1º+teste+
1º+teste+
1º+teste+
Modernismo
- Três dos seus colaboradores vieram a ser altos nomes da poesia do futuro. (o nosso
presente):
Fernando Pessoa, Mário de Sá - Carneiro e José de Almada Negreiros.
- “Os Frisos”, de Almada Negreiros, intrigava muita gente, tinha textos sóbrios e
simples que traduziam uma visão do mundo ao mesmo tempo ingénua e complexa,
inocente e implacável, plácida e quase atenuadora.
- Criar uma arte cosmopolita no tempo e no espaço. A nossa época é aquela em que
todos os países, mais que nunca, existem todos dentro de cada um.
Características temáticas:
- Inquietação metafísica;
- Neoplatismo;
- Renovador de mitos;
- Reflexão sobre o problema do tempo como vivência e como factor de fragmentação do “eu”;
- O presente é o único tempo por ele experimentado (em cada momento se é diferente do que se
foi);
- Tem uma visão negativa e pessimista da existência; O futuro aumentará a sua angústia porque
é o resultado de sucessivos presentes carregados de negatividade;
Características estilísticas:
- Simplicidade formal; Rimas externas e internas; Redondilha maior (gosto pelo popular) dá
uma ideia de simplicidade e espontaneidade;
- Adjectivação expressiva;
-Economia de meios:
-Pontuação emotiva;
- Uso de símbolos;
Temáticas
- A máscara e o fingimento como elaboração mental dos conceitos que exprimem as emoções ou
o que quer comunicar (“ Autopsicografia”, verso “O poeta é um fingidor”);
- A intelectualização das emoções e dos sentimentos para a elaboração da arte (exemplo: Não
sei quantas almas tenho – “O que julguei que senti!”);
- O sebastianismo (a que chamou o seu nacionalismo místico e a que deu forma na obra
Mensagem;
- Tradução dos sentimentos nas linguagens do leitor, pois o que se sente é incomunicável;
Sinceridade/Fingimento
- Despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética;
- Mentira: linguagem ideal da alma, pois usamos as palavras para traduzir emoções e
pensamentos (incomunicável);
Por não ser um produto directo da emoção, mas uma construção mental, a
elaboração do poema confunde-se com um fingimento “Fingir é inventar, elaborar
mentalmente conceitos que exprimem as emoções”.
Consciência/Inconsciência
Sentir/Pensar
- Concilia o pensar e o sentir;
Intelectualização do Sentir
- Busca múltiplas emoções e abraça sonhos impossíveis, mas acaba “sem alegria nem
aspirações”, inquieto, só e ansioso;
Obsessão de auto-análise
Pessoa não faz nada sem analisar bem primeiro. Os seus poemas são todos fruto
dessa auto-análise obsessiva.
Poemas: Todos
Pessoa gostava de ter a inconsciência das coisas, de não ter de pensar tanto, pois
o facto de racionalizar em excesso provoca-lhe infelicidade.
Tem a ver com a nostalgia de uma infância rústica , visto que ele sonha com uma
infância que nunca teve e fica de certa forma nostálgico.
Poemas
Autopsicografia
- Criação de uma personalidade livre nos seus sentidos e emoções – sinceridade de sentimentos;
- O poeta codifica o poema que o receptor descodifica à sua maneira, sem necessidade de
encontrar a pessoa real do escritor;
- O acto poético apenas comunica uma dor fingida, pois a dor real continua no sujeito que tenta
uma representação;
- Os leitores tendem a considerar uma dor que não é sua mas que aprendem de acordo com a sua
existência de dor;
- A dor surge em três níveis: a dor real, a dor fingida e a dor “lida”;
- A intelectualização expressa de forma tão artística que parece mais autêntica que a realidade;
- Sente o que o objecto artístico lhe desperta: uma quarta dor, a dor lida;
- A obra é autónoma, quer em relação ao leitor, quer em relação ao autor ( vale por si);
A Dor de Pensar - “Gato que Brincas na Rua” / “Ela Canta, Pobre Ceifeira”.
Fernando Pessoa não consegue fruir instintivamente a vida, por ser consciente
e pela própria efemeridade.
--» Gostava muitas vezes de ter a inconsciência das coisas, ou de seres comuns que
agem como a pobre ceifeira, ou que cumprem apenas as leis do instinto como o gato que
brinca na rua.
--»Sente uma verdadeira dor de pensar que traduz insatisfação e dúvida sobre a
realidade do pensamento.
--» Impedido de ser feliz devido à lucidez, procura a realização do paradoxo, de ter uma
consciência inconsciente.
--»Fernando Pessoa não consegue fruir instintivamente a vida, por ser consciente e pela
própria efermidade.
A Nostalgia de uma Infância Mítica - “ Não sei, ama, onde era” / “ O Menino da sua
Mãe”
No caso da infância, é indiscutível que Pessoa sentia uma grande saudade, mas
trata-se de uma saudade, de uma nostalgia imaginada, intelectualmente trabalhada. No
entanto, não podemos deixar de reconhecer que o tom … que perpassa em alguns dos
seus poemas “ Não sei, ama, onde era” e “ O Menino de sua Mãe”, resulta do constante
confronto com a criança que outrora foi, numa Lisboa sonhada, mas ao mesmo tempo
real, porque familiar, palco dos primeiros cinco anos da sua vida, marcados pela forte
relação afectiva com a sua mãe.
Isto
--» Para Fernando Pessoa, o poema é um “produto intelectual” e por isso não acontece
no “momento da emoção”. Há uma necessidade da intelectualização do sentimento para
exprimir a arte.
--» Para não ser um produto directo da emoção, mas uma construção mental, a
elaboração do poema, confunde-se com um fingimento.
--» Fingir é inventar, elaborar mentalmente conceitos que exprimem as emoções. É isso
que se observa nos poemas: “Isto” e “Autopsicografia”.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Fernando Pessoa conta e chora a insatisfação da alma humana. A sua precariedade, a sua
limitação, a dor de pensar, a fome de se ultrapassar, a tristeza, a dor da alma humana que se
sente incapaz de construir que, comparando as possibilidades miseráveis com a ambição
desmedida, desiste, adormece “Num mar de sargaço” e dissipa a vida no tédio.
Os remédios para esse mal são o sonho, são a evasão pela viagem, o refúgio pela
infância, a crença num mundo ideal e oculto, situado no passado, a aventura do Sebastianismo
messiânico, o estoicismo de Ricardo Reis, etc… Todos estes remédios, são tentativas frustradas
porque o mal é a própria natureza humana e o tempo da sua condição fatal. É uma poesia cheia
de desesperos e entusiasmos febris, de náusea, tédios e angústias iluminados por uma
inteligência lúcida – febre de absoluto insatisfação do relativo.
A poesia está não na dor experimentada ou sentida mas no fingimento dela, apesar do
poeta do poeta partir da dor real” A dor que deveras sente”. Não há arte sem imaginação, sem
que o real seja imaginado de maneira a exprimir-se artisticamente e ser concretizado em arte.
Esta concretização opera na memória a dor inicial fazendo parecer a dor imaginada mais
autêntica do que a dor real. Podemos chegar à conclusão de que há quatros dores: a real
(inicial), a que o poeta imagina (finge), a dor real do leitor e a dor lida, ou seja, intelectualizada,
que provém da interpretação do leitor.
Quadro síntese