TCC UFBA Jamile de Oliveira Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE LETRAS GERMÂNICAS


INSTITUTO DE LETRAS

JAMILE DE OLIVEIRA SILVA

ENSINO/APRENDIZAGEM DE GRAMÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: UM


ESTUDO COMPARATIVO EM CURSOS LIVRES DE IDIOMAS E NO SISTEMA
ESTADUAL DE ENSINO EM SALVADOR

SALVADOR
2014
JAMILE DE OLIVEIRA SILVA

ENSINO/APRENDIZAGEM DE GRAMÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: UM


ESTUDO COMPARATIVO EM CURSOS LIVRES E NO SISTEMA ESTADUAL DE
ENSINO EM SALVADOR

Artigo científico apresentado ao Curso de


Letras com Habilitação em Língua Inglesa, da
Universidade Federal da Bahia, Salvador - BA,
como requisito essencial para a obtenção do
Grau de Bacharel em Língua Estrangeira
Moderna – Inglês.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Rodrigues Lima

SALVADOR
2014
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 4
1 ASPECTOS TEÓRICOS 8
2 ANALISANDO OS DADOS 11
CONSIDERAÇÕES FINAIS 26
REFERÊNCIAS 32
ANEXO 1 34
ANEXO 2 35
4

ENSINO/APRENDIZAGEM DE GRAMÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: UM


ESTUDO COMPARATIVO EM CURSOS LIVRES E NO SISTEMA ESTADUAL DE
ENSINO EM SALVADOR

Jamile de Oliveira Silva (UFBA)1


Luciano Rodrigues Lima(UFBA)²

RESUMO: A proposta deste trabalho surge através das minhas vivências em dois espaços distintos da
educação: em curso livre de idiomas, como estudante, e em duas escolas públicas estaduais, como
professora substituta, durante a graduação em Letras com Habilitação em Língua Inglesa e Literaturas,
na qual foi possível notar as divergências ocorridas nos dois espaços supracitados. Nesta perspectiva,
visa-se discutir as possíveis modificações da práxis pedagógica no ensino de gramática, vivenciadas
nas aulas de Língua Inglesa em duas escolas públicas soteropolitanas; além disso, busca-se traçar um
paralelo com dois cursos livres de idiomas, também situados na capital baiana, a partir da abordagem
comunicativa, através dos pressupostos teóricos de Larsen-Freeman (2009), Crystal (1985), Paiva
(2009), Oliveira (2009) e Matos (2010). Ao procurar responder se a aprendizagem da gramática da
Língua Inglesa, nos cursos livres de idiomas, é mais “efetiva” do que nas escolas públicas regulares,
percebe-se as modificações nessa práxis pedagógica, advindas do método gramática-tradução, ainda
bastante utilizado, proporcionando uma reflexão acerca das necessidades de os professores tornarem
suas aulas mais atraentes, no espaço público de ensino, por meio de atividades diversificadas,
geralmente encontradas em cursos livres de idiomas.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Gramática; Escolas Públicas; Cursos Livres de Idiomas;

ABSTRACT: The purpose of this work comes up through my experiences in two different areas of
education: free language course, as a student, and two state schools, as a substitute teacher, during the
undergraduate course in Letters with certification in English Language and Literature, in which it was
possible detect differences occurred in both areas mentioned above. From this perspective, the purpose
discusses the possible modifications about the pedagogical practice in grammar teaching, experienced
in English classes at two state schools in salvador; furthermore, we seek to draw a parallel with two
free language courses ,also located in Salvador, from communicative approach, through the theoretical
assumptions of Larsen-Freeman (2009), Crystal (1985), Paiva (2009), Oliveira (2009) e Matos (2010).
Looking for answer if the Grammar learning ,in free language courses, is more "effective" than in
regular public schools, we perceive the changes in this pedagogical práxis arising from the grammar-
translation method, still widely used, providing a reflection about the needs of teachers become their
lessons more attractive,in the teaching public space through different activities, typically found in free
language courses.

KEYWORDS: Grammar Teaching,State Schools,Free Language Course.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi desenvolvido mediante as minhas vivências em dois espaços


distintos da educação: no curso livre de idiomas, como estudante, e em duas escolas públicas
estaduais e outra municipal, como professora substituta, durante a graduação de Licenciatura
1
Graduanda do Bacharelado em Língua Estrangeira Moderna – Inglês, da Universidade Federal da Bahia.

² Professor Associado da Universidade Federal da Bahia.


5

em Língua Inglesa. Percebi a disparidade existente entre esses dois lugares e me senti
incomodada, pois na minha concepção o ensino da língua inglesa deveria ocorrer da mesma
maneira, tanto nas instituições públicas quanto nos cursos de idiomas.
A pesquisa se encontra dividida em seções: Na introdução, apresentarei as razões que
me incentivaram a produzir este projeto, a problemática, objetivos (gerais e específicos), as
hipóteses que me levaram a desenvolvê-lo, além de iniciar a discussão da fundamentação
teórica. Na seção um, a fundamentação teórica começa a ser discutida e relacionada com os
dados da pesquisa. A pesquisa apresenta diversos pontos de vista acerca dos aspectos
constituintes da atividade do professor de língua estrangeira, como por exemplo Larsen
Freeman(2001), os PCNs do Nível Médio de Língua Estrangeira(1999),etc. Na seção dois, é
possível encontrar as análises dos dados, quais discussões foram levantadas entre uma
pergunta e outra da entrevista, as quais apresentam reflexões de como temos agido em sala de
aula e quais possíveis soluções poderemos desenvolver para solucionar os problemas
vivenciados. E, por último, as considerações finais, as quais não representam conclusões, pois
os temas aqui discutidos continuam abertos para novas pesquisas.
A pesquisa discute que a educação nas escolas públicas está passando por um lento
processo de transformação no aspecto didático-pedagógico, visto que o método gramática-
tradução( o ensino do idioma através da estrutura) ainda ocupa uma forte posição de uso em
sala, ao contrário dos cursos livres de idiomas que possuem objetivos diferenciados das
instituições públicas estaduais,os quais vêm buscando incessantemente uma metodologia que
torne a aprendizagem o mais agradável possível sem perder a sua eficiência em ensinar a
língua estrangeira. De acordo com os PCNs de Língua Inglesa do Nível Médio(1999,p.104),
“... o domínio da estrutura lingüística envolve, todavia, o conhecimento gramatical como
suporte estratégico para a leitura e interpretação e produção de textos”. Como os PCNs são
um documento de cunho interpretativo, com base nas minhas leituras e vivências como
aprendiz no curso de idiomas, e como professora substituta, permito-me considerar que o
ensino de gramática necessita ser repensado para melhor atender às demandas educativas do
mundo globalizado que têm clamado cada vez mais por indivíduos críticos e atuantes na
sociedade em que vivem, assim como,tem sido constituída a formação dos professores,
indivíduos tão importantes no processo da aprendizagem.
Percebe-se que o ensino de língua inglesa no Brasil ainda se encontra em processo de
adaptação. A forma como ensinamos e aprendemos o novo idioma não nos garante a
proficiência, especialmente no âmbito da oralidade. Somos condicionados a memorizar os
pontos gramaticais, como se a língua se resumisse a esta única atividade. Mas onde podemos
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encontrar o ensino das outras habilidades se não for na escola? A gramática não deveria ser o
foco principal a ser aprendido, pois, saber “manusear” os verbos auxiliares não nos capacita a
“vivenciar” a língua. Segundo Oliveira (2009, p.144) “.... o professor precisa ter não só o
domínio da língua, mas também a consciência do significado de ensinar uma língua
estrangeira”.
Aprender uma língua exige empenho e, principalmente, pôr em prática algumas dicas
que ajudem a consolidar o que foi estudado, por exemplo: se não ouvimos não aprendemos
um idioma, integralmente, pois, a audição é a primeira habilidade a ser desenvolvida no
processo de aprendizagem. A partir da audição e da prática oral, torna-se possível falar e ler.
A gramática se faz importante no último momento, quando a escrita é solicitada:
Há três funções básicas do ensino de LE na escola pública. A primeira [...] cumprir o
que o Ministério da Educação (MEC) determina por meios dos PCNs[...]a segunda
[...]o desenvolvimento da leitura em língua estrangeira pode ajudar o estudante no
processo de inserção cultural na medida em que ele pode se tornar um cidadão mais
consciente de si mesmo e dos outros. Finalmente, a aprendizagem de línguas
estrangeiras cumpre a função de ajudar o estudante a se desenvolver cognitivamente
já que o auxilia na construção de conhecimentos. (OLIVEIRA, 2009, p.30)

