Módulos Do Curso Análise Criminal
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APRESENTAO
Ol! Seja bem-vindo(a) ao curso de Anlise Criminal.
A seguir, veja a apresentao do tema proposto, os objetivos esperados, a importncia da anlise
criminal e como ela fundamental para que se obtenham resultados efetivos no mbito da segurana pblica.
Bons estudos!
Segundo alguns autores h trs tipos de mentiras sobre a estatstica: as mentiras, as mentiras srias
e as estatsticas. Veja algumas delas:
Os nmeros no mentem, mas os mentirosos forjam os nmeros.
Se torturarmos os dados por bastante tempo, eles acabam por admitir qualquer coisa.
O historiador Andrew Lang disse que algumas pessoas usam a estatstica como um bbado utiliza
um poste de iluminao para servir de apoio e no para iluminar.
Quais so as razes para que esta viso persista?
Por que fazer anlise criminal?
Estas so algumas das perguntas que serviro de base para os seus estudos sobre o tema em questo.
As principais razes para a produo de impresses distorcidas da realidade a partir das estatsticas
so:
Este curso tem como propsito a construo de um alicerce que amplie a formao de analistas
criminais no Brasil. Dessa forma, a perspectiva contribuir para que novos contedos relacionados s modernas tcnicas de anlise sejam agregados em futuro prximo.
Aqui voc estudar os conceitos bsicos da anlise estatstica que fundamentam o processo de
anlise criminal.
Objetivos do Curso
Ao finalizar o curso, voc ser capaz de:
Reconhecer a importncia da anlise criminal;
Descrever os principais conceitos e aplicaes da estatstica criminal;
Identificar as tcnicas e instrumentos que possibilitam a coleta de informaes;
Aplicar os conceitos bsicos relacionados estatstica para compreender melhor as tcnicas
utilizadas na anlise criminal; Identificar os diferentes tipos de mapas, relacionando-os s suas
informaes; Compreender os elementos conceituais e metodolgicos necessrios para a operacionalizao da anlise criminal.
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Estrutura do Curso
O curso est dividido nos seguintes mdulos:
Bom curso!
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MDULO
Apresentao
Seja bem-vindo(a) ao primeiro mdulo deste curso!
Neste mdulo, voc estudar a importncia da anlise criminal frente nova perspectiva de
policiamento e a sua contribuio para a gesto das aes de segurana pblica.
Objetivos do mdulo
Ao final do mdulo, voc dever ser capaz de:
Definir anlise criminal e identificar as contribuies para a gesto da segurana pblica;
Compreender os aspectos relacionados nova perspectiva de policiamento e a importncia
do foco nas aes de anlise criminal; e
Classificar a produo de conhecimento em segurana pblica de acordo com as vertentes
utilizadas.
Estrutura do mdulo
O contedo deste mdulo est dividido nas seguintes aulas:
1.2 Definio
A definio de anlise criminal abrange muito mais que um simples traado de grficos, tabelas
e mapas. Constitui-se no uso de uma coleo de mtodos para planejar aes e polticas de
segurana pblica, obter dados, organiz-los, analis-los, interpret-los e deles tirar CONCLUSES.
A realizao da anlise criminal envolve, principalmente, o uso de mtodos estatsticos, por
meio dos quais tratam as informaes para tentar conhecer as causas que determinam o fenmeno da segurana pblica, buscando identificar, no resultado final, quais influncias cabem a
cada uma dessas causas.
Voc concluiu a primeira aula! Vamos prosseguir?
Aula 2 A anlise criminal frente nova perspectiva de policiamento
O modelo atual de alocao eficiente dos gastos pblicos cria a necessidade de repensar a forma
como a segurana pblica feita. Os profissionais dessa rea devem se questionar sobre os resultados esperados de sua atividade profissional, assim como sobre a forma de agir para cumprirem essa expectativa:
como fazer mais com menos recursos?
Para responder a questo levantada no slide anterior como fazer mais com menos recursos?
preciso passar da reao para a ao. Ao invs de apenas reagir diante de uma cadeia de incidentes, a
principal estratgia para quebrar esse ciclo a execuo de aes preventivas para a criao de ambientes
seguros.
Importante!
Essa a nova perspectiva que contrasta com a forma tradicional de pensar policiamento. A atitude
mais comum o pronto atendimento vtima, mas dessa forma, o alcance de resultados depende somente
do aumento do efetivo e da compra de armas e viaturas.
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Essa situao fica ainda mais precria quando se questiona o uso das concluses dessas anlises na
gesto das aes e polticas de segurana pblica. Os processos de tomada de deciso baseados na rotina
e na autoridade, marcados pela indiferena quanto aos resultados a serem alcanados em perspectiva sistmica, ainda prevalecem.
Uma das explicaes para essa situao a grande falta de analistas criminais bem treinados
e compromissados com sua atividade.
Importante!
O bom analista criminal no espera uma demanda de informao para iniciar seu trabalho. Espontaneamente, ele passa todo seu tempo de trabalho buscando identificar problemas que devem ser resolvidos,
avalia as principais causas do problema para identificar as respostas com o maior potencial de efetividade e
traa um projeto de execuo que sempre parte da diretriz que preciso aprender com os resultados alcanados, quer sejam positivos ou negativos.
Outro importante ponto a ser destacado no trabalho do analista criminal a existncia, entre esses
profissionais, de uma concepo modesta sobre a importncia do seu trabalho, visto sempre como um trabalho de bastidores. preciso repensar essa concepo.
O analista criminal tem importncia fundamental na garantia do sucesso do trabalho dos rgos
de segurana pblica, pois tem influncia direta sobre o processo de tomada de deciso, assim como
sobre a forma de resolver o problema.
Mais que uma fonte de informaes, o analista criminal deve assumir o papel de conselheiro. Mais
que um tcnico especialista em anlise de dados, o analista criminal deve agir como um pesquisador que
visa trazer as melhores contribuies possveis da cincia para o aperfeioamento do trabalho policial.
No quadro funcional dos rgos de segurana pblica, o analista criminal a pessoa com
maior conhecimento sobre o processo de produo e coleta de informaes, a anlise de dados e sobre a
avaliao de resultados. Alm disso, a pessoa com maior capacidade de encontrar fontes alternativas de
dados e relatrios que podem ser utilizados para dar sustentao e aperfeioar as anlises a serem empreendidas e as concluses a serem alcanadas.
A importncia do trabalho do analista criminal foi demonstrada em uma pesquisa sobre a efetividade das estratgias de ao policial desenvolvida nos Estados Unidos, em 2003.
Veja na figura 1 um quadro de avaliao de resultados de diferentes estratgias de policiamento. As estratgias selecionadas pela pesquisa foram distribudas considerando dois eixos principais: a
focalizao do objeto alvo da ao (eixo horizontal) e a ampliao do conjunto de estratgias de policiamento utilizadas (eixo vertical).
A partir da Figura 1, percebe-se que a perspectiva restrita apenas ao reforo da lei foi trocada por
uma perspectiva mais abrangente que inclui uma aproximao da polcia com a comunidade, alm da realizao de aes sociais.
Observe que, no contexto da estratgia tradicional, a focalizao baixa e a estratgia envolve
apenas o reforo da lei (perspectiva jurdica).
A pesquisa conclui que no existem evidncias empricas de um resultado efetivo das aes em
relao reduo da incidncia criminal. Por outro lado, no policiamento orientado para o problema (Clarke
& Eck, 2007), marcado pela focalizao da ao e pelo uso de um conjunto diversificado de estratgias orientadas para a soluo dos problemas abordados, a pesquisa identificou fortes evidncias empricas de um
resultado efetivo em relao reduo da incidncia criminal.
O policiamento orientado para o problema tem como principal estratgia de interveno a promoo de mudanas nas condies que fazem do crime um problema repetitivo. Ele apresenta um grande
avano em relao estratgia tradicional de policiamento, pois objetiva um resultado mais efetivo do que
o alcanado pelas respostas reativas aos incidentes e pelas patrulhas policiais preventivas.
Nesta aula, voc viu vrios aspectos sobre o trabalho do analista criminal frente nova perspectiva
de policiamento!
Vamos prosseguir para a prxima aula?
Aula 3 Anlise criminal X Alocao de recursos
O aumento de recursos financeiros investidos suficiente para o alcance de resultados?
No mbito nacional, uma constatao cientfica de Cerqueira e Lobo (2003) exps que que a efetiva soluo dos problemas de segurana pblica nunca resultar apenas do aumento dos recursos gastos
pelos rgos de segurana pblica. Baseados em informaes sobre os fatores associados incidncia de
homicdios em So Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre 1980 e 2003, eles concluram que o aumento
das despesas com segurana pblica no est relacionado estatisticamente reduo da incidncia
de homicdios.
