Planejamento 2022 Vfinal2
Planejamento 2022 Vfinal2
Planejamento 2022 Vfinal2
Secretário da Educação
Rossieli Soares da Silva
Secretária Executiva
Renilda Peres de Lima
Chefe de Gabinete
Henrique Cunha Pimentel Filho
Coordenadoria Pedagógica—COPED
Viviane Pedroso Domingues Cardoso
Equipe Técnica
Adriana dos Santos Cunha, Adriano Rodrigues Biajone, Ângela Maria dos Santos, Doris
Dalva Jardim de Jesus, Elisiane Devides de Held, Joadenira Antunes Gomes, Juvenal de
Gouveia, Mauro Marcelo Gomes Silva, Maria Aurecy Pinheiro Chagas, Neli Maria Mengalli,
Raquel Magalhães de Almeida, Raquel Maria Rodrigues, Ricardo Ossami Parisi, Rosana de
Paulo Pereira.
Imagem da capa
Obra: “Cultivo ao Respeito “ - Estudante Kênia Feliciano da Silva da EE Professora
Carlota Fernandes de Souza Rodini – DER Pirassununga
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 3
LISTA DE SIGLAS ..................................................................................... 4
CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO (CAPE) ................................................ 6
Educação Especial, Classe Hospitalar e Atendimento Domiciliar ........................ 7
Estudo da Política de Educação Especial do Estado de São Paulo, o Ensino
Colaborativo, Resoluções e seus anexos....................................................... 7
Discussão de casos específicos da Unidade Escolar ........................................ 8
Interlocutor de Libras ............................................................................... 9
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (CEJA) ......................... 10
Educação de Jovens e Adultos: EJA Presencial ...................................................... 11
Educação de Jovens e Adultos: EJA Presença Flexível ................................... 13
Programa de Educação nas Prisões – PEP ................................................... 15
CENTRO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL (CINC) ...................................... 19
Atendimento Socioeducativo .................................................................... 20
Migrantes Internacionais ......................................................................... 22
Educação do Campo – EdoC (acampados, assentados e comunidades
tradicionais) .......................................................................................... 25
Educação Escolar Indígena – EEI .............................................................. 28
Educação Escolar Quilombola – EEQ .......................................................... 30
Educação para a Diversidade Sexual e de Gênero – DSG .............................. 33
Educação para as Relações Étnico-Raciais – ERER ....................................... 36
Considerações Finais ............................................................................ 40
Referências ........................................................................................... 41
3
APRESENTAÇÃO
Este documento tem como objetivo apresentar orientações para as equipes das
Diretorias de Ensino, gestores das unidades escolares e professores quanto ao trabalho a
ser desenvolvido ao longo do ano letivo de 2022, no que se refere às modalidades
educacionais e atendimento especializado, trazendo elementos que serão discutidos no
Planejamento Escolar.
Com vistas a atender as especificidades, os Centros que integram este
Departamento de Modalidades Educacionais e Atendimento Especializado (DEMOD)
organizam informações e estratégias para as ações do Planejamento 2022, sendo o Centro
de Apoio Pedagógico (CAPE), responsável pelas ações para atendimento de estudantes
elegíveis aos serviços da Educação Especial, bem como dos estudantes de classes
hospitalares e em atendimento domiciliar; o Centro de Educação de Jovens e Adultos
(CEJA), responsável pelo desenvolvimento de ações para atendimento de jovens, adultos
e idosos na Modalidade EJA, nos cursos presenciais ou de presença flexível, e os estudantes
do Programa de Educação nas Prisões (PEP); e o Centro de Inclusão Educacional
(CINC), responsável pelas ações para atendimento de estudantes indígenas, quilombolas,
assentados, itinerantes, ciganos, migrantes internacionais, adolescentes em cumprimento
de medidas socioeducativas, populações tradicionais, bem como as temáticas Educação
para a Diversidade de Gênero (EDSG) e Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER).
Os temas abordados neste documento e as propostas de pautas para o
Planejamento Escolar 2022 para cada modalidade, temática e atendimento, tem como
objetivo subsidiar o trabalho dos professores e equipes gestoras neste importante
momento de organização das ações escolares.
Espera-se, ainda, que essas sugestões sejam adequadas e enriquecidas conforme
cada contexto, contemplando as necessidades específicas da unidade escolar nas
discussões acerca dos diferentes aspectos que impactam a aprendizagem desses públicos.
