Anais 1823 v1
Anais 1823 v1
Anais 1823 v1
ai runs dias pla sua resposta; e depOIS Jecto (e sem emora, porque m em en en o que
el
'lberaremo;, tomando em'Ct'nsiderao a proposta deve ser quanto antes discutido) e depois destri-
buir-se, para fallarmos com (} preciso conhecimento
'do Sr. Alencar.-Assim se resolveu. de materi to importante.
Passou-se do, dia e segunda
vez projecto de leI do Sr. da Cunha (tra.n- breve debate, o
scripto na sesso de 6 de 1\lalO) para entrar em dis- proJecto adIado, mandando-se logo ImpnmIr para
entrar em discusso, depois de ter dado 'sobre elle o
cusso. seu parecer a commisso de legislao.
O SR. PEREIR.\ D.\ j OS
iu<:tificados motivos que nos devIao deCidir. a pro- O SR. COSTA AGUIA.R:-Pe.o licena para lembrar
.de uma lei geral, que' a V. Ex. a nomeao das commisses, porque sem
ao actual systema de legtsla.ao brazI- ellas no pdem os ?rdem;
lica visto que proclamada nossa da mo- e apontarei como mUlto necessarla a de pohCla para
narchia portugueza, e devendo constItUlr-!10s como O governo interno da assembla, a da redaco do
povo independente, de que Diar'ia, porque -os tachygraphos escrevem, e o pu-
organizassemos no so Ilma constltUlao em que se blico nada. sabe das sesses, e a da fazenda porque
estabelea a frma do governo, e as.bases.geraes at j temos um omcio, creio que da junta da fazenda
que regtllo as leis fundamentaes deste ImperlO, mas das Alagoas, sobre o qual a dita commisso devedar
que formassemos um codigo em que se. o seu parecer.
dessem 11S leis civis prescrevendo os direitos, e m-
teresses dos cidados entre si. Para esta gr.ande obra O RODRIGUES DE CARVALHO .lembrou a com-
d
t misso de legislaco porque semella nada se poderia
que fomos aqui reuni os, mas esta Importa0 e fazer sobre. o prjecto do Sr."Pereira da Cunha, cuja
empreza s pde ser bem com vagar importancia J- estava reconhecida pela assembla;
e circumspeco, porque as leIS sao filhas expe-
riencia. e da sabedoria. Entretanto assumIDdo a' e pedindo depols permisso para propr um projecto
naco brazileirasua soberania, ficou as de decreto, faUou nos seguintes termos:
msmas leis politicas e civis que a governayfto, .at. Os governos arbitrarios ando sempre cercados
que se consummassem nossos aos de receios e temel'OSOS da conducta dos povos op-
nos prestamos com o e aSSIdUIdade que eXll.
e
primidos, e se estes no gozo dos encantos da feli-
nossa obrigao, e I!las consentl- cidade aquelles no tem repouso em suas vigilias,
mento tacito da naco, dena ser explicItamente de- e reacces invento quantos estratagemas
darado por esta a quem est lhes suggere o systema de reger povos pelo terror
commettido o alto exerClClO de legIslar. Esta tem dos suppliCios e dos ferros. Ogoverno portuguez,
sido a pratica das naes, que de frma ainda em seus ultimos periodos, nos deu uma prova
Cl'overno ou de dymnastia tem autorlsado a legIs- desta verdade, promulgando o deshumano alvar
faco em quanto novas leis adaptadas.s de 30 de Marco de 1818, que fulminou contra as so-
sas circumstancias, no frmo o complexo da JU- ciedades secretas penas dignas do tempo de Sylla;
risprudencia patria. Na monarchia portugueza mesmo e o raio .veio desf,echar sobre
acllamos esses exemplos, e o ultimo o de el-rei alguns Cidados, que ha malS de 3 mezes gemem
D. Joo IV, que subindo ao throno que de justia debai:x:o das formalidades de um enfadonho pro-
lhe pertencia, or?enou no mesJ!lo'anno de sua cesso. Eu seria temerario, e erraria em pontos da
maco e o ratificou pela leI de 29 de Janeiro de minha profisso, se quizesse sentenciar o mesmo
1643 as ordenaes filippinas, e leis processo de no vi as e estes
se houvessem por boas, e firmes, como s.e por elle dados no posso Julgar se eXiste Imputa.aQ, nem
fossem promulgadas e estabelecidas. Eis' as razes calcular os seus gros'; mas pezando a opmio pu-
que me induziro propositura deste decreto, para blica, conheco bem que a medida aterrou muita
que .como primeira lei, fosse as primicias de nossos gente desta crte, e at produziu umterrivel choque
trabalhos. Eu mui.to folgaria, e grande gloria me nas provncias, e eu no me atrevo a taxar. de ti-
resultaria se pudesse apresentar um novo codigo midos povos que ainda conservo as marcas do des-
com todas as circumstancias que exige esta obra potismo. D-se por fundamento das prizes serem.
prima do saber h!1ID
ano
, mas falto-me foras, e ta- os cidados implicados membros da sociedade ma-
lentos para fazer minha patria este grande ser- conica. O alvar homicida existe; os juizes so
vio: o tempo, e as nossas constantes fadigas servos da li; e os cidados que esto nas circum-
completar nossos desejos.. stancias dos presos temem, e com razo, o mesmo
O SR. MONIZ TA.VARES :-Sr. presidente, sempre flagello. Se e. pois verdade que o fundamento das
me opporei a que esta assembla tome deliberaces prizes nasce do' crime de sociedade secreta, ti-
apressadas sobre objectos de tanta ponderaco cmo remos aos juizes q obstaculoque lhe fai uma
este. Trata-se de coDfirmar leis existentes, isto no por. uma inaudita. crueldade, ainda
pde fazer:se sem preceder demorado exame. Con- iJ?esmo entre-as so-
venho que a materIa urgente, mas no to urgente Cledades secretas; e se no essa a culpa dos presos
. que no possa esperar que se imprima o projecto, e .arredairios da cabea dos cidados este alfange' de
.. para0 examinarIllos e'reflectirmos sobre que.sep6de servira perversidade .de w:n delator.
. .' .' . para este _ .
' . '.0, _..
SESSO DE DE 1823
--=
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PllOJECTO sentenciados, e ter j comecado a soffrer a pena
A assembla geral constituinte e legislativa gravssima da lei que se prefende revogar.
decreta: _O SR. PINHEffiO DE OLlVEIRA:-Parece-me que
1.0 Fica desde j cassado e revogado o alvar-de tem logar o que acaba de dizer o illustre pre-
30 deMaro de 1818, pela barbaridade das penas im- porque estou persuadido, que no temos
ps'".as contr:l. as sociedades secretas. o pll!a embuaar a marcha do poder ju-
2.0 TodoS os processos pendentes em virtude do diClano. (Apolados.) o
mesmo de nenhum efIeito,o e se por O SR. RODRIGUES DE CARVALHo:-Quando se tem
em perpetuosIlenCIO, como se no tivessemexistido em fazer uma lei para anullar o etreito do
tendo para esse fim o presente decreto o efIeito re: alvar, havemos principiar por passar uma portaria
troactivo. .. se o processo? De mais, o Sr.
. 3." No com tudo da intenco da assembla Jose BomfaclO, que deve ter sobre este ne"ocio
approvar e confirmar pelo presente decreto as so- mais conhecimentos, que todos ns, j asse.:'erou
ciedades secretas, antes deixa para tempo compe- qua outro o objecto do processo; mas quando
tente. a, legislao. sobre este- objecto.-Pao da fosse est.e, muit.o provavel. que elIe se no
assemblea 6 de MaIO de 1823.-0 deputado, Joo con.cIa antes de chegarmos deciso deste ne-
Antonio Rodrigues de Carvalho. gOClO, que no pdp, levar muitos dias.
ANDRADA MAcHADo:-E' preciso que V. O SR. ANDRAD.\ de nos inge-
declare se fica para segunda leitura ou se consi- rirmos. em poderes alheios. Os magistrados applico
derado urgente. _. . as leis; se ellas so injustas ns as revogaremos;
SR. MONIZ TAvAREs:-Sr. presidente, se este mas antes executem-nas. (ApoiaM.)
projecto se declara urgente no haver cousa alguma O SR. DIAS :-Eu estou persuadido que achim-
que o no seja; de,-emos prceder sempre com re- do-se esta assembla em estado organisante, est
gul!U'idade; eu nunca admittirei urgencia neste ne- revestida de todos os poderes, e que longe de ter
gOClO. lei a que se sujeite, ella que as dirige todas.
9 SR. ALENCAR:-Eu sou de opinio O projecto j est declarado urgente; e portanto
pOIS entendo que se ha alguma materia, urgente atalhe-se o mal, venha elIe do poder execlltivo ou
esta, porque talvez em virtude do, citado alvar es- do judiciario. (A' ordem,
tejo homens presos sofIrendo penosos incommodos O SR. A)jDR.\D.\ MACHADo:-Sr. presidente, estes
cujos males se terminar com a revogaco principias so desorganizadores, perdoe-me a ex-
mesmo alvar. Digo, pois, Sr. presidente, que o presso o illustre preopinante.Ns no temos se
projecto mals urgente que se tem aqui apresentado. no o poder legislativo, os outros dous no nos
O SR. ANDRADA E SILVA:-Ainda que se no trata competem. No governo que abraamos onde estes
agora da materia do decreto, entendo ser do meu tres poderes esto dhididos, seria tyrannia se a
dever como deputado, e como ministro de estado assembla invadisse o executivo on o judiciario.
acclarar alguinas circumstancias, e apontar os mo: Longe de ns esta ida; o que nos pertence a
tivos do procedimento do governo. Eu no sei legislao, e nesta legislatura smente a 'ns per-
porque o juiz devassarite pronunciou essas pessoas tence. .
que se acho presas; mas posso asseverar que o O SR. RIBEIRO DE ANDRADE :-Quando fomos no-
foro em consequencia' de devassa, e que o no meados para deputados desta assembla consti-
foro pedreiros livres, pelo que proprimente e legislativa, vimos pelos nossos- diplomas,
maonarIa. Talvez estes rus se servissem de socie- que tmhamos de fazer a constituico politica do
dll:des secretas perturbar a tranquillidade pu- imperio do Brazil, e nem podia ser outra a nossa
e sendo asslm todos os arguinentos do iilustre commisso; ora, sendo a baze de todo o governo
preopinante assento sobre principias falsos, com livre a dos poderes,. cuja rennio frma
sem entrar por ora na analyse particular dos a soqarama, no poderia a naco deixarde olhar
artlgos do decreto, sou de parecer, que mui li,. como tyrannia a preteno de querer a assembla
beral .e merece toda a c,?nsiderao, pois sempre os ontros poderes. prin-
votareI que se conceda aos CIdados toda a liberdade ClplOS podem espalhar desconfiancas nas naces
que for justa, ainda mesmo para associaces se: qnem commerciamos; e entre muitas
cretas, todas as vezes que no tenderem a perturbar mternas pdom.trazer-nos a pobreza, lf!.le e a maior
a publica felicidade.' - calamidade dos est.ados grandes. De mais parece
O. SR. ANDRADA MACHADO :-Sejo quaes forem os que nos esquece o juramento, qlle- ha pouco demos
t d . ns juramos fazer a constituico poltica deste
!Do lYOS a priso, no destroem a urgencia lio pro- imperio, e simplesmente 'as refrmas' mais urgen-
Jecto; se acaso no esto presos por maconaria a C
abrogao da lei no lhes faz nem bem nem teso omo pois agora pretendemos suspender a
e s.e no outro O seu crime, da nossa sabe: marcha de um processo, usurpando o podr jll-
dorla arrancaI-os das garras do antigo despotismo; omo pde, sem l!- maior admirao,
voto que se declare urgente, e que se im- OUVir-se dJzer nesta assemblea- pergunte-se' ao .
pnma j, para_ entrar sem demora em discusso. governo porque fez isto" ou aquillo, porque teve
Assim se decidiu.. tal procedimento?-J nm illustre preopinante de-
.. . clarou, que houvera devassa, e. que a esta se
; O SR. MAIA:-Como se declarou urgente o pro- seguiu przo em consequencia de pronuncia; e
Jecto, parece-me acertado mandar suspender o pro- ser possivel; que a assembla reunida para fazer
cesso; .porque pdem os ter e unia'constituio, se lembre hoje de ser legislativa,
_sofIrer a pena, sem apr.oveltar o beneficIO, executiva e judiciaria'l Serpossivel que se entenda
:es !a!-er, smente se verl- que, as attribuies da nao inteira. nos perten-
o fa.depols da declsao do projecto, e de co.n- cem todas, Cluando a nossa commisso smente
c UIrmos. o nosso trabalho pdem' estar os ros . legislativa? Vai .assim pensa. Deixe-
36
SESSO EM -7 DE-illio DE '1823
mos a cada-um dos !>u!t'0s -o exercicio das. lJ.Ue deve de cinco memi>ros.-Decidiu-se que
suas fuilcces, e limitemo-nos a -desempenharsun.. -
aquil-lo de que estamos - O SR. RIBEIRO DE NDRADA:-Eu desejo que :se
O SR .LENCAR:-Eu quizera que advertissemos tome em considerao que os membros da
que estamos gastandoinutlmenteotempopOTllo misso de constituio no dcyemser.nom_ados
se ()bservar a ordem. -Quando qualquer Sr. depu- para outra porque estando :encarregados. de to
tado apresenta uma proposta, -esta remettida :grande ti iwp<;l'-1Wte trabalho, mal -o podero des-
mesa, para se vr se ha de ter segunda leitura, e empenha; occupados de outr.os; e p'or isso., pro-
depois se- entra -em discusso; anles disto. ponho exduid-os em .nomeao
Sr. dejnJdado pde fal:1ar:sem -transgredrr o l'egI- de commlSSa-o.
mento; .mas -aqui no se observa Propoz O SR. ANDRADA MACIL\DO:-O que esl leito, 'est
Sr. Rodrigues de Carvalho, o seu e a.a5-' feito; mas em verdade justo que no sejo mais
declarando-o urgente, que se lID-- nomeados para .outrascommisses porque o tra.ba-
prumsse para logo 'em Outro- lho da constituico, mui pesado e continuo. Eu
nobre deputado lembrou-se, q:ue se deVIa j -estou -em duas-e'Cstimariano entrar emotItra,
ao governo para a do processo -d.?s outra, e outra. ('poiados..) .
por esta OCcaSl80 :ntra-se .::0 SR. PRESIDEN'!'E propoz se. Srs. que ero
da diVISa0 dos falIa se, falIa falla .e, membros de 'COnstltUlco devio ser
e por fim,. sem eonchurmos nada, fra nomeados .paraoutras commisses: e decidio-se
da e -com mUIto tempo que no. - ,
dido. E precISo conSiderar, senhores, o povo, Procedeu-se logo votao para a commisso
que por ora nos com gosto, se "\'lI que se de .petices e sabiro eleitos os Srs D Nuno Eu-
passam quatro e CInCO mezes sem nada fazermos, . d" L' . J T' . d F' V
talvez perca a confiana que tem em n6s, e. E'nto gemo e os. elxerra a onseca asc0l!.-
tudo ir mal. Porlanlo, peco a V. Ex., que deelare cellos, Estevao de Caetano Maria
o que temos a fazer agor. . Lopes Gama e LUCIO Soares de
OSR. PREsiDENTE :-Entendo que se deve passar O SR. SOUZA E MELLO :-Como vejO nao
nomeao das c.ommisses, comeando pela da no tempo o peo li-
redacco do Diarw.-A assembla conformou-se. cen.a para ump.rojecto q.ue de
. mUlta urgencIa. DepOIS que se mstallou esta as-
O SR. E SILVA que sembla tem-se apresentado algumas propostas
Sl.lber de {{ua?tos se haVIa de compr a dignas de toda a considerao, especialmente as
dita commlssao, e decIdlU-se que fosse de tres. que tem por objecto o soccorrer a mnoceneia op-
OSR. COSTA AGlJUR:-Emquanto se vai proce- primida, e previnir-nos contra a perfidia de Por-
der votao da commisso'lernbra-me perguntar tugal, que por meio dos seus etnissarios occultos
porque. no est ainda impresso o regimento. se a discordia ns
O SR. SECRETARIO CARNEIRO DE CAMPOS referiu destrUlr a nossa umao e fora, que nao tem podIdo
que no' dia antecedente fra pessoalmente depois nem poder jmas vencer, pelas acertadas me-
sahi! da assembla, - -para didas se tem tomado. eu ainda 'vejo
lDqtrerlr a causa da demora da lID.presso do re- outro obJecto' d grave ponderaao. Os governos
gimento, mas que no achra .l nem o adminis- ds -provincias do Brazil, ainda organisados
tradoI nem o compositor ; concluindo que vista segundo o -decreto das de LIsboa de 29 de se-
disto attribuia a demora ao deleixo daquelIaad- tembro de 1821, e eu conSIdero indigno de v6s, il-
ministraco. . -, lustres depositarios da soberaniabraziliense, o can-
O SR. OSTA AGutAR:-Peo Sr. presidente, que sentir. ,que estes governosestejo regUlados pe!o
ou os Srs. secretarios oua commisso, que se vai que dlet-ou o congresso de que s6
nomelU', da redaco do Diario, se encarregue de tava ao A
promover a impresso do regimento, pois da aetuaI destes governos Implica com a feliCIdade
maior necessidade para nos dirigirmos por elle nos dos .povos, e o. seu o .J
nossos trabalhos SeI"Vl em duas )untas pronsortas e por 1S50 os
OS, '" conheco e apreCIO bem; elIes s6presto para se-
:-Eu eXIJO maIS mear discordi, e talvez destruir o credito de -aI-
cousa. eXljp !lue omcle ao governo p'ara Il;dvertIr. guns cidados benemeritos quenelles servem. A
a adml!11straao_ deve _ser maIS materia pois de grande momento, e o estado
na IID-pressao dos .papeIs que _vao assemb!ea, ;actua,l do Brazl no- permitte-demoras; e .por isso.
a quaesqer outros, e quando IStO ,propondo o seguinteprojecto peco que se.dec1ue
.nao baste -nova.?Iente parte ao goyer- urgente. '
no fala a pUDlaO de taodelelxados obreuos. .
(ApoiaMS.). -PROJECTO DE DECRETO
OBR. SSCRErARlO CA:RI...EIRO DE CAMPosdisse',que -cc 1.
0
Emcada:prvinciado'Brazil,haver u.mgo-
.se dena ofticiar .aQministra da.fazenda.a-esteres- vernador, ,ao quaJ..estar sugeitase :responsaveis
.peito, ,por penencer a-t}!IOglophia;:referida-repar- todas as autoridades,delIa. _.
-iio.-Decidiu-se que sim. - cc 2.
0
Haver da mesma f6rma em cada p:rovincia
:P.aSsou-se'nomeacodos::membros-da commis- um chefe militar; o qual ter.o d:e
:.-so da TedaeeO do'.iJJio;rio ie 'sah.iro 'eleitos os dante das-armas, quer a.proY1n'Cla
.Srs. -Candido':Tos :deAnkjo Vianna,::Antamo . da segunda; e ta:Iiibem
iGonalves:GoJriide .;Tfo'kntonidRodrigues-deCa'- nad? _ . '
_."V.alho.' . ' , . '." cc 3.o duas autorIdades :sel'o nom:ea:-
;'. _ . - . _: "_ .... .das _pel? :exeautv:o,
0:5R. segue.a:goJ:a com. cUJa l'epresentao.coincIUen:r w;-rfEiriilas'Ji"O-
a commissao de -petloes, dIgO que tne-parecemeaes. .
SESSO EM 9DE ]IAIO DE 1823
,
4:. O da ser presidente
da junta da 'fazenda, promover o seu melhora-
mento de finanas, e a manter na organiiao
em que se acha, at que a assembla geral consti-
tuinte lhe d em breve a melhor frma possivel.
5." Para desafogo, e liberdade dos povos, ha-
ver em cada provincia umjuiz do povo, a quem
este recorra nos casos de oppresso, para apre-
zentar na crte s suas queixas, o que o mesmo
juiz do povo dever fazer ex-omcio.
6. Sem embargo do exposto no artigo prece-
dente, fica livre a qualquer pess-oa o direito de pe-
ti.o para recorrerem como e quando lhes con-
VIer.
. 7. Ojuiz do povo ser eleito com pluralidade
relativa pelos eleitores de parochias, reunidos nas
cabeas dos districtos, e pela f6rma da -eleio dos
deputados' .
8. A eleico do juiz do povo dever recahir
em pessoa de conhecimentos, luzes
e prudencia, e que tenha a geral confiana, e
amor dos povos. .
9. O governador, commandante das armas, e
juiz do povo devero residir no centro e capital da
provincia, para commodidade igual dos recursos
e da administrao publica. . '.
10. A commisso respectIva propor a assem-
bla o regulamento, attribuies, e tos
das autoridades expostas no .prezente proJecto.
. .Paco da assembla geral constituinte e legis-
lativa do Brazil, 7 de Maio de 1823.-Jos de Souza
e Mello, deputado pela provncia das Alagoas.
O SR. ANDRADA. MA.CILUlO declarou que na sesso
seguinte otrereceria tambem um projecto sobre
esta mesma materia, para ser tomado em conside-
rao com o que se acab!-Ya de lr, e o Sr. Gomide
disse que tambem traria outro, para ser attendido
com os dous primeiros.
O SR. PRESIDENTE assignou para ordem do dia a
continuaco da nomeacollas commisses e jun-
tamente do thesoureiro da assembla.
Levantou-se a sesso s 2 horas da tarde.-.Ma-
noel Jos de Souza Frana, secretario.
RESOLUES DA ASSEMBLA
PARA JOs BONIFACIO DE ANDRADA E SILVA
lllm. e Exm. Sr.-Aassembla geral constitUinte
e legislativa do imperio do Brazil, tomando em
consideraco, que pela irregularidade da nomeaco
do deputdo eleito pelo districto doCuyab, e 1>a-
raguay-Diamantino,. onde no concorrro os votos
do collegio do districto' de Mato-Grosso, ficaria
sem representao na assembla ultimo dis-
tricto, se no se dsse a este respeito alguma pro-o
Tidencia, rezolveu que se proceda no referido dis-
tricto de Mato-Grosso eleio de um deputado,
que concorra com o j nomeado por Cuyab e Pa-
raguay-Diamantino, por esta vez s6mente, e que
elle venha quanto aptes tomar J?os
da mesma assemblea. O que partiCipo a V. Ex.
para que, levando-o ao coDhecimento. de Sua Ma-
gestade se passem as ordens necessarias. Deus
guarde a V. Ex. Pao da assembla, em 7 de Maio
de 1823.-Jos Joaquim Carneiro de Campos.
PARA PEDRO Jos DA COSTA BARROS
Tendo-se verificado pela commisso dos poderes
37
a legalidade do diploma de V. S. para deputado da
assembla geral constituinte e legislativa do im-
perio do Brazil, pela provncia do Cear-Grande;
rezolveu a mesma assembla que V. S. venha
tomaI assento e ter parte nos seus augustos tra-
balhos. O que participo a V. S. para sua intelli-
gencia. Deus guarde a V. .Paco da assembla,
em 7 de Maio de 1823.-Jos Joaquim Carneiro de
Campos.
PARA MARTIM. RIBEIRO DE
Illm. e Exm. Sr.-'-Aassembla geral constituinte
e legislativa do impario do Brazil,' tomandQ em
considerao a necessidade da mais prompta expe-
dio em, se imprimirem os escriptos, que manda
remetter typographia nacional, ordena que a
junta da directoria da mesma typographia tome as
medidas necessarias para que Se consiga na impres-
so dos ditos papeis a maior brevidade possivel. e
se evite desde j o deleixo com que se tem traba-
lhado no projecto do regimento provisorio. to ne-
cessario para o desempenho regular das augustas
funces da mesma assembla. O que V. Ex. levar
ao conhecimento de Sua Magestade Imperial. Deus
guarde a Y. Ex. Pao da assembla, em 7 de Maio
de 1823.-Jos Joaquim Carneiro de Campos.
Sesso de 9 de Maio de
PRESlDENCIA DO SR. BISPO C.\PELLO-MR.
Aberta a sesso pelas 10 horas .da manh. leu o
Sr. secretario Frana a acta da antecedente.
OSR. ALENCAR notou que faltava na acta o pare-
cer da commisso de poderes sobre o diploma do
Sr. Pedro Jos da Costa Barros; e tendo reconhe-
cido o Sr. secretario a falta, foi approvada a acta
com o referido aditamento.
O SR.. SECRETARIO CARNEIRO' DE CAMPOS leu o se-
guinte omcio do ministro de estado dos negocios
da fazenda:
Illm. e Exm. Sr.-Sua Magestade o Impera-
dor pelo omcio de V. Ex. de 7 do corrente mez que
lhe foi presente, fica inteirado de que a assembla
geral constituinte legislativa do imperio do Brazil
acaba de ordenar junta directora da -typographia
nacional a prompta impresso do projecto de. regi-
mento provisorio. e mais escriptos necessarios ao
regular .das suas funces. O que V.
Ex.levara ao conheCImento da mesma assembla.
Deus guarde a V. Ex. Pao, em 8 de Mitio de 1823.-
Jl1artirn Francisco Ribeiro de Andrada,.-Sr. Jos
Joaquim Carneiro de Campos.
O SR. SECRETARIO FRANA 'leu o parecer da com-
misso de peties em que indi.cou as direces que
devio ter os seguintes requerimentos:
De Joaquim GonalvesLedo, Joaquim Alvares de
Oliveira e Venancio Henriques de Rezende.-A'
commisso de poderes.
De Jos Fernandes Gama.-A' commisso de le-
gislao e justia civil e criminal.
Observro alguns senhores que a commisso de
peties se dava a um llU"go desnecessario tra-
balho, . escrevendo o seu parecer sobre todos os
requerimentos assembla, e que bastaria
indicr a direcco .de cada um, para a tomarem
logo directameIte da dita commisso.-Assim se
decidio. '.
Annunciou-se ao Sr, presidente que estava
10
38
SESSO EM 9 DE MAIO DE 1823
porta da sal da assembla o Navarro e Abreu l( Conheceu V. li. Imperial. e conheceu rapda-
deputado pela provncia de Mato-Grosso; e sabindo mente, que a grandeza -do poder gera- 4e necessi-
os Srs. secretarios, na frma do estylo. a busca1-<l, dade o que a fraqueza humana impede Q
o introduziro na sala; e tendo o dito Sr. deputado desempenho attribuies exageradas;;
prestado o juramento, tomou assento. . dahi o desgoverno, dahl a oppresso do povo, cujas
. Fez-se a chamada, e acharo-se presentes 52 Srs. carnes maceradas prea 'Vorazcs corvos sciae:s, zan-
deputados faltando por motivo de molestia os polticos, corrompidos, e inertes au-
Srs. Furtado de Mendona e Rodrigues de Carvalho. 1.ICOS.. ma!sV. M. Inlperial que a justia-
O SR. PRESIDE:>."TE fez repartir pelos Srs. deputa- e a pmneua das vJrtudes, e na qual se encerro
dos o projecto do decreto do Sr. ltodri,gues de Car- todas, e a sua sempre util ao lJU:e a
valho tiara a revogao do alvar de ,31) de Maro exerce; VIO que restitulf a naco o que lhe" deve
de 1818 contra- as sociedades secretas. pertencer na organisao social; era consolidar; e
Passou-se ordem do dia; e comeando-se pela melhor segurar os direitos essenciaes ao monar-
colJ1misso' de legislao, resolveu-se que fosse de cha, sem cuja exis,encia no pde haver
sete membros; e procedendo-se votao sahiro verdadeIro conceito de monarchia.
eleitos os Srs. Antonio Ve11050 de Oli- IC Depois deste sem par esforo de sabedoriae
Teira, Jos Antonio da Silva .wIaia, D. Nuno Eu_generosidade menos peso na minha balanca com
genio de Locio, Bernardo Jos da Gama, Jos Tei- quanto muito devo pezar, o trabalho, e s;idui-
:xeira da Fonseca e Yasconcellos, Estevo Ribeiro dade incansavel, com que V. i\LImperial tem atten-
de Rezende e Joo Antonio Rodrigues de Caryalho. dido a concertar, e fazer continuar o harmonico
Como era meio-dia mandou o Sr. presidente sabir andamento, ainda das mais rodagens da-
a deputao incumbida de levar a Magestade complicada machina do Estado. Mas a admiraco,
Imperial o voto de gracas da assemblea, .pela fana como tudo que humano, tem o seu maximo'; ()
que dirigira mesma assembla no dia da sua ins- qual vez tocado, a gradual declinao
tallao. Voltou pouco depois a deputao; e o do sentimento, quandoa nowdade o no refresca.
Sr. Andrada Machado. como orador deHa, leu o Foi este o etreito .que produziro na assembla os
seguinte discurso que fizera a Sua Magestade : nobres sentimentos de civismo, e verdadeira libera-
(C a perteno, orgo lidade com que V. M. Imperial salpicou a sua gra':'
da assemblea geral constltmnte. e com o maior pra- ciosa falIa, que rociando-nos, como o orvalho da
zer, qll.e vem apresentar a Y. M. Imperial as reso- manh, excitro de novo a marucente admiraco.
lues da e os seus puros votos (I Uma s-corda, senhor, que podia parecer dis-
agradeclmen.to. Senho!, nunca foi V. Impe- no concerto, mas que sem
nal, nunca poder ser maIOr; do que no dIa memo- dUVIda devla de contnbmr para o geral etfeito da
rando de 3 do presente mez, quando no meio dos harmonia. ferio os nossos ouyidos. Seria possivel
ancios da patria, animado dos mesmos'sentimentos que desconfiasse V. 1\1. Imperial que a assembla
de ternura, e afinco ao Brazil. de amor da ordem e brasiliense fosse capaz de fazer uma constituio
da liberdade genuina, augurou a ns, e nossa menos digna da nao e de V. M. Imperial? No,
posteridade o esperanoso prospecto da geral pros- senhor, semelhante suspeita no seria consoante
que, graas providencia, desponta ra- C?JD? geral }eor de conf!.ana, que respira todo o
alante, torneada pela paz, concordia, e fraternal dISCurSO de , . M. ImpenaL ' .
unio, e extreme das densas nuvens das desavencas cc V.l\I. Imperial estcom razo seguro, e deve
civis. insensiveis seriamos ns 'ao grito das nossas estar, que a assembla brasiliense no se deixar
consciencias, e cgos luz da verdade se desconhe- deslumbrar pelos fogos Jatuos de theorias imprati-
o desinteresse, a e a gran- caveis, criao de imaginaes escaldadas ; antes
deza d alma de V. M. Impenal, os seus paternaes pelo .contrario guiada .p.elo pharol da eX'periencia,
disve110s pelo adiantamento da nossa commum pa- a UDlca mestra em pobtlca, accommodara com dis-
tria, mesmo' no silencio de todas as instituices cernimento as novas instituies materia, que
liberaes, no torpor de todas as autoridades. dada, e que no est no seu poder mudar; ella
_.. (( Insensatos e injustamente prevenidos nos mos- conhece que de outra arte perder as do
traramos, se no descortinassemos nas francas e plantio, e a nova planta definhar vista de olhos,
leaes expresses de V. M. Imperial os sentimentos e por fim acabara por no poder apropriar para'
de verdadeira constitucionalidade, e o espirito, no nutrir-se succos hecterogeneos ministrados por um
dessa liberdade espuria, ou antes llcenca, que mar- solo inimigo. A .assembla nem trahir os. seus
cha ataviad3; com as roupas ens.nguentadas committentes, otrerecendo os direitos da nacQ em
da dlscordla, mas snn da verdadeira liberdade filha baixo holocausto ante o throno de V..M. IIDperial,
de uma- regenerao, que pesa Com o que no deseja, e a quem mesmo no convem to.
bem, e o. mal:!ias illnovaes politicas que node&!adante sacrificio, nem ter o ardimento de in-
sacrifica.a gerao presente futura e aban- vaair as prerogativas da cora, que a .razo aponta
dona O, mteresse real do individuo, que sente ao COmo complemento do ideal da monarchia; a assem-
presumpto .de colleces metaphisicas, que esto bla no ignora, que ellas quando se conservo
fra da esphera das sensaces. nas raias proprias so a mais eflicaz defeza dos
_ (C Como r:to se penetrana de respeito, como se direitos d? cidado, e o maior irrupo
de tern!U"a a assembla dos pais da da tyranDla,' de qualquer denommaao que seja.
p'atna a VISta de um Joven priucipe, que volunta- (( Estes so. senhor; os sentimentos da assembla,
rlaDlente provocou a reunio de uma assefubla., conteudos nas resolues, que a .deputao tem a
que deve dividir, e diminuir o poder, que'indiviso honra!le pr na presenca de V. M. Imperial, as
e.em toda a sua totalidade possuio de facto os quaes no tenho feito. inais do que parafrazear.
Muito seria isto qualquer prin- Nestes sentimentos permaneeer inabalavel, e com
clpe, e para V. :M. ImpenaJ, cuja conducta a. sua inspirao, e guiada pelos dictames' da mais
magnamma nos tem acostumado a maravilhas. " - clfcumspecta prudencia marchar na sua espinhsa
:cc.: SESSAO EM- 9_DE .MAIO DE 1823
- . -
39
. das reunies .ordenadas por esta lei,
podera o presIdente convocar para consultar o que
lhe aprouver, ou todo o conselho ou parte adver-
tindo, que sejo de entre
elles a lfUem men(lS mcom.m
nit
.. "
". --.... v VV&&A.t'u.&.'=''''l.I.I.J....llll\l..
11. Oconcelho no ter ordenado algum fixo:
nas reunies porm determinadas porl:> esta lei,
onde de necessidade a sua cooperaco, ter os
conselheiros electivos to smente unia gratificaco
diaria designada pelo governo, e paga pela fazenda
publica da respectiva provincia.
12.-Nas sesses ,ordenadas por esta lei, nas
materias da competencia necessaria do conselho
ter este voto deliberativo, e opresidente em caso
em,pate o de.lI1!alidade. convocaes.poim que
fica0 ao arbntno do presidente, tero os conselheiros
to s6mente voto consultivo. '
13. Tratar-se-ho pelo presidente em conselho,
todos os objedos, que demandemexame, ejuizo, taes
como os seguintes: .
cc 1.
0
Fomentar a agricultura, commercio, indus-
tria, salubridade, e commodidade geral;
cc 2.
0
Promover a educao da mocidade;
cc 3.
0
Vigiar sobre os estabelecimentos de cari-
dade;
cc, 4.
0
Examinar annualmente as contas .da receita
e dcspeza dos conselhos;
cc 5.
0
Decidir os conflictos de jurisdiceo;
6.Q Suspender magistrados.
c( 14. No cstando'o conselho -reunido, emtodas
estas materias prover o presidente, como fr justo,
submettendo depoiso que hOllver feito approvaco
do conselho.
15. Todos as resoluces sobre as materias
acima especificadas ser publicadas pelaformula-
o presidente em conselho rosolveo-...
16. governo da fora armada da provincia
de la e 2
a
linha compete ao commandante mil1itar,
e . independente do presidente, e conselho excep-
tuo-se as ordenancas, que so sujueitas to smente
ao e com quem nada tem o governo das
armas. Exceptua-se tambem o recrutamento, que
deve ser f\;!ito pelo presidente, a quem o corriman-.
dante militar participar a n.ecessidade do dito
recrutamento.
{( 17.. A administrao daJustia. independente
do preSIdente e conselho; pode porem o presidente
em conselho suspender o magistrado, em casos
urgentes, e quando se no possa esperar resoluco
do Imperador; dando porm logo parte pela secre-
taria da justia, do motivo, e, 1;1rgcncias da sus-
penso.
cc 18. A administrao, e arrecadao da fazenda
publica das provincias, far-se-ha pelas respectivas
junlas, s quaes presidir o presidente da
provincia, da mesma forqla, e 'maneira que a pre-
sidio os antigos, governdores, e capites gene-
raes.
cc 19. Se algunt dos conselheiros electivos abusar
da sua autoridad, oImperador o poder suspender
dando parte motivada assembla, e neste caso
entrar em seu lugar um supplente.
, 20. Fico revogadas todas; e quasquer leis e
alvars, carlas regias, decretos, ordens, c determi-
naes, que em alguma parte se opponho ao que
vai determinado. Pao da assembla, 9 de Maio de
1823.-0 deputado, Antonio Carlos Ribeiro de An-
drada j[achado e Silva. -Ficou para a segunda
leitura. . .
,Depois de lido requereu que fosse tomado em
. feitura sua lhe d, honra,
-e seja digna do brioso povo brasiliense; e de V. M.
Imperial seu illustre chefe. li ,
Acabada a leitUra disse que Sua Magestade lhe
dra a resposta seguinte:
_ (( Eu me lisonjeio muito vendo que os serviO.s
que prestei em beneficio da nossa cara patria so
louvados pela nao representada na assembla
geral e legislativa deste im:perio.
Dou-me por bempago, e a no me faltarem as foras
heide continuar a presta-los a fim de desempenhar
o honroso titulo de defensor perpetuo do Brazil, e
de mostrar sempre a par delles a minha constitu-
cionalidade. IgUalmente agradeo sobre maJ;leira
assembla a deliberaco em ,que est de 'fazer uma
constituio, digna de mim, digna de si, e di!!"Da
da nao brasileira, que to credora de receber
em premio do seu brio, valor e generosidade, uma
constituico que lhe assegure aquella justa 'liber-
dade, qu a unica, que lhe pde acarretar lou-
vores, conciliar amigos, e cobri-la de'felicidades.
A assembla declarou que esta resposta era rece-
bida com muito especial agrado.
, OSR. A:SDRADA MACB.\DO pedio licenca para lr
o projecto sobre a frma dos governos provinciaes,
que na sesso antecedente promettla apresentar,
e leu o seguinte: , -
PROJECTO DE LEI
A assembla geral. constituinte e legislativa
brasiliense decreta:' .
1.
0
Fico abolidas as juntas provisorias de
governo, estabelecidas nas provincias do.... imperio
do Brazil, por decreto das crtes de Lisboa de Se-
tembro de 1821. '
cc 2'.0 Ser ogoverno das provincias confiado pI:O-
visoriamente a um presidente e conselho.
cc 3.
0
Opresidente ser o executor, e adminis-
da provincia, ser da nomeaco do
Imperaaor, e amovivel ad nutu'm.
c( 4:. o Para o expediente ter um secretario, que
ser tambem o do conselho, mas sem voto, o qual
ser igualmente da nomeaco do Imperador, e amo-
vivel ad nutum.
cc 5.
0
Tanto o presidente, como o secretario tero
pago pela fazenda publica da respectiva
proVlncla. ,
cc 6.
0
Opresidente despachar por si s, e deci-
dir todos os negocios, em que segundo este regi-
mento seno exigir especificamente a cooperaco
do conselho.
cc 7.
0
Oconselho nas pl'ovincias maiores cons-
tar de seis membros, nas menores de quatro.
cc 8.? Tanto em umas, como em outras o magis-
trado mais' condecorado, e a maior patente de orde-
nanas da capital, membros natos do conselho,
e os restantes dous, ou quatro, sero electivos, e a
sua efeio ser. pela mesma-maneira, e modo,
porque se elegem os deputados assembla. Ele-
ger:-se-ho, mais dous supplentes pro-v;incias
maiores, e um nas menores, que suprao os lmpe;.
(tirnentos dos ordinarios.
cc 9.
0
Este conselho se reunir duas vezes em
cada anno, uma em 1 de Janeiro, e em 1 de
Julho; cada uma destas sesses no durar mais
de 15 dias, se por affiuencia dengocios im-
portantes unammemente apontar o mesmo con-
selho, que se deve prorogar por mais algum tempo,
o qual nunca poder passar de 10 dias em
cada sessao. : ' .',
.lO
SESSO -EM 9 MAIO D 1823
consideraco com os outros relativsao _mesmo
objecto.
. O SR. GoHIDE igualmente pedio licena para
ler o se,! projecto relat1Vo.aos das
_-.n_;.........1I0C!' a ,..n:n6'tolnifn. nos te-rmos 5e
o
amnte_-
" ............................._ .........
PA.1L-\ REGUL.UIE!'"TO DOS PROVINCI.\ES
DESTE DlPERIO DECRETA-SE o SEGlJINfE:
1.0 Haver em cada provncia um
nomeado. e autorisado pelo poder executIVO
promover" e inspeccionar todos os ramos da admi-
nistraco.
I{ 2:
0
Sobre elIe ficar todo o pezo da responsa-
bilidade, certa. e precisa.
, I{ 3.
0
Seu emprego ser.triennal. . .
I{ 4.
0
Poder ser destitwdo no trienmo por m
gesto. .
I{ 5.
0
No ser recondUZido.
I{ 6.
0
Ouvir prviamente _o conselho
provincial; e nos que eXIJao declSao urgente.
lIDIDediatamente depOIS.
7.
0
O conselho provincial _ de
quatro conselheiros, e um eleItos pelos
collegios eleitoraes pluralidade de votos.
I{ 8.
0
De trez em trez annos novo secre-
tario, e dous novos conselheiros, eleltos pelo mesmo
methodo.
I{ 9.
0
Do primeirotr!ennio os
dous conselheiros exclUldos, edos lr1enlllQSsegwntes
os mais antigos.
I{ 10. Os conselheiros no sero reeleitos, sem
intermediar um triennio.
11. Osecretario ser reelegivel.
I{ 12. O conselho ser isento de responsabili-
.
I{ 13. Cada conselheiro dar oseu parecer mot1va-
do que se escrever, sendo livre ao presidente adop-
t<J ou no as razes dos conselheiros, que nunca
lhe' servir de meio de justificao. ...
14. Haver em todos os actos publiCldade, e
notoriedade geral.
15. Qualquer. ficando responsavel
ter direito de analisar, e publicar pela
os votos dos conselheiros, e as decises do presl-
dente.
I{ 16. Haver mais em cada provincia um com-
mandante militar, posto pelo poder executivo, e
por elle amonvel. Pao das cortes, 9 de Maio de
1823.-Antonio Gonalves Gornide. -Ficou para
segunda leitura. ,
O SR. PAULA E SOUZA: - Peo para lr
uma proposta. Um dos nessos malores deveres-
fomentar todos os meios de auxiliar o thesouro
publico, e um delles o que appresento nesta
proposta, quepor 'ser mui clara escuso motiva-la. Eu
: vou l-Ia:
(C Proponho: lo. Que a bem da fazenda nacional
de todo o imperio se diga ao governo que faa
suspender a apresentao de' todos os beneficios
ecclesiasticos ainda,mesmo os curados. ficando a
cargo dos bispos proverem a estes interinamente. e
vagos aquelles. . . .
2.
0
Que todas as congruas competentes aos
beneficios eI1-trem no thesouro publico, e nunca se
.distribuo. como se tem usado.
S.o Que esta providencia dure at que se
estabelea uma ecclesiastica da
brasiliense, ou um,a 1e1 a tal resl'e1to.
Pao da assembleageral9 de Malo de 1823.-
o deputado. Francisco .de Paula Souzae Mello )t.-
Ficou para segunda le1tura. _
.O SR. BASTOS:-:- Eu peo a
A
attenao
da assembla para o 'Projecto que vou e que
julgo muito . l!:uj em de 5 do
corrente os motivos que me aetermmao a' appre-
senta-lo:
I{ 1.
0
Que se plena, e c.ompleta
amnistia a toaos aquelles que dlreC.ta. ou
lamente se tenho envolvido em
pelo que respeita sagrada
e ao syStema de governo monarchico
que felizmen te temos adoptado; quer se achem
;PIesOS, ausentes. ou expatriados.
I{ 2.
0
Que a presente amniStia a
todas as pessoas. contra quem se tenhacJacomeado
processos. ou pronunciadosentenas. Pao da assem-
bla, 9 de de 1823.-Antonio Marli'1lsBastos.
Feita a leitura requereu o seu illuslre autor
que se declarasse'urgente, e entrou em discusso a
urgencia. . .
O SR. SECRET.-\RIO FRANc.\:-Eu voto a favor da
urgencia. .E' necessario, Sr. presidente,
generoso balsamo sobre as leridas.
cidads tm recebido do go'erno. por dive.rgenCla
de suas opinies politicas em tempos de cns-:, em
que talvez fosse mister _a
praticade meios ,iolentos. que. Ja hOJe nao ,sao
precisos. Euno entro no dos
que dero cansa e fizero necessanos esses melOS:
o que digo que fossm elIes fossem. tem
cessado a"'ora que nos vemos reumdosnestaassem-
bla. pois, repito, que lancemos salu-
tilero' balsamo sobre suas feridas.
Porque havemos ns deixar correr dellas por
mais tempo o corrosivo vurmo do odio e da
vingana, quando sabemos que.dilatando-se este
pelos amigos e parentes dos queiXOSOS. deve P?r
fora engrossar um partido de. mal.contentes, c,!Ja
dissidencia pde vir a ser noclva a
da nossa independencia'? A nossa fora. Sr.
dente. consiste mais na intimi.dade da nossa umao
do que no numero dos nossos soldado.s: desunidos
seremos sempre fracos umdos seremos
invenciveis. Congracemo-nos. pOlS; congracemo-n?s
que assim oexige o bem da nossa e seja
a medida que adoptemos para esse etre1to o esque-
cimento dos erros, dos desvios. e suspeitas pas-
sadas.
O SR. CRUZ GouvA :-Sr. presidente: as pro-
vincias do Norte esto em desordem como a todos
notorio; e que far a provincia do Cear dividida
em partidos, uns a favor do Por Bem Barbosa,
outros da causa do Brazil '? quando souber que est
preso o se,u deputado? o Rio-Grande acha-se gover-
nado pelo presidente Manoel Pinto, um secretario.
e odeputadocommandante ntonio Germano, como
se v das representaces do povo de Porto-Alegre.
A Parahyba, que unnimemente adherio causa do
Brazil, j mandando para aqui seu procurador. e
deputados, j enviando tropas para a Bahia, j
guarnecendo suas praias com batalhes dos
filhos dos lavradoresquevoluntarimente se otrerecem
para as baionetas e!1ropas C{Ue a ,ameao,
no esta em socego: o pres1dente Vai para um lado,
o governador das armas para outro; Elntregue 'o-
commando a um coronel demilicias; e para desgosto
geral de toda a provncia quand acaba 'de acclamar
com a maior pompa e prazer o seu augusto impe-
SESS.O DI 9 DE 'MAIO DE
41
rador entitucionaL e defensor perpetuo, recebe a porm que por m sorte se-acho hoje oppri-
portaria para se devassar dos que durida..c:;sem da presos na das Cobras, e arrancados do
constitucionalidadedo imperador., e de seus minis- selO de suas familias; e porque crimes'? Por meras
tros, como se fossem os teIDB""S do marquez de suspeilas, por crimes fabricados por infames dela-o
Pombal. Sr. presidente, aParahyna nofez Bernarda; tores, e..c:ses vermes do E...c:tado.,
elIa no quer mercs; s quer uma constituio. Se moHTos de desconfiancas fizero,que muitos
liberaL Pernambucoacaba agora dedar umaamostra dUY'idassem da juSti-:,a da causa, e de seu
da scena de S. Domingos; e Alagas goza de pouco felIZ resultado em quant-o I}o eslava generalizado
socego aqui oS.homens de gravata lavada oupedrei- j no existem estas desconfiancas; antes
ros livres (como lhes chamo) clanlo contra o conyencidos dest'jo v-la oncluida, traba-
despotismo; o Sr. YeDozo de OliTeira tem dito lhandoparaomesmo fim. Sendoporlantodapolit!C3.,
nestas salas que eDes so innocentissimos; que da e prudencia de todos os governos, aindadespoticos,
devassa no resulta culpa; e que o ministro merece depois de taes mudancas, e convulses concederem
!lue se lhe dispa a bca; e o publico sabe que Sua uma amnistia geral; julgo ser do deyer desta
l\Iageslade o imperador quiz mandar queimar esta augusta assembla, no comeco de seus trabalhos,
maldita devassa. Sr. presidente, esla assembla o este passo magnifico, e generoso, lanando desta
tbermometro. onde os povos observo lodos os dias forma um vo sobre crimes de opinies, sobre erros
a altura da sua felicidade futura. Portanto, a bem politicos, e restituindo afilicta, e lagrimosa espcsa
do imperio, e do mesmo imperador, voto pela c perdido consorte, ao pai o ao irmo
urgencia da amnistia.. - o opre,sso irmo, ao amigo o saudoso amigo.. e ao
O SR. PINHEIRO DE OUVEIR!.:-(No o olll'iro Brazil inteiro cidados ebenemeritos; excep--
os tachigraphos.J tuando todavia alguns presos de Pernambuco, que
de certo no deyem regTcSS<1r sua p<1tri<1 para. a.
O SR. VELLOSO DE OLlVElR.-\ :-Eu, Sr. presidente, no jque desgra:adamente seduzidos:
no proferi uma sentena absoluta contra o desem- no sei porque mo genio, se desHzro do caminho
bargador denssante; falIei condicionalmente," e da moderao, e de seus deveres, insurgindo-se
disse que se era verdade o que deDe geralmente se contra o governo civil, e causando derramamento
aflirma"a, e dizio os mesmos illustres deputados de sangue; pnrm tambem no approvn que estejo
com quem eslava falIando sobre abusos praticados em prises apertadas, anles tenho <lquelles soc-
na deyassa, bem merecia at que se lhe despisse a corros e aliyios que se deye esperar da justiea e
bca; e confesso que isto mesmo, que no passou humanidade em que se firma o governo das leis, e
de uma conversao particular, no esperavaquese no os homens. 'oto, pois, pela saudavel medida da
relatasse nesta augusta companhia. Xessa occasiao amnist!a.
acrescentei, e agora repito, que a falta de corpo O SR. ANDR;.\D.\ MACHADO: -E' isto O que eu ia
de deliCIO era insanavel; e que,Qs juizes commis- dizer; da urgel1cia que devemos tratar; e que
sarios no podio afastar-se dos termos reslriclos no urgencia o que eu mostrarei;
a 'expressos do diploma dacommisso, pois ha muita no falIarei por ora na salubridade e prudencia da
differena entre juiz ordinario e juiz commissari(l: medida, ba muito que dizer pr ou contra, mas este
o l faz tudo quanto convem ao descubrimento da no o lugar. Dissero os nobres deputados que
verdade e punio dos ros: 0;20 smente o que se ha discordias por opin!es politicas, quero conceder;.
lhe ordena, ficando at, muitas "ezes, as mas a amn!stia remedia as discordias, abafa a diwr-
cias subsequentes devassa a cargo de outro gencia das opinies poEtkas? creio no;' a ques-"
magistrado. to fica sempre a mesma, e se reduz seguinte :-
O SR. CAR:\'EIRO DA tive nuticia E' a amnistia remedio apropositado para produzir
que se mandra tirar uma devassa geral, e que um unio de opinies? Creio que no, torno a dizer.
de seus artigos era conhecer dos que duvida"o da O processo com que se formo opinies na cabea
constitucionalidade dos ministros de estado; no do homem lento, e o meio de as extirpar no pde
posso' crer que seja verdade, mas se tal succedeu, ser seno lento igualmente. Eu no decido cathe-
para mimumcasonovo, um precedimento espantoso goricamente que a amnistianopossa concorrer para'
e digno do maior reparo; um acto o mais impo- adoar a fermentao em certo tempo, mas nem
litico, e arbitrario (que segundo o meu juizo) podia sempre o conseguir; e nunca de todo, e de um
praticar o ministerio, fazendo-o principalmente golpe trar ao aprisco da moderao opinies exa-.
,extensivoprovinciadaParahyba, cujopov adherio geradas. Mas, Sr. presidente, no por opinies,
unanime causa do Brazil, lJ.uando ainda vacilavo que se acha alguem preso; eu cuido que nenhum
os povos das mais - provinclas limitrofes, e que magistrado pronunciaria a um seu concidado por
resentido dos males de 1817 por as muitas devas- pensamentos e opinies; mas.sim por factos, filhos
sas, que ali se tirro, nas quaes sahiro e expresso de opinies damnosas ao bem social. Se
criminosos todos quantos tivero inimigos, no porm houve magistrado que pronuncioualgum cri-
pde deixar de olhar com horror para semelhante minosodeactos, que alei no erigira, nempodia erigir-
medida. Se ogoverno de algum movimento em crime, elie tem responsabilidade, exija-se-Ihe.
tomou aqui medidas 'extraordinaris, e violentas, Se pois a amnistia que rola sobre opinies no-
talvez mais por sugestes de muitos; que quizero se pde applicar a factos que o' cajlo dos ros pre-
estabelecer sua fortuna sobre a desgraa alheia, do sumptos, e lhespor isso inutil, como ser urgente?
que por verdadeiros motivos, como agora notorio, De mais, Sr. presidente, proficua que fosse, era.
j no existem felizmente estes receios: alm dislo tarde no actual estado do processo, quando sabemos
no de crer qU&O povo, -que. hontem ,acclamando que at est j decretado o livramento summario; e
com enthusiasmo o Sr.-D. Pedro, claramente esta- que por necessidade pouco ou nada ganhar em
b-flleceu ti governo constitucional, queira hoje materia, de tempo os que houverem de ser soltos; e
destrui-lo; e muito i"priucipalmente aqueDes, que o peior que os innocentes perder muit re-
mais se dlstinguiro, e trablhroparato glorioso cebendo como graas o que dejustialhes pertence:>-
11
SESSO EM: 9 DE llilO DE 1823
e soltOs sem e::rnme; sobre suas des.,rrracadas cabeacas dos.na opinio publica por conspiradores contra o
o net'oeiro da suspeita de .e. e.cuja conspirao se affirmava ter ramifi-
Por estas razes voto contra a urgenCla de ammstla, caces em todas as provincias, o sr o feo de tods
em quanto me no chega a vez de mostrar a sua asdesordens que inquietavo os povos. Logo se o
impolitica, perigo, e injustia. ministerio, por essa portaria de que falIou um illu5-
d' d tre preopinante, generalisou a devassa, fez smente
Agora, Sr. I!o posso e cen- o que exima a -interior do F.stado. sem
sorar as duras. e nao motivadas de um
. illstre deputado. que ex-cathedr decidio, lrue. se cuidar de desaggravos pessoaes como falsamente se
devia tirar a bca ao magistrado. que acabou de asseverar. Portanlo o maior elogio que
os ros; triste em verdade a sorte dos se pde fazer aos minist;,:.os de sua Sua Magestade
se sem preliminar juizo podem ser appresentados dizer que elles cuidIo; por todos os meios que
Naco como indignos do honroso cargo, que exer- estavo ao seu alcance, da do Estado,
cem e apontados como bestas ruivas, como objecto por conspiradores, eprecisamente o que
do odio geral. Eporquem,justo Deus. pelos deputa- elles praticro. Tudo o mais so imputaes ca-
dos nacionaes, pelos da ordem, pelus lumniosas que assento em notoria falsidade de
membros de um dos poderes publicos, como aquelle facto. e que eu no posso nem de\"o out'ir a sangue
S
t
frio.
de que elles fazem parte. . e em to P?UCO empo
caminhamos tanto na carreIra da anarchla, que nao OSR. presidente, sempre que se
dewmos Cresceu ainda mais o meu pasmo de medidas para soccorrer ahumanidade. oppri-
ao ouvir outro illustre deputado. um magistrado mlda, eu as reputo urgentes; e como este projecto
encanecido na arte de julgar increpar e duramente para uma amnistia, pela qual se aliviar os ma-
a outro magistrado por ter feito perguntas aos ros; les de muitos desgraados. que gemem. eu no posso
jult1'ar de excesso de jurisdiccii.o, por no se lhe ter deixarde t'otar pela sna urgencia, inda mesmo de:-
pda portaria de nde se originou a de- baixo unicamente deste ponto geral; mas se
vassa! considerarmos as circunstancias pecuJiares. em que
Confesso que para mim novo, e nO"issimo nos achamos, ainda mais cont'encido eu fico da ur-
milhante reparo. Sr. presidente, a todos os magis- gencia do projecto, de que se trata uma razo de
trados no s permitlido, mas at l)rdenado fazt:r politica assim m'o' dicta. Sr. presidente, o que so
perguntas aos suspeitos de crime. uma \"ez presos, factos publicos no se podem occultar; e neces-
a lei o manda, a practica e est)"lo geral o prescreve; sario fallar com a franqueza, propria..de um re-
quantos temos sid,? jnlgadores, o fizemos; at o presentante do povo. Desde 30 de Outubro do anno
iIlustre deputado que censurou ao seu collega; e se passado a marcha. dos negocios politicos do Brazil,
algum no cumpria com ,este de\"er. as relaces os no serena, e regular. O governo tem tomado
reprehendio, e com razo pois o processo inlorma- medidas violentas, e anti-constitucionaes: tem-se
torio devia vir instruido com todas as peas que po- prendido homeus sem culpa formada; tem-se de-
dessem servir para aclaramento da verdade, e para portado outros; abrindo-se uma devassa no s na
estremar-se a innocencia 'do crime no processo in- crte, mas J.>elas provincias. que nada menos que
quisitorio. Se nisto que peecou o magistrado uma inquiSIo politica; a liberdade da imprensa,
devassante, eu digo que merece elogios, e no cen- est quasi acabada. se no de direito. ao.menos de
sura. . facto. O Rio de Janeiro donde sahiro tantos papeis
O SR. AXDIUDA E SlLY.\ :-Eu no entro no exa- liberaes. at quella data, est hoje reduzido ao
me dos pro"eitos ou damnos que podem resultar da Diario das rendas, ao do Governo, e ao Espelho.
amnistia, s digo que no julgo urgente o projecto, Os escriptores de maior nomeada esto deporta-
como o illllstre preopinante acaba de estabelecer. dos. ou presos; os espiritos aterrados; muita gente
Pedi a palaHa porque a todo o cidado licito de- timorata, desconfiada, e vacilante; teme-se, des-
fender-se, de falsas accusaes, e eu as acabo de confia-se do despotismo; e o desgosto geral final-
ouvir de dous illustres preopinantes. Como minis- mente at mesmo os estrangeiros, que esto entre
tro de estado pesava sobre mim a responsabilidade' ns parecem reconhecer. e sentir esta verdade: um
da conservaco da tranquillidadepublica,edocuida- destes dias dous.'inglezes. alis homens de bem,
do de evitarque homens perversos e deslumbrados amigos do Brazil. e muito da liberdade de todos os
maquinassem contra a seguranca do Estado, e con- po\"os, me dissero em minha caza, em de
tra a vontade geral dos povos. "Escorado na grande amizade:-Senhor, nasua patria nohaagora liber-
lei. da da patria, pJ:'imeira lei sobre todas. dade; a imprensa no est livre; existe uma inquisi- .
quando Sua Magestade estava autorisado tambem o politica; e os animos esto desconfiados, ne-
como defensor perpetuo a tomar todas as medidas cessario que a assembla d a isto algum remedio,
que julgasse necessarias, eu faltaria ao meu dver etc. >i -e eu no pude deL'Car de reconhecer com
se de em o que exigia o bem elies estas verdades. .
da I}llnha patrla. Os dous lliustres preopinantes No quero com isto atacar o ministerio; quero
ousro atacar t? ministerio Sua Magestade sem antes crer,. que elle obraria tudo debaixo do .ponto
reparar que pedia.a prudencIa que no avancassem de vista da salvao do povo; quero mesmo crer que '
proposies que no podessem demonstrar. se persuadida necessario causapublica'otomar .
que se uma dos que fallavo essas medidas; mas o facto que essas medidas so
contra o IDlDlSterlO: o caso fOI este, e bem publico violentas; que se foro em algum tempo neces- .
nesta cidade.' sarias j hoje o no so'; e que indispensavel re-
O povo concurso. e os procuradores mediar os males, que por ellas temsoffridoa
das provincias denunciro certos homens. como de publica, e individual. Eu sei que a salvao do
pertubadores da ordem e pediro que povo a suprema lei; porm tambem sei que foi
se procedesse a devassa para se conhecer. daextlmso debaixo desta maxima, que Robespierre e seus col-
de seus crimes e e seus cumplir.es. Foi entomdis- legas na Frana l?erseguiro a quasi 200,000 cida- .
tomar medidas contra individuos designa- dos. Longe demun a ida de querer comparar o
SESSO' EM 10 DE MAIO DE 1823
noss ministerio com o cruel Robespierre, e por
iSso que eu quero, mesmo de commum accordo com
elle, visto, que alguns de seus-membros esto !?om-:-
nosco identificados, os males succedidos.
Eu fui test6munha, Sr. presidente, do quanto em
Lisboa uma devassa bem semelhante a. esta, a que
aqui se procedeu, acabou de perder toda a popula-
ridade do governo portuguez; e ninguemme tira da
eabeca, que foro as perseguies de Jos da Silva
CarvJ.ho a muita gente boa de quem
occasionou a revoluco das provincias, que agora
assola aquelle Reino: Tomemos pois o exemplo, e
fujamos de semelhantes males. Tratemos j de uma
amnistia, que lance um vo sobre o passado: sus-
pendo-seessas devassas, acabem-se esses processos
infames, a liberdade da imprensa:
voltem aos seus lares os deportados; arranquem-se
das masmorras os infelizes, que ali gemelh, muitas
vezes s pelo odio,. calumnia, e malicia de-inimigos
e invejosos, que nestes tempos de perturbaes
sv seus depravadosgenios ; rnondu.::a-se a alegria
ao cora(;,() de todos: e finalmente restabelea-se a
liberdade, um pouco aterrada, e suprimida. A Na-
espera isto de ns; a opimo publica o reclama;
e ns devemos mostrar ao Brazil, e ao mundo todo,
que somos guardas da liberdade, e que em quanto
cada um de ns puder levantar a vz neste recint,
tero os cidados outros tantos propugnadores da
sua liberdade, e de seus direitos. - "
, Julgando-se a materia sufficientemente discutida;
propoz o Sr. presidenteseassembla julgava urgen-
te o projecto da amnistia, e venceu-se quesim. Em
consequencia disto fez-se segunda leitura, e man-
dou-se imprimir para entrar em discusso.
O SR. SOUZA E MELLO tambem requereu que se
declarasse urgente o projecto que apresentra na
sesso antecedente sobre a nova frma dos go-
vernos das provincias.
O SR. ARAUJO VIA:'iN.\:- Eu entendo que melhor
ser mandar esses projectos sobre os governos pro-
vinciaes commisso de legislao para formar
delles um s6, ,porque todos tres no podem entrar
em discusso sem alguma confuso; e podem, se
quizerem, ajuntar-se commisso os Srs. deputados
autores dos projectos.
Depois de pequeno debate venceu-se tambem
que era urgente o projecto do Sr. Souza e Mello; e
como os dos Srs. Andrada i\'lachado e Gomide tinho
por objecto a mesma materia re!iolveu-se que se
fizesse de todos tres segunda leitura. Feita esta,
mandou-se que fossem impressos para entrar em
discusso.
OSR. PRESIDEN.TE designoupara a ordem do dia a
continuao da,nomeao das commisses.
Levantou-se a sesso s duas horas da tarde.-
Manoel Jos de Souza Frana, secretario.
Sesso de O de Malo de f. 823
PRESIDENCIA DO SR. BISPO CAPELLO-MR-
: Aberta a sesso pelas 10 horas da manh, leu-se
a acta' da antecedente, e foi approvada.
O SR. SECRETARIO CARNEIRO DE ,C,uIPOS leu um
omcio do secretario de estado dos negocios do im-
perio remettendo ao conhecimento da assembla
uma repres_entao do governo provisorio da pro-
vincia de Goyaz, relativo ao im'pedimento que tinha
o deputado da mesm provincia Joaquim Alves
d'Oliveira para vir suas funces
:;:<:
na assembJa, e lembrava a providencia de ser
chamado o supplente Luiz Antonio daSilvaeSouza.
-Foi para a commisso dos poderes.
O mesmo Sr. secretario leu a resposta do Sr.
deputad.o Jos .da Costa Barros ao omcio que
se lhe dmg:Jra para vir tomar assento na assembla
como deputado pela provincia do Cear, concebida
nos termos seguintes:
lllm. Enn. Sr.-:-Em cumprimento ao res-
peitavel omcio, que v. ex., em nome da augusta
assembla geral constituinte e le.,nislativa do
perio do me dirigio com data de 7 do cor-
rente, rogo 'a V. E.'t. queira levar a presena.
soberano congresso o seguinte: Em consequenCIa
dos disturbios acontecidos no dia 30 11e Outubro
passado, procedeu-se horrenda, monstruosa, e
execravel devassa, em que aleivosos, e infames de-
senfrero as furias, que tinho no corao! envol-
vero-me nesse pelago de horrores, e atrocIdades ;
pronunciou-me o ministro d'ella, e recebi a 9 de Fe-
vereiro ordem de S. M. Imperial para recolher-me
forteleza de Santa-Cruz da Barra; d'ali, passados 11
ou 12 dias, fui removido pata a da Conceio, onde
fui retido at o dia lodo corrente inclusive, e d'ella
sabi com homena"'em na cidade; estado em que
actualmente me acho. Subiro Relaco os autos
pelos quaes me julgro ro: sustento esta a pro-
nuncia I ! ! e manda-me, responder
a no sei o que; pois que ainda me no foi enun-
ciada culpa; e como no accordo da mesma vinho'.
comprehendidos ros, que se acho auzentes, e que
devio ser citados por carta d'edito, cujo prazo se
dilata mais 60 dias, requeremos, os chamados ros
presentes, ao regedor da justica paraconceder-nos
o responder-mos j, no -ficandsrijeito's delonga,
a que esto sugeitos os ros ausentes; de cujo reque-
rimento no tenho ainda soluo; e por este mo-
tivo, que no o"uzo appresentar-me entre os meus
irmos para aprenderd'elles fazer:a ventura deste
riquissimo imperio ; o que farei com o maior jubilo,
e ajuda-los-hei com o mais decidido interesse a le-
vantar o magestoso edificio da nossa felicidade,
logo que o Areopago Brasilico me julgar innocente,
e digno de ter parte em seus augustos trabalhos; o
que espero do seu saber, da pureza de suas mtenes,
e da sua inabalavel justica. Cumpre-me finalmente
mostrar ao soberano congresso que eu fui nomeado
pela mesma provincia, que hoje me tem nomeado
para as presentes crtes, para as de Portugal; o que
participei logo a S. M. Imperial, ento principe-re-
gente, rogando-Ihe me no obrigasse a partir, carre-
gando com toda a responsabilidade quellas crtes,
que ento mettio medo ; no me fascinro oouro ea'
representaco ; posterguei estes dois idolos, s6 para
ter parte nos destinos da minha patria, e servirs
ordens de S. M. Imperial, por quem tudo troquei:
isto sabe-o S. M. Imperial,' sabe-o o ministerio,
sabe-o o Rio de Janeiro, sabe-o todo o Brazil, e
breve o saber todo o mundo, bem como o qllt! se'
segue. Communiquei esta minha resoluo minha
provincia, e ella louvou o meu procedimento.
Eu fui o primeiro deputado das provincias do
norte, que elicitou a M. Imperial, Rela heroica
e magnanima resoluco, que tomou de ficar entre
D6s;. medida to hum,ana, como sbia, e que foi a
percursora da dita, que hoje gosamos. Eu fui o que
no dia 10 de Outubro em acto dacamara desta
cidade defendi os direitos de Sua Magestade Im-
perial, reprovando a ida do jurament previa !
constituio brazilica, como, '\oiolenta" e inconstl-:-
SESSO Dl 10 DE l\LUO DE 1823
tucional, com sacrificio da minha nda, entregue a deputado fez a sua moco relativa ao Sr. Pedro'
um partido dissidente; convocando para fazerem Jos da Cesta Barros, como o que elle pedia em
parte commigo muitos dos meU;5 amigos (entre os uma parte deHa j tost feito, e no se verifiCa a
quaes so alguns dos presos na ilha das Cobras), a hypotliese da outra, com muita razo requer para
fim de apoiarem esta moco ; o que elIes fizemo com a ret'ar; e deve defirir-se aos seus rogos. o
a melhor conescenenca, e maior enthusiasmo. illustre preopinante quer usar do direito de petio"
u Eu fui (lue em dias de Setembo escrevi para a a favor desta ou de outra pessa, pde faze-lo, mas
minha provincia, rogando-lhe fosse a primeira das em moco propria; a do Sr. Atencar deve retirar-se.
do norte em proclamar a Imperial, Demais, eu no sei para que ha de ir denovo com-
imperador const.itucional do imperio do Brazil, e ,o misso este negocio com a resposta do Sr. Pedro
consegui, sendo elle acclamado 8lli promptamente, Jos da Costa Barros. A commissodiz-o Sr. depu-
e com a maior effuso de coraco. tado pde vir tornar assento;-o Sr. deputado res-
u De todo o expendido posso, quando o queira o ponde-no posso porque estou criminoso- ; or,a
mundo, apresentar documentos i.ndubitaveis
7
toda o Sr. Barros no vem tomar assento por estar crillll-
esta cidade faUa em meu abono vmgando a vutude noso, segue-se que s pde sahir deste embarao por
perseguida. um de dous meios, ou porque o poder judiciario o
E o premio destes servios, to notoriamente declare innocente, ou porque alguma medida le-
conhecidos, a privaco da minha liberdade, o ul- gislatoria o sccorra. Esta medida legislatoria est
trage do e o da re- pendente,_e se passar ento o nobre deputado, livre
putaco! por premIO dos meus disvelIos a do impedimento que' o estorva, poder vir tomar
call1lmia, a infamia, ea pronuncia de um juizo bar- assento entre ns; e se no passar dever esperar "
baro, cruel, sanguinario, e... ! E' no seio virginal dos a deciso da sua sorte do poder que unicaQlente a
campees da liberdade brazilica que eu solto as pde determinar. No ha pois necessidade de con-
vozes da dor, e da oppresso : augusta assembla, fundir os negocios: convm dar-lhes o destino que
que eu levo a dos direitos, to vil e lhes compete, dirigindo-os pelo rumo que lhe
aleivosamente negaos. O ceu faa que prosperem proprio.
os luminosos trabalhos dos augustos representantes O SR. ALEXCAR :-Sou da mesma opinio,-e apoio.
da briosa nao brazileira. Deus guarde a V. Ex. o que diz o illustre preopinante. O meu fim re-
Quartel na rua das Violas, em 10 de :Maio de 1823. o mal em geral, e o particular do Sr. de-
.:.-.mm. e Elilll. Sr. Jos JoaquIm Carneiro de putado l>edro Jos da Costa Barros; e como est
Campos.-Pedro Jos da Cosia Barros. II proposta uma amnistia geral que aproveita a todos,
O SR. ALEXCAR :-Pela leitura da resposta do Sr. sem dependencia do poder judiciario, julgo des-
Pedro Jos aa Costa Barros, vejo que j no tem necessario a minha indicao. S por um motivo eu
lugar a moo que fiz no dia 5 do corrente; porque podia preferir o meio da minha moo ao da am-
a hypot11ese da primeira parte da indicao no se lIistia, isto , por querer salvar a honra do meu
verifica, pois no est preso por precauo de se- coUega; mas para quem tem elIe necessidade de se
gurana publica; e quanto ao que pr.evenia na justificar? Ser para o po.o do Rio de Janeiro?
segunda parte aflirma-seque j est feito, achando-se Todo elIe lhe faz justia. Ser para o
pronunciado, o que eu no sabia com certeza. Por EUe mesmo o condecorou e o honra. Sera para a
tanto peco liena para reth:.ar a dita indicao; e sua provncia? Ainda no perdeu o concerto gue
retirand-a, pediria a palavra para propr algum formava do deputado que duas vezes escolheu. Por.
remedio a estes males, .se outro nobre deputado tanto repito o que j disse, julgo desnecessaria a
no tivesse j offerecido um projecto de amnistia minha" indicao, e por isso pertendo retira-la.
geral, que comprehende o mell illustre coUega, e O SR. PEREIRA DA CUlIo"lIA :-Eu tambem sou de
que vai a entrar em discusso; por isso se a as- parecer que o illustre autor da indicao pde re-
sembla m'o permitte eu retiro a minha indicao. tira-la mas nem por isso entendo que o Sr. Pedro .
O SR. SECRETARIO FRANA:-Opponho-me a, Jos da Costa Barros deva ter paciencia, e esperar
o illustre preopiIlante retire a sua proposta; eua pela contin"gente deciso da amnistia. EUe j expoz
apoiei, e falIei sobre ella; e o Sr. Barros clara- as razes que o estorvo de vir tomar assento nesta
mente se queixa na sua resposta das demoras do seu assembla, e agora resta entrar no conhecimento
livramento. Quando eu falIei sobre este objecto dessas razes, pois est verificada a legalidade do
propoz o Sr. Araujo Limaque se tomasse a materia 'd d O
"em outro ponto de vista, conhecendo':'se primeiro seu diploma, e e portanto eputa o. que propoz
o nobre deputado o Sr. Franca me parece muito
da legaJidade do diploma do Sr. Barros, para se acertado; v a resposta do Sr.13arros commisso
decidir se era ou no deputado. Em consequencia de legislaco para que a examine e d o seu parecer,
do que propoz o Sr. Araujo Lima, mandou-se d ,. bl' d di I
commisso de poderes para interpr o seu parecer; e epOls a assem ea eCI ra. sto - O que eu
e' achando esta legl o diploma, escrevl'u-se ao Sr. julgo que s deve praticar.
:Barros para vir tomar assento. Nestestermos en- O SR. ANDRADA MACHADO:-Eu creio que V. Ex.
tendo que visto haver j a resposta d'aquelIe Sr. dever propr assemblase o Sr. Alencar p6de
deputado, deve voltar tudo commisso de poderes retirar a sua indicao.
para que unida de legislao e justia dm o seu OSR. PRESIDEl.'iTE fez a propost; e decidio-se
parecer sobre este objecto, que j est affecto as- que sim.. .
sembla para o tomar em considerao, no como OSR. AMARA propoz que se mandasse a resposta
negocio de um cidado particular, mas de um de:. d Sr. :Barros, e os mais papeis relativos a este"
putado. Voto por tanto que no se retirea moo: negocio commisso de legislao unida de po-
O SR. ANDRADA MACHADO:-Eu sou absoluta- deres. "
mente de opiniocontraria. EstaIOscontinuamente O Sr. ANDRADA MACHAIDo:-Eu sou de parecer"
em confuses; isto o que se chama misturar que no deve ir a commisso alguma. O que ha a
no tem relaoalguma si. On.obre fazer neste caso dirigir o secretario, em nome
SESSO EM 10 DE DE 182-3
da a5ssembla, um omcio ao Sr. BaJ:ros e para que com mais acerto v o
do-lhe qae. sentemaitover.-.se suas nego.CiO auma. amda. qae parea sim-
luzes e talentos emqaanto durar o lD1pedmento e claro: o eu disse. e o que ainda
temporario qae o DemaIS. o .negoclo de n>.eonhecer se am
se llurante esteimpauimnt.algum Sr.... depataao deve.oa nao assento assembla
quizerrepresentarem sel1 favor pde faz-lo, nao. e: de peq;uena e .desumma tmportancia,
j disse. em moo propria; a .qua! a e mwto . .
marcha de qualqaer outra. Tado o maIS e altel'lU' As provmcIas querem que os homens que esco-
a ordem' e confundir os negocios. . lhro para advogar a sua causa levantem a voz
. . .' neste recinto em seu favor; e quando algum no
O Sa. .SECRETAJUC? ,que se fr admittido preciso mostrar qae no fomos pre-
proceda f?ra. da ma.!Cha 0"lfi!la!la cipitados, que seguimos a marcha ordinaria, que
estes. papeIS a re..<:pect\va antes .!1
ao
fiZemos quanto estava da nossa parte .para no
segolllr.mos. esta. orodem as decIsoos.: errar:. E'. pois pela. importancia e do
se perde em que negoCIO va a uma co!U_ negoCiO que eu que elle tome a. duecap que
mISsao para que o. exarDl;De coJ!l vagar e nos.lD tenho proposto. Fmalmente devo dizer que no
forme; antes maIS llodera a confando requerimentos com que foi o
depoIS Nao veJo msto nem seoo-undo objecto da admirao do illus!.re preopi-
nem confusao.. . nante; o que escreveu o Sr. Barros sempre o con-
O SR. - no dIgo s que. siderei resposta; mas tendo a assembla de deli-
se perde, digo que e necessano que v commISsaO. berar sobre elia, e no sendo o negocio de ur"ente
O Sr. secretario pde escrever ao Sr. Barros deciso, requeiro que esta seja de
-ereceder declS.o da assembla, para as .solemnidades que mostrem que a assem-
que-convem .que a cOJJlII1l.SS3o nos lD- bIea deliberou com a vagar que deve deliberar
ora temos o que o sobre taes negocias. Este o meu voto.
Sr. Barros, -e pelo que elle umcamente nos diz nao . Julgando-se a mataria sufficienteml'nte discutida
que a ha de que pde o Sr.pt:.esidente se de\'ia ir. o negocio a
entrar neste recmto. Voto Jfor ISSO que va a com- alroma commlssao e venceu.se que SIm.
misso; pois por muito simples e claro que seja o &opoz aepois o Sr. presidente, se iria s com-
negocio, sempre melhor se ha de conhecer deUe, misso de legislaco e j ustica ou tambem de
depois do j uizp da commisso. Esta a marcha poderes. '.
_ . O SR. ArHlRAD.-\ MACHADO seguio a opinio de que,
O SR. NDlV,J)A. MA.CHA.o:.,-Sr. presidente, eu no devia ir commisso de poderes porque esta
- de ouvir dizer que esta a marcha regularl s conhecia da legalidade diplomas, o gue j
Quem no sabe. que o Sr. secretario no responde estava feito a respeito do Sr. Barros. OSr. Pereira
a ninguem sem ordem da assernbla? Quando eu da Cunha foi do mesmovoto; mas o Sr. Carneiro
disse que, a proceder-se em regra, devia escre- sustentou que tratando-se do caso de
ver-se ao Sr. deputado Pedro Ios da Cosl.a. Barros, lD1pedimento entrada de um Sr. deputado' na as-
no podiaolembrar-me que se entenderia que eu sembla nenhuma commisso era mais competente
jlgava que o:officio do Sr. secretario era anterior que a d:e poderes. . .
deciso desle congresso, pois todos sabem que o DepOIS de debate a assembla.
Sr. no. expede sem ordem da fosse .c0!DmettIdo. o a
assemblea, e por ISSO no' fiz esta explicao por -comnussao de leglslaao e JustIa unIda a de po-
desnecessaria.' Quanto ao que illustre preo- deres. _
pinante sobre a necessidade de se remetter este Fez-se a chamada, e acharao-se 51
a uma commisso, vejo que confunde re- Sr.s. deputados, faltandoo os Andrada e Silva,
quenmento com resposta. O Sr. Barros no fez Furtado de Mendonca e RodrIgues de Carvalho, por
requerimento; respondeu intimao drassembla impedimento de m01estia.. !
e mostrou que no podia obedecer, porque estava Os SRS. SECRETARIOS 1izero as duas seguintes
em uma devassa em que fra compre- indicaes: - . .
hendido. Logo a assembla sabe que se o Sr. Barros ' 1.a Que se officiasse ao governo pela secre-
no :vem tomar assento porque na conformidade. taria de estado dos negocios da gaerra afim de se
das Instrucces -<lno pde tomar pela qualidade nomearem duas ordenancas de C8.vallaria s ordens
de criminoso, o que consta Jlor factos, e no porque da assembla. c::;
. elle o diga. Se1izesse requerimento 2.
a
. Que se officiasse igualmente ao governo
VO.lO q:ue se remettesse , com- pela secretaria de estado dos negocios. do imperio
de legIslaao e JustIa para ,conhecermos da para se expedirem .as ordens necessanas afim de
.do. processo, e defendermos seus di- virem da livraria publica os livros que precisasse e
1'eltos se preCISO fosse; mas elie deu a sua resposta pedisse a assemblea. .
e declarou a e se esla legal devees- Resolveu-se que se expedissem os respectivos
,perar que cesse o motIvo que o estorva decom-- officios. .. .
parecer. . 'O SR. DUARTE SlLVA,-:-Peo a palavra. As van-
O SR..RAt:.JO. LIMA:-Sr..presidente, eu que.resulto da da imprensa so
me admtro mUlto da ad.m.iraco do illustre pre- to conhecIdas que eu sena Importuno tomando o
Qum;tdo eli disse que' no se devia oliciar, tempo a esta agusta assemblapara demonst.ra-l!ls.
pel!> sunples.dito do Sr. Barros, no SUppllZ que se E' verdade que ella se acha decretada e proVlsona-
.entendia que o officio se expedia antes da deciso mente regulada pelo decreto de 18. de Janho. do
.da, asseI;l1bla; nem o illustre preopinantcolligiria, anno passdo; porm,' Sr. presidente, motIVOS
isso do meJI curto se o eolisiderasse. todo talvez fizero eDUnudecer a lei ; geral-
inteirocomo:euo ligueL A assembla 'tem ,mente se cr que tlliberdade no existe de facto.
12
46
SESSO DI 12 DE MAIO DE 1823
Com a installao desta augUSta assembla devem
desapparccer as da im-
prensa: deve resurgn- escudada por uma leI protec-
tora: aquella' -de que flillei preci...c::a ser :refonoada;
pois. que as ciremnstancias em, quP, se achava ento
a brazlirii: tem mui felizmente mudado.
Julgo ]!or isso urgente o que vo propr-a as-
semblea. -
O SR. 1\"IlRADA. MACHADO: - Peo, por amor da
. ordem que V. Ex. declare que esta indicao no
tem agora lugar, porque a ordem do dia est pri-
: meiro que tudo. -
O SR. Du.\RTE SILH:-=Sr. presidente; eu no
posterguei a ordem do dia; j se tinho proposto
indicaes sem que ninguem a reclamasse; e assim
como a assemblea tomou conhecimento daqueIIas,
entendi que tambPID o tomaria do que pretendia
propr, e por isso principiei a fallar; . mas deixarei
a -minha proposta para outra occasio.
Passo.u-se ordem do dia; e procedendo-se no-
meaco da de fazenda, que se resolveu
ser de cinco membros. sabiro eleitos os Srs. No-
gueira da Gama, Ribeiro de Andrada. Rezende
Costa, baro de Santo-Amaro, e ToledoRendon.
Seguio-se a nomeao. da de instruco publica
que i{,rualmente se assentou que devia compr-se de
cinco membros, e sabiro eleitos os Srs.Gomide,
Pinheiro de Oliveira, Ribeiro de Andrada, Nogueira
da Gama, e Ve11050 de Oliveira.
Passou-se de policia, de que so membros natos
os Srs. presidente e secretarios. e para adjuntos
mesa sabiro eleitos os Srs. Jos Custodio Dias, e
Teixeira de Gouva. .
O SR. RIBEIRO DE como relator da com-
misso de poderes leu o seguinte parecer:
II A de poderes examinando o reque-
rnnen10 de Joaquim 4lves de Oliveira, deputado
nemeado pela provincia de Goyaz, que pede ser
escuso. de ,ir tomar assento nesta assembla por
molestias. que aUega. mas que no comprova por
no juntar attestaes. ou .certides de professores
e smente. attestaes dos juizes.ordinarios.
e das e_de parecer, que no tem lugar
a pretenao e que.se expeca ordem pelo secretario
da assembla para vir tomar assento. Paco da as-
sembla, lO de Maio de 1823.-Estevo Ribeiro de
Rezende.-Antonio Carros Ribeiro de Andrada Mar
chq,do .e St7",a. - Manoel Jacintho Nogueira da
Gama:-Foiapprovado. .
SR. SECRETARIO -ssim como se of-
fiCla ao Sr. Alves de Oliveira para vir tomar as-
sento, entendo que se dE've officiar a todos os Srs.
,deputados ainda ausentes; e para isso necessario
que a commisso de' poderes apresente uma lista
dos seus nomes Com a declarao das provincias a
que pertencem, -o que se p6de fazer na sesso se':'
guinte.- Aassembla resolveu que assim se fizesse.
O SR. PRESlDEllI"TE assignou para a ordem do dia
a . nomeaco das commisses, e a
dlscussao do proJeclo de decreto do Sr. Rodrigues
de Carvalho. .
a sesso s 2 horas da tarde.-Ma-
noel Jose de Souza Frana, secretario. .
RESOLUCESDA ASSEMBLA
. .
, Joio VIElRA DE CARVALHO
IJ!l.: e Sr.-A.assemblageral cnstituinte
e do Impeno. do Brazil, manda parti-
cipar ao governo, que de urgente necessidade a
nomeaco de duas ordenancas etrectivas de caval-
laria: pra: o daS ordens 'da mesma as-
sembla. O que V. levar ao
Sua IlagestadeImperiaI. Deus.guarde a Y. EL
Pacr daassembla, lO de Maio de 1823.-.1os
Joaqu'm CaTmiro de Campos. -
PARA Jos BONJllAClO DE ANDRADA. E SILVA..
Dlm. e Exm. Sr.-Aassembla geral constituinte
e legisla.tiva do Imperio do Brzil, tomando em
consideraco a necessidade que tem de lims para
a conv.enlente illustrao dos negocios que se
trato nas suas sesses, e querendo. por outra
P&J.:.le, poupar .fazenda nacional a despeza CIU:.e
faria na compra deUes, ordenou-me que' partiCI-
passe a V. EX. que muito conviria que da billlio-
theca imperial viessem para a mesma assembla
os livros e que precisasse no decurso de seustra.- .'
balhos, obtendo para isso V. Ex. de Sua Mages-
tade Imperial a necessaria permisso, e fazendo
expedir as convenientes ordens referida bibli-
theCa. Oque V. Ex. -levar ao conhecimento de
Sua Magestade Imperial. Deus guarde a V; Ex.
Pao da assmbla, em 10 de Maio de 1823.-.1os
Joaquim Carneiro de Campos. . "
PA.RA JOAQ1lDl ALVES DE OLIVEIRA.
A assembla geral constituinte e legislativa do
Imperio do Brazil, tomando em consideraco o
motivo allegado por V. S. para ser dispensado de
exercer as funces de deputado na mesma assem-
bla pela provincia de Goyaz, e no o reconhe-
cendo sufticiente para o exinnr de to importante
servio, ordena que V. S. venha quanto antes
tomar assento neste augusto congresso, e des-
empenhar os nobres trabalhos de que o cncarre-
gra a referidaprovincia. O que participo 1l. V. S.
para sua intelligenia; Deus guame a V. S. Paco
da assembla, em lO de Maio e 1823.-Jos Jo-
quim Camara d Campos.
Sesso ele ff.B ele "'0 ele f8ea
PRESIDENCIA DO SR. BISPO CAPELLo-1II6R.
Aberta a sesso pelas 10 horas da manh, fez-se
e acharo-se presentes 52 Srs. depu-
faltando por motivo de molestia os Srs. Costa
ARWar. e Furtado de Mendona. .
. Leu-se depois a acta da sesso antecedente e foi
approvada.. '. '.
O SR. SECItETARIO DE CAMPos leu o se-
guinte officio do ministro e secretario de estado dos
negocios do imperio:
:rum. e Exm" Sr.-Tendo a camara da viUa de
s. Jorge dos llbos, em officio de 31 de Marco do
corrente anno, representado a Sua Magestde' o
Imperador que dous allemes ali estabelecidos no
cumpriro promessa, que havio feito, de dar
terras e meIOS de subsistencia a 98 pessoas' que
mandro vir de, Francfort. succeendo fic'arem
aque11es desgraados,e morrendQ-" min-
que no 19 do dito mez, desemharcro
2S familias com 161 pessoas; pedindo por
15S0 a dita: camara as'necessarias providencias'para
o gente,porser pobre a
villa, e dimmutas as rendas do concelho. afim,de
longe de' perecerem de miseria, se.tOmem
utelS, e augmentema poyoao livre. Omesmo
SESS.O' EM 1-2 DE'MAIO DE 1823 47
augusto senhor me ordena que. envie a Ex. e . O PRsmEl.'o"TE declarou a ordem do dia
referido omeio, para 'que, fazendo-o presente na era a continttao da nomeao das commisses, e
assembla geral, constituinte, e legislativa deste que jw.,oava muito urgente a de colonisao.
imperio, possa a mesma assembla, se O Sa. ANDRADA MACHADO disse :que lhe parecia
mnveniente, deliberar sobre o que julgar IDalS que esta commisso de'\ia ser de- cinco membros,
proprio a este reSpeito; e porque no s tinha: de dar o seaparecer, mas' at
medida geral, que para 'o futuro SIrva de um pIano de colonisao.
para':o fomento de ,to objecto. Deus O SR. PREsmENTE propoz se seria de tres ou de
guarde a V. Ex. PaIacio do Rio de Janeiro, em' 9 cinco membros a commisso de colonisao e de
de Maio de 1823.-1os BOfIif
acio
de Andraa e civilisaco e cathechisaco dos indigenas do Brazil;
Silfia.-8r. Jos Joaquim Carneiro de Campos. 11 e resoliell-Se que foss de tres, e que unida d8
Senhor.-FlorencioSoares deSouza, presidente, fazenda dsse com urgencia o seu voto sobre o oh-
Luiz Caetano da Silva, Vicente Marques Brando, jecto acima indicado dos colonos allemes;
Francisco de Paula d'Ea e Castro, e o capito alm disso a seu cargo formar um plano que sallS-
noel Alves' dos Reis, procurador da camara desta fizesse ao fim geral do augmenlo de populao dos
villa de S. Jorge dos llhos, cabeca a dita comlltta, homens brancos, e civilisao e cathechisao dos
este presente anno por y.. M. mperiaI que Deus indios selvagens. -
guarde. Prostad()s s benignas plantas de V. M. Im- Procedeu-se votao, e sahiro os
periaI, com o mais profundo respeito represen- Srs. Gomjde, Sil\"eira de Mendona e RodrIgues da
< tmos a V. M. ImPerial, que Pedro Weyle, e Costa.
Adlpho Sauraker da naco allem estabelecidos O SR. A:\"])R.\DA E SILVA disse que tinha um tra-
em o terreno denominado 'Rio de Almada, termo balho feito a respeito da civilisao e'
de5ta'villa passro a man,dar vir de Fraucfort 16 o qual oirerecia, porque podena mI-
famlias com 98 pessoas, afim de estabelecer uma nistrar a commisso algumas idas sobre to im-
colonia no sobredito terreno com condico de lhes portante materia.-Foi acceila a oirerta na confor-
dl' terra para agricultura, sustenta-las dous annos, midade do regimento.
dar-lhes igualmente casas de residencia, e todo o Passou-se nomeaco da de commercio, agrieU1-
mais sUPllrimento necessario- a beneficio do predito tura, indstria e aries, e tendo-se resolvido que
estabeleCImento. Acontece que chegando asmesmas fosse de tres membros. sahiro eleitos os Srs. Sil-
familias no destinado nenhum produzio veira de Mendooca Teixeira lia Fonseca e Duarte
,a grande IDIsena em que Silva. _ , -
se acha0.tem a Seguio-se de marinha e guerra, e sabro eleit?s
das refenda!? e as restaO estao subeItas, os Srs. Couto Reis, Chagas Santos e To!edo Rendon.
preClpIcIo por nao terem com que sub- No fim desta nomeao o Sr. Car-
m:>to, e ou nenhuns fundos dos sobre- valho pedio licenca para se rettrar, por lDcom-
dito,s pr0l'netarios. _ modado.
No dia do corrente mez nesta, Continuou-se na nomeaco das commisses, e
28 famlias. com pessoas daquella procedeu-se votao par a de e di-
,naao com o-mesmo projecto, e .esperalrse mas 500 plomatica, sahiro eleitos os Srs. RIbeIro de An-
das mesmas para o predlto,fim de drade baro de "Santo-Amaro e Nogueira da Gama.