Dos fatores considerados por Cerqueira e Lobo (2003), a reduo da desigualdade social foi o
nico relacionado diretamente reduo da incidncia de homicdios.
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Cabe ressaltar, no entanto, que os autores consideraram os gastos em segurana pblica sem separ-los e sem analisar as possibilidades de distribuio e aplicao desses recursos efetivos na prpria rea.
Para alcanar resultados reais, no basta aumentar o volume de recursos financeiros investidos.
preciso analisar as alternativas de interveno e investir os recursos conforme as relaes entre custo
e benefcio de cada alternativa.
Essa questo aponta para a importncia do analista criminal, que fornece o subsdio tanto para
a tomada de deciso quanto para o investimento. Por fim, a pesquisa destaca a necessidade de trabalhar
com estratgias de interveno que ultrapassem o mbito das aes tradicionais de polcia, pois a melhor
perspectiva de resultado foi observada quando reunidas todas as estratgias de ao de forma conjunta:
Aes policiais;
Reduo da desigualdade social; e
Aumento da renda per capita.
SAIBA MAIS...
Antes de prosseguir, leia o texto em anexo: Recorte 1: A anlise criminal contribuindo para mudanas na poltica nacional., que est nos anexos do curso.
Nota: H na REDE EAD um curso de Policiamento Orientado para o Problema. Matricule-se para
o prximo ciclo, caso ainda no tenha cursado.
Nesta aula, voc estudou sobre a Anlise criminal e a Alocao de recursos.
Vamos prosseguir?
Importante!
Cada tipo criminal especfico tem causas particulares e recomenda-se que as intervenes sejam
focalizadas em cada um deles separadamente.
Parabns, voc est quase no fim deste mdulo! Vamos prosseguir para a ltima aula?
Magalhes (2007) destaca trs grandes vertentes bsicas do trabalho de produo de conhecimento
voltado para a gesto em segurana pblica:
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Exerccios
Com base nos conhecimentos adquiridos no mdulo 1, realize as atividades propostas a seguir.
1. Podemos definir segurana pblica como:
a) constituda pelo uso de uma coleo de mtodos para planejar aes e polticas de segurana
pblica, obter dados, organiz-los, analis-los, interpret-los e deles extrair concluses.
b) constituda pelo uso de uma coleo de mtodos para traar grficos, tabelas e mapas.
c) constituda pelo uso de uma coleo de mtodos para executar aes e polticas de segurana
pblica.
d) constituda de ferramentas para levantar informaes.
3. A produo do conhecimento de gesto em segurana pblica pode ser classificada segundo trs
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Gabarito
Resposta correta atividade 1: a alternativa a.
Resposta correta atividade 2: alternativa: b.
Resposta correta atividade 3: sequncia: 2; 3; 1).
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MDULO
COLETA DE INFORMAES
Apresentao
Ol! Seja bem-vindo ao mdulo Coleta de Informaes.
Antes de iniciar o contedo desse mdulo, que tal relembrar o que voc estudou no anterior?
Voc viu a definio de anlise criminal e identificou suas contribuies para a gesto da segurana pblica;
Compreendeu os aspectos relacionados nova perspectiva de policiamento e a importncia do
foco nas aes de anlise criminal; e
Viu a classificao da produo de conhecimento em segurana pblica de acordo com as vertentes utilizadas.
Neste mdulo, voc estudar alguns dos mtodos de abordagem dos fenmenos sociais que podem ser utilizados para a elaborao de diagnsticos sobre a situao da segurana pblica e monitoramento de resultados das aes e polticas.
Cabe destacar que um mtodo no exclui o outro. Muitas vezes preciso combin-los, pois cada um
possui vantagens e limitaes; a combinao possibilita que se complementem.
Objetivos do mdulo
Ao final do mdulo, voc dever ser capaz de:
Estrutura do mdulo
O contedo deste mdulo est dividido nas seguintes aulas:
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1.
2. Criao de situaes artificiais e observao do comportamento antes das tarefas definidas para
as situaes.
Avaliao de impacto (laboratrio)
3. Realizao de perguntas s pessoas sobre o que fazem (fizeram) e pensam (pensaram).
Survey
Estudo de caso
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A grande desvantagem desse mtodo que o pesquisador dificilmente consegue manter procedimentos sistemticos de pesquisa.
Anlise de dados secundrios
A realizao de pesquisas cientficas no envolve, necessariamente, a coleta e anlise de dados originais (pesquisa de campo). Alguns tpicos de pesquisa podem ser estudados analisando dados j coletados
e compilados.
A anlise dos dados secundrios tem a grande vantagem da economia. O pesquisador no precisa
arcar com os custos de amostragens, entrevistas, codificaes, recrutamento de sujeitos experimentais etc.
A principal desvantagem do mtodo que o pesquisador fica limitado a dados j coletados e
compilados por outros, que podem no representar adequadamente a questo que lhe interessa.
Avaliao de impacto
A avaliao de impacto procura determinar os resultados das aes e polticas. Para mensurar esses
resultados, no basta olhar o objeto de anlise e ver o que aconteceu com ele depois da aplicao da poltica.
Para garantir que as mudanas observadas so resultantes da poltica empreendida, preciso comparar o grupo em que ela foi implementada chamado de tratado com um grupo similar que no a experimentou chamado de controle.
TRATADO: Grupo em que foi implementada a poltica.
CONTROLE: Grupo similar em que no foi implementada a poltica.
Quando se est trabalhando com experimento aleatrio, tambm chamado de experimento puro,
bastante simples medir o impacto.
Os experimentos aleatrios so aqueles em que os tratados e controles so escolhidos de
forma aleatria na populao. Esse tipo de estudo muito usado na medicina para testes de remdios.
Das pessoas inscritas para o teste, so selecionados dois grupos de forma aleatria, por sorteio.
Para um grupo distribudo o placebo (grupo controle) e para o outro grupo dado o remdio (grupo
tratado). Depois do tratamento, compara-se a condio de sade dos dois grupos.
Se o grupo tratado apresenta melhor condio de sade de que o grupo controle, o remdio tem
resultado positivo. Caso contrrio, o remdio no tem resultado.
Entretanto, na prtica, quase impossvel implementar experimentos aleatrios no caso de polticas
pblicas, pois existe um problema tico e moral.
PARA REFLETIR...
Sendo o objetivo fazer uma poltica de preveno criminalidade em reas de alta periculosidade
da cidade, como escolher uma rea que no vai receber essa poltica?
Isto justo com a populao desse local?
Normalmente, as aes e polticas tm desenhos no aleatrios e as avaliaes devem buscar desenhos no experimentais, denominados por avaliaes de estudos observacionais ou quase-experimentais.
A implicao do desenho no experimental para a avaliao do impacto que o controle no
pode ser comparado diretamente com o tratado, pois os atributos de ambos no so, necessariamente,
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equivalentes.
Para fazer essa comparao necessrio que se apliquem tcnicas estatsticas que tornam o controle equivalente ao tratado.
Existem vrias tcnicas para isso, as mais usadas so pareamento com escore de propenso e
diferenas em diferenas. Neste curso no sero tratadas essas tcnicas, pois exigem um conhecimento
avanado em estatstica. Para mais detalhes, veja Ravallion (2001; 2005) e Heckman et al. (1998).
Survey
Um survey realizado quando se pretende construir enunciados sobre uma populao, isto , descobrir a distribuio de certos traos e atributos, avaliar o impacto de alguma poltica ou ao etc.
Para que seja vivel, em termos tcnicos e econmicos, a pesquisa realizada em uma amostra
cientificamente selecionada da populao, de forma a represent-la. Essa seleo cientfica da amostra
permite a extrapolao dos resultados encontrados para a populao, ou seja, se a amostra composta por
50% de homens, pode-se extrapolar o resultado dizendo que nossa populao composta de 50% de homens.
A coleta de informaes envolve sempre a aplicao de um questionrio, que deve priorizar a construo de questes com respostas fechadas, retirando ao mximo a possibilidade de respostas abertas em
formato de texto. Assim, esses instrumentos de coleta de informao favorecem o uso de tcnicas quantitativas para anlise dos dados.
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Tcnicas de anlise
Survey
Estudo de caso.
O objetivo de uma pesquisa determina a forma do questionrio e a maneira da sua aplicao por
meio dos conceitos e da populao alvo.
fatores:
1.
Contexto social da sua aplicao;
2. Perguntas;
3.
Estrutura lgica na organizao dessas perguntas; e
4.
Diferentes formas de coleta de informao.
No que diz respeito administrao do questionrio, sendo ele observado como um instrumento
de coleta de informaes importante apontar que esse processo envolve sempre uma interao entre pesquisador e respondente.
