Envelhecimento Demografico
Envelhecimento Demografico
Envelhecimento Demografico
°), 1183-1198
Envelhecimento demográfico:
proposta de reflexão sobre o curso dos factos
APRESENTAÇÃO
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M. João Valente Rosa (1996), «Alterações demográficas da estrutura etária da populção
portuguesa a partir de 1960», comunicação apresentada no âmbito das 1 . as Jornadas do Fórum
Social, Lisboa (doc.. policopiado).
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A razão de se ter admitido um ligeiro aumento do ISF reside, não na convicção de que
no futuro próximo aumentará a propensão para se ter filhos, mas no facto de se ter vindo a
registar em Portugal, após os anos 80, um retardar do projecto de se ter filhos (do que resulta
um aumento da idade média de fecundidade). Sendo o ISF um indicador conjuntural de
fecundidade, nãO é sensível a tais alterações de calendário e, no futuro, o seu valor provavel-
mente aumentará, à semelhança do que aconteceu noutros países (por exemplo, Suécia e 1185
Maria João Valente Rosa
[FIGURAR0 1]
G. I. G. I.
1991 90 + 90 +
2010
75-79 75-79
H r M 60-64 M 60-64
45-49 45-49
30-34 30-34
15-19 15-19
0-4 0-4
6 4 2 0 2 4 6 6 4 2 0 2 4 6
(percentagem) (percentagem)
França), em resultado do aumento das taxas de fecundidade nas idades mais avançadas do
período fértil, ou seja, quando as mulheres do período fértil que actualmente têm idades jovens
1186 concretizarem o seu projecto diferido de terem filhos.
Envelhecimento demográfico
sendo:
A —
o número de pessoas em idade de serem activas;
O —
a taxa de ocupação dessas pessoas;
s —
o rendimento médio salarial;
t —
a taxa de quotização média em relação ao salário a título da pro-
tecção na velhice;
V — o número de pessoas em idade pós-activa;
r — a percentagem de pensionistas em relação a V;
m — o montante médio das pensões de velhice.
Tempo
T+n
fase fase
fase mm
MINI
pré-activa pós-activa
activa
Idades 1189
Maria João Valente Rosa
[FIGURA N.° 3]
Daí que haja quem, neste sentido, entenda essa evolução da estrutura
etária como uma condenação da sociedade, relativamente à qual pouco mais
se pode fazer do que, em cada momento do tempo, tentar-se paliar (enquanto
for possível) alguns dos seus efeitos.
medidas ajuda, por certo, a restabelecer (pelo menos a curto prazo) o equi-
líbrio visado. Duvidamos, sim, é de que o interesse desses dispositivos vá
além do quase imediato.
Este tipo de medidas, destinadas a aliviar situações de momento, corre o
risco de se desactualizar se, como tudo indica, o envelhecimento demográfico
prosseguir, existindo um limite a partir do qual se torna inaceitável continuar-
-se a reduzir os direitos de benefício ou a aumentar os deveres de contribuição.
Há já quem, inclusivamente a este respeito, alerte para o agravamento das
situações de exclusão social e para a eventualidade de um combate de inte-
resses entre gerações de consequências sociais dramáticas, caso se continue
a insistir neste modo imediatista de se reagir aos factos.
Deste modo, e para além deste tipo de medidas ou das conhecidas tenta-
tivas de «desinvestimento» do Estado no financiamento das reformas por via
do reforço do papel das empresas privadas (em especial das companhias de
seguros), seria útil reflectir-se sobre formas alternativas à organização social
dominante, no sentido de se aligeirar a estreita relação (interdependência)
existente entre o cidadão e o Estado, sem que com isso se comprometam as
garantias de sobrevivência social do cidadão (em especial quando as incapa-
cidades funcionais impedem o exercício de uma actividade), de se aproveitar
as potencialidades do processo de envelhecimento demográfico, de se faci-
litar a inclusão social dos mais velhos e de se retardar, tanto quanto possível
(e de acordo com a vontade e capacidade de cada indivíduo), as manifesta-
ções individuais de perca de autonomia financeira e social.
Neste sentido, avançamos com algumas iniciativas, que não são mais do
que exemplos sobre um tipo de caminho que poderia ser explorado:
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
BABEAU, André (1985), La fin des retraites?, Paris, Hachette, col. «Pluriel».
BARRETO, António, e Clara Vaiadas Preto (1996), «Indicadores da evolução social», in Situa-
ção Social em Portugal, 1960-1995, ICS, pp. 61-162.
BARRETO, António (1996), «Três décadas de mudança social», in Situação Social em Portugal,
1960-1995, ICS, pp. 35-60.
JOUVENEL, Hugues de (1996), «A Europa em Mutação: Fresco das Grandes Tendências de
Evolução Económica, Social e Cultural», no âmbito do Fórum Social Europeu, Bruxelas,
Março de 1996 (doc. policopiado traduzido em português).
LORIAUX, Michel (1986), «11 sera une fois... la révolution grise: jeux et enjeux autour d'une
profonde mutation societale», in Chaire Quetelet'86: populations agées et révolution
grise: les hommes et les sociétés face à leurs vieillissements, actes du Coloque, Louvain
la Neuve, pp. 3-32.
LORIAUX, Michel (1991), «Le vieillissement de la société européenne: un enjeu pour
l`éternité?», comunicação apresentada no âmbito da conferência «Le capital humain
européen à 1'aube du 21e siècle», organizada pela Eurostat, Luxemburgo. 1197
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