O autor demonstra como o processo de aprendizagem da língua inglesa é posto em


prática nas instituições públicas. A prática de ensino deve utilizar como base as regras dos
PCNs, e dentre as atividades reveladas com maior funcionalidade durante este
desenvolvimento está a leitura, recurso facilitador no progresso da compreensão sobre a
língua do outro, onde podemos por exemplo identificar hábitos em comum etc, além de ser
mais uma fonte de conhecimento.
Os professores, como constantes pesquisadores, devem tentar compreender as
necessidades dos educandos e adaptá-las quando possível ao cronograma e planos de aula na
tentativa de desenvolver a funcionalidade da língua no cotidiano do aprendiz. Surge, assim, o
seguinte questionamento: A aprendizagem da gramática da língua inglesa nos cursos livres de
idiomas é mais “efetiva” do que nas escolas públicas regulares?
Procurando responder a esse questionamento, esta pesquisa visa descrever,
comparativamente, o ensino da gramática na sala de aula de língua inglesa, em cursos livres
de idiomas e no ensino médio da Rede Estadual de Educação, em Salvador. Buscamos
compreender os fatores que diferenciam o ensino da gramática de língua inglesa nas escolas
públicas baianas dos cursos livres de idiomas, analisando como ocorre o processo de
apreensão gramatical a partir da abordagem comunicativa, bastante utilizada nos cursos de
idiomas comparando-o com o método gramática-tradução (muito utilizado nas escolas
públicas). Observando a presença ou não da abordagem comunicativa no processo de
7

aprendizagem da língua inglesa na educação básica das escolas públicas e averiguando as


metodologias que estão sendo aplicadas ao ensino de gramática da língua inglesa buscamos
aferir em que essas práticas didático-pedagógicas interferem (in)sucesso do ensino de inglês
como língua estrangeira.
Com base nos objetivos citados, as seguintes hipóteses foram levantadas: alguns
professores não elaboram e/ou não utilizam “adequadamente” o plano de aula;algumas
lacunas encontradas no processo de formação dos professores podem refletir negativamente
no desempenho em sala de aula; os conteúdos programáticos dos planos de curso de língua
inglesa são encabeçados por tópicos gramaticais;não há uma capacitação adequada para
utilizar corretamente os aparelhos tecnológicos na sala de aula;há pouca reflexão crítica sobre
a prática de ensino;os professores não recebem incentivo financeiro suficiente, para a
renovação de conhecimentos.
Desse modo, a produção desse artigo surge a partir da realização da pesquisa de
campo e da minha vivência em dois momentos distintos: o primeiro como aprendiz da língua
inglesa em cursos livres de idiomas e o segundo como professora substituta em duas
instituições estaduais de ensino médio e uma municipal (durante o curso de licenciatura em
Língua Inglesa).
O interesse em estudar tal temática se dá pelas “divergências” encontradas por mim,
especialmente, na forma como a gramática costuma ser explorada nos dois espaços.
A pesquisa visa, também, apresentar uma proposta através de um viés instigante que
leve os estudantes de nível médio a perceberem criticamente a importância do ensino da
gramática na aprendizagem da língua inglesa. Além disso, pretende ser uma ferramenta
importante na compreensão da função didático-pedagógica para os graduandos dos cursos de
Língua Estrangeira, pois contribui para uma reflexão sobre os meios de se ensinar a gramática
e a relação desse aspecto com o ensino das diversas habilidades, mostrando as nuances que
poderão ser encontradas a curto e médio prazo no sistema educacional.
Para realização de tal pesquisa, foi desenvolvido um estudo comparativo de caráter
qualitativo que ocorreu em duas escolas públicas (ensino médio) e dois cursos livres de
idiomas na cidade de Salvador-Ba, utilizando o procedimento da observação direta intensiva
(entrevista semi- estruturada) e a observação das aulas de onze professores.
A coleta de dados possibilita comparar os discursos adotados nos dois espaços citados
em comparação com os teóricos que servirão de base norteadora para o desenvolvimento da
pesquisa.
8

1. ASPECTOS TEÓRICOS

Por muito tempo, temos visto pesquisas acerca da aprendizagem de língua estrangeira.
Costumamos dizer que a criança é o indivíduo mais adequado para aprender uma nova língua,
ao contrário do adulto que traz consigo a resistência. As crianças assimilam um novo
vocabulário naturalmente, por interpretar aquele ato como um momento de brincadeira e não
necessariamente de aprendizagem(Paiva, 2009).
O adolescente ou adulto, em alguns casos, procuram aprender um idioma por
interesses acadêmicos, profissionais, financeiros. Entretanto, falar uma nova língua exige do
aprendiz alguns esforços que, muitas vezes, os fazem desistir no meio do caminho. Aprender
nos exige algumas competências como a expressão oral e a capacidade auditiva, pois as
habilidades se complementam. Assim, é preciso explorar cada uma, em momentos
diversificados, caso contrário, a compreensão integral da língua não será alcançada.
Segundo Bohn (2009, p. 171):
A tarefa de aprender uma língua seja ela materna (LM), ou segunda
estrangeira (LE), envolve o desenvolvimento de competências lingüísticas,
isto é, capacidade de utilizar um conjunto de regras – conhecimentos
fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos {...} determinadas pelo
contexto em que a ação linguageira se realiza. (BOHN, 2009, p. 171)

A citação acima nos remete à importância que necessita ser dada, durante as aulas, ao
uso do idioma estrangeiro em situações contextualizadas. Ele salienta que a conseqüência da
aprendizagem deve ser dirigida ao uso da língua, pois de nada adiantará aprender as regras
que estruturam o idioma e não saber praticá-las.
Ainda segundo Bohn, há abordagens e métodos de ensino de línguas estrangeiras que
enfatizam uma ou duas dessas quatro habilidades (leitura, escrita, audição e fala) e, através
destas, recomenda-se aprimorar as outras. A aprendizagem ocorre em diferentes momentos e
contextos, mas o importante é que o aprendiz esteja focado nas relações entre o próprio
conhecimento da língua e o mundo da vida. Vale salientar que, atualmente, autores como
Claire Kramsch,no livro Context and Culture in Language Teaching(1993), citam uma quinta
habilidade no ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, a saber, a “competência cultural”.
Paiva (2009, p. 32) reforça que o sistema educacional atual, (apesar de sugerir que as
habilidades sejam trabalhadas em sua totalidade, na intenção de contextualizar e justificar
porque é importante aprender um idioma), não costuma por isto em prática, seja por falta de
recursos ou de conhecimento das habilidades pelos próprios professores.
9

É importante criar expectativas acerca de um novo idioma nos aprendizes. Ao


desenvolver esta consciência, o mesmo buscará formas de aprender/aprimorar o que tem
aprendido na escola. De acordo com Paiva (2009, p.33):
Quando motivado o aluno usa essa língua para fazer alguma coisa fora da
sala de aula: ouvir música, ouvir programas de rádio e TV, compreender
falas em filmes, brincar com jogos eletrônicos, e, em alguns casos, interagir
com estrangeiros. (PAIVA, 2009, p.33).

A autora propõe estratégias que exijam a prática da língua inglesa através de ações
cotidianas para tornar as aulas mais interessantes e com a intenção de eliminar o mito da
dificuldade da língua.
Sabemos que a gramática é parte integrante de um idioma, pois através dela é possível
desenvolver a habilidade da escrita utilizando a norma padrão. Por isso, sugere-se não
ficarmos presos apenas aos aspectos gramaticais durante todo o processo de aprendizagem.
De acordo com Oliveira (2009, p.143)
Fazer diferente não significa que o professor vai virar a sala de cabeça para
baixo e pedir aos alunos que façam coisas do outro mundo.... é ter a
consciência de que se o aluno precisa aprender a língua inglesa e o mundo
globalizado requer certa fluência na língua ,isso significa ser capaz de
ler,escrever,ouvir e falar.(OLIVEIRA,2009, p.143)

A autora defende o ensino da língua inglesa sob “uma nova perspectiva”, a de utilizar
os recursos disponíveis no nosso cotidiano que nos permitam o desenvolvimento das
competências necessárias para obter a fluência que o mercado tem exigido.
Segundo Vygotsky, os alunos apresentam uma forma individualizada de aprender, a
depender de seus objetivos práticos, independente do objeto de estudo, porém neste trabalho
abordo especificamente, a aprendizagem da língua estrangeira.
Os conceitos se formam e se desenvolvem sob condições internas e externas
totalmente diferentes, dependendo do fato de se originarem do aprendizado
em sala de aula ou da experiência pessoal da criança. Mesmo os motivos que
induzem a criança a formar os dois tipos de conceito não são os mesmos. A
mente se defronta com problemas diferentes quando assimila os conceitos na
escola e quando é entregue aos seus próprios recursos. (VYGOTSKY, 1998,
p. 108).

