Pré História
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1ª Edição
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Sumário
Unidade 1 5
Objetivos da Unidade 6
1. Parte 1: Introdução à disciplina e seus instrumentos, suas questões teóricas
e metodológicas; suas fontes bibliográficas 7
1.1 Introdução à disciplina e seus instrumentos 7
1.2 A disciplina e suas questões teóricas e metodológicas 10
1.3 A disciplina e suas fontes bibliográficas 10
2. Parte 2: Traçar o quadro atual das conclusões científicas sobre a evolução da
vida na Terra 13
3. Parte 3: Situar a evolução da espécie humana no quadro evolutivo global
das espécies 19
Síntese da unidade 23
Referências 24
Unidade 2 26
Objetivos da unidade 28
1. Parte 1: ocupando a África 29
1.1 Com quais instrumentos científicos? 31
1.2 Com quais fontes de pesquisa 41
2. Parte 2: da África para o resto do mundo 44
2.1 A África foi o local de nascimento do Homo sapiens e nela foram achadas
as primeiras evidências de comportamento simbólico e tecnologias complexas 45
2.2 O florescimento precoce, mas bem atestado, dessas características, foi em
uma zona de refúgio glacial na costa Sul de 100 a 60 mil anos atrás
(especialmente nas Cavernas de Blombos e Sibudu) 47
Síntese da unidade 51
Referências 52
Unidade 3 54
Objetivos da unidade 55
1. Parte 1: O “motor” da dispersão do gênero humano 56
2. Parte 2: os sinais materiais da saída dos sapiens da África em direção ao resto
do mundo 60
2.1 Cronologia, localização dos temas e sítios arqueológicos e visão geral das
prováveis migrações 60
2.2 O “cenário” da dispersão a partir do Sul (do Leste da África para a
Península arábica) 61
2.3 O Hominídeo de Denisova, Sibéria e Baishiya Karst, Tibet 61
2.4 O encontro/desencontro com o Homo de Neandertal 62
2.5 A teoria da catástrofe ambiental provocada pela explosão do vulcão Toba 63
2.6 As pinturas rupestres mais antigas do mundo, na Indonésia 63
2.7 Fazendo roupas na Idade da Pedra 64
2.8 As Cavernas de Chauvet, na França e Altamira, na Espanha 65
2.9 Venus de Willendorf, Áustria 66
2.10 Dolní Věstonice, na Europa Central 66
2.11 Estruturas circulares feita de ossos de mamutes 67
2.12 Primeiras estruturas em pedra, em Boncuklu Tarla e Göbekli Tepe, na Turquia 68
3. Parte 3: sugestões de leitura e aprofundamento 69
3.1 Biogeography and evolution of the genus Homo 69
3.2 Cognición y conducta de neandertales y humanos modernos 69
3.3 Origen del lenguaje: un enfoque multidisciplinar 69
3.4 Culture and Causal Cognition 70
3.5 The history behind the mosaic of the Americas 70
3.6 Origens do homem nas Américas: fósseis x molécula? 70
3.7 A genética: seu uso na determinação da origem do homem americano 71
3.8 A Serra da Capivara e os primeiros povoamentos sul-americanos: uma revisão
bibliográfica, publicado no DOSSIÊ CENÁRIOS E PROCESSOS DAS PRIMEIRAS
OCUPAÇÕES HUMANAS NO BRASIL: O PAPEL DA PESQUISA ARQUEOLÓGICA,
do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. 71
Síntese da unidade 71
Referências 72
Unidade 4 74
Objetivos da unidade 75
1. Parte 1: a ocupação das “Américas” 76
1.1 América do Norte 79
1.1.1 20 a 18 mil anos AP – USA – Sítio arqueológico de Cactus Hill, na Virgínia 79
1.1.2 13,2 a 12,6 mil AP – USA/México – Cultura Clóvis, sul dos USA e norte do México 79
1.1.3 13 mil AP – USA - Homem de Arlington Springs, Califórnia 80
1.1.4 13 a 9 mil AP – USA – Caverna de Fort Rock, Oregon 80
1.1.5 7 mil a 6,9 mil anos AP – USA – O homem de Kennewick, rio Columbia,
Washington 81
1.1.6 4,5 mil a 3,5 mil anos AP – Canadá – Sítio arqueológico de Áísínai’pi, Vale do
Rio Milk 82
1.1.7 1,2 a 550 anos AP – USA – Cahokia Mounds, Illinois 82
2. México e América Central 83
2.1 15 mil anos AP – México – Sites de caça aos mamutes 83
3. América do Sul 83
3.1 19,5 - 12,5 mil anos AP - Colômbia - Abrigos de rocha de Chiribiquete 83
3.2 18,5 a 14,4 mil AP Sítio arqueológico de Monte Verde, Chile 84
3.3 14,5 mil AP Sítio arqueológico de Huaca Prieta, província de La Libertad, Peru 85
3.4 12,5 a 7 mil AP Sítios arqueológicos de Los Toldos e Cueva de las Manos,
Santa Cruz, Patagônia, Argentina 86
4. Parte 2: A arqueologia e a musealização dos vestígios humanos 86
5. Parte 3: Os Museus de Pernambuco e do Recife 96
Síntese da Unidade 96
Referências 97
Unidade 1
SAPIENS, a evolução improvável
Neste momento da história, em 2020, quase todas as semanas nos trazem novas
descobertas em relação à pré-história de nossa espécie, o homo sapiens.
Vejam, quem está lendo essa palavras pela primeira vez percebe que, talvez, nem
todas tenham a clareza necessária. Assim, para começar, podemos perguntar, por
exemplo: o que é história? Por que, neste momento? Por que, em 2020? O que é
pré-história?
E essas tais descobertas? Quem as faz? Que métodos usa? Como as divulga? Como
separar as informações sérias, produzidas pelas ciências, divulgadas em livros e revistas
científicas ou traduzidas para nós pelo jornalismo científico, daquelas do jornalismo
sensacionalista ou pior, das fake news, hoje dominantes na internet? Afinal, o que é a
ciência e quais as ciências estudam a pré-história? Finalmente, por que somos
chamados de homo e sapiens? Que fatores e desde quando, provocaram o
desenvolvimento de nossa mente, fazendo-nos ser quem somos?
Construir esse conhecimento com vocês, através dessa aula, de leituras e vídeos
cuidadosamente selecionados, de pesquisas dirigidas e de avaliações coletivas dos
resultados, seguindo os métodos de pesquisa e produção de textos científicos, é nossa
primeira preocupação. Após anos de experiência acredito poder oferecer a vocês não só
um material de qualidade, nas páginas seguintes, mas um mergulho em um amplo e
seguro panorama de nossas origens, que nos ajudem a entender nosso presente e as
forças sociais e culturais nele atuantes e vislumbrar pistas do futuro que se abre.
Como vocês já perceberam, existem palavras com notas de rodapé. São conceitos-
chave e esses precisam ser bem compreendidos, assimilados. Nesse livro tais palavras
abrirão hiperlinks de aprofundamento. Essa é uma das vantagens das ferramentas
tecnológicas desenvolvidas nas últimas décadas. Aproveitem-se disso. Leiam e reflitam
sobre os textos como um todo, depois explorem os hiperlinks. Retornem ao texto,
releiam-no e vejam como adquire uma nova dimensão. Participem dos fóruns de debate.
Organizem-se para trabalhar e grupos e produzir “produtos didático-pedagógicos”
cientificamente equilibrados e cuja narrativa fale aos jovens de hoje, a serviço dos quais
vocês escolheram fazer essa licenciatura. Bem-vindos e boa sorte!
Objetivos da unidade
Cada um de nós tem um pai e uma mãe, quatro avós, oito bisavós e daí em diante.
