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29 DE DEZEMBRO DE 2009 378 — (313)

Resolução n.º 58/2009 A ocupação de áreas outrora não habitadas e das rotas
de 29 de Dezembro migratórias de fauna bravia, acompanhado com o aumento
do efectivo da população de elefantes, de 16 475 em 2006 para
A necessidade de uma melhor gestão do conflito entre o homem
22 144 em 2008, tem de certa forma reduzido o habitat natural
e a fauna bravia em Moçambique pressupõe a adopção de uma
destes, daí agravando, por um lado, a competição pelos escassos
estratégia adequada com vista a assegurar a defesa de pessoas e
recursos existentes na natureza, nomeadamente, alimentos e
bens para a satisfação das necessidades humanas e a conservação
água, e por outro lado, pela vegetação por parte dos herbívoros e,
da fauna bravia, tendo em conta a garantia do equilíbrio das
por presas por parte dos carnívoros. Assim, a fauna bravia, para
necessidades sociais, económicas e ecológicas.
sobreviver tem sido forçada a fazer incursões nas machambas
Neste sentido, e no exercício das competências atribuídas dos camponeses onde os herbívoros, tais como, elefante, búfalo,
ao abrigo do disposto na alínea f) do n.º 1 do artigo 204 da javali e macaco devoram, por exemplo, o milho e a mandioca da
Constituição da República, o Conselho de Ministros determina: população, enquanto que os carnívoros como o leão devoram o
Artigo 1. É aprovada a Estratégia de Gestão do Conflito gado bovino, o caprino e atacam o homem.
Homem/Fauna Bravia, e o respectivo plano de Implementação Neste contexto, urge adoptar uma estratégia de gestão da fauna
em anexo, que é parte integrante da presente Resolução. que permita reduzir os conflitos Homem/fauna bravia, tendo como
Art. 2. Os Ministérios que superintendem o maneio princípio a satisfação das necessidades de (i) desenvolvimento
da fauna bravia, do ambiente, da administração territorial e de humano (presente e futura geração dos moçambicanos) e (ii)
infraestruturas públicas, são responsáveis pela implementação conservação da fauna bravia no quadro do equilíbrio do ecológico.
da presente Resolução, sob coordenação do Ministério da A Visão estratégica do Governo na gestão do conflito homem
Agricultura. fauna bravia é de assegurar a defesa de pessoas e bens adoptando
Aprovada pelo Conselho de Ministros, aos 11 de Agosto estratégias de gestão do conflito para a satisfação das necessidades
de 2009. humanas e de conservação da fauna bravia, tendo em conta a
Publique-se. garantia do equilíbrio das necessidades sociais, económicas e
ecológicas.
A Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo.
2. Contextualização do Conflito
2.1. Contexto Político – Legal
Desde os tempos mais remotos da história da humanidade,
Estratégia de Gestão do Conflito Homem/ o Homem sempre procurou formas de defender-se dos animais
/Fauna Bravia bravios recorrendo a vários métodos, tais como, afugentamento,
construção de barreiras, colocação de espantalhos, vedação de
1. Introdução
suas habitações e culturas, e em casos extremos recorrendo ao
Apesar do conflito Homem/fauna bravia não ser um fenómeno abate de animais ferozes. Actualmente, a resolução destes conflitos
recente no país, constitui actualmente uma grande e séria varia de acordo com a espécie envolvida e as circunstâncias.
preocupação não só da população, mas também de todos os Com vista a fazer face ao conflito existente entre o Homem
intervenientes na gestão da fauna, pois, este tem estado a crescer e os animais bravios, sucessivos instrumentos legais foram
e a provocar graves danos sócio-económicos com impactos sendo adoptados no país. Na década 60, foi aprovado o Diploma
imensuráveis na vida da população, especialmente nas zonas Legislativo n.º 2496, de 20 de Janeiro de 1965: regime de
rurais. Por isso, o conflito Homem/fauna bravia, consta da vigilância da fauna bravia e actividade de caça em defesa de
agenda e prioridades do Governo, com vista a encontrar formas pessoas e bens. Este instrumento tinha como objectivo defender o
de eliminar ou reduzir os seus níveis, assegurando a protecção Homem, propriedades agrícolas e pecuárias dos animais bravios,
das pessoas e seus bens, incluindo a segurança alimentar. assim como proteger as populações das epidemias transmitidas
pelos animais bravios.
A maior parte dos conflitos existentes no país estão directa ou
indirectamente relacionados com a acção do homem. Embora nas Na década 70, depois da independência nacional, o problema
últimas quatro décadas o número da população da fauna bravia do conflito Homem/fauna bravia foi abordado através da criação
tenha de forma geral diminuído, ainda que continue significante, de brigadas de caça em defesa de pessoas e bens preceituado na
o número da população humana tem vindo a crescer. Os números, Portaria n.º 117/78, de 16 de Maio, cuja actuação consistia na
protecção de machambas através de vedações, afugentamento
mostram que desde o início da década 80 a população humana
ou abate de animais, em casos extremos, ou captura de espécies
do país cresceu de 10 milhões de habitantes para cerca de 20
envolvidas.
milhões em 2007, ou seja, a população humana do país duplicou
nas últimas três décadas. Esta situação terá contribuído para a No fim da década 90, ao ser aprovada a Lei n.º 10/99, de 7 de
ocupação de áreas outrora livres da presença humana permanente Julho, (Lei de florestas e fauna bravia) que regula a utilização
e, portanto, a população de fauna ficou restrita e concentrada em e conservação da fauna bravia, o legislador estabeleceu no
artigo 25 desta Lei, a caça em defesa de pessoas e bens por
determinadas zonas.
brigadas, podendo ser também exercida prontamente por qualquer
Por outro lado, com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em cidadão quando se tratar de ataques eminentes. Tornando-se
1992, assistiu-se a um processo de regresso e reassentamento necessário regular os procedimentos deste tipo de caça, o Governo
de milhares de cidadãos deslocados e refugiados nos países aprovou por via regulamentar o Decreto n.º 12/2002, de 6 de
vizinhos. Infelizmente, o processo de reassentamento nas várias Junho, que estabelece no artigo 68 deste Regulamento (i) o
zonas do país centrou-se apenas no Homem, pela necessidade de exercício de caça em defesa de pessoas e bens; (ii) a captura/
desenvolvimento humano, e não tomou em consideração aspectos apanha de ovos, especialmente do crocodilo, para reduzir a
ecológicos, tais como a capacidade de carga dos ecossistemas e população desta espécie, e consequentemente o impacto negativo
as rotas seculares de migração de animais bravios. dos ataques da espécie às populações.
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Apesar destes instrumentos legais, o conflito continua a queimadas descontroladas, ocupação de rotas de migração dos
constituir um problema sério em quase todo o país, havendo, animais, práticas agrícolas inadequadas (agricultura itinerante
por isso, necessidade de adoptar medidas mais pró-activas e ou nas baixas dos rios), procura de água e pesca nos rios e lagos.
pragmáticas para lidar com a problemática. Por outro lado, os conflitos de origem natural resultam das
2.2. Situação actual do conflito no país interacções inter e intra-específicas das espécies, como por
Apesar da existência de instrumentos legais orientados para exemplo, o crescimento excessivo de algumas espécies, devido à
a defesa de pessoas e bens, tem se verificado uma tendência desequilíbrios ecológicos provocados por fenómenos naturais, tais
crescente da ocorrência de conflito, resultando em impactos como o aumento da população de crocodilos. Em algumas partes
negativos para as pessoas e seus bens. As espécies, tais como, do país, o rio Zambeze é um exemplo deste facto, requerendo,
crocodilo, elefante, hipopótamo e leão são consideradas mais por conseguinte, programas e medidas específicas de controlo,
problemáticas no país. Entre 2006 a 2008, o crocodilo causou como sejam abates controlados e recolha de ovos.
cerca de 66% de vítimas humanas, seguido do elefante com 15%, 2.3.2. Tipos de conflitos
leão com 12%, e o hipopótamo com 6%. Relativamente ao abate Os principais tipos de conflitos no país são caracterizados
de animais em defesa de pessoas e bens, o elefante foi o animal por (i) invasão às machambas e por vezes ataques às pessoas e
mais abatido, seguido do crocodilo e hipopótamo, em números seus bens, por elefantes e hipopótamos, especialmente quando
de 109, 105 e 90, respectivamente, em consequência do conflito buscam água e alimentos ou quando estes animais estão sob
entre o homem e a fauna bravia.
ameaça ou feridos; (ii) ataque às pessoas e animais domésticos,
Embora o crocodilo, o elefante, o hipopótamo e o leão sejam por crocodilos, junto aos cursos de água; (iii) ataque aos animais
consideradas como sendo as espécies mais problemáticas domésticos e invasão aos currais e capoeiras, por vezes ataque