A citação acima assegura ,que a criança responde a todos os estímulos a que é exposta,
entretanto deixa bem claro que o que ela aprende sofre variações de compreensão a depender
de como e onde foi adquirido o novo conhecimento, ou seja, se a criança aprendesse uma
atividade na escola, ela reagiria de uma forma e se a atividade tivesse sido desenvolvida em
casa por vontade própria, o sentido desta seria outro.
10

É possível encontrar grupos de aprendizes que optam pela aprendizagem das


estruturas gramaticais, em espaços educacionais diversos, por terem um objetivo direcionado
à obtenção de pontos ou questões corretas, como por exemplo, em concursos, vestibulares etc,
sendo permitido julgar coerente tal decisão. Entretanto, eles não se dão conta de que as
estruturas estão memorizadas e a execução destas fica apenas na idealização, sem serem
aplicadas na prática comunicativa(Oliveira, 2009).
A exploração do método/abordagem de ensino gramática-tradução é feita através da
forma, ou seja, trata-se da gramática formal normativa e a abordagem comunicativa é
representada pela base funcionalista (a prática do idioma em situações de uso e no
desempenho das funções comunicativas). De acordo com Larsen-Freeman (2001, p.36) a
abordagem denominada PPP (presentation-practice-production) que era desenvolvida através
da exposição de regras gramaticais pelo professor e, posteriormente, aplicadas pelos alunos
nos exercícios é ineficaz, pois não garante a transformação da reprodução massiva dos
exercícios escritos em diálogos ou frases efetivas e, então, ela reforça a idéia de que a
importância de aprender um idioma está no uso deste e não em conhecer um grupo de regras.
Faz-se necessário reforçar que ao decidirmos aprender uma língua estrangeira, não a
aprenderemos da mesma maneira que o português, pois já possuímos todo um registro
anterior na língua materna.
O desenvolvimento da competência sociolingüística ou a pragmática, de base
funcionalista, é o diferencial do ensino da língua inglesa através da abordagem comunicativa.
Afinal, o estudante estará sendo preparado para interagir com uma comunidade.
De acordo com Crystal (1985, p. 240):
A pragmática é o estudo da linguagem do ponto de vista de seus usuários,
particularmente das escolhas que eles fazem, das restrições que eles
encontram ao usar a linguagem em interações sociais, e dos efeitos que o uso
da linguagem, por parte desses usuários, tem sobre os outros participantes no
ato da comunicação. (CRYSTAL, 1985, p. 240)

É possível lembrarmos que nem sempre o nativo de uma língua tem o total domínio da
gramática. Em muitas situações ele sabe se comunicar, mas não tem “noção” do uso
estrutural.
O professor, diferentemente de há muitos anos atrás, necessita enxergar o estudante
como ponto de equilíbrio da aula. Se estes correspondem a compreensão do que foi ensinado,
o professor percebe que pode avançar na aprendizagem. Todavia, se ele argüir e não obtiver
um feedback, se faz necessária uma reflexão para compreender as razões que levaram ao
“fracasso” no processo de ensino e como será possível reverter este quadro. Segundo Bohn
11

(2009, p.175): “{...}fica também cada vez mais difícil para o professor enquadrar os seus
alunos nos direcionamentos de como, quando e do que aprender’’.
Na aprendizagem é permitido o erro e o acerto. O professor costuma dar indícios a
qual campo metodológico ele pertence, mesmo sabendo que um método específico, não
garantirá o êxito desejado. É importante mesclar as metodologias/abordagens e adequá-las ao
público que irá recebê-las. Bohn (2009, p.174) afirma que:
Professores ao redor do mundo criam atividades, tarefas diversificadas para
serem feitas nas salas de aula, sempre na esperança de que possam
finalmente criar um ambiente de aprendizagem que responda ás exigências
de uma sala de aula comunicativa. (BOHN, 2009, P.174)

Devemos sempre lembrar aos nossos alunos que uma língua não é aprendida
repentinamente, esta deve ser assimilada processualmente, e o tempo dessa aprendizagem
dependerá do empenho que o aprendiz investirá neste objetivo.

2-ANALISANDO OS DADOS

O estudo comparativo de caráter qualitativo que ocorreu em duas escolas públicas


(ensino médio) e dois cursos livres de idiomas na cidade de Salvador-Ba, utilizando o
procedimento da observação direta intensiva (entrevista semi estruturada) e a observação às
aulas dos professores em cada instituição foi nos permitindo compreender diferentes nuances
acerca da formação, prática e ensino de língua estrangeira nos dois espaços.
Desse modo, as primeiras análises realizadas foram no tocante à formação acadêmica
desses professores, como podemos observar no gráfico a seguir:
Gráfico 1 (Ano e local de formação)

GRÁFICO 1B - PROFESSORES
QUE ATUAM EM CURSOS
LIVRES DE IDIOMAS:ONDE E
QUANDO SE FORMOU?

UCSAL-1989
UCSAL-2013
UNIJORGE-2009
SUPERIOR INCOMPLETO 2
12

Sabemos que o professor possui um diploma que lhe permite atuar numa determinada
disciplina curricular, entretanto, isto não quer dizer que o mesmo seja capacitado para
dominar todos os campos do curso de Letras, por exemplo. Segundo Paiva (2009, p.32), o
professor necessita dominar habilidades relacionadas á disciplina que será ensinada, para
tentar garantir a compreensão dos alunos. Assim, a forma como o profissional explora tais
conhecimentos deve envolver a maioria dos estudantes, pois, sabemos que (in)felizmente não
aprendemos da mesma maneira.
Ao observarmos os gráficos 1A e 1B percebemos que, parte desses profissionais foi
formada em Letras com habilitação em língua inglesa entre os anos 80 e 2010. Desse modo, é
possível afirmarmos que eles viveram e aprenderam em épocas diferenciadas, mas possuem
algo em comum: a formação específica na língua inglesa.
O nível superior tem sido um diferencial no mercado de trabalho. Entretanto, é
possível observar, com base no gráfico 1B-referente ao ano e local de formação, que nos
cursos livres de idiomas, o espaço de trabalho não é ocupado exclusivamente, por professores
formados em licenciaturas de línguas estrangeiras passando assim, a ser compartilhado com
profissionais de outras áreas, e até mesmo ex-alunos das instituições, como é o caso de P3 e
P5( anexo 2).
Outro aspecto a ser analisado é o número de profissionais formados em instituições
particulares. Não cabe ao trabalho avaliar a qualidade ou mesmo a competência que pode ou
não diferenciar a formação dos profissionais sejam em instituições particulares ou públicas,
apenas, se faz relevante mencionar que em uma época, na qual o ensino superior ainda era
bastante valorizado, notamos no gráfico 1B, que apenas um entrevistado teve sua formação
realizada na instituição pública, a professora nomeada de P4.
Ser professor significa colaborar com a formação de uma sociedade crítica. É atuar de
acordo com as necessidades intelectuais de um grupo, um facilitador que adapta as situações
em favor de um bem coletivo. Por isso, o professor necessita enxergar além dos seus
horizontes, o que pode ser agregado para alcançar um resultado eficiente na aprendizagem dos
indivíduos que dele(a) dependem. Devido as constantes necessidades do aprender social, o
professor, ao optar por determinadas formas de ensino deve levar em consideração alguns
aspectos educacionais que servirão de parâmetro para garantir uma melhor aprendizagem;
saberes estes que não mudam com o passar do tempo. Segundo Tardif apud Campos (2007,
p.23), no livro Saberes docente e autonomia dos professores o conhecimento docente se
compõe de alguns saberes:
13

Disciplinares (conteúdo das disciplinas), curriculares (conteúdo dos


programas escolares), pedagógicos (baseados nas didáticas, nas
metodologias e em técnicas pedagógicas, aprendidos na formação inicial),
experienciais (fruto da experiência e da prática cotidiana do docente e do seu
trabalho como professor na interação com os alunos, na gestão da classe).
(TARDIF APUD CAMPOS, 2007, p.23).

Podemos afirmar que a capacitação é primordial, mas isso não quer dizer que sejamos
os donos do conhecimento. Como professores, as aulas, as turmas são únicas; aprendemos dia
após dia. Com base no gráfico 1B, foi possível notar que o perfil dos professores atuantes em
cursos livres de idiomas tem sido modificado com o passar do tempo, porém não deve haver
restrições sobre as suas práticas, se os mesmos, desempenharem o conhecimento didático
necessário para ocupar a função em questão. Acredito que as situações enfrentadas pelos
profissionais sem formação inicial os levarão a adquirir melhorias na suas práticas docentes.
Uma segunda análise que dialoga com a formação desse professor é acerca da sua
formação em licenciatura ou cursos diversos do ensino superior e o que podemos observar foi
o seguinte gráfico:

Partindo da premissa de que para ensinarmos alguma disciplina se faz necessário


possuirmos uma formação consistente e específica, os gráficos 2 e 2B-“Qual é a sua
formação?” nos mostra que, em sua maioria, as pessoas entrevistadas cumprem o pré-
requisito necessário. Entretanto, com base nas observações realizadas na sala de aula desta
pesquisa, não afirmo, que os professores sem Licenciatura em língua inglesa, especificamente,
conduzam a aula totalmente de maneira inadequada, ou se utilizem de metodologias
incompatíveis com uma melhor aprendizagem dos alunos.
14

Ainda com base nas informações coletadas nas observações das aulas, desses
professores, em sua maioria, também demonstraram ter proficiência na língua, pois,
concluíram o estudo da língua em cursos livres de idiomas e por estarem atuando neste
mesmo local, é exigido deles que demonstrem essa proficiência em suas aulas. P3 afirma que:
“estou no Ensino superior incompleto - direito, Universidade Católica de Salvador; curso de
inglês completo em 2012”. Porém, compete-nos ressaltar que, quanto mais conhecimentos
adquirirmos acerca das metodologias, melhores possibilidades de atuação e atendimento às
necessidades de aprendizagem dos alunos serão desenvolvidas, assim, mais facilitada se
tornará a prática de ensino.
Durante a realização da pesquisa, um dos pontos pertinentes a serem observados foi a
questão salarial, uma vez que,tem sido discutido constantemente, sobre como os jovens tem se
interessado pouco pelos cursos de licenciatura, a medida que, um dos aspectos diariamente
associado ao ser professor é a insatisfação salarial.Consideramos pertinente tocarmos em um
ponto que expressa a razão pela qual, atualmente, cada vez menos jovens se interessam pela
licenciatura,como foi citado nos gráficos 1 e 1B.Com base nos gráficos abaixo:

