Conclusão - Althusser e A Psicanálise (Pascale Gillot)
Conclusão - Althusser e A Psicanálise (Pascale Gillot)
Conclusão - Althusser e A Psicanálise (Pascale Gillot)
O 0
.
de Cultura E, no entanto, diferentemente de Laonceito de Lei
. . can, Althu
não parece sempre disposto a reconhecer uma pert' ,, . sser
. de su;etto.
sófica completa ao conceito . . Podemos perceb tnencta fil -
0
" · de mo do notave
divergencia ' l nas recepçoes
- quase er essa
. do Eu penso, em Lacan' de umºPostas
conceituação cartesiana 1 d ' dª
Althusser de outro. . a o, e em
Para Lacan, a conceituação cartesiana do sujeit~ in
.
um paradigma sempre vál'd
i o, uma teona . do
. .su ·eito
. quaugura_
. , 1 · e nao
define um simples momento na história da filosofia m·as r:
,, 0 rere-
ce uma tematização moderna da subje~ividélde (em:reÍação com
a ciência e o desejo de saber) que é ai.r;ida a q.a psi~an~ise, em
sua própria irredutibilidade à psicologia. O .ft1: penso cart~iano
não define um sujeito psicológic~, _nem um s,!1jeito d~ pr~fup-
dezas, mas muito mais um sujeito vazio que figura o ·correlato
antagônico, da ciência, constituído por, um~ -"relação ·po~t~al
! •• , '
e Jção da
filosofia cartesiana é muito tnàis crítica e
. . ·, cnvo lve
rec l . r·a mais trad1c1onal, que parece fazer do carresi·a •
1 a 1e1tu . . . . ms-
un 111 n10 mento dec1s1vo na const1tu1ção de uma "filoso a
10 0 6
11 nsciência". Ainda que Alchusser não confunda O concei-
h co . . da dad ( ..
e' rcesiano de su1ezto ver: e ou SUJetto de objetividade)
ro c.1 a uele de uma psicologia efetiva, ele estabelece, no encan-
coin ' q d • . · . A_ • • ,
1 05 entre esses 01s c.o ncettos. ru;s1m, o SUJelto psicológico
ro, aç . d " . . d .... ,, a1·
d r relac10na o ao .SUJetto u erro t como lhe concebe
0 e se . . . .
Descarces , isto é, ,como
P . o mverso
. . do SUJetto da verdade trans-
ce a seus propnos procedimentos e•operações na ordem
paren , . . .
da ciência. 3 A filosofia, de, Descartes, que desconhecena a sigm-
ficação real do corte entre verdade e erro é, às vezes, reatribuída
Pº r Althusser à ordem 'd e .um:a, ~'filosofi_a burguesa", correlativa
do advento da ideologia' ju~.í dica, do · "sµjeito"·. Contrariamente
ao que afirma Lacan, a concepção ca~tesiapa não constitui I_?ais
então o horizonte insuperáy<!h ou·
nãot superndo, não circuns-
crito historicamente;,-de -t~d~ ·çÚnc~pção de sujeit~, válido na
própria ordem da ps~canál~se;;·;~~d~-s~ ~:qui, novamente, a im-
portância do espinosismo de ·4Jthússçr, que.• supõe a rejeição do
sujeito cartesiano enq~?JltO ·sujéitõ·· da ti~n:ciá~.. ess·a, rejeição do
sujeito da ciência, ou dó. sujeito.do.con}eci71:en~O{ tomado numa
relação dual com ·úrri '-'~bjetd', ê· convoqi9.a pçla crítica geral
de qualquer "teo-ria d9 conhéci~énto",'':crítica implicada pela
definição do próprio ~onhecimento.~omo processo sem sujeito.
A crítica althusseriaha do sujeito :cartesiano (definído c~mo
sujeito de verdade) se revela,_em-última ~nálise~ nos antípodas
da perspectiva original de Laca.ó.. Reforça-se assim a constata-
ção de uma ambiguidade em Althusser do próprio projeto· de
con stituição de uma teoría do -.sujeito, emb~ia não egológica e
não psicológica. Por um lado, desta~ou~se que a questão da
sub· · 'd
_ Jeuvi ade não é totalmente ignorada; mas -corp.anda ao co~- ·,
3 Sobre esse ponto, cf. L. Althusser Psychanalyse et Sciences Humaines, 2e. Conferénce,
p. 106-122. ' ' , .
1201 PascaJe GiHor
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