Atendimento Especializado
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LISTA DE SIGLAS
AAP - Avaliações de Aprendizagem em Processo
AD - Avaliações Diagnósticas
CI - Centro de Internação
CENTRO DE APOIO
PEDAGÓGICO (CAPE)
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Interlocutor de Libras
O planejamento deverá contar com a participação do Professor Interlocutor
de Libras, garantindo um processo de ensino e aprendizagem equitativo e de
qualidade para todos os estudantes. O professor interlocutor contribuirá com
estratégias adequadas para viabilizar o trabalho com estudantes surdos durante
todo o ano letivo.
O Professor Interlocutor deve se apropriar dos relatórios de avaliação das
Salas de Recursos para maior compreensão das potencialidades dos estudantes e
assim planejar seu trabalho com a necessária intencionalidade pedagógica, de
modo a garantir a eficiência e a eficácia do seu trabalho docente.
10
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS
11
Currículo e Programas
O Currículo Paulista é o documento que norteia a educação da rede
estadual de São Paulo. Por sua vez, na EJA, é fundamental reconhecer suas
especificidades curriculares e refletir sobre a diversidade de contextos, interesses
e motivações dos estudantes, dentro e fora do ambiente escolar.
Diante de suas funções específicas, o Planejamento na EJA deve garantir
que o processo formativo não seja um mero recorte do ensino regular, mas que
contemple, verdadeiramente, as necessidades deste público. Para tanto, é
importante considerar a semestralidade dos Termos/Anos para o planejamento do
período letivo.
Para a promoção da educação integral, na EJA, deve-se considerar a
qualidade da educação como um bem inalienável, capaz de integrar diferentes
saberes em diversos âmbitos, valorizando e aproximando as experiências de vida
dos sujeitos com as habilidades e competências previstas no Currículo. O
desenvolvimento de uma educação integral exige também o reconhecimento do
mundo do trabalho no processo educativo, não como formação tecnicista, mas no
entendimento do trabalho enquanto produção humana, comprometida com as
transformações sociais.
À luz de uma educação emancipadora, é importante que nos
planejamento de aulas, sejam asseguradas metodologias adequadas ao jovem,
adulto e idoso, contemplando procedimentos como o trabalho sistematizado e
interdisciplinar com leituras diversas; envolvimento do estudante na escolha das
atividades; valorização da cultura e do contexto local e global; bem como a
consideração dos interesses, das realidades e dos projetos pessoais e sociais dos
estudantes.
12
Avaliação
A Avaliação é a principal ferramenta para acompanhamento do
planejamento elaborado pelos professores para a modalidade EJA de presença
obrigatória que, reconhecendo as características diversificadas dos estudantes e
momentos de aprendizagens diferenciados, deve garantir espaço para as
adequações, atentando que o objetivo final seja inalterado: a formação integral
dos estudantes.
Nesse sentido, conhecer os estudantes que chegam à EJA, saber o que
trazem como conhecimentos vivenciados, seus projetos de vida e suas angústias,
são importantes para um bom planejamento. Dessa forma, sugere-se a realização
de uma avaliação diagnóstica que poderá subsidiar a construção dos planos de
aula e o acompanhamento dos resultados ao longo do processo.
Cabe destacar que na modalidade EJA não se realiza Avaliações de
Sistema (como as provas do Saresp e Saeb) ou ainda a Avaliação de Aprendizagem
13
em Processo (AAP). Isso não significa, no entanto, que não deve haver uma
sistemática de avaliações internas, para acompanhar a aprendizagem dos
estudantes e/ou o andamento do planejamento escolar.
O acompanhamento das ações planejadas também é fundamental para
que os objetivos sejam alcançados. Durante todo o processo das ações
pedagógicas, a avaliação do processo de ensino-aprendizagem deve ser realizada.
Os resultados dessa avaliação processual trarão subsídios que permitirão corrigir
os rumos daquilo que foi planejado, colocá-los na direção correta, ajustar possíveis
descompassos entre o planejado e o concretizado.
No entanto, é preciso ter ciência que a avaliação como prática
pedagógica deve sempre ser utilizada para a melhoria da qualidade da educação.
Portanto, não deve ter caráter punitivo nem classificatório, por outro lado, permitir
um processo transformador e mediador da construção do conhecimento e balizador
do planejamento docente na EJA.
Currículo e Programas
Nos CEEJAs, para além da adequação curricular, é preciso considerar o
material didático encaminhado para a rede em 2021 na elaboração do
planejamento.