CImento naquelle terreno: e conhecendo ns que 'R '0_ - mbro da
esta gente est exposta a soffrer i"'uaes desgracas O SR. IBEIRO DE nLZElSDE . me
e desejando ao mesmo tempo o'" de poderes leu os segmntes pareceres:
delle, o. qual pela' pobreza desta villa, e ' A commisso de poder!s o.reque-
seus se !1ao pde e1!ectuar, rogamos.a rimento de Agostinho Correa da Sl1va, Goulao,
V. M. Imperial ,queIra olha-los e del!- putado"eleito por esta pro'\incia do Ri9 de
berar o que fr a da -eXlst.e!lcla, e estabelecl- em que pede escusa do cargo de deputado em razao
das mencIOnadas e por de sua avanada idade de perto de 70 annos e de
quencla, o fllturO, tera villa: .graves molestias, e chronicas, que padece e
_V. M. o ,que tr servIdo. Deus comprova com certides de que forao
guarde a V. M. Impenal mUltos annos para nosso examinadas pela mesma commlssao: e de
amplU'0' llhos,.emcaID1!a de de que se lhe conceda a escusa sendo ne-
De V. M..Im. os subdttos cessario novo chamamento a quem
e creados.-Q jIDZ presIdente, Florenclo Soares e cabia serondo a acta das eleloes,-por J se achar
, Souza-'O Vicente Ma:rques Bra'lldo.- suppridg pelo tem nesta
O vereador, Lu."z Caetallo da S."lva.-Q vereador, Paco da assembla, 12 de Maio de 1823. -Estevao
Francisco de Pa.ula d'Ea e CastJro Binoa.-Q pro- Ribeiro de Rezende.-Antallio Carlos ,Ribeiro de
curador, Manoel Alves dos Reis. A'Ildrada e Silva.-1J./a.?lOel Jacintho Nogueira do
'O' SR. ANDRADA MACHA,DO: -Por est motivo Ga.ma..
proponh? se nomeie seJ.D de!D0ra a commis.so A comtnisso dos poderes examinapdo o, di-
de par!,- que, un.ldl!: a de fazenda, YlSto ploma'do deputado pela provincia do Rio de Ja-'
que se trata d:e meIos pecumanos, d_o seu parecer neiro Joaquim Gonalves Ledo o, por se
sobre este objecto.' . achar conforme acta e esta conforme as mstruc-
: ' OSR. ANDRADA E SILVA::-Esta de ab- 'ces; e - de parece:, que o dito deputado eleito
'soluta neessidade, porque imp'ot:,ta o augmento .de pde vir tomar assento. nesta uma vez,
.populaco;,e eu tenho na repartIco dos, negoclOs que se mostre sem cnme, que o mhlb.a, em
estrangeiros muitos papeis que podem dar luz sobre fonuidade do disposto nas meslllas lDstruc_oes;
esta materia., e estou prompto, a, remelt-Is visto que no seu proprio requerUJ:1ento ter
;, ' sido obrigado a retirar-se desta Cidade por motIVOS
48
SESSO K.U 12 DE MAIO DE
politicos. Pao da 12 de Maio de 1823. desculpar, mas nunca approvar, este seu illegal
-Est.er:o Ribeiro de Re=ende.-MatlOel lacintho procedimento bem da causa do Brazil, se-com
Xoglleira da Gama. Carlos Ribeiro de effeito o corpo de delicto fosse claro e real; mas
oAlldrada Machado e SU1Ja. )l no o sendo, como se deprehende da leitura im-
A coIlllisso dos poderes exminando oI'e<{ue- das suas accusads, ne prle a c-m-
mento do bacharel 10s _U\"es do Couto Saraiva, rmssao poderes deJXar de apresentar o seguinte
em que pede-escusa do cargo _de a esta as- seu parecer: 1,3 que o padre V,Ienancio
provincia de .llinas-Geraes pelos mo- de Rezende se .no caso.de_ser reconhecJ.do de-
tivos sua avanada idade de 73 aunos, e por putado pela proVlIlCIa de Pem_ambuco a esta. as-
molestIas, que teme se augmentem no clima, do e ter.nella naoobstante.a 'falta
.Rio de Janeiro: de parecer. que no tem IU!mr de. diploma, 'Yl
sto
que pelasactas da camara de
a admisso de sua supplica por no julaar Olinda se verifica, obteve nos collegios elei-
sufliciente a idade que tem, e por serem toraes 169 votos; vmdo dever. occupar o oitavo
de fundamento as molestias que allecra. ,isto, que lugar entre os 11 que.obtivero diplomas; 2", que
o tem impossibilitado de e que merece ser a_camara de Olinda P?r
maIS se fund:'1 em temor do que na sua existencia. 'haver arrogado Jurl.sdIaO, s com}letia as
Paco da assembla, 12 de .Maio de 1823. - Estevo mesas dos collegIos eleItoraes na forma das lDStruc-
Ribeil.o de Carlos Ribeiro de iies. Pao da assembla, 12 de Maio de
.1.ndrada Jlacllado e SiLt-a.-JlatlOel JacillhtO Xo- Estevo Ribeiro de Re;;tmde.-Jfa.noel Jacintho No-
gueira da Gama. gueira da Gama.-Antonio Carlos ft,ibeiro deAn-
commisso dos poderes examinando o re- drada Ma-ehado e Silva. )l .
querimento do' padre ':enancio Re- OSR. IlmEIRO DE AnlUIU.: -Requeiro que os
em que se se. d!,,- e:clusao do impressos e a..c::signados pelo padre Venancio
car.,? a !Ssemblea ..,eral. constIlwnte se ajuntem ao parecer da commisso de poderes,
e do unpeno do Brazl!, por parte da pro- para que a .sscmbla possa decidir se est nomeado
de que fez a camara de deputado segundo o determinado no decreto e ins-
0I!nda, ler para ISSO alguma: exa- trucces.
mmando Igualmente os officlOs das camaras de
Olinda, e do Recife a este respeito, e a cpia das O SR. C.UU'EIRO DE CAMPos:-Sr. presidente,
actas da camara de Olinda, capital da provincia, escusada a proposta do illustre preopi-
0!lde se.fez a ultima apurao dos votos dos colle- nante a VISta da co.m que se ll:cha concebido
glOs eleItoraes: tendo finalmente as instruciies e o parecer da e dos solidos principios
ordens por onde se devio regular os colIegios que a ll; declarar legal a ao
toraes, e a camara da capital, achou: padre "enanclO HenrIques de Rezende, e arbItrario
_Que a camara de Olinda fundando-se na recla- e nul!o o da camara de Olinda que o
maao, que no acto da apuraco dos \"otos dos col- exclu
1
0 da nomeaao de deputado para esta augusta
legios eleitoraes lhe fIzero s eleitores, e homens assembla.
bons, que se achavo presentes, em numero de 33 Porqu
ant
9 verificando-se pela acta que nesta
incluindo-se neste numero tres eleitores como eleio se guardro as formalidades marcadas nas
reco,nhece pelas suas assignaturas, excluu?a do hon- instruces, e que. em.nen:
hum
dos collegios elei-
_l"?so cargo de deputado ao padre Venancio Hen- torae.s a quem mw. compete o co-
de pelos yotos dos collegios' nheclIn:eI}to e decIsao dll: mhabllidade
eleltoraes deVIa ser o OItavo dos nomeados visto ter se suscltra a menor dUVIda sobre a capaCIdade do
reunido 169 votos, fundando-se para esta excluso mencionado padre Venancio; forosamente se deve
no 20 do capo 40 .das instruces de 19 de Junho reputar legal a nomeao, que lhe possa
do passado, VIsto que constava por duas cartas -obstar a exc!u::;ao. da camara,' pOIS que esta indevi-
esle padre, e impressas nos perio- se no que lhe
dicos o J[anbondo e Ga:eta Pema-mbuca.na que nao competIa' quando somente deVIa limitar-se a
elle no era causa do Brazil, promo;endo apurar fIelme,nte os yotos, e exercer as mais func-
o systema republicano; que a camara do Recife oes que lll;e Incumbem as mstrucces; todas na
proclronou contra esta excluso, apresentando um verdade, mui alheias da autoridaae que s" ar-
protesto as?ignado por 213 cidados em cujo nu- rogou. . . .
mero entravo 33 eleitores, contra um tal procedi- termos.. que nada mais se deve
mento da camara Olin:
da
, que em vez aprar eXIgIr para que o mencIonado padre possa
05 votos 40s colleglOs eleltoraes, como umcainente tomar assento nesta assembla como legItuno de-
lhe se arrogou o direito de verificar as putado de Pe.rnambuco, no consta
qualIdades dos vOlados_, que smente competia ' que elle seja . pOIS s6mente o quem
!Deza na conformidade das acha em competente juizo, nem a esta
A ':lsta do exposto, no p6de haver augusta culpa pelo
dUVIda sobre a' Illegalidade do. procedimento que exame dos papeIS que.eXIge o illustre ,preopinante
houve o padre Venancio Henriques de' Re- nem por elles se p.oderIa decidir sua inhabilidade
zende, pOIS que.a sua enclu5-io smente podia ter os e mesa eleItoral o reputro
nos coUeglOs eleitoraes, em que obteve votos habII, .desta maneira to grande
decIdindo-s: pela meza, que elIe no presumpao a. seu favor, s p6de ser destrnida
era a causa do Brazil, ou que tinha os outros por provas eVidentes em contrario, as quaes certa-
defeItos, que o inhabilitavo para ser deputado na mente nunca pr,oduzir os periodicos de que se Jaz
dasinstruces. Como porm a de cargo o illustre.pre_opinante.. Portanto .votopelo
se fundou provas que nos ]?ipeis publicos parecerAa sem o que se e.nge
se lhe apresentro, das I?as que pro- ,dqs papeIS . . _.. .'.
fessava, e. propagava o dito padre, poder-se-hia O SR. RmEIRO DE'A:WRADA:-O .ilustre.p}"eopi-
Sesso em 4 de Malo
Reunidos os Srs. deputados pelas lO. horas da:
manh, e fazendo-se a chamada, acharo-se pre-
sentes 48, faltando, por motivo de melestia, os
13
SESSO "EM .1-4 DE MAIO DE.182-'l
nante no me Peo queaiUDtem os passiva; no so sumcientes para tornarmos illu..:
peis impressos em nome. do padre Venancio. para sorio o direito o poyo tem de Ser representado
que a assembla, pelos principios nelles profes- refugando feitas, sob futeis.
sados, ajuize d da nomeao; se :Em1!m, Sr. presld_ente, se mesmos, na frma.
1l(l1' eDes se conhecer que segue doutrinas oppostas das nao podemos Julgar das qualidades
o governo entre ns estabelecido, iaitou-se na dos eleli.o;;., wwv a cama..-.:., que simples
eleico ao que s ordena nas instruceS. Quanto apuradora! quem excluio o de-
caniara de Olinda no fallei no seu procedim::nlo, putado no o podia excluir; as 'razes porque o x-
porque se errol!, todas as outras que apurro. votos cluio, no tem pezo. Isto porm no tolhe que se
tivemo mais ou menos defeitos, e se reprehendes- ajuntem os papeis requeridos, para. que a assem-
semos de Olinda deveriamos reprehender as mis; bla se instrua, e decida vista delles, em' ullima
e eu pelo contrario assento que disfarar .instancia, (se cr que o pde fazer) "se o deputado
estes desvios, mui naturaes em quem pratica aclos eleito ou no amigo da cauSa do Brazil, afim de
inteiramente novos como so n.sas eleies. repudia-lo, convencida a suainimisade.
O SR. DE insisto ,na OSR. Mo:.-n TAVAID:s :-Eu no me opponho ,
minha E' privativo da nao a nomeao moo do nobre preopinante, desejo mesmo que
dos seus representantes; ellas muitas :vezes exerce appareo essas cartas,. que tanta bulha tem feito,
esta funcco por si mesma, c.omo nas eleies di- afim de que a assembla inteiramente conven-
rectas, e "se a delega smente aos Por cida.que s de proposito se podia lanar sobre ellas
tanto se estes obser"ro as formalidades que de- o bem que eu me persuado que j a com-
no emprCt,"3r no exercicio deste poder, que a elles misso as teve presentes, pois no havia de dar o
smente foi delegado esta asssem6la no deve in- seu parecer sem cabal conhecimento da materia.
validar a sua eleio. As actas das eleies mostro Eu Sr. presidente, eu que j li as ditas cartas,
a legalidade ou illegalidade das mesmas eleies; e posso desde j approvar o parecer da commisso,.
a legalidade da que se trata, torno a repetir, no por isso que () aCho em tudo conforme com a jus- .
pde ser invalidada por argumentos deduzidos dos tia. Orequerente deve ser logo e logo reintegrado
impressos que se pedem. - em um lugar do qual s a maledicencia e a intriga-
o SR. ANDRADA )lAClUDo:-Sr. presidente, o o tem esbulhado; e essa eatDm:a que to errada- _
voto do illustre preopinante me parece justo; os mente procedeu usurpando jurisdicces que nunca
papeis, que se requerem bom que se juntem, e lhe competiro, deve ser com severidade repre-
venho ao conhecimento da assembla plira sua hendida. '
Duas so porm as que se oSR. PRESlDD"TE propoz, por ser chegada a hora
neste a assemblea Julga! da de levantar a sesso, o ficar adiada' para a sesso'
ou do deputado seguinte a discusso deste parecer e dos outros tres.
h,,: razoes para o deputado que tambem se tinho lido; e decidio-se que sim.
como lllegalmente eleIto a Vista das suas doutrmas, O . .'
principios.e sentimentos 1 Quanto a primeira pa- SR.SOUZA l\!ELLO que conymha. prop.or
receu a commisso da letra das instrucces assemblea se o d.la segumte ]3de MalO se":la feriado
,que-.a assembla no podia julgar da para a e
da eleio., no porque a naco a quem s cO!llpete na !.o regunen.to provJsorlO. os
a eleico tambem s compit a excluso; tambem UDICOS dIas feriados erao os d?mmgos e o!: dias-
a mesa eleitoral nesse caso no poderia julgar de guarda. . .
das qualidades do eleito; porque massa inteira . O SR: PRESIDENtE asslgnoul'ara a ordem do a
dos eleitores que compete eleger, e por isso s a dlscussao sobre os quatro da
elles competeria tambem o e no mesa de poderes sessao, e
eleitoral, e com tudo segundo as a mesa sobre o reglmento da assemblea.
oleitoral, julga das qualidades exigidas para a a sessao as 2 horas larde.-Afa-
eleio. A commisso aferr'ou-se letra das ins- noel Jose de Souza F1"a'JIfl, secretarlO.
trucces, e por ellas s a mesa eleitoral investida do
direfto dejulgar. A. commisso reconhece que ab-
surdo o no conhecer na assembla, o direito que Sesso em de 1IIaio
dev.e ser legislatura; que . Reunidos os Srs. deputados pelas 10 horas 'da
pengosa a att!lbwao dada mas" manh, fez-se a chamada, e acharo-se presentes.
absurda e a lei e era de 46, faltando os S1's. Andrada e Silva, Ribeiro de
dever,da _ella .no seu pa- Andrada, Costa Aguiar, VelIozo de Oliveira, Couto
rece,,:. As delega?es se Reis Furtado de Mendonca Gama e Ferreira Bar-
expnmem-se; as lnstrucoes forao defeituosas, se reto' ., -
no declarro que assembla afinal compete o .. , . '
juizo das qualidades dos eleitos; mas no decla- O PRESIDENTE: - Somos 46; como
rando, no ha outro remedio se no obedecer. o regimento q_ue nao haJ,? sessao com
Quanto outra questo pareceu commisso, que ?l, nao ha sessao.
o deputado eleito fra excluido no s d!1
porque quem o excluio no ,tinha direito para o memorla de agncultura, e returao-se todos. 05
fazer, mas ainda porque no havia fundamento de Srs. deputados.
excluso nos, impressos, 'em que se escorou a ca-
mara para o qualificar inimigo da causa do Brazil,
e como-tal inelegivel. No haprova clara para o
privarmos de' um direito..to sagrado como o de
cidado; indicios, e estes ,fracos,' no basto, a
meu ver, para negarmos aalguem a elegibilidade
PARA ANTONIO RODRIGUES VELLOZO DE OLIVErdA
Srs. Furtado de Mendona,Ribeiro. de-Andrada,
Costa Aguiar, Ferreira BaiTeto,.Rodrigues Velloso.
e Couto Reis. . " '
Declarou o Sr. 'Presidente qup- no podia haver
sesso, porque no presente o numero
'ficiente de S1"5. deputados; e .propoz se COnVll'Ia
revogar o regimento nesta parte, para baver sesso
com. menor numero de Srs. deputados.
. Houve uma curta discusso a este respeito; e
afinal assentou-se que sem o numero legal. no se
:podia tomar resoluc alguma.
Levantou-se o Sr:'pro,.,sidente; e retirro-se todos
.os Srs deputados.
A assembla geral constituinte e legislativa do
Imperio do Brazil manda participar a V. S. que
no tendo podido celebrar tres das suas sesses, pelll.
falta de alguns de seus membros, cujo numero entra
V. S., do seu zelo pelo servio da nao,
que fara todos os esforos para comparecer amanh
neste augusto congresso, afim de poder tratar-se
novamente do numero de membros sufliciente, nas
actuaes circUIXtStancias, para a continuao dos seus
trabalhos; ficando V. S. naintelligenciade mandar
quando lhe seja impossivel comparecer, a sua le-
gitima escusa Jlor escripto .para ser presente na
sesso de amanh mesma assembla. Deus guarde
a V. S. Pao da assembla" em 15 de Maio de
1823.-Jos Joaquim Carneiro de Campos.
Na mesma conformidade se escreveu aos Srs. Ma-
noel Martins do Couto Reis, Jos Ricardo da Costa
Aguiar, Jacintho Furtado 'de Mendona e Francisco
Ferreira Barreto. _. - '- ...
- &.1\1 16 DE,MAIO DE 1823
Sesso em 'ele JIalo de
RESOLUES DA ASSEMBLA
50
DO SR. BISPO
Reunidos 'os Srs. deputados pelas 9 1/2 boras,
iez-se a chamaa, e acnaco-se prcsent.es @, f"l_
tando os Srs. Ribeiro de Andrada e Costa Aguiar.
O SR. SECRETARIO C\ll._ElRO DE CAmos declarou
ter expedido os competentes avisos aos Srs. depu-
'tados que tinho faltado no dia antecedente, para
comparecerem, se podessem.
O SR. PRESIDIDiTE declarou aberta Cl sesso, e o
Sr. secretario Franca leu a acta do dia 12, que foi
approvada, assim '::mo as declaraes dos motivos
de no ter havido sesso nos dias 13, 14 e 15.
. Sesso eDl U; de Jlaio O SR. SECRETARIO CARNEIRO DE CulPos leu o se-
Reunidos os Srs. deputados pelas 10 noras da gllinte oflicio do ministro e secretario de estado dos
negocios da' guerra: .
manh, disse o Sr. presidente que se fizesse a cha- Illm. e Exm. Magestade o Imperador'
mada, e acbaro presentes 49 Srs. deputados, fal-
tando por motivo de molestia os Srs. Costa Aguiar, a quem foi presente o oreeio que V. Ex. me dirigio
Furtado de Mendona, Vellozo de Oliveira, Couto em data de 10 do corrente mez, mandou expedir as
Reis, e Ferreira Barreto. convenientes ordens para que fossem logo nomea-
das as ordenancas etTectivas de cava1laria para o
O SR. : - Como estamos smente 49 expediente das ordens da assembla geral consti-
no pde hawr sesso. tuinte e-legislativa do Imperio do. Brazil. O que
O SR. ,MACHADO:-Eu creio que o Sr. se- participo a V. Ex. para que assim o possa levar ao
cretario dever officiar a estes senhores molestos, conhecimento da mesma assembla. Deus guarde a
para que venho como puderem, afim de se tomar V. Ex. Paco. em 12 de de 1823. - Sr_
alguma deliberao para a continuao dos nossos Jos Joaquim Carneiro ele Campos.-Joo Viira de
trabalhos, alis aqui estaremos a vencer paga, e Carvalho. ,
sem trabalhar. Os Srs. Ribeiro de Andrada e Costa Aguiar en-
O SR. RIBEIRO DE lembrou que no dia trro na sala s 10 horas.
.antecedente chef?ado Srs. e O SR. propoz como urgente o deter-
que se lhes podia expedir a'llSO vrrem tomar minar-se novamente o numero dos Srs. deputados
assento; mas o Sr. Andrada e SIlva observou, que sulliciente para haver sesso. Entrou-se em discus-
aq,:elles no ilUh'1l1entavo o n}lmero, porque so sobre esta materia; e tendo depois de. algum
tavao os na assemblea, e que aSSIm nao 'debate, assentado que se podia por ora, pela
se remediava o mal. .,. dissidencia das provindas do Par, Maranho e
A.final se resol!e!:1 que se expedissem aVISOS aos Piauhy, reputar eifectivo' o numero de 100 marcado
senhores que por molestIa para que para a representao total do Brazil, e sim o de 90,
os .esforos posslvels para comparecer no dIa sc- resolveu-se que fosse suf6.ciente o de 46 para haver
gumte, de se com o numero legal, sesso; e que a commisso de constituio se en-
tomar a dehberaao , carregasse de apresentar com urgencia uma indi-
Levantou-se o.Sr. CarneIro de cao, qUErseparasse as materias que podio ser
para expedir os e todos os mlllS se- decididas com este. numero das que dependessem,
nhores Igualmente se retrrrao. para sua deciso, de maior numero de Srs. depu-
tados..
O SR. PRESIDENTE disse que acabava de receber
um omcio do ministro e secretario de estado dos
negocios .da justia; e o Sr. secre Carneiro de
Campos, o leu: , .
. Exm. e Revm. Sr.-Por ordem de Sua Mages-
ta:de o Imperador participo a Y. Ex. que foro re-
feridos por testemunhas em um summario a que
est procedendo o desembargador Francisco de
Frana Miranda, ajudante do intendente geral da
policia. os Srs. Antonio Carlos Ribeiro de Andrada,
J?s Ricardo da Costa Aguiar, e Pedro de Araujo
LIma; e para elies serem inquiridos preciso que
V. Ex. com prt:vialicenca da assembla geral cons-
tituinte e legislativa, ssigue o lugar, e o dia em
que o mesmo ministro deve ir tomar os -seus depoi-
mentos. Deus guarde a V. Ex. Palaciodo Rio de
Janeiro, em 16 de Maio de e Re"l'lIl_
Sr. Bispo Capello-M6r;. presidente da assembla
geral, constituinte e legislativa- do Imperio do
de Miranda Montenegro.
-O SR. PRESIDENTE propoz se convinha dar a re-
querida licena para sereminqueridos os Srs..de-.
SESSO -EM 16-DE MAIO
51
putados nomeados no omeio do secretario d'es- ticou a sempre o prticIo todas as as-
tado da justia, e -depois de re- semblas ae.lI!1e conhecimento. .
solveu-se que sim, e que se offiCIaSSe ao mesmo Outros pnvileglOs temo parlamento mglez: no
secretario d'estadopara oministro se entender com s julgada legalidade das eleices, mas at exclue os
os ditos deputados sobre o lugar e hora de se lhes ainda. se no as re.:,aras que
tomar o juramento. - dirigem a matena e frma as eleloes.
Passou-se ordem do dia, e leu-se novamente Este foi o caso de que fallou o illustre preopi-
parecer da commisso de Poderes sobre o reque- nante, e eu accrescentarei o de Mr. Wilkes e o de
. rimento- do padre lInrilJUes de Rezende, Walpole; mas era.obt.:igao mandar-se pro-
que ficra adiado na sessao do dia 12, e entron ceder a novas eleloes, e asSIm se procedeu no caso,
em discusso. de Walpole; mas to sagrado era reputado odi-
O SR. RmEIao DE ANDRADA.: - Eu creio' que a dos po,,:os, que o mesmo expulso. no era por
questo que se suscitou na ultima sesso sobre este direito exc!mdo eleIto, e quando
parecer da commisso de poderes, foi se a assem- o fosse_podia tfl, tnfinttum o processo das
bla tinha ou no o direito de approvar ou des- exclusoes e das reeleloes.
approvar eleio' dos Eu d? .. Pela .primeira vez o .contrario o
recer que tinha, e ainda na mesma ?plIDao. mento mglez no :as0 de MI. Wilkes, em'que
Se a assembla no pde Julgar dos procedimentos de ser este reeleIto, apesar de ser expulso, nao
do collegio e da camara, que se or- mandou proceder a nova elei.?
denou cOmmISso de poderes que desse o seu pa- vez, mas logo comquebrados direItos do povo, abno
recer' a entrada da casa dos communs ao coronel Lutrell,
Na nomeao dos deputados de Pernambuco n!>. contra o qual attentado, desen..olveu toda a fora
se seguiro as instruces, porque foro smente da sua patriotica eloquencia o celebre e' classico
eleitos pelos districtos de Recife e Olinda, e apesar autor das Cartas de Junius.
haver alterao de a a v- Ora, o direito de expellir de nosso seio a quem
lida. a '!-S5emblea :{lde _decIdir da fal;idade fosse legalmente eleito, que graas a Deus l1o
das DemaIS, nao. m0t.!arclua temos ns, -nem desejarei que jmais nos arrogue-
guma onde este direIto nao compIta mos. Resta. pois, vr se o padre Venancio foi ou
ao corpo legISlatIvo. _ .. no eleito segundo direito. Os que sustento que_
Lembro-me, entre outros factos refendos na hlS- elle no era ele!rh';el pe"'o-se condico de ser
tot:ia. de Inglaterra, do que com o celebre desaffecto o que acredito que
Wilham Jbhn, dnas vezes nomeado por Orlord ou se demonstra das suas cartas inseridas nas folhas
Cambridge para a c:a.mara dos e publicas, "e como no duvido da sua autoridade
vezes por ella exclUldo, o que o determmou a retl- em ennunciar este juizo, tambem no hesito em
rar-se de Inglaterra., esteni:ler camara de Olinda.
Firme, pois, na minha opinio, digo que as- Eu porm -que no estou certo mesmo se acaso
o exame dos- procedimentos. as nos compete o julgar da ha-
colleglO eleItoral e da camara.e afinal deCIdir bilidade ou inhabilidade dos eleitos populares, em-
pelas ou que tIver, se o bora esteja con,encido que da essencia das assem-
Venanclo est ou nao nos termos de ser. blas "representativas semelhante autoridade, muito
a tOJ!lar asseI!to neste congresso, e Ja re- menos me persuado que ha provas da inhabilidade
querl na sessao antecedente, e agora repIto, que se le!!al do eleito isto da sua inimisade causa do
fao conhecer assembla esses .impressos B;'azil.' -
nados nome do Venanclo para se Julgar Podem haver indicios, podem existir suspeitas
da legalIdade da elel8o. . mais ou menos fundadas, mas provas convincentes
!J SR. ANDRADA. : - da culpa do deputado-eleito o que no encontro
que eu explique a a ma- nos seus papeis apontados. Estes so tambem os
nella de pensar sobre a matena, que est em de- sentimentos da commisso ; eU. disse que a camara
bate. . " de Olinda no tinha direito de excluir, e que ainda
A' _da letra.. das 1.nstruces persuadlo:se quando tivesse esse direito, no existia causa de ex-
a commlssao nao podIa um eleIto cluso qualificada pela lei,
que a mesa o direIto ap- Sr:presidente, ns somos guardas do direito do
provar ou ?esapprovar as populares e. fun- povo; somos os mantenedores da sua liberdade, e
em e.s pde a quem.a esta no pde existir sem direito de representao,
leI o ora, .as s o as mas representao de livre escolha, e nunca arbi-
mesas elelt01'!1
es
, e a ;maIS nomelao. '. trariamente aniquilada por algum individuo ou cor-
-!>- a,ssemblea esbulhada de um di- porao qualquer que ella seja. Sem representao
que, e a as represen- no lia naco livre: sem livre escolha no ha re-
tao:s. e comp':.tll-lhe to Julgar se, a ex- presentacao
clusao era ou nao conforme a leI, quanto compe- " _. . . . .
tencia da autoridade que a exerceu. Isto o que a E mIster que a conste maIs
commisso fez; no reconheceu na camara de lin- clar.eza que a da luz merIdiana, nao pro-
da autoridade :{laia excluir nenhum eleito popular, dunr effelto vontade popular? em
e accrescentou que,.-ainda quando ti- e que a COmmlssao
vesse a autoridade, no havia causa legal que ne- nao dena patrocmar. __
cessitasse. u; ao menos justificasse aexcluso. O SR. RIBEIRO DE ANDRADA :-Requeiro que se-
-- Confesso porem, que da esseneia: das camaras ponha votao se a assembla tem direito de
representativas julgar das eleices de seus mem- da capacidade ou incapacidade de qualquer eleIto
bros, e sem'estarem ellas certs da'sua legitimi- para deputado. e decidindo-se, como eu penso, q'!-e
dade no admitti.:.los ao seu seio; isto sempre pra- tem esse direito, mostrarei que o padre VenanclO
52
SS!O<M16 DE MllO" DE-1823
no est eleito na conformidade do decreto -e ins- de Gerv...qO, "emPI'%iraTa as suas fidigas- em des"-
- '" _." acreditar o sys(ema doRio.deJ"aneiro em todos os
Pu:smENTE propoz .;e lugares publicos, por palavras e:por escripto;-sendo
bla tomar conheeimento e decIdir da legalidade por todos os homens hoinados conhecido eqnalifi-
das nomeces -dos dep:utados,eTcnceu-se que cado inimigo da monarchia= hrazilica,. e inimigo
sim. - - publico; por consequencia j se T a justia porqne
O SR. NDlU.D.\. MClUl)() Leio-se os aocu- devia ser exeluido do cargo de .deputado, pois que
ment.os, e J"uhme-se muito embora o deputado. na frma das instruce5 do decreto no era preciso
tanto, e bastava qne tiveSSE! alguma sombra de sus-
. O SR, SECR'l'ARJO DE CuIPos leu os ar- peita, quanto mais sendo inimigo' a peito limpo,
tigos que se designro no Mano7ltlo e PerJlam- que ate nos seus impressos inculcaTa ser o mesmo
bucana. " }lOmem que foi em 1817, que era inimigo de mo-
O SR. GAlL\ :-5e as aces e escriptos narchia. e antigo de f'epublica.
foi accusado o pretendente padre:Venancio, Sr. presidente, sinto no poder muitos
publicados no tempo em que Pernambuco .acda\"a factos porque segundo o nosso -regi-
entre os dous sptemas, um de e outro mento no me posso referir a documentos qne no
Rio de Janeiro, eu de alguma -forma o relevar:a estejo neste congresso, e em cima da mesa. Mas
como acontecidos em tempos em que era tal\"ez h- os documf'ntos j. lidos no Maribando n. 3, E! na
cita a escolha mas como foro praticados j. depois Gazela PeNlamlnu;ana n. 1, do
de estar aqueba protincia solemnemente ligada a para quauto venbo.ennunciar.
esta crte, por isso que de.e augusta Na carta do Manando .confessa o pretendtlnte
hla informar-se das circumstaucIas p:>rquc o dltO ser um" republicano, e para torcer o. sentido oh\io
pretendente foi remondo da nomeao de depu- qiIe occorria-a todos os leitores que era a demo-
tado. cl"acia, desculpou-se com a filologia da P!llana f'n--
No almira que elIe ainda pretenda ser admit- mas cahio misera\"e}mente' no fi.m da tal
tido contra os honrados sentimentos da carnara de carla, apontando exemplos de democraCIas puras,
Olin'da, porque. que hoje e!O quaes as de Roma e da America ingleza. De tal
dia j no admira0 e Odos amIgos da causa brazI- frma era oseu enthusiasmo que at se-esqueceu da
lica sofrerem trabalhos, serem atacdos na honra. ironia que figurava na boca do redactor, e
Tida e fazenda; serem aqui mal vistos e at des- por seu motu proprio, dizendo: hoie os amenca-
acreditados para qne os.inimigos della, e os demo- nos tm provado ser o Seu gOVerflO o -melhor do
cratas, como este pret6ndente, sejo bem .istos e mundo ; o filais .no saber o que por fra de
at protegidos. - casa! l)
Pelas gazetas de Pernambuco e desta !oi Ero estas as idas que ellevulgarisava. E o mais
publico que as tropas e o povo daqllella pronnc;a, que ero estas as mesmas idas que ainda hoje se
no podendo mais support.."\r a conducta ambigua repetem em llemambuco e no Rio de Janeiro, e
do ex-governo de Gel'\"asio Pires Ferreira por des- mesmo dentro deste augusto xecinto! ProuTra a
obedecer tanto a Lisboa como ao Rio de Janeiro, Deus que eu, aqui mesmo, as no tivesse percebido
tomro a pegar em armas no l de quando-se tratou das clausulas do nosso juramento,
Junho, e de o obngara declarar"se adherido ao sys- chegando-se a contesta-las por no darem occasio
tema brazilico, reconhecendo a Sua Alteza Real (o a gue as protincias se pudes'Scm destacar! Prou.ra
imperador) unico chefe do poder executivono Brazil, a Deus, t.orno a dizer.. que neste mesmo augusto
do que !>e lez auto solemne pel.!!- camara, com assig- ,co'egresso eu no ouvisse elogiar a constituico hes-' .
natura do mesmo governo. No entanto clego a panhola e da America ingleza, exprobrandO:se Fer-
Pernambuco os impressos de 3 de Junho de 1822 nando VII como tyranno, etc,; idas em tudo con-
qne continho o decreto que ordenava, com o pa- formes s do pretendente em questo. -
recer do conselho d'estado, o estabelecimento de Mas eu. qnizera que os seus dl"fensorcs que aqui
uma assembla constituinte no Brazil, mas no o se acho me dissessem a que veio dizer eIle que
qniz o governo de Pernambuco cumprir dizendo bem ignorante era o POYO romano, e qne comtudo
que era preciso tirar o censo da populao, quando fizera a sua republica que durou mais de setecentos
este embarao estava j prevenido pelas instruces annos? .Desejra que me explicassem a que fim
qne decretavo o numero de deputados de cada. pro- quiz explanar to perigosamente a sua supposi!:.o ?
vincia, e como por estas e outras semelhantes eva- Por estas palavras bem se v que o fim era cohe-
zivas as tropas vissem que o tal governo nos" r"nte aos principios que costumava espalhar, para
liberava a cumprir as ordens desta ctte, pegro excitar o povoa separar-seodo Rio de Janeiro, e a.
outra vez em armas no dia 3 de Agosto, e o obri- seguir o seu systema democratico, e para dissolver
gr a mandar affixar editaes, e a expedir os'offi- argumentos que alguns lhe fazio de que Pernam-
cios circulares para esse efeito. b1,lco no tinha luzes nem virtudes para E"stabelecer
- Por estes dous actos solemnes e repetidos, ficoU um systema to illtmlinado; (note-se que at por
hem manliesta a vontade geral daquella provincia, este lado convencer., para que ao
e tanto assim que at o principe regf'nte fez expedir menos fallasse nessa agora que se tra-
-emAgosto o decreto de agradecimento ao valor das tava de firmar a monarchia pois. que estabelecida
hriosas tropas e povo da mesma provincia.: :Mas foi esta fallar () <tUe qnizesse,que. jno havia
nesse mesmo tempo que Gervasio passou a perseguir de pengar o systema.) . . . '." '.
cruelmente todos os pernambucanos, que tinho Se o seu fim no. era. o separar aprovincia, a
figurado na empreza da unio ao Rio. at ao ponto que fim .quiz. animar O: povo . semelhante
de tornarem as tropas a tomar armas e a depr exemplo de Roma" A que veio o lembrar que o.go-
aql!elle inImigo. '. vemo dos Estados:"'Unidos era o melhor 'do mundo'
nesse mesmo tempo que o pretendente em Por esta gazeta, pois, eu entendo estr plenmente
questo, o padre Venancio, como Cyrineu que era provado que o pretendente e sempre foi inimigo
SESSO :EM. 16 DE MAIO DE 1823
;
da monarcbia brazilica. O mesmo fica. provado pela tanto perturbou a unio daquella provincia a esta
outra chamada Pema,nbucana de n.l.-que ,rLe, e que tanto trabalhou contra o mo-
eeu luz na yespeta da quda do seu protector Ger- narclco e at coutra a verifi.caco deste mesmo
vasio pois que comeando o preten- congresso que eUe destruia! '. . .
dente nesse.tempo j a que o.povo o No que eUe tenha defensores, mas - os
Ilo attendia, antes, pelo contrario, se revoltava at seus crimes esto impressos em papeiS publicos. e
contra. o governo provisoiio por ser dos mesmos Tista deUes eu "Toto e sempre votarei contra os
sentimentos., .tomou o desabafo no s de atacar a divisores do e ainda que hoje appareco re-
monarcbia brazilica, mas a toda a consti- presentados como fOlQsos Protheus.
tuio que !to ,a portugueza (referindo:se.a 05&. T.(7A.l\Es:-Sr.presidente) apenas
certa.memona-!fDpressa a.favor das attribw- se ap.reiCntou este llarecer eu deClarei immediata-
do,poder deVIa. com o a. minha oplDio; agora porque
e ter malS que o nulo vejo atacada a honra.docidado que faz
1'!31, a figurar a pos- Jecto do dito parecer: um cidado probo a quem
Slbllidade. de o li pra.nape-regefl!e (formaes pala.- conheo de longo tempo, cidado que por suas
vras) tJlamfar entrar neste pretl.er tudo <r.:talidades respeitaveis se faz merecedor de f.omar
e pQr . esc?iptos de e mais abaiX? tor- assento entre ns.
a dizer que allusto sena IUJW Sr. presidente., toda. a questo se reduz, a saber:
otJic!tUI de [abnca.nao l, se as cartas d padre Venancio Henriques de
agnlhoar o Bra::d l .Nao seI que um lOlmIgo da Rezende, insertas nos periodicos Ma,ribondO e Per-
causa fallar malS claramente! 1l(llllbILCaJla, - o fazem excluir ou no do honroso
Sr. presidente, emquanto ao n11!D
e
l'o votos cargo de deputado. ao qual o elevou uma maioria
COm que se ns temos lido e ViSto, absoluta de votos de douscirculos eleitoraes; 2<', se
sabemos como se tem engepdrado essas maran- no aso de e:tcluso a camara de Olinda tinha di-
lhosaseleie5; os eleitores, pclamaior parte homens reito de o fazer.
do e quasi no oc-' Emquanto primeira questo, p6rsuado-me que
ca51ao_e nem. nestas matenas de s poder resolve-Ia pela affirmativa quem estiver
exc!usao, p'or cUJo amda tendo o pretendente demasiadamente prevenido ou quem no' der att.en-
r:nwtos-mms l5to no desmancham as provas co al!!Uma ao sentido das ditas cartas.
que posteriormente apparecro impressas no acto Vej:l!'os <? que nenas .se contm e decida-se se
da apurao. . . . tem razao o I1luslre preoplDante que acaba de fallar.
Profu.ndemos a mataria. Dizio as instruces de (Lell llma parte da carta do Ma.ribon.do.) .
Junho que nos coUegioseleitoraes se fizesse a apu- Neste - periodo encontra-"St3 o padre
raco de votos. e a acclamaco dos que tivessem Venancio affirmando que ; por principios, re-
pliira.lidade. Mas a experiencalogo mostrou que os .publil'ano; porm o sentido em que elIe toma a
que t.inho aminoridade podcrio ter uma ines- palana republicano o. pe a coberto de toda a
maioria, quando reunissem muitos votos dos lmputao calumniosa. Quem tem aprendido os
outros districts na camara da capital, ficando por primeiros elementos de hermeneutica sabe que as
isso illusoria a maioria daquelles que por votos de palavras s se devem tomar no sentido de quem
um s districto parecio ser deputados. Para re- faUa ou escreve, e no de quem ouve ou l; e tendo
mediar isto baixou o decreto de. S de Agosto. que o autor da carta declarado por. si mesmo o sentido
trasladou pala a camara da capital aqueUa apuraco das suas palavras, s6 por preveno, odio ou incu- .
e acclamaoque as ditas instrucces tinho mn- ria se passro a entender de diversa maneira.
dado fazer nos referidos coUegios,-eleitoraes, visto- 11m de que. Sr. presidente, como sepodcr
que ficariaiUusoria. Como, pois, em.virtude do de- chamar republicano no sentido vulgar a umliomem
seno J)odi!lnos <;ollegios fazer a que no soffrc o autor deste peri?dico, quando ton-
J neUes no baVJ8. lugar a fazer-se a remoa0 de tamente que talvez seja o systema repu-
eleitos. . _ . blicano o mais adaptado ao Brazil? Que o increpa
Eis-aqui., pois,. fazend'o-se esta operaco na ca- mesmo segundo se v destas expresses:.;... isto
mara de Olinda, como capital; eis-aqui 'porque esta fJlte' .'perigoso di:er,. etc.' Quem falIa assim_no
mesm. camara (e com eUa muita gente de lei) en- pde ser accusado de republicano. . ..
tendeu aqueUe decreto como devia entender-se em Pretende-se tambem enyenenar estas palavras:-
todas as proVincias, .e justamente recebeu as recla- os americanos tim pro'Va.doser o sIm governo o m-e-
maes do povo contra aqueUe eleito, e isto na pre- lhor mundo; porm no se lembra o Sr. depu-
sena dos eleitores da e sem discrepancia lado que isto se entende s com os americanos do
de pess.oa. A excluso, pois, foi bem feita por ser Norte;. o melhor governo do mundo paraelles, e
conforme aoespirito do mencionado :decreto qe no para todos os povos, -porque, attendendo ao
3 de Agosto: . . . contexto da cartavHe que o seu autor confessa que
Como, senbores, como possivel no s admit- o melhor governo o que melhor quadra s circum-
tir-se o pretendente a sr deputado, sendo inimig() stancias de um povo; ora, lluadrandoa n6s o go-
da causa, e por talexcluido expressamente pelas verno mnarchico-constituclOnal, que toda a na9
'ditas instruces, mas lambem-ser alm disto- -re-- braziliana tem adoptado, segue-se. que no podia ser
prebendi. 'da:uma camara que fez a. sa obrigao da inteno do au.tor apPlicar-n.os aqueUa assero.
{a.lIlle no a commisso poderes). Nem se diga.tambem.que_ o .da. carta,;,asseve-
Uma camara Cll"Cumspecta, VIgIlante e. zelosa, rando que a IgnoranCla-nao Impecilho-para0 es-
que conhecendo a indignidade do candidato. com tabelecimento de qualqUer frmaJie governo, pro-
tudo no fez.mais do ql!e'cumprlrcom a lei,.e a re- cura promover. o. SYSLeIla republicano; todos os,
querimento do a maior das iniquidades Ipensamentos destacados podem ser condemnaveis ;t
que ep6de inventar! .Ba de tomar entre mas quando se olha para a ligao. das .idas
n6s, e- neste respeitavel congresso um homem que sifica muito e , .. . .' .
}4
5i
SESSO "EM 16 DE-MAIO DE 1823
oautor tem em.vista refutar de alguma frma as O' SR. SECRETARIO leu o seguinte:-
asserces afrontosas que contra ns se tem feito, e No importa o subterfugio de" 1u","'Ires com-'
por iSso, conformando-se com a 'opinio de muita muns da: falta de luzes e virtudes; a que Vm. re-
gente sensata, aifirma que a ignorancia no podia corre o que implica que os brazilienses so um. povo
estorvar (se se julgasse conveniente) o estabeleci- sem costumes, no qtle Vm. lhes no faz muita
mento da frma mas no quer que esta honra; pouco ou nada mais do que isso se tem
se estabelea porque no conveniente. dito de ns no congresso de PortugaI. No impor-
Mas Cliz-se: da carta inserta na Pe-T1lambllcaM ta, 1izia porque comtanto que se o coo-
colige-se que o pache Yenaneio pe em descon- vir-nos talvez uma republica, o povo faria esforcos
fiana a'causa do BPaziI, suspeita mal deUa. para consegUi-la. Mais ignorante. e brutal er o
Em todo o tempo. Sr. presidente, licito ao povo romano" quando expelio os TarquiDios e ins-
dado suspeitar, mrmente quando para isto tem tituio o seu governo consular, que durou mais de
alguns dados; o que no licito convocar par- setecentos annos, e o elevou queUe auge' de gran-
tidos com estas suspeitas afim de se transtornar a deza que Vm. bem sabe. No impormo torno a di_o
ordem publica, e isto o que no faz o dito padre; zer, a falta de luzes, com tanto que Ym. aprege
alle o. mesmo que abona e que louva a Sua Ma- que republica seja tlvez o governo que convenha
geslade Imperial, e se desconfia das intenes do ao Brazil, o 'povo faria esforos para o conseguir,
seu ministerio, porque desgraadamente as pes- assim como os nossos vizinhos de toda a America,
soas que se mandavo para tratar da reunio das de quem se dizia o mesmo, .desde que os ameriea-
provncias ero as mesmas (ao menos em Pernam- nos por excellencia proclamro a sua independen-
buco, segundo me consta) que alraioavo o minis- hoje elles tm provado ser o seu o melhor go-
terio, e davo azo a essas suspeitas. .' vemo do mundo. O mais no saber o que vai
Tenho, pois, mostrado quanto primeira ques- por f6ra da nossa casa. li
to, que as cartas do padre Yenancio Henriques de O SR. G.-uL\ :-Eis-aqui a prova mais e\idente
Rezende no apresento motivo pelo qual elIe me- de que o fim da carta no era repellir ataques dos
ser afastado do nosso seio. Resta a portuguezes, mas sim espa:lhaJWIa doutrina com que
questo, a qual por si mesma se resolve. No se concle o seu paragrapbo, j esquecido da etymo-
apresenta um s decreto que autorise as camaras a logia da palavra respublicir, pois que j se arremessa
privar qualquer deputado eleito de exercer as suas a mais alguma cousa, dizendo que no "importava a
funces; oia. no ha...ndo decreto algum a este falta de luzes e virtudes em Pernambuco comtanto
respeito, no se pde tirar outra concluso seno que se pregasse a republica, porque o povo .faria
que a camara obrou arbitraria e despoticamente; esforos para e que mais ignorante e
e quem obra desta maneira deve ser reprehendido. brutal era o povo roinano que li. estabeleceu, e du-
Eis-aqui as razes pelas quaes voto em favor do ron mais de sete seculos. A este argumento que
parecer. eu espero que se responda. E a que fini veio o dizer
SR. SOUZA MEu.o:-Pec.o a palavra. que o systema da A'merica i2lg1e::a est prooado ser
o gooerno do mundo'! E' .pois fra de
O SR. GAKA:-A mim pertence a r.alavra; do a dUVIda que o pretendenta se esqueceu da ironia
l"egimento de todas as assemblas deliberantes que supposta ao redactor do MaribO'lltlo, e faUou de
emquanto dous deputados se contesto, nenhum motu prpprio, dizendo:. hoje os americanos tm
autro pde interromper o fio da conteslaeo. prO'Vailo ser o seu:g'Verno o 1ilelhor do inundo. O
(Apoiado.) . mais 11M saber o que t'i: por fT da' 110ssa. casa.
No basta ter sido deputado em Lisboa para se So estes os argumentos que ainda no.vi desatados,
adivinhar que se passou em Pernambuco na SUa e pelos quaes deve o pretendente ser excludo.
auzencia. O mui conspicuo opinante hospede nas O SR. M6:-iIZ T,\Vws :-No me levantarei para
questes (no direi de direito) mas de facto, o que blasonar de que sou Yeterano na causa do Brazil-;
bem se .c0mprehende at pela azeda recriminaco o a:mor proprio no me faz desconhecer o que sou,
l'(Ue faz a camara de Olinda, sem desmanchar' os assun como tambem no me abato a ponto de ceder
fundamentos da lei que gui0l! a mesma camara. nesta parte .a primazia ao Sr..deputado.No me la-
Parece impossivel que a.s vontade'de defender vanto para refuta-c dItos que .nada valem;
o precipitasse no s a sustentar as doutrinas do levanto-me sun para mostrar que. em vo se pre-
pretendente, mas at a inventar novas evazivas, de.. ten!1e torcer; as palavras carta com !nterpre-
que nem o mesmo pretendente se lembrou! Parece desvarradas. O que e que se contem npste
impossivel que neste mesmo augusto congresso se penodo queo nobre preopinante mandou lr? Eu
proposies contrarias aosmesmissimos o torno lr. (Leu.)
papeis que se acabo de lr!. quem no v primeiramente que isto uma
Aifirma-se que o motivo porquo=t pretendente con.nnuao da_refutao que o da carta faz
escreveu, animando, - que Pernambuco podia ser perIgosa asserao do redactor't Emsegundo lugar.
1tma republica, apezar de 11M ter luzes nem sCien- no se ?0!1ige que a inteno ' refutar as
cias, era porque em Portugal se tratav6 os brazi- -atrevIdas proposloes que no congresso de Portugal
leiros por ignorantes; mas a isto mesmo que se tem propalado, querendo que nos considerem
chamo argumento especioso. pois que uma re,IlU- povo estupido e abjectoT Eu confesso que
blica ignorante ainda }leior ignorancia e a nao to afincada obstinao em condem-
peior de todas as loucuras. Mas lembranca'de ar- nar mesmo que se. est c'oIihecendo ser in-
bitrio no do pretendente: Ns nocentlSsuno.
e:<otamos fel.tos Jwzes para uma acensa- Emqtianto caroara-de Olinda, eu no duvido de
ao ;. requell"o que o Sr. secretano lea outra vez sua adherencia cansa do Brazil; porm inne-
D. 3, o que comea: Nao eUa ultrapassou os-limites da da sua ju-
lmporta o subterfuglO. .' .. rlsdiao ;, todo o empregado' publico que aSsim
SESSO EM. 16 DE MAIO DE 1823
55
obra. digno no s de reprehenso mas de sevro os meommodos inherentes horrorosa situaco em
castigo.. . que se achava. I
Por estas razes, pois, voto pelo parecer da com- Em.consequencia do fau:;to e memorand acon-
misso. i do de .Fevereir? voltou sua pa:-
O SR. Souz_\. -como se tna, ento tyranDlSlda por Luu do Rego; e fOI
trata de .discutir o parecer da commisso de poderes novamente envolvido na crucl proscripro feita por
sobre a admisso do Sr. _Venaneio Henriques de esse Sylla lusitano que, oppondo-se abrtamente ao
Rezend.e. deputado eleito pela prorincia de Pernam- progresso da causa constitucional, reputava inimi-
buco com maioria de votos, e excluido pela camara gos todos aquelles que no se unio ao partido,
de Olinda no aclo da apurao. eu me levanto para que. seguramente. seria funesto ' causa da inde-
dizer os meus sentimentos' com as reflexes de- pendencia do Brazil, seno apparecessem para o
.d desfazer pessoas zelosas da liberdade da patria. pois
V] as. . ficando por mais tempo em Pernambuco esse atroz
O referido parecer da commisso est sujeito inimigo da humanidade, infallive1mente se uniria
a tres.divises ou partes: a la se o dito deputado ao feroz Madeira.
eleito deve ser admittido e chamado a tomar assento Regressou a Portugal, quando os negocios da
nesta. augUsta assembla semembargo da excluso; caUSa do Brazil no, apresentavo boa face, e quan-
a 2
a
consiste em se permittir o indicado assenl e do a divergencia de opinies fazia vacillar as pessoas
!?osse sem o diploma que lhe no foi expedido por mais prudentes. .
tlcar eleio suspensa naquella parte em conse- Apparecro alguns escriptos seus em periodicOf:
quencla da excluso; e a 3
a
vem a ser se a camara de Pernambuco, que muilos no entendro e seus
de Olinda deve ser reprehendida do semelhante inimigos envenenro, taxando-os de republicanos,
procedimento. . e isto porque elIe defendia e pretendia sustentar o
Emquanto la e 2
a
partes do parecer da com- governo da sua provincia, ento .acinante, por
misso, conformando-me com os seus fundamentos que assim o exigio as imperiosas circumstancias
i ulgo que o deputado eleito deve vir tomar assento em que se achava o povo de Pernambuco, como
e posse sem embargo da excluso que foi injusta e bemo tem provado os resultados que depois
otfensiva delegao dos povos; por quanto obtida se Seguiro. .
a maioria nos collegios eleitoraes, que se concluiro Comtudo, no obstante a deposio do governo,
lh-remente, no sei com que dirito o circulo ou de quem seus inimigos o'fazio pal'cial, e da pu-
adjunto da mra apurao de votos excluio da list blicacodesses mesmos to faUados escriptos, con-
dos deputados a um dO'numero dos escolhidos com tinua1do a merecer a considerao de seus patricios
preferencia pelos povos' E ainda mesmo reflein- foi eleito deputado. E' verdade que dous ou tres
do sobre os' unpressos comprehensiTos deescriptos seus ininiigos, testa de um peqneno numero de
do deputado eleito, os quaes se acabo de lr.como pessoas foro representar camara -de Olinda, ti-
parte da accusao que deu lugar li excluso por mida e receiosa em dias de perturbao, que o de-
conterem doutrinas subversivas e anti-brazilicas, putado eleito Venancio Henriques de Rezende era
eu as considero inc.apazes de st.>mt.>Ihante epitheto, inimigo da causa do Brazil, sem outra prova mais
porque s descubro neIles amor e tendencia ao do que li. sua carla inserta em uma das folhas do
Brazil e sua independencia, e mesmo termos de Maribo1ldo, e como tal devia ser excluido,' quando
reconhecimento e elogio a Sua Magestade Imperial, no caso de haverem legitimos motivos para essa
ento principe regente, marchando pE'la bem enten- excluso, s ao eleitoral pertencia o conhe-
dida liberdade da imprensa. . cimento desse negoci.
Declaro porm, que qualquer que seja a frma da Alm se se quizer dar' algum. pezo a essa
deliberao favoravel, no' se deve dispensar o di- representaco feita por seus inimigos camara,
ploma, sem o qual jA. a commisso dey-eria ter sof- tambem sedeve tomar em considerao o assignado
frido embarao em sttas {unces, nem deixar de de duzentas pessoas das principaes de Pernambuco,
decidir-se agora mesmo parte do parecer, que feito em seu fvor. Se me fosse concedido provar
muito' conveniente me pareceu dh-idir. Pelo que perante esta illustre assembla que o Sr. deputado'
toca reprehenso da camara de Olinda que Jaz que tanto tem declamado contra a admisso do
Qbjecto da 3
a
parte, do parecer, julgo injusta e des- padre Venancio interessado.. (A' ordem! A"
necessaria, porque a dita camara procedeu_em con- ordem1) .
seqllencia de ac.cusaes qne, se desp.rezasse, talvez. 10rno,pois, questo, e digo que a commisso
fosse increpada, de que se deu parte com a acta. de poderes fundando-se na justia da sua cansa, e
Portanto, voto pela admisso na f6rma expendida. tendo em visa todos os papeis pr e contra, j deu
O SR. CARNEIRO CUNHA :-Sr. presidente, se- o seu parecer sobre este negocio, julgando, como
ja-me _permittido dizer alguma cousa a respeito da se devia esperar das luzes e rectido dos _honrados
conducta do padre Venancio Henriques de Rezende, membros que a compoem. Demais, tambem j foi
-t.>xcluido da.deputac.o da sua provincia por um ar- decidido P.J:lla assembla que o conhecimento da le-
bitrio da camara d Olinda, nos dias de luto e in- galidade ou illegalidade da eleio dos Srs. depu-
triga, quesuccedro desorganisadora disposio tados ficava smente: reservado ao juizo da mesma
da junta provisoria Pernambuco. assembla,' porque podia sueceder que 110S collegios
. Como cidado particular sempre mereceu o con- eleitoraes houvessem subornos, resultando disto a
ceitodos que o conhecio pela sua ,probidade e s injusta excluso de um cidado talvez mui digno
moral. Nomeado coadjutor para a parochia do de bem servir este emprego. .
Cabo, ali adquiri0 geral estima de seus freguezes ; Tendo, portanto, mostrado que o padre
foi infelizmente envolvido nos desgrac;ados suc- por sua conductasempre met:Ceu o conceito de
cessosde seu paiz no-anno de 1817; e mesmo nos seus. concidados, e que sendo dotado de sel.1timen-
caiceresdaBahia deu provas da sua honra e ca- tos verdadeiramente patrioticos no podia, .nem
racter firme, soffrendo com constancia e resignao pde ser inimigo da causa do Brazil, que a sua
56
SESslo E..\l .16 DE lIDO' DE 1823
patria, que s.endo legitima- e eleito pmodnearcseg.
no podia de forma alguma ser exclwdo 'Pela ca- ............. a cw
mara de Olinda, sem uma mnife....ta injustia e a .que tendem a de..c:penbar-nos loucos
usurpa!:o. endente de autoridade, voLo que tome O estado de civilisaco e cultura do 'BraZlI, os ha-
assento entre ns, tendo em-eoDSlderao esta au- bitos e costumes e insmo- os prejuiz-os dos
gusta assembla o recto parecer da illnstre com.: leiros.lhes no deixo aberta outra
misso. . de prosperidade, seno Se o padre.Yenanclo
. O SR. RmEIRO DE "'tlJlAI1.' :-Estranho a todas no adoptasse a monarehia, se elIe ao menos:clara-
as idas indinduaes relativas ao deputado eleito, mente 16.e solapasse os alicerces, eu seria o primeiro
limitar-me-hei smente a tratar da materia, isto , a votar contra a sua admisso.?Eu serelsempre ini-
se ha validade na eleico. - migo decidido daquelles que a natureza das
Comel'.arei por aponiar o art. 2" do capo 4 das cousas, contra a experiencia, querem no !kazil des-
que diz que para ser eleito deputado varar. a opinio publica com sonhos e chimeras re-
cumpre- ter mostrado . decidido zelo causa do publicanas, e por bem da sua precria fortuna va-
Brazil; ora, por causa do Brazil, eu entendo o es-. ilear rios de sangue, para a um alvo
tabelecimento da monarchia constitucional; por- jinais conscguir. Mas mister que isto, quanto
tanto, a eleico ser vlida se os papeis impressos ao padre Venancio, fosse provado plenamente; e
em nome do' padre Venaneio. nos mostrarem que o que .me no parece. . .
elIe profes53 as idas dos amigos desla rrma de EXaminando as duas cartas do padre VenanClo,
gOl"erno. que fazem o corpo de de1icto no que em
Ha muita difrerenca em amar o Brazil e amar a certa maneira se lhe intenta, no aeparece, a meu
sua causa: o democrata pde amar -ardenCemente deliberada monarcbla; nem se in-
o Brnzil, mas como no ama a frma de governo fira que isto existe porque a ida que elIe tem de
por alIe abral'ada, no pde entrar na representao monarchia constitucional parece avisinhar-se s
nacional. A nao j assentou certas bases: constituil'es hespanhola e ll0rtugueza as quaes o
Iheu dynastia; acclamou o seu imperad0lJ. que nobre preopinante julga malS 'democraeias do que
tambem protector e defensor perpetuo do.uraziJ, e monarchias.
declarou portanto a f6rma do governo que prefena, A definio que o nobre preopinante d de mo-
isto , a monarchia constitueional, em que essen- nnrchia, falq, segundo creio, por ser restricta de
eial a diviso dos poderes, a harmonia delles, e a mais, e no abl'llnger governos que no podem ter
ingerencia do poder executivo 110 legislativo. outro nome. Quando uma nao regida um s
Nestas bazes, ns, constituidos representantes da individuo, o governo desta nao monatcbieo, se
nao, nada podemos mudar, para as alterar no o poder hereditario na dynastia reinante, e se o
nos dro poderes, s os temos para edificar sobre monarcha tem alguma parte ao menos no poder mo-
elIas; logo o que no amar esta f6ma de governo derador nacional. .
abraada.pela no pde ser eu en- .Se todos os poderes se concentro n'um s ho-
tendo a:; mstrllcoes) della. mem, a mOllarchia absoluta, a qual porm difrere
Ap.phquemos agora estes prmClplOs ao padre Ve- do despotismo em ser o poder exercitado segundo
nanClO. . ,leis fixas, quando no despotismo tudo do
Em um sua elle diZ que de- arbitrio' e capricho,variavel do despota. Se porm
mocrata, m.as a democracia deve os poderes so divididos, ficando a legisla.i.o na
l) nas crtes, o executIvo no reI, e mo dos representantes nacionaes, e o poder execu-
o) Judicmno nos talvez porque tivo na mo de iuD monarcha hereditario, inviolavel
'luer no governo esta diVisa0. de poderes,. se e com alguma: influencia sobre os outros poderes,
que segue a que o BraZlI abraa, mas eu nao temos o que chamamos monarehia-constituclonal
O) entendo aS:>IID. . .. _ presentativa. . .
monarchla .cOI}stItuClOnal nao basta Ora, isto eo que encontramos. nas constituies
de que e commum a todos os hespanhola e portugueza. So monarchicas, porm.
Urres, nao basta dar ao chefe do. poder monal'chicas defeituosas porqUe os poderes so iso-
executno o nome de monarcha; porque ,pode ?er lados, e quasi por nece'ssidade inimigos uns dos
uI? como succede em e preclso outros; porque no ha nem pde haver harmonia
e esse poder tenha talentre'elles, pela falta de uma entidade intermedia
qual mgerencla leglSlatlvo; sem ella, que concilie os discordes interesses dos elementos
qua! a denommaao chefe do inimigos, democrtico e monarchico; que embote a
amda mesmo. com.a qual;ldade de. nimia energia e mobilidade de um e augmente a
1'10, nao ha ,para .mlm. constltuClonal; gravidade e estabilidade do outro, 'Porque eD!fim a
l)ra,? que secollige das do Ve- roda principal da machinano a fora
nanclO prefere a democracia represent!1
tlva
, e para pr em movimento os rodzios quando mertes,
nao e a frma de. governo escolhida pela ou moderar-lhes os movimentos, quando desorde-
naao, que Ja declarou altamente a sua v0!1!ade nados, dondeha .de vir .por necessidade, ou' a'pa-
pela voz de as camaras, segue-se que (01 JUS- rada de todo o mechanismo, ou O. desconjuntamento
do cargo de na frma das suas peas. "
das e portanto voto. que nao deve ser Mas nem por isso deixo a Hespanhae Portugal
admlttldo nesta al!gusta assemblea. de sermonarchias; a mesma etymologia mostra o
O SR. Al'"DJlADA MAcIlADO: - Sinto muito d- contrario; o mal que com to defeituos COftsti-
ferir tanto do nobre preopinante, mas nem' os lacos tuico no podem continuar a se-Io por' muito
de parent..esco e amisade, nem o justo respeito tempo, ou o monarcha sentindo a sua nuIlidad
tenho s suas luzest' podem fazer que no discorde trabalhar' por subverter a constituio e se .far
do systema que verdade que concordo absoluto, ou<a democracia aniquilando o monarcha
coJ!1 elle, 'que a causa do Brazil a mesma'que a da depois de mil convulses anarchicas marcadas com
SESSO EM 16 -DE MAIO DE 1823
57
\.
o sangue e mi.se:ia nacional, precipitar de novo
essas tristes naes no despotismo de que se pre-:-
tendio livrar.
A caracteristica: essencial das monarchias existe
neIlas, mas muito mal desenhada. No se'diga que
o rei de Portugal no na realidade outra cousa
mais que um simples presidente como o da .America
Septentrional, e que por isso o governo democra-
cia e.no monarchia, o elemento de herana e a tal
qual influencia que essas concedem ao
mcnarcha, desmentem esta oplDlo.
Nem mesmo, Sr. presidente. houve no mundo de-
mocracias rigorosas: Athenas o no foi; no o so
os Estados-Unidos; todas so aristocracias electi-
vaso. Se, pois o padreVenancio admitte a
embora se aproxime ao systema de Portugal, no
se pde dizer inimigo da monarchia em geral e por
conseguinte inimigo da causa do Brazil. Confesso
que o padre Yenancio no entende o que diz, nem
ns o podemos entender quando falla em poder re-
publicano executado por um rei, e outros absurdos.
EUe fallou com franqueza; as suas cartas mostro
uma assombrosa confuso de idas; mostro que
novico em materias de organisao social; mostro
que no tem idas claras das materias de que falla;
mostro que nunca as distinguio, separou e menos
coordenou; mas no mostra claramente lIue seu
escriptor seja inimigo da monarchia constltucional,
e por isso inimigo da causa do Brazil.
A justia me fora a confessar que de quando em
quando assomo nas cartas expresses que podem
parecer contrarias monarchia e que ressumbro
Chimeras republicanas; tal parece a assero que
aLacou o Sr. Gama, e qual, na minha opinio no
respondeu completamente o Sr. Moniz Tavares.
A passagem arguida, aquella em que com mani-
Cesto erro da theoria, e' engano nos factos, se nos
cr proprios para um governo republicano, em
verdade suspeita, e a suspeita no se desfaz com di-
zer-se que o seu fim era arredar as imputaes que
nos faZio as crtes portuguezas. A tendencia dessa
passagem perigosa; o seu alvo podia parecer
muito bem o desejo de encaminhar-nos a um sys-
tema politico conhecidamente impratica'\"el no Bra-
zil, e o mais damnoso li sua prosperidade.
A analogia dos Estados-U-nidos s a cegos pde
impr; mister dormir ao pino do meio-dia. e ter
os olhos fechados ao claro meridiano para no vr
a ditrerenca de um povo nutrido' desde o berco em
idas democraticas para outro que creado no sio da
monarchia absoluta no tem a frugalidade e tempe-
l'anca e amor da igualdade, condies insuppriveis
das frmas republicanas.
Mas, Sr. presidente, por erros no julgo ninguem
criminoso; e ainda quando esta e outras passagens
podessem despertar suspeitas, no por indicios
que privarei a umcidado do direito de elegibilidade
passiva, e menos nao da livre escolha daquelles
que a lei no excle. A participao do povo nos
direitos polticos a' essencia do governp. a liber-
dade d escolha deve ser pois o menos coarctada
possvel. Voto, pois, que seja admittido o padre Ve-
nancio, e que se faca boa a escolha da provincia.
Quanto reprehnso camara, bem que assig-
Dasse o parecer, canto a Palinodia, e convenho que
no seja reprehendida. Peccou p'or excesso de zelo;
peceou: por amor da ordem; e como o Divino Mes-
,ire excusou-a Magdalena, por excesso de amor. ns
tambem a devemos desculpar por excesso de zelo.
Depois a sua inexperiencia em situao to nova,
motivo justificativo do seu erro; se ns mesmos
n.o sabemos ainda bem as raias das nossas obriga-
es, com que justia condemnaremos a camara,
que menos razo tem de saber as suas'1
Se algum de ns de todo puro, seja o primeiro
a lanar-lhe a pedra; eu no o serei, nem o ul-
timo; conheo-me e conheo todas as minhas im-
perfeices; e no censurarei com rigor aquellas em
que e bem podia incorrer.
O SR. LENcAR:-Sr. presidente, apezar de tam-
bem desejar alistar-me no numero dos defensores
da honra e credito de um cidado benemerito, como
o padre Venancio_Henriques de Rezende, to in-
justamente calumniado, e por isto impossibilitado
de prestar sua patria os ser:vicos que ella delle
confiou: comtudo eu deixaria de -fallar sobre a ma-
teria, visto ter elIa sido desenvolvida por to habeis
e instruidos membros; mas como existe ainda em
p uma accusao sobre um ponto da carta do dito
padre, inserta no Maribo'1ldo, que no foi
por nenhum dos Srs. deputados que o tm defen-
dido, e succeda mais que o honrado membro que
acaba de fallar, ainda sendo dos defensores, pare-
cesse vacillar cerca do sentido que-. se deve dar ao
dito ponto, emprehendo eu mostrar que em nada o
padre Venancio mostrou com mais clareza quanto os
seus sentimentos so os de um verdadeiro constitu-
cional, do que no mencionado ponto da dita carta.
Vamos ao caso.
Accusa-se ao padre Venancio de ter acenado ao
Brazil com o governo republicano, mostrando-Ihe o
exemplo dos antigos romanos, quando expulsro
os Tarquinios, e lembrando-lhes 'a America ingle-
za, etc.; finalmente accusa-se' o paragrapho da
crta, que principia: (C No importa o subterfugio
de luzes, etc.
Ora, Sr. presidente, isto que vontade de en-
venenar as cousasl Porque no se l este paragra-
pho da carta, que principia: cc porque, se Vm. no
inimigo das republicas, etc.? Sim; Ia-se e
combine-se com o debaixo, que immediatamente
cabe por terra a accusaco. O redactor do Mari-
bando tinha dito- que ialvez fosse uma republica
0- governo que conviesse ao Brazil. ' .
Ora, o padre Venancio nos mencionados para-
graphos da sua carta reprehende este dizer, e ao
mesmo tempo diz que aquillo que muito peri-
goso dizer como aqui se l, e que de nada serve o
subterfugio, a que recorreu o dito redaclor; da falta
de luzes no Brazil para toc um tal governo. Sim, o
padre Venancio diz que sempre perigoso dizer
aquillo, no obstante o dizer que ha falta de luzes;
porque assim mesmo o povo pde querer atirar-se
ao governo, que lhe dizem, talvez lhe, convenha;
pois a este governo se atirou o povo romano; quan-
do expellio os Tarquinios, no obstante sua igno-
rancia, e que a mesma ignorancia se dizia dos ame-
ricanos, e comtudo elies proclamro o mesmo go-
verno e o conservo.
V-se, pois, que o padre reprehende' o dito do
Maribondo, no obstante o subterfugio da falta de
luzes, porque ainda com esta falta pde o povo do
Brazil. como o povo romano e'os americanos, que-
rer rentar o tal governo, apezr de no ter s luzes
necessarias. como tambem no tinho aquelles
dous povos.
Onde pois est aqui. o republicanismo do padreVe-
nancio, quando elle reprehende aquelie dito com o
medo de que o povo do Brazil o queira ,Como
imputar-se a um homem que eIle e republicano.
:: 15
58
SESSO EM 16 DE- :&WO DE 1823
quando elle reprehende a outro s porque este diz
que talvez orepublicanLc:mo convenha ao Brazil.?
Com effeito, Sr. presidente.; ou eu estou com a
eabeca perdida, ou ento ha tal desejo de accusar
que t se fazem imputaes, que bem d:e
prejudicrem ao accu..<:ado, pelo contrarIo o Justi-
fico. Quanto s mais accusaes, nenhuma refu-
taco farei, porque j esto bastantemente
daS e com evidencia se tem mostrado a innocencia
-do padre Venancio e a injustia que c.m elle se
praticou. Nada direi tambem cerca da incompeten-
cia do juizo, onde foi expulso de dep:Jtado, porque
esta materia est bem dilucidada, e eu nada de novo
poderei dizer.
Approvo, portanto o parecer da ,:ommisso em
quanto admisso do padre "VenanClO como depu-
tado, que de direito , nesta augusta assembla,
mas quanto reprehenso camara de Olinda no
approvo, no s pelas razes, que j tm al-
guns Srs. deputad.os, como porque eu estou lDtlma-
mente convencid, "que a dita camara quem tem
.menos parte na injustia praticada com o padre
Venancio.
A camara seguio talvez o impulso que lhe dro
os intrigantes e inimigos do padre; a estes deseja-
ria eu, que se dsse o devido castigo, porm diffi-
cultoso conhece-Ios e nomea-Ios; basta que' o povo
de Pernambuco os conhea, e .que os deteste como
do socego publico, e. c8;lumniadores
de CIdados honrados daquella prOV1DCla.
O SR. Plr."1iEIRO DE OLIVEIRA:-Eu tambem pro-
fesso os principios que acabo de ouvir; penso como
umillustre preopinante, que ninguem deve ser jul-
gado sem provas convincentes, mas estou persua-
dido que nas carlas impressas do padreVenancio se
acho essas provas para a sua excluso. -Ainda sup-
pondo que na la carta em que elle faUa de repu-
blica, se pde entender (por interpretao forada)
qualquer frma de governo, e no smente a demo-
cracia, bem que seja esta sem duvida a intelligencia
mais vulgar, fico a meu vr, manifestas as suas
idas na 2
a
carta em que declara ser democrata, por
-que este termo no admitte nem essas mesmas in-
terpretaces com que o pretendem salvar.
Alm' disto, escrevendo-em 1822 assevera que as
idas que tinha, cinco annos antes, "ero as que
ainda professava, e como em 1817, que a poca a
que elle se refere, o projecto, que abortou, era o
do estabelecimento da democracia, conclo que elle
segue -principios oppostos causa do Brazil, porque
a frma de governo abracada pela nao a-monar-
chia constitucional, e qe por isso que os segue foi
justamente excluido de deputado, na conformidade
das instrucces.
- O SR. G:m. :-Sr. presidente, peo a palavra por
amor da ordem:
- Devo informar a estaaugusta asseinbla que quan-
do se publicro os impressos do pretendente, im-
pressos pelos quaes a camara de Olinda justamente o
excluio, j os eleitores tinho sido nomeados, eterio
feito o seu juizotal ou qual, faltando s6mente os elei-
tores de Recife e Olinda.Foge-se da questo princi-
pal que a que acabou de opinar o nobre deputado o
Sr. Pinheiro de Oliveira, e que devia ser excluido
deste cargo todo aquelle que fosse inimigo da casa
-do. Brazil, e que para: isso bastava ter sombras de
Suspeita, como ordeno as instruces: que olhando
para a qualidade de pretendente este nos seus im-
pressos de 1822 disse que conservaVa os mesmos
sentimentos que .tinha ha cinco annos,que er os
de 1817 de Pernambuco; e sendo assim inimigo da
causa era excludo pelas referidas instrucs. So'
estes os fundamentos da excluso, que ainda n
vejo desmanchados, apezar de ser j rongo o debate.
O SR. DIAS :-Nenhum rgumento produzido at
agora contra o padre Venancio foi convincente";-
pelo contrario o vejo justificado na mesma aCCusa.-
o, e neIla fundo a sua defeza. Se os seus im-
pressos mostro que qualquer povo pde adoptar a
f6rma de governo qlle lhe convier, igualmente
mostro que elIe entende que a: f6rma que convm
ao Brazil a monarcbi constitucional, pelo mesmo
Brazil adoptada: governo mixto que participa das
outras diffcrentes frmas e que pde chegar a su-
perio.r perfeio, contra o parecer do escriptor pelo
referIdo padre refutado. _
Sabemos alm disto, que elle foi eleito com 169
votos, e julgado nos termos das instruces nos col-
legios eleitoraes de Recife e Olinda, e se lhe falta o
seu diploma, assim como este augusto congresso j
dispansou igual falta em deputados de S. Paulo, seja
esta (ambemsupprida; o deputado eleito o merece
e talvez mais digno do que se pensava. Voto por
isso que tome assento nesta assembla.
O SR. ARAUJO LmA. :-Eu no direi talvez nada
de novo depois-de to extensa discusso; o me li-
mitarei parte do parecer que respeita ao proce-
dimento da camara de Olinda. -
Em primeiro lugar, declaro que- no reconheo
nelIa o direito de excluir um deputado eleito, e
muito menos no tendo outras provas mais do que
os impressos j lidos, pois delIes de nenhum modo
se concle que o padre Venancio seja inimigo da-
causa do Brazil: portanto ainda querendo conceder
camara a autoridade que eu no lhe concedo no
poderia negar-se que tinha usado mal deUa. Toda-
via no me conformo com o voto da commisso
quando julga dever ser reprehendida a camara pela
excluso do deputado eleito.
Alguns j tocro este ponto, e concordo com os
que pensro que se a cmara no fez o que devia,
erro11 de boa f. Nem nos devemos admirar deste
seu procedimento; estas materias constitucionaes
so novas entre n6s; os povos ainda no conhecem
bem estes direitos, e os mesmos que j: s:velhos
na pratica, _destes actos commettem erros. E que .
muito que a camara assim procedesse quando
pessoas de abalisados talentoS" e luzes, e que at se
assento nesta assembla, mostro no estar firmes
sobre os limites da autoridade da camara nesta ma-
teria?
Portanto sou de parecer que no appareamos em
publico, logo no principio dos nossos trabalhos, re-
prehendendo uma camara, que talvez s6 teve em
vista prmover assim o progresso .da caJISa do
Brazil. Este . o meu voto.
O SR. PEREIRA DA. CUNHA. :-Eu podia deaar de
fallar sobre esta materia, cuja primeira partesup","
ponho vencida. a"favor da entrada do padre Venan-
cio nesta assembla, que tem sido vigorosamente
defendida poi tantos illustres preopinantes; mas
sempre direi que quando fu membro da cominisso
de poderes logojulguei no ser necessario odiploma'
uma vez. que !taja acta onde conste da nomeao
legal; e J asSlID se pratICOUcom o Sr. Costa Aguiar
que apezar de no apresentar' o seu diploma, foi ad-.
mittido, como devia ser, a tomar assento nesta as-
sembla. Sou, pois, de parecer que odeputado eleito
SESSO EM 16 DE MAIO DE 1823
59
deve entrar no obstante a falta. da apresentao do O SR. :MOl'OZ TATARES :-Sr. presidente, visto, a
diploma. deliberao que acaba de tomar a assembla. de
O SR. COSTA. presidente; me reputar legalmente eleito o padre Venanci,o, sou de
levanto
.......... fallar sobre a questo to debatida da voto que por via do governo se omeie eamara de
...... Olinda para que remetta quanto antes o seu diplo-
entradado padreVenanco nesta assembla,.p0l'C!U
e
ma; mas se quero que venha o diploma para que
no faria mais que o que outros disserao. na secretaria desta assembla se conservem os titu-
No- me a que .elle venha tomar assento en- los de todos os Srs. deputados que formo a repre-
tre nao se diga que a do que se sentao nacional, no para que s vista delle
, eolDlgo elle-deve entrar mdependente do possa tomar assento entre ns o dito padre, pois
diploma.. . 'para isto no se faz preciso, achando-se legalisados
No me caso e no do Sr .Andrada dis- os seus poderes pelos outros diplomas dos deputados
pensou-se o diploma vista da acta combmada com da mesma provineia. Esta a minha opinio.
os mais diplomas dos Srs. deputados de S. Paulo,. O SR. PRESIDENTE propz se devia entrar no ob-
mem; eollegas, pelos quaes constava estarmos eu e o stante a falta de diploma, e deeidio-se que sim, de
Sr. .AndradaMachado -nomeados vendo ordenar-se eamara a remessa do dito di-
provincia, que os refe1'!dos diplomas, ploma. .
talvez pela nossa ausenCla. e por nao constar da Ultimamente propz o Sr. presidente se deveria
nossa chegada a esta crte. . ser reprehendida a eamara,.e deeidio-se que no.
O caso, porm, o Sr. Hennques de Seguio-se a lio dos outros pareceres da com.mis-
diverso porque no p6de o seu diplo?la, so de poderes apresentados na sesso antecedente,
que lhe foi negado, em consequencla dos e dados para ordem do dia, comecando pelo que ver-
da accusao feita contra el!e, e que obstarao ao sava soore a escusa que pedio '0 deputado eleito
passamento do competente tltulo. Portanto, venha Agostinho Corra da Silva Goulo, do exercicio
muito embora tomar o seu assento, mas modo daguelle earno, -por sua avanada idade e molestias.
algum se pretenda comparar a falta .do seu diploma Depoi!l. de breve debate approvou-se o parecer da
com o que aconteceu a nosso respeIto, devendo ao. commisso que julgou justa a concesso da escusa,
contrano ordem tamll!a para que _o sendo o Sr. Alencar de opinio que nunca se deveria
remetta com a breVIdade posslvel, VIsto a resoluao negar escusa a quem a requeresse, porque muito
da assembla, e at para que no fique para o fl!- convinha que este servio fosse feito de mui livre
turo duvidoso este negocio; que parecendo prl- vontade, pois o que servisse sem ser por amor
meira vista monta:, por outro lado de sua patria, muito mal desempenharia os seus de-
alguDia consideraao, especIalmente para as respe- veres.
ctivas provincias a que elle. se refere. ao parecer sobre Q e!eit!> Joa;;,
O SR. GAMA:-Estou absorto, Sr. presidente 1 J Ledo, em que a commlssao
se d por decidida a entrada 'do pretendente neste que }lodla VIr tOl?ar assento,
respeitavel congresso, e j se passa segunda qnes:- de crIme; e, depOIS de alguma dlscussao, fOI ap-
to se deve entrar sem diploma, antes de se haver provado. . . _
votado sobre a primeira't Se esta primeira questo Leu-se depOIS Oparecer da mesma comml.ssao so-
fr decidida negativamente, como se p6de discutir bre a escusa que o deputado Jos
a segunda relativa a diploma, quando ella s6 po- Alves do Couto allegando e idade
deria ter cabimento se a primeIra tivesse deciso avanada, para ser dispensado do exerCiClO do cargo
favoravel 't Parece-me, portanto, que se deve j para que estava nome.ado, e tendo falIado alguns -se-
-pr a volos a primeira que sahindo pe!a a_matena, approvou-se_ o em
afirmativa, poder ento difi"erll-se ao .requerl- que a commlssao que o nao
mento ou representaco do impetrante, para que nos termos de ser attendido na sua supplica.
mande buscar camra respectiva o seu diploma, O SR. AR.\U.TO como relator da commisso
que como um requisito_de identidade de pessoa da redaco do Diario, fez a seguinte proposta :
que as instruces exigem dos :povos constituintes. A commisso da redaco do Diario, no tem
E' verdade que este honravel congresso tem a au- podido apresentar ao publico os trabalhos da assem-
toridade de as revogar, porisso que tem a de legis- bla por falta de um redactor, e como deseja que a
lar; mas preciso que apparea esta dispensa, no naco quanto antes se instra dos negocios da
em f6rma arbitraria, ficando no escuro a lei que msma: prope que o official-maior da secretaria,'
temos em Theodoro Jos Biancaidi, seja interinamente encar-
Sendo as ditas instruces revogaveis nesta par- regado da redaco, pois se esse fim,
te, deTe-se fazer uma discusso regular: - Se sem que, por ora, se entre na deslgnaao do orde-
-so ou no precisos os diplomas para a nadoJ,. que deva mere?er pelo .
reconhecer deputado5-, visto que pela lei eXIstente . J:'ao. daassem1?lea
J
.14 de MaIO de .1823.-Can-
sua apresentaco um objecto essencial. E ser Jose de AraUJO vULnna.-Antonw Gonalves
possivel verificr-se tal admisso no s6 escanda-' Gomide.. . .
10sa pelos principios democraticos do Foi recebido com agrado o oiferecimento do offi-.
como tambem escandalosa por uma surda dispensa cial-maior interino da secretaria da assembla, Theo-
na lei 1 Se esta dispensa Justa no ha metiTo de doro Jos Bianeardi,-para redigir o Diario da mesma
se occultar aos povos. assembla interinamente. . ,
, Julgando-se a materia sufficientemente discutida, . O mesmo Sr. Araujo Vianna leu
propz o Sr. presidente se devia ser admittido o de para a redacao.do da
padre V Henriques de Rezende, como. :Assembla, e .0 como_ _ . .
mente eleIto, a'ter assento na assembla, e deCldio-se A cOIDlDlssao da redcao do. Dtarw,
que sim. liar. a publicao delle com a fiel exposiaa-
60
SESSO EM 16 DE MAIO DE 1823
(l CAPITULO IV
CAPITULO m
(l DA comusslo DO DUlUO
DOS TACRYGl\APHOS E ESCtUPTtlRARIOS
cc rt. 9.
0
Os tachygraph.os sero distribuidos-
pela commisso em tres turnos para se alternarem
nos dias de sesso; a cada um se designar assento
na sala.
Art. 10. nas suas notas tudo o
que os senhores deputados disserem, e etles pude-
rem abranger,.apontando os lugares em que aquel-
les lerem papelS.
Art. 11. Decifrar depois as suas notas sem
demora, juntando-se para esse fim todos os que t1'8.-
11a. dii:igindo a operao omais qua-
hficado; abi sera escrlpta a verso por um detles,
ou po!-, um escripturario, o que feito passar o ma-
nuscnpto ao redactor.
Art. 12. Qs escripturarios sero applicados pela
commisso j em passar a limpo as notas dos taCby-
graphos, j em copiar os trabalhos do redactor, ou
em outro qualquer escripto que convenha ao Diario
e sua redaco.
O SR. PRESIDENTE designou para a ordem do dia
a continuao da discusso sobre pareceres da
c0!Dmisso de poderes; a do projecto do Sr. Ro-
de Carvillho; e por fim a do regimento pro-
VISOriO.
Levantou-se a sesso s 2.horas da tarde.-Ma-
noel Jos de. Souza Frana, secretario.
DO ESTAllELECDIEl'iTO E SEUS DlPREGADOS
Art. 1.0 Haver um 1'edactor com um ordenado
a1;lDual de ] :OOOsooo ;
. Tres tachygraphos maiores com o ordenado
de 6008000.
- Seis ditos menores com o ordenado entre 100$
e 300$000, conforme os. seus merecimentos.
Dous escripturarios com oordenado de 200$000.
Um servente com 300 r5. por dia.
Um administrador encarregado da venda do
Diario, com o ordenado de 400Sooo.
- Art. 2.
0
Estes empregados sero providos pela
assembla proposta da commisso, precedendo
exame da capacidade e costumes dos pretendentes.
A cada um {ias empregados se dar titulo da sua
nomeao ficando-llie probibido occupar-se em qual-
quer outro periodico, ou dar a alguem apontamentos
para elle.
Art. 3.
0
A commisso ter inspeco sobre
todos os empregados, os quaes lhe ficO responsaveis
pelos abusos ou faltas no exercicio de seus cargos.
CAPITULO I I
dos negocios da assembla para que a naco conve-
nientemente se instrua dos trabalhos dos Seus repre-
sentantes e julgue do fervor com que estes sustento
os interesses pUblicos na rdua e difficil tarefa da or-
ganisao de lei fundamental, e das mais leis e refor-
mas urgentes que a seus desvelosse acho confiadas:
prope o seguinte plano de regulamento provisorio
para o estabelecimento da redaco :
, C.4..PITULO I
cc Art. 13. A commisso far as tlropostas para
os empregos do estabelecimento do Diano, conforme
o art. 2.
0
-
II Art. 14. Regular as condias das assigna-
Luras do Diario, procurando sempre facilitar ao pu-
blico a sua leitura.
DO REDACTOR (( Art. 15. Examinar as contas dadas mensal-
c< Art. 4.
0
Oredactor receber dos tachygraphos mente pela impresso, e pelo administrador, e a
o:manuscripto das notas decifradas, e da secretaria folha dos ordenados das pessoas do estabelecimento,
as cpias actas .e mais papeis que devo en- para tudo ser pago com a sua approvao. _
trar no Dtarw por mtell'O ou por extra:cto. Incum-' Art. 16. Propor as reformas necessatias no
fazer estes extractos com fidelidade e con- systema do estabelecimento e no da impresso, quan-
ClSao. do convenha mudar de officina ou methodo
, Art. 5.
0
mais attribuio do redactor corri- Pao da assembla, 12 de Maio de 1823:-Can-
gl.r os manuscrlptos apurados dll:s dos tachy- dido Jos de Araujo, Vianna.-Antonio Gonalves
graphos. correc9a.? Gomid.-Joo Antonio Rodrig d C Ih
1.0. Riscar repetloes ViCIosas de palavras ou de ues e arva o. II
propoSIeS} . O mesmo Sr. relator leu tambem o seguinte pa-
2.
0
lip.guagem;. . recer sobre o requerimenlo de Vicente Justiniano
3.
0
SubstitUIr termos proprlOs, que na rapIdez da Costa : .
da falIa no acudiro ao pensamento, a outros de . - -.,. .
menor propriedade; comJD1ssao redacao. d? Diano fOI VISto o
. 4.0- Supprir lacunas e atar o fio do discurso; requerImento de Ylcente Justlmano .da Costa, no
5.0 A's concordancias grammaticaes; e qU;al pede de 1Dlpressor
. 6.0 A' orthographa pelo systema etymologico Diano e malS papeIS. A commlSsao parece que nao
porm jmais se extende1' a substituir S fallas 1'e2 tendo. a assembla estabelecer typograplia
c,?lbidas pelos tachygraphos outras mais longas e :proprla, .como no por ora
diversas dellas, salvo se tendo sido primeiro traba- mattendivel a pretenao. do ser
lhadas de espao, fossem de memoria expostas as- tomada em quando se Julgue
s_embla. Em caso de total obscuridade ou duvidosa convemente aquelle .estabelec1Dlento.
intelligencia consultar os autores das falIas. Pao da assembla, 12 de Maio de 1823.-Can-
(r Art. 6.
0
Corrigido o Diario manuscripto, e as- ditlD Jos de Araujo Vianna.-Antonio Gonalves
signado pelo redactor, ficar por 24 horas sobre a Gomide.-Joo Antonio Rodrigues de Carvalho.-
mesa no gabinete da redacco para os Srs. deputa- Ficou adiado.
dos irem (querendo) retocar as suas falIas, ou verem
os toques que lhes fez o redactor.
l't.: 7.
0
O Diano ser depois remettido para a
unpressao, e as provas voltar ao redactor para as
rever e emendar.
. Art. 8.
0
Impresso o Diario, o redactor far a
tabe!1a dos ou faltas que escapassem sua at-
tenao, para no seguinte numero.
61
Sesso em i. ':t de Maio de
Rodrigues Bessa de Hollanda Cavalcante, Antonio
Manoel de Souza, Lucas Antonio Monteiro de Bar-
ros, Alves de 0!iveira Macieli, Francisco
PereIra de Santa Apoloma, A.ntonio J.eixeira da
Costa, Joo Evangelista de Faria Lobato, Miguel
Joaquim de Ccrqueira e Silva, Franci.."C-Q de Carva-
lho Paes d'Andrade e Manoel Mari Carneiro da
Cunha:. .
SESsIQ EM: 17 DE MllO DE 1823
DA. ASSEMBT,4
PARA JOS ALVES DO COUTO SARAIVA-
A assembla geral constituinte e legislativa do
Imperio do Brazil tem resolvido que Y. S. venha
quanto.antes tomar assento neste augusto congresso
eter parte nos seus trabalhos como deputado
mesma assemblapela provincia de Minas-Geraes,
o que participo a V. S. para su intelligencia. Deus
guarde a V. S. Pao da assembla, em 16'de Maio
de 1823.-/os Joaquim Carneiro de Campos.
Na mesma conformi,dade a Silvestre Alves da Sil-
Ya, Manoel Pacheco Pimentel, Jos Joaquim Xavier
Sobreira, Jos Mariano de Albuquerque, Manoel
PABA CAETANO PI:\"TO DE lORANDA 1I0NTENEGRO
Dlm. e Enn. Sr.-Aassembla geral constituinte
e dQ Imneriv do BraziI, sendo-lhe pre-
sente o omeio de v: Ex., da data de hIDe, em que
participa a necessidade de licena da mesma as-
sembla para que ser inqueridos os
dos Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, Jose Ri-
cardo da Costa Aguiar e Pellro de Araujo Lima re-
feridos por testemunhas no summario a' que est
procedendo o desembargador Francisco' de Frana
resolveu que no devm os ditos deputa-
dos escusar-se, e que cumpre ao referido ministro DO SR. BISPO C.\PELLO-:Ma
dirigir-se a elles para que lhe assignem o dia e a Reunidos os Srs. deputados, fez-se a s
hora em que pde ir tomar-lhes seus depoimentos 1.0 horas e meia, e acharo-se presentes 51, fal-
nas suas respectivas moradas. O que participo a ta dito S R <Ir' V 11
V. Ex. N1Ta sua intelligencia. Deus a
lnlarde
a V. '1:'_. n o por mo es s os rs. o Iglles e 050,
r- Gama, e Pereira da Cunha.
Pao da assembla, em 16 de :Maio e 1823.-Jos
Joaquim Carneiro de Campos. O SR. PRESIDENTE declarou aberta a sesso; e
lendo o Sr. secretario Frana a acta da antecedente
PARA VENANClO BENRIQUES DE REZENDE .foi approvada.
. A assembla geral constituinte elegislativa do Passou-se ordem do dia, e leu-se o parecer da
Imperio do Brazil tem resolvido que V. S. venha com,msso de poderes relativo ao deputado pela
tomar assento neste augusto congresso, e ter parte provincia de S. Paulo, Diogo de Toledo Lara Ordo-
nos seus trabalhos como pela provincia.de nhes.
Pe1'!lamb.uco. Oque partiCIpO a V.S. para sua lD- Acommisso dos poderes examinando o reque-
telligenCla. J?eus guarde a V.? Pao. da rimento do deputado pela provincia de S. Paulo,
em 16 de Malo de 1823.-Jose Joaq1.wm CarnetTo de Diogo de loledo Lara Ordonhes, que pede a escusa
Campos.. '. QO dito cargo, em razo das graves molestias, que
. PARA Jos BONIFACIO DE ANDRADA:E SILVA - ,padece, que j serviro. de motivo para ser
, " ao exerclcio de conselhell'o da fazenda com
Dlm..e Sr.-All;ssembla g:eral constltum- illimitada, e que comprova. com doclDentos legaes
te e legIslatlya do Imper}o do Brazil que a que ajuntou: de parecer que lhe seja concedida
da .cIdade lhe transmltta com a a escusa pedida, mandando-se chamar o supplente
posslvel o dIploma do padre Venan- immediato em votos para tomar assento nesta as-
CIO de deputado semhla em seu lugar.
mesma assembla pela proVll!cIa de Pernambuco, o Pao da assembla, 14 de Maio de 1823.-Es-
que V. Ex..levar ao conhecImento de Sua Mages- tevo Bibeiro de Rezende.-Antonio Carlos Ribeiro
tade ImperIal. a V. Ex. da de Andrada Machado e Silva.-JJanoel Jacintho
em 16 de Jlalo de Joaq'l.wm Nogueira da Gama. -Depois de breve discusso
COIfne?To de Campos. . foi ..pprovado. .
PARA AGOSTINHO CORRA DA SIL"A GOULo O SR. PRESIDENTE annunciou que estava porta
da sala o Sr. deputado' Venancio Benriques de Re-
A assembl geral constituinte e legislativa do zende. .
Imperio do Brazil, tomando em os le- O SR. ANDRADA :MACHADO :-Como os Srs. secre-
gitimos motivos allegados por y. S. para ser dis-
pensado .de comparecer neste augusto .congresso, tarios vo receb-lo, devem os supplentes ir tomar
-resolveu, deferindo representao de V. S., dis- os seus lugares, a mesa no:fia de ficar vazia.
pensa-lo do exercido das nobres ftinces de depu- Creio que os supplentes so o Sr. Moniz Tavares e
tado, bem que lastime o ficar assim privada da co- o Sr. Costa Aguiar. -
operao das suas luzes em favor da grande obra da . O SR. COSTA AGUIAR :-Parecia-me melhor que
regeneracxl politica deste Imperio, o que prticipo os Srs. secretarios ficassem assentados, e que fossem
a V. S. para sua intelligencia. Deus guarde a V. S. os supplentes receber os Srs. deputados que entra-
Pao da assembla, em 16 de Maio de 1823.-Jos rem, at para se evitar uma to futil ceremonia de
.Joaquim Carne:iro de Campos. - , tomarmos assento por alguns instantes. E' verdade
que por ora deve subsisti! o regimento, mas isto
nao obsta.a que se revogue to ridicula etiqueta.
O SR. ANnIDA MACHADO:- Por ora ha de prati-
o que manda regimento, e no ha remedio
seno obedecer.
O SR. COSTA AGUIAR:-De certo obedeoporque
o meu dever, mas espero que a seu tempo se revo-
gar sem duvida a tal contradana a 'que nos obriga
um to regimento.
O Sr. deputado Henriques de Rezende foi intro-
duzido na sala pelos Srs. secretarios, e tendo pres-
tado o juramento tomou assento no congresso.