Você já pensou no “aí em diante”? Pois um famoso astrônomo e divulgador científico,
Carl Sagan, pensou e refletiu sobre isso, no capítulo 2 do livro Bilhões e bilhões. O
problema é que, voltando apenas 8 gerações atrás, lá por volta de 1820 (calculando-se
um intervalo de 25 anos entre cada uma delas), cada um de nós teria 128
antepassados, voltando 20 gerações, em 1520, teria 524.288, voltando ao ano 20 da
chamada Era Cristã, ou seja, 80 gerações atrás, teria 604.462.909.807.314.587.353.088
antepassados. Pode?
Não pode! E Sagan concluiu: “Se retrocedermos o bastante, quaisquer duas pessoas
sobre a Terra têm um ancestral comum” (SAGAN, 2008, p. 16). Entre as muitas
ciências que colaboram com reconstrução científica da pré-história, isto é, daquela
parte maior da história da humanidade e de antes dela, que só podemos reconstruir
a partir de indícios materiais (restos fósseis, fogueiras, outros restos materiais mais
elaborados do agir humano, como machadinhos e pontas de lanças de pedra,
pinturas em paredes, em furnas e grutas, gravuras e estatuetas de pedra, sobre as
quais falaremos nas próximas aulas e unidades), há uma, a Genética, que estuda,
entre outras coisas,o DNA Mitocondrial.
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Pré-história
Por que 7,5 milhões de anos? Porque um antigo registro fóssil, o crânio de um ser
que foi datado como tendo vivido naquela época remota, o Sahelanthropus
tchadensis, apresenta características que, até hoje, nós humanos conservamos e
que indicam que, como nós, aquele ser andava ereto, em pé, sobre duas pernas.
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Pré-história
Registro fóssil: “Os fósseis são restos de formas de vida antigas. A ciência que
estuda os fósseis é a Paleontologia (do grego palaios=antigo, onto=ser,
logos=conhecimento; ‘conhecimento de seres antigos’). A Paleontologia é uma
ciência que se situa em uma interface entre a Biologia e a Geologia, usando
conhecimentos de ambas”. Leia mais em O registro fóssil e a paleontologia, no
portal Darwin – Projeto Evoluindo. Informação útil sobre evolução biológica.
Acesso em 22-06-020: https://www.darwin.bio.br/?p=28.
Ao que tudo indica, a vida em nosso planeta surgiu entre 3,8 e 3,5 bilhões de
anos, com os primeiros organismos. Não vamos percorrer aqui essa longa
história, não daria tempo.
Então, desde 1846, quando Jacques Boucher, publicou seu estudos sobre as
ferramentas de pedra, achadas em 1830, no vale do rio Somme, na França, a história
da pré-história e de nosso conhecimento sobre ela vai crescendo, do presente para
o passado. Vejam, o próprio título de Boucher é significativo: Antiquités celtiques et
antediluviennes, ou seja, na sua “interpretação” Antiguidades celtas, portanto, do
tempo da conquista da Gália por Júlio César ou pouco antes e Antidiluvianas!
Naquela época, no ocidente cristão, seja de cultura católica, seja reformada, quase
todos achavam que o mundo fora criado pelo Deus da Bíblia, entre 5758 e 5881 anos,
portanto uns 4035 anos antes do nascimento de Cristo (KRAUSS, 2006, p. 83). Até os
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Pré-história
nossos 128 antepassados, vivos naquela época, acreditavam nisso! Portanto, datar
seus achados, como antediluvianos, mostra bem o universo cultural eurocêntrico,
cristão, historicamente datado, de Boucher.
Isso nos leva, diretamente, ao segundo ponto dessa introdução à Unidade 1: o fato de
que a disciplina foi construída aos saltos cronológicos, a cada descoberta, e as mais
recentes são as que atingem datas mais antigas. Porque os métodos, as técnicas, a
preparação científica das equipes científicas envolvidas nas pesquisas e
descobertas são sempre maiores. Mas a “narrativa” é feita do passado para o
presente, a partir de um esquema teórico, como se fosse “linear”, lógica, necessária.
Portanto, teorias e métodos. Todo trabalho científico, em qualquer ciência, tem por
trás um quadro teórico, um conjunto de premissas escolhidas pelo pesquisador –
individual ou em equipe – a partir de uma atividade de pesquisa que busca o chamado
status quaestionis, ou seja, o estado da investigação, recolhendo e avaliando –
sistematicamente – tudo o que, de válido, já foi dito sobre um assunto. Ao longo do
Curso de História, em todas as disciplinas, vocês vão ouvir falar disso e serão treinados/
as para fazê-lo. Todo bom livro de metodologia do trabalho acadêmico trabalha isso.
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Pré-história
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Pré-história
Outra obra importante, porque trabalha, em outra perspectiva, o mesmo órgão cuja
evolução foi trabalhado acima, por William von Hippel, o cérebro humano, é Pré-
história da mente: uma busca das origens da arte, da religião e da ciência, de Steven
Mithen, publicado originalmente em 1996, traduzido para o português em 1998.
Começa afirmando: “Para encontrar as origens da mente humana moderna temos que
mergulhar na escuridão da pré-história. Nosso ponto de partida para uma pré-história
da mente não pode retroceder menos que seis milhões de anos... ao ancestral
comum...”, que, em 1996, como ele mesmo afirma, não tinha sido encontrado (o
Sahelanthropus, acima citado só foi descoberto 4 anos depois). “Não apenas ancestral
comum, mas também elo perdido. É a espécie que nos conecta com os símios atuais –
e continua ausente nos testemunhos fósseis” (MITHEN, 1998, p. 29).
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Pré-história
O Prof. Walter Neves, será nosso frequente “convidado”, nas próximas páginas.
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Pré-história
O que temos em comum, com esses “primos” e também com parentes muito mais
distantes, os gorila (Gorillagorilla) e os orangotango (Pongo pygmaeus)? Somos
todos primatas, possuímos 5 dedos, nas mãos e pés e, especialmente o polegar
oponível aos demais dedos (no nosso caso, só nas mãos). Temos unhas, em lugar de
garras. Temos uma maior capacidade craniana, comparados aos demais mamíferos e,
fundamental, temos visão estereoscópica, isto é, tridimensional. Também vemos
todos as cores, o que não é comum nos seres vivos. Finalmente, nossas “crias” (filhos)
nascem muito dependentes, possuindo assim, uma infância mais prolongada.
Assista aqui, antes de seguir adiante, essa maravilhosa live do Prof. Walter Neves
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Pré-história
Passemos, agora, ao que nos difere, especialmente nos nossos crânios e o que eles
contêm, o cérebro. Em síntese:
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Pré-história
Sempre seguindo o Prof. Walter Neves, demos um passo adiante. É preciso recordar
que as características evolutivas que herdamos de nossos antepassados não ocorreram
ao mesmo tempo: andar mais bípede + canino menor + face mais curta + cérebro
maior + fabricação de ferramentas etc. Ao longo dos milênios “foram e voltaram”.
Muitos resultados poderiam ser esperados, mas... hoje, restou apenas uma espécie de
hominínio no planeta: o Homo sapiens. Basta recuar uns 30 mil anos, existiam,
contemporaneamente, 4 ou 5 espécies de hominínios diferentes, na Terra: Homo
erectus, Homo neandertalensis, Homo denisovanos, Homo floresiensis e Homo
sapiens. Por quê? Voltaremos a isso.
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Pré-história
Em um dado momento o homo habilis pôs-se a viajar. Saiu da África, pelo que hoje
chamamos Oriente Médio, atingiu o Cáucaso. Os novos desafios, os novos ambientes,
levaram alguns grupos de habilis a evoluir e deles surgem, por volta de 2 milhões de
anos, na África ou fora dela, grupos de um novo ser, o homo erectus, que se espalham.