Para a aprendizagem de jovens, adultos e idosos matriculados nos CEEJAs
deve-se considerar suas vivências e todo o conhecimento que já possuem, uma
vez que, para muitos estudantes, a sua experiência cotidiana, quer seja no
trabalho, no círculo familiar, no grupo de amigos, na igreja e em outros espaços,
possibilitou diversas aprendizagens que foram previamente acumuladas.
Dessa forma, durante o período de planejamento é preciso aliar os
diferentes conhecimentos trazidos pelos estudantes às competências e habilidades
previstas no Currículo e nos novos materiais didáticos. Para isso, é necessário
contextualizar o conhecimento e desenvolver um trabalho interdisciplinar por meio
de oficinas e projetos, por exemplo.
Avaliação
Ao definir os instrumentos de avaliação é preciso não apenas pensar nos
critérios, mas também nos sujeitos envolvidos nesse processo. As avaliações
devem ter, entre outras, a função de identificar quais os conhecimentos já
adquiridos e quais precisam ser retomados para que o estudante tenha condições
de continuar os seus estudos com qualidade.
Em outra direção, é importante garantir que os instrumentos de avaliação
não atendam apenas a finalização de uma etapa de ensino ou mesmo a conclusão
da Educação Básica, mas sirvam ao objetivo maior do CEEJA, que é o de oferecer
aos estudantes jovens, adultos e idosos um ensino digno, de qualidade e que os
habilite para o exercício da cidadania, para o mundo do trabalho, para o ingresso
no Ensino Superior e para realização dos mais variados projetos de vida.
Currículo e Programas
O Currículo Paulista é o documento que norteia a educação da rede estadual
de São Paulo. Por sua vez, na EJA, é fundamental reconhecer suas especificidades
e refletir sobre a diversidade de contextos, interesses e motivações dos
estudantes, dentro e fora do ambiente escolar.
Sendo a Educação de Jovens e Adultos (EJA) a modalidade ofertada para
estes estudantes, o Planejamento deve garantir que o processo de ensino-
aprendizagem contemple as necessidades deste público, considerando os saberes
que os estudantes possuem, adaptando-os para as situações de aprendizagem na
semestralidade do curso.
Com a necessidade da realização de aulas remotas, devido ao COVID-19,
no que resultou em uma mudança drástica e repentina nas vidas de nossos
estudantes privados de liberdade. Essa mudança fez com que nossos professores
se adaptassem para garantir que a relação ensino-aprendizagem fosse garantida,
por meio dos roteiros de estudos (impressos).
Para tanto, o Planejamento deve contemplar, além dos aspectos
pedagógicos o momento de acolhimento. O acolhimento é parte essencial do
processo de ensino-aprendizagem, uma vez que possibilita aos nossos professores
desenvolverem com seus estudantes as competências socioemocionais. Estas
competências socioemocionais são fundamentais para o desenvolvimento integral
dos estudantes privados em liberdade, principalmente para contribuir no
desenvolvimento das habilidades que serão necessárias para a continuidade de
seus estudos. Porém é preciso pensar nas especificidades deste público, uma vez
que as classes vinculadas estão inseridas em espaços de privação com regras
17
próprias (a segurança, por exemplo), o que cabe uma adaptação exclusiva para
essa realidade. É importante garantir um espaço acolhedor, de ajuda mútua e
respeito no ambiente escolar.
É importante destacar, que no ano letivo de 2021, os estudantes
pertencentes ao PEP, assim como todo estudante da EJA, receberam os novos
materiais didáticos, tanto para o Ensino Fundamental – Anos Finais, como para o
Ensino Médio. Estes materiais, junto ao processo de observação, escutam e
avaliação dos estudantes, possam propiciar aos professores meios para identificar
as habilidades e competências que precisam ser retomadas e aprofundadas.
Considerando o longo período de aulas não presenciais, as aprendizagens a
serem recuperadas ou aprofundadas possam ser muitas, principalmente aos
estudantes que cursam os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Portanto, o
Currículo Paulista, em todas as suas etapas, bem como os materiais didáticos,
além de outros materiais, serão os instrumentos para a retomada de alguns temas,
conforme a necessidade dos estudantes.