. Seguio-se, segundo a ordem do dia, a discusso
16 _
62
'SESSO EM i 7 DE -MAIO DE 1823
do projecto d:o Sr. de Carvalho sobre a Impr penas e penas atrocissimas a homens s6 por
revogao do alvara de 30 de 'Maro de 1818, pro- que se reunem emsegredo, at onde p6de chegar
bibitivo das sociedades secretas, apresentado em o da tyrannia I .
sesso de 13 de M<lio. ' Sun, senhores, o alvar de30de Marco de 1818 a
O SR. RODIUGUES DE CARVALHO :-As razes <@eprova mais decisiva do avi-ltarnento a que tinhamos
me determin.ro a propr a revogao do alvar de elie o stygma da nossa antiga
30 de :\Iarcode 1818, que irrogoa. pnas contra as escraVIdao que no voltar jmais. E'
sociedades-seeretas, so to obvias, qa.e poa.co pre- faze-l.o desapparecer para. sempre
ciso dizer sobre o referido projecto. dentre no..o:, e com Isto temos consegw.do no
O gO""erno portuguez emquanto residio emLisboa, pouco. '
ainda que mostrasse temer as sociedades maonicas, . Falla!1
do
.eu, desta maneira, poder-se-ha
talvez as uniC3S e que via apoiadas pela a prImeira Vista que sou o elogiador das 50-
opinio publica, e com membros de todas as classes, Cledades secretas; no, Sr. presidente, no sou nem
contentou-se com a prohibio geral das leis do posso ser. tendo a ventura ae viver presentemente
reino sobre associaes oceultas; mas quando mu- em um paiz li\'re; eufallo smente contra a des-,
,dou o seu assento para o .Brazil at pareceu tole- proporo das penas impostas no precitado alvar,
ral-as, sujeitando-as uni.camente s vistas da policia, fallo .contra essa ql1e a legislao philo-
e consta-me que Sua Magestade o Sr. D. Joo VI ti- sopluca tanto condemna, e com razo.
nha perfeito conhecimento dellas. Porm os acon- Hoje um principio geralmente admittido que
tecimentos de Pernambuco em 1817, e os de Lis- as penas devem.ser proporcionadas aos delictos, por
boa, assustro o go.erno e o determinro a pu- que do contrarIO suceede ou darem-se a cada ins-
blicar o faanhoso decreto que fulminou contra tante bofetadas como em .Roma, s porque a multa
ellas penas de confisco, proscripo, infamia e mor- era pequena, ou levantarem-se cro.zes ao mais :pe-
te: e presumo que a inaptido mais do que a per- qu.enC? aCeno de olhos. Nesle s_egundo caso est o
versidade do niinistro prodo.zio aquelle decreto, por al\ara de 30 de Maro; nau ,?de deixar de ser
no que. o dos povos, revogado. de malS a que approvan-
.procurao estes na reacao o maIS prompto remedio proJecto podemos desde Ja concorrer para
dos seus males; mas pouco foi preciso para o go-' o allino de alguns <{lIe, dizem, esto
verno reconhecer os erros dos seus passos pois prezos em. c0!1
se
quencla do menciOnado alvar, e
apenas ero passados dous, annos e tantos thezes Isto por SI so era basta!1
te
para me estimular a
rompeu a revoluo. em Portugal, e ento se vot8.! em favor deste proJecto. Estes so os meus
que nada ...alem ordens leis nem cadafalsos contra sentll1lentos.
a opinio geral. " O SR. Al\"DRADA. E SILVA :-Confessando que o
Neste alvar o go.erno, com .grat.ui- alva.r de de Maro de 1818 abso.rdo e barbaro,
tas, estabelece penas contra crlJDes lJDagmarlOs, 'I fareI todaVIa algumas reflexes sobre a proposta do
.contra crimes -que quando muito poderio existir na Sr. Rodrigues de Carvalho. Eu assento que manco
inteno,_e penas e penas barbaras, con-I este projecto, e parte desnecessario.
tra elles e o malOr dos absurdos. \ Em lo lugar nao creIO que esses homens que esto
A' vista disto parece-me assaz precisa a provi-, prezos o fossem por macons ou por membros de
dencia do depois do .1
0
artigo, que i qualque.r outra sociedad secreta, antes creio e te-
o referIdo alvara, eu no 2
0
a an- i nho mUI f?rtes razes para crr que foro prezos
nulaao dos .processos pendentes, tive em os I' por suspeItos, e pronunciados por quererem entrar
de alguns. cldados actualmente prezos, em cujo em conspirao contra o systema do Brazil e contra
f.avor queria remover o embarao que poderia fazer Ia publica. '
o alvar para julga- . Alem disto, Jlor aquelle alvar no consta que
dos. o 3
0
nao e maIS que cautella i Julgado nem em Portugal nem no
com eu mostrar que a assemplea no ap- , tal e a sua .confuso, e a absurda despro-
as I?-as que tambemIporao de que faliou o illustre preopina.l.te, entre
nao coarctarla a do Cldadao a respeito, !o mero facto de reunio de pessoas e as mais
quando taes socIedades fossem conheCIdas do go- Igraves penas. DIgO por isto, que desnecessario
,verno, e formadas para fins louvaveis e patrioticos.1 Agora direi que manco porque o autor falia,
Mas no p3!a a:gora tratar por miudo.da materia, !sem distinr:o de sociedades secretas.
ter mdicado geral os motivos que me I Eu Jlassel, Sr. presIdente, a maior parte da m-
levarao a propr o proJecto. Inh8; na Europa, at mim, proprio.
, .0 SR. MONlZ TAVA.RES :-Sr. presidente, sem me I a destas e aSSllD como estou
envolver por agora na grande questo da utilidade Icapacltac!o que ha lDnocentes, de outras .
ou inutilidade das sociedades secretas limitar-me-! seI q:uP. sao e as quaes no ha
hei to smente ao que o regiInento p:esereve con-I seja severo. CreIO portanto que o autor
em geral as vantagens' que offerece pro-! era exphcar-se p.o lei em
'Jecto <!ue se acha em discusso. Exaininando-o com l:li a!1 alIas ficara
attenao eu descubro que o seu illllstre autor temI. dos carbonarlOs, radicaes,_
por fiin primeirainente revogar o celeberrimo alvar i JardineIrOs e mUltos outros que tem desordenado e"
de 1818; se pde considerar! densanguentado a Europa, e ameaoo socego
IDalS'Justo nem lD8.lS necessarlO. ' I e.todos?s povos, e l; dos governos;
, Custa a crr, Sr. presidente, que no seculo XIX I umaleglslaao semlhe
apparecesse um to extravagante alv: C ta' , porque nem as nossas o.rdenaoes se refe-
- ar : us, rem em lugar algum a taes SOCIedades secretas e
mesmo a conceber houvesse homens to dege-' por issoo'conhecer dellas tem 'd t 'd
nerad,os que I Os barbaros do competencia da policia,
da nao legISlarao de semelhante maneIra. : lada entre ns que no mais, pr via de regra
SESSO EM:.17 DE MAIO 1823
63
uma especie de Quanto ao argu- impunemente, e de vingar-nos de quem nos insul-
mento que se. lira da barbandade das suas penas, tou, faltando-nos justia.
direi que ento deveremos.pela mesma razo abolir Osegundo fim das penas, a viIiglmca da autori.-
tambem o livro 5 das ordenaes, pelo qual julgo dade olfendida, est hoje riscado pelos criminalisfas
os juizes, no obstante o rigor de suas pbilosophos; elIes conhecro que a lei no devia
Nada direi do 2<' a...-tigo porque o ccnsLero intei- I ter as paixes do homem, e j Plato assim pensou,
ramente absurdo, pois nenhuma lei pde ter etreito pois excluio a vinganca d'entre os fins legaes como
retroactivo, e porque no pde por ora discutir-se se deprehende do seu' Go-rgias.
o projecto por artigos. Comtudo, louvo e approvo a itlas se no ha alguma, se no ha poder
humanidade do illustre autor do projecto, e no que que queira se lhe impute a barbara preciso da
disse s tive em vista declarar a minha opinio. porm certo que todo o poder quer 'a
O. SR. Al\"DIUDA MACHADO :-Sr. presidente, eu e isto o que ,constitue a m-
hei de cinm-me ao reaimento sem diverm como tenal das Esta vana segundo os diversos es-
o nobre deputado, a desde j a dos tados seus gros idaS
artigos; o que me cumpre debater to smente dos e situaao poder. .
se ou no conveniente a abolio do alvar de 30 Ns nao estamos tempos,. em a
de Maro de 1818, se em geI:al, e se ao menos mor.te de um chefe amquillava o pa;rtldo; nao '
na poca actuaI, porque uma deciso no implica pumndo um ou o.utro membro secre-
a outra. tas, que consegUIremos destrUIr estas sociedades.
Sr. presidente, no posso deixar de patentear a mister em lPassa,. assassinar
esta assembla o etreito que fez sobre mim a lei- em monta!l.todos os. associados as s.e-
tura do facc"lIlhoso alvar! Steterunt COl/lIP-, et 'ror cretas. E e Isto possivel, sem convulsoes que arrlS-
fauC'tous hesito ' quem a do poder, que o intenta, e assim
Pareceu-me vr nelle os ultimos arrancos do as- se venha a destrlllr o me5mo fim. que se buscava?
sustado despotismo, que certo de. largar para sem- Uma ligeir?- nsla de olhos comparativa sobre o
pre o ensangueutado assento, que para desgraa do estado da sociedade nos tempos antigos e nos mo-
Brazil tanto tempo occupra, queria ao menos na demos, dar a resposta apropriada.
sua quda rodear-se de cadaveres e de sangue. Antigamente o homem do povo era um ente roi-
Taes ero os fins desse parto da callejada insen- seraval, profundamente incognito, mais fraco, mais
sibilidade a embotada inte11igencia, ou antes per- isolado do que o magro arbusto que definha no
feita imbecilidade de um ministro; que com inde- meio de corpulentas arvores; sua morte no tinha
leveI vergonha do Brazil enchovalhou por algum mais importancia que' sua vida; a sua sorte no
tempo os seus fastos ministeriaes. se ligava a cousa alguma; ninguem se julgava
Ser o meu fim mostrar q.,ue elIe injustissimo. com{lfometlido pelos Inforlunios que a multido
e paraisso remontarei aos tins das penas, e pro- sotrrla.
vada a sua inj ustia seguir-se-ha a necessidade da Hoje tudo mudou; no ha uinguem to elevado,
sua abolio pelos representantes da nao; afinal que as vozes debaixo lhe no cheguem aos ouvidos;
far-me-hei cargo de alguns argumentos, com. que no ha ninguem to forte que os perigos dos fracos
se. pretendia questionar a utilidade do projecto. o no posso ameaar; ninguem ha to isolado
Tres so, segundo os philosophos, os fins das que no tenha que temer ou esperar daquillo que
penas. Um, o castigo e correco do criminoso, ao se passa em torno dclle. Como, pois, aniquillar so-
que os gregos chamo nouthesia ou colasis ou pa- cieaades compostas de homens, que se ligo e
rainesis. Outro, a satisfao ou vingana da auto- apoio, sem que a mais decidida averso contra o
ridade otrendida a que chamo timoria. E oterceiro, poder nascesse, e se fixasse nesta sociedade electri-
o exemplo dos outros, o qual denomino paradei- ca onde tudo se sabe e se propaga? Sem que o pe-
gma. Tres 'so tambem as condies da justia cri- rigo que se tinha em vista remediar crescesse em
minal para se dizer tal, tres os caracteres que se vez de desapparecer?
devem encontrar nas aces que ella condemna e Passemos ao terceiro fim das penas, a exemplo
llas penas que impe. . dos mais. Este tambem se no consegue pelo bar-
Ora, a todos os fins das penas, a todas as condi- baro alvar. Quando vemos nossos semelhantes so-
es da justica criminal, falta o detestave! alvar. frer por cousas, que com difficuldade extrema ns
No consegue o primeiro fim, porque impe uma mesmos evitariamos, os vemos sotrrer por
pena como a capital, que anniquilIando o soffredor actos de cuja criminahdade no estamos convenci-
acaba a. possibilidade da correco, ou se impe dos, o exemplo esla lio nos d ou a efficacia.
menor, aindaassim to desproporcionadb., que no moral da pena, e nuHa. Eis O' que succede no cas-
deixa aps si outra cousa mais que o resentimento. tigo cruel das sociedades s porque so se-
Quando nos convencemos da justia da pena, po- eretas.
demos abaixar-nos a reconhecer a razo punitiva, A propenso que tem o homem de querer sobre:.
embora o contrario affi.rme Godwin na sua-Politi- sahir aos outros em illustrao invencivel ;. o
cal Justice-; mas quando sentimos, que se nos alistamento nas corporaes que aprego possuir
faz otrensa punindo aces que no so criminosas luzes desconhecidas aos mais homens e natural, e a
ou mesmo punindo as criminosas de um modo des- lei que {lune uma tendencia natural se nos antolha
proporcionado sua criminalidade, o sentimento como lei injusta, e obra sobre ns to smenre
que nos resta depois do castigo, a colera contra pelo medo do castigo; mas o fim principal que
a crueza da lei, e seu executor; sentimento este fazer detestar o crime, nop6de eXistir porque no
que no conducente para a reforma; toda a nossa cremos no crime.
dignidade se revolta contra a oppresso ;se a pru- - De ordinario as leis no tm, nm de.em ter,
dencia nos aconselha evitar o acto, para escapar- nada com as crenas; ellas mesmas no so seno
mos s consequencias que delle podem vir, s a sancco das crenas publicas' applicadas aos ho-
emquanto dura a impossibilidade de o fazermos I mens que as infringiro; mS prtilhando-as.
64
.c;.> ..
SESS:{J;"EM 17 DE MAIO DE 1823
A pena suppe crime; no a Mas demos que fosse ento escusavel a lei contra
o, desapparece a sua efficama os homens o que acabo de provar, contina ainda a se-lo?
que penso como o que so1fre, Julga.0 que houve creio que n!nguem o dir. -
,injustica no castigo, e .tal deve ser o effeito que a ' E' mister que demo.s, no d3:
pena produz; elia os irrita e. confirma-os na sua uma prova de respeIto l1lreltos CIVIS ao po\',
opinio em vez de a do que, para criarmos a confiana que em ns deve
'mais do que antes e VaI dD:ectamente ter, veja a justia com attendemos a remover os
de encontro a uma parte aos seus deslgmos. de que se queIXa. '
Moralmente fallando ha duas cousas a considerar Mas.djzem alguns dos nobres preopinantes que
em toda a aco: moralidade .do acto em si, e 'no precisa a abolio da lei porque ella se no
moralidade do agente. A moralidade do acto de- pz em execuo. A no execuo da lei traz com-
pende da sua comormidade com as leis eternas da sigo a ida de fraqueza de governo, v-se a pena e
verdade da razo e da moral; a moralidade do odia-se a lei que a impe; e quando elia seno exe-
agente na inteno, isto , na ida que elIe cuta, no se agradece a indulgencia, que.se attribe
concebeu da moralidade da aco, e na pureza dos fraquezae no bondade. .
motivos. que o decidiro a fazel-a. Ora, o acto de Demais, emquanto a lei acerba deve existir
pertencer a uma sem outra qu3:- o susto no corao dos cidados; elia a espada
lidade aggravante. jmalS por mnguem ser conSI- ferrugenta e embainhada, que a inimisade, a vn-
derado como contrario s leis da verdade eterna, e gana e o odio podem, a seu arbitrio, afiar de novo
ser, quando muito, crime legal; as inten.es, e brandir
h
sem perigo seu, ontra os objectos da sua
pois, pOdem ser e faltar . os dous m- averso. ror fim conservar leis que sabemos no
gradientes que constItuem a cnmmalidade da ac- sero executadas, propagar a immoralidade, e dar
o e que justifico a sua prohibio pela lei. ansa criminosa discripo dos magistrados. Elles
Est, pois, visto que manco o alvar em todos so servos da lei, so seus executores: se a no
os fins das penas, e no conseguindo algum delIes, executo culpados. Ida tristissima I Po-
segue-se a necessidade da sua abolio. Accresce dem os magislrados,faltar aos seus deveres a seu
que as tres condies da justia criminal se no bel prazer'l No de certo; emquanto a lei est em
desempenho nalIe. Nos actos por elle punidos to vigor devem applica-Ia; se elIa injusta devemos
sevra e desproporcionadamente, no se verifica revoga-la, ns que o podemos fazer. '
criminalidade real rigorosa, como j demonstrei, Disse .um ilIustre orador que a abolio era ne-
nem mesmo:perigo social, tal gue ao menos jus.ti- cessaria, porque no auxiliava os prezos quase con-
fique to acerbas e at nunca o s pengo tava assim remediar, por se no acharem compre-
social basta para imp:r to duras penas aos actos hendidos nos que elIa castiga. Muito bem;
que o excito, como aos crimes em que domiuaa basta 'que lhes no faa mal a revogao; a razo
perversidade. ' que apadrinha a abolio no a sua applicao
Oprigo social uma ida complexa, possivel aos prezos; a injustia. da sua sanco
reflexo, que no desperta no homem a antipathia que no quadra com o systema liberal que ailo-
expontanea e violenta excito os crimes ptmos. '
versidade: nenhuma' leI pde fazer Allegou-s tambem que o projecto era manco por
dos homens a justia de. uma pena senao B:vahe que havendo sociedades simplesmente secretas e
principalmente pela graVIdade moral do- indiflerentes, outras hvia nocivas- ordem social,
uma justia que exacerba a penaem razo do pengo que' ficavo tambem sem, sanco penal e como
SQcial quando a criminalidade moral fraca ou du- permittidas,' uma vez revogado o alvar. E' facil a
vidosa prenhe de injustia, e seus effeitos resposta. '
saber sua impura fonte. . Quando as sociedades secretas se tomo em con-
Quanto efficacia da pena j mostrei que nem a venticulos de conspiradores, ha 'leis no' nosso co-
material nem a moral podia conseguir o lvar. Se digo contra conspiradores, e ns, revogando este
pois, o alvar injusto cumpre logo aboli-lo. A in- injusto alvar, nem por issorevogamos as ordena-
Justia nunca aproveitou a ninguem, embora se es que regem este Imperio. Accresce que no
separe o justo do util, embora se creia. que 1J.!D proprio para ala discusso; na 2
a
eu considerarei
s vezes opposto ao outro; para lDlm nao as lacunas que me parece haver no- projecto, e bus-
existe utilidae duradoura seno na justia, e carei suppri-Ias; se que as leis existentes no
como Aristides a julgo dalIa inseparavel. Sei basto, como creio provavel. t as sociedades se-
que pde haver utilidade de circumstancia, e que a cretas simplices, nem por isso <Iue voto pela revo-
lei que 9ra tanto detesto, podia ter sido util no gaco do lvar, as, exclo do alcance dalei.
,tempo em que foi feita; .a fora do era :pe- toda a associao sem conhecimento do governo
quena, as foras aggresSIVas grandes; a UOlca trin- prohibida por direito portuguez, embora no seja
Cheirada fora publica podia parecer censistir na a prohibi9o. arompnllada de pena, determinada. ,
aspereza das penas contra os ataques at presumi- Todos os JurIsconsultos sabem que um act vedado
dos. Mas preciso conhecer bem pouco o corao quando a lei lhe no marca a pena, fica esta ao ar-
humano para fiar tanto da dureza das penas. bitrio do julgador.
No meio de leis barbaras puloe crescem de dia Acrescentou-se mais que se a s barbaridade das
em dia os delictos stigmatisados por essas mesmas penas nos apontava a revogao do alvar; revo-
leis; so eUas as que gero a impunidade, e est. o gar tambem deveriamos toddo liv. 5 das ordena-
crime. A humanidade oppe-se execuco qe leis ?es, se contm o 'nosso sanguinarlo co-
'que revolto; preferem-se os sentimentos de ho- digo cnmmal. ,
, mem aos deveres de juiz ; e o legislador que pro- .Ah I Sr. presidente1porque no podemos de um
mulgou leis barbaras commetteu um crime inutil; golpe abater todas as leis de sangue que testemu-
a certeza do castigo, no a sua dureza, quem Dho nossa antiga barharidade, desabriremGs mo
impede a commisso do acte> vedado. desta ou daquelIa' ref(lnria que mais insta, e que
SESSO EM 17 DE MAIO DE 1823
"65
sem perigo podemos encetar? Cuido que ninguem
o aflirmar. .
Voto, pois, que passe 2
a
discusso o projecto,
afim de revogar-se o detestavel alvar de 30 de
Maro de 1818. Chamemos por este acto meritorio,
por esta. eA.l'iao das eruezas do que"
pirou, as bencos do co, que s6 nos sera pr.OplClO
se acabarmos"as ms artes e instituies oppressi-
vas sob que gememos, como se exprime Metello o
Numidico : Quid ergo ns a lJis immortalibus
diuntius que nisi maZs rationibus
finem {acimus? isdem Deos propicias esse requum
est; qui sibi adveTsarii non sunt. Dii' immorlales
'Virtutem approbare non adhibere debent.
O SR. CARNEIRO DE CAMPOS :-No preciso of-
feiecer gtande cpia de argumentos para conven-
cer a esta augusta assembla da necessidade ur-
gente de reparar perante o mundo illustrado a
honra nacional, maulada por uma barbara,
monstruosa e to deslocada .do seculo em que vi-
vemos. .
Parece incrivel, senhores, que no seculo XIX,
depositario de tantas luzes, neste seculo em que
se acho to diffundidos os luminosos principios do
direito criminal, e em que so to vulgares as j)re-
ciosas obras de Beccaria, Filangieri, Brissot, Pas
toret, e outros valentes defensores dos direitos da
humanidade, se dsse t,? pouco apreo ao sangue
e vida do homem que tIvesse lugar e apparecesse
para desdouro nosso, publicado no Brazil o alvar
.ae 30 de Maro de 1818, como apotheose da crassa
ignorancia do seculo Xl Phenomeno to extraor-
dinario s6 pde ser conciliado com a natureza do
governo que o produzio. O governo absoluto, arbi-
trario e despotico, faltando-lhe as bases solidas das
instituices liberaes, e o apoio da razo por sua
natureia fraco e receioso. .
Por mais raras e imminentes que sejo as virtu-
des que. adorno o monarcha, que o preside com to
extravagante instituio elle jmais poder contar
com.o amor, e expontanea obediencia dos seus
subditos, antes ver sempre sobre si pendente a
ameaadora espada de Uamodes; seus ministros
mais interessados na conservao integral dos pIe-
-DOS poderes de que dispoem a seu bel prazer, do
que em corrigir o vicio radical de semelhante go-
vern9, offerecem a mais dura resistencia quellas
reformas que firmario o throno no corao dos
ppvos, e intento defende-Io pela fora, por violen-
ela e pelo terror; pouco escrupulosos na escolha
dos meios de que podem lanar mo, no respeito
a liberdade civil, nem as justas propores entre as
penas e os delictos umas vezes erigcm em crime
as acces as mais innocentes, outras vezes do
um cracter de atrocidade postia aos mais leves
crimes, s afim de lhes poder applicar os mais
sevros castigos: elles caminho directamenteaos
-seus fins, s trato de defeuder opoderio de que se
acho empossados, e o defendem pro ars et {oeis;
foi nestes termos, senhores, que no reinado do
mais benefico se concebeu- e se promul-
gou o sanguinario alvar de 30 de Marco de 1818.
Ninguem certamente poder disputar sociedade
civil o direito de previnir por providencias anteci-
padas aquelles acontecimentos, que podem. pertur-
bar .e transtornar a ordem publica; porm este
direito por mais sagrado e connexo com a exis-
tencia e segumnea da sociedade nem por isso
to illimitado qu no deva ser rigorosamente ad-
stricto a probiDir ou smente aquellas ac-
es" ou estabellecimentos, que podem como causa
ou produzir os perniciosos successos
que se mtellto mventar, nem tambem o seu exer-
cicio to absoluto que no deva ser re"'ulado
maximas CIU:.e .aconselh_o a justia e a huma-
rodade para a deVIda proporcao entre os meios da
defeza, e o perigo que se receia.
Bem que eu esteja convencido que com grande
falsidade se attribuem s sociedades secretas todas
as convulses que tem soffrido a Europa nestes
ultimos tempos: todavia no as quero justificar,
antes as contemplo como um bem uzado meio
para se combinarem, ageitarem e organisarem con-
juraes contra o governo; tambem no posso af-
firmar que as instituies de todas se dirigem to
,eerverso fim, pois algmnas ha em varios estados da
Europa, que se no so protegidas pelo governo, so
ao menos toleradas e conto entre os seus membros
prncipes e principes soberanos, assim como outras
gracades personagens. bem interessadas na manu-
tenco da ordem publica. -
Mas, sejo nocivas ou innocentes, pouco importa
pa.ra o nosso assumpto, listo que o projecto li-
mIta-se to smente a reprovar o alvar.de 30 de
Maro de 1818, pela barbaridade das penas e nesta
parte tanto convenho com o illustre autor do pro-
jecto, que no s a1Ilrmarei que semelhante alvar
barbaro e sanguinario, mas tambem que mons-
truoso e absurdo.
Bastante e mui bem se tem demonstrado quo bar-
baras so as penas que formo a sancco' deste al-
var, e para nos convencermos bem disto ser suffi-
ciente a reflexo de que no ha proporco alguma
entre o ser membro de uma socied.ade'prohibida,
ainda que esta tendesse a fins nocivos, e o atten-
tar contra o Estado ou seu chefe. Os males que
resulto do primeiro facto, jmais podem ser equipa-
rados aos que a nao recebe do segundo.
No primeiro facto o mais que se pde considerar
uma inteno perniciosa, um perigo para o Esta-
do; no segundo j apparece 'executada a intenco
malvada; portanto ainda prescindindo da injusta ge-
neralidade com que so ni-eladas todas as associa-
es secretas, barbaro, execravel applicar ao cri-
me de inferior graduao na escala dos crimes, as
penas que_ um codigo, alis barbaro e sanguinario,
tem destinado para o maior dos crimes, o crime dos
crimes, !lue abalt a sociedade em os ses funda-
mentos.
Na verdade, senhores, s a tyrannia, confundin-
do palavras e idas as mais claras, podia earacte-
risar de crime de lesa-magestade, o simples facto
de se havr alguem constituido membro de uma
sociedade secreta de qualquer natureza que ella
seja, intervir nas suas sesses, assistir recepo
dos seus membros, convidar alumnos, etc. No
isto fazer victimas por um simples abuso de pa-
lavras '1 - ..
Mas no s barbaro e injust.o este alvar, elle
traz comsigo o mais assignalado cunho do absurdo,
quando se considera que em vez de obstar ao Cl;IDc
que se propunha evitar, o promove : com
se pelo simples facto de ser membro de uma so-
ciedade secreta, j qualquer se acha incurso nas
penas do crime de lesa-magestade, fica este crime
sem sanco, e por isso facH. a passagem do crime
inferior ao maior, em:que nada se arrisca; pois
se augmenta a pena. .
Tal a marcha' natuial que as mesmas leis
movem todas as vezes que se propoem acorrJgJr
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SESSO EM 17 DE MAIO DE '1823
com as mesmas penas crimes de 'diversa graduaQ. As sociedades secretas so' to ms em sua es-
Quantos assassinios no tem produzido .a pena de seneia, como o so as sociedades publicas; todas
morte imposta ao simples 1. ellas so instituies indilferentes para o bem, e
Se o ladro, s pelo furto, Ja se acha mcurso na para o mal; a differena que ha entre umas e outras
pena de morte, deixar elie de assassinar ao mise- que as primeiras tem pessoa moral podem
ravel a quemronbou, quando tendo maior pena obrar em corpo; entretanto que as outras nao poem.
se poder livrar de um persegUldor? . ter representaco politica,e esta toda quanta pena
Por estes principios o I?rojecto lhes pde impr o legislador.
segunda discusso, e ento ID.a1S Dir-me-ho que o que se faz em segredo no
mente trataremos de cada um dos seus artigos; mas bom; miseravel sophisma, contra o qual se podem
desde j confesso que no acho pezo na reflexo do apresentar muitos argumentos praticos 1
illustre preopinante, que o combater recorreu A sociedade dos Jesuitas era approvada pelo. go-
barbaridade do nosso COdlgO penal. verno espiritual e temporal, comtudo abusou, se
Sem duvida, senhores, o livro 5 das nossas orde- verdade o que della se diz, e foi extincta pelo mesmo
naces barbaro, sanguinario, deve ser abolido, mas governo que a tinha approvado. .
n deve ser j, porque no basta aboli-lo preciso Osegredo a pedra angular e principal funda-:-
substituir-lhe outro codigo penal, e esta tarefa no mento de muitas instituices. . .
. de pequena monta, .exige muita meditao'e muito O Evangellio, por exemplo, nos ensina que faca-
trabalho; o nosso principal ohjecto a constituio mos a esmola e todavia occultemos a nossa mo
do Imperio, e tambem as reformas urgentes e.in- bemfeitora que a d.' Muitos homens inflanlmados
dispensa,eis; ns no podemos abranger tudo; po- do zelo da caridade cbrist, e seguindo esta maxima,
.rm, porque..llo nos possivel cuidar no codigo por ventura pretendem bem fazer a humanidade
penal, deixaremos de ir abolindo ou reformando al- com uma successiva receita; unem-se em segredo
gumas leis, que nos pareo mais duras e mais para, com moocculta, soccorrer ao proximo, frmo
contrarias ao systema liberal que adoptamos '/ Nin- uma sociedade ad hoc, e qual o seu fundamento '!
guem certamente o affirmar. O segredo da su obra. E esta sociedade porque
ConsiderQ com a mesma fora quanto se .tem dito secreta poder-se-ha dizer. que r m? No certa-
cerca do etreito retroactivo declarado no 2 artigo mente,
projecto verdade que !1eJ!h!lII1a lei deve ter ,Por outro lado, um principio de jurlsprudencia
etreIto reLroactlvo, mas este prmcIplO, que eu reco- nomothetica,. que sempre m lei, que por sua
nheco quando se trata de' mandar ou prohibir al- natureza nopde preencher o seu fim. Ella mostra
gunia cousa, no pde ter applicao quando se a importancia do legislador, e tal a condico do
trata de abrogar uma lei como barbara, e injusta. alvar de que tratamos. '
Quando a lei ordena, oul prohibe,{seria injusto Quem me pde probibir a mim ou a outro qual-
reLrotrahil-a para o tempo em que elia no existia, quer que em sua casa 'd uma partid, d um ch, .e
pois seria considerar existentes obrigae:> em tempo que depois delle obre em compromisso com os
que realmente no existio : no assim no caso correntes? .Ninguem certamente. A lei fica porta
que tratamos, porque considerada a_lei barbara e da casa do cidado, e no pde influir no interior
injusta, no a podemos reputar seno uma lei nulia, della, e vem assim a ser ineflicaz e impotente a reg.;
e nulios so, por consequencia, os processos que peito do fim que se prope. .
della se derivar; portanto, se existem alguns O SR. RODRIGUES DE CARVAI.HO: -Peco a pala-
ainda pendentes, devem ficar sem etreito, como se- vra.. Quando propuz este projecto no xpendi ra-
no tivessem existido, e vem a ser este etreito re- zes sobre os etreitos das sociedades secretas, por
troactivo uma verdadeira reslituico, cuja applica- que no era esse o meu objecto. Delle mesmo se
o mui diversa e nada tem de ommum com as v que no tratei da questo de approvar ou desap-
leis que ordeno ou probibem. . provar essas sociedades, mas snlplesmente da bar-
})el0 que diz respeito s ponderaces cerca do baridade do alvar, pela qual entendi que devia-ser
art. 3 eu tambem convenho que.este artigo deve revogado. . .. .
ser reformado, porque fazendo sUDsistir a prohibi- Se ha motivo- 'parareprovar esta ou aquella so-
o das sociedades secretas depois de ,abolidas as ciedade, e se sabe que existe entre n6s, fulmine-se
penas a que estavo sujeitas, no lhes substituindo contra elia penas competentes, eu no me opponho,
outras penas, fica a'prohibico sem sanco, e a lei mas, torno a dizer, no me propuz legislar sobre
imperfeita. .' . sociedades secretas:
.0 SR. SECRETARIO FRANCA. :-Sr. presidente, leis Pessoa mui respeitavef me disse que apparecra
ms so a peior sorte que 'ha de tyrannia, princi- agora na Casa da Supplicao o referido alvar;
palmente em materia crime. Muitos legisladores pergunto eu agora: se eu fosse juiz, e ali tivesse de
gostro do assrto theologico - alia su-nt mala a!guns ;ros que se achoprezos nesta
guia prohibita se alia sunt prohibita quia '1Mla- CIdade, que haVia de .fazer" Tinha s um subter-
sem reparar na difIerena que vai de legislar para fugio, e. era que esta sociedade se no. podia' julgar
-o fro mterno ou para o fro externo; daqui nasce secreta, porque era conhecida do governo, . e nella
esse monto de leis inquisitorias, que erigindo em assistio as primeiras dignidades do Imperio; ms
crimes os actos indifferentes ,do cidado, acabo de isto no razo de juiz; quando a .lei est presente
perder o da dos povos. . . do seu dever aJlplical-a. -
l!I?-a leI CIvil, nada maIS do que uma medida Quanto ao etreIto l"etroactivo, que o illustre pre-
politica ordenada a .promover um bem, ou a reno- opinante o Sr. Jos :Bonifacio considerou absurdo
'var um mal n3t sbcIedade. Actos indifferentes no digo qae longe de o ser, a justia o reclamanest
p!'dem ser de leis .penaes: a lei que as pro-' caso pois nada vejo mais justo do que suspender 'a
hibeataca directamente a liberdade civil do cidado; uma lei que se reconliece barbara e
e alvar de 30 de J\laro de 1818 contraria aos principios de direito, donde se' segue
SUjeIto discussao. ficarem nullos os processos que dellas se .tiverem
SESSO EM 17 DE MAIO DE 1823
67
,
derivado. Portanto, revogue-se o alvar e legisle biamente discutida, seno assentasse que devia
depois a assembla bem lhe parecer. fazer a reflexo seguinte.
O SR. ANDRADA. E SILVA. :-Pelo que tenho ouvido . E:u. ouvi dizer nesta assembla que esses
nesta assembla Pll!:ece suppr-se que eu disse que mdiVlduos "que estao prezos, o foro por suspeitos
o alvar de 30 de Marco era um chefe d'obra quan- de a ordem estabelecida,
do pelo conirario o considero:va absur- mas se a"sua pnsao teve orIgem por se tramarem
do e barbaro. Disse que jillgava manco o projecto e a segurana publica em so-
as razes' em que me fundei ainda as no vi des- Cledades secretas, pode ser-lhe applicado o alvar
-truidaS; mas no conclui disso que devia subsistir de 30 de l\Iarco de 1818, e como elle impe penas
o alvar, nem eu o podia -fazer depois de lhe ter barbaraS', nada'ha mais justo do que aboli-lo.
chamado tyrannico e injusto. Disse que era manco O SR. CA.l\NEIRO DA. CUNHA.: - Nada tenho que
"-o projecto porque abolia uma lei sem lhe substituir accresc!3ntar ao que expendido sobrao projecto
outra, e este meu argumento subsiste, apezar de ter tantos preopmantes; mas, todavia, alguma
.dito um dos illustres preopinantes que tinhamosleis cousa direI sobre o que avancou o Sr. Jos BOnifa-
sobre esta materia, pois eu no sei quaes sejo, a cio disse que o governo d:via examinar qual
no serem as da policia que deixo tudo ao arbit'-:.io era a socIedade boa, e qual a ma, "donde se segui-
dos " 'ria que a seu arbitrio ficava proteger ou
Sr. presidente, eu fallo pela ultima vez, e digo var a que lhe parecesse.
que o motivo porque mais se ip.cillca a necessidade O S A S
desta le.i inteiramente. imaginario; nin::ruem est R. "'"'nRADA. E ILVA. o interrompeu dizendo:
Eu no. fallei nisso. .
prezo por pedreiro livre; procedeu-se devassa
para saber quem conspirava contra a ordem estabe- O orador continuou :
lecida ea causa do Brazil; e nem creio que haja Eu estava persuadido que o tinha dito; mas pas-
. magistrado to falto de senso commum que jillgue a out!O ponto. O mesmo illustre preopinante
por tal alvar. Tambem no disse que no se abo- dIsse que mnguem estava prezo por maconaria;
lisse; e seno gastei palavras com isso, foi por mas eu sei que o juiz da devassa pergunto se ero
no entrar em lugares communs: basta le-los para pedreiros livres; logo, disto resUlta a duvida em
se vr que contrario a todos os principios de ju- que e em que estaro muitos, "sobre a ori-
risprudencia criminal. gem e fundamento de suas culpas, porque, diz o
O que eu disse foi que o motivo que se dava para honrado membro (que deve falIar com conheci-
a abolico nascia de um fanatismo, porqlle nenhum mento de causa) que sabe no estar ninguem prezo
juiz jillgava :por elle, e que aboli-lQ sem lhe .substi- pox: mas o ministro no in terroga-
tuir outra fel era muito perigoso. torlO pnnclpIa perguntando aos prezos se so pe-
Estamos rodeados, como j disse, de carbonarios areiros livres, isto d a entender que elie se fun-
e de mil Qutros perturbadores da ordem publica, e dava no alvar de 30 de Marco de 1818, e coDio o
cumpre precaver-nos contra semelhante gente; se presente projecto tem por fuii. derogar o dito alva-
os deixamos galgar, tudo est perdido; estes homens r, cuja barbaridade de penas revoltante, voto em
"so capazes de commetter os maiores crimes para do projecto para que passe segunda dis-
que vinguem seus intentos. Eis aqui como eu quero cussao.
que se entenda o que disse. . O SR. ANDRADA MACHADO :-0 illustre preopi-
O SR. ACCIOLl :-Sr.. presidente, eu nada tenho nante a que se refere o Sr. Carneiro da Cunha, no
que acrescentar em favor do projecto, cujo autor o disse que se deixasse ao governo o arbitrio de jill-
digno dos' maiores louvores pelos sentimentos de gar-das sociedades secretas, prque um ab-
humanidade que o. determinro a prop-lo, mas surdo;. julgar delias, modificando ou revogando o
sempre farei 'algumas reflexes sobre o que expz alvar, um acto legislativo qu s6 p6de ser feito
o illustre preopinante. . por n6s. O illustre preopinante, que muito bem o
Assevera elle que ninguem est prezo por mao- sabe? no podia diZer semelhante absurdo; at me
naria, mas por attentados contra a ordem 'publica; admIra que houvesse quem de tal Eu
agora perguntarei eu se o illustre preopinante, que te?-ho bastante amor patrla, e
tambem j foi julgador, fosse .actualmente juiz, e nao deIXarIa passar semelhante'prlDeIpIO.
achasse algum desses ros envolvido no Sr. presidente, todos temos sahido d,a ordem; de-
crime de macon se por essa circumstancia no via unicamente tratar-se se era ou no conveniente
acrescentaria pena, e unicamente attenderia ao abolir o alvar; por ora no no.pertence discutir
crime de perturbadores da ordem publica, apezar por ser contra o regulamento se as sociedades se-
de existir em vigor naquelle alvar? . eretas so o. no innocentes. Na occasio propria
Quando eu fui juiz de f6ra de Cabo-Frio, acaba- mostrarei quanto elias so perigosas, e a;ponta-
va-se de"publicar este alvar, e recmmendou:se-me reI o que parecer acertado sobre esla materIa.
que devassasse e que o cumprisse, e eu- \) fiz em- Se algum illustredeputado acha manco o projec-
.quanto no sal do meu lugar e incorporando o to, conhea que no p6de agora tratar de emen-
seu objecto nos artigos da devassa de Janeiro, dal-o; guarde-se para a segunda discusso; alis
por elie; ora, se houvesse algum male- falla fra da ordem. .
:volo poderia accusar' e O SR. SECRETARIO FRANCA :-Quando' disse que
Portanto,se elie em Vlgor abre a:porta para .as sociedades secretas erooindifferentes tanto para
se f!!Zer mal,.e .por pela necesSIdade de se o .bem como l'ara o mal, no sahi da ordem; disse
abolir, como e mdigno de apparecer em um o que devia dizer. O fim doprojecto abolir o al-
seculo de . . val'.; ora, mostrar que elie prohibio .com penas
O SR. SOUZA. E MELLo :-Quando se prpz este actos indifferentes, dar mais uma' razo para se
:projecto entendi que nada devia dizer, e agoraadoptar o projecto. Portanto entendo qUe fallei
mesmo nada diria, depois de vr:a materia to sa- f6rma do regimento. '
68
SESSO EU 17 DE MAIO DE 1823
QUARTO _PARECER'
TERCEIRO PA.RECER
porque um poVO de uma villapede aabolico de um
tributo.no se segue que se- deva conceder: Perde-se
uma parte da renda com que se conta para as des-
pezas publicas, e havendo este deficit falta-se ao
suppriment deDas.
Fundado nestes principios digo que preciso que
a renda publica dure no estado em que se acha at
quea assembla tome em considerao o systema
total de impostos. Emquanto no converte tis ac-
tuaes em outros mais proporcionados s forcas dos
povos, e mais faceis de arrecadar, conservem-se os
que esto, porque assim. o exige o bem do Estado.'
O SR. ANnIU.DA. :-Concordo com o il..:
lustre preopinante; v pagando, e se houver que
remediar, a seu tempo ns o faremos.
O SR. RmEIRo DE SAMPAIO :-Eu sou deputado
por aquelIa provincia, e no tenho informaces al-
gumas sobre este negocio. Oshabitantes de Campos
entendem que porque no mando os seus enftmos
para aquelIe hospital no devem pagar -o imposto,
mas elles tambem se utiliso de algumas vanta-
gens, como, entre outras, a de ser guarnecida a villa
de Campos pela da Vicloria. Portanto, sou tambem,
de parecer que emquanto seno regula o systema
geral das rendas publicas, devem solfrer este incom-
modo pois tambem tiro proveitos.
Proposto votao oparecer., foi approvado.
SEGUl\"DO PARECER
PJUl[EIRO P.'-RECER
, A commisso de legislao tomando em consi-
derao o requerimento de Jos Fernandes Gama,
actuilmente prezo na fortaleza (la ilha das Cobras,
nada p6de deliberar sobre o seu contedo, sem
que primeiramente seja illustrada pelo governo
sobre a .qualidade do seu crime, e estado do pro-
cesso se o houver, e por isso -precisa que o Sr.se-:-
cretaria da assembla exija da secretaria compe-
'tente as sobreditas illustraes com urgencia, para
serem presentes commisso.
, ' Pao da assembla, 12 de Maio de 1823.-An-
ton.io Rodrigues Velloso de Oliveira.-Jos Anto-
?l.io da Silva lJ/aia. - Jos Teixeira da Fonseca e
Vasconcellos.-D. N1t'TlO Eugenio de Locio.-Joo
Antonio RotIrigues de Carvalho.-Bernardo Jos da
Gama.-Estevo Ribeiro de Re::ende. - Foi
provado.
A commisso de legislaco, sendo-lhe presente a
representao do De. JoLopes Cardozo Machado,
que se diz eommissario-geral e juiz delegado do ba-
ro de Alvaiazere, nas provincias de Pernambuco,
Alagas, Cear e Rio-Grande do Norte, em que se
queua de uma especie de anarchia em que se acho
os boticarios dos sobreditos districtos, abrindo boti-
cas sem serem examinadas e despachando-as nas
alfandegas, vendendo remedios incapazes, autori-
sando-se com a prohibico de taes exames de-
. A commisso de legislao vio o requerimento cretada pelas crtes de Portugal, e em que pede
de Luiz Jos Moreira" e outros moradores da villa a observancia do regimento de 22 de Janeiro de 1810,
de S. Salvador dos t;ampas, que requerem serem continuando elIe no exercicio da sua delegao:
alliviados das contribuices applicadas para a sub- de parecer que o supplicante no pde ser attendido
sistencia do hospital esiabelecido na vilIa da"Victo- na qualidade de delegado do baro de Alvi:azere,
ria, porque no foro ouvidos para a sua imposico que foi physico-m6r, por isso que no reconhecida
e porque se no utiliso do estabelecimento ; e {de neste Iriperio a autoridade do delcgante; mas como
parecer que se no defira por agora este requeri- na representao se fazem lembrados abusos que
mento porque fica o seu objecto reservado para preciso de providencias, parece mesma commisso
.quando opportunamente se tratar dos melhramen- se e!1
c
ro:r
e
guem commisso de saude publica,
tos em geral sobre este e outros semelhantes ob- a que pnvatlvamente pertence semelhante objeeto.
jectos. Pao da assembla, 12 de Maio de 1823.-An-
_ Pao da assembla, 12 de Maio de to,,!io Rodrigues Velloso de Ri-
,tonio Rodrigues VelZoso de OZi'Veira.-Este'Vo Ri- de Rezende.-Bernardo Jos da Gama.-D.
.beiro de Rezende.-D. Nuno Eugenio de Locio e' NUM Eugenio de Locio e&eilbitz.-Jos Teuceira
Seilbit::.-Bernardo Jos da Gama.-Jos Tei:xeira da Fonseca, Vasconcellos.-Joo Antonio Rodrigues
da Fonseca VasconceUos.-Jos Antonio do S'Va de Garvalho.-Jos Antonio da Silva Maia. -Foi
"Maia.-Joo Antonio Rodrigues de Ga'I'Valho. approvado.
.' . O SR. RmEUlo DE NDRADA :-Os moradores da Por occasio de se approvar este parecer, se pro-
villa de Campos pedem ser-desonerados de pagar pz, e venceu como urgente, a nomeaco de uma
:u!Da contribui.? para o liospitl da villa da Victo-commisso qe publica, e que es.ta" propuzesse
,na, do qual, dizem elies, se no utiliso. Estes o).ltra -de f6ra para a coadJuvar nos seus
fazem da mesma provincia; o im- trabalhos, cUJos membros assim propostos'serio
yosto e:nste por um tItulo, por.uma lei, e esta 'as- approvados pela assembla. -
sembla hemsabe quanto delicado, em materia de
;1inanas destruir impostos que sempre tem mais, ou
'menos connexoe ordem no seguido.
que o systema das imposies defei- Sendo presentes' commissode legislaco GS
, tuoso e porisso precisa de legislao prpria; mas requerimentos de Agostinho Jos Coelho ,de M-
. '
O SR. Al'iDRADA. MAcHADO :-No assim.; o il-
-lustre preopinante divagou por f6ra da questo. -O
nobre autor .do projecto s teve em vista abolir as
penas demasiado severas, fossem ou no criminosas
. as sociedades secretas, pois declarou que no era da
sua intenco approva-las ou desapprova-las; por-
tantoteno falIaClo o illustre preopinante dos etrei-
tos que podio ter as mesmas sociedades, fallou f6ra
da ordem.
O SR. SECRETARIO FRANA. :-No respondo por
que j fallei as vezes que me pertencem.
Julgando-se a materia sufficientemente discutida,
propz o Sr. presidente se o projecto devia passar
segunda discusso, e venceu-se que sim.
O SR. RODRlGUES DE CARVALHO, como"relator da
commisso de legislao, disse que ti.nha alguns pa:
receres promptos, da mesma cOIDID1Sso, e com a
permisso do Sr. presidente leu os seguintes: '
SESSO EM 17 DE MAIO DE 1823
69
,
meida, 10o Antonio de Bastos, 1acintho Jos O SR. ANnIWU. lliCHADO :-No me conformo
Francisco, Manoel Antonio de Oliveira e Souza, com do illustre preopinante. Aquella
10s Placido Bittancourt, Thomaz da Silva Alves, e foi creada para facilitar o trabalho; e o
Manoel10s Rodrigues-Guimar,es, prezos na ca- que ella Julgar: que no pertence assembla
da desta crte por terem sido pronunciados em desnecessario que venha ser aqui decidido. A parte
differentes devassas: -. de parecer ({lIe no com- que se julgar lesada tem o recurso de mandar
pete assembla o conhecimento de negocios pen- mesa um segundo requerimento.
entes da inspeco e attribuio do poder judicia- O SIl. TA.VARES: - Ninguem aqui negou
rio, quaes considera os dos supplicantes. que o direito de petio deve ser protegido, nem
Pao da assembla, 12 de Maio de lS23.-An- isto se pde negar. Oque se pretende no gastar-
to'IfioRodrigues VeZloso de Oli'Ce'l.ra.--;:-Esteuo ,Ri- mos tempo inutilmente: ns no estamos aqui
be'l.'1'o de Rezende.-D. NUM Eugenw de LoCtO e para decidir questes particulares mas para tratar-
Seilbitz.-Berna.'1'oo Jos da Ga!l'-a.-Jo.s Teixejra do bem geral. '
-da Antonw da Sdva J O SR. ARAUJO LIMA.: - No se trata agora. de
Antonw Rodngues de Carvalho. - I casos particulares: tratamos de assignar as attri-
FOI approvado. buies da commisso de peties.
O SR. TAV.UlES : - Sr. presidente, creio Quando um cidado requer assembla, porque
que ser muito conveniente que a assembla de- julga que a elia pertence o conhecimento da mate-
cida que pde a commisso de peties deferir ria; se julga mal, ns o devemos e no a
ellas dizendo- no tem lugar- ou - no per- commisso:
tence assembla o conhecimento do negocio -, Nunca digamos que no nos devemos occupar
porque desta maneira roUbo-nos o tempo que nos com negocios de particulares, porque estes nego-
to preciso' para o desempenho dos nossos deve- cios muitas vezes verso sobre os direitos inauferi-
res ; - quanto mais que, a excepo de alguma in- veis do homem, que da nossa guardar
justia notoria, desejaria que no tomassemos co- e defender. Dizer-se que pde requerer de novo e
:Dhecimento de casos particulares. Requeiro, pois. mandar a petio mesa. multiplicar os incom-
que se tome isto em consideraco, resolvendo-se modos s partes, e at succeder que muitas no
que a commisso de peties fiqe com a faculdade usarJ desse recurso :(lor ignorar que lhe compete.
de deferir aos requerunentos que no pertencem Quando- fallei em direito de petio no foi por
assembla. - qe alguem aqui negasse esse direito, servi-me
O SR. TEIXEIRA DE GoUVA :-Como membro da deUe para corroborar a minha o.pinio e.
commisso de peties tambem reque?,o que se mentar o me.u Julgo pOIS.! com() Ja dIsse,
ponha a votos o que prope o Sr. Momz Tavares, que a s deve dar as razoes, e a assem-
"porque no desejamos ultrapassar nossos limites, bla decldlT.
antes queremos ter uma raia que nos marque al O SR. ALENCAR :-No se trata aqui de negar o
onde chego as nossas attribuices. direito de petico, o qual eu tambem confesso ser
O SR. .I.ENCAR :-Eu creio uma das attri- um.dos mais preciosos que tem o Ninguem
da commisso de peties julgar a ma- desta verdade; trata-se to somente de
terIa pertence assembla, e neste caso dirigi-la tempo. se poder attender a esse
respectiva commisso; e outra rejeitar o reque- mesmo d:u-elto dos Cldadaos.
rimento quando julga que no pertence assembla Para que so feitas as commisses da assembla'
o conhecimento delle. So, sem duvida, para facilitai os trabalhos, e di-
_ O SR. ANDRADA MACllADO :-Sou do mesmo pa- o .deliberaes ;. logo a
recer. Oque uma commisso de peties? E' a sao das e feIta o mesmo fim, ISto e,
<Jue d direco s'peties. As que no competem para dar o destino s petl.oes, sem se roubar o
a assembla d-lhe a direco dizendo - No com- tempo assembla.
pet.e - Requeira ao governo, etc. - Se compete Sendo, portanto, este o seu fim, est visto que
d-lhe a direco-A' co:rnm.isso tal. da sua propria attribuio mandar ir embora as pe-
O L
. E tices que no competem assembla, pois que
A SR. a que se jmais ser possivel distribui-las pelas respectivas
de petioes. commisses, quando a sua materia no da nossa
O dir.elto de petlao e um dkelto que todo o go- competencia. Nisto no ha prejujzo algum para os
vemo proteger com desvelio, como '.:lID cidados, antes economisamos mais o tempo para
dos preClosos de se pde na SOCle- podermos attender aos seus direitos.
d.ade e portanto nao devemos ao No de crr, que a commisso de peties
cldadao. quando espera alS:ll!D
a
declsao colhida c:rentre ns, despessa, por maldade ou por
sembla nao s. comoJUiZO da: coml!llsS?-0 ignorancia, peties que sejo de nossa competen-
que de facto _e o JUlZG da cia; isto no possivel moral; mas supponhamos
a connmss.aoa faculdade de regeltar lt- que succede: no resto ainda aos cidados tantos .
os poder succed.er: meios de fazer chegar a sua conbeci-
vezes que pertencer assemblea. mento da assem1>la? No pde c1ingrr em carta
algum cuadao, '?Ontra. empregados ao Sr. presidente ou a qualquer dos se-
sUJeltos responsabilidade, e o que eu Julgo cretarlOs' no pde mesmo entregal-a a mun ou
que devemos evitar. - a outro Sr. deputado?-
Portanto, sou de opinio que a commisso diga Sim, pde; isto facilimo; ns somos do povo,
assembla que tal requerimento no pertence ao vivemos com o povo, nossas casas so d'outros
seu conhecimento por taes razes, e a' assembla tantos particulares, no esto cercadas de
decidir, .pois o juizo definitivo deve ser da as- somos, pois, de ptompto e facil accesso a qualquer
sembla e nunca da commisso. individuo, e portanto nunca as queixas de qualquer
18
70
SESSO EM: -17 DE MAIO DE 1823
Qun'TO l'AaECER
,
cidado deixar?) de cheo<ra.r ao coJibecimento da as-I 'Vincias at final deciso da lSSell\bla, ou empre--
sembla. quando eUe pense qu.e a eanunisso das gar-se no qQe conviesse.
petices no boa a materia da sua proeurad?r-geral de que faDa a
dizendo no competir assembla. ha;, que ser
prejuizo al.:,"1Il. m.esmo foi () qlle eu TI prati- CllJa ca:rreu:a tinha pnnclpIado, e teda a liber-
caI" nas crtes de Lisboa.' daile de, ao ordenado que
E', pois, da attribuiO da!XlmmLc:so de peties pede, digo que a leI nao Ih o d;.a, e que Slla Mages-
despedir aqueUas que nos nao competem; agora. tade. quando decretou que os
porm, se se lhe pretende restringir 011 al- res-geraes, confiou que as provmClas
gumas de suas atttibuices esseneiaes, a a...<:sembla abonados. e que por nao
o pde fazer mas eu o-'supponho desnecessario. - recenao de taes pagas, e nada por lSSO lhes al"bl-
S
d ' d P trou, Voto, portanto, contra o parecer da com-
O Accu)u :-J.....ao ersar e ap misso. -
a oplDlo do Sr. ArauJo Lima, poNUe nunca se dir
que perdemos tempo quando conhecennos da in-,' Sa. .J."mllAD.\. ?lL-lclL\.J!O :-Sua
J
'usuca que se fizer a algum cidado. mUlto.bem ter es...;a ,delIcadeza, pOIS nao
- ., . _.' . I destrulI' a le1, mas podia o que fez, despedir
-4:. a...<:semblea sun nao a VISta f!Ue esses procuradores como enselheil'Os, isto
e:tpoe a c'?lJl!ll!ssao> _tem fmto a obl'lgaao. era da competencia do poder executivo. Quanto.
$e a em CInco, porem, ao parecer da commis...<;o, digo que eUa no
acabe-se em seIS; e o .povo-'. se na pde dar o que a lei no d; esta no arbitrou paga
enganando que a assemblea nao toma conheet- aIgmnaaos procuradores, e como apezar diss9quize-
mento de cousas pequenas e atl'ectas aos ro vir semqueninguemos no tmdireito
poranto, parecer que se SIga a parapedir indemnisao. Se no era rico, noviesse.
OpID1aO do .. r. ArauJo LIma. . O SR, CAlU\"E1RO D.\ Cm.'1U: -Tenho que dizer
Outros deputados amda relativamente ao procurador-geral da provineia da
ves rellexoes a > e por. f!m deCIdio a Parahyba de que se faz meneo no parecer da
que a COmmlS5aO de peboes" alem da -
de para as t:especti'vas com- ' Quando foi nomeado aquelle procurador, o go-
os sobre obJect,os dI) eonhe- vemo provisol"o. tendo em vista as suas cireum-
cnnento da assemblea. a dar o seu pa- stancias, porque elle as representou, conheceu ser-
recer sobre que Julgasse nao pertencerem lhe impossivel fazer as despezas da viagem, e sus-
mesma assemblea. tentar-se nesta crte sem algum su.bsidio da fa..
zenda puhlica.
Ordenou por isso junta da fazenda que lhe dsse
A commisso de \Emdo o requeri- um subsidio de 2008000 por'mez, e levou tudo ao
menta do bacbarel Jos Vieiia de Mattos, pl'OCl.U"<l- r.onbecimento de Sua Magestade para o
dor-geral pela pro\incia do Espirito-Santo, em que allegando que assim praticra porque a faltado'
pede algum suDsidio para sua subsistenca- por se dito procurador no conselho poda ser prejQdicial
achar sem emprego J)uhlico, porque orde- prcvincia que muito esperava da Slla cooperao e
nado, e no tel' rendimentos alguns J>ropl'los; de tinha de encarregar-lhe negocios de considerao;
parecer que este requerimento apoiado pela jus-- e a-pezar de no haver lei que mandasse dar este
tica, e que tendo o suppcante todo o. direito a dinheiro. attendeu-se necessidade do procurador
eXigir Os subsdios necessarios para a sua decente em quem a proVinda confiava, e ordenou-se que se
subsistencia, emquanto- se emprega no servio 'PU-. lhe pagasse.
blico e nacional, deve ser deferido, mandando-se-lbe .Accrescento, porm, que achando-se installada a
satisfazer pelas rendas da pNv1ncia de que pro- assembla, onde esto installados os deputados da-
cllrador-geral, q meSmo subsidio que se assignou e quella provincia, que so os seus unicos procurado-
tem percebido o procurador-geral da prov'incia da :res, no preciso aquelle procurador-geral. Se Sua -
Parahyba do Norte, comeando o seu vencimento Magestade quer que elIe contine na <plalidade
desde a data da sua posse. de conselheiro, contine muito embora. ; mas como
" Peo daassembla, 13 de Maio de 1823.-10S8 procurador desnecessario. . ,
Antonio da Maia.... de O SR. RlBEIllO 1>E .'mJWlA: - No pat'ecer da
%h1.de.-:-D. Nu.no Eugenw de LoC10 e commisso diz-se que o procuradol: allega que se
Antonlo RQdngues de Ca'l'f)alho.-Jose Twct$ra da manra dar um subsidio ao procurador da Pa--
l!onseca Vasc0!l'ceUQs. rahyba, Manoel Clemente CaIvacanti; mas-Sua
O Sa. ll.-n\\.A1')A. E SILVA :-Peo a palana para Magestade no mandou dal: subsidio algum a pro-
.dar assembla> se me permittir, uma illustraco curadores de provincia, O caso do procurador da
como ministro e secretario de estado dos negoc1os Parahyba inteiramente differente.
dolmperio. ' pro'Vincia nomeou o seu procurador, po-
. Sua Magestade queria j abolir por um dect:eto o 'tm elle representou que sim estava promptopara
.eonselbo de procuradores-geraes daprovincia, 'como partir, mas que o no fazia por falta de meios; e' a
talvez iulgava qll6 poderia fazet' por ter sido o Junta do governo assentou que se lhe dsse um
mesmo conselho ereado por elle, como menciGnou quantitativo para -a sua subsistencia ; assIno par-
na falla do tb:tono, e terem cessado os motivos da ticipou para a erte, e Sua Magestade ordenou que
sua convocao, que era representarem-lhe as ne- se lhe pagasse. Porm isto n.o su,bsidio que Sua
eesSidades dos povos. todaVia por delicadeza o no Magestad mandasse dar4he; 'Verificou o que a
fez, _por estar pronma a instllar-se esta augusta junta promettra. . .
'assembla ;. disse-lhes que que quizessem oprocurador de uma provincia necessitada te-
podio retirar-se, com licena. para as suas pro- querell o mesmo a Sua Magestade, e smente se
SESSO EM !o-DE:MAIO DE'18!3 71
Sesso em. :0 ele llaio ele :18:3
Illm. e Exm. Sr.-_4. assemblageral
e legislativa do Imperio do Brazil, querendo decidir
com preciso conhecimento de cau..<:a. o requet'imento
de Jos Fernandes Gama, prezo na ilha das Cobras,
ordena que lhe sejo transmittidas informaes ou
'documentos relativos s causas qne dero
sua prizo': o que V. li'!. levam ao- conhecimento
de Sua )Iagestade. Deus guarde a V. Ex. Paco da
assembla, em 17 de Maio de 1823.-Jos Joquim
Carneiro de Campos.
eleito o padre Venaneio Henriques de Re-
para deputado mesme assembla, pela pro-
\'lIlCla lIe Pernambuco, e no reconhecendo a ca-
mara da cidade de Olinda por autoridade competente
para annullar aqueDa legitima eleico, ordena quea
mesma cama..ra lbp. com a maior brevi-
dade possivel o diploma: do referido deputado Ve-
naneio Henriques de Rezende: o que V. Ex. levar
ao conhecimento de-Sua Magestade. Deus guarde a
V. Ex. Paco da assembla, em 17 de Maio 1823.
-Jos Jo.qn"im Carneiro de Campos.
RESOLUES liA AssmffiLA
PARA lOS BONIFACIO DE ANDRADA E SILVA
lho. mandou. {lacG'lll' o que se lhe devia dos seus em-
pregos. - .
Quanto.ao disse o illustre.preopinante refe-
rindo-se a qualidade de conselheuo> quando a as-
sembla tratar deste objecto, direi os meus
mentos; p<!-r ora fall s do parecer- da COTW}iS."'o,
concluindo que nenhum. direito tem o procurador
da provineia do Espirito-Santo a pedir semelhante
subsidio.
O Sa. lLu..-\. a commisso de legisla-
co disse que o requerimento do procurador se
fundava em justia, teve em vista o principio de
que deve ser pago o que trabalha, e que os que tra-
tialho para o publico, das rendas publicas devem
receber a sua subsistencia. A commisso no quiz
dizer que o requerimentO era fundado em justia
de lei, mas na justica universal que deve ser a
base de toda a lei.
O procurador-geral veio nesta crte
em servio publico, tem portanto direito de haver
do publico a sua subsistencia, mrmente podend()
estar empregado na carreira da ma!rlstratura em
que-tinha entrado. Demais, se a lei lhe no deter-
mina orden.o, lambem no declara que se lhe no
d, e, como servio, justo que se lhe E"
neste sentido que a commisso entendeu que o re-
querimento era fundado emjustia.
O SR. Cuwu.: - Alguns procuradores viero
bem necessitados ; sei das suas circumstancias por DO SR. A:\"'DRADA E SILVA
/{Ue mOas communicro, e alm disto viero na '..
])oa f de que terio recompensa. Reunidos os Srs. deputados, pelas lO horas da
OSR. TEIXEIRA DE GoUVEA :-N6s temos na nossa manh., fez-se a chamada e acharo-se presnntes 52,
legislamo uma disposio em que tah,-ez nos pode- faltando por molestos os Srs. bispo capello-mr,
mos tundar para difTerir a este requerimento. A or- Paula Souza e Gama.
denaco da faculdade s camaras para mandarem O SR. VlCE-PIU:SIDE:\"TE A""'DRADA E SILVA, que na
procradores crte, e estabelecer-lhes salat'ios falta do Sr. Presidente occupou o seu lugar, decla-
quando os .procuradores necessitarem; parece-me rou aberla a sesso, e lida a acta da antecedente "foi
que o caso que est em questo tem alguma analo- approvada.
gia com o daquella lei. No estou, porm, bem O SR. SECRETARIO FRA:SCA declarou que por in-
certo do lugr da ordenao, e julgo que seria acer- commodado precisava reLirar-se, e tomou o seu lu-
tado adiar-se a discusso para se examinar melhor gar o Sr. Costa Aguiar, secretario-supplente.
a materia.-Foi apoiado. O SR. VICE-PRESIDENTE disse que se passava
O SR. PR.ESIDENTE propz o adiamento da discus- ordem do dia, e que se principiaria pela no-
-so, no caso de no qu:erer falIar nenhum Sr. de- meao .da commisso de saude publica, e ten-
plltado, e resolveu-se que ficasse adiada a discusso do-se assentado que fosse composta de tres mem-
do parecer. '.bros, -procedeu-se votaco e sahiro eleiLos OS
O SR. SECB.ETARIO FRANA fez presente assem- Srs. Gomide, Araujo Vianna e Teixeira de Vas-
bla que o cidado Jos Goncalves Crtes otrerecia concelIos. .
um plano para a formaco d uma estrada que. v Lembrou o Sr; vice-presidente que muito con-
.desta capital villa de recebido o vinha que a dita commisso nomeada pro.puzesse
plano com agrado; e mandou-se que "fosse remet- quanto antes as pessoas que havio de formar a
tido commisso de commercio, agricultura, in- commisso de ra, para a coadjuvar e correspon-
dustria e artes. der-se com elJa, na do se tinha
O SR. PB.ESIDENTE designou pat'a a ordem do dia decidido na sesso antecedente.
a segunda discusso do projecto do Sr. Rodrigues Seguio-se, na frma da ordem do dia, a 2
a
dis;'
de Carvalho; a nomeao da commisso de saude cusso do projecto do Sr. Rodrigues de Carvalho
publica, e a discusso do regimento provisorio da sobre arevogaco do alvar de 30 deMarco de 1818;
assembla. . mas para que discusso progredisse nit. frma do
Levantou-se a sesso "s 2 horas da tarde.-Ma- regimento, leu o Sr. vice-presidente o artigo 89 no
noel Jos de Souza Frana, secretario. capitulo 7 do mesmo regimento, concebido nos
termos segtntes :
Art. 89. Na segunda discusso debater-se-ha
cada artigo da proposta de per si, com as alteraes
e correspondentes, escolhendo-se por
meio de votos as que houverem de substituir .em
todo ou em parte, os artigos a que se referem.
. IDm. e Exm. Sr.-A assembla. geral constituinte O SR. SECRETAlUO -COSTA AGljIAR leu logo o Je
e legislativa do Imperio do Brazil, achando legaI- artigo do projecto que diz assim:
72
SESSO EM: DE MAlO DE 1823
..
\I Fica desde j cassado e revogado o alvar de, na nossa historia um exemplo bem notaveL Qua-
30 de Marco de 1818, pela ba:rbaridade das penas renta homens de qualidade e saber se associaro
impostas cntra as sociedades secretas. o plano pelo al deverio expul."M
O SR. PERURA DA CUl\'HA: - Este tem :P?l't1;1ga1o mtruso recobrando
por assumpto revogar o alvar de 30 ile .Maro de os direitos que pertenc::lO - casa de
1818 que impz acerbas penas contra os qae mes- Brapoana pela Sra: D. e passando do
sem sociedadp.$ secretas, classificando-as como proJecto ao facto asSIm o consegwrao no l De-
crimes de lesa-magestade pelos motivos expendidos zembro de 1640.. Mas este acontecimento
no seu preambulo; e funda-se este projecto para :nos mUS quanto convem
esse fim na barbaridade de suas penas. De uma de _secretas, porque dellas conspuaao
duas maneiras devemos considerar estas socieda- I!aO ha um passo. . _
des: ou como licitas e honestas e ento com este Pelo_que reproTo a total d:
0
alvara de
fundamento que se devia a revogao da 30 de Maro de 1818, e convenho umcame!1te em
lei: ou como criminosas e oppostas segurana penas, a com-
publica e neste caso no' a atrocidade das penas ID1Ssao de COnStltUlao ou de legiSlaao para
que deve legitimar a sua abrogao; porque o mais Iesta e propd-la a . assemblea
que em taes circumstancias se podia pretender era Ipara. deliberar maIs. conner. a. segurana ,
a modificao do seu rigor, reduzindo-as queUa pubhca, .sem attenao a motIVOS por-
proporco que deve escrupulosamente "'uardar-se que as leIS devem sempre ter emmia o bem gera1
entre casti"'o e o crime. l:> da nao. '
Que as socTedades secretas so reprovadas e peri- O SR. DE Cun>os:- Na primeira dis-
gosas o annuncia o mesmo decreto no 3, quando cusso deste projecto, eu confessei, que ",Ue era
diz que deixa para tempo competente a legislao Iimperfeito, porque fazendo subsistir a prohibico
que as deve regular. Todos sabem que as partes .das sociedades secretas, deixa sem SIIllcco a rei,
essenciaes de uma lei so a sua razo, a suadispo-\ ,isto que no substitue outras penas crs que se
sio e a sua sancco penal. Quando esta razo' prope abolir: toda a lei prohibitiTa deve ter essen-
desapparece, por intil ou prejudicial. de rigorosa cialinente duas partes: a sua disposio e a sanco,
consequencia que deve tambem cessar a sua dis- neste projecto temos a disposio, mas falta-lhe a
posiCO. sancco Porm posto que eu reconhea este defeito,
s a dureza e gravidade das llenas fosse o anico todavia no 1l0SSO con'ir, que por isso deixemos de
motivo para a total revogao de uma lei, parece Iappro"ar o primeiro artigo. que constitue, verda-
que devia ficar absolutamente suspenso nll sua deiramente o objecto do seu illustre :l.utor. Sr. pre-
execuo o livro 5 das nossas ordenaes aonde se ' sidente, penas barbaras e to como as
no guardou aquella lll'oporo que de'Ve haver! do alvar de.30 de Maro de 18.18, no so para
entre as penas e os delictos, faltando na sua orga- homens lines e so incompatveis com o seculo em
nisao aqueDa pbilosophia com que se deve olhar que ,ivemos. Verdade , que tambem barbaro o
para a moralidade das acces humanas. NinguemIlivro 50 das ordenaes: eu no o gabo e quereria,
auvida que uma lei cruel mpede a sua execuo e se fosse possivel. que se abolisse j; mal; como no
autorisa por isso a impunidade do crime, mas basta abolir, pois e indispensavel organisar outro.
o remedio modifica-la. Noto, por exemplo, codigo criminal, no possivel fazer-se j, porque
quanto seria estranhaval no seculo presente que demanda grande traballio e demorado.
fosse punido de morte natural um homempor casar Portanto no acho, que seja bom arl1:UIllento
com duas mulheres, como determina a nOssa orde- para no se revogar o alvar de 30 de Maro, a
nao : e porque esta lei horrivel segue-se que razo de serem tambem barbaras as leis do livro 50
'deJ'" ser abolida e fique sel!! este das ordel!aes. Alm da j indicada
cnme'l Nao : pOIS aInda que a polygamIa seja per- sobre a difticuldade lio novo codiao, occorre que
mittida como um.contracto natural e at admiltida sendo semelhantes leis promulgadas em tempos
por probibida por um barbaros admirar, que ellas talnbem
prec.eIto da religzao chrlst que na Europa pre- baibaras, nao nos. vem outro desdouro, se nal?
domma. . o de as nao termos aInda reformado; mas no e
As sociedades secretas por si mesmo mostro que assim o alvar de 30 de Maro, que foi promulgado
o seu objecto manifestamente opposto aos prin- em tempo, que.j no podia ter lugar uma lei to
e.ip'ios de'um governo constitucional aonde ser barbara e to absurda. No insisto em que se con-
liclta a congregao de homens certos e deter- serve no primeiro artigo a razo que d o projecto
.minados fins. com tanto 9Ue estes sejo autorisados -de barbarasas penas;-suprima-se embora
pelo, gove.mo. l?ara fiscaliSar conhe- no arligo esta razo; mas transfira-se para o
cendo. os mdlnduos que forma0 taes ajuntamentos, ambulo da lei, pois sou de parecer que sempre
por seus factos quando se desli-mui conveniente fazer constar aos povos a razo
zarem. do caxmnho da honra e do bem geral do porque se promulga ou se revoga uma lei. Igual,..
estado. . mente bem fraca a razo de no.-haver . actual-
confraria, qual9Uer. que achando-se os mente sobre quem posso recabir as penas deste
mesanos em seus conslston>s e as portas fechadas, alvar; que certeza tem os illustres deputados, que
podem tratar de todos os obJectos que lhes convier; avanco esta proposio, de no haver por ventura
e ainda que estas. conferencias feitas em se- que . incurso em. penas to
. grado, nem por, 15S0 ha .receIo .algum. de que crueIS? Se o nao ha aqtu nesta crte, no s,e p6de
que: e estabelecIdo 9l!! estatutos e aifirmar que no o haja em todo o Imperio.
. que_seJao deSVlados para SlmstrOS.t De asso- Oalvar no limitado cidade ou provincia do
Sr. preSIdente, e feitas na Rio de Janeiro; a sua disposiO e penas e'sten-
obscundade, nao se devem resultados uteis dem-se a todo o Brazil; eUe manda os magistrades
e honestos. Por acaso poder 1550 acontecer; e ha inquirir deste crime annua1mente na devassa gerar;
SESSC? EM 20 DE MilO DE 1.823 ;3
e-quem nos diz que por efieito desta medida no da permittindo-a to smente
esteja soffrendo algum infeliz! Alm disto se na _sua porque a admisso da dita
subsistea prohibio do alvar. sem serem abolidas serIa um erro logieo e at solecismo
as suas penas, fica uma porta aberta para intrign- fazendo que todas as vezes, que uma
tes e malvados poderem facilmente fazer victimas leI e Isto , unpe penas crueis ao acto
do 00l{) ou. dl.' inveja; bastaVa este perigo a que est vedado. preciso revoga-la e nada lhe sub!tituir
exposta a segurana individual, para abolirmos to ficando ass':m.o na classe dos permittidos, s6
barbaras e erueiS penas, Pelo que, TOto pelo artigo, porque leI upla sanco mais dura, qe'a
e transfira-se para o preambnlo a razo que d; necessana. Ora ISto e um erro; quando uma lei
depois trataremos da maneira com que deve re- ba.rbara por suas penas, o que mister substi-
formado o artigo 3para que a lei no fique im- tmr-lhe outras mais doces, mas no destruil-la de
perfeita. . todo,
O SR. RODRIGUES DE C-.\.ltVALuo:- Quando con- O que d motivo lei penal o mal, que socie-
cebi o_projeclo em discusso contra o alvar de dade vem do acto prohiEido; esta a uni-
30 de Marco, no foi meu intento confirmar as ca justificativa da coarcta120 da liberdade natural'
sociedades secretas, mas revogar uma lei, que esta- a parte da isto . a saneo
belecendo no preambulo como causa de crimes, o melO de _effe.ctlva 3: enunciao prohibitiva;
que remotamente podia ser meio, tira da possibili- SE! este melO nao e suffitlente por defeit ou por
dade argumento para estabelecer a e:ristencia de excesso, que cumpre ao legislador auimentar-
da primeira ordem, acabando por fulminar lhe a forca no primeiro caso, ou diminuir-lhe o
as mais terriveis penas contra especies differentes, rigor no segundo; mas nunca destruir a prohi-
que no fornecem provas de' actos reaes e que o p6de ter lugar, quando a prohibio
quando muito offrecer presumpes de mera ISto quando nenhum mal vinha ou po-
inteno. Estas bypotheses, enumeradas nos 2" e VIr a socIedade do acto, que se erigio em
30 da lei, so calculadas pela mesma escala e collo- crIme. '
eadas no mesmo gro e a pena para todas a que A.' do que tenho dito creio, que mnguem
ilso -os povos barbaros qual a extenco do poder pensara que eu approve as desproporcIonadas penas
.physico do delinquente, meio que em rgra nenhum do alvar. Eu penso com Iyrico romano, que
proveito traz . nao. as penas devem ser proporcionadas ao delicto
Eis aqui demonstrada. a barbaridade das penas do -ne scutica dignum sectere flagello-penso, que
alvar e como tal devia ser revogado. Reconhecida a cabea do desgraado criminoso no deve
a.monstruosidade do alvar, tudo quanto por elie se cabir nem um s fragmento de pena, de mais da
faz, devia ser reparado; tudo quanto estava pen- precisa para .corrigi-lo,.e por seu exemplo
dente devia ser reduzido a nada; porque leis bar- aos outros. SeI que ha crmnnallstas que penso ser
baras no podem produzir seno etreitos injustos, a exacerbao das penas meio efficaz, em certos
barbaros. Estabelecida pois a doutrina e reco- casos, de evitar os elictos.
nhecida a justia da revogao, pelo vicio intrin- Alm de ser esta doutrina revoltante, a expe-
da legislao anterior, vem a ser 2Cl do r!encia ensina o contrario. leis inglezas
proJecto, consequencia do l0 e por aquelle se res- sllo.as maiS severas contra as consprraes, e ero
titue ao cidado a liberdade, que injustarilente se antIgamente pontualmente executadas; em tempo
lhe arrancou, em pena de factos, que so inditre.,. do brutal Henrique VIn,subiro a 70 mil as exe- -
:rentes, em quanto se no mostro criminosos. cues; ainda no tempo de Isabel, chegaro a
Embora se diga <lue a lei os vedava, que a in'frac- 19 mil, e a maior parte emo por crimes de estado,
o crime-; a leI civil deve ter por base os prin- e tudo cada dia apparecio novas conspi-
cipios de justia eterna e esta no reconhece como
crime o que o no . E' verdade que a infracco voto pois, a favor do art. l supprimidas as p"a-
um ataque lei, mas esse mal no tem intEmsi- lavras j mencionadas, no s por.os motivos ex-
dade, que. fornea ohjecto a p'enas de s!ngue e nem pendidos, como principalmente pelo processo hor-
descUlpa ou . a Ora conhecido, rivel nelle instaurado, isto , as devassas geraes,
que o meu fim nao fOI o de legISlar sobre socieda- como perigossimas, oppressivas, e.fontes de ,todo o
des secretas, v-se que. eu segui o regimento, possivel; que os mformatorlOS re-
quando estabeleci no l0 o meio. de rovogar caIa0 factos e n.unca fac-
o lvar, dando smente a causal.' a.enos, nos quaes e facU ao odio, e vIDgana
. . . '. unplicar a quem bem lhe parecer. -
Quanto a outra lda, que SUSCIta o honrado ..
membro. de que o projecto Tem indirectamente a O_SR. SECRETARIO FRANA eu faneI na
approvar as sociedades secretas, ella fenece em a favor da deste
presenca do 30, no qual deixei para tempo oppor- Jecto, nao tomeI por da mmha opmlao
tuno a 'legislaco sobre taes associaes que no que no mesmo proJecto-se aponta,
devem ser prolibidas indistinctamente e's6 . depois bandade das penas commadas as socIedaaes
do exame do fim de suas instituices. Portanto . no que as .
o .:.l0 deve passar independente d classificaco Eu,dIsse entao, que o porque se o dIto
concesso ou probibio das sociedades. ., alvara devera revogar, era a mditierena .que tanto
. . . para o bem, como para. o mal, se descobna em taes
- O MACHADO :...,. Eu voto pelo artigo, sociedades; o que as punha na mesma identica
poremas pala..vras das c0!ldio das sociedades publicas, q!le igualmente
penas tmpos!as, sendo ento red}-gzdo deste modo -'- erao aza,das como aquellas para ditrerentes fins.
fica desde J o alvara de 30 de Maro Eu -encarei a questo pela parte, que, o seu
de !818 contra as - duas so as respeitava a liberdade do cidado,e
que a suppres:'30, que aponto.: Com .que elle entrou na sociedade poli-
1 o nosso regnnento,.que prohibe dar nas leIS tica com os mlllS homens no qual certamente se
. . ,.
'. 19
74
SESSO EM 20 DE DE 1823
no comprometteu elle, a .se lhe erigssem A de 13.es sociedades estabeleceu
crimes, actos puraoiente mdifferentes, como e o que a sua moral particular servisse de regra. e .
associar-se com seus concidados, ou seja em pu- norma invariavel . moral, geral dos Estados.
blico,. ou em particular; distinoouindo eu bem, e Que males poisno tem produzido! ElIas tem
discriminando os actos criminosos, que por ven- confnndido a ba moral; tem fascinado os povos
tura bajo de praticar 13.es sociedades secretas con- naquelle ponto principl de seu senso
tra a se",aurana publica, ou indiV!-dual_ (os couseguintemente as da fraternidade.. Os
tem a sua punio na leI) da mnocenCla seus protectores dizem que se os seus
do acto da mera assocIao secreta, que deve ser fossem perniciosos estaria de todo destruida a ca-
livre a todo o cidado. da social; mas este argumento. no verdadeiro,
Se acaso se admittisse, que a barbaridade das porque o governo politico das naes tem soffrido
penas era motivo bastante para a revogao do al- unia guerra formidavel pela divergencia. de opi-
var, de que se trata, viriamos a reconhecer im- nies, pelo imperio da bypocrisia, e pelo resultado
plicitamente, que o acto da associao secreta, de conspiraes, umas abortadas, e outras de de-
essencialmente mo, e -haveriamos ento contra- sastrosos effeitos. -
dictoriamante, que o permittiamos de ora em dian- No ba nao. alguma seja qual fr a sua com-
te, smente porque elie no devia ser cohibido com Jilunho, que tenha expressamente approvado e
penas desproporcionadas; como se as mesmas pe- permittido as sociedades secretas; logo ellas so.
nas se no p'ldero em tal caso mitigar substituin- ms de sua natureza, porque. se o no fossem,
do-se-Ihes uma cominaco menos rigorosa. algnma hayeria que as abraasse. Se remontarmos
.Assim, que votando eu pela doutrina do artigo aos primeiros annaes de Roma acharemos a
em substancia, mandarei todaviaa mesa uma emen- lao, que veda e condemna os collegios occultos,
da suppressiva da ultima clausula delle, afim de quf' e formados sem previo conhecimento de autori-
passe redigido nos termos. Leu a emenda dade publica.' Se consultarmos os escriytores das
-seguinte: . naes cultas. e bem veremos o com-
Ao art. 1.0 Proponho por emenda a supresso mum sentir de todas ellas, condemnando em suas
das palavras ultimas-pela barbaridade das penas le!rlslaces as sociedades secretas. -
impostas contra as sociedades secretas. - Pao da Nos odigos portuW1ezes e ua sua pos-
assembla,. 20 de Maio de 1823. - O deputado, terior no se acnava-lei alguma at 18.l8, que con-
Frana. demnasse positivamente as sociedades secretas,
Ell conheo que pde haver de abuso, e porque? Porque a politica nacional se no havia
em taes sociedades secretas; mas entendo tambem, corrompido por esse principio ao ponto de ,exigir
que presumpco gratuita do legislador, no deve providencia legal; porm logo que apparecero
ser nunca motIvo sufficiente para se prohibir com movimentos demoCraticos com todos os signaes que
penas, e erigir em crimes, actos de sua. natureza fazio enteuder que a sua origem provinha de
innocentes; porque isso atacar. directamente a sociedades secretas era um dever da pubIica auto-
liberdade cim do homem social. ridade legislar contra ellas, e que os males
Ao governo incumbe a vigilancia na preveno se no estendessem; e por isso o alvar de 30 de
'dos abusos tanto das sociedades secretas, como pu- Marco de 1818 se no pde chamar barbaro quanto
blicas: isto cahe debaixo do artigo de policiainterna, . su disposio, ainda que o parea quanto s
cuja perfeio pde evitar os males, sem que com penas por elie irrogadas; porque- seria necessario
tudo se offendo os direitos do cidado, como em que fossem barbaras- as naes mais illuminadas
.verdade s.e offendero na desse que tem legislado as sociedades
que ora queremos revogar. Eu Ja na prunerra que tem grande afinidade com as conspuacoes:
discusso deste projecto citei os abusos da sociedade minore-se sua sanco penal gradualmente aerca
dos jesuitas,. que dero motivo. sua extinco; dos autores e cumplices de sociedades, que no fo-
e agora o repit, para que se no teBbo os rem approvadas pelo governo, para se.no fazerem
abusos como propriedade das sociedades secretas terri.eis nOJIosso paiz, e para que no attentem
:smente. - contra o nosso pacto social; contraa publica moral,
O S1\. PE1\ElRA DA CtfflHA:-O projecto no deve e imprescritveis direitos do cid_a-
tal qual se acha, pois no entrando em du- na?; se espa? de tempo em que
Vida que as sociedades secretas tem feito males haja lt::gxslaao que as prohiba, que o que se diz
incalculaveis, devem ser prohibidas para no em- no. proJecto quando p.ede revogaco. do .alvar, e
pestarem a sociedade A. Baviera e o Im- para tempo competente o 1egrslar sobre este
perio da Allemanha tem sido o tbeatro de suas pes- . . .-
tilentas doutrinas. EVItemos aSSIm- o nsco de ellas prem em pra-
Com appal'eneias de uma igualdade opposta aos tiea seus terriveisplanos, e de conspirarem contra
principios sociaes creou. tantos vaganundos que o e systema estabelecido da nossa inda-
seria um processo infinito numerar os males que
tem. <:ausado. . - OS1\. ANDRAIA: MACHADO :-Levanto-me, pre-
secreta de Helbret e.!D. ParIS .le!ou sidente, para observar o erro, em que chio
mUlto extensamente as suas subverSIVas oplUloes o nobre preoplDante o Sr. Franca. A sociedad
propagando as idas de felicidade,. jesutas; e erb parte de dou-
n.adas do estado 19ualdade, que red\lZll"ao a trina tenebrosa,. cUJo -conheCImento ninguemad-
l?rana a uma perfeita e cujos e1feitos de- . se no entrava em votos superiores. E
.s?ffreu a lDteIra. . . .. pOIS contra producentem a citao da sociedade
.. O:; delmos de e de se ellafez ma;les e estragos no mlUldo,foi
da nassocledades secretaS,. e por ser secreta, e com ISto sereforao-justotemor,
com transtornaro toda' a 1e- que existe contra estabelecimentos taes. " -.
gltuna ordem Concordo.que a s possibilidade de- abUSG de um _
SESSO m-!O DEMllO DE 18!.3
acto, quando o uso pde ser innocente, n,o oppostos .ao regimen constitucional deste Impelio,
autorisa a prohiblaO desse aeto; mas perguntra e religio, sero roDSideradas. como-ninho de
euao nobre preopinante, se por desgraa a essen- conspiradon:s; e membros deDas, que tiverem
cia-ae uma cousa, ou-instituio fosse, tal, que o prestado o Juramento de as ditas
abuso fosse inherenl.e ao uso, e de tal forma anal- trinas; sero punidos como conspiradores com
gamado, que jmais- se podesse as penas, que as leis impe a semelhantes de-
outro, quereria elie que se consentisse msti...l10 fictos.
to perigosa'? '.6. O processo comecarpor- deuuncia ou-ae-
- Ora as sociedades secretas desde que ensle!D, eosco to smente, eesta ser contra pessoa
e se inreriro em materias politicas no tem-feIto cert e determinada. Paco da assembla, 20 de
mais, che abrolhar em todo o !!luudo. Maio de 1823.-0 deputado, Antonio Carlos Ri-
Em quanto fizero o diverfunento OCiOSOS e beiro de Andrada.
vadios, no veio dellas outro mal senao a perda de O SR, SECRErAlUO FRL'(-\.: - Eu' descubro no
tempo que podia ser mais -utilmente discurso do illustre preopinante um perfeito para-
perda verdade sria, mas no tal que Ju...'ltificasse logismo, em quanto pretende accumwar a iustitui-
a meu ver a sua _ _. o .de sociedade secreta sociedade publica
Desde que porm se erlguao sem vocaao social dos Jesmtas.
em reformadoras politicas, e comearo a tratar Confundindo assim o abuso do homem, com
os negocios da humanidade, que nada .encom- a innoceucia do instituto para fazer valer como
mendra, em occultos e tenebrosos conciliab';l1os; um crime o ' ,
cobrio o mundo um- vexame de horrorosos crnnes Sr. presidente, ninguem dir, que a sociedade
sabidos do seu seio. Que tem ellas feito desde dos jesuitas fosse jmais uma sociedade secreta
ento'? Preconisar principios desorganisadores, e em todo ou em parte. Era
t
e sempre .foi em sua
convulsivos;,espalharidas anarchicas; gabar como essencia uma sociedade pUDlica, approvada. pelo
regra de conduta o ataque formal sociedade civil poder temporal e. espiritual. Se alguns dos seus
existente, que, graas aos seus esfor- membros cabalaro em segredo, conspirando em
os, vemos hoje o edfficio social solapado, plano, e systema coordenado para algum fim si-
bases, sem alicerces, e ameaando um,,: nistro, segundo- finalmente se lhes imputou, no
mina, que no s a publica, nl!0 pde prejudicar o conceito desse crime. e apos-
as particulares. Se tal tem SIdo a marcha ordinarla tasia da regra. innocencia e santidade do insti-
quem duvidar :prohibi-las? A' vista. de tanto tuto.
perigo, quem heSItar em,:eda-Ias? sellJue para O crime cobre-seordinariamente com a capa d
a prohiliio de um acto, e sua pumao, nal? basta segredo, mas nem sempre ba crime onde ha se-
o s perigo social, mister de mais a sua unmo- gredo; e isto o que eu quiz dizer, e o que ainda
ralidade; sei que, sem a convico moral da agora digo. O meu argumento est pois em p";
criminalidade. o castigo, em vez de nao uma sociedade no pde ser considerada em sua
faria seno revoltar-nos e escandalisar-nos. Por essencia como m, smente porque secreta,
estes motivos no quero a absoluta. das mister. que seu instituto seja criminoso, que atlente
sociedades secretas, sou maIS liberal do que isto; contra as leis existentes para ser considerada como
o que desejo . de que nunca m: e em tal caso a differenca que vai de facto a
-posso ser ; .quero a resp'elto dellas mes- facto, ser praticado o crimepor um ou por lJ1ui1os
mo que as constltuices tem feIto a respeIto dos em unidade de aco. _
monarchas ; assim como no systema constitucional O alvar' porm de que estamos tratando no
bem organisado o monarcha, jmais pde fazer o faz dilferenca de sociedade criminosa ou no cri-
'. mal, assim tambem espero, que as sociedades se- minosa: o seu presuposto foi erigir em crime o
cretas consentidas pela frma que passo a mandar simples acto da associao secreta, sem fazer dif-
meza. jmais podero ser nocivas ao Estado. ferenca nem ter respeito a moralidade da accO
Mandou a mesa a seguinte emenda: desse corpo collectivo; ou antes o que, pretendeu
Art. 2.
0
Fica em seu vigor a prohibio, que foi estabelecer a criminalidade do acto sobre uma
as leis antigas do Imperio fazem das sociedades supposio grtuita.
secretas; o arbitrio porm que ao juiz cabe na Ora, se isto se permitte, se \) legislador pde
imposico da pena no passar alm de degredo haver as supposices como regras de ctiminali-
.para f3ra da comarca por tempo' de seis mezes, dade das aces ao cidado. no sei onde esteja a
quando muito. primitiva liberdade civil (luj('s direitos revindi-
3.
0
No sero consideradas como sociedades se- camos. ,
eretas, as que participarem ao governo a' sua exis- O SR. ANDRADA l\fACH.-\Do: - Sr. -presidente. o
tencia, os fins geraes c,om protesto' nobre pareceu responder ao meR'argu-
de que se no oppe a Qrdem SOCIal. ao systema mento, mas em verdade no respondeu.
constitucional estabelecido neste Imperio, e re- No era abuso, era uso legal o segredo das E&ta-
ligio; os lugares e tempos dos seus ajuntamen- tutos Jesuiticos, e este segredo no possuio seno
tos, e' os nomes do individuo, ou individuos, os que tinho os. ultimos. Neste ponto ero
qe compuzerem o governo da ordem ou socie- .os jesuitas uma. sociedade secreta,. em. tudo
o " _ '. lliantc, aos Macons-, aos- e a todas as
. 4..A. particlpaao d:e!e ser feIta nesta crte ramificaces dos aspirantes autopsia. '.
mtendenCla.geralda POliCIa, e nas outras partes as .. '. _ ". " _
autoridades policiaes dos lugares onde existem as "Como secreta e. qJle os.
ditas sociedades. . - . mal, e' grande mal humamdade. " .
5. Todas as :que tiyerem, ou no, Eu no eomprhendo
com a prescnpco.da leI, se se provar .carapara fazero' hem;. seI .qua:o.DIVInoJMe$tt"e
que tem prJJlcipios subversivos da ordem social.; manda que a mo esquerda no saiba da obra de
76
SESSO EM 20 DE MAIO DE 1823
:bene1icencia que fizer a direita; mas isto um aeto Eu achava que na occasio de declararmos certos
individual- o preceito tinha em vista arredar o direitos do cidado, podia vir esta materia;, ,;erbi
orgulho, ci.ue enxovalharia a pureza da virtude gratia, fallando do que livre ao cidado fazer,
estreme. . podia - excepto ser membro de sociedde
Esta razo porm seno. enontra.. que directa ou indirectamente ataque ou tenda a
cimentos geraes philantroplCOs, nas mstitUloeS de atacar a constituio do :Estao, E' enio U1I1leire-
beneficencia eomprehensiva; neIles no ha 11em gulamelltar. classificaria e prohibiria certas socie-
pde haver necessidade .de segred.o; e quando dades. . ...
existe, quando a obscundade rodea as transacoes J disse etorno a repetir que no se segue do co-
de uma sociedade, a suspeita nos nhecimento que temos de que ha pemi-
DOS, e nenhum motivo tm as SOCiedades de queI- ciosas que se prohibo todas; a prohibio um
xar-se das medidas que os governos tomarem a constrangimento liberdade natural, e este s pde
respeito deIlas. No se creia que s porisso as clas- ser justo quando da aco que se prohibe poderia,
sifico como criminosas, no por certo; o segredo no prohibida, resultar damno sociedade.
no destr6e a sua innocencia; estou mesmo certo O SR. SoUZA MELLo: - Ainda no estou conven-
que entre os seus membros.ha e pde homens cido que as sociedades secretas,. indifferentemente
muito probos e benemenLos; mas digo que ose- fallando, sejo um crime, porque nas aces natu-
gredo absoluto assusta a sociedade geral, e que elIa raes do homem s o abuso quem faz o crine.
tem direito de arredar por medidas de precauo_ o Oalvar de 30 de Marco de 1818, que legisla so-
susto que a inquieta. bre sociedades secretas; teve por fim impedir que
Confesso que no ha justia de em neIlas se tramassem subverses contra a ordem es-
actos inditrerentes; que o cunho da unmoralidade tabelecida do Estado; mas sem ditrerenar o acLo
preciso para justificar a coarctao da liberdade, simple!> do qualificado, ou abuso, estabeleceu in-
que um direito inalienavel ; que mister que an- penas barbaras-; e como no caso da
tes nos convencamos da criminalidade de umacto, abolio se julga substituir uma legigla-
para podermos achar justa a lei que o probibe; o que distinga em bom senso, eu assento que,
.emfim.que a lei no pde as crenas moraes, revogando-se o dito alvar, de,-e cC!pear a nova
mas s1!D as Ja crel!-das; e que se o lei, dizendo-se no lo art. do seu proJecto que eUe
fizer sera lIDJlotente e nOCll'a.l\Ias tambem, se revoga emquanto sobre as sociedades secretas
me' podera_ que quando em certa. legislou sem distinco, e farei uma emenda que
mstitUlaO o tao do que por passo a mandar mesa. o
natural e tende!lcI<l com Art. 1.0 Fica desde j cassado e revogado o
nao _SOCIedade .Cl'v:l o direi o de alvar de 30 de Marco de 1818 sobre as sociedades
SUjeItar estas mstltUloes a restncoes que es- secretas emquanto sbre eIlas le!!islou semdistinc-
a. passagem do uso a nao co. to
actos 11!-d}trerentes, nem os pumndo como Paeo da assembla 20 de Maio de 1823;-
mas sUJeltando-as a r60"T8.s que
o
lhes amorteao a Od iad J . d S ; .iJl lia
tendencia perigosa, e castigando como simples epu o, ose e ouza e o'
contravences policiaes o desprezo {las regras dadas O SR. NOGUElR.-\, D.-\' G.utA: -.l-na sesso antece-
ea resistencia forca e vontade geral, que implica dente, havendo-se concordado em que o alvar de
no individuo ou corporaes uma presumpo 30 de Maro de 1818 devia ser revogado pela des-
inadmissivel com os fiDs da formaco das socieda- proporo e barbaridade das penas estaelecidas
des, e com a condico necessaria 'e essencial, isto contra os individuos de quaesquer sociedades se-
, a subordinao da unidade e da pluralidade eretas, e at mesmo contra os que lhes dssem fa-
mesma univerSalidade. vor ou as no denunciassem. sabendo, se deliberou o
O SR. RODRIGUES DE - Parece-me qu.e o projecto do illustre preopinante o_Sr. Ro-
que todos estamos conformes nas idas e s diferi- drlgues de Carvalho, tendente a revogaao deste
mos no modo de nos exprimirmos. passasse 2
a
discusso; s de.ve-
. E' preciso que eu confesse que no gosto de so- reI occupax:-me com a de cada um
ciedades secretas, j fui membro de uma, nunca dos artIgos.do proJecto, odando a raza? 'Porque otre-
lhe achei utilidade: os membros que ero bons, reo a segwnte que a .
bons continuavo a ser, e os que ero immoraes A lteral constItUlnte e legIslatIva
persistiro em sua conducta; no vi pois que os d? Impeno d? Brazil, reconhecendo a. desP!opor-
mos se tornassem melhores; mas porque ell no ao e harbandade das penas estabelecIdas al-
goslO dellas no se segue que devo coarctar a li_var de 30 de Maro de 1818 contra as SOCIedades
berdade individual. secretas, sem distinco de seus estatutos, e fins
_. Sei que ba sociedades perniciosas como 9S Illu- innocentes ou perversos, ha por bem:
os Cavalheiros .do cc 1.0 Que fique desde j cassado e o
lardinell'os, e outros, maIS nada seI de POSItIVO, e alvar de 30 de Marco de 1818 contra as SOCIedades
-apenas asseres vagas, que me no podem deci- secretas.' .