em Moçambique, existem outras ainda que se juntam neste às pessoas, por leões, leopardos e outros predadores, quando
universo de espécies problemáticas, como é o caso de pássaros e feridos, encurralados ou esfomeados; (iv) invasão às machambas
gafanhotos, que têm estado envolvidos na destruição de culturas e perturbação das pessoas em zonas residenciais por macacos e
de cereais, macacos e porcos, envolvidos na destruição de culturas
porcos bravos; (v) invasão a celeiros e machambas e (vi) ataque
diversas.
às cearas pelos pássaros e gafanhotos.
Actualmente os grandes impactos do conflito Homem/fauna
2.4. Experiências da região na mitigação do conflito
bravia estão relacionados com a perda de vidas humanas que se
Homem/Fauna Bravia
tem verificado um pouco por todo o país, assim como a perda
de vários hectares de culturas agrícolas, animais domésticos Os países da região, como a África do Sul, Botswana, Zâmbia e
e outros bens da população. Por outro lado, ocorre a perda de Zimbabwe, adoptaram um modelo de Parques Nacionais, onde os
algumas espécies de grande valor ecológico e económico, tais animais estão confinados em territórios ou áreas vedadas – Parque
como, elefante, leão, hipopótamo, crocodilo e outras, as quais são Nacional - previamente destinados para a protecção e conservação
anualmente abatidas em defesa de pessoas e seus bens. da fauna bravia, onde não é permitida a fixação de aglomerados
As áreas de maior ocorrência de conflitos incidem sobre populacionais, com excepção das residências dos trabalhadores
45 distritos: Província de Cabo Delgado – distritos de Palma, das respectivas áreas de conservação.
Quissanga, Mocímboa da Praia, Mueda, Namuno, Meluco, Ainda no contexto de ordenamento territorial, nalguns
Nangade, Macomia e Ancuabe; Província do Niassa – distritos países da região, são estabelecidas áreas para diversos usos
de Mecula, Nipepe, Marrupa e Maua; Província da Zambézia – da terra, como florestas, fauna, minas, agricultura, pecuária,
distritos de Morrumbala, Pebane, Maganja da Costa, Chinde, Alto turismo e conservação, devidamente delimitadas, demarcadas, e
Molócuè e Mopeia; Província de Tete - distritos de Zumbo, Magoè, identificadas em mapas analógicas e digitais, que são distribuídas
Changara, Cahora Bassa, Chiuta, Moatize, e Mutarara; Província nas províncias, distritos, localidades e postos administrativos.
de Manica – distritos de Tambara, Machaze e Sussundenga; Este tipo de planeamento facilita o estabelecimento de novas
Província de Sofala – distritos de Chemba, Caia, Chibabava, Buzi infra-estruturas de desenvolvimento sócio-económicos e a
e Marromeu; Província de Inhambane – distrito de Funhalouro;
implementação de planos de reassentamentos populacionais,
Província de Gaza – distritos de Massingir, Chókwè, Guijá,
gestão de recursos naturais, etc., reduzindo deste modo potenciais
Mabalane, Massangena, Chibuto e Chicualacuala; Província do
conflitos Homem/fauna bravia.
Maputo – distritos de Matutuine, Moamba, e Magude.
2.3. Principais causas e tipos de conflitos 3. Caso de Moçambique
2.3.1 Causas dos Conflitos 3.1. Ausência de planos de uso da terra
Os conflitos Homem/fauna bravia constituem actualmente um A maior parte da população moçambicana, vive nas zonas
dos grandes problemas tanto nas áreas de utilização múltipla, rurais (estimada em 70%) e dedica-se à agricultura de subsistência
como nas áreas de conservação. Os conflitos existentes no e pesca artesanal para o seu sustento. Dados recentes indicam
país podem ser agrupados pela sua natureza em antropogénicos que uma parte significativa desta população localiza-se em
(resultantes da acção do homem) ou naturais.
áreas de ocorrência ou em rotas migratórias de animais bravios.
Os de origem antropogénica estão directa ou indirectamente Nestas zonas a interacção entre o Homem e animais bravios
relacionados com a ocupação e degradação dos ecossistemas
tem se caracterizado por uma elevada competição pelo espaço
naturais devido a competição desigual pelo espaço, recursos
hídricos e alimentares. Nos últimos anos este conflito tem e escassos recursos disponíveis (alimentos e água), facto que se
tomado proporções alarmantes devido ao crescimento acelerado vai agravando anualmente devido a ausência de planos de uso
da população humana por um lado (tendo aumentado de 12130 000 da terra, que definem claramente áreas destinadas a habitação
em 1980 para 16 099 100 em 1997, 20 069 738 em 2007) e da população, prática de actividades agro-pecàárias e de
devido às acções ou práticas menos apropriadas, tais como: conservação. Portanto, urge a necessidade de elaborar planos de
perseguições ou caça furtiva de determinadas espécies animais, uso da terra a nível distrital.
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População dentro das áreas de conservação Portanto, não se podem vender senhas superiores a quota
Nas áreas destinadas à protecção e conservação da flora autorizada e muito menos exportar o marfim, resultante do abate
e fauna (Parques, Reservas Nacionais, Coutadas Oficiais e dos animais acima da quota, como troféus de caça. Desta forma
Fazendas do Bravio) não existe uma política clara sobre se é ou as comunidades locais não obtém nenhum benefício do animal
não permitida a fixação de residências de populações humanas abatido (excepto carne), pelo contrário acumulam prejuízos
dentro destas áreas. Por isso, em todas as áreas protegidas do (destruição de machambas e celeiros). Consequentemente, as
país existe população a residir no seu interior. Assim, nestas comunidades encaram o elefante como uma praga e não uma
áreas destinadas exclusivamente à conservação da fauna bravia oportunidade para geração de receitas.
e da biodiversidade, também ocorre o conflito entre o Homem Importa mencionar que o problema da quota reduzida não é um
e a fauna bravia. Portanto, a ausência de uma política clara problema da CITES, mas sim de falta de informação que permita
sobre população dentro das áreas de conservação dificulta por fundamentar técnica e cientificamente o aumento da quota de
um lado, a conservação da fauna bravia no seu habitat e, por uma determinada espécie. Este facto resulta de falta de censos
outro lado, contribui para a ocorrência de conflito. O ideal seria detalhados e planos de maneio actualizados para cada espécie,
confinar a fauna bravia, especialmente os animais problemáticos particularmente o elefante, crocodilo e leão. O censo realizado
em determinadas áreas, - áreas de conservação - destinadas em 2008, à escala nacional, teve uma intensidade de amostragem
exclusivamente a fauna bravia, onde não seria permitida a fixação baixa (2,35%) o que significa que a precisão das estimativas da
da população humana. população deste censo são também muito baixas.
A permanência da população humana nestas áreas seria Portanto, urge a necessidade de realizar censos detalhados de
permitida excepcionalmente sob determinadas condições, tais fauna bravia em determinados locais para determinadas espécies,
como, residência do pessoal afecto a administração das áreas tais como o crocodilo, elefante, leão, búfalo e leopardo. Os dados
de conservação em locais previamente definidas e vedadas para do censo serão úteis não só para elaborar o plano de maneio da
efeito de assegurar a protecção destes e seus bens. Portanto, urge espécie e fundamentar a quota de abate, mas também para o
a necessidade de definir uma política clara e objectiva sobre desenvolvimento dos planos de uso da terra ao nível distrital.
o confinamento ou criação de áreas exclusivas para algumas 3.2. Oportunidades
espécies de fauna consideradas problemáticas (crocodilo, leão,
Apesar do declínio verificado nas últimas quatro décadas, a
elefante, hipopótamos).
fauna bravia do País ainda representa um valioso e importante
Vedação das áreas protegidas/conservação e fazendas do recurso, que se for devidamente gerido, pode proporcionar
bravio benefícios, não só para as comunidades locais que vivem nas
No país as áreas de conservação e fazendas do bravio não zonas rurais de ocorrência da fauna bravia, mas também à
estão vedadas, com excepção de algumas que estão parcialmente economia nacional, através do desenvolvimento do ecoturismo,
vedadas contra o elefante. Esta situação coloca as comunidades safaris de caça e caça comercial, venda de pele e carne de
circunvizinhas em permanente conflito com a fauna bravia. crocodilo e outras espécies para o mercado interno e exportação.
Para além da destruição das machambas e ataque às pessoas Portanto, urge que as comunidades encarem a fauna bravia
e ao gado, há um risco potencial de transmissão e propagação não como uma praga, mas sim, uma oportunidade para a geração
de doenças dos animais selvagens aos animais domésticos. da riqueza no meio rural. Para o efeito, é necessário reverter o
No caso de áreas protegidas onde ocorre o búfalo, o custo de actual cenário em que os custos resultantes do conflito são de