Exercer a função de mestre no Brasil tem se tornado cada vez mais, um desafio.
Durante a entrevista, quando questionados sobre a sua faixa salarial foi possível perceber uma
sensação de desabafo por parte ,da maioria dos professores. Uma característica interessante
foi a insatisfação, apresentada por um dos profissionais sem formação inicial. O que nos induz
a pensar que não é preciso ser professor para ficar insatisfeito com quanto se ganha, estar
professor também gera os questionamentos acerca da profissão e se aquele é realmente um
meio de sustento. A exemplo disso podemos citar P5(vide anexo 2):
15

...afff..bom,eu não trabalho né?eu só dou aula aqui dia de sábado então...é
por hora/aula!Eu recebo pela aula que eu dou... acho que poderia ser
mais...Não tenho noção de quanto é para falar a verdade!... não sei,acho que
30?? não faço a menor idéia de quanto seria.(P5)

É possível enxergar, nas entrelinhas, um preconceito em relação à profissão, já que é


comum a considerarem um passatempo. Abro um parêntese, para comentar o que ouvi de uma
tia, quando passei no primeiro vestibular de Licenciatura em língua inglesa. A mesma
perguntou para qual curso eu havia sido aprovada,quando a respondi,a mesma teve uma
atitude de indignação, dizendo que eu viveria com uma “cuia” na mão pedindo dinheiro e
morando debaixo da ponte. Entretanto, muitos esquecem que o professor é indispensável no
processo de aquisição dos conhecimentos, são eles que nos direcionam para outros campos de
trabalho e que merecem tanto respeito quanto as outras profissões.
Os gráficos de faixa salarial estão interligados, aos gráficos 4A e 4B, “possui
especialização na área?”, pois, adquirir títulos sejam eles de especialista, mestre, doutor, pós-
doutor atualmente, carrega dupla responsabilidade: a de aprender mais para expandir
conhecimentos,levando novas técnicas de aprendizagem aos alunos,assim como,a
possibilidade de desfrutar de um salário maior.Observei que o professor P7 atuante em escola
pública, destacou-se na pesquisa por buscar tornar possível um ensino de qualidade numa
instituição que apenas tem o livro didático como recurso.O mesmo explora o material de
forma que contagia a todos que o cercam.
Quando questionado sobre a satisfação salarial ele diz ainda com brilho nos olhos:
“estou, mas não estou satisfeito com a carga horária de trabalho. Eu preciso trabalhar em 3
instituições. Duas públicas e uma particular. Então, o desgaste é muito grande, 60h semanais”.
É possível afirmar diante da entrevista e da observação da aula, que o professor continua
nessa profissão por prazer. O que não quer dizer que ele aceite receber um mísero salário,
afinal, como professores somos ou deveríamos ser pesquisadores a fim de melhorarmos a
nossa prática educativa. Além, de um salário digno precisamos buscar desenvolver aulas com
qualidade, o que nos exige tempo e criatividade. Entretanto, para conseguirmos alcançar a
dignidade que desejamos, somos obrigados a trabalhar com uma carga horária desumana
fazendo com que, a criatividade por diversas vezes, não apareça nos planos de aula.
A situação se repete, quando observamos as Instituições livres de idiomas. Para os
profissionais conseguirem ganhar um salário “adequado” às suas necessidades é preciso
trabalhar por muitas horas e se possível, dar aulas particulares em casa. De acordo com
P11(atuante em curso livre de idiomas): “a escola possui um valor diferenciado... o correto
seria reduzir a carga horária... para ganhar razoavelmente, na educação normal é preciso
16

trabalhar os três turnos”. Infelizmente, o professor ainda não conseguiu ser visualizado como
prioridade na sociedade para que se dê a sua devida valorização e reconhecimento.

Nos gráficos 4 e 4B poderemos observar a diferença que a formação continuada pode


trazer às vidas dos professores não apenas de língua inglesa, mas como um todo:

GRÁFICO 4-?PROFESSORES GRÁFICO 4B-PROFESSORES


QUE ATUAM EM ESCOLAS QUE ATUAM EM CURSOS
PÚBLICAS:POSSUI LIVRES DE IDIOMAS:POSSUI
ESPECIALIZAÇÃO NA ÁREA? ESPECIALIZAÇÃO NA ÁREA?

SIM-3 NÃO-1 SIM-3 NÃO-4

É importante notarmos no gráfico 4, que os profissionais das escolas públicas deram


prioridade à formação continuada, se demonstrando, em parte, no sentido oposto à sexta
hipótese da pesquisa “Os professores não recebem incentivo financeiro suficiente, para a
renovação de conhecimentos” visto que, é comum julgarmos insuficientes o tempo e a renda
necessária para tais aprimoramentos. Mais uma vez, P7 será mencionado por uma expressiva
diferença observada nos profissionais das instituições públicas: “Tenho 3 pós-graduações.
Sou pós-graduado em Educação de Jovens e Adultos, pós-graduado em Língua Inglesa, e em
Psicopedagogia”.

Entretanto, diante destes resultados podemos reafirmar (como mencionado nos


gráficos 3 e 3B, sobre a satisfação salarial), que os profissionais da educação, em especial os
que atuam nas escolas públicas, buscam dar continuidade aos estudos, como uma forma de
agregar conhecimento e/ou até mesmo como uma garantia de aumentar o salário base. A
proporção de professores que possuem ou não especialização na área educativa em cursos
livres de idiomas é bastante próxima, como pode ser visto no gráfico 4B. É importante
mencionar que dos quatro profissionais sem especialização, P4(atuante em curso livre de
idiomas), a única com formação inicial em instituição pública (UFBA) não possui o título de
especialista. Assim como, P6(atuante em escola pública), P4 diz se atualizar através de livros
e participações como ouvinte em seminários, congressos, etc. Dos três profissionais atuantes
em cursos livres de idiomas, que afirmaram possuir títulos na área, apenas um é mestre, P10.
17

Podemos observar, comparativamente, que nos gráficos abaixo (5A e 5B), baseados
nas respostas dos questionários acerca da “abordagem utilizada no ensino de gramática”, a
maioria dos profissionais afirmaram praticar o ensino da gramática através do contexto,
característica de grande relevância para a abordagem comunicativa. Entretanto, com base nas
informações coletadas nas observações das aulas, 50% dos professores das instituições
públicas e 25% dos docentes de cursos livres de idiomas demonstraram fazer uso de qualquer
outra modalidade, como o método gramática-tradução, de modo descontextualizado.

Assim, notamos uma contradição entre a prática e o discurso. Esse aspecto nos permite
associarmos uma “desconexão”, com a afirmação da segunda hipótese de que “algumas
lacunas encontradas no processo de formação dos professores podem refletir negativamente
no desempenho em sala de aula”.
Como docentes em formação devemos estar atentos, para conhecermos e aprendermos
o máximo que pudermos, afinal, não podemos esperar que os alunos pensem como nós,
enquanto estudantes de graduação.O professor deve buscar capacitar-se constantemente, pois,
a forma como aprendemos na Universidade limita as nossas práticas,se apenas usarmos como
referências as nossas aulas.A conseqüência de um profissional, que não se atualiza
didaticamente é a exclusão daquele aluno que aprende de forma diferenciada,indo de forma
antagônica,no que concerne aos valores educacionais.
No tocante ao quinto questionamento: “a abordagem utilizada no ensino da gramática”
podemos observar no gráfico que é fundamental fazer uma ressalva, uma vez que é necessário
admitirmos uma falha na questão representada nos gráficos 6A e 6B – “Qual é a
18

filosofia/abordagem da instituição?”. A mesma foi desenvolvida em um sentido amplo, pois é


importante atentarmos para a diferença entre as “crenças”, na realidade de um projeto
pedagógico, de uma instituição pública (sociointeracionista) e a de um curso livre de idiomas
(o qual, na maioria das vezes, se expressa através de abordagens ou metodologias).

Os gráficos revelam que esta desigualdade pode ter influenciado negativamente nas
respostas dos profissionais que atuam em instituições públicas, presentes no gráfico 6A ou
não, já que, também poderíamos considerar possível a falta de conhecimento acerca da
filosofia defendida pela escola. Diante destes dados, notamos a dificuldade dos profissionais
P6, P8 e P9 de instituições públicas ao definirem a filosofia solicitada.
Podemos confirmar a constatação mencionada a partir do seguinte discurso de P6: “...
é a gente passar o máximo de conhecimentos possíveis para eles, para que eles entendam e
tenham um futuro melhor. Para eles arrumarem um trabalho melhor para eles.
Principalmente inglês, né?” Entretanto, o mesmo fato ocorreu com um profissional de cursos
livres de idiomas, nos levando a questionarmos se esta dificuldade seria por não se lembrar de
ter participado de possíveis “treinamentos ou aperfeiçoamentos” do curso em que trabalha ou
por não possuir a formação em língua inglesa. P5(atuante em curso livre de idiomas) afirma:
“... não faço a mínima idéia !...hahaha..” . Outro profissional da mesma instituição, que não
acredita na aprendizagem apenas, por um método/abordagem respondeu: ”dizem ser a
comunicativa”. Os profissionais do outro curso livre de idiomas salientaram que o mesmo se
utiliza da abordagem comunicativa, porém, os professores possuem autonomia na sala de
aula. Gostaríamos de lembrar, que a abordagem utilizada nos dois cursos livres de idiomas é a
19

comunicativa, apresentada pela pesquisa como uma abordagem eficaz na aprendizagem do


inglês como língua estrangeira. Poderemos confirmá-las nos seguintes gráficos.