. 'Slvamente deternIinar, e s aconselhar-me a 2.
0
Que, emquanto a assembla no publicar
sabendo eu que posso pro- a competente legislao sobre as sociedades
,VldenClar; fazer uma lei para pumr cnmes que no tas, se proceda contra estas segundo as leis anterio-
coribeo., . cro.nmhars res de 30 de Maro de 1818, muito especialmente
. melO.s de conhecer o que ha quando, por oabuso de seus estatutl;)S, .oupel qua-
.preJudiclalna socledade
t
aInda que estejare)juado lidade destes, se dirigirem a perturbar o socego
a capa segreQo. Examine. o ministerio, publico, attentando contra. o governo es4lbelecido
. saiba-se, e prohiba-se; ...mas no comecemos por ou contra a religio do lmperio. . . .
outrinas vagas, coaretando a liber- ' Pao .da de Maio de 1823.-
odade. Manoel Jacintho Nogueira da, Gama. . .. :
SESSO EM 20_ DE MAIO DE 1823
77
. A.dapto o -lo art. com a suppresso dos. motivos rest julgado, como pede o bem da ordem social,
.da revoga!, do alvar, 1!.0r me persuadir de que ! para illeso. opoder judicial e estar em
esta declarao deve ser malS esplanada, e tem me-l seu !1gor a dinsao dos que faz a base e
S
-
]bor lugar no do decreto, fiz na Isenclal d? conslltnclO!l3.1; sem se inverter
emenda que acaoel ler.. o que est diVIdido, porque o JUIZ nada mais fjlZ do
Quanto ao 2" persuado-mede que deve ser que applicar a lei ao facto, que ofun principal de
supprimido, no oDslante as razes dadas por al- seu nobre omcio.
guns -illostres preopinantes, para desculparem o Ainda digo mais, que o ro uma vez sentenciado
pretendido eft'eito retroactivo. ,deveespiar o seu-crime por meio da pena imposta,
i-;ao posso capacitar-me de que, dado o caso de de que elle mesmo, pde-se affirmar, que-" o juiz,
se acharemalguns desgraados em processo, como porque se fez servo da mesma pena quando com-
membros de scidades secretas, sejo estes senten- metteu um. facto illicito, sabendo que lhe era ve-
ciados emconformidade de um alvar j derogado'; dado pela lei, e que ficava responsavel pelo resul-
mas se possivel que hajo magistrados que assim tado de sua aco criminosa.
procedo, no terei duvida etn concordar que Quanto porm aos processos que actualmente
subsista o 2" artigo do projecto, afim de livrar de correm (se alguns ha desta natureza), fra de toda
1.o barbaras penas essas desgraadas victimas, a duvida que os magistrados que de taes delictos
levadas de envolta ao patibulo sem a devida classi- houverem de conhecer, se devem regular para as
ficao de sens crimes. - suas decises pela que, punindo as sociedades
. Quanto ao 3" artigo, persuadido como estou secretas como nocivas boa moral, e arriscadas
dos males que nos podem vir de todas e quaesquer segurana publica do Estado, lhes tirou todavia a
sociedades secretas, ainda mesmo as que se desti- qualidade de crimes de lesa-magestade, como as
no a fins innocentes, e at mesmo louvaveis, pelo classificou a lei de 30 de Marco de 1818; e nste
facil abuso e insensivel tendencia que todas ellas caso o processo meio diverSo, e se deve dar aos
tm a se inTolverem em project.os e questes poli- ros todos os meios de defeza e de purificarem sua
ticas, no quizera que ficando revogado o alvar innocencia.
de 30 de Marco de 1818, se persuadisse o publico Eu me lastimaria que logo no comeo de nossos
que taes socie<lades ero permittidas, ou que pelo trabalhos apparecesse uma lei que pudesse' ser ta-
menos ficavo impunes, emquanto' a assembla xada de absurda, estabelecendo a sua execuco re-
no publicasse a competente lei a tal respeito; por que reprovada pelos mais deprados
isso s.ubstitui ao 3" artigo do projeclo do Sr. Car- principios de direito. .
valho o art. 2" da minha emenda, suscitando a exe- Evitemos este erro de que muitas vezes se tem.
cuto das leis e providencias anteriores ao alvar lanado mo para se remover alguem de uma he-
derogado; ficando ao poder judiciario a classifica- rana, ou para outros fins de interesse particular.
o dos delictos para a sua devida punio, ou com As leis devem ser geraes, e ter smente em vista o
penas leves e correccionaes, no caso de serem taes bem publico da nao. .
sociedades bem que innocentes, incursas na lei que Sigamos as regras impreteriveis da justia, que
prohibe todas e quaesquer corpores com esta- deve constantemente presidir a nossos conselhos.
tut?S sem approvao do governo, ou com penas OSIl. FRANA: (No o ouviro. os tach,yg'raphos.)
malS severas quando por abuso de seus estatutos, O S C' CAMP . . N-
ou pela qualidade destes se dirigirem a perturbar _R. AlUI'EIRO DE. os ,- . ao por
. r:r bl' . t ia d . . maneira alguma convJ.r em que se supprma o
. o pu lCO, al en .n.. contra o g?verno es- art. 2" deste projecto, porque o julgo indispensavel
tabelecldo ou contra.a religIao do . para .pr a salvo algum cidado que por ventura te-
sufficlentementd discutIda,a materla nha tido a dsgraca de se achar comprehendido na
do 10 artIgO passou-se ao segundo. . .. barbara disposi do alvar de 30 de Maro, e in-
..0 SR. PEl\EIRA DA CUNHA :-Sou de parecer que curso nas suassanguinarias penas.
a doutrina deste {laragrapho- no deve passar por.;. Se retlect.irmos bem sobre o espirito do Jlrojecto
que no compatlvel. com os principios de direito conheceremos que.elle no faz cessar a
publico. das sociedades secretas, como mui bem e clara-
- Todos sabemos que a lei,. sendo a vontade da mente indica no art. 30; quando expressamente diz
suprema. autoridade; legitim-amente promulgada que no approva nem confirma semelhantes socie-
para" regular. as aces do homem.em sociedade, ,dades; a mente, pois, do projecto s e mui espe-
sem questo, que ella no p.6de teroutr fim.seno, cialmente que sejo abolidas as penas a que estavo
,.0 de dirigir nossos futuros .passos; .. sujeitos os membros de taes sociedades; e este
Fazer retroactiva a disposio da lei pretender art;2 vem aqui como uma amnistia para os que se
que os factos presentes e regUlados pela legislao acharem presos e em processo.
existe.nte, por medida p!eceitos de um,a lei Sr. presidente, as leis devem ser.claras, alis
que na mente dolegislador, o e um os cidados sabero' a que se nem os JUl-
absurdo .Jundico! o que posto, tenho a dizer que zes tero uma regra segura par!l. qualificar a culpa,
ou se trata, aqw: dos processos findos ou dos que e consequentemente a pena queadeve acompa-
actualmente. correm. . ., . nhar . ..
Qunto aos'primeiros Este principio ger! deve. entrar em muita con-
melO legal, e a sentena, templaco na materia que tratamos, .YSto .que con-
o castigo::. do .. elle deve sofr-Io em- a.prohibio das sociedades secretas,
quantonao _perdao '.do a quem ainda que sejo abolidas as penas que dantes, lhE!s
.0 direIto de .agraclar, .e neste ero impostas por direito stricto, no .fico todaVIa
('.aso 0rigor:da leI, que o fim do exerclclo.destalivres de sofrerem estas mesmas penas duras e bar-
gnnde;attribuio. . ;. .... . -. . ... baras aquelles que antes da da lei
Em tas circumstancias deve:"se cumprir o que organisando se acharem J presos, e ate
78
SESSO Di 20 DE MAIO DE 1823
nem podementrar em outro processo se j estive- . esta nova lei. de!o soffrer a .desta,
rem processados segundo a frmula absurda orde- e no as alvara, s comesta
nada pelo mencionado alvar. .... ceII!?S nos um a :
Esta minha proposio, que parecer estranna a pOIS deua de ser mJusta a
muitos, para mim quanto so os dapena, por maIS suave que
prinCpios da boa doutrma crllll1D.al, donde ella se eUa seja, todas as l!ao se um
deriva. A. Isto pOIS e ficarao expostos
E' uma verdade bemsabida, e nin."auem a contes- alguns cldadaos, se lambem se nao annularem, na
tar. que a pena que de"'Ve recah!r o indhi-' do artigo, os processos pendentes ou con-
duo que commetteu um factQ crmImoso, ser clllldos.. ..
precisamente aqueDa, que estava em VIgor ao Nem diga IJue haVe!Ia a9.Ul o se .
tempo em que clle perpetrou o porque s o ellMo da: leI i pOIS pelo nao se
esta. e nenh.uma outra se olferecia ao reo, para que l1Dpoe uma ?bngaao. se a aI:
elle se desliafi..<:e da aco criminosa a que .as.pai- guem. de um direIto, adquIrldo.por lel
:xes o conduzio; logo que elie achou maIS lDte- anter1..0r, casos em que l!1Just? o efi'elto re-
resse em praticar o crime do que em desriar-se troactivo; que se faz 'aqUI e e
delIe ficou lambem immediatamente sujeito pen nullo o que por sua natureza nao p_odia Valido,
que Ihe prvpunha a lei como uma condio necas- nem aos. oJ!1os da e por tanto
sacia que iiifallil"elmente se realisaria DO Caso da restItUla? dos direItos do cldadao,
COmmis..;;;lO do crime. . Cldos, e.ofi'endidos p,?r umJlrocesso lDJustO.
E' isto to evidente, que se por acaso depoIS se e abommavel ;. ora ISto Jonge .est de ser um
aln'ansse a pena, seria injusto e ro:ecravel, que se absurdo, que mnguem deIxara de reconhecer, como
fu;.puzesse ao ro prezo, a pena mais o mais justo, santo. e Por tanto vo.lo, que
grave da nova e posterior lei. E porque! Pelo no se suprima o .artIgo, e que elIe SubSlSta'tal
conhecido e inabalavel Inndamento de que o reo qual se acha coucebldo. .
no se deve considerar sujeito a sotrrer seno O SR. A.'\"DIUDA MACHADO: - Quanto disse oil-
aquella pena com que podia comparar o interesse Ilustre preopinante o Sr. Crneiro no conforme
qua lhe resultam da aco criminosa com omal que s regras de direito. :EUe confunde o ataque feito s
lhe provinba do castigo. . garantias, com o ataque humanidade. Quando
Por tanto depois do delicto perpetrado, em VlT- uma sociedade erige em crime um acto que a nm-
tude dalle o ro fr prezo, nada deve inUwr na guem faz mal, chamando immol."al o que todos- jul-
sorte qualquer alterao, que se faa, ou na natu- go moral, viola a liberdade, direito para cuja
ou na gravidade da CGm estas consernlo nos reuninlos em sociedade; e se de-
ces elIe no contou..nem d,:Vlll contar; a pois mais illustrada, e revoga a lei.1iberticida,
ae sotrer a pena, nao naSt:la de uma. a retroaeco tem sem dUVIda lugar, porque E; uma
determinada, mas sim <la que se achavaespecificad restituieao >se a lei nunea foi lei, porque no tinha
lia lei; desta que resulta o quasi contratto, que autoridde para..prohibir o que prohibio, no pde
o a uma certa, e _ , exigir-se a pena uma violao do no era
DISto se deduz, por uma rIgorosa tIue lei; mas eSle no e o-easo do presenteartlgo >nelle
assim come os juizes no devem applicar aos -ceos trata-se de um acto, que, pelas circumstancias que
aqueUas penas, .que posterormente ao seu delicto o acompanho, criminoso, e o illustre autor do
se aggra':8ro mais, allas 010- projecto o reconhece n03 mas que na lei
dero, nao se pde' em l"lgoroso dir.elto cOI).slderar se acha castigado desproporclOnadamente.' . ., '
injusto, que se repute o' ro sujeIto, no .a Neste caso no ha restituio liberdade antiga,
mais suave mas que eristia quando delinqUlo. quando a lei revogada, porque no tinha jmais,
posto que mais severa. .".. liaviclo liberdade de fazer um acto. que se r.econhece
E' ?o se aSSIm, por um belfl criminoso. E' muito' diversa a injustia do accres- '
entendido prmclplO de humanidade; mas eu qUl- cimo' da pena devida a acco. daquella, que se faz
zera, que isto se declarass,.e na le:i,.da crime um ato indiferente, 'e s vezes'
qual so deve provIr esta moderacao, e lUiO do JUlZ. ate virtuoso. . :.
Esta tanto? mais se faz precisa, quanto No ha poder humno absoluto; ainda o sobe-
este artIgo, por obJecto3lnnullar os mopstruosos rano sujeito sregi-as 'de' juStia eterna ; para
feltos na con.forrnzdade dD alvara de 30 de garantir !Jue. nos' reuni:-
_ . .' \ mos em sOCIedades poltICas. e o direIto de fazer-
Com tao lUJUStOS, e absurdos, em.que mos o que no faz mal aos outros ' um desses
se no regulares: em maneira que o limite da. liberdade ,de
para garantrr a mnocenCla. em, que se aprovelto cada um a liberdade dos outros.
os mais leves e ef!l que fi?a.
1
- . A lei. que transcende da sua orbita lei impia;
,inh,a..
be1s
, e S!l0 admittl-' lei injusta, a que temos direito de resistir; e se lhe
dos aIndaos mesmoslIUJD1gos, podera obedecemos, a prudencia ql!em o aconselha, 'no
que algum malvado tenha saCrIficado algum mno- a virtude quem o prescreve. Igualmente confundio
que sendo processado p,?r .to execravel outro nobre preopinante'o acto de soberania com
maneIra, se_ ap'rese!lte como; !luando de,legislao, quando so to differentes.Que
realmente nao malS dQ que VIctima desgra- o artigo introduz um acto-de soberania, concordo
_da calulIlma '? que nao se mostra que eu; e por isso digo, que Ono podemos fazer, por-
enstao semelhantes roas tambem. que que no somos soberanos; a soberania no se
temos de que,as naDha em todo este vasto pe de um s dos poderes politicoS'; mas da,reu-
aoude se mandou observar este barbaro nio de todos; ,no reside em uma corporao, mas
alvara. . ' ,emtoda a nao; inalienaveI.; eos delegados a
Ora, ainda que taes ros, de publicada quem se commettero.fraces dalla, nopodeDl.ar-
SESSO EM 20 DE MAIO DE 1823
79
. .
o todo, que se lhes no delegou. S a s?ciedades tendem a a ordempublica
na'Co inteira poderia, a meu vr, estender ao pas- sao conduzidos pela de figurarem e ter.
sadoas providencias para o futuro; muito ditTerente parte no Por 1SSO a privao de voto para
' o poder de que eleger e ser eleIto. me parecellma pena muito apro-
nossas circumstaneJas como constitmntes a maIS priada, ainda que a muitos pareea assaz diminuta
podem avanar as nossas pretenes; mas nunca pois no se previnem delictos cm o espantalho d
nos devemos esquecer. que somos e no pens crueis e nimiamente acerbas; semelhantes
soberanos. Por estas razes voto contra o segundo comsigo a advertenc!a de que
artigo ' nao serao Jilmms executadas, e de ficaremos crimes
, De o artigo inutil, pois no auxilia a im()unidos; e quando a pena tem particular ana-
aIguem., , IOgIa com o crime, posto que seja muito moderada,
,Os ministros no podem impr se no a pena, nada ha que se opponha sua execuco, e se esta
que existe no acto da sentena; se'j a esse' tempo fr infalliveI, ser sempre util e profiua, ()or fazer
estiver substituida uma pena mais doce outra um sumeiente contrapezo ao appetite do cnme pela
dura, a doce e no a dura, obrigado o Dlacoistrado certeza de se tornarem nullos os interesses que
a impr. Isto succedeuna revoluo dePernambuco. deUe poderio resultar.
em fui implicad? Logo que se p.ublicou C! de- No havendo quem mais pedisse a palavra, propz
das de Lisboa, que. os o Sr. vice-presidente se a assembla julgava con-
POlitICOS, nao se maIS a que enstia cluida a 2& discusso; e venceu-se que sim.
antes, e caducara I Propoz depois se o projecto passava a 3- discus-
que o elIeIto naO e so' e resolveu-se que ,.,
mascarado; e Isto em uma monarchia cOnstitUCIO-' . -.' "
nal, qual a que a nao brazileira quer. compete, maIS o Vice-presidente CJue lhe pa-
no ao poder legislativo, mas ao monarcha, no na reCla mw c0!0rme a.ordem que sendo
qua!idade de poder executivo, mas sim na de poder emenda do S!", AntOnIO Cl!'los por constItwr quasI
moderador, para evitar males, que se seguirio. da um novo que accrescentava,
stricta applicao da lei, quando sua fosse disto pelos Srs.
iDiperfeita, e .estendendo-se a casos diversos Con- e s_,e o dla em.que deVia entrar
trabe mancha de injustia, ou de severidade de sen- 3 o menCIOnado c0I!1 as reie-
tena, ainda quando justa, se os melhores interes- rldas a1ldIc?es, que tambem cOJl!
ses da naco solIrem com sua Por esta I todas as emendas que se, haVIao rcmettldo a
incompetncia mais que se me antolha confirmo o Imesa. ASSIm se depoIS de brev:s
meu voto contra o se""undo artigo. I Entrou qua! era a c?ntlnuaao da
_ o .. . ordem do dia, se a dISCussao do regunento da as-
, Propz.ento GS!'. VIce-presIdente, que se DlI!'- sembla. ou se o parecer da commisso de legislao
maiS falIar, se passana ao art. 3" sobre o requerimento do procurador da provncia
e_assIm se _ . do Espirito-Santo Jos Vieira de Mattos, e depois
Alguns ::;rs. fizerao o referId;o de algumas observaes, e do que ponderou o Sr.
art. 30 .algumas ligeIras observaoes; e depOIS vice.:.presidente de estar quasi chegada a hora, e'
deUas dIsse no caber j no tempo a discusso de projecto to
O SR, DE CA!U'OS': - J reconheci que extenso, que se o referido pa-
era 'defeituoso o art. 3, e por isso lhe substituirei recer da COmmlssao de leglslaao. '
os seguintes ,olIereo do O SR. 1\1.u,\: - Que se d alguma COusa a este
(Leu a segumte emenda que no como ,mas s6 como in-
dou para a mesa.) '. _ demmsacao das desI,lezas, e preJUlzos, que tem tido
Art. 3. No comtudo damtenao daassembla por occasio do servIo nacional; o que diz a com-
approvar, e confir!Dar pelo presente todas misso, e que julgou ser apoiado pela justica. Eu
e quaesquer SOCIedades pOIS smente como membro da mesma commisso e comosecre-
toleradas,aquellas, co- tario. que redigi o {)arecer, ao menos,
nheCldos pelo governo, e reI,lu!ados mdIfferentes. que ella no foi precIpitada, e no obrou semexame.
. Art. 4.As g:uese" a perturba!, ou Disse que !equerimento do da provin-
orgamsar u!lla diversa: da estabeleCIda no cia do Espmto-Santo apoiado pela Justia. porque
fica0' pr.?hibId'!S; os sendo da altribuio desta, dar a cada um o que
pf!Illen'a. vez; serao com a do dl- lhe pertence, no p6de deixar de apoiar a pretenco
reIto e para tres legislaturas. daqueUe, que tendo servido ao publico, s suas ex-
e no caso ,d,: reInCldencta com ,degredo por dez pensas, ex,ige _do publico a delIas;
an!"os para a !lha de Fernando.- Pao, (l'aquelIe Cldadao, que tendo servIdo a patrla e em-
blea,20 de Malo de1823.-0 penhado ne?se servio a sua pessoa, e sacrificado a
Carneiro de Campos. . ", " , Isua tal, ou qual fortuna, pee patria uma
Esta minha emenda funda-se nestes principios '; nerao, ou subsidio, para que a sua ruina.e a sua
l. 'que no ' comparavel o facto de ser membro de desgz:aa no seja o premio, da cooperao na causa.
uma sociedade. por mais 'quesejo os A honra, a fazenda; e vida do cidado. tudo se deve
fDs da, sua instituio, com o, de efi"ectivamente sacrificar patria, se elIa est nas circumstancias,.
realizar esses mesmos fins; 2, que a melhore mais e na urgencia de precisar destes'sacrificios; porm.
proficua pena a que annulla e destre o in,teresse fra destas circumstancias no deve dependero sel!.
que-se' espera do ,delcto; 3, que, no fal1ando" da engrandecimento da perda, e da destruio dos ci-
mocidade allucindapor persuases de pessoas com. dados: f6ra deste caso aquelIes cidados, que se
quem indiscretamente se ligo. e por um estimulo propem a.servir patria. celebro com' elia l)
de curiosidade de vir no conhecimento do que se quasicontracto - facio ut des - servem
lhe, <llIerece" como ,um mysterio. os que enmo em para haverem deUa a sua subsistencia.' E'certo, que
80
- . .
SESS.O EM 20 DE MAIO DE
a gloria de.haver bem servido a cesse;' mas acceilando o lugar que serve
co do excelso nome de benemento, e o prenno por amOr da nao, pelo nome de benemerito que
.maior, a que pde aspirar o cidado; espera merecer desempenhando com honra seu
esta gloria, nem este nome excelso se prejudica deveres. . S
pela circumstancia accidental de no ler o cidado Todavia ainda que seja evidenie que o pturadi"
meios de subsistencia, de serlimitadaa sua fortuna. no tem direito a pedir. paga do seu traba-
:Mal desta assembla, se assim se '.::onsidcrasse; lho, nenhuma' duvida terei em apoill! o voto dos
se a necessidade de ser sustentada pelas rendas pu- que julgarem que a nao pde para com elle usar
blicas lhe diminuisse o merecimento do senio. de generosidade, rbitrando-se alguma somma sem
Na sesso se oppoz que quando Ma- ser como ordenado, parasupprimento de suas preci-
gestade Imperial convocou os procuradores geraes ses, uma vez que esteja necessitado; mas sem'
das provincias teve em vista, que s fossem nomea- que esta disposio se possa applicar aos ricos, por
das pessoas abastadas, com possibilidades para se que' as suas-circumstancias so diversas, e a nao
tratarem conforme a dignidade do -emprego; porm tem outra moeda com que os remunere. .
como no decreto de 16 de Fevereiro de 1822 no se Por esta occasio eu declaro que proporei ama-
declarou expressamente esta inteno do legislador nh assembla um projecto de decreto para a
por isso os povos no ficaro persuadidos dessa in- revogaeo do de 16 de Fevereiro de 1822 que craou
teno, nem ligados supposta restrico. Esco- o conselho dos procuradores de provncia, porque
lhemo aquel1as pessoas, que mais em emverdade no sei agora em que se
circumstancias de bem desempenhar o emprego; e O Sn. Dus :-Se o governo da Parahyba tinha
como mui raras vezes as qualidades n!leessarias se direito de dar ao seu procurador o que arbitrou'
reunem em homens de grande fortuna, aconteceu em reconhecimento do.. servio que. fazia,
nomearem-se pessoas pouco abastadas, que nem que este que se acha em iguaes cucUIDStanclas
por isso foro excluidas. Oppz-semais que o mesmo deve ser do mesmo modo attendido.
(lecreto no estabeleceu expressamente ordenados Todos concordo que o cidado que serve pu..;
para os procuradores gemes das provncias;. e por blico deve ser pago p
el
9 publico; ora se isto ver-
ISSO aquenes, que viemo servir celebraro (t quas dadereconhecida, e este procurador no tem com.
contracto de servir gratuitamente: mas como tam- que subsistir, como lhe havemos nec"ar al","llIIla re-
bemnaquelle decretoexpressamente se nodeclarou, compensa do seu servio na moeda de que elle pre-
que os procurad9res geraes devio prestar os seus cisa'? Embora no haja titulo; embora lhe falte esse
servios de graa. ficou em p a regra geral, a regra direito rigoroso que se funda em lei positiva como
da justia, segundo a qual, aquelles que sabemos que trabalhou, e que no tem com que se
devem ser pagOSt e aqueUes que se no sustentar, tem direito sufficienta a ser attendido.
Servico publico, aevem manter-se das rendas pu- Ns tambemaqui estamos para defender os direitos
hlicas; regra que tendo prevalecido sempre no da humanidade.
deve fugu. de entre ns, quando mais se conhecem, O Sll. SECllETARIO DE CAMpos :-E' in-
e respeito os direitos do homem. .
- Tambem se diz, que o procurador geral da pro- dubita,el que todo o homem tem direito a ser pago
vincia da Parahyba, no quiz sahir da Sua provincia, do semo que faz; e lambem igualmente. cer-to"
e no quiz vir servir o emprego, por no ter orde- que todo o homem tem obrigao de semr ao Es-
nado, sem que se lhe segurasse o subsidio para a sua tado; mas COmo o empregado publico deve ter certa
subsistencia, para a qual no tinha meios, e que o a sua sustentaco, a sociedade lhe d meios de sub-
d' . d . sistir quando elIe os no possue. . .
mesmo poerla ter elto o preten ente: porem este, D'aqui vem o estabelecim.ento dos differentes.
digo eu, que no teve aquella cautella, e que
veio servir padecendo incommodos, e prejizos, ordenados para os lugares e empregos da sociedade;'
certamente teve mais patriotismo, e confiou mais porm alguns ha que o no tem determinado, por
na justia da nao, e do Imperador, entendendo que a honra do servio se consider recompensa.
!lU
e
servindo no podia deixar de ter alguns emo- I:al o de conselheiro de estado que nunca te'!e
lumentos para Por tudo isto a commisso ordenado, e que sempre se dava a pessoas que t-
foi de parecer que se lhe arbitrasse alguma quantia, nho Ileiosde decente sustentao. AqueUes pois
no como ordenado, mas 'como indemnisaco das que servem taes lugares nenhum direito tem, a {le-
perd.aS que teve por occasio do, sem"o da patria. di-lo; e por isso que nojulgo fundada em
.. a pretenco. :.
O SR. .NDRADA MACHADO :-Eu infe- como vejo. que se elegeu para aquelle. hon-
lizmente a ser adverso ao procurador; nada do que rosp servio pessoa que no tem com que possa sub..
me convence. Confesso que quem serve li na- sistir, nem despezas originadas desse mesmo
ao deve ser pago; mas nem sempre este paga- servio, julgo que da dignidade da naco dar-lhe
mento se faz eIJ:l numerario.. alguma indemnisao, para que no que
DemaIs eu creio que ninguem dir que se possa' elle soffra vexames em paga de se ter dedicado ao
par dinheiros publicos sem q1! a lei o ordene; ora serv?-o pl!-tria. .
o'decreto da creao Jio conselho dos procuradores FlZerao aInda alg.uns outros senhores dift'erentes.
no assigna ordenado algum; l0f;o falta-lhes .0. ti-o observaes a favor e contra o parecer da commis:-
tlo legitimo, donde unicamente se podia derivar so; e julgando-se a materia sufticientemente ms.,
o: direito de pedir, e sem este titulo no sei como cutida, .dividio o Sr. vice-presidente a
Jl..Odia entrar na cabea de ninguem que se arbitra- tres partes para maior regularidade da votao, .e
naum ordenado.' . .. . propoz: . .... .:
Se as circumstancias de qualquer procuradr no-: 1.
0
Se ao supplicaiIte era ou. no devida.alguma
inhibio o .emprego, i1!demnisao fundada em justia; que
se;a, que tinha meIOS de subSIStir, .e a nao. . . . . ..
sua proVlDem. tomana o accordo que lhe pare- : 2.
0
Se o supplicante merecia, ou no,alguma
SESSO EM 21 DE MAIO DE 1823
81
indem.nisao por equidade e generosidade nacio-
nal, decidio-:.se que sim. .
.3". Qual devia ser esta indemnisaco. se igual
que se dra ao procurador geral dei provincia da
Parahyba, ou outra; e havendo a este respeito
lembrado a4,"'1lD.S Srs. deputados que devia remet-
ter--se o a uma commisso :resolveu-se
afinal que remettido c!>mm.isso de fazenda
para dar o seu parecer.
O SR.VICE-PRESlbEN'IE assignou para a ordem
do dia a discusso do regimento da assembla : e o
projecto do Sr. Martins Bastos sobre a amnistia, por
assim. ser requerido por alguns Srs. deputados.
Levantou-se a sesso s 2 horas da tarde.
Manoel Jos de Sou::a Frana, secretario.
3'> d? promono da mesma assem-
blea,propoe.serem para o expediente da
sua os empregos:
1 offiezal-mazor, 6 ofticiaes ordmarios 6 ditos
1 porteiro aju-
dantes do prterro, que servrrao de continuos. Paco
da assembJa, 21 de Maio 'de 1823.- Jos Joaqu{m
Cartleiro de Campos. - Ma'lOeZ Jos Sou:a.
Frana.
Proposta a urgencia, depois de apoiada, venceu-se
que era urgente; e lendo o Sr. secretario segunda
vez a mesma proposta, mandou-se imprimir para
entrar em discusso.
Passou-se ordem do dia; e entrando em duvida
se deveria comear-se pela discusso dos artigos do
regimento ou pela do projecto de amnistia do
Sr. Martins Bastos, decidio-se que se principiasse
pela dos artigos do regimento, durando at ao
meio-dia e depois se seguisse a do projecto de
PllESIDEXCL\ DO SR. BISPO c,U'ELLO-31R amnistia.
R
'd S d d 10 h Entrou pois em discusso o referido regimento,
eUDl os os' rs. eputa os as oras da cujo capo lo trata do presidente da assembla.
manh, fez-se a chamada e acharo-se presentes
52, faltando por molestia os Srs. Gama, Paula Art. 1.
0
O presidente nas sesses o orgo da
SoUZ<.1. e Rodrigues Costa. assembla, todas as vezes que elIa tiyer de enun-
O SR. PRESmEo."iTE declarou aberta a sesso; e ciar-se collectivamente; Lambem o fiscal da regu-
laridade dos trabalhos e da conservaco da boa
lida a acta da antecedente foi approvada. ordem, tudo na conformidade deste reiim.ento. _
O SR. A.,'\"DRAbA MACHADO: - Peo a palavra para Foi approvado sem alterao. .
propr um projecto de decreto que revogue o de Art. 2.
0
r pois da sua attribuico abrir e fechar
16 de Fevereiro de 1822.que creou o conselho dos as sesses s horas competentes, cnceder a palavra
procuradores de provincia; e desde j requeiro que aos deputados que a pedirem. dar ordem aos traba-
se declare urgente, pois estes procuradores tem lhos {>ara o dia seguinte, convocar sesso extraOr-
servido gratuitamente sem :recompensa alguma de dinarla em caso urgente, tomar juramento aos de-
seus trabalhos. Leu o seguinte putados, que se reunirem no congresso depois de
PROJECTO sua installao, firmar os decretos da assembla
com os secretarios respectivos e igualmente as
A assembla geral constituinte e legislativa actas das sesses, estabelecer o ponto da questo'
decreta: para sobre elIe recahir a votaco, recolher os votos
. Art. 1.
0
Fica revogado decreto de 16 de aos deputados, promover a pblicidade dos actos da
Fevereiro de 1822, que criou o conselho de procu- assembla; suspende-la quando possa produzir
radores de provincia. etreitos nociyos, impor silencio e adyertir a qual-
Art. 2.
0
Os cidados, gue estivero nesta hon- quer deputado \l.ue commetterexcessos e no sendo
rosa commisso levo comsigo as graeas da naco e obedecido, depOIS de segunda advertencia,
seus servicos fico registrados na memoria da mandar sahir-do salo por aquella sesso e at
patria recoDhecida. prend-Io; mas tanto em um como em outro caso
Art. 3.
0
s provincias no tem outros procu- com accordo da assembla.
radores seno os seus deputados, em- o numero Depois de .larga discusso principalmente sobre
que segundo a constituio lhes couber. a clausula-suspe'llde-la -decidio-se que em lugar
Art. 4.o Emquanto a no decre- desta palavra se puzesse - suspender a sesso; - e
tar a existencia e determinar a organisao de um se suprimissem no fim do artigo as palavras-e at
conselho privado do imperador, sero to s6mente prende-lo; mas tanto um como eln outl'O caso;-
conselheiros de estado os ministros e secretarios de ficando por tanto o artigo semalterao at s pala-
estado. os quaes sero responsaveiS pelos conse- vras - publicidade dos netos da assembla; - e
lhos que derem. Pao da assembla, 21 de 1\'1aio destas por diante na f6rma seguinte-suspendera
de 1823. - O deputado. Antom'o Carlos Ribeiro _sesso quando possa produzir etreitos nocivos.
de Andrada. impr silencio e advertir a qualquer deputado que
Sendo apoiada a urgencia pedida pelo illustre commettei' excessos; e. no sendo obedecido d.epois
autor de projecto e vencida, fez-se a 2
a
leitura e se da _segunda pode-lo mandar sabir .do
mandou imprimir, para se distribuir e seguir a salao por aquella da
ordem das discusses. . . rt: 3.
0
O presldente nao podera fazer moao,
OSR. SECRETARIO CARNEIRO DE CAMPos:- Como discutir nemvotar.
da competencia dos secretarios propr as pessoas O SR. E Sl1:'VA : -Euopponho-me .a que
'precisas para o expediente da secretaria da assem- passe este artigo. CIl!e o.Sr. preSIdentE!
bla vou apresentar a segUlte proposta para o prop:t:. e discutrr. p01S mUltas vezes t.era
referido fim:. .. mUl fortes razoes para o fazer; e nada contra 1St!)
PROPOSTA a .presidencia, porque ,em tal caso, no
sera mlUSque um deputado.ordinano, deve largar o
Os secretarios actuaes desta assembla, satisfa- seu lugar...que ser occupado pelo vice-presidente. e
zendo Jncumbencia de seu omcio no art. 14, voltar a elle depois de acabada adiseusso. .
21 -
82
SESSO EJ."U 21 DE MAIO DE 1823
o URO DE S.l:'""fO AMARO: -SOU do mesmo que lhes tenho, nem outra alguma ida de acata-
Se a assembla tivesse ainda mento me faro jmais mudar de opinio; tenho
admittiria oartigo; mas tendo Vlce-presIdente, que franqueza bastante para enunciar meu modo de
vai occupar o seu lugar, em quanto pensar, a
assento como simples e entra I!a d;iscussao, convencerei. e nao o "'''''l'''uv u" 'lu""" 'lUla
no vejo a assemblea deva ficar prIvada das seja. ...._
luzes do presidente,_quando at pde succeder Quanto ao que se diz de o distrahir attenao
que elle esteja nas circuIDstancias de illustrar a ma- que deve prestar aos
teria melhor do que qualquer outro. Portanto voto "Srs. deputados no melO da nao
que todas as vezes que o Sr. presidente entender me parece_ter peso; porque nao.ImplIca.IStO com
que de.e propur ou discutir o possa fazer, porque suas funcoes; e talvez preste ainda maior attenao
nisc:o interessa a assembla. para melhor poder e saber aos argumen-
- . tos que pretender contestar; lem de que tambem
O SR. NOGCEIRA !>:\. G;uu: -Eu creIO. o fuu- os Srs. seeretarios presto bastante atteno, par-
damento artigo e. conservar a. dIgnIdade do ticularmente o que redige a acta e no obstante isto
lugar de preSIdente, eVItar o ,oto quem fallo, discutem e no se distrahem de suas obri-
o fr, possa influir para a deClSao da m!-terla e des- gaes. .
de qu.alquer outr:
a
attenao que Menos p6de V'aler o que se diz de ser passageira a
distraIu-lo do perfeIto desempenho das funcoes falta que podemos sentir na privaco das luzes do
como presidente. .a la tanto nao l?en;o que Sr. porque podendo ello ser reeleito
possa perder .da sua digmdade, at para o mez seguinte e talvez para os autros, o que
no deve sabu do .seu e so por no' impossivel, porque oregimento onoprobibe,
fallar assentado; e e deste UDlCO modo que nao fica no vir a ser neste caso to passaO'eira a sua falta
a assembla privada das luzes um de seus mem- antes ter a assembla de por
bros, pois sahindo o do se.u lugar e tempo das suas luzes, qu alis pde aproveitar,
o ?r. preSidente, se nao fica privada das especialmente em materias de ponderao, onde so
luzes do primeiro fica do segundo. . em verdade necessarios todos os esclarecimentos
Quanto influencia do seu parecer deCI- :gossiveis; o que pde conselroir-se sahindo o
so, no julgo que tenha este receio. presidente por um pouco sua cadeira para
estou certo que se pelo bem da dizer o que entende e sendo no emtanto substituido
e intimo convenCImento, de consIde- o seu luo-ar pelo vice-presidente no que no acho.o
raes individuaes; mas creIO que este obs- menor .
taculo se o Sr. em Resumindo pois minhas idas 000'0 que o presi-
ultimo que se Julgar a dente pde e deve llropr e discutir;'"no sou J?orm
temente dlScutlda. fim o que se.diZ distr.acao de opinio de que possa votar, porque ento l<aria
que ter o dos prImeiros obJectos destruido e inutil o que se determina no capo 8 do
estao a sel! cargo, nao parece. ter peso, nosso regimento, que; a meu' ver, deve subsistir e
porque a attenao q!1e elle dara materIa em que me parece muito sensato: por quanto determinan-
fallar o fara melho! do estado da do-se no art. 132 _ que havendo empate de votos,
questo, para a propr depOIS ,\ volaao. . . se vote 2
a
vez e ha-:endo segund empate, se ponha
O SR. MACHADo: - Um dos reqUISItos a materia segunda vez emdiscusso para repetir-se
necessarios no presidente de uma assembla a a votao. at ser por fim regeitada se
imparialidade; e ser mui difficil conserva-la se haver terceiro empate- este processo, em verdade
tomar parte na questo. debatendo-a; assim como de considerao e at necessario para a melhor
tambem muito perigoso o seu :garecer, porque indagao da verdade, ficaria baldado, seo Sr. pre-
pde arrastar a opinio de outros sidente votasse, achando-se dentro deste. augusto
como a experiep.ciatem mostrado. Alm dIStO, recinto um numero impar de deputados, incluido
como ser possivel estar atLendendo aos argumentos elle Sr. presiente; por exemplo. achando-se 85 ou
em particular. preparar-se para lhe ou 95, porque ento, votando o Sr. presidente, .nunca
para os corroborar e ao mesmo tempo resumrr em poderia haver empale nos votos; o que acontecer
um ponto O objecto da. discusso para o no caso pr<!posto" se no votar; porque ficando
vota? O pOIS l!-este artIgo tem eI? v!sta 84: ou 94:, Srs. deputados, podem votar por uma
no dlstrabrr o Sr. preSIdente da. sua prlDClpal parte 42 ou 47 e outros tantm; pela outra e por con-
obrigaco po.r attender a outros obJectos. Quant.o sequencia baver empate e seguir-sedepoisa doutrina
ao que se tem dito do inconveniente de ficar prl- do mencionado art. 132. .
vada a assembllil das luzes de um dos seus membros, Oque fica dito a respeito das votaes ordinarias
respondo que entre males dev;emos o ainda de maior peso nas votaes .nominaes;
menor; e .quanto este. e no alm do ponderado accresce que e votar ou
mez: seguInte sbe outro a caderra e Ja o que era decidir, so cousas em verdade bem differentes e
entra na. ordem geral dos a .por isso no podem tambem Ihilitar as mesmas
assemblea.se aproveIta das suas luzes nas dlScussoes razes para se conceder esta prerogativa. Voto
das matenas.. . portanto $le possa o Sr. presidente propr e diS-
O SR. COSTA AGUIAR: - Sr. preSIdente, concordo cutir porem no votar. .
que-a imparcialidade um dos requisitos . . o _
rios ao presidente de uma assembla ; mas nao posso. OSR. RIBEIRO DE b"DRADA: -Alm das
concordar e menos admittir que seja llerigoso o seu apontad8;s .pelo nobre deputado .o Sr. Antomo
pare.cer e que .possa arrastar_ a ?pimo de outros Carlos, direI as outras em que m.e fundo para.
o S1's. deputados; ao menos pela mmba parte declaro approva
r
o artigo. .
altamente, que respeitando, como respeitarei sem- Eu entendo que implica presidir um homem
pie.os Srs. todavia nem li cOJ,!siderao marcba de trabalhos, e ter ao mesmo tempo parte
SESS.O EM 21 DE MAIO DE 1823
83
nelles. Como pde ser regulador e juntamente re- atrocidades, e procuremos, se possivel, relevar os
gulado? Como entrando na discusso de qualquer erros de taes regeneradores.
materia. dar a precisa atteno aos trabalhos para Os reformadores portuguezes tinho a temer um
os dirigir? C9mo aquelle que est autorisado para grande partido contrario. qual o do governo subsis-
chamar ordem pde ser tambem chamado elia? tente; porm estaremos ns no mesmo caso? Segu-
No isw destruir a dignidade que consideramo& ramente no. . - '
naquelle lugar, e encarregar ,um homem de func- Aqui o monarcha,ou reconhecendo a usurpaco
es entre si contradictorias? No sei como no se feita pelos seus antepassados, vu temendo succUD-
attende a esta implicancia; eu a considero por si s6 bir ao immenso peso ,que. sobre elle carregava, e
como razo sufliciente para approvar o artigo sem em ambos casos desejando anciosamente uma cons-
alterao alguma. tituio, pelo decreto de 3 de JllIlOO convida a naco
. a que nome seus representantes para a assembla
O SR. ARAU10 VUNNA:-o illustre preopmante o geral constituinte e legislativ/\ que deve d-la.
Sr. Ribeiro de Andrada prevenio-me e defendeu Que somos ns, Sr. presidente. inimigos do go-
excellentemente a doutrina do artigo; farei por isso vemo,?, No; somos os escolhidos do povo, por
s uma observao a respeito do que disse o hon- quem o monarcha ancioso suspirava: temos, pois,
rado membro o Sr. Nogueira da Gama, que no fora. de mais; no precisamos da tal lei de amnis-
achava razo plausivel para que o presidente, no tia. Que se respondeu a tudo isto? Que o clamor
caso de se lhe conceder a discusso, aeuasse a ca- popular exicia' esta lei para salvar as victimas da
deira. arbitrariedade do governo; como, Sr. presidente 1
, Quando sevenca contra o artigo (a favor do qual O povo da crte e das differentes provincias do lm-
eu sempre votari) acho que o presidente dever perio vio anteriormente com magua silenciosa e
deuar a cadeira, porque como elle no acto de dis- muda, tropas sublevadas, capitaes extorquidos a
cutir passa a ser um simples deputado, ficar-a as- seus proprietarios, cadas arrombadas, criminosos
sembla sem ter quem a ordem, nem de toda a especie soltos, nas mos .de semelhantes
fa@ as outras funcces privativas daquelle cargo. fras instrumentos de morte e de carnagem, e em
Como fosse chegaa a hora do meio-dia o Sr. pre- alguns lugares o terreno ensopado nO,sangue de
sidente interrompeu o debate para se passar se- seus 'concidados, e e hoje brada e grita favor
gunda parte da: ordem do dia, e entrou em discus- de homens presos em consequencia de uma devassa
so o projecto de amnistia. depois de ser lido pelo e pronuncia? A favor de homens que s foro presos
Sr. secrc.tarioFrana. depois de observadas todas as formalidades pres-
O SR. RIBEIRO DE A..''DRADA: - E' fatalidade, crIptas pela lei? Se assim , abandonemos este au-
Sr. presidente, que a historia de acontecimento!), gusto recinto. voltemos aos nossos lares, porque
ou ainda frescos na nossa memoria, ou no ha no viemos fazer leis para tigres, e s sim para
muito verificados entre povos que, como ns trilho homens. -
o caminho das novas instituices, tenha feito to Sejamos justos, -Sr. presidente; nenhum clamor
pouca sensaco em alguns dos'illustres deputados tem havido d!- parte do povo; sim a opinio pu-
desta assemla: ainda maior fatalidade que quei- blica que se pronuncia a favor desta lei, segundo
ramos cpias, e cahir no maior dos erros que elles affirmou 'um dos illustres preopinantes que me pre-
commettro: eu fallo da lei da amnistia. . cedeu; e pde hav-la na cljse actual, no meio de
O partido ref9rmador de Portugal, no se jul- diversos partidos, que loucamentese cruzo e com-
gando seguro contra os poderes constituidos que batem? Pde hav-la agora que a moral parece ter
e se oppunh) s novas julg- perdido sua santidade, e as leis sua fora? Eu no
ro. reforcar-se chamando a seu partIdo todos os o creio, mas quando fosse possivel sua existencia
traidores que, ou se achavo presos ou desterrados para obter e conservar a boa opinio de meus con-
em.differentes pontos do Reino, e de facto o conse- ciddados. no faria o sacrificio dos dictames de
guio fazendo passar a lei da amnistia. A guerra ci- minha razo e dos gritos de minha consciencia, que
vil, j lavrada em muitas .de suas provincias, prova s6 devem dirigir-me como legislador; ora, ambas
. que tal pelo menos. lhe no foi fructifera; me dizem que semelhante lei no precisa. Dis-
eis o que eu sei por hora das amnistias de direito: se-se mais que esta lei, fazendo restituir cidados
passemos s ai- fa cto. infelizes ao seio de suas familias desoladas, pe um
Os regeneradores da Frana., cobertos com a capa termo s vinganas do governo, perversidade e .
de philantropia, palavra magica com que se cos- prevaricao dos juizes. . '
tuma embahir o povo credulo, fizero arrombar Meu corao, Sr. presidente, tambem sympathisa-
todas as prises publicas da Frana e soltar lodos com a desgraa; vendo, porem, que taes cidados
os presos que, segundo a opinio delles, ero victi.,. foro presos em consequencia de uma devassa e
mas da arbitrariedade do regimen passado; e estas pronuncia, e se acho j em processo, julgo seme-
fras, ou c!UTegadas de crimes, ou ulceradas por lhante lei, uma completa usurpao do podr judi-
uma longa priso.sedeBtas de vingana, foro os ciario, e as invectivas e vociferaces contra poderes
instrumentos de que se serviro. os ferozes dema- constituidos, uma triste lio par.a os povos, e de
gogos para aniquilar as bases antigas da instruco terriveis consequencias para o futuro. Como pos-
derribarem os templos da moral, arrasta- sivel que sem taes vozes ,no augusto sanctuario da
rem pelo IMo os sagrados objecfos do culto, sacri- lei I No v acaso esta assembla que ella proJlria
ficarem em nome da liberdade milhares de victimas abre o abysmo em que um dia deve ser precipitaiia'1
ao seu odio, delapidarem as financas de uma naco Analysemos finalmente esta lei to desejada. Qual
r1ca e devastarem as' cidades mais po- a regra geral que ella prescreve'1 Nenhuma; logo
pulqsas, para finalmente no perdoarem se quer ao no uma lei, porm smente uma determinao
s.exo amavel, a quem servia de escudo sua belleza, quero dizer, umperdo dado presos que
suas graas e sua mesma fraqueza; para, Sr. presi- se em processo; ou por politicas,
. , corramos o vo sobre este quadro de comosuppoem alguns; ou por-consprradorescontra
84
SESSO EM 21 DE .MAIO' DE 1828
o governo estabelecido, como suppoem outros. Ou
elles so innocentes, e demais, cidados honestos,
como creio, e ento esta lei no urna medida de
beneficencia, mas um verdadeiro mal, porque lhes
rouba o direito de se justificarem aos olhos de seus
concidados, e de se reintegrarem no conceito e
opinio geral- pela sentena que os inno-
centes; Ou elles so culpados, e em ditrerentes
gros, e neste caso tambem um grande mal, por-
qu, perturbadores -da ordem publica, ulcerados
pela dolorosa lembranca de uma longa priso, no
agradecem ordinariamnte a beneficencia com elles
praticada, e s do o.uvidos paixo brutal da vin-
ganTa . d . t I
odaVla era para com estes que po erla er ugar
o agraciamento. ou de pena,_ se.gundo
a diversa graVIdade do delicto; ora, o direIto de
agraciar compete ainda ao monarcha; logo no
justo, Sr. presidente, que lhe roubemos a melhor
das suas prerogativas.
:Resummdo as minhas idas conclo que o pre-
sente projecto no deve passar segunda discusso,
ou por superfluo, ou por injusto, ou por incom-
petente.
O SR. A!.ESC.\R: - Principiarei por onde princi-
piou o illustre preopinante que me precedeu: que
fatalidade, Sr. presidente, que singular fatalidade
que os exemplos da historia em geral, e mrmente
os da naco ae que j fizemos parte, nos no sirvo
do regra}.lara evitarmos os maIes que ella tem sof-
frido t Estou inteiramente convencido que sempre
mais perigoso punir do que deixar impunes os cri-
mes de opinies. Quem tiver profundamente son-
dado a marcha do coraeo Rumano, facilmente se
penetrar desta verdad, comprovada pela historia
aos go\"ernos.
opovo em quem, geralmente fallando, predomi-
no os sentiJ:!lentos de piedade e commiserao, s6
tolera os castIgOS quando as provas dos crimes so
to claras como a1uz do meio-dia, e quando a pena
se segue immediatamente ao delicto; pois se
intermeia tempo esquece a culpa, e a compaixo
toma o seu natural ascendente. '
Se isto succede nos crimes rigorosamente reaes,
quanto mais natural succeder nos cl'Dles de opi-
nio, que nunca so reputados taes por todos os
membros da sociedade; pois os que no os conside-
ro crimes, julgo necessariamente innocente o sup-
posto ro, chamo a compaixo do povo sobre elIe,
e excito o odio contra o governo que o pune.
Alm disto nos crimes reaes considera o casti-
gado justa a pena, pela intima convico de ter de-
linquido, e por isso tolera a mo que o castiga; mas
nos crimes de opinio, como cada qual sempre sup-
pe que as suas idas so as acertadas, quanto
maior o castigo, tanto mais injusto e tyranno
elle reputa o governo que Ih'o d, -e tanto maior
() de vingana por meio da revolta; este
sentimento commumca-se aos parentes, aos ami-
gos, e a todos com quem tem relaces; e servin-
do-se habilmente, da compaixo natUral dos povos,
trama-se contr:a o governo, e consegue-se muitas
vezes. a-sua ruma.
. Em prova desta verdade mil exemplos nos ofie-
rece a historia das naes. No cancarei a asseDbla
referindo todos os que me oecorrem, citarei s6,..
mente alguns que, por acontecidos emtempos mui
proximos, e entre a naco a que ha pouco perten-
clamos, nos devem com mais forca assustar.
De nada valero, Sr. president, as perseguies,
espionagens e crueldades de Vasconcellos, e outros
agentes do governo hespanhol em Portugal, para
deixar de tramar-se e rebentar a revoluo de
1640.
Sei que pde dizer-se que o governo -hespanhol
era illegitimo, mas assim como tinha durado 60 an-
nos, mais duraria se injustos castigos e tyrannas
no accelerassem a poca da sua quda. .
De nada valero tambem os horrorosos castigos
ordenados pela regencia de Portugal contra os in-
felizes do campo de Anna, a 'que seguio o,
mesmo systema de espIonagem e violenCla: a re-
volueo prellarou-se, e -nos dias de 24 de Agosto e
15 de Setembro de 1820 cabio o despotico e des-
confiado governo.
Agora mesmo as devassas, perseguices e depor-
taes arbitrarias com que Jos da Silva Carvalho
tem flagellado grande numero de cidados, so as
causas da nova revoluo de Portugal. E' certo que
muitos lhe do por origem os defeitos da constitui-
o; mas eu reconhecendo-lhe alguns defeitos no
os considero causa daquelles males.
Esses defeitos no ataco immediatamente o povo,
e por isso no podio excita-lo a lanar mo do
ultimo dos recursos que a re\""olta: o que o ferio
directamellte foro as violencias e medidas arbitra-
rias do ministerio desde o principio do anno pas-
sado. ConcIo, pois, Sr. presidente, que os castigos
dos crimes de opinies no salvo os governos, antes
adianto a sua
O unico meio de pre\"enir as revoluces acha-se
na marcha justa e legal do governo; "quando este
assim obra ou as no ha ou n.o medro.
Depois da elevao do Sr. D. Joo IV ao throno
tramou-se a alei\"osa conspirao do marquez de
Villa Real, duque de Caminha, arcebispo de Braga
e outros; e o monarcha que pouco antes se tinha
sentado no tbrono, tratando s6 da felicidade de seus
vassallos, sem perseguies nem espionagens, vio
abortar o projecto dos seus inimigos, que pagro
em carceres e patbulos o attentado a que se tinho
arrojado.
_Ultimamente, o governo provisorio de Portugal,
sem perseguir nem tyrannisar, conseguio desfazer
a conspirao de 11 de Novembro de 1820, e re-
movendo seu autor para f6ra da capital, continuou
em socego a sua marcha rezuIar. -
Agora, Sr. presidente, applicando estas observa-
es nossas particulares, parece-
me eVIdente que nao s6 utll, mas necessaria uma
amnistia geraI. .
Se como acabei de mostrar, os castigos dos cri-
mes de opinies s servem de exasperar os punidos,
p{)rque se suppoem inncentes, julgo preferivel tra-
z-Ios ao nosso seio por meios brandos que,quando
os no conveno dos seus erros, excitar ao menos
a sua gratido para com o governo paternal que se
de fazer graas aos mesmos de que se julga.
offendido. Demais, os governos novos preciso
adquirir fora. moral, o amor e confianca dos povos;
e dir que meios doceis
nao sao os malS propnos para conseguir este fIm; e
tanto isto certo, que quasi nunCa os g,jvernos re-
cem-erectos tm deixado de lanCr mo deUes.
Por outro lado, Sr. eu no vejo em
que amnistia possa prejudicar o Brazil. A' ex-
cepo das duas provncias do Norte, que no tm
adherido nossa causa pela influencia europa, em
a parte se tem gritado-Independencia e Im-
peno-todos esto conformes neste grande princi-
...
SESSO EM 21 DE MAIO DE -1823
85
. . s ha divergeneia em opinies secundarias, I Por fim.. Sx:. de que senio aqueIle
que cada um julga dever 't. com elIe o numero. df?s nos-
sen
consegnir
o mesmo :fim; e ate sos lDlIIllgos'1 Nao: eu estou que
muitas vezes nascida de rivalidades e odios pu- I Logo utilidade de
. 'e te particulares e ciumesridiculos, que quando/I tal medIda, e pelo contrario ' correm nscos em
o caracter de desordem politica .s adopta:-la, yoto c_ontra o proJecto, ,para que no
pela considerao ourela.? com a publica passe a 2& dlScussao.
que tm os individuos.que. fi!SSO figura0. OSR. ANDRADA 11lcHADO :-51". presidente, antes
l'io se tema que a ammstia traga para entre que comece o meu discurso. protesto desde j
inimigos da nossa causa; ha de mmtos contra sinistras que se queimo dar
cidados amantes delIa, e que so Is minhas palavras, e desmmto qualquer alluso,
pelo muito que a amo; .ha de reconcIliar os I aue se pretenda fazer a alguem; as cousas, e no
que hoje se mostro oppostos. e espalhar entre nos I' S humens em particular. a especie em gera), e
a paz e o prazer; e esse Pl?vo que ha tempos a esta no o individuo, o que tenho em considerao.
parte se mostra melancohco e desconfiado, reco- I Severo era o re!!imen da escola Pithagorica ;
brar a antiga alegria, e /os que ero para discipulos ero obri-
Por ultimo, Sr. presidente, ate dIreI que a I' trados estar allados dons annos, ouvindo to s-
agora um acto, de jusLia, com ella salvaremos a r e no se lhes perID!-!Lindo Dem perguntar,
oppresso alguns homens que padecem sem terem I nem commentar o que ouvlao. e durante esse tem-
commettido crimes.. ...Ipo chamavo-se acusticos. Em segundo degro, no
No accusar como Ja declareI Iqual se denominavo mathematicos, j lhes era
em outra occaslao, e agora nem o meu licito fallar, perguntar, escrever, e declarar as
cter proprio para !Das nem por ISSO. Suas opinies. A final depois de inbuidos nos estu-
deixarei de dizer que o IDlDlsterlO, talvez c0fl! as dos que se lhes abrio ()s areanos do mundo, e se
melhores intenes, como quero crer, e tendo so3
m
lhes patenteavo os principios da natlIreZa, e se de-
vista o salus populi, fez prender uns homens e e- nominavo pllysicos.
portar outros sem culpa que estes actos Se esta dIsciplina. bem que rigorosa, fosse
me parecem injustos e inconStltUClonaes; e applicada, se nito fossemos chamado;; para medic()s
centarei que at agora no se provado do Estado sem prvias provas. no teria talvez eu
-algum a taes homens, tudo sao meras suspeItas, de atacar o presente projecto.
desconfiancas, e nada se v de real. No porm assim, que somos escolhidos; a voz
' Remedimos pois males, lanando omnipotente do povo nos preconisa curandeiros po-
tudo um vo com a voltem.o.s flpriml; liticos; de repente nOS_investe .do poder
dos a gozar dos seus direItos, e heDfara truir, e destruir, mas nao nos da, porque nao pode,
esquecer os de seus mfortuDlos. . aspr;:-cisas luzes.
gratido n? par!lClparemos ns ss; E' por isso Sr. que tenho de
tambem o mlIDsterIO porque alguns dos seus mem dos muros da ainda nao bem comeada orgamsaao
bros aqui trabalho comnosco para este mesmo fim; social no Bralil os repetidos golpes dos arietes, que
,e at participa Mag
esta
4
e
, que mandand!> exe- contra ene o projecto de amnistia. .
cutar a nossa leI cooperara para a Embaraosa a situaco em que me veJo; de
reconciliao e ventura de seus s?bditos. li. quem um lado me convida com-terno pranto, com geme-
j tem dado tantas provas do maIS puro amor pa- bllnda voz, a doce e meiga humanidade;. outro
ternal. me aponta ao dedo a vareda que devo segUIr; com.
O SR. TElXEllU. DE Gouvl1A.: -Depois de se a<:11a..- olhar solemne, com aceno magestoso, a rainha das
' a materia to sabiamente discutida, nada teria a virtudes, a severa mais. salutar justia. _ .
' accrescentar; mas como -um dos d.eP!1
tad
?S Difficil entre as irmas; mas eIS
que defendeu- a necessidade da ammstia dlstmgUlo que benigna. dIVindade faz .luzlr a meus .olhos o
pocas de opinies politicas, e pretendeu unfco pharolporque devo gUIar-me.
que elIa era necessaria salvar expendldas o real .do Brazil? A resposta a esta questo
antes da solemne . declaraao da nossa md:ependen- deCIde de, JDlnha conducta.
cia cumpre mostrar que no ha tal neceSSIdade por Oamor do Brazil este sentimento que foi o pri-
seJJ.elhante , . _. meiro que me- assim que the abrolhou .a
OImperado,r l.ogo depOIS da mde- razo, assim que me palpitou ocorao, este 5entl-
pendencia um de ammstla, e e;n mento, que ser o ultimo, que abandone a
"virtude delle mUltos se retlrarao, e outros tomarao moribunda machina dictar as regras do meu dis-
a deliberao que lhes para estes curso. . " ,
e eaparanOs EU'mostrarei, que o projecto he nocivo ao
depOls aque a epo porque: lo injusto na sua materia,. e formas:
' ca,.ento direI que '., a tal 20 porque impolitico nas circumstanclas actuaes:
'Sempre. Sr. presl ente, !De. a um 30 porque perigoso pela discordia, que tende a
medida; firme?os meus'prmlplOs nao .,?on- "crar entre a assembla e o poder executivo. E a
ceber chamar ao nosso sero ubo- flnal far-me-hei cargQ das razes com que o pre-
n,oS roao internos que tendero justificar lgunsnobres e
j. o nUl!1ero com a ao que me parece, as "ObJecoes sus-
impunidade. Demais; logo que um.a naao pronun- Cita as. - ...'.
.. ciato:solemnemente a sua independencia, como Quando um. acto e eXIgI.do_em crIme, porque
.. ns fizemos 'j nopde considerar-se mero C?rime nOCIVO, a _assoclaao :rpena de
de O&inio que se diriO'e a destruir essa mde- dehcto, natural, e.ta? abltU quatn o
. '" criminalidade do acto e disputavel; mas tan o em
-pen enCla. , ' .
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SESSO EM: 21 DE MAlO DE 1823
um como em outro caso to o nexo, queIsidente heredi1ar.io,. com um chefe de execuo
uma ida a outra. . com de 011 Imperador. - ..
Quem diz pena suppe cnme co"!.o.causa; queJ.D .nos a pela monarchia.
diz crime espera a pena como enelio. . um Imperador; C?mo lazer
esta a..,cociaco atacar a -verdade essenclal, e m- POlS S propno de nos () que del'e ser Ga nos e.de!le't
troduzir reinado da falsidad, e da impostura. Mas acaora dir-se-me-ha, no pde haver sanco
Se a jllStia. declara que o a imperial.; bem; por que a no pde
da perpetra..:o do acto a d! ter lugar, .enge.UJ!!l coope:,raao, que I?Or
impllIdade no pde ser senao IDJustia.Ora 15to_e nao pode
o que se nos aconselha com o aclllal proJecto. Nao o proJecto como um. a"aracmmento e mms seno o
se disputa a actos, qlle se quer mell reJ1<U'!>. . _._
cobrir com o vo de amwstla; no se a rea- O loaraczamenlo, Sr. presldente, nao e senao a
lidade da causa; mas quer-se que ella no introduco do arbitrio para remediar a injustia da
o elfeito que deve necessariamente prodUZIr. Mas lei, assim como a lei ou regra se inventou para
no se que destruida evit:ar o mal do arbitrio.
do- delicto ncilla todo o edifiCIQ SOCIal, auton- fuoaunos de um mal, e cahimos n Olltro; e as ve-
sando-se actos, que se conheceero prejudi- zes o remedio de um mal o mesmo mal antigo,
ciaes. ditIerentemente modificado. Esta humilhante ver-
Sei muito bem que um acto-, que considerado dade dea nascimento ao agraciamento ou perdo;
abstractamente parece injllSto, risto em concerto no ba constituio que o no tenha admittido,
varia, s vezes, .de em x:azo da excepo da franceza de e 91, mas
que d'am vem a sOCledade; mas lSto e um diffe- em todas o poder de perdoar fOl confendo ao mo-
rente ponto de lista. em que devemos considerar a narcba e no a representaco nacional.
questo; agora tratamos do honesto, e por conse- O mesmo direito tinbo'entre ns os reis de Por-
guinte justo, depois encararemos'a sua utilidade, tugal; e o mesmo tem exercitado o Imperador;
ou real ou apparente. Se o projecto injusto em como roubar-lh'o agora, sem que anteriormente se
regra, como creio que fica demonstrado, muito declare devolvido a ns esse poder! No isto
mais o na sua frma. A meu vr no cabe nas um perfeito espolio? A constituio j faUou, j
funcces' a. que nos limitamos. foi ella acceita? Passemos a outro ponto politica
F<i'mos escolhidos para. fazer uma constituio, e da medida.
s para isso que nos escolhero; somos uma con- A jllStia e a utilidade no so inimigas; antes
venco ail hoc, no uma legislatura commum.; as so irmos bem unidos o util real, e o honesto. De-
nec:ssidades porm do BraZil fizero que ensan- cises abstractas da justica certo que, quando
chassemos, tah;ez com injllStificavel arbitrio, o po- revistas pelo principio de uiilidade social, declaro-se
der que s6 nos pertncia. e que DOS' declarassemos s vezes injustas, e d'ahi o summum jus, summa
competentes tambem para reformas indispensaves injuria,; mas isto s quer dizer, que ha justia
e urgentes, alm da constituio. Ora em que ramo absoluta, e justia relativa; uma eterna e de todos
destas nossas attribuies, entrar o projecto de os lugares e circumstancias, a outra
amnistia? Certamente no se pde eneartar em segundo vario as circumstancias, que a modi-
artigo constitucional. Poder porm classificar-se fico. .
como reforma a lei; E' desta segunda classe, a meu vr, a puni.o
que vede actos n?ClVos. a e .lDdispensa: dos delictos; o castigo ummal para evitar o mal
-vel,o P3!8 a sua eXlStenCla, I? P?dera maior do delicto, e por isso um })em relativo; se.
ser Se CObblaO do e porm succeder, que o mal da 'pllDio, seja su-
e msta, podera ser urgente o nao ?ohi- penor ao do delicto, ser o castigo um mal ex-
bl-lo ? . _ tremo, e a razo, e a justia aconselharo de mos
Confesso que pela s enuncla<lo me parece dadas o silencio da lei, isto , a amnistia.
o absurdo da suposio: . . .' Vejamos pois se este o nosso caso. Em regra
Advirta-se, que mUlto dilferente. cousa ser util as amnistias so concedidas no fim. das revoluces
uma medida de ser indispensavel i uma consa.no ou das conquistas; o partido julga
implica a outra. .Se porm o proJecto util , dente adoear a sorte do vencido,' cicatrisa:r, e no
como ao depois mostrarei, como !'er irritar as leridas, que lhe fizera; .mesmo impossi-
-vel e. para nossas 'l vel punir uma grande parte da nao sem ferir
Demm o proJeeto nao e .de e extrema profllIldamente a sensibilidade humana pela mlti-
tia, mas envolve agraclamento JlOlS plicidade das victimas, objectos da. sua compaixo,
que se estende processos comeados, e mnda sem mesmo a revoltar, e pr em nscoa segurana
quelles . em que J houvera sentena. geraI.
simples Sr. presidente, O perigo da impunidade nenhum':porque o par_
um acto s $Iem faz a lei tido est subjugado; o mal do-castigo e certo pOJ::-
'pO:l:\ na parlamento lDglez tem con- que a irrita.o existe. E' por isso, queurr: bar-
mUltas ammstias, e. ns tambem a pode- baro OctaVl8.D.O se converte em Augusto, e tra-
-ruu;nos. conceder, . um acto balha por abafar na doura do Imperador,a-cruel-
-leg;;lat!v!>, mas de legISlatura e um acto dade do Tnumviro; por isso que um. monstro
-legzslativo mas o?de .devem mtemr todos os ra- de nossos dias, Robespierre, contava.firmar-seno
mos do poder mando por meio de
Em todas as monarehias constitucionaes tem Mas so estas as nossas circumstancias'l .A.cabou a
'sef!lpre:..o monarcha qual na '1 Nem a .intelli-
J1egzslaao; sem o que nao eXlSte monarchia, mas gencla descortina-lhe ao' longe a medonha" cata- .
Jum governo poliarebico com um pre- dura, e o corao se encolhe de susto ao ima-
SESSO EM: 21 DE MAIO DE18!3 87
gina-Ja; no appareceo. ainda, mas apparecer, por . Comunos o To sobre um futo.i:o to homi':'
desgraa nossa. ... : . nso. ' "
Talveza1gmn diga, a amnistia a afogara Mereamos o nome de pa1S da patria, no: a em-
'no nascedouro. Homens illuddos! o rememo apro- purremos a uma contenda to iuutil e perigosa. Se
.nositado no fim da febre, quando a natureza ex- peis injusto na J!1ateria e frma,' se impolitico.
hausta pede estimuios, serpi'dante Sere! perigt)SQ o projecto de amnistia; como'no re-
stenia, na p.recc.o de todas as forcas t Que fa- ]eita.-l0r
riiunos- ns com a mnistia em qualto as- paixes Mas dizem os que a defeudem, que conforme
no ,tivero tempo de gastar-se, em quanto o os sentimentos do povo, que e
soffrido no' as pde ainda arrefecer, e dar lugar apenas tolera. o castigo quando o crime claro
a que escutassem os conselhos da.razo t Anima- a luz do meio-dia, e a pena se sego.e logo'ao
las-hia-mos aceo, e a formar em batalha todos delicto. '
os seus recursos: com a vantagem de estarem Concordo que o povo quando leis e instituies
instruidos pelos seus primeiros mos, sueeessos. barbaras e repetidos actosde atrocidade o no tem
Amuistiar nestas cireumstancias seria o mesmo, tomado. feroz, nato.ralmente compassi.o: aggre-
que - eia .bra!os campees da Seres no .pde ser insensi'yel: '
q;o.e temelS! ContinuaI a ataear a monarebia cons- unpossivel que a UD.1ao em massas neutralisasse
tttucional, que (embora a nao queira) vs re- esse amavel na
provais; se a ventura- cora os vossos esforos, reza; concordo aInda malS que o povo brazileU"o e
sereis collocados no templo da gloria, sereis apre- eminentemente sensivel, e por isso eminentemente
goados como pais da patria; e dovota a nao, compassivo; em nossa formao a Divindade pro-
ou por vontade ou PQr fora, queimar incenso digallsou Os elementos de amor e de doeura. Mas
ante vossas imagens. Se a desgraa, porm ata- que vem dabi? No tambem o povo juSto assim
lhar os vossos passos, no vos assusteis, est {lrom- como compassivo'! E'; e basta por prova o acto
pta a aministia. que cubrir de eterno veo as do povo atheniense, que rejeitou, ouvir, o
vossas malfeitorias. Instruo-vos os mos succes- projecto de Themistocles, pelo ter qualificado de
sos a concertar melhor os vosSOs planos, a injusto, bem que util, Aristides. a quem incllmbira
melhor .a sua exec!lo, machinai, ma- que o de Jhemistocles. .
chiriai, at que em fim Cala por terra o go- _Sr. preSidente, e bom escutara humamdade, mas
vemo que detestais. - E dir isto um legislador' sem quebra da justia. "
E' o que diriamos se admittissemos a amnistia, O que Percles dizia da condescendencia com os
mas o que eu nunca aconselha-rei. , amigos, que subordinava s ordens da Divindade,
No actual estado de fermentao lanar na estendo eu humanidade em relaco justia-
massa da naco um bando de pessoas desfeitas, Dei me sym,prattein tais philois, au mechri theon:
e de mais uleradas-pelos procedimentos, qo.e com -attend.m:os humanidade, mas no desprezemos
elles se tem tido , a meu vr, loucura rema- a quando a justia falla, a humaJ.!idade
tada. somente de adoar-lhe as ordens, mas nao
Demais no .; um partido numeroso, o que te- nulla-las. Que s deva ser punido o crime
mos de punir, se fr criminoso ; so uns poucos mente provado, que a pena deva logo segu.ir-se ao
de indiVIduos, e muito , poucos; no ha risco de delicto, obrigaCo da justica, e nada tem comisto
ferir profundamente a sensibilidade nacional, ainda a piedade. _..
quando seja rigorosa a pena, que se lhes imponha; Eu que ora me opponho amnistia. mas que te-
. no {)odem ser repetidos os exemplos do castigo. nho sido, sou e hei de ser propugnador da verdade
Vejamos agora o terceiro ponto, o perigo de <tis- e da justia, no quero que a innocencia tenha a
cordia entre os poderes legislativo e imperial, a sorte do crime; que se confundo temerariamente
que provavelmente nos pde sujeitar a adopo do cousas to adversas, e que se aggrave o mal do
castigo com o da desnecessaria demora; mas
, Ns, Sr. presidente, no concentramos, nem isto j disse, no acto de compaixo, de
podemos concentrar todos os poderes, visto exis- rosa justia, a que todo o ,cidado tem d4'eito. So
tir antes de ns um poder, que at foi orgo da crimes de opinio, disse um nobre preopinante,
nossa convocao, e cuja conservao junta com merecem por isso indu.lgencia; o seu castigo
outras foi uma clausula explicita d'o nosso mandato; rita. .ao que sotrre, pelo ju.lgar injusto; revolta
este poder ti.nba, e deve ter att.tibuies, que pa- aos que o vm; e torna odioso o ,governo .que
recem invadidas pelo projecto de amnistia; que- o executa.
rer elie mansamente abandona-las, sem luta, Cumpre destingu.ir. Se o nobre preopinante ataca
sem contenda, sem dis\luta? Ser prudente pr a as penas contra meras opinies, metamorphosa a
assembla sua paciencla prova 't, meu ver moinhos de vento em gigantes para ter a
Eu creio, .que '0 Imperador no recusar pro- gl0r!a de os d.ebellar. '..
mulgar a amnistia, se o decretarmos ;estmimuito ha COdlgO -algum no mundo <J1!e .castigue
convencido da sua bondade, do seu amor tia 'paz, opmlOes, salvo quando se .mcorpo-
e do bem'do Brazil, :para temer o contrario; mas radas em factos; 'sao'donuDlonosso,
se por desgraa entendesse o -Imperador, que se emqueopode!,poP.ticonao p6de,tocar;
lhe iuvadio attribuies o bem da nao ex- ellas .se por .actos q.ue pnnClpia:a
giaque elle tivesse; que se lhe invadio por quem supenntendenCla, e regulamento SOCial.
--no tinha -a autoridade para isto; se acreditasse- Se,parm, a nobre preopinante: chama crimes de
que-a'resistenciaparasustentarasua- dig- opinio os crimes' politicos. por deverem' asJi,a
nidade' era dever' de consciencia, e servico .,do origem differenca' de,opinies' a' e
-BrazU, qual seria o resultado '! AsdiscordiaS civis 'de"gvernos,ento no 'duv.i.1lo cotifes-
comeo de uma organisao nem aindacbosque- sar 'que' mais "clreumspecta deve'ser
]ada. . ,.! " do 'poder politico na "punio 'desemelftantes
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SESSO, EM-21 DE M!.IO DE 182.3
crimes do que na dos crimes -particulares; e que oppresso e vexames,. resentimento pelos males
a iazo e a justia aconselha a parcimonia; a sotfridos, e o desejo e 'Vingana. . .
docura nas "penas. . Entre ns o avesso; um punhado de homens
celebre Guizot esgotou esla materia nas suas (se so provadas as aceusae5), que quer -resistir
obras - Des conspirations et de la justice politique, a opinio geral; a torrente da opinio geral'
- -De la peine de mo-rt en matUre politique:-Elle que os afoga ; e ser o seu castigo capazdeprodll-
faz ver que nos crimes politicos no na padro zir re,olues, quando quasi -partilha as suas opi-
cerlo e determinado de criminalidade, essencial ele- nij)es exageradas 't S quem dir semelhailte
mento da jllStica das leis penaes; que o que uns absurdo. - .
julgo crime, utros virtudes;.: que falta A cruezas de !817,
mesmo a imputao mUltas vezes, pOiS \) perp- em roItgal, que nau puaerao tomeI' a revoluao de
trdor cuida fazer bem e no mal; que o exemplo 24 de Agosto de 1820, e 15 de Setembro em
sobre os espectadores circumscripito ao circulo Lisboa. .
dos que crm o aeto crimioso; mas no abl'3.!'ge O povo estava cansado. do desgoverno
os que penso como o soffredor, os quaes Jul- velho; sua marinha, seu commermo,suas artes,
gando o acto-virtuoso irrilo-se com a pena, que at sua gloria militar tinha esvaecido para elle;
Do deve ser consequeucia de talacto. uma regenerao era olhada geralmente coroo pra-
E' mesmo mui differente -a situao dos cri- cisa; em tal constituio dos-espiritos os castIgos
minosos politicos comparada com a dos facino- so de necessidade impotentes contra a massa dos
rosos particulares, taes como o assassino, o ladro, desejos de todo um povo; satisfaz-Ios eillustra-Ios
etc. Estes tem por inimigos a sociedade inteira; era o unico remedio; -isto o que se no fez; e a
quasi ninguem soffre com o seu mal, porque delle naco se vio na preciso de buscar por fora o
vem a segurana geral; os criminosos polit.ic?s. qu se lhe devia de justia, e se lhe no queria dar
porm, no esto no mesmo caso; se um partIdo por gosto.
os aborrece, e goza com . o seu castigo, outro Mas entre ns no existe tal choque; o chefe
partido o ama e soffre com elie; e a maior parte hereditario da nal,;.o franqueou-nos o que demall-
(Ia naco, que est no estado de ataraxia, afilige- daT'amos, esto satisfeitos nossos desejos; e neste
se com o espeetaculo das dres de homens, de tempo que indhiduos obscuros, e sem vocao
cuja perversidade tem apod!ctica elevo novas pretenes oppostas s da tolalidade
Isto, -e muito maIS que se podIa lembrar para do po'\"o !
differenear as. duas classes de criminosos, prova Julgar alguem como precursor de revolues o
s6ment a necessidade de prudencia e economia no acto da lei, que esmague os ousados pygmos?
infligir penas a taes delictos, mas nunca aconselha EOlfim, quer-se amedrontar-nos com o eXel11plo
a sua permisso ou impunidade. das perseguies do desprezivel Jos da Silva Car-
Ba outro elemento que merece atteno na elas- valho. cujas arbitrariedades e espionagens no tm
sificao de um acto ccmocrime, o perigo social; podido suffocar o desejo de mudanca que parece
uma vez que um acto o gera deve ser prohibido ter outra vez invadido os portuguezes:
e punido para prevenir a sua repetio. Que ha dccommum entre as manobras tenebro-
Seja pois a justia doce nas penas que se sas de Jos da Sih"a Carvalho, e seus socios, e o
impuzerem aos crimes polticos, mrmente no es- que vemos entre ns!
tado de ignorancia dos princi.{'ios sociaes, em que Os portuguezes, que suspiravo .pela nova ordem
nos achamos, mas por amnistlas no lhes segure- de cousas, querio-a purque a julgavo aurora da
mos a impunidade. ventura e riqueza.. odia\-o o. governo velho, por-
O C?a5tigo nos crimes politicos, nob!e .<lue o julgavo causa da sua pobreza e miseria.
preopmante, em vez de conspIraoes nao Fez-se a renovarAo, e at agora das promessas
as p6de estorvar, e provou ISto I:om exemplos de constitucionaes nada mais tem colhido seno des-
Portugal. graas; o governo novo, herdeiro da inepcia e
que pes? elies. . . . corrupo do velho, tem-o excedido, se possivel,
O DemoDlo do Melo-DIa, Fehppe lI, aUXIlIado em desacertos e pre.-aricaes. Que devia succeder?
pela baixa nobreza-portugueza, roubou casa de Ter-se-lhe odio, desejar-se a sua- quda; e o que
Bragana o throno portuguez; os meios de conser- apesar das proscripes' de. Carvalllo e
vao foro consoantes com os da adquisio ; um companhia.. porque proscripes podem conter pelo
regimen e .desconfiado pareceu ao gabi- terror um nomem ou uma pequena faco, nunca
nete de Madrid o u1?lco capaz de segurar a USlir- uma nao. . -- --
pao e sopear' os Justos arremeos de um povo Mas o que l foi e deVia ser inutil -e insufficiente
de um. portuguez entre ns util e a nacional que
tl'8.ldor e abastardado, fOI o maIS activo ex.ecu..,. se desenvohreeontra md1"nduos Isolados. .
t?r de to loucas e resolues; toda- Concordo que a marcha franca,. justa e legal
VIa appareceu a quaSl mIraculosa revoluao de quem estorva asrevolnes; por .condemno a
-1640. amnistia, que uma medida extraordinaria que
Que tem isto deapplicavel ao nosso caso? Os justa, que no legal, antes 'o silencio da
portuguezes -tendio irresistivelmente a recuperar leI. _ _ ..
a perdida liberdade e dignidade nacional; os talen- - O lJUe _me fez pasmar foi? argumento que da
tos de que possuia tantos quanto era conspIraao .do . marquez ,de e duque de
a perversIdade -do corao, no bastro para qUlZ. tIrar a fayor da amnIStIa,como me-
estorvar a appario de um successo que era etreito dJda doce, o nobre preopmante ; .se este argumento
de todas as paixes reunidas, quer, benevolas. quer alguma. cousa provasse, provava contra o nobre
.malevolas; a doura no bastava para impe-
; mente o amor da patna, da mdependencia e dadi- du-conspIraoes. ".C.. .
gnidade nacional, o natural desejo de furtarem-se Elle confessa que Joo IV cuidava do bem do
..
SESSO EM' 21 DE MAlO DE. 18.23
89
povo, no perseoauia, no espiava, e todavia no
entol1 que contra _elIe conspirassem o desvairado
marquez e seu filho.
"E' verdaije que o nobre preopinante, o etreito que
quer aUrbuir donra do governo a descoberta
da conspirao; e se a descoberta de conspiraes
e seu castigo provasse a doura do governo, contra
se conspirava, docissimo foi o imperio de
. l'iero e de Domiciano, docissimo o de Napoleo.
E' t.al o absurdo que me l'ersuado:;'que nesta
citco no teve -o nobre preopinanle ol1tro fim
seno .mimosear-nos.com um retalho de erudio,
embora fosse mal applicado.
A. novidade do governo, diz o nobre preopinante,
torna a amnistia necessaria; um governo novo
precisa adquirir fora moraI, .e
amor dos povos, e no ha para 1500 meios mais
apropriados do que os suaves; o balsamo cicatriza
chagas que o cauterio s irrita.
Examinemos a questo.
Ninguem quvida" que um governo novo precisa
de adquirir fora moral; mas como se adql1ire ella?
Por medidas energicas ou de fraqueza? Pelo des-
vio habitual das leis, ou pela firme adherencia a
. elIas? E' um governo fraco e injusto quem ganha
"a atreico aos povos, ou um forte e jl1sto?
A. -resposta a estas perguntas decide do fado da
amnistia. EUa como j mostrei medida extraor-
dinaria, desvio da lei; e com razo ha de ser to-
mada pelos que della se aproveitarem mais como
filha do temor do que da bondade do governo.
Se- os ci-iminosos politicos crm obrar bem
quando conspiro, no podem agradecer como fa-
vor o cuid.o lhes pertellce de justia, no at-
tribuir o poupar-se-lhes o castigo humanidade
e piedade, mas sim a temor e tardio arrependi-
mento; e tardio arrependimento no.faz esquecer
as passadas otrensas. .
Desenganemo-nos, Sr. presidente, a fora e a
justica s quem erige, quem conserva os gover-
nos :Otudo o mais expediente de timidos e ignoran-
"tes empiricoso - "
O balsamo cicatriza as chagas, mas quando o
cauterio s tem limpado, applicado antes s6 serve
de de enganosa crosta, debaixo da qual a
ferida lavra e contina pUlrida suppurao.
_Mas que' mal vem da amnistia? clama o nobre
preopinante. Todo o Brazil adhere independencia;
adivergencia versa smente sobre os meios de a
consegurm.os-; a amnistia trar a nosso seio no
inimigos da nossa -causa, mas os seus melhores
amigos. -
.Eu no coh:::ebo qu os amigos da ordem, que so
os nossos amigos,. precisem de amnistia, quem.vive
conforme as leis, no deseja o silencio dellas; con-
tra os inimigos que esta assestada a artilharia das
leis, em favor delles que se quer peIa amnistia
estorvar que -disparem os seus canlies, Que mal
vem da amnistia? O susto geral dos bons, a ousadia
geral dos mos. -
N6s no proclamamos s6 a independencia" pro-
clamamos tambem um imperioconstituC'ional; quem
husca a: independenc:a -por outros meios .. um te-
merario, que despreza os dictames da sabedoria ge-
raI um perjuro, que calca aos ps o juramento
nacional, e.a estes a quem remedeia a amnistia.
"Se o Brazil todo adhere monarchia constitu-
cional, se ha apens um ou outro furioso, que'a pre-
'tenda cierrubar ou sOla'par, menos razo, ha de con-
uma. amnistla, que s6 .deve ter lugar
quando o dos assusta o executor
e a commlSerao do POIO; lobos solitarios,
ammaes de presa, detestados cabem sem que a pie-
dade gema. - .
. Que .seja justa a amnistia, do que iica
dito, e absurdo tal que me nao Canso a demons-
tra-lo.
_Recorre por fim o nobre preopinante, como
ultima trincheira, depois de forcadas as mais,
utilidade que vem da amnistia. ssembla, ao Im-
perador, e por fim at ao nnislerio, a quem ac-
cusa de inconstitucionalidade, que deste modo se
lavaria.
E' util a ns, diz elle, porque participaremos da
gratido dos amnistiados, que nos olhai como
posto fim a seus males. _.
0- n9bre preopinante conhece mui pouco o cora-
o humano; a sua idade o excusa; quem sotrreu
justamente, se a mo que o pune o levanta, pde
ser-lhe talvez grato; mas quem gemeu sob o latego
imperioso da violeocia, ainda quando eBa cessa no
lhe leva em eOIita a cessao intempestiva e
tardia; o sentimento da injustica tinha lavrado
mtiito em sua alma para desapparecer n'ummo-
mento, com o leve sopro da 'prestlDl.!da bondade;
o resentimento ate que -chegue a hora
da v1Ogana. .
E' utH ao Imperador, diz o nobre preopinante,
pois executando coopera para ventura do :povoo
injuria faz o nobre preopinante nossa 1Otel-
ligencia se cr persuadir-nos; e triste amostra
nos d da sua, se acredita o que diz.
O Imperador, 'que podia conceder a amnistia, c
que a no concedeu, ganhar em executar oque a
assembla decretar? Cumprir o que no obra sua,
ganhar-lhe-ha os animos?
No mais natural que se diga, que amigo da
severidade, foi inexoravel ao grito de di, quando
podia abafa-lo, e s se mostra humano quando no
p6de deixar de ser? -
Mas o ministerio, que prendeu e deportou sem
culpa, como diz o nobre preopinante, visto estar
comnosco identificado,' ganhar semduvida. Como t
Haver quem lhe agradea no continuar uma in-
jnst.ica, de que dizem fr autor, 's porque no tem
poder para continuar a ser injusto?
Sr. presidente, se o-ministerio errou emendemos
o seu erro; se peccou deliberadamente, punamos
os seus crimes; se desgraados, sem delicto provado,
tem soffrido como criminosos, recorro a justia
nacional, eBa no recusar ouvi-los; mas no se
nos proponha que demos como favor, o que de
obrigao; 'que dispensemos como graa o que de.
justia; isto nunca votarei eu; o meu grito d'armas
justia a todos e contra todos.
v:oto, portant.o,. <I1!e no passe 2& discusso o
proJecto de ammstla. "" "
O $a. MONlz TAVARES :-Sr. presidente, depois
de me haver precedido um to sabio, e eloql1ente
orador, depois de eu ter ouvido um to completo
discurso, respeitosamente guardaria o mais pro-
fundo silencio, se em razo do meu pesado cargo,
no fosse obrigado a fallar.
Fallarei portanto, e principiarei dizendo, que
quando se trata de melhorar a sorte de cidados
desgracados, eu desejo ser sempre o-primeiro em
alar minha voz, em seu favor; por isso que me
custa a resistir-a'Os doces impulsos da mais excel-
lent.e das virtudes, a: santa beneficencia; a minha
conducta a este respeito asss notoria; nas crtes
23
90
SESSO EM 22 DE MAIO DE 1823
,
em favor deste j d'agora protesto, perante o povo,
que me ouye, protesto, que irei, (se fr preciso)
no como deputado, mas como cidado amigo dos
homens, sim protesto, que- irei pedir. pessoa.a
quem compete o poder de agraciar, que lhe perde.
l'orm no approvo, que como legisladores por ora
o faamos. Esta a minha opinio.
Como er5.o quasi duas horas, o Sr. pt'esidente
interrompeu o debate; c assignou para a ordem
do dia: l, -a disetls.. do nroiecto do regimento
proposto pela commisso d redacco do diario;
2, a continuaco da discusso do piojecto de am-
nistia at uma hora da tarde; 3,' a dos artigos
do regimenlo da assembla da uma hora' por
diante.
Levantou-se a sesso s 2 horas da tarde.
Manoel Jos de Sou::;a Frana, secretario.
de Portugal, tive por.mais de uma vez, occasio de
o mostrar. .
Porem ao mesmo tempo, quando considero, que
uma compaixo mal entendida, uma caridade mal
. applicada, costuma ser muitas vezes fecunda
de esgracas sem numero, correndo maIS para um
orgulho sberbo, que para lIma gratido sincera,
1remo confesso mgennamente qne tremo; e tal e
o em que presentemente me .'
"Eu .ejo por um lado este nascente lmpeno amda
bambleando; os nossos inimigos internos, e ex-
ternos invejosos da alta gloria, que nos est reser-
vada, 'anciosos procuro, no destruir-nos com a
fora, por q:uanto no podem, mas siJ?1 dividir-nos
com a intriga, valendo-se da calumma e da men-
tira; vejo por outro lado alguns dp,stes inimigos
descobertos j _de n,os dam-
nificarem; e a Vista desta fiel exposlaO, que pes-
soa nenhuma reputar exagerada, poderemos ad-
miLtir este projecto, sem que sobrevenho gravissi-
mos incommodos? Franquearemos os portos aos s-
nossos inimigos'! No o posso crer; eu fao senho- essao em 22 de Maio de
res Um alto conceito de vossas virtudes patrioticas; PRESIDENCU. DO SR. BISPO CA.PELLO-JlIR
e pur consequencia no posso esperar que procedais
de semelhante maneira. Reunidos os 81'S. deputados pelas 10 horas da
:Eu bem desejaria salvar a todos, se todos conhe- fez-se a e acharo-se presentes
cessem, depois do seu erro, os seus deveres; mas 53, faltando por molestlas os 8rs. Gama, e Couto
quanto isto difficil, a experiencia me tem mos- Reis.
trado. . OSR. 'PRESIDEXTE declarou 'aberta a sesso; o lida
O que se pde esperar da soltura de um homem; a acta da antecedente, foi approvada.
tendo por de q\iatro annos nas O SR, SECRETARIO Carneiro de Campos leu uma
maIS du!S-s prlZoes, apenas e (e para o que representao do depulado eleito pelas
concorri) procura de novo o seu PalZ, do Rio-Grande -de S Pedro d S L d S P I
e de facto o ensanguentou, me Que Jos Feliciano Fm'ndndes
de outro,. que quasl sempre Itermos se"uintes
nvendo em prlzoes pelo seu espulto turbulento, e '
inquieto, logo que solto das prizes desta crte, I . mm. Exm. Sr.--onstando-me que as provin-
voltando a Pernambuco, promove alli immediata- Clas S. e de ::;. Pedro me com
mente a revolta, a sedico, e anarchia? a de para. a assemblea geral consti-
Ah ! Sr. presidente? Causa-me horror s o ouvir twnte do Impeno do. com tudo nem de uma
falIar em revoluo; exprimo-me francamente nem de outra recebI alUda. o competente diploma;
como um celebre politico dos nossos tempos-Les rogo por tanto a y. Ex. haja de apresentar mesma
?"ellolutions me sont pare que la esta mmha declaraco, para que jmais
m,'est chere-odeio cordialmente as revoluces e me seJa Imputavel qualquer aemora ou ommiss
odeio-as, porque amo em extremo aliberdde; o na pontual e!ltrega do documento.- Deus
fructo ordinario das revolues sempre, ou uma Guarde. a v. Ex.- Rio de Janeiro, 21 de Maio
devastadora anarchia, ou um despotismo militar de. 1823.-Illm. e Exm. Sr. Jos Joaquim Car-
crudelissimo; -a revoluo sempre um mal e s de Campos.--!os Feliciano Fernandes Pi-
a desesperao faz lanar mo dena, qllan'do os nhetro. - Hemettldo commisso de poderes.
males so extremos. . O IImslllo SR. SECRETARIO leu o seguinte parecer
t:odas as que me .lembro. que a mmha da commisso de poderes: -
mUlto amada patna tem soffndo este horroroso fla- . - ' ..
gallo; quando me lembro, que homens perversos, ACOmmlssao de poderes o diploma
esquecidos dos seus deveres, na pouco a envolvro do S!. de AlmeIda, deputado pela
na mais sanguinolenta guerra civil; no posso..... proVlncla de o conforme a
basta; o que digo, , que se certos homens volta- act!,-,_ e conforme as mslrucoes que regula0 as
rem a Pernambuco, no sei, o que ser daquella e!eloes; e de parecer que o deputado pde
provincia. Vir tomar assento. nesta assemblea. Pao da assem-
E d ali
- d' b bla, 21 de Malo de 1823.- Estevo Ribeiro de
. o que e , nao po era tam em succeder Resende.-Antonio Carlos Ribeiro de Ma-
em outros lupares'l O nobre deputa;do, que acabou chado e Silva.-lJ[anoel Jacintho Nogueira da
.de fallar! de se! malS e eu Gama. - Foi approvado.
mesmo nao mtenclono cancar a assemblea; s6 res- . .
ta-me _dizer, gue se ha, (c0!n0 querem alguns, e do O SR. BARO DE S. AMARO: """"" Tenho que apre-
qut: .nao dUVIdotse.ha mUItos pr_ezos p.or opinies sentaI: uJ:!la a e como a sua
pohtica$, que estao l'J:!.nocentes, nao sera mais hon- matena emUl clara e por SI mesmo se recommenda
r.oso para.elles o sahirem livres por uma sentena no perderei tempo em preambulos. Leu a seguinte
sem deverem favores a pessoa alguma? E' verdade " .
que tambem poder. haver' algum, que por INDICAO,
,praticados em contraveno sagrada causa, que a Proponho: 1.0 Que se exija do uma' in-
nao adoptou, merea uma punio capital; mas formao do estado actual em que se acha a nao.
SESSO EM 22 DE lIDO DE 1823
91
PR01ECTO DO DECRETO
. 2.0 Que esta informao comprehenda todos os de algum debate resolveu-se que se remet-
ramos da administrao publi?: . _ tesse outra vez este negocio ao governo autoEsan-
'3.0 Queasmaterias que engrremsegredovenhao do-o para fazer a apontada pela commisso,
notadas em separado, se dessa revelao no peri- e dar, quanto ao mllS, todas as providencias condu-.
gar o bem da naco. centes ao _estabelecimento dos referidos colonos,
4.0 Que na mesma informao venho indicados emquanto a assembla no decreta um regimento-
os abusos que mais carecerem de.reforma. que preencha os fins da colonisao. .
