX – Província da Bahia José Caetano Ferreira de Aguiar, eclesiástico
Francisco Carneiro de Campos, magistrado XV – Província de Santa Catarina
José Joaquim Carneiro de Campos (depois Visconde e Marquês Lourenço Rodrigues de Andrade, eclesiástico
de Caravelas) XVI – Província de São Pedro do Rio Grande do Sul
Luiz José de Carvalho Mello (depois Visconde de Cachoeira) Luiz Correia Teixeira de Bragança, magistrado
José da Silva Lisboa (depois Barão e Visconde de Cairu) XVII – Província de Mato Grosso
Domingos Borges de Barros (depois Barão e Visconde da Pedra Caetano Pinto de Miranda Montenegro (depois Visconde e Mar-
Branca) quês da Praia Grande)
Clemente Ferreira França (depois Visconde e Marquês de Nazaré) XVIII – Província de Goiás
X – Província de Sergipe Francisco Maria Gordilho Vellozo de Barbuda (depois Barão do
José Teixeira da Matta Barcellar, magistrado Paty do Alferes, Visconde de Lorena e Marquês de Jacarepaguá)
XI – Província do Espírito Santo XIX – Província Cisplatina
Francisco dos Santos Pinto, eclesiástico D. Damasco Antônio Larrannãga, eclesiástico
XII – Província de Minas Gerais
Manoel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá, proprietário Fonte: Regimento Interno do Senado, edição de 1883
As três sedes históricas do Senado centro da Praça dos Três Poderes, onde se situam também o
Palácio do Congresso em Brasília é Patrimônio da Humanidade Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A mudança da capital federal para Brasília fez parte de um O conjunto de construções inclui duas torres de 28 andares
movimento, empreendido em especial no governo do Presi- ligadas no meio, formando um “H”. Ao lado de uma das torres, há
dente Juscelino Kubitschek, que pretendia modernizar o País, uma cúpula convexa, maior, que representa a Câmara dos Deputa-
dotando-o de indústrias e de infra-estrutura compatíveis com dos; ao lado da outra, há uma cúpula côncava, menor, que abriga a
a inserção no contexto mundial e o desenvolvimento econô- sede do Senado Federal. A simbologia do projeto de Niemeyer
mico. Esse ideal foi expresso oficialmente pela primeira vez colocou o Congresso como o prédio mais alto da Praça dos Três
na Constituição de 1891, cujo artigo 3° determinava a transfe- Poderes, ou seja, a preponderância do poder do povo, por meio de
rência da capital “para o Planalto Central do país”, dispositivo sua representação. As duas conchas simbolizam o poder e a rela-
que foi transcrito no artigo 4° do Ato das Disposições Transi- ção de contrapesos implícita no sistema bicameral. A cúpula con-
tórias da Constituição de 1946. Assim, em 1° de outubro de vexa da Câmara, maior e chapada no alto, sugeriria que aquele
1957, foi estabelecido em lei que a instalação da nova capital plenário está aberto ao impacto direto de ideologias, tendências,
em Brasília, cuja construção já havia se iniciado, ocorreria em anseios e paixões do povo. Já a cúpula côncava do Senado, menor,
21 de abril de 1960. retrataria um local propício para reflexão, serenidade, pondera-
Como toda modificação na ordem vigente, houve graves re- ção, equilíbrio, onde são valorizados o peso da experiência e o
sistências à mudança para Brasília, por conta da precariedade da ônus da maturidade.
infra-estrutura na cidade recém-construída. Fato é que, depois da
inauguração de Brasília, os serviços públicos, inclusive o Senado, Palácio Monroe foi demolido contra a vontade popular
ainda não estavam completamente instalados na nova capital, até A segunda sede do Senado foi instalada em um edifício legítimo
pela falta de funcionários. representante da estética belle époque, em voga na Europa do
Assim como os demais prédios monumentais de Brasília, o início do século 20. O prédio, projetado em 1904 para concorrer na
Palácio do Congresso Nacional foi projetado pelo arquiteto Os- Exposição Mundial de Saint Louis, nos Estados Unidos, era, então,
car Niemeyer. Cartão-postal de Brasília, o edifício, tombado pela uma demonstração de que o Brasil republicano poderia se adaptar
Unesco, reúne o Senado Federal e a Câmara dos Deputados, no aos padrões seguidos pela elite francesa – e mundial – da época.