Percebemos a partir desse discurso que não adianta a instituição impor uma filosofia e
alguns funcionários não a colocarem em prática, pois uma vez que a escola possui uma
filosofia ela deve ser praticada pelos seus professores a fim de que construa ambientes
melhores de aprendizagem. Contudo, é preciso perceber que ao seguir a filosofia da
instituição na qual trabalhamos não estamos nos submetendo a uma impossibilidade de
criatividade e inovação nos nossos planejamentos. Com base nessa prerrogativa é possível
notarmos que o profissional P7 (atuante da Escola Pública) diz trabalhar com métodos
diversos, visto que, a instituição em que ele trabalha se baseia no sociointeracionismo:

Não necessariamente (segue a filosofia da escola). Eu procuro usar também


outros métodos... Nós usamos um livro, o upgrade que é um apoio muito
bom, não é o melhor, mas nos ajuda muito e, todo livro é contextualizado,
todos os capítulos partem de questões relacionadas ao dia a dia deles, dos
alunos, sempre tem um texto relacionado a mercado de trabalho, a profissão
e, eles tentam de uma forma ou de outra se identificar com a aquela profissão
que tem ali naquele livro. (P7).

Em concomitância ao aspecto de contextualização dos conteúdos, o profissional


P8(atuante em escola pública), afirma adequar as aulas à turma, entretanto, a mesma vivencia
uma realidade diferenciada: primeiro a de não possuir experiência com o ensino da língua
inglesa e segundo, por se tratar de uma turma EJA (nas quais, as dificuldades se tornam bem
maiores do que realmente são).
20

É possível observarmos, que uma das instituições livres de idiomas dá o espaço


necessário, para que o professor perceba as carências dos alunos e supra-as da maneira mais
“confortável”, mesmo que para isso, o profissional fuja da metodologia defendida: a
abordagem comunicativa. De acordo com P10(atuante em curso livre de idiomas):

[...] a instituição nos dá bastante liberdade para trabalharmos porque, hoje em


dia, vivemos numa era pós-método, é... há uma discussão muito ampla sobre
esse assunto,claro a gentee...na hora da avaliação há uma cobrança né?!...do
da gramática,da estrutura...,mas como a gente vai abordar é bastante livre.
(P10)

Diante do discurso supracitado, é razoável atentarmos que o outro curso livre de


idiomas que tem como objetivo, apenas, ensinar através da abordagem comunicativa.
Segundo P4(atuante em curso livre de idiomas), “Claro que não(se segue á risca a
metodologia da instituição)! Porque penso que há... é preciso variar! O aluno determina a
necessidade da aplicação, da variação então, eu não acredito numa única metodologia, não
acredito numa única abordagem”. No entanto, notamos uma dissonância no discurso de
outros profissionais da mesma instituição, P1(por exemplo): “sigo o máximo que posso(a
metodologia da instituição)!" É relevante ponderarmos, as diferentes opiniões dos professores
numa dada instituição. Enquanto alguns consideram impossível trabalhar apenas, com a
abordagem comunicativa, outros dizem tentar ou fazer uso da mesma durante o seu trajeto de
ensino.
Ainda assim, nas observações realizadas em sala, percebemos em alguns momentos
uma desarmonia entre o discurso e a prática. É interessante pontuarmos que o professor que
foge à regra da instituição, em nenhum momento está sendo desrespeitoso, pelo contrário, ele
está tentando trazer algo que aquela abordagem ou filosofia apresentou superficialmente, e
que a turma demonstrou maior dificuldade de compreensão(Oliveira,2009).
Essa autonomia pode ser positiva ou não, pois a partir do momento, que fazemos o que
desejarmos em sala, necessitaremos usar um parâmetro do que é importante e quando será
ensinado e/ou explorado nos materiais didáticos ou desenvolvidos pelos próprios professores.
O professor reflexivo e autônomo é aquele que busca, constantemente, a sua própria
melhoria visando à qualidade na aprendizagem dos seus alunos. Vale ressaltarmos, que o
professor autônomo deixa de ser escravo do livro didático passando assim, a ter liberdade para
explorar as novas tecnologias, seja através de vídeos, músicas, desenhos animados etc, com a
intenção de tornar a aula mais dinâmica e de reduzir a alienação/resistência dos estudantes
21

com a língua estrangeira. Pude visualizar as características acima, nos professores P7 e P9,que
atuam em escolas públicas e na maioria dos professores atuantes em cursos de idiomas.
Ao serem questionados se o uso da gramática tem prioridade sobre os outros
conteúdos, o que podemos visualizar foi o seguinte:

GRÁFICO 8B-PROFESSORES
QUE ATUAM EM CURSOS
LIVRES DE IDIOMAS:A
GRAMÁTICA TEM
PRIORIDADE SOBRE AS
OUTRAS ATIVIDADES?

UMA NÃO DESMERECE A OUTRA-1


DEPENDE DA TURMA-2
NÃO-3
NÃO MAIS-1

Como pode ser visto os gráficos confirmam a hipótese de que “os conteúdos
programáticos dos planos de curso de língua inglesa são encabeçados por tópicos
gramaticais”. Apesar de sabermos que a estrutura gramatical não nos garantirá a fluência da
língua, parece mais cômodo focar na gramática, ainda que os PCNs de L.E do ensino médio
solicitem a exploração das atividades relacionadas à leitura, para que,os alunos consigam
interpretar as provas, as quais lhes permitirão a entrada na Universidade/faculdade.

A competência primordial do ensino de línguas estrangeiras modernas no


ensino médio deve ser a da leitura e, por decorrência, a da interpretação. O
substrato sobre o qual se apóia a aquisição dessas competências constitui-se
no domínio de técnicas de leitura – tais como skimming, scanning, prediction
– bem como na percepção e na identificação de índices de interpretação
textual (gráficos, tabelas, datas, números, itemização, títulos e subtítulos,
além de elementos de estilo e gênero). (PCN, p.97, 1999)

A leitura dos PCNs nos permite várias interpretações acerca do ensino de língua
inglesa, desse modo alguns fatos significativos nas observações realizadas que dialogam com
a citação supracitada pode ser observado na fala do professor P10(atuante em curso livre de
idiomas): “Eu tento contextualizar né?... cada uma(atividade)tem seu peso!”, no entanto,
durante a prática, percebemos que o conteúdo estudado, Possessive adjective estava escrito no
quadro seguido de tradução, abaixo havia frases que os alunos deveriam completar com o
22

possessivo adequado e o profissional lia as frases e respondia automaticamente, sem deixar


que os alunos refletissem sobre o conteúdo, isto é, os poucos presentes e menos ainda, os que
estavam prestando atenção.
Outra discordância entre discurso e prática foi percebida na observação de P8(que
leciona no EJA), quando diz que a gramática não tem prioridade sobre as outras atividades.
Percebemos, que a gramática é o que mantém o funcionamento da língua inglesa viva, nestas
turmas distintas das demais observadas, pois os alunos em sua maioria têm vontade de
aprender, mas não tem condições físicas suficientes devido à carga horária de trabalho durante
o dia. Apesar dessas constatações em minhas observações das aulas na EJA, P6(atuante em
escola pública), justifica a utilização das atividades gramaticais devido a “ascensão
tecnológica”:
Atualmente, está sendo devido a... o comportamento dos alunos. Mas a
minha prioridade na verdade é conversação. Quando eu comecei aqui no...
que eu dava aula mais para o primeiro ano eu dava,dava antes de ter a febre
do celular,dava conversação,música, a gente fazia festa de halloween...bom,o
que ta no livro,a gente segue o que ta no livro.Tem texto,a gente faz
interpretação de texto,gramática com exercício,expressões.Só não dá para
fazer o que realmente eu gostaria,ensinar pronúncia,diálogos!para eles
saírem daqui conversando.Que eles não repete nem se quer uma palavrinha
para aprender uma pronùncia. Agora eles querem ficar cantando, mexer no
celular, né? a maioria então,como eu não tenho computador para preparar
minhas aulas com tecnologia então,por isso que é toda no livro.(P6)