Cf Paco da assembla, 22 de MalOde1823.-0 de- OSR. l\IONIZ TAV.ABES:-ntes que se passe or-
putado; Baro e Santo dem do dia, peo l;ieena para ler um projecto de
llepois de alguma discusso que. se of- deerelo que JulgueI necessario fazer, por me lem-
iiciasse ao governo na f6rma da mdicaao. brar que tendo o Brazil, por mui justas e legitimas
O SR. RIBEIR.O DE A.,wRADA, leu o seguinte parecer razes, renunciado para sempre a toda e qualquer
da commisso de' colonisao e fazenda .sobre o unio politica com Portugal ou outra qualquer
omcio da eamara de S. Jorge dos llhos respectivo nao, que se opponha sua independencia, assu-
aos colonos de Francfort.. mindo por este acto solemne o distinctivo titulo de,
nao soberana e verdadeiramenle livre, no pde
P.U\ECER Portugal deixar de ser considerado por ns como
A. commisso de colonisao, e a defa;zenda nao estrangeira; e p,ar. consequencia todos !ls
examinando a representao da camara da Vllla de portuguezes, ainda mesmo os' que residem entre
S. Jorge dos liMos sobre as colonias de allemes ns, fazendo parte de outra fanlilia, fieo, pelo di-
alli chegados, de parecer: . reito das naes, inhabilitados. para o goso de
1.
0
Que a camara assigne no terreno, que pelos certos predieamentos que s competem aos que
ajustes lhes fra destinado, pores de.terras a cada possuem o fro de cidado.
fmilia, em que se posso manter, praticando o 51S- Mas como entre os portuguezes residentes no
tema de cultura, que melhor se conformar com as Brazil, eu sou informado que existem alguns que
suas circumstancias.. se tem mostrado adherentes nossa sagrada causa,
Ic.2.
0
Que na falta do referI.do terreno se lhes as- e at trabalhado para elIa, e que existem outros
signe outro qualquer, que dt:,!oluto. . que esquecidos dos immensos beneficios que lhes
3.
0
Que pela fazenda .sejao.suppndos por, temos prodigalisado, arteirament.e procuro sola-
dous annos da necessana subsIStenC!a a par-nos, e afinal destruir-nos, seria uma injustia
cada individuo de ambos os..sexos ni\"elar uns com os outros; assim. como muito im-
160 ris e a cada chefe de famlba 320 reIS, no pn- politico e l'eputrnante o consentIrmos que os que
meiro e no segundo a !D
etade
de ora em nerem attrahidos .pelo velho ha-
'visto, que j.p?dem ter obtl.do. por sua ln9ustrIa bito de desfructarem quanto possuimos, con-
alguns SUbSldIOS para subSIStIrem. tinuem a ter accesso as honras e empregos, sem
_ cc 4.." Que do thesouro se a camara, e a que precedo certos requisitos. -
eontabilidade . 8: quantla E', portanto, o fim do projecto distinguir os boJ?S
para a sobredIta asslstencla nos pl"!1De!ros quatro dos mos I>.0rtuguezes, e os portuguezes ora res;-
mezes, fazendo-se o pagame!1
to
no de cada dentes no BraziI dos que para o futuro vierem J,:eSl-
mez, e adiantado, da quantI.a total .ao m-:,z, dir, Isto melhor i>e ver pelo seu contedo. -
devendo ser ao depois supprldas pela
da provineia respectiva, para o que se as
ordens necessarias; porm estando amda aquelIa
provincia, em estado de o no poder fazer, se con- C( A assembla geral constituinte e legislativa do
tinuar 1>.elo thesouro do mesmo modo.,. Imperio do Brazil decreta:
"Cf 5.
0
Que a camara informe a S. M. Impenal pela 1.o Aquelles portuguezes que presentemente
repartio da faz_enda SE?bre os instrumentos neces- residem no Brazil.com intenco de
sarios as operacoes agncolas, que aquelle.s e que tm dado provas no quivocas de adheso.a
hajo de emprenender, para lhes serem lmediata- sagrada causa da independencia, e augusta pes-
mente'fornecidos, e da mesma frma, sobre as se- soa de S. M. Imperial, so declarados cidados bra-
mentes, e plantas, que precisem, e julguem mais zileiros.
analogas, e adequadas cultura do lugar. 2.
0
Aquelles, porm, cuja conducta fr 5US-
.6.
0
Quesendotalvez alguns dos peita," o governo fica autorisado, por espao de trez
teceles, curtidores, etc., e como taes maIS propnos mezes, contados do dia <la publicao dopresente
para serem empregados em partes, a decreto, a fazer retirar immediatamente para o seu
envie uma lista com a da profissao de .
paIZ.
estes e5lrangeiros ora chegados, e que C( 3.
0
Posto que se franque a livre entrada a
para o fu.turo vierem, no pos.so gozar .do todos, os estrangeiros, ,e por consequencia aos por-
de qualquer qualidade que seja, sem prlmerro pres- tuguezes <I1;le vastl? e
d
. I . d r . rico Impeno, todaVIa nenhum sera JamaIs admit-
.taxem o juramento deobe ienCla as eIS o mperlO tido a qualquer lugar de honra. confiana .e inte-
.perante a camara, onde o li!ro resse, depois da publicao do presente em
para a sua mal.ricula com a necessana mdIVlduaao. dianle, sem que preceda carta de naLura}lsao.
c(Paco da assembla, 2Q de de 1.823.-Ma- d'd I a que havera o mllS n
J d R nele ce I a pe o governo,. par o .-
lAoel Ja.cintho Nogueira da Gam.a.- ose e eze .goroso escrullulo, j,
.costa.-:-Jlarti1n Fra.ncisco Ribeiro de Andrada.-. no se concle a .constltulaO, anno.s de
.Antonio GO'1l.cal'l.les Gomide.-Joo Gome$ da Sil- dencia no interrompidos,e possesso depr()pne.-
Rodrig'Ue$ da Costa.-
Joo .4.,'ouchc de Toledo Re'1ldon.-Baro de Santo dade territorial. .
.Am.aro.. .4. O decreto .de .14 de laneiro do presente
92
SESSAO EM 22 DE MAIO DE 1823
anno no se julgar por es:te revogado, antes:fica OSR. RODRIG1lES DE CaV..u.HO': grande
. em. pleno 'Vigor. este ordenado; e assim ml'SDlO no tem convidado
Pao da 10 de Maio de ninguem.-Eu como membro da eommisso cnYidei
cisco M Tavares. - Ficou para segunda leitura. um homem muito babilpara ser redactor e quand
Passou-:Se ordem.do dia, e lendo o Sr. secreta- ouvio que o ordenado era l:000B declarou logo que
rio Frana. o.projecto de regulamento para a .redac- noqueria. Portanto se preciso umredactor e que
o do Dia",,?; e sendo approvado o. saiba o que faz, d-se-lhebom ordenado, at para
enuou em discusso o artl do relendo p,roJecto. continuarmos como que est, pois no sei que ohaja
(apresentado na sesso de 16 do corrente). mais digno. Creio que.a assembla tomar isto-em
O SR. RAUJO VIA."iNA :-Arespeito do art. 1 que considerao. .
vai entrar em discusso; direi succintaIDente quaes OSR. A.'<DRADA MAcHADO: - O que eu julgo
foro as razpes que movro a commisso a forma-lo dispensaven declarar-se que este ordenado corres-
desta maneira. pOnde a um anno de trabalho, para que'se no
Dous objectQs se otIerecem nelle considero eutenda que tem 'direito a esta quantia ainda que
da assembla-empregados-salarios deUes. sirva muito menos tempo. .
Quanto ao primeiro objecto julgou a commisso O SR. NOGUEIRA DA. GAMA: - Estou persuadido
inltispensavel um reddc1.or, cujas altribuices mar- que o ordenado deve ser relativo ao tempo do ser-
cadas do 4 a 8 se reduzem correc dos tra- vio; e serei de voto que se d ao redactor 1008 por
balhos dostachvgraphos, e organL.:ao do Diario. mez; se trabalhar um anno vence 3,000 crozados;
Julgou a cominisSo igualmente' indispensaTel. o pouco mais do estabelecido no artigo e no o acho
numero de nove tachygraphos, tres maiores e seis demasiado havendo bom desempenho.
menores, afim de os distribuir em tres turn9s diri- Depis de algumas reflexes, venceu-se que o re-
gidos cada um por sell tachygrapho maior. dactor percebesse 1001) cada mez de trabalho
Aqui teve a commisso em vista no s a neces- effectivo da redaco. '
sidade de dar tempo confrontao e. Passou-se ao 2<' do mesmo art. l0 .que trata do
apuraro das notas, mas tambem a falta de pessoas h h d d
peritaS em tacbygraphia: inda assim receio que o numero dos tac ygrap os e seus or ena os.
espaco concedido na alternatil"8 dos tres turnos no OSR. CARNEIRO DE -Eu entendo que o
sela sufticiente para novos na arte. Alm disto ordenado. de 600S para os tachygraphos maiores
pretendea. a commisso habilitar maior numero de sufticienle; tambem que deve ser
tachygra:phos yara que possa ha'-er na publicao .autorlsada a Cpmmlssao para Ih o no
do Diano mlllor celeridade. caso de cumpnrem com os seus deveres e a VISta do
Para a creao dos dous escnpturarios considerou merecimento_ de ca?a u!D' l>agar j mU!to a h_omens
a conunisso que devendo, segundo o systema ,que tall"ez naO satlsfarao como se preclS3, nao me
desse projecto, haver muito trabalho na escriptu- parece acertado.
rao relativa ao Dia.rJ, no podia deixar de os OSR. COSTA AGULUt : - Sou de opinio contraria;
propdr. julgo que devemos estabelecer bons ordenados aos
O servente, que primeira vista parecer super- lachygraphos. Eu sei o qlle o trabalho detachygra-
Duo, no deixar. de se julgar necessario quando phia; mui grande; at excessivo; e porconse-
se retleetir que um correio para correspondencia quencia a sua recOI;npensa no p6de ser diminuta.
do redactor com a imprensa, e com a commisso Se etles no cumprirem, a conunisso conhecer
indspensavel. disto e tomar as medidas convenientes; mas O
Um administrador que receba as assignaturas, ordenado deve corresponder.ao trabalho que im-
mantenha a correspondencia com s provncias, e menso e de muita considerao; alm disto so
faa a distribuio do Diario na cidade, pareceu muito precisos e ha -muito poucos. E' pois o meu
igualmente necessario. voto que assim como se augmentou o ordenado ao
Quanto ao segundo obj(!cto-salarios-no podia redactor, se accrescente tambem este, dando-se-Ihe
a commisso ser mais economiea: prope 1:0008 80S por mez. .
para o e quem se expor por menos a O SR. ANDMDA MACHADO acho .demasiado o
trabalho to enfadonho? O que se estabelece para numero de tres tachygraphos maiores; em Portugal
tachygra.t>hos certamente o menor,. que nas ha"ia smente e cumprio exactamente a sua
se p
6
!le _offerecer; tan.to obrigao. No por augmentar o numero que se ha
que sendo lido pnmell'8. vez este pro- de fazer melhor o servio. Quanto aos menores con-
Jacto, os tachygraphos e os 01?-tr,?s venho que sejo seis; e ento eu assignaria aos oito
a quem chegou a notiCIa, commlSsao um ordenado mensal de 258 at 70S bem entendido
escassez do e que nunca serio majs de dous os que vencessem
nao sel'Vl.r senao lhes fosse arbItrado. mlUS. . o maior ordenado; ficando commisso incumbida o
Peo, assembla tomB! conhecer do seu merecimento para graduar os
em conSleraao, e maIor ordenados dos menores segundo a sua capacidade.
do que esse que vem no prOlecto. Outro tanto digo ' .
dos demais empregados, a respeito dos quaes no O SR. E .-,Eu quero
duvido apresentar outro arbitrio. E' quanto tenho fazer uma explicaao para a materla. Logo
que expr cerca do primeiro artigo.' que ponvocou esta assembla VIO Sua a
. necesSIdade de haver tachygraphos; eu flU
OSR. A1wRA.DA. .MACHADO ordenado al- gado de dar as precisas providencias. Um omcial da
gum .tanto supenor ao que tinhao os redactores secretaria de estado dos negocios estrangeiros se
,em Lisboa: mas verdade que. :eve ser um ho- incumbio de abrir uma llUla de tachygrapbia; e
de letras e de algum mereCImento. _ alumnos matriculados trabalharo nessa aula. Para.
O SR.4Mmo .!IANNA.:-cumpre ainda'observar que fossem maisassiduos Sua Magestade lhes man-
que em Lisboa' erao dous . dou dar uma diaria de duas' patacas, obrigando.se t>
SESSO EM 22 'DE mo DE 1823
93
elies a aprender esta arte de que devio fazer uso em.
servio da Eis aqui o que tenha que dizer
para que sirva de.regulamento na
O SR. SECBETAlUO F1W'lCA:':- Convenho que por
agora se estabeleco esses ordenados aos tachygra-
phos, para promover este novo ramo de industria
entre ns; depois os teremos at por duzentos mil
ris; mas este hom. preco s vir pela concur-
renCa; por emquanto demos-lhe bons ordenados,
pois temos necessidade dalles.
"O SR. RmEmO DE - Parece-me que
primeiro que tudo deveIja a commisso dar um.
oreamento do produeto da venda do lJiario para
teimos uma base para as nossas. deliberaces. A
vista deDe at poderamos talvez estabeleer orde-
nados mais vantajosos do que os propostos; mas
como a eommisso no fez isto e no podemos dis-
pensar os tachygraphos para que se publiquem os
'trabalhos da asSmbla, serei de voto que qualquer
que seja o ordenado arbitrado para cada um dos
se considere simplesD!ente como gra-
tificao por cada mez que trabalharem, podendo
esta. ser augmentada proporo do seu adianta-
mento.
OSR. G.uu:-Como indispensa-
veI que a nao conhe os nossos trabalhos e o
canal pOl'onde isto se consegue o lJiario, segue-se
que a fazenda publica ha de carregar com despeza
delle seja qual fr o produeto da sua venda. Posto
isto claro que no dependemos d oramento para
arbitrar os ordenados; e at se quizessemos que
aquelIe producto cobrisse &S despezas do Diario,
como estas so muito seria, preciso vende-lo
por tal preo que teria mui poucos compradores, ao
mesmo tempo que deve ser lido por todas as classes
de cidados. (poiadoJ
, Portanto aos tacb;ygraphos ordenado que
os e que at lromovo a !lPplicao de
outros' a este ramo para o futuro. Alem disto pre-
cisamos denes; a conunsso 'tem talvez j feito
alguma especie de ajuste com elies; e por isso no
me parece que seja extraordinrio o arbitrar-lhe
80S por mez aos mais babeis, descendo desta quan-
tia para os outros medida do ' seu merecimento.
Ilepis de varias reflexes tanto sobre o numero
como sobre o ordenado dos tacbygraphos, venceu-se
que fossem 8 por todos, 2 maiores e 6 menores,
sendo o maximo do ordenado oitenta mil ris e o
mnimo 258 em cada um dos mezes qUe effectiva-
mente trabalhassem.
I Interrompeu o Sr. presidente a discusso para se
tratar do projecto de amnistia, do Sr. Martins
Bastos, segundo'a ordem dia.
O SR. RocRA FRANCO: - presidente: 'em ma.-
terias, qual a da presente discusso e que se enlaco
com a politica, s reputarei justo o que reconheer
util. Para decidil'-me pois sobre a justia ou injus-
tia da projectada amnistia, cumpre observar pri-
meiro se elIa , util, se pde convir nas actuaes
eircumstancias, em que os humores do corpo poli-
tico, como que ainda esto em ebullio.
Muito mo professor de saude publica , Sr. pre-
sidente, aquelle lJUe cedendo s emoces de, uma
humlUiidade no ousa, no s anima para
preservar o corpo 'do estado a separar delle, pela
amputao, membros que o ameao de .contagio.
R.econheo e combastante pezarmeu, que--a torrente
das circumstancias envolveu, arrastou com os faecio-
sos alguns cidados a meu vr, innocentes e mesmo
da }lama, qual contemplo o padre Ja-
Barbosa que na ninha patria, a
provwcra de Minas-Geraes, nada disse, nada obrou
que desmentisse, que no abonasse mesmo o seu
patriotismo e adheso causa doBrazil; perorando
a sua causa, perorra a causa da innocencia, eu
pagra mesmo um dever de consideraco ao varo
probo, ao cidado benemerito, e oxal' que o meu
testcn:H,mbo (> podasse restituir do Cesar, ao
seio ao osculo da pama, como outr'Qra a Marcello
o pai da romana eloquencia.
Mas chama-me a ordem e quando se trata de dis-
posies geraes no dado-descer a casos singulares.
Concluirei, Sr. presidente, com a observao se nas
circumstancias actuaes do estado p6de convir, se
util a amnistia nos termos' propostos'! Pelo que
tenho ouvido a esta illustrada assembla. certo no
ousarei affirma-Io; pelo menos duvidoso e em
casos taes sabemos todos que, por via de regra,
aquillo Se deve adoptar na pratica que geralmente
fr mais seguro. O mais seguro porm attender
pela tranquillidade publica ; e os facciosos, como os
ggantes da fabula que Jupiter imparedara nas ca-
vernas das montanhas, no de reunir seus
esforos para sacudirem o Olympo, quero dizer, o
throno e a do 'imperio. Voto portanto
contra a amDlstia nos termos vagos e geraes, em
que projectada.
O SR. DIAS: - Parece-me que a deciso -da ques-
to que faz objecto do presente debate, depende de
outra que estimaria vr primeiro decidida, isto , se
,a assemhla tem. ou. no, poder de conceder amnig.;.
tia: resolvida esta, trataremos depois. D() caso de'
que tenhamos a referida faculdade, se conveniente
concede-.la nas nossas actuaes circumstaneias. E eu
entendo que, sem este preliIninar, estamos perdendo
tempo a discutir esta materia.
O SR. MONU TAVAS :-Levanto-me para dizer
duas palavras. O nobre deputado no tem razo de
exigir semelhante deliberao; a ordem do dia se
deve conceder-se ou no, a amnistia; mas no s a
assembla pde ou no, concede-la: questo mui
dift'erente e para a qual julgo que os Srs. deputa-
dos no estavo preparados; ao menos da minha
parte confesso que no posso'j declarar a minha
opinio. Tratemos da questo principal e decidida
esta, se no estiver prejudicada, trataremas ento
em outro dia e com reflexo, do que prope 'o-'
Sr. deputado.
O S1I.. HENlUQUES DE REzENDE: -Sr. presidente,
no acho razo em querer o Sr. Moniz Tavares
chamar ordem o Sr. Jos Custodio, que com jus-
tia requer, que se decida se a assembla, pde ou
no, conceder a amnistia; parece'fra da ordem,
mas no , uma vez que para se no conceder, os
illustres Srs. deputados, que hontem faDaro, pre-
tendero sustentar, que esta assembla, no tmha
autoridade. Com etreito como discutir oprojecto- de
amnistia, sem decidir a questo se a
p6de,on no concede-la't Eu 'po!tanto trat5U'el
ambas as 1" se a assemblea p6de conce-
der amnistta: se elia tem lugar. Sr. presidente"
os homens que tem de julgar em materas e cil-,
cumstancias diffi.ces, devem estar despidos de
dio, de ira e de amizade; o receio e a compaixo
mesmo lhes so perigos.
Eu c no estava, mas consta-me que a urgenC/l
deste projecto foi geralmente decidida,; consta-me,
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94
SESSO EM. 22, DE M.UO DE 1823
que aqui houve protestos de coragem, mas agora I mente, porque a dispensa na lei compete. mais
reparo que ha receio de fallar sobre a materia. essencialmente aos legisladores. Tanibem me no
Ella porque se concede a amnistia, um agrada. Sr. presidente. que outro illustre deputa'do
partido se exaspera; se se nega outro se indispe para negar a assembla o poder dar essa amnistia,
contra a assembla; tudo comprQmettimento; dissesse que o Brazil j est constituido pelo facto
mas preftso coragem. Os no yem acc!amao e ns s viemos aqui
para aqui vmgar nenhum partIdo: a razao e a JUS- o Daqw'segue-se que esta assemblea
tia devem ser o seu pharol. nao e constltumte.
Ninauem talvez mais inclinado do que eu a Mas eu direi ao illustre deputado que uma nao
esta basta, que duas vezes eu tenha sido s se constite quando o.seu pacto social;
victima das maiores desgraas. para que o meu co- no qual marca 'as condIes debano das quaes os
raca se interesspelo infeliz: o mell coraco se homens cedem 'dos. seus originarios direitos e pelas
dilata para o desgraado e propende tod para quaes se conhece as vantagens, que elles tiro dessa
amnistia. Mas neste momento a minha razo vem sesso. Eu no toco na monarchia: isto est deci-
combater os meus desejos: eu votarei contra dido e feito pelos povos. O que digo que quando
amnistia por agora; mas no pelas razes, nem os povos acclamaro o Imperador, no foi para que
Eelo modo que allegaro alguns Srs. deputados. elle governasse em absoluto: os brazileirosn
Eu ouvi na discusso de hontem um illustre depu- querem ser escravos. Acclamaro o Imperador na
tado sustentar que s o Imperador ou a nao em implicita e mesmo explicita condio de governar
massa podiape!doar e amuistias.Em ver- debaixo de. : mas quem hade. fazer
dade s6 a nacao em massa tmha esse poder; mas essa conslltUlao? Sera o Imperador como meul:-
isso era quando s a nao em massa tinha o cava uma clausula do decreto da convocao do
direito de fazer a lei, porque ento s ella -podia conselho de estado, que diz. - A constituio que
dispensar na lei de que s ella era autora: mas eujurei dar? No de certo. Quem a deve fazer? O
hoje no adoptado sysLema de governos representa- parlamento inglez 'tNo"As crtes <le Lisboa? As
tivos, em que a nao noma os seus de Hespanha? Peior um pouco. .
tes e delega poder de fazer as lel5, delega- A assembla braziliense quem deve fazer esta
lhes .por Igual razao o.poder de as derog8:
r
, annul- constituio. Isto o que queria dizer, jurar Sua
lar, .1Oterpretar, amphar, e dispensar: Magestade Imperial a constituio que fizer a as-
por ISSO claro fica, que esta assemblea tem o poder sembla do Brazil. o'
de amnisti!1s.. . ..' Concorra elle para essa obra com o seu voto
- O maIS, Sr. e a pnnClplOs como cidado, - e cidado qualificado, que com a
quan o se e abertamente experiencia dos negocios p6de ter uma razo po-
fnlIDlf20 de democracIas. eu .sou e por derosa contra tal ou tal disposico' e ento a as-
15S0 nao recorro a semelhantes prmclplos. E' ma- bl' , . -"1' . h
nejar os fins com principios contradictorios: re- sem ea,. que se nao _eva porcapnc
correr naco em massa, quando se no quer, que a essas razoes; mas nao ser a assemblea
ella obre assim, ou tem por impossivel, que ella o ... o sobre.a ,?ons:
faca, para fazer cahir exclusivamente nas mos do tltwao. A e pOl5 constitumte.
Imperador o direito de conceder amnistia. e mesmo nao .0 sendo, compete-Ihe o poder con-
E' verdade, que a assembla no deve descer a ceder amnystla. .
casos particulares, camo seria um perdo: mas . Tambem desagradou-me, Sr. preSIdente, qlle um
tambem o Imperador no se deve estender a casos deputado, contra o '!It. 115 .do nosso te-
geraes, que preciso legislao como uma amnis- gImento, para aqUi.a Im-
tia. Tenha embora o Imperador esse direito, mas perador, eu as luzes, as virtudes do illustre
com a excluso da assembla, nunca. Engana-se o deputado?; mas nao ,pr?fa}larel este !ugar em que
illustre deputado quando pensa que s o Imperador collocarao sacrificand?_ a partl-
temesse direito: tem-no por concesso: tem-no culares conslderaoes os mteresses da naao. '
pelas conveniencias e no por essencia. No o tem Pergunto pois, para que trouxe aqui o nobrp. de-
por essencia, porque nem sempre os monarchas putado essa duvida se o Imperador quereria ou no
gozo deste direito. cumprir o decreto .de amnistia? Que empenho teria
Lembra-me do exemplo de Esparta, onde foi o Iniperador em no cumprir? Estou que cumpriria.
preciso que o corpo legislativo declarasse que o rei De mais isto assustar a assembla, e fazel-a recear
a .hoc ficava acima da lei, para poder suspender a alltoridade do Imperador. Por mim fallando, pro-
os atreitos da lei de infamia contra os que nos testo que comtoda a minha fraqueza arrostraria todos
combates dessem costas ao inimigo. No tem por os perigos, e nenhumas consideraces mefar afrou-
essencia,pOl'q1i.e segundo um grande jurisprudente xar em defender os interesses dnaco custa mes-
s. nas puras ao poder execu- mo do proprio sangue.
tivo por e:;sencla o poder alVaclar. porque s6 nas No pois, Sr. presidente, por semelhantes ra-
de_mocraClas o p0!er est ,nas mesmas zes, qlle eu voto contra este jlrojecto por agora:
maos em que est o que. e. quel,!1 outros so os meus principios. A amnystia a meu
anullar, e na ver_uma lei bem ditrerente das outras; porqlle es-
. E' pelas que se concede ao execu- tas no ollio o passado, a amnistia no pensa no
o poder de porque.mesmo nas repu- De mais a amnystia lei geral; no se
b!ic!is, em que n!,-C? ha reI o goza desse limitaa casos particulares; se ella se concede agora,
porque e J'!Sto, que. nao estando o corpo abrange a poucos, e deixa fra o maior numero,
lt:glslatlvo sempre no_estado uma auto- e, ou estabelece a necessidade de outra, ou esta
ndade que probo que .por se faz ao futuro. Julgo incongruente, que
desgraa caliio na infracao da leI. Tenha pOIS o ella abranja a poucos deixando a muitos f6ra' e
Imperador poder de agraciar, mas no exclusiva- tambem julgo inconveniente que pelo facto de;ta,
SESSO EM 22 DE MMO DE 1823
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fique em p a necessidade de segunda, - ou que sario aproveitar o momento. sempre
esta se estenda ao futuro. opportuno para ter uma mdulgenCla sem liri-
amnistia de absolnta necessidade quando, tes, e abysmar uma naco nos horrores da dis-
-depois de uma grande luta em que grandes parti- cordia, e da anarchia. .
dos se chocaro, e foro-se s mos, estando tudo Dous so os objectos que repro-
j tranquillo, preiso oppr uma carreira ge- duzem as -guerras lDtestinas de uma naco e
raI perseguio de uma parte do povo contra a vem a ser, ou a mudanca da frma do sego-
outra. verno, ou da preferenci de uma dynastia.
nossa contina .ainda: a est .Ambos excitam partidos porque os homens no
se sabe; o .Piauhy bnga; o e Maranbao todos :a maneira; porm estas con-
no tem amda adbendo; a do Sul vulsoes tem limites, e bo de necessariamente
tambem convulsa; e nossos lDUDIgOS amda com atermar. .
proporces para perturbar-nos. Deixemos segurar I Ento um partido supplantado ba de ceder for-
a noss causa; quando estivermos tranquillos, e a de seu destino, e o vencedor ha de
nossos inimigos fra do estado de nos poder per- em seu systema para firmar sua estabilidade
.turbar,. a amnistia indi5pensavel, porlJ.Ue Inest,,: caso os que a elle se sujeitaro, e
o Brazil nao pde UJ!l s homem, e I sua promessa, tem a mais rigorosa
menos fazer 11!Da proscnpao geral,. porque I de obedecer corao ao governo es-
gente sem dUVIda ba de ficar envolVIda no partido tabelecldo: ": nestas crrcumstancias que tem lu-
0PJlC!sto. . .' . . gar ammstla, porque se no deve castigar, e
Eis aquI os pnnClplOs em que me fundo para pllmr a metade da ou uma grande porc.o
votar :{lor -ora o projecto, porque acho in- della, por no ter adherido uma causa dvi-
convemente uma amnistia agora, outra daqui a dosa. Este tem sido o costume das naces civili-
pouco. Se com esta se. extensiva- ao fu- sadas; mas deste momento em dianle ninguem pde
turo,. eu sou. doci!, e votareI por ella, apezar da traar planos a segurana publica sem com-
sua Impropnedade. um crune de lesa nao, e como tal ser
O Sft. PEREIRA DA. CUNHA: - Este projecto de pumdo. . . _ .
amnistia se acha entregue a to dignos oradores Sendo pOIS a nossa Independencia,
que eu me podia poupar de falIar delIe, guardan- nenh.um houve contra os que ero
do-me unicamente para interpor o meu voto na Ide diversa oplDlao.: antes. se lhes franqueou pas-
sua deciso definitiva; mas o illustre deputado, 'I saporte, como. COD\"lesse a seus interesses;
que acaba de fallar, fazendo ine:repaes a todos logo 9:
ue
se sUJeItarao systema
aquelles que no declarassem mUlto expressamente belecido,. era. de sua obngaao sUJelta-
o seu modo de' pensar a este respeito, me obrigou. rem-se a leI que deVia reger a nova frma de
a- levantar para declarar que o meu si- governo. " .
lencio no provinha de algum receio, porque nun- de mIm a. Ida de que esta
ca duvidarei a opinio em qual- se nao achava uma tal dispos!o;
quer tempo, como eXige a; dignIdade -do lugar que elIa. ?ma dispensa da leI, e quem a faz -e que
tenho a honra de occupar. _ a pode dIspensar e abrogar: _ -
Eu sei que a humanidade, de mos dadas com a Ao pertence _o direito de agrac}ar por
religio, nos persuade a-praticar os actos de bene- l!ID
a
delegaao a naao faz desta grande qlla-
ficencia que em nosso poder estiverem a respeito hdade de cada um usar destes so-
dos cuja sorte' dependente de nossos attributos_ em seus termos.
bons OmClOS; mas estes sentimentos de moral, as razoes que motivar.ao processos, e
gravados em nossos coraes, no nos devem illu- pnzoes soffrem algu.n
s
conCldadaos, nem me
dir a ponto que nos esqueamos dos importantes atrevo a ?meu parecer so-
deveres a que estamos ligados, porque os direitos bre negoCIos de tanta sem o exame
da sociedade so sagrados. _ das pro':as que lhe serVIr de base, mas devo
Consultemos de mais perto a opinio geral de que de tal mag-
um povo que delegou_ em nossas mos, e sob a mtude hao de ter fe!tos <:om a :f:!1a:or legali-
confianca que de ns. fizero toda a sua autori- dade; e quando aSSIm nao seja, aos JUIZes que da
dade, pra levar-nos ao fim .implemento de to causa bo de pertence proferir suas sen-
importante commisso, sem o risco de cOmInoes com. conbeclmento de causa, o que . tanto
populares, em um paiz aonde ha pouco despontou ma!s van.taJoso a.0s rosquando e este o
a de nossa liberdade civil. melO de purificareql. sua conducta, que
Confesso quanto proveito tem muitas vezes pro- ficava alias lJuando foss.7
m
cobertos estes
duzido os meios conciliatorios, confuridindo-se o factos cC?m uma ammstIa, ou perda_o; e se elIes so
ingrato com generosos beneficios, para o condu- po!, seus factos
zir,; por este agradavel caminho, ao verdadeiro Cl'llIUnOSOs, como pede a execuao da leI, e a segu-
arrependimento. Podia trazer para exemplo a Fran- rana publica.
-a, aonde o ri.gorismo do sanguinario Robespierre E como posso eu ver de sangue frio, que brazi-
no teve to bons resultados como a amnistia gra- leiros degenerados, e portuguezes esfaimados estejo
ciosa de Luiz XyrrI, a quem os francezes tem impunemente dilacerando a pobre Bahia, minha
respeitado por suas reconhecidas virtudes. A Hes- patria, vindo depois estes malvados gozar dos doces
panha mesmo' no estaria_ no lastimoso estado em fructos da paz, ficando impunidosto enormes cri-
que se acba, se Fernando VII cumprindo o pacto mes? No tempo por ora de uma semelhante in-
social pronunciado em uma constituio que ac- dulgencia; no deve por tanto passar o decreto,. at
ceitou, no tivesse, em recompensa dos sacrifi- porque no se acha concebido em termos proprios
cios praticados, excitado naqu.elle desgracado paiz para produzir o seu devido effeito na frma do
as,.proscripes de Syllae Mario. Mas e neces- nosso regimento.
96
, 'DE
... . - .:... -: .,,' .
, oSR. RODRIGUES DE ":::E' fatalidade humana que nemsempre os homens
.Eu tinha resolvido no fallarsobre aprendo dailistoria a
.igual da maioria 4a assembla, satisfao-me'com cOIIlJ',Dis8!"ao': da pobi'ehumanidade," .qnasi
a votao, por no repizar idas j desenvolvidas, sempre e o manto escuro com quesepretendem
..a- de. ordnario, mellior do que eu o. faria, pela encobrir vistas sinistras de amizade, -ou de" uma
muita erudico dos honrados membros. . proteeo decidida para a melhor consecuco'de-
':Ns no stamos na posio dos advogados, que fins particulares. ' -;' .
. ordinariamente maior honorario recebempelo mais . E' maior fatalidade ainda os exem-c
,extenso escripto, e nem ao nosso credito depeJ;l.de pIos destes males, acontecidoSto perto de ns, no
de sermos dfuzos,e falladores.Mas suppondo mesmo sirvo de abrir-nos os olhos, e de excitar a nossa
-que um, ou outro deputado noquera fallar, aonde energa pela segurana. e estabilidade d9 systeDia
o direito de o increpar 't . . de governo que adoptamos; e da santa causa que
Ora se ninguem tem o direito de tomar contas a defendemos.. '.
outro, .muito menos tem de se attrbuir juiz no Sim, Sr; pre:.i.dente,eu deixar de levantar m-
fro interno, decifrando o motivo porque cada um nha debil voz, seo me no pulasse ouvindo
.no falla. Ouvi a um honrado membro dizer, que enunciar principios to contrarios entre si mesmos,
.alguns deputados no fallavo por medo; preciso e to pouco cnsentaneosaos fins para.que nos
rebater esta assero, .que acho injuriosa assem- tamos aqui neste augusto recinto; e eu trabirlao
bla.. mais sagrado dos meus deveres, .se: por mais tempo
Declaro, que nem eu, e' assim reputo todos os gllardasse o silencio ; esupposto a materia tenhil
.illustres deputados, tenho receio de expr meus sen- sido to nobre quanto egregiamente dellucidada
timentos, nem reconheo em meus colle,gas o d- pelos honrados membros queme precederO, toda-.
reito de mereprehender, excepo-do Sr. presidente via farei algumas breves.reflexes paiamelhor mo-
nos casos do regimento, a que eu der causa. tivar depois o meu . '. . '
.Se pois necessario que eu falIe, desejaria fazel-o Cingindo-me pois ordem. estabelecida no regi-
perante a naco toda, ou ao menos perante esta mento que nos rege,. quanto s primeiras discusses
cidadeintera;"'"""':voto contra o projecto de amnstia. das propostas, eu fallarei por ora sobre os incon-
Apenas o li, assim me decidi, tanto pela materia venientes ou vantagens desteprjecto emgeral, sem
que faz o'seu object-o como pela amplitude com que entrar no exame e analyse de cada um de seus ar-
est. concebido. Pela materia; porque- eIla a que tigos particular; e em mim
eu jurei defender - a Independencia do Imperio, e curarei provar que to longe est o presente proJecte'
a monarchiaconstitucional-, e euno podia deixar de conseguir os fins que seu autor se prope,. isto
de ser perjuro concordando para se perdar os que , o de conciliar por um to estranho modo a atrei-
sedeclaravo contra estes dous principios consti- o das pessoas dissidentes, e inteiramente avessas
tucionaes, que fazem a baze das mstituies politi- e inimigas do nosso systema, que- pelo
cas para que fomos congregados, . -semelhante_medida: s serviria de. envolver-nos em
.Reunirmo-nos para formarmos nossos p'actos so- novos males; e de introduzir at no espiritopublico.
,e comearm()s por perdoar,. os que tem pu- a desconfiana de uns para ontros cidados,e talvez
.gna.do contra taes'fins, seria no s inconsequencia, o transtorno geral da ordem publica,ou pelo'menos
mas crime ; .mUito mais tendo aIftecido um decreto a de consegurmos'a '. melhor e mais
de: amnistiapelo' qual.ochefe da nao perdoou a prompta'unio que pretendemos; sendo por isso
toos osimplicadosemtaes crimes antes da.decla- semelhanteprojecto impolitico, injusto e perigoso"
no,de nossa independencia; cumpra-se o decreto, e at contradictorio aos, finsque se prope, e
quanto a esses envlvidos nOJlrimeiro periodo; de- por'consequencia incapaz.de por se fazer obra
pois.da independenciadeclarada,' e abraada pela alguma, e nos termos de :lopassar dis-
nao reputo um a ida de amnstia; cusso, ou o que importaomesmo, deserregeitado.
se traga-por. aresiJl's amnistias concedidas E' impolitico,'
em Portugal:aUi perdoaro-se os que tinho sido projecto uma to geraI e.illimitada -ammstia aos
processados .por seguirem as. dou- que directa ou indirectanlentesetemirivlvido.em
trinas qt1e hoje vogo;e no as ontrarias; aquelles objectos polticos pelo :quexespeita-'sagrada cauSa
que em 1817 se oppozero stentativas daidesgra;" da nossa
adas victimas do campo de' Sant'.Anna, no s& no porta aberta para ..dasmesmas tentativas
foro perdoados, mas -at. no -se lhes admittio .contra o 'actual systema eoque,:ai.ndapeor, ta],:
defeza,-por.mais. que.a tenho requerid. vez desenvolvidas -com-maiornergia'e ;audaci;;
. Quanto aI? projecto,.a extenso com que impuirldade dos priineiros- eSforos;: porglte'
;todas, as .hypotheses, at actos perpetrados, consu- Sr. presidente, em 'verdade; alm
ID!ldos, outro motivo _de de ?utras, das prinieiras causas da .
mnhacreJelao. Temos amDl$tlas e temos perdao., traao dos cnmespartcularmente
.. comear sejn.ger.! e a
no qu,e e'attrillUlao do poder executIVO, nao sera sahir amda IDal.S a necesSIdade do castigo dos reos:
parte.de voto, e J!lUito J?rin!lipal-O aquelle;
mente.<JWlD.
do
a :appr()vaao do e. dame- em que .homem..IierveiSQ;tem:menosocca5es de
!>PPo.sta,ao In.,. tdo_.
'. . temer punll' snas
- .contrario:os:hoDiens.
hontem_d()us ..dos nadate.Dlem, proteco -
.desgraadamente :os cnmes no seUllas..
op1Dloes contrllrias.. , . expressar"me, destruindo-o:s.-
:,; , . .:-c:."" - --- -- '. . .. " .' .
'.
-".'- ".-'
SESSO EM 22 DE MAI DE 1823
97
pela inutilidad eimpossibiJ.!.dade ?a sua pra- fenSivo, por pelos meios
.do que' pelo medo dos castIgOS, e o segredo legaes das culpas ou lIDputaoes de que so accu-
unico na arte de governar. sados?
E' tamhem injusto e perigoso, porque alm de Alm disto ser conveniente semelhante medida
ingerir-mo-nos em objectos fra da esphera de nos tempos actuaes em que estamos, occupada a
nossas attribuies, e diversos do fim para que Bahia pelos nossos encarniados inimigos, e pri...
aqui nos ajuntamos, arrogando-nos demais poderes vados ainda da unio das nossas provincias do norte
que nos no competem, atacamos o grande prin- onde com particularidade domino os nossos, op-
cipiQ que deve e toda a ao pressores, ajudados deSt,araadamente pr aquelles
,governo, a sua mdependenCla, um dos prmIeuos mesmos que em troco do bom agasalho, que em to
attributos do poder executivo; porque Sr. presiden- amenas e ferteis regies recebero, retribuem com
te, tendo o governo poder e vontade, quero dizer, a mais negra e insolente perfidia, tantos carinhos e
sempre que o governo possa usar das attribuices a fortuna alli recebida?
que lhe competem harmonisadas, e em perfeito No, Sr. presidente, semelhante projecto s ser-
equilibrio, com os outros poderes, as faces nada vir de di1Iicultar a nossa maisprompta unio pelo
poder; mas ellas se tornar perigosas no pri- que fica ponderado, lanando-nos em novos males
meiro dia em que forem temidas pela fraqueza do sem que por outro lado possa resultar conveniencia
governo, o que meu vr sem duvida o defeito alguma de to extraordinaria, quanto intempestiva
que menos se lhe deve lanar em rosto. deliberao.
, Alm disto o governo no pde ser responsa- Ultimo com as proprias expresses de um celebre
vel pelos seus actos, seno em tanto quanto esta in- politico francez: a fora e a energia fundo os im-
dependencia lhefr garantida e segura: ora se ns perios; a prudencia e a justia os consolido; a fra-
obstarmos ao das suas medidas, queza porem e a p'recipitao nas suas deliberaes
como Sr. presIdente, como poderemos ns accu- os fazem correr a passos largos para a sua ruina;
sa-lo't Elle ento nos poder dzer- vs me to- e nesta desgraada hypothese, Sr. presidente, ore-
lhestes os meios, sobre vs deve s recahir o peso sultado ser de certo a anarchia, e por ultimo o
dos males que nos cerco:-e se penetrado da im- despotismo; porque o despotismo sempre o pro-
portancia dos seus deveres, ou convencido como dueto da anarcbia, e da dos cos-
Cleve estar, de que quanto mais extenso rr um es- tumes.
tado, tanto mais a aco de aptoridade deve ser Resumindo pois as minhas idas, digo gue o
concentrada, o governo aspirar a obter por arte e projecto impolitico, injusto e perigoso, e at con-
<astucia, ou mesmo por fora esta independencia, tradictorio aos seus mesmos fins, e que por conse-
esta medida de poder, que a imprudencia de uma guinte no deve passar 2
a
discusso, sendo por
lei lhe que acontecer'I Accusaremos ns isso regeitado.
o governo? .r;u se elle resistir! Cederemos ns't O S A ..... . S .
Ento dominar, e com uma terrvel e poderosa R. J.!'-ACIL\Do. -. r: .presldente,
su erioridade. pouco !De deverlao unportar geraes;
tonheo em verdade, Sr. presidente, a franqueza a q:uesto. a do proJecto, e a este res-
do actual governo; fao justia ao seu nobre pro- peIto. creIO que respondeu a quanto oh-
cedimento; mas tambem observo que as eircum- contra elle, que
stancias podem variar e que se des!!racadamente Justo, que fosse politico E! convenIente, na sltuacao
se verificassem, o eu no espe:'o, io tristes nos l:chamos; mostrou. que
i4as, o resultado de uma to desgraada luta seria nao. osse pengoso e a causar e dis-
ou o despotismo, se o governo fosse ovencedor. ou cordia entre os e propno a con-
a anarchia se ns o fossemosU correr para a I'1ll!1a do mnguem
Longe, longe de ns to medonho futuro, que por fim que o na!> fosse aquillo
para sempre a Providencia aparte do vasto e rico mesmo, que prmIelra VIsta quena eVItar. Os
Brazil. . n?bres preoplDantes que faIlarao:.a favor, em nada
, DIustres ,espectadores que me ouvis, povos todos disto tO,carao, _antes se D!.etterao eJ:!! c!lusas es-
do Brazil; at onde a minha fraca voz puder chegar, a questao, dem0l'8!8o-se eJ:!l mCldentes, e
no vos illudaes, e menos a apparencia do beIlo de parte a tendenCla a com-
ideal vos seduza; aprendei com o exemplo de Na- petenCla nossa, que era a questc?
poles, de Hespanha, e do pobre e desgraado Por- . Oque. o nobre deputado o RibeIrO Andrada
tugal; tirai proveito da experiencia que nos tem disse velO de longe, e talyez
ensinado custa dos nossos visinbos da America mas modo fOI pelas
hespanhola eum dia as,geraes futuras abencoa- vereI se conforme razao. Eu aSSllD o
r nossas 'obras, e melhor elogiar a constancia creIO. . _
e firmeza do caracter brazileiro. Poz o a que,stao,_a quem com-
" .'E' contradictorio este projecto aos seus' mesmos pete o direito de _'t naao ou ao D!0-
fins, porque lnge' de conciliar a melhor e. mais 'I A meu vr a dl'VU!ao mcompleta, falto-
prompta unio que pretendemos a estorva, ou pelo lhe dous membros, a assembla s, Ol.l as-
menos difficulta. no s por dar uma livre entrada sembleaJuntamente com o monarcha 't os
impunidade, ,como j acima a. ponderei,' como por cada um ; mas antes disso
principalmente porque semelhante medida no vejamos o que ammstiano ngor da palavra.
pde ser applicada nas circumstancias' em que nos ' Amnistia a lei que dispensa nas consequncias
achamos. da commsso de actos veaados, por 'outras leis, e
, COJ1!o, Sr. como ' ns 1m- distingue-se de' agraciamento' em no, attender a
ar'mao de um,remedio quemveIla e confunde os pessoas dadas. - "
mesmos culpados, alguns dos quaes, , talvez este Quando se 'amnistiatem;.se em vista a utilidade
mesmo remedioseja ainda mais prejudicial e of- geral, quando se' agracia attende-se .s.-circum-
.25
98
SESSO EM 22 DE MAIO DE 1823
stancias do agraciado. Dado isto, va- que s competeao poder legislasivo, o que no
mos o o . o puramente o monarcba. . o
Qne compita a naco o direito de aIDDistiar, ctelO O que me causou pasmo, Sr. presIdente, fOI
que ninlrnem do:viaa.. F e1Ia a unica e verdadeira faDar -.um nobre preopinante em amnistiaspara o
soberDi:' neTIa reside essencialmente a colleco futuro; o que a meu vr, o maior absurdo. Toda
de todos os poderes, a soberania, a para o passado, o lanado solJ!e
e que delegados divi ente forma0 outras tantas acLos praticados em despreso da lei, e que se Da9
de1egaces soberanas. fossem cobertos por esse vo, deverio soifrer as
A su. vontade a collecco das vontades in- conseqnencias necessarias dos aetos vedados. Uina.
dividuaes' a sua razo a colleo das razes par- amnistia para o futuro seria a destruio das leis,
ticulares;' a sua fora. o complexo todas as seria proclamao de impunidade, um conrr..e
separadas; e a razo e a fora e que fazem ao cnme.
a sberania. - Qa.ando se concede moa amnistia tem-se emcon-
:Mas do direito se no segue o exercicio; em siderao um delicto, porm. nocivo punir, e
todas as sociedades que se no restringem a pe- mais util no prose."auir; tudo rola sobre 0-passaifo
quenas cidades a experiencia mostroa a impossi- e o presente; nada sobre o futuro. E' a escolha.
bilidade da soberania por todos, e a entre dons males, o do castigo, e o da impuni-
necessidade da Em quanto, pois
7
no ha dade a que est reduzida quasi sempre a nossa as-
dele",aao, a nao tm. o clireito e exercicio de pecie; as que deciftem a erguer
amnistiar ; uma vez porem
7
que delegou os pode- a bem relativo um mal absoluto, porem menor que
ras, j no pde mais ter este exercicio, recla- o seno o o
mar a delegaco, sem desmanchar a feItura sua. FOI porlsto que voteI contra a amnistia no nosso
Mas a qualdos poderes delegados competir o caso, por parecer-me que no havia mal superior
amnistiar, ao monarcha ou a assembla! o mo- no castigo, que justificasse, ao menos politicamente
narcha certo se p6de conceder um a . " . . _
acto de legislacao; se elle no faz a leI, nao Por maIS que folheIo a histona mmca veJo senao
pde dLc;pensar nella; seria anomalia no systema dous casos, em que se tenhoconcedido amnistia;
representativo ,semelhante concesso. E' verdade l, no fim de uma conquista para conciliar avontade
que em todas as constituices se concede aos mo- do subjugado, e imprimir-lhe :erofuudamente
nuchas o direito de agracir, bem que ene em ri- a idea da bondade do conquistador. E' politica dar
gor se cOJ!lo a amnisLia, em de lei eol!l0.graa o soe devia de justia, pois quem lhe
restricta, porem, a pessoa ou pessoas, CUjas CllCum- tiI!ha de o fazer, de
stancias merecem 9:!!e se extremem da regra com- pumr a resistenCla; 2'>, quando desavencas pOlitleas
mum ; mas um ditrerente do outro, como j no- dividem em dons partidos os membrs de uma
lamos, e a conveniencia que aconselha a concesso sociedade; alterno-se os bons e os mos successos;
de um, falla contra a concesso do outro; o princi- incerto qual dos partidos tem razo, qual segue
pio de utilidade, que talvez o primeiro priDeipio verdadeira opinio geral; se um suecumbe por fim.;
regulador em politica, que a fonte desta diver- que dever fazer o oatro'! Encher a medida das vin-
sidade. ganas, ou lanar um vo sobre os seus e alheios
E' util a uma nao, que exista em alguem o desvarios 't . _
poder de dispensar na sanco de lei declarada no pde haver duvida na escolha. Mas
por sentena, no s porllue toda a leI, quando ap- este nao e o nosso caso ; um punhado de homens
plieada, como de neceSSIdade, a diversos casos, se que se oppe, como dizem, nossa orthodoxa dou-
justa em um, , mais ou menos injusta em ou- trina, e quer, jora, metter-nos no gremio da
tros, como tambem porque ainda justamente appli- impura igreja; um punhado de homens ob-
cada, p6de ser estivado seu rigor. scuros, cujo castigo no pde convulcionar asocie-
Mas a quem se podia dar este direito! A.o po- dade, no pde ferir profundamente a sensibilidade
der judiciario no; ao poder legislativo tambem do povo; no a elIes applicavel a razo justifica0.
no; porque o seu exercicio depende de umjuizo tiva das amnistias; anoDre nao brasiliense no
discriminado, que s6 a uma razo unica possive}, participa das suas loucuras para simpathisar com os
e de impossibilidade, ou ausencia de paixes, o que sellS soffrimentos,sotrrimentos justos.iDtligidos pel
no comporta a natureza de uma assembla popular lei aos que violo os seus deveres.
naturalniente apaixonada.. Voltemos ao terceiro membro da diviso acima
Era pois util que s ao monarcha se concedesse., feita: compete s assemblao direito de amnistiar!
porque suppondo-se, em linguagem constitucional, Como assembla constituinte, como conveno- ad
acima da esphera das nossas fraquezas e paixes, hoc, certo que lhe no p6de competir, pois no
s6 quem pde discernir o verdadeiro util da so- materia constitucional, .para o que s6 fomos con-
eiedade, e por elle guiar-se; s6 quem pde de- vocados, para o que s6 recebemos poderes. Como
eicm:o damno <pIe viria communidade de um assembla ordinaria tambem no; porque em uma
castigo, .que alis seria justo, qUando cahindo so- monarcllla constitucional no se encerra nena todO
um.a Cabea llllerida nao, ou por servios o poder legislativo.. .
feItos, oupor serVIos esperados, desacoroasse a Em todas as constituices o monarchatem sem";;
uns, e abafasse as esperanas. outro..s;. s pre tal ou qual ingerenc1a nu legislao; no: digo
quel!l p6_de bem.. a mJnstia pratIca nl!- que seja caracteristiea indispensvel damon,archia';
applicaa? da JustIa theonca,. compaTaD.o a leI a razo p6de bem conceber monarchia, em qUe'Q
com as CU'cumstanClas do caso e da. pessoa. . poder legislativo em nada seja commum aomonar'"
, Outra cousa- amnistia; um acto geraI, no at- eha; mas a meu vr-no p6de a raz conceber
tende e. das s6 se faz cC?mo dure sem iDgerencia na !ei:,'
cargo das maIS e opera- mstoa expenencla escudiaia:theoria. Esta:
es; - emfim um acto puramente legislativo, rencia, assim como igual
SESSO EM: 22 DE MAIO DE -1823
99
politicos, .(PZein c.!DSelT o todo mesmo que tal aetopede participaco de outro ramo
-conjllDtar-5e; sem ISSO senao tres poderes lDlIDl-de que no. competir a esta as-
. gos, sem lao redUZisse hamionia E:.um. aeto umpoder
o seu inharmomco andamento. - leooislanvo Ja .determinado.. e poiS projlrio.de
.A. historia nos proclama apreciso de um poder uma assemblea ou antes conveno esPecil; Pr
cooservador; e na monarehia: outro qualquer que fim resta-me responder a uma argoico, que creio
no seja o monarcba, inutiL injusta. . -
. Nas guerras entre o parlamento e Carlos I, des- Disse nm.iIlustre que eu., com des-
appareceu_Iogo a camara segllDda, um elemento prezo do do nome do iinpera-
conservador, e logo depois o rei, vietima de inau- dor, como de motivo e estimulante que obrigasse a
ditaViolencia-de partidos; creou-se uma assembla a s ininhas por te-
sem elemento conservador, que sneeedeu'! l!:.01 re- mor de coulJ:anar aqueDa vontade preponderante.
publica de nm dia. Ofacto , que no foi desta maneira que eu intlo-
Longe de ns esta perspectiva; acabaremos o po- duzi o argumento; o que disse foi, que vedando-nos
der conservador j esboado pelos mesmos man- a meu vr, o nosso juramento o acto de amnistiai' e
datos'! . que implicando a arnnistia um exercieio indiviso de
l\o quero por isso dizer, como pensou um no- legislao, que me parecia no estar mais indiviso
bre preopinante, que j estejamos constituidos; vista da declarao de um poder moderador, qual
disse sim, e repito outra vez, que achamos QS ali- suppunha a escolha de um imperador, e nopodendo
cerces laneados; antes de virmos para aqui tinha a por outra parte dar-se participaco em ao
nao detrminado por acclamao alguns pontos imperador na presente assembla, era de temer qUe
constitueionaes; tinha estabelecido que a frma do se fizessemos um aeto de cuja competencia no es-
governo seria monarchiea e constitucional, isto , tavamos ns seguros, dssemos nascimento a dis-
representativa; e como quem quer os fins, quer os senes entre a assembla e o imperador, que podia
ineios; como no pde haver monarchia representa- com razo julgar invadidas as attribuies de que
tiva estavel, sem que o monarcha tenha parte na estava empossado por acclamaces da naco. E na
lei, tinha de certo modo nosadstringido ao com- verdade, se ns mesmos dUvidmos, como no dli.-
plemento desses meios precisos. V!dar quem tem interessescontrarios, e como
A nao tinha de facto dividido os poderes ; nos e que perde em.- tudo quanto avanamos
no podemos concentra-los. Toda a nossa tarefa se alem das metas recoilbeCldas docampo das nossas
limita, em minha opinio,- a marear as relaes attribuices! _.
entre os poderes j' divididos em maneira que seja Oqu apresentei como motivo para a nossa deci:..
estavel o edificio que levantarmos, e tudo quanto so, no foi a autoridade e nome do imperador, foi
fizermos deve assentar sobre as clausulas dos nos- sim os dictames da prudencia, que aconselho no
80S mandatos; se fizermos o contrario, se passar- decidir em casos duvidosos, m6rmente quando da
mos nossos poderes, ninguem tem obrigao de acelerada deciso podem seguiT-se discordias e des-
sujitar-se. avenas entre as dIversas peas da macbina, de cja
O poder monarebico, despojado das attribnies harmonia pende o bem, a prosperidade e a ti'n-
cque j a nao lhe conced!8. e o nosso quillidade do povo.
lhe arranca, tem sem dunda direIto de Tecorrer aS' D __ S .
naco assilil como se elle recusar-annnir s nossas O R. Ih:lSRIQUES DE -: r. presIdente,
-jusias'decises de nossa parte est igual direito; levanto-me para fazer uma _ .
; de ambos o'mesmo o UltImo juiz a naco so- O deputado e!lganou-se, eu nao disse
berana. ' ,. - a. ammstla era leI de pelo
Sr, presidente, um nobre preopinante, pareceu tl!sse que, a meu ver, a amUlstla era_ uma }el
-oonfundirpacto social c.om determinao de consti- di1ferente d.as estas nao olha0 para
tuio e at c-om legislao commum; e bom que o. passad.o e a amDlstla nao pensa no futuro, e que
distin!rclmos cousas to diversas. Tres so a meu era por 15S0 eu votava contra _
vr degros da organisao social: l0, indivi- Qua?to ao diZer que el;1 tinha calummado,
duos dispersos, se e que jmais os houve ou ao assoo,. porque. al{lll se disse hontem que o_Brazil
)Denos familias separadas por amr de sua conser- estava Ja Jlelo facto da acclamaao, e ?
vao e talvez principalmente arrastados por neces- fiz fOI que nesse caso
)lidade intellectual e moral, reunem-se, para que a e!,,: Se a conclusao. nao
frea collectiva escude a fraqueza individual; para legItu;na fOI JUIZO meu. Talvez no do
'estprimefro pacto mister unanimidade, s6 parte eu dissesse alguma fensse o ..
.da nova.sociedadquem quer. de alguem, persuadido
. Ddo este primeiro passo, segue-se o segundo, eu naodisse-lsto e. <It!e. democra\?a-
iStQ
l
estabelecer a f6rma de regimento da socie- se que era recorrer a democraticos,
.dade J formada,.e neste degro basta a pluralidade CJ.uando era abertame!1te
no de um corpo mas da nao inteira. elas.... e 15tos6 tem a pnnclPlOS' geRes
, . e nao a pessoas em particular.
P.or estabele}llda a governo, o corpo FaUei de principios. democraticos, porque hoje
$la.f! a,!"azao SOCIal, faz _aetos,. sao no tem lugar, cODio antigas moedas' achadas
oDng1onos a tllda, .!'s actos debaixo de velhas ruiIias, que j no corrni' e
da nao D:aao apenas servem. para museu; so. principios- qile se
s6 corpo que ;Applicando prJ!lCl: encontro nos livros, maspeIos quaes nos no,de-
. lJUe a ammsl.la .ser obrigatona e vemos regei. .. . .'
mister.. que s.eJaa:cto't!e quem legisla; mas aas= I .. Todavia: se disSe eouSlr que- :magoS$e;
semblea s. a que legISla? Em nossa aetual quadra - . minha" .. .
determinada diviso do que.nao . ... ',. .' .. '.
legislatIvo que SUB, mas por 15S0o-Sa; LENcla:-=-Sr. presIdente, como eu vo.
SESSO EM 22 DE MAIO..
-- -
- e - smpre lavor da amnistia, .compete_dar : suspend':l'. a lei, como remedio
fazer declaraao. r _ poIitico em politicas. Em. vo quatro
._-Tudoquanto dito em detalhe acerca. carcundaS,e esses-escnptQres de. embua nos
,artigoS do proieeto fra da ordem; nsesf.amos ho fastidiosos com seus artificiosos tra---
na e aqui em these mas deservili$lDo . - -:.- - _
vemenC?a ou des-:onvemencxa de uma amnistia; - InIeliz a minha patri se a sua solte- dependesse
2& e que caberia fazerem-se .as e res- dos capciosos tramas "e infulsas doutrinas de cor-
tricces que parecessem tesos e diplomaticos corrompidos -que .ell no
- Nlng1!em. talvez se lembrana de approvar o pro- conhece. '.
jecto tal quI eRe est; o que se quer approvar - - . - . -.
em these uma amnislia e nesta hypothese que eu Quer emnm a ? _a
'vti e _ainda voto, porque acho conveniente esta elle lhe podem Vll", a. bem
medida. Embora no seja approvado o projecto, dida, baseada em uma constltuIao prudente,
a consolao de ter procurado com mi- =e e moderada, sem a qual nunca podera ..ser.
nhas pequenas foras remediar os males da huma- -
nidade e muito principalmente os de uma poreo O SR. PEREI1lA. DA CUNHA. (No o OU11iro' os
-no pequena de biazileiros que gemem opprimiaos taihygraphos.)- -
sem antes em grande prejuizo da causa Alguns Srs. deputados se levantro para mos-
publica. . tTar ta d- - d d .
Voto pois que o projecto passe 2a discusso, . que es. lSCursOS eral? "" ra a _or em,
para ento se fazerem aos seus artigos as emendas somente se se conVl}lha ou nao a.
que parecerem neeessarias. e. suffiClentemente_ discutIda a
... materla, fOI requenda pelo Sr. Mumz Tavares a
_ O SR. - Eu Ja. disse que amda parecen- votao nominal egeralnlente apoiada; e proceden-
..do-me o proJecto tomado absolutamente do-se a ella venceu-se por 35 votos contra- 17, que
eJ;.D toda a. eomtudo c_onve.- no passasse o projecto 2- discusso.
mente deCIdirmos Ja se ns tinhamos ou nao di- _ .
reito de amnistiar, e como desejo ser coherente Votarao c0I!tra, os Srs: FrancISco hagas:_
.aos principios direi so os meus dogmas Santos, de RibeirO
politicos, affirmando desde ia : um delles o Costa.. Jose BonifaClo de e. SIlva, .
maior bem_da nacQ no -meio_as eireumstariCiaS; Velloso, MartlID FranCISCO RIbeIro de
ora por -ste .prinipio -O nosso- _imperante, "quando Jos:... de Rendon, Jos
afuda'principe regente decidio-se a ficai entre ns; Ricardo da AgUIar, Paula Souza
porque justamente assim Ih'o fez entender o povo e de A!ldrada,- Bel-
que convinha ao maior bem do Brazil. chior PlnheIro de OliveIra, Joaquun da Rocha,
- A eamara desta cidade lembrou-se de o acclamar Jos de Rezende Costa, Antomo da Rocha Franco,
imperador (j acclamado extemporaueamente em Joo Gomes da Silveira Mendona, Manoel Jos
clubs nocturnos), escreveu s outras eamaras e cha- VelIoso Manoel Ferreira da Lucio
mou sua opInio todas as pessoas que pde. Soares TelXe_Ira ?e Manoel da
(A: ordem, ordem). Costa, Estevao Ribeiro_de Rezende, Jacmtho
Mas emfim foi reconhecido pela nao brazileira tado de Mendona, barao de Santo Amaro, Antomo
que lhe tem predileco e sua dimnastia; porque LUlz Pereira d.a Jacintho Nogueira
no haviamos de escolher um sapateiro para nosso .Jose Joaqwm Carneiro de Igna-
imperador, e sim a quem a nobreza natal influe CIO ACClOli de Caetano .Mana Lopes
como prestigio ainda para o respeito Gama, An!-omo Caldas, Jos de SOl;lZa Melll?,
povo e assim quanto competIr ao monarclia cons- VenanclO ,de I!-ezende, FranCISCO Mumz
titucional, se Ihe ha de dar. Tavares, FranCISCO }'errell'a Barreto, Manoel Igna-
Conhecendo eu porm, como dous e dons so cio de D. Nuno Eugenio de
quatro, e como esta casa maior que uma de suas Lo,?-o, Joao Antomo Rodngues de Carvalho e An-
portas, que nenhum poder lhe vem aliufUl, seno tomo Navarro de Abreu.
da n8:?, i ent? c0!1vocada para uma assembla Votaro a favor, os Srs. Antonio Martins Bastos,
constItumte e sendo ns.o.s represen- Diogo Duarte Silva, Candido Jos de Araujo Vian-
tantes da naa.o ?omo nao nos competir o poder de n, Antonio Gonalves Gomide, Jos Custodio Dias
conceder est?u certo que Jos Antonio da Silva Maia Jos-Teixeira da
sentantes da naao nao _de ser mes os seca Vasconcellos, Manoel Jos de Souza Frana,
marearem as que devem com- Luiz Ignacio de Andrade Lima, 19nacio de Almeida
petIr ao monarcha constItuclOnal; mas por ora Fortuna, Pedro de Araujo Lima, Augusto Xavier
!e facto poderes que os representantes de Carvalho, Jos Ferreira Nobre, Jos da Cruz
marearao por poderem em a Gouva, Joaquim Manoel Carneiro da Cunha, Jos
comtudo, _po;r direIto e Martiniano de Aleucar e Manoel Pinto Pereira de
nao se sabe que l!-t1nbwoes ter, e por Sampaio. '
15S0 nao entendo os preopmantes, que parecem _,' --
dizer estar j feita pela acclamao uma especie de O SR. PREsmENTE assignou para a ordem do dia
meia constituio; o que para mimso heresias em a continuao da discusso dos artigos do regimento
politica. da assembla e do projecto do regulamento para a
- Ns e s ns que havemos de fazer toda e nem redaco do Diario.
o imperador capaz de a l!-ceitar, que Levantou-se a sesso s 2 horas da tarde.-M-
ha de ser conforme a _eqwdade noel Jos de Souza Frana secretario
dando-se-lhe aquellas attribmoes que sbIa e Judi- ' -
cialmente lhe competirem.
E' por consequencia certo que s6 a esta assem-
'100
101
5ESS9;:EM-23 DE MAIO DE 1823
.- cRESOLUCES DA..:ASSEMBLtA. c:,
.' '". . .. .", - - . . . - ..... "',',.
- Sesso em de Maio de
. PIiESIDENClA DO SR. BISPO CA1'ELLo-M6a
PA.lL\- JlARTIH
dl;). Brazil, ;manda
remetter ao governo a -CPl mclusado parecer das
coIDDSSes)icolonisao e fazenda, sobre a repre-
senta-da eamara da-villa de S. Jorge dos lIMos,
e que lhe-foiremettida pelo ministro e secretario
de estado dos negocios do imprio em officio de 9
do corrente, e ordena que pelotbesouropublico,
po s: se fao as despezas apontadas no mesmo
parecer em favor dos colonos allemes aIli chegados
eqe depois vierem, e se determinem as pro\iden-
cias que se jlgarem conducentes ao seu melhor as-
mas que at sejo auxiliados, alm
daquelles, com todos os meios de que precisarem
para se conseguirem.os melhores resultados da re-
ferida clonia emquanto a assembla no decreta
regimento que preencha em geral os fins da coloni-
sao.' O que V. Ex. levar ao conhecimento de
Sua Magestade. Deus guarde a V. Ex. Paco da
'assembla; em 22 de Maio de 1823.-Jos.Joquint
l?arneiro de Campos.
-aditamento -indicao _do Sr. baro de Sauto
Amaro; mas .que o 2" era uma indicaco.inteira-
mente nova, que devia ser diseutida. :Foiapoiado.
- o En'trou-:Se .. em -e apprvou-se o.
1 .alt. .como aditamento a mdicao do
de_Santo Amaro. Passando-se ao segundo e resol-
vendo-se _que se. devia crear - uma commisso
em dUVIda sobre a denominao que se
uns que se chamasse de segu-
rana pttbltca (ao, que se 0Ppz o Sr. Costa Aguiar
para que nao pensasse que a nossa situaco
arnscada) outros de commu1lica.c<io miniSte-
nal e outros emfim commisso ad hoc: e depois de
debate _ que se uma
dej;olt{tca t.n!erna, que recebesse todas as
e que o governo' enviasse
na conformIdade da referida indjcaco e
afim de que examinando-as dsse onta
assembla. em. sesso publica ou secreta. como
Julgasse necessarlO.
OSR. SECRETARIO disse que estava sobre
a mesa uma. ao Sr. presi-
dente pelo cldadao Joao Jose Pereira Sarmento
mas que lhe faltava o reconhecimento da
tura. tabellio, na conformidade do regimento
pr0!1S0no da a;;sembla. Hesolveu-se que se lhe
pelo hvro da porta a observancia desta
formalidade.
Passou-se ordem do dia; e comecou-se pela
. Reunid9s os Srs. deputados pelas lO horas da discusso do projecto da redacco do 'Diaria no
manh fez-se a chamada e acharo-se presentes 51, resto do lo art. onde diz-dous scriptuiarios'com
faltando por molestos os Srs. Couto Reis, Rezende o ordenado de2QO$.-(Sesso de 16 do correnle).
Costa, Gama e Carneiro da Cunha. . O SR. ANDl\ADA MACHADO: - Eu no vejo neces-
O SR. SECRETARIO FRANA leu a acta da sesso sldade alguma destes dous empreo-os; e lembro-me
antecedente e foi approvada. - ih
e
em Portugal os no havia. no capo que
O SR. PRESIDENTE. anuunciou que estava porta 1 es pas.qr a limpo as notas dos tach)'graphos
_da assembla o Sr. deputado pela provincia de Per- e cop.lar ?S trabalhos do redactor: mas eu creio qul't
nambuco Manoel de Almeida e .Albuquer- a prmIeua -destas tarefas pertence aos mesmos
que; e sendo' introduzido pelos Srs. secretarios, e a .se.g
unda
l'edactor. Porm
prestou o juramento do es"tylo e tomou assento no Isto .S admlttlsse, um seria sufficiente para
congresso. abreViar maIS o trabalho.
. 0. SR. MAa:-Hontem quando o Sr. baro de O SR. ARAU.tO VIANNA. :-A commisso julO'ou
Santo Amaro Pt:0pz a indicao, decimo-se que necessario dous escripturarios, porque os
o governo deVIa partICIpar a assembla o estado ph.os costumo decifrar .as . escrevendo ode-
:actual da nao; e eu proponho agora que o balX? de cada uma. a sua slgmficao; e depois
mesmo .governo faa saber assembla as no- preCISO passa-las ahmpo para o redactor as enten-
ticias do dia assim internas como externas, quando der melhor. Se os .mesmos tachygraphos forem
interessarem de alguma sorte a seguranca do es- disso mais tempo e andaremos
_tado e a estabilidade do Imperio. E como reconheco disto .os escripturarios no
que nem sempre se p6de dar a essas noticias toda"a erao destmados s6 a este serVlCO; deverio tambem
publicidade, principalmente emqunto se no as cpias dos. documentos que entro no
to,narem ;todasas me.didas convenie.ntes, proponho Dt{l.no e as que preCIsasse a commisso.Portanto
tambem. que se nomeIe comurgencla uma commis- se a assembla decidir que se supprimo estes empre-
-so,(que' j foi aqui requerida) para examinar gos,.ficar alguns.. dest.es trabalhos a .cargo dos
essas- noticias e dar conta dellas assembla..A officlaes de secretarIa, como succedia em Portugal.
minha'indicao - concebida nestes termos. . O SR. AXDlUDA E SILVA: -Parece-me que um
ncessaro para os trabalhos da redacco.
_ cc INDICAO O SR. - Igualmente sou de
Proponho: 1.0 Que o governo faca saber que basta um so; mas tambem acho. que se lhe
assembla todas as-n?ticias _do dia, tanto ,dar por mez. n6s davamcis a dous 200$,
como oexternas, 'que mteressarem a seguranca da nao e mUlto que a um que fica com todo o trabalho
.nao'e a lmperio. "demos 25$, que qnanto. se arbitrou aos tachygra-
-Que se -nomeie -uma_commisso.particular,phos-da ultima ordem.
;a 'essas noticias e os documentos que .Propz-se- amateria votao e decidio'-se _que
'lhes disserem',respeito. Pao da. ..assembla;,23 -de houvesse um s6 escriptllrario, romo ordenado ,de
) - 25$ ..
segtmda:veza . O doservente do Diariofoi
-caa0 e disSe --no.1" -um perfeito approvado.
9.R
102
SEsslo EU 23 DE MIO DE
.Passou-se a discutir o ultimo do arugo que diz-
umadministrador, encarre.,aado da venda do Diario,
.com o ordenado de 400$000.
OSR. ANDRADA MACHADO:- Este administrador
inteiramente desnecessario. A commisso manda
para a imprensa os os _voltando
unpressos, so por elIa remettldos ao liv.reuo e este
.os Tende por UlD tanto por cento. No veJo para que
seja preciso tal lugar. .
O SR. - Tambem me opponbo a que se
d ordenado a administrador do Diario; o que de-
vemos dar-lhe conveniencia na venda, um tanto
por cento. Em uma palavra isto objecto de. espe-
culaco; nada de ordenado.
O SR. NOGUEIRA G.A3I.\: - Eu acho qUe se deve
encarregar commisso neg_ocio, no to
simples como parece, pOIS nao conSIste so
mandar os Diarios a um livreiro para os vender; e
preciso que haja quem receba assignaturas,
se encarregue das Tendas e quem remetta os Dwnos
para as differentes provincias. Portanto a commisso
deve procurar esse homem e fazer com elle os ajus-
tes precisos, pelo menor preo possivel, com tanto
.que se promova a maior circulao do Diario.
OSR. RIBElRO DE ANDRADA:""": Parece-me que a
commisso pde encarregar-se da
com as provincias, uma vez que as seJao
obri!!adas a subscrever e tratar com um lIvrerro, ou
para a venda dos Diarios por um tanto por
cento.
O SIl. /ARAU.TO VIANNA: - Se a commisso ficar
encarregada da om as
ter moito trabalho e sera precIso' um escnpturano
para tomar si a e
aos Diarias, debaIXO das VIstas da comIDISsao.
OSR. RIBEIRO DE ANDIUDA.: - Eu no sei como
se considera grande o trabalho da correspondencia
com aS provincias; porque sabido o nUlDero das
camaraS de cada provncia, so tantos os Diarios
quantas as camaras, remettidos s respcctivas
becas de coniarcas pelo governo provincial, a quem
se 'dever escrever para fazer esta distribuio pelas
comarcas; de sorte que a correspondencia 'da com-
misso s6 com o governo de cada provincia,
sendo precisos tantos massos de Diarios quantos
os governos provinciaes, para os distribuirem ; ora
limitando-se a isto a correspondencia no a acho
muito complicada.
OSR. FRANCA: - No convenho, porque sobre-
carregar a commisso do Diario com um trabalho
que no proprio dos deputados. O que parece
. uma circulacomui simples, talvez uma tarefa
mais penosa' do que. se pensa primeira vista. E'
.necessario abrir contas, haver certa escripturao,
emfim ha trabalho no pe,\ueno e tempo;
e em tal caso no poder a comTDlSsao cUIdar nos
negocios da assembla, por estar occupada em um
mercantil.
Por consequencia entendo que a commisso deve
fazer quanto fr preciso o manuscripto v
para a imprensa; e que tudo o mais o encarregue a
-quem bem o desempenhe.
O SR. ANDRADA MACHADO: - Eu crei que ha um
methodo mui singelo, sem sobrecarregar a commis-
so; e remetter esta os massos promptos ao.
ministro dos negocios do imperio e manda-los
elle para as difIerentes pro'V).neias, 'fazendo-se as
communicaes na
O SR. A!mRADA E SILV.-\;-Isso desCarregar
um para carregar outro
OSR. RIBEIRo DE l'o"DR.\DA: - Eu .estou persua-
dido, como j.disse, que se p6de simplificar muito
este trabalho ; e se no fr ao ministro do imperio
v ao 'da fazenda. Pelo thesouro se ho de fazer
todas as despezas de papel; impresso, empregados
etc., e portanto receba o das
vendas e fique tudo a seu cargo depois que as
folhas estiverem impressas.
Alguns Srs. deputados declararo que fosse de
tudo incumbido o ministro da fazend.
O SR. ARAU.TD VIAl\"NA:-Como se propende ge:-
ralmente para que v ao ministro da fazenda,
tambem a isso me conformo; mas sempre direi
o que parece muito simples ao Sr. Ribeiro de
Andrada reconhece-se, depois de meditado, que tem
sua complicaco: quando nada preciso umguarda-
livros um escripturario e haver tal qual systema de
comptabilidade com as provincias; ora isto o que
se quiz evitar quando se propz a creaco de em-
prego de administrador. -.
Propondo-se a materia votao que
ficasse supprimdo o emprego de administrador; e
que fosse o ministro da fazenda encarregado da
impresso e e3:tracco do Diari.o, dando sempre
conta commisso.
Seguio-se o art. 2
0
, ao qual depois de lido disse
O SR. Ai:\"DRADA ESILVA: - Eu approvo a parte
do artigo em que diz que a proposta dos emprega-
dos ser feita pela commisso, precedendo exame
da sua capacidade e conducta; mas opponho-me
outra parte em que prohibe que se dm para f6ra
apontamentos do que se passa na assembla, por:-
que isto contrario ao interesse que resulta da
maior publicidade dos nossos trabalhos.
OSR. ARAU.TO VIANNA: - Sr. presidente, a com-
misso teve em vista facilitar a vendll do Diario ; e
por isso no artigo se prohibe que se communiquem
extractos das sesses; pois sahindo nos periodicos
e seguramente com mais brevidade do que no
Dfl,rio da assembla,' no ter .este extraceo
alguma. Alm disto quem qnizer dar sesses no seu
periodico, pague a quem escreva; e no tire o
tempo aos empregados no servio da assembla;
nem elIes so to aptos que sirvo para tanto.
O SR. ANDRADA MAcHADo: - E' justo; os que
quizerem ter tachygraphos podem t-los; mas
paguem-lhes ; porm pagar-se por elles, no en-
tendo..
Fallarao alguns outros Srs. deputados; e por fui1
foi a'pprovado o artigo com o seguinte additamento
- VIStO achar-se facultado no regimento da assem-
bla, art. 35.
Passou-se ao art. 3
0
, que foi approvado ; e entrou
em discusso o art. 4.
0
OSR. Ar."DRADA E SILVA: - Tenho que dizer tanto
sobre a materia como sobre a f6rma deste arti.
Quanto materia, digo que muito amplo o lloder
que ali se d ao redactor de fazer entrar os papeis
no Diario por inteiro ou por extracto; pois no
deve pertencer-lhe, n.em commisso, a faculdade
de ajuizar quaes so, por sua importancia, oSc/lUe
devem dar-se por extenso ou em resumo ; isto s6
podia pertencer-nos e a mais ninguem; e por isso
sou de parecer que todos entrem por inteiro- no-
Diario. Quanto f6rma duvido que bem em-.
SESSO EM 23 DE MAIO DE 1823
103
argumentos que se fizero a respeito do Sr. pres-
ounoao discursodoImprador, pu-
zerao elies na bocca de Sua Magestade. Ora estando
as co!Jsa5 e.stado: como qualquer dos senho-
pode verificar rodo a secretaria ver as notas de-
cifradas, parece que ao menos por ora, se quizer-
J:!los ter Diario no pde coarclar-se de toda aquella
liberdade ao redactor.
O SR.:' PL\.S.:-Eu tambem _sou de voto que no
se admItto discursos que se nao pronunciaro.
O SR. CARAEIRO DE CAXPOS :-llas se examinando
a falIa eu vejo que a no tiraro, parece-me que
devo ter a faculdade de dar a que pronunciei na
assembla.
. O SR. :-Eu cuido que disso
mnguem dUVIda; o que pretendo que no se dm
outras diversas das que pronueiaro.
O SR. ARAUJO "V:-'"NA :-Eu convenho que se
supprima essa excepo-salvo etc.-; com tudo
a razo porque a commisso a julgou conve-
DIente. Alguns Srs. deputados, no tendo talvez o
dom de improvisar discursos, e podendo alis for-
ma-los elegantemente banca, ficario desconten-
tes se no os pudessem publicar. Eu pela minha
parte nunca os farei assim, direi sempre o que me
lembrar, mas no se julgou acertado que outros
perdessem o seu trabalho.
pregado o verbo incumbir,J>orque activo e no
- neutro e por isso deveria dizer-se, incumbe-se e
no, incumbe-lhe.
O SR. AIu.UJO VIAIDiA.: - Ainda que muito res-
peite os conhecimentos phylologicos do illustre
preopinante, que gastou largo tempo ao estudo da
lngua portugueza, no cederia talvez sua obser-
vaco, por ter classicos de boa nota com que auto-
nse o uso do verbo que injustamente censura;
sendo porm cousa to insignificante no duvidarei
que se substitua cumpre-lhe a incumbe-lhe, que ()
mesmo. Isto quanto ao defeito da frma; quanto
porm materia, no julgo que da letra do artigo
se possa colligir que fica ao arbitrio do redactor o.
inserir as pecas no Diario por inteiro ou por ex-
tracto; a aesignao da assembla; e o artigo
nem commisso d tal autoridade.
\) SR. NDIL\.DA MACHADO :-Se dsse este poder
commisso, ainda eu o admittiria; mas parece
dal-o ao redacLor, que peior. Oartigo no estabe-
lece regra certa, no designa quaes so os papeis
que .devem ser extractados" e quaes entro por in-
teiro ;' e esta declaraco me parece necessaria. Eu
a faria assim- excpo das actas que sero por
exlracto.-
O SR. RIBEIRO DE ANDRADA :-Eucreio que tudo
fica conciliado emendando assim-que devem en-
trar no Diario, tudo por inteiro, excepo das
aetas que extractar com fidelidade e conciso.- Q SR. CA.!!-"..EIRO DE O
. artIgo poder-d passar emendado da maneIra segUInte
O SR. PRESIDENTE propz ? artlgo se appro-l-salVO se fossem de memoria exposta na assem-
vava com a emenda do Sr. RIbeIro de Andrada; e bla.
vencenodo-se que sim, passou-se a discuttir o Tendo falIado alguns Srs. deputados foi appro-
art. 5. . . o. artigo pondo em lugar de--salvo se
_O SR. :-Todas as attribUI- $tdo .pnmeiro trabalhadas espao forem de me-
oes se da aqUI ao redactor tendem_smente.a mona expostas na assemblea-a seguinte emenda
fazer orilhar gralhas com de pavao; eu qUI- -salvo se essas mesmas falias fossem repelidas na
zera que todos os discursos sahissem com o cunho assembla.
proprio, com o estylo difuso ou conciso de seu Se'rnio-se o art. 60 e a respeito delie dss
auclor; mas deste modo apparecem todos com as t> I .e
mesmas vestiduras. Agora o que eu no consentirei O SR. AGUIAR mUI pouco
jmais que, na frma do artigo, se permitta que o espao o horas para a das pelos
redactor possa s falias recolhidas pelos succede que em al.,umas fal-
tachigraphos, outras diversas d'elias, quando tive- lao, e fazem longos discl1!S0s, e
rem sido trabalhadas de espao, ou exposta de me- sera que eU?- tao curto prazo tudo se veJa: Eu
mona assembla. SubstItuma tres dIas.
O redactor no deve acceitaf falla alguma uma O SR. ARAUJO VIANNA :-A commisso teve em
vez que os tachigraphos a no recolho ; verdade .abreviar quanto fos.se possivel a impresso do
que por ora quasi nada escrevem do que ns dize- D%ano; com tudo convir em que sejo tres dias.
mos pois tenho visto longas falIas reduzidas por Accrescento tambem que talvez seja uLil mudar-se o
elles a quatro palavras, e isto ha de remediar-se de em' que deve estar exposto o Diario em manu-
algum. modo; mas logo que elles tiverem sufficiente sCIlptO para.os Srs. retocarem as suas
hallilidade para escrever as falias, no deve acceitar falias. O artIgo o gabmete da mas
o redactor outras diversas d'aquellas que elies es- sendo.esLe em lugar mcommodo, podIa ficar na se-
crevero. Demais qual o meio de conhecermos .
.4J.
ue
as falIas que se levassem ao redacLor tinho O SR. ANDRADA E SILVA :-Deve ser em gabine1e
SIdQ antes trabalhadas de espao? Em uma pala- particular; na secretarta ha outros negocios. Tam-
vra o que as fizer decore-as, ou passe bem voto que se augmente o prazo das 24: horas.
pelo desgosto de as nao ver Impressas. O S F N' c tart d d nh
. '.. R. RANCA:- a se re a e mo one um.
O Sa.R?DRIGUES DE CARVALHO :-E' pr:ecIso q:ue E" preciso no confundir os trabalhos. Uma sala
a. assemblea conhea o estado dos tachlgraphos. qualquer serve para isso.
Em .umas falIas que hoje li e que o official-maior . _ ... .
me mostrou, ninguem parava com riso; no havia O. SR. ARAUJO .-Entao outro
;nexo nem deduco de idas ; umlS proposies sem gabroete, o actual redacao e situado em
verbo, outras sem nominativo; em uma palavra, parte do ha rocommodar os Srs. de-
tudo o que li s servia para rir. Portanto ou se no putades, pOIS preCIsa subu. .'
hade imprimir o Diario, ou ha de dar-se ao reda- _ Fizero-se ainda algumas observaes; e afinal
.ctor faculdade de consultar os auctores das falias. decidio-se que passava: o artigo eom as duas seguin-
Entre outras que se lero hoje, vi uma em que os tes emendas: l."-Tres dias em lugarde 24 horas:
Sesso em U de Baio de
PRESIDENCl.\.DO SR. BISPO CAPELLO-MR
Reunidos os Srs. deputados P.elas 10 horas da
manh, fez-se a chamada, e acharo-se presentes
54, faltando por molestia o Sr. Gama. .
. S1\. SECRET.-\RIO FR.-lNCA. leu a acta da sesso
antecedente, e foi approvaaa. .
O SR. PRESIDEl.Io"TE anunciou que estava porta
da sala o Sr. deputado Jos Feliciano Fernandes
Pinheiro. Foi introduzido pelos Srs. secretarios; e
prestando juramento, tomou assento no
O SR. HEXlUQOES DE REZENDE :-Sr.presideIite,
antes de entrarmos na ordem do dia, peco a pala-
vra. So muitas as idas e muitos os' pensamentos
que me occorrem; mas porque no tenho bastante
sangue frio quando falia em semelhantes assumptos,
e no quero que me escape no discurso o que no
desejo proferir, direi s que vendo-se o Diario do
govern9.de hontem n.ll4, no admira que haja-por
ahi desconfianas.. ..' .' . '.' .' .
Longe de mim combater a liberdade da imprensa
antes sempre pugnarei: por ella; quem:se julgar
offendido tem o recurso da lei, oua h"herdade de
responder. lias as idas expendidas nesteDiario
PAIU. BO:)F.-\C10 DE :E SILVA.
mm. e Exm. Sr.-A assembla conSti-
tuinte e legislativa do Imperio do Brazil, manda
participar lo governo que indispensavel para -o
acerto das suas deliberaes. que lhe sejo trans-
mittidas informaes do estado actual deste impe-
rio, nas quaes se comprehendo todos as ramos da
administrao publica, e seindiquem os abusos que
mais carecerem de reforma, notando-se emseparado
as materias que exigirem segredo, quando nessa
me..e:ma revelao no perigar o bem da nao. O
que V. Ex. levar ao conhecimento de S .\l. 1.-
lJeos guarde a V. Ex. Pao da assembla em23 de
de 1823.-Jos Jaaqnim Carneiro de Campos.
Na mesma conformidade a todos os outros mi-
nistros de estado.
PA.1U Jos BO:\"Il'AClO DE n"DlL\J)A. ':E SILVA.
lllm. e Exm. Sr.-Aassemblageral constituinte
e legislativa do Imperio do Brazil, manda partici-
par ao governo que lhe devem ser remettidas regu-
larmente todas as noticias do dia tanto internas
como externas que interessarem a se.,aurana da
naco e estabilidade do Imperio. O que V. Ex.
levr ao conhecimento de S. }l. I.-Deosguarde a
V. Ex. Paco da assembla em 23 de Maio de 1823.
-Jos Joaquim Carneiro de Campos.
mesma conformidade ao ministro da Marinha.
PA.R.\ Jos CORRiA. PA.CHECO :E SILVA
A assembla geral constituinte e legislativa do
Imperio do Brazil, manda participar a V. S. que
achando-se legal o seu diploma, deve quanto antes
vir tomar assento neste augusto congresso, e ter
parte nos seus trabalhos, como deputado mesma
assembla pela provncia de S. Paulo.-Deos guarde
a V. S. Paco da assembla em 23 de Maio de 1823.
-Jos JoaqUim Carneiro de Campos.
Na mesma conformidahe a Manoel Joaquim dI.'
Ornellas. .
SESSO &'1 24 DE llllODE18!3
. 1?A.
SEGmmO
A commisso dos poderes tendoem"ista a repre-
sentaco do Sr. Jos Feliciano Fernandes Pinheiro,
eleito' deputado pelas pro,incias de S. Paulo, e
Rio-Grande de S. Padro do Sul, e attendendo de-
clarao, eBe mesmo faz de no ter ainda os
competentes diplomas, recorreu as actas geraes re-
mettidas pelas competentes autoridades das duas
mencionadas provncias combinando-as com. os di-
plomas dos deputados, que por elIas temj assento
nesta assembla, e em ambas achou verificada a
nomeao do dito deputado: E' pois de parecer,
que venha tomar o seu assento como deputado pela
provncia do Rio-Grande, onde tem o seu domici-
lio, em conformidade das instrucces, e do decreto
de 3 de Agosto de 1822.-Rio 23-de de 1823.
-Estevo Ribeiro de Rezende.-lIfanoel Jacintho
'Nogueira da Gama.-Antonio Carlos Ribeiro de
Andrada Machado. -Foi approvado.
. Resolveu-se tambem que pela entrada do Sr. Fer-
nandes Pinheiro cessava a representaco do depu-
tado supplente o Sr. Chagas Santos que se offi-
.ciasse ao governo para ordenar a camara da ca-
.pita! ,da provncia que remettesse o diploma do
mesmo Sr. Fernandes Pinheiro, para se guardar no
archivo da assembla.
. . O SR. PRESIDENTE assignou para a ordem do dia
.8 continuao doprojectoda redaco do Diario, e a
la discussodo projccto de decreto sobre.os gover-
nos provisorios das provincias.. .
Levantou-se a sesso s 2 horas da tarde.-Ma-
1We"l Jos de Sou=a secretario.
2."-No gabifUlte quepara for destifuulo !1'fi
m
dos Srs deputados etc -emlugar de-M gabinete
da redaco para 0$ Srs. deputados etc.
Seguiro-se os arts. 7.
0
e 8.
0
; e ambos foro. ap-
.provados Sem alterao alguma.
. Interrom,Peu o Sr. presidente a discusso
dar lu!mI' a votao sobre os membros da comlll1S-
so politica inte:na a recebe.r
municar assemblea as noUclas e
que o govemo' lhe dirigir; na da }n-
dicaco do Sr. baro de Santo Amaro, e aditta-
menio do Sr. Maia.
Sabiro nomeados para a di!a l?0mmisso os Srs.
Almeida e Albuquerque, TeIXeIra da Fonseca, e
:Maia.
O SR. RIBEIRO DE REzE:\"DE como redactor da
commisso de poderes, leu os dous seguintes pa-
receres
PRDIElRO
A. commisso da verificao dos poderes ten!l0
examinado os diplomas dos Srs. Manoel Joaqmm
.de Ornenas e Jos Corra Pacheco e Silva, depu-
tados supplentes pela provncia de S. Paulo os
achou legaes, por se acharem conformes com o
decreto de 3 de Junho de 1822, e instruces de
19 do mesmo mez e anno a que elle se refere, e ao
de 3 de Agosto, que declarou as mesmas instruc-
roes. e s portarias de 20 e 22 de Fevereiro deste
nno : E' de parecer, que os mesmos deputados ve-
nho tomar assento nesta assembla.-Pao da as-
sembla 23 de Maio de Ribeiro de
-Be:ende.-AntO'llio Carlos Ribeiro de Andrada .lIa-
chao.-lIlanoel Jacintho Nogueira da Gama. l>-
Foi approvado.
'104
SESSO,EM 24 DE MAIO DE 1823
105
do governo no so asmais' conducentes harmonia necessaria. Como ha entre ns ministros, requeiro
e unio do grande tdobrasiliense: 'trazem-me que elles digo se ba alguma lei que revogue a da
memoria o' que eu ouvi de certa eamara. ' impreILo;a, que se appr()"ou para nos
Eu no o creio, Sr. presidente; mas seba um regermos por ella, porque se no temos nova lei
povo bastantemente servil para no querer consti- que a destrua, no sei porque diz o nobre preopi-
tuio, ba' povos assaz livres para derramar a ul- nante, que ha necessidade de marcar a carreira dessa
tima gota de seu sangue em. defeza deDa. liberdade. No quero que este pOTO se persuada que
Seja-me licito mandar mesa este Diarioparaque no somos livres; pois nenhuma naco o pde ser
se tome na considerao que merecer. Foi remet- sem liberdade deimprensa. Se ba lei, ponha-se em
tido mesa. _ . execuo; se tem defeitos, procuremos remedia-los ;
. Sr. presidente, como me cumpre sustentar a mo- mas no -se despreze a que existe para fazer outra
o, direi, segundo me lembra" que tres so os nOTa. Confesso que no entendo este remedio.
principios subversivos. Diana, O S.R. DUARTE SII.VA:-Quando fiz a minha indi-
e sobre !'S quaes fundeI. a minha cao no ti\""e em vista moti\""o algum particular;
, O lo e dar por suspmt'ls os o meu fito foi, e ser sempre, o bem geral: assim <i
illus!-I'8
s
que falla.ra0 aquI a favor da am- declaro a esta augusta assembla e a todo o mundo.
o que e coactar a liberdade de Sr. presidente! lfutre n6s no ha lei que regule ge-
com franqueza nossas opmlOes nesta ralmente a liberdade da imprensa; ha simplesmente
e procurar que os deputa;.dos fallem sem- um decreto de S. :M. Imperial que manda pro\iso-
Pf8. a_ de um partIdo. Isto, e nao querer coos- riamente que em certos casos que aponta, sejo
titUlaO.e o mesmo. . taes delictos julgados por jurados, executando-se na-
O 2" dlZe! que ? Imperador n.o quella parte smente a lei da liberdade da impreusa
poder at lJ!le a seJa publi- promulgada pelas crtes de Lisba ; logo o que nos
recebIda. Sr. presIdente, e em extremo regula nesta materia uma parte de uma lei estran-
mJUOoso. ao ao. mesmo que geira, approvada unicamente para casos especifica-
nunca nem teraJamaIS, essa amblao. dos. Se isto assim, como no carecemes de lei
. O nunca deu a Sua Magestade poder propria, e capaz de acudir a todos os casos? Haja
nem !IUer !lUe elIe o .tenha; fOI por mo- pois uma lei regulamentar que d herdade da im:.
lI!entos necessano legIslar em e s prensa toda a facilidade de fazer o bem,. evitando
em ordem convocaco da assemblea. Reumda ella, ao mesmo tempo os males que podem resultar do
e investida pela nacao d poder legislativo, a ella s seu abuso
compete dar a lei, 'embora tenha o Imperador o di-' .
reito d cooperar como cidado, e cidado qualifi- O ,SR. R.ODRlGUES D!= CARVALHO :-:-Quando se.diz
cdo. Se alguem lJUer que o Imperador tenha o po- que e preCISO U1:na leI para haver de un-
der dieta.torial, jamais o querer o Brazil, porque p:t;ensa mexactamente,. porque eXIste entre
de certo. nunca o quiz. .. . n?s uma que facu!ta essa liberdade. se
030 dizer-se que o Imperador tem o melto de diz que eXIStIa essa leI, mas que por ser
uma Luiz.XVm Frana, Sr. tem ou deve entre nos, tambem
Sldente, ISto Ir temerarIamente contra os prmcI- se nao exactamente: O.Imperador, re-
pios recebidos, contra a opinio publica, contra as gente, por uma leI a liberdade. Imprensa,
idas e luzes do seculo; querer fazer uma revo- c0!O uma tal, que nen.huma limltaao tem;
luco geral emtodo o Brazil que no quer receber a das crtes, obsen'ar,
de' ninguem a sua constituio, pois quer faze-Ia, e aqUI temos !as nossas; a pnmara por ser do
como lhe pertence por um direito que exclusiva- da nossa .naa.?; a segunda por por eUe sancmo-
mente lhe toca. nada. Alem disto esta tem concordado
'Sr. presidente trabalha-se continuadamente na em todas as las porque. antes
sapa para dar com este edificio. em terra; procura-se nos regIamos;. duas entra0 na generalidade,
abaIar as idas, e a opinio publica, minar pelos 10
9
0 temos leIS, e Ja promulgadas por esta assem-
aliceres a. constituio, e deita-la abaixo. Isto blea. . _. _.. _
, contrario harmonia e unio do Bra- . se essas leIS nao sao adequadas, se nao clas-
zil,e s proprio a produzir uma completa revoluco. bem ?S abusos, ou dando esse_ nome ao que
. o naO , ou Impondo penas que lhe nao correspon-
Ol?_R. SILVA:-Sr.. pr.esI<!ente, em ?utra dem, ou pela sua brandura, ou nimio rigor, refor-
<!cCllSlao eu quu: fazer uma a respeIto da mem-se; mas nunca se diga que no temos lei, por
liberdade da Imprensa, mas. fUI mterrompldo por que assim damos ida que temos ahracado o sys-
causa. da ordem; agora OUVIndo o deputado tema constitucional, mas systema vasio, e'sem alma;
de faliar, levanto-me reEetir a neces- qual a liberdade da imprensa. .
sldade em que de uma regulamentar que P6de no haver liberdade. de imprensa de facto,
. carreIra. da mesI?a mas que tem isto com a liberdade de direito'l. Uma
digna da e bnosa naao brasIleIra, e nova lei guiar aopinio publica '! No certamente; .
por. ISSO,fao a segumte no por temor de violar uma lei que estar sujeita
. .. . . INDICAO a liberdade; podem muitas causas influir; e essas
Que Seproinulgue uma nova lei causas, nemprov!D da nem eUa p6de. remo-
.. .. ve:las. Portanto nao se diga:9Ue para
. para redigIr o proJect9 a.liberdade de uma lel, a nao temos;
lei, .a hoc ;'ou seellcarregue queprelsa refor;mar-se a leI, se a l?sem-
de:. da sseIJtbl. geral,iaos.12 .de bl.a quo.e tal reforma urgente, por defeIto da
MaIO..de 1823...;;.;0 deputado Dioga, Sdv.a. leI . ,
() .SR..ANnRADA. J\IACB,U)O:-Si. presidente: Eu .O.SR. XAVIER DE CARVALHO persua- ..