A interao pode ocorrer no mbito de uma entrevista presencial, na qual os dois atores so
colocados frente a frente numa relao de entrevistador e entrevistado, ou no mbito da resposta a um
questionrio encaminhado, por exemplo, via e-mail ou correio, no qual ocorre uma interao entre os dois
atores pela apresentao do questionrio (na maneira como as questes foram escritas, no agradecimento
pela disponibilidade de responder ao questionrio, dentre outros fatores). Ou seja, mesmo no preenchimento de um questionrio, ocorre uma entrevista, mas nesse caso, a relao entre entrevistado e entrevistador mediada pelo questionrio.
Estabelecer contato com o respondente em potencial e assegurar sua cooperao. Para estaead.senasp.gov.br
belecer confiana, o entrevistador deve se apresentar e indicar com e para quem trabalha. A seguir, precisa
capturar o interesse do respondente pelo tema e para isso, sugere-se ressaltar o quanto opinies e experincias do respondente so importantes. So os primeiros momentos da entrevista que importam para
a disposio do respondente em cooperar. Nesse momento, o questionrio e sua importncia devem ser
apresentados da forma mais completa.
Como o respondente pode desistir da pesquisa a qualquer momento, persiste a necessidade
de continuar a manter seu interesse durante a realizao da entrevista. Alguns pontos merecem especial
ateno para evitar a desistncia no meio do processo da entrevista: a tarefa deve parecer ser breve, preciso reduzir ao mximo o esforo mental e fsico requerido, eliminar as possibilidades de embarao, qualquer
implicao de subordinao e custo financeiro.
O mnimo de cortesia na despedida consiste em um agradecimento pela valiosa colaborao
do respondente, seja de maneira verbalizada no fim da entrevista, seja de maneira escrita no fim do questionrio. Muitas pessoas participam de pesquisa por se sentirem importantes em ter sua opinio valorizada ou
por poder falar e ser ouvido. Comunicar resultados e/ou facilitar o acesso a eles outra forma importante de
recompensar os respondentes.
2.6 As perguntas
As perguntas iniciais servem para estabelecer um relacionamento de confiana entre respondente
e pesquisador. Nunca se deve comear o questionrio por perguntas burocrticas (nome, sexo, idade, renda
familiar etc.), pois essas questes s tero respostas autnticas quando o respondente desenvolver certo
grau de confiana no entrevistador.
As perguntas burocrticas devem ser inseridas sempre no final do questionrio. Cabe destacar tambm que perguntar o nome no incio da entrevista contradiz qualquer afirmao sobre o carter confidencial
da entrevista.
Quais so as caractersticas de uma boa pergunta?
Uma boa pergunta aquela que gera respostas fidedignas e vlidas e, por essa razo, devem
apresentar algumas caractersticas bsicas:
A pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente;
As expectativas quanto s respostas precisam ser explicitadas para os respondentes;
Os respondentes devem ter todas as informaes necessrias para a resposta; e
Os respondentes precisam estar dispostos a responder.
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Escala Nominal;
Escala Ordinal;
Escala Intervalar.
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A Escala Nominal utiliza smbolos ou nmeros somente para identificar as pessoas, objetos ou
categorias. Por exemplo, o gnero, estado civil ou atributos como cor de cabelo, uso de bengala e existncia
de tatuagem.
Mesmo para as medies em escala nominal preciso se preocupar em estabelecer um bom relacionamento com o respondente.
Exemplo: A frase Qual o estado civil de V.Sa? soa melhor do que solicitar simplesmente Estado
civil.
Dependendo da populao alvo e do objetivo da pesquisa, um maior ou menor nmero de alternativas apropriado.
Exemplos: A raa pode ter como categoria apenas: a) brancos e b) no brancos OU a) brancos, b)
negros, c) pardos, d) indgenas, e) asiticos e f) outros.
Lembre-se!
O importante que as opes sejam mutuamente exclusivas e cubram todas as alternativas.
Na Escala Ordinal, alm de se identificarem as pessoas, objetos ou categorias, ocorre uma ordenao desses elementos. Por exemplo, a hierarquizao da percepo de nveis de violncia entre diferentes
locais de uma cidade, status social ou ordem de chegada em uma competio.
Uma tcnica de mensurao muito utilizada nas cincias sociais para levantar atitudes, opinies e
avaliaes a construo de escalas Likert. Nela, o respondente avalia um fenmeno numa escala de, geralmente, cinco alternativas.
Para saber mais sobre as escalas Likert, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_Likert.
O contedo das alternativas varia de acordo com o tema abordado na pergunta. Um ponto interessante na utilizao de escalas a deciso quanto ao uso de nmero par ou mpar de alternativas, pois o uso
de um nmero mpar de alternativas indica que se criou um ponto neutro no meio da escala, ou seja,
foi aberto espao para o entrevistado expor uma posio neutra sobre o tema abordado.
Independentemente do nmero de alternativas, importante que as opes estejam balanceadas,
isto , as direes opostas de respostas devem possuir o mesmo nmero de opes.
Veja abaixo dois exemplos de perguntas na escala ordinal.
a) Em termos gerais, o quo satisfeito voc est com as suas condies de trabalho?
1. Bastante satisfeito
2. Muito satisfeito
3. Pouco satisfeito
4. Nada satisfeito
b) O quo seguro, voc se sente ao andar sozinho pelas ruas na regio onde reside ao anoitecer?
1. Muito seguro
2. Razoavelmente seguro
3. Nada seguro
Na Escala Intervalar, as caractersticas so ordenadas conforme uma dimenso subjacente e os
intervalos entre as alternativas tm tamanho conhecido e podem ser comparados.
Exemplos:
O tamanho da populao.
O nmero de crimes registrados.
O nmero de inquritos concludos.
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3.1.1 Caractersticas e limitaes dos registros das polcias militares e das polcias civis
Polcia Militar: Os registros da Polcia Militar incluem crimes e ocorrncias diversas, mas no
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abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, no podem ser usados como base exclusiva de
um sistema de informao criminal. O grande problema dessa base de dados est relacionado
subnotificao dos crimes, ou seja, muitos indivduos no reportam os crimes polcia.
Polcia Civil: A Polcia Civil praticamente s registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla
gama de incidentes que perturbam a segurana pblica e no chegam a constituir crime. Um
dos grandes problemas dessa base de dados tambm a subnotificao dos crimes. Por causa
das caractersticas dos dados gerados pelas polcias e suas limitaes, muitas vezes so necessrias fontes alternativas de informaes.
blica
Desde o ano de 2004, a Secretaria Nacional de Segurana Pblica, do Ministrio da Justia, vem
despendendo esforos para a concretizao de uma base nacional de dados e informaes de segurana
pblica, com o apoio dos entes federados, rgos federais e estaduais, instituies de segurana pblica,
profissionais em segurana pblica, pesquisadores e demais parceiros.
Uma grande ao foi a criao do Sistema Nacional de Estatsticas de Segurana Pblica e Justia
Criminal SINESPJC, implantado em 2004, com o mdulo Polcia Civil e posteriormente com o mdulo Polcia Militar em 2006. Este sistema teve como principal objetivo iniciar o processo informatizado de coleta de
dados estatsticos junto s 27 UFs, em um cenrio que contava apenas com 07 UFs com sistemas de registro
de ocorrncias informatizados.
Neste contexto, a SENASP veio fomentando - junto aos entes federados e por meio de convnios
com a Unio - o desenvolvimento, customizao e ampliao de sistemas informatizados de registros de
ocorrncias policiais e sistemas de atendimento e despacho das Polcias e Corpos de Bombeiros Militares. O
objetivo foi o de melhorar os processos de envio, tratamento e anlise de dados.
Mesmo com o apoio da SENASP, as instituies de segurana pblica no deixaram de arcar com
o nus de ter que alimentar, de forma manual ou minimamente informatizada, a base de dados nacional.
Limitaes do SINESPJC no permitiam que sistemas estaduais fossem integrados diretamente ao sistema
nacional, tornando o processo de alimentao lento e rduo. Alm disso, havia o problema da falta de padronizao dos formulrios de coleta nos Estados.
Partindo deste novo cenrio, identificados os problemas e desafios, a SENASP em maio de 2012,
juntamente com representantes das Polcias Civis, Militares e Corpos de Bombeiros Militares das 27 Unidades de Federao, definiu os campos e contedos mnimos dos boletins de ocorrncias e atendimento e
despacho das instituies de segurana pblica. Neste mesmo ano, foi promulgada a Lei 12.681, que institui
o Sistema Nacional de Informaes de Segurana Pblica, Prisionais e sobre Drogas, com a finalidade de
armazenar, tratar e integrar dados e informaes para auxiliar na formulao, implementao, execuo,
acompanhamento e avaliao das polticas relacionadas segurana pblica; sistema prisional e execuo
penal; e enfrentamento do trfico de crack e outras drogas ilcitas. Com isto, o SINESPJC torna-se o mdulo
de estatstica do SINESP.