Todo este material de apoio disponível pode contribuir para uma prática
escolar flexível e adaptada, e devem sempre estar contextualizados de acordo com
o planejamento da escola, do professor e a partir do grupo de estudantes. Por isso,
é fundamental a utilização de metodologias flexíveis, de Temas Contemporâneos
Transversais, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os saberes
por áreas do conhecimento, considerando os conhecimentos e experiências
anteriores do estudante, sempre alinhado às competências e habilidades,
presentes no Currículo Paulista.
Avaliação
A avaliação tem como objetivo diagnosticar a situação de aprendizagem de
cada estudante, em relação à programação curricular. Ela deve ser processual e
formativa e mesmo a EJA não realizando as Avaliações de Sistema (SARESP e
SAEB) ou Avaliações Formativas: Avaliação Diagnóstica (AD), Intermediária,
Avaliação de Aprendizagem em Processo (AAP) e Avaliação de Fluência, nada
impede que os professores juntamente com seus Coordenadores Pedagógicos
(PC), possam construir internamente avaliações para acompanhar a aprendizagem
dos estudantes e o desenvolvimento do planejamento escolar, em vista de
melhorar a qualidade de ensino para os estudantes privados de liberdade.
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CENTRO DE INCLUSÃO
EDUCACIONAL (CINC)
20
Atendimento Socioeducativo
A Secretaria da Educação oferta Educação Básica aos estudantes em
cumprimento de medida socioeducativa em meio fechado nos Centros de
Internação Provisória (CIP) e Centros de Internação (CI) da Fundação CASA,
oferecendo meios para assegurar o direito fundamental, público e subjetivo à
educação, garantindo a implementação de ações didático-pedagógicas
compatíveis com as demandas específicas destes estudantes. Além disso, há a
constante preocupação para tornar construtivo o tempo de permanência dos
estudantes, através de efetivas oportunidades educacionais alicerçadas em
competências e habilidades geradoras das condições necessárias à continuidade
dos estudos escolares.
Currículo e Programas
Diante do contexto da pandemia no ano letivo de 2020/2021, o Projeto
Revitalizando a Trajetória Escolar (PRTE), desenvolvido nos Centros de Internação
(CI), e o Projeto Explorando o Currículo (PEC), ofertado nos Centros de Internação
Provisória (CIP), adequaram-se às atividades pedagógicas através roteiros de
estudos impressos, a fim de garantir aos estudantes em cumprimento de medida
socioeducativa de internação o prosseguimento dos estudos.
Dessa forma, o Currículo Paulista será fundamental para o ano letivo de
2022, para a aquisição das habilidades e competências previstas, as quais devem
estar presentes no planejamento pedagógico dos professores, na elaboração de
planos de aula (individuais, por área do conhecimento e/ou multidisciplinares) e
sequências didáticas.
Quanto ao Projeto Explorando o Currículo, o desenvolvimento das atividades
pedagógicas deve seguir o disposto em resolução: atividades de finitude diária,
por área do conhecimento e baseadas nos Temas Contemporâneos Transversais.
Para apoiar o desenvolvimento das habilidades previstas no Currículo
Paulista, o professor poderá utilizar-se das seguintes estratégias:
• Sala de aula invertida: o professor poderá oferecer materiais prévios
para os estudantes sobre o conteúdo que irá ser trabalhado, após essa etapa,
realizar a mediação das percepções e discutir a partir dos conhecimentos prévios
adquiridos sobre o assunto, podendo ainda propor seminários, apresentações e
21
Avaliação
A avaliação é um recurso que deverá orientar professores no
acompanhamento da aquisição das habilidades e competências, bem como no
acompanhamento do desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Para
esse acompanhamento, a avaliação processual e formativa possibilita avanços em
determinadas habilidades e ajuda a verificar quais precisarão ser revisitadas ou
intensificadas durante o processo de aprendizado.
Portanto, a elaboração de avaliações, conforme as particularidades dos
estudantes em cumprimento de medida socioeducativa de internação, são de suma
importância para identificar as prioridades da realidade escolar, de modo a
oferecer subsídios para as ações pedagógicas previstas.
Migrantes Internacionais
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, tem como um
de seus princípios constitucionais (art. 5°) a igualdade de condições entre
brasileiros e estrangeiros no país para acesso e permanência à escola, sejam eles
residentes ou cidadãos em trânsito. Considerando que todos são iguais perante a
lei, o atendimento educacional não está restrito somente aos brasileiros,
abrangendo também os migrantes internacionais que vivem no país.