Entretanto, durante a aula pude observar que, a indisciplina dos alunos, dentre outros
aspectos, refletem diretamente na prática do professor, causando-lhe desânimo em preparar
uma aula instigante, tornando-se efetivo, o empréstimo do próprio material para a conferência
de respostas de um pequeno grupo “participante” da aula.
As descrições acima, se mostraram contrárias às práticas de P7, que apresentou um
olhar diferente sobre o descaso dos estudantes, uma vez que o profissional explora o contexto
de vida dos alunos ainda que, através da gramática. Desse modo, ele consegue a atenção da
grande maioria da turma: “Sim (gramática tem prioridade)! Infelizmente, nós ainda usamos
muito a gramática aplicada em sala de aula principalmente, com questões elaboradas pelo
próprio professor, por mim...”
A abordagem comunicativa compartilha da ideia de que a língua possui uma função
social, e esta abordagem costuma ter êxito nos cursos livres de idiomas, por ligar a língua
estrangeira ensinada aos atos da vida real. P2(atuante em curso livre de idiomas) afirma: “Não
dou ênfase à gramática. Prefiro que o aluno perceba a gramática pelo speaking e só depois
que ele tenha consciência do uso dela”. Entretanto, o professor que se propõe a ensinar esta
23

abordagem necessita produzir aulas interessantes, que prendam a atenção do aluno. Ao


contrário da gramática, que é vista por muitos como algo monótono. No gráfico 7B, dos
professores atuantes em cursos livres de idiomas, 29% afirmam que os alunos reclamam por
não estudarem as regras, por fugir do contexto em que eles estão “acostumados”, no espaço da
escola tradicional. Levando-nos a pensar que o espaço da gramática durante a aula deve
existir, porém, com um tempo reduzido e explorado através de exemplos(preferencialmente,
citando nomes dos alunos da classe para que eles percebam a funcionalidade das “regras”.)
O gráfico 9A e 9B representam como os professores imaginariam o ensino da
gramática no futuro ideal. Assim, observamos os seguintes dados:

Os gráficos 9A e 9B referentes às expectativas em relação ao ensino de gramática no


futuro exigiu uma reflexão momentânea dos profissionais, em razão do quadro
comportamental dos discentes nas escolas, como um todo. Muitos professores se
questionaram na verdade, o que esperar da juventude que tem apresentado atitudes tão
imediatistas.
Com os avanços tecnológicos, os estudantes têm demonstrado pouco interesse pelo
ensino tradicional, baseado no discurso do professor, quadro e livro didático, das disciplinas
tradicionais. Essas modificações globais, no que tange ao acesso ilimitado de informações,
têm levado os profissionais a não saberem onde e em que todo esse aparato resultará. Os
professores se vêem obrigados a mudar bruscamente (especialmente, quem se mantêm preso
ao ensino exclusivo das estruturas da língua inglesa), a se adaptarem ao novo e, muitas vezes,
24

sentem-se incapazes de seguir em frente para obter de volta a atenção dos alunos. Em
consonância P3(atuante em curso livre de idiomas) afirma que:
A gramática vai se dar não só pelo um segmento rígido do material ou pela
tentativa de forçar uma conversação entre os alunos,mas através de
atividades não relacionadas como aplicar a gramática usada nos seriados
porque vemos que a gramática ortodoxa/regular tem uma fixação boa,mas
dependendo da faixa etária ahhhhh... o modo como eles se adaptam é
totalmente diferente então,usar atividades não relacionadas com o livro,não
relacionadas com o material,nem com a abordagem do curso ,mas com um
método totalmente diferente como seriados,músicas que apliquem aquela
gramática que possamos mostrar como ela realmente funciona. (P3).

P3 fala de uma aprendizagem, que já vem ocorrendo aos poucos, com a gama de
seriados que tem ganhado espaço na TV aberta e, principalmente, nos canais fechados, muitos
alunos tem feito uso desses recursos, não sabemos exatamente as causas(se é provocada pelo
enredo da trama ou com o intuito de aprender a língua em questão, tais suposições caberia
numa nova pesquisa), mas não podemos deixar de considerar, que estas atividades podem sim
contribuir com o desenvolvimento deles.
Apesar de, parecer controversa a atitude mencionada a seguir, o professor P10 citado
nos gráficos sete, como reprodutora do método gramática tradução sem a devida reflexão diz
que as novas tecnologias darão suporte ao ensino do inglês e que ela trabalha com músicas de
vez em quando solicitando que os alunos preencham as lacunas, etc.
Ao contrário de P10, a P6 diz preferir pensar no presente por não saber o que esperar
do futuro, vejamos:
Não imagino ainda!Eu prefiro pensar no presente, né?Mas o ideal que queria
mesmo é que eles entendessem o assunto. Eu explico exemplos, e eles têm ali,
no livro eles têm os exemplos é só seguir a, o as dicas com esses exemplos, eu
falo pra eles. Agora, se eles não prestam atenção!Aí é com eles, eles se acham
adultos nessa idade. Eles se acham, mas a gente vê que o comportamento não
é. (P6)

Segundo P6, a liberdade que tem sido dada aos jovens tem dificultado o convívio em
sala de aula. Eles só conseguem interagir com pessoas da mesma faixa etária e com
pensamentos parecidos. P8(vide anexo 2) tem a esperança de que a gramática será ensinada de
acordo com a realidade dos alunos. A mesma citou, por exemplo, que os livros didáticos
selecionados pelas escolas deveriam ser “regionalistas”, pois, os alunos do Sul enfrentam
situações diferentes dos nordestinos e infelizmente, são estes os mais produzidos e
selecionados.
Segundo P11(atuante em curso livre de idiomas), não existe um futuro e uma
gramática ideal, mas sim, um aluno comprometido, dedicado com a sua aprendizagem. É
25

possível observarmos um equilíbrio entre os discursos de P6,quando retrata a liberdade da


juventude juntamente,com o de P11 sobre o benefício que o aluno adquirirá se tiver a
curiosidade para aprender, isto independe do seu objeto de interesse. Assim, os outros
profissionais defendem que a autonomia será o diferencial no futuro, pois, apesar dos estudos
mostrarem que o aluno deve ser o centro da aprendizagem, de acordo com a entrevista, nem
todos buscam este conhecimento aleatoriamente. Sabemos que tudo em excesso leva-nos a
prejuízos (ir)reparáveis, porém, podemos enxergar a tecnologia como aliada para desenvolver
a criticidade e interesse dos educandos em aprenderem outros idiomas, tornando-os seres
autônomos neste mundo que exige múltiplas aptidões(Paiva,2009).
Notamos, em nossa pesquisa, que parte do ensino da gramática nas instituições
públicas foi desenvolvida de forma solitária, com vocabulários que não apresentaram conexão
com o tópico gramatical ensinado. Tais situações demonstraram um contraste com a
aprendizagem da gramática através da abordagem comunicativa, que foca nas ações
cotidianas dos aprendizes, pois acredita que a prática destas ações levará a real compreensão
do que está sendo dito e estudado.
O processo de ensino através do método gramática-tradução ocorre mecanicamente,
não exigindo dos alunos um conhecimento prévio e seqüencial, pois, a “falsa compreensão” é
analisada no momento em que o aluno está desenvolvendo as atividades, ao contrário da
abordagem comunicativa, que faz os alunos trabalharem com os aspectos cognitivos e sociais,
trazendo esses conteúdos à tona constantemente. De acordo com P1(anexo 2): “A gramática
não sobrepõe as outras habilidades, um idioma é formado por três pilares: Grammar,
vocabulary, comprehension (fluency e talking)”. É possível perceber, que cada aspecto
ensinado através da gramática funcional tem o seu devido espaço, com o intuito de solidificar
a aprendizagem do idioma.
Outra vantagem da abordagem comunicativa sob o método gramática-tradução são as
possibilidades de materiais disponíveis para adaptar os alunos aos diversos contextos. Para
reforçar as informações acima, Matos (2010, p.27) afirma que os professores são os
propagadores da competência comunicativa, pois foram formados para executar àquela
“missão”.A mensagem anterior retrata o uso da abordagem comunicativa, como um
mecanismo de realizar a aprendizagem da língua inglesa, através do contexto social. Enquanto
P10, ocupante do espaço estadual público diz, que cada habilidade tem seu peso e que a
escola, não colabora com a aprendizagem de uma língua estrangeira, por não possuir recursos.
Ela leva o próprio notebook para a sala de aula quando planeja trabalhar com músicas.
26

Notamos durante a pesquisa, que uma das possibilidades para o uso excessivo da
gramática, seja a falta de domínio do idioma por parte dos profissionais. O medo do “novo”,
visto que nas escolas públicas, raramente, os professores fazem uso da oralidade e até mesmo
das atividades auditivas. As práticas citadas acabam minimizando a capacidade de
aprendizagem dos alunos, em especial, os que apresentam facilidade de aprendizagem através
da audição. Há quem prefira aprender através de desafios, da ludicidade, características que o
demasiado exercício gramatical não explora. Outros fatores também necessitam ser
observados, como a falta de interesse pelas aulas, de materiais, etc.
Apesar de termos o ensino da L.E em comum com as instituições analisadas, faz-se
necessário reforçar a diferença de objetivos incutidas nas mesmas: os cursos livres de idiomas
são opções, que algumas pessoas agregam às suas vidas,ao contrário,das escolas públicas
estaduais, que se apresentam como uma condição necessária e obrigatória, pela falta de outras
oportunidades, para grande parte da população. Neste sentido, também se faz importante
lembrar que o nível sócio econômico diferencia os públicos inseridos em ambos os contextos
institucionais.
Uma atividade de grande utilidade que conseguiria ensinar a língua inglesa em um
sentido amplo e independente de condição social, além de estar cumprindo o objetivo dos
PCNs de língua estrangeira é a leitura do texto. Segundo Lima ( 2009), no artigo “Texto e
discurso no ensino de inglês como língua estrangeira”:
O texto, em suas diversas modalidades e através de vários canais, ou seja, o
texto escrito(impresso ou em tela)em diferentes gêneros, tipos e registros,
oral falado, oral cantado ou oral teatralizado, deve ser apresentado ao
estudante antes dos tópicos gramaticais... a aprendizagem através de textos
propicia ao estudante uma maior autonomia.Os significados de um texto não
estão previamente estabelecidos como uma regra gramatical.(Lima, 2009,
p.2 e 3).