Logo aps a criao da lei do SINESP, o Ministrio da Justia, por meio da SENASP, toma o compromisso de firmar junto s Unidades da Federao 27 termos de adeso ao SINESP, ratificando o compromisso
de todos em cooperar com a implantao, manuteno e atualizao do sistema. O no envio dos dados
previstos no Termo implica na impossibilidade de receber recursos ou celebrar parcerias com a Unio para
financiamento de programas, projetos ou aes de segurana pblica e do sistema prisional.
Enviar os dados previstos no Termo
Possibilidade de receber recursos e celebrar parceiras com a Unio
O SINESP tem como objetivo sanar o problema da m qualidade de informaes de crime no Brasil. Essa m qualidade se deve aos diversos problemas estruturais que impediram, ao longo dos anos, uma
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melhor qualidade da informao, e, alm disso, a particularidades dos prprios eventos criminais, que, por
natureza, so difceis de serem registrados pela populao.
Por exemplo, furtos e roubos de pequenos valores e casos de estupros, abusos, assdios e coeres,
muitas vezes, esto inseridos dentro de contextos pessoais ou familiares, fazendo com que as vtimas raramente procurem as autoridades para registro dos fatos.
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como indicadores de segurana pblica a demora na sua divulgao, justamente devido ao tempo dedicado crtica dos dados. De qualquer forma, muito importante que, mesmo com certo atraso, tais registros
sejam comparados com os da polcia, para testar a validade dos ltimos.
Existem inmeras instituies pblicas e privadas que compilam informaes que podem ser relevantes para a anlise de crimes, criminosos ou vtimas especficas. Alguns exemplos: as agncias de regulao dos produtos controlados (tais como armas, lcool ou drogas), agncias reguladoras que fiscalizam
instituies bancrias ou de segurana, autoridades fiscais e alfandegrias, departamentos de segurana de instituies privadas etc.
SAIBA MAIS...
O site do Ministrio da Justia vem se institucionalizando nos ltimos anos como referncia nacional
em relao s informaes de segurana pblica. Destacam-se como exemplo de relatrios disponveis nessa
pgina:
Para saber mais sobre o Ministrio da Justia, acesse: http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-publica/estatisticas.
tipo de pesquisa que se pretende realizar e tipo de informaes a serem coletadas. Eles tambm
podem ser utilizados de forma complementar quando necessrio.
Um questionrio pode ser definido como um conjunto de perguntas sobre um determinado
tpico que no testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinio, seus interesses, aspectos de personalidade e informao biogrfica. (YAREMENKO et al., 1986).
Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de segurana pblica e justia criminal so
dados policiais, do Ministrio Pblico, da Justia e do sistema prisional, para fins de administrao dos procedimentos de rotina. Em geral, essas informaes no so utilizadas na rea de
gesto.
Os registros da Polcia Militar incluem crimes e ocorrncias diversas, mas no abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, no podem ser usados como base exclusiva de um sistema de
informao criminal.
A Polcia Civil praticamente s registra crimes, mas deixa de registrar uma ampla gama de incidentes que perturbam a segurana pblica e no chegam a constituir crime.
Na maior parte dos crimes, a nica fonte alternativa possvel so as pesquisas de vitimizao,
que permitem no apenas estimar a incidncia real do fenmeno, mas tambm o tamanho e o
perfil da subnotificao.
Exerccios
Com base nos conhecimentos adquiridos no mdulo 2, realize as atividades propostas a seguir.
Atividade 1.
O mtodo de pesquisa de avaliao de impacto inclui:
a)
semelhanas.
b)
c)
social.
d)
Atividade 2.
Qual a principal vantagem da coleta de informao por dados secundrios?
a)
b)
c)
d)
Atividade 3.
Em relao s perguntas contidas no questionrio, assinale a afirmativa FALSA:
a)
( ) As perguntas devem apresentar cinco caractersticas bsicas: a pergunta precisa ser compreendida e comunicada consistentemente; as expectativas quanto s respostas precisam ser explicitadas
para o respondente; os respondentes devem ter todas as informaes necessrias para a resposta; e os respondentes precisam estar dispostos a responder.
b)
( ) As perguntas abertas so indicadas quando no se conhece a abrangncia e variabilidade
das possveis respostas. Esse tipo de pergunta estabelece, no incio da entrevista, um clima receptivo entre
pesquisador e respondente, e, no final, captura as opinies no cobertas pelas perguntas fechadas.
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c)
( ) Quanto linguagem usada na formulao das perguntas, preciso atentar para a sua
compreenso pela populao alvo da pesquisa. Abreviaes, grias ou termos regionais, termos especiais ou
sofisticados devem ser utilizados para facilitar a compreenso do entrevistado.
d)
( ) Perguntas em escala nominal utilizam smbolos ou nmeros somente para identificar as
pessoas, objetos ou categorias.
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Gabarito
Resposta correta atividade 1: afirmativa b).
Resposta correta atividade 2: afirmativa c).
Resposta correta atividade 3: afirmativa c).
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MDULO
Apresentao
Ol, seja bem-vindo(a) ao mdulo Anlise Estatstica Criminal!
Neste mdulo, voc estudar os conceitos bsicos relacionados ao estudo da estatstica para compreender melhor as tcnicas utilizadas na anlise criminal.
Lembrando que, no mdulo anterior, voc aprendeu a descrever os mtodos de abordagem dos fenmenos sociais (e as tcnicas de anlise correspondentes). Tambm estudou sobre os aspectos que devem
ser observados na construo de um questionrio. E, por fim, conheceu diversas fontes de dados e informaes de segurana pblica.
Preparado(a) para aprender mais sobre Anlise Criminal?
Ento, vamos l!
Objetivos do mdulo
Ao final do mdulo, voc dever ser capaz de:
Estrutura do mdulo
e segurana pblica.
Variveis
Amostra
Populao
Censo
uma coleo de dados relativos a todos
os elementos de uma
populao.
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A execuo desse fluxo da anlise estatstica envolve sempre a possibilidade de retorno primeira
etapa da pesquisa (coleta de dados). Tanto a crtica dos dados pode mostrar que a etapa de coleta no foi
bem planejada ou executada, quanto s etapas de apresentao e anlise podem evidenciar que os dados
coletados so insuficientes para garantir uma boa compreenso do fenmeno estudado.
Fonte: SENASP/MJ Pesquisa Perfil Organizacional das Delegacias Especializadas de Atendimento Mulher Brasil (2003/2007)
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Fonte: SIM/SVS/MS
A srie especfica (ou categrica) identificada pelo carter varivel do fator fenmeno.
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Tabela 4 Ocorrncias registradas pelas polcias civis por nmero e taxas por 100 mil habitantes (Brasil-2012)
1.
TTULO DA TABELA Conjunto de informaes, as mais completas possveis, respondendo
s perguntas: O qu? Quando? e Onde? localizado no topo da tabela, alm de conter a palavra TABELA e
sua respectiva numerao.
2.
CORPO DA TABELA - o conjunto de linhas e colunas que contm informaes sobre a varivel em estudo.
Nota: A substituio de uma informao da tabela pode ser feita pelos seguintes sinais: (...) informao coletada, mas no est disponvel; () informao no coletada e (?) quando h dvida da validade
da informao.
3.
RODAP - Elementos complementares da tabela:
34
1.
Fonte: Identifica o responsvel (pessoa fsica ou jurdica) pela sistematizao dos dados nu-
mricos.
2.
Notas: o texto que ir esclarecer de forma geral ou especfica algum contedo da tabela.
3.
Chamadas: Smbolo remissivo atribudo a algum elemento de uma tabela que necessita de
uma nota especfica.
os resultados de forma simples, clara e verdadeira; demonstrar a evoluo do fenmeno em estudo e observar a relao dos valores analisados.
Veja que a disposio dos elementos idntica das tabelas. Clique sobre cada um para ter acesso
a mais informaes.
Ttulo do grfico: Conjunto de informaes, as mais completas possveis, respondendo s perguntas: o qu? Quando? e Onde? Localizado no topo do grfico, alm de contar a palavra GRFICO e sua respectiva numerao.
Corpo do grfico: a representao grfica da anlise efetuada.
Rodap: Elementos complementares do grfico:
o
Fonte: Identifica o responsvel (pessoa fsica ou jurdica) pela sistematizao dos dados numricos;
o
Notas: o texto que ir esclarecer de forma geral ou especfica algum contedo do grfico;
o
Chamadas: Smbolo remissivo atribudo a algum elemento do grfico que necessita de uma
nota especfica
Na anlise criminal, se trabalha com 4 tipos de grficos. Veja a seguir cada um deles.
