Constituicao Economica PDF
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Trabalho Individual
Discente:
Rosa Mariza Sampaio
Docente:
Dr. Célio Varieque
Discentes:
Rosa Mariza Sampaio
1.1.2 Geral
1.1.3 Específicos
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II. Marco Teórico
Dois outros partidos da oposição, com assento parlamentar, Renamo e MDM (Movimento
Democrático de Moçambique), reagiram com alegada surpresa à iniciativa de revisão
constitucional, apresentada pela Frelimo. Surpresa, para justificar, no caso da Renamo,
sua recusa em participar na Comissão Ad-Hoc criada para rever a Constituição, num claro
sinal de incapacidade de liderança na apresentação de um modelo constitucional,
significativamente diferente daquele que foi instituído em 1990 e reafirmado em 2004.
Recorde-se que a bancada parlamentar da Renamo, no final da década de 1990, após ter
tomado a iniciativa e convencido a bancada maioritária da Frelimo para alterarem
substancialmente o sistema de governo, substituindo o presidencialismo por um semi-
presidencialismo de claro pendor parlamentar, à última hora e, inesperadamente, mudou
de posição e sabotou aquela que poderia ter sido a mudança política mais relevante depois
da guerra civil e o início de uma verdadeira “nova República”.
Aquele esforço democratizador fracassado volta agora a ser resgatado e a tomar alento
público, por enquanto a nível unicamente da sociedade civil, enquanto no seio
parlamentar os actores políticos mostram sérias dificuldades em determinar se será a
manutenção ou a mudança do status quo que melhor poderá assegurar os benefícios
pessoais que o envolvimento na política lhes tem proporcionado. Isto é evidente na
postura da terceira bancada parlamentar, o MDM; sem convicção, aceitou participar na
revisão constitucional, prometendo meditar afincadamente na sua proposta
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Francisco, António, 2017, p. 78
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constitucional, mas, a contar pela sua breve trajectória política, não surpreenderá se
apenas aparecer com uma vaga ideia de projecto. 2
De imediato, nada indica que os partidos políticos com assento parlamentar, todos juntos,
sejam capazes de produzir uma nova vaga de ideias demonstrativas de uma capacidade
proactiva em vez de reactiva, face aos enormes desafios com que Moçambique se
confronta actualmente. Se este contexto político, ao qual se voltará mais adiante, é em si
insólito, mais insólito se afigura que os académicos e intelectuais desperdicem a
oportunidade proporcionada pela principal força partidária, a Frelimo, para colocarem em
debate público, questões substantivas sobre os fundamentos da ordem jurídica da
economia moçambicana. Principalmente, aqueles fundamentos de primordial importância
que, apesar das mudanças político-ideológicas na orientação das políticas públicas,
permanecem inalterados, como o último reduto de um bem público com o qual ninguém
se identifica. 3
Direito Económico, obra recente de Waty (2011) merece ser destacada, principalmente
pelo esforço na explicitação do tema da Constituição Económica de Moçambique. Waty
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Francisco, António, 2017, p. 79
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Francisco, António, 2017, p. 79
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(2011, pp.105–129) considerou que do processo de constitucionalização económica
iniciado com a Independência em 1975, derivaram quatro etapas: a) A Pré-Constituição
Económica (Constituição Económica do Governo de Transição entre 20 de Setembro de
1974 e 25 de Junho de 1975); b) A Constituição Económica da Independência –
“Constituição do Tofo”, 1975; c) A Constituição Económica Intercalar ou do Plano do
PRES (Plano (s) de Reabilitação Económica e Social); d) A Constituição Económica de
1990, revista em 2004.
Não obstante a hesitação do autor em avançar com a periodização, atrás referida, ela tem
o mérito de procurar identificar e espelhar as reais dinâmicas do processo de criação da
nova Constituição Económica moçambicana, na sequência da queda do Governo
Português em 25 de Abril de 1974 e a ruptura radical com a Constituição Económica do
chamado Estado Novo Português. Um mérito que o próprio autor acaba por desvalorizar
ao ficar amarrado ao próprio modelo de Constituição Económica presentemente em vigor,
desperdiçando a oportunidade para apontar caminhos para as contradições que o
legislador e o partido político dominante têm perpetuado.
Se o escritor moçambicano Mia Couto estiver certo, ao afirmar, algures, que em vez de
escangalhar o Aparelho de Estado Colonial, como se proclamava repetidamente nos
primeiros anos de independência, o que se fez foi, basicamente, escangalhar o estado do
Aparelho, isto por si só justificaria abordar a evolução da Constituição económica tendo
em conta o período anterior a 1975.