transmissão de doenças ao gado poderá exceder os benefícios a longe superiores aos benefícios.
serem gerados pela área de conservação ou fazenda do bravio.
Portanto, urge a necessidade de erguer sempre que se mostre 4. Estratégia de gestão do conflito homem/fauna bravia
necessária uma vedação nas áreas de conservação e fazendas do
4.1. Objectivos
bravio para confinar animais problemáticos (crocodilo, elefante,
leão, hipopótamos), protegendo assim as pessoas e seus bens. Considerando a actual taxa de crescimento da população, o
Caso seja permitido que os animais problemáticos vivam crescimento da demanda pelos recursos naturais, e a crescente
fora das áreas de conservação é necessário que se assegure que pressão pelo acesso a terra, urgente encontrar formas que
as comunidades locais tenham benefícios superiores aos custos garantam o maneio da fauna bravia, com impactos negativos
de maneio da fauna bravia. insignificantes.
Insuficiente capacidade e experiência Nestes termos a Estratégia tem como objectivo adoptar medidas
A falta de recursos humanos e financeiros é a principal razão para assegurar permanentemente a protecção das pessoas e seus
da falta de capacidade para fazer face à gestão da fauna bravia e bens, contribuindo desta forma para a conservação e utilização
do conflito. Há poucos técnicos com experiência prática para lidar racional e sustentável da fauna bravia para o benefício económico
com o conflito. Portanto, urge a necessidade de formar brigadas e social da presente e futura geração dos moçambicanos.
especializadas e equipá-las com instrumentos e materiais a serem
4.2. Princípios orientadores
alocados ao nível dos distritos.
A convivência entre o Homem e a fauna bravia no mesmo
Quotas da CITES
espaço nunca foi pacífica, pois, estes dois seres vivos, sempre que
Outra limitante na resolução do conflito Homem/fauna
ocupam o mesmo espaço competem pelos mesmos recursos, água
bravia, está associada a quota atribuída às espécies constantes do
e alimentos. Portanto, a solução do conflito, passa necessariamente
Anexo I, da CITES (Convenção Internacional de Comercialização
de Espécies em Perigo de Extinção). No caso do elefante, ao por definir e/ou demarcar claramente o espaço destinado para cada
país é lhe atribuído uma quota anual de 60 animais para a caça um destes – Homem e a fauna bravia. Assim para a adopção de
desportiva, número considerado inferior se tivermos em conta medidas de gestão do conflito deve-se ter em conta o seguinte:
que anualmente mais de 50 elefantes são abatidos como animais — Separação espacial de animais bravios, dos assentamentos
problemáticos, no âmbito da defesa de pessoas e bens. humanos;
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— Supressão dos animais bravios onde houver assentamentos aglomerados populacionais e infra-estruturas no meio rural.
humanos; Para que o plano de uso da terra seja um instrumento efectivo
— Planeamento territorial como condição essencial para a na gestão sustentável dos recursos naturais é crucial a participação
gestão do conflito e da fauna bravia; activa dos diferentes intervenientes no processo de formulação.
— Vedação de espécies problemáticas, tais como crocodilos, Reassentamento da População Humana
elefantes, leões, leopardos e búfalos;
Em locais onde a população humana seja pequena e com
— Mudança de atitude da população na interacção com a poucas infra-estruturas sócio-económicos e que estejam
fauna bravia, em relação aos seus habitates naturais e localizadas nos corredores de animais bravios, como o elefante,
rotas dos animais, bem como adopção de alternativas em habitates com alta densidade de animais bravios, nas margens
de acesso a água e piscinas fluviais para o caso de dos rios com ocorrência frequente de acidentes provocados por
crocodilo; crocodilos e hipopótamos, avaliar a viabilidade de transferência
— Desenvolvimento de fazendas do bravio e projectos das comunidades para locais mais seguros e com acesso aos
comunitários como segunda linha de defesa que recursos naturais. Esta medida é praticável, sempre que existir
circunda área de conservação. terra alternativa para fixar as comunidades locais em áreas que
4.3. Medidas Gerais ofereçam melhores condições de acesso aos recursos naturais e
4.3.1. Medidas de Prevenção oportunidades de desenvolvimento sócio-económico.
Existem várias acções/medidas de prevenção que podem ser Translocação da fauna bravia
levadas a cabo para minimizar o conflito Homem/fauna bravia. Nas zonas de maior densidade da população humana, capturar
Dentre as acções, constam as medidas extremas de reassentar ou e translocar para as áreas de conservação, espécies problemáticas,
realocar as pessoas ou a fauna bravia respectivamente, separando- tais como, crocodilos, elefantes e leões, que sendo biológica e
-os fisicamente através de barreiras naturais ou artificiais, ecologicamente viáveis, não possam ser geridas nas áreas de
manejar a população da fauna através de abates controlados, uso múltiplo, sempre que os benefícios económicos obtidos
afugentamento da fauna usando uma série de técnicas, tais quando retiradas, sejam superiores aos obtidos quando mantidas
como repelentes. A seguir, apresenta-se as principais medidas (translocar para áreas de conservação e fazendas do bravio).
de prevenção: Controle biológico
Censo e Monitoria da Fauna Bravia O controle biológico pode consistir na introdução de
Realizar inventários ou censos de fauna bravia, com ênfase nas predadores em áreas de maior densidade de presas problemáticos
áreas com alto potencial de fauna e onde o conflito seja elevado. para a redução de seus efectivos e minimizar os impactos
Por outro lado, criar brigadas locais de monitoria do movimento negativos sobre a população humana e seus bens; No caso do
da fauna para a protecção de pessoas e bens nestas zonas de crocodilo a apanha de ovos e fomento de programas, projectos
ocorrência de fauna e próximo às comunidades locais. e acções de criação em cativeiro contribuem para a redução da
população de crocodilos e consequentemente diminuição do nível
Planeamento do Uso da Terra
de competição e finalmente o conflito.
A convivência entre a fauna bravia e o Homem no mesmo
Categorização das áreas de conservação
espaço não tem sido fácil, e como os recursos estão cada vez mais
escassos, acaba sendo conflituoso. Portanto, o ideal seria separar A actual classificação das áreas de conservação depende
os locais ou habitat para a fauna bravia das áreas onde a população principalmente de três corpos legais: a Lei de Terras, a Lei das
Florestas e Fauna Bravia para as áreas terrestres e o Regulamento
humana vive e desenvolve as suas actividades sócio-económicas.
Geral da Pesca Marítima para as áreas marinhas. A legislação para
A concepção e definição destas áreas poderá ser materializada as áreas de conservação terrestres baseia-se no conceito de zonas
através da elaboração e implementação dos planos de uso da de protecção total, isto é, áreas nas quais não é possível exercer
terra. Este processo deve ter como princípio básico, que na zona direitos de habitação ou cultivo senão com base em licenças
rural a agricultura é a alternativa preferencial de uso da terra, particulares atribuídas de acordo com os planos de maneio das
nas áreas com alto potencial agrícola, e que a gestão de fauna áreas em causa. Essa situação não responde à realidade, onde em
bravia só poderá ocorrer nas zonas de baixa aptidão agrícola. muitos casos a separação entre o Homem e o valor a conservar
Isto é especialmente importante para as espécies faunísticas cujo não existe nem pode ser criado.
impacto interfere directamente na agricultura, como é o caso do Para criar condições para a gestão de conflitos nas áreas de
elefante e do hipopótamo, na destruição de culturas e búfalos na conservação com base na realidade a Estratégia sugere uma
transmissão de doenças para o gado bovino. classificação alternativa que adequa a classificação nacional destas
Entre vários aspectos a ter em conta, na elaboração dos áreas àquela usada pela União Internacional para a Conservação
da Natureza (IUCN).
planos de uso da terra, destaca-se a identificação e zoneamento
de áreas para diferentes fins como sejam, áreas habitacionais A tabela abaixo contém um quadro que permite visualizar os
e de reassentamento, áreas de conservação, rotas migratórias, tipos de áreas propostas na classificação superior. É de salientar
áreas para agricultura e pecuária, áreas para o reflorestamento, que é um quadro orientador que deve ser interpretado caso a caso.
as características dos animais envolvidos, a natureza dos danos A classificação baseia-se fundamentalmente no valor ecológico
causados, actividades económicas existentes, a localização dos da área e do papel do Homem na sua preservação.
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Tabela 1. Quadro Descritivo das Categorias Propostas para Áreas de Conservação do Domínio Público