Por volta de uns 70 mil anos, houve uma grande erupção vulcânica, na Indonésia, de
um supervulcão, chamado Toba, que causou um “inverno nuclear” por cinco anos,
reduzindo drasticamente nossa espécie para uns 10.000 indivíduos, apenas. É o que a
ciência chama de “gargalo de garrafa”, ou seja, um evento que, em si, quase causou a
extinção de nossa espécie. Isso foi descoberto constatando a pouca variabilidade
genética presente, atualmente, na humanidade.
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Pré-história
Vejam, com atenção, o quadro abaixo, em que essa sequência de espécies está
organizada pelas características cladísticas e pela datação provável de sua existência,
enquanto espécie – a datação é feita a partir dos primeiros e dos últimos indícios
fósseis até o momento identificados e datados.
Figura 6: Exemplo de sequência filogenética, proposto pela cladística. Fonte: adaptação de um cladograma clássico
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Pré-história
Se a vida surgiu na Terra há 3,8 bilhões de anos, como vários indícios fósseis
presentes nas rochas formadas naquela época permitem supor, aquele específico
ramo da árvore da vida ao qual pertencemos, o dos mamíferos, primeiro, dos
primatas, em meio, e dos homos, até chegar a nós sapiens, teve seu primeiro indício
fóssil descoberto em 2001, e foi datado como tendo vivido há 195 milhões de anos, na
Era Jurássica (SCIENCE, 2001, p. 1535-1540).
Figura 8: Hadrocodium, 195 milhões de anos, China. Fonte: combinação de imagens, com a figura da capa da
Scienze (vol. 292, Issue 5521)
Este simpático bichinho, aqui reconstruído em tamanho natural por Mark A. Klingler,
do Carnegie Museum of Natural History – medindo pouco mais de 32 milímetros,
pesando 2 gramas –, do qual os pesquisadores acharam só a parte superior do crânio
(círculo vermelho) é o mais antigo mamífero até agora identificado. A identificação
de seu crânio é exemplar, para o tipo de ciência que pretendemos seguir: eu, ou você,
se tivéssemos topado, encravado em uma rocha, com um craniozinho como esse,
teríamos sequer nos dado conta do que tínhamos em mão? Provavelmente, não!
Seria preciso um olho treinado, que tivesse por trás um modelo teórico composto de
vários itens básicos: primeiro, conhecimento da teoria da evolução biológica das espécies;
segundo, conhecimento da teoria cladística, terceiro, conhecimento das “características
ósseas que hoje definem um mamífero: quatro tipos de dentes diferenciados funcional e
anatomicamente [incisivos, caninos, pré-molares e molares], ouvido médio com três
ossículos condutores de som e crânio avantajado” (PIVETTA, 2002).
O próximo indício fóssil, na longa evolução dos mamíferos, que aponta para os
primatas, foi achado em 2013, na China, e data de 55 milhões de anos. Foi chamado
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Pré-história
https://www.bbc.com/portuguese/ciencia/
2009/05/090519_eloperdido_primatasrc ou
https://m.folha.uol.com.br/ciencia/2009/05/568658-fossil-de-47-
milhoes-de-anos-da-pista-sobre-ancestral-dos-primatas.shtml.
Hoje sobrevivem 281 espécies de antropoides. Dessas, 274 são as dos chamados
macacos do Velho e do Novo Mundo (em inglês monkeys). As demais 7 sete espécies
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Pré-história
dividem, com o Homo sapiens, um ancestral comum: os Monos (em inglês Apes),
com duas espécies básicas de orangotangos, duas de gorilas, duas de chimpanzés e
nós, os Homo sapiens.
Sempre à escuta de um dos maiores cientistas brasileiros das últimas três décadas, o
Prof. Walter Neves, vamos seguir a sequência de suas explicações sobre as principais
espécies que podem fazer parte de nossa árvore evolutiva.
Prestem atenção aos vídeos, mantenham à mão material para anotar as principais
ideias. Se estão assistindo no computador, abram o arquivo “Bloco de Notas” e já
salvem o arquivo “.txt” com a indicação do Vídeo (por exemplo: Aula 4
Sahelanthropus). Se assistindo no smartphone, talvez seja melhor usar um caderno
de anotações.
Vou propor alguns exercícios, valendo nota, a partir dessas atividades de visualização.
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Pré-história
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Pré-história
Síntese da unidade
Verificamos como, sendo obrigado a sair da proteção das florestas, em função das
mudanças climáticas, nossos ancestrais – que já eram capazes de caminhar sobre os
pés –, diante dos desafios da sobrevivência, foram empurrados para percursos
evolutivos que privilegiaram aqueles e aquelas cujos genes os inclinavam à
cooperação, seja nas atividades de coleta de alimentos, raízes, frutas, carniça (=
trabalho), seja nas de defesa do grupo contra os grandes predadores (=
proatividade) , o que canalizou – através da sobrevivência dos mais aptos e mais
capazes de gerar prole, em função desses comportamentos – à geração de um
prole sempre mais cooperativa, comunicante, baseada em grupos solidários.
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Pré-história
Referências
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palavras de A a Z. (Vários acessos: https://www.dicio.com.br).
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24
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
Pré-história
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WILSON, John. Pensar com Conceitos. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 184p.
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Unidade 2
SAPIENS, trabalhador e gregário
Desta mulher, “não temos o registro fóssil, mas uma parte essencial dela continua
presente em todos nós, nas nossas mitocôndrias”: os genes de seu mtDNA.
Além desses genes, transmitidos integralmente pela mulher à sua prole, há o DNA
do núcleo de nossas células. Formado durante a fecundação do óvulo pelo
espermatozoide, tem 44 cromossomos autossômicos mais os cromossomos sexual
XY, transmitido pelo homem, e os XX, transmitido pela mulher. Esta composição é a
responsável por quem somos, enquanto indivíduos mais ou menos aptos a enfrentar
os desafios que nos cercam. Os 44 autossômicos, carregam o patrimônio genético
das duas famílias, a paterna e a materna.
Verificamos, também, que “sendo obrigado a sair da proteção das florestas” os nossos
ancestrais, “diante dos desafios da sobrevivência, foram empurrados para percursos
evolutivos que selecionaram aqueles e aquelas cujos genes os inclinavam à
cooperação, seja nas atividades de coleta de alimentos, raízes, frutas, carniça (=
trabalho), seja nas de defesa do grupo contra os grandes predadores (=
proatividade)”, o que os levou, “através da sobrevivência dos mais aptos e mais
capazes de gerar prole, em função desses comportamentos” à formação de uma
“prole sempre mais cooperativa, comunicante, baseada em grupos solidários”.
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Pré-história
O importante é entender que, segundo o estado atual dos estudos científicos, dela, e
apenas dela, por um processo aleatório, sua herança genética chegou até nós.
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Pré-história
Para sobreviver, gerar prole, ocupar territórios, todos precisavam “ganhar o pão de
cada dia”, através da caça, da coleta de frutas e raízes, da pesca... Todas elas,
atividades cooperativas que foram deixando indícios materiais, como restos fósseis de
fogueiras, de seus ossos e dos ossos de suas caças, de seus outros alimentos e das
ferramentas usadas para cortar madeira, caçar, esfolar animais, preparar peles, abrir
ossos para chegar aos tutanos, criar objetos de adorno e por aí vai, com criações cada
vez mais sofisticadas, como, finalmente, pinturas e gravuras rupestres.
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Pré-história
Vamos começar a responder essas questões a partir de um caso concreto, que vocês
vão poder visitar e pesquisar, tanto através da internet, como pessoalmente. Depois, a
partir dessas repostas, poderemos retornar à saga dos nossos antepassados, desde a
Eva Mitocondrial até nós mesmos, nesse momento da história.