Grficos em colunas
Conjunto de retngulos dispostos verticalmente, separados por um espao.
Grficos de Barras
Conjunto de retngulos dispostos horizontalmente, separados por um espao.
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Grfico 2 Percentual da populao que considera ter aumentado a delinquncia nos ltimos 12
meses (Amrica Latina, 2011)
Grficos em setores
Representao atravs de um crculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando se quer
comparar cada valor de uma srie com o seu total (proporo).
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registrada no municpio.
Porcentagem
As porcentagens so obtidas a partir do clculo das propores, simplesmente multiplicando-se o quociente obtido por 100 (a palavra porcentagem significa por cem). Enquanto a soma das propores igual a 1, a soma das porcentagens igual a 100, a menos que as partes no sejam mutuamente
exclusivas e exaustivas.
Exemplo: Considerando os exemplos de proporo, h 40% de homens entre as pessoas retidas e
50% de homicdios entre as ocorrncias registradas no municpio
Razo
o resultado de um nmero A em relao a um nmero B (A dividido por B).
Exemplo: A razo de policiais por viatura no Brasil de (policiais)/(viaturas) = 618.613 / 76.074 =
8,13, ou seja, h 8,13 policiais por viatura.
Cabe ressaltar que a razo busca relacionar quantidades de itens diferentes, como: policiais por
viatura, PIB por habitantes, recursos financeiros gastos pela polcia militar pelo total do efetivo da polcia
militar etc.
A seguir, voc aprender a calcular a proporo, a porcentagem e a razo, a partir da tabela 6.
o policiamento
Razo de gastos com a subfuno policiamento por gastos com a subfuno defesa civil.
Gastos com a subfuno policiamento/Gastos com a subfuno defesa civil > 18.591.783.723,58/1.
630.080.129,49 = 11,40
Para cada real gasto com a subfuno defesa civil so gastos R$ 11,40 com a subfuno policiamento
4.1.2
Distribuio de frequncias
A distribuio de frequncia o conjunto de mensuraes de frequncias para os dados observados.
Frequncia absoluta: o nmero de vezes que o valor de uma determinada varivel observado.
Frequncia absoluta acumulada: a soma das frequncias absolutas dos valores inferiores ou
iguais ao valor dado.
Frequncia relativa: a razo da frequncia absoluta pelo nmero total de observaes.
Frequncia relativa acumulada: a soma das frequncias relativas dos valores inferiores ou
iguais ao valor dado.
Distribuio de frequncia: uma forma de apresentar as frequncias. So apresentadas as
variveis seguidas de suas frequncias absolutas.
Exemplo: nmero de homicdios ocorridos em 16 cidades distintas.
A seguir, voc estudar a explicao dos conceitos relacionados distribuio de frequncia, com
base na Tabela 8.
Distribuio de frequncias
Frequncia absoluta: Na primeira coluna foram colocados, em ordem crescente, todos os possveis
nmeros de homicdios ocorridos em 16 cidades. Na segunda coluna, aparecem quantas cidades sofreram
aquele nmero de homicdios.
Observe, na tabela 8, que a frequncia absoluta de 0 homicdio um, ou seja, das 16 cidades
analisadas somente uma delas teve 0 homicdio. A frequncia absoluta de 3 homicdios dois, ou seja, duas
cidades tiveram 3 homicdios. A frequncia absoluta de 4 homicdios um, ou seja, uma cidade teve 4 homicdios, e assim por diante.
Frequncia absoluta acumulada: Foi construda a terceira coluna da tabela 8 somando-se cada
linha a frequncia absoluta.
Na primeira linha, a frequncia absoluta acumulada coincide com a frequncia absoluta (1).
Na segunda linha soma-se a frequncia absoluta acumulada da primeira linha (1) frequncia absoluta da
segunda linha (2), obtendo-se uma frequncia acumulada 3. Na terceira linha, soma-se a frequncia absoluta
acumulada anterior (3) frequncia absoluta dessa categoria (1), sendo a frequncia acumulada igual a 4, e
assim por diante.
Frequncia relativa: A frequncia relativa dada pela diviso da frequncia absoluta da categoria
pelo nmero total de cidades, obtendo-se o percentual das cidades que sofreram aquele nmero de crimes.
Para obter a frequncia relativa de 0 homicdio, divide-se a frequncia absoluta dessa categoria (1)
pelo total (16) (1)/(16) = 0,0625, ou seja, 0,0625 das cidades tm 0 homicdio. Da mesma forma, encontra-se que 0,125 das cidades tm 3 homicdios, 0,625 das cidades tm 4 homicdios, 0,25 das cidades tm 5
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homicdios.
Multiplicando a frequncia relativa por cem, encontra-se a porcentagem das cidades com determinado nmero de homicdios. Por exemplo: 0,0625 x 100 = 6,25, ou seja, 6,25% das cidades no sofrem
homicdios.
Frequncia relativa acumulada: obtida de forma similar frequncia absoluta acumulada, ou
seja, somando-se cada linha a frequncia relativa das categorias dos nmeros de homicdio.
Na primeira linha, a frequncia relativa acumulada coincide com a frequncia relativa. Na segunda
linha, ao se somar a frequncia relativa acumulada da primeira linha (0,0625) frequncia relativa da segunda linha (0,125), o que resulta na frequncia acumulada de 0,1875.
Veja agora os grficos utilizados na distribuio de frequncia.
Histograma
O histograma um grfico de barras justapostas, com a rea das barras proporcional frequncia absoluta.
Exemplo:
Polgono de frequncia
a representao grfica de uma distribuio de frequncias absolutas. So grficos de linhas
que unem os pontos mdios das bases superiores dos retngulos de um histograma.
Polgono de frequncia acumulada
ficos de linhas que unem os pontos correspondentes ao limite superior da frequncia acumulada.
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Outros conceitos:
Para compreender melhor os clculos das medidas apresentadas, conhea mais trs:
Taxa bruta - o estimador mais simples para o risco de ocorrncia de um evento, definindo-se
como a razo entre o nmero de eventos ocorridos na rea e o nmero de pessoas expostas
ocorrncia desse evento. O clculo da taxa desenvolvido quando se precisa comparar a incidncia de fenmenos entre diferentes regies, com tamanho populacional diferente, ou uma
mesma regio onde a populao varia com o tempo. O valor da taxa calculado pela diviso
do nmero de vtimas efetivas pelo tamanho da populao de risco, ou seja, pelo tamanho da
populao que poderia sofrer esse crime, e o valor obtido multiplicado por 100 mil.
Quartis - So os valores que determinam uma diviso do conjunto de dados em quatro partes
iguais.
Decis - So os valores que determinam uma diviso do conjunto de dados em dez partes iguais.
Clculos
Para se determinar a taxa de uma regio geogrfica (que rene vrias UFs) no se deve calcular a mdia das taxas das UFs, pois esse clculo no leva em considerao o tamanho da populao de cada
UF dentro da regio geogrfica. O correto somar as vtimas de todas as UFs, a populao de todas as UFs
e realizar o clculo da taxa mdia da regio geogrfica.
Veja a seguir a diferena gerada a partir desses dois tipos de clculo.
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Varincia: a medida do grau de disperso dos dados em torno da mdia. A varincia mostra
44
Desvio Padro: obtido calculando a raiz quadrada da varincia. O desvio padro representado pelo smbolo o.
Como calcular o desvio padro?
Aps descobrir o valor da varincia, calcula-se sua raiz quadrada. Esse resultado o valor do desvio
padro.
s = s2 = 22,52971 = 4,74649
Nota: Todos os pacotes estatsticos, incluindo o Excel, fazem o clculo da varincia e do desvio
padro automaticamente.
Resumindo...
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Pelo coeficiente de correlao, possvel saber se o desemprego est associado ao aumento da criminalidade, mas no possvel saber se o desemprego que causa o aumento do crime ou se o aumento
do crime que leva ao aumento no desemprego.
O coeficiente de correlao mede a intensidade de associao linear entre duas variveis.
B: A associao entre nmero de homicdios e nmero de armas de fogo. O clculo do coeficiente de correlao realizado com base na varincia da amostra, atravs da seguinte frmula:
A interpretao desse coeficiente simples. Considerando que r sempre um valor entre -1 e +1,
temos:
Se r = 0, no existe correlao;
Quanto mais prximo de -1 ou de +1, mais forte a correlao;
Se r < 0, existe uma correlao negativa, ou seja, quando uma varivel cresce a outra decresce.