Categoria Valor ecológico Papel do Acesso Tipo


proposta Homem IUCN
Reserva Valor ecológico elevado Presença do Área de I
total como resultado da Homem ameaça acesso
presença de espécies ou a preservação. difícil ou de
ecossistemas raras e/ou vedação
ameaçadas cuja fácil.
preservação depende da
minimização da presença
do Homem.
Parque Valor ecológico elevado Presença do Área II
nacional mais robusto em relação homem sob moderada
ao Homem que pode ser condições mente ou
conservado mediante um controladas não facilmente
uso contemplativo. ameaça a acessível.
preservação; o
maneio ajuda em
manter o
equilíbrio entre
as espécies.
Monumento Elemento natural com valor Apreciar o valor Varia entre III
estético ou cultural elevado estético ou difícil ou
numa área relativamente participar nas fácil e
pequena (menos que 100 cerimónias. pode ser
ha) que pode ser restringido
conservado mediante um por
uso restrito. Mecanism
os
culturais.
Reserva O valor depende da Presença do Acesso IV
especial conservação de um homem fácil.
número reduzido de permitida tal
espécies que pode ser como a
atingido através do uso extracção de
restrito incluindo a caça recursos até um
desportiva. certo nível, mas
existem
questões de
segurança e
controle.
Paisagem Zona com alto valor de Homem faz parte Acesso V
protegida biodiversidade natural e dos valores a fácil;
antropogénica. conservar homem é
embora haja parte
núcleos com integrante
valor biológico . da paisagem
Biosfera Zonas onde é preciso As comunidades Acesso -
(UNESCO) vedar temporariamente o locais têm um fácil.
acesso e exploração para papel importante
permitir uma recuperação na identificação
de certas populações de e na
plantas, animais ou implementação
ecossistemas. da veda.
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Construção de barreiras artificiais 4.3.2. Medidas de mitigação