Tudo começou quando a Profa. Jeannette Maria Dias de Lima (1939-2002), então
professora do Curso de Licenciatura em Biologia, iniciou seu mestrado em História,
na Universidade Federal de Pernambuco, no início dos anos 80 do século XX. Tinha,
como projeto, o “Salvamento Arqueológico – Valorização e Ampliação dos Atrativos
Arqueológicos do Município do Brejo da Madre de Deus (PE)”. Ela pretendia fazer
um “inventários dos sítios de arte rupestre” do Brejo, para contribuir com o turismo
local, já alavancado, desde 1968, pelo espetáculo da Paixão de Cristo, durante a
Semana Santa.
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Pré-história
Para chegar ao local onde essas e outras pinturas podiam ser claramente vistas, era
preciso, partindo da estrada que do município do Brejo porta ao município de Jatobá,
a hoje asfaltada rodovia PE-145, andar 1 Km e entrar, à esquerda, em um terreno
particular, cuja propriedade é de descendentes da família Tavares de Souza, há
muitas gerações.
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Pré-história
A Profa. Jeanette foi guiada nessa aventura por moradores do local. Uma área
impérvia, escondida por exuberante vegetação. Nada “limpinho”, como agora vemos
nas fotos acima.
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Pré-história
Segunda informação importante: seu olhar atento percebeu vários sinais de possível
uso humano, recente e talvez antigo, seja no solo, seja no “teto” do abrigo, onde uma
mancha escura, à direita, chamava a atenção. Em uma antiga foto (Figura 10), essa
mancha é bem visível. Não parecia ser sinal de alguma fogueira recente, estava e está
até hoje, profundamente entranhada no “teto” de pedra do abrigo.
Jeanette seguiu sua intuição e decidiu-se a cavar. Ela relatou: “Em outubro de 1982,
foi realizada uma sondagem nesse abrigo, com a abertura de um corte quadrado,
com 1,5 m de lado”, dentro do qual, logo abaixo da superfície encontrou-se “restos
desarticulados de esqueletos humanos, (...) restos alimentares e material
lítico...” (LIMA, 1984, p. 91).
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Pré-história
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Pré-história
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Pré-história
Figura 12: Exemplo de como a deposição de detritos pode elevar, e muito, o nível da superfície
Fonte: imagens da Wikipédia e do Google Street View
É da Basílica paleocristã dedicada aos Santos Vital, Valéria, Gervásio e Protásio, hoje
acessível pela via Nazionale, em Roma (a basílica, construída em fins do Século IV, foi
consagrada pelo Papa Inocêncio I, há 1619 anos, em 28 de abril de 402 d. C.). Anos atrás,
em 1992, descendo pela avenida que liga a praça da República à praça Veneza, pela
primeira vez dei-me conta de como o tempo, e a atividade humana, acumulam camadas
após camadas.
Mas aqui, no Recife, temos o mesmo fenômeno. Vocês saberiam me dizer onde
podemos ver o quanto o nível da cidade subiu? Voltaremos a isso na Unidade IV.
Esse fenômeno cria as camadas estratigráficas. Antes das descobertas dos atuais
métodos de datação, sobre os quais falaremos abaixo, ter o registro cuidadoso da
posição relativa de cada achado já era essencial para estabelecer a datação relativa:
quanto mais à superfície, provavelmente mais recente (neo = recente). Quanto mais
profundo, mais antigo (paleo = antigo). Claro, desde que o terreno não apresentasse
sinais de ter sido remexido, seja por ações tectônicas (terremotos etc.), seja por
aquelas provocadas por animais cavadores, seja pela ação do homem, situações que
complicam, mas não impedem, tentativas de datações.
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Pré-história
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Pré-história
Para fechar o raciocínio sobre o que queremos ensinar, nesse momento, é preciso
transcrever outros dois trechinhos: “Entre os sepultamentos 4 e 5 (do homem e da
mulher), havia um trançado vegetal, espécie de cestaria, embrulhando restos
alimentares: fragmentos de caramujos e ossos de pequenas aves”. Isso lhe permite
uma primeira conclusão: “Os dados obtidos ainda são escassos para uma
interpretação, mas sugerem tratar-se de uma cultura cuja economia estaria baseada
na caça e coleta...” (LIMA, 1984, p. 93).
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Pré-história
Tendo isso em mente, como vamos voltar ao passado de nossa espécie, recuperando
os mais importantes indícios arqueológicos de nossa caminhada, até nosso presente?
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Pré-história
Mas, agora, quero propor quatro importantes Portais da Internet, que têm, sobre
os livros físicos e mesmo os e-books, a vantagem de estarem sempre em
atualização. Sugiro:
1. A Wikipédia (https://pt.wikipedia.org/wiki/).
2. A Smithsonian Institution (https://www.si.edu/).
3. A Bradshaw Foundation (http://www.bradshawfoundation.com/index.php).
4. O Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br/?hl=pt).
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Pré-história
O terceiro Portal, o da Bradshaw Foundation, nos oferece várias opções, sempre para
que tem um mínimo de experiência no uso da língua inglesa (ou sabe usar um bom
programa de tradução). Na sequência dessa Unidade e na Unidade III, vamos
aproveitar especialmente o link que leva ao Rock Art Network ( = Rede da arte em
rochas http://www.bradshawfoundation.com/rockartnetwork/index.php).
É possível afirmar que esses registros nos permitem descrever inúmeras pequenas
sociedades caçadoras-coletoras, usando ferramentas e, nos últimos 75 mil anos,
exprimindo-se através de pinturas e gravuras rupestres, deixando registrada para a
posteridade a riqueza de sua percepção da natureza que as cercava.
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Pré-história
mais seguro do que usar o Google normal. O importante, sempre, é verificar a qual
link as respostas encaminham. Façam o teste colocando “Furna do Estrago” na linha
de pesquisa. Vejam um dos resultados:
Ao longo da disciplina, como um treinamento para todos que querem ir a fundo, seja
como professores e professoras, seja como pesquisadores e pesquisadoras, vamos
explorar bem esse instrumento.
Vamos nos concentrar no continente africano, porque nele a nossa espécie, os sapiens,
espalhou-se e evoluiu, segundo a maioria dos indícios fósseis até hoje identificados.
Antes de 130 mil anos – sempre mais ou menos – não há indícios significativos de um
sapiens fora do território africano.
1. A África foi o local de nascimento do Homo sapiens e nela foram achadas, seja ao
Sul, ao Leste e ao Norte, as primeiras evidências de comportamento simbólico e
tecnologias complexas.
2. O florescimento precoce, mas bem atestado, dessas características, foi em uma
zona de refúgio glacial na costa sul de 100 a 70 mil anos atrás (especialmente nas
Cavernas de Blombos e Sibudu).
3. No entanto, foi da África oriental (ou Leste) e não da África do Sul, que partiu a
primeira grande expansão demográfica documentada, entre 70 e 60 mil anos, que
levou ao povoamento do resto do mundo.
4. Uma possível explicação do item 3 é que traços culturais importantes foram
transmitidos do Sul para o Leste, nessa época. Há um sinal mitocondrial de
tal dispersão, logo após 70 mil anos, na única vez, nos últimos 200.000 anos,
em que as condições de clima úmido abrangeram tanto o Sul quanto a
Áf rica tropical.
5. Esta dispersão precedeu de poucos milênios as expansões para fora da África,
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Figura 18: Continente africano há 100 mil Figura 18: Continente africano há 100 mil anos AP
anos AP Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons
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Pré-história
Figura 20: Mapa da localização de Pinnacle Point Figura 21: Escavações em 2011
Fonte das figuras acima e ao lado: Wikipédia em Italiano (https://
it.wikipedia.org/wiki/Pinnacle_Point)
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Pré-história
Figura 22: Imagem da ponta de flexa Ateriana Figura 23: Localização do sítio de Bir El Ater
Fonte: Wikipédia Fonte: Wikipédia
É importante notar que as primeiras armas de projétil, isto é, que poderiam ser
lançadas à distância, tipo dardos ou lanças de arremesso, dotadas de ponta de pedra
(uma ferramenta que é característica do Homo sapiens), foram descobertas em 2013,
no sítio etíope de Gademotta, e datam de cerca de 279 mil anos atrás.