.pe..O UIiiC8lJlenteUma explicao ..que me prece dido, Sr. presidente, da neceSSIdade da,liberdade:.
.
106
SESSO El 24 DE MAIO DE 1823
da imprensa, esse paladium da liberdade civil; I nunca destrui-la; o contrarIo disto
j contra o despotismo J u!Da que os factos desmentem, e que eu
contra a desorganisao anarchica.; esse alimento nao posso deuar de rebater.
vital dos governos livres, e sem o qual elles pere- O SR. RIBEIRO DE :-Eu farei simples-
cem bem como ns quando nos falta ar que res- mente uma observao. Por uma portaria expedida
eulamento, e lamento com pela repartio -dos do imperio se mandou:
que entre ns esteja de facto a pr aqui em execuo a lei da.liberdade da imprensa
faculdade de fallar. escrever e dom pre- que fizero as Crte5 de Lisboa; e se ella existe em'
cioso concedido ao homem, e to antigo como a seu vigor. como se pede agora uma nova lei! Oil-"
faculdade de pensar.. _ lustre preopinante aflirma que est supprimida esta
:Em Terdade, Sr. preSIdente, nesta liberdade; pois eu requeiro que produza o titulo
crte optimos escriptos escnptos que, como legal que a supprimio, e que desdej declare o cida-
pela mo, leTavo o povo a grande que em do que teTe ordem do governo para no escrever.
fim abraou, que adoptamos, e fe glorlosame!:1
te
. O SR. X.-\VIER DE CARVALHO :-Eu disse, Sr. pre-
oh magoa: desapparecerao, sidente, que a liberdade da imprensa estava entre
Ja eXIStem; a liberdade nascente ns infelizmente supprimida de facto. Bemsei que
vascilla,. balbucIa entre vena':S desses elIa existe de direito; mas tambem vejo, e todos
que mISeraVeIS, vm, que est sufi'ocada; e sem querer entrai no
velS, e. ate c0!1demnaveIS como _eu analytlCamen:6 exame dos motivos que origino a suppresso, indi-
provana, se nao economIsar o tempo, e nao quei simplesmente que ella existia e lembrei que
abusar da que se me . _ era necessario remediar este mal, fazendo que o
Tenho pOIS a Tista dIsto que cumpre m'!1 cidado "'ose do direito sa!rrado de eommu:nicar as
positivamente qu-: esto em .todo .0 Vigor as leIS suas por meio dos escriptos.
existentes sobre lIberdade de Imprensa; que a todo O S C .
cidado livre fallar, escrever e imprimir, ficando T- DA CUXIL\.: - Sr.
obrigado a responder pelos abu..<:os dessa liberdade, lIberdade facto,. embora eXISta
e .sendo removidos desde j quaesquer obstaculos relto porque os liberaes, que
que directa ou indirectamente concorrero para a no Rio de JaneirO call1!ao-se, desaparecerao. e
sup resso que apparece; e a este fim que euTOU todos sabem, que forao pre-
pr a ,"ossa consideraco, e reclamo vossos que denunCias, mqu:lSltonas, persa-
t de "'encia sabios lecisladores ao se!!Uinte e terrores o pensamento, de
vo os e> ,. e> quem mtenta escrever lirremente; apenas appare-
PRQ.JECTO 'cem em campo dous que escrevem em direcco op-
'. . . . l' posta a opinio geral.
A .geral, constltmnte, e legIS atIva Sobre o que diz o nobre preopinante eu sei de
do Impeno do BraziI decreta:. . um facto, que prova sufficientemente, que o minis-
1.0 So declaradas em pleno v:gortodas as !els terio se ingerira neste negocio, e desejava no ter
que existem, e que permittiro a liberdade da Im- occasio de o publicar; como nisto se fallou
prensa, rectificando-se permittido a todo o cidado jlllgo de meu dever expl-o francamente; se
escrever e imprimir, sem inecessidade de minhas expresses o1render o melindre de algum
alguma censura. Sr. deputado estou prompto para dar as satisfaces.
2. Aquelle que abusar d'esta preciosa liberdade. que forem necessarias; porque a minha inteno
responder pelo abuso nos casos, e pela frma que smente fallar a bem da liberdade do povo, em
as leis tem estabelecido. . defeza de seus naturaes e sagrados direitos.
3.0 Fico derogadas leIS, ordens, ou Aqui appareceu o Regulador, cujo redactor nll
portarias que directa ou indIrectamente se opponho attendendo as melindrosas circumstancias, em que
ao presente decreto, ou liberdade concedida. Paco se achava o Brazil atrazou mais a boa marcha de
da assembla 24 de l\Idio de deputado seus negocios politicos, do que bem a dirigio, e
Augusto ][avier de Car'valho. adiantou; porque tendo o Brazil recebido uma con-
O SR. Am!RADA E SILVA :-Pedi a palavra para st.ituio smente 0PP0I!do-se
responder s falsas accusaces do nobre preopi- que fenao os seus reaes mteresses nao podia
nante. EUe diz que est supprimida a liberdade da OUVir de bom grado doutrinas inteiramente oppostas
imprensa, mas quando se que!xa, porque ao systema proclamado? e adoptado:
no mostra a lei que a SUpprlmIO, ou nao aponta a lDtrodUZIrao desconfianas
menor insinuao pa:a no se escrever'! Eu s.mente nas de que .resultoudesorganizarem-se.
sei que existe uma leI que a protege, e esta nmguem o;; negoclOs em Pernambuco; e omesm.o
a ataca. nem pde atacar. Se alguns escriptores na na Parahyba, se o governo"cumprISse '0' que
publicaro gue depois no foi lhe fra el!1 uma honrado
porque uns perderao na sua publicaao, e outros me.mbro, como mlDlstrO'e secretario de estado, re-
at ficaro individados com a imprensa; e alguns proteger o governo as assignaturas daquelle
destes que no continuaro em jornaes imprimiro e consta. que o mesmo se o
folhetos, como eu sei, porque recebo todos os pa- RIO-Grande do Sul, e para outras' ; .ora
peis tanto da nacional, como das outras. essa. do
:t>or consequenCla cada um escreve o que bem lhe escrlptor, Junta a
pli!ece ; e os.que no escre,:em porque no querem) J:!lou a todo ,qul:j. amda e.screv:er
ou porque no espero .lDteresses; emfini isto e ISto ,. deu um t,errlvel golpen:nas- .
objecto de especulao,_ negocio de particulares,cel;lte d..
a
Imprensa, quandoeUaprecisava.
com que o governi). se nao embaraa. Portanto diz de toda a protecao. . . .'
uma. falsidade quelJ! assevera que !1
o
ha liberdade Seo Regulador escrevesse a favor .do vetoabso.
d' imprensa: a leI est em seu VIgor, e o governo luto, e de duas camaras depois de 'teremils' pro-
SESSO EM 24 DE MAIO DE 182.:J
107
-rlncias do norte adherido a cansa; e no fosse pro- O SR. - Parece-me que todos estamos
tegido peJo ministerio, nem causaria conformes em que ha lei de liberdade de im-
nemreSultaria da de suas doutrinas al- prensa; mas a questo no essa: a questo que
gum perigo. . . _ . _ de no ha liberdade de imprensa no Rio dE.'
_Oatros escnptores, que escreverao em Oppo51lO JaneIro de certo tempo a esta parte; isto nma
en os considero benemeri\OS, e no criminosos ; verdade, e o que se tem praticado, e: est prati-
porqnj! elles mnito trabalbro a favor da cau.c:a do cando abona com clareza esta verdade. f:screve nm
Brazil; esta razo foi que me decidio a votar a partido em sentido contrario, e outro partido que
avor da amnistia e no por- amizades, conheci- escrever em opposio no escreve; e o
mentos, ou outras. rela!;i)es. motIVO parece ser porque aquelle tem alta e pode-
-Se ha liberdade s para se atacar o congresso rosa proteco, ao mesmo tempo que este espe-
e a todos aquelles deputados, que voto contraas zinhado, e perseguido por frivolos pretextos. Pa-
opinies de al.,"UDS, que inserem cartas nas folhas rece-me vr aqui o que j vi em Lisboa. Havia
dos actuaes redactores, onde so por esses desca- liberdade de imprensa; porm o partido ministerial
misados, taxados de anarcbicos. podia escrever tudo sem incommodo, e o partido
Se de direito, Sr. presidente, existe a lei, tomo contrario muitas vezes debaixo de certas mascaras
a repetil-o, no existe de facto; e por isso de era perseguido.
absoluta necessidade que seja protegida; porque Escrevia-se por exemplo contra o ministro da
eUa para nm Estado, que se quer constituir lin-e, justia, dizia-se corcunda, desorganisador, e
como para ns o ar, que respiramos, que se nos mais em nma hora, ou noutra l cabia o pobre es-
falta morreremos: e eu altamente declaro, que no criptor. Aqui escreve-se contra um ministro, avan-
quero habitar o deg.,"Tlldo paiz onde no haja o-se doutrinas contra o systema, que o Diario do
perfeita liberdade. Governo protege, eis o miseravel reputado anar;'
O SR. &"(DIUDA. E SILVA.:-Sr. presidente: le- chista, desorganisador, democrata etc., e como tal
vanto-me para mostrar que o discUISO do nobre perse.,"Uido e no tolerado. Vemos pois que no ha
preopinante um tecido de falsidade, uma miseria. liberdade de escrever, necessario remediar estemal ;
Quando o redactor do Regulador quiz imprimir esobre isto devemos applicar toda a nossa attenco.
a sua folha como vio que as despezas emo muitas Sem a imprensa, senhores, perdida est a liberdade
para a publicao,.e temeu que o producto da da patria. Faamos com todos os cidados
venda as no suppnsse, lembrou-se de requerer a fiquem garantidos nesse dIreito; que todos, e de
Sua Magestade que bouvesse por bem favorecel-o todos os partidos escrevo semsusto; do choque
de algum modo que lhe promovesse assignaturas; das opinies, que sabir a verdade. Declaremos que
e Sua Magestade assentou que se escrevesse para todos podem escrever sem susto, e exprimir suas
as provincias afim de assignarem para aqueUa fo- idas da maneira, que lhe parecer bem, ficando s
lha se quizessem e o jornal o merecesse. responsayeis pelo abuso a lei ; e facamos
. com que o governo ponha em vigor, e etrectivo
Assim se fez; e remetteu-se o prospecto do Re- etreito esta nossa declarao.
que eUe no a!rradou; e que tem O SR. HENRIQUES DE Sr. presidente:
Requeiro a V. Ex. que proponha se merece a con-
eomisso o governo'? Por ventura compete-lhe notar, siderao desta assembla o que expuz sobre a
e dizer ao redactor que no escreva estas ou aquel- carta inserida no Diario do Governo, Sara o que me
las doutrinas 1 . . l-l
O nobre preopinante que tanto quer advogar a parece que seria a propo51to a o r. secretario.
causa da liberdade, no v que isto seria atacar O SR. SECRETARIO FRA.NC.\: -Lel1 a citada carta;
o direito que tem o cidado de escrever o que e finda a leitura fallou ns seguintes termos:
muito bem lhe parece '! SR. PRESIDENTE: - Eu ha mais de seis mezes que
Se o que escreve, publica doutrinas nocivas, no leio esse infame papel, chamado Diario do Go-
mocidad(', e a lei o punir; se as escreve pro- vemo, na inteno lIe forrar-me ao -enjo, e in-
veitosas, ser reputado bom cidado. Demais se o dignao que agora solTro ao l-lo. Parece que
papel bom todos o compro; se mo no se outra cousa seno tem proposto, ha muito tempo,
yonde", e perde-se a especulaco. os redactores desta folha se no espalhar no pu-
Emnm, Sr. presidente, deixmos mascaras falle- blico idas subversivas da ordem, principios con-
mos claro; o que se queria era que o governo trarios do systema da liberdade civil que os povos
favorecesse os escriptos desorganisadores, subver- geralmente tem abracado, atacando por outra parte
sivos da ordem estabelecida, contrarios grande os cidados probos, e constitucionaes, que por ven-
cauSa que aliracamos e juramos; mas Jos Bonifacio tura se apresento em condio de propugnarem
nunca o consentir. pela causa da mesma liberdade. Mas esse no o .
Em quant.estiver a meu cargo a conservaco da nosso caso: o.que importa a esta assembla fazer
lranquilidadepublica, serei sempre o inimigo dos observar as leis existentes, quando elIas
quea_pretnderem perturbar, e defenderei por mente, e com el>candalo da nao, so postergadas.
todos os meios a"segurana e a honra do Brazil. Ha entre ns liberdade de imprensa, sim, mas
CARNEIRO _DACUNBA : - O illustre preo- tambem ba lei; que cohibe QS seus abusos. Se o
pinante-diz que o meu discurso um tecido.de auctor pois ou redactor, de .taes escriptos tivera
falsidades, ,e (una miseria; e eurespondereis- sido ja chamado, como cumpria, ao juizo dosju..:.
mente.qUe falSidade dizer-se que a portaria foi rados; e. se delles se tivera feito.a justicadevida
acompanhada- do prospecto do Regulador,q:uando talvez -que em tempo se. cohibissemdasnimosi;"
eUa. levava primeiros numeros, em que ja havia dadescom que imprudentemente tem desacreditado
doutrina estabeleida; e que se ellejulgao meu o governo na inteno de alguma cousa. fazer por
diiCurso uma miseria, eu reputo outramiseria o ventura que lhe agradasse. . ..... c .-
seu. Observe-se por tanto a lei; remett-se a folha ao
108 ' SESSO n M DE MAIO DE 1823,
para que mande proceder a acca- : que o Diario do Gove!D0, e todos os
sao contra o auctor, ou auetores de \eles msultos ba _a nao escrevemse nao em
i:onimettidos commanifesto ablL.'=O da liberdade da 1lIDa.dileco; e nao sa-5eac::ansa deste phenomeno
impren..c:a, nomeando esta assem.blaum procurador a mudanada opjnio publica, se'a compresslio
paralhes ou \elror. No gosto do simptoma, e incIinHDe a
. E ilecessario Sr. presidente, que estaassembla attribai-lo antes compresso, bem _que no ap-
disSimule, ataque de .frenle taesdesorga- pll'ea, do que a repeI!tma. im-
msadores. Se fonnos indi1ieren\.es em casos seme- porta-nos pouco; a liberdade da unprensa nao veda
lhantes, em breve cahiremos no ridiculo;. expresso alguma de opinio; s: ella
insultados a cada e perderemos a opJDlao pu- ba penasconlra S"..me!!:;m:es ecuues. questo e
carta denunciada ataca a. e ospriJl.:
e eu quero e"itar. EU nao VlID a aste Clplc!S do governo por nos adoptado.
como representante da nao. para. ser nos 'parece, !Das naoJulgamos; remettamos
se aca...--o se facilito asos de sermos deprUIlldos no p0lS a quemJulga. Eiso meuvoto.
conceito publico., dou porconcluida a minha misso, O SR. TEIXElIU. DE GotiVEA. : - Nenhuma nece5Si-
e no venho maIS aqm. dade ba da nomeaco de procurador 'quelembrou o
O SR. lmIUDA. LUBDO: - Sr. Presidente: Sr. Franca. O deeieto que mandou obseITar aqui a
Levanto-me para observar, que se de faelo for este lei da liberdade da oprensa, foi previdente sobre
Diarioaos jurados, talvez elles ouvir o que nunca este ponto, designando para promotor em taes casos
lhes viesse nem se quer o-procundor da cora e soberania nacional; e por
que prohibido tornar,"'pela imprensa, suspeitos os isso nada mais. ba a fazer do que estte\""erao
utados nacionaes. Horronsa-me a dictatura e vemo para que o dito procoradoraa cora promo\-"3.
er illimitado attribuido grat.ui.tament.e a Sua esta aceu...c;ao .no juizo dos jurados.
. ""estada Imperial, que prelende tal, ,O SR. Cu.nAS: - Se esse procurador da sobem-
mesmo nunca o adoptou, amda da ttlaa.o Dia nacional desempenhasse bem os seus deveres.
desta assembla, com quem por necessldade se di- no estaria agora a sssembla tomando em consi-
videm as delegaes sobe1'll!1as. deraco este negocio; e por isso entendo que dever
Se Sua Magestade. bnperial, alguma vez pela !1E!- ser dvertido que lhe cumpre satisfazer melhor as
sua tod? o exercu:!o suas obrigaes sobre os papeis que se publico.
da soberanIa,. ob.ec!eceu as ClrCumslaDClas, mas n<Jo O SR. CAR.""ElRO DE CuPos: - Sr. Presidente. Eu
firmou o pnncl:plo do poder Se com o que disse o nobre deputado o
que elle tmba t,?do o nao creu JIIi- Sr. Antonio Carlos; quando o ataque dirigido a
DI.1tado. como. ba de Doora teJJl qualquer de us emparticular tem ooffendido ore-
wna s porcao, e mesmo nao se pode aJnda co- 1 aal " d d" .
nhecer extnso e ambito da prero2'lltiva imperial, curso e., osJura os. e ponsso,enlendo
a '. . ? ., que a carta CItada, do n. 114. nao merece tanta
sem que a o mal'qUe. . . altenco deste congresso como ainserta no n. 107
De!O porem. que antes.da .do ondese l a expresso-- lerta _, que eu
da constItmao, tu(lo que nao prm- sdero sediciosa, por isso que chama os povos contra
sagrad?s do governo o, e pura a assembla, em geral que devem
OpJDlaO doutriIUll, contra a quo as leIS nad:'- deve}ll desconfiar e prevenir-se contra os seus represen-
pOder por emquan1c:? Se porem nwn escnpto nao \antes. '
lr atacada a assemblea emmassa. mas um ou ?utI:
0
Se eu fr atacado em particular responderei se.
4.
e
p!1tado, resta-lhe. o recU!'S0 que tem os IDa1S Cl- entender que devo dar resposta; e
aaaaos, dos nao que. nos estrememos, em todo () caso a dizer francamente a minh
ao menos sem endenle nzao de dllIerenca. Quando._ . , . _ a
o fim do escripto tornar suspeitos a tdos os de- !1lao, .POIS para ISSO !lU
e
.me escolherao, e
:putados o que implica o descredito da assembla ISSO. e que aquI. DIZendo o me dicta
mteira, , confesso que umataque sub"Versivo ; mas a desempenho aquillo a
ainda assim a marcha no tornar-se a assembla me obnguel .acceltando este e, nada !D8lS
parte nomear procuradores. e apresentar-se cemo querem de mIm os meus :Sou poIS de
supplicante ante o tribunal dos jUYados; pois que parecer que se a assem.blea que se escreva
isto absurdo e at custa a crer, que alguem con- ao governo este obJecto. se lhe aponte
cebesse a assoclaco de idas to inconciliaveis com tambem a refef!da carta do n. 107, para se pro- .
o poder .soberano e c::unlica sua s suas mesmas a contra o anctor della, pelas
, r zoes que mdiquel. .
creaturas.
A .marcha legal dizer ao governo que faa OSR. SoUZA E MELLO :-Estou nas circumstancias
chamar a juizo o auctor do l'apel criminoso; tudo o de annDir inteiramente accusao, e Diodo de. a
m.
ais
seria !mproprio, e indigno de uma assemhlea. pelos ao auetor do pa.pel -
Drerente e a marcha que se deve ter nos ataques lDsendo no Diano do Governo que bora se apre-::
de um. de Sese ataca a nossa senta sobre a mesa;. requerendo
opunao com razoes, com razoes tambem devemos que. se lhe mande unIr outro. numero desse mesmo:
combater; ou com o silencio do das- Diario que euli, . um dos dias passados, coma carta
prezo, se as razes nada presto. Se se nos fere na de correspondencia em que seu alithot:;alem. de.
honra, como homem, como cidado e como- depu"" outras insolencias, ataca e:xpressamente unidos"
tado, a lei nos ofl'erece remedio.; a eumpre_ Srs. deputados dizendo. que "elle
recorrer, como outro qualquer cldadao, esse n'!me. Nem. digaqneo_-taque.. ,
. algum. de ns tel!' medo de comparecer, ou sua fOI '. mdiVIduo, e como tal
e. tal que nao soffre a luz de umprocesoo, da. do-escrIPto- .. cQllge .que ,
a JeI a. apparecer; cale-se e sofl'ra, que o dito deputado foI atacadopor opinio'pro-":
a som dostimidos. Por fim, presidente, eu duzida.nestaassembla, em qualidade d' depltad"
. ':
SESS.O EM 2i -DE MAIO DE 1823
109
-ca..<:o .em que .. a e vesse comtudo o que quizesse; mas qae se lhe
respeito. O nao consetlr de certo que desseID;, pancadas lli'as tiraria do corpo; e eu
taes abllSOS se pratiquem contra os membros da sobre ISto lhe manifestei que a liberalidadee no o
_constituinte e nem que taes terror o credito que havia perdido
escnptos vao achar lugar no Diana do Goremo; na provmcla de Minas por sehaver abandonado ao
fundado_ que se lhe a partido tropa enropea, sendo certo que a liber-
accusaao nao 50 com as duas folhas que mencIono, Clade da Imprensa por elle concedida lhe havia
como comtodos os de semelhante melhodo. grangeado o publico louvor. Taes so as minhas
O SR. DIAS: - Eu no vejo outro principio nem idas sobre esta materia. -'
meio que o Brazil, illudido pelas_crtes O SR. CoST..4. .AGUIAR: - Sr. presidente, levanto-
podesse adoptar para a puhlica, q;u.e. nao spara fallar sobre a ordem, j que des.,oraada-
fosse. a e de brazi1euas, mente tanto se tem apartado dena qua..<:i todos os
titulo de sua " senhores que fallaro; e por isso que
GUIado eu por este e la estava V. Ex. proponha: l, se deve ou no officiar-se ao
nomeado. para as de CUJos governo, para que faa pelos meios competentes
sao convoqueI chamar perante o juizo dos jurados os auctores de
meus illlli>""tres companharos da de taes papeis e cartas que ataco a assembla geral;
Geraes, e fizemos a nossa declaracao de nao Ir a 2". se de.e ou no ser admittida a lem-
Portugal, por. ter acabado a bo.a f e intelligencia brana de uk Sr. deputado, que propz de'\"'2r
eJ!l que at estavamos: DepOlS se no ser reprehendido o procurador da cora, e sobe-
Rio .de Janeiro um partido que dar a ao rama nacional por no haver feito o seu de.er:
Brazil; mas desengane-se este partido de aulicos deste modo evita-se uma to 10n!!3 e renhida dis-
e cortez0s.. corrompidos que o BIazil outra lei Cusso, que tanto tempo nos tem e d-se
recebe senao aquella que der esta assemblea; igualmente remedio ao que setem1hmrado um to
trabalbll. o Regulador e grande mal. I:>
despresIvelS para Illudir o espmto po- Quanto ao primeiro pontoe nada direi para no
pular: o nao illude.. . repetir o mesmo que aqui tem sido ponderado por
A proVlDCla de Minas,. pelo. de alguns dos illustres preopinantes, que me precede-
govemo l bana annun- ro; quanto porm ao Sl;,"Ulldo sustentarei, se
CIadC? em.sua a convocaao de cr}es no preciso fr, que o procurador da cora no de\.e,
Brazil, POlS_ bem._sablao. os que, rodo a em verdade, ser reprehendido, e menos me persua-
fanao maIS que !1
ssJ
gnar a ('.8!ta de do por ora que seja necessaria semelhante medida,
Ja exarada quando de boa fe pre- contra a qual T'otarei. Digne-se pois V. Ex. expr
com Portugal uma que sempre T'otao o que deixo ponderado, que me paree&
sena e opposta ":0 .feliz progresso da o mais acertado para a concluso deste ne"ocio.
causa do .ID'IZll, pela superlOndade de votos con- . " I:>
trarios ao seu bem naquelle congresso. PrC?pz o Sr. se a l!lll:tena se
Foi ento que a salvaeo publica nos dictou que su1ficlentemente e decldindo-se que SIm,
deveramos reassumir nossos inauferiveis direitos resolveu-se que se offiClasse ao governo para que
pelas mesmas crf.es de Portugal corifessados: o!,denasse ao procurador da e s,?b.erania l!a-
quando annunciaro que as bases da constituio Clonal que promovesse accusaao no Jt1!Z0 dos lU-
obrigavo desde logo sua observancia os reinos os auetores de
de Portugal .AIgarves, mas ao Brazil s depois de e do n. 107 do Dla'r!0 do
eomparecerem seus representanles: bases que so por roduZIr suspeitas contra a boa fe.e da
na verdade attendiveis, pelo que comprehendem de assembla a frma de governo constltuclenal, re-
direito publico universal, e a que nos conformamos, cOJD!Dend8.J!do ao J!1esmo procurador que, ex-
salvas as excepces que e:cigemas nossas peculiares OffiClO lhe mcumbJa, fizesse estas accusaoes em
cireumstancias: Estamos portanto reunidos; casos semelhantes.
nossa a causa do Brazil; e delle o maiorbemo O SR. C.u.DAs:-Legisladores! Umimperionas-
nosso fito.' cente, Lal como o que ha pouco acabamos de erear
(O Sr. Carneiro de interrompeu_o dis- entre ns, jmais poder .prosperar
curso pedindo a ordem, e dizendo. . nao er.a sem ({1!e prospere a _agncultll!a e. a .(lo.pulaao.
aquella a occasio de de pnnclplOs de di- Estes dous obJectos !ao a
reito publico; e o orador contmuou). qualquer estado, acha0-se mmlamente dimmutos
.Mas direi que esta assembla deliberante e consti- e atrazados. .
iuinte tem o exercicio de direitos soberanos, e nas Cidados que podio maiores servios
mos as redeas de toda a felicidade brazileira. In- sua yatria cultIvando um campo, ou dando sub-
felizes de ns se ella no deliberar com a indepen- ditos a nao, pelos estreitos e encantadores laos
dencia e liberdade que lhe compele, fazendo instruir do matrimonio, so coactos, por UlD funesto pre-
opublieo que esses escriptores abjectos e illusores juizo nascido de .acanhada educao, entrada no
oescraviso quando pertendem deprimir a forca estado clerical e no claustro muitas vezes contra a
moral da assembla, mostrando esta que o espirito sua vocao.. E' pois preciso tratar de remover os
daquelles a fraude e o artefic!o l . 9:ue se oppoem ao progresso dos dons
E como no apparecem escrIptores que manifes- refendos obJectos.
tem.a. verdadeira publica, por .se diz Um dos poderes da sociedade
quede.factoestsupnmIdaaliberdadedalD1prensa. designar o nUlDero de homens.quedevem entrar
sUa 'Magestade, principe ?rdem u para o-servio da
desapprovando oescnpto IntIlwado Compdador Igreja.. Ns nao temos de tantos sacer-.
disse ao seu audor em minha presena que escre- dotes; e em quanto se nao deSIgna o seu numero,
'28
1iO'
SESSO EM 24 DE MAIO DE 18!3
julgo eon'VeDiente desde j o seu aug-
mento; por tanlO. proponho o segmnte
. . (("PROmCTO
C[ .A. geral constituinte e le.,oislativa
decreta:
1 o Fica. prohibido provisoriamente da datado
decreto em diante, at que a assembla
elibere o contrario, a admisso de qualquer pes-
Soa entrada para noviciado em os con-
ventos de um, e outro sexo, podendo sop;tente ser
admittidos profisso 05 que estando Ja no no-
Ticiado CJuizerem professar.
2 Qualquer regular do sexo masculino, que
quiza= poder sabir do co!1vento,. precedendo .li-
cenca pontificia, que sera requenda,' e protegIda
pel governo; ficando os egressos habeis para
occupar os om.cios civis ou ecclesiasticos, como
outro qualquer - O deputado,. Jos ..4n-
t()nio Caldas. - FICOU para a 2.a leitura.
O S1\.- MAL, :-Como se tem tratado de pro-
postas seja-me licito apresentl'.r uma, que reputo
ur"'enl.e.
Suppondo como supponho, que ha necessidade
de um recrutamento. julgo indispensaveis a1,,"'U-
mas providencias I?a.ra se pois posto
que no tenha notIcIas erreumstanCladas das or-
dens, que se tem expedido a este respeito, sei com
tudo de facto, que na provncia de Minas Geraes,
e em outras pro\incias no tem prosperado o me-
thodo adoptado para o recrutamento, e que apezar
de haverem muito habeis capites-mres, officiaes
e commandantes de ordenanas, encarregados delle,
nada se tem conseguid? .A. disto as provincias
e tem lDlI. lDcommodos, e tem
expenmentado a carestia, por 15S0 que o recruta-
mento mal dirigido tem feito desamparar a agri-
cultura, a industria e o commercio, faltando os
homens lavradores, officiaes e artfices. eonducto-
res dos mantimentos.
Portanto para se evitarem estes ineon"Venien-
tes proponho, que esta assembla recommende
commisso de guerra, que junta com a de estats-
tica d com toda a brevidade um regulamento
provisorio para o recrutamento tanto para os
corpos militares desta crte, e provincia, como
as outras provincias do Imperio do Braril.
Eis a
PROPOSTA.
Proponho que se recommende commisso de
guerra que com w:gencia, e unida commisso de
estatistica. orgaJ!ize um regu1anlentopromoriopara
o recrutamento do exercito do Brazil. Paco da as-
sembla 24 de Maio de 1823.-Jos Antoni da SiZ."a
- Ficou para a 2.
A
leitura.
Passou-se ordem do dia, e entrou em discusso
o art. 9 do projecto para. a redaco do Diario.
(Sesso de 16 do corrente.)
Depois de breve debate sobre a diviso dos tur-
nos dos tachygraphs, foi approvado, substituindo
s palavras-enttres turnos-, as seguintes,-os
maiores emous turnos e os menores em tres.
Seguio-se o art. 10; e foi approvado pondo-se
o verbo recolher em lugar de aJii'anger.
'. Oart: 11tambempassou substituindo. unicamente
a.;elausU!a--:peZo lugar de, -
por.um esc".pturarw. .. ..
.. 12 Igualmente fOI approvado. mudando-se
as palavras- 0$ escripturarios sero applicados-
() escr.ipturario ser appliasdo.
Oart. 13cfoi approvado.semalterao-algum.a. .
Os ans" 14 e.1.5 forosu:pprimidos,porestar-veJr
cido' que ficava, pertencendo aothesouro aimpres-
so edistribuieo do Diario. .
O ut. ri appro"Vdo sem madana. a\,,"'l1IDll;
e passou na numerao a: oceupar o lugar do 14,
pela suppresso deste, e o art. 15..
O Sa. PI\ESIDRN"f!! lembroll: que seria convenien-
te discutir-se o cap.. 13 do regimento da assembla
t
por tratar da redaco do Dic:rio, que era a mate-
ria debat\da, e sendo apoiada a proposio, entrou
em debate o dito cap. 13, pela ordem dos seus
artigos.
Art. 210 .A. redacciio do iario ser encarregada
a uma commisso especialmente destinadapare este
fim. - Foi approvado.
Art. 211. O objecto do Diario patentear na-
o os trabalhos da assembla, publicando .os dis-
cursos de cada um dos deputados. -.Foi appro-
vado.
Art. 212. Todas as camaras do Imperio sero
obrigadas a assignar para o Diario da assembla.
OS1\. lU.1O DE AllA1\O: - Se as despezas
do Diario correm por conta da fazenda, no sei de
que sirvo as assignaturas das camaras, porque a
mesma nao que as paga. se no direetamente
pelo thesouro, indirectamente pelos rendimentos
dos conselhos. O nosso fim dar a maiorcireuIa-
co possivel ao DiaTio. para que cheguemao conhp..
imento do publico os nossos trabalhos; e para
isto que Q pague o thesouro ou qUe o paguem as
camaras mdifferente; mas parecia-me mais pro-
prio que o thesouro o mandasse distribuir pelas
provncias. sem preciso de assignaturas.
O S1\. SEcm.uuo CAR:\"EIl\.O DE C.UlPOs: - Os
rendimentos dos conselhos no entro nas rendas
da nao; so destinads a supprir as suas despezas
particulares; por isso eu assentava que as camaras
tivesseJ;11 cada uma o seu Diana; e que g;uando sue-
cedesse que alguma no pudesse contnbuir com a
importancia da assignatura, fosse esta suppridapela
camara da ('.abeca da comarca. .
OSR. E SILVA. : - Ell diria que fossem
convidadas todas as eamaras para assignar; mas
no obrigaI-as a isso; porque eu no sei que te-
nhamos direito de obrigar. camara alguma a ser as-:
signante do Diario da assembla.
0 SR. NOGUEl1lA. DA. GAMA: - Se o nosso fim
propagar luzes, e fazer conhecer os trabalhos da
assembla, sejamos generosos com as camaras do
Imperio, e no reparemos no pequeno rendimento
que podem produzir as suas assignaturas.
Parece-me pois muito mais digno, e at mais ade-
quado fim.que se mande d.istribuirunexem-
plar do Diano a cada eamara, aSSIm como'de muitos
Impressos se distribu.em a certos empregadospubli-
cOS. E lembro CJ!le para facilidade se remett.o pel
thesouro ao chefe do governo de cada provncia os
exemplares que forem precisos par a distribuio
pelas. camaras. '."
O SR. CA.B.NEIRO DA. CUNHA: - Levanto-mepara
apoiar a opinio. do illustre preoPinante' 'sobre a
distribuio do. Diario pelas camars ; e
acerescentarel que na minha llroVIncia'algumas no
tem rendimentos pagar ei por
isso ou no ho de ter Diario; ou se'llie'ha,de ore..
metter de graa.
SESSO EM 24 DEM.110 DE 1823
111
o. Sa...m)lW)A JlACBADO:-- . pmsident.e:. qnellas camaras que () no puderem fazer, por--
Disse. um nobrepreol!inante no deve que existindo, .em algumas que de certo
gar Dianos,po!'IUe nada tem,_ se1"!abastante duro impor..:.lhes seme-
ataque propnedade, a.sua dispoSlllO; obngaao, que toda pezaria talvez' sobre
mas"no _ que as camaras so corpos mo- os." JUiZeS e veread,?res, to generosos
raes e nao que os b,:us do C?nselho que de sua .eIra o fazer; .ouento,
so utilidade do conselho, sao propnedades o que mlllS ficana" mexeqm.vel esta
de -mui diversa natureza da propriedade individual; obrigao pela falta de meios das camaras.
a sua especial natureza permitte que seja gravada Oque deixoreferido com particularidade relativo
dift'erentemente do que pde ser grayado indi- maior parte das camaras nas provincias do
vidq.o. . . norte do Brazil; eu servi em uma provincia,que
Os bens dos conselhos foro concedidos supposto conte tres comarcas, e estas divididas
utilidade geral, e no se afasto do seu destino, em muitas villas, com tudo algumas mal podem
quando se ap:(llieo para compra dos Diarios, po- merecer este nome pela sua pouca populao, e
dendo cYabi VIr a nstroco do conselho. .As ren- pela falta de rendas das mesmas caroaras, que a
das das camaras ou sobejo para as despezas mar- terem de pagar o preo dos Diarios, de certo
cadas pela lei, ou no ebego; no l caso, no nunca elIes l apparecerio. .
se faz mal applieando-se a um fim util o que Por tanto paguem sim aquel1as que o poderem.;
sobra- deDas; quando a no serem assim applicadas e s que absolutamente fr isto impraticavel car-
deverio ser remettidas ao thesouro publico; no regue o thesouro publico com mais este encargo,
20 caso, nada ha que dellas se exija; e miS- sem o que de certo das povoaces do
ter que vo gratuitos os Dianos. Que se lhe dm interior do Imperio, especialmente as mais. apar-
em todo o caso opponho-me; a camara deve ter tadas das capitaes das provincias, jmais pode-
a sorte de outro qualquer proprietario; adquira r saber 4) que por aqui se passa, e quaes os
os Diarios por um egwvalente; e capacitemo-nos, trabalhos, desta assembla; o lJue muito convm
que ainda quando llie poupemos a despeza dos aos povos em geral, e em espeCial quelles quem
Diarios, nem por isso liaver mais sobras; assaz mais particularmente posso dizer respeito ,s de-
conheo a indoIe de semelhantes corpos e os ha- liberaes tomadas.
hitos aos que os compoem, para amrmar que elIes Voto portanto que as camaras sejo sim obri-
descobrir outros meios de dissipar as rendas gadas a concorrer para a assiguntura do Diario-:
publicas. - porm que deste onus sojo aliviadas aquelIas. que
O SR. SECIlETARlO FIlA."CA: - Como o nosso fim o no o que dever ficar
neste assumpto que se vulgariJem os trabalhos da fisclisaao Juntas de fazenda, quedevero
da assembla, quereria eu que as camaras assig- nesta llarle OUVir os das
nassem por tantos exemplares do Diario quantas cUJa audlencla po-
fossem as parochias do seu distrieto; e que aos derao . gratuItamente menClona-
respectivos vigarios se incumbisse ll-os sempre dos Dianos as camaras que os nao poderem
patente aos domingos e dias santos em a sachris-o pagar.
tia da matriz de cada freguezia, para aIli os lerem O S1\. DIAS: - Eu no sei que inconveniente
os freguezes, ou os ollvil'em lr, ao mesmo passo, p6de haver em que as camlll.'as que tive-
que alli -concorr.em de suas dista!,!ciadas rendimento; e no paguem as que. os no
roes para cwnpnrem com os Jlreeeltos da IgreJa; tIverem, dc'Vendo a estas mandar-se gratUItamente
Pois, em verdade, se taes Diarios vo com di- o Diario!
reco aos escrives das eamaras dos conselhos, O., C A N
ninguem, ou mlto poucos cidados haver por t)r. E GUIAR.. - o estado em que se
alIes- competente do qlle se passa oa assem- aclla a questo, eu. creIO que V. pro-
bla:: o Diario ficai' na gaveta do escrivo; e s pr no se Julgar a matena
ser communicado quando muito, aos seus am- mente se !Js camaras devem ou nao
o . ser uma propriedade do escrivo e no do ser a asslgnar, porque uns Srs.. de-
g bSli" 'putados sao de voto que o. devem ser e outros
pu co. . -. ta t t-
Bem vejo que podem faltar a mwtas camaras o nao, por . n o a ques ao. se as caI!1
aras
rendas para' esta despeza; mas em tal caso Com naode ou obrIgadas a asSlgnSl'
uma pequena finta de cons'3lho que talvez no l'ara o J!iano. _. '.
exceda de Yintem, ou dous vintens por anno, se _ outros senhores Jizerao dl1ferentes refIe-:
pde fazer o preo da assignatura, o qne no deve xoes, e entre ellas se tornou que os cor-
escandalisar quando d'alli resulta massa da na- de.s comarcas poderlao os
oo de se difundirem n.e1I.
a
, por este ren.dimentos das camaras,. e que tlVessmn
meio, osconhecunentos dos seus dir81tos, e dos meIos de faze! observando:-se
seus deveI:es, que tanto ho de'_concorrer para a que sena preferlVel que o de eada
em civilisaco que mister promover proVIncla o de. que
g ;. fossem preciSas para a _distnbwcao do Diarw por
O Sa.CosTA AGUIAR:- Sr. presidente:, Deus nos' todas as suas 'camaras. E julgando:se afinal suffi.ci-
livre-de fintas; ellas so sempre odiosas; e o que entemente' deba:tidaa maleri, decidio-se que o
peior sempre onerosas aos povos. artigo fosse emendado n.o seguinte con-
Eu sou de -o:(linio 'que as camaraS sejo sim texto. . ..... . .' .. . .
obrigadas o Diario da' .
b!a,'porm !lUe lSto seja de modo qU:e. as do unperlo ;" e
nao e-: lplero .dIzer que o preo possao Jlagar; .e que por lJ!l.0"d.l?s...'
daassIgDatura: . seJa o maIS modlco que frpOSJ. dbres"dda srunt<ts da-fazerlda nao tiverem renaas,
sivel, e que -deste mesmo onus sejo aliviadas lhes ser'distribudo gr\!itairleltrt.e. 'Reeottll'iielidi'-
112
SESSO EM 26 DE- .MAIO- DE 18.23
SessAo em 26 de Maio de
PIlESIDENCIA. DO SR. BISPO CAPELLo-Mll
Reunidos os Srs. deputados palas 10 horas da
manh fez-se a chamada e acharo-se presentes 55,
faltando por molesto o Gama.
- O Sll. SEC1\ETA1l10 FlUN.( leu a acta da sesso
antecedente, e foiapprovada. - -
se-bascamarasqueeonvidempessoas queassignem' - 0 SR. PRESmNTE"annunciou queestavo p<lrta
para. este Datio. As ca.maras facilitar a leitura do da sala os Srs. Manoel Joaquim de OrneUas e Jos
.Diario a todos os cidados pelos meios que lhe pare- Corra: Pacheco e Sl1'3, deputados pela provncia
cerem mais proprios. ., _ de S. Paulo; e sendo introduzidos pelos 5rs. se-
Parafaeilitara sua leitura ser franco cretarios,prestaro o juramento e tomaro assento
.() .porte do correio, e a tarifa da assignatura ser no congresso. -
regulada de modo que-baste to smente para fazer O SR. SECRE1'.ARlO FRANA leu uma carta doci-
face s desqezas do papel e impresso. dado Joo Soares Lisboa, ooneebida nos termos
Debateu-se por algum tempo a mataria seguintes:
artigo porque uns senhores deputados pretendiao (( Augusta e S()berana assembla. - O que al-
que se a do papel e e guem. COlJ\(\ eu contemplo
por esse calculo o ass:gna- ':ltlO IellCldade reaL Omeu capt!veiro o embleqla
tura, c o da venua mlUda;e outros eDglao que se da futura sorte de meus concIdados, ouo -seu
ajuntassem tamhem para o calculo os ordenados dos desengano; elIes escolho.
empregados para se taxar o preo na razo da des- (( Privado da liberdade que tanto anhelo, arro-
peza total. E tendo alguns senhores ponderado <(ue chado ainda debaixo dos ferros, oifereo a Vossa
no era a economia da fazenda, e sim a maior Clf- l\Iagestade Soberana os frll(Ms da minlia liberdade
culao do aMQ para a instruCo do publico, o mental que me no podero sorprehender; -nem
objecto que merecia mais a attenco da assembia, conheco forcas humanas que o posso conseguir
venceu-se que passasse o artigo ridigido nos terinos So estes, e 0 mais transcedente e exaltado jubilo;
seguintes: as mais .pela to longa como jus-
<t O porte do correio ser franco para todos os tarpente desejada mstllaao desta soberana assem-
assignantes.A taxa das assignaturas ser regulada bIsa. . .
de maneira que faa face s despezas, comtanto que C': Desde .10 de Abril de 1822 eu fUI: a
seja sempre por menor que o de qualquer rude, mas mabalavel, onde meus conCldadaos fi-
outro periodico. zero tremular ? .da em
Art. 214. .As actas sero impressas. e tanto dellas do mesJ!1o Abril soltei o grIto de .1ndependenCla
como do Diario da .A.ssembla se far a distribuiciio do em 12 Outubro com os meus
m"Rtuitamente pelos deputados. _ Foi approvado: II concldadflos. a do Sr. D. Pedro
0- ': ao constItucIOnal e ImperIal throno; este dia foi
. OSR; asslgnou para a ordem do dIl!- a a vespera da minha quda, e commigo cahio a li-
d!sCussao d? os. das berdai:le da imprensa.
Clas; e contmuaao da discussao dos artigos do regl- Deportado indefinidamente voltei acolhet'-
mento da assembla. me lio lilirigo s?berana palladio
Levantou-se a sesso s 2 horas da tarde. - das seguranas e naClonaes; enganei-
Manoel Jose de Sou::;(/, F'I'a'1lca, secretario. me no meu calculo, tombeI no abysmo de um car-
cere! A lei no me apparece e eu desconheo
meu perseguidor. Sua Magestade Imperial, dizem
RESOLUES DA ASSE)1BLA e eu creio sem diflicllldade, reluta para que me
restituo o que me ho roubado; mas o genio do
:PARA. CAETANO PINTO DE Ml\U.:\"DA MON'IE:SEGllO mal arrebata de sua munificente mo o celeste
DIm. e fum. Sr.-A assembla geral constituinte dom lple o fazia grande!
e legislativa do imperio do Erazil tomando em con- Nas trvas do carcere busquejei urp. tosco sym-
siderao que em muitos artigos do Diario do go- bolo da minha f politica, summario dos meus tra-
verno emanifesta a inteno de induzir suspeitas no halhos no Correio do Rio de Janeiro, novo mimo
publico sobre a boa f e adheso da assembla de que a Vossa Magestade Soberana tomo a liber-
f6rma do governo constitucional que tem abraado o dade de offerecer 100 exemplares; recebo e11esa
povo do e principalmente nas cartas do Co! Novos tormentos auto1ho por esta
incertas no dito penodico, n. 10'1 de 14: do corrente ouzadla; mas tudo nada, com tanto que seja
a pago 526,e n. 114 do mesmo mez a pago 569, feliz a-minha patria. .
ordena que o pI:ocurador da cora e soberania Espiritualmente abatido perante a soberania
nacional, na frma das leis existentes, promova a nacional, mil votos offereco aos cos pelo feliz
accusaco contra o auctor ou auctores das citadas exito dos seus trabalhos omo o mais humilde e
cartas no juizo dos jurados, como lhe incumbe o ex- leal cidado. Cada, 24 de Maio de 1823. -Joo
omcio e dever praticar para o futuro em casos Soares Lisoa. l'.
semelhantes. O que V. Ex.. levar ao conhecimento O SR. PREsInENTE mandou. distribu.i.f os exem-
de SuaMagestade Imperial.-Deus guarde a V. Ex. pIares menCionados na carta, assim comlYas emen-
-Pao da assembla, em 24: de Maio de 1823.- "das feitas ao projecto sobre as sociedade secretas.
Jos J0'!'9.'Uim Ca1neiro de Campos. O SR. ANDRADA MAcHADO: - Sr. presidente: No
deve ficar assim; um cidado quem offereceum
escripto ;).--asseinbla; o costume ; receber egm
agrado lfu despresar-se a otrerta: eu voto que se
desprese. . ..
E' realmente Umescripto ncendiario o papel que
se nos offerta; fervem nelle os ataques que nO' sei
nem posso saber se- so justos, pois no tenho -
os autos da justia 011 in--
Justla -da sua.pnsao; mas nao posso desconhecer
que so ao menos extemporaneos: .'
SESSO EM 26 -DE MAIO-DE 1823
113
.Vejo um cidado nos laos da lei, vejo este. ci-l do levantasse a voz para se queixar a esta augusta
dado clamar contra os orgos della, isto an- assembla, qualquer oppresso, elle seria o pri-
tes do -resultado legal da sua deteno) que devo a pelo seus e que teria muito
pensar? Que ao menoS um temerano. Espere Iem nsta mdagar os motivos da sua oppresso.
a deciso judicial, e _clame ento No pois que razes tenha agora para dizer
se a julgar injusta; por ora o que seI e que est o contrarIO: tambem PaI'a: querer que nem ao
como os outros. Como quem se nos apresenta por menos se aeeellem estes papelS. Eu declaro que
innocente! Que provas nos d. sua pureza'! sou de opinio, que se leio. e se, tome
Somos ns porventura Somos, mento de.
lles
para se s:iliar se uevem, ou nao,
Terdade os dos dn:el1.os mdl:n.duaes e po- ser recebldos com agrado.
liucosdos nossos concidados; mas para lhe acu- O Sr. LEsCAR,: - E' isto o que eu queria dizer.
dirmos era mister que Ih'os . Por ora s vemos que nos offerecem um escripto,
Defenda-se pois; moslre esta c.nme, e emquanto no sabemos o que contm, no po-
que se lhe no devia tirar a mdiVldual, demos decidir o como deve ser recebido.
'Uma vez que no violou as leIs. Mas antes de o Quanto ao que disse outro nohre deputado' que
provar vir de repente a esta.assembla,a san- elle nos fazia queixas, n,o entendo assim; eu estou
ctuariJ dejustia, vociferar e lDsultar persuadido que nem nos dirige nem nos
judiciaes como tendo ordenado uma pnsao lUJllsta, pede cousa alguma.
novo pka mim. em verdade. E' certo que a sua Emprega algumas expressesfortes,tal.ezporque
desgraa, se no justifica o seu ran?oroso arremesso se julga innocente, porque a sua consciencia de nada
contra s que imagina seus persegwdores, ao o accusa; mas disso no nos devemos occupar;
desculpa o seu asedume, e embota o das vejamos se o escripto bom para decidirmos da
observaces: condonandum est doloTt, embora naa maneira de o recel:ler mas sem preceder discusso
sja di justa. . para no entrarmos eIh controversias
As doutrinas de que est recheado o Correw Basta que se resolva por mra votao.
no posso deixar de censurar; porm bCltO a cada O SR. .'iDRADA MACHADO: - Levanto-me para
um mas fixa-se o meu rell8!0 em al- fazer uma explicao. O que disse ainda o repito;
gumas que me parecem .... quando algum cidado mostrar que est opprimido,
quer diZer. avanar .que SU!,- Magestada : .. eu serei o primeiro a falIar por elle; mas, como
reluctava ao gemo do mal, aos mlDlstros'? disse o Sr. Alencar, o autor do Cr:Yrreio no se
pbraseconstltuClonal,zero queixa a esta assembla, e nada lhe pede.
IndiViduo, aCima das fraquezas. humanas, nao e Se soubermos que algum cidado se acha real-
homem, mas um ente Ns sabemos mente offendido em seus direitos obrigaeo nossa,
a de um C<?UstltuclOnal como guardas delles, defendeI-os; mas nesse caso
orgaos; vontade uao revestIda ataVlos nao ninlnlem pede que lhe facamos justica; nem o que
para ns no pde pOlS haver luta se :cabou de lr requernnento; e u no conheo
tre entes e nao entes; entre uma,yontade que nao para isto outro meio que no seja o de petio.
e. que a unxca termos DeVI> porm, declarar que no me oppuz a que se
Se os atacado os direitos deste recebessem estes papeis; oppnz-me s a que se re-
eu sou!' pnmelro a em cebessem com agrado, por algumas expresses que
o prlm.erro a pedir 8. dos notei. e nessa opinio me conservo; outros Srs.
prevancadores, e vlOlentos, mas nao basta dizer, entender talvez o contrario: a assembla decidir.
cumpre provar. . C tO' . d d b t . 1 t
Feriro-me tambem os ouvidos outras palavras on muou am a o e a e pOl' a .gum erupo; e a
nas aes no estou bem. certo, e peo a leitura. fmal resolveu que fizesse'}l. os Srs.
(Le:Uo Sr. secretario). Bem, j sei; ousadia que pela !Cltura do papel, o seuJUlZo, e depols o pro-
este cidado qualifique' de captiveiro a sua priso; nunclassem por mra votaao.
falsidade se est preso segundo_as leis; se o no . ordem do dia, e entrou-se. dis-
est, justifique a violencia, e venha ns, cussao dos proJectos .governos das provmclas.
ou espere .sentena, e sendo Justificado por eUa O SR. ALENCAR: - Sr. presidente: Antes de eo-
aceuse os lDJUStoS trarmos na materia da ordem do dia, proporei
Mas pretender que desde J lhe acudamos, pre- consideraco desta assembla, se'no ser conve-
tender entre,!D0s .eI? luta com os niente o r'eservar a deliberao definitiva sobre este
res trahe mtenoes. slDlstras,.Emfim se objecto para quando estiverem presentes todos os
soffra a pena da leI; se o na? ., mostre-se mno- Srs. deputados, ou ao menos os da Bahia, que
e .. ns f!U'emos pr em _se o podet: exe- uma provincia da primeira ordem, e os quaes se
os que oppnmuao a sua mno- no esto aqui no por sua culpa.
.cencla., .. .. . Quando em Portugal as crtesjulgro criminosa.
.. O.SR. SOUZA MELLO:-,.-. No me com a junta do governo de S. Paulo, por no obedecer
o parecer .donobre Eu veJo que tl?l aos decretos daquelle congresso, ns a defendemos
cidado que grita que esta preso, e que faz OUVIr com oargumento !l? esta':.a ob:ig!lda a obe-
seus grit()s nesta. assembla ; e parece-me as_saz decer porque a provlDcla amd?- nao tinlia,os
que se desprezem os seus . ...Eu na? seI se nas crtes. A IstO _nos .respondiao
est ou no culpado;. mas, elle e PQ!' que o Brazil era uma parte da naao alli represen-
tarito julgo que a _devena tada,. que o Brazil tinna jurado . .por tudo o
do seu. delicto, . da sua que se des- que as crtes fizessem, e que P9r lSSO, estava na,
prezem 'os Seus quei;umesnao o. posso tolerar.. rigorsa obrigao de obedecer. _ ,
O Sll DA.CUNHA: __ Ainda outro dia. o 'Estas razes nunca nos convencero, mas . afinaI'
Carlos aifirmou, que sealgumei'.!a- fomos vencidos pelo numero. Agora . trata-se o-de,
..
11-i
SESSO EM: 26 DE mI(} DE 1823
dar um. plano geral para os governos de todas as Lisboa fallaro eontra o decreto que_ as
provincia:s; e ninguem dir que no seja nece..<;Sl- juntas de governo, dero como razao o nao ser
rio; ma=:, serrindo-me do mesmo argumento, sou aquella organsao apropriada s circmnstancias
de parecer que entrem em discu..,<:o, do Brazil; este foi o eixo sobre que -volveu a ques-
mas que no se delibere d t-vamente sobre e1les to. E' -verdade que tambem se tocou na
:;em est.axem presentes os Srs. deputados"da Bahia, dade da frma da sua decretao e questionou-se da
da mesma frma que o Sr. Antonio Carlos lembrou sua -validade, por causa da ausencia da maior parte
a respeito da constituio. Demais elIes provavel- dos deputados do BraziL
mente ehego em poucos dias, e como a .lIas as circumstancias so hoje differentes; a
ha de le-ar alguns, nada nos prejudica o que pro- pezar da intentada amalgao, saltava aos olhos que
ponho. a monarehia portugueza P.J:a de uas
E at uma contemplaco que eu .julgo neees53.- "partes distinetas e at inimigas, visto que os seus
ria, no s por ser aqelIa proyincia, como j interes..<:es se crusavo e choca-vo. Oreino do Brazil
disse, da primeira ordem, lUas porque a causa da hoje Imperio sabia que o seu engrandecimento no
demora dos seus deputados provm da luta emque podia ser desejado por Portugal; sabia que aqueUe--
se acha empenhada com o partido europeu,soffren- decrepito reino,. se afferrava como planta parasita e
do calamidades que so bem conhecidas de todos. s com os incommodosnossos podia medrar; a
O SR. llo:slZ TAVARES:- Sr. presidente: No $e era tudo. o que Portugal se
trata por ora da doutrina destes proiectos trata-se orlgmava nos dena ser suspeIto; por ISSO com razo
da propoSta, que acaba de fazer o Sr. e nas. cnes de_ que -:onhecia-
para fallar contra elIa que me levanto. " leIS, que mteressavao 5O.ao Brazil feitas pelos
Para no se tornarpormemtempo nenhum, sos- so deputados de Portugal; pOIS nesse tempo estavo
peita aminha conducta a este respeito,ell devo fazer nas crtes dos deplltados do Brazil, apenas os de
uma confisso ingenu.a,de que me retirei das crles Pernambuco. .., ..
de Porturral Comat-erso decidida leis provisorias ; Em verdade serIa maIS qlle baIXeza se consentl5-
elIas mal'?co necessariamente ou vacillao de prin- semos, sem reclamar, 9
ue
os de
cipios. oU pouca segurana da bondade da causa se o legislar para nos sem assl5len-
sobre que se leb"sla ; as lel5 devem ter estabilidade nossa. e o avesSO no nosso caso. Os
para inctilcarem respeito, e conseguirem.o seu fim, sao os mesmos,. pronnclas
estes so os principias, de que me acho possuido; f0m:'-a? vasto Impeno, nao sa?, nem podem
mas des!rl'3cadamente .tal o estado das provincias ser IDlmlgas : o que a !lma faz bem, oao p6de damnar
deste lmper1o, que me vejo na dura necessidade de a todos um todo homogeneo.
festejar o que aborreo, isto , de pedir mesmo, que Na? temamos pOIS quando somos a
quanto antes se lome uma medida le"'islativa pro- rahdade; temos o dIreIto em nosso favor e a utlli-
"isoria, que -v j obstar torrente de males; que dade os nossos Se .utes a
-diariameIlte dilacero as ditas promcias. uma pr0ytncI!1' as nao os ..
Sim, Sr. presidente, ns no podemos, nem de- nao que o decreto na.o seja de-
vemos, ensurdecer-nos aos clamores dos povos; fiDltIVO. E que deputa-
estt'S de:Je que appareeeo o sempI"e memoravel de- dos da elles. o e creIo que o
ereto de 29 de Setembro 1amo energicamente, co- O que. C0!lSlDt<.> e qlle ,,:oltem os
nhecendo o damno, que delle resultava; os effeitos a COmIDlSSao. nao veJo Os
tem apparecido; a causa do mal est patente,; prmclplos em todos se os
temp d cural-o. Jt.etardar a cura a"'gravar a roesmC!s, \Oda a eS!- na malor amplitude
e ,1:0 e a!JlbIto 9 prlIDel!0 e .de e no
. satISfaz; o tercell'O que e mlUS satl5factollo pecca
. .Mas diZ o Sr. Alencar a . talvez se re- nos seus fundamentos; com o prospecto e nome de
smta de se. tomar uma medIda legIslatIva, que tanto provisorio legisla per omnia saxula 80!culorum ; e
de perto a sem o concurso dos seus re- no evita os defeitos do primeiro. Ose!rondo que
, presentantes; nao o posso crer. o que apresentei, " o mais completo ampo ; re-
Sr. no posso admittir uma tal. hyPo- conheo. as suas. faltas, mas preferivel aos dous;
t"hese. Na Balua ha homens sensatos, que dirIgem e demaIS na discusso podem lembrar reformas,
a opinio publica; estes homens ho de infallivel- que o apro:lCimem mais aO que se deseja. .
mente fazer-nos justia, porque ho de conhecer a E' pos o que deve fazer objecto da discusso. Sei
desgraa a que est reduzida a administrao da,s que pronsorio e se o nobre preopinante inimigo
provncias: desgraca de que a mesma Bahia no de leis provisorias, eu no o sou menos. Mas no
vive isenta; ho Cle gue .por falta dos ha outro. remedio; impossivel legislar definitiva:-
de uma prOVlllClll nao as n;aente; "IstO de prin-
demaIS padecer. Alm de que, pde mUl bem C1palmente da diVISo do temtono do lmperlo. Se
succeder que os illustres dep.utados da Bahia ainda ficar a diviso de provincias, talvez seja melhor
a tempo confer:r comnosc? a final; a deixar-lhe que as administrem,
dl5CUSsao destes pro]ectos nao pde delXar de ser como no remo dos paizes blUXOS; sepormadoptar-
. muito longa, por isso que a materia de summa mos divises menores, como fez a assembla fran-
entretanto se os ditos de- caza, ento os conselhos de-ver Omal
putados tecao parte; quando nao, devem confiar na porm exige remedio demo-lhes algum embora
sabedoria desta .assembla, s se. deliberou a no seja o melhor. Disc.uta:'se po.is o projecto;
neg?lCO pelas razoes "ponderadas e que as nas ven-
saomw a-se emfim a materla e depol5 p6de Ir a uma c!lm-
" 9"""-8R.. NDIUDAMACHADO: - Sr. presidente, misso s para a" redaco do vencido. ..
,para rectifiear um enga:no do Sr. Alen- .0 SR. e.uummo DACUNllA":-Eu sigo o parecer
'Car.Quando os deputados do Brazil nas crtes de do Sr. Alencar; e quando se tratouse serio ou' no
" ,
SESSO EM !6 DE MAIO DE 1823
115
discutidos os Sema presena I toda a nao e s sim das suas respectivas
dos deputados da disse .o mesm.o e o proVlnCJaS! ou a menoridade p6de invalidar,
objecto que se 'Vai a e de !Dwta obstar ou mut!Jisar o que fr vencido pela maiori-
co persISto na mesma opwao. LeIS proVISOnas, de dade; o que e em verdade perigoso; alm de que
pouco ou nada servem; e embora tenha dito o seria nimiamente indecoroso, que havendo esta
Sr. _.\ndrada Machado que o projecto urgente; eu . assembla julgado urgente este projecto. ero. conse-
no reconheo esta urgencia e mostrarei que se elia quencia das razes que ento se ponderaro, agora
existe s na suaimaginao ena de alguns Srs. de- o'!tra resoluo, s peJa razo expendida
putados. de amda nao estarem presentes aqueDes deputados,
Para o projeeto entrar em discusso pretende-se representantes de provincias, jalllierentes sagrada
mostrar a necessidade em que se acho as provin- causa que defendemos; porque no podemos de
eas.... (O Sr, Andrada Machado o interrompeu certo que a da Baliia o no seja, s porque
dizendo: ninguem pde fallar contra a urgeucia, I a sua capital esteja occupada pelo inimigo, qnando
poisjsevenceu. Oorador continuou.) Mas fallou-se lo restante da mesma provincia tem adherido e por
agora outra vez neIla e por isso julguei necessario ,uma maneira que tanta honra lhe tem adquirido.
dizer alguma cousa relativaIJlente preciso eXll'e-1 Quanto aO que ponderou outro honrado membro,
mosa de se lanar mo j da projectada medida. Se Ide que este projecto devia ser considerado de tanta
as juntas provisorias no tem tido aquella fora ne- monta e importancia. para sobre elle militar o
cessaria" para dirigir bem as negocios publicos e 1mesmo qoo aqui s-e disse sobre o .encimento dos
suffocar os partidos que tem nascido da divergencia artigos constitucionaes. creio no ser encto, por-
de opinies; pela desarmonia que tem reinado que em V'erdade ba bastante ditrerenca; este pro-
entre o governo civil e o das armas, procedida da jecto provisorio, pde ser revogado, logo que
independencia deste, que eIJl lugar de proteger as assim parea conveniente; mesmo alguma da sua
operaes sempre as doutr.ina sotrrer alterao na constituio, por-
Apezar distonunca elles se oppuzerao ao bemgeral I que amda nao o que neUa se determinar
das prol'incias, principalmente na crise mais peri-l a semelhante respeito; os artigos cODstitucionaes
gosa, DO momento emfim de adoptar-se um no\"o porem, uma vez approvados e vencidos, no pode-
sl"stema, de seguir-se no\"'a direco; o que talvez! r ser alterados ou reformados, seno pelo modo,
no succedesse assim se o governo fosse de um s, frma, maneira e no tempo que na meSma consti-
, como ode Pernambuco antes da installao da pri- tuio se marcar e determinar e por isso no mili-
o de Luiz Rego, que tanto sangue e to em alllbos os casos as mesmas razes
. sacnfiClos custou aos Pernambucanos e do qual Em consequencia do exposto, digo que o pre-
tantos males tem resultado. 9 sente decreto deve ser discutido. porque assim
da Parahyba, apeZ8:r da sua tllD1dez, acho.u J,lartldo est julgado, uma "Ve'l. que se "Venceu que era \lt-
que em uma das nUas da prO\"lnCla gente; e que por isso as suas determinaees ou o
estorvar o.acto do da constltUl- que nelle se determinar deve ser executdo, sem
a.o; e 6!U duas VlUas perto capital appareceu que nos possa obstar o que em contrario se tem
outro qut;' mortes e rou-ponderado ; at mesmo porqne sendo natural que
bos. Nas !'lm. que t?m dentro de bem pouco tempo aqui compareo OS
estado at agora o Brazd, sao os motms deputados da Babia, segundo as noticias que correm,
populares porque os homens nao sao anJos. elles de certo tero ainda parte na sua ultima dis-
Quanto as desordens de Pernambuco sabe-se que cusso .
so o funesto etreito da impolitica medid}l de se .
mandarem pessoas desta crte paro deitar abaixo o O SR. -1h:NRIQllES DE REzEl\"DE: - Sr. presidente,
governo, como desgraadamente conseguiro. para se no tratar agora deste projecto 0!1o
juntas com{le-se de homens que, por seu proprlO a breve dos deputados da BahIa e dizer
interesse, tinho s vistas no bem da patria, embora que entretanto que elles no chego, no seja a de-
alguns fossem fracos e outros illiteratos e inexper- ciso definitiva, porque justo que isto se no faa
tos; nem os seus erros causaro tantos sem o conCurso desses deputados. Eu no entendo o
como se pretende inculcar. lA orde-m. orde-'!!'.! 1a que. deiinit.iva; e sep?r nYio
disse que faDava para refOrar a mlDha oplmo. defimtlva se entende a e nao constltuclo-
(A ordem li ordem,.) Pois bem; limito-me a dizer nal, convenho; porque a constituio qlle deve
que considerando este projecto de tanta importan- "marcar a frma fixa e estavel dos go.ernos provn-
cia e interesse como o da constituio, por ser o ciaes; mas se por no definitiva se entende, que no
que vai segllramente "decidir da felicidade dos povos se delibere, ou que a deliberao no tenha o seu
que s querem e desejo ser governados paternal- devido effeit.o em quanto no chegarem os deputa-
mente e no como antes, pelo arbitrio dos despotas, dos da Bahia, no posso convir, apezar da contem-
voto. que .no se decida definitivamente, sem que plao que nos merecem; nesse caso melhor seria
estejo presentes os deputados da Bahia. " no tratar do projecto. .
OSR." COSTA AGUIAR: -Sr. presidente, supposto Alm de que, Sr. presidente, a experiencia nos
alguns deputados, que .me precederO, tem mostrado, que conta!D0s as COusas muito
tenho dito, meu vr, quanto sela bastante para breve e que eUas nos chega0. mUlto tarde. Ha quanto
que este projecto passe, ainda tempo se no .dizia -amanh se instaDa a assem-
observaes. Pretender que o proJecto em questo bla ;-etodaVia tardou tanto que chegou acauSll'
n;o surta o seu devido etreito, ou que_por no Quando n.s, os de che.-
seja posto em execuo, nao estiverem gmosaquI, suppunhamos achn:Jaca osSrs. depu-
presentes.os deputados da Bahia e de algumas outras tados do Sul, por estarem .maIS perto e comtudo
provincias, .cujos reJ>resentantes ainda no esto chegmos Portanto sabemos. at
presentes,.unportarIa o mesmoqne avanarmos quando. os da Bablasedemorarao.ea.necessldade
ns que os. deputados:actuaes no so os represen- insta, porque povos" clamo. Sua Magestade Im:-
116
SESSO EM 26 DE lIllO DE .
'P
erial
com a installao da :l:-"-.:em:- lar aodadainente. Todas no coneebio como na
bla ; como pois se deve demorar este negoCIO? multiplicidade' de administrad.ores se podia obter a
"Pelo contrario-deve tratar-se disto j e j e dar- unidade de vistas to precisa n'um Dom systema
lhe logo execuo. Eu conheo que o Sr. Alencar adminstrativo. Estava reservada aos francezes- uma
tem receios e eu tambem os tenho; mas pergunto, innovao to perigosa. .
esses receios, com quanto sejo bem fundados, Mas eIles mesmos bem depressa destruiro os
podem ser motivos de negar-se aos povos o que altares que tinho erguido. e reduziro a adminis-
elles justamente reclamo 't Parece-me que no. traeo de cada departamento unidade, reservando
Insta pois que se trate j deste projeeto. para a plnralidade s o que demandava exame e
OSR. A:\'DR.U)A. li-\CR.\DO : - Que este projecto juizo.
wna medida provi.."Oria ninJmem nega; e que deva A nao hespanhola que copiou to absurdamente
I muitos erros dos francezes, guardou-se bem de os
logo t'.ntrar em discu..,,-c:o tambem e inneg-clve ,por- imitar a este respeito. e collocou testa da admi-
que se declarou urgente. A questo de que a assem- . t - d .. d'"st d .
bla se a proposta do Sr. Alencar, DlS raao asproVlncIasa mIDlS ra oresumcoscom
d d o nome de chefes politicos. Os regeneradores de
Lc:to , se acabadas asdLc;ells..."eS e or ena a a .aorma Portugal que quizero fora adoptarpara seu paiz
geral dos governos, dever logo pr-se em execuo, instituies que lhe no quadravo, caliro no des-
ou esperar que venho os deputados da Bahia; e proposito de propor administraes policephalas nas
isto o que deve propr-se votao. provincias; mas este desvario do projecto de consti-
Julgou-se a materia sufficientemente debatida; e tuio desappareceu na discusso, na qual conver-
Sr. presidente se, dL<;cutido o projecto, tero em administradores unicos s juntas admi-
se daria logo execuo a deciso da assembla, ou nistrativas do projecto, e tornro isto geral a
se deveria esperar-se pela reunio dos Srs. deputa- toda a monarchia.
dos da Bahia, segundo a proposta do Sr. Alencar. Ora neste ponto de vista so por todos os modos
Foi. re"eitada a proposta; e venceu-se que o de- ilJegitimas as juntas de governo entre n6s; primei-
ereto obrigaria todas as provineias sem distinco. ramente, porque sendo filhas de leis para n6s es-
OSR. ALE. ...CAR pedio novamente a :palavra: e disse trangeiras e que nunca nos podio obrigar. por
que sabendo que ifas ditrerentes provmcias se tinho serem feitas sem audiencia dos nossos representan-
dirigido ao governo muitas representaes tanto tes, de -consequencia que cedo o lugar a insti-
das varias autoridades como das juntas provisorias tuies mais adequadas e legitimas; em segundo
apont.ando abusos e at os remedios para elIes. lhe lugar, porque se estivessemos ainda unidos a
parecia conveniente que se pedissem ao governo Portugal, o que 'Deus mais no permUta, tambem .
aquellas representaes, porque vista do que se taes juntas no existirio mais, i vista do determi-
expuzesse neIlas se poderia deliberar com mais nado na constituio portugueza. Estas juntas
acerto. tambem devem desapparecer uma vez que se dissipe
. Foi apoiada a proposta; e por isso se entrou em o erro que lhes deu origem. ElIas dever o seu
duvida se deveria ou no esperar-se pelas ditas re- nascimento a no se ter reparado bem nos tres
presentaes para a discusso dos projectos, lem- elementosdistinctos que constituema administrao;
braro ento os Srs. Andrada e Silva e Almeida e execuo propriamente dita, e juizo. No
Albuquerque, que em tal casoseriaacertado mandar pde executar bem seno uma vontade unica; disto
tudo a uma commisso, at para reduzir a um s6 os aependem a celeridade e unidade indispensaveis na
tras projectos apresentados sobre aquelle mesmo execuo.
objecto o do Sr. Souza .Mello, o do Sr." Andrada Quanto ao exame que .ha na administrao porque
Machado e o do Sr. Gomide. ella no tem S de executar a lei, mas tambem de
Deu isto motivo a porfiado debate; e afinal se examinar o que util provincia que lhe com-
assentou que a assembla escolhesse uin dos tres mettida. e propr as medidas e providencias que .
. neIla falto, quanto a este exame digo que assim
p.ara a discusso, porque isto nada de offen- como ela essencia da execuo a unidade, assim
SlVO aos autores dos ?utros pOIS se designava da essencia do exame a pluralidade: mais vem
um. delles neeessl!!ade e oao por se lhe suppr dous olhos do que um, maxima "Vulgar; quando
maIor e podiao autores examino muitas pessoas, o exame mais amplo, e
]:lelos seus.proJectos, o desIgnado para a" d!scussao.. comprehensivo, e ao mesmo tempo mais Dlludo e
E a proposta do Sr. Alencar, deCldi?-seque determinado; e o resultado, ou deciso, mais racio-
se OffiClasse ao governo pa:a que I: assem- navel e acertado.
bla as representaoes e .papel5 que tIvesse a O que digo do exame estendo ao juizo adminis-
do: governos das _ . trativo uma vez admittido. De juizo por uma s6
DepOIS dIStO entrou logo em o pessoa livre-nos Deus, Sr. presidente; eu sou ini-
do Sr. Andrada Machado, que pedIU em prImeIro migo desses juizos unicos; muitas razes acerto
lugar a palavra.. . mais que uma se? razo; aquillo em que um se en:..
O SR. ANDlUDA MACHADO: - Sr. preSIdente, en- gana, outro corrIge, emenda' e concerta. A isto no
tragar a muitas cabeas a administrao lem- advertiro os creadores dasjuntas de governo, confun-
brana que s6 veio razo em delirio dos france- diroosdiversoselementosdeadministraco,cuidro
zes; antes dos infelizes annos de 1789 e 90, nao que tudo era exame ou juizo; o project porm que
alguma tinha cabido em tal absurdo. Todas acredi- apresentei tem em .vista restituir as .cousas sua
tavo que administrar proprio de um s6 homem, natureza, attribuir ao individuo aquillo ques um
como o deliberar de muitas: que se se no individuo p6de bemfazer; deixar colleco aquillo
deve chorar o tempo qne se perde nas deliberaes que s6 a colleco pde bem desempenhar. Poristo
por concorrer para a madureza da deciso, um s pois e at pela anomalia que existiria entre executor
momento de "demora era a runa da execuo; todas uDico primario, qual o monarchaem,uma monar-:
repetio com SaUustio - pensar de "Vagar e execu- chia, e pluralidade na execuo- secundaria
SESSO E..\1 26 DE MAIO' DE 1823
117
genea, estabeleci um administrador e executor como. marchar um artifiC!0 politico, cuja
unico em cada provincia,a quem denominei presi- Idea archetipa era falsa; desenvolvero-se as con-
dente, maneira romana, e no governador, palavra vul.<:es e solavancos naturaes emum corpo electivo
contra cuja admisso sempre votarei. Este nome mal equilibrado e adoptado aos fins propostos;
tem sido to desacreditado, que s o pronuncia-lo tornou-se lento ao andamento do governo umas
parece msulto s provincias. Euc0l!heo a influen- vezes, outras aligeirou-se de mais; sobreviero'
cia dos nomes sobre o povo, ,mormente se elles ateou:se a. o pOTO,
recordo sensaces dolorosas, e associo-se re- faltarao-Ihe as proVIdenCias, segwo-se a msubordina-
miniscencias aviltantes. Demais Q que o pro- o, e anarcla, que o estado, em que se acho
jecto introduz no o mesmo que o antigo gover- quasi todas as provindas.
nador e capito-general; aquelle implicava a Ora, no seria vergonboso para esta assembla
collecco de todos os poderes provinciaes concen- que semelhante estado continuasse, sem que tentas-
trados: este apresenta outra ida ditrerente; a de 'semos remedia-Io? No seria desar nosso, que o
poderes divididos; por isso o preferi como o mais Brazil se abrazasse e ns de bracos crusados fos...-e-
conforme realidade. mos tranquillos espectadores da -geral conflagraco,
Em consequencia dos mesmos principios para os como outr'ora o detesta,'el Nero luz das labaredas
objectos de exame e juizo, admitti- tIm conselho da incendiada Roma, e ao som dos estalos das cazas
deliberativo; e como mesmo na podio -dessa infeliz cidade, que desabavo, recitaTa o seu
suscitar-se duvidas desvantajosas boa ordem, e poema sobre as ruinas de Troia? longe de ns tal
podia ser que o agente unico se nsse paralelo; vemos o mal, remediemo-lo. E' isto o que
facultei-lhe o poder convocar os mesmos membros pretendo com o presente projecto; talvez no acer':'
do conselho da provincia, os quaes nesse caso terio tasse com as medidas apropriadas; mas os principios
o voto consultivo to por no ser da sua so incontestaveis, e a necessidade evidente; as
attribuio a deciso, mas SImples confiana do cousas taes quaes esto no podem continuar at
presidente. Desta maneira no se d ao povo o que que finde a constItuico, em que o povo funda as
elle no pde bem desempenhar, d-se-lhe sim suas esperancas.
aquillo em que util a sua ingerencia. Ora eu sou Ouso esperaI', que a medida que adoptarmos no
de parecer que todas aquellas materias, em que o ser toimperfeita que no cure, ao menos em parte,
povo pde ter parte sem damno da ordem, sem os males conhecidos. Da inefficencia do que
perigo de anarchia, bom que o povo trate; o que a ninguem du\ida, experiIUentemos outra instituic.-o.
todos interessa, da competencia de todos. Mas no O S S M . S . .
se creia que desejo entregar este exercicio de poder . !to OU7.A ELL?- r. presidente. Eu. fw o
multido' no de certo' tenha o pOTO parte como prJm:llo que a ,oz neste augusto a
Pom geral t;m . no por si' mas por eleitos pOl respeito da orgamsaao dos gO"emos das prO\'1nClaS,
termos'tenha no que lhe interessa movi.do de todas ellas, grito" de
mente, por meio de representantes locaes, assim o. povo...Te,t:munh: de .mUlto, e
como trata negocios geraes pelos seus repre<:en- de,eJando remedia-lo" apresentei meu
tant
.ge - em 7 do corrente, paI'a promover assWl um benefiCIO
es ra. I to - . "';t'-
No que defiro, muitos de alguns dos nobres preo- gelfl.' se. nao ?rgamsava a
pinantes a respeito da subordinao do comman;.. politlca.de:;te 1I11pe110, umco garante da felicJd.\do
dante militar; para mim o maior absurdo do Brazi!. ., . .
concentrar forcas quando o abuso certo no poder e a meu ver !ll"genhssJma, e tal a
demasiadamente forte. Sei que a diviso torna lenta con:>lderou, J!l assemblea; eu. eS:{lel'o que.a
a execuo; comtudo facilita o melhor desempenho; tome em conslderaao, por ser DlaIOr
todo o extremo vicioso; dividir o que deve ser o bem dos povos, que tem SIdo ,:exados e oppn-
unido vicio, "porm maior absurdo confundir lDIdos, pelas. funestas consequenClas que trazel}l
attribuices. Que tem com a administrao o poder comsIgo. os governos populares, de cUJa
judicial:e a fora militar"1 Ligar cousas to hetero- forma males, todas as desor-
geneas, seria restabelecer o cabos, quando o meu das pro:,;mclas. P?r estas razoes sou de vo!O
intento. era criar a ordem. qu6 se trate Ja ?bJecto, para que a
Eis Sr. presidente, as idas capitaes do meu pro- p0t: suas respeltaveIs luzes, escolha o. <{ue Julgar
jecto de,reforma dos governos provinciaes, que julgo maIS para socego e feliCidade das
preciso acabar desde j. A razo mostra-me que mesmas provmclas.
elles no podemsubsistir; o mal que vem da essencia O SR: FERNANDES PINHEIRO;- Devendo l'estingir-
de uma cousa, s desapparece com a sua anniquila- me ordem prescripta pelo art. 75 do uosso regi-
co. Se continuarem.a durar as juntas de mento interno, para nos limitarmos por agora
inaisnocivas se iro'fzendo; proporo que mais simplesmente considerar as vantagensQu incon-
dura uma instituio imperfeita e defeituosa, mais se venientes do projecto em geral, a"
vo descobrindo inperfeices, .faltas e defeitos. Eis demonstrar, que a abolio das juntas provisorias de
o s juntas de da'sorte'
aopnnClpl(} o com que o Brazilse do do Brazll, s e. necessa;.;.
arremessou. carreIra da liberdade que, comquanto na, masamdapolitica.' E' necessarla porque sendo..
derea!;,todavia se '0 governo para
lhe',antolhou'j ,delicIoso; presente,' fasc1!10u:nos os curar'a maIOr porao de 'felICidade, um dos
olhosfez;;.nospassar por. tudo ; fez quenao VIssemos para conhecer que elletoca este fito'e que e o D1a.lS
os inconvenientes!palpaveis -de 'uma instituio que adaptado ;'indole,aos costUmes 'e' scircumstan:- .
peeca.va,em;suas,bases;'passou--pormoenthusiasmo; cias"dos quando-'este' e lhe";"
daliberdam;tque'nosabraseava;'e obedecem de: bom'" grado,;, mas "as .'provmcias.. do .'
occupavatinteiramente; chegou a hora 'da obser,;,Imperi'd?"BraZ pronunCIado"
vao; a instituiomarchou, no como esperavanros, contra as Juntas proVIsonas; saO' tao frequentes as
30
118
SESSO EM 26 DE MAIODE-1823
reclainace5 de abusos, excessos e conflict.os, que perde-se; a liberdade ordem social
se torna' indispensavel quanto antes, o mal anniquilla-se; tal tem acontecido mr parte das
pela raiz provineias deste Imperio. Accresce demais a mais a
E' polica, porque dieta a razo certos principios irresponsabilidade, em que de ordinario fiCoQS
geraes os quaes so de tanta evidencia, que cum- motores das desordens, N6s-sabemos que as jmitas
pre toma-los como bases solidas, sobre as quaes se administrativas tem commettido crimes; ao poder .
assentar e formar o governo; tal , alm de executivo consta-me terem vindo bastantes- repre-
outros, o pPncipio de que administrar facto de de cidados perseguidos por essas juntas,
um s e que desta unidade de aco que decorre procurando remedio a seus males; e qual foi, j
Tigor e celeridade na administrao geral; mas no digo a junta, o membro da junta, que se
actualmente a peculiar das nossas Ipunio ? Nenhum e nem pde ser, por isso lfue iU110S
provincias confiada a muitos membros, iguaes em procuro desculpar-se e a imputao nunca se
poder. e reunindo collectivamente attribuies da .verifica no individuo quando trabalha collectiva-
mesma natureza, o que uma anomalia e um ver- mente.
dadeiro eontrasenso constitucional, dando por isso No succede porm desta maneira, quando o
pessimos resultados. chefe supremo do poder executivo quem elege os
Logo da maior urgencia uniformar e hil1"moni- seus delegados; ento se esta escollla m, o
:sar nosso aetual s)"stema administrativo; e para ministro que a fez de proposito ou consente que
:isso 'l"oto que passe este projecto segunda dis- continue, torna-se responsavel e este ministro por
-cusso. salvar-se, forceja mc:smo por punir os crimes do
O SR. MO"'lz T.\Y.\RES: - Sr presidente, em seu eleito. difi'erena! Isto s era sufliciente
objectos de uma natureza tal, qual o de que agora para nos a revoga: j)llrll sempre o decreto
:se trata, eu no devo cal1ar-me, devo expr fran- de de e adIDlttrrmos qualquer dc:stc:s
-camente a minha opinio. Trata-se de revogar o de- proJectos, pOIS todos coincidem em reprovar o me--
ereto de 29 de Setembro de 1821 promulgado pelas tho.do de populares a
-crtes de Portugal: esta julgo que seria assim como em que seja uma so a pes-
geralmente al?oiada, se eu a enumerar os s.oa, que em de Sua Magestade go-
males, que at agora existencla do mencionado \ eruo que lhe confiar, A
tem sotrrido todas as provincias deste prmClpU) e l!lquestionavel o contrarIo e
Imperio : mas um trabalho tal sempre doloroso, eVIdentemente detflmenl?SO e n!'cn:o
.alm de que eu perante os representantes O andamento da machl,!a e sempre lento.
dessas mesmas pronnclas,. o;> 'luaes esto como eu, e desmanchados quando sao mUlt.os os brao.5o que
. informados de todos os trlstlsslmos snccessos, que a fazem mover, o tempo g:ue se gasta em debberar
tem apparecido da data do dito decreto l'm diante. sobre o modo da execuao, faz: perdel." o momento
Examinarei to smente os pontos principaes, em opportuno em que a podia aproveitar;
que elIe se funda; e mostrando a sua inutili- em. pala,':3: devemos estar por esta maxima
dade ou para melhor dizer, o seu perigo, tenho polltlca.-8S leiS para serem boas de,'em ter o cu-
que aUe deve ser revogado e que um nho de reflexo, e refiexo dos
-destes projectos apresentados, que contiver mais varios sent!mentos d?s diversos indiVIduos que as
ampla e proveitosa doutrina de'-e ser admittido porem a exc!18.o ter o c.!!nho da prom-
e passar a segunda discusso. Sr. presidente, an ptldllO I!ara apro"eltar; eIs o que nno se encontra
sempre considerei o decreto de 29 de Setembro no precllado decreto de 29 de Setembro, e eis o
:Como o pOlp.O fatal da discordia, lanado por mos vamos remediar segunda discus-
iniquas s para nos dilacerarmos; a multiplicada sao q!1
al
quer destes proJectos, dos quac:s veremos
diviso dos poderes e a sua reciproca independencia, os. iJ!ligos que se devem approvar, os que se devem
erilo elementos destinados a fermentaco da anar- e l:ugmentaremos outros que julgarmos
todos os brazileiros patriotas assim sempre mdlspensavels. Estes so os meus sentimentos.
pensaro e hoje no podem pensar de outra ma- O SR. HENRIQt:ES DE RESENDE. - lenho de votar
e por consequencia s por esta razo era pelo projecto; mas para motivar o meu voto no
precIso offenderei as juntas provisorias. nem os membros
Mas nao e 50 Disto que est posta a maldade do que as compoem. No so, Sr. presidente asjuntas
; outro pr!-ncipio princi- provisorias a origem de todos os males padecem
piO a meu vr a1Dda m8.1S perIgoso, e quem torna os. povos, supposto o tenho sido em parte.
a sua eu da institui- Pernambuco era governado por um s, e com
ao das e electlvas. O povo! bastante - fora, quando o povo se insurgio e esta-
seml?re do bem e quasl beleceu a nova ordem de cousas.
sempre infelizmente llludido, quando confia A Bahia era governada por um 56 e com foras
a escolha dos governantes,. ordinano ql1a.ndo a constituio foi e a nova or:
lhe homens ou Ignorantes ou DlIDlamente amblClO- dem de cousas estabelecida; e assim por todas as
50S ; se ilgum este nada P9de operar mais provncias. ' .
os : os ambiCIOSOS elevados ao lambem no datarei tamanhos males do decreto.
o yo, que os nada mais os d?S crtes de Lisba, que estabeleceu as juntas pro-
atem; e para sat1s{azerem seus VlSOrias; quando o decret appareceu: j as juntas
damn.ados calca0 aos ps aquelIes mesmos, existio; elle no fez mais do .que confirmar.por lei
que a poucoos haytao elevado. . . _ o que os povos j tinho feito. Os males proceder.