Os rios e montanhas constituem barreiras naturais que podem Apesar da prevenção ser claramente a melhor opção, nem
ajudar a restringir e deter a fauna bravia num determinado sítio, sempre é possível evitar a ocorrência do conflito. Assim, nos casos
contribuindo assim, em alguns casos, para separar o Homem da da ocorrência do conflito torna-se necessário adoptar medidas
fauna bravia. Infelizmente esta situação ideal não é generalizada. reactivas para reduzir o impacto negativo do conflito. Trata-se
Por isso, em locais onde a fauna bravia e as comunidades locais de medidas ou reacção direccionada para o animal problemático.
competem pelos mesmos recursos, como água e alimento, o A seguir apresentam as principais medidas de mitigação do
conflito pode ser permanente. Nestes casos, para prevenir a conflito:
ocorrência do conflito, a construção de barreiras artificiais, como Criação de brigadas locais de abate
vedações, são medidas que podem efectivamente evitar o contacto Nas zonas com alto potencial de ocorrência do conflito, criar
entre o Homem e a fauna. e operacionalizar as brigadas para atempadamente protegerem as
As vedações podem ser construídas á volta de aglomerados pessoas e seus bens e, em caso de ataque iminente, procederem
populacionais, nas machambas, nas zonas de maior actividade ao abate do animal problemático.
humana, bem como ao longo dos rios e lagoas. A outra opção é Abates controlados de animais problemáticos
confinar a fauna bravia, construindo vedações a volta das áreas Realizar abates controlados, tendo em consideração as
de conservação (Parques, Reservas e Fazendas do bravio), pois informações sobre efectivos de animais e capacidade de carga do
os limites destas áreas nem sempre obedecem a limites naturais, ecossistema. Os planos de maneio devem dar prioridade ao abate
o que tem facilitado o movimento da fauna bravia para as zonas de animais velhos, doentes e feridos (leão velho e búfalo ferido),
das comunidades locais. Infelizmente, uma das limitantes no uso por serem potenciais animais problemáticos;
das vedações está associado ao custo de construção. Portanto,
Afugentamento de animais e uso de métodos não letais
a construção da barreira justifica-se sempre que os benefícios
resultantes sejam superior aos custos de manter a área sem a Introdução de técnicas de afugentamento de animais
vedação. problemáticos através do uso, por exemplo, de piri-piri contra
elefantes, espantalhos contra pássaros e macacos, toque de
Assim, para viabilizar a construção de vedações nas áreas batuques e outros instrumentos de som, e queima de fezes, etc.
protegidas deve ser estabelecida uma zona tampão em cada área Também envolve o uso de armas de caça em caso de ataques
protegida, com a categoria de coutada oficial ou fazenda do bravio actuais ou eminentes de animais bravios.
– nestas áreas desenvolver-se-ia o ecoturismo e safaris de caça.
4.3.3. Mudança de Atitude
A atribuição ou adjudicação destas áreas deve ser condicionado
à vedação pelo titular ou adjudicatário da área. Esta medida Programas de gestão comunitária da fauna bravia
permitirá o confinamento da fauna bravia problemática na área A actual percepção de que a fauna bravia é uma praga resulta do
de conservação e, consequentemente, evitar ou minimizar a facto de as comunidades locais não estarem a obter os benefícios
ocorrência do conflito. Como as barreiras ou vedações nem tangíveis da fauna bravia, pelo contrário acumulam danos e
sempre são suficientemente capazes de deter ou manter confinada prejuízos imensuráveis. Neste contexto, torna-se necessário a
a fauna bravia nos locais desejados, esta medida deve ser adopção de acções que visem demonstrar as comunidades locais
implementada em combinação com outras acções preventivas. que a fauna bravia, sendo um recurso natural, representa uma
Acesso à água para o homem e fauna bravia oportunidade para a geração de benefícios locais, contribuindo
assim, para a redução da pobreza absoluta. Isto pode ser alcançado
Os maiores conflitos entre o Homem e o crocodilo resultam
com a implementação de programas comunitários de maneio de
da procura da água nos rios e lagoas. Assim, a abertura de fontes
fauna bravia.
de água como poços e furos, como alternativa para a captação de
água nos rios e lagoas constitui uma medida que poderá reduzir Para o efeito, a mudança de atitude pode jogar um papel
significativamente os casos de ataques de crocodilos as pessoas decisivo. Assim a mudança pode ser alcançada através de:
que geralmente são surpreendidas quando buscam o precioso Sensibilização das comunidades
líquido. A educação e sensibilização das comunidades afectadas sobre
A escassez de água nas zonas rurais tem agravado a competição a importância da fauna bravia e das diferentes formas de lidar
entre o Homem e crocodilo. Neste sentido, a abertura de fontes de com o conflito pode contribuir para uma mudança de atitude, para
abeberamento de animais nas fazendas do bravio e nas coutadas a geração e partilha de benefícios para as comunidades locais.
oficiais pode contribuir para reduzir a competição no acesso à água Treinamento e capacitação
entre o Homem, a fauna, animais domésticos e consequentemente Executar programas de treinamento e capacitação dos fiscais
reduzir o conflito Homem/fauna bravia. e agentes comunitários na valorização da fauna bravia em
Abates Controlados de fauna bravia medidas de prevenção e de mitigação do conflito. Por outro lado,
Estabelecer programas de abates controlados de fauna bravia, implementar actividades de capacitação das comunidades com
onde haja indícios do conflito, associado ao crescimento da vista ao aumento de conhecimentos em relação ao comportamento
população de animais bravios, visando o maneio do tamanho da dos animais bravios.
população. Sempre que possível procurar rentabilizar o abate dos 4.3.4. Medidas específicas para as áreas protegidas/conservação
animais problemáticos através de safaris de caça, aproveitamento As áreas de conservação são áreas exclusivamente designadas
de troféus e despojos, e assegurar que as comunidades locais para a conservação de espécies e da biodiversidade. As medidas
afectadas sejam as principais beneficiárias das receitas resultantes específicas para a gestão do conflito Homem/fauna bravia nestas
destes abates. áreas são:
Sinalização de locais de risco — Zoneamento e recategorização das áreas de conservação;
Identificação, mapeamento e sinalização de áreas com maior — Reassentamento da população que vive no interior da
índice de ocorrência de conflitos, através de tabuletas ao longo das área de conservação para áreas mais seguras e fora dos
vias de acesso e ao longo de alguns rios e lagoas com crocodilos. limites das áreas protegidas;
29 DE DEZEMBRO DE 2009 378 — (319)

— Estabelecimento de medidas de protecção – através de — Fazer o reassentamento da população tendo em conta


construções de vedações; também o desenvolvimento das infra-estruturas sócio
— Incentivar o estabelecimento de fazendas de bravio nas económicas;
áreas ao redor das áreas de conservação. — Implementar projectos de maneio de fauna bravia se os
4.3.5. Medidas específicas para as áreas de utilização múltipla benefícios para as comunidades locais justificarem,
As medidas específicas para a gestão do conflito Homem/ incluindo o estabelecimento de fazendas de criação,
/fauna bravia nas áreas de utilização múltiplas dependem das colecta de ovos e captura de crocodilos;
características da zona, nomeadamente, densidade da população, — Abater os animais problemáticos.
nível do conflito, excesso da população de uma determinada
espécie problemática e o potencial da fauna bravia da região. As 5. O Papel dos diferentes intervenientes
medidas específicas para o controlo do conflito Homem, fauna A gestão do conflito Homem/fauna bravia exige a participação
bravia nas áreas de utilização múltiplas são: de vários actores aos diferentes níveis, central, provincial, distrital,
— Desenvolver o plano de uso de terra é a solução devido à natureza multidisciplinar do problema. Assim a tabela
aconselhável para o conflito; em baixo, resume o papel e as funções chaves dos diferentes
— Translocar os animais problemáticos para uma área actores que estarão envolvidos no processo de planificação e
de conservação se os benefícios não justificarem a implementação das diferentes medidas ou estratégias de gestão
manutenção da fauna na área; do conflito homem e fauna bravia.
Tabela 2. O Papel dos diferentes actores na implementação da estratégia

Papel dos Actores na Funções Chaves


implementação da
Estratégia
CENTRAL: MINAG/MITUR/MICOA/MOPH/MAE

Definição de Políticas e • Formulação de políticas e estratégia e instrumentos legais para gestão do


Estratégias, Regulamentação, conflito;
Coordenação, alocação de • sistematizar e difundir a informação sobre o conflito;
recursos, elaboração de • Desenvolver manuais/instruções técnicas e programas de treinamento o
manuais e instruções conflito;
técnicas, monitoria, • Coordenação inter-sectorial e intra-sectorial;
Avaliação • Zonear e elaborar planos de uso da terra para diferentes categorias de
terra;
• Coordenar a implementação das Convenções internacionais – CITES;
• Coordenar os processos de reassentamento da população;
• Coordenar a translocação dos animais;
• Assegurar a realização dos censos de fauna;
• Monitorar a implementação das medidas e instrumentos de gestão da
fauna;
• Avaliar o impacto da implementação das medidas estratégicas;
PROVINCIAL
Planeamento, coordenação, • Formular planos e orçamentos para a gestão de fauna (água, barreiras,
monitoria, e implementação equipamentos, campanhas de sensibilização, sinalização,
de actividades relacionadas reassentamento);
com a gestão do conflito e • Disseminar medidas de prevenção e mitigação ao nível distrital;
provisão de serviços e bens • Coordenar a elaboração dos Planos de uso da terra distrital;
públicos, como a água, • Assegurar os meios de prevenção e abates controlados dos animais
vedação das áreas de problemáticos;
utilização múltipla e • Promover programas de gestão comunitária de fauna bravia;
equipamento de protecção • Monitorar e avaliar o impacto da implementação das medidas
estratégicas;
DISTRITAL
Nível Distrital de execução • Identificar, zonear, elaborar plano de uso terras distritais;
de serviços públicos • Providenciar serviços públicos, como a água as comunidades, educação
cívica;
• Sinalizar os locais de risco;
• Sensibilizar as comunidades locais
• Construir barreiras contra a fauna bravia;
• Monitorar a implementação das medidas a nível distrital.
378 — (320) I SÉRIE — NÚMERO 51