A população de migrantes internacionais matriculados nas escolas públicas
estaduais é constituída, atualmente, por quase 14 mil estudantes não brasileiros
de 120 nacionalidades (SEDUC/CITEM, outubro de 2021), sendo quase a metade
desta população (44%) composta por estudantes oriundos da Bolívia, Japão e
Haiti. Esse número expressa a diversidade étnica e cultural no Estado de São Paulo,
cada vez mais plural devido às correntes migratórias contemporâneas,
destacando-se as correntes boliviana, venezuelana, síria, haitiana, japonesa e
chinesa.
Currículo e Programas
A escola é um espaço de compreensão das diversidades e pluralidades
identitárias e culturais. Para garantir o que prevê o Currículo Paulista, é necessário
propiciar a efetivação do respeito à liberdade por meio da construção de
estratégias pedagógicas que definem, entre outras coisas, o apoio à aprendizagem
voltada para a população de estudantes migrantes internacionais, permitindo a
eles o pleno usufruto da escola paulista, com as mesmas oportunidades de
aprendizagem que os demais estudantes.
Para melhor desenvolvimento das habilidades previstas pelo Currículo
Paulista, a escola deve promover a integração dos estudantes migrantes
internacionais, com atenção especial para estudantes em situação de refúgio, que
saíram de maneira inesperada de seus países de origem. O acolhimento das
escolas paulistas a esse público deve envolver os demais estudantes, professores
23
e funcionários e deve ser pensada não somente no início das aulas, mas no
decorrer do ano letivo.
A escola precisa buscar estratégias para lidar com a barreira do idioma.
Indica-se a criação de estratégias que garantam um espaço para que o estudante
contribua com a visão mais ampliada dos desafios do mundo, dos problemas em
outras regiões, das diferentes maneiras de se ler e compreender o mundo e se
comunicar, de aprender e relacionar a partir da cultura e da nacionalidade.
Também pode utilizar as línguas faladas na escola na comunicação escrita
(placas de identificação, avisos, orientações, por exemplo) e criar estratégias de
diálogo e participação ativa das famílias na escola para melhor entendimento dos
desafios enfrentados no ambiente escolar.
Recomenda-se o uso de aplicativos de tradução simultânea, inclusive para
o uso de alfabetos não latinos. Esses aplicativos possuem busca fonética e podem,
inclusive, ser utilizados já no momento da matrícula desses estudantes na Rede
Estadual, já que ingresso dos mesmos é garantido sem necessidade de
documentação definitiva. Neste sentido, podem ser utilizadas as cartilhas de
acolhimento, para pais, estudantes e comunidade como um todo, produzidas pelo
Centro de Inclusão Educacional (CINC) nos idiomas Crioulo Haitiano, Espanhol,
Francês e Inglês e previamente distribuídas à Rede.
Estratégias Complementares
Além dos aplicativos, outra ferramenta importante que também poderá ser
utilizada nas atividades é o material “Aprender Sempre – Vol. 2” que foi traduzido
do português para os idiomas Crioulo Haitiano, Espanhol, Francês e Inglês,
realizado através da parceria entre a Secretaria da Educação do Estado de São
Paulo e a Organização Internacional para as Migrações – OIM.
Quando a escola produzir materiais orienta-se que não sejam traduzidos
títulos e textos de obras literárias nacionais e/ou portuguesas; nomes de
personagens; tabelas; lugares; índices de livros; nome de brinquedos e
brincadeiras; regras de jogos e brincadeiras; expressões tipicamente brasileiras,
para que estas expressões coloquiais e/ou naturais da variedade do nosso idioma
e de nossa comunidade linguísticas sejam preservadas.
Avaliação
24
Currículo e Programas
O Currículo Paulista considera a necessidade de superar as desigualdades
educacionais. Para essa superação, é essencial que o planejamento mantenha
claro o foco na equidade, o que pressupõe reconhecer que as necessidades dos
estudantes são diferentes. Na modalidade da Educação do Campo é fundamental
reconhecer as identidades dos estudantes do campo, valorizando a diversidade e
a herança cultural dos mesmos, para que seu desenvolvimento integral não seja
prejudicado.
26
Avaliação
Podemos dividir as avaliações a serem desenvolvidas nas unidades escolares
em Avaliações Internas e Externas, ambas compõem o processo de ensino e
aprendizagem dos estudantes, e devem estar orientadas pelo Currículo Paulista .