. O povo resentldo trabalha por Se. presidente, do transtorno das leis,_do. despreZo
mal aconselhado persuade-se, que asSlID pde de. todos os princpios,.nascido desta grande e, as-
eleger, bem depr} outros. asplraDtes ao pantosa revoluo da ordem moral, que a prudehcia.' -
poder estimulo .este as commo<ies humana no pde calcular, nem prevenir, nemem-: _
surgem,. as .persegwoes formlgao, a segurana _baraar, bem como no _est nas mos do hmeJ!3.:-:
SSSODL26 DE MAIO DE 1823
119
impedir as da ordemphysicad:anatureza. I sor Francisco de Albuquerque,apezar de europo
EU. voto pelo_proJeclo, porque a neces5ldade urge, e pelo congresso, porm devendopri:'
os povos Clam:0. .. .. a a al","'UIlS deputados do Bra-
Tenho- cartas da mmha provIDcla, que zil, e. a mterveno da mesma junta para
mostro a de reforma no governo: cons- sua aceltaao, porque os povos estaVo reeeiosos
ta-me at que ha representaes da junta. Vi as pelos dous motivos acima ao
de Goyaz, e a resposta de S. 1\1. I. recommen- governo, e todos os negocios foro
dando soffrimento at a installao da assembla, l}nergia, e um grande imptilio nossa
que devia dar o remedio. . feliz partidos nem
sp'i(l estado e urgencia do Rio Gr.mde do Norte, Iapparecerem d
1v
ergencras. succedeuoutrotanto
e o que vai pelas Alaga5. Como pois, Sr. presi- em Pernambuco; 'VlQdo de governador das
dente, poderemos deixar as cousas estado, e Iarmas o turbulento Moura, se
sem reforma! Voto pela reforma, e voto pelo pro- hospedado em casa do .GervasIo Prres,
jecto; porque as machinas physicas complicadas, o.povo J!ermaneceu tranqunlo; poreml1>go que sa-
so muito difl'erentes da machina do corpo politico I oppoz-se declaradamente a todas as delibera-
e moral; aquellas, se perdem no tempo ganho na !oes do governo, .e a formar um partido,
forca; esta, perde no tempo e perde na forca; e dos pnnclpaes postos aquelles otliciaes
n"uin imperio to vasto como o Brazil o moVi- __ erao da cpnfiana do povo e da mesma junta;
mento do poder executivo deve ser rapido e vi "'0- e 1:;:;0 para por em os seus planos de des-
roso, e p.-ua isto a sua organisao no aetual;s- tropas .do que resultaro
tema deve ser simples. Alm de que os governos as que t.
ant
? tem agItado aquelIa bella
devem ser homogeneos com. o da capital, o nosso provIDCla, que aqu! so.mente se tem attribuido
systema monarchico: um o chefe do poder exe- malfadada Junta pronsona:
cutivo; um deve ser o chefe do governo das pro-l Agora. deste proJecto em ':.I
ue
o governo
vincias. Agora as modificaces e como isto se deve da provmCla e um no que
fazer se eu souber exporei quando se tratar da concordo: I porque so asSIm se pde fazer etrectiva
discusso. 'Entretanto voto pelo projecto. a 2" pela execuo de
,_ tudo . for de suas attribules; mas nunca
O SR.' l?\ ;-- Nao me connrel que o governo das armas e das financas
para combater as opmIoes dos Illustres preopman- tenha, ao menos por agora, uma absoluta indepn-
tas, que tm falIa<!o a favor d:a para evitar o choque de au-
nos, Jll!ra:;e c0l!solidar a .deseJada e necessarIa UOl- t0l"!dades o nosso systema de gOT'emo no
dade do lIDpeno; IDas SIm para fazer algumas re- estiver solIdamente estabelecido.
flexes desordens que tem havido emal- No me. levantei portanto para oppr-me intei-
gumas e os males dellas. tm resul- as reforlll.as dos gOT'ernos provinciaes;
tado
t
e. que se attnbuem as malfllda- negOCIO em que multo receio, torno a repeti-lo, dar
das Juntas proVlSorlas. o meu voto; porUl para dizer quejulao extem-
O decreto de 29 de Setembro de 1821, do con- poraneo, e at perigoso, as
gresso portuguez, relativo creao das mesmas em que acho.as a respeito d DllIreha
juntas, ando o commando independente da fora RIO de: Janeiro. .
armada a um chefe nomeado pelo governo de Por- provmcIa do. RI<:>-Grande . do cujo pri-
tugal, contra o que representaro os. deputados do meuo governo deitado abaiXO pelo governador
Brazil; e a medida simultanea da extincco dos lri- das arlUas Anto01o Germano, que em vez de fazer
bunaes do Rio, foro o pomo de discordla, a pedra exec.utar as da junta, favoreceu o
de eseandalo que as crtes lanearo no BraziI; ac- pa!"tldo desOl'ganlsador, tem continuado em suas
crescendo a consequencia que tu-avo os brazileiros agItaes; e tendo a mesma juntarepl"esentado, e
antiolhando o horrendo futuro que os esperava, algumas camaras da provincia, tanto para Portugal
sendo-lhes mister irem ao velho mundo para serem Como para esta corte, e igualmente a das Ala"'as
promovidos; e por este forte motivo, por esta j us- que providencias tem !ado ministel"io? Nenht':ma!
tissima razo renuncimos a tudo que de l nos Podendo tudo remediar-se s com meia folha de
vinha, tudo quanto por essas mesmas cortes nos era segundo .0 do povo bl'azi-
Porm, Sr. presidente, emquanto s hense, e s':la obedienCla s legitimas autori-
perturbaes e males causados pelas juntas, no so dades; n,!-da disto. se fez, e quer-se agora tomar
tantos quantos aqlli se tem exagerado, chegando-se uma que encontrar embaraos em sua-
a dizer que allas arrogaro poderes soberanos. A execuao, o. que sera extremamente perigoso e fu-
da Parahyba, no smente reconheceu o principio " .
de que no era soberana, mas at se comportou E tudo Isto que eu Julgo acertado, que todas
com. toda moderao e regularidade, e s usou de as medIdas, q';1e se houverem de tomar, sejopru-
'poderes que em suas attribuies; de sorte retlectldas e bem ponderadas, para no nos
que sendo da primeIra necessidade crear um mestre succe!ler o mesmo que succedeu com aquellas que
de primeiras letras, e dar-lhe maior ordenado, com- por dilfl nossa, e mal das cortes, eIlas tomaro sobre
prometteu-se a pagar-lhe sua custa, no caso de o BrazIl. " .
no ser approvado pelas cortes. E' verdade que tam- Em pOIS, d;o q';1e tenho expendIdo,
bem dependeu muito a boa harmonia daquellapro- voto que nao e.trectue_a dosgo-
vincia,. alm da patriotica inteno. de seus mem- das pronncIas senao depoiS de feita a consti-
bros, ,de recahir. por'V:entura sua,.o commandoin- tUlaO.
terinodasarmas no sargento-mr Trajano Antonio OSR. CAR:'iElRO DE CAMPOS. - Sr. presidente no
de . Medeiros, natural da mesma, cunhado de um .me levanto para combater os principios
dos .membros . daquelle.governo,e homem de bem, expendidos pelo Sr. .Antonio Carlos; levanto-me
hQnrado, pacifico e amIgo da causa. Oseu succes- para mostrar que nenhum projeclo de gOl'arno pro-o
SESSO: EM: 26 DE MAIO DE 1823
"tincial admissiv.el nl$ actuaes circumstancias, e ao governo uma supina indifferena: a respeito de
que . . A o CJl!e -S pde
. Estou perslladidoque os maiores males que;tm dizer Ignora as medidas que msessantemente
afiligido. as. provincias no procedem tanto,da forma se tomarao ordem. .Algumas
que Se deu s jantas provisorias, como da mudana dellas n?n.hum.. effelto como por cxem__
subita do govemo arbitrario para? .?vre; o po!O pio no do para o governo
que de repente passa da escravido a liberoade, Dao ordenou, daqUI as proVIdenCIas, que Julgou. conve-
sabe tomar esta palavra no seu verdadeiro sentido. nientes pa;ra atalhar as ede no
. Disse-se que o povoera e tem recebIdo um. s offic!o, .de sorte <I?-e se
den""se que eadacidade ou villapodia exerCItar attn__ o estado actual da provmCla pelas 'Vlas OftiClCles,
buies da soberania. Por esta bem. que me conste de ..novas
com eseandalo pretender-se, nesta Cidade, obngar pare.ce que G go.ernaaor das armas e o prmclpaL
ao Sr. D. Joo VI a assignar a constituio de Res- motor..' . . . _
panha, sem se consultar se era este o voto .geral o illustre preoplDante podeinformar ao
aa n.o. Disse-se que .estava e Magestade do estado daprOVlD.Cl3., ..
da nossa regene1'3o, e Julgou-se que lss<l'quena o nada do que tem ha-
dizer que' tudo devia ir abaixo, as leis no. J'ido se sabe CltCUJDStancladamente. . .
vigor, nem magistrados eLU qualqt!er S. M. o o estado Infeliz
parte se ouna dizer: - Que me Importa com o Sr. gumas qwz dar-lhes algum
juiz de fra; o tempo da sujeio j agora mas conSiderou que ql,1alquer que a
temos constituio, que quer dizer-liberdade -; e talvezem de os
liberdade cada um fazer o que bem lhe parece. escandalizasse os par!ldos que ou.ll'n:
Alm disto, os mesmos membros das jantas, pela tasse as e vulcanlcas 9Ue ali
maior parte, assento que so representantes do davo a leI; e conSIderando qualquer procediiuento.
povo, e que pdem como taes exercitar a soberania. perigoso, julgou por melhor que a reforma dos go-
Destes .e outros absurdos que eu asseoto que vemos fosse ordenada pela assembla, que pred-
. nascem todos os males que se tem soffrido nas samente se havia de respeitar como formada,dos
provincias; porque o povo" que sempre falto de representantes da nao, e de cuja sabedorria os
luzes, vai na boa f do que lhe prego os mal in- povos esperavo as medidas mais vantajosas, Assim
tencionados que o desencaminha para seus fins par- se fez, porque as circumstancias o pedio; mas
ticulares. no por olhar com indelTerena para os males dos
Nas provncias. como todos sabem. ha diversos povos, como se pretende insinuar.
partidos: no obro descobertamenle. mas existem O SR. CAR:"l"El.RO DACu:-au. - De nenhuma frma.
como o fogo_ debaixo .Ba o partidt? eu- deve o hon1'3do membro considerar o que disse
ropo que nao approva a nossa mdependencla, e sobre o Rio-Grande e AIagllS como um ataque
se no porque no ba ? directo: lembrei-me que se no tinho dado as pro-
. udo democratlco. e ha o da monarcna consUtuclO- videncias necessarias para se suspender as agitaees
nal. que o nosso. e males de ulUa :{Jrovincia, cujo governo era em
.Or:a' se uma f?rma de pro- pouco tempo derrIbado, e eleito pela influencia do
nnmas. bem que seja a maIs dlraosem commandante interino das armas, que em lugar de
duvida os de qualquer dos partidos oppostos ao empregar a forca armada para manter a ordem, fa-
nosso: - a amostra do panno; a vorccia o partIdo faccioso e desorganisador; sem
esse conselho. tenha as atttl: poder conceber o motivo porque se no dero estas
bUloes que tiver. nada vale; o homem.que para ca providencias, porque para mim admiravel que o
nos manila que ha de fazer o enten- illustre preopinante, sendo primeiro ministro e se-
dendo-:se com a crte; ha de oppnmu-nos, com.o cretario de estado, no estivesse instruido de tudo
os. governadores, e em.vez de uma constl- quanto no Rio-Grande tinha succedido; se assim.
.liberal, teremos feIta e .baseada pensasse, eu o informaria quando sua casa fui
prInClplOS todos favoravels ao despotIsmo. - EIS chamado para uma conferencia cerea das convul- .
aqui, Sr. presidente, o que pretender es de Pernambuco, porque estou ao facto dos
ao povo! para .o que, se precJSo fr, se todos acontecimentos daquella provincia limitrophe da
os partIdos, alUda lJUe oppostos entre SI, afim de Parahyba. Ora, estas desordens se podio remediar
ganhar e destruir o nosso, e com elIe a ordem com muita facilidade, principalmente depois da'
estabelecIda.. . _ . adberencia causa do Brazil, e tendo o Imperador
Parece-me. POlS, convenIente nao orgaDlsar por sido reconhecido chefe do poder executivo, o Brazl
ora os governos, e reservar r,eforma para o podia confirmar a lei da nomeao dos governos
em. povos esteJao maIS acostumados provisorios, fazendo conhecer aos povos que uma
as . e esta assembla tenha ad- vez eleitos no tinho o direito de o destruirem, e
qumdo maIS fora moral; e como ao .mesmo tempo que lhes ficava o recurso de petio para se queixa-.
recon1?eo que lguns dos eXIgem prompto rem de seus procedimentos arbitranos. .
remed!-0; entE:ndo que sera mdispensavel dar-se Mas ell. s me levantei para reforar as opinies
boas aos governos, lJUe marquem bem do illustre deputado que taTIou no mesmosentido,
a .extensao e da sua autondade; e e fazer-se considerando as circumstancias ilm que nos acha-.
uma proclamaao que aos povos que_a vamos. . .
assemllla obra em e que hao Eu estou bem ao facto. do que tem havido,.eha
de. gosar seus direItos mdiVlduaes e politlcos. pejas provincias do Norte. SOu amigo da. ordem.
malS por .ora. da gloria da. palria, da unidade do Brazil .e
O SR. ANDRADA E SILVA. - Pedi a palavra para amor de _tudo, isto que fallo.Torno a-Ien:lbrar a
responder a algumllS asseres do. nobre.preopi- esta augusta assembla. e pr. sua
nante queha poucofallou, e que pareceu Imputar o estado actual dasprovmcla5 destenco Imperio;
,sESs.o EM: 26 DE MAIO DE 1823
121
, attendamosao bem geral.Eifii o. effeito.que pro-
duziu o producto
C
aqui feito .por
geral, e asssignado pelos maIS, xe1ativo ao Jura-
mento previo:queixaro-se (' ordem ordem) eu
fallo por amer da ordem. e cbama.-se-me ordem;
o 10s Bonifacio falIou, e disse quanto lhe pa-
receu, e qui%, e ningnem o chamou
(O Sr. Andrada Macbado disse que estava na
ordem e out.ros Srs. deputados igualmente disse-
RO pe [aliar que est :w- ordem'r.
e
dtce expende.
r
suas razes) Sr. PresIdente! Nao quero IlJllS
fllar; j emitti minha opinio; basta que o
saiba e aqueDes por quem represento, que desejO
cumprir minhas obrigaes. reclamando contra
qualquer medida, que julga: opposta a?
do povo braziliense; todaVia seIlJpre direI, que e
snmmamente desagradavel ser chamad? ordeIlJ a
cada momento sem o merecer, repetmdo o que
aqui j se disse, que havia um partIdo dominante
no de Portugal, que chamava ordem os
deputados do 'Brazll, quando estes ra\la"Vo contn
as medidas, que qtlerio tomar para segurar -a
unio. '
No tenbo receio, e nem medo de falIar com
e segundo me dictar minha consciencia.
e isto JJlostrei quando se tralou do escrutino se-
creto. Concordo comas opinies do St. Carneiro de
-Campos, e outros deputados, que
o mesmO parecer, e o que elIes dissero uma ver-
dade. :gnslem .partiaos. fora domina}lte na
cidade da Bahia; utn partIdo europeu maIor, ou
menor em algumas provncias; escriptores. que
contra nossa ind9{1endencia., e at
o augusto cbefe da nao, existem em Pernambuco,
em muitas outras ptovncias; e em todas as Da-
es em semelhantes tempos sempre ha um partido
de opposico e divergencias; mesJ!1O em Constan-
tinopla bmuita gente, que no se
dar com a escravido, apezar do terronsmo, lll1e
infunde aqueDe despotico governo, de sorte, que se
appareeesse uma OCC8$io favoravel.lanario mo
deDa para o derribar.
Considerando tudo isto, para que havemos ado-
tar uma medida agora, cujo resultado p6de ser
fwiesto nossa causa, e intergridade do
quando em outro telI1PO devemos esperar que seja
bem recebida'1
No posso conce1?er essa
por ventura no enstem as Juntas que
podem continuar a governar as provIDC1as, ate que
appareca, e se ultime a constitui<ffi:o, que s liMe
bem, marcar as attribuies das diflerentes autho-
ridades provinciaes?
Em concluso tendo-me alargado mais do que
desejava, e sendo minha intenco, comoj disse,
apoiar O, parecer do Sr. Carneiio de Campos, e de
oOtltros Srs. deputados, ,direi tambem ao Sr. depu-
tado Jos Bonifacio, que quando falIo no governo
no 'para oatacar, porm elle est to prevenido
por ser ministro de estado, que imagina logo um
. ataque directo. Se a minha opinio inteiramete
oposta sua, tem o direito de a contrariar; mas
desagradavel estar a ouvir nesta dicterios
.otrensivos, succedeu em outra sessao, oem,que
,o...mesmoillllStre. dep.utado taxou de 'lnlsenao
illudi os meuS constituintes
alrdeando de sabio, e, orador;
conhecio-me ,perfeitamente: quandO me nomearaO
para .totranscedente emprego, 'muito superior S
minhas luzes; mas beide sempre dizer o que en-
tendo, quando houver de votar. . ..
O SIl. NDllADA E SILVA:-Eu creio terfallado
com tda a moderao sobre a materia. OgO'erno
deu as providencias que julgou convenientes, e se
o nobre deputado o ignora porque as portarias no
sabiro no Eiano do Governo. o que assinl se pra-
ticou 'por se julgar pde chegar ao meu ga_
binete e eu lhe farei "Ver todas as que se passaro
pela minha repartio. .
Quanto ao que diz sobre a conferencIa que hou,oe
em minha casa cerca dos negocios de Pernambuco,
na qual poderia dar informaes, rp.spondo que
alm de ser a primeira vez que tinha o gosto de lbe
iallar, no se tratava de negocios do Rio Grande
do Norte, nem sabia que as poderia dar de mJla
provincia que no era a sua. Por ultimo, se o
chamei ordem, uo foi meu intento ataca-lo: e
varias vezes tenho sido tambem chamado ordem
sem que eu disso me aggrave. ,
Como }/M' ora se tratava em geral do projecto,
entendi 4Ue era fra da ordem faDar em juramentOs
previos; mas tah'ez me enganasse; e a assembla
quem decide.
O SR. w'R:\"E1RO DA. Ct-xu.,: - Estou plenamente
satisfeito.
O SR. CRUZ Goud.: - Onubre deputado o Sr.
Carneiro da Campos .no du\idou criminar o povo
do Uio de Janeiro, por ter querido adoptar a consti-
tuico Hespanua, como julgava ter-se feito eJll
Lisboa; jIlas quando vejo culpar o povo por aqueUe '
aconteciIDento que produzio li desordem da Praca
no t.omroereio, e dizer-se que assiJt1 obrAra por Se
arrogar" 'exercicio da soberania, admira-me ve-IO
elogiado, al com o titulo de immaclllado, por ter
accIamado o Sr. D. Pedro I. POi5 neste acto fez
tambem O que s a nao podia fater como sobe-
rana.
Portanto ou em ambos os casos foi culpado 011
em ileobutn deUes. Deixemo-nos pois de criminar 4)
povo, e tratemos de lhe fazer o JJ1aior bem que
podermos. Eu tambem sou constitucional tl amllnttl
da causa do Brazil; os govtlrnos das provncias pre-
ciso de reforma; faca-se j; e como enlendo que li
execuo : st:lI1pr 'mais act.iva e prompta por UJJ1
s do que por muitos; sou de parecer que o presi-
dente ali preciso, bem que tenha o conselha pant
as deliberaes; e por isso voto por alguma provi...
dencia e no pelo projecto.
O' SR. lbBEIRO DE : - Oillustre depll-
tado o Sr. Carneiro de Campos, reconheceu que os
principios politicos de que se deduz!a
da reforma dos governos das prO\"lDClas erao ver-
dadeiros; IQgo foreoso reconbecer por mos os
governos, e que utU'rcfonna-los ; o contrario me
parece contradico. ,
Se os projectos apresentados no satisfazem,.
temos rememo na segunda diSCllSso; no debate se
mostro oS defeitos e se corrigem, entrando cada:
um com o seu para os melhorar. Eu quero
suppor com o mesmo nobre deputado que os males
nascem da diversidade de opinies e partidos; mas
pe-rguDt.o deveremos ns consentir que os povos se
dilacereinpor esses partidos '1
Quem noS diz, se nos demorarmos, que chegar
ainda o remedio'em tempo' opportuno '1 .
-Demais. eu no. sei porque se receia que' os povos
no_ acceitembem esta reforma: eJJes
31
1
G)G)
...-
SESS.O EM 26 -DE MAIO .DE 1823
"
os nossos inimigos, parase opporem admis-
sao de um chefe, que deve paralizar .todos os -seus
planos: redobrar-se-ho as iriIames ca1umnias,. Com.
que por elIes tem sido atacado o nosso Imperador
constitucional, e os seus ministros: crescer afora
dos nossos inimigos, e talvez diminuir a dos nossos
amigos.
Pde no ser provave1 a verificaco deste mere-
ceio; mas niuguem dir Sr.. Presidente, que im-
; e se o n!0 a que nos no
arrIsquemos ew to melmdrsa cnse.
Fechemos por um momento a nossa attenco 00
desgraado caso deser repeIlido o chefe da proVncia, .
que fosse nomeado e mandado pelo nosso Impe-
rador con.sequencia. da desta assemb1a.
Que fartamos? Que farIa o l.Dqlerador? A.bandona-
riamos a provincia sua desgraada sorte'!sena
declarada rebelde e como tal tratada? No me animo
a demorar .pensamentos em tal conjunctura;
e s6mente pedireI com todas as minhas foras, bem
que debeis, que se haja de sobreestar na discusso
destes projectos; sendo enviados commissode
constituico, para nella serem tomados em conside-
rao..Poaer-se-ha objectar. que a demora, que exige
a publIcao da nOssa constituio politica, no se
c?m o desgraado estado das provncias
do unperIo dilaceradas pelos governos provisorios;
mas esta demora, sendo, coJ!lo pde ser, de poucos
mezes, convm antes, que seja tolerada, a no haver
como no ba certeza da promptaadopo e execuo_
das <tue se no apparecer
a pohtICa deste ImperlO; emquanto o
publico nao reconhecer por ella a bem entendida
divi.so. lI_os tres poderes do estado _e suas
se nao capacitar da garantia
da l!berdade e se."ourana dapropriedade,
da liberdade da lDlprensa, da igualdade de todos os
cidados perante a lei, da igualdade da repartico
dos impostos, sem de privilegios nem-de
classes, da rcsponsablhdade dos ministros e dos em-
pregados do go\'erno, e da publicidade da adminis-
trao e applicao das rendas do estado, no julgo
prudente que se medidas geraes, por muito
urgentes que pareao, afim de se no arriscar o caso
da repulsa que seria peior do qe o mal presente
em que a no tem a menor parte,
cendo todo elle a unprudencia ou machiavelismo
das crtes de Portugal
. Depois dei; lei fu:ndamental doimpe-
, e sera lJ'!:lposslvel que os 'nossos
mImlgos nao enfraquco, e at desapparco
faltaudo-lhes as armas dalntriga e da calumnia
que tem seduzido os incautos e ignorantes,
do-lhes com negras cres o actual governo, e des-;
ohorror contrao despotismo, tofalsamente
attnbuldo ao nosso Imperador, que tantas e to
claras provas tem dado da sua constitucionalidade-
crescer na razo inversa a fora dos bons
a J?ossa santa causa; e ento sem duvida
sera receblda e adaptada, sem a menor hesitaco. a
nova frma que se dr aos governos das
e deve ser um dos artigos da nossa constitui6
politxca. _
Sr. sou de' parecer que se .
proJectos a commisso de constitili.
ao,_ com' urgencia-.a e.C)D-
clusa,o. deste to necessarlO ; para c;r:que
que l?Ssemseus. .dispensados Ide
asSlStl.r as assembla'; ou que.'setottle
alguma outra deliberaao que aplane quaesqu:er:dffi.':'
ns os seus poderes para legislar, e nolio de
acceitar o que legislarmos? '
No o creio: e fundado nas razes que expuz voto
pel discusso do .projecto. _
- O SR. NOGUEIRA DA. GAMA: - No era necessario
ouvir osenergicos e eloquentes discursos dos il-
-lustres deputados, - que me tem precedido para re-
()()nhecer os inconvenientes dos governos proviso-
rios, que ora oppi:iInem, e dilacero as provincias
do Brizil, e que tem feito lembrar com saudade o
passado julgo 56 digno de esquecimento; eu no
emprehendo reforar oataque, para extirpar a hidra,
que nos devora.
Levantei-me, Sr. Presidente, e pedi venia para
fallar com bastante receio de transgredir a ordem
o dia, e de ser tachado de imprudente; se preten-
desse, como pretendo, oppor-me a que passem
segunda discusso os projectos otierecidos por to
conspcuos deputados, e que tem sido elucidados
. completamente. Sirva-me porm de desculJ)a o
exemplo que me deu o illustre deputado o Sr. Car-
neiro de Campos, falIando quasi no mesmo sentido,
em que eu pretendia falIar, e em que faliarei: e a
obrigao, :que tenho de dizer francamente o que
entendo.
O desgraado estado das provincias do Brazil de-
vido 'em grande parle ao monstruoso e (>essimo sys-
tema dos governos provisrios, principIados no co-
meo da nossa regeneraco politica, e no meio da
maiOr efervecencia dos espiritos, sanccionados ma-
chiavelicamente pelas crtes de Portugal ; e por
estas ultimamente arranjados, s com o infernal fim
de nos dividir, dilacerar, e escravisar o desgracado
estado das provincias dll Brazil; torno a dizer, me-
rece o maior cuidado desta assembla, e exige um
efficaz remedio; mas Sr. Presidente, ser este o
momento de o prescrever, e de o pr em pratica.
No sem duvida. Em qllasi todas as pronncias do
Imperio do Brazil, nas que fico ao
Norte enstem partidos: a fora dos crueis inimigos
da nossa santa causa, e que se acho entre ns,
;consideravel; no nos alucinemos ; no demos
passos em vo; temos a combater o partido das
cr1es de Portugal; temos a combater o partido dos
republicanos, que sustento e apregoo a separaco
,de todas as provncias em republica<:. independentes,
mas confederadas entre si, imitao dos Estados
Unidos da America ; temos a combater o partido dos
:adm!radores da constituio de Portugal, e que a
dezeJo adoptar, ficando porm em estados sepa-
rados, El s ligados a Portugal por laos federativos:
temos a. combater o partido de diversas seitas de
carbonarios, de jardineiros, e de outras que infeliz-
mente existem no Brazil ; temos finalmente. a com-
bater o partido dos anarchistas.
E ser em uma tal crise proveitoso o remedio que
se propoem? Por ventura o habl medico no es-
prelta a declinao da febre, para applicar os reme-
dios, 56 ento proveitosos, e que serio pesteros
no momento da exacerbaco do maU
torno adizer, Sr. Presidente;
a n9t1cla da nomeaao de um delegado do Impe-
rador, tenha o nome, .que tiver, tenha ou no um
conselho, teIiha um regunento claro e preciso, tenha
toda a responsabilidade, poro em susto, e cruel agi-
tao todos os parlidos, reserva smente dos que
seg_uem a nossa santa causa. .
Este delegado ser considerado como um antigo
governadorccapito general:recordar-se-ho os
lIage10s, e despotismos passados :'unir-se-ho
SESSO EM--27 DE MAIO-DE 1823
lllm. e Sr. - Por ordem de S. lHo Q
partiCIpo V. em resposta do seu
de do corrente, que Jos Fernandes Gama
fOI remettdo preso pela junta provisoria do governo
de com outros, Como cumplices na' re-
beliao do ex-governador das armas Pero da Silva
Pedros!', tomando a junta esta medida de cautella,
para nao ser outra vez perturbada a tranquillidade
d'aquella provncia; e espera-se que chegue a de-
vassa, a que se ficava procedendo).. para serem jul-
gados na conformidade das leis. u que V. Ex. le-
vam ao conhecimento da assembla geral consti-
e Deus guarde a V. Ex. Palacio
do Rio de JaneIro. em 25 de Maio de 1823.-{;aeta-
no. Pinto de .lJfiranda Montenegro.-Sr. Jos Joa;.
qUlm Carneiro de Campos. Foi remettido commis-
so de legislao e justia civil e criminal.
. OMESlIIO SR. SECRETARIO leu tambem unr reque-
do Sr. deputado Gama, pedindo 40 dias de
licena para tratar de sua saude. Uesolveu-se que
se lhe concedessem com a clausula de que a assem-
bla esperava que se antes dos 40 dias se restabele-
cesse, viria auiilia-Ia comas suas luzes.
SR. ROCHA FR&,,"co pedio licena para ler um
prOJecto de decreto sobre a observancia da lei da
alternatiya das contas dos testamentos, concebido
nos segUIntes termos:
PRO,JECTO DE DECRETO
A assembla geral constituinte e legislativa deste
imperio decreta o seguinte:
1.0 Os de testadores que Ialleces-
sem nos mezes da alternativa ecclesiastica, no so
responsaveis de alguma cont no juizo dos residuos
secular.
2.
0
Toda a conta dos testamentos dos fallidosnos
mezes da alternativa da igreja toca indistinctamente
a este juizo, emquanLo esta assembla outra cousa
no legislar; declarado assim o alvar dt: 3 de No-
vembro de 1622. Pao da assembla, 26 de l\laio de
1823.-0 deplltado, Antonio da, Rocha Fru'llco.-Fi-
eou para 2/1 leitura.
Passou-se ordem do dia que era a continuaco
da discusso sobre os projectos dos governos prvi-
sorios, que ficra adiada na sesso antecedente.
O SR. NOGuEIRA DA GAlIIA :-Quando na sesso
antecedente, fui de parecer que os projectos dos
provnciaes devo passar segunda
discussao, e que convma que fossem remettidos
commisso de constituio, recommendando-se a
brevidade da apresentao do projecto da nossa lei
fundamental; onde devio ter lugar os governos das
provincias, julguei ter dado sufficiel1tes razes, para
mostrar que este meu parecer era conforme aos
dictames da prlldencia; como porm dous illustres
Srs. deputados contrariaro os meus fundamentos,
vejo-me obrigado a sustenta-los, por considerar de
alta importancia a deciso dl'ste objecto.
Por occasio de dizer, que emquanto com a pu-
blicao da constituio da Imperio do Brazilse
no a call1mnia e perversidade dos
nossos IDImIgos, -que tanto tem procurado seduZir- e
alucinar os espritos, com justssima 'razo
aborrecem o despotismo, e tremem s6 com 1l'pro-
nuncia de semelhante palavra, e com a idada'pos-:
sibilidade, ainda que remota e fraca, de -que possa
levantar entre ns sua hedionda cabeca, se no de-
viotomar medidas' garaes, 'e muit menos se de-
mudar os actuaes' governos "dasprovincias, ,
RESOLUOES DA ASSEMBLEA
PARA ,JOSE' BONIFACIO DE ANDRADA ESILVA
nlm. e Exm. Sr. A assembla geral constituinte,
e legislaLiva do lmperio do Bi'azil ordena, que se
recorra ao gov.erno para que sejo trnsmittdas
mesma assembla as queixas e representaes que
se lhe tem dirigido das differentes provncias, para
a reforma dos seus respectivos governos, e os
planos -que tem ofIerecido a este respeito, para que
possa formar juizo seguro desta materia, e resolver
o que fr mais util. O que V. Ex. levar ao conhe-
mento de Sua Magestade Imperial. Deus guarde
a V. Ex. Pao da assembla, em 26 de Maio de 1823.
-Jos Joaquim Carneiro de Compos.
cuIdades; se fr possive!. como -- me parece ser, e
mostrarei em tempo opportuno.
O-SR. HENJUQUES DE REzENDE:- Sr. presidente:
o nobre o Sr. Nogueira da Gama {lntou':
n1>S tantos lnumgOS, que confesso que treIDl. Com
effeitose elies so tantos, os nossos amigos so mui
poucos, e . nesse caso nada temos a fazer. 'Mas no
me persuado que eliessejo existem ver-
dade, mas nesse numero no o posso' crik E' preciso
izer ao illustre preopinante, com a franqueza que
costumo e que ha de fazer-me feliz" 011 infeliz, que
eu fui um que muito reciei dos negocios do Rio de
Janeiro; mas isto est acabado. Quando aqui che-
guei,ollvi frequentes vezes que a constituico estava
j, feita, e ainda outras cousas que, se salissem de
mini, de certo causaria algum transtorno. Mas isso
j hoje no tanto; assembla est instaUada : e
os povos confio nella e no Imperador.
No lhes neguemos o que elIes pedem com
urgencia. Os motivos allegados so em parte ver-
dadeiros, mas no to ponderosos que por elIes se
deixe de fazer a reforma dos governos que a l!8ces-
sidade insta que se faa. _
_Qllando se tratar da segunda discusso, ento ve-
remos o melhor modo de reforma em cada um dos
artigos do projecto. Por ora voto pela reforma.
- Por ser chegada a hora perguntou o Sr. Presi-
dente se ficava adiada a discusso; e decidio-se que
sim.
O SR. PRESIDEYTE assignou para a ordem do dia
a continuaco da mesma discusso adiada; Pare-
ceres de cmmisses; e discusso sobre artigos do
regimento da assembla.
Levantoll-se a sesso s 2 horas da tarde-Ma-
9toel Jos, de Souza Frana" secretario.
Sesso 'em 2'1 de Balo de 823
PRESlDENCIA DO 51\. BISPO CAPELLo-n6R
'Reunidos os -Srs. deputados pelas 10 horas da
manh, fez-se a - chamada, e acliaro::'se presentes
55, faltando por molestos os Srs. Duarte Silva,
Gama e Andrada Machado. .
Leu-se a acta da sesso antecedente, e foi appro:"
-, , _ _ .', _
O SR.; ,MACHADO compareceu na assem-
bla tomou o seu assento.', ,
-SECRETARIO CA.RNEIRODECAHPOsleu um
offici!luministl'o da justia, concebido nos termos
segulUtes: ' .- .
124
SESS.O:, EM.." 27 DE 'l1AIO DE- 1:823
"sendo muito de temer, que algumas denas-seno .que bem que seja declarada:u;rgente
sugeitassem a receber o do.chefe do poder devemestas com:o;nssao da
executivo, eII1 consequenc.m dos parndos, que nelias que ur-:
havo de boa ou de m f. receiosos do nosso a.ctual genCIa de apresentar . da
,governo objectou o illustre Sr. deputado Andrada constituClonal, que deve ser o prllDerro,. e o .JDllS
dizendo, que o medo da rep,uIsa das pro- particular nossos cuidados, e
no nos devia obstar, a que dessemos todas desta 90e .estou persuadido, de que
asprovidencias, que juIgassemos boas; e que com sem a sua publicaao naO podeIJ;los dar passos
medos receios nada se consegue.. . _ ros, ne!D devemos medIdas, que abranJao a
_ A esta objecco respondo, que se as dellbera- generalidade do Impeno.
ces firmadas sbre os dictames da prud!lncia,.e O SR. GOlfIDE :-No projecto. que apresentei, as
madura reflexo falho algumas vezes, mUlto maIS Doces de que o-simplex dumtaxat et unum--,
dever falhar, as que no tendo i'ste forem ist , de -que a unidade de acco attributo essen-
aerias, ou suppuzerem foras, que no enstem, ou cial do poder executivo. de qe a responsabilidade.
desprezarem males reaes, e de grande monta, que assim legal como moral, imposta sobre UlI1 s6 indi.:.
bem se poderio evitar. viduo, o torna integro e virtuoso, e de que este indi-
Para reborar minha opinio p.x0puz caso, que vidno. sendo illuminadopor umconselho renovado
nnguoon diria, nem dir que era .lIDposslvel, de em rotao, adquire constantemente conheciJrien.;.
recusildo o delegado do Imperador, e perguntel.o toS e in!orms!res para actuar com acerto, foro os
que devia fazer ento esta.assemb.la, sem me am- principios de que deduzi os .
.mar a jndicar a resoluo. A 15to respondeu o Confesso que deliniei medidas muito extensivas,
mesmo Sr. Andrada i\Jachado, que no caso. da re- e transcedentes a um projecto P!ovisorio, taxadas
pulsa, com que tanto me assus\.a"Va, era a de- pelo illustre autor do segundo proJecto de eternas-
ciso, e o remedio; declaravo-se as em per o1nllia slBC'Ula slBC'UlO'fum::;-mas com sentimen-
rebeldia, e obrigavo-se a render a obedle
n
: tos iguaesaos do philosopho 'e orador Roman"i
cia s nOssas decises. Nrmca, Sr. preSIdente, sereI tanto consulto a felicidade actual como a futura da
de voto que se deeDl passos, que nos a se- minha patria-non 'mih minori C'IJrfB est, quq,lis
melhantes extremidades qu.ando pelos de llespublica past 'mortem meam [ut1tra st, quo;m
uma beI1l entendida se poderem eVItar. qu,alis hodie st.-Posto que invanavel nestasrazes, .
Eu no disse, que se deVlao conservar os actuaes reflectindo comtudo em algumas das expendidas
pessimos governos provlsonos l'econhecendo () pelos Srs. Carneiro de Campos, Nogueira da Gama
mal que tem dilacerado, e algumas pr,?- e Pereira da Cunha, que julgo muito ponderosas.
meias, e a dificuldade dI? e.mquanto nao me demitto do pr,oiecto, e accedo ao "Voto de CJUe
apparecesse ?onstItwao pohtlCa, para por ora se no sobre os governos proVUl-
a sua apparIllo cahlrem as foras dos ciaes.
migos, d!sse que devia!D0s por prudencIa defi:enr E' certo, Sr. presidente, que nas provncias se
para entao o .est.abelecnnento da nova f6:rma dos tem espalhado a desconlianca da ressurreio do
governos provmClaes. .' ._ despotismo. Conheco de experiencia nesta crte e -
Sendo um dos da D?-lIl.bCl: neste augusto congi-esso, quanto panico o terror;
fora a.cLual dos nC!ssos 15tq e IDlml- ma.s a razo no obra de repente sobre a
IndependenCla do Brazll.como ImperIo con5- co, e . preciso dar tempo reflexo para se dissio:-
t:tuClonal, . procuro,u outro lllustre o par at a menor inquietude. Da lio dos Piarias, .
VenanclO HeI1l1ques de Rezende destl,;u-Io. e da notoridade de nossas discusses resultar a:
taxando-o por de convreco e a acquiescencia dos povos, cujo des-
que poucos mImIgos estImarIa que contentamelito sempre um inconveniente attendi-
?ssem exageradas as notICias que IJ;lesmo re- vel. Portanto, em conformidade com os. referidos
emto dado do numel'o, e i... dos illustres preopiDantes, me parece. justo que os gover-
nossos llllll.llgOS: as ca;l'las do mesmo IlIustre nos continuem taes quaes esto, dirigidos em tudo
Sr. Venanclo que pelas ol'dens do Imperador expedidas e referendadas
se acha.o Impressas, aquI se lerae, mostra0 bem pelo seu ministerio, at que a constituio regule,
os partIdos havrao, e as que elIe prescreva e determine' a f6rma que devem ter..
mesmo, e mUltas da sua proVlncla de rernambnco ' , . " .
tinho a bem pouco tempo, de que o andamento O SR. HENRIQUES DE REZENDE :-Sr. preSIdente,.
do ministeri? Rio de fosse para o despo- wrando favor do P!ojec.to em
fumo; o Dia/no, que aqUI apresentou tao 0.p- nao expl!.quel ou fu! entendido.
Sr. deputado na sesso de 24, e o que ento disse; Eu nao dIsse que nao havraoesses lDlllllgOS, e esses
COusa: as cartas_vindas das pro,:in- . de fa!lou o Sr. Manoe! Jacintho; smente
eias, e as vmdas da'Europa abonao os meus receIOS: dIsse que nao erao tantos nem to- momentosos que.
a noticia aqui dada nesta assembla pelo illustre podessem contrabalanar a necessidade de. reforma
deputado o Sr. Andrada Machado, e por outros se- nQS gQvemos dasprovincias. 'Esses receios esto em
nhores confirmada, da vinda de emissarios, de as- grande parte desvanecidos pela insta1l;ao. desta:
.sassinos, ede horrorosos projectos dos nossos ini- assembla, que era um dos .prncipaes objectOs-
migos,rnerece toda a a medida delles. Voto por isso pelo projecto; e' quando. se
requerida. pelo mesmo Sr. Anrada Machado. e "atar da segunda discusso, ento escolheremQso-
abraada por esta assembla de se nomear uma melhor modo que esteja ao nosso alcance. Todavia
commisso, para vigiar sobre a segurana publica, se ha outro meiode remediar os males'qle padecem
indica bem, quese attende fora dos nossos ini- as provncias, sem tocar naf6rma dos governos,.
mgos. .,. , ento con.venho; mas:porqueduvido.que'se aponte
_ subsistem osfundamen- outro remedio, por isso voto que passe este projecro
tosda . a opinio, econclo tornando a dize!"_ segunda discusso. : ' '.i:
SESSl<l EM 27 DE MAIO DE 1823
o SR. PER:W\A. DA. CUNHA::-As dissenes agita- cada um dos seus artigos deliberasse oque mais con-
-das na pTo'vineia de' Pernainlmco entre povos innos viesse a boa adminstraco no governo das proVincias
decidiro as crtes. de Lisboa a estabelecer uma de que tanto depende- a prosperidade deste vasto
junta de' governo provisorio que prom- Imperio. . .
, ptamente' os males que a mesma provmCla estava O SR. E SILVA. : - Sr. presidente: con-
sotfrendo, e promulgro para esse :fim o seu de- fesso que no entendo como os DOntes preopinantes
ereto de l de Setembro de 1821, dividindo-se as que admittem a do mal, receo dar-lhe
autoridades civil, poltica, admini;;trativa_e o remedio, esquecendo-se que os mesmos povos em
.de tal sorte independentes entre SI, que nao podiao muitas provinciastem pedido que lhes tirem aquelles
deiXar de excitar rivalidades, e contlictos como bem governos! :E se elles so OS mesmos que os no
depressa se experimentou quando entrou na praa querem, como se temem revoltas quando se Thes
.do Recife o brigadeiro Moura, e seu successor ape- faz o que tem requerido uma e muitas vezes '?
zar de termelliores maneiras assim mesmo renas- Eu creio se olha s6 para alguma provincia que se
caro qne os filero sahir da;quelle no temqueixado, sem fazer caso das muitas que tem
paiz aonde no podio ter lugar seus despotIsmos. dirigido repetidas representaes sobre a necessidade
Este methodo de governos foi generalisado para da reforma dos seus governos. .'
todo o Brazil pelo.decreto das mesmas crtes de 29 Admira-me que tanto se tema que os partidos
do dito mez, o que teve comalgumas modi- desacreditem a assembla, servindo-se da 'reforma
:ficaces, apparecendo uma desigualdade que mos- dos governos para suscitar desconfianas de planos
trav a repugnacia que havia em adoptar aquella favoraveis ao despotismo, e que no :::e receie que>
medida, e quanto ella era inefficaz para os fins que faltando-se com uma providencia tantas vezes re-
se desejavo' obter. _. querida, se clame, que a assembla deixa ir tudo pela
Como pois pde entrax em questo que seja pre- agua abaixo, sem cuidar das necessarias medidas
ciso organisar uma nova f6rma de governo de para atalhar as desgraas dos povos! _
meias que remova os males existentes, e eVIte Eu sei que devemos ter toda a attenao com os
para o futuro suas prejudiciaes consequencias? Eu partidos, com esses espritos anarchicos que de tudo
conheo que em desses governos tem entrado se servem para fomentar as desordens em que espe-
vares illustres, e dignos desses empregos por suas ro medrar; mas creio que esta medida, longe de
distinctas .qualidades, e conducta, J!las favorecer as suas vistas, talvez um dos melhores
tambem ninguem p6de.dUVIdar de. que mios de que se p6de lanar mo para terminar as
dessas eleies se tem feIto por partIdos e faces, que tantos males tem causado p.elas pro-
porque muita gente ha que sem pezar a graVIdade vincias, que s6 espero desta assembla o remedio
de suas obrigaes se af0!1ta a lugares de suas desgraas.
que so absolutamente aIhelos de suas Clrcumstan- O SR. l'rIONIZ TAVARES: - Nunca me passou pela
ClaS, com o unico fim de tirarem as vantagens que imaginaco que qualquer destes projectos ,sotIiesse
lhes promette o exercicio de poder. um to renhido debate s6 para passar segunda
July;: portanto indispensavel a nomeao de um dis - I
d t
d d cussao..
conse o que, concentran o as au orl a es que Eu julgava,e ainda julgo a sua materia de tal evi-
constituem a publicaadIninistrao, vo de concerto dencia que convidaria osSrs. deputados a uma per-
em seus planos e para fim feita uniformidade; porm talvez isto mesmo tenha
um conselho, de CUjas deCIses deve ser o presIdente sido proveitoso para que melhor conhE'<o os nossos
o seu executor. constituintes,,: justia que sempre dirige e dirigir
E' reconhecido por todos os publicistas que o go- as nossas deliberaes.
verno de um 56, isto a monarchia pura, faDando Todos os Srs. deputados tem concordado em que
em these, o melhor dos governos porque tem mais os governos provinciaes necessito reforma, e que
facil accesso, e so mais prontas suas deliberaes, esta deve partir da extinco das juntas, que no
e execues; mas sendo ao mesmo tempo se compadecem com o estado actual dos negocios;
lnente impossivel_ que o se nos h- receio porm que no seja este o tempo proprio
mites da moderaao, e da leI, quando nao encontrar para tratar-se da reforma. .
obstaculos sua vontade, porque o despotismo est Hontem jo Sr. Antonio Carlos res-pondeo, c res-
gravado no seu _por issQ que se tem pondeo mui bem, fazendo vr quo futeis ero se-
ptado este systeIll:a de:diVJZao de p'o.deres, que assIm melhantes receios; agora s6 direi que regulando-me
mesmo seria inutil se a rcsponsalJilidade nao fizesse pela minha provincia no hesito em repetir que
tremer perante a lei os seus infractores. este o tempo mais apropriado.
, Por fundamentos que julgo a Sou informado que elegendo-se alli a actual junta,
de se reformarem estes governos de provmclas, sem immediatamente dous dos membros eleitos, pessoas
se conceder a um s6. empregado o exercicio de toda alis mui respeitaveis, pediro a sua escusa, 'e Jlor
a administrao, era o mesmo que' fazer nenhum modo quizeroacceitar a nomeao, per-
nascer o lugar de se teU! de que nada poderio obrar a bem da
to odioso, nem se diVIdir o exeWClO em lD- causa, attenta a convulso em que desgraadamente
dependentes convergindo para um centro que dlffi- se achava a provincia, onde sendo precisa toda a ener-
cultosamentepoderia remediar o conflicto de paixes gia, no apparecia seno frouxido e pelo
qUe,so uma consequencia necessaria dessa sepa- 'vicio do systemaadoptado; os outros, depOls.de al-
.. " " Ogumtempo, conhecero por
Julgo portanto que se deve proceder. cia, que tambem nada e
.so desta materia; mas o meu parecer sena, queVIsto que alguns tem'pedido 'a sua na() se
appareceremtres que estesfossem uma exporem, sem utilidade,a outros ataqiles aos
commsso para se redUZIrem a um. s, aproveItando que comelles furiosamenteprati,cou o
asid,as de unS' e outros, para que a assemMa sobre 'E nem se diga que essa falta desubordinaao. e de
,
126
SESSO EM 27 DE MAIO DE '1823
respeito, que se observa presentemente do povo para suas linhas geraes, e caracteristieas! .O
comas juntas do governo, essa marcha irtegu1ar que contra as regras de methodologia tratar
dos negocios, provenha mais do defeito das pessoas, em especial de tal, ou tal artigo, de tal ou tal falta,
do qne da maldade da cousa: isto cerrar os olhos o que me parece dever ficar para asegunda discusso.
luz. _ . A deciso de que um projecto' deve -passar se- .
As pessoas mais versadas na grandesciencia da gunda discusso, no o declara perfeito; podem
administraco, tomar-se-ho. qua..<:i ineptas, quando nelle haver disposies. particulares desacertadas,
obrar necessitarem do concurso de vontades providencias no to adequadas, como se persua-
alheias, queraras vezes se combino: i.e:to uma ver- dio o seu autor, e a isto se pde occorrer na se-
dade pratica: nj.nguem a ignora. gunda discusso. .
..\ccresce de mais a mais outra razo productora No me farei cargo do mais que disse o nobra
dos males apontados, e que eu no del"o deixar no preopinante, que falIou em direcco contraria ;pol'-
esquecimento, e a necessidade de empregar-se no que o illustre deputado que acabou de fallar j lhe
governo de cada uma das provincias as pessoas nellas respondeo, bem que no esgotasse os argumentos.
existentes. Caso passe o projecto segunda discusso, ento
Sr. presidente, ns no podemos deixar de con- me estenderei nas razes, que o escudo, o que
fessar que por desgraa da nossa m as ora no fao circumstanciadamente, por ser frada
pessoas existentes nas mesmas provinclas onde pas- ordem.
so a goyernar nunca podem inculcar aquelle re5- O que me causou algum reparo foi o desfignrar-
peito que indispensavel para a da lei; se o que eu disse; parece que o nobre preopinante
a canalha s ama o prestigio, s reputa exceliente no attendeo a minha proposico; o que eu avan-
o que vem de f6ra; familiarisados a l"er o inqividuo cei e o que elie atacou um principio de eterna
goyernanteem situao pouco inrpostora, olho- l"erdade; e nunca um livre duvida de
no sempre com mdi1ferena, ou antes,. pouco acata- proclamar a verdade, mormente um CIdado hon-
mento; s comviolencia se contm..E' de desejar rado com a maior das confiancas publicas, o cargo
que se extinga este motivo, e s se pde, a meu ver, de membro. do corpo legisltivo constituinte'da
conseguir isto com a nOva organisao apontada em nao.
qualqUer destes projectos. Ninguem ignora que razo sem forca neste baixo
Empreguem-se brazileiros, e s elles; porm se mundo traste que nada serve; impotente contra
fr possivel em provincias diversas, ser mais pro- os interesses e paixes; ns no somos feitos'. de
veitoso; e como destes e d"outros objectos s na frma que a simples vz dessa rainha curvemos o
segunda discusso se tratar, por isso voto para que cllo; deixemos sonhos utopicos, ninguem crem
passem. romances de sevarantes; governo quer dizer forca :
O SR. Al\"DRADA MACHADO :- Sr. presidente, se a razo quem justifica, quem legitima a
se tivesse attendido s regras de metliodologia teria mas a, razo s governo; a fora de ne.cessi-
cessado toda esta questo; teri.o os nobres depu- dade me.smo de um governo Justo;
a si o incomodo de faliar, a assem- obngaao o servu-se da fora todas as vezes,
o de'es.c... utaI-o;;, e a mim de replicar-lhes: que a o
/ reconhecero' oSdlobres deputados a utilidade do . E que do que a da sua ensten-
projecto, mas quererio espaal-o; ora isso era Cla, nao pde contmuar, lluando a "Vontade
proprio para quando se discutiu a urgencia, ento geral nao sobre a ? '
tinha lugar, agora no tem nenhum. que 8: J?lurahdade de uma manda. pelos
Est decidido que urgente tratar-se dos gover- orgaos merece respeIto, e
nos provinciaes, n.o de um modo. fixo e al?soluto, da naa? mterra; qUem nao obedece a vontade de
porque eu confesseI, e todos annUlro que Isto de- uma naao _rebelde; e
pende de outras consideraes, que no esto ao contra rebeldes e legitIma a. da fora.
nosso alcance, e sem as quaes se no pde comple- Se o cr.uando lhe reSIstem nao suffoca, no
tar o edificio administrativo, e que para isto mister b.erco a reslstencla, um governo fraco, e despre-
que a constituio marqUe certos pontos. Apezar SIVe!. _ , . "
desta falta, propoz-se um projecto o mais visinho Se yde bastar a. CrIse em que se. acha .Iar-
que se pde ao artigo constitncionaI, se o houver a gue o tlmao dos negoclOs;o mesm? fareI eu,
este respeito; e propoz-se por se assentar que era como da se Visse. nos nao
preciso acudir aos males provenientes dos go\"er- nao continuana
nos provinciaes, taes quaes se achavo estabeleci- se nao podese forar a obedienCla, poupar-me-.hia
dos e uma vez decidida tirgencia propr demoras ao trablho de mandar para serem encamecidli.s
' contradicco ao qUe foi decidido, e nada mais as nossas decises., '
do que opeiam oZeum perdere. . Releva;, Sr. presidente" que o governo se revele
O que se deVIa fazer, e o que o regimento aos_ pela for,9a todas vezes que a
era falIar em geral sobre as vantagens ou mcon- razao s nao basta; Isto e o qUe -repIto altamente;
venientes do projecto, era tratar do seu bosqnejo A vontade nacional no deve achar
geral; se ou no conforme analogia do governo, uma, vez que exprimida por orgo-Iegitimo ; nin-
que adoptamos; porque ns temos j idas geraes guem tem pois direito de resistir-nos ;n6s somos
do governo constitucional; j temos poderes divi- os canaes legaes; fomos para mandados para
didos; j temos a execuo entregue a um indi- no s a constituio, qne deve reger'
viduo, e no a uma coliecco: j deste dado pode- Brazil, mas tambem as leis e reformas que'de-
mos deduzir a natureza da administraco, que mandar a necessidade declarada urgente. 'Repare-se
Masfallar em geralno excluotocarnas, p!!aa nossa qualificao,- somos
ids primordiaes do. Jlrojecto; como se ha de dizer tuinte e legislativa. ' . '.,;, ...' ...' ',' '< '
.se projecto ,mo., (lu b.oJ'!l, se .upl, incon,- . Ora se. a das Frovindas
"Vemente, sem se conhecer a lda prImordial delle, dos provmcles a menoridade' s cUIIipie
, "
SESSO EM 27 DE MAIO DE 1823
127
a obediencia: elevar as suas pretenes acima da que posso dignidade, eres-
maioridade pr a anarehia ordem do dia. peIto ao que para o manter seja
Isto digo eu, ainda provincia:s se necessano recorrer a que tantos eto
opponho deciso aPOIa..da {lOr outras, se_as graves males podem arrastar.
se oppoem esto em mmondade; que nao cfuei Que.IO:er dizer -- declaIo-se em rebeldia
pois, quando a maioridade de cada provncia em as provmCIaS, a entradado delegado
favor da reforma, e s relucta a minoridade! Estes do execuuyo, e obngo-se a render obedi-
principios so incontestaveis. e no sei como po- eneia s decises desta assembla.-Isto em lin-
dessem excitar admirao_ guagem clara quer dizer - mando-se tropas por
Os receios, de que illo os nobres preopinantes terra, e pormar : fragatas, e quanto
so f6ra de tempo; no so verificados; so in- fl' necessario para bloquear seus portos, e castigar
teiramente creaturas de uma imaooinao assustada, sua ouzadia. No sei como de sangue frio se profere
que ihes subjuga a razo; devemos a disso -declaro-se rebeldes, e se lhes faz a guana.
dar-lhes Pezo? Creio que no. l\o sei prque se taxa de medroso, a quem pro-
Fallo em emissarios mandados pelos nossos ini- cura evitar o maior dos males em uma naco, a
migos; eutambem noignoro isto; mas que yem ao guerra cinl: mas tomou o illostre Sr. Andrada
caso esta baixeza. portugueza? Quem diz emissa- Machado a inerepar-me attribuindo a medo, o que
rios, diz inimigos; mas estes inimigos no procede de P!Udencia. Nunca, Sr. Presidente
tituem a naeo brazileira; elIa os. detesta, e no tive, medo de dizer francamente o que entendo, e
escutar os cntos de traidoras seras. de obrar conforme a honra, e o meu deyer: mas
Os portuguezes maudo emissarios, porque iul- sempre fugirei de opinies escaldadas, e pertubado-
go haver entre ns elementos de intriga e discor- ras dosocego publico, e ainda mesmo do particular_
dia, que elles posso estender e ampliar. Por tanto torno a repetir, e a confirriiar o meu
_.QuI a naeo no mundo, onde se tenha proposto .oto. Em quanto se no publicar, ao menos, o pro-
novafrma de- governo, e que esteja no comeo de jecto da nossa lei constitucional, de que se acha en-
DOvas instituies ainda no consolidadas, que no Icarregada a commisso de constituio; em quanto
veja no seu seio descontenteS, inimigos, e sementes por eIle se no conyencerem no smente os habi-
de multiplice discordia'! mas no se creia por isso tantes desta proYDcia, mas os das outras provin-
ter prondo, que o Brazil est recheado deinimigos. cias d? Imperio, que bem longe de se entronisar o
Onde esto elies? 'Onde as desordens? Onde esto despotIsmo, como inculco os mal.ados, gozar o
os chefes desses descontentes'! Dous doudos exclui- Imperio do Brazil de uma liberal constituio, digna
dos do seio do povo brazileiro. delle, digna do chefe, que temos escolhido, e de sua
Eu no sou medroso; assaz o tenho mostrado; deseendeneia, digna das luzes do seculo, em que Y-
mas timido que fosse, no acho razo, no descubro vemos, no de pmdeneia, que se decretem me-
motivos de temer. E se algum houyesse. por isso didas geraes; e que devem serenyiados sem passa-
approvaria a reforma dos governos provinciaes, que rem a segunda discusso, os projecto appresentados
fomento por seu defeito .radical a discordia, que s sobre os goyernos provinciaes commisso de
p6de favorecer as sinistras machinaces dos portu- constituio, para neIla ser comtemplado este to
guezes e dos seus emissarios. - melindroso objecto recommendando-se toda abre-
O projecto que os deve substituir fundado nos vidade, pois que o publico, que nas galerias nos
prine.ipios constitueionaes que apregoamos, ana- contempla, os habitantes desta provincia, e os de
logo a frma do governo que juramos manter. todo o Imperio do Brazil, tem fitos os olhos sobre
Assim como a execuo confiada a uma unidade esta assembla" e desejo com preferencia a tdo,
no s assim a administraco ver quanto antes a lei constitucional do Imperio.
llU
e
a mesma applicada localidade; se O SR. DE CAMPOS: - Sr. Presidente:
confia a um s homem. o exa- eu no neguei que as juntas precissassem de re-
me geral e a uma collecao, assim o exame forma; o que fiz foi apontar a origem principal do
local tambem a um c_onselho. _ e quanto se no atacasse pela
Eu nao lhe quero dar urna duraao, que nao com- raIZ haVIa de subsistIr. .
porta a falta de dados, em que por ora que se manda um chefe politico, ou.
1a:1
vez
breve. deva mudar o plano de adml- um preSidente. emfim um homem com o nome'
Dlstra.ao; mas a Idea.geral ha de ;_qner tenha que lhe quizerem dar, se o povo no tem mudado
o do uI.Ua. s diVISa0, quer de idas, o que se segue que daqui ha dias, se
su?diVlda e no gosto delle, grito que preciso atalhar o. des-
lDlster agente UDlCO de execucao em cada diVISa0, potismo, faz-se uma Bernarda, como se costuma,
e de exame em uma altera-se a ordem estabelecida, e ha uma revoluco
- Se o esboo gera.l se e na provincia. (apoiado) Considero pois arriscad a
aos da c0!1StitUIll?, que prefe.runos em reforma feita j; e por isso julgoiprudente a de-
que seJa admittldo, epasse a segunda mora; que no grande, at que ganhe esta.as-
.discassao. .'. ' sembla a fora moral que por ora lhe falta.
: O SR. NOGlJEIllA DA GAlIIA.: - Eu no hesito na Os partidos ho de acabar pela sabedoria das de-
ileciso, que devia esta assembla, :para se do congresso, porque estas nos a
-fazer obedecer, e respeItar suas ordens: mas de mteua confiana dos povos. Por tanto dizer-se que
,prop<!sito no me fiz cargo de a indicar. eu reconheo o mal e lhe no quero dar remedio,
- .Sei bellamente, e todos sabem.que um governo attribuir..,se-me o que eu no talvez me no
fraco, sem energia, e semfora, para se.fazer obede- explicasse bem; mas eu creio ter dito que o.unico
-cer, no merece o1l0medegoverno : mas no posso remedio que julgara por agora era dar:-
concordar, -nem jmais com o illustre se instruces aos governos que marcassemclara e
-5r.AndradaMachado, em nos aventurarmos, sem distinctamente os seus poderes, e no
pressante e absoluta necessidade, a operaes arrS- um. chefe, que lhes renovava a lembrana,
128 SESS.O EM: 27 DE MAIO DE 18!3
pites-generaes, e.podia-servir de pretexto para e que o governo de Portugal approvou, e
aticar suspeitas de' governo absoluto. cmdou em conservar, .bem que. darialarga
Se penso deste Inodo tenho sobejas razes para materia a rivalidades, e desavenas. ' . .
isso. Nesta cidade foi voz constante, e eu o ouri . FmaImente deinndo theorias, sigamos a pratica,
dizer a muita gente, que a constitoi!:o do Brazil j a mestra dos governos; que mostra eDa! - -
estava que havia de ser apresentada a esle Que taes instituies no tem feito a fortuna dos
eongtesso; e at um me queria mostrar alguns dos povos; a maior parte das provincias, disso se
seus artigos. Isto mesmose hade ter espalhadopelas qaenao; preciso remedio: um delles o pro-
provincias; e tanto basta para indispor os animos jeeto em diScnsso; logo a sua materia deve ser
dos povos, em.quanto se no desenganarem que approvada, embo-.:a. se alterem os artigos, e 'por
diliberamos livres, sem outra considera!?-o mais isso que vt que o projecto passe a dis-
que a da l?l1a _ _. " cusso.
Eis.aqw p0-?IU
e
Julgo pengosa a re{,orma feita Ja; O SR. -C.u.D.\S:- Tenho ouvido tratar de impos-
mUi reseI'\'l-Ia o tempo em sivel o dar-se s provincias uma nova frma de go-
'tivermos adqwndo a necessana fora que e vemo e votar-se por isso que no se discuta o pro-
a. que nos ha de sustentar. assu:n faDo, jecto.'. .
o que enteJ!doJ>em que esteja que D-se como raso que as provincias desconfio
hel de meu dever. e se o que se pretende estabelecer o despotismo, e que
__ nao as que seo
ouem
esta. medida as suspeitas; mas eu
a OpIDIaO <;ontrana a nao serei responsavel direi que se alc.<>umas provincias tivero esses re-
por suas mas eonsequenclas. ceios, a minha, pelo contrario, s teme a junta-pro-
. OSR. RODRIGtiES DE CARVALHO: -Asdesordens de visoria como seu inimigo interno; e nunca sus-
que se queixo algumas provncias !io.pr?vm do peitou que se assentar governo despo-
decreto das eprtes de que lD..stltWO os tico, porque. pedido reformas e providencias
vernos, provem da sua forma, provem do defeIto sempre \) lBlIDStenolhe respondeu que a assembla
intrnseco da eonstituico. As cltes o que fizero remediaria seus males.
Julgo portanto cjue no devemos frustrar-lhe as
e DISSO obrarao as mesmas crtes macbiavelica- esperanas, nem fazer poueo caso das suas repre-
mente. " _ sentaes, e que do nosso dever pr termo quanto
as o. systema con- antes s desordens que agito e infelicito os povos,
stituclonal entrarao a conSlderar-se pois se estamos aqui para curar suas desgracas ; e
e segregadas d? U!Jl poder supremo, e por isso voto para que I'asse o projecto, e se verifi-
governos dependenCla, e conexao que a reforma, que jtilgo indispensavel, dos go-
com as outras proVUlc1as. . vemos das provincas.
O povo de cada uma se Julgou soberano; no- .' _
meando os membros do govemojulgou, que tinha O Sa: COSTA -Sr. eu
direito de exigir o que quizesse, de os depr, e dar fallar, nao ..s a tem Sido
as leis. Entraro a dominar paixes, e partidos pro- to nobre, quanto sabIamente disc!1
tIda
pelos. hon-
prios de nomeaes populares; o tempo era de re- rados que precederao;... mas
voluo, em que todos querem tudo a um tempo; mente para nao rt:petir o mesmo. que Ja se tem dito
todos se julgo com direito de legislar; e cada um neste augusto e que sena perd!lr tempo, e
se acredita umsob"eraIio mesmo a respeito das aueto- at a attenao da assembla : .porm
ridades, e daqui veio que em geral os governos das hOJe outra vez appresentados alguns pnnClplos que
provincias foro inerepados, pelos mesmos que os me .poucoou nadaexaetos,.ou mesmo
nomearo. coJ!tradictonl?s ao que pela tem acon-
E' verdade que em geral os cidadOS, que com- tecld.o na maIor pll!'te das : Sr.
punbo os governos estavo tocados da mesma epi- PreSIdente, qu.e reSlStir ao de:,eJo le-
demia, mas ainda lJl:le fossem anjos havio de ser vantar-me denar 1?assar em
acusados porque os povos, mais ou menos, attn- melhantesprmclplOs, de cUJa
buem aos governos asaesordens proprias do tempo, pde verdade depender a admissao ou regelao
augmentadas por uma frma de eleices que do proJecto em questo. '.. .
daJido lugar aos ambiciosos de intrigarem para Disse um illustre que os males
serem escolhidos, ou os de seu partido, arma uns tem a:tligido as provmeias nascio mais das Clr-
cidados contra outros,' secundando facces, e cumstancias, do que da frma dos governos provi-
bandos. sonos; e que as desordens occasionadas nas mesmas
Os escriptores que devio conduzir a opinio pu- provfueias procedio da ida da soberania do povo
blica, explicando qual era a essencia da soberania mal entendda no seu verdadeiro sentid, e da mu-
da nao e a suaindivisibilidade, entraro a lisongear dana subita do governo arbitrario para olivre,
o povo, e em breve tempo foro tantas as soberanias para deduzir destes dados que o.presente'projecto
quantas as pro-vineias. _ era impolitico nas circumstaneias actuaes : o hon-
gora queixo-se os povos, necessario dar-lhes rado membro que assim discorre0; confundindo as
providencias, emendando um regimen, pelo qual circumstancias e os tempos, estabelece como pri-
conhecemos que se no adquire a felicidade, e tran- mairaS e principaes cousas o que no seno con-
qu!ldade das provincias. sequencia .de velhos males.e de antigas causas, que
Omeio no digo que esteja prevenido inteiramen- sim j existindo, foro- depois desgracadameritede-
te no tem faltas, mas cada um de. ns os e postas em pela
-mutilara, oU:' acreseentar como lhe parecer, e nas cnaao de semelhantes governos pollicephalos,or-
discusses se apurar o I!le1p.or. Emendemos esta. a diviso das pro-
frma de governo, que folfelta:nofogo darevolu- VlDClas, e semear a discordia, como
-o, que longe de produzir bens, tem causado monstrar.
SESS.O EM: !7 DE lWO DE 1823
Emtodas as Sr. Presidente, lJa causas
qne preparo e antecedem as mesmas revolues, e
causas e eJreitos que as e se lhes
seguem; aqnellasjesis1io, querodizerodespotismo
do governo e dos seus agen\es; a corropc;o geral
dos costumes; e mesmo certo progresso de luzes,
que de tempos a esta parte felizmente se tem difun-
dido e denamado com mais velocidade pelas di-
versas partes doBrazil.
Que existia a primeira cau-ca, e com particulari-
dade em algumas provincias deste grande lmperio.
to claro como a luz do meio dia; e seria fazer-me
niiniamente tedioso. se pretendes..c:e referir agora
os males. os vexames, e arbitrariedades praticadas
pelos antigos governadores e capites generaes,
debaixo de cuja espada tudo tremia, e mais deshu-
manos, alguns delles, que os proprios Pachs da
Tnrquia nas malfadadadas proviDcias da Grecia:
dos costumes, ninguem o poder negar ; longe de
mim a ida de atacar em particular classe alguma
de cidados, porque inimigo decidido de personali-
dades, s proprias de e de coraes
corrompidos, meu fim e so mostrar que em ver-
dade sentiamos, e sentimos os etreitos da c4?rrupo
dos costumes, augmentada talvez em mUltas pro-
meias pela falta de instruco publica e dos meios
necessanos, pelos quaes se podem em grande parte
evitar semellantes males; que do mesmo modo
existia a terceira causa, e que tambem concorre0,
outraverdade; PO!quant.o que
luzes se acho hOje mwto mais difundidas nas di-
versas partes do Brazil, do que alguns annos pas-
sados aceontecia, e que os. povos actualmente co-
nhecem melhor os seus direitos e garantias, e que
no so propriedade de alguem. era natura! que
abracassem com ancia e prazer ti. oecasio oft'erecida
pelai perversas e facciosas crtes de Portugal, pa-
recendo aos mesmos que pela mudanca as
cousas, e do systelDa porque ero regidos, poderio
melhor recuperar a devida e legal liberdade de que
mo privados.
Taes foro as causas que antecedero a nOssa re-
Toluciio no Brazil, e manoproclamar a consti-
tuio em Janeiro de 1821 no Par, primeira pro-
.vincia. do Brazil, e que.Ievantou
este grito que sendo OUVIdo na BahIa em FevereIro,
se extendeu depois com a velocidade do raio s
outras provincias; ta,e$1oro pois estas causas, que
devendo de necessidae/produzir etreitos assaz va-
riados pela .marcha 'iiarevoluo, e pela
quasi repentma das cousas, tem tambem ongmado
e feito nascer alguns transtornos, que desgraada-
mente se tem sentido, proprios das mesmas revo-
lues. ".
Por outra parte a en-
tendida no seu verdadeiro sentido pelos povos, e o
que peior pessimamente defenida por certa classe
de homens, que quasi sempre apparecem em toda
a mudanca dos negocios politicos; a esperana de
bens imaginarios, e dI? ideal, com que se tem
pretendido enganar os mcautos com sonhadas fe-
licidades: e do choque das paixes e de interesses
desencontrados tem tambem sido. em verdade o
germen prductor das desordens, de que algtpnas
provncias tem sido victimas;. e taes so as causas
e etreitos. que por de regra se seguem s re-
e que produzem, algumas vezes males
immenSos. ,. .
Isto .posto vejamos agora como o decreto das
Crles de Iisboa de de_SeteJn!Jro de 182l, que
ereou os proV1SOnos, VeIO parem movi-
a maIor parte dt:'tas fazendo avivar
pau:oes talvez adormecIdas, e suscitando interes..c:es
desencontrados e inteiramente oppostos uns aos
outros; e esta uma tarefa, meu ve.-, de pouca
monta,
As edttes de Lisboa conhecerQ perfeitamente
que lhes era impossivel podeI' sustentar a boa f
que deUas o Brazil tinha. e que cedo ou tarde ap:
parecia a desconfianc;a pelas medidas que Portugal
comeava a tomar para pouco pouco mudar a face
dos negocios com vantagem daqueUe reino, e total
perda do Brazil, e o que que ainda peior. da sua
na qualidade. e cathegoria de
remo; que fizerao pOlS os nossos chamados irmos!
mo do recurso unieo, de que se servir
podio para obstar, ou pelo menos demorar a des-
graa que os ameaava pela separao do Brazil.
quando em fim a maldade e perfidia
com que havia sido traetado; creal'o semelhantes
governos monstruosos, cujas respectivas autori-
dades, independentes umas das outras, dl' neces-
sidade devio embrulhar-se. e misturar-se em suas
attribuies, muito de proposito confundidas ou
mal especificadas; e por uma m f ainda mais ag-
agravante fuero extensiva semelhante lei todas
as provincias ento no represeutadas naquelle de-
magogico congresso. pouco ou nada
versado no que dizia respeilo s localidades das
provincias, para quem legislavo, e cujas verda-
deiras precises ignoravo.
Entretanto o seu plano sortio o fim que deseja-
e proviDcias que at ento existio socegadas
forao bem depressa apresa das desordens, suscita-
das a maior parte dellas pelas pretenes absurdas
dos governadores das armas. que mandados de pro-
posito para agrilhoar-nos os pulsos e as mos, no.
poaparo meio algum para conseguirem seus per-
versos intentos, aproveitando-se alm disto da cre-
dulidade ou imprudencia dos incautos.
Foi o que aconteceu nas provincias do Norte e
particularidade na do })ar, quem coube em
partilha a tJrannia do das armas, Jos
Maria de Moura. expulso ti", Pernambuco pelos seus
excessos e levado s praias do Amazonas pelo mo.
destino daquella amena e rica provincia: de ento.
at ao presente tudo alli tem sido desordem e
nossos irmos paraenses .ivem desgracadas victi-
mas do seu despotismo e arbitrariedade,'atormenta-
dos uns com denuncias forjadas na sua imaginaco,.
sempre cheia de odios e vinganas e quasi tdos
ameaados com proscrices e toda a casta de mal-
dades. Omesmo ou talvz peior havemos observado
em outras provincias; e como, senhores. como
poder-se-ha ainda que semeThantes gover-
nos policephalos no so causade tantas desordens
Como avancar que no devemos reforma-Ios
7
s pela suspeta de @e no ser talvez bem reCQ-
bido este projecto? Confesso, Sr. pr!lsidente, que
no entendo. conhecer um mal e deixar de o curar
s pela suspeita de que no ser bem recebido
o remedio, observando,.se por outra parte que elle
necessario, em verdade cousa pasmosa! Alm de
que, se a doutrina deste projecto no parece boa,
porque os nobres preopinantes que tem votado para
que el1e no passe 2" discusso, no apresento
outros remedios ou outras medidas? Regeite-se
muito embora dos meios propostos nomesmo
projecto, mas no deixe por isso de passar '.2" disc-
-
130
SEssAO EM 27 'DE MAIO DEi8!.:l
melhor os arti.,oos
e pOOer-se":ba emendar \) que nao parecer acertado; dente, ,podera ;pr-.se .emaJustado e harmomoso
despreza-lo itl s po.r suspeitas,'s do sem
porquese diznao o etrelto.que se e.
tende, outra-vez o digo e cousa paramxm camxnho, queelladeve. trilhare os degros porque
Disse outro illostre preopinante, os .dictames 'l CODS-
da prudencia pedio
1
que para serem respeitados os ItitUlaO nao podera e
decretos da assemblea se no tomasse 'medidas ge- I semas reformas e partI-
raes; e que muito menos. devio, mudar I no que 'respeIto
actuaes "'overuos das provmcl3s, emquanto nao admm!:>trn.tlv"o das 'proV'..nClas rleste .U:>W e nco
a nossa constituio politica; e q;ue por IImpeno. . ..'.
deviamos deferir para enlo o estabeleCimento . Resummdo IIDn!las ldeas, que o pro:-
da nova formados governos provinciaes; accrescen- Jecto .l'asse 2& ;'e para
tando que era muito de temer, que algumas das as I.mnhas sobre a de
provindas se no sugeitassem receber o dos seus artigos, os quaes me nao conformo e
ao chefe do poder cxecutiro, em c0!lSequencla d?s ao meu deV!!m
partidos que havio etc. Deus nos hvre, Sr. presI- oes que a e da assemblea
dente. que passasse.m taes conheo julgar necessarlas e convementes. , . ,
feitamente as boas xntenes e sentImentos patrIotI- OSR. FRA.,"CA.: - LevantO:-me para falIar sobre: a
'cos do honrado membro; mas o ordem. Ouvi dizer que se tinha;j decidido
dizer, que os seus sustos e receios sao a meu 'nesta assembla a. urgencla deste negocIo, para''ll!1
e
de nenhum fundamento, porque em Terdade nao se admittisse discusso o projeeto de que se trata
:sei e menos posso perceber a razo de taes e em verdade no ha tal. Duas so as urgencias l1e
ser por ventura porque os das pronn- que a assembla conhece no curso regular dos seus
-cias so da nomeao do Imperador? trabalhos; umatem por fim antecipar a discussolle
De certo ninguem hoje duvida que ao poder exe- um, projecto, prescindindo 'dos intersticios que o ,
euliTo cumpre e pertence nomear todos' os 'seus "'imento manda !rilaidar entre a I" e '2& leitura
agentes. Ser pelas attribuies, que por este'pro- delles; e esta u:'gencia de 'frma l{Uc respeita, tio
jacto s':! concedem aos mesmos presidentes ! Tam- smente prioridade ou preferencia com que,adis-
bem no, porque no vejo nelIas o que possa cusso do projecto proposto toma o' lugar de oU,tro,
to grandes x:eceios, observo bem que alis pela antiguidade de sua proposio lhe
todos os reqmsitos essenClaes em adwDls- devia preferir.
tratil"as, porque pde haTe! perfeIta execuo Outra a urgencia da 'materia que pelo nosso
sem celerIdade e de acao etc: e nos comprometlemos
tendo qlle este proJecto possa promover ou lrntar das leis em a 'presente legislatura. A prImeIra &s
os . ditas urgencias est resolvida, mas a 'segunda no;
:Sim, Sr. presidente, em todos os tempos e e!D salvo entendendo-se que uma prejtidic'a'a outra.
todas as revolues tem havido e ha de partI- Mas eu vejo que se nao conclue ser urgente 'a
dos: porque tambem em todas as factura de uma lei smente pol'que se julgou 'que
recem que ou por ou por. l,llusao era urgente discutir o seu projecto primeiro que 'os
, ou emfim pela esperanca de febcldades outros igualmente propostos assembla. Portanto
:'pretendem apossar-se do poder.e pa1'<!- o no est vencido, como dous illustres pl'60pmantes
compleml:'nto dos seus I dissero, que se faa a que urgente, a.s!1
a
e ,ate porque em semelhantes cmes o factura: o que se venceu fOI que era ur96nte a' 'di:s-
mesmo poder . tambem uma' garantla; pox:
m
os cusso e essa '-pronuncia'O ficou satisreita com 'a
e em particular todas. as bem. mten- damesmadisC,usso na ordem dos'tra-
clonadas e que' por ate propna tem balhos. Isto pelo que respeita a mesma 'ordem.
observado as desordens por .taes go- a :materiaSr. presi'dente,
-vernos. conhecl:'m perfeItamente a neceSSIdade da mUlto tenho eu oundo fallar' contra os governos
sua reforma, porque s um bom govern? composto provisorios; e' eu convenho nas .qlleixas' 'qae 'delles
homens probos e das c1!Cumstan- se fazem; mas digo que se os governos provisrios
.elas actuaes das remedIar os 'seus so mos, os antigos que.lhe' pre,cedero 'ero p-essi-
males e conter que d_e certo desappa- mos; e estes que ora seordeno no ho 'de' ser
recer, comQ o fumo, a proporao que' crescer a melhores.' Oremedio 'do mal no est' na mudana
.eonfiana dos povos pelo- gozo. suas bem funda- das frmas, consiste na substancia das cousas.
das esJlerancas e dos dxreItossustentados e Queixas contra governos 'ho de :haver 'sempre:
, hem entendldamente, esta assem- nunca .: nem' ainda agora vejo' 'que
bla, de accordo com o poder executiVO. haja responsablhdade'real 'de'suas'malversaes.
Em TIsta'do exposto, Sr. presidente, como pode-Para que pois se 'ba'ue ir fazer 'uma:lei'provi-
remos ns deferir a nova forma' dos gOTernos {lro- soria, que no 'satiSfaz.' indica'O'do, mJ:' 'q'miloo
vinciaes para qull:ndo' apparecer a nossa constitwo no sabemos quesystema, se l ha 'd'e na
politica? Ignora por ventura o honrado membro, constituico 'a 'respeito .'dos governas
que isto .avanou, que uma, to complicada, to So as queixas dos 'povos por 'ventura colitra;QS c
e to melindrosa tarefa deve de necessidade governosactuaes uma intlicac:ode 'ml t:o-rfo'te
, :alguma demot"a'e que ainda mais tempo que perigue a causa,' puBlica;se 'lio stnheS''a!&'de
,na ,'dos artigos 'da mesma j com 'a mud!lna; dOS'meSlntlS g()vern'S.'trN!l';
veremos ns, quaes por.qa:e
-:x:ochedos melO ,'lIo occea:.no, .a:tor- maxs-queixas
menta que nos cerca e os'malesde-que sao-nctmas nadores e, capltes.generaes, a que 'o ''mtDlSte'tio
as pro!incias, sem cortarmos pela raiz o germen ensurdecia contrapondo':lhe insensibi-
SESS.9 EM.!7 -DE MAIO DE 1823
131
-
'!1esmos seja a administraes-provinciaes mais
nassuas s .cll'Cumstancias ,peculiares do ,BraziI,
se<con.serva:vao pacifieos e. mando; e.mui.superior 's minhas
_nem esperanas. tinhao mUltas - vezes de -foras, limitar-me-hel'UDlcamente a dizer, que 5e'0
que ellesfossem mudados. " mal subsiste e contina (no que, -segundo 'me
.. No is..<;() _portanto motivo de tanta monta que parece, no tem havido discordancia) ns (seja-
obl:igue a fazer lis-provisor-ias; soffro me p.ef!Ittido dize-lo) aos deveres que
umcpouco os povos (bem que eu. que Ja nos liga0 a velar pela feliCIdade da naco se o no
muito tem soffrido) porque lireve se ho de ter uma procurassemos prevenir e evitar. .,
.constituico em que systematicamente se trata do Se o receio de no acertarmos com o verdadeiro
governo ls suas provincias. Eu no sei mesmo se remedio de taes males que nos deve inhibir
essas queixas que .se allego se podem -referir de tratar deste objeclo por agora, ento nunca mais
frma dos governos, ou se s pessoas que se acho se trate delIe; pois que o mesmo inconveniente
nelles empregadas; mas cuido que os povos incre- existira todo o tempo e ns jmais saberemos,
po os governadores e no afrma do governo. Em quaes so os governos, que mais convm ao Brazil:
aquelles sendo: corrigidos cessa o mal; e isto tudo a expe:riencia smente e no as theorias que nos
quanto cumpre por ora fazer para obstar ao mesmo ho de sertir de pharol na indagao desta verdade.
mal, que coma lei ou cresce, ou pelo menos no se Demais, Sr. presidente, por ignorarmos oremedio
remedeia. mais apropriado uma enfermidade, deveremos
O SR. CAVALCANTI DE LACERDA: - Sr. presidente, acaso de !odo despresa-Ia 1. :No .
estamateria j se acha to profunda e judiciosa- Se o presente proJectoem tudo nao satis-
mente discutida e considerada debaixo de tantas e faz e nao aos Srs. deputados, elle ser
to varias relces que difficilmente se podem emendado na 2
a
e 3
a
discusso, mas nem por isso se
'apresentar uma que j no tenha sido susci- diga, que deve ser O mal dos
tada e debatida. Todavia como eu tenho de vetar nores e pede as maiS promptas e deCISIvas proVI-
sobre elia e desejo faze-Io claramente, levanto-me e como para quaes ellasdevo
por isso para emittir o meu parecer ,i tal respeito. ser e mIster tratar-se sem_ demora, voto
Trata-se de dar uma nova organisao aos gover- para .que passe o proJecto a 2
a
dlscussao.
nos provinciaes, estabelecidos e regulhdos pelo O SR. -Sr. presidente, como apezar
monstruoso decreto. de 29 de Setembro aas crtes do muito qne se tem energicamente fallado a favor
de Lisboa, essa, ao meu ver, origem manifesta de deste projecto, eu pretendo votar contra elle,
uma mui consideravel somma dos males, que tem necessario, que expenda minhas razes afim de se
ameacado o Brazil e entre qnantos objectos se tem no entender, que obstinao e capricho, o que
aqui apresentado, nenhum em verdade me pare- me faz assim obrar. De certo eu seria temerario e
ceu inda to digno da considerao desta assem- injusto se quizesse duvidar dos principios de direito
bla. Sr. presidente, sem entrarmos mesmo por publico constitucional,' que to energicamente ex-
t..gora na fora e conveniencia das razes com que pendeu o illustre autor deste projecto e sobre que
to elidentemente tem sido aqui demonstrado a alle o firmou: na realidade eu estou persuadido,
incongruencia desta lei, parece-me, que o simples que assim como o deliberar obrade muitos, o execu-
recurso da experiencia seria um argumento 'mais tar deve ser de ums : estou certo, que so defeituosas
que convincente para fazer-nos reconhecer, que as bases, sobre que est firmadll o decreto que criou
um tal decreto deve ser quanto antes revogado. as juntas provisorias, ora existentes; mas' estou
'Sim, elle tem sido o germen fatal da discordia e persuadido, que nem sempre deve existir o rigor' das
anarchia em todas as' nossas provincias, embora principios e muito mais estou persuadido,queno"
outras circumstancias tenho concorrido igual- este o tempo de se pr em pratica aquelles prin-
mente para' isso; mas' entretanto ellas se tem mais ciJ>ios. . _
ou menos desvanecido e omal subsiste e contina, No duvido igualmente da necessidade, em qUe
isto pelo que? Talvez que pela natureza e eristen- esto as provincias de que n6s"lheappliquemosIguin
cia'de semelhantes'frmas lIe governos; preciso rerriedio aos males, que solfrem pela m organisao
s evitar o'progresso mal, mas de seus governos; mas duvido, que
ate extIrpa-lo de uma '"ez ser posslveI e nesta dar-lhes no tempo umremedlOgerle
maneira de ..'pensar concordes me quasl decizivo. . .
tmiosos Srs. de-putados, quetemdlscuudo esta Desen,olvamos a 111atena. Sr. presldente, que os
. lIlateria. principios, em que se firma o projecto so eertos..
"Yari-to smente em"dizer, que apezarda existen- uma verdade innegavel; mas tambemumaverllade
cia ul>mal, que-todos reconheceme confesso, o re- innegavel, que principios so succeptives de
medio que selhe'pretende applicar, pelo menos in- alguma modificao ;astheoriasnem sem,pre' so
certQ,5e' no tam1:iem perigoso ; pois que na conjun- praticaveis; necessario aS vezes moiiifiea':'las :'e
ctura,em queora nOs achamos, impossivelde esta modificao dependesempre'chr intlle,Ioli'-
dades,e mais ircumstanciasdos isto ' o
. titUir'as-actua<es prodUZIrem os:slutares que eu penso, que faremos, mas -quantlo
ipropomos;levar antes ao tratarmos da constituio, pois tudo" istoso:materi'ltlS
,contrario a:escol1fiana ao:seio de"todas 'as provin- puramente constitucionaes, e'de: que -aqui .s,.;per
ciaseique'em-eonsequencrneria .talvez mais-ptu- mcidente, tratamos agora.' .'
'qent:Qespaaresta--IJiateria, ; 011'.pa'l1l:Ao qnesto pois, no' deveversarsobrea
ser' iBda -destesprincipios; deve:sim, ia -meu- v-r. r9lur .sobre
mesmo.-antes 'em mais' opportUD'as 'circutnstoncias. qrneeessidade, queha de'l!Ppliearremedioiaus.:males .
:'pl'esiei1te;'" eu- jllStamente -deum das provncias; pois que::esm."ueeessidEl _;'.qIleJl
diversa-"e :seID"lJBe :fazer: car.go 1 de' ilUS'"oiJriga\agora'3. t:ratarml'S I deS1la ,questo, .Em:-
-en_na, difllcil eimprtJan1le Jqael3to, :de ,qual. minenus. pois, ns obt:ig.u
-132
SESSO EM: 27 DE MAIO DE 1823
"o
.aapprovar similhante projeeto de um plano geral e ainda agrado, e a ultina que a. pedra
de governos. l disse, que no duvido da necessi- de escandalo ; emprova .desta a.sserao .eu .que
dade de algum remedio aos maIes, que tem sofIrido a trav& de tantas pertur!laes, . que tem: havido
as provincias por causa dam organisao dos go- nas provncias, e de tantas mudancas de goremos,
-vems; mas cuinpre-me provar, que o remedio ainda uma s provinca no denou de usr desse
apreseutadono projecto ex-temporaneo, e como direito, que uma vez se lhe..coneedeupara eleger o
1al perigoso; mais capaz de aggravar, do que de seu governo, e menos se lnlbrou de eleger 'oa um s
curar o mal. homem para a governar; pelo coutrario temsempre
A principal cousa, em que ns devemos Cuidar, nomeado novas juntas, e sempre ZI:lunindo-lhes a
Sr. presidente, para poderem as nossas delibera".s dependencia do governador das armas, e mais au-
serem. bem aeceitas, e corresponderemao fima qlle toridades da provincia.
ns as propomos, mereeennos a confiana dos Oprojecto em questo pelo contrario destroe as.
...at aqui temos simplesmente uma confiana bases, que agradaro ao povo, e conserva aqueDa,
pre;mnptiva, esta mesma j bem abalada por niil que lhe odiosa, isto a iudependencia !lo gover-
razes; neeessario, que faamos elIectiva con- nador das armas; e ser prudente ir assim chocar
fiana, para poderm?s esperar, que com a opinio publica, (ainda por fora de princi-
deliberaesseJo bemrecebIdas; e comoadqumre- pios), em um tempo de descoidianas, econvule8,
omos essa confiana, ao meu to necessaria'! no tendo ns ainda apresentado ao menos o
apresentando, e discutindo primeiro do que tudo
o
o esqueleto do edificio, que vamos organisir? o
projecto da constituio: esta nossa grande obra Creio que no prudente, antes perigoso. Mas
orientar a opinio publica pro, ou contra ns: ella existem males, grito muitos illnstres preopinantes,
ser o thermometro, pelo qual se medir a confiana e necessario remediar com este projecto. Sr. pra-
dos povos a nosso respeito. Se neIla acharem os sidente, eu tenho ouvido muitossenbores deputados
'povos, que no obstante se concederem bastantes clamarem contra a frma dos governos das provn-
attribuices ao cheCe da naco, todas aquellas, que eias, como motora destes males. Eu penso pelo
so necessarias parapr em andamento, harmonia e contrario: eu digo, que qualquer C{Ue fosse a frma
ordem todas as m6las da grande machina politica do governo, qlle estivesse estanelecida, sem{'re
deste vasto, e rico Imperio, comludo fico forte- haverio essas desordens: ellas so filhas das Cll'-
mente garantidos todos os impre..<:crepliveis direitos cumstaneias extraordinarias, em que se tem'achado
dos cidados, ento ficar elles todos persuadidos o Brasil,eodas grandes.mudancas politicas, que tem
que ns somos seus .dignos representantes. qlle oecorrido: sempre do tempo'destas mudanas, que
applicamos os verdadeiros remedios sellS males, e tem cabido as juntas, e acontecido asdesordens nas
nunca desconfiar de nossas medidas. provincias, ou ento quando os governadores das
Antes porm disto, tlldo ex-temporaneo. e este armas, pela sua independencia do governo civil, se
projecto inda mais. Ninguem duvida, Sr. presidente tem feito preponderantes; daqui por diante no
que existem desconfiancas pelas pro\incias de que haver mais estas desordens; porque nem se devem
no Rio de]aneiro se trabalha para restabelecer o esperar mais mudanas no systema politico do
despotismo debaixo de certas mascaras; tem-se Biazil, e nem os governadores das armas esto mais
mesmo dito, que os deplltados se bandiar com independentes; os males pois iro cessando com
esta supposta faco, que alguns sucumbir ao qualquer remedio, que ns appliquemos menos
medo, olllros s promessas, e finalmente qlle se geral, e violento do que appresenta o projecto.
arranjar uma constituio, amoldada ao despotismo, um breve reecrimento a essas mesmas
e incapaz de garantir os direitos do povo; e no juntas que, ora existem, em que se lhes marque suas
iramos ns com este projecto dar mais um motivo devidas attribuies castiguem-se alguns membros
para estas desconfiancas '1 No considerario os de juntas, que tem descaradamente abusado de sua
,povos na unidade deste'presidente um antigo capi- jnrisdico; diga-se energicamente nos povos, que
to-general com o nome mlldado? No verio na etles uma vez tendo nomeado seas governos, como
independencia do governador das armas o odioso da j o fizero, no tem autoridade para os deitar
independencia do governador das armas do decreto abaixo, e que s lhes fica o direito salvo de se quei-
das ertes de Lisboa ? No acreditario, que estes xarero: ao governo do Imperio dos abusos, que
dois grandes empregados, unidos ao secretario, cometterem, os qllaes sero logo punidos; 911e
indo do Rio de Janeiro, e nomeados pelo governo, confiem nos seus representantes, qtle esto tralia-
ero outros tantosemissarios, mandados daqui para lhando na constituio, que os far felizes; e que
prepararoo caminho, adquirir partido, e fora nas entretanto soffro por mais um pouco assim como
provncias, para fazerem acceitar qualquer consti- tem soffrido os defeitos dessa f6rma de governo, que
iUico, que por ventura se lhes mande? No sal- ora tem, ficando certos que na constituico ficar
tar tudo isto aos olhos do povo, no meio de suas bem instituidas as bases, sobre que ent se firma-
desconfianas? No tero nossos inimigos estes r os governos provinciaes, de cllja boa organisao
motivos para fascinar o povo, excita-lo, e adqui- tant.o depende a felicidade do Imperio. . ...,
rirem partido '1 Ah 1 Srs. ell desejava que a assem- SIm, senhores,faCllJ11os primeiro a constituio,
bla reflectisse bem nas consequencias, que se e entretanto noarrlsquemos um passo prematuro
podem .seguir desse nosso passo. Ninguem duvida que pde se tornar peior que o mesmo mal,.
aos principios, torno a mas o povo est soifrem os povos. Resumindo pois as minhaS-idS
delles CI:eio que no. digo, que extemporaneo o' ..
o de 29 de Setembro que pelo_ voto para naopasse &2. : .
enou as Juntas prO'VISonas firma-se em tres bases- cussao, e sun CIIle para remed,iar. o mal que- eXISte,
COl:po collectivo ; eleio popular; e independencia mo do m.eio. p!Op.fI.i' . e
de autoridades-consideremos qual destas bases tem Ja outro Sr. deputado d.e,Di!Jii:
mais desagradado o povo, e causado mais pertur- . O .a:' materia.kStav.,,:
baEls. Eu creio, que as duas primeiras agradaro,
133
pede se faa effectiva a responsabilidade .' dos minis-
tros,. e_se lhecQnceB:agraa de serremovido para
a pnsao ou IlhadasCobrls :elil:
quarto spa;rarJo,pat'a poder continuar o seu . perio'-
?ico; de parecer, qlle o primeiro requerimento
llltempestvo, no ter sido. ainda ; li
que a respeito do segundo se (leve dirigir-ao go':
verno. . .... ....
lao 2'1 del\Iaiode1823.-'-Anto-
mo Rodrlgltes Fel/oso de OUve.ira:-JosTeixeira
da Fonseca Yasconcelios.-Joo A1ltonio Rodrigues
de Antonio da Silva J11ai.-Este-
vaoRibeiro de Nllno E11genlo de Lodo
e Seilbitz. .
QUARTO.
A commisso de legislao vendo o requerimento
dos presos civis, e militares da provincia de S. Paulo,
que requerem indulto pelo motivo da installacoda
assembla geral constituinte, e lgislativa; de
parecer, que esperem a.deciso da mesma assem-
bla por haver j um projecto de decreto a este
respeito.. . .
Pao da assembla;23 de Maio de
Rodrigues Vellosode Oliveira.-Estevao Ribeiro de
Rezende,-'Jos Teixeira da Fonseca Vascoilcel/os.
-Jos Anton'io da Silva J1Jaia.-Joao Antonio Ro-
'd'l'igues de Carvalho.'-D. Nmw E1tgenio de Lodo e
Seilbitz. .
QUINTO.
A commisso de legislao vio o req)lerimerlo de
Manoel Antonio Coelho de Oliveira, que pedia a
'priedade do oflicio de escrivo da correicr.o da cidade
de Olinda, e de parecer, que pertenc no governo
o deferimento, assim como 'todas asprovidericias
relativas s serventias dos oflicios, . einquanto a
assembla no estabelecer o regulamento gerl.
Pao da assembla, 24 de Maio de 1823.-Antonio
Rodrigues Yel/oso de Olivcira.-Jos Antonio da
Silva lIIaia.-Joao Antonio Rodrigues de Cm'valho.
-D. Nmw Eugen'io deLocio e Seilbitz.-Estevo
Ribeiro de Rezende.-Jos Teixeira' da Fonseca
Vasconcellos.
>0 811. ANDRADA MicHADO o!votaono:
fuinal; e sendo geralmente apOIado, a
ilHa, venceu-se!que passasse o proJ ecto a 2
a
dis-
s
so
por 36 votos contra 19. . "
Votrfvor, os 81's.: Fernandes. Pinheito,
Senna Ribeiro, J3astgs,' e Silva,
Rodfigues Velloso, Couto deAndrada,
.A.roucheRend?ll,. Costa Agmar, Andrada
Pinheiro de QhveIra, Rocha, Rezende Costa, Mala,
Teixeira. Vasconcellos, Rocha. Franco, Silveira
Mendona, V Soares, Ca:mara, Teixeira de
Gov, RodrIgues da de Santo Amaro,
Pereira da Cunha, AccJOh, Lopes Gama, Caldas,
Souza 1\1ello, Henriq,ues de l\Ioniz
Ferreira Barreto, Cavlcanli de Lacerda, LocJOe
Seilbitz, Ahneida e Albuquerque, de Car-
valho, 'Nav;arro de Abreu, Pacheco e SJlva.
Votro contra, os Srs. : Paula e 1\1ello, Ribeiro
de Rezende, Araujo Vianna, Gomide,Dias, Furtado
del\Iendonca, Franca, Nogueira da Gama, .Carneiro
de 'Campos: Ribeiro' de Sampaio, Andrade Lima,
Fortuna, AraujoLima, Xa.ier de Carvalho, Ferreira
Nobre, Cruz Gouva, Carneiro da' Cunha, Alencar,
Ornellas. .
OSR. RODRIGUES VELLOSO, como relator da com-
misso de legislo ejustia civil e criminalleo os
'seguintes pareceres:
PlillIEIRO.
brigadeiro Domingos Alves Branco ,l\Ioniz Bar-
reto,preso na fortleza da ilha das Cobras,
sido' pronunciado em uma devassa, a queo mIlllS-
:terio mandou proceder, requer, que se lh.e mande
abreviar a deciso do seu processo, queIxando-se
de que os . d_e-
corro os sessenta dIas, que a cltaao
edictal dos auzentes co-reos; e a commlsso de le-
gislao de parecer, que o no
assembla>emquanto nao mostrar exaurIdos os
meios ordinarios.
<Paco da assembla 26 de Maio de 1823.-Antonio
Rodrigues Velioso d Oliv!}ira.-Jo.s Teix,eira da
'Fonseca Vasconcellos.-Joao Antomo Rodngues de
Cvalho.-Jos Antonio da Silva Maia.-D. Nuno
. jiugenio de Locio e Seilbitz.-Estevo Ribiro de'
d Requer Bonacio Jos Sergio, que se mande pr
Rezen e. SEGUNno. em actul, e inteira observancia a concordata feita
entre os escrives das provedorias seculares, e
A commisso de legislao attendendo ao ex- eclesi1\sticas, a respeito das 'contas dos testamentos,
posto no requerimento de Luiz Gomes preso na que foi approvada pelo alvar de 3 de Novembro de
cadeia desta crte, por ter sido envolvido em uma 1622, emquanto se no organisa UJ+Ia nova legisla-
devassa de roubo, de parecer que nc!' compete o, para se evitatem as despesas, . os incommodos,
assembla o conhecimento; mas como consta de e chicanas, a que de motivo a proviso. de 16 de
uma certido junta, que este ro se acha retido na Janeiro de 1806. . . '. . '.. .' .'. '.
priso desde Setelllbro e na Parece a commisso de legislao, qusuppost
qulidade de cidado 0ppflIDldo, tem direIto ao soc- o pretendente exija uma providencia para caso Par- .
corro desta assembla, a mesma commisso de ticular,e seo, pela em que est dedal'
parecer, que se expessa ordem ao governo para que contas de uma testamentana, comtudo, porque esta
faca abreviar a deciso do processo. . proVidencia, quando tenha lugar,' no p6de dar-se,
}laco da assembla, 23 de Maio de 1823.-Antonio seno em generalidade, e por virtude de uma lei,
Rod1'igues Velloso de Oliveira.-Jos Teixeira da deve dirigir-se a pretenco por meio da representa-
Fonseca Vasconcellos. -- Jos Anton1:o da Silva co na f6rmado regimento prvisoriodaassembla
Maia. Joo Antonio Rodrigues de Ca1'valho .-D. ap. 6, arts: 69-, 'lO, e 71, para se proceder na confor-
Nno E1tgenio de Locioe Seilbitz.-Estevo Ribelro midade dos' outros artigos, '72, e seguintes. .