Palácio do
Congresso
O projeto, assinado pelo engenheiro Francisco de Souza Aguiar, que o prédio era acusado de atrapalhar o trânsito e a construção
recebeu a medalha de ouro na exposição, onde competira com do metrô do Rio de Janeiro. Já naquele ano, o Presidente da Repú-
projetos de arquitetura e engenharia de 50 países. Os entendidos blica, Ernesto Geisel, autorizava a demolição do prédio e a utiliza-
o classificam como representante do ecletismo, num estilo híbri- ção do local para outros fins. A população carioca ainda organizou
do, caracterizado por uma combinação de diversas tendências, um abaixo-assinado para evitar a demolição. Em Brasília, junto a
marcando uma época de transição na arquitetura. O palácio foi outras vozes, o senador Danton Jobim defendeu o palácio com um
construído em um dos lados da praça onde até hoje permanecem apelo a Geisel. E o Clube de Engenharia rebateu os argumentos
a Biblioteca Nacional e o Teatro Municipal. pela destruição do prédio. Mesmo assim, em 11 de outubro de
No Brasil, o edifício foi inaugurado em 23 de julho de 1906, na 1975, Geisel autorizou o Patrimônio da União a providenciar a
abertura da 3ª Conferência Pan-Americana. Marco na história da demolição.
diplomacia brasileira, o evento foi aberto com um discurso do
Barão do Rio Branco para os chanceleres dos países americanos e No Palácio do Conde dos Arcos, a rotina de reformas e de
projetava a imagem de nação moderna e progressista. Foi Rio reclamações
Branco quem batizou o edifício, em homenagem ao presidente O solar onde o Senado funcionou até 1925 fora construído
norte-americano James Monroe, defensor da não-intervenção no em 1819, dentro de uma chácara, para residência do Conde dos
continente. Arcos, 15º e último vice-rei do Brasil, governante que recebeu a
Até a instalação do Senado no prédio, em 03 de maio de família real portuguesa no Rio de Janeiro. A chácara estendia-se
1925, o Palácio Monroe sediou outras instituições públicas, en- da Rua do Areal até o fim do Campo de Sant’Anna, entrando pela
tre elas a Câmara, em 1914. Na última sessão, realizada às vés- Rua das Flores. Em outubro de 1824, o edifício foi adquirido por
peras da transferência para Brasília, em 1960, os senadores ex- carta do imperador dom Pedro I para instalação do Senado, de-
ternaram a emoção com que se despediam não só da cidade, mas pois da reforma do prédio. O local sofreu diversas modificações,
também do prédio. acabando totalmente desfigurado em relação ao edifício que
A campanha para a demolição do Palácio Monroe teve início abrigou a primeira sessão do Senado, em 1826. Em 1829 e em
em junho de 1974, quando o jornal O Globo publicou matéria em 1831, desabamento parcial do teto do salão de sessões e de
Palácio
Monroe
Palácio Conde
dos Arcos
parte do telhado obrigou a transferência de solenidades para a Ainda assim, as reclamações quanto às instalações eram cons-
Câmara dos Deputados. tantes. O Senado decidiu, em 1919, fazer outra reforma e ampliar
O descontentamento dos senadores refletiu-se em vários pro- o prédio, que ganhou nova fachada. A Casa funcionaria lá até 31 de
jetos com o objetivo de mudar a sede do Senado. A solução foi a dezembro de 1924, quando transferiu-se para o Palácio Monroe,
reforma do solar, em agosto de 1831. As sessões passaram a ser na Avenida Rio Branco (antiga Avenida Central). O antigo Palácio
realizadas temporariamente na sala do Supremo Tribunal de Justi- do Conde dos Arcos é hoje ocupado pela Faculdade de Direito da
ça (na Casa da Relação, Rua do Lavradio). E voltaram ao Palácio do Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Conde dos Arcos só em 1835, quando da eleição da Regência Una
definitiva. Problemas provocados por cupins provocaram mais
obras, de 1836 a 1840, período em que as sessões voltaram a ser
celebradas na Casa da Relação.
Eventos históricos ocorreram no Paço do Senado: a abertura da
primeira Assembléia Geral Legislativa, em 6 de maio de 1826, com
a presença do imperador dom Pedro I; a lavratura do ato de reconhe-
cimento do herdeiro do trono, dom Pedro II, em agosto de 1826; a João Carlos Teixeira é
eleição da Regência Provisória pela Assembléia Geral, em abril de analista legislativo do
1831, com a abdicação de dom Pedro I; o juramento solene de dom Senado Federal e mestre
Pedro II como imperador, em julho de 1840, ao ser declarado maior em Jornalismo pela
aos 14 anos; os juramentos prestados pela princesa Isabel em 1860, University of Missouri-
como herdeira do trono, e, mais tarde, na qualidade de regente do Columbia (EUA) como
Império. A Lei Áurea, que revogou a escravidão, também foi aprova- bolsista da Comissão
da ali, em sessão em 13 de maio de 1888. Fulbright.
Para saber mais sobre os 180 anos do Senado (com acesso a vídeos e textos integrais) visite o endereço:
http://www.senado.gov.br/comunica/180anos/