Fernando Pessoa Heterónimos

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FERNANDO PESSOA HETERÓNIMOS

Ao longo da sua vida Fernando Pessoa criou mais de 70 heterónimos. E, este seu
universo heteronímico permitiu-lhe criar diferentes personalidades com outros nomes
como Alberto Caeiro, Ricardo Reis ou Álvaro de Campos. (estes não são
simplesmente pseudónimos, são autores autónomos com biografias e personalidades
diferentes). FRAGMENTAÇÃO DO EU.

A QUESTÃO DA HETERONÍMIA:
Para Pessoa, a heteronímia pode ser vista como um palco onde este expunha a
sua pluralidade e contradições anteriores, explorando todas as possibilidades dos seus
múltiplos “eus”; assim, a questão da heteronímia está diretamente relacionada com
outras características da obra de Pessoa.

HETERÓNIMOS:
ALBERTO CAEIRO
(o poeta bucólico / o primado das sensações)
- o poeta da natureza;
- relação de harmonia com a Natureza, que assume valor essencial;
- o desejo de se transformar numa coisa vulgar, natural;
- a ruralidade e a simplicidade;
- buscar na simplicidade a capacidade de ser feliz;
- a recusa do pensamento (o pensamento torna as coisas uniformes);
- a apologia dos sentidos;
- a apologia da visão como sentido preferencial;
- a apologia do realismo sensorial;
- a “eterna novidade das coisas”.

RICARDO REIS
(o poeta “clássico” / a consciência e a encenação da mortalidade)
- a fugacidade da vida e a iminência da morte;
- a necessidade de aproveitar os momentos bons de cada dia “carpe diem”;
- saborear o encanto de cada dia;
- a busca da tranquilidade absoluta;
- não ceder ao impulso dos instintos (estoicismo);
- o domínio dos deuses;
- procurar a calma ou, pelo menos, a sua ilusão;
- os mortais devem elevar-se à categoria dos deuses e: portar-se ativamente, aprender a
gerir o seu próprio destino e tornar-se donos de si próprios;
- o epicurismo ou a arte de atravessar a existência sem preocupações;
- o presente como temo de realização;
- poeta moralista, transmite conselhos sobre a forma de encarar a vida.
ÁLVARO DE CAMPOS
(o poeta da modernidade / o imaginário épico / sujeito, consciência e tempo /
nostalgia da infância)
1ª fase (decadentista - exprime o tédio, o enfado, a náusea, o cansaço e a necessidade
de novas sensações)
- a atmosfera de uma vida passada, dependente de estupefacientes;
- o ópio como refúgio;
-o sentimento de “fumar a vida”;
- a inatividade, meditando nos seus sonhos “de febre”;
- a falta de objetivos na vida;
- a busca de novas sensações;
- a monotonia em oposição ao divertimento;
- a resignação, sem energia nem alegria;
- a frustração;
- o apelo a Deus para que termine com tudo.

2ª fase (futurista e sensacionista - caracteriza-se pela exaltação da energia, de “todas as


dinâmicas”, da velocidade e da força)
- a celebração do triunfo da máquina e da civilização moderna;
- a beleza da força e da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida;
- a sensação como realidade da vida e base de toda a arte;
- o excesso violento de sensações.

3ª fase (intimista - perante a incapacidade das realizações, regressam o abatimento, a


abulia, que provocam “ Um supremíssimo cansaço / íssimo, íssimo, íssimo, /
Cansaço...”)
- a frustração, o fracasso;
- a perceção de malogro da existência;
- o distanciamento cada vez maior da realidade;
- a dor de pensar, e a sensação do vazio;
- a desesperança e a falta de energia interior;
- a tentativa vã de comunicação do “eu” com o real;
- o sentimento de estranheza e da inutilidade de tudo.

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