Comunidades locais
Nível local de execução Participar no desenvolvimento de planos de uso da terra;

das mediadas estratégicas e Estabelecer organizações de base comunitária para a gestão do conflito;

instrumentos de política Participar activamente nos planos de reassentamento ;


Participar na conservação e gestão da fauna, incluindo os programas de
prevenção e combate as queimadas descontroladas ;
• Participar nas brigadas de abates controlados dos animais problemáticos ;
• Participar em programas de maneio comunitário dos recursos faunísticos ;
Organizações Não Governamentais (ONGs)
Apoio e provisão de serviços • Providenciar serviços, tais como água e material diverso as comunidades
as organizações de base locais;
comunitárias • Apoiar e facilitar as organizações de base comunitária na implementação
das medidas de gestão do conflito Homem e fauna bravio
Sector Privado
Provisão de serviços e bens • Identificar de áreas com potencial para fazendas do bravio ou coutadas
de natureza privada oficiais;
• Edificar vedação nas fazenda do bravio ou coutada oficial,;
• Estabelecer parcerias com o Estado e as comunidades para a gestão do
conflito ;
• Abrir furos de água para abeberamento do Homem e da fauna bravia ;
• Restabelecimento de fazendas de bravio, incluindo formas de recolha de
ovos, captura e criação de crocodilos.

6. Plano de acção — Conceber e implementar programas de sensibilização


As medidas/acções apresentadas neste documento não são das comunidades sobre os riscos da co-existência
com a fauna bravia e as medidas a tomar para evitar
acabadas, isto é, não são definitivas e muito menos inalteráveis, a ocorrência do conflito, bem como os benefícios que
sobre a gestão do conflito Homem/fauna bravia, pois, a avaliação podem resultar de uma gestão e utilizaçãção racional
contínua e sistemática da implementação da Estratégia conduzirá da fauna bravia;
obviamente ao aperfeiçoamento das medidas e opções estratégicas — Concluir o zoneamento agrário e prosseguir com a
adequando-as à evolução das condições prevalecentes em termos elaboração de planos de uso de terra a nivel distrital,
técnico-científico, sócio-económico, político e legal do país, mas priorizando os distritos com maior ocorrência do
conflito Homem/fauna bravia;
sempre privilegiado as condições locais.
— Elaborar planos distritais de uso da terra que definam
Assim, as acções a serem implementadas para garantir o claramente as áreas destinadas para o assentamento
sucesso da Estratégia são as seguintes: dos aglomerados populacionais, áreas de conservação
— Melhorar a base de dados através da colecta e da fauna bravia, áreas para o desenvolvimento de
actividades agro-silvo-pastoril entre outras actividades
sistematização de dados sobre o conflito e da realização produtivas e sócio-económicas.
de censos localizados com maior intensidade de Os distritos prioritários, são apresentados a seguir e foram
amostragem para as espécies mais problemáticas; seleccionados com base no nível actual de conflitos:
29 DE DEZEMBRO DE 2009 378 — (321)

Tabela 3. Os 45 distritos críticos com elevado índice de conflito

Província Distrito Imediato Curto Prazo Médio Prazo


Até Março - 2010 2011-2014
2010
1 Palma
2 Quissanga
3 M. Praia
4 Namuno
Cabo Delgado 5 Mueda
6 Nangade
7 Macomia
8 Meluco
9 Ancuabe
10 Nipepe
Niassa 11 Marrupa
12 Maua
13 Mecula
14 M. Costa
15 A. Molócuè
Zambézia 16 Mopeia
17 Chinde
18 Pebane
19 Morrumbala
20 Zumbo
21 Cabora Bassa
Tete 22 Changara
23 Mutarara
24 Moatize
25 Chiuta
26 Mágoe
27 Machaze
28 Sussundenga
Manica 29 Tambara
30 Chibabava
31 Buzi
32 Caia
Sofala 33 Marromeu
34 Chemba
35 Funhalouro
Inhambane 36 Chókwè
37 Chicualacuala
38 Mabalane
39 Guija
Gaza 40 Massangena
41 Massingir
42 Chibuto
43 Magude
Maputo 44 Moamba
45 Matutuíne
378 — (322) I SÉRIE — NÚMERO 51

— Implementar o plano de abates controlados de animais problemáticos, tendo em consideração as informações sobre efectivos
de animais e capacidade de carga do ecossistema. Neste contexto numa primeira fase serão abatidos 1000 crocodilos ao
longo do rio Zambeze para redução deste réptil problemático;
— Conceber e implementar um plano de abertura de fontes de água para a população em áreas de maior risco de conflito com
o crocodilo e fontes de abeberamento de fauna bravia nos parques, reservas, coutadas e fazendas do bravio.
A seguir apresenta-se a lista dos distritos prioritários na abertura de fontes de água para a defesa de pessoas contra o crocodilo.

Tabela 4. Distritos prioritários para abertura de fontes de água e construção de piscinas fluviais.

Província Distrito Imediato Curto Prazo Médio Prazo


1 Mopeia
Zambézia 2 Morrumbala
3 Chinde
4 Zumbo
5 Cahora Bassa
6 Mágoe
Tete 7 Chiúta
8 Moatize
9 Mutarara
10 Changara
Manica 11 Tambara
12 Marromeu
Sofala 13 Caía
14 Chemba
15 Xai Xai
Gaza 16 Massingir
17 Moamba
Maputo 18 Magude

Nestes distritos deve-se avaliar a possibilidade de erguer vedação em locais que permitam que a população local possa nadar em
segurança.
— Conceber e implementar um plano para a vedação de áreas de conservação seleccionadas com base no potencial risco que
representam para a segurança de pessoas e bens.

Tabela 5. Vedação das Áres Críticas

Designação Localização Extensão (Km) Curto Médio


Prazo Prazo
Bloco A (Meluco e 287
P. N. Quirimbas Ancuabe)
Bloco B (Quissanga) 140
Bloco C (Macomia) 165
Thai tchai,
P. N. Banhine Lhecane e Hucuane 90
P. N. Limpopo Zona tampão Massingir 70
Ntimbo 28
R. Nacional Niassa Mussoma 35
Mecula 45
R.Nacional Maputo Ao longo Rio Futi 50
R. N. Chimanimani Moribane 60
Total 970

— Conceber e executar um plano de formação e apetre- Finalmente, é extremamente importante que na implementação
chamento das brigadas de controle e abate de animais da Estratégia as autoridades locais, como o Administrador do
problemáticos;
Distrito, bem como os líderes tradicionais, liderem o processo de
— Reassentar a população de acordo com o plano de uso da
terra e translocar os animais problemáticos das áreas sensibilização das comunidades locais e coordenem os esforços
de utilização múltipla para as áreas de conservação. da estratégia visando a defesa e protecção de pessoas e bens.
29 DE DEZEMBRO DE 2009 378 — (323)