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Pré-história
sítios de Blombos e Sibudu vão nos dar uma antevisão diferente de como viveram
nossos antepassados genéticos, quando ainda abitavam o território que hoje
chamamos África.
Figura 25: Ferramentas ósseas do nível estratigráfico “Still Bay”, em Blombos, com cerca de 75 mil anos AP e
do nível “Howiesons Poort”, em Sibudu, com cerca de 61 mil anos AP
Fonte: BRADFIELD; CHOYKE, 2016. Os quatro primeiros (da esquerda para a direita) são “furadores”, de
Blombos. Os dois centrais, já foram interpretados como pontas de projétil, assim como a ponta óssea à
direita, que vem de um nível estratigráfico com cerca 61 mil AP, em Sibudu. Imagens fornecidas aos autores
do estudo, como cortesia de Christopher Henshilwood, Francesco d'Errico e Lucinda Backwell.
Existem também os primeiros sinais de arte aparecendo através do uso do ocre como uma
decoração corporal e pintura, e rituais de enterro podem ter sido praticados também.
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Pré-história
Nele foram achadas as primeiras placas retangulares de ocre, gravadas com desenhos
geométricos. E a transformação de conchas em objetos, que eventualmente poderiam
ser ligados por um fio e usados como adorno.
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Pré-história
Mas é a Caverna de Sibudu (Sibudu Cave), com datações entre 70 e 60 mil anos AP, que,
como a de Blondos, nos traz uma longa lista de avanços tecnológico.
1. Uma ponta de osso, uma possível ponta de flecha, que empurra a origem da
tecnologia de arco e flecha de osso para 61.000 anos atrás, pelo menos 20.000
anos além do primeiro exemplo anterior.
2. A primeira agulha de osso conhecida, datada de 61.000 anos atrás, com
desgaste semelhante ao encontrado em agulhas de osso usadas para perfurar
couro animal.
3. O exemplo mais antigo de uma cola composta (goma de planta e ocre vermelho),
usada para unir pontas de pedra em cabos de madeira para criar lanças - datado
de não mais de 71.000 anos atrás.
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Pré-história
Síntese da unidade
Falamos das novas fontes de pesquisa que foram usadas nessa Unidade e serão
usadas nas Unidades III e IV. Finalmente recuperamos elementos significativos dos
processos de evolução dos sapiens entre 200 mil e 70 mil anos antes do presente,
para perceber que todos os elementos do salto cognitivo – os avanços tecnológicos,
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Pré-história
Referências
ALBUQUERQUE LIMA, Ana Patrícia Vaz Manso de. Gestão do turismo no Sítio Arqueológico da Furna do
Estrago, Brejo da Madre de Deus - PE. Dissertação de Mestrado. UFPE, 2006, in: https://repositorio.ufpe.br/
handle/123456789/7785, acesso 12/2021.
ALVIM, Marília C. M.; SOUZA, Sheila M. F. M. Os esqueletos humanos na Furna do Estrago, Brejo da Madre de
Deus, Pernambuco estudos morfológicos e patológicos. Clio Arqueológica, n. 01 1984 p. 95-97, in: https://
periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica/article/view/247257, acesso em 12/2020.
BELISÁRIO, Roberto. Carbono-14 não é único método de datação. ComCiência, n. 47, setembro 2003, in:
https://www.comciencia.br/dossies-1-72/reportagens/arqueologia/arq06.shtml, acesso 12/2021.
BRADFIELD, Justin; CHOYKE, Alice M. Bone Technology in Africa. In: Helaine Selin. Encyclopaedia of the
History of Science, Technology, and Medicine in Non-Western Cultures. Springer Science and Business
Media. Springer, Dordrecht, 2016. https://doi.org/10.1007/978-94-007-3934-5_8476-2, acesso em 01/2021.
Datação. Curso de Caracterização de Bens Culturais. GFAA - IFUSP: CABENS, 2011. Datação Relativa - UFPR
www.cartografica.ufpr.br › portal › uploads › 2014/02, acesso 12/2021.
HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2015.
HARVATI, K., RÖDING, C., BOSMAN, A.M. et al. Apidima Cave fossils provide earliest evidence of Homo
sapiens in Eurasia. Nature 571, 500–504 (2019). https://doi.org/10.1038/s41586-019-1376-z
LEITE, M. N. CASTRO, V. M. de; CISNEIROS, D. Furna do Estrago, Brejo da Madre de Deus, PE. Reflexões Sobre
o Lugar dos Mortos na Paisagem. Fumdhamentos (2014), vol. XI, p. 50-64, in: http://fumdham.org.br/wp-
content/uploads/2018/08/fumdham-fumdhamentos-xi-2014-_371600.pdf, acesso 12/2021.
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Pré-história
LIMA, J. M. D. DE. Arqueologia da Furna do Estrago. Clio Arqueológica, n. 02 1985, p. 97-111, https://
periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica/article/view/247241, acesso 12/2021.
LIMA, J. M. D. DE. Arqueologia do Brejo da Madre de Deus. Clio Arqueológica, n. 01 1984, p. 91-94, in: https://
periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica/article/view/247256, acesso 12/2021.
MITHEN, Steven. Pré-história da mente: uma busca das origens da arte, da religião e da ciência. São Paulo:
Fundação Editora da UNESP, 1998.
NEVES, Walter A.; PILÓ, Luís Beethoven. O povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos. São Paulo:
Globo, 2008. 334 p.
RICHTER, D., GRÜN, R., JOANNES-BOYAU, R. et al. The age of the hominin fossils from Jebel Irhoud, Morocco,
and the origins of the Middle Stone Age. Nature 546, 293–296 (2017), in: https://doi.org/10.1038/nature22335,
acesso 12/2021).
RITO, T., VIEIRA, D., SILVA, M. et al. A dispersal of Homo sapiens from southern to eastern Africa immediately
preceded the out-of-Africa migration. Sci Rep 9, 4728 (2019). https://doi.org/10.1038/s41598-019-41176-3.
SCHMITZ, Pedro Ignácio. Os primeiros povoadores do Cerrado. ComCiência, n. 47, setembro 2003, in https://
www.comciencia.br/dossies-1-72/reportagens/arqueologia/arq11.shtml, acesso 12/2021).
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Unidade 3
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Pré-história
Falamos das novas fontes de pesquisa, que serão usadas nesta Unidade e na Unidade IV
e de como todos os elementos ligados ao trabalho humano, produtor de cultura e
sociabilidade, já estavam presentes nas diversas linhas genéticas dos sapiens africanos.
Objetivos da unidade
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Pré-história
Como podemos notar, a questão da expansão dos sapiens, sua ocupação de novos e
radicalmente diferentes territórios, como a Oceania, seu encontro com outros homos
ainda dominantes, na Ásia e na Europa, como os Erectus e os Neandertais, e os
“misteriosos” Denisovanos, sua passagem para as Américas e sua chegada ao que
hoje é o território brasileiro, é o fio condutor dessa Unidade, sempre a partir da
identificação de seus registros materiais e das suas possíveis formas de organização.
São várias as suposições científicas (não dizemos hipóteses, porque hipóteses são
partes dos processos cognitivos das ciências “duras”, devem ser comprovadas em
laboratório), que buscam explicar o primeiro desses saltos qualitativos, a partir dos
indícios fósseis da atividade sapiens e dos resultados, sempre mais precisos, das
análises de nossos DNAs.
Os dados que vêm à tona, dia após dia, a partir das descobertas nos sites da pré-
história indicam que “novas formas de pensar e se comunicar”, que começaram a
ficar registradas quando ainda nossos antepassados sapiens estavam no continente
que desde a antiguidade passou a ser conhecido como África, e se reproduzem nos
registros Out of Africa (=fora da África) entre 70 mil e 30 mil anos atrás, constituíram
a Revolução cognitiva. Talvez mutações genéticas acidentais, que alteraram as
sinapses do cérebro dos sapiens, “possibilitando que pensassem de uma maneira
sem precedentes e se comunicassem usando um tipo de linguagem totalmente
novo” (HARARI, 2015).