Ele apóia uma aprendizagem diferenciada da língua inglesa através do texto, com a
finalidade de desenvolver a criticidade sócio-cultural, léxico-gramatical acerca da L.E,
independente da configuração (impressa ou pela tela)apresentada ao leitor-aprendiz.
Não podemos negar que houve um curto progresso na forma de ensinar a língua
inglesa na escola pública, porém é pertinente e urgente que os professores se envolvam em
projetos “inovadores” para tornar viva a língua estrangeira na escola pública.Pelo desejo de
pôr em prática essa idéia,outras pesquisas virão para servir de respaldo às possíveis dúvidas
que venham a surgir no caminho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
27

Foi com satisfação, que desenvolvi esta pesquisa, pois como foi mencionado no início
dela, a idéia surgiu mediante a minha inquietação por ter participado de dois ambientes de
ensino tão diferentes (o curso de idiomas e a escola pública) e por perceber as oportunidades
de aprendizagem em cada situação surgida em ambos os espaços, as quais se constituíram em
vivências muito importantes para uma professora em formação.
Durante a pesquisa foi possível confirmar ou supor, que alguns fatores pudessem
contribuir, para a não ocorrência de uma educação desejada por todos ou pela maioria dos
cidadãos. A hipótese um, de que alguns professores, não elaboram e/ou não utilizam
(adequadamente) o plano de aula, apresentou uma lacuna, pois, não foi confirmado que os
mesmos não se baseiam neste documento tão necessário para a execução das aulas.
A segunda, de que algumas lacunas encontradas no processo de formação dos
professores, podem refletir negativamente no desempenho em sala de aula foi constatada,
especialmente através dos profissionais, que não tem a formação em Letras, porém também
podemos considerar esta hipótese, em relação aos professores atuantes em instituições
públicas.
A terceira hipótese, não deve ser considerada uma surpresa, pois, sabemos que há
muito tempo, os conteúdos programáticos dos planos de curso de língua inglesa são
encabeçados por tópicos gramaticais. nas escolas públicas.
Com relação a quarta suposição( não há uma capacitação adequada para utilizar
corretamente os aparelhos tecnológicos na sala de aula); poucos profissionais das escolas
públicas utilizam recursos tecnológicos, visto que, nos locais de trabalho apenas, dispõem das
TVs pen drive que muitas vezes, nem funcionam.Portanto,este fato impossibilita a
confirmação supracitada.
Em contra partida, a quinta hipótese(há pouca reflexão crítica sobre a prática de
ensino), em consonância a hipótese dois, pode ser considerada verdadeira mediante as práticas
dos professores observadas pela pesquisadora.
A sexta hipótese(os professores não recebem incentivo financeiro suficiente, para a
renovação de conhecimentos), em parte não pode ser considerada verídica já que, os
profissionais recebem um acréscimo no salário base a cada aperfeiçoamento adquirido. Não é
possível dizer que o salário é satisfatório, pois, teoricamente para ganhar bem, se faz
necessário estar em contato constante com os estudos, característica do professor pesquisador.
Talvez seja possível confirmar, a compreensão dos fatores que diferenciam o ensino
da gramática de Língua Inglesa nas escolas públicas baianas, dos cursos livres de idiomas
28

visto que, foram percebidos os espaços, o público e os “protagonistas” do processo de ensino


e aprendizagem; além do aparato tecnológico que os diferentes locais apresentam ou não.
Foi analisado como ocorre o processo de apreensão gramatical, a partir da abordagem
comunicativa, bastante utilizada nos cursos de idiomas; comparando com o método gramática
tradução (bastante utilizado nas escolas públicas), e percebeu-se que os objetivos são
diferentes e conseqüentemente, as práticas também.
Confirmou-se, a ausência da abordagem comunicativa no processo de aprendizagem
da Língua Inglesa na educação básica das escolas públicas visto que, as possíveis deficiências
dos professores e até mesmo, o pouco conhecimento dos alunos acerca da língua, influenciam
no ambiente de aprendizagem.
Averiguaram-se as metodologias, que estão sendo aplicadas ao ensino de gramática da
Língua Inglesa e aferiu-se que, essas práticas didático-pedagógicas interferem negativamente,
na maioria das situações para o sucesso e assimilação do ensino de inglês como língua
estrangeira, especialmente, nas instituições públicas, pois nos cursos livres de idiomas é
comum, a rotatividade dos professores durante o ciclo de aprendizagem, que pode ou não
garantir este sucesso; tão importante para a socialização dos indivíduos em questão(os
alunos).
Através da variável representada nos gráficos 1 (um) e 1B pude constatar que o grupo
de sujeitos entrevistados havia formado um contingente heterogêneo e bastante rico de
informações, já que cada um havia iniciado a formação acadêmica em anos distintos, bem
como através de histórias de aprendizagem acrescidas das suas individualidades. Outro
atributo surpreendente foram os locais escolhidos para a sua formação profissional,
confirmando que as instituições públicas de educação superior, sejam Federais ou Estaduais,
ainda são munidas de grande prestígio.
Nos gráfico 2 (dois)e 2B tive a possibilidade de conhecer quem eram eles no contexto
acadêmico, e a qual área acadêmica eles pertenciam. Admito não ter me surpreendido ao
saber que nem todos os professores participantes da pesquisa possuem a graduação em Letras,
visto que se trata de uma questão corriqueira, principalmente nos cursos livres de idiomas.
Como foi relatado anteriormente, a qualidade das aulas desses profissionais pode,
teoricamente, ser tão boa quanto a dos professores graduados em língua inglesa.
Entretanto, não podemos fingir que os profissionais sem formação inicial em Letras
não necessitem se dedicar ao conhecimento acerca das abordagens e métodos, do mesmo
modo que obter noções de didática. Este é um elemento crucial para garantir mais eficiência
29

no ensino, pois em alguns momentos Notamos, que a falta deste “recurso” pode ter refletido
negativamente no desempenho almejado.
Não há como falar do ser professor e não citar a questão salarial. É possível dizer que
se trata de uma profissão invisível, apesar de ser a geradora das outras. O professor só é
lembrado pela sociedade quando os filhos de outros profissionais passam por problemas
educativos, as notas baixas, a não compreensão dos conteúdos, ou no dia quinze de outubro
para mostrar as estatísticas oficiais. Poucos a tratam com seriedade. O preconceito contra ser
professor sempre existiu e permanece na época atual. A falta de compromisso com o professor
é tão nítida que, através dos gráficos 3(três) e 3B podemos visualizar o desgaste sofrido por
esses profissionais para conseguirem ter uma vida digna (sob o ponto de vista salarial
apontado pelos próprios sujeitos pesquisados). O único profissional que afirmou estar
satisfeito com o seu salário trabalha menos de dez horas semanais e considera adequado o
valor que recebe pelas poucas horas trabalhadas.
Além dessa desvalorização profissional, há a exigência das instituições pela formação
continuada, pelo profissional qualificado. Esta última característica vem sendo requerida em
todas as profissões no mercado de trabalho corrente, situação correspondente aos gráficos
4(quatro) e 4B sobre a especialização na área de Letras.Ainda através destes gráficos
podemos observar que alguns professores preferem se atualizar através de congressos.
Acredito que estes optem por esta estratégia por se tratar de uma capacitação rápida. Os que
sentem a necessidade de aprimorar os seus conhecimentos buscam um curso mais consolidado
sobre o assunto de seu interesse. Contudo, não se deve acreditar que optar por um curso um
pouco mais denso do que um seminário nos garantirá outro retorno além do financeiro visto
que, nas instituições públicas, os títulos adquiridos ajudam na progressão funcional, quando é
acrescida uma porcentagem no salário base.
Em relação ao objeto central desta pesquisa, quando perguntados sobre a abordagem
utilizada no ensino da gramática foi percebido um hiato entre o que foi dito na entrevista e o
que foi posto em prática em sala por parte de alguns professores, nos dois âmbitos
institucionais. Em mais de um dos professores que disseram trabalhar a gramática por meio de
contextos, durante as minhas observações das suas aulas, notei a ausência parcial e, em outras
circunstâncias, a ausência total dessa contextualização.
Os gráficos 6(seis) e 6B referentes à abordagem ou filosofia utilizada pelas instituições
mediante o questionamento amplo não me permitem fazer uma apreciação minuciosa sobre a
coerência entre o que foi dito na entrevista e o que foi observado na prática da sala de aula,
entretanto não posso deixar de indagar: como um profissional não tem noção do que rege ou
30