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Francisco, António, 2017, p. 92
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Por razões de espaço, a presente reflexão circunscreve-se à evolução da Constituição
económica moçambicana, apenas no período do Estado Soberano, ou seja, desde a
Independência de Moçambique em 1975. Esta opção pode incorrer no erro muito comum
de se assumir que o Estado Soberano herdou do passado, unicamente, obstáculos,
dificuldades e problemas tais que o partido no poder desmantelou por completo a máquina
administrativa e burocrática de governação, tendo criado um novo Estado do nada.
Todavia, é sabido que o Estado Soberano começou por reconhecer a configuração
fronteiriça, o Estado unitário, a máquina administrativa, a língua oficial de comunicação,
o sistema legal e de funcionalismo público, para só citar algumas das características,
definidas e desenvolvidas pelo Estado colonial entre 1891 e 1974. De igual modo, Waty
(2011, p.112) tem razão em destacar, na sua periodização da Constituição da República
de Moçambique, o período de pré-Constituição Económica do Governo de Transição
entre 20 de Setembro de 1974 e 25 de Junho de 1975. Período no qual foram introduzidos
alguns princípios, normas e instituições novas, incluindo “disposições limitativas ou
restritivas do direito de propriedade” e “disposições tendentes a estabelecer uma reforma
agrária.
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Waty (2011, pp.103, 114 –118)
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de 1978 a responsabilidade pela revisão constitucional passou para a Assembleia Popular,
com poderes constituintes, mas, na prática, a liderança do Partido Frelimo manteve um
forte controlo das mudanças constitucionais realizadas nos anos seguintes.
A CRPM75 consagrou postulados constitucionais de âmbito da soberania do Estado e do
domínio económico, assente na ideologia e projecto constitucional da então FRELIMO,
dos quais merecem particular destaque as seguintes características jurídico-económicas:
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respectivas sanções administrativas e penais. A Lei de Defesa da Economia foi
posteriormente reformulada pela Lei n.º 9/87, de 19 de Setembro, que, além de ampliar o
âmbito das infracções, agravou algumas das penas anteriormente previstas (Conselho
Constitucional 2007).
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de Direito e democrático trazido em 1990, através de melhores especificações de
disposições já existentes, criação de novas figuras, princípios e direitos e elevação de
alguns institutos e princípios existentes na legislação ordinária à categoria constitucional
(Assembleia da República 2004).
Relativamente à Constituição Económica, em particular, a CRM2004 não só perdeu a
oportunidade de introduzir alterações de fundo com vista a instaurar uma ordem
económica mais consistente com as políticas que visem desenvolver uma economia de
mercado, mas também, no caso específico da política de terra, retrocedeu em relação à
CRM90.
Em resumo, quatro pontos relativos à propriedade, na CRM2004, merecem ser
destacados, no âmbito desta reflexão. Primeiro, a principal inovação positiva digna de
referência, no bloco sobre a Constituição Económica da CRM2004, foi formal, ao
apresentar uma nova ordem dos artigos e melhor sistematização dos conteúdos relativos
à organização económica. A Constituição Económica concentra-se num grande bloco,
“Título IV - Organização económica, social, financeira e fiscal”. No capítulo VI, possui,
também, um novo tema dedicado ao sistema financeiro e fiscal em Moçambique, o qual
não tinha tratamento constitucional na CRM90.
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III. Conclusão
Concluiu-se ainda que uma nova Constituição económica precisará de definir o papel do
Estado na regulação das forças de mercado, mas para tal, a ordem económica terá de
assegurar os direitos de liberdade económica em geral, na valorização do trabalho, da
defesa do consumidor e do ambiente. Uma nova Constituição da República com uma
nova Constituição Económica precisa de ter um endereço certo, incluindo o direito à livre
iniciativa económica, a propriedade intelectual, o direito do trabalho e os direitos do
consumidor.
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IV. Referências bibliográficas
DSPIE, (1973). IV Plano de Fomento: Parte III, Relatórios Sectoriais, Vol. 1, Fomento
Agrário, Tomo 1, Desenvolvimento Agrário, Lourenço Marques: Direcção dos Serviços
de Planeamento e Integração Económica (DSPIE).
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TEIXEIRA, C., (2011). "A Nova Constituição Económica de Angola e as
Oportunidades de negócio e Investimento". [Comunicação Proferida na Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa].
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