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Pré-história
Walter Neves, que conhecemos nas Unidades I e II, escrevendo dez anos antes de
Harari e, portanto, antes de várias descobertas significativas, disse:
lendas, mitos, deuses e religiões apareceram pela primeira vez com a Revolução
Cognitiva. Antes disso, muitas espécies animais e humanas foram capazes de dizer:
‘Cuidado! Um leão!’. Graças à Revolução Cognitiva o Homo sapiens adquiriu a
capacidade de dizer: ‘O leão é o espírito guardião da nossa tribo’. Essa capacidade de
falar sobre ficções é a característica mais singular da linguagem dos sapiens
(HARARI, 2015).
após a Revolução Cognitiva, a fofoca ajudou o Homo sapiens a formar bandos maiores
e mais estáveis. Mas até mesmo a fofoca tem seus limites. Pesquisas sociológicas
demonstraram que o tamanho máximo ‘natural’ de um grupo unido por fofoca é de
cerca de 150 indivíduos... Ainda hoje, um limite crítico nas organizações humanas fica
próximo desse número mágico (HARARI, 2015).
Harari pergunta-se, então: “como o Homo sapiens conseguiu ultrapassar esse limite
crítico, fundando cidades com dezenas de milhares de habitantes e impérios que
governam centenas de milhões?” e sugere que
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Pré-história
Figura 1: o homem/mulher leão da caverna de Stadel, a deusa egípcia Sekhmet e o símbolo da Peugeot.
Fontes: commons.wikimedia.org
Figura 2: pedra com possível gravura intencional, achada em Blombos, que indicaria um salto
cognitivo, em direção ao pensamento simbólico. Fonte: Wikipédia
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Pré-história
2 No entanto, foi da África oriental (ou Leste) e não da África do Sul, que partiu a
primeira grande expansão demográfica documentada, entre 70 e 60 mil anos, que
levou ao povoamento do resto do mundo.
Vocês recordam o Mapa da expansão do homo sapiens, através do DNA Mit (Figura
2 da Unidade II)? Vamos estudar melhor, agora, só a parte africana dele:
3
4
Figura 3: mapas da expansão do homo sapiens na África, através do DNA Mit e Mapa político atual da África
oriental. Fonte: National Geographic Education. Resource library (detalhe)
O círculo indica a área do possível início da nossa espécie, há 200 mil anos. As
diversas linhas L0, L1 e L2, as migrações internas dos sapiens, entre 200 e 100 mil
anos AP, partem dessa área inicial. Também a linha L3, que vai rumo ao Norte e sai
da África em duas diferentes ondas migratórias, a “N” e a “M”, parte dali.
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Pré-história
Datação
Sítio e localização
aproximada
O “cenário” da dispersão a partir do Sul (do Leste da África para a Pen
70-50 mil AP
ínsula arábica)
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Pré-história
Primeiro, os hominínios que ali viveram não pertenciam à nossa espécie! Também,
não eram neandertais.
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Pré-história
Vamos ler o artigo “A primeira mandíbula fóssil de denisovanos finalmente dá uma cara
aos esquivos parentes humanos” (https://www.sciencemag.org/news/2019/05/first-
fossil-jaw-denisovans-finally-puts-face-elusive-human-relatives) para entender o valor
desta descoberta.
Cada vez mais, a pesquisa científica descobre novos aspectos desses parentes
distantes do sapiens africano, que evoluíram fora da África e ocupavam o atual
Oriente Médio, parte da Ásia e toda a Europa, ao longo de três grandes Eras glaciais.
Para sabermos mais sobre eles e como estão as últimas descobertas, vamos visitar e
conversar a partir de alguns sites:
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Pré-história
Neanderthal child's skeleton buried 41,000 years ago may solve long-standing Mystery:
https://edition.cnn.com/2021/01/05/europe/neanderthal-burials-skeleton-study-scn/
index.html.
Outro, muito mais recente, é Neandertal, nosso irmão: uma breve história do
homem, escrito em parceria pela cientista Silvana Condemi e o jornalista François
Savatier (2018, 240p.).
A explosão do último, ocorrida há cerca de 75 mil anos AP, foi uma das mais violenta
explosões cujos traços a ciência encontra, hoje, sobre a Terra. Teria provocado um
inverno vulcânico global de seis a dez anos e, possivelmente, resfriado toda Terra por
uns 1.000 anos.
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Pré-história
chegar ao fundo avistou uma cena de caça pintada em uma tela de rocha de mais de
quatro metros de largura. Após dois anos de estudos, a equipe de arqueólogos que
acompanhava Hamrullah, naquele dia, afirma que essa é a obra de arte figurativa
mais antiga do mundo.
Vamos ler o artigo de Robin McKie, editor de ciência do The Guardian, no qual relata a
descoberta da ferramenta que nossos ancestrais da idade da pedra usaram para
fabricar barbante. Este foi um marco no desenvolvimento tecnológico.
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Pré-história
Vamos visitar o site oficial dessa importante gruta, cujo acesso é vedado a todos,
exceto a alguns pesquisadores, desde sua descoberta.
Link: https://archeologie.culture.fr/chauvet/fr
Em abril de 2015, foi inaugurada uma cópia em tamanho real da caverna. No espaço,
criado graças ao trabalho de arquitetos, pintores, escultores e outros artistas, podem
ser admiradas réplicas das pinturas rupestres. A caverna original nunca foi aberta ao
público, para evitar sua degradação.
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Pré-história
Baixa, gorda e com quase 30.000 anos, Vênus de Willendorf é o ícone feminino da
Idade do Gelo. A estatueta de dez centímetros de altura tem seios, nádegas, barriga e
lábios vaginais pronunciados, mas não tem pés ou características faciais. Tranças, ou
talvez um boné de tricô, cobrem sua cabeça, e manchas de pigmento sugerem que o
artefato de calcário bronzeado já foi pintado de vermelho.
Figura 14: reconstrução da aldeia e de um funeral No centro, a famosa estatueta da Vênus de Dolní
Věstonice. Fontes: sites abaixo
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Pré-história
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Pré-história
Vamos ler e refletir sobre um artigo de Nicholas St. Fleur, publicado no New York
Times, descrevendo uma antiga e misteriosa estrutura circular, feita de crânios,
esqueletos e presas de mais de 60 mamutes peludos, executada por caçadores-
coletores da Idade do Gelo. O anel de crânios, esqueletos, presas e outros ossos era
grande demais para um telhado, dizem os cientistas. Então, para que foi isso?
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Pré-história
Link: http://www.paleodiversitas.org/PDF/135.pdf
Link: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/media/uploads/
revistaportuguesadearqueologia/11_1/1/01Cognicionyconducta.pdf
Link: http://ludus-vitalis.org/ojs/index.php/ludus/article/viewFile/277/267
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Pré-história
Link: https://www2.psych.ubc.ca/~ara/Manuscripts/
Norenzayan&Nisbett%20current%20dir.pdf
Link: https://www.semanticscholar.org/paper/The-history-behind-the-mosaic-of-
the-Americas.-Mendes-Alvim/85d4952a8a95f96efaa10ef13b8638fe49d5c42d
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Pré-história
Link: https://doi.org/10.1590/1981.81222019000200007
Síntese da unidade
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Pré-história
Trouxemos novas fontes de pesquisa que serão também usadas na próxima Unidade,
a IV. Esperamos que tenha ficado claro que todos os elementos do salto cognitivo
que herdamos e nos fazem quem somos hoje, em 2021 – a capacidade de produzir
avanços tecnológicos, as, cada vez mais, sofisticadas expressões de sociabilidade e de
comunicação, o aprimoramento da qualidade de vida –, já estavam presentes nas
diversas linhas genéticas dos nossos avoengos sapiens africanos e foram, por eles,
espalhadas pelo globo terrestre e estão penetrando no espaço exterior.