46
Para isso, estima-se uma regresso linear considerando como varivel dependente o nmero de homicdios e como varivel explicativa o nmero de armas de fogo. Essa estimativa
fornece uma equao, por meio da qual possvel inferir o nmero mdio de homicdios de acordo
com o nmero de arma de fogo. Entretanto, como a regresso estima uma relao estatstica, ela
est sujeita a erros.
Toda a anlise de regresso se baseia na correo desses possveis erros por meio de diversos mtodos que variam de acordo com o tipo e distribuio dos dados.
Para realizar a anlise de regresso, so necessrios conhecimentos avanado em estatstica e em
lgebra, o que se distancia do escopo deste curso. O conhecimento necessrio para realizar a anlise de regresso contedo suficiente para a realizao de um curso especfico sobre o tema.
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SAIBA MAIS...
Aos que desejam se aprofundar no assunto, dois manuais bastante conhecidos na rea so
indicados:
Wooldridge, J.M. Introduo Econometria: uma abordagem moderna, So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006).
Gujarati, D. Econometria Bsica. So Paulo, Makron, 3a edio, 2000).
Finalizando...
Neste mdulo, voc estudou que:
A anlise estatstica criminal consiste na aplicao da anlise estatstica aos dados de criminalidade e segurana pblica;
O trabalho de anlise estatstica resulta da execuo de quatro etapas: coleta, crtica, apresentao e anlise dos dados;
Uma srie estatstica constituda por uma coleo de dados estatsticos referidos a uma
mesma ordem de classificao, ou seja, uma sequncia de nmeros que se refere a certa varivel.
Existem trs tipos distintos de sries estatsticas: srie temporal; srie geogrfica; e srie especfica;
Uma vez que os dados foram coletados, deve-se ter ateno ao examin-los, pois, muitas
vezes, o conjunto de valores extenso e desorganizado e h risco de se perder a viso global do
fenmeno analisado. Para que isso no ocorra, interessante reunir os valores em tabelas, grficos
ou mapas, facilitando sua compreenso;
Para facilitar a descrio dos dados so utilizados alguns parmetros: parmetros para comparao relativa; distribuio de frequncia; medidas de tendncia central; medidas de disperso; e anlise de correlao;
A anlise de regresso tem por objetivo determinar em que medida as variveis explicativas se relacionam com a varivel dependente. Para isso, estima-se o valor mdio da varivel
dependente, a partir dos valores das variveis explicativas.
Exerccios
Com base nos conhecimentos adquiridos no mdulo 2, realize as atividades propostas a seguir.
Atividade 1.
Uma srie estatstica constitui uma coleo de dados estatsticos referidos a uma mesma ordem de classificao. Quando o fator bsico que estrutura a construo de sries estatsticas o fator descrito, podemos dizer que esta srie :
a.
b.
c.
d.
(
(
(
(
)
)
)
)
Atividade 2.
Uma vez que os dados foram coletados, muitas vezes o conjunto de valores extenso
e desorganizado e seu exame requer ateno, pois h risco de se perder a viso global do
fenmeno analisado. Para que isso no ocorra, interessante reunir os valores em:
a.
( )
b.
c.
d.
( )
( )
( )
Atividade 3.
A anlise descritiva se constitui de tcnicas utilizadas para organizar, resumir e descrever os dados de uma pesquisa. O parmetro para a comparao relativa, obtido a partir do
clculo de uma parte do conjunto sobre o seu total, denominado:
a.
b.
c.
d.
(
(
(
(
)
)
)
)
Porcentagem
Razo
Proporo
Relao
Atividade 4.
A distribuio de frequncia o conjunto de mensuraes de frequncias para os dados
observados. A _____________ o nmero de vezes que o valor de uma determinada varivel
observado. Marque a alternativa correta que completa a frase acima na rea tracejada:
a.
b.
c.
d.
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(
(
(
(
)
)
)
)
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Gabarito
Resposta correta atividade 1: Resposta: afirmativa c).
Resposta correta atividade 2: Resposta: afirmativa d).
Resposta correta atividade 3: Resposta: afirmativa c).
Resposta correta atividade 4: Resposta: afirmativa d).
50
MDULO
Apresentao
Ol! Seja bem-vindo(a) ao Mdulo 4 Sistema de Informao Geogrfica (SIG).
Neste mdulo, voc estudar a representao dos dados e informaes a partir de mapas.
A seguir, veja os objetivos desse contedo.
Bons estudos!
Objetivos do mdulo
Ao final do mdulo, voc dever ser capaz de:
Estrutura do mdulo
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1.3.1 Latitude
determinada pelos paralelos. Os paralelos so linhas imaginrias que cortam a Terra no sentido
leste-oeste, paralelas linha do Equador.
A linha do Equador o paralelo mais conhecido e corta o globo terrestre exatamente ao meio,
dividindo a Terra em duas partes iguais. por esse motivo que seu nome deriva do radical grego equi, que
significa igual. Por conveno, a linha do Equador a latitude zero.
Conforme nos movemos para o norte ou para o sul, a latitude aumenta em propores iguais. Ao
norte da Linha do Equador, a latitude positiva e ao sul ela negativa. Dois outros paralelos tambm famosos so os trpicos de Cncer (232600) e de Capricrnio (232709). As zonas tropicais recebem esse nome
porque esto situadas entre esses trpicos, na zona prxima linha do Equador.
1.3.2 Longitude
determinada por linhas imaginrias que cortam o globo terrestre no sentido norte-sul, passando pelos dois polos. Essas linhas imaginrias so chamadas de meridianos.
Ao contrrio dos paralelos, todos os meridianos dividem a Terra ao meio, porque todos passam nos polos. Em 1884, a International Meridian Conference adotou o meridiano de Greenwich como marco
zero, que usado, universalmente, para a localizao de pontos na Terra. Os outros meridianos foram calculados em 180 para leste e oeste do meridiano de Greenwich, totalizando os 360 do globo terrestre.
A oeste do meridiano de Greenwich, a longitude negativa, e a leste positiva. Cada grau de longitude subdividido em 60 minutos, e estes em 60 segundos. Dessa forma, a longitude especificada no
formato de Graus (), Minutos () e Segundos ().
Na prxima aula, comearemos a aprender mais sobre as projees cartogrficas.
B e C na Terra e eles apresentam a mesma distncia entre si, quando essa representao for feita em uma
superfcie plana, provavelmente, ocorrero distores da distncia real entre os pontos.
Para facilitar o entendimento, pense em um desenho feito na superfcie de uma bola de futebol. Ao
cort-la na metade do dimetro e abri-la em cima de uma mesa como uma folha plana com a inteno
de manter o desenho, seria preciso rasgar a bola em pedaos ou distorc-lo, aumentando o tamanho de
alguns pedaos e diminuindo outros. A mesma coisa acontece quando se quer representar a Terra em uma
superfcie plana.
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SAIBA MAIS...
Projeo Mercator X Universal Transversa de Mercator (UTM)
A projeo UTM foi proposta em 1950 com objetivo de abranger todas as longitudes. No sistema
UTM, a superfcie terrestre dividida em 60 fusos, com amplitude de 6 de longitude cada um. A latitude
limitada a 84N e 80S, pois as distores so significativas para latitudes maiores. A principal diferena entre
a projeo de Mercator e a UTM que, na projeo de Mercator, o cilindro paralelo ao eixo de rotao da
Terra e, na UTM, ele perpendicular.
Voc concluiu a aula 2! Vamos prosseguir?
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ocorrncias de homicdios por 100 mil habitantes. O mapa temtico tambm muito utilizado em outras
reas do conhecimento, como por exemplo, para mostrar municpios que concentram mais casos de dengue
ou nveis de alfabetizao da populao em municpios de uma determinada regio.
Para determinar a diviso dos grupos de polgonos de acordo com o atributo de interesse, existem
algumas tcnicas. Essas tcnicas determinam quais os valores do atributo que abrangem cada um dos grupos, ou seja, quais intervalos de valores do atributo devem ser considerados em cada grupo. Alm disso,
determinam a quantidade de polgonos que cada grupo deve conter. Existem vrias tcnicas para a diviso
dos polgonos e o prprio analista criminal pode construir os intervalos, de acordo com o objetivo do estudo.
Veja nas prximas telas trs das vrias tcnicas para estratificao de atributos.
Nesta tcnica, os intervalos do atributo so divididos matematicamente em partes iguais. A diferena entre os extremos de cada intervalo a mesma para as classes. Por exemplo, se o menor valor for 10
e o maior valor 50, com 4 intervalos, os intervalos sero de 10 em 10, independentemente do nmero de
polgonos em cada classe.