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Currículo e Programas
O planejamento escolar das escolas indígenas para o ano letivo de 2022
deverá ser pautado pela prudência, enquanto avança o processo de imunização
das populações indígenas em suas comunidades, particularmente no que tange à
vulnerabilidade deste grupo.
Objetivamente, o planejamento para 2022 para as escolas indígenas deve
contemplar as seguintes ações:
• Promover a educação específica, diferenciada, intercultural e
bilíngue/multilíngue, verificando possíveis interações com o Currículo Paulista;
• Desenvolver projetos interdisciplinares, multidisciplinares e
transdisciplinares;
• Revisitar boas práticas de atividades pedagógicas desenvolvidas na
Educação Escolar Indígena, a fim de aprimorá-las;
• Os professores indígenas e não indígenas também poderão utilizar os
recursos tecnológicos para apoiar o processo de aprendizado dos estudantes:
Centro de Mídias, aplicativos e plataformas de comunicação.
• Aos professores não indígenas e escolas que não tem acesso às
tecnologias de comunicação (ou tem precariamente), deve-se planejar
antecipadamente com as respectivas Diretorias de Ensino a necessidade de
materiais a serem reproduzidos e entregues aos estudantes por meio de roteiros
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Avaliação
Os resultados do processo de ensino e aprendizagem dos estudantes
indígenas devem respeitar as especificidades culturais de cada povo, baseada em
metodologia própria, ficando a cargo de cada comunidade a definição dos
parâmetros de aplicação dela, que podem inclusive ser contempladas no Projeto
Político Pedagógico daquela Unidade Escolar.
No entanto, é facultada à Unidade Escolar a aplicação de avaliação externa,
formal e institucional, sempre que a comunidade indígena, suas lideranças e seus
professores, tanto indígenas quanto não indígenas, assim entenderem necessária
e proveitosa aos seus estudantes.
É fundamental a valorização dos saberes tradicionais das comunidades, de
forma a serem consideradas como atividades avaliativas toda a produção cultural
da comunidade, como desenhos, atividades agrícolas, artesanatos etc.
Currículo e Programas
O Currículo Paulista define competências e habilidades para o
desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos estudantes paulistas e
considera sempre sua formação integral na perspectiva do desenvolvimento
humano. Na modalidade da Educação Escolar Quilombola, o Currículo Paulista deve
ser articulado de modo que os valores e interesses das comunidades quilombolas
sejam considerados, principalmente os contextos socioculturais regionais e
territoriais.
O Planejamento das unidades escolares que atuam nessa modalidade de
ensino deve, independente da etapa de ensino que ofertam, garantir que o
estudante conheça o conceito e a história dos quilombos no Brasil, o protagonismo
do movimento quilombola e do movimento negro, assim como seu histórico de
31
Avaliação
Podemos dividir as avaliações a serem desenvolvidas nas unidades escolares
em Avaliações Internas e Externas, ambas compõem o processo de ensino e
aprendizagem dos estudantes, e devem estar orientadas pelo Currículo Paulista.
Para esse acompanhamento, a avaliação processual e formativa possibilita
avanços em determinadas habilidades e ajuda a verificar quais precisarão ser
revisitadas ou intensificadas durante o processo de aprendizado. Nas unidades
escolares que atuam na modalidade educacional da Educação Escolar Quilombola,
32
Currículo e Programas
O trabalho da Educação para Diversidade Sexual e de Gênero também está
alinhado com os princípios e objetivos do Currículo Paulista que reiteram a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), que visam levar para aprendizagem em sala
de aula, o exercício da cidadania relacionada com o projeto de vida, ações que
respeitem e promovam os direitos humanos, valorização da diversidade indivíduos
e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza.
É uma estratégia de alcance das competências e habilidades cognitivas,
sociais, culturais e emocionais dos estudantes paulistas, bem como ao trabalho
interdisciplinar e indicações dos temas contemporâneos transversais previstos no
Currículo Paulista, como educação em direitos humanos e saúde, vida familiar e
social.
34
Avaliação
O processo de avaliação também é importante para que a escola desenvolva
ações de respeito e promoção dos direitos humanos. É preciso refletir sobre
pensamentos do senso comum, ora naturalizados na escola, recusando definição
prévia no processo de avaliação como “meninos não tem letra bonita”, “meninas
não possuem bom rendimento na área das Exatas”, “meninos não tem
sensibilidade”, “meninas tem menor rendimento nos esportes”, etc e pensar
criticamente sobre as estratégias de avaliação, como por exemplo, que utilizam
divisão de grupos separados por gênero.