Rezende. . . Paco da assembla, 21 de l\Iaiode 1823.,-Antonio
TERCEIRO. Rodrigues Velloso de Oliveim.__Estevo,Ribeirode
- A commisso de legislao vendo o.requerimento Rezende.'"-Jos Teixeira da Fonseca Vasconciillos.
-de Joo Soares lisboa, preso na.cadela desta crte, Joo Antonio. Rodl'igues de D: NuM
,pronunciado, e j intima.do em VIrtude. a.ccordo de Locio e Sei(bitz.-J da. Si'v/J,
dasupplicao para dizer de facto, e direIto, que J'
34
SESSO EM.28 DEMAlO DE: 1823
pede para o seu curativo, esperando
que se antes dene conseoouir restabelecer-se. vir
auxilia-la no exerccio' de suaS au.,"1l5tas" funces.
Deus guarde a V. S. Paco da assembla. em Z1 de
Maio de JOr[nim Carneiro de Campos.
SETIllO
.A commisso de legislao vendo o
de Luiz TelIes.Barreto de Menezes, que se queIXa
de ser perturbado na posse antiga e pacifica da ilha
denominada do Bom Jesus pelos administradores
do dos 9:ue
- na dita ilha, que alias diz o supplcante nao sera
apropriada para tal estabelecimento, de parecer,
. que emquanto.ao deve o re-
correr aos meIOS ordinarlos; e que a respeIto das
vantagens ou inconvenientes da collocao do hos-
pital, naquelle ou em ouLro lugar, no pde inter-
pr parecer por no competir a esta commisso.
Ro de Janeiro no pao da assembla, em 26 de
Maio de 1823.-Antonio Rodrigues Yello:::o de Oli-
tJeira. -Joo Antonio Rodrigues de Carvalho.-
Jos Teixeira da. FO)l$eca VasconceUos.-D. Nuno
Eugenio de Locio e Seilbit:::. - Estevo Ribeiro de
Re:::elu1-e.-Jos Antonio da Silva Jlaia.
OITA.VO
A commisso de legislao tendo exaUDado o
projecto de lei apresentado pelo deputado o Sr. An-
tonio Luiz Pereira da Cunha, no pde exitar sobre
a necessidade e urgeneia da medida proposta no
mesmo projecto: de parecer, que por esta assem-
bla se mandem consenar em inteiro vigor todas
as leis, regimentos, al,ars, decretos, e reso-
luces esistentes, que faro promulgadas pelo Senhor
D: Joo VI e seus agustos predecessores; as das
crtes de que obtivero a sanco de S. M.
Imperial, e todas as que promulgou o mesmo Se-
nhor, em quanto Regente, e depois de acclamado
Imperador constitucional, at installao desta as-
sembla; para por elIas se regularem os negocios
politicos, civis, militares e economicos deste impe-
rio, emquanto se no organisarem os novos codigos
peculiares, ou no forem revogadas ou alteradas as
sobreditas. Pao d'assembla, 24 de Maio de 1823.
-Antonio Rodrigues Vello:::o de Oliveira. -Joo
Antonio Rodrigues de CaT'Valho.-D. NUM Euge-
'nio de Locio eSeilbit;;.-Este'Vo Ribeiro de Re:::ende.
-los Teixeira da Fonseca Vasconcellos. -Jos
Antonio da Silva Maia.
. Todos estes pareceres foro remettidos: mesa.
O SR. PRESIDENTE poz em deliberaco o parecer
sobre o requerimento do" brigadeiro Dmingos Alves
Branco Moniz Barreto; "e depois de breve debate
foi approvado.
- Os outros pareceres ficaro adiados.
O SR.PRESIDEl'<""TE ass:ignou para ordem do dia a
deliberaco sobre os pareceres das commisses; e a
.continuco da discusso dos do regimento
da assembla.
Levantou-se a sesso s 2 horas e meia da
tarde.
Jllanoel Jos de Sou::a Frana, secretario.
Sesso em 28 de""o de
PRESIDENClA DO SR. BISPO c.U'Er.LO-JlR
Reunidos os Srs. dapiitads 10 horas d.
manh fez-se a chamada e acharo-se presentes 52,
faltando o Sr. Gama, Silveira de Mendona., Andra-
da e Silva. Costa A.guiar, Ribeiro de ndrada, e
Andrada Machado.
Leu-se a acta da sesso antecedente, e foi a'[)-
provada.
Os Srs. Costa Aguiar, Ribeiro de Andrada, e
Andrada Machado comparecero ento na sala, e
tomaro os seus assentos.
O SR. SECRETARIO CARN:ElllO DE CAMPos leu o se-
guinte omcio do ministro dos negocios da marinha:
cc Illm. e Exm. Sr.-Foi presente S. M. I.
o contedo nos dous a,isos que recebi, ambos
com data de do corrente. O que Y. Ex. levar
ao conhecimento da ass:cmbla geral contituinte
e legislativa do Imperio do Brazil. Deus guarde a
V. Ex. Pao da assembla. Rio de Janeiro, 21 de .
Maio de 1823.-Ll/i::: da Cunha .1Ioreira. Sr. Jos
Joaq:uim Carneiro de Campos. li-Ficoua assembla
inteIrada.
Passou-se ordem do dia; e o mesmo Sr. secre-
tario leu o parecer da commisso de legislaco, que
ficara adiado da sesso antecedente, sobre o re-
querimento de Lui::: Telles Barreto e JIe1le;;es.
O SR4... parecer no
approvo a clausula final. A conunisso dividio bem
a preleno em duas partes; e conformo-me com o
voto que d sobre a 1"; maS quanto 2& no
queria que dissesse que no interpunha parecer, por
no competir o negocio coDlJDisso; creio que
deveria dizer, por no pertencer o conhecimento
delle ao congresso, e sim ao governo. Ns ordena-
mos os estabelecimentos, mas no nos mettemos com
a escolhados terrenos para elles.
Este, que um estabelecimento de caridade, se
agora se tratasse da sua organisao, seria objecto
de lei, e nos pertenceria"; mas elIe est feito ; a
questo versa sobre o lugar"ser ou no apropriado;
isto toca ao executivo e no assembla.
OSR. MAlA:-Como ha uma commisso de saude
jUlgou-se que este objecto lhe -pertencia por
ser relatiVO ao tratamento de uma enfermidade e
neste sentido se fez a declaraco final de que o
illustre deputado.
q SR. PEREIRA D.-\. CmalA:-Eu tambem julgo
mUlto acertado o parecer da commisso quanto "
la parte; e pelo. que pertence 2
a
, .vou dizer o
L
-que sei para instruco.da . ....
. RESOLUES DA ASSEMB A .. Estes estavoaquarteladosno hos-
PARA llERNARDO .Jos" DA GAMA. pItal de S. Christovao; mas por motivos que pare-
cero justos mudro a ilha das..Elixadas,o
A assembla geraJ.; constituinte e legislativa do que custava a fazenda publica a despezaannualde
imperio do Brazil, attendendoao que V. S.lhe re- perto de quatro mUrusados que pagava de aluguer,
. presentou..sohreo seumo estado de saude, manda de outr?S
participar-lhe que, lastimando a falta da cooperaosltlo que eachou:-S6
das suas luzes para o desempenho dos trablhos da que a ilhados 'Frades podia'bemservr ao dito uso,
mesma assembla, .lhe concede os quarenta dias de at porque ali no"existio: mais de dousreligiosos,
SESSO EM 28 DE MAIO. DE 1823
135
A commisso de fazenda encarregada de einittir
seu voto sobre a quantidade e qualidade de indem;.
nisao concedida llela assembla: geral constituinte
e nnperio a IosVieira de. Mattos,
procurador dapiovincia do _Espirito-Santo, .. de
e porque era de esperar que estes gostosamente se Foi approvado; mandando-se expedir ordem ao
prestassem.aum talacto de caridade. governo para se abreviar a deciso do processo
.Todavia elles' fizero' UDl}l representao, e no 4.
0
Sobre o requerimento de Manoel Antonio
sendo attendidos, ordenou-se a mudana. Como de que .pedio a propriedade do
pois pretendem, agora os frades privar os OffiClO de escnvao da correICo da cidade de Olinda
enfermos d'aquelle abrigo, que talvez suavisar de Foi approvadQ; declarando-se pertencer o deferi':
algum modo a sua triste situao? Eu no lhes re- mento ao govemo.
coDheo direito algum para esta e at 5.
0
Sobre orequerimento de Bonifacio IosSergio
por lhe obstar o voto de pobreza, que Implica com em que pedio se mandasse observar a lei da alter-
o dominio de nredios: P. quandQ tlyessem direito nativa da conta dos testamentosentre as provedorias
deverio recorrr ao 'poder executivo. Demais, secular e ecclesiastica. . '
lembra-me que se lhes. reservou uma parte do con- Foi approvado; resolvendo-se que por ser a peti.
vento para poderem guardar as suas alfaias; tudo objectoj.e lei, devia proceder-se na frma dos
isto fez o governo de intelligencia com os mesmos artIgos 69, 10, e 71 do regimento da assembla.
frades; e portanto considero indeferivel a pre- 6. Sobre o projecto de lei proposto pelo Sr.
tenco. Pereua da Cunha, para a confirmao geral de todas
Sa. CARNEIRO DE CAnos:-0illustre preopi- as leis, porque at agora se tem regido o Brazil.
nante est equivocado; no so os frades que re- Foi approvado, depois de algum debate; deci-
querem, Luiz Telles Barreto de Menezes que se dindo-se que lugar a approvao indistincta
diz senhor d'aquellailha; mas quanto ao mais que de. todas as leIS, ou elIas fossem publicadas pelos
disse sobre a mudana verdade; o que atlirmo reIS de Portugal e .A.lgarl'es, quando tambem oemo
. este negocio passou pelas minhas mB.os. Os do Brazil, ou pelas-crtes d'aquelIe reino, ou depois
lazaros foro mudados de S. Christovo, por ser por S. M. I.,.tanto na qualidade de principe regente
aquelIe lugar mui proxinIo da cidade, onde alguns como na de Imperador..
delles muitas vezes chegaro a vir em fugas que O SR. RODRIGUES DE C.\RV.\LHO :-Por occasio
fazio, com o terrivel risco de secommunicar aquelIa deste projecto lembro que o Sr. Maia apresentou
molestia ; e . tambem porque se julgou aquelIe hos- esta assembla uns apontamentos para bases da pro-
pital muito accomodado para o aquartelamento de clamao que este congresso de"e fazer aos povos
tropa, e tanto que para ali se mandou logo ir o do Brazil: eu consil1ero a materia urgente, porque
batalho de caadores de Portugal n. 3. ns ainda no demos parte aos nossos constiluintes
Quando se tratou da mudana dos lazaros era da ',de que estavamo,. reunidos, e alm disso podemos
inteno do governo dar-lhes prop.ria, mas. fazer-lhes conhecer os nossos trabalhos, e at
como no se achou apezar. das dilIgenCIas que se disp-Ios para receberem bem as reformas que fizer-
mero, foro para a ilha das Enxadas; mas no mos. Portanto requeiro que se vote sobre a urgencia,
havendo ali agua que precisa em abundancia para que se trate da proclamao, encar-
para os seus banhos, nem pastos para os gados que regando-se della uma commlsso, ou por qualquer
tambem so indispensaveis para haver o leite, de outro modo que parea conveniente.
que fazem uso, mandou-se de l .transporta-Ios para Foi apoiada a urgencia; e a 2
a
leitura dos
a illia dos Frades, onde terio mais commodidades. referidos apontamentos do Sr. Maia, (veja-se sesso
Sou pois do mesmo parecer; ns nada temos com de;) do corrente) venceu-se que fossem remettidos
este negocio; a sua deciso pertence aO executivo. commisso de constituio para fazer a proclamaco,
Depois de mais algumas ligeiras observaes, que seria depois presente assembla para serap-
approvou-se o parecer da commisso quanto la provada.
parte no competir assembla o O SR. SECRETARIO C,\.RNEIRO DE CAMPOS, em nome.
conheCImento do esbullio; e quanto a 2.& mandou- da commisso de policia leu a selTuinte:
se remetter ao governo por ser de seu cargo conhe- l:>
cer da conveniente accommodaco dos ditos lazaros. PROPOSTA
Successivamente foro lidos s mais pareceres da A commisso da policia da assemblaprope
-dita commisso de legislao, que na sesso ante- serem necessariospara o seroco da mesma assem-
cedente viero mesa; a saber: bla os seguintes empregos:
. 1.
0
os-prezos da provinda 1 porteiro mr, 2 ajudantes do porteiro mr, 2
de . I em gue pedrrao geral por oc- arrumadores para as galerias, 4 continuos que de-
caslao da lnstalIaao da assemb1ea. ver substituir, por nomeaco da commisso os
Foi approvado; determinando-se que esperassem impedimentos dos ditos arrmadores, 1 moco ou
a resoluo do congresso sobre um projecto de empregado da liIn.'Peza de todo e edificio. Pao da
decreto pendente a este respeito. asseI;Dbla, Z7 de Maio de 1823.-Bispo capello-m'r,
. 2.
0
Sobre o requeriment de Joo Soares Lisboa presldenle.:-Jos Joaquim Carneiro Ca-mpos.-:
que pedio que se fizesse effectivaa responsabilidade lJ/,!noel Jose Sou::a,Frana.-:-L,,!C'to Soares Tet-
'dos ministros que o tinho pronunciado e prezo, e xetra.de Gouvea.-Jose CustodtO Dias.
'que !he o passar para a fortIeza da ' Julgou-se urgente e fez-se 2
a
l.eitura.
ou llha das Cobras. . O SR. RIBEIRO DE ANDRADA como relator da
Fi a,ppro..ado; resolvendo-se que a supplica na commisso de fazenda leu os seguintes pareceres:
1& parte era intempestiva por depender de sentenca
ftria1;. El na2f. pertencia ao conhecimento do g- PRIMEIRO
verno., . -
. ROSobre o requerimento de Luiz Gomes que se
'iIUeixou:. -de.. estar prezo' desde Setembro de 1821,
. pronuncia de uma devasta. de
roubo. . -
136 SESSO EM !8 DE MAIO DE 18i3
parecer que se deixe aogovemo opoder de arbitrar a_ como sas
a referida indemnisao com-tanto que no exceda. alguma.
quantia concedida aO -procurador geral da pro- .A vJsta,- POIS, eu reqneuo esta
vinciadaParahyba,porserellegovemoquemmelhor aUeousla nao .delXe JlO!' esta. de
pde amar os-servi!;OS prestados causa publica., e dar a meonvementes, at mesmo
o verdadeiro estado de necessidade emque se tem porque.a das Alagas onerada de5pe;:-
achado o supplieante. Pao da assembla, Z1 zas no sell nascente,.nao
Jlaio de 1823.-Baro de Santo Amaro.-J[artnll snhsJst!r pnvada dos reditos de suas
Francisro Ribeiro de fldrada.-Manoel Jaciftt1l4 em CUJos termos proponho que se pea ao lD1DlS-
NogtUira da Gama.-Josroud/.e de Toledo Ren- terio pe:Ja de fazenda a (ia represen;
don.-Jos de ReseJlde Costa. _Foi approTado. ::. que me volte
coIDJnISSo para mdicar algumas proVIdenCIaS, se-e
C( SEGUNDO que por alguma falia de documentos, 011 noes,
a: A. commisso de fazenda de dar o juloaou -prudente no deliberar por ora sobre esta
seuvoto sobre a da Junta da fazenda materia.
da proTincia das relativa arrecadao Emquanto parte do mesmo parecer, da
dizimos, dos seiscentos ris por do commisso, re1ati.amente venda de Po-BraziI,
exportado da mesma, e venda do pao brazil.; e eu sou conforme; mas insto que se no
parecer queno tem lugar por haver uma le.:,O'JSIaao para que em tempo competente se tome em CODSl-
em vigor que a dos e a derao como merece neste imperio o ramo de Po-
venda dosegundo; e ser nas ac:
tuaes
Brazil.
extemporanea toda e alteraao particular O SR. LoPES G.uu. _ No sem algum funda-
DO systema das da assem- mento que a junta da fazenda da provncia das Ala-
bla, de Maio 1823.-:-Barao de :Santo A-maro. gelas pretende desta assembla legis-
-!!'artlm. Ribeirode fldrf!da.-Hanoel lativas para a arrecadao do imposto que faz ob-
Jacam1w Gama.-Jose Arouche de jecto do presente parecer-da commisso; e ser no
Toledo ReJldOfl.-Jose de Re::ende. Costa. menos preciso estender essas providencias a outros
OSR. SoUZAE 1tb:u.o:-Naqualidade de deputado ramos da administrao financeira, que naquella
pela provincia das Alagas tenho de fallar sobre o provincia encontro no pequenos estorvos e ob-
parecer da commisso de de se staculos em sua arrecadaeo, do que tudo estou ao
uata. A. junta da fazenda da referIda provmoa_das facto por ter ali servido, j de presidente da mesma
Alag8S dirigio esta assembla. a a junta da fazenda, como ouvidor da e j -de
que se refere o parecer por estra- presidente do governo. Mas todas as leIS e regula-
gados e arruinados os rendimentos publicos que mentos tendentes a taes objeetos demando apura-
Ihe compete das de das informaes e circumstanciadas. instruci!es
fazenda das proVIDoas limitrophes, ou a facilidade para que o poder legislativo tendo assun o deVIdo
da exportao e tem oecasi0!1
ado
esclarecimento :{lroceda com acerto sobre to 00-
extraordinarios dos direItos est;abeleCJdos, portantes materias.
porque por um, ou por ambos os monvos sobre- E' por isso que na reforma geral, de que essen-
ilitos, os subsidios do algodo e assuear aquella cialmente carece o systema de finanas de todo o
provincia produz, ou desapparecem imperio, a provncia que me honrou com o seu voto
mente, ou vo serarrecadados,;e consumIdos a0!1
de
para occupar este lUorral", merecer uma particular
os generos. prodUZIdos, e a nada dist.o atteno, no s sobre a requisio.de que se
obsto as diligenCias, e os procuradores estabelecl- mas tambem sobre muitos outros obJeetos de mllor
dos. Por outra Pax:
te
as fianas para monta. Entretanto que esta reforma se no e
segurana dos dll'eltos na costeira tm neDa se cuida, a junta da fazenda das AIagas ponha
sido bastantemente especIalmente peque- empratica para a recepo do de 600risem
nos lavradores; e mUltos donos desses generos tem arroba de algodo o mesmo expediente com quelaz
sido victimas de direitos duplos; porque apezar das seus os dizimos do assucar exportado para Pemam-
fiancas prestadas nos portos do embarque nasAla- buco, ou incumbindo esta arrecadaeo ao mesmo
gaS quaes so obrigados ou agente, que recebe os mencionados izimos, ou
no penodo forno, e sao oJ:lngados a meando outro ;_0 que tudo pde ter lugar a respelto
pagar tambem no porto da cidade da Bahia da provincia da Bahia para ondetambem d'alli se ex-
ali vo tocar, e descarregar semse attender s gmas porto taes generoso _
de 'lua vo _ Desta sorte se evita o vexzupe que sofrrerio os
Todos os motivos expostos,. fizerao n.!ls Alagas lavradores em levar o algodo a um certo e deter-
diminuir muito as rendas publicas, fizerao estagnl.U' minado lugar da provineia s para a soluco de um
o commereio e fizero o f:!amor dos povos por tributo, para depois irem procurar o mereado al-
de repetidas represe.ntaoes ao governo da proVID- guma das provincias limitrophes, visto que naqueIIa
cia. Em consequenCJa, em Agosto ou Setembro de a exportaco directa no tem proporo com o pro-
1821, sendo eu da junta re- ducto do genero. .
a_mesma .Junta para esta S. M. Emquanto pois o commercio das no re-
Jmpenal, ento llDpe?-o, tudo cebe os estabelecimentos de que ha mister, sou do
quanto _cireumstanCladamente oecoma, pro- voto que se proceda na arrecadaco dos 600 rs. por
videncias, como ha de constar na secretaria de es- arroba de algodo pelo modo e operao expandida,
:tado respectiva. e assim approvo o parecer da commisso. .
- S.M. Imperial houve JlOrbem determinar que A'cerca do commercio do po-brazil parece-me
'se- dirigisse aquelle negoCIo s crtes de Portugal, acertado, que por uma lei extensiva e geraI todas
a' quem este impelio estava em C!'I!- as provncias enriquecidas desta prodl1cosejarega-
$6qllencia do que o governo da proVIDCla se deCIdiu lado. - _ - _
SESSO EM: DE mIO DE 182-3
137
<1 A commisso de saude publica noma para
D?-.embros. da commis.."o de fra, os conselheiros
"icente Navarro de Andrade, Francisco Manoel de
Paula e o Dr. Antonio Ferreira Franca. PaI;:O da
assembla, 23 de -lIaio de 1823. -Antnio GlIcal-
tes Gomide, Jos Teixeira. da raScoticel-
los, Candido Jos de -,1ralljo 1-"iamla. -Foi ap-
pro\ada.
PassC?u-se a ordem do dia, discusso
dos arugos do re.:,"UDento da assembla e entrou
em debate o seguinte:
Art. 3. Opresidente no poder fazer moco
discutir. nem ,otar.)l
O SR. DE - Sou de parecer
que se e mudar esle artigo e undo-me par'l isso
n'uma slDlples razo.
O Sr. presidente UDl deputado da assembla
um representante da nao eleito por seus
tnintes para procurar o bem geral do BrazU' o
meio de satisfazer a esta obrigao
discutmdo e votando; logo se tiramos ao
preSidente esta !aculdade. prhamol-o fazeraquillo
para que a naao o nomeou. e eu creIO que no te-
mos autoridade para isso,
l\"em obsta o dizer-se que este incoD\enient.l
dura pois pde o deputado eleito
no prlmeno mez para preSIdente, ser reeleito at
ao fim da legislatura; ficando assim a assembla
privada da cooperaco das suas luzes, quando pde
succeder que se dscuto negocios que ninguem
conhea melhor do que ellc. Fundado nestas ra-
zes voto contra o artigo.
(Outros Srs. sustentaro o artigo reforcando os
argumentos j feitos na sesso de 21 daquelle mes-
mo mez.) E afinal foi approvado.
Art. 4." O presidente ser eleito em cada mez'
poder ser realeito ; e ter o tratamento de excel':
leneia na communicao official.- Foi approvado.
Art, 5. o No poder ser. membro de commis-
so durante a sua presidenci.a;. estando porm j
empregado em alguma commlssao, finda a presi-
dencia, voltar mesma commisso, ficando sem
cffeito a substitui.o.
O SR. CARNEIRO DE CAflII'OS: - Eu approvo a dou-
trina do artigo, mas no me parece bem redigido:
diz-se alli que o Sr. presidente no pde ser
membro de commisso alguma; e elle e membro
nato. da de policia. Portanto julgo que devia de..,
clarar-se esta excepo. .
O SR. PEREIRA DA CUNHA: - Como em outra
parte do regimento, onde se trata das commis-.
ses, se diz' que opresidente membro nato, da de
policia, claro que por aquelle lugar se de.e
tender este artigo; e por 15S0 me parece. desne-
cessaria a declarao. .
.;OSR.1bBEmO DE ..1))JU])A. observou emprimeiro a obserno do que estan determinado por lei.
IlIc"ar que era sempre mais nvenienle e acertado que _por nada mais cumpriafazer-se
Do legislar em parLicular sobre materias de impo- nao em geral; ,6 que erao que
sies, e muito principalmente quando ha legislao tinha entendido a commisso e o expu..--era no seu
propria seguida e ooservada, como no caso pre- pa:ecer pelas razes ja declaradas; e que julg;Ta
sente; e em sea,aundo que se alguma junta da fa- endentes. .
zendano executava as ordens do go.erno dena este Julgou-se a materia suflicientemente discutida' e
:faze1-as observar; mas que de nenhum modo se procedendo-se fei :lpprovado o parec;r.
legislasse agora a respeito dos dizimos do :llgodo, O S TV' .
evena o que tratanl a representao .a. _ ElXElR.\ DE eJ}l nome da
da fazenda das Alagls, pois o que convinha era COmmlssao de saude publica leu a sea,"UlIlte
observar o que estava determinado, at se regular . PROPOST.%.
pela assembla l'm geral' o que se julgar utl.
O SR. AcclOu: - Sr. presidente: No posso
deixar de ap'provar a primeira parle do parecer da
eommisso a vista do que acabo de ouvir ao hon-
rado membro o Sr. Ribeiro de e estou
bem persuadido que as providencias dadas para a
minha provncia a semelhante respeito tero posto
em socego os seus lavradores do algodo.
Todavia no devo guardar 'silencio quando me
lembro dos incommodos que elIes tem soffrido no
pagamento deste imposto.
Sr. presidente, agricultar um genero que faz um
forte commercio naquelIa pronncia. e para o expor-
tar, o lavrador seja o comprador, ser obrigado
a dar uma fiana, alm do prejllizo que muitas vezes
. elIes tem experimentado, traz comsigo o estor"o do
commercio; e isto so abusos do .elho governo
que nas actuaes circumstancias prompla-
mente remedio; e o mais , que este imposto pas-
sava a utillsar a outras provincias que no o tinho
produzido.
QaanlO segunda parte do parecer, como estou
certo que esta assembla ba de tomar em conside-
raco um objecto de tanta importancia, e do
que resulta grande interesse fazenda nacional,
por isso igualmente o approvo; visto ser conforme
a razo que por ora se no dm providencias uni-
camente para aquelIas provncias, quando elIas
devem ser geraes a todas que abundo de seme-
lhante genero, e do qual se pde fazer um belIo e
interessante ramo do nosso commercio.
OSR. SoUZ,.\. E :MELLo: - Eu j disse que me
conformara com a segunda parte do parecer rela-
tivamente ao po-brazil, e disse como em tempo
competente se devia olhar esta materia; portanto
no necessario que se expendo doutrinas este
respeito que ninguem combate; digo porm nova-
mente que no sei como se possa consentir que se
no trate agora mesmo de providencias, ou instruc-
ces sobre a representao da junta da fazenda das
que faz objecto da primeira parte do parecer
da ,commisso; necessario attender que tal ne-
gocio j foi representado S. lU. I., s crtes de
Lisboa, e agora esta assembla; que elIe tem por
objecto gravame de povos que se queixo, como eu
1riho exposto, e extravios de direitos. .
F certo que ha legislaco existente sobre o caso,
porm, ou ha abuso, ou' incovenientes na pratica,
e .por isso que se pedem providencias. Se casos
desta natureza devem ficar espassados, ao menos
no fico, ,nem ficarei eu jmais sem. expr tudo
quaJ:lto estiver meu alcance pelo bem da causa
publica. .
. O DE ANDRADA disse que o illustre
.. preopinante 0 no entendera; mas que elIe decla-
rara que se tinho expedido, e estavo expedindo,
as convenientes ordens s diversas provincias para
138
SESSO EM: 30 DE MAIO DE 1823
o SR. .'..DR.1DJ. lliCIIADo: -.A. eommisso viua
relaCo ciue h entre este artigo e o 146, onde se diz
que presidente .membro nato da commisso de
policia, mas julgou de:.-neeessaro faliar n'isso; com
tudo eu appro.o a emenda para maior claresa.
O SR. C.uu."EIRO DE C.UlPOS : - As leis de.em ser
claras; e a proposio do artigo como est, falsa.
Nelle se diz indeterminadamente que no pdeser
membro de comJDisso, seja ella qual for; logo
para que n.o haja contradco entre este artigo e
o 146, deve fazer-se a excepo que propuz;
O SR. RIBEIRO DE ANDRADA.:- Eu creio que o
artigo de.e passar como e:>t. Toda a comltlisso
quando appresenLa o seu parecer, tem direito a ds-
cutU-o, e a votar neUe ; Ota pelo art. 3 que j se
enceu no pde o Sr. presidente nem propr, nem
discutir, nemvotar, logo no pde ser membro de
commisso alguma, que o que diz este artigo, e
por isso de.e passar como est redigido.
Fizero-se mais algumas breves reflexes; e por
fun foi o artigo approvado.
Art. 6. Na falta do presidente, chegada a hora
aprasada, o vice-presidente tomar a eadeira do pre-
sidente e far as suas funcces. Na falta de ambos
servir o secretario mais antigo.
Lembrou o Sr. Carneiro de Campos que no de-
ia dizer-se secretario mais antigo, porque os se-
cretarios ero eleitos ao mesmo tem}Jo; e que por
isso lhe parecia que s palavras-o sccretriolll.(l:is
antigo -se substituissem as seguintes-o primeiro
secretario.-Foi approvado OaI tigo com a referida
emenda.
I( Art. 7.0 Na eleio de obser-
var-se-ha o disposto no art. 4. -Foi appro'ado.
Art. 8. O "ice-rresidente 'P.0der ser membro
de qualquer commisso, e paer continuar no
exercicio daquellas para que tiver sido eleito. excepto
quando porimpediJnento do presidente, occupar o
seu lugar; e neste caso observar-se-ha o disposto
no art. 5. li-Foi approvado. _.
Art. 9. Haver dous secretarios eleitos em
cada mez: e dous supplentes; os quaes todos podem
ser reeleitos.
O Sr. Franccl declarou que o' trabalho ia crescendo
e que era mito pezado a dous secretarios. e que
por isso requeria que fossem quatro. DepOIS de
breve discusso appro.ou-se o artigo com a emenda
de- qll,atro secretarios, -em lugar de,- dous
secretarias.
.Art. 10. A ambos os secretarios compete assig-
nar as actas das sesses. as ordens e decretos da
assembla,conjunctamente com o presidente;
panhar ao imperador. principe regente, ou a 1'e-
gencia. occupando neste interva110 os dous sup-
p-Ientes os seus lugares na mesa; dirigir todos os
a<:t05 solemnes de juramento, e o mais que neste
regim.ento se contm; acompanhar aos deputados
que de novo entrarem a jurar na assembla, sahin-
do a recebeI-os na porta da sala. li
Tendo faUado alguns Srs. deputados sobl'e a in-
telligencia verdadeira das palavraS ordens e decre-
tos que o presidente e secretarios devem assignar;
resolveu-se que em razo da alteraco que tivera o
artigo antecedente, fosse este art: 10 e todos os
mais do capo 3 novamente redigidos pela commis-
so, para serem
O Sr. presidente, assignou para a ordem do dia:
l, a 3& discusso do projecto sobre sociedades se-
eretas ;-.2'>, a discusso da.proposta dos ltlooares da
seeretana da assembla; 3", a continuaco da dis- .
cusso dos artigos do regimento.
Levantou-se a sesso s 2 horas da tarde.
ACaMel Jos de Sou:a F"(1na, secretario.,
RESOLUES DA ASSSEMBLA..
PA.U CAETANO PV!"TO DE MIlUNDA MOl.\"TENEGRO
rum. e E:nn. Sr.-A ::sscmhla {;t:J:a1 constituinte
e legi5lati.a do imperio do BrazU; sendo-lhe pre-
sente o requerimento de Luiz Gomes, em que se
queixa de ser retido empriso desde Setembro de
1821, por ser comprehendido em uma devassa de
roubo, resolvido, ql;le se eX{>eo as ordens .
necessarlas para se abreViar a deCISo do processo
do supplicante,le terminar-se a oppresso de que
se queixa. Oque V. Ex:. levar ao conhecimento
de S. M. l.-Deus guarde a V. Ex. Pao da assem-
bla em 28 de Maio de 1823.-Jos Joaquim Car-
neiro de Carnpos.
p....l\A ?oL\l\Tnt 'Fs..UlClSCO l\1BEll\O DE ,u'Dl\Al)A.
DIm. e Exm. Sr. -A assembla geral consti-
tuinte e legislativa do impero. do Brcull, tomando
em considerao o requerimento de Jos Vieira de .
Mattos, procurador geral da provincia do Espirito-
Santo, em que pedio algum subsidio para sua sub-
sistencia; por no se achar empregado em servico
publico, e reconhecendo que o governo quem.
pde melhor avaliar os senios do supplicante e
conhecer as suas circumstancias, tem resolvido
deixar ao arbitrio do governo o referido subsidio,
contanto que no exceda quantia concedida ao
p!'ocurador geral da provincia da Parahyba. O que
V. E:c. levar ao conhecimento de S. M. I.
-Deus guarde a V. Ex. Pao da assembla, em'
28 de Maio de 1823.-Jos Joaquim. Carneiro de
Campos.
Sesso ela 30 de Maio de t 823
PRESIDENCIA DO SR. BISPO CAPELLO-MR
Reunidos os Srs. deputados, pelas 10 horas da
manh, fez-se a chamada, e acliaro-se presentes
56, faltando por enfermos os Srs. Rodrigues da
Costa e Gama.
O SR. PRESIDENTE declarou aberta a sesso, e
lendo-se a acta da antecedente foi appiovada.
O SR. SOUSA E MELLO mandou mesa a seguinte
declarao para se inserir na ncta:
Declaro que na ultima sesso fui de voto que
o presidente podesse votar.-O deputado, Francisco
de Paula Sou=a e .:lIello.
O SR. PEREIRADA. CUNHA como membro da com-
misso de redaco do regimento da assembIa,
requereu a nomeaco de outro membro para ella,
no impedimento do Sr. Gama, para se proceder
nOva redaco do capitulo 3 do dito regimento,
como 'se titiba vencido na sesso antecedente.
Resolveu-se que a simples redacco de contexto
podia ser feita pelos outros membros' da com-
misso.
O SR. SECRETAlUO CARNEIRO DE CAMPOS leu uma
feliCItao da da villa de Barbacena,
sembla; e outra do governo provisorio da proviu..
;.SESSO EM 30 DE MAIO DE 1823
139
trato nas. suas sesses, e querendo poupar fa-
zenda a despeza faria na compra del-
les, mUlto convenIente que, obtida a ne-
ceSsarIa licenca de S. M. o Imperador, a bibliothe-
t",a imperial e'publica desta. crte, fornecesse
mesma assemblea os livros de que esta precisasse
no decurso de seus trabalhos. O mesmo angusto
Senhor, me ordena que participe a V. Ex., para o
fazer presente na referida assembla, que na data
desta, houve por bem permittir, que o bibliotheea-
rio da dita bibliotheea, facilite os livros de juris-
prudencia, ou ainda algum outro que lhe forem
exigidos por parte da mesma assembla, concorren-
do as clarezas e formalidades, que se aCho es-
tabelecidas naquella repartio. Deus guarde a
V. Ex. Palacio do Rio de Janeiro, em23 de Maio de
1823.-Jos Bonifacio de Andrada e Sil'Va.-Sr.
Jos Joaquim Carneiro de Campos.
Passou-se ordem do dia, e sendo lido o projecto
do Sr. Rodrigues de Carvalho, sobre as sociedades
secretas, com as suas respectivas emendas, entrou
em discusso o art.!o que diz:
Fica desde j cassado o revogado o alvar de
30 de Maro de 1818, pela barbaridade das penas
impostas contra as sociedades secretas.
O SR. PEREIRA DA. CUNlU: - da maior evidencia
que o 10 deste decreto no deve passar como est
enunciado, por me parecer opposto aos 'principios
de justia distribuitiva que deve proporciOnar cas-
tigos aos crimes, assim como o premio aos bons
servios feitos ao estado.
No havendo na nossa legislaco alguma provi-
dencia a respeito das sociedades secretas, e sendo
de absoluta necessidade prevenir os males que de
laes conventiculos tem resultado seguranca pu-
blica, era indispensavel estabelecer penas' para
taes direitos e por issolque se promulgou o alvar
de 30 de 'de 1818.
Confesso. reconbeco, a barbaridade de sua dis-
posio, classificando' como crime de leza mages-
tade a simples associao secreta para ser punida
com castigos to acerbos; mas tambem direi que
no devem ficar impunidos os factos desla natureza,
dos quaes podem resultar incalculaveis males so-
ciedade maxima.
Pelo que cassando-se a doutrina do dito alvar
pelos motivos expendidos, elle deve ser subslituido
por disposices que correspondo a seus determi-
nados fins,' e por isso que no roncordo igual-
mente com as emendas que se lhe tem feito.
De duas maneiras considerar as so-
ciedades secretas, ou seja porque ellas no tenho
o cunho legal, isto que se fao taes reunies sem
licena do governo; ou seja porque no obstante a .
legitimidade de sua instituio, ellas tem ultra-
passado seus limites, ingerindo-se nos negocias
polticos do .estado ou conspirando contra elle, e
machinando a sua destruio. .
No 1.0 caso, se os autores detaes instituies no
apresento permisso do governo com aquellas
formalidades que parecerem convenientes para se
fiscalizar sua conducta, devem ser castigados por
este acto illicito, fazendo-se por isso suspeitosos;
mas este simples facto no deve ser logo class1i-
cado em conjuraco, .ou sedico, porque o seu crim
consiste meramnte em no uma licena para
pr em pratic seus exerciCios, a lei'
que assim' o ordena; e esta
do-se digna de alguma demonstrao, no loda-
tia de Minas-Geraes. Foro ambas recebidas com
acorado.
O SR. VELLOSO SoA1lE5 mandou mesa tres me-
morias sobre diversos assumptos.
O Sr. secretario Frana incumbio-se de as apre-
sentar na seguinte sesso, com a summa do seu
contedo para se lhes dar a compe-
tente.
O SR. PA.ULA. E MELLo: -Antes de entrar na or-
dem do dia, peo a permisso de dizer duas pala-
vras. .
Na sesso antecedente resolveu-se que se fizesse
uma proclamao aos povos, e encarregou-se este
trabalho commisso de constituico. Parecia-me
tambem justo e conveniente, que 'se convidasse o
governo a que fizesse um manifesto s naces, no
qual se mostrasse a justia da conducta d Brazil,
e os generosos sentimentos nos animo para
sUstentar a causa da nossa liberdade e indepen-
dencia: e' por isso trago para esse fim
guinte
INDICAO:
Proponho que se convide o governo a fazer um
manifesto s naces, em que se demonstre a jus-
tica da conduct. do Brazil, de 12 de Outubro em
diante, bem como os sentimentos de que se acha
animado. Paco da assembla, 30 de Maio de 1823.
--O deputad, Francisco de Paula.
Resolveu-se que se o1l1ciasse ao governo na fr-
ma indicada.
O )[ESMO SR. PAt.!U E l\IEu.o:-Ns estamos dis-
clltindo difi'erentes projectos de leis; e alguns del-
les sero apJlrovados; mas ainda se no determinou
.a maneira de serem remettidos os decretos da
.assembia a S. li. I., nem a formula para a sua
promulgao.
A indicaco que sobre este objecto olfereceu o
mesmo illustre deputado, foi remettida commis-
:so de constituio. .
O SR. SECRETARIO CARNEIRO DE C.wPos leu os se-
guintes omeios do ministro de estado dos negocios
-do imperio:
Illm. ti Exm. Sr.-Tendo levado aUJiusta pre-
-senc:;a de S. M. o Imperador o omcio de v. Ex., de
17 do corrente mez, em que participa que a assem-
bla geral, constituinte e legislativa do imperio do
Brazil, achando legalmente eleito o padre Venan-
eio Henriques de Rezende para deputado mesma
.a.ssembla pela provincia de Pernambuco, e no
reconhecendo a camaIa da cidado de Olinda por
autoridade competente para annular aquella legi-
tima eleico, havia ordenado que a mesma eamara
lhe transmitlisse, com a maior brevidarle possivel,
o diploma do sobredito deputado V.enancio Henri-
-ques de Rezende. Omesmo-augusto Senhor me de-
termina que participe a V. Ex., para o fazer pre-
sonte na referida assembla, que fica inteirado deste
objecto. Deus guarde a V. Ex. Palacio do Rio de
Janeiro, em 23 .de Maio de 1823.-Jos Bonifacio
de Andrada e Sil'Va.-Sr. Jos Joaquim Carneiro
.de Campos. .
IDm. e Exm. Sr.-Tendo levado augusta pre-
senca de S. M. o Imperador, o officio de V. Ex..
de fo do corrente mez, em que participa que a as-
sembla geral, constituinte e legISlativa do imperio
-do Brazil, tomando considerao a necessidade
de livros para ilIustrao dos negocios que se
1.40 SESSO EM 30 DE MllO DE 1823
via um delicto de tal natureza como aqueUes que dos governos eonstitncionaes. e a suapublicidade;
invertem, e ataco a ordemsocial; e por isso ne- o seu primeiro efreito. - -
cessario substituir uma legislaco propria. uma vez l'io conheco actos indferentes nos individuos ;
que se deroga este alvar; no podendo este ne- logo as socidades secretas; ou so licitas ou iIIi-
gocio remetter-se s leis antigas do Imperio. eli- citas; osjulgadores o decidir. -
tando-se um mal com outro ainda maior. Quanto ao alvar de 30 de Maro de 1818. como
No outro caso porm se em nos achamos aqui para legislar. e abarbaridade das
exeeuco as penas que as leIS mogao aos COn..e:pI- penas abuso do legislador. mmorem-sesuas
radores. e quelles que abusando das sociedades penas segundo a maior ou menor gravidade dos
secretas. para fins philantro- delictos. e attendamos saivao publica. -
picos. e .hem em se atrevem O SR. RODRIGUES DE c.mvALHo: - Sr.
no s a mgeJ?X-se politlCOS do -Ninguem disse ainda que devio haver sociedades
tpmando medidas minStenaes. como se m- secretas. antes o que se pretende que as no
lhes fosse a taes respeItos permltl;Ida. mas haja.
pnnclpalmt:
nte
promoveJ?-do actos subversIVOs com Di.ersa cousa admittir sociedades. ou have-Ias
ataque :t;nanifesto da J:lublica o que deve occultas. logo cada Um tem a facu!-
ser pwud;o com a . . dade de declarar ao governo a associao. que pre-
Pievemr os .cnmes e um maIS tende. o governo a faculta. e ento essa associao
do p
ar
3l eVItar a perda do Cl- permittida e reconhecida. enoest na classe das
dadao que por motl.os appa,ren,!es aba- occultas; supponhamos porm que se no llOOe li-
l,ana. a praticar que se torna0 cena. o ajuntamento vedado. e secreto; temos
a para cUJo bem.todos. devemos contn- portanto que se no permittem sociedades secretas
bmr.. mas uma vez. e absoluta ne- antes se eastigo.
que se o que deve. pro- Quanto ao lo artigo eu no estava-mui presente no
porclOnado pelos de. dolo, mallcla que regimento. e por isso dei a causal ainda que breve
servem de a sua I!"-'PUtaaO..pela regra e dessa causal procedia a razo da revogao, e da
bem de que - t'1l 'I11alefiCttS -r:ol1tntas, doutrina do 20 artigo.
non e:xltus spectatur. O3 artigo ainda que no legislativo em parti-
o SR. DIAS: - Eu propuz que se prohibissem se conclue que no so
todas as sociedades secretas. tIdas as assocIacoes secretas, e no caso de eXIstirem.
Sei que o homem um impulso irresistivel, depois deste prjecto, e de
a communicar aos maIS homens, o que sabe, e en- a conseguencIa era que ficavao SUjeItas taes SOCle-
tende ser verdade. dades correcco, e vigilancia da policia, para se-
O despotismo absoluto de um homem, ou do rem castigados' os cumplices, conformes os actos
povo, por suas preocupaes, deu origem s so- criminosos praticados pelos seus membros.
ciedades secretas: ento obedecen.do o homem Fallro depois almns outros senhores tanto a
imperiosa lei da natureza ao l!Jlpulso do pen- favor do artigo como elle, querendo uns que
samento, que busca sul!: .lIberdade; e d!ls passasse tal qual estava, e votando outros pela sup-
calabouos, e suppllCIOS! os que partIcIpavao presso indicada pelos Srs, Andrada Machado e
dos. mesmos sent!mentos, se segredo, e fi- Frana, nas suas emendas, proposta na
dehdade. enlaarao-se c0!ll o de uma so- sesso de 20 de Maio.
secreta, e se faerao proselitos de sua dou- Julgando-se amateriasulicientemente discutida,
tnna. .. d ..d d d poz-se yotaco; e venceu-se que passava o ar-
nos vestlglOs !! a e uas as- tigo com a suppresso das palavras--pela
soclaoes a no Egypto. a de dade das penas mnostas
Elellsis na Grecla ; a prImeIra Inventada pelo poder . t r o .
dos sacerdotes _do Egypto para terem o povo na Segmo-se o art. 2 , que e do teor segulDte :
e os reis na dependencia ; Todos os. pendentes virtude-
no se creIa que os autores de taes assoClaoes nao mesmo alvara fica0 de nenhum etrelto, e se porao
se atrevero a chocar de frente o politeismo na- em perpetuo silencio. como se no tivessem exis-
cional; a segunda, assim como igualmente a pri- tido, tendo para esse fim o presente decreto, ()
tinha por origem li: necessidad de COIDmu- efIeito retroactivo. --
.mear pensamentos sem pengo. O SR. ALMEIDA E ALBUQUERQUE:-Este paragra-:-
Os mesmos reis se viro na necessidade de obede- pho a meu ver, -parece-me que pde-ser
cer a estas corporaes secretasreligiosas, e debaixo supprimido: revogada a lei contra as sociedades
-de sua direcco dominavo o povo sempre illudido, secretas, claro est que cessa todo o seu effeito;
ora com os prestigios da.mythologia. ora com a ex- ento o juiz no tendo mais obra a fazer por ella,
plicaco dos geroglificos; e no viveria seguro no fico necessariamente sem vigor quaesquer proces-
throIo o rei que no respeitasse estas corporaes, sos pendentes, como se nunca tivessem existido.
pois armas invisveis tinha a combater. Demais todos sabemos que este_celebre alvar de
. s pois as sociedades secretas necessario que de nuuca_teve execuao; talvez mesmo
durem emquanto dura a opposio do. poder nao feIto senao para aterrar; consequente-
soluto do qual mesmo, e de sua perseguIo se ali- mente; nao suppor pendentes;
mento. bem como o heroismo dos martyres se au- necessarlO augmentar e fazer as
gmentava comas tirannias do amphitheatro; ao leIS dfuzas, qu.e o que de as torna ob-
cntrario cahndo .e morrendo o despotismopelo es- scuras. VotOPOlS que se suppnma este 2
0
paragra-
pjrito_do seculo, e' pelo imperio da razo j no so pho. _ _ - _. <>
utes, antes prejudiciaes,. as sociedades secretas. O SR. RODRIGUES DE CARVALHO:-Se o l artigo
_ Aliberdade depensamento oprimeiro elemento passasse como o tinha redigido, no teria lugar esta
SESS.O EM 30 DE M.110 DE 1823
1H
oSR. BA.mo Lnn. defende0 a doutrina do artigo
mostrando com muitos e fortes que
uma vez reconhecidaa injUSticada pena. de nenhum
modo se podia consentir em que a sofressem os
presos ou processados.
OSR. RODlUGlmSDE CaRVALHO: ldisse que quando
concebi o projecto no tratei de legislar sobre
sociedades secretas; foi a minha intenco que na
constituio se prohibisse mui sizudamente todas
as associaes secretas, que tendessem a desorga-
nizar o nosso sistema politico fazendo deste objecto
um artigo constitucional.
Uma lei marcaria as penas, e trataria das outras
sociedades, que tivessemfins innocentes, ou damno-
50S: mas entrar agora emlegislao sobre sociedades
secretas. pergunto estabelecendo-se penas contra
estas sociedades os cidados que se acbo prezos
nesta crte, ou nas provincias (aonde os pde haver
em virtude do alvar) fico livres das penas ful-
minadas. uma vez que se no faa alguma declara-
co, a respeito delles! Eis o que no entendo. A
rei fica comprehendendo todos os ros. e aqui temos,.
que aqueDes. que j esto prezos. e que temsotrrido
prizes rigorozas, e todos os tormentos. que an-
tecedem sentena dada em virtude do al.ar de
30 de Maro ainda fico sugeitos a sotrrer uma sen-
tena e penas quando o Cacto de serem socios de
uma sociedade. secreta, sem outras circunstancias
aggranntes, j est bastantcmente punido pela
dureza com crue os ros tem sido tratados.
No se declarando estes izentos.aindaque no sejo-
julgados na frma do alvar, tem de seremjulgados
pelasleisde policia. como correco,.
por se classificar conventicUlo; e ahi temos os ros
sugeitos a um novo processo, e submetidos a uma
pena arbiLraria correcional, a que havio de pre-
ceder as delongas de taes processos: ora tendo-se
mostrado, que a simples agrega,.co-j est punida
com a prizo. sua frma. e uureza, vem a ser
injusto esse novo processo, nova sentenca, e nova
pena; e para evitar esse novo flaglo, que se
precisa falIar nos ros que se acho prezos, afim de
no ficarem sugeitoi a novas perseguies, e por
isso que voto para que se conserve a doutrina. e
letra do paragrapho segundo.
Julgou-se a materia sufficientemente discutida, e
propoz o Sr, presidente votao: 1 Se devia sup-
primir-se o artigo; venceo-se que no. 2 Se pas-
sava como estava redigido; venceo-se que no. 30
Que emenda conviria?
Propoz ento o Sr. Franca que como algum Sr.
deputado poderia querer fazer alguma emenda de-
veria esta escrever-se e ser remetida mesa para
entrar em discUsso na sesso seguinte, dando-se
assim tempo para se pensar melhor sobre a escolha
da emenda que deveria ter o artigo .Foi geralmente
apoiado, e adiou-se a discusso. '. .
Passou-se ao segundo objecto. ordemdo dia,
que eraa proposta dos Srs. secretanos sobre o numero
dos empregados da secretaria da assembla. (Veja-se
sesso de 21 do corrente.)
OSR. ANDRADA MACHADO :-Penso que se' cortou
com mo larga. Por ora faz-se o trabalho com 4
.officiaes, e o official-maior; e-por isso cuido. que 8
ordinarios e3 supranumerariosso. sufficientef!.
Tudo o que augmentar despezas,no sendoestas
necessarias, no me agrada; e.como estou:persua-
dido .que o trabalho se faz commetade do numero
voto que sejo seis officiaes.:
36
questo. Sendo -a causa da derrogaco do alvar a
6arbaridade da pena que longe guardar me'!ida
e proporo o e o
attacou os prinCIpIOS de Justia, e consequencla que
tudo quanto se tivesse feito, tudo que estivesse
dente devia ou desfazer-se ou cessar; o contrano
seria confessar que se havia. j!-Jlgado por uma lei
iniqua, que reconheCida.
continaSSe o cldadao a soffrer essa mJustia e lnl-
qu!dade; o que no posso admittir.
Supponhamos que esta assembla declara o alvar
em questo barbaro, que o'mesmo que deshumano
feroz, cruel, e que existio cidad:os presos
posio deDe, e outros sentenC1;3-dos; os prImeIros
devio ser soltos. os segundos remtegrados em seus
direitos, no por via de perdo, mas por justia e
dever
. Se o perdo a absolvio da culpa e, remisso
d pena merecida, no quaiira ao que est em P!O-
cesso, onde no ha certeza de culpa, nem
ainda pena infringida; no quadra ao que fOI sen-
tenciado. porque se existi0 cUlpa, nenhuma relao
teve a pena e portanto no foi merecida: e tudo
'lUanto se deve fazer restituir a liberdade e os
bens usurpados por uma lei <{\le uma pena
to desproeorcionada, que fOI roconheClda por bar-
bara e cruel, pois Operdo asse!1ta sobre a
por uma lei justa, que conVEllO facto lliCltO. E
por isso que acho o 2'> concebIdo nos termos em
que deve passar,
Os S1\5. RmElRO DE ANDRADA, PEREIRA DA. CUNHA.
R NDRADA. lliClL\D3 sustentaro energicamente a
suppresso do artigo, jcomo j
incompativel com P1'!ncIplos de .difEllto
por no poder admittr-se o. etrelto r.etroactivo nas
leis, porque estas s as aeoes futuras do
cidado, e nunca as pretentas.
O GR CA.RNEIRO DE CulPos:-Estou persuadido
apezar das razes expendidas que este 2 artigo no
s deve passar, mas que indispensaveI.. creio
que os senhores que o tem attacado queuao que os
individuos presos ou processados, por serem mem-
bros de sociedades secretas, sotrro as penas do al-
var de 1818; mas se no quere! como volo pela
snppresso do artig? 'lOque preso, ou empro;
cesso em virtuded aquelle alvara, a que penas est
sujeito't A's antigas s da.nova lei que se
Ninguem duvida que e s antigas; logo este artigo
indispensavel :por ser, .j disse em outra
so, uma espeCle de ammstla para aquelles m-
felizes.
Todos sabem lJU:e taes processos no
vo as formulas admittldas a fa,:or da e
que tudo neDes a calum!11a e a
e lhe facilita os meIOS de verificar suas vlDganas
particulares; e portanto, longe ser absurdo,
Justo e santo annular processos to
pelos quaes alguns cidados poder ser victunas de
'sentencas dadaS em virtude daquelle execravel
alvar; Quanto ao etreito que tenfio
ouvido ceIl$urar, digo que n8;0. se tira por
posio direito nenhum adqumdo, n-:.m se
obrigaes donde se segue. que se nao verifica m-
justia aIghma no referido .etreito; unica1!lente
arinrila o que. por sua nao 'podia
ser valido :restituem;.ge aO'Cldadao direitos de que
a tirlba privado: voto art.
e 'ocoDSldero fundado em prmclplos derasao.e de
humanidade...
SESSO EM: 30 DE MAIO DE 1823
0--5a SILVA.:-Tambem me persuado ultimos habilitar-se por merecimento passar-a
que basto os- seis, 4 -ordinarlose 2 supranumera- ofiiciaes ordinarios. .. _. _..
rios, ou amanuenses. No julgo que se precise mais Mas sou ao mesmo tempo de parecer que-no
gente para ser bem servida a secretaria. devem por ora ser providos estes lugares, Dias
. O Sa. DE CUlPOS: --Sr. presidente: sim servidos como esto por officiaes das secretarias
Como fui official-maior da secretaria de estado dos de estado, at que pela reforma geral se
negocios do reino muitos annos, posso fallar com ha empregados sup-erfluos em algumas repartices-;
experiencia. . pois em tal caso esses dever passar para aqellas
Naquella secretaria havia naverdade muita gente; qlle no tiverem o numero necessario ao seuras-
e assim mesmo apezar do meu desejo de no de- pectivo servio, sem se agwentar a despeza-de
morar o expediente, e de me recolher da secretaria novos ordenados, que cumpre evitar em beneficio da
para casa pelas quatro horas da tarde, amontoava-se fazenda publica. .
o trabalho muitas vezes mais do que eu queria, por- O SR. C.UU'ElRO DE CAMPOS :-Muito tenho ouvido
que adoecio algnns, e os outros no bastavo para fallar de abundancia de empregados; mas vejamos
a prompta expedico. se isto verdade. , _
Paraesta propostaeu combinei como Sr. Frana, So seis as secretarias de estado a saber: imperio,
considerando todas estas rases, assentamos que justia, marinha, guerra, negocios estrangiros, e
-este numero no era demasiado. Eu vejo que no fazenda. . .
desembargo do pao, e mais no uma repartio Nado imperio no haos sufficientesofficiaes para o
como esta secretaria; anda o expediente atrasadis- servio que bastantementa, grande porque alguns
.simo, e por falta de gente; j do thesouro publico esto impossibilitados por molestias chronieas, um
foro algnns otliciaes, e apezar disso as partes no gabinete do ministro, e dons aqui. Na da justia
queixo-se das demoras que ali sofIrem os seus acha-se () official-maior quasi sempre eom dous
'papeis. o1liciaes unicamente, o que de certo no basta para
Euno quero metler afilhado nenhummeo; nunca o expediente. Nas da marinha e gUerra, se no tem
.QS tive nem tenbo; escolbero-se os de melhor letra, falta, no tem de sobejo. Na dos negocios esf.ran-
e de melhores informaces; e concordamos neste geiros creio que so tres. Na da fazenda no ba
numero porque nos pareceu preciso. nenhum, de sone que quando nas portarias expedi-
OS F
I bl' - 'd d t . das por aquella repartio se l manda Sua l\Iages-
R. U."iA:-A assem ea pu e e erounar tade o Imperador pela secretaria de estado dos ne-
.que sejo 8 ou 6, o numero que lhe parecer; mas 20cios da fazenda. falla-se no que s existe nominal-
sempre direi em defeza da proposta que tambem
pela experiencia que tenho jnlguei precisos os doze. mente, porque tal secretaria no ha. Nestes termos
O ofticial-maior sempre etIectivo, porque quando .como se pde esperar que dos empregadosactuaes
falta. outro deve fazer as suas vezes para a dis- sobejem liomens na reforma para virem se.n-ir na
tribuieo dos trabalhos: um est occupado no re- assembla? Quanto ao numero se o de oito se julga.
gisto das actas; e nada mais pde fazer; outro no suffi.ciente, convenho em que sejo oito; mas en-
das propostas; outro no dos officios. He preciso tendo que devem nomear-se, at para que voltem
depois quem faca o expediente, quem tire cpias s suas respectivas secretarias os officiaes que esto
das aetas, e de ttido omais que se manda imprimir; aqui trabalhando.
u!Ua palana. o servio diario e de imper- O SR. COSTAAGUIA.R:-Sr. presidente: como estou
tinenCla; e. com pouca gente no se faz; porque persuadido que os offtciaes, que se nomearem,
uns falto hoje outros amanh, e o que resnltadisto cumprir, como devem, os seus deveres, sou tam-
no poder desempenhar-se. bem da opinio que so bastantes oito, e que -com
Porm como eu no hei de ser perpetuo neste este numero a secretaria ficar em verdade bem
lugar, l se avenha com a secretaria quem tiver servida; porquanto segundo o que eu tenbo obser-
de responder pelo trabalho della. vado um o1licial o encarregado do, registro das
O51\. C.\LDAS :-0 que o nobre deputado oSr. actas, outro do das propostas e suas competen\es
Carneiro disse do expediente do desembargo do emendas, e -outro do expediente o1liciaI, e por este
pnco, penso que no provm da falta dos officiaes.
modo
ainda resto cinco para os outros'trabalhos,
.Ai partes na verdade queixo-se das demoras e mesmo para supprlrem-as faltas que -posso haver
4faqueIle tribunal; mas eu creio que o official-maior por molestia, ou outros quaesquer motivos justi-
Silveira. as promove mui de proposito.ficados; no sendo portanto de recear .. algum
Es
. transtorno ou. demora no andamento dos negocios da
ses mesmos offiClaes que para ali foro do mesma secretaria, uma vez que os officiaes satisf-
thesonro publico elIe fez com que sahissem ; porque - dis b . .
no lhe faz conta a brevidade da expedio do tra- ao, como J se, s ,suas o .ngaesi o que,de
balho; andando atrazado, angmenta-se a depen- esperar do seu zelo, e ate do.CUldado e-fiscalisaco.
dencia, preferindo o que mais convm para utilidade este respeito dos Srs. -secretarios,
-particular. . Quanlo; ao que ponderou.o illustre
Portanto o exemplo no serve; pois no veemas P1!lante oS:. RibelI'o de
demoras da falta de officiaes ; mas do interesse que ten-amente as r-eflexoes,;por_
isso leva o referido official-maior. . melhor, e ate de'eqludad.e, pelas reformas
. que se querem nas -secretarias; .porque.talvez :ft-
.. O SR. RmEmo DE. -quem alguns de" fra, queseja-necessarioenpre-
dos olfiCla9s!JUe nao VIerem a secreta-gari eparticularmente"PQrno:'Ser.:j:de'abeoluta
na:..por,' .creIo, que oito e immediata allOmeao dos o1liciaes
para seryIo en:ectlvo; -e para -asecretaria:daassembla,.porissoque'sta-
:'farIa quatro officJaes-. ordinanos,dolS: supra- mos bem servidos com os :queacttilmente-exis'\em
,aumerarios, dois .ou praticantes, para os quaes:' supponho 'indiffreIIte trabalhar ,ali'
para com a esperana de accesso procurarem0$ ou nas respectivas estaes oude estavo.
143
RESOLUES -DA ASSEMBLA..
PARA .Josi BONIF.lCIO DE ANDJUD.l E snvA.
;rum. e E;xm-. Sr. - +asse!lJbla geral eonsti-
twnte c legISlatIva do lIDpeno do Brazil, mand
participar ao governo que julga conveniente que se
faa S-naes um manifesto em que se demonstre
a illstica da cOiidueta do Brazil desde o dia12 de
Otubio de 1822 em diante, e os generosos
mentos de que se acha animado para defender e
sustentar a causa gloriosa da sua independencia,e
liberdade. O que V. Ex. levar ao conhecimento
de S. 14.1.
Deus guarde a V. Ex.
Pao da assembla, em 30 de Maio de 1823._
Jos Joaquim Carneiro de Campos
lhes resultar prejuizo_algum. em. seus interesses p!'r
motivo .desta mudana; conformando-me,. POIS,
nesta como .que disse o.Sr. Ribeiro
lada.. julgo-.ser,melhor esperar quanto nomeaao
dos _oilieiaes, da _secretaria da assembla! para
quandD se tratar das reformas das secretarias em
geral;. quanto porm ao numero dos mesmos oili-
ciaes de que deve ser que agora ie
auestiQ!!a, voto q'.le-scJ.G ito, a saoer: quatro or-
dinarios e quatro supranumerarios.
O-SR. FIUNCA.-Nada mais direi sobre o numero
de ofticiaes, pis, como j disse, sirva-se a secreta:
ria com os que quizerem; Dias sempre
que se acaso se decidir que a nomeao dos
fique reservada para a reforma gero, a do OtliClal-
maior deve ser exceptuada pox:que
de necessidade que a secretaria desde Ja esteja en-
earregada a quem seja ofticial propr!o da casa. ._ Sesso em 3:1 de Maio de :1823
O ofticial-maior O que sabe maIS dos negoclOs
-da assembla; , por assim dizer, o verdadeiro se- PRESlDENClA DO Sft. BISPO CAPELLO-MR
eretario deste congresso,! porque fixo seu lu.- Reunidos os Srs. deputados, fez-se a chamada e
gar, e pela sua mo passa0 todos os negoCl.os. Por- acharo-se J:lresente:s 54, faltando por enfermos os
tanto voto qu.e seja sem demora aInda que Srs. Gama, Martins Bastos, Rodrigues da Costa, e
se demore a nomeao dos outros offiClaes. Silveira de Mendona.
O SIt. E SlLVA. - Sou do mesmo pare-- OSR. PRESIDENTE declarou aberta a sesso, e lida
cer; e ao que disse o que.o a acta da antecedente foi approvada.
ofticial-maior que est servmao aa
w
, o da ml- O SR. SECRETARIO FIU."iA deu a substancia das
nha secretaria, e que preciso de e para o expe- tres memorias que na sesso antecedente mandra
diente, no qual me est fazendo muita falta. mesa o Sr. VelIoso Soares, dizendo que ellas eon-.
O SR. DIAS. - No fao distinco de !1egocios; .a pxposio dos son:r
e
a
os empregados devem sempre ser escolhJdos com de Mmas-Geraes pela vadiacao e JgnoranCla -de
capacidade riecessaria llara 11. boa satis!ac;o das grande parte dos seus habitntes, e pelos abusos
suas obrigacs; e como Julgo que o serno da as- dos escrives e mais otliciaes de ju.stia na
sembla o mais importante da nao, parece-me dos processos; apontando-se na terceira que
que tambem para o desempenhar se deve escolher assignada l!0r Antonio Jos da Costa, alg-tlJJs obje-
o mais habil, sem nos importar que elle pertena etos de legISlaO. .
esta ou quella repartio.. . Notou o mesmo Sr. secretario que s duas pri':'
Sirva aqui emquanto fr prieJso, e volte depolS meiras faltava a assignatura e o reconhecimento
ao seu lugar. ' ... . t d -ttd
Depois lie breve debate, julgou-se a matena sue- que eXigia o regunen o para serem a mI 1
ficientemente discutida; e foi approvada a proposta O SR. VELLOSO SOARES offereceu-se llara as as_-
com a emenda de ljuatro o/flciaes ordinarios e qua- signar, e assim o tez. Foro remettidas a commisso
tro supranumeranos, em lugar dos seis propostos de legislao.
paracada uma destas classes;. e resolveu-se: lo, que O SR. MAIA mandou mesa uma felicitaco da
a nomeao dos ontros omcJaes se para camara da viUado Sabar; e o Sr. Teixeira 'Vas-
a occasio da reforma geral das secretarias; 2", que concellos outra do corregedor d'aquelIa comarca An-
entretanto continuassem a servir os officiaes que tonio de Azevedo Mello e Carvalho. Foro ambas
estavo interinamente empregad.os; 3
0
que se recebidas com agrado.
mea!Sse immediatamente um otficlal-maJor effectIvo OS. SECRETARIO FRANCA leu a seguinte represen-
para o expediente da secretaria da assembla. tao do cidado Jos Simpliciano de Souza
. -. O SR. SECRET.uuO FRANCA propz que convinha reto, da viUa de Barbacena:
encarregar-se commisso' de fazenda, ou. talvez Senhor.-Como' chegou a poca em que o
aosSrs. secretarios a proposta de um-oramento h'd . d -
-J"si ordenados suffieientes a estes empre!!'a_dos; e recimento !econ eCI o e o, eu
Uv mo a levar a presenca de V. M.- I. um proJectQ,
fallarido alguns senhores .sobre a dos que parecendo yantajso para a imprio,
ljmohrmentos das respectIvas repartioes .aos offi- servir ao mesmo tempo, de ammar a- mdustria
"Uiaes actu!Umente da as- cional, e de desenvolver os prodigiosos talentos,
mterrompeu-se a discussaopor ter dado que tem at aqui estado na
.'. '. . d di .eno desprezo, por falta de estlIDulo e de recom-
. PRESIDENTE para a ?rdem o a: pensa. . ., .. -
1, do Eu tenho estabelecido nesta nobre e
ciedades secretas; 2, a dadiscussaC)- de Barbacena. uma .fabrica de a
emp!6gados chanio inglezes, p,or de
da a!lsembleaj .3<', a discussao do m. .constr.uco ,e formato. semelhantes que se
Jernof ... '. .;' '-.:_ ., , briconllqueUe flUe
. de, unpeno ;_.e
- - . ,secr.etario.ellesJa tenhaomer.eClao:a4um c.OD.!leJ.t}l, CO).Dtu!tQ,
-- .. . .. . ..,--- . est apenas na sua e
1U
SESSO EM: 31 -DE MAIO' DE' 1823
pero levar a obra!1 um ponto de perfeio que e os candidatos tomar' as, notas tacby-
honra ao meu palZ. graphicas. . . ' ""
Porm, exaurido de recursos, 'para fazer um' 4.
0
lli mesmo decifrar as uotas
estabelecimento em' grande, como poder este ar- sem se communicarem, e as passar a liIiipo, as-
bilI'io prosperar? signando cada um no fim o seu nome, e entre-
Este 'pois o motivo de procurar a imperial pro- gando-as depois commisso; a anal comnaran-
teco de, V. M. I. para que dignando-se attender do-as com o original, e attendendo s C'cum-
vantageID que resultar necessariamente de se stancias far a, .proposta como lhe parecer justo.
fazer no Braiil a remonta de selins para a tropa, Pao da assemblea, 31 de Maio de 1823.-Can-
e de no sahir do imperio a somma de numerario dido Jos de .Araujo Via7ula.-Antonio
que por semelhante objecto exportado incessan- Gomide.-Joo Antonio Rodrigues de CanJaulo.
temente estrangeiros. se digne de olhar:para Foi appro"Cldo; assignando-se porm, o dia 5 de
este mandando-me dar uma ajuda Junho para se proceder ao exame, e resolvendo-se-
de custo proporcIonada, com que eu possa entabo- que para esse effeito se levantaria a sesso 1 hora
lar uma fabrica que servir no smente para eco- da tarde.
e arranjo das tropas, como :: Passou-se ordemdo dia; e continuou portanto,
credito da mdustna PaJZ. eus a discusso do 2'> artigo do projecto sobre socie-
V. M. Impenal, como hao mister os bra- dades secretas, as suas respetivas emendas.
cc Nobre e muito leal villa de Barbacena, 22 de O SR LIMA. mesa a seguinte
llaio de 1823.-De V. M. I. subdito obedlente, emenda ao artIgO 2: .
Jos Simfliciatlo de Sou=a B!'!rreto. -"'Remettida Supprimo-se as palavras- tendo para esse
s CODlIJllSses de industria e guerra. fim o, decreto effeito .retroactivo.-
O SR. PAili.", E MELLO: -Estamos no ultimo de de MaIO de 1823.-Luc: Ignacw de
"O' . fi . tal d di d . Ltma.
JUaIO ; e terca- erra e vez um os as e maIor
celebridade no Brazil, por ser o da convocao . O SR. PEREIRA. DA. em que se
desta augusta assembla; parecia-me, portanto, tinha votado que o artIgO nao deVIa passar cOJ!lO
justo, que se dsse naquelle dia alguma demons- estl:va, e ao tempo que nao
.trao de jubilo, e se mandasse a S. M. I. uma de- podia adlDIttU':-se a dos peu-
putao felicita-lo em nome da assembla, e agra- como mcompativel com os de
ilecer-lhe o precioso beneficio que fez ao Brazil direito, ofi'ereceu tambem a emenda segumte:
com o decreto da referida Espero que . ros crime se dar liTl'aDlento
.0 que proponho a conSIderao deste con- din.arlo, e serao Julgados pelo presente decreto,
gresso. asSIm os presentes como os futuros. Sala da as-
" Depois de fallarem sobre este objecto alguns sembla, 31 de Maio de 1823.-0 Pereira
Srs. deputados, resolveu-se que se mandasse uma da Cunha.
deputao a S. M. por to solemne mQtivo. O SR. MAIA: -No posso. concordar em que os
O Sr. presidente nomeou para membros della os prez?s por membros de fiquem
Srs.' Paula e 'Mello, Andrada e Silva, baro de a de ter deCidido a
.Santo .Amaro, Nogueira da Gama, Camara, Pe- blea que nao. se SUfPnmIsse o art. 2'> do proJecto
reira da Cunha, Furtado de Mendona, Xavier de do Sr. Rodrigues ..;;
Carvalho, Fernandes Pinheiro, Accioli, Henriques Quando a que um. artigo ,nao
de Rezende e Ribeiro de Rezende. passa como se acha redigido, quer .dizer que se
. hade alterar, mas que passa a materIa na sua ge-
O SR. VIANNA. relator com- ora, segundo a materia deste artigo
misso da redeao do Diana leu o segumte pa- os ros, J prezos ou processados, no fico sugei-
recer : tos pena alguma, logo no p6de ter lugar o livra-
A commisso da redaco do Diano, querendo ordinario que a emenda do Sr:. Pe-
conduzir-se com acerto na qualificao do mereci- reIra da Cunha, e por ISSO voto contra ella.
mento dos tachygraphos .para os or- OSR. CARNEIRO .DE CAMPOS :-:-0 !1lust!C prepi-
denados na frma do regImento, Julga mdIspcnsa- nante o Sr .AntonIO Carlos, fOI, maIS feliz ao que
vel proceder um exame, ao qual sejo adn:iittidos eu; depois de 1?'e ter a procurar e
no s6 os tachygraphos que tm trabalhado nas a exannnar, nada acheI sobre SOCiedades secretas,
sesses, mas tambemtodos os de f6ra quizerem apezar ter r;onsl;JIta.:do Manoel Fernandes Tho-
concorrer. Para esse :fim propoe: maz, Joao Pedro RibeIro e Paschoal Jos' de Mello.
1.
0
O exame ter lugar no dia domingo 8 de Em um palavra, nunca na nossa legislaco houve
Junho, as 11 horas da manh, na sala das ses- lei alguma a este respeito, nem podia have-la, por-
ses., que a introduco destas sociedades em Portugal,
2.
0
Os commisso ao .mui e quando se multiplicr()
exame; ao qual asSlStir tambem o OffiClal da se- fOI depoIS da entrada doseIOlgrados francezes na-
cretaria dos negocios estrangeiros, Isidoro da Costa quelle reino.-
e Oliveira Junior, mestre dos .. Agora, quanto ao alvar dizer s,ei.
3.
0
Os pretendentes se apresentaro ahora.mdi- Quando os governadores do remo .dePortugl,.re-
,cada; e antes de se forma.:r uma que se vio por' n!)
d.os seus nomes, filiaoes, e "!aver leI que jlodessem appli. aos pedreirs-
ClaS,notando-se os estudos que tIverem. DepoIS livres, requererao a S. M. Fl-reI D. Joo VI,
tomar assento: ento o mestre de tachygraphia guma que prohibisse as suas associaes, tratou-se
ler em voz alta e intelligivel, um' capitulo de disto: ms achando-se ento n ministerio o mar-
'qualquer classico portuguez, eleio da com- quez d'Aguiar, que chegu_a mostrarme j feito
SESS.O EM 31 DE lIDO DE 1823
145
o alvar, conseguio no se !em
que tivesse motivos de I'eCelar, por nao o
apresentar a El-reL ' . __
O conde de Linhares era da mesma oplUlao,
como muitas vezes me disse, e eu declaro emhonra
de suas luzes; e portanto, no appareceu o alvar.
Porm no ultimo :mi:nisterio pensou-se difi'erente-
mente, e mandou-se publicar.
pois este alvar a primeiralei port!lgueza.sobre
sociedades secretas, porque a Ord. no li,:. 5" tit. 4.?,
que trata de ajuntamentos,. ou conventlcuIos,
tem applicao a taes sociedades; e portanto, so
por este alvar podem ser julgados os seus mem-
bros. .
Posto isto, no sei que lugar o
-fica em seu vigor a prhiblaO que as lelS anti-
gas do Imperio fazem das sociedades secretas-
como se l na emenda do Sr. Antonio Carlos.
Alm disto o disposto no artigo est vencido, por-
que smente se decidio que no }!assava
estava redigido; e portanto, s pode admittu-se
emenda na redaeo, que no mude o essencial da
sua materia.
O SR. FRANCA:- Sr. presidente, verdade que
as sociedades scretas se no acho prohibidas nem
nas ordenaces nem nas leis estravagantes, pelas
quaes nos l.nhamos regido do alvll!" em
to como disse o Sr. Carneiro, mas esto prohibl-
das' pelo regimento do Santo Officio, e este cons-
titua lei civil obrigatoria pela apj)rovao, e con-
firmao que tinha imperante : e em
confonnidade delle e que se praticarao as perse-
guies' criminaes contra membros de taes so-
ciedades de que temos notlCla. .
Portanto, voto pelo artigo como est; pois que a
passar a emenda ao Sr. Nogueira da (leu-a)
ento fico os ros no caso de serem por
aqueDa lei anterior conteda no dito
do Santo Officio, e isso cousa em que eu nao con-
venho.
O SR. NOGUEI1U. DA GAMA. :-Ainda que no haja
no nosso codigo, lei alguma que trate em Pm.:.ti-
cular das sociedades secretas; temos a que prohibe
todas e quaesquer sociedades, ou corpo-
raes com estatutos sem approvaa? do
temos as disposices e penas correCClOnaes de poli-
cia e ficando ests suscitadas e em vigor, offerece-
se um obstaculo formao e existencia. das socie-
dades secretas, proporcionado ao leve Cl'lIDe proce-
dente da falta de consentimento do governo e da
ap'provao dos seus estatutos. .'.
Do mesmo modo suscitando-se a' observancia das
leis anteriores ao alvar de m de Maro de 1818,
emquanto a assernbla. no competente
legislaco a este respeito, ficarao pumdos os mem-
bros ds sociedades secretas, que o
socego publico, o g?vemo esta-
belecido, ou contra areliglao do lDlpeno.
Penso ter assimrespondido ,aos i!1us-
tres preopinantes, que tem. !l mmha
emenda por no haverem lelS que pnvatlvamente
tratem de sociedades secretas.
, Quanto porm increpao que fe2: um illustre
preopinante 'minha emenda,taxando-a de cruel.
e :irlnda mais do que o mesmo al,,:ar que se pre-
tende derogar, por isso que susClta as so.-
ciedades secratas as bartiaras e leIS
do 'horroroso tribunal do Santo OffiClO, s6 ten.ho a
dizer que eu jmais .me poderia leDilirar das lelS de
um tribunal que no existe neste imperio. e que at
foi abolido pelas crtes de Lisboa, sendo de admirar
que o illustre preopinante se persuadisse de que
to sanguinarias e barbaras disposies ainda exis-
tissem. e podessem ter lugar entre ns.
O SR. A:\"DR.UU. E SILVA contrariou o discurso do
Sr. Carneiro de Campos, lembrando que no tempo
em que elle estudava em Coimbra j bavia pedrei-
ros livres e que por isso no era a sua introducco .
em Portugal to moderna como pretendia o illusre
preopinante: que no direito romano havia legisla-
co relativa aos conventiculos ou sociedades secre-
ias, cujo direito nos tinha regido na falta das leis
patras ; e que erislio alm as ordens e regu-
lamentos de policia, que tambem lhes ero applica-
veis; donde se seguiaque no podia dizer-se me-
xactido o fallar-se de leis antigas relativas a taes
sociedades: que finalmente quanto historia do
alvar, no dUlidando da representao dos gover-
nos de Portugal, apontada pelo nobre deputado,
comtudo, podia dizer que elle soubera,
tempo antes de uma denuncia feita a E-rei D. Joo
6, de uma sociedade de pedreiros livres, em cuja.
denuncia emo accusados de conspiradores os seus
membros, pela maior parte homens doutos; e que o
terrorquecausra esta lista produzira o dito alvar:
que conhecia os conselheiros que tinho feito a
minuta e que al a vira em Lisboa; mas que
nunca tinha dito os seus nomes, nem diria e que
isso nada importava para o argumento.
O SR. CARNEIRO DE CAMPOS mostrou, respondendo
ao illustre preopinante,quepor isso que eDp s apon-
tava direito romano e ecclesiastico e nenhuma lei
patria, longe de destruir a sua opinio a confirmava;
e que quanto ao que o nobre deputado linha dito da
existencia de pedreiros livres no tempo em que es-
tudra na universidade de Coimbra, no duvidava
disso; mas que elle s6 falIra de lojas estabelecidas,
e no de um ou outro socio e que a propagaco
daquellas datava do tempo que tinha apontado.
O SR. RODRIGUES DE C.\RV.\LDO: - O alvar de
que falIamos deu motivo a esta disputa. Refere-se o
alvar em seu Preambulo s leis do reino, quando
nellas nada ha de positivo a respeito de sociedades
secretas e deste mesmo sentir o ihustre Paschoal
Jos de Mello. Eu no falIo das sociedades que tem
um fim conhecidamente nocivo, {l0rque essas entro
nos principios de jurisprudencla universal, fallo
das simplesmente secretas. Aord. do liv. l tit.62
39 e 42 distinguindo as confrarias e outras insti..
tuices pias ecclesiasticas e seculares, estabelece o
meo da inspecco, mas no trata de licena e nem
estabelece pen s qne a no tiverem, e o mesmo
Paschoal falIando da faculdade rgia para taes
associaces refere-se aos principios geraes de Boeh-
mero Flla o alvar em conventiculos e o nosso Pe-
reira e Souza os classifica no 5 do tit. 6 da ord.
do liv. 5 applicando as palavras confederao e
conselho do paragrapho ao termo conventiculo:
mas como essa eonfederaco ou conventiculo j
tumulto de muitos homens contra o imperante e (I
estado, na f6rma do mesmo paragrapho, n,o deye
ter applicaco s sociedades s6 porque so secretas,
porque iar ao simples o ultimo gro
de crime: base barbara que tomou oalvar.E' pois
mui claro que no temos legislaco.
Temos a correcco policial, essa ar.bi-
traria e no se pde cbam3!'
que existia por b1l1Ias pontlficlas a autondade no
37
146 SESSO EM 31 DE MMO DE 1823
tribunal do santo omeio contra maons e que nos resse e adquirir por esses meios dinheiro e gover-
editaes coDocados nas parochias vinha um artigo, nar os outros homens. Sejo' francos e mostrem
que impunha a obrigao de os dilatar, mas aqui face do publico qual sua conducta e ento sero
temos j uma designada sociedade, que no o acreditados; de outra maneira emquanto estas
nosso objecto e sim a generalidade; e nem esse sociedades se conservarem nas trevas, devem enca-
tribunal de sangue jfelizmente existe. tU-se como sediciosas e oppostos' os seus fins
Foi pois da irreflexo do alvar e inexactido do ao bem gemI do p.stado. Se pois a sociedade sec..--eta
seu preambulo, que nasceu a ida de legislao no apresentar seus estatutos ao governo, nem pra-
oanterior, a que se refere a emenda. Quanto mate- ticar as formalidades estabelecidas para proseguir
ria do artigo sou da opinio do honrado membro seus trabalhos, ento sem punida pela lei que se
que me precedeo, passarem os cidados que esti- de.e fazer e no pelas leis antigas como se prope
verem presos a um novo processo ordinario, acho na emenda do illustre deputado o Sr_Nogueira da
que a emenda peior. Entro os presos em novas Gama; pelo que necessario substituir uma legis-
delongas insepara\"eis de taes processos e continl1o lao classificada, uma vez que se deroga o alvar
a soffrer uma priso depois de terem j solfrido de 30 de Maio e no pde remetter-se o negocio s
todos os flagellos, que segundo o al\"ar precedem a leis geraes do Imperio, porque seria abrir a porta a:
sentenc4; e por fim infringe-se uma pena marcada, arbitrariedade contra os principios de julgar e
sem s lhe le,ar em conta os padecimentos ante- oppostos seguranca individual do cidado que
riores. deve ser respeitada
E' verdade que, como disse um honrado membro. OSR. AlucJO Luu:-Sr. presidente, eujdei hon-
, se no de estricta justia, de toda a equidade, tem a razo porque votava por este artigo e agora fa-
que se compute o tempo da priso, mas se esta lei rei mais algumas observaes. Tenho .ouvido dizer
o no determinar e o juiz o no fizer, seni eUI:' contra oartigo quej se.enceuque eDe no passasse
imputa.el! Alm disso, que ditrerena de pena e daqui se deduz a sua rejeio sustentando-se 'que
entre aquelles que se acho presos e os que depois com aqueDa votao reprovou-se a doutrina do
da publicaco do alvar forem processados; aquelles para:.,rrapho, posto que ainda possa admittir-se outra
Tem a sof"rer parte dos flagelIos do alvar que se legislao sobre a mesma materia, mas nunca a
revoga e a pena do alvar que se lhe sullslitue disposio. Respondo que o que se venceu
e estes sotrrem a pena smente dest<l lei; e ahi fOi que o paragrapho no deve passar tal qual se
temos desigualdades de penas em ditrerentes pes- acha, mas isto no querdizer que se repprove a dou-
soas criminosas do mesmo delicto e julgadas pela trina, porm sim que deTe haTer algumaalteraco ;
mesma lei. e esta p6de ter lugar ou emquanto doutrina prin-
O SR. PEREIRA DA CtrXIU : - Cortemos por estas cipal ou emquanto s proposies incidentes ou
duvidas para evitarmos inuteis discusses. J)arn que emquanto redaco: portanto, tendo aquella
havemos agora entrar na grande questo se existia votao uns poucos de objectos, no se pde con-
ou no alguma lei que prohibisse as sociedades rluir necessariamente que por eDa se rejeita a dou-
secretas antes da promulgao do ah-ar de 30 de trina do paragrapho. Isto tanto assim que apon-
:Maro de 1818? Oque temos a trat<tr de legisla- tarei um exemplo bem recente no 1. Venceu-se
co que a tal respeito o ha de substituir. Eu no D<lquelle paragrapho que eDe no passasse tal
duvido, antes bem natural que elIe thoesse a sua qual se achava concebido; mas por ventura enten-
origem nas representaes feitas ao thruno pelos deu-se por isso que se reprovava a sua doutrina '1
governadores do reino de Portugal, como lembrou No; eUa passou e o que se queria era a suppresso
o illustre deputado, porque justamente receavo das ultimas palavras.
que de taes associaes tenebrosas resultassem Portanto de se 'encer que no passe o paragra-
males que se no podessem facilmente remediar; o pho tal qual se acha, no se segue que esteja reppro-
facto correspondeu a seus receios. Tada a sua doutrina, pde se querer talvez a sup-
E' pois indispensavel que revogando-se a dispo- .presso de algumas palavras e por esta razo no
sico deste alvar, se estabeleca uma legislaco tem fora nenhuma este argumento.
cpaz de prevenir os crimes qe podem renaser Emquanto materia devo dizer que a discusso,
das sociedades secretas_ Minha opinio seria que tem versado sobre uma toda alheia do paragrapho
eUas fossem absolutamente prohibidas pelos justi- e por isso tem sido inutil tudo que se tem dito.
ficados motivos que to judiciosamente se tem senhores o que se deve aqui exammar, , se os pro-
expendido nesta augusta assembla; mas quando cessos pendentes em virtude da lei de 30 de Maro
pareca que se no deve coarctar at este ponto de 1818 devem, depois de revogada aquella lei,
a lierdade civil do cidado, todana ninguem progredir e se se devem considerar de nenhum
poder negar que a sua permisso seja precedida etreito. Para be;ID isto examinarmos, preciso que .
de circumstancias e medidas adequadas para evitar vejamos quaes so as consequencias da revogao
o seu abuso, devendo taes autores apresentar seus de uma lei em materias criminaes e para isto figu- .
estatutos, o numero e nomes de seus sodos e o raremos as seguintes hypotheses: ou a lei que
lugar de suas reunies; porque se ellas so insti- se quer revogar, prohibe, como criminoso, um
tuidas para o bem humanidade em geral e dos acto innocente em si mesmo e licito debaixo de
individuos que as compe, nenhuma duvida pde todas as suas relaes e que umaconsequencia dos
haver em manifestar seus arcanos para que o go- direitos essenciaes do homem; ou a lei prohibe um.
verno e a policia posso escrupulosamente fiscali- acto innocente em si, porm que as circumstancias.
sar sua conducta: occultar estas circumstancias em que se acha a sociedade, exigem que seja pro-
faze-las suspeitosas e como taes anti-sociaes e hibido; ou finalmente a lei prohibindo um acto em
oppostas aos planos de.. philantropia com que se si mesmo criminoso, lhe. impe penas, qu nenhUlba
pretendem pretextar semelhantes ajuntamentos. proporo tem com o mal que eDe causa socie-
Digo pretextar Sr. presidente, porque a maior dade.
parte dos confrades tem por fim o seu proprio inte-. Na hypothese a revogao deve exten-
SESSO DI 31 DE lIDO DE 1823
147
der seus etreitos quelles que se acho comprehen- p0!<IUe estes nem convm com as penas
didos na disposicO da lei, que agora se aclia revo- que Ja nao enstem e e _r '
=da,' a lei condemnava um aeto licito deb.. ho de d - '" n m se cOlllormo a natureza
.,- do elicto que Ja e outra; e succederia que reco-
todas, as suas relaes; e como consequencia do nhecendo-se a injustia do processo este se susten-
exercicio dos direits naturaes do homem; estes tava. '
direitos so imprescriptiveis; logo pois que aquelle
acto, que a ignorancia dos tempos olhava como Ora appliquemos es?-s hypotheses ao nosso caso;
criminoso, se reconheca ser da natureza daquelIes qualquer que se applique, o resultado favoravel
que acabo de apontar, 'deve aquelIe, que o praticou, ao senhores duvidaro applicar
ser restituido aos seus direitos inalienaveis; e a.pnmeua, porquenao suppe o facto innocente em
seria um absurdo dizer-se que deve o autor de um SI mesm;o; n!l querer !lPplicar a segunda,
facto ser castigado, ao mesmo tempo que se reco- Julga0 CJl;le clrcums!anclas ha, que o torno
nhece este como licito: e neste caso uma conse- cnnllnoso; porem todos hao de confessar' que elIe
quencia que devem ser de nenhum efThit.o os pro- se acha comprehendido na terceira.
cessos, os quaes dirigindo-se aO conhecimento do - Sem entrar na questo, se as sociedades secretas
delicto e do seu autor e no sendo o facto conside- so ou no todos que as
rado como criminoso, torna-se inutil e at injusto penas, que lhes erao, Impostas, nao tem proporco
que elIes continuem. com os que elIas causo e que por isso devm
Na segunda hypothese sendo o facto innocente ser de differente modo classificadas, revogando-se'
em si, mas s6 prohibido pelas circumstancias em penas; or!l como o processo aIli marcado,
que se acha collocada a sociedade, logo que se mos- est mtimamente lIgado com aquellas penas evi-
tre que aquellas circumstancias tem cessado e dente. que o paragrapho est comprehendido na
mesmo desde o tempo em que elIe foi praticado, a hYP?these e por isso facil j tirar a con-
revogao, no meu entender, deve ter o mesmo clusao, IstO e que os processos no devem conti-
etreito ; o' facto, tendo cessado as circumstancias, nuar.
que o fizero prohibir, j era innocente em si Para corroborar mais esla ida accrescen larei
mesmo; reconhecido, Ulll absurdo dizer-se como este crime estava classificado entre os
que o seu autor deve ser castigado; a revogao de lesa magestade, e o seu processo participava da
ento no mais do que uma restiluico. mesma natureza; ora, note-se quaesos actos de que
EInquanto terceira hypothese, qu a de uma acompanhad.o entre ns processo .destes: o
lei, que impe penas mais graves do que pede a ro tem e soffrlmentos mUI particu-
natureza do delicto, direi que, uma vez que o pro- lares em consequencla deste processo; e vista
cesso esteja de modo ligado com as penas e a classi- pergunto se que o passe por estes
ficao do delicto, que uma supponha sempre a soffnmentos, que sao .consequenClas da'luelle -pro-
outra qualidade, a revogaco neste caso deve ter os cesso, o qual estava lIgado com aquella classifica-
mesmos etreitos. A lei, qu se quer revogar, olhava quando se reconhece que esta j no tem
para ofacto debaixO de certa relaco, considerava-o mgar?
de um modo particular e dava':lhe urna natureza
particular e tfuha-o por isso classificado de um Em uma palana, senhores, se os ros no devem
certo modo, esta classificaco tinha penas particula- sofTrer as penas que existio no tempo em que
res e um,processo particuiar, que convinlia natu- o, de!icto, porque se cpnhece que
reza que se lhe tinha dado: reconhece-se porm elIas nao com-em a natureza deste, tambem no
agora que aquelle facto no deve ser collocado na devem continuar a passar por um processo, que
ordem em que se achava, que elle de uma outra era com penas e que por isso prO-
natureza e que por isso deve ser classificado de duzla effeltos proprIos daquelIa classificaco, os
outro modo; e em consequencia trata-se de revo- quaes repugno com a sua natureza propri.
gar a lei, collocando-se o facto na sua classe pro- A: vista disto, conclo que, entrando ns nos ef-
pria. feitos da revogao de uma lei criminal, devemos
Ora como possivel, a no se querer cahir em dizer que, no caso de que se trata, os processos
absurdo, revogar a lei emquanto imposio das pendentes devem cessar; no tendo forca nenhuma
penas, sem a revogar emquanto aos processos, os contra o paragrapho o argumento qu se tirou da
quaes esto ligados coma natureza daqueIlas penas? vota?, que houve, como mostrei no principio do
Se a imposio das penas se reconhece hoje injusta, meu discurso.
como no o ser igualmente a continuaco de um O SR. RIBEIRO DE ANDRADA ponderou que visto
processo, que uma consequencia delIs? Se o
fac.to, porque se reconhece a sua natureza, no deve estar j vencido que o artigo passasse com alguma
alteraco, lhe parecia que s6 poderia haver duvida
ser castigado com as penas, que existio no mo- sobre'o etre.ito retroactivo; e que por isso julgava
mento em que foi praticado, como hade continuar que se deVIa pr a votos se havia ou no suppri-
um processo, que j se reconhece no convir sua mir-se aquella pfrte do artigo que falIava do refe-
natureza'? Se o autor (e repare-se bem nesta refle- rido etreito.
xo e na antecedente) j no sofTre as penas da lei
que existia no tempo em que praticou o acto, porm Depois de. mais alguns senhores so-
sim as da lei revogante
t
como que hade continuar bre a materIa, Julgou-se esta sufficientemente dis-
a ser processado por um processo conexo com cutida: e pondo-se o artigo votaco venceu-se
aquellas penas, quando estas j no existem? que passasse com a emenda do Sr. Andrade Lima
De tudo conclo que todas as vezes que se trata isto , com a suppresso das palavras seguintes:
de revogar uma lei criminal pela desproporco de Tendo para esse fim o presente decreto o etreito re-
suas yenas com o delicto, se acaso aquelles irazem troactivo.
comslgo um proceSso l'articular, a revogaco deve Passou-se ao art. 3
0
e ultimo do projecto de de-
tambemproduzir OetreIto de suspende.r os processos ereto, sobre o qual fallaroalguns Srs. deputados,
148
SEssiOEl\[ 31 DE lVIAIO DE 1823
I . .
e tendo-se julgado a materia suflicientementedis-
cutida, que fosse supprimido, substituin-
do-se-lhe alguma das emendas que depois de discu-
cutida obtivesse a approvao_ da assembla.
O SR. PRESIDENTE assigllou para a ordem do dia:
1o, acontinuao da discusso do mencionado pro-
jecto sobre sociedades secretas; 2
0
, a discusso
adiada dos vencimentos dos empregados dasecre-
taria da assembla: 30, regimento interno; e em
ultimo lugar a nomeao da meza.
Levantou-se a sesso s 2 1/2 horas da tarde.
Manoel Jos de SiJuza Frana,secnitario.
RESOLUES DA ASSEMBLA
PARA Jos JlONIFACIO DE ANDRADA SILVA'
Illm. e Exm. Sr. - AasseInbla geral eonsti':'!
tuinte e legislativa do imperio do Brazil tem resol-<
vido enviar, no dia 3de Junho presenca de'S.l\I. I.;
deputao. para lhe exprimir seus puros
deClmentos pela magnanirna, resoluco de" ordenar'
pelo decreto de 3 de Junhodoanno passado aeon-?
vocao da representao nacional. Oque participo"
a V. Ex. para que determinando S.1\1. o lugar e a
hora em que ha de recebe-la, V, Ex. ui'o commu-
nique, .para que eu possa lva-lo ao conhecimento
da mesma assembla. .,
Deus guarde a V.Ex. Paco da assembla, em'
31 de Maio de 1823. - Jos6 Joaqltim Ca7'nei7'o de
Campos.
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