Os intervalos do atributo possuem o mesmo nmero de polgonos. No mapa a seguir (figura 17),
podemos ver as 27 UFs e 4 intervalos. Dessa forma, sero aproximadamente 7 UFs em cada intervalo. Esse
tipo de diviso muito usado em casos ordinais nos quais as legendas no se referem a valores, mas sim a
categorias de muito ou pouco e de mais ou menos.
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Exerccios
Com base nos conhecimentos adquiridos no mdulo 4, realize as atividades propostas a seguir.
1.
( ) Para que haja anlise espacial, necessrio, antes de tudo, uma base cartogrfica ou um mapa
digital da regio foco do estudo. A coleta da base cartogrfica ou construo do mapa digital pode ser realizada por levantamentos terrestres ou sensoriamento remoto.
(
) A latitude determinada pelos paralelos. Os paralelos so linhas imaginrias que cortam a
Terra no sentido leste-oeste, paralelas linha do Equador.
(
) As coordenadas geogrficas so um sistema de linhas imaginrias que dividem a Terra. Elas
foram criadas com o objetivo de padronizar universalmente a localizao espacial em qualquer ponto do
globo terrestre.
(
) O geoprocessamento a disciplina do conhecimento que utiliza tcnicas matemticas, computacionais e geogrficas destinadas coleta e ao tratamento de informaes espaciais. Envolve tambm o
desenvolvimento de sistemas (softwares) que utilizam esses dados.
( ) A longitude determinada por linhas imaginrias que cortam o globo terrestre no sentido leste-oeste, passando pelos dois polos. Essas linhas imaginrias so chamadas de meridianos.
2.
A escala cartogrfica um dos principais elementos de um mapa. O mapa a representao de uma rea em tamanho reduzido. atravs da escala que se identifica a proporo existente
entre o mundo real e a sua representao, ou seja, com a escala cartogrfica possvel calcular o tamanho real da rea. Qual a representao de forma numrica de uma escala em que um centmetro
no mapa equivale a doze quilmetros na rea real:
(
(
(
(
) 1: 120.000
) 1: 12.000
) 1: 1.200.000
) 1: 1.200
3.
1.
2.
3.
Mapa de pontos
Mapa temtico
Mapa hot spots
( ) Esse mapa mostra qual a densidade de concentrao dos pontos, utilizando gradaes de cores.
( ) Sua construo pode ser feita sobre uma camada de mapa de polgonos sobre um mapa de
bairros de uma cidade, municpios de um estado ou pases de um continente
( ) Sobre uma camada de mapa de polgono, aparecem os eventos ocorridos com smbolos que
os identifiquem.
58
4.
Considerando as trs principais tcnicas para estratificao de atributos, associe a 2
coluna de acordo coma 1.
1.
2.
3.
(
(
(
59
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Gabarito
Resposta correta atividade 1: V; F; V; V; F.
Resposta correta atividade 2: terceira opo: 1:1.200.00.
Resposta correta atividade 3: 3; 2; 1.
Resposta correta atividade 4: 2; 3; 1.
60
MDULO
Apresentao
Ol! Seja bem-vindo(a) ao Mdulo 5 Operacionalizao da anlise criminal.
A operacionalizao de uma anlise criminal envolve a formulao de um quadro de compreenso sobre o problema analisado, buscando identificar suas causas. Esse quadro responsvel por criar os
subsdios necessrios para o processo de tomada de deciso quanto s estratgias a serem adotadas para
solucionar o problema.
Neste mdulo, considerando os fatores determinantes da incidncia da criminalidade, voc
estudar os conceitos de trs correntes tericas importantes na estruturao do trabalho de anlise, bem
como a indicao dos caminhos pelos quais o analista criminal pode guiar sua metodologia de coleta, anlise e interpretao dos dados.
Ao final do mdulo, ser apresentada uma srie de exemplos de gesto de polticas e aes
de segurana pblica fundamentados na anlise criminal de modo a trazer alguns subsdios que ajudem na
difuso dessa prtica entre os rgos de segurana pblica brasileiros.
Bons estudos!
Objetivos do mdulo
Ao final do mdulo, voc dever ser capaz de:
Estrutura do mdulo
O contedo deste mdulo est dividido nas seguintes aulas:
nal
Aula 1 Contribuies das cincias sociais para a anlise crimi1.1 Abordagem ecolgica do crime
Dentre as abordagens que podem ser utilizadas no trabalho de anlise criminal, destaca- se a abor-
61
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Vamos continuar?
62
Preveno de roubos;
Favela, trfico e homicdios;
Desordem urbana: usando a metodologia de policiamento orientado a soluo de problemas;
Avaliao da eficincia de aes: criao de buffers;
Letalidade policial.
Para saber mais sobre os assuntos acima, acesse os arquivos Preveno de Roubo, Favela, Desordem, Avaliao da eficincia de aes e Letalidade Policial, disponveis nos anexos
do curso.
Outros exemplos:
1.
2.
3.
Para saber mais sobre os assuntos acima, acesse os arquivos Problemas da segurana nos
postos de sade, Recuperao da sensao de segurana no espao urbano e Programa Fica
Vivo.
Os exemplos selecionados abordam vrias dimenses da gesto, envolvendo no apenas a tomada
de deciso em termos das estratgias de ao policial no nvel operacional.
O primeiro exemplo descreve alguns procedimentos bsicos de operacionalizao da anlise criminal, usados para traar aes policiais na preveno de roubos em transporte coletivo e de veculos, alm
da identificao de criminosos.
Os demais exemplos evidenciam a necessidade de ampliar as estratgias de soluo, aes envolvendo alguns problemas, tais como os mostrados a seguir.
A alta rotatividade dos profissionais dos postos de sade de um municpio, em funo da gravidade da segurana pblica;
A alta incidncia de desordem e conflito dentro de uma escola pblica;
Atropelamento de crianas e adolescentes; e
A incidncia de roubos e furtos na praia.
O ltimo exemplo traz a descrio do programa Fica Vivo, que, baseado na anlise criminal,
integra vrios atores, como universidades, polcias, Ministrio Pblico, dentre outros, em prol da soluo dos
homicdios em um aglomerado urbano da cidade de Belo Horizonte, desde 2002.
Cada regio tm seus problemas e, por essa razo, precisa de remdios especficos para solucion-los. Mais do que sugerir remdios, os exemplos expostos tm o objetivo de destacar a importncia
da realizao de boas prticas de anlise criminal, antes e durante, a execuo das aes e polticas de
segurana pblica.
Sem bons diagnsticos dos problemas a serem abordados e de um monitoramento contnuo
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dos resultados alcanados pelas aes empreendidas, os recursos financeiros podem ser desperdiados, vidas humanas podem ser perdidas e nenhum resultado pode vir a ser alcanado, independentemente da boa
vontade e inteno que oriente a execuo da ao.
SAIBA MAIS...
Leia sobre o Mtodo Iara no arquivo de mesmo nome, disponvel nos anexos do curso.
Veja na prxima aula uma sntese sobre os problemas mais comuns da anlise de dados, destacados
por Tlio Kahn e denominados por ele como fatos que levam a interpretaes imprecisas das estatsticas
de segurana pblica.
Vamos prosseguir?
65
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Cuidado: Se analisados do ponto de vista de sua dimenso absoluta, esses indicadores podem
ser enganosos.
Por exemplo, se o volume absoluto de veculos roubados est caindo, o mesmo acontecer em
relao aos veculos recuperados. Nesse caso, o mais correto verificar qual a porcentagem de veculos recuperados sobre o total de veculos roubados e furtados.
7) Certos indicadores refletem simultaneamente atividade policial e fenmenos criminais
Quando os homicdios aumentam ou caem, temos forte convico de que realmente o indicador est refletindo o fenmeno retratado, j que a notificao elevada e o homicdio no varia bruscamente
em razo da maior ou menor atividade policial.
Em contrapartida, as apreenses de entorpecentes ou de armas de fogo tm uma interpretao ambgua: quando aumentam, pode ser tanto porque h mais drogas e armas circulando quanto porque
houve um aumento da atividade policial relacionada represso dos crimes.
Em outras palavras, estatsticas relacionadas a entorpecentes, armas, contravenes, crimes
de trnsito e a outros assuntos, podem ser positivas quando esto aumentando, se o aumento for reflexo da intensificao do trabalho policial.
8) Diferenas conceituais entre as estatsticas de homicdio da segurana pblica e outros
rgos
Sobre a discrepncia verificada entre os nmeros de homicdio divulgados por diferentes instituies da rea de segurana pblica e sade, cabe esclarecer que:
Cada instituio usa uma fonte e tem uma metodologia prpria de coleta e anlise dos dados.
Por isso, os dados sempre contero diferenas. Algumas instituies utilizam como fonte primria de seus dados de homicdio a declarao de bito, enquanto outras tm como fonte o
boletim de ocorrncia;
Na esfera da sade, a preocupao est em identificar a natureza da morte do ponto de vista sanitrio, enquanto na segurana, a preocupao de natureza jurdica e criminolgica.