Outra atenção necessária é para estudantes transexuais e travestis. Durante
todo processo pedagógico, inclusive na avaliação, é necessário que seja utilizado
nome social do estudante, bem como ações para evitar situações de desrespeito,
ridicularização, situações constrangedoras, violência física, psíquica e moral.
Currículo e Programas
Nos objetos de conhecimento e unidades temáticas dos componentes de
todas as áreas de conhecimento do Currículo Paulista pode-se articular a promoção
da Educação para as Relações Étnico-Raciais. Sugere-se que ocorra articulação por
meio do desenvolvimento de aulas que reconheçam, valorizem e divulguem o
respeito aos processos históricos de resistência negra desencadeados pelos
africanos escravizados no Brasil e por seus descendentes na contemporaneidade,
desde as formas individuais até as coletivas.
No Estado de São Paulo, a Secretaria da Educação adquiriu obras voltadas
para uma Educação Antirracista. Os 340 títulos distribuídos pela Secretaria
Estadual da Educação compõem o acervo literário que fomenta, na perspectiva da
temática antirracista, a discussão e o aprofundamento das questões das relações
étnicos-raciais bem como a promoção da Educação das Relações Étnico-Raciais –
ERER no ambiente escolar. Os livros escolhidos são referências importantes para
a articulação entre Currículo Paulista, a Avaliação da Aprendizagem, a ERER, bem
como, a Consciência Negra, oferecendo linguagem, vocabulário, ilustrações,
imagens e temas de interesse dos estudantes. Assim, o desenvolvimento de
atividades a partir da leitura dos livros culminou em resultados com potencial para
serem compartilhados durante o ano.
Já o Centro de Inovação da Educação Básica (CIEBP) e o Centro de Mídias
SP (CMSP) dispõem de um acervo de trilhas, aulas e ATPC de Educação Antirracista
que abordam a importância da representatividade africana na cultura nacional. Ao
longo de 2021, esse acervo ofereceu possibilidades de atividades pedagógicas que
38
Avaliação
Pesquisas evidenciam que a trajetória escolar de estudantes negros, pardos
e indígenas é mais complexa, com diversas interferências e dificuldades no
percurso, como a evasão e a defasagem no aprendizado. Estes fatores podem ser
potencializados por atitudes discriminatórias e racistas no ambiente escolar, uma
vez que levam à baixa autoestima e a consequente evasão, e por isso precisam
ser considerados em todos os processos de avaliação.
Durante as avaliações é necessário verificar se as atividades, fóruns,
debates, oficinas e mostras artísticas realizadas promoveram o debate sobre o
racismo estrutural, o diálogo e reflexão sobre racismo, discriminação, igualdade
social, a cultura afro-brasileira e a inclusão de negros na sociedade, bem como a
valorização da cultura africana e a mulher negra na sociedade.
Considerações Finais
O planejamento escolar é o ponto de partida para o processo de aprendizado
dos estudantes, pois é a partir dele que ações pedagógicas são traçadas entre
professores e gestão escolar, buscando oferecer uma educação pública de
qualidade, além de atender às especificidades que se faz presente na rede estadual
de ensino.
Dessa forma, devemos considerar as especificidades e vulnerabilidades de
nossos estudantes em suas modalidades, temáticas e atendimentos, e empenhar
nosso trabalho para contemplar as habilidades e competências do Currículo
Paulista, contribuindo com a recuperação, melhoria da aprendizagem, redução da
evasão e do abandono.
O Planejamento 2022 precisa focar na garantia dos princípios e objetivos do
Currículo Paulista, que visam levar para aprendizagem em sala de aula, o exercício
da cidadania relacionada com o projeto de vida, ações que respeitem e promovam
os direitos humanos, valorização da diversidade indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza a fim de evitar que se constituam em fator de exclusão e
desigualdade ao direito à educação.
Por fim, este documento poderá ser revisitado sempre que necessário para
auxiliar os professores na elaboração de aulas dinâmicas e condizente com cada
realidade escolar, e depois, promover a socialização de vivências pedagógicas com
os colegas para corrigir ações pedagógicas que julguem necessárias.
41
Referências
BRASIL. Institui a Lei da Imigração. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm.
Acesso em 11 de janeiro de 2022.
BRASIL. Lei Maria da Penha. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código
Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm.
Acesso em 11 de janeiro de 2022.