7. Descrição de acções Translocação da fauna


Censo e monitoramento da fauna bravia A translocação vai envolver a remoção de animais problemáticos
Vai consistir na realização de inventários de fauna bravia dos locais de alta densidade de população para as áreas de maneio
e actualização da situação do conflito em todos distritos de de fauna bravia, tais como, áreas de conservação e fazendas de
maior incidência ao longo de todas as fases de implementação bravio.
da Estratégia. Será parte desta actividade o monitoramento da Vedação das áreas de conservação e fazendas do bravio
dinâmica da fauna bravia e dos conflitos através da base de dados A vedação das áreas de conservação e fazendas do bravio tem
existente. lugar onde o conflito Homem/fauna bravia é incidente. São áreas
prioritárias o Parque Nacional das Quirimbas, Parque Nacional
Plano de uso de terra
do Limpopo, Reserva do Niassa, Reserva de Maputo, Parque
A actividade da realização do plano de uso de terra vai envolver Nacional de Banhine e Reserva de Chimanimane. As fazendas
numa primeira fase, os 12 distritos críticos das províncias de do bravio que contenham elefantes, leões, leopardos, búfalos,
Cabo Delgado e Niassa. Nas fases subsequentes serão cobertos rinocerontes, hipopótamos, crocodilos e outros animais ferozes
os restantes distritos críticos das províncias de Zambézia, Tete, devem ser vedadas.
Manica, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo. Recategorização das áreas de conservação
Reassentamento da população A recategorização vai consistir na avaliação da situação real das
Nas áreas de conflito com alto potencial para o maneio da fauna áreas de conservação tendo em conta o seu redimensionamento
bravia, e menor densidade populacional serão reassentadas as e reclassificação com vista a criar condições para a gestão de
pessoas para as áreas mais seguras. O processo de reassentamento conflitos.
consiste na identificação de áreas seguras para o dimensionamento Fontes de água e vedação contra crocodilo
de um aglomerado humano, dotando as referidas áreas em infra- Esta actividade consiste na construção de fontes de água e
-estruturas e equipamentos sociais básicos. É importante referir piscinas fluviais nos grandes cursos de água e lagoas com vista a
que este processo inclui a formação de grupo de voluntários e facilitar o acesso seguro à água nas áreas de maior concentração
líderes comunitários em matérias de ordenamento territorial e de população. Serão abrangidas as províncias de Tete (Zumbo,
gestão de recursos naturais, com vista a sua participação activa e Cahora Bassa, Mágoe, Moatize, Mutarrara e Changara) e
responsabilização da comunidade, bem como na garantia realiza- Zambézia (Chinde, Mopeia e Morrumbala), Sofala (Marromeu,
ção de acções de seguimento no processo de demarcação e atri- Caia e Chemba), Manica (Tambara), Gaza (Xai-Xai, Massingir,
buição de talhões e no maneio comunitário dos recursos naturais. Guijá e Chibuto) e Maputo (Moamba, Namaacha, Magude e
Matutuine).
O reassentamento basear-se-á nas seguintes fases: Sinalização
1. Participação activa no ordenamento territorial nas Actividade contínua, prevendo-se colocar 180 sinais nos dis-
áreas de reassentamento pelos beneficiários (com tritos mais críticos, a realizar se em todos os distrito críticos, ao
capacitação e assistência técnica do Estado); longo dos rios e vias de acesso, como forma de alerta a aproxi-
mação à zona de frequência de animais perigosos.
2. Avaliação dos bens tangíveis e intangíveis como resultado
do processo de expropriação para o reassentamento; Abates controlado de crocodilos
Os abates controlados serão realizados como uma actividade
3. Fornecimento dos materiais pelo Estado (barrotes,
prioritária principalmente em todos os distritos da região do Vale
cimento, chapas de zinco, portas e janelas, ferragem) do Zambeze, com o objectivo de reduzir a população de crocodilos
e pagamento de artesãos; e consequentemente controlar o conflito com esta espécie.
4. Assistência técnica (técnicos de construção civil Treinamento/capacitação e sensibilização
capacitados recrutados pelo Estado); Tem em vista a criação de capacidades na gestão do conflito
5. Produção de blocos de solo estabilizado ou tijolos Homem/fauna bravia e sensibilização das comunidades na
queimados pelos beneficiários; prevenção e mitigação dos conflitos, bem como o aumento de
conhecimentos em relação ao comportamento dos animais por
6. Participação do beneficiário como ajudante do artesão;
parte das populações e autoridades locais.
7. Monitoria e supervisão.
Equipamento e materiais
NOTA: No caso de a referida avaliação se mostrar superior ao A aquisição de equipamentos e materiais será feita para
valor do KIT habitação, o Estado deve acrescer a este o valor da responder as acções de gestão e controlo dos conflitos que incluirá
diferença da indemnização, conforme o previsto na Lei n.º 19/2007, viaturas, barcos, armas e balas de caça, gaiolas de captura de
de 18 de Julho. crocodilos, rádios, GPS’s, entre outros.
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ANEXO
ANEXO: 1 1
Figura 1. O processo de tomada de decisão na gestão de fauna bravia:
medidas a adoptar na área com animais problemáticos

MEDIDAS DE MANEIO NA ÁREA COM FAUNA PROLEMÁTICA

Na área há animais problemáticos?

SIM Não

Trata-se de Área de utilização Não precisa


Trata-se de Área de múltipla fazer Nada
Conservação

A Fauna pode ser manejada de


modo a que os benefícios sejam
a. Plano de uso de terra superiores aos danos provocados
b. Reassentar a população
pela fauna na área?
c. Medidas de protecção
d. Sensibilizar as comunidades

SIM NÃO

Pode o plano de uso da terra


a. Desenvolver e implementar
planos de uso da terra e de acomodar a fauna?
maneio da fauna
b. Reassentar a população
c. Monitorar a população dos SIM NÃO
animais
d.Implementar medidas de
protecção a. Translocar o animal
e. Sensibilizar as comunidades
b. Abater o animal
f. Abater o animal problemático
2 1
problematico
ANEXO 2

ESTRATÉGIAS
ESPÉCIE DESCRIÇÃO CURTO PRAZO 2009- MEDIO PRAZO 2010- LONGO PRAZO 2011- …
-2010 -2011
O elefante é maior animal terrestre, com
altura de 2,2 e 3,7 metros e comprimento .Sinalizar áreas de risco . Translocar para áreas de . melhoarar a base de dados
de 6 a 7,5 metros.Pesa cerca de 7500 kgs. conservação
A longevidade varia entre 50-60 anos. . Planear a realização
Animal gregário, que vive em grupos Plano de uso da terra . construção de vedações . continuar a construir
“matriarcais” geralmente com 10 Idendificar, priorizar os nas áreas protegidas vedações
indivíduos. Os machos, têm tendência para Distritos e orçamentar
viver sozinhos ou em pequenos grupos os custos para PUT . realizar censos . Actualizar os benefícios para
temporários. O lábio superior e o nariz detalhados as Comunidades
29 DE DEZEMBRO DE 2009