Na declarao de bito, a causa bsica da morte pode ser perfurao do abdome por objeto
contundente, sendo classificada como homicdio.
J pelo BO, dependendo da situao, a morte poder ser classificada como:
o
Homicdio doloso;
o
Homicdio culposo;
o Latrocnio;
o
Morte a esclarecer;
o Suicdio;
o
Leso corporal seguida de morte; ou
o
Leso corporal grave.
Isso ocorre porque na confeco do boletim, possvel que no se tenha ainda o resultado da morte.
Por fim, resta esclarecer que a declarao de bito utiliza o endereo de residncia da vtima, enquanto o BO usa o endereo da ocorrncia. Se a vtima mora em um lugar, mas morre em outro, num local
se contabilizar um homicdio a menos e em outro um a mais, dependendo da fonte.
9) Identificao de tendncias
Para que possamos falar com algum grau de confiabilidade sobre uma tendncia de aumento
ou queda de um indicador, aconselhvel verificar se existem, pelo menos, trs observaes consecutivas
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na mesma direo, de preferncia usando sries estacionrias, isto , descontados os efeitos sazonais e
outros, quanto maior o nmero de observaes consecutivas na mesma direo, maior a certeza de
que se est diante de uma tendncia.
10) Populao flutuante e pendular
Alguns municpios - principalmente os tursticos - ou alguns bairros nas reas centrais e comerciais das cidades sofrem com o problema da elevada populao flutuante ou pendular. Durante os finais de
semana, veres ou durante o horrio de trabalho, a circulao de uma quantidade muito maior de pessoas
(alm das que residem no local) aumenta consideravelmente.
No momento de calcular a taxa por 100 mil habitantes para esses locais especficos, frequentemente
se esquece que o denominador de base de fato muito maior, visto que se deve incluir a populao flutuante. No apenas a populao, mas tambm a frota de veculos pode ser flutuante ou pendular, de modo
que preciso levar em conta o tamanho da frota ao analisar a incidncia de roubo e furto de veculos.
preciso tambm ficar atento ao fato de que alguns crimes (maus tratos, tortura, leso corporal e
homicdios) crescem em determinadas localidades devido concentrao de presdios ou unidades da Febem, que so locais com grande nmero de pessoas.
11) Hierarquizao de cidades, bairros e outros rankings
Quando estatsticas so divulgadas, muitas entidades jornais, agncias de turismo e outros
grupos com interesse em crimes utilizam-nas para compilar rankings de cidades e estados.
Esses rankings no possuem nenhuma percepo sobre muitas variveis que moldam o
crime numa cidade ou regio em particular. Essas hierarquizaes levam a interpretaes simplistas ou
incompletas da realidade, que criam percepes enganosas e afetam negativamente algumas cidades e
seus residentes.
O leitor deve ser alertado para evitar comparar dados estatsticos apenas com base no tamanho da populao, sem examinar todas variveis que afetam o crime num determinado local. O usurio do
dado pode fazer comparaes bastante errneas.
Voc est quase no fim do mdulo. A prxima aula trata de relatrios de anlise criminal.
Vamos continuar?
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gestor ou do pessoal administrativo. Pelo fato de estarem constantemente envolvidos em vrias atividades,
o relatrio deve ser estruturado de forma simples e objetiva, permitindo ao gestor entender quais os resultados, concluses e possveis resolues, evitando assim retrabalhos por parte dos analistas para adequao.
Sendo assim, importante que se tenha um pequeno sumrio no incio do relatrio, satisfazendo a
necessidade do rpido entendimento por parte dos gestores e do pessoal administrativo.
O leitor no deve precisar folhear 20 pginas de clculos tediosos at encontrar os resultados.
O relatrio deve ser dividido em sees. Cada uma delas deve comear numa nova pgina, convenientemente anunciada, e todas as pginas devem ser numeradas.
Um trabalho mal apresentado e de difcil leitura d a impresso de m qualidade. evidente que,
se for necessrio algum esforo para ler e decifrar um relatrio, restar menos energia para a compreenso
de seu contedo.
4.2.1
Sees do relatrio
Deve ser colocado um nmero e um ttulo em todas as figuras e tabelas, no devendo aparecer
como elementos dispersos no relatrio. Sempre dever haver um texto, mesmo que curto, agregando
todo o material informativo. Mesmo no sendo o fator mais importante na apreciao global de um relatrio,
a boa apresentao sempre deve ser levada em considerao.
Um relatrio deve ser estruturado nas seguintes sees:
1.
Pgina de Ttulo
2. Sumrio
3. ndice
4.
Metodologia de anlise
5.
Introduo dos resultados obtidos
6.
Observaes experimentais e resultados
7.
Discusso dos resultados e concluses
8.
Bibliografia
9. Apndices
SAIBA MAIS...
Para saber mais sobre as sees do relatrio, acesse o arquivo Sees de relatrio, disponvel nos
anexos do curso.
Finalizando...
Dentre as abordagens que podem ser utilizadas no trabalho de anlise criminal, destaca-se a
abordagem ecolgica do crime, que abrange trs principais correntes tericas: teoria das atividades rotineiras (Felson, 1998); teoria dos lugares desviantes (Weisburd, 2012); teoria da desorganizao social. (Shaw e McKay, 1942);
Cada regio tem seus problemas e, por essa razo, precisa de remdios especficos para solucion-los;
Sem bons diagnsticos dos problemas a serem abordados e de um monitoramento contnuo
dos resultados alcanados pelas aes empreendidas, os recursos financeiros podem ser desperdiados, vidas humanas podem ser perdidas e nenhum resultado pode vir a ser alcanado,
independentemente da boa vontade e inteno que oriente a execuo da ao;
Um relatrio de anlise criminal deve ser estruturado nas seguintes sees: pgina de ttulo;
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sumrio; ndice; metodologia de anlise; introduo dos resultados obtidos; observaes experimentais e resultados; discusso dos resultados e concluses; e bibliografia.
Exerccios
Com base nos conhecimentos adquiridos no mdulo 5, realize as atividades propostas a seguir.
1.
a)
A teoria ecolgica do crime, a teoria dos lugares desviantes e a teoria da desorganizao social compem a abordagem das atividades rotineiras.
b)
A teoria dos lugares desviantes, a teoria das atividades rotineiras e a teoria ecolgica do crime
compem a abordagem da desorganizao social.
c)
A teoria da desorganizao social, a teoria das atividades rotineiras e a teoria ecolgica do
crime compem a abordagem dos lugares desviantes.
d)
A teoria das atividades rotineiras, a teoria dos lugares desviantes e a teoria da desorganizao
social compem a abordagem ecolgica do crime.
2.
( ) Segundo Stark (1987), existem cinco aspectos que caracterizam as reas urbanas como lugares
desviantes: densidade demogrfica, pobreza, mistura do tipo de utilizao da rea urbana, variao na composio da vizinhana e a degradao da rea urbana.
( ) A conjugao desses cinco fatores levaria a trs processos sociais diferentes: (1) aumento nas
oportunidades de crime, (2) aumento na motivao para a ao desviante e (3) diminuio no controle
social.
( ) A teoria ecolgica analisa a forma pela qual a conjugao desses trs processos ir resultar num
aumento da atrao de pessoas e atividades desviantes para uma regio e num aumento da intensidade do
grau de desvio dessas atividades.
( ) Quanto maior a densidade populacional de uma regio, maior seriam as possibilidades de associao das pessoas predispostas para a ao desviante e maior o cinismo moral dentro da comunidade.
( ) A degradao funcionaria como um estigma (marca) sobre os membros da comunidade, no
apenas refletindo o status de seus membros, mas conferindo status a eles. A presena do estigma resultaria
numa reduo da conformao das pessoas s regras sociais. As pessoas mais convencionais tenderiam a se
mudar dessas reas, gerando um processo de concentrao de pessoas tendenciosas ao desvio com baixa
moral, podendo tanto ocupar o papel de vtima quanto de agressores.
3.
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sobre seus membros. Essas redes sociais podem ter carter informal (participao em organizaes sociais e
estabilidade institucional) ou formal (ligaes intergeracionais, identidade do grupo e anomia).
e) prpria das comunidades desorganizadas a criao e a perpetuao de subculturas, e a
criao de uma cultura geral baseada na tolerncia para o desvio e para o crime. No que a violncia seja
considerada algo desejado, mas algo tolerado e esperado como parte da vida cotidiana.
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Gabarito
Resposta correta atividade 1: Opo (d).
Resposta correta atividade 2: V; F; F; V; V.
Resposta correta atividade 3: Alternativa (d).
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