Referências
ARSUAGA, J.L. O colar de Neandertal: em busca dos primeiros pensadores. São Paulo: Globo, 2006.
CABELLO, Pedro. A genética: seu uso na determinação da origem do homem americano. In: SILVA, Hilton P.;
RODRIGUES-CARVALHO, Claudia (Orgs.). Nossa Origem. O Povoamento das Américas: Visões
Multidisciplinares. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2006, p. 123-133.
CONDEMI, Silvana; SAVATIER, François. Neandertal, nosso irmão: Uma breve história do homem. São Paulo:
Vestígio, 2018.
DOMÍNGUEZ, Nuño. Obra de arte mais antiga da humanidade é descoberta na Indonésia. In: El País, dez/
2019 https://brasil.elpais.com/ciencia/2019-12-12/obra-de-arte-mais-antiga-da-humanidade-e-descoberta-na-
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GIBBONS, Ann. First fossil jaw of Denisovans finally puts a face on elusive human relatives (A primeira
mandíbula fóssil de denisovanos finalmente dá uma cara aos esquivos parentes humanos). In: Sience, 2021.
https://www.sciencemag.org/news/2019/05/first-fossil-jaw-denisovans-finally-puts-face-elusive-human-
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HARARI, Yuval Noah. Homo Deus: uma breve história do amanhã. Companhia das Letras, 2016, 476p.
HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM, 2015.
HARVATI, K., RÖDING, C., BOSMAN, A.M. et al. Apidima Cave fossils provide earliest evidence of Homo sapiens
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Pré-história
LIESOWSKA, Anna; SKARBO, Svetlana. Lion figurine discovered in Denisova Cave. Bradshaw Foundation
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conferido em 02/2021.
MCKIE, Robin. Stone Age rope weaving (Tecelagem de corda na Idade da Pedra). In: http://
www.bradshawfoundation.com/news/archaeology.php?id=Stone-Age-rope-weaving, conferido em 02/2021.
MITHEN, Steven. Pré-história da mente: uma busca das origens da arte, da religião e da ciência. São Paulo:
Fundação Editora da UNESP, 1998.
NEVES, Walter A.; PILÓ, Luís Beethoven. O povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos. São Paulo:
Globo, 2008. 334 p.
NEVES, Walter. Origens do homem nas Américas: fósseis x molécula? In: SILVA, Hilton P.; RODRIGUES-
CARVALHO, Claudia (Orgs.). Nossa Origem. O Povoamento das Américas: Visões Multidisciplinares. Rio de
Janeiro: Vieira e Lent, 2006, p. 45-76.
RICHTER, D., GRÜN, R., JOANNES-BOYAU, R. et al. The age of the hominin fossils from Jebel Irhoud, Morocco,
and the origins of the Middle Stone Age. Nature 546, 293–296 (2017), in: https://doi.org/10.1038/nature22335,
conferido em 12/2020.
RITO, T., VIEIRA, D., SILVA, M. et al. A dispersal of Homo sapiens from southern to eastern Africa immediately
preceded the out-of-Africa migration. Sci Rep 9, 4728 (2019). https://doi.org/10.1038/s41598-019-41176-3,
conferido em 12/2020.
SILVA, Hilton P.; RODRIGUES-CARVALHO, Claudia (Orgs.). Nossa Origem. O Povoamento das Américas: Visões
Multidisciplinares. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2006, 236p.
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Unidade 4
NOSSO PASSADO SAPIENS, à nossa porta
Falamos das novas fontes de pesquisa que vamos aproveitar nessa UNIDADE: dois
capítulos do livro Nossa Origem (SILVA; RODRIGUES-CARVALHO, 2009), o de Walter
Neves, intitulado “Origens do homem nas Américas: fósseis x molécula?” e o de Pedro
Cabello, “A genética: seu uso na determinação da origem do homem americano” e o
artigo de Antoine Lourdeau “A Serra da Capivara e os primeiros povoamentos sul-
americanos: uma revisão bibliográfica”, publicado em agosto de 2019 no Boletim do
Museu Paraense Emílio Goeldi, um dos mais importantes museus brasileiros.
Nesta nova Unidade — intitulada NOSSO PASSADO SAPIENS, à nossa porta — vamos
estudar com mais detalhes a ocupação dos ecúmenos americanos, brasileiros,
nordestinos e pernambucanos, sempre com atenção à luta pela sua preservação,
através dos processos chamados de musealização, e de seu amplo e democrático
acesso, tendo como exemplo central o Museu de Arqueologia e Ciências Naturais da
Universidade Católica de Pernambuco e seu Laboratório.
Objetivos da unidade
No final da Unidade III nós deixamos os sapiens dos “velhos continentes” falando de
Göbekli Tepe, na atual Turquia, no Oriente Médio. Depois de escrever aquela Unidade eu
descobri mais um site sobre o assunto que vale a pena visitar. Sob o título de “Esculturas
antigas em Göbekli Tepe mostram que um cometa atingiu a Terra há 13.000 anos” (https://
ourplnt.com/ancient-carvings-show-a-comet-hit-earth-13000-years-ago/), o artigo tem
um conjunto interessante de imagens, que vale a pena verificar. Por quê?
São várias as suposições – à espera, uma mais, outras menos, de inegáveis achados
materiais –, que comprovem a passagem de grupos sapiens pelos caminhos
propostos. A suposição mais acreditada é da migração pela Beríngia, como é
chamada a imensa camada de gelo que ligou, no extremo norte dos continentes
asiático e americano, as terras que hoje são divididas pelo Estreito de Bering.
Vejam os mapas:
Figura 1: América do Norte, Estreito de Bering, hoje e na última Era Glacial. Fonte: Wikimedia Commons
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Pré-história
Por milênios, uma imensa extensão de gelo ligou firmemente a Ásia à América do
Norte. Algumas “teorias” supõem que grupos humanos significativos ficaram
bloqueados, entre um ponto e outro dessa travessia, eles e suas caças, por milhares
de anos, evoluindo em função dos desafios que a luta pela sobrevivência os
submeteu. Ao conseguirem terminar a travessia, penetraram nos territórios da
América do Norte por vários possíveis caminhos, uns pela costa e outros pelo interior
do continente.
Outros estudiosos propõem que alguns grupos poderiam ter chegado, também,
através das regiões congeladas entre a parte nordeste do continente americano
(através da Islândia e da Groenlândia), vindos do continente europeu. Outros ainda,
propõem a chegada diretamente da África para o litoral brasileiro, pelo Atlântico.
Outros, finalmente, pelo Pacífico. Levando em conta que, na última Era Glacial o nível
dos oceanos estava a cerca de 130 m abaixo do atual, não é impossível travessias de
pequenos grupos, de ilha em ilha, ou atravessando grandes extensões navegando a
favor das correntes e dos ventos. Difícil de comprovar, porque o oceano não conserva
pegadas e muitos sítios costeiros estão cobertos de água, mas... Procurem, na
Wikipédia, o link https://en.wikipedia.org/wiki/Aku_Aku e explorem especialmente o
link que leva ao livro escrito pelo famoso arqueólogo norueguês Thor Heyerdahl
(1914-2002), intitulado Aku-Aku (foi uma das paixões de minha adolescência).
Agora sim, leiam, por favor, os trechos sugeridos dos livros já citados no final da
Unidade III:
• NEVES, Walter A.; PILÓ, Luís Beethoven. O povo de Luzia: em busca dos primeiros
americanos. São Paulo: Globo, 2008. 334 p.