deveria servir de suporte às suas aulas? Na minha concepção isto pode expressar o
desconhecimento da qualidade do trabalho que executa, se está agindo corretamente, o que é
esperado dele pelo seu coordenador. Para a nossa surpresa, esta situação ocorreu nos dois
espaços de ensino analisados.
Como complemento das questões representadas pelos gráficos 6(seis) e 6B, eu
perguntei se os professores seguiam essa filosofia/abordagem à risca e verifiquei que
professores atuantes nas escolas estaduais públicas, que fazem uso do método gramática-
tradução, dizem adaptar as aulas à necessidade da turma, assim como também ouvimos de um
profissional destas escolas e de dois professores dos cursos livres de idiomas que é
impraticável o uso de apenas uma abordagem/filosofia. Ou seja, eles levam em consideração
que o aluno, ou melhor, o ser humano é múltiplo; não há como aprender apenas “daquele
jeito”(de uma única forma). Devo citar que também ouvi e confirmei de outros professores
que a autonomia faz parte do seu cotidiano. Lembro que a autonomia é tão importante quanto
o conhecimento dos métodos e abordagens citado na análise dos gráficos 2(dois) e 2B.
Nas variáveis representadas nos gráficos 8(oito) e 8B mais uma contradição foi
constatada. Professores da escola pública que dizem distribuir as atividades relativas às
habilidades na mesma proporção fazem uso sim, de atividades de listening, porém o foco
ainda é mantido no método gramática-tradução. No contexto, do ensino de inglês como língua
estrangeira nas escolas públicas pesquisadas, há quem defenda que o livro utilizado; ajuda a
diversificar a forma de trabalho, mas a pesquisa constatou que, a gramática ainda continua
sendo o centro do ensino por existir uma carga horária curta em cada turma e o número de
conteúdos estruturais constantes dos programas serem amplos. Neste sentido, a pesquisa
realizada levanta a seguinte questão (geradora de novas pesquisas): a abordagem
comunicativa conseguiria tornar as aulas mais dinâmicas e, por que não dizer, interessantes?
Nos últimos gráficos 9(nove) e 9B as expectativas de parte dos professores sobre o
futuro do uso da gramática no ensino de inglês como língua estrangeira em seu ambiente de
ensino foi bastante vaga. Alguns disseram, nas entrelinhas, que “se hoje está “ruim” o que
poderemos esperar mais à frente?” Já os profissionais dos cursos livres de idiomas deram
dicas que já vêm sendo trabalhadas na abordagem comunicativa como: a aprendizagem
através de atos cotidianos dos alunos, vídeos, músicas. Outro profissional, porém, disse que a
aprendizagem dos alunos dependerá exclusivamente deles. É pertinente citar que como
professores somos mediadores do processo de aprendizagem de uma turma e que a parte que
nos cabe deve acontecer da maneira mais responsável possível.
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Penso que cada habilidade necessita ser trabalhada de forma igualitária ou, de acordo
com o objetivo dos aprendizes. Uma característica que marcou as observações no ensino de
língua inglesa em instituições públicas foi a ênfase nos tópicos gramaticais. Este fato me
permitiu confirmar a hipótese de que os tópicos gramaticais ainda são a âncora do ensino de
língua inglesa nas escolas públicas.
Percebi, também, uma forte aceitação por parte dos profissionais atuantes em escolas
públicas em adotar as atividades gramaticais como recurso principal no processo da
aprendizagem de língua inglesa. Acredito que falte uma reflexão por parte de alguns
professores deste espaço citado sobre o que é necessário estudar e como poderão reformar
suas práticas pedagógicas, através das mudanças globais que temos enfrentado. É possível que
a abordagem comunicativa, se implementada; no ensino de inglês como língua estrangeira da
educação básica do sistema estadual de educação, em nosso estado, poderá trazer mudanças
significativas no contexto didático-pedagógico, tornando as aulas mais interessantes e
proporcionando melhores resultados.
32

REFERÊNCIAS

BOHN, Hilário Inácio. O método”soberano” para o ensino e aprendizagem de língua inglesa.


In: LIMA, Diógenes Cândido de (org). Ensino e aprendizagem de Língua Inglesa: conversas
com especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009 p 169- 178.

CAMPOS, Casemiro de Medeiros. Saberes docentes e autonomia dos professores. In:______


Saberes docentes e autonomia dos professores. Petrópolis: Vozes, 2007.

CRYSTAL, David. A dictionary of linguistics and phonetics. 2. ed. Oxford: Blackwell,


1985. p. 240.

LARSEN-FREEMAN, D. Grammar. In:CARTER, R. &NUNAN, D. (Eds.), Teaching


English to Speakers of Other Languages. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

LIMA, Diógenes Cândido de (org). Ensino e aprendizagem de Língua Inglesa: conversas


com especialistas/Diógenes Cândido de Lima (org). São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

KRAMSCH, Claire. Context and Culture in Language Teaching. Oxford, UK: Oxford
University Press, 1993.

MATOS, Francisco Gomes de. Como usar uma linguagem humanizadora: orientação para
professores de línguas estrangeiras. In: MOTA, Kátia e SCHEYERL, Denise(orgs). Recortes
interculturais na sala de aula de Línguas Estrangeiras. Salvador: EDUFBA, 2010, -2
ed.p.21-36.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Orientações Educacionais


Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais: linguagens códigos e suas
tecnologias. PCN. Ensino Médio. Brasília/DF: MEC – Secretaria de Educação Média e
Tecnológica(SEMTEC),1999.disponível em http ://portal. mec.gov.br/ seb/arquivos/ pdf/
linguagen 02.pdf .

OLIVEIRA, Adelaide P. Abordagens alternativas no ensino de inglês. In: LIMA, Diógenes


Cândido de (org).Ensino e aprendizagem de Língua Inglesa: conversas com especialistas.
São Paulo: Parábola Editorial, 2009.p.141-150.

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Ensino de língua estrangeira para jovens e adultos na escola
pública. In: In: LIMA, Diógenes Cândido de (org). Ensino e aprendizagem de Língua
Inglesa: conversas com especialistas. -São Paulo: Parábola Editorial, 2009.p.21-30.

PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e.O ensino de Língua estrangeira e a questão da
autonomia. In: LIMA, Diógenes Cândido de (org).Ensino e aprendizagem de Língua
Inglesa: conversas com especialistas. -São Paulo: Parábola Editorial, 2009.p.31-38.
33

VYGOTSKY, Lev Semyonovitch. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes,


1998.

REFERÊNCIA ELETRÔNICA:

LIMA, Luciano R. “Texto e discurso no ensino de inglês como língua estrangeira. In: LIMA,
Luciano R. Literatura, crítica, teorias. Disponível em:< www.docentes.uneb.br/lucianolima>.
Acesso em: 20 nov. 2014.
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ANEXO I
QUESTIONÁRIO

1-ONDE E QUANDO SE FORMOU?

2-QUAL É A SUA FORMAÇÃO?

3-VOCÊ ESTÁ SATISFEITO COM A SUA FAIXA SALARIAL?

4-POSSUI ESPECIALIZAÇÃO NA ÁREA?

5-QUAL É A ABORDAGEM UTILIZADA NO ENSINO DE GRAMÁTICA?

6-QUAL É A ABORDAGEM/FILOSOFIA DA INSTITUIÇÃO?

7-VOCÊ SEGUE À RISCA A METODOLOGIA DA INSTITUIÇÃO?

8-A GRAMÁTICA TEM PRIORIDADE SOBRE AS OUTRAS ATIVIDADES?

9-COMO VOCÊ IMAGINA O ENSINO DA GRAMÁTICA EM UM FUTURO IDEAL?


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ANEXO II
DADOS DOS ENTREVISTADOS

P1: Sexo masculino atua em curso livre de idiomas, possui Licenciatura em História e
atualmente, estuda Letras.

P2: Sexo feminino, atua em curso livre de idiomas, possui Pós graduação em Metodologia do
Ensino da Língua Inglesa, Licenciatura em Letras com Língua portuguesa e Inglesa e
Bacharelado em Língua Inglesa.

P3: Sexo masculino atua em curso livre de idiomas, ensino superior incompleto-Direito.

P4: Sexo feminino atua em curso livre de idiomas, possui Licenciatura em Língua Inglesa.

P5: Sexo feminino atua em curso livre de idiomas, ensino superior incompleto - relações
públicas.

P6: Sexo feminino atua em escola pública estadual, possui Licenciatura em Letras-Inglês e
Português.

P7: Sexo masculino atua em escola pública estadual, possui três especializações: Educação de
jovens e adultos, Língua Inglesa e Psicopedagogia, Licenciatura em Letras e Língua Inglesa.

P8: Sexo feminino atua em escola pública estadual, possui especialização em Língua
Portuguesa, Licenciatura em Letras com Inglês.

P9: Sexo feminino atua em escola pública estadual, possui especialização em gestão e
Licenciatura em Letras vernáculas com Inglês.

P10: Sexo masculino atua em curso livre de idiomas, possui Mestrado em Letras,
Especialização em Língua Inglesa e Licenciatura em Letras com Inglês.

P11: Sexo feminino, atua em curso livre de idiomas, mestrado em curso, MBA em marketing,
Pós graduação em Letras e Licenciatura em Letras com Habilitação em Língua Inglesa.

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