ELEFANTE formam a tromba, que é usada para . Proteger as aldeias e para melhorar a conhecer
cheirar, manusear objectos, recolher Machambas, com piri a distribuiçãso da espécie . Desenvolver estratégia de
alimentos e água e ainda para defesa, piri maneio do elefante:
ataque ou demonstrações de afecto. As Vedação, etc. . Elaborar Planos Distritais . qual é a população óptima?
pontas (marfim) São usadas para de Uso da Terra . ........
combater, escavar raízes e arrancar a . aumento da quota
casca das árvores. A audição e olfacto . Abater animal problema
estão bem desenvolvidos, enquanto que a . Melhorar a base de
visão é o sentido menos apurado. dados
Deslocam grandes distâncias para
procurar alimento e água e ingerem entre . Abater animal
150 e 280 kg de alimentos diariamente. problema
Procuram alimento de manhã, ao final do
dia e durante a noite. Repousam no meio
da vegetação durante as horas mais
quentes do dia.Podem causar danos
consideráveis na vegetação dos locais por
onde passam, derrubando as árvores só
para comer ramos novos. Em caso de
seca ou de perturbação humana, podem
formar grupos de mais de 1000 indivíduos.
No país, estima--se em + de 2.144
elefantes.
Os crocodilos encontram-se na África Colecta de dados - As
Subsariana e em Madagáscar. Em . Sinalizar áreas de unidades de CAP devem . proposta de aumento da
Moçambique ocorrem em todo o território risco colher dados sobre todos quota
nacional. Vivem em rios, lagos e pântanos os rios onde for reportado o
e podem viver mais de 60 anos. Os adultos . construção de conflito Homem-crocodilo.
atingem 5 a 5,5 metros de comprimento. É barreiras Plano de acção para a . continuar a captura e abate
uma espécie ovípara. As fêmeas nos locais de risco gestão do crocodilo - um de crocodilos adultos
constrõem ninhos com folhagem e exibem plano de acção para a
CROCODILO cuidados parentais. A postura é de 20 a 50 . Sensibilizar a gestão do crocodilo em
ovos. O período de incubação dura três comunidade Moçambique deve ser feito . monitorar o conflito
meses. O sexo dos recém-nascidos na base de classificação
depende da temperatura de incubação: . abrir furos e poços de dos principais rios e lagos.
num ano mais frio (26ºC a 30ºC) a ninhada H20
será maioritariamente constituída por . continuar a captura de
1
fêmeas; pelo contrário, num ano mais . Abates controlados crocodilos adultos
quente (31ºC a 34ºC) a ninhada será
maioritariamente de machos. Estão mais . Promover apanha de . monitorar o conflito
activos à noite; durante o dia, descansam ovos
nas margens ou em bancos de areia,
mantendo a boca aberta nas horas de . promover captura e
maior calor - termoregulação. Os juvens abate de crocodilos
alimentam-se de anfíbios, répteis, peixes e adultos
outros pequenos vertebrados. Os adultos
são ferozes predadores, que se alimentam . monitorar o conflito
de peixes, tartarugas, aves aquáticas,
antílopes, zebras, grandes animais
domésticos e, por vezes, cadáveres. Têm
a reputação de atacar e comer homens.
Os crocodilos capturam e dilaceram as
presas com os seus dentes afiados, mas
não as mastigam, engolindo grandes
bocados de carne ou toda a presa de uma
vez. A população de crocodilos deve ser
378 — (325)
378 — (326) I SÉRIE — NÚMERO 51

Os crocodilos encontram-se na África Colecta de dados - As


Subsariana e em Madagáscar. Em . Sinalizar áreas de unidades de CAP devem . proposta de aumento da quota
Moçambique ocorrem em todo o território risco colher dados sobre todos
nacional. Vivem em rios, lagos e pântanos os rios onde for reportado o
e podem viver mais de 60 anos. Os adultos . construção de conflito Homem-crocodilo. . continuar a captura e abate
atingem 5 a 5,5 metros de comprimento. É barreiras de crocodilos adultos
uma espécie ovípara. As fêmeas nos locais de risco Plano de acção para a
constrõem ninhos com folhagem e exibem gestão do crocodilo - um
plano de acção para a
CROCODILO cuidados parentais. A postura é de 20 a 50 . Sensibilizar a . monitorar o conflito
ovos. O período de incubação dura três comunidade gestão do crocodilo em
meses. O sexo dos recém-nascidos Moçambique deve ser feito
na base de classificação
depende da temperatura de incubação: . abrir furos e poços de
num ano mais frio (26ºC a 30ºC) a ninhada H20 dos principais rios e lagos.
será maioritariamente constituída por
1
fêmeas; pelo contrário, num ano mais . Abates controlados . continuar a captura de
quente (31ºC a 34ºC) a ninhada será crocodilos adultos
maioritariamente de machos. Estão mais . Promover apanha de
activos à noite; durante o dia, descansam ovos . monitorar o conflito
nas margens ou em bancos de areia,
mantendo a boca aberta nas horas de . promover captura e
maior calor – termo regulação. Os jovens abate de crocodilos
alimentam-se de anfíbios, répteis, peixes e adultos

Rios Umbeluzi; Incomati; Limpopo; Elefantes; Zambeze, Baragem de Cahora Bassa, Currumane e Pequenos Libombos.
outros pequenos vertebrados. Os adultos
são ferozes predadores, que se alimentam . monitorar o conflito
de peixes, tartarugas, aves aquáticas,
antílopes, zebras, grandes animais
domésticos e, por vezes, cadáveres. Têm
a reputação de atacar e comer homens.
Os crocodilos capturam e dilaceram as
presas com os seus dentes afiados, mas
não as mastigam, engolindo grandes
bocados de carne ou toda a presa de uma
vez. A população de crocodilos deve ser
superior a 50,000 individuos.
O búfalo é um animal similar ao gado
bovino, reside em savanas com suficiente . delimitar áres com alto . construir vedações . continuar a monitorar a população
BÚFALO capim e sombra, normalmente próximo de potencial para a criação nas áreas de conservação de búfalos fora das áreas de
água. O macho tem uma cor cinzenta de gado à prova do búfalo Conservação de modo a asseguar
escuro a fugir para o preto enquanto que a a manutenção de áreas livres do
fêmea mantém o vermelho-acastanhado . Estabelecer . monitorar a população de Bufalo
similar aos dos búfalos jovens. Gostam de mecanismos de bufalos fora das áreas de
mergulhar na lama por isso adquirem a cor controle restrito para conservação . continuar e concluir a construção
do solo. Ambos os sexos possuem cornos. previnir o contacto de vedações à prova de bufalo nas
Vivem em manadas de até centenas de bufalo e gado bovino . captura, abater ou áreas de conservação,
indivíduos. A fêmea dá parto apenas a translocar o búfalo nas consideradas
uma cria durante o período de Agosto a . planificar a construção áreas de criação de gado prioritárias, particularmente no Sul
Fevereiro, após 11 meses de gestação. Os de vedações a prova de do país, com alto potencial para a
machos velhos são solitários ou formam búfalo nas áreas de . avaliar a possibilidade de criação do gado.
pequenas manadas. Pastam á noite ou conservação usar cães para remover/
durante as horas frescas do dia e gostam caçar o bufalo
de descansar em manchas livres de capim. . captura, abater ou
Durante o verão podem afastar-se das translocar o búfalo nas
fontes permanentes de água a procura de áreas de criação de
novas áreas de pasto. O Búfalo é uma gado
espécie importante para a indústria de
safaris. Contudo, também constitui um
sério problema para o futuro crescimento
da indústria de gado. Isto devido ao facto
de o búfalo ser uma espécie portadora de
1

1
Rios Umbeluzi, Incomati, Limpopo, Elefantes, Zambeze, Barragens de Cahora Bassa, Corumana e Peguenos
Libombos
29 DE DEZEMBRO DE 2009 378 — (327)
378 — (328) I SÉRIE — NÚMERO 51

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