• NEVES, Walter. Origens do homem nas Américas: fósseis x molécula? In: SILVA,
Hilton P.; RODRIGUES-CARVALHO, Claudia (Orgs.). Nossa Origem. O Povoamento
das Américas: Visões Multidisciplinares. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2006, p. 45-76.
• SILVA, Hilton P.; RODRIGUES-CARVALHO, Claudia (Orgs.). Nossa Origem. O
Povoamento das Américas: Visões Multidisciplinares. Rio de Janeiro: Vieira e Lent,
2006, 236p.
• LOURDEAU, Antoine. A Serra da Capivara e os primeiros povoamentos sul-
americanos: uma revisão bibliográfica. In: Boletim do Museu Paraense Emílio
Goeldi, agosto de 2019 https://dx.doi.org/10.1590/1981.81222019000200007,
conferido em 12/2020.
Vou apresentá-los rapidamente, do Norte para o Sul geográfico, e dos mais antigos
aos mais recentes.
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Pré-história
Com a descoberta do sítio chamado Clóvis, no Novo México, e sua datação, em torno
de 13 mil AP (os especialistas norte-americanos não aceitavam, por princípio, que
outros sítios pudessem ter datações mais antigas). Walter Neves trabalha muito bem
essa polêmica, que o envolveu pessoalmente, no livro O Povo de Luzia. Um boa
síntese da questão está na Wikipedia, em espanhol (não há uma versão em inglês, só
em francês e em esperanto).
2. México e América Central (eu sei que o México faz parte da América do Norte,
mas para fins dessa síntese, preferi colocá-lo aqui, já que é o berço de algumas
grandes civilizações pré-ocupação europeia que serão estudadas em História da
América I).
• 15 mil anos AP – México – Sites de caça aos mamutes.
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Pré-história
4. Brasil
No caso dos sites pré-históricos brasileiros, preferimos indicar, logo abaixo,
diretamente links dos sites na Wikipédia.
• Clique aqui para saber sobre Luzia, de Lagoa Santa, Minas Gerais.
• Clique aqui, para saber sobre o Boqueirão da Pedra Furada.
“Cactus Hill é um dos sítios arqueológicos mais antigos e bem datados das Américas,
com as primeiras ocupações humanas datando de 18.000 a 20.000 anos
atrás” (Encyclopediavirginia.org).
1.1.2 13,2 a 12,6 mil AP – USA/México – Cultura Clóvis, sul dos USA e norte
do México
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Pré-história
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Pré-história
A caverna de Fort Rock destaca-se por fornecer a mais antiga evidência de habitação
humana entre os sítios norte-americanos: numerosas e bem preservadas sandálias
tecidas com fibras de Artemísia.
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Pré-história
1.1.6 4,5 mil a 3,5 mil anos AP – Canadá – Sítio arqueológico de Áísínai’pi,
Vale do Rio Milk
“Os vestígios arqueológicos in situ datados cobrem um período entre cerca de 4,5 e
3,5 mil anos AP até o chamado ‘Período de Contato’” (ou chegada dos europeus). A
área é considerada sagrada para o povo Blackfoot (Pés pretos), nela eles perpetuam
suas tradições milenares.
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Pré-história
Figura 16: Esqueletos de mamutes efetivamente caçado. Diorama com esqueleto remontado.
Fontes 17: El País, 07/11/2017 e Mammuthus columbi, in the George C. Page Museum at the La Brea Tar Pits,
Los Angeles, California.
3. América do Sul
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Pré-história
Link: https://es.wikipedia.org/wiki/Monte_Verde
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Pré-história
Finalmente, “a presença de itens não locais em Monte Verde, como plantas, seixos
rolados na praia, quartzo e alcatrão, indica possíveis redes de comércio e outros locais
de habitação humana de idade semelhante” (trechos tirados da Wikipedia em
espanhol e traduzidos).
Link: https://es.wikipedia.org/wiki/Huaca_Prieta
O que destaca este sítio foi o encontro de restos de espigas de milho, que demonstraram
ser as mais antigas, em absoluto, para a América do Sul. “Em 2012, foi relatado que
espigas de milho encontradas em dois locais antigos no Peru (Paredones e Huaca Prieta)
podem datar de 6,7 mil anos AP [...] Isso sugere que Huaca Prieta era um importante
centro de uma grande rede comercial que se estendia até o México, de onde se originou
o milho domesticado” (trechos tirados da Wikipedia em espanhol e traduzidos).
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Pré-história
O sítio arqueológico de Cueva de las Manos é um dos mais espetaculares sítios com
pinturas rupestres em todo o mundo, localizado no profundo cânion do rio Pinturas, a
noroeste da Província de Santa Cruz, Patagônia, Argentina. A caverna tem 20 metros
de profundidade, 10 metros de altura e 15 metros de largura e é de difícil acesso
(trecho tirado, traduzido e adaptado da Wikipedia em espanhol).
Com autorização da Profa. Doutoranda Nathalia Cristiny Silva Nogueira (Lattes: http://
lattes.cnpq.br/7031713389899040), transcrevo aqui parte do material que ela
preparou para uma videoaula sobre a musealização dos vestígios humanos, oferecida
às turmas de Pré-história em 2020.1 e 2020.2, e cujo vídeo editado será oferecido no
ambiente Moodle da disciplina.
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Pré-história
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Pré-história
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Definições:
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Pré-história
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Pré-história
A “tradição Nordeste” é encontrada do Piauí e do Rio Grande do Norte até o centro da Bahia.
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Pré-história
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Pré-história
A Wikipédia tem uma página dedicada só aos Museus de Pernambuco. Visite-a aqui.
Síntese da Unidade
Tudo, como prometido, através da visita virtual de alguns dos mais espetaculares sites
arqueológicos espalhados pelos 3 continentes que formam as Américas, visitados
cronologicamente, isto é, dos mais antigos aos mais recentes, dedicando-nos
especialmente aos sites brasileiros, nordestinos e pernambucanos.
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Pré-história
ensiná-los, vão continuar somando para que vocês terminem a licenciatura como
profissionais integrais, na área da pesquisa, do ensino e da extensão. Até nossos
próximos encontros.
Referências
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RODRIGUES-CARVALHO, Claudia (Orgs.). Nossa Origem. O Povoamento das Américas: Visões
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Caso do Sítio Malacara I – Santa Catarina – Brasil. Revista Tecnologia e Ambiente, Dossiê Arqueologia,
Ambiente e Patrimônio, v. 17, 2011.
CORMELATO, F. As Representações Rupestres do Estado de Santa Catarina, Brasil. REVISTA OHUN – Revista
eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFBA. Ano 2, nº 2,
outubro 2005
LINKE, V.; ISNARDIS, Andrei. Arqueologia Pré-Histórica da região de Diamantina (Minas Gerais): perspectivas e
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Diamantina (Brasil Central). Revista de Arqueologia (Belém), v. 21, p. 27-43, 2008.
LINKE, Vanessa; ISNARDIS, Andrei; ALCANTARA, H.; Tobias Júnior, Rogério; Baldoni Raíssa. Do fazer arte
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NEVES, Walter A.; PILÓ, Luís Beethoven. O povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos. São Paulo:
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CARVALHO, Claudia (Orgs.). Nossa Origem. O Povoamento das Américas: Visões Multidisciplinares. Rio de
Janeiro: Vieira e Lent, 2006, p. 45-76.
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Pré-história
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PROUS, A.; RODET, M. J.; Andrei Isnardis; Camila P. Jácome; PANACHUK, L.; RIBEIRO, L.; BAETA, A.; LIMA, M. A.;
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RÔDRIGUES, C. Levantamento dos Sítios Arqueológicos com Arte Rupestre da Tradição Amazônica no
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2015.
SILVA, Hilton P.; RODRIGUES-CARVALHO, Claudia (Orgs.). Nossa Origem. O Povoamento das Américas: Visões
Multidisciplinares. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